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Osteoartrite/artrose:
Doença articular degenerativa progressiva que acomete qualquer articulação,
principalmente articulações sinoviais diartrodiais (joelho).
É uma alteração difusa da articulação que envolve a cartilagem e o osso subcondial.
Osteoartrose = artrite = osteoartrite.
Termo popular: “desgaste”.
Costuma aparecer em pessoas mais velhas, mais pode ocorrer em jovens por traumas e
doenças auto-imunes.
Estrutura da cartilagem:
Matriz extra-celular (70-80% água).
o 50% colágeno (tipo II 90%).
o 50% proteoglicanos (ácido hialurônico, sulfato de condroitina tipo 6).
Aneural (cartilagem não dói; apesar do atrito entre as substancias cartilaginosas, não há dor
com movimentos; a dor inicia quando há comprometimento do osso subcondral ou
envolvimento e inflamação da capsula sinovial), alinfática e avascular.
Nutrição por difusão: nutrientes estão no líquido sinovial (produzido pela lâmina sinovial).
Baixa quantidade de condrócitos (< 10% peso seco) e avascularidade limita a capacidade de
reparação.
Patogênese:
Degradação maior que a síntese.
Afilamento erosões exposição óssea.
RX: Condropatia com áreas de exposição óssea subcondral em área de carga.
Características básicas:
Degeneração da cartilagem.
Redução do espaço articular (cartilagem não é vista no RX; o estreitamento desse espaço
mostra a redução da cartilagem).
Cistos subcondiais: mecanismo de formação não esclarecido; fissuras na cartilagem gera
acumulo de líquido sinovial no osso subcondral. Mais frequente no quadril.
Osteófitos marginais (bico de papagaio).
Esclerose subcondral: aumento da pressão localizada gera reação óssea com produção de
mais osso (osso deseja aumentar sua densidade; surge uma osteoporose regional em áreas
adjacentes devido a essa osteossíntese).
Deformidade: não é tão comum em osteoartrose primária; mais comum em doenças
inflamatórias auto-imunes.
Fatores predisponentes:
Idade.
Obesidade.
Genéticos.
Ocupacionais.
Sexo masculino.
HAS, aterosclerose, nutricionais.
Osteoporose.
Lesão de ligamento cruzado anterior e lesão meniscal.
Classificação ICRS (internacional cartilage repair Society)
0: sem lesão.
1: lesões superficiais; fissuras.
2: lesões de menos de 50% da espessura da cartilagem.
3: comprometimento de toda a espessura da cartilagem, podendo haver exposição óssea.
4: exposição além do osso subcondral.
Classificação etiológica:
Primária: idiopática.
Secundária:
o Desvio do eixo mecânico (varo e valgo).
o Fraturas articulares.
o Lesões meniscais (ligamentares?). Menisco é um amortecedor do joelho e principal
estrutura que protege a cartilagem.
o Doenças neuropáticas (Charcot).
o Ocupacional (serviço pesado, jogador de futebol).
o Doenças inflamatórias ou imunológicas: AR, LES, Sindrome Reiter, artrite psoriática).
História clínica:
Patologias associadas.
Atividade, idade, obesidade.
Tipo de dor: insidiosa, “movimento-dependente”, relação com pressão barométrica.
Crepitações, bloqueios mecânicos.
Rigidez articular (melhora com atividade).
Surgimento de deformidades tardias.
Tratamentos prévios.
Sintomas:
o Paciente queixa-se de dor para levantar, demora para andar normalmente (melhora
com movimento), joelho incha, redução do arco de movimento.
o Em estágios avançados, há necessidade de auxilio para marcha (andador, escorar em
outra pessoa)
Comprometimento do nível de atividade.
Exame físico:
Análise da marcha (antálgica; claudicação (paciente manca para reduzir apoio de um lado.).
Alinhamento estático e dinâmico do membro (genovaro, genovalgo)
Estabilidade ligamentar (afrouxamento secundário).
Mobilidade articular reduzida.
Palpação de osteófito, derrame articular e crepitações.
Atrofia muscular é rara.
Nódulos de Heberden (IFD): nódulos nos dedos da mão.
Articulações prediletas: IFD, vértebras lobares, joelhos, quadris, coluna cervical, cotovelos.
Exame radiológico:
RX do joelho AP com carga.
Schuss ouRosemberg: AP com flexão 45 graus: coloca mais em contato áreas de carga,
percebendo-se melhor a redução do espaço articular. É mais sensível.
Classificação Ahlback:
Grau I: redução do espaço articular.
II: obliteração do espaço.
III: atrito tibial, < 5 mm, posterior preservada.
IV:
V:
Classificação de Kellgren-Lawrence:
Normal a grave.
Foca na formação de osteófitos, estreitamento do espaço articular e esclerose óssea.
Achados laboratoriais:
Idiopática:
o VHS normal.
o Hemograma normal.
o Liquido sinovial:
Contagem celular normal,
Glicose normal
Proteínas < 5,5
Artrite reumatoide: turvo, células > 3000, polimorfonucleares, proteínas > 8 g/dl.
Tratamento:
Não cirúrgico ou conservador:
o Não farmacológico: mudança de atividade física, estilo de vida e ambiente
domiciliar.
Repouso, mudança de atividade física.
Bengala ou andadores.
Calçado adequado: redução do impacto, cunhas no solado.
Órteses (“braces” não funcionam muito bem).
Redução do peso.
Fisioterapia: calor, massagem, evitar contraturas, educação postural,
fortalecimento do controle muscular.
o Farmacológico:
AINEs: inibidores da COX-2.
Suplementos condroprotetores: glucosamina, sulfato de condroitina.
Injeção intra-articular: corticoides (triancinolona, dexametasona,
hidrocortisona).
Viscossuplementação: ácido hialurônico.
Cirúrgico.
o Artroscopia:
Lavagem e desbridamento.
Visa postergar procedimentos mais extensos.
Alívio em 50-70%, paliativa.
Melhores resultados:
Sintomas mecânicos de curta duração (< 6 meses).
Estágios precoces (Ahlback I e II), varo < 5º.
Bom alinhamento axial.
o Osteotomias:
Indicação: Paciente jovem ativo, com artrose monocompartimental e desvio
de eixo.
Visam transferir a carga para o compartimento menos afetado.
Permite manter o nível de atividade.
Posterga artroplastias.
Planejamento:
Técnica Miniacci:
o Traçar onde quer que passe o eixo mecânico (linha reta do
centro da cabeça do fêmur ao centro do tornozelo). Calcula
o ângulo da correção.
o Artrodeses:
Pacientes jovens.
Fusão entre fêmur e tíbia.
Demanda funcional elevada.
Geralmente após traumas de alta energia com grave destruição articular.
Cuidado com doenças sistêmicas.
Ex: artrite reumatoide: contra-indicadas.
Raras.
Limita muito ao paciente. Portanto, evitar. Preferir osteotomia.
o Artroplastia:
Substituir superfície articular por metal e plástico.
Indicações.
Falha do TTO conservador.
Dor incapacitante.
Limitação funcional grave.
> 50-60 anos, pouco ativos.
Atividades permitidas: bibicleta, natação, caminhada.
Tipos:
Parciais ou monocompartimentais: medial/lateral/femoropatelar.
Totais: artrose avançada, ultima opção.
Complicações:
Precoces:
o Infecção.
o Deiscência.
o TVP.
o Fratura periprotética.
Tardias:
o Soltura do implante.
o Delaminação do UHMWPE.
o Osteólise.
o Infecção.
o Fratura periprot´tica.
o Patela “clunch”.
Função do LCA:
Restringe o deslocamento anterior da tíbia em relação ao fêmur em até 90%.
Estabilizador secundário varo-valgo.
Limita a rotação interna da tíbia em relação ao fêmur.
Mecanismo de lesão:
Hiperextensão do joelho.
Movimentos de torção.
Esportes de luta: rotação e valgo.
Achados clínicos:
2ª-3ª década.
2H:1M.
Lesões meniscais associadas.
75% hemartrose.
34% estalo audível.
80% lesão sem contato.
Principal queixa: falseio e instabilidade.
Teste de Lachmann: translação anterior da tíbia aumentada. Feito com joelho em flexão de
20-30º.
Teste da gaveta anterior: joelho a 90º de flexão. Examinador senta no pé do paciente e tenta
anteriorizar a tíbia. comparar com lado contralateral.
Teste de Pivot-shift/Jerk test: deslocamento anterior da tíbia e rotação lateral. Teste que
mais evidencia instabilidade rotacional.
Imagens:
RX: avulsões, fratura de Segond, derrame articular, desvios de eixo.
Artrografia (em desuso): meniscos.
RNM: acurácia de 95%. Mais usado.
Sinal quase patognomônico: edema ósseo no rebordo costo-lateral da tíbia e no côndilo do
fêmur.
Tratamento:
Conservador:
o Paciente de baixa demanda funcional (< 50h de esporte por ano)
o Pouca sintomatologia.
o Deslocamento anterior < 5mm (KT 1000 mede em mm o deslocamento anterior da
tíbia).
o Fortalecimento, ADM, propriocepção.
Cirúrgico:
o Indicada para Pivot (futebol e basquete), saltos.
o Evita risco de lesões meniscais.
o Reconstrução ligamentar (diferente de reparo).
Enxerto de outro local do corpo é transferido à posição do LCA e fixado com
parafusos.
Fonte doadora de enxerto: ligamento patelar, tendões do semitendinoso e
grácil (esses tendões se regeneram em 80% dos pacientes).
o Pós-operatório:
Sem imobilização, carga conforme tolerado.
2 semanas: cadeia fechada, bicicleta.
6 semanas: treinos de agilidade, corrida.
10 semanas: intensificar fortalecimento e treinos de agilidade.
8 meses: ADM completa.
o LCA dupla-banda:
2 bandas anatômicas e fisiológicas.
Anteromedial (restringe deslocamento anterior) e posterolateral (restringe
rotação interna da tíbia).
Na teoria, é boa, mas, na pratica, não se mostrou tão eficaz.
Conclusões:
Lesão LCA é muito frequente.
Facilita lesões condrais e meniscais e o desenvolvimento de artrose no futuro.
Reconstrução via artroscópica:
o Instabilidade, ativos, esportes de risco para rompimento ligamentar.
Técnica tem sofrido modificações.
Enxertos mais comuns:
o Flexores: semitendinoso e grácil.
o 1/3 central do ligamento patelar.
Retorno ao esporte em 8 meses.
Reabilitação e prevenção = essenciais.
Lesões meniscais
Estrutura e função:
10-30% periferia vascularizada.
Menisco medial: 64% planalto medial.
Menisco lateral: 84% planalto lateral.
Função:
o Protetor e amortecedor da cartilagem.
o Transmissão de forças (> 50%).
o Absorção de impactos.
o Aumento da área de contato entre fêmur e tíbia.
o Estabilização articular.
o Lubrificação.
Estrutura:
o Irrigação ocorre na parte periférica.
o Corno anterior, corpo e corno posterior.
Achados clínicos:
Mecanismo torcional, pé fixo. (girar corpo com pé apoiado no chão).
Dor variável, derrames, bloqueios mecânicos.
Dificuldade para agachar.
Teste de Apley: paciente em decúbito ventral. Movimentos de flexão-extensão e rotação
Teste de McMurray: fazer rotação da tíbia com paciente em decúbito dorsal.
Imagem:
Pouco valor.
Artrografia: invasiva, acurácia 60-97%.
RNM: 90-98%.
o Traço de hiperssinal indica ruptura.
TTO:
Objetivo: preservação do tecido meniscal.
Depende se a lesão é na zona vascularizada ou não vascularizada.
Remover o mínimo possível de menisco.
Zona vascularizada: Sutura meniscal.
Zona não vascularizada: Meniscectomias parciais (mais comuns).
o Lesões instáveis no 2/3 mais internos.
Substitutos menicais
Menaflex (colágeno), Actifit (poliuretano).
Absorvíveis ou não.
Transplante meniscais:
Indicações:
o Após meniscectomias totais ou subtotais.
o Joelhos estáveis, bem alinhados.
Meniscos congelados ou liofilizados.
Melhores resultados:
o Congelados.
o Meniscos laterais.
o Joelhos estáveis ou com estabilização ligamentar concomitante.
Sobrevivência em 10anos: 60-70%.
Conclusões:
Funções absorção de impactos, estabilidade.
Objetivo: preservação meniscal.
Cirurgia:
o Pacientes sintomáticos.
o Lesões instáveis e traumáticas
o Sutura é preferida.
o Meniscectomia o mínimo possível.
o Cautela no TTO de lesões degenerativas.
Substitutos meniscais: colágeno e poliuretano.
Transplantes.