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Universidade Federal do ABC

Métodos em neurociência cognitiva I


Tópicos
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 Correlação vs. Causa

 Métodos em neurociência cognitiva I


 Neuropsicologia cognitiva
 EEG
 MEG
 TMS
Métodos mais correlacionais
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Cuidado: Correlação não indica necessariamente uma relação causal. Muito cuidado ao interpretar
dados de métodos correlacionais.
Correlação e causa
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Uma correlação A ~ B pode representar:

A -> B, B -> A

C -> A e C -> B

B -> C -> A
Neuropsicologia cognitiva
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 Desempenho cognitivo em pacientes com


alguma disfunção cerebral
 Lesões, patologias

 Às vezes, é mais fácil entender sistemas


complexos quando eles não estão
funcionando adequadamente
Estudo de caso 1: Paciente HM
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Estudo de caso 1: Paciente HM
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➢ Exemplo: Paciente HM (Henry Molaison)

➢ Perdeu a habilidade de criar memórias de longo prazo

➢ Era capaz de lembrar fatos que ocorreram antes da cirurgia

➢ Tinha a memória de curto prazo preservada

➢ O que isso nos diz sobre o cérebro e cognição?


Estudo de caso 2: Phineas Gage
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Estudo de caso 2: Phineas Gage
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➢ Exemplo: Phineas Gage

➢ Contra todas as expectativas, sobreviveu ao acidente

➢ Tornou-se emocionalmente instável, irritadiço, grosseiro

➢ Desenvolveu compulsões; falta de controle inibitório

➢ Região frontal do cérebro e personalidade, afeto, interação social


Estudo de caso 3: Paciente Tan
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Estudo de caso 3: Paciente Tan
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➢ Exemplo: Louis Victor Leborgne (“Tan”)

➢ Sem aparente dificuldades na compreensão da linguagem

➢ Incapaz de expressar a linguagem (só dizia TAN)

➢ Lateralização da linguagem (hemisfério esquerdo)

➢ Região da lesão conhecida como região de Broca


Neuropsicologia cognitiva
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Premissas gerais da neuropsicologia:

➢ Modularidade funcional: módulos diferentes de um mesmo sistema cognitivo


têm diferentes funções e podem operar de forma relativamente independente

➢ Modularidade anatômica: Esses módulos diferentes possuem localizações


anatômicas distintas

➢ Uniformidade entre pessoas

➢ Lesões podem apenas prejudicar funções cognitivas


Neuropsicologia cognitiva
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Limitações
➢ É difícil saber se os pacientes tinha uma “cognição normal” antes da lesão

➢ Tanto o cérebro quanto o paciente podem desenvolver estratégias


compensatórias

➢ Quando olhamos para um “cérebro quebrado”, estamos olhando, na


verdade, para um cérebro que está tentando lidar com uma lesão

➢ Lesões normalmente influenciam mais de um módulo


➢ Dadas a conectividade do cérebro, é difícil pensar que lesões têm
efeitos estritamente locais

➢ Alta variabilidade em grupos de pacientes


Neuropsicologia cognitiva
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Tipos de evidências em neuropsicologia


➢ Dissociações

Função A Função B

Paciente 1 Ok Prejudicada

➢ Isso significa que as funções A e B são independentes?


Neuropsicologia cognitiva
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Input Função A FunçãoB

Função A Função B

Paciente 1 Ok Prejudicada
Neuropsicologia cognitiva
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Tipos de evidências em neuropsicologia


➢ Dissociações duplas

Função A Função B

Paciente 1 Ok Prejudicada

Paciente 2 Prejudicada Ok
Lembrete
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Condução passiva: fluxo passivo de correntes elétricas dos dendritos ao corpo celular

Potencial de ação: mudança elétrica abrupta no neurônio, que passa a ter uma carga positiva dentro
do axônio

Condução ativa: a ocorrência de potenciais de ação nos nódulos de Ranvier, permitindo que o sinal
percorra todo o axônio sem se dissipar

Neurotransmissores: substâncias químicas que “carregam o sinal” através das sinapses


Potenciais (locais) de campo
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somatória do sinal

cancelamento do sinal
Eletroencefalografia (EEG)
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Eletrodos: Fixados no escalpo, de 1 a 300; eletrodo


de referência colocado onde não há neurônios
(sobre mastóide)

Registro no escalpo: não-invasivo

Requisitos: Orientação alinhada dos dendritos

Atividade síncrona

O que mede? Correntes pós-sinápticas de uma


população de neurônios corticais, alinhados e
sincronizados

Analogia: Estádio de futebol


Eletroencefalografia (EEG)
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EEG e ritmo neural
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Decomposição do sinal captado: Decomposição de uma função temporal em frequências e potências


EEG na clínica
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Crise de ausência: Pessoa para o que está fazendo por 5-30 segundos. Mais frequente em crianças (4-
12 anos), pode acontecer de 50-100 vezes por dia, e pode ser confundida com inatenção
EEG na clínica
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EEG e ERP
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Potencial relacionado ao evento (ERP, do inglês): Padrão de oscilação no EEG pareado


temporalmente à apresentação de um estímulo
EEG e linguagem: exemplo
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N400: Deflexão negativa que se desenvolve entre 250-500 ms depois da


apresentação de um estímulo. ERP associado à apresentação de eventos
inesperados (quebra de expectativa semântica)

De: Silveira et al. (2018) - REBAC


EEG – características
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Vantagens
➢ In vivo
➢ Não invasivo
➢ Baixo custo
➢Alta resolução temporal

Desvantagens
➢ Baixa resolução espacial
➢ Registro de neurônios superficiais
Magnetoencefalografia (MEG)
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MEG: Não-invasivo. Alta resolução temporal, mas (ainda) baixa resolução espacial. Caro.
Principal vantagem: Sinal magnético é menos distorcido do que o sinal elétrico (EEG)
TMS e tDCS – mais causal
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 Transcranial magnetic stimulation(TMS)

 Transcranial direct current stimulation(tDCS)


TMS
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➢ Inativação local reversível (lesão virtual)

➢ Alcance: até 5 cm de profundidade (dorso-


ventral)

➢ Capacitor produz e descarrega para a bobina


pulsos de campo magnéticos (2-3T)

➢ Pulso provoca despolarização (ou


hiperpolarização, se pulso único)
TMS
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➢ Uso clínico (muito ainda em pesquisa):

➢ Afasia

➢ Transtornos de ansiedade
➢ TOC: córtex orbitofrontal e a área
motora suplementar

➢ Esclerose lateral amiotrófica - esclerose


múltipla

➢ Epilepsia

➢ Autismo

➢ Morte cerebral, coma e outros estados


vegetativos persistentes

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