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TÉCNICAS DE CURATIVO

SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA II
Prof:Ana Maria Germano
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
FERIDAS E CURATIVOS
A pele é o maior órgão do corpo humano, tendo como principais funções:
proteção contra infecções, lesões ou traumas, raios solares e possui importante função no
controle da temperatura corpórea
A pele é subdividida em derme e epiderme. A epiderme.
constituída das camadas basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea é um importante
órgão sensorial..
FERIDAS
As feridas são conseqüência de uma agressão por um agente ao tecido vivo.
O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1585 orientou o tratamento das feridas quanto à
necessidade de
desbridamento,
aproximação das bordas e curativos.
Lister, em 1884, introduziu o tratamento anti-séptico.
CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS
As feridas podem ser classificadas de várias maneiras:
pelo tipo do agente causal,
de acordo com o grau de contaminação,
pelo tempo de traumatismo,
pela profundidade das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais utilizadas.
Feridas
QUANTO AO AGENTE CAUSAL
1. Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas,
etc.; suas características são o predomínio do comprimento sobre a profundidade, bordas
regulares e nítidas, geralmente retilíneas.

Feridas
2. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do traumatismo
é que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o machado.

Feridas
3. Perfurante são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego, alfinete.
Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na importância
deste órgão.
4. Pérfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois orifícios,
o de entrada e o de saída.
Ferida-perfurante
Feridas
5. Lácero-contusas - Os mecanismos mais freqüentes são a compressão:
compressão: a pele é
esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento
tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo
clássico as mordidas de cão.
6. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume e
ponta, por exemplo um punhal.

Feridas
7. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da
pele.
8. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda
da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado forma uma
cavidade.

Podem ser classificadas de acordo com o GRAU DE CONTAMINAÇÃO.


Esta classificação tem importância pois orienta o tratamento antibiótico e também nos
fornece o risco de desenvolvimento de infecção.
Feridas
limpas - são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram abertos sistemas
como o digestório, respiratório e genito-urinário. A probabilidade da infecção da
ferida é baixa, em torno de 1 a 5%.
limpas-contaminadas – também são conhecidas como potencialmente contaminadas; nelas
há contaminação grosseira, por exemplo nas ocasionadas por faca de cozinha, ou nas
situações cirúrgicas em que houve abertura dos sistemas contaminados descritos
anteriormente. O risco de infecção é de 3 a 11%.
contaminadas - há reação inflamatória; são as que tiveram contato com material como
terra, fezes, etc. Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se passou
seis horas após o ato que resultou na ferida. O risco de infecção da ferida já atinge 10 a
17%.
infectadas - apresentam sinais nítidos de infecção.

Curativo
Existem alguns fatores que interferem diretamente com a cicatrização
normal:
Idade - quanto mais idoso, menos flexíveis são os tecidos; existe diminuição progressiva
do colágeno.
Nutrição - está bem estabelecida a relação entre a cicatrização ideal e um balanço
nutricional adequado.
Estado imunológico - a ausência de leucócitos, pelo retardo da fagocitose e da lise de
restos celulares, prolonga a fase inflamatória e predispõe à infecção; pela ausência de
monócitos a formação de fibroblastos é deficitária.
Oxigenação - a anóxia leva à síntese de colágeno pouco estável, com formação de fibras de
menor força mecânica.
Diabetes - A síntese do colágeno está diminuída na deficiência de insulina; devido à
microangiopatia cutânea, há uma piora na oxigenação; a infecção das feridas é
preocupante nessas pacientes.
Drogas - As que influenciam sobremaneira são os esteróides, pois pelo efeito anti-
inflamatório retardam e alteram a cicatrização.
Curativo
Quimioterapia - Levam à neutropenia, predispondo à infecção; inibem a fase inflamatória
inicial da cicatrização e interferem nas mitoses celulares e na síntese protêica.
Irradiação - Leva à arterite obliterante local, com conseqüente hipóxia tecidual; há
diminuição dos fibroblastos com menor produção de colágeno.
Tabagismo - A nicotina é um vaso-constrictor, levando à isquemia tissular, sendo também
responsável por uma diminuição de fibroblastos e macrocófagos. O monóxido de
carbono diminui o transporte e o metabolismo do oxigênio. Clinicamente observa-se
cicatrização mais lenta em fumantes.
Curativo
Hemorragia - O acúmulo de sangue cria espaços mortos que interferem com a
cicatrização.
Tensão na ferida - Vômitos, tosse, atividade física em demasia, produzem tensão e
interferem com a boa cicatrização das feridas
A grande complicação das feridas é a sua INFECÇÃO,
fatores predisponentes podem ser:
intrincecos ou extrincecos.
extrincecos.

CURATIVO
É todo material colocado diretamente por sobre uma ferida, cujos objetivos são:
evitar a contaminação de feridas limpas;
facilitar a cicatrização;
reduzir a infecção nas lesões contaminadas;
absorver secreções, facilitar a drenagem de secreções,
promover a hemostasia com os curativos compressivos,
manter o contato de medicamentos junto à ferida e promover conforto ao paciente.
Os curativos podem ser:
Abertos ou fechados,
oclusivos úmidos
secos

Os curativos úmidos tem por finalidade: reduzir o processo inflamatório por vaso-
constrição; limpar a pele dos exudatos, crostas e escamas; manter a drenagem das áreas
infectadas e promover a cicatrização
Tipo de curativos
01. Aberto: curativo em feridas sem infecção, que após tratamento permanecem abertos
(sem proteção de gaze).
02. Fechado:
Fechado: São curativos que permanecem fechados com gases, sendo fixado somente
nas laterais.

Tipo de Curativos
03. Oclusivo: curativo que após a limpeza da ferida e aplicação do medicamento é fechado
ou ocluido com gaze ou atadura, pode ser seco ou úmido com soluções prescritas
04. Compressivo: é o que faz compressão para estancar hemorragia ou vedar bem uma
incisão.
Tipo de Curativos
05. Com irrigação: nos ferimentos com infecção dentro da cavidade ou fistula, com
indicação de irrigação com soluções salinas ou anti-séptico. A irrigação é feita com
seringa.
06. Com drenagem: nos ferimentos com grande quantidade de exsudato. Coloca-se dreno
de (Penrose, Kehr), tubos, cateteres ou bolsas de colostomia.

CURATIVO COM DRENO

a) O curativo do dreno deve ser realizado separado do da incisão e o primeiro a ser


realizado será sempre o do local menos contaminado.
b) O curativo com drenos deve ser mantido limpo e seco. Isto significa que o número de
trocas está diretamente relacionado com a quantidade de drenagem.
c) Se houver incisão limpa e fechada, o curativo deve ser mantido oclusivo por 24 horas e
após este período poderá permanecer exposta e lavada com água e sabão.
d) Sistemas de drenagem aberta (p.e. penrose ou tubulares), devem ser mantidos ocluídos
com bolsa estéril ou com gaze estéril por 72 horas. Após este período, a manutenção
da bolsa estéril fica a critério médico.
Curativos com drenos
e) Alfinetes não são indicados como meio de evitar mobilização dos drenos penrose, pois
enferrujam facilmente e propiciam a colonização do local.
f) A mobilização do dreno fica a critério médico.
g) Os drenos de sistema aberto devem ser protegidos durante o banho
Curativo
Debridamento: é o procedimento de retirada de tecido necrosado, sem vitalidade,que pode
ser amarelado,escuro até o preto.
Pode ser feito :
com coberturas de ação debridante,proporcionando o debridamento autolítico.
com retirada mecânica .

Classificação da lesão
De acordo com a camada da pele lesada:
Estágio I:
I: atinge a epiderme;
Estágio II:
II: atinge a derme; caracteriza-se por abrasão ou úlcera, ocorre perda tecidual e
comprometimento da epiderme, derme ou ambas.

Classificação da lesão
Estágio III:
III: atinge o subcutâneo; caracteriza-se por presença de úlcera profunda, com
comprometimento total da pele e necrose de tecido subcutâneo, porém a lesão não se
estende até fáscia muscular.
Estágio IV:
IV: atinge músculos e estruturas ósseas.

Curativo

O tratamento da ferida envolve:


Exame físico e sistematização da assistência de enfermagem;
classificação das feridas:
feridas:
Diagnóstico diferencial;
Avaliação do portador de lesão;
Se existe perda de substância, se há penetração da cavidade, se há perda funcional ou se
existe corpo estranho e a necessidade de exames auxiliares.
anti-sepsia:
anti-sepsia:
irrigação vigorosa e intensa com soro fisiológico 0,9% morno é bastante eficaz para
limpeza diária.
hemostasia, exploração e desbridamento: a hemostasia deve ser muitas vezes realizada
antes de qualquer outro procedimento.
sutura da lesão.

Curativo
As soluções mais utilizadas nos curativos são: soro fisiológico para limpeza e como
emoliente; soluções anti-sépticas como:
polvidine tópico ou degermante tintura a 10% (PVPI – Polivinil Pirr olidona) ou
cloro-hexidine a 2%;
éter -que
-que remove a camada gordurosa da pele, sendo útil na retirada de esparadrapos e
outros adesivos.
Curativo
Os princípios científicos relacionados à uma curativo são:
microbiológico - técnica asséptica no manuseio do material estéril; físico - movimentos de
execução, mobilização e imobilização;
imobilização;
químico e farmacológico - sobre as substâncias utilizadas, e sociológicos - orientação para
a paciente e família quanto aos cuidados necessários.

Curativo
Existem alguns tipos de ferida que devem ser particularizadas: nas lesões por mordeduras,
em princípio, as mesmas não devem ser suturadas, pois são potencialmente infectadas;
apenas naquelas que são profundas, com comprometimento do plano muscular, este deve
se aproximado.
Nas feridas por arma de fogo,
fogo, lavar bem o interior do ferimento, sendo que quando houver
dois orifícios, um deles poderá ser suturado. As lesões por prego devem ser limpas e não
suturadas, tomando-se o cuidado com a profilaxia do tétano.
Tipo de cobertura
Tópicas - loções, cremes, géis, pastas, pomadas, sprays, aerosóis, etc
Indicação - lesões não infectadas com ou sem exudato, áreas doadoras e incisões cirurgicas
Mecanismo de ação - promove barreira protetora, isolamento térmico, meio úmido,
prevenindo o ressecamento.

PAPAÍNA - é uma enzima proteolítica extraída do látex da caricapapaya.


Indicação: em todo tecido necrótico, particularmente naqueles com crosta
Mecanismo de ação:
ação: ação anti-inflamatória, bactericida e cicatricial; atua como
desbridante
Modo de usar:
usar: preparar a solução em frasco de vidro, irrigar a lesão e deixar gaze
embebida na solução
Observações: a diluição é feita de acordo com a ferida: 10% em tecido necrosado, 6% nas
com exudato purulento e 2% naquelas com pouco exudato.
Tipo de Cobertura
HIDROCOLÓIDE - partículas hidroativas em polímero inerte impermeável.
INDICAÇÃO: FERIDAS POUCO EXUDATIVAS
Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, secar as bordas e aplicar hidrocolóide
e fixar o curativo à pele
Observações - não deve ser utilizado para feridas infectadas
Tipos de coberturas
TRIGLICÉRIDES DE CADEIA MÉDIA (TCM) - ácidos graxos essenciais, lipídios
insaturados ricos em ácido linolêico
Indicação - todos os tipos de lesões, infectadas ou não, desde que desbridadas previamente
Mecanismo de ação - promove quimiotaxia para leucócitos, facilita a entrada de fatores de
crescimento nas células, promove proliferação e mitose celular, acelerando as fases da
cicatrização.
Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, aplicar AGE por toda a área da ferida
e cobrir.

Curativos -Hidrocolóide
Tipo de Cobertura
Carvão ativado - nas feridas infectadas exudativas.
Alginato de cálcio - nas lesões exudativas com solapamento.
Filme com membrana de poliuretano - para proteção de lesões profundas não infectadas.

PRINCÍPIOS PARA O CURATIVO IDEAL

TURNER - 1982
Manter elevada umidade entre a ferida e o curativo;
Remover excesso de exudação;
Permitir troca gasosa;
Fornecer isolamento térmico;
Ser impermeável à bactérias;
Ser asséptico ;
Permitir a remoção sem traumas;

Técnica de curativo
Ferida SIMPLES E LIMPA

Lavar as mãos;
Reunir todo o material em uma bandeja auxiliar ou carrinho de curativos.
Colocar o paciente em posição adequada;
Explicar o procedimento ao paciente e familiares, para assegurar sua tranqüilidade;
Calçar luvas
Manipulação do pacote de curativo com técnica asséptica, incluindo a utilização de luvas de
procedimento;
Remover o curativo antigo com pinça dente de rato;
Fazer a limpeza da incisão com pinça de Kelly com gaze umedecida em soro fisiológico,
com movimentos semi-circulares, de dentro para fora, de cima para baixo, utilizando-se
as duas faces da gaze, sem voltar ao início da incisão ,caso apresente sujidade;
Proceder a limpeza do leito da ferida com soro fisiológico 0,9% morno em jato;

Curativo
Secar as laterais da incisão de cima para baixo com movimentos firmes;
Aplicar a cobertura indicada;

Cobrir ou não de acordo com avaliação da lesão e paciente;


Utilizar máscaras, aventais e luvas de procedimento ou esterelizadas.

Lavar as mãos
Recolher o material
Desprezar em lixo úmido,contaminado;seco.
Anotar toda a evolução e anormalidades,incluindo mensuração da lesão;

CURATIVO DE FERIDAS ABERTAS OU INFECTADAS

As diferenças básicas, podem ser assim resumidas:


Os curativos de ferida aberta, independente do seu aspecto, serão sempre realizados
conforme a técnica de curativo contaminado, ou seja, de fora para dentro.
Para curativos contaminados com secreção, principalmente em membros, colocar uma
bacia na área a ser tratada, lavando-a com soro fisiológico a 0,9%.
Curativo
As soluções anti-sépticas mais utilizadas são a solução aquosa de PVPI a 10% (1% de iodo
livre) e cloro-hexidine a 4%.
Após avaliação da lesão;
Quando houver necessidade de troca de vários curativos em um mesmo paciente, deverá
iniciar pelos de incisão limpa e fechada, seguindo-se de ferida aberta não infectada,
depois os de ferida infectada, e por último as colostomias e fístulas em geral

Cuidado com a Lesão


Nas lesões, com exsudato,e sinais de infecção deve ser colhida secreção para envio à
bacteriologia para cultura e antibiograma conforme protocolo de coleta de material,
informar médico e anotar no prontuário.

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