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Júlio A.

Artur

SUTURAS E NÓS
CIRÚRGICOS
INSTITUTO SUPERIOR DE
CIÊNCIAS DE SAÚDE – ISCISA
EXTENSÃO DE QUELIMANE
INTRODUÇÃO
Dada à importância cirúrgica no âmbito das Técnicas básicas de
Cirurgia, é crucial conhecer o processo de cicatrização das
feridas e os tipos de sutura disponíveis para a sua correcção.
A escolha do tipo de sutura depende do tecido e da sua
localização anatómica. A aproximação dos bordos de uma ferida
pode ser feito por meio de uma sutura natural ou sintética, mono
ou multifilamento.
Três propriedades do material de sutura interferem com o seu
manuseamento: memória, elasticidade e tensão dos nós. A força
de tensão, reacção tecidual e capacidade para ser absorvido
são outras características importantes de um material de sutura.
SÍNTESE CIRÚRGICA
A síntese cirúrgica é uma operação fundamental que consiste
na aproximação das bordas de tecidos seccionados ou
ressecados.
Tem como objectivo manter a continuidade tecidual e facilitar
as fases iniciais do processo de cicatrização.
É um processo obrigatório na maioria dos procedimentos
cirúrgicos
Entende-se por síntese o conjunto de manobras manuais e
instrumentais, destinadas a unir os tecidos separados,
restituindo sua continuidade anatômica e funcional.
SUTURA
Sutura pode ser definida como o acto de aproximar estruturas
(tecidos histológicos), mediante a utilização de instrumental
cirúrgico.
Sutura ou pontos cirúrgicos são ligações em pele, mucosa,
musculo, vasos sanguíneos e órgãos com objectivos de manter
os unidos ou fechado dependendo do local suturado.

Todas as suturas promovem em maior ou menor grau três


efeitos básicos: síntese, recobrimento e efeito hemostático.
SUTURA
Para se garantir a eficácia do processo, deve-se utilizar
materiais que resistam às tensões e trações que serão
exercidas sobre a ferida nas fases iniciais da cicatrização.
A síntese cirúrgica, juntamente com o processo de cicatrização,
constitui o meio pelo qual a continuidade do tecido é
restaurada, sendo que a missão da primeira não deve terminar
antes que a segunda já esteja em pleno curso.
OBJECTIVOS DE SUTURAS OU
SÍNTESE CIRÚRGICA
Tem como função a aposição das
bordas do ferimento, facilitando a
cicatrização e o processo de
restauração.
Para tanto é necessário o uso de
materiais como os fios de sutura, sua
agulhas etc.
NORMAS PARA UMA BOA
SUTURA
Antissepsia e assepsia correctas
União de tecidos de mesma natureza, de acordo com os
diferentes planos
Hemostasia adequada
Abolição/redução dos espaços mortos
Bordas da ferida limpos e sem anfractuosidades
Ausência de corpos estranhos ou de tecidos desvitalizados
Emprego de suturas e fios adequados, realizados com técnica
apropriada.
PRINCÍPIOS A SEREM OBSERVADOS NA
ESCOLHA DE UM MATERIAL DE SUTURA
Devem ser tão ou mais fortes do que os tecidos normais
através dos quais são colocados.
A pele e a fáscia são os tecidos mais fortes, sendo que o
estómago, intestino e bexiga urinária são os mais fracos.
As suturas não são necessárias após a ferida ter cicatrizado
Suturas monofilamentares suportam mais contaminação do
que as suturas multifilamentares
Suturas sintéticas são superiores as suturas naturais
NORMAS PARA EXECUÇÃO DE
SUTURAS
Observar distância regular e segura de entrada e saída da
agulha em relação às bordas da ferida
Distribuir os pontos com espaçamento uniforme
Evitar a confecção sobre a linha de cicatrização
Nos términos de sutura, cortar o fio a uma distância segura dos nos
Escolher correctamente os fios, calibres e o tipo de sutura de
acordo com os tecidos ou órgãos a serem suturados.
Na confecção dos nós, traccionar os terminais apenas o suficiente
para a adequada aproximação das bordas da ferida evitando
isquemia e deiscência.
NORMAS PARA EXECUÇÃO DE
SUTURAS
Após o fechamento de uma ferida as bordas tornam-se enfraquecidas
pela colagenólise e o suporte das suturas esta enfraquecido.
As suturas colocadas a uma distância de mais de 0.5 cm das margens da
ferida, aparentemente não são afectadas pela colagenólise.
A inflamação também contribui para diminuir a tensão, é aconselhável
colocar as suturas mais de 0.5 cm afastadas das bordas em feridas muito
traumatizadas.
A tensão máxima junto aos tecidos e também obtida quando as suturas
são colocadas de 0.5 cm uma das outras. Quando colocadas mais próximas
de 0.5 cm causam retardamento da cicatrização devido à reacção tecidual
e comprometimento da circulação sanguínea nas bordas da ferida.
Uma boa regra seguir é colocar o numero de sutura suficiente para dar
uma boa captação das bordas.
TIPOS DE SUTURAS
As suturas podem ser classificadas segundo a permanência,
função ou junção das bordas, técnica, planos, visibilidade, ,
quanto a inclusão das camadas.

Segundo a permanência podem ser


Temporárias as que retiram apos algum tempo
Definitivas são as que permanecem na intimidade dos tecidos.
SEGUNDO A FUNÇÃO OU JUNÇÃO
DAS BORDAS PODEM SER
Coaptantes: ocorre a aproximação das bordas da ferida, sem deixar desníveis
entre as mesmas, com o objectivo de manter a integridade anatômica e funcional
do tecido.
De sustentação: empregada para aproximação dos bordos da ferida que tendem
a separar se de elasticidade da ferida.
Inversante ou invaginante: ocorre a justaposição das bordas, que ficam reviradas
para fora. E indicada para oclusão de vísceras ocas.
Eversante ou evaginante: ocorre a justaposição das bordas pela face externa com
o objectivo de isolar a parte interna da sutura. E indicada para suturas
vasculares ou de tensão.
Sobreposição: ocorre a sobreposição de uma borda sobre a outra com o objectivo
de aumentar a superfície de contacto, gerando uma cicatriz mais resistente. E
utilizada em eviscerações, enventrações e redução do anel herniano umbilical.
De hemóstase: utilizada para promover a hemostasia em vasos em forma de
clamp vascular.
QUANTO À INCLUSÃO DAS CAMADAS

Contaminante: quando a sutura inclui


todas as camadas do órgão, desde a
serosa ate a mucosa, entrando na luz do
órgão suturado.
Não contaminante: quando não há
comunicação com a luz do órgão,
incluindo as camadas: sero-serosa, sero-
muscular e sero-submucosa
5. Segundo os planos podem ser
Plano por plano – quando se respeitam os
planos anatómicos.
Em massa – quando a sutura e feita sem o
respeito dos planos anatómicos

6. Segundo a visibilidade
a) Estéticas
b) Ocultas
SEGUNDO A CONTINUIDADE
PONTOS SEPARADOS OU
INTERROMPIDOS
Pontos Separados ou interrompidos é quando o fio é passado,
amarrado e cortado individualmente. A sutura interrompida
pode ser:
a) Simples: É uma sutura coaptante, contaminante ou não,
dependendo do numero de camadas inclusas.
É a mais usada nas unidades de emergência, muito fácil, pode
ser usada em qualquer lugar, e recomendada a lateralização
de nós evitando deixar sobre a linha de cicatriz.
A distância entre a borda e a entrada ou saída do fio deve
ser a mesma.
Deve incluir a derme e epiderme de forma homogênea entre
os lados.
PONTO SIMPLES
No ponto simples, a derme deve ser transposta pela agulha em sua totalidade. A
agulha penetra a pele à 90º e, na outra derme em sua totalidade, sai através
da pele. A distância entre a entrada da agulha e a incisão em uma borda e a
saída na outra deve ser a mesma.
Indicada principalmente para pele, redução dos espaços mortos, fechamento da
cavidade abdominal e vísceras ocas.
EM “U” VERTICAL OU DE DONATTI:
É uma sutura eversante ou evaginante, embora atravesse
todas as camadas da estrutura envolvida, não é indicada
para a sutura de órgãos ocos, dessa forma não pode ser
classificada como contaminante ou não, indicada
principalmente para pele.
EM “U” HORIZONTAL OU GILLIES:
É uma sutura eversante ou evaginante, contaminante, quando aplicada
em vísceras, indicada principalmente para pele, entero-anastomose,
término-terminal. A sutura em U horizontal, ou ponto de Gillies, a agulha
penetra a pele de forma intradérmica na fase inicial, em uma das
bordas.
SUTURA EM “X” OU DE SULTAN:
É uma sutura coaptante, atravessa as camadas das estruturas
envolvidas. Não e indicada para órgãos ocos, dessa forma não pode
ser classificada como sutura contaminante ou não, indicada
principalmente para o fechamento da cavidade abdominal.
SUTURA EM JAQUETÃO:
É uma sutura em sobreposição, atravessa todas as amadas de
estruturas envolvidas, no entanto, não e indicada para órgãos ocos,
dessa forma não pode ser classificada como contaminante ou não.
Indicada para redução de hérnias abdominais
SUTURA DE LEMBERT INTERROMPIDA

É uma sutura invaginante, não contaminante, podendo incluir as


camadas sero-musculares ou sero-submucosa. Indicada para
sutura de órgãos ocos, principalmente a sutura de segunda
camada (útero, estómago).
SUTURA DE MAYO:
Sobreposição; atravessa todas as camadas das estruturas
envolvidas, no entanto, não é indicada para órgãos ocos, dessa
forma não pode ser classificada como sutura contaminante ou
não; indicada principalmente para redução de hérnias
SUTURA DE HALSTED:
É invaginante, não contaminante, podendo, podendo incluir as
camadas sero-musculares ou sero-submucosa. E semelhante à
Lembert, porém, é dupla. Suas indicações são as mesmas que a
anterior.
SUTURA DE GELY:
Evaginante ou eversante, porém, se não for devidamente
apertada poderá apresentar aspecto de coaptação. Não
pode ser classificada como contaminante ou não mesmo
envolvendo todas as camadas das estruturas, não é indicada
para órgãos ocos.
SUTURA DE GAMBEE:
Sutura coaptante, contaminante, pois atravessa todas as
camadas das estruturas envolvidas e é indicada para órgãos
ocos como o intestino.
SUTURA DE CRUSHING:
Coaptante, contaminante, sua confecção e semelhante à simples
separada, incluindo todas as camadas da estrutura envolvida,
porém e atada com mais força, esgaçando as camadas
serosas, musculares e mucosas, permanecendo a sutura ao nível
da submucosa, é indicada principalmente para sutura do
intestino.
SUTURA DE SWIFT
É uma sutura coaptante, contaminante,
sua confecção e semelhante à simples
separada, incluindo todas as camadas
da estrutura envolvida, porem, se
inicia a sutura internamente ao mesmo,
ficando os nos voltados para o lúmen,
é uma sutura basicamente utilizada
para o esôfago, porem, tem sido
gradativamente substituída por outras
opções
SUTURA DE RELAXAMENTO:
É uma sutura coaptante, embora inclua todas as camadas da
estrutura, não pode ser considerada contaminante, uma vez
que não é indicada para órgãos ocos; sua indicação é
principalmente para auxiliar no fechamento da cavidade
abdominal.
Quando destinada para esse fim, permanecerá sob tensão,
para que haja relaxamento na linha de sutura principal.
SUTURA CAPTONADA:
É uma eversante o evaginante, pode ser
contaminante ou não, dependendo das
estruturas envolvidas.
É o tipo de sutura aplicada a diversos
modelos de confecção, principalmente aos
duplos como Wolf ou Donatti, pois se
acrescenta um protector para evitar o
esgarçamento do órgão, por excesso de
tensão do fio de sutura sobre o mesmo.
Indicada para sutura sob tensão a
redução de prolapso vaginal.
SUTURA EM “8”
E uma sutura coaptante; atravessa
todas as camadas das estruturas
envolvidas, porem, não e
considerada contaminante, pois não
e indicada para sutura de órgãos
ocos; sua confecção simula a figura
de um número oito (8) numa visão
lateral. Indicada para fechamento
provisório da camada abdominal
onde inclui todas as camadas do
abdómen.
PONTO DE SMEAD-JONES OU
SUTURA “LONGE-PERTO, PERTO-LONGE”.
Sutura coaptante, embora atravessem todas as camadas da estrutura
envolvida, não pode ser considerada contaminante, pois não e
indicada para órgãos ocos.
Indicada principalmente para estruturas sob tensão, como muco-
periósteo e pele.
Início da sutura não difere do ponto simples; após isso, antes do nó, o
fio retorna à borda inicial em plano superficial e à frente do anterior.
SUTURAS CONTÍNUAS
Possuem um nó inicial, o fio não e cortado, estendendo-se do
ponto de origem após várias passagens pelos tecidos, onde o
fio e cortado após o nó final.
SUTURA SIMPLES CONTINUA
OU DE KURCHNER
Coaptante, contaminante ou não, dependendo da estrutura
envolvida, indicada para alguns casos de fechamento de
cavidade abdominal, aproximação de fáscia muscular, desde
que não esteja sob tensão ou ainda em entero-anastomoses
SUTURA FESTONADA, REVERDIN
OU ANCORADA DE FORD.
Coaptante, embora inclua todas as camadas da estrutura
envolvida, não pode ser considerada contaminante, pois não é
indicada para estruturas ocas, possui um padrão semelhante
ao simples contínuo, indicada para alguns casos de fechamento
da cavidade abdominal, aproximação da fáscia muscular e
pode ser sutura hemostática.
SUTURA EM “U” CONTÍNUO
OU DE COLCHOEIRO
Eversante ou evaginante, atravessa todas as camadas da
estrutura envolvida, porem, não é considerada contaminante.
Indicada para síntese de uma das camadas musculares.
SUTURA DE LEMBERT
CONTÍNUA
Invaginante ou inversante, não contaminante, inclui as camadas
sero-muscular e sero-submucosa. Indicada para fechamento de
órgãos ocos, principalmente como a segunda camada (útero,
estômago).
SUTURA INTRADÉRMICA
Coaptante, não pode ser classificada como contaminante ou
não. Indicada para sutura da pele.
SUTURA ZIGUE-ZAGUE
Coaptante, não avaliada quanto à contaminação, devido a sua
aplicação. Indicada para redução de espaço morto
subcutâneo.
SUTURA DE CUSHING OU
D’APPOLITO
Invaginante ou inversante, não contaminante, pois possui
apenas camada sero-serosa, sero-muscular ou sero-submucosa.
Indicada principalmente para suturas de segunda camada em
órgãos ocos
SUTURA DE CONNELL
Invaginante ou inversante, contaminante, pois atravessa todas
as camadas de estrutura envolvida. Indicada para órgãos
ocos, como primeira camada da sutura. A confecção e
semelhante à Cushing.
SUTURA EM BOLSA DE TABACO
OU BOLSA DE FUMO
Invaginante ou inversante, contaminante,
pois atravessa todas as camadas da
estrutura envolvida.
Pode ser realizada em duas linhas, onde a
primeira é contaminante e a segunda não
contaminante.
É indicada principalmente para
obliteração do fluxo alimentar a nível
intestinal, na opção de uma nova via de
transito do bolo alimentar.
SUTURA DE SCHMIEDEN OU DE
BELL
Coaptante, contaminante. Indicada como primeira camada
para sutura de órgãos ocos como útero e estômago.
PONTO CHINÊS
É usada para fixar drenos e tubo intracavitários
FIOS DE SUTURA OU
CIRÚRGICOS
É uma porção de material sintético ou derivado de fibras
vegetais ou estruturas orgânicas, flexível, de secção circular e
com diâmetro muito reduzido em relação ao seu comprimento.
MATERIAL DO FIO
Os fios de sutura são classificados considerando sua
degradação pelo organismo (absorvíveis ou inabsorvíveis),
sua origem (orgânicos, sintéticos, mistos ou minerais) e à
quantidade de seus filamentos (multifilamentados ou
monofilamentados).
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE
MANUSEIO E REAÇÃO TECIDUAL
Configuração física:
refere-se a composição dos fios quanto aos seus filamentos.
Pode ser:

Monofilamentar: único filamento;


Multifilamentar: possui várias fibras trançadas ou
intercaladas, compondo um único fio.
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Capilaridade: refere-se a capacidade de captar e absorver
líquidos ao longo do fio. Os fios multifilamentares apresentam
maior superfície e maior capilaridade. Portanto podem
apresentar maior aderência microbiana em relação aos
monofilamentares.

Diâmetro: é determinado em milímetros e expresso em


tamanhos com zeros. Quanto menor o diâmetro maior o número
de zeros
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Força de tensão: é a quantidade de peso necessário para
ruptura do fio cirúrgico. A força tênsil varia de acordo com a
composição do fio cirúrgico.
Força do nó: é a força necessária para realizar um certo tipo
de nó, desliza parcialmente ou completamente. Os fios
multifilamentares apresentam maior coeficiente de atrito do
que os monofilamentares, permitindo assim uma fixação mais
segura do nó, enquanto os monofilamentares apresentam
deslize do nó, mas a fixação é menos segura, necessitando
reforçar com nós duplos
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Elasticidade: é a capacidade inerente do fio de recuperar a
forma e o comprimento original depois de um estiramento. A
elasticidade contribui para diminuir a possibilidade de romper
as bordas de uma incisão cirúrgica e favorecer uma estenose
em cirurgia vascular.
Manuseio: relacionado com a rigidez, ou seja, quão facilmente
ele pode ser dobrado quanto com o coeficiente de fricção, ou
seja, quão facilmente o fio desliza através do tecido e dá o nó.
Um fio cirúrgico com alto coeficiente de fricção, desliza com
facilidade através dos tecidos. É mais fácil de dar o nó. Certos
fios são encapados para diminuir o coeficiente de fricção, mas
não devem ser muito baixo, porque os nós podem se desfazer
facilmente.
CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS
CIRÚRGICOS
Fios absorvíveis: são fagocitados, degradados e assimilados
pelos tecidos em que são implantados. Os de origem animal
são fagocitados por meio de atividade enzimática, durante o
processo de cicatrização. Os de origem sintética são
hidrolisados quando da reação de molécula de água dos
líquidos corporais, que são degradados e assimilados pelos
tecidos em cicatrização. São divididos em dois grupos:
sintéticos e biológicos.
FIOS CIRÚRGICOS BIOLÓGICOS
São conhecidos como CATEGUTE ( origem animal intestino do
gato), actualmente obtido da submucosa de ovinos ou serosa
de bovinos.
Conforme o tempo de absorção podem ser simples ou
cromados.
Os simples apresentam absorção mais rápida em torno de 8
dias e os cromados mais lenta, 20 dias. São indicados em
tecidos com cicatrização mais demorada (intestino, útero...).
FIOS ABSORVÍVEIS
SINTÉTICOS
Ácido poliglicólico: fio multifilamentar com grande
maleabilidade e tem sido usado em larga escala em
substituição aos absorvíveis de ação lenta e os inabsorvíveis.
Material sintético . De fácil manuseio, forte, flexível, usado nas
anastomoses gastrointestinais, cirurgias gerais, urológicas e
ginecológicas (VICRIY).
POLÍMEROS SINTÉTICOS
MONOFILAMENTARES MAIS RECENTES
Fios compostos por polímeros poliglecaprone e polidoxanona.
São monofilamentares, maleáveis e mantém a resistência de
tensão por um período mais prolongado. Indicados em idosos,
pacientes oncológicos e apoio prolongado da ferida.
NÓS CIRÚRGICOS
Os nós cirúrgicos têm extrema importância durante o ato cirúrgico para
hemostasia e síntese. Eles podem ser feitos manualmente, com o auxílio
de um porta-agulhas ou serem usados ambos, com o primeiro semi-nó
realizado com o porta-agulhas e o segundo com as mãos.
O nó bem-executado exige atenção aos seguintes itens:
a. Não deve ser cruzado, sob risco de rompimento;
b. O primeiro nó não deve estar frouxo;
c. Deve-se empregar forças iguais em ambos os braços do fio, sem
deslocar o nó;
d. Os dedos indicadores acompanham o laço do nó, dirigindo-o e fixando-
o no local apropriado e com tensão apropriada;
e. Na execução do segundo nó, evita-se a tracção do primeiro já
executado, pois qualquer tracção mais intensa removerá o primeiro nó;
NÓS CIRÚRGICOS
A quantidade de pontos necessária para uma sutura
adequada depende do local anatómico e sua função e
do calibre e tipo de fio empregado.
O essencial é que se estabeleça os três objectivos
básicos da sutura (aproximação, recobrimento e
hemostasia) quanto for necessário. O mesmo deve
estabelecer o tempo de retirada dos pontos (quando
necessário).
Quanto antes à retirada do fio de sutura, desde que
observado o tempo para cicatrização do tecido, melhor
o resultado estético e menor a reacção tecidual.
PARTES COMPONENTES DE UM NÓ
CIRÚRGICO

•Deslizamento do fio
•Numero de semi-nós
•Estabilidade
•Com a finalidade de promover a necessária segurança do nó
ESTRUTURA BÁSICA DO NÓ
•Primeiro semi-nó- contenção
•Segundo semi-nó- fixação
•Terceiro semi-nó- segurança
PRINCÍPIOS GERIAS:
1.Deve ser firme
2.Menor volume possível
3. A fricção entre extremidades do fio deve ser evitada
4.Após o 1seminoénecessário manter tracção numa das extremidades do fio para evitar perda da
lacada
5.Semi-nós mais que necessários o adicionam volume ao no, não aumentando a resistência.
6.Devem se empregar forcas iguais em ambos os braços do fio, sem deslocar o no
7.Os dedos indicadores acompanham o laco do no, dirigindo o e fixando-o no local apropriado e
com forca adequada
8.Na execução do 2º no, evita–se a tracção do primeiro já executado, pois, obviamente, qualquer
tracção mais intensa removera o primeiro no, principalmente se ocorrer na laqueação de um vaso
sanguíneo
9.O numero de nos variara de acordo com os tipos de fios empregados e com os tipos de tecidos,
os fios finos e monofilamentares, exigem a exigem a execução de mais de três nos.
LEIS DOS NÓS (LEIS DE LIVINGSTON)

1ª Lei - Movimentos iguais de mãos


opostas executam um nó perfeito.

2ª Lei - A ponta do fio que muda de


lado após a execução do primeiro
semi-nó deve voltar ao lado inicial
para realizar o outro semi-nó.
TIPOS
1.1 - Nó quadrado
O nó normalmente é laçado com o
porta-agulha, sempre paralelo ao
ferimento e os movimentos no sentido
perpendicular a ferida cirúrgica,
usado para ligadura vascular.
Exercendo uma tensão uniforme nas
extremidades da sutura,
assegurando que o no acabe como
um quadrado e não como duas
meias-voltas (resultantes de uma
tensão desigual nas duas
extremidades durante a laçada).
1.2 - NÓ COMUM
O seu uso não é muito recomendado, uma vez
que escorrega e não prende, especialmente
se a pressão nas extremidades for desigual.
Outros nós que tendem a escorregar são
aqueles que apertam conforme a segunda
laçada é pressionada, assim como os nós que
finalizam em uma sutura contínua onde dois
fios são laçados em um.
Para uma boa segurança recomendam-se
quatro laçadas para fios sintéticos, todas
quadradas (nó quadrado duplo), ou cinco
laçadas, duas deslizantes e três quadradas.
1. 3 - NÓ DE CIRURGIÃO
É basicamente igual ao quadrado, excepto que
a primeira sutura consiste em duas laçadas,
podendo também ser reforçado pôr nós
adicionais. É usado quando a primeira laçada
do nó quadrado não puder ser fixa em posição
devido à tensão excessiva da borda do
ferimento, usado na maioria dos procedimentos
e suturas.
a) Técnica do nó com as duas mãos
b) Técnica do nó com uma mão
c) Nós com Porta-agulhas
A maioria dos nós é realizada com o porta-
agulhas. O seu uso é recomendado devido a
sua adaptabilidade e são económicos quando
comparados com os nós feitos com as duas
mãos. Pode-se usar pedaços curtos de material
e mesmo assim obter uma sutura firme.
TEMPOS

I. É feito um laço com a


parte longa do fio, na ponta
do instrumento, posicionando
ao lado da incisão
II. A extremidade curta
é presa pelo porta-agulhas e
puxado por dentro do laço
fixando o nó de modo seguro
- ver o sentido do nó
TEMPOS
III. A tracção deve
ser aplicada no mesmo
plano do nó, sem
apertar demais

IV. Dar outra meia


volta com a parte longa
do fio ao redor do
instrumento, mas em
direcção oposta.
TEMPOS
V. Prende-se a parte curta do fio fazendo-o passar
através do laço
Nota: o nó de cirurgião é feito da mesma maneira, excepto
que se deve dar duas voltas ao redor do porta-agulhas, na
primeira parte.
Passos para a confecção de nos com Instrumental
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NÓS MANUAIS
Princípios básicos para nós manuais
•O fio deve ter de 30 a 40 cm de comprimento e
ter duas extremidades de tamanhos iguais;
•Alguns nós são atados com uma mão enquanto a
outra mão mantém o fio traccionado;
•Um nó de sutura consiste em nó de cirurgião (nó
duplo), que e feito ao amarrar dois nós simples
(no plano)
PASSOS PARA CONFECÇÃO DE NÓS MANUAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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6.PRISCO R. Acta Urológica: Instrumental Laparoscópico; Lisboa; Outubro de 2002; pp. 11 – 20.
7.SIMÃO, Manuel Rodrigues; Técnicas Cirúrgicas básicas: Feridas Agudas; Direcção Nacional de Cirurgia;
Numero 2; Ministério da Saúde; Maputo; Dezembro de 2000; pp. 10 -14.
8.VAZ, Fernando; Manual de Cirurgia para Hospitais Rurais; Volume 1; Centro de Documentação do
Instituto Superior de Ciências de Saúde; 3ª ed.; 2016 pp. 125 – 141.

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