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CURSO DE MEDICINA HABILIDADES MÉDICAS HMP

ROTEIRO PEDAGÓGICO

DOCENTE: Caroline Januzzi Lara Lana


DISCENTE:

DATA: SUBGRUPO:

“AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA E MINIEXAME


DO ESTADO MENTAL”

REFERÊNCIA BIBIOGRAFICA:

FREITAS, Elizabete Viana de Tratado de geriatria e


gerontologia/Elizabete Viana de Freitas, Ligia Py. – 4.ed. – [Reimpr.]. – Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. il. ISBN 978-85-277-2949-9 1. Geriatria –
Manuais, guias, etc. I. Py, Ligia. II. Título.

1. Defina o conceito de multimorbidade e elucide sua importância


dentro da avaliação geriátrica.
O aumento da expectativa de vida foi uma das principais conquistas
do desenvolvimento médico, social e econômico do século 20, trazendo como
consequência, quase que invariavelmente, multimorbidade e incapacidade.
Essas situações, apesar de não serem exclusivas da velhice, têm prevalência
que aumenta de foma substancial com a idade (Banerjee, 2015). Em estudo
publicado no periódico The Lancet, Barnett et al. (2012) demonstraram que
65% dos indivíduos entre 65 e 84 anos e 82% daqueles com 85 ou mais anos
são portadores de multimorbidade, ou seja, de duas ou mais doenças crônicas.
Indivíduos com multimorbidade tendem a apresentar grande complexidade e
vulnerabilidade, pois sofrem de mais problemas cognitivos, funcionais e
psicossociais; têm maiores riscos de que as suas doenças, especialmente as
complicações agudas, manifestem-se de forma obscura ou atípica, retardando
o diagnóstico e o início do tratamento; e são muito mais propensos a
iatrogenia, fragilização, síndromes geriátricas, admissões e readmissões
hospitalares e institucionalização. Portanto, requerem acompanhamento
constante no sistema de saúde.

2. Defina o conceito de avaliação geriátrica ampla e esclareça seus


principais objetivos.
A avaliação geriátrica ampla (AGA) inclui a avaliação do paciente em
vários domínios, sendo mais comumente incluídos o físico (médico), o mental,
o social, o funcional e o ambiental. A condição funcional do paciente com idade
avançada é um dos parâmetros mais importantes da avaliação geriátrica.
A AGA é um processo diagnóstico multidimensional, geralmente
interdisciplinar, para determinar as deficiências, incapacidades e desvantagens
do idoso e planejar o seu cuidado e assistência a médio e longo prazos, tanto
do ponto de vista médico como psicossocial e funcional. Os seus objetivos
principais são realizar um diagnóstico global e desenvolver um plano de
tratamento e reabilitação, gerenciando os recursos necessários para as
intervenções terapêuticas e reabilitatórias

3. Sobre os componentes da avaliação geriátrica ampla, elucide sua


definição e aplicabilidade.
a) Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas
Avalia modificações no sistema locomotor, onde a marcha e o
equilíbrio são avaliados. É aplicável para avaliar danos neurológicos e risco de
queda.
b) Função cognitiva Condições emocionais
A cognição é o processo de aquisição de conhecimento e inclui a
atenção, o raciocínio, o pensamento, a memória, o juízo, a abstração, a
linguagem, entre outros. As alterações cognitivas podem levar a perda da
autonomia e progressiva dependência. Por meio da avaliação cognitiva, podem
ser identificadas as principais alterações da saúde mental do idoso – os
quadros demenciais e os depressivos.
c) Deficiências sensoriais Capacidade funcional
Os déficits sensoriais são muito comuns nos idosos e representam
motivo de perda de qualidade de vida, tornando-se empecilho para a realização
das atividades de vida diária. Essas limitações sensoriais podem levar ao
isolamento social, ao risco maior de quadros confusionais e a quedas.
A capacidade funcional é definida como a aptidão do idoso para
realizar determinada tarefa que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida
independente em seu meio. A funcionalidade do idoso é determinada pelo seu
grau de autonomia e independência, sendo avaliada por instrumentos
específicos.
d) Estado e risco nutricional
A avaliação nutricional dentro da geriatria, tem suas particularidades,
a heterogeneidade dessa população dificulta a uniformização da avaliação
nutricional geriátrica. Não existe um método único e eficiente para estabelecer
as condições nutricionais, pois inúmeros motivos podem levar o idoso ao
quadro de desnutrição.
Viver sozinho desestimula o indivíduo a preparar alimentos;
restrições funcionais podem incapacitá-lo de ir às compras e de cozinhar, por
exemplo. Por isso, a avaliação nutricional deve ser adaptada ao contexto de
cada idoso, dietas extremamente restritivas e generalizadas não são aplicáveis
nesse caso.
e) Condições socioambientais
Esta talvez seja a dimensão mais complexa e difícil de ser
quantificada, provavelmente pela heterogeneidade dos seus componentes.
Devem ser avaliadas as relações e as atividades sociais, os recursos
disponíveis de suporte (social, familiar e financeiro), sabendo com que tipo de
ajuda o idoso pode contar, caso necessite.
Esses fatores influenciam diretamente o planejamento terapêutico.
Os sistemas de suporte social podem ser informais, que são as relações entre
membros de uma família, entre amigos e vizinhos, e sistemas formais que são
hospital-dia, centro-dia, instituições de longa permanência, atendimento
domiciliar e programas de capacitação de cuidadores.
A ausência de suporte social adequado ao idoso piora as condições
de saúde, reduz capacidade funcional, portanto faz-se necessária a avaliação
adequada desse item. Deve-se perguntar sobre sua vida social e utilizar o
Apgar da família e dos amigos (Smilkstein, 1978; Smilksteis et al., 1982). A
residência do idoso deve ser adaptada às suas limitações, de forma a
preservar ou recuperar a independência, além de evitar quedas e todas as
suas consequências.
f) Polifarmácia e medicações inapropriadas
Respondido nona questão

4. Identifique como deve ser avaliado o equilíbrio, a marcha e a mobilidade


na pessoa idosa. Compreenda as manobras e entenda as variações em
seus achados.
É importante que, dentro do exame clínico tradicional, uma avaliação
neurológica básica seja realizada, inclusive a pesquisa do sinal de Romberg
para avaliação do equilíbrio: o indivíduo em posição ereta, pés unidos e olhos
fechados, sendo que a positividade do teste ocorre quando há oscilações
corpóreas e risco de queda em qualquer direção. O equilíbrio e a mobilidade
são fundamentais para uma vida independente, sendo também avaliados por
testes: teste de levantar e sentar e teste de levantar-se e andar cronometrado.
Teste de levantar-se e andar:
Proposto por Mathias em 1986. É realizado com o paciente
levantando-se de uma cadeira reta e com encosto, caminhando três metros,
voltando, após girar 180o, para o mesmo local e tornando a sentar-se. Com
isso, é possível avaliar o equilíbrio do paciente sentado, o equilíbrio durante a
marcha e a transferência. A interpretação deste teste é a seguinte: (1)
normalidade; (2) anormalidade leve; (3) anormalidade média; (4) anormalidade
moderada; (5) anormalidade grave. Sendo que escore de 3 e mais pontos
indica risco aumentado de quedas (Mathias et al., 1986).
Teste de levantar-se e andar cronometrado:
É uma variante do teste anterior, que além de avaliar os itens
relacionados, mede o tempo de realização da tarefa. A interpretação é a
seguinte: menor ou igual a 10 s – independente, sem alterações; entre 11 e 20
s – independente em transferências básicas, baixo risco de quedas; maior ou
igual a 20 s – dependente em várias atividades de vida diária e na mobilidade,
alto risco de quedas (Mathias et al., 1986; Bischoff et al.,, 2003).
5. Sobre a avaliação inicial do estado cognitivo, compreenda a utilização do
Miniexame do estado mental e do exame de fluência verbal, além disso,
elucide a importância do grau de escolaridade para ponderar os
resultados.
A fluência verbal (FV) avalia predominante a linguagem e a memória
semântica, além da função executiva. Trata-se de teste rápido e com notas de
corte definidas pela escolaridade. Solicita-se ao paciente relacionar o maior
número de itens de uma categoria semântica (p. ex., frutas, animais) ou
fonêmica (palavras que se iniciam com determinada letra) em um minuto. Em
nosso meio, utiliza-se mais frequentemente a categoria semântica nomeando
animais/minuto. A interpretação é a contagem do número de itens, excluindo as
repetições, as oposições regulares de gênero (p. ex., gato/gata computa
apenas 1 e boi/vaca computa 2). O normal para indivíduos com escolaridade
menor que 8 anos é de no mínimo 9 itens e para indivíduos com escolaridade
de oito e mais anos é de no mínimo 13 itens (Brucki et al., 1997; Nitrini et al.,
2005).
6. Quais os testes que podem ser utilizados para iniciar a análise da função
executiva no idoso?
Teste de desenho do relógio, MOCA etc.

7. Como pode ser feita a investigação inicial do quadro de depressão no


idoso?
Através da escala de depressão geriátrica

8. Defina os conceitos de “Atividades básicas de vida diária” e “Atividades


instrumentais de vida diária. Elucide que tipo de questionamento pode
ser feito ao idoso dentro da avaliação funcional.

As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se


referem ao autocuidado, ou seja, são as atividades fundamentais necessárias
para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover higiene, transferir-se da cama
para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de alimentar-se e
deambular. A incapacidade de executar estas atividades identifica alto grau de
dependência e exige uma complexidade terapêutica e um custo social e
financeiro maior.
Para uma vida independente e ativa na comunidade, executando as
atividades rotineiras do dia a dia, o idoso deve usar os recursos disponíveis no
meio ambiente. O conjunto dessas atividades foi denominado atividades
instrumentais da vida diária (AIVD).

9. Defina polifarmácia e suas implicação na morbidade da pessoa idosa

Polifarmácia pode ser definida como o uso regular de


múltiplos medicamentos e, com o envelhecimento, o número deles
aumenta pela necessidade de controlar várias crônicas coexistentes
(multimorbidade). Além do mais, atualmente, para o controle de uma
única condição crônica – hipertensão arterial, por exemplo – podem ser
necessários vários medicamentos.
Portanto, a polifarmácia, muitas vezes, não é errada. É até
necessária, porém não deixa de ser uma situação de risco, pois existe uma
relação direta entre o número de medicamentos usados e o risco de eventos
adversos, incluindo aqueles mais graves com óbito. Um dos grandes desafios
tem sido estabelecer o critério operacional com a definição de um ponto de
corte do que seria o número de medicamentos utilizados por um indivíduo a
partir do qual se consideraria polifarmácia. Gnjidica et al. (2012) demonstraram
que cinco ou mais medicamentos seriam o número mais adequado para definir
polifarmácia, sendo que para isso estimaram a relação do número de
medicamentos usados com desfechos adversos importantes na assistência
geriátrica, como fragilidade, incapacidade, mortalidade e quedas.

10. Quais os fatores que fomentam a necessidade da avaliação nutricional no


idoso? Quais critérios devem ser considerados?
formações sobre o estado nutricional são importantes na avaliação
da condição de saúde de um indivíduo. A heterogeneidade dessa população
dificulta a uniformização da avaliação nutricional geriátrica, determinando que
esse processo adote critérios para os idosos entre 60 e 70 anos, próximos dos
adotados pelos adultos mais jovens, e outros para os mais idosos. Sendo
assim, principalmente para estes últimos, não existe um método único e
eficiente para estabelecer as condições nutricionais, carecendo de valor
preditivo para a mortalidade. Inúmeros motivos podem levar o idoso ao quadro
de desnutrição. Viver sozinho desestimula o indivíduo a preparar alimentos;
restrições funcionais podem incapacitá-lo de ir às compras e de cozinhar, por
exemplo. Pacientes em condições sociais adversas e do sexo masculino são
mais suscetíveis aos quadros de desnutrição.

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