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o
o Paciente jovem, portadora de IRA, alteração do humor e do afeto (1) presente (assustada,
ansiosa?), agitação psciomtora (gesticula muito), alteração da atenção (2) (atenção dispersa,
não consegue manter o interesse nas perguntas do entrevistador), hipervigilante
(provavelmente), quadro delirante (3) (delírio de perseguição – acha que alguém pode
agredi-la → acha que os enfermeiros querem mata-la), alucinação tátil e visual (4) (pega
uma folha como se fosse a mão do namorado afasta coisas no ar), desorientação (5)
temporo-espacial (não sabe onde está nem a data).
o Em negrito: alterações psicopatológicas mais importantes no delirium
(1) é comum que nesses quadros o paciente demonstre perplexidade, irritação,
disforia ou quadro de ansiedade;
(2) esses pacientes mantem uma diminuição global da atenção (hipoprossexia –
diminui vigilância e tenacidade) ou hipervigilancia em relação ao ambiente
(hipotenacidade + hipervigilância – é o caso da paciente acima);
(3) são comuns os quadro delirantes com tema persecutório, de infestação, de prejuízo
(o tema e o conteúdo do delírio são variados);
(4) é comum que ocorram alucinações, nem sempre são visuais (são comuns aos
quadros psicóticos da esquizofrenia), mas comumente auditivas, olfatórias, táteis;
(5) sintoma comum e específico dos quadros de delirium;
o HDX: causa orgânica levando a delirium (significa confusão mental e não pode ser confudida
com delírio, que é uma alteração do pensamento);
Delirium
o Estado confusional agudo;
o Geralmente caracterizado por início súbito e curso flutuante (tá bom e depois tá ruim), sendo
comum a piora pela noite (geralmente há uma inversão do ciclo sono-vigília);
Geralmente está assintomático pela manhã e a confusão piora ao anoitecer;
o Como a expressão de outras funções mentais depende da integridade da consciência, cursa
com alterações da atenção, memória, orientação, afeto, psicomotricidade, sensopercepção
(alucinações de várias formas, as mais comum são as visuais, que não são tão comuns em
quadro psicóticos primários), pensamento;
Delirium hipoativo: lentificação psicomotora, paciente hipoativo, pouco responsivo
aos estímulos verbais e ao contato social (é mais fácil a equipe de enfermagem e os
acompanhantes perceberem que o paciente está confuso, que há alguma alteração,
mas pode confundir com um cansaço, sonolência, alteração da própria doença,
dificultando a percepção da confusão ou a interpretação da mesma como parte do
delirium); difícil de fazer o diagnóstico
Delirium hiperativo: há agitação psicomotora (paciente com fêmur fraturado que tenta
descer da cama e perambular pelo quarto), é o tipo mais facilmente identificado, pois
o é representado pelo paciente que perturba a enfermaria;
Delirium misto: é uma mistura dos dois;
o É comum hipoprossexia (redução global da atenção, não está hipervigilante nem hipertenaz),
desorientação (tempo, espaço, em relação ao outro, confundir as pessoas ao seu redor – o
enfermeiro é o meu pai → delírio de Fregoli; ou achar que o pai é um impostor → delírio de
identificação ou de Capgras), hipomnésia (alteração da retenção da memória, dificuldade de
acessar os conteúdos – memória retrógrada), afeto ansioso, deprimido ou irritado, além de
ilusões e alucinações, pensamento desorganizado e agitação/lentificação psicomotora;
o Síndrome caracterizada por súbito rebaixamento do nível de consciência e alteração da
cognição;
o Costumam ter alterações do ciclo sono-vigília (dormem durante o dia e acordam à noite);
o Alterações psicomotoras definem o tipo de delirium (hiperativo, misto – mistura dos dois - ou
hipoativo)
o Alteraçoes do humor e da ansiedade;
o Desorientação;
o Sintomas psicóticos;
o Curso flutuante: piora ao entardecer (sinal do crepúsculo ou sundowing, quando o paciente
começa a ficar confuso ou desorientado ao entardecer);
É uma alteração que chama atenção no delirium, que é muito importante para o
diagnóstico diferencial;
É uma alteração definidora do quadro;
o Pacientes com demência podem desenvolver quadros de delirium sobrepostos à demência;
o São comuns nas condições médicas: distúrbios metabólicos, hidroeletrolíticos, pneumopatias,
infecção cerebral, cirurgia, ITU, antibiótico (ciprofloxacino e quinolonas estão bastante
associadas a quadros de delirium).
o 10-30% (cerca de 1/3) dos pacientes hospitalizados apresentam delirium (principalmente em
enfermarias de pessoas mais graves ou idosos).
o 60% dos idosos internados evoluem com delirium (o cérebro já é mais deteriorado pelo
tempo, sendo mais sensível às alterações metabólicas, tem mais comorbidades, usam mais
remédios, as doenças tendem a complicar mais nesta faixa de idade);
Incidências
18 anos: 0,4% de risco de delirium (TCE grave, grande queimado, fratura de
quadril, multifraturas, processos cirúrugicos prolognados, intoxicação por
drogas);
55 anos: 1,1%
85 anos: 13,6% (idosos saudáveis, não hospitalizados, não
institucionalizados);
Pacientes hospitalizados: 10-30%
Idosos hospitalizados: 60%
o Mesmo com alta prevalência, apenas 30-50% dos casos de delirium são diagnosticados;
Isso aumenta a morbidade, tempo de internação, custos, podendo levar à
institucionalização e mortalidade;
20-75% dos pacientes vão a óbito, mas não pelo delirium;
o Delirium é um processo reversível, mas com repercussões futuras (testes cognitivos levantam
suspeitas de lesão cerebral presente, às vezes não pelo delirium, mas pela doença de base que
pode causar tal lesão) – se o paciente fez delirium é pq a condição dele já é grave o suficiente
para perturbar a fisiologia cerebral, podendo o delirium ser um preditor de mortalidade nos 6
meses seguintes;
o Pacientes com delirium possuem maior risco de desenvolver demência, déficit funcional e
mais internações em casas de repousos;
o Delirium sobreposto à demência chama-se demência nebulosa (paciente tem demência e
evolui com delirium);
Quando o paciente tem delirium, não dá para acessar suas funções mentais de forma
adequada
Ex.: idoso com delirium não dá pra fazer MEEM e acessar dados da cognição e
memória para verificar se há amnésia anterógrada ou retrógrada, ou seja, não é
possível aferir as alterações de memória dele. Neste caso, é como se o delirium fosse
uma grande neblina que impede avaliar as funções mentais do paciente. Então, não é
possível dizer se já havia quadro psicótico, depressão ou algum grau de demência
antes da instalação do delirium. Assim, será necessário tratar o delirium para poder ter
acesso às funções mentais do paciente, para um bom MEEM, para uma boa súmula
psicopatológica (é com ela que se tece o diagnóstico);
o Demência nebulosa
Para saber o paciente com demência evolui com delirium, observa-se se a piora
ocorrida foi abrupta. Ou seja, é um paciente que se percebe uma perda de memória ao
longo do tempo (a família até acha que é uma perda de memória normal – “idoso
caduca mesmo”) e de repente o paciente fica confuso (de uma semana para a outra ou
de um dia para o outro), agitado, sendo levado à uma consulta psiquiatra. Porém,
depois de resolver o delirium, ao fazer um MEEM percebe-se que o paciente já tinha
déficits cognitivos e de memória prévios ao episódio confusional;
Varia entre 22-89% tanto no cenário hospitalar quanto na comunidade;
o Fatores de risco para o delirium
Deficiência sensorial (jovens com cegueira, por exemplo);
Depressão (não só doenças clínicas, mas as psiquiátricas tbm são fatores de risco);
Uso de anticolinérgicos (podem piorar ou desencadear, existe o delirium
anticolinérgico – ex.: antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina e nortriptilina);
Sintomas anticolinérgicos: retenção urinário, constipação intestinal, xerose,
xeroftalmia, xerostomia, às vezes quadros febris;
Uso de benzodiazepínicos
A retirada do BZD pode cursar com delirium, como o paciente que é
dependente de BZD (ex,: paciente em uso de alprazolam há 6 anos e aí o
médico suspende de uma vez), ou seja ele pode desenvolver um delirium por
abstinência de BZD;
Outro exemplo é o paciente que entra no hospital com dificuldade de dormir,
79 anos, nunca tinha usado um BZD, prescrevem clonazepam e ele começa a
ficar confuso;
Ou seja, o BZD pode desencadear ou piorar o delirium;
Desnutrição;
Demência;
Idade avançada
Presença de muitas comorbidades
Imobilidade
Isolamento social
Episódio prévio de delirium
Baixo nível de escolaridade (cognitivo)
OBS.: 4D (depressão, desnutrição, demência e déficit sensorial)
OBS.2: Esquizofrenia é um diagnóstico diferencial, ela, em geral, não desencadeará o
delirium;
o Fatores precipitantes do delirium
Sistêmicos: infecção/sepse, trauma, grandes queimados, pacientes que passaram por
grandes cirurgias, com controle inadequado da dor, desidratação, hipo ou hipertermia;
SNC: meningite/encefalite, AVE, hemorragia intraparenquimatosa, hemorragia
subaracnóide, hematoma sub ou epidural;
Cardiopulmonares: IAM, ICC, hipoxemia, hipercarbia, encefalopatia hipertensiva,
choque;
Metabólicas: encefalopatia de Wernicke, insuficiência renal ou hepática, distúrbios
hidroeletrolíticos (hipo ou hipernatremia, hipo ou hipercalemia, hipo ou
hipercalemia), hipo ou hiperglicemia, disfunção tireoidiana, alterações da suprarrenal
(Sd, Addison);
Iatrogênicos: imobilização, cirurgia, cateter urinário (pode levar à ITU -> delirium);
OBS.: esquizofrenia é diagnóstico diferencial, mas não precipitante do delirium;
o Substâncias que podem piorar o delirium:
Álcool: pode piorar um delirium já instalado ou desencadeá-lo se o paciente está em
abstinência (delirium tremens);
Polifarmácia: muitos fármacos podem cursar com quadros de delirium, como
antibióticos, antieméticos, corticoides;
BZD:
Opioides: podem cursar com delirium ou piorá-lo, principalmente em pacientes
idosos;
Anticolinérgicos: tricíclicos, biperideno, prometazina, buscopan (tem bastante efeito
anticolinérgico)
o Tratamento do Delirium
Antipsicóticos em baixas doses!!!
Uso de drogas dopaminérgicas (antipsicóticos – haldol e risperidona) em baixas doses
(sempre AP em baixas doses), se for necessário o uso de doses maiores será no
delirium hiperativo, mas no geral é sempre em doses baixas (haldol e risperidona);
Lembrar de sempre tratar a condição de base, pois sem resolvê-la ñ se resolve o
delirium;
Quadros mistos/hiperativos
Haloperidol (2,5 mg, VO);
Risperidona (0,5-3 mg, VO – raramente chega a 2-3 mg);
Quetiapina;
Ziprasidona;
Quadros hipoativos
Haloperidol (1 mg, VO)
Pode usar risperidona tbm, mas o que tem mais estudos é o haldol. A risperido
deve sem em doses ainda menos que nos quadros mistos/hiperativos;
exigem doses ainda menores do que os quadros hiperativos;
ter paciência e tentar proteger o paciente de uma queda ou uma agressão;
informar ao solicitante da interconsulta que trata-se de um quadro arrastado, que
dependerá muito da melhora das condições clínicas do paciente;
Os antipsicóticos não causam delirium, podem piorá-lo se utilizada uma droga mais
suja e com mais efeito anticolinérgico (ex.: amplictil, levomepromazina, tioridazina),
podem piorar o delirium, mas raramente podem induzi-lo;
Nunca prescrever BZD (exceto no Delirium tremens);
Ex.: paciente com delirium, mas com uso de BZD prévio. Retirar o BZD ou
não? Dependerá muito do tipo de BZD (ex.: alprazolam tem meia-vida muito
curta, interromper pode levar o paciente à abstinência; não há uma regra para o
manejo, mas pode-se tentar substituir o fármaco por um BZD de meia-vida
mais longa, como o Diazepam, e tentar diminuir esse BZD durante o TTO do
delirium);
o Então se o paciente é usuário crônico de BZD tentar fazer uma redução
lenta do BZD e retirá-lo totalmente em poucos dias. No caso do
Diazepam, que tem meia-vida muito longa, pode-se escalonar em 2-3
dias e já fazer a retirada (a meia-vida longa já vai ajudar na retirada do
BZD);
Ex.: paciente começa a usar BZD no hospital -> não tem problema
interromper imediatamente, pois o paciente não fará abstinência; ela ocorrerá
em pacientes que usam por meses (+ de 6 meses);
OBS.: o delirium tremens (da abstinência do álcool) é tratado com BZD;
o Ex.: paciente chegou À enfermaria com fratura de fêmur, mas é
alcoólatra... Pensar que o delirium pode ser por causa do álcool e não
pela condição física, devendo ser tratado como uma abstinência;
o No delirium da abstinência do álcool, além de sintomas confunsionais
há os sintomas físicos/autonômicos (tremores, taquicardia, sudorese,
piloereção, variação da PA – em geral hipertensão –, agitação
psicomotora). Logo, são os sintomas físico que auxiliarão na
diferenciação da etiologia do delirium pelo álcool e por outra causa
orgânica;
o Tratar com BZD de meia-vida longa
o Tratamento da demência nebulosa
Tratar primeiro o delirium (tirar a neblina)
Depois avaliar a questão da demência
o Delirium por abuso/abstinência de álcool X delirium por outra causa
Com abuso ou abstinência de álcool: usar BZD;
Sem abuso ou abstinência de álcool: não usar BZD
Caso clínico
o Homem, 64 anos;
o QP: começou a gritar que havia homens desconhecidos no quarto;
o HDA: há 3 dias fez cirurgia de revascularização miocárdica e estava evoluindo bem. Na noite
anterior, viu vários homens parados na janela do seu quarto, “eles não diziam palavra alguma,
mas tenho certeza que vão me machucar”. Nega história de alucinações. Ilusões ou
antecedentes psiquiátricos. As anotações da enfermeira do turno da noite revelaram agitação
e, com momentos de torpor e desorientação, que não foram observadas nas noites anteriores.
Ao realizar um MEEM (provavelmente no dia seguinte) a única alteração era desorientação
temporal (achava que a data atual se referia há meses atrás). Não houve alucinações nem
delírios na avaliação.
o HDX: delirium
o Comentários:
Flutuação: principal característica do delirium. O paciente está bem pela manhã e lá
pelas 20-23h começa a ter psicose, confusão, agitação e desorientação. Então, na
manhã do dia seguinte, aparentemente está bem de novo.
Caso clínico
o Mulher, 71, portadora de Alzheimer. Internada por PAC. Durante a internação é observada
piora da memória e do estado de alerta. Qual exame é o mais sensível para diagnosticas
delirium?
EEG
o EEG
No delirium: lentidão difusa (padrão mais típico)
No delirium tremens: atividade rápida de baixa voltagem (padrão mais típico)
Caso clínico
o Homem, 52, internado por realizar ponte de safena tripla. Evoluiu com delirium, mas já
sofreu um TCE com perda da consciência, já abusou de álcool (está sóbrio há 7 anos). Quais
desses fatores é o mais provável de ter causado o delirium?
Cardiotomia (ponte de safena)
o Comentários:
Idade avançada: é um dos principais fatores e reponde por 60% dos episódios de
delirium em moradores de casas de repouso com mais de 75 anos;
Doenças clínicas: responde por 10-30% dos episódios de delirium em pacientes
hospitalizados;
Cardiotomia: responde a 90% dos episódios de delirium entre os pacientes que
fizeram a cardiotomia;
Outros fatores: dano cerebral preexistente, história de delirium, dependência
alcoólica, diabetes, CA, prejuízo sensorial e desnutrição;
Caso clínico
o Homem, 82, portador de demência vascular. Foi levado ao hospital por aumento da agitação e
ITU. Qual característica distingue melhor delirium de demência?
Nível de consciência alterado:
o Alterações da demência x delirium
Alteração Demência Delirium OBS
Nível de consciência alterado Não Sim Principal fator de diferenciação
Perturbações comportamentais Sim Sim
Déficits cognitivos Sim Sim Por isso que é difícil enxergar a
demência em um paciente com
delirium
Desorientação Sim Sim
Presença de alucinação Sim Sim Na demência moderada a grave é
possível ter delírios e alucinações
Paciente com delirium sobre flutuação do nível da consciência e pode chegar a ficar
torporoso. Se um paciente com demência apresenta uma queda do nível de
consciência é preciso investigar delirium, hipoglicemia ou outra causa. Ficar atento
para não confundir nível de consciência com paciente apenas sonolento.
ÁLCOOL
Caso clínico
o Jovem, 17.
o HDA: entra no PS alternando estado de torpor com rebaixamento do nível de consciência
com agitação. Apresenta hálito etílico e amigos relatam que ingeriu 500 ml de uísque, mas
não consumiu outras drogas. Amigos ainda referem que o paciente não costuma beber.
o HDX: intoxicação por álcool
o Comentários: a questão pedia qual conduta não era para ser feita:
Hidratar se houver desidratação (OK!);
Haldol se agitação (OK!);
Midazolam se agitação (Nops, rebaixa o nível de consciência e o paciente está
intoxicado!!! Ia agravar mais o quadro do paciente!!!);
Tiamina, 500 mg, EV, em SF 0,9% (OK! Previne Wernicke-Korsacoff, mas não é tão
importante nesse quadro, pois o paciente ainda não tem deficiência de tiamina, quem
tem a deficiência geralmente são os alcoolistas de longa data que já se apresentam
desnutridos, com pela seca – pelagra, deificencia de miacina ou B3 – mas tudo bem
aqui, não irá fazer mal);
Glicose hipertônica se hipoglicemia (OK! SÓ SE O PACIENTE TIVER
HIPOGLICEMIA e no alcoolista de longa data, 30 min depois de repor a tiamina,
pois pode levar a Wernicke-Korsacoff);
o Conduta no paciente intoxicado
Monitorar sinais vitais do paciente em ambiente seguro e calmo
Depressão do SNC pode evoluir -> alteração respiratória -> coma;
Se agitação: conter o paciente, retirar amigos (geralmente também estão
embriados, é preciso controlar a cena
Se sinais de desidratação: SF EV (hidratar!)
Paciente que não se alimentou direito;
Que está há muitas horas bebendo e não ingeriu água;
Se hipoglicemia: glicose hipertônica;
É raro, mas se houver suspeita de que esse paciente intoxicado seja um alcoolista de
longa data: prevenir encefalopatia de Wernicke
Tiamina, 500 mg, EV, diluído em 100 ml de SF (0,9%), durante 30 minutos, 3
vezes/dia, durante 2-3 dias;
Se o paciente tiver condições de ingerir (VO), então tiamina 300 mg VO;
Raramente há tiamina no PS, nesses casos, utilizar 4 ampolas de complexo B,
para resultar em pelo menos 300 mg EV de tiamina;
Cuidado com o rebaixamento do nível de consciência (repetitivo o prof)
Manter os parâmetros do Glasgow (vale tanto para o paciente que usou álcool,
BZD, teve TCE, usou opiodes ou outra droga que rebaixe o nível de
consciência);
É importante usar drogas que não afetem os parâmetros neurológicos –
cuidado com a depressão respiratória – usar Haldol amados;
Duas apresentações
o Paciente alcoolista: que bebe de longa data, ingere grandes quantidades de bebida destilada
diariamente ou quase todo dia.
Esse paciente não se apresentará intoxicado, ele meio que “vive intoxicado”, pois seu
corpo está viciado;
Comumente se apresentará com sinais de abstinência -> síndrome de abstinência;
O paciente desenvolve a síndrome quando é diagnosticado com gastrite e precisa
dimunuir o consumo da droga, parou de beber por causa de PAC, ou porque decidiu
parar de beber, ou por acabar a bebida, por acabar o dinheiro, por ter sofrido acidente
(aí fica internado e ñ tem bebida no hospital para ele beloved, aí ele fica toda trêmula,
abstinente queris);
Como o paciente se apresenta
Desnutrido e com deificiencia de B1;
Comorbidades clínicas;
OBS.: Se a tiamina estiver baixa, o paciente apresentar uma hipoglicemia e,
na tentativa de corrigir a hipoglicemia eu administrar glicose, ele pode fazer a
síndrome de Wernicke-Korsakoff;
o Paciente não alcoolista: paciente que se intoxica pelo álcool (adolescentes, que não tem
costume de beber e bebe muito em uma festa)
Aqui geralmente não haverá abstinência, mas intoxicação.
Como o paciente se apresenta
Vitamina B1 normal;
Neste caso, mesmo que se faça glicose hipertônica, pelo fato de a tiamina estar
normal, o paciente NÃO evolui com Wernicke-Korsakoff.
Quando usar ou não usar BZD?
Intoxicação por álcool Não
Abstinência alcoólica Sim (deve, é o tratamento)
Intoxicação com psicoestimulantes (cocaína)Sim (deve, apesar de poder causar depressão
respiratória é uma droga segura para o coração,
no paciente com cocaína é preciso evitar o risco
de uma arritmia, assim, o BZD está bem
indicado pq vai reduzir a ansiedade, os
sintomas autonômicos, vai acalmar mais o
paciente)
Abstinência de psicoestimulantes (cocaína, Sim (com o passar dos dias o paciente se torna
crack) mais deprimido e sonolento do que agitado,
mas no início da abstinência o paciente pode ter
uma fissura – craving, vontade de usar cocaína
ou crack – e ele pode ficar mais agitado,
jusitifcando o uso do BZD)
TCE Não (vai rebaixar mais o nível de consciência
puta!)
Rebaixamento do nível de consciência Não (tá aí em cima né beloved)
Com drogas depressoras do SNC Não
Crianças e adolescentes Não (geralmente agita mais que acalma, o
efeito calmante é mais observado no final da
adolescência para o início da vida adulta)
Animais Não (usar lactamina)
Psicose sem uso de substancias (ex.: Sim (o midazolam, por exemplo, ajuda a
esquizofrenia) controlar a agitação do paciente até que o AP
faça efeito)
Psicose sem uso de álcool Sim
Psicose sem rebaixamento do SNC Sim
Delirium Não
Demencia Não (pode levar ao delirium)
Idoso que nunca usou Não (pode agitar em vez de acalmar, pode levar
a delirium)
Déficit cognitivo Não
Déficit sensorial Não (geralmente causa mais agitação)
Intoxicação por opiodes ou outras drogas Não
depressoras do SNC
Encefalopatia de Wernicke
o Cursa com lesões neurológicas tanto vestibulares, cerebelares, que tem a ver com a marcha e
o movimento dos olhos;
o É um transtorno neurológico agudo;
o Ocorre ataxia, que afeta principalmente a marcha;
o Há disfunção vestibular;
o Podem ocorrer várias alterações nos movimentos oculares, como nistagmo horizontal,
paralisia orbital lateral e do olhar;
o Encefalopatia alcoólica (mas também pode ocorrer em pacientes com deficiência de tiamina
ou desnutrição);
o Ocorre disfunção vestibular;
o Pode haver confusão;
o Mortalidade em torno de 10-15%
o OBS.: a síndrome de Wernicke é um quadro agudo. Enquanto a síndrome de WErnicke-
Korsakoff é um quadro crônico
Korsakoff evolui posteriormente ao Wernicke, mas pode aparecer sem um wernicke
precedente;
Korsakoff cursa com quadro amnéstico (alteração apenas da memória anterógrada, ou
seja, não há memória de fixação, então, tudo que acontece depois do Korsakoff tem
pouca duração no que serefere à memória, mas a memória retrógrada, aquilo que já
existia antes do Korsakoff, mantém-se preservado);
Assim, Korsakoff pode evoluir com uma síndrome amnéstica pura, com alterações da
memória, ou com uma síndrome demencial, na qual além das alterações de memória,
também há alterações cognitivas, comportamentais e, às vezes, sintomas psicóticos;
Síndrome de Wernicke-Korsakoff
o Forma aguda: Encefalopatia de Wernicke
Geralmente é reversível com tratamento;
o Forma crônica: Síndrome de Korsakoff
O paciente começa com WErnicke, não é tratado e evolui para Korsakoff;
Somente 20% dos pacientes se recuperam;
São paciente com alterações da memória “vitalícia”;
Ex.: A mãe do paciente já tinha falecido há algum tempo. Ele sempre acordava e a
procurava pela casa. Como não a encontrava, perguntava aos irmãos onde estava a
mãe. Os irmãos respondiam que a mãe havia falecido e o paciente chorava. Porém,
em um dado momento o paciente parava de chorar, pois esquecia o motivo pelo qual
estava chorado e voltava a buscar pela mãe. A história se repetia: paciente procurava a
mãe → perguntava aos irmãos → chorava → procurava a mãe. Em um certo dia, o
irmão cansado de ver a tristeza do paciente, começou a responder que a mãe havia ido
ao supermercado. A história se repetia: paciente procurava a mãe → perguntava aos
irmãos → procurava a mãe. Ou seja, pelo menos o paciente deixou de vivenciar o luto
intenso, que se repetia por vários minutos, várias vezes ao dia e em vários dias da
semana.
o A conexão entre ambas é a deficiência de tiamina (B1), causada por hábitos nutricionais
inadequados ou problemas de absorção, principalmente no paciente alcoolista, que é um
desnutrido.
o São várias as lesões neuropatológicas e muitas vezes são definitivas. Apresentam
características de serem simétricas e paraventriculares, envolvendo os corpos mamilares, o
tálamo, o hipotálamo, o mesencéfalo, a ponte, a medula, o fórnice e o cerebelo.
Abstinência alcoólica
o Os sintomas surgem nas primeiras 6 horas após a redução ou interrupção do uso de álcool;
Tremor nas extremidades das mãos (os sinais físicos são muito evidentes)
Quadro de ansiedade/disforia associada à falta do álcool;
É normal que o paciente, após beber e dormir, já acorde com os primeiros sinais de
abstinência. Necessitando de uma dose de bebida logo ao acordar. Alguns pacientes
também acordam na madrugada, ingerem uma dose de álcool e voltam a dormir,
como o paciente fumante grave que acorda à noite para fumar, quando os níveis de
nicotina caem. A dose matinal é importante para que o paciente não entre em
abstinência.
o Tem pico de duração de 24-48horas após o início dos sintomas, podendo durar 5-7 dias;
Quando não manejada, o paciente corre alto risco de morrer;
O delirium tremens é a forma mais grave de abstinência alcoólica e sua mortalidade
pode chegar a 25%. As causas do óbito podem ser broncoaspiração,
tromboembolismo, convulsões refratárias;
o Cursa com agitação psicomotora, insônia, febre, aumento da sensibilidade (alucinações
visuais e táteis), sudorese, piloereção e hipervigilância.
Ficam a madrugada toda geralmente vendo inúmeros insetos gigantes andando pelo
quarto e pelo corpo dele.
São pacientes que devem ser contidos devido ao risco de queda (saltar de janelas) ou
de autoagressão;
Podem ter febre tanto pela abstinência quanto por infecções secundárias (ex.:
broncoaspirção, abscesso pulmonar);
O paciente geralmente está hipervigilante, fica olhando para todos os lados, o olhar
não para (é perceptível a atividade alucinatória visual);
Sintomas principais da abstinência alcoólica
Excitação do SNC, gerando:
o Ansiedade extrema;
o Disforia;
o Aumento da sensibilidade (da percepção) podendo cursar com
alterações da sensopercepção;
o Insônia e agitação;
o Tremores;
o Convulsões (grave).
Hiperatividade adrenérgica
o Calafrios e piloereção;
o Diaforese (sudorese muito intensa, parece que o paciente saiu de uma
chuva intensa ou que jogaram um balde de água nele) – hidratar bem o
paciente neste caso;
o Febre (apesar da absitinencia poder gerar a febre, é preciso sempre
pensar em uma possível infecção secundária);
o Desidratação (pela diaforese, pela desnutrição ou pela confusão mental
o paciente não consegue se hidratar e se apresenta desidratado);
o Hipertensão (pode flutar com uma PA lábil – às vezes faz hipotensão
às vezes fazer hipertensão);
Delirium tremens (abstinência grave)
o Ocorre na forma grave da abstinência (não ocorre na forma leve-
moderada);
o Confusão mental;
o Desorientação;
o Hipervigilancia;
o Alucinações;
o Agitação psicomotora;
o Zoopsias.
Abstinencia leve-moderada
o Leve agitação psicomotora
o Tremores finos de extremidades
o Sudorese discreta
o Cefaleia
o Náuseas sem vômitos
o Sensopercepção, juízo crítico, pensamento, consciência, atenção e
orientação estão INALTERADAS
Orientação temporo-espacial normal;
Contato e juízo crítico da realidade preservados;
Ansiedade leve;
sem episódios de auto ou heteroagressividade e confusão.
OBS.: quanto mais grave o transtorno, mais intenso serão os sintomas; quantos
mais graves os sintomas, mais sintomas psicóticos poderão ser identificados;
em casos leves-moderados, o paciente não perde o sentido crítico, não tem
alucinação e nem sintomas psicóticos; em casos graves (delirium tremens) o
paciente começa a paresentar zoopsias, delírios;
OBS.: as convulsões também são moduladas pelo BZD, ou seja, não é
necessário dar anticonvulsivante, pois o próprio efeito gabaérgico do BZD já é
o tratamento para as convulsões.
o Gênese do alcoolismo (síndrome da abstinência alcoolica – SAA)
1. Inicialmente, quando o individuo ainda não tem contato com o álcool, há um
equilíbrio constante e fisiológico entre as vias gabaérgica (inibitória cerebral) e
glutamatérgica (excitatória cerebral);
2. Quando o paciente começa a beber, o álcool exerce uma atividade gabérgica exógena,
ao passo que a atividade gabérgica endógena diminui, porém, o equilíbrio entre as
vias gabérgica e glutamatérgica ainda se mantém;
3. Quando o paciente continua a beber cada vez mais (vira um alcoolista), o álcool
começa a substituir a atividade gabérgica endógena, ou seja, a atividade gabaérgica
exógena diminui a atividade gabérgica endógena. Além de substituir a atividade
gabaérgica endógena, o álcool (atividade gabérgica exógena), pelo excesso, passa a
exercer mais atividade gabaérgica, ou seja há um aumento da atividade gabérgica.
Porém, como há equilíbrio, a atividade glutamatérgica também aumenta. Assim, o
paciente continua bem, pois ele continua bebendo, garantido o equilíbrio entre as vias
inibitória e excitatória;
4. O paciente alcoolista continua a aumentar o consumo de álcool, o que que aumenta a
ativadade gabaérgica exógena, aumentado também a atividade glutamatérgica
endógena (senão o paciente ficaria em coma... kkkk). Atingindo, assim, um pico de
equilíbrio entre a atividade inibitória e excitatória (ambas estão no máximo!!!).
Porém, é importante ressaltar que a atividade inibitória é predominantemente exógena
e ela praticamente substituiu a atividade inibitória endógena;
5. Quando o paciente fica sem beber ou diminui a quantidade de álcool ingerida (ex.:
sofreu um acidente e precisou ser internado), a atividade gabaérgica exógena “zera”, a
atividade gabérgica endógena continua baixa (pois foi meio que substituída pela
exógena) e o atividade glutamatérgica está no pico (pois é endógena);
6. Assim, o glutamato (que está muito elevado e propicia o aumento da dopamina e da
noradrenalina) são reponsáveis por todos os efeitos decorrentes da abstinência
alcoólica. Ou seja, o cérebro ficará a mil por hora, muito excitado e com muita ativade
epilética (quadros convulsivos são muito comuns na abstinência). Assim, tais
alterações são uma bomba relógio para uma convulsão ou para a morte do paciente.
Zoopsias: geralmente são insetos escuros/pretos e repugnantes (lacraias,
escorpião, barata, formiga, caranguejo, lagosta, rato, cobra, lagarto, tatu,
jacaré, cachorros pretos, cavalos pretos)
É comum que alguns pacientes tenham inshgt sobre tais alucinações, ou seja, o
paciente tem uma alucinose. Ou seja, o paciente tem uma alucinação/ilusão,
mas sabe que ela não é real (alucinose);
7. Tratamento: com base nas alterações fisiopatológicas da doença, entende-se que é
necessário aumentar a via gabaérgina novamente, ou seja, usar BZD de meia-vida
longa (pq vai auxiliar a normalizar a via gabaérgica lentamente – à medida que os
níveis de GABA forem caindo os níveis de glutamato acompanharão lentamente -, ou
seja, protege das flutuações entre GABA-glutamato; além disso, não haverá períodos
do dia em que os níveis de GABA estão mais baixos que os de glutamato, pois a
meia-vida longa garantirá uma estabilidade).
Quais BZDs: Diazepam, clordiazepóxido (mais antigo, pouco prescrito).
Prescrever Tiamina tbm;
SUICÍDIO