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OSTEOARTRITE

PROFª: MICHELE NERY


MICHELE.NERY@UNI9.PRO.BR
Osteoartrite

American College of Rheumatology (ACR)

“Um grupo heterogêneo de condições que leva a


sinais e sintomas articulares que são associados
com defeitos da integridade da cartilagem articular,
além de mudanças no osso subcondral”
Altman, 1990
Osteoartrite

Epidemiologia
 20% população mundial: OA de joelhos forma mais
comum – Brasil: 4,1% ;
 Joelhos, quadril, mãos (IFP/IFD e 1ª CMC), coluna e
metatarsofalangeanas – hálux;
 Terceira causa de afastamento - Brasil
 Alta prevalência - > idade> mulheres joelhos e mãos;
 Incidência > após 50 anos;
 > 65 anos – evidências radiológicas – clínica e imagem
variam – prevalência subestimada
 80% indivíduos > 75 anos – evidência de OA.
OA - ARTICULAÇÕES
Osteoartrite

Epidemiologia
 30 a 40% das consultas em ambulatórios de
Reumatologia;
 7,5% de todos os afastamentos do trabalho;
 Quarta doença em determinar aposentadoria (6,2%);
 90% das indicações de artroplastia do quadril e joelhos.

Sociedade Brasileira de Reumatologia. 2017/2019


Osteoartrite
Etiopatogenia: caraterísticas da cartilagem articular:
 Cartilagem hialina: avascular e aneural – superfície lisa que
recobre o osso subcondral nas articulações diartrodiais;

 Condrócitos: principal célula, imersa na matriz, formada por água,


colágeno (II), proteoglicanos e glicosaminoglicanos;

 Baixo turnover: matriz tem baixa rotatividade/renovação e


depende da homeostase de enzimas (metaloproteinases) que são
ativadas de forma regular;

 Alteração deste equilíbrio, provocada por fatores mecânicos e


inflamatórios leva a desorganização da matriz.
Osteoartrite

Etiopatogenia – doença crônica e degenerativa:


 Desequilíbrio formação/destruição da matriz
extracelular - nº condrócitos funcionais – H2O;
 Perda de proteoglicanos e colágeno – fragilidade
cartilagem;
 Suporte de cargas alterado – lesão cartilagem e osso
subcondral;
 Citocinas pró-inflamatórias: interleucina 1 (IL-1) e
fator de necrose tumoral (TNF alfa) – induzidas por
fatores de estresse mecânico condrócito;
 Microfraturas osso subcondral – esclerose.
Osteoartrite

Etiopatogenia – doença crônica e degenerativa:


Citocinas pró-inflamatórias:
 A IL-1 é considerada como o primeiro agente para a
degradação da matriz cartilaginosa uma vez que
estimula a síntese e a secreção de várias enzimas
degradativas na cartilagem;
 TNF alfa: tem atividade similar mas seu efeito sobre
condrócitos é menos potente que o da IL-1.
Osteoartrite

Etiopatogenia – doença crônica e degenerativa:


 Tentativa de reparação: neoformação de matriz -
estruturas calcificadas que não cumprem função
fisiológica – osteófitos;
 Progressão: fissuras e erosões extensas, expondo
osso subcondral, gerando microfraturas;
 Esclerose do osso subcondral: aumento da
densidade óssea por neoformação.
Osteoartrite
Osteoartrite
Alterações
mecânicas e Cartilagem articular • IL-1/TNF alfa
bioquímicas • Macrófagos,linfócitos
na OA. • Hiperplasia de sinoviócitos
Desgaste tecido avascular

Micro-fraturas

Esclerose

Fraqueza
Osteófitos marginais Atrofia
(tentativa de reparação) Frouxidão ligamentar
Sinovite
Osteoartrite

• Espessamento da
cápsula articular;
• Esclerose do osso
subcondral;
• Fissuras, fibrilação da
cartilagem;
• Formação de osteófitos;
• Formação de cistos.
Osteoartrite

Fatores de risco:
Fraqueza
muscular
Falha do
Forças
metabolismo
excessivas
dos condrócitos

Idade Degeneração e Estado


fragilidade hormonal
articular

Gênero Genética

Etnia Estilo
de vida e
ocupação
Osteoartrite

Classificação da OA:
 Primária: idiopática – sem causa conhecida;
 Secundária: ocorre em decorrência de outras
desordens articulares;
 Alterações anatômicas e metabólicas;
 Traumas;
 Cirurgias prévias na articulação acometida;
 Doenças reumáticas: Artrite Reumatóide, artrite
microcristalinas...
Osteoartrite

Quadro clínico:
 Insidioso, lento e progressivo;
 Dor:
Movimento – mecânica (protocinética) – início
dos movimentos e esforços;
Repouso: estados mais avançados em repouso;
Sensibilidade à palpação margem articular/
crepitações.
Investigar sinais flogísticos – inflamação
(volume/temperatura).
Osteoartrite

Quadro clínico:
 Limitação ADM;

 Crepitações e instabilidade articular (fragilidade


ligamentos e músculos);

 Rigidez articular – inferior a 30 minutos;

 Desvios articulares deformidades.


Osteoartrite
Osteoartrite
Nódulos de Heberden (IFD) e Bouchard (IFP)
Osteoartrite
Nódulos de Heberden (IFD) e Bouchard (IFP)
Hálux valgo – OA MTF
Osteoartrite

Diagnóstico:
 Clínico;
 Avaliação radiográfica – exclusão de outras doenças-
tríade radiológica clássica da OA;
 US: derrame articular e edema sinovial;
 RM: mais sensível para alterações precoces: edema no
osso subcondral e alterações do menisco, cartilagem e
discreto derrame articular, mas não é recomendada na
solicitação de rotina;
 Exames laboratoriais: sem alterações típicas para
diagnóstico.
Osteoartrite

Alterações radiológicas - OA

 Redução assimétrica do espaço articular;


Tríade
 Presença de osteófitos; radiológica

 Esclerose do osso subcondral;


 Cistos e deformidades podem ocorrer;
 Dissociação clinico-radiológica pode ocorrer –
imagens não correlacionam com queixa clínica em
alguns casos.
Osteoartrite
Joelho - progressão
Osteoartrite
IFD/IFP
Osteoartrite
Rizartrose - 1ªCMC
Osteoartrite
Coluna lombar

Osteófitos:
“bico de papagaio”
Osteoartrite
Quadril
Osteoartrite

Objetivo geral do tratamento da OA

Melhorar a dor e preservar função


articular para manutenção funcional
Tratamento sintomático – Osteoartrite
ausência de drogas que
modifiquem o curso da
doença.
Tratamento
 Farmacológico:
 Analgésicos – paracetamol;
 AINH – tópicos e oral quando há falha analgésicos simples;
 Analgésicos tópicos – mãos – capsaicína;
 Infiltração intra-articular– hexacetonida de triancinolona
(corticoesteróide) e ácido hialurônico (viscossuplementação) -
48 hrs repouso relativo – sem exercício;
 Condroprotetores: sulfato de glucosamina e condroitina.
 Cirúrgico: artroplastias/ artrodese: insucesso
tratamento conservador – decidido com o paciente.
Osteoartrite

Tratamento não farmacológico


 Educação ao paciente;
 Reabilitação física.
Osteoartrite

Avaliação fisioterapêutica:
 HMA/HMP;
 Dor: Escala Numérica de Dor (END), características dolorosas
(mecânica/inflamatória)
 Queixa principal;
 ADM;
 Força muscular e trofismo muscular;
 Deformidades;
 Hábitos de vida – hobbies/ ocupação/ ambiente de trabalho;
 Qualidade de vida: SF-36
 Função: instrumentos específicos para cada articulação
acometida.
Osteoartrite

Instrumentos de avaliação em OA:


 Mãos: AUSCAN, Cochin, forças de pinça e preensão
palmar (reduzida em indivíduos com OA de mãos);
Preensão Masculino Feminino
Palmar
Dominante 44,2 Kg/f 31,6 Kg/f
Não dominante 40,5 Kg/f 28,4 Kg/f
MS Dominante Não dominante
Pinça masculino feminino masculino feminino
Polpa- 6,81 4,57 6, 59 4,36
polpa
Trí 8,74 6,07 9,19 5,92
pode
Lateral 10,11 7,04 9,58 6,62
Valores normativos -expressos em Kg/f Araujo et al, 2002.
Dinamômetros – avaliação de força mãos

PINCH – avaliação força de


pinças

JAMAR – avaliação força


de preensão palmar
Osteoartrite

Órteses OA de mãos:
Rizartrose
Uso noturno –
repouso/
diurno
funcional

OA IFD/IFP
Canaletas
Uso noturno
Osteoartrite

Instrumentos de avaliação OA joelhos:


Específicos:
 WOMAC;
 Lequesne joelho;

Marcha, mobilidade e equilíbrio:


 Timed up and Go (TUG);
 Teste de caminhada de 6’;
Osteoartrite

 Palmilhas
 Joelheiras

Sem haste lateral Com haste lateral/ articulada


Osteoartrite

Dispositivos auxiliares de marcha e OA

Membro
contralateral
à lesão
Osteoartrite

Objetivos específicos:
 Melhorar força muscular e ADM;
 Melhorar equilíbrio e propriocepção;
 Diminuir rigidez articular;
 Controlar a dor;
 Orientar proteção articular (PA) e conservação de energia
(CE);
 Reduzir incapacidade funcional;
 Melhorar da qualidade de vida.
Osteoartrite

Educação ao paciente:
 Proteção articular e conservação de energia;
 Educação sobre o curso e manejo da doença – Escola
de Coluna, grupos de joelho ou individual;
 Conscientizar o paciente sobre a importância da
participação no tratamento – aderência ao tto;
 Aspecto nutricional: perda de peso – sobrecarga
articular/ mediadores inflamatórios (adipocinas);
 Adaptações.
PRINCÍPIOS

➢ 1. Respeitar a dor.
PROTEÇÃO ARTICULAR
➢ 2. Distribuir a carga por igual sobre uma
São técnicas utilizadas área maior.
para reduzir o esforço ➢ 3. Usar as articulações mais fortes e maiores
para
excessivo em determinadas ➢ realizar a tarefa.
articulações, protegendo ➢ 4. Usar as articulações numa posição mais
estável possível.
durante as atividades.
➢ 5. Evitar forças deformantes e/ou pressão
➢ Objetivos:
excessiva sobre as articulações.
➢ Diminuir a dor e a inflamação
articular. ➢ 6. Evitar forças desnecessárias em uma
➢ Retardar a progressão das articulação.
deformidades. ➢ 7. Preservar a FM e a ADM para manter a
eficiência articular.
➢ 8. Evitar o uso prolongado de qualquer
articulação.
CONSERVAÇÃO DE
PRINCÍPIOS
ENERGIA

➢ Poupar e distribuir melhor a ➢ 1. Equilíbrio entre


energia nos momentos em que repouso e atividade.
for realizar as atividades,
➢ Métodos utilizados para ➢ 2. Planejar e analisar as
analisar, planejar e atividades.
realizar atividades.
➢ 3. Ritmo.
➢ Objetivos
➢ Realizar as atividades com o
➢ 4. Priorizar.
menor gasto de energia ➢ 5. Simplificar.
possível, visando diminuir a
fadiga e aumentar o ➢ 6. Mudar a maneira de
rendimento. fazer as tarefas.
Osteoartrite

Reabilitação física: solo/ aquática.


 Fortalecimento muscular - isotônico/ isométrico*;
 Exercícios manutenção da ADM – alongamentos/ ativo-livre;
 Dispositivos auxiliares de marcha;
 Prescrição de órteses específicas – articulação acometida;
 Exercícios visando melhora no padrão de marcha/ equilíbrio
grandes articulações – associados ao fortalecimento
muscular;
 Utilização de agentes físicos: coadjuvantes no tratamento –
deve existir a reabilitação mecânica;
 Dor: avaliar fase – crioterapia/ manutenção adequado do
posicionamento articular e isometria – aguda.
Osteoartrite
Evidências Científicas

ACR
 OA joelhos:
 Treino aeróbio e resistido*;
EVIDÊNCIA
 Hidroterapia; FORTE
 Perda de peso

 Programas de auto-manejo da doença (TCC);


 Acompanhamento psicológico;
EVIDÊNCIA
 Dispositivos auxiliares de marcha;
Moderada/
 Terapia manual combinada exercícios supervisionados;
Fraca
 Órteses para posicionamento patelar
 Termoterapia;
 Tai Chi;
Arthritis Care & Research; Vol. 64, No. 4, April 2012, pp 465–474
Evidências Científicas

ACR
 OA joelhos:
 Acupuntura Chinesa; SOMENTE em casos
 TENS; de OA severa, com
indicação de ATJ *

 avaliar paciente individualmente, avaliando todo o histórico.

Arthritis Care & Research; Vol. 64, No. 4, April 2012, pp 465–474
Evidências Científicas

ACR
 Quadril
 Treino aeróbio e resistido; EVIDÊNCIA
 Hidroterapia; FORTE
 Perda de peso;

 Terapia Cognitivo Compostamental;


 Acompanhamento psicológico; EVIDÊNCIA
 Dispositivos auxiliares de marcha; Moderada/
 Terapia manual acompanhada de exercícios supervisionados; Fraca
Arthritis Care & Research; Vol. 64, No. 4, April 2012, pp 465–474
Evidências Científicas

ACR
 Quadril
 Tai Chi;
SEM
EVIDÊNCIAS!
 Terapia manual isolada;
 Exercícios de equilíbrio isolados/ associação c/ resistidos;

Arthritis Care & Research; Vol. 64, No. 4, April 2012, pp 465–474
Evidências Científicas

ACR
 Mãos
 Avaliar capacidade funcional; EVIDÊNCIA
 Proteção articular e conservação de energia; Moderada/
 Termoterapia; Fraca
 Órteses;

Revisão Cochrane – 2017*


 Efeitos modestos do exercícios;
 Qualidade metodológica fraca.

Exercise for hand osteoarthritis. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017*


Arthritis Care & Research; Vol. 64, No. 4, April 2012, pp 465–474
Evidências Científicas
1. Em pessoas com OA de quadril ou joelho, as
avaliações iniciais devem usar uma abordagem
biopsicossocial, incluindo:
 Estado físico (dor, fadiga, qualidade do sono, estado da
articulação do membro inferior (pé, joelho, quadril);
 Alinhamento, propriocepção e postura, comorbidades,
peso;
 Atividades da vida diária (AVD) - função;
 Participação (trabalho / educação, lazer, papéis sociais)
 Humor;
 Necessidades de educação em saúde, crenças em
saúde e motivação para se autogerenciar.
2. Individualizado:
 Expectativas;
 Localização da OA;
 Fatores de risco (como idade, sexo, comorbidade,
obesidade e fatores mecânicos adversos);
 Presença de inflamação, gravidade da alteração
estrutural, dor e restrição das atividades diárias,
participação da sociedade e qualidade de vida.
3. Abordagens não-farmacológicas
 Informação e educação sobre OA;
 Orientações e ritmo da atividade, abordando um
regime regular de exercícios individualizados
 Perda de peso se estiver com sobrepeso ou obeso;
 Redução de fatores mecânicos adversos (por
exemplo, calçados apropriados);
 Dispositivos auxiliares de marcha e tecnologia
assistiva.
3. Abordagens não-farmacológicas –
adaptações:
 Aumentar a altura das cadeiras, camas e assentos
sanitários;
 Corrimãos para escadas;
 Adaptação de veículo – automático.
4. Regime regular de exercícios individualizados que
deve conter:
 Fortalecimento – ênfase em quadríceps múculos
proximais do quadril;
 Aeróbio;
 Alongamento.
Evidências Científicas
 Educação e o treinamento em princípios
ergonômicos, o ritmo da atividade e o uso de
dispositivos auxiliares (adaptações) devem ser
oferecidos a todos os pacientes;
 Exercícios para melhorar a função e a força
muscular, bem como para reduzir a dor, devem ser
considerados para todos os pacientes;
 Órteses devem ser consideradas para o alívio dos
sintomas em pacientes com OA com base no polegar.
Considerações finais

 Ativação muscular

– Pacientes com OA apresentam déficit na ativação muscular


comparado com controles saudáveis, provavelmente em decorrência
da dor e do comprometimento articular.
 Fraqueza do quadríceps como fator de risco para
OA

– Alguns estudos sugerem que a fraqueza do quadríceps precede o


início da OA de joelho. Com isso, poderia aumentar o risco de
desenvolver a doença especialmente em mulheres.

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