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BLOCO 2: DEFINIÇÕES, TERMINOLOGIA E TIPOS DE FERIMENTOS

Ferimento é uma interrupção/ruptura da integridade tecidual de qualquer estrutura


(interna ou externa) do organismo produzindo ou não uma solução de continuidade
entre o meio externo e o interno de um tecido do corpo resultante de agentes físicos
(fricção, penetração de corpos estranhos, impacto, etc.), químicos ou biológicos
(mordeduras ou picadas de animais).
Causas
Os agentes capazes de produzir um ferimento podem ser:
 Físicos, que por sua vez podem ser:
o Mecânicos
o Eléctricos
o Irradiantes
o Térmicos

 Químicos que por sua vez podem ser:


o Ácidos
o Álcalis/bases
Classificação
É importante que os ferimentos sejam classificados da melhor forma possível,
quanto ao seu tipo, extensão e complicações para que se possa ter a conduta
adequada. Assim as feridas classificam-se:
 Quanto à profundidade, podendo ser:
o Feridas superficiais: quando atingem apenas as camadas mais
superficiais da pele (epiderme e derme superficial ou intermediária)
o Feridas profundas: quando atingem níveis mais profundos da pele
(derme profunda, tecido adiposo, fáscias, tendões, músculos, ossos,
cartilagens, ligamentos).
 Quanto ao agente causador e ao formato, que por sua vez pode ser
dividida em:
o Feridas traumáticas, que podem ser:
 Perfurantes : são lesões causadas por instrumentos pontiagudos,
flechas, pregos, arma de fogo, arma branca, etc. Têm formato
puntiformes com bordos ligeiramente irregulares e com pequena
área de secção transversal. Estas passam a ser:
 Penetrantes, quando eles violaram as membranas serosas
(meninges, pericárdio, pleura, peritoneu)
 Transfixivas, quando atravessam uma extremidades de um
lado a outro
 Laceradas: são lesões caracterizadas pela ruptura da pele com
bordos irregulares e com tecidos desvitalizados causadas por
instrumentos como arame farpado, serrote, pedras, etc.
 Perfuro-contusas: são feridas de formato quase regular,
geralmente com bordas de ferida ligeiramente irregulares e com
tecidos desvitalizados, conforme o elemento causador da lesão, e
com possibilidade de se observar áreas de equimoses e
hematomas adjacentes às áreas de ulcerações, normalmente
causado por objetos que penetram a pele mediante impacto, como
um projéctil de arma-de-fogo
 Incisas: são lesões que apresentam bordos regulares, bem
delimitadas e sem tecidos desvitalizados, causadas por
instrumento cortante ou actuando como tal; por exemplo: lâminas,
bisturis, arma branca, vidro, metal afiado. Estas feridas causam
lesões dos vasos e tecidos, pode haver dor aguda e lesões dos
nervos e tendões
 Escoriações: são lesões da camada superficial da pele, resultante
de atrito com uma superfície rígida e áspera, arranhões, etc. Pode
haver ligeiro sangramento mas costumam ser extremamente
dolorosos e não apresentam risco para o paciente
 Avulsões: são lesões onde ocorre deslocamento da pele em
relação ao tecido subjacente, que pode se manter ligado ao tecido
sadio ou não.
 Contusas: são causadas por trauma como queda, tropeçamento.
A superfície da pele pode não perder a sua integridade mas há
lesões nos tecidos abaixo da epiderme, os quais ficam
desvitalizados. Havendo perda da integridade da pele, a ferida
apresenta bordos irregulares e com tecidos desvitalizados.
Exemplo: pancada de martelo, pedra, etc
 Tóxicas: resultam de uma picada ou mordedura de animais ou
insectos. Exemplos: mordedura de cão, cobra, abelha, etc.
 Evisceração: onde como resultado da lesão ocorre extrusão de
vísceras
o Ferida não traumática
 Por queimadura: formato irregular dependente da área de pele
exposta à radiação ionizante, fonte de calor, abrasão ou produto
químico causador da queimadura. Não é esperado que haja ferida
se queimadura é classificada como de primeiro grau, mas haverá
ferida ou lesão ulcerada se for de segundo, terceiro ou quarto
graus. Este tipo de lesão será abordado na AP62 desta disciplina
 Pelo frio, tem formato irregular dependente da área de pele
exposta ao frio. Mais frequente em extremidades corpóreas. Pode
assumir as mesmas características iniciais de queimaduras de
primeiro, segundo, terceiro e quarto graus
 Fatores endógenos, com formatos diversos dependendo da
patologia causadora das lesões. Variam de "rachaduras" até
lesões evolutivas para feridas, com origem endógena: pênfigo,
vasculites de etiologias diversas, psoríase, xeroderma pigmentosa
e outras
 Quanto à complexidade – ver esquema na Figura 1:
o Feridas simples: que mostram ser superficiais e livres de sinais de
infecção que necessitam de poucos cuidados com tendência a
evolução benigna, isto é à cicatrização espontânea
o Feridas complexas: são feridas que, em geral, acometem planos mais
profundos ou maior número de tipos diferentes de tecidos, não apenas
derme e epiderme, mas também tecido adiposo, fáscias musculares,
tendões, ligamentos, vasos sanguíneos, tecido nervoso, ossos e
cartilagem. Muitas vezes estão infectadas ou têm risco de se
infectarem com tendência a evolução desfavorável, como necrose com
possibilidade de amputação de segmentos, ou mesmo, efeitos
sistêmicos com risco de dano permanente ou óbito do paciente
 Quanto à ruptura ou não da pele - ver esquema na Figura 2 podem ser:
o Fechadas: quando não há ruptura da pele ou mucosa. São causadas
por impacto ou compressão. São também chamadas de contusões,
pode haver ou não lesão de órgãos internos. Ex: pancada de martelo,
pedra. O local pode adquirir uma coloração preta ou azulada
(equimose) ou uma tumoração visível sob a pele (hematoma).
o Abertas: quando os tecidos ficam em contacto com meio exterior, há
ruptura da pele ou mucosa. Ex: feridas incisas, perfuro-incisas e
transfixivas

Figura 1: Classificação quanto à complexidade


Fonte: http://www.scribd.com/doc/6584365/Cap11-Curativos-e-
Bandagens
 Quanto à presença ou não de micro-organismos podem ser:
o Feridas assépticas: são limpas, não infectadas ou seja, não há
presença de micro-organismos patogénicos. Exemplo: ferida cirúrgica
o Feridas sépticas: são infectadas e/ou contaminadas onde há presença
de micro-organismos patogénicos. Exemplo: feridas traumáticas
 Quando ao tempo de evolução podem ser:
o Agudas, que têm evolução de menos de 1 semana. Exemplo são todas
as feridas causadas por traumas e acidentes
o Crónicas, que têm evolução de semanas, como o caso de úlceras
tropicais
BLOCO 3: ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE FERIMENTOS
3.1 Atendimento à Vítima de Ferimentos
O atendimento à vítima de ferimentos deve ser individualizado tendo em conta a
etiologia da ferida, a gravidade da lesão, a evolução do quadro até então, a
existência ou não de co-morbidades no paciente, a ocorrência de fatores que
impliquem alterações no prognóstico, as características físicas da ferida, a
disponibilidade de recursos para tratamento da ferida, as contraindicações, por
alergia ou intolerância, de algum elemento empregue no tratamento da ferida e a
própria possibilidade de o paciente puder fazer o tratamento em ambulatório ou em
regime de internamento.

3.2 Atendimento Pré-Hospitalar


Antes de mais nada o atendimento pré-hospitlar à vítima de ferimento deve evitar
com que se perca tempo em cuidados excessivos com ferimentos que não
sangram activamente e não atingem os planos profundos, pois estas medidas
podem atrasar o transporte do paciente para US e agravar o estado geral do
paciente com lesões internas. Em seguida deve-se fazer a avaliação o tipo de
lesão procedendo do seguinte modo:
 Controlo ABC é prioridade e em caso de sangramento abundante passar ao
passo C - Vide AP46 e 47 desta Disciplina
 Acalmar a vítima e colocá-la numa posição confortável
 Avaliar se o ferimento foi causado por arma de fogo ou branca, lacerações,
perfurações, etc, informando-se sobre a natureza e a força do agente
causador, de como ocorreu a lesão e o tempo decorrido até ao atendimento
 A inspecção da área lesada deve ser feita de forma cuidadosa, pois pode
haver contaminação com corpos estranhos. Às vezes é necessário cortar a
roupa da vítima para expor melhor os ferimentos
 É necessário proteger a ferida contra traumatismos secundários
 Considerar a possibilidade de lesão dos órgãos internos
 Avaliar se o ferimento está a causar hemorragia abundante, e se estiver
proceder assim:
o Fazer manobras de compressão com penso compressivo ou pano
limpo com pressão local pois desse modo acelera-se o processo
natural de coagulação do sangue para controlar hemorragia e evitar o
choque hipovolémico
o Se houver amputação traumática de um membro com hemorragia
arterial fazer um torniquete
 Não remover objectos impalados (ou encravados) no corpo da vítima (faca,
bala, pau) porque pode provocar hemorragia grave ou lesionar os nervos e
músculos próximos da região afectada. Cobrir o local com compressa ou
pano limpo para estabilizar o objecto enquanto transporta a vítima à US
 Se o objecto impalado (ou encravado) for comprido, deve-se apenas cortar
para reduzi-lo de tamanho e facilitar o transporte, mas não deve ser
removido
 Se o ferimento for no olho deve-se apenas proteger com compressa ou
pano limpo e encaminhar a vítima o mais rapidamente possível para a US
mais próxima
 Não tentar repor os órgãos expostos, exemplo: intestinos. Cobrir os órgãos
com panos limpos ou compressas, mantenha-os humedecidos com água
limpa até a US.
 Lavar o local com água corrente e sabão, cobrir com compressa ou pano
limpo até chegar à US
 Cobrir as feridas com pano limpo ou compressa durante o transporte da
vítima para evitar novos traumatismos e contaminação
 Em caso de iminencia de choque hipovolémico o aquecimento corporal
(cobrir o paciente) e a elevação dos membros inferiores pode ajudar
 Manter a vítima imóvel o quanto possível pois movimentos desnecessários
podem precipitar ou aumentar os sangramentos ou mesmo causar maiores
danos de orgãos como a coluna ou cérebro - Vide AP46 e 47 desta
Disciplina
 Transportar a vítima imediatamente à US mais próxima
3.3 Uso de Anti-sépticos
Assépsia é o conjunto de medidas que visam impedir a penetração de
microrganismos (contaminação), num local livre de microrganismos, na superfície
da pele e mucosas. Exemplo: no manuseio de material esterilizado devem ser
aplicados princípios de assepsia de modo a não transferir microrganismos de fora
ou seja do ambiente, para objectos livres de microorganismos (ambiente
descontaminado).
Anti-sepsia: são medidas que visam reduzir ou prevenir o crescimento de
microrganismos em tecidos vivos. Exemplo: higiene das mãos
Anti-sépticos são substâncias anti-microbianas que se aplicam na pele ou nos
tecidos para reduzir a possibilidade de infecções. São utilizados principalmente na
limpeza de feridas e em intervenções cirúrgicas. Alguns destroem completamente
os micro-organismos, entretanto outros unicamente inibem o seu crescimento. Por
outro lado os desinfectantes são substâncias utilizadas sobre objectos inertes
para destruir os micro-organismos neles presentes. Geralmente, a desinfecção é
uma técnica menos efectiva que a esterilização.
O anti-séptico ideal deve ser:
 Capaz de destruir a forma vegetativa de todos os microrganismos
patogénicos
 Requerer tempo limitado de exposição e ser eficaz à temperatura ambiente
 Não corrosivo
 Atóxico para seres humanos
 De baixo custo.
Contudo devido às semelhanças na composição química e metabolismo entre os
seres humanos e micro-organismos, é pouco provável alcançar este ideal. Por
isso a toxidade selectiva para alguns micro-organismos e não para as células
humanas é de suma importância para os antissépticos. O grau de selectividade
para os agentes antissépticos pode variar, dependendo dos tecidos com os quais
entram em contato. Assim um anti-séptico destinado à lavagem das mãos pode
ser menos selectivo do que um anti-séptico utilizado como colutório oral, visto que
o epitélio altamente queratinizado da pele proporciona maior grau de protecção
contra esse anti-séptico do que o epitélio oral.
Os vários anti-sépticos e desinfectantes disponíveis podem ser classificados de
acordo com o seu mecanismo de acção, assim existem:
 Agentes que desnaturam as proteínas e por isso matam os microganismos
 Agentes que causam a ruptura osmótica da célula que actuam como o
anterior também
 Agentes que interferem em processos metabólicos específicos afectando o
crescimento e a reprodução celular mas sem matar a célula.
Algumas substâncias podem ser utilizadas quer como anti-sépticos, quer como
desinfectantes. Para mais detalhes Vide Disciplina de Ciências Médicas. Os mais
comuns são:
 Água oxigenada: Utilizada na limpeza de feridas infectadas e em
intervenções cirúrgicas. Pode ser utilizada na higiene oral e no
amolecimento do cerúmen no ouvido externo. Utiliza-se em concentrações
variáveis, entre 1,5 e 6 %, dependendo da indicação. Não se deve aplicar
em cavidades fechadas. A aplicação deve ser tópica (local)
 Álcool a 70º: Utilizado na desinfecção da pele sem lesões. Aplicação tópica
(local)
 Álcool a 90º: Utilizado na desinfecção de objectos por imersão (mínimos de
2 horas)
 Cetrimida e clorexidina: Utilizado na desinfecção de equipamento e
instrumentos hospitalares, na limpeza e tratamento de feridas, e na
preparação pré-operatória da pele. Pode-se diluir em água destilada ou em
álcool a 70º. A aplicação é tópica (local) e não deve ser utilizada na
desinfecção de objectos compostos de vidro e metal.
 Clorexidina: Anti-séptico e desinfectante geral, eficaz contra bactérias gram
positivas e negativas. Não é efectivo contra micobactérias, fungos e vírus.
Utiliza-se na desinfecção de feridas, limpeza pré-operatória da pele, higiene
oral, lubrificação de algálias e na desinfecção de instrumentos. A
concentração para o uso depende da aplicação, variando geralmente entre
0,025% e 4%. Pode produzir irritação da pele e das mucosas. Aplicação
tópica (local).
 Glutaraldeído: Utilizado na esterilização do material que não pode entrar
em autoclaves ou estufas. Submergir os objectos lavados na solução entre
15 minutos e 10 horas, dependendo do grau de esterilização desejado, e
não se deve utilizar soluções antigas
 Hipoclorito de sódio (javel): Germicida utilizado no tratamento de feridas e
na desinfecção de materiais que não se corroem. Dissolve os tecidos
necrosados. Deve-se diluir em água a concentrações variáveis,
dependendo da aplicação. Pode produzir irritação dos tecidos Aplicação
tópica (local)
 Iodopovidona: Utilizada na desinfecção da pele e das mucosas, limpeza de
feridas e irrigação de cavidades. Utiliza-se em concentrações variáveis
dependendo da aplicação Em doses excessivas pode ser tóxica e produzir
queimaduras. Aplicação tópica (local)
 Permanganato de potássio: Utilizado para banhos de desinfecção, em
feridas infectadas e piodermites. A dose utilizada é de 100 mg por litro de
água. Pode produzir irritação da pele. Aplicação tópica (local)
 Sulfadiazina de prata: Utilizada na prevenção de infecções em queimaduras
graves, particularmente eficaz contra bactérias gram negativas. O creme a
1% aplica-se uma vez por dia na área queimada, numa espessura de 3-5
mm. Pode produzir reacções de hipersensibilidade. Não utilizar em
indivíduos com alergia conhecida as sulfamidas. Aplicação tópica (local)
 Mistura iodada em solução alcoólica: Para desinfecção da pele antes das
intervenções cirúrgicas
3.4 Tipos de Curativos e Ligaduras, suas Funções e Cuidados
3.4.1 Curativo
Também chamado de penso é um conjunto de acções que visam a
prevenção de infecção, promover a cicatrização de feridas e a minimização
de lesões cutâneas. Há vários tipos de pensos e basicamente podem ser
divididos em 2 tipos principais:
o Penso seco, sendo que este pode ser classificado em:
 Penso asséptico: que é feito sobre uma ferida limpa, tem por
finalidade proteger a ferida e ajudar na sua cicatrização.
Colocam-se apenas algumas camadas de compressa depois
de desinfecção
 Penso anti-séptico: que é feito numa ferida infectada sobre a
qual deixa-se um anti-séptico prescrito a actuar para destruir
os microrganismos existentes. Esse anti-séptico pode
apresentar-se em forma líquida ou em pomada
 Penso compressivo: tem como finalidade comprimir uma
ferida que sangra. A compressão nunca deve prejudicar a
circulação
 Penso absorvente: a finalidade é de absorver produtos de
drenagem e outros, é feito com compressas com bastante
celulose ou algodão esterilizado para absorver as secreções
 Penso permeável: é feito apenas com uma ou duas camadas
de gaze para permitir o arejamento da ferida
o Penso húmido, sendo que este pode ser classificado em:
 Simples: quente e frio
 Com irrigação: irrigação contínua e intermitente, onde se
introduz uma solução em jacto contínuo ou intermitente,
quando há supuração ou quando a ferida está em vias de se
infectar. Tem como finalidade libertar a ferida do pus ou de
bactérias e estimular a granulação dos tecidos e acelerar a
cicatrização
Os cuidados mais importantes que se devem ter quando se fazem os
pensos são:
 Utilizar técnica asséptica
 Evitar infectar a ferida aberta ou sem protecção, colocando
máscara quando indicado
 Proceder à limpeza e desinfecção da ferida conforme
aprendido nas AP12 e 13 da Disciplina de Enfermagem
 Estancar a hemorragia
 Se a ferida tiver um exsudado abundante, colocar
compressas secas antes de aplicar o penso poroso
 Utilizar compressas esterilizadas, no contacto directo com a
ferida e usar sempre penso poroso estéril
 Os adesivos devem ser colocados sem tensão (excepto se
indicação clínica em contrário) e do centro para as
extremidades
 Evitar procedimentos que dificultem a circulação sanguínea
no local da ferida
 Manter a ferida e pele circundante sempre limpa e seca
evitando molhar o penso durante os cuidados de higiene
pessoais
Outras considerações sobre pensos específicos Vide AP12 da Disciplina
de Enfermagem.
3.4.2 Ligaduras
Também chamado de bandagem é uma tira de tecido usada para reduzir
movimentos, imobilizar, conter e cobrir um segmento do corpo, com
finalidade terapêutica. As principais finalidades são:
o Contenção pois seguram um penso ou suspendem um órgão ou
membro
o Compressão que se usa quando há necessidade de fazer pensos
compressivos.
o Imobilização quando é necessário imobilizar uma região
O tipo de volta que se utiliza ao executar a ligadura depende da parte do
corpo que se pretende envolver e do material de que a ligadura é feita.
Assim se terá volta em:
o Circular: que é a volta mais simples e mais usada. Utiliza-se para ligar
porções do corpo circunferenciais como um braço e quando se deseja
cobrir completamente voltas anteriores. As extremidades iniciais e
terminais ficam com a mesma localização. Usa-se numa porção
pequena, e também para fixar o início de uma ligadura ou o seu
termo, como ao começar ou terminar uma ligadura em oito ou em
espiral. Também se utiliza para fixar pensos.
o Espiral: é a volta em que espiral apenas se sobrepõe parcialmente à
anterior. Usa-se mais frequentemente em porções do corpo com
forma cilíndrica, exemplo crânio - ver Figura 2

Figura 2. Ligadura recorrente


Fonte: http://disasterriskmanagement.blogspot.com/2009_02_01_archive.html
o Espiral invertida: é quando se vira a ligadura a meio de cada volta.
Usa-se para ligar porções circunferenciais que vão aumentando de
tamanho (ex. antebraço ou perna). É necessária para aplicar
ligaduras não flexíveis (ex. de pano). Como se encontram hoje em dia
disponíveis ligaduras mais adaptáveis, este tipo de volta raramente se
usa hoje nos serviços.
o Volta em oito: que se utiliza nas articulações. A ligadura assegura-se
primeiro com uma volta circular para continuar ascendendo com
varias voltas em espiral por baixo da articulação. Posteriormente dão-
se voltas de forma oblíqua e alternado de forma ascendente e
descendente. Cada volta cruza a anterior, formando um oito. Fica com
um aspecto de um osso de arenque e usa-se para ligar e imobilizar
articulações (ex. joelho, cotovelo).

Figura 3: À esquerda Ligadura espiral dos dedos. À direita: Ligadura do


cotovelo.
Fonte à esquerda: http://www.firstaid.entevazhi.com/bandages.html
Fonte à direita: http://troop471riomedina.org/FA-Wounds---Bleeding.html
o Espiga: é uma variante da volta em oito. Todas as voltas se
sobrepõem num ângulo agudo e sobem e descem alternadamente.
Realiza-se fundamentalmente em extremidades e é de grande
importância quando a ligadura assenta em zonas com insuficiência
circulatória (varizes, edemas). Usa-se por exemplo para ligar a anca,
coxa, virilha e polegar.
o Recorrente: que se utiliza em áreas arredondadas, como um coto
após amputação, a cabeça ou, por vezes, os dedos. Começa-se por
prender a ligadura com diversas circulares. Depois coloca-se o rolo no
centro da porção a ser ligada. Faz-se meia volta segurando-a com o
dedo. Passa-se o rolo para trás e para a frente sobre o topo do coto,
ou da cabeça, ou da ponta do dedo, da superfície anterior para a
posterior, e de novo para trás - ver Figura 4. Deve-se segurar cada
prega com o dedo, para não deixar a ligadura escapar, sobrepondo a
ligadura de um lado e do outro até cobrir totalmente a porção a ligar.
Termina-se com várias circulares sobre as dobras. Prende-se com
adesivo ou alfinete. Se a área ligada for grande, reforçar com tiras de
adesivo aplicadas obliquamente (inclinadas).

Figura 4.
Ligadura dos cotos de amputação (abaixo do joelho e na coxa).
Fonte: Amputee Coalition of America, http://www.amputee-coalition.org/military-
instep/wound-skin-care.html
o Velpeau (ou Gerdy): que se utiliza em luxações ou traumatismos
grandes de ombro. Faz-se a imobilização do ombro e cotovelo sobre
o tronco. Primeiramente almofada-se a axila ao objecto de evitar
problemas de irritação da zona. Posteriormente começaremos a dar
umas voltas ao tronco para continuar ascendendo pelo ombro doente
e descendendo até o cotovelo, continuando cobrir o braço e corpo até
ficar todo fixado - ver Figura 5.

Figura 5: Ligadura de Velpeau (ou Gerdy).


Fonte: https://www2.aofoundation.org/wps/portal/!ut/
Outras considerações sobre pensos específicos Vide AP13 da Disciplina de
Enfermagem.
3.5 Suturas e suas Contra-indicações
É um conjunto de manobras que o clínico emprega para aproximar ou reunir os
tecidos de feridas, naturais ou cirúrgicas, usando fio de sutura. Tem como
objectivos:
 Proteger a ferida cirúrgica
 Prevenir hemorragias
 Prevenir a infecção
 Favorecer e facilitar o processo de reparação tecidual fisiológico
Para a realização de uma sutura é necessário que a ferida reúna os seguintes
requisitos:
 Bordos nítidos e regulares
 Ausência de corpos estranhos
 Hemostasia realizada
 Assepsia feita
 Ferida com menos de 6 horas de duração
De acordo com a técnica de sutura, as suturas podem ser classificadas em:
 Interrompidas onde os nós são atados e os fios cortados após uma ou duas
passagens através dos tecidos. Cada nó é uma entidade separada, e o
rompimento de um ponto não envolve a estrutura dos outros, mas ao
acontecer, leva a destruição de cada entidade (nó) e de toda a linha de
sutura daquele nó. São fáceis de serem colocados e possuem a capacidade
de ajustar-se a tensão em cada sutura, de acordo com a tensão nas
margens.
 Contínuas que possuem um nó inicial, o fio não é cortado, estendendo-se do
ponto de origem após várias passagens pelos tecidos até o ponto final da
ferida, onde o fio é cortado após o nó final. Estas suturas usam menos
material, o que minimiza a quantidade de material de sutura nos nós e
diminui o tempo de cirurgia; são menos precisas que as interrompidas.
Outras considerações sobre suturas específicos Vide AP13 da Disciplina de
Procedimentos Clínicos.

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