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SÍNDROMES GERIÁTRICAS

Prof. Dr. Jack Roberto Silva Fhon


Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgico
Universidade de São Paulo
Objetivos da aula

1. Conhecer a definição dos termos mais utilizados na gerontologia;

2. Entender as especificidades das diferentes síndromes geriátricas;

3. Identificar os diagnósticos de enfermagem mais comuns no idoso

que sofre dessas síndromes;


Caso clínico
 F. S. B. do sexo feminino de 72 anos, viúva, tem nove filhos, mora sozinha há 10 anos e aposentada.
 Sofre de hipertensão arterial (furosemida, captopril e losartana), DM (metformina) e gastrite (omeprazol).
Encontra-se hospitalizada no PS com diagnóstico de crise hipertensiva.
 Sinais vitais: FC: 106 BPM; PA: 148/98 mm/Hg; FR: 24 RPM; Sat O2: 95%.
 Ao exame físico, deitada no leito com as grades elevadas, com AVP em MSD salinizado, observa-se
hematomas nos braços, emagrecida, diminuição da acuidade auditiva e visual (uso de óculos) e com
uso de fralda.
 À entrevista referiu que os vizinhos a levaram para o hospital, não recebe visitas e nem ligações dos
filhos, que perdeu os últimos meses aproximadamente 10 quilos sem fazer regime.
 Refere que demora mais do que o normal para realizar atividades como fazer contas, limpar casa, tomar
banho entre outras atividades.
 Ademais, sofreu quatro quedas nos últimos doze meses e que aconteceram duas na rua, uma quando
foi no banheiro de madrugada e a outra saindo da cama e que teve hematomas nas pernas e nos
braços e muita dor no quadril que no lhe permite caminhar direito. Por conta disso, ela não sai muito de
casa e porque também tem medo de cair novamente.
 Também comentou que uma vez foi no mercado e se perdeu, não lembrava o caminho para voltar para
casa e teve que pedir ajuda às pessoas da rua.
 Na entrevista comentou que as vezes esquece de tomar seus remédios. Também comentou que um dia
acordou e não encontrava os óculos, que foi preparar seu café e ao abrir a geladeira para pegar leite e
manteiga, viu que os óculos estavam dentro da geladeira, ela não se lembra ter deixado eles ai.
Processo de envelhecimento
Definição de termos
Senescência: resulta do somatório de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas
próprias do envelhecimento normal

Senilidade: é o processo patológico de envelhecimento. Caracteriza-se por um declínio


gradual no funcionamento de todos os sistemas do corpo: cardiovascular, respiratório,
genital, urinário, endócrino e imunológico, entre outros.

Síndrome: se caracterizam por múltiplas etiologias, não tendo, portanto, uma causa única.
Geralmente, não causa risco iminente de morte, mas comprometem, de forma
significativa, a qualidade de vida da pessoa acometida
Definição de termos
Funcionalidade: diz respeito aos níveis de “funcionamento” (função) de uma pessoa em
diferentes áreas e é mensurada por meio da avaliação funcional.

Avaliação funcional: uma tentativa sistematizada de mensurar objetivamente os níveis nos


quais uma pessoa funciona numa variedade de áreas tais quais integridade física,
qualidade da auto-manutenção, qualidade no desempenho dos papéis, estado intelectual,
atividades sociais, atitude em relação a si mesmo e ao seu estado emocional.
INDEPENDÊNCIA

MOBILIDADE COMUNICAÇÃO

Postura e marcha Continência Visão


Capacidade aeróbica esfincteriana Audição
Fala
Capacidade Funcional

A capacidade funcional, de acordo com a Classificação Internacional de


Funcionalidade (CIF), engloba, em atividades, dois qualificadores: a
capacidade e desempenho funcional.

A funcionalidade destaca-se como um dos principais componentes do


envelhecimento saudável apontada, pelos próprios idosos, como um dos
aspectos mais importantes nessa fase da vida associada a
independência e autonomia.
Dentro dessa perspectiva existe o conceito central de capacidade e
desempenho funcional e que depende da interação entre:

- Capacidade intrínseca: todas as capacidades físicas e mentais


(estrutura e funções do corpo) que uma pessoa pode realizar durante seu
curso de vida
- Capacidade e desempenho funcional: interação entre capacidade
intrínseca e os desejos, as necessidades e os recursos pessoais e
ambientais.
São importantes dois conceitos a respeito da limitação no desempenho
funcional:
- Tempo de instalação do comprometimento funcional, é possível dividir
as restrições em catastrófica, progressiva e uma combinação delas.
- Restrições catastróficas se instalam de forma aguda e estão
relacionadas a doenças e lesões, como fraturas de quadril e acidente
vascular encefálico (AVE).
- Restrições progressivas se instalam gradualmente, como osteoartrite,
doença de Parkinson e doença de Alzheimer.
- A hierarquização é importante entender que, no início, costuma haver
limitação das AIVD e logo as ABVD.
Modelo proposto por Lipsitz
Dependência Funcional
Conduta de dependência como o comportamento
de pedir ou aceitar, ativa ou passivamente, a ajuda
de outros para satisfazer as necessidades físicas ou
psicológicas além do nível necessário.
Verdugo e Gutirerrez-Bermejo

Elemento estrutural das relações, e não somente


um aspecto da pessoalidade:
- Multidimensional
- Multicausalidade
- Multifuncionalidade
Horgas
Baltes descreve três tipos de dependência:
- Estrutural,
- Física
- Comportamental

A independência es considerada como a ausência


da dependência, definida como o estado de não
precisar de ajuda para realizar atividades do
cotidiano.
Conceito importante

DESEMPENHO X CAPACIDADE
Dimensões e Categorias da MIF
Pontuações da MIF

1. Dependência total;
2. Dependência máxima;
3. Dependência moderada;
4. Dependência mínima;
5. Supervisão;
6. Independência modificada;
7. Independência completa.
AIVD ABVD
INSTABILIDADE POSTURAL

24
Alterações fisiológicas

Alteração da postura e
do equilíbrio
25
Postura corporal

Estado de equilíbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de


suporte do corpo contra lesão ou deformidade progressiva
independentemente da atitude (ereta, deitada, agachada, encurvada) nas
quais essas estruturas estão trabalhando ou repousando.

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Alinhamento das partes do corpo entre si em um dado momento

SNC e
Periférico

Tecido
Articulações
conjuntivo

Ossos Músculos

27
Postura correta na posição em pé: linha vertical tirada do lóbulo da orelha
passando pela articulação do ombro, pela linha mediana do tronco, pelo grande
trocânter pelo joelho pouco adiante da linha mediana e terminando ligeiramente
adiante do maléolo lateral.

28
Alteração postural associada ao
envelhecimento

29
QUAL É A DEFINIÇÃO DE QUEDA?
Situação na qual o indivíduo vai para o chão ou para um nível mais
baixo de superfície, tal como escada ou mobília e não como
resultado de um evento intrínseco maior que pode ocorrer de igual
forma em pessoas jovens e saudáveis
Tinetti et al., 1988

Evento descrito pela vítima ou uma testemunha, em que a


pessoa, inadvertidamente, vai até o chão ou outro local em
nível mais baixo do que o anteriormente ocupado, com ou
sem perda de consciência ou lesão
Rubenstein et al., 1990

30
Um acontecimento involuntário com perda do equilíbrio que leva o corpo
ao chão ou outra superfície, sendo que as maiores taxas de mortalidade
correspondem a pessoas maiores de 60 anos de idade.

OMS, 2016

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Dados Epidemiológicos

A queda é a segunda principal causa de morte por ferimento


acidental ou não intencional no mundo. Ademais, a cada ano
estima-se que 646.000 pessoas morrem de quedas, das quais
mais de 80% acontecem em países de baixa e média renda.

OMS, 2018

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Classificação das quedas
 Acidental: Causada pelo entorno que pode ser potencialmente perigoso tal como
objetos no chão, barreiras arquitetônicas ou buracos no caminho do idoso.
 De repetição não justificada: Aquela que ocorre por causa dos fatores intrínsecos,
tais como sofrer de múltiplas doenças as quais precisam do consumo de diferentes
medicamentos, entre outros.
 Prolongada: Relacionada à permanência do idoso no chão entre 15 a 20 minutos,
posterior à queda com a incapacidade de se levantar sem ajuda, o que pode indicar
um mal prognostico para a sua vida.

Cruz et al., 2014


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Fatores das quedas
Intrínsecos: Extrínsecos:
• Idade
• Uso de tapetes
• Sexo
• Piso escorregadio
• Estado civil
• Animais domésticos
• Escolaridade
• Ausência de corrimãos
• Morbidade
• Moveis instáveis
• Polifarmácia
• Sapatos inadequados
• Alteração cognitiva
• Iluminação inadequada
• Histórico de quedas

Comportamentais:
Polifarmácia; uso de álcool; medo de cair; inatividade física, uso inadequado
de dispositivos de ajuda; má hidratação; exposição a perigos

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Consequências das quedas
Físicas
• Hospitalização
• Alterações musculoesqueléticas
• Diminuição ou perda da capacidade funcional
• Dificuldade para caminhar
• Ferimentos e hematomas

Psicológicas:
• Medo de cair novamente
• Presença de sintomas depressivos
• Ansiedade
Sociais:
• Isolamento social
• Mudança do domicilio
• Rearranjo familiar

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IMOBILIDADE
IMOBILIDADE
Envolve a incapacidade da pessoa idosa em se locomover/mobilizar sem o auxílio de
outras pessoas podendo estar restrito ao leito ou a uma cadeira de rodas e é
decorrente de um conjunto de alterações presentes após um período de imobilização
prolongada que comprometem a independência e, consequentemente, a qualidade de
vida da pessoa idosa.

Esta síndrome tem como principais causas os problemas osteoarticulares; as


alterações cardiovasculares; as doenças respiratórias crônicas; reações adversas a
medicamentos (neurolépticos, ansiolíticos, hipnóticos); doenças neurológicas e
psiquiátricas (demência, depressão, Parkinson); desnutrição; quedas anteriores e
isolamento social.
INCONTINÊNCIA ESFINCTERIANA
INCONTINÊNCIA ESFINCTERIANA

Entre as incontinências, a urinária é a mais comumente observada nas pessoas idosas.


É definida como qualquer perda involuntária de urina e pode trazer várias
consequências negativas à qualidade de vida das mulheres.

O tipo de IU mais comum é a de esforço estando presente em aproximadamente 50%


de todas as mulheres incontinentes, seguida por IU mista (30-40%) e IU de urgência
(10-20%)
INCAPACIDADE COMUNICATIVA
INCAPACIDADE COMUNICATIVA

Audição

Motricidade oral - deglutição


Linguagem

Voz
Distúrbios da linguagem
Distúrbios auditivo
Distúrbios da deglutição
Distúrbios vocais
AUTONOMIA

COGNIÇÃO HUMOR

Memória Motivação
Função executiva
Linguagem
Função visoespacial
Gnosia
Praxia
Incapacidade cognitiva

Memória
Função executiva Delirium
Linguagem Funcionamento Incapacidade Depressão
Função visoespacial integrado cognitiva Doenças mentais
Gnosia Demência
Praxia
Delirium
Configura-se como uma síndrome neurológica caracterizada por alterações agudas
no nível de consciência e na função cognitiva, que se inicia de forma aguda e se
desenvolve de maneira flutuante, raramente diagnosticada e/ou tratada

As causas do delirium são complexas e multifatoriais, incluindo, como fatores


desencadeantes, a infecção, privação de sono, dor, falhas orgânicas específicas e
distúrbios metabólicos. O limiar de cada indivíduo para delirium difere na
predisposição de fatores de risco, como idade e fragilidade.

Rosso et al., 2020


Depressão
Existe depressão considerada “sintoma” e depressão considerada “doença”. A tristeza
é um sentimento que pode estar presente em vários momentos da vida, mas é
insuficiente para inviabilizar completamente os projetos de vida da pessoa que
preserva o interesse em algumas atividades.

A depressão é um transtorno mental comum que afeta mais de 264 milhões de


pessoas em todo o mundo, e os idosos enquadram-se neste contexto com um
percentual de 15% de prevalência para algum sintoma depressivo

OMS, 2020
Doenças mentais
Os transtornos mentais afetam 25% da população em alguma fase da vida, representando
quatro das dez principais causas de incapacidade em todo o mundo. Além disso,
respondem por 12% da carga global de doenças e são as principais causas de
afastamento da vida ocupacional.

Estas doenças são de início tardio e podem comprometer a cognição das pessoas idosas.
As mais comuns são parafrenia tardia (quadro intermediário entre a esquizofrenia e a
paranoia), esquizofrenia residual e oligofrenia, as duas últimas com histórico de doença
mental prévia.
Demências
É o conjunto de alterações que ocorrem no cérebro modificando suas capacidades
intelectuais.

Existem vários tipos de demência, sendo a mais frequentemente a Doença de


Alzheimer (DA) e apresenta problemas de memória, dificuldades no raciocínio (não
conseguem resolver problemas do dia a dia), desorientação temporal (dia, mês e ano
em que estamos), dificuldade com operações matemáticas (fazer contas), dificuldade
de linguagem e alterações de comportamento (agitação, alucinações, delírios, etc).
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência e pode contribuir
com 60 a 70% dos casos.

Estágios:

1. Pré-clínico: Memória de curto e


longo prazo afetadas
2. Inicial: Afecção do córtex –
Diagnóstico clínico
3. Intermediária: Doença avança por
outras áreas
4. Grave: áreas do cérebro atrofiadas
IATROGENIA
IATROGENIA
É o termo utilizado para qualquer manifestação clínica (evento adverso)
que não seja consequência natural da doença do paciente, durante o
tratamento.

Também é definida como o efeito resultante de qualquer atividade, de


uma ou mais pessoas atuando como profissionais de saúde que não
apoiem ​uma meta da pessoa afetada.

O significado mais aceito é o de que iatrogenia consiste em um resultado


negativo da prática médica.
Hematoma por venoclise Lesão por pressão Queda

Infecção urinária Erro de administração do medicamento


SEGURANÇA DO PACIENTE

Campanha
do ano de 2022

Medicação Segura

Situações de Polifarmácia
alto risco

Medicamentos
Transição de com grafias
cuidados semelhantes
INSUFICIÊNCIA FAMILIAR
INSUFICIÊNCIA FAMILIAR

O aumento da população idosa, tanto no Brasil como no mundo, está provocando


transformações de toda ordem, sejam econômicas, sociais, na saúde, no lazer, nas
relações afetivas, familiares ou não.

Da mesma forma, a transição do estado adulto para a velhice é um processo que gera
novas demandas.

Entre elas, destaca-se a necessidade de maior apoio familiar, com a principal


função de garantir ambiente confiável e seguro, no qual a pessoa idosa possa se
manter autônoma, independente e ativa.
INSUFICIÊNCIA FAMILIAR
Quando a família não tem condições psicológicas, sociais nem mesmo recursos financeiros
ou humanos para cuidar de seu familiar idoso, este fica exposto às situações de morbidade.

Nesse contexto a insuficiência familiar encontra terreno fértil, o que pode prejudicar as
condições de vida da pessoa idosa e comumente levá-la à institucionalização e separação
de seus familiares.
SÍNDROME DA FRAGILIDADE
Fragilidade

■ Fácil impressão x difícil definição;


■ Há várias definições;
■ Há um crescente consenso de que se trata de uma síndrome
distinta que ocorre principalmente em pessoas idosas, que são
mais vulneráveis, e pode apresentar efeitos adversos.

73
Definição de Fragilidade

Síndrome biológica de diminuição da capacidade de reserva


homeostática do organismo e da resistência aos estressores,
que resulta em declínios em múltiplos sistemas fisiológicos,
causando vulnerabilidade e desfecho clínico adverso.

74
Fried et al, J. Geront, 2001
Definição de Fragilidade

• Canadian Initiative on Frailty and Aging (CIF-A) – atua em colaboração com


alguns países da Europa, Israel e Japão. Iniciado em 2002.
• O modelo do fenótipo de fragilidade é uma definição aceita
• A história de vida do indivíduo idoso pode estar relacionada à fragilidade nesta
faixa etária, tendo fatores biológicos, psicológicos, socioeconômicos como
desencadeadores de modificações nesta trajetória.

ROCKWOOD et al., 2000; BERGMAN et al. 2004


75
Definição de Fragilidade

Síndrome médica com múltiplas causas caracterizada pela


diminuição da força, resistência e redução da função fisiológica que
aumenta a vulnerabilidade de um indivíduo para desenvolvimento de
aumento da dependência e / ou morte.

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Portaria 2528 do Ministério da Saúde 2006 Política Nacional do Idoso

Idoso frágil ou em situação de fragilidade


- Vive em ILPI;
- Acamado;
- Hospitalizado recentemente por qualquer razão;
- Presença doenças sabidamente causadoras de incapacidade funcional – acidente vascular
encefálico, síndromes demenciais e outras doenças neurodegenerativas, etilismo, neoplasia
terminal, amputações de membros;
- Encontra-se com pelo menos uma incapacidade funcional básica;
- Viva situações de violência doméstica.
- Ter 75 anos ou mais de idade;

Outros critérios poderão ser acrescidos ou modificados de acordo com as realidades locais.

77
Curso da fragilidade comparado ao envelhecimento normal

78
Ciclo da fragilidade
Hormônio do
crescimento Doença
Estrogênio
Testosterona Envelhecimento:

Subnutrição
Desregulação crônica Balanço energético negativo
neuroendócrina Perda de peso

Balance nitrogenado negativo


Anorexia do
envelhecimento

Gasto energético total

Captação
Atividade Gasto máxima de
Velocidade
energético oxigênio
caminhada Força e
tolerância

incapacidade

Dependência

Figura 1. Ciclo autossustentado da fragilidade, resultado de desregulação energética e


alterações fisiológicas intra e inter-sistemas. Adaptado de Fried et al, 2001.
79
Como identificar
a fragilidade
no idoso

80
Fenótipo da Fragilidade

Perda de peso

Diminuição Diminuição
preensão palmar atividade física

Exaustão Lentidão

FRIED et al. J. Gerontol. Med. Sci., v. 56, n. 3, 2001. 81


Fenótipo de fragilidade

Para categorizar ao idoso:

Três ou mais - FRÁGIL


um ou dois critérios – PRÉ-FRÁGIL
não apresentam nenhum critério - ROBUSTO

FRIED et al. J. Gerontol. Med. Sci., v. 56, n. 3, 2001.


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• FRAIL - BR

Fadiga: Sentem-se cansado a maior parte do tempo Sim Não


Resistência muscular: capacidade de subir escadas Sim Não
Reserva aeróbica: é avaliada pelo relatório dos Sim Não
participantes sobre sua capacidade de caminhar um
quarteirão de forma independente
Número de doença: presença de 5 ou mais de um total Sim Não
de 11 doenças
Perda de peso: declínio de 5% ou mais nos últimos 6 Sim Não
meses

83
• FRAIL - BR

Para categorizar ao idoso:

Três ou mais - FRÁGIL


Um ou dois critérios – PRÉ-FRÁGIL
Não apresentam nenhum critério - ROBUSTO

84
Edmonton Frail Scale – EFS
Avalia nove domínios, representados por 11 itens:

A. Cognição:
Teste do Relógio (“clock test”) para deficiência cognitiva

TESTE DO DESENHO DO    Reprovado


RELÓGIO (TDR): “Por favor, Aprovado Reprovado com erros significantes
imagine que este círculo é com erros
um relógio. Eu gostaria que mínimos
você colocasse os
números nas posições
corretas e que depois
incluísse os ponteiros de
forma a indicar “onze
horas e dez minutos’.”
(Veja o Método de
Pontuação TDR)

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Edmonton Frail Scale – EFS

B. Estado Geral de Saúde


No ano que passou, quantas vezes você foi internado (a)?
De modo geral, como você descreveria sua saúde?
C. Independência Funcional
Em quantas das seguintes atividades você precisa de ajuda?
Preparar Refeição Fazer Compras Transporte Usar o Telefone
Cuidar da Casa Lavar a Roupa Administrar o dinheiro Tomar
Remédios
D. Suporte Social
Quando você precisa de ajuda, você pode contar com a ajuda de alguém
disposto e capaz de atender as suas necessidades?
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Edmonton Frail Scale – EFS

E. Uso de Medicamentos
Você usa, cinco ou mais remédios prescritos, de modo regular?
Algumas vezes você esquece de tomar os seus remédios prescritos?
F. Nutrição
Você tem perdido peso recentemente, de forma que suas roupas estão
mais folgadas?
G. Humor
Você se sente triste ou deprimido (a) com frequência?
H. Continência
Você tem problema de perder o controle da urina sem querer?
I. Desempenho Funcional: Levante e Ande Cronometrado (“get up and go”)
para equilíbrio e mobilidade
87
Pontuação da escala vai de 0 até 17
Quanto maior é a pontuação, maior é o grau de fragilidade no idoso

Fabricio-Wehbe et al. 2009, 2013 88


Estudos envolvendo o tema fragilidade

 Fragilidade – Fenótipo de Fragilidade


 Prevalências: 32,7% não frágeis; 54,5% pré-frágeis, 12,8% frágeis (Pegorari, 2013, MG)

 Fragilidade – EFS
 Incidência: T1: 63,4% não frágeis, 23,4% aparentemente vulneráveis, 39,1% frágeis. T2
28,6% não frágeis, 21,0% aparentemente vulneráveis, 50,4% frágeis (Fhon et al, 2018).

• Fragilidade com TFI:


▫ Prevalência em 56 idosos: Frágil 75% (Fluetti et al., 2018 – SP)

89
Eventos adversos relacionados à fragilidade

• Alteração do estado cognitivo


• Quedas
• Ferimentos
• Doenças agudas
• Hospitalizações
• Incapacidades e Dependência
• Institucionalização
• Morte

90
FRAGILIDADE

Inicia-se com fase subclínica – condição pré-frágil

Evolução em tempo não-previsível

Prevenir/retardar efeitos adversos, cuidar

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SÍNDROMES GERIÁTRICAS X COVID-19

Medidas na pandemia
Aparição das síndromes
• População idosa - grupo de risco geriátricas
• Distanciamento social
• Diminuição da capacidade funcional
• Uso de máscara

Início da pandemia
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
Domínio Classe Diagnóstico
1 – Promoção da saúde 1 – Percepção da saúde 00097 – Envolvimento em atividades de
recreação diminuído
1 – Promoção da saúde 2 – Controle de saúde 00257 – Síndrome do idoso frágil
2 - Nutrição 1 - Ingestão 00103 – Deglutição prejudicada
3 – Eliminação e troca 1 – Função urinária 00016 – Eliminação urinária prejudicada
4 – Atividade/repouso 2 – Atividade/exercício 00088 – Deambulação prejudicada
5 – Percepção-cognição 4 - Cognição 00128 – Confusão aguda
5 – Percepção-cognição 4 - Cognição 00131 – Memória prejudicada
7 – Papéis e 2 – Relações familiares 00063 – Processos familiares disfuncionais
relacioamentos
11 – Segurança/proteção 2 – Lesão física 00046 – Integridade da pele prejudicada
11 – Segurança/proteção 2 – Lesão física 00155 – Risco de quedas
Perguntas do caso clínico
1- Dona F. S. B. apresenta alguma síndrome geriátrica?
Sim, apresenta mais de uma síndrome

Como você conseguiu identificar essa informação?

2- Quais síndromes geriátricas você identificou?


a) Instabilidade postural
b) Fragilidade
c) Insuficiência familiar
d) Iatrogenia
e) Dependência funcional
f) Instabilidade postural
g) Demência
h) Incapacidade comunicativa

3- Como enfermeira, o que você poderia fazer para ajudar a dona F. S. B.?
CONSIDERAÇÕES
 As síndromes geriátricas são, comumente, associadas a incapacidades e desfechos
ruins,
 Prevenir as síndromes geriátricas e suas consequências ainda é um desafio para
uma sociedade que envelhece
 As síndromes tem grandes repercussões na qualidade de vida do idoso e sua família,
além do alto impacto econômico para o sistema de saúde.
 É possível recuperar o estado de saúde do idoso, melhorando a sua capacidade
compensatória, prevenir ou retardar o aparecimento de novos problemas que
impactarão na funcionalidade do idoso.
 Professionais de saúde, enfermeiros, preparados para uma adequada avaliação
multidimensional, identificação precoce e tratamento adequado dos agravos.
REFERÊNCIAS
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care. J. Gerontol. Med. Sci., v. 59, n. 3, p. 255-263, Mar. 2004.

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FABRÍCIO-WEHBE, S.S.C. Adaptação cultural da “Edmonton Frail Scale” (EFS): escala da avaliação de fragilidade em idosos. 2008. 165 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) –
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2008.

FABRÍCIO-WEHBE, S.C.C.; SCHIAVETO, F.V.; VENDRUSCULO, T.R.P.; HAAS, V.J.; DANTAS, R.A.S.; RODRIGUES, R.A.P. Adaptação cultural e validade Edmonton Frail Scale – EFS
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