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PSICOPATOLOGIA:

QUESTÕES GERAIS

Psicopatologia
Profa. Dra. Carla Soares
O ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença ou transtorno
mental – suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela
e suas formas de manifestação.

Entretanto, nem todo estudo psicopatológico segue a rigor os ditames de uma


“ciência dura”, “ciência sensu strictu”.

A psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser definida como o conjunto


de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano.
Uma das abordagens possíveis do ser humano mentalmente doente, uma
parte do que compõe o saber clínico, mas não o único saber ou conhecimento.

Em todo indivíduo, oculta-se algo que não se consegue conhecer, pois a


ciência requer um pensamento conceitual sistemático, o qual cristaliza e torna
evidente, mas também aprisiona e limita, o conhecimento.

“[...] quanto mais reconhece e caracteriza o típico, o que se acha de acordo


com os princípios, tanto mais reconhece que, em todo indivíduo, se oculta
algo que não pode conhecer” (Jaspers, 1979, p. 12).
A semiologia, tomada em um sentido
Sinais
geral, é a ciência dos signos
comportamentais
Já a semiologia psicopatológica, por objetivos, verificáveis
sua vez, é o estudo dos sinais e pela observação direta
sintomas dos transtornos mentais. do paciente

O signo é um tipo de sinal.

Define-se sinal como qualquer estímulo


emitido pelos objetos do mundo.
Sintomas- vivências
A semiologia médica e a psicopatológica subjetivas, aquilo que o
tratam particularmente dos signos que sujeito experimenta e,
indicam a existência de transtornos e de alguma forma,
patologias. comunica a alguém.
Semiotécnica - técnicas e
procedimentos específicos de
observação, coleta e descrição
de sinais e sintomas.

Semiogênese - o campo de
investigação da origem, dos
mecanismos de produção, do
significado e do valor diagnóstico
e clínico dos sinais e sintomas.
Entidades nosológicas/
Síndromes - agrupamentos
transtornos específicos -
relativamente constantes e
fenômenos mórbidos nos quais
estáveis de determinados sinais e
podem-se identificar certas
sintomas.
causas ou fatores causais, o curso
Sem identificação de
relativamente homogêneo.
causas ou curso.
FILOSOFIA E PSICOPATOLOGIA

RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO
O PROBLEMA DA CAUSALIDADE EM PSICOPATOLOGIA
O PROBLEMA DA VERDADE EM PSICOPATOLOGIA
A QUESTÃO DOS VALORES EM PSICOPATOLOGIA E NA PRÁTICA
CLÍNICA
FILOSOFIA E PSICOPATOLOGIA

RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO

PERSPECTIVAS DUALISTAS
Dualismo interacionista ou cartesiano
Dualismo paralelista
Dualismo epifenomenista
FILOSOFIA E PSICOPATOLOGIA

RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO

PERSPECTIVAS MONISTAS
Monismo espiritualista
Monismos materialistas/fisicalismos
ØTeoria da identidade mente-cérebro ou espírito-matéria
ØEliminacionismo
ØBehaviorismo analítico
FILOSOFIA E PSICOPATOLOGIA

RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO
O PROBLEMA DA CAUSALIDADE EM PSICOPATOLOGIA
O PROBLEMA DA VERDADE EM PSICOPATOLOGIA
A QUESTÃO DOS VALORES EM PSICOPATOLOGIA E NA PRÁTICA
CLÍNICA
CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA

Um campo de conhecimento que requer debate constante e


aprofundado, no qual não há e não pode haver uma teoria ou
perspectiva amplamente hegemônica.

Em psicopatologia, o conflito de ideias não é uma debilidade, mas


uma necessidade.
CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA

PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA VERSUS PSICOPATOLOGIA DINÂMICA


Psiquiatria descritiva -descrição das formas de alterações psíquicas, as estruturas dos
sintomas, aquilo que caracteriza e descreve a vivência patológica como sintoma mais
ou menos típico.

Psiquiatria dinâmica - conteúdo das vivências, os movimentos internos de afetos,


desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal, singular, não
necessariamente classificável em sintomas previamente descritos.
CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA

PSICOPATOLOGIA MÉDICA VERSUS PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL


Médico-naturalista - noção de ser humano centrada no corpo, no ser biológico como
espécie natural e universal. Adoecimento mental como um mau funcionamento do
cérebro.

Perspectiva existencial- o paciente visto como “existência singular”, como ser


lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar,
mas que é fundamentalmente histórico e humano.
CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA

PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL VERSUS PSICOPATOLOGIA


DIMENSIONAL
Categorias diagnósticas seriam “espécies únicas”, tal qual espécies biológicas, cuja
identificação precisa constituiria uma das tarefas da psicopatologia.

Perspectiva “dimensional” em psicopatologia, que seria hipoteticamente mais


adequada à realidade clínica. Dimensões (espectros)
CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA

PSICOPATOLOGIA BIOLÓGICA VERSUS PSICOPATOLOGIA


SOCIOCULTURAL
Psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou
neurofisiológicos das doenças e dos sintomas mentais.

Perspectiva sociocultural visa estudar os transtornos mentais como


comportamentos desviantes que surgem a partir de certos fatores socioculturais. Os
sintomas e os transtornos devem ser estudados no seu contexto eminentemente
sociocultural, simbólico e histórico.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO
PSICOPATOLÓGICO

POR QUE E PARA QUE DIAGNOSTICAR?


PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO
PSICOPATOLÓGICO

Imprescindível considerar os aspectos pessoais, singulares de cada indivíduo;


Diagnóstico psicopatológico aprofundado como forma de melhor compreender
o paciente e seu sofrimento e escolher o tipo de estratégia terapêutica mais
apropriado.
Relação dialética permanente entre o particular, individual (aquele paciente
específico, aquela pessoa em especial), e o geral, universal (categoria
diagnóstica à qual essa pessoa pertence).

*posicionamento de Dalgalarrondo
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO
PSICOPATOLÓGICO

A legitimidade do diagnóstico psiquiátrico sustenta-se na perspectiva de


aprofundar o conhecimento, tanto do indivíduo em particular como das
entidades nosológicas utilizadas.
Isso permite o avanço da ciência, a antevisão de um prognóstico e o
estabelecimento de ações terapêuticas e preventivas mais eficazes.
Além disso, o diagnóstico possibilita a comunicação mais precisa entre
profissionais e pesquisadores.
*posicionamento de Dalgalarrondo
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO
PSICOPATOLÓGICO
1. Baseado principalmente em dados clínicos.
2. Não é baseado em mecanismos etiológicos supostos pelo avaliador (salvo
em quadros psico-orgânicos).
3. Não existem sinais ou sintomas psicopatológicos específicos de
determinado transtorno mental.
4. Feito através da observação do curso do transtorno.
5. Deve ser sempre pluridimensional (dimensões clínicas e psicossociais)
6. Confiabilidade e validade dos procedimentos diagnósticos em
psicopatologia
ENTREVISTA

Entrevista inicial, na qual realiza-se a anamnese, ou seja, o recolhimento de


todos os dados necessários para um diagnóstico pluridimensional do paciente,
Exame psíquico é o exame do estado mental atual, realizado ao longo da
entrevista.
Exame físico geral e neurológico*
Avaliação psicológica/psicodiagnóstico e avaliação neuropsicológica (com uso
de testes)
Exames complementares*
ENTREVISTA

Na anamnese, o entrevistador se interessa tanto pelos sintomas


objetivos como pela vivência subjetiva do paciente em relação
àqueles sintomas, pela cronologia dos fenômenos e pelos dados
pessoais e familiares. Além disso, o profissional permanece atento
às reações do paciente ao fazer seus relatos.
ENTREVISTA

O QUE EVITAR NA PRIMEIRA ENTREVISTA?


ENTREVISTA

1. Local com pelo menos o mínimo de privacidade e conforto;


2. Apresentar-se ao paciente e, então, explicar brevemente o objetivo da entrevista.
3. Buscando estabelecer um contato empático com o indivíduo, iniciar com as
perguntas gerais sobre quem é ele.
4. Qual o seu problema? (O que o traz aqui? Sente que algo não vai bem?)
5. Como começaram seus problemas? Como tem passado nos últimos anos (meses
ou semanas)?
6. Quais tratamentos fez até hoje? Quais foram os resultados desses tratamentos?
7. De onde vêm seus problemas? (Alternativa: A que atribui os seus problemas?)
ENTREVISTA

8. Observar e descrever com detalhes a aparência física, comunicação não verbal e


aspectos psíquicos gerais do paciente.

9. Verificar o impacto que o paciente causa no entrevistador.

10. Utilizar linguagem e vocabulário compatíveis com o nível intelectual do paciente,


adequados ao seu universo cultural e aos seus valores morais e religiosos.

11. Perguntas mais abertas para os pacientes com bom nível intelectual e perguntas
mais estruturadas para aqueles com déficit intelectual, quadros demenciais ou
muito desestruturados.
ASPECTO GERAL DO PACIENTE E COMUNICAÇÃO
NÃO VERBAL

PARA QUE SERVE O COMPORTAMENTO NÃO VERBAL?


ASPECTO GERAL DO PACIENTE E COMUNICAÇÃO
NÃO VERBAL

Análise dos sinais emitidos inclui aspectos como

1) o ambiente da comunicação no qual ocorre o encontro


das pessoas;

2) a aparência física das pessoas em interação;

3) a proxêmica;

4) os vários movimentos corporais – gestos relacionados


à fala; gestos independentes da fala (ilustrativos ou não,
com ou sem função); postura; comportamento tátil;
expressões faciais; comportamento ocular.

5) a “paralinguagem” (entonação, pausas, silêncios)

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