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INTRODUÇÃO
• Tem como objetivo auxiliar o diagnóstico clínico das doenças que acometem o Sistema Nervoso
Periférico (SNP) e muscular através do registro das respostas elétricas geradas por estes sistemas,
às quais são detectadas graficamente por um equipamento denominado eletroneuromiógrafo.
• De acordo com o estudo neuromuscular da ENMG, os íons mais importantes são sódio, cloro,
potássio, magnésio e cálcio.
• Os íons estão distribuídos dentro e fora da célula em quantidades distintas, havendo predominância
de potássio e magnésio no interior e de sódio e cálcio no exterior esta diferença iônica vai depen-
der da variação de pressão, do equilíbrio eletroquímico e da variação de concentração tudo isso
é controlado pela membrana celular, sendo através dela que os íons passam de um lado para o
outro.
• Por causa da existência de íons dentro e fora da célula cria uma diferença de potencial entre os dois
meios, criando assim uma tendência iônica de passar de um lado para o outro.
• Existem três tipos básicos de anormalidades encontradas nos estudos de condução nervosa, quando
a estimulação é próxima ao local da lesão:
• Em uma célula em repouso, os íons estão em equilíbrio e os íons cálcio se encontram ligados às
proteínas canais, impedindo assim a passagem do sódio para dentro da célula.
3. O EXAME
• Durante a realização do exame de ENMG o aparelho utilizado é o eletromiógrafo, ele irá detectar as
trocas elétricas que ocorrem no nível celular durante a transmissão nervosa e a contração muscular.
• O exame de ENMG é habitualmente composto por duas etapas eletroneurografia (ou neurocon-
dução) e a eletromiografia, que é a avaliação muscular essas duas etapas se complementam e
por isso sempre devem ser realizadas, independente se a patologia suspeita é uma neuropatia ou
uma miopatia, pois se necessita sempre da informação de ambas para se chegar ao diagnóstico.
• A histórica clinica contribui muito para o diagnóstico diferencial, enquanto o exame físico fornece
informações cruciais para a topografia das lesões portanto, antes de realizar o exame é necessário
fazer uma rápida anamnese para se conhecer a queixa principal e a HMA/HMP do paciente.
a) Eletroneurografia ou neurocondução:
• A eletroneurografia é a primeira parte do exame, no qual breves choques elétricos são aplicados nos
nervos periféricos, conduzindo a corrente elétrica e registrando a resposta evocada à distância o
choque elétrico é tolerável e seguro, e a resposta é obtida através de eletrodos colados sobre a pele.
b) Eletromiografia:
• É a segunda parte do exame, sendo um procedimento que utiliza um eletrodo de agulha, para testar
a atividade muscular e para identificar se houve algum dano nele em consequência do problema do
nervo ou se a doença envolve o próprio músculo o registro é realizado quando o músculo está em
repouso e quando está contraindo.
• Quando é aplicado um estímulo elétrico ao nervo periférico, originamos um potencial de ação que
trafega nos dois sentidos, distal e proximal. Embora alguns nervos sejam apenas sensitivos (p. ex.:
n. sural), outros são mistos, sendo preciso lançar mão de técnicas que permitam individualizar fibras
sensitivas e motoras.
• Estudando-se diferentes pontos de estímulo e captação, podemos observar se os achados são fo-
cais, multifocais ou difusos. A função dos nervos sensitivos pode, portanto, ser objetivamente medida
na CNS.
• Se o axônio se degenera, a corrente aplicada não despolariza o axônio a partir do ponto da degene-
ração, não permitindo que o mesmo alcance o músculo.
• Quando um estímulo de baixa intensidade é aplicado em um nervo periférico, as fibras sensitivas Ia,
de maior calibre, despolarizam primeiro. O potencial de ação proximal caminha em direção à medula
e faz sinapse com o neurônio motor α, que despolariza e origina novo potencial de ação em direção
ao músculo. O PAMC tardio originado deste reflexo monossináptico chama-se reflexo “H” em home-
nagem a Hoffmann.
• Em condições normais a resposta H pode ser registrada em diversos músculos nas crianças, mas,
nos adultos, apenas no tríceps sural quando a resposta H aparece em músculos em que não é
encontrada frequentemente ou persiste quando estímulos intensos são aplicados, dizemos que a
função inibitória do SNC está reduzida.
d) Reflexo de piscamento:
• Com o reflexo de piscamento podemos avaliar o ramo oftálmico do V nervo craniano (trigêmeo), o
VII nervo (facial) e os núcleos do tronco encefálico onde fazem conexão (nervos sensitivo principal,
motor do facial e do trato espinal).
e) Estimulação repetitiva:
• Consiste na aplicação de estímulos elétricos seriados nos nervos motores, com frequências variá-
veis, enquanto se registra a resposta do PAMC em um músculo inervado pelo nervo estimulado.
f) Avaliação autonômica:
• A função autonômica periférica e a neuropatia autonômica cardiovascular são avaliadas pela res-
posta simpática cutânea (RSC) e pela variabilidade do intervalo R-R (VRR) em repouso e durante os
testes de Ewing.
g) Eletromiografia:
• É registrado os potenciais de ação das fibras musculares com um eletrodo de agulha intramuscular
para diferenciar se a doença é miogênica ou neurogênica, avaliar sua intensidade, estimar o tempo
aproximado de evolução e determinar sua localização.
5. RESULTADOS DO EXAME
• Observando o laudo podemos saber se o exame foi bem feito ou se está incompleto.
• Apesar do “lay-out” do laudo do exame variar de laboratório para laboratório, ele deve conter as
seguintes informações identificação, descrição técnica da avaliação muscular, descrição téc-
nica das provas de neurocondução, comentários acerca do achado, conclusão final e em ca-
ráter opcional poderão ser ou não anexados gráficos e/ou fotografias dos achados.
• Através do laudo sabemos quais foram os nervos e os músculos examinados e quais foram os testes
realizados, o que nos diz até que ponto o exame foi amplo ou limitado.
• Embora seu diagnóstico seja clínico, a ENMG é o método diagnóstico de escolha para a confirmação
desta entidade.
• Não há correlação direta entre intensidade de alterações na ENMG e gravidade clínica, mas o mé-
todo oferece parâmetros objetivos para seguimento clínico ou cirúrgico.
Figura 1 Figura 2
Figuras 1 e 2: Potenciais de ação sensitivos do nervo mediano em um indivíduo normal (Figura 1) e portador de
síndrome do túnel do carpo (Figura 2). Note o aumento das latências e a redução das amplitudes dos potenciais.
b) Paralisia facial periférica:
• O diagnóstico clínico de uma paralisia facial periférica em geral não oferece dificuldades.
c) Outras motoneuropatias:
• A ENMG também pode ser útil na avaliação prognóstica de mononeuropatias. Os principais critérios
utilizados são a amplitude dos potencias de ação (particularmente os motores) e o padrão de recru-
tamento muscular na eletromiografia. O primeiro é um critério precoce e o segundo, tardio. A avalia-
ção prognóstica é limitada no caso de lesões progressivas. Exames seriados são úteis nestas situa-
ções ou no caso de lesões axonais graves.
f) Radiculopatias:
• O diagnóstico neurofisiológico de radiculopatia depende essencialmente das alterações eletromio-
gráficas encontradas nos músculos do miótomo correspondente a raiz lesada. Estas alterações estão
condicionadas a presença de degeneração axonal motora e obedecem a ordem cronológica exposta
aqui previamente.
• O papel do exame em relação à avaliação prognóstica das radiculopatias é restrito, tendo em vista
que o principal problema destes pacientes é a dor e não o déficit motor.
g) Polineuropatias:
• A ENMG é um instrumento diagnóstico precioso na confirmação e caracterização das polineuropatias
periféricas. Contudo, a avaliação neurofisiológica por si só não é capaz de fornecer o diagnóstico
etiológico. Através da ENMG e dos dados clínicos do paciente é possível inferir a etiologia na maioria
dos casos ou orientar sua pesquisa através de outros exames.
h) Neuroniopatias:
• As doenças do motoneurônio manifestam-se neurofisiologicamente de forma sobreposta às neuro-
patias axonais motoras e às radiculopatias.
i) Miopatias:
• As características do traçado eletromiográfico nas miopatias são:
• A neurocondução contribui muito pouco nestas situações, sendo observadas eventualmente redu-
ções da amplitude da onda M, particularmente dos nervos proximais como femoral ou axilar.
k) Assoalho pélvico:
• Em alguns casos de disfunção eréctil ou incontinência fecal e urinária, a avaliação ENMG do assoa-
lho pélvico pode ser útil.
l) Estudos dinâmicos:
• A ENMG pode ser útil na documentação de tremores, mapeamento de distonias, registro de mioclo-
nias e outros movimentos involuntários.
7. CONTRAINDICAÇÕES
a) Contraindicações absolutas:
• Não existem contraindicações absolutas à realização do exame.
b) Contraindicações relativas:
• Doenças sistêmicas que predisponham a sangramentos (coagulopatia, plaquetopenia)
• Linfedema;
• Infecções cutâneas (erisipela);
• Pele com solução de continuidade muito extensa (feridas);
• Imobilização gessada;
• Pacientes com cateter central (não deve ser feito estímulo próximo ao seu trajeto).
Observação:
Não há contraindicações absolutas à realização da ENMG, nem mesmo o
uso de marca-passos ou implantes eletrônicos.
8. COMPLICAÇÕES
• Pode haver leve dor ou a formação de hematomas nos locais de inserção da agulha.
• Pinto LC, Pinto VLR. Medicina de reabilitação. Eletroneuromiografia clínica: princípios básicos. 4ªed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
• Pinto LC. Neurofisiologia clínica: princípios básicos e aplicações. São Paulo: Atheneu, 2006.
• Pinto LC. Neurofisiologia clínica: princípios básicos e aplicações. 2ªed. São Paulo; Atheneu, 2010.
• Kimaid P. Eletroneuromiografia. In: Neto JPB, Takayanagui OM. Tratado de neurologia da academia
brasileira de neurologia. 1ªed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015. p. 234-248.