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Edições Zumbi
Coordenador de Produção: Ferreira
de Andrade Rocha
Projeto gráfico e capa: Rômulo
Felício e Maria de Souza
Preparação de textos: Camila Coch
Revisão: Luiza Fraga, Pedro
Andrade, Oduvaldo Ferreira
Inglês: Gabriela, João Carlos e
Júlia Maria
Figuras: 1: g1.com.br; 2:UOL; 3 e
4: Momento Fisioex; 5: Dr Rinaldi
Acupuntura; 6 e 7: Unesp.
2016
Todos os direitos reservados à
Antônio Carlos dos Santos
Sumário
Introdução
A respiração
Conhecendo um pouco mais o
sistema respiratório
A respiração lenta e profunda
A exercitação, o treinamento
A musculatura do diafragma e os
músculos intercostais
A voz – cuidados
A voz - os alarmes
A voz - fatores inibidores
A voz – o aquecimento
Exercícios para educar a voz
A dicção
Exercícios
Como caracterizar a personagem: a
identidade, a voz
A caracterização
À guisa de conclusão:
Referências bibliográficas
Outras obras do autor que o leitor
encontra nas livrarias
amazon.com.br
A – Livros infanto-juvenis
B - Teoria teatral, dramaturgia e
outros gêneros literários
Introdução
A voz humana apresenta uma
variedade de característica e
entonações de impressionar.
os reservatórios e distribuidores
do ‘combustível’, os pulmões;
os ‘instrumentos musicais’, as
cordas vocais localizadas no
interior da laringe, e
o ‘maquinário’ responsável para
que o som seja processado,
burilando-o: a boca com os lábios,
língua, dentes, palato duro, véu
palatar e mandíbula.
A função dos pulmões é gerar o
fluxo de ar expelido pelo diafragma
que fará vibrar as cordas vocais.
Os músculos da laringe submeterão
as cordas a diferentes tensões para
caracterizar o volume e a
tonalidade do som. Já os
processadores se encarregam de
uma multiplicidade de funções se
destacando (i) a filtragem tanto do
ar como do som emanados da
laringe e (ii) a atuação como caixa
de ressonância.
nervoso;
respiratório; e
digestivo.
Observe, então, caro leitor, que
esses três sistemas devem ser
preservados e fortalecidos de modo
que a emissão vocal atenda as
nossas necessidades.
Neste livro apresentamos noções
básicas para melhor conhecê-los,
além de um conjunto de exercícios
para revitalizá-los. O objetivo é
conseguir a boa emissão, a emissão
saudável, tecnicamente denominada
eufonia.
O autor.
A respiração
Todo o desenvolvimento do
complexo craniofacial está
vinculado à respiração nasal.
Pesquisas médicas registram que
desvios do crescimento facial são,
em grande medida, decorrentes de
uma respiração nasal deficiente.
Devemos considerar os
ensinamentos de Drummond acima
alinhavados. Muitas vezes só
damos importância ao que nos falta,
ou ao que perdemos. Basta sentir a
falta de ar - ou a sensação de
respiração incompleta, ou, ainda,
certo desconforto para respirar – e
emergem as preocupações.
Nariz:
principal portal de entrada e saída
do ar, embora também se possa
utilizar a boca para cumprir essa
função.
Faringe
Estabelece a conexão do nariz e da
boca à laringe e ao esôfago,
constituindo a amarração entre dois
aparelhos, o respiratório e o
digestivo. Aqui convêm destacar a
“epiglote”, cartilagem disposta
logo no início da laringe, por detrás
da língua, cuja função é impedir a
comunicação entre a faringe e a
glote no decorrer da deglutição.
Portanto, a epiglote atua como uma
válvula da laringe.
Durante a deglutição – o ato de
engolir os alimentos – a laringe e a
epiglote executam movimentos
opostos: enquanto a primeira se
eleva, a segunda se abaixa. Essa
dinâmica fecha a entrada da laringe,
abrindo passagem do alimento em
direção ao esôfago. Mas, na
respiração é a epiglote que se eleva
mantendo a laringe aberta para a
passagem do ar. No ato de beber
água, por exemplo, essa comporta
se fecha fazendo com que o líquido
escorra pelo esôfago para chegar
ao estômago. Caso a epiglote
permaneça aberta, a água invadirá o
sistema respiratório causando um
acesso de tosse.
Quando inspiramos, fazemos com
que o ar transite das fossas nasais
para a laringe: a epiglote se move
obstruindo a entrada do esôfago
franqueando, assim, o canal correto
para o deslocamento do ar, a
traqueia.
Laringe, a caixa de voz
Tubo ancorado por fragmentos de
cartilagem articuladas, situa-se na
parte superior do pescoço. Exerce
dupla função: trajeto do ar e órgão
de produção do som.
Traqueia
Órgão no formato de um tubo, o
canal cartilaginoso estabelece a
interligação entre as vias
respiratórias superiores e as
inferiores. A parte interna da
traqueia recebe um revestimento
ciliado mucoso que atua como uma
espécie de filtro: retém poeira,
partículas sólidas, bactérias, micro-
organismos e outras substâncias,
purificando o ar conduzido aos
alvéolos e protegendo os pulmões.
Brônquios
Constituem os canais que conduzem
o ar aos pulmões. Os brônquios vão
se ramificando em partes menores,
os bronquíolos. Estes, por sua vez,
conduzem aos dutos alveolares e
aos microscópicos alvéolos
pulmonares. Dotados de uma rede
de vasos sanguíneos, os alvéolos
pulmonares viabilizam as trocas
gasosas.
Bronquíolos
Brônquios e bronquíolos são como
uma árvore, cabendo a estes
últimos o papel de galhos menores,
sub ramificações que penetram nos
alvéolos pulmonares.
O aparelho respiratório é
responsável pela emissão vocal.
Nele incide um conjunto de doenças
e moléstias capazes de
comprometer a emissão da voz:
asma brônquica, bronquite,
resfriado, difteria, gripe, pleurite,
pneumonia e tuberculose.
O contínuo movimento
‘inspiração/expiração’ depende
desses músculos.
Na inspiração, processo em que o
ar é conduzido até os pulmões,
ocorre a contração da musculatura
do diafragma e dos músculos
intercostais. A caixa torácica ganha
volume, o diafragma abaixa e as
costelas elevam-se.
Na expiração o movimento se
inverte para que o ar seja expelido
dos pulmões. Se na inspiração o ar
carrega oxigênio, na expiração
conduz o dióxido de carbono. Aqui,
tanto a musculatura do diafragma
como os músculos intercostais
relaxam: com o ar sendo expelido,
a caixa toráxica se reduz, o
diafragma eleva-se e as costela
abaixam.
1- O Laboratório de Pânico e
Respiração da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
demonstra que 70% dos pacientes
que sofrem de distúrbios de
ansiedade conseguem diminuir em
até 60% a dose de antidepressivos
e ansiolíticos depois de seis meses
de exercícios respiratórios diários
(exercícios de respiração
profunda);
2- O psiquiatra Dr Geraldo
Possendoro, professor de medicina
comportamental da Universidade
Federal de São Paulo, explica que
para quem sofre de pânico, o
treinamento da respiração
diafragmática é o primeiro passo
para a resolução do problema sem
medicamentos;
______
“(...)
Na Universidade Stanford, os
exercícios respiratórios são vistos
como uma ferramenta para enfrentar
a dor crônica com menor grau de
desconforto. "Eles permitem
encarar crises com menos
medicação. A dor crônica tem um
fator emocional, que ativa o sistema
simpático e, consequentemente,
aumenta a tensão muscular. O
controle da respiração permite que
o corpo fique mais relaxado",
explica o anestesista Ravi Prasad,
diretor assistente da divisão de
gerenciamento da dor em Stanford.
Essa é uma área em que ainda não
há estatísticas que confirmem a
relação entre os exercícios e a
melhora do quadro dos doentes.
Mas as evidências são muito fortes,
e há muitos estudos em andamento
que permitirão medir
adequadamente esse efeito. Não
deverá levar muito tempo. Essa é
uma fronteira promissora para a
medicina nos próximos anos. Diz o
cientista americano David
Anderson, dos National Health
Institutes, o órgão responsável por
pesquisas e políticas públicas de
saúde nos Estados Unidos, que
coordena o maior estudo já feito no
país sobre a relação entre
respiração e saúde: "Estou
convencido de que os padrões de
respiração têm grande impacto até
sobre o sistema imunológico".
Por Silvia Rogar. Revista VEJA,
edição 2142. 9/12/2009
(...)”
______
A voz – cuidados
3. os movimentos compassados do
tórax e do abdômen.
25. A letra a:
Alva arisca e arrependida a ardente
e assediada Arlete Alencastro
Alcântara alcançou a alcova antes
do alvorecer.
26. A letra b:
A bêbada e bruta branca Bruna
Bastos dos Bretões brigou berrando
bestas e bárbaras baixarias
baixando bruscamente breves
bravatas que Bastiana Berbeieri
bisou benevolentemente.
27. A letra c:
Curiosamente crível a crueldade
canina do cangaceiro e capataz
Coriolano Cardoso cartomante
cínico cingido por cinqüenta cintos
curtos, mas cortantes.
28. A letra d:
O dadivoso doutor Domênico Daro,
druso e darwinista debochado
debatia sobre o daltonismo das
damas de Damasco quando todos
dispararam em debandada
diretamente para dentro do depósito
de documentos descartados.
29. A letra e:
A edificante estátua edemaciava
eclipsando eczemas a enfatizar a
econometria como estratégia
enigmática para escantear a
estonteante ecúmena encharcada de
eretos errantes.
30. A letra f:
A fábrica dos famosos e fabulosos
facões Fackembauer face à faceira
Ferdinanda feiticeira facilitou a
fabricação de fartos fardos de um
fardamento fedido e felpudo de
feldspato fatalmente fadados ao
fiasco e ao fracasso.
31. A letra g:
Com gestos grandiloquentes e
gritando grosserias Godofredo,
Guibaldirna e Guilevere
granjeavam gaiolas de gaivotas
gaguejando gaiatices no gelado
gabinete do grotesco general
Gualter Gualdêncio grunhindo
graves gravames sobre os gabaritos
de gravetos das galeotas.
32. Letra h:
Habitualmente hábil Honoré de
Horário histrionicamente historiava
sobre a horripilante hachura dos
harmoniosos halterofilistas que
hirta, habitava o horrendo Hades de
Higo Herculiano de Hedeon.
33. Letra i:
35. Letra k:
O karaokê da kafkaniana Katyuska
Kista Khristeen da Kostia Kiria
comportava-se qual kamikaze do
kantianismo.
36. Letra l:
O lacaio Lancerlotius lancetava
lascas de lacraias e lúpulos
lacrimejantes em labaredas
latejantes lacrando líquens do
laboratorista que lamentava o
lamaçal lodacento do
lulosebastianismo.
37. Letra m:
A malévola madrasta de Madalena
Maçaranduba molestava
moleiramente a macérrima e
magnificente Margarida Macieira
Machado com macegas e montes de
micro-malvas macarrônicas que
macaqueava mirando de forma
mórbida e macambúzio na
macadâmia.
38. Letra n:
Nababescamente o narigudo e
narcisista nanquim nocegava a
namorada nonagenária Nueslébida
Nostradamus nadando nu como os
nambiquaras nutrindo natazita de
nabo.
39. Letra o:
Obcecadamente o oblongo, obeso,
otário e ordinário Osvaldo ornava
objetivamente o obelisco oblíquo
tomado por obnubilações e
ofuscações obrigatoriamente
obscurantistas observáveis do
observatório orbital.
40. Letra p:
O pederasta padrasto da
pachorrenta prostituta cheio de
pruridos protagonizava um papelão
paquidérmico pregando peças
pacaembuenses, pichando
patranhas, patacoadas e peraltices
de puerícia.
41. Letra q:
O quadridimensional
quadringentésimo qualificado
quintuplicou os quacacujubas e
quacacujas queixando-se dos quase
quatrocentos quilogramas de
quimioterápicos.
42. Letra r:
Os rabugentos e rastaqueras rabinos
do reinado dos Ruibarbos
raramente requerem ritualísticas
radicais e retumbantes regramentos
para rangar rabanetes e rabanadas,
resgatar ricos relicários,
reconquistar retos rendimentos,
recuperar relíquias e reaver
riquezas.
43. Letra s:
O sábio sabiá sabia que a
saboneteira nada tinha de saborosa
senão o sabor sacro sabugueiro do
sapindáceo com a sacarose do
sumo sacerdote Stendal Scarlet que
em sã-consciência subjugou a
suspeita e sub-reptícia serpente do
Nilo.
44. Letra t:
Tagarelava e tisnava a tralha
tostando totalmente o tabaréu
tenente toscano Temístocles
Tarapuariemo tomado de teníase,
toscos tendões expostos e
trucidados.
45. Letra u:
Uivava o umarizalense Urumatan
Uagadugo untado à uacapurana que
ululava uivos ultrassônicos
ultimando unanimemente ultrajes
ultramarinos.
46. Letra v:
O valente e vaidosos vagabundo
vestido de vermelho vagarosamente
vadiava vomitando vitupérios ao
vendaval vulcânico que vibrava
virulentamente a verruga do Valdir
Vicente Vedana.
47. Letra x:
Os xadrezistas e as xadrezistas
adeptos do xadrezismo xadrezarão
a xilogravura do xerife xarope
xamã xainafugueirus xangô da
xantofila xerimbabo.
48. Letra y:
O yuppie yôga yanomami fã de
yemanjá, yosh e de yin yang pedia
yakisoba, Yakult na loja Yamaha de
yellowstone yasmim
49. Letra z:
O zangado zagueiro Ziraldo
ziguezagueava zaino como um
zepelim zerado zurrando zombarias
zigomorfos zangando da
zingiberácea.
Nos exercícios a seguir, do número
50 ao 61, prenda uma caneta ou
lápis entre os dentes e recite os
versos extraídos do livro Canto da
Terra. O objetivo é melhorar a
articulação das sílabas:
50.
A espera estanca meu tempo
Mas não bole no tempo das coisas
Avassalador tempo das coisas
Meu compasso dissonante agoniza
Completo confronto exasperando a
solidão do aguardar
Insólita acareação
A indiferença do relógio insulta
meu tempo que quero sem tempo
Injúria
Darei ao curso da terra, do ar e dos
mares outro movimento
outro tempo
Meu corpo é alavanca contra o
equilíbrio dos déspotas
Meu tempo é sem tempo.
51.
Se algum dia
me for falar de amor
diga apenas terra
Que amarei como nunca
que amarei como ninguém.
52.
Nascido da terra
À terra tornar
Então porque não ter no durante
a terra para plantar?
53.
Basta!
Parem!
Se não por Deus, por nossa justa e
divina ira
Doravante minha pátria não terá
cercas e porteiras
Haja luz
Nós vamos passar
Nós vamos plantar
Nós vamos viver.
54.
Aos anjos de Eldorado dos Carajás
não permitiram semear a terra
não permitiram sorver a terra farta
não permitiram reviver a terra farta
senão na cova rasa
vermelha de vergonha.
55.
E a terra, Deus
A terra ginga em torno do sol
com o mais belo passo dos
capoeiristas
Cintila bela no ar driblando a
inércia
brincando no ar
Mas há lobos que a terra querem
parar
A terra agora gora
ensimesmada, boquiaberta
com a sanha mesquinha dos que a
querem bruta
e inerte... morta.
56.
A água benta se faz amniótica
para tecer no ventre da terra a vida
E tece uirapurus, bem-te-vis
periquitos aos montões
E veados, capivaras, caititus
seriemas, marrecos, mico prego
E pés de jatobá, de pequi, de jaca
arbustos, árvores, arvoredos
O mundo arvoreja e se embriaga de
verde
O riacho esverdeia o mundo
É Deus criando cílios para os olhos
dos mares.
57.
Aqui somo genti piquena seu Gato
do tamanhinho qui Deus quis fazê
Mas nóis é talhado a fogo
e semo bobo não
Vortemo pra pegá di veiz o que
vosmecê nos tirô e grilô
E nosso pega pode sê di
benquerença
podi sê malequerença
Má qui vai sê duvide não
qui já dicidimu qui vai sê
58.
A terra chora no Pontal
A dor intensa dobra o Santo Paulo
e Santo Paulo suplica, agoniza ante
a vergonha inexplicável
incompreensível
injustificável
Ponta de aço
Palha de aço
Palha de fogo
Os olhos de todos os furacões do
mundo
entreabrem no Pontal
59.
Mapapel
Na palma da mão
O papel mascara o mundo
Esconde dos olhos de Deus
A terra que queremos fértil
A terra que faremos nossa.
60.
O solo sola a nova cantiga
mandioca
Aipi, aipim, macaxeira, pão-de-
pobre
maniva, maniveira
O pó da terra dá luz ao pó da raiz
moída
farinha
farinha seca
suruí
Hoje na mesa tem comida
tem conversa, tem alegria
vida rendendo que só mandioca de
várzea.
61.
Não há cura para um coração
enfermo
Contemplo então o passar vagaroso
do tempo
O segundo assume a duração do
século
Um beijo teu amainaria o
sofrimento
Mas não estancaria a sangria injusta
da terra de um dono.
Na próxima sequência de
exercícios – do número 62 ao 73 –
você deverá declamar os poemas
(do conjunto de exercícios anterior)
com os lábios encobrindo
totalmente os dentes.
Na sequência seguinte – do
exercício 86 ao 95 - os alunos
deverão formar duplas com um
postado à frente do outro. Os textos
a serem interpretados podem ser os
mesmos. Todos foram extraídos da
peça teatral de minha autoria,
“Sísifo, o rei de Corinto”. O
primeiro aluno diz o texto e a seguir
dá um passo para trás. Então é a
vez do segundo aluno, que após
interpretar o texto dá o seu passo
para trás. Volta ao primeiro aluno
que repete o procedimento. E
depois, novamente o segundo aluno.
E assim sucessivamente. À medida
que se distanciam, dando o passo
atrás, os alunos devem falar mais
alto e com as palavras melhor
articuladas:
86.
Sísifo – Corri até a corte do deus-
rio, do rei Asopo. O pobre pai se
encontrava num estado de causar
pena, de causar dó, num estado
deplorável, miserável. Para ser
sincero, encontrava-se na tênue
linha que separa a sanidade da mais
completa demência, tamanha a dor
pelo sequestro da filha Egina.
Desesperado, batia com a cabeça
no pilar de mármore, inconformado
com o sumiço da filha querida.
Então eu respirei fundo, bem fundo,
tirei do coração toda a coragem que
consegui acumular em toda a minha
vida, e falei ao deus-rio. “Asopo,
tenho como ajudá-lo a encontrar a
filha que tanto amas. Mas exijo algo
em troca”.
87.
Sísifo – Terrível é a palavra certa,
a palavra apropriada. Terrível.
Nenhuma outra poderia expressar
tão plenamente a adversidade que
provoquei. Sim meus súditos. Lá de
cima do Olimpo Júpiter a tudo via,
pressentia. Vigiava cada um dos
meus passos, mirava cada um dos
meus gestos, esquadrinhava cada
uma de minhas intenções. E em
razão do que fiz acumulou toda a
raiva, ódio e rancor que um
poderoso deus pode acumular.
Então Júpiter ordenou que a Morte,
em pessoa, viesse ao meu encalço.
88.
Sísifo – Longe de mim. Já disse.
Longe de mim coisa nefasta.
Afaste-se que sua presença aqui
não é bem-vinda. Nenhum motivo
existe que justifique sua presença
neste palácio. Não há aqui ninguém
que apresente sinais de
enfermidade. Não há aqui
prenúncios de tragédias ou
acidentes. Por isto sua presença
neste recinto é por inteiro
injustificada. Não há aqui uma só
alma que possa levar.
89.
Sísifo – Sou o rei de Corinto. Um
rei justo e destemido. A prudência e
a sabedoria medem cada uma de
minhas decisões. Mantenho meu
povo distante das guerras e dos
conflitos para fazer florescer aqui a
paz e a fraternidade. Quem
cometeria tamanha insensatez de
curtir desejos de vingança contra o
rei de Corinto? Quem?
90.
Morte – Foi Júpiter quem me
incumbiu de, pessoalmente, caçá-
lo, de esquadrinhar cada
esconderijo da terra para extirpar o
que lhe resta de vida.
91.
Morte – Posso te dar a morte
branda, calma, indolor. Mas para os
que resistem ao fatídico, entrego a
morte mais brutal, mais
avassaladoramente cruel.
92.
Morte – Pois bem. Vou cometer
uma última generosidade. Satisfazer
o último desejo de quem já se
encontra no limbo, na tênue linha
que separa a luz das trevas, a vida
da morte. Vou satisfazer seu
derradeiro desejo antes de extirpar
o último sopro de vida.
93.
Morte – Não foi dizer à Asopo, o
deus-rio da Grécia, que a filha
dele, Egina, foi raptada pela águia
de júpiter? E conduzida nas garras
da ave de rapina para uma ilha
distante e longínqua? Não foi isso
que foi contar ao deus-rio Asopo?
E não trocou, barganhou, vendeu
essa informação recebendo em
pagamento uma fonte inesgotável de
água límpida e cristalina para a
cidade de Corinto? Cometeu essa
vilania contra Júpiter, o mais
poderoso dos deuses ou estarei
mentindo? Depois dessa, dessa,
dessa ignominiosa conspiração o
que poderia esperar de Júpiter? O
que, Sísifo? Vamos, responda, o
que poderia esperar?
94.
Morte – Pois agora já está claro
que o preço da ousadia será alto,
imensurável. Será impagável, caro
Sísifo, impagável. Júpiter está
colérico, possesso, transtornado,
fora de si, indignado com tamanha
desfeita. Tão logo você deu com a
língua nos dentes, o deus-rio Asopo
foi ter com Júpiter, foi tirar
satisfações, exigir a filha de volta.
Coitado. Foi fulminado por um raio
terrível lançado por Júpiter. O
deus-rio tornou-se pó, cinzas. E
agora Júpiter quer por que quer a
sua cabeça. Não conseguirá dormir
em paz enquanto não completar sua
vingança.
95.
Júpiter – Que audácia a desse
mortal. Foi dar com a língua nos
dentes, foi contar dos meus planos à
Asopo, foi dizer que raptei a filha
do maldito deus-rio da Grécia.
Plutão, Plutão. Eu, pessoalmente,
pessoalmente, despachei a Morte,
entende? Entende, irmão? Eu,
pessoalmente, despachei a Morte
com ordens mais que explícitas
para extirpar o último sopro de
vida do audacioso rei de Corinto.
Explique, explique, então, como é
que esse miserável mortal
conseguiu dobrar a invulnerável
Morte? Explique, irmão. Não
entendo, não consigo entender.
96.
Eu não fui; não, não fui, disto tenho
certeza. Não me venhas com
subterfúgios que esta culpa não
carregarei nos ombros.
97.
Afaste de mim essa terrível
suspeita. Não matei ninguém.
98.
Sim, é verdade, só eu estava aqui,
mas poderia ser qualquer um, até
mesmo você.
99.
Estou com a faca, mas juro que não
tenho nada a ver com isso. Você
esteve aqui primeiro.
100.
Já me acusou de tudo, só faltava
mesmo essa. Pois assim como me
acusa, me dá também o direito de
acusá-lo. Pois eu afirmo, afirmo
sim, afirmo com todas as letras do
alfabeto que o culpado é você, não
eu.
101
Todos proclamam a minha
inocência. Já quanto a sua...
102.
Podem dizer cobras e lagartos de
mim. O que importa é que minha
consciência está limpa, leve,
tranquila. Já não diria o mesmo
sobre a sua.
103.
O fato de ser um pastor protestante
não o torna santo e infalível. Não
passa de um homem como qualquer
um de nós. Um homem, um reles
mortal sujeito aos instintos
perversos da inveja, da intriga, da
vingança. Ele me acusa. Mas eu sei,
eu sei que o culpado é você.
104.
Ninguém conseguiu apresentar uma
prova sequer contra a minha
pessoa. Então porque me acusam
com essa arrogância? Se é para
acusar de forma gratuita e leviana,
então serei o primeiro a provocar.
Quem assassinou Petrúcio, foi
você, você, não eu.
105.
Minha pena eu cumpri. Passei
dezoito anos na masmorra,
comendo o pão que o demônio,
pessoalmente, fez questão de
amassar. E você sabe que não tive
nada a ver com aquilo. Você sabe,
Maria, que a responsabilidade por
aquela desgraça foi sua, toda sua.
Não foi minha, não foi de Zeca, não
foi de mais ninguém. Foi sua, só
sua.
107. tessalonicensses
paralelepípedo
otorrinolaringologista;
108. tessalonicensses
otorrinolaringologista
paralelepípedo;
109. paralelepípedo
otorrinolaringologista
tessalonicensses;
110. paralelepípedo
tessalonicensses
otorrinolaringologista;
111. otorrinolaringologista
tessalonicensses paralelepípedo;
112. otorrinolaringologista
paralelepípedo tessalonicensses.
121.
Pneumoultramicroscopicossilicovulc
São 46 letras: doença pulmonar
aguda causada pela aspiração de
cinzas vulcânicas.
122.
Pneumoultramicroscopicossilicovulc
Palavra com 44 letras relativo à
palavra anterior.
123.
Paraclorobenzilpirrolidinonetilbenzim
Com 43 letras, este vocábulo é o
nome de uma substância presente
em medicamentos.
124.
Piperidinoetoxicarbometoxibenzofeno
Com 37 letras, esta palavra, como a
anterior, denomina uma substância
presente em medicamentos.
125.
Tetrabrometacresolsulfonoftaleína.
35 letras, termo específico da área
de química.
126.
Dimetilaminofenildimetilpirazolona.
Com essas 34 letras, denominamos
uma substância ativa em
comprimidos para dor de cabeça.
127.
Hipopotomonstrosesquipedaliofobia.
Com 33 letras, esta palavra é
sinônimo de sesquipedaliofobia,
"doença psicológica caracterizada
pelo medo irracional de pronunciar
palavras extensas e complicadas,
científicas, ou pouco usuais na
linguagem coloquial; sob pena do
ridículo".
128.
Monosialotetraesosilgangliosideo.
32 letras para escrever essa
substância presente em
medicamentos.
129.
Anticonstitucionalissimamente.
Com 29 letras, este é o maior
advérbio da língua portuguesa,
significando o mais alto grau de
inconstitucionalidade, um sistema
político contrário à constituição.
130. Inconstitucionalissimamente.
Vocábulo sinônimo de
anticonstitucionalissimamente,
conta com 27 letras.
131. Oftalmotorrinolaringologista.
Com 28 letras, essa palavra
significa o médico especialista
tratar doenças dos olhos, ouvidos,
nariz e garganta.
132. Diclorodifenitricloroetano.
Mais conhecido pela sigla DDT, o
produto é utilizado como inseticida.
Tóxico agudo, seus efeitos se
manifestam em algumas horas. 26
letras.
133. Otorrinolaringologista.
Parte da Medicina que se ocupa do
estudo e do tratamento das doenças
dos ouvidos, do nariz e da garganta.
22 letras.
b) papibaquigrafo acessibilidade
pajamarioba catastroficamente
versitergeremos admoesta homizio
pacóvio pacóvio perscrutar
rubicundo escleromorfismo
oligotrófico.
Nos exercícios seguintes
pronunciaremos, com bastante
rapidez, um conjunto de
travalínguas. O Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa
define “Travalinguas” como o
exercício oral que consiste em
articular, com rapidez e sem
enganos, frases ou sequências de
palavras com segmentos difíceis de
pronunciar (ex.: três tristes tigres).
169.
Pedro tem o peito preto,
O peito de Pedro é preto;
Quem disser que o peito de Pedro
não é preto,
Tem o peito mais preto do que o
peito de Pedro.
170.
Galinha que cisca muito
Borra tudo e quebra o caco,
pois agora você diga
certo, sem fazer buraco,
Aranha arranhando a jarra
e o sapo socando o saco.
171.
Um ninho de mafagafa
Com sete mafagafinhos
Quem desmafagaguifá
Bom desmafagaguifador será.
172.
Olha o sapo dentro do saco
O saco com o sapo dentro
O sapo batendo papo
E o papo soltando vento.
173.
Lá vem o velho Félix
Com um fole velho nas costas
Tanto fede o velho Félix
Como o fole do velho Félix fede.
174.
Quando toca a retreta
Na praça repleta
Se cala o trombone
Se toca a trombeta.
Figura 7
175.
Atrás da pia tem um prato
Um pinto e um gato
Pinga a pia, apara o prato
Pia o pinto e mia o gato.
176.
Tecelão tece o tecido
Em sete sedas de Sião
Tem sido a seda tecida
Na sorte do tecelão.
177.
Três pratos de trigo
Para três tigres tristes.
178.
O rato roeu a roupa
Do rei de Roma
179.
Pinga a pipa
dentro do prato.
Pia o pinto e mia o gato.
180.
Quem a paca cara compra,
cara a paca pagará.
181.
O peito do pé do pai do padre
Pedro é preto.
182.
O bispo de Constantinopla
Quer se desconstantinopolizar
Quem conseguir
desconstantinopolizar
O bispo de Constantinopla
Bom desconstantinopolizador será
183.
Num jarro há uma aranha.
Tanto a aranha arranha o jarro
como o jarro arranha a aranha.
Se a aranha arranha a rã,
se a rã arranha a aranha,
como a aranha arranha a rã?
Como a rã arranha a aranha?
184.
Aranha, tatanha, aranha tatinha,
tatú é que arranha a tua taperinha.
185.
Lá em cima daquele morro tem uma
arara e uma aranha.
Quando a aranha arranha a arara a
arara arranha a aranha.
186.
A vaca mocreia malhada foi
molhada por outra vaca mocreia
molhada e malhada.
187.
A mulher barbada tem barba boba
babada e um barbado bobo todo
babado!
188.
A vida é uma sucessiva sucessão de
sucessões
que se sucedem sucessivamente,
sem suceder o sucesso...
189.
Atrás da porta torta tem uma porca
morta.
190.
A naja egípcia gigante age e reage
hoje, já.
191.
A babá boba bebeu o leite do bebê.
192.
A rua de paralelepípedo é toda
paralelepipedada.
193.
A chave do chefe Chaves está no
chaveiro.
194.
A pipa pinga, o pinto pia.
195.
A pipa pinga, o pinto piará babá
boba bebeu o leite do bebê.
196.
Bagre branco, branco bagre.
197.
Blusa de ceda preta.
198.
Bote a bota no bote e tire o pote do
bote.
199.
Caixa de graxa grossa de graça.
200.
Cozinheiro cochichou que havia
cozido chuchu chocho num tacho
sujo.
201.
Cinco bicas, cinco pipas, cinco
bombas.
Capa parda, parda capa.
Chega de cheiro de cera suja.
Capa parda, parda capa.
Debaixo daquela pia tem um pinto;
pia ó pinto, pinga a pipa; a pipa
pinga, o pinto pia.
202.
Fui à loja do Sr. Bolas comprar
bolas, mais eis que bolorentas
balbuciei bestas bobagens.
Ora bolas para o Sr. Bolas que não
tinha belas bolas na besuntada loja
das bolas.
203.
Fia, fio a fio, fino fio, frio a frio.
204.
Gato escondido com rabo de fora
tá mais escondido que rabo
escondido com gato de fora.
205.
Larga a tia, lagartixa! Lagartixa,
larga a tia!
Só no dia que sua tia chamar
lagartixa de lagartinha!
206.
Lá de trás de minha casa
Tem um pé de umbu botando umbu
verde,
umbu maduro, umbu seco, umbu
secando.
207.
Luiza lustrava o lustre listrado; o
lustre lustrado luzia.
208.
Maria-mole é molenga.
Se não é molenga, não é maria-
mole.
É coisa malenolente, nem mala,
nem mola, nem maria, nem mole.
209.
Nunca vi um doce tão doce
como este doce de batata-doce.
210.
Não sei se é fato ou se é fita,
Não sei se é fita ou fato.
O fato é que você me fita
E fita mesmo de fato.
211.
Num ninho de maçarico.
Três maçaricozinhos há.
Quem os desmaçariquizar,
Bom desmaçariquizador será.
212.
0 desinquivincavacador das
caravelarias desinquivincavacaria
as cavidades que deveriam ser
desinquivincavacadas.
Como caracterizar a
personagem: a identidade, a
voz
II – Coleção Infantil:
(peças teatrais infanto-juvenis)
Livro 1. Não é melhor saber dividir
Livro 2. Eu compro, tu compras, ele
compra
Livro 3. A cigarra e as
formiguinhas
Livro 4. A lebre e a tartaruga
Livro 5. O galo e a raposa
Livro 6. Todas as cores são legais
Livro 7. Verde que te quero verde
Livro 8. Como é bom ser diferente
Livro 9. O bruxo Esculfield do
castelo de Chamberleim
Livro 10. Quem vai querer a nova
escola
VI – ThM-Theater Movement:
Livro 1. O teatro popular de
bonecos Mané Beiçudo: 1.385
exercícios e laboratórios de teatro
Livro 2. 555 exercícios, jogos e
laboratórios para aprimorar a
redação da peça teatral: a arte da
dramaturgia
Livro 3. Amor de elefante
Livro 4. Gravata vermelha
Livro 5. Santa Dica de Goiás
Livro 6. Quando o homem engole a
lua
Livro 7. Estrela vermelha: à
sombra de Maiakovski
Livro 8. Tiradentes, o mazombo
Livro 9: Teatro total: ThM - a
metodologia Theater Movement
Livro 10: Respiração, voz e dicção
para professores, atores, cantores,
profissionais da fala e para os que
aspiram a boa emissão vocal –
teoria e mais de 200 exercícios.