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CONSEQUÊNCIAS DO USO DE CIGARROS ELETRÔNICOS NO SISTEMA

RESPIRATÓRIO

Júllia Karolinne Maciel Ericeira1

Resumo

Este artigo traz como abordagem os malefícios causados no sistema respiratório pelo uso de
cigarro eletrônico. A população atualmente vem sofrendo com as consequências geradas por
esse uso intensivo, as doenças causadas estão se elevando e vão se agravando no decorrer
dessa utilização. Por mais que a venda deste produto tenha sido proibido pela Agência de
Vigilância Sanitária (ANVISA), estudos revelam que a procura da população por este produto
ainda é alta. Em razão disso, é visível a falta de importância sobre as consequências pela
sociedade, o que torna uma parcela da sociedade vulnerável a essas doenças acometidas por
este dispositivo eletrônico.

Palavras-Chaves: Malefícios. Doenças. Cigarro eletrônico

1 Introdução

O cigarro eletrônico (CE), também conhecido como “vape”, é um sistema de


vaporização de nicotina através de um mecanismo eletroeletrônico que promove o
aquecimento de um líquido denominado essência que é constituído por uma mistura de
nicotina, aromatizantes e um solvente, geralmente propilenoglicol que produzem um aerossol
que é inalado pelos usuários.

Segundo Bertoni et al. (2021), a indústria do tabaco tem realizado investimentos para
fabricação de novos produtos, como os cigarros eletrônicos, com o objetivo da minimização
da quantidade de fumantes de cigarros comuns ao longo dos últimos anos. Percebe-se uma
diferença entre o CE (cigarro eletrônico) e o cigarro tradicional por conta da independência e
dependência no modo de combustão na geração de fumaça. Devido essa ausência de
mecanismo de combustão no CE, este foi apontado como uma escolha menos nociva. Esse
cenário propiciou as vendas destes dispositivos.

1
Acadêmica do curso de Enfermagem da UEMA
No entanto, diversas doenças podem ser causadas pelo uso do DEFs (Dispositivos
Eletrônicos para Fumar), devido as substâncias químicas presente nesse produto. A Evali,
uma doença pulmonar relacionada ao uso do cigarro eletrônico, foi denominada em 2019 pelo
Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). De acordo com a
pneumologista Daniela Chiesa, os principais sintomas apresentados nos casos de Evali são:
tosse, falta de ar e dor no peito. Sendo comum também dores na barriga, vômitos e diarreias,
além de febre, calafrios e perda de peso, podendo facilmente ser confundida apenas com um
quadro gripal. Além de causar fibrose pulmonar, pneumonia e chegar à insuficiência
respiratória, levando o paciente a necessitar de internação em uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI).

Apesar da proibição da comercialização, da importação e da propaganda de quaisquer


DEFs no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2009, estudo dos
epidemiologistas Neilane Bertoni e André Szklo, do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de
2021, constatou a prevalência de uso dos DEF nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal
e verificou que cerca de 80% das pessoas que já consumiram cigarros eletrônicos têm entre 18
e 34 anos.

2 Relatório Covitel - pesquisa sobre o uso do cigarro eletrônico

A pesquisa feita pela Covitel realizada neste ano, aponta que um a cada 5 jovens de 18
a 24 anos usa cigarros eletrônicos no Brasil. Os dados obtidos são resultados das entrevistas
feitas com 9 mil pessoas por telefone, em todas as regiões do Brasil.
A apuração adquirida demonstra que o índice é de 10,1% entre os homens, contra
4,8% das mulheres, a região que mais fuma cigarros eletrônicos é a Centro-Oeste, com 11,2%
da população e oh jovens entre 18 e 24 anos são os que mais utilizam este dispositivo
eletrônico, com 19,7%.
3 Decorrências do uso excessivo de DEFs

Muitos acreditam que cigarros eletrônicos ajudam as pessoas a deixarem de fumar


cigarros comuns. Pensam também que eles são “saudáveis” por exalar apenas “vapor de
água”, não contendo substâncias tóxicas e perigosas. No entanto, a indústria do tabaco
assegura que os cigarros eletrônicos não trazem nenhuma vantagem.

O uso desse CE causa diversas doenças, como trombose, AVC, hipertensão, infarto do
miocárdio, doenças respiratórias, enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, dermatite e
câncer, por conterem nicotina e mais de 80 substâncias químicas. Além disso, uma pesquisa
realizada pela Journal of the American Dental Association, aponta o aumento do risco de uma
pessoa ter cárie dentária, devido a presença de nicotina, propilenoglicol, glicerina, e uma
grande variedade de sabores no líquido utilizado nos cigarros eletrônicos. O estudo
demonstrou que os aerossóis vaporizadores alteram o microbioma oral, tornando-o mais
hospitaleiro para bactérias causadoras de cáries. Assim, sugeriu alto risco de cárie em cerca de
79% dos pacientes que usavam cigarros eletrônicos, comparados a 60% do grupo controle.
Além dos malefícios que oferece por si só, os vapes funcionam como uma “porta de
entrada” para o tabagismo. Segundo o levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer
(INCA) em 2021, o uso dos cigarros eletrônicos aumenta em quase três vezes e meia o risco
de experimentar o cigarro convencional e em mais de quatro o de se tornar fumante habitual.

4 Considerações Finais

Tendo em vista, por meio dos dados apresentados se faz possível observar que os
cigarros eletrônicos possuem amplas diversidades de substâncias em sua composição,
incluindo elementos tóxicos. Os principais citados foram a nicotina e o propilenoglicol, os
quais foram associados ao desenvolvimento de lesões pulmonares.

Além disso, foram evidenciadas doenças que vão se agravando devido ao uso contínuo
destes cigarros eletrônicos, podendo chegar até as lesões mais graves, denominada Evali.
Ademais, além dos danos pulmonares, os cigarros eletrônicos também podem afetar o sistema
gastrointestinal gerando náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal, os quais surgem
previamente aos sintomas respiratórios. Outrossim, a pesquisa realizada pela Covitel
demonstrou o índice de pessoas por gênero, idade e região que fazem a utilização desse
aparelho eletrônico nocivo a saúde.

Portanto, podemos compreender os malefícios causados pelo uso desse CE. Porém, o
ambiente científico ainda requer novos estudos para a confirmação, o esclarecimento da
fisiopatologia e um maior entendimento das consequências do uso de CE a longo prazo.
REFERÊNCIAS

1 a Cada 5 Jovens de 18 A 24 Anos Usam Cigarro Eletrônico.


Disponível em:
https://g1.globo.com/saude/noticia/2022/04/27/1-a-cada-5-jovens-de-18-a-24-anos-usam-
cigarros-eletronicos-no-brasil-aponta-pesquisa.ghtml
BERTONI, N. et al. Prevalência de Uso de Dispositivos Eletrônicos Para Fumar e de uso
de narguilé no Brasil: Para Onde Estamos Caminhando? Revista Brasileira de
Epidemiologia, v. 24, n. 2. p. 1-14, 2021.
Disponível em:
https://doi.org/10.1590/1980-549720210007.supl.2
Evali Nova Doença Pulmonar Relacionada ao Uso de Cigarro Eletrônico.
Disponível em:
https://unifor.br/web/saude/evali-nova-doenca-pulmonar-relacionada-ao-uso-de-
cigarro-eletronico
Estudo do Inca Alerta Sobre Risco de Cigarros Eletrônicos.
Disponível em:
https://www.inca.gov.br/imprensa/estudo-do-inca-alerta-sobre-risco-de-cigarros-
eletronicos
Pegajoso como Doce Cigarro Eletrônico Pode Aumentar o Risco de Caries.
Disponível em:
https://veja.abril.com.br/saude/pegajoso-como-doce-cigarro-eletronico-pode-aumentar-
o-risco-de-caries/
Quase 1 Milhão de Brasileiros Fumam Regularmente Cigarros Eletrônicos.
Disponível em:
https://revistapesquisa.fapesp.br/quase-1-milhao-de-brasileiros-fumam-regularmente-
cigarros-eletronicos/

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