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Emergências Psiquiátricas

→ qualquer situação de natureza psiquiátrica na qual existe um risco


significativo para o paciente, terceiro e ambiente.

→ distúrbios do pensamento; sentimento e comportamento que necessitam de


intervenções imediatas.
Pronto-socorro: melhor serviço para atender; entretanto o atendimento
também pode acontecer em outros níveis de atenção como: centros
especializados, unidades de internação e até em unidades básicas de saúde.
objetivos:

promover ESTABILIZAÇÃO do quadro: sintoma-alvo abordado e controlado;

estabelecer uma hipótese diagnóstica do quadro: mesmo que


PROVISÓRIA, pois servirá como referencial para a avaliação da evolução do
paciente

encaminhar adequadamente: garantia do seguimento do tratamento do


quadro

Agitação psicomotora e o paciente potencialmente


agressivo
agitação psicomotora (AP) e o comportamento agressivo caracterizam uma
emergência psiquiátrica pois podem levar a danos ao paciente, às pessoas
ao seu redor e ao ambiente

AP sintomas: inquietação, irritabilidade, atividades motora e verbal


EXACERBADAS ou DESORGANIZADAS

Comportamento agressivo: pode ou não ser precedido por um quadro de


AP; consiste na ameaça ou execução de danos morais ou físicos a si
mesmo ou outros;

mais associados: intoxicação ou abstinência por álcool e/ou drogas e


surtos psicóticos

outros quadros possíveis: crises de ansiedade, pânico, mania, transtornos


de personalidade, demência, delirium e outros transtornos mentais

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orgânicos

Quadros Clínicos que podem levar a AP: traumas; infecções; acidentes


vasculares cerebrais, epilepsia e hipoglicemia

Medicações que podem causar efeitos semelhantes: metoclopramida


(plasil)

Abordagem Inicial

primeira intervenção: proteger a integridade física do paciente e das


pessoas ao redor

investigar antecedentes psiquiátricos, presença de comorbidades, uso de


medicações ou substâncias psicoativas

inicio do quadro

estressores psicossociais

quedas e traumas

exames complementares: glicemia, hemograma, urina I, radiografía de


tórax, ECG e SPO2 (descartar causas orgânicas)

Terapêutica

Contenção Verbal (CV): uso de técnicas de comunicação terapêutica afim


de tirar o paciente da situação de risco em que se encontra;

caso o paciente ofereça RISCO IMEDIATO: pode ser necessário o uso de


contenção mecânica ou química primeiramente

fala firme e clara, sem autoritarismos. imposição de limites.

Contenção química (CQ): uso de medicação para conter o quadro de


agitação. VO ou IM.

IM tem efeito mais rápido, porém, caso o quadro de agitação seja mais leve
e haja aceitação do paciente, a medicação oral deve ser a primeira escolha

Se recusar VO se utiliza IM, de modo voluntário ou involuntário.

Questionar história de intolerância à medicação (especialmente síndrome


neuroléptica maligna e distonia aguda)

Investigar uso de substâncias psicoativas para evitar sedação

a combinação entre antipsicóticos e benzodiazepínicos é bastante utilizada


para realizar tranquilização rápida

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abuso ou abstinência: haloperidol; delirium: haloperidol ou risperidona
(somente VO); psicose aguda: midazolam, prometazina e haloperidol (IM);
diazepam, clonazepam, lorazepam, haloperidol (VO)

SE INEFICAZ: Contenção Mecânica (CM): uso de dispositivos como feixas e


cintos para restringir os movimentos do paciente → prescrição médica;
realizada por equipe treinada; sob supervisão do enfermeiro e de acordo
com protocolo da instituição;

MMII na altura dos tornozelos e MMSS na altura dos punhos;

orientar quanto ao motivo da contenção + SSVV a cada 30min e perfusão


periférica cobrir paciente com lençol deixando extremidades descobertas

garantir alimentação, hidratação e eliminações

garantir a segurança do paciente

É precedida pela Contenção Física (CF): restrição dos movimentos através


da força humana

Assistência de enfermagem

identificação do risco de agitação

realização do diversos tipos de contenção

avaliação periódica do paciente

ambiente seguro, livre de estímulos que gerente ansiedade e objetos que


possam causar ferimento ex agulha suporte de soro

Atenção: sinais preditores e delírio

sinais preditores: exacerbação dos movimentos e gestos; ameaças;


aumento do tom voz; irritabilidade e hostilidade

delírios: ideias irreais, muitas vezes bizarras, de convicção absoluta e


irredutível e geralmente causam ansiedade.

OBS: acolher delírios com empatia, não confrontar com ideias lógicas. nem
reforçar ideias delirantes.

Delirium ou estado confusional agudo


Síndrome neurocomportamental caracterizada por alterações relacionadas
a um distúrbio sistêmico subjacente

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Início rápido, curso breve e geralmente reversível

Alterações no nível de consciência, atenção, orientação, senso de


percepção (alucinações, ilusões); do pensamento (desorganização e
delírios), da memória recente, atividade motora e do humor

Sonolência diurna e agitação noturna (sintomas pioram à noite)

Condições associadas: estados pós-operatórios, infecções, distúrbios


metabólicos, doenças cardiovasculares, doenças do sistema nervoso
central e abstinência.

Abordagem inicial

Coletar histórico completo: exame físico, psíquico e neurológico

História detalhada do surgimento dos sintomas e de antecedentes pessoais


contando com relatos do paciente e família

exames complementares: hemograma, glicemia, urina I, radiografia de


tórax, oximetria e ECG.

Terapêutica

medicação psicotrópica para atenuar os sintomas levando em


consideração idade, quadro clínicos, interações medicamentosas

principais situações que necessitam de tto medicamentoso: agitação


psicomotora, psicose e insônia

AP e psicose: haloperidol ou risperidona

insonia lorazepam e midazolam

SSVV rigorosamente monitorados

tratar a CAUSA: condição clínica subjacente

diagnosticar e tratar mais rapidamente

Assistência de enfermagem:

Avaliar quadro e relacionar com alterações da condição de saúde como


emagrecimento, desidratação e hipertermia;

Risco de queda suicidio e agressividade.

Crise e transtorno do pânico

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crise súbita de ansiedade que pode OU NÃO ser desencadeada por um
estressor;

sintomas: dispneia; taquicardia e sensação subjetiva de ansiedade;

impressão de que está prestes a enlouquecer, sofrer ataque cardíaco ou


morrer;

se desenvolve entre 5 e 30 min;

repetição e frequência das crises caracterizam o transtorno do pânico.

Ataque de pânico: período de intenso temor ou desconforto + pelo menos 4


sintomas (início abrupto e pico em 10 minutos);

sintomas:

palpitação ou taquicardia;

sudorese;

tremores;

sensação de falta de ar ou sufocamento;

sensação de asfixia;

dor ou desconforto torácico;

náuseas;

tontura;

medo de morrer ou enlouquecer;

parestesias;

calafrios;

desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (estar


distanciado de si mesmo).

Transtorno de pânico
Ataques de pânico recorrentes e inesperados, sendo que pelo menos um dos
ataques foi seguido pelo período mínimo de um mês com uma (ou mais) das
seguintes características:

preocupação persistente acerca de ter ataques adicionais;

preocupação acerca das implicações do ataque ou suas consequências;

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uma alteração comportamental significativa relacionada aos ataques.

Abordagem inicial

descartar causa orgânica;

diagnósticos diferenciais: angina; IAM; AVC; asma; enxaqueca; intoxicação


por drogas e abstinência alcoólica;

exames complementares: ECG; enzimas cardíacas e exames de imagem


direcionados pela clínica do paciente.

Terapêutica

benzodiazepinicos (alprazolam, lorazepam e clonazepam)

não é recomendado manter por mais de 6 semanas

tto a longo prazo: antidepressivos (sertralina e paroxetina) associados ou


não a um benzodiazepínico

Assistência de enfermagem

história detalhada da doença;

tratamentos anteriores;

uso de substâncias;

antecedentes familiares

escuta terapêutica (tranquilização, promoção de segurança) → técnica de


relaxamento, exercício de respiração;

explicar ao paciente e familiares o que é o ataque de pânico.

Intoxicação aguda pelo álcool


síndrome reversível específica a ingestão recente dessa substância

comportamento inadequado; agressividade; labilidade do humor; prejuízo


na coordenação psicomotora e julgamento da realidade, lentificação
psicomotora e déficit cognitivo

sinais: hálito etílico; conjuntivas hiperemiadas; marcha atáxica; perda da


critica; euforia; irritabilidade; labilidade emocional; lentificação ou agitação
psicomotora; dificuldade na fala; distorções percentuais e sedação.

Abordagem inicial

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investigar tipo de bebida quantidade, último horário de ingesta, problemas
preexistentes de consumo;

investigar associação de substâncias psicoativas.

Terapêutica

reposição de tiamina (vit B1) para prevenir a encefalopatia de wernicke

observar hipoglicemia e corrigir (reposição de glicose)

hidratação: SF 0,9%

se agitação psicomotora e violência: haloperidol

Assistência de enfermagem

garantir a proteção da vida e integridade física do indivíduo;

atentar a riscos de convulsão, arritmias cardíacas e outras complicações;

monitorar SSVV: PA, pulso e glicemia

decúbito lateral para evitar broncoaspiração de êmese;

assegurar necessidades humanas básicas: hidratação; alimentação;


higienização e conforto;

contenção mecânica se necessário.

Síndrome de abstinência do álcool


Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA): interrupção ou redução do uso
da substância após um período de uso pesado e prolongado;

alteração física e comportamental com prejuízo cognitivo e fisiológico;

leve, moderada ou grave, podendo levar → coma ou a morte

leve/moderado: leve agitação; tremores finos; cefaleia episódica; náuseas;


sensibilidade visual; sudorese facial discreta; leve ansiedade.

grave: agitação psicomotora; tremores generalizados; sudorese intensa;


cefaleia; náuseas e vômitos; contato prejudicado; desorientação no tempo
e espaço; crítica prejudicada; ansiedade; pensamento descontínuo ou
delirante; alucinações táteis ou visuais.

SAA representa fase importante da Síndrome de Dependência do Álcool


(SDA)

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Abordagem inicial

promover abstinência segura;

investigar último uso de álcool;

realizar exame físico e psíquico.

Terapêutica

SAA nível 2 (grave) deve ser conduzida em espaço hospitalar

medidas farmacológicas: reposição de tiamina (vit B1); benzodiazepínicos


baseados nos sintomas e hidratação EV + reposição de eletrólitos;

medidas não farmacológicas: monitorar o comportamento do paciente;


orientar em relação a tempo, espaço e procedimentos a serem realizados;
manter dieta leve ou jejum; monitorar gravidade da SAA pela escala CIWAA;
monitorar glicemia, eletrólitos e hidratação; manter paciente em repouso;
promover ambiente tranquilo. reduzir estímulos audiovisuais; contenção
mecânica, se necessária.

Assistência de enfermagem

5 áreas:

risco de progressão para abstinência severa;

ameaça de vida, risco de danos a si mesmo a outros ou comportamento


autodestrutivo devido a estado mental alterado;

risco para desidratação, desequilíbrio nutricional e eletrolítico;

potencial para convulsões;

presença de doenças simultâneas que são mascaradas ou imitadas por


abstinência.

diminuir ou extinguir tais riscos

assegurar necessidades humanas básicas (alimentação, conforto,


hidratação)

CIWAA gravidade e necessidade de adm de medicamentos

Comportamento suicida
indivíduo se agride independentemente do grau de letalidade desejado

há reconhecimento por parte do indivíduo da sua atitude

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vai desde de ideação suicida ao suicídio

Ideação suicida: ideias recorrentes ou permanentes de perda da vontade


de viver

Plano suicida: plano de execução do ato suicida que inclui método, acesso
ao método e data

Ato suicida: aja de forma voluntária e intencional buscando provocar a


morte. Tentativa de suicídio: falha do ato suicida

Risco de suicídio: probabilidade de que uma ideação suicida se concretize

Suicídio: morte intencional auto infligida

Abordagem inicial

tentou suicídio:

ainda se encontra em risco: proteção da vida de acordo com o método


utilizado

já se encontra fora de risco: avaliar risco de recidiva, motivações; retirada


de objetos potencialmente letais do ambiente

levantamento de fatores de risco: sexo masculino, maior de 45 anos,


divorciado solteiro e viúvo, problemas no funcionamento familiar,
relacionamentos sociais e sistemas de suporte deficientes, perdas pessoais
ou de emprego, falta de habilidade em lidar com problemas, doença física
ou dor crônica, transtornos mentais, acesso a meios letais e exposição a
suicídio de terceiros.

Terapêutica

plano individualizado

hospitalização

tratamento da condição psiquiátrica subjacente

Assistência de enfermagem

reforçar o usuário com comportamento suicida na passagem de plantão;

observar reações emocionais: desânimo, frases pessimistas;

estabelecer medidas preventivas - revista de objetos pessoais,


identificação na prescrição e prontuário.

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