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FUNDAMENTOS II

Orientador (a): JOÃO VITOR


FERIDA E CURATIVO
Ferida de pele, por definição,
é qualquer situação cuja
integridade cutânea ou mucosa
seja prejudicada, seja por
acidentes, traumas, doenças
ou cirurgias. As lesões de pele
podem ser de fácil cicatrização ou,
ainda, exigirem tratamentos mais
complexos.
Classificações de feridas de pele
_Feridas superficiais: como o nome já diz, ocorrem nas camadas mais superficiais de
pele (epiderme e derme);

_Feridas profundas: quando outras estruturas são atingidas, com músculos, tendões,
ossos e órgãos;

_Feridas simples: aquelas que respondem bem ao tratamento e cicatrizam


rapidamente;

_Complexas: aquelas cuja evolução é lenta, com maior tendência para cronicidade.
Podem apresentar processo infeccioso (contaminadas, colonizadas ou infectadas), conter
tecidos desvitalizados, exsudação abundante e odor fétido.
ETIOLOGIA DA FERIDA
Feridas traumáticas

Aquelas provocadas acidentalmente. Podem ser causadas por diversos agentes, como:

•Corte ou Incisão: Originada por algum objeto cortante, como lâmina, faca, bisturi, entre outros.
Sendo que as feridas incisas possuem a mesma profundidade de uma extremidade a outra e as
feridas cortantes possuem a parte mediana mais profunda
•Laceração: Esmagamento do tecido, causada por excesso de pressão.
•Escoriação: Lesão na superfície da pele, retirada do tecido cutâneo (superfície da primeira
camada da pele, a epiderme).
•Perfuração : Se dá quando a ferida é causada por uma perfuração de um ou vários tecidos.
Exemplo: arma de fogo.
•Contusa: Feridas produzidas por objetos que causam choque ou trauma nos tecidos resultando
em lesões como equimoses, fraturas e luxações.
•E ainda as produzidas por agentes externos: Sendo queimaduras, úlceras por pressão, por
agentes químicos e físicos como o frio, calor ou radiação, entre outras.
Feridas cirúrgicas
Ocasionadas de forma premeditada,
com objetivo de algum tratamento específico
, sendo de forma asséptica, ou seja, livre
de contaminação.

Feridas patológicas
Onde os fatores sistêmicos, como a nutrição,
deficiências proteicas e doenças pré-existentes
influenciam no desenvolvimento da lesão. Como o
pé diabético, por exemplo.
EVOLUÇÃO

Feridas Agudas
São feridas recentes, que respondem rapidamente ao tratamento e
cicatrizam sem complicações.
Exemplos de feridas agudas: lesões decorrentes de acidentes, traumas,
cortes, queimaduras e incisões cirúrgicas.

Feridas Crônicas

São feridas que não respondem adequadamente ao tratamento e não


cicatrizam no tempo esperado. As complicações recorrentes ao longo do
processo de reparação tecidual tornam a cicatrização mais lenta. Geralmente,
estão associadas a doenças pré-existentes, como diabetes e insuficiência
venosa.
Exemplos de feridas crônicas: lesões por pressão, feridas do pé diabético
e úlcera venosas.
Graus de contaminação
•Limpa: Produzidas em ambiente cirúrgico, esterilizado e sem o risco de contato com
microrganismos. Cirurgias simples, superficiais, sem a abertura de órgãos ou
cavidades.Tem baixa probabilidade de infecção (1 a 5%).

•Limpa-contaminada: Possui a probabilidade de serem contaminadas. Cirurgias que


envolvem cavidades, traumas por acidentes ou feridas abertas em um tempo inferior a
seis horas até o atendimento. O risco de infecção é de 3 a 11%.

•Contaminada: Reação inflamatória. Teve contato com matérias contaminadas como


terra, fezes, etc. Feridas que ficaram expostas a mais de seis horas após o ato que
resultou a ferida.Seu risco de infecção é de 10 a 17%.

•Infectada: Sinais nítidos de infecção como dor, vermelhidão, edema, temperatura


alterada, destruição de tecidos, presença de pus. Exemplo, feridas que não se
cicatrizam, feridas crônicas, úlceras etc.
Limpa-contaminada

Limpa
Contaminada

Infectada
Classificação das feridas quanto ao comprometimento tecidual:
•Estágio I: Não há perda tecidual com o comprometimento apenas da epiderme.

•Estágio II: Há perda tecidual com o comprometimento da epiderme, derme ou ambas.

•Estágio III: Comprometimento total da pele e necrose de tecido subcutâneo, porém não
atinge a fáscia muscular.

•Estágio IV: Há grande destruição de tecido, chegando a correr lesão óssea ou muscular.
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
O processo de cicatrização pode ser dividido em três fases:

1. Inflamatória;
2. Proliferativa;
3. Reparadora.

Fase Inflamatória- A função desta fase é o controle do sangramento e a limpeza da lesão.


Tem início imediato com o surgimento da ferida , é totalmente dependente da atividade
plaquetária e da cascata de coagulação, e da liberação de alguns produtos, como substâncias
vasoativas, algumas proteínas, fatores de crescimento, proteases etc.

A primeira coisa que acontece quando se tem a ruptura do tecido, é uma vasoconstrição
local, na tentativa de estancar o sangramento, além disso, fluem para a ferida as plaquetas,
para auxiliar no processo de hemostasia.
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
Fase Inflamatória

Outra reação que acontece nesta fase é a vasodilatação, ocorrendo com isso um aumento do
fluxo sanguíneo para o local da lesão. E esse aumento da irrigação promove a ruborização e o
aumento da temperatura local, presente em muitas feridas.

Existe, portanto, uma reação inflamatória local e essa reação ativa os mecanismos de defesa
do corpo.
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO

• Fase Proliferativa- regeneração, reconstrutiva ou fibroblástica: caracterizada pela mitose


celular e pode se estender por aproximadamente três semanas. O desenvolvimento do
tecido de granulação composto por capilares e a reconstituição da matriz extracelular
ocorre devido à deposição de colágeno, fibronectina e outros componentes protéicos,
visando ao final a promoção da contração e da epitelização.

• Fase Reparadora- maturação ou de remodelação: caracterizada pelas transformações


que ocorrem no tecido cicatricial. Seu início é por volta da terceira semana após a
ocorrência da ferida e pode durar até dois anos. As transformações ocorrem devido à
diminuição progressiva da vascularização e dos fibroblastos, do aumento da força tênsil e
a reorientação das fibras de colágeno. A força tensional da cicatriz é determinada pela
velocidade, qualidade e quantidade total da deposição de colágeno. Nesta fase, a cicatriz
torna-se mais plana e macia e podem ocorrer defeitos cicatriciais como quelóides,
cicatrizes hipertróficas ou muito finas e friáveis e hipercromias.
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO
Na classificação é levado em conta o agente causador da lesão, a quantidade de tecido perdido e o conteúdo
microbiano.

▪ CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO: constitui a melhor forma para o fechamento, estando associada à
lesão por instrumento cortante, ferida limpa com perda mínima de tecido e reduzindo o potencial para infecção,
sendo permitida a junção dos bordos através de suturas. Ocorre no tempo fisiológico, reduz incidência de
complicações e deixa cicatriz mínima.

▪ CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO: está associada a ferimentos infectados, com grandes perdas teciduais
não sendo possível a junção dos bordos e com isso implicando em retardo no reparo tecidual e uma cicatriz
significativa, ocorrendo maior incidência de defeitos cicatriciais (quelóide, cicatriz hipertrófica).

▪ CICATRIZAÇÃO POR TERCEIRA INTENÇÂO: está associada a lesões que inicialmente foram submetidas à
cicatrização por primeira intenção e que por fatores adversos tornou-se necessário deixar a incisão aberta para
drenagem, sendo posteriormente ressuturada.
Fatores que afetam a cicatrização

•Hematomas;
•Edema;
•Oxigenação;
•Corpo estranho;
•Tecido necrótico;
•Infecção;
•Ressecamento;
•Estado nutricional;
•Doenças crônicas;
•Tabagismo;
•Drogas e medicamentos;
•Idade avançada;
•Obesidade;
•Local da ferida
Exsudato

Exsudação é uma etapa natural da cicatrização. O papel do exsudato na cicatrização da lesão é


fornecer nutrientes essenciais como fonte de energia para ativar o metabolismo celular e regular a
umidade da região. Os tipos de exsudato podem ser identificados de acordo com suas
características:

- Exsudato seroso: com coloração clara, é originado a partir do soro do sangue e secreções
de células. Geralmente, surge nas fases de desenvolvimento de reações inflamatórias agudas.
Também pode ser encontrado nos estágios precoces de infecção bacteriana.

– Exsudato sanguinolento: tem coloração vermelho vivo e indica a ruptura de vasos.

– Exsudato serosanguinolento: com tom vermelho claro ou rosado, é a mistura dos


exsudatos seroso e sanguinolento.

– Exsudato purulento: tem coloração amarelada, esverdeada, marrom e poder apresentar


odor fétido. Geralmente, indica a presença de infecções.
CURATIVOS E COBERTURAS

DELIBERAÇÃO DO COREN SOBRE CURATIVOS:

Resolução Cofen nº 501/2015 que resolve: Atuação do técnico de enfermagem em


feridas:

• Realizar curativos das feridas em estágio I e II.

• Auxiliar o Enfermeiro nos curativos de feridas em estágio III e IV.

• Realizar os curativos nas feridas estágio III, quando delegado pelo enfermeiro.

• Executar as ações prescritas pelo Enfermeiro.


CURATIVO
Meio terapêutico para limpeza e proteção da ferida (GLENN, 2012; PRAZERES, 2009), o
curativo tem, portanto, como finalidade:

•Limpar a ferida;
•Promover a cicatrização, eliminando fatores que possam retardá-la;
•Tratar e prevenir infecções;
•Prevenir contaminação exógena;
•Remover corpos estranhos;
•Proteger a ferida contra traumas mecânicos;
•Promover hemostasia;
•Fazer desbridamento mecânico e remover tecidos necróticos;
•Reduzir edemas;
•Drenar e/ou absorver secreções e exsudatos inflamatórios;
•Diminuir odor;
•Manter a umidade da ferida;
•Fornecer isolamento térmico;
•Dar conforto psicológico ao paciente;
•Diminuir a intensidade da dor;
•Limitar a movimentação em torno da ferida.
Tipos de curativos

Variando de acordo com a natureza, a localização e o tamanho da ferida, os curativos,


em alguns casos, necessitam de compressão, em outros, a lavagem exaustiva com
solução fisiológica e há os que exigem imobilização com ataduras, veja:

Curativo semi-oclusivo: curativo absorvente e utilizado em feridas cirúrgicas, drenos e


feridas exsudativas;

Curativo oclusivo: não permite a entrada de ar ou fluídos, atua como barreira


mecânica, impedindo a perda de fluídos. Também promove o isolamento térmico e veda
a ferida, para impedir enfisema e formação de crosta;

Curativo compressivo: para reduzir o fluxo sanguíneo;

Curativos abertos: realizados em ferimentos que não há necessidade de serem


ocluídos.
Os curativos são divididos em:

•Primários – quando usados em contato direto com o tecido lesado.


•Secundários – colocados sobre o curativo primário.
Normas Técnicas para realização de curativos

•Ferida limpa: Limpar a ferida de dentro para fora.


•Ferida Contaminada: Limpar a ferida no sentido de fora para dentro.
•Curativos úmidos não são indicados em locais de cateteres, introdutores,
fixadores externos e drenos.
•A solução fisiológica 0,9%( SF 0,9%) é indicada para limpeza e tratamento de
feridas com cicatrização por 2ª ou 3ª intenção, porque limpa e úmidifica a ferida,
favorece a formação de tecido de granulação e amolece os tecidos desvitalizados.
•A manutenção de calor local é importante no processo de cicatrização;
•Quando o cliente necessitar de vários curativos, iniciar pela lesão
limpa, seguindo-se as mais infectadas;
•Nas feridas com exsudato ou com suspeita de infecção, antes do curativo,
deve-se colher uma amostra de material para bacterioscopia;
•Para feridas limpas as mãos devem ser lavadas com solução antisséptica antes
e após o curativo, realizar limpeza com solução estéril e aplicar cobertura estéril.
Anotação de Enfermagem

10h30 07/02/2023 Paciente J.P.S apresenta lesão por úlcera por pressão em região
sacra (10x7cm) extensa e profunda (3cm), com tecido de granulação ao centro,
pontos de necrose e fibrina em bordas, exsudato em média quantidade de aspecto
esverdeado, bordas irregulares, maceradas (esmagadas) e não aderidas.
Realizado curativo olcusivo com papaína 2% e AGE em bordas. Refere dor = 6
durante a manipulação da ferida.

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