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Daniela António

Rosalina Atanásio

Mery M. N. Nauerelaia

Rábia Faquira

Félix Palito

Gonsalve Ernesto

Tema: Fundamentos conceptuais metodológicos: Resultados da terapia e


Especialidades de aplicação dos modelos e metodologias TCC ao longo do
ciclo de vida

Licenciatura em Psicologia

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE

PEMBA

MAIO DE 2023
Daniela António

Rosalina Atanásio

Mery M. N. Nauerelaia

Rábia Faquira

Félix Palito

Gonsalve Ernesto

Tema: Fundamentos conceptuais metodológicos: Resultados da terapia e


Especialidades de aplicação dos modelos e metodologias TCC ao longo do ciclo de
vida

Licenciatura em Psicologia

Trabalho a ser entregue a Universidade


Alberto Chipande, na Faculdade de Ciências
Políticas e Sociais, no curso de Licenciatura
em Psicologia para avaliação na Disciplina de
Psicologia Clínica 3º Ano, Pós-laboral

Docente: Jorge Daniel Araújo Cofe

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE

PEMBA

MAIO DE 2023
Índice
1. Introdução...............................................................................................................................1

1.1. Objectivo Geral....................................................................................................................1

1.2. Objectivos Específicos.........................................................................................................1

1.3. Metodologia e estrutura do Trabalho...................................................................................1

2. Fundamentos conceptuais metodológicos: Resultados da terapia e Especialidades de


aplicação dos modelos e metodologias TCC ao longo do ciclo de vida.....................................2

2.1. Fundamentos teóricos..........................................................................................................2

2.2. Princípios fundamentais da terapia cognitivo- comportamental..........................................2

3. O cognitivismo na psicologia..................................................................................................4

3.1. Níveis de cognição...............................................................................................................5

3.2. Entendimento e intervenção nos transtornos mentais..........................................................7

4. Terapia cognitivo-comportamental no tratamento da dor.......................................................9

4.1. Tratamento cognitivo-comportamental................................................................................9

Considerações finais.................................................................................................................11

Referência Bibliográfica...........................................................................................................12
1. Introdução

O trabalho em alusão aborda sobre “Fundamentos conceptuais metodológicos: Resultados da


terapia e Especialidades de aplicação dos modelos e metodologias TCC ao longo do ciclo de
vida”. Importa afirmar que o termo TCC também é utilizado para um grupo de técnicas nas
quais há uma combinação de uma abordagem cognitiva e de um conjunto de procedimentos
comportamentais.
A Terapia Cognitivo – Comportamental (TCC), é uma modalidade de psicoterapia
estruturada, de curta duração,colaborativa, com foco na resolução de problemas atuais e
modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais. Surge no início dos anos 1960
a partir de trabalhos desenvolvidos por Aaron T. Beck, considerado o seu fundador.
Atualmente, várias abordagens trabalham com o modelo cognitivo que será apresentado,
porém, focaremos aqui na proposta desenvolvida por Beck.

1.1. Objectivo Geral

 Analisar os Fundamentos conceptuais metodológicos: Resultados da terapia e


Especialidades de aplicação dos modelos e metodologias TCC ao longo do ciclo de
vida.
1.2. Objectivos Específicos

 Explicar os Fundamentos conceptuais metodológicos: Resultados da terapia e


Especialidades de aplicação dos modelos e metodologias TCC;
 Mencionar os níveis de cognição;
 Descrever os princípios de TCC.
1.3. Metodologia e estrutura do Trabalho

No que concerne à metodologia deste trabalho, recorreu-se a consulta de diferentes fontes, tais
como: livros, revistas, internet e obras de alguns autores referenciados na bibliografia. Quanto
a estrutura do trabalho, está organizado: elementos pré textuais (capa e folha de rosto, índice),
elementos textuais: (introdução, o desenvolvimento, conclusão) e elementos pós textuais:
(referências bibliográficas).

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2. Fundamentos conceptuais metodológicos: Resultados da terapia e Especialidades de
aplicação dos modelos e metodologias TCC ao longo do ciclo de vida

2.1. Fundamentos teóricos

Segundo Serra (2004), O modelo cognitivo foi originalmente construído de acordo com
pesquisas conduzidas por Aaron Beck para explicar os processos psicológicos na depressão,
em uma tentativa de provar a teoria freudiana de depressão como hostilidade retrofletida
reprimida. Ao invés de hostilidade e raiva, a pesquisa sobre os sonhos dos pacientes
deprimidos mostrou um senso de derrota, fracasso e perda.

Para o autor os temas de pacientes deprimidos ao dormirem eram consistentes com seus temas
em vigília; sonhos poderiam ser simplesmente um reflexo dos pensamentos do indivíduo.
Baseado em pesquisa sistemática e observações clínicas, Beck propôs que os sintomas de
depressão poderiam ser explicados em termos cognitivos como interpretações tendenciosas
das situações, atribuídas à activação de representações negativas de si mesmo, do mundo
pessoal e do futuro (a tríade cognitiva).

A Terapia Cognitivo – Comportamental (TCC), é uma modalidade de psicoterapia


estruturada, de curta duração,colaborativa, com foco na resolução de problemas atuais e
modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais. Surge no início dos anos 1960
a partir de trabalhos desenvolvidos por Aaron T. Beck, considerado o seu fundador.
Atualmente, várias abordagens trabalham com o modelo cognitivo que será apresentado,
porém, focaremos aqui na proposta desenvolvida por Beck.

Ainda para Pimenta (2001), a Terapia Cognitivo Comportamental pode fornecer referencial
teórico e estratégias terapêuticas para auxiliar os pacientes a lidar com quadros dolorosos
crônicos, permitindo refletir sobre a relação dor, comportamento, cognição, emoção e
ambiente. Pode identificar e corrigir comportamentos e pensamentos disfuncionais.

2.2. Princípios fundamentais da terapia cognitivo- comportamental

O princípio fundamental da Terapia Cognitivo Comportamental é que a maneira como os


indivíduos percebem e processam a realidade influenciará a maneira como eles se sentem e se
comportam. Desta forma, o objectivo terapêutico da Terapia Cognitivo Comportamental,
desde seus primórdios, tem sido reestruturar e corrigir esses pensamentos distorcidos e
colaborativamente desenvolver soluções pragmáticas para produzir mudança e melhorar
transtornos emocionais.
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Alguns princípios são norteadores da terapia cognitivo-comportamental como um todo,
ressalvando-se que esta seja adaptável a cada indivíduo particularmente. Dentre eles o de que
a terapia deve basear-se em uma formulação contínua do funcionamento do paciente em
termos que valorizem a relação entre situações – pensamentos – emoções – comportamentos.
A Terapia Cognitivo-Comportamental busca produzir a mudança cognitiva dos pensamentos e
crenças dos pacientes, com objetivo de mudança emocional e comportamental.

O modelo cognitivo da TCC compreende que as nossas emoções, comportamentos e fisiologia


são diretamente influenciados por nossas avaliações e interpretações dos eventos. Em outras
palavras, a maneira como interpretamos as situações afeta o comportamento e os sentimentos.
Assim, pode-se dizer que as emoções e comportamentos são influenciados pelo pensamento.

As ideias para o desenvolvimento desse modelo surgiram através de um conjunto de


investigações empíricas realizadas por Beck, que à época era psicanalista. Ele observou que
ao mudar o método de associações livre de ideias para a identificação, avaliação e o
questionamento dos pensamentos irrealistas e desadaptativos que eram apresentados por seus
pacientes deprimidos, levava a uma rápida melhora do quadro.

A partir da constatação do papel que o pensamento/cognição assume nas reações que


experienciamos aos eventos, três pressupostos básicos definem as características da TCC:

1. A cognição afecta o comportamento;

2. A actividade cognitiva pode ser monitorada;

3. A mudança comportamental desejada pode ser feita através da mudança cognitiva.

Apesar de se considerar nessa abordagem a centralidade assumida pelos pensamentos,


entende-se que o funcionamento humano – normal ou patológico – envolve a interrelação
entre a cognição, a emoção e o comportamento. É possível que se trabalhe com esses três
elementos em psicoterapia a depender das queixas apresentadas pelos pacientes, mas há um
entendimento de que as mudanças na cognição garantem maior efectividade e manutenção
dos “ganhos” no tratamento.

Conforme Beck (1997), os princípios básicos da Terapia Cognitivo- Comportamental podem


ser assim resumidos:

a) Estabelecimento de aliança terapêutica;


b) Identificação do pensamento actual que ajuda a manter os sentimentos negativos e
comportamentos problemáticos do paciente;
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c) Ênfase na colaboração e na participação activa;
d) Orientação para a meta e foco em problemas. O terapeuta deve, juntamente com o
paciente, enumerar os problemas e estabelecer metas específicas;
e) Foco inicial no aqui-agora, independente do diagnóstico psicológico. O terapeuta
voltará sua atenção ao passado em três situações: quando não observar mudança
cognitiva estando focado nos problemas atuais; quando o paciente insistir em falar do
passado; ou quando o terapeuta precisar entender quando as idéias disfuncionais
importantes se originaram e como se mantém até hoje;
f) Caráter educativo e ênfase na prevenção de recaída. Ensina o paciente a identificar,
avaliar e responder seus pensamentos e crenças disfuncionais e projetar um plano de
ação para que ele possa ser seu próprio terapeuta;
g) Duração de tempo limitado, com sessões semi-estruturadas. A contribuição da terapia
comportamental cognitiva para o tratamento da dor consiste em enfatizar que a dor
está intimamente relacionada com o que a pessoa acredita sobre o mundo e sobre si
mesma (Vandenberghe, 2005).
3. O cognitivismo na psicologia

Segundo Castañon (2007), dentre as características inerentes à imagem de Ser Humano ligada
ao Cognitivismo, é possível ressaltar as seguintes:

1) A imagem de um sujeito dotado de consciência;


2) Um sujeito activo (busca ativamente metas e constrói ativamente as suas estruturas
cognitivas, atribuindo ativamente significado);
3) O Ser Humano como um processador de informações (um organismo ativo que
processa a informação, inicialmente recebendo-a, após decodificando-a,
transformando-a, armazenando-a, recuperando-a e por fim utilizando-a);
4) O Ser Humano que possui um Insconsciente Cognitivo ( que consiste num conjunto de
estruturas e processos inacessíveis ou muito dificilmente acessíveis à consciência);
5) Um Ser Humano que constrói as regras que regem sua Cognição (que são construídas
pelo sujeito em um processo de contínua interação com o mundo. Daí o caráter
construtivista implicado no Cognitivismo acerca da origem do conhecimento);
6) Um Ser Humano que possui emoções que atuam através de Cognições (na teoria
cognitiva de personalidade, as emoções são mais conseqüências do que causas das
cognições, assim, as crenças disfuncionais geram emoções disfuncionais, porém o

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inverso também é verdadeiro. Diante disso, não são os fatos que geram as emoções e
sim as interpretações sobre eles).

Assim, a Terapia Cognitivo-Comportamental integra os conceitos e as técnicas vindos de duas


principais abordagens: a cognitiva e a comportamental. De acordo com a Terapia Cognitiva os
indivíduos atribuem significados aos acontecimentos de sua vida. As hipóteses formuladas
têm grande influência sobre o comportamento do indivíduo, podendo afetar também a sua
auto-imagem (crenças a respeito de si mesmo) e, conseqüentemente, a sua auto-estima. A
terapia comportamental fundamenta-se nas teorias do comportamento desenvolvidas no início
do século XX, tendo grande repercussão na década de 50 através da obra de Skinner (Bahls;
Navolar, 2004).

3.1. Níveis de cognição

Como enfatizado anteriormente, podemos considerar que a matéria-prima da TCC é o


pensamento. Ele pode ser dividido em três “níveis” de cognição interrelacionados: os
pensamentos automáticos, as crenças subjacentes e as crenças nucleares.

Crenças nucleares: descrevem as ideias mais enraizadas sobre si, das pessoas e do mundo – é
o nosso entendimento sobre como as coisas são. Desenvolvem-se desde a primeira infância, e
são as grandes responsáveis por moldar o nosso modo de perceber e interpretar os eventos.

Crenças subjacentes: são expressas em regras, normas e premissas que governam a forma de
relação do indivíduo com o mundo e constituem estratégias desenvolvidas para lidar com as
crenças nucleares. Desde que essas regras sejam atendidas, não haverá problemas. São assim
chamadas por estarem mais próximas ou “subjacentes” ao outro nível, os pensamentos
automáticos.

Pensamentos automáticos: são formas de pensamento que ocorrem em conjunto com o nível
do pensar consciente e controlado. São rápidos, avaliativos, e não são resultantes de
deliberação ou raciocínio. Por serem rápidos e automáticos, não nos damos conta de sua
ocorrência, apenas dos resultados que se seguem – os comportamentos e as emoções.
De todos, é o nível de cognição de mais fácil acesso, e são ativados diante de eventos externos
(por exemplo, falar com um estranho) ou internos (por exemplo, lembrar de algo).

Pensamentos automáticos, crenças subjacentes e nucleares estão organizadas em estruturas


mentais hipotéticas denominadas esquemas cognitivos. Eles são responsáveis por organizar as
informações. Diante de uma situação, tendemos a interpretá-la à luz das crenças contidas
5
nessas estruturas. No decorrer das nossas vidas, podemos nos defrontar com informações que
favorecem ou são contrárias aos conteúdos contidos nos esquemas.

Para entender como esses elementos se relacionam dentro do modelo cognitivo, pense na
seguinte situação ilustrada na Figura 1: ao ler esse texto, parte da sua consciência está focada
nos conteúdos aqui expressos. Porém, em outro nível, alguns pensamentos avaliativos podem
estar acontecendo – e muito provavelmente influenciando a maneira como você se sente e se
comporta no decorrer da leitura.

Dificilmente se tem acesso consciente ao conteúdo dos esquemas cognitivos. Como dito, os
pensamentos automáticos são os mais fáceis de serem identificados, por acontecerem em um
nível mais superficial. Ainda assim, é preciso esforço para que se consiga identificá-los. Uma
forma de percebê-los envolve monitorar suas emoções. Da próxima vez que você notar uma
alteração brusca no seu comportamento ou humor, tente se perguntar: o que estava passando
pelo meu pensamento?

Os outros dois níveis requerem um trabalho clínico mais elaborado para que possam ser
identificados, uma vez que se trata de níveis mais profundos e enraizados de cognição. Uma
vez identificados os pensamentos automáticos que se manifestam com mais frequência para o
paciente, o terapeuta pode utilizar técnicas para alcançar esses dois níveis.

Dentre as técnicas comumente utilizadas, pode-se citar a seta descendente, que consiste em
questionar o que o pensamento automático significa para o paciente (traz à tona uma crença
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intermediária) e o que o mesmo pensamento significa sobre ele (remete a uma crença
nuclear). Caso o pensamento automático apresentado na figura 1 se manifestasse no contexto
clínico, a depender do tempo de tratamento, o terapeuta poderia utilizar essa técnica e
registrar as respostas apresentadas pelo paciente.
3.2. Entendimento e intervenção nos transtornos mentais

Os transtornos mentais e as perturbações psicológicas são explicados na TCC à luz do modelo


cognitivo: os sintomas emocionais e comportamentais são expressões das distorções de
conteúdos nos esquemas cognitivos. Essas distorções levam à manutenção dos transtornos.
Uma das formas de expressão dessas alterações na cognição são as distorções cognitivas.

As distorções cognitivas consistem em erros sistemáticos apresentados nos pensamentos. Elas


levam a uma distorção contínua na forma como o indivíduo interpreta o seu desempenho e as
situações que vivencia. As principais distorções encontradas nos quadros psicopatológicos são
exemplificadas a seguir (Figura 2).

O que deve ser deixado claro até aqui é que para a TCC, as reações experienciadas nos
quadros psicopatológicos envolvem, em última instância, padrões negativos, distorcidos e
enrijecidos da cognição. O trabalho clínico conjunto entre terapeuta e paciente sobre o modo
como este identifica, avalia e responde a esses pensamentos e crenças disfuncionais é tido
como fundamental para melhora no quadro apresentado.

O tratamento dos transtornos mentais na TCC envolve um plano de acção individualizado e


colaborativo, em que as demandas e objectivos trazidos pelo paciente são considerados para a
elaboração das intervenções. Envolve os seguintes elementos:

 Avaliação cognitiva e comportamental;

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 Estabelecimento de objectivos e metas;

 Familiarização ao modelo cognitivo;

 Formulação cognitiva do caso;

 Intervenções cognitivas e comportamentais;

 Prevenção de recaída; e

 Término do tratamento.

A TCC parte do modelo cognitivo e enfatiza o papel que o pensamento disfuncional


desempenha na manutenção dos transtornos mentais. Ao partir dessa consideração, o fim
último dessa abordagem envolve a correcção e modificação de cognições disfuncionais que
estejam favorecendo a presença dos sintomas vivenciados pelo indivíduo.

Para isso, é feito um levantamento dos aspectos relacionados a história de vida do paciente,
sintomas apresentados, bem como das formas como ele interpreta e lida com os eventos.
Essas informações ajudam o terapeuta a identificar os temas e distorções mais recorrentes em
seus pensamentos. Essa fase de avaliação é fundamental para o estabelecimento dos
objectivos e metas da terapia, que é feita em conjunto com o paciente.

A TCC conta ainda com uma proposta de familiarização do paciente com o modelo cognitivo.
Então, no decorrer dos atendimentos, o paciente é chamado a entender os princípios básicos
da TCC, como funcionará o tratamento e quais serão as intervenções utilizadas, pois espera-se
que tenha condições de utilizar essas informações e instrumentos no decorrer dos
atendimentos e caso volte a apresentar problemas similares no futuro.

Os dados colhidos na avaliação em conjunto com as observações e os objectivos trazidos pelo


paciente possibilitam ao terapeuta realizar a chamada formulação cognitiva. Ela envolve
entender os problemas apresentados pelo paciente por meio do modelo cognitivo, e possibilita
que as intervenções sejam pensadas com base nas características apresentadas em cada caso.
Além disso, é continuamente revisitada para incorporar novos dados que possam surgir.

4. Terapia cognitivo-comportamental no tratamento da dor

4.1. Tratamento cognitivo-comportamental

Segundo Menegatti, Amorim e Avi (2005), “Entre todos os tipos de sensações, a dor é a única
que envolve não só uma capacidade de identificação do início, duração, localização,
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intensidade, características físicas do estímulo inicial, como também inclui funções
motivacionais, afectivas, cognitivas dirigidas a um comportamento pessoal de desprazer e
aversão, dando, ao mesmo tempo, uma interpretação do estímulo em termos de experiências
presentes e passadas”. Assim, os autores concluem que o conceito de dor é individual, sendo
constituído através da vivência de cada um no meio sócio-cultural em que está inserido.

Conforme Beck (1997) ressalta, em primeiro lugar e antes de tudo, para realizar o
empreendimento terapêutico é importante estabelecer uma boa relação de trabalho com o
paciente (relação terapêutica), um procedimento terapêutico chamado de empirismo
colaborativo.

Paciente e terapeuta trabalham como uma equipe para avaliar as crenças do paciente,
testando-as para verificar se estão correctas ou não e modificando-as de acordo com a
realidade. Em segundo lugar, o terapeuta usa o questionamento socrático como um meio de
guiar o paciente em um questionamento consciente que permitirá que este tenha um insight
sobre seu pensamento distorcido, um procedimento chamado descoberta guiada.

Em geral a avaliação inicial consiste em levantar a história completa de queixas sintomáticas,


comportamentos associados, acontecimentos importantes de vida, infância história familiar e
conjugal, médica tratamentos antiálgicos, abusos de substâncias, tratamentos prévios,
estratégias de enfrentamento, etc.

Ao longo de todo tratamento, utiliza-se a abordagem colaborativa e psicoeducativa, com


experiências específicas de aprendizagem desenvolvidas com o intuito de ensinar os pacientes
a:

a) Monitorar e identificar pensamentos automáticos;


b) Reconhecer as relações entre cognição, afeto e comportamento;
c) Testar a validade de pensamentos automáticos e crenças nucleares;
d) Corrigir conceitualizações tendenciosas, substituindo pensamentos distorcidos por
cognições mais realistas;
e) Identificar e alterar crenças, pressupostos ou esquemas subjacentes a padrões
disfuncionais de pensamento.

As sessões de Terapia Cognitivo Comportamental têm uma estrutura na qual o terapeuta


desempenha um papel activo para auxiliar o paciente a identificar 52 e focar em áreas
importantes, propondo e ensaiando técnicas cognitivas e comportamentais específicas, e

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planejando colaborativamente tarefas entre as sessões. Um plano de tratamento para toda a
terapia e a pauta para cada sessão são discutidos com o paciente.

Bandura (1969) afirmou que um dos os processos que controlam o comportamento pode ser
definido como modelação: uma aprendizagem que se produz pela observação do
comportamento de um modelo. Distingue-se da imitação, a qual conceitua como a expressão
comportamental de uma modelação. Segundo Bandura, seres humanos adquirem uma parcela
muito maior do seu repertório comportamental por modelação do que por modelagem.

Assim, aprendemos através da observação de modelos reais, bem como pela observação de
modelos simbólicos. A modelação pode produzir efeitos diversos. Em primeiro lugar, ela
permite a aquisição de novas respostas para o repertório individual. Em segundo, ela pode
inibir ou desinibir respostas já existentes no repertório de um indivíduo. De acordo com esta
perspectiva os comportamentos de dor podem ser adquiridos através da modelação.

Considerações finais

Depois de árdua leitura e profunda investigação não há dúvida de que a abordagem a Terapia
Cognitivo-Comportamental integra os conceitos e as técnicas vindos de duas principais
abordagens: a cognitiva e a comportamental. De acordo com a Terapia Cognitiva os
indivíduos atribuem significados aos acontecimentos de sua vida. As hipóteses formuladas

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têm grande influência sobre o comportamento do indivíduo, podendo afetar também a sua
auto-imagem (crenças a respeito de si mesmo) e, conseqüentemente, a sua auto-estima.

As atitudes frente à dor influenciam na aceitação das propostas terapêuticas, no resultado e


satisfação com o tratamento, e na capacidade dos indivíduos construírem uma vida ativa e
satisfatória, apesar da dor. Observou-se que pacientes com maior disfunção psíquica, física e
social podem apresentar algumas características próprias, tais como julgar-se sem habilidade
para controlar a dor. A pesquisa possibilitou o conhecimento de um programa educativo em
dor, associado à mudanças nas atitudes e crenças frente ao problema. Mudanças no modo de
“ver” a dor, de se posicionar frente a ela, foram tidas como indicativas da melhora dos
sintomas depressivos e do funcionamento físico.

Referência Bibliográfica

Bandura, A. (1969). Modificação do comportamento. Rio de Janeiro: Interamericana.

Beck, A. et al. (1997). Terapia Cognitiva da Depressão. Porto Alegre: Artmed.

Beck, J. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed.

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Castañon, G. (2007). O que é Cognitivismo – Fundamentos Filosóficos. São Paulo: E.P.U.

Knapp, P. & Beck, A. T. (2008). Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da


terapia cognitiva. Revista brasileira de psiquiatria, 30, 54-64.

Knapp, P. (2004). Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre:


Artmed.

Leahy, R. (2006). Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed.

Pimenta, C. A. de M. (2001). Dor crônica, terapia cognitiva comportamental e o enfermeiro.


Rev. Psiq. Clin, v. 28, n. 6, pp. 288-294.

Serra, A.M. (2007). Terapia Cognitiva e Construção do Pensamento. Revista Psique, Ed.
Especial.

Vandenberghe, L. (2005). Abordagens comportamentais para a dor crônica. Psicologia:


reflexão e crítica, Góias, v.18, n.1, p. 47-54.

Wright, J. H., Basco, M. R. & Thase, M. E. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo-


comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed.

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