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POR
RECIFE, DEZEMBRO/2010
AGRADECIMENTOS
ii
RESUMO
Nos últimos anos, a busca por programas que auxiliem as organizações a se manterem no
mercado competitivo tem-se tornado fundamental. Nas indústrias alimentícias, a preocupação
com a Segurança do Alimento é crescente e normas para a sua gestão estão surgindo como
forma de garantir que o produto final esteja livre de contaminações. O Sistema de Análise de
Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é um programa que tem por objetivo garantir
a integridade do alimento e a saúde do consumidor com a aplicação de princípios técnicos e
científicos de prevenção. São inúmeros os benefícios da implementação do Sistema, por isso a
sua adoção tem-se tornado também uma questão estratégica dentro das organizações. Neste
Trabalho é realizada uma análise da implementação do Sistema APPCC, a partir de um estudo
de caso em uma indústria alimentícia, como forma de eliminar ou reduzir a níveis aceitáveis a
contaminação do alimento e aumentar a sua vantagem competitiva. A evolução do Sistema é
mostrada a partir de auditorias internas e externas, assim como com a redução das
reclamações dos consumidores. Dessa forma, consegue-se ter o controle sobre os perigos
existentes e preservar a saúde dos consumidores com a ingestão de alimentos livres de
contaminação.
iii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2.2.4 Legislação................................................................................................................. 16
iv
3.5 Avaliação do Sistema APPCC ........................................................................................ 38
4. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 43
v
LISTA DE FIGURAS
vi
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
vii
Capítulo 1 Introdução
1. INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
1
Capítulo 1 Introdução
Logo, as empresas que não estiverem preocupadas com a busca contínua pela qualidade
poderão ficar à margem do mercado consumidor.
Quando se fala em qualidade para a indústria alimentícia, a segurança do alimento é
um fator determinante, uma vez que pode comprometer a sua imagem e a saúde do
consumidor. Dessa forma, as indústrias deste setor estão cada vez mais conscientes de que a
adoção de ferramentas que garantam a eliminação ou a redução da contaminação do alimento
é fundamental para o aumento da competitividade, redução de perdas e otimização da
produção. A Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é um sistema que age
preventivamente, de forma contínua e dinâmica, controlando os perigos físicos, químicos e
biológicos em todas as etapas do processo de produção.
O tema foi escolhido pelo fato da segurança dos alimentos ser um assunto cada vez
mais relevante na sociedade. Diversos incidentes relacionados ao consumo de alimentos
contaminados têm aumentado a conscientização e interesse do público sobre o assunto e, uma
das ferramentas mais importantes quando se trata em controle da segurança dos alimentos é o
Sistema APPCC.
Portanto, neste trabalho será mostrada a avaliação da implementação do Sistema
APPCC em uma indústria de alimentos que já tem as Boas Práticas de Fabricação (BPF) bem
estruturada como forma de eliminar ou reduzir a níveis aceitáveis a contaminação do
alimento.
1.2 Objetivos
2
Capítulo 1 Introdução
1.3 Metodologia
Quanto à finalidade, esta pesquisa é classificada como aplicada, pois apresenta fins
práticos. Pode-se classificar quanto ao objetivo como uma pesquisa exploratória, uma vez
que, segundo GIL (2006), uma pesquisa exploratória tem como objetivo desenvolver e
esclarecer o problema para torná-lo mais explícito.
A pesquisa terá uma abordagem baseada na análise qualitativa. Quanto aos dados, será
feita uma revisão bibliográfica na fase inicial e, posteriormente, um estudo de caso.
A pesquisa bibliográfica será baseada em revistas, artigos científicos nacionais e
internacionais e livros relacionados com o tema de pesquisa. O objetivo é obter um
embasamento teórico para que se possa adquirir uma melhor compreensão do tema estudado e
analisar criticamente o problema. O estudo de caso será realizado em uma indústria
alimentícia para que possa fazer uma análise crítica e, posteriormente, as conclusões e
recomendações.
3
Capítulo 2 Base Conceitual
2. BASE CONCEITUAL
4
Capítulo 2 Base Conceitual
Existem vários tipos de contaminações a que os alimentos podem estar sujeitos e que
apresentam um risco para a saúde. As principais causas é a falta de higiene tanto no preparo,
quanto na conservação e no armazenamento do alimento.
A Resolução nº 216 da ANVISA de 15 de setembro de 2004 define contaminante
como “substância ou agente de origem biológica, química ou física, estranhos ao alimento,
que sejam considerados nocivos à saúde humana ou que comprometam a sua integridade”.
Os fundamentos da segurança alimentar estão relacionados à descrição dos principais
contaminantes ou fatores de natureza biológica, física ou química que afetam a segurança de
matérias-primas ou alimentos industrializados (Banas Qualidade, 2009). Segundo Hobbs &
Gilbert (1986) apud Rossiter (2008), a contaminação alimentar pode ocorrer de várias formas:
através do ambiente, dos manipuladores, das superfícies e dos alimentos crus para os que já
estão prontos para consumo. Dessa forma, a higiene pessoal, do ambiente de trabalho e dos
utensílios utilizados é de extrema importância para o cuidado de uma alimentação sem
contaminação.
5
Capítulo 2 Base Conceitual
6
Capítulo 2 Base Conceitual
7
Capítulo 2 Base Conceitual
(BPF), o Sistema APPCC e a ISO 22000, que possuem uma relação de dependência conforme
figura 2.1.
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Capítulo 2 Base Conceitual
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Capítulo 2 Base Conceitual
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Capítulo 2 Base Conceitual
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Capítulo 2 Base Conceitual
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Capítulo 2 Base Conceitual
2.2.1 Histórico
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Capítulo 2 Base Conceitual
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Capítulo 2 Base Conceitual
O APPCC não pode ser considerado como um sistema isolado, e sim como parte de
um sistema maior de procedimentos de controle. Para Cruz at al (2006), os Programas Pré-
Requisitos (PPRs) representam a primeira etapa na obtenção de qualidade assegurada para
estabelecimentos que processam e/ou manipulam alimentos. Podem ser definidos como
procedimentos ou etapas universais que controlam condições operacionais dentro de uma
indústria alimentícia, permitindo a criação de condições ambientais favoráveis à produção de
um alimento seguro.
Os pré-requisitos devem ser apropriados para as necessidades da organização com
relação à segurança dos alimentos e apropriados ao tamanho, tipo de operação e natureza dos
produtos que estão sendo produzidos e manipulados. Segundo a ANVISA, o APPCC tem
como pré-requisitos as Boas Práticas de Fabricação e a Resolução RDC nº 275, de 21 de
outubro de 2002 sobre Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO), descritos no
item 2.2.3.1. Esses pré-requisitos identificam os perigos potenciais à segurança do alimento
desde a obtenção das matérias-primas até o consumo, estabelecendo em determinadas etapas,
medidas de controle e monitoramento que garantam, ao final do processo, a obtenção de um
alimento seguro e com qualidade.
Cruz et al (2006) explica que o BPF é um programa utilizado para controlar processos
e procedimentos de condições operacionais para facilitar a operação de alimentos inócuos, e
abrange procedimentos relacionados à utilização das instalações, recepção e armazenamento,
manutenção de equipamentos, treinamento e higiene dos trabalhadores, limpeza e
desinfecção, controle de pragas e devolução de produtos. Já o PPHO compreende a descrição
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Capítulo 2 Base Conceitual
completa das atividades específicas necessárias para manter as instalações e utensílios livres
de microorganismos patogênicos, que consequentemente previne a contaminação do alimento
quando em contato com estes utensílios e instalações, estando incluído no sistema BPF, mas,
devido a sua importância, é frequentemente estudado em separado.
2.2.4 Legislação
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Capítulo 2 Base Conceitual
2. Descrição do produto
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Capítulo 2 Base Conceitual
2. Descrição do produto
Nesta etapa, deve ser feita uma descrição do produto de forma completa, incluindo
informações importantes relacionadas à segurança do alimento, tais como: composição,
estrutura físico/química (incluindo atividade água, pH, etc), armazenagem, embalagem, prazo
de validade e método de distribuição.
O fluxograma do processo será construído pela equipe do APPCC e deve conter todas
as etapas da operação de um produto específico, desde o recebimento da matéria-prima até a
entrega do produto acabado. No caso de mais de um produto ser fabricado nas mesmas etapas,
o fluxograma pode ser utilizado para o grupo de produtos. Deve ser claro o suficiente para que
qualquer pessoa, mesmo aquela não familiarizada com o processo, entenda todas as etapas
que o constitui.
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Capítulo 2 Base Conceitual
Nesta etapa, cada etapa presente no fluxograma deve ser descrita de forma clara e com
informações das variáveis do processo, tempo, materiais constituintes de equipamentos,
manipulação, entre outros. Esta descrição servirá de base para a aplicação das medidas
preventivas.
Depois que o fluxograma é construído pela equipe, ele deverá passar pela validação,
que constitui na inspeção no local para verificar a concordância entre a descrição feita e a
realidade. Esta confirmação deverá ser feita por uma ou mais pessoas com um bom
conhecimento do processo para assegurar que as principais etapas foram identificadas e, caso
contrário, solicitar os ajustes.
Todos os perigos em potencial devem ser identificados para cada etapa definida no
fluxograma, desde a produção primária, processamento e distribuição, até o ponto de consumo
com base na experiência dos membros da equipe e em informações de saúde pública sobre o
produto. Depois desta identificação, deverá ocorrer a avaliação da probabilidade de ocorrência
e da severidade dos seus efeitos para que se possa analisar o risco.
Depois de identificados os perigos, a probabilidade de ocorrência, a severidade e o
risco, deve-se determinar as medidas de controle, ou seja, o que é praticado no processo para
controlar o perigo listado. Os perigos podem ser controlados de várias formas:
microrganismos podem ser destruídos por aquecimento, resíduos de pesticidas podem ser
controlados pela existência de um determinado tempo entre a aplicação e a colheita, separação
entre matéria-prima e alimentos processados pode prevenir a contaminação cruzada, a
inspeção visual, detectores de metal e peneiras podem ser utilizados para o controle dos
perigos físicos, entre outros. Mais do que uma medida de controle pode ser utilizada para
controlar um perigo específico e mais de um perigo pode ser controlado pela mesma medida
de controle.
Pergunta 1
Existe medida de controle preventiva?
Sim
Sim
Não
Não é PCC Pare
Pergunta 2
Esta etapa foi especificamente designada para eliminar ou reduzir a
possibilidade de ocorrência do perigo a nível aceitável?
Sim
Não
É PCC
Pergunta 3
A contaminação com o perigo identificado Não
poderia ocorrer acima dos níveis aceitáveis ou Não é PCC
poderia aumentar a níveis aceitáveis?
Sim
Pare
Pergunta 4
Uma etapa posterior elimina o perigo Não
identificado ou reduz a nível aceitável?
Sim
Não é PCC É PCC
Segundo Loken (1994) apud Rossiter (2008), os PCCs podem ser qualquer ponto,
etapa ou procedimento no qual se aplicam medidas para manter um perigo significativo sob
controle, com objetivo de eliminar, prevenir ou reduzir a níveis aceitáveis os riscos à saúde do
consumidor.
Os PCCs são pontos caracterizados como realmente críticos à segurança, e devem ser
restritos ao mínimo possível. Para determinação de PCCs e PCs uma árvore decisória deverá
ser utilizada, e encontra-se disponível em várias literaturas e manuais sobre APPCC
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Capítulo 2 Base Conceitual
(FORSYTHE, 2002 apud FURTINI; ABREU, 2006). Os pontos considerados como PCCs,
devem ser identificados e enumerados no fluxograma. Aqueles pontos que não são
considerados como críticos podem ser Pontos de Controle controlados pelos programas de
pré-requisitos. Para Figueiredo & Costa Neto (2001) um exemplo de PC pode ser um imã,
quando um detector de metal está colocado numa etapa posterior do processo, sendo este o
PCC.
Os Limites Críticos (LC) são aqueles que separam os produtos aceitáveis dos
inaceitáveis, podendo ser qualitativos ou quantitativos (FIGUEIREDO; COSTA NETO,
2001). Deve-se estabelecer e validar quando possível os LCs para cada PCC definido. Em
alguns casos pode ser necessário definir mais do que um LC. A definição dos valores dos LCs
pode ser encontrada em legislações, publicações científicas, estudos experimentais e
experiência de especialistas. É importante que estas documentações estejam disponíveis no
plano do APPCC.
Para cada PCC definido devem ser desenvolvidas ações corretivas para que o PCC
volte a ficar sob controle caso tenham ocorrido desvios dos limites críticos. Devem ser
tomadas medidas quanto à disposição do produto que foi produzido enquanto o PCC estava
fora de controle e deve ser feita uma investigação para descobrir a causa da ocorrência. As
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Capítulo 2 Base Conceitual
ações corretivas devem ser registradas e dependendo da sua frequência, deve-se avaliar a
frequência de controle dos PCCs.
2.2.6 Benefícios
A experiência adquirida pela aplicação do APPCC em alguns países indica que esse
sistema conduz a mais eficiente prevenção de doenças transmitidas por alimentos. O êxito da
sua aplicação requer o total empenho e envolvimento da gestão e dos colaboradores da
empresa (WHO, 1997).
Entre outros, o Sistema APPCC apresenta os seguintes benefícios (WHO, 1997;
OLIVEIRA, 2006):
• Supera algumas limitações existentes nas abordagens tradicionais para controle da
segurança do alimento que são realizadas com inspeções e testes do produto final,
como, por exemplo, a dificildade de coleta de amostras suficientes para obter
informações representativas e alto custo de análise do produto final;
• Redução do potencial de recall;
• Foco na prevenção, levando a redução de custos com ações corretivas;
• Base científica e sólida que demonstra precauções para evitar que o alimento chegue
contaminado ao consumidor;
• Aplicável a toda cadeia alimentar, desde a matéria-prima até o produto final;
• Aumento da competitividade;
• Capacidade de direcionar recursos para a etapa mais crítica do processo;
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Capítulo 2 Base Conceitual
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Capítulo 3 Estudo de Caso
3. ESTUDO DE CASO
A empresa onde foi feito o estudo de caso teve origem no início da década de 90 com
a produção de massas e contava com apenas 34 funcionários. Hoje, a indústria conta com
aproximadamente 2.200 funcionários e possui quinze linhas de produção, sendo quatro de
fabricação de massas e 11 de biscoitos. A matriz está localizada no estado de Pernambuco e as
três filiais na Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia.
Em 2006 foi iniciado o estudo do APPCC para a primeira família de biscoitos que veio
a ser certificada no ano de 2008. Com a preocupação crescente relacionada à contaminação do
alimento e ao fornecimento de produto com qualidade que atenda e supere as expectativas do
cliente, a empresa no ano de 2009 partiu para o aumento de escopo incluindo mais uma
família de biscoito. Das cinco famílias de produtos, a indústria possui atualmente a
certificação do APPCC em três, estando em processo de certificação as demais.
Garantir que o produto é seguro, ou seja, que está livre de contaminações físicas,
químicas e biológicas, é uma das maiores responsabilidades da indústria de alimentos. Nos
últimos anos, ficou clara que a adoção de ferramentas para o controle da segurança do
alimento é fundamental para o aumento da competitividade, da qualidade dos produtos e da
satisfação dos clientes e consumidores. Pode-se considerar que a implantação de programas
que garantam essa segurança tornou-se uma questão de sobrevivência para as empresas que
estão no mercado cada vez mais exigente.
A empresa onde o estudo de caso foi realizado tem como característica marcante a
busca constante pelas melhores práticas do mercado de acordo com a sua realidade na
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Capítulo 3 Estudo de Caso
obtenção da vantagem competitiva. Fica claro nos seus valores que a qualidade do produto e a
satisfação do consumidor devem estar sempre na frente da produtividade.
Desta forma, a área de Segurança do Alimento da empresa buscou inicialmente
implantar as Boas Práticas de Fabricação com consistência. Com o desenvolvimento de
legislações cada vez mais específicas para a área, o aumento da competitividade no setor, o
crescimento rápido da empresa e o aumento significativo das reclamações dos consumidores,
surgiu a necessidade de implantar e certificar os produtos no Sistema APPCC.
O estudo de caso realizado irá, então, mostrar a implantação e avaliação do Sistema na
indústria que já possuía o BPF bem implantado. Vale ressaltar que a escolha por certificar os
produtos no Sistema APPCC e não na norma ISO 22000 descrita no item 2.2.3.3 deste
trabalho foi uma decisão da alta administração da empresa que colocou na estratégia esta
certificação após a implantação da ISO 9001, que não faz parte ainda da gestão da
organização, visto que a aplicação desta norma será mais eficiente com o APPCC e a ISO
9001 bem implantados.
Antes de iniciar o estudo do APPCC, a empresa garantiu que o BPF estava bem
consolidado na sua cultura. Esta garantia foi baseada nas auditorias internas de BPF que
acontecem semestralmente e nas auditorias externas anuais. A partir das não conformidades
levantadas, foram gerados planos de ações em cada área, onde estes planos foram
acompanhados mensalmente pela área de Segurança do Alimento. Como havia três anos em
que o nível de atendimento das BPF foi acima de 80%, a empresa se considerou habilitada
para iniciar o estudo de implantação do APPCC.
Foram realizados treinamentos para todos os líderes da empresa sobre as Boas Práticas
de Fabricação, sendo estes os agentes multiplicadores para suas equipes. Deve-se ter a
aplicação do BPF antes da implementação do APPCC para que haja um direcionamento dos
esforços para os pontos específicos de contaminação do produto. Com relação aos
procedimentos obrigatórios, todos foram revisados e os responsáveis pelo seu cumprimento
foram treinados. Estes procedimentos são os descritos no item 2.2.3.1.
Além disso, todas as pessoas responsáveis pelo Sistema APPCC, ou seja, a equipe de
gestão da Segurança do Alimento e o coordenador da equipe de implantação da linha de
produção receberam o treinamento específico de implantação do Sistema por uma empresa de
consultoria.
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Capítulo 3 Estudo de Caso
Presidente
Diretor
Industrial
Gerente de Gerente de
Qualidade Produção
Coordenador de Staff de
Segurança do Alimento Qualidade
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Capítulo 3 Estudo de Caso
Avaliação de Fornecedores foi adotado como medida de controle na avaliação dos perigos de
diversas matérias-primas;
3. Desenvolvimento de novos produtos: é fundamental que o setor de desenvolvimento
esteja alinhado com a equipe de gestão do sistema APPCC, pois antes de desenvolver novos
produtos, é necessária a avaliação de todos os perigos relacionados às novas matérias-primas.
Com isso, foi incluída no POP de desenvolvimento de novos produtos a necessidade de
analisar todos os perigos relativos às novas matérias-primas e, este produto só será aprovado
após conclusão da análise e adequação da fábrica às medidas de controle solicitadas;
4. PCP (Programação e Controle da Produção): setor responsável pelo armazenamento
das matérias-primas e materiais de embalagem e pela programação da produção. As condições
de armazenamento dos materiais, o controle da rotatividade do estoque e a rastreabilidade são
pontos importantes para a segurança do alimento. O produto deve ser armazenado exatamente
de acordo com as especificações do fornecedor para que as suas características físicas e
químicas sejam mantidas dentro do padrão. A empresa adota a ordem de saída dos materiais
do estoque baseada no FEFO, ou seja, o primeiro a vencer é o que deve ser enviado primeiro
para a produção. Logo, o envolvimento de um representante desta área contribuiu bastante na
implementação do Sistema;
5. Expedição: é o setor responsável pelo estoque de produto acabado e pela expedição
destes. Durante o estudo foi elaborado um check list que deve ser preenchido pelo funcionário
da empresa antes de carregar o caminhão para garantir que o mesmo está em perfeitas
condições, como, por exemplo, limpo, seco e ausente de pragas.
A seguir, será descrito como se desenvolveu cada uma das doze etapas de implantação
do Sistema APPCC na empresa.
A equipe de trabalho da linha de produção foi formada por quatro pessoas conforme
mostra a figura 3.2. O coordenador do projeto, apesar de não conhecer profundamente o
processo de fabricação, tinha um embasamento teórico, conhecia a aplicação da técnica do
APPCC e exercia uma atuação participativa e fornecedora dos conceitos, métodos e
tecnologia à equipe. O supervisor de produção tinha um grande conhecimento prático de todas
as etapas do processo de fabricação de biscoitos e muito interesse em desenvolver o projeto.
O supervisor de manutenção também tinha grande conhecimento do processo de fabricação e
do funcionamento dos equipamentos. O estagiário tinha a função de apoiar o processo de
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Capítulo 3 Estudo de Caso
implementação com o acompanhamento dos planos de ação advindos das reuniões semanais
da equipe.
Coordenador da equipe
Estagiário
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Capítulo 3 Estudo de Caso
Nesta etapa foi identificado o nome do produto e o seu tipo, as suas características, os
métodos de conservação, descrição da embalagem, o peso líquido, a forma de armazenamento
e distribuição e o prazo de validade. Também foram listados todas as matérias-primas e os
materiais de embalagem.
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Capítulo 3 Estudo de Caso
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Capítulo 3 Estudo de Caso
Depois de validado o fluxograma, para cada etapa foi realizada a análise dos perigos.
Esta etapa foi dividida em duas partes. A primeira com a análise dos perigos das etapas do
processo, realizada pela equipe do APPCC, e a segunda com a análise dos perigos das
matérias-primas e materiais de embalagem realizada pelo Coordenador de Segurança do
Alimento juntamente com o setor de Desenvolvimento.
Antes de iniciar a análise, foram listados todos os potenciais perigos em cada etapa
com base na experiência da equipe, em dados históricos da própria organização, na literatura,
em legislações específicas e em informações de saúde pública.
Esta é a fase mais demorada do projeto, pois é necessária a listagem de todos os
perigos, a identificação da sua probabilidade de ocorrência e severidade dos seus efeitos para
analisar o risco e definir as medidas de controle. Particularmente, na etapa de identificação
dos perigos das matérias-primas a equipe ultrapassou o tempo previsto para realização desta
atividade, pois foi necessário envolver os fornecedores para maiores informações e solicitação
de documentos e consultar legislações específicas.
Não existe uma metodologia única para a avaliação do risco. O critério adotado pela
empresa está descrito na figura 3.5. Assim, o risco pode ser classificado em Menor (Me),
Maior (Ma) ou Crítico (Cr).
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Capítulo 3 Estudo de Caso
Após a conclusão da análise, foi feita pelo setor de qualidade a revisão de todas as
especificações das matérias-primas para verificar se os perigos considerados eram
monitorados pelo fornecedor ou até mesmo pela própria indústria. Com relação ao nível de
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Capítulo 3 Estudo de Caso
aceitação do perigo no produto final, não há especificações para todos os perigos nas
legislações. Dessa forma, quando há ausência de requisitos legais, foram considerados, por
exemplo, literaturas científicas e requisitos do cliente.
Pergunta 1
O controle do perigo nesta etapa é importante para a
preservação da segurança do produto?
Sim
Não
Modificar a etapa, processo ou produto
Não é PCC
Pergunta 2 Sim
Não
Pergunta 3
Não
Esta árvore decisória foi aplicada para todos os perigos identificados. O ponto é um
PCC se o controle do perigo na etapa é importante para a preservação da segurança do
produto, se as etapas ou movimentações subsequentes não eliminarão ou reduzirão o perigo a
níveis aceitáveis e se há procedimentos de controle que eliminarão ou reduzirão o perigo a
níveis aceitáveis. Após responder as três perguntas da Árvore Decisória, deve-se deixar claro
33
Capítulo 3 Estudo de Caso
3.4.8 Estabelecimento dos limites críticos para cada PCC - 3º Princípio (8ª
etapa)
Após a determinação dos PCCs foi determinado o Limite Crítico (LC) de cada um, ou
seja, o critério que separa os produtos aceitáveis dos inaceitáveis. Todos os LCs definidos
foram quantitativos. Para os PCCs 1 e 2, o LC foi a ausência de resíduos superiores a 2,5mm
(representa a abertura das peneiras). Já para o PCC 3, o LC foi a ausência de partículas
ferrosas maiores do que 1,0mm, não-ferrosas maiores do que 1,2mm e de inox maiores do que
1,5mm. Todos os LCs passaram por um processo de validação que foi devidamente
documentado e armazenado.
Nesta etapa, foi determinado o plano de monitoramento para os três PCCs. A definição
da frequência do monitoramento foi baseada no giro de estoque, pois o monitoramento deve
fornecer informações em um tempo que garanta que caso o PCC tenha saído de controle, o
produto fabricado naquele período ainda esteja no estoque de produto acabado para que seja
realizada a sua interdição.
Os responsáveis pelo monitoramento foram treinados na forma de realizá-lo, assim
como conscientizados sobre a importância do seu trabalho, do cumprimento da frequência e
do registro dos dados.
34
Capítulo 3 Estudo de Caso
Para cada PCC foram definidas ações corretivas caso seja identificado no
monitoramento que ele está fora de controle. Também foi definida a disposição do produto
que foi fabricado enquanto o PCC estava nesta situação.
35
Capítulo 3 Estudo de Caso
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Capítulo 3 Estudo de Caso
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Capítulo 3 Estudo de Caso
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Capítulo 3 Estudo de Caso
Sendo assim, foi realizado um plano de ação para que essas não-conformidades
fossem eliminadas. Após a conclusão das ações, a equipe de auditores internos realizou uma
nova auditoria em pontos específicos, onde constatou que a empresa estaria apta a receber a
auditoria externa de certificação.
Foi realizada a auditoria de certificação dois anos após o início do projeto, onde foram
evidenciadas apenas não-conformidades menores, certificando assim os produtos da linha no
Sistema APPCC.
A certificação tem validade de três anos, onde durante este período a empresa recebe
anualmente auditorias externas de manutenção para avaliação do Sistema. Além disso,
semestralmente são realizadas auditorias internas baseadas no check list apresentado na figura
3.13. Após as auditorias, sejam elas internas ou externas, a equipe do Sistema é responsável
por realizar planos de ação para eliminar as não-conformidades evidenciadas. Esses planos
devem conter uma análise das causas, ações de bloqueio e verificação da eficácia das ações.
Devem ser armazenados em um local de fácil acesso e de forma organizada para serem
apresentados na próxima auditoria.
Como a certificação dos produtos no Sistema APPCC é recente, ainda não é possível
avaliar todos os benefícios com precisão, como, por exemplo, o aumento da confiança dos
clientes e consumidores. Entretanto, já se pode concluir que o número de reclamações dos
consumidores relacionados à Segurança do Alimento dos produtos certificados apresentaram
uma queda significativa que pode ser relacionado, sem dúvidas, com a implementação do
Sistema.
Além disso, pode-se considerar o Sistema como presente na cultura da empresa
observando além da redução das reclamações, a redução da quantidade de não-conformidades
encontradas. A figura 3.11 mostra a evolução do número de não-conformidades evidenciadas
nas auditorias externas nos anos três anos. De 2008 para 2009 houve uma redução de 33% e
de 2009 para 2010 uma redução de 25%, representando uma redução de 50% de 2008 para
2010.
39
Capítulo 3 Estudo de Caso
40
Capítulo 3 Estudo de Caso
41
Capítulo 3 Estudo de Caso
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Capítulo 4 Conclusões
4. CONCLUSÕES
4.1 Limitações
43
Capítulo 4 Conclusões
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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