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História da Terapia

Cognitivo-comportamental
Unidade I
Origens da TCC

 A TCC é uma abordagem que baseia se em dois princípios centrais:

 1- Nossos pensamentos têm influência controladora nobre nossas


emoções e comportamentos .

 2- O modo como agimos ou nos comportamos pode afetar


profundamente nossos padrões de pensamento e emoções.
 Os elementos cognitivos que originaram estes princípios
foram reconhecidos por alguns filósofos como Epíteto,
Cícero, Sêneca, entre outros; isso a 2 MIL ANOS antes da
introdução da TCC, por Aaron Beck.
 O filósofo grego Epíteto, por exemplo, propõe em seus estudos que:

 ¨ Os homens não se perturbam pelas coisas que acontecem, mas sim


pelas opiniões sobre as coisas¨ ( Epitectus 1991).
História da Terapia Cognitiva

 No início da década de 1960, uma “revolução cognitiva” começou a


emergir,embora os primeiros textos centrais sobre modificação cognitiva
tenham aparecido somente na década de 1970. A pesquisa de Albert
Bandura sobre modelos de processamento de informações e aprendizagem
vicária, e as evidências empíricas na área do desenvolvimento da
linguagem suscitou questões sobre o modelo comportamental tradicional
disponível até então. Influenciando o surgimento posteriormente da
Terapia-Cognitiva ou Cognitivo-Comportamental.
História da Terapia Cognitiva

 A terapia cognitiva foi desenvolvida por Aaron T. Beck (1921), na


Universidade da Pensilvânia, no início da década de 60, como uma
psicoterapia breve, estruturada e orientada para o presente. Inicialmente, foi
direcionada ao tratamento de pacientes com depressão, a resolver os
problemas atuais e a modificar os pensamentos e os comportamentos
disfuncionais destes sujeitos. Porém, ao longo dos anos, foi adaptada para o
tratamento dos mais diversos transtornos psicológicos, demonstrando grande
eficácia em estudos empíricos realizados com uma ampla gama de perfis
populacionais (Beck, 1995/1997).
Aaron Temkin Beck é um psiquiatra norte-
americano e professor emérito do departamento de
psiquiatria na Universidade da Pensilvânia. Beck é
conhecido como pai da Terapia Cognitiva e
responsável por criar as Escalas de Beck. (Escala
de Depressão de Beck e Escala de Ansiedade de
Beck).

“Quado comecei a tratar pacientes com um


conjunto de procedimentos terapêuticos que
posteriormente rotulei como Terapia Cognitiva, eu
não tinha a menor idéia de onde me conduziria
essa abordagem que se afastava tão fortemente do
 Outras formas de Terapia Cognitivo-Comportamental foram
desenvolvidas por outros teóricos importentes, como por exemplo a
Terapia Racional- Emotiva de Albert Ellis ( Ellis,1962) . Contribuições
importantes foram feitas por outros teóricos, incluindo Michael
Mahoney ( 1991), Vittorio Guidano e Giovanni Liotti ( 1983). Sendo
estes teóricos do segmento cognitivo- comportamental.
 Cabe ressaltar que os termos terapia cognitiva (TC) e o termo
genérico terapia cognitivo-comportamental (TCC) são usados com
freqüência como sinônimos para descrever psicoterapias baseadas no
modelo cognitivo. O termo TCC também é utilizado para um grupo de
técnicas nas quais há uma combinação de uma abordagem cognitiva e
de um conjunto de procedimentos comportamentais.
O Modelo Cognitivo

 O modelo cognitivo foi originalmente construído de acordo com


pesquisas conduzidas por Aaron Beck para explicar os processos
psicológicos na depressão.

 A terapia cognitiva baseia-se no modelo cognitivo, que levanta a


hipotese de que as emoções e comportamentos das pessoas são
influenciados por sua percepção dos eventos. Não é uma situação por
si só que determina o que as pessoas sentem, mas, o modo como
interpretam a situação ( Beck, 1964; Ellis, 1962).
 Para Beck, o modelo de funcionamento mental está baseado em um
processo em que estão interligados pensamentos, sentimentos e
comportamentos. Nele, esses três fatores estão interligados e se
influenciam mutuamente. Dessa forma entendemos que determinados
pensamentos nos geram alguns sentimentos e diante disso agimos
conforme esse mecanismo. 
 Destacamos que o evento em si não gera as emoções, mas sim o que
pensamos sobre o evento. Esse processo funciona como um ciclo,
portanto, um sentimento pode gerar um pensamento e
comportamento, ou um comportamento provocar os o.utros dois
Princípios da Terapia Cognitiva

 Princípio 1: A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo


desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos : Seu
objetivo é organizar diversas informações sobre o paciente, como o diagnóstico, os
problemas atuais e o modo como enfrenta-os, as possíveis distorções cognitivas através
dos pensamentos e crenças disfuncionais e a visão que tem de si, do mundo e do futuro,
permitindo que o terapeuta determine qual a trajetória mais eficiente e efetiva de
tratamento. Cabe ressaltar que o terapeuta refina sua conceituação cognitiva ao longo
da terapia, à medida que novos dados são obtidos.

 Princípio 2: A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura: É


importante que haja por parte do terapeuta elementos essenciais como: cordialidade,
empatia, atenção, respeito genuíno e competência.
 Princípio 3: A terapia cognitiva enfatiza a colaboração e participação

ativa: A principio o terapeuta é mais ativo e sugere uma direção para as

sessões de terapia e muitas vezes resume o que foi discutido em sessão afim

de orientar o paciente.

 Princípio 4: A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em


problemas : Trabalha com metas especificas e com qualificação dos
principais problemas á serem trabalhados
 Princípio 5: A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o presente: O
terapeuta cognitivo em geral tende a iniciar a terapia com exame de
problemas no aqui e agora. A atenção volta-se para o passado em três
circustancias: 1- quando o paciente expressa uma forte predileção em fazer
isso ; 2- quando o trabalho voltado para problemas atuais produz pouca ou
nenhuma mudança cognitiva, comportamental e emocional ou quando o
terapeuta julga importante entender como e quando idéias disfuncionais
inportantes surgiram e como essas idéias afetam o paceinte hoje, sendo este
o 3º e ultimo motivo.
 Princípio 6: A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a ser seu
próprio terapeuta e enfatiza prevenção da recaída.

 Princípio 7: A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado.

 Princípio 8: As sessões de terapia cognitiva são estruturadas: Independe do


problema ou sintoma de cada paciente, há um estrutura definida em cada
sessão. Em geral, há a avaliação do humor do paciente, uma avaliação dos dias
que se passaram entre a última sessão e a atual, bem como cria-se a definição
do que será tratado nesta, em comum acordo entre terapeuta e paciente 
 Princípio 9: A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e
responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais.

 Princípio 10: A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para


mudar pensamento, humor e comportamento.
Conceitos Básicos

 Pensamentos Automáticos: seria o nível mais superficial do


pensamento. Caracterizam-se por serem rápidos, repentinos,
involuntários. Podem ser ativados por eventos internos ou externos e
existem em duas formas: em forma de palavras não faladas e de
imagens;
 A Terapia Cognitivo-Comportamental atua nas mudanças dos
pensamentos automáticos, almejando eliminar as reações
prejudiciais; reestrutura as crenças intermediárias, mudando
conclusões do paciente sobre eventos e percepções deles; e amplia a
concepção das situações em que o paciente está envolvido,
estabelecendo comportamentos alternativos, resolução de problemas,
entre outros.
Entrevista – Conceituação cognitiva

 Desde o início do tratamento, o terapeuta desenvolve (idealmente de forma


colaborativa, como sempre) uma conceitualização cognitiva do paciente.

 A conceitualização de caso é um trabalho permanente no decorrer de um


tratamento; à medida que novos dados clínicos importantes são trazidos para a
terapia, a conceitualização cognitiva será alterada e atualizada conforme
necessário enquanto o tratamento evolui.

 Para preparar um plano de tratamento, uma conceitualização de caso individual


é extremamente necessária, uma vez que guia as intervenções terapêuticas.
 A conceitualização de caso contém uma avaliação histórica e
prospectiva de padrões e estilos de pensamento.Procurando e
agrupando denominadores cognitivos comuns em diversas situações de
vida e a avaliação delas pelo paciente, pode-se identificar um padrão
cognitivo. Ele incluirá um entendimento do conjunto idiossincrático
de crenças disfuncionais, vulnerabilidades específicas individuais e
estratégias comportamentais que os pacientes usam para lidar com
suas crenças nucleares.
 Uma conceituação cognitiva fornece a estrutura para o entendiemnto de um
paciente pelo terapeuta . O terapeuta começa a construir uma conceituação
cognitiva durante seu primeiro contato com o paciente e continua a refinar
sua conceituação até a última sessão . Essa formulação ajuda a planejar uma
terapia eficiente e efetiva.
Elementos importantes para reconhecer dentro
do diagrama de conceituação cognitiva :

 As Crenças centrais:

 São idéias desenvolvidas sobre si mesma, outras pessoas e seus mundos, as


crenças centrais são entendimentos que são tão fundamentais e profundos
que os pacientes tendem a não questiona-los , aceitando como verdade
absoluta . Existe uma tendência de se interpretar as situações através da
lente dessa crença, mesmo não sendo racionalmente verdadeira.

 As centrais são o nível mais fundamental de crença ; elas são globais,


rígidas e supergeneralizadas.
 As crenças são ideias ou esquemas que as pessoas desenvolvem desde a
infância sobre si mesmas, as outras pessoas e seus mundos. As crenças são
uma forma que a criança tem de extrair sentido do seu ambiente. São
entendimentos que são tão fundamentais e profundos que as pessoas
frequentemente não os questionam e os consideram como verdades
absolutas. Usualmente se valem dos ditos “sempre foi assim” ou ”eu sempre
fui assim”.
 As crenças centrais são as ideias mais centrais da pessoa a respeito dela
mesma, de outras pessoas e seus mundos. São usualmente globais,
supergeneralizadas e absolutistas. Quando ativadas, o paciente facilmente
identifica informações que a apoiam e distorcem as que não se enquadram no
estilo de sua crença.  
 Crenças intermediárias ( regras, atitudes, suposições)

 Sob infleurncia das crenças centrais se desenvolvem uma classe intermediária


de crenças que podem ser melhor observadas, quando em contado com o
paciente, por meio da sua forma de entender e agir frente a uma situação.
Ou seja estão ligadas as atitudes, regras e suposições do paciente.

 Essas crenças influenciam sua visão de uma situação , o que , por sua vez,
influencia como ele pensa, sente e se comporta.
Tipos de crenças centrais:

 DESAMOR: O paciente possui como guia de seus pensamentos a certeza


( irracional/ inconsciente) de que será rejeitada.

 DESAMPARO: O paciente  tem como guia de seus pensamentos a certeza


(irracional/inconsciente) de que é incompetente e sempre será um fracassado.

 DESVALOR :  O paciente possui como guia de seus pensamentos a certeza


( irracional/inconsciente) de ser inaceitável, sem valor algum.
Exemplos

 Pensamentos automáticos da crença de desamparo:


 * Sou inadequado, ineficiente, incompetente;
 * Eu não consigo me proteger;
 * Eu não consigo mudar;
 * Eu não tenho atitude;
 * Sou uma vítima;  Sou carente;
 * Eu estou sem saída;
 * Não sou bom o suficiente;
 * Não sou igual aos outros.
 Pensamentos automáticos da crença de desamor:
 * Sou diferente, indesejável, feio, monótono, não tenho nada a oferecer;
 * Não sou amado, querido; 
 * Sou negligenciado;
 * Sempre serei rejeitado, abandonado, sempre estarei sozinho;
 * Sou diferente, imperfeito, não sou bom o suficiente para ser amado.
 Pensamentos automáticos da crença de desvalor:
 * Não tenho valor;
 * Sou inaceitável;
 * Sou mau, louco, derrotado;
 * Sou um nada mesmo, sou um lixo;
 * Sou cruel, perigosos, venenoso, maligno;
 * Não mereço viver.
 As crenças tendem a se fortificarem quando a pessoa foca sua atenção para os
dados que confirmam sua visão negativa e não conseguem perceber as
situações da vida com outro ponto de vista. Esse processo ocorre
involuntariamente e automaticamente, gerando sofrimento psicológico e/ou
transtornos psicológicos significativos.
Pensamentos Automáticos

 A trajetória usual do tratamento, na terapia cognitiva, envolve uma enfase


inicial sobre pensamentos automáticos, sendo tais pensamentos, as cognições
mais proximas à percepção consciente. Surgem espontaneamente e estão
associados a comportementos problemáticos ou emoções perturbadoras.

 O terapeuta trabalha afim de ajudar e ensinar o paciente a indentificar,


avaliar e modificar seus pensamentos, produzindo então uma melhora dos
sintomas apresentados. Para auxiliar na identificação dos pensamentos
disfuncionais é usado a lista de distorções cognitivas.
Exemplo :

Crença central
Eu sou incopetente

Crença intermediária
Se eu não entendo a matéria perfeitamente , então sou “burro”

Situação -------------- Pensamento Automáticos ------------Reações


Ler o livro ---------------------- é difício , não vou entender
------------------------- tristeza, comportamento ----- fechar o livro
Bibliografia

 BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Tradução de Sandra


Costa. Porto Alegre: ARTMED, 1997.

 Obs: ler capiítulo 1 e 2 do livro citado.

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