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EMANI ESTEVÃO BASÍLIO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA:


TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - TCC

CRICIÚMA
2022
EMANI ESTEVÃO BASÍLIO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO EM PSICOLOGIA CLÍNICA: TERAPIA


COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - TCC

Relatório de Estágio Básico I, referente ao Estágio


Supervisionado Obrigatório em Psicologia Clínica na
abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental -
TCC, para conclusão do Curso Bacharel em
Psicologia, sob a supervisão do Prof: Cleiton Garcia
Maximiano, CRP-SC 12/18720.

CRICIÚMA
2022
SUMÁRIO

1 4
2 4
2.1 Erro! Indicador não definido.
2.1.1 Condicionamento Clássico.....................................................................................
2.1.2 Condicionamento Operante...................................................................................
2.1.3 Contracondicionamento.........................................................................................
2.2 A Terapia Racional-Emotiva Comportamental - TREC ..........................................
2.3 A Terapia Cognitivo-Comportamental......................................................................
2.3.1 Fases Pré Tratamento em Terapia Cognitivo Comportamental ............................
2.3.2 A Relação Terapêuta em Terapia Cognitiva Comportamental .............................
2.3.3 Estrutura das Sessões ............................................................................................
2.3.4 Modelo Cognitivo .................................................................................................
2.3.5 Conceitualização Cognitiva ..................................................................................
2.3.6 Pensamentos Automáticos ....................................................................................
2.3.7 Crenças Intermediárias e Centrais ........................................................................
2.4 Técnicas Cognitivas Comportamentais ...................................................................
2.5 Sessões de Prevenção à Recaída e Término do Processo ........................................
3 15
4 16
4.1 16
4.2 16
5 16
6 REFERÊNCIAS 9
CURSO DE PSICOLOGIA

1 INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo conceituar e apresentar a realização do


Estágio Supervisionado Básico I, em psicologia clínica, desenvolvido no SPAE (Serviço
de Psicologia Aplicada Esucri), localizado na Rua Borba Gato, 185, Centro -
Criciúma/SC. O horário de funcionamento do SPAE acontece de segunda-feira à sexta-
feira das 08h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00. Os atendimentos são ofertados
gratuitamente aos moradores da região, de todas as idades. O estágio visa proporcionar
ao acadêmico a integração entre teoria e prática, cada estagiário deve cumprir 4 (quatro)
horas obrigatórias no estágio clínico, para realização dos atendimentos, e 4 (quatro)
horas obrigatórias na supervisão de estágio, para orientação, instrução e
desenvolvimento do mesmo, totalizando em 8 (oito) horas semanais obrigatórias que
cada estagiário deve cumprir.
A realização de cada atendimento clínico tem duração de 50 minutos, o assunto
tratado e as questões mencionadas em cada sessão devem respeitar o Código de Ética
Profissional do Psicólogo mencionado no Art. 9° (2005) “É dever do psicólogo respeitar
o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das
pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional”.
Ocorrendo obrigatoriamente apenas a menção da sessão ao supervisor de estágio, para
orientação e instrução para o decorrer dos atendimentos, é obrigatório também comentar
este fato ao paciente já na primeira sessão, para que o mesmo saiba do procedimento e
sinta-se confortável em dividir ao estagiário suas demandas. Em caso de emergência, que
ocorre quando o paciente obteve pensamentos ou tentativas suicidas à um breve período
de tempo, deve-se urgentemente solicitar a intervenção de um supervisor de estágio que
esteja presente no momento.
A supervisão de estágio ocorre no período de 4 (quatro) horas semanais
decorridas de um único dia, após a pratica do estágio onde é conduzido o estudo de caso
juntamente com o supervisor, um psicólogo já formado e inscrito corretamente no CRP.
Acontece também durante a supervisão, a formação teórica da abordagem ao estagiário,
possibilitando um maior contato com a teoria e prática da abordagem escolhida, diversas
demandas, estudos de caso e maior fixação de conteúdos e conhecimento de transtornos
mentais.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma das diversas formas de realizar a
psicoterapia, foi desenvolvida por Aaron T. Beck entre as décadas de 1960 e 1970,
denominada à principio com “Terapia Cognitiva”, baseia-se em um conjunto de teorias e
técnicas que formulam planos de tratamento e para orientar ações do terapeuta. O
tratamento é ativo e breve, baseado na formulação cognitiva: as crenças mal-adaptativas,
estratégias comportamentais e a manutenção dos fatores que caracterizam um transtorno
específico.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A Terapia Comportamental

A primeira versão do behaviorismo surgiu em 1913, após a publicação do artigo


Psychology as the Behaviorist Views it em português “Psicologia: como os behavioristas a
vêem, escrito por John B. Watson. Segundo Bock (2001) o termo inglês behavior significa
“comportamento”, portanto é usado o termo Behaviorismo, entre outras nomenclaturas é
possível acrescentar ainda: Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Análise do
Comportamento, Análise Experimental do Comportamento. O comportamento como
objetivo da Psicologia, ao reproduzir os experimentos em diferentes condições e sujeitos
contribuiu para que a Psicologia rompesse com sua tradição filosófica e alcançasse o status
de ciencia.
Bock (2001) relata que Watson defendia a perspectiva funcionalista para a
Psicologia, que considerava que o comportamento deveria ser estudado como função de
certas variáveis do meio. Sendo assim, certos estímulos ao se ajustarem aos seus ambientes,
levariam o organismo a dar determinadas respostas, por meio de equipamentos hereditários e
pela formação de hábitos. Watson buscava uma Psicologia livre de conceitos mentalistas e
métodos subjetivos.
De acordo com Oliveira et al. (2007) o behaviorismo foi um revolução
metodológica, a partir do momento que Watson se mostra insatisfeito e rejeita as pretenções
do método introspectivo. Acreditava não ser confiável ou seja, a realização do auto-relato,
excedendo conceitos da consciência humana e analogia como métodos para explicar o
comportamento animal.
Burrhus Frederic Skinner, desenvolveu sua linha teórica conhecida como
Behaviorismo Radical, preconizava pela cientificidade na ciência do comportamento.
Construindo conceitos e termos para explicar as questões do comportamento, influenciando
em 1945 a formulação do estudo do “comportamento operante” (ZÍLIO, 2010).
Segundo Farias ( apud Micheleto, 2001) em 1950, com as primeiras aplicações dos
princípios operantes, deram início à relação entre Behaviorismo Radical e Terapia
Comportamental. As técnicas eram baseadas em princípios de modelagem, reforçamento
diferencial, extinção, e empregadas em instituições psiquiátricas, sob o rótulo de
Modificação do Comportamento.
Segundo Baum (2019) o behaviorismo radical, em contraste ao behaviorismo
metodológico, concentra-se em conceitos e métodos, não faz distinção entre os mundos
subjetivo e objetivo.
Para Skinner (1963a, p.951) o behaviorismo […]
[…] não é o estudo científico do comportamento, mas a filosofia da ciência
preocupada com o objeto de estudo e com métodos da psicologia. Se a psicologia é
a ciência da vida mental – da mente, da experiência consciente – então ela precisa
desenvolver e defender uma metodologia especial, o que ainda não foi feito com
sucesso. Se ela é, por outro lado, a ciência do comportamento dos organismos,
humanos ou não humanos, então ela é parte da biologia, uma ciência natural para a
qual métodos testados e altamente bem-sucedidos estão disponíveis.
Atualmente à compreensão do comportamento como interação entre o que o sujeito
faz e o ambiente onde o acontece, e não uma ação isolada, portanto, o Behaviorismo dedica-
se ao estudo das interações entre as ações do indivíduo (respostas) e o ambiente (estímulo).
Referem-se à interação das variáveis ambientais e o que o organismo desempenha (BOCK,
2001)
2.1.1 Condicionamento Clássico

O Condicionamento Clássico, conhecido como Comportamento Respondente,


caracteriza-se sobre respostas produzidas por estímulos do ambiente, sendo então,
considerada como “não-voluntário” (BOCK, 2001). Se dá sobre eventos que não
conduzimos, não controlamos, acontece de forma involuntária, como por exemplo, o piscar
dos olhos, a respiração, bocejar ao sentir sono, sentir arrepios, ou seja, ações que não
controlamos, mas o corpo precisa e produz sozinho para o seu funcionamento.
De acordo com Borges (2012) o Comportamento Respondente é a relação entre
estímulo e resposta, não apenas se define pelo estímulo, ou pela resposta, mas a interação
entre os dois. Trata-se de uma relação organismo-ambiente, na qual eventos ambientais
podem eliciar respostas no organismo, e não dependem de aprendizagem. Essa relação é
representada pelo paradigma S-R, sendo S o estímulo e R a resposta (Catania, 1999; Skinner,
1938/1991,1953/1965)
Segundo Farias (apud Nobre et al., 2010) conforme a perspectiva analítico-
comportamental, o comportamento sempre vai ter uma função. Através deste, a partir de
condicionamento respondente, condicionamento operante, reforçamento, comportamento
governado por regras, comportamento adjunto e discriminação de estímulos é possível
compreender transtornos alimentares. Permite também, de modo que possam estimular e
ensinar novos comportamentos, tentativas de controlar o comportamento individual ou
público.
Borges (2012) relata que o processo do comportamento respondente pode ser
compreendido através da intensidade e duração. Quanto maior for a intensidade do estímulo,
maior será a magnitude da resposta, e sua duração, e menor será a latência – intervalo de
tempo entre a representação do estímulo e a ocorrência da resposta. A magnitude e duração
da resposta, assim como a latência do reflexo, vão determinar a força do comportamento
respondente. Catania (1999) quando a resposta tem latência curta, magnitude ampla e
duração longa, o reflexo será forte, sendo assim, quando a latência for longa, magnitude
pequena e duração curta, o reflexo será fraco.
De acordo com Kleinman (2015) o condicionamento clássico foi desenvolvido por
Ivan Pavlov, ao perceber através de seus experimentos com os cães, e a associação. Pavlov
identificou quatro princípios básicos: estímulo incondicionado, resposta incondicionada,
estímulo condicionado e resposta incondicionada.
As relações respondentes podem ser divididas em duas categorias: condicionadas e
incondicionadas. Trata-se de resposta condicionada, uma resposta aprendida a partir de um
estímulo, de uma experiência do sujeito, e resposta incondicionada não dependem da
experiências pessoal do sujeito (BORGES, 2012)

2.1.2 Condicionamento Operante

O condicionamento operante é aquele em que se aprende um comportamento como


resultado de recompensas e punições associadas, ao comportamento, desenvolvido por B. F.
Skinner na década de 30 do século XX, e pode ser dividido em quatro tipos: reforço
positivo, reforço negativo, punição e extinção (KLEINMAN, 2015). Segundo Borges (2012)
o comportamento operante se diferencia do comportamento respondente pelo fato de no
comportamento operante, as respostas serem eliciadas pela apresentação de um estímulo.
Mesmo que nem todas as respostas emitidas necessariamente, se relacionarão aos estímulos
eliciadores.
Conforme o autor supracitado, o comportamento operante se define pela relação
entre respostas e estímulos, que um tem a função de fortalecer o outro e vice-versa. Para
analisar o condicionamento em ação. Segundo Borges (2012) o paradigma do
comportamento operante pode ser apresentado por R —> SR quando ‘R’ é a resposta; ‘SR’
os estímulos reforçadores e ‘—>’ representa produção de ‘SR’ por ‘R’.
Segundo Kleinman (2015), Skinner realizou um experimento, chamado a Caixa de
Skinner, trata-se de um rato dentro de uma caixa e toda vez que o mesmo pressiona a
alavanca na caixa, recebe uma pastilha de alimento (recompensa), o rato aprende isso, e toda
vez que ele puxa alavanca e recebe o alimento, o seu comportamento é fortalecido pelo
reforço positivo. O reforço negativo pode ser explicado ao colocar o rato numa caixa com
sistema de choque sobre suas patas (condição negativa) e ao rato pressionar a alavanca, o
choque é interrompido, e ele aprende então esse sistema, para parar uma condição negativa.
Para Borges (2012) o reforçamento é o processo do fortalecimento de uma classe de
respostas, em recorrências das consequências que a mesma produz, as consequências que
tornam as respostas mais prováveis e tem se o nome de estímulo reforçador. O reforçamento
é o aumento da frequência do comportamento devido à constância de um reforçador.

2.1.3 Contracondicionamento

De acordo com Moreira & Medeiros (2019)


[…] As consequências reforçadoras negativas e as consequências punitivas positivas
e negativas também são consequências do comportamento que exercem controle
sobre ele. Elas alteram a probabilidade de ocorrência do comportamento. Por esse
motivo, dizemos que esses três tipos de consequência do comportamento também o
controlam. Tradicionalmente, em Análise do Comportamento, o controle exercido
por eles é denominado de controle aversivo do comportamento, ou, simplesmente,
controle aversivo.

Para Souza e Rodrigues (2012) pôde-se definir a extinção durante um procedimento


e durante um processo. Durante um procedimento, ocorre a suspensão do reforço, e na
remoção da relação de dependência entre resposta e reforço, e ao processo comportamental,
a extinção ocorre quando ao retornar níveis pré-condicionamento.
O contracondicionamento objetiva em apagar os comportamentos que causam
desconfortos para o indivíduo, aplicando retornos assertivos. Nele o indivíduo é exposto
gradualmente ao objeto que lhe traz medo ou desconforto TURNER, 2002 ( apud ARAÚJO)
2.2 A Terapia Racional-Emotiva Comportamental – TREC

Segundo Neufeld (2017) a terapia racional-emotivo-comportamental (TREC) foi


desenvolvida em 1955, pelo psicólogo Albert Ellis, para contemplar todos os seus pilares à
sua adaptação, ao longo dos anos passou pelos nomes de terapia racional, terapia racional-
emotiva, e desde 1993 utiliza-se do nome atual Terapia Racional-Emotivo-Comportamental.
De acordo com Knapp et al (2007) Ellis encontrava-se insatisfeito com a prática
psicanalista, então resolveu desenvolver uma teoria e terapia de base filosófica, que
mostrasse a eficiência em avaliar as perturbações emocionais dos pacientes e indagasse uma
mudança profunda nos mesmos. A Terapia racional-emotivo-comportamental de acordo com
o autor supracitado, entre seus atributos pode englobar o enfoque numa profunda mudança
de vida, sua posição humanista-existencial, sua própria teoria das emoções, sendo essas
saudáveis ou não saudáveis, atenção aos sintomas secundários e correção semântica, entre
outros meios.
A abordagem da Terapia racional-emotivo-comportamental é indicada para pacientes
que desejam um tratamento breve, de intervenção de curto prazo, baseado no aqui-agora,
lidando com problemas pessoais, ativos no momento (KNAPP, et al., 2007). Segue os
componentes do filósofo grego Epicteto, que não somos perturbados pelos acontecimentos,
mas sim por como se dá a percepção destes.
Entre as técnicas utilizadas pela TREC em sua prática (Lipp, et al, 2019) pode-se
encontrar recursos de outros enfoques da terapia, que estejam em concordância de seu
seguimento. São exemplos de técnicas da Terapia racional-emotiva comportamental, a
moderação, análise de vantagens e desvantagens, ensaio de crenças racionais, deter-se e
observar, biblioterapia, proselitismo, escala de catástrofes, imaginação racional-emotiva,
role-play, role-play inverso, uso do humor, tarefa de felicidade, permanecer em situações
difíceis e ataque à vergonha.
De acordo com Lipp et al (2019) O ataque à vergonha e permanecer em situações
difíceis tem objetivos parecidos, quando o permanecer em situações difíceis o paciente se
mantém em situações que considera desagradável, como forma de praticar sua intolerância à
frustração. E o ataque a vergonha trata-se de uma técnica de exposição, onde o paciente
aprender a confrontar crenças irracionais de aprovação, em situações que considera
vergonhoso Lipp (apud Ruiz, et al., 2012).

● 2.3 A Terapia Cognitivo-Comportamental

Segundo Beck (2022) a Terapia Cognitivo-Comportamental foi desenvolvida por


Aaron T. Beck, entre as décadas de 1960 e 1970, à princípio o objetivo de Beck era uma
psicoterapia para depressão estruturada, de curta duração, voltada para o presente. Beck era
psicanalista e cientista, e e seu objetivo ao desenvolver os experimentos era comprovar as
causas da depressão, porém os resultados levaram à outra explicação, onde identificou
cognições negativas e distorcidas, sendo assim, desenvolveu um modelo de tratamento a
curto prazo.
De acordo com Beck (2022) a Terapia Cognitivo-Comportamental baseia-se em dois
princípios centrais: nossas cognições e como nosso comportamento pode influenciar nossos
pensamentos e emoções, essa ligação cognitiva remete à observação do comportamento e os
pensamentos, como um pode afetar o outro.
Beck descreveu uma conceitualizacao cognitiva da depressão, com objetivo de
reverter cognições disfuncionais, que desenvolve em três domínios: si mesmo, o mundo e
futuro (BECK, 2022). Knapp et al., (2004) relata ainda um importante terceiro princípio, o
comportamento desejado, que pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva.
Segundo Wright (2008) desde a década de 1960 houve uma unificação das
formulações cognitivas e comportamentais na psicoterapia. Beck defendeu então a inclusão
de métodos comportamentais e reconhecia que essas ferramentas são eficazes para reduzir
sintomas, e conceitualizou um relacionamento estreito entre cognição e comportamento.
Knapp et al., (2004) ressalta características diferenciais da escola cognitiva e seu
método terapêutico, ao contrário da psicanalítica, não existe interpretação do terapeuta, mas
elaboração de forma conjunta com o paciente, juntos irão identificar, examinar e corrigir as
distorções cognitivas que causam sofrimento ao indivíduo.

● 2.3.1 Fases Pré Tratamento em Terapia Cognitivo-Comportamental

De acordo com Beck (2022) para o planejamento efetivo do tratamento é necessário


um diagnóstico robusto, uma formulação de caso sólida e considerar as características,
valores e objetivos do paciente.
Segundo Rangé 2008 (apud Beck, et al,. 1997) identificam oito passos no
estabelecimento de um plano de tratamento: (1) conceituação do problema, (2)
desenvolvimento de uma relação colaborativa; (3) motivação para o tratamento; (4)
formulação do problema; (5) estabelecimento de metas; (6) educação do paciente sobre o
modelo cognitivo-comportamental; (7) intervenções cognitivo-comportamentais e, (8)
prevenção à recaida
O tratamento é adaptado ao indivíduo, sua duração e frequência do tratamento pode
variar, portanto, pode-se desenvolve uma estratégia geral para o tratamento ou a cada sessão
desenvolver um plano de intervenção (Beck, 2022) Durante o pre-tratamento considera a
conceitualização do cliente; o estágio do tratamento; os valores, o estado mental e o nível de
motivação dele; e a demanda e estruturação da aliança terapêutica.
● 2.3.2 A Relação Terapêutica em Terapia Cognitivo-Comportamental

A relação terapêutica é de suma importância para o seguimento do tratamento.


Segundo Beck (2013) há habilidades e comportamentos que possibilitam uma melhor
construção desta relação. O terapeuta deve estar atento aos sinais do paciente, possuir boas
habilidades terapêuticas, partilhar seu plano de tratamento e conceituação, e garantir o sigilo
ao paciente.

● 2.3.3 Estrutura das Sessões

A estrutura da sessão é um meio de passo a passo de cada sessão. Para Beck (2003)
ao início da sessão já deve-se focar no estabelecimento da aliança terapêutica como forma de
vinculação com o paciente. Posteriormente checa-se humor do paciente, o que aconteceu e
como se sentiu durante a semana, solicita-se ao paciente que indique os problemas que quer
trabalhar, metas e objetivos.
Examina-se os exercícios de casa, coleta-se os dados a respeito do problema
apresentado, conceitua-se cognitivamente a dificuldade do paciente, questionando seus
pensamentos, emoções e comportamentos. Planeja-se uma estratégia colaborativa, e
interação com o paciente.
O processo de estruturação da sessão possibilita uma maior assertividade, pois de
forma eficaz conduz o terapeuta a organizar as informações colhidas, identificar o problema
especifico, discutir com o paciente a melhor forma de conduzir o seu processo, reduzindo as
possíveis inseguranças do terapeuta e permitindo que o paciente seja mais ativo em sua
psicoterapia (Rangé , 2008)
Segundo Beck (2022) Na fase intermediária da terapia […]
[…] além de continuar trabalhando em direção a esses objetivos, você
também passa a enfatizar o fortalecimento de crenças adaptativas mais positivas do
cliente, identificando, avaliando e modificando mais diretamente as crenças
disfuncionais dele, usando técnicas “intelectuais” e também “emocionais”. Na fase
final da terapia, você aumenta a ênfase na preparação para o término, continuando a
trabalhar em direção aos objetivos, aumentando um sentimento de bem-estar,
melhorando a resiliência e prevenindo recaída.
● 2.3.4 Modelo Cognitivo

Knapp et al. (2008) relata que o modelo cognitivo foi construído para explicar os
processos psicológicos na depressão, e que seus sintomas fossem explicados por termos
cognitivos como interpretação tendenciosas das situações. Ativadas por representações
negativas de si mesmo, do mundo e do futuro, formando a tríade cognitiva.
Segundo Stallard (2009) a terapia cognitivo-comportamental preocupa-se em
entender as acusadas por interpretações eventos e experiências, e identificar e mudar
distorções ou déficits que ocorreram no processamento.
De acordo com Knapp et al. (2004) a terapia cognitiva baseia-se na inter-relação do
funcionamento do indivíduo cognição, emoção e comportamento. Enfatiza que são os
pensamentos que provocam comportamentos e emoções, e não apenas a situação.
Beck (2022) ressalta que o pensamento automático pode conduzir uma reação
específica e um comportamento. As cognições ocorrem em três níveis, os pensamentos
automáticos (p. ex., “Estou muito cansado”) nível mais superficial, crenças intermediárias
(p. ex., “Se eu chegar atrasado, vou ser demitido”). Crenças nucleares (p. ex., Estou
desamparado”, “As pessoas são cruéis”, “O mundo não faz sentido”), sendo o nível mais
avançado.
A modificação da crença geral de negativas para crenças nucleares positivas pode
alterar a percepção das situações, que antes possuía o pensamentos de incompetência
passará, a ter pensamentos de competência… (BECK, 2022)

● 2.3.5 Conceitualização Cognitiva

É o fundamento da terapia cognitivo-comportamental, que fornece uma estrutura


para o tratamento (BECK, 2022). Começa a ser construída durante o primeiro contato e se
aprimora após cada contato, importante para acompanhar os diagnósticos do cliente,
cognições típicas, estratégias comportamentais e fatores de manutenção.
Segundo Beck (2022), para a conceitualização o terapeuta deve coletar dados,
resumir checar hipóteses com o paciente e modificar quando necessário, à medida que o
terapeuta observa novas informações apresentadas pelo paciente.
Beck (2022), ressalta que compartilhar a conceitualizacao com o cliente e pedir um
feedback do mesmo, fortalece a aliança terapêutica, e desenvolve um tratamento mais
efetivo.

● 2.3.6 Pensamentos Automáticos

Greenberger et al (2017) ressalta que pensamentos automáticos surgem


automaticamente em nossas mentes ao longo do dia, não planejamos e não estamos
conscientes de nossos pensamentos automáticos. Surge então como propósito da Terapia
Cognitivo-Comportamental trazer esses pensamentos automáticos à consciência.
Segundo Wright et al. (2008, p.19) pensamentos automáticos não ocorrem apenas
com pessoas com depressão, ansiedade ou outros transtornos emocionais, mas sim com
todas as pessoas normalmente privativos ou não-declarados, e ocorrem de forma rápida à
medida que é avaliado o significado de acontecimentos nas nossas vidas.
De acordo com Greenberger et al (2017) os pensamentos ajudam a definir o estado
de humor experimentados, de acordo com o estado de humor os pensamentos o apoiam e
fortalecem. Os pensamentos também têm relação com o comportamento e reações físicas,
determinando-os e podendo configurá-los de acordo com o pensamento.
Knapp et al (2004) menciona que os pensamentos automáticos são rápidos e
conscientes, podem ser ativados através de fatores externos e internos, e irão influenciar
emoções, comportamentos e reações físicas.
De acordo com Beck (2022) a Terapia Cognitivo-Comportamental vai ensinar ao
cliente ferramentas para avaliar seus pensamentos de forma estruturado e consciente, pois
muitas vezes cliente está engajado em comportamento inútil, à pensamentos automáticos
disfuncionais.
● 2.3.7 Crenças Intermediárias e Centrais

Crenças Centrais ou Nucleares tratam-se de determinadas ideias sobre si mesmo,


sobre as outras pessoas e sobre o mundo, segundo Beck (2022), podem ser adaptativas ou
mal-adaptativas.
De acordo com Beck (apud Beck, Finkel & Beck, 2020), “A terapia cognitivo-
comportamental (TCC) tradicional coloca maior ênfase nas crenças mal-adaptativas
(negativas, inúteis, disfuncionais) que os clientes têm quando estão no modo depressivo. Em
uma orientação para a recuperação, as crenças adaptativas (positivas, úteis, funcionais) são
enfatizadas para encaminhar o cliente para o modo adaptativo”.
Segundo Beck (2022), fazem parte das Crenças Adaptativas, as crenças nucleares de
eficiência, onde o cliente sente-se consigo mesmo, competente, eficiente, útil; Nas crenças
nucleares de amabilidade o cliente sente-se agradável, querido; Nas crencas nucleares de
valor o cliente sente digno, bom e generoso).
De acordo com Wright et al. (2008), as Crenças Intermediárias atuam como regras
condicionais, e geram afirmações do tipo “se-então”. São compostas por atitude, regra,
pressupostos, e influenciam ao paciente a visão de uma situação, como ele pensa, sente e
age. Está interligada com os pensamentos automáticos e crenças nucleares (BECK, 2013).
Segundo Knapp et al (2004), fazem parte das crenças intermediárias: crenças
nucleares de desamparo (impotente, frágil); crenças nucleares de desamor (rejeitado);
crenças nucleares de desvalor (incapaz, incompetente).

● 2.4 Técnicas Cognitivas e Comportamentais

A TCC faz uso de uma variedade de técnicas durante o processo terapêutico, dentre
elas está o Empirismo Colaborativo, Knapp et al., (2008) onde o paciente e terapeuta
trabalham como uma equipe, avaliam, testam e verificam as crenças do paciente, se estão
corretas e modificam-as de acordo com a realidade.
Knapp et al., (2004) conceitua o Questionamento Socrático como um
questionamento sistemático que estimula o exame, ponderação, avaliação. O objetivo do
questionamento socrático é guiar o paciente à informações conscientes (insight) sobre seu
pensamento distorcido.
No processo do tratamento utiliza-se também como técnica a Psicoeducação, Beck
(2013) ressalta que seu objetivo é aumentar o conhecimento do paciente sobre seus
pensamentos automáticos, transtornos, sintomas, compreender o diagnostico, prevenção de
recaídas. E também motivar o paciente a colaborar com o processo terapêutico, para maior
efetividade do mesmo.
Ferreira (2010), ressalta o uso da técnica RPD – Registro dos Pensamentos
Disfuncionais, seu objetivo é ensinar o paciente a analisar e identificar emoções,
pensamentos e comportamentos distorcidos, o paciente é conduzido a encarar suas cognições
conturbadas e produzir respostas adaptativas, tornando-se seu próprio terapeuta.
A técnica de imagística Ensaio Cognitivo auxilia o paciente a experimentar situações
temidas, imaginando que elas estejam acontecendo no exato momento. Ao vivenciar a
situação temida espera-se que o paciente possa construir melhores estratégias de
enfrentamento e superar com sucesso (KNAPP, et al., 2008)
Knapp et al., (2008) refere sobre as técnicas comportamentais,
Entre as técnicas comportamentais estão, por exemplo, agendamento de atividades,
avaliações de prazer e habilidade, prescrições comportamentais de tarefas graduais,
experimentos de teste da realidade, role-plays, treinamento de habilidades sociais e
técnicas de solução de problemas.

● 2.5 Sessões de Prevenção à Recaída e Término do Processo

Dentre os traços que abrange a Terapia Cognitivo-comportamental estão as sessões


de autoterapia, trata-se do paciente em determinados momentos ser seu próprio terapeuta,
tendo autonomia para identificar seus processos e habilidades, e realizar seu próprio auxílio
(BECK, 2022). Aprender essas habilidades que possa utilizá-la durante e após o término do
tratamento para reduzir ou previnir recaída e melhorar o humor positivo possibilita que o
tratamento seja ainda mais efetivo.
Conforme o autor supracitado, é importante preparar o paciente para a redução na
frequência das sessões e o término do tratamento, e isso pode acontecer desde a primeira
sessão ou no decorrer das sessões. É preciso enfatizar ao paciente que sua recuperação
provavelmente não seguirá uma linha reta, o progresso pode ter períodos de melhoras e
retrocessos.
Segundo Beck (2022) Os retrocessos podem variar sua duração, porém se o paciente
continuar usando suas habilidades, poderá facilitar a remissão dos transtornos, e vencê-lo.
No entanto, é recomendável que o terapeuta ilustre esse processo ao paciente utilizando um
gráfico, demonstrando que assim como o gráfico, ele pode ter altos e baixos, mas que ao
estar no “nível baixo” do gráfico, ele terá a autonomia de ferramentas para voltar ao “nível
alto”, e dominar seu transtorno e assumir o controle.. Entretanto, é essencial que o paciente
saiba que esse processo é normal à outros pacientes também
Para Beck (2022, p. 351) é indispensável atribuir o progresso ao cliente,
“Esteja em alerta em todas as sessões a oportunidades de reforçar o cliente pelo seu
progresso. Quando ele experimentar melhora no humor, descubra por que ele acha
que está se sentindo melhor. Enfatize a ideia, sempre que possível, de que ele
mesmo proporcionou as mudanças no seu humor ao fazer mudanças no seu modo de
pensar e no seu comportamento.”
Perto do final tratamento, é de suma importância identificar os pensamentos
automáticos do paciente sobre o término do tratamento e, discutir os sinais de alerta que
indicam que indicam retrocesso, o cliente deve registrar esses sinais em suas anotações de
terapia, que também precisam conter pontos importantes a serem lembrados e instruções
quanto ao caso de seus sintomas recorrerem (Beck, 2022).

LOCAL DE ESTÁGIO

O local de realização do estágio fica na Rua Borba Gato, 185, Centro – Criciúma/SC,
denomina-se SPAE – Serviço de Psicologia Aplicada Esucri, onde oferece atendimentos
psicológicos gratuitos para toda a região de criciúma, trata-se de uma clínica-escola que
abrange diferentes tipos de atendimentos psicológicos, sendo eles, Psicoterapia Infantil,
Adolescentes, Adulto, Idosos e Famílias, realizados por acadêmicos de psicologia da
instituição, e supervisionados pelos professores do curso de graduação de psicologia da
ESUCRI.
O SPAE – Serviço de Psicologia Aplicada Esucri tem como objetivo zelar pelas
necessidades e desenvolvimento pessoal e interpessoal dos pacientes, ajudar os mesmos a
lidar com questões internas, promover bem-estar e resolver conflitos emocionais que geram
algum tipo de frustração e sofrimento e comportamento que ocasionam danos à saúde e
também aos relacionamentos.
Os atendimentos são realizados em ambiente privado, a fim de acolher o paciente,
oferecendo o suporte necessário, abordando sempre a questão do sigilo presente no código
de ética do psicólogo no seu artigo 9º (2005, p. 13), “É dever do psicólogo respeitar o sigilo
profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas,
grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional”.
O imóvel é dividido em recepção, brinquedoteca, sala de testes, sala de espelho, três
salas para realizar os atendimentos e dois banheiros, o horário de funcionamento acontece de
segunda-feira à sexta-feira, 08:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h, no térreo da unidade
VIII da Esucri, ao lado do ginásio de esportes.

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1 APRESENTAÇÃO GERAL

Nº de triagens Nº de pacientes N° de encaminhamentos


(Quantidade de pacientes
atendidos em psicoterapia)
4 3 0

4.2 ATENDIMENTOS CLÍNICOS

Nº de Identificação Nº de sessões Procedimento Período


pacientes
3 S.S. 1 Paciente desistiu Iniciou em
do processo Abril e desistiu
terapêutico, e em maio.
perdeu a vaga por
exceder o limite de
faltas.
S.S.C 1 Encontra-se em Iniciou em
processo Maio
terapêutico.
A.S.C 3 Encontra-se em Iniciou em
processo Maio
terapêutico.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização desse estágio clínico, foi possível compreender um pouco da


experiencia profissional do terapeuta cognitivo comportamental , ter uma experiência com o
paciente, conhecer seus pensamentos, comportamentos e compreensão dos comportamentos.
Receber a orientação do supervisor melhora o conhecimento e experiência profissional, para
poder conduzir melhor os casos clínicos e propor intervenções e leituras materiais que
agreguem no conhecimento do acadêmico, podendo exercer melhor sua profissão.
6 REFERÊNCIAS

BECK, Judith S. Ed. 02. Teoria Cognitivo-comportamental: Teoria e Prática. São Paulo:
Artmed Editora, 2013.

BECK, Judith S. Ed. 03. Terapia Cognitivo-comportamental: Teoria e Prática. Porto


Alegre: Artimed Editora, 2022.

FERREIRA, Paulo R. S.; DE ROSE, Júlio C. Sobre a noção de força de resposta no


Behaviorismo Radical de B. F. Skinner. Guadalajara, v. 18, n. 3, p. 381-411, dez 2010.
Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/ácido.php?script=sci_arttext&pid=S0188-
81452010000300005&lng=pt&nrm=iso Acesso em 21 de maio. 2022

GREENBERG, Dennis. et al. A Mente Vencendo o Humor. São Paulo: Artmed Editora,
2017.

KLEINMAN PAUL, 2015 – Tudo que você precisa saber sobre psicologia. Editora
Gente, 15º edição, 2015.

KNAPP, Paulo. et al. Terapia cognitivo comportamental na prática psiquiátrica. São


Paulo: Artmed Editora, 2004.

KNAPP, Paulo. et al. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da


terapia cognitiva. Porto Alegre: Revista Brasileira de Psiquiatria, 30(Supl II), 54-64, 2008.

OLIVEIRA, Cláudio Ivan de; PIRES, Anderson Clayton. O pensamento em Watson:


rompendo com o legado metafísico e buscando uma referência materializante. Psic.: Teor. e
Pesq., Brasília, v. 23, n. 4, p. 457-465, dez. 2007. Disponível em
https://www.scielo.br/j/ptp//a/sJ9WQ8srXQVjwnbNQWy9LYF/?lang=pt Acesso em 26 de
junho de 2022.

SKINNER, B. F. Behaviorism at fifty. Science, New Series, v.140, n.3.570, p. 951-8,


1963a.
STALLARD, Paul. Bons Pensamentos – Bons Sentimentos. São Paulo: Artmed Editora,
2009.

WRIGHT, Jesse H. et al. Aprendendo a Terapia Cognitivo Comportamental. São Paulo:


Artmed Editora, 2008.

ZILIO, Diego. A natureza comportamental da mente: behaviorismo radical e filosofia da


mente. São Paulo: Editora UNESP, 2010, p. 294.

https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5615614/mod_resource/content/1/bock_psicologias
.pdf BOCK

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