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O papel do enfermeiro na gestão e

cuidado com a ferida


Gleyce Kelly de Brito Brasileiro Santos
Enfermeira Esp. Em Saúde do Adulto e do Idoso
FERIDAS
É qualquer lesão da integridade da pele e
tecidos adjacentes (tecido subcutâneo,
muscular, etc).

É uma solução de continuidade.

É conseqüência de uma agressão por um


agente ao tecido vivo.
“ ...a responsabilidade do tratamento e prevenção de feridas
vem sendo atribuída ao enfermeiro, devendo ele avaliar a

lesão e prescrever o tratamento mais adequado, além de
orientar e supervisionar a equipe de enfermagem na execução
do curativo.

Ferreira1 et al, 2008


0

O processo de Enfermagem garante a


centralidade do ato de cuidar pelo profssional
da enfermagem.
Aprovar o
Regulamento da
atuação da Equipe de
Enfermagem no
Cuidado aos pacientes
com feridas
OS PILARES PARA UMA ASSISTÊNCIA DE QUALIDADE
VOLTADA AOS PORTADORES DE LESÕES

PREVENÇÃO ACESSO ÀS TECNOLOGIAS


Prevenir o aparecimento de lesões é a É necessário dispor de materiais específicos
01 principal meta.
04 voltados para o tratamento de lesões e
estomias.
BUSCA DOS PACIENTES
CAPACITAÇÃO
02 É necessário conhecer quem são os 05 Toda a equipe deve estar capacitada a
portadores de lesões para se planejar uma
identificar e a executar as ações necessárias
boa assistência.
para o tratamento.

AVALIAÇÃO TRABALHO INTERDISCIPLINAR


03 A avaliação adequada da lesão permite
06
O acesso às diversas especialidades deverá
empregar um plano terapêutico adequado a
ser garantido.
cada etapa da cicatrização.
Lesões agudas

01
Neuropatia do pé
diabético 02

Lesões Vasculares
03

Lesões por Pressão


04

Estomias
05

Outras lesões
06
Tipos de Feridas

de lesões
Enfermagem
protagonista
dos cuidados
aos portadores
Como tratar de um paciente portador de lesão?
Trabalho em equipe
01

Acesso à Rede Assistencial de Saúde


02

Escolher o tratamento de acordo com a


03 singularidade

04 Avaliar evolução
(2) Fase Proliferativa

(1) Fase inflamatória

PROCESSO DE
CICATRIZAÇÃO
(3a) Fase de Reparação

(3b) Fase de Maturação


Características da lesão

Fonte: Livro Feridas Complexas


Avaliação
• Deverá ser realizada de preferência pelo mesmo profissio
nal;

• Em períodos de tempo espaçados;

• A avaliação da lesão deverá estar inserida no exame físico


do paciente.

• Dimensões, Tipo de Tecido, Dor, Sinais Flogísticos, Exudato


Manutenção do
ambiente fisiológico da
ferida

Controle ou Eliminação
de Comorbidades
Avaliação
Controle ou Eliminação
do Fator Etiológico
METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE FERIDAS

Ferramenta TIME/DIME

Tissue
Infection/Inflamation
Moisture
Epithelization
Conhecendo as dimensões da lesão

Fonte: Livro Feridas Complexas


Profundidade da Lesão

Fonte: Google imagens


Planimetria da Lesão

Fonte: Google imagens


LOCALIZAÇÃO DOS TECIDOS E ALTERAÇÕES NA LESÃO

Fonte: Livro Feridas Complexas


00H

09H 03H

06H
Avaliando o Volume do Exsudato

Moderado Grande Abundante


Pouco
Ausente
cobertura
permanece seca uma troca da 2 trocas da cobertura 3 trocas da > 3 trocas da
em 24h cobertura secundária secundária em 24h cobertura cobertura
em 24h secundária em 24h secundária em 24h
Marca de Saturação
Fonte: Livro Feridas Complexas
Exsudato purulento
Avaliando o Odor do Exsudato

O odor é proveniente de produtos aromáticos


produzidos pelas bactérias e tecidos em decomposição
• Ausente
• Característico
• Fétido
• Pútrido
Conhecendo o grau de contaminação das lesões
1ª opção padrão ouro: biópsia ou aspirado agulha
grossa: vesícula, necrose, tecido com aspecto
infectado;

2ª opção cultura+ antibiograma: técnica em Z.

FERIDAS COMPLEXAS HÁ COLONIZAÇÃO! AVALIAR


REALMENTE A NECESSIDADE DA CULTURA!
Atenção: Biofilme!
Avaliando a Dor do Paciente

Fonte: Livro Feridas Complexas


Tipos de Tecidos presentes no
Leito da Ferida
Resumo da avaliação do tecido e
conduta a ser adotada

Granulação Hipergranulação Granulação Epitelização


Sadia: Vermelho vivo Problema Pálida ou Vinhosa Sadia: Rosada
Proteger, manter o Reverter a hipergranulação, Proteger, estimular a Proteger contra traumas,
processo de angiogênese, Controle microbiológico, prevenir angiogênse, controlar a carga manter hidratação adequada.
sangramento microbiana
controlar a exudação.
Resumo da avaliação do tecido e conduta a ser
adotada

Slough Necrose
Amarelo, acastanhado Crosta seca, escurecida
Remover tecido,
resolver a inflamação, Remover tecido;
Controlar a exudação Controle da isquemia;
Controlar a carga microbiana Controle da carga microbiana
Avaliando as margens e a pele
perilesão
Epibolia: dobra sobre a margem

Fonte: Livro Feridas Complexas


Avaliando as margens das feridas

Fonte: Google imagens


Avaliando as margens das feridas

Fonte: Google imagens


Avaliando as margens das feridas

Fonte: Google imagens


Avaliando as margens das feridas

Fonte: Google imagens


Preparação do Leito da Ferida

Procedimento global efetuado para acelerar a cicatrização


endógena e melhorar a eficácia de produtos avançados para o
cuidado de feridas.

O principal objetivo é garantir a formação de granulação


saudável dos tecidos que irá resultar na cicatrização
completa da ferida.
Preparação do Leito da Ferida

Redução da carga microbiana


Redução do exsudato e sujidades
Remoção de tecidos desvitalizados
Limpeza e preservação das bordas e pele
peri-lesão.
LIMPEZA DAS FERIDAS

“Facilitar um ambiente ótimo para a cicatrização,


independente do uso da técnica limpa ou estéril”

(Furtado e Mourato,2016);
LIMPEZA DAS FERIDAS
• Remover tecidos mortos;
• Remover material estranho como resíduos de coberturas;
• Reidratar a superfície da ferida;
• Manter a umidade ideal do leito da lesão;
• Conservar a pele perilesional;
• Facilitar a visualização do tamanho e extensão da ferida;
• Minimizar o trauma da ferida pelo uso continuado do material
aderente;
• Diminuir o risco de infecção;
• Promover o conforto do doente.
(Furtado e Mourato,2016)
Técnica de Limpeza
Ainda é ponto de discussão quanto a técnica usada para a limpeza da ferida.

• Técnica tradicional de limpeza com gaze


• Irrigação da ferida: A irrigação é a técnica mais aceita devido a seus benefícios:

• Padrão internacional: 8 a 15 psi: seringa de 35ml agulha de 19 mm;


• Brasil: 7 psi, seringa de 20ml agulha 40x12;
Soluções de Limpeza

• Água de Torneira;
• Solução fisiológica;
• Água Destilada;
• Poliexanida betaína (PHMB).

Temperatura da solução é importante:


temperaturas abaixo da T corporal provocam
hipotermia e atraso na cicatrização.
Sabão de Coco
Sabão de coco - ao estudo in
vitro que mostra
vários graus de
citotoxicidade
em fibroblastos pelo uso de
sabões.

Wilson JR, et al 2005


Polihexanida e betaína (PhMb)
• Tem apresentação em solução para limpeza de feridas, materiais não
aderentes, Gazes, espumas, hidrogel.
• Em alguns a molécula de PHMB está quimamente ligada a base do
material fornecendo as propriedades antissépticas quando em contato
com a umidade da ferida. Dimiui a carga microbiana, protege de
infecção.
• PRECISA DE CONTATO ÍNTIMO ENTRE FERIDA E CURATIVO.
• Em outros o componente ativo é livre para ser liberado dentro e ao
redor da ferida = doa para superfície.
• Reduz DOR e ODOR
• Atua em BIOFILME
Soluções Antissépticas

Fonte: NUPAP
Tipos de Desbridamento
TIPO CARACTERISTICA SELETIVIDADE
AUTOLÍTICO Uso de produtos endógenos da ferida e manutenção do meio úmido para Seletivo para tecidos
garantir o amolecimento, a liquefação e a destruição do tecido necrótico. desvitalizados

ENZIMÁTICO Aplicação local de enzimas exógenas proteolíticas no leito da lesão que irão Não seletivo
atuar de forma sinérgica com as enzimas endógenas.

MECÂNICO Remoção dos tecidos necróticos por forças mecânicas. Não seletivo

CIRÚRGICO/CORTANTE Cirúrgico: remoção do tecido necrótico e desvitalizado de forma cruenta por Não seletivo
ressecções amplas que implicam a remoção do tecido necrótico e parte do
tecido saudável, podendo provocar hemorragia (realizado apenas por

Clique para editar o


médicos).

título Mestre
Cortante: realizado em contexto de consulta, enfermaria ou ambulatório,
remoção apenas do tecido necrótico até encontrar tecido viável, pode ser
Seletivo

realizado em várias sessõe. É utilizado material cortante estéril.

LARVAL Biodesbridamento ou biocirurgia, uso de larvas estéreis de moscas da Seletivo


espécie: Lucilia sericata/Lucilia caprina
Desbridar exige
capacitação
técnica específica!
O que usar
para tratar as
feridas?
Cobertura Alginato de Cálcio
Curativo SeaSorb
Aplicação do Curativo
Perfeita Adesividade
Retirada do Curativo
Áreas de Difícil Oclusão
Purilon Gel
Fonte:https://www.atlascirurgico.com.br/artigo/15
Fonte:https://www.atlascirurgico.com.br/artigo/177a-colostomias
2a-colostomias
COMPLICAÇÕES
RETRAÇÃO
ISQUEMIA
Psoríase em pele periestoma em paciente com Doença de Crohn.
Pioderma gangrenoso em paciente com Retocolite Ulcerativa (RCU)
REFERÊNCIAS
• Poletti, N: A UTILIZAÇÃO DE FITOTERAPICOS PELA ENFERMAGEM NA
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS ,
http://www.sobende.org.br/I%20speed/palestras/nadia%20poletti.pdf

• Geovanini, Telma; Palermo, Tereza C. da Silva. Manual de curativos. 1ª ed. São Paulo:
Corpus, 2007.

• Silva, L et al: Fitoterapia: uma tecnologia de cuidado proximal comunitária à pessoa idosa
e sua família – práticas populares aliadas aos conhecimentos científicos, disponível em:
http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/viewFile/13105/9634

• Malagutti, W. et al: CURATIVOS, ESTOMIA E DERMATOLOGIA: UMA ABORDAGEM


MULTIPROFISSIONAL
REFERÊNCIAS
• Azevedo MF. Feridas.: incrivelmente fácil. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
• Belo Horizonte. Protocolo de Assistência para Portadores de Ferida. Belo Horizonte:
Secretaria Municipal de Saúde, 2006.
• Costa, Idevânia Geraldina. Prevenção e tratamento de feridas: Guia prático. 3ª Ed.
Cuiabá: Práxis Educativa, 2008.
• Hess, C. T. Tratamento de feridas e úlceras. 4. ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso
Editores, 2002. 226p.
• Mandelbaum SH, Di Santis EP, Mandelbaum MHS. Cicatrização: conceitos atuais e
recursos auxiliares- parte II. An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 78(5):525-542, set./out. 2003.
• Potter, P A. ; Perry, AG. Fundamentos de enfermagem: conceitos, processo e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999
• Prazeres SJ. Tratamento de feridas: teoria e pratica. Porto Alegre: Moriá, 2009.
• Rabelo ER, Aliti GB. Exame Físico. In: SOUZA, EM. Casos clínicos para a enfermagem.
Porto Alegre: Moriá, 2010.
• Universidade Estadual de Campinas. Manual de Tratamento de Feridas.Hospital das
Clinicas de Campinas. Grupo de Estudos de feridas. Campinas, 2000.
• World Union of Wound Healing Societs (WUWHS). Principios de las mejores
prácticas: exsudado en las heridas y utilidade de los apósitos. Documento de consenso.
London: MEPLtd. 2007
Obrigada!
@Gleyce.Brasileiro
@ambulatorio.ufslag
gkbsantos@hotmail.com

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