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neuromuscular em
Medicina Intensiva:
diagnóstico e
interpretação de
EMG e SSEP
Trabalho orientado pelo Dr. Luís Braz
• A eletromiografia (EMG) deve ser vista como uma extensão do exame físico que nos permite
detetar e distinguir diversas anomalias pertinentes para o diagnóstico, seguimento e prognóstico
de determinados doentes.
• Em Medicina Intensiva mais particularmente, pode ser útil no diagnóstico de várias patologias
tais como fraqueza neurogénica, miopática ou da placa neuromuscular, lesão neurogénica
axonal de desmielinizante, localizar lesão nervosa perifética, detetar sinais de desnervação
remota ou recente.
• Adicionalmente permite localizar a lesão nervosa, de periférica à raiz, plexo ou nervo e detetar
sinais de desnervação.
EMG: princípios e interpretação
• Deve ser entendido como 2 passos diferentes do mesmo exame:
3. Dispersão temporal: CMAP deixa de ser uniforme e fica disperso mas amplitude semelhante
ou igual (desmielinizantes iniciais em que todas as fibras transmitem só que a uma
velocidade menor)
• A agulha concêntrica de EMG é bipolar e tem um elétrodo de referência (G2) e um elétrodo ativo (G1), medindo a
amplitude, frequência e padrão de despolarização das fibras musculares na área abrangida (~0.1mm2) que
posteriormente é convertido num traçado e em som.
• Exige a cooperação do doente em conseguir manter o músculo em estudo relaxado e em o contrair posteriormente para
uma correta colheita e interpretação dos potenciais.
Eletromiografia de agulha : atividade espontânea
Padrão anómalo
Padrão anómalo
• Axonal • Agudo
• Desmielinizante
EMG – timing
• Para detetar alterações nos estudos de condução motora são necessários 5-7 dias após a
lesão
• Para detetar alterações nos estudos de condução sensitivos são necessários cerca de 10
dias após a lesão
• Para detetar sinais de desnervação no EMG de agulha são necessárias 3 semanas após a
lesão
PORTANTO
• Útil em várias situações clínicas, permitindo o diagnóstico de lesões da medula que não são
evidentes em imagiologia (mesmo em RM) e, mais particular da Medicina Intensiva, para
neuroprognosticação de lesões do SNC.
SSEP: princípios e interpretação
SSEP MSs SSEP Mis
(nervo mediano ou punho) (nervo tibial atrás do maléolo medial)
• Doente com fraqueza rapidamente progressiva que leva a compromisso respiratório e necessidade de IOT. Neste caso
o exame é útil para o diagnóstico da patologia de base que levou à admissão do doente;
• Doente admitido em Medicina Intensiva, com o problema primário em resolução e em fase de reabilitação, que
apresenta fraqueza das extremidades com tónus diminuído e arreflexia;
• Mesma situação que a anterior mas o passo limitante é o desmame ventilatório, que se demonstra impossível
mesmo após exclusão de outras causas cardiopulmonares.
Doença neuromuscular adquirida em UCI
• Fatores de risco: choque sético, exposição prolongada ou Fatores de risco: BNM, acidemia prolongada, ARDS, corticóide
recorrente a BNM, MOF •
em alta dose, aminoglicosídeos, sépsis, MOF
• Paraparésia/paraplegia com massa muscular preservada ou • Paraparésia/paraplegia com atrofia severa
ligeiramente atrófica
• ROTs diminuídos ou ausentes mas mais tardiamente
• ROTs diminuídos ou ausentes
• Desmame ventilatório difícil após exclusão de outras causas
• Desmame ventilatório difícil após exclusão de outras causas
EMG (polineuropatia sensorimotora): fibrilação e positive sharp EMG: fibrilação e positive sharp waves + potenciais curtos, de
waves + potenciais longos, de amplitude normal/alta polifásicos a amplitude diminuída com recrutamento precoce.
demonstrar fenómenos de reinervação. Nos NCS: baixa amplitude dos potenciais motores mas potenciais
Nos NCS: baixa amplitude dos potenciais motores e sensitivos sensitivos normais
Sensibilidade afetada Sensibilidade preservada
Miastenia Gravis (MG)
• Fisiopatologia: reação autoimune com produção de autoanticorpos anti AchR, MuSK ou LRP4
bloqueio dos AchR fraqueza neuromuscular localizada ou generalizada
• Crise miasténica (MG complicada com insuficiência respiratória ou fraqueza orofaríngea
requerendo IOT e VM >24 hrs) ocorre em 15-20% de todos os doentes com MG, normalmente
com fator precipitante (infeção, aspiração, fármacos)
Miastenia Gravis (MG) – NCS e ElAglh
• Realizado na maior parte dos doentes com intuito diagnóstico, prognóstico e de evolução
• Em NCS: diminuição sucessiva da amplitude dos CMAPs com a estimulação nervosa repetitiva.
• Em eletromiografia de fibra única: MUAPs instáveis com padrão de recrutamento normal, sem
atividade espontânea anormal (fibrilações). Extremamente sensível para doenças da JNM mas
com pouca sensibilidade para cada uma delas.
Miastenia Gravis vs Lambert Eaton
Miastenia Gravis Lambert-Eaton
Doenças associadas Timoma Ca pequenas células
• Fisiopatologia: reação autoimune (por vezes pós-infeciosa) com produção de autoanticorpos anti-
gangliosídeos IgG (GM1, GD1a – apenas detetáveis numa minoria dos casos) por imunidade
cruzada (similaridade molecular) destruição das células de Schwann desmielinização
segmentar degeneração axonal sensoriomotora de nervos periféricos e cranianos
Paralisia flácida progressiva + hipo/arreflexia caudal-craniano (1-2 semanas de evolução)
Dor dorsal ou dos membros (afetação nociceptiva e neuropática)
Disfunção autonómica (70%): arritmias cardíacas, PA flutuantes, retenção urinária, disfunção GI
Insuficiência respiratória por afetação dos músculos respiratórios
• 30% dos doentes vão necessitar de suporte ventilatório – se necessidade superior a alguns dias,
provavelmente irá necessitar de traqueostomia (sem vantagem em atrasar >1 semana)
Síndrome de Guillain-Barré – NCS e ElAglh
• Realizado na maior parte dos doentes com intuito diagnóstico, prognóstico e de evolução)
• Em NCS (alterações da velocidade só na 3-4 semana):
• Latências aumentadas (a indiciar desmielinização);
• Ondas F prolongadas ou ausentes é o achado mais precoce;
• Bloqueios na condução nervosa e dispersão temporal das respostas motoras (fibras deixam de conduzir);
• Recrutamento diminuídos – consequência do bloqueio de condução;
• De forma simplificada, a ausência ou amplitude diminuída do N20 indica lesão cortical, aplicando as
seguintes premissas:
• Não foram utilizados barbitúricos para a sedação do doente (único sedativo que pode interferir
definitivamente com os SSEP);
• Não há suspeita de lesão medular (enforcamento), embora o padrão dos SSEP consigam distinguir
entre lesão periférica ou cortical;
• Ao serem realizados em ambiente de UCI, a interferência de fatores externos dificulta a sua interpretação,
devendo esta ser feita sempre dentro do contexto do doente e dos restantes exames de
neuroprognosticação;
• Ausência bilateral >24hrs de N20 tem sensibilidade de 45% e especificidade de 99% para um mau outcome
• Não é afetado pela hipotermia e recomenda-se o uso de BNM no sentido de eliminar a interferência da
atividade muscular
Patologia
neuromuscular em
Medicina Intensiva:
EMG e SSEP
Trabalho orientado pelo Dr. Luís Braz