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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

Coordenação Pedagógica – IBRA

DISCIPLINA

COMO SURGIU A
TERAPIA COGNITIVO
COMPORTAMENTAL
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

2. HISTÓRICO .................................................................................................................. 2

3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 3

4. CONCEITOS .................................................................................................................. 3

5. FUNDAMENTOS ........................................................................................................... 3

6. EM QUE SE BASEIA A TCC ............................................................................................. 3

7. TERAPIA COGNITIVO .................................................................................................... 3

8. PRINCIPIOS BÁSICOS DA TCC ........................................................................................ 3

9. FUNDAMENTOS DA TERAPIA COGNITIVA ..................................................................... 3

10. MODELO COGNITIVO ................................................................................................... 3

11. REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .................................................................. 5


1. INTRODUÇÃO

A clínica atualmente tem demonstrado necessidade de


pesquisas e desenvolvimento de técnicas de intervenção eficazes para aqueles que
procuram atendimento psicológico (Paulo, 2006). Em razão disso, com as
contribuições advindas de diversos estudos na área nas últimas décadas, é
possível notar uma evolução no processo psicodiagnóstico.

Desde que foi introduzido na prática psicológica, há


aproximadamente 40 anos, o campo da terapia cognitivo-comportamental tem se
desenvolvido: Hoje existem diversos modelos de terapia cognitiva
comprovadamente eficazes (Knapp, 2004). É notável que este modelo terapêutico
está crescendo, com as recentes tendências em favor de terapias empiricamente
comprovadas.

Muitos sistemas de saúde no mundo se esforçam para conter


custos e melhorar a relação custo-benefício dos tratamentos de saúde mental.
Dessa forma, na última década, a terapia cognitiva teve um enorme impacto sobre
o campo da saúde mental, como resultado de sua eficácia evidenciada na
compreensão e no tratamento de uma ampla gama de distúrbios emocionais e
comportamentais (Dattílio & Freeman, 1998b). A quantidade crescente de trabalhos
que mostram sua eficiência constitui uma explicação para o fato de que esta
abordagem ser considerada a que mais obteve popularidade nas últimas décadas
(Rangé, 2001).

Por apresentar interfaces entre a psiquiatria e abordagens da


psicologia, além de ser voltada para a resolução de problemas com objetividade e
eficiência, de forma estruturada, validando cientificamente suas ferramentas e
resultados psicoterápicos, num curto espaço de tempo e com baixo índice de
recaídas, a terapia cognitivo-comportamental tem apresentado franca demanda por
sua utilização e ensino.

A terapia cognitiva de Beck é considerada por muitos a principal


abordagem cognitiva de hoje. Em seus trabalhos iniciais sobre a depressão, ele
constatou que as avaliações e os pensamentos negativos, comumente encontrados
em pacientes com depressão, não constituem um sintoma somente, mas são
fatores que estão na manutenção deste transtorno (Beck, Rush, Shaw & Emery,
1997). Na atualidade, dispõe de uma ampla gama de tratamentos para os diversos
transtornos psiquiátricos.

As terapias cognitivo-comportamentais denominam-se assim


por constituírem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e
comportamentais, e se diferenciam umas das outras de acordo com o enfoque
predominante, cognitivo ou comportamental. Pesquisas na área e a prática da TCC
vêm mostrando que, apesar das diferenças entre as abordagens, sua integração
vem apresentando resultados satisfatórios e demonstrando sua viabilidade.

O crescimento das terapias cognitivas vem trazendo consigo


evoluções no sentido de manter renovada a teoria cognitiva da prática clínica, tanto
em termos da teoria e da técnica, quanto em termos das concepções filosóficas,
epistemológicas e científicas. Entre as evoluções, a aproximação com as
neurociências e com os fundamentos da psicologia cognitiva experimental, traz
como consequência positiva explicações etiológicas mais integrativas dos
transtornos psicológicos e uma prática muito mais objetiva e agregada à
farmacoterapia, no intento de aumentar a qualidade de vida dos pacientes.

Com uma mudança da lei brasileira permitiu ao psicólogo,


enquanto profissional da saúde, emitir atestados psicológicos para efeito de
licença-saúde (Manual do Conselho Regional de Psicologia, 1997, Resolução CFP
n.° 007/94 de 28/10/94 e Resolução CRP-06 n.° 008/94 de 08/08/94, pp. 86 e 99).

Tal exigência traz à discussão a questão fundamental do


referencial teórico a ser utilizado. Com efeito, o texto da lei indica a Classificação
de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID (Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, Décima revisão,
1993) como fonte de enquadramento de diagnósticos. Cabe perguntar sobre as
possibilidades de coincidência entre tal classificação e as concepções de doença
mental em uso pelos profissionais de psicologia.

Em algumas abordagens, os psicólogos têm seguido as


classificações psiquiátricas. Todavia, o critério classificatório é tomado, muitas
vezes, como um guia compreensivo de um quadro psicopatológico, com a
finalidade de se manter uma comunicação entre profissionais, sobretudo entre
psicólogos e médicos psiquiatras. A prática do psicodiagnóstico nosológico
possibilita um espaço de diálogo entre profissionais, um código que permite que
diferentes profissionais, independentemente da abordagem, se comuniquem sem
que os vários termos referentes ao diagnóstico (cada abordagem teórica apresenta
seus próprios termos) interfiram negativamente na compreensão entre eles.

O surgimento e crescimento das Terapias Cognitivas (TC)


resultaram da evolução de um conjunto de influências de naturezas diversas. As
terapias cognitivas surgem em meados da década de 1950, como resultado de uma
multiplicidade de fatores históricos e contextuais: um movimento de insatisfação
com os modelos estritamente comportamentais, que não reconheciam a
importância dos processos cognitivos mediando o comportamento; a rejeição aos
modelos psicodinâmicos e o questionamento quanto à sua eficácia; a crescente
atenção dada aos aspectos cognitivos do funcionamento humano na psicologia
geral, sendo os modelos de processamento de informação cada vez mais aplicados
em construtos clínicos; e a crescente adesão explícita de diversos terapeutas e
teóricos a abordagem. Assumiram-se como terapeutas cognitivo-comportamentais,
- alguns dos proponentes iniciais mais importantes como, por exemplo, Beck, Ellis,
Cautela, Meichenbaum e Mahoney, contribuindo para o crescimento do campo da
terapia cognitiva (Beck, 1997; Knapp & Beck, 2008; Falcone, 17 2007; Rangé,
Falcone e Sardinha, 2007; Rondina, 2006; Dobson &Scherrer, 2004;
Spinillo&Roazzi, 1989; Kerbauy, 1983; Padesky, 2010).

Na década de 1960, surge os primeiros textos acerca do tema,


embora os textos centrais sobre modificação cognitiva tenham aparecido somente
na década de 1970 (Knapp & Beck, 2008, Dobson & Dozois, 2006, Beck, 1970).
Diferentes teóricos e profissionais introduziram seus próprios interesses e
perspectivas sobre os problemas, propondo, consequentemente, um grande
número de modelos de mudança cognitiva e comportamental, juntamente com a
ampliação da quantidade de técnicas clínicas, foi acrescentado ao repertório
clínico. A literatura sugere que o que hoje se compreende por “terapias em
abordagem cognitivo-comportamental” (TCC) representa um amplo espectro,
composto por dezenas de tipos de terapias diferentes (Dobson & Dozois, 2006;
Dobson & Scherrer, 2004; Borba, 2005, Kerbauy, 1983; Knapp & Beck, 2008).

As duas modalidades mais influentes nas últimas décadas


foram a Terapia Cognitiva (TC), formulada por Aaron Beck e a Terapia Racional –
Emotivo - Comportamental (TREC), formulada por Albert Ellis (Dobson & Scherrer,
2004; Dobson, Beck & Beck, 2005). A terapia cognitiva teve como precursora a
terapia de Ellis, porém Beck foi o primeiro a utilizar o termo “cognitiva” para designar
um tipo de psicoterapia, além de difundir a manualização do tratamento
psicoterapêutico (Dobson & Dozois, 2006; Dobson & Scherrer, 2004; Dobson,
Beck& Beck, 2005; Borba, 2005, Kerbauy, 1983; Knapp & Beck, 2008, Beck, 1970).

Os termos Terapia Cognitiva (TC) e o termo genérico Terapia


Cognitivo Comportamental (TCC) frequentemente são utilizados como sinônimos
para descrever psicoterapias baseadas no modelo cognitivo. O termo TCC também
se refere a um grupo de técnicas que integram tanto a abordagem cognitiva quanto
procedimentos comportamentais. Embora seja possível ainda encontrar alguns
puristas que 18 argumentem sobre a importância da utilização de uma abordagem
cognitiva ou comportamental isolada, terapeutas mais pragmáticos consideram que
a junção ou integração, tanto teórica quanto técnica de métodos cognitivos e
comportamentais, seja mais eficaz para o tratamento dos transtornos psicológicos
(Beck, 2000; Dobson, Beck & Beck, 2005; Knapp & Beck, 2008; Wright, Basco &
Thase, 2008; Baptista, 1988).

No Brasil, mais especificamente nos estados de São Paulo e Rio


de Janeiro, o movimento cognitivo-comportamental começa a ganhar espaço
somente na década de 1980, a partir do interesse de estudar o modelo cognitivo do
transtorno de ansiedade. As vertentes construtivista e cognitivo-comportamental
parecem ter sido mais predominantes em São Paulo, enquanto no Rio de Janeiro
os modelos de escolha foram os de reestruturação cognitiva e cognitivo-
comportamental (Neufeld, Xavier & Stockmann; Rangé, Falcone & Sardinha, 2007).

2. HISTORICO

A Terapia Cognitiva surgiu na década de 1950, a partir de uma


pesquisa realizada pelo psiquiatra e psicanalista Aaron Beck, que realizou um estudo
onde buscava explicar os processos psicológicos na depressão, em uma tentativa de
provar a teoria freudiana de depressão como hostilidade retrofletida reprimida. Após
análises em pacientes deprimidos, Beck propôs em seus estudos que os sintomas
observados poderiam ser explicados em termos cognitivos, considerando que as
interpretações das situações vivenciadas poderiam ser tendenciosas, devido estarem
sendo atribuídas à ativação de representações negativas que possuíam de si mesmo,
do seu mundo e da sua imagem do futuro (KNAPP & BECK, 2008).

A Terapia cognitiva Comportamental está fundamentada nos princípios


filosóficos do racionalismo de Karl Popper e no construtivismo.

Estas teorias defendem a ideia que o sujeito tem uma participação ativa no
processo de interação e conhecimento do mundo, e a partir daí constrói hipóteses e
teorias do mundo, das situações e das coisas. Com isso, a proposta positivista do
construtivismo indica que a realidade que o homem tem do mundo provém dos erros,
das hipóteses. Assim, as representações formuladas pelo homem não seriam
determinadas pelo objetivo, mas seriam construídas por ele mesmo a partir das
hipóteses (BAHLS, 2003).

Outra premissa apresentada pela proposta cognitivista é como a


relevância das crenças e do pensamento podem determinar a emoção e bem estar.
Nessa perspectiva, os pensamentos têm a capacidade de influenciar as emoções e,
de modo contínuo, as emoções influenciam os pensamentos. Baseados nessa tese
ratifica-se que as emoções e comportamentos são influenciados pela forma de
processamento. A partir do processamento, o significado que se atribui à situação ou
objeto seria fruto da percepção particular, individual da pessoa. Assim, a intervenção
do cognitivismo seria para trabalhar com as emoções e comportamentos (HAWTON
et al., 1997).

Na prática clínica não há fronteira entre terapia e psicodiagnóstico. As


entrevistas diagnósticas se assemelham às sessões de terapia, não somente pela
interpretação que se faz, mas também pelas intervenções inerentes a essas
situações. O psicodiagnóstico ocupa um lugar de destaque entre as opções nos
serviços de psicologia, independente do motivo que leva o paciente a procurar a
instituição. Ele deve ser utilizado como dispositivo para planejar, guiar e avaliar a
escolha e indicação terapêutica fundamentada (Noronha e cols., 2003).

A terapia cognitiva surgiu há poucas décadas, e nesse curto tempo tornou-


se o mais validado e mais reconhecido sistema de psicoterapia, e a abordagem de
escolha ao redor do mundo para uma ampla gama de transtornos psicológicos, visto
que se mostra eficaz para diferentes populações, independentemente de cultura e
níveis socioeconômico e educacional. O foco no problema reflete o desejo constante
por parte dos profissionais de documentar os efeitos terapêuticos, e pode possibilitar
a seleção da terapia mais eficaz para determinado problema (Caminha e cols, 2007).

A originalidade e o valor das idéias iniciais de Beck foram reforçados e


expandidos através de um volume respeitável de estudos e publicações, refletindo
hoje o que há de melhor no estágio atual do pensamento e da prática psicoterápica.
A efetividade desta psicoterapia tem sido objeto de inúmeros estudos científicos e os
resultados mais atualizados apontam para sua indiscutível eficácia (Rangé, 1998).

O modelo de terapia cognitiva proposta por Aaron Beck (Beck, 1997)


encontra-se em constante evolução e aperfeiçoamento, tanto com contribuições do
próprio Beck como de seus colaboradores e, recentemente, dos novos terapeutas que
seguem o mesmo modelo. Cabe aos profissionais continuar buscando aprimorar o
conhecimento, mesmo porque, o humano está em constante construção, com suas
possibilidades, suas potencialidades e sensibilidades, o que é o grande motivador na
continuidade da busca por atualização e aprimoramento profissional.

Recentemente, parece existir uma tendência à integração de diversos


pontos de vista em atendimentos psicológicos que visam aumentar a consistência e
abrangência dos tratamentos. Assim, no que se refere à conceituação cognitiva,
somente através do desenvolvimento de uma boa formulação da situação ou
problemas trazidos para terapia, é que se pode planejar procedimentos efetivos para
alcançar as mudanças desejadas e, consequentemente, ficará mais fácil avaliar se
um determinado tipo de intervenção psicológica é uma terapêutica realmente eficaz
ou não (Knapp, 2004).

Uma boa compreensão dos fatores que causam e/ou mantém distúrbios
psicológicos, permite o planejamento de intervenções clínicas efetivas e
individualizadas para cada sujeito, uma vez que cada um possui uma história de
experiências e aprendizagens única.
3. Objetivos

(RANGÉ, 2001) O objetivo da Terapia Cognitiva Comportamental é


promover avaliações realistas e adaptativas dos fatos da vida em lugar de distorções
cognitivas. Para tal, é utilizada uma abordagem colaborativa psico educacional de
tratamento, na qual experiências de aprendizagens específicas buscam ensinar os
indivíduos a monitorar seus pensamentos automáticos; reconhecer as relações entre
cognição, afeto e comportamento; testar a validade dos pensamentos automáticos,
substituir os pensamentos distorcidos por cognições mais realistas; identificar e alterar
as crenças, pressupostos ou esquemas subjacentes aos padrões errôneos de
pensamentos (KNAPP & COLS, 2004).

A avaliação tem como objetivo discutir com o paciente uma formulação dos
problemas a serem tratados e obter informações suficientemente detalhadas a
respeito dos fatores que mantêm o problema, para que se possa elaborar um plano
de tratamento eficiente (Caminha e cols., 2007). Formular um caso é elaborar um
modelo, uma representação demonstrativa de como o paciente está funcionando, e
norteia a atuação terapêutica (Rangé, 1998).

O objetivo da Teoria Cognitiva é descrever a natureza de conceitos


(resultados de processos cognitivos) envolvidos em determinada psicopatologia de
maneira que quando ativados dentro de contextos específicos podem caracterizar-se
como mal adaptativos ou disfuncionais. O objetivo da terapia cognitiva seria, ainda, o
de fornecer estratégias capazes de corrigir estes conceitos idiossincrásicos (Bahls,
1999; Biggs & Rush, 1999; Beck & Alford,2000)

Um dos objetivos da TCC é corrigir as distorções cognitivas que estão


gerando problemas ao indivíduo e fazer com que este desenvolva meios eficazes para
enfrentá-los. Para tanto são utilizadas técnicas cognitivas que buscam identificar os
pensamentos automáticos, testar estes pensamentos e substituir as distorções
cognitivas.

4. Conceitos

A Terapia Cognitiva apresenta seus principais conceitos, propostos por


Beck, como: esquema, crença central, crença intermediária, pensamento automático
e distorções cognitivas (BECK et al. 1979).

Os esquemas são estruturas cognitivas que formam significado, a partir da


experiência que nos ajudam a interpretar o mundo. A partir dos esquemas nossas
experiências são filtradas, avaliadas, codificadas, categorizadas e interpretadas. Eles
se formam a partir das primeiras relações do indivíduo com o meio, com isto, valoriza-
se a fase da infância, pois o mundo externo é apresentado logo após o nascimento
(BECK & ALFORD, 2000).

O conceito de “Crença Central”, também conhecido como crença nuclear,


defende que este tipo crença constitui o nível mais profundo da estrutura cognitiva e
são compostas por ideias rígidas, absolutistas e globais que o indivíduo tem sobre si
mesmo. Estas crenças são formadas por ideias e 18 conceitos a respeito de nós
mesmos, das pessoas e do mundo. Elas são aceitas sem grandes questionamentos,
são mantidas).

As crenças centrais são ideias e conceitos mais enraizados e


cristalizados acerca de nós mesmos, dos outros e do mundo. São constituídas desde
as nossas primeiras experiências na infância e se solidificam ao longo da vida,
moldando assim nosso jeito de ser e agir no mundo. Tratando-se de crenças
disfuncionais, aquilo que não é modificado ou corrigido em fase desadaptativa, pode
chegar à fase adulta como verdades absolutas (KNAPP, 2004).

As Crenças intermediárias correspondem ao segundo nível de


pensamento e não são diretamente relacionadas às situações, ocorrendo sob a forma
de suposições ou regras. São construções cognitivas disfuncionais, expressas em
forma de regras, normas, premissas e atitudes que adotamos e que guiam a nossa
conduta. Estas crenças encontram-se presentes em inúmeras situações existenciais.
Elas derivam e reforçam as crenças centrais, pois pressupõem que, desde que
determinadas regras, normas e atitudes sejam cumpridas, não haverá problema, e o
indivíduo se mantém relativamente estável e produtivo. Embora os indivíduos
construam e mantenham as crenças intermediárias como tentativa de lidar com suas
crenças e esquemas desadaptativos, eles acabam confirmando e reforçando (KNAPP,
2004).

O conceito de “Pensamento Automático" parte da compreensão de que


existem pensamentos que ocorrem espontânea e rapidamente nas fronteiras da
consciência, sendo interpretações imediatas das mais variadas situações. Tais
pensamentos são chamados de “automáticos”, pois são diferentes do fluxo normal de
pensamentos observado no raciocínio reflexivo ou na livre associação. Geralmente
estes pensamentos são avaliados como razoáveis e são aceitos como verdadeiros
(KNAPP & BECK, 2008).

Conforme Beck (1997), mesmo que alguns pensamentos automáticos


sejam verdadeiros, a maioria deles é falsa ou trazem em seu conteúdo apenas 19
verdades parciais. Assim, a autora descreve, na lista a seguir, os erros típicos destes
pensamentos disfuncionais:
1. Pensamento do tipo tudo-ou-nada (também chamado de
pensamento preto-e-branco, polarizado ou dicotômico): Você vê
uma situação em apenas duas categorias em vez de em um
contínuo. Exemplo: “Se eu não for um sucesso total, eu sou um
fracasso”.

2. Catastrofizando (também denominado adivinhação): Você prevê


o futuro negativamente sem considerar outros resultados mais
prováveis. Exemplo: “Eu ficarei tão aborrecida que não serei capaz
de agir direito”.

3. Desqualificando ou desconsiderando o positivo: Você


irrazoavelmente diz para si mesmo que experiências, atos ou
qualidades positivos não contam. Exemplo: “Eu fiz bem aquele
projeto, mas isso não significa que eu seja competente; eu apenas
tive sorte”.

4. Argumentação emocional: Você pensa que algo deve ser


verdade porque você “sente” (em realidade, acredita) isso de
maneira tão convincente que acaba por ignorar ou desconsiderar
evidências contrárias. Exemplo: “Eu sei que eu faço muitas coisas
certas no trabalho, mas eu ainda me sinto como se eu fosse um
fracasso”.

5. Rotulando: Você coloca um rótulo global e fixo sobre si mesmo


ou sobre os outros sem considerar que as evidências poderiam ser
mais razoavelmente conduzidas a uma conclusão menos
desastrosa. Exemplo: “Eu sou um perdedor. Ele não presta”.

6. Magnificação/minimização: Quando você avalia a si mesmo,


outra pessoa ou uma situação, você magnifica irracionalmente o
negativo e/ou minimiza o positivo. Exemplo: “Receber uma nota
medíocre prova quão inadequada eu sou. Obter notas altas não
significa que eu sou inteligente”.

7. Filtro mental (também denominado abstração seletiva): Você


presta atenção indevida a um detalhe negativo em vez de
considerar o quadro geral. Exemplo: “Porque eu tirei uma nota
baixa na minha avaliação [que também continha várias notas altas]
isso significa que eu estou fazendo um trabalho deplorável”.

8. Leitura mental: Você acha que sabe o que os outros estão


pensando, falhando assim ao considerar outras possibilidades
mais prováveis. Exemplo: “Ele está pensando que eu não sei nada
sobre esse projeto”.

9. Super generalização: Você tira uma conclusão negativa radical


que vai muito além da situação atual. Exemplo: “[Porque eu me
senti desconfortável no encontro] eu não tenho o que é necessário
para fazer amigos”.

10. Personalização: Você acredita que os outros estão se


comportando negativamente devido a você, sem considerar 20
explicações mais plausíveis para o seu comportamento. Exemplo:
“O encanador foi rude comigo porque eu fiz algo errado”.

11. Declarações do tipo “eu deveria” e “eu devo” (também


chamadas imperativas): Você tem uma ideia exata estabelecida
de como você ou os outros deveriam comportar-se e você
superestima quão ruim é que essas expectativas não sejam
preenchidas. Exemplo: “É terrível que eu tenha cometido um erro.
Eu deveria sempre dar o melhor de mim”.

12. Visão em túnel: Você vê apenas os aspectos negativos de uma


situação. Exemplo: “O professor do meu filho não sabe fazer nada
direito. Ele é crítico, insensível e ensina mal”. (BECK, 1997, p. 129-
130)

5. Fundamentos:
A terapia cognitiva de Beck é considerada por muitos a principal
abordagem cognitiva de hoje. Em seus trabalhos iniciais sobre a depressão, ele
constatou que as avaliações e os pensamentos negativos, comumente encontrados
em pacientes com depressão, não constituem um sintoma somente, mas são
fatores que estão na manutenção deste transtorno (Beck, Rush, Shaw & Emery,
1997). Na atualidade, dispõe de uma ampla gama de tratamentos para os diversos
transtornos psiquiátricos.

As terapias cognitivo-comportamentais denominam-se assim por


constituírem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais,
e se diferenciam umas das outras de acordo com o enfoque predominante,
cognitivo ou comportamental. Pesquisas na área e a prática da TCC vêm
mostrando que, apesar das diferenças entre as abordagens, sua integração vem
apresentando resultados satisfatórios e demonstrando sua viabilidade.

O crescimento das terapias cognitivas trouxe consigo evoluções no


sentido de manter renovada a teoria cognitiva da prática clínica, tanto em termos
da teoria e da técnica, quanto em termos das concepções filosóficas,
epistemológicas e científicas. Entre as evoluções, a aproximação com as
neurociências e com os fundamentos da psicologia cognitiva experimental, traz
como consequência positiva explicações etiológicas mais integrativas dos
transtornos psicológicos e uma prática muito mais objetiva e agregada à
farmacoterapia, no intento de aumentar a qualidade de vida dos pacientes.

Uma mudança da lei brasileira permitiu ao psicólogo, enquanto


profissional da saúde, emitir atestados psicológicos para efeito de licença-saúde
(Manual do Conselho Regional de Psicologia, 1997, Resolução CFP n.° 007/94
de 28/10/94 e Resolução CRP-06 n.° 008/94 de 08/08/94, pp. 86 e 99). Tal
exigência traz à discussão a questão fundamental do referencial teórico a ser
utilizado. Com efeito, o texto da lei indica a Classificação de Transtornos Mentais
e de Comportamento da CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde, Décima revisão, 1993) como fonte de
enquadramento de diagnósticos. Cabe perguntar sobre as possibilidades de
coincidência entre tal classificação e as concepções de doença mental em uso
pelos profissionais de psicologia.

Em algumas abordagens, os psicólogos têm seguido as


classificações psiquiátricas. Todavia, o critério classificatório é tomado, muitas
vezes, como um guia compreensivo de um quadro psicopatológico, com a
finalidade de se manter uma comunicação entre profissionais, sobretudo entre
psicólogos e médicos psiquiatras.

A prática do psicodiagnóstico nosológico possibilita um espaço de


diálogo entre profissionais, um código que permite que diferentes profissionais,
independentemente da abordagem, se comuniquem sem que os vários termos
referentes ao diagnóstico (cada abordagem teórica apresenta seus próprios
termos) interfiram negativamente na compreensão entre eles.

Atualmente a Terapia Cognitiva é uma abordagem da psicologia


que se encontra em franca expansão, principalmente no continente americano,
recomendada não só para a depressão, mas também para uma infinidade de
transtornos, contando com um elevado número de modalidades de aplicações.
De acordo Bernard Rangé, um dos principais autores no Brasil sobre o tema, a
Terapia Cognitiva se diferencia de outras abordagens que também são
amplamente utilizadas, da seguinte maneira, (RANGÉ, 2001, p.89):

Distingue-se da psicanálise e da psiquiatria biológica


na medida em que estes entendem que a ação de um
indivíduo está baseada em um determinismo fora do seu
controle, enquanto a terapia cognitiva (TC) supõe que a
origem da ação encontra-se na consciência, logo sob seu
poder. Em relação ao behaviorismo, representa uma
evolução na vertente metodológica desta escola psicológica.

A Terapia Cognitiva traz uma proposta terapêutica diferenciada


das terapias anteriores a ela, como é o caso da psicanálise. Em termos de
“idade” pode ser considerada uma teoria jovem em comparação a outras, pois
teve início na segunda metade do século passado – diga-se de passagem, é a
única abordagem, entre as mais estudadas da psicologia moderna, cujo principal
fundador continua vivo (Aaron Beck possui hoje, em 2016, 93 anos de idade).
Em termos de proposta terapêutica, o que a difere das demais é tanto o foco na
consciência como o uso do modelo cognitivo (do qual falaremos mais adiante) e
sua base na interpretação que o indivíduo faz do mundo, que, nessa abordagem,
se estruturam progressivamente. Para falar da linha geral de raciocínio da
Terapia Cognitiva, citamos Cordioli e seus colaboradores, que em seu livro
Psicoterapias: abordagens atuais, (CORDIOLI et al. 2008, p.34) destacam:

A terapia cognitiva tem fortes ligações com várias


escolas filosóficas, como o estoicismo grego, o racionalismo, o
empirismo e fenomenologia, e com escolas orientais de
pensamento, como o budismo e o taoísmo. Sua premissa básica
é a de que a maneira como as pessoas interpretam suas
experiências determina como elas se sentem e se comportam.
A afirmativa do filósofo Estóico Epictetus (60-117 d. C), de que
“os homens se perturbam não pelas coisas, mas pela visão que
têm delas”, expressa a ideia central do modelo cognitivo.

As referências filosóficas citadas por Cordioli et al.(2008) são


narradas por Aaron Beck em sua obra Terapia Cognitiva da Depressão
(1979/1993), além de comentar da herança freudiana em sua formação, e citar
pensadores como Epictetus, cita também como influenciadores de sua obra, nomes
como Zenão de Cítio, Crísipo, Cícero, Sêneca e o Imperador Filósofo Marco
Aurélio. Nas palavras de Aaron Beck (1997) 33

As origens filosóficas da terapia cognitiva podem ser


buscadas nos filósofos estoicistas, especialmente em Zenão de
Cítio (século IV a.C.), Crísipo, Cícero, Sêneca, Epicteto e Marco
Aurélio. Epicteto escreveu, no Enchiridion: “Os homens não são
perturbado pelas coisas, mas pelas visões que têm delas”. Assim
como o estoicismo, filosofias orientais como o taoísmo e o
budismo enfatizaram que as emoções humanas se baseiam em
ideias. O controle dos sentimentos mais intensos pode ser
alcançado pela modificação das ideias de uma pessoa.

Esses Filósofos trazem dentro de seu sistema filosófico a noção de


que o controle dos sentimentos mais intensos pode ser alcançado pela
modificação das ideias do indivíduo, o que vai diretamente ao encontro das
convicções de Aaron Beck (apud BECK, J., 1997, p.13) quando ele escreve no
prefácio do livro Terapia Cognitiva: Teoria e Prática, livro de sua filha Judith, que:

Com base em minhas observações clínicas e em


alguns estudos clínicos e experimentos sistemáticos, teorizei
que havia um transtorno de pensamento no cerne das
síndromes psiquiátricas como depressão e ansiedade. Esse
transtorno estava refletido em uma tendência sistemática no
modo como os pacientes interpretam experiências particulares.
Apontando essas interpretações tendenciosas e propondo
alternativas, ou seja, explicações mais prováveis, verifiquei que
eu podia produzir uma redução quase imediata dos sintomas.

6. EM QUE SE BASEIA A TERAPIA COGNITIVO


COMPORTAMENTAL:

A terapia cognitiva é um sistema de psicoterapia que se baseia na


teoria de que o modo como um indivíduo estrutura as suas experiências
determina o modo como ele se sente e se comporta (Dattílio & Freeman, 1998a).
Os sentimentos não são determinados por situações, mas pelo modo como as
pessoas as interpretam. Nesta visão, os transtornos psicológicos decorrem de
um modo distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos,
influenciando os afetos e os comportamentos (Beck, 1997). Os indivíduos têm
predisposição a fazerem construções cognitivas falhas, o que é chamado de
‘vulnerabilidade cognitiva’ (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1997).

A emoção torna-se disfuncional quando decorrente de pensamentos


irrealistas e absolutistas, interferindo na capacidade da pessoa de pensar
objetivamente. Isso não significa que os pensamentos causam os problemas
emocionais, mas sim que eles modulam e mantêm as emoções disfuncionais
(Rangé, 2001). Há uma interação recíproca entre os pensamentos, os
sentimentos e os comportamentos, fisiologia e ambiente; a mudança em qualquer
um destes componentes pode iniciar modificações nos demais (Knapp, 2004).

O terapeuta cognitivo busca produzir mudanças no pensamento e


no sistema de crenças do cliente, com o propósito de promover mudanças
duradouras (Beck, 1997). Embora o processo terapêutico possa variar de acordo
com as necessidades de cada paciente, existem alguns princípios que
caracterizam o procedimento clínico nesta abordagem de tratamento.

A terapia cognitiva é baseada nos problemas do cliente e no


estabelecimento de metas específicas, através das quais são identificados os
pensamentos automáticos testáveis que impedem a realização dessas metas. A
validade desses pensamentos é avaliada em conjunto por terapeuta e cliente.
Posteriormente esses pensamentos serão testados por experimentos
comportamentais, e utilizadas técnicas de resolução de problemas (Rangé, 2001).

Na terapia cognitiva, segundo Beck (1997), três níveis de cognição


serão trabalhados: pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes
(crenças intermediárias) e crenças nucleares (centrais). As primeiras sessões
focalizam-se na conceituação, socialização e adesão ao tratamento.
Posteriormente, o foco será a modificação de pensamentos automáticos, bem
como das emoções e dos comportamentos que mantêm o transtorno psicológico.
Na medida em que evolui, o tratamento focaliza a modificação das suposições,
regras e crenças centrais/esquemas (Rangé, 2001).

As técnicas comportamentais são empregadas, sobretudo, para que


o paciente altere algum comportamento de seu repertório e possa, com isso,
reexaminar as crenças sobre si mesmo e sobre os eventos, obter evidências
factuais para suas conclusões e reformular suas avaliações. Os experimentos
comportamentais, em que o paciente é incentivado a modificar as contingências
de seu próprio ambiente, são importantes técnicas avaliativas, pois testam
diretamente a validade dos pensamentos (Nabuco & Roso, 2003).

Já as técnicas cognitivas têm sido aprimoradas ao longo dos anos,


procurando instrumentalizar os terapeutas para o trabalho de identificação,
análise e reestruturação do sistema de crenças do cliente. Por exemplo, ao utilizar
a técnica de registro de pensamentos (RPD), que deve ser precedida da
compreensão da lógica do modelo cognitivo, pensamentos relevantes a serem
trabalhados em terapia são identificados.

O terapeuta cognitivo constrói hipóteses ao longo do processo


terapêutico. Ele vai testando, reconstruindo suas hipóteses e se aproximando da
estrutura cognitiva do paciente. Essa construção da hipótese cognitiva global é
chamada de Conceituação Cognitiva. A Conceituação cognitiva é uma hipótese
sobre pensamentos, suposições, emoções e crenças do paciente.

A conceituação cognitiva constitui o arcabouço que permite ao


terapeuta conduzir seu trabalho com objetivos e uma rota definida. Segundo Rangé
(2001) e Caminha, Wainer, Oliveira & Piccoloto (2007), a ausência de uma
conceituação cognitiva torna o tratamento vago e irrelevante, mesmo que sejam
usadas as técnicas cognitivas. Assim, a conceituação cognitiva é a habilidade
clínica mais importante para o terapeuta cognitivo.

Esta requer primeiramente uma avaliação inicial dos problemas do


paciente, que deve incluir a identificação do problema, as circunstâncias de vida
que precipitaram o problema, a história familiar e do desenvolvimento, as medidas
padronizadas de ansiedade e depressão e de transtornos específicos relacionados
ao caso, medidas específicas (como diário de frequência de ataques de pânico e
registro de pensamentos disfuncionais) e a hipótese diagnóstica. A especificação
de metas está incluída (Beck, 1997).

Além de entrevistas com o paciente, recursos tais como entrevistas


com pessoas- chave, observação direta do comportamento em ambientes clínicos,
auto monitoração e aplicação de instrumentos psicológicos (escalas e
questionários) ampliam a compreensão do caso, garantindo uma formulação mais
completa (Caminha e cols., 2007).

A avaliação inicial possibilita que o terapeuta levante hipóteses sobre


as experiências no desenvolvimento do cliente que contribuíram para a construção
da crença central, assim como sobre as crenças intermediárias e pensamentos
automáticos relacionados à crença central, as estratégias cognitivas, afetivas e
comportamentais utilizadas pelo paciente para enfrentar as suas crenças
disfuncionais, e os eventos estressores que contribuíram para a manifestação dos
problemas psicológicos (Beck, 1997).

A conceituação cognitiva tem início no primeiro contato com o


paciente e é aprimorada continuamente. O objetivo principal da conceituação
cognitiva é melhorar o resultado do tratamento, auxiliando o terapeuta a obter uma
concepção mais ampla e profunda do paciente.

Na concepção cognitiva, a psicopatologia é considerada o resultado


de crenças excessivamente disfuncionais e de pensamentos demasiadamente
distorcidos que, em atividade, influenciam o humor e o comportamento do indivíduo,
enviesando sua percepção da realidade. Assim, sua identificação e posterior
modificação são elementos centrais para o tratamento, capazes de promover a
redução dos sintomas (Beck, 1997).

A todas as pessoas ocorrem pensamentos involuntários, chamados


de pensamentos automáticos na terapia cognitiva, que são exagerados, distorcidos,
equivocados, irrealistas ou disfuncionais, e que têm um importante papel na
psicopatologia, porque moldam tanto as emoções como as ações do indivíduo
(Knapp, 2004). Os pensamentos automáticos derivam de um "erro" cognitivo e têm
íntima relação com as crenças. Estas são as cognições mais fáceis de acessar e
modificar.

Embora a terapia cognitiva seja identificada por intervenções que


visam modificar pensamentos, essa é apenas uma das muitas formas de
intervenção. Se as emoções não forem trabalhadas, o tratamento cognitivo pode
tornar-se apenas uma troca intelectual, o que não teria sentido terapêutico (Knapp,
2004). Da mesma forma, padrões de comportamento retroalimentam a disfunção
emocional e cognitiva, e também precisam ser trabalhados.

7. TERAPIA COGNITIVO

Fundamentada no princípio básico da TCC e, em particular, na


hipótese de primazia das cognições sobre as emoções e comportamentos, em TCC
busca-se a reestruturação cognitiva, a partir de uma conceituação cognitiva do
paciente e de seus problemas. Inicialmente, objetiva devolver ao paciente a
flexibilidade cognitiva, através da intervenção sobre as suas cognições, a fim de
promover mudanças nas emoções e comportamentos que as acompanham. Ao
longo do processo terapêutico, no entanto, atua diretamente sobre o sistema de
esquemas e crenças do paciente a fim de promover sua reestruturação. Em
paralelo à reestruturação cognitiva, o terapeuta cognitivo utiliza ainda uma
abordagem de resolução de problemas.

A TCC reflete aspectos interessantes em sua práxis. Baseia-se na


noção de esquemas, construídos ao longo do desenvolvimento, cujo conjunto
resume as percepções pelo indivíduo de regularidades do real a partir de suas
experiências históricas relevantes. Esquemas são definidos como superestruturas
cognitivas que, em uma relação circular, organizam nossas experiências do real e
são atualizados por elas, ao mesmo tempo em que guiam o foco de nossa atenção.
TCC adota uma abordagem estruturada, mas apoia-se em uma relação
colaborativa entre o terapeuta e o paciente, na qual ambos têm um papel ativo
através do processo psicoterápico. Objetiva não apenas a resolução dos problemas
imediatos do paciente, mas, através da reestruturação cognitiva, busca dotá-lo de
um novo conjunto de técnicas e estratégias cognitivas para, a partir daí, processar
e responder ao real de forma funcional, sendo o funcional definido como formas
que concorrem para a realização de suas metas.

Características que a distinguem de outras formas de psicoterapia são


o tempo curto e limitado e a eficácia comprovada através de estudos empíricos, em
várias áreas de transtornos emocionais, como depressão, transtornos de ansiedade
(transtorno de ansiedade generalizada, fobias, pânico, hipocondria, transtorno
obsessivo-compulsivo), dependência química, transtornos alimentares,
dificuldades interpessoais (terapia de casal e de família), transtornos psiquiátricos,
etc., para adultos, crianças e adolescentes, nas modalidades individual e em grupo.
Sua utilização no tratamento de psicoses apresenta resultados encorajadores.
TCC ainda é indicada como coadjuvante no tratamento de
transtornos orgânicos, e em intervenções nas áreas de educação, organizações e
esportes.
8. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA TCC

1. A TCC se orienta no conhecimento empírico da psicologia


científica;
2. A TCC se orienta no problema (sintoma) atual do paciente;
3. A TCC baseia-se na análise dos fatores de vulnerabilidade
(predisposições), fatores desencadeadores e mantenedores dos transtornos
mentais;
4. Por se orientar no problema, a TCC é também orientada para
um objetivo definido (a modificação do comportamento problemático);
5. A TCC é voltada para a ação e não apenas para a tomada de
consciência (ing. insight, al. Einsicht) e uma compreensão mais profunda do
problema;
6. A TCC não se restringe à situação terapêutica, mas se estende
à vida diária do indivíduo;
7. A TCC é transparente, tanto quanto a seus objetivos quanto a
seus meios;
8. A TCC procura ser uma ajuda para a autoajuda, ou seja,
acentua a responsabilidade do próprio paciente no processo terapêutico;
9. A TCC se esforça por estar em desenvolvimento constante.

(Jürgen Margraf, 2009)

A terapia cognitiva de Beck é considerada por muitos a principal


abordagem cognitiva de hoje. Em seus trabalhos iniciais sobre a depressão, ele
constatou que as avaliações e os pensamentos negativos, comumente encontrados
em pacientes com depressão, não constituem um sintoma somente, mas são
fatores que estão na manutenção deste transtorno (Beck, Rush, Shaw & Emery,
1997). Na atualidade, dispõe de uma ampla gama de tratamentos para os diversos
transtornos psiquiátricos.

As terapias cognitivo-comportamentais denominam-se assim por


constituírem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e
comportamentais, e se diferenciam umas das outras de acordo com o enfoque
predominante, cognitivo ou comportamental. Pesquisas na área e a prática da
TCC vêm mostrando que, apesar das diferenças entre as abordagens, sua
integração vem apresentando resultados satisfatórios e demonstrando sua
viabilidade.

O crescimento das terapias cognitivas trouxe consigo evoluções no


sentido de manter renovada a teoria cognitiva da prática clínica, tanto em
termos da teoria e da técnica, quanto em termos das concepções filosóficas,
epistemológicas e científicas. Entre as evoluções, a aproximação com as
neurociências e com os fundamentos da psicologia cognitiva experimental, traz
como consequência positiva explicações etiológicas mais integrativas dos
transtornos psicológicos e uma prática muito mais objetiva e agregada à
farmacoterapia, no intento de aumentar a qualidade de vida dos pacientes.

Uma mudança da lei brasileira permitiu ao psicólogo, enquanto


profissional da saúde, emitir atestados psicológicos para efeito de licença-saúde
(Manual do Conselho Regional de Psicologia, 1997, Resolução CFP n° 007/94 de
28/10/94 e Resolução CRP-06 n° 008/94 de 08/08/94, pp. 86 e 99). Tal exigência
traz à discussão a questão fundamental do referencial teórico a ser utilizado. Com
efeito, o texto da lei indica a Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento da CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde, Décima revisão, 1993) como fonte de
enquadramento de diagnósticos. Cabe perguntar sobre as possibilidades de
coincidência entre tal classificação e as concepções de doença mental em uso
pelos profissionais de psicologia.

Em algumas abordagens, os psicólogos têm seguido as classificações


psiquiátricas. Todavia, o critério classificatório é tomado, muitas vezes, como um
guia compreensivo de um quadro psicopatológico, com a finalidade de se manter
uma comunicação entre profissionais, sobretudo entre psicólogos e médicos
psiquiatras. A prática do psicodiagnóstico nosológico possibilita um espaço de
diálogo entre profissionais, um código que permite que diferentes profissionais,
independentemente da abordagem, se comuniquem sem que os vários termos
referentes ao diagnóstico (cada abordagem teórica apresenta seus próprios
termos) interfiram negativamente na compreensão entre eles.

9. FUNDAMENTOS DA TERAPIA COGNITIVA

A avaliação psicológica constitui uma prática relativamente recente


na psicologia, visto que se configura como campo de produção a partir da
segunda metade do século XX. Em nossa cultura, o desenvolvimento da
Psicologia como ciência e profissão, e, por conseguinte, do diagnóstico
psicológico, sofreram várias influências. Entre elas, do modelo médico, dos
estudos da psicometria e do surgimento da psicanálise (Ocampo, 1985).

Considerando-se a avaliação como uma atividade que requer rigor e


eficácia, pode-se afirmar que a avaliação psicológica é uma prática profissional
importante para o psicólogo, tendo-se em vista que pode fornecer elementos de
análise imprescindíveis para a atuação em diferentes campos. Na realização de
avaliações seguras, é imprescindível o conhecimento e o domínio de instrumentos
de coleta de dados, dentre eles o teste psicológico (Oliveira, Noronha, Beraldo &
Santarém, 2003).

Os testes são instrumentos de medida que investigam amostras de


comportamento e devem ser capazes de auxiliar na identificação de características
de sujeitos. Para tanto, devem ser construídos com base científica e apresentar
parâmetros psicométricos que de alguma forma atestem a confiabilidade e a
representatividade do construto que está sendo medido.

Os testes são mais um recurso para auxiliar o profissional na


compreensão e fechamento das considerações a respeito de um examinando, seja
em processo seletivo (exame psicológico ou psicotécnico), avaliação psicológica e
psicodiagnóstico.

Muitas das questões sobre o rigor e o valor da avaliação psicológica


passam pela atuação do psicólogo que a realiza. Assim sendo, faz-se necessário que
ele apresente condições mínimas para tarefa, como conhecimento atualizado da
literatura e de pesquisas disponíveis sobre o comportamento humano e sobre o
instrumental psicológico, treinamento específico para o uso de testes e escalas,
domínio sobre os critérios estabelecidos para avaliar e interpretar resultados obtidos,
capacidade para considerar os resultados obtidos à luz das informações mais amplas
sobre o indivíduo, contextualizando-os, seguir as orientações existentes sobre
organizações dos laudos finais e, acima de tudo, garantir princípios éticos quanto ao
sigilo e à proteção ao indivíduo avaliado (Alchieri & Cruz, 2003).

No Brasil, a atuação do psicólogo, na testagem, é considerada uma


atividade pericial. Por lei, os peritos devem prestar serviço de qualidade à
sociedade, e esta qualidade pode ser cobrada judicialmente. Isto é, o psicólogo
responde até criminalmente por sua conduta na área dos testes psicológicos. Os
direitos do testando, de modo geral, são norteados pelos comitês de ética em
Psicologia e pelas normas para Testagem Educacional e Psicológica da American
Psychological Association (APA).

Embora as pesquisas sobre a utilização dos testes psicológicos


tenham crescido na última década, Noronha (1999), pesquisando os usos e
problemas na utilização dos testes psicológicos, constatou que os psicólogos não
costumam utilizar testes psicológicos na sua avaliação. Outro dado que merece
atenção é que a formação na área de ensino de testes é deficiente, como observado
por Oliveira, Noronha, Beraldo e Santarém (2003). Noronha (2003) afirma que é
preciso repensar a formação do profissional de Psicologia, de modo que o psicólogo
tenha uma bagagem teórica mais consistente e faça um uso ético e consciente dos
instrumentos.
A avaliação psicológica é uma atividade exclusiva do profissional de
Psicologia, sendo regulamentada pelo Código de ética Profissional, desde a
promulgação da Lei nº 4119 de 1962. Como são muitas as teorias existentes e nem
sempre estas são convergentes, a atuação do psicólogo em diagnóstico varia
consideravelmente.

Nos últimos anos houve um maior interesse pela avaliação


psicológica, o que pode ser justificado em função do aumento do número de
congressos específicos, discussões entre pesquisadores, criação de laboratórios
ligados a universidades, bem como pela criação do Instituto Brasileiro de Avaliação
Psicológica (IBAP) e pela recomendação de mestrado e doutorado com área de
concentração em avaliação psicológica. Talvez o fato mais marcante nesse novo
cenário nacional da área de avaliação seja a promulgação das resoluções do
Conselho Federal de Psicologia (CFP), cujo eixo central é a avaliação da qualidade
dos testes comercializados no Brasil.

Recentemente, o Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região, em


consonância com outras entidades, organizou um encontro cujo foco era o ensino
da avaliação psicológica (Conselho Regional de Psicologia, 2004). Embora eventos
nem sempre possam oferecer soluções imediatas para as questões emergentes,
vale ressaltar que tais discussões fomentam reflexões e tendem a gerar pesquisas.

Até a década de 70, não era prioritária na terapia de base analítico


comportamental a elaboração de um modelo terapêutico para a intervenção frente
a relatos auto descritivos de eventos privados. A explicação para tal fato estava na
tradição behaviorista, especialmente no que se refere a três aspectos:

1) A abordagem skinneriana não previa nenhum tratamento distinto


para uma abordagem do comportamento privado, uma vez que seus determinantes
seriam os mesmos do comportamento público;

2) A ampla tradição dos analistas do comportamento com a pesquisa


básica da aprendizagem animal, que não requeria o estudo da subjetividade 14; e

3) O tipo de população tradicionalmente atendida pelos primeiros


terapeutas comportamentais: crianças com problemas de desenvolvimento e
pacientes internos, que demandavam uma intervenção mais diretamente voltada
para a mudança das contingências ambientais (Wilson, Hayes & Gifford, 1997).
Dougher (1993) aponta, ainda, que o fato de atuar em ambientes institucionais
garantia ao terapeuta poder quase que completo sobre as contingências
ambientais; parecia desnecessário intervir de alguma forma sobre eventos
privados, haja vista que era possível intervir diretamente sobre os determinantes
de fenômenos que, embora inacessíveis à observação pública, são determinados
por eventos ambientais, como todos os outros comportamentos (Kerbauy, 1983).
Como consequência, os terapeutas comportamentais demoraram a se deparar com
contingências que favorecessem o desenvolvimento de um modelo de intervenção
comportamental frente aos eventos privados.

O surgimento das terapias cognitivo-comportamentais contribuiu para


intensificar as discussões sobre a necessidade de elaboração de tal modelo, ao
suscitar uma questão fundamental como ponto de partida para essa tarefa: os
princípios da análise do comportamento são suficientes para embasar uma prática
clínica eficaz e coerente com o behaviorismo radical frente a verbalizações do
cliente que parecem descrever algum estado ou processo privado?

As novas formas de terapia de base analítico-comportamental


surgem, então, a partir da pressão simultânea de dois lados: a necessidade de
responder às crescentes críticas de terapeutas cognitivo-comportamentais
referentes a uma carência da própria terapia em dar conta do comportamento
humano complexo e da própria pressão de mercado, uma vez que a maior parte
dos empregos para analistas do comportamento estava restrita à atuação em
instituições para tratamento de autistas, por exemplo. A possibilidade de expandir
sua área de atuação também fortaleceu a necessidade de realização de
pesquisas cujo objeto de interesse fosse a intervenção do terapeuta
comportamental no ambiente de clínica face-a-face.

Em especial na década de 80, analistas do comportamento voltaram-


se para os conceitos de eventos privados e de comportamento controlado por
regras de forma a preencher a lacuna apontada pelos cognitivistas (Hayes, 2004).
Foi nesse contexto que surgiram as propostas terapêuticas voltadas para a
atuação em um contexto de terapia verbal que levasse defendido na Análise do
Comportamento, caracterizado pelo selecionismo, o monismo ontológico e a
perspectiva relacional.

Evitando o risco de basear sua prática em concepções internalistas,


os terapeutas analítico-comportamentais compartilham a posição skinneriana,
essencialmente relacional, e admitem que os eventos privados podem fazer parte
de relações de controle do comportamento, mas deixam claro que o caráter causal
de tais eventos está restrito a um certo controle discriminativo destes sobre
respostas subsequentes (Tourinho, 1997).

A partir dessa concepção, podemos afirmar que o relato de


pensamentos e sentimentos, por parte do cliente, é de extrema importância para
que o terapeuta tenha condições de avaliar o efeito das contingências que
controlaram e/ou controlam esses relatos, estabelecendo uma análise funcional
mais rica do comportamento em foco (Skinner, 1974/1982).
Banaco (1999) resume uma perspectiva comum a várias propostas
terapêuticas coerentes com a Análise do Comportamento. Para o autor, quando o
terapeuta pergunta ao cliente acerca de seus pensamentos, sentimentos e
emoções, ele não o faz para intervir sobre esses eventos. Ele os usa como
comportamentos capazes de sugerir sob quais contingências o sujeito está
submetido (Por exemplo, quando a pessoa relata "ficar feliz" com a ação do
cônjuge, provavelmente estamos diante de uma operação de reforçamento).
Eventos privados, nesse sentido, são meios através dos quais o analista do
comportamento pode descobrir e investigar seu verdadeiro material de trabalho -
as contingências ambientais externas ao indivíduo, que podem ser efetivamente
modificadas. Em várias propostas analítico-comportamentais de terapia,
encontramos afirmações semelhantes (e.g., Guilhardi, 2004; Kohlenberg & Tsai,
1991).

O surgimento das terapias cognitivas também foi decorrente de uma


rejeição aos modelos psicodinâmicos e ao questionamento de sua eficácia. Em
1952, Hans J. Eysenck (1916-1997) já havia realizado um estudo onde não se
encontraram evidências de que a eficácia da terapia psicanalítica fosse maior do
que a remissão espontânea (melhora produzida sem nenhum tratamento
específico) (Kazdin, 1983). Rachman e Wilson (1980, citado por Dobson & Block,
1988) afirmaram não haver indícios aceitáveis que apoiassem a eficácia do
tratamento psicanalítico.

Aaron Beck (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1982) relata que os seus
questionamentos à psicanálise tiveram início em 1956, quando verificou que a
hipótese da raiva retrofletida não se confirmara em seu estudo com pacientes
deprimidos. Embora vindo de uma tradição psicanalítica, Albert Ellis (1913-2007)
também revelou insatisfações com os resultados práticos do trabalho psicanalítico
(Ellis, 1997).

No mesmo período em que ocorriam insatisfações com a abordagem


estritamente comportamental e com o modelo psicodinâmico, começou a surgir
uma crescente atenção aos aspectos cognitivos do comportamento humano, tanto
na psicologia geral quanto na psicologia experimental (Dobson & Block, 1988;
Dobson & Sherrer, 2004).

Vários eventos científicos aconteceram na década de 50 enfatizando a


teoria do processamento da informação (Kastrup, 2006), passando a ser esta
cada vez mais utilizada na compreensão de fenômenos clínicos, como por
exemplo, na mediação cognitiva da ansiedade (Dobson & Sherrer, 2004).
Diversos terapeutas e teóricos comportamentais resolveram então assumir a
identificação cognitivo-comportamental (Dobson & Block, 1988; Dobson &
Sherrer, 2004).
Como afirma Jacobson (1987), a incorporação das teorias e terapias
cognitivas à terapia comportamental foi tão completa que é difícil encontrar
atualmente terapeutas comportamentais puros no trabalho com os seus
pacientes, “a despeito dos problemas inerentes à incorporação dos conceitos
mediacionais dentro da visão behaviorista do mundo clínico” (p. 5).

As abordagens cognitivas partem do pressuposto de que um processo


interno e oculto de cognição media o comportamento. Um mesmo evento pode
ser considerado como agradável para uma pessoa, gerando um comportamento
de aproximação, ou ameaçador para outra, provocando ansiedade e esquiva.
Desse modo, é a interpretação do evento que gera emoções e comportamentos e
não o evento em si (Knapp, 2004).

Entretanto, embora compartilhando de características fundamentais, as


abordagens cognitivas apresentam diferenças de princípios e de procedimentos
(Dobson & Sherrer, 2004). Enquanto a terapia cognitiva de Beck (1982) e a terapia
racional emotivo comportamental de Ellis (1997) focalizam-se nas cognições para
promover mudanças emocionais e comportamentais (Beck, 1997), autores de
enfoque cognitivo construtivista (por ex., Greenberg, Rice & Elliott, 1993; Guidano
& Liotti, 1983; Mahoney, 1998; Neimeyer, 1997), defendem o papel das emoções
como preponderantes na influência do comportamento.

Autores construtivistas também consideram que as terapias cognitivas


de Beck e de Ellis, assim como outras formas de abordagem cognitivo-
comportamental, são racionalistas, uma vez que em seus pressupostos
filosóficos, existe um mundo externo que pode ser percebido de forma correta ou
incorreta. Assim, o enfoque construtivista está no “valor da validade” das
estruturas cognitivas, e não no seu “valor de verdade” (Dobson & Sherrer, 2004).

Caro Gabalda (1997) propõe uma classificação das terapias cognitivas


em três diferentes tipos de modelos: de reestruturação cognitiva, cognitivo-
comportamentais e construtivistas.

Os modelos de reestruturação cognitiva identificam-se com as


primeiras terapias cognitivas representadas por Beck et al. (1982) e Ellis (1997) e
foram desenvolvidos por teóricos de treinamento psicodinâmico, os quais tendiam
a destacar o papel do significado, defendendo que o que uma pessoa pensa ou
diz não é tão importante quanto o que esta acredita. A tarefa consiste em
desenvolver estratégias para examinar a racionalidade ou validade das crenças.
Orientada para o problema, busca modificar as atividades defeituosas do
processamento da informação características do transtorno psicológico (Caro
Gabalda, 1997).

Os modelos cognitivo-comportamentais têm origem mais clara nas


terapias comportamentais, que incluem as estratégias de solução de problemas.
Foram desenvolvidos por teóricos com treinamento comportamental, tais como
Meichenbaum (1997), Barlow (Barlow & Cerny, 1999), Lineham (1993), entre
outros, os quais conceituam o pensamento de forma mais concreta, ou seja, como
um conjunto de auto enunciados encobertos que também podem ser influenciados
pelas mesmas leis do condicionamento. Sua tarefa consiste em ensinar
habilidades cognitivas específicas (Hollon & Beck, 1994, citado por Caro Gabalda,
1997).

Os modelos construtivistas, representados por Guidano & Liotti (1983),


Mahoney (1998), e Neimeyer (1997), partem do pressuposto de que os seres
humanos são participantes proativos (e não passivos de forma reativa) em suas
experiências (percepção, memória e conhecimento). Assim, o conhecimento
humano é: interpessoal, evolutivo e proativo; opera em níveis tácitos; a
experiência humana e o desenvolvimento pessoal refletem processos
individualizados, auto organizadores, que favorecem a manutenção dos padrões
experienciais (Caro Gabalda, 1997).

Caro Gabalda (1997) sugere ainda existir uma grande aproximação


entre os dois primeiros modelos acima, uma vez que ambos compartilham de
muitos aspectos comuns, tais como atribuir os transtornos emocionais a
disfunções do processamento cognitivo; foco nos problemas específicos e na
mudança da cognição para obtenção de mudança do afeto; intervenções de
tempo limitado e de estilo educativo etc. Segundo a autora, as terapias de
reestruturação cognitiva, cujos autores vinham da psicanálise, buscavam uma
visão distinta sobre a psicopatologia e um interesse pelo método experimental. As
terapias comportamentais, por sua vez, estavam evoluindo em seus modelos de
comportamentos encobertos e se envolvendo pelo cognitivo, sem abandonar os
requisitos mínimos experimentais.

Entretanto, embora apontando diferenças entre os dois primeiros


modelos e o terceiro, Caro Gabalda (1997) assume que não existe um muro
intransponível entre eles, sendo possível uma integração. A terapia do esquema,
desenvolvida por Jeffrey Young (Young, Klosko & Weishaar, 2003)

Pode ser um exemplo de abordagem cognitiva integrativa, uma vez que reúne
características dos três modelos apresentados acima (Callegaro, 2005; Young et
al., 2003).
Para Aaron Beck (1997, p.17):

A terapia cognitiva é uma abordagem ativa, diretiva,


estruturada e de prazo limitado usada no tratamento de
uma variedade de distúrbios psiquiátricos (ex.: depressão,
ansiedade, fobias, queixas ligadas a dores. etc.).
Fundamenta-se numa base lógica teórica subjacente,
segundo a qual o afeto e o comportamento de um indivíduo
são largamente determinados pelo modo como ele
estrutura o mundo (BECK, 1967, 1976).

A esse tipo de terapia com prazo determinado, que possui uma


programação voltada a um transtorno ou queixa específica, os psicólogos
modernos costumam dar o nome de psicoterapia focal, ou seja, focada em
resolver um determinado problema em um período de tempo determinado.

Judith Beck comenta que desde o seu início a Terapia Cognitiva foi
desenvolvida como “[…] uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao
presente, para a depressão, direcionada a resolver problemas atuais e a modificar
os pensamentos e comportamentos disfuncionais (BECK, 1964).” (BECK, J., 1997
p.17).

Como podemos observar, a Terapia Cognitiva é uma psicoterapia


focada a resolver problemas atuais, levando em consideração a interpretação que
o indivíduo faz do ambiente que o cerca, ou seja, situações, fenômenos, pessoas,
objetos, etc., e como esse ambiente afeta seu comportamento. Para a
compreensão destas relações, a Terapia Cognitiva se baseia no 34 modelo
cognitivo, segundo o qual poderíamos afirmar que os comportamentos e os afetos
são determinados pelo modo como o indivíduo atribui significação à realidade,
sendo a cognição a responsável por mediar os dados do mundo externo e as
reações sentimentais e comportamentais. Como confirma o trecho de Judith Beck
(1997 p.29):

A terapia cognitiva baseia-se no modelo cognitivo, que


levanta a hipótese de que as emoções e comportamentos das
pessoas são influenciados por sua percepção dos eventos. Não
é uma situação por si só que determina o que as pessoas
sentem, mas, antes, o modo como elas interpretam uma
situação (BECK, A., 1964; ELLIS, 1964).
10. MODELO COGNITIVO:

ACONTECIMENTOS > PROCESSAMENTO > AFETOS E AMBIENTAIS


COGNITIVO COMPORTAMENTOS

Temos, pois, que, do ponto de vista da Terapia Cognitiva, as


informações externas entram pelos órgãos da percepção e passam pelo
processamento cognitivo, em seguida geram os sentimentos e comportamentos
consequentes. Geralmente, as conceituações da Terapia Cognitiva são feitas
mediante modelos, não só através do modelo cognitivo mais geral, comentado
anteriormente, mas também alguns mais específicos, como o modelo cognitivo da
depressão, o da ansiedade, o do vício em álcool e assim por diante, todos eles
baseados no modelo geral. O psicoterapeuta adepto da Terapia Cognitiva
comumente ensina esses modelos aos seus pacientes. O intuito dessa prática é
demonstrar de uma maneira mais objetiva (na maioria das vezes gráfica) os
elementos envolvidos na manutenção da patologia e traçar um plano de como será
desenvolvida a terapia, assim como os mecanismos que permitirão a modificação
comportamental. Os modelos são maneiras esquemáticas que pretendem explicar
como ocorrem esses processos. A construção desses modelos, no caso da Terapia
Cognitiva, é diretamente embasada na prática clínica, como comenta Beck (1997,
p. 24):

O modelo cognitivo da depressão evoluiu de


observações clínicas sistemáticas e de testes
experimentais (BECK, A., 1963, 1964, 1967). Essa
interação de uma abordagem clínica e experimental
permitiu um desenvolvimento progressivo do modelo e
da psicoterapia derivada dele (BECK, A., 1976).

O modelo cognitivo da Terapia Cognitiva propõe que a origem dos


transtornos psicológicos está nas distorções da realidade, ou seja, um modo
disfuncional ou distorcido de perceber os acontecimentos, o que influência os
comportamentos. É importante comentar que o modelo cognitivo não supõe que
a patologia cognitiva seja exclusivamente causa de síndromes específicas, como
por exemplo, a Síndrome do Pânico. No modelo se assume que “[…] na maioria
das vezes, fatores como predisposição genética, alterações bioquímicas ou
conflitos interpessoais estão envolvidos e que a patologia cognitiva contribui para
agravar ou perpetuar um determinado transtorno.” (CORDIOLI et al. 2008, p.34).

De acordo com a Terapia Cognitiva, existem três níveis de


pensamento, os pensamentos automáticos, as crenças centrais (ou esquemas) e
as crenças intermediárias. Os pensamentos automáticos são aqueles
pensamentos espontâneos que ocorrem a partir dos acontecimentos do cotidiano.
Estes não são facilmente identificados, sendo necessário um
treinamento para identificá-los.

Esses pensamentos automáticos podem ser expressos por


sentenças ou imagens mentais, como “vou me atrasar amanhã” ou visualizar a
cena de chegar atrasado. No caso dos transtornos psicológicos, esses
pensamentos surgem frequentemente distorcidos. Destas distorções cognitivas
destacamos algumas apontadas por:

1. A inferência arbitrária (conjunto de respostas) se refere ao


processo de se chegar a uma conclusão específica na ausência de provas para
sustentá-la, ou quando as provas são contrárias à conclusão.

2. A abstração seletiva (conjunto de estímulos) consiste em


focalizar um detalhe retirado do contexto, ignorando outros aspectos mais
salientes da situação e conceituando a totalidade da experiência com base nesse
fragmento.

3. A hipergeneralização (conjunto de respostas) se refere ao


padrão segundo o qual se chega a uma regra ou conclusão geral na base de um
ou mais incidentes isolados, e se aplica o conceito, em espectro amplo, a
situações relacionadas e não relacionadas ao(s) incidente(s).

4. O exagero e a minimização (conjunto de respostas) se reflete


em erros na avaliação do significado ou magnitude de um acontecimento,
grosseiros a ponto de se constituírem em distorções.

5. A personalização (conjunto de respostas) diz respeito à


propensão do paciente a relacionar ocorrências externas a si mesmo, quando não
existe base para estabelecer essa relação.

6. O pensamento absolutista, dicotômico (conjunto de respostas)


se manifesta na tendência a colocar todas as experiências em uma de suas
categorias opostas; por exemplo, perfeito ou defeituoso, imaculado ou mundo,
santo ou pecador. Na descrição de si mesmo, o paciente seleciona a
categorização negativa extrema”.

As crenças intermediárias são consideradas um segundo nível de


pensamento, e se dão por suposições ou regras. O sujeito pensa: “Se...então” ou
“devo” eu “tenho que”, ou seja, “tenho que ser o melhor para que gostem de mim,
se não o fizer então serei excluído dos 36 círculos sociais”. Segundo Rangé (2001,
p.51): “As crenças intermediárias refletem ideias ou entendimentos mais
profundos e são mais resistentes à mudança do que os pensamentos
automáticos”. As crenças intermediárias também podem ser chamadas de
pressupostos subjacentes ou condicionais ou de crenças associadas. Estas
formam um conjunto de crenças, em geral, coerentes que oferecem apoio às
crenças centrais com as quais apresentam relação (Kuyken, Padesky, & Dudley,
2010 apud Neufeld e Cavenage, 2010).

A Terapia Cognitiva de Aaron Beck e outras derivadas dessa


vertente, embora tenham surgido em meados da década de 50 e início da década
de 60 do século passado, obtiveram destaque e notoriedade entre os anos 80 e
90. Sendo assim, Jean Piaget já havia falecido quando a Terapia Cognitiva
conseguiu o seu posto de destaque ao lado das demais teorias consideradas
populares na Psicologia, como a Psicanálise, A Gestalt, o Behaviorismo (mesmo
a Análise Experimental do Comportamento) e a Teoria Analítica de C. G. Jung, ou
seja, as abordagens clínicas mais utilizadas atualmente pelos psicólogos.
11. REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS

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