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Laboratório de Procedimentos

RESUMO – 2º ano – 2017

Marília de Lima | Medicina


3º período

3º período

3º período
Rotina em bloco cirúrgico Marília de Lima
O bloco cirúrgico é o conjunto de áreas e instalações que permitem efetuar a
cirurgia nas melhores condições de segurança para o paciente e de conforto
para a equipe de saúde. Não é composto unicamente pela sala de cirurgia.
Nele, além da sala de cirurgia, existem outros locais tais como a sala de
depósito de materiais, vestiário, expurgo, área de escovação, sala de
recuperação anestésica, etc.

Compondo o bloco cirúrgico, também há uma central de material e


esterilização. No entanto, essa sala fica fora do bloco, uma vez que a maioria
dos setores do prédio utilizam materiais estéreis e, dessa forma, a logística
fica mais fácil para todos.

Por ser um ambiente em que todo cuidado deve ser tomado, existem áreas
em que a circulação de pessoas deve ser cautelosa. Por isso, determinados
locais podem ser classificados em restritos, semi-restritos e não-restritos.
✓ Restritos: apresentam limites definidos para a circulação de pessoas,
equipamentos e materiais. Incluem os corredores internos, os
lavadores, sala de recuperação pós-anestésica e sala de operação.
Além da roupa própria do centro cirúrgico, devem ser usadas máscaras
e gorros conforme normas da unidade e as técnicas assépticas devem
ser utilizadas de maneira rigorosa, a fim de diminuir os riscos de
infecção.
✓ Semi-restritos: possibilitam a circulação tanto do pessoal como de
equipamentos, de maneira a não interferir nas rotinas de controle e
manutenção da assepsia médico-cirúrgica. Ex: sala de guarda de
material administrativo, sala de estar, copa e expurgo.
✓ Não-restritos: são aquelas de circulação livre no centro cirúrgico, como
vestiários, corredores de entrada para o pessoal e pacientes e sala de
espera dos acompanhantes. Os profissionais podem circular livremente
por estas áreas com roupas próprias.
Ainda, é necessário relembrar uns termos importantes que são usados nos
blocos cirúrgicos.
Antissepsia: é a técnica que mata ou inibe o crescimento de microrganismos
patogênicos.
Assepsia: é um conjunto de medidas que são usadas a fim de impedir a
penetração de microrganismos num ambiente que não os tem. Ex: capote e
campos.
Esterilização: é o processo de destruição total de todas as formas de vida dos
materiais.
Procedimentos básicos em anestesia e cirurgia Marília de Lima
De acordo com aspectos e características das feridas, elas recebem
classificações, nas quais podem ser:
✓ Incisas: são lineares, com bordas regulares e pouco traumatizadas. São
produzidas por agentes cortantes e afiados, capazes de cortar. O
exemplo clássico é a ferida cirúrgica.
✓ Contusas: são feridas irregulares, retraídas e com bordas muito
traumatizadas. São produzidas por objeto de natureza geralmente
romba, capaz de romper a integridade da pele (ex. pedaço de madeira,
soco)
✓ Perfurantes: são lesões cutâneas puntiformes ou lineares, de bordos
regulares ou não, produzidas por objetos geralmente finos e pontiagudos
capazes de perfurar a pele e tecido subcutâneo. São subdivididas em
perfuro-contusas e perfuro-cortantes.
✓ Penetrantes: semelhantes às perfurantes. O objeto causador, no
entanto, penetra numa cavidade natural do organismo.
✓ Transfixantes: constituem uma variedade de ferida perfurante ou
penetrante, na qual o objeto vulnerante é capaz de penetrar e atravessar
os tecidos de determinado órgão ou cavidade em toda a sua extensão.

incisa contusa

Perfurante

Deve-se observar o aspecto da ferida e perceber se há necessidade de uma


sutura. Contraindicações:
✓ Intervalo maior que 6/8 horas entre o traumatismo e o início do
tratamento¹
✓ Tecidos com suprimento sanguíneo inadequado
✓ Feridas por mordedura²
✓ Feridas infectadas
¹Haverá presença de bactérias e, se fechada, propiciará um ambiente
favorável para as bactérias se proliferarem. Estudos recentes sugerem
possibilidade de sutura com intervalos de 19 a 24 horas.
²Avaliar possibilidade de sutura primária na face e aproximação dos tecidos
em ferimentos extensos.
Avaliando os pontos citados, e se for necessária a sutura, partimos para o
próximo passo.
1- Se apresentar, explicar o procedimento ao paciente e fazer a lavagem
básica das mãos.
2- Colocar a luva de procedimentos.
3- Com a Clorexidina (base aquosa), fazer a antissepsia da ferida pelas
bordas.
4- Aplicar o anestésico³ usando a técnica de infiltração anestésica. Caso
desejado, após injetar anestésico nos extremos da ferida, pode-se
inserir a agulha por dentro da ferida, uma vez que já estará anestesiado.
Não esquecer de inserir a agulha ao mesmo tempo em que aspira a
seringa (intuito de não atingir nenhum vaso) e injetar o conteúdo no
momento da retirada.

5- Lavar a ferida por dentro com soro fisiológico.


6- Se necessário, retirar pedaços de vidro/madeira após o passo anterior.
7- Trocar as luvas de procedimento por luvas estéreis.
8- Colocar o campo.
9- Iniciar a sutura.
³ O anestésico pode ser de dois tipos: Xylocaína e Bupivacaína. Esse último,
por sua vez, tem efeito mais duradouro. Existe um outro tipo de anestésico que
é o combinado com epinefrina. Ele ajuda a dar vasoconstrição e diminuir o
sangramento. Não pode ser usado em locais que sejam irrigados por apenas
uma artéria.
O tipo de sutura dependerá do tipo e local de ferida. Se for um local de muita
tensão, o mais indicado é que a sutura seja um Donatti. Caso não, usa-se o
ponto simples.
Após o fim da sutura, é comum ocorrer sangramentos. Assim, recomenda-se
que antes de fazer o curativo com gazes e esparadrapo, lave-se o local
suturado com soro fisiológico ou enxugue o sangue com gazes secas.
Antes da retirada dos pontos, é necessário lavar o ferimento suturado com
soro fisiológico e usar luvas de procedimentos. O tempo de retirada vai
depender do tamanho da incisão ou até que os fios sejam úteis.
Incisões pequenas (4cm) – retirada em 4 ou 5 dias.
Incisões maiores (8cm) – retirada em 8 dias.

No momento da retirada dos pontos, lembrar de puxar,


com o porta-agulhas, e cortar apenas uma perninha do
ponto.

Deve-se ter atenção no momento de suturar idosos, pois, geralmente, eles têm o
metabolismo baixo e a sutura é contraindicada.
Exérese de tumor cutâneo Marília de Lima
É a remoção cirúrgica de um tumor que acomete a pele. Para avaliar se um
tumor é maligno ou benigno, deve-se ter atenção quanto às suas
características que podem ser encontradas a partir do ABCDE.

1- Se apresentar, explicar o procedimento ao paciente e fazer a lavagem


básica das mãos.
2- Colocar luvas estéreis
3- Fazer a antissepsia com Clorexidina do tumor.
4- Aplicar a anestesia (Xylocaína ou Bupivacaína). Não esquecer de entrar
aspirando e sair injetando o anestésico.
5- Colocar o campo.
6- Com o bisturi, fazer a incisão em forma elíptica, não esquecendo da
margem cirúrgica. ¹
7- Suturar com ponto simples.
¹ É o tecido saudável retirado com o tumor. O conceito de margem de segurança
depende basicamente do fato de o tumor ser bem delimitado, do contrário, ele
não se justifica.
Do ponto de vista da técnica cirúrgica, quanto maior a margem de segurança,
mais difícil se tornará a reconstrução ou, de certo modo, a possibilidade de se
evitarem sequelas de ordem estética ou funcional. Dessa forma, a extensão da
margem de segurança depende de outros fatores não só ditados pela
delimitação clínica do tumor. Ela leva em consideração a presença ou não de
estruturas anatômicas de importância funcional ou estética na vizinhança do
mesmo.
Os tumores podem ser de dois tipos: melanócitos e não-melanócitos.
✓ Tumores não-melanócitos – podem ser um carcinoma basocelular ou
espinocelular.
1) Carcinoma basocelular (CBC)
É o mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. O CBC surge nas células
basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada
superior da pele). Tem baixa letalidade, e pode ser curado em caso de detecção
precoce. Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões mais expostas ao
sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Podem se
desenvolver também nas áreas não expostas, ainda que mais raramente. Em
alguns casos, além da exposição ao sol, há outros fatores que desencadeiam o
surgimento da doença. O tipo mais encontrado é o nódulo-ulcerativo, que se
traduz como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode
sangrar com facilidade.

2) Carcinoma espinocelular (CEC)


É o segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. Manifesta-se
nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores
da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais
comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço
etc. A pele nessas regiões normalmente apresenta sinais de dano solar, como
enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade.
O CEC é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Assim
como outros tipos de câncer da pele, a exposição excessiva ao sol é a principal
causa do CEC, mas não a única. Alguns casos da doença estão associados a
feridas crônicas e cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição de órgãos
transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação.
Normalmente, os CEC têm coloração avermelhada, e apresentam-se na forma
de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e
sangram ocasionalmente. Podem ter aparência similar a das verrugas também.
Somente um médico especializado pode fazer o diagnóstico correto. Entre
carcinoma basocelular e espinocelular, o espino é mais grave, cresce e causa
metástase mais rapidamente.
✓ Tumores melanócitos – o mais comum é o melanoma.
1) Melanoma
Tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, com 6.130 casos
previstos no Brasil em 2013 segundo o INCA, o melanoma tem o pior
prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Embora o diagnóstico de
melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de
cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença. O
melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em
tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, quando se trata de melanoma, a
“pinta” ou o “sinal” em geral mudam de cor, de formato ou de tamanho, e
podem causar sangramento. Por isso, é importante observar a própria pele
constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte
qualquer lesão suspeita.
Aliás, mesmo sem nenhum sinal suspeito, uma visita ao dermatologista ao
menos uma vez por ano deve ser feita. Essas lesões podem surgir em áreas
difíceis de serem visualizadas pelo paciente. Além disso, uma lesão
considerada “normal” pra você, pode ser suspeita para o médico.
Pessoas de pele clara, com fototipos I e II, têm mais risco de desenvolverem a
doença, que também pode manifestar-se em indivíduos negros ou de fototipos
mais altos, ainda que mais raramente. O melanoma tem origem nos
melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele.
Normalmente, surge nas áreas do corpo mais expostas à radiação solar.
Em estágios iniciais, o melanoma se desenvolve apenas na camada mais
superficial da pele, o que facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor. Nos
estágios mais avançados, a lesão é mais profunda e espessa, o que aumenta a
chance de metástase para outros órgãos e diminui as possibilidades de cura.
Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental. Casos de melanoma
metastático, em geral, apresentam pior prognóstico e dispõem de um número
reduzido de opções terapêuticas.
A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento do
melanoma. Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença
devem se submeter a exames preventivos regularmente. O risco aumenta
quando há casos registrados em familiares de primeiro grau.
Exérese de tumor subcutâneo Marília de Lima

Epiderme: camada córnea, lúcida, granulosa, espinhosa e basal.


Derme: abriga as glândulas e pelos.
Subcutâneo: tecido gorduroso.
O entupimento das glândulas sebáceas/sudoríparas forma os cistos
sebáceos e isso é um diagnóstico diferencial dos lipomas, que são os tumores
mais comuns do subcutâneo, e são benignos, formados por células
gordurosas.

Aqui, estamos diante de um lipoma.


Observa-se a pele íntegra. Ao palpar,
seria percebido algo mole, móvel,
indolor, uma vez que são apenas
aglomerados do tecido gorduroso.

Cisto epidérmico com processo inflamatório.


Para tratamento, é necessário tirar quando
não está inflamado, ou seja, deve-se tratar
primeiro com antibióticos para depois fazer a
retirada, caso ocorra a reincidência por
diversas vezes. Se for retirado quando
inflamado, pode infeccionar.
Fios absorvíveis
Absorção rápida: Categute simples e cromado (retarda a absorção). São de
origem animal.
Absorção lenta: Dexon, Vycril e PDS. São de origem sintética.

Dizer que o fio e absorvível quer dizer que ele pode ser degradado
ou assimilado pelo tecido em que foi implantado.

Fios inabsorvíveis
Seda, Algodão, Nylon e Prolene

Quanto mais zeros o fio tiver, mais fino ele será.

1- Se apresentar, explicar o procedimento ao paciente e fazer a lavagem


básica das mãos.
2- Colocar luvas estéreis.
3- Fazer a antissepsia com Clorexidina.
4- Definir o local do lipoma, através da palpação e, em seguida, com o lápis
dermográfico, delimitar a área que sofrerá a incisão.
5- Aplicar a anestesia (Xylocaína ou Bupivacaína). Não esquecer de entrar
aspirando e sair injetando o anestésico.
6- Colocar o campo.
7- Com o bisturi, fazer a incisão em forma elíptica com aprofundamento até
o subcutâneo. Entrar de forma mais vertical possível.
8- Retirar o seguimento da pele e do subcutâneo usando a tesoura curva
(Metzenbaum).
9- Se possível, fazer a cauterização dos vasos para evitar sangramento.
10- Realizar a aproximação do subcutâneo com o fio de absorção rápida. ¹
11- Realizar a aproximação da pele com fio inabsorvível. ²

¹ A aproximação do tecido subcutâneo deve ser feita com a sutura em U


invertido. Esse tipo de ponto consiste em, numa borda, entrar com a agulha no
tecido subcutâneo e sair quase rente a pele. Na outra borda, deve-se entrar
quase rente a pele e sair no tecido subcutâneo. Após isso, fecha-se o ponto e o
fio deve ser cortado o mais próximo possível do nó. Esse tipo de sutura diminui
o espaço morto e, como sabemos, aproxima a pele. Pode-se fazer o ponto
simples também, mas não é o mais recomendado. Não se faz a retirada desses
pontos.
² Aqui será feito o ponto simples com fios inabsorvíveis.
Laparotomia e fechamento da parede abdominal Marília de Lima
Laparotomia é a abertura cirúrgica da cavidade abdominal.
As principais incisões são:
✓ Longitudinal – mediana e paramediana
✓ Transversal – suprapúbica
✓ Obliquas – subcostal e infraumbilical direita

A incisão abdominal ideal é aquela que permite fácil acesso ao órgão visado
e oferece boa visão para o procedimento cirúrgico (campo operatório).
Uma laparotomia exploratória é aquele em que o cirurgião não sabe o que vai
operar, ou seja, ele está em busca da anormalidade.
O fechamento da cavidade abdominal segue uma ordem que é a seguinte:
peritônio, músculo, aponeurose, subcutâneo e pele. Os únicos locais
obrigatórios de serem fechados são a aponeurose (mantem a estabilidade do
abdome e, caso dê problemas, podem dar hérnias incisionais) e pele. A
aponeurose pode ser fechada com fio inabsorvível ou absorção lenta, uma
vez que não é um tecido que regenera facilmente, numa sutura contínua
simples ou ancorada. Vale salientar que o fio cirúrgico ideal é aquele que
mantém a força tênsil no tempo eficiente e portar-se como um material inerte,
ou seja, que não cause reação.
Sutura intradérmica Marília de Lima
A sutura intradérmica é estética. Ela é caracterizada por não permitir a
visualização dos pontos nos locais de entrada, saída e percurso, não deixando
marcas na pele. Apesar de ter vantagens, apresenta como desvantagem a não
hemostasia, não permite espaço para drenagem de secreções, etc. Não devem
ser feitas em casos de ferimentos com sangramento exagerado, infecções e
bordas não lineares. Pode ser realizada com fio de absorção lenta ou não
absorvível. No entanto, se for realizada por esse último, no momento de
retirada dos pontos, devemos retirar o fio por completo da derme, o que causa
muita dor no paciente.
A sutura inicia escondendo o nó no interior dos tecidos, seguindo em formato
de zig-zag, com a agulha colocada perpendicularmente à incisão, porém,
avançando paralela à incisão.

Antes de dar os laços nas duas extremidades do fio, faz-se, ao mesmo


tempo, uma pequena tração nas duas pontas, afim de observar se as bordas
da ferida estão unidas.
Dissecção venosa Marília de Lima
As principais formas de acesso venoso são: acesso venoso central, punção
da veia periférica, punção intraóssea (apenas feito em crianças) e dissecção
venosa. Essa última, por sua vez, é indicada para ressuscitação
cardiopulmonar e tratamento de choque.
As principais veias para a dissecção venosa são a cefálica, basílica e safena.

ATENÇÃO
Após dissecar uma veia, ela será perdida. Por esse motivo, não se escolhe
veias tão importantes.

1- Assepsia e antissepsia do local.


2- Colocação do campo.
3- Infiltração anestésica.
4- Incisão transversa acima da prega do cotovelo.
5- Divulsão romba e identificação da veia
6- Isola-se a veia com dois fios de algodão (um proximal e outro
distal ao local da incisão na veia)
7- “Teste do reparo”: esvazia-se o segmento de veia e com trações
sequenciais nos fios de algodão certifica-se de que se trata
realmente de uma veia. Amarra-se o fio de algodão proximal, afim
de secar a veia e evitar um sangramento exagerado no momento
da flebotomia.
8- Introdução do cateter (geralmente por contra-abertura)¹, após
uma nova anestesia interna.
¹ O cateter é inserido da seguinte forma: perfura-se da região interna da incisão
para a externa com a pinça hemostática. Quando transfixar a pele, prende-se o
cateter na ponta da pinça e puxa-o para dentro da incisão principal. Após isso,
devemos fazer a flebotomia (com a tesoura ou bisturi) e, através dessa
perfuração, colocar o cateter dentro da veia. É interessante saber que o fato de
fazer a contra-abertura é com a finalidade de evitar infecções severas, pois, se
o cateter fosse inserido diretamente na veia, poderia ocorrer uma infecção que
se encaminharia para o átrio direito, gerando mais problemas. Inserindo o
cateter na pele, a chance de infecções importantes é diminuída, uma vez que o
cateter é um local de infecções muito frequentes.
9- Amarrar o fio de algodão distal.
10- Fechar a pele com ponto simples.
11- Com o cateter, faz-se o nó de borboleta.
Atendimento ao recém-nascido Marília de Lima
Os quatro procedimentos básicos no suporte ao RN são: aspiração da
orofaringe, ventilação por pressão positiva, intubação e massagem cardíaca.
No atendimento do RN, é necessário conhecer a história materna e
analisar o trabalho de parto, ter o material adequado e oferecer a assistência
propriamente dita.
Existem algumas condições que podem interferir na vitalidade do feto,
podendo haver a necessidade de reanimação.

A assistência ao RN diferencia-se mediante a vitalidade ao nascer. A


partir disso, a conduta será diferente.
RN com boa vitalidade ao nascer (tônus em flexão, respirando ou
chorando e nascimento a termo), sem líquido meconial¹.
¹ independentemente de ser parto normal ou cesárea.

1- Aquecimento do RN com campo estéril e aquecido.


2- Clampeamento do cordão (após a pulsação do cordão cessar;
geralmente 2 a 3 minutos. Necessário citar que, um pouco abaixo e
acima do local que será clampeado, deve-se pinçar com a hemostática
para evitar que o sangue fique jorrando).
3- Posicionar no abdome da mãe (pele à pele e de modo que o RN consiga
respirar).
4- Levar à fonte de calor radiante para realização dos procedimentos a
seguir.
5- Aplicar nitrato de prata para evitar infecções por gonorreia e clamídia (1
gota em cada olho; limpar excessos). Se for um RN do sexo feminino, 2
gotas no introito vaginal.
6- Aplicação da vitamina K na perna do RN por via intramuscular, no m.
vasto lateral, para evitar hemorragia (fatores de coagulação ainda não
estão presentes)
7- Cuidados com o cordão umbilical (antissepsia – alcoólico - no sentido
distal-proximal). Verificar se existem 2 artérias e uma veia. Também,
fazer a coleta do sangue do cordão para posterior análise. Na mesa de
aquecimento coloca-se um cord clamp e realiza-se um novo corte.

8- Exame físico geral, avaliando malformações grosseiras (perfuração de


palato, espinha bífida, sindactilia).
9- Identificação e amamentação precoce.
RN com boa vitalidade ao nascer (tônus em flexão, respirando ou
chorando e nascimento a termo), com líquido meconial.
1- Aquecimento
2- Clampeamento precoce do cordão
3- Levar o RN à fonte de calor radiante colocando-o em posição de
trendelemburg.
4- Aspirar da orofaringe (laterais da boca) e das cavidades nasais para
evitar aspiração de mecônio. Não esquecer de dobrar a sonda para que
se tenha o maior controle da aspiração, pois é um processo contínuo e
pode causar lesão na mucosa.

5- A partir daqui, mesma coisa do caso


anterior.
RN sem boa vitalidade ao nascer (tônus
muscular flácido, ritmo respiratório
irregular e FC<100bpm), com líquido
meconial.
1- Aquecimento
2- Clampeamento precoce do cordão
3- Levar o RN à fonte de calor radiante
colocando-o em posição de trendelemburg.
4- Retirar o mecônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização
direta (laringoscópio). Se tiver um problema na respiração, você
subentende que é consequência de uma rolha de muco (obstrução).
Tenta apenas uma vez.
5- Se as condições persistirem, fazer a ventilação com pressão positiva. Se
melhorar, volta para a etapa 5 do RN com boa vitalidade ao nascer e
sem líquido meconial.
6- Verificar a posição para garantir a permeabilidade das vias aéreas
7- Posicionar a máscara e ajustar à face - observar se há expansão
adequada do tórax

8- Ventilar o RN - frequência de 40 - 60 mov/min e visualizar um


movimento suave do tórax
9- Verificar a FC - após a ventilação com oxigênio a 100% por 15-30
segundos, verificar a FC por 6 segundos (multiplicar por 10)
10- Verificar se existe respiração espontânea e FC>100 bpm (com a
melhora da respiração, a FC melhora primeiro)
11- Se positivo, suspende VPP. Se negativa, fazer intubação (não
hiperestender o pescoço).

12- Após intubar, imediatamente, iniciar a massagem cardíaca (indicada


quando a FC < 60bpm). É usada uma relação de 3 massagens para
uma ventilação. Pode ser usada duas técnicas: dos polegares ou dos
dois dedos. Deve-se evitar o apêndice xifoide.

13- Se ainda assim não melhorar, administra-se adrenalina por via


endovenosa (veia umbilical), na dose de 0.01 a 0.03mg/kg.
Aerossolterapia Marília de Lima
É a administração de medicamentos na forma de aerossol por via
inalatória. Os aerossóis são suspensões de diminutas partículas (líquidas ou
sólidas) em um gás ou em uma mistura de gases como o ar atmosférico.
Princípios da aerossolterapia:
- Deve-se garantir a deposição das partículas da droga nos locais onde sua
ação é desejada.
- Para sua deposição nas vias aéreas inferiores, o tamanho ideal da partícula
está situado entre 1 e 5 μm (partículas respiráveis) de diâmetro.

Técnica
A técnica inalatória ideal para uma deposição de partículas nas vias
aéreas inferiores é a inspiração profunda pela boca seguida de pausa de cerca
de 10 segundos.

Vantagens
• Doses mais baixas
• Menos efeitos colaterais
• Rapidez na ação dos medicamentos devido à rápida absorção pela
circulação pulmonar
• Trato respiratório facilmente acessível
Dispositivos geradores de aerossóis.
Não dosimetrados: nebulizadores.
Dosimetrados: Inaladores pressurizados e inaladores de pó.
São dispositivos portáteis e compactos, cuja vantagem é dispensar o
preparo da medicação com uma redução significativa do tempo de
administração do tratamento.

Inaladores pressurizados Inaladores de pó

Características dos inaladores de pó.


A droga para aspiração é apresentada em pó, dentro de cápsulas, ou
diretamente em dispositivos, como, por exemplo, Diskus ou Turbuhaler. São
pequenos e portáteis, e a maioria dos dispositivos contém medidores de dose,
mas dependem de inspiração rápida e intensa. No caso de fluxo inspiratório
insuficiente, pode ocorrer uma elevada deposição do medicamento na boca e
na faringe do paciente.

Espaçador
Os espaçadores foram desenvolvidos com o objetivo de se evitar
possíveis erros na técnica de administração de um aerossol dosimetrado em
pacientes com dificuldades de coordenação entre a atuação do inalador e a
inspiração. Os espaçadores são tubos interpostos entre o aerossol e a boca do
paciente, podendo ser industrializados ou artesanais. Os espaçadores reduzem
a deposição de partículas na orofaringe, contribuindo para uma maior
proporção de partículas respiráveis inaladas. Funciona como um filtro que
retém partículas grandes e libera partículas respiráveis, seletivamente, para o
paciente.
Funções
• Impactação das partículas maiores
• Passagem das partículas menores para as vias aéreas
• Maior utilidade: corticóides tópicos
Escolha do dispositivo

Inalador de pó

Nos menores de 4 anos: a criança deve respirar de 5 a 10 vezes. Não esquecer de agitar
os pressurizados.
NO DE PÓ NÃO USA ESPAÇADOR!!!
Cateterismo umbilical e punção intraóssea Marília de Lima
Quando todos os procedimentos a serem feitos anteriormente não
geram resultados nos RN que precisam de um suporte mais avançado, parte-
se para administração de medicamentos por via endovenosa, pela veia
umbilical. Esse procedimento é chamado de cateterismo umbilical e é
definido como a inserção de um cateter na veia e/ou arterial umbilical. Válido
salientar que, geralmente, esse procedimento só é possível de ser realizado 24
horas após o nascimento pois a tendência é que o sistema fetal se oblitere.
Nos casos em que não for possível fazer o cateterismo umbilical,
tenta-se uma punção de veia periférica e, depois, a punção intraóssea.
Cateterismo umbilical
1- Antissepsia do cordão umbilical
2- Passa-se uma fita cardíaca no coto umbilical para evitar que haja um
sangramento intenso (não aperta muito para que não seja estrangulada,
já que deve existir espaço para inserção do cateter)
3- Corte do coto umbilical (1,5-2cm).
4- Verificar se há 2 artérias e uma veia (5/7 horas e 12 horas,
respectivamente)
5- Retira o coagulo da veia umbilical
6- Encher o cateter com soro fisiológico e, depois, inseri-lo 3-4 cm (os 1,5-
2cm referente ao coto e mais 1,5-2cm extra)
7- Fixação do cateter

8- Curativo
Punção intraóssea
Feita na tíbia proximal, tíbia distal e fêmur distal. Eles locais são usados
porque, basicamente, são pele e osso.
Antes da realização da punção, deve-se colocar um coxim embaixo da
perna do RN, localizar a tuberosidade da tíbia, fazer a antissepsia e anestesia
(essa última, se tiver tempo) e inserir a agulha 2cm abaixo desse local. Inserir a
agulha de forma perpendicular ou com ligeira angulação caudal (30º), para
evitar dano a cartilagem de crescimento. Para penetração deve ser exercido
pressão firme e movimentos rotatórios no momento da penetração. Depois que
furar, retirar o mandril e infundir o conteúdo pelo cateter.
Acesso venoso central Marília de Lima
Acesso venoso central é definido como o posicionamento de um
dispositivo vascular (cateter), cuja extremidade encontra-se dentro da veia cava
superior ou inferior.
É indicado nas seguintes condições:
✓ Reposição rápida de fluidos no trauma
✓ Monitorização hemodinâmica invasiva (PVC, pressão de artéria
pulmonar, etc)
✓ Nutrição parenteral total
✓ Quimioterapia
✓ Acesso venoso em pacientes com veias periféricas de difícil acesso
Para instituir o acesso, as principais veias usadas são a v. jugular interna, v.
subclávia (preferencial em paciente chocado), v. jugular externa e v. femoral.
A técnica mais usada é a técnica de Seldinger, que é a inserção do cateter
sobre o fio guia.
Etapas do procedimento
1. Informação ao paciente
2. Parametração
3. Posição do paciente (decúbito dorsal com os braços ao lado do corpo; a
cabeça fica voltada para o lado contrário da punção, com um coxim
servindo de apoio entre as escápulas. É mais fácil pegar uma veia no
lado direito)
4. Assepsia e antissepsia
5. Anestesia
6. Reconhecimento dos pontos anatômicos para punção.
6.1. Veia jugular interna
- Triângulo formado pela clavícula e porções esternal e clavicular
do esternocleidomastoideo.
- Punção da pele em ângulo aproximado de 30 graus e direciona-
se a região mamilar
6.2. Veia subclávia
- ½ médio da clavícula
- Punção da pele em ângulo aproximado de 30 graus e seguir,
rente à superfície inferior da clavícula, indo em direção à fúrcula
esternal.
7. Inserir a agulha de punção
8. Passar o guia
9. Retirar a agulha
10. Usar o dilatador
11. Inserir o cateter
12. Testar se vem sangue venoso
13. Retirar o fio guia
14. Fixar o cateter.
15. Administrar o conteúdo desejado.
A fixação do cateter é feito com o nó de bailarina.
Um outro tipo de sutura é a sutura em bolsa. Tem por intuito fazer o
sepultamento daquela região. Quando for feita na apendicectomia, o coto do
apêndice é que será sepultado. Deve-se entrar com a agulha superficialmente
e não tão distante do local. Ao fim, dá-se 3 nós.
Suporte básico de vida no adulto Marília de Lima
Tem por função fornecer um adequado suporte de vida (oxigenação e
perfusão dos órgãos vitais) através de manobras simples e mantidas.
Para sua correta realização, deve-se seguir algumas etapas:
1. Avaliar o local da cena – Segurança para você e a vítima.
2. Diagnóstico.
a. Avaliar consciência
b. Observar movimentos respiratórios.
c. Checar pulsos (carotídeo)
3. Chamar serviço de emergência.
4. Iniciar reanimação cardiopulmonar (RCP)
Para a reanimação ser feita de maneira correta, essa deve ter uma
frequência de 100 a 120 por minuto. A profundida de compressão deve ser de
5cm, na região esternal, e deve-se esperar o retorno do tórax após cada
compressão. Deve-se evitar a interrupção das compressões torácicas e
excesso de ventilação.
A RCP deve ter um ciclo de 30 compressões e 2 ventilações (as
ventilações são opcionais e cada uma deve durar 1 segundo).

Se a ventilação for realizada, ela pode ser feita diretamente boca à boca.
Mas, como opcional, pode ser feita com a máscara de bolso e bolsa-válvula-
máscara.

Máscara de bolso Bolsa-válvula-máscara


Independentemente da técnica utilizada para aplicar ventilações, será
necessária a abertura de via aérea, que poderá ser realizada com a manobra
da inclinação da cabeça e elevação do queixo e, se houver suspeita de trauma,
a manobra de elevação do ângulo da mandíbula.
Suporte avançado de vida no adulto Marília de Lima
A desfibrilação deve ser feita, com o desfibrilador externo automático
(DEA), assim que a parada for diagnosticada. Ela não substitui a massagem
cardiorrespiratória, mas complementa.
Se o desfibrilador chegar no momento em que a massagem estiver
sendo feita, não há necessidade de interromper a reanimação. É possível
colocar as pás mesmo enquanto a RCP estiver sendo realizada

A intubação** deve ser feita quando houver as condições ideais. É o


padrão ouro para ventilar alguém. Só deve ser feita quando estiver presente
uma pessoa preparada, sendo, portanto, preferível diante de uma ventilação
por válvula máscara. A frequência da ventilação por bolsa válvula máscara é de
8 a 10 por minuto de forma contínua, ou seja, pode ser realizada no momento
da RCP.
A administração de drogas faz parte do suporte avançado.
Suporte avançado de vida na pediatria
Classificação:
- Bebê (lactente) – do nascimento até o 1 ano de idade.
- Criança – 1 ano até os sinais da puberdade (em torno dos 10 anos).
O diagnóstico da parada na criança deve ser feito usando o pulso
femoral + respiração + nível de consciência.
Embora a maioria das paradas cardiorrespiratórias em pediatria seja por
problemas respiratórios, as manobras de RCP devem seguir o CABD do adulto.
Compressão
Abertura das vias aéreas
Boa ventilação
Desfibrilação
Em crianças, quando ocorre a parada e você está sozinho, deve-se fazer
30 compressões para duas ventilações. Se tiver acompanhado, 15
compressões para duas ventilações.
No caso de desfibrilação, dá-se preferência ao desfibrilador manual.
A RCP no paciente pediátrico está indicado nos casos de: frequência abaixo de 60 batimentos
por minuto, com inconsciência e apneia ou respiração agônica.

** Checklist de intubação orotraqueal.

Obs: A única alteração em relação ao checklist é que, em vez de tentar a


intubação por 30’’, você só deve tentar por 6-10 segundos.
4º período

4º período

4º período
Gasometria arterial Marília de Lima
A gasometria arterial tem por finalidade avaliar a função respiratória,
perfusão tecidual e equilíbrio ácido-básico. A gasometria pode ser arterial ou
venosa. A venosa avalia a penas a parte metabólica, enquanto que a arterial
avalia a função pulmonar e a quantidade de oxigênio que está sendo oferecido
aos tecidos.
O local de punção pode ser a artéria radial ou femural.

Antes de iniciar a punção na artéria para realização da gasometria, é


necessário fazer o teste de Allen.

O teste de Allen é feito para verificar a permeabilidade do arco palmar e


seu enchimento pela artéria ulnar.
Procedimento:
1- Esclarecimento ao paciente;
2- Paciente sentado, como se fosse fazer uma punção de veia periférica;
3- Seringa com 0.1ml de heparina;
4- Assepsia e antissepsia;
5- Identificação da artéria e realizar punção com a agulha inclinada em 30º-
45º, se a a. for a radial. Se a. femural, 90º;
6- Coletar 2 ml de sangue;
7- Pressionar o local da punção por, no mínimo, 5 minutos;
O material coletado deve ser colocado no gelo.
Cirurgia minimamente invasiva Marilia de Lima
A cirurgia minimamente invasiva é aquela que preserva a anatomia do
organismo com mínima agressão, resolvendo o problema patológico do
paciente. Os exemplos mais clássicos são a robótica e a cirurgia
videolaparoscópica.
Cirurgia videolaparoscópica é o ato operatório sem a clássica abertura
da parede abdominal, com o emprego de um laparoscópio para visualizar o
interior da cavidade.
Etapas do procedimento
1- Realização do pneumoperitônio;
2- Incisura periumbilical para colocação do trocânter e da câmera;
3- Outras pequenas incisões para colocação do instrumental cirúrgico;
4- Realização da cirurgia;

Vantagens da cirurgia videolaparoscópica


- Minimamente invasiva.
- Melhor visão do campo operatório para a maioria dos órgãos abdominais.
- Menor dor no pós-operatório.
- Menor tempo de hospitalização.
- Melhor efeito estético.
Desvantagens da cirurgia videolaparoscópica
- Alto custo.
- Equipamento dependente (qualidade).
- Curva de aprendizado longa.
- Necessidade de anestesia geral.
Cricotireoidostomia Marília de Lima
A cricotireoidostomia é a abertura da membrana cricotireóidea,
localizada entre a cartilagem tireóide e cricóide. Deve ser feita quando houver a
impossibilidade de entubação nas obstruções das vias aéreas superiores, tais
como:
✓ Traumatismo da face;
✓ Hemorragias da boca;
✓ Processo inflamatório agudo (pelo edema);
✓ Tumores;
✓ Corpos estranhos;
Nesses casos em que não for possível, deve-se inserir um tubo diretamente
na traqueia (tireoidostomia) ou abaixo da laringe (cricotireoidostomia).

O procedimento mais eficiente e seguro de ventilação


é a entubação orotraqueal.

A cricotireoidostomia é um procedimento mais rápido, fácil e superficial.


Esse procedimento pode se por punção ou cirúrgico. O primeiro é preferível em
crianças menores de 12 anos por causa da fragilidade das estruturas da
laringe, pois a cânula, que é larga, pode lesar permanentemente as estruturas
do laríngeo desse paciente, devendo-se, portanto, realizar uma crico por
punção ou, se houver tempo e condições, uma traqueo.

A T E N Ç Ã O: Quando o paciente é menor de 5 anos não se faz nenhuma


crico, pois até essa idade, ainda não é possível identificar as estruturas de
referência (proeminência laríngea da cartilagem tireoide e cartilagem cricoide),
não havendo, portanto, como localizar a membrana, devendo-se, nesse caso,
optar por uma traqueo.
Considerações pré-operatórias
O cirurgião deve manter a calma. Paciente bem posicionado.
Técnica por punção
1. Assepsia e antissepsia da região. Se possível.
2. Localizar a membrana cricotireoidea (pode segurar a cartilagem com os
dedos polegar e médio, localizando a membrana com o indicador) e
infiltrar anestésico local (xilocaína e adrenalina- para diminuir o
sangramento). Se possível.
3. Inserir a agulha do jelco 14 com ângulo de 90⁰ e depois dirigir a agulha
caudalmente numa angulação de 45⁰ para evitar o trauma da parte
posterior da laringe;
4. À medida que vai introduzindo a agulha, realiza a pressão negativa, até
que a seringa se encha de ar da traqueia (entra aspirando).
5. Quando vir ar da traqueia, desconectar agulha do jelco, inserir o resto do
jelco, e conectar a cânula a este. Posteriormente conectar a cânula ao
oxigênio (Ambu).
6. Fixar a cânula.
O procedimento acima é realizado quando há o material característico para
a cricotireoidostomia. Quando não houver, deve ser feita uma “gambiarra”, da
seguinte forma, a partir do passo 5.
5. Desconectar a agulha do jelco. A seringa de 5ml deve ser colocada no
jelco.
6. Após isso, conectar o tubo endotraqueal padrão destacado na imagem
abaixo na seringa.

7. Ventilar com o AMBU (desconectar o AMBU em cada compressão).


Uma outra forma de fazer a cricotireoidostomia, é usando uma seringa de
maior volume (10 ou 20ml). Nessa, a cânula orotraqueal será colocada na
seringa, o cuff insuflado e aí, então, deve ser iniciada a ventilação com o
AMBU.

Quando houver tempo, deve-se preferir a traqueostomia, pois


ela é mais eficiente.
A crico por punção pode permanecer no paciente por 30-40 minutos. Lembrar
de ventilar com o AMBU, desconectando-o sempre. O tempo da inspiração
(quando apertamos o AMBU), deve ser menor que o de expiração (quando
desconectamos).
Técnica cirúrgica
1. Técnica asséptica, antisséptica e colocação de campos.
2. Localizar a membrana cricotireoidea e infiltrar anestésico local (xilocaína e
adrenalina- para diminuir o sangramento);
3. Incisão longitudinal em pele e tecido subcutâneo, na altura da membrana
cricotireóidea;
4. Divulsão romba (no sentido do corte) até atingir a membrana cricotireoidea;
5. Afastar transversalmente as margens da membrana com a lâmina do bisturi
(para dilatar mais). Depois, pode-se abrir ainda mais com o cabo do bisturi ou
com a hemostática;
6. Inserir cânula endotraqueal, voltada para baixo, e inflar o balão;
7. Fixar a cânula;
8. Oxigenar o paciente com o AMBU.

A cricotireoidostomia cirúrgica pode


permanecer no paciente de 1 à 3 dias
Complicações
Imediatas: hemorragia, enfisema subcutâneo e lesão de corda vocal.
Tardias: estenose traqueal, aspiração, fístula traqueo-esofágica.
Traqueostomia Marília de Lima
A traqueostomia é a realização de um estoma ao nível da região cervical
anterior, criando assim uma via aérea cirúrgica na porção cervical da traqueia.
O estoma criado pode permanecer definitivamente ou não. A traqueostomia
permite uma redução de 10 a 50% no espaço morto anatômico, reduzindo a
resistência e aumentando a complacência pulmonar. Além disso, a resistência
será diminuída, aumentando a complacência pulmonar e melhorando as trocas
gasosas.
Indicações:
• Impossibilidade de entubação nas obstruções das vias aéreas
superiores.
- Traumatismo de face
- Hemorragias na boca
- Corpo estranho
- Tumores
- Processos inflamatórios agudos (edema)
• Entubação prolongada em UTI.
O problema do paciente que necessita de entubação prolongada é que,
após um certo tempo, haverá estenose. Essa estenose é causada porque o
cuff do tubo propiciará isquemia, formação de uma inflamação, havendo
cicatrização e, posteriormente, a estenose. Uma outra vantagem da
traqueostomia é que não haverá contato com a faringe.
A traqueostomia é a comunicação da traqueia com o exterior, realizada,
normalmente, entre o 2º e 3º espaço intercostal.

Importante ter cuidado para não lesar


a glândula tireoide, podendo tracioná-la superiormente,
inferiormente ou seccioná-la para evitar a lesão.
Condições pré-operatórias
• Atitude do cirurgião
– Manter a calma
– Manter-se no comando
• Posição do paciente
• Raramente a traqueostomia se realiza no bloco cirúrgico.

Quando a traqueostomia for eletiva, ela é feita no bloco cirúrgico.


Técnica
1. Técnica asséptica, antisséptica e colocação de campos.
2. Localizar o 2º e 3º anéis traqueais (2 a 3 cm acima da fúrcula esternal) e
infiltrar anestésico local (xilocaína e adrenalina - para diminuir o sangramento);
3. Incisão transversal em pele e tecido subcutâneo. Usa-se como limites
laterais o m. esternocleidomastoideo.
4. Abordar a traqueia com divulsão romba (cuidado com o ístmo da tireóide).
Haverá a visualização dos músculos esterno-hióideo e esternotireóideo. Pode-
se usar um afastador de Farabeuf para manter as estruturas separadas.
5. Abrir entre os anéis traqueais de forma transversa.
6. Inserir cânula endotraqueal;
7. Fixar a cânula (cadarço); oxigenar o paciente.
A cânula pode ser de dois tipos: metálica e de plástico.

No momento da cirurgia de colocação da traqueostomia, estando o


paciente sedado, ele perde o reflexo de tosse/vômito, ou seja, perderá uma das
formas de proteção das vias aéreas. Se por acaso houver secreções, haverá
uma maior chance de broncoaspiração. Usando o traqueóstomo de plástico, e
inflando o cuff, haverá proteção das vias aéreas. Por isso, na primeira vez que
a traqueostomia é feita, usa-se a cânula de plástico. Quando o paciente tiver
bem, faz-se a desinsuflação do cuff. Ao longo do tempo, em torno de 10/12
dias, se a cânula de plástico for retirada, o trajeto permanecerá visível,
possibilitando a troca por uma cânula metálica.
De cima para baixo: cânula
externa, cânula interna e mandril.

Mandril – Usado como um facilitador para passagem na traqueia do paciente.


Também serve para proteção.
Cânula interna – Deve ser higienizado todos os dias.
Toracocentese Marília de Lima
A toracocentese é um procedimento de acesso a cavidade pleural, por
punção, a partir da caixa torácica. Essa, por sua vez, pode ser terapêutica ou
diagnóstica.
Considerações gerais
✓ Não é necessário ser feita no centro cirúrgico;
✓ Deve ser feita, preferencialmente, em local limpo e destinado à
pequenos procedimentos;
✓ Pode ser realizada na beira do leito, de forma criteriosa e dependente da
rotina dos serviços hospitalares;

O melhor local para se realizar a toracocentese deve


ser determinado a partir da propedêutica

Considerações anatômicas
A pleura é um folheto contínuo formado por células mesoteliais, que
recobre a superfície interna da caixa torácica (pleura parietal) e a superfície dos
pulmões (pleura visceral). Entre as pleuras existe um espaço virtual chamado
de cavidade pleural que, por sua vez, contém uma pequena quantidade de
líquido (15-20ml), renovado constantemente (5-10L). Quando há um
desequilíbrio entre a produção e absorção, pode ocorrer um derrame pleural.
Os fatores que propiciam a ocorrência de um derrame são:
✓ Pressão hidrostática aumentada, como numa insuficiência cardíaca
congestiva, já que o coração não estará com sua bomba funcionando
corretamente, ficando muito conteúdo líquido para trás, principalmente
no pulmão.
✓ Pressão oncótica diminuída (fora do vaso)
✓ Permeabilidade capilar aumentada
✓ Drenagem linfática diminuída
✓ Síndrome nefrótica
✓ Infecção, como pneumonia e tuberculose
✓ Aumento da pressão negativa no espaço pleural, como atelectasia.
Os líquidos extravasados podem ser transudato (baixa quantidade de
proteínas - Decorrem da alteração no equilíbrio do líquido no espaço pleural) e
exsudato (maior quantidade de proteínas - Decorrem de ruptura ou lesão da
pleura ou dos linfáticos).
Diagnóstico
QC: dor, tosse e dispneia.
EF: redução/abolição do FTV ou MV, macicez a percussão.
Exame radiológico.
Para fechar o diagnóstico de um derrame pleural, não são necessários
exames de imagem, no entanto, eles podem ser solicitados para auxiliar de
diagnóstico. Os exames usados são o Raio X (PA e em perfil) e USG. A USG é
muito mais usada para pequenos volumes.
Técnica
1- Assepsia e antissepsia com o paciente posicionado.
- Decúbito dorsal elevado, mãos por trás do pescoço. Local da
toracocentese: Linha axilar média/posterior ao nível do 5ª espaço
intercostal.
- Sentado, com as mãos num apoio. É a posição mais usada.

2- Sentado, o local de punção será abaixo da escápula (8º ou 9º espaço


intercostal, que corresponde ao 5º na parte anterior do tórax)
3- Anestesia local, entrando aspirando.
4- Introduz o jelco acima da costela inferior (o objetivo é evitar o feixe
neurovascular)

5- Se o objetivo for enviar para análise, aspira a quantidade desejada (em


torno de 20ml) e manda para o laboratório.
6- Quando o objetivo for o alívio imediato (o tratamento será feito
posteriormente, focando na causa do derrame pleural), usa-se o three
ways.
Observação 1: A retirada rápida do líquido aumenta a pressão negativa,
proporcionando uma maior facilidade para o plasma dos vasos pulmonares
migrarem para a cavidade pleural, gerando um edema pulmonar. Por esse
motivo, o limite de drenagem é de 1500ml.
Observação 2: 300 ml – volume necessário para velamento do seio costo
frênico.
500 ml – volume necessário para detecção ao exame físico.

LEMBRAR: para onde tem seta, pode fluir o líquido.

PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO

Faz-se a punção na linha hemiclavicular, 2º espaço intercostal (ângulo de Louis).


A agulha deve ser inserida no sentido caudal. O pneumotórax passa a ser aberto.
Drenagem torácica Marília de Lima
Derrame pleural é o acúmulo excessivo de líquido do espaço pleural.
Esse líquido pode ser um transudato (nos casos de ICC) e exsudato
(pneumonia, por exemplo; sempre haverá exsudato quando existir lesão da
parede da estrutura acometida).
Para fazer uma drenagem torácica, é preciso focar na causa base. Não
se faz um tratamento usando a drenagem. Ela é usada nos casos em que a
causa do distúrbio não for conhecida. A drenagem torácica é a responsável
pela remoção de ar, líquidos e sólidos (fibrina) do espaço pleural.
Faz-se a escolha entre a drenagem pleural e toracocentese a depender
do conteúdo do derrame, ou seja, independe do volume. A toracocentese não é
possível de ser realizada quando o conteúdo é espesso, preferindo-se, nesses
casos, a drenagem pleural.

A T E N Ç Ã O: Nunca drenar um transudato. Transudato se punciona!

A drenagem torácica objetiva restabelecer ou manutenção da pressão


negativa do espaço pleural.
Indicações da drenagem torácica
- Pneumotórax (espontâneo, hipertensivo, traumático e iatrogênico);
- Hemotórax
- Derrame pleural (exsudato, empiema e quilotórax).
Técnica
1- Posicionar o paciente em decúbito dorsal ou elevado (em torno, 45º). As
mãos ficam atrás da cabeça.
2- Assepsia e antissepsia (afastando do local onde será feita a incisão).
Faz uso de luvas estéreis, campo, capote, etc.
3- A drenagem será feita na intersecção da linha axilar média com a linha
intermamilar (se for uma paciente com mama pendular, a qual gere
dúvidas, pode-se tomar como referência o apêndice xifoide), em torno
do 4ª ao 6º espaço intercostal.
4- Anestesia (aspira e injeta) na forma de um losango.
5- A incisão é paralela ao arco costal.
6- Divulsionar as estruturas existentes no espaço intercostal, seguindo o
sentido do arco costal.
7- Exploração digital (ou usando hemostática) para verificar se chegou na
pleura.
8- Inserir o dreno acima da borda superior da costela inferior, de modo que
todas as fenestras estejam dentro da cavidade pleural. Deve ser inserido
no sentido posterior e superior. Nas extremidades do dreno devem
existir pinças hemostáticas ocluindo as saídas.
9- Conectar o dreno ao selo d’água (água ou soro fisiológico). A quantidade
de líquido que estará dentro do selo d’água é de escolha do médico e
serve para monitorar a respiração do paciente. Quando parar de oscilar,
é um sinal de que não há mais líquido dentro da cavidade pleural. O
coletor deve estar abaixo do nível do paciente.

10- A fixação do dreno deve ser feita com o nó de bailarina.


11- Curativo

Para retirada do dreno, pede-se para o paciente inspirar profundamente,


entrar em apneia e, assim, o médico executor puxa o tubo. Não faz sutura na
incisão porque é um local com grande chance de está contaminado.
Se for necessário transportar o paciente, oclui-se a mangueira ou fecha a
saída do selo d’água.
Nos casos de pneumotórax hipertensivo, faz-se a toracocentese na linha
hemiclavicular, no 2º espaço intercostal. Após inserção do jelco, ele é
deixado na parede do tórax do paciente sem a agulha. Rapidamente, a
toracocentese deve ser desfeita e realizada a drenagem pleural.
Tamponamento nasal Marília de Lima
O tamponamento nasal é usado nos casos em que há epistaxe. Aqui,
torna-se importante diferenciar uma hemorragia nasal da epistaxe.
Epistaxe – Sangramento que tem origem na mucosa nasal.
Hemorragia nasal – Qualquer sangramento que se exterioriza pelo nariz,
independente da origem.
Considerações importantes
• É uma das emergências mais frequentes na prática médica
• Maior frequência em homens que mulheres
• Ocorre mais nos meses de inverno devido à baixa umidade.
• 60% dos americanos têm um episódio de epistaxe durante a vida.
• 90% dos casos são sangramentos da porção anterior do nariz, menos
graves.
• Após a idade de 40 anos a incidência de sangramentos posteriores
aumenta, que são mais graves.
A frequência do sangramento nasal deve-se ao fato da mucosa ser
ricamente vascularizada.

Principais causas da epistaxe:


1. Locais
1.1. Trauma
1.2. Inflamação
1.3. Corpo estranho
1.4. Tumores
2. Sistêmicos
2.1. Vascular
2.2. Distúrbios de coagulação.
2.3. Drogas
2.4. Alterações cardiovasculares
Atendimento inicial
1- Uso de EPI.
2- Tranquilizar o paciente.
3- Colocar o paciente em posição confortável (sentado com leve flexão da
cabeça) e solicitar que ele aperte as asas do nariz.
4- Avaliação geral dos sinais vitais e condições hemodinâmicas, como a
coloração das mucosas. Se esse sangramento estiver exacerbado, tais
fatores podem estar alterados.
5- Avaliar se existe sangramento ativo (exame das fossas nasais,
orofaringe)
6- Utilização de algodão com vasoconstrictores (adrenalina) na cavidade
nasal.
7- Proceder com a anamnese.
8- Verificar com o rinoscópio se o sangramento cessou.

Na maioria das vezes, tais passos já resolvem o problema do


sangramento. No entanto, em alguns casos, isso pode não funcionar. Para
isso, o otorrinolaringologista pode fazer:
- Cauterização química (Ácido tricloroacético ou Nitrato de prata).
- Cauterização elétrica.
- Cirurgia (ligadura vascular).
Nós, generalistas, podemos fazer o tamponamento nasal anterior ou
posterior.
 Tamponamento nasal anterior
Material usado: gaze com vaselina (para
facilitar a entrada) e pomada antibiótica.
Além disso, administrar antibiótico oral.
Existem outros materiais que são umas
esponjinhas, o qual são colocadas secas
dentro na cavidade nasal e, lá dentro,
elas incham, gerando compressão. Para inserção da gaze, usar uma pinça
bayonet (se não tiver, usar a hemostática).
1- Paciente em decúbito elevado.
2- Introduzir a gaze no sentido posterior, até encontrar uma resistência.
3- Introduzindo até acabar a gaze.

 Tamponamento nasal posterior


Pode usar uma sonda de Foley.
1- Passar vaselina e anestésico na sonda de foley
2- Introduzir a sonda
normalmente.
3- Fazer a rinoscopia e
visualizar a ponta da sonda
na orofaringe.
4- Estimar o comprimento
visualizado da sonda e voltar
a quantidade vista.
5- Inflar o cuff (se não estiver no
local correto, desinflar, colocar no local correto e inflar novamente).
6- Fazer o tamponamento anterior.
7- Fixar a sonda (envolver a sonda tracionada com gaze; ao redor, passar
o esparadrapo. Intuito de evitar necrose – local pouco vascularizado –
da asa do nariz).

A reavaliação do paciente deve ser feita em 24/48h.

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