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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINASSAU UNIFACIMED

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

Brianny Gomes Araújo, Caio Augusto de Oliveira dos Santos, Jhenifer Schiochet,
João Gabriel Rodrigues, Kauana Vitória Dias Linguanoto Reato, Lukas Hemann
Rodrigues, Matheus Dal Bosco Macari, Yann Marcos Machado Vitorino

MEIAS DE COMPRESSÃO PARA PREVENIR A SÍNDROME


PÓS-TROMBÓTICA

CACOAL
2022
Brianny Gomes Araújo, Caio Augusto de Oliveira dos Santos, Jhenifer Schiochet,
João Gabriel Rodrigues, Kauana Vitória Dias Linguanoto Reato, Lukas Hemann
Rodrigues, Matheus Dal Bosco Macari, Yann Marcos Machado Vitorino

MEIAS DE COMPRESSÃO PARA PREVENIR A SÍNDROME


PÓS-TROMBÓTICA

Projeto apresentado ao Centro Universitário UNINASSAU/UNIFACIMED, como


trabalho para matéria de medicina baseada em evidências científicas, do curso de
graduação em medicina.
Professor: Dr° Marcelo Custódio Rubira

CACOAL
2022
Situação clínica 1: Diagnóstico confirmado de trombose venosa profunda.

Preocupação com a adesão ao tratamento ‘’certamente não conseguirá tolerar’’.

Situação clínica 2: Qual o risco existente à não adesão ao tratamento profilático?

— Doutor, minha filha anda brigando comigo poque comprou as meias e eu não
consigo usar.

Situação clínica 3: Você faz parte da comissão que irá propor o protocolo da linha de
cuidado do paciente com TEV. Um dos integrantes defende que o serviço deve
oferecer as meias, sob o risco de ter que fazê-lo por decisão judicial.

Primeiramente devemos entender o que é a síndrome pós trombótica. Esta, é


caracterizada como sintomas que ocorrem pós trombose venosa profunda (TVP).
Uma em cada três pessoas com TVP desenvolverá dor crônica, inchaço e alterações
na pele das pernas. Isso é chamado de síndrome pós-trombótica (SPT). Buscando
meios de prevenção desta síndrome pós evento trombótico, uma profilaxia utilizada
nos pacientes se desenvolve a partir de meias elásticas de compressão, em busca de
reduzir inchaço e melhorar o fluxo sanguíneo nos membros inferiores. Alguns estudos
(ensaios clínicos, revisões sistemáticas, resumos) tem por objetivo avaliar a
efetividade deste método de prevenção, buscando pautar os tratamentos na
consagrada medicina baseada em evidências.

Sobre as situações clínicas

No que concerne ao paciente, as preocupações relatadas estão dentro do que se


espera do raciocínio clinico da MBE, haja visto que se preocupam com a doença, a
intervenção e alternativas existentes. Sendo de importante ajuda na adesão e
tratamento da TVP, o entendimento da relevância da SPT é necessário, pois, incide
em 25-50% dos pacientes e impacta diretamente na qualidade de vida.
Buscas

A pesquisa de material científico que corrobore com o manejo e indicação de


tratamento foi realizada através de sites de divulgação científica, tais como: DynaMed,
PubMed, SciELO, National Library of Medicine (NCBI), Periódicos CAPES, plataforma
Cochrane e Cochrane Vascular Specialised Register. Os artigos utilizados como base
para estudo são em sua maioria ensaios clínicos controlados e randomizados (ECRs),
ensaios clincios controlados (ECCs) e revisão sistemática.

Resultados

Por ser um assunto delicado, pouco abordado e com ECR’s com baixa evidência
científica, os trabalhos acerca dos benefícios ou não do uso das meias de compressão
em pacientes pós TVP são de fato pouco elucidativos quanto aos benefícios, riscos
ou insignificância do uso. Na plataforma Cochrane, a busca na literatura feita pelos
pesquisadores responsáveis da revisão, incluiu todos os idiomas e rendeu 10 ensaios
clínicos randomizados com 2.361 participantes. À primeira vista, parecia que esses
estudos eram conflitantes. Concluiu-se que a maioria dos participantes não teve SPT
um ano após a TVP proximal e não exigiu o uso de meias elásticas de compressão.
No entanto, este estudo incluiu pessoas com TVP assintomática que apresentam
baixo risco de SPT. De fato, em uma subpopulação de participantes com TVP
sintomática, esses pesquisadores avaliaram a prevalência de SPT (usando uma
escala diferente, não validada e possivelmente menos sensível) como 27% e não
distintamente diferente de ambos os outros estudos. Outra diferença importante é o
uso de meias de um a dois tamanhos maiores ao invés de nenhuma intervenção. Isso
pode ter diminuído o contraste entre os grupos de tratamento, pois mesmo uma meia
muito grande certamente proporcionará alguma compressão. Além disso, no estudo,
as meias foram fornecidas apenas um ano após a trombose índice (ou seja, em um
momento em que a maioria das pessoas já poderia ter desenvolvido SPT), e um efeito
preventivo muito menor pôde ser alcançado. Um estudo mais recente também
descobriu que as meias na altura da coxa não oferecem melhor proteção do que as
meias abaixo do joelho e que a menor tolerabilidade das meias na altura da coxa pode
levar à descontinuação (Appelen 2017). Todos os estudos e resultados incluídos são
relevantes para nossas questões de revisão. Quanto a satisfação dos pacientes em
relação a sua qualidade de vida, dois estudos abordaram o tema: O primeiro estudo
mostrou grande melhora no bem-estar e qualidade de vida relacionada à TVP com
uso das meias compressivas (P <0,05) em comparação com repouso no leito, já o
segundo estudo não mostrou diferenças de qualidade de vida entre os grupos que
fizeram o uso das terapia e aqueles que tiveram acesso ao placebo. Efeitos adversos
ou má adesão na utilização foram relatos em quatro estudos, porém, apontam
qualidade de evidências de baixa qualidade; entre os efeitos colaterais temos (prurido,
eritema e outras formas de reação alérgica); não houveram eventos graves.
Discussão
Portanto, com base nas literaturas disponíveis sobre o assunto, podemos concluir
que as evidências sobre os benefícios do manejo do paciente pós TVP, com ênfase
em evitar uma possível SPT, são de baixa qualidade científica. Mesmo que os
resultados demonstrem que as meias elásticas de compressão podem reduzir a
incidência da síndrome no paciente pós trombose, a comunidade científica carece de
boas fontes e de métodos bem descritos, fazendo-se necessário a existência de novos
ensaios clínicos randomizados com alta evidência cientifica para elucidação dos
achados e resolução para a heterogeneidade das informações descritas.
As situações problema 1, 2 e 3 permeia o mesmo campo, e, de acordo com as
análises feitas pelo profissional responsável por cada caso, o mais indicado seria a
reavaliação da necessidade de indicação das meias de compressão, haja visto que
não há uma boa base científica que garanta o sucesso ou a prevenção de uma
síndrome posterior apenas com o uso do aparato. A utilização das meias não
produzirá efeitos colaterais graves, no máximo um leve desconforta a região; por
conseguinte, como não existem evidências de que o uso se faz benéfico, talvez não
haja a possibilidade de obrigatoriedade judicial no fornecimento do método para o
tratamento de um paciente. Por fim, faltam evidências de alta qualidade necessárias
para apoiar totalmente o uso da terapia de compressão na prevenção da SPT, e
quaisquer conclusões tiradas das evidências atuais devem ser interpretadas com
cuidado.
Referências bibliográficas
Appelen D, van Loo E, Prins MH, Neumann MHAM, Kolbach DN. Compression therapy for prevention of post-
thrombotic syndrome. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017, Issue 9. Art. No.: CD004174. DOI:
10.1002/14651858.CD004174.pub3

Clarke MJ, Broderick C, Hopewell S, Juszczak E, Eisinga A. Compression stockings for preventing deep vein
thrombosis in airline passengers. Cochrane Database of Systematic Reviews 2021, Issue 4. Art. No.: CD004002.
DOI: 10.1002/14651858.CD004002.pub4.

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