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MESAS DE SOM

Mesa de som, console ou mixer querem dizer a mesma coisa. São misturadores de sons.
Costumamos chamar de mixers as mesas dos DJs e pequeninas mesas, usadas, por exemplo,
por tecladistas em shows. Já o termo console é mais associado aos modelos de grande porte.
Visto como um luxo por alguns que
começam a adquirir seus equipamentos ou
como um verdadeiro bicho-de-sete-cabeças
por outros, o item central de qualquer
estúdio costuma ser desprezado por muitos
daqueles que estão se iniciando no universo
da produção musical ou da gravação de
áudio, atrasando o seu desenvolvimento.
É quase impossível operarmos um
estúdio sem a mesa, e ela é um dos
principais componentes que garantem ou
comprometem a qualidade do nosso som.
Mesmo os mini-estúdios baseados num
computador com uma placa de som de dois
canais dependem da mesa virtual incluída
no programa de gravação.
Essas mesas virtuais, contudo, não possuem entradas para os microfones ou para os
instrumentos. E conectar e desconectar as fontes sonoras a toda hora pode danificar uma placa
de som mais frágil. As mesas são mais robustas do que as placas de som.
Os microfones trabalham em
níveis de volume bem abaixo dos
instrumentos eletrônicos e demais
aparelhos de som, como tocadores de
CD, de MiniDisc, teclados, baterias ou
mesas e placas de som. Para operarem
em níveis compatíveis com os dos
demais aparelhos, os microfones
precisam ser pré-amplificados, isto é,
amplificados antes de entrarem no
sistema de som.
Podemos utilizar pré-amplificadores avulsos para os microfones e enviar o som dali
para a placa de som. Existe uma grande quantidade de bons modelos no mercado. Por outro
lado, podemos utilizar os preamps dos canais de uma mesa de som, o que costuma sair bem
mais em conta. Há também placas de som com ótimos preamps
(ou ótimos preamps que também são placas de som!). Desde
que tenham qualidade suficiente para não desconstruir nosso
projeto, podemos usar uns ou outros. (Veja mais em Microfones
e Captação).
Mesmo os produtores que não pretendem jamais usar
sons captados fora do computador, isto é, os que só usam sons
sampleados e colhidos na internet ou em CDs, terão que mixar

© 2006 Sérgio Izecksohn – Curso de Home Studio.


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(misturar) as partes do seu arranjo em uma mesa virtual com o apoio de inúmeros plug-ins.
Que, não por acaso, costumam ser iguaizinhos às mesas analógicas
e aos efeitos conectados a elas.
Assim, compreender o funcionamento dessas mesas e o
endereçamento dos canais é útil para todos nós, usuários ou não.

Modelos. Hoje, há uma imensa variedade de


marcas e modelos de mesas para home studios. Todos são
iguais e todos são diferentes. Iguais porque se baseiam nos
mesmos recursos, nos mesmos conceitos; diferentes
porque varia a quantidade de cada recurso (canais, por
exemplo), variam os nomes atribuídos a eles pelos
fabricantes, variam as posições dos controles e dos
conectores, além de outras variações de design e a
presença ou a ausência de cada recurso nas mesas
menores.
Cada fábrica oferece grande variedade de modelos
analógicos, digitais e até mesmo mesas híbridas, com
entradas e controles analógicos e conversores digitais para

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conexão direta com o computador (firewire e USB).


As marcas mais em evidência nos mercados mundial e
brasileiro, seja pela qualidade, seja pela boa relação
custo/benefício têm sido a Allen & Heath, a Behringer, a Mackie,
a Phonic, a Soundcraft, a Tascam e a Yamaha. Há inúmeros
outros fabricantes, alguns mais dedicados a mesas de grande porte
ou mesas para eventos ao vivo. Estas mesas de P.A. também
poderão ser usadas por nós, desde que tenham preamps e
equalizadores de som claro e limpo, sem causar distorções nem adicionar ruídos.
Mesas analógicas. Grosso modo, essas mesas se
resumem a dois tipos de recursos: volumes e conexões. Os
volumes, aqui, se referem aos controles de intensidade, aos
níveis dos efeitos, ao balanço de cada som à esquerda e à
direita do campo auditivo, aos níveis de graves e agudos, ao
volume geral e aos volumes de saída para os monitores e para
os fones. As conexões são as entradas e saídas de som, através
de conectores e cabos diversos, mas incluem também o
endereçamento interno de uma seção da mesa para outra.
Seções da mesa. Os controles da mesa analógica se
agrupam em duas seções principais: os canais de entrada e a
seção máster, ou principal. Os conectores são sempre relativos
a uma seção ou a outra.
Máster. Também é conhecida como mix, main(s), main
mix, left/right, L-R e quantos outros nomes a inspiração do
pessoal do marketing das companhias conseguir conceber. São
os controles mestres, principais ou gerais da mesa. Por
exemplo, se abaixarmos o volume máster, composto de um ou
dois faders que controlam o nível geral dos canais masters de
saída, cortamos o som de toda a mesa. Os controles coletivos
de endereçamentos auxiliares para efeitos também se
localizam nesta seção.
A maioria dos controles da seção máster é relativa às
funções dos canais de entrada. Assim, a melhor maneira de
compreendermos tudo isto é conhecer os canais. Compreender
os canais permite entender a mesa toda. Para nossa sorte,
mesmo que sejam muitos, eles são todos iguais.
Canais de entrada. Têm a forma de uma fileira
vertical de botões deslizantes (os chamados faders), giratórios
(knobs) e chaves ‘liga-desliga’, as switches. Geralmente, o
canal consiste num pré-amplificador com controles do volume,
do equalizador, do panorama estéreo, controles auxiliares e de
endereçamento do áudio.
Conectores de entrada. Os canais das mesas atuais
costumam ter uma entrada XLR (Cannon) e outra P10. Se
ligarmos um instrumento através de uma direct box, ou o cabo
de um microfone, usaremos à entrada XLR. Caso a fonte
sonora seja um instrumento elétrico ou eletrônico, como um

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baixo ou um teclado, podemos usar cabos desbalanceados na entrada P10, desde que os cabos
sejam curtos (poucos metros) e de boa qualidade. (Veja mais em Cabos e Conectores.)
Ajustes de ganho e volume. Como os microfones têm níveis de
intensidade do sinal mais baixos (baixa impedância) do que outras fontes de
alta impedância, como os teclados e outros aparelhos de som, precisaremos
calibrar todos esses níveis para que todas as fontes sonoras possam atuar
juntas e equilibradas.
Após conectarmos a fonte sonora à entrada do canal, vamos ajustar
seu ganho ou seu volume de entrada.
Junto às entradas de cada canal da mesa, costuma haver uma chave
“MIC/LINE”. Ou, então, temos uma entrada com a inscrição “MIC” e outra
entrada “LINE”. Escolhemos a entrada ou a posição da chave de acordo
com a fonte sonora: baixa impedância em MIC e alta impedância em LINE.
Temos, então, que nivelar os canais de entrada para que cada
instrumento ou microfone possa “encher” o canal com o seu sinal. Quanto
mais sinal obtivermos, menor o ruído na hora de mixar o produto final. Se
captássemos um sinal fraco, teríamos que amplificá-lo na mixagem. Neste
caso, o ruído (gerado durante a gravação e a mixagem pelos cabos que ligam
a mesa ou o preamp à placa de som) cresceria na mesma proporção.
Por outro lado, se exagerarmos o nível de entrada, teremos a
saturação do circuito do preamp e conseqüentes distorções do sinal original.
O meio-termo, aqui, é chegar perto do limite, sem superá-lo. Muitos
manuais chegam a dizer “work in yellow!” (trabalhe no amarelo), ou seja,
leve os picos de volume à faixa de LEDs (indicadores luminosos) amarelos.
Nem distorceremos o som nem daremos chance para que os ruídos tenham
um papel de destaque na nossa mixagem final.
Para ajustarmos o ganho, temos que neutralizar o fader
(atenuador/reforçador de volume), geralmente situado na parte inferior do
canal. Temos duas opções: se houver uma chave chamada PFL (Pre Fade
Listening ou audição pré-fader), ela “desliga” o fader, deixando o sinal com
o seu nível nominal de entrada, sem aumentar nem diminuir este nível. Se a
mesa não tiver o PFL, deslizamos o fader até a posição “0 dB” (zero
decibel), com o mesmo resultado.
Com o músico tocando ou cantando o trecho mais forte da canção,
aumentamos o botão “GAIN” ou “TRIM” (no alto do canal ou junto dos
conectores) até os indicadores do LED chegarem na zona amarela, sem
deixar que apareçam as luzes vermelhas (“PEAK”, ou pico).
Repetimos a operação canal por canal. Daí em diante, deixamos os
botões de ganho e qualquer ajuste de volume será realizado através dos
faders.
Controles do panorama estéreo. Os botões de “PAN” permitem
mover o som de cada instrumento ou voz para o centro, ou gradativamente
para a esquerda ou a direita. Com isso, posicionamos as partes de nosso
arranjo e criamos o efeito estéreo ou estereofônico.

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Vamos supor que o sinal de cada canal esteja sendo enviado para as saídas máster
esquerda e direita (ou L-R) para ser ouvido nos monitores. Metade do sinal é enviada por
dentro da mesa para o máster esquerdo e a outra metade para o máster direito. Isto acontecerá
enquanto o botão de PAN estiver na posição central.
Quando giramos o PAN de um canal para a direita, por exemplo, o volume daquele
canal será aumentado na saída máster direita e diminuído no máster esquerdo. Quanto mais
girarmos o botão, maior será a diferença. Se virarmos o PAN para a esquerda, teremos o efeito
simétrico: o som se moverá para a esquerda. Com o PAN no centro e, portanto, o mesmo nível
nos dois monitores, nossos dois ouvidos percebem sinais idênticos e o cérebro interpreta o
som como estando “no meio”.
Um instrumento estéreo (teclado, bateria, CD player) tem duas saídas
(L-R) conectadas a dois canais da mesa. Para manter o efeito estereofônico,
giramos o PAN do canal esquerdo todo para a esquerda e o PAN do canal
direito todo para a direita.
Também usamos o PAN com funções de endereçamento para gravação
e outras, que veremos mais à frente.
Canais estéreo. As mesas para home studios também costumam
ter canais estéreo de entrada. Os sons das saídas esquerda e direita do
instrumento são enviados para dois conectores P10 (L-R), controlados por
uma única fileira de botões e enviados para as saídas da mesa,
automaticamente, um pela esquerda e o outro pela direita, como um
amplificador de som estéreo comum. Neste caso, o controle PAN é
substituído pelo balance (BAL) ou balanço. Este,literalmente, balanceia
os sinais esquerdo e direito da fonte sonora estéreo, equilibrando os dois
níveis ao aumentar um lado enquanto automaticamente diminui o nível do
outro lado.
Para ouvidos menos treinados, o efeito do BAL é semelhante ao
do PAN. A diferença é que o PAN dosa quanto de um sinal mono vai
para a saída esquerda e quanto vai para a saída direita, enquanto o BAL
dosa os volumes de dois canais, o esquerdo e o direito, enviando-os
respectivamente para as duas saídas.
Os canais estéreo costumam ter só entradas P10 de “linha”, sem a
presença do controle de ganho.
Mudo. A chave MUTE (mudo) corta o som de um canal, evitando
movimentos desnecessários no fader.
Solo. Esta chave, usada na fase inicial da gravação ou da mixagem
(a “passagem de som”), permite ouvirmos o sinal de um só canal (ou de
só alguns) para facilitar certos ajustes, como, por exemplo, isolarmos o
baixo e o bumbo para equalizarmos seus timbres. Durante a gravação ou
a mixagem propriamente ditas, as chaves SOLO devem permanecer
desligadas.
Equalizadores (EQ). Representados pelos botões azuis nas
figuras, controlam o timbre de cada fonte sonora, ajustando os níveis dos
graves, dos médios e dos agudos.

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Dependendo do modelo, os canais das mesas podem ter desde simples controles de
grave (LO ou Low) e agudo (HI ou High) até poderosos equalizadores paramétricos com
varredura em várias bandas de freqüências.
É mais comum as mesas apresentarem controles de freqüências baixas (abaixo de 80
ou 100 Hz), médias (em torno de 1 ou 2,5 kHz) e altas (acima de 10 ou 12 kHz). As mesas
maiores têm uma ou duas faixas de paramétricos nos médios, mais controles simples de
tonalidades aguda e grave. Veja mais em Equalizadores.
Canais auxiliares. Nas figuras, os knobs auxiliares são aos vermelhos (AUX 1, AUX
2...). Controlando os níveis de diversas funções (efeitos, monitores, saídas alternativas para
gravação), podem ser chamados de auxiliares (AUX), seu nome genérico, de EFFECT, EFX,
FX (efeitos) ou também de MONITOR ou MON (monitor).
Os conectores de saída dos canais auxiliares
podem se chamar AUX SEND, SEND OUT, AUX OUT e
os de entrada, AUX RETURN, RETURN IN ou AUX IN.
Send é o mando, o ato de mandar, no caso, mandar o som
para algum lugar como um processador de efeitos ou um
amplificador de monitores.
Os técnicos brasileiros, com sua inspiração
infinita, criaram o termo “mandada”, que já se
institucionalizou no meio do áudio profissional, por assim
dizer. A “mandada” de efeitos ou a “mandada” de
monitor é nada mais, nada menos que a conexão AUX
SEND. Já a ‘volta’ do efeito é a conexão de entrada AUX
RETURN. O som é enviado ou mandado da mesa para o processador de efeitos e o efeito ali
criado retorna para a mesa.

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Efeitos. Um controle auxiliar ou de efeitos determina quanto sinal de um canal será


enviado até um processador de som, tal como um reverberador ou delay (eco), pelas saídas
auxiliares da mesa, de forma que um mesmo processador possa ser usado por vários canais em
intensidades diferentes.
Os sons de diversos canais, devidamente misturados, são enviados por uma saída
auxiliar (mono ou estéreo) até o processador, retornando á mesa por uma entrada ou retorno
auxiliar (mono ou estéreo) e misturados aos sons originais (‘secos’) a partir do instante em que
se juntam no máster e são enviados para nossos ouvidos pelos monitores.
Para compreendermos bem, vamos exemplificar aplicando o efeito de reverberação a
três fontes sonoras: uma voz, um violão e um baixo. Queremos muito efeito na voz, pouca
reverberação no violão e nenhuma reverberação no baixo.
A solução é extremamente
simples: em cada canal, temos um
controle Aux 1. Giramos bastante esse
controle no canal da voz, só um pouco no
canal do violão e deixamos esse controle
fechado no canal do baixo. Pronto! A voz
reverbera mais que o violão e o baixo
permanece seco.
O truque consiste no seguinte:
enquanto os sons da voz, do violão e do
baixo vão para o máster com os volumes
que estipulamos nos respectivos faders,
réplicas suas vão para a saída Aux Send 1
com os volumes determinados pelos
controles Aux 1 de cada canal.
No exemplo, os sons da voz e do
violão vão para o reverberador pela saída
Aux Send 1. Mais som de voz do que de
violão, já que os botões foram regulados
diferentemente.
O reverberador, portanto, gera
mais efeito de voz do que de violão. E é
isto o que sai do reverberador: muito
efeito de voz e pouco de violão.

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O sinal gerado pelo reverberador vai para a mesa, entrando pelos canais auxiliares de
retorno ou “Aux Return”. Na mesa, o som do reverberador tem o nível controlado por um knob
acima do máster chamado Return 1.
O reverberador fica ajustado no nível máximo do efeito para que os sons originais da
entrada não saiam junto com a reverberação criada. Então, só a reverberação entra na mesa
pelo Return. A intensidade de cada som continua sendo ajustada no seu fader e a intensidade
do efeito sobre cada som é ajustada no botão auxiliar do seu canal.
Temos quatro fontes sonoras chegando à seção máster: a voz, o violão, o baixo e o
reverberador. São cinco sonoridades ao todo: a voz, a reverberação da voz, o violão, a
reverberação do violão e o baixo.
Acontece que o cérebro humano só consegue distinguir três desses sons, assim
combinados: a voz com muita reverberação, o violão com pouca reverberação e o baixo seco,
sem efeito. Este é o verdadeiro truque.
Conexão de vários efeitos. Usando um segundo processador de efeitos, como um
defasador, mais conhecido como Phaser, queremos aplicá-lo no baixo com bastante
intensidade e, em menor intensidade, também no violão. Continuando em nosso exemplo, não
queremos adicionar este efeito à voz.

Basta agora usarmos as conexões e


os controles AUX 2. Nesta segunda fileira
de botões auxiliares, deixamos o auxiliar
dois fechado no canal da voz, pouco
aberto no canal do violão e mais aberto no
canal do baixo.
Isto é suficiente para termos o
efeito desejado, desde que tenhamos feito
as ligações corretas.
Na mesa, a saída Aux Send 2 envia
os sons do baixo e do violão (mais fraco)
para a entrada do processador de Phaser e

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a saída dele ‘retorna’ com o efeito para a entrada Aux Return 2 da mesa de som.
Temos agora sete sons chegando ao máster da mesa por cinco entradas: três canais
com a voz, o violão e o baixo e os dois canais auxiliares com o reverberador e o phaser.
Os sete sons são a voz, a reverberação da voz, o violão, a reverberação do violão, o
phaser do violão, o baixo e o phaser do baixo.
No entanto, continuamos ouvindo só três elementos: 1) a voz com muita reverberação;
2) o violão com pouca reverberação e pouco phaser; 3) o baixo com muito phaser.
Monitor. Os conectores auxiliares podem enviar mixagens alternativas aos monitores
e fones de palco ou estúdio para os músicos, que muitas vezes precisam ouvir uma mixagem
diferente daquela escutada pelo produtor no estúdio ou pelo público num evento.
É só conectar a saída Aux send a um amplificador de fones ou de monitores de palco.
Com os controles auxiliares de mesmo número, o operador realiza nova mixagem na mesa e a
envia exclusivamente para aquele amplificador.
Pre-fader e post-fader. Pré e pós: antes e depois. Usamos os controles auxiliares para
nivelar os efeitos ou a monitoração dos diversos canais. São procedimentos distintos e,
embora utilizem o mesmo recurso da mesa de som, têm características e necessidades
diferentes.
Quando adicionamos um efeito a um canal, o controle auxiliar deve depender do
volume do canal ajustado no fader. Se aumentarmos ou diminuirmos o volume da voz, o nível
do efeito deve ser sempre proporcional a ele.
Porém, quando enviamos uma mixagem alternativa ao monitor de um músico, através
da saída Aux send, o controle auxiliar dosa o volume de cada canal para o músico, enquanto o
fader ajusta o volume daquele mesmo canal para o público, através das saídas máster. Por esta
razão, aqui, fader e auxiliar devem ser independentes um do outro. Cada um com o seu
volume.
Nas mesas, o botão pre/post fader, ou apenas PRE, indica se o sinal de entrada que
chega ao auxiliar passa antes pelo fader (post fader) ou se o sinal se bifurca em “Y”, indo para
o auxiliar uma réplica do sinal que vai para o fader, mas com níveis independentes um do
outro.
Em resumo, o mais comum é ajustarmos a posição pre quando usamos a saída como
monitor e a posição post quando a saída é para os efeitos.
As saídas diretas enviam o som de cada canal de entrada diretamente à entrada da
placa de som para gravação.
Os subgrupos ou submasters são canais coletivos que gerenciam outros canais. Por
exemplo, se temos vários canais onde entram os sons das peças de uma bateria ou de um naipe
de instrumentos de sopro, podemos agrupá-los e equalizá-los em separado.
Numa mixagem, isto é muito útil para controlarmos o volume de toda a seção de
sopros ou de toda a bateria. Os volumes individuais continuam controlados nos canais, mas o
volume do grupo também pode ser controlado com o uso de um único fader ou um par estéreo
de faders.
Como os subgrupos também têm suas saídas diretas, podemos usar estes conectores
para enviar os sons até a placa de gravação.
Enviando o som de um canal para uma pista de gravação através de um subgrupo,
dispensamos o uso da saída direta do canal. Com isso, não temos que conectar os cabos entre a

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mesa e a placa de som toda vez que formos gravar por uma entrada ou por outra. Os cabos
permanecem conectados dos subgrupos da mesa às entradas da placa de som. Para enviar o
som para algum subgrupo, basta apertar o botão com o número do par de subgrupos que fica
ao lado do fader do próprio canal.
Enviamos os sons dos canais de entrada para os canais subgrupos ou para os canais
masters acionando chaves (1/2, 3/4, 5/6, 7/8, MASTER etc., dependendo do porte da mesa,) .
Essas chaves ficam situadas ao lado do fader de cada canal. Mandam o som do canal para o
máster estéreo ou para um par estéreo de subgrupos.
Normalmente, o som é enviado a um par de subgrupos (por exemplo, 1/2) e o controle
de PAN torna o sinal mais presente no subgrupo esquerdo ou direito.
Se quisermos mandar um som mono de um canal (como um bumbo) para uma única
entrada da placa de som, devemos fazê-lo através de um único subgrupo, evitando desperdício
de metade do sinal no subgrupo vizinho. Para isso, giramos o PAN do canal de entrada todo
para a esquerda se o subgrupo de destino for de número ímpar (1, 3, 5 ou 7). Se o subgrupo
tiver número par (2, 4, 6 ou 8), gire o PAN do canal todo para a direita.
Assim, se quisermos gravar um tambor da bateria pela entrada 5 de uma placa de oito
canais, enviamos o som do canal da mesa com o tambor para o subgrupo 5/6 e viramos o PAN
do canal do tambor todo para a esquerda.

Três opções de endereçamento para gravação e monitoração.


1. Gravação de uma fonte sonora de cada vez, usamos um canal de entrada e um de
saída (subgrupo ou saída direta) da mesa e sempre a mesma entrada da placa. Além de ser
menos dispendioso, este método ainda pode soar melhor em muitos casos, por evitar os
vazamentos dos sons para os canais dos outros. Enviamos os sons, um de cada vez, sempre, se
possível, do mesmo canal da mesa para o mesmo subgrupo. Dali, os sons são gravados em
cada pista do programa, usando sempre a mesma entrada. Este endereçamento para as pistas é
configurado no software.
Para ouvirmos o que está sendo gravado, caso a placa tenha só duas saídas, toda a
mixagem será feita na mesa virtual do computador, chegando em dois canais da mesa e
monitorada em estéreo.

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Se houver mais saídas de áudio na placa, podemos monitorar as diversas pistas que
estamos gravando através de vários canais da mesa de som, agilizando o trabalho de
monitoração. Cada instrumento ou voz chega à mesa por um diferente canal, permitindo uma
equalização rápida nos momentos mais estressantes da captação dos músicos, cantores e
outros artistas. Neste caso, a escolha entre o software ou uma mesa analógica para monitorar é
também uma questão de gosto.
2. Gravação simultânea de várias fontes sonoras por canais separados. É a
gravação multipista mais típica e a mais cara, também. O caso típico é a bateria. Outros, uma
banda de jazz ou uma orquestra. Muitas bandas de rock e de outros gêneros também preferem
gravar assim, apesar dos vazamentos, do áudio, para preservar o sentimento original e coletivo
do grupo em cada canção.
Exemplifiquemos este endereçamento com uma bateria e oito microfones. Entramos
com os oito microfones em oito canais da mesa. O objetivo é gravar em oito pistas separadas
para mais adiante termos mais flexibilidade na mixagem da bateria.
Através de oito subgrupos, enviamos todos os canais para o PC. Ouvimos todos eles
retornando a outros oito canais da mesa, os canais de monitoração. Podemos otimizar os sons
captados, gravando-os no máximo volume (no “amarelo”) e enviando um para cada pista.
Os canais de monitoração, que são os que vêm do computador para a mesa, permitem
que alteremos qualquer som durante a gravação, ao gosto do baterista e do nosso, sem afetar o
material gravado. Assim, não comprometemos o resultado da mixagem definitiva, que é outro
procedimento de responsabilidade. Os canais de entrada vão para os subgrupos para serem
gravados, enquanto os canais de monitoração voltam do PC e vão para o máster para serem
ouvidos nos monitores do jeito que a gente quiser.
3. Gravação de vários canais em uma ou duas pistas. Quem for usar uma placa de
áudio de dois canais nem precisa calcular a quantidade de subgrupos que sua mesa deverá ter.
Poupemos o seu trabalho: são 2 (dois), o esquerdo e o direito. Se tiver mais subgrupos, vão
sobrar, ate que a placa seja substituída por outra com o mesmo numero de subgrupos de sua
mesa.

Isto implica em duas possibilidades. Gravar os sons um a um e mixar tudo pelo


computador (o que pode ficar ótimo, dependendo do gênero musical e dos músicos, além da
nossa habilidade como produtores) ou gravar os sons agrupados e, portanto, já mixados na

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entrada, o que, talvez, exija ainda mais habilidade do produtor e do técnico de gravação, já
que sua atenção estará dividida entre os diversos músicos sendo gravados.
Imaginemos aquela bateria outra vez: entrando por oito canais na mesa, terá que sair
toda de uma vez pelo subgrupo 1-2 e ser gravada em estéreo no computador. Também será
monitorada por dois canais, que devem ficar com os controles de PAN abertos em estéreo.
É fácil imaginarmos que não poderemos mixar essa bateria depois que ela for gravada.
Isto terá que ser feito durante a gravação, obrigatoriamente, apesar da cerveja já ter acabado
ou do baterista ter outro compromisso.
Em outras palavras, quem for gravar grupos de instrumentos ou vozes
simultaneamente deverá usar placas de oito ou mais canais (ou várias placas, se for o caso) e
mesas de som com oito ou mais subgrupos. Depender somente das saídas diretas dos canais
pode tornar o trabalho menos versátil, quando queremos gravar efeitos, por exemplo.
A conta final da mesa é: um par de subgrupos da mesa para cada par de entradas da
placa de som. Um canal de entrada para cada fonte sonora mais um canal de entrada (ou
retorno) para cada saída da placa de som e mais um canal estéreo para cada teclado, bateria
eletrônica, MD e outros. Relaxe: masters são sempre dois, o esquerdo e o direito.
No entanto, a maioria dos estúdios utiliza loops e samples para substituir diversos
instrumentos, como a bateria. Isto ocorre em todos os gêneros musicais, da música regional à
música clássica composta atualmente. E em todos os gêneros de pop, do rock ou do jazz. Sem
falar no que é produzido pelas maiores gravadoras, apesar dos recursos financeiros.
Já existem grupos vocais com CDs premiados em que as vozes foram gravadas uma
por uma. Talvez isto os tenha ajudado a merecer os prêmios. A arte está tanto na música
quanto no áudio, eles são interdependentes.
Este pessoal economiza na mesa de som e na placa, já que dá para produzir CDs de
ótima qualidade com uma boa placa de áudio de dois canais, bons programas e uma boa dose
de humildade do produtor e dos músicos para tentar e errar até acertar.
Insert. Em cada canal dessas mesas pode haver um conector P10 ou banana estéreo.
Quando adicionamos efeitos, misturamos o som original com o do efeito, como é o
caso do reverberador, do chorus ou do delay. Quando inserimos compressores, noise gates ou
equalizadores externos (racks ou plug-ins), queremos processar o som integralmente.
Não faz sentido juntar uma voz cheia de vazamentos com a saída processada de um
noise gate com a voz limpinha. O resultado será a voz limpa mais a voz suja, ou seja, não vai
dar certo. Queremos substituir o som original pelo som processado, e não somá-los. Por isso,
não podemos usar os canais auxiliares ao trabalhar com processadores que alteram a natureza
do material de áudio, como o redutor de ruídos, o compressor
e o equalizador.
Ao inserirmos o conector P10 ou banana estéreo na
entrada de insert, o som do canal, em vez de seguir para o
máster ou para um subgrupo, é inteiramente desviado para uma
das vias do cabo de insert até entrar no processador por um dos
plugues mono da outra ponta do fio. Na saída do processador, o
outro conector mono permite que o sinal processado volte para
a mesa pela “contra-mão” do próprio cabo de insert, retornando
ao canal pelo outro pólo do mesmo conector estéreo e seguindo
o seu rumo em direção ao máster ou ao subgrupo.

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Automação. As mesas com automação podem ser controladas por um computador.


Diversos procedimentos de mixagem, difíceis de serem realizados simultaneamente, podem
ser preparados no computador e repetidos infinitas vezes durante o processo.
Vários controles da mesa são automatizados, como os faders, PAN e outros. O recurso
chamado “recall” permite recuperar as posições dos controles de uma mixagem feita antes.
Algumas mesas vêm com automação interna, independente do computador, e todo o
processamento on board, isto é, com multiprocessadores de efeitos internos.
Mesas digitais. Mesas digitais têm conversores AD nas entradas e transmitem e
recebem o sinal do computador por cabos de fibra ótica ou similares, mantendo o som
definitivamente no campo digital. O sinal que circula e é processado pela mesa digital é uma
torrente de bits que representam as ondas sonoras numericamente, enquanto o sinal que
percorre as mesas analógicas é feito de ondas elétricas de tensão variável. Pode ser melhor ou
pior, embora as mesas analógicas comecem numa faixa de preço bem abaixo das digitais mais
em conta. Do outro lado, nos grandes estúdios, as melhores ainda são as analógicas.
Superfícies de controle, apesar do aspecto, não são mesas de som, mas controles
remotos das mesas virtuais. Preservam a ergonomia da operação das mesas tradicionais,
porém com os recursos do computador.
Existem diversos modelos, compatíveis com os programas do mercado. As mais
interessantes são que têm moving faders, que são botões motorizados que obedecem o
computador.
Mesas com conexão firewire e USB. Analógicas ou digitais, dispensam a placa de
som por já a trazerem dentro de si. Se pretender usar, prefira a conexão firewire (escrito em
2006). Um exemplo é a Mackie Onix.
Mesas virtuais. As mais usadas hoje, vêm como telas de programas como Cubase,
Logic, Nuendo, Performer, Pro Tools, Reason e Sonar. São as mais completas, com todos os
recursos das maiores mesas, automação total, e grande quantidade de canais e recursos em
geral, além de mixagem estéreo ou surround. Veja mais em Áudio no Sonar.
Escolha a mesa de seu estúdio de acordo com as necessidades e características do mesmo.
Ouça os preamps, os equalizadores, verifique o número de canais, de subgrupos, a quantidade de
“mandadas” e retornos auxiliares, mas leve em conta, principalmente, as suas reais necessidades e a
qualidade do som. Este será o seu som.

A Solid State Logic


SL 9000 J Series SuperAnalogue™
pode alcançar cerca de US$1.000.000,00

© 2006 Sérgio Izecksohn – Curso de Home Studio.

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