Évora
2005
Este trabalho não inclui as
Ditado popular
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................... IV
ABREVIATURAS ...........................................................................................................V
RESUMO ....................................................................................................................... VI
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................................X
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................. XI
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 3
2.1. Raça Suína Alentejana............................................................................................... 3
2.1.1. História ................................................................................................................... 3
2.1.2. Caracterização ........................................................................................................ 5
2.1.3. Sistema de Produção (SP) ...................................................................................... 7
2.1.3.1. Sistemas de Produção (SP) Tradicional .............................................................. 8
2.1.3.2. Sistemas de Produção (SP) Actuais..................................................................... 9
2.1.4. Crescimento e desenvolvimento........................................................................... 11
2.1.5. Efeito Alimentação ............................................................................................... 13
2.1.6. Efeito Raça ........................................................................................................... 15
2.2. Matéria-Prima.......................................................................................................... 16
2.2.1. O tecido muscular................................................................................................. 16
2.2.1.1. Lípidos do tecido muscular esquelético............................................................. 17
2.2.2. O tecido adiposo ................................................................................................... 19
2.2.2.1. Lípidos do tecido adiposo subcutâneo............................................................... 21
2.3. O colesterol.............................................................................................................. 22
2.3.1. O metabolismo do colesterol ................................................................................ 23
2.3.1.1. Síntese do colesterol .......................................................................................... 23
2.3.1.2. Transporte de colesterol .................................................................................... 23
2.3.2. Colesterol em suínos............................................................................................. 24
2.3.2.1. Colesterol em suínos de Raça Alentejana.......................................................... 25
2.3.3. Colesterol em outras espécies animais de interesse zootécnico ........................... 25
2.4. Os Fosfolípidos........................................................................................................ 27
2.5. As Proteínas Totais.................................................................................................. 27
2.6. A Ureia .................................................................................................................... 28
2.7. A Glucose ................................................................................................................ 28
I
3. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 29
3.1. Animais, instalações e equipamentos ...................................................................... 29
3.2. Alimento e regime alimentar ................................................................................... 29
3.3. Pesagens e abates..................................................................................................... 31
3.4. Análises laboratoriais .............................................................................................. 32
3.4.1. Amostras............................................................................................................... 32
3.4.2. Químicos............................................................................................................... 32
3.4.3. Determinação dos parâmetros plasmáticos........................................................... 33
3.4.4. Extracção e determinação do teor em lípidos totais (LT) tissulares..................... 33
3.4.5. Determinação do teor em colesterol tissular......................................................... 33
3.5. Análise Estatística ................................................................................................... 33
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................... 35
4.1. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre os
Parâmetros Zootécnicos.................................................................................................. 35
4.1.1. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema Produção (SP) Sobre a Idade ao
Abate (IA)....................................................................................................................... 35
4.1.2. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre a Ingestão
Total (IT) ........................................................................................................................ 36
4.1.3. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre o Ganho
Médio Diário (GMD) ..................................................................................................... 37
4.1.4. Discussão dos Resultados..................................................................................... 37
4.2. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre Parâmetros
Bioquímicos, Plasmáticos e Tissulares........................................................................... 39
4.2.1. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor em
Triacilgliceróis Plasmáticos............................................................................................ 39
4.2.2. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor em
Colesterol Total (CT) Plasmático ................................................................................... 40
4.2.3. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre o Teor em
Colesterol das LDL Plasmáticas (cLDL)........................................................................ 41
4.2.4. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre o Teor em
colesterol das HDL Plasmáticas (cHDL)........................................................................ 42
4.2.5. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor em
Fosfolípidos Plasmáticos ................................................................................................ 43
II
4.2.6. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor em
Proteína Plasmática ........................................................................................................ 44
4.2.7. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor em
Ureia Plasmática ............................................................................................................. 45
4.2.8. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre Teor em
Glúcídos Plasmáticos...................................................................................................... 46
4.2.9. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor em
Lípidos Totais (LT) no Tecido Muscular Semimembranoso ......................................... 47
4.2.10. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) no Teor em
Lípidos Totais (LT) da Gordura Subcutânea.................................................................. 48
4.2.11. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) no Teor em
Colesterol Total (CT) no Músculo Semimembranoso.................................................... 49
4.2.12. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor em
Colesterol Total (CT) da Gordura Subcutânea ............................................................... 50
4.2.13. Discussão dos resultados .................................................................................... 51
5. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 55
6. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 56
III
AGRADECIMENTOS
Apesar de este trabalho estar credenciado em meu nome, existem várias pessoas
que foram essenciais para que ele fosse uma realidade. Assim, gostaria de agradecer:
pesquisa.
o apoio prestado.
IV
ABREVIATURAS
V
RESUMO
VI
plasmáticos e tissulares o nível alimentar não influenciou significativamente as
diferenças encontradas.
Em termos de produção, o sistema semi-extensivo provocou uma diminuição
significativa dos valores de IA (P≤0,001) e IT (P≤0,01). Pelo contrário, provocou um
aumento significativo do GMD (P≤0,01). Quanto aos parâmetros plasmáticos, o SP
semi-extensivo não influenciou o teor de ureia, mas provocou a diminuição do teor em
triacilgliceróis (P≤0,01), CT (P=0,051), cLDL (P≤0,05), fosfolípidos (P≤0,01), proteína
(P≤0,05) e glúcidos (P≤0,001). Em relação ao cHDL o SP semi-extensivo provocou o
seu aumento (P=0,0051). Em relação aos parâmetros tissulares, o SP semi-extensivo
não influenciou os valores de LT, mas provocou a diminuição dos valores de CT, tanto
no músculo semimembranoso (P=0,055) como na gordura subcutânea (P≤0,01).
Os resultados obtidos evidenciam que o SP semi-extensivo associado a um nível
alimentar de 0,85 x ad libitum origina melhores performances zootécnicas, bem como
em parâmetros bioquímicos, tissulares e plasmáticos com um perfil menos deletério
para a saúde do consumidor.
VII
ABSTRACT
This study investigated the influence of three different feeding levels (FL) and
two rearing systems (RS) on some animal production, plasmatic, biochemist and tissue
parameters of swines from the Alentejano breed.
The analyzed animal production parameters were the slaughter age (SA), total
ingestion (TI), and average daily gain (ADG). The plasmatic parameters included
triacylglycerols, total cholesterol (TC), LDL cholesterol (cLDL), HDL cholesterol
(cHDL), phospholipids, protein, urea and glucids. The studied tissue parameters were
the total lipids (TL) and TC of samples of musculus semimembranosus and
subcutaneous fat.
This assay used 34 animals with neutralized sex that, with an average live
weight (LW) of 35,7kg, were distributed in 2 sets: the first one, with 19 animals,
remained during all the period of assay in individual pens (intensive system); the second
one, with 15 animals, was also allocated individually but with access to an exterior pen
with the dimension of 3 hectares (semi-extensive system). With an average LW of 40kg
the animals of both sets were randomly distributed into 6 groups, 3 of them under the
intensive rearing system and the others 3 under the semi-extensive system. Thus, each
rearing system was constituted of 3 groups, each one with a distinct feeding level:
groups I (GI) with 0,85 x ad libitum during all the assay; groups II (GII) with 0,90 x ad
libitum until 80kg and 0,70 x ad libitum until 100kg of average LW; groups III (GIII)
with 0,95 x ad libitum until 60kg, 0,85 x ad libitum until 80kg and 0,70 x ad libitum
until 100kg of average LW. All animals were fed with a commercial feed with
3107Kcal of digestible energy (DE) and 15% of crude protein (CP). The animals were
weekly weighed, and were slaughtered when reaching an average LW of 100kg. The
blood was collected during slaughter and the samples of musculus semimembranosus
and subcutaneous fat 24 hours after slaughter, in the chilled carcass.
In relation to the analyzed animal production parameters, the alimentary level
did not influence significantly SA or TI. ADG was decreased with the reduction of the
alimentary level but due to the significant interaction between feeding level and rearing
system, this was only significant in GII e GIII (P≤0,05). Tissue, plasmatic and
biochemists parameters the alimentary level were not influence significantly.
The semi-extensive system led to a significant reduction of the values of SA
(P≤0,001) and TI (P≤0,01). On the other hand, it significantly increased ADG (P≤0,01).
VIII
In plasmatic parameters, the semi-extensive rearing system did not influenced the urea
level, but it led to the reduction of the triacylglycerol (P≤0,01), TC (P=0,051), cLDL
(P≤0,05), phospholipids (P≤0,01), protein (P≤0,05) and glucose (P≤0,001) levels. In
relation to the cHDL, the semi-extensive rearing system induced its increase (P=0,051).
In relation to the tissue parameters, the semi-extensive rearing system did not influenced
the values of TL, but it led to the reduction of the values of TC, both in the musculus
semimebranosus (P=0,055) and in the subcutaneous fat (P≤0,01).
The results evidence that the semi-extensive rearing system associated to a 0,85
x ad libitum feeding level, originates better animal productivity, as well as less
deleterious tissue and plasmatics parameters profiles to the consumer’s healthy.
IX
ÍNDICE DE QUADROS
X
ÍNDICE DE FIGURAS
XI
1. INTRODUÇÃO
Desde hà alguns anos a esta parte que tem aumentado, na Europa, o interesse
produção de carne de suíno com uma qualidade estandardizada, mas também devido à
locais tem vindo a ser encorajada. Outros dos objectivos são a manutenção da
Por outro lado, os países da orla mediterrânica têm hábitos alimentares muito
próprios, a designada dieta mediterrânica. Esta tem sido relacionada com baixos riscos
O suíno de raça Alentejana insere-se neste tipo de dieta como importante fonte
de energia e de proteína de origem animal (Nunes, 2002, citado por Silva, 2003).
1
Alentejana vêm com muito interesse a conquista de uma quota deste mercado, pelo que
o interesse da produção de carne de suíno de raça Alentejana passou também a ter como
seu conhecimento ainda é pouco aprofundado, principalmente a nível de carne para ser
consumida em fresco, fruto dos poucos trabalhos realizados (Cava et al., 2002).
seguimento do trabalho realizado por Abreu (2004), que analisou o efeito de diferentes
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.1. História
autóctones, para além da sua diferente origem racial, tinham um habitat bastante
Atlântico e zonas de clima suave. Isto resultou num sistema de alimentação baseado no
populações rurais das áreas geográficas onde estes animais se foram desenvolvendo. Os
porcos Celtas, viram a sua produção orientada para a comercialização de carne fresca e
raça Alentejana atingiram como suporte da alimentação humana no nosso país, quer
como fornecedor de carne para consumo em fresco, quer como fornecedor de matéria-
3
prima para a elaboração de enchidos que mediante vários processos de conservação
suínos da raça Alentejana foi pedra basilar da economia rural que caracteriza a região
(Neves, 1998). Nunes (1998) refere que vicissitudes várias, entre as décadas de
explicar este declínio, surgem alguns factores de ordem social, económica, política e
sanitários:
- As alterações dos hábitos alimentares, exigindo carne com menos gordura, bem
consequentemente o cruzamento incontrolado com outras raças por parte dos criadores;
- O êxodo rural no início dos anos sessenta levou a um aumento de salários que
tornou de alguma forma inviável a manutenção dos montados nos moldes tradicionais.
também num factor desfavorável. Surge também nesta altura um importante surto de
4
Africana e com o ressurgimento da dieta Mediterrânea como uma dieta saudável, é que
(UNIAPRA, 2004).
suínos. Desde aí, tem-se assistido a uma evolução positiva do efectivo nacional da raça,
produção suína extensiva parece reaver uma nova importância socio-económica. Para
desequilíbrios ambientais, mostra agora interesse por uma agricultura de carácter mais
de produção que suporta esta raça no seu solar de origem, encontra-se numa fase de
2.1.2. Caracterização
raça Ibérica, com origem no mesmo tipo de animal e cujo solar é contíguo ao desta raça,
5
falando-se normalmente da raça suína Alentejana e sua congénere Ibérica (Maceira,
2003).
1990). Assim, os montados são parte fundamental do ecossistema a que este animal
condições climáticas da região (Frazão, 1984, citado por Neves 1998). Freitas e Abreu
(2001) e Freitas et al. (2004a) referem também como determinantes para a importância
ervas dos pousios, os restolhos dos cereais e os frutos e pastagens dos montados de
azinho e sobro. Nunes (1998) destaca ainda a aptidão tecnológica da sua carne e
preta de ardósia, cabeça comprida e orelhas pequenas. O tórax é roliço, a região dorso-
6
ligeiramente descaído e as coxas de desenvolvimento mediano. Os membros são de
comprimento médio, delgados e bem aprumados, sendo os pés pequenos e de unha rija
(IDRHa, 2004) a condizer com o seu modo de vida em pastoreio. O seu temperamento é
raça Alentejana envolve um longo período de tempo. Os animais são abatidos com
idades mais tardias (12-14 meses) e pesos vivos (PV) mais elevados (150-160kg). Os
40-60 dias que precedem o abate constituem o período mais importante do sistema
al., 2002). Este período, designado por montanheira, caracteriza-se essencialmente por
7
2.1.3.1. Sistemas de Produção (SP) Tradicional
cereais, concentrados e restolhos até alcançar o peso ideal (100 a 130kg PV) (IDRHa,
intensiva dos animais nos montados de azinho e sobro, durante os três ou quatro meses
8
a obtenção de produtos transformados de alta qualidade, sendo o elemento estratégico e
porcas reprodutoras.
utilizar malhadas tradicionais, embora se tenha assistido nos últimos anos, à introdução
9
prática corrente, abrangendo quase todas as idades e fases de produção. As porcas são
montanheira com uma idade de 14-15 meses, existem outras que utilizam animais mais
80kg PV. O seu abate dá-se entre os 12 e 18 meses de idade, com um PV variando entre
Alentejano registou durante a década de noventa um renovado interesse por parte dos
produtores. Este interesse foi impulsionado basicamente pelo mercado dos produtos
numa nova estratégia produtiva cujo objectivo é penetrar e ganhar uma fatia de mercado
10
2.1.4. Crescimento e desenvolvimento
designa por crescimento absoluto, quantitativo ou ponderal. Por outro lado, refere-se às
(Oliveira, 1990).
definidos e de forma característica para cada espécie animal, condicionado por factores
tecidos corporais (músculo, gordura, osso) (Oliveira, 1990), pode-se caracterizar uma
raça através da sua curva de crescimento. Esta curva estabelece a relação entre o PV e a
tecido muscular, principalmente a partir dos 100kg PV. Freitas et al. (1992), Freitas
(1998), citados por Neves et al., (2004) e Freitas et al., (2004c), constataram que o
11
aumento do PV ao abate se traduzia no aumento irrelevante do osso, num ligeiro
como o peso ideal para se obter carne fresca de suíno de raça Alentejana (Freitas et al.,
2004; Freitas et al., 2004c; Neves, et al., 2004). Isto porque ocorre uma diminuição
custo por cada kg de ganho de peso com o aumento do peso de abate, com uma clara
acentuação após os 100kg (Freitas et al., 2004a). Contudo, será necessário conhecer
melhor o efeito deste valor sobre a qualidade da carne (Freitas et al., 2004c).
corporal por dia, durante um determinado período de tempo, sendo estimado pelo
cálculo da diferença entre o peso final e o peso inicial, dividida pelo número de dias
12
entre esses pesos (Freitas, 1999, citado por Silva, 2002). Em relação aos suínos de raça
PV, Freitas et al. (2004a) apontam valores de GMD de 498g/d para animais submetidos
a uma restrição de 0,85 x ad libitum a partir dos 37,5kg PV, com alimento comercial
Para o sistema intensivo, Freitas et al. (2004b) referem valores de 671g/d para
animais alimentados com alimento composto comercial com 15% P.B. e 3 100 Kcal
libitum.
e saciedade, detectadas pelo sistema nervoso central (Hafez, 1972, citado por Mendes,
capacidade do tubo digestivo, temperatura e alojamento (Freire et al., 1984, citados por
Mendes, 1994).
13
A alimentação restringida pode basear-se na limitação da quantidade diária de
no aumento do nível proteico à custa de uma redução do valor energético (Martin, 1990
citado por Mendes, 1994). O impacto de uma restrição alimentar sobre a composição
Livingstone, 1972 e Pedersem, 1980 citados por Delpech e Lefaucheur, 1986, citados
por Mendes, 1994) e do momento em que se aplica, assim como do genótipo (Cleveland
et al., 1983, citados por Mendes, 1994). Em raças melhoradas, uma redução de cerca de
alimento e uma carcaça de melhor qualidade, com menor deposição de gordura (Silva,
período de engorda, uma melhoria do IC (se a restrição não for muito acentuada) e a
obtenção de carcaças menos gordas e com teores superiores de músculo (Freitas, 1999,
Num ensaio realizado com suínos de raça Alentejana castrados, desde os 40kg
PV até à entrada em montanheira, Freitas (1998), citado por Silva (2002) constatou que
restringidos, por seu lado, apresentaram menor espessura de gordura subcutânea dorsal
e músculo Longissimus dorsi que os animais não restringidos, mas o rendimento médio
14
alimentar influenciou o crescimento e desenvolvimento, influenciando principalmente o
Num estudo mais recente Freitas et al. (2004d) concluiram que uma restrição
alimentados com alimento comercial (15%PB e 3100Kcal ED) e abatidos aos 100kg,
características da carcaça. Esta conclusão foi obtida quando estes animais foram
e os 80kg PV e 0,70 x ad libitum até ao abate, bem como a 0,95 x ad libitum, entre os
até aos 80kg PV e com uma restrição de 0,70 x ad libitum até aos 100kg. O mesmo
autor refere GMD de 439,17g/dia para animais submetidos a uma restrição de 0,95 x ad
libitum até aos 60kg, 0,85 x ad libitum até aos 80kg e 0,70 x ad libitum até aos 100kg.
europeias melhoradas um formato adulto maior que o das raças Chinesas ou Ibéricas
15
poder assimilador, mas produzem essencialmente gordura, considerando-se por isso
2.2. Matéria-Prima
ter presente que a primeira é apenas a componente mais importante da carne (Warriss,
2000). A carne pode definir-se como o principal tecido animal que se pode utilizar
muscular, visto este ser o maior componente da carne. As suas propriedades físicas, tal
como as dos tecidos conjuntivos anexos, são de grande importância para se estabelecer a
complexo que após o abate do animal sofre várias alterações físicas e químicas até se
Nas raças ditas magras, os músculos esqueléticos constituem a maior parte (35 a
65%) do peso da carne das carcaças dos animais (Forrest et al., 1975a). A composição
16
azotados não proteicos e 0,7 % em outras substâncias (minerais, vitaminas). Estes
valores variam segundo as espécies e as raças (Lawrie, 1985 citado por Neves, 1998).
seleccionadas, variando este valor entre os 30 e os 40% do peso total da carcaça (Nunes,
1998), com as peças gordas a chegarem até aos 50% (Neves et al., 2004). A
suína Alentejana.
17
individualmente, encontrando-se assim entre a superfície externa de dois ou mais
penetram no músculo para envolver os feixes de fibras musculares, fazendo assim parte
(Quadro 1). Este facto pode estar associado ao seu carácter adipogénico e às
abate elevados). Apesar disto, pode-se referir que os suínos de raça Alentejana
1999 citados por Timon et al., 2001); (Cava et al., 2002 e 2004). Esta gordura
intramuscular contribui para uma carne mais tenra (Cava et al., 2002) sendo também
AUTORES M. semimembranosus
Cordoba, 1990 9,16 ± 0,71
Huertas, 1990 5,68 ± 0,22
Almeida et al., 1993 4,07 ± 1,4
Martin, 1996 3,42 ± 2,33
(Sellier e Monin, 1994 citados por Nürnberg et al., 1998). Por exemplo, o diâmetro dos
18
Pietran do que em fenótipos obesos (Hauser et al., 1997, citados por Nürnberg et al.,
1998).
1988).
adiposas suportadas por uma matriz de tecido conjuntivo. As células gordas ocupam o
maior volume no tecido maduro (embora constituindo menos de 30% do número total
das células do tecido) visto os lípidos que contêm formarem 70 a 90% da massa do
tecido adiposo. Por seu lado, o tecido conjuntivo constitui aproximadamente 2,5% da
massa total, ao passo que a água representa entre 5 e 20% do tecido adiposo maduro
(Enser, 1983 citado por Neves, 1998). As respectivas proporções destes componentes
e Mourot, 1998).
entre a capa interna da pele e a superfície da massa muscular (Geri, 1988). Dentro deste
interna, esta distribui-se ao longo das membranas serosas que rodeiam os órgãos das
19
cavidades viscerais. Nela incluem-se a gordura perirenal, e a gordura mesentérica
animais da raça suína Alentejana abatidos acima dos 115kg PV (Neves, 1998). O
elevado grau de adiposidade verificado nas carcaças do porco Alentejano poderá ser
alimentar altamente energético a que estes animais estão sujeitos na fase de engorda. A
Estes compostos resultam da esterificação de três radicais alcoólicos com três moléculas
adiposo provém da síntese endógena (síntese de novo) de ácidos gordos nesse tecido
(O’Hea e Leveille, 1969, citados por Scott et al., 1981) sendo a síntese lípídica do
novo realiza-se a partir da glicose no tecido adiposo e decresce com a idade e peso dos
gordos absorvidos da dieta (Etherton e Allen, 1980 citados por Mateus, 2001).
adipócitos) dominante entre o primeiro e segundo mês de idade. A segunda fase envolve
1973, citados por Mourot, 2001). A hipertrofia dos adipócitos é acompanhada de uma
20
diminuição da sua proporção em proteína e por um forte aumento do teor lípidico
(Anderson e Kaufmann, 1973 e Câmara et al., 1994, citados por Lebret e Mourot,
1998), enquanto que o teor em água diminui (Lebret e Mourot, 1998). Assim, com o
Câmara, 1995, citados por Lebret e Mourot, 1998). O nível de aumento do tecido
lipólise (taxa de libertação de ácidos gordos pelo tecido adiposo) (Scott et al., 1981).
Normalmente, o glicerol é exportado para o fígado, enquanto que os ácidos gordos são
glucose nas células adiposas, os componentes dos ácidos gordos são libertados no
plasma afim de servirem de substrato para a formação de energia. Daí se explica que o
exercício físico mobilize os lípidos de reserva após a utilização dos glúcidos, afim de
ordem dos 92g /100g em estudos realizados com suínos cruzados (Hampshire x
21
(Landrace x Large White) e Duroc x (Landrace x Large White) abatidos aos 110 dias de
idade.
monoinsaturados (principalmente ácido oleico; Ruiz et al., 1998, Cava et al., 1999 e
Tejeda et al., 2002) aumenta com a idade, em oposição ao que ocorre em raças
seleccionadas, que mostram uma tendência para depositar mais ácidos gordos saturados
2.3. O colesterol
estando presente nos tecidos de todos os animais. Além de fazer parte da estrutura das
mielínica que envolve os nervos (Prewitt et al., 2003, citados por Calado, 2003). O
colesterol é obtido por meio de síntese celular (colesterol endógeno, ~70%) e da dieta
fígado, num processo regulado por um sistema compensatório: quanto maior for a
ingestão de colesterol vindo dos alimentos, menor é a quantidade sintetizada pelo fígado
(Bayón, 2001).
22
2.3.1. O metabolismo do colesterol
são os principais locais de síntese do colesterol. Ele pode também ser produzido nos
Existem vários tipos de lipoproteínas e estas são geralmente classificadas com base na
as células de vários outros tecidos. Uma outra classe de lipoproteínas, as "High Density
fígado, onde é utilizado para a síntese dos ácidos biliares (Bayón, 2001). Quanto ao
em menor proporção pelas HDL. Tal também acontece especificamente com os suínos
de raça Alentejana (Martins et al., 2004). O colesterol ligado às LDL é o que se deposita
nas paredes das artérias (“mau colesterol”) quando em excesso, contribuindo para a
aterosclerose. Por outro lado, o cHDL pode ser considerado o "bom colesterol", pois
23
metabolizado no fígado, desempenhando assim um papel de protecção contra a
neste conteúdo de vários factores como a raça e o peso corporal é ainda contraditória
(Cross et al., 1993). Apesar de actualmente existirem bastantes dados referentes ao teor
de colesterol (plasmático e tissular) em suínos, estes variam muito, devido por ventura a
variações verificadas entre ensaios, do peso corporal e da raça dos animais utilizados, da
al., 2004).
ligeiramente consoante o autor referido. Assim, Bohac et al. (1988), citados por
e o valor de 53,1 mg/100g. Mas Mattson et al. (1972) citados também por Bragagnolo, e
dietas baseadas em milho com 20,3% PB até aos 18kg, 16,7% PB até aos 55kg e 13,9%
obtidos pelos vários autores são discrepantes. Assim, Busboom et al. (1991) referem
Spotted abatidos com cerca de 100kg, alimentados ad libitum com dietas à base de colza
e soja com 15% PB e 3535 e 3392Kcal/kg ED, respectivamente. Pond et al. (1995) com
animais Chester White x Landrace x Large White x Yorkshire, abatidos com cerca de
24
160kg obtiveram valores que variam entre os 113 e os 116mg/100g com uma dieta com
Existem poucos dados sobre o teor de colesterol, tanto no sangue como nos
tecidos de suínos de raça Alentejana. Num trabalho realizado por Abreu (2004), este
acesso a um parque colectivo) esse valor foi de 68,6mg/100g. Por fim, no tecido
suínos e bovinos não apresentaram grande variação. Por outro lado, cerca de 70% da
gordura do suíno encontra-se localizada numa camada subcutânea, a qual pode ser
25
Quadro 2: Teores em colesterol (mg/100g) no musculus semimebranosus de suínos e bovinos
(Adaptado de Bragagnolo e Rodriguez-Amaya, 1995)
Em relação aos ovinos, Bunch et al. (2004) referem valores de 50mg/100g (para
animais St. Croix x St. Croix), 170mg/100g (St. Croix x Wool, 73mg/100g (Callipyge
Wool x St. Croix), 131mg/100g (Dorper x St. Croix), 149mg/100g (Dorper x Wool),
dieta com 16% PB. Também em ovinos Hampshire x Suffolk submetidos a uma dieta
contendo 11.7% PB e 1.84Mcal ED e abatidos aos 50kg PV, Solomon et al. (1990)
Ayudah et al. (1991) e Hdrinka et al. (1996), citados por Mourot et al. (2001)
60mg/100g para carne branca e entre os 20 e 70mg/100g para carne vermelha. No caso
da perna.
obtidos nos suínos de raça Alentejana e referidos na página 26 (Abreu, 2004), verifica-
26
se que esta raça apresenta um teor em colesterol superior às outras raças suínas e outras
2.4. Os Fosfolípidos
ácidos gordos ligados à molécula de glicerol é substituído por uma molécula que
contém fosfato e, normalmente, azoto. Estas moléculas são polares no extremo onde o
citados por Riette e Spencer, 1999), dieta (Lin et al., 1989, Melton, 1990 e Monahan et
al., 1992, citados por Riette e Spencer, 1999), e temperatura ambiente (Fuller et al.,
1974, citados por Riette e Spencer, 1999). Desconhece-se qual a influência do genótipo
medidas normalmente no soro ou no plasma (Fermer et al., 2000, citados por Calado,
27
proteínas totais (Fermer et al., 2000, citados por Calado, 2003). A albumina é
sintetizada pelo fígado e catabolizada pelos tecidos periféricos (Fermer et al., 2000,
citados por Calado, 2003). As duas principais funções da albumina são a manutenção da
et al., 2000, citados por Calado, 2003), embora também actue como tampão (Seeley et
2.6. A Ureia
citados por Calado, 2003). A amónia, por sua vez, é produzida pela flora microbiana
excretada principalmente nos rins (Fermer et al., 2000, citados por Calado, 2003).
2.7. A Glucose
é servir como fonte de energia para a actividade celular (Seeley et al., 1997).
glicogénese hepática (Fermer et al., 2000, citados por Calado, 2003). O seu nível
sanguíneo e a entrada nas células são reguladas pela insulina e glucagon secretadas pelo
28
3. MATERIAIS E MÉTODOS
machos). Todos os animais foram castrados antes de serem utilizados nos ensaios, de
médio de 35,7 kg: um deles, constituído por 19 animais, manteve-se durante todo o
intensivo); o outro conjunto, constituído por 15 animais, foi transferido para a Herdade
dos Delgados, Campo Maior, onde os animais foram estabulados individualmente, mas
seis grupos: três destes grupos ficaram sujeitos ao sistema dito intensivo e outros três ao
29
Durante o ensaio foi fornecido aos animais um alimento composto completo, de
Quadro 3: Composição do alimento composto completo fornecido aos animais utilizados no ensaio.
CONSTITUINTES g/kg
Proteína bruta 150
Celulose bruta 70
Gordura bruta 35
Cinza total 80
Lisina 9,5
matéria-prima.
libitum entre os 40 e os 80kg PV, seguido de 0,70 x ad libitum entre os 80kg e o abate.
Por fim, o GIII, recebeu 0,95 x ad libitum entre os 40 e os 60kg, 0,85 x ad libitum entre
Quadro 4: Níveis alimentares utilizados nos grupos experimentais sujeitos aos sistemas Intensivo e
Semi-extensivo.
PESO (KG) 40 50 60 70 80 90
GRUPO I 0,85 x ad libitum
GRUPO II 0,90 x ad libitum 0,70 x ad libitum
GRUPO III 0,95 x Ad Libitum 0,85 x Ad Libitum 0,70 x Ad Libitum
30
Quadro 5: Alimento distribuído ao longo do ensaio (kg ração/dia).
semana era determinado pelo peso médio do grupo, de acordo com a escala de
alimentação apresentada no quadro 5. O alimento foi distribuído uma única vez por dia,
dia anterior e se tal acontecia, as sobras eram recolhidas e pesadas. Em relação à água,
31
O abate ocorreu no Matadouro de Sousel, tendo os animais sido abatidos a um
3.4.1. Amostras
sangue obtidas à altura da sangria e conservadas a + 4ºC até à sua centrifugação (20
minutos a 1500 rpm e a + 4ºC) numa centrífuga Beckman J – 6B (Bucks, Reino Unido).
lombar, retirado entre a última vértebra dorsal e a 3ª- 4ª vértebras lombares. Estas
3.4.2. Químicos
32
3.4.3. Determinação dos parâmetros plasmáticos
análises foram realizadas com base em testes enzimáticos num analisador automático
(Hitachi 917 Automatic Analyser, Tóquio, Japão). A proteína total plasmática foi
tecido adiposo) foram homogeneizadas com uma mistura de clorofórmio e metanol (2:1,
padrão da média.
simples para avaliar o efeito do nível alimentar nos parâmetros plasmáticos, e uma
ANOVA dupla, para os efeitos nível alimentar, SP (sistema intensivo vs sistema semi-
33
extensivo) e interacção entre o nível alimentar e SP. Um modelo linear (GLM) do
pacote estatístico Statview 5.0 (SAS Institute Inc, Cary, EUA) foi utilizado. O teste de
diferenças entre médias foi testada pelo teste da diferença mínima significativa (LSD) e
34
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Parâmetros Zootécnicos
4.1.1. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema Produção (SP) Sobre a Idade ao
Abate (IA)
semi-extensivo atingiram mais cedo o peso de abate, precisando em média de 255 dias
dos restantes.
Comparando com outros valores da bibliografia, verifica-se que eles não são
concordantes. São inferiores aos obtidos por Freitas (1998) que refere pesos vivos
35
(2004) refere que só após 324 dias no sistema intensivo e 310 dias para o sistema semi-
libitum atingiram os 100kg PV. Freitas et al. (2004a) referem um período 298 dias, até
encontravam-se alojados num parque extensivo. Por outro lado, os valores obtidos neste
ensaio são superiores aos valores obtidos por Lança (2004) que refere 135 dias, 147 dias
e 145 dias para os animais atingirem um igual peso de abate (100kg), submetidos a
animais em regime intensivo e com restrições iguais às utilizadas neste ensaio, o que em
ensaio.
36
4.1.3. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre o
libitum, em regime semi-extensivo. Este valor é superior à média obtida neste ensaio. Já
animais sujeitos a este SP cresceram mais rápido. No entanto, esta diferenciação não foi
sistema intensivo, devido a uma interacção entre os factores NA e SP. Esta interacção
Como seria de esperar, o valor de IT variou directamente com a IA, visto que
37
Os animais do sistema semi-extensivo apresentam um GMD superior aos do
sistema intensivo. O efeito do exercício na deposição de proteína pode ter tido um efeito
benéfico neste grupo, aumentando-a. Por outro lado, e para além do alimento composto,
os animais podem ter tido acesso a alguma vegetação herbácea, embora provavelmente
A explicação para estas diferenças poderá ser encontrada com base na distinção
parque exterior com 3 hectares. Isto proporcionou aos animais sujeitos ao regime semi-
extensivo uma área de exercício, o que não aconteceu com os animais sujeitos ao
regime intensivo. O exercício físico pode ser importante para o bem-estar animal, visto
necessidades energéticas (Edwards, 2003, citado por Edwards, 2005). Além disso, uma
maior área disponível para cada animal melhora as condições gerais de ambiente e bem-
Estes factos poderão ter influenciado uma diferente utilização dos nutrientes
38
4.2. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre
4.2.1. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor
em Triacilgliceróis Plasmáticos
Figura 3: Influência do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em triacilgliceróis plasmáticos.
0,6
Nível Sistema NA 0,5
Alimentar De x
(NA) Produção SP 0,4
(SP)
0,3
NS ** NS 0,2
animais sujeitos ao regime intensivo deste ensaio e abatidos aos 100kg PV, obteve
valores cerca de 18% inferiores aos observados neste trabalho (0,49 vs. 0,59mmol/L).
39
4.2.2. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor
média inferior à dos animais do sistema intensivo: 2,97 vs. 3,15mmol/L (Figura 4).
Figura 4: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em colesterol total
1,5
NS 0,051 NS
1,0
plasmático. 0,5
Nota: 1Significância: NS – Não 0,0
significativo (P>0,05) Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
40
4.2.3. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre o Teor
inferior (P≤0,05) à média dos animais em regime intensivo (1,91 vs. 2,18mmol/L)
(Figura 5).
Figura 5: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em colesterol das LDL plasmáticas.
ANOVA1
Sist. Intensivo Sist. Semi-Extensivo
2,50
mmol/L
2,25
Nível Sistema NA
Alimentar De x 2,00
(NA) Produção SP 1,75
(SP) 1,50
1,25
NS * NS 1,00
0,75
Nota: 1Significância: * – P≤0,05, NS – 0,50
Não significativo (P>0,05) 0,25
0,00
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
41
4.2.4. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre o Teor
Figura 6: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em colesterol das HDL plasmáticas.
1,0
Nível Sistema NA
Alimentar De x 0,8
(NA) Produção SP
(SP) 0,6
NS 0,051 NS 0,4
0,2
1
Nota: Significância: NS – Não 0,0
significativo (P>0,05) Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
diferentes.
42
4.2.5. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor
em Fosfolípidos Plasmáticos
Figura 7: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em fosfolípidos plasmáticos.
Abreu (2004) obteve uma média de 1,78 mmol/L, em regime intensivo, um valor
43
4.2.6. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor
em Proteína Plasmática
(Figura 8).
Figura 8: Influência do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em proteína plasmática.
Nível Sistema NA 70
Alimentar De x
(NA) Produção SP 60
(SP) 50
NS * NS 40
30
Nota: 1Significância: * – P≤0,05, NS 20
– Não significativo (P>0,05) 10
0
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
Abreu (2004) obteve um valor de 72,2 g/L em regime intensivo, similar ao valor
44
4.2.7. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor
em Ureia Plasmática
O teor em ureia nos suínos presentes neste ensaio não foi afectado pelo SP nem
Figura 9: Influência do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em ureia plasmática.
ANOVA1
Sist. Intensivo Sist. Semi-Extensivo
5
g/L
Nível Sistema NA
Alimentar De x 4
(NA) Produção SP
(SP) 3
NS NS NS 2
1
Nota: Significância: NS – Não 1
significativo (P>0,05)
0
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
45
4.2.8. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) sobre Teor
em Glúcídos Plasmáticos
Figura 10: Influência do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em glúcidos
plasmáticos.
5
Nível Sistema NA
Alimentar De x 4
(NA) Produção SP
(SP) 3
NS *** NS 2
1
Nota: 1Significância: *** – P≤0,001;
0
NS – Não significativo (P>0,05)
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
46
4.2.9. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor
apresentaram o valor de 3,17g/100g. Esta diferença não foi significativa (Figura 11).
Figura 11: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em lípidos totais do
tecido muscular semimembranoso
significativas.
47
4.2.10. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) no Teor em
Figura 12: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em lípidos totais da gordura
subcutânea
ANOVA1
Sist. Intensivo Sist. Semi-Extensivo
90
g/100g
Nível Sistema NA 80
Alimentar De x
70
(NA) Produção SP
(SP) 60
50
NS NS NS 40
30
1
Nota: Significância: NS – Não 20
significativo (P>0,05) 10
0
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
48
4.2.11. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) no Teor em
Figura 13: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor de colesterol total do músculo
semimembranoso
ANOVA1
Sist. Intensivo Sist. Semi-Extensivo
90
mg/100g
Nível Sistema NA
80
Alimentar De x
(NA) Produção SP 70
(SP) 60
NS 0,055 NS 50
40
30
1
Nota: Significância: NS – Não 20
significativo (P>0,05) 10
0
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
semimembranoso.
ensaio.
49
4.2.12. Efeito do Nível Alimentar (NA) e do Sistema de Produção (SP) Sobre o Teor
Figura 14: Efeito do nível alimentar e do sistema de produção sobre o teor em colesterol total da gordura
subcutânea
ANOVA1
300 Sist. Intensivo Sist. Semi-Extensivo
mg/100g
Nível Sistema NA
Alimentar De x 250
(NA) Produção SP
(SP) 200
150
NS ** NS
100
Nota: 1Significância: ** - P≤0,01; NS
50
– Não significativo (P>0,05)
0
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
estatisticamente significativas.
50
4.2.13. Discussão dos resultados
estes animais pode ter provocado uma maior utilização deste nutriente na formação de
Quanto ao nível de ureia plasmática, este não registou diferenças significativas. Por fim,
modo a suprir as suas necessidades, com uma consequente diminuição do seu teor no
plasma.
diminuição do seu teor quando comparado com o sistema intensivo. Os animais sujeitos
ao sistema semi-extensivo estavam contidos numa área de 3ha, a qual lhes permitia a
contracção dos músculos esqueléticos, tendo como fonte primária de energia para a
lipídos e das proteínas, por esta ordem (Judy, 1984). Assim, o exercício físico aeróbico
exercício físico (Nikkilla, 1987, citado por Leaf, 2003). O exercício físico aumenta a
actividade desta enzima nos vasos capilares dos músculos esqueléticos, onde os ácidos
51
gordos das lipoproteínas plasmáticas são hidrolisados a partir para serem utilizados com
(P=0,051) e cLDL (P≤0,05), em relação aos animais criados no sistema intensivo. Esta
diminuição no nível de cLDL pode indicar que existiram menos partículas de LDL a
circular nos animais sujeitos ao sistema semi-extensivo, ou que as LDL destes animais
verdade, as LDL suínas são lipoproteínas ricas em fosfolípidos (Fidge, 1978) e uma
Em relação ao cHDL, o seu valor foi superior (P=0,051) nos animais sujeitos ao
protector sobre os acidentes cardiovasculares (Leaf, 2003). Leaf et al. (1997), citados
por Leaf, (2003) referem aumentos na ordem dos 40% no teor de cHDL, mas este efeito
parece ser mais evidente em casos em que o nível basal de cHDL é mais baixo. Assim,
exercício físico tem efeitos sobre o transporte reverso de colesterol (via HDL) e redução
da retenção do cLDL (Leaf, 2003). Este transporte reverso do colesterol induz também
uma redução na deposição deste esterol nos tractos corporais extra-hepáticos (Hill e
McQueen, 1997).
fortemente a ser inferior nos tractos muscular e adiposo analisado dos suínos
52
superiores de cHDL detectado nesses animais e com os valores obtidos por Abreu
(2004).
verificou-se uma diminuição do seu teor nos suínos sujeitos ao sistema semi-extensivo.
No entanto, esta não foi significativa. A deposição de gordura nos tecidos animais
diminui quando existe um défice neste balanço. (Bote et al., 2000). Por seu lado, a
animal. A gordura absorvida pelo tracto digestivo pode ser depositada directamente nos
tecidos gordos. Esta via é muito eficiente e resulta numa perda mínima de energia sob a
forma de calor corporal. Pelo contrário, a gordura terá de passar por transformações
usado mais eficientemente, ou tem um maior valor, quando é depositada como gordura
síntese proteica é que se inicia o metabolismo dos lípidos (Bote et al., 2000). Assim, as
nutritivas para a manutenção, como por exemplo, ambientes controlados, permitem uma
53
eficiente deposição de gordura corporal e, consequentemente, uma eficiente utilização
irão provocar um aumento na percentagem de gordura da dieta que irá ser utilizada de
forma menos eficiente (Stahly, 1996). Devido a isto, seria de esperar uma diminuição
diminuição não ter sido significativa, pode sugerir que o exercício físico a que os suínos
estiveram sujeitos não foi suficientemente elevado para provocar este tipo de efeito.
uma avaliação exacta das necessidades energéticas totais. Desta forma, a actividade
muscular parece ser mais eficiente energeticamente em suínos Ibéricos do que nas raças
melhoradas, que têm uma concentração inferior em fibras musculares do tipo I (Serra et
al., 1998 citados por Aguilera e Nieto, 2003). Estas fibras, de metabolismo
Baillie and Garlick, 1991, citados por Aguilera e Nieto, 2003). As fibras do tipo I
Aguilera e Nieto, 2003) e uma maior taxa de conversão proteica. Por outro lado,
apresentam uma cor mais escura, o que está relacionado com uma maior a retenção de
54
5. CONCLUSÕES
exercício físico que os animais sujeitos a este sistema possam ter desenvolvido.
suínos conseguem atingir o mesmo peso de abate em menos tempo e com menores
fresca obtida é mais saudável em termos de saúde pública devido aos níveis mais baixos
repercutem num menor teor em CT no músculo e gordura subcutânea dos suínos criados
em semi-extensivo.
55
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