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UNICSUL – UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

Curso de Odontologia – Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva

São Paulo, Agosto de 2021


EPIDEMIOLOGIA
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)
• Definição: do grego

EPI + DEMOS + LOGOS


“sobre” “povo” “estudo”
= Ciência das Epidemias

O Povo Brasileiro – Tarsila do Amaral


HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
História e evolução
Dúvida histórica na humanidade:

Processo saúde x Doença

“A saúde é a simples ausência de doença”


(Christopher Boorse, 1977)
“Estado físico e mental em que é possível
alcançar as metas vitais, dadas as
circunstâncias” (Lennart Nordenfelt, 2001)
“Estado de completo bem-estar físico, mental
e social” (OMS)

Por que ficamos doentes?


HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
História e evolução

• Teorias místicas e religiosas: causa sobrenatural, não depende só


do indivíduo de curar (entidade) e não há como prever.
HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
História e evolução
• Teoria dos Miasmas: na idade média, as
doenças vinham de ares ruins (pântanos,
lixos, odor fétido).
• Primeiras medidas de “sanitarismos” =
enterrar os mortos afastado das cidades,
desvio do esgoto e lixo.

Malária – do italiano, “mau ar” afeta o


homem deste a antiguidade.
HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
História e evolução

• Teorias dos Humores – Hipócrates na Grécia


antiga (séc V a.C.), considerado pai da medicina,
fez a correlação da doença e fatores externos
ao indivíduo.
• Fatores ambientais: estações do ano, ventos,
temperatura, presença de pântanos e
montanhas.
• Fatores do indivíduo: origem da água de
consumo, uso de sal, comida e bebida em
excesso, prática de exercícios físicos e trabalho.
HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
História e evolução

• Galeno, 201-130 a.C. (Médico do


imperador Marco Aurélio), seguidor dos
ensinamentos de Hipócrates: realização
de censos periódicos e o registro
compulsório de nascimentos e óbitos.
HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
História e evolução

• Teoria da unicausualidade (séc. XX):


bactéria e vírus é a única causa da morte

• Teoria da multicausualidade: vários


fatores que podem influenciar no
adoecimento de um indivíduo. (relação
entre hospedeiro, agente e ambiente)

A epidemiologia nasce da observação desses fatores pré


patogênicos: socioeconômicos, sociopoliticos,
socioculturais, psicossociais e ambientais.
HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
História e evolução

• Jhon Snow (1850): pesquisou 3 mi de


pessoas e coletou dados (sexo, idade,
ocupações, categoria social e bairros
abastecidos por duas companhia de
distribuição de água).
• Correlação: Coléra x Água contaminda

Primeiro estudo epidemiológico


comprovando.
HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA
Tempos atuais

• Déc. 90 – 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) inclusão de grupos


específicos no SUS, configurando o modelo que perdura até hoje:

• Lei 8080 de 1990 – cap II / art. 7:

“No desenvolvimento de ações e serviços de saúde, deve haver a


utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a
alocação de recursos e orientação programática.”
EPIDEMIOLOGIA
Definições

População afetada

“Estudo da distribuição das doenças e seus determinantes”


- Almeida Filho (1989)

Fatores genéticos, sociais, ambientais e


econômicos da população afetada.
EPIDEMIOLOGIA
Definições

“Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, avalia


promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo
informação e conhecimento para tomada de decisão”.

- Medronho, 2009
PADRÕES DE MORTALIDADE
Mudanças históricas

Doenças infecciosas Doenças crônico-degeneratívas


Até séc. XIX Após séc. XIX
Expectativa de vida = 50 anos Expectativa de vida = 76 anos

Fleming, 1928
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
Desenvolvimento
Países pobres x Países ricos

Desnutrição, saneamento básico, superpopulação Industrialização, sedentarismo, obesidade


Doenças infecciosas Doenças crônico-degenerativas
DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS
Novos métodos

Controle das doenças infectocontagiosas + aumento da expectativa de vida = DCD

Estudo nos EUA, 1982: DCD (65%)


• Doenças coronarianas: 34,4%
• Câncer: 24%
• Acidente Vascular Cerebral (AVC): 6,5%
DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS
Novos métodos

• Doenças infectocontagiosas = período de


exposição curto, rápido desenvolvimento,
permite observação de toda a evolução

• Doenças crônico-degenerativas = pode


apresentar sinais e sintomas muitos anos
depois da exposição
=
Criação de novos métodos de estudo
CLASSIFICAÇÃO
Descritiva e Analítica

• Epidemiologia descritiva: avaliação da frequência ou distribuição da


doença na população

• Epidemiologia analítica: estudo dos fatores ou causas que explicam


tal distribuição da doença na população estudada
CLASSIFICAÇÃO
Descritiva ou Analítica???
CLASSIFICAÇÃO
Descritiva ou Analítica???
CLASSIFICAÇÃO
Descritiva ou Analítica???

CONCLUSÃO DO ARTIGO
CLASSIFICAÇÃO
Descritivos e Analíticos

“O estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos


relacionados a saúde em populações ou eventos relacionados a saúde
em populações específicas, e a aplicação desses estudos no controle
dos problemas de saúde.”
- Last JM, 1988

“É o estudo dos fatores que condicionam”


- Scliar M, 2003
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA
Definições

Lei n°6.259/75 e Decreto n°78.231/76 (1975):


O Ministério da Saúde cria o Sistema Nacional de
Vigilância Epidemiológica (SNVE)
Conjunto de instituições do setor público e privado,
componente do SUS, que direta ou indiretamente,
notifica doenças e agravos, presta serviços a grupos
populacionais ou orienta a conduta a ser tomada
para o controle dos mesmos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA
Definições

Descentralização de ações:
• Direcionou as atividades da VE para o nível local.
• Fortalecimento dos sistemas municipais
• Passaram a ser dotados de autonomia técnico-
gerencial
• Enfoque nos problemas de saúde próprios de
suas respectivas áreas de abrangência.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA
Definições

Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE):


Criada em 1985 na esfera estadual;
Composição:
• Diretoria técnica e equipe de assistentes;
• Grupo responsável pela imunização;
• Grupo responsável pelo desenvolvimento de métodos
de pesquisa e capacitação em epidemiologia;
• Grupos responsáveis por um conjunto de doenças:
transmissão respiratória, hídrica, por vetores e
zoonoses, hanseníase, tuberculose, crônico-
degenerativas, ocasionadas pelo meio ambiente e
infecção hospitalar.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA
Definições
Quais são as funções dos CVE?

• Coletar dados
• Processar dados coletados
• Analisar e interpretar os dados
• Recomendar medidas de controle apropriadas
• Promover ações de controle indicada
• Avaliar a eficácia e efetividade das medidas adotadas
• Divulgar as informações pertinentes
EPIDEMIOLOGIA E PREVENÇÃO
História natural do processo saúde-doença
EPIDEMIOLOGIA E PREVENÇÃO
Níveis de prevenção: primária, secundária e terciária
Prevenção primária: ações aplicadas no período
pré-patogênico. Promoção de saúde ou proteção
específica.

Prevenção secundária: se a doença não for


bloqueada no período pré-patogênico, será
necessário impedir sua evolução. Diagnóstico
precoce e tratamento imediato.

Prevenção terciária: medidas de reabilitação para


prevenir a incapacidade total depois que as
alterações se estabilizaram. Terapia ocupacional,
psicoterapia, etc.
DOENÇA
Definições
Controlada: reduz a incidência da doença para
níveis compatíveis com o estado de saúde da
população.

Eliminada: reduz a incidência da doença para


níveis desprezíveis, até que ela deixe de ser
problema de saúde pública. Exemplo: poliomielite.

Erradicada: elimina a doença e o agente causal.


Exemplo: varíola (agente existe apenas em
laboratório)
SISTEMA DE INFORMAÇÃO À SAÚDE
Disponibilização dos dados

São mecanismos de coleta de dados para análise e fornecimento da


informação que é necessária para entender os problemas de saúde de uma
população.
- DATASUS: departamento de informática do SUS.
• Sistemas de Informações Hospitalares (SIH)
• Sistemas de Informações Ambulatoriais (SAI)
• Sistemas de Informações de Mortalidade (SIM)
• Sistemas de Informações sobre os Nascidos Vivos (SINASC)
• Sistemas de Informações de Agravos de Notificação (SINAN)
• Sistemas de Informações da Atenção Básica (SIAB)
• Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI)
SISTEMA DE INFORMAÇÃO À SAÚDE
Sistemas de Informações de Agravos de Notificação (SINAN)

Notificação Compulsória:

É a transmissão da informação da ocorrência de casos


confirmados/suspeitos individuais ou surtos da lista de agravos da
Portaria GM/MS N°104. de 25 de Janeiro de 2011.

Além das doenças em humanos, algumas situações ambientais e


mortes de alguns animais que possam representar risco à saúde
também deverão ser notificadas, segundo a Portaria. Ex.:
tuberculose, acidente por animal peçonhento, acidente de trabalho,
etc.
EPIDEMIOLOGIA
Por que é importante em Odontologia?

Principais experiências de produção


de dados em nível nacional. Baseado
em 3 levantamentos epidemiológicos
em saúde bucal:

• 1986
• 2003
• 2010
EPIDEMIOLOGIA
1986

O Levantamento Epidemiológico em
Saúde Bucal de 1986 foi o primeiro

1986
de abrangência nacional. O Distrito
Federal e 15 capitais de estados
brasileiros participaram do estudo.
Na primeira etapa foram sorteados
os setores censitários urbanos e na
segunda etapa houve a seleção de 16
domicílios, nos quais foram
identificados os adultos de 35-44
anos de idade
EPIDEMIOLOGIA
2003

O levantamento de 2003 – Projeto SBBrasil:


Condições de saúde bucal da população
brasileira – incluiu moradores das zonas

2003
urbana e rural, ampliou as faixas etárias e
os agravos. A amostragem probabilística
por conglomerados em três estágios foi
empregada, permitindo a produção de
inferências para cada região brasileira, por
porte do município e para cada idade ou
grupo etário.
Participaram 250 municípios, 50 por região,
distribuídos em cinco estratos: até 5 mil
habitantes; de 5 a 10 mil habitantes; de
10.001 a 50 mil; de 50.001 a 100 mil; mais
de 100 mil habitantes.
EPIDEMIOLOGIA
2010

O levantamento de 2010 – Pesquisa


Nacional de Saúde Bucal (SBBrasil

2010
2010) – foi realizado no Distrito
Federal, nas 26 capitais brasileiras e
no interior de cada uma das cinco
regiões brasileiras, totalizando 32
domínios.
EPIDEMIOLOGIA
Total de participantes
EPIDEMIOLOGIA
Concursos públicos
EPIDEMIOLOGIA
Concursos públicos
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
Impactos positivos na sociedade
• Diagnóstico da situação de saúde
• Investigação etiológica e determinação de
risco
• Determinação de prognósticos e métodos
de prevenção
• Identificação de síndromes e classificação
de doenças
• Planejamento e organização de serviços
• Análise crítica de trabalhos científicos

Portanto fica clara a forte ligação entre a


epidemiologia e a saúde pública, sendo
fundamental ao campo da saúde coletiva.
OBRIGADO
pela atenção!

Wellington Hideaki Yanaguizawa


Email: wellington.yanaguizawa@cruzeirodosul.edu.br

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