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A APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM NO PLANEJAMENTO DA

ASSISTÊNCIA A UMA PACIENTE PORTADORA DE MULTIMORBIDADES: UM


ESTUDO DE CASO
 
Yan Lucas Martins Silva1, Bruna Lorena Souza Tavares1, Rafaella Santos Corrêa1, Suzy
Emanuelle Lourenço Queiroz1, Maria Fernanda Ferreira Maia1, Larissa Gonçalves Silva1,
Vanessa Cardoso Silva1, Ronivon1, Neiva Marques Diamantino1.
1
Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).

RESUMO

Introdução: A multimorbidade é uma condição clínica que afeta de modo preponderante a


saúde de muitos pacientes, especialmente idosos. Desse modo, a conjunção de múltiplas
morbidades, em um único paciente, constitui-se como ótimo foco para estudos e aprendizado
quanto às inter-relações fisiopatológicas nos sujeitos estudados, fato este que é facilitado pela
aplicação do processo de enfermagem. Objetivos: Analisar a situação de saúde de uma
paciente portadora de algumas comorbidades e elaborar um plano de cuidados cuja esteio
teórico esteja fixado na sistematização da assistência de enfermagem, materializado no
processo de enfermagem. Métodos: trata-se de um estudo de caso (exploratório-descritivo)
elaborado por acadêmicos do 3º período do curso de graduação em enfermagem da
Universidsde Estadual de Montes Claros (Unimontes). Todo o processo, para se proceder à
elaboração do plano de cuidados, teve como base a assistência sistematizada de enfermagem.
A coleta de dados ocorreu em um município do norte de Minas-Gerais e, após isso, o caso foi
trazido ao grupo para discussão e para posterior confecção do plano de cuidados cujo
referencial teórico-metodológico  foram as taxonomias NANDA ( International Nursing
Diagnosis Association), NOC e NIC. Este estudo respeitou os ditames ético-legais da
Resolução 466/ 2012,  e obteve, assim, parecer favorável à execução da pesquisa pelo CEP-
Unimontes, número: 4.214.376. Resultados: o histórico de enfermagem da paciente e o
exame físico possibilitaram evidenciar um quadro multimórbido. A partir disso, elencaram-se
alguns diagnósticos, como: risco de glicemia instável (00179), obesidade ( 00232) e risco de
pressão arterial instável (00267). Após, procedeu-se à elaboração do plano assistencial.
Discussão: a situação clínica da paciente desperta atenção quanto ao seguimento efetivo do
plano de cuidados pois evidenciou-se que os diagnósticos de risco (fisiológico) estão
diretamente correlacionados, especialmente aqueles tangentes ao quadro metabólico
sindrômico. Conclusão: pôde-se perceber a eficiência proporcionada pelo uso das taxonomias
do processo de enfermagem na exploração do caso clínico e na sua compreensão total.
Outrossim, esses guias teóricos favoreceram a visualização e aprendizagem dos acadêmicos
quanto à SAE e ao PE.

Descritores: Multimorbidade; Sistematização da Assistência de Enfermagem; Processo de


Enfermagem.

INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida que a princípio ocorreu em países desenvolvidos agora


também é um fenômeno presente nos países em desenvolvimento, onde o envelhecimento da
população tem acontecido de forma mais intensa (VERAS, OLIVEIRA, 2018). Entretanto,
este fator não garante uma melhoria da qualidade de vida visto que não leva em conta
alterações nas taxas de morbidade, incapacidade e outros indicadores de saúde
(GUIMARÃES, ANDRADE, 2020). Nesse contexto, ocorre uma transição epidemiológica
caracterizada pela alteração do perfil de morbimortalidade da população, com o decréscimo
gradativo dos óbitos por doenças infectocontagiosas e acréscimo dos óbitos por doenças
crônico-degenerativas (BRASIL, 2008).

A multimorbidade é entendida como a coexistência, em um mesmo indivíduo, de duas ou


mais doenças crônicas, sem relação de causa e efeito e sem que nenhuma delas possa ser
considerada como problema principal. Além de que torna-se progressivamente mais comum à
medida que a idade avança. Esses problemas crônicos, incluem  condições físicas, como
problemas cardíacos, diabetes, e também se relaciona com a saúde mental, como a depressão
e ansiedade. Estudos apontam que a multimorbidade está relacionada à idade e às condições
socioeconômicas dos indivíduos, ou seja, pessoas idosas com piores condições econômicas e
de vida tendem a ser os mais afetados. Todo esse conjunto pode levar à queda da qualidade de
vida, à incidência de problemas de saúde mental e física, além da dificuldade de encontrar o
tratamento assistencial adequado para cada particularidade, deixando o paciente mais
vulnerável (LANCASTRE, 2011).

Nesse cenário, o aumento progressivo do acometimento por doenças crônicas (DC) e a


ocorrência de multimorbidade acarreta em uma crescente demanda por cuidados de longa
duração, maior consumo de fármacos e gastos elevados com saúde (CARVALHO et al, 2017;
BRASIL, 2018).

A enfermagem tem um papel essencial na assistência a pacientes com DC, pois muitas
pessoas têm um déficit nas informações sobre tais patologias , e com isso o principal papel é
educativo, na orientação, e na solução de certas dúvidas, já que o sujeito adoentado, deverá
aprender a conviver com essa condição da melhor forma. A DC, é, então, um processo longo,
em que  há a crescente demanda por orientações em saúde para que os clientes consigam
superar dificuldades e se tornem copartícipes no tratamento da mesma (TANNURE;
PINHEIRO, 2019). 

Nesse sentido, é necessário conhecer como pode ocorrer a intervenção da enfermagem para
uma melhora de quadros multimórbidos. Sendo assim, é preciso conceituar, a sistematização
da assistência de enfermagem (SAE) e o processo de enfermagem (PE) usados nestas e em
todas as atuações do enfermeiro e sua equipe.  A SAE é uma metodologia científica que vem
sendo cada vez mais implementada na prática assistencial, que organiza toda a
operacionalização do PE, conferindo maior segurança aos pacientes, melhora da qualidade da
assistência e maior autonomia aos profissionais de enfermagem.  (ARAÚJO, 2016;
TANNURE; PINHEIRO, 2019).

O PE é um método utilizado para se implantar, na prática profissional, o método de solução


dos problemas do paciente. A Sistematização da Assistência de Enfermagem corresponde a
todo o Universo de recursos materiais e humanos e também a ideologia da instituição onde
ocorre a assistência de  Enfermagem.  Sendo assim, o Processo de Enfermagem perfaz parte
deste universo como sendo a execução da SAE na prática. Ou seja, SAE e PE não são
sinônimos. É o PE, portanto, que consiste na execução da SAE e não o contrário (ARAÚJO,
2016)
A Resolução COFEN nº 358/2009 dispõe acerca da Sistematização da Assistência de
Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou
privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem.  Neste contexto, colocar em
prática as 5 etapas do processo de enfermagem é de fundamental importância para a
excelência na assistência ao paciente com multimorbidades, sendo que o objetivo é  garantir
um atendimento preciso e coerente de acordo com a necessidade encontrada e que vá ao
encontro do processo de enfermagem (BRASIL, 2009). Todas as informações coletadas na
anamnese concedem uma maior precisão de dados ao PE, dentro da abordagem da SAE,
contribuindo para a manutenção da saúde e uma possível mudança na intervenção inicial,
visando sempre à melhora do paciente (ARAÚJO, 2016; TANNURE; PINHEIRO, 2019).

Em vista disso, considera-se que a identificação das principais características definidoras


dessas condições de saúde pelos profissionais, especialmente o enfermeiro, constitui-se como
base para compreender as inter-relações fisiopatológicas das queixas apresentadas e para a
prestação de uma assistência qualificada. Dessa forma, este estudo busca descrever a
aplicação da SAE, materializada no processo de enfermagem, quando do desenvolvimento de
um plano de cuidados adequado, efetivo e exequível a uma paciente portadora de
multimorbidades.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de caso, realizado em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) em


uma cidade do Norte de Minas Gerais (MG), no período de maio a junho do ano de 2021,
pelos acadêmicos do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de
Montes Claros (Unimontes) sob orientação de um preceptor .

Como critério de inclusão, a paciente foi indicada ao estudo de caso após discussão em grupo
acerca das peculiaridades e complicações apresentadas para que fosse possível o
desenvolvimento do raciocínio crítico e clínico tendo como parâmetros norteadores a SAE,
materializada no PE (TANNURE; PINHEIRO, 2019).

A coleta de dados foi feita a partir da primeira etapa do PE, e para isso, foi utilizado um
roteiro semiestruturado, baseado no modelo proposto por PORTO & PORTO (2012), 
elaborado, em conjunto, por discentes e docentes do curso de enfermagem da Unimontes e
norteado pela teoria de HORTA (1979). O instrumento proposto foi subdividido em duas
seções, sendo a primeira a anamnese, cuja abordagem se baseou na identificação da paciente,
na queixa principal, no histórico da moléstia atual, na história pregressa, na história familiar,
nos hábitos de vida e na história sexual e reprodutiva. E a segunda o exame físico, no qual se
coletaram dados como: o estado geral da paciente, o estado mental, o nível de consciência,
aspectos da pele mucosas e anexos, o estado nutricional e antropometria, a mobilidade e os
sinais vitais.

Na segunda etapa do PE, foi utilizada a taxonomia II da NANDA I ( International Nursign


Diagnosis Association) versão 2018/2020, para a elaboração dos diagnósticos de enfermagem
(DE). Após a identificação dos DE foram determinados os resultados esperados por meio da
taxonomia Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOC, 2020). Para estabelecer,
como meta, os resultados mais adequados, utilizou-se a ligação NANDA-NOC. Esta fase é
realizada por meio de indicadores de saúde, auxiliando na progressão do PE e no
acompanhamento da evolução do processo saúde-doença (NOC, 2020). 
Posteriormente planejou-se a assistência com a utilização da taxonomia Classificação das
Intervenções de Enfermagem (NIC). Foram definidas as intervenções de enfermagem a serem
realizadas, de forma a proporcionar uma melhora no quadro do paciente de acordo com suas
reais necessidades (NIC, 2020). Em seguida na quarta etapa, foi realizada a implementação do
plano de cuidados. Como critério de avaliação, quinta etapa, foi realizada a análise da
evolução dos diagnósticos após a implementação dos cuidados de enfermagem.

Cabe ressaltar que todos os direitos à privacidade e à dignidade do paciente foram


assegurados e mantida a confidencialidade de suas informações, conforme estabelecido na
resolução n° 466, de dezembro de 2012 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012). Ademais,
este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes sob parecer de
número 4.214.376.

RESULTADOS

IDENTIFICAÇÃO 

M.V.L.S.L., 64 anos, sexo feminino, branca, viúva, aposentada, residente em uma cidade do
norte de Minas-Gerais.

História da moléstia atual (HMA):

Apresenta hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus tipo 2 (DM2), doença
cardiovascular (DCV), obesidade, dislipidemia e hipotireoidismo.

História da saúde pregressa (HP):

Faz uso contínuo de  Glifage XR 500mg (1 comprimido após almoço e jantar) Glibenclamida
5 mg (1 comprimido pela manhã), Rosucor 40mg (1 comprimido à noite), Puran T4 50 mg (1
comprimido em jejum), Indapen SR 1,5 mg (1 comprimido pela manhã), Zanidip 10 mg (1
comprimido pela manhã), Amiodarona 200 mg (1 comprimido de manhã), Selozok 50 mg (2
comprimidos pela manhã e 1 comprimido à noite). Nega alergias; vacinas em dia; não possui
internações; sofreu acidente de caminhão.

Histórico familiar:

Relata casos de diabetes na família materna.

Hábitos de vida: Asseada nega tabagismo e etilismo. Diz realizar caminhadas diárias com
duração de 40 min utilizando o aparelho simulador de caminhada cinco dias na semana.

Psicossocial:

Refere total independência na tomada de decisões e na realização dos deveres domésticos.

NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS 

Órgãos do sentido: Sem alterações.

Sono e repouso: Relata possuir “bom sono”, dorme 9 horas/ noite.


Nutrição: Realiza cinco refeições por dia. Café da manhã às 7 horas composto por: café, leite
e biscoito ou pão. Posteriormente, é realizado um lanche da manhã com a ingestão de uma
fruta. O almoço ocorre ao meio-dia e é caracterizado por arroz, feijão, verdura e, geralmente,
carne cozida, em conjunto com salada de repolho, cenoura, cebola e beterraba. No período da
tarde, a paciente faz um novo lanche com café puro ou fruta. O jantar ocorre às 19 horas,
sendo feita a mesma refeição do almoço.

Hidratação: Ingere menos de 2 litros de água por dia.

Mobilidade/locomoção: Paciente deambula sem dificuldade.

Eliminações: Paciente relata eliminação urinária normal, e eliminações fecais diárias e


consistentes.

Ambiente/abrigo: Reside sozinha, em casa, em região com ausência de saneamento básico.

Renda: um salário mínimo.

HISTÓRIA SEXUAL E REPRODUTIVA

Menarca e menopausa: Menarca aos 12 anos e menopausa aos 54 anos.

Número de gestações: Paciente relata três gestações, três nascimentos e nenhum aborto.

Infecções sexualmente transmissíveis (IST´s): Paciente não relata histórico de ISTs.

Exame preventivo do câncer de colo do útero (PCCU) e mamografia: Últimos exames de


PCCU e mamografia com resultados dentro da normalidade. Última mamografia realizada em
fevereiro de 2019.

EXAME FÍSICO

Regulação neurológica: Consciente, orientada em tempo e espaço. Pupilas isocóricas e


fotorreativas.

Hidratação corporal e regulação térmica: pele hidratada, normotérmica (T:35,5°C), sem


alterações no turgor da pele.

Cuidado corporal: Higiene corporal adequada (boa higiene de cabelos e unhas), higiene oral
inadequada, feita uma vez ao dia.

Integridade cutaneomucosa: Paciente apresenta integridade cutaneomucosa preservada.

Estado nutricional: Peso: 69 kg; Altura: 1,40; Índice de massa corporal (IMC): 35,2;
brevilínea.

Oxigenação: Taquipneica (FR:25ivpm), expansibilidade e simetria pulmonar preservadas.


Murmúrios vesiculares e som claro pulmonar presentes à ausculta e à percussão,
respectivamente.
Regulação Vascular: PA: 130x600mmHg; FC:70bpm; ausculta cardíaca: bulhas
normorrítmicas e normofonéticas (BRNF) em 2 tempos. 

PLANO DE ASSISTÊNCIA

Com base nos dados coletados durante a consulta de enfermagem, evidenciaram-se algumas
comorbidades as quais necessitavam de intervenções de saúde por parte da equipe
multiprofissional e, em particular, da equipe de enfermagem, no sentido de melhorar a
qualidade de vida da cliente. 

Por conseguinte, elaborou-se um plano assistencial adequado para a atual situação da paciente
de modo que ela pudesse participar de forma ativa na manutenção de uma padrão de saúde
adequado.

A partir das informações coligidas no histórico da paciente, foram levantados 5 diagnósticos


prioritários descritos na NANDA I. A partir disso, foram elencados os resultados esperados,
por meio da NOC, e desenvolvidas as intervenções de enfermagem, mediante a taxonomia
NIC (Quadro 1).

Quadro 1: Plano de cuidados com base nos diagnósticos de enfermagem

DIAGNÓSTICOS DE PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA


ENFERMAGEM

RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕES

Obesidade (00232) relacionada Peso: massa corporal (1006) Assistência para a redução de peso
a comportamentos alimentares (1280)
desorganizados evidenciado
por índice de massa corporal - (100601) Melhorar o peso de 2 Determinar com o paciente a quantidade
elevado (desvio substancial da variação de perda de peso desejada.
normal) para 4 (desvio leve da
variação normal) em 2 meses. Pesar o paciente semanalmente

- (100604) Melhorar a proporção Encorajar o paciente a incluir nas dietas,


entre circunferência da cintura/ frutas, verduras, grãos integrais, leite e
quadril de 4 (desvio leve da laticínios desnatados ou semidesnatados,
variação normal) para 5 (nenhum carnes magras, peixes, feijões e ovos.
desvio da variação normal) em 2
meses. Desenvolver um plano de refeições
diárias contendo uma dieta bem
equilibrada, poucas calorias e baixo teor
de gordura, conforme apropriado.

Estado nutricional (1004)

- (100408) Melhorar a ingestão


de líquidos de 2 (desvio
substancial da variação normal)
para 5 (nenhum desvio da
variação normal) em 1 mês

Estado nutricional: ingestão


alimentar (1009)

- (100408) Melhorar a ingestão


de líquidos de 2 (desvio
substancial da variação normal)
para 5 (nenhum desvio da
variação normal) em 1 mês

- (100905) Melhorar a ingestão


de vitaminas de 2 (levemente
adequado) para 5 (totalmente
adequado) em 1 mês.

- (100906) Melhorar a ingestão


de minerais de 2 (levemente
adequado) para 5 (totalmente
adequado) em 1 mês.

Risco de glicemia instável Estado nutricional (1004) Controle do peso (12600)


(00179) relacionado a ganho
de peso excessivo.
- (100405) Melhorar proporção Discutir os riscos associados ao fato de
peso/altura de 2 (desvio estar acima ou abaixo do peso.
substancial da variação normal)
para 4 (desvio leve da variação Determinar o peso corporal ideal do
normal) em 2 meses. indivíduo

- (100408) Melhorar a ingestão Auxiliar na elaboração de planos


de nutrientes de 3 (desvio alimentares bem balanceados, coerentes
moderado da variação normal) com o nível de gasto energético.
para 5 (nenhum desvio da
variação normal) em 1 mês Discutir com o paciente a relação entre
ingestão de alimento, exercício, ganho e
perda de peso.

Encorajar o indivíduo a consumir


diariamente quantidades adequadas de
água.

Controle da hiperglicemia (2120)

Facilitar a aderência à dieta e regime de


exercícios

Monitorar os níveis de glicose sanguínea,


conforme indicado.
Risco de síndrome do Estado nutricional (1004) Controle do peso (12600)
desequilíbrio metabólico
(00263) relacionado à
obesidade, ao risco de glicemia - (100405) Melhorar proporção Desenvolver com o indivíduo um método
instável e à pressão arterial peso/altura de 2 (desvio para manter o registro diário da ingestão,
instável. substancial da variação normal) sessões de exercícios e/ou mudanças do
para 4 (desvio leve da variação peso corporal.
normal) em 2 meses.
Encorajar o indivíduo a anotar metas
semanais realistas para uma boa ingestão
alimentar e exercícios e exibi-las em
local onde possam ser revisadas
diariamente

Encorajar o indivíduo a consumir


diariamente quantidades adequadas de
água

Peso: massa corporal (1006) Controle da hiperglicemia (2120)

- (100601) Melhorar o peso de 2 Monitorar os níveis de glicose sanguínea,


(desvio substancial da variação conforme indicado
normal) para 4 (desvio leve da
variação normal) em 2 meses.

Nível de glicemia (2300) Assistência para a redução de peso


(1280)

- (230001) Melhorar a glicose Encorajar a substituição do açúcar,


do sangue de 2 (desvio conforme apropriado.
substancial da variação normal)
para 4 (desvio leve da variação
normal) em 2 meses.

- (230004) Melhorar a
hemoglobina glicosilada de 2
(desvio substancial da variação
normal) para 4 (desvio leve da
variação normal) em 2 meses.

Estado cardiopulmonar (0414) Precauções cardíacas (4050)

- (041401) Melhorar a pressão Orientar o paciente e a família a


arterial sistólica de 3 (desvio monitorar a pressão arterial e a
moderado da variação normal) frequência cardíaca rotineiramente e
para 4 (desvio leve da variação durante exercícios, conforme apropriado.
normal) em 1 mês.
Encorajar o paciente a manter a ingestão
- (041402) Melhorar a pressão calórica em um nível que atinja o peso
arterial diastólica de 3 (desvio desejado.
moderado da variação normal)
para 4 (desvio leve da variação Orientar o paciente e a família quanto a
normal) em 1 mês. estratégias para uma dieta saudável para
o coração, com baixo teor de sódio, baixo
teor de gordura, alto teor de fibras,
quantidade de líquidos adequada e
ingestão calórica adequada.

Risco de perfusão periférica Perfusão tissular: periférica Cuidados circulatórios: insuficiência


tissular ineficaz (00228) (0407) arterial (4062)
relacionada à hipertensão e ao
diabetes mellitus.
- (040740) Pressão arterial Realizar avaliação abrangente da
média em (4) desvio leve da circulação periférica (p. ex., pulsos
variação normal evoluir para (5) periféricos, edema, enchimento capilar,
nenhum desvio da variação cor e temperatura).
normal.
Manter hidratação adequada para
diminuir a viscosidade do sangue.

Monitorar o estado hídrico, incluindo


ingestão e eliminação.

Autocontrole do diabetes Aconselhamento nutricional (5246)


(1619)

- (161911) Monitoração da Determinar os hábitos de consumo


glicose no sangue em (3) alimentar e de alimentação do paciente.
demonstrado elevar para (5)
constantemente demonstrado. Facilitar a identificação de
comportamentos alimentares a serem
- (161924) Manutenção de um mudados.
peso excelente em (2) raramente
demonstrado elevar para (5) Utilizar padrões nutricionais aceitos para
constantemente demonstrado. auxiliar o cliente na avaliação da
adequação da ingestão alimentar.

Precauções circulatórias (4070)

Orientar os pacientes diabéticos sobre a


necessidade de controle adequado da
glicemia.

Orientar o paciente sobre medidas


dietéticas para melhorar a circulação (p.
ex.: dieta com baixo teor de gordura
saturada e boa ingestão de óleos de peixe
com ômega 3).

Risco de pressão arterial Sinais vitais (0802) Monitoração de sinais vitais (6680)
instável (00267) relacionado ao - (080205) Pressão arterial Monitorar a pressão arterial, pulso,
hipotireoidismo. sistólica em (4) desvio leve da temperatura e estado respiratório,
variação normal evoluir para (5) conforme apropriado.
nenhum desvio da variação
normal. Observar tendências e amplas oscilações
na pressão arterial.

Controle de riscos: saúde Precauções cardíacas (4050)


cardiovascular (1914)

- (191404) Monitoração da Orientar o paciente e a família quanto a


pressão arterial em (3) alguma terapias para reduzir o risco cardíaco (p.
vezes demonstrado elevar para ex., terapias medicamentosas,
(5) constantemente demonstrado. monitoração da pressão arterial,
restrições hídricas, restrições de álcool,
reabilitação cardíaca).

Orientar o paciente e a família quanto a


estratégias para uma dieta saudável para
o coração (p. ex., baixo teor de sódio,
baixo teor de gordura, alto teor de fibras,
quantidade de líquidos adequada,
ingestão calórica adequada).

Encorajar o paciente a manter a ingestão


calórica em um nível que atinja o peso
desejado.

Orientar o paciente e a família a


monitorar a pressão arterial e a
frequência cardíaca rotineiramente e
durante exercícios, conforme apropriado.

Monitorar o progresso do paciente em


intervalos regulares.

DISCUSSÃO

O diabetes mellitus (DM) se caracteriza como um significativo e progressivo problema de


saúde para os mais diversos países, independente do grau de desenvolvimento (SBD, 2019). A
Organização Mundial de Saúde (OMS) define DM como uma doença crônica que ocorre
devido a uma produção insuficiente de insulina pelo pâncreas ou a uma incapacidade do corpo
em utilizar de modo eficaz a insulina produzida  (OMS 2015). Dentre os principais fatores de
risco para o diabetes estão a história familiar de diabetes, o Índice de Massa Corporal (IMC)
elevado (obesidade), tabagismo, valores elevados de enzimas hepáticas, níveis reduzidos na
secreção ou redução da ação periférica da insulina (resistência à insulina), sedentarismo,
alimentação rica em gorduras e baixa ingestão de fibras alimentares (FERNANDES; 
FREITAS,  2018). 

Existem diversos tipos de diabetes, com etiologias variadas. Os dois tipos mais comuns são:
diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2). O DM2 é caracterizado por uma produção
insuficiente de insulina, e/ou uma alteração na ação periférica da insulina, tornando o corpo
incapaz de normalizar os níveis séricos de glicose. O DM1 é uma doença autoimune, em que
a insulina não é produzida devido à destruição das células β pancreáticas, que são
responsáveis pela produção de insulina no pâncreas. A insulina, produzida pelas células β
pancreáticas, é um dos principais hormônios anabólicos do corpo humano, sendo que sua
principal função é facilitar a captação da glicose especialmente por meio das células
musculares estriadas e pelos adipócitos (FERNANDES;  FREITAS,  2018).

A paciente em questão é uma mulher  de 64 anos a  qual possui (DM2) , a mesma expõe que
realiza caminhadas diárias com duração de 40 min utilizando o aparelho simulador de
caminhada cinco dias na semana e que possui uma alimentação balanceada no qual dispõe da
ingestão de verduras e frutas , juntamente com uma boa consumo de líquidos durante o dia .
Todavia a paciente possui IMC elevado de 35,2, o que configura obesidade , diante disso é
imprescindível salientar a  iminência da implementação de novos hábitos diários, levando em
consideração o histórico familiar da paciente de diabetes por parte materna
(CZEPIELEWSKI, 2001; BRASIL, 2006). 

Cabe salientar também que o planejamento nutricional é o ponto essencial do tratamento do


portador de diabetes. O objetivo principal é o de permitir um controle metabólico apropriado. 
Além disso, este tratamento deve auxiliar para normalizar os níveis glicêmicos,  reduzir os
fatores de risco cardiovasculares, prover as calorias suficientes para  conservação de um peso
saudável, prevenir as complicações agudas e crônicas e  promover a saúde geral da pessoa.
Para alcançar estas metas a dieta deve ser  equilibrada e diferenciada de  acordo com as
características de cada paciente abrangendo idade, sexo, situação  funcional, atividade física,
doenças relacionadas e situação socioeconômica e  cultural (CZEPIELEWSKI, 2001;
BRASIL, 2006).

Além disso, atividades físicas para os portadores de diabetes mellitus tipo II são relevantes
para se manter a qualidade da saúde, especialmente pelo fato da diminuição do  gasto
calórico, o que proporciona o controle através do tratamento de suas funções  sendo possível
instituir melhorias na saúde sem a utilização de medicamentos (VIEIRA, 2012). Todas essas
ações em benefício da paciente precisam estar descritas nos planos assistenciais dos
profissionais enfermeiros, uma vez que estes são agentes fundamentais no que tange à
emancipação dos sujeitos por meio da educação e orientação em saúde.

Uma das condições clínicas analisadas é o diabetes mellitus tipo 2 que, devido a alterações
metabólicas, aliado à obesidade e a hábitos alimentares, por vezes, inadequados, predispõem a
paciente ao risco de glicemia instável. Logo, a definição deste  diagnóstico de enfermagem
(DE), pertencente à taxonomia NANDA International (NANDA-I),  ratifica a predisposição à
variação dos índices glicêmicos  para fora dos padrões normais, o que implica riscos à higidez
do indivíduo. A glicemia instável pode acarretar diversos agravos, como o aumento na
susceptibilidade a infecções, favorecendo estados sépticos em pacientes críticos, distúrbios
hidroeletrolíticos, disfunção endotelial, pela intensificação do quadro inflamatório e os 
fenômenos trombóticos, secundários à geração de radicais superóxidos e de citocinas
inflamatórias (GOMES, FOSS & FOSS-FREITAS, 2014).

Outrossim, a paciente em questão apresenta o risco de perfusão tissular periférica  ineficaz.


Do ponto de vista clínico, é conhecido que a presença do diabetes confere um aumento no
risco de desenvolver eventos circulatórios (VIANA, RODRIGUES,2011). As doenças do
aparelho circulatório compreendem um espectro amplo de síndromes clínicas, mas tem nas
doenças relacionadas à aterosclerose a sua principal contribuição, manifestadas por doença
arterial coronariana, doença cerebrovascular e de vasos periféricos, incluindo patologias da
aorta, dos rins e de membros, com expressiva morbidade e impacto na qualidade de vida e
produtividade nessa população (FURTADO; POLANCZYK, 2007).

A doença arterial periférica tende a aparecer de forma insidiosa e súbita e apresentar-se com
acometimento mais difuso e distal, das artérias de membros inferiores, quando comparada
àqueles pacientes sem diagnóstico de diabetes subjacente (VIANA;RODRIGUES,2011). Esta
condição clínica, por sua vez,  é responsável pela insuficiência arterial e é o fator mais
importante relacionado à evolução de úlceras. Estas estão presentes, por ocasião do
diagnóstico, em 8% dos pacientes diabéticos; 15% após 10 anos e 42% depois de 20 anos da
doença (SIQUEIRA; PITITTO; FERREIRA, 2007).

             Nessa perspectiva, é fundamental destacar que pacientes diabéticos podem


apresentar dois tipos de adversidades vasculares, visto que as alterações são caracterizadas
por: microvasculares e macrovasculares. (VIANA;RODRIGUES,2011). O acometimento
microvascular está relacionado aos pequenos vasos, capilares e arteríolas, manifestando-se
principalmente pelo espessamento da membrana basal capilar. Esse comprometimento
microvascular acomete os rins, levando à  nefropatia diabética, o sistema vascular sistêmico,
entre outros. (VIANA;RODRIGUES,2011). 

O envolvimento de grandes vasos, ou seja, o comprometimento macrovascular é


essencialmente uma forma acelerada da aterosclerose, sendo responsável pela alta incidência
de doenças cardiovasculares, que são responsáveis pelos maiores índices de mortalidade nessa
população, e incluem o infarto do miocárdio, o acidente vascular cerebral e a gangrena
periférica (MONTEIRO; ROSÁRIO; TORRE, 2007).

Uma outra condição crônica da cliente é a HAS, que é definida como um acometimento
multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos, sendo a sistólica ≥
140 mmHg e/ou a diastólica ≥ 90 mmHg. Constitui um dos mais importantes fatores de risco
conhecidos e controláveis para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, tais como o
infarto, a insuficiência renal crônica e o acidente vascular encefálico (AVE) ( FIÓRIO et al,
2020). 

Nas mulheres, o surgimento do quadro hipertensivo comumente está associado à chegada do


climatério, fase em que apresentam uma redução da produção de estrógeno e aumento dos
níveis de andrógenos. Nesse período, existe uma associação linear entre o aumento do peso e
o aumento da pressão arterial sistólica (PAS), além de alterações no perfil de lipoproteínas,
que resultam em um maior risco para doenças cardiovasculares (ASSIS, 2020).

A HAS causa, pelo menos, 45% das mortes por cardiopatia e 51% das mortes por AVC no
mundo. Devido à alta morbimortalidade relacionada à hipertensão, ao seu perfil de condição
crônica e por permanecer assintomática por muitos anos, a questão torna-se um desafio
permanente para os sistemas de saúde em todo o mundo, justificando esforços para sua
detecção precoce e controle adequado, objetivando reduzir suas complicações cardíacas,
cerebrovasculares, renais e arteriais periféricas (FIÓRIO et al, 2020).

Por não apresentar cura, a HAS exige adesão  a um tratamento adequado e para a vida inteira,
a fim de se obter o controle da pressão arterial, a redução na incidência ou retardo na
ocorrência de complicações, e a melhoria da qualidade de vida do paciente. O maior obstáculo
encontrado é na adesão do paciente a uma dieta hipossódica, em manter um peso adequado e
na realização de atividade física, que são essenciais para o tratamento. (FIGUEIREDO;
ASAKURA,2010)
A prevalência de HAS em pacientes com DM2 é de até três vezes maior que em pacientes que
não possuem esta doença. A coexistência de HAS em pacientes diabéticos aumenta
significativamente a probabilidade do desenvolvimento de doença cardiovascular (DCV). A
associação entre essas duas condições pode causar efeitos deletérios sobre o sistema
cardiovascular, acelerando o processo de aterosclerose envolvido tanto no DM2 como na
hipertensão (BASSI et al, 2018).

A paciente relata fazer atividade física,mas o diagnóstico de enfermagem de obesidade e o


relato da alimentação que ela segue são evidências suficientes para chegar a um diagnóstico
de enfermagem de Risco de pressão arterial instável. No qual se fazem necessárias
intervenções de enfermagem.

Diante disso, é necessária a implementação de mudanças nos hábitos diários  para um 
tratamento efetivo, sendo assim  requisitado o controle de peso, alcançando o peso ideal para
sua idade e altura , fazendo com que haja diminuição de 1 mmHg por cada quilo de peso
perdido, juntamente com adesão de uma dieta saudável , rica em frutas, vegetais, grãos e
baixo teor de gordura. Por extensão, ações adicionais também incluem: redução da ingestão
de gordura saturada e trans, da ingestão de sódio, bem como o aumento do consumo de
potássio,  podendo ser inseridos alimentos pobres em sódio e ricos em potássio (como feijões,
ervilha, vegetais de cor verde-escura, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate,
batata-inglesa e laranja), além da indispensável parcimônia quando do consumo de álcool
(BARROSO et al, 2020). 

Ademais, uma outra recomendação padronizada para pacientes diabéticos e hipertensos, bem
como para não diabéticos, é a de que os exercícios devem incluir um período adequado de
aquecimento e resfriamento ou volta à calma. O aquecimento deve consistir de cinco a dez
minutos de atividade aeróbica (caminhar, pedalar, etc.) em baixa intensidade. A sessão de
aquecimento serve para preparar os músculos esqueléticos, coração e pulmões para um
aumento progressivo da intensidade do exercício. Após o aquecimento, pode-se realizar uma
sessão de alongamento muscular por mais cinco a dez minutos (BARROSO et al, 2020). 

Como condição crônica, a obesidade é descrita como um evento de proporções mundiais,


multifatorial e de acometimento progressivo, que ganhou nos últimos anos destaque na
agenda pública internacional (DIAS et al, 2017; OMS, 2000). É considerada um problema de
saúde pública, estando relacionada ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis, além
de sofrimento psicológico devido ao preconceito, estigma, discriminação, estresse e
insatisfação corporal. (GEISSLER et al, 2020)

A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo de


energia na alimentação, superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e
realização de atividades basais, ou seja, a ingestão alimentar é maior que o gasto energético
correspondente. O diagnóstico de obesidade é determinado pelo Índice de Massa Corporal
(IMC)  no qual  é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros).
O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado (BVS,
2009). À vista disso é considerado obesidade, IMC Igual ou acima de 30Kg/m2, logo a
paciente em questão é considerada obesa visto que possui um IMC de 35,2 Kg/m2.

A dislipidemia, por sua vez, consiste em uma disfunção no metabolismo de lipoproteínas, o


que concorre para uma elevação sérica dos níveis de colesterol e triacilglicerídeos. Esse
distúrbio é também determinante para aumentar os riscos de doenças cardiovasculares visto
que a aterogênese é demasiadamente favorecida pelo excesso de lipídios na corrente
sanguínea (HARVEY; FERRIER, 2012). Com efeito, a formação de placas ateroscleróticas
nas paredes arteriais é um fator predisponente à HAS, uma vez que, à medida em que os
/ateromas diminuem o diâmetro dos vasos, influenciam a resistência vascular periférica
(SYLVERTHORN, 2017; FEIO, 2020; BVS 2021).

Por fim, o hipotireoidismo pode ser definido como uma condição disfuncional decorrente dos
baixos níveis secretórios dos hormônios tireoidianos, o que acarreta em um descenso da taxa
metabólica basal do corpo (BVS, 2021). De acordo com sua etiologia, em linhas gerais, essa
condição pode ser dividida em: primária, quando há prejuízos na própria tireóide; ou
secundária, situação em que há quebra dos padrões normais das vias de retroalimentação
adeno-hipofisárias (SYLVETHORN, 2017). Uma importante condição clínica oriunda das
baixas taxas séricas dos hormônios tireoidianos, é a presença do mixidema, em que há
acúmulo de depósitos mucopolissacarídicos sob a pele originando um quadro edematoso
difuso (BVS, 2021).

A tireoide é responsável por regular o número de batimentos e a força de contração do


músculo cardíaco. Sua disfunção, notadamente o hipoteireoidismo, afeta o coração de
diversas formas. No aparelho cardiovascular, as manifestações são: bradicardia, piora da
contratilidade do músculo cardíaco, hipertensão arterial- principalmente diastólica- piora dos
níveis de colesterol e também há o aumento do risco de doenças coronarianas como o infarto.
Casos mais avançados de hipotireoidismo favorecem a aceleração da aterosclerose, que é
caracterizada como a formação de placas ateromatosas em vasos arteriais e que,
consequentemente, predispõe à ocorrência de doenças coronarianas obstrutivas.
(GONÇALVES et al, 2006; CHACCUR, 2021).

Por outro lado, cumpre salientar que o uso crônico de Amiodarona esteve diretamente
relacionado à alta incidência de agravos na glândula tireoide, manifestados ora por hipo, ora
por hipertireoidismo em certos pacientes (PAVAN et al, 2004). Desse modo, reitera-se que o
risco de desequilíbrio metabólico perfaz  um diagnóstico prioritário o qual deve ser
trabalhado, em conjunto com a paciente e família, haja vista suas implicações sistêmicas
evidenciadas pelo quadro clínico de hipotireoidimo.

Por fim, fazer o monitoramento dos sinais vitais constantemente, seguir corretamente o
tratamento medicamentoso prescrito bem como as prescrições de enfermagem são passos
fulcrais para o sucesso terapêutico. Por meio de alterações simples adicionadas ao cotidiano,
será possível obter uma melhor adesão ao tratamento e consequentemente uma  qualidade de
vida adequada. Assim, a instituição dessas medidas, a partir do plano assistencial de
enfermagem, torna-se uma ação muito benéfica à saúde da paciente assistida por justamente
intervir, de modo cabal, nos fatores relacionados aos diagnósticos elencados. 

CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou a importância do planejamento de enfermagem para a assistência a


uma paciente idosa com multimorbidades, baseando-se nos padrões funcionais de saúde:
SAE, NANDA, NIC E NOC, os quais possibilitaram um oferecimento de  cuidados de
enfermagem com excelência. O PE, direcionou a assistência e possibilitou uma pesquisa com
coletas de dados específicos que teve como intuito a promoção de um cuidado focado nas
necessidades afetadas da paciente. Conclui- se, portanto, que a realização deste estudo,
enfatizou a importância de se operacionalizar o PE, a fim de facilitar a identificação de
diagnósticos de enfermagem, bem como o desenvolvimento da sua prática por meio do
planejamento da assistência de enfermagem e implementação dos cuidados.

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