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Autora:

Cristina Martins. Nutricionista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); Doutora em Ciências Médicas
– Nefrologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Mestre em Nutrição Clínica pela New York
University (NYU), EUA; Dietista-Nutricionista Registrada pela Academy of Nutrition and Dietetics (AND), EUA; Certificada
em Gastronomia e Nutrição pela AND; Especialista em Nutrição Renal pela AND; Clínica Certificada em Suporte
Nutricional pela American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN), EUA; Especialista em Suporte Nutricional
Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE); Especialização em Nutrição
Clínica pela UFPR; Especialização em Alimentação e Nutrição pela UFPR; Presidente do Instituto Cristina Martins de
Educação em Saúde; Representante da AND e da Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) para a padronização
internacional do Processo de Cuidado em Nutrição no Brasil.

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SUMÁRIO
OBJETIVOS DE APRENDIZADO.............................................................................................................6
PROBLEMATIZAÇÃO - ESTUDO DE CASO..............................................................................................7
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................8
Capítulo 1
DIFERENCIAÇÃO ENTRE TRIAGEM DE RISCO E AVALIAÇÃO EM NUTRIÇÃO......................................9
Capítulo 2
FUNDAMENTOS DA VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE TRIAGEM...............................................12
IMPORTÂNCIA DE DEFINIÇÃO DA DESNUTRIÇÃO..............................................................13
NECESSIDADE DE COMPARAÇÃO COM PADRÃO-OURO..................................................... 14
Capítulo 3
INSTRUMENTOS DE TRIAGEM DE RISCO DE DESNUTRIÇÃO PARA ADULTOS................................. 16
INSTRUMENTO DE TRIAGEM DE DESNUTRIÇÃO (MST)...................................................... 16
INSTRUMENTO DE TRIAGEM UNIVERSAL DE DESNUTRIÇÃO (MUST)................................... 16
TRIAGEM DE RISCO NUTRICIONAL-2002 (NRS-2002)....................................................... 17
MAN Curta...................................................................................................................18
QUESTIONÁRIO SIMPLIFICADO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL (SNAQ©)................................18
ESCORE DE RISCO NUTRICIONAL (NRS)..........................................................................18
INSTRUMENTOS SIMPLES DE TRIAGEM NUTRICIONAL (SNSTs)..........................................19
INSTRUMENTOS DE TRIAGEM NUTRICIONAL (NST)...........................................................20
TRIAGEM RÁPIDA..........................................................................................................20
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NUTRICIONAL (NRC)...............................................................20
TRIAGEM-II (SCREEN-II).................................................................................................20
INSTRUMENTO DE TRIAGEM DE RISCO DE DESNUTRIÇÃO (MRST).....................................20
INSTRUMENTO DA AFRICA DO SUL.................................................................................21
DETERMINE CHECKLIST................................................................................................ 21
FICHA NUTRICIONAL PARA IDOSOS (NUFFE)....................................................................21
INSTRUMENTO SIMPLES DE DUAS PARTES (STT).............................................................21
RISCO NUTRICIONAL NO DOENTE GRAVE (NUTRIC)..........................................................22
Capítulo 4
COMPARAÇÃO E INDICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE TRIAGEM PARA ADULTOS .........................23
Capítulo 5
INSTRUMENTOS DE TRIAGEM DE RISCO DE DESNUTRIÇÃO PARA PEDIATRIA...............................26
INSTRUMENTO DE TRIAGEM NUTRICIONAL PARA CADA PRÉ-ESCOLAR (NutriSTEP)..............26
ESCORE SIMPLES DE RISCO NUTRICIONAL PEDIÁTRICO (SIMPLE PNRS)............................26
ESCORE PEDIÁTRICO DE DESNUTRIÇÃO DE YORKHILL (PYMS)..........................................26
INSTRUMENTO DE TRIAGEM PARA RISCO NO ESTADO NUTRICIONAL E
NO CRESCIMENTO (STRONGkids)................................................................................... 27
INSTRUMENTO DE TRIAGEM PARA AVALIAÇÃO DE DESNUTRIÇÃO EM PEDIATRIA (STAMP).... 27
INSTRUMENTO DE TRIAGEM DE RISCO DE DESNUTRIÇÃO PEDIÁTRICO DIGITAL EM
ESCALA (PeDiSMART)................................................................................................... 27
INSTRUMENTO DE TRIAGEM NUTRICIONAL PEDIÁTRICO (PNST).........................................28
INSTRUMENTO DE TRIAGEM NUTRICIONAL PARA CRIANÇAS COM CÂNCER (SCAN).............28
ESCORE DE TRIAGEM NUTRICIONAL PEDIÁTRICA (PNSS)..................................................28
Capítulo 6
COMPARAÇÃO E INDICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE TRIAGEM PARA PEDIATRIA.........................29
CONCLUSÃO................................................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................32
Sistema de Triagem e
Referência.
O Prenúncio do Processo de
Cuidado em Nutrição
Cristina Martins
Objetivos de Aprendizado

Após a leitura do capítulo, você deverá estar apto a:

y Descrever sistema de triagem e referência.


y Definir triagem de risco nutricional.
y Distinguir entre triagem de risco e avaliação em nutrição.
y Definir sensibilidade e especificidade em testes de validação de instrumentos de triagem.
y Identificar, pelo menos, 10 instrumentos de triagem de risco de desnutrição usados em adultos.
y Reconhecer o instrumento que tem melhor validade para a triagem de diferentes populações e locais.
y Citar um instrumento de triagem de risco nutricional desenvolvido para pacientes de UTI.
y Identificar, pelo menos, sete instrumentos de triagem de risco de desnutrição desenvolvidos para pediatria.
y Descrever um instrumento de triagem de risco nutricional desenvolvido para pré-escolares da comunidade.

6
Problematização
Estudo de Caso
M.D.N., sexo feminino, 74 anos de idade, foi internada na Clínica Médica de um hospital público,
com queixa de perda de apetite, saciedade precoce, náuseas e vômitos nas últimas seis semanas.
Nos últimos três dias, a paciente vomitou praticamente toda a comida e bebida ingerida. Ausência de
febre. Função intestinal normal. Não faz uso de nenhum medicamento. Relata que, nos últimos 10
anos, seu peso esteve estável em aproximadamente 65 kg. Entretanto, nos últimos quatro meses,
tem perdido peso continuamente. Peso atual = 52 kg, estatura = 149 cm. É capaz de deambular,
mas com muita dificuldade. Relata fraqueza intensa e não tem conseguido realizar suas atividades de
rotina nas últimas duas semanas. Aparência emagrecida. Diagnóstico médico: tumor gástrico.

1. Qual é o resultado da triagem de risco de desnutrição para M.D.N. se aplicado o instrumento MST?
2. Qual é o resultado da triagem de risco de desnutrição para M.D.N. se aplicado o instrumento
MUST? O que o resultado indica?
3. Qual é o resultado da triagem de risco de desnutrição para M.D.N. se aplicado o instrumento NRS-
2002?
4. Qual é o resultado da triagem de risco de desnutrição para M.D.N. se aplicada a MAN Curta?
5. Cite, pelo menos, três instrumentos de triagem de risco de desnutrição que poderiam ter sido
aplicados em M.D.N. nos últimos quatro meses, quando a paciente estava em casa. Qual deles
apresenta maior validade?
6. Caso M.D.N. fosse uma criança de dois anos de idade, quais instrumentos de triagem de risco de
desnutrição poderiam ser usados na mesma situação?

7
Introdução
O
sistema de triagem e referência é tudo o que ocorre antes do início do Processo de Cuidado em Nutrição
(PCN). Ou seja, tanto a triagem como a referência desencadeiam o PCN. A triagem é importante, mas
não é obrigatória a todos os indivíduos que são atendidos por um nutricionista.
Há inúmeros instrumentos de triagem de risco nutricional, desenvolvidos para adultos e para pediatria. Devido
à alta prevalência de desnutrição na população de idosos, muitos foram designados e validados para essa
população. Instrumentos para pediatria foram desenvolvidos mais recentemente. Para qualquer população, há
instrumentos que são destinados para uso em ambientes hospitalares, enquanto outros são indicados para
uso em situações ambulatoriais ou dentro da comunidade. Porém, de maneira ideal, um instrumento deve
ser independente da doença, idade ou local de aplicação para reconhecer o risco de desnutrição. Por isso, é
importante que um ou mais instrumentos seja validado para uso universal.
O objetivo deste texto é apresentar e discutir instrumentos de triagem de risco nutricional desenvolvidos para
adultos e para pediatria. E identificar aqueles com melhores resultados de validação.

8
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

Capítulo 1

DIFERENCIAÇÃO ENTRE TRIAGEM DE


RISCO E AVALIAÇÃO EM NUTRIÇÃO

A
triagem, ou rastreamento, de risco nutricional é um processo detalhado, profundo e que requer
é o passo anterior ao início do PCN (Fig. 1). treinamento profissional específico. Tanto a triagem
Ela é uma tarefa de apoio, que facilita a como a avaliação pode utilizar informações subjetivas
entrada de um cliente ou população no PCN. Quando e objetivas. A triagem engloba um ou alguns
não ocorre a triagem, o outro caminho para a entrada indicadores. Já a avaliação utiliza, obrigatoriamente,
no PCN é a referência. Ou seja, alguém ou algo fez diversos métodos e instrumentos. A grande diferença
uma referência para o atendimento de um cliente por é que o resultado da triagem deve ser se há ou não
um nutricionista. Por exemplo, um médico pode referir risco nutricional. Já a avaliação, obrigatoriamente,
um paciente para ser atendido por um nutricionista, deve identificar o diagnóstico em nutrição.
sem nenhuma triagem formal ter ocorrido. De alguma A importância da triagem é bem reconhecida.
forma, o profissional identificou o risco de problema, Todas as populações, em qualquer local ou idade,
mesmo que não tenha aplicado um instrumento podem ser triadas para o risco nutricional ou
específico. Portanto, a referência é a indicação para a necessidade de intervenção. Pacientes
feita por um colega, outro profissional, um cliente já hospitalizados são aqueles que têm maior risco
atendido, um conhecido, um anúncio ou por diversas de desenvolvimento de deficiências nutricionais
outras maneiras em que um nutricionista é indicado e complicações relacionadas. Porém, problemas
para o atendimento de um indivíduo ou população. nutricionais podem ocorrer em qualquer situação,
A triagem é a maneira mais coerente e produtiva mesmo em indivíduos não hospitalizados. Portanto,
de iniciar o PCN. Ela tem o objetivo de identificar a a triagem também é importante dentro da
existência de risco nutricional. A definição de triagem comunidade. Devido aos grandes riscos nutricionais
é: “processo de identificação de pacientes, clientes inerentes, os idosos e as crianças são grupos
ou grupos que poderiam ter um diagnóstico em populacionais com maior foco para a triagem.
nutrição e se beneficiariam da avaliação e intervenção Os resultados da triagem devem estar ligados a
de um nutricionista” (1). A triagem deve ser um processos definidos de ação, como:
processo rápido de identificação de risco nutricional, y O paciente não está em risco, mas precisa ser
particularmente de desnutrição. A intenção é, o mais triado novamente, em intervalos específicos.
breve possível, identificar risco e iniciar o PCN. Ex.: semanalmente, durante a hospitalização;
Enquanto a triagem é um método simples e y O paciente está em risco e será referenciado
rápido, a avaliação, que é o primeiro passo do PCN, ao nutricionista, para iniciar o PCN;

9
Fig. 1 Modelo do Nutrition Care Process (NCP) da Academy of Nutrition and Dietetics (2).

y O paciente está em risco. Porém, problemas Em resumo, a triagem determina “risco”, e a


funcionais e metabólicos limitam que seja avaliação define a “presença”, ou não, de problema
realizada a avaliação em nutrição; em nutrição. A avaliação é mais longa e detalhada
y Há dúvida se o paciente está em risco. do que a triagem. Ela utiliza informações obtidas
durante a triagem e adiciona dados mais profundos
Uma vez que a triagem identifique risco nutricional, e extensos. A avaliação é o exame detalhado das
o próximo passo é a avaliação em nutrição. Esta é o variáveis metabólicas, nutricionais e funcionais. Outra
processo de avaliar o estado nutricional de um cliente diferença da triagem é que a avaliação em nutrição
que foi identificado com risco nutricional na triagem depende do julgamento profissional. Ela é realizada
ou que foi diretamente referenciado ao nutricionista. por nutricionista treinado. Já a triagem, embora
A avaliação é definida como: “um processo de estabelecida por nutricionista, tem o objetivo de
obtenção, verificação e interpretação de dados ser aplicada por não especialistas, inclusive leigos.
necessários para identificar problemas relacionados à Os sinais e sintomas (indicadores) nutricionais,
nutrição, suas causas e significância” (2). Ela é a base que são comumente usados em conjunto, formam
para os demais passos do PCN. Fornece dados para um “instrumento de triagem” (3). Este pode ser
o diagnóstico em nutrição e para o entendimento da designado para identificar preocupações nutricionais
etiologia e magnitude do problema. Esta compreensão gerais ou um risco específico, como o de desnutrição.
ajuda o nutricionista a determinar a intervenção mais Um instrumento de triagem ideal deve:
praticável e efetiva para a resolução do problema y Ser prático, fácil de ser aplicado, rápido,
nutricional. É a partir dos dados da avaliação que não invasivo, de baixo custo e não conter
pode ser realizado o monitoramento e a aferição informações redundantes;
dos resultados da intervenção. Caso a intervenção y Ser adequado para ser conduzido em qualquer
não tenha alcançado a meta de resultados, uma local de prática, idade e tipo de população;
reavaliação deve ser conduzida. Ou seja, retorna ao y Ter propósito para a população-alvo ou local;
início do circuito do PCN. y Ser estabelecido por um nutricionista ou outro
profissional especialista;

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Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

y Dispensar treinamento oficial em nutrição para


a aplicação; deve ser fácil de ser aplicado por
pessoal de enfermagem, técnicos em nutrição,
estagiários, familiares e o próprio cliente;
y Ter alto grau de sensibilidade, especificidade,
validade e confiabilidade para a população ou
local;
y Ter norma sobre quais clientes necessitarão
de avaliação em nutrição, e quando e quais
critérios serão utilizados para o objetivo;
y Ter norma sobre quando serão realizadas a
triagem inicial e as periódicas, de acordo com
a população-alvo. Em unidade hospitalar, por
exemplo, a triagem é recomendada para ser
realizada dentro das primeiras 24 horas de
internação;
y Ter norma que prevê que o procedimento será
realizado sempre da mesma forma, mesmo
nos finais de semana e feriados;
y Ter manual de normas e procedimentos;
y Ter programa de garantia da qualidade, que
assegure que a aplicação irá ocorrer conforme
definido no manual de normas e procedimentos.

11
Capítulo 2

FUNDAMENTOS DA VALIDAÇÃO DE
INSTRUMENTOS DE TRIAGEM

A
ntes de escolher um instrumento para Como já descrito, a aplicação de um instrumento
a aplicação na prática, é importante ter de triagem na prática busca identificar o risco e a
certeza que ele foi validado. Os instrumentos necessidade para testes adicionais (realização da
de triagem podem ser validados na população em avaliação), ao invés de buscar um diagnóstico em
geral ou em subgrupos. A validade baseia-se em dois nutrição. Nos testes de validação de um instrumento
itens: sensibilidade e especificidade. A sensibilidade de triagem, os falsos negativos devem ser evitados,
refere-se à porcentagem de indivíduos que estão fora mas os falsos positivos podem ser aceitos. Em
da normalidade e que são corretamente identificados relação à sensibilidade e à especificidade, a análise é
como estando em risco, pelo instrumento. Já a mais complicada. Deve haver equilíbrio, baseado em
especificidade é, por exemplo, a porcentagem de qualquer risco que pode ter incorrido em tratar um
indivíduos adequadamente nutridos e que são indivíduo que não tem a condição. Por exemplo, após
corretamente identificados, pelo instrumento, como um diagnóstico de desnutrição, os pacientes deverão
não estando em risco. O termo “confiança” ou receber intervenção com o objetivo de resolver o
confiabilidade refere-se ao grau de concordância problema. Entretanto, se foi usado um instrumento
dos resultados do instrumento, quando aplicado de triagem com baixa sensibilidade para
por diferentes avaliadores. Ou seja, para boa identificar o risco e encaminhar para a avaliação,
confiabilidade, os resultados do instrumento devem o nutricionista pode não identificar o diagnóstico
ser semelhantes entre diferentes avaliadores. de desnutrição (o instrumento de triagem criou um
Um instrumento de triagem deve ter alta falso positivo). Portanto, o instrumento não foi útil e
sensibilidade (ou seja, os pacientes identificados fez o nutricionista desperdiçar tempo e esforços. O
como em risco de desnutrição estão, de fato, contrário é ainda pior, se o instrumento resultar em
desnutridos) e alta especificidade (os pacientes falso negativo. Ou seja, o indivíduo está em risco,
identificados como não em risco de desnutrição mas não é identificado pelo instrumento. Portanto,
estão, de fato, bem nutridos) (3). O Quadro não será avaliado pelo nutricionista e, também,
1 apresenta definições de sensibilidade, não receberá a intervenção necessária.
especificidade e valores preditivos. Um exemplo de De maneira ideal, um instrumento válido deve
pontos de corte para as medidas de validade foram ter resultado de 100% de sensibilidade e de
publicadas em uma revisão sistemática sobre a especificidade. Isso significa que todos os pacientes
validade de instrumentos de triagem (Quadro 2). triados estão corretamente identificados como em risco

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Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

Quadro 1. Medidas comuns usadas em testes de validade de um instrumento comparado a um padrão-ouro (3)
Termo Definição Exemplo
A proporção de indivíduos com a condição na
qual um teste é positivo. Também chamado de Um paciente que foi identificado como em risco
Sensibilidade positivo na saúde. por um instrumento de triagem está, realmente,
Sensibilidade = Verdadeiro Positivo/(Verdadeiro desnutrido.
Positivo + Falso Negativo).
A proporção de indivíduos sem a condição na
qual um teste é negativo. Também chamado de Um paciente que foi identificado como não
Especificidade negativo na saúde. em risco por um instrumento de triagem está,
Especificidade = Verdadeiro Negativo/ provavelmente, bem nutrido.
(Verdadeiro Negativo + Falso Positivo).
A probabilidade de uma pessoa com resultado A probabilidade de um paciente que foi
de teste positivo ter a condição sendo testada. identificado como desnutrido por um novo
Valor Preditivo Positivo (VPP)
VPP = Verdadeiro Positivo/(Verdadeiro Positivo instrumento estar desnutrido quando avaliado
+ Falso Positivo). por um padrão-ouro.
A probabilidade de uma pessoa com resultado A probabilidade de um paciente que foi
de teste negativo não ter a condição sendo identificado como bem nutrido por um novo
Valor Preditivo Negativo (VPN) testada. instrumento ser, também, identificado como
VPN = Verdadeiro Negativo/(Verdadeiro bem nutrido quando avaliado por um padrão-
Negativo + Falso Negativo). ouro já existente.

Quadro 2. Pontos de corte para interpretação da importante quando a triagem é feita por um leigo
validade (4) ou profissional não nutricionista.
Valores de Sensibilidade,
Nível Geral de
Especificidade, Valor Preditivo IMPORTÂNCIA DE DEFINIÇÃO DA DESNUTRIÇÃO
Evidência
Positivo e Valor Preditivo Negativo
Para a validação de um instrumento de triagem
90% a 100%: Excelente Alto
de risco para a desnutrição, há necessidade de uma
80% a 90%: Bom Moderado
definição específica para ao problema.
70% a 80%: Regular Baixo
A desnutrição pode ser identificada como uma
60% a 70%: Insuficiente Baixo
condição nutricional aguda, subaguda ou crônica,
50% a 60%: Pobre Baixo
que pode se apresentar em vários níveis de
Valores de Confiabilidade e Nível Geral de
deficiência ou excesso de nutrientes, com ou sem
Concordância (kappa - k) Evidência
a presença de processo inflamatório, que leva a
>0,90: Quase perfeita Alto
alterações na composição corporal e diminuição da
0,80 a 0,90: Forte Alto
função. A subnutrição (deficiência), especificamente,
0,60 a 0,79: Moderada Moderado
tem diversas formas de ser identificada e definida.
0,40 a 0,59: Fraca Baixo
A ESPEN (European Society for Clinical Nutrition
0,21 a 0,39: Mínima Baixa
and Metabolism) define a desnutrição como (5):
0 a 0,20: Nenhuma Baixa
y IMC baixo <18,5 kg/m2 ou perda de peso
>10% (sem tempo definido)
(sensibilidade) ou não (especificidade) de desnutrição
y Se idade <70 anos: perda de peso de 5%
(3). Porém, resultados de 100% de sensibilidade e
durante os últimos 3 meses e IMC <20 kg/m2
especificidade não são realistas. Mas podem haver
y Se idade >70 anos: IMC <22 ou índice
equilíbrio entre falsos positivos e falsos negativos.
de massa livre de gordura (free-fat mass
Igualmente importante para a sensibilidade e
index – FFMI) <15 kg/m2 para mulheres ou
a especificidade são os valores preditivos. Estes
<17 kg/m2 para homens. O índice de massa
respondem à questão: “se o teste é positivo, qual é
livre de gordura é avaliado a partir de
a probabilidade de um cliente ter a condição?” (Valor
resultados da bioimpedância.
Preditivo Positivo – VPP) ou “qual é a probabilidade
de um paciente, que deu negativo para uma
Outra definição é do consenso da Academy of
condição, esteja, mesmo, sem a condição?” (Valor
Nutrition and Dietetics e American Association of
Preditivo Negativo – VPN). O fato é, particularmente

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Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) (6). Neste, a Quadro 3. Indicadores comumente incluídos nos
desnutrição é definida e classificada de acordo com instrumentos de triagem de risco nutricional
a etiologia em: 1) desnutrição relacionada à doença y Apetite e alterações y Capacidade funcional
y Ingestão alimentar y Dieta prescrita e ingerida
ou injúria aguda, 2) desnutrição relacionada à doença y Mudança de peso y Alergias alimentares
ou condição crônica, 3) desnutrição relacionada y Náuseas/vômitos y Função intestinal
y Capacidade de mastigar/ y Diagnóstico e demanda
a circunstâncias sociais/ambientais. Pelo menos deglutir metabólica da doença
duas, de um lista de seis características, precisam y Estatura e peso, IMC, razão y Laboratoriais: albumina,
circunferência da cintura/ hematócrito, colesterol total
estar presentes para a identificar a desnutrição. A
estatura, circunferência
descrição das seis características é: da cintura, razão da
1) Ingestão alimentar insuficiente: porcentagem circunferência da cintura/
circunferência do quadril
ingerida/administrada comparada à necessidade.
IMC = índice de massa corporal

Perda de peso não intencional: pode ocorrer em


De modo ideal, os indicadores usados na triagem
qualquer índice de massa corporal:
devem responder às seguintes questões:
2) Ganho de peso gestacional materno subótimo.
y O paciente tem risco de desnutrição no
momento?
Achados físicos:
y Se não há risco no momento, a condição
3) Perda de massa muscular, ex.: definhamento
nutricional do paciente é estável ou pode
das têmporas (músculo temporal), clavículas
piorar?
(peitoral e deltoides), ombros (deltoides),
y O processo da doença pode deteriorar
músculos interósseos, escápula (latissimus
rapidamente a condição nutricional do
dorsi, trapézio, deltoides), coxa (quadríceps) e
paciente?
panturrilha (gastrocnêmio).
4) Perda de gordura subcutânea - ex.: orbital,
Cada instituição é responsável por determinar
tríceps, gordura em cima das costelas.
quem executa, qual é o instrumento utilizado
5) Retenção hídrica (localizada ou generalizada).
(indicadores que serão incluídos) e quando será
reaplicado (frequência da triagem).
Redução da função física:
Dezenas de instrumentos de triagem já foram
6) Redução da força de preensão das mãos.
publicadas e são utilizados na prática. Porém,
ainda não há consenso sobre quais são os mais
Portanto, a validação de um instrumento começa
recomendados para a tarefa. A maioria dos
com a escolha da definição do termo desnutrição.
instrumentos publicados não apresenta bons níveis
Nos instrumentos existentes de triagem de risco de
de evidência para uso em diferentes indivíduos,
desnutrição, os indicadores mais frequentemente
adultos e crianças, hospitalizados ou na comunidade.
presentes são a ingestão alimentar e a condição
Ou seja, ainda faltam estudos de boa qualidade sobre
do peso corporal. Instrumentos que foram
o assunto. O uso de ferramenta inapropriada, que
desenvolvidos para pacientes hospitalizados
não tenha sido validada ou com validação em uma
geralmente incluem diagnósticos e situações
população diferente, pode influenciar negativamente
que levam a alterações metabólicas. O Quadro 3
na entrada no PCN. Também pode desperdiçar
apresenta os indicadores mais usados em instrumentos
recursos, como o tempo de profissionais e dinheiro.
de triagem de risco nutricional.
Qualquer indicador nutricional pode, potencialmente,
NECESSIDADE DE COMPARAÇÃO COM PADRÃO-
ser usado na triagem. O que deve ser considerado são OURO
as limitações impostas pela complexidade, custo e Para testar a validade, o instrumento deve ser
utilidade, pela prevalência do problema sendo avaliado avaliado em relação a um padrão-ouro (padrão de
e pelo benefício potencial da intervenção. referência), que identifica indivíduos que têm risco e os
que não têm. Ou seja, é feita uma comparação entre
algo novo e um instrumento ou medida já consolidado

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Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

em medir o que deve ser medido. Um padrão-ouro


já deve ter sido definido como tendo boa validade.
Alguns padrão-ouro de referência são: biópsia,
angiografia, necropsia, resultados laboratoriais e
instrumentos de diagnóstico (3). A Avaliação Subjetiva
Global (Subjective Global Assessment – SGA) é,
frequentemente, usada como padrão-ouro para a
validação de instrumentos de triagem. Embora a SGA
tenha sido originalmente desenvolvida para avaliar o
risco de complicações de pacientes cirúrgicos, ela
é, na base, um instrumento de avaliação (3). Na
classificação final, os pacientes são diagnosticados
como bem nutridos (A), moderadamente desnutridos
(B) ou gravemente desnutridos (C). Lembrando
que há três razões que embasam que a SGA é
um instrumento de avaliação e não de triagem: 1)
a SGA dá diagnóstico de desnutrição ou não, ao
invés de determinar risco; 2) a SGA requer coleta de
informações do prontuário, entrevista e exame físico.
Embora não seja um instrumento longo, ela não pode
ser definida como simples, rápida e que pode ser
executada por qualquer profissional de saúde sem
treinamento formal; 3) a SGA não é suficientemente
sensível para detectar mudanças agudas no risco
nutricional, usualmente encontrado no processo de
triagem. Porém, mesmo não sendo um instrumento
de triagem, a SGA pode ser usada como padrão-
ouro. Uma validação pode ser feita da seguinte
maneira: 1) o novo instrumento é testado em
comparação a outro de triagem já validado (validade
convergente) ou b) o novo instrumento é testado
em comparação a um instrumento de avaliação já
validado (validade preditiva). A SGA contempla o
segundo tipo de teste de validação.

15
Capítulo 3

INSTRUMENTOS DE TRIAGEM DE
RISCO DE DESNUTRIÇÃO PARA
ADULTOS

H
á dezenas de instrumentos desenvolvidos UTI, instituições de longa permanência, centros de
para triagem de risco nutricional. O reabilitação, ambulatório e clínicas de oncologia,
Apêndice 1 mostra diretrizes gerais para o em vários países. Esses estudos mostraram graus
estabelecimento de risco nutricional para adultos. moderados de validade, de concordância e de
Um ponto importante é que um instrumento não confiabilidade entre avaliadores, para o MST (4).
deve ser específico somente para um tipo de população,
idade e magnitude de problemas clínicos. Ou seja, não Quadro 4. Instrumento de Triagem de Desnutrição
é prático usar diferentes instrumentos de triagem (MST)

para subgrupos diversos. Portanto, um instrumento Questões Pontuação


ideal deveria contemplar essa necessidade. 1) Você teve perda recente e não intencional
de peso?
y Não 0
INSTRUMENTO DE TRIAGEM DE DESNUTRIÇÃO y Não sabe 2
(MST) 2) Se sim, de quanto (em kg) foi a sua perda
de peso?
O MST (Malnutrition Screening Tool) é um y 1-5 1
instrumento simples, barato, fácil de ser empregado y 6-10 2
y 11-15 3
por qualquer profissional da saúde, familiar ou pelo
y >15 4
próprio paciente. Foi objetivado para aplicação na y Não sabe 2
população adulta heterogênea. Não inclui dados 3) Você tem comido mal devido à redução do
antropométricos e outros indicadores objetivos. O apetite?
y Não 0
instrumento atribui pontos entre 0 e 4 para possíveis y Sim 1
respostas às questões sobre perda de peso e apetite. Somatória (interpretação: ≥2 = risco de
Quando somados, os pontos resultam num escore desnutrição)

(Quadro 4). Os valores ≥2 identificam risco nutricional.


No estudo original, o MST foi comparado à SGA INSTRUMENTO DE TRIAGEM UNIVERSAL DE
(7). Porém, pelo fato de a SGA conter questões DESNUTRIÇÃO (MUST)
incluídas na MST, seria esperado alta sensibilidade Para adultos, principalmente na comunidade,
e especificidade entre os dois instrumentos. Diversos mas também para pacientes ambulatoriais clínicos
outros estudos de validação foram realizados em ou hospitalizados, a ESPEN recomenda o MUST
(Malnutrition Universal Screening Tool) (8) (Fig. 2). O

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Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

instrumento pode ser adaptado para circunstâncias e confiabilidade moderadas (4) . Mas ficou atrás do
especiais, quando o peso e a estatura não podem MST no grau de qualidade de estudos de validação.
ser medidos, ou quando há distúrbios hídricos.
Nestes casos, são usadas medidas alternativas, TRIAGEM DE RISCO NUTRICIONAL-2002 (NRS-
incluindo marcadores subjetivos. 2002)
O MUST também tem o objetivo de identificar Para pacientes hospitalizados, a ESPEN
a obesidade (índice de massa corporal, IMC, recomenda a NRS-2002 (Nutritional Risk Screening)
>30 kg/m2). O instrumento utiliza três critérios (11, 12). Este instrumento tem os mesmos
que refletem a evolução do paciente: 1) perda não componentes da MUST, mas adiciona a classificação
intencional de peso (passado), 2) IMC (presente) de gravidade da doença. É recomendado para uso
e 3) efeito da doença aguda sobre a ingestão em locais com pacientes de pouco risco. O objetivo é
alimentar (futuro). O resultado de cada critério gera contemplar o reflexo do aumento das necessidades
uma pontuação, que é somada. Para a interpretação de nutrientes devido à gravidade da doença.
do escore, os pacientes são agrupados em três A NRS-2002 tem uma seção de pré-triagem,
categorias: baixo, médio e alto risco de desnutrição. que inclui quatro perguntas. Também adiciona a
Para cada resultado, o MUST sugere planos de idade avançada (≥70 anos) como fator de risco.
ação, dependendo do tipo de paciente. O instrumento utiliza pontuação variável, entre
Um estudo considerou o MUST como fácil e os valores de 0 a 6. Quando o resultado da
confiável para ser auto aplicado por pacientes somatória é maior ou igual a 3 pontos, o paciente
ambulatoriais, e teve boa correlação com a avaliação é classificado como em risco de desnutrição. Ao
feita por profissionais treinados (9). Apresentou final, o instrumento dá sugestão de indicação de
boa concordância quando comparado a sete intervenção nutricional. O modelo da NRS-2002
outros instrumentos disponíveis (10). Em análise está apresentado no Apêndice 2.
sistemática, apresentou validade alta, e concordância

Fig. 2 Instrumento de Triagem Universal de Desnutrição (MUST)

17
Em um estudo multicêntrico, multinacional, com Uma revisão sistemática concluiu que a MAN
5.051 pacientes hospitalizados, os resultados da Curta IMC tem utilidade clínica limitada, pelo fato
NRS-2002 foram significativamente relacionados de não possuir estudos de concordância (4). Outra
com tempo de hospitalização, com a morbidade revisão sistemática, especifica para indivíduos
e com a mortalidade (13). Porém, uma revisão idosos (>65 anos) da comunidade, comparou a
sistemática concluiu que, atualmente, o NRS-2002 MAN Longa com diversos instrumentos (17). A MAN
tem utilidade clínica limitada, pelo fato de não Curta IMC e a MAN Curta CP apresentaram boa
possuir estudos de concordância (4). sensibilidade e especificidade. Porém, o padrão-
ouro para comparação teve a mesma base de
MAN Curta parâmetros, já que as formas curtas são a parte
A Mini Avaliação Nutricional Longa – MAN Longa inicial da ficha completa (MNA Longa).
(Mini Nutrition Assessment Long Form - MNA®-LF) A Auto MAN (Self-MNA®) é outra versão curta
é um questionário de 18 itens, que tem o objetivo (18). O instrumento foi validado e é destinado para
de identificar desnutrição (14) (http://mna-elderly. idosos da comunidade. O questionário é composto
com/). Porém, o instrumento é administrado em de seis perguntas (Apêndice 3). Os idosos podem ter
duas partes. As primeiras seis questões abrangem acesso à ficha online para autopreenchimento.
os componentes da triagem de risco. Esta parte
é chamada de MAN Curta (Mini Nutritional QUESTIONÁRIO SIMPLIFICADO DE AVALIAÇÃO
Assessment Short Form - MNA-SF). NUTRICIONAL (SNAQ©)
A MAN Curta leva apenas alguns minutos O SNAQ© (Short Nutritional Assessment
para ser aplicada (Quadro 5). Os indivíduos com Questionnary) é um instrumento validado na
pontuação ≥12 (máximo de 14) são considerados Holanda e publicado em 2005 (19). O objetivo é a
fora de risco. Aqueles com resultado ≤11 são detecção precoce da desnutrição hospitalar. Inclui
considerados em risco de desnutrição, e é sugerido perguntas sobre perda de peso recente, apetite e
continuar a avaliação. uso de suplementos alimentares ou alimentação
A MAN Curta original utiliza o índice de massa por sonda (Quadro 6). Em 2010, o questionário foi
corporal (IMC). Por isso, é chamada de MAN adaptado (SNAQRC) para pacientes que vivem em
Curta IMC. Porém, o IMC pode ser substituído instituições de cuidado de longa permanência (20).
pela circunferência da panturrilha (CP), que é E em 2012, o instrumento foi validado para uso em
uma medida mais fácil para diversas, populações idosos da comunidade (SNAQ65+) (21).
clínicas. É dada pontuação de 0 ponto quando Entretanto, pelo fato de o SNAQ resultar em
a CP é <31 cm e de 3 pontos quando ≥31 cm classificação do estado nutricional, ele não é,
(15). O IMC também pode ser substituído pela verdadeiramente, um instrumento de triagem.
medida da força de preensão da mão, em casos
de dificuldade de determinação de peso e estatura, ESCORE DE RISCO NUTRICIONAL (NRS)
como em amputados. Um estudo com idosos Para evitar confusão com outros instrumentos,
mostrou concordância entre o uso da força de o NRS (Nutrition Risk Score) é chamado de Escore
preensão comparada com ambos, IMC e CP (16). de Risco Nutricional de Birmingham (Birmingham
A pontuação foi dividida em quatro grupos. Quando Nutrition Risk Score - BNRS) (22). O instrumento
a perda da força de preensão da mão medida foi foi baseado em marcadores nutricionais de uso
≥60% da esperada (20 kg para mulheres e 30 kg comum e inclui: 1) percentual de perda de peso não
para homens), foi dado 0 ponto, quando ≥30% desejada em relação ao tempo, 2) IMC para adultos
a <60% = 1 ponto, quando 10% a<30% = 2 e percentual de peso para estatura para crianças,
pontos, e quando <10% ou sem nenhuma perda 3) ingestão alimentar, considerando apetite,
= 3 pontos. Porém, na prática clínica, nem sempre capacidade de alimentação e absorção e 4) fatores
há dinamômetro disponível. Além disso, a medida de estresse (presença e gravidade de doença aguda,
pode ser dificultada em caso de deformidade na com necessidade de terapia nutricional). Cada um
mão ou artrite inflamatória. dos dados é pontuado com valores entre 0 e 3.

18
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

Quadro 5. Modelo da MAN Curta com índice de massa corporal


Nome: Sobrenome
Idade: Peso (kg):
TRIAGEM MAN Curta
A A ingestão alimentar diminuiu durante os últimos três meses devido à perda de apetite, problemas digestivos,
dificuldade de mastigação ou deglutição?
0 = perda grave de apetite
1 = perda de apetite moderada
2 = sem perda de apetite 
B Perda de peso durante os últimos meses
0 = perda de peso maior que 3 kg
1 = não sabe
2 = perda de peso entre 1 e 3 kg
3 = sem perda de peso 
C Mobilidade
0 = confinado ao leito ou à cadeira
1 = capaz de sair da cama/cadeira, mas não sai
2 = sai

D Tem sofrido de estresse psicológico ou doença aguda nos últimos 3 meses
0 = sim 2 = não

E Problemas neuropsicológicos
0 = demência ou depressão grave
1 = demência leve
2 = nenhum problema psicológico 
F Índice de Massa Corporal (IMC) (peso em kg)/(altura em m)2
0 = IMC < que 19 1 = IMC entre 19 e 21
2 = IMC entre 21 e 23 3 = IMC 23 ou > 
Pontuação da triagem (subtotal máx. 14 pontos)
12 pontos ou mais Normal – fora de risco não há necessidade de completar a avaliação

11 pontos ou menos Possível desnutrição – continuar a avaliação

Quadro 6. Questionário Simplificado de Avaliação instrumento parece falhar na identificação do risco


Nutricional (SNAQ©) de desnutrição de muitos pacientes avaliados.
Questões Pontuação
1) Você perdeu peso sem intenção? INSTRUMENTOS SIMPLES DE TRIAGEM
y Mais do que 6 kg nos últimos 6 meses 3 NUTRICIONAL (SNSTS)
y Mais do que 3 kg nos último mês 2
Os SNSTs (Simple Nutrition Screening Tools)
2) Você teve diminuição do apetite no último
mês? 0 foram desenvolvidos por Laporte et al (23). O objetivo
y Não 1 foi detectar o risco de desnutrição em pacientes
y Sim
adultos e idosos. Dois modelos foram desenvolvidos.
3) Você usou suplementos líquidos ou
alimentação por sonda no último mês? O modelo 1, também conhecido como “Instrumento
y Não 0 Número 1” (Tool #1), incluiu IMC e percentual de
y Sim 1
perda de peso. No modelo 2, foram incluídos o IMC
Somatória
e a albumina sérica. A razão dos dois modelos é
Interpretação:
y <2 pontos = nutrido que a albumina sérica pode não estar disponível
y ≥2 a <3 pontos = desnutrido moderado para muitos pacientes. Por outro lado, os dados da
y ≥3 pontos = desnutrido grave
história de perda de peso podem não ser confiáveis
em alguns casos. Os indivíduos são classificados
A classificação final é: risco baixo, moderado ou
em baixo ou alto risco de desnutrição. Infelizmente,
alto de desnutrição. O objetivo do instrumento é
não há resultados de valores preditivos negativo e
identificar, com simplicidade e rapidez, o risco de
positivo para nenhum dos modelos.
desnutrição de pacientes adultos e pediátricos em
diferentes condições clínicas e cirúrgicas. Porém, o

19
INSTRUMENTOS DE TRIAGEM NUTRICIONAL a história de perda de peso, a porcentagem do
(NST) peso ideal, e as alterações na ingestão alimentar e
Diferentes instrumentos foram publicados com a na função gastrintestinal. Com base nas respostas,
denominação de NST (Nutrition Screening Tools) (24- os pacientes são classificados em: “com risco
26). O NST de Mackintosh et al teve o objetivo de nutricional” e “com baixo risco nutricional”. A
detectar o risco e a desnutrição em idosos atendidos reprodutibilidade do instrumento foi boa, quando
em hospitais-dia (24). Os seguintes indicadores as respostas dos enfermeiros foram comparadas
nutricionais foram incluídos: condição e perda de com as de um nutricionista. A comparação dos
peso, apetite, ingestão alimentar e hídrica, habilidade resultados com os níveis de pré-albumina sérica
para comer e condições clínicas que interferem, ou dos pacientes apresentou sensibilidade alta.
não, na alimentação. Cada item avaliado recebe
pontuação de 0 a 3. No somatório, o escore ≥7 TRIAGEM-II (SCREEN-II)
indica necessidade de avaliação em nutrição. O SCREEN-II é a sigla para: “Seniors in the
O NST de Burden et al (25) incluiu idade, community: risk evaluation for eating and nutrition,
nível de consciência, peso, ingestão alimentar, version II”. O instrumento foi desenvolvido para
habilidade para alimentar-se, condições clínicas idosos da comunidade e em clínica geriátrica (29).
e função intestinal. Foi aplicado em pacientes O questionário inclui: apetite, hábitos de preparo
hospitalizados, incluindo idosos. A pontuação 4 de alimentos, informações sobre comer sozinho e
indica o maior comprometimento. De acordo com pular refeições, problemas na ingestão, consumo
o somatório dos pontos obtidos de cada categoria, de líquido, frutas e hortaliças, e ganho ou perda de
os pacientes são classificados em: risco mínimo (7 peso. A referência de comparação (padrão-ouro) foi
a 9 pontos), risco moderado (10 a 14 pontos) e uma avaliação detalhada, realizada por nutricionista.
desnutrição (≥15 pontos). Uma revisão sistemática que comparou instrumentos
O NST que contempla as recomendações de triagem para idosos encontrou boa sensibilidade
mínimas da Associação Britânica de Nutrição e especificidade regular para o SCREEN-II. Esses
Parenteral e Enteral (BAPEN) para identificação de resultados foram semelhantes para a MNA-SF (17).
problemas nutricionais é conhecido como BAPEN Entretanto, ainda há necessidade de mais estudos
NST (26). O instrumento incluiu quatro marcadores para a validação adicional do instrumento para
nutricionais: peso, estatura, perda de peso recente idosos da comunidade e outras populações.
não intencional e apetite. Foi aplicado em pacientes
hospitalizados, incluindo idosos. INSTRUMENTO DE TRIAGEM DE RISCO DE
DESNUTRIÇÃO (MRST)
TRIAGEM RÁPIDA O MRST (Malnutrition Risk Screening Tool) é
A Triagem Rápida (Rapid Screen) foi avaliada em composto de dois questionários direcionados ao risco
idosos em centros de reabilitação (27). Semelhante de desnutrição de idosos, sendo um para aqueles
ao “Instrumento Número 1” da SNST, a Triagem na comunidade (MRST-C) e outro em hospital
Rápida inclui dois dados: IMC (<22 kg/m2) e perda (MRST-H) (30). Os instrumentos foram validados
de peso recente e não intencional (>7,5% nos últimos em comparação com avaliações antropométrica e
três meses). Um diferencial da Triagem Rápida é funcional. A antropometria incluiu peso, estatura,
que ela pode considerar um ou outro dado, e não a extensão dos braços, IMC, circunferência da
adição deles. Porém, o instrumento apresentou alta panturrilha e circunferência do braço. A avaliação
especificidade, mas baixa sensibilidade (27). funcional foi composta de questionários para
avaliar destreza da mão, força muscular, habilidade
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NUTRICIONAL (NRC) de atividades diárias de vida e estado cognitivo.
A NRC (Nutrition Risk Classification) foi Porém, ambos os instrumentos foram inferiores em
publicada em 1997 (28). O objetivo foi desenvolver resultados da validação do que a MAN-SF.
um instrumento de triagem de risco nutricional para
ser aplicado por enfermeiros. O questionário utiliza

20
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

INSTRUMENTO DA AFRICA DO SUL alimentares, companhia nas refeições, atividade e


O South Africa Tool At Risk of Malnutrition foi número de medicamentos (Quadro 7). Cada item
desenvolvido para negros idosos institucionalizados varia de 0 a 2 pontos. A opção mais favorável
(31). O instrumento foi validado com a utilização da resulta em pontuação de 0, e a mais desfavorável,
MAN Longa como padrão-ouro. Contém 14 questões, de 2 pontos. A opção intermediária é 1 ponto. A
juntamente com medida da circunferência do braço. pontuação máxima é 30 pontos. Quanto mais alta
Na validação inicial, o instrumento apresentou boa a pontuação, maior é o risco de desnutrição.
sensibilidade (87,5%) e especificidade (95%). e
alto valor preditivo positivo (99,5%). Porém, mais Quadro 7. Itens e pontuação da Ficha Nutricional para
Idosos (NUFFE)
estudos de validação ainda são necessários.
Item Conteúdo 0 = bom
1 = intermediário
DETERMINE CHECKLIST 2 = ruim
A DETERMINE Sua Saúde Nutricional
1 Perda de peso
(DETERMINE Your Nutritional Health) é um
instrumento de triagem desenvolvido para idosos Mudanças na ingestão
2
alimentar
que vivem em domicílio, independentes (32). O
3 Apetite
foco primário da DETERMINE foi possibilitar que
cada idoso fosse ciente de sua condição, ou não, 4 Ingestão de alimentos cozidos
de risco nutricional. Dois níveis de triagem foram
5 Tamanho de porção
criados. A primeira, chamada de DETERMINE,
Ingestão de frutas e
foi objetivada ao público. A segunda triagem foi 6
hortaliças
desenvolvida para profissionais.
Possibilidade de obter
Poucos estudos validaram a DETERMINE (33- 7
produtos alimentícios
35). Há falta de dados sobre a sensibilidade e sobre 8 Companhia nas refeições
a especificidade em relação a outros índices de
9 Atividade
saúde ou de estado nutricional. Não há informação
da consistência interna dos itens. Também, as 10
Dificuldades com dentes/boca
e deglutição
recomendações sugeridas no instrumento não são
específicas, e não há evidência de sua eficácia. Ou 11 Ingestão hídrica

seja, embora a DETERMINE seja um instrumento 12 Problemas gastrintestinais


histórico de triagem de risco nutricional para a
13 Auxílio com alimentação
população de idosos da comunidade, ela não foi
cuidadosa e sistematicamente avaliada. 14 Número de medicamentos

15 Situação de saúde
FICHA NUTRICIONAL PARA IDOSOS (NUFFE)
A Ficha Nutricional para Idosos (Nutritional Pontuação final
Form For the Elderly - NUFFE) é um instrumento
que contém 15 questões (36). A versão original INSTRUMENTO SIMPLES DE DUAS PARTES (STT)
do instrumento foi desenvolvida na língua sueca. É O STT (Simple Two-part Tool) foi desenvolvido
semelhante ao DETERMINE. Também pode ser auto para aplicação em pacientes hospitalizados agudos
administrado. Não inclui medidas antropométricas. (37). Inclui somente a combinação de perda não
Foi desenvolvido para uso em centros de reabilitação. intencional de peso e de gordura subcutânea.
O instrumento tem duas perguntas sobre O instrumento foi comparado à SGA e a outras
peso e mudança na ingestão alimentar (história ferramentas combinadas, e apresentou boa
dietética), nove questões relacionadas ao apetite, especificidade. Porém, a validade não foi avaliada.
ingestão alimentar e de líquidos, e dificuldades
na alimentação, e uma avaliação geral (quatro
questões sobre possibilidade de obter produtos

21
RISCO NUTRICIONAL NO DOENTE GRAVE Um estudo comparou o NUTRIC com a SGA em
(NUTRIC) pacientes de UTI (39). Pela SGA, 80% dos pacientes
O NUTRIC (NUTrition Risk in the Critically ill - avaliados apresentaram desnutrição (escores B e C).
Risco Nutricional no Doente Grave) é o primeiro Pelo NUTRIC, 26% apresentaram risco nutricional.
instrumento de avaliação de risco nutricional Estes apresentaram taxas mais altas de mortalidade
desenvolvido e validado especificamente para e maior tempo de UTI. Embora os dois instrumentos
pacientes em UTI (38). O instrumento utiliza seis tenham objetivos e indicadores nutricionais diferentes,
indicadores para estratificar o risco nutricional, a o NUTRIC inclui a gravidade da doença. Mas ainda
mortalidade e a resposta à terapia nutricional: 1) não está claro se isso é uma vantagem ou uma
idade, 2) escore basal do APACHE II (Acute Physiology desvantagem para a validade do instrumento.
and Chronic Health Evaluation), 3) resultado do
SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) na
admissão, 4) número de dias de hospitalização antes
da admissão à UTI, 5) número de comorbidades e
6) nível de interleucina-6 (que pode ser excluído,
caso não esteja disponível). O resultado final é de
1 a 10 pontos. Quando o escore é ≥5, o paciente
é considerado de alto risco de desnutrição. No
estudo inicial de validação, os escores ≥5 foram
associados aos piores desfechos clínicos (38).
Observa-se que o NUTRIC não inclui indicadores
nutricionais tradicionais (ex.: condição de peso,
ingestão alimentar, avaliação física e funcional, e
IMC). Ele está baseado unicamente em resultados
objetivos. O fundamento parece válido, pois há
dificuldade e/ou imprecisão na coleta de dados
tradicionais em pacientes de UTI. Por exemplo, eles
podem apresentar alteração do estado mental, que
limita a coleta da história da ingestão alimentar e da
capacidade funcional. Mesmo com a obtenção da
história de peso corporal, muitos pacientes na UTI
recebem grandes volumes de líquido para manter a
estabilidade hemodinâmica. Com isso, pode ocorrer
retenção hídrica, que mascara o definhamento da
massa muscular e gordurosa. Portanto, o exame físico
nutricional tem baixa acurácia em pacientes graves.
Além disso, a inclusão de somente componentes
objetivos facilita a obtenção dos dados do prontuário,
dispensando as entrevistas com o paciente e família, e
o exame físico nutricional. O NUTRIC inclui informação
sobre o estado inflamatório, que pode ser um fator
positivo para a triagem da população em questão. Por
outro lado, a exigência de parâmetros sofisticados
pode demandar tempo e limitar o uso do instrumento.
Outro fator negativo é a falta de generalidade no
instrumento. Ou seja, a possibilidade de ser usado
em diferentes locais e tipos de indivíduos.

22
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

Capítulo 4

COMPARAÇÃO E INDICAÇÃO DOS


INSTRUMENTOS DE TRIAGEM PARA
ADULTOS

A
s diretrizes atuais da SCCM (Society of Critical residencial. O MST e a MAN-SF IMC (Curta) tiveram
Care Medicine) e da A.S.P.E.N. recomendam as maiores pontuações para o ambiente hospitalar.
o NRS-2002 e o NUTRIC como instrumentos A revisão sistemática mais recente da Academy of
de triagem para pacientes gravemente enfermos Nutrition and Dietetics identificou a MST como o melhor
admitidos na UTI, que tenham antecipação de ingestão instrumento atual de triagem para ser aplicado para
oral insuficiente (40). Porém, instrumentos muito diferentes populações, idades de adultos e locais (4).
específicos perdem na generalidade. Ou seja, não são Na revisão, somente seis instrumentos de triagem de
úteis para serem usados em outras circunstâncias. desnutrição apresentaram validação contra padrões
Por isso, deixam de ser práticos. Outro aspecto é o de referência em, pelo menos, quatro estudos. Esses
conjunto de indicadores, principalmente no NUTRIC, foram: MST, MUST, MNA-SF, SNAQ, MNA-SF IMC e
que não são simples. Por isso, o instrumento deixa de NRS-2002. Os componentes e pontuação de risco
ser simples, que deveria ser uma característica básica de desnutrição dos instrumentos estão apresentados
de um bom instrumento de triagem. Além disso, a no Quadro 8. Desses, somente três haviam sido
complexidade dos tipos de indicadores não permite testados, em estudos, para confiabilidade: o MST, o
que a triagem seja realizada por não profissional. MUST e a MNA-SF. Os demais não foram incluídos
Essa característica também limita o NUTRIC como na revisão devido ao número insuficiente de dados
bom instrumento de triagem de risco nutricional. de validação contra padrões de referência aceitáveis.
Um estudo comparativo mostrou que o NRS- Nenhum dos instrumentos comparados apresentou
2002, o MST, o MUST e o SNAQ foram similares e validade, concordância e confiabilidade altas.
positivamente associados com o tempo de internação Entretanto, entre todos, o MST teve a melhor avaliação
(41). Um estudo desenvolveu um sistema de escore de evidência (Grau I). Outros instrumentos tiveram
para avaliar instrumentos de triagem de risco de validade, concordância e confiabilidade moderada
desnutrição para idosos (42). O sistema foi composto ou alta, mas não alcançaram o Grau I de evidência
por três secções com peso iguais: validação, ou boa generalidade. O MUST apresentou alta
parâmetros e praticidade. O total de 48 instrumentos validade e concordância, mas teve confiabilidade
foram identificados e avaliados. As pontuações mais moderada. O MNA-SF teve validade e confiabilidade
altas foram para o DETERMINE para comunidade, moderadas, mas concordância baixa. Ambos foram
NUFFE para reabilitação e SNAQ para cuidado classificados como evidência Grau II (Regular).

23
Quadro 8. Componentes dos instrumentos de triagem de risco de desnutrição avaliados na revisão sistemática da
Academy (4)
Elementos

Instrumento Perda de Peso Pontuação


Índice de Massa Gravidade da
Recente Não Apetite
Corporal Doença
Intencional
0-1 = sem risco
MST X X
2-5 = com risco

0 = baixo risco
MUST X X X 1 = risco médio
2 = risco alto
12-14 = normal
MAN-SF X X X 8-11 = com risco
0-7 = desnutrição
12-14 = normal
MAN-SF BMI X X X X 8-11 = com risco
0-7 = desnutrição
≥3 = iniciar plano
NRS-2002 X X X de cuidado em
nutrição
2 = desnutrição
moderada
SNAQ X X ≥3 = desnutrição
grave e referência
para nutricionista

O MNA-SF IMC teve alta validade. Já o SNAQ e


o NRS-2002 tiveram validade moderada. Mas
os três apresentaram falta de dados para avaliar
completamente a confiabilidade ou concordância.
O Quadro 9 mostra o comparativo da análise da
revisão da validade dos seis instrumentos de triagem
incluídos. Em virtude dessa revisão sistemática, a
Academy of Nutrition and Dietetics publicou uma
posição sobre o instrumento de triagem de risco
de desnutrição para adultos, recomendado pela
entidade (1), que é: “baseado em evidência atual,
o MST deve ser usado para triar adultos para
desnutrição (subnutrição), independentemente de
suas idades, história clínica ou local.”

24
Quadro 9. Validade, concordância, confiabilidade, generalidade e força de evidência de instrumentos de triagem de risco de desnutrição para adultos
VALIDADE GRAU DE
INSTRUMENTO Valor Preditivo Valor Preditivo VALIDADE CONCORDÂNCIA CONFIABILIDADE GENERALIDADE EVIDÊNCIA,
Sensibilidade Especificidade FORÇA
Positivo Negativo GERAL
MST Moderada Moderada Moderado Moderado MODERADA MODERADA MODERADA Boa I, Bom/Forte
MUST Moderada Moderada Moderado Alto ALTA MODERADA MODERADA Regular II, Regular
MNA-SF Moderada Moderada Baixo Moderado MODERADA BAIXA MODERADA Regular II, Regular
SNAQ Moderada Alta Baixo Alto MODERADA - MODERADA Regular II, Regular
MNA-SF-BMI Moderada Moderada Moderado Alto ALTA MODERADA - Limitada II, Regular
NRS-2002 Moderada Alta Moderado Moderado MODERADA MODERADA - Limtada II, Regular
Cortes para sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo: Alto = 90% a 100%, moderada = 80% a 89%, baixa = 79%. Cortes k para concordância e confiabilidade: Alta =
0,8 a 1, baixa = 5,9.
Validade geral:
Generabilidade: baseada na utilidade de cada instrumento para grupos amplos de idade de adultos, locais, doenças e tratamentos, de acordo com evidência.
Fonte: Skipper et al. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Malnutrition (Undernutrition) Screening Tools for All Adults. J Acad Nutr Diet. 2019;https://doi.org/10.1016/j.jand.2019.09.011.

25
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição
Capítulo 5

INSTRUMENTOS DE TRIAGEM DE
RISCO DE DESNUTRIÇÃO PARA
PEDIATRIA

A
seguir, estão apresentados os principais (disfagia, necessidade de assistência) e habilidade
instrumentos de triagem de risco de de reter alimentos (diarreia e vômitos), condição
desnutrição para crianças e adolescentes da clínica e sintomas que interferem com a alimentação
comunidade ou hospitalizados. O Apêndice 4 apresenta (dor, dispneia e depressão). As condições clínicas
diretrizes de indicadores para o estabelecimento de patológicas foram classificadas em: leve (grau
risco de desnutrição em pediatria. 1), moderada (grau 2) e grave (grau 3). O escore
nutricional varia de 0 a 5. Os itens individuais
INSTRUMENTO DE TRIAGEM NUTRICIONAL de risco nutricional, para serem somados, são
PARA CADA PRÉ-ESCOLAR (NUTRISTEP) ingestão alimentar (1 ponto), dor (1 ponto),
O NutriSTEP (Nutrition Screening Tool for Every condição patológica grau 2 (1 ponto), condição
Preschooler) é um questionário de avaliação de patológica grau 3 (3 pontos). A interpretação final
risco nutricional para crianças na idade pré-escolar é: resultados de 1 ou 2 indicam risco moderado de
da comunidade (43). É um dos poucos instrumentos desnutrição e ≥3 indicam alto risco de desnutrição.
desenvolvidos e validados para crianças. Ele foi O instrumento foi relacionado positivamente com a
desenhado para ser respondido pelos pais em perda de peso durante a hospitalização.
menos de cinco minutos. Os escores que resultaram Embora objetivado para ser simples, o instrumento
do NutriSTEP tiveram correlação significativa, pode consumir tempo e necessitar de pessoal
comparados à avaliação realizada por nutricionista. treinado, pois requer a avaliação da ingestão alimentar
durante as primeiras 48 horas de internação.
ESCORE SIMPLES DE RISCO NUTRICIONAL
PEDIÁTRICO (SIMPLE PNRS) ESCORE PEDIÁTRICO DE DESNUTRIÇÃO DE
O Simple PNRS (Simple Paediatric Nutritional YORKHILL (PYMS)
Risk Score) é um instrumento de triagem O PYMS (Paediatric Yorkhill Malnutrition Score) é
desenvolvido na França, publicado em 2000 (44). um instrumento de triagem pediátrico publicado em
O objetivo é a triagem de crianças hospitalizadas. 2010, com o objetivo de ser administrado pela equipe
O instrumento inclui medidas antropométricas, de enfermagem (45, 46). Foi desenvolvido para
ingestão alimentar (avaliada durante as primeiras crianças hospitalizadas com idades acima de um ano.
48 horas de internação), habilidade para comer

26
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

O PYMS inclui IMC, perda de peso, ingestão moderada entre os resultados. A sensibilidade foi
alimentar e efeito previsto da condição atual sobre moderada e a especificidade foi alta.
o estado nutricional. A pontuação é de 0 a 2 para Um estudo aplicou o STAMP em pacientes
cada elemento. Um paciente com escore total ≥2 pediátricos com lesões de medula óssea de
deve ser encaminhado para a avaliação em nutrição. um centro de atendimento terciário (51). Em
Os resultados foram comparados com a avaliação comparação à avaliação em nutrição, houve boa
realizada por dois nutricionistas. validade e confiabilidade para o STAMP. Entretanto, o
instrumento ainda não foi validado para parâmetros
INSTRUMENTO DE TRIAGEM PARA RISCO NO de desfecho, como mortalidade. Pelo fato de
ESTADO NUTRICIONAL E NO CRESCIMENTO utilizar medidas antropométricas, em conjunto com
(STRONGKIDS) questões subjetivas, o instrumento é mais complexo
O STRONGkids (Screening Tool for Risk On do que outros. Por isso, pode ser objetivado mais
Nutritional status and Growth), publicado em 2010, para a avaliação do que para a triagem nutricional.
é um instrumento de triagem de risco de desnutrição
desenvolvido para crianças hospitalizadas (47). INSTRUMENTO DE TRIAGEM DE RISCO DE
Considera quatro itens: 1) avaliação clínica subjetiva, DESNUTRIÇÃO PEDIÁTRICO DIGITAL EM ESCALA
2) doença de alto risco, 3) ingestão alimentar, e 4) (PEDISMART)
perda de peso. O instrumento foi validado em estudo O PeDiSMART (Pediatric Digital Scaled
multicêntrico, prospectivo, em 44 hospitais da Holanda MAlnutrition Risk screening Tool) é um escore digital
(47). Os resultados foram comparados à avaliação de risco de desnutrição direcionado a crianças
antropométrica como indicadora de desnutrição aguda hospitalizadas com idades de um mês a 17 anos
(peso para estatura <-2 desvios padrão). A média de (52). O instrumento incorpora dados de referência de
idade das crianças do estudo foi de 3,5 anos. crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Um estudo com crianças hospitalizadas, e parâmetros relacionados ao risco de desnutrição:
com idades de um mês a 18 anos, comparou o escore z da relação peso para idade, nível de ingestão
STRONGkids com escores-z de peso para idade, alimentar, impacto geral da doença e sintomas que
estatura para idade e IMC para idade ou peso para afetam a ingestão alimentar. O escore varia de 0 a
comprimento ou estatura (48). A SGNA foi associada 18. O programa incorpora os dados de referência
com o estado nutricional avaliado pela antropometria das curvas de crescimento da OMS e converte a
O modelo do STRONGkids encontra-se no antropometria para escores z. Dados do National
Apêndice 5. Carvalho et al publicaram uma Centers for Health Statistics (NCHS) são usados para
adaptação cultural do STRONGkids para o Brasil (49). crianças com idades acima de 10 anos. Os resultados
O instrumento, entretanto, ainda não foi validado em do PeDiSMART foram inversamente correlacionados
relação à mortalidade. Além disso, foi desenvolvido com a antropometria e com o ângulo de fase da
para ser aplicado por pediatras treinados. Isso pode bioimpedância (52). O tempo de hospitalização, a
dificultar a aplicação por indivíduos não treinados. perda de peso e a indicação de suporte nutricional
foram significativamente associados com o escore
INSTRUMENTO DE TRIAGEM PARA AVALIAÇÃO de alto risco, dado pelo PeDiSMART. O instrumento
DE DESNUTRIÇÃO EM PEDIATRIA (STAMP) apresentou concordância moderada com o PYMS e
O STAMP (Screening Tool for the Assessment of com o STRONGkids, e pobre com o STAMP (52).
Malnutrition in Paediatrics), publicado em 2012, Embora o PeDiSMART seja rápido e fácil de
é a combinação de medidas de peso e estatura usar, sem necessidade de treinamento especial, o
com duas perguntas sobre o risco de doença e a sistema computadorizado não está disponível para
ingestão (50). O objetivo é a aplicação em crianças uso comum.
hospitalizadas, por profissionais da saúde não
nutricionistas. Os resultados do instrumento foram
comparados com os da avaliação realizada por
nutricionista (50). Houve confiabilidade baixa a

27
INSTRUMENTO DE TRIAGEM NUTRICIONAL desnutrição para crianças com câncer. O instrumento
PEDIÁTRICO (PNST) consiste de seis perguntas, com respostas que valem
O PNST (Pediatric Nutrition Screening Tool), 1 ou 2 pontos cada. A pontuação final com resultado
publicado em 2014, foi desenhado para a triagem igual ou maior que 3 define o risco de desnutrição.
de risco de desnutrição de pacientes pediátricos O SCAN considera o risco associado ao tipo de
hospitalizados (53). O instrumento é composto de câncer, a intensidade do tratamento, a presença ou
um questionário com quatro perguntas simples, ausência de sintomas gastrintestinais, a ingestão
que requerem sim ou não como resposta: alimentar, a perda de peso e a presença ou ausência
1) A criança perdeu peso não intencional nos de sinais físicos de desnutrição, como redução de
últimos tempos? massa muscular e cabelo fraco, entre outros. A
2) A criança ganhou pouco peso nos últimos validação inicial do SCAN foi realizada comparando-o
meses? à SGNA pediátrica, com resultados de acurácia,
3) A criança tem se alimentado menos nas últimas sensibilidade e especificidade semelhantes (54).
semanas? As crianças em risco de desnutrição apresentaram
4) A criança está claramente com baixo peso/ valores significativamente mais baixos de escore z
significativamente acima do peso? para peso e IMC, e de índice de massa gordurosa
do que no grupo sem risco.
Quando duas respostas forem afirmativas,
baseado no julgamento clínico, é indicado risco de ESCORE DE TRIAGEM NUTRICIONAL PEDIÁTRICA
desnutrição. (PNSS)
Para testar a validade, o PNST foi comparado à O PNSS (Pediatric Nutritional Screening Score)
SGNA (Subjective Global Nutrition Assessment) e a teve estudo de validação com comparação com
medidas antropométricas (escore z do IMC) (53). avaliação em nutrição completa (55). O instrumento
Foram avaliadas 295 crianças recém-nascidas até consiste de três elementos: doença com risco de
16 anos de idade (média = 10,9 meses). O PNST desnutrição, mudanças na ingestão alimentar e
identificou 37,6% de pacientes em risco nutricional, medidas antropométricas. A pontuação é de 0 a 2 para
enquanto a SGNA identificou 34,2% desnutridos. cada elemento. O corte ótimo da pontuação final para
O PNST apresentou sensibilidade de 89,3% para identificar risco de desnutrição é ≤2. A sensibilidade
detectar pacientes com escore z abaixo de -2. foi de 82%, a especificidade foi de 71% e o valor de k
Portanto, o instrumento parece ser alternativa foi de 0,596. As crianças que apresentaram risco de
sensível, válida e mais simples do que outros desnutrição pelo PNSS apresentaram permanência
instrumentos previamente publicados para identificar hospitalar mais longa e porcentagem maior de perda
o risco de desnutrição de crianças hospitalizadas. de peso, comparadas aquelas sem risco.
Diferente de outros instrumentos, o PNST não
inclui medidas antropométricas ou necessita de
comparações com dados de referência ou à lista
de diagnósticos. Assim, a aplicação é mais simples
e rápida. Por outro lado, o instrumento não é capaz
de detectar déficits de crescimento ou desnutrição
crônica. Ele pode ser útil para identificar risco de
desnutrição aguda, que é o principal objetivo da
triagem no ambiente hospitalar.

INSTRUMENTO DE TRIAGEM NUTRICIONAL


PARA CRIANÇAS COM CÂNCER (SCAN)
O SCAN (The Nutrition Screening Tool for Childhood
Cancer), publicado em 2016 (54) foi desenvolvido
na Austrália, com o objetivo de triagem de risco de

28
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

Capítulo 6

COMPARAÇÃO E INDICAÇÃO DOS


INSTRUMENTOS DE TRIAGEM PARA
PEDIATRIA

Um estudo avaliou dois instrumentos de Para a triagem de risco de desnutrição de crianças


triagem (STRONGkids e PNST) para identificar hospitalizadas queimadas, todos os três, STRONGkids,
risco de desnutrição de crianças hospitalizadas PYMS e STAMP, foram considerados úteis e práticos
(56). Os instrumentos foram comparados à SGNA. (59). Em outro estudo, a comparação dos mesmos
O STRONGkids apresentou 89% de sensibilidade, três instrumentos concluiu que o STRONGkids foi
35% de especificidade e k de 0,483. O PNST teve o mais acurado para detectar risco de desnutrição
58% de sensibilidade, 88% de especificidade e k = aguda em hospital (60). Uma revisão sistemática
0,601. A conclusão do estudo foi que nenhum dos analisou o STAMP, o STRONGkids, o PYMS e o PNST
instrumentos é apropriado para uso clínico, com os em crianças hospitalizadas (61). Os resultados
cortes originais. Entre os dois, o PNST foi um pouco mostraram que o STAMP teve alta sensibilidade. O
mais apropriado. Para ambos, crianças com risco de STRONGkids apresentou alta sensibilidade e mostrou
desnutrição tiveram tempo significativamente maior facilidade de uso, mas teve especificidade mais
de hospitalização do que aquelas sem risco. baixa. Outro estudo em crianças recém hospitalizadas
Três instrumentos (PYMS, STAMP e STRONGkids) comparou o PNRS, o STAMP, o PYMS e o STRONGkids
foram avaliados em 2.567 crianças hospitalizadas, (62). Os instrumentos apresentaram resultados
em 14 hospitais de 12 países europeus (57). Eles consideravelmente diferentes. O PYMS e o STAMP
foram comparados com medidas antropométricas, tiveram a melhor sensibilidade para definhamento.
composição corporal e variáveis clínicas. Os Por fim, uma revisão sistemática de oito instrumentos
resultados mostraram que um número considerável de triagem de desnutrição em pediatria concluiu
de crianças com medidas antropométricas abaixo que há variabilidade considerável nos padrões de
do normal não foram identificadas como risco referência utilizados (63). Por isso, há dificuldade
por nenhum dos instrumentos. Nessa linha, outro de comparação entre instrumentos. A revisão
estudo, que aplicou o STRONGkids e o PYMS em sugeriu que as validações futuras sejam realizadas
1.513 crianças hospitalizadas em 26 cidades, em comparação com medidas antropométricas da
recomendou a adição de medidas antropométricas Organização Mundial da Saúde (OMS) ou com gráficos
(escore z da altura para idade, de peso para idade, de crescimento dos Centers of Disease Control (CDC).
de peso para estatura e de índice de massa corporal) Para o momento, foi recomendado o uso do PYMS
para identificar risco de desnutrição hospitalar (58). para crianças hospitalizadas sem condições crônicas.

29
As diretrizes da SCCM/A.S.P.E.N. para pacientes Um algoritmo de triagem de risco de desnutrição
pediátricos (um mês a 18 anos) gravemente para crianças hospitalizadas foi proposto (65). O
enfermos em UTI não recomendam uso de algoritmo inclui medidas antropométricas e o
instrumentos de triagem devido, ainda, a falta de STRONGkids (Fig. 3), além de passos adicionais do
validação (64). As entidades recomendam o uso do processo de cuidado em nutrição.
peso e da estatura/comprimento e escore z para
IMC para idade (peso para comprimento naqueles
com idade abaixo de dois anos) ou peso para idade,
se estatura não acurada.

Fig. 3 Algoritmo pediátrico para cuidado em nutrição (65). ICM = índice de massa corporal, A/I = altura para idade, P3 = percentil 3, P/I = peso
para idade, P/A = peso para altura

30
Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

Conclusão
A
prevalência da desnutrição aumenta com a idade, eleva a susceptibilidade às infecções, o tempo
de permanência hospitalar e a mortalidade. A detecção do risco de desnutrição e a intervenção
precoce podem reduzir as consequências negativas.
A triagem é um processo rápido, simples e tem o objetivo de prever risco relacionado à desnutrição. O
processo deve ser realizado nas primeiras 24 a 48 h de hospitalização e ser repetido conforme a necessidade
ou a cada sete dias, pois os níveis de risco podem mudar. Após a identificação do risco de desnutrição, é
indicada a avaliação em nutrição.
Idealmente, todos os pacientes devem passar pela triagem de risco nutricional, em qualquer instituição
ou na comunidade. Mas somente instrumentos validados devem ser usados com o objetivo de melhorar a
utilização dos recursos. Para adultos, a MST se destaca como instrumento simples, barato e validado para
a triagem de risco nutricional. Esses instrumentos são de aplicação rápida, e são indicados para adultos e
idosos, hospitalizados ou na comunidade.
Para pediatria, os instrumentos existentes de triagem de risco nutricional são relativamente recentes.
Há instrumentos para crianças em escola e para aquelas hospitalizadas. Mas ainda há necessidade de
estudos de validação para desfechos desses instrumentos, como tempo de hospitalização e mortalidade,
ou necessidade de ajustes ou desenvolvimento de outros instrumentos que sejam válidos.

31
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33
APÊNDICE 1. Diretrizes para Estabelecimento de Risco Nutricional para Adultos
Considerado de Alto Risco:
Pacientes adultos (19 ou mais anos) que alcançam dois ou mais dos seguintes critérios:
A. Peso atual <80% do ideal
B. Mudança de peso:
1 semana: >2% 3 meses: >7,5%
1 mês: >5% 6 meses: >10%
C. Ingestão oral ruim/jejum >7 dias
D. Diagnósticos:
y Injúria renal aguda y Trauma/fraturas múltiplas
y AIDS y Diabetes recém-diagnosticada
y Transplante de medula óssea y Nutrição parenteral inicial
y Obstrução intestinal y Novos transplantes
y Queimadura >20% de superfície corporal y Alimentação por sonda inicial
y Traumatismo crânio encefálico y Ferida não cicatrizante
y Doença de Crohn – fase aguda y Pancreatite
y Úlcera de pressão em estágio >II y Parada respiratória aguda e grave/dificuldade respiratório
y Encefalopatia hepática agudo/intubação
y Nutrição enteral/parenteral domiciliar y Síndrome do intestino curto
y Hiperemese gravídica
Considerado de Risco Moderado:
Pacientes adultos que alcançam dois ou mais dos seguintes critérios:
A. Peso atual 80-90% do ideal
B. Mudança de peso:
1 semana: 1-2% 3 meses: 7,5%
1 mês: 5% 6 meses: 10%
C. Ingestão oral ruim/jejum >5 dias
D. Diagnósticos:
y Abscessos y Sangramento gastrintestinal
y Gestação em adolescente y Íleo/colostomia
y Amputação y Câncer metastático
y Ascite y Alergias alimentares múltiplas
y Câncer, com rádio ou quimioterapia y Gestação com ganho de peso inadequado
y Cardiomiopatia y Osteomielite
y Doença renal crônica y Doença de Parkinson
y Cirrose y Peritonite
y Colite y Edema pulmonar
y Insuficiência cardíaca congestiva y Prostatectomia radical
y Doença obstrutiva pulmonar crônica (DPOC) y Injúria da medula óssea
y Fibrose cística y Nutrição enteral ou parenteral estável
y Cetoacidose diabética y Toracotomia (lobectomia, ressecção)
y Esofagite y Avaliação para transplante
y Tuberculose
Considerado de Risco Mínimo/Sem Risco
Pacientes adultos que alcançam dois ou mais dos seguintes critérios:
A. Peso atual >90% do ideal
B. Mudança de peso:
1 semana: <1% 3 meses: 5%
1 mês: 2% 6 meses: 7,5%
C. Ingestão alimentar inadequada
D. Diagnósticos:
y Fibrilação atrial y Icterícia
y Anemia y Cirurgia menor (não complicada)
y Rotina anual de transplante y Gestação sem complicações
y Arritmias y Úlcera péptica
y Câncer, sem nenhum tratamento y Pericardite
y Celulite y Pneumonia
y Diverticulite y Pneumotórax
y Epilepsia/ convulsões y Descarte de infarto do miocárdio
y Febre de origem não conhecida y Descarte de tuberculose
y Fratura de quadril y Abuso de substâncias
y Hipertensão

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Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

APÊNDICE 2. NRS-2002 (Nutritional Risk Screening) - Triagem de Risco Nutricional para Pacientes Hospitalizados

Tabela 1 TRIAGEM INICIAL


Sim Não
1 IMC <20,5?
2 O paciente perdeu peso nos últimos 3 meses?
3 O paciente reduziu a ingestão alimentar na última semana?
4 O paciente está gravemente enfermo? (ex: em terapia
intensiva)
Sim: Em caso de resposta “Sim” a qualquer uma das questões, fazer a triagem da Tabela 2.
Não: Em caso de resposta “Não” a todas as questões, o paciente deve ser reavaliado em intervalos semanais. Caso o paciente esteja
à espera de uma grande cirurgia, um plano de cuidado nutricional preventivo deve ser considerado para evitar o risco associado.

Tabela 2 TRIAGEM FINAL


Estado nutricional alterado Gravidade da doença (≈ aumento das necessidades)
Ausente: Escore 0 Estado nutricional normal Ausente: Escore 0 Necessidades nutricionais
normais
Leve: Escore 1 Perda de peso >5% em 3 meses Leve: Escore 1 Fratura de quadril*, pacientes
ou ingestão alimentar abaixo crônicos, em particular com
de 50-75% das necessidades complicações agudas: cirrose*,
normais na semana precedente. DPOC*, hemodiálise crônica,
diabetes, oncologia.
Moderado: Escore 2 Perda de peso >5% em 2 Moderada: Escore 2 Grande cirurgia abdominal*,
meses ou IMC entre 18,5-20,5 acidente vascular cerebral*.
+ condição geral alterada ou pneumonia grave, malignidade
ingestão alimentar 25-60% hematológica.
das necessidades normais na
semana precedente.
Grave: Escore 3 Perda de peso >5% em 1 Grave: Escore 3 Lesão de cabeça*, transplante
mês (>15% em 3 meses) ou de medula óssea*, pacientes em
IMC <18,5 + condição geral terapia intensiva (APACHE>10).
alterada ou ingestão alimentar
0-25% das necessidades
normais na semana precedente.
Escore: + Escore: Escore Total:
Idade: Se ≥70 anos: adicionar 1 ao escore total acima Escore total ajustado à idade:
Escore ≥3: o paciente está nutricionalmente em risco, e um plano de cuidado nutricional deve ser iniciado.
Escore <3: retriagem semanal do paciente. Caso o paciente aguarde uma grande cirurgia, um plano de cuidado nutricional preventivo
deve ser considerado, para evitar o estado de risco associado.

NRS-2002 baseia-se na interpretação de Um plano de cuidado nutricional é Escore=2: um paciente confinado ao leito
ensaios clínicos randomizados disponíveis. indicado em todos os pacientes que estão: devido à doença. Ex: após grande cirurgia
* indica que um ensaio apoia diretamente (1) gravemente desnutridos (escore=3); abdominal. As necessidades proteicas
a categorização dos pacientes com aquele ou (2) gravemente enfermos (escore=3); estão substancialmente aumentadas.
diagnóstico. ou (3) moderadamente desnutridos + Mas podem ser cobertos, embora a
Diagnósticos mostrados em itálico estão levemente enfermos (escore 2+1), ou (4) alimentação artificial seja necessária na
baseados nos protótipos fornecidos abaixo. levemente desnutridos + moderadamente maioria dos casos.
Risco nutricional é definido pelo estado enfermos (escore 1+2). Escore=3: um paciente em cuidado
nutricional presente e risco de alteração no Protótipos para gravidade da doença: intensivo com ventilação artificial, etc. As
estado presente, devido às necessidades Escore=1: um paciente com doença necessidades proteicas estão aumentadas
aumentadas causadas por estresse crônica, admitido no hospital devido a e não podem ser cobertas mesmo com
metabólico da condição clínica. complicações. O paciente está fraco, mas alimentação artificial. A quebra proteica
sai da cama regularmente. As necessidades e a perda de nitrogênio podem ser
proteicas estão aumentadas. Mas podem significativamente atenuadas.
ser cobertos pela dieta oral ou suplementos,
na maioria dos casos.
Fonte: Kondrup J et al. Clin Nutr (22):321-336, 2003.

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APÊNDICE 3. Modelo da Auto-Mini Avaliação Nutricional (Auto MAN)

Para Adultos de 65 anos ou mais

Nome:

Data: Idade:

Complete a tabela de triagem, colocando nos quadrados brancos, os números apropriados. Faça a soma
desses números para obter a pontuação final da triagem.

Triagem

A. A sua ingestão alimentar diminuiu


nos últimos 3 meses? 0 = diminuição grave da ingestão alimentar
[INSERIR UM NÚMERO] 1 = diminuição moderada da ingestão alimentar
Insira o número mais apropriado (0, 2 = sem diminuição da ingestão alimentar
1, ou 2) no quadrado à direita

B. Você perdeu peso nos últimos 3 0 = perda de peso maior que 3kg
meses? Quanto? 1 = não sei quanto peso eu perdi
[INSERIR UM NÚMERO] 2 = perda de peso entre 1 e 3kg
Insira o número mais apropriado (0, 3 = sem perda de peso ou perda de peso menor que 1kg
1, ou 2) no quadrado à direita.

C. Como você descreve a sua 0 = incapaz de sair da cama, cadeira, ou cadeira de rodas sem
mobilidade atual? auxílio de outra pessoa
[INSERIR UM NÚMERO] 1 = apto a sair da cama ou cadeira, mas incapaz de sair de casa
Insira o número mais apropriado (0, 2 = apto a sair de casa
1, ou 2) no quadrado à direita.

D. Você ficou estressado ou


gravemente doente nos últimos 3
meses? 0 = sim
[INSERIR UM NÚMERO] 2 = não
Insira o número mais apropriado (0,
1, ou 2) no quadrado à direita.

E. Atualmente, você está sofrendo de 0 = sim, demência grave e/ou tristeza grave e prolongada
demência e/ou tristeza prolongada 1 = sim, demência moderada, mas não tristeza grave e
e grave? prolongada
[INSERIR UM NÚMERO] 2 = nem demência, nem tristeza grave e prolongada
Insira o número mais apropriado (0,
1, ou 2) no quadrado à direita.

Some todos os números que você colocou nos quadrados para as


questões de A-E e escreva-os aqui:

(continua)

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Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

(continuação)
Agora, ESCOLHA UMA das duas questões a seguir – F1 ou F2 – para responder.

Questão F1
Consulte a tabela ao lado e
Estatura (cm) Peso Corporal (kg) siga estas instruções:
147,5 Menos que 41,1 41,1 - 45,3 45,4 - 49,6 49,7 ou mais 1. 1. Encontre sua
estatura na coluna à
150 Menos que 42,8 42,8 - 47,2 47,3 - 51,7 51,8 ou mais esquerda da tabela
152,5 Menos que 44,2 44,2 - 48,7 48,8 - 53,4 53,5 ou mais 2. 2. Siga a linha de
sua estatura e circule
155 Menos que 45,6 45,6 - 50,4 50,5 - 55,2 55,3 ou mais a faixa de peso em que
157,5 Menos que 47,1 47,1 - 52,0 52,1 - 57,0 57,1 ou mais você está
3. 3. Olhe para o final
160 Menos que 48,6 48,6 - 53,7 53,8 - 58,8 58,9 ou mais
da tabela e encontre o
162,5 Menos que 50,2 50,2 - 55,4 55,5 - 60,6 60,7 ou mais número do grupo (0, 1,
2 ou 3) da sua faixa de
165 Menos que 51,7 51,7 - 57,1 57,2 - 62,5 62,6 ou mais
peso.
167,5 Menos que 53,3 53,3 - 58,8 58,9 - 64,4 64,5 ou mais
Escreva o
170 Menos que 54,9 54,9 - 60,6 60,7 - 66,4 66,5 ou mais número do
Grupo (0,
172,5 Menos que 56,5 56,5 - 62,4 62,5 - 68,3 68,4 ou mais
1, 2 ou 3)
175 Menos que 58,2 58,2 - 64,2 64,3 - 70,3 70,4 ou mais aqui:
177,5 Menos que 59,9 59,9 - 66,1 66,2 - 72,4 72,5 ou mais Escreva a
180 Menos que 61,6 61,6 - 67,9 68,0 - 74,4 74,5 ou mais soma das
questões
182,5 Menos que 63,3 63,3 - 69,8 69,9 - 76,5 76,6 ou mais A-E (da
185 Menos que 65,0 65,0 - 71,8 71,9 - 78,6 78,7 ou mais página 1)

187,5 Menos que 66,8 66,8 - 73,7 73,8 - 80,8 80,9 ou mais Por fim,
calcule
190 Menos que 68,6 68,6 - 75,7 75,8 - 82,9 83,0 ou mais a soma
192,5 Lenos que 70,4 70,4 - 77,7 77,8 - 85,1 85,2 ou mais destes 2
números.
Grupo 0 1 2 3 Este é
o seu
ESCORE DE
TRIAGEM:

Questão F2 NÃO RESPONDA A QUESTÃO F2 SE A QUESTÃO F1 JÁ ESTÁ COMPLETADA.

Tire a medida da circunferência da sua panturrilha


ESQUERDA, seguindo as instruções abaixo:
4. 1. Passe a fita métrica ao redor da sua
panturrilha para tirar a medida.
5. 2. Registre essa medida em cm:
y Se menor que 31cm, escreva “0” no
quadrado à direita.
y Se 31cm ou mais, descreva “3” no
quadrado à direita

Escreva a soma das questões A-E da página anterior aqui:

Por fim, calcule a soma desses 2 números.


Este é o seu ESCORE DE TRIAGEM:

Escore de Triagem (máximo de 14 pontos)

12-14 pontos: Estado nutricional normal


8-11 pontos: Em risco de desnutrição
0-7 pontos: Desnutrido Copie seu ESCORE DE
TRIAGEM:
Fonte: Huhmann MB, Perez V, Alexander DD, Thomas DR. A self-completed nutrition screening tool for community-dwelling older adults with high
reliability: a comparison study. J Nutr Health Aging. 17(4):339-44, 2013.

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APÊNDICE 4. Diretrizes para Estabelecimento de Risco de Desnutrição em Pediatria
Considerado de Alto Risco:
Pacientes pediátricos (1-18 anos) que alcançam dois ou mais dos seguintes critérios:
A. Peso atual <80% do ideal; peso/comprimento (estatura) <5º percentil
B. Albumina <2,5 g/dL; pré-albumina <10 mg/dL
C. Ingestão oral ruim/jejum >5 dias, se idade >5 anos; jejum >3 dias, se idade <5 anos
D. Diagnósticos:
y Atresia biliar y Retardo no desenvolvimento
y Paralisia cerebral y Doença metabólica
y Doença cardíaca congênita y Náuseas/vômitos/diarreia >5 dias
Considerado de Risco Moderado:
Pacientes pediátricos (1-18 anos) que alcançam dois ou mais dos seguintes critérios:
A. Peso atual 80-90% do ideal ou >120% do ideal; peso/comprimento (estatura) <10º percentil ou >95º percentil
B. Hematócrito/hemoglobina diminuídos, com redução do volume corpuscular médio
C. Ingestão oral ruim/jejum >3 dias, se idade ≤ 5 anos
D. Diagnósticos:
y Câncer y Meningite
y Doença pulmonar crônica y Obesidade
y Diarreia/desidratação y Dificuldade respiratória
y Ex-prematuros <2 anos de idade y Ingestão de substâncias tóxicas
y Anemia ferropriva
Considerado de Risco Mínimo/Sem Risco
Pacientes pediátricos (1-18 anos) que alcançam dois ou mais dos seguintes critérios:
A. Peso atual 90-110% do ideal; peso/comprimento (estatura) entre 10º e 90º percentil
B. Diagnósticos:
y Apneia y Asma
y Fibrilação atrial y Bronquiolite
y Anemia y Icterícia
y Rotina anual de transplante y Cirurgia menor (não complicada)
y Arritmias y Gestação sem complicações
y Câncer, sem nenhum tratamento y Úlcera péptica
y Celulite y Pericardite
y Diverticulite y Pneumonia
y Epilepsia/convulsões y Pneumotórax
y Febre de origem não conhecida y Descarte de infarto do miocárdio
y Fratura de quadril y Descarte de tuberculose
y Hipertensão y Abuso de substâncias
y Descarte de sepse

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Sistema de Triagem e Referência. O Prenúncio do Processo de Cuidado em Nutrição

APÊNDICE 5. Modelo de Ficha do STRONGkids: triagem de risco de desnutrição para pacientes pediátricos
hospitalizados

Preencher na admissão e uma vez por semana (crianças de 1 mês a 18 anos de idade)
Itens/Questões Pontuação
1. Avaliação Clínica Subjetiva (1 ponto)
O paciente apresenta estado nutricional ruim, julgado pela avaliação clínica
subjetiva (redução da massa muscular e/ou gordura subcutânea e/ou face
encovada)?
2. Doença de Alto Risco (2 pontos)
Há uma enfermidade com alto risco de desnutrição* ou é está prevista cirurgia de
grande porte?
*Itens
Anorexia nervosa
Queimaduras ou trauma
Displasia broncopulmonar (idade máxima de dois anos)
Doença celíaca ou outra doença inflamatória intestinal
Fibrose cística
Dismaturidade/prematuridade (usar idade corrigida até 6 meses)
Doença infecciosa (AIDS)
Câncer
Doença hepática, renal ou cardíaca crônica
Pancreatite
Síndrome do intestino curto
Doença muscular
Doença metabólica
Deficiência/retardo mental
Não específica (classificada pelo médico)
3. Ingestão Alimentar e Perdas (1 ponto)
Apresenta um dos seguintes itens abaixo?
y Diarreia excessiva (≥5 vezes por dia) e/ou vômito excessivo (>3 vezes por
dia) nos últimos dias?
y Diminuição da ingestão alimentar durante os últimos dias antes da internação
(não incluindo jejum para procedimento ou cirurgia eletivos)?
y Intervenção dietética prévia?
y Incapacidade de ingestão alimentar adequada por causa de dor?
4. Perda ou Pouco Ganho de Peso (1 ponto)
Houve perda de peso ou nenhum ganho (em crianças <1 ano de idade)
durante as últimas semanas/meses?
Escore total (máximo de 5 pontos)

Interpretação e Recomendações para intervenção nutricional


Pontuação Risco Intervenção e Acompanhamento
4-5 pontos Alto risco Consulte médico e nutricionista para diagnóstico completo, orientação nutricional individual e
acompanhamento. Comece com pequenas porções de alimento até o diagnóstico definitivo.
1-3 pontos Médio Risco Consulte médico para diagnóstico completo, considere a intervenção nutricional de um nutricionista.
Verifique o peso duas vezes por semana e avalie o risco nutricional após uma semana.
0 pontos Baixo risco Não é necessária intervenção nutricional. Verifique o peso regularmente e avalie o risco nutricional toda
semana (ou de acordo com o protocolo do hospital)
Fonte: Hulst, Zwart, Hop e Joosten. Clin Nutr. 2010;29:106-11

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