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IAGO M.

ALMEIDA – MEDICINA- UFBA – TURMA 255 1

Transtornos de ansiedade
De todas as doenças psiquiátricas, os transtornos de
Incapacidade de relaxar Tremores
ansiedade são as mais comuns e resultam em considerável
Sensação de estar "no Tensão muscular
prejuízo funcional e sofrimento.
limite"

ANSIEDADE Dor no peito, Taquicardia


(coração acelerado)
A ansiedade é uma reação emocional normal e esperada Tonturas, Sensação de
diante de situações novas e desconhecidas. Como sintoma, desmaio
é encontrada em alta prevalência (18%) na população em Urgência miccional e/ ou
geral, sendo queixa bastante comum nos serviços de saúde. Cólicas intestinais

A ansiedade faz parte da vida, é um sentimento intrínseco ao


ANSIEDADE VS ANSIEDADE PATOLÓGICA
desenvolvimento humano, propulsor de mudanças e
experimentado de modo único e pessoal. Quando não é É possível distinguir a ansiedade patológica da ansiedade
desproporcionalmente intensa, pode melhorar o normal em resposta ao estresse por meio de quatro
desempenho global, promover soluções criativas e estimular critérios:
a cooperação. Além de estar associada às mudanças naturais
→Autonomia: a ansiedade ocorre sem causa aparente.
do desenvolvimento, é um sinal de alerta, sentida como uma
ameaça de perigo iminente. É natural, portanto, ante o →Intensidade: elevada, desproporcional. Alto nível de
adoecer, o medo que precede um exame invasivo ou a sofrimento ou baixa capacidade de tolerá-lo.
ansiedade que surge após um comunicado de diagnóstico ou
de internação. →Duração: persistente ou recorrente.

ANSIEDADE PATOLÓGICA →Comportamento: mal adaptativo, com prejuízo global do


funcionamento.
Ansiedade patológica caracteriza-se pela resposta
inadequada a uma percepção ou a um estímulo em razão de A ansiedade pode ser um sintoma não específico decorrente
sua intensidade ou duração. Ela paralisa o indivíduo ou o faz de causas diversas (p. ex., uso de álcool e drogas), pode estar
agir de forma caótica, dificultando a adaptação às situações associada a determinadas situações (ansiedade situacional)
e ao ambiente. ou ser tão constante a ponto de ser considerada um traço de
personalidade.
A ansiedade patológica pode surgir em todas as fases da vida
e interferir no desenvolvimento, com prejuízo na aquisição TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
de conhecimentos, na autoestima, na socialização, na visão
do mundo e de si mesmo (comprometendo planos de vida), Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que
além de predispor a maior vulnerabilidade, com perda de compartilham características de medo e ansiedade
defesas físicas e psíquicas (como doença autoimune ou excessivos e perturbações comportamentais relacionados.
câncer após um grande estresse). Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou
percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça
futura.
SINAIS E SINTOMAS
Psíquicos Físicos Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de
objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou
Apreensão Sudorese
comportamento de esquiva e na ideação cognitiva
Medo Falta de ar, hiperventilação associada. Assim, embora os transtornos de ansiedade
Angústia Boca seca tendam a ser altamente comórbidos entre si, podem ser
Inquietação Formigamento diferenciados pelo exame detalhado dos tipos de situações
que são temidos ou evitados e pelo conteúdo dos
Insônia Náusea, Desconforto
gástrico pensamentos ou crenças associados.

Dificuldade de Ondas de calor e ou


concentração Calafrios
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EPIDEMIOLOGIA

ÁRVORE DE DECISÃO DIAGNÓSTICA


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No
pânico
essa crise
é

PATOGÊNIA desencadeada do nada. Nas outras fobias especificas,


teremos esse mesmo mecanismo desencadeador.
IMPORTÂNCIA DOS NEUROTRANSMISSORES
TRANSTORNO DO PÂNICO
A ansiedade é mediada pela norepinefrina e a serotonina. A
norepinefrina nos deixa em estado de alerta e a serotonina Transtorno de pânico se refere a ataques de pânico
da continuidade nesse estado de ansiedade. inesperados recorrentes. Um ataque de pânico é um
episódio abrupto de medo ou desconforto intenso que
Os noradrenérgicos tem ampla distribuição no cérebro, alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem
desde a região da medula, passando pelo mesencéfalo. E os quatro ou mais de uma lista de 13 sintomas físicos e
serotominérgicos, tem um caminho semelhante, passando cognitivos.
pelo núcleo de rafe e se dirigindo também para a amida.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM -V
PATOGÊNIA

TAG
Os transtornos que tem uma ansiedade intercorrente muito
grande, onde a pessoa passa boa parte do dia com
ansiedade, os circuitos partem da rafe do mesencéfalo em
direção a amigdala cerebral, ativando a ação noradrenérgica
e deixando a pessoa em constante estado de preocupação e
alerta.

PÂNICO
Nesse caso esses circuitos partem da rafe do mesencéfalo
em direção a matéria cinzenta periaquidutal, onde vão
liberar o lóbulo cerúleos, que tem grande concentração de
noradrenalina, inundando o cérebro, e a pessoa apresenta
uma crise aguda.
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em geral adultos jovens, mais provavelmente na terceira


década, embora o início possa ocorrer até a sexta década.

Não raro, o primeiro ataque de pânico acontece no contexto


de doença ou acidente potencialmente fatal, término de
um relacionamento interpessoal íntimo ou separação da
família (p. ex., iniciar a faculdade ou aceitar um emprego em
outra cidade).

Pacientes que desenvolvem hipo ou hipertireoidismo


Um tipo de ataque de pânico inesperado é o ataque de podem experimentar a primeira sequência de ataques nessa
pânico noturno (i.e., acordar do sono em um estado de ocasião. Os ataques também podem iniciar no período pós-
pânico, que difere de entrar em pânico depois de parto imediato. Finalmente, muitos indivíduos relataram ter
completamente acordado). Além da preocupação acerca dos experimentado seus primeiros ataques sob uso de drogas de
ataques e de suas consequências, muitos indivíduos com o abuso, especialmente maconha, dietilamida do ácido
transtorno relatam sentimentos constantes ou lisérgico (LSD), sedativos, cocaína e anfetaminas.
intermitentes de ansiedade que são mais amplamente
relacionados a preocupações com a saúde em geral e com a No primeiro ataque de pânico, os indivíduos geralmente
saúde mental em específico. Por exemplo, indivíduos com acham que estão sofrendo um ataque cardíaco ou
transtorno de pânico com frequência preveem um resultado enlouquecendo. Os pacientes costumam buscar serviços de
catastrófico a partir de um sintoma físico leve ou efeito emergência, onde tudo o que é encontrado é um caso
colateral de medicamento (p. ex., pensar que pode ter um ocasional de taquicardia sinusal, e os pacientes são
infarto agudo do miocárdio ou que uma dor de cabeça tranquilizados e mandados para casa.
significa a presença de um tumor cerebral).
SINTOMAS
EPIDEMIOLOGIA
O indivíduo experimenta de forma súbita medo, terror e
apreensão esmagadores, bem como a sensação de morte
PREVALÊNCIA iminente. Vários sintomas associados, principalmente
→Na população em geral, a estimativa de prevalência em 1 físicos, também são percebidos: dispneia, palpitações, dor
ano para o transtorno de pânico nos Estados Unidos e em ou desconforto torácico, sensações de sufocação ou asfixia,
vários países europeus é de 2 a 3% em adultos e tontura ou instabilidade e sensação de irrealidade
adolescentes. (desrealização e/ ou despersonalização), parestesias, ondas
de calor ou frio, sudorese, desmaio, tremor e
→♀>♂ (2:1). A diferenciação de gênero ocorre na estremecimento, bem como medo de morrer, enlouquecer
adolescência e já é observável antes dos 14 anos de idade. ou perder o controle de si mesmo. É evidente que a maioria
das sensações físicas de um ataque de pânico representa a
→Embora ocorram ataques de pânico em crianças, a hiperestimulação maciça do sistema nervoso autônomo.
prevalência geral do transtorno é baixa antes dos 14 anos
(<0,4%). As taxas do transtorno apresentam aumento Os ataques duram em geral de 5 a 20 minutos e raramente
gradual durante a adolescência, em particular no sexo chegam a uma hora. Pacientes que alegam a presença de
feminino, e possivelmente após o início da puberdade, e ataques que duram o dia inteiro podem enquadrar-se em
alcançam seu pico durante a idade adulta. As taxas de uma das quatro categorias seguintes:
prevalência declinam em indivíduos mais velhos (i.e., 0,7%
em adultos acima de 64 anos), refletindo, de modo provável, É justificado chamar atenção para o que parece ser o
a diminuição na gravidade até níveis subclínicos. sintoma fundamental de pânico, a hiperventilação pode ser
o aspecto central na fisiopatologia de ataques e transtorno
DESCRIÇÃO CLÍNICA de pânico.

No início típico de um caso de transtorno de pânico, os Foi demonstrado que os indivíduos com transtorno de
indivíduos estão envolvidos em algum aspecto comum da pânico são hiperventiladores crônicos que também
vida, quando subitamente seu coração dispara e eles têm a hiperventilam agudamente durante pânico espontâneo e
impressão de que não conseguem respirar. Segue-se a isso a induzido. A hiperventilação induz hipocapnia e alcalose,
sensação de tontura e desmaio, bem como a de que estão levando à diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e, por
prestes a morrer. Os pacientes de transtorno de pânico são conseguinte, a tontura, confusão e desrealização, sintomas
característicos dos ataques de pânico.
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De fato, os sinais e sintomas de hiperventilação parecem CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM-V


desaparecer uma vez que o paciente tenha sido tratado com
medicamento anti-pânico. Além disso, terapias
comportamentais de treinamento da respiração que visam
ensinar o paciente a não hiperventilar são bem-sucedidas na
diminuição da frequência de ataques de pânico,
presumivelmente dificultando a reação ventilatória
exagerada, que pode constituir a marca registrada do
pânico.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

EPIDEMIOLOGIA

→A cada ano, 1,7% dos adolescentes e adultos têm um


diagnóstico de agorafobia.

→♀>♂ (2x)

→A agorafobia pode ocorrer na infância, mas a incidência


atinge o pico no fim da adolescência e início da idade adulta.
AGOROFOBIA
CURSO CLÍNICO
A característica essencial da agorafobia é o medo ou
ansiedade acentuada ou intensa desencadeado pela O curso da agorafobia é tipicamente persistente e crônico. A
exposição real ou prevista a diversas situações. Ocorre em remissão completa é rara (10%), a menos que a doença seja
resposta a várias situações em que a fuga pode ser difícil ou tratada. Com agorafobia mais grave, as taxas de remissão
a ajuda pode não estar disponível, como usar transporte completa decrescem, enquanto as taxas de recaída e
público, estar em multidões, estar fora do sozinho em casa cronicidade aumentam.
(por exemplo, em lojas, cinemas, na fila). (AVA).
As características clínicas da agorafobia são relativamente
A agorafobia costuma se desenvolver em resposta a ataques consistentes ao longo da vida, embora o tipo de situações
de pânico, levando ao diagnóstico de Transtorno de Pânico agorafóbicas que desencadeiam medo, ansiedade ou
Com Agorafobia. (Tratado de psiquiatria, 5. ed). esquiva, assim como o tipo de cognições, possa variar. Por
exemplo, em crianças, estar fora de casa sozinho é a situação
A porcentagem de indivíduos com agorafobia que relatam temida mais frequente, enquanto, em adultos mais velhos,
ataques de pânico ou transtorno de pânico antes do início de estar em lojas, ficar em uma fila e estar em espaços abertos
agorafobia varia de 30% nas amostras da comunidade a mais são as situações que costumam ser mais temidas. Além
de 50% nas amostras clínicas. A maioria das pessoas com disso, as cognições com frequência são relativas a se perder
transtorno de pânico apresenta sinais de ansiedade e (em crianças), experimentar sintomas do tipo pânico (em
agorafobia antes do início do transtorno. (DSM-V) adultos), cair (em adultos mais velhos).

Nas suas formas mais graves, a agorafobia pode levar os


indivíduos a ficar completamente restritos à sua casa,
incapazes de sair e dependentes de outra pessoa para
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serviços ou assistência até mesmo às suas necessidades CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS – DSM-V


básicas. A desmoralização e os sintomas depressivos, bem
como o abuso de álcool e medicamentos sedativos como
estratégias inadequadas de automedicação, são comuns.

FATORES DE RISCO E PIOR PROGNÓSTICO


• Eventos negativos na infância e outros eventos
estressores,
• Fatores genéticos

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENER ALIZADA –


TAG

As características do transtorno de ansiedade generalizada


(TAG) são ansiedade e preocupação excessivas (expectativa
apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades. A
intensidade, duração ou frequência da ansiedade e
preocupação é desproporcional à probabilidade real ou ao
impacto do evento antecipado. O indivíduo tem dificuldade
de controlar a preocupação e de evitar que pensamentos
preocupantes interfiram na atenção às tarefas em questão. CURSO E PROGNÓSTICO
(AVA)
Em comparação ao transtorno do pânico, nenhum evento
O TAG é a principal categoria diagnóstica para ansiedade esmagador isolado estimula o indivíduo com TAG a buscar
proeminente e crônica na ausência de transtorno de pânico. ajuda. Esses pacientes só desenvolvem o reconhecimento de
O aspecto fundamental dessa síndrome, de acordo com o que sua experiência de tensão crônica, hiperatividade,
DSM-V-TR, é ansiedade persistente durando pelo menos seis preocupação e ansiedade é excessiva com o passar do
meses. Os sintomas de tal ansiedade enquadram-se em duas tempo.
categorias amplas: expectativa apreensiva e preocupação; e
Frequentemente, eles dizem que nunca houve um tempo em
sintomas físicos.
suas vidas, conforme lembram, em que não estiveram
Os indivíduos com TAG estão constantemente preocupados ansiosos. O TAG é uma condição mais crônica do que o
com questões menores, são medrosos e antecipam o pior. transtorno de pânico, com menos períodos de
Tensão muscular, inquietação, sensação de nervosismo, enfraquecimento espontâneo.
dificuldade de concentração, insônia, irritabilidade e fadiga
Ademais, os indivíduos com um início mais precoce de
são sinais típicos de TAG. A tensão motora e a hipervigilância
sintomas de ansiedade nas primeiras duas décadas de vida
diferenciam melhor o TAG de outros estados de ansiedade
parecem ser mais prejudicados globalmente, têm ansiedade
do que a hiperatividade autônoma.
mais grave que pode não ser precipitada por eventos
estressantes específicos e possuem histórias de mais medos
EPIDEMIOLOGIA
na infância, ambientes familiares perturbados e maior
A prevalência de 12 meses do transtorno de ansiedade desajustamento social
generalizada é de 0,9% entre adolescentes e de 2,9% entre
adultos na comunidade em geral nos Estados Unidos. A TAG VS ANSIEDADE NÃO PATOLÓGICA (AVA)
prevalência de 12 meses para o transtorno em outros países
Primeiro, as preocupações associadas ao transtorno de
varia de 0,4 a 3,6%.
ansiedade generalizada são excessivas e geralmente
→Risco de morbidade durante a vida é de 9% interferem de forma significativa no funcionamento
psicossocial.
→♀>♂ (2x)
Segundo, as preocupações associadas ao transtorno de
→ A prevalência do diagnóstico tem seu pico na meia-idade ansiedade generalizada são mais disseminadas, intensas e
e declina ao longo dos últimos anos de vida. angustiantes; têm maior duração; e frequentemente
ocorrem sem precipitantes. Quanto maior a variação das
circunstâncias de vida sobre as quais a pessoa se preocupa
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(p. ex., finanças, segurança dos filhos, desempenho no e tendência a julgar positivamente a performance social dos
trabalho), mais provavelmente seus sintomas satisfazem os outros.
critérios para transtorno de ansiedade generalizada.
Ataques de pânico reais também podem ocorrer em
Terceiro, as preocupações diárias são muito menos pacientes com fobia social em resposta a situações sociais
prováveis de serem acompanhadas por sintomas físicos (p. temidas.
ex., inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor
da pele). Os indivíduos com transtorno de ansiedade Indivíduos que têm medos sociais apenas limitados podem
generalizada relatam sofrimento subjetivo devido à estar funcionado bem no âmbito global e tornarem-se
preocupação constante e prejuízo relacionado ao relativamente assintomáticos a menos que confrontados
funcionamento social, profissional ou em outras áreas com a necessidade de participar de uma situação fóbica.
importantes de sua vida.
CRITÉRIO DIAGNÓSTICO DSM-V
TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL ( FOBIA
SOCIAL)

A característica essencial do transtorno de ansiedade social


é um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de
situações sociais nas quais o indivíduo pode ser avaliado
pelos outros. Em crianças, o medo ou ansiedade deve
ocorrer em contextos com os pares, e não apenas durante
interações com adultos.

São fobias sociais típicas: falar, comer ou escrever em


público; usar banheiros públicos; e participar de festas ou
entrevistas. Além disso, um medo comum de pessoas
socialmente fóbicas é que terceiros detectem e ridicularizem
sua ansiedade em situações sociais. Um indivíduo pode ter
medos sociais únicos, limitados ou numerosos.

A fobia social é descrita como generalizada se o medo social


inclui a maioria das situações sociais em oposição a estar Os indivíduos com transtorno de ansiedade social podem ser
diante de circunstâncias específicas. A fobia social inadequadamente assertivos ou muito submissos ou, com
generalizada é acima de tudo uma condição grave e menos frequência, muito controladores da conversa. Podem
debilitante e pode ser diagnosticada com segurança como mostrar uma postura corporal excessivamente rígida ou
um subtipo, os pacientes afetados têm início mais precoce, contato visual inadequado ou falar com voz extremamente
e os indivíduos afetados são frequentemente solteiros e suave. Podem ser tímidos ou retraídos e ser menos abertos
possuem mais medos de interações e maior comorbidade em conversas e revelar pouco a seu respeito. Podem
com depressão atípica e alcoolismo. procurar emprego em atividades que não exigem contato
social, embora esse não seja o caso para indivíduos com
Como nas fobias específicas, a ansiedade na fobia social está
transtorno de ansiedade social somente desempenho.
relacionada a um estímulo. Quando forçado ou
surpreendido em uma situação fóbica, o indivíduo Os homens podem retardar o casamento e a paternidade,
experimenta profunda ansiedade acompanhada por vários enquanto as mulheres que gostariam de trabalhar fora de
sintomas somáticos. casa podem viver uma vida inteira como donas de casa. A
automedicação com substâncias é comum (p. ex., beber
Palpitações ou dor ou pressão no tórax são mais comuns nos
antes de ir a uma festa).
ataques de pânico, enquanto sudorese, rubor e boca seca
são os sintomas somáticos mais frequentes na ansiedade
CID 11
social. O rubor é o sintoma físico principal de fobia social,
enquanto as manifestações cognitivas comumente O transtorno de ansiedade social é caracterizado por medo
encontradas incluem atenção autofocalizada, autoavaliação ou ansiedade acentuada e excessiva que ocorre de forma
negativa em relação ao desempenho social, dificuldade em consistente em uma ou mais situações sociais:
avaliar os aspectos não verbais do próprio comportamento,
depreciação da competência social em interações positivas • Em interações sociais (por exemplo, tendo uma
conversa).
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• Ser observado (por exemplo, comendo ou


bebendo).
• Atuar na frente de outras pessoas (por exemplo,
fazer um discurso).
• Preocupação com o fato de agir de uma forma, ou
mostrar sintomas de ansiedade, que seja
negativamente avaliado por outros.
• As situações sociais são evitadas consistentemente
ou então suportadas com intenso medo ou
ansiedade.

Os sintomas persistem por vários meses e são TRANSTORNO DE ANSIEDADE POR SEPARAÇÃO
suficientemente graves para resultar em sofrimento ou
A característica do transtorno de ansiedade de separação é
prejuízo significativo em relacionamentos pessoais,
o medo ou a ansiedade excessiva envolvendo a separação de
familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras
casa ou de figuras de apego. A ansiedade excede o esperado
áreas importantes do funcionamento.
com relação ao estágio de desenvolvimento do indivíduo.
Inclui: antropofobia
Os pacientes apresentam sofrimento excessivo e recorrente
ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de
FOBIAS ESPECÍFICAS
figuras importantes de apego. A perturbação pode durar por
Uma característica essencial desse transtorno é que o medo um período de pelo menos quatro semanas em crianças e
ou ansiedade está circunscrito à presença de uma situação adolescentes com menos de 18 anos e geralmente dura seis
ou objeto particular, (por exemplo, proximidade de certos meses ou mais em adultos
animais, vôo, alturas, espaços fechados, visão de sangue ou
lesão) e isso é desproporcional ao perigo real. Os objetos ou CRITÉRIOS DSM -V
situações fóbicas são evitadas ou então suportadas com
intenso medo ou ansiedade. Os sintomas persistem por ao
menos vários meses e são suficientemente graves para
resultar em sofrimento significativo ou prejuízo significativo
pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou outra
importante área de funcionamento.

• Inclui: fobia simples, Acrofobia, Claustrofobia


• Exclui: transtorno dismórfico corporal e
Hipocondria.

CRITÉRIOS DSM-V

Quando separadas das figuras importantes de apego, as


crianças com transtorno de ansiedade de separação podem
exibir retraimento social, apatia, tristeza ou dificuldade de
concentração no trabalho ou nos brinquedos. Dependendo
da idade, os indivíduos podem ter medo de animais,
monstros, escuro, assaltantes, ladrões, sequestradores,
acidentes de carro, viagens de avião e de outras situações
que lhes dão a percepção de perigo à família ou a eles
próprios. Alguns indivíduos ficam com saudades de casa e
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desconfortáveis até o ponto de sofrer quando estão longe de DSM-V


casa.

Quando extremamente perturbadas pela perspectiva de


separação, as crianças podem demonstrar raiva ou, às vezes,
agressão em relação a quem está forçando a separação.

As crianças com esse transtorno podem ser descritas como


exigentes, intrusivas e com necessidade de atenção
constante e, quando adultas, podem parecer dependentes e
superprotetoras. As demandas excessivas do indivíduo com
frequência se tornam fonte de frustração para os membros
da família, levando a ressentimento e conflito familiar.

EPIDEMIOLOGIA

→ A prevalência de 12 meses do transtorno de ansiedade de


separação entre adultos nos Estados Unidos é de 0,9 a 1,9%.
Em crianças, a prevalência de 6 a 12 meses é estimada em
aproximadamente 4%.

O início do transtorno de ansiedade de separação pode


ocorrer em idade pré-escolar e em qualquer momento
durante a infância e mais raramente na adolescência. Em
geral, existem períodos de exacerbação e remissão.

TRANSTORNO OBCESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e os demais a ele SINTOMAS


relacionados, vem sendo muito estudado nos últimos anos.
Anteriormente visto como um transtorno de ansiedade, na OBSESSÃO
atualidade, os estudiosos decidiram, baseados em algumas
Obsessões são eventos mentais intrusivos, indesejados e
fortes evidências, que há uma utilidade clínica em agrupá-lo
que geralmente evocam ansiedade ou desconforto; podem
em um capítulo separado, junto com outras doenças que
ser pensamentos, ideias, imagens, ruminações, convicções,
cursam com alterações do pensamento e vontade, como
medos ou impulsos e são frequentemente de conteúdo
transtorno dismórfico corporal, transtorno de acumulação,
agressivo, sexual, religioso, repugnante ou absurdo. Ideias
tricotilomania (arrancar cabelo), transtorno de escoriação
obsessivas são pensamentos repetitivos que interrompem o
(skin-picking), por exemplo. Fenômenos cognitivos, como
encadeamento normal de pensamento, enquanto imagens
obsessões, pensamentos intrusivos e preocupações e são
obsessivas são experiências visuais frequentemente vívidas.
acompanhados por comportamentos repetitivos.
Muitos pensamentos obsessivos envolvem ideias
O TOC começa geralmente na adolescência ou no início da
horrorizantes. A pessoa pode pensar em fazer a pior coisa
idade adulta, mas pode surgir antes; 31% dos primeiros
possível (p. ex., blasfêmia, estupro, assassinato, molestação
episódios ocorrem entre os 10 anos e os 15 anos de idade,
de criança). As convicções obsessivas são caracterizadas
com 75% desenvolvendo TOC por volta dos 30 anos. Na
muitas vezes por um elemento de pensamento mágico,
maioria dos casos de TOC, nenhum estresse ou evento
como: “Se pisar na rachadura, minha mãe quebra a coluna.”
particular precipita o início dos sintomas, e, após um começo
insidioso, há um curso crônico e frequentemente Os medos obsessivos envolvem frequentemente sujeira ou
progressivo. Entretanto, alguns pacientes descrevem início contaminação e diferem de fobias uma vez que estão
súbito dos sintomas. Isso é particularmente verdadeiro para presentes na ausência do estímulo fóbico.
indivíduos que apresentam uma base neurológica para sua
doença. Outra característica típica do pensamento obsessivo envolve
falta de certeza ou dúvida persistente. Ao contrário de
pacientes maníacos ou psicóticos, que manifestam certeza
prematura, os pacientes com TOC são incapazes de alcançar
um senso de convicção entre a informação sensorial que
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chega e as crenças internas, por exemplo, “As minhas mãos DSM-V


estão limpas?”, “A porta está fechada?” “O fertilizante está
envenenando o suprimento de água?”.

COMPULSÃO
O ritual compulsivo é um comportamento que geralmente
reduz o desconforto, mas é realizado de forma premente ou
rígida. Tal comportamento pode incluir rituais envolvendo
lavagem, verificação, repetição, evitação, esforço por
conclusão e ser meticuloso.

TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS -TRAUMÁTICO

A característica essencial do transtorno de estresse pós-


traumático (TEPT ou PTSD) é o desenvolvimento de sintomas
característicos após a exposição a um ou mais eventos
traumáticos. Este evento é extremamente ameaçador ou
horrível ou uma série de eventos.

Em alguns indivíduos, os sintomas de revivescência do medo,


emocionais e comportamentais podem predominar. Em
outros, estados de humor anedônicos ou disfóricos e
cognições negativas podem ser mais perturbadores. Em
alguns outros, a excitação e sintomas reativos externalizados
são proeminentes, enquanto em outros, sintomas
dissociativos predominam. Por fim, algumas pessoas exibem
combinações desses padrões de sintomas.

Algumas características:

• A revivescência do evento ou eventos no presente


na forma de memórias intrusivas vívidas, flashbacks
ou pesadelos, que normalmente são
acompanhados por emoções fortes e avassaladoras
como medo ou horror e fortes sensações físicas ou
sentimentos de ser oprimido ou imerso nas
mesmas emoções intensas que foram
experimentadas durante o evento traumático.
• A evitação de pensamentos e memórias do evento
ou eventos, ou evitação de atividades, situações ou
pessoas que lembrem o evento ou eventos.
• Percepções persistentes de ameaças atuais
aumentadas, por exemplo como indicada por
hipervigilância ou uma reação de sobressalto
intensificada a estímulos como ruídos inesperados.
• Os sintomas devem persistir por pelo menos várias
semanas e causar prejuízo significativo na vida
pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional
ou outras áreas importantes de funcionamento.
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benzodiazepínico, com menor risco de causar dependência,


mas tem um manejo um pouco dificultado logo no início,
podendo causar alguma inquietação, o que leva a ser melhor
indicada a prescrição pelos médicos psiquiatras.

ANTIDEPRESSIVOS OU ETIMULANTES DO HUMOR

Além das indicações tradicionais para o tratamento da


Depressão Maior e Distimias, estes agentes que podemos
denominar de serotoninérgicos, noradrenérgicos e duais,
podem ser utilizados para os Transtornos Fóbico-Ansiosos,
TOC, Transtornos do estresse pós-traumático, reações de
ajustamento e transtornos de ansiedade. Tem em comum,
uma média de seis semanas para obtenção dos efeitos
terapêuticos.

FÁRMACOS

ANES: Antagonista de Noradrenalina e Serotonina.

ISRSN: Inibidor seletivo de recaptação de Serotonina e


Noradrenalina.

IRDN: inibidor de recaptação de Dopamina e Noradrenalina.

IRSA: Inibidor de recaptação de serotonina α2

TRATAMENTO

Todos os transtornos de ansiedade se beneficiam melhor da


associação entre farmacoterapia e psicoterapia. A
farmacoterapia, utiliza agentes serotoninérgicos e
noradrenérgicos. Podem ser associados ou não com
ansiolíticos.

ANSIOLÍTICOS

Dentre os ansiolíticos temos os benzodiazepínicos (BDZ) que


são utilizados como ansiolíticos, hipnóticos,
anticonvulsivantes e relaxantes musculares. Devem ser
utilizados por curtos períodos e monitorizados pelo médico
prescritos, pois pode o paciente desenvolver dependência
física e psíquica. Todos os BDZ potencializam os efeitos do
GABA. Há a buspirona, que é um ansiolítico não

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