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Curso De Fisiologia Da Voz:

Introdução.

Para se comunicar não basta apenas falar, ou simplesmente cantar. Comunicar-se é


colocar sentimento na mensagem, não apenas com a voz, mas com o corpo em geral.
O corpo funciona de modo conjunto, não podendo ser fracionado de modo a serem
usados apenas alguns órgãos que produzem som.

O comunicador deve ser consciente dos aspectos que envolvem o seu trabalho, como
a voz, postura, respiração, e tudo o mais que pode interferir no seu objetivo central:
levar adiante a mensagem de vida e salvação.

Aparelho Fonador

O aparelho fonador é formado por 2 aparelhos e tem a função de produzir sons – voz
cantada e voz falada. Nestes quadros, o aparelho fonador está esquematizado de
forma bastante resumida.

APARELHO DIGESTIVO
Órgão Função Biológica Função Fonatória

Articulação de sons bilabiais


Lábios Contém os alimentos na boca
(B,P,M) e labiodentais (F,V)

Dentes Tritura os alimentos Escoamento do som

Participa de todos os sons


Língua Joga o alimento para o esôfago
produzidos

Palato duro (céu


Suporte da língua Projeção da voz
da boca)

Direciona o ar para os pulmões, e os


Faringe Caixa de ressonância
alimentos para o esôfago

APARELHO RESPIRATÓRIO
Órgão Função Biológica Função Fonatória
Filtrar, aquecer e umidificar o Vibração e amortização do som –
Cavidades Nasais
ar ressonância nasal

Faringe Via de passagem do ar Amplia os sons – caixa de ressonância

Laringe Via de passagem do ar Vibrador – contém as cordas vocais

Via de passagem do ar – defesa Suporte para vibração das cordas


Traquéia
a via aérea vocais

Trocas gasosas e respiração Fole e reservatório de ar para vibrar


Pulmões
vital as cordas vocais

Musculatura Desencadeia o processo


Produção de pressão no ar que sai
respiratória respiratório

O aparelho fonador é dividido em 5 partes


Parte Componentes Função

Pulmões, músculos abdominais, Produzem a coluna de ar que


Produtores diafragma, músculos intercostais, pressiona a laringe, produzindo
músculos extensores da coluna som nas cordas vocais

Vibrador Laringe Produz som fundamental

Ressonadores Cavidade nasal, faringe, boca Ampliam o som

Articulam e dão sentido ao som,


Lábios, língua, palato mole, palato
Articulador transformando sons em orais e
duro, mandíbula
nasais

Ouvido – capta, localiza e conduz o


Sensor / Captam, selecionam e interpretam
som; cérebro – analisa, registra e
Coordenador o som
arquiva o som
Como é Produzida a Voz Humana
A produção do som depende, basicamente, de ar e da laringe, onde estão as cordas
vocais. A laringe é composta por três anéis de cartilagem. Dentro destes anéis, estão
as cordas vocais, que são pequenos músculos com grande poder de
contração/extensão. São classificadas em verdadeiras e falsas. As verdadeiras (com
cerca de 1 cm nos homens e até 1,5 nas mulheres) estão na parte inferior da laringe e
as falsas na parte superior. O som da voz normal é produzido pelas verdadeiras e o
falsete pelas falsas [*].

Durante a respiração, as cordas vocais permanecem abertas, enquanto que para a


produção de som elas se fecham, e o ar faz pressão, causando uma vibração que
produz o som.

Laringe: Cordas Vocais em movimento (vista transversal)

Estudos mais recentes e aprofundados acerca do fenômeno da emissão vocal


demonstram que o falsete é produzido por estiramento das pregas vocais em seguida
à inclinação da cartilagem tireóidea, que gera vibração por justaposição das pregas ao
invés de por batimento.

O músculo TA (tireoaritenoideo), é o músculo da prega vocal. Para conseguirmos


colocar a voz em falsete, por este som ser muito agudo, as pregas vocais devem ficar
hiperalongadas e quem faz esse alongamento é outro músculo, chamado CT
(cricotireoideo), que se contrai alongando o músculo vocal (TA). Assim, o CT não é o
músculo que dá o som agudo (e agudíssimo), mas ele é fundamental para que este
som aconteça. (voltar

Articulação e Clareza do Som

Cantar é um elemento da articulação. As palavras da música devem ser muito claras e


objetivas, para causar um processo de ação e reação imediata. Para que isto
aconteça, deve-se levar em conta dois processos:

o Articulação: processo pelo qual os órgãos da fala moldam o som vocal em


sons reconhecíveis da fala.
o Interpretação: processo pelo qual se carrega o espírito ou significado da
música através do modo como se executa.

O primeiro passo para uma boa interpretação é o domínio de uma boa articulação.
Tanto no canto, quanto na fala (a muitas pessoas), os movimentos articulares devem
ser mais acentuados do que na conversação usual.
Os elementos na figura acima estão intimamente envolvidos no que se refere à
articulação e clareza do som. Qualquer alteração no funcionamento deles irá interferir
no som emitido.

Lábios

Há pessoas que possuem um problema de excessiva tensão labial, o que impede a


boa mobilidade e flexibilidade. Por outro lado, existem pessoas que possuem um
tônus labial baixo, ou seja, flácido.

A posição ideal para os lábios, é aquela que ajuda o rosto a Ter uma expressão
agradável, feliz. Deve-se evitar puxá-los exageradamente para os cantos ou para
frente quando se estiver cantando ou falando, pois isto pode modificar a qualidade
sonora.

Para aqueles com problema de tensão ou flacidez labial, existe um procedimento


muito simples e bastante eficaz, sugerido pelo fisioterapeuta e fonoaudiólogo Noélio
Duarte. Primeiramente, deve-se visualizar a boca e seus pontos-chave:

Quem tem excessiva tensão, deve relaxar os lábios, apertando com o indicador e o
polegar nos pontos indicados acima, seguindo a ordem numérica referida. Deve
apertar cada ponto com firmeza, no entanto, sem exageros, durante 5 a 10 segundos.
Pode ser incômodo, mas, ao final, os resultados vão valer à pena.
Já quem tem lábios flácidos, precisa de tonificação. O procedimento é o mesmo, só
que ao invés de apertar demoradamente, dá-se ligeiros apertões (apertando e
soltando imediatamente) no mesmo sentido numérico do esquema. Estas pessoas
também podem fazer exercícios do “i” ou do “u”, torcendo a boca para um lado e para
o outro.

De um modo em geral, neste exercício das vogais, pode-se utilizar o “p” e o “b” para
treino labial, pois estas consoantes são totalmente dependentes dos lábios.

Língua

A língua é o principal órgão da articulação, pois interfere na formação das vogais e


consoantes. Em média, a língua trabalha numa velocidade de 370 movimentos por
minuto.

Cerca de 90% dos problemas que envolvem a língua são de tensão. Isso causa o
ressecamento da boca pela retração constante da língua. Este posicionamento não
estimula muito a produção de saliva em termos fisiológicos, e também interfere
consideravelmente na emissão do som, por razões explicadas mais adiante quando
falarmos da faringe.

Existem, também, aqueles que precisam tonificar a língua, sendo caracterizados pelo
acúmulo excessivo de saliva.

A língua deve permanecer numa determinada posição, chamada de “posição de


repouso”, ao longo do “assoalho” da boca tocando os dentes inferiores. Veja os
seguintes exercícios de relaxamento.

– colocar a língua um pouco para fora da boca e morder levemente a pontinha


da língua
– pressionar a língua fortemente contra os dentes fechados por 5 segundos;

Em seguida, deve-se associar os dois exercícios lentamente. Alguns problemas da


pronúncia do “S” podem ser resolvidos com a colocação da língua na posição de
repouso.

Maxilar

A tensão é um grande fator limitante da boa atuação dos maxilares. Pode-se perceber
a tensão existente ao se fechar os dentes e engolir a saliva. Quando se canta de boca
fechada ocorre isto. Por isso, aparecem dores após o ensaio ou apresentação, ou
mesmo após a fala.

O maxilar interfere nos músculos da face, modificando o poder de contração. Portanto,


deve-se relaxar esses músculos, facilitando a abertura e a flexibilidade da boca e
liberando os músculos da garganta.

Nunca se deve usar posições forçadas, tais como empurrar o maxilar para frente,
puxá-lo para trás ou trancá-lo numa posição. A sonoridade vai depender, em parte, da
abertura que for dada ao maxilar. Em relação à tensão ao maxilar inferior, pode-se
realizar alguns exercícios, lembrando que devem ter maior cuidado ao realizá-los
aqueles com tendência à luxação do maxilar.

1. Lateralização
Abrindo a boca e movimentando o maxilar para a direita e para a esquerda.

2. Abertura total
Abrindo bem a boca por alguns segundos.
3. Projeção anterior
Com a língua na posição de repouso, projetando-se o maxilar para a frente,
permanecendo assim por alguns segundos.
4. Projeção posterior
Com a ajuda de um dedo, fazendo-se um recuo do maxilar por alguns segundos.

Faringe

A faringe tem a função de ampliar o som, e embora não seja essencial para a
articulação, está intimamente ligada à posição assumida pela língua. Seu melhor
desempenho dependerá do comportamento da língua.

A ampliação do som será tanto melhor quanto melhor for o espaço que o som puder
ocupar dentro da boca.

Como se pode ver neste esquema, a voz terá uma melhor ampliação na posição 1, a
qual tem o dobro do tamanho da posição 2. Deve-se notar como o hábito tão comum
da posição 3 diminui consideravelmente o espaço para a ampliação da voz.

Existem exercícios que facilitam a aquisição do hábito da posição 1:

– sabe-se que ao se fazer o movimento de engolir, a língua inicialmente sobe e em


seguida, sua parte posterior desce. Então, com o dedo indicador e o polegar em cada
extremo do maxilar inferior, faz-se o movimento de engolir. Quando a parte posterior
da língua estiver descendo, mantém-se uma pressão para baixo, forçando os dedos,
sem esquecer que a ponta da língua deve estar no padrão de repouso.

– pode-se escolher um tom médio, e com as vogais “a”, “o”, e “u” as pessoas podem
cantar variando 0 padrão de língua na posição 2 (representado pela vogal em
minúsculo) e posição 1 (representada pela vogal em maiúsculo).
Palato

O palato se divide em 2 partes: o palato duro (céu da boca) e o palato mole (úvula,
conhecida como campainha).

O palato duro está envolvido com a projeção da voz, e o palato mole com a formação
de sons orais e nasais.

O som, na verdade, é formado por ondas. As ondas só se propagam em linha reta, daí
a importância do palato duro aliado a uma boa postura da cabeça:

Sabe-se que as narinas são responsáveis pela ressonância nasal. Porém, o som
nasal só será emitido com a “permissão” do palato mole (a úvula).

Sons nasais

Sons orais

Para emitir esses sons nasais, a úvula desce. Caso suba, os sons emitidos serão
orais.

O excesso ou a falta de nasalidade podem representar sérios problemas de voz,


afastando-se da normalidade e modificando o som original que deveria ser produzido.

A origem dos problemas pode estar no hábito de colocação errada da voz, até
problemas mais sérios, como tumores, sinusite, adenóide e excesso de muco.
Mitologia Vocal

A maioria das pessoas acredita em certas formas de terapia para tratar a voz. Essas
crendices são infundadas, portanto incorretas.

Voz Cansada

Alguns dizem que a voz cansada é uma coisa natural ou normal depois de uma fala
prolongada, ou mesmo fala leve. Falando assim, fica parecendo que os músculos da
laringe e faringe (músculos que produzem voz) se cansassem e aceitassem a
rouquidão, a ardência ou mesmo a perda parcial da voz, faringite e até laringite como
algo plenamente normal.

Outros acreditam que algumas pessoas nascem com garganta débil, ou com voz
insuficiente, e que sempre tenderão a transtornos vocais.

Isto tudo não é verdade, e sim coisa de gente mal informada, pois a voz bem
empregada não se cansa, não produz sintomas negativos e nem esforços extras para
falar. O uso constante em si não leva a problemas de voz; o que causa esses
problemas é o uso indevido, mal administrado, abusivo e vocalização incorreta.

A voz bem definida (tom apropriado, entonação e ritmo corretos) pode ser usada
durante jornadas de trabalho de até 8 horas diárias. No entanto, deve-se lembrar que
o cansaço físico acarreta cansaço vocal, assim como a saúde geral do indivíduo deve
ser levada em conta.
O que deve acontecer é identificar o problema e procurar o especialista, seja médico,
fonoaudidlogo, professor de canto, e não sair por aí fazendo as receitinhas caseiras
aleatoriamente, pois além de não trazer benefícios, podem, algumas vezes, constituir
riscos em potencial.

É comum se confundir faringe e laringe ao se pensar nesses preparados e receitas. É


importante se ter em mente que nenhum desses xaropes, chás e gargarejos chegam
até as cordas vocais. Basta conhecer a anatomia para verificar este fato:

À menor gota ou farelo tocar as cordas vocais, desencadeia-se um processo muito


desagradável de tosse, desespero, falta de ar.

Alguns especialistas acreditam que não se deve fazer o gargarejo com o objetivo de
medicar as cordas vocais, uma vez que o líquido não chega efetivamente até elas.

Alguns métodos caseiros podem ser até úteis, porém durante períodos limitados,
apenas mascarando os sintomas verdadeiros sem eliminar a causa do problema, que
pode ser uma vocalização incorreta ou uso abusivo da voz, ou até problemas como
faringite.

Problema Central

Um erro freqüente é a não focalização no problema central causador da doença.


Assim, muitas pessoas chegam a trocar de profissão para usar menos a voz, ou fazer
um repouso vocal exagerado (que não é significativo nas terapias da voz), e até
mesmo, alguns se utilizam de tranqüilizantes por tempo indefinido. Os relaxamentos
(ioga, meditação transcendental, regressões psíquicas…) não devem ser tentados
como resolução do problema vocal. A pessoa deve procurar um especialista

Educação Vocal

Um grande mito é que só se educa a voz para o canto. A voz falada merece tanta
atenção quanto a voz cantada, pois uma pode acabar interferindo na outra.
Há casos de pessoas que perdem completamente sua voz devido ao modo de falar
errado, sendo às vezes necessário uma cirurgia para a retirada das cordas vocais.

Existem “dicas” para “melhorar” a voz que são tão fora da realidade que chegam a
agredir a inteligência. Algumas destas são o uso de lápis ou

bolinhas na boca durante a fala; fazer massagem com álcool canforado na garganta;
fazer vocalizes com grande intensidade, de madrugada, para aumentar a extensão
vocal…

Diante de tais afirmações, é preciso usar o bom senso e perceber que se deve
trabalhar os órgãos envolvidos na produção do som com sensibilidade,
conscientização, percepção. Algumas “receitas” podem ser perigosas, podendo
causar até queimaduras. E alguns vocalises feitos com grande intensidade levam à
Parafonia Hipercinética (distensão das cordas vocais).

Aquecimento Vocal

A laringe é muito sensível, e é um dos primeiros órgãos a ser afetado diante do


estresse, emoções, cansaço e outros. Isso faz com que haja modificação na voz, e
muitas vezes, a situação obriga às pessoas a forçarem seu “instrumento “. E, algumas
vezes, a situação se torna pior, pois “soltam” a voz de qualquer jeito , sem um
aquecimento prévio.

O aquecimento vocal é tão importante para o cantor quanto o aquecimento físico é


para um jogador de futebol, por exemplo; pois pode evitar lesões importantes. Por
outro lado, não é correto gastar tempo demais “esquentando” a voz. Há pessoas que
passam 30 minutos neste processo, e ao final, em vez de terem “aquecido”, terão é
mesmo “fervido” a voz. Isto resulta em pouca produtividade durante o período que se
segue.

O ideal é que o vocalise não exceda 5 minutos. Existe uma técnica elaborada por um
pesquisador fonoaudiólogo chamada “Manipulação da Laringe”. Ainda há
controvérsias quanto ao uso deste método, mas aparentemente não há nenhum efeito
colateral maléfico. Ele consiste em o que seria uma “massagem” na laringe, em
pontos específicos pré-determinados, diferenciados para voz grave e aguda. A
necessidade e a forma de utilização deste método devem ser definidas por um
profissional capacitado. 
Características Vocais
Voz Rouca

A rouquidão pode ser causada por vários fatores, tais como o uso abusivo, processos
patológicos (calos, tumores…), e também pela mb colocação da voz devido a algum
processo emocional (traumático ou não).

Não é raro encontrar crianças que se expressam através de berros. Isso acontece por
vários motivos: moram em lugares com alta poluição sonora, ou mesmo porque seus
familiares falam muito alto. Neste caso, o referencial que acompanha a criança desde
pequena é que o normal é falar com um volume de voz elevado. Outras vezes é
comum que numa mesma família todos falem com voz rouca, sem necessariamente
existir algum impedimento físico por tanto, sendo apenas uma questão de referencial
adquirido com a convivência familiar.

Assim, as pessoas vão assimilando este comportamento, e, ao emitir a voz, forçam as


cordas vocais sem saber, e o que antes era apenas um costume familiar, torna-se um
problema orgânico sério: calor, inchaço, pólipos, etc.

O que deve acontecer é identificar o problema e procurar o especialista, seja médico,


fonoaudiólogo, professor de canto, e não sair por aí fazendo as receitinhas caseiras
aleatoriamente, pois além de não trazer benefícios, podem, algumas vezes, constituir
riscos em potencial.

Outro fator causador de sérios problemas nas cordas vocais é o cigarro. Não só o
fumante ativo está sujeito aos problemas vocais, mas também, os fumantes passivos,
que absorvem a fumaça emitida pelo ativo. Portanto, é um crime familiares fumarem
perto de crianças, principalmente em ambientes fechados, pois a poluição envenena o
sistema respiratório e afeta as cordas vocais, causando rouquidão e outros problemas
mais graves, como tumores malignos. Vale lembrar que de acordo com uma pesquisa
de 1997, 73% dos tumores de corda vocal são malignos.

Não se deve ignorar o problema da voz rouca. É de extrema importância realizar o


trabalho de correção dos problemas orgânicos com um otorrinolaringologista
(medicações/cirurgias) e também dos problemas “mecânicos” com um fonoaudiólogo
(timbre, colocação, exercícios, volume, etc.).
Voz Fina

Em 99% dos casos, segundo pesquisas, a voz fina é de origem emocional. O mais
comum é, ao entrar na puberdade, o rapaz assustar-se com a mudança e procurar
manter a voz da infância, apesar de sua laringe já estar pronta para a transformação.

Um ponto perigoso é o excesso de mimo na infância em ambos os sexos, podendo


alterar o ritmo da fala, além de manter a voz infantil. Isso é muito perigoso para os
meninos, que podem ser taxados de homossexuais logo cedo, podendo gerar traumas
muito profundos na criança.

Outro desencadeador da voz fina são os traumas, como os cirúrgicos. A retirada das
amídalas é um bom exemplo, pois a criança pode ficar com medo de falar firme,
mantendo a voz infantil.

As causas orgânicas são mais raras, e ocorrem, normalmente, diante de uma atrofia
física de origem hormonal. Existem alguns métodos de tratamento, e a pessoa deve
procurar um especialista.

Voz Trêmula

Embora seja um problema de difícil resolução, existem métodos, que bem aplicados e
praticados podem surtir excelentes resultados.

Este é um problema difícil, pois advém de um trauma muito forte, onde a pessoa
insiste em falar apesar de tudo. A voz falha, fica trêmula, o que causa uma forte
tensão nas cordas vocais. Então, a pessoa sente dificuldade de se adaptar ao
enfrentar situações semelhantes ao trauma. É interessante notar que durante o
relaxamento da musculatura das cordas vocais, como no sorriso, a pessoa consegue
emitir a voz corretamente.
Postura Corporal Correta

É impossível imaginar um piano que tenha um som perfeito se estiver com alguma
parte faltando, ou quebrado, ou mesmo mal posicionado. Uma flauta amassada não
terá o mesmo som de uma que está perfeita.

Desta forma, acontece com o corpo humano. O som produzido será sempre
influenciado pela postura que se adota, por diversas razões. Uma boa postura:

o É bem menos cansativa do que uma postura má ou relaxada, pois assim, os


ossos e músculos fìcam posicionados de modo que haja o mínimo de esforço e
tensão.
o Causa um melhor aproveitamento respiratório.
o Dá um melhor aspecto à visualização, além de transmitir maior segurança.
o Coloca o mecanismo vocal na melhor posição para o seu posicionamento,
tornando mais fácil a produção de uma sonoridade com qualidade.
o Traz confiança, bem-estar psicológico e físico o todo o organismo.
o Faz o corpo funcionar melhor, conseqüentemente beneficia a saúde vocal.

A boa postura para cantar deve ser aprendida e praticada até que se torne um bom
hábito.

1. Pés: uma boa base dá maior segurança e firmeza. Inicialmente, deverão estar
um pouco afastados. Em apresentações mais demoradas, o ideal é variar a
sustentação do peso entre os pés, porém não de forma demorada, para evitar
fadiga e tensão. Não se deve colocar o peso apenas sobre os calcanhares.
2. Pernas: como ajudam a fixar e sustentar o corpo, elas nunca ficam totalmente
relaxadas. No entanto, elas devem ficar flexíveis, nunca rígidas, prontas para o
movimento. Não se deve apoiar todo 0 peso do corpo somente em uma perna,
pois haverá uma forte tendência a tremer. Para ajudar a resolver a tensão nas
pernas e pés, pode-se fazer algum alongamento nesta região.
3. Quadris: devem estar equilibrados, evitando um lado estar mais elevado que
o outro. Porém, uma leve alternância, ou movimentação ajuda a relaxar esta
região, pois não é bom que esteja muito rígida durante a apresentação.
4. Abdome: não deve estar exageradamente projetado para dentro ou para fora.
Deve-se evitar tensões demasiadas neste local, pois a musculatura desta região
é de extrema importância para a respiração controlada, como é a de um cantor
ou orador.
5. Costas: manter a coluna ereta de forma não rígida favorece o bem estar do
som, por melhorar as condições da expansão do tórax, melhorando a respiração.
Deve permanecer de forma equilibrada, sem inclinações exageradas.
6. Tórax: deve estar numa posição relaxada, evitando-se qualquer contração
muscular exagerada, para facilitar o mecanismo do ar. Deve-se sentir todo o
tórax agindo em conjunto.
7. Ombros: devem estar descontraídos, sem nenhuma tensão nestas
articulações. Qualquer rigidez nesta região pode comprometer a ação dos
músculos do tórax e do pescoço. Eles não devem se mover muito para frente,
nem para trás, nem para baixo, muito menos para cima. A rigidez local pode
complicar a toda a postura.
8. Braços e mãos: devem estar caídos livremente ao longo do corpo, de forma
natural, o mais livre de tensão possível. Os maneirismos devem ser evitados,
como ficar apertando as mãos à frente ou atrás, ou torcendo-as, pois isso causa
uma tremenda tensão nos braços e no tórax, além de interferir na ação dos
outros músculos do corpo. Esse tipo de atitude também é bastante deselegante.
E ao segurar o microfone, deve-se ter o cuidado de manter os ombros e braços
relaxados, para evitar tensão no pescoço.
9. Cabeça: deve estar centralizada. O olhar deve estar na direção das pessoas,
e o queixo não deve estar nem muito baixo nem muito alto.
10. Posição sentada: quando se está sentado, o principal apoio do corpo é o
assento. O tronco e a cabeça devem estar alinhados, com a coluna ereta, e os
quadris devem estar bem apoiados no encosto, sem, no entanto, fazer com que
o abdome fique projetado para frente, ou o oposto, ficando com a coluna
inclinada para frente. Em ambas as situações haverá comprometimento da
respiração, e cansaço em pouco tempo. Se se está sentado em uma cadeira
com braços, não se deve apoiar os próprios braços sobre os da cadeira, pois
haverá maior sobrecarga nos ombros, prejudicando a coluna.

O Sistema Respiratório

O Sistema Respiratório possui várias funções, que vão além da respiração, como a de
defesa e a de fonação. É importante, no entanto, saber que sua principal função é a
realização da entrada e saída de ar (gás) nos pulmões, processo chamado de
ventilação. Desta forma, o sistema respiratório é comparado a uma “bomba vital” que
trabalha 24 horas por dia, realizando suas funções sem que se tenha consciência
desse movimento.

A entrada do ar é extremamente importante para o organismo, pois ele é composto


pelo Oxigênio (21%), Nitrogênio (75%), Gás Carbônico e outros gases. O metabolismo
humano depende da contínua chegada de Oxigênio (O2), retirado do meio ambiente.

As necessidades básicas de um adulto sadio em repouso, são em torno de 250 ml de


02. Por outro lado, é necessário que o Gás Carbônico (C02), produto final de
inúmeros processos metabólicos, seja continuamente retirado do organismo. Com a
ventilação, o 02 é abundantemente oferecido ao corpo com a entrada de ar nos
pulmões, enquanto que o CO2 é retirado com a saída do ar.

As Vias Respiratórias

O ar entra pelo nariz e pela boca; passa pela faringe; laringe; traquéia; brônquios e
bronquíolos (no pulmão).

Cada uma dessas estruturas possui uma significativa função na respiração. O nariz,
além de servir de “porta de entrada e saída” do ar, o precondiciona de vários modos,
aquecendo-o (37°), umidificando-o e limpando-o. A faringe, comumente chamada de
garganta, divide-se em duas vias: na traquéia e no esôfago. É nessa região que o
alimento é separado do ar. O ar vai para a traquéia, enquanto o alimento atinge o
esôfago. Essa separação é controlada por reflexos nervosos. A laringe forma a
transição das vias aéreas superiores e inferiores, e é nela que se localizam as cordas
vocais.

Continuando-se com a traquéia, estão dois tubos de passagem de ar para cada


pulmão, os brônquios. Estes tubos vão diminuindo de espessura e se dividindo cada
vez mais à medida em que entram nos pulmões, num total de 23 divisões.

Ao final dessas divisões, estão os bronquíolos, que por sua vez dividem-se em
bronquíolos respiratórios. Até esse ponto, a “árvore brônquica” já possui cerca de 1
milhão de tubos. No entanto, a troca gasosa ocorre apenas em estruturas que
encerram estas divisões, os alvéolos (explicados posteriormente).

Os Pulmões

Os pulmões são órgãos essenciais da respiração, localizados dentro da caixa


torácica, um de cada lado do coração e revestidos por uma membrana muito delicada,
a pleura.

O volume pulmonar varia entre 4 a 6 litros, aproximadamente a quantidade de ar


contida numa bola de basquete.

O peso aproximado dos pulmões de uma pessoa com dimensões médias é 1 kg. A
área de superfície pulmonar é considerável. Se o pulmão fosse estendido, o tecido
cobriria cerca de 60 a 80 m2. Isto é aproximadamente 35 vezes maior que a superfície
corporal da pessoa, e superfície para cobrir quase a metade de uma quadra de tênis.

Os Alvéolos e as Trocas Gasosas

Os alvéolos são sacos elásticos de parede muito fina, e em número de 300 milhões
em cada pulmão. Na figura acima estão representados vários deles. Cada pequeno
globo é um alvéolo diferente.
Nos alvéolos, ocorrem as trocas gasosas, porque ao lado estão pequenos vasos
sangüíneos, os capilares. O O2 passa através da parede do alvéolo e da parede do
capilar, indo parar na corrente sangüínea; e o CO2 passa pela parede do capilar e
pela do alvéolo, sendo, então, possível eliminá-lo do organismo.

Durante cada minuto em repouso, cerca de 250 ml de O2 deixam os alvéolos e


penetram no sangue, e aproximadamente 200 ml de CO2 saem dos capilares e
entram nos alvéolos.

Os Grupos Musculares da Respiração

Existe uma diferença de pressão entre o ar dentro dos pulmões e a superfície de


contato com a parede torácica, que faz com que os pulmões fiquem aderidos ao
interior dessa parede. Por isso, os pulmões acompanham literalmente todos os
movimentos, ou qualquer mudança no volume do tórax.
Sozinhos, os pulmões não conseguem alterar seu volume, pois, para isso, precisam
dos músculos.

Os movimentos da caixa torácica, assim como qualquer outro movimento corporal


(andar, chutar, comer…) dependem de uma contração muscular.

O ato de respirar pode ser dividido em 2 momentos: a inspiração (entrada de ar) e a


expiração (saída de ar).

Existe um grupo de músculos responsável por cada uma das etapas. É importante
saber que nem todos eles são usados ao mesmo tempo, a depender da situação,
torna-se necessária a presença de apenas alguns deles.

No entanto, em cada grupo, existem aqueles que são os mais solicitados, e são tidos
como os principais; e os demais, são tidos como acessórios.

O grupo dos inspiratórios é bem grande, com mais de 15 músculos, que elevam as
costelas ao se contraírem. Eles podem ser classificados como:

Músculos Inspiratórios Principais


o Diafragma (principal)
o Intercostais externos
Músculos Inspiratórios Acessórios
o Esternocleidoccíptomastoideo (ECOM)
o Escalenos
o outros

O grupo dos expiratórios é menor, com cerca de 8 músculos, que atuam no sentido de
abaixar as costelas:

Músculos Expiratórios Principais


o Intercostais Internos
Músculos Expiratórios Acessórios
o Músculos abdominais
o Outros
A Respiração

A diferença de pressão que existe entre o ar ambiente e o ar de dentro do pulmão é


que faz com que o ar entre. Algo parecido acontece com uma seringa ou um aspirador
de pó.
Dentro do pulmão, a pressão é negativa, e devido à gravidade, em uma pessoa
sentada ou de pé, a pressão da parte de baixo é mais próxima do zero que a da parte
de cima. Por isso o ar entra primeiro na parte de baixo, e em seguida na de cima, e ao
final da inspiração, todo o pulmão deve estar cheio por igual. Daí a importância de
uma boa postura durante a inspiração, caso contrário, não é possível usar toda a
capacidade pulmonar, o que interfere diretamente no “fôlego” e nas trocas gasosas de
uma pessoa.

Quando o processo dessas trocas termina, começa a expiração. A caixa torácica vai
voltando à sua posição inicial, empurrando o ar para fora. É como um elástico
esticado que tende a voltar ao normal.

A Inspiração

A contração dos músculos inspiratórios aumenta o volume da caixa torácica,


conseqüentemente do pulmão. Um exemplo deste movimento é a elevação da alça do
balde, representado a inspiração. Isto causa aquele efeito da seringa, porque mais
espaço para o ar vai surgindo.

O principal responsável por este efeito é o diafragma, por ser o mais forte. Os
intercostais também são muito importantes, principalmente para aqueles que precisam
de muito ar, como os cantores.
Há dois tipos de inspiração:

o relaxada, a normalmente usada, e realizada pelos inspiradores principais;


o forçada, feita pelos inspiradores principais mais os acessórios.

Os músculos acessórios não devem ser usados na respiração normal, principalmente


para quem canta. Como a maioria deles está localizada na região do pescoço, e sua
contração (tensão) pode prejudicar o som produzido pelas cordas vocais.

O Diafragma

O diafragma é um músculo plano, amplo, em forma de guarda-chuva, que fica entre o


tórax e o abdome, e está preso nas costelas e na coluna.

Ao se contrair o diafragma, suas bordas levantam as costelas, enquanto o seu centro


se abaixa, empurrando os órgãos do abdome.

Intercostais Externos

Os intercostais externos são, junto com o diafragma, fazem parte dos músculos
inspiratórios principais. Eles estão localizados entre cada uma das costelas. Quando
eles se contraem, eles elevam a caixa torácica, aumentando o seu volume, e
promovendo a entrada do ar. Na figura abaixo, os intercostais externos estão
representados pela cor vermelha. Leve em consideração que a ilustração está
indicando apenas um grupo de músculos, entre um par de costelas. Na verdade, eles
estão presentes unindo todas as costelas.
Na cor verde, vemos os intercostais internos, responsáveis pela expiração, explicada
mais adiante. Observe na “visão superposta” como eles ficam posicionados atrás dos
intercostais externos. O fato de eles serem inclinados em posições opostas causa os
movimentos opostos de inspiração e expiração. Os intercostais internos abaixam as
costelas, fazendo com que o ar saia na expiração forçada.

Esses músculos estão entre as costelas e atuam para que todas elas façam o mesmo
movimento durante a inspiração ou expiração e atuam para que todas elas façam o
mesmo movimento durante a inspiração ou expiração.

Acessórios

Estes músculos atuam no sentido de elevar as costelas na inspiração forçada. Devem


estar relaxados na hora de cantar. Na ilustração fica mais visível que existem dois
ECOMs, um de cada lado; com os escalemos ocorre o mesmo, estão em pares.
ECOM Escalenos

Expiração

Existem dois tipos de expiração, a normal e a forçada. A expiração normal, relaxada é


uma ação natural, assim como a volta de um elástico puxado. O diafragma e os
intercostais externos simplesmente voltam ao normal. Os músculos da expiração
apenas devem entrar em ação quando se precisar de uma expiração forçada, como
soprar uma vela, numa tosse ou espirro, por exemplo.

A expiração dura cerca de 2 a 3 vezes mais que a inspiração. Mas, mesmo assim, um
cantor deve ter total controle sobre o relaxamento do diafragma, para que sua volta à
posição inicial seja o mais lenta possível, de acordo com a necessidade, e para não
soltar o ar de vez.

Exercícios
Treino da Utilização Muscular
1. Respiração Diafragmática
Pessoa deitada com um livro no abdome. A intenção é elevar o livro.
2. Diafragma e Intercostais
Em pé, fazendo a respiração diafragmática, e expandindo as laterais do tórax.

Treino do Aumento da Capacidade Pulmonar


1. Soluço Inspiratório
Inspirar aos poucos pelo nariz até encher o pulmão: inspirar – pausa – inspirar pausa
– inspirar o máximo – soltar o ar de vez pela boca.
2. Expiração Abreviada
Inspirar fundo normalmente (nariz) e soltar um pouquinho; inspirar fundo outra vez e
soltar um pouquinho; inspirar mais uma vez, até sentir o pulmão o mais cheio
possível, e soltar de vez pela boca.
Treino do Controle Diafragmático
1. Inspiração Profunda
Inspirar profundamente pelo nariz, e soltar pela boca, em “SSS”, demorando o maior
tempo possível.
2. Exercício da vela
Soprar a vela a uma pequena distância (cerca de 1 palmo) sem apagar a chama, e
mantendo-a em equilíbrio na posição oblíqua.
O Pigarro

O Sistema Respiratório tem um mecanismo muito interessante para se defender das


muitas impurezas do ar respirado. Esse mecanismo é formado por um sistema de
células que possuem cílio, de células que fabricam muco e de muco.

O mecanismo funciona como uma esteira rolante, pois a sujeira do ar gruda no muco
e os cílios tratam de empurrá-lo para cima, em direção da laringe.

Diariamente, a produção de muco chega a 100 – 150 ml em 24 horas. Sem o muco,


os cílios não funcionam, como no caso de uma desidratação séria. E o excesso de
muco pode dificultar muito o trabalho dos cílios, como nas infecções ou ao inalar
substâncias irritáveis, como fumo, álcool ou sedativos.

O ato de fumar modifica o efeito de esteira rolante, porque no fumante há perda de


cílios, e excesso de muco, entre outros problemas.

Comumente, o muco é chamado de pigarro quando interfere na voz, causa tosse etc.
O muco ou pigarro precisa ser eliminado do organismo, e quando passa pelas cordas
vocais, podem causar uma diferença na sua vibração, modificando o som produzido.
A forma que o corpo usa naturalmente para eliminar o pigarro é através da tosse.

Tosse

A tosse existe para eliminar as secreções do Sistema Respiratório, e por isso precisa
ser eficiente.

A melhor posição para tossir é a sentada ou a inclinada para frente, com o pescoço
voltado um pouco para baixo. A inspiração deve ser profunda, pelo diafragma. A
expiração deve ser forçada pelos músculos da barriga, os abdominais, podendo fazer
um som de “Q” durante a tosse, que deve ser tripla, para ser mais eficiente.

O cantor deve ter cuidado ao tossir, para não agredir suas cordas vocais com a força
da grande quantidade de ar que passa por elas.

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