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Esquizofrenia

Resumo de Esquizofrenia - Alinne Taylise Penteado e Sabrina Frasson da Silva - TXX.

TRANTORNOS PSICÓTICOS
A esquizofrenia é o mais comum e mais importante dos transtornos psicóticos primários.

Os transtornos psicóticos são definidos por anormalidades em um ou mais dos cinco domínios a seguir:

1. Alucinações.
Alterações da sensopercepção.
Alteração de como se percebe a realidade.
A pessoa acha que tem um carro ali, mas na verdade não tem.
Alucinações:
Auditivas.
Visuais.
Táteis.
2. Delírios.
Alteração do conteúdo do pensamento.
Alteração na interpretação da realidade.
O carro realmente está ali, mas a pessoa acha que tem alguém dentro do carro.
Delírios:
Persecutórios: mais comum / crença de estar sendo prejudicado, assediado, perseguido.
Bizarros: crença de perda de controle sobre o corpo ou a mente.
Referência: crença de que comentários, gestos e estímulos ambientais são direcionados à própria
pessoa.
Grandeza: crença de ser muito famoso, muito rico ou ter alguma habilidade especial.
Erotomaníacos: crença de que alguém – geralmente uma pessoa famosa ou importante – está
apaixonado por ela.
Niilistas: crença de que acontecerá uma tragédia.
Somáticos: crença de que órgãos internos estão se fragmentando, ou que não possui cérebro – enfim,
questões relacionadas ao corpo e à saúde.
3. Desorganização do pensamento.
Organização frouxa de ideias ou afrouxamento das associações: muda de um tópico para outro tópico
constantemente.
Tangencialidade: as respostas a perguntas podem ter uma relação oblíqua ou simplesmente não ter
relação alguma.
4. Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia).
Alteração da velocidade da atividade motora (tanto lentificação quanto agitação), posturas atípicas, gestos
repetitivos, movimentos anormais, alterações da marcha, comportamentos estranhos, bizarros e
catatonia.
Catatonia: redução acentuada da reatividade ao ambiente.
5. Sintomas negativos.
Expressão emocional diminuída: redução de expressões faciais, do contato visual, da entonação, da
gesticulação e da linguagem corporal.
Avolia: redução nas atividades autoiniciadas, motivadas e com uma finalidade (perda de interesse).
Alogia: redução do discurso.
Anedonia: redução no prazer de estímulos positivos.
Falta de sociabilidade: redução nas interações sociais.

Indivíduos com psicose têm risco aumentado de tentativa de suicídio (34,5%), abuso de substâncias (74%), situação
de rua (prevalência anual de 5%), vítima de violência (38% em um período de 3 anos) e heteroagressão.
DEFINIÇÃO
Distúrbio psiquiátrico grave, crônico, heterogêneo e com manifestações psicóticas que afetam em geral o
comportamento social e a percepção de realidade do indivíduo.

EPIDEMIOLOGIA
Distribuição universal.
Prevalência de 1% na população mundial.
Igualmente entre os sexos.
Início: adultos jovens, 10-25 anos nos homens e 25-35 anos nas mulheres.

ETIOLOGIA
Nenhum fator isolado é considerado causador.

Modelo de vulnerabilidade-estresse.

Indivíduo com uma propensão genética estaria suscetível ao aparecimento dos sintomas após um fator
estressante ambiental de ordem variada – de conflitos psicossociais a desordens autoimunes.

Fatores genéticos:

Há uma incidência maior de esquizofrenia e outras psicoses em familiares de indivíduos com esquizofrenia
(10% para quem tem um irmão).
No entanto, cerca de 85% dos pacientes não tem parentes de primeiro grau acometidos pela doença.

Fatores ambientais:

Uso de drogas (principalmente, maconha).


Complicações de gestação e parto.
Problemas no desenvolvimento neuropsicomotor.
Abuso físico ou sexual na infância.
TCE.
Baixa condições socioeconômicas.

FISIOPATOLOGIA
Acredita-se que os sintomas ocorram pelo desequilíbrio do neurotransmissor dopamina, principalmente nos
tratos dopaminérgicos mesocorticais e mesolímbico do SNC.

O desequilíbrio da dopamina não é a causa da esquizofrenia, mas a via final comum.

Hipótese dopaminérgicas da esquizofrenia:

Via mesolímbica: excesso de dopamina.


Relação: prazer / estímulo.
Causa: sintomas positivos, agressivos e afetivos.
Via mesocortical: défict de dopamina.
Relação: comportamento.
Causa: sintomas negativos, cognitivos e afetivos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Pródromos:

Os indícios da doença aparecem, frequentemente, na adolescência ou primeiros anos da idade adulta.


Há geralmente um período antes do episódio psicótico conhecido em que há alterações súbitas no
comportamento e declínio funcional.
Quadro clínico bastante polimorfo e heterogêneo.
Pode se manifestar como isolamento social, crenças esquisitas e anormalidades sensoperceptivas.

Sintomas positivos:

Alucinações auditivas (mais frequentes), visuais, ou de outros tipos.


Ideias delirantes paranoides, autorreferentes, de influência, ou de outra natureza.
Comportamento bizarro e atos impulsivos.
Agitação psicomotora.
Ideias bizarras, não necessariamente delirantes.
Produções linguísticas como neologismos.

Sintomas negativos:

Embotamento afetivo: perda da capacidade de sintonizar afetivamente com as pessoas, de demonstrar


ressonância afetiva no contato interpessoal.
Retração social: o paciente vai se isolando progressivamente do convívio social.
Empobrecimento da linguagem e do pensamento.
Diminuição da fluência verbal.
Diminuição da vontade e apragmatismo, ou seja, dificuldade ou incapacidade de realizar tarefas ou ações que
exijam um mínimo de iniciativa e persistência.
Autonegligência: falta de higiene e cuidado consigo mesmo, desinteresse pela própria aparência, etc..
Lentificação psicomotora.

DIAGNÓSTICO

Critérios diagnósticos - DSM-V


A. Dois ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes com duração significativa, por período de pelo
menos um mês (ou menos, se tratado com sucesso). Pelo menos deve ter (1), (2) ou (3):

1. Delírios;
2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado;
4. Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico;
5. Sintomas negativos (expressão emocional diminuída ou avolia).

B. Disfunção sócio-ocupacional.

C. Duração de pelo menos seis meses com sinais prodrômicos ou residuais, incluindo pelo menos um mês dos
sintomas acima (ou menos, se tratado com sucesso).

D. Exclusão de transtorno esquizoafetivo e transtorno do humor.

E. Exclusão de uso de substâncias/condição médica geral.

Critérios diagnósticos - CID-10


A. Eco, inserção, irradiação ou roubo do pensamento.

B. Delírios de controle, influência ou passividade.

C. Vozes que comentam ou discutem entre si.

D. Delírios persistentes de outros tipos.

E. Alucinações persistentes de qualquer modali-dade.

F. Interceptações ou bloqueio do pensamento.

G. Comportamento catatônico.

H. Sintomas negativos (apatia, pobreza do discurso, embotamento).

Presença de, no mínimo, um dos sintomas pertencentes ao grupo de (A) a (D), ou dois sintomas pertencentes ao
grupo de (E) a (H), durante pelo menos um mês.

O diagnóstico de esquizofrenia não deve ser feito na presença de sintomas maníacos ou depressivos nítidos.

A esquizofrenia não deve ser diagnosticada na presença de transtorno mental orgânico ou durante estados de
intoxicação ou abstinência de drogas.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Psiquiátricos:

Depressão com sintomas psicóticos.


Mania com sintomas psicóticos.

Clínicos:

Delirium.
Tireoide.
Fígado.
Rim.
Doenças neurológicas.
Quadros demenciais.

Drogas e medicações.

Drogas: tanto a intoxicação com a abstinência.


Medicações: corticoides, antibióticos e psicotrópicos.

PROGNÓSTICO
O curso natural da doença envolve períodos de remissão e recaída dos sintomas, geralmente acompanhados de
uma deterioração geral do paciente a cada novo surto.

Doença neurodegenerativa:

Por volta dos 20 anos ocorre o primeiro episódio psicótico, geralmente com crises de delírio e alucinação,
onde inicia-se o tratamento com antipsicóticos. Com cerca de 10-20 anos vai cronificando e entrando em um
estágio de disfunção sócio-ocupacional.
Na psicose onde o paciente está com excesso de neurotransmissores ocorre um quadro neurotóxico, nos
quais cursa com perda de neurônio ao longo do tempo.

TRATAMENTO
Farmacológico (antipsicóticos) + Terapias psicossociais.

Farmacológico
Típicos/ Primeira Geração:

Mecanismo de ação: bloqueiam por competição os receptores D2 da dopamina.


Indicação: Medicações de segunda escolha. Contra os sintomas positivos. Medicações baratas e bastante
disponíveis.
Efeitos adversos: aumento da prolactina e sintomas extrapiramidais e parkinsonianos.
Opções: Haloperidol, Clorpromazina, Levomepromazina, Periciazina, Pimozida e Clopixol.
Divisão:
Alta potência: são mais utilizados apesar da possibilidade de efeitos extrapiramidais.
Baixa potência: são mais sedativos e são primeira opção em pacientes com agitação ou insônia.

Atípicos/ Segunda Geração:

Mecanismo de ação: Bloqueiam os receptores da serotonina e dopamina.


Indicação: Medicações de primeira escolha. Contra os sintomas positivos e negativos. São melhores tolerados
e apresentam mais efeito nos sintomas negativos, embora apresentem custo financeiro mais elevado.
Efeitos adversos: Menor incidência de efeitos extrapiramidais. Maior risco de efeitos adversos metabólicos,
como diabetes, hipercolesterolemia e aumento de peso.
Risperidona, Quetiapina, Olanzapina, Aripiprazol, Ziprasidona, Lurasidona, Amissulprida e Clozapina.

TÍPICOS TÍPICOS
ATÍPICOS
ALTA POTÊNCIA BAIXA POTÊNCIA

Haloperidol, 5-15 mg/dia Clorpromazina, 300-800 mg/dia Risperidona, 2-8 mg/dia

Levomepromazina, 100-300
Flufenazina, 5-15 mg/dia Olanzapina, 5-20 mg
mg/dia

Quetiapina, 300-400 mg/dia

Clozapina, 200-500 mg/dia

Clozapina:

Em caso de resistência a outros antipsicóticos.


Eficaz e com pouco risco de reações extrapiramidais.
Considerar na refratariedade de pelo menos 2 medicamentos em monoterapia usados ≥ 6 semanas (doses
otimizadas) ou < 6 semanas se risco alto de suicídio e discinesia tardia.
Efeitos adversos: graves, como supressão da medula óssea, convulsões, efeitos cardiovasculares e
agranulocitose grave (contagem frequente de leucócitos).

Caso não haja resposta ao tratamento ou a resposta seja parcial, com permanência de sintomas residuais e
psicóticos que afetem a qualidade de vida.

Primeiro: deve-se considerar possíveis causas de má resposta (má aderência, interação medicamentosa e uso
de substância) e excluídas essas causas, deve-se considerar outra abordagem de tratamento.
Outras abordagens:
Prescrição de doses maiores de antipsicóticos.
Adição de um estabilizador de humor.
Adição de uma segunda droga antipsicótica.

Efeitos extrapiramidais
Distonias: poucas horas até dias.
Contrações musculares involuntárias, movimentos repetitivos lentos, cólicas ou posturas anormais.
Acatisias: dias a semanas.
Tremor muscular, agitação e incapacidade de ficar sentado e parado.
Tipo Parkinson: semanas a meses.
Bradicinesia, rigidez e tremores.
Discinesia tardia: meses a anos.
Movimentos involuntários com parte do rosto, boca, língua e nariz.

Anticolinérgicos: se bloquear a atividade colinérgica (com o anticolinérgico) o equilíbrio é restabelecido e os efeitos


extrapiramidais minimizados.

Tioridazina: antipsicótico com forte atividade anticolinérgica = menores efeitos.


Haloperidol e Flufenazina: pouca atividade colinérgica = maiores efeitos.

A acatisia responde melhor aos β-bloqueadores (Propranolol) ou aos benzodiazepínico.

Não Farmacológico
Intervenção psicossocial.
Terapia ocupacional.
Psicoterapias individuais e em grupo.
Treino de habilidades sociais.
Intervenção familiar.
Emprego protegido.

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