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Ps ic o pa t o l o g ia
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Roberto Alves Banaco ■Denis Roberto Zamignani ■


Ricardo Correa M arione ■Joana Singer Vermes Roberta Kovac
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Ao se 1er qualquer manual de psicopatologia, é possível A Análise do Com portam ento deparou-se com diver-
que se sinta um grande desconforto. Quase a totalidade gências perante o modelo médico ao abordar os comporta-
de descrições de com portam entos envolvidos nas psico- mentos psicopatológicos. As principais divergências advi-
patologias será reconhecida como fazendo parte daquilo nham dos seguintes aspectos:
que você próprio faz. E com um alunos de Psicologia e • O m odelo m édico descrevia a fenom enologia da
Psiquiatria entrarem em crise quando começam a estudar psicopatologia, ou seja, descrevia m inuciosam ente
a psicopatologia e tentam identificar como separar o que com o funcionavam os com portam entos psicopa-
é normal do que é anormal. tológicos. Para a Análise do C om portam ento, essa
E assim é... E bem capaz de você fazer virtualmente tudo form a do com portam ento não é a informação mais
o que está descrito ali no manual de psicopatologia. O que importante; o im portante é a função que o compor-
vai separar o seu com portam ento do com portam ento de tam ento adquire na relação do indivíduo com seu
um portador de um transtorno psicopatológico é somente am biente
alguma dimensão do comportamento tal qual a frequência, • A M edicina procurava a etiologia da doença, em
a intensidade, a duração etc. com a qual você o emite. geral em anorm alidades do organism o, e a Análise
Cientificam ente, a psicopatologia foi prim eiram ente do C o m p o rta m e n to se p ro p u n h a a explicar e
abordada pela M edicina, que tem um m odelo bastante descrever a probabilidade, a frequência, a inten-
peculiar para estudar os eventos que “saem de um curso sidade com a qual todo e qualquer com portam ento
norm al”: conforme já visto no capítulo sobre personali- se apresenta
dade, esse modelo procura fazer um a descrição detalhada • A Psiquiatria se esforça para descrever o curso (ou
do fenômeno em foco (denominada pelos médicos “feno- o desenvolvimento) de um a doença m ental, já a
menologia”), tenta atribuir um a causa para o fenômeno Análise do C om portam ento tenta desvendar quais
(chamada de “etiologia” ou origem do desvio da norm a- são as condições que m antêm um com portam ento
lidade) e faz um esforço para descrever o curso do desen- ao ser emitido
volvimento do desvio (ou da “doença”). Esse modelo foi • Com o se não bastassem essas diferenças, o modelo
utilizado tam bém para descrever o desenvolvimento das médico batizou os problem as de com portam ento
personalidades, especialmente quando as personalidades como “doenças m entais”, e a Análise do C om por-
apresentavam manifestações “fora do normal”, ou seja, que tam ento considera que os com portam entos sejam
chamavam a atenção por causarem problemas para quem fruto de uma seleção pelas consequências, semelhan-
os apresentava ou para os outros. Daí a origem do termo tem ente à seleção natural que opera sobre os orga-
psicopatologia, ou seja, o estudo das doenças da mente. nismos: o com portam ento que, de alguma m aneira
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“funciona” para um indivíduo será mais provável do A IN D A H Á M U IT O O Q U E SER


que aquele que “nao funciona”. Essa concepção difi-
culta o entendim ento do problem a de com porta-
____________ EXPLICADO____________
m ento como fruto de um a “doença m ental” Você deve estar se perguntando: a Análise do C om por-
• E n q u an to se ten ta descrever o que é o co m p o r- tam ento tem a pretensão de explicar todo e qualquer
tam ento norm al para se identificar o anorm al na com portam ento psicopatológico? A resposta para essa
Psiquiatria, a Análise do C o m p o rta m e n to ten ta questão é: não! Especialmente no que tange à etiologia e
descrever as leis gerais do c o m p o rtam e n to , seja manutenção do comportamento psicopatológico, há ainda
ele qual for. algumas observações a serem feitas.
Foi apontado que a Psiquiatria e a M edicina procu-
Assim, a Análise do C om portam ento considera que
raram em estruturas físicas e mentais as explicações para os
a “psicopatologia” seja apenas um problem a de excesso
desvios de personalidade e de conduta, e que era pretensão
ou déficit com portam ental. O u seja, o com portam ento
da Análise do C om portam ento explicar o aparecimento
psicopatológico pode ser descrito com o um a série de
de qualquer com portam ento, norm al ou patológico, de
com portam entos excessivos ou a falta de alguns deles.
um a única m aneira ou, em outras palavras, encontrar
Em sua m aioria, os com portam entos que com põem os
um conjunto de leis que explicasse todas as instâncias do
quadros psicopatológicos não são m ais que co m p o r-
com portam ento.
tam entos típicos que ocorrem em um a frequência ou
No entanto, mais m odernam ente, alguns autores têm
intensidade que causam desconforto ou que acontecem
em um contexto inapropriado. E p o r esta razão que, sugerido que se faça um a distinção im portante: deve-se
com o citam os no início do capítulo, você verá carac- perguntar se o com portam ento transtornado é prim aria-
terísticas de seu com portam ento em quase tudo o que mente uma resposta anormal para uma situação normal ou
com põe a psicopatologia. N o entanto, os excessos ou se ele é um a resposta normal para um a situação extrema
déficits com portam entais encontrados nos transtornos ou desordenada (Falk, Kupfer, 1998). O u seja, admite-se
psicopatológicos foram selecionados na relação que aqui que alguns comportamentos psicopatológicos podem,
determ inado indivíduo estabelece com seu am biente de fato, ter sua origem em algumas estruturas físicas que
(é, p o rtan to , um a relação adaptativa), que leva a sofri- variaram de tal maneira durante a evolução da espécie que
m ento em algum grau e que apresenta reações em ocio- tais variações poderiam explicar a raridade do fenômeno
nais bastante intensas (Ferster, 1973; Sidm an, 1960; observado. Nesses casos, o comportamento poderia indicar
Skinner, 1959a; 1959b). um problem a orgânico que deveria ser explicado pelas
H á um a crença entre os analistas do com portam ento Ciências Médicas e pela Biologia (aí inserida obviamente
de que a Genética em estudos sobre as mutações, com o ocorre
“(...) o com portam ento mal adaptado pode ser em casos de autismo, por exemplo).
resultado de combinações quantitativas e qualita- Por outro lado, vários autores têm estudado, por meio
tivas de processos que são, eles próprios, intrinse- de m odelos experim entais de psicopatologia, arranjos
camente ordenados, absolutamente determinados, am bientais que podem produzir com portam entos que
e normais em sua origem” (Sidman, 1960). seriam classificados com o psicopatológicos, e estes
seriam do âm bito de estudo da Análise do C o m p o r-
A p artir dessa concepção, Ferster sugere que, para tam ento. Esses am bientes indicam que m uito s orga-
identificar um com portam ento psicopatológico, deve-se nismos “sadios” submetidos a essas situações extremadas
inicialmente olhar para categorias específicas do com por- poderiam apresentar um com portam ento que produz
tam ento cujas frequências devem ser analisadas, e que problem as.
podem facilmente ser encontradas na literatura clínica ou Essa é outra preocupação dos investigadores da psico-
deduzidas da experiência com um . Assim, por exemplo, patologia pelo enfoque da Análise do C om portam ento:
na depressão, observa-se um excesso de alguns com porta- se um com portam ento produz problemas, não seria de se
m entos (choro, reclamações, declarações verbais de nuli- esperar que ele deixasse de existir? Mais um a vez, analistas
dade etc.) e déficit de outros (rir, brincar, fazer atividades do com portam ento fazem essa pergunta, mas, em vez de
físicas, nam orar etc.). atribuir a resposta ao problema à noção de anormalidade,
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procuram as variáveis que tornam esse problem a mais ou eventos assustadores, como visões, ilusões ou percepções
menos provável, e o que o m antém, mesmo sendo subme- distorcidas, ocorrem na vida de todos, mas por curto inter-
tido a certa aversividade. valo de tem po. Às vezes, surgem em um átim o (p. ex.,
quando parece que vimos alguém que não está presente ou
ouvimos um a voz estando sozinhos em um lugar), outras
D E F IN IÇ Ã O ESPECIAL DE vezes, por ação de drogas etc., mas esses fenômenos deixam
PSIC O PA TO LO G IA : C O M O F U G IR de acontecer, voltando “ao norm al”. O com portam ento
D O ESTU D O DA A N O RM ALID A D E considerado psicopatológico dem ora a passar; é perm a-
nente, por exemplo, quando um a pessoa conversa sempre
Já foi abordado neste capítulo um conjunto de premissas com alguém que não existe. Este critério também é questio-
que tiveram que ser discutidas e adequadas à Análise do nado pela Análise do Com portamento, que tentará encon-
Com portam ento. A psicopatologia tem sido vista como trar quais são os acontecimentos que sustentam a m anu-
um com portam ento ou conjunto de com portam entos tenção desses comportam entos, novamente identificando
que seriam disfuncionais, prejudiciais, anormais. Por esta as mudanças de probabilidade de que eles ocorram.
razão, o conceito de norm alidade teve tam bém que ser Por fim, há o critério do sofrim ento. U m a das defi-
discutido e adequado aos estudos dos analistas do compor- nições encontradas na literatura para a psicopatologia
tamento. ou para problemas graves de com portam ento é: “... [um
H á quatro critérios para que se classifique um evento comportamento que] resulta em autolesão, lesão de outros,
(especialmente um evento comportamental) como normal prejuízo significativo em propriedades, e aprendizagem
ou anormal. danosa que cria obstáculo para viver em com unidade”
U m deles é o critério da estatística. N orm al é tudo o (Pagel, W hitling, 1978, a p u d Sprague, Horner, 1999).
que a m aior parte das pessoas faz, e anormal é o que só se O u seja, assume-se que tal tipo de com portam ento seja
observa em apenas um a pequena parcela da população. envolvido com controle aversivo, o qual acaba sendo um
Este critério não faz sentido para a Análise do C om por- critério respeitado pela Análise do Com portamento, já que
tam ento, já que esta explica as diferenças individuais pela vários processos comportamentais que envolvem controle
própria história de interações ocorridas na vida de cada aversivo do com portam ento produzem comportamentos
indivíduo com seu am biente físico e social. Com o cada patológicos.
um de nós tem um a história absolutamente particular, o
com portam ento não deveria ser normalizado pelo critério
estatístico. O PAPEL D O CO N TRO LE
Outro critério utilizado na literatura é de que o compor- AVERSIVO NA D ETERM IN A ÇÃ O
tam ento anorm al não obedece a leis, é caótico, não é
passível de ordenação. Novamente a Análise do C om por-
DE C O M PO R T A M E N T O S
tam ento procura leis gerais que expliquem todo e qual- PSIC O PA T O L Ó G IC O S
quer com portam ento, assumindo que, se um evento não
O controle aversivo do com portam ento foi um tema
obedece a um a lei científica, esta deve ser descartada bastante estudado entre os anos 1950 e 1970 do século 20,
como insuficiente, e não o evento ser classificado como
e depois disso teve um a limitação em seu estudo (Todorov,
anormal. O u seja, a lei é que ainda é, até onde o conheci- 2001). Vários questionamentos éticos e científicos foram
mento progrediu, insuficiente para dar conta do evento. O levantados e as pesquisas, em bora não tenham deixado
mesmo seria aplicado se o evento for um comportam ento. de existir, foram m inguando em núm ero (Andery, 2004,
Um comportam ento não explicado pela lei demonstra que comunicação pessoal). N o entanto, os processos compor-
ela deve ser reformulada. tam entais envolvidos nesse tipo de controle continuam
Um terceiro critério é o da reversibilidade,1que se rela- sendo de grande esclarecimento para a compreensão da
ciona tam bém com o incôm odo ao qual nos referimos psicopatologia.
quando da leitura de m anuais de Psiquiatria. M esm o Um dos questionamentos científicos foi levantado por
Michael (1993), quando afirmou que “punição tem sido
'O s autores gostariam de agradecer a Isaías Pessotti por ter nos lembrado
[um processo] mais difícil de estudar porque não pode ser
apropriadamente deste critério, em comunicação pessoal no ano de 2006. estudada por si só. Q uando se tem um com portam ento
Psicopatologia 157

para ser punido, significa que esse com portam ento tenha espécie. Esses aspectos do m undo são im portantes para a
sido ou ainda esteja sendo reforçado” (p. 35). sobrevivência e produzem reações nos organismos quando
Esta pode ser exatamente a pista que nos faltava para estão presentes. São chamados tecnicamente de estímulos.
explicar por que o comportamento psicopatológico, embora Encontram-se dentre esses estímulos para hum anos, por
passível de punição de várias maneiras, continua aconte- exemplo, sal, luz do sol, alimentos doces, contato físico etc.
cendo (o que lhe dá um “ar” ainda mais estranho). (Skinner, 1974). Esses são considerados estímulos incondi-
Assume-se que, para que se estude um comportamento cionados, ou seja, todos os membros da espécie que sobre-
qualquer que vá ser punido depois, este precisa, prim ei- viveram são sensíveis a ele, e não precisam de nenhum a
ramente, ser m antido por consequências que sustentem a (in) condição (condicionados) especial para que exerçam
sua emissão (que sejam reforçadoras). Assim, assumem-se controle sobre os seres humanos.
contingências conflitantes que competem na determinação N o entanto, dada a variabilidade da espécie expressa
da probabilidade de que um com portam ento ocorra: as em cada ser hum ano (p. ex., características morfológicas
reforçadoras aumentariam a probabilidade e as punitivas com o altura, cor dos olhos, form ato das orelhas etc.),
dim inuiriam essa probabilidade. C onsequentem ente, a pode-se adm itir que cada um de nós tem um a sensibili-
maior parte dos comportamentos punidos deixa de acon- dade diferente a esses (e a outros) aspectos do ambiente.
tecer, mas apenas quando as contingências reforçadoras são Tome como exemplo o órgão da visão e sua sensibilidade
de baixa magnitude e as punitivas de alta intensidade no a um aspecto do am biente im portante para nós: a luz.
controle do comportamento, ou quando há alternativas de Algumas pessoas têm os olhos bem sensíveis e um a “capa-
respostas sem punição para a obtenção dos reforçadores. cidade” (que chamamos com um ente de acuidade visual)
Q uando essas condições não puderem ser satisfeitas, e as de enxergar bem, tanto de perto, quanto de longe. Outras
operações estabelecedoras determ inarem a obtenção de pessoas podem enxergar tão mal que precisam de óculos
um estímulo importante, o comportam ento será mantido, logo cedo em suas vidas; outras, um pouco mais tarde, e
apesar do sofrimento causado pelas contingências aversivas. podem , inclusive, nascer pessoas cegas. Essa é um a das
Sidman (1989) apresentou um texto brilhante para hipo- dimensões nas quais a nossa sensibilidade à luz varia entre
tetizar como essas contingências poderiam competir entre os indivíduos.
si e produzir comportamentos psicopatológicos. E do nosso conhecimento, portanto, que alguns indi-
Por essa e outras razões, assume-se que o estudo sobre o víduos possam ter sensibilidade aum entada a gosto doce,
controle aversivo do comportamento deva ser continuado, podendo determ inar um a série de com portam entos
embora as questões éticas envolvidas nesse estudo devam problemáticos, que podem chegar a produzir obesidade
nesses indivíduos. O u tam anha sensibilidade a sal que
ser refletidas e aprofundadas (Todorov, 2001).
pode determ inar problemas de hipertensão por excesso de
consumo desse tempero. O u ainda um a extrema sensibili-
FO N TES D O C O M PO R T A M E N T O dade a contato físico que determinaria um comportamento
_______ PSIC O PA T O L Ó G IC O _______ sexual considerado socialmente como excessivo, tal qual o
encontrado em quadros de “ninfom aniá” ou “taras”.
Assim como já apontado no capítulo sobre personali- C om efeito, Sturmey, W ard-H orner, M arroquin e
dade, enquanto um padrão de com portam ento pode ser D oran (2007) afirmaram que tanto a evolução biológica
analisado pelos três níveis de seleção, os comportamentos quanto a cultural são im portantes na determ inação do
psicopatológicos tam bém serão abordados aqui dessa com portam ento, seja ele considerado normal ou psicopa-
maneira, sempre lembrando que agora estaremos falando de tológico. N o entanto, afirmam esses autores, infelizmente
comportamentos importantes para a vida em grupo social, essas variáveis não são facilmente identificáveis e suas rela-
e que determinam, de algum modo, um prejuízo para pelo ções com a psicopatologia não podem ser acessadas direta-
menos um a das pessoas envolvidas nos episódios sociais. mente. Com o se não bastasse, elas não podem ser m ani-
puladas durante a terapia. Talvez, por isso, Skinner (1953)
tenha afirmado que, sob seleção natural, a aprendizagem
O comportamento reflexo patológico reflexa apresenta aspectos do ambiente que não m udam
Os organismos, humanos ou não, herdaram certa sensi- de geração a geração, tais como gravidade ou ameaças à
bilidade a aspectos do m undo na história evolutiva da integridade física do organismo.
158 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

Seria necessário, então, acrescentar à nossa análise um a Interações entre processos


sensibilidade a estímulos adquiridos na história pessoal
respondentes e operantes
e social dos indivíduos, como, por exemplo, um a série
de drogas: tabaco, álcool, derivados de ópio etc. O reco- Vamos voltar, então, ao exemplo de pessoas que se
nhecim ento de sensibilidades diferentes neste nível pode submetem voluntariamente à dor, ou a histórias de pessoas
auxiliar no entendimento e enfrentamento dos problemas, que aceitam que outros lhe inflijam dores físicas ou psico-
bem como iniciar um a explicação dos motivos de alguns lógicas.
indivíduos (mesmo da m esm a família) apresentarem Para um a abordagem explicativa dessa “psicopato-
reações mais agressivas que outros, ou suportarem dores logia”, podemos nos basear em um experimento bastante
que causam estranhamento, ou mesmo apresentarem uma engenhoso de Azrin (1959). Nesse experimento, o autor
adicção a determinadas drogas e outros não. utilizou um pom bo que ficava confinado em um a caixa
Portanto, acrescentam-se à sensibilidade inata, já experimental, alimentando-se apenas dentro dessa caixa.
descrita, algumas histórias de pareamento entre estímulos Inicialmente, o animal deveria bicar um a chave iluminada
que tornarão estímulos neutros para a espécie bastante na parede para obter um a mistura de grãos quando preci-
controladores dos comportam entos de alguns indivíduos. sasse. Cada bicada nessa chave liberava um a quantidade
Ninguém estranharia (e sequer pensaria em tratamento) de grãos que ficava disponível por alguns segundos.
alguém que fuja de estímulos dolorosos. A m aior parte Em seguida, nem todas as bicadas do pombo produziam
dos indivíduos faz isso. No entanto, estranho é o caso das grãos: gradativamente, era exigido que o pom bo bicasse
pessoas que provocam dores ou autolesões. Esse estranha- mais e mais vezes para obter seu alimento. Então, quando
mento levou alguns autores a criar, em laboratório, sensibi- o pom bo já “trabalhava bastante” para comer, a bicada
lidades específicas a estímulos originalmente neutros para que antecedia a liberação do alim ento era seguida por
os membros das espécies. um choque elétrico de pequena intensidade. O pom bo,
Já havia a descrição de um exemplo clássico, bastante obviamente, estranhava um pouco, mas, em seguida ao
conhecido, sobre a sensibilidade adquirida a um tom sonoro choque, o alimento era liberado e ficava disponível. Então,
sobre o salivar de um cachorro. A partir de 1889, Ivan o pom bo comia.
Pavlov desenvolveu um a série de experimentos demons- O experim entador observou o com portam ento do
trando que, por um procedimento denominado “empare- pom bo e quando não identificava mais o estranhamento
lhamento de estímulos”, poder-se-ia criar essa sensibilidade do choque (um fenôm eno denom inado “habituação” a
a um tom sobre a resposta de salivar dos cachorros subme- estímulos) aum entava mais um pouco a intensidade do
tidos a ele. O u seja, a partir desse conjunto de experimentos choque. Assim que ocorria novo período de habituação,
liderados por Pavlov, podem-se considerar ainda melhor o choque ficava ainda mais forte.
as diferenças individuais observadas entre os membros de Com esse procedimento, o experimentador conseguiu
um a espécie: aqueles submetidos a determinados proce- criar um a história de vida na qual o animal passou a traba-
dimentos de pareamento podem apresentar sensibilidade lhar “para produzir choque”, ou seja, o estímulo que sina-
bastante idiossincrática a alguns estímulos específicos. Esses lizava que ele seria alimentado. Essa história ficou tão forte
estímulos, que originalmente eram neutros para a resposta que, mesmo quando o alimento foi suspenso, o animal
do organismo, passam a ser chamados de condicionados continuou trabalhando para produzir choques elétricos, o
(porque passaram por uma condição especial para adquirir que confundiu alguns observadores convidados a explicar
controle sobre as ações reflexas dos organismos). o estranho com portam ento do animal: bicar para receber
A descrição desse processo revela mais um a caracte- choques elétricos tão fortes que produziam espasmos. Esses
rística im portante na evolução das espécies e, por conse- observadores, que não haviam acompanhado a história do
guinte, da especificidade da atuação do m undo nas relações pombo com os choques associados à liberação do alimento,
de cada indivíduo: a sensibilidade ao paream ento entre só encontraram explicação na psicopatologia: esse pom bo
estímulos (Cunninghan, 1998); um a adaptação às condi- era, para eles, com certeza, masoquista.
ções ambientais que m udam rapidamente, diria Skinner Esses elementos podem se combinar de um a maneira
(1953). Elas m udam , agora, durante a história de vida de bastante similar e cruel em um a história hum ana. Imagi-
um indivíduo, sendo passíveis de estudo e manipulação nemos a história de um casal que tenha como elemento
experimental. inicial que um agrade ao outro. Os dois trabalharão para a
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m anutenção da relação com bastante afinco, e um e outro Mas um a abordagem intrigante dentro dessa linha de
podem liberar afeto em todas as ocasiões de encontro. pesquisa é a que se utiliza dos mesmos processos respon-
No entanto, a vida não suporta um a relação de paixão e, dentes, mas de maneira bastante peculiar: a adicção a drogas.
algumas vezes, um dos parceiros, por exemplo, o homem, Nesse caso, os pesquisadores acabaram por encontrar um
não responde mais com tanta frequência às buscas de afeto processo intrigante: ao serem introduzidas no organismo,
pela mulher, mas, ao fim de alguma insistência dela, acaba várias substâncias (p. ex., epinefrina, glicose, insulina, nico-
dando-lhe afeto e aceita sua aproximação. tina, anfetamina, histamina, morfina etc.) produzem dois
Essa situação repete-se, e a cada dia fica mais escassa tipos de respostas, antagônicas, em tempos diferentes.
a liberação de afeto para a m ulher por parte do homem. Vamos analisar o caso da nicotina. Ela produz, em
E ela, assim como o pom bo do experim ento, continua prim eiro tem po, um a resposta de hiperglicem ia e, em
seguida, hipoglicemia, m uito possivelmente para que o
“cuidando” da relação e trabalhando para que ela sobreviva,
corpo volte à homeostase. Considere, no entanto, que a
até que se iniciem pequenas rejeições por parte do homem,
ingestão da nicotina ocorra em determinados ambientes,
às quais a mulher se “habitua”, assim como o pom bo habi-
compostos por vários estímulos, os quais inicialmente são
tuou-se a pequenas intensidades do choque. Em seguida,
neutros para as respostas de hipo ou hiperglicemia do orga-
culpado por tê-la agredido, ainda que levemente, o homem
nismo que ingere a nicotina. Entretanto, pelo processo de
passa a liberar afeto naquela oportunidade.
condicionam ento já comentado, esses estímulos passam
Essa busca pelo afeto por parte da m ulher se intensifica,
a produzir, com antecedência, as respostas que levariam
e a agressividade por parte do hom em pode aumentar, e
o corpo à homeostase: eles produzem hipoglicemia. Com
o processo passa a ser m uito semelhante àquele descrito esse efeito, o que ocorre é que, mesmo antes de o indivíduo
para o pom bo: a m ulher produz um a briga na qual ela ingerir nicotina, que produzirá hiperglicemia, os estímulos
seja agredida (choque) e em seguida obtém o afeto preten- condicionados do ambiente estarão determ inando que a
dido (como o alimento do pom bo). N ão será difícil várias resposta de hipoglicemia ocorra.
pessoas que não observaram a história de vida do casal estra- Esse processo explicará vários fenôm enos que obser-
nharem o comportamento da mulher, e inclusive o classifi- vamos na ingestão de nicotina:
carem como comportamento de “mulher de malandro”, de • O indivíduo apresenta o que se chama de “tolerância”
alguém que gosta de apanhar ou, enfim, masoquista. à substância, ou seja, para ter os mesmos efeitos
iniciais, ele precisa de quantidades maiores
• Explica por que algumas vezes pessoas que ingerem
PSIC O PA T O L O G IA A PA R T IR DA nicotina têm um a “vontade irresistível” de ingeri-la
ANÁLISE D O C O M PO R T A M E N T O (o que se cham a “abstinência”), dado que os estí-
mulos condicionados criam um a situação de hipo-
Toda um a área de estudos experimentais debruçou-se
glicemia que exige que a glicemia seja aum entada
sobre o que se denom inou “M odelos experimentais de
(ou seja, que se ingira alguma “coisa” para que ela
problemas psicopatológicos”, e desenvolveu-se o conheci-
retorne aos níveis de homeostase)
m ento de contingências extremadas que podem produzir • Por fim, explica as recaídas... Mesmo tendo parado
um comportamento classificável como psicopatológico. A por muitos e muitos anos de ingerir nicotina, ao serem
maior parte dos modelos experimentais de psicopatologia expostos a estímulos anteriormente associados à sua
é de cunho fisio/farmacológico, mas tam bém podem ser ingestão, os indivíduos poderão voltar a usá-la.
encontrados modelos comportamentais para a determinação
de comportamentos que seriam considerados problemas. Até aqui, foram apresentados parcialmente os processos
Alguns desses estudos observaram explicações para conhecidos com o “respondentes” da psicopatologia.
problemas apresentados em quadros de fobias e ansiedade, Existem ainda outros processos, chamados de operantes,
transtorno do estresse pós-traumático, problemas psicosso- que serão apresentados a seguir.
máticos (asma, alergias), náuseas causadas por quimioterapia
(Sturmey, Ward-Horner, Marroquin, Doran, 2007) e esqui-
zofrenia. Todos esses estudos basearam-se na capacidade de
O comportamento operante patológico
estímulos condicionados adquirirem a mesma função que Trabalhando com o condicionam ento respondente,
os estímulos incondicionados teriam sobre os organismos. alguns autores deram-se conta de que ele não explicava
160 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

todos os tipos de com portam ento, fossem eles consi- C om o já afirm ado, a Análise do C om portam ento
derados norm ais ou patológicos (p. ex., T h o rn d ik e e resolveu abandonar todos esses critérios e ficou apenas
Skinner). Além do controle pelo que acontecia “antes” de com o critério do sofrimento para o indivíduo. Em nossa
o com portam ento ocorrer (um estímulo que determinava concepção, se há sofrim ento, há controle aversivo do
um a resposta), tam bém havia o controle pelo estímulo com portam ento. Mas o que faria com que esse compor-
subsequente. A esse controle, Thorndike chamou de Lei do tam ento persistisse?
Efeito, e Skinner chamou de Seleção pelas Consequências. Boa parte da análise que Sidm an (1989) fez sobre
Vamos nos ater à proposta skinneriana. os com portam entos psicopatológicos tem relação com
Com o o sistema pavloviano considerava que o compor- com portam entos de evitação de estim ulação aversiva.
tam ento dos organismos era um a resposta às mudanças Assim, Sidm an interpreta vários quadros de ansiedade
ambientais (os estímulos), ele batizou esses comportamentos e de depressão com o com portam entos que evitariam
de “respondentes”. Ao estudar uma relação diversa, agora punições m ais dolorosas do que as perdas causadas
de como ações do organismo produziam estímulos (ou por esses problem as, e outros autores (Forsyth, 1999;
produziam mudanças no ambiente), Skinner batizou-as de Z am ignani e Banaco, 2005) incluem m uitas outras
“operantes”, já que eram essas ações que operavam, “deter- funções que se entrelaçam para analisar os casos de
minavam” as modificações observadas. O mais importante, transtornos de ansiedade.
sobretudo, é que Skinner observou, estudou experimental-
Forsyth (1999) sugeriu que os transtornos de ansiedade
mente e descreveu magistralmente que mais do que operar
fossem abordados ao longo de pelo menos três dimensões
sobre o m undo essas ações sofriam tam bém mudanças
funcionais:
(fortalecimento ou enfraquecimento) a partir das mudanças
• Os estímulos causadores de ansiedade podem ser clas-
que produziam no mundo. Assim, se um indivíduo faminto,
sificados segundo suas especificidades, podendo ser
a partir de um a ação própria, produzisse comida em deter-
gerais ou específicos
m inado ambiente (p. ex., abrindo um a noz que estivesse
• A origem dos estímulos temidos ou que despertam
perto dele), essa ação ficava fortalecida (ou seja, o indivíduo,
ansiedade pode ser classificada com o interna
em presença de noz, a abriria e a comeria quando faminto;
(corporal) ou externa (ambiental)
guardaria nozes para quando estivesse faminto; procuraria
• A natureza das respostas psicofisiológicas avaliadas
nozes quando não as tivesse etc.). A esse processo, Skinner
negativamente podem ser tanto abrupta e imediata
cham ou de reforçamento positivo, porque acrescentava,
como crônica e contínua.
produzia um estímulo no ambiente.
Skinner e outros autores observaram tam bém que o
fortalecimento de um a ação poderia se dar pela exclusão Seguindo, portanto, os cruzamentos entre as 3 caracte-
de um estímulo: quando um indivíduo corre para um rísticas levantadas por Forsyth, poder-se-ia chegar a uma
abrigo ao sentir que cai um a chuva fria. Correr, nessa categorização funcional dos diversos transtornos de ansie-
situação, acaba sendo fortalecido pela remoção do estí- dade, que seriam fruto de contingências bastante distintas
mulo aversivo “chuva fria”. Esse processo foi chamado de entre si. Por exemplo, segundo o Q uadro 11.1, o trans-
reforçam ento negativo, porque subtrai um estímulo do torno do pânico poderia ser resultante de um entrelaça-
ambiente do indivíduo. m ento de estímulos gerais, originados internam ente e de
Boa parte das psicopatologias pode ser tam bém expli- natureza abrupta e im ediata (o que caracterizaria, por
cada por esses processos. exemplo, os ataques de pânico).
Vamos retom ar a concepção de psicopatologia como Já Z am ignani e Banaco (2005) apresentaram um a
descrição de um com portam ento “estranho”, já que se análise mais extensa, tentando dem onstrar a com ple-
observa, em consequência a ele, a apresentação de certa xidade com portam ental que um transtorno de ansie-
aversividade. Por essa razão, eles são raros (o que atenderia dade apresenta. A Figura 11.1 contém um a explicação
ao critério estatístico de normalidade), não obedecem a leis de com o lê-lo.
científicas (são seguidos por um evento aversivo e, mesmo Esse últim o trabalho aponta para mais um a variável
assim, se m antêm ), e não são reversíveis (são persistentes, im portante a ser levada em consideração quando se consi-
intrusivos) e atrapalham a vida do indivíduo ou daquele(s) dera um com portam ento psicopatológico: o com porta-
que vive(m) com ele. m ento verbal e a cultura.
Psicopatologia 161

QUADRO 1 1 .1 Classificação dos estímulos causadores de ansiedade segundo suas especificidades.

Especificidade Específica Geral

O rig em In te rn a o u corporal E xterna ou am bien tal In te rn a o u corporal E x tern a o u am b ien tal

N atureza A b ru p ta e C rô n ica e A b ru p ta e C rô n ica e A b ru p ta e C rô n ica e A b ru p ta e C rô n ic a e


im ed iata c o n tín u a im ed iata c o n tín u a im ediata c o n tín u a im ediata c o n tín u a

T r a n s to r n o Fobias T ran sto rn o T ran sto rn o T ran sto rn o T ran sto rn o


d e a n s ie d a d e específicas do pânico obsessivo- de ansiedade d o estresse
com pulsivo generalizada p ós-trau m ático

Aspectos verbais e culturais dos lizações m ínim as (“hum hum ”, “sei”, “hãhã” etc.) feitas
em seguida à verbalização delirante. Mais do que isso, em
comportamentos psicopatológicos
um estudo de I960 esses autores dem onstraram que as
N ão é de hoje que a Análise do C om portam ento se mesmas variáveis afetavam igualmente a fala de pessoas
debate com a dimensão verbal do com portam ento e, em consideradas normais (Salzinger e Pisoni, I960).
especial para este capítulo, tam bém do com portam ento
psicopatológico. Em dois estudos, um de 1958 e outro A intervenção sobre respostas verbais
de 1961, Salzinger e Pisoni dem onstraram que o discurso As primeiras aplicações da Análise do C om portam ento
esquizofrênico de pacientes internados eram parcialmente também foram feitas sobre respostas verbais de indivíduos
controlados pelas perguntas do entrevistador e por verba- psicóticos. Estudos relatados na literatura utilizaram-se de

Conjunto de estímulos e respostas (verbais e não verbais) presentes na situação em


qualquer ponto d a cadeia de eventos, podendo fazer parte das classes de estímulos equivalentes

Tf
Aversivo Respostas Respostas
Pré-aversivo Preocupação Autonômicos
Eiiciador O bsessão Medo,
desconforto

Estimulação
pública Estimulaçao privada

1 Contexto t
\
antecedente
-
Repertório
empobrecido j \ T r
Eliminação ou
adiamento
*\

Restrição Reforço negativo


variabilidade Esquivas de dem andas e
Resposta ansiosa
situações indesejadas. S uspensão
de interações aversivas aberta
(compulsão,
Fortalecimento Reforço positivo verificação,
da cadeia Desempenho aparentem ente evitação, fuga)
superior, atenção e cuidados

FIGURA 11.1 Possíveis relações funcionais entre eventos am bientais e a resposta ansiosa. N o esquema, as operações estabelecedoras (condições
de privação ou estim ulação aversiva) com põem , ju ntam ente com os estím ulos discrim inativos/eliciadores públicos e privados e com as res-
postas encobertas, o contexto antecedente para a emissão da resposta aberta sem a participação dos elos privados. O esquem a ainda apresenta
outras possíveis consequências que podem se seguir à resposta, além da elim inação o u adiam ento da estim ulação aversiva. Essas consequências
podem controlar a ocorrência de toda a cadeia de eventos com portam entais, fortalecendo a cadeia de eventos e restringindo a variabilidade
da resposta. C om o resultado, tem os um repertório em pobrecido e estereotipado, característico dos transtornos de ansiedade. O s estím ulos (e
respostas) presentes em qualquer po n to da cadeia de eventos podem fazer parte de classes de estím ulos equivalentes p or meio de relações de
equivalência e de generalização de estím ulos, eliciando o u evocando respostas de ansiedade.
162 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

procedimentos de extinção e reforçamento aplicados não m ente apropriadas, são emitidas respostas agressivas ou
apenas a respostas motoras, mas tam bém a verbalizações: autolesivas com a função de obter reforçadores específicos.
por meio de aplicação ou retirada de atenção por parte dos Partindo dos dados da literatura sobre o ensino de mand :
cuidadores, esses estudos dim inuíram o núm ero de falas a pacientes com desenvolvimento atípico, os autores
delirantes e aum entaram o núm ero de verbalizações com defendem que estratégias para o ensino de m andos cultu-
sentido em pacientes psicóticos (p. ex., Ayllon e Michael, ralmente apropriados podem m inimizar tais problemas.
1959; Ayllon e H aughton, 1964). Esses estudos e tantos Segundo os próprios autores:
outros que os seguiram demonstraram claramente que boa “Um a série de queixas clínicas presentes em casos
parte das falas delirantes tem um a função operante (para graves e que, portanto, são alvo de intervenção (...
um a descrição mais detalhada, ver W ong, 2006). pode ser composta de comportam entos análogos
Estes prim eiros estudos, apesar de sua simplicidade, a mandos. E possível pensar diversos exemplos de
foram de grande im portância para a época, já que, até comportamentos dessa natureza (tais como amea-
então, o com portam ento verbal delirante era considerado ças à integridade física do outro ou de si mesmo,
“intratável”. Ao dem onstrar que tais com portam entos comportam entos ditos histriónicos, déficits com-
poderiam ser influenciados por eventos ambientais, a portamentais que resultam em graves restrições ce
análise do com portam ento explicitou a dimensão social contato com o m undo físico e/ou social, dentre
dos problemas psicopatológicos e abriu uma nova frente de outros) que são mantidos pela mediação de refor-
intervenções. Ao assumir que tais comportamentos causam çadores específicos, mas apenas por alguns indiví-
sofrimento para o indivíduo ou para pelo menos mais uma duos, não constituindo um a prática da cultura.
pessoa que esteja em relação com ele e que exercem uma Tais comportamentos, presentes em casos gra-
função na interação social, a Análise do Com portam ento ves, causam sofrimento a estes indivíduos e àque-
passa, necessariamente, a explorar as variáveis culturais que les que com ele convivem, por variadas razões. A
podem determ inar a origem e m anutenção dos quadros primeira delas é que, embora produzam importan-
psicopatológicos. tes consequências via mediação do outro —e, por
O utra linha de pesquisa desenvolvida por analistas do isso, sejam mantidos - , tais comportam entos nãc
comportamento tem investigado os problemas de compor- obtêm sucesso quando o cliente interage com ou-
tam ento a partir da conceituação proposta por Skinner no tros membros da cultura. A história idiossincrática
livro Verbal Behavior ( 1957). Embora esse livro tenha sido desses clientes, no que tange à obtenção de refor-
publicado em meados dos anos de 1950, ele deu origem çadores específicos contingentemente à emissão de
primeiramente a análises conceituais, e seu impacto sobre a comportamentos destrutivos, autolesivos, histrió-
prática clínica ocorreu um pouco mais tarde, por volta do nicos etc. (p. ex., na interação com sua família),
final dos anos de 1980 (Kazdin, 1978; M acCorquodale, constitui parte do problema a ser abordado [pele
1969; Zamignani e Nico, 2007). terapeuta] (Zamignani, Nico, 2007, p. 109).
Zamignani e Nico (2007), a partir de um levantamento
sobre os estudos dos operantes verbais aplicados ao ensino U m últim o aspecto que merece ser abordado corzi
de crianças com desenvolvimento atípico, analisaram as relação ao com portam ento verbal refere-se aos estudes,
funções de queixas envolvendo com portam ento agressivo recentes sobre teorias de equivalência de estímulos e des
ou autolesivo. Estes autores defenderam que tais compor- quadros relacionais. D e acordo com Kovac, Zamigna* .
tam entos podem ser mantidos por consequências sociais, e Avanzi (2009), o avanço nessa linha de estudo torne d
cujas funções seriam análogas àquelas encontradas nos possível analisar a função do contexto social verbal naj
operantes verbais do tipo “m ando”. Essa proposta parece produção e m anutenção de problemas psicológicos.
especialmente im portante para o atendim ento a clientes Uma vez que relações de equivalência tenham sido esta-
com problemas graves e crônicos que, com uma frequência belecidas entre eventos verbais e não verbais, situações
significativa, apresentam com portam entos destrutivos ou palavras e pensam entos constituem m em bros de um â
autolesivos, com déficits nas habilidades necessárias para classe funcional. Tal situação possibilita que as situações;
interações sociais de qualidade. Em determinadas histórias remetam ao estado psicológico tanto quanto as explicações,
de interação, estabelece-se um tipo de interação idiossin- relativas aos estados psicológicos rem etam às situações
crática na qual, em vez de respostas de m ando cultural- Pérez-Alvarez (1996) afirma que “um a situação depressora
Psicopatologia 163

justificaria estar deprimido. Porém pensar deprimidamente O s aspectos culturais que Skinner ressalta para esses
e falar que se está deprim ido seria por si equivalente à efeitos são:
situação causadora [da depressão]”. • A alienação do fruto do trabalho dos trabalhadores
Essa possibilidade de análise am plia enorm em ente a • As pessoas não produzirem aquilo que consomem
compreensão de fenômenos psicológicos, dentre eles os • O seguimento excessivo de conselhos e regras
fenôm enos que com põem a psicopatologia. D e acordo • M uitas atividades contem plativas ou que exigem
com Kovac, Zam ignani e Avanzi (2009): pouquíssima ação (p. ex., o apertar de botões).
“(...) quando o assunto em questão é a psicotera-
pia, algumas questões relacionadas com o sofri- Desse m odo, segundo Skinner, o hom em ocidental
mento psicológico tornam de primordial interesse torna-se deprim ido, ocioso, irritado, p o r não entrar
a análise e a compreensão de um destes três níveis em contato com contingências que operam sobre seus
[o terceiro nível de seleção do com portam ento]. comportam entos. Pode ter tudo, sem fazer nada, ou fazer
Entende-se o sofrimento (psicológico) como uma m uito pouco, e ter m uitos estím ulos prazerosos à sua
experiência reservada aos seres humanos verbais, disposição (quadros, filmes, músicas etc.), mas tudo o
uma vez que descrever e analisar a experiência vi- que faz é ver, ouvir e assistir. O u seja, a vida m oderna
vida, assim como olhar para sua própria história evita um tipo de controle aversivo, mas im pede que o
e antecipar um sofrimento futuro, é uma experi- efeito do reforço m antenha o bem-estar dos indivíduos.
ência eminentem ente verbal [...]. Tal constatação N a m esm a linha, Sidm an analisou as im plicações do
aponta para o com portam ento verbal como algo excessivo controle aversivo que im pera nas sociedades
que produz a diferenciação do hum ano com rela- contem porâneas e interpretou vários problem as psico-
ção às outras espécies, mas que é também a base patológicos como com portam entos evitativos e de fuga
do sofrimento psicológico [...]” (Sidman, 1989).
Assim, o com portam ento relacionado com o Pérez-Álvarez (2003), adicionalm ente às questões
sofrimento clínico envolve, necessariamente, rela- apontadas p o r Skinner e Sidm an, defende que certos
ções verbais. Adquirem im portância ímpar ques- padrões de interação existentes em nossa cultura carac-
tões relacionadas com o terceiro nível de seleção, terizam o que ele cham ou de “personalidade esquizoide”
especialmente no que se refere ao comportamento (reveja o conceito de Personalidade no capítulo ante-
verbal”. rior). De acordo com este autor, o que é categorizado
nos m anuais com o um tra n sto rn o de personalidade
Partindo de tal análise, torna-se de primordial im por- não é mais que um a adaptação dos indivíduos a deter-
tância o entendim ento das relações verbais e suas nuances, m inadas exigências do m u n d o con tem p o rân eo , que
tornando o com portam ento verbal o objeto direto da produzem :
análise e intervenção terapêutica. • Frieza emocional, afetividade distanciada ou embotada
• Capacidade limitada para expressar sentimentos calo-
A análise da cultura e a psicopatologia rosos, ternos ou raiva para com os outros
Skinner, já em 1987, fez um a aterradora análise sobre • Indiferença aparente a elogios ou críticas
a cultura ocidental e os efeitos que as mudanças culturais • Preferência quase invariável por atividades solitárias
e o desenvolvimento econômico e tecnológico estavam • Falta de amigos íntimos ou de relacionamentos confi-
produzindo sobre os indivíduos. N a apresentação desse dentes
texto, Skinner afirma: • Insensibilidade marcante para com normas e conven-
“Muitos daqueles que vivem nas democracias oci- ções sociais predominantes.
dentais desfrutam de um grau razoável de fartura,
liberdade e segurança. Mas eles têm o seu próprio Tal análise compartilha com alguns aspectos da análise
problema. Apesar de seus privilégios, muitos estão apresentada por Tourinho (2009). Conforme já apresen-
aborrecidos, inquietos ou deprimidos. Não estão tado no capítulo sobre Personalidade, esse autor discute
desfrutando suas vidas. Não gostam daquilo que que, com o aum ento da complexidade das relações sociais
fazem: não fazem aquilo de que gostam. Em uma no m undo m oderno, os indivíduos passaram a se deparar
palavra, estão infelizes” (Skinner, 1987). com um enorm e rol de possibilidades para sua atuação,
164 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

sendo que os determinantes sociais foram ficando mais e O C O M PO R T A M E N T O VERBAL


mais obscuros, e gradativamente sendo substituídos por
um a noção de autodeterm inação do Ser H um ano. Ao
D O C IE N T IS T A D E T E R M IN A N D O
mesmo tempo, por encobrir as determinações do compor- O C O M PO R T A M E N T O
tam ento, esse desenvolvimento cultural levou à noção de PSIC O PA T O L Ó G IC O _______
“livre-arbítrio” e a consequente im putação de m éritos,
responsabilidades e culpas dos (bons e maus) com porta- Em o M ito da Liberdade, Skinner (1971/1977)
mentos aos próprios indivíduos. afirma:
Tal condição pode causar, quando falamos de com por- “(...) um a pessoa não se expõe apenas às contin-
tam entos passíveis de punição, estados de desamparo, gências que constituem uma cultura; ajuda a man-
ansiedade e solidão, presentes em muitos quadros psico- tê-las e, na proporção em que elas o induzem a
patológicos. fazê-lo, a cultura apresenta um a autoperpetuação.
Fuentes O rtega e Q uiroga (2005) apresentam um a (...) O que um determinado grupo de pessoas clas-
análise m uito semelhante da cultura atual ao conceituar sifica como bom é um fato: é o que os membros do
o que eles denom inam “conflito pessoalmente irresoluto grupo consideram reforçador, como resultado de
de norm as”. D e acordo com esses autores, o aum ento sua herança genética e das contingências naturais
da com plexidade das relações nas sociedades m odernas e sociais a que estiveram expostos. Cada cultura
to rn o u cada vez mais problem ático o processo de reso- tem seu próprio conjunto de coisas boas, e o que
lução das assimetrias existentes entre os indivíduos de se considera bom em um a cultura pode não sê-lo
diferentes grupos sociais. C om o agrupam ento de in d i- em outra” (p. 104).
víduos, desprendidos de seus círculos culturais iniciais e
de suas normas de funcionam ento, dá-se um a nova tota- Em acordo com essa citação, um aspecto cultural de
lidade social, repleta de enfrentam entos, pois cada uma extrema im portância que não poderia ser deixado de fora
das partes sociais defenderia seus p róprios interesses em um texto sobre psicopatologia é a determinação verbal
(privados ou coletivos) em ações que não contribuiriam do cientista para definir o que é patológico. N o último
para a estabilidade do grupo. As norm as sociais, então, século, hordas de profissionais de saúde mental debateram-
perdem a capacidade de guiar coletivam ente a relação se com as mais variadas nomenclaturas, descrições e expli-
recíproca de resolução ou igualação entre as pessoas. cações para esse fenômeno.
C onstituiu-se, então, a necessidade de um a personali- Para se ter uma ideia, a produção cultural mais moderna
zação do com portam ento ético. O indivíduo teria que que se tem sobre psicopatologia, e que dita parâmetros
agir por sua conta de m odo a solucionar os conflitos para pesquisas em saúde m ental, internações em hospi-
ou enfrentam entos entre os contextos norm ativos defi- tais psiquiátricos, condutas de medicação, pagamentos de
nidos, donde se dão os conflitos morais e a reflexividade seguros-saúde, impedimentos legais etc., é o M anual Esta-
ética. D ado o grande núm ero de variáveis envolvidas tístico de Transtornos Mentais (em inglês, que origina a
nesses conflitos entre as norm as e suas possíveis solu- sigla consagrada, DSM - Diagnostic and Statistical Manual
ções, ocorre um a proliferação de pseudorresoluções ou o f M ental Disorders). Trata-se de um compêndio form u-
quase resoluções substitutivas das norm as que incre- lado por nada menos do que 27 profissionais que coor-
m entariam a m ultiplicidade num érica de trajetórias que denam 13 grupos de trabalho, cada um com cinco pessoas
cada indivíduo poderia seguir. qualificadas ou mais, e cada um desses grupos ainda conta
Tais trajetórias parecem apresentar-se com o indivi- com 50 a 100 consultores para a elaboração dos quadros
dualizadas quando, na realidade, seriam apenas trajetó- psicopatológicos encontrados (APA, 2002, p. 21-22).
rias mais particularizadas dentro da rede de determinações Essa tentativa de classificação e descrição de doenças
sociais, trajetórias estas menos simétricas e, portanto, com mentais iniciou-se em 1840, quando o governo dos EUA
m enor valor coletivo. Segundo Fuentes O rtega e Quiroga preparou um censo no qual coletou dados sobre “idio-
(2005), é exatamente a partir do “conflito pessoalmente tism o/insanidade”. Em 1880, já eram 7 as categorias
irresoluto de normas” que se constitui o campo de relações procuradas pelo censo: mania, melancolia, m onom ania,
sociais que dariam origem aos problemas psicológicos e à paresia, demência, dipsom ania e epilepsia. Em 1945, o
própria psicologia enquanto instituição social. Código Internacional de Doenças, em sua 6â versão (CID
Psicopatologia 165

6), trouxe pela primeira vez um capítulo totalm ente desti- lização da utilização das drogas (em especial da maconha),
nado a transtornos mentais. Nele havia 10 categorias de como decorrência.
psicose, 9 de psiconeurose e 7 de transtornos de caráter,
com portam ento e inteligência.
Em 1946, apareceu a prim eira versão do DSM : um
______________RESUM O______________
com pêndio exclusivamente voltado para as doenças Este capítulo pretendeu apresentar a visão analítico-
mentais, variante do capítulo encontrado no C ID 6 (APA, com portam ental sobre a psicopatologia. A bordou os
2002), com a indicação de um pouco mais de 100 trans- fenômenos psicopatológicos como com portam entos que
tornos mentais. A versão mais m oderna publicada até o causam sofrimento ao próprio indivíduo que os apresenta,
m om ento (DSM , IV versão revisada) indica quase 400 ou a outros que com ele convivem. Dessa maneira, a inter-
transtornos da psicopatologia (van Pragg, 1997, apud pretação aponta que o com portam ento psicopatológico
Pérez-Alvaréz, 2003). tem como um a de suas fontes principais o controle aver-
M ais algumas evidências de que o com portam ento sivo. N a busca por elucidar contingências em três níveis
psicopatológico pode ser determ inado por este tipo de seleção de comportam entos, exemplificou-as no nível
de com portam ento verbal foi a exclusão, em 1973, do filogenético abordando a sensibilidade diferenciada a estí-
com portam ento homossexual do rol de desvios sexuais. mulos que cada indivíduo apresenta em relação aos outros;
Essa exclusão levou anos para ser assimilada pela cultura no nível ontogenético, abordou os pareamentos entre estí-
em geral, e em 1999 o Conselho Federal de Psicologia mulos que são peculiares em histórias de vida de algumas
no Brasil proibiu que profissionais a ele afiliados se pessoas para a explicação do com portam ento chamado de
propusessem a oferecer tratam entos psicológicos para masoquista; no nível cultural, apontou como o compor-
esse com portam ento. Ainda assim, m uitos mem bros da tam ento verbal idiossincrático e delirante dos psicóticos
sociedade brasileira consideram a homossexualidade uma pode ter função operante, como contingências culturais
doença. de avanço tecnológico podem produzir comportam entos
U m a ação semelhante tem sido esperada a respeito da chamados de irritadiços ou deprimidos e, por fim, apontou
exclusão do consum o de m aconha do rol de adicção a como os comportamentos verbais dos cientistas e profissio-
drogas na versão V do DSM . Se isso, de fato, acontecer, nais da saúde m ental podem determ inar a classificação de
pode ser esperado um grande incentivo para a descrimina- indivíduos como portadores de doenças mentais ou não.

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