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RESUMO
INTRODUÇÃO
A enfermagem tem um papel essencial na assistência a pacientes com DC, pois muitas
pessoas têm um déficit nas informações sobre tais patologias , e com isso o principal papel é
educativo, na orientação, e na solução de certas dúvidas, já que o sujeito adoentado, deverá
aprender a conviver com essa condição da melhor forma. A DC, é, então, um processo longo,
em que há a crescente demanda por orientações em saúde para que os clientes consigam
superar dificuldades e se tornem copartícipes no tratamento da mesma (TANNURE;
PINHEIRO, 2019).
Nesse sentido, é necessário conhecer como pode ocorrer a intervenção da enfermagem para
uma melhora de quadros multimórbidos. Sendo assim, é preciso conceituar, a sistematização
da assistência de enfermagem (SAE) e o processo de enfermagem (PE) usados nestas e em
todas as atuações do enfermeiro e sua equipe. A SAE é uma metodologia científica que vem
sendo cada vez mais implementada na prática assistencial, que organiza toda a
operacionalização do PE, conferindo maior segurança aos pacientes, melhora da qualidade da
assistência e maior autonomia aos profissionais de enfermagem. (ARAÚJO, 2016;
TANNURE; PINHEIRO, 2019).
MÉTODOS
Como critério de inclusão, a paciente foi indicada ao estudo de caso após discussão em grupo
acerca das peculiaridades e complicações apresentadas para que fosse possível o
desenvolvimento do raciocínio crítico e clínico tendo como parâmetros norteadores a SAE,
materializada no PE (TANNURE; PINHEIRO, 2019).
A coleta de dados foi feita a partir da primeira etapa do PE, e para isso, foi utilizado um
roteiro semiestruturado, baseado no modelo proposto por PORTO & PORTO (2012),
elaborado, em conjunto, por discentes e docentes do curso de enfermagem da Unimontes e
norteado pela teoria de HORTA (1979). O instrumento proposto foi subdividido em duas
seções, sendo a primeira a anamnese, cuja abordagem se baseou na identificação da paciente,
na queixa principal, no histórico da moléstia atual, na história pregressa, na história familiar,
nos hábitos de vida e na história sexual e reprodutiva. E a segunda o exame físico, no qual se
coletaram dados como: o estado geral da paciente, o estado mental, o nível de consciência,
aspectos da pele mucosas e anexos, o estado nutricional e antropometria, a mobilidade e os
sinais vitais.
RESULTADOS
IDENTIFICAÇÃO
M.V.L.S.L., 64 anos, sexo feminino, branca, viúva, aposentada, residente em uma cidade do
norte de Minas-Gerais.
Apresenta hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus tipo 2 (DM2), doença
cardiovascular (DCV), obesidade, dislipidemia e hipotireoidismo.
Faz uso contínuo de Glifage XR 500mg (1 comprimido após almoço e jantar) Glibenclamida
5 mg (1 comprimido pela manhã), Rosucor 40mg (1 comprimido à noite), Puran T4 50 mg (1
comprimido em jejum), Indapen SR 1,5 mg (1 comprimido pela manhã), Zanidip 10 mg (1
comprimido pela manhã), Amiodarona 200 mg (1 comprimido de manhã), Selozok 50 mg (2
comprimidos pela manhã e 1 comprimido à noite). Nega alergias; vacinas em dia; não possui
internações; sofreu acidente de caminhão.
Histórico familiar:
Hábitos de vida: Asseada nega tabagismo e etilismo. Diz realizar caminhadas diárias com
duração de 40 min utilizando o aparelho simulador de caminhada cinco dias na semana.
Psicossocial:
Número de gestações: Paciente relata três gestações, três nascimentos e nenhum aborto.
EXAME FÍSICO
Cuidado corporal: Higiene corporal adequada (boa higiene de cabelos e unhas), higiene oral
inadequada, feita uma vez ao dia.
Estado nutricional: Peso: 69 kg; Altura: 1,40; Índice de massa corporal (IMC): 35,2;
brevilínea.
PLANO DE ASSISTÊNCIA
Com base nos dados coletados durante a consulta de enfermagem, evidenciaram-se algumas
comorbidades as quais necessitavam de intervenções de saúde por parte da equipe
multiprofissional e, em particular, da equipe de enfermagem, no sentido de melhorar a
qualidade de vida da cliente.
Por conseguinte, elaborou-se um plano assistencial adequado para a atual situação da paciente
de modo que ela pudesse participar de forma ativa na manutenção de uma padrão de saúde
adequado.
Obesidade (00232) relacionada Peso: massa corporal (1006) Assistência para a redução de peso
a comportamentos alimentares (1280)
desorganizados evidenciado
por índice de massa corporal - (100601) Melhorar o peso de 2 Determinar com o paciente a quantidade
elevado (desvio substancial da variação de perda de peso desejada.
normal) para 4 (desvio leve da
variação normal) em 2 meses. Pesar o paciente semanalmente
- (230004) Melhorar a
hemoglobina glicosilada de 2
(desvio substancial da variação
normal) para 4 (desvio leve da
variação normal) em 2 meses.
Risco de pressão arterial Sinais vitais (0802) Monitoração de sinais vitais (6680)
instável (00267) relacionado ao - (080205) Pressão arterial Monitorar a pressão arterial, pulso,
hipotireoidismo. sistólica em (4) desvio leve da temperatura e estado respiratório,
variação normal evoluir para (5) conforme apropriado.
nenhum desvio da variação
normal. Observar tendências e amplas oscilações
na pressão arterial.
DISCUSSÃO
Existem diversos tipos de diabetes, com etiologias variadas. Os dois tipos mais comuns são:
diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2). O DM2 é caracterizado por uma produção
insuficiente de insulina, e/ou uma alteração na ação periférica da insulina, tornando o corpo
incapaz de normalizar os níveis séricos de glicose. O DM1 é uma doença autoimune, em que
a insulina não é produzida devido à destruição das células β pancreáticas, que são
responsáveis pela produção de insulina no pâncreas. A insulina, produzida pelas células β
pancreáticas, é um dos principais hormônios anabólicos do corpo humano, sendo que sua
principal função é facilitar a captação da glicose especialmente por meio das células
musculares estriadas e pelos adipócitos (FERNANDES; FREITAS, 2018).
A paciente em questão é uma mulher de 64 anos a qual possui (DM2) , a mesma expõe que
realiza caminhadas diárias com duração de 40 min utilizando o aparelho simulador de
caminhada cinco dias na semana e que possui uma alimentação balanceada no qual dispõe da
ingestão de verduras e frutas , juntamente com uma boa consumo de líquidos durante o dia .
Todavia a paciente possui IMC elevado de 35,2, o que configura obesidade , diante disso é
imprescindível salientar a iminência da implementação de novos hábitos diários, levando em
consideração o histórico familiar da paciente de diabetes por parte materna
(CZEPIELEWSKI, 2001; BRASIL, 2006).
Além disso, atividades físicas para os portadores de diabetes mellitus tipo II são relevantes
para se manter a qualidade da saúde, especialmente pelo fato da diminuição do gasto
calórico, o que proporciona o controle através do tratamento de suas funções sendo possível
instituir melhorias na saúde sem a utilização de medicamentos (VIEIRA, 2012). Todas essas
ações em benefício da paciente precisam estar descritas nos planos assistenciais dos
profissionais enfermeiros, uma vez que estes são agentes fundamentais no que tange à
emancipação dos sujeitos por meio da educação e orientação em saúde.
Uma das condições clínicas analisadas é o diabetes mellitus tipo 2 que, devido a alterações
metabólicas, aliado à obesidade e a hábitos alimentares, por vezes, inadequados, predispõem a
paciente ao risco de glicemia instável. Logo, a definição deste diagnóstico de enfermagem
(DE), pertencente à taxonomia NANDA International (NANDA-I), ratifica a predisposição à
variação dos índices glicêmicos para fora dos padrões normais, o que implica riscos à higidez
do indivíduo. A glicemia instável pode acarretar diversos agravos, como o aumento na
susceptibilidade a infecções, favorecendo estados sépticos em pacientes críticos, distúrbios
hidroeletrolíticos, disfunção endotelial, pela intensificação do quadro inflamatório e os
fenômenos trombóticos, secundários à geração de radicais superóxidos e de citocinas
inflamatórias (GOMES, FOSS & FOSS-FREITAS, 2014).
A doença arterial periférica tende a aparecer de forma insidiosa e súbita e apresentar-se com
acometimento mais difuso e distal, das artérias de membros inferiores, quando comparada
àqueles pacientes sem diagnóstico de diabetes subjacente (VIANA;RODRIGUES,2011). Esta
condição clínica, por sua vez, é responsável pela insuficiência arterial e é o fator mais
importante relacionado à evolução de úlceras. Estas estão presentes, por ocasião do
diagnóstico, em 8% dos pacientes diabéticos; 15% após 10 anos e 42% depois de 20 anos da
doença (SIQUEIRA; PITITTO; FERREIRA, 2007).
Uma outra condição crônica da cliente é a HAS, que é definida como um acometimento
multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos, sendo a sistólica ≥
140 mmHg e/ou a diastólica ≥ 90 mmHg. Constitui um dos mais importantes fatores de risco
conhecidos e controláveis para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, tais como o
infarto, a insuficiência renal crônica e o acidente vascular encefálico (AVE) ( FIÓRIO et al,
2020).
A HAS causa, pelo menos, 45% das mortes por cardiopatia e 51% das mortes por AVC no
mundo. Devido à alta morbimortalidade relacionada à hipertensão, ao seu perfil de condição
crônica e por permanecer assintomática por muitos anos, a questão torna-se um desafio
permanente para os sistemas de saúde em todo o mundo, justificando esforços para sua
detecção precoce e controle adequado, objetivando reduzir suas complicações cardíacas,
cerebrovasculares, renais e arteriais periféricas (FIÓRIO et al, 2020).
Por não apresentar cura, a HAS exige adesão a um tratamento adequado e para a vida inteira,
a fim de se obter o controle da pressão arterial, a redução na incidência ou retardo na
ocorrência de complicações, e a melhoria da qualidade de vida do paciente. O maior obstáculo
encontrado é na adesão do paciente a uma dieta hipossódica, em manter um peso adequado e
na realização de atividade física, que são essenciais para o tratamento. (FIGUEIREDO;
ASAKURA,2010)
A prevalência de HAS em pacientes com DM2 é de até três vezes maior que em pacientes que
não possuem esta doença. A coexistência de HAS em pacientes diabéticos aumenta
significativamente a probabilidade do desenvolvimento de doença cardiovascular (DCV). A
associação entre essas duas condições pode causar efeitos deletérios sobre o sistema
cardiovascular, acelerando o processo de aterosclerose envolvido tanto no DM2 como na
hipertensão (BASSI et al, 2018).
Diante disso, é necessária a implementação de mudanças nos hábitos diários para um
tratamento efetivo, sendo assim requisitado o controle de peso, alcançando o peso ideal para
sua idade e altura , fazendo com que haja diminuição de 1 mmHg por cada quilo de peso
perdido, juntamente com adesão de uma dieta saudável , rica em frutas, vegetais, grãos e
baixo teor de gordura. Por extensão, ações adicionais também incluem: redução da ingestão
de gordura saturada e trans, da ingestão de sódio, bem como o aumento do consumo de
potássio, podendo ser inseridos alimentos pobres em sódio e ricos em potássio (como feijões,
ervilha, vegetais de cor verde-escura, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate,
batata-inglesa e laranja), além da indispensável parcimônia quando do consumo de álcool
(BARROSO et al, 2020).
Ademais, uma outra recomendação padronizada para pacientes diabéticos e hipertensos, bem
como para não diabéticos, é a de que os exercícios devem incluir um período adequado de
aquecimento e resfriamento ou volta à calma. O aquecimento deve consistir de cinco a dez
minutos de atividade aeróbica (caminhar, pedalar, etc.) em baixa intensidade. A sessão de
aquecimento serve para preparar os músculos esqueléticos, coração e pulmões para um
aumento progressivo da intensidade do exercício. Após o aquecimento, pode-se realizar uma
sessão de alongamento muscular por mais cinco a dez minutos (BARROSO et al, 2020).
Por fim, o hipotireoidismo pode ser definido como uma condição disfuncional decorrente dos
baixos níveis secretórios dos hormônios tireoidianos, o que acarreta em um descenso da taxa
metabólica basal do corpo (BVS, 2021). De acordo com sua etiologia, em linhas gerais, essa
condição pode ser dividida em: primária, quando há prejuízos na própria tireóide; ou
secundária, situação em que há quebra dos padrões normais das vias de retroalimentação
adeno-hipofisárias (SYLVETHORN, 2017). Uma importante condição clínica oriunda das
baixas taxas séricas dos hormônios tireoidianos, é a presença do mixidema, em que há
acúmulo de depósitos mucopolissacarídicos sob a pele originando um quadro edematoso
difuso (BVS, 2021).
Por outro lado, cumpre salientar que o uso crônico de Amiodarona esteve diretamente
relacionado à alta incidência de agravos na glândula tireoide, manifestados ora por hipo, ora
por hipertireoidismo em certos pacientes (PAVAN et al, 2004). Desse modo, reitera-se que o
risco de desequilíbrio metabólico perfaz um diagnóstico prioritário o qual deve ser
trabalhado, em conjunto com a paciente e família, haja vista suas implicações sistêmicas
evidenciadas pelo quadro clínico de hipotireoidimo.
Por fim, fazer o monitoramento dos sinais vitais constantemente, seguir corretamente o
tratamento medicamentoso prescrito bem como as prescrições de enfermagem são passos
fulcrais para o sucesso terapêutico. Por meio de alterações simples adicionadas ao cotidiano,
será possível obter uma melhor adesão ao tratamento e consequentemente uma qualidade de
vida adequada. Assim, a instituição dessas medidas, a partir do plano assistencial de
enfermagem, torna-se uma ação muito benéfica à saúde da paciente assistida por justamente
intervir, de modo cabal, nos fatores relacionados aos diagnósticos elencados.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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