humor ou o colorido fornecido aos sentimentos. Tudo o que se apresenta nestas síndromes não é desconhecido das pessoas em geral, chamando, no entanto, a atenção pela radicalidade quase caricatural que o humor adquire. Todos nós conhecemos a impressão de que não há alegria que dure, ou seja, toda alegria se queima, se esvai com rapidez. Também conhecemos como a tristeza se nutre nos diversos fatos e nos pensamentos TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR – TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (PMD) – F31 • É caracterizado pela inconstância do humor com perturbação dos níveis de atividade do sujeito. Consiste em crises consecutivas com duas variações de humor: • Mania ou Hipomania: episódios de elevação do humor, aumento de energia e atividade; • Duração: 4-5 meses
• Depressão: episódios de rebaixamento do
humor, diminuição de energia e atividade. • Duração: 6 meses • Ambos se seguem a eventos da vida extressantes ou outros traumas mentais, mas a presença de tal estresse não é suficiente para o diagnóstico. • Início: não tem idades específica • Sexo: comum em ambos os sexos DEPRESSÃO (F32) • ►DEPRESSÃO (F32) • Diagnóstico diferencial: • Caracterizadada por humor deprimido, perda de interesse, prazer e energia reduzidos, levando a uma fatigacidade aumentada e atividade diminuída. Cansaço marcante após esforços leves:
• Concentração e atenção reduzidas;
• Auto-estima e auto confiança reduzidas; • Idéias de culpa e inutilidade; • Visões pessimistas do futuro; • Idéias ou atos autolesivos ou suicídio;; • Sono perturbado; apetite diminuído. • Cursa com três variedades: leve (F32.0), moderado (F32.1) e grave (F32.2 –Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos - e F32.3 –Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos). Diagnóstico estrutural: • Modificação profunda do humor, no sentido de tristeza e de sofrimento moral, correlativa de um desentendimento de qualquer atividade. • Na melancolia ou PMD ela indica uma hemorragia da libido, deslocada primeiramente do objeto para o eu, e finalmente levando o próprio eu a uma depreciação e desinvestimento radicais. Melancolia MELANCOLIA
• O termo evoca duas noções distintas:
• entidade clínica: constitui o paradigma entre o campo das neuroses e psicoses, sendo definida como um depressão profunda e estrutural, marcada pela extinsão do desejo e um extremo desinvestimento narcisista. • estado psíquico: remete à instalação dos conceitos de libido, narcisismo, de eu, de perda, etc. revela muito claramente as estreitas relações existentes entre o eu e o objeto, entre o amor e a morte, mostrando, nos pontos em que afeta o sujeito, como este se estrutura, de uma maneira geral, em virtude da falta. PERTURBAÇÕES DO HUMOR (AFETIVAS) PERTURBAÇÕES DO HUMOR (AFETIVAS)
Nestes transtornos, a perturbação fundamental é
uma alteração do humor ou afeto, usualmente para depressão ou elação, que é acompanhada por uma alteração no nível global de atividade. Incluem episódios depressivos e maníacos. • DEPRESSÃO: síndrome caracterizada por rebaixamento do humor (tristeza profunda, melancolia), redução da energia e da atividade. A capacidade de sentir prazer, de interesse e de concentração está diminuída. O sono está perturbado e o apetite diminuído. A auto-estima e a confiança em si mesmo estão reduzidas. Idéias de culpa e de desvalorização freqüentemente estão presentes. O retardo psicomotor é marcante e acompanhado por perda da libido. • • B) MANIA: trata-se de alteração psíquicas na qual ocorre fundamentalmente uma modificação no estado de humor, que mostra-se desproporcionalmente elevado, podendo variar de uma jovialidade despreocupada a uma excitação quase incontrolável. Ocorre um aumento de energia, resultando em hiperatividade, pressão para falar e diminuição da necessidade de sono. A auto- estima está artificialmente inflada, com idéias grandiosas e confiança excessiva. Há perda das inibições sociais, resultando em comportamento imprudente ou inadequado às circunstâncias. C) MELANCOLIA • É o estado de tristeza profunda e apatia sentido continuamente por alguem.
• Para Freud, afrirma que o afecto que
corresponde a melancolia é o luto, o desejo de recuperar algo que foi perdido. Trata-se de uma perda pulsional, da perda da libido. • 3 - DELIRIUM, DEMÊNCIA, PERTURBAÇÕES MNÉSICAS E OUTRAS PERTURBAÇÕES COGNITIVAS.
Várias doenças médicas podem causar sintomas que
afectam quase todos os quadros psiquiátricos. Essa categoria inclui condições casualmente relacionadas a disfunção cerebral decorrente de doença cerebral primária, doença sistêmica afetando o cérebro secundariamente, transtornos endócrinos, outras doenças somáticas e substâncias tóxicas exógenas. Os exemplos incluem depressão causada por hipotiroidismo, quadros esquizofrênicos devido a tumores cerebrais e sintomas psicóticos observados em alguns pacientes com epilepsia. • A CID-10 divide os transtornos mentais orgânicos em: • 1. Demência, tipo Alzheimer • 2. Demência vascular • Demências em outras doenças • Síndrome amnéstica orgânica (não induzida por álcool ou outras substâncias psicoativas) • Delirium • Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de doença física • Transtorno de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão e disfunção cerebrais. • DELIRIUM:
• DEFINIÇÃO: DELIRIUM é uma síndrome
caracterizada pela alteração global das funções psíquicas e que se manifesta através de comprometimento da consciência, da atenção e das funções cognitivas. Freqüentemente se acompanha de alterações do ciclo vigília-sono e da psicomotricidade. É uma síndrome aguda decorrente de causas orgânicas. Em geral, o Delirium é decorrente de uma doença que progride rapidamente e que, se não identificada e tratada, pode representar uma ameaça real à vida do paciente. • É uma síndrome organo-mental aguda(início rápido e duração breve) que se caracteriza por comprometimento cognitivo global (pensamento, percepção e memória), prejuízo da atenção, rebaixamento do nível de consciência, aumento ou diminuição da atividade psicomotora e perturbação do ciclo vigília-sono. A gravidade destes sintomas tende a flutuar no decorrer de um período de 24 horas e se intensificarem durante a noite. FATORES PREDISPONENTES Crianças, idosos e pacientes portadores de lesões cerebrais são mais propensos a desenvolver Delirium. Drogas anticolinérgicas são particularmente favorecedoras do desenvolvimento do Delirium. • ETIOLOGIA: é uma síndrome mental orgânica devido à uma ou mais fatores orgânicos que acarretam uma disfunção cerebral abrangente. Estes fatores estão agrupados em 4 categorias principais: • 1) Doenças cerebrais primárias • 2) Doenças sistêmicas que secundariamente afetam o cérebro • 3) Agentes tóxicos exógenos (medicamentos, drogas ilícitas, venenos) • 4) Abstinência de certas substâncias como álcool e outras drogas. • DIAGNÓSTICO O diagnóstico do Delirium envolve duas etapas essenciais: 1) reconhecimento das características clínicas da síndrome e;
2) identificação do fator ou fatores causais.
• O diagnóstico baseia-se na história clínica, observação do paciente e exame do estado mental. Uma história de mudança aguda e recente do funcionamento cognitivo, atenção e comportamento do paciente é um indício da maior importância. Informações de familiares, dando conta da piora da confusão do paciente durante a noite, constituem outra observação fundamental.. Durante a entrevista clínica, o examinador pode observar déficits cognitivos e de atenção. Ao proceder o exame do estado mental deve-se avaliar primeiramente se a consciência apresenta-se em alerta ou rebaixada. Quando possível deve-se fazer pesquisa de todos medicamentos e drogas ingeridos pelo paciente A investigação laboratorial deve incluir o hemograma completo, glicemia, dosagem de sódio, potássio, uréia e creatinina, além de parcial de urina, raio-X de tórax, ECG e sorologia para sífilis e AIDS. A realização de EEG pode mostrar lentificação difusa do ritmo de base, com a ocorrência de ondas delta. • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O mais importante desafio diagnóstico no caso de Delirium é distingui-lo da demência, principalmente nos pacientes idosos, nos quais estas síndromes freqüentemente coexistem. • CURSO E PROGNÓSTICO O quadro de Delirium raramente persiste por mais de uma semana. A evolução pode ser pela restauração do funcionamento cerebral ou para outro transtorno mental orgânico, como a demência. Quando se trata de pessoas idosas, os quadros de Delirium apresentam maiores tempo de hospitalização e taxas de mortalidade. • TRATAMENTO O princípio básico da abordagem de um paciente com Delirium consiste em identificar e tratar sua causa ao mesmo tempo em que se cuida das condições gerais do doente. Medidas gerais incluem manter o paciente em ambientes tranqüilos, moderadamente iluminados, evitando seu isolamento total. Orientação e reasseguramento são freqüentemente necessários. • A presença de um familiar junto ao paciente pode ser tranquilizadora. Deve se dar atenção ao controle da hidratação e do equilíbrio hidroeletrolítico. O uso de medicamentos deve ser muito criterioso. Exceto nos casos de delirium tremens o uso de benzodiazepínicos para sedação está contra-indicado no Delirium. Pacientes excessivamente agitados podem ser sedados com neurolépticos potentes (haloperidol, na dose de 2-5mg, VO ou IM, a cada 30 minutos). • DEMÊNCIAS. • DEFINIÇÃO A demência é uma síndrome caracterizada pela deterioração de habilidades intelectuais previamente adquiridas que interfere na atividade ocupacional e social. A demência irá se desenvolver em 5-11% de todas as pessoas acima de 65%, e irá afetar cerca de 50% de todos acima de 85 anos. Nos idosos a causa mais comum da demência é a doença de Alzheimer. • Em 1906, o Dr. Alois Alzheimer, um neuropatologista alemão, descreveu os achados neuropatológicos encontrados no cérebro de uma paciente com demencia progressiva e que constiuem até hoje a marca registrada da doença que passou a levar seu nome: perda neuronal, fusos neurofibrilares e placas senis. Perda da memória recente é o principal sintoma da demência que leva um paciente – ou aquele que cuida dele – a procurar ajuda médica. • ETIOLOGIA A demência em adultos pode ser causada por mais de 140 condições médicas. A doença de Alzheimer é responsável por aproximadamente 65% de todos os casos de demência em adultos. A segunda causa de demência em adultos é o distúrbio vascular cerebral com múltiplos infartos cerebrais ou demência vascular (17%). Causas menos comuns incluem a doença de Pick, coréia de Huntington, AIDS e doença de Parkinson. O quadro abaixo enumera as principais causas de demência: • Principais etiologias das demências: • 1. Doenças degenerativas (Alzheimer, Pick, Parkinson, Huntington) • 2. Doenças cardiovasculares (demência multi- infarto) • 3. Alcoolismo • 4. Hidrocefalia de pressão normal • 5. TCE, tumores cerebrais • 6. Transtornos endócrinos, metabólicos e nutricionais • 7. Doenças infecciosas (Creutzfeldt-Jakob, AIDS, sífilis) • 8. Intoxicação por drogas. • PATOLOGIA E FISIOPATOLOGIA O diagnóstico da Doença de Alzheimer pode ser determinado definitivamente apenas por visualização, em autópsia, das lesões características no cérebro. Patologia macroscópia: graus variados de atrofia cerebral cortical, com alargamento de fissuras, sulcos e ventrículos. • FATORES DE RISCO Além da idade, possíveis fatores de risco para Doença de Alzheimer incluem: • 1. História familiar de Doença de Alzheimer, mal de Parkinson ou Síndrome de Down; • 2. Sexo feminino • 3. Educação (uma reserva ou limiar mental maior atrasa o início dos sintomas clínicos) • 4. Traumatismos cranianos. • PATOGENIA A etiologia e a patogênese da Doença de Alzheimer não são conhecidas. Este distúrbio complexo possui, provavelmente, múltiplas causas. As pesquisas apontam as seguintes hipóteses: • 1. Predisposição genética: relatórios recentes apontam uma associação entre a apolipoproteína E e a Doença de Alzheimer. Mutações genéticas causais específicas sobre os cromossomos 21, 1 e 14 também foram descritas. Vários trabalhos tem relacionado a síndrome de Down com a Doença de Alzheimer (pacientes com esta síndrome tem maiores probabilidades de desenvolverem Alzheimer quando atingem a meia-idade). • 2. Toxicidade do alumínio: estudos recentes sugerem que o alumínio pode ser um co-fator no processo da fosforilação de uma forma aberrante de neurofibrilamentos. 3. Infeção: alguns investigadores sugeriram que um agente transmissível não-convencional (prion) pode estar envolvido na etiopatogenia da Doença de Alzheimer. • QUADRO CLÍNICO O início do quadro demencial geralmente é insidioso, e a evolução, lenta e progressiva. A evolução dos sintomas pode ser dividida em três estágios: • 1. Estádio inicial: caracteriza-se pela deterioração da memória, dificuldade de concentração, fatigabilidade e alteração da personalidade. As alterações do discurso são discretas ocorrendo repetição e perseveração de frases, dificuldade para encontrar palavras e empobrecimento do vocabulário. Sào raras as alterações neurológicas nesta fase. 2. Estádio intermediário: começam a surgir dificuldades nas atividades de rotina (dona de casa não consegue mais cozinhar, manter a cas em ordem ou usar seus aparelhos eletro-domésticos) e a desorientação temporo-espacial se acentua e o paciente pode não reconhecer ambientes familiares e nem informar corretamente o dia, o mês, o ano e o local onde se encontra. As alterações de linguagem se acentuam surgindo a afasia de expressão ou de compreensão e ecolalia. Podem ocorrer disartria e crises convulsivas. • 3. Estádio final: todas as funções intelectuais ficam muito comprometidas e o paciente não consegue identificar membros de sua própria família. O discurso torna-se incompreensível e muitos pacientes demonstram uma exacerbação das características de sua personalidade ou mesmo, uma inversão na personalidade. Em alguns casos há desinteresse, apatia, desapego, em outros pode ocorrer agitação, desinibição e perda da adequação social. • DIAGNÓSTICO O diagnóstico da Doença de Alzheimer é feito a partir de critérios clínicos. Não existem alterações laboratoriais específicas desta doença. O diagnóstico definitivo só pode ser firmado através do exame anatomopatológico, após a morte do paciente. Tomografia computadorizada, ressonância magnética e tomografia por emissão de fóton único podem auxiliar no diagnóstico de demência. As presenças de atrofia cortical, alargamento de ventrículos, sulcos e fissuras, não são específicas para a Doença de Alzheimer, mas representam achados sugestivos. • TRATAMENTO O diagnóstico preciso da Doença de Alzheimer proporciona a oportunidade de controle eficaz. Duas abordagens básicas de controle são: (1) medidas psico- sociais e (2) tratamento farmacológico. • 1. Medidas psico-sociais - A atenção dada a quem cuida do paciente é tão importante quanto o cuidado com este. O nível aumentado de stress pode levar a doenças físicas, depressão, perda de peso, insônia e abuso de álcool ou substâncias psicoativas. - Encorajamento do paciente para o desempenho de atividades simples, que o façam sentir-se útil. - Promoção de reuniões sociais. - Manter o paciente ativo durante o dia (para minimizar a insônia). Manter ambiente calmo, bem estruturado e previsível, com calendários e relógios sempre à vista do paciente. • 2. Tratamento farmacológico: A farmacoterapia para a Doença de Alzheimer é utilizada para tratar os distúrbios comportamentais que podem acompanhar a doença e a tratar o próprio distúrbio. • a) Distúrbios comportamentais: • - Depressão: preferência para os inibidores seletivos de recaptação de serotonina / noradrenalina, que tem propriedades anticolinérgicas mínimas. • - Ansiedade / agitação / insônia: é preferível utilizar os benzodiazepínicos de ação curta (lorazepan, oxazepam) ou neurolépticos como haloperidol e flufenazina em baixas doses. • - Alucinações e delírios: podem ser controlados farmacologicamente com neurolépticos. • b) Tratamento da demência. Por ser uma doença neurobiológica, cognitiva e comportamental complexa, a Doença de Alzheimer possui muitas abordagens farmacológicas. • - Nootrópicos e vasodilatadores: não existem evidências convincentes de que sejam úteis no tratamento das demências. • - Precursores da acetilcolina (colina e lecitina): os resultados iniciais foram promissores, mas na continuidade não provaram ser benéficos. • - Agonistas muscarínicos (betanecol, arecolina): os primeiros ensaios clínicos demonstraram pouco benefício. • - Inibidores da colinesterase (tacrina, donezepil, rivastigmina): reduzem o metabolismo da acetilcolina, elevando seus níveis na sinapse. São os únicos aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) americana para o tratamento da Doença de Alzheimer. •