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Processo de Cicatrização de

Feridas
A cicatrização de feridas consiste em perfeita e coordenada cascata de eventos que
culminam com a reconstituição tecidual. O processo cicatricial é comum a todas as
feridas, independente do agente que a causou. O colágeno é a proteína mais abundante no
corpo humano e também é o principal componente da matriz extracelular dos tecidos. A
cicatrização nada mais é que o processo de reparação de um tecido lesionado por um tecido
novo. E, isso pode ocorrer em todo o nosso organismo este processo exige que o nosso
corpo ative e produza um grande número de componentes moleculares e celulares, que irão
agir para reparar os tecidos. Apesar de ser um processo interno, é preciso seguir alguns
cuidados externos, como manter a higiene do local e o uso de curativos adequados.

Como funciona o processo de


cicatrização?
No processo o nosso organismo faz a reparação dos tecidos.
Para isso, ele cria fibras de colágeno, entre outros eventos,
que ocorrem de forma complementar. A cicatrização sempre se
inicia de baixo para cima e das bordas para o centro. E,
durante este processo, a pele passa por um período
avermelhada e sensível, até chegar a uma marca esbranquiçada
e residual.
Fases da Cicatrização
O processo de cicatrização é dividido didaticamente em três fases:
inflamatória, proliferação ou granulação e remodelamento ou maturação.

Fase Inflamatória: apresenta-se pela liberação de fatores de coagulação e liberação de


células responsáveis pela limpeza da ferida. Nesta etapa, que dura entre 48 e 72
horas, a paciente pode sentir: dor e calor, ficar com a pele avermelhada e inchada, além
de produzir secreção, ou seja, sinais clássicos de inflamação. Mas calma, esta é uma
inflação fisiológica, uma resposta natural do organismo à agressão.
Fase Proliferativa ou Fibroblástica: caracteriza-se pela formação de tecido, com a
reconstituição de vasos sanguíneos e linfáticos, a produção de colágeno e uma intensa
migração de células ao local da ferida. Nesta etapa a região lesionada começa a ter a
aparência de cicatriz, graças ao acúmulo de massa fibrosa. No total, dura de 12 a 14
dias.
Fase de maturação ou remodeladora: a fase é marcada pela redução da vascularização,
que concede lugar ao tecido cicatricial. Neste momento há o alinhamento das fibras de
colágeno, que na etapa anterior estavam desorganizados e agora têm mais força para
substituir as antigas.
Fatores que interferem
na Cicatrização
Faixa etária
Estado nutricional da paciente
Presença de doenças crônicas
Uso de medicamentos
Dimensão e profundidade da lesão
Presença de hematomas, equimoses
ou edemas
Ser fumante.

Tipos de Cicatrização
Primeira intenção ou primária
Ocorre quando há união imediata das bordas da ferida, evolução asséptica e cicatriz linear.
As condições requeridas são a coaptação das bordas e dos planos anatômicos. Evolui em 4 a
10 dias.

Segunda intenção ou secundária


As bordas da ferida não contatam entre si, por perda tecidual excessiva. O espaço é
preenchido por tecido de granulação, cuja superfície posteriormente irá reepitalizar. Pode
durar dias a meses. O tecido de granulação é importante por: ser muito resistente à
infecção; o epitélio irá migrar sobre a sua superfície; promove suprimento dos fibroblastos
que vão produzir colágeno; promove o processo de contração da ferida, que consiste na
redução do tamanho da ferida aberta (espessura total). Essa redução resulta de movimentos
centrípetos da pele que circunscreve a lesão em função da fibroplasia no tecido de
granulação.
Terceira intenção ou terciária
Processo que envolve limpeza, debridamento e formação de tecido de granulação saudável
para posterior coaptação das bordas da lesão.

Tipos de Cicatriz
Atróficas: basicamente elas surgem quando há perda de estruturas que
oferecem apoio e firmeza à pele, como de músculo ou gordura. No geral está
presente em qualquer tipo de trauma em que se perde tecido, deixando uma
espécie de relevo na pele. Por exemplo, em casos de acnes e após acidentes.

Hipertrófica: ocorre quando no processo de cicatrização o corpo produz


colágeno de forma desorganizada. Isso faz com que a cicatriz fique mais
elevada em relação à pele ao redor. Muitas vezes a cicatriz hipertrófica é
confundida com o queloide, mas são reações diferentes.

Queloides: é caracterizado pelo excesso de produção de colágeno do


nosso corpo e resulta em uma cicatriz que não para de crescer. Ela
consegue ultrapassar os limites iniciais da própria lesão. A queloide
está muito relacionada a questões de raça e a genética. Apesar de
inofensiva à saúde, ela normalmente causa um impacto na aparência
e confiança das pessoas.

Normotrófica: é a mais simples, quando a pele recupera a aparência


de antes do ferimento. Normalmente, surge após machucados leves,
que não agridem tanto.
Manejo de Feridas
As feridas são caracterizadas como soluções de continuidade de pele ou mucosa, de
profundidade variável, até aponeuroses, músculos, serosa, órgãos internos ou ossos.
Classificação das feridas
1. Conforme a densidade microbiana

Limpa: produzida pelo cirurgião; sem quebra de assepsia; sem envolvimento dos
sistemas respiratório, gênito-urinário, alimentar ou orofaringe;
Baixa contaminação: lesão ocorrida há menos de 4 horas; que não apresenta sujidades
ou que não envolve os sistemas respiratório, gênito-urinário, alimentar ou orofaringe;
Contaminada: decorrente de trauma recente; com presença de inflamação não
purulenta; com a possibilidade de haver sujidades na ferida.
Suja ou Infectada: com presença de inflamação ou contaminação bacteriana aguda; de
origem traumática; com evolução de mais de 12 horas; pode haver supuração

2. Conforme a progressão da lesão

Classe 1: de 0 a 4 horas de evolução. Apresenta pouca multiplicação bacteriana (< 105


bactérias/grama de tecido)
Classe 2: de 4 a 12 horas de evolução. As bactérias começam sua multiplicação, mas não
são invasivas
Classe 3: acima de 12 horas. É considerada infectada
3. Conforme a apresentação clínico-cirúrgica

FECHADAS
Abrasão/contusão: A pele e/ou mucosa são lesionadas, mas permanecem íntegras.
Podem ser profundas e alcançar tecido conectivo, muscular, tendíneo e ósseo.
Geralmente resultantes de esmagamento ou fricção.

ABERTAS
Incisa: sol. de continuidade linear, bordas regulares e profundidade variável. Produzida
por objetos cortantes (faca, bisturi). São mais propensas a hemorragias, pois a
ausência de irregularidades dificulta a agregação plaquetária.
Lacerada: produzida por objetos ponteagudos que cortam o tecido formando bordas
irregulares, pouco sangrenta. Aquelas ocorridas há menos de 3 horas podem ser
suturadas plano a plano, após reavivamento e regularização das bordas (incisas).
Quando ocorridas a mais de 4 horas fecha-se parcialmente e utiliza-se drenos.
Avulsionada: produzida por despregamento do tecido subcutâneo, resultando no
arranchamento da pele. Pouco sangrentas, de grande espaço morto.
Punctória: produzida por elementos perfurantes (cravos, pregos, estiletes e espetos).
Não atingem cavidades/órgãos.
Penetrante: solução de continuidade da pele e tecidos subjacentes alcançando
cavidades (abdome, tórax, seios faciais, etc). Geralmente resultam em perfuração de
vísceras, empiema ou evisceração.
4. Conforme a causa
Traumática traumática
5. Conforme as estruturas comprometidas
Superficial
Profunda

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