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ANSIEDADE

A ansiedade é uma resposta emocional


normal, universal do ser humano, que
ocorre quando se antecipa uma situação de
perigo.
Corresponde a uma defesa benéfica cujo
objetivo é preparar o psiquismo para melhor
enfrentar esses momentos.
RESPOSTA LUTA OU FUGA
ANSIEDADE PATOLÓGICA
A ANSIEDADE torna-se patológica quando:
- é desproporcional ao estímulo que a
originou,
- surge sem justificativa, acompanhada de
sintomas físicos originados no sistema
nervoso autônomo e compromete o
desempenho e bem-estar do indivíduo.
A ansiedade patológica caracteriza-se por uma
"sensação difusa", semelhante ao medo, mas em
resposta a um perigo vago, não concreto. Surge,
portanto, quando a resposta a determinado
estímulo é inadequada, seja por sua duração e/ou
intensidade exageradas.

Assim, a intensidade, duração ou frequência da


ansiedade são claramente desproporcionais ao
estímulo (ameaça), causando sofrimento ao
paciente e levando-o a apresentar prejuízo social
e/ou ocupacional.
Situação (qualquer)

Pensamento (interpretação catastrófica)

Emoção (ansiedade)

Comportamento (fuga e esquiva)


TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que
compartilham características de medo e ansiedade
excessivos e perturbações comportamentais relacionadas.

MEDO: resposta emocional a ameaça iminente real ou


percebida.
ANSIEDADE: antecipação de ameaça futura.

Os dois estados se sobrepõem, mas também se


diferenciam.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos
de objetos e situações que induzem medo, ansiedade ou
comportamento de esquiva e na ideação cognitiva
associada.

Assim, embora os transtornos de ansiedade tendam a ser


altamente comórbidos entre si, podem ser diferenciados
pelo exame detalhado dos tipos de situações que são
temidos ou evitados e pelo conteúdo dos pensamentos ou
crenças associados.
Os transtornos de ansiedade diferem do medo e da
ansiedade adaptativos por serem excessivos ou
persistirem além dos períodos ao nível de
desenvolvimento.

Eles diferem do medo e da ansiedade provisórios, com


frequência induzidos por estresse, por serem
persistentes, geralmente mais de seis meses.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
– DSM 5
 Transtorno de Ansiedade de Separação
 Mutismo seletivo
 Fobia Específica
 Fobia Social
 Transtorno do Pânico
 Agorafobia
 Transtorno de Ansiedade Generalizada
 Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento
 Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condiçã0 Média
 Outro Transtorno de Ansiedade Especificado
 Transtorno de Ansiedade Não Especificado
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS SEGUNDO DSM 5

A. Ansiedade e preocupação
excessivas, na maioria dos dias, por
um período mínimo de 6 meses em
diferentes atividades e eventos da
vida
B. Dificuldade em controlar a
preocupação.
C. A ansiedade e a procupação estão associadas com três (ou
mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos
alguns deles presentes nos últimos seis meses).
1. Inquietação ou sensação de “estar com os nervos à flor da
pele”,
2. Cansaço fácil, fadigabilidade,
3. Dificuldade em concentrar-se, sentir um “branco na
mente”,
4. Irritabilidade,
5. Tensão muscular, dificuldade em relaxar,
6. Alterações do sono: dificuldade em pegar no sono e/ou
mantê-lo.
D. Ansiedade, preocupação ou sintomas
físicos causam sofrimento significativo ou
prejuízo no funcionamento social.
E. Os sintomas não são decorrentes do uso de
alguma substância psicoativa ou de alguma
condição médica.
F. A preocupação não é decorrente de outro
transtorno mental (como medo de ter
crises de pânico, ser contaminado -no caso
do TOC- , ganhar peso – no caso da
anorexia -etc).
Ansiedade generalizada
O índice para transtorno de ansiedade generalizada ao
longo da vida é de 9%.
A incidência é maior em mulheres.
A idade média para o início do transtorno é 30 anos.
Os sintomas tendem a ser crônicos e têm remissões e
recidivas ao longo da vida.
Um terço do risco em experimentar o TAG é
genético.
Ambiente e temperamento também fazem parte
da etiologia do TAG.
IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA
Pacientes com Transtorno de Ansiedade
Generalizada
Pensam ter saúde emocional regular ou
baixa
Tendem a se preocupar excessivamente
sobre as experiências rotineiras da vida
diária
TRATAMENTO DO TAG
Opções não-farmacoterapêuticas incluem:
Apoio
Psicoterapias específicas: Terapia
Cognitivo Comportamental é a que obtém
resultados mais rápidos.
Opções farmacoterapêuticas incluem:
Principalmente antidepressivos e
ansiolíticos
TRANSTORNO DE PÂNICO
Descrição clínica:

Crises de pânico recorrentes que se apresentam


como ataques espontâneos de sensação de perigo
ou morte iminente associados a sintomas de
hiperatividade autonômica. Tipicamente as crises
duram de 10 a 30 minutos sendo que o período de
pico dos sintomas ocorre nos 10 minutos iniciais.
ATAQUE DE PÂNICO E TRANSTORNO DE PÂNICO
Critérios Diagnósticos para crises de pânico segundo DSM 5

ATAQUE OU CRISE DE PÂNICO

Período de intenso desconforto ou de sensação de medo com


pelo menos quatro dos seguintes critérios:

1. Palpitações ou taquicardia
2. Sudorese
3. Tremores
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento
5. Sensações de asfixia
6. Dor ou desconforto torácico
7. Náusea ou desconforto abdominal
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
9. Calafrios ou ondas de calor
10. Parestesias (anestesia ou sensação de formigamento)
11. Desrealização (sensações de irrealidade, de que o ambiente
familiar está estranho) ou despersonalização (estar
distante de si mesmo)
12. Medo de perder o controle ou enlouquecer
13. Medo de morrer
TRANSTORNO DE PÂNICO
A. Ataques de pânico de forma repetitiva e inesperada
B Pelo menos um dos ataques foi seguido por período
mínimo de um mês com os seguintes critérios:
1. Preocupação persistente de ter novos ataques ou sobre
consequências dos ataques como perder o controle,
enlouquecer ou ter um infarto.
2. Uma mudança desadaptativa significativa no
comportamento relacionado aos ataques.
C. Os sintomas não são decorrentes do uso de alguma
substância ou de condição médica.
D. A preocupação não é decorrente de outro transtorno
mental.
TRANSTORNO DE PÂNICO
Critérios Diagnósticos para Transtorno de Pânico (ansiedade episódica
paroxística) segundo critérios do CID-10

A. O indivíduo é acometido por ataques de pânico recorrentes que não


são consistentemente associados à situação específica ou a objeto e
que freqüentemente ocorrem de forma espontânea (ou seja, os
episódios são imprevisíveis). Os ataques não são associados a
exercícios ou à exposição à situações perigosas.
B. Um ataque de pânico é caracterizado pelos seguintes critérios:
 É um episódio delimitado de intenso medo ou desconforto;
 Começa de forma abrupta;
 Alcança picos em poucos minutos e dura apenas alguns minutos;
 Pelo menos quatro dos sintomas abaixo devem estar presentes:
TRANSTORNO DE PÂNICO (CID-10)

Sintomas de ativação Sintomas que envolvem o tórax e


autonômica abdômen

 Palpitações, “batedeira” ou  Dificuldade respiratória


frequência cardíaca aumentada;  Sensação de sufocamento
 Sudorese;  Dor ou desconforto no peito
 Tremores;  Náusea ou mal estar abdominal
 Boca seca (não devida a
medicamentos ou desidratação)
TRASTORNO DE PÂNICO (CID-10)
Sintomas que envolvem o estado Sintomas Gerais
mental
 Calafrios ou ondas de calor
Sensação de tontura ou  Parestesias (dormência ou
desfalecimento formigamento)
Desrealização ou
despersonalização Cláusulas de exclusão mais
comuns. Os ataques de pânico não
Medo de perder o controle, são resultantes de doença física,
ficar louco, desmaiar; transtorno mental orgânico ou
outros transtornos mentais, como
Medo de morrer.
esquizofrenia e transtornos
relacionados, transtornos afetivos
ou somatoformes.
TRANSTORNO DE PÂNICO
A idade média para o início do TP é de 20 a 24 anos,
mas pode surgir na infância (mais raro).
Mulheres são mais sujeitas ao TP que homens.
O curso do transtorno, se não tratado, pode ser
crônico, com períodos de remissão.
Fatores de risco: temperamento, ambiente (estressores
geralmente antecedem os ataques de pânico), genética
e fisiologia.
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO: Antidepressivos - tricíclicos
(clomipramina, imipramina) / ISRS ( fluoxetina,
paroxetina, citalopram)
Benzodiazepínicos (alprazolam, clonazepam)

Psicológico: Existem diversas formas de psicoterapia,


sendo a mais estudada e que comprovadamente tem
efeitos benéficos nesse transtorno a chamada de
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
AGORAFOBIA
A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou
mais) das cinco situações seguintes:
- Uso de transporte público, permanecer em
espaços abertos, permanecer em locais públicos
fechados, permanecer numa fila ou ficar em
meio a multidão, sair de casa sozinho.
B. Evitação das situações acima referidas.
C. O medo ou a ansiedade é desproporcional às
situações, persistente (mais de 6 meses) e causa
prejuízo no funcionamento do indivíduo.
2. As situações são evitadas (por ex. viagens são restringidas)
ou suportadas com acentuado sofrimento ou com
ansiedade acerca de ter um ataque de pânico ou sintomas
do tipo pânico, ou exigem companhia.
3. A ansiedade ou esquiva agorafóbica não é melhor explicada
por outro transtorno mental, como fobia social (p.ex. a
esquiva limita-se a situações sociais pelo medo do
embaraço), fobia específica (p. ex. , a esquiva limita-se a
única situação, como elevadores), transtorno obsessivo-
compulsivo (p.ex., a esquiva à sujeira, em alguém com
obsessão de contaminação), transtorno do estresse pós-
traumático (p. ex. esquiva associada a um estressor grave)
ou transtorno de ansiedade de separação (p.ex. esquiva a
afastar-se do lar ou de parentes).
FOBIA
Fobia é o medo persistente e irracional de
objetos específicos, atividade ou situação que não
são considerados perigosos. O portador reconhece
que seu medo é excessivo e irracional. Sua
característica fundamental é a esquiva fóbica, ou
seja, o indivíduo procura evitar o contato com os
estímulos geradores de ansiedade e, se isso não for
possível, apresenta importantes manifestações de
ansiedade que podem tomar a forma de crise de
pânico.
FOBIA SOCIAL OU ANSIEDADE SOCIAL

Medo exagerado e persistente de avaliação negativa feita


por outras pessoas quando o indivíduo encontra-se em
situações sociais ou de desempenho. A exposição a essas
situações ou mesmo a sua simples antecipação geram
sintomas físicos de ansiedade que podem se intensificar e
gerar uma crise de pânico.

 Sintomas autonômicos como rubor, sudorese, tremores e


taquicardia podem estar presentes.

 Presença de ansiedade antecipatória e comportamento


evitativo.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA ANSIEDADE SOCIAL (DSM 5)
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o
indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações
sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser
observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p.
ex., proferir palestras). Nota: Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em contextos que
envolvem seus pares, e não apenas em interações com adultos.
B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados
negativamente (i.e., será humilhante ou constrangedor; provocará a rejeição ou ofenderá
a outros).
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade.
Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso chorando, com ataques de raiva,
imobilidade, comportamento de agarrar-se, encolhendo-se ou fracassando em falar em
situações sociais .
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade.
E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e o
contexto sociocultural.
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses.
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
H. O medo, ansiedade ou esquiva não é consequência dos efeitos fisiológicos de uma
substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica. I. O
medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro
transtorno mental, como transtorno de pânico, transtorno dismórfico corporal ou
transtorno do espectro autista. J. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson,
obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está presente, o medo,
ansiedade ou esquiva é claramente não relacionado ou é excessivo.
EVOLUÇÃO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE
SOCIAL
A evolução é crônica e sem períodos de remissão, o que
resulta em incapacitação cumulativa importante. O início
precoce compromete a aquisição normal de habilidades
socioeducacionais em um período crítico da adolescência.
A idade média do surgimento do TAS é de 13 anos.
O transtorno geralmente surge de um histórico de
excessiva timidez na infância.
Experiências estressantes e/ou humilhantes podem
estar na raiz do transtorno.
O curso do transtorno, se não for tratado, pode ser de
vários anos, e traz perdas significativas para o
indivíduo.
FOBIAS ESPECÍFICAS
Correspondem a fobias isoladas,
restritas a situações ou objetos
específicos, como certos animais ou
insetos, altura, trovão, escuridão, andar
de avião, espaços fechados, certos
alimentos, tratamento dentário, visão
de sangue e ferimentos, etc.
Ocasionalmente, a fobia específica se desenvolve após
um evento traumático.
Muitos indivíduos não conseguem lembrar do que
gerou a fobia.
Geralmente ela se desenvolve na infância (idade média
7 a 11 anos)
As fobias que persistem até a idade adulta dificilmente
terão remissão ao longo da vida.
Fatores de risco: temperamento, ambiente
superprotegido, perda dos pais, traumas.
FOBIAS ESPECÍFICA – CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex., voar,
alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue).
Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso por choro, ataques de
raiva, imobilidade ou comportamento de agarrar-se.
B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta
imediata de medo ou ansiedade.
C. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa
ansiedade ou sofrimento.
D. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real imposto pelo
objeto ou situação específica e ao contexto sociocultural.
E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima
de seis meses.
F. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida
do indivíduo.
G. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de
outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e
esquiva de situações associadas a sintomas do tipo pânico
ou outros sintomas incapacitantes (como na agorafobia);
objetos ou situações relacionados a obsessões (como no
transtorno obsessivo-compulsivo); evocação de eventos
traumáticos (como no transtorno de estresse pós-
traumático); separação de casa ou de figuras de apego
(como no transtorno de ansiedade de separação); ou
situações sociais (como no transtorno de ansiedade social).
TRATAMENTO PARA FOBIAS
As psicoterapias são a forma de tratamento mais bem
sucedida, com destaque para Terapia Cognitivo
Comportamental.
A farmacologia utizadada é geralmente a mesma a dos
outros transtornos de ansiedade.
Os comportamentos de esquiva, quando não
interferem demais na funcionalidade do indivíduo,
fazem com que esse jamais busque qualquer tipo de
tratamento.
A comorbidade com outros transtornos de ansiedade é
alta.

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