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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 112

AVALIAÇÃO  DA  FUNCIONALIDADE  DO  SISTEMA  RESPIRATÓRIO  EM  PORTADORES  DE 


INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA. 
 
Camila  de  Cássia  Pereira1,  Luana  Almeida  Gonzaga1,  Nayhara  Domingues1,  Carla  Previtalli 
Pimentel2,  Tallita  Yossugo  de  Toledo3,  Ana  Laura  Ricci  Vitor3,  Francis  Lopes  Pacagnelli4,  Joaquim 
Pereira de Pinho Junior5, Flávio Danilo Mungo Pissulin4. 
 
1
Discente  do  curso  de  Fisioterapia  da  Universidade  do  Oeste  Paulista,  UNOESTE,  Presidente  Prudente,  SP,  Brasil. 
2
Discente  do  curso  de  Medicina  da  Universidade  do  Oeste  Paulista,  UNOESTE,  Presidente  Prudente,  SP,  Brasil. 
3
Discente  da  Faculdade  de  Ciências  e  Tecnologia,  Universidade  Estadual  Paulista,  UNESP,  Presidente  Prudente,  SP, 
Brasil. 4Docente do curso de Fisioterapia da Universidade do Oeste Paulista, UNOESTE, Presidente Prudente, SP, Brasil. 
5
Docente do curso de Medicina da Universidade do Oeste Paulista, UNOESTE, Presidente Prudente, SP, Brasil. E‐mail: 
camiladecassia_s2@hotmail.com 
 
 
RESUMO 
A  insuficiência  cardíaca  (IC)  é  uma  doença  cardiovascular  com  altos  índices  de  incidência  e 
prevalência  principalmente  entre  os  idosos,  sendo  a  dispnéia  aos  esforços  o  principal  sintoma  e 
um  importante  fator  de  limitação  de  capacidade  funcional.  Objetivo:  Investigar  as  alterações 
pulmonares, força dos músculos respiratórios e a resistência muscular inspiratória e relacioná‐los 
com  alterações  físicas  disfuncionais  em  indivíduos  com  IC.  Foram    9  portadores  de  IC  avaliados 
através  da  espirometria,  manovacuometria  e  teste  de  endurance  muscular  inspiratória.  Foi 
realizada análise estatística descritiva, com resultados expressos em frequência e proporções em 
gráficos e tabelas. Houve redução considerável das variáveis Pemáx com 50,46% do previsto, VEF1 
com  62,29  %  do  previsto  e  CVF  com  66,47%  do  previsto,  100%  dos  pacientes  avaliados 
apresentaram fração de ejeção do ventrículo esquerdo normal > 50% e 77,77% classe funcional III 
NYHA.  Pacientes  com  IC  apresentaram  alterações  do  sistema  respiratório  e  diminuição  da 
capacidade funcional caracterizada pela NYHA. 
Palavras‐chave:  insuficiência  cardíaca;  força  muscular;  espirometria,  idoso,  fração  de  ejeção 
ventricular. 
 
 
INTRODUÇÃO 
A  insuficiência  cardíaca  (IC)  é  uma  síndrome  clínica  complexa  e  multifatorial, 
representando uma via final comum da maioria das cardiopatias1. Ela envolve alterações de vários 
sistemas,  dentre  eles  as  alterações  hemodinâmicas,  neuro‐humorais,  vasculares,  pulmonares  e 
músculo esquelética2. 
Estima‐se  que  aproximadamente  23  milhões  de  indivíduos  da  população  mundial  têm  IC, 
sendo  que  a  prevalência  e  a  incidência  são  maiores  em  pessoas  de  idades  mais  avançadas.  No 
Brasil  segundo  DATASUS  (2008),  aproximadamente  6,4  milhões  de  pessoas  sofrem  com  esta 
patologia, representando assim, um importante problema de saúde pública, com altos índices de 
custos hospitalares3. 
Dentre os sinais e sintomas mais observados nesses indivíduos, estão presentes a dispnéia 
e  a  fadiga,  que  se  associa  com  a  diminuição  na  capacidade  de  exercício4.  Esses  sintomas  se 

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relacionam principalmente com as alterações dos músculos esqueléticos e do sistema respiratório, 
como consequência fisiopatológica da IC5. 
A  forte  relação  entre  IC  e  disfunção  do  sistema  respiratório  ocorre  por  serem  órgãos 
intimamente  ligados4.  Vários  estudos  vêm  demonstrando  que  as  alterações  hemodinâmicas 
provocadas  pela  diminuição  do  débito  cardíaco,  refletem  em  disfunções  respiratórias 
caracterizadas  por  fraqueza  da  musculatura  esquelética,  principalmente  relacionada  ao  músculo 
diafragma e diminuição de volumes e capacidades pulmonares6. 
Embora pareça estar claro o que as pesquisas trazem quanto ao comprometimento desse 
sistema  na  IC,  é  importante  reconhecer  essas  alterações  através  de  avaliações  específicas  e 
relacioná‐las  a  possíveis  limitações  funcionais  que  esses  indivíduos  possam  apresentar,  servindo 
assim como embasamento para a fundamentação de programas de reabilitação. 
 
OBJETIVO 
Investigar  as  alterações  pulmonares,  força  dos  músculos  respiratórios  e  a  resistência 
muscular  inspiratória  e  relacioná‐los  com  alterações  físicas  disfuncionais  em  indivíduos  com 
insuficiência cardíaca. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
O  presente  estudo  foi  realizado  no  ambulatório  do  Hospital  Regional  de  Presidente 
Prudente  (SP),  que  está  vinculado  ao  atendimento  de  pacientes  pelos  alunos  do  curso  de 
Fisioterapia (Disciplina de Fisioterapia em Pneumologia) e de Medicina (Disciplina de Cardiologia), 
da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), Presidente Prudente, Brasil.  
Foram  avaliados  9  pacientes  (5  mulheres  e  4  homens),  portadores  de  IC  esquerda  (com 
diagnóstico  clínico  por  meio  de  ecocardiograma),  com  estabilidade  hemodinâmica,  fora  dos 
critérios de contra‐indicação para a realização de espirometria e manovacuometria7, não tabagista 
e  sem  histórico  de  doença  pulmonar.  Todos  os  indivíduos  avaliados  foram  atendidos  e 
acompanhados  por  médico  cardiologista  no  ambulatório  do  Hospital  Regional  de  Presidente 
Prudente (SP). 
Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Oeste Paulista 
e  teve  sua  aprovação  segundo  a  Resolução  196/96,  com  protocolo  de  número  1123,  todos  os 
indivíduos concordaram em participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido.  

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Para caracterização da população e avaliação da estabilidade hemodinâmica, os indivíduos 
foram submetidos a, (1) mensuração da pressão arterial, de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras 
de  Hipertensão  Arterial8,  por  meio  de  método  não  invasivo  e  uso  de  estetoscópio  e 
esfigmomanômetro (BD®), (2) Verificação da frequência cardíaca (FC) e da saturação de oxigênio 
(SpO2)  por  meio  de  oxímetro  de  pulso  não‐invasivo  (NONIN®);    (3)  Ausculta  cardíaca  nos  focos 
aórtico,  pulmonar,  mitral  e  tricúspide  com  o  uso  de  estetoscópio,  (4)  Avaliação  antropométrica 
medindo altura e peso em balança e estadiômetro (Filizola®). 
Posteriormente foi realizado o teste espirométrico com Espirômetro Micromedical modelo 
MK8®,  utilizando  os  critérios  descritos  no  Consenso  Brasileiro  sobre  Espirometria7.  Foram 
realizadas  três  curvas  espirométricas,  com  paciente  sentado,  sendo  que  em  cada  uma  delas  ele 
realizou inspiração máxima e posterior expiração forçada, realizando a curva da capacidade vital 
forçada  (CVF)  que  é  suficiente  para  obter  o  laudo  espirométrico,  por  meio  da  avaliação  da  CVF, 
Volume  expiratório  forçado  no  primeiro  segundo  (VEF1)  e  as  relações  Fluxo  médio  expiratório 
forçado pela CVF (FEF 25‐75%/CVF) e a relação VEF1/CVF7. 
A manovacuometria foi realizada para mensurar a força dos músculos respiratórios através 
das  pressões  inspiratória  máxima  (Pimáx)  e  expiratória  máxima  (Pemáx).  Foi  utilizado  o 
Manovacuômetro  SPV  modelo  M12®.  Para  determinar  a  Pimáx,o  paciente,  sentado,  executou 
esforço inspiratório máximo após uma expiração passiva  onde foi ocluída a válvula do aparelho. 
Para determinar a Pemáx, o paciente realizou inspiração máxima com o fisioterapeuta ocluindo a 
válvula  do  aparelho,  solicitando  ao  paciente  que  realizasse  força  para  expirar.  Após  esse 
procedimento  foi  aplicado  uma  carga  linear  pressórica  com  o  aparelho  threshold  (IMT),  por  2 
minutos,  graduado  com  30%  da  Pimáx.  Então,  verificou‐se  novamente,  a  Pimáx  para  avaliar  a 
resistência muscular inspiratória (endurance). Valores da relação Pimáx pós / Pimáx pré aplicação 
de carga linear pressórica menores que 0,8, confirma baixa resistência dos músculos inspiratórios9.  
Houve  repouso  de  15  minutos  entre  espirometria  e  manovacuometria,  assim  como  os  mesmos 
foram aleatorizados. 
 
ANÁLISE ESTATÍSTICA 
Foi  feita  análise  estatística  descritiva,  com  resultados  expressos  em  frequência  e 
proporções em gráficos e tabelas. Para todas as variáveis, o cálculo da média e desvio padrão, foi 
realizado através do programa Microsoft Excel 2007. 
 
 

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RESULTADOS 
As  características  gerais  dos  9  indivíduos  estão  expostas  na  tabela  1,  entre  elas  a  idade, 
índice  de  massa  corpórea,  pressão  arterial,  FC,  SpO2  e  fração  de  ejeção  do  ventrículo  esquerdo 
(FEVE). 
 
Tabela 1. Característica antropométrica, clínica e cardiorrespiratória da amostra clínica expressos 
em média e desvio padrão. 
Variáveis  Média ± Desvio padrão (n=9) 
Idade (anos)  77,55 ± 8,38 
IMC (Kg/m2)  25,55 ± 3,95 
PAS (mmHg)  121,11 ±19 
PAD (mmHg)  72,22 ± 9,71 
FC (bpm)  68,44 ± 12,66 
SpO2%  96,44 ± 2,29 
FEVE (%)  62,65 ± 7,49 
IMC  =  índice  de  massa  corporal,  PAS  =  pressão  arterial  sistólica,  PAD  =  pressão  arterial  diastólica,  FC  =  frequência 
cardíaca, SpO2= saturação de oxigênio, FEVE= fração de ejeção do ventrículo esquerdo. 

 
Além  dos  dados  descritos  anteriormente,  na  ausculta  cardíaca  44,44%  dos  pacientes 
apresentaram  bulhas  rítmicas  normofonética  em  2  tempos  e  sem  sopro,  33,33%  apresentaram 
bulhas arrítmicas, 22,22% bulhas hipofonéticas e 11,11% com sopro.  
Os  resultados  da  avaliação  da  força  dos  músculos  inspiratórios  (Pimáx)  e  expiratórios 
(Pemáx),  além  dos  parâmetros  espirométricos  (CVF,  VEF1,  VEF/CVF  e  FEF25‐75%/CVF)  estão 
apresentados na tabela 2. 
 
Tabela 2. Valores medidos e a %previstos para as variáveis de força muscular respiratória e função 
pulmonar, expressos em média e desvio padrão. 
Variáveis da força e função  Medido  % Previsto 
respiratória 
Pimáx, cmH2O  77,77 ± 28,95  95,70 ± 36,04 
Pemáx, cmH2O  40,33 ± 18,22  50,46 ± 24,16 
VEF1 %  1,49 ± 0,46  62,29 ± 15,19 
CVF %  2,10 ± 0,62  66,47 ± 11,09 
VEF1/CVF %  68,78 ± 11,38  77 ± 1,11 
FEF25‐75%/CVF /s  58,22 ± 24,54  83,83 ± 33,53 
Pimáx=  Pressão  inspiratória  máxima,  Pemáx=  pressão  expiratória  máxima,  VEF1=  Volume  expiratório  forçado  no 
primeiro  segundo,  CVF=  Capacidade  vital  forçada,  VEF1/CFV=  índice  de  Tiffeneau,  FEF25‐75%/CVF=  Fluxo  médio 
expiratório forçado por segundo. 

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Com a mensuração dos parâmetros espirométricos foi possível observar que 11,11% desta 
população apresentou espirometria normal. Os outros 88,89% apresentaram alterações do padrão 
ventilatório,  sendo  que  destes,  50%  apresentaram  distúrbio  inespecífico  (caracterizado  por 
diminuição  da  VEF1  e  CVF  com  VEF1/CVF  normais),  25%  distúrbio  obstrutivo  moderado,  12,5% 
distúrbio obstrutivo severo e 12,5% distúrbio restritivo leve. (figura 1) 

 
Figura  1.  Resultados  espirométricos  dos  pacientes  que  apresentaram  alterações  do  padrão 
ventilatório através da espirometria. 
 
Os  indivíduos  avaliados  foram  classificados  de  acordo  com  a  Classificação  da  New  York 
Heart Association (NYHA). (figura 2) 

 
Figura 2. Classificação da New York Heart Association (NYHA). 
 
O teste de endurance muscular inspiratória aplicado nestes pacientes, a partir do protocolo 
de Chang e cols, apresentou um valor médio de 0,98 ± 0,39, não indicando, portanto, diminuição 
da resistência desses músculos9. 

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DISCUSSÃO 
Os achados desta pesquisa mostraram que os individuos  apresentaram classe funcional I, II 
e  III  de  acordo  com  a  (NYHA).  A  média  de  idade  foi  superior  a  60  anos,  constituindo  assim  uma 
população idosa, mostrando compatibilidade com os dados encontrados na literatura1. Em relação 
ao IMC esses indivíduos foram classificados com sobrepeso, sendo que 44,44% apresentaram peso 
acima do normal10. De acordo com Gomes Fernando, esta condição pode‐se relacionar com uma 
maior predisposição a doenças cardiovasculares11.  
Já  a  FEVE  nesta  população  foi  considerada  normal,  sendo  que  100%  dos  pacientes 
apresentaram FE > 50%, demonstrando uma função contrátil do ventrículo esquerdo preservada. 
Roscane  e  cols,  estudando  a  FE  normal  na  IC,  relatam  que  isso  ocorre  preferencialmente  em 
idosos  e  obesos12.  Portanto,  este  dado  observado  está  de  acordo  com  a  amostra  da  nossa 
população  e,  embora  a  FE  esteja  preservada,  a  maioria  deles  apresentam  intolerância  aos 
esforços,  representado  pela  dispnéia  aos  pequenos  esforços,  caracterizada  pela  classe  funcional 
III, demonstrando que o principal fator na  IC  não  se  relaciona  a  funcionalidade  ventricular,  mas 
sim  as  limitações  clínicas  disfuncionais.  Um  dos  fatores  que  pode  levar  a  essas  limitações 
funcionais são as alterações da musculatura respiratória5. 
No presente estudo, observou‐se normalidade na força dos músculos inpiratórios (Pimáx). 
Apesar da liberação de mediadores da inflamação e redução da capacidade aeróbica dos músculos 
respiratórios, já observada em outro estudo13,14, não houve sensibilidade nos testes empregados 
neste  estudo,  para  ratificar  o  exposto.  Mesmo  com  a  aplicação  do  teste  de  endurance  dos 
músculos  inspiratórios,  a  capaciadade  aeróbica  foi  mantida,  não  havendo  redução  da  resistenca 
muscular inspiratória. 
Ao  avaliar  o  comportamento  da  força  dos  músculos  expiratórios  (Pemáx)  nota‐se  que  há 
redução  significante,  sob  o  ponto  de  vista  clinico‐disfuncional.  Este  grupo  de  músculos  da 
expiração  pode  ter  sofrido  maior  influencia  na  liberação  de  mediadores  da  inflamação  o  que, 
provavelmente, levou a diminuição da Pemáx13,14. 
A  redução  da  Pemáx  pode  justificar  a  incidência  de  50%  de  distúrbios  ventilatórios 
inespeficificos e 12,5% de disturbios ventilatóros restritivos, pois ambos apresentaram redução da 
CVF mas, congestão vascular pulmonar e a consequente infiltração de liquido na parede das vias 
aérias, também podem ser percusoras da diminuição na CVF15. 
 
 
 

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CONCLUSÃO 
Os pacientes portadores de IC esquerda avaliados apresentaram alta incidência na redução 
da Pemáx e alteração na função pulmonar, com normalidade na Pimáx e na resistência muscular 
respiratória e diminuição da capacidade funcional caracterizada pela NYHA. 
 

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