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RESUMO PSIQUIATRIA

1) TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Ligada à antecipação e/ou expectativa de um evento futuro
Sintomas físicos: transtornos de ansiedade se associam à vasoconstrição
cerebral, o que provoca sintomas no SNC (tonturas) e SN Periférico.
Envolvem sudorese, taquicardia, enjôo, tremores, dispneia, aumento PA,
tontura, cefaleia, palpitação, vertigens, mal-estar, insônia, dores
musculares, epigastralgia, hiperventilação (alcalose e diminuição do fluxo
sanguíneo com consequente tontura, parestesias, formigamentos, etc.)
 Relacionados ao mediador químico (norepinefrina, adrenalina) que se
espalha pela corrente sanguínea e resulta nesses sintomas
Sintomas psíquicos: medo, insegurança, expectativa, nervosismo, limitação
do raciocínio, tensão, irritabilidade, dificuldade de concentração, irritação,
desespero
Ansiedade é um mecanismo de defesa
Angústia pode ter as mesmas manifestações da ansiedade, mas é
relacionada a um evento presente
Maioria das pessoas que apresenta ansiedade ou depressão
subsindrômicas, quando expostas ao stress, desenvolvem TAG, depressão
e ansiedade mistas, ou transtorno depressivo maior
Transtornos como pânico, TOC, hipocondria, etc. tem como parte do
tratamento antidepressivos, que reduzem sintomas de ansiedade, e podem
melhorar o quadro, além dos ansiolíticos
A composição genética determina que tipo de transtorno de ansiedade a
pessoa vai desenvolver
Cada pessoa lida com a ansiedade de uma forma diferente, dependendo do
meio em que está inserida e sua resposta a ele
Epidemiologia: transtornos de ansiedade aparecem mais em mulheres. A
prevalência durante a vida é 29%
Diagnóstico: histórico médico + exame físico.
 Procurar por uso de drogas (25% dos usuários tem algum
transtorno), prejuízos em diversas esferas (familiar, profissional) e
episódios de autoflagelação
 O histórico familiar de transtornos de ansiedade é importante pois há
35% de concordância entre parentes de 1º grau
 O manual de Mental Disorders estabelece critérios para cada tipo de
transtorno
Prognóstico: depende do enfoque e acompanhamento terapêutico, da forma
com que o paciente conduzir seu processo, e do apoio e suporta familiar,
quando possível. Associa-se diretamente à estrutura de personalidade de
um indivíduo
Tratamento: o melhor tratamento é estabelecido baseando-se no
conhecimento do paciente e na confiança que ele tem no médico. Envolve
análise, psicoterapia, ansiolíticos, antidepressivos
Neurotransmissores relacionados: norepinefrina (+ SN Simpático),
serotonina (+ sistema GABA; baixos níveis desse NT estão relacionados a
depressão e ansiedade), GABA (inibitório)

SÍNDROME DO PÂNICO
Ataque de pânico: período de intenso medo ou desconforto, tipicamente
abrupto e inesperado. Sintomas variam e são no mínimo 5 para serem
considerados uma crise.
 Desespero  Dificuldade de respirar
 Tremores  Tontura
 Ondas de calor  Despersonalização
 Náuseas  Palpitações
 Calafrios

cérebro
sistema ativado da
entende como noradrenalina
sinal de perigo

corpo produz ideias ou corpo inundado


sensações de medo, junto
com os sintomas descritos com noradrenalina

reação de "fight or flight" - a


pessoa de desespera, sente
medo, e pode ter uma reação
de congelar ou correr

Pessoas que têm ataques repetidamente ou que possuem uma ansiedade


severa de ter outro ataque, possuem o chamado transtorno do pânico
Pode ou não ser acompanhada de agorafobia (medo de ficar em lugares
públicos, especialmente aqueles com saída de difícil acesso durante um
eventual ataque de pânico)
Epidemiologia: 3x mais chances de acometer mulheres, idade de maior
ocorrência é 25 anos, maior incidência em pessoas que passaram por
acontecimentos estressantes, divórcios, traumas, etc.
Comorbidade: 91% dos pacientes com transtorno de pânico e 84% com
agorafobia têm pelo menos um outro transtorno psiquiátrico
Etiologia: relacionado à desregulação do sistema nervoso central e/ou
periférico. São afetados os sistemas da norepinefrina (excitatório) e do
GABA (inibitório). A disfunção serotonérgica é bem evidente no transtorno
do pânico
Imagem: PET Scan mostra atrofia dos lobos temporais
Diagnóstico: crises em caráter recorrente, pelo menos em 30 dias, ou um
temor persistente que ocorra outra crise, podendo gerar condutas fóbicas
de evitação
Tratamento: farmacoterapia (buscando bloqueio dos ataques* – ADT em
associação com benzodiazepínicos; psicoterapia psicodinâmica que
complementa a abordagem medicamentosa; terapia cognitivo-
comportamental
 *bloqueio da receptação de serotonina, gerando aumento em sua
disponibilidade

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA


Ansiedade e preocupação excessivas na maioria dos dias, durante os
últimos 6 meses, acompanhado por sintomas somáticos
Prejuízo no funcionamento social ou ocupacional, interferindo na qualidade
de vida
A pessoa não consegue caracterizar suas preocupações como excessivas –
procuram ajuda médica devido a outros sintomas
Sintomas frequentes:
 Nervos à flor da pele  Perturbação do sono
 Dificuldade de  Taquicardia
concentração  Hiperpneia
 Irritabilidade  Sudorese
 Tensão muscular  Náusea
 Dor de cabeça  Diarreia
A perturbação não é devido aos efeitos de alguma substância (droga,
medicamento) ou de uma condição médica (doença), e como os sintomas
são parecidos com outros transtornos de ansiedade, o diagnóstico é difícil
Epidemiologia: prevalência de 5% da população geral, que aumenta com a
idade e com o sexo feminino. O estado conjugal, desemprego e o tipo de
atividade realizada aumentam a chance de o paciente desenvolver TAG. É
possível que 70% dos TAGs tenham outra condição mental associada
Diagnóstico diferencial: depressão ansiosa, ataques de pânico ou ansiedade
antecipatória, fobia social, hipocondria, etc.
 Pacientes com depressão costumam ser mais atentos a eventos do
passado; TAGs costumam ser mais atentos aos do futuro
 TAG não tem ataques de pânico, o que atrasa a busca por ajuda
Diagnóstico: pelo menos 3 sintomas nos últimos 6 meses
Farmacoterapia: antidepressivos (inibidores seletivos da receptação de
serotonina), benzodiazepínicos (podem ser utilizados em associação com
outros medicamentos, tem altas taxas de dependência, pode levar ao
coma), buspirona (antagonista do receptor de serotonina, poucos efeitos
colaterais), psicoterapia (menor taxa de abandono do que os remédios)
A preocupação é usada como estratégia para evitar afetos negativos
intensos. Ela é direcionada a uma ameaça improvável e futura, removendo
a necessidade de lidar com temores mais próximos e afetando a capacidade
de encontrar soluções para eles
Os indivíduos com TAG envolvem-se em determinado grau de pensamento
mágico e acreditam que sua preocupação ajudou a prevenir um resultado
temido, levando a um reforço negativo do processo de preocupação.
Demonstram excesso de zelo na busca de aprovação (podem até refazer
tarefas até atingir a perfeição desejada) e exigem constante garantia sobre
seu desempenho. A pessoa tem o tônus ansioso o tempo todo, não apenas
quando está em situações de stress

TRANSTORNOS FÓBICOS E ESPECÍFICOS


Comportamento consciente de esquiva; iminência de evento gera
sofrimento excessivo no paciente
Epidemiologia: prevalência anual de 3 a 8% com maior frequência em
mulheres, predominando a segunda década da vida. Está relacionado ao
stress constante e apenas 1/3 procuram atendimento psicológico. 2/3 tem
depressão associada. É o 2º transtorno mais comum em homens, depois de
abuso de substâncias. Idade de início é de 5 a 9 anos
Tipos de fobias
 Fobia social: medo excessivo de humilhação ou embaraço. Há
comprometimento psicossocial, e as habilidades sociais não se
desenvolvem, se tornam restritas e solitárias. Em idosos, pode levar
à fobia de doenças sem grandes riscos para o idoso, gerando
sofrimento e avaliação médica repetida. Pode ser circunscrita, com
uma ou poucas situações determinadas; ou generalizada, em que os
temores incluem a maioria das situações. Esquiva fóbica, crônica e
debilitante
 Fobia específica: medo acentuado e persistente de objetos ou
situações específicas. É a forma mais comum. Ataques de pânico
estão ligados ao estímulo fóbico. Em crianças, há choro, ataques de
raiva, imobilidade ou comportamento aderente. Pode estar ligado a
animais, situações, natureza, procedimentos médicos, outros (ex:
palhaços)
 Agorafobia
Etiologia: são desencadeadas por situações que não representam qualquer
perigo real, que são então evitadas ou suportadas com extremo sofrimento.
A causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que haja envolvimento do
histórico familiar e fatores genéticos. Pode ser desencadeada por um evento
desagradável (no caso de fobia simples), que cresce na cabeça da criança,
podendo virar fobia. A causa de fobias complexas é desconhecida, mas
envolve genética, mensageiros químicos e a experiência desagradável
As vezes o medo pode se desenvolver após um evento estressante (vivido
ou assistido) ou luto. Agorafobia pode estar associada. A fobia social pode
ocorrer após uma experiência humilhante anteriormente em público, que
mina a confiança social da pessoa, e como alternativa esta confiança não
se desenvolve após a infância
Fisiopatologia: medos são adquiridos por condicionamento ou outras formas
de aprendizado, ou de forma espontânea, ou não associativa. Há uma
disfunção no sistema dopaminérgico
Sintomas:
 Palpitações  Sudorese
 Tremores  Dor de cabeça
 Sensação de desmaio  Náusea
 Rubor  Dispneia
 Diarreia  Tontura ou vertigem
 Formigamento  Medo de morrer
Diagnóstico: situação é evitada ou suportada com intensa ansiedade e
sofrimento e interfere na rotina. Ansiedade pode assumir a forma de um
ataque de pânico, pessoa reconhece que o medo é excessivo. Duração
mínima de 6 meses. Já, na agorafobia, a esquiva não é melhor explicada
por nenhum outro transtorno mental
Tratamento: tratamento cognitivo-comportamental (depende da adesão ao
tratamento), farmacoterapia associada (inibidores seletivos da receptação
de serotonina, benzodiazepínicos, antagonistas beta-adrenérgicos – quando
há ataque de pânico)

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO


Distúrbio de ansiedade após ter sido vítima ou testemunha de atos violentos
ou de situações traumáticas que, em geral, representam ameaça à sua vida
ou à vida de terceiros
A lembrança do episódio traz a mesma sensação de dor e sofrimento que o
agente estressor provocou (revivescência – desencadeia alterações
neurofisiológicas e mentais)
Epidemiologia: mais comum em mulheres (estão mais propícias a ser
expostas a diferentes traumas); no Brasil, 6,5% em estudantes de 6 a 13
anos; 7,8 da população mundial; 15 a 20% de pessoas que passam por
eventos traumáticos desenvolvem TEPT
Sintomas: recordações com muita aflição, incluindo imagens ou
pensamentos de trauma vivenciado, sonhos amedrontadores. Há uma
intensa necessidade de se evitar sentimentos, pensamentos, conversas,
pessoas ou lugares que ativem recordações do trauma. Podem se
manifestar em qualquer faixa de idade e levar meses ou anos para
aparecer. Podem ser uma re-experiência traumática (flashback, pesadelos),
esquiva e isolamento social (pessoa foge de situações que possam reavivar
as lembranças dolorosas do trauma); hiperexcitabilidade psíquica e
psicomotora (taquicardia, sudorese, tonturas, dor de cabeça, distúrbios do
sono, dificuldade de concentração, irritabilidade, hipervigilância)
Diagnóstico: identificar o evento traumático (agente estressor) e avaliar a
presença de sintomas característicos
 Pacientes podem apresentar sintomas depressivos importantes e
tentar alívio pelo abuso de álcool e outras drogas
 Algumas sequelas de traumatismo craniano podem lembrar alguns
sintomas de TEPT
Diagnóstico diferencial: depressão maior, fobia, TAG, transtorno do pânico,
transtorno dissociativo
Comorbidades: transtorno depressivo, transtornos relacionados a abuso de
substâncias, transtorno bipolar, etc.
Fisiopatologia: estresse agudo causa elevação dos níveis de cortisol
proporcional à intensidade do estímulo. A amígdala e o córtex pré-frontal
modulam as reações do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal, que produz
cortisol, que aumenta as respostas do SN Simpático (+PA, +FC, +glicemia).
Quando há uma situação traumática ou revivescência, as amígdalas têm
atividade aumentada, e os níveis de cortisol aumentam, causando os
sintomas. O que determina a reação da pessoa ao evento traumático (se
haverá TEPT ou não) é a genética e o ambiente
Tratamento: combinação de medicamentos e terapia cognitivo-
comportamental. Uso de fármacos como ansiolíticos ou antidepressivos de
última geração. Apoio, encorajamento, manejo do stress
Fatores de vulnerabilidade: presença de trauma na infância, transtornos de
personalidade, sistema de apoio inadequado da família ou de colegas, ser
mulher, vulnerabilidade genética ou doença psiquiátrica, mudanças
estressantes recentes na vida
PSICODINÂMICA DO TRANSTORNO PSÍQUICO
ID: consiste de todos os componentes herdados da personalidade. É a parte
impulsiva e inconsciente da psique que responde diretamente aos instintos.
A personalidade de um recém-nascido é 100% ID, e só mais tarde
desenvolve-se ego e superego. Não muda com o tempo e a experiência, e
não está em contato com o mundo exterior, não é afetado pela realidade,
lógica, cotidiano. Demanda satisfação imediata e, quando consegue,
experimentamos prazer. Do contrário, nos sentimos mal. O ID tem um
processo de pensamento primário, que é primitivo, ilógico, irracional e
fantasioso – e que não compreende a realidade objetiva, é egoísta
Ego: é a parte do ID que foi modificada pela influência direta do mundo
exterior, que se desenvolve para mediar o ID e o mundo real. É a parte da
personalidade responsável pela tomada de decisões, pois trabalha com a
razão, enquanto o ID é caótico e irracional. Tenta encontrar meios possíveis
de satisfazer as vontades do ID, mas também pode comprometer ou adiar
a satisfação para evitar consequências negativas da sociedade, ou evitar
causar mal para si mesmo ou para o ID. Muitas vezes o ego é fraco com
relação ao ID, e tenta apenas guiá-lo na direção certa, ao invés de satisfazê-
lo. Se o ego falha em satisfazê-lo, experimentamos a ansiedade, e
mecanismos de defesa são empregados (inconsciente) para evitar
sentimentos ruins. Se um plano de ação não funciona, o ego pensa naquilo
até que uma solução seja encontrada; isso é conhecido como teste de
realidade, e incentiva a pessoa a controlar seus impulsos e demonstrar
controle próprio
Superego: incorpora os valores da sociedade, aprendidas pelo pais. Se
desenvolve dos 3 aos 5 anos, durante o desenvolvimento psicossexual. Sua
função é controlar os impulsos do ID, especialmente aqueles que a
sociedade condena. Também tem a função de persuadir o ego a seguir
princípios morais, ao invés de simplesmente perseguir a realidade para
atingir a perfeição. Consiste de dois sistemas: a consciência (pune o ego
causando sentimentos de culpa, caso o ego sucumba às demandas do ID),
e o ideal (ego ideal, que representa uma imagem de como as coisas devem
ser – carreira, relacionamentos, como se comportar). Comportamentos que
não atingem o ideal são punidos pelo superego através da culpa, e os que
atingem são recompensados pelo superego através do orgulho. Se a pessoa
tem o ideal muito alto (padrão alto), praticamente tudo que ela fizer vai ser
insuficiente e vai representar uma falha. O ideal e a consciência são
amplamente determinadas na infância, através de valores dos pais e de
nossa criação. Quando ego e superego “apontam” para direções diferentes,
a pessoa entra em conflito
Todas as doenças apresentam
 Fatores predisponentes: genética, ambiente, estado nutricional,
relação com familiares
 Fatores desencadeantes: eventos agudos com trauma físico ou
psicológico, exposição ao agente estressor, uso de substâncias –
qualquer coisa que dê o “start” da doença
 Fatores agravantes: tudo que pode piorar a doença – exposição à
condições adversas do ambiente, condições inadequadas de moradia,
presença de microorganismos, contato com doentes

TOC
Presença de obsessões e/ou compulsões
 Obsessões: pensamentos impulsivos ou imagens indesejáveis e
involuntários, que invadem a consciência causando acentuada
ansiedade ou desconforto, e obrigando o indivíduo a executar rituais
 Compulsões: atos físicos ou mentais realizados em resposta às
obsessões, com a intenção de afastar ameaças, prevenir possíveis
falhas ou simplesmente aliviar um desconforto físico
Evitações: indivíduos com TOC evitam o contato com determinados lugares,
objetos que outras pessoas tocam ou até pessoas como forma de obter
alívio dos seus medos e preocupações
Modelo funcional do TOC: obsessão gera ansiedade, que gera compulsão,
que produz um alívio temporário. Logo uma nova obsessão inicia um novo
ciclo
TOC vs TPOC (transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva)
 TPOC: condição em que a pessoa é extremamente perfeccionista,
com necessidade de ordem e de controle sobre as pessoas ao seu
redor. A pessoa se vê como responsável, confiável, meticulosa,
competente, mas é vista pelos outros como irresponsável, casual,
incompetente, ociosa
 TOC: a pessoa tem pensamentos fora de seu controle, mas que ela
gostaria de evitar. Quem tem TPOC não percebe que seu padrão de
pensamentos é problemático. A pessoa acredita que seu
perfeccionismo e necessidade de controle são pensamentos certos, e
que todas as pessoas estão agindo de forma errada
 Não há obsessões e compulsões no TPOC, só no TOC
Classificação
 I. Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico: as obsessões e rituais
se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa
 II. Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: persistem
até o exercício da compulsão que alivia a ansiedade
Causas
 Etiologia desconhecida, mas acredita-se envolver fatores biológicos,
genéticos e psicológicos
 Fatores biológicos: traumas cranioencefálicos, derrames, AVCs,
Parkinson, tiques
 Fatores genéticos: risco de familiares de 1º grau acometidos pelo TOC
aumenta em 4 a 5x a chance de ter o transtorno
 Fatores psicológicos: aprendizagens e crenças erradas na interação
com ambiente, interpretação e percepção erradas da realidade (ao
exagerar um risco, por exemplo)
Estresse devido a acontecimentos da vida da pessoa, em conjunto a
pensamentos e impulsos intrusivos, a vulnerabilidade psicológica e a
pensamentos perigosos e inaceitáveis, levam a preocupação ansiosa – que
levam a rituais comportamentais cognitivos para neutralizar ou suprimir
pensamentos
Bases fisiopatológicas
 Anormalidades na neuroquímica cerebral
 O núcleo caudado não funciona, fazendo com que o tálamo se torne
hiperativo, enviando sinais de preocupação para o córtex órbito-
frontal, que corresponde elevando a ansiedade
Sintomas: obsessões, compulsões (medo de contaminação, necessidade de
organizar objetos, rituais de limpeza, etc.). Sensações físicas incluem
coceira, formigamento, paralisia. Sensações mentais incluem tensão
crescente, sensação de incompletude, imperfeição, insuficiência
Diagnóstico: obsessões e/ou compulsões, que causam sofrimento ao
paciente ou a seus familiares, ocupando ao menos uma hora do seu dia e
prejudicando o cotidiano. Em algum momento, o indivíduo deve reconhecer
que os sintomas são excessivos. Os sintomas devem estar presentes na
maioria dos dias por pelo menos duas semanas
Epidemiologia: 4º transtorno psiquiátrico mais comum (precedido por
fobias, abuso e dependência de drogas, depressão maior). A prevalência na
população geral está estimulada entre 2 a 3%, atingindo igualmente
homens e mulheres. Pode começar em torno de 20 anos. Comorbidade com
outros transtornos é muito comum, e geralmente paciente procura ajuda
para esses outros sintomas
Tratamento
 Fármacos: inibidores da receptação de serotonina, com
desaparecimento gradual de sintomas, mas geralmente a melhora é
incompleta, sendo que a suspensão da medicação leva à recaída dos
pacientes
 TCC: reduz sintomas em 70% dos pacientes, e em 30% há emissão
completa. Se baseia na exposição e prevenção de rituais, o que
depende da adesão do paciente
TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS (CONVERSIVOS)
Perda da integração normal entre memória, consciência ou da própria
identidade, sensações e controle dos movimentos corporais. Na
dissociação, os sistemas cognitivos perdem sua conexão e funcionam de
modo autônomo
Estreita relação temporal com eventos traumáticos, problemas insolúveis
ou intoleráveis ou relações pessoais deterioradas de forma grave
O termo “conversão” implica que um sofrimento intrapsíquico é
transformado em sintomas físicos
Amnésia dissociativa: parece estar ligada a um evento traumático – o
indivíduo não se lembra de partes de sua vida, principalmente se estiverem
relacionadas a esse evento traumático
o Localizada: eventos que resultaram na perturbação da memória não
são lembrados por um período de tempo
o Seletiva: como a localizada, mas a pessoa pode se lembrar de
algumas partes do evento, sem conseguir reconstruí-lo
Fuga dissociativa: além da amnésia, indivíduo se afasta de sua casa e local
de trabalho e, sem se lembrar, constrói outra vida. Pode durar horas ou
meses
Estupor dissociativo: ausência de movimentos voluntários e resposta
normal a estímulos como luz, ruído, toque
Transtorno de transe e possessão: perda temporária de identidade pessoal
e de plena consciência do ambiente em que se encontra
Epidemiologia: mais comuns em mulheres e em indivíduos de menores
níveis socioeconômicos e educacional
Quadros conversivos podem mimetizar qualquer doença neurológica. A
incapacidade de mover parte ou todo membro é a apresentação mais
comum dos transtornos motores dissociativos. A paralisia pode ser parcial
ou completa. Há outras manifestações frequentes, como ataxia, tremores
ou contraturas de extremidades ou de todo o corpo. Em geral, englobam
apenas a anestesia ou perda sensorial

TRANSTORNOS SOMATOFORMES
Quadros de natureza física sem etiologia orgânica reconhecível ou que
envolve natureza psicossocial
Mulheres, prisioneiros e militares tem maior frequência de transtornos
Determinantes psicológicos, sociais e biológicos em interação.
Frequentemente o paciente somatizador vem acompanhado de problemas
familiares, pessoais, profissionais e sociais
Sintomas que não são reconhecidos como síndromes, associados a
situações do estresse psicossocial intermediadas por sofrimento psíquico:
desmaios, dispneia, dores no peito, dores nos membros, formigamento,
fraqueza muscular, poliúria, taquicardia, tonturas
Comorbidades: fobias, ansiedade, depressão menores
Pacientes buscam pelo auxílio médico diante da presença de um sintoma, o
reconhecimento do quadro como psíquico pelo médico e o encaminhamento
para a psiquiatria ou serviço de saúde mental
Transtorno hipocondríaco: medo mórbido de adoecer ou ficar doente.
Proximidade com TOC – indivíduo hipocondríaco é atormentado por
obsessões de estar doente e assolada por compulsões, e procura auxílio
médico para aliviar essas obsessões
As queixas não são imaginárias
Transtorno somatoforme indiferenciado deve ter pelo menos 4 sintomas de
dor, sendo 2 gastrointestinais, 1 sexual, 1 pseudoneurológico sem
explicação. Apresentam várias queixas somáticas e histórias médicas
longas e complicadas, geralmente com envolvimento de vários sistemas. O
médico deve ser cuidadoso para não receitar substância com potencial
adictivo, mas sim formar uma aliança terapêutica e manter uma
reafirmação consistente de que o paciente não está louco
Transtorno conversivo: presença de um ou mais sintomas neurológicos, que
não podem ser explicados, é suficiente para o diagnóstico. Os sintomas
podem ser revelados de forma dramática ou histriônica, com história de
sexualidade perturbada. Deve-se evitar confrontação direta e ter uma
abordagem de tranquilização, podendo ser associada ao uso de ansiolíticos
Transtorno dismórfico corporal: sentimento subjetivo de ser muito feio em
algum aspecto de sua imagem, pensando não ser atraente ou ser repulsivo.
Tem etiologia desconhecida, mas esses pacientes são altamentes afetados
por estereótipos de beleza. A pessoa pode procurar assistência médica ou
cirúrgica para resolver o problema. O tratamento é feito com psicofármacos
e psicoterapia
Transtorno doloroso: presença de dor como foco predominante de atenção
clínica, associada a importantes fatores psicológicos. É a expressão
simbólica de um conflito intrapsíquico

2) TRANSTORNOS DE HUMOR
Envolve transtornos como depressão, distimia, manias, transtorno bipolar,
transtorno depressivo recorrente
Humor é uma experiência interna (tônus afetivo basal), enquanto o afeto
se refere a manifestações externas

DEPRESSÃO
Ter depressão (doença) é diferente de estar deprimido (tristeza)
Tristeza é um sofrimento momentâneo, transitório, que ajuda na elaboração
das perdas, ou sofrimentos ocasionais. Após perdas, do emprego ou de
entes queridos, atravessamos uma fase de sofrimento e angústia, que pode
se prolongar por um determinado período de tempo (cerca de 2 meses),
mas esse quadro vai se atenuando e aos poucos a vida vai retomando seu
ritmo normal
A tristeza sempre tem um motivo, e a pessoa sabe porque está triste.
Costuma-se ter pensamentos repetitivos sobre a razão da tristeza
Se a tristeza não passa e começam a surgir sentimentos de apatia,
indiferença, desesperança, falta de perspectivas ou prazer pela vida, esse
é um sintoma claro de depressão
Sentir tristeza perante algum evento como morte de um parente, é normal
e passageiro. A depressão é uma tentativa de fugir da tristeza, ocorrendo
um bloqueio no modo saudável de sentir a tristeza, e que pode ocorrer sem
causa aparente
A depressão é uma tristeza profunda e sem conteúdo, que independe de
coisas boas acontecerem na vida da pessoa. A profundidade da tristeza
também é importante. Quando deprimida, a pessoa sente, pelo menos,
duas semanas de uma tristeza profunda e contínua
Depressão sofre influência de fatores genéticos, ambientais (psicossociais)
e biológicos
Vulnerabilidade genética e/ou eventos de vida precoce estressantes causam
uma predisposição no indivíduo que, diante de um evento estressante
(desencadeante ou mantenedor), pode desenvolver a depressão clínica
Fatores de risco: mulheres, divorciados, solteiros, viúvos, ausência de
relações interpessoais íntimas, perda de cônjuge, desemprego
Predominante em maiores de 40 anos
Critérios diagnósticos
 Episódio leve: 2 sintomas fundamentais + 2 sintomas acessórios
 Episódio moderado: 2 fundamentais + 3 a 4 acessórios
 Episódio grave: 3 fundamentais + >4 acessórios
 Todos os sintomas no mínimo há 2 semanas, a não ser nos quadros
graves
 Persistência após 2 meses do “luto”

SINTOMAS FUNDAMENTAIS SINTOMAS ACESSÓRIOS


Humor deprimido Concentração e atenção reduzidas
Perda de interesse Auto-estima e auto-confiança reduzidas
Fatigabilidade (“perda de energia”) Ideias de culpa e inutilidade
Visões desoladas e pessimistas do futuro
Sono perturbado
Apetite diminuído
Diagnóstico diferencial
 Câncer – perda de energia, anorexia, perda de peso
 Diabetes descontrolado – perda de energia, dificuldade de
concentração
 Doença renal terminal – perda de energia, insônia, perda do interesse
sexual
 Artrite reumatoide – perda de energia
 Distimia: personalidade depressiva, humor predominantemente ruim,
pesado, nebuloso. 2 anos de persistência de qualquer sintoma
depressivo, mas sem preencher critérios para episódio depressivo
maior, e não é incapacitante

SUICÍDIO
A pessoa que quer se suicidar pode não querer acabar com a própria vida,
mas sim destruir/desestabilizar a vida das pessoas ao seu redor, que lhe
causam dor, através de sua morte. A pessoa sabe que os outros vão sofrer
1 suicídio a cada 40 segundos e 1 tentativa a cada 3 segundos
Ideia de suicídio é relativamente frequente na população, especialmente
quando nos deparamos com a ideia de quão frágil nossas vidas são
“Tipos” de suicídio
 Em geral, quem se suicida é a pessoa que perdeu suas esperanças,
que não sabe mais como resistir e lutar, e que não vê saída. Nessa
“categoria” estão também as pessoas que se suicidam (com ajuda
médica ou não - eutanásia) pois tem uma doença terminal
 Existe um outro tipo de suicídio, como do homem-bomba, que
acredita estar fazendo o que sua religião espera dele, como um
altruísta, matando cristãos que são inimigos de sua religião. Pilotos
kamikaze também se encaixam nessa categoria, que se suicidam em
prol de um objetivo maior para o grupo ao qual pertencem
 Outro tipo ainda, o suicídio como forma de protesto, para provar algo
para o governo ou para a população
Aumento do coeficiente de suicídios no Brasil, com decréscimo entre
mulheres e aumento entre homens
 Visível aumento entre adolescentes e adultos jovens
 Homens cometem mais suicídio por terem maior acesso a meios
violentos de fazê-lo, como armas de fogo, ou atirar-se de lugares
altos
 Mulheres tentam suicidar-se mais do que homens, sem conseguir
mais do que eles, e geralmente com uso de medicação
Metade dos suicídios possui história prévia
Fatores de risco
 Sexo masculino (mulheres tentam mais, mas homens conseguem
efetivar mais)
 Separados > solteiros > viúvos > casados
 Estratos econômicos extremos
 Áreas urbanas
 Desempregados e aposentados
 Psicológicos
o Perda recente
o Perda dos pais na infância
o Problemas interpessoais – como instabilidade familiar
o Datas importantes: reações a aniversário
o Negligências (infância)
o Personalidade impulsiva, agressiva, labilidade do humor
o História familiar para alcoolismo, doença afetiva e suicídio
 Psiquiátricos
o Depressão, alcoolismo, drogadição (maconha, cocaína, crack),
esquizofrenia, síndromes orgânico-cerebrais, transtornos de
personalidade
o Tentativas pregressas
o Doenças físicas incapacitantes, dolorosas e/ou terminais
 Outros
o Facilidade de acesso a meios de se matar
o Exposição ao suicídio (imprensa)
o Rápidas mudanças na sociedade (políticas e econômicas)
Avaliação do risco suicida: desamparo, desesperança, desespero,
depressão, dependência química e delírio (6 Ds de alerta)
Intenção suicida x ideia suicida x desejo de suicídio x plano suicida x
tentativa de suicídio
 O que separa o plano da tentativa é a obtenção do meio de tirar a
vida (ex: arma), o instrumento de morte
 Geralmente os instrumentos de morte estão próximos da pessoa
 Do menos para o mais grave: ideia - desejo - intenção - plano -
tentativa
Intencionalidade suicida
 Comunicação prévia
 Mensagem ou carta de adeus
 Providências finais (ex: fechamento de conta bancária)
 Planejamento detalhado
 Precauções para não ser descoberto
 Ausência de pessoas para socorrer
 Não procurou ajuda logo após uma tentativa prévia
Quando internar: tentativa violenta de suicídio, persistência do plano
suicida, remorso por estar vivo, comportamento impulsivo, planos de alta
letalidade
O médico não deve apelar para o lado religioso ao tentar convencer o
paciente a não se matar – caso o paciente seja ateu, o discurso religioso
torna-se um julgamento de valores, o que pode inclusive piorar o quadro

SOMATIZAÇÃO
Vínculo e diálogo entre corpo e mente
Subjetividadde impera mais do que o agente patógeno externo
O homem é o animal que melhor se adaptou à terra, melhor sucedido em
termos de se proteger das agressões do ambiente, inventou inúmeros modos
para garantir sua sobrevivência. Mas é também o mais complicado com relação
à sua biologia, ignorando necessidades, adoecendo mais do que qualquer outro
animal, etc… (coisas controladas pela mente)
Se não houvesse essa dissociação mente-corpo, as nossas doenças seriam em
menor número
Devemos conhecer as peças essenciais de nosso corpo

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