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FUNDAMENTOS II

Orientador (a): JOÃO VITOR


COBERTURAS DE FERIDAS
Critérios para seleção da cobertura

Ferida: seca/crosta/exsudato/necrose
Localização da ferida
Tamanho da ferida
Formato da ferida: superficial ou profunda
TIPOS DE TECIDOS
Necrose
Manifestação final de uma célula (morte
celular) que sofreu lesões irreversíveis e
representa um importante fator de risco para contaminação
e proliferação bacteriana,
além de servir como barreira ao processo de cicatrização.
TIPOS DE TECIDOS

Necrose Liquefativa: Tecido delgado, de coloração amarelada.

Necrose coagulativa: As células morrem devido a falta


de suprimento sanguíneo e se convertem em uma
lápide acidófila e opaca de coloração negra.
TIPOS DE TECIDOS

Tecido de Granulação

É o crescimento de pequenos vasos sanguíneos


e de tecido conectivo para preencher feridas de
espessura total. O tecido é saudável quando é brilhante,
vermelho vivo, lustroso e granular com aparência aveludada.
Quando o suprimento vascular é pobre, o tecido apresenta-
se de coloração rosa pálid​o para o vermelho opaco.
TIPOS DE TECIDOS

Tecido de Epitelização

Novo tecido que é formado com o processo


de cicatrização. Coloração rosada.
Como escolher a cobertura??

Sulfadiazina
Gel Alginato
Neomicina
Creme Prata
Hidroativas Metronidazol
Óleo Antimicrobiano
Bacitracina
Pomada Antisséptico
Nistatina

PHMB Papaína PVPI


Como escolher a cobertura???

Prata

Fibras Alginato

Esponjas PHMB
Hidrorreguladoras
Gazes Ibuprofeno

Malhas PVPI
Papaína

Enzima proteolítica extraída do látex da carica papaya (mamão).

Indicação: em todo tecido necrótico, particularmente naqueles com crosta.

Mecanismo de ação: ação anti-inflamatória, bactericida e bacteriostático,


acelera o processo cicatricial, atua como desbridante químico, estimula
a força tênsil das cicatrizes
Modo de usar: preparar a solução em frasco de vidro, irrigar a
lesão e deixar gaze embebida na solução.
Papaína

Observações: a diluição é feita de acordo com


aferida: 10% em tecido necrosado, 6% nas
com esxudato purulento e 2% naquelas com
pouco esxudato.
Cuidados no armazenamento (fotossensível)
e substancias oxidantes (ferro/iodo/oxigênio).
Após 12h, a papaína já perdeu a sua ação.
Sulfadiazina de Prata

É um composto solúvel e com ação adstringente derivado de sais


de prata com propriedades antisséptica local.

Indicações: prevenção de colonização e tratamento de


feriadas de queimadura.

Modo de usar: Frequência de troca é recomendada a cada 24 horas.

Observação: retirar excesso de pomada remanescente a cada


troca de curativo.
Hidrogel
É uma combinação das propriedades de hidratação e absorção, as
quais promovem o desbridamento autolítico natural e a cicatrização
em ambiente úmido.
Deve ser usado sempre associado à cobertura oclusivas ou gaze;

Ação: debridamento auto litico/ remove crostas e tecidos


desvitalizados em feridas abertas, promove granulação.

Forma de apresentação: Amorfo, placa, pomada


Hidrogel
▪ Indicação: remoção de tecido necrótico em
lesões cavitárias.
▪ Contra indicação: pele íntegra e incisão
cirúrgica fechada.

▪ Observação: necessita de cobertura secundária.


Hidrocolóide
São partículas hidroativas em polímero inerte
impermeável.

Indicação - lesões não infectadas com pouco ou


nenhum exsudato.
Mecanismo de ação - promove barreira
protetora, isolamento térmico, meio úmido, prevenindo
o ressecamento, desbridamento auto lítico, granulação
e epitelização.

Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, secar


as bordas e aplicar hidrocolóide e fixar o curativo à pele.
Hidrocolóide
Benefícios:

▪ Auxiliam no desbridamento auto lítico e estimula a


angiogênese;
▪ Reduzem o risco de infecção (oclusivo), pois a camada
externa atua como barreira térmica aos gases, barreira
microbiana e mecânica;
▪ Promovem isolamento térmico;
▪ Estimulam a angiogênese , granulação
e epitelização;
▪ Não requerem troca diária;
▪ Permitem trocas em intervalos maiores (até cinco ou seis
dias);
▪ Protegem as terminações nervosas, reduzindo ador.
Hidrocolóide

Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico,


secar as bordas e aplicar hidrocolóide e fixar o
curativo à pele.

Observações - não deve ser utilizado para feridas


infectadas .
Bactérias
Água

Filme semi
Troca Gasosa permeável
Alginato de Cálcio e Sódio

▪ Fibras de não tecido, derivadas de algas marinhas com íons de cálcio


e sódio. Alta absorção de exsudato (pode absorver até 20 vezes seu
peso em fluídos.
▪ Apresentação em placa ou fita
▪ Mecanismo de ação – o sódio presente no exsudato e no sangue
interage com o cálcio presente no curativo promovendo uma troca
iônica que auxilia no desbridamento auto lítico, tem alta capacidade
de absorção e resulta na formação de um gel que mantêm o meio
úmido para cicatrização.

Indicações: feridas abertas altamente exsudativas com ou sem


infecção e lesões cavitarias com necessidade de estimulo rápido de d
tecido de granulação.
Alginato de Cácio e Sódio
Modo de usar – lavar ferida com SF 0,9%, modelar o alginato no
interior da ferida. Ocluir com cobertura secundária estéril.
Observações – trocar cobertura secundaria sempre que
estiver saturada.
Indicação – feridas abertas, exsudativas, feridas agudas
ou crônicas com ou sem sangramento, cavitarias, tunelizadas, com
ou sem infecção.
Contraindicações: lesões por queimaduras ou lesões superficiais
e feridas sem ou com pouca exsudação.

Evita maceração da pele ao redor da ferida;


Reduz número de troca de curativos;
Preenche cavidades;
Mantém o leito úmido;
Deve ser trocado no máximo a cada 24 horas;
Alginato de Cálcio e Sódio
Conduta:
Irrigar o local da lesão com SF 0,9% morno em jato;
Remover o exsudato e realizar o desbridamento, se necessário (SN);
Escolher o tamanho da fibra de alginato que melhor se adapte ao leito
da ferida;
Modelar o produto no interior da lesão umedecendo a fibra com SF 0,9%
morno;
Não deixar que a fibra de alginato ultrapasse as bordas da lesão, com o
risco de prejudicar a epitelização;
Cobrir com cobertura secundária estéril de hidrocoloide ou tela de silicone;
Trocar a cobertura secundária sempre que estiver saturada;
Trocar o curativo de alginato;
Feridas infectadas: no máximo a cada 24h;
Feridas limpas com sangramento: a cada 48h ou quando saturado;
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGEs)

São óleos derivados dos vegetais poli-insaturados. A composição


do produto comercializado para o tratamento de feridas e: Acido
Linoléico, Acido Caprilíco, Ácido Capríco, Vitaminas A e Ee Lecitina de
Soja.
Indicações:- desbridante químico e facilitador do processo
cicatricial. Tratamento de feridas infectadas como coadjuvante
da antibioticoterapia sistêmica.
Contraindicações: Lesões com necrose tecidual sem desbridamento.
Mecanismo de ação: possui capacidade de modificar
reações inflamatórias e imunológicas, alterando funções
leucocitárias e acelerando o processo de granulação tecidual.

Frequência de Troca: em média de 12 horas.


Carvão Ativado e Prata
Uma cobertura estéril para ferimentos, de baixa aderência, envolto por
uma camada de tecido selado em toda sua extensão, com uma almofada
impregnada por carvão ativado e prata a 0,15%.

Mecanismo de ação - Age absorvendo o exsudato da lesão e adsorvendo


as moléculas de odor e as células bacterianas, que serão destruídas pela
ação da prata.
Contraindicações: Não deve ser utilizado em queimaduras, pois a prata
pode provocar dor. O curativo não deve ser cortado para não ocorrer
liberação do carvão ativado na lesão.
Carvão Ativado e Prata
Modo de usar – após limpeza, aplicar curativo sobre lesão.

Observações - não pode ser cortado, pode ser associado a outros


produtos.
Frequência de troca segundo a saturação, em média com 48 a 72
horas e quando existe uma grande quantidade de exsudato deve
ser trocado com uma maior frequência.
PHMB

Polihexamida Biguanida

Indicação - antissepsia de pele e mucosas.


Mecanismo de ação – antisséptico sintético, age na
retirada de biofilme, bactericida e bacteriostático.
MEMBRANAS OU
FILMES SEMIPERMEÁVEIS
É um material estéril com possibilidade de uso
como cobertura primária ou secundária
indicado principalmente para oclusão de lesões
planas pouco exsudativas. São transparentes,
facilitando a visualização das características da lesão e
permitindo maior mobilidade ao paciente.

Composição: filme de poliuretano, transparente, elástico,


semipermeável, aderente a superfícies secas.
Filmes Transparentes

Modo de usar – escolher filme transparente de tamanho


adequado para a ferida, e aplicar sobre a pele.
Observações - pode ser utilizado como cobertura
secundária. Trocar até 7 dias.
Indicação –Fixação de cateteres vasculares; proteção de
pele íntegra e escoriações; prevenção de lesão por pressão
por fricção, cobertura de incisões cirúrgicas limpas com
pouco ou nenhum exsudato; cobertura de queimaduras de 1º
e 2º grau; cobertura de áreas doadoras de enxerto.
Mecanismo de ação –Proporciona ambiente úmido,
favorável a cicatrização permeabilidade seletiva, permitindo a
difusão gasosa e evaporação de água. Impermeável a fluidos
e microorganismos.
Cobertura Não Aderente
Coberturas a base de malha.

Indicação - áreas doadoras e receptoras de enxerto, abrasões e


lacerações.
Mecanismo de ação - evitam aderência do curativo à ferida,
permitindo o fluxo para o curativo secundário, não interferindo com
o tecido de regeneração, e evitam a dor durante a troca
Cobertura Não Aderente

Modo de usar – Limpar lesão e aplicar sobre apele.

Observações – pode estar associado a outros


curativos. Utilizar curativo secundário.
Espumas de Poliuretano
Almofada de espuma composta de camadas e
revestidas sobrepostas de não tecido e poliuretano.
Indicação – feridas abertas não infectadas com baixa
ou moderada exsudação.

Mecanismo de ação – proporciona ambiente úmido,


estimula desbridamento autolítico e absorve o
exsudato.
Espumas de Poliuretano
Modo de usar – lavar lesão, aplicar curativo sobre local
da ferida, de forma que a almofada de espuma cubra toda
a lesão.

Observações – trocar o curativo sempre


que saturado ou a cada 7 dias.
Colágeno com alginato
Curativo com 10% de alginato mais 90% de colágeno.
Indicação – feridas abertas e exsudativas.
Mecanismo de ação – o alginato mantém o meio úmido, e o
colágeno favorece o crescimento interno dos tecidos e dos
vasos sanguíneos.
Modo de usar – lavar lesão e aplicar curativo sobre ferida.

Observações – trocar cobertura secundária sempre que saturada,


e trocar o curativo entre 2 e 4 dias de acordo com o exsudato.
Critérios para o Curativo e a Cobertura Ideais

Manter elevada umidade entre a ferida e o curativo;


* Remover excesso de secreção;
* Permitir troca gasosa;
* Fornecer isolamento térmico;
* Ser impermeável às bactérias;
* Ser isento de partículas (asséptico);
* Permitir a retirada do curativo sem trauma.
Vantagens do meio úmido em relação ao seco
Estimula a epitelização, a formação do tecido de granulação e maior
vascularização.
Facilita à remoção do tecido necrótico e impede à formação de
espessamento de fibrina.
Promove a diminuição da dor, evitando traumas na troca do curativo,
além de manter a temperatura corpórea.
CATETERES, INTRODUTORES E
FIXADORES EXTERNOS
1.Limpar o local da inserção do cateter, com gaze umedecida com SF
0,9%,%, seguida da utilização de clorexidina alcóolica 0,5%, por meio
de movimentos semicirculares unidirecional com os dois lados da
gaze;
2.Com outra gaze umedecida com SF 0,9%, limpar a região ao redor do
ponto de inserção;
3.Secar a região do ponto de inserção e ao redor dele com auxílio de
uma gaze estéril;
4.Aplicar solução antisséptica no ponto de inserção em direção ao
cateter e depois na região ao redor do ponto de inserção, quando
indicado e prescrito;
5.Colocar gaze dobrada, uma de cada lado do cateter ou um protetor
semipermeável apropriado;
6.Fixar a gaze.
RETIRADA DE PONTOS

Material:
Bandeja contendo:
•Pacote de curativo;
•Frasco com solução anti-séptica;
•Lâmina ou tesoura esterilizada.

Procedimentos:
1.Lavar as mãos;
2.Preparar o material e levá-lo até o paciente;
3.Explicar ao paciente o que vai ser feito;
4.Retirar o curativo, se houver, usando a pinça anatômica sem dente;
5.Fazer anti-sepsia da incisão cirúrgica conforme a técnica de curativos;
6.Colocar uma gaze próxima à incisão cirúrgica;
7.Fixar a lâmina com a pinça Pean;
8.Pegar a pinça dente de rato, fixar e levantar o ponto na altura do nó
cirúrgico;
RETIRADA DE PONTOS

9.Cortar o fio abaixo do nó cirúrgico, próximo á pele;


10.Puxar o ponto, retirando-o e colocando-o sobre a gaze;
11.Proceder da mesma forma para os demais pontos e
desprezar a gaze;
12.Fazer nova anti-sepsia da incisão, ao terminar a retirada de
pontos;
13.Registrar no prontuário a retirada dos pontos e demais
aspectos observados quando se realiza um curativo.
Desbridamento

O desbridamento, que também pode ser conhecido como


debridamento, é um procedimento realizado para remover o
tecido necrosado, morto, e infeccionado das feridas,
melhorando a cicatrização e evitando que a infecção se espalhe
para outros locais do corpo.
Principais tipos do desbridamento

•Auto lítico: é realizado pelo próprio corpo de forma natural, através de


processos parecidos com a cicatrização, promovidos pelas células de
defesa, os leucócitos. Para melhorar os efeitos deste tipo de
desbridamento é necessário manter a ferida úmida com soro fisiológico
e curativos com hidrogel, ácidos graxos essenciais (AGE) e alginato de
cálcio;

•Cirúrgico: consiste na cirurgia para remover o tecido morto de uma


ferida e é feita em casos em que as feridas são grandes. Este
procedimento só pode ser realizado por um médico, em centro cirúrgico,
sob anestesia local ou geral;
Principais tipos do desbridamento

•Instrumental: pode ser feito por um enfermeiro treinado, em uma sala


de curativos, e baseia-se na retirada de tecido morto e pele
infeccionada com auxílio de bisturi e pinças. Geralmente, devem ser
realizadas várias sessões para a retirada gradual do tecido necrosado
e não causa dor, pois este tecido morto não tem células que levam à
sensação de dor;

•Enzimático ou químico: consiste na aplicação de substâncias, tipo


pomadas, diretamente na ferida para que o tecido morto seja removido.
Algumas destas substâncias têm enzimas que eliminam a necrose,
como a colagenase e as fibrinolisinas;
Câmara hiperbárica
Câmara Hiperbárica

A câmara hiperbárica é um tratamento baseado na respiração de


oxigênio em grande quantidade, num local com pressão atmosférica
mais elevada do que no ambiente normal. Quando isto acontece, o
corpo absorve mais oxigênio através dos pulmões e há um
aumento da circulação sanguínea, o que pode estimular o crescimento
de células saudáveis e combater o desenvolvimento de bactérias.

Desta forma, pode ser usada para tratar várias doenças, como por
exemplo:
•Feridas que não cicatrizam, como pé diabético;
•Anemia grave;
•Embolia pulmonar;
•Queimaduras;
•Envenenamento por monóxido de carbono;
•Abscesso cerebral;
•Lesões causadas por radiação;
•Doença de descompressão;
•Gangrena.
Anotação de Enfermagem Curativo
Veja o que você deve anotar:

•Tipo de lesão (úlcera por pressão, ferida operatória, escoriações etc.)


•Localização da lesão;
•Caractererização do leito da ferida: aspecto do tecido (tecido de
granulação, fibrina, necrose etc);
•Presença do Exsudato: registrar aspecto, quantidade e odor;
•Características das bordas (hiperemiadas, maceradas, regulares,
irregulares, aderidas, não aderidas, edemaciadas etc.)
•Tamanho da lesão: extensão (altura e largura) e profundidade;
•Tipo de curativo (aberto, fechado, compressivo);
•Produto utilizado;
•Queixas do cliente (dor, dificuldade de movimentação).
Anotação de Enfermagem

10h30 Apresenta lesão por úlcera por pressão em região sacra


(10x7cm) extensa e profunda (3cm), com tecido de granulação ao
centro, pontos de necrose e fibrina em bordas, exsudato em média
quantidade de aspecto esverdeado, bordas irregulares, maceradas
(esmagadas) e não aderidas. Realizado curativo olcusivo com
papaína 2% e AGE em bordas. Refere dor = 6 durante a
manipulação da ferida.
EXERCÍCIO

Como você faria o curativo da seguinte lesão?


EXERCÍCIO
Como você faria o curativo da seguinte lesão?
EXERCÍCIO

Como você faria o curativo da seguinte lesão?


EXERCÍCIO

Como você faria o curativo da seguinte lesão?


EXERCÍCIO

Como você faria o curativo da seguinte lesão?


"O CUIDAR DA FERIDA DE ALGUÉM VAI MUITO ALÉM DOS
CUIDADOS GERAIS OU DA REALIZAÇÃO DE UM CURATIVO.
UMA FERIDA PODE NÃO SER APENAS UMA LESÃO FÍSICA,
MAS ALGO QUE DÓI SEM NECESSARIAMENTE PRECISAR
DE ESTÍMULOS SENSORIAIS; UMA MARCA OU UMA MÁGOA,
UMA PERDA IRREPARÁVEL OU UMA DOENÇA INCURÁVEL. A
FERIDA É ALGO QUE FRAGILIZA E MUITAS VEZES
INCAPACITA."
JORGE & DANTAS (2003)

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