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DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA GERAL II

Prof. Camila Muhl


E-mail: camila.muhl@fae.edu

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Favorecer o conhecimento dos fenômenos psicopatológicos básicos, que


constituem os quadros clínicos na adultez e velhice, classificados conforme os
manuais de transtornos mentais (Código internacional de doenças em sua
versão 10 - CID-10; e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
– DSM-5). Propiciar aos alunos a identificação e descrição dos diferentes
quadros nosológicos. Refletir sobre a etiologia, evolução, efeitos
neuropsicológicos e psicofarmacologia dos diferentes distúrbios mentais.
Apresentar métodos e instrumentos de avaliação.

EMENTA

Classificação diagnóstica, nosológica e etiológica segundo organizações


internacionais. Noções de epidemiologia. A formação dos sintomas nos
quadros das neuroses, psicoses e perversões. Sintomas, sinais, características
e alterações afetivas, psicomotoras e intelectuais presentes nos transtornos
psicopatológicos. Perspectivas de tratamento.

CONTEÚDOS PROPOSTOS

1. EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS


2. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E DIAGNÓSTICO
3. ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES PSÍQUICAS
4. O EXAME DO ESTADO MENTAL
5. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS E CÓDIGOS DOS TRANSTORNOS
MENTAIS

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BARNHILL, J. W. Casos clínicos do DSM-5. Porto Alegre ArtMed 2015.


SADOCK, B. J. Compêndio de psiquiatria ciência do comportamento e
psiquiatria clínica. 11. Porto Alegre ArtMed, 2017.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e
de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas.
Porto Alegre, RS: Artmed, 1993.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
AMARAL, A. E. V.; YAZIGI, L. (Coord.). A psicopatologia fenômeno-estrutural.
São Paulo, SP: Casa do Psicólogo, 2010.
CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2011.
FOUCAULT, M. História da loucura: na idade clássica. São Paulo:
Perspectiva, 2010.
KYRILLOS NETO, F. ; CALAZANS, R. (Coord.). Psicopatologia em debate:
controvérsias sobre os DSM's. Barbacena, MG: Universidade do Estado de
Minas Gerais, 2012.
PAIM, I. Curso de psicopatologia. 11. ed. rev. ampl. São Paulo: E.P.U.,
1993.

LIVROS EXTRAS RECOMENDADOS:

Para análise da depressão no uso da medicação: Anatomia de uma Epidemia


(pelo uso da dopamina).

Livro para entender a psicologia genética: A genética não liberal (Sara....)


Faz uma crítica de como os genes são apresentados. O gene não faz nada, ele
constitui o nosso DNA>

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

As avaliações formais envolverão questões discursivas e de múltipla escolha.


As atividades pontuais serão desenvolvidas em grupo e outras individualmente,
e avaliação será com base em critérios, tais como: a expressão clara de ideias,
a identificação dos conceitos trabalhados, a capacidade de estabelecer relação
entre os conteúdos aprendidos e situações práticas analisadas.
Avaliações formais N1 e N2 com peso de 70% (prova sobre o conteúdo
fundamental)
Avaliações pontuais N1 e N2 com peso de 30% (explorar nossas percepções)
Avaliação substitutiva N3 com peso de 100%.

Será 1 trabalho por bimestre e 1 prova que poderá ser em equipe ou individual

10/03/22 – Apresentação da disciplina

No SUS é usado o CID-10 que é a Classificação de “todas” as doenças, inclusive


gravidez e o Transtorno Mental em um capítulo específico. Falar de CID é falar de um
Sumário, um código de doenças. O CID-10 está sendo substituído pelo CID-11 que
passou a valer agora em fevereiro/2022, a questão dos Transtornos Mentais não
alterou muito. Mas há a revisão do espectro autista e a inclusão de doenças de
trabalho, como burnout e outras. O DSM é só de Transtornos Mentais e é um
instrumento um pouco mais usado pelos psicólogos, e são na verdade considerados
ferramentas. Na forma de funcionar ambos são parecidos, e há equivalência no DSM
em relação ao CID. Trabalharemos com o DSM porque o novo CID não está traduzido
para o Português. Ambos são ferramentas para nos ajudar nos diagnósticos.
Precisamos dos códigos porque áreas diferentes tratam doenças e transtornos de
formas diferentes. Quando estamos no CAPS que é o serviço do SUS especializado
em pessoas especiais, temos profissionais que estão preocupados com diversos
fatores e precisam “conversar” numa linguagem comum para entender os índices de
doenças e podermos entender os fenômenos da mesma forma.

Nessa disciplina, não usaremos a classificação das estruturas clínicas da Psicanálise


como Neurose, Psicose, Perversão e Autismo, mas sim a classificação delas no
CID-10 e no DSM-5.

O objeto de estudo da Psicologia pode ser definido como as “funções psicológicas”.


Precisamos evitar de cair na armadilha que temos psicologias diferentes. Podemos até
dar destaque a uma área, mas não podemos deixar de pensar na Psicologia como um
todo sempre.

Quando as funções psicológicas são objeto de estudo da Psicologia, estamos falando


da apresentação normal das funções psicológica, ou seja, estamos falando de algo
que estamos compreendendo. Mas se tivéssemos uma alteração na linguagem da
função psicológica, estamos falando de uma anomalidade e aí estamos falando da
Psicopatologia. Ou seja, quando estudamos as apresentações normais elas nos
ajudam a compreender, esclarecer as anormais.

Ao entender as alterações psicológicas, como por exemplo, o afeto, e percebemos que


ele está alterado, automaticamente podemos pensar que existe um transtorno mental
de ordem afetiva que está classificado no DSM-5. Outro exemplo, transtornos de
pensamento, muitas vezes podemos estar falando de sintomas psicóticos que estão
na nosologia do DSM-5.

Consideramos alterações psicológica que não sejam apenas de ordem


fisiológica. O caso do Coringa ele não tem Transtorno mental, ele teve uma pancada
na cabeça que causou uma lesão no cérebro de ordem biológica, que apesar de ele
falar diferente, não é considerado um transtorno mental. Se há uma questão biológica
primeiro, é preciso tratar nessa ordem primeiro, não ir para a psicopatologia.

Uma pessoa que faz uso de álcool excessivo, causa a depressão porque baixa os
níveis de.....e é preciso primeiro retirar o álcool, e avaliar se a depressão em si é
diminuída, eliminada. Na causa de um transtorno mental há causas de fatores
biológicos, mentais e também social. Nem sempre buscar e descobrir a causa pode
ser a solução para tratar um transtorno mental. Mas ao avaliar um paciente que faz
uso abusivo de álcool e está demonstrando sintomas de uma psicose, é possível que
a origem a ser tratada é esse consumo do álcool. Assim como uma intoxicação pode
levar a um quadro de psicose.
Uma vez um paciente acometido com a psicose, ao suspender o elemento tóxico pode
eliminar por completo, mas se havia um componente genético existente, e o álcool foi
um gatilho, mesmo eliminando o elemento tóxico ele continuará a se mostrar presente.

Psicopatias são casos muito, muito raros e não iremos explorar.

Essa disciplina terá muito foco na fenomenologia.

FENOMENOLOGIA

Tem sempre o foco nas coisas mesmas.


A primeira tarefa do fenomenológica é sempre uma descrição detalhada.
Primeiro temos que olhar a pessoa que está na nossa frente sem nenhuma
interpretação preliminar. Temos que primeiro nos direcionar a ela, ir ao encontro dela e
ouvi-la. No caso específico da psicopatologia, precisamos olhar e nos aprofundar nos
sintomas que ali se apresentam, interpretar e depois fazer a terapêutica.

DIAGNÓSTICO

Qual é a relação do diagnóstico com o componente clínico?


Possibilita uma chegada à Psicoterapia, um caminho para escutar o paciente.

PSICOLOGIA CLÍNICA

A palavra clínica vem da ideia de se debruçar sobre o leito. Quem está num leito é a
pessoa doente. Então ao falar de psicologia clínica já remete a doença. A psicologia
surge (segundo Foucault) para devolver a norma à quem está fora da norma. Sempre
teve uma associação com a doença. O fato de não percebermos a doença não
significa que não esteja presente. Então é compreensível que a psicologia trata do
que é normal e do que é anormal e vamos falar do ajustamento de conduta.

Portanto o Diagnóstico é usado o tempo todo na clínica. Classificar é algo natural da


vida. Reduzir as pessoas em classificações é um mal uso das ferramentas. Mas nossa
prática passa por ferramentas.

Estamos falando dos processos de saúde e doença para chegarmos no diagnóstico.


Saúde e doença são “processos” e não estados físicos imutáveis. O que significa que
uma pessoa que tem um determinado diagnóstico, não seja aquele sintoma. Pois há
todo um processo, um contexto que está fazendo aquele sintoma acontecer. O
diagnóstico é apenas uma foto que congela o momento. Obviamente é impossível
considerar toda a vida de uma pessoa nesse diagnóstico, então será um recorte, mas
um recorte daquele momento de um processo dela.

A saúde é a capacidade adaptativa do indivíduo de responder ao meio, colocada para


ele. Quando uma situação é colocada ao individuo ele responde, reage a ela. Por
exemplo: quando recebemos a notícia da morte de uma pessoa próxima e seguimos a
vida como estávamos seguindo não é algo normal. Reagir é normal, não reagir, ficar
apático, sem emoção ou ação é uma doença. Automaticamente a doença acontece
quando a reação que se tem não é adequada, como seguir a vida como se nada
tivesse acontecido. Saúde é quando a pessoa consegue lidar com as suas dores, suas
decepções. No caso da esquizofrenia, que surge por volta dos 18 anos, e não trata
isso.

O transtorno mental é considerado um fenômeno humano.

Saúde é quando a pessoa consegue lidar com os seus processos e doença é


quando ela não consegue pedir ajuda.

Diagnosticar, portanto, é entender em que lugar desse processo essa pessoa está no
momento da vida dela. E ser saudável também é um sinal de saúde. Então não
necessariamente diagnóstico é ter uma doença. Por isso é importante sabermos que o
ponto de referência do diagnóstico é a própria pessoa e não um modelo ideal.

Quando uma pessoa desaparece por depressão, não iremos usar o referencial apenas
do DSM, vamos também usar o referencial dessa pessoa. Significa ouvi-la,
compreendê-la e tentar como esse processo a fez chegar aqui. Então usaremos
sempre a própria pessoa para fazer o diagnóstico e não apenas o DSM. Então o
diagnóstico será sempre um momento de encontro entre duas pessoas (paciente e
psicólogo) se encontrando. A subjetividade surge nesse encontro. O diagnóstico
acontece ou não e não se torna necessário na psicologia para tratar uma pessoa.
Com isso o diagnóstico não pode ser o ponto de partida para cuidar de uma
pessoa, mas sim A PESSOA em si é o ponto de partida.

Então o foco nunca será o diagnóstico, e sim a pessoa. Por isso sempre falaremos: “a
pessoa COM transtorno mental, com depressão”. Ela não é o transtorno mental, a
depressão. É o estado em que ela se encontra. Por muito tempo se fez uma redução
do paciente a um transtorno, mas isso não pode mais ser considerado.

É preciso reconhecer um sintoma porque nem sempre é possível vermos e o paciente


pode nos ajudar a isso.

Na maioria das vezes vamos precisar acessar os fenômenos pela linguagem do


paciente. Mas ele muitas vezes não vai conseguir descrever.

SINTOMA

O Sintoma qualitativo aparece como? Ele aparece ou não, se ele aparece como ele
está presente (característica).

Exemplo, a Ansiedade é quantitativa porque são corpóreas. Estamos falando de


sudorese, da qualidade do sono, da quantidade de alimentos ingeridos. Quando
trazemos parâmetros de frequência, temporalidade. Temos sempre que usar a pessoa
como parâmetro.

Exemplo: um dos sintomas do TOC é a pessoa fazer coisas repetitivas. Muitas


pessoas que têm TOC apresentam um comportamento alterado antes dos sintomas se
apresentarem, como a questão de lavar as mãos que mudaram com a entrada da
pandemia.

Os aspectos onde a pessoa está inserida afeta o transtorno mental. A presença de um


agente externo pode desencadear um transtorno em função do fator de proteção.

O racismo tem um fator muito importante na questão do transtorno mental. Os


indígenas são sempre atravessados por questões discriminatórias e ameaçadoras que
causam transtornos e um elevado índice de suicídios.

Uma pessoa com Transtorno Mental não consegue saber o que vai fazer daqui uma
hora, um dia, uma semana, um mês etc. Porque ela está vivendo tão intensamente o
sofrimento dela que não consegue se imaginar fora dela ou pensar no futuro.

E a pessoa com Transtorno Mental é muito rígida, ela não consegue se flexibilizar com
as adversidades que surgem.

17/03/22 – Conceitos básicos em Psicopatologia

Leitura obrigatória: Doença psíquica e vulnerabilidade antropológica (Thomas


Fuchs) - Resumo (Alisson):

Introdução

 Por que existe doença psíquica?


 Causas possíveis:

* Influências genéticas para:


- Disfunções neurobiológicas;
- Fatores de personalidade;
- Vivências de infância marcantes ou traumatizantes;
- Conflitos pulsionais inconscientes;
- Correspondentes formações de sintomas.

* Condições sociais como:


- Falta de recursos materiais e emocionais;
- Experiências de exclusão e discriminação;
- Migração, etc.

Na perspectiva da antropologia filosófica e psiquiátrica, pergunta-se pelas


* Condições de possibilidade que podem fazer os seres humanos adoecerem
psiquicamente. O que os tornam tão suscetíveis ou vulneráveis a doenças
psíquicas?

O autor vai se basear:

I. nos fundamentos da vulnerabilidade antropológica com Jaspers


II. na contraditoriedade da organização psíquica e forma de existência
do ser humano.

I. Vulnerabilidade Antropológica

- O ser humano, diferente dos animais, precisa adquirir passo a passo sua
certeza comportamental.
- Córtex frontal e funções executivas só amadurecem a partir do 25º. Ano de
vida.
- O comportamento humano é determinado por esquemas e papéis culturais
que substituem os instintos, e que deixam os seres humanos indefinidos e não
completamente determinado.
- Seres humanos são livres para se constituírem, se estruturareme conduzir
suas vidas por meio de suas decisões e ações do seu próprio desenvolvimento.

Essa abertura traz consigo inúmeras possibilidades de distúrbio, em especial


para a ANGÚSTIA.

- De: um papel inicial de sobrevivência que ativa um sistema de alerta, em vista


de um perigo e prepara o organismo para a fuga ou ataque,
- Para: uma reação do indivíduo a ameaças sociais e existenciais.

Causas principais:

 perda de proteção da mãe (criança pequena)


 perda do contato com o grupo: aposentadoria, demissão, cancelamento
(angústia da desagregação)
 perdas que acionem situações de separação por morte (luto),
 perdas de status (rejeição, frustração).
 conflitos entre necessidades egocêntricas e mandamentos sociais da
comunidade (angústia social e fundamental).
 capacidade humana de imaginar, prever, prevenir, planejar e se
antecipar do futuro (possíveis riscos como doenças, perdas, separações,
miséria, guerra e morte).
 consciência da própria vida e da morte (angústia existencial).
 capacidade de autopercepção e autoavaliação.

Consequências:
- Distúrbios histriônicos, narcísicos e depressivos;
- Fobias sociais;
- Hiperrreflexibilidade (foco em algo muito específico – consciência
excessiva);
- Despersonificação;
- Hipocondria;
- Anorexia;
- Distúrbios de alimentação.

II. Vulnerabilidade existencial

Consiste em que doentes psíquicos mostram uma especial sensibilidade ou


sensitividade para as contradições da existência humana.

- Contradições entre autonomia e dependência;


- Liberdade e segurança;
- Auto realização e culpa;
- Vontade de viver e certeza da morte.

Essas são situações, nas quais vem à lume uma condição fundamental da
existência até aqui encoberta ou reprimida e que não se deixa mais negar:

- A inexorabilidade da liberdade e da decisão;


- A inevitabilidade da divisão ou da culpa;
- A vulnerabilidade do próprio corpo;
- A solidão fundamental do existir;
- A finitude.

Jasper vai falar de mecanismos de defesa, que protegeriam o indivíduo das


impertinências difíceis de suportar da existência. São assunções (condições)
que escamoteiam ou negam as contradições da existência, tais como:

(1) O mundo está arranjado de maneira justa. Se eu me empenhar o


bastante ele também vai (Typus Melancholicus).

(2) Desde que eu não faça nada de errado, nada de ruim vai me acontecer
(Typus Melancholicus).

(3) Se eu me submeter a outros, posso contar com sua proteção e


condução (defensivismo dependente).
(4) Se eu fizer tudo perfeito, terei a vida sob controle e não poderei ser
surpreendido por nada de inesperado (defensivismo
perfeccionista/anancástico).
(5) Se eu sempre realizar mais, ou se eu sempre subir mais alto, a morte
não poderá me tormar nada (defesa narcística).

Surgem também as angústias diante:

- Da causalidade e da incalculabilidade existência;


- Da ausência de justificação da própria existência;
- Do inevitável ser-culpado;
- Da inaceitável liberdade do ser-si-mesmo;
- Da constrangedora limitação das próprias capacidades e possibilidades.

As contradições e impertinências do existir não se deixam mais recusar e


tornam-se ocasiões para severas crises psíquicas ou adoecimentos.

Proposta de Tratamento

Terapia que conduza o paciente a uma maior abertura para seus conflitos
existenciais fundamentais, com a possibilidade de reconhecimento e aceitação
das condições precárias e limitadas da sua condição humana.

Que apoie o paciente na tarefa de pôr em questão sua estrutura existencial de


defesa, e de encontrar uma nova forma para sua vida, sendo responsável por
ela mesma.

Faze-lo obter um entendimento desses conflitos essenciais fundamentais para


ajudá-lo a reconhecer as implicações existenciais de sua crise e não a
compreender como somente um infortúnio da qual ele mesmo é culpado, mas
de que todos participamos e também sofremos, cada qual em diversos graus.

Comentários em sala:

O autor tem uma abordagem muito específica dentro da psicologia e da


psicopatologia. Alguns autores da Psicanálise como Freud trazem essa
abordagem do efeito que as estruturas clínicas não estão atreladas às
questões orgânicas. Haverá sempre uma possibilidade de conversa entre as
escolas, mas algumas delas, não conseguem dialogar (se tornam herméticos).
Yamamoto vai dizer que alguns psicólogos trabalham com 3 linhas diferentes
na clínica, mas isso pode ser muito perigoso também.
Posição excêntrica a forma que o humano consegue se ver a partir do olhar do
outro.

Hiperreflexibilidade é quando focamos em algo muito específico, perdemos o


contexto em que esse algo está inserido. A hiperreflexibilidade está muito
associada à insônia. Exemplo: ao ir dormir você começa a refletir sobre um
evento como o tombo que levou e começa a lembrar de tudo o que aconteceu,
e começa a analisar, a se cobrar, se julgar e começa a pensar que precisa
dormir e então não consegue dormir. Ou seja, passamos a prestar tanto
atenção em algo muito específico. A hiperreflexibilidade é um sintoma, uma
alteração de função psicológica, que causa um transtorno mental.

Para ajudar a insônia é recomendado, por exemplo, a leitura.

No CAPs 98% das pessoas tem insônia (padrão de sono que incomoda todos
os dias). Mas muitas dessas pessoas não estão no lugar de dormir, não criam,
não tentam fazer o seu ritual de sono ou técnicas de distração como a leitura, a
oração. No DSM a insônia é um quadro separado.

Frankel estava atendendo um paciente que tinha como função o trabalho de


escrever. Ele ficava muito preocupado com a própria escrita e quanto mais se
preocupava mais ilegível ficava a escrita dele (hiperreflexibilidade). Frankel vai
pedir para ele pegar um papel e pede para fazer vários riscos, escritos, sem
pensar em palavras, e aos poucos ele começou a escrever naturalmente de
forma clara, ou seja, ele saiu daquele foco do problema, se distraiu e conseguir
reorganizar o pensamento.

Em relação aos animais, não conseguimos acessar o que de fato eles tem
como recurso do uso racional. E o que nos difere dos animais são as funções
básicas psicológicas e não apenas a nossa racionalidade. Com isso temos uma
complexidade tão grande que podemos comparar isso com a forma que a
humanidade lida com a informação em seus diversos contexto.

Porque temos transtorno mental tem a ver com as questões antropológicas.

SUBJETIVIDADE

Cada um de nós é um sujeito e somos entendidos no caráter subjetivo de


acordo com as nossas funções psicológicas, como por exemplo a memória. Se
perdermos a memória perderemos a nossa essência.

O conceito chave da subjetividade é a consciência. Quando pensamos as


tópicas do aparelho psíquico, temos quadros específicos.
Aqui não, consciência na fenomenologia é a atividade. Com isso é a
intencionalidade (direcionado para algo), ou seja, não existe a consciência no
vazio, ou do nada. A minha consciência sempre será algo, de algo. Por isso é a
mente, a psique é atividade produzida pelo nosso cérebro e está sempre
voltado para alguma coisa.

O Sujeito está sempre voltado para algo, para algo no mundo, inclusive sobre
si mesmo. Ele pode sair e olhar para si mesmo. Quando o sujeito vai para o
mundo, as coisas o atravessam, impactam ele, então o mundo volta para o
sujeito. E não depende das funções orgânicas do córtex pré-frontal, não tem
essa relação, porque se o cérebro está parado, não há atividade psíquica.

Nas nossas relações estamos sempre “intencionando”, ou seja, surge então a


Intersubjetividade. Com isso a nossa subjetividade na fenomenologia é a
intersubjetividade, porque não há como o ser humano sobreviver sozinho na
sua subjetividade. Um exemplo disso é a linguagem, que não aprendemos
sozinhos, nos se constituímos na relação com o outro.

A dicotomia clássica na sexualidade teremos as teorias que vão focar muito no


sujeito e outra no objeto (mundo, coisas ao redor). A fenomenologia aqui vai
dizer que precisa dos dois, sujeito e objeto, mas aqui ela vai focar o sujeito que
é quem dispara a ação. Algumas teorias pró estruturalistas vão questionar isso.

CONCEITOS BÁSICOS EM PSICOPATOLOGIA

Texto: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos


Transtornos Mentais. Artemed Editora S.A. 2ª. edição. São Paulo. 2008.

A psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser definida como o conjunto


de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano. Tem boa
parte de suas raízes na tradição médica (na obra de grande clínicos e
alienistas do passado) que propiciou, nos últimos dois séculos, a observação
prolongada e cuidadosa de um considerável contingente de doentes mentais.

A psicopatologia é, uma ciência autônoma, e não um prolongamento da


neurologia ou da psicologia. Karl Jaspers (1883-1969), um dos principais
autores da psicopatologia, afirma que esta é uma ciência básica, que serve de
auxílio à psiquiatria, a qual é, por sua vez, um conhecimento aplicado a uma
prática profissional e social concreta. Ele é muito claro em dizer que nunca se
pode reduzir por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos.
O domínio da psicopatologia segundo ele, estende-se a “todo fenômeno
psíquico que possa estender-se em conceitos de significação constantes e com
possibilidade de comunicação” (p.28)

Em todo indivíduo, oculta-se algo que não se pode conhecer, pois a ciência
requer um pensamento conceitual sistemático, que cristaliza, torna evidente,
mas também aprisiona o conhecimento. Quanto mais se “conceitualiza”, ou
seja, mais se reconhece e caracteriza o “típico”, mais se reconhece que em
todo o indivíduo se oculta algo que não pode conhecer. Com isso a
psicopatologia sempre perde aspectos essenciais do homem, sobretudo nas
dimensões existenciais, estéticas, éticas e metafísicas. Sempre haverá algo
que transcenderá à psicopatologia e mesmo à ciência, permanecendo no
domínio do mistério.

SEMIOLOGIA

A Semiologia, tomada em um sentido geral, é a ciência dos signos, não se


restringindo obviamente à medicina, à psiquiatria ou à psicologia. É campo de
grande importância para o estudo da linguagem (semiótica linguística), da
música (semiologia musical), das artes em geral e de todos os campos de
conhecimento e de atividades humanas que incluam a interação e a
comunicação entre dois interlocutores por meio de um sistema de signos

SEMIOLOGIA MÉDICA

Entende-se por semiologia médica o estudo dos sintomas e dos sinais das
doen- ças, estudo este que permite ao profissional de saúde identificar
alterações físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular
diagnósticos e empreender terapêuticas.
Embora esteja intimamente relacionada à linguística, a semiologia geral não se
limita a ela, posto que o signo transcende a esfera da língua; são também
signos os gestos, as atitudes e os comportamentos não-verbais, os sinais
matemáticos, os signos musicais, etc

SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA

É por sua vez, o estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais.

Além de tal dimensão de indicador, os sintomas psicopatológicos, ao serem


nomeados pelo paciente, por seu meio cultural ou pelo médico, passam a ser
“símbolos linguísticos” no interior de uma linguagem. No momento em que
recebe um nome, o sintoma adquire o status de símbolo, de signo linguístico
arbitrário, que só pode ser compreendido dentro de um sistema simbólico dado,
em determinado universo cultural. Dessa forma, a angústia manifesta-se (e
realiza-se) ao mesmo tempo como mãos geladas, tremores e aperto na
garganta (que indicam, p. ex., uma disfunção no sistema nervoso autônomo), e,
ao ser tal estado designado como nervosismo, neurose, ansiedade ou gastura,
passa a receber certo significado simbólico e cultural (por isso, convencional e
ar- bitrário), que só pode ser adequadamente compreendido e interpretado
tendo-se como referência um universo cultural específico, um sistema de
símbolos determinado.

O estudo da DOENÇA MENTAL, como o de qualquer outro objeto, inicia pela


observação cuidadosa de suas manifestações. A observação articula-se
dialeticamente com a ordenação dos fenômenos. Isso significa que, para
observar, também é preciso produzir, definir, classificar, interpretar e ordenar o
observado em determinada perspectiva, seguindo certa lógica.

A psicopatologia fundamental dá ênfase à noção de doença mental como


páthos, que significa sofrimento, paixão e passividade. O páthos segundo
Berlinck (1977), é um sofrimento-paixão que, ao ser narrado a um interlocutor,
em certas condições, pode ser transformado em experiência e enriquecimento.
(p.38)

SLIDE: SAÚDE MENTAL: O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO (OMS)

É quase impossível definir saúde mental de uma forma completa em função


das diferenças culturas;

De modo geral, concorda-se que a saúde mental é algo mais que a simples
ausência de transtornos mentais;

A OMS está sempre trabalhando com construções em relação a saúde que não
são negativas, como fazem, por exemplo: “saúde é não ter doença”. Ela vai
falar de uma forma mais positiva, como:

Saúde mental abrange o bem-estar subjetivo, a auto-eficácia percebida, a


autonomia, a competência e a auto-realização do potencial intelectual e
emocional da pessoa.

Não é ter saúde mental enquanto algo material, mas sim como os processos
que nos fazem se sentir bem, e também funcionar bem socialmente.

SLIDES: CAUSAS DOS TRANSTORNOS MENTAIS


Causa como algo necessariamente de multicausalidade, ou seja, mais de um
fator que interfere, sendo:

Fatores biológicos

Fatores sociais Transtorno Mental

Fatores psicológicos

SLIDES: CAUSAS DO TRANSTORNO MENTAL (OMS)

São três níveis de fatores que se atravessam entre si para se desenvolver o


Transtorno Mental:

Fatores biológicos:

>Temos fatores em relação a idade (por exemplo a esquizofrenia vai começar


a partir dos 18 anos. Por sexo em sermos macho ou fêmea.

>Sexo: Dentro da epistemologia há transtornos que afetam mais os homens e


outras mais as mulheres.

>Comunicação neuronal: atualmente é uma das coisas mais pensadas:


seratononima, dopamina, como essas substãncias estão afetando nosso
cérebro.

>Genética: talvez o transtorno mental que se tenha mais clareza dessa ordem
é a esquizofrênia, mas ainda não foi possível compreender como é essa
transferência genética.

>Gravidez: estresse pós-traumático, ou quando a gestante que teve má


alimentação e poderá afetar a criança, que poderá ocasionar um transtorno
mental. Nutrição e uso de drogas.

Fatores psicológicos: todos temos o aparelho psíquico com as nossas


constituintes. Há algumas coisas desse aparelho psíquico que poderão
interferir na vida adulta. Exemplo: falta de afeto na primeira infância;
comportamento mal-adaptativo e falta de resiliência. Exemplo: surge uma
situação e não se consegue lidar com essa situação, fica batendo em ponta de
faca. Resiliência tem a ver com a adaptação, aceitação de algo que não
concordamos. Estresse relacionado a traumas, trabalho, etc.
Fatores sociais: é um pouco mais complexo a ser compreendido.
Urbanização, vida nas grandes cidades, a logística que é necessária para se
deslocar. A pobreza é a mesma coisa. A violência também pode causar o
TEPT. Migrações geram situações críticas pelo corte cultural, pela perda da
rede de apoio, pela perda do lar, das suas raízes. Poluição sonora, visual.
Tecnologia. Racismo. E ser mulher em relação as questões de gênero, o que
ela vai vivendo de forma muito específica na vida dela. O transtorno mental é
muito mais predominante em mulheres do que em homens.

Exemplo de atravessamento entre fatores: uma mulher negra, de 25 anos que


está migrando de um país para outro em situação de guerra, poderá gerar um
TEPT.

Filme de referência: Vida em mim

TED assistido em sala: As vozes da minha cabeça - fala de uma mulher que
ouvia vozes, de forma consciente e vai lidar com isso.

Isso mostra que não são fatores orgânicos e nem apenas um dos acima
listados. Será sempre uma rede complexa que irá permitir o surgimento de um
transtorno complexo.

As vezes temos a impressão um pouco “mágica” que se descobrirmos os


fatores iremos tratar diretamente o transtorno e fazê-lo desaparecer.

No transtorno mental não vai fazer diferença em descobrir a origem ou a causa


que o causou, mas não irá fazê-lo desaparecer.

Ouvir voz não é necessariamente uma patologia, ou seja, nem sempre


precisará retirar essa patologia através da medicação. Há um movimento
chamado “Open dialog” – as vozes são representações de eventos da sua vida.
Vozes que você ouve do seu pai, de você, de alguém, que está ali
comunicando algo. Não é necessário retirar essas vozes, apenas aprender a
lidar com isso. Em alguns casos o conteúdo é muito negativo, como ouvir
várias vozes de multidão falando ao mesmo tempo e que causa muita angústia.
As vozes de comando (o cérebro vai dizer que você precisa fazer algo coisa
para conseguir outra – Allanis). O grupo de ouvidores de vozes vai dizer que o
sintoma está comunicando alguma coisa. É preciso ouvir essa voz, entender o
significado e tratar isso.

P.S. OS SLIDES ABAIXO SÃO DO MESMO ARQUIVO DA AULA DE HOJE, MAS


NÃO FORAM USADOS PELA CAMILA
SLIDE: POR QUE OS TRANSTORNOS MENTAIS NOS AFLIGEM?

 O T.M. aponta para uma vulnerabilidade antropológica, tal seja, uma


ameaça psíquica que aflige especificamente os humanos;
 Características humanas que precisam ser levadas em conta: liberdade
de escolha e autocontrole (ações não são determinadas por instinto);
desenvolvimento moral; relação com a própria vida; imaginação;
antecipação do futuro; percepção da própria morte; reflexividade;
consciência da relação corpo-mente;

SLIDE: CONTINUAÇÃO

 Contradições da vida humana se apresentam como situação limite para


aqueles com transtorno mental: autonomia e dependência; liberdade e
segurança; autorrealização e culpa; vontade de viver e certeza da morte;
 Angústia diante das ameaças existenciais;
 Somente o humano pode fracassar na vida;

SLIDE: SOFRIMENTO (RICOUER)

 Sofrimento: experiência humana mais comum e universal;


 Dor: os efeitos sentidos como localizados nos órgãos particulares do
corpo ou no corpo inteiro;
 Sofrimento: efeitos suscitados sobre a reflexividade, a linguagem, a
relação a si, a relação ao outro, a relação ao sentido, ao
questionamento;
 O sofrimento afeta a capacidade de poder dizer, o poder fazer, o poder
narrar(-se), o poder estimar-se a si mesmo como agente moral.

SLIDE: AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES

Apesar de ser absolutamente necessário o estudo analítico das funções


psíquicas isoladas e de suas alterações, nunca é demais ressaltar que a
separação da vida e da atividade mental em distintas áreas ou funções
psíquicas é um procedimento essencialmente artificial.
É útil porque permite o estudo mais detalhado e aprofundado de determinados
fatos da vida psíquica normal e patológica; e arriscada, porque facilmente se
passa a acreditar na autonomia desses fenômenos, como se fossem objetos
naturais.

SLIDE:
Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas
compartimentalizadas
desta ou daquela função. É sempre a pessoa na
sua totalidade que adoece.

SLIDE: AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES

ATENÇÃO: São duas as qualidades fundamentais da atenção: 1. Vigilância:


capacidade de dirigir a atenção a um novo objeto/estímulo; ou seja, de prestar
atenção aos novos estímulos do meio; 2. Tenacidade: capacidade de manter a
atenção voltada para um estímulo, fato ou tarefa; é a capacidade de
concentração.

SENSOPERCEPÇÃO: Trata-se da capacidade mental de sentir e perceber o


meio. Sensação + percepção. Sensação: o trajeto que vai desde a recepção
sensorial do estímulo até sua chegada à célula cortical. Percepção: a
transformação que esse estímulo sofre ao converter-se em fenômeno psíquico.
A percepção é o fenômeno psíquico pelo qual a sensação faz-se consciente.

MEMÓRIA: Memória é a capacidade de fixar, conservar, evocar e reconhecer


um estímulo. Duas destas etapas devem ser bem observadas: a fixação e a
evocação.

ORIENTAÇÃO: A orientação funcionando adequadamente nos permite em


cada momento de nossa vida, ter consciência da situação real em que nos
encontramos. É o processo pelo qual captamos nossa identificação e o
ambiente em que nos encontramos.

CONSCIÊNCIA: Chamamos de consciência a capacidade de perceber o


cenário em torno de si e em perceber que se está dentro do cenário. Con +
scientia. Do latim: reunião de conhecimentos. Consiste na
percepção/conhecimento que um organismo tem de si mesmo e daquilo que o
cerca. A capacidade de tornar-se ciente do cenário e de que se faz parte dele.

PENSAMENTO: consiste basicamente na sucessão de objetos representados


no cérebro que vão fluindo uns encadeados nos outros.

INTELIGÊNCIA: É a capacidade de aproveitar a sua própria experiência prévia


para superar obstáculos (resolver problemas) e alcançar seus objetivos.

AFETO: Afeto, sentimento, emoção, humor, são termos utilizados para a


descrição desta função mental que participa e influi em toda a vida mental. É
uma importante função que influi em nossa atitude geral de aceitação ou
rejeição de vínculos pessoais, de envolvimento ou não em determinada
atividade, assim por diante.

LINGUAGEM: É o modo de expressar-se. É o conjunto de sinais convencionais


que utiliza o homem para expressar seus pensamentos e sentimentos.
Tomando a linguagem como meio de expressão, ela pode ser: oral, escrita,
mímica.

CONDUTA/COMPORTAMENTO: São reações em resposta a um fato ou


estímulo interno ou externo.

SLIDE: REFERÊNCIAS

 OMS - Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial da Saúde:


Saúde mental - novas concepções, nova esperança. Lisboa: OMS, 2002.
(Capítulo 1: A saúde mental pelo prisma da saúde pública) Disponível
em:
http://psiquiatriabh.com.br/wp/wp-content/uploads/2015/01/Relatorio-
OMS-da-saude-mental-no-mundo-2001.pdf
 Fuchs, T. (2018). Para uma psiquiatria fenomenológica: Ensaios e
conferências sobre as bases antropológicas da doença psíquica,
memória corporal e si mesmo ecológico. Rio de Janeiro: Via Verita.
 Ricoeur, P. (1994) 'La souffrance n'est pas la douleur', Autrement, 142
(Souffrances, Corps et âme, épreuves partagées): 58–69.

APRESENTAÇÃO DO DSM-5 – MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO


DE TRANSTORNOS MENTAIS

O DSM é uma classificação de transtornos mentais onde apresenta os critérios


diagnósticos de todos os transtornos e faz com o objetivo de realizar um
diagnóstico. A característica do DSM-5 é ser uma versão “reduzida” desses
fenômenos, mas não é suficiente para entendermos a psicopatologia da
pessoa que está ali na frente. É uma ferramenta apenas para auxiliar e não
será suficiente para trabalhar com os casos clínicos.

O DSM foi desenvolvido como uma ferramenta para clínicos, em especial para
psiquiatria, mas tem um amplo alcance para esclarecer as práticas clínicas
para diagnóstico. Existe há mais de 60 anos. As questões culturais e históricas
atravessam os transtornos mentais e por isso não poderia ser fixo. Na nova
versão do CID haverá um transtorno por exemplo para vícios do vídeo game.
As bases de dados são oriundas de pesquisa clínica e estudos de caso
profundamente explorados. Esses dados reais das experiências das pessoas é
que são criadas as categorias.

Transtorno mental (sofrimento psíquico) não é inventado, ele de fato existe.


Desde que o mundo existe há relatos de transtorno mental, inclusive de forma
análoga na bíblia e registros até mais antigos. O negacionismo está muito
presente em interpretações Marxistas de transtorno mental de pessoas que
não se ajustam a questões capitalistas.

Os índices de doenças são abstrações, que servem como norte para a gente
se orientar e serve como linguagem comum.

O CID tem uma apresentação dos fenômenos que é por gravidade. Primeiro
apresenta os sintomas no âmbito biológico e depois para os mais
comprometedores de ordem psicológica para os que causam menos
comprometimento.

O DSM segue os ciclos de desenvolvimento da vida, infância, adolescência


etc., na apresentação dos transtornos.

O DSM foi criado para os psicólogos e psiquiatras. A conduta terapêutica do


psiquiatra vai se basear no diagnóstico. Exemplo, na fase da depressão o
médico reconhece esse quadro e receita um antidepressivo que irá tirá-la
dessa fase para a fase de mania. Mas a fase mania pode ser perigosa porque
ela se coloca numa fase de risco.

A TCC precisa do diagnóstico para definir a técnica a ser aplicada.

O DSM é também importante no contexto do prognóstico (é possível saber um pouco


como irá desenvolver a doença). Alguns quadros se apresentam dentro de fases
clássicas: exemplo esquizofrenia, a fase clássica é quando no início os sintomas são
negativos (fenômenos pro enólogos – consegue perceber antes do paciente). Depois
vem a fase crise psicótica, mas se ele foi tratado na primeira fase é possível evitar
chegar a essa fase, mas normalmente irá acompanhar o paciente até o final.

O DSM também é importante para o acompanhamento do crescimento dos dados


epistemológicos e assim atuar num âmbito mais amplo na sociedade.

Assistir o filme: O bicho de sete cabeças (nacional) sobre o caso de um adolescente


que fazia uso de drogas de forma recreativa e o pai moralista o interna no Hospital
Bom Jesus em Curitiba e lá ele sofre tantos traumas que desenvolve um transtorno
mental.
CLASSIFICAÇÃO NO DSM

O ideal é que se encontrar um diagnóstico clínico que abranja de forma mais


específica possível. Se precisarmos usar a classificação coringa é porque não
exploramos o suficiente.

Se houver uma “reação” não se faz o diagnóstico. Por isso que o luto prolongado
constante no DSM está indevidamente alocado como uma patologia. No México é
cultural celebrar através de rituais, a perda, que dura por alguns meses e isso não
pode ser considerado um transtorno.

A apresentação dos sintomas no DSM será considerada heterogênea.

QUESTÕES CULTURAIS

Temos culturais e grupos que são mais passionais que outros, com isso a expressão
emocional que irá se manifestar será sempre mais alta, então para esse grupo está ok,
dentro do esperado. Estudar suicido ao redor do mundo, avalia-se que na Europa há
um índice enorme mesmo tendo altos padrões, e no Japão também há índices muito
altos pela repressão de reter, conter os sentimentos.

Ataque de nervos é um transtorno mental cultural da América Latina (principalmente


hispânica)

O trabalho de N1 será sobre as questões sociais e culturais impactam o mental.


Pesquisar um transtorno e refletir sobre os aspectos culturais, produzir um texto de 5
páginas.

Lugares de pesquisa:

Não usar Síndromes relacionadas à cultura no contexto brasileiro.

24/03/22 – Transtornos Mentais – Juízos – Esquizofrenia

Leitura obrigatória: Cap 4 - Alterações dos juízos (55-69 na paginação do pdf)


Livro Curso de Psicopatologia - Paim

Comentários do trecho do cap. 4 pelos alunos em sala:

Paula: pelo o que o autor fala das categorias de delírios, quando fala que é
uma alteração de conteúdo dos pensamentos, uma pessoa sem essa patologia
terá vivências muito próximas de quem as tem. A diferença é que o nosso
aparelho psíquico faz as conexões corretas nas pessoas normais e em quem
tem o transtorno faz conexões diferentes, os conteúdos são outros.

O indivíduo que tem essa patologia, ouve uma voz real, ou seja, o aparelho
auditivo é acionado e responde na mesma forma que uma pessoa normal. O
delírio acontece sobre coisas que se conhece, sobre o que teve acesso. Uma
pessoa que tem um aparelho muito desenvolvido (mente brilhante), o delírio
será um detalhe de um dado tecnológico que por exemplo, esse dado está
saindo da tela e atingindo ele.

Leonardo: O delírio vem antes do juízo. Havia um médico que falava uma teoria
de forma tão completa que havia coerência, mas algo ali era de um delírio.
Para essa pessoa tem significado, ela vai conectando pontos que para ela tem

O delírio vai sempre surgir de algo que o indivíduo viveu ou teve acesso.

O estado deliróico é um estado temporário, com um delírio proveniente de um


quadro febril.

Temos um mundo compartilhado, aonde nossa subjetividade vai em direção ao


mundo que é a intersubjetividade. A pessoa que tem psicose ela tem um
segundo mundo.

Mundo Mundo
compartilhado psicótico

Sempre pensamos que a pessoa que está delirando rompe com a realidade,
mas não, os conteúdos que ela tem como delírio, vem do que ela viveu, é real.
A percepção do mundo para ela, com base no que é compartilhado e do que
ela vê no mundo psicótico, para ela é a mesma.

As funções psicológicas estão sempre envolvidas no delírio.


O juízo é uma função psicológica, e o delírio afeta o juízo.

O texto fala de como surge o juízo alterado, mas quem não tem juízo alterado,
tem juízo normal. Todos temos juízo, não apenas quem tem o transtorno.

Ele vai falar de uma questão de normalidade, é um retorno à própria pessoa. É


quando deixa de ouvir a voz e volta a sua normalidade.
JUÍZOS

Por que estamos fazendo estudo das funções psicológica como o juízo? Porque é
muito importante reconhecer quais são as funções que estão alteradas. Exemplo, se
surge um sintoma psicótico, ele deve estar claramente presente no diagnóstico, então
é preciso localizar quais funções estão alteradas. A isso chamamos de Exame de
estado mental, e há várias formas de se aplicar esse exame. Exemplo: minimental
(teste), anamneses bem longas para examinar as funções alteradas, fichas de triagem.

O erro de juízo é corrigível. Exemplo: eu acho que tem alguém atrás de mim para
roubar meu celular,

Percepção delirante, a pessoa acha uma maneira de ajustar no ambiente do que ela
está vivenciando.

O delírio é uma alteração sobre algo que está presente. Tem alguma coisa na
realidade que a pessoa interpreta de maneira incorreta, ela altera o significado que
atribui a aquilo. Exemplo: Estou dando aula e vejo uma cadeira que se transformou
num elefante.

Alucinação é sobre algo que não está presente. Exemplo: Estou dando aula e
derepente eu vejo um elefante no fundo da sala.

SLIDE:

[...] eu vi a minha mãe como sendo o próprio demônio e meu pai sendo Deus, meu pai
era Redentor e eu andava pelas ruas e eu sentia que eu conhecia todo mundo né,
quando eu entrava no ônibus, por exemplo, já via que eu conhecia a pessoa, eu
comecei a conversar telepaticamente com todas as pessoas e tudo aquilo que eu
sentia assim que ia acontecer, acontecia realmente.”

Ela vivia num hospital psiquiátrico sofreu eletrochoque e nos primeiros delírios ela via
a própria mãe como sendo o demônio e o pai como sendo Deus. Aqui ela está
alterando um significado, do pai para Deus e da mãe para o demônio. Ela vai
conectando as impressões que ela tem sobre isso e para ela tudo é verdadeiro, é uma
convicção delirante.

SLIDE: DEFINIÇÃO DO JUÍZO

 O juízo consiste na afirmação ou negação da relação entre dois conceitos;

Vamos ter essa função psicológica na nossa mente que está o tempo todo conectando
as coisas. Isso é algo normal, por exemplo, a água gelada está na garrafa. É como se
fosse um enunciado que se cria e se traduz na linguagem, é uma interpretação, então
é um juízo feito e não apenas um fato em si: água e garrafa.
 Os juízos se manifestam na linguagem através de enunciados, avaliações,
julgamentos.

 O juízo pode expressar a verdade ou o erro, conforme suas afirmações


correspondam ou não a realidade. Por essa razão, o único critério de verdade
dos juízos é a sua consonância com a realidade objetiva.

Conseguimos saber se a pessoa está delirando quando ela está falando uma coisa do
mundo compartilhado de forma distorcida.

Exemplo: uma garrafa que é preta está sendo dita que é roxa. Se eu estiver normal eu
posso corrigir por um efeito de luz. Mas se eu continuar afirmando que é roxa é um
efeito deliróico. Então para sempre usar um critério de juízo de verdade ou errôneo
tem que ter consonância com a realidade objetiva.
Quando estamos falando de um erro estamos falando da função psicológica.

SLIDE: PATOLOGIA DO JUÍZO

 O delírio é uma apresentação patológica da função juízo, onde a pessoa chega


a uma conclusão sem nenhuma correlação com a situação objetiva realmente
existente.

A principal alteração do juízo é o delírio. Outras alterações constam no texto, mas o


foco será no delírio.

 Exemplo: uma pessoa pode ser realmente perseguida e outra pessoa pode ter
delírio de perseguição. A experiência vivida das duas será idêntica, o que
muda é a presença ou não da ameaça real.

A perseguição pode ser uma experiência real do mundo compartilhado. Mas na


intersecção do mundo compartilhado com o mundo psicótico ela pode interpretar de
uma forma diferente. A experiência de ambas as pessoas será mesma, mas o delírio
será uma alteração do juízo dessa experiência.

SLIDE: DELIRIO

 Surge uma alteração global e profunda nas funções psicológicas;

Temos um aparelho biológico chamado cérebro, com SNC, e quando está operando
está funcionando de maneira correta. Mesmo com a tecnologia de imagens hoje não é
possível identificar se é o delírio que causa alterações fisiológicas ou é o cérebro que
tenha essas alterações.

 Significa um conjunto de sistemas falsos, que se desenvolvem em


consequência de condições patológicas preexistentes e que não se corrigem
por meios racionais.
Quando ele diz de condições pré-existentes, o delírio não será o primeiro sintoma, ele
virá como uma consequência de outros processos, ou seja, de um conjunto de
alterações.

 O delírio é vivenciado pela pessoa como uma verdade incontestável.

 Convicção delirante em Minkowski

Para nós, como psicólogos, não vai adiantar nada dizer para o cliente “essa voz não é
real, você não está ouvindo nada!” para ele a voz é real. O caminho de se tentar
desconstruir usando o mundo compartilhado não funciona. O que é possível talvez, é
cavar fundo no mundo dos significados e encontrar a origem para um tratamento
terapêutico. É importante escutar o sintoma para entender o que ele tem a dizer.

Exemplo: Camila estava acompanhando um caso crítica na UPA. Havia uma jovem
com vinte e poucos anos, tinha esquizofrenia, usava drogas, e estava sem o uso da
medicação, e para agravar naquela noite havia consumido muita droga. O sintoma era
que ela tinha certeza de que a prima dela tinha roubado o pé dela. Com isso ela saiu
da casa dela, pegou tudo o que pode carregar com medo que a primar roubasse ainda
mais coisas dela.

Intervenção da Camila: “vamos ver se o seu pé está aqui? Olhe para o seu pé, tire a
meia, coloque no chão. Agora confira o outro. A moça confirmou que ambos os pés
estavam realmente ali. Mas Camila ainda disse para ela: “Olha, eu avisei na portaria
que a sua prima não pode entrar aqui, ok?” E a partir daí ela se tranquilizou e foi
possível convencê-la a se internar. O caminho a ser pego neste caso é o significado.
O que ela estava experimentando era o medo. Foi possível interná-la porque ela
queria ver o namorado e fizeram com que ele fosse lá.

SLIDE: MINKOWSKI

 O que caracteriza os delirantes é a extensão do campo de significações. Para


eles, tudo, absolutamente tudo, tem uma significação. O modo como a caixa
está colocada diante deles, o modo como foi disposto um fósforo ao lado são
interpretados como indicadores de certa malevolência em relação a eles. Tudo,
absolutamente tudo, coloca-se sob o mesmo sinal e constitui o mundo
delirante, em presença do qual se encontram, com a convicção delirante que
lhes é própria.”

 Não se trata, portanto de alterações de pensamento (que se mantém


ordenado) ou de uma imaginação, por isso fica no campo dos juízos.

O pensamento continua ordenado, ela apenas está fazendo correlações erradas com
o que está vendo.
Aqui é como se na vida conseguíssemos filtrar o que é mais importante ou menos
importante. Exemplo: na sala de aula ouvimos carros, vozes no corredor, mas
conseguimos prestar atenção, ter foco de prestar atenção na aula.

Para uma pessoa delirante tudo ao seu redor tem um significado para ela. Tudo ela
qualifica, ele se torna muito egoísta e egocêntrico, porque é tudo sobre ele. E vem
também a megalomania porque tudo é muito grandioso para ela.

Exemplo: Camila vai dizer de que quando falamos de pessoas que viveram menos
coisas em suas experiências, os significados nas polaridades é mais simplicista.
Quando falamos de pessoas que viajaram o mundo, ela irá significar de forma mais
complexa porque possui mais elementos. Camila nesse caso não contrapôs o
significado dela e sim construiu com ela o entendimento do que ela estava vendo.

SLIDE: CARACTERÍSTICAS DOS DELÍRIOS

 Segundo Jaspers:
1. A convicção extraordinária com que são mantidos, certeza subjetiva notável;

Ele não entra no lugar do questionamento, a pessoa não questiona. Exemplo: a


pessoa com delírio não questiona por que o estojo roxo de flores lhe traz uma alegria
mágica.

2. A impermeabilidade à experiência e às refutações lógicas;

Não adianta dizer que não é aquilo que ela está vendo

3. A inverossimilhança de conteúdo.

Exemplo: loteria. É o caso de um menino que estava ouvindo uma voz, delirando, que
ele havia ganho um prêmio, um dinheiro de loteria, mas ele não tinha jogado na loteria.
Então nesse caso não adianta falar que ele não vai ganhar porque ele não jogou.

SLIDE: PERCEPÇÃO DELIRANTE

É como o conteúdo chega de forma delirante.

 Atmosfera estranha

Em resumo, na percepção delirante, podem-se destacar estas características:

1ª) atribuir a uma percepção real um significado anormal.


2ª.) este significado é, quase sempre, no sentido da auto-referência.
3ª.) a significação delirante é experimentada pelo enfermo como imposta, dái o seu
caráter de vivência numinosa.
4ª.) a significação é não só estranha, como incompreensível.
5ª.) a significação emprestada à percepção delirante tem o sentido de um “aviso”,
através do qual se expressa uma “realidade superior”.

Essas ideias delirantes surgem porque a pessoa vai “percepcionar” o mundo de forma
diferente. A pessoa está vivendo num mundo onde suas percepções será diferenciada.
Ela vai viver na atmosfera estranha, significa que a forma que a pessoa vê o mundo se
transforma, está alterada, como se fosse um Dejavu, ou ela desconhece o que ela
conhece. Exemplo: “quem é essa pessoa (a mãe), por que trocaram minha mãe por
um robô?”

Exemplo: fazer uma intervenção contrapondo com o cliente sobre a lógica. É muito
comum ouvir: “é o remédio que me faz mal, eu não tenho nada dessa doença.”

TIPOS DE DELÍRIO

SLIDE: DELÍRIO DE PERSEGUIÇÃO

● O tema da perseguição aparece com frequência em delírios e alguns autores o


consideram como tema primordial.
● Desconfiança excessiva das pessoas, em especial, daquelas com quem tem
contato imediato.
● Mesmo o profissional da saúde pode aparecer ao paciente como um
perseguidor.

A significação que vai vir do delírio tem a ver com as experiências que ele viveu.
Camila vai trazer dois exemplos:

1º. Caso: um adolescente, todo o conteúdo veio de tecnologia que era algo que ele
está vivendo e com pessoas do seu convívio.

“ [...] eu estava desconfiando até dos meus amigos de escola, desses negócios ai,
desconfiava de todo mundo, tinha medo das pessoas, daí no começo assim quando
eu estava indo para a escola eu até parei de ir, fiquei uma semana sem ir, perdi a
semana de prova [...] Eu estava achando que tinham hackeado o meu PC, que tinha
alguém me vendo, me controlando, eu estava achando que era isso”

2º. Caso: uma mulher.

[...] eu perco a lógica do mundo aqui, é tipo assim, é como se passasse para um outro
mundo, se você falar comigo eu não estou prestando atenção em você, eu não
consigo te entender, tipo é como se a cabeça entrasse... daí as pessoas falam e eu
faço, tipo assim, não tô nem aí para as pessoas daí eu vou me trancando dentro de
casa, é como se os vizinhos estivesse me xingando, minha família tivesse me
xingando…”
De novo, as pessoas próximas são as que perseguem, mas aqui o conteúdo tem a ver
com os outros, com os vizinho e não com o objeto em si. É possível aqui entender que
quando ela passou para o outro mundo.

SLIDE: DELÍRIO DE RELAÇÃO

 As ocorrências mais simples começam a ter significados especiais. Tudo o que


acontece no meio exterior está de maneira especial conectada ao enfermo.

É de uma posição egocêntrica, exemplo: para a pessoa o controle remoto é o que


controla ela e não a TV. A relação de significado que é feita nessa posição egocêntrica
e tudo tem relação com ela.

 Posição egocêntrica.

Assistir: Bem me quer e mal me quer.

SLIDE: DELÍRIO DE INFLUÊNCIA

 Nesse tipo de delírio, o enfermo se sente vítima de influências externas que


tentam controlá-lo.
 As influências podem ser telepáticas, de radiação, choques elétricos, aparelhos
tecnológicos.
 A vivência experimentada pela pessoa é de que ela passa a ter pensamentos
estranhos, que não foram criados por ela.
 Se o modo de influenciar a pessoa for feito por alimentos ou bebidas, a pessoa
pode negar alimentação por acreditar que será envenenada.

Exemplo: é tentar criar para a pessoa que pensa que a comida está envenenada é um
significado diferente daquela que ela está pensando

 Sindrome de Cotard
 Conhecida popularmente como "síndrome do cadáver ambulante", é um
transtorno psicológico muito raro em que a pessoa acredita que está morta,
que partes de seu corpo desapareceram ou que seus órgãos estão
apodrecendo. Por esse motivo, esta síndrome representa um elevado risco de
autoagressão ou suicídio.

Exemplo: a pessoa pensa que a mão dela não é mais dela, e que a própria mão irá
matá-la quando ela estiver dormindo. É uma síndrome não tão comum, mas sim rara.

SLIDE: DELÍRIO DE CIÚME

 Comum em esquizofrênicos paranoides.


 A pessoa acredita estar sendo traída dentro da relação conjugal ou outras
relações, acha que as pessoas ao redor a estão enganando ou pretendem
enganá-la e por isso passam a fazer vigilância constante das mesmas.
 Tudo serve para alimentar a desconfiança patológica e as vivências são
modificadas para confirmar o delírio

É o caso que o autor conta no texto pensando que a mulher estava o traindo e depois
de procurar por todos, desiste e vai falar ela estava traindo com o próprio filho.

“[ ...] eu ouvi a voz falando assim que ele tava me traindo sabe? Que se eu fosse atrás
dele eu ia pegar ele fazendo sexo com alguma mulher, ele tava com bastante mulher
assim, vozes de mulher assim na hora e tinha a voz falando também que eu tinha que
ir atrás dele .....

SLIDE: DELÍRIO DE GRANDEZA

 O tema do delírio de grandeza varia de acordo com a época, o meio onde vive,
o grau de instrução as concepções do enfermo.

Ou seja, templos históricos dirão de delírios de grandeza distintos, pois de um templo


histórico para outro existe.

 Pode-se apresentar como: delírio de riqueza, apreciação exagerada da


própria personalidade, superioridade física e intelectual, criação de invenções e
descobertas científicas, etc.

A pessoa pensa que pessoas famosas a amam. O que tem uma superioridade física e
intelectual.

SLIDE: DELÍRIO DE GRANDEZA

Livro: O Homem que se achava Napoleão

“Em 21 de janeiro de 1793, o rei Luis XVI é guilhotinado. Entre março daquele ano e
agosto de 1794, cerca de 17 mil pessoas serão executadas na França. Por vários
anos no país, a guilhotina ser torna um delírio comum entre os alienados. Eram
frequentes casos. Eram frequentes casos como o de um homem internado no hospital
de Charenton, em 1802, que afirmava ter sido decapitado e estar portando outra
cabeça, já que a sua havia sido levada para a Inglaterra. Em 1840, quando os restos
de Napoleão são transportados à França, catorze pessoas que acreditam ser o
imperador dão entrada no hospital de Bicêtre. Uma onda de delírios de grandez, de
“monomania orgulhosa” - como denominou a medicina da época – espalha Napoleão
pelos asilos do país.”
ESQUIZOFRÊNIA

A voz de comando é ouvida como uma ordem, de maneira imperativa, então ela sente
que precisa obedecer. Muitas vezes são as mais perigosas, porque podem levar o
sujeito até a cometer suicídio. Então ela vem com uma característica de
compulsividade. Se você não fizer o que a voz está dizendo você será punido.

A pessoa muitas vezes pode ter uma interpretação por exemplo, algo vinda da igreja
de onde faz parte, que traz uma visão muita negatividade quando surge algo de uma
ordem ancestralidade africana (alguém fez uma macumba para mim). Ele tenta se
apoiar

Dentro da biomedicina ele é doente e não é culpa dele. Ele vai precisar de remédio a
vida toda.

Dentro da igreja ele se considera culpado porque não foi forte o suficiente, mas ele
busca a fé na crença que será curado.

Nenhum de nós está livre de ter um quadro psicótico. A pessoa crônica pela doença,
mas também pela medicação, porque o cérebro dela passa a precisar da medicação
para que ela funcione naturalmente. Quando recebemos um paciente já em quadro
psicótico elevado, é necessário já entrar com a medicação.

DSM – ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS


PSICÓTICOS (87)

Antes de ir ao diagnóstico, tem que ler todas as informações que vem antes no código
da Esquizofrenia. Todos os sintomas podem ser para mais ou para menos.

Numa expressão psicótica de doenças temos sintomas positivos, que aparecem por
conta de uma psicose e temos os negativo, que é a diminuição de certas funções
psicológicas. Na esquizofrenia os sintomas negativos chegam primeiro e aí vem a
crise psicótica em si. É bem importante tentar identificar os sintomas negativos
primeiro e então tentar tratar como terapia nas primeiras crises para que assim seja
possível o agravamento e se chegar a um sintoma positivo.

Os seguintes especificadores se aplicam ao Espectro da Esquizofrenia e Outros


Transtornos Psicóticos, conforme indicado:

Especificar se: Os especificadores do curso a seguir devem ser usados somente


após um ano de duração do transtorno:
Primeiro episódio, atualmente em episodio agudo;
Primeiro episódio, atualmente em remissão parcial;
Primeiro episódio, atualmente em remissão completa;
Episódios múltiplos, atualmente em episódio agudo; Episódios múltiplos,
atualmente em remissão parcial;
Episódios múltiplos, atualmente em remissão completa; Continuo; não
especificado.
Especificar se: Com catatonia (usar código adicional 293.89 [F06.1])
Especificar a gravidade atual de delírios, alucinações, desorganização do
discurso, comportamento psicomotor e sintomas negativos.

O espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos inclui esquizofrenia,


outros transtornos psicóticos e transtorno (da personalidade) esquizotípica.
Esses transtornos são definidos por anormalidades em um ou mais dos cinco
domínios a seguir: delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado,
comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo
catatonia) e sintomas negativos (p.131)

DELÍRIOS

Os delírios são crenças fixas, não passíveis de mudança à luz de evidências


conflitantes. Seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas (p. ex.,
persecutório, de referência, somático, religioso, de grandeza). Delírios
persecutórios (i.e., crença de que o indivíduo irá ser prejudicado, assediado, e
assim por diante, por outra pessoa, organização ou grupo) são mais comuns.
Delírios de referência (i.e., crença de que alguns gestos, comentários, estímulos
ambientais, e assim por diante, são direcionados à própria pessoa) também são
comuns. Delírios de grandeza (i.e., quando uma pessoa crê que tem habilidades
excepcionais, riqueza ou fama) e delírios erotomaníacos (i.e., quando o indivíduo
crê falsamente que outra pessoa está apaixonada por ele) são também
encontrados. Delírios niilistas envolvem a convicção de que ocorrerá uma
grande catástrofe, e delírios somáticos concentram-se em preocupações
referentes à saúde e à função dos órgãos. Delírios são considerados bizarros se
claramente implausíveis e incompreensíveis por outros indivíduos da mesma
cultura, não se originando de experiências comuns da vida. Um exemplo de
delírio bizarro é a crença de que uma força externa retirou os órgãos internos de
uma pessoa, substituindo-os pelos de outra sem deixar feridas ou cicatrizes. Um
exemplo de delírio não bizarro é acreditar que a pessoa está sob vigilância da
polícia, apesar da falta de evidências convincentes. Os delírios que expressam
perda de controle da mente ou do corpo costumam ser considerados bizarros;
eles incluem a crença de que os pensamentos da pessoa foram “removidos” por
alguma força externa (retirada de pensamento), de que pensamentos estranhos
foram colocados na mente (inserção de pensamento) ou de que o corpo ou as
ações do indivíduo estão sendo manipulados por uma força externa (delírios de
controle). Distinguir um delírio de uma ideia firmemente defendida é algumas
vezes difícil e depende, em parte, do grau de convicção com que a crença é
defendida apesar de evidências contraditórias claras ou razoáveis acerca de sua
veracidade (p.87).

É muito comum no delírio ter uma influência forte de um controle estar acontecendo
sobre ela. Exemplo: “alguém está roubando o meu pensamento e não consigo
pensar”, ou o contrário, “alguém colocou um pensamento aqui, não fui eu quem
pensou isso”.

ALUCINAÇÕES

Alucinações são experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem um


estímulo externo. São vívidas e claras, com toda a força e o impacto das
percepções normais, não estando sob controle voluntário. Podem ocorrer em
qualquer modalidade sensorial, embora as alucinações auditivas sejam as mais
comuns na esquizofrenia e em transtornos relacionados. Alucinações auditivas
costumam ser vividas como vozes, familiares ou não, percebidas como
diferentes dos próprios pensamentos do indivíduo. As alucinações devem
ocorrer no contexto de um sensório sem alterações; as que ocorrem ao
adormecer (hipnagógicas) ou ao acordar (hipnopômpicas) são consideradas
como pertencentes ao âmbito das experiências normais. Em alguns contextos
culturais,
alucinações podem ser elemento normal de experiências religiosas (p.87,88).
Todas as atividades sensoriais são suscetíveis as alucinações. Tato, a pessoa sente
que se perdeu no mundo.

A pessoa vê como se vê a outra coisa, mas sem estímulo, ou seja, não se tem a
presença.

A religião sempre será um lugar específico a pensar por conta do âmbito grandioso, da
reverência.

Pessoas que ouvem a voz de mais de uma pessoa, como uma multidão. Nesse caso
não se consegue associar com algo. Tem pessoas que ouvem que não é a voz, é um
apito. Essas pessoas não vão querer lidar com essa voz, mas ela só quer se livrar
dela.

Todo o quadro no DSM quer for psicótico, poderá ser delírio ou alucinação.
Existe depressão com sintoma psicótico. Ao se pensar em alteração de pensamento
não necessariamente será do delírio, terá em quase todos os transtornos mentais.
Sintomas que parecem se de esquizofrenia em pessoas idosas podem ser excesso de
medicação

DESORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO (DISCURSO)

A desorganização do pensamento (transtorno do pensamento formal) costuma


ser inferida a partir do discurso do indivíduo. Este pode mudar de um tópico a
outro (descarrilamento ou afrouxamento das associações). As respostas a
perguntas podem ter uma relação oblíqua ou não ter relação alguma
(tangencialidade). Raras vezes, o discurso pode estar tão gravemente
desorganizado que é quase incompreensível, lembrando a afasia receptiva em
sua desorganização linguística (incoerência ou “salada de palavras”). Uma vez
que o discurso levemente desorganizado é comum e inespecífico, o sintoma
deve ser suficientemente grave a ponto de prejudicar de forma substancial a
comunicação efetiva. A gravidade do prejuízo pode ser de difícil avaliação
quando a pessoa que faz o diagnóstico vem de um contexto linguístico diferente
daquele de quem está sendo examinado. Pode ocorrer desorganização menos
grave do pensamento ou do discurso durante os períodos prodrômicos ou
residuais da esquizofrenia. (p.88)

Não é uma desorganização muito refinada, costuma ser mais ampla.


Se tivermos uma alteração de pensamento ou de linguagem que é algo muito sútil, é
preciso cuidar ao se marcar como critério de diagnóstico.

A pessoa teve uma crise, mas acalmou. Mas ela continuará tendo a esquizofrenia, a
pessoa consegue até contar sobre o que sentiu.

COMPORTAMENTO MOTOR GROSSEIRAMENTE DESORGANIZADO OU


ANORMA (INCLUINDO CATOTONIA)
Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal pode se
manifestar de várias formas, desde o comportamento “tolo e pueril” até a
agitação imprevisível. Os problemas podem ser observados em qualquer forma
de comportamento dirigido a um objetivo, levando a dificuldades na realização
das atividades cotidianas. Comportamento catatônico é uma redução acentuada
na reatividade ao ambiente. Varia da resistência a instruções (negativismo),
passando por manutenção de postura rígida, inapropriada ou bizarra, até a falta
total de respostas verbais e motoras (mutismo e estupor). Pode, ainda, incluir
atividade motora sem propósito e excessiva sem causa óbvia (excitação
catatônica). Outras características incluem movimentos estereotipados
repetidos, olhar fixo, caretas, mutismo e eco da fala. Ainda que a catatonia seja
historicamente associada à esquizofrenia, os sintomas catatônicos são
inespecíficos, podendo ocorrer em outros transtornos mentais (p. ex., transtorno
bipolar ou depressivo com catatonia) e em condições médicas (transtorno
catatônico devido a outra condição médica). (p.88)

Por exemplo: tinha um senhor no CAPs que estava sempre com umas pilhas de
caderno, agenda, livros. E quando ele se sentava começava a escrever. E quando se
sentava com a terapeuta ocupacional ele escrevia o tempo todo. Ao se tentar falar
com ele a linguagem era totalmente desorganizada. Ao olhar a escrita não se tinha
escrita, havia só riscos, ele não escrevia nada interpretável, apenas para ele. Ele não
escrevia e não falava, ou seja, estava no mundo da irrealidade? Não, ele ia no CAPs
com duas cachorras que ficavam esperando por ele. Na hora do lanche ele pedia se
havia bolacha para dar para as cachorras.

Sobe o comportamento motor é algo muito delicado, é muito normal a pessoa não ficar
quieta, e muitas vezes isso é visto como um sinal de perigo, como algo ameaçador, e
isso muitas vezes é usado como uma contenção física. Na maioria das vezes a
agitação psicomotora pode ser só psicomotora e não um sintoma. É preciso cuidar
para não interpretar isso do seu lugar de medo.

Comportamento catatônico é uma redução acentuada na reatividade ao ambiente.

Ecos da fala é algo muito comum. A pessoa fica fazendo movimentos repetitivos com
a boca, como tique, e isso pode levar a uma interpretação errônea.

O que diferencia as gerações de remédios são os efeitos colaterais sentidos.

Exemplo, estamos no ônibus, a pessoa está falando e para de falar, mas continua
mexendo a boca como se estivesse falando.

SINTOMAS NEGATIVOS

Sintomas negativos respondem por uma porção substancial da morbidade


associada à esquizofrênia, embora sejam menos proeminentes em outros
transtornos psicóticos. Dois sintomas negativos são especialmente
proeminentes na esquizofrenia: expressão emocional diminuída e avolia.
Expressão emocional diminuída inclui reduções na expressão de emoções pelo
rosto, no contato visual, na entonação da fala (prosódia) e nos movimentos das
mãos, da cabeça e da face, os quais normalmente conferem ênfase emocional ao
discurso. A avolia é uma redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com
uma finalidade. A pessoa pode ficar sentada por períodos longos e mostrar
pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. Outros
sintomas negativos incluem alogia, anedonia e falta de sociabilidade. A alogia é
manifestada por produção diminuída do discurso. A anedonia é a capacidade
reduzida de ter prazer resultante de estímulos
positivos, ou degradação na lembrança do prazer anteriormente vivido. A falta
de sociabilidade refere-se à aparente ausência de interesse em interações
sociais, podendo estar associada à avolia, embora possa ser uma manifestação
de oportunidades limitadas de interações sociais.

É negativo porque é como se a pessoa fosse reduzindo o que ela fazia antes.

Na hora do diagnóstico é importante avaliar todos os sintomas num primeiro momento


e depois avaliar os detalhes. A anedomia é um sintoma clássico de depressão.

Uma pessoa com esquizofrenia pode ter a capacidade de antecipar uma crise.

TRANSTORNOS PSICÓTICOS

Este capítulo está organizado com base em um aumento gradual da


psicopatologia. Os clínicos devem primeiro analisar as condições que não
satisfazem a totalidade dos critérios para cada transtorno psicótico ou que se
limitam a um domínio da psicopatologia. Em seguida, devem avaliar as
condições limitadas pelo tempo. Por fim, o diagnóstico de um transtorno do
espectro da esquizofrenia exige a exclusão de outra condição capaz de originar
uma psicose.

O transtorno da personalidade esquizotípica está neste capítulo porque é


considerado dentro do espectro da esquizofrenia, embora sua descrição
completa seja encontrada no capítulo “Transtornos da Personalidade”. O
diagnóstico de transtorno da personalidade esquizotípica engloba um padrão
global de déficits sociais e interpessoais, incluindo capacidade reduzida para
relações próximas, distorções cognitivas e perceptivas e excentricidades
comportamentais, frequentemente
com início no começo da fase adulta, embora, em certos casos, o início ocorra
na infância e na adolescência. Anormalidades de crenças, pensamento e
percepção estão abaixo do limiar para o diagnóstico de um transtorno psicótico.

Duas condições são definidas por anormalidades limitadas a um domínio de


psicose: delírios ou catatonia. O transtorno delirante caracteriza-se por pelo
menos um mês de delírios, ainda que nenhum outro sintoma psicótico esteja
presente. A catatonia é descrita mais adiante no capítulo e com mais detalhes
nesta discussão. O transtorno psicótico breve dura mais de um dia e remite em
um mês. O transtorno esquizofreniforme caracteriza-se por uma apresentação
sintomática equivalente à da esquizofrenia, exceto pela duração (menos de seis
meses) e pela ausência de exigência de declínio funcional.

A esquizofrenia dura pelo menos seis meses, incluindo ao menos um mês de


sintomas da fase ativa. No transtorno esquizoafetivo, um episódio de humor e
sintomas da fase ativa da esquizofrenia ocorrem concomitantemente, tendo sido
antecedidos ou seguidos de pelo menos duas semanas de delírios ou
alucinações sem sintomas proeminentes de humor. Os transtornos psicóticos
podem ser induzidos por outra condição. No transtorno psicótico induzido por
substância/medicamento, os sintomas psicóticos são entendidos como
consequência fisiológica de uma droga de abuso, um medicamento ou
exposição a uma toxina, cessando após a remoção do agente. No transtorno
psicótico devido a outra condição médica, acredita-se que os sintomas
psicóticos sejam uma consequência fisiológica direta de outra condição médica.
Pode ocorrer catatonia em vários transtornos, incluindo transtorno do
neurodesenvolvimento, psicótico, bipolar, depressivo, entre outros. Este
capítulo também inclui os diagnósticos de catatonia associada a outro
transtorno mental (especificador de catatonia), transtorno catatônico
devido a outra condição médica e catatonia não especificada. Os critérios
diagnósticos para todas as três condições são descritos em conjunto.

Outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico


especificado ou transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno
psicótico não especificado estão inclusos para a classificação de apresentações
psicóticas que não atendam aos critérios para qualquer outro transtorno
psicótico especificado ou para sintomatologia psicótica sobre a qual há
informações inadequadas ou contraditórias.

Exemplo: quando um diabético toma uma insulina fora do horário ou em excesso pode
ter sintomas psicóticos.

ESQUIZOFRENIA – 295.90 (F20.9) – p.99

O ponto 90 é especificação de ser uma esquizofrenia.

Critérios Diagnósticos

Temos 5 condições para fazer diagnósticos, mas para ser Esquizofrenia precisa ter 2
condições, mas necessariamente tem de ter pelo menos (1-delírio), (2-alucinação), (3
– discurso organizado). Na crise precisa ter um desses antes.

Transtorno mental é saber lidar com as coisas. O próximo DSM vai falar que para ser
considerado sintoma tem que atrapalhar a vida.
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade
significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados
com sucesso). Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios.
2. Alucinações.
3. Discurso desorganizado.
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico.
5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia).

B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o


nível de funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento,
como trabalho, relações interpessoais
ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início
(ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, incapacidade de
atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou
profissional).

C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses.


Esse período de seis meses deve incluir no mínimo um mês de sintomas (ou
menos, se tratados com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (i.e.,
sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou
residuais. Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da
perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por
dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em uma forma atenuada
(p. ex., crenças esquisitas, experiências perceptivas incomuns).

D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com


características psicóticas são descartados porque 1) não ocorreram episódios
depressivos maiores ou maníacos concomitantemente com os sintomas da fase
ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa,
sua duração total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da doença.

E. A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância


(p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.

F. Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da


comunicação iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é
realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais
sintomas exigidos de esquizofrenia, estão também presentes por pelo menos
um mês (ou menos, se tratados com sucesso).

Especificar se:
Os especificadores de curso a seguir devem somente ser usados após um ano
de duração do transtorno e se não estiverem em contradição com os critérios de
curso diagnóstico.

Primeiro episódio, atualmente em episódio agudo: A primeira manifestação do


transtorno atende aos sintomas diagnósticos definidos e ao critério de tempo. Um
episódio agudo é um período de tempo em que são satisfeitos os critérios de
sintomas.
Primeiro episódio, atualmente em remissão parcial: Remissão parcial é um período
de tempo durante o qual é mantida uma melhora após um episódio anterior e em que
os critérios definidores do transtorno são atendidos apenas em parte.
Primeiro episódio, atualmente em remissão completa: Remissão completa é um
período de tempo após um episódio anterior durante o qual não estão presentes
sintomas específicos do transtorno.
Episódios múltiplos, atualmente em episódio agudo: Múltiplos episódios podem
ser determinados após um mínimo de dois episódios (i.e., após um primeiro episódio,
uma remissão e pelo menos uma recaída).
Episódios múltiplos, atualmente em remissão parcial.
Episódios múltiplos, atualmente em remissão completa
Contínuo: Os sintomas que atendem aos critérios de sintomas diagnósticos do
transtorno permanecem durante a maior parte do curso da doença, com períodos de
sintomas em nível subclínico muito breves em relação ao curso geral.
Não especificado.

Especificar se:

Com catatonia (consultar os critérios para catatonia associada a outro transtorno


mental, p. 119-120, para definição)
Nota para codificação: Usar o código adicional 293.89 (F06.1) de catatonia
associada a esquizofrenia para indicar a presença de catatonia comórbida.

Especificar a gravidade atual:


A gravidade é classificada por uma avaliação quantitativa dos sintomas primários de
psicose, o que inclui delírios, alucinações, desorganização do discurso,
comportamento psicomotor anormal e sintomas negativos. Cada um desses sintomas
pode ser classificado quanto à gravidade atual (mais grave nos últimos sete dias) em
uma escala com 5 pontos, variando de 0 (não presente) a 4 (presente e grave). (Ver
Gravidade das Dimensões de Sintomas de Psicose Avaliada pelo Clínico no capítulo
“Instrumentos de Avaliação”.)

Nota: O diagnóstico de esquizofrenia pode ser feito sem a utilização desse


especificador de gravidade

Eles pegaram dois outros diagnósticos que tem representação parecida e vão dizer
como é um e como é o outro.

É muito comum após um tratamento de Esquizofrênia o paciente possa ter uma


deteriorização das funções motoras e cognitivas que podem ser resultantes da
medicação em si.

Obs: ler a continuidade deste transtorno diretamente no DSM-5, nas páginas 100 a
105

- Características Diagnósticas
- Características Associadas que apoiam o Diagnóstico
- Prevalência
- Desenvolvimento e Curso
- Fatores de Risco e Prognóstico
- Questões Diagnósticas Relativas à Cultura
- Questões Diagnósticas Relativas ao Gênero
- Riscos de Suicídio
- Consequência Funcionais da Esquizofrênia
- Diagnóstico Diferencial
- Comorbidade

31/03/22 – Representações

SLIDE: DEFINIÇÃO DE REPRESENTAÇÕES

 As representações são constituídas pelas imagens dos objetos e


fenômenos percebidos nas experiências anteriores e evocadas de forma
voluntária ou involuntariamente.

 No ato perceptivo, o objeto se impõe por sua presença. Na


representação, ao contrário, o objeto não se acha presente, a imagem é
projetada no “espaço interior”, na subjetividade.

 A representação do objeto percebido não é estática, é um processo, que


ganha independência dos elementos concretos.

SLIDE: (IMAGEM DE UMA ESCADA)

Pegando o exemplo da garrafa, ao ver várias podemos brincar com a


representação da garrafa, que iremos vê-la e percebê-la.

Imaginem uma escada na mente de vocês, apenas uma escada. Essa


imagem, trazida de uma lembrança real, não é fixa, ela é fluída, e adaptada ao
que precisamos imaginar quando estimulados.

A representação se origina de algo que foi visualizado, vivido e percebido em


algum momento antes.

SLIDE: TIPOS DE IMAGENS


Quando temos a possibilidade de ter uma imagem visual, temos a possibilidade
de ter alucinações.

 Imagem visual: baseadas nas percepções visuais se formam as


imagens dos objetos, que podem ser cenas, paisagens, objetos fixos,
etc. Cada pessoa apresenta variação em relação a forma, contorno,
relevo, cor.

O objeto que vemos visualmente não precisa ser algo concreto, podemos
pensar no movimento dele. Exemplo: a abertura da tela do Windows pode ser
lembrada quando estamos numa paisagem, não é algo fixo.

Podemos também ter uma forma de captar e perceber as imagens de formas


diferentes. Exemplo quem tem habilidades artísticas consegue ver cores mais
fortes, dominantes, ou outras mais suaves, isso porque ao longo das
experiências vai desenvolvendo essa capacidade perceptivas mais refinada.

Na fenomenologia existem os processos passivos, ou seja, quando a nossa


consciência não consegue perceber tudo. É como se as coisas estivessem
acontecendo de plano de fundo. Exemplo: estamos na sala de aula e não nos
damos conta que está claro lá fora, porque nesse momento o nosso
processamento ativo está na aula, na fala da professora, no slide do quadro, e
o que está lá fora é um processamento passivo. A consciência não está neste
caso, prestando atenção lá fora. Isso não é muito diferente de um conteúdo na
consciência e inconsciente psicanálise, aqui na fenomenologia um conteúdo é
uma função.

Exemplo: pessoas com astigmatismos sabem que “contorno” não é algo fácil,
porque há funções oculares comprometidas.

 Imagem auditiva: Costuma ter menos riqueza e nitidez que a imagem


visual. Pode ser identificada quando reproduzimos uma melodia de uma
música famosa.

Parece ser um contrassenso, mas na representação é uma forma de identificar


um conteúdo que já tivemos.

Exemplo: quando mentalmente lembramos de um ruído, como o barulho de um


avião sem ele estar por perto, mas o associamos com o avião em si. O mesmo
acontece por exemplo, recuperar o som da chuva.
A imagem auditiva é menos comum que a visual, porque as imagens no campo
da visão são mais amplas, que preenchem o tempo todo a nossa visão,
diferente dos sons que estamos ouvindo.

 Imagem tátil: Procedem das diferentes regiões da superfície cutânea. É


evocada sempre em associação com outros tipos de imagem (visual,
auditiva, olfatica).

É muito difícil ter uma recuperação apenas tátil, de conseguir lembrar de uma
sensação de toque. Normalmente vem acompanhada de outras imagens.

Exemplo: uma pessoa que sofre um trauma de agressão sexual, poderá


associar com outras imagens, como o local, o cheiro, o barulho de música ou
vozes.

 Imagens gustativas e olfativas: Em casos não patológicos, costuma


existir pobreza em seus aspectos representativos. A sua rememoração
está associada a estados afetivos.

É muito difícil separar, com exceção no caso de COVID-19. Normalmente só


costumamos lembrar quando está associada a alguma memória afetiva.
Exemplo: o cheiro de um hospital psiquiátrico, que tem o cheiro de
medicamentos que é exalado pelos pacientes.

Ter dificuldade em lembrar o cheiro ou o sabor de algo é muito normal.

SLIDE: TIPOS DE IMAGEM

 Imagens cinestésicas: Fala sobre o deslocamento nas várias partes do


corpo, ou seja, fala da percepção de movimento e da representação
dessa percepção.

Não é estar em movimento, lembrar em fazer esse movimento com o corpo, é a


nível de imagem. Aqui é a recuperação da lembrança de um movimento.
Talvez no nosso processamento normal é algo que não chama tanto a atenção.

Exemplo: quem já fez ballet antes, quando a professora estimulou a lembrar


das posições básicas 1, 2, 3, automaticamente dá vontade de fazer os
movimentos.

Exemplo: estou correndo na esteira, e ao sair, sinto que ainda estou correndo
nela.
 Imagens cenestésicas: proporcionam a percepção, e ao mesmo tempo,
o sentimento de existência do nosso corpo. São mais intensas se
acompanhadas de uma experiência de prazer e dor.

Exemplo: estamos parado por muito tempo numa posição e começamos a


sentir câimbra, formigamento e nos damos conta que a perna está ali.

Exemplo: tentar lembrar a sensação de um gozo, não é algo tangível, visual,


olfativa, visual, mas sim cenestésica.

Exemplo: a sensação de ter alguém atrás de nós, seguindo, mas ao olhar não
tem ninguém.

A pessoa que tem uma patologia ela vai olhar e mesmo vendo que não
tem ninguém, ela acredita que tem e sofre.

SLIDE: PATOLOGIA DAS REPRESENTAÇÕES – ALUCINAÇÃO

 Alucinação é uma imagem representativa ou imagem fantástica que


adquire os caracteres de sensorialidade necessários para ser aceita pelo
juízo de realidade como proveniente de um objeto exterior.

Aqui é quando imaginamos como é Deus, a vida, morar em Saturno, etc.

Alucinação cumpre todos os requisitos para se passar por uma imagem real.
Lembrando a Convicção delirante, para a pessoa, a voz que ela está ouvindo
no mundo compartilhado e a vinda do mundo psíquico, para ela soam iguais,
ou seja, as características apresentadas soam iguais, vem de um lugar que é
inquestionável.

O delírio febril, a experiência é quase tão igual quanto o delírio normal, mas ao
baixar a febre, volta ao normal (corrige). Para a pessoa que tem a patologia
não consegue fazer essa correção.

Quando estamos falando de uma alteração patológica vamos ter uma


sensação que é quase realidade, e não consegue corrigir.

 Não se originam de percepções reais, mas surgem paralelas e


juntamente com as percepções reais, portanto, são experienciadas da
mesma maneira pela pessoa.

Exemplo: o elefante roxo no fundo da sala. Ele não é a transformação de algo
como um objeto em um elefante. Eu olho o objeto e tudo ao redor, mas
também eu vejo o elefante. Isso é “percepcionar” algo, junto com o todo. Isso
não vem do meu órgão dos sentidos, porque não está presente, vem de uma
representação imaginada. A conexão do sentido é distorcida.

A alucinação pode derivar uma ideia alucinante, ou seja, elas podem sim vir
juntas.

 A alucinação é uma falsa percepção por não corresponder a nenhum


objeto ou coisa real, atual ou presente, situado no campo sensorial.

Exemplo: Não tem nada presente para ser visto, ser ouvido, mas ainda sim eu
vejo, eu ouço.

SLIDE: CARACTERÍSTICA DAS ALUCINAÇÕES

Exemplo: a garrafa preta na mesa é a real, a imaginária é a verde com


purpurina. Ela é vista não dentro da mente, ela é vista fora.

Então ela traz:

1. Nitidez sensorial;
2. Projeção para o exterior;
3. Intensidade;
4. Impressão de realidade;
5. Valor emocional.

TIPOS DE ALUCINAÇÕES

SLIDE: ALUCINAÇÕES VISUAIS

 O enfermo vê certos objetos ou cenas que não estão presentes.


 O conteúdo da alucinação varia de pessoa para pessoa e pode ser:
imagens reais como seres vivos ou imagens fantásticas como uma fera
assustadora.
 As imagens alucinatórias são, em geral, dotadas de perspectiva, dando
ao enfermo uma maior crença da sua realidade.

SLIDE: ALUCINAÇÕES LILIPUTIANAS


 Nesses casos a pessoa vê inúmeros personagens diminutos,
minúsculos, entre os objetos e pessoas reais de sua casa.
 É como se fosse um pequeno teatro apresentado ao espectador, cheio
de cores e nitidez e na maioria das vezes é acompanhado por um
estado afetivo agradável.

É basicamente as viagens de Gulliver, você se vê como uma pessoa grande


real e existem várias pessoas pequenas em cima de você.

SLIDE: ALUCINAÇÃO AUTOSCÓPICA

 É uma variedade de alucinação visual em que a pessoa percebe a sua


imagem corporal como diante de si próprio. Experiência de um duplo de
si.
 A pessoa sente que tem uma ligação estreita com esse duplo.

Não é aquela experiência que a gente se vê olhando de cima, ou seja, a nossa


consciência sai do plano dimensional e vai para o tridimensional. Aqui é
diferente, você está no plano dimensional e se vê nele 2 vezes, sido duplicado,
como se tivesse tido uma segunda pessoa de você no mundo.

No filme Cine Negro tem uma cena que a personagem se vê de forma dupla,
agindo de outra forma.

SLIDE: ALUCINAÇÕES EXTRACAMPINAS

 Nesse caso, as visões se localizam fora do campo sensorial


correspondente.
 Por exemplo, a pessoa vê coisas que acontecem atrás da sua cabeça.

Outro exemplo: a pessoa está vendo literalmente coisas que estão


acontecendo nas costas dela. Ou coisas que estão acontecendo num lugar que
ela não consegue ver, mas para ela tem certeza que está.

SLIDE: DEPOIS DE VER E OUVIR PESSOAS QUE ESTAVAM NO FORRO


DA MADEIRA DO SEU QUARTO:

Exemplo de um caso de alucinação liliputiana com extracampina.

A pessoa ouve e vê pessoas pequenas no forro da casa dela a noite. No dia


seguinte ela vai conferir as pessoas.
“o que que essa pessoa quer?” eu fiquei pensando assim comigo e aí eu esperei
acordar no outro dia, amanhecer, daí eu peguei a escada e coloquei lá no buraco, no
sótão no banheiro, daí eu abri lá e vi dois vultos, daí um tava deitado e o outro tava
atrás da viga, daí eu peguei fiquei pensando, eu tava um pouco com medo na hora, e eu
vi aquilo assim sabe com a forma de pessoa só que bem pequenininha, uma pessoa bem
pequenininha, porque o forro era bem pequeno, daí eu fiquei admirada, quanto mais
fundo que ia era mais escuro, daí eu pensei assim “será que tem um espaço ali para
alguém passar?” daí eu peguei e saí do forro e comentei com o meu marido

Para ela, tudo isso era muito real. Era uma força tão grande que na noite ela
não teve coragem, só no dia seguinte.

SLIDE: ALUCINAÇÕES AUDITIVAS

Podemos ter de formas mais complexas e de formas mais simples.

Exemplo: Camila atendia uma paciente que ouvia o som de um apito todo o
tempo, a toda hora.

 Tipo mais frequente de alucinação.


 Forma elementar: ruído, zumbido, murmúrio, estalido.
 Forma complexa: voz, melodia, toque de campainha.
 As vozes variam em relação ao falante (homem, mulher, criança),
intensidade (gritos ou quase inaudível), origem (perto, longe, outro
cômodo).
 A alucinação auditiva pode vir com associações: uma voz que ameaça +
passos de alguém se aproximando + delírio persecutório.

As vozes podem ter apresentações distintas. Exemplo em relação ao falante


pode ser qualquer tipo de voz (homem, mulher, criança, robô, etc).
E pode ter diferentes origens. A pessoa pode estar perto, em um cômodo
distante, ou até mesmo distante. As vezes ouve multidão, ou até um diálogo de
duas pessoas conversando.

A alucinação auditiva, é quando ela ouve uma voz que a ameaça, ouve passos
de alguém a perseguindo (delírio persecutório).

Como psicólogos temos que trabalhar no sentido do significado que é aquela


alucinação para aquela pessoa. Então é preciso trabalhar no medo dessa
pessoa, tratar aquela alucinação com consideração.
Na psicopatologia psicanalista vai ter um significado também, mas porque
aquilo que é da pessoa, mas o sintoma tem que mostrar alguma coisa para a
pessoa (é um trauma, um conflito que a pessoa tem que enfrentar, ou um
conteúdo que ela censurou). Na fenomenologia, não, é algo que representa
para ela. Não é importância de anterioridade, tem um significado em si, mas
não um conteúdo que precisa ser decodificado.

Se uma pessoa tem uma crise de ansiedade porque ouviu vários barulhos de
estalinho, e associou com um barulho de arma. Isso é muito de uma origem de
hipnose na psicanálise, que é você enfrentar esse trauma, mas a própria
psicanálise está abandonando isso.

Tentamos sempre descobrir um gatilho, que é apenas uma informação, mas


não irá fazer desaparecer o sintoma.

Exemplo clássico de paciente psiquiátrico: tem a crise, recebe a medicação, o


tratamento, e melhora. Ela tem a experiência de melhora, para a medicação,
larga tudo, e começa a ter todos os sintomas de novo.

SLIDE: ALUCINAÇÃO AUDITIVA (EXEMPLO)

“a última vez fui parar no Psiquiatra, a gente pagou uma consulta de


emergência daí eles estavam achando que eu tava ficando louca, louca de vez,
tava surtando, porque eu pegava faca. eu escutava ele chegando, escutava o
próprio sabe? me chamando, daí eu comecei a escutar vozes.”

Ela tinha tido uma separação bem traumática do marido, que o largou e quebra
todos os sonhos dela. Então desenvolve um ódio por ele e mesmo ele tendo
ido embora ela ouve vozes que ele está chegando, pega uma faca para
esperar por ele.

SLIDES: TIPOS DE ALUCINAÇÕES AUDITIVAS

1. Sonorização do pensamento: a pessoa ouve os próprios


pensamentos como se fossem pronunciados por alguém do
mundo exterior.

Exemplo: tem duas pessoas conversando sobre você.

2. Audição de vozes obre a forma de diálogo: duas pessoas


conversam sobre o paciente elogiando ou censurando.
3. Audição de vozes que interferem na própria atividade: transmitem
ordens ou comentam os atos da pessoa.
Exemplo: ouvir voz de comando, uma voz imperativa, de ordem. A pessoa tem
uma sensação de estar ouvindo essa voz e sente compelida a obedecer.

São vozes perigosas muitas vezes, que é

SLIDE: ALUCINAÇÕES TÁTEIS E DE CONTATO

 A intoxicação por substâncias costuma produzir alucinações táteis, como


ter a sensação de que pequenos animais andam sobre a pele.
 Nas alucinações de contato, a pessoa experimenta a sensação de que
foi tocado por alguém que quer lhe fazer mal.
 Em alguns casos, a zona de contato podem ser a zonas erógenas, e a
pessoa crê que foi abusada sexualmente.

É muito comum a pessoa intoxicada com álcool ou em abstinência de álcool,


que tem a sensação que tem milhares de bichinhos andando sobre a pele.

De contato. Tem a sensação que alguém está me puxando, mas não está.

Nos hospitais é muito comum pacientes terem tido a sensação de alguém tê-
las tocado.

SLIDE: ALUCINAÇÕES OLFATIVAS E GUSTATIVAS

 São relativamente raras.


 A pessoa é perseguida por sensações de maus odores: carne
deteriorada, lixo, mofo, fezes. Às vezes, a origem do cheiro ruim é a
própria pessoa.
 Na alucinação gustativa, o alimento deixa de ter o seu gosto natural e
passa a ter gosto amargo, metálico, estranho. Esse fenômeno pode
validar o delírio de que está sendo envenenado.

Uma pessoa começa a delirar e alguém dá alimento para ela e ela delira que
está sendo envenenada.

SLIDE: ALUCINAÇÕES CINESTÉSICAS

 Se relacionam com o movimento e com o equilíbrio.


 A pessoa acredita que o seu corpo está fazendo certos movimentos sem
o seu comando, como um braço que se levanta ou uma perna que se
encolhe na sua percepção, mas que nenhum movimento é efetivamente
observado pelas pessoas ao redor.
 Pode também se manifestar na sensação de estar sendo levantado no
ar, levitando, ou que o chão se rebaixa, que está sendo girada em
diversos sentidos, etc.

SLIDE: ALUCINAÇÕES CENESTÉSICAS

 Está relacionada com sensações anormais nas diferentes partes do


corpo.
 Por exemplo, sensação (não é ver), de que algo lhe pressiona os olhos,
que os cabelos estão em chamas, que o cérebro está derretendo.
 Podem se apresentar como sensação de frio ou calor intenso em
alguma parte do corpo.
 Costumam aparecer combinadas com delírio de influência física.

SLIDE: DIAGNÓSTICO DAS ALUCINAÇÕES

 Observação direta do comportamento da pessoa;


 Autorrelato;

Exemplo. A pessoa me conta de uma voz que está ouvindo, de um dragão


verde que está voando. Aqui o conteúdo e a estrutura importam, tem um
significado que é possível trabalharmos como psicólogos.

 O conteúdo e a estrutura importam.

SLIDE: VALOR SEMIOLÓGICO

As alucinações podem se apresentar em quase todos os transtornos mentais,


mas destacam-se:

 Esquizofrenia
 Intoxicação por substâncias

Até a maconha pode ser um gatilho para gerar alucinação.

São poucos comuns.


 Transtornos comuns:

É muito improvável que a pessoa com depressão vai alucinar.

TRANSTORNO BIPOLAR E TRANSTORNOS RELACIONADOS

O transtorno bipolar e transtornos relacionados são separados dos transtornos


depressivos no DSM-5 e colocados entre os capítulos sobre transtornos do
espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos e transtornos
depressivos em virtude do reconhecimento de seu lugar como uma ponte entre
as duas classes diagnósticas em termos de sintomatologia, história familiar e
genética. Os diagnósticos inclusos neste capítulo são transtorno bipolar tipo.

Quando olhamos a forma como se apresentam os sintomas o Transtorno


Bipolar se destaca e funciona de uma maneira diferente dos depressivos, mas
funciona como os sintomas psicóticos. É como se conversasse com os dois
lados. É muito comum associar com o transtorno de humor.

I, transtorno bipolar tipo II, transtorno ciclotímico, transtorno bipolar e


transtorno relacionado induzido por substância/medicamento, transtorno bipolar
e transtorno relacionado devido a outra condição médica, outro transtorno
bipolar e transtorno relacionado especificado e transtorno bipolar e outro
transtorno relacionado não especificado.

Os critérios para transtorno bipolar tipo I representam o entendimento moderno


do transtorno maníaco-depressivo clássico, ou psicose afetiva, descrito no
século XIX. Diferem da descrição clássica somente no que se refere ao fato de
não haver exigência de psicose ou de experiência na vida de um episódio
depressivo maior. No entanto, a vasta maioria dos indivíduos cujos sintomas
atendem aos critérios para um episódio maníaco também tem episódios
depressivos maiores durante o curso de suas vidas.

O transtorno bipolar tipo II, que requer um ou mais episódios depressivos


maiores e pelo menos um episódio hipomaníaco durante o curso da vida, não é
mais considerado uma condição “mais leve” que o transtorno bipolar tipo I, em
grande parte em razão da quantidade de tempo que pessoas com essa
condição passam em depressão e pelo fato de a instabilidade do humor
vivenciada ser tipicamente acompanhada de prejuízo grave no funcionamento
profissional e social. O diagnóstico de transtorno ciclotímico é feito em adultos
que têm pelo menos dois anos (um ano em crianças) de períodos
hipomaníacos e depressivos, sem jamais atender aos critérios para um
episódio de mania, hipomania ou depressão maior. Muitas substâncias de
abuso, alguns medicamentos prescritos e várias condições médicas podem
estar associados a um fenômeno semelhante ao episódio maníaco. Esse fato é
reconhecido
nos diagnósticos de transtorno bipolar e transtorno relacionado induzido por
substância/ medicamento e transtorno bipolar e transtorno relacionado devido a
outra condição médica. O reconhecimento de que muitos indivíduos,
especialmente crianças e, em menor grau, adolescentes, vivenciam fenômenos
semelhantes ao transtorno bipolar que não atendem aos critérios para
transtorno bipolar tipo I, transtorno bipolar tipo II ou transtorno ciclotímico
reflete-se na
disponibilidade da categoria outro transtorno bipolar e transtorno relacionado
especificado. De fato, critérios específicos para um transtorno que envolva
hipomania de curta duração são parte da Seção III, na esperança de estimular
mais estudos desse transtorno.

Temos fases das modas dos transtornos. Estamos na fase que todos tinham
ansiedade e estamos na fase de que todos temos uma mãe narcisista.
Bipolaridade a pessoa não percebe que está na fase, porque demora muito
para ter. Leva até 10 anos para se confirmar o transtorno Bipolar. As vezes tem
pessoas que ficam 6 meses com episódio depressivo e 1 pico de mania na
semana e voltam com o episódio depressivo. Não tem uma frequência regular
ou uma receita na Bipolaridade. Não é de manhã feliz, a noite triste, são longos
períodos de alteração de humor e que representa que não tem causalidade
(uma causa específica).

Falar de transtorno mental é falar de uma não intencionalidade, ou de uma


razão pelo qual está acontecendo. Se o humor muda em razão de algo (um
filme que o cachorro morre), não é um transtorno. Transtornos de humor
estamos falando de reações instintivas, a pessoa não está triste, ela não
consegue estar ou ficar alegre, não consegue levantar-se da cama. No
transtorno, a variação do humor não tem causa.
O DSM divide o Transtorno Bipolar em tipo 1 tipo 2. O tipo 1 é marcado para a
Mania e o tipo 2 pela depressão. No tipo não necessariamente precisamos ter
um episódio maior. No tipo 2 teremos os episódios depressivos, as fazes
reduzidas, mas não a Mania. Alguns autores irão considerar como mania e a
recomendação é internar.

Tipo 1 a marca é MANIA, Hipomania, transtorno de humor normal

Tipo 2 a marca é DEPRESSIVA, pode ir para a fase de hipomania e ter


transtorno de humor, mas não ir para a fase MANIA.

Mania é a crise do episódio máxima


Hipomania é uma crise do episódio menor (duração mínima de 4 dias)

É preciso de 3 ou 4 características para ser enquadrado em um Transtorno, e


em um mesmo período.
Em Episódio Depressivo maior: tem que ter de 5 a 9 sintomas, e
imprescindivelmente o item 1 (Humor deprimido na maior parte do dia).

O Transtorno Bipolar não tem uma idade específica que se começa. As vezes o
que “cronifica” o sintoma é a medicação, as vezes é o retirar essa medicação.

Não é uma pergunta específica que vai trazer a resposta para o sintoma dela,
serão respostas que virão dos relatos que teremos como identificar os
transtornos.

(Continua no DSM-5)

TAREFA: ler para 07/04 - cap 10: Alterações na Afetividade - Livro Curso de
Psicopatologia - Paim

07/04/22 – Afetividade

Quando formos nomear algo que está fora do normal, estamos falando de algo
é que patológico. Sentir algo frente a um estímulo é uma reação causada,
ainda que seja intensa, não vamos considerar uma patologia. O problema é
quando um significado é alterado. Por exemplo, sentir o medo numa rua
sinistra, é natural. Mas se uma pessoa tem pavor de borboleta, e ela entra em
pânico, não é normal. Precisamos sempre olhar como se dá a relação do
objeto e o que ele representa para nós. As vezes na patologia temos reação de
um objeto que não existe.

Estamos vivendo numa época que não podemos ter desagrado, tristeza, medo,
mas as emoções precisam existir desde que numa normalidade. Até uma
felicidade contínua deixa de ser normal.

Quando o autor separa os sentimentos, é interessante pensar na falta de


sentimento. Ao se pensar em transtorno pensamos em tristeza intensa, mas ele
vai falar da apatia.

Ao se falar do humor, temos as polaridades, mas o humor sempre estará


voltado para um objeto. Se for um objeto extremo, que por exemplo, me causa
raiva, é uma polaridade. E quando falarmos de estado de ânimo, que surge
quando você acorda e diz “hoje o dia vai ser bom”, é quando pegamos vários
sentimentos e representamos de alguma forma, e dura por um determinado
tempo, as vezes horas, as vezes dias, mas não tem relacionamento com o
objeto. O estado de humor é uma reação que vai ao extremo.
As emoções não têm uma autonomia de se “impor”, elas surgem da relação do
sujeito com o mundo. As memórias são como nossas experiências passadas
que vão impactando como recebemos os estímulos.

As emoções chegam a dominar o fluxo do pensamento. A paixão é uma


emoção em impermanência. No texto o autor não vai relacionar a paixão
apenas com o “apaixonar-se com uma pessoa”, mas pode ser também uma
paixão que nos move, como “correr montanhas”, é uma paixão.

Separamos as funções psicológicas para estudá-las, mas precisamos associá-


las com os sentimentos, com as emoções. O pensamento não tem o poder de
dominar uma emoção que está ao extremo. Pensando na fenomenologia,
nosso corpo orgânico sintomatizara determinadas emoções.

SLIDE: DEFININDO AFETIVIDADE

 Afetividade enquanto a capacidade

É claro que a forma de cada um experimentar será distinta, exemplo: uma


criança que vive numa situação de tensão, de medo, poderá não saber com
uma situação leve, divertida.

Com muito cuidado precisamos fazer uma divisão da afetividade em estados


de ânimo ou humor, sentimentos, emoções e .....

SLIDE: DEFININDO AFETIVIDADE

 Estados de ânimos ou humor: soma total dos sentimentos presentes na


consciência num

Ao receber a notícia de uma doença grave, automaticamente irá alterar o nosso


estado de ânimo, que poderá levar a um estado melancólico, deprimido,
chateado. Há o sentido de continuidade, mas não um único estado de humor,
exemplo: ser feliz o tempo todo.

 Sentimentos: é um estado afetivo que não pode ser controlado pela


vontade e que são provocados por nossas representações, pelos
estímulos procedentes do mundo exterior ou por alterações vinda do
interior do organismo. Ex. alegria que acompanha lembra-se da última
viagem.

Ele tem a característica maior de um rompante, da forma como se coloca para


a pessoa, é um sentimento que acontece para além da capacidade da pessoa.

Em termos clínicos, o terapeuta irá “aceitar” o paciente com tudo o que ela traz,
com a raiva, o medo, a tristeza, etc, e com isso Karl Rogers vai dizer “a partir
do momento que eu aceito quem eu sou, eu posso mudar”. Exemplo: eu estou
com muita raiva, mas eu aceito isso, e partir disso eu consigo lidar melhor com
isso.
Por isso que é muito importante fazer um bom diagnóstico, e apenas fazer “um”
diagnóstico, e também incluir a possibilidade de um sintoma biológico, como
por exemplo, um remédio para emagrecimento pode deixar a pessoa muito
elétrica, que pode ser confundida com o estado de mania. Então avaliar o
diagnóstico clínico com os Transtornos que são presentes inicialmente e os
relacionar com as emoções e reações que estão sendo sentidas.

O riso patológico do Coringa vem de uma lesão cerebral que ele sofreu e então
pode ser tratado como uma psicopatologia.

SLIDE: DEFININDO AFETIVIDADE

 Emoções: é um estado afetivo intenso e complexo, pro


A emoção tem mais forte, é mais reativa, é mais forte. Exemplo: uma crise de
choro quando a pessoa está com raiva.

 Paixões: alteram a conduta e o pensamento, dirigindo os juízos de valor

O pathos da psicopatologia fundamental da psicanálise vai buscar encontrar o


sentido daquele sofrimento. É um pouco diferente da paixão na psicopatologia
da fenomenologia que vai tratar do sintoma como ele se apresenta.

SLIDE: IAGO

Desenho de um gráfico das emoções

O Iago as vezes sente alegria, tristeza, tédio, medo, inveja, empolgado, raiva.
Por isso é importante ajudar a criança a nomear o seu sentimento. Quando ela
chega da escola triste, sem ação, é preciso ajudá-la a contar sobre isso,
representar de alguma forma.

Irritabilidade em crianças pode ser um sintoma de vários transtornos mentais,


mas também pode ser tédio. Crianças em casa, só no celular, ela não
consegue desenvolver a imaginação, porque ela não interage com outras
crianças, encontrar soluções, inventar brincadeiras e até enfrentar situações
conflitantes que a façam se sentir “viva”.

Exemplo: uma criança que está fazendo “birra”, ela pode estar representando
várias emoções, como raiva, medo, angústia. Não adianta tolar, enganar,
porque a racionalidade não vai servir para nada. As vezes é melhor sentar-se
ao lado e deixa-la se expressar, ou abraçar, ou apenas conversar. Uma
alternativa, é chamar a criança repetitivamente.

ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE

SLIDE: HIPERTIMIA
É um estado de ânimo morbidamente elevado, mas que tem a euforia Simples.

Na hora de tratar uma pessoa não vai fazer tanta diferença saber o nome do
tipo de alucinação que ela está tendo, vamos tratar o todo dela. Mas ao
identificar o tipo de sintoma, fica mais fácil para descartar certas doenças e
investigar aquelas mais próximas daquele sintoma.

Exemplo, se uma pessoa está embriaga, e observamos que ela está eufórica
para além do que ela se mostraria em estado normal. Em alguns casos clínicos
o paciente chega a ir alcoolizado, drogado ou sob efeito de medicação, e
apresentará sintomas eufóricos.

 Euforia simples: comum na mania, hipomania, embriaguez alcóolica.


Estado de completa satisfação e felicidade. Elevação do estado de
ânimo. Aceleração do curso de pensamento. Loquacidade e aumento da
gesticulação. Riso fácil.

É muito semelhante a hipomania, a pessoa está no estado de felicidade que


não é alterado por nada, nem uma queda, um choque, uma bronca, nada.

 Exaltação patológica: euforia + aumento da convicção do próprio valor e


das aspirações. Pensamento acelerado, fuga de ideias, facilmente
distraído. Passa da fala para ação muito rapidamente. (exemplo:
compras exageradas como decidir do nada a compra de uma BMW e vai
lá e compra, sem pensar, avaliar) Aumento do apetite e excitação
sexual. Insônia. A instabilidade afetiva pode passar da euforia para a
tristeza ou a cólera muito rapidamente. Exemplo: um paciente bipolar
numa UPA que passou da euforia para uma cólera quando foi abordado.

É claramente a crise de mania (exautação patológica). Hipertimia, a euforia


para mais, numa alteração patológica.

SLIDE: HIPOTIMIA

Depressão patológica. Aumento da reatividade para os sentimentos


desagradáveis, podendo variar desde um simples mal estar até um estupor
melancólico.......

Exemplo, é quando pensamos que a pessoa com depressão precisa ser


incentivada a ter força de vontade. A hipotimia faz com que a pessoa tenha
suas ações biológicas e psíquicas mais lentas, ela não consegue, como uma
pulsão psicológica, ter a força para se levantar da cama. Não é a tristeza.
Então a depressão é quando temos a disfunção do aparelho psíquico. A
pessoa com depressão faz com que a fala da pessoa fica lentar porque a
linguagem também é afetada. O sentimento de inutilidade leva a suicídio. O
aparelho psíquico de uma depressão fica tão comprometido que a pessoa não
consegue nem resgatar nas suas memórias as lembranças que a faziam feliz.
A rememoração de acontecimentos passados desagradáveis leva ao estado de
desânimo.

SLIDE: CHARGE

SLIDE: APATIA OU INDIFERENÇA AFETIVA

É a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. Os pacientes queixam-se de


não poderem sentir nem alegria, nem tristeza, nem raiva, nem nada.....Na
apatia, o indivíduo, apesar de saber da importância afetiva que determinada
experiência deveria ter para ele, não consegue sentir nada. Incapacidade de
reagir ao que lhe acontece.

Nunca devemos fazer o diagnóstico com base em apenas um único sintoma.


Então é importante afastar as reações rotineiras de humor. Patologias são
quadro muito mais complexos e serão medidos com mais de um sintoma que
representam um transtorno mental. É muito comum traçar um quadro único.

Exemplo: uma menina foi no clínico geral porque estava com apresentação de
herpes de pele. Normalmente a herpes aparece quando está com imunidade
baixa e com base apenas nesse sintoma, a paciente foi medicada com
fluoxetina para se acalmar. Ou seja, um recorte limitante e linear.

SLIDE: SENTIMENTO DE FALTA DE SENTIMENTO

 A

Conseguimos não sentir nada, ter a apatia, porque algo acontece na relação
com o objeto. É como se não houvesse a conexão do nosso aparelho
psicológico com o mundo.

É muito comum pessoas com transtorno mental não sentirem as emoções


normais para outras pessoas. O sentimento não pode ser produzido pelo
pensamento então fica apenas o vazio, o buraco, uma sensação de nada. Para
essa pessoa não é bom e nem ruim não sentir.

SLIDE: SENTIMENTO DE FALTA DE SENTIMENTO

 A pessoa se queixa que não consegue experimentar sentimento algum,


que não possui ânimo para se engajar em atividades recreativas.

 “Eu peço a Deus todos os dias que me dê um sorriso nos meus lábios,
porque as vezes eu não consigo sorrir. Às vezes eu não consigo sorrir
de jeito nenhum.
Temos também o sentimento da falta de sentimento. Quando a pessoa se dá
conta que está apática, e mesmo sentindo o desejo (querer) de sentir ela não
consegue.

SLIDE: SENTIMENTO DE INSUFICIÊNCIAS

É muito presente quando a marca é depressão.

 Comum em casos depressivos.


 Sensação de ser inútil para o mundo real, incapaz de qualquer ação
necessária, indecisão, sensação de não conseguir pensar, de ter
perdido a memória, de não ser capaz.
 “Eu comecei a passar mal, coisas que eu não tinha eu comecei a sentir,
sentir mesmo, o que para mim era simples tornou a ser difícil, digamos
lavar uma louça para mim era a coisa mais fácil, eu ia lá e levava e
pronto, agora eu ficava pensando, tomar banho, eu ia tomar banho e
não precisava pensar para tomar banho, eu ia tomar banho rapidinho,
as coisas começaram a ficar difíceis e eu comecei a ver que eu não
estava dando conta [....]”

Quando estamos falando de sentimentos com um paciente, não contrapomos


com outro sentimento, temos apenas que acolher.

A depressão tem a característica de se retroalimentar e de levar para cada vez


mais fundo. Numa depressão pós-parto o sentimento de insuficiência é com a
criança. Também surge o sentimento de insuficiência em amar os seus filhos.

SLIDE: SENTIMENTOS SEM OBJETOS

 Comum na depressão
Os sentimentos surgem sem que seja provocado, o que causa grande
angústia e sofrimento na pessoa.

Angústia é um sentimento sem objeto. É quando a gente sente algo ruim que
não sabe de onde está vindo, ele se impõe, aparece.

SLIDE: SENTIMENTOS INADEQUADOS

 Comum em pessoas com esquizofrenia;


 Reações emocionais inadequadas ao estímulo;
 Estímulo importante causa reação de indiferença;
 Fato banal causa reação emocional intensa;

Para uma pessoa um estímulo importante causa uma reação importante.


Exemplo: o pai morreu, ela recebeu a notícia, ela não reage e sai para o
shopping, ou vai dizer que está triste, mas porque não foi ele quem o matou.

SLIDE: PÂNICO
Chamamos como estado de choque/

Síndrome de pânico é uma patologia associada a ...

Exemplo: as crianças do Filme A vida....porque essas crianças começam a


parar de respirar. É uma antecipação de algo que poderá acontecer. É
antecipar um sentimento, uma situação de perigo.

SLIDE: IRRITABILIDADE PATOLÓGICA

É muito comum na mania, mas não é uma euforia muito alta e sim uma
irritabilidade muito grande

Reação curto-circuito é reagir a algo de forma muito abrupta. A pessoa tem


uma reação exagerada frente a um estímulo muito grande. Ela reage com
estímulos muito menores inclusivamente.

Aqui não é um se ferir de acabar com a própria vida, mas é um se machucar


para não sentir a dor patológica. É muito comum um adolescente se cortar
numa situação apática para sentir algo.

SLIDE:

Uma paciente que tem muitos ataques fulminantes, inclusive destruir todo o
escritório dela, o carro.

“as vezes quando dá essas crises fortes em mim eu entro dentro do quarto,
fecho tudo, xxxxxx

SLIDE: IRRITABILIDADE PATOLÓGICA

Caso do rapaz que bateu nos policiais, ele era concursado, trabalhava no
hospital na área de raio X e queria assumir um cargo de gestão e se frustrava
por não conseguir atingir esse objetivo, por conta desse quadro.

“eu comecei a me cortar também, eu fiz alguns cortes e tudo mas era no
momento de raiva, de extrema raiva que eu descompensava”. Foi uma maneira
que ele encontrou para compensar a raiva de alguma forma. Mas isso lhe traz
sofrimento.

SLIDE: TENACIDADE AFETIVA

 Consiste na persistência anormal de certos estados afetivos, como o


sentimento do ódio e o rancor.
 Em virtude dessa fixação prolongada de sentimentos desagradáveis, a
pessoa está sempre de mau humor e encara todos os fatos da vida de
forma pessimista. Não é uma reação a algo que acontece.
SLIDE: SOBRE O ANTIGO EMPREGO QUE DESENCADEOU SUA
PRIMEIRA CRISE:

Caso de uma mulher que teve a primeira crise de ansiedade, depois vai para a
crise de humor e desencadeia num quadro deprimido.

Ela saiu de um emprego há 10 anos, como vigilante que era abusada na carga
horária e ela culpa o chefe dela porque ele a fazia trabalhar muito. A raiva dela
é muito presente. Uma vez ela estava no INSS e viu uns biombos e por baixo
deles viu um sapato marrom andando sozinho e que remeteu ao sapato do
chefe.

Ela continua ainda fixa nos episódios de quando ela viveu tudo isso há 10 anos
atrás, então ela conta:

“Por quê, na verdade, às vezes eu acho assim que eu ainda estou lá, não sei
se você consegue entender, eu não sei dizer assim, mas eu ainda tô ligada
nisso daí sabe? Embora eu tente fazer........

Conversar com ela, segundo a Camila, é exaustivo demais porque apesar de


se conseguir avançar com ela no tratamento, a profissional sai exausta porque
ela fica fixa naquela situação, e é muita energia despendida. Aqui ela está
fixada em algo que ela viveu no passado, mas não chega a ser um TEPT.

SLIDE:

A pessoa não consegue controlar a reação porque ela está com uma
instabilidade afetiva.

SLIDE: ANGÚSTIA

Nós humanos estamos constantemente indo atrás de coisas e que nunca tem
fim. Isso gera a angústia. Mas falando de uma alteração patológica da
afetividade, a angústia fala de um sentir medo, mas sem que tenha um objeto
para sentir esse medo. Exemplo: sinto medo de uma borboleta, eu me afasto e
o medo some.

Nesse caso da angústia, a angústia é quando se sente que tem algo que vai
acontecer e a pessoa se sente angustiada. Na ansiedade existe o objeto, e é
mais difuso, nem dá para nomear, e ela é sentida no corpo, um aperto no peito,
há uma pressão.

Então o desenrolar da angústia, traz um estado de alerta que é muito


desconfortável, onde estamos captando todos os estímulos ao nosso redor.
Desse estado de alerta não é possível considerar nada mais. Então a pessoa
vai para um lugar onde parece que ela está se batendo nas paredes.
SLIDE: AMBIVALÊNCIA AFETIVA

É o famoso “amo e odeio” sentido ao mesmo tempo, a pessoa não consegue


dividir, ela apenas sente ambos. Na esquizofrenia vai ter completude, vai ser
forte.

Exemplo: um paciente com esquizofrenia de 30 anos que queria ir para escola,


mas chegava na escola e queria ir embora.

SLIDE: FOBIA

 Temor patológico que resiste à razão e resiste a qualquer espécie de


objeção.
 Pode ser de objetos, atos ou situações.

Exemplo: ter medo de lagartixa.


Exemplo: uma senhora tinha fobia de assaltos porque ela havia sofrido 5 atos
consecutivo. Ela despertou um medo de pontas, de qualquer coisa, por
exemplo, de uma caneta que poderia espetá-la, e com isso ela tinha uma
reação de ambivalência porque ao mesmo tempo que se tornava uma ameaça
ela tinha a vontade de espetar as pessoas.

OBS: CONSULTAR NO DSM-5V O TRANSTORNO DEPRESSIVO

28/04/22 – PROVA

ATIVIDADE PARA ENTREGAR INDIVIDUAL: QUESTÕES CULTURAIS E A


PSICOPATOLOGIA

Apresentar um transtorno mental cultural detalhadamente e a partir dele refletir sobre a


necessidade de a psicopatologia levar as diferenças culturais e sociais em consideração no
momento de fazer o diagnóstico.
Produção textual de 5 páginas.
Atividade individual ou em dupla.

Listas com exemplos de transtornos mentais culturais podem ser encontradas:


DSM - página 877

Paulo Dalgalarrondo, Psicopatologia e Semiologia - página 391

PSICOPATOLOGIA

DIAGNÓSTICO (P. 61 – Avaliação psicopatológica) P.64 - Psicodiagnóstico


TRANSTORNO MENTAL CULTURAL

DIFERENÇAS CULTURAIS E SOCIAIS

EMOÇÕES UNIVERSAIS PRESENTES EM TODAS AS CULTURAS – p.158

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Bibliografia

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Bibliografia

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Bibliografia

/22 – P1

Valor: 6,0

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Bibliografia

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Bibliografia

Bibliografia
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Bibliografia

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Bibliografia

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Valor:

21/06/22 – Devolutiva da Prova e Revisão

Valor:

28/07/22 – Aula de Revisão?

05/07/22 – P3

Valor: 10,0

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