Você está na página 1de 85

Clínica Cirúrgica

de Cães e Gatos
Professora Bianca Penteado
Conteúdo
 Sistema Digestório  Principais procedimentos emergênciais –
toracocentese, abdominocentese e ABCDE do
 Sistema Urinário
trauma
 Sistema respiratório
 Manejo de feridas e queimaduras
 Sistema locomotor
 Protocolos anestésicos
 Cirúrgicas obstétricas
 Controle da dor
 Cirurgias reconstrutivas e oncológicas
Princípios Cirúrgicos Gerais
Classificação das Cirurgias
 DE ACORDO COM A DURAÇÃO DO PRÉ-OPERATÓRIO
 Intervenções de extrema urgência
 Intervenções de urgência relativa
 Intervenções em pacientes com graves alterações funcionais
 Intervenções em pacientes sadios
Preparação Cirúrgica
Cuidados e medidas terapêuticas
Exploração Clínica profiláticas
 Exames do animal  Medidas que facilitam o ato cirúrgico
 Tegumento  Escolha de medicamentos que não aumentarão
o sangramento
 Sist. Cardiovascular
 Equilíbrio ácido-básico
 Sist. Digestivo
 Dieta e esvaziamento Sist. GI
 Sist. Respiratório
 Tricotomia, Assepsia e Antissepsia
 Sist. Urinário
 TTO profilático p/ correção das alt.
encontradas na exploração clínica
Esterilizaçã Desinfecçã
o o

Profilaxia da
Infecção
Anti-sepsia Assepsia
Conjunto de orientações feitas pelo
cirurgião após a cirurgia

Pós -
Operatório
A duração dos cuidados pós-
operatórios se baseia na cicatrização
dos tecidos
 Ambiente adequado

Pós –  Posição
Cuidados pós-anestésicos
Operatório

 Pulso, Temperatura, vômitos


Imediato  Movimentos respiratórios
 Oxigenoterapia
 Complicações anestésicas
 Complicações pulmonares
 Complicações cardiovasculares

Pós – 


Complicações infecciosas
Complicações de decúbito
Operatório  Defecação, micção

Mediato  Alimentação e hidratação


 Higiene geral e da ferida cirúrgica
Cirurgias da Pele
DIÉRESE
São todas as manobras que o cirurgião realiza por meio de instrumentos ou das mãos
para abordar os tecidos
CRUENTA X INCRUENTA
 INCISÃO  Arrancamento
 Única  Curetagem
 Perpendicular  Escarificação
 Tamanho suficiente
 Debridamento
 Bordas regulares
 Divulsão
Cirurgias da Pele
 Hemostasia – toda manobra que o cirurgião faz pra inibir ou interromper o
sangramento
 Origem
 Experiência
 Meio de cultura
 Diminui a volemia
Cirurgias da Pele
 SÍNTESE – manobras feitas para reconstruir ou estabelecer a anatomofuncionalidade
das estruturas
 Suturas internas e externa
 Reunião de tecidos
 planos
 massa
 mista
 Espaço morto
Quando não suturar?
• Feridas/lesões infectadas;
• Mordidas de animais;
• Perfurações profundas;
• Debris que não podem ser completamente removidos;
• Suturas que demandam muita tensão do tecido;
• Feridas com sangramento ativo não controlado;
• Feridas superficiais (escoriações e erosões),
Síntese
 Tipo de material  Padrão de sutura
 Absorvível  Contínuo
 Inabsorvível  Interrompido
Inerte

Flexível

Fios de Composição física: Monofilamentado X multifilamentado


Composição química: orgânicos e inorgânicos (abs. X
Sutura Ideal inabs.)
Tempo de absorção conhecido

Resistência tênsil
Fios de Sutura
 Catgut simples e cromado
 Ácido poliglicólico
 Poliglactina
 Polidioxanone
 Nailon
 Poliéster
 Polipropileno
Padrões de Suturas
 Sero mucosa – penetrante  Interrompido simples
 Sero-muscular  Contínuo simples
 Sero-submucosa Não  Cushing (não contaminante)
contaminante
 Sero-serosa  Lembert
 Wolff – “U”
 Blendinger – “U” contínuo
Técnica Operatória
 Pré-operatório – jejum, laxantes, sondagem vesical, etc., tricotomia ampla
 Anestesia – escolha dos fármacos – espécie, cirurgia, idade, estado geral, etc.
 Posicionamento, contenção
 Instrumental
 Técnica das incisões – abordagem cirúrgica
 Incisão praticada o mais próximo possível do local
 Incisão regular, lesar o menor número de vasos e nervos, abertura em planos
Pós - Operatório
COMPLICAÇÕES CAUSAS
 Aderências  Em relação ao animal
 Eventração  Em relação ao aumento da tensão
 Evisceração  Em relação aos fatores técnicos
Laparotomia
Laparotomia
 Cirurgias feitas na cavidade abdominal.
 Laparon = flanco. Incisão da parede abdominal realizada na região lateral do
abdomen.
 Celiotomia = incisão de qualquer parte da parede abdominal.
 INDICAÇÕES:
 Exploração visual da cavidade = laparotomia exploratória = dá o diagnóstico, sem IC.
 Intervenção cirúrgica em órgãos da cavidade = o diagnóstico já foi feito.
Laparotomia
 Divisão Anatomocirúrgica
 Região abdominal anterior ou epigástrica – central ou xifoidiana
 Região abdominal média ou mesogástrica – central ou umbilical
 Região abdominal posterior ou hipogástrica – central ou púbica, laterais ou inguinais
 Limites
 Cranial * Caudal * Dorsal * Ventral
Celiotomia
 Celiotomia mediana
 Celiotomia paramediana
 Celiotomia paracostal
 Celiotomia oblíqua
 Celiotomia combinada – mediana + paracostal
 Laparotomia pelo flanco
 https://slideplayer.com.br/slide/8620771/
Cirurgias Sistema
Reprodutivo
Procedimentos Cirúrgicos do Trato
Reprodutivo
 Ovário-histerectomia (OSH)  Drenagem prostática
 Cesariana  Drenos Omentalização
 Castração de criptorquídicos***  Marsupialização
 Mastectomia  Prostatectomia
 Ablação escrotal  Amputação peniana
 Episiotomia  Reconstrução prepucial
 Vasectomia  Falopexia
 Episioplastia  Biópsia
Castração - Considerações
 A indicação primária para uma cirurgia do trato reprodutivo é limitar a reprodução
 Aliviar a distocia
 Prevenir ou tratar tumores influenciados pelos hormônios reprodutivos (p. ex.,
tumores mamários, tumores testiculares e adenomas perianais)
 Controlar certas doenças do trato reprodutivo (p. ex., piometra, metrite, prostatites,
tumor e abscessos prostáticos)
 Estabilização de doenças sistêmicas (p. ex., diabetes e epilepsia) e dermatoses (sarna
demodécica generalizada.
Castração - Considerações
 A castração é tradicionalmente recomendada aos seis a nove meses de idade. A
castração precoce gera bons resultados, se forem tomadas as precauções para
prevenir hipoglicemia, hipotermia e hemorragia.
 Os pacientes pediátricos, com menos de 16 semanas de idade, são metabolicamente
diferentes dos adultos em diversas formas. Inúmeros sistemas são imaturos, logo a
administração de medicamentos exige cuidado especial e consideração.
 O sistema nervoso simpático é imaturo, tornando um filhote de cão ou de gato
suscetível à bradicardia e hipotensão.
Castração – Considerações Anestésicas
 O metabolismo hepático não é maduro até aproximadamente 12 semanas de idade.
Além do mais, a secreção tubular renal pode não amadurecer até as oito semanas de
idade.
 O metabolismo hepático e renal imaturo junto com hipoalbuminemia e uma volume
líquido circulatório maior tornam os pacientes pediátricos sensíveis aos medicamentos
anestésicos. As ações medicamentosas podem ser mais pronunciadas e prolongadas.
 Evitar a administração de acepromazina e medicamentos antiinflamatórios não
esteroides (AINEs) em animais com menos de 16 semanas de idade
Castração – Considerações Anestésicas
 Os α-2-agonistas são aprovados para uso em cães com mais de 12 semanas de idade, mas
doses inferiores ainda devem ser consideradas neste grupo etário.
 A quetamina pode ser utilizada, porém doses na faixa inferior são mais apropriadas por
causa deste volume elevado de distribuição.
 Propofol, sevoflurano e isoflurano são excelentes anestésicos para os pacientes.
 Como com outros grupos etários, os opioides devem ser titulados para fazerem efeito; no
entanto, as doses menores geralmente são necessárias para atingir a analgesia adequada.
 Como esses pacientes têm sistemas nervosos simpáticos imaturos, eles devem ser pré-
medicados com um anticolinérgico (i.e., atropina, glicopirrolato) ou devem ser levados para
a sala de operações para tratar da bradicardia.
Expectativas da Gonadectomia Precoce
 A gonadectomia precoce é segura em cães e gatos com mais de 7 semanas de idade
 Cadelas apresentam maior risco de desenvolver incontinência urinária se a OSH for realizada antes dos 3
meses de idade
 O fechamento da placa de crescimento é atrasado em 8-9 semanas resultando no aumento da extensão dos
ossos longos
 Risco elevado para ângulo do platô tibial excessivo em cães de raças grandes
 O pênis, prepúcio e a vulva podem apresentar-se pequenos e infantis se o animal for castrado com 6 a 8
semanas de idade
 Não está associada a aumento da obesidade, quantidade de alimento consumido diariamente, nível da
atividade, doenças do trato urinário baixo, fraturas de ossos longos, artrites, supressão imune ou uretra
pequena
 Associado a morbidade inferior e recuperação anestésica rápida
Cesariana
Cesariana
 Considerações Anestésicas no Paciente Submetido à Cesariana
 Exames de rotina + glicose e Ca+
 Indução – Propofol – oxigenação
 Fentanil dose: 2 – 10 mcg/kg em cães e 1 - 4 mcg/kg em gatos IV
 Manutenção – Isofluorano, Sevoflurano
 Após a remoção dos neonatos:
 Morfina – 0,1 – 1 mg/kg em cães e 0,05 – 2 mg/kg em gatos IV
 Quetamina – 0,5 a 1mg/kg IV
 Naloxona (reversor opióide) – 1 a 2 gotas sublinguais pra reverter a depressão respiratória
Cesariana
 Indicação primária - distocias – fetos grandes, mal posicionados ou malformados,,
inércia uterina ou putrefação fetal.
 Cesarianas eletivas – raças braquicefálicas, histórico de distocia e estreitamento do
canal pélvico.
 Distocias - geralmente apresentam anormalidades hídricas e eletrolíticas que devem
ser corrigidas antes da cirurgia.
 Anestesiar cuidadosamente esses animais - depressão e redução da viabilidade fetal
são diretamente proporcionais à depressão materna.
Cesariana com OSH
 A OSH em bloco é realizada antes da histerotomia e remoção dos neonatos.
 A sobrevida neonatal é semelhante à de outras técnicas para tratar a distocia;
entretanto, este procedimento não é recomendado se os fetos estiverem estressados,
bradicárdicos ou hipóxicos
 Maternidade e a lactação são normais.
 Vantagens X Desvantagens
 tempo anestésico mínimo, o potencial de contaminação abdominal mínimo e o controle
populacional sem a necessidade de uma segunda cirurgia.
 Necessidade de uma segunda equipe para ressuscitar os neonatos - desvantagem
Técnica cirúrgica - Cesariana
 Cesariana sem OSH
 Pré-oxigenação
 Anestesia que minimize a depressão neonatal
 assepsia vigorosa no abdome ventral.
 incisão na linha média ventral da região cranial ao umbigo até próximo ao púbis.
 Eleve a bainha do reto abdominal externo antes de fazer a incisão na linha alba para
prevenir lacerações acidentais no útero.
Técnica cirúrgica - Cesariana
 Exteriorize os cornos uterinos gravídicos levantando cuidadosamente, pois os vasos
uterinos são facilmente avulsionados e a parede uterina prontamente se rompe.
 Isole o útero do restante do abdome com toalhas estéreis ou panos de campo para
laparotomia.
 Levante, como uma tenda, e faça uma incisão no corpo uterino ventral para
prevenir a laceração do neonato. Estenda a incisão com uma tesoura de
Metzenbaum.
 A incisão deve ser extensa o suficiente para evitar a ruptura durante a extração dos
fetos.
Técnica cirúrgica - Cesariana
 Esvazie cada corno uterino ordenhando cada feto para movê-lo em direção à incisão.
 Rompa o saco amniótico e pince o cordão umbilical com uma pinça mosquito à
medida que cada feto é apresentado.
 Evite a contaminação do abdome e do campo cirúrgico por líquido amniótico.
Assepticamente entregue cada neonato para um assistente.
 Não force a separação da placenta da parede uterina, ou poderá ocorrer uma
hemorragia profusa.
 Observe se o útero se contrai
Técnica cirúrgica - Cesariana
 Lave o útero externamente
 Feche a incisão uterina com fio absorvível 3-0 usando padrão aposicional sobre um
padrão contínuo simples em camada única, um fechamento aposicional em camada
dupla (mucosa e submucosa seguidos pela muscular e serosa), ou um fechamento
aposicional seguido por um padrão de inversão (invaginante) de segunda camada
(Cushing ou Lembert).
Técnica cirúrgica - Cesariana
 Lave o local da cirurgia e substitua as toalhas contaminadas, esponjas, instrumentos e
luvas. Inspecione a avulsão do vaso uterino e controle a hemorragia.
 Promova a lavagem do abdome, se ocorrer contaminação ou respingo do conteúdo
uterino.
 Cubra a incisão uterina com o omento.
 Aproxime a parede abdominal em três camadas (fáscia do reto abdominal, tecido
subcutâneo e pele).
 Utilize a sutura de pele subcuticular ou intradérmica para eliminar as pontas que podem
irritar os neonatos.
 Limpe todos os antissépticos, sangue e debris do abdome ventral e da cadeia mamária.
Cesariana
 Um corrimento uterino sem odor,
vermelho-amarronzado a seroso, ou
lóquios, é esperado por quatro a seis
semanas após o parto.
 A eclampsia pode ocorrer a qualquer
momento durante o primeiro mês pós-
parto, e nem todos os cães acometidos
apresentam os sinais típicos (i.e.,
tremores musculares, tetania e
convulsões)
Ressecção em bloco
 Realize a OSH em bloco do útero gravídico exteriorizando e isolando os pedículos
do ovários e separando o ligamento largo do útero até o ponto da cérvix. Manipule
os fetos na vagina ou cérvix para dentro do corpo uterino. Coloque dois ou três
pinças nos pedículos dos ovários e no útero cranialmente à cérvix. Rapidamente
realize a transecção entre as pinças, removendo os ovários e o útero. Entregue o
útero à equipe de assistentes para a abertura e ressuscitação dos neonatos. O tempo
entre a aplicação das pinças e a remoção dos neonatos deve ser de menos de 60
segundos. Ligar duplamente os pedículos dos ovários e o uterino. Verifique se há
hemorragia e feche o abdome
Cuidado neonatal
 Gentilmente faça uma sucção nas narinas e nasofaringe, ou firmemente segure o neonato
e gentilmente balance-o com a cabeça para baixo para ajudar a remover os fluidos das
vias aéreas superiores. Esfregue vigorosamente e seque cada neonato para estimular o
sistema respiratório. Se for necessário, antagonizar opioides (coloque uma gota de
naloxone embaixo da língua) e dar doxapram (coloque uma gota embaixo da língua) para
estimular a respiração. A estimulação do ponto GV (ponto de acupuntura, ponto de
governação) 26 (JenChung) pode estimular a respiração. Use uma agulha hipodérmica
20×8 de 25 gauge, e coloque 2 a 4 mm de profundidade na linha média da área mais
dorsal, entre o lábio superior e o nariz, e rotacione-a até que o osso seja tocado
Piometra
Piometra
 Complexo hiperplasia endometrial cística-piometra.
 É o acúmulo de material purulento no interior do útero
 A distensão uterina com fluido estéril é denominada hidrométrio (secreção líquida)
ou mucométrio (secreção mucoide), ou hematométrio (secreção sanguinolenta).
 Uma piometra de coito é o acúmulo do material purulento no vestígio do útero que
permanece após a OSH.
 Piometra aberta X fechada
Piometra – Apresentação Clínica
 Cadelas idosas
 Gatos – de 1 a 4 semanas; cães – de 4 a 8 semanas
 Logo após as injeções para acasalamentos indesejados ou administração exógena de
estrogênio e progestinas.
 O animal pode apresentar secreção vaginal purulenta ou sanguinolenta.
 Outros: distensão abdominal evidente, febre, anorexia parcial a completa, letargia,
poliúria, polidpsia, vômitos, diarreia e/ou perda de peso.
 É comum os animais com piometra fechada terem vômitos e diarreia, e geralmente
estão muito doentes na apresentação.
Piometra - Diagnóstico
 Imagem: RX ou ultrassom
 Piometra, hidrometra, mucometra ou hemometra podem ter uma aparência
ultrassonográfica e radiográfica semelhante.
 É importante excluir o diagnóstico de gestação.
 Radiograficamente, a calcificação fetal pode ser identificada aproximadamente
após 45 dias de gestação.
Piometra – Diagnóstico - Laboratorial
 Neutrofilia com desvio para a esquerda, monocitose e toxicidade das células
sanguíneas brancas.
 Fechada – leucócitos > 30.000 (100.000)/ Aberta – contagem normal de leucócitos
 Leucopenia – indica infeção generalizada.
 Hiperproteinemia, hiperglobulinemia e azotemia.
 A hiponatremia e a hipercalemia podem ocorrer com vômitos ou diarreia grave.
 Diminuição das enzimas hepáticas ALT e FA.
 A urinálise pode revelar isostenúria, proteinúria e/ou bacteriúria.
Piometra
Piometra
 A piometra normalmente está associada à síndrome da resposta inflamatória sistêmica
(SIRS) causada pela produção e liberação de mediadores inflamatórios com efeitos
sistêmica. A hipoglicemia é comum em cães com piometra. A sepse e a SIRS esgotam
as reservas de glicogênio, aumentam o uso periférico de glicose e diminuem a
gliconeogênese. Uma hiperglicemia transitória geralmente ocorre devido à liberação
excessiva de catecolaminas e glucagon. O aumento da produção hormonal induzida por
progesterona pode causar hiperglicemia persistente e glicosúria. Tratamento cauteloso
com insulina pode ser necessário em pacientes com hiperglicemia persistente (i.e.,
maior que 300 mg/dL) após tratamento médico e cirúrgico apropriados.
Piometra
 Pacientes com piometra podem apresentar azotemia pré-renal, doença glomerular primária, capacidade de
concentração tubular reduzida, doença tubular intersticial, filtração glomerular diminuída e/ou doença renal
concomitante não relacionada à piometra. A azotemia pré-renal é devida à fraca perfusão, desidratação e ao choque. A
doença glomerular primária ocorre secundariamente à glomerulonefrite mediada por complexos imunes. Os antígenos
bacterianos também interferem na capacidade de concentração tubular renal. Uma vez retirados os antígenos
bacterianos essas alterações se resolvem, retornando à função renal normal. A diminuição da habilidade de
concentração tubular está relacionada à inibição do hormônio antidiurético no túbulo renal pelas endotoxinas
bacterianas, sobrecarga glomerular obrigatória de solutos devido à diminuição de filtração glomerular e outros fatores
desconhecidos. A capacidade normal de concentração tubular geralmente retorna duas a oito semanas após a OSH. O
dano hepatocelular pode ser secundário à colestase intra-hepática e à retenção de pigmentos biliares, toxicidade da
sepse e endotoxemia e/ou diminuição da perfusão. A anemia pode ser causada por supressão da eritropoiese pela
inflamação crônica, pela perda de hemácias dentro do lúmen uterino, hemodiluição ou perda sanguínea cirúrgica. A
anemia não regenerativa deve regredir espontaneamente em poucas semanas após a OSH. Embora menos
frequentemente, pode ocorrer a deficiência da coagulação, secundária a desequilíbrios metabólicos concomitantes. As
arritmias cardíacas resultam dos efeitos tóxicos da piometra, choque, acidose e desequilíbrio eletrolítico.
Piometra – Tratamento Cirúrgico
 A morbidade e a mortalidade estão associadas às anormalidades metabólicas e
disfunção dos órgãos. O tratamento (OSH) não pode ser retardado mais do que o
realmente necessário.
 Técnica Cirúrgica:
 incisão na linha média ventral iniciando 2 a 3 cm caudal à cartilagem xifoide e se
estendendo até o púbis;
 Observe se há evidência de peritonite; Colete fluido abdominal para cultura;
Piometra – Tratamento Cirúrgico
 Cuidadosamente exteriorize o útero sem a aplicação de pressão ou tração excessiva.
 Isole o útero do abdome com tampões de laparotomia ou toalhas estéreis.
 Posicione as pinças e ligaduras, transeccione na junção da cérvix com a vagina.
 Colete amostra do conteúdo uterino para cultura se contaminar o campo cirúrgico.
 Remova as placas de laparotomia e substitua os instrumentos, luvas e os panos de
campo contaminados.
 Lave o abdome e feche a incisão de forma rotineira, a menos que haja peritonite.
Cuidados Pós-operatórios
 Monitoramento de perto por 24 a 48 horas para sepse e choque, desidratação,
desequilíbrios eletrolíticos e acidobásicos.
 Em caso de grave hipoproteinemia ou anemia, pode ser necessária uma transfusão
de plasma ou de sangue, respectivamente.
 A fluidoterapia deve ser mantida no pós-operatório até que o animal esteja se
alimentando e ingerindo líquidos normalmente.
 Evidência de desconforto abdominal, temperatura elevada ou dor sugerem
peritonite.
Prognóstico
 Normalmente ocorre a morte nos casos em que não se realiza nenhum tratamento cirúrgico
ou médico.
 A piometra persiste ou recorre depois da terapia clínica em aproximadamente 20% dos cães.
 O prognóstico após a cirurgia é favorável caso a contaminação abdominal seja evitada, o
choque e a sepse sejam controlados e o dano renal revertido com fluidoterapia e eliminação
dos antígenos bacterianos.
 A morte pode ocorrer quando as anormalidades metabólicas são graves e não responsivas à
terapia apropriada. As taxas de mortalidade após o tratamento cirúrgico da piometra são de
aproximadamente 5% a 8%.
Complicações
Complicações da OSH
 A maioria das complicações podem ser evitada utilizando-se uma boa técnica cirúrgica
(i.e., manipulação cuidadosa dos tecidos, boa hemostasia e técnicas assépticas);
 A OSH em cães de grande porte é mais difícil e está associada a mais complicações;
 A hemorragia primariamente ocorre a partir dos pedículos do ovários, vasos uterinos ou
parede uterina quando as ligaduras são feitas de forma inapropriada;
 Hemorragia excessiva pode ocorrer quando a OSH é realizada durante o estro.
 A ligadura do ureter ou trauma pode ocorrer na ligadura de um pedículo do ovário,
quando a exposição do polo renal caudal é inadequada.
Complicações da OSH
 O ureter também pode ser ligado se a bexiga estiver distendida e o trígono e a junção
ureterovesical estiverem deslocados cranialmente. Isso pode resultar em uma hidronefrose
que necessite de ureteronefrectomia, a menos que a ligadura seja prontamente removida.
 Se tecido do ovário permanecer na cavidade abdominal, o estro pode se repetir.
 Tratos fistulosos e granulomas podem ocorrer. Essas fístulas estão normalmente localizadas
no flanco, mas também ocorrem ao longo da coxa medial ou região inguinal. Liberam
exsudato sanguinolento ou mucopurulento de forma intermitente. A secreção pode diminuir
durante a antibioticoterapia, mas retorna quando a terapia é interrompida. As fístulas não se
fecharão até que o material de sutura seja removido. Muito cuidado deve ser tomado
durante a dissecção, pois pode haver aderência à veia cava e a outras estruturas vitais.
Complicações da OSH
 A incontinência urinária é incomum após a OSH (5%), mas pode ocorrer logo
depois da cirurgia ou em cadelas idosas.
 Uma alta incidência de incontinência urinária é observada em fêmeas esterilizadas
antes dos três meses de idade (aproximadamente 13%)
 Causas: baixos níveis de estrogênio, aderências no coto uterino ou granulomas na
bexiga e fístulas vaginoureterais
 Comportamento e genitália externa infantis podem persistir em animais
esterilizados em idade muito jovem (seis a 12 semanas)
Mastectomia
Neoplasia de mama

 Aproximadamente 35 a 50% dos tumores mamários caninos e 90% dos


tumores mamários felinos são malignos.
 Os tumores mamários malignos se espalham através dos vasos linfáticos e
sanguíneos para os linfonodos regionais e pulmões.
 Outros locais de metástase menos comuns incluem glândula adrenal, rins,
coração, fígado, ossos, cérebro e pele.
Conduta Pré-operatória
 É importante realizar um levantamento completo para determinar o estádio da
doença e identificar outros problemas que podem alterar o prognóstico.
 Massas ulceradas e infectadas devem ser tratadas previamente
 Protocolo anestésico adequado
 Anatomia cirúrgica -
Cirurgia de mastectomia
 A mastectomia ou remoção da(s) glândula(s) mamária(s) pode ser uma mastectomia
simples (de uma glândula), regional (diversas glândulas) ou unilateral completa
(uma cadeia inteira).
 A remoção mastectomia bilateral completa causa uma significativa tensão na linha
de sutura e deve ser evitada, quando for possível.
 O procedimento em estádios é aconselhado para facilitar o fechamento do defeito e
reduzir o desconforto da paciente quando uma mastectomia bilateral for necessária.
 A OSH é realizada durante o mesmo procedimento anestésico, antes da
mastectomia, para evitar-se a disseminação das células tumorais no abdome.
Complicações e Prognóstico da Mastectomia
 As complicações incluem dores, inflamação, hemorragia, formação de seroma, infecção, isquemia,
necrose, automutilação, deiscência, edema dos membros traseiros e reincidência do tumor.
 Em cães, a reincidência local ocorre em dois anos e varia de 20% a 73%.
 O prognóstico para cães com tumores malignos é variado e depende de diversos fatores, incluindo
o tipo e o estádio do tumor, status da OSH e a presença de metástase.
 Cães com tumores malignos sem evidências de metástase - morre/eutanásia entre um a dois anos.
 Aqueles com doença metastática - média de sobrevida menor (cinco meses versus 28 meses),
 Tumores menores que 3 cm apresentam melhores prognósticos (35% de recidiva em dois anos; 22
meses de sobrevida) do que os tumores maiores que 3 cm de diâmetro (80% de recidiva em dois
anos; 14 meses de sobrevida).
Complicações e Prognóstico da Mastectomia
 Em gatos, tumores menores que 2 cm apresentam menos reincidência local do que
aqueles maiores que 2 a 3 cm. Gatos com carcinoma mamário maior que 3 cm
apresentam uma média de sobrevida de seis meses, enquanto aqueles com tumores
menores que 2 cm apresentam uma média de sobrevida em torno de três anos.
Complicações após a Cirurgia Reprodutiva
 Ovário-histerectomia - Dor, hemorragia, infecção, deiscência, incontinência
urinária, ovário remanescente, ligação ureteral, fístula, aderências
 Castração - Hemorragia, hematoma escrotal, injúria escrotal, infecção, deiscência,
incontinência urinária, alteração do comportamento
 Cesariana - Hemorragia, retenção de feto, aderências, cicatrização uterina,
problemas na incisão, choque, hipovolemia, hipocalcemia, agalactia, metrite,
vômito, anorexia
 Mastectomia - Dor, inflamação, hemorragia, formação de seroma, infecção, necrose
isquêmica, autotrauma, deiscência, edema de membros, recorrência do tumor
Considerações Anestésicas no Paciente
Estável Submetido à Cirurgia Abdominal
FOSSUM, 4ed, pág. 1011.
Leia também as considerações no paciente séptico.

Você também pode gostar