Aceitando (com muita esperança!) o desafio lançado, conto três casos de
pacientes que obtiveram resultados inesperados com a abordagem de DBS. Como sou estudante, os casos foram obtidos por meio de conversa com um neurocirurgião amigo. Espero que gostem!
Thiago Lopes (@thiago_oghati)
1. Preferência musical por Johnny Cash após DBS
O paciente de 60 anos foi encaminhado ao departamento de Transtornos
de ansiedade, sofrendo de transtorno obsessivo-compulsivo há 46 anos. Após assinar o consentimento informado, foi feito o implante em dezembro de 2006 com dois eletrodos de quatro contatos. Dentro de 6 semanas após a cirurgia, o paciente experimentou um declínio na ansiedade e obsessões. O paciente nunca foi um grande amante da música. Porém, relatou que se sentiu bem após o tratamento com DBS e que as canções de Johnny Cash o fizeram se sentir ainda melhor. Desde a primeira vez que o paciente ouviu uma música de Johnny Cash, as outras preferências musicais foram banidas, exceto quando os estimuladores param ou se apagam acidentalmente. Então, Johnny Cash é inconscientemente ignorado e seus velhos favoritos são tocados mais uma vez.
2. Estiramento de eletrodo de DBS
Um homem de 53 anos com doença de Parkinson foi submetido a implante
bilateral de eletrodos DBS conectados a um gerador de pulso de 2 canais. O gerador foi substituído 7 anos depois, e uma tomografia computadorizada confirmou a posição correta de ambos os eletrodos. Após mais 3 anos, o paciente evoluiu com piora gradativa afetando o lado direito, 10 anos após o implante original. Outra tomografia computadorizada revelou deslocamento do eletrodo esquerdo inferiormente na ponte. As novas tomografias e as tomografias obtidas imediatamente após o implante foram mescladas em uma estação de trabalho de planejamento estereotáxica. Comparando as tomografias, a extremidade distal do eletrodo estava na mesma posição, mas com a ponta proximal sendo significativamente mais inferior. Na implantação, o comprimento era de 27,7 cm. Após 10 anos, o comprimento era de 30,6 cm. Esses dados sugerem que o eletrodo foi esticado em sua nova posição, em vez de empurrado. 3. DBS em pacientes minimamente conscientes e em estado vegetativo
3 pacientes (2 em estado vegetativo e 1 em estado de consciência mínima),
foram submetidos a implante de eletrodos talâmicos bilaterais e submetidos à estimulação crônica por no mínimo 18 meses e no máximo 48 meses. Em cada caso, houve um aumento na dessincronização e no espectro de potência dos eletroencefalogramas, e foi encontrada melhora nos escores da Escala de Recuperação do Coma. Além disso, a gravidade da espasticidade do membro e o número e gravidade dos movimentos patológicos foram reduzidos. Embora o estado clínico dos pacientes tenha melhorado, no entanto, nenhum desses voltou ao estado totalmente consciente.