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1) TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Ligada à antecipação e/ou expectativa de um evento futuro
Sintomas físicos: transtornos de ansiedade se associam à vasoconstrição
cerebral, o que provoca sintomas no SNC (tonturas) e SN Periférico.
Envolvem sudorese, taquicardia, enjôo, tremores, dispneia, aumento PA,
tontura, cefaleia, palpitação, vertigens, mal-estar, insônia, dores
musculares, epigastralgia, hiperventilação (alcalose e diminuição do fluxo
sanguíneo com consequente tontura, parestesias, formigamentos, etc.)
Relacionados ao mediador químico (norepinefrina, adrenalina) que se
espalha pela corrente sanguínea e resulta nesses sintomas
Sintomas psíquicos: medo, insegurança, expectativa, nervosismo, limitação
do raciocínio, tensão, irritabilidade, dificuldade de concentração, irritação,
desespero
Ansiedade é um mecanismo de defesa
Angústia pode ter as mesmas manifestações da ansiedade, mas é
relacionada a um evento presente
Maioria das pessoas que apresenta ansiedade ou depressão
subsindrômicas, quando expostas ao stress, desenvolvem TAG, depressão
e ansiedade mistas, ou transtorno depressivo maior
Transtornos como pânico, TOC, hipocondria, etc. tem como parte do
tratamento antidepressivos, que reduzem sintomas de ansiedade, e podem
melhorar o quadro, além dos ansiolíticos
A composição genética determina que tipo de transtorno de ansiedade a
pessoa vai desenvolver
Cada pessoa lida com a ansiedade de uma forma diferente, dependendo do
meio em que está inserida e sua resposta a ele
Epidemiologia: transtornos de ansiedade aparecem mais em mulheres. A
prevalência durante a vida é 29%
Diagnóstico: histórico médico + exame físico.
Procurar por uso de drogas (25% dos usuários tem algum
transtorno), prejuízos em diversas esferas (familiar, profissional) e
episódios de autoflagelação
O histórico familiar de transtornos de ansiedade é importante pois há
35% de concordância entre parentes de 1º grau
O manual de Mental Disorders estabelece critérios para cada tipo de
transtorno
Prognóstico: depende do enfoque e acompanhamento terapêutico, da forma
com que o paciente conduzir seu processo, e do apoio e suporta familiar,
quando possível. Associa-se diretamente à estrutura de personalidade de
um indivíduo
Tratamento: o melhor tratamento é estabelecido baseando-se no
conhecimento do paciente e na confiança que ele tem no médico. Envolve
análise, psicoterapia, ansiolíticos, antidepressivos
Neurotransmissores relacionados: norepinefrina (+ SN Simpático),
serotonina (+ sistema GABA; baixos níveis desse NT estão relacionados a
depressão e ansiedade), GABA (inibitório)
SÍNDROME DO PÂNICO
Ataque de pânico: período de intenso medo ou desconforto, tipicamente
abrupto e inesperado. Sintomas variam e são no mínimo 5 para serem
considerados uma crise.
Desespero Dificuldade de respirar
Tremores Tontura
Ondas de calor Despersonalização
Náuseas Palpitações
Calafrios
cérebro
sistema ativado da
entende como noradrenalina
sinal de perigo
TOC
Presença de obsessões e/ou compulsões
Obsessões: pensamentos impulsivos ou imagens indesejáveis e
involuntários, que invadem a consciência causando acentuada
ansiedade ou desconforto, e obrigando o indivíduo a executar rituais
Compulsões: atos físicos ou mentais realizados em resposta às
obsessões, com a intenção de afastar ameaças, prevenir possíveis
falhas ou simplesmente aliviar um desconforto físico
Evitações: indivíduos com TOC evitam o contato com determinados lugares,
objetos que outras pessoas tocam ou até pessoas como forma de obter
alívio dos seus medos e preocupações
Modelo funcional do TOC: obsessão gera ansiedade, que gera compulsão,
que produz um alívio temporário. Logo uma nova obsessão inicia um novo
ciclo
TOC vs TPOC (transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva)
TPOC: condição em que a pessoa é extremamente perfeccionista,
com necessidade de ordem e de controle sobre as pessoas ao seu
redor. A pessoa se vê como responsável, confiável, meticulosa,
competente, mas é vista pelos outros como irresponsável, casual,
incompetente, ociosa
TOC: a pessoa tem pensamentos fora de seu controle, mas que ela
gostaria de evitar. Quem tem TPOC não percebe que seu padrão de
pensamentos é problemático. A pessoa acredita que seu
perfeccionismo e necessidade de controle são pensamentos certos, e
que todas as pessoas estão agindo de forma errada
Não há obsessões e compulsões no TPOC, só no TOC
Classificação
I. Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico: as obsessões e rituais
se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa
II. Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: persistem
até o exercício da compulsão que alivia a ansiedade
Causas
Etiologia desconhecida, mas acredita-se envolver fatores biológicos,
genéticos e psicológicos
Fatores biológicos: traumas cranioencefálicos, derrames, AVCs,
Parkinson, tiques
Fatores genéticos: risco de familiares de 1º grau acometidos pelo TOC
aumenta em 4 a 5x a chance de ter o transtorno
Fatores psicológicos: aprendizagens e crenças erradas na interação
com ambiente, interpretação e percepção erradas da realidade (ao
exagerar um risco, por exemplo)
Estresse devido a acontecimentos da vida da pessoa, em conjunto a
pensamentos e impulsos intrusivos, a vulnerabilidade psicológica e a
pensamentos perigosos e inaceitáveis, levam a preocupação ansiosa – que
levam a rituais comportamentais cognitivos para neutralizar ou suprimir
pensamentos
Bases fisiopatológicas
Anormalidades na neuroquímica cerebral
O núcleo caudado não funciona, fazendo com que o tálamo se torne
hiperativo, enviando sinais de preocupação para o córtex órbito-
frontal, que corresponde elevando a ansiedade
Sintomas: obsessões, compulsões (medo de contaminação, necessidade de
organizar objetos, rituais de limpeza, etc.). Sensações físicas incluem
coceira, formigamento, paralisia. Sensações mentais incluem tensão
crescente, sensação de incompletude, imperfeição, insuficiência
Diagnóstico: obsessões e/ou compulsões, que causam sofrimento ao
paciente ou a seus familiares, ocupando ao menos uma hora do seu dia e
prejudicando o cotidiano. Em algum momento, o indivíduo deve reconhecer
que os sintomas são excessivos. Os sintomas devem estar presentes na
maioria dos dias por pelo menos duas semanas
Epidemiologia: 4º transtorno psiquiátrico mais comum (precedido por
fobias, abuso e dependência de drogas, depressão maior). A prevalência na
população geral está estimulada entre 2 a 3%, atingindo igualmente
homens e mulheres. Pode começar em torno de 20 anos. Comorbidade com
outros transtornos é muito comum, e geralmente paciente procura ajuda
para esses outros sintomas
Tratamento
Fármacos: inibidores da receptação de serotonina, com
desaparecimento gradual de sintomas, mas geralmente a melhora é
incompleta, sendo que a suspensão da medicação leva à recaída dos
pacientes
TCC: reduz sintomas em 70% dos pacientes, e em 30% há emissão
completa. Se baseia na exposição e prevenção de rituais, o que
depende da adesão do paciente
TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS (CONVERSIVOS)
Perda da integração normal entre memória, consciência ou da própria
identidade, sensações e controle dos movimentos corporais. Na
dissociação, os sistemas cognitivos perdem sua conexão e funcionam de
modo autônomo
Estreita relação temporal com eventos traumáticos, problemas insolúveis
ou intoleráveis ou relações pessoais deterioradas de forma grave
O termo “conversão” implica que um sofrimento intrapsíquico é
transformado em sintomas físicos
Amnésia dissociativa: parece estar ligada a um evento traumático – o
indivíduo não se lembra de partes de sua vida, principalmente se estiverem
relacionadas a esse evento traumático
o Localizada: eventos que resultaram na perturbação da memória não
são lembrados por um período de tempo
o Seletiva: como a localizada, mas a pessoa pode se lembrar de
algumas partes do evento, sem conseguir reconstruí-lo
Fuga dissociativa: além da amnésia, indivíduo se afasta de sua casa e local
de trabalho e, sem se lembrar, constrói outra vida. Pode durar horas ou
meses
Estupor dissociativo: ausência de movimentos voluntários e resposta
normal a estímulos como luz, ruído, toque
Transtorno de transe e possessão: perda temporária de identidade pessoal
e de plena consciência do ambiente em que se encontra
Epidemiologia: mais comuns em mulheres e em indivíduos de menores
níveis socioeconômicos e educacional
Quadros conversivos podem mimetizar qualquer doença neurológica. A
incapacidade de mover parte ou todo membro é a apresentação mais
comum dos transtornos motores dissociativos. A paralisia pode ser parcial
ou completa. Há outras manifestações frequentes, como ataxia, tremores
ou contraturas de extremidades ou de todo o corpo. Em geral, englobam
apenas a anestesia ou perda sensorial
TRANSTORNOS SOMATOFORMES
Quadros de natureza física sem etiologia orgânica reconhecível ou que
envolve natureza psicossocial
Mulheres, prisioneiros e militares tem maior frequência de transtornos
Determinantes psicológicos, sociais e biológicos em interação.
Frequentemente o paciente somatizador vem acompanhado de problemas
familiares, pessoais, profissionais e sociais
Sintomas que não são reconhecidos como síndromes, associados a
situações do estresse psicossocial intermediadas por sofrimento psíquico:
desmaios, dispneia, dores no peito, dores nos membros, formigamento,
fraqueza muscular, poliúria, taquicardia, tonturas
Comorbidades: fobias, ansiedade, depressão menores
Pacientes buscam pelo auxílio médico diante da presença de um sintoma, o
reconhecimento do quadro como psíquico pelo médico e o encaminhamento
para a psiquiatria ou serviço de saúde mental
Transtorno hipocondríaco: medo mórbido de adoecer ou ficar doente.
Proximidade com TOC – indivíduo hipocondríaco é atormentado por
obsessões de estar doente e assolada por compulsões, e procura auxílio
médico para aliviar essas obsessões
As queixas não são imaginárias
Transtorno somatoforme indiferenciado deve ter pelo menos 4 sintomas de
dor, sendo 2 gastrointestinais, 1 sexual, 1 pseudoneurológico sem
explicação. Apresentam várias queixas somáticas e histórias médicas
longas e complicadas, geralmente com envolvimento de vários sistemas. O
médico deve ser cuidadoso para não receitar substância com potencial
adictivo, mas sim formar uma aliança terapêutica e manter uma
reafirmação consistente de que o paciente não está louco
Transtorno conversivo: presença de um ou mais sintomas neurológicos, que
não podem ser explicados, é suficiente para o diagnóstico. Os sintomas
podem ser revelados de forma dramática ou histriônica, com história de
sexualidade perturbada. Deve-se evitar confrontação direta e ter uma
abordagem de tranquilização, podendo ser associada ao uso de ansiolíticos
Transtorno dismórfico corporal: sentimento subjetivo de ser muito feio em
algum aspecto de sua imagem, pensando não ser atraente ou ser repulsivo.
Tem etiologia desconhecida, mas esses pacientes são altamentes afetados
por estereótipos de beleza. A pessoa pode procurar assistência médica ou
cirúrgica para resolver o problema. O tratamento é feito com psicofármacos
e psicoterapia
Transtorno doloroso: presença de dor como foco predominante de atenção
clínica, associada a importantes fatores psicológicos. É a expressão
simbólica de um conflito intrapsíquico
2) TRANSTORNOS DE HUMOR
Envolve transtornos como depressão, distimia, manias, transtorno bipolar,
transtorno depressivo recorrente
Humor é uma experiência interna (tônus afetivo basal), enquanto o afeto
se refere a manifestações externas
DEPRESSÃO
Ter depressão (doença) é diferente de estar deprimido (tristeza)
Tristeza é um sofrimento momentâneo, transitório, que ajuda na elaboração
das perdas, ou sofrimentos ocasionais. Após perdas, do emprego ou de
entes queridos, atravessamos uma fase de sofrimento e angústia, que pode
se prolongar por um determinado período de tempo (cerca de 2 meses),
mas esse quadro vai se atenuando e aos poucos a vida vai retomando seu
ritmo normal
A tristeza sempre tem um motivo, e a pessoa sabe porque está triste.
Costuma-se ter pensamentos repetitivos sobre a razão da tristeza
Se a tristeza não passa e começam a surgir sentimentos de apatia,
indiferença, desesperança, falta de perspectivas ou prazer pela vida, esse
é um sintoma claro de depressão
Sentir tristeza perante algum evento como morte de um parente, é normal
e passageiro. A depressão é uma tentativa de fugir da tristeza, ocorrendo
um bloqueio no modo saudável de sentir a tristeza, e que pode ocorrer sem
causa aparente
A depressão é uma tristeza profunda e sem conteúdo, que independe de
coisas boas acontecerem na vida da pessoa. A profundidade da tristeza
também é importante. Quando deprimida, a pessoa sente, pelo menos,
duas semanas de uma tristeza profunda e contínua
Depressão sofre influência de fatores genéticos, ambientais (psicossociais)
e biológicos
Vulnerabilidade genética e/ou eventos de vida precoce estressantes causam
uma predisposição no indivíduo que, diante de um evento estressante
(desencadeante ou mantenedor), pode desenvolver a depressão clínica
Fatores de risco: mulheres, divorciados, solteiros, viúvos, ausência de
relações interpessoais íntimas, perda de cônjuge, desemprego
Predominante em maiores de 40 anos
Critérios diagnósticos
Episódio leve: 2 sintomas fundamentais + 2 sintomas acessórios
Episódio moderado: 2 fundamentais + 3 a 4 acessórios
Episódio grave: 3 fundamentais + >4 acessórios
Todos os sintomas no mínimo há 2 semanas, a não ser nos quadros
graves
Persistência após 2 meses do “luto”
SUICÍDIO
A pessoa que quer se suicidar pode não querer acabar com a própria vida,
mas sim destruir/desestabilizar a vida das pessoas ao seu redor, que lhe
causam dor, através de sua morte. A pessoa sabe que os outros vão sofrer
1 suicídio a cada 40 segundos e 1 tentativa a cada 3 segundos
Ideia de suicídio é relativamente frequente na população, especialmente
quando nos deparamos com a ideia de quão frágil nossas vidas são
“Tipos” de suicídio
Em geral, quem se suicida é a pessoa que perdeu suas esperanças,
que não sabe mais como resistir e lutar, e que não vê saída. Nessa
“categoria” estão também as pessoas que se suicidam (com ajuda
médica ou não - eutanásia) pois tem uma doença terminal
Existe um outro tipo de suicídio, como do homem-bomba, que
acredita estar fazendo o que sua religião espera dele, como um
altruísta, matando cristãos que são inimigos de sua religião. Pilotos
kamikaze também se encaixam nessa categoria, que se suicidam em
prol de um objetivo maior para o grupo ao qual pertencem
Outro tipo ainda, o suicídio como forma de protesto, para provar algo
para o governo ou para a população
Aumento do coeficiente de suicídios no Brasil, com decréscimo entre
mulheres e aumento entre homens
Visível aumento entre adolescentes e adultos jovens
Homens cometem mais suicídio por terem maior acesso a meios
violentos de fazê-lo, como armas de fogo, ou atirar-se de lugares
altos
Mulheres tentam suicidar-se mais do que homens, sem conseguir
mais do que eles, e geralmente com uso de medicação
Metade dos suicídios possui história prévia
Fatores de risco
Sexo masculino (mulheres tentam mais, mas homens conseguem
efetivar mais)
Separados > solteiros > viúvos > casados
Estratos econômicos extremos
Áreas urbanas
Desempregados e aposentados
Psicológicos
o Perda recente
o Perda dos pais na infância
o Problemas interpessoais – como instabilidade familiar
o Datas importantes: reações a aniversário
o Negligências (infância)
o Personalidade impulsiva, agressiva, labilidade do humor
o História familiar para alcoolismo, doença afetiva e suicídio
Psiquiátricos
o Depressão, alcoolismo, drogadição (maconha, cocaína, crack),
esquizofrenia, síndromes orgânico-cerebrais, transtornos de
personalidade
o Tentativas pregressas
o Doenças físicas incapacitantes, dolorosas e/ou terminais
Outros
o Facilidade de acesso a meios de se matar
o Exposição ao suicídio (imprensa)
o Rápidas mudanças na sociedade (políticas e econômicas)
Avaliação do risco suicida: desamparo, desesperança, desespero,
depressão, dependência química e delírio (6 Ds de alerta)
Intenção suicida x ideia suicida x desejo de suicídio x plano suicida x
tentativa de suicídio
O que separa o plano da tentativa é a obtenção do meio de tirar a
vida (ex: arma), o instrumento de morte
Geralmente os instrumentos de morte estão próximos da pessoa
Do menos para o mais grave: ideia - desejo - intenção - plano -
tentativa
Intencionalidade suicida
Comunicação prévia
Mensagem ou carta de adeus
Providências finais (ex: fechamento de conta bancária)
Planejamento detalhado
Precauções para não ser descoberto
Ausência de pessoas para socorrer
Não procurou ajuda logo após uma tentativa prévia
Quando internar: tentativa violenta de suicídio, persistência do plano
suicida, remorso por estar vivo, comportamento impulsivo, planos de alta
letalidade
O médico não deve apelar para o lado religioso ao tentar convencer o
paciente a não se matar – caso o paciente seja ateu, o discurso religioso
torna-se um julgamento de valores, o que pode inclusive piorar o quadro
SOMATIZAÇÃO
Vínculo e diálogo entre corpo e mente
Subjetividadde impera mais do que o agente patógeno externo
O homem é o animal que melhor se adaptou à terra, melhor sucedido em
termos de se proteger das agressões do ambiente, inventou inúmeros modos
para garantir sua sobrevivência. Mas é também o mais complicado com relação
à sua biologia, ignorando necessidades, adoecendo mais do que qualquer outro
animal, etc… (coisas controladas pela mente)
Se não houvesse essa dissociação mente-corpo, as nossas doenças seriam em
menor número
Devemos conhecer as peças essenciais de nosso corpo