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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO

Trabalho apresentado para a disciplina de Teorias da Personalidade


Teoria Cognitivo Comportamental

Pessoal, o trabalho está muito bom, revela muito estudo e dedicação. Aprendi muito
com ele!!!
Importante sempre, em trabalhos acadêmicos e científicos colocar as referências
das tabelas e quadros, caso estas não tenham sido criadas por vocês, ok?
A apresentação oral também foi muito boa, consistente e bem articulada, revelando
pertinência do grupo em relação ao tema.
Parabéns

Apresentação oral: 3,0


Trabalho escrito: 4,0
Total : 7,0
Jackson Luiz Santos Barbosa SPGR 018233
Giovana Braccini SPGR
Lívia Araújo Doroteu SPGR215119
Marina Gobbo Moreira de Souza SPGR 215195
Mateus Allgayer SPGR 215244
Natália Góis SPGR 215159

Índice

1. História da Terapia Cognitivo Comportamental

2. Fundamentos teóricos da Terapia Cognitivo Comportamental


2.1 Modelo Cognitivo
2.2 Princípios do tratamento

3. Conceitualização Cognitiva
3.1 Pensamentos automáticos
3.2 Crenças Nucleares
3.3 Crenças Adaptativas
3.4 Crenças negativas disfuncionais
3.5 Crenças intermediárias

4. Técnicas da Teoria Cognitiva Comportamental


4.1 Exposição (EXP)
4.2 Relaxamento Aplicado (RA)
4.3 Treino em habilidades sociais (THS)
4.4 Treino em tarefas de concentração (TTC)
1. História da Terapia Cognitivo Comportamental

Ainda em meados de 1950, Aaron T. Beck, médico psiquiatra norte-


americano e então psicanalista certificado, via a necessidade de aprovação e
credibilidade dos conceitos psicanalíticos pela comunidade científica. Buscando
então essa justificação experimental, decidiu testar a hipótese da raiva retrofletida,
ou seja, de que a depressão seria resultante da hostilidade voltada contra si mesmo
(BECK, Judith. 2021). Para tal confirmação, investigou sonhos de pacientes
deprimidos e de pacientes psiquiátricos sem depressão. Era esperado que aqueles
manifestassem temas de hostilidade em seus sonhos, e estes, não. Porém,
surpreendentemente, o que acabou sendo descoberto com sua pesquisa é que os
sonhos de pacientes deprimidos contêm menos temas de hostilidade e mais temas
relacionados a fracasso, privação e perda. Foi observado por Dr. Beck que estes
temas eram muito semelhantes aos pensamentos de seus clientes quando estavam
acordados, levando-o a crer que a ideia de que pacientes deprimidos sentem
necessidade de sofrer, como propõem a psicanálise, poderia estar equivocada.
(BECK, Judith. 2021)
Uma vez que os conceitos psicanalíticos não eram mais válidos para Beck
compreender a depressão de seus pacientes, abriu-se oportunidade para um novo
entendimento da questão. Enquanto ouvia seus clientes deprimidos no divã,
percebia que havia mais disfuncionalidades em seus pensamentos do que de
humores. A estas disfunções de pensamento nomeou “distorções cognitivas”. Nesta
linha, também chamou de “pensamentos automáticos” os pensamentos que
ocorrem espontânea e superficialmente ao longo do dia. Em suas observações pôde
perceber que, em pacientes deprimidos, esses pensamentos tendem a ser
negativos e “mal adaptativos”.
Então no início da década de 1960, Dr. Aaron Beck desenvolveu uma forma
de psicoterapia clínica a qual denominou originalmente “terapia cognitiva”. Hoje a
conhecemos como “terapia cognitivo comportamental” (TCC). Em suma, Dr. Beck
concebeu uma psicoterapia para depressão estruturada, de curta duração e voltada
para o presente que ajudava seus clientes a identificarem, avaliarem e responderem
ao seu pensamento irrealista e disfuncional. Fazendo isso, percebeu que eles
melhoraram rapidamente (BECK, Judith, 2021).
Simultaneamente ao desenvolvimento das teorias cognitivas, nos debates
clínicos e acadêmicos, havia também insatisfações com a abordagem terapêutica
exclusivamente comportamental, o que deu espaço para uma crescente atenção
aos aspectos cognitivos do comportamento humano. Segundo RANGÉL;
FALCONELL; SARDINHA (2007) no trabalho “História e panorama atual das
terapias cognitivas no Brasil”, muitos eventos e congressos científicos que
aconteceram nos anos de 1950 deram ênfase na teoria de processamento cognitivo
de informação, se tornando uma abordagem cada vez mais utilizada na
compreensão de fenômenos clínicos, como por exemplo, na mediação cognitiva da
ansiedade.
Partindo do sucesso da aplicação de seu método cognitivo em seus
pacientes e o panorama favorável a abordagens alterativas às propostas
comportamentais e psicodinâmicas, Dr. Beck então se dedicou a ensinar este
método cognitivo de tratamento a seus residentes de psiquiatria na Universidade da
Pensilvânia, que também obtiverem resultados bem-sucedidos e promissores. A
partir destas experiências, em 1977, uma pesquisa científica foi publicada por Dr.
Beck e sua equipe, demonstrando a eficácia da terapia cognitiva. Ainda, em BECK,
J. (2021), a autora apontou que este ensaio clínico constatou que a terapia cognitiva
era tão efetiva quanto a imipramina, antidepressivo tricíclico usado para tratar
depressão, dor neurogênica, dor reumatológica, enurese noturna e depressão
resistente a tratamento com antidepressivos ISRS e ISRNS.
Ainda no fim da década de 1970, Dr. Beck e outros pós doutorandos da
Universidade da Pensilvânia passaram a estudar a aplicabilidade e adaptações da
terapia cognitiva para ansiedade, abuso de substâncias, transtornos de
personalidade e outras questões. Em 1979 foi publicado o primeiro manual de
tratamento com terapia cognitiva por Dr. Beck e seus colaboradores. (BECK, Judith.
2021)
Segundo RANGÉL; FALCONELL; SARDINHA (2007):
Diversos terapeutas e teóricos comportamentais
resolveram então assumir a identificação cognitivo-
comportamental (Dobson & Block, 1988; Dobson & Sherrer,
2004). Como afirma Jacobson (1987), a incorporação das
teorias e terapias cognitivas à terapia comportamental foi tão
completa que é difícil encontrar atualmente terapeutas
comportamentais puros no trabalho com os seus pacientes, “a
despeito dos problemas inerentes à incorporação dos
conceitos mediacionais dentro da visão behaviorista do mundo
clínico” (p. 5).
A terapia cognitiva continuou avançando em estudos e adaptações por
décadas e atualmente é ensinada na maioria das escolas de graduação dos
Estados Unidos e muitos outros países. É a terapia mais amplamente praticada no
mundo (BECK, Judith 2021).
2. Fundamentos Teóricos da Terapia Cognitivo-Comportamental

2.1 O Modelo Cognitivo

A terapia cognitivo-comportamental, doravante citada como TCC tem como


base o modelo cognitivo, que propõe que nossos pensamentos influenciam nossas
emoções e comportamentos (e algumas vezes a fisiologia). A cognição pode ter
diversas definiçoes. Uma das mais aceitas atualmente é  a capacidade de para
processar informações através da percepção (estímulos que recebemos através dos
diferentes sentidos), conhecimentos adquiridos através da experiência e nossas
características pessoais, que nos permitem integrar todas essas informações para
avaliar e interpretar nosso mundo. Em outras palavras, a cognição é a habilidade
que temos para assimilar e processar as informações que recebemos de diferentes
fontes (percepção, experiência, crenças, etc.) a fim de que sejam convertidas em
conhecimento. A cognição inclui diferentes processos cognitivos, como a
aprendizagem, atenção, memória, linguagem, raciocínio, tomada de decisões, etc.,
que fazem parte de nosso desenvolvimento intelectual e experiências.
Os processos cognitivos podem ocorrer de forma natural ou artificial,
consciente ou inconsciente, mas geralmente são rápidos e funcionam
constantemente sem a gente perceber. Por exemplo, quando estamos na rua e
vemos um semáforo ficar vermelho, iniciamos o processo cognitivo que nos indica
que temos que tomar uma decisão (atravessar ou não). A primeira coisa que
devemos fazer e prestar atenção ao semáforo, através da vista percebemos que
está vermelho. Em apenas alguns milissegundos, obtemos da memória que quando
o semáforo está vermelho não devemos atravessar, mas também lembramos que,
às vezes, se não há nenhum carro então podemos atravessar. Aqui é quando
provavelmente tomarmos a primeira decisão: esperar até o semáforo ficar verde, ou
ver para a direita e a esquerda (alterando novamente nossa atenção) para
comprovar se há algum carro passando.
As abordagens atuais em TCC compartilham três proposições fundamentais.
A primeira é o papel mediacional da cognição, que afirma que há sempre um
processamento cognitivo e avaliação de eventos internos e externos que podem
afetar a resposta a esses eventos; a segunda defende que a atividade cognitiva
pode ser monitorada, avaliada e medida; e a terceira, que a mudança de
comportamento pode ser mediada por essas avaliações cognitivas e, desta forma,
pode ser uma evidência indireta de mudança cognitiva.
A TCC pode ser contrastada dos tratamentos puramente comportamentais,
nos quais a cognição não é uma variável explicativa importante e não é
primariamente o foco da intervenção. Portanto, as abordagens voltadas estritamente
para a mudança de comportamento, como o modelo estímulo-resposta, não são
cognitivo-comportamentais; da mesma forma, qualquer terapia unicamente baseada
em mudança cognitiva não é cognitivo-comportamental. Qualquer forma de terapia
que não inclua a proposição do modelo mediacional como componente importante
do plano de tratamento não está incluída no escopo da TCC, e o termo "cognitivo-
comportamental " não pode ser aplicado. Em resumo, uma característica definidora
da TCC é o conceito de que os sintomas e os comportamentos disfuncionais são
cognitivamente mediados e, logo, a melhora pode ser produzida pela modificação
do pensamento e de crenças disfuncionais.
Baseando-se nesses pressupostos conclui-se que os comportamentos não-
adaptativos são influenciados por cognições disfuncionais.
A seguir apresentaremos alguns dos princípios do tratamento com TCC.

2.2 Princípios do Tratamento

Embora a TCC deva se adequar a cada indivíduo, existem determinados


princípios que se aplicam à maioria dos clientes, que são:

1. Os planos de tratamento na TCC estão baseados em uma


conceitualização cognitiva em desenvolvimento contínuo:
A conceitualização dos clientes é baseada nos dados que eles fornecem na
avaliação, informada pela formulação cognitiva (cognições-chave, estratégias
comportamentais e fatores de manutenção que caracterizam seu[s] transtorno[s]).
Desde o início, também são incorpororados seus pontos fortes, qualidades positivas
e recursos à conceitualização. Essa deve ser aprimorada durante a terapia à
medida que se coleta dados adicionais e usa-se a conceitualização para planejar o
tratamento.
Posteriormente esse tópico será tratado com maior profundidade.

2. A TCC requer uma aliança terapêutica sólida:


Os clientes variam no grau em que são inicialmente capazes de desenvolver uma
boa aliança terapêutica. Usar boas habilidades de abordagem rogeriana, investigar
sua reação ao plano de tratamento, tomar decisões colaborativas sobre o
tratamento, dar justificativas para as intervenções, usar autoexposição, pedir
feedback durante e no final das sessões e trabalhar duro para atingir (e fazê-lo
reconhecer) o progresso contribui para a aliança.

3. A TCC monitora continuamente o progresso do cliente:


O primeiro manual de tratamento de TCC, Terapia cognitiva da depressão (Beck et
al., 1979), aconselhava os terapeutas a usarem as listas dos sintomas
semanalmente e pedir feedback verbal e escrito dos clientes no final das sessões.
Vários estudos demonstraram desde então que o monitoramento de rotina melhora
os resultados (Boswell et al., 2015; Lambert et al., 2001, 2002; Weck et al., 2017).
Os resultados dos clientes são melhorados quando clientes e terapeutas recebem
feedback sobre como os clientes estão progredindo. Com ênfase crescente em uma
orientação para a recuperação, atualmente muitos terapeutas que exercem a TCC
também medem o funcionamento geral dos clientes, seu progresso em direção aos
seus objetivos e o sentimento de satisfação, conexão e bem-estar.

4. A TCC é culturalmente adaptada e adapta o tratamento ao indivíduo:


A TCC tem tradicionalmente refletido os valores da cultura dominante nos Estados
Unidos. Entretanto, clientes com diferentes origens étnicas e culturais obtêm
melhores resultados quando seus terapeutas reconhecem a relevância das
diferenças, preferências e práticas culturais e étnicas (Beck, 2016; Smith et al.,
2011; Sue et al., 2009). A TCC tende a enfatizar a racionalidade, o método científico
e o individualismo. Clientes de outras culturas podem ter valores e preferências
diferentes: por exemplo, raciocínio emocional, graus variados de expressão
emocional e coletivismo ou interdependência. Quando as culturas dos clientes são
diferentes da sua, você poderá precisar melhorar sua competência cultural. Na
verdade, você pode em grande parte não ter consciência dos seus próprios vieses
culturais. Também pode ignorar a extensão do viés cultural que alguns clientes
experimentam na sua comunidade, sobretudo se eles não fazem parte da cultura da
maioria. Esses vieses e preconceitos podem desempenhar um papel significativo
nas dificuldades dos seus clientes.
Seus clientes podem diferir de você em muitos aspectos além da cultura,
incluindo idade, orientação religiosa ou espiritual, etnia, condição socioeconômica,
incapacidades, gênero, identidade sexual e orientação sexual (Iwamasa & Hays,
2019). Certifique-se de informar-se sobre as características dos clientes e antecipe
como essas diferenças podem ser relevantes para o tratamento. Hays (2009)
descreve estratégias para tornar a TCC culturalmente responsiva, incluindo a
avaliação das necessidades do cliente e da família, enfatizando um comportamento
culturalmente respeitoso, identificando pontos fortes e suportes culturalmente
relacionados e validando as experiências de opressão dos clientes. É claro que
você ainda precisará conceitualizar o cliente específico e evitar presumir que
precisará variar o tratamento para um determinado indivíduo.

5. A TCC enfatiza o positivo:


Pesquisas recentes demonstram a importância de enfatizar a emoção e a cognição
positivas no tratamento da depressão (ver, p. ex., Chaves et al., 2019). Você ajuda
os clientes ativamente a trabalharem no cultivo de estados de humor e pensamento
positivos. Isso também é muito importante para inspirar esperança.

6. A TCC enfatiza a colaboração e a participação ativa:


Tanto os terapeutas quanto os clientes são ativos. Deve-se incentivar o cliente a
encarar a terapia como um trabalho em equipe; juntos decidimos no que trabalhar
em cada sessão, com que frequência devemos nos encontrar e o que o cliente pode
fazer entre as sessões.
7. A TCC é aspiracional, baseada em valores e orientada para os objetivos:
Na sua sessão inicial com os clientes, você deve lhes perguntar acerca dos seus
valores (o que é realmente importante para eles na vida), suas aspirações (como
eles querem ser, como eles querem que sua vida seja) e seus objetivos específicos
para o tratamento (o que eles desejam obter como resultado da terapia).

8. A TCC inicialmente enfatiza o presente:


O tratamento da maioria dos clientes envolve um forte foco nas habilidades que
precisam ter para melhorarem seu humor (e suas vidas). Os clientes que usam
essas habilidades consistentemente (durante e após o tratamento) têm melhores
resultados do que aqueles que não as utilizam, mesmo em face de eventos
estressantes na ida (Vittengl et al., 2019).

Você muda o foco para o passado em três circunstâncias:


1. Quando o cliente expressa um forte desejo de assim o fazer;
2. Quando o trabalho direcionado para os problemas atuais e aspirações futuras
produz mudança insuficiente;
3. Quando você julga que é importante que você e seu cliente entendam como e
quando suas principais ideias disfuncionais e estratégias de enfrentamento
comportamental se originaram e foram mantidas.

9. A TCC é educativa:
Um objetivo importante do tratamento é tornar o processo da terapia compreensível.
O cliente sente-se mais confortável depois que sabe o que esperar do tratamento,
quando entende claramente o que se quer que ele faça, quando sente que ele e o
terapeuta formam uma equipe e quando tem uma ideia concreta de como a terapia
prosseguirá tanto dentro de uma sessão quanto durante o curso do tratamento.
Depois de usar várias técnicas pode-se ensinar o cliente a usar ele mesmo as
técnicas para que possa aprender a ser seu próprio terapeuta.

10. A TCC é atenta ao tempo de tratamento:


Costuma-se dizer que a TCC é uma terapia de curta duração. Muitos clientes com
depressão e transtornos de ansiedade requerem entre 6 e 16 sessões. Mas o
tratamento para algumas condições precisa ser muito mais longo. Tentamos deixar
o tratamento o mais curto possível, ao mesmo tempo ainda cumprindo nossos
objetivos: ajudar os clientes a se recuperarem do(s) seu(s) transtorno(s);
trabalharem na realização de suas aspirações, valores e objetivos; resolverem suas
questões mais urgentes; promoverem satisfação e prazer na vida; e aprenderem
habilidades para promover resiliência e evitar recaída.
11. As sessões de TCC são estruturadas:
Os terapeutas que trabalham com TCC visam conduzir a terapia com a maior
eficiência possível para ajudar os clientes a se sentirem melhor o mais rapidamente
possível. Aderir a um formato-padrão (assim como ensinar as técnicas terapêuticas
aos clientes) facilita esses objetivos. Tende-se a usar esse formato em todas as
sessões (a menos que o cliente tenha objeções, em cujo caso você pode-se
precisar negociar a estrutura inicialmente).
O objetivo na primeira parte da sessão terapêutica é restabelecer a aliança
terapêutica, revisar o Plano de Ação e coletar dados para que terapeuta e cliente
possam colaborativamente definir e priorizar a pauta. Na segunda parte da sessão,
terapeuta e cliente discutem os problemas ou objetivos na pauta. Esses tipos de
discussões e intervenções conduzem naturalmente a Planos de Ação. Na parte final
da sessão, terapeuta e cliente fazem um resumo da sessão. Certifica-se que o
Plano de Ação é razoável e então solicita-se e responde-se ao feedback do cliente.
Embora terapeutas experientes em TCC possam se desviar desse formato algumas
vezes, os terapeutas iniciantes costumam ser mais efetivos quando seguem a
estrutura especificada.

12. A TCC utiliza a descoberta guiada e ensina os clientes a responderem às suas


cognições disfuncionais:
No contexto da discussão de um problema ou objetivo, você faz perguntas aos
clientes para ajudá-los a identificarem seu pensamento disfuncional (perguntando o
que estava passando pela sua mente), avaliarem a validade e utilidade dos seus
pensamentos (usando inúmeras técnicas) e formularem um plano de ação.
Quando pensamentos automáticos fazem parte de um processo de pensamento
disfuncional como ruminação, obsessão ou autocrítica contínua, você pode ajudar
os clientes a aceitarem seus pensamentos sem críticas, permitindo que eles
venham e vão sozinhos. Para modificar as cognições no nível emocional ou mais
profundo, você pode usar imagens, contar uma história, oferecer analogias e
metáforas, empregar técnicas experienciais, fazer dramatizações ou sugerir
experimentos comportamentais.

13. A TCC inclui Planos de Ação (tarefa de casa da terapia):

Um objetivo importante do tratamento é ajudar os clientes a se sentirem melhor no


final da sessão e prepará-los para terem uma semana melhor. Os Planos de Ação
em geral consistem em identificar e avaliar pensamentos automáticos que são
obstáculos aos objetivos dos clientes; implementar soluções para os problemas e
obstáculos que podem surgir na semana seguinte; e/ou praticar habilidades
comportamentais aprendidas na sessão.
Os clientes tendem a se esquecer de muito do que ocorre nas sessões de terapia e,
quando o fazem, tendem a ter resultados piores.
Portanto, há uma regra de ouro:
Tudo o que queremos que o cliente recorde é registrado. Você ou seu cliente devem
registrar as anotações da terapia e os Planos de Ação, seja no papel, no telefone ou
no tablet dele. Ou você pode registrar as anotações da terapia usando um
aplicativo.

14. A TCC utiliza uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e
o comportamento:
A TCC adapta estratégias de muitas modalidades psicoterápicas dentro do contexto
da estrutura cognitiva. Por exemplo, dependendo da conceitualização de um cliente,
pode-se usar técnicas da terapia de aceitação e compromisso, terapia
comportamental, psicoterapia focada na compaixão, psicoterapia centrada na
pessoa, psicoterapia psicodinâmica, terapia do esquema ou outras. Enquanto
estiver aprendendo TCC, será difícil incorporar uma variedade mais ampla de
intervenções além das técnicas básicas. Sugere-se que primeiramente sejam
dominados os aspectos básicos da TCC e depois aprenda-se técnicas adicionais
para implementar dentro da estrutura de uma conceitualização cognitiva. À medida
que progride-se como clínico na TCC, será importante estudar esses e outros
tratamentos baseados em evidências.

3. Conceitualização Cognitiva

A conceitualização cognitiva é o alicerce da Terapia Cognitivo-


Comportamental. Ela é a responsável por dar uma estrutura para o tratamento. Essa
conceituação possibilita ao terapeuta conhecer seu paciente e, a partir desse
panorama, traçar as melhores estratégias para ele.

A conceitualização ajuda o terapeuta a:


● entender os clientes em suas diversas dimensões, sejam seus pontos fortes,
fracos, aspirações ou desafios
● reconhecer como os clientes desenvolveram um transtorno psicológico
● fortalecer a relação terapêutica
● planejar o tratamento
● escolher intervenções apropriadas e adaptá-las quando necessário
● superar pontos de bloqueio

Para realizar a conceitualização cognitiva, o terapeuta deve investigar com o cliente


os seguintes aspectos: seu diagnóstico clínico, os problemas atualmente
enfrentados por ele, os fatores ambientais estressores que antecederam essas
dificuldades, suas predisposições genéticas, seus pensamentos automáticos, suas
crenças intermediárias e suas crenças centrais ou nucleares.
Os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e as crenças nucleares
são os três níveis de cognição presentes em uma pessoa. São eles que explicam o
porquê as pessoas agem de uma determinada maneira.
Para os terapeutas cognitivos comportamentais, as emoções, os comportamentos e
a fisiologia das pessoas são influenciados pela sua apreensão dos acontecimentos,
em outras palavras, não é a situação em si que determina o que as pessoas sentem
e fazem, mas sim como elas interpretam um cenário. E essa interpretação
dependerá de como funcionam suas crenças. Porém, para entender melhor o que é
uma crença , é necessário expor outros conceitos mais básicos.

3.1 Pensamentos Automáticos

Os pensamentos automáticos são considerados como o nível mais superficial


de cognição. Esses pensamentos não são resultantes de um processo de
deliberação. Na verdade, eles são muito rápidos e espontâneos, e não é possível,
na maioria das vezes, percebê-los. Por esse motivo, é muito mais provável que
percebamos com mais facilidade a emoção ou comportamento que se segue. Além
disso, muitas vezes eles não aparecem em uma forma de linguagem elaborada,
eles podem vir como palavras ou imagens para uma situação específica,
dificultando sua percepção. Porém, de qualquer forma, os PAs influenciam na forma
como interpretamos e reagimos às situações, cotidianas ou não.

Para ilustrar esse conceito, segue a tabela:


Ao passar por essas situações, a pessoa não estava consciente desses
pensamentos automáticos, então, para ela, essas emoções negativas parecem ter
vindo "do nada", sem acontecimentos precedentes, ou seja, não há razão para
esses sentimentos.

Os PAs são a parte mais superficial da cognição e por detrás dele, a razão
verdadeira desses pensamentos, são as crenças.

3.2 Crenças Nucleares

Crenças nucleares são ideias concebidas na infância a partir das interações do


indivíduo com o meio. Essas concepções traduzem como as pessoas veem a si
mesmas, às outras pessoas e ao mundo. Geralmente, são globais, generalizadas e
absolutistas.
Além disso, essas crenças são compreensões enraizadas, duradouras,
fundamentais e profundas, em outras palavras, constituem o indivíduo em sua
essência.
Entretanto, elas não são articuladas para a própria pessoa, ou seja, os indivíduos
não têm consciência de que elas sequer existem.
Todavia, de qualquer modo, essas crenças regem a vida deles e eles as consideram
como verdade absoluta.

3.3 Crenças Adaptativas

Crenças adaptativas são realisticamente positivas na maior parte do tempo. Elas


também são flexíveis, úteis e baseadas na realidade. As pessoas que possuem
essas crenças se veem como razoavelmente agradáveis, eficientes e com valor,
interpretam o mundo a sua volta de forma acurada, como um misto de
previsibilidade e imprevisibilidade e veem seu futuro realisticamente, com
experiências positivas, neutras e negativas.
Por
mais que haja a existência dessas crenças adaptativas, todos possuem crenças
negativas latentes que podem ser parcial ou completamente ativadas na presença
de algumas situações particulares de cada pessoa.

3.4 Crenças Negativas Disfuncionais

As crenças negativas disfuncionais são um filtro negativo de si mesmo, das outras


pessoas e do mundo. Na presença de um evento estressante, essas crenças
tendem a ser extremas, irrealistas e altamente mal-adaptativas.
Elas podem operar somente quando alguém está em um estado depressivo, podem
estar ativas algumas vezes ou de forma predominante, ou podem estar latentes.
Pessoas que têm um histórico de ser menos sadias psicologicamente, ou que vivem
em ambientes mais perigosos, sejam eles físicos ou interpessoais, tendem a ter um
funcionamento mais deficiente e uma maior frequência de ativação dessas crenças.
A pessoa que está com essa crença ativa tende a focar seletivamente em
informações que confirmam sua crença nuclear, negligenciando ou ignorando
informações contrárias.
Com o tempo, a crença nuclear da pessoa se torna cada vez mais forte.
Existem 3 categorias de crenças:

desamparo - ser ineficiente


● desamor - ser incapaz de receber e manter o amor
● desvalor - ser imoral ou perigoso

3.5 Crenças Intermediárias

As crenças intermediárias existem entre as crenças nucleares e os pensamentos


automáticos. O desenvolvimento dessa classe intermediária é influenciado pelas
crenças nucleares. As crenças intermediárias são constituídas por atitudes, regras e
pressupostos; elas influenciam como as pessoas veem uma situação, e essa
interpretação leva a influências em seus pensamentos, sentimentos e
comportamentos. Essas crenças estão presentes através de afirmações do tipo
"se... então" ou "deveria".

Para melhor entendimento segue um quadro:


Nesta imagem é possível perceber a relação entre as crenças centrais e as crenças
intermediárias.
É observável também as afirmativas previamente mencionadas como: "Eu
deveria..." e "Se eu..."

Em resumo, a conceitualização é um panorama geral do indivíduo, na qual se


encontram suas crenças e pensamentos. As crenças são construções de como a
pessoa vê a si mesma, às outras pessoas e ao mundo. Já os pensamentos
automáticos, são rápidos, imperceptíveis e causam emoções que as pessoas que
as estão experimentando consideram repentinas. Por fim, para a TCC, crenças,
pensamentos, emoções e comportamentos estão em constante interação.

Segue um diagrama para exemplificar:


4. Técnicas Terapia Cognitivo Comportamental

A psicoterapia desenvolvida a partir da abordagem cognitivo comportamental


faz ampla utilização de técnicas como meio de se alcançar a modelagem de
cognição e comportamento do cliente. Esta vertente teórica, que conta com grande
quantidade de estratégias de condução de sintomas e reorganização do
pensamento e conduta do paciente, tem suas práticas constantemente revistas e
aprimoradas (LEHAHY, 2018). O aprimoramento das estratégias da TCC usa como
base, sobretudo, produtos de investigações científicas e laboratoriais. Embora
sejam muitas as possibilidades de tratamento dentro da TCC para determinado
sintoma, há alguns eixos de técnicas cognitivo-comportamentais que persistem ao
longo dos anos e tem demonstrado resultados significativos (MULULO, 2009).
Ressaltamos como principais as seguintes: EXP – exposição, RA - Relaxamento
Aplicado, THS - Treino de Habilidades Sociais e treino em tarefa de concentração.
REFERÊNCIAS:
BECK, Judith. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática [recurso
eletrônico]/Judith S. Beck; tradução: Sandra Maria Mallmann da Rosa; 3.ed – Porto Alegre:
Artmed, 2022. E-pub.
FLORES, Carolina Aita. História da Terapia Cognitiva. Centro de Terapia Cognitiva –
CTC. Disponível em: https://www.centrodeterapiacognitiva.com.br/post/historiadatcc .
Acesso em: 02/11/2021.
RANGE, Bernard Pimentel; FALCONE, Eliane Mary de Oliveira; SARDINHA, Aline. História
e panorama atual das terapias cognitivas no Brasil. Rev. bras.ter. cogn.,  Rio de Janeiro , 
v. 3, n. 2, dez.  2007 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1808-56872007000200006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  02 
nov.  2021.
LEAHY, Robert L. Técnicas de terapia Cognitiva: manual do terapeuta [recurso eletrônico]; 2
ed – Porto Alegre: Artmed, 2018.

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