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Controle

Físico-Químico de
Qualidade de
Medicamentos

Gil, E. S.
•••
• IPREFÁCIO
Observa-se um crescente direcionamento do profissional
farmacêutico para áreas da farmácia clínica e de mani pul ação
com ênfase na atenção farmacêutica, dirigindo ao paciente o foco
de atenção. Essa nova abordagem incrementa a importância da
qualidade dos medicamentos. As questões éticas e regulatórias
implicam, por sua vez, em tendências de crescimento das exigências
de qualidade.
Assim , a iniciativa do organizador deste livro ao t razer
aspectos regulatórios e de qualidade, passando por difere ntes
conceitos de metodologias físico-quím icas, vem pree ncher uma
importante lacuna, considerando-se a ausência de bibliografia
nacional nesse segmento. A facilidade de leitura e a forma de
apresentação, agregando aspectos estritamente práticos, mas
trazendo respostas e embasamentos técnico-científicos, co nstituem
diferenciais preciosos.
Ainda, a gama de assuntos abord ados, abrangendo aspectos
de amostragem e estatística, ensaios de id entificação, controle
de fitoterápicos, estudo de estab ilid ade, chegando à anál ise
instrumental, é de interesse para diferentes setores farmacêuticos,
da farmácia pública à industrial.
Parabenizo o organizador, pela iniciativa, que será val iosa
tanto para o acadêmico quanto para o profissional, nos desafios da
sua atividade.

Ora. Terezinha de Jesus Andreo/i Pinto


Diretora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas- USP
---------------------------------- .•
• IDEDICATÓRIA

A todos os alunos que nos fazem sentir úteis.


•••
• ISUMÁRIO
PARTE I
ASSUNTOS REGULATÓRJOS E SISTEMAS DE QUAli DADE
LEGISLAÇÃO NA GARA'ITIA E CO'ITROLE DE QUALIDADE ......... ... ........... 17
1.1 Legislação recomendada sobre Controle de Qualidade em
medicamentos .................. ................ ...... ............................................... 23
1.1.1 Leis ... ...................... .......... ..... ... ............................... ........... .... ........ 23
1.1.2 Decretos ........ .... ... .. .. ..... ......................... ..... ..... ................. ............. 24
1 .1 .3 Resoluções ...................... ...................... .. ............. ....... .... ...... .. ........ 24
1 .1 .4 Portarias .................... .... ...................................................... ............ 26
1 .1 .5 Resoluções do Conselho Federal de Farmácia (CFF) .......... ................ 27
2 GESTÃO DE QUALIDADE .............................. ........ ... .................................... 29
2.1 Sistemas de qualidade ............. ......................... ............................ .......... 32
2.1.1 Sistema ISO 9.000 ................................ ........................................... 36
2.2 'ormas de qualidade ............................................................................. 38
2.2.1 Boas Práticas de Fabricação ............. ........................... ................ ..... 39
3 VALIDAÇÃO DE PROCESSOS ... .................... ............ .... ........... ....... ........ ...... 43
3. 1 Procedimentos Operacionais Padrão (PO P) ............. .... ....... ..................... 46
3.2 Validação de métodos analíticos ............................................................ .48
3.2.1 Parâmetros analíticos de validação ................................................... 51
4 IMPLA TAÇÃO DO CO TROLE DE QUALIDADE .......................... .............. 59
4.1 Controle de Qualidade na ind ústria farmacêutica . ............ ..... ... ..... ...... .... 60
4.2 Controle de Qualidade na farmácia de manipulação ............................... 63
4.3 Controle de Qualidade em laboratórios analíticos ................................... 64
4.4 Cronograma de implantação de laboratório de controle de qualidade de
medicamentos ............. ................ ........... ........ ....... ........ ....... ...... ............ 67
4.4.1 Especificações e padrões de referência ........... ... .......... .... ... ....... ..... . 67
4.4.2 Equipamentos, reagentes e utensflios ............................................. . 69
4.4.3 Espaço iísico ......................................... .................................. ......... 71

PARTE 11
AMOSTRAS E ESTATÍSTICA APliCADA AO CONTROLE DE QUAliDADE
5 TÉCN ICAS DE AMOSTRAGEM .. ........................... ................... ...................... 79
5.1 Amostragem probabilística e não-probabilística ......................... .............. 81
5.2 Estatística aplicada à amostragem .. ................. ......................................... 82
5.2.1 Cálculo da amostra ........ ........................ ........................... ................... 83
6 PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS ............ ............... ........ ................... ................ 85
6.1 Extração líquido-líquido (LLE) ..................... ........... .. ............ ................... 87
••• 6.2 Ext ração em fase sól ida (SPE) ......... ............... ................ ......................... 88
6.3 Microextração em fase sólida (SPM E) ...................................................... 91
7 ESTATÍSTICA APLICADA AO CO I'. TROL E D E QUALIDADE ...................... ...... 95
7.1 Erros em análises quantitativas ............................................. ..... .... ... ....... 96
7.2 Distribuição normal de dados ................................................................. 97
7.2.1 Medidas da tendência central ......... ................................................. 98
7.2 .2 Medidas da dispersão dos dados ...... ..... .......................................... 99
7.2.3 Dist ribuição dos dados em torno da média .... .................... ............ . 1 00
7.3 Estatística dos erros aleatórios ...... ........ ....... ... ...................... ................ . 1 02
7.3.1 Intervalo de confiança da média ... ........... ...................................... 102
7.3.2 Propagação de erros aleatórios ................. ................ ...................... 1 05
7.4 Testes de sign ificância ................. ..... ................. .................... ............. ... 108
7.4 .1 Teste T de Student.. ......... .... .... ...................................... ................ 11 O
7.4.2 Teste F ........................................ ....... ..... ........... ........................... 114
7.4.3 Teste Chi Quadrado (x,) .......... ........ .... ............. ........... ... ......... ....... 116
7.4.4 Teste Q de Dixon ........................................................................... 118
7.5 Controle estatístico do processo ................. ............................... ........... . 120
7.5.1 Distribuição normal ....................................................................... 121
8 TRATAMENTO ESTATÍST ICO D E DADOS I STRUMENTAIS- REGRESSÃO E
CORRELAÇÃO ........ .... .... ... .... ................................... .... ..................... ..... .. 125
8.1 Regressão linear ..... ........... ... ........ .......... .............................................. 125
8.1.1 Coeficiente de correlação prod uto-momento ............. ..................... 127
8.1.2 A linha de regressão de Y em X ......... .... ...... .................................. 131
8 .1.3 Erros nos valores da tangente e do intercepto da curva de
regressão ............... ... ......... .. .... .. ................ .. ... ............... ... .......... ... 133
8.1.4 Ava liação de uma concentração ..... ................... ........ ................... .. 135
8.1.5 limitesde detecção ........... ... ........ .... .............. .. ....... .... .... ........ .. .. .. 137
8.2 O Método das adições padrão . .... ........ .... ........ ................... ........... ....... 140
8.3 Retas de regressão ponderadas .................................................. ........... 143

PARTE 111
ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO
9 MÉTODOS DE IDENTI FICAÇÃO ........... ...................................................... 155
9.1 Métodos clássicos ................ ...... .. .............................. ........................... 15 5
9.1.1 Reações de identificação para ânions comuns ................................. 156
9.1 .2 Reações de Identificação para cátions comuns ................................ 162
9.1 .3 Reações de Identificação para grupos orgânicos comuns ................. 164
9.1 .4 Teste de solubil idade .. ...... .......................................... ................... 166
9. 1.5 Análise o rganoléptica .. ........ .... .... .... ................... ............ ........ ........ 167
•••
9.2 Métodos instrumentais ......................................................................... 167
9.2.1 Identificação via análise de gráficos instrumentais .. .... .. ........ ........... 168
9.2.2 Identificação via medidas de constantes físico-químicas .... .......... .. ...... 1 70
9.2.3 Identificação via aná lise de cromatogramas ........................................ 176

PARTE IV
ENSAIOS D E PUREZA
1 O IMPUREZAS I'<ORGÂ 'ICAS ................ ..................................................... 185
10.1 Métodos gerais ........................................... ....................... ...... ........... 185
10.1 .1 Ensaios quantitativos ............................ ................... ........ .. ........... 186
1 0.1.1.1 Teor de umidade (aquamet ria) ................. ...... .. .... .. ................ 186
1 0.1 .1 .2 Teor de substâncias voláteis e não-voláteis ............ ...... ......... .. 191
1 0.1.1.3 Teor de substâncias solúveis e insolúveis totais ........................ 191
10.1.1.4 Teor de cinzas ...................................................................... 191
1 0.1.1.5 Teor de cinzas sulfatadas ...................... ................................. 191
10.1 .1 .6 Teor de cinzas insolúveis e ácido clorfdrico .... .. ...................... 192
10.1 .2 Ensaios semiquant itativos ............................... .... .. ...... .................. 193
1 0.1 .2.1 Ensaio limite para cloretos .... .... ................ ........ ... ........ .......... 193
1 0.1 .2.2 Ensaio limite para sulfatos .................................... .................. 194
1 0.1 .2.3 Ensaio limite para amônia ...................................................... 195
1 0.1 .2.4 Ensaio limite para ferro ......... ................ ............ ..................... 196
1 0.1.2.5 Ensaio limite para metais pesados .......................................... 198
10.1 .2.6 Ensaio limite para arsênio ................................. .......... ........... 199
10.2 Métodos Alternativos .......................................................................... 202
11 IMPUREZAS ORGÂ ICAS ............ ............ ............ .... ........ .......... ............... 203
11 .1 Métodos instrumentais ...... ............ .... .......... ....................................... 204
11.1 .1 Métodos de separação ...................................... .... ..... .................. 204
11.1 .2 \1\étodos eletroanalíticos ....................................... ....................... 205
11.1.3 Outros métodos empregados na detecção de im purezas ............... 206

PARTE V
ENSAIOS D E PO T ÊNCIA
12 MÉTODOS CLÁSS ICOS DE DOS EAMENTO ............................................ 211
12.1 Métodos volumétricos ........................................................ .............. . 214
1 2.1.1 Aparelhos volumétricos ................................................................ 214
1 2.1.2 Solução padrão ............. ........ ...................... ................................ 21 7
12.1 .3 Volumetria de neutralização ................................... .. .................... 221
12.1 .4 Volumetria em meio não-aquoso .................................................. 223
12.1.5 Volumetria de complexação ............... .... .............................. ........ 223
12.1 .6 Volumetria de oxirred ução ........... ......... ............................... ........ 224

• 111 -
••
12.1.7 Volumetria de precipitação ................. ........... .............................. 226
12.2 Métodos gravimétricos ......................................... ........... ................... 227
1 3 MÉTODOS I STRUMENTAIS DE DOSEAME'-T0 ...................................... 231
13.1 Métodos espectroscópicos .................................................................. 231
13.1.1 Espectrometria de absorção no UV-visível. .................................... 232
13.1.1.1 Leis da fotometria ......................................................... ........ 232
13.1.1.2 Curva de analítica ............. .............................. ...................... 235
13.1 .1.3 Outros métodos espectrométricos ............. ............................. 236
13.2 Métodos eletroanalíti cos ..................... ... ....... ...... ... ................ ............. 237
14 CÁLCU LO DE DOSEAMENT0 ......... ......... ... ....~.. ............ ......... ..... ........ ..... 243
14 .1 Cálculo da tomada de ensaio e di luição ........................... ................... 245
14.1 .1 Exemplos de cálculo de tomada de ensaio .................. .................. 246
14.1.2 Exemplos de cálculo de doseamento ..................................... ....... 250

PARTE VI
ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE
15 ENSAIOS DE QUALIDADE ..... ........ ........ ....................... ............................ 267
1 5.1 Ensaios físicos aplicados a formas sólidas ................ ................ ............ 2 70
15.1.1 Granulometria e ângulo de repouso ...... ....................... ................. 270
15.1.2 Peso ........................ .................................................... ............... 272
15.1.3 Dureza ............ ................ ... ........................ ........ ... ...................... 275
15.1.4 Friabi lidad e ..................... ............ .......................................... ... ... 276
15.1 .5 Tempo de desin tegração ............... ............... ....... ...................... ... 277
15.1.5.1 Tempo de desintegração para formas plásticas .................. ...... 278
1 5. 1 .6 Ensaio de dissolução .................................... ................................ 279
1 5.1.7 Aspectos visuais .. ... .. ....... .. .... ..... ............................ ............... .. ..... 2 82
15.1.7.1 Descrição dos defeitos em embalagens ................................. 283
15. 2 Ensaios físicos aplicados a formas semi-sólidas ..................................... 284
15.2.1 Aspectos visuais e sensoriais ............................. ............................ 285
15.2.2 Aspectos reológicos ...................................................................... 285
15.2.2.1 Viscosímetro de Brookfield ..... .................... ........................... 286
15.2.2.2 Determinação da consistência ............................................... 286
1 5.3 Ensaios físicos aplicados a formas líquidas ........................................... 287
15.3.1 Aspectos visuais e sensoriais ......................... ................................ 287
15.3.2 Aspectos reológicos ....................... ................................... ............ 287
15.3.2.1 Viscosímetro de Ostwald ....................... ................................ 288
15.3.3 Volume .......... .......... ................. ............... .. .............. ........ ........ 289
15.4 En saios de qualidade físico-químicos .................................................. 290
•••
PA RTE VIl
CO NTRO LE DE FITERÁPICOS
16 CO'-TROLE DE QUALIDADE D E FITOTERÁPICOS ...................... .............. 297
16.1 Definições ..................... ........ ..... ... ........ ................... ......................... 299
16.2 A Regulação de fitoterápicos no Brasil. ........... ........ .................... ........ . 300
16.3 Considerações gerais sobre controle da qual idade, boas práticas e
garantia da qualidade na produção de matérias-primas vegetais e
de tltoterápicos .... .. ................ ....... ..... ... .... ..... .................. ........ .... ..... 301
16.4 Controle da qualidadede de matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos .. ...... ............ .. ... ... .. .. .................... ... .. ..... .. ... ...... ............ .. 304
16.4.1 Amostragem ........... .... ... ....... ............. .. ...... ........... .......... ...... .... ... 304
16.4.2 Análise macroscópica e microscópica (análise farmacobotânica) .... 308
16.4.3 Controle físico-químico de qualidade de matérias-primas vegetais e
produtos íitoterápicos ................ ..... ............................................. 309
16.4.3.1 Ensaios de pureza .................................................................. 309
16.4.3.2 Avaliação qualitativa e quantitativa de prindpios ativos,
classe de componentes ou marcadores .......................... ......... 320
16.4.3.3 Outras determinações para insumos vegetais .......................... 336
16.5 Produto acabado (fitoterápicos) .......... ................................................ 337
1 6.5 .1 Padronização de matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos ............................ ... ..... ............ ............... ................. 3 3 7
PARTE VIII
ESTU DOS DE ESTABILIDADE
17 ESTAB ILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAM ENTOS .. .... ... ................ .... .... 351
1 7.1 Formas líquidas ................ ..... ...... ........................... ............ .... ........ .... 35 4
17.2 Formas semissólidas e sólidas ......... ... ................ .............. ........ ............ 356
18 ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA EM FÁRMACOS E
MEDICAMENTOS- "TESTE DE ESTRESSE" ..................... .......................... 359
18.1 Produtos de degradação ...... ................................. ................... ........... 360
18.2 Condução do estudo de degradação acelerada ... ................................. 360
19 TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE ................................ .. .. 363
19.1 Estudo de estabilidade acelerada ............ ... ......................................... 366
19.2 Estudo de estabilidade de longa duração ........................... .... .............. 367
20 C"-ÉTICA DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE ............. ................. 369
.. PARTE IX
FU NDAMEN TOS TEÓRICOS BÁSICOS EM ANÁLI SES INSTRUMENTAL
21 MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS ... .. ... ...... ................ .. .......... .. ..... ..... ...... . 379
21.1 Espectrofotometria no UV-visível. ......... ...... ..... ..... ............ .. ..... ... ..... ... . 381
21.1.1 Transições eletrônicas .................. ..... ............... .... ........ .... ............ 382

• 113 -
••
21.1.2 Componentes básicos de instrumentação... ............... .................... 384
21.2 Espectrometria no Infravermelho ........................................................ 385
21.2.1 Espectrometria de infravermelho próximo (NI R) ............................ 390
21.3 Fluorímetria ................................................................................. ...... 391
21 .4 Fotometria de chama, espectrometria de absorção atômica e lcp ......... 392
21.4.1 Fotometria de chama ................ ................................................... 393
21.4.2 Absorção atômica ........................................................................ 394
21.4.3 Espectroscopia de emissão de plasma ......... .. .......... ...................... 395
21 .5 Refratometria ....................... ..... ..... ......................... ... .. .. ... ................. 396
21. 6 Polarimetria ............................................ ....... ................... .. ............... 397
22 MÉTODOS TERMOANALÍTICOS .................... ... ..... ................................... 399
22.1 Termogravimetria ..................................................................... ..... .... 401
22 .2 Aná lise térmica diferencial ................................................................ .402
22.3 Calorimetria exploratória diferencial ............. ............. ........................ 402
23 M ÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃ0 ..................................................... 405
23.1 Cromatografia .................................................................................... 405
23.1.1 Cromatografia Uquida de Alta Eficiência ou
Alta Performance (CLAE ou HPLC) ..................... ......................... .422
23.1.2 Cromatografia gasosa ............................. ................... .................. .425
23.1 .3 Cromatografia supercrítica ......................... .. ................................ 426
23.2 Eletroforese ............... ... .... .... ........ ..... ............................ .. ................... 427
24 MÉTODOS ELETROQUÍM ICOS ...................................... ......................... 431
24.1 Potenciometria .. .. ..... .... ................ ...... ...... ... ................ ............ .......... . 433
24. 1 .1 Eletrodos de referência .......... .................................. ..... ............... 43 4
24.1 .2 Eletrodos indicado res ou eletrodos de trabalho ..... ......... ............... 438
24.1.3 Determ inação experimental de pH .......... ..................................... 443
24.1 .4 Eq uipamentos ........ ... ....................... .. ...... .. .................................. 446
24.2 Condutomet ria ................................ ...... ................ ................ ... ......... 446
24.2.1 Condutometria direta ........ ............ ... ........................... ................. 449
24.2 .2 Titulações cond utométricas ......... .. ... ................ ............................ 450
24.3 Voltamet ria .. .... .... ............... ....... ............................ ............................ 452
24.3.1 Pola rografia ....... ...................... .................................................... 454
24.3.2 Voltametria cíclica ....................................................................... 459
24.3.3 Voltametria de pulso diferencial ......................... ................ ......... 463
24 .3.4 Voltametria de onda quadrada (VOQ) .......................................... 465

ANEXOS
A- EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS O PERACIONAIS PADRÃO (POP ' S) ........... 475
B- EXEMPLOS DE MONOGRAFIAS FARMACOPÉICAS (ESTRUTURA GRÁFICA) .... 49 1
C- TABELAS ESTATfSTICAS ............................ ................................... ............ 507
ASSUNTOS
REGULATÓRIOS E
SISTEMAS DE QUALIDADE

" Se você é capaz de tremer de indignação


a uma injustiça, e prefere morrer em pé,
a viver ajoelhado; então somos companheiros."
(Ernesto "'CheNCuevara de La Serna)
LEGISLAÇÃO NA GARAN TIA E CONTROLE DE QUALIDADE

•••
1 LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E
CONTROLE DE QUALIDADE

GIL, E.S.; GONÇALVES, D. & FIGUEIREDO, G.

Quando se estuda Garantia e/ ou Cont role de Qua lidade


depara- se com uma d isciplina rígi da e sistemática que te nd e,
f req uentemente, a causar certa repulsa. Entretanto, tamanha rigidez
j ustifica-se pela inerente importância do tema - afi nal qualidade, para
os medicamentos, é um atributo de caráter não apenas comercial
mas, tam bém, legal, ético e moral. Assim, enquanto qualidade, para
m uitos produtos, é uma questão de competitividade, no campo da
Saúde deve ser obrigatoriamente atendida. As especificações de
qualidade conside radas imprescindíveis, se não cumpridas, podem
acarretar em sérias implicações.

"Tenha, em relação às doenças, duas coisas em vista: seja


útil ou, ao menos, não prejudique."
HIPÓCRATES - 430 AC

Nesse con texto, cabe estudar a legi slação referente ao


Con trole de Qualidade dos med icamentos. Para tanto é preciso,
em primei ro lugar, conhecer os segui ntes aspectos : A) Definição ; B)
Hi erarquia; e C) Extensão dos atos legais pelos quais o regulamento
jurídico se exprime.
A) Segundo Aurélio, (1999): " lei é regra de direito ditada
pela autoridade estatal e tornada obrigatória para manter, numa
comunidade, a ordem e o desenvolvimento".
A lei é indistinta a toda a comunidade, ao rico e ao pobre,
ao homem e à mulher, dotada de sanção.
A Constituição Federal de 1988 é pedra angular de todo o
ordenamento jurídico e fonte de val idade de todo o di reito do
Estado. Todas as leis a ela devem se adaptar e reger segundo seus
pri ncípios, caso contrário estão em afronta à Lei Maior, ou sej a, são
consideradas inconstitucionais. No art. 59 da Constituição Federal
de 1988 são apontadas as chamadas espécies normativas.
• PARTE I - ASSU N TOS REGULATÓ RIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• 6) Existe hier arquia nas espéci es normativas?

É uma matéri a mui to discutida, com opi niões d iversas e


argumentoscontundentes em duas linhas de interpretação
distintas. Um grupo afirma a inexistência da hierarquia, com
exceção das emendas constitucionais, e cada espécie normativa
atuará dentro de sua esfera de competência; caso contrário, será
caracterizada a inconsti tu cio nali dade.

Alguns juristas ap ontam o esca lonamento de no rmas em


det erm i nados c asos, como u m a hie ra rq uia, p or exemp lo. A le i
su b m ete-se à Constituição, o regulamento submete-se à le i, a
instru ção do M inistro subm ete-se ao decr et o, a r eso luç ão d o
Secretário de Estado se submete-se ao decreto do Governador, a
port aria do chefe de seção su bmete- se à resolução secr etaria!.
1. Emendas à Consti tui ção : trabalho reformador que ai Lera o poder
constituinte original, pelo acréscimo, modificação ou supressão
de normas.

2. Lei Co mplementar : tem co mo função tratar de cerlas matérias


que, para a Constituição, d evem ser regulamentadas por nor mas
mais rígidas. Exemplo: Le i O rgânica da Magistratura.

3. Lei Ordin ár ia : tudo q ue n ão for re gu lamentado por Lei


Complementar, sendo fruto de atividade do Poder Legislativo.
Exemplo: Código Civil e Penal, Código de Defesa do Consumidor
e outros.

4. Lei Delegada: é elaborada pelo Presidente da República após


solicitação prévia do Congresso Nacional, informando o assunto sobre
o qual irá legislar. Exemplo: mais usada em tempo de guerra.

5. Medida Provisória: norma privativa do Presidente da República,


ditada em caso de relevância ou urgência, com força de lei a
partir de sua publicação e vigência por 60 dias, prorrogáveis
por mais 60. Nesse período o Congresso Nacional aprovará,
rejeitará ou criará nova norma em sua substituição, podendo o
Poder Executivo editar nova medi da provisória, com o mesmo
teor, somente na sessão legislativa do ano seguinte. Exemplo:
respo nsabilidad~ técnica para distribuidora de m edicamentos
em todo o horário de funcionamento.

6. Decretos Legislati vos: deliberações de uma medida qualquer,


de caráter administrativo ou público, e de competência exclusiva
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE

•••
do Congresso Nacional, instrumento este que referenda e aprova
a decisão do Pres idente da República, dando-lhe liberd ade para
promulgar o texto em questão por meio de decreto.

7. Resolução: é um ato firmad o na própria atribuição, conferida ao


órgão ou ao representante do poder público, que regulamentará
as matérias de competência privativa da Câmara do D eputados
e do Senado Federal. Exemplo: a Agência Nacional de Vigilância
Sani tária (Anvisa) emi te resoluções que alteram o campo da
fiscalização sanitária, se nd o, portanto, um a norma vinda do
direito público.

C) A extensão territorial das leis.

1 . Leis federais, elaboradas pelo Congresso acionai;


2. Leis estaduais, elaboradas pelas Assembléias Legislativas;
3. Leis municipais, elaboradas pelas Câmaras de Vereadores.

A promulgação da Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988 trouxe maior intervenção do Estado na área da Saúde,
como a importa nte inserção de artigos na seção correspondente,assim
traduzidos:
Seção 11
Da Saúde

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recu peração.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,


cabe ndo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de tercei ros e,
também, por pessoa física ou j urídica de d ireito privado.
Art. 198 ......... .......... .... .. .. [ ... )
Art. 199 .. .................. ..... .. [ ... )
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de o utras
atri buições, nos termos da lei:
l- cont rol a r e fiscali za r procedimentos, produtos e
substâncias de interesse para a saúde e parti c i par d a
produção de medicamentos, eq uipamentos, imunobiológicos,
hemoderivados e o utros insumos.
PARTE I ·ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

11-.... ......... [... ]


11 1-............ [ ... ]
IV-............ [ ... ]
v............. [... ]
VI-.......... .. [ ... ]
VIl- participar do controle e fiscalização da produção,
transporte, guarda e utilização de substân cias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos.

VI II- .......... [ ... ]


A preocupação dos con stituintes com a qualidade dos
produtos destinados à saúde foi ratificada pela Lei n2 8.080, ·de 19
de setembro 1990, q ue dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da sa úde, a organização e o funcionamento
dos serviços de saúde.
Art.6. Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS):

l-execução de ações:

a) de vigi lância sanitária


b) ........ [ ... ]

c ) ........ [ ... ]

d ) ........ [ ... ]
11-......... [ ... ]
111- ........ [ ... ]
IV-........ [ .. .]
V- ......... [ ... ]

VI- a formulação da política de medicamentos, equi pamentos,


imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde
e a partici pação na sua produção;

VIl- o contro le e a fiscalização de servi ços, produtos e


substâncias de interesse a saúde;

VI II-...... [ .. .]

IX- a participação no controle e na fiscalização da produção,


transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e rad ioativos;

Entende-se por vigi lância sanitá ria o conjunto de ações


capazes de eliminar, d im inuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir
nos problemas sanitários decorre ntes do meio ambiente, da produção
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE

•••
e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
saúde, abrange:
1- o controle de bens de consum o que, direta ou indiretamente,
relacionam-se com a saúde, compreendidas todas as etapas
e processos, da produção ao consumo; e

11-o controle da prestação de serviços que se relacionam direta


ou i ndiretamente com a saúde.

Os profissionais de Saúde, no momento em que se iniciam


na carreira profissional, assumem deveres perante a sociedade como
uma obrigação permanente, não mais uma quantidade de princípios
que, na maioria das vezes, até então não eram observados. Com o
advento da Lei nº 8078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe
sobre a proteção ao consumidor, foram ampliados os deveres da
responsabilidade técnica, assumidos pelo profissional diante da
regulamentação específica da sua área de atuação:
Art. 6- São direitos básicos do co nsumidor:

1- a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos


provocados por práticos no fornecimento de produtos e
serviços considerados p erigosos ou nocivos;

11-[ ... )

111-a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos


e servi ços, com especi ficação, correta de quan tidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem;
O profissional que trabalha diretamente com a vida e a saúde
das pessoas está sujeito a legislações diversas, como a Constituição
Federal, Códigos Civ il , Penal, Ético e de Defesa do Consumidor, leis,
decretos, resoluções e portarias.
O profissional poderá responder por seus atos ou omissões
criminal, ética e civil mente. Por exemplo, pelo novo Código Civil
promulgado pela Lei nº 10.406, de 11 de janeiro de 2003, aquele
que causar dano a alguém tem a obrigação de indenizá-lo, podendo
responder, ainda, criminal e eticamente:
Art.186. Aquele que por ação ou omissão vol untária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilíci to.

Art.187. Também co mete ato ilfcito o titular de direito que,


ao exercê-lo, excede manifestamente os li mites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa- fé ou pelos bons
costumes.
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• [ ... ]

Art. 92 7. Aquele que, por ato ilfcito, causar dano a outrem,


fica obrigado a repará-lo.
A responsabilidade do profissional de saúde no Controle de
Qualidade é enorme. Não se pode alegar, em nenhum momento,
desconhecer a lei, pois a ninguém é dado o desconhecimento da
lei referente a sua área de atuação. Segundo o art. 121 do Código
Penal, a pena para o profissional liberal é aumentada em um terço,
pois caberia a ele a obrigação de prever o resultado, devido ao
conhecimento técnico próprio da sua formação.
A Lei nº 9.695 , de 20 de agosto de 1998 inseriu a falsificação,
corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins
terapêuticos ou medicinais, como crimes hediondos. O infrator
estará sujeito à pena de um a 1 O anos de reclusão e os crimes serão
considerados inafiançáveis, ou seja, o réu deverá cumprir a pena
integralmente, em regime fechado .
Dentro da estrutura organizacional do Ministério da Saúde
existem autarquias, como entidades vinculadas. A Anvisa é uma dessas
entidades, criada por força da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de1999,
com poderes regulatórios, de fiscalização e controle de produtos e
serviços que oferecem risco para a saúde.
Com a publicação da Lei º 8.080/1990, o conjunto de ações e
serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
No campo de atuação do SUS compete ao município executar os
serviços de Vigilância Sanitária (VISA), tendo as suas atividades caráter
educativo e repressivo.
Ao observar, por meio da fiscalização, irregularidades de
natureza sanitária, as Visa aplicarão sanções embasadas na Lei n º
6.437, de 20 de agosto 1997, e nos códigos sanitários estaduais e
municipais.
A infração é a desobediência ou a inobservância dos
dispositivos regulamenta res, sendo infrator aquele que, por ação ou
omissão, causou uma infração, participou da sua prática ou dela se
beneficiou.
É oportuno lembrar que foi editada a Resolução CF F nº 417,de
29 de setembro de 2004, que trata do novo Cód igo de Ética da
Profissão Farmacêutica, e da Resolução CFF nº 431, de 17 de fevereiro
de 2005, que trata das infrações e sanções éticas e disciplinares
aplicadas aos farmacêuticos. Trata-se de um código progressista, que
busca preservar a identidade da área da Farmácia.
O novo Código de Ética afirma, em seu preâmbulo, que:
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE

•••
"O farmacêutico é um profissiona l da saúde, cumprindo-l he
executar todas as atividades i neren tes ao âmbito profissional
farmacêutico, de modo a contri buir para salvaguarda da
Saúde Pública e, ai nda, [ .. .] " .
Portanto, é enorme a responsabilidade ética do profissional
farmacêutico.
Éessencial que todo profissional ten ha pleno conhecimento
do seu Código de Ética Profissiona l, pois no mundo globalizado de
hoje com o acesso instantâneo a info rmações, principalmente na
área da Saúde, a defesa da éti ca profissional passou a ser vi tal.

1.1 lEGISLAÇÃO RECOMENDADA SOBRE CONTROLE DE


QUALIDADE EM MEDICAMENTOS

Nos últimos anos, a legislação especificamente voltada para


a Garantia e o Controle de Qualidade de med icamentos tem sofrido
constantes atualizações. Várias resoluções e guias da A nvisa foram
submetidos à consulta pública e então revogados. Deste modo,
cabe ao leitor o cuidado de checar quais são as determinações e
recomendações em vigor. É importante esclarecer que resolu ções
são documentos co m poder de lei que devem ser o bedecidas, e
que guias são documentos que sugerem uma linha a ser seguida,
portanto, abertos à interpretação. Os gu ias são recomendações, são
inten cionalmente vagos para deixar aos analistas a f lexibilidade de
adaptá-los de acordo com o método a ser usado.
Por outro lado, muitas leis e seus respectivos decretos, aos
quais estas resoluções estão subord inadas, permanecem inalterados
por vári as décadas. Assim, a vasta legislação vol t ada ao setor
farmacêutico pode então ser descrita por meio de leis, decretos,
portarias, resoluções e guias específicos.

1.1.1 leis

• Lei no 5.991 , de 1 7/ 12/ 1973. - Dispõe sob re o contro le


sanitário de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e
correlatos, e dá outras providências.

• Lei no 6.360, de 23/09/ 1976. - Dispõe sobre a v igilância


sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os
insumos farmacêuticos e os correlatos, cosméticos, saneantes
e outros produtos, e dá outras providências.

• Lei no 8.080, de 19/ 09/ 1990. - Tra ta da o rganização e


fun cionamento dos serviços de saúde.

••
PARTE I- ASSUNTOS REGULATÓ RIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• Lei nll 9 .695, de 20/08/ 1998. - Dispõe sobre a falsificação,


corrupção, adulteração ou alteração de produtos medicinais
como crime hediondo.

• Lei nll 9.782, de 26/01 / 1999. - D efine o Sistema Nacional


de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, e dá outras providênci as.

• Lei nll 9 .787, de 10/ 02/ 1999.- Altera a lei nll 6360, de
23/09/ 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece
o medicamento genérico.

1 .1 .2 Decretos

• Decreto nll 3.675, 28/ 11 / 2000. - Dispõe medidas especiais


relacionadas com registro de medicamentos genéricos, de
que trata o art. 40 da Lei nll 9 .787, de 10/02/1999.
• Decreto nll 7.9094, de 05/ 01 / 1977.- Regulamenta a Lei nll
6.360, de 23/ 09/ 1976.
• Decreto nll 3.961, de 10/ 10/2001 . - Altera o Decreto nll
79.094, de 05/01 / 1977, que regulamenta a Lei n11 6.360, de
23/09/ 1976.
• Decreto nll 74.174, de 10/06/ 1977.- Regulamenta a Lei nll
5.991, de 17/12/1973 .

1.1.3 Resoluções

• Resolução RDC nll 46, de 18/05/ 2000.- Normatiza os processos


de produção e controle de qualidade, a aquisição e distri buição
dos medicamentos hemoderivados para uso humano.

• Resolução RDC nll 09, de 02/01 /2001. -Aprova o regulamento


técnico de sol uções parenterais de pequeno volume.

• Resolução RDC nll 80, de 18/ 03/ 2002.- Regulamento técnico


de registro, alterações e inclusão pós-registro e revalidação
de produtos bio lógicos.
• Resolução RDC nll 35, de 25/ 02/2003.- Determina a todos os
estabelecimentos distribuidores e fracionadores de insumos
farmacêuticos o cumprimento das diretrizes estabelecidas
no regulamento técnico de Boas Práticas de Distribuição e
Fracionamento de Insumos Farmacêu ticos.
• Resolução RDC nll 79 , de 11 / 04 / 2003. - Trata da
admissibilidade de códigos farmacêuticos estrangeiros como
referência no controle de qualidade de insumos e prod utos
farm acê uticos.
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALI DADE

••
• Resolução RDC n2 133, de 29/05/ 2003.- Dispõe sobre o registro
de medicamentos similares e dá outras providências.
• Resolução RDC n2 134, de 29/05/2003. - Dispõe sobre a
adeq uação de medicamentos já registrados (parcialmente
revogado pela RDC n2 21 O e pela RDC n2 48).

• Resolução RDC no 135, de 29/ 05/ 2003. - Regulamento


técnico para med icamentos genéricos. (revoga a RDC no 84,
de 2002) .
• Resolução RDC no 136, de 29/05/ 2003. - Dispõe sobre registro
de medicamentos novos (alterado parcialmente pela RDC
n.221 O e n.272, de 2004) .

• Resolução RDC no 139, de 29/05/2003 .- Dispõe sobre registro


de medicamentos homeopáticos industrializados.

• Resolução RE no 899, de 29/ 05/ 2003. - D etermina a


publicação do "Guia para validação de métodos analíticos
e bioanalfticos"; fi ca revogada a Resolução RE nl1 475, de
19/ 03/ 2002.
• Resolução RDC no 21 O, de 04/08/2003 .- Determina a todos os
estabelecimen tos fabricantes de medicamentos o cumprimento
das diretrizes estabelecidas no regulamento técnico das Boas
Práticas para a Fabricação de Medicamentos.
• Resolução RDC nl1 333 , de 19/ 11 / 2003. - Dispõe sobre
rotulagem de medicamentos e outras providências.
• Resolução RDC no 186, de 27/07/2004.- Dispõe sobre a notificação
de drogas ou insumos farmacêuticos com desvio de qualidade
comprovado pelas empresas fabricantes de medicamentos,
importadores, fracionadores, distribuidoras e farmácias.

• Resolução RDC nl1 72 , de 07/ 04/ 2004. - Dispõe sobre os


medicamentos importados a granel ou em suas embalagens
primárias.
• Resolução RE n2 88, de 16/03/ 2004. - Determina a publi cação
da " li sta de referências bibliográficas para avaliação de
segurança e eficácia de fitoterápicos".

• Resolução RE nl1 89, de 16/03/2004. - Determ ina a publicação


da " lista de registro simplificado de fi toterápicos".

• Resolução RE no 90, de 16/ 03/ 2004.- Determina a publicação


da "gui a para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica
de fitoterápicos" .
• Resolução RE n2 91 , de 16/04/ 2004.- Determina a publicação
do guia para a realização de alteração, i nclusões, notificações
e cancelamentos pós-registros de fitoterápicos.
• Resolu ção RDC no 48, de 16/04/ 2004. - Dispõe sobre o
registro de medicamentos fitoterápicos.
PARTE I -ASSUNTOS RE GULATÓ RIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• Resolução RE nQ 398, de 12/1 1/2004.- Determina a publicação


do Guia para a Realização de Estudos de Estabilidade.
• Resolução RDC nQ 354, de 18/ 12/ 2004. - Permite a
manipulação de produtos farmacêuticos de uso interno,
que contenham substâncias de baixo índ ice terapêutico, aos
estabelecimentos farmacêuticos que cumprirem as condições
especificadas.

• Resolução RDC nQ 27, de 30/03/ 2007. - Dispõe sobre o


Sistema acionai de Gerenciamento de Produtos Controlados
- SNGPC, estabelece a implantação do módulo para drogarias
e farmácias e dá outras providências.

• Resolução RDC nQ 58, de 05/09/2007. - Dispõe sobre o


aperfeiçoamento do controle e fiscalização de substâncias
psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências.
• Resolução RDC nQ 67, de 08/10/2007. - Dispõe sobre Boas
Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais
para Uso Humano em Farmácias, revogando a RDC nQ 33, de
19/ 04/ 2000, RDC nQ 354, de 18/12/2003, e RDC nll 214, de
12/ 12/ 2006. Alterada pela RDC nQ 87, de 21 / 11 / 2008.
• Resolução RDC NQ 44, 1 7/08/2009- Dispõe sobre Boas Práticas
Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da
dispensação e da comercialização de produtos e da prestação
de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras
providências.

1 .1.4 Portarias

• Portaria nº 344, de 12/ 05/ 1998. - Aprova o regulamento


técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle
especial.

• Portaria nll 2.043, de 12/ 12/ 1994. - Institui o sistema de


garantia de qualidade de produtos correlatos, submetidos ao
regime da lei nº 6360, de 27/ 09/ 1975.

• Portaria nº 106, de 24/06/ 1996. - Reconhece contrato de


terceirização das atividades de controle de qualidade dos
medicamentos e seus insumos com laboratórios e entidades
públicas ou privadas.

• Portaria nQ 19, de 16/02/ 1996. - Aprova a relação de


documentos necessários à formação de processos para a
sol icitação de registro de medicamentos importados.

• Portaria nQ 40, de 13/01 / 1998. - Estabel ece normas para


nfveis de dosagens diárias de vi taminas e minerais em
medicamentos.
l EGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE

••
• Portaria n!l 802, de 08/10/ 1998. - Institui o sistema de controle
e fiscalização em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos.
• Portaria n2 272, de 08/04/1 998. - Regulamento técnico para
fixar os requisitos mínimos exigidos para a terapia de nutrição
parenteral.
• Portaria n2 51 9, de 26/06/1998. - Aprova o Regulamento
T écnico para Fi xação de Identidade e Qua lida de de
"Chás - Pla ntas Destinadas à Preparação de Infusões ou
Decocções".

1.1.5 Resoluções do Conselho Federal de Farmácia


(CFF)

• Resolução n!l 417, de 29/9/ 2004. -Aprova o Código de Ética


da Profissão Farmacêutica.
• Resolução n2 431 , de 17/02/2005. - Dispõe sobre as infrações e
sanções éticas e disciplinares aplicáveis aos farmacêuticos.

Fontes de pesquisa na Web:


www.anvi sa.gov. br
www.cff.org.br
GESTÃO DE QUALIDADE

••
2 GESTÃO DE QUALIDADE

GIL, E.S. & QUINTIN O, W.A.

O conceito de qualidade, embora bastante su bjetivo,


pode ser definido, de modo bem simples, como um conjunto de
at ri butos que se deseja para um determinad o produto. A satisfação
das expectativas do cliente e o cumpri mento de aspectos técnicos e
de performance legalmente exigidos são dois fatores determinantes
para o conceito.
Para definições ma is precisas de qualidade deve-se
contextualizá-la a partir de enfoques como visão transcendental,
produto, cl iente, produção e valor.
Na ótica transce ndental, qualidade é si nônimo de excelência
absoluta, com alto nível de realização e universalmente reconhecida,
havendo ce rta eternização nas obras de alta qualidade.
Nessa abordagem, qualquer que sej a a natureza da
quali dade, existe uma dependência do entend imento das pessoas,
sendo, portanto, inere ntemente subjetiva.
Sob a ótica do produto, o conceito de qualidade passa a
ter senti do mais concreto, preciso e mensurável. As diferenças de
qualidade estarão atreladas a atributos específicos ou ingredientes
do produto.
A a b o r dagem fundamentada no u suá rio retoma a
subjetividade, pois cada consumidor apresenta desejos e preferências
pessoais. Ressalta-se, aqui, que focar a qualidade na satisfação
do cliente nem sempre resulta em produtos com alto padrão de
qualidade. Por exemp lo, as rádios mais ouvidas, em geral, não são as
que tocam música de melhor qualidade, assim como a lista de liv ros,
CDs ou DVDs mais vendidos não seriam os mais transcendental mente
bem elaborados.
Na definição fundamentada na produção a qualidade passa
a se r sinônimo do cumprimen to das especificações, que em se
tratando de medicamentos, são bem exigentes. Dessa forma, uma
Ferrari e um Uno Mille poderiam equivaler em qualidade, desde
que cumprissem as especificações.
Por f im, há a ótica fu ndamentada no valor e nas relações custo-
• PARTE I ·ASSUN TOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• benefício. Definir qualidade em termos de custo e preço é uma tarefa


de difícil aplicação prática, pois seus limites são pouco definidos e
dependem da variabil idade das necessidades de cada cliente.
Mas se o conceito de qualidade pode, sob vários aspectos,
ser bastante subjetivo, sua importância é irrefutável.
Como demonstram alguns exemplos históricos, a importância
da qualidade, bem como o seu controle e/ ou a garant ia, se mpre
esteve associada aos processos produtivos, evoluindo de acordo com
as exigências fundamentadas em aspectos econômicos e culturais.
Por volta de 2.150 a.C. , o código Hamurabi demonst rava
preocupação com a qualidad e das habitações e determi nava a
imolação de construtores que negociassem imóveis débeis.
Os fenícios, por sua vez, amputavam as mãos dos fabrica ntes
que produzissem produtos fora das especificações. Posteriormente,
no J mpério Romano , foram desenvolvidos siste mas de qua lificação
de produtores, bastante avançadas para a época, que controlavam
toda a produção rural de seu domínio. Já na Idade Média, Luis XIV
aprovou normas relacionadas com a escolha de fornecedores e
controle de processos de fabricação de embarcações.
A evolução dos mecanismos de co ntrole de qualidade
passou por três fases: Era da Inspeção, Era do Controle Estatístico e
Era da Qualidade Total.
Na Era da Inspeção os produtos eram verificados um a um,
com a participação do cliente; o foco estava na detecção dos defeitos,
analisando a tendência de gerar erros ou falhas.
A Era do Controle Estatístico surgiu com o advento da
Revolu ção Industrial, durante a qual se deu a produção em
larga escala.
essa era, os produtos eram amestrados e inspecionados
por um departamento especializado; a ênfase estava na localização
dos defeit os.
Esta era se estendeu até o final do século XX, quando foi
substituída pela Era da Qua lidade Total. Nesta, cujo lema é "faça
certo desde a primeira vez" , o processo produtivo é controlado
desde a etapa do projeto, visando prevenir defe itos e assegurar a
qualidade. Na Era da Qualidade Total todos os membros da empresa
são responsáveis pela qualidade do produto.
A Garant ia da Qual id ade base ia- se nos princfpios da
Qualid ade Tota l, sendo necessário o contro le de toda a cadeia
produtiva - desde a qualificação dos fornecedores até os serviços de
atendi mento ao consumidor (SAC), que a partir da Lei de Defesa do
Consumidor nº 8.0 78/ 1990 tornaram-se obrigatóri os.

30
GESTÃO DE QUALIDADE

•••
A Garantia da Qualidade é uma estratégia de diferenciação
e de sobrevivência. Garantir a qualidade é primar pela prevenção de
defeitos, evitando qualquer retrabalho. Deste modo, a manutenção e
melhoria contínua da qualidade permeia a redução de custos, que por
sua vez, é essencial em um mercado cada vez mais competit ivo.
Os custos associados à qualidade, como treinamento de pessoal,
qualificação de fornecedores, controle de processo, são invariavelmente
menores que os custos associados à não-q ualidade, tais como a rejeitos,
reca/ls, reprocessos, parada ou atraso de produção, comprometimento
da imagem da empresa ou, nos piores casos, custo das indenizações
aos clientes.
Enfim , Garanti a da Qualidade é um conjun to de ações
sistematizadas, necessárias e suficientes para prover a confiança em
que os requisitos da qualidade de um produto ou serviço sejam
atendidos.
Entre essas ações está contro lar a qualidade em todas as etapas,
função desempenhada pelo departamento de Controle de Qualidade.
Este departamento pode ser subdivi.dido ou não, de acordo com suas
fu nções: controle de matérias-primas, controle físico-químico, cont role
de processo, controle biológico, controle microbiológico, inspeção de
embalagens, inspeção de equipamentos e outros.
Para garantia da qualidade , essas ações devem estar
harmon iosamente correlacionadas e serem geridas como um todo,
originando o que hoje se conhece por Gestão da Qualidade.
Gestão da Qualidade é, portanto, o conjunto de atividades
gerencia is q ue determinam a política da qualidade, seus objetivos e
responsabilidades implementados por meio do planejamento, garantia,
controle e melhoria contínua da qualidade.
Esse sistema organizacional está estruturado de forma a que
todos os procedimentos, responsabi lidades, processos e atividades
estejam fundamentados em um objetivo com um : a busca pela
excelência da qualidade de produtos e serviços.
Entre outros benefícios, estratégias coorporativas baseadas na
gestão da qualidade viabilizam a manutenção da lealdade do cliente,
melhoria de resultados, versatilidade competitiva, otim ização do uso
de recu rsos e incremento das competências da organização, além de
agregar valores à empresa e ao cliente.
No setor fa rmacêutico, os sistemas e filosofias da qualidade
foram aperfeiçoados e intensificaram-se a partir da década de 1970,
depois que o Guia de Boas Práticas de Fabricação foi instituído.
A partir daí, muitos processos e filosofias sobre qualidade foram
criados e adotados no sentido de atender ao padrão desejado para
med icamentos.
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE Q UALIDADE

•• 2.1 SISTEMAS DE Q UA LIDADE

Em um Sistema de Qualidade eficiente há, invariavelmente,


participação efetiva de todos os envolvidos na cadeia produtiva.
Portanto, a metodologia adotada por uma empresa no
gerenciamento da qualidade associa todas as atividades executadas
por seus colaboradores no senti do, não apenas, de atender aos
padrões legais de qua li dade , como também de sati sfazer as
expectativas do cliente.
Nesse contexto, o sistema de Gestão da Q ualidad e trata
de t rês questões fu ndamentais: o planejamento da qualid ade, a
manutenção da qualidade e a melhoria contínua da qualidade.
- No planejamento da qualidade são estabelecidas as metas
e os objeti vos, desenvolvi dos os processos, providos os
meios e recursos, determi nad os os padrões de qualidade e
estabelecidas as estratégias, ações e responsabilidad es.
- A manutenção da qualidade traduz-se pela garantia da
qualidade. essa função são realizados o acompanhamento,
a supervisão e o controle para atingir os padrões de qualidade
pré-estabelecidos, bem como a auto-avaliação do sistema
de qualidade em exercício, com revisão/atualização dos
processos, quando necessária .
- Na melhoria da qualidade busca-se o aperfeiçoamento e a
resolução contínua de prob lemas e melhoria dos processos.

Independente do sistema de qualidade adotado pela


empresa, esses aspectos fundamenta is se rão sempre abordados.
A produ ção de produtos e serviços com qualidade é uma
tarefa árdua que requer desenvolvimento e implantação de Sistemas
de Gestão da Qualidade, que sejam incorporados por todos os
colaboradores da empresa, inclusive pela alta direção, de forma que
haja um comprometimento comum de conquistar a excelência.
Para tanto, é importante que se definam algu ns conceitos
fundamentais.
Sistema é um con junto de partes que interagem e
interdependem, formando um todo com obj etivos e propósitos
comuns, efetuando sinergicamente uma fun ção . Em um Sistema
da Qualidade o objetivo comum é a conqu ista da exce lência
em qualidade. já os Programas de Qualidade são fi losofia s,
procedimentos o u estratégias das q uais as partes de um sistema
utilizam -se na busca da qualidade almejada.-
Existem hoje vários programas gerenciais ou filosofias adotadas
GESTÃO DE QUALIDADE

•••
na implantação de um sistem a de qualidade. Destacam-se Ciclo
PDCA, Programa SS, Metodologia dos Seis Sigma, Benchmarking,
além de diferentes sistemas de qualidade e logística, como }ust in
time, MPR e OPT, os quais podem ser aplicados independentemente
ou em associação, no sentido de atender às norm as de qualidade
compulsórias (ISO 9000) ou legalmente exigi das (BPF e BPM) . Estes
conceitos e filosofias são sinteticamente apresentados a seguir.
•PDCA
A filosofia do PDCA é baseada no significado dos verbos
planejar (to plan), desempenhar/fazer (to do), analisar/ checar (to
check) e agi r (to act).
No ato de planejar é feito o planejamento das atividades,
o estabelecimento das metas e elaborado um plano de ação para
atingir os objetivos.
No ato de desempenhar se dá a coleta de dados e a execução
dos processos .
Na ação de analisar/ checar são conferidos os resultados
obtidos e feita a avaliação da necessidade de ajuste de rota e de
redefinição das ações.
Finalmente entende-se por agir, neste programa, os atos
voltados para a manutenção e a melhoria da qualidade, tais como
padronização e ações corretivas.

• Programa 5 S

Baseia-se e m cinco palavras japonesas relacionadas com a


prática de "bons hábitos".
a) Seiri: senso de utilização, se leção e descarte;
b) Seiton: senso de ordenação, arrumação e organização;
c) Seiso: se nso de limpeza;
d) Seiket su: senso de padronização/ conservação;
e) Shitsuke : senso de autodisciplina, manutenção da ordem.
Entre os objetivos principais do SS estão: eliminação do
desperdícios com redução de custo, aumento da produtividade,
co nservação da energia, prevenção de acidentes, conservação
ambiental, desenvolvimento de elementos básicos da qualidade.

• Metodologia dos Seis Sigma

Visa detectar e eliminar as causas dos erros ou fa lhas


ocorridas durante os processos, focalizando resultados relevantes
aos cli entes.
• PARTE I - ASSUNTOS REGULATÓRIO i E SISTEMAS DE QUALIDADE

• • Estratégia Benchmarking

Nessa estratégia, a atualização de todos os processos baseia-


se na concorrência ou em um referencial de mercado.
É fundamentada em medidas práticas de desempenho
tomadas por organizaçõe~, diferentes, por comparação de produtos
e processos.
Pode ser interna, competitiva, funcional ou genérica.

• just in time UIT)


É um sistema de gestão no qual a produção é regida pela
demanda, de modo que em cada estágio são produzidos apenas os
itens realmente necessários, nas quantidades e momento corretos.
É composto de práticas gerenciais que primam pelo estoque zero,
eliminação do desperdício, produção em fluxo contínuo, pelo esforço
incessante na resolução de problemas e pela melhoria constante
dos processos.

•MPR
O sistema MPR é definido pela sua sigla, Material Requirements
Planning. Nesse sistema de qualidade as metas básicas são o cumprimento
de prazos de entrega conforme os pedidos dos clientes, o que leva,
simultaneamente, à diminuição dos estoques. O gerenciamento deste
sistema conta com o auxílio de poderoso software.

•OPT

O sistema OPT (Optimized Production Tecnology) é uma


técnica também baseada em software desenvolvida por
pesquisadores israelenses. O princípio desse sistema está no fluxo
de materiais que maximizam a produção, enquanto as despesas
operacionais, incluindo despesas com estoque, devem ser
minimizadas.
Além das diver;as filosofias empregadas em sistemas
voltados para a qualidade existem várias ferramentas gerenciais
que visam detectar problemas e resolvê-los em busca da garantia
da qualidade. Entre outras ferramentas utilizadas nos programas
aplicados aos sistemas de qualidade destacam-se Brainsforming,
Diagrama de Causa e Efeito "espinha de peixe", Plano SW2H e
Folhas de Verificação.
GESTÃO DE QUALIDADE

•••
• Brainstorming:
Geração de idéias para solução de problemas.
Regras básicas:
a) todos os membros devem opinar cabendo a um líder
orie ntar;
b) nenhuma ideia deve ser criticada;
c) após análise eliminam-se as causas pouco prováveis;
d ) desen volve reuniões com objetividade, evitando
discussões ou debates.

• Diagrama de causa e efeito (Diagrama de lshikawa):

Visa a identificar todas as possíveis causas de um determinado


efeito e segue as seguintes etapas: a) estabelecer o problema; b)
usar o Brainstorming; c) constru ir diagrama "espinha de peixe "; d)
determinar causas básicas; e) anotar causas secundárias; e f) avaliar
diagrama para determinar: f1 ) as áreas de melhoria, f2) as causas
que podem ser prontamente resolvidas, f3) áreas que necessitam
de estudos mais profundos.
Pessoal Matérias-primas
__ ) - ________ ) - __________ Problema

Cliente Tecnologia de Produção

•Plano de ação 5W2H

É fundamentado em cinco perguntas constituídas de palavras da


língua inglesa que começam com W e duas com H na língua inglesa:
a) What (o quê?); Who (quem?); When (q uando?); Where
(onde?); Why (por quê?)

b) How (como?); How much (quanto?).

Neste plano são fe itas perguntas básicas relacionadas ao


processo, tais como:

a) O que se quer melhorar, qual o problema, e quais as metas?;

b) Quem é responsável pela tarefa, e quem é o cliente?;

c) Quando se quer atingir um objetivo, e quando se deve cumprir


uma tarefa?;

• 135 -
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• d) Onde será executada ou planejada uma tarefa?;

e) Por que se deseja determinado padrão de qualidade?;

f) Como se pretende realizar um processo, como é avaliado o


processo?;

gl Por que o processo segue determinada ordem?;

h) Quanto c usta?

• Folhas de verifi cação


São mecanismos que perm item visualizar e controlar o
processo .
São instrumentos/ documentos que permitem detectar a
frequência de certas ocorrências durante determinado período.

2.1.1 Sistema ISO 9 .000

A lnternational Organization for Standardization (ISO) é um


organismo mundial de normalização sediado em Genebra, Suíça,
em funcionamento oficialmente desde 23 de fevereiro de 1947.
Atua lmente, conta com a participação de 1 53 países. O Brasil é
um dos fundadores, tendo como seu representante a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Sua principal atividade é a elaboração de normas técnicas
q ue visam não apenas auxiliar os fabricantes no estabe lecimento e
gerenciamento de padrões técnicos, avaliação de conformidade,
solução de problemas de produção e de distribuição, como também
nortear o estabelecimento de regulamentações por parte dos governos
e lideranças econômicas, além de contribuir para que o consumidor
possa adquirir produtos e serviços de origem confiável.
As normas BR ISO 9000, família ISO 9000, são algumas
das mais conhecidas entre as várias normas desenvolvidas por esse
organismo que é uma referência internacional para normas de gestão
da qualidade. Buscam responder às exigências de qualidade do
mercado com base em características e padrões pré-estabelecidos
que se tornam regulamentações a serem aplicadas e obedecidas para
mel horia contínua da performance do produto e da organização,
promovendo a satisfação do cliente.
As novas normas da séri e ISO 9000, con hecidas como

,.... 36 1•
GESTÃO DE QUALIDADE

••
ISO 9000:2000, promovem a adoção da abordagem de processo
no desenvolvimento, implementação e melhoria dos sistemas de
Gestão da Qualidade (exp ressão utilizada pelo fato de que as
normas abordama garantia da qual idade do produto e a satisfação do
cliente). Sua estrutura é formada pela ISO 9000:2000, fundamentos
e vocabulário; ISO 900:2000, requ isitos- as bases do SGQ e ISO
9004:2000, diretrizes para melhoria de desempenho.
Foram construídas e devem ser aplicadas tendo como apo io
oito pilares:
a) foco no cliente- as organizações precisam compreender
as necessidades e expectativas atuais e futuras de seus clientes de
modo a poder atendê-las;
b) liderança - os líderes precisam estabelecer propósitos e
diretrizes únicas para a organização e divulgá-las adequadamente,
de modo que as pessoas que nela trabalham e que com ela se
relacionam tornem-se envo lvidas;
c) envolvimento de pessoas - para que se complete o
envolvimento as pessoas, além de estarem conscientes dos propósitos
da organização precisam, ainda, aplica r suas habilidad es da melho r
maneira possível, promove ndo o máx imo benefício da o rganização
e dos clientes;
d ) abordagem de processos - os rec ursos existentes e
as atividades relacionadas devem ser geridos como processos,
com o apoio a ferramenta PDCA, já exposta anteriormente. A
norma identifica processo como um conjunto de atividades inter-
relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em
produtos (saídas);
e) abordagem sistêmica - a organização conseguirá maior
efetividade à medida que identificar, entender e gerenciar um sistema
de processos inter- relacionados;
f) melhoria contínua- melhorar a cada dia as atividades e
os produtos oferecidos deve ser uma proposta constante;
g) decisão baseada em fatos- informações e dados devem
ser a base para uma tomada de decisão confiável e efetiva;
h) benefício mútuo com fornecedores - a organização
consegue aumentar a agregação de valor àquilo que produz quando
tem o apoio dos seus fornecedores, o que ocorre quando as relações
são de benefício mútuo.
O Comitê Técnico (TC 176 da ISO) desenvolveu um modelo
de processo que retrata os requisitos genéricos de um Sistema de
Gestã o da Qualidade, baseado no Plan-Do-Check-Act (PDCA),

• 137 -
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• reproduzido na sequência da explicitação da abordagem dada ao


PDCA.
a) Plan (planejar): estabelecer os objetivos e os processos
necessários para obter resultados de acordo com os requisitos do
cliente e com a política da qualidade da organização;
b) Do (fazer): implementar os processos;
c) Check (checar): monitorar e medir os processos e produtos
em relação à política, objetivos e requisitos para o produto, bem
como comunicar os resultados;
d) Act (agir): executar ações com a finalidade de melhorar
continuamente o desempenho dos processos.

2.2 NoRMAS DE QuALIDADE

O setor farmacêutico é regulado por leis próprias, e no que


diz respeito a padrões de qualidade, apresenta exigências bastante
rígidas, já que seus produtos e práticas afetam a segurança do
consu midor.
Os padrões de qualidade seguidos pelos fabricantes podem
seguir normas divididas em duas categorias: as obrigatórias (legais) e
as voluntárias (diferenciais), cabendo a este estabelecer sua própria
política de qualidade.
Nesse contexto, entende-se por normas de qualidade
os padrões de qualidade regulamentados, os quais o setor deve
obrigatoriamente, atender. O utrossim, atribui -se ao fabricante a
responsabilidade pela qualidade do medicamento que produz, pois
só este tem condições de evitar erros e contra-tempos, mediante a
validação e o intenso controle de todos os processos.
Porém, cabe ao governo de cada país a proteção de seus
cidadãos, incluindo aqui o direito à saúde e a medicamentos seguros
e eficazes. Desse modo, o governo deve estabe lecer e fazer serem
cumpridos os padrões de qualidade considerados mínimos para a
garantia da qualidade dos medicamentos.
No Brasi I, o órgão responsável por fi scalizar o setor farmacê utico
é a Agência acionai de Vigi lância Sanitári a (Anvisa), criada em 19 de
abril de 1999 pelo Ministério da Saúde . O modelo adotado segue os
padrões das agências européias e norte-americanas.
Com a finalidade de estabel ece r uma referê ncia para a
inspeção de instalações, processos e produtos, bem como fornece r

J- Jsl •
GESTÃO DE QUALIDADE

•••
treinamento a seus inspetores, a Anvisa publica regulamentos técnicos
voltados ao setor farmacêutico.
A Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007, alterada
em alguns itens pela RDC nº 87, de 21 de nove mbro de 2008, institui
as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias.
A Consulta Pública nº 3 , de 12 de janeiro de 2000,
regulamenta as Boas Práticas de Fabricação para os fabricantes de
medicamentos.
Finalmente, a Resolução do colegiado RDC 134, de 1 3 de
junho de 2001, revogad a pela RDC 210/ 2003 , dita os requi sitos
mínimos necessá rios às indústrias farmacêuticas para garantir a
qualidade dos medicamentos que fabricam.

2.2.1 Boas Práticas de Fabricação

O conjunto de normas obrigatórias descritas pelas Boas Práticas


de Fabricação (BPF) para medicamentos e produtos afins surgiu nos
EUA, em 1902, e serviu de base para as normas adotadas por quase
todos os países.
Em 1948 a Organização Mundial da Saúde (OMS), vinculada à
Organização das Nações Unidas (ONU), criou um conjunto de normas
para as Boas Práticas de Fabricação que é adotada pelo Mercado
Comum do Sul (MERCOSUL). Essas normas foram revisadas em 1990
com base nas normas da série ISO 9.000, tornando-se ainda mais
abrangentes no que diz respeito à garantia da qualidade.
As normas da série ISO complementam as obrigatórias das BPF,
de modo que sua certificação dá ao fabricante posição de status.
O grande diferencial do padrão de qualidade ISO em relação
ao padrão BPF é que as normas ISO se preocupam não apenas com
a qualidade do produto, mas com uma série de outros aspectos não
abordados pelas BPF que visam à plena satisfação do cliente.
Segundo a RDC 21 O, de 4 de agosto de 2003, as Boas Práticas
de Fabricação determinam que:
a) todos processos de fabricação devem ser claramente definidos
e sistematicamente revisados, mostrand o-se capazes de fabricar
medicamentos dentro dos padrões de qualidade exigidos;
b) as etapas críticas dos processos de fabri cação devem ser
val idadas;

• 139 -
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• c) as áreas de produção devem ser providas de toda infraestrutura


necessária (pessoal qual ificado e treinado, procedimentos
aprovados, espaço, instalações, equipamentos e matérias-primas,
bem como armazenamento e transporte adequados);

d) registros de todas etapas de p rodução que possibilitem fácil


rastreamento e a investigação de quaisquer desvios;

e) sistema de atendimento a reclamações pós-venda, bem como de


recolhimento de respectivos lotes.

No Quadro 1, são listados alguns requisitos da ISO 9000,


que não são totalmente atendidos pelas BPF.

Quadro 1: Requisitos ISO e grau de atendimento da BPF


Grau de atendimento BPF
Requisitos ISO 9001 :2000
Parcial Não atendido
4.2.2 Manual de qualidade X
5 .1 Compromisso da direção X

5.2 Foco no cliente X

5.3 Política da qualidade X


5.4.1 Objetivos da qualidade X
5.4.2 Plan~amento do Sistema Gestão da X
Ouali ade
5.5.1 Responsabilidade e autoridade X
5.5.2 Representante da direção X
5.5.3 Comunicação interna X
5.6 Análise crítica da direção X
6.1 Provisão de recursos X
6 . 2.2 Competência, conscient iz ação e X
treinamento
6 .3 Infraestrutura X
7.2.2 Análise crítica dos requisitos dos clientes X
7.2.3 Comunicação com cliente X
7.3 Controle de projeto X
7.5 .4 Propriedade do cliente X
8.2.1 Satisfação do cliente X
8.2 .2 Auditoria interna X
8.3 Controle de produto não conforme X
8.5. 1 Melhoria contínua X
8.5.2 Ação corretiva X
8.5.3 Ação preventiva X

Entre os requisitos essenciais abordados pelas duas normas


estão o controle e a validação de processos. O controle de qualidade
de cada etapa da cadeia produtiva confere à empresa maior
segurança, reduzindo o número de rejeitos do produto final.
G ESTÃO DE QUALIDADE

•••
No que diz respeito à validação de processos, pode-se dize r
que não existe garantia da qualidade se o sistema de qualidade não
dispuser demecanismos que validem todos os processos da cadeia
produtiva.

• 141 r :n
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

•••
3 VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

GIL, E.S.; MONTALVÃO, E. V. & BATISTA FILHO, R.O.P.

A busca da qualidade total requer um domínio amplo de cada


fase do processo produtivo. Neste caso, a validação é a ferramenta
adequada para garantir a confiabilidade de instalação deste processo,
bem como de componentes-chaves que incluem qualificação de
equipamento, instalação, fornecedores e a validação de metodologias
analíticas, seja do setor farmacêutico, seja de qualquer outra área
onde a qualidade do produto fabricado é indispensável.
Validar significa provar e documentar resultados que indiquem
que o método é seguro dentro dos limites estabelecidos, e que com
sua aplicação se conseguem os resultados desejados. Engloba revisão
sistemática da cadeia produtiva, incluindo instalações e equipamentos,
com o objetivo de garantir o cumprimento dos procedimentos de forma
reprodutível a fim de que os produtos possam ser fabricados com a
qualidade desejada.
Perguntas polêmicas, como: "o quê e como validar um
processo?", são frequentes. A primeira resposta seria "tudo"; já a
segunda parte da questão é bem mais complexa.
Alguns processos são válidos simplesmente pela eficiência da
forma pela qual eles são controlados e documentados (por exemplo,
programas de manutenção preventiva, procedimento de paramentação
e outros). Processos como controle de umidade e temperatura
dos ambientes produtivos devem necessariamente ser atrelados
a programas de calibração dos equipamentos de medição, enquanto
processos como compra e recebimento de matérias-primas
devem ser atrelados a programas de qualificação de fornecedores.
Finalmente, a validação da grande maioria dos processos diretamente
ligados à produção requer, além da documentação detalhada de
todas as etapas, incluindo mecanismos de controle, a qualificação dos
equipamentos e estudos comprobatórios de performance.
Como exemplos ilustrativos, o Quadro 2 destaca alguns
processos e respectivos requisitos para validação .

• 143 -
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• Quadro 2: Processos e requisitos técnicos para validação

Exemplo de
Processo Motivo
Requisitos
Compressão Dureza e friabilidade Resistência mecâni ca

Limpeza e desinfecção Contagem microbiana Controlar contam inação

Mistura de sólidos Teste de uniformidade Precisão de dosagem

Secagem Aquametria Estabilidade e teor

Por sua vez, os ensaios analíticos empregados para comprovação


da eficiência de um processo devem também ser validados (a validação
de métodos analíticos será discutida em detalhes na seção 3.2).
Outras perguntas, não menos polêmicas, relacionadas à
validação de processos, tais como: " Por onde começar a val idar?
A quem compete a função de validar?", não apresentam
respostas genéricas. Para tanto, as empresas se mobilizam e tendem
a adotar a estratégia do Benchmarking.
Na maioria dos casos é recomendável começar a validação
pelos processos mais problemáticos (falhos) ou novos (desconhecidos),
enquanto a função de validar pode ser atribuída a departamento
interno específico, distribuída entre os diversos setores da empresa,
ou à consultoria externa.
Enfim, a fase de validação de processos é, no setor farmacêutico,
um desafio necessário à garantia da qualidade e exigido no atendimento
das BPF.
Sem a validação de todos os processos não há como obter
órgãos de rastreamento que assegurem a integridade, segurança e
confiabi lidade dos seus produtos. Uma vez implantado o sistema de
qualidade, cabe à empresa não medir esforços para a segurança e
cumprimento das normas. Ressalta-se que a responsabilidade pela
qualidade de um medicamento não é exclusiva da indústria farmacêutica
ou farmácia de manipulação, mas também compete aos fornecedores
e demais segmentos envolvidos, até o consumidor final.
Existem quatro tipos de validação: a) Validação Prospectiva; b)
Validação Retrospectiva; c) Validação Concorrente; e d) Revalidação.
Validação Prospectiva: é um ato documentado com base na
execução de um plano de testes previamente definidos, que demonstra
se um novo sistema, processo, equipamento ou instrumento ainda
não operante, satisfaz as especificações funcionais e expectativas de
desempenho. Esse tipo de validação é realizado ainda durante o estágio
de desenvolvimento do produto (planta-piloto) e viabiliza a identificação
de pontos críticos antes da efetivação do processo de fabricação.
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS
•li
Validação Retrospectiva: é um ato documentado com base na
••
revisão e análise de registros históricos, que demonstra se um sistema,
processo, equipamento ou instrumento já operante satisfaz as especificações
funcionais e as expectativas de desempenho. Embora não se aplique como
medida de garantia de qualidade, é muito útil para estabelecer prioridades
em um programa de validação, e quando o resultado se mostra positivo,
descarta-se a necessidade imediata de validação.
Validação Concorrente: é um ato documentado, com base na
execução de um plano de testes previamente definidos, que demonstra
se um sistema, processo, equipamento ou instrumento em operação
satisfaz as especificações funcionais e expectativas de desempenho.
É realizado durante a produção de rotina, e os primeiros lotes devem
ser monitorados da forma mais abrangente possível, avaliando-se os
resultados do controle de processo e produto acabado.
Revalidação: é um ato documentado que assegura
as mudanças, intencionais ou não, no processo de produção,
equipamentos e no ambiente. Portanto, é feita periodicamente ou
em vi rtude de mudanças no processo.
Independente do tipo de validação adotado, deve-se elaborar
um protocolo de validação e adotar um plano-mestre de validação.
Protocolo de Validação: é um documento que descreve as
atividades a serem realizadas no processo de validação, incluindo-se
os critérios de aceitação ou limites de aceitação das especificações,
para a aprovação de um processo de produção ou parte dele.
Plano-Mestre de Validação (PMV): deve definir os objetivos,
procedimentos, prazos e responsabi lidades.
Fazem parte dos processos de validação a qualificação de
fornecedores, equipamentos, operações e instalações, bem como a
calibração de instrume ntos de medida.
Qualificação de equipamento e instalações: são operações que
estabelecem se, sob condições especificadas, o equipamento apresenta
o desempenho previsto e se está adequadamente instalado.
A Qualificação Operacional certifica se o sistema ou subsistema
apresenta o desempenho previsto em todas as faixas de operação;
todos os equipamentos utilizados na execução dos testes devem ser
identificados e calibrados antes de utilizados.
Calibração: é um conjunto de operações que visam estabelecer
relação entre os valores indicados por um instrumento de medida,
sistema ou valores apresentados por um material de medida, comparados

• 145 -
111• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

••aos obtidos por um padrão de referência correspondente.


Cabe ao produtor de medicamentos qualificar seus
fornecedores e orientar os usuários e transportadoras quanto às
condições de armazenamento, bem como, no decorrer do processo
de produção, controlar de modo rigoroso e detalhista cada etapa.
Assim surgem os Procedimentos Operacionais Padrão (POP)
ou do inglês SOP (Standard Operational Procedures).

3.1 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (PQP)

Os procedimentos operacionais padrão são documentos


de uso interno necessári os à vali dação de todos os processos,
prática necessária ao cumprimento das BPF. Em contrapartida,
esses documentos compõem o manual de qualidade da empresa,
constituindo a base da pirâmide da maioria dos sistemas de qualidade
adotados por empresas de variados setores.
Cada documento (POP) descreve com detalhes como
executar corretamente um determinado processo a fim de que
seja repetido com segurança e qualidade. Desse modo, os POP
harmonizam os procedimentos, fazendo com que as atividades
sejam sempre rea lizadas da mesma forma, independente de quem
as execute.
No controle de qualidade, essa harmonização incrementa
a performance de um método analítico em parâmetros como
resistência e robustez.
Assim, no controle de qualidade, os POP são importantes
tanto para a segurança das análises quanto dos analistas.
Entre os pontos comuns a todos os POP estão a forma como
são estruturados, distribuídos, disponibilizados e arquivados.
Na estruturação de um documento POP, o nome da empresa
e/ ou departamento; título do POP, código; data de emissão, data
da emissão anterior e número de páginas devem ser inseridos no
cabeçalho, na sequência e disposição padronizadas.
O corpo do texto deve seguir a ordem:
a) objetivo;

b) responsabilidades;
c) alcance;

d) documentos de referência;
e) distribuição de cópias;

f) procedimento.

,~ 461 •
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

••
O padrão utilizado para as fontes de letra, bem como espaçamento
entre linhas e formatação também deve ser padronizado.
O item objetivo deve ser bem sucinto, podendo na maioria dos
casos corresponder na íntegra ao título.
O item Responsabilidades deve indicar a quais funcionários se
destina o documento, enquanto o item A lcance indica em quais setores
as cópias destes documentos devem ser disponibilizadas e aplicadas.
No item Documentos de Referência são informadas todas as
fontes consultadas para elaboração do documento, incluindo livros,
arti gos e outros PO P correlacionados.
O item Distribuição de Cópias difere do item Alcance pelo fato
de que, além dos locais de aplicação, também deve ser disponibilizada
e arquivada uma cópia na central de documentação.
Finalmente, no item Procedimento é descrita, de forma
objetiva e detalhada, cada etapa do método. A redação desse item
deve, obri gatoriamente, contar com a participação de todos os
funcionários envolvidos no processo.
Na sequência são citados alguns exemplos de títulos de POP
comuns ao controle de qualidade:

a) POP PARAMENTAÇÃO: procedimento operacional padrão


para paramentação, entrada e saída do laboratório.
b) POP AMOSTRAGEM: procedimento operacional padrão
para coleta de amostras;
c) POP VALIDAÇÃO: proced imento operacional padrão para
val idação de métodos;
d) POP CALI BRAÇÃO: procedimento operacional padrão
para ca libração de equipamentos;
e) POP PF: procedimento operaci onal padrão pa ra
determinação do ponto ou faixa de fusão;
f) POP AAS: procedimento operacional padrão para anál ise
do ácido acetilsalicílico (AAS).
Ressalta-se que o número de POP necessários para atender
às necessidades do departamento de controle de qual i dade é
muito superior aos poucos exemplos citados, e, dependendo da
com plexidade dos procedimentos, estes podem se subdividir (por
exemplo, POP CALI BRAÇÃO PEAGÔMETRO, POP PREPARAÇÃO
DE TAMPÕES, POP ID ENTIFICAÇÃO DO AAS).
Exemplos completos de POPs são disponibilizados na Parte
deste livro em Anexo A.

• 147 -
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• 3.2 VAliDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS

O controle de qualidade de medicamentos destaca-se


pelo número e diversidade de técnicas analíticas. Este número
cresce com o desenvolvimento de novos produtos para os quais,
frequentemente , é necessário o uso de técn icas distintas, que
segundo seu grau de desenvolvimento podem ser divididas
basicamente em dois grupos principais: métodos oficiais (AOAC,
farmacopeias, RDC n.º 79/2003 ) e métodos validados (intra ou
inter- laboratorialmente). A escolha de uma metodologi a analítica
adequada é de fundamental importância para o procedimento de
controle de qualidade. A aplicabilidade dos métodos oficiais na
análise de medicamentos nem sempre é possível de ser realizada,
considerando a grande diversificação de formulações farmacêuticas,
bem como de produtos novos e possíveis impu rezas.
Deste modo, a val idação da metodologia analítica constitu i-
se na ati vidade essencial e in icial de um p rograma de garantia
de qualidade bem estruturado, um fator crítico na validação do
processo produtivo. Segundo Leite (1998), "Não ter validação é ter
apenas um número, não um resultado ", frase que expressa de forma
precisa a importân cia da validação de um método analítico. Muitos
outros processos para serem validados dependem da confiabilidade
dos resultados analíticos.
A validação de métodos analíticos é um processo pelo qual
empregam-se estudos estatísticos* para garantir que o método em
questão atenda às exigências desejadas, fornece ndo uma evidência
documentada de que o método realiza aqu ilo para o qual é
indicado. A documentação resultante do processo de val idação
é exigida pela legislação para comprovação de que determinado
processo ou método é adequado e confiável. Logo, a importância
da valid ação de métodos ana líticos para garantia e controle da
qualidade é incontestável.
No Brasil, a competência de laboratórios de ensaios pode
ser credenciada por duas agências, a Anvisa e o Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (lnmetro). Estes
órgãos dispon ibilizam guias para o proced imento de validação de
métodos analíticos, respectivamente, a Resolução Anvisa RE nº
899, de 29 de maio de 2003, e o documento INMETRO DOQ-
CGCRE-008, de março de 2003.

*Todos os fundamentos estatísticos aplicados à validação, amostragem e demais tratamentos de


dados serão abordados no capítulo 6.
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

•••
Na va lidação de métodos analíticos, algumas etapas e
aspectos devem ser definidos.
Primeiro, para o desenvolvi mento da validação, deve-se
contar com padrões de referência certificados e toda instrumentação
deve estar previamente ca librada, in clui ndo v idrarias, balanças e
outros equipamentos. Em paralelo devem-se defin ir os níveis de
validação, que no co nt role de qualidade de med icamentos são
bastante altos. O s níveis de validação podem ser d ivi didos em
nível 1, 2 e 3. Enquanto nos níveis 1 e 2 as exigências se voltam
para investimentos em eq uipamentos e laboratório, no nível 3
os investimentos não se restringem ao laboratório de contro le de
qualidade, have ndo maior preocupação com formação de pessoal
e processos.
Finalme nte, devem ser definidos os parâmetros para a
va lidação do ensaio analítico. Entre os pa râmetros de performance
ana líti ca mais importantes estão a especif i ci dade, a exatidão,
a precisão, a linearidade, o intervalo de atuação, os limites de
detecção (sensi bilidade) e quantificação e a robustez.
No caso de metodologia analítica não descrita em farmaco peias
ou formu lários oficiais devidamente reconhecidos pela Anvisa, os
critérios empregados na validação de métodos analíticos são complexos
e dependem fundamentalmente do objetivo analítico do ensaio.
Neste contexto, cabe classificar os ensaios segundo seus objetivos, que
basicamente os subdividem em quatro categorias (Quadro 3): Ensaios
de Potência, Ensaios de Pureza, Ensaios de Performance e Ensaios de
Identificação.

Quadro 3: Classificação dos testes, segundo sua iinalidade:

Categoria Finalidade do teste


Testes quantitativos para a determinação do princfpio ativo em
I
produtos farmacêuticos ou matérias-primas
Testes quantitativos ou ensaio limite para a determinação de
11 impurezas e produtos de degradação em produtos farmacêuticos
e matérias-primas
Testes de performance (por exemplo: dissol ução, liberação do
11 1
ativo)
IV Testes de identificação

A metodologia desenvo lv ida para cada categoria será


considerad a validada desde que seja avaliado um conjunto de testes
relacionados aos seguintes parâmetros (Q uadro 4):
PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

••
Quadro 4: Ensaios necessários para a validação do método analítico, segundo sua finalidade:

Categori a 11
Parâmetros Categoria I Categoria 11 1 Categori a IV
Quantitativo Ensaio limite

Especificidade/
sim sim sim . sim
seletividade
Linearidade sim sim não . não

Intervalo de
atuação
sim sim . . não

Preci;ão/
sim sim não sim não
Repetibilidade
Intermediária .. .. não .. não

Limite de
detecção
não não sim . não

Limite de
não sim não . não
quantificação
Exatidão sim sim • . não

Robustez sim sim sim não não


• pode ser necessário, dependendo da natureza do teste espedfico.
• ,. se hou\er compro,aça.o da reprodutibilidade não é necessário comprovar a Precisao Intermediária.

Os ensaios de identificação quím icos ou instrumenta is


têm por objetivo comprova r qua litativame nte a ide ntid ade de
uma substância. A caracte rística principal deste método é a
especificidade .
Os ensaios de pureza p odem ser quanti tativos ou
semiquantitativos, e têm por obj etivo detectar se determinadas
impurezas estão ou não dentro dos limites aceitáveis. A característica
principal desejada para estes ensaios é a sensibi lidade, que por sua
vez se correlaciona aos limites de detecção e quantificação .
No caso dos ensaios de potência, o objetivo é quant ificar
determinada molécula ativa responsá vel pela potência do
medi camento, ou seja, diz respeito ao doseamento de fármacos, q ue
em geral se constituem no componente majoritário do medicamento.
Exemplos desses ensaios são os métodos clássicos (vol umetria e
gravimetria) e instrumentais (UV-visível, polarografia), os quais vari am
quanto à seletividade e sensibilidade. Para estes ensaios destaca-se,
ent re outros parâmetros, a importância da linearidade e do interva lo
de atuação.
Já os ensaios de qualidade são aqueles cujos objetivos
não se rel acionam a nenhum dos anteriores. Em geral são
ensaios referentes à biodispon ibil idade ou estabilidade física do
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

•••
med i camento. São atributos necessários para os ensaios físicos
a exatidão e a especificidade. Como exemplo, os ensaios físicos
(du reza, f riabil idade, tempo de desintegração etc) e físico-químicos
(pH, intervalo de fusão, solubilidad e).

3.2.1 Parâmetros Analíticos de Validação

De modo geral um método analítico deve, idealmente, ser


exato para fornecer valor real;, ser preciso para fornecer, com o menor
número de ensaios, este valor real;, ser seletivo para que a exatidão
não se desvie com interferentes potenciais; ser sensível ou capaz de
determ inar as menores concentrações possíveis; e, enfim, responder
de forma proporcionalmente linear, ao longo de ampla faixa de
concentração. Esses são os cincos atributos mais desejados em um
método analítico, a base de um procedimento de validação: exatidão,
precisão, seletividade, sensibilidade e linearidade.
Exatidão
O parâmetro exatidão d iz respeito ao grau de concordância
entre os resultados encontrados pelo método e um valor aceito
como referência (valor esperado). Para validar um método quanto
a este parâmetro, devem-se utilizar concentrações conhecidas de
um padrão de referência certifi cado específico e comparar valores
medid os (observados) com valores espe rados (verdadeiros). A
ten dência pode ser expressa como recuperação analítica (valor
o bservado I valo r espe rado). A tendência deve ser corrigida ou
demo nstrada ser desprezível, mas em am bos os casos, a ince rteza
associada com a determinação da tendência permanece como um
componente essencial da incerteza global.
Recomenda-se, também, compara r os resultados obtidos
pelo novo método a um método validado. Os processos normalmente
utilizados para avaliar a exatidão de um método são, entre outros:
uso de materia is de refe rência, participação em comparações
interlaboratoriais e realização de ensaios de recuperação.
A exatidão do método deve ser verificada a partir de, no
mínimo, nove determinações contemplando o intervalo linear do
procedimento, ou seja, três concentrações, baixa, média e alta,
com três réplicas cada, as quais usualmente cobrem concentrações
na faixa de 50% a 150% da co ncentração do produto para qual o
método foi desenvolvido. A exatidão é expressa pela equação:
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• Exatidão= Concentração média experimental x 100


Concentração teórica
Em análise farmacêutica voltada a ensaios de potência de
medicamentos, a tarefa experimental para o elemento de validação
exatidão envolve o preparo de 12 réplicas de placebo e respectiva
fortificação com 80 a 120% do teor declarado do produto ao qual
se destina o método em ensaios de doseamento, ou 70 a 130% para
ensaios de uniformidade de conteúdo.
Os critérios de aceitação exigem taxas de recuperação entre,
no mínimo, 80 e 120% para doseamento e 70 e 130% para teste de
uniformidade de conteúdo e variância média geralmente inferior a 5%.
A exatidão depende e está relacionada com a seletividade,
linearidade do método, validade dos padrões utilizados, calibração
da instrumentação e cond ições de recuperação.
Como alternativa, existem procedimentos que adotam zero,
50, 75, 100, 125 e 150% dos valores de concentração para o qual o
método em desenvolvimento é proposto. Embora este procedimento
pareça mais trabalhoso, pode ser paralelamente aproveitado para
os elementos linearidade e faixa de atuação, elementos que, assim
como a seletividade, devem ser previamente determinados.
A Tabela 1 apresenta valores experimentais obtidos na
validação do parâmetro Exatidão.

Tabela 1: Dados referentes à exatidão do método obtidos d urante a determinação do teor de


um com primido por espectrometria no UV-visível
Concentração Absorbância Concentração
Concentração Percentual de
incorporada da solução a encontrada
teórica (%) resposta (%)
{J.lg/ml) 255 nm (J..tg/ml)
50 10,00 0,306 10,26 102,60
75 15,00 0,454 15,06 100,40
100 20,00 0,607 20,19 100,95
125 25,00 0,755 25,07 100,28
150 30,0 0 0 ,907 30, 15 100, 50
Média= 100,1%; desvio-padrão relativo (CV%) = 0,93 ; desvio-padrão= 0 ,94

A partir desses resultados, pode-se inferir que o método seria


perfeitamente válido para concentrações na faixa de 75% a 150%. Já
para concentrações abaixo de 75%, embora a taxa de recuperação
ainda esteja dentro dos limites preconizados, o perfil de exatidão
dependendo dos objetivos do método pode ser questionado.
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

•••
Precisão
Precisão (repe e repro ) é o grau de repetibilidade e
reprodutividade entre valores obtidos em análises indiv iduais, ou o
número de dados significativos obtidos em uma análise que podem
ser utilizados na emissão de um resultado.
Relaciona- se a repetibilidade dos resultados obtidos em uma
mesma análise ou a reprodutibilidade do método quando executado
em diferentes condições. Dados estatísticos, como repetitiv idade,
reprodutividade, desvios e coeficiente de variância, bem como outros
parâmetros usuais de validação e testes de rejeição são fundamentais
para sua avaliação.
A precisão é expressa pela fórmula:

Desvio-padrão x 100
CV% =
Média
Para determinação deste parâmetro são necessárias várias
medições de uma mesma amostra tratada de forma idêntica.
A precisão, no seu menor grau de exigência, está associada
estatisticamente à repetitividade. Ou seja, a máxima d iferença
aceitável em medições individuais seqüenciais quando se tem o
conjunto: mesma amostra, mesmo analista, mesmo equipamento,
mesmo ajuste, mesma calibração. Além do teste de repetividade
(precisão intra-ensaios), outros elementos de validação associados
à precisão incluem precisão intermediária, reprodutibilidade e
robustez.
A precisão intermediária expressa as variações no mesmo
laboratório (precisão interlaboratorial) que envolvem diferentes dias,
diferentes analistas, diferentes equipamentos, entre outras variações
menos contundentes das condições de ensaio . Trata-se de um teste
de precisão interensaios realizado no laboratório no qual o método
em desenvolvimento ou fase de adaptação está sendo validado.
O teste de reprodutividade expressa a precisão do
método quando executado em diferentes laboratórios (precisão
interlaboratorial). Ou seja, são estudos colaborativos que têm como
objetivo verificar a reprodutibilidade do método quando realizado
em diferentes laboratórios, por diferentes analistas, equipamentos e
outras variáveis previstas na precisão intermediária. Esta capacidade
do método de reproduzir resultados sob uma variedade de condições
ambientais ou operacionais que consistem nas principais fontes de
erros sistemáticos está associada à resistência do método.

• 153 -
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• Em linhas gerais, o procedimento experimental para validação


completa da precisão envolve no caso do controle de qualidade de
medicamentos as seguintes etapas:

a) preparo de cinco réplicas de placebo em, no mínimo,


dois laboratórios;
b) fortificação das réplicas com analito (por exemplo, fármaco)
considerando a sensibi lidade do método e 100% do teor declarado.
c) medição por três vezes cada placebo fortificado em cada
laboratório;
d) cálculo da taxa de recuperação, desvio-padrão e
coeficientes de variância;
e) aplicação de testes estatísticos de sign ificância (po r
exemplo, teste de Fischer).
Os limites de aceitação incluem coeficiente de vai ri ância
(RSD) s15% e taxa de recuperação entre 80 e 120%.
Outro parâmetro de validação intimamente ligado à pre cisão,
que será tratado à parte, é a robustez, que a assim como a resistência
é um atributo muito desejado nos métodos analíticos, pois permite
avaliar o comportamento dos desvios de medição e possíveis fontes
d e erro, garantindo a uniformidade, reprodutibi lidade e qualidade
dos resultados, fundamentais para o controle de qualidade.

Robustez
Segundo a lnternational Conference on Harmonization (ICH),
a robustez do método é a medida da sua capacidade de permanecer
inalterado sob pequenas, mas estudadas, variações nas cond ições do
ensaio. A IUPAC utiliza o mesmo conceito de ro bustez (robustness)
para a palavra ruggedness. Já a USP, que também utiliza o termo
ruggedness, atribui um sentido que re mete ao atri buto anteriormente
definido como resistência.
A robustez se re laciona à precisão e a sua sensibilidade
a irregularidades sutis e, em ge ral, de difícil contro le, as quais
são causas com un s de erros ind eterminados. Os testes de
robustez servem para indicar os fatores que podem influenc iar
sign ificativamen te na resposta do método estudado, fornecendo a
dimensão do problema que pode ocorrer quando o ensaio é repetido
sob diferentes cond ições ou mesmo em outro laborató rio. Ressalta-se
que nenhum método seria robusto o suficiente para tolera r grandes
variações desses parâmetros. os testes de robu stez são aplicados
experimentos estatísticos que examinam, simultaneamente, os efeitos
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

•••
de alterações em relação às variáveis do método. Nestes ensaios,
em geral, são utilizadas 12 réplicas do placebo e cinco níveis de
solução-padrão, medidas três vezes cada. Os cálculos dependem
das variações estudadas, sendo comumente recomendado pelo
In metro o teste de Youden, q ue perm ite ava liar a robustez e ordenar
a infl uência de cada uma das variações estudadas. Entre os fatores
deliberadamente investigados na avaliação da robustez de um
método destacam-se parâmetros experimentais (pequenas mudanças
nas etapas do método, pH , grau de pureza de reagentes, composição
de fase móvel, tipos de coluna cromatográfica, velocidade de fluxo);
parâme t ros ambientais (temperatura, iluminação do ambient e,
laboratórios diferentes); parâmetros técnicos (experiência do analista,
diferent es fornecedores).

Esp ecificidade
Especificidade é a capacidade que um método tem de avaliar
de forma inequívoca uma determinada substância em uma mistura
complexa. O emprego do termo especificidade como sinônimo de
seletividade é polêmico. Para AOAC define-se como especifico os
métodos realmente capazes de produzir resposta para uma única
substância. Por sua vez, o termo seletividade é empregado para os
métodos capazes de detectar uma classe de compostos de estrutura
similar. Para evitar tal confusão a IU PAC sugere o emprego do termo
seletividade, apenas.
A seletividade/ especific idade é, gera lmente, o pri meiro
atrib uto avaliado no desenvolvimento e validação de um mét odo
analítico. Para sua determinação é feito o exame de soluções-padrão
e amost ra, ou ainda do respectivo padrão de referência, na presença
de componentes que poderiam interferir na sua determinação. No
caso da especificidade a Anvisa preconiza o teste de degradação
farmoquím ica, que consiste em submeter o padrão, amostra, placebo
e diluentes a condições extremas (álcalis, ácido, neutro, e oxidativo
submetidas à temperatura de 60°C por seis horas), determinando que
eventuais produtos de degradação não interfi ram nos resultados.
A especificidade de um mét odo é expressa pela concordânc ia
entre resultados obtidos para a solução-pad rão e amostra, ou entre
solução-padrão com e sem interferentes, empregando-se usualmente
cinco répl icas de placebo, as quais são medidas três vezes cada. Na
ausência do placebo pode-se utilizar o método da adição padrão.
Esse parâmetro pode ser expresso pela fórmula:
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE


% Concordância (C%) == Teor so lução-padrão x 100
Teor solução-amostra

Para valores superiores a 100% considera-se que os interferentes


contribuem para o sinal analítico, enquanto, para valores inferiores a
100%, os interferentes suprimem o sinal analítico.
A Tabela 2 aprese nta dados referentes à especificidade
durante a validação de um método gravimétrico.

Tabela 2: Validação de método gravimétrico quanto à especificidade

Peso resfd uo
Peso resfduo Concentracláo Concentraclão
Númer o sol ução padrão encontra a solução encontra a
amostra C%
(mg) (mg/ml) ( mg/ml)
( mg)

1 603,0 30,9 629,0 32,3 104, 53


2 609,0 31, 3 621 ,o 31,9 101,92
3 611,0 31,4 625,0 3 2, 1 102,23
4 607,0 31,4 622,0 31,9 102,57
5 604,0 31 ,o 627,0 32,2 103,87
Média de concordância = 103%, desvio = 1,12; desvio- padrão relativo = 1,09%

Linearidade e intervalo de atuação


É a extensão na curva analítica de um determ inado método
que responde de forma diretamente proporcional. Ou seja, diz
respeito à capacidade do método de fornecer resultados diretamente
proporcionais à concentração da substância em exame dentro dos
limites de variação desejados, que definem a faixa de aplicação ou
interva lo de atuação.
Para determinação da linearidade de um método analítico é
necessário obter a reta analítica com, no mínimo, cinco pontos. Em
geral, os cinco níveis de soluções-padrão são preparados de forma
a obter de 80 a 120% para ensaio de doseamento ou 70 a 130%
para ensaio de uniformidade de conteúdo. No caso de ensaios de
impureza quantitativos adota-se até 120% do limite máximo, enquanto
nos ensa ios de dissolução adota-se como critério ±20% do valor
especificado para cada tempo. Em todos os casos as medidas são
feitas três vezes cada.
A partir destes conjuntos de dados são obtidos os respectivos
gráficos e calculada a equação da reta fY = bx + a) e demais parâmetros,
tais como ponto de intersecção em Y (a), inclinação (b) e coeficiente
de correlação (r).
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS

••
Matematicamente, a estimativa dos coeficientes de uma curva
analítica a partir de um conjunto de medições experimentais pode ser
obtida pelo método da regressão linear. Enquanto os coeficientes (a)
e (b) nos fornecem indicação dos limites mínimos e sensibilidade, o
coeficiente de correlação (r) permite uma estimativa da qualidade da
curva obtida, indicando dispersão do conjunto de dados analíticos e a
incerteza das medições experimentais.
Estatisticamente, o coeficiente b (s/ope) deve ser diferente de
zero, sendo que quanto mais próximo de zero, menor a sensibilidade
do método.
Po r sua vez, para o coeficiente a (intercepto), quanto mais
próximo de zero melhor, pois menor será o ajuste da medida. Já o
coeficiente de correlação r será melhor quanto mais próximo de 1,0.
A Anvisa recomenda coeficiente maior ou igual a 0,99 e o lnmetro,
valor acima de 0,90.
Entre os meios estatísticos e matemáticos de avaliação da
linearidade da curva de calibração adicionais ao coef iciente de
correlação estão a análise de variância ponderada (ANOVA ponderada),
teste "t" de Student e estudo de relações geométricas do gráfico
de regressão. Em uma destas abordagens são construídas curvas de
resposta relativa (eixo y), em que se o sinal é dividido pelas respectivas
concentrações e concentrações em escala logarítmica (eixo x). A lin ha
obtida deve ser horizontal sobre toda faixa linear, podendo-se construir
linhas paralelas para 95 e 105% da faixa linear, aceitando-se apenas a
faixa cujos pontos estejam dentro deste intervalo.
O intervalo de atuação é a faixa entre os limites de quantificação
superior e inferior de um método analítico que possa determinar uma
concentração com precisão e exatidão. É previamente definido com
base no nível de concentração desejado para um determinado ensaio
quantitativo i.e. doseamento de fármaco ou impurezas, uniformidade
de conteúdo ou ensaios de dissolução, ou seja, da faixa de aplicação
pretendida. Sua v alidação deriva normalmente do estudo de
linearidade, sendo estabelecida pela confirmação de que o método
apresenta exatidão, precisão e linearidade adequadas quando aplicados
a amostras contendo quantidades de substâncias dentro do intervalo
especificado.
Sensibilidade
A sensibilidade é a capacidade de um determ inado método
ana lítico distinguir, com determinado níve l de confiança, d uas
• PARTE I ·ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• concentrações próximas. Esta característica depende, na prática,


do coeficiente angular da curva de calibração (i nclin ação da
reta), ou seja, quanto maior este coeficiente (slope) maior será a
sensibilidade. Ou seja, em métodos sensíveis uma pequena variação
da concentração causa uma variação expressiva do sinal analítico.
Razão pela qual, embora de forma errônea, tornou-se comum definir
a sensibi lidade de um método como sua capacidade de avaliar baixas
concentrações de um determinado analito.
Existem dois elementos de validação associados à sensibilidade
de um método: o limite de detecção e o limite de quantificação.
O limite de detecção (LO ) é a mais baixa co ncentração
detectável pelo método e tem ca ráter semiquantitativo, sendo
aplicado a ensaios limite.
Já o limite de quantificação (LQ) aplica-se a ensa ios de
doseamento e é a menor co ncentração que pode ser determinada
quantitativamente por determinado método.
Para determinação da sensibilid ade de um método são
utilizadas concentrações conhecidas e decrescentes do fármaco até
o menor nível.
O que difere, na determinação do limite de d etecção e
quantificação, é o peso dado a cada parâmetro, no caso 3 ou 3,3
para LD e 1O para LQ.
Para determ inar o LD e LQ em pregam- se, respectivamente,
as fórmulas:

LO = desvio-padrão médio x 3
Inclinação da reta

LQ = desvio-padrão médio x 1 O
Incli nação da reta

Como se pode ver por estas equações, os valores de LQ são,


naturalmente, maiores do que os valores de LD, já que as concentrações
mínimas para uma detecção segura seriam obviamente menores que as
concentrações mínimas necessárias a sua quantificação precisa e exata.
Alternativamente, para métodos instrumentais que apresentam ruído na
linha de base, pode-se defini r LD e LQ em função da relação sinal ruído,
atribuindo-se para LD as proporções de 3: 1 ou até 2:1.
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

••
4 IMPLANTAÇÃO DO CONiTROLE DE
QUALIDADE

CIR/Lq H.N.C.; BARA, M.IF. & GIL, E.S.

O laboratório de controle de qualidade de medicamentos


é um setor do segmento farmacêutico que desenvolve atividades
altamente especializadas, que requerem o conhecimento prévio
de diversas legislações que ditam normas para seu fun cionamento
em um contexto de qualidade total, visando assegurar resultados
analíticos e prevenir sérios riscos à saúde púb lica.
A implantação de um laboratório com estas características
requer altos investimentos em pessoal, infra-estrutura física, reagentes
diversos e de alto grau de pureza, equipamentos sofisticados e sua
manutenção rotineira, vidrarias calibradas, "softwares " apropriados,
documentação detalhada pertinente a manual de qualidade,
procedimentos, registros, manuais de instrução, entre outros, que
além de elaborados devem ser submetidos a revisões periódicas,
visando manter um sistema de gestão de qualidade dinâmico e que
previna a ocorrência de não-conformidades.
É necessário, anteriormente à implantação do laboratório
ana lítico de medicamentos, conhecer os requisitos e fundamentos de
um sistema de gestão de qualidade ao qual estará suportado. Sendo
assim, deve-se inicialmente considerar os oito princípios de gestão
da qualidade para conduzir e operar com sucesso uma organização,
buscando sempre um desempenho contínuo de suas atividades,
conforme descrito na ABNT NBR ISO 9000:2005 e apresentado no
Capítulo 2, que são:
- foco no cliente;

- liderança;

- envolvimento de pessoas;

- abordagem no processo;

- melhoria contínua do desempenho da organização;

- abordagem factual para tomada de decisões;


••
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

- benefícios mútuos nas relações com os fornecedores.


Dentre os fundamentos de sistemas de gestão da qual idade,
a política e os objetivos da qualidade devem ser estabelecidos para
a implantação de um laboratório analítico em controle de qualidade
de medicamentos, proporcionando um foco para direcionar a
organização . Ambos determinam os resultados desejados e auxiliam
a organização na aplicação de seus recursos. A política da qualidade
fornece uma estrutura para estabelecer e analisar c riticamente os
objetivos da qualidade.
Outro fundamento de sistemas de gestão da qualidade
que deve ser amplamente compreendido e estruturado anterior
à implantação de um laboratóri o de controle de qualidade de
medicamentos é relativo à documentação e seu valor, que permitirá
a comunicação do propósito e a consistência da ação, contribuindo
para atingir conformidades (ABNT NBR ISO/ IEC 17000) com os
requisitos do cl iente, assegurar rastreabilidade, repetibilidade e
avaliar a eficácia e a contínua adequação do sistema de gestão. Os
documentos gerados devem consistir numa atividade que agregue
valor ao sistema. Dentre estes documentos pode-se citar o manual
da qualidade (fornece informações sobre os sistemas de gestão da
qualidade da organização), planos de qualidade (descrevem como o
sistema é aplicado), especificações (estabelecem requisitos), diretrizes
(estabelecem recomendações), procedimentos operacionais e
instruções de trabalho (fornecem informações sobre como realizar
atividades e processos) e registros (fornecem evidências de atividades
realizadas ou resu ltados alcançados) (ABNT ISO/ TR 10013:2002).
A implantação do controle de qualidade deve atender
aos requisitos legai s descritos nos documentos normativos da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (A VISA), que apresenta
exigências diferenciadas para indústrias farmacêuticas e farmácias
de manipulação.

4.1 CONTROLE DE QUALIDADE NA INDÚSTRIA fARMACÊUTICA

De acordo com a RDC 21 O da A VISA, de 04 de agosto de


2003, é obrigatório que todos os estabelecimentos detentores de
Autorização de Funcio namento para fabricar medicamentos tenham
um controle de qualidade, e que o mesmo seja independente dos
demais departamentos, principalmente da produção. De acordo com
essa resolução, o controle de qualidade é a parte das Boas Práticas
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

•••
de Fabricação (BPF) referente à amostragem, especificações, ensaios,
procedimentos de organização, documentação e procedimentos de
liberação que asseguram que os ensaios necessários e relevantes
sejam executados e que os materiais não são liberados para uso,
nem os produtos liberados para venda ou fornecimento, até que
a qualidade dos mesmos seja julgada satisfatória. Além disso, o
controle de qualidade deve estar envolvido em todas as decisões
relacionadas à qualidade do produto, não se lim itando apenas às
operações laboratoriais.
O controle de qualidade dentro da indústria farmacêutica
tem ainda outras atri bui ções, !ai.s__Çomo: estabelecer, va lida r e
ifllplementar seus pro~mentos, manter e armazenar os padrões
de referência das substâncias ativas utilizadas, assegurar a correta
rotulagem dos reci pientes de materiais e produtos, avaliar os produtos
acabados considerando todos os fatores relevantes, incluindQ as
condições de produção, os resultados do controle em processo, os
documentos de fabricação, o cumprimento das especificações do
produto terminado e o exame da embalagem final. A lém disso, deve
garantir que a estabilidade das substâncias ativas e dos produtos seja
monito rada, e participar da investigação de reclamações relacionadas
à qualidade do produto e do monitoramento ambiental. Para que
ta is atividades sejam rea lizadas adequadamente, o pessoal do
controle de qualidade deve ter acesso às áreas de produção para
realizar as ativi dades de amostragem e investigações, co nforme
apropriado. Todas essas operações devem ser realizadas de acordo
com Procedimentos Operacionais Padrão (POP) aprovados e, quando
necessário, registradas.
O controle de qualidade deve estar sob direção de pessoa
qualificada, com experiência na área e treinada com relação às BPFs,
podendo ter sob sua supervisão um ou vá rios laboratórios de controle.
O responsável deve assegurar que todas as atribuições do controle
de qualidade sejam realizadas adequadamente, e para isso é de sua
respo nsabilidade aprovar ou rejeitar as matérias-primas, os materiais
de embalagem e os produtos intermediários, a granel e acabados;
avaliar os registros dos lotes; assegurar que sejam realizados todos
os ensaios necessários; aprovar as instruções para amostragem, as
especificações, os métodos de ensaio e os procedimentos de controle
de qualidade; aprovar e monitorar as análises realizadas; verificar
a manutenção das instalações e dos equipamentos; assegurar que
sejam fei tas as validações necessárias, inclusive a validação dos
proced imentos analíticos e calibração dos equipamentos de controle;
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• assegurar que sejam realizados treinamentos ini ciais e contínuos


do pessoal da área de Controle de quali dade, de acordo co m as
necessidades do setor.
Os requisitos mínimos a serem seguidos pelo con trole de
qualidade na indústria farmacêutica são os seguintes:
- instalações e equipamentos adequados, pessoal treinado
e procedimentos operacionais aprovados disponíveis para
que possam ser realizadas a amostragem, in speção e ensaios
das matér ias-primas, materiais de embalagem , produto s
intermediários, produtos a gran el e produtos acabados e, quando
necessário, para o monitoramento das condições ambientais das
áreas;

- amostragens de matérias-primas, materiais de embalagem ,


produtos intermediários, produtos a granel e produtos acabados
realizados por métodos aprovados e por pessoal qualifi cado;

- métodos de análise val idados;

-registros das atividades (manualmente e/ou através de instrumentos


de registro), de modo a demonstrar que todos os procedimentos
de amostragem, inspeções e ensaios requeridos te n ham sido
realmente executados e que quaisq uer desvios tenham sido
totalme nte investigados e documentados;

-prod utos acabados contendo insumos que atendam à composição


quantitativa e qualitativa descrita no regi stro do produto;
as substâncias devem apresen ta r a pureza exigida, estarem
acondicionadas em recipientes adequados, corretamente
rotulados;

- registros dos resultados obtidos na inspeção e nos ensaios de


co nt rol e dos materiais, dos produtos interm ediários, a granel
e acabados, levando-se em consideração o atendimento às
especificações. A avaliação dos lotes de produtos deve incluir a
revisão e a avaliação da documentação de produção, bem como,
a avaliação dos desvios aos procedimentos específicos;

não liberação de um lote de produto acabado para expedição


antes da aprovação da pessoa autorizada indicando que o mesmo
está em conformidade com suas especificações;

-retirada de amostras suficientes das matérias-primas e dos produtos


acabados, que permitam a realização de exames futuros do
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

••
produto, se necessário; as amostras retidas de p roduto acabado
devem ser mantidas em suas embalagens finais, nas cond ições
de armazenamento estabelecidas, a menos que as mesmas sejam
excepcionalmente grandes.
E finalmente, devem estar disponíveis recursos adequados
para garanti r que todas as atividades do controle de qualidade sejam
efetiva e confiavelmente realizadas.

4 .2 CONTROLE DE QUALIDADE NA fARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO

Com relação às farmácias de manipulação, a RDC no 67


da ANVISA, de 08 de outubro de 2007, estabelece que a fa rmácia
deve dispor de laboratório de controle de qualidade capacitado
para realização das segu intes análises de controle em processo e
da preparação manipulada: caracteres organolépticos, pH, peso
médio, friabilidade, dureza, desintegração, grau ou teor alcoólico,
densidade, volume, viscosidade, teor do princípio ativo e pureza
microbiológica. No entanto, as anál ises de teor de ativo e pureza
microbiológica das matérias-primas e preparações manipu ladas
podem ser terceirizadas em laboratórios tecnicamente capacitados
para este f im, mediante a realização de um contrato formal.
A farmác ia deve assegurar a qualidade microbiológica,
química e física de todos os produtos ree mbalados, reconstituídos,
diluídos, adicionados, misturados ou de alguma maneira manuseados
antes da sua dispensação. É indispensável o acompanhamento e o
controle de todo o processo de obtenção das preparações magistrais
e oficin ais, devidamente documentado, para garantir o atend imento
às especificações estabelecidas para o produto, e conseqüentemente,
um produto com qualidade ao paciente.
Um aspecto de fundamental importância no controle de
qual idade na farmácia magistral é a qualidade da água utilizada. Devem
ser feitos testes físico -qu imícos e microbiológicos, period icamente,
para mon itorar a qualidade da água de abastecimento, mantendo-
se os seus respectivos registros. A água empregada na manipu lação
deve ser obtida a partir da água potável, tratada em um sistema que
assegure a obtenção de água com as especificações farmacopéicas
para água purificada. Deve haver procedimentos escritos para a
manutenção do sistema de purificação da água, com os devidos
registros, e os testes físico-químicos e microbiológicos da água
purificada devem ser fe itos no mínimo a cada três meses, com o
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• objetivo de monitorar o processo de obtenção de água. É permitido


à farmácia terceirizar os testes físico-químicos e microbiológicos da
água potáve l e purificada e m laboratório capa citado .

4.3 CoNTROLE DE QuALIDADE EM lABORATÓRIOS ANALÍTICOS

O estudo e conhecimento da ABN T NBR 150/ IEC


1 7025:2005, referência normativa que trata dos requisitos gerais
para a competênc ia de laboratórios de ensaio e ca li bração, tem
q u e ser realizado anteri o rmente à implantação de um laboratório
analítico de medicamentos.
Os requisitos da direção estabelecidos nesta norma
determinam que, dentre outros aspectos, o laboratório deve:
- ter pessoal gerencial e técnico que , i ndependente de
responsabilidades, tenha autoridade e recursos necessários
para desempenhar suas tarefas, incluindo a implementação,
manutenção e melhoria do sistema de gestão, e para identi ficar a
ocorrência de desvios do sistema de gestão ou dos procedimentos
para a realização de ensaios e para iniciar ações para prevenir
ou mi ni mizar tais desvios;

- ter meios para assegurar que o pessoal envolvido esteja livre de


pressões e influências indevi das;

ter políticas e procedimentos para assegurar a proteção das


informações confidenciais e direitos de propriedades de seus
clientes;

-d efinir a estrutura organizacional e gerencial do laboratório;

- ter gerência técnica que tenha responsabilidade total pelas


operações técn icas e pela provisão dos recursos necessários para
assegurar a qualidade requerida das operações do laboratório;

- nomear um gerente da qualidade, que deve ter responsabilidade


e autoridade definidas para assegurar o sistema de gestão de
qualidade;

- assegurar que seu pessoal está consciente da pertinência de suas


atividades e de como eles podem contribuir para alcançarem os
objetivos do sistema de gestão;

estabelecer, implementar e manter um sistema de gestão


apropriado ao escopo das suas atividades. A doeu mentação
IM PLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

••
do sistema deve estar implemen tada, deve ser comun icada,
compreendida e estar disponível ;

- ter uma política e procedimentos para a seleção e compra de


se rviços e suprimentos utilizados, q ue afetem a qua lidade
dos ensaios e para a compra, rece bimento e armazenamen to
de reagentes e materiais de consumo. Estes itens não devem
ser utilizados até que tenham sido inspecionados q uanto ao
atendimento a especificações e registros das ações;

- ter uma política e procedimentos para solucionar as reclamações


recebidas de clien tes ou de outras partes e manter registros das
mesmas;

- aprimorar continuamente a eficácia do se u sistema de gestão;

d esig nar autoridades apropriadas pa ra implemen ta r ações


co rretivas, quando forem identificados trabal hos não-con formes
o u desvios das políticas e procedimentos no sistema d e gestão
ou nas operações técn icas;

- ide ntif icar as p otenciais fontes de não - co nfo r midades e


im ple m entar ações preventivas, para reduzir a probabilidade de
ocorrência das mesmas;

estabelecer e manter proced ime ntos para identificar, coletar,


indexar, acessar, arquivar, armazenar, manter e dispor os regist ros
t écn icos e da qu alidade, incluind o re latóri os de auditori as
internas, de análises críticas pela direção, registros de ações
corretivas e preventivas;
Os requ isitos técn icos estabelecidos pela ABNT NBR ISO/ I EC
1 7025 :2005 e que devem ser de conhecimento prévio à implantação
de um laborató ri o determinam que, dentre outros aspectos:
-a d ireção do laboratório deve assegurar a competên cia de todos
que operam equipamentos específicos, realizam ensaios, aval iam
resultados e assinam relatóri os de ensaio;

- o laboratório deve assegurar que as condições ambientais não


i nvalidem os resu ltados ou afetem adversamente a q ualid ade
req uerida de q ualquer medição;

- deve have r uma separação efetiva ent re áreas vizinhas nas quais
existam atividades incompatíveis. Devem ser tomadas medidas
para preve nir contamin ações c ruzadas;
•• PARTE I · ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

- o laboratório deve utilizar métodos e proced imentos apropriados


para todos os ensaios d e ntr o de seu escopo, i nc lu i nd o
amostragem, manuseio, t ransporte, armazena mento e preparo.
De preferência, devem ser utilizados métodos publ icados em
normas oficiais;

-método de ensaio desenvolvido pelo laboratório para uso próprio,


métodos não normalizados ou métodos normalizados usados
fora dos escopos para os quais foram concebidos, ampl iados
ou modificados devem ser devidamente val idados antes de seu
uso;

- o laboratório deve ter instruções sobre o uso e a operação de


todos os eq uipamentos pe rt inentes, mantendo-os atualizados e
pro ntamente disponíveis para o pessoal;

- o laboratório deve ser aparelhado com todos os equipamen tos para


amostragem, medição e ensaios req ueridos para o desempenho
correto dos ensaios;

- os eq uipamentos e seus "softwares " usados pa ra ensaio devem


ser capazes de alcançar a exatidão requerida e de atender às
especifi cações pertinentes aos ensaios. Devem- se estabelecer
programas de calibração de grandezas ou valores- chave dos
instrumentos, quando estas propriedades tiverem um efe ito
significativo sobre os resu ltados. A ntes de ser colocado em serviço,
o equipamento deve ser calibrado ou verificado pa ra determinar
se ele atende aos requisitos especificados pelo laboratório e às
especificações da norma pertinente;

- o laboratório deve ter um programa e p roce dimento para


calibração de seus padrões de referênc ia. Estes padrões devem
ser calibrados por um organismo que possa prover rastreab ilidade,
antes e depois de qualquer ajuste;

- os materiais de referência devem, semp re que possível, ser


rastreáveis às unidades de med idas SI, ou a materiais de referência
certificados;

- o laboratório deve ter procedimentos de controle de qualidade


para monitorar a validade dos ensaios real izados. Os dados
resultantes devem ser registrados de forma que as tendências
sejam detectáveis e, quando p raticável, devem se r aplicadas
técnicas estatísticas para anál ise crítica dos resu ltados.
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

•••
4.4 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE lABORATÓRIO DE
CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS

De modo geral, um estudo elaborado das exigências legais,


paralelamente a uma avaliação crítica das necessidades analíticas do
produto, deve ser a primeira etapa no processo de impla ntação do
controle de qualidade. Uma vez estabelecidos os ensaios necessários
ao controle de qualidade da linha de produção de interesse, segue-se
para o levantamento das metodologias a serem aplicadas e demais
recursos necessários, tais como equ ipamentos, reagentes, vidrarias
e outros. Nessa fase, os procedimentos operacionais pad rão devem
começar a ser elaborados. A próxima etapa diz respeito à concepção
do espaço físico, levando em consideração os equipamentos e a
rotina de realização das análi ses.
Em suma, o cronograma de implantação do controle de
qualidade em uma empresa deve seguir as seguint es etapas:
a) verificação das exigências legais;

b) verificação das especificações de qualidade;


c) levantamento dos métodos analíticos;
d) levantamento dos equipamentos, reagentes e demais utensíl ios
necessári os;
e) elaboração dos Procedimentos Operacionais Padrão (POPs);
f) planejamento do espaço físico (/ayout do laboratório).

4.4.1 Especificações e Padrões de Referência

As especificações empregadas no contro le de qualidade


visam garantir o atend i mento a requisitos qualitat ivos e quantitativos
de qua li dade na produção de medicamentos. Por isso, devem
estar devidamente autorizadas e datadas, abrangendo os ensaios
de identificação, teor, pureza e qualidade das matérias-primas,
dos produtos intermediários, a granel, acabados e dos materiais
de embalagem. Devem existir ainda especificações re lacionadas à
água, aos solventes e aos reagentes (ácidos e bases) uti lizados na
produção.
As especificações de qualidade para produtos ou matérias-
primas são descritas com detalhes em monografias farmacopé icas
• PARTE I - ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

•• (Anexo B), ou na ausência destes, deve-se adotar os requisitos


presentes nas legi slações v igentes e em fontes de consu l ta
reconhecidas oficialmente. Revisões periódicas das especif icações são
fu ndamentais para que sejam atualizadas co nforme as novas edições
da farmacopéia nacional ou de outros compêndios oficiais. De
acordo com a RDC no 79 da A VISA, de 11 de abril de 2003, apenas
quando não houver monografia oficial de matéria-prima, formas
farmacêuticas, correlatos e métodos gerais inscritos na Farmacopéia
Brasileira, poderá ser adotada monografia oficial, última edição, de
um dos seguintes compênd ios interna cio nais: Farmacopéia Alemã,
Farmacopéi a Ame ri cana e seu Formul ário Nacional, Farmacopéia
Britânica, Farmacopéia Européia, Farmacopéia Francesa, Farmacopéia
Japonesa e Farmacopéia Mexicana. As especificações e as respectivas
referên cias empregadas devem estar disponíve is no laboratório.
Para atestar o atendimento às especificações estabelecidas,
faz-se necessário o emprego de pad rões de referência. Trata- se de
substâncias com elevado teor de pu reza, que podem estar disponíveis
sob a forma de pad rões oficiais de referência, refe rências secundári as
o u de trabalh o. Os padrões oficiais são fornecidos por comissões
especializadas, como as Farmacopéias Brasi leira e Americana, e
apresentam um custo elevado, principalmente se comparado ao
custo das respectivas matérias-p rimas (Tabela 3)_

Tabela 3: Custos-padrão perante os custos matérias-primas


Padrão (USP) Matéria-prima
Fármaco
US S/ g R$/g
AAS 608 0,08
Ácido ascórbico 304 0,24
Cafeína 1,520 0,13
Hidrocortisona 1,520 9 ,60
Hidroquinona 608 0 ,54
Medroxi progesterona 1,520 13,20
Paracetamol 5,570 0 ,05
Propranolol HCI 1,520 0,25
Rutina 3,040 0 ,14
Vitamina A 304.. 0 ,65
• Cotado em 10/ 2003 ; •· preço de 1 O ampolas
Os padrões secundários ou de t rabalho são preparados
no laboratório, mediante aná lise comparati va com padrão de
referência. Essa análise requer vários ensaios por diferentes métodos
e, preferencialmente, por anal istas diferentes em dias alternados,
seguidos de rigoroso tratamento estatístico dos resultados. Para isso,
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

•••
devem-se utilizar os lotes de matérias-primas de maior uniformidade
e melhor grau de pureza. Esses padrões devem ser conferidos
regularmente quanto à sua padronização.
Todos os padrões de referência devem ser guardados e
utilizados de maneira que não tenham sua qualidade afetada. Os
rótulos dos padrões de referência e documentos que os acompanham
devem indicar a concentração, a data de fabricação e prazo de
validade, a data em que o lacre foi aberto e as condições de
armazenamento, quando necessário. Os padrões secundários devem
ser armazenados da mesma forma que os padrões oficiais, e de
preferência em frascos que contenham quantidade suficiente para
realização de, no máximo, 1 O análises.

4.4.2 Equipamentos, Reagentes e Utensílios

Os equipamentos, v idrarias, reagentes e demais utensílios


empregados no laboratório de controle de qualidade devem ser
adequados aos procedimentos de análises previstos e em número
sufi ciente ao volume das ope rações. Os equipamentos devem
ser projetados, construídos, adaptados, instalados, localizados e
mantidos de forma a facil itar as operações a serem realizadas. O
projeto e a localização dos equipamentos devem minimizar os riscos
de erros e pe rm itir limpeza e manutenção adequadas de maneira a
evitar a contamin ação cruzada, acúmulo de poeira e sujeira e, em
geral, evitar todo efeito que possa influir negativamente na qualidade
dos produtos.
Todos os equipamentos devem ser periodicamente verificados
e calibrados, conforme procedimentos e especificações escritas,
mantendo-se os registros dessas operações e uma etiqueta com data
referente à última calibração afixada no equipamento. As calibrações
devem ser executadas por pessoa l capacitado, utilizando padrões
rastreáveis à Rede Brasileira de Calibração (RBC) e procedimentos
reconhecidos oficialmente, no mínimo uma vez ao ano ou, em
função da freqüência de uso do equipamento e dos registros das
verifi cações dos mesmos. Essa verificação deve ser feita por pessoal

• 169 -
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• treinado do próprio laboratório, empregando procedimentos escritos


e padrões de referência rastreáveis à RBC.
Além das verificações e calibrações, os equipamentos devem
ser submetidos a manutenções preventivas periódicas e corretivas,
quando necessário, obedecendo a procedimentos operacionais
escritos, com base nas especificações dos manuais dos fabricantes,
mantendo-se registros das manutenções realizadas.
Todos os instrumentos utilizados devem ser devidamente
identificados. já os equipamentos em desuso ou com defeito devem
ser retirados do controle de qualidade se possível, caso contrário,
devem estar devidamente identificados.
o caso dos laboratórios analíticos e das indústrias de méd io
e grande porte, equipamentos como cromatógrafos líquido e gasoso,
espectrofotômetro nas regiões do UV/visível e do infravermelho,
polarímetro, refratômetro, aparelho de d issolução, balanças analítica
e de infravermelho, entre mu itos outros são f undamentais à rotina
do controle de qua lidade físico-q uímico.
Com relação às farmácias de manipulação, considerando-se a
terceirização facultativa dos testes de teor e de pureza microbiológica,
equipamentos como balança analítica, aparelhos de desintegração e
de determinação do ponto de fusão, peagômetro e viscosímetro são
suficientes para a realização das anál ises de controle de qual idade
exigidas pela RDC 67.
Os reagentes empregados nas análises devem possu ir
grau PA, e no caso daqueles empregados em cromatografia e
espectrofotometria, grau UV/ HPLC. Devem ser acondicionados
corretamente, observando-se o prazo de validade descrito no
rótulo.
As vidrarias empregadas devem ser de boa qualidade, e
devem estar disponíveis em quantidade suficiente para garantir
vidraria limpa e seca sempre que necessário. No caso de laboratórios
analíticos, e nas indústrias ou farmácias que realizam validação
de metodologias, testes de equivalência farmacêutica, ou que
participam de ensaios interlaboratoriais e de proficiência, as vidrarias
volumétricas e de precisão empregadas devem obrigatoriamente

:
IMPLAN TAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDAD E

••
ser calibradas com padrões rastreáveis à RBC, no mínimo uma vez
ao ano.
Finalmente, por questões de segurança, o laboratório deve
dispor de todos os equipamentos de proteção individual (EPis)
necessários, tais como jalecos, sapatos antiderrapantes, luvas, ócu los
e máscaras, no sentido de atender às regulamentações do Ministério
do Trabalho.

4.4 .3 Espaço Físico

O laboratório de controle de qualidade deve ser separado


das áreas de produção. As áreas onde forem realizados os ensaios
microbiológicos, bi ológicos ou com radioisótopos devem ser
independentes e separadas e contar com instalações independentes,
especialmente o sistema de ar.
O laboratório deve ser projetado de forma a facilitar as
operações neles realizadas. Deve d ispor de espaço suficiente ao
desenvolvimento das operações, dispondo de todos os equipamentos
e materiais de forma organizada e racional, objetivando evitar os
riscos de contaminação cruzada, misturas de componentes e garantir
a seqüência das operações. Além d isso, deve dispor de espaço
adequado ao armazenamento de amostras de referência, padrões
de referência e documentação dos registros dos lotes.
O laboratório deve ser projetado considerando a utilização
de materiais de construção adequados e deve possuir sistema de
ar para prevenir a formação de vapores nocivos. Os ambientes
devem possuir superfícies internas (pisos, paredes e teto) lisas e
impermeáveis, sem rachaduras, resistentes aos agentes sanitizantes
e facilmente laváveis, protegidos contra a entrada de aves, animais,
insetos, roedores e poeiras. Os ralos devem ser sifonados e fechados,
e a iluminação e ventilação devem ser compatíveis com as operações
e co m os mate riais manuseados.
Em alguns casos, pode ser necessária a utilização de salas
separadas para proteger determinados instrumentos de interferências
elétricas, vibrações, contato excessivo com umidade e outros fato res
externos.

• 171 -
• PA RTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE

• Devem-se considerar ainda os aspectos relacionados à


biossegurança. As bancadas, os equipamentos e demais elementos
devem apresentar uma distribuição ergonômica, com separação
de processos incompatíveis. Equipamentos de proteção coletiva
(EPCs) , tais como extintores de incêndio, lava- olhos, c huveiro,
EPis, sinalizações de segurança e telefones de interesse devem estar
dispostos de forma planejada e acessível, atendendo às normas de
segurança e biossegurança.
Mediante as explanações anteriores, pode-se constatar a
necessidade de uma avaliação rigorosa sobre a implantação de um
laboratório de controle de qualidade de medicamentos. Frente aos
requisitos, pode-se verificar que os custos de uma análise físico -
química de medicamentos ou matérias-primas para sua elaboração
não serão reduzidos.
O Brasil possui um número muito reduzido de laboratórios
q ue prestam serviços nesta área, excluindo os das próprias indústri as
fabricantes. Acredita-se que ações governamentais devem ser
desenvolvidas para ampl iar o núme ro de laboratóri os habilitados
para atuarem na área de controle de qualidade de medicamentos,
de acordo com as referências normativas atuais.
••
IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE

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AMOSTRAGEM E
ESTATÍSTICA APLICADA AO
CONTROLE DE QUALIDADE

"Não há fatos eternos, como não há verdades


absolutas."
(Nietszche)
TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM

•••
5 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM

GIL, E.S.& BARBOSA,W.G.

Entende-se por amostragem a retirada representativa de


material para análise e controle. Esse processo, por sua vez, corresponde
à primeira etapa do controle de qualidade e pode representar até 30%
do erro de uma análise. Assim, na amostragem deve-se ter em mente
que a análise de uma amostra representará a qualidade de todo lote
produzido. Logo, as considerações estatísticas e legais, bem como os
planos e técnicas utilizadas no planejamento de amostragem deverão
ser baseados no bom senso e nas seguintes questões:
a) O que deve ser amostrado e analisado?;

b) Quando se deve retirar amostras?;

c) Co mo esta deve ser feita e em que quantidade?;

d) Como interpretar os resultados das análises?

As técn icas de amostragem devem segu ir considerações


ge rais como: tamanho da amostra, aspectos operacionais e legais e
aná lises a serem efetuadas.
O tamanho da amostra depend e do número de análises
e independe do tamanho do lote, já que a rep rese ntativi dade
está muito mais relacionada com a "qualidade" do que com a
qua ntidade amostrai. Entre os aspectos que podem definir a
qualidade da amostra, estão aqueles relacionados com a coleta,
a qual, em geral, deve ser feita em locais e tempos diferentes (ex.
prateleiras, equipamentos, etapas e ou t ros), assim como cuidados
na amostragem (cond ições assépticas, temperatura, condições de
transporte, acondicionamento e outros).
Com relação aos aspectos legais, dois aspectos devem ser
considerad os:
a) amostras legais e

b ) atendimento d os regulamentos das Boas Práticas de


Fa bricação e Controle (RDC 210/2003 e RDC 134/ 2001) e
ormas 'IBR 150/ IEC 17025/ 2001.

• 179 -
• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATISTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• No que diz respeito a "amostras legais", a lei obriga aos


fabricantes que, para cada lote guarde o produto acabado com
preço, bula, embalado, e outros, um mínimo de t rês emba lagens
ou quantidade suficiente para três análises.
Os tipos de inspeção ou análises pretendidas determinam
os aspectos críticos relacionados com os cuidados na coleta e no
tratamento das amostras.
As Normas Brasileiras NBR/IEC 17025 de 2001 estabelecem
que todo laboratório deve ter um plano e um procedimento de
amostragem, e que estes devem estar disponíveis no local onde a
atividade é realizada e assegurar a qualidade da amostra e validade
dos resultados, respeitando todos os fatores condici onantes.
Em um procedimento operacional padrão de amostragem
devem ser descritos dados estatísticos, identificação do amostrador,
condições ambientais, critérios de seleção, plano de amostragem e
retirada, bem como preparação da amostra e eventuais desvios.
Entre os itens considerados necessários para atendimento
das BP Fs, destacam - se a necessidade de área definida para
amostragem de matérias primas no almoxarifado, elaboração de
POPs, higienização e paramentação adequada dos funcionários,
higienização das instalações, registros de todos os procedimentos,
adequação estatística, adequação de instrumentos e utensílios e
medidas de prevenção de contaminação cruzada.
Há uma variedade de planos de amostragem, e que o custo
e grau de precisão dos resultados obtidos são decisivos na escolha
do plano mais adeq uado. Outrossim, a precisão é defin ida pela
relação entre tamanho da amostra e população e, especialmente,
pelas características do material a ser amostrado.
Todo plano de amostragem deve conter os seguintes itens:
a) definição da unidade de amostragem ;

b) forma de seleção dos elementos da população;

c) tamanho da amostra.

As farmacopéias, em geral , apresentam diretrizes quanto à


quantidade a ser amostrada. Estas, invariavelmente, dependem do
tamanho do lote e do tipo de forma farmacêutica.
Do ponto de vista estatístico, as técnicas de amostragem
são divididas em dois grandes grupos: amostragens probalísticas e
não-probabilísticas.
i'ECNICAS DE AMOSTRAGEM

•••
5.1 AMosiRAGt:M PROBABILÍSIICA t: NÃo-PRoBABILÍSIICA

Nos procedimentos de amostragem probabilísticos, todos


os ele mentos da população têm uma probabilidade conheci da e
superior a zero de integrarem a amostra.
Podem ser subdivididos em :
a) amostragem aleatória simples: Neste caso a amostra é escolhida
elemento a elemento, sendo a população numerada de 1 a N e,
com base em um número aleatório (Tabela de Números Aleatórios
TNA), definem-se os intervalos de retirada da amostra;

b) amostragem aleatória sistemática: Uma amostra sistemática de


tamanho n é constituída dos elementos de ordem k, k + r, k + 2r,
K+ 3r ... , onde k é um número inteiro escolhido aleatoriamente
entre 1 e n, e r é o i ntei ro mais próximo da fração N/ n. Por
exemplo, se a popu lação t em 100 elementos e o tam anh o
escolhido para amostra foi 5, k é um número inteiro escolhido
entre 1 e 5 e r = 100/ 5 = 20. Caso k seja 5, a amostra se rá
composta de elementos 5, 25, 45, 65 e 85;

c) amostragem aleatória estrati ficada: Quando os elementos são


divididos em grupos não superpostos (ex. homem e mulher,
líquidos e sólidos, ácidos e bases), é mais fácil e eficiente escolher,
independentemente, uma amostra aleatória simples dentro de
cada um desses grupos (estratos). Todavia, o tamanho da amostra
pode ser proporcional ou não proporcional ao tamanho de cada
estrato;

d) amostragem aleatória por conglomerados (clusters) : No caso da


amostragem por conglomerados a amostragem aleatória simples
é feita em blocos superponíveis (ex. sacos de farinha, pilhas de
livros, quarteirões de um bairro). Como regra geral, o número de
elementos em um conglomerado deve ser pequeno em relação
ao tamanho da população, e o número de conglomerados,
razoavelmente grande;

e) amostragem multietapas : Feita em várias etapas;

f) amostragem multifásica: Feita em várias fases.

Já a amostragem não-probabilística se divide em dois grandes


grupos: amostragem intencional e não-intencional, e, em ambos os
casos, nem todos os elementos da população têm a mesma chance
de integrarem a amostra.
• PARTE 11 - AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• A amostragem intencional é uma amostragem


não-probabilística fundamentada em critérios ou objetivos específicos
do investigador, podendo, segundo estes, receber as segu intes
denominações: amostragem de instâncias modais, amostragem de
casos críticos, amostragem para heterogeneidade ou diversidade,
amostragem focalizada em casos particulares, amostragem de bola
de neve , amostragem por quotas proporcional e amostragem por
quotas não-proporcional.
Entretanto, na amostragem não-probabilística não-intencional,
o único critério seguido é a conveniência, seja relativa a tempo ou
espaço, seja pela disponibilidade dos elementos da população.

5 .2 ESTATÍSTICA APLICADA À AMOSTRAGEM

Os dados de pesqu isa dev em rela c ionar-se com uma


determi nada característica existente nos indivíduos o u objetos de
estudo.
No que diz respeito à fase de amostragem é importante que
se conheçam os dados a serem analisados e as características do
universo, objeto de estudo.
Nesse contexto, alguns conceitos estatísticos importantes
devem ser definidos.
As técnicas de amostragem são métodos de seleção adequada
d e elementos de uma população, de tal forma que, com base nas
respostas obtidas, se possa inferir o com po rtamento de interesse na
população-alvo.
Chama-se universo ou população, o grupo sobre o qua l está
sendo efetuado o estudo estatístico. Chama-se amostra uma parcela
representativa da população, escol hida aleatoriamente e sobre a
qual recairá o estudo a se r fe ito.
Exemplo :
Deseja-se co nhecer o número de placas de Petri com defeito
em uma fábrica de vidrarias. Para isso há duas formas: contar todas as
peças defeituosas produzidas durante o dia; este total é a POPULAÇÃO;
ou pode-se recolher uma parcela das placas fabricadas e contar entre
elas somente as placas com defeitos; esta parcela é a AMOSTRA.
Se esse defeito for o diâmetro da placa fabricada, ao med i r- se
as peças da amostra, verifica-se que esse diâmetro apresenta certa
va riação e classificando as peças em defeituosas o u não estaremos
usando a estatística.
TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM

••
A população ou universo por sua vez pode ser classificada em:

a) população teórica: População para a qual se pretende


generalizar as conclu sões do inquérito. A totalidade dos elementos
que compõem a população também é chamada de população de
inferência;
b) população-alvo: É a população teórica, menos os grupos
ou indivíduos que o investigador decidiu explicitamente exclu ir, com
base em critérios devidamente fundamentados;
c) população-grelha: É a parte da população que pode ser
efetivamente listada na grelha de amostragem, ou seja, é a população
da qual se seleciona efetivamente a amostra, sendo também designada
por população acessível, inquirida ou população do estudo.

Por sua vez, cada elemento que constitui a população ou


universo corresponde à UN IDADE.
As unidades que compõem o subconjunto da população
utilizado na investigação, por sua vez formam a amostra, que pode
ser classificada em teórica ou obtida.
Entende-se por amostra teórica a totalidade de unidades da
população-grelha, enquanto amostra obtida corresponde às unidades
utilizadas na análise.
Fração de amostragem (FA): Proporção de casos da amostra
em relação à população.
Intervalo de amostragem (IA): Corresponde a distância entre as
unidades amostradas, que se numeradas, esse intervalo correspond erá
à ordem de identificação dessas un idades. No caso da amostragem
aleatória sistemática, o interva lo de amostragem é a razão N/ n.

5.2.1 Cálculo da Amostra

Várias fórmulas estatísticas são empregadas no cálculo do


tamanho da amostra (n). Entre os parâmetros observados estão os níveis de
segurança ou intervalos de confiança e o tamanho da população (N).

Ressalta-se que antes de se questionar sobre a complexidade


da fórmula estatística, deve-se pensar na complexidade da amostra.
No contexto do controle de qualidade de medicamentos,
critérios farmacopéicos de amostragem levam em conta as diferentes
características das variadas formas farmacêuticas.
Outro aspecto a ser considerado d iz respeito ao número
• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• de testes que são rea lizados no controle de qualidade de um único


medicamento, bem como o número mínimo de unidades que deve
ser utilizado em cada teste e número de réplicas.
Finalmente, antes de se definir o tamanho da amostra pelo
uso de uma fórmula estatísti ca, há de se consi derar as diretrizes
farmacopéicas, bem como os aspectos legais e recomendações das
agências reguladoras (ex. A VISA). Por exemplo, na recepção de
determinadas matérias-primas, tem-se recomendado à indústria
farmacêutica, a violação e retirada para fins de análise de amostra
de todos os contêineres.
Entre as fórmulas mais simples para cálculo de n estão:

n=-{ii e n=-{ii+l
Cálculos mais complexos incluem dados sobre intervalo de
confiança

z~. p(1-p)
n= E2
Onde:
pé a proporção do atributo na população, caso desconhecido
p = 0, 50,
Za é o valor de Z no intervalo de confiança a pretendido,
Z é equivalente a "t" para população
E0 é o erro amostrai tolerável.

Onde:
n 0 é a primeira aproximação para amostra

E0 é o erro amostrai tolerado (Ex. Para 4 %, E0 = 0,04)


PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS

•••
6 PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS

ORlANDq R.M. & GIL, E.S.

Após a determinação do tipo de técnica de amostragem,


bem como conhecimento prévio das condições de análise, uma
próxima etapa que poder ser eventualmente, necessária diz
respeito à preparação da amostra. As diversas técnicas preparativas
têm a finalidade de recuperar o analito da matriz, livrando-o de
compostos que interfiram na análise, concentrando-o a uma escala
possíve l de ser analisada e tornando a matriz compatível com o
sistema analítico. Em alguns casos, esta etapa serve também para
modificar quimicamente o analito através de reações de derivação.
Como a etapa de preparação da amostra é quase sempre realizada
manualmente, ela se torna, na maioria dos casos, o ponto crítico
da análise, fazendo com que a precisão e a exatidão do método
fiquem estritamente dependentes dos procedimentos de preparação
adotados, o que resulta em um maior tempo e esforço por parte
do operador.
De modo geral, a preparação de amostras deve ser
um procedimento rápido, que tenha poucas etapas, capaz de
produzir recuperações quantitativas e reprodutivas do analito e, de
preferência, apresente a possibilidade de automação.
A escolha do tipo de tratamento empregado é feita em função
das características da matriz e do analito e das condições de análise
empregadas que incluem, principalmente, o tipo de técnica e de
instrumentação empregados.
Alguns analitos em certos tipos de amostras (análise de gases
em cromatografia gasosa) não requerem nenhum tipo de tratamento
prévio, sendo analisados diretamente no equipamento analítico.
Medicamentos abrangem uma vasta gama de misturas de compostos
orgânicos e inorgânicos de origem sintética, natural ou biológica e,
portanto, sua preparação para análise vai depender de cada caso
em particular.
Neste capítulo serão abordados os principais métodos
de preparação de amostras para análise de compostos orgânicos
e inorgânicos em técnicas de separação (cromatográficas e
• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA A O CONTRO LE DE QUALIDADE

•• eletroforéti ca s), absorção atômica, infravermel ho, massas,


eletroquímica e demais técn icas correlacionadas.
Inúmeras são as técnicas de preparação de amostras capazes
d e recupera r fármacos dos mais variados t ipos de matrizes, cada
q ual com suas vantagens e desvantagens, empregadas confo rme sua
eficácia e compatibilidade para o respectivo caso (Tabela 4) .
Tabela 4: Comparação entre as principais técnicas preparativas.

TÉCNICA PRI1'CÍPIOS CARACTERÍSTICAS

Dist ri buição do ana lito Bo a reprodutibilidade, fác i l


entre do i s I íq ui dos manuseio, utilizada para compostos
Extração
imiscíveis em função pouco voláteis. Ex ige solventes
líquido-líquido
de um coeficiente de puros, produz grandes quantidades
partição. de resíduos.
Adsorção seletiva do Grande disponibilidade de materiais
analito em materiais adsorventes, al tas recuperações,
sólidos e pos t erior baixo consumo de solventes .
Extração em
dessorção com solventes. Cartuchos e discos extratores torna
fase sólida
Segue os mecanismos da a técnica mais cara, mais complicada
cromatografia em coluna quando realizada manualmente.
clássica.
Distribuição do analito Técnica versátil, com baixo consumo
entre duas fases imiscíveis d e solvente e necessidade de pouca
Microextraçào onde a fase extratora é um quantidade de amostra. Fi bras de
em fase sólida polímero que reveste uma extração reaproveitáveis. Lim ites de
fibra de sflica. q uantificação altos, poucos materiais
de extração disponíveis.
Solubilização do analito Pode ser utilizada tanto em amostras
Extração por por um fluido no estado sólidas, semi-sólidas ou liquidas. '-ão
fluido supercrítio que depois é necessita de solventes orgânicos. O
supercrftico coletado em um líquido analito precisa ser solúvel no fluido
ou adsorvente. supercrítico.
Permeação sele t iva do Eficientenaseparaçãodefármacosde
Extração em anal i to através d e uma proteínas. Possui menor capacidade
membrana membrana q ue separa de sepa ração e co ncentração do
duas fases liquidas. analito; separação mais demorada.
Adição de sais e solventes Técnica muito simples; baixo custo .
Precipitação orgânicos que competem Pouca eficiência na retirada de
protéica com as proteínas pela água interferentes; baixa reprodutibilidade;

...
disponfvel. perda do analito.

,,
;
PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS

•••
6.1 Extração Líquido- líquido (LLE)

A LLE é feita pela adição e agitação de um solvente imiscfve l


na matriz e a extração aco ntece pela passagem do analito para o
solvente imiscfvel. Após a agitação são f ormadas duas fases líquidas
que são então separadas. A fase contendo o anal ito pode ser
evaporada, no caso de solventes orgânicos, ou pode ser, quando
aquosa, analisada diretamente no sistema cromatográfico.
A LLE é um processo baseado no equilíbrio com o analito
se distribuindo entre duas fases imiscfveis sendo que a quantidade
total extraída está relacionada com o coeficiente de partição entre
essas duas fases. Dessa forma, pelo menos em teoria não é possível
esperar extrações com recuperação de 100%.
É importa nte lembrar que a LLE é mais eficiente se for
realizada com duas alíq uotas de um vol ume X/ 2 de solvente do
que uma única alíquota X daquele mesmo solvente (Figura 1A). Por
outro lado, quando o analito possuir alta afinidade pelo solvente
extrator o volume do mesmo pode ser reduzid o sem muito prej uízo
na recuperação (Figura 1 B).
A
i 55,55%
c= c:>
33,33 u 22,22 u

J-:
B
c=
'F
,..,...,
_,.~•
95 ,23%
p I 90,91 %

,_, . .. . ~··~
--+
-~·

Figura 1: (A) Comparação do aumento da recuperação através da utilização de várias alíquotas


de um mesmo volume de solvente considerando um coeficiente de partição de 1. (8)
Comparação de uma variação de volume para um analito que possui alta afinidade
(coeficiente de partição 20. pelo solvente de extração.

A eficiência da LLE vai depender de alguns fatores como pH,


complexação e concentração salina, que devem ser ajustadas para
aumentar a solubi lidade do analito na fase extratora, elevando o
coeficiente de partição . Reações de derivação também são utilizadas
para aumentar a solubilidade do analito na fase extratora.

• 187 -
• PARTE 11- AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• No caso de amostras onde exista algum agente complexante


na matriz, a extração pode ficar prejudicada se o analito estiver
altamente ligado a este agente. N este caso, podem se r utilizados
detergentes, ácidos ou bases fo rtes ou ou tros com postos que
desfaçam o complexo.
As principais va ntagen s da LLE são as faci lid ades de
operação manual, a grande dispo nibi lidade d e solventes e a alta
reprodutibilidade em fu nção da pureza desses solve ntes. j á os
principais problemas apresentados são justamente a necessidade dos
solventes grau analítico mais caros, a produção de resíduos orgânicos,
a formação de emulsões durante a extração, a necessi dade de
evaporação de volumes consideráveis de solventes e as dificuldades
de automação.

6 .2 Extração em Fase Sólida (SPE)

SPE é uma técnica bastante empregad a em matrizes


complexas e utiliza os mesmos materiais adsorventes empregados
em cromatografia líquida, dentre os quais se destacam os derivados
de síli ca CB, C18 e CN. Os mecanismos de retenção na SPE
asseme lham-se àqueles envolvidos na cromatografi a líquida em
col una e, dependendo do adsorvente e do modo como é empregada,
a SPE é divid ida em modo reverso, modo normal e troca iônica.
Nos casos das fases reversas (C8, C18 e CN), a retenção do analito
acontece devido, primeiramente, às interações de van der Waals
não polares, entre as ligações carbono-hidrogênio do ana lito com
os grupos fun cionais da superfície da síli ca. já no modo normal, as
principais interações são entre grupos polares do analito e da fase
extratora através de ligações de hidrogênio, interações rc-n: e dipolo-
dipolo. Finalmente, no modo troca iônica, interações elet rostáti cas
são as responsáveis pela extração seletiva do analito. A SPE conta
com uma grande variedade de adsorventes disponíveis, que podem
ser empregados com os mais diversos t ipos de matrizes e classes de
com postos (Tabela 5).
Atualmente, a SPE tem tido ap licações específicas com o
desenvolvimento de fases mais se letivas. Este é o caso do material
extrator composto de feni lboron ato (=5i- (CH 2 ) 3 -N H-(C6 H 5 )-B(OH) 2)
que possui aplicação na análise de nucleosídeos, nucl eotídeos,
carboi dratos e cateco laminas. Extrações se letivas em materi ais
biológicos também são realizadas pela f ixação de an t icorpos ou
PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS

•••
polímeros impressos molecularmente, como no caso da extração
de insulina do plasma.
Diferentemente da LLE e da (S PME) m icroextração em fase
fase sólida, nas quais a extração está baseada no equilíbrio, a SPE é
um processo onde normalmente recupera- se quase todo o ana lito
da matriz em uma única extração, não permitindo an álises e m
replicatas de uma mesma amostra. A pós a retenção do analito pelo
adsorvente da coluna e eliminação dos interferentes por lavagens
sucessivas, procede-se à eluição do composto de interesse com
pequenos volumes de um solvente adequado (Tabela 5).
Tabela 5: Características da SPE empregada nos modos reverso, normal e troca iônica

SOLVENTES
ANALITOS MATRIZES GRUPOS ADSORVENTES
DE ELUIÇÃO
Apoiares: Aquosas: octadecilsilano =Si-(CH 2) 17 ·CH, Metanol,
~ fármacos, fluidos octilsilano =Si-(CH 2 )7-CH, acetonitrila,

.."'"'"'
>
pesticidas, biológicos, metilsilano =Si-CH , clorofórm io1

=Si-~
...""
"' peptídeos água, tecidos,
tampões
cicloexilsilano hexano

Polares: Oleosas: sílica "Si-OH Metano I,


...E carboidratos, óleos, lipídios, alumina Al 2 03 etanol,

z= íenóis, tecidos florisil MgO, Si acetona

..."'"'"" metabólitos de gordurosos aminopropilsilano =5H CH,l,-NH 2


vitaminas

Catiônicos: Aquosas: Carboximeti lsilano Tampões


bases iônicas fluidos =Si-CH,-COOH básicos ou
ou ion izáveis biológicos, sulfonilpropi lsilano com alta
(fármacos, água, tecidos, ;o$i-(CH 2),-So,- Na· força iônica
herbicidas, tampões
catecolaminas)

""'
·;: Aniônicos: Aquosas: Dietilaminopropilsilano Tampões
:: ácidos iônicos flu idos =Si-(CH 2 ) 2 -CH 3 -N(CH, -CH,)2 ácidos ou
..,""
o ou ionizáveis biológicos, trimetilaminopropi lsilano com alta
~
(ácidos água, tecidos, =SH CH,),-N-(CH,l,CI· força iônica
orgânicos, tampões
fár macos,
vitaminas,
ácidos graxos,
fosfatos)
• PARTE 11 - AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• Vários são os dispositivos empregados para SPE dentre eles os


mais utilizados são os cartuchos e os discos de extração (Figura 2)_

. _ _ sorvente

Cartucho

Figura 2: Representação de um cartucho e u m d isco usados na SPE.

Cartuchos são os dispositivos mais uti lizados para a SPE


devido à sua facilidade de manuseio, grande disponibilidade
comerci al e baixo custo. Os cartuchos disponíveis come rcialmente
em geral, possuem reservatórios de 0,5 a 1 O ml e recheios que
variam de 35 mg a 2 g.
Nos discos são empregadas quantidades de materiais
extratores semelhantes aos cartu chos, porém as partículas extratoras
se encontram distribuíd as em uma área muito maior resultando
em camadas extratoras mais delgadas, o que facilita a passagem da
matriz. A lém disso, discos empregam geralmente partículas menores
e mais homogêneas, o que também facilita a transferência de massa
do analito, deixando o leito do disco com menor quant idade de
caminhos preferenciais. O resultado é que os discos apresentam
vazões mais altas, necessitam de menores volumes de eluente para
a dessorção e as extrações são mais reprod utíveis.
Uma grande desvantagem dos discos é que sua eficiência
de extração é bastante dependente da etapa de cond icionamento,
o que torna sua operação mais difícil e, devido às suas partículas
serem menores, os discos também estão mais sujeitos à obstrução
por macromoléculas e materiais particulados, além de possuírem
custo mais elevado que os cartuch os.
Em ambos dispositivos, a amostra é forçada a passar pelo
material extrator pela aplicação de pressão em uma das extremidades
do cartucho ou disco. Uma gra nd e vantage m da SPE é a sua
capacidade de automação. Para realizar a análise simultânea de
várias amostras e extrações mais rápidas, geralmente são util izados
sistemas extratores com vácuo.
PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS

••
Em geral, as principais desvantagens da SPE são o maior
tempo de execução e com plexidade operacional quando reali zada
de forma manual. Além disso, destaca-se o custo adicional dos
cartuchos e discos que são utilizados geralmente uma única vez.
Outras técnicas preparativas associadas à SPE, incluem a
extração em fase sólida através de materiais de acesso restrito, a
microextração com seringas recheadas (MEPS) e a microextração
em fase sólida (SPME).

6.3 MICROEXTRAÇÃO EM FASE SóliDA (SPME)

A microextração em fase sólida (SPM E) é uma técnica


relativamente nova que apresenta vantagens como a economia de
tempo e solvente, resumindo o processo de extração em praticamente
um único passo. A princípio, essa técnica foi desenvolvida para
análise de compostos voláteis por GC. Com o desenvolvimento de
novos materiais de extração, a SPM E foi sendo adaptada à HPLC
e aos mais diversos tipos de matrizes e classes de compostos.
Atualmente, esta técnica é aplicada em análises ambientais de ar,
solo e água, estudos toxicológicos com cabelo, saliva, soro, sangue
e outros tecidos, além da análise de alimentos, análises foren ses e
estudos com células e organismos vivos.
A SPME é uma microtécnica de extração de amostras, tanto
pelas dimensões do suporte de extração empregado como pelos
volumes de matrizes e solventes necessários. Na SPME util iza-se
uma fibra ótica de sflica fundida , recoberta com um adsorvente
adeq uado. A fibra se encontra acondicionada dentro de uma espécie
de agulha em um amestrador semelhante a uma seringa, ficando
exposta somente no momento da extração.
O processo de extração por SPME pode ser realizado por
imersão da f ibra diretamente na matriz ou através da exposição
no espaço confi nante chamado "headspace", onde a fibra entra
em contato somente com os vapores do anal ito que podem ser
liberados da matriz por aquecimento. A técnica de "headspace" é
especialmente útil quando existe alguma incompatibilidade entre
a fibra e a matriz, se ndo bastante empregada na determinação de
compostos voláteis por cromatografia gasosa (GC). Já a extração
direta é utilizada para compostos menos voláteis e termossensíveis,
sendo o modo mais empregado para análises por HPLC.
Após a extração pela f ibra, o soluto é dessorvido empregando
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• aquecimento no caso de (GC) ou quantidades reduzidas de um


solvente adequado no caso de (HPLC). Os custos reduzidos na SPME
devem-se, ainda, ao fato das f ibras de extração serem utilizadas
várias vezes antes de serem descartadas.
O processo de extração na SPME está baseado no coeficiente
de partição do analito entre a matriz e a fibra de extração, sendo
a quantidade extraída, na maioria dos casos, muito inferior à
quantidade total do analito presente na amostra, permitindo que a
mesma amostra seja analisada em replicata.
Como a SPME é um processo baseado no equilíbrio e a
quantidade de analito extraída depende da sua concentração no
estado livre, esta técnica pode ser aplicada na determinação da
ligação de fármacos às proteínas plasmáticas, uma vez que a SPME
não provoca a lise da ligação fármaco-proteína como no caso da
LLE.
As f ibras são, em sua maioria, constituídas de um ou mais
polímeros sendo as mais utilizadas e de maior disponibilidade
no mercad o as de poli dimetilsiloxano (PDMS), poliacrilato (PA),
carbowax (CW) e as combinadas polidimetilsiloxano-divinilbenzeno
(PDMS-DVB), carboxen-PDMS e carbowax-DVB. Estas fibras
possuem espessuras que variam entre 7 e 100 1-1m e comprimento de
normalmente 1 em. Materiais extratores derivados de sílica porosa
C8 e C18 e sílica/ carbono grafitizado, empregados em cromatografia
líquida, também vêm sendo recentemente utilizados.
O desenvolvimento da interface de injeção para HPLC
perm itiu que a desso rção fosse rea lizada no próprio sistema
cromatográfico. Hoje, sistemas completamente automatizados são
disponíveis comerci almente. A maioria das interfaces servem como
uma espécie de " T" conectado entre a bomba do cromatógrafo e a
coluna, fazendo assim a função do amostrador.
A dessorção pode ser feita no modo estático, através da
injeção de um pequeno volume de solvente com uma seringa de
injeção, ou no modo dinâmico, através de uma mudança da vá lvula
fazendo o solvente do sistema cromatográfico entrar em contato
contínuo com a fibra. No modo estático, o solvente de dessorção
não precisa ser necessariamente o mesmo do sistema cromatográfico
e a dessorção ocorre à pressão atmosférica. Já o modo dinâmico, é
util izado nos casos em que a transferência de massa do analito para
o solvente é rápida. Além da interface para HPLC, a SPME conta
também com interfaces para eletroforese capilar e cromatografia
por fluído supercríti co.
II'IW'ARAÇÃO DE AMOSTRAS

••
Atualmente, as principais limitações da SPME são os limites
de quantificação muito altos, especialmente na determi nação de
fármacos em fluidos biológicos; existem também variações entre
diferentes lotes e marcas de polímeros extratores e o efeito memória
do anali to freqüentemente gera problemas na quantificação.
Novos dispositivos de SPME estão sendo desenvolvidos
onde a extração ocorre dentro de tubos. Um desses dispositivos é
o chamado de "SPME in tube " (Figura 3). Neste sistema o polímero
extrator aparece revestindo o interior de um capilar de sílica fundida
e a extração ocorre dentro desse sistema. Uma variação da SPME
in tube é a SPME wire-in-tube. Neste dispositivo um fio de aço
inoxidável é acondicionado no interior do capilar para diminuir
o volume interno do mesmo e proporcionar uma extração mais
eficiente.

Polfmero extrator

(B)

Figura 3: Modos de SPME in tube (A ) e SPM E wire·in-tube (8).

A técnica de ME (extração em membrana) é uma técnica


semelhante à LLE (extração líquido- líquido) convencional, mas
que possui as vantagens de evitar a formação de emulsões, ter alto
poder de concentração empregando quantidades reduzidas de
solventes e ainda, apresentar excelente capacidade de automação.
Nesta técnica, a solução onde encontra-se o analito de interesse
(matriz) é chamada de fase doadora e a fase para onde o analito
irá transferir-se é chamada de fase receptora. Estas duas fases são
separadas por uma membrana seletiva que irá permitir a passagem
somente dos compostos que forem solúveis na membrana ou
daqueles que t iverem tamanho adequado para passar entre seus
poros. A passagem e a concentração do analito na fase aceptora
é promovida controlando-se parâmetros como pH, concentração
salina, temperatura e aditivos das fases doadoras e aceptoras.
A ME pode ser dividida de acordo com o tipo de membrana
em ME porosa e não porosa ou, de acordo com as fases envolvidas,
em mono, bi ou trifásicas. A possibilidade da fase aceptora ser
• PARTE 11 ·AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• aquosa permite que o analito extraído seja injetado diretamente no


siste ma cromatográfico em modo reverso e também em eletroforese
ca pilar. A técnica de ME mais utilizada para extração de fármacos
em fluid os biológicos é a chamada líquido suportado por membrana
(SLM). Nesta té cnica, a membrana é formada por um filme de
líquido orgânico suportado em um material poroso. Os líquidos mais
empregados em membranas são hidrocarbonetos de cadeias longas
como n-undecano ou querosene e alguns compostos mais polares
como di-hexil éter, tri-octilfostato e outros. As membranas compostas
por estes líquidos são estáveis por até alguns meses. As limitações da
ME são principalmente os tempos de extração relativamente mais
longos que a LLE e a estabi lidade reduzidas de membranas mais
polares como di -n -hexil éter.
Finalmente, re ssalta-se que uso de aquecimento por
microondas acoplado às diversas técnicas de extração, bem como a
sonicação e outras técni cas da farmacognosia incluindo a percolação,
maceração, ou mesmo a filtração simples também podem ser
consideradas técnicas preparativas em análises.
ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•••
7 ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE
DE QUALIDADE

MACHADO, S.A.S., GIL, E.S. & BARBOSA, W.G.

A estatística é a c1encia da comparação, um ramo da


matemática que se ocupa com os métodos de coleta, processamento,
apresentação, tratamento, análise e interpretação de dados. Quando
fazemos medidas experimentais em alguma das áreas das ciências,
como a Química, a Física ou a Biologia, o resultado é um conjunto de
números que devem ser tratados e, na maioria das vezes, comparados
com um outro conjunto. Nesta atividade comparativa, a matemática
falha miseravelmente. Por quê? É simples, a matemática, enquanto
filosofia, não leva em consideração os erros cometidos ao se obter o
conjunto de dados. Em contrapartida, qualquer avaliação quantitativa
a ser realizada por qualquer pesquisador, com qualquer técn ica
analítica, em qualquer laboratório, não pode ser considerada livre
de erros. Assim, ao se indagar se, por exemplo, o conteúdo de cálcio
determinado em duas amostras distintas, em experimentos distintos,
como sendo de 1 O e 9 ppb, diferem entre si, o experimentador teria
uma resposta simples da matemática. Sim, o conteúdo da primeira
amostra é maior que o da segunda. Esta afirmação categórica pode,
entretanto, ser completamente falsa.
Para determinarmos se as amostras têm quantidades iguais
ou diferentes de cálcio, deveremos conhecer a precisão das técnicas
empregadas para esta determinação. Se esta precisão for tão baixa
quanto 0 ,1 ppb, então poderemos afirmar que a matemática está
correta. Entretanto, se esta precisão for maior, em torno de 1 ppb,
não poderemos mais postular qualquer diferença entre os valores
de cálcio determinados.
Como podemos avaliar a precisão dos experimentos e, então,
fazer uma comparação mais adequada dos resultados quantitativos
obtidos em análises de dados? Bem, este capítulo terá como objetivo
discutir os conceitos necessários para esta comparação.
• PARTE 11. AMOSTRAGEM E ESTATiSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDAD E

•• 7.1 ERROS EM ANÁLISES QUANTITATIVAS

As atividades experimentais em um laboratório de análises


podem envolver três tipos distintos de erros experimentais:
(a) Erros Grosseiros
(b) Erros Sistemáticos
(c) Erros Aleatórios

Os erros grosseiros são aqueles cometidos por desatenção


ou desinformação do experimentador. Um exemplo c lássico
é a utilização de um reagente contaminado. Este tipo de erro,
normalmente, está associado a valores tão fora daqueles esperados
que eles são de fácil identificação e eliminação. Geralmente é
necessário refazer todo o proced imento analítico, desprezando
os resultados obtidos. Um exemplo clássico deste tipo de erro
é o "esquecimento" de se acrescentar indicador numa titulação
ácido-base. A demora na "viragem" do indicador compromete,
totalmente, todo o procedimento. Estes erros podem ser evitados
com a atenção e conhecimento do analista e não são objetos de
interesse da estatística.
A segunda classe de erros são os sistemáticos. Estes erros são
associados a alguma falha na calibração do procedimento analítico.
Uma balança ou um peagômetro descalibrados podem fornecer
va lores sempre acima, ou abaixo, daquele esperado. Estes erros são
difíceis de serem reconhecidos, pois o aparelho pode repetir um
va lor medido com grande precisão, aparentando estar em perfeito
funcionamento. Apenas o valor lido apresentará um desvio (bias)
em relação ao valor real (que deveria ser obtido em um instrumento
calibrado). Para evitar este tipo de erro, os instrumentos e vidrarias
devem ser sempre testados com padrões bem conhecidos. Assim,
erros sistemáticos são detectados e o aparelho ou vidraria, calibrado
adequadamente. Este procedimento deve ser rotineiro em laboratórios
de excelência e também não serão considerados aqui.
Finalmente, os erros aleatórios são absolutamente impossíveis
de serem eliminados por um motivo muito simp les. Nen hum
experimentador ou laboratório, por mais bem treinado ou equipado
que possa ser, pode ter total controle sobre as condições instantâneas
do Universo. Assim, oscilações de temperatura, corrente elétrica,
sons, vibrações, radiação (inclusive luz), desempenho humano e até
mesmo parâmetros quânticos, etc. introduzem erros variáveis nas
ESTATiSTICA APLICADA AO CONTROLE DE Q UALIDADE

•••
medidas quantitativas. Estes erros são os objetos de estudos deste
capítulo.
Existem ainda os chamados erros absolutos e relativos, que
expressam a variabilidade dos resultados obtidos em experimentos. Sendo
o erro absoluto (e) dado pela diferença entre valor convencionalmente
aceito como verdadeiro (J..l) e valor experimental, enquanto o erro
relativo é dado pela razão entre (e) e valor (J..l) expresso, geralmente,
em percentagem, ou seja, multiplicado por 100.

7.2 DISTRIBUI ÇÃO NORMAL DE DADOS

No controle de qualidade de medicamentos, assim como


outros tipos de análise é importante que se conheçam parâmetros
de distribuição.
Em situações ideiais, ou seja, em que a variabilidade é
normal, a probabilidade pode ser obtida com base em medidas de
tendência central e dispersão, a partir de testes de distribuição ("t ")
de Student.
Por exemplo, um técnico do setor de controle de qualidade de
uma fábrica de pregos, em uma análise rotineira, tomou uma amostra
de 50 pregos, na esteira da prod ução e pesou-os em uma balança
bem calibrada. Os resultados estão representados no Quadro 4.

Quadro 4: Peso, em gramas, de 50 pregos de uma fábrica de pregos.

0 ,5 1 0,51 0,51 0 ,50 0,50 0,49 0, 52 0,5 3 0,50 0 ,4 7

0 ,51 0,52 0,53 0,48 0,49 0,50 0 ,52 0,49 0,49 0 ,50

0,49 0,48 0,46 0,49 0,49 0,48 0,49 0,49 0,51 0,47

0,51 0,50 0,51 0,48 0,50 0 ,4 7 0,50 0,51 0 ,49 0,4 8

0,51 0,50 0 ,50 0,53 0,52 0 ,5 2 0,50 0,50 0 ,51 0,51

Várias análises podem ser feitas, considerando este conjunto


de dados. Inicialmente vamos discutir como eles se distribuem .
• PARTE 11 - AMOSTRAGEM E ESTATiSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• 7.2.1 Medidas da tendência central

Inicialmente podemos fazer a seguinte pergunta: os dados se


distribuem ao redor de algum número central ? Para responder esta
pergunta, vamos definir os seguintes parâmetros estatísticos:
(a) Média

A média (ou média aritmética) é a soma de todos os va lores


divid ida pelo número de componentes da amostra. Assim,

- L X- l (1)
X = _í_
N

_ Assim, o valor médio para os dados apresentados no Quadro 4


será X= 0,50 g.
Outros tipos de méd ia de po uca aplicação em controle de
qualidade incluem a média ponderada e a médi a geométrica.
A média aritmética ponderada desses n números é a soma
dos produtos de cada um por um peso pré-definido o u estabelecido,
dividida por n.
Já a média geométrica entre esses n números é a rai z n-ésima
do produto entre esses números.
(b) Mediana
A med iana é o ponto central do co njunto de dados. Ass im,
para ca lcu lá-la, inicialmente se ordena tod os os pontos em ordem
crescente de valor. A segu i r, se o conjunto de dad os contive r um
número ímpar de valores, a med iana será o ponto central, dado
por 1Jí(n+1 ). Entretanto, se o conjunto cont iver um número par de
valores, a med iana será dada pela média entre os valores de 1h n
ede 1Jí(n + 1).
Por exemplo, vamos encontrar os valores da média e da
mediana, considerando o conjunto de valores composto por: 25,01 ,
25,04, 25,06 e 25,21. A média, como definida anteriormente, se rá
dada por:

Md = 25 ,01 + 25,04 + 25,06 + 25,2 1 = 25,08


4

I
ESTATiSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
Já a mediana será dada pelo valor médio entre o 2º e o
3º valores, que é 25,05. Pode-se observar que o valor da média
encontrado, 25,08 é maior que 3 dos 4 valores do conjunto de dados.
Assim, pode-se supor que a mediana represente uma aproximação
mais realista do valor central do conjunto de dados.
(c) Moda

Finalmente, a moda é o valor que mais se repete no conjunto


de dados. Nos 50 valores do Quadro 4, a moda será, sem dúvida,
o valor 0,51, que se repete 13 vezes.

7.2.2 Medidas da dispersão dos dados

Os valores de pesos dos pregos, apresentados na quadro 4,


mostram uma grande diversidade. Uma análise detalhada mostra
que os valores obtidos da balança (sem erros sistemáticos) variam
entre 0,46 e 0,53. A maneira como estes valores estão espalhados
define a dispersão dos dados experimentais e a precisão da medida.
Algumas definições sobre a maneira com que esta dispersão pode
ser ava liada serão apresentadas a seguir.
(a) Desvio Padrão

O desvio padrão é a definição mais útil para a dispersão dos


dados experimentais. Ele é dado pela equação :

S= (2)
.\' - I

Onde (N -1 ) define o número de graus de liberdade do


conjunto de dados. Um parâmetro estatístico muito importante é
obtido com o quadrado do desvio padrão. Este parâmetro chama-se
variância e será discutido mais tarde. Se aplicarmos a equação (2)
no conjunto de dados do Quadro 4, obteremos um desvio padrão
igual a 0,0165 g.
(b) Desvio Padrão Relativo

Conforme já foi comentado anteriormente, o desvio padrão


serve para definir a precisão de uma metodologia analítica. Assi m,
muitas vezes, ele é utilizad o para comparar valores de dados
obtidos por duas técnicas diferentes. Entretanto, o desvio padrão
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• é relacionado com o valo r da média dos dados. Se, por exem plo,
quisermos comparar a precisão d e uma metodologia analíti ca
padrão para a determinação de proteínas totais com uma outra,
recém desenvolvida nos nossos laboratórios, porém só dispusermos
de dados muito diferentes, com a méd ia obtida com o conjunto de
dados da metodologia padrão igual a 100 mglkg e a nossa média
igual a 1 O mglkg, os desvios padrão não serão imediatamente
comparáveis. O s nossos serão menores do que os da metodologia
padrão. Para possibi litar esta comparação, devemos trabalhar com
uma porcentagem da média, como desvio padrão. Assim, defi nimos
o desvio padrão relativo (DPR) ou do inglês (RSD), como sendo :

DPR= IQ_Os
X (3)

Com esta porcentagem , se torna possível com parar qualquer


valor de desvio pad rão obtido da literatura, sem influ ência do valor
das médias.

7.2.3 Distribuição dos dados em torno da média

A maneira com que os dados se distribuem em torno do


valor médio define dois tipos difere ntes de tratamento estatístico. Se
os dados se distribuírem uniformemente ao redor do valor médio,
seguindo a relação matemática:

-ex- :w]
y= exp [ 25 2
(4 )
sv2n
eles podem ser representados por uma curva do tipo
Gaussiana, conforme o exemp lo abaixo, obtido com os dados do
Quadro 4.

- · 1001 •
••
ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

14

·o"' 12
c
<(.)
'::l 10
c;
11:
lL
8



0 ~--~----~------~------~------~
0 .46 0,48 0,50 0,52 0,54

massa I g

Figura 4: Distribuição norma l dos dados do Quadro -1 .

Algumas observações podem ser feitas, com base na Figura 4.


Inicialment e deve ser notado que o eixo y desta figu ra representa a
freqüência de vezes que um dado valor aparece no quadro 4 . Não
é surpresa que os valores próximos da média (0, 50 g) aparecem
um número maior de vezes do que aqueles mais distantes. Se o
instrumento de medida (no caso a balança) não estiver apresentando
erro sistemático (descalibração), então o valor ela média deve se
aproximar muito do valor real, esperado para todos os pregos desta
medida, produzidos por esta fábrica. Assim, o máximo desta curva
representa o valor rea l ou a média da população de todos os pregos
da fábrica. Nossa amostra fo i em número suficiente para representar
adequadamente toda esta população. Se diminuirmos o número de
dados da amostra, digamos tomarmos apenas os dados da coluna 1 do
Quadro 4 , veremos que a nova média passa a ser 0,51 , se afastando
um pouquinho do valor real. Assim quanto maior o número de dados
da amostra, mais a média se aproximará do valor real.
Outro detalhe importante da curva Gaussiana mostrada na
Figura 4 é a sua simetria, em relação à média. Ambos os ramos da
curva apresentam o mesmo decaimento. Esta característica indica
que o conjunto de dados se comporta de modo normal e que a
estatística paramétrica pode ser aplicada.
Por outro lado, quando a distribui ção de dados não seguir
uma curva Gaussiana como a da Figura 4, ou for muito assimétrica,
a estatística paramétrica perde seu valor e é necessário um novo t ipo
de tratamento de dados, conhecido como estatística não paramétrica

• 1101 -·
• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• ou robusta. Este segundo tipo é mais geral, porém muito mais raro
de se observar que a paramétrica. Assim, este capítulo se dedicará
somente a discussão dos dados segundo a estatística paramétrica.

7.3 EsTATÍSTICA oos ERRos ALEATÓRIOS

Como vimos no item anterior, o tamanho da amostra é


fundamental para se aproximar adequadamente da média da
população. Entretanto, muitas vezes a amostra não é tão grande
como seria necessário. Muitas causas podem colaborar para esta
limitação. Os custos das análises ou a disponibilidade de utilização de
equipamentos estão entre as causas mais comuns para que a amostra,
muitas vezes, se resume somente a três ou quatro va lores. Assim, a
média calculada para a amostra será, muitas vezes, razoavelmente
diferente do que o valor real (ou a média da população). Assim, é
necessário saber se a média encontrada pode ser tomada como o
valor real, somada de um erro devido ao pequeno número de dados.
Naturalmente a precisão dos experimentos e o número de dados
coletados são parâmetros determinantes.
Para podermos tomar o valor médio encontrado em poucas
análises como o valor real, é necessário que se estabeleça o intervalo
de confiança.

7.3.1 Intervalo de confiança da média

O interva lo de confiança da média é um interva lo de valores


dos dados, dentro do qual se pode assumir, com uma alta taxa de
confiança, que se encontra o valor real (q ue pode ser diferente da
média calculada). Os valores limites deste intervalo são conhecidos
como limites de confiança. O tamanho do intervalo de confiança
depende, obviamente, de quão certo queremos esta r de incluir o
valor real. Para definir o intervalo de confiança, voltamos ao exemplo
da Gaussiana da Figura 4.
Podemos substituir o eixo x, da Figura 4, em unidades de
desvio padrão, ao invés de unidades de massa. Assim, teremos:

- · 1021 •
ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
12

"'c

10
<Q)

'"'o-
~
L!..
8

X-1,96s/ N"' X - 1,96 s/ N"'

Figura 5: Interva lo de confiança da média

Se considerarmos a curva de distribuição normal de dados,


com o seu máximo igual a X, ao definirmos os valores do eixo x,
conforme indicado, teremos definido uma área correspondente
a 95% da área total da curva. Assim, poderemos dizer que os
experimentos cujos dados originaram esta curva apresentam uma
probabilidade de 95% de apresentarem um valor real que se situa
dentro do intervalo definido no eixo x. Se desejarmos aumentar esta
probabilidade para, digamos, 99%, devemos expand ir este limite até
os va lores de X ± 2,8 s/N 1' 2 •
Entretanto, quando o número de dados se torna pequeno, o
desvio padrão s se torna diferente do desvio padrão da população
inteira (q ue chamaremos de J..!), da mesma maneira que X se torna
diferente da média da população (o valor real, que chama remos de
J.l ). Assim, quando se trata de utilizar poucos dados para inferir os
valores dos limites de confiança, um termo de correção deve ser
introduzido e a equação que os define se torna:

(5)

Esta equação está nos dizendo que, no intervalo de confiança


definido por X ± t(s/N112 ) se encontra, com uma certez a definida,
o valor real, J..l.
Agora nos falta definir o significado de t . Como já foi dito
antes, o parâmetro t (parâmetro de Student) se rve para se corrigir o

• 1103-·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATJSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• desvio introduzido no cálculo dos limites do intervalo de confiança


quando se usa s para se estimar cr. Este parâmetro foi introduzido
pelo matemático W illiam Gosset em 1908. Como seu empregador,
uma cervejaria chamada Guinnes Breweries, impediu que ele
publicasse os resultados de suas pesquisas no controle de qualidade
da cervej aria, ele as publicou incógnito co mo Student.
O parâmetro t depende da probabilidade com que queremos
encontrar o valo r real no int ervalo de confiança e do número de
graus de liberdade ( -1 ) do conjunto de dados. Valores para este
parâmetro são encontrados em tabelas, como aquela apresentada
na Tabel a 6, abaixo.

Tabela 6: Valores de r para diíe rentes graus de liberdade e níveis de certeza

Graus de Liberdade Valores de t


90% 95% 98% 99%
1 6,31 12,71 31 ,82 63,66
2 2,92 4,30 6,96 9,92
3 2,35 3,18 4,54 5,84
4 2,13 2,7 8 3,75 4,60
5 2,02 2,57 3,36 4,03
6 1,94 2,45 3,14 3,71
7 1,89 2,36 3,00 3,50
8 1,86 2,31 2,90 3,36
9 1,83 2,26 2,82 3,25
10 1,81 2,2 3 2,76 3,17
12 1,78 2,18 2,68 3,05
14 1,76 2,14 2,62 2,98
16 1,75 2,12 2,58 2,92
18 1,73 2,1 o 2,55 2,88
20 1,72 2,09 2,5 3 2,85
30 1,70 2,04 2,46 2,75
50 1,68 2,01 2,40 2,68
Infinito 1,64 1,96 2,33 2,58

1041•
••
ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

Pode-se observar que, para valores de N maiores que 50,


os valores de t se aproximam do valor de 1,96 e 2, 58 uti lizados
anteriormente, ou seja, s se aproxima suficientemente de cr e não
necessita nenhuma correção.
Assim, com os dados que foram apresentados na Tabela 6,
os valores da média (0,50 gl e do desvio padrão (0,01 65 gl podemos
estabelecer os limites do intervalo de confiança como sendo:

1-l = 0,50 ± 2,01 ( 0,0165)


-{49 = 0,50 ± 0,0047

ou seja, o valor real deve se encontrar no intervalo definido por:

0,50- 0,0047 < 1-l < 0,50 + 0,0047

como se pode observar, a precisão das medidas fo i muito


elevada e o intervalo de confiança é bastante reduzido, com o valor
calculado da média muito próximo do va lor real. Como exercício,
é conven iente refazer estas contas apenas com os dados constantes
na 3ª coluna da Tabela 6.
Uma alternativa ao intervalo de confiança é o parâmetro
definido como limite de segurança (L), o qual é o valor modu lar
obtido pelo produto de "t" e s.
Assim: L = ± t .s

7.3.2 Propagação de Erros Aleatórios

No trabalho experimental, a quantidade a ser determinada


é, freqüentemente, calculada a partir de uma combinação de
quantidades observadas. O cá lculo f inal pod e envolver uma
operação de soma, diferença, produto ou quociente de duas ou mais
quantidades ou a elevação de uma quantidade medida a qualquer
potência.
Combinações lineares

Nesse caso, o valor f inal, y, é calculado a partir de uma


combinação linear das quantidades medidas a, b, c, etc. por:

(6)

• 1105-·
• PARTE 11. AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• onde ki são constantes.


A variância (defi nida como o quadrado do desvio padrão)
apresenta uma importante propriedade, ou seja, a variância de uma
soma ou diferença de quantidades independentes é igual à soma de
suas variâncias. Pode-se mostrar que, se cr., crb, crc, etc. são os desvios
padrão de a, b, c, etc., o desvio padrão de y, si" é dado por:

(7)

Por exemplo: numa titulação a leitura inicial da bureta é 3,51 ml


e a leitura final é 15,67 ml, ambos com um desvio padrão de 0,02 ml.
Qual é o volume do titulante e qual é o seu desvio padrão?

Volume utilizado= 15,67- 3,51 = 12,16 ml. O desvio


padrão igual a 0,028 ml.

Este exemplo ilustra o ponto muito importante de que o


desvio padrão para o resultado final é maior do que aqueles para as
leituras individuais da bureta, mesmo quando o volume é calculado
por uma diferença, mas é menor que a soma dos desvios padrão.

Expressões multiplicativas

Se y é calculado de uma expressão do tipo:

Y = kab
d (8)

Onde a, b, c e d são quantid ades medidas independentes


e k uma constante, então há uma relação entre os quadrados dos
desvios padrão relativo:

(9)

Observa-se que as va riâncias dentro da raiz estão d ivididas


pelos valores das medidas, portanto, sua raiz será o desvio padrão
relativo (em porcentagem).
ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•••
Um exemplo: O rendimento quântico de fluorescência, <D,
é calculado a partir da equação:

(1 O)

Onde as grandezas envolvidas são definidas abaixo, com uma


estimativa dos seus desvios padrão relativo (sendo k uma constante
do aparelho) :

• Intensidade de luz incidente (1 0 ) = 0,5%;


• Intensidade de fluorescência (I r) = 2%;
• Absortividade molar (ê) = 1 %;
• Concentração (c) = 0,2%;
• Caminho óptico (I) = 0,2%.
O desvio padrão de <D é dado por:

RSD =...) (0,5)2 + (2) 2 + (1) 2 + (0,2) 2 + (0,2) 2

~RSD =...) 0,25 + 4 + 1 + 0,04+ 0,04

~RSD = ...) 5,33 = 2,3%

Pode-se observar que o desvio padrão relativo no resultado


f inal não é muito maior que o maior dos desvios padrão utilizados
no cálculo (isso é, 2% para Ir) . Isso é uma conseqüência maior da
elevação ao quadrado dos desvios padrão relativo e ilustra um
ponto importante: qualquer esforço para melhorar a precisão do
experimento deve ser direcionado para a melhoria da precisão
dos valores menos precisos. Como um corolário para isso, não há
qualquer vantagem em tentar aumentar a precisão dos valores menos
precisos. Isso não deve ser encarado como se erros pequenos não
sejam importantes. Pequenos erros em muitos passos da anál ise
produzirão um erro apreciável no resultado f inal.
Éimportante ressaltar que, quando uma quantidade é elevada
a uma potência, por exemplo, b 3, então o erro não é calculado como
uma multiplicação, isso é, b b b, porque as quantidades não são
independentes. Se a equação for :

• 1107-·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE


y = b" (11 )

Então, os desvios padrão de y e b são relacionados por:


Sy = nsb
(12)
y b
Outras funções
Se y for uma função geral de x:

y = f(x) (13)

Então os desvios padrão de x e de y são re lacionados por:

s =ls ~~
Y x dx
(14)

Exemplo: a absorbância A, de uma solução é dada por:

A= -log T (15)

onde T é a transmitância. Se o valor medido de T é 0,501,


com um desvio padrão de 0,001, calcule o seu desvio padrão. Para
isto, consideramos:

A = - log 0,50 I = 0,300

e também:
dA = - (log e) = - 0,434
dT T T

Assim, da equação acima:

S
A
=IS (-logT e) =O' 001 (· 00,501
T

0434
) I=O 00087
'

7.4 TESTES DE SIGNIFICÂNCIA

o controle de qualidade, características típicas dos produtos


como, por exemplo, conteúdo de princípio ativo, peso, volume, etc.,
ESTATfSTICA APLICADA AO CONTR OLE DE QUALIDADE

•••
devem ser determi nadas. Com o resultado numérico devidamente
obtid o, o ana lista tem que responder a uma pergunta. A qualidade
avaliada está dentro da no rma? Para isto, a quantidade de princípio
ati vo, peso, volume, etc deve ser comparada com aq ue la dada
pela norma. Como saber se o número obtido é significativamente
difere nte do exigido ou não? Já vimos que a matemática tem muito
pouco a oferecer nesta área.
A estatística dispõe de uma série de testes que permitem
responder às questões acima (Quad ro 5 ). Estes são conhecidos como
testes de signifi cância e serão os temas deste item.

Quadro 5: Ferramentas estatísticas aplicadas ao tratamento de dados

Ferramenta Aplicação Tipo de Dado


Análise de variância e
A'JOVA Para métrico
concepção experimental

Teste de significância e
Teste ~ 2 (qui-quadrado) freqü ênci a Não-paramétrica

Teste de significância e limite


Teste "t" de Student Para métrico
de segurança

Regressão linear simples Ajustamento de dados Para métrico

Parâmetro de linearidade da
Teste de correlação (r) curva Para mét rico

Teste F e correlação (r) Análise da linearidade da curva Para métrico

Teste do sinal Teste de significância Não-para métrico

Teste McNemar Teste de significância 'lão-paramétrico

Teste de signiíicância e limite


Teste de Wilcoxon ão-paramétrico
de segurança

Teste de Friedman Análise de variância e 1ão-paramétrico


conce pção experimental

Ap licar um teste de significância significa responder se uma


hipótese, previamente levantada, é verdadeira ou fa lsa. Esta hipótese
é conhecida como hipótese nula e declara que não há diferença
alguma ent re o valor ca lculado e o valor da norma. A hipótese nula
sempre prega a igualdade dos va lores. Ela é verdadeira ou falsa? Isto
é tudo o que precisamos respo nder.
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• Para isto, podemos utilizar os seguintes testes de significância


(todos somente aplicáveis na estatística paramétrica):
a) Testes T
b) Teste F
c) Teste chi-quadrado
d) Teste Q.
Vamos discutir um pouco sobre cada um deles, j á
esclarecendo que eles não são os únicos. É possível encontrar vári os
o ut ros testes de significância, dependendo da necessidade. Porém
estes são os mais comuns.

7.4.1 Teste T de Student

O teste t serve para comparar dois valores de médias.


Inicialmente vamos definir o teste t mais simples:
Comparação entre uma média e um valor conhecido
Neste caso, o valor de referência, Jl, já é conhecido. Por
exemplo, o conteúdo de princípio ativo de um medicamento, que
está declarado na bula. Após várias análises, um valor médio do
princípio ativo foi determ inado. Devido aos erros aleatórios e ao
pequeno número de amostras normalmente utilizadas, este valor
obtido não é igual ao valor real. Porém ele é significativamente
diferente? A hipótese nula nos garante que não. Para testá-la,
utilizamos a equação:

(5)

é reescrita como:

- (- 1N)
t ={X - 11)s- (16)

e um valor de t é calculado. Se o I t I exceder um certo valor


crítico, então a hipótese nula é falsa e deverá ser rejeitada. O valor
crítico de I t I para um nível de significância particular é obtido na
Tabela 7.
Vamos aplicar o teste t em um exemplo. Uma análise de
ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•••
controle de qualidade em uma marca de medicamento para cefaléia
foi feita em 3 comprimidos de uma caixa, encontrando-se as
seguintes porcentagens de princípio ativo : 38,9%, 37,4% e 37,1 %. Na
bula do medicamento consta que ele deveria ter 38,9%. Há alguma
evidência que o medicamento esteja fora da especificação?
A média dos valores acima é de 37, 8% e o desvio padrão
é 0,964%. Adotando a hipótese nula que o medicamento não está
fora da especificação e usando a equação (16), temos:

ItI = (37,8 - 38,9)x yo, 9~ 4 = 1,98

consultando a Tabela 7, para 2 graus de liberdade (n-1 ) e


para 95 % de certeza, teremos tcritico = 4,3. Assim, como tcalc é menor
que o tc,rtico' a hipótese nula é verdadeira e não há evidências de que
o medicamento esteja fora das especificações.
Comparação das médias de duas amostras
Nesta modalidade do teste t, teremos dois conjuntos de
dados para comparar. Um exemplo de tal aplicação seria a utilização
de uma nova metodologia analítica para a coleta de dados e sua
comparação com aq ueles oriundos de uma metodologia padrão
já utilizada. Neste caso, têm -se duas médias amostrais, X1 e X2 .
Tomando a hipótese nula, de que os dois métodos dão o mesmo
resultado, será preciso testar se (X1- Xzl difere significativamente de
zero ou não. Aqui, existem duas possibilidades.
Se as duas amostras têm desvios padrão que não são
signficativamente diferentes, mais adiante apresentaremos um
teste de significância específico para testar esta comparação, uma
estimativa associada do desvio padrão pode ser calculada a partir
de s, e s2 , usando a equação:

2 =[(N 1- l)s/ • (N 2- l)/ ]


5
(N 1+ N 2 - 2) (1 7)

pode-se, então, demonstrar que t será dado por:

t = I xl -x2

s~( ~~ + ~J
(18)

• 1111 -·
• PARTE 11 - AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• onde t tem (N, + N 2)-2 graus de liberdade. Por exemplo:


numa comparação entre dois métodos para a determinação de boro
em amostras de plantas, os seguintes resultados foram obtidos em
J.l.g/ ml-1 (Quadro 6):
Quad ro 6: Resultados de dois métodos na determinação de bo ro.

Método espectrofotométrico Método fluorimétrico


Média 28,0 Média 26,25
Desvio padrão 0,3 Desvio padrão 0,23

Dez determinações fora m feitas para cada método. A


hipótese nula adotada é que as médias obtidas pelos dois métodos
são iguais. Da Equação (1 7), o valor combinado de desvios padrão
é dado por:

Da Equação (18):

t = 128,0 - 26,251 t
~ = 14 7
0267.~ ,
, ·~10-;-10

Existem 18 graus de liberdade, assim para 95% de certeza, o


valor crítico de ItI (P = 0,05 ) é 2, 1. Como o valor experimental de
ItI é maior do que esse valor, a d iferença entre os dois resu ltados
é significante e a hipótese nu la é rejeitada.
Se o postulado da igualdade dos desvios padrão das
populações não for verdadeiro, é preciso modificar a equação de
t para:

(19)

E calcular o número de graus de liberdade com:

(20)
ESTATiSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
Arredondando-se o re sultado para o número inteiro
mais próximo. Exemplo: o Quadro 7 apresenta os resultados da
concentração de t iol no sangue de dois grupos de volu ntários, o
primeiro grupo se ndo " normal" e o segundo sofrendo de artrite
reumatóide.
Quadro 7: Resultados da concentração de tiol no sangue de dois grupos de voluntários.

Ensaios "Normal" Reumatóide


1 1,84 2,81
2 1,92 4,06
3 1,94 3,62
4 1,92 3,27
5 1,85 3,27
6 1,91 3,76
7 2,07 Não realizado
N 7 6
s 0 ,076 0,440
x 1,921 3,465

Novamente, a hipótese nula é adotada de que a concentração


média de tiol é a mesma para os dois grupos. Substituindo-se na
Equação (19), obtém-se t = 8,5 e da Equação (20) obtém-se 5 graus
de liberdade. Para 99% de certeza, o valor crítico de It I (P = 0,01)
é 4,03 e assim a hipótese nula tem que ser rejeitada, ou seja as
concentrações de t iol são diferentes para os dois grupos.
Teste t Pareado: Comparação entre médias de amostras vinculadas

Quando se necessita fazer uma comparação entre os valores


das médias obtidos para duas amostras relacionadas, deve-se utilizar
o teste t pareado. Amostras relacionadas incluem testes do tipo antes
e depois (por exemplo, amostras de sangue são analisadas antes e
após um certo tratamento para testar o conteúdo de, por exemplo,
íons ferro 111) . Além disto, a análise de uma certa amostra com duas
técnicas diferentes também é um caso para a utilização do teste t
pareado.
Neste caso, o teste t é executado pela subtração dos valores
de cada amostra, o cálculo da média das diferenças obtidas e o teste
se a média difere significativamente de zero ou não. O exemplo
abaixo esclarece este procedimento:

• 1113- ·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• Exemplo : o Quadro 8 mostra co ncentrações de lítio (!lg/


ml- 1) determinadas por dois métodos diferentes para cada uma das
quatro amostras.
Quadro 8: Concentrações de lítio (l'g/mL·') determinadas por dois métodos diferentes.

Voltametria
Solução Absorção Atômica
Redissolução
71 76
2 61 68
3 50 48
4 60 57

Os dois métodos dão valores méd ios de lítio que variam de


maneira significativa? O teste de comparação das duas médias não
pode ser aplicado nesse caso, porque qualq ue r variação devida ao
método seria disfarçada pelo efeito da dife rença entre as porções-
teste.
A melhor maneira de concluir se existe diferença significante
entre as duas amostras é ana li sando a d iferença entre cada par
de resultados, um de cada método. Adotando a hipótese nula de
que não há diferença entre as méd ias de concentrações pelos dois
métod os, pode-se te star se as diferenças são significativamente
diferentes de zero. Para os pares de valores acima, as diferenças são
-5 , -7, 2 e 3. A diferença média, x, é -1,75 e o desvio padrão para a
diferença, sd, é 4,99 . Como para hipótese nula, !ld = O, a equação
para calcular t torna-se :

Xdx n
t=-- (2 1)
ff.
Onde t tem (n - 1) graus de liberdade. Substituindo os valores
na equação acima, obtém-se t = -0,70 . O valor crítico de lt I é 3,18
(P = 0,05) e como o valor calcu lado de I tI é menor que isso, a
hipótese nula é mantida. O método não deu diferença significativa
para os valores médios da concentração de chumbo.

7.4.2 Teste F

Os testes de significância descritos anteriormente são usados


para comparar valores de médias, e assim detectar erros sist emát icos.
Também é importante, em muitos casos, comparar os desvios padrão,
ESTAT fSTICA APLI CADA AO CONTROLE DE Q UALIDADE

••
erros aleatórios, de dois conjuntos de dados.
O teste-F considera a relação de variâncias de duas amostras,
isso é a relação dos quadrados dos desv ios padrão. A quantidade
calculada (F) é dada por:

s/ (22)
F=--,
s2-
Onde os parâmetros são colocados na equação de tal fo rma
que F é sempre maior ou igual a um. A hipótese nula adotada é que
as popu lações de onde as amostras são tomadas são normais, e que
as va ri âncias das popu lações são iguais.
Se o valor calculado de F exceder a certo valor crítico, Tabela 7,
então a hipótese nula deve ser rejeitada.
Tabela 7: Valores críticos de F para um teste bi-caudal (P = 0,05).

u1
4 6 8 9 10
u2

647,8 799,5 864,2 899,6 921 ,8 937,1 948,2 956,7 963,3 968, 6

2 38,51 39,00 39,17 39, 25 39,30 39.33 39,36 39,37 39,39 39,40

3 1 7,44 16,04 15,44 15,10 14,88 14,73 1 4, 62 14,54 14,47 14,4 2

4 12,22 10,65 9, 979 9,605 9,364 9,197 9 ,074 8,980 8,905 8,844

10,01 8,43 4 7,764 7 ,388 7,146 6,978 6 ,853 6, 757 6 ,681 6,619

6 8 ,813 7, 260 6,599 6 ,227 5,988 5 ,820 5 ,695 5 ,600 5 ,523 5,461

8,073 6,542 5,890 5,523 5, 285 5,119 4,995 4, 899 4,823 4, 761

8 7,571 6,059 5416 5,053 4,817 4,652 4, 52 9 4,433 4,357 4,295

9 7,209 5, 715 5 ,078 4 ,71 8 4,484 4,320 4.197 4,102 4 ,026 3, 964

10 6 ,937 5,456 4,826 4,468 4, 236 4.0- 2 3, 950 3 ,855 3, 779 3 ,717

Exemplo: um método eletroquímico para determ inar a


demanda química de oxigênio em águas residuárias foi compa rado
com um método pad rão (sal de mercú rio). Os resultados seguintes
foram obtidos de uma alíquota de efluentes de esgotos (Quadro 9) .
Q uadro 9: Resultados de dois métodos para determinar a demanda química de oxigênio em
águas residuárias.

Método Méd ia (mg!L-1 ) Desvio padrão (3)


Pad rão 72 3,31
Proposto 72 1 ,51

• l 11s ~E
• PARTE 11 - AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• Para cada método, oito determ i nações foram fe i tas. A


precisão do método proposto é de maneira significativa maior que
a do método padrão? Aplicando a equação de F:

Ambas amostras continham oito valores e, portanto, o


número de graus de liberdade (N -1 ) em cada caso é sete, como
indicado nos subscritos. O valor crítico de F (P = 0,05) é, nesse caso,
4,995. Como o valor calculado de F (4,8) não excede o valor crítico,
a variância do método padrão não é signifi ca ntemente diferente que
a do método proposto.

7.4.3 Teste Chi Q uadrado (x2)

Os testes de significância descritos até aqui têm, em geral,


testado se a média de várias medidas difere significativamente do
valor proposto pela hipótese nula. Os dados usados foram tomados
na forma de observações que, por algu m t ipo de arredondamento,
foram medidos numa escala contínua. Em contraste, neste item a
preocupação será com a freqüência, isso é, o número de vezes que
um evento ocorre.
O teste ch i-guadrado pode ser usado para ve rificar se as
f reqüências observadas diferem significativamente daq uelas que são
esperadas pela hipótese nula. Os princípios do método chi-quadrado
podem ser mais facilmente entend idos com o seguinte exemplo: os
números de quebras de vidrarias relatados por quatro técnicos de
laboratóri os, para um dado período, são:

Número de quebras : 24, 1 7, 11 , 9 .

Há alguma evi dência de que os técnicos diferem em suas


habilidades? A hipótese nu la adotada é que não há diferença nas
habilidades dos quatro técnicos.
Assumindo que eles utilizaram a vidraria por um intervalo de
tempo igual, espera-se, pela hipótese nula, que cada um quebrou o
mesmo número de vidros. Como o total de quebra foi 61 , espera-se
que cada técnico tenha quebrado 61 I 4 = 15,25 v idros. A questão
a ser respondida é se a diferença entre as freqüências observadas e
esperada é tão grande que a hipótese nula deva ser rejeitada .

11"1~- · 1161•
••
ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

O cálculo de ch i-quadrado, x 2 , a quantidade usada para testar


a significância da diferença, é mostrado no Quadro 10:

Quadro 10: Cálculo do teste chi ·q uadrado.

Freqüência observada Freqüência esperada O -E (0 - E)2 / E


(0 ) (E)
24 15, 25 8,7.5 5,020
17 15,25 1,75 0,201
11 15,25 -4,25 1 '184
9 15,25 -6,25 2,561

L: 0,00 x2 = 8,966

Observe que o total da coluna O - E é e deve ser sempre


zero assim podendo ser usada para checar os cálculos. Se X. 2 exceder
a certo valor crítico, a hipótese nula deve ser rejeitada. O valor
crítico depende, como nos outros testes de significância, do nível
de sign ificância desejado e dos graus de liberdade. O número de
graus de liberdade é, nesse exemplo, um a menos que o número de
dados re latados pelos técnicos, ou seja, 4 - 1 = 3, nesse caso. Os
va lores críticos de x 2 para P = 0,05 são dados na Tabela 8. Para 3
graus de liberdade, o valor crítico é 7,81. Como o valor calculado de
x 2 é maior que esse valor crítico, a hipótese nula deve ser rejeitada,
admitindo-se diferenças quanto as habilidades de cada técnico.
Tabela 8: Valores críticos de x2 para P = 0 ,05.

NQ de graus de Valor crítico


liberdade
1 3 ,84
2 5,99
3 7, 81
4 9,49
5 11 ,07
6 12,59
7 14,07
8 15,51
9 16,92
10 18,31

• 1117- ·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• Há evidências de que os técnicos diferem em sua s


habilidades.
Nesse cálculo de x 2, parece que o resultado significante foi
o btido pelo alto número de quebras reportado pelo técnico nú mero
um. Para aprofundar esse estudo, testes chi-q uadrado adi cionais
devem ser feitos. Um desses testes analisa se os segu ndo, terceiro e
quarto técnicos difere m signifi cantemente: nesse caso, a freqüê nci a
esperada para cada um será: (1 7 + 11 + 9) I 3.
Observe que um teste t não pode ser aplicado aqui, pois está
se trabalhando com freqüências e não com valores contínuos .
Um outro teste verifica se o primeiro difere significantemente
dos outros, tomad os como um grupo. Nesse caso, há duas classes: as
quebras do pri meiro técnico com uma freqüência esperad a de 15,25
e o total das outras quebras, com freqüência esperada de 15,25 x 3
= 45,75. Nesse caso, onde há apenas duas classes e, assim, apenas
um grau de liberdade, um ajuste, co nhecid o como correção de Yates,
deve ser feito. Isso envolve a substituição de O- E por IO- EI - 0,5,
por exemplo, - 4,5 torna-se 4.

7.4.4 Teste Q de Dixon

Todos os analistas são fami liarizados com a situação onde


um (ou possivelmente vários) de um conj unto de resu ltados parece
diferir dos outros dados do conju nto, de uma maneira inexplicável.
Tais medidas são conhecidas como "pontos fora da curva". Eles
devem ser mantidos ou removidos?
Os valores ca lculados para a média e o desvio padrão
dependerão da decisão de rejeitar o u manter estes pontos. Como
a d iscussão sobre a precisão e a exatidão do método depende
desses valores f inais, deve-se sempre precisar com clareza quando
os pontos fora da cu rva devam ser rejeitados e, se forem, por que.
Um dos vários testes disponíve is para ava liar uma medida suspeita
consiste em comparar a diferença entre o seu valor e o do vizinho
mais próximo com aq uela obtid a entre o valor máximo e o mínimo
encontrado. A relação entre essas diferenças (independente do sinal)
é con hecida como Teste Q de Dixon.

1valor,"spello - valor,'izínho 1
Q= valormmor - valormenor (23)
ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
Os valores críticos de Q para P = 0,05 estão na Tabela 9.
Se o valor calcu lado de Q exceder o valor crítico, o suspeito deve
ser rejeitado.
Tabela 9: Valores críticos de Q (P = 0,05).

Tamanho da amostra Valor crítico


4 0,831
5 0, 717
6 0,621
7 0,570
8 0, 524
9 0,492
10 0,464

Exemplo: os seguintes valores foram obtidos para a


concentração de ácido nítrico numa amostra de água de rio:
0,403 0,41 O 0,401 0,380; o último valor é suspeito. Ele deve ser
rejeitado?
10,380 - 0,401 1
Q= 0410-0380 ~Q=O,?
' '
Da Tabela 9, para uma amostra contendo 4 medidas, o valor
crítico de Q é 0,831 (P = 0,050). Como o valor encontrado não
excede o valor crítico, ele deve ser mantido.
Idealmente, q uando ocorre a suspeita de um ponto fora
da curva, mais medidas devem ser feitas, particularmente quando
poucas medidas foram tomadas inicialmente. Com isto, torna-se
mais seguro manter ou rejeitar um valor suspeito. Mesmo se ele for
mantido, sua contribuição para o valor da média e desvio padrão
será menor.
Exemplo: se ma is três valores forem adicionados àqueles do
exemplo anteri or e os resultados forem: 0,403 0,410 0,401 0,380
0,400 0,4 13 0,411 o resultado de 0,380 deve ainda ser mantido?
O valor calculado de Q agora se torna:

1o,380 - o ,4oo 1
Q = 0,413- 0,380 ~ Q = 0 •606

O valor crítico de Q (P = 0,05 ) para uma amostra de sete


va lores é 0,570, assim o valor suspeito é rejeitado em um nível de
significância de 5%.

• 1119- ·
• PARTE 11 - AMOSTRAG EM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE Q UALIDADE

•• É importante atentar para o fato de que, num nível de


significância de 5%, ainda há uma chance de 5%, ou seja, um em
20, de se rejeitar de maneira incorreta um valor suspeito. Isso pode
ter uma influência considerável na estimativa da precisão de um
experimento. O exemplo acima ilustra a importância de se ater a
critérios para aceitar ou rejeitar um valor fo ra da curva.
Quando as medidas são repetidas apenas algumas vezes, (o
que é comum no trabalho analítico), a rejeição de um valor faz uma
grande diferença nos valores da média e do desvio padrão.
Na prática, o procedimento de se obter três med idas e rej eitar
aquela que mais se afastar das outras deve ser evitado.

7.5 CoNTROLE EsTATÍSTico oo PRocEsso

Ao contrário do que se pensa, o Controle Estatístico de


Processo é bastante simples e não requer conhecimentos profundos
das escabrosas teorias estatísticas.
A maioria das técnicas abordadas uti liza tão somente as
operações elementares da aritmética, algumas funções matemáticas e
estatísticas do Microsoft Excel e que se aplicam a qualquer processo
repetitivo e mensurável.
Entende-se por Controle Estatístico de Processo, um método
para monitoramento de qualquer processo produtivo, que viabiliza
ao operador agir de imediato se constatar algum t ipo de desvio. Ou
seja, a coleta pura e simples dos dados não reflete com clareza o que
acontece nas operações de um processo produtivo; para revelar o que
realmente ocorre, os dados devem ser ordenados e estruturados.
As representações gráficas oferecem melhores recursos de
visualização para il ustrar o desempenho e permit ir a análise rápida
dos dados coletados.
Alguns exemp los de gráficos incluem: Histograma de
Freqüência, Gráfico de Pareto e Gráficos de Controle, que, em conjunto,
formam a estrutura estatística do método. Entre os gráficos de controle,
destacaremos o gráfico da distribuição normal (Curva de Gauss).

- - 1201•
ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•••
_ L~ ------- - - · Oiscribuiç.io da
população

- ac----- -- - - ·

Onde:
LSC: Limite superior de curva; LIC: Limite inferior de curva
LNIP e LNSP: Limites aturais (Inferior e Superior) de Processo
x: Média

7.5.1 Distribuição Normal

Entre as distribuições teóricas de vari áveis aleatórias contínua,


uma das mais empregadas é a distribuição normal, e seu aspecto
gráfico é o da figura abaixo.

Para compreensão da distribuição normal, observe a figura


acima e procure visualizar as seguintes propriedades:
a) a variável X pode assumir todo e qualquer valor real;
b) o gráfico é uma curva em forma de si no, simétrica em torna
da média (xL denominada curva normal ou curva de Gauss;
c) a área sob a curva é igual a 1;
d) como a curva é simé tri ca em torno da média, os
valores maiores ou menores do que a média ocorrem com igual
probabi Iidade;

• 1121 - ·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• e) a configuração da curva é dada por dois parâmetros: a


média (.X) e a variância (5 2 ) .
Quando temos uma variável aleatória com distribui ção
normal nosso interesse é obter a p robabilidade de essa variáve l
aleatória assumir um valor em determinado intervalo.
Aceitando, sem demonstração, que X é uma variável aleatória
com distribuição normal de méd ia (.X) e desvio padrão S, então:
x-x
Z=--
S
tem-se distribuição normal reduzida (padronizada), isto é, x = O e S= 1.
As probabilidades associadas à distribuição normal
padronizada são encontradas no ANEXO C.

EXEMPLO

Qual a probabilidade do Peso Residual da So lução Amostrai


estar entre 621 e 625 mg.
Obs.: A média (X) e o desvio padrão (5) foram determinados
na resolução do exemplo da página 93 (7.2.2 ), isto é, x = 624,8
e S = 3,3 5.
Devemos determinar os valores da variável de distri buição
normal reduzida .

621 ,O - 624,8 625,0 - 624,8


z, = 5 4 z2= 5 4

z, = -1 ,1 4 Z2 = o,o6

Assim a probabilidade procurada é dada por A1 + A2 .

P(A1 +A2) = P(-1 ,14<Z<0,06) = PA1 (-1 ,14<Z<O) + PA2 (0<Z < 0,06)
= PA1 (0 <Z<1 ,14) + PA2 (0<Z<0,06)

~--- 1221 •
ESTATÍSTI CA APLICADA AO CONTROLE DE Q UALIDADE

••
Compreensão da Tabela da área subentendida pela curva
normal reduzida (Anexo C):
a primeira coluna da Tabela está o valor 1,1. Na primeira
linha da Tabela está o valor 4. O número 1,1 compõe, com o
algarismo 4, o número Z = 1,14. o cruzamento da linha 1,1 com
a coluna 4 está o número 0, 3729. Esta é a probabilidade de ocorrer
valor entre zero e Z = 1,14, que corresponde à área A1.
Fazer o mesmo para a área A2.
Temos então que
P= 0,3729 + 0, 0239
P= 0,3968

Portanto, a probabilidade pedida corresponde à probabilidade


0,3968 ou 39,68%.

• 1123-·
TRATAMENTO ESTATiSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
8 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
DE DADOS INSTRUMENTAIS -
REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

MACHADO, S.A.S. & GIL, E.S.

O desenvolvimento da instrumentação analítica trouxe


novas práticas de tratamentos de dados, pois a análise instrumental
oferece a possibilidade de se experimentar um grand e interva lo de
con centrações, ao invés de uma única amostra medida repetidas
vezes. Isso significa que a metodologia estatística apresentada no
Capítulo 6 deve ser adequada a novos métodos de tratam ento,
envolve ndo um conjunto muito maior de dados experimenta is.
Neste capítulo, nós iremos avaliar o procedimento de obtenção de
gráficos de cal ibração na análise instrumental.

8.1 REGRESSÃO liNEAR

A regressão linear é uti lizada para descrever a extensão de


associação entre duas variáveis, e fundamenta-se em dois princípios:
correlação e regressão.
Para se elaborar uma curva analítica, o experimentador
deve utilizar um dado número de amostras, onde a concentração
do analito é muito bem con hecid a. Estes padrões de calibração
são medidos, no instrumento analítico, sob as mesmas condições
daquelas a serem utilizadas para o teste da solução desconhecida.
Uma vez que o gráfico de calibração foi construído, plotando -
se os sina is obtidos com as soluções padrão em função das suas
concentrações, o analito de interesse pode ser quantificado, como
mostrado na Figura 6, por interpolação.

• 1125- -
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
C1l
c
(./)

Concentração
do analito

Concentração
Figura 6: Reta analítica .

A pós a obtenção do gráfico analítico, alguns autores propõem


que é necessário responder algumas questões a respeito das
características da c urva obtida. Estas questões podem ser resumidas
como mostrado abaixo:

i. A curva a nalít ica é linear? Se ela for uma curva, qual é a sua
forma?

ii. Considerando-se que cada ponto, na curva analítica, é sujeito


a erros, qual é a melhor reta (ou curva) que passa por estes
pontos?

iii. Assum indo que a curva analítica é realmente linear, quais são
os erros estimados e os limites de confiança para a tangente e o
intercepto desta linha?

iv. Quando a curva analítica for usada pelo analista numa


determinação de uma amostra, quais são os erros e lim ites de
confiança para a concentração encontrada?

v. Qual é o limite de detecção do método? Isto é, qual é a menor


concentração do analito que pode ser detectada co m um nível
de confiança pré-determinado?

A resposta precisa a estas questões, envolve um conhecimento


prévio de ce rtos co nce itos e métod os que devem ser aplicados de
maneira apropriada.
Para começar, é muito importante qu e os padrões de
calibração cubram todo o intervalo de con centrações requerido
para a anál ise posterior. Com a importante exceção do "método de

- - 1261 •
TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE D A DOS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
adição de padrão " , que será t ratado separadamente mais adiante,
não se deve determinar concentrações desconhecidas das amostras
por extrapolação, pois não podemos assegurar que a relação linear
co ntinuará, após os limites determinados no gráfi co analítico.
Além disso, é de suma importância incluir o valor do sinal para
uma amostra do branco na curva analítica. O branco não contém
qualquer quantidade de anal ito deliberadamente adicionado, mas
contém todos os outros componentes da matriz em estudo, e é sujeito
exatamente ao mesmo procedimento analítico que as amostras.
O sinal do instrumento lido pa ra a amostra do branco
freqüentemente não será zero. Ele é, naturalmente, sujeito aos
mesmos erros aleatórios que os outros pontos da curva analítica.
Entretanto, o sinal correspondente ao branco será muito pequeno,
em relação aos outros pontos da curva analítica. Assim, os erros
associados a este sinal serão, norma lmente, maiores. Desta forma,
é normalmente um procedimento equivocado subtrair o valor do
branco dos outros valores dos sinais dos padrões, antes de se construir
a curva analítica, pois se introduz um erro difícil de ser avaliado e,
o mais grave de tudo, totalmente desnecessário. Finalmente, deve-
se notar que a curva analítica deve ser construída sempre com a
resposta do instrumento na vertical (y ) e com as concentrações dos
padrões na horizontal (x). Isso é porque os procedimentos a serem
descritos adiante assumem que todos os erros estão na direção y e
que as concentrações padrão (valores de x) estão livres de erros.

8.1 .1 Coeficiente de Co rre lação Produto-M omento

O comportamento conjunto de duas variáveis quantitativas


pode ser medido através do coeficiente de correlação. Esse coeficiente
indica o grau de intensidade da correlação ent re duas variáveis e,
ainda, o sentido dessa correlação (positivo ou negativo).
A determinação deste coeficiente pode ser utilizada
para respon der algumas das perguntas da nossa pequena lista.
Inicialmente, a curva ana lítica obtida é linear? Um gráfico linear
satisfaz a equação algébrica :

y=ax-b (1 )

Onde a é o coeficiente angular, ou seja a tangente da linha e


representa a incl inação da reta. Por sua vez, b é o coeficiente linear,

• 1127- ·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• ou seja o intercepto no eixo y, e representa o valor da ordenada y


da reta para o qual a abscissa x é nula.
O s pontos indiv iduais nesta linha serão chamados de (x,, y,),
(no rmalmente a leitura do branco), (x 2, y2), (x3, y3 ) •••••••• (x", Yn), isso
é, foram feitos n experimentos e lidos o mesmo número de sinais
analíti cos. O ponto (x, y), contendo os valores médios de x e de y.
é chamado de "centróide" .
Para se estimar quão bem os pontos experimentais se
ajustam em uma linha reta, nós podemos calcular, entre um certo
número de parâmetros estatísticos disponíveis, o coeficiente de
correlação pro dut o-mo mento, r. Esse parâmetro é conhecido como
"coef iciente de correlação", sendo, de longe, o mais comum em
ci ências quant itativas.
O valor de r é dado por:

II {(xI - x)(y-
I
.Y)}
~"=
(2 )

Essa equa ção mostra que r pode variar no intervalo entre


-1 $ r $ + 1. Como mostrado na Figura 7 abaixo, um valor de r = -1
descreve uma correlação negativa perfeita , isso é, todos os pontos
ex perimentais cae m numa linha reta com tangente negativa .

Figura 7: Correlações. Concentração

1
É importante ressaltar, que invariavelmente os termos a e b da equaçao podem aparecer trocados
dependendo da fonte ou autor, porém sempre o fator algébrico que multiplica x será o coeficiente
angular. Assim, em y = bx + a, b seria o coeficiente angular e a o linear.

'···•••• I
- 128 •
••
TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

Da mesma maneira, quando r = + 1, têm-se uma perfeita


correlação positiva, todos os pontos sobre uma linha com tangente
positiva.
Quando não há correlação entre x e y, o valor de r é zero.
Na prática analítica, gráficos de calibração dão, na maioria das
vezes, valores de r maior que 0,99, sendo incomum valores de r
menores q ue 0,90 .
Um exemplo típico de cálculo de r ilustra alguns pontos
importantes: soluções padrão aquosas de tetracloroaurato (AuCI 4 · )
foram examinadas em um espectrômetro de absorção atômica e as
intensidades são dadas na Q uadro 11.
Q uadro 1 1 : Intensidade de absorção do composto AuCI, .

Concentração
Intensidade
(mg!L-1 )
o 2, 1
2 5,0
4 9 ,0
6 12, 6
8 17, 3
10 21 , 0
12 24,7

Considerando os dados apresentados na Quadro 11 ,


determinar o coeficiente de correlação r.
Os cálculos feitos com os dados da Quadro 11 são
apresentados na Tabela 1 O.
Tabela 10: Determ inação do coeficiente de c o rre lação r.

x, Y, r ·X (r, - r )' y -y (y, - )')' rx, - xj(y , - y)


o 2,1 ·6 36 -11,0 12 1,00 66,0

5,0 ·4 16 -8,1 65,61 32,4


4 9,0 ·2 · 4,1 16,81 8,2

6 12,6 o o ·0, 5 0,25 o


8 1 7,3 4 4,2 1- ,64 8,4

10 21,0 4 16 -,9 62,41 31 ,6


12 24,7 36 11 , 6 134, 56 69,6

I 42 91 ,7 o 112 o 418,56 216,2


• PARTE 11 -AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLI CADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• 42
.X = - = 6
7

91,7
y= 7
13,1

Os números em negrito, na Tabela 1 O representam as somatórias


dos números nas respectivas colunas. Observar que I Cx;- .X) e L (y;- .Y)
são ambas iguais a zero, como de se esperar para uma pistribuição;normal
de dados.
Usando as somatórias, juntamente com a equação (2), tem-se:

216,2 216,2
r =
(112 X 418,28)'" = 216,44 = 0 •9989
A relação linear obtida está apresentada na Figura 8. Duas
observações importantes deste exemplo. Como mostrado na Figura
9, apesar de alguns pontos esta rem visive lmente fora da melhor reta
(que foi obtida com o proced imento a ser discutido mais adiante), o
valor de r é muito próximo de um. A experiência mostra que mesmo
curvas de calibração com alto grau de dispersão podem gerar altos
valores de r.
Assim, é muito importante trabalhar com o número adequado
de casas decimais. No exemplo acima, se desprezar as segundas
casas depois da vírgula, obter-se-ia o obviamente incorreto valor
de r = 1.
Deve-se ainda tomar cuidado para se evitar mal interpretação
do valor de r calculado. Observando-se que o uso da equação
acima pode originar valores de r grande mesmo se os dados forem
obviamente não lineares. A Figura 9 mostra dois casos onde os
cálculos de r foram tomados de forma errônea. Na Figura 9 (A), os
pontos da curva analítica caem claramente em uma curva.
Esta curva é suficientemente suave para originar um va lor de
r bastante elevado, se uti lizada a equação acima. A lição a ser tirada
desse exemplo é que a curva analítica deve sempre ser construída
e observada para sua linearidade. De outra maneira, uma relação
linear pode ser assumida de maneira errônea com o resultado de
r obtido simplesmente da equação dada. Por outro lado, a Figura
9 (B) mostra que um coeficiente de correlação zero não significa
que x e y não possuam qualquer relação, apenas que esta rela ção
não é linear.

-• lJoJ •
TRATAMENTO ESTAT[STICO DE DADOS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
25

"'
:::l

õ 20
'"'o
l.J'O

"'
.D
15
<
o
v
::.>
v 10
"'
v·v;
c Y=a+b~x
.8 a = 1,518
c 5
b=1 ,930
r=0,9988
o
2 4 6 8 10 12

Concentração (mg ml·')


Figura 8: Curva analítica do tetracloroaurato.

A B r=O

/
. .. '
''
/
/
I

\
I
I \
~
r=0,986 I
'
Figura 9: Curvas analítica não lineares e o significado de r.

8.1 .2 A linha de Regressão de Y em X

Assu mindo que existe uma correlação linear entre o sinal


analítico y e a concentração x, o próximo passo é mostrar como
calcu lar a melhor linh a reta entre os pontos da curva analítica,
cada um dos quais está sujeito a um erro experimental aleatório
particular.
Como nós assumimos que todos os erros estão no eixo y,
procura-se agora uma reta que minimize os desvios na direção y
entre os dados expe rimentais e a reta calculada. Como alguns desses
desvios (resíduos y ) serão positivos e outros negativos, é conveniente
tentar minimizar a soma dos quadrados desses resíduos. Isso explica

• 1131 -·
• PARTE 11 ·AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

• o uso freqüente do termo "método dos mínimos quadrados" para


esse procedimento.
A linha reta requerida deve passar através do "centróide"
dos pontos (x,)i). Pode-se mostrar que:

L [(x, - x)(y,- .Y)l


b - -''' - - -- -- -
(3)
L (x, - x) 2
I

a=y-bx

A linha calculada desta maneira é conhecida como curva de


regressão de y em x, isso é, a cu rva indicando como y varia quando
x é colocado nos va lores escolhidos. É muito importante perceber
que a curva de regressão de x em y não é a mesma curva.
A linha de regressão de x em y (que também passa pelo
centróide) assume que todos os erros ocorrem na direção x .
Exemplo: calcule a tangente e o intercepto da curva de regressão
para os dados do exemplo anterior (Quadro 11 e Tabela 10).
No exemplo ante rior ca lcu l ou-se que , para esta curva
analítica:

L (xi - X)(yi - j/)=216,2


i

L (xi- X.) 2 = 112


i

X.=6;y= l3,1

Usando-se as equações (3) se calcula que:

216,2
b= 112=1,93
a=13,1 - (1,93x6)= 13, 1-11,58 = 1,52

Assim, a equaçãd (y=bx+a) para a reta da regressão linear será:

y = 1,93x + 1,52

Os resultados dos cálculos de coeficientes angular (tangente)


e linear (intercepto) foram incluídos na Figu ra 9 .

' Vide nota 1.


TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS • REGR ESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
8.1.3 Erros nos valores da tangente e do intercepto da
curva de regressão

A curva de regressão calculada na seção anterior será


utilizada, na prática, para estimar as concentrações de amostras de
teste po r interpolações, e, às vezes, para estimar o limite de detecção
do procedimento analítico. Os erros aleatórios nos valores para a
tangente e intercepto são, assim, importantes e as equações usadas
para calculá-los serão co nsideradas. Deve -se inicialmente calcular
o desvio pad rão dos pontos y sobre x, s ylx que é dado por:

(4 )

Esta equação uti liza os residuais de y, y,


que são os pontos
na curva de regressão calculada que correspondem aos va lores
individuais de x, isso é, os valores ajustados de y. Esses pontos são
mostrados na Figura 1 O.

(x,.y,)
!I •
: (x,,y,)

!x, .y,) lx,,y,)


(x,,y1)
• • (x,,y,)

Figura 10: Valores med idos e ajustados d e y.

O valor de y, para um dado x é facilmente calculado pela


equação (4), a qual é semelhante em forma à equação para o desvio
padrão de um conjunto de medidas repetidas (Capítul o 7) .

• 1133-·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STI CA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDAD E

••
(5)
s=

Numa regressão linear, o número de graus de li berdade é


(n - 2), o que reflete a consideração óbvia de que uma única linha
reta pode ser desenhada passando por dois pontos. Com um valor
Paras'x, podemos agora calcular sb e sa, os desvios padrão para a
tangente (b) e o intercepto (a). Eles são dados por:

(6 )

Os valores de sb e S. podem ser utilizados de maneira usual


para estimar os limites de confiança para a tangente e o intercepto.
Assim, os limites de confiança para a tangente são dados por:

(7)

Onde o valor de t é tomado no nível de confiança desejado e


(n - 2) graus de li berdade. De maneira similar, os limites de confiança
para o intercepto são dados por:

a± t x s a (8)

Exemplo: calcular os desvios padrão e intervalos de confiança


para a tangente e intercepto da curva de regressão ca lcu lada
anteriormente . A partir da Tabela 10 e usando as equações acima:

s = 0,9368
y X ( j 5
Y2
= o4329
>

Anteriormente, já foi visto que:

L: [(x 1 - :X) = 112


i

.... 1341 •
TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS- REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
E, assim a equação (7) pode ser usada para mostrar que:

s = 0,4329 = 0,4329 = 0,0409


b -f1i2 10,58

O valor de t para (n - 2) = 5 e 95% de nível de confiança é


2, 57 (va lor tabelado). Assim, para um nível de confiança de 95 % os
limites de confiança para b são:

b = 1,93 ± 2,57 X 0,0409 = 1,93 ± 0,11

A utilização da equação para o desvio padrão do intercepto


(Equação 7) requer o conhecimento do valor de L x 2 . , 364. Assim:
i I

s = 0,4329 .
a 'V@__
784
= 0,2950

E os limites de confiança são:

a= 1,52 ± 2,57 x 0,2950 = 1,52 ± 0,76

8.1.4 Avaliação de uma concentração

Uma vez que a tangente e o intercepto de uma curva de


regressão tenham sido determinados, é simples calcular um valor
de x correspondente a qualquer valor medido de y. Um problema
mais complexo surge quando é necessário estimar o erro numa
concentração calculada com a curva de regressão.
O cálculo de qualquer valor de x envolve o uso da tangente
(b) e do intercepto (a) e, como foi visto no item anterior, ambos são
sujeitos a erros. Como resultado, a determinação do erro no valor
de x pode ser feito com uma fórmula aproximada:

(9 )

Nessa equação, y0 é o valor experimental de y, a partir do


qual o valor de concentração x0 deverá ser determinado, sxo é o
desvio padrão estimado de x 0 e os outros símbolos retêm os se us

• 1135-·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• significados normais. No caso do analista ter que fazer vá rias leituras


de y0 , por exemplo, se houver m leituras, então a equação acima
deve ser modificada para:

(1 O)

Como sempre, os limites de confiança podem ser calculados


como: x 0 ± t x sxa, com n- 2 graus de liberdade.
Exemplo: usando os dados extraídos dos exemplos acima,
determinar os valores de x 0 e s. 0 e os limites de confiança de
x0 para soluções com intensidades de absorção de 2,9, 13, 5 e
23,0 ua. Os valores de x0 são faci lmente calculados util izando a
equação da regressão determinada anteriormente, y = 1,93x +
1,52. Substituindo os respectivos va lores de y0 , 2,9, 13,5 e 23,0,
obtemos os valores de x0 como sendo: 0,72, 6,21 e 11,13 pg mL·l,
respectivamente. Para obter os valores de sxo correspondentes a esses
valores de x 0 , usa-se a equação (1 0).
Recordando dos itens anteriores q ue n = 7, b = 1 ,93, s lx =
- )2 y
0,4329, = 13,1 e também que a I (x,- x = 112. Os valores de y0 de 2,9;
I

13,5 e 23,0 geram os valores de sxa de 0,26; 0,24 e 0,26, respectivamente.


Os intervalos de confiança correspondentes, a 95%, (t = 2,57) são 0,72
± 0,68; 6,21 ± 0,62 e 11 ,13 ± 0,68 mg mL·l, respectivamente.
Esse exemplo ilustra um ponto de importância. É aparente
que os limites de confiança são menores (isso é, melhores) para o
resultado de y0 = 13,5 do que para os outros dois.
Uma análise da equação acima confirma que quando y 0
aproxima do valor médio, y, o terceiro termo dentro do colchete
tende a zero, e sxo aproxima-se do valor mínimo . A forma geral dos
limites de confiança para uma concentração ca lculada é mostrada
na Figura 11.
TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REG RESSÃO E CORRELAÇÃO

•••

Figura 11: Forma geral dos limites de confiança para uma concentração.

Se desejarmos melhorar, isto é estreitar, os limites de


confiança nesse experimento analítica, as equações de sxü mostram,
pelo menos, duas possibilidades. Pode-se aumentar n, o número de
pontos da curva de calibração e também se pode fazer mais medidas
de y0 , e usar o valor médio de tais medidas, no cálculo de x0 .
O resultado desses procedimentos pode ser previsto ao
examinar os três termos dentro dos colchetes nas duas equações. No
exemplo anterior, o termo dominante nos três cálculos é o primeiro,
unidade. Segue- se que , nesse caso (e em muitos outros), uma
melhoria na precisão pode ser fe ita fazendo -se várias medidas de y0 e
usando a equação que contém m. Se, por exemplo, o valor de y 0 de
13,5 tivesse sido calculado como a média de quatro determinações,
então o valor de s.0 e os limites de confiança teriam sido 0,14 e 6,21
± 0,3 6, respectivamente, ambos resultados indicando uma mel hora
apreciável na precisão.

8 .1.5 Limites de Detecção

Uma das principais vantagens em se utilizar métodos


instrumentais de análise consiste na possibilidade de se detectar
quantidades muito menores de analit o do que os métodos clássicos.
Essa característica implica na possibilidade de se estabelecer a
importância de concentrações em nível de traços de muitos materiais,
por exemplo em amostras biológicas e ambientais. Dessa maneira, é
evidente que os métodos estatísticos para obter e comparar os limites

• 1137-
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATISTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• de detecção (LO) são importantes. Em termos ge rai s, o limite de


detecção de um analito pode ser descrito como aquela concentração
que dá um si nal (y) no instrumento signifi cantemente diferente do
sinal do "branco" ou da "linha de base".
Uma definição comu mente usada na literatura de Qu ímica
Analítica é que o limite de detecção é a concentração do analito
que dá um sinal igual ao sinal do branco, y 8 , mais duas vezes o
desvio padrão do branco, 5 8 . Normas recentes de órgãos públicos
(principalmente americanos) indicam que esse critério deve ser:

(11 )

O significado desta última defin ição é ilustrado, com mais


detalhes, na Figura 12.

Limite de Limite de
Y, Decisão Detecção
..·r·.. .... ,..... .... ,....
A,••'//.' ......, 8// '•·,,, ~.'.'
..
.)_.
..
·....
I
·...
'•·••,

A ••
..••• ··.f ..· ··.'-rl ·.•
•• •• I •• ••
l,··
·····.. ····,,... ~
...,..-.. ····'~·· ·· ··......
.. s. y

Figura 12: Li mite d e detecção.

Na Figura 12, a curva A represe nta a distribuição normal


dos valores resu ltantes de diversas medias do si nal do branco. É
possível identificar um ponto, y = P, além do limite superior dessa
distribuição, e assumir que um si nal maior que esse é improvável
que perte nça ao branco, enquanto que um sina l menor que P d eve
ser assum ido como sendo do branco. Entretanto, para uma amostra
dando um sinal médio P (cuja distribuição normal de pontos está
representada na curva B), 50% do sinal observado será menor que
P, desde que o sinal tenha uma distri buição normal. A probabilidade
de se concluir que essa amostra não difere do branco, quando ela
de fato difere, é, assim, 50%. O ponto Pé, assim, insatisfatório como
limite de detecção.
U m ponto mais adequado situa - se em y = Q (cu ja
distribuição no rmal de dados está representada na curva C da Figu ra
12), pois Q está duas vezes mais afastado de Y8 que P. Pode- se
mostrar que, se Y8 - Q for 3,28 vezes o desvio pad rão do branco,
TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
5 8 , então a probabilidade do erro acima acontecer (i ndicada pela
área achuriada da Figura 12) é de apenas 5%. Se, como sugerido na
Figura 12, a d istância for de 3s 8, a probabilidade de ambos os erros
será de cerca de 7%. Muitos analistas consideram esta como sendo
uma boa definição de limite de detecção.
Algumas tentativas foram feitas para se definir um limite
posterior, chamado de limite de quantificação (ou lim ite de
determinação) como o menor limite para uma medida quantitativa
precisa, em oposição à detecção qualitativa. Um valor de Y8 + 1 O s8
foi sugerido para esse limite, mas seu uso ainda é bastante restrito na
prática. Deve-se agora discutir como os termos Y8 e 58 são obtidos
na prática, quando uma reta de regressão convencional for usada
para a calibração.
Um requisito fundamental do método de mínimos quadrados
é que cada ponto no gráfico (incluindo o ponto do branco) tem uma
variação de erros distribuída de maneira normal (apenas na direção
Y), com um desvio padrão estimado como sy,x· Esta é a justificativa
de termos dese nhado curvas de d istribuição normal co m a mesma
largura na Figura 1 O. Assim, é apropriado utilizar syl• ao invés de 58
na estimativa do limite de detecção.
O valor de a, o intercepto calculado pela regressão, pode
ser utilizado como uma est imativa do va lor de Y 8, o sinal do branco;
ele deve ser uma estimativa mais precisa de Y8 do que o único valor
medido do branco, Y, .
Exemplo: estimar o limite de detecção para a determinação
de tetracloroau rato (AuCI4 -)por absorção atômica, cujas intensidades
são dadas no Quadro 11.
Usa-se a equação y - y 8 = 3 s8 com o valor de y8 (= a) e s8
( = sy1) calculado previamente. O valor de y no lim ite de detecção
é encontrado como sendo 1,52 + (3) 0,4329, isto é, 2,82. Usando
a equação da regressão calcula-se um limite de detecção de 0,67
mglml _, _A Figura 13 sumariza todos os proced imentos adotados no
cá lculo do limite de det ecção do tet racloroaurato.
É importante ev itar confundir o limite de detecção da
técnica com sua sensibilidade. Esta fonte de confusão se origina,
provavelmente, do fato de não haver uma palavra apropriada
que demonstre que uma técnica tem "baixo limite de detecção" .
A sensibilidade de uma técnica é corretamente definida como a
tangente da curva analítica e, desde que a curva sej a linear, pode
ser medida em qualquer ponto dela.

• 1139-·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••
25 s,, = s. = 0,433
""'
o
LOB = 0.67 mg mL.,
l::::l 20
~
o s~, = o,25
"'
.J:>
<
15

10

Y = a + bX
A= 1,51786
B = 1,93036
R= 0,99888

o 2 4 6 8 10 12

Concentração I mglml •1
Figura 13: G ráfico de regressão mostrando o LO (LOD) d o íon tel racloroaurato.

8.2 o MÉTODO DAS ADIÇÕES PADRÃO

Suponha que um analista deseja determinar prata em


amostras de resíduos de revelação de filmes por absorção atômica.
Usando os métodos discutidos anteriormente, ele pode calibrar o
espectrômetro com uma solução aquosa de um sal de prata puro
e usar a curva analítica na determinação de prata nas amostras de
teste. Entretanto, esse método só será válido se a solução pura de
sais de prata gerar o mesmo sinal de absorção do que o resíduo
fotográfico com a mesma concentração de prata. Em outras palavras,
usando soluções puras para estabelecer a curva analítica, assume-se
que não existe o "efeito de matriz", isso é, redução ou aumento do
sinal obtido pelos outros componentes da so lução.
Em muitas áreas, esta proposição freqüentemente não
é válida. Efeitos de matriz ocorrem até com métodos como
espectrometria de plasma, que tem a reputação de ser insensível
para interferentes. Uma possível solução para esse problema é tomar
uma amostra do resíduo fotográfico que é similar à amostra teste,
porém não contenha prata, e adicionar quantidades conhecidas de
sal de prata para fazer as soluções padrões. A curva analítica será
então construída usando uma matriz aparentemente adequada.
Em muitos casos, entretanto, essa aproximação é impraticável.
Ela não eliminará efeitos de matriz que diferem em magnitude de
TRATAMENTO ESTATISTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
uma amostra para outra, e pode ser impossível obter uma amostra da
matriz que não contenha o analito. Por exemplo, obter uma amostra
de resíduos fotográficos que não co ntenha prata é improvável. Segue-
se que todas as medidas analíticas, inclu indo o estabelecimento da
curva analítica, devem se r feitos com a própria amostra. Isso é feito
na práti ca usando o método das adições padrão.
Volumes iguais de solução da amostra são tomados e todos,
menos um são "contaminados" separadamente com quantidades
conhecidas e d iferentes do analito, e todos são, então, diluídos para
o mesmo volume. Os sinais do instrumento analítico são, então,
determinados para todas essas soluções e os resu ltados ilustrados
como mostrado na Figura 14.
Como usual, os si nais obtidos são plotados no eixo y, nesse
caso o eixo x é graduado em termos de quantidades de analito
adicionadas.

/
/
/
/
/

Quantidade de Quanudade
analíto em adicionada
amostra teste

Figura 14: Método das adições padrão.

A curva de regressão é calculada da maneira usual, mas dessa


vez é feita uma extrapolação até o ponto no eixo x correspondendo a
y = O. É evidente que esse intercepto negativo no eixo x corresponde
à quantidade de analito na amostra teste .
A análise da Figura 14 mostra que esse valor é dado por a I b,
a relação entre o intercepto e a tangente da curva de regressão . Como

• 1141 - ·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

•• ambos, a e b são sujeitos a erros, o valor calculado é também sujeito


a erro, do mesmo modo. Nesse caso, a quantidade não é predita por
um valor único medido de y, assim a fórmula para o desvio padrão, \E'
do valor extrapolado xE, não é a mesma daquela vista anteriormente,
mas sim:

(12)

Aumentando o valor de n melhora, novamente, a precisão


do valor estimado: em gera l, pelo menos seis pontos são necessários
para um experimento de adição de padrão. Além do mais, a precisão
é au mentada maximizando-se o termo quadrático I (x,- xY, de tal
I

forma que as soluções, para a confecção da curva analítica, devem


se possível, cobrir um amplo intervalo. Os limites de confiança para
xE podem, como costume, serem determinados como x E ± tsxE·
Exemplo: a concentração de prata em uma amostra de
resíduos fotográficos foi determinada por espectroscopia de absorção
atômica com o método de adição de padrões (Quadro 12).

Quadro 12: Dados de absorbância em amostra de resíduos fotográficos.

Ag adicionada
Absorbância
(J..lglmL·1 )
o 0,32
5 0,41
10 0,52
15 0,60
20 0,70
25 0,77
30 0,89

Determinar a concentração de prata na amostra e obter os


limites de confiança a 95% para a concentração calculada.
Utilizando-se as Equações (3) , obtém-se um valor de a
= 0,3218 e b = 0,0186. A relação entre esses dois valores dá a
concentração de prata na amostra de teste de 17,3 1Jg/mL·1 • Os
limites de confiança para esse resultado podem ser determinados
com a ajuda da equação (9) .

... 1421 •
TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
Aqui, os valores de \ lxé 0,01094, é 0,6014 e t (x;- .X:)2 é 700.
Assim, o valor de \E é igual a 0,749 e os limites de confiança são
17,3 ± 2,57x0,749, isso é, 1 7,3 ± 1,9/Jgm L-1 .
Apesar de ser uma aproximação elegante para o problema
do efeito de matriz, o método da adição de padrões tem a suas
desvantagens.
Em termos estat ísticos, sua desvantagem principa l está
relacionada ao fato dele ser um método de extrapo lação, menos
preciso do que as técnicas de interpolação.
No exemplo acima, é fácil mostra r que, se uma quantidade
desconhecida de prata for adicionada à amostra teste e fornecer um
valor de absorbância de 0,65, a concentração adicionada seria de
17,6 /Jg m l -1 com limites de confiança de 17,6 ± 1,6 JJg ml-1 . Esse
resultado mostra apenas uma ligeira melhora do limite de confiança,
devido ao ponto de absorção estar mais próximo do valor médio
da curva analítica.

8 .3 RETAS DE REGRESSÃO PONDERADAS

Os cálculos envolvidos no uso de métodos de regressão


ponderados são apenas um pouco mais complicados do que aqueles
d iscutidos at é aqui. Eles podem ser fac il mente feitos com o auxílio
de um microcomputador, mas requerem informações ad icionais dos
erros que ocorrem em diferentes níveis de concentração, ou pelo
menos a formulação de hipóteses adicionais sobre esses erros. Isso
talvez explique porque os cálcu los de regressão ponderados são
menos utilizados do que deveriam .
Neste ca pítulo iremos delinear o método de regressão
ponderada, aplicado apenas na determinação de um único analito e
não na comparação entre dois métodos analíticos . Vamos considera r
com mais detalhes, a situação simples que surge quando os erros
em uma reta de regressão são proporcionais à concentração do
analito.
Quando os erros, em diferentes pontos do gráfico analítica
forem expressos por "barras de erros" (Figura 15) as barras se tornam
maiores conforme a concentração aumenta.

• 1143 1 ' <


• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

••

Concentração

Figura 15: Gráfico de regressão com barra de erros no valor de sinal.

Nesse caso, é evidente que a re ta de regressão deve se r


calculada de maneira a considerar um peso maior para aque les
pontos onde as barras de erro são menores.
É mais importante para a linha de regressão passar próximo
desses pontos do que daqueles onde as barras de erro são maiores.
Esse resultado é encontrado atribuindo a cada ponto um peso
in versamente proporcional à variância corres pond e nte, s 2 • Esse
proced imento lógico é de aplicação geral. Assim, se os pontos
individu ais são denotados por (x,, y,), (x2, y2), etc., co mo usual, e
os desvios padrão correspondentes por s,, s2 , etc.,então, os pesos
individuais, w,, w 2 , etc. são dados po r:
·2
W -...,-s..!..' --
,- (~ :,·2 ) (13)

A tangente e o intercepto da linha de regressão são, então, dados por:

L w 1x 1y 1 - nX~ y"
b= -' - - - - - - (1 4 )
2: w,x/ - 11X}
I
e:

a = .Y" - bx~ (15)

Nessas equações acima, xwe Yw' representam as coordenadas


do centróide ponderado, (x",Y) através do qual a linha de regressão
TRATAMENTO ESTATISTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS • REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
ponderada deverá passa r. Essas coordenadas são dadas, como
esperado, por:
~1v,x,
x IV
I

n (16)
I
I
W,Y,
.Y,. =
n
Exemplo: calcular as retas de regressão ponderada e não
para os seguintes dados de calibração (Quadro 13). Para cada
linha, calcul ar também as concentrações das amostras de teste com
absorbâncias de O, 100 e 0, 600.

Quadro 13: Dados de concentração e absorbância com os respectivos desvios padrão

Concentração (J.Jg ml _,) A bsorbância Desvio padrão


o 0,090 0,001
2 o,158 0,004
4 0, 301 0,010
6 0, 472 0,013
8 0 ,577 0,017
10 0,7 39 0,022

A aplicação das equações (14) e (15):mostra que a tangente e


o intercepto da reta de regressão não ponderada são respectivamente,
0,0725 e 0,0133 . As concentrações correspondentes às absorbâncias
de 0,1 00 e 0,600 são faci lmente calculadas como 1,20 e 8,09 J.Lg/ml-1 ,
respectivamente. A reta de regressão ponderada é um pouco mais difícil
de calcular: na falta de um programa adequado de computador, constrói-
se o Quadro 14.

• 1145- ·
•••
PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTAT[STICA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE

Quadro 14: Cálculo da reta de regressão ponderada.

X.
I Y; s 1/s;2 w .I w.x.
I I W;Y; W;X;Y; w.x.2
I I

o 0 ,009 0,001 1000000 5,535 0,000 0,0498 0,0000 0,000


2 o,158 0,004 62500 0 ,346 0,692 0,054 7 o,1063 1,384
4 0,301 0,010 10000 0,055 0,220 0,0166 0,0662 0,880
6 0,472 0,013 591 7 0,033 0,198 0,01 56 0,0935 1 '188
8 0,577 0,017 3-l60 0,019 0,1 52 0,011 o 0,0877 1,216
10 0,739 0,022 2066 0,011 0,1 10 0 ,0081 0,0813 1,100

I 1083943 5,999 1,372 O, 11 58 0,4380 5,768

Desta tabela, é claro que Yw = O, 1558/ 6 = 0,0260 e que xw=


1,372/ 6 = 0,229. Da equação anterior, b é calculado como sendo:

b = 0,438 - (6 X 0,229 X 0,026) = 0,0738


5,768- (6 X (0,229)2)

E assim, a é dado por:

0,0738 X 0,229 = 0,0091

Esses valores de a e b podem, então ser usados para


as absorbâncias de 0, 100 e 0 ,600, resultando nos valores de
concentrações de 1,23 e 8,01 J.lg ml- 1 , respectivamente.
Uma comparação cuidadosa dos resultados obtidos com
os dois métodos é muito instrutiva. Os efeitos de se ponderar são
claros. O centróide ponderado (Xw ,y) é muito mais próximo da
origem do gráfico do que o não ponderado (x ,Y) e o peso dado aos
pontos próximos da o rigem - e particularmente ao primeiro ponto
(O; 0,009), que tem o menor erro - assegura que a reta de regressão
um intercepto muito próximo desse ponto.
A tangente e o intercepto da reta ponderada é marcante mente
similar àqueles da não ponderada. Assim, os resultados dos dois
métodos dão valores muito similares para as concentrações das
amostras que possuem absorbâncias de 0,100 e de 0,600. Dessa
forma, poderíamos ser levados a pensar que a reta de regressão
ponderada tem poucas vantagens. Elas requerem mais informações
(na forma de estimativas de desvios padrão em vários pontos na
reta), e são muito mais complexas para se construir, mas resultam em
dados muito similares àqueles não ponderados. Essas considerações
podem até explica r a negligência generalizada dos cálculos de retas

- · 1461 •
TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

•••
de regressão ponderadas na prática.
Mas um químico analítico usando métodos não emprega os
cálcu los de regressão apenas para obter a tangente e o intercepto
da reta de calibração e as concentrações das amostras.
Ele também deseja obter estimativas dos erros e dos limites de
confiança daquelas concentrações e, nesse contexto, os métodos de
regressões ponderados resultam em valores muito mais realísticos.
um item anterior, usou-se a equação abaixo:

Para estimar o desvio padrão (sxo) e, assim, os limites de


confiança de uma concentração calculada usando um valor único
de y e uma reta de regressão não ponderada.
A aplicação desta equação aos dados do exemplo acima
mostra que os limites de confiança para as soluções com absorções
0,100 e 0,600 são 1,20 ± 0, 65 e 8,09 ± 0,63 J,lg ml _, .
Como no exemplo dado naquele item, os intervalos de
confiança são bastante próximos. o exemplo atual, entretanto,
esse resultado é inteiramente irrealista. Os dados experimentais
mostram que os erros observados nos valores de y aumentam quando
o próprio y aumenta, uma situação esperada para um método tendo
um desvio padrão relativamente constante. Pode-se esperar que
esse aumento em si com o aume nto de y deve se refletir nos limites
de confi ança das concentrações determinadas. Assim, os limites de
confiança para a sol ução com uma absorbância de 0,600 deve ser
maior (isso é, pior) que para a absorbância de 0,1 00.
Num item anterior, cálculos de regressão ponderada, o
desvio padrão (\0\) de uma concentração prevista é dado por:

Nessa equação s1y1x,w é substituído por:

(18)

• 1147-·
• PARTE 11 • AMOSTRAGEM E ESTATfSTICA AP LICADA AO CO NTROLE DE QUALI DAD E

• A equação acima é claramente similar àquela da reta não


ponderada. Ela confirma que os pontos mais próximos da origem,
onde os pesos são maiores, e os pontos próximos do centróide, o nde
y0 - 'l. é pequeno, terão os menores limites de confiança, como
mostrado na Figura 16.

I
• I ,
~

, ,

Concentração

figura 16: Posição do centróide na reta de regressão.

A maior d ife rença entre as duas equações (ponderada, não


ponderada) é o termo 1 I W 0 na equação ponderada. Como W 0 cai
rapidamente quando y aumenta, esse termo assegura q ue o lim ite
de confiança aumente com o aumento de Yo' conforme se espera.
A aplicação da equação do desvio padrão ponderado no
exemplo anterior mostra que as amostras de teste com absorções 0,100
e 0,600 têm limites de confiança para as concentrações calculadas de
1,23 e 8,01 1-1g ml -1 de ± 0,12 e ± 0,72 ,ug/ml -1 , respectivamente.
Nota-se que esses dois intervalos de confiança são proporcionais às
absorbâncias das duas soluções. Além disso, o intervalo de confiança
para a solução menos concentrada é menor do que na reta de regressão
não ponderada, enquanto que para a mais concentrada a situação é
o oposto.
Todos esses resultados são muito mais concordantes com a
realidade do experimento de calibração do que os resultados obtidos
de forma não ponderada.

- · 1481•
TRATAMENTO ESTATfSTICO DE DADOS INSTRUMENTAIS - REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

••
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- - 1521 •
ENSAIOS DE
IDENTIFICAÇÃO

t: : :::::J

"A Paz, se possível, mas a verdade a qualquer

• preço."
(Lutero)
MÉTO DOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
9 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

GIL, E.S., MATJAS, R. & ORLANDO, R.M.

São métodos analíticos de natureza qualitativa, destinados


à confirmação da identidade da matéria-prima ou de determinado
componente (ex. princípio ativo) de um produto. A va lidade desses
ensaios depende, basicamente, da sua especificidade ou seletividade,
e que outros parâmetros de validação são menos importantes.
Os ensaios de ident ificação podem ser classificados em físicos
ou quími cos, ou ainda como métodos instrumentais ou clássicos.
Independente do método utilizado, um ensaio de
identificação deve ser específico e confiável, de baixo custo e de
fácil realização.
Considerando que o fármaco é o princípio ativo do
medicamento, sua identificação é um quesito básico para eficácia e
segurança do produto. Outrossim, há ainda o risco de adulteração de
matérias-primas excipientes por outras de menor custo que, embora
de características semelhantes, poderão acarretar em problemas
potenciais de formulação.

9.1 MÉTODOS CLÁSSICOS

Os métodos clássicos de identificação são baseados em


reações químicas de grupos funciona is importantes em insumos
farmacêuticos.
Esses ensaios não são confirmatórios, mas sim eliminatórios,
já que várias substâncias podem apresentar grupos funcionais em
comum. Apresentam como principal vantagem a possibilidade
de, dependendo da seleti vidade da reação, serem aplicados à
identificação de fármacos, tanto em matérias-primas, quanto em
medicamentos (produtos acabados). Outra vantagem imediata é a
redução do custo com instrumentação que, entretanto, em longo
prazo, se perde com o maior consumo de reagentes.
Como desvantagens incluem a menor sensibilidade e o fato de
que não são apl icáveis a misturas de fármacos com grupos comuns.
As reações químicas úteis em ensaios clássicos de identificação

• 1155- ·
• PARTE 111 - ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

• devem ser perceptíveis a olho nu, sejam com mudança de cor


(formação de produto colorido ou desaparecimento de cor do analito
ou reagente), formação de precipitado ou produção de gás.
O Quadro 15 apresenta alguns exemplos de matérias-primas
em que se empregam reações quími cas para identificação .
Quadro 15: Ensaios de identificação para fármacos

Método
Insumo Método Químico
Físico
AAS Desenvolve cor violeta com FeCI3 IV

Ácido ascórbico Produz precipitado cinza com AgN0 3 IV, PF, RO

Fenobarbital Solução produz cor violeta com CoCI 2 .1 H, IV, PF

Solução etanólica produz precipi tado verde


Lidocaína IV, PF
com CoCI 2

Adicione a 1 O mg, 1O mg de zinco em pó


em meio HCI 25% e aqueça em BM por 5
minutos, resirie e adicione 0,5 ml de nitrito
de sódio. Remova excesso de nitrito com
Metronidazol IV, PF
ácido sulfâmico 5%. Adicione 0,5 ml da
solução resultante à mistura 0,5 ml de 2-
naftol e 2 ml de aO H 8%. Uma cor laranja
avermelhada é produzida.

Precipitado branco com AgN0 3 (*identifica


Propanolol. HCI IV, UV, PF, RO
apenas HCI)

Solução acidificada com 2 gotas de H, SO,


Quinina. H CI RO
1 O% apresenta forte fluorescê ncia azul

Legenda: RO = Rotação Óptica; IV = Infravermelho; UV = Ultravioleta; PF = Ponto de Fusão

9 .1.1 Reações de Identificação para Ânions Comuns

Acetato

a) Aquecer com a mesma quantidade de ácido oxálico 6%:


Desprendem-se vapores de ácido acético.

b) Aquecer com ácido su lfúrico e álcool: Desprende-se odor de


acetato de eti la.

c) Tratar com solução neutra de cloreto férrico 1 O%: Produz-se


cor vermelha escura que desaparece pela adição de ácidos
minerais.

- · 1561 •
M~TODOS DE IDENTIFICAÇÃO

••
Benzoato

a) Tratar solução neutra de benzoato com solução reagente de


cloreto férri co: Forma-se precipitado amarelo escuro, solúvel
em éter.

b) Acidular solução moderadamente concentrada de benzoato com


ácido su lfúri co 2 N: Forma-se precipitado de ácido benzóico,
facilmente solúvel em éter.

Bicarbonato

a) Tratar o bicarbonato com ácido: Produz-se efervescência, com


desprendimento de gás incolor que, ao reagir com hidróxido de
cálcio, forma imediatamente precipitado branco.

b) A uma solução fria de bicarbonato solúvel juntar fenolftalefna


O, 1 o/o: A solução permanece in color ou levemente corada .

Borato

a) A uma solução de borato, acidulada com ácido clorídrico,


jun tar algumas gotas de solução de iodo e de solução de álcool
polivinílico: Produz-se cor azul intensa.

b) Tratar o borato com ácido sulfúrico, acrescentar metanol e levar


a mistura à ignição : A chama apresenta bordos verdes.

Brometo

a) À solução de brometo juntar gota a gota água de cloro: Desprende-se


bromo, que confere cor parda à solução; agitando-se esta
com clorofórmio, o solvente adquire cor vermelha a marrom-
avermelhada e a camada aquosa fica incolor.

b) Tratar solução de brometo com ni trato de prata So/o: Forma-se


precipitado caseoso branco amarelado, insolúvel em ácido nítrico
e levemente solúvel em hidróxid o de amônio 6 N .

• 1157- ·
• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

• Carbonato

a) Adição de ácido: Produz efervescência.

b) À solução fria de carbonato solúvel juntar fenolfta leína O, 1%:


Produz-se cor vermelha.

Citrato

Tratar amostra com mistura de 15 ml de piridina e 5 ml de


anidrido acético: Produz- se cor vermelho carmim.

Clorato

a) Tratar solução da amostra com nitrato de prata 5%: Não se forma


precipitado.

b) Verter ácido sulfuroso à mi stura obtida em a): Forma-se


precipitado branco, insolúvel em ácido nítrico, mas solúvel em
hidróxido de amônio 6 N .

c) Tratar pequena quantidade de clorato com ácido sulfúrico: Ocorre


reação intensa com formação de precipitado e desprendimento
de gás amarelo esverdeado.

Cloreto

a) Tratar solução com nitrato de prata 5%: Forma-se precipitado


branco caseoso, insolúvel em ácido nítrico, mas solúvel em
hidróxido de amônio 6 N.

b) Misturar o cloreto seco com igual peso de dióxido de manganês,


umed ece r com ácido su lfúri co e aquece r brandame nte:
Desprende-se cloro, identificado pelo odor e pela produção de
cor azul com papel de amido iodetado umedecido.

- · 1581 •
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

••
Fosfato

a) Tratar sol ução neutra da amostra com nitrato de prata 5%: Forma-se
precipitado amarelo, solúvel em ácido nftrico 2 N ou hidróxido de
amônio 6 N.

b) Tratar solução nftrica de ortofosfato com molibdato de amônio


1 O%: Forma-se precipitado amarelo, solúvel em hidróxido de
amônio 6 N.

Hipofosfito

a) Aquece r fortemente o hipofosfito: Desprende-se fosfina inflamável


espontaneamente.

b) Aquecer solução de hipofosfito, acidulada por ácido sulfúrico,


com sulfato cúprico 1 O%: Forma-se precipitado vermelho.

lodeto

a) Tratar solução da amostra com água de cloro, gota a gota:


Desprende-se iodo, que muda de cor da solução de amarela a
verm elha, agitando -se essa sol ução com clorofórmio, ela adquire
cor violeta.

b) Tratar solução de iodeto com nitrato de prata 5%: Forma-se


precipitado amarelo caseoso, insolúvel em ácido nftrico, mas
solúvel em hidróxido de amônio 6 N.

lactato

Tratar solução de lactato, acidulada por ácido sulfúrico, com


permanganato de potássio e aquecer a mistura: Desprende-se
acetaldeído, identificado pelo odor caracterfstico.

Nitrato

a) Aquecer o nitrato com ácido sulfúrico e cobre metálico:


Despre ndem -se va pores ve rme Iho-pardos.

• 1159- -
• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTI FICAÇÃO

• b) Tratar solução de nitrato com ácido sulfúrico, esfriar a mistura


e juntar solução de sulfato ferroso 8%: Na interface produz-se
cor parda.

Nitrito

a) Tratar o nitrito com ácidos minerais diluídos ou com ácido acético


6 N: Desprendem-se vapores pardos.

b) Tratar papel iodetado com solução de nitrito: O indicador se


cora de azul.

c) Adição de nitrito a solução de permanganato de potássio 3o/o:


Cor vermelha intensa desaparece.

Oxalato

a) Tratar solução neutra ou alcalina de oxalato com cloreto de cálcio


0,5 M: Forma-se precipitado branco, insolúvel em ácido acético
6 N, mas so lúvel em ácido clorídrico.

b) Tratar solução de permanganato de potássio 0,2 M com solução


acidificada quente de oxalato: Desaparece a cor.

Permanganato

a) Tratar solução de pe rmanganato, acidu lada por ácido sulfúrico,


com peróxido de hidrogênio: Cor desaparece a frio.

b ) Tratar solução de permanganato, acidulada por ácido


sulfúrico, com ácido oxálico 0,5 M em solução aquecida: Cor
desaparece.

Salicilato

a) Tratar amostra com solução de cloreto férrico 1 Oo/o à solução


diluída da amostra: Produz cor violeta.

b) Tratar solução moderadamente concentrada de salicilato com


ácidos: Produz precipitado branco de ácido salicílico que funde
entre 1sa•c e 161 •c.

- - 1601 •
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
Succinato

a) Adição de cloreto férrico 1 O% à solução diluída da amostra:


Produz cor marrom.

b) Tratar solução neutra de succinato com solução de nitrato de


prata 5%: Forma-se precipitado branco, facilmente solúvel com
hidróxido de amônia.

Sulfato

a) Tratar solução de sulfato com cloreto de bário 1 O%: Forma-se


precipitado branco, insolúvel em ácido clorídrico e nítrico.

b) Tratar solução de su lfato com acetato de chumbo: Forma-se


precipitado branco, solúvel em acetato de amônia.

Sulfito

Tratar solução de sulfito com ácido clorídrico 3 N: Desprende-


se dióxido de enxofre, reconhecido pelo seu odor pungente
característico e que escurece o papel de filtro umedecido com
solução de nitrato mercuroso 1.5% em HN0 3 10%.

Tartarato

a) Dissolver alguns miligramas de tartarato em água e adicionar uma


gota de solução de sulfato ferroso 1% e uma gota de solução
de peróxido de hidrogênio 1 O volumes: Produz-se cor amarela
fulgaz.

b) Adicionar hidróxido de sódio 2M gota a gota à solução anterior:


Produz- se cor azul intensa.

• 1161 -·
• PARTE 111 - ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

•• 9.1.2 Reações de Identificação para Cátions Comuns

Alumínio

a) A adição de hidróxido de amônio concentrado forma precipitado


gelatinoso branco, insolúvel em excesso de amônia.

b) A ad ição de solução reagente de sulfeto de sódio ou hidróxido


de sódio 1 N forma precipitado branco gelati noso, solúvel em
excesso do mesmo reagente.

Bário

a) Adição de ácido su lfúrico 2 N resulta na formação de precipitado


branco, insolúvel nos ácidos clorídrico e nítrico.

b) Sais de bário em ch ama não luminosa produzem cor verde


amarelada, que parece azul quando vista através de vid ro
verde.

Cálcio

a) Sais de cálcio umed ecido com ácido clorídrico produzem em


chama não lu minosa cor verm elho-a laranjada transi tória.

b) Sais de cálcio prod uzem co m oxalato d e am ônio precipi tado


branco insolú vel em ácido acético, mas sol úvel em ácido
clorídrico.

Ferro

a) Solu ção de sal ferroso ou férrico produz com sul feto de amôn io
precipitado preto, solúve l em ácido clorídrico 3 N , co m
desprendimento de ácido sulfídrico.

b) Sais férricos formam com ferrocianeto de potássio precipitado


azul-escuro, que não se dissolve por adição de ácido clorídrico.
Sais ferrosos produzem também precipitado azu l insolú vel em
ácido clorídrico, mas decomposto por hidróxid o de sódio 1 N .

- · 1621 •
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
c) Sais férricos produzem com tiocianato de amônia cor verme lha
intensa que não desaparece com adição de ácidos minerais
diluídos.

d) Sais ferrosos produzem com hidróxido de sód io precipitado


branco esverd eado, que passa rapidamente a verde e, em
seguida, a marrom, quando agitado.

Lítio

a) Solução concen trada em íon lítio, em meio alcalino, produz com


a adição de carbonato de sódio, precipitado branco, so lúvel em
cloreto de amônia .

b) Sais de lítio umedecidos com ácido clorídrico, quando lev ados à


chama não luminosa, produzem cor carmesim intensa.

Potássio

a) Solução alcalina conte ndo sa is de potássio formam com


tetrafenilborato sódico precipitado branco.

b) Solução de sal potássico em meio acético di luído produz com


cobaltoni trito de sódio precip itado amare lo-alaranjado.

c) Sais de potássio produzem com ácido perclórico precipitado


branco cri stalin o.

d) Teste de chama produz cor v ioleta, mascarada pela presença


de sód io.

Prata

a) Sais de prata formam precipitado branco na presença de cloreto,


insolúvel em ácido nítrico, mas solúvel em hidróxido de amônia
6 N.

b) Tratar solução de sal de prata com hidróxido de amônia 6 N e


pequena quantidade de formaldeído forma por aquecimento
espelho de prata metálica nas superfícies do recipiente .

• 1163-·
• PARTE 111 - ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

• Sódio

a) Solução acidulada, com ácido clorídrico, de sal de sódio em


chama não luminosa prod uz cor amarela intensa.

b) Solução contendo sais de sódio em meio acidulado por ácido


clorídrico produz com solução acética de acetato de zinco e
uranila (30: 1O%) precipitado cristalino amare lo- ouro, após breve
agitação.

Zinco

a) Solução de sal de zinco produz pela adição de so lução reagente


de ferrocianeto de potássio precipitado branco, i nsolúvel em
ácido clorídrico.

b) Adição de sulfeto de amôn ia 1 O% à solução alcalinizada produz


precipitado branco.

c) Adição gota a gota de solução de hi dróxido de sódio 2 N forma


precipitado branco, flocoso, solúvel em excesso de hidróxido
de sódio.

9.1.3 Reações de Identificação para Grupos Orgânicos


Comuns

Acetila

juntar três gotas de ácido fosfórico e fechar o tubo com t ampa


conectada em um tubo de ensaio contendo amost ra ao outro
tubo com água em cuja exte rio r se depositou gota de nitrato
de lantân io e aquecer até hidrólise, transferir gota para cápsula
e misturar com gota de solução aquosa iodetada (2%) de iodo
1%. Colocar gota de amônia 1 O% na borda: Aparece cor azul na
interface que persiste pouco tempo.
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
Ácido carboxílico

Podem ser identificados com uso de indicadores de pH.

Alcalóide

Dissolver alguns miligramas do alcalóide em 5 ml de água,


juntar ácido clorídrico 5 N até acidular a solução e, em
seguida, verter 1 ml de solução de iodobismutato de potássio
- 1 ,5 %: Produz-se imediatamente precipitado alaranjado ou
ve rme lho-alaranjado.

Amidas primárias

Sofrem hid rólise em meio ácido ou básico forte l iberando


amônia.

Amina alifática volátil e amônia

Dissolver a amina em tubo de ensaio, acrescentar óxi do de


magnésio, aquecer se preciso: Despren dem-se vapores alcalinos
q ue escurecem o papel de prata-mangânes colocado na parte
superior do tubo.

Anilina primária

Acidular a solução da amina com ácido clo rídrico diluído 1 O%


e juntar 0,2 ml de solução de nitrito de sódio 1 O%. Após um a
dois minutos, acrescentar 1 m l de solução alcalina de beta-naftol
1%: Aparece cor alaranjada intensa ou vermelha, formando-se
geralm ente precipitado da mesma cor.

Barbitúrico

A uma so lução metanól ica de barbitú rico jun tar algumas gotas
de solução contendo nitrato de cobalto 1% e cloreto de cálcio
0, 5 M, misturar e acrescentar com agitação algumas gotas de
NaOH 8%: Forma-se precipitado azul-violeta.

• 1165-
• PARTE 111 ·ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

• Fenóis

A adição de cloreto d e acila ou an i drid o produz ésteres


insolúveis.

Glicóis

São oxidados a aldeídos produzi ndo cor escura por excesso de


ácido periódico ou seus sais.

Peróxido

Tratar solução de peróxido, ligeiramente acidulada por ácido


sulfúrico, com dicromato de potássio 5%: Aparece cor azu l
intensa, agitando-se a mistura com igual volume de éter e
deixando-se separar as fases, a cor azul passa à fase etérea.

Xantina

Tratar amostra com solução forte de peróxido de hidrogênio e ácido


clorídrico diluído e aquecer até secura em banho-maria: Obtém-se
resíduo vermelho-amarelado que, tratado com amônia diluída,
muda para vermelho-violeta.

9.1.4 Teste de Solubilidade

O teste de solubilidade, embora seja baseado na constante


físico -química de solubilidade (Ks) e não em reações químicas,
apresenta, como os demais métodos clássicos de identificação, o
fato de também não exigir instrum entação analítica.
No que se refere a ensaios de identif icação, o teste de
solubi lidade é válido como ensaio comp lementar de identi dade. Em
co ntrapartid a, apresenta utilidade também como ensaio qualitat ivo
e preditivo, na aval iação do grau de pu reza de matérias- primas (teor
de substâncias solúveis e insolúveis).
A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser dividida em
duas categorias principais: a solubilidade na qual uma reação química
é a força motriz, por exemplo, a reação ácido-base, e a solubilidade
na qual somente está envolvida a simples miscibilidade (por exemp lo,
na dissolução do éter etílico no tetracloreto de carbono).

-· 1661•
M~ TODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
Outrossim, a avaliação da solubilidade de produtos acabados,
é um parâmetro de grande relevância no controle de qual idad e
especialmen te, de formas fa rmacêut icas sólidas. Entretanto, nesses
casos, o propósito é contri bu ir para o estudo de d issolução de formas
farmacêuticas, avaliando sua eq uiva lência.
O procedimento ope raciona l padrão para teste de
solu bil idade é descrito em detalhes no Anexo A. 4.

9.1 .5 Anál ise Organoléptica

A d escrição de aspectos físicos da maté ria-prima, tais como


forma e tamanho de crista is ou partículas amorfas, granu lometria,
cor, consistência e odor, está presente em todas as monografias
(Anexo B) . Assim , a análise visual se torna o primeiro teste
de identifi cação empregado no controle de qua l idade de
matérias-primas. No que diz respeito a medicamento, a análise
visual é um ensaio de qualidad e cuja finalidade principal é avaliar
integrid ad e física e estética do prod uto.
As anál ises orga nolépticas são provas analíti cas bási cas
necessárias pa ra o início da id entificação de um fármaco , o u
excipiente, mas não são conclusivas, sendo necessários outros testes
concomitantemente.

9 .2 M ÉTODOS INSTRUMENTAI S

Os métodos instrumentais são ensaios físicos de identificação,


os quais podem ser baseados em espectros, cromatogramas ou
medidas di retas de propriedades físico-químicas, dependendo da
variada complexidade da instrumentação utilizada. Apresentam
como grande vantagem a sensibi lidade e reprodutibil idade, sendo
o custo inerente ao eq uipamento a principal desvantagem.
Os mét odos de identif icação baseados em espectros são em
geral confirmatórios, podendo-se dizer até que os espectros seri am a
impressão digital de uma dada substância. Todavia, estes métodos são
limitados a matérias-primas relativamente puras, não sendo aplicados
a produtos. Fato, obviamente, justificável pela interferência que os
excipientes acarretariam ao espectro.
Tal interferência é ainda mais importante no caso de métodos
físicos baseados em medidas simples e diretas de propriedades
físico - químicas.

• 1167-·
• PARTE 111 - ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÂO

• Deste modo, apesar da vantagem relacionada com o custo


relativamente baixo desses equipamentos (ex. refratômetro, determinador
de ponto de fusão, picnômetro, peagômetro), quando comparados aos
espectrômetros, tais métodos de identificação, além de igualmente
limitados a matérias-primas puras, não são por si só confirmatórios.
No caso dos métodos cromatográficos, dada à inerente capacidade
de separação destaca-se como grande vantagem a possibilidade de sua
aplicação, tanto nas provas de identidade de matérias-primas, quanto
na identificação de fármacos em produtos acabados.
Exemplos de métodos instrumentais aplicados à identif icação
de alguns insu mos farmacêuticos, foram apresentados no Quadro 15 .
A Figura 17 ilustra o perfil de ocorrência dos diferent es
métodos físicos para três fontes importantes, a 24ª edição da
farmacopéia americana (USP 24), a 4ª. edição da Farm acopéia
Brasileira (FB4) e a 7ª edição da Farmacopéia Po rtuguesa (FP 7).

USP24 FB4 FP1


Figura 17: Perfil de ocorrência de diferentes tipos de ensaios de identificação: Rotação Óptica (RO), Ultravioleta
(UV), Infravermelho (IV), Cromatografia de Camada Delgada (CCD), Cromatografia lí quida de alta
eficiência (HPLC), pH e Ponto de Fusão (PF) nas Farmacopéias Americana (USP 24), Brasileira
(FB4) e Portuguesa (FP7).

9.2.1 Identificação via Análise de Gráficos


Instrumentais

Entre os métodos instrumentais de identificação destacam-se


aqueles cuja interpretação dos resu ltados se dá por meio de análise
de gráficos. Esses métodos apresentam maior poder conclusivo, pois
não se obtém uma única medida da inte ração física matéria-energia,
mas sim, de forma quase simultânea, várias. Exem plos típicos desses
"gráficos instrumentais" são os espectros na reg ião do UV-visíve l e
infravermelho, os voltamogramas, curvas calo ri métricas (DTG e DSC),
espectros de massas, RMN, entre outros.
Entretanto, apesar do poder conclusivo, a utilidade destes
gráficos depende, invariavelmente, de amostras relativamente pu ras.
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
UV- VISfVEL

Os espectros na região do UV-vísivel são relativamente pobres


sobre a sua aplicação à identidade de substâncias químicas. Já q ue as
bandas de absorção típicas de grupos cromóforos, apesar de variarem
em intensidade e comprimento d e onda, são relativa mente poucas.
Havendo ainda o problema de interferentes e da sobreposição e
alargamento de bandas.

INFRAVERMELHO

Um espectro na região do infravermelho mostra detalhes


bem mais expressivos da identidade da estrutura molecular. Os picos
do infravermel ho podem ser tanto agudos e intensos (ex. grupos
carbon ila), quanto alargados e rasos (ligação CH), dependendo do
t ipo de ligação química presente. Por cau sa das maiores diferenças
espectrais, custo re lati vamente baixo, bem como facilidade de
operação, o infraverme lho se caracteriza como se ndo a técni ca
mai s uti liza da na identificação de matérias-primas.

RessoNÂNCIA MAGNÉTICA N ucLEAR

A resso nância magnética nuclear (RMN) é uma ferramenta


concl usi va na ide ntificação e caracterização de substânc ias puras.
Entreta nto, sua utilização em ensa ios de identificação de rotina
se tornam inviáve is, ta nto pelo tempo d e máquina, como pela
necessidade de reagentes d euterados, os quais são bastante ca ros.
Deste modo , no ca mpo das ciências farmacêuticas, a RMN é
utilizada, basicamente, em pesquisa na elucidação estrutural de
novos fá rmacos e produtos de degradação.

ESPECTROMETRIA DE MASSAS

Outro métod o bastante caro no que diz respeito à aq uisição


e manutenção do equipamento é a espectro metria de massas.
Esse método é extremamente útil na caracterização de uma
molécula, mas requer a utilização de substâncias isoladas ou uso de
equipamentos acoplados a cromatógrafos, sendo os mais comuns o
cromatógrafo gasoso acoplado a espectrômetro de massas (CC-MS)
e o (HPLC-MS).
Enfim , considera nd o - se o alto c usto relac i onado à

• 1169-
• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

•• instrumentação, bem como o rigor que deve ser dado à preparação


da amostra, a espectrometria de massas não é aplicada a ensaios de
identificação roti neiros no controle de qualidade.

RAIOS X

A aquisição de dados em difratometria de Raio X é bastante


dispendiosa no que diz respeito a tempo e investimento. Assim , se u
emprego se limita ao campo da pesquisa na elucidação estrutural
molecular.

VOLTAMETRIA

Em voltametria observa-se a corrente gerada por um analito,


enquan to este é submetido à varred ura de potencial. Entre as
info rmações obtidas estão potencial de oxidação ou redu ção (pico
anódico e catódico), reversibilidade de processo redox (proximidade
dos picos) e número de elétrons envolvidos na transferência de carga
(intensidad e dos picos).
Embo ra um vo ltamograma não seja propriamente um
espectro, pode também fornecer dados úteis para identificação
quím ica de um fármaco, porém , a aplicação dessa técnica
eletroanalítica ainda não ganhou espaço no contro le de qualidade
de medicamentos como um método oficial.

9.2.2 Identificação via Medidas de Constantes Físico-


Químicas

Os compostos orgânicos podem ser identifi cados por meio


de suas propriedades físico -químicas (ponto de fusão, ponto de
ebulição, densidade , viscosidade rel ativa , índice de refração e
outros). Entretanto, ao contrário do que ocorre quando se obtém
um espectro, obtém-se nestas medidas um valor único, que pode ser
passível de coincidência. Assi m , essas medidas, além de limitadas a
matérias-primas, apresentam menor poder confirmatório.
Já a determinação da solubilidade (item 9.1.4) pode, em
f unção do número de testes efetuados, seja variando-se solventes,
seja temperatura, levar a resul ta dos m ais co ncl usivos que a
determinação de outras propriedades físico -qu ími cas.

-· 1701 •
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

••
DETERMINAÇÃO DO PONTO DE F USÃO

O ponto de fusão é uma análise ind icativa de pureza e


identificação de compostos, pois cada substância, por sua estrutura
química, apresenta uma faixa de fusão cara cte ríst ica. Logo, a
presença de qualquer outra substânci a vai alterar o resultado.
Assim como o Ponto de Fusão (PF), o Ponto de Ebulição (PE)
e o Ponto de Congelamento são medidas baseadas no equi líbri o
t ermodinâmico entre as fases só lida, líquida e gasosa em função da
temperatura.
Equilíbrio este que tem ta mbém a interferência dos efeitos
da pressão, de modo que as constantes físico- químicas nos diversos
manuais devem sempre citar ambas as condições.
Entretanto, no que diz respeito, principalmente, à transição
sólido-líquido, os efeitos da pressão são mínimos, o que viabiliza o
uso da determinação do ponto ou faixa de fu são como indi cativo
de pureza e identidade.
O ponto de fusão é uma das propriedades físi cas de suma
importância na área de farmáci a, principalmente para avaliação de
matérias-primas sólidas utilizada na indústria de medicamento e/ ou
farmácias de manipulação.
A f usão ocorre quando uma determinada substância, a uma
dada temperatura, passa do estado sólido para o estado líq uido. Se
a substância é pura, a temperatura permanece constante durante
a fusão. Ape nas quando todo o sólido estiver fundido é que o
aquecimento produz um aumento de temperatura. O comportamento
de um sólido impuro em termos de fusão é bem diferente. O sólido
geralmente inicia sua fusão a uma temperatura abaixo do ponto
de fusão da substância pura. Além disso, a temperatura cresce
continuame nte durante o processo de fusão da substância pura.
Portanto, qualquer evidência de aumento na temperatura durante
a fusão sugere a presença de impurezas.
Gene ralizando, devemos dizer que quando uma substânc ia
pura muda de estado físico ou estado de agregação, a t emperatura
permanece constante enquanto a mudança estiver se processando.
Isto equivale a dizer que em um gráfico (temperatura x tempo),
sempre apresenta rá um trecho horizontal quando a substância for
pura, nos instantes em que a substância estiver mudando de estado;
se, pelo contrário, a substância não for pura, o trecho citado deixará
de ser horizontal.

• 1171 -
• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

•• A validade da determinação do PF como ensaio de


identificação é aumentada quando utiliza a técnica da comparação
com a padrão. Nesta técnica procede-se pela determinação do PF de
uma mistura de partes iguais de padrão e amostra.
A presença de impurezas usualmente tende a alargar a faixa
de fusão, e, em determinados casos (ex. misturas eutéticas), pode
causar um abaixamento significativo do ponto de fusão esperado.
Embora nas transições líquido-gasosas os efeitos da pressão
sejam mais significativos, a determinação do ponto de ebulição pode
também ser indicativa da pureza e identidade da amostra.
Uma das grandes vantagens da aplicação da medida do ponto
de fusão na identificação de matérias-primas está na simplicidade e
rapidez do ensaio . O baixo custo do equipamento, também, viabil iza
a aplicação do ensaio a qualquer farmácia de manipulação. Na
verdade, para tal medida basta um termômetro calibrado, capilares
de v idro e um banho de óleo.
Os aparelhos comercialmente disponíveis para determinação
do ponto de fusão apresentam-se em duas configurações: banho de
imersão e chapa de aquecimento (Figura 18).

Figura 18: Aparelho para determinação de ponto de fu~o

Entre as vantagens da configuração em banho de im ersão


está a melhor visualização da transição de estado. Já a versão seca
tem o mérito de não requerer eventuais trocas de óleo de si licone,
utilizado no banho.
Para ambos os aparel hos, pode-se e laborar um mesmo
procedimento operacional padrão (Anexo A.2) .

.... 1721 •
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE ABSO LUTA E DENSIDADE RELATIVA

A densidade absoluta de uma substância é definida como


a massa de uma determinada unidade de volume desta substância
em condições padronizadas de pressão e temperatura. A unidade
internacional para densidade é expressa em kglm 3 ; entretanto, a
maioria das farmacopéias adota glcm 3 ou glmL.
a prática em análise farm acêutica se utiliza a determinação
da densidade relativa, que é dada pela razão entre densidade da
substância e densid ade da água a uma mesma temperatura. A
temperatura empregada usualmente, para medidas de densidade
relativa, é de 20°C (d;g). Quando a densidade relativa de determinada
substância é determinada pela razão de sua massa a 20°C, pela massa
de igual volume de água, a 4°C tem-se (d 4 °).
2

Para determinação da densidade de líquidos são empregados


densímetros ou balança analítica e picnômetros.
O procedimento para determinação da densidade relativa de
líquidos está descrito nos métodos gerais de todas as farmacopéias.
Entretanto, todos os laboratórios químicos ou farmacêuticos de
análise devem possuir também procedimento operacional padrão
para determinação da densidade (Anexo A. 3).
Densidade Absoluta ou massa específica é uma característica própria
de cada material, por isso é classificada como sendo uma propriedade
específica. A densidade absoluta é definida como sendo a razão entre a
massa de uma amostra e o volume ocupado por essa massa.
Para calcular a pressão num líquido qualquer, é necessário
saber o que é peso "específico" e o que é "densidade" . Quando
dizemos que o mercúrio é mais pesado que a água, ou melhor,
mais denso que a água, nós queremos dizer que um certo volume
de mercúrio é mais pesado que um igual vol ume de água. Assim,
pode-se dizer que densidade relativa é o número de vezes que
uma, substância é mais pesada que igual volume de água a uma
determinada temperatura. Deste modo, para determinar a densidade
rel ativa de um corpo, basta dividir seu peso, pelo peso de igual
volume de água.
Já o peso específico é o peso da unidade de vo lume de uma
substância.

Pe = p/v
• PARTE 111 - ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

•• A densidade é uma propri edade escalar, sendo sua unidade


no Sistema Internacional (SI ) dada em kg/m 3 • Logo, a quantidade
de massa está co ntida em um volume de 1m3 .
No caso de sólidos, a determinação da densidade absoluta
ou relativa é prejudicada por características da partícula, como
porosidade, tamanho e forma, que determinam maior ou menor
número de espaços vazios. Por essa razão é mais correto empregar o
termo densidade aparente. Para tanto são necessárias uma balança
para pesagem e uma proveta para medida do volume ocupado pelo
pó. Esse pó deve ser previamente compactado, conforme o método
oficial descrito pelas normas técnicas brasi leiras que preconizam 1.375
batidas a uma altura de 3 mm , na prática se recorre a três batidas de
uma altura de 3 em ou ao uso de equipamentos apropriados.

DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE REFRAÇÃO

O princípio do método se baseia na diferença que se pode


observar na direção de propagação de um feixe de luz entre diferentes
meios t ranspare ntes. Além de seu em prego na id entificação de
matérias-primas líqu idas, a medida do índ ice de refração pode ser
utilizada co mo ensaio qualitativo de pureza ou semiquantitativo de
teor, de mod o que este parâmetro tem sido empregado na detecção
de di luições fraudulentas.
Este método se destaca pela rapidez, facilidade de operação,
que, aliado ao baixo consumo de amostra, justifica seu emprego em
ensaios de identificação e pureza.
Entre as principais aplicações do método estão a caracterização
de gorduras, óleos, ceras, açúcares e outras substâncias isotrópicas,
incluindo fármacos, bem como na análise de pureza de óleos vegetais.
A Tabela 11 apresenta alguns val ores típicos de índi ce de
refração para dife rentes matérias-primas.

Tabela 11: fndice de refração para alguns insumos farmacêuticos

INSUMO CoNCENTRAçÃo ÍNDICE DE REFRAÇÃO (N 25)


0
Ácido oléico pu ro 1,4585
Frutose 10% 1,3477
Goma xantana 1% 1,3 33 (n 0 20 )
Sacarose 2% 1,006 (n 0 20 )
Óleo de amendoim puro 1,466-1,470

-· 1741 •
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
DETERM INAÇÃO DA ROTAÇÃO ÓPTICA E ROTAÇÃO ESPECIFICA

A interação entre matéri a e luz pode se dar ta nto pela


absorção (UV-vis, IV, dicroísmo ci rcular), quanto pela reflexão
(Refratometria) de parte da luz. Deste modo, tanto a magnitude
quanto o sentido do raio de luz influem na dimensão desta interação.
A base da polarimetria está no fato de que para algumas substâncias
a extensão dos processos de absorção e reflexão dife re para luz
po larizada de sentidos opostos (esquerda ou direita). Tais substâncias
são chamadas de opticamente ativas e podem ser identificadas
pela determinação do poder rotatório (a), o qual é o ângu lo que
a luz polarizada forma como o plano de polarização ao atravessar
um líquido ou solução. Já o índice de rotação óptica específica ou
poder rotatório específico lal 20D é determinado pela relação entre
poder rotatório e densidade relativa da substância líquida, med ido
a 20°C em polarímetro com tubo de 1 dm de comprimento, cuja
fonte empregue raia D de sódio (A. 589,3 nm).
Para sól idos, o poder rotatório específico é determinad o em
relação à concentração da solução (g/ml).
As substâncias opticamente ativas podem ser dextrógiras,
quando desviam a luz polarizada para direita, ou levógiras, quando
desviam para esquerda.
Além de dois conjuntos de primas de Nicol (polarizador e
analisador), o polarímetro é constituído por um tubo e respectivo
suport e, fonte de luz e três esca las. A escala a esquerda mede o desvio
de substâncias levógiras, a escala à direita mede o desvio observado
para as substâncias dextrógiras, ambas as escalas têm 45° cada; já
a escala móvel nos dá as frações. Sua operação é relativamente
simples, devendo ser observados os seguintes fatores: temperatura,
concentração e natureza da substância, comprimento de onda e
comprimento do tubo.
Além de sua utili dade em ensaios de identificação, a
polarimetria é útil para avaliar pureza e valorterapêutico de fármacos
quirais, já que estes apresentam, f reqüentemente, diferenças
consideráveis no que diz respeito à atividade biológica. De um modo
geral, as substâncias levógiras são mais ativas do que correspondente
dextrógiro (ex. ácido ascórbico, cloranfenicol e epinefrina).
A Tabela 12 apresenta exemplos de insumos farmacêuticos
identificados por polarimetria.

• 1175-
• PARTE 111 - ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

•• Tabela 12: Exemplos de matérias-pri mas em que se aplica a polarimetria.

Insumo Concentração Rotação Óptica


Ácido Ascórbico 5% + 20 ,5 a + 21 , 5•
Ciclod extri na P 2% +1 50,5°
Frutose 2% -13 2 a -92°
Lactose 2'% -'- 54,4 a+ 55 ,9•
Pilocarpi na HCI 5% + 89 a +93•

DETERMINAÇÃO DO PH

A determinação de pH em produtos acabados é muito útil


como ensaio de qualidade, já que diz respeito à biocompatibilidade,
estabilidade e biodisponibilidade .
Como ensaio de identificação, desde que o pKa é também
uma constante físico- química e se relaciona diretamente com o
pH , essa técn ica eletroanalítica (potenciométrica) pode também
ser utilizada como ensaios de identificação no caso do controle de
qualidade de matérias-primas.
Assim, várias monografias de matérias-primas ind icam
fa ixas de pH para soluções de amostras preparadas conforme a
concentração especificada (Tabela 13).
Tabela 13: Exemplos de matérias- primas em que se aplica a determinação de pH em ensaios de
identificação.

Insumo Concent ração Valor esperado de pH


Ácido ascórbico 5% 2,1-2,6
Ácido nicotín ico 1,3% 3,0-3,5
Albumina 1% 6,7-7,3
Crospovidona 1% 5,0-8,0
Nistatina 3% 6,0-8,0
Pilocarpina HCI 5% 3,5-4,5
Varfarina sódica 1% 7,6-8,6

Os procedimentos para determinação de pH são descritos


em detalhes no respectivo POP (Anexo A.3).

9 .2 .3 IDENTIF ICAÇÃO VIA ÁNÁLISE DE CROMATOGRAMAS

A aplicação primária da cromatografia líquida de coluna está


na separação de substâncias, cujas características de polaridade e/ ou
peso molecu lar são distintas.
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
Essa separação, por sua vez, ocorre em função das diferenças de
afinidade que as diferentes substâncias têm por uma fase móvel e outra
estacionária. Essas afinidades diferenciadas podem ser exploradas para
fi ns analíticos diversos, especialmente em ensaios de identificação.
A passagem do analito pela coluna cromatográfica leva um
determinado tempo para ocorrer. Em cromatografia, este tempo
é chamado de tempo de retenção (t ) . Em CP o que é medido é a
distância percorrida pelo analito chamada distância de retenção (d,).
O t, assim como d, está relacionado principalmente, com o tipo e a
intensidade das interações do analito com a fase estacionária. Portanto,
o t, e o d, est ão intimamente relacionados com a estrutura química
do analito, com os grupos de interação da fase estacionária e com
as características químicas da fase móvel. Como é o conjunto das
relações ffsico-químicas da fase móvel, fase estacionária e analito que
promovem a retenção diferencial deles o t, e o d, são considerados, até
certo ponto, como a impressão digital de um determinado composto.
Se as condições físicas (temperatura, viscosidade, pressão e outros) e
químicas (grupos de interação, concentração, composição), tanto da
fase móvel como da fase estacionária, forem sempre as mesmas, o t, e
o d, de um analito devem ser, teoricamente, sempre os mesmos. Dessa
forma, é possível identificar compostos desconhecidos pela comparação
do seu t , ou d, com o t, ou d, apresentados por padrões. Entretanto, é
importante ressaltar que muitos compostos, principalmente isômeros,
possuem suas propriedades físico-químicas muito parecidas, quando
não idênticas, o que faz com que os comportamentos cromatográficos
deles sejam exatamente iguais. Portanto, os valores de t, e o d, algumas
vezes, não são totalmente confiáveis. Para dim in uir as chances de erros
pode-se utilizar a cromatografia por gradiente ou a CP bidimensional.
A mudança da composição da fase móvel por meio do gradiente
altera as características físico -químicas do sistema cromatográfico e
diminui as chances de haver qualquer outro composto que responda
da mesma maneira que o composto de interesse. Outra alternativa
para se obterem resultados mais seguros é a utilização de sistemas de
detecção mais seletivos e adequados.
O uso de cromatógrafos de alta eficiência, ou do inglês
High Performance Liquid Chromatography (HPLC), constitui técnica
analítica mais empregada em controle de qualidade pelas ind ústrias
farmacêuticas. Suas aplicações em ensaios de potência de produtos
ultrapassa 90% das monografias descritas na Farmacopéia Americana
(USP 24) . Outro emprego importante do HPLC é a análise de
impurezas orgân icas.

• l 1n ~w
• PARTE 111 • ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

• Em contrapartida , no que diz respeito a ensaios de


identificação, o uso do HPLC já não é tão grande, pois existem técnicas
satisfatórias de menor custo. esse contexto, os cromatogramas
obtidos por H PLC, nos ensaios de doseamento, são, por vezes,
aproveitados como ensaios de identificação complementares.
Outrossim, para maior confiabilidade, o uso de
cromatogramas em ensaios de identificação requer uso de padrões.
O elevado custo de padrões primários e de solventes "grau HPLC",
o tempo de análise e manutenção de equipamento e ausência de
detectores universais constituem as principais desvantagens dos
métodos cromatográfi cos HPLC.
Mais detalhes sobre instrumentação, fundamentos teóricos
e aplicações são descritos no capítulo 23, Parte IX.
Os princípios da CCD, bem como da cromatografia de papel
(CP), embora apresentem configuração planar, são os mesmos da
cromatografia de coluna.

- ·1781 •
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

•••
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- ·1821 •
ENSAIOS
DE PUREZA

I
., " ' ' ... t
" Por vezes sentimos que aquilo que fazemos
não é senão uma gota de água no mar. Mas o
"{. "' ~ ..>. .,.;:; mar seria menor se lhe faltasse uma gota."
(Madre Teresa de Calcutá)
IMPUREZAS INORGÂNICAS

•••
1O IMPUREZAS INORGÂNICAS

GIL, E.S.

As impurezas inorgânicas são, geralmente, decorrentes do


processamento da matéria-prima ou produto, e os ensaios de pureza
são associados com a freqüência (abundância) e/ou relevância do
contaminante. Entre os contaminantes inorgânicos mais comuns,
destacam-se a água, íons metálicos, cloretos, sulfatos e outros ânions.
Quanto à relevância, enquanto a água destaca-se pela sua
abundância na natureza, o arsênio e cádmio destacam-se pelo
inerente potencial tóxico.
Embora de modo geral, o número de espécies contaminantes
de natureza inorgânica seja bem inferior à imensa variedade de
contaminantes o rgânicos possíveis, de modo isolado para cada
matéria-prima, a freqüência com que se faz determinações de
impurezas inorgânicas é até maior. A Figura 19 apresenta o perfil
das determinações de impurezas orgânicas e inorgânicas.

USP24 FP7 FB4


Figura 19: Perfil da íreqüência dos ensaios de pureza (orgânicas- O , metais pesados- M, cinzas- C,
umidade- U e cloretos- Cl) em monografias da Farmacopéia Americana 24' ed. (USP
24), Farmacopéia Portuguesa 7' ed. (FP7) e Farmacopéia Brasileira 4• ed. (FB4)

1 0.1 MÉTODOS GERAIS

Considerando o número reduzido de espécies de


contaminantes inorgânicos existentes, bem como a freqüência com
que estes são comumente encontrados no controle de qualidade das

• 1185-·
• PARTE IV • ENSAIOS DE PUREZA

•• diversas matérias, just ifica-se a elaboração de procedimentos gerais


para determinação d essas impurezas nas diversas fa rmacopéias.
Tais procedimentos dife rem de i nsumo apenas na etapa de
preparação da amostra e podem ser classificados em quantitativos
ou semiq uantitativos.
O Quadro 16 apresenta os ensaios de pureza constantes na
Farmacopéia Brasileira 4ª edição, descritos na seção métodos gerais,
bem como a relevância da determinação.
Quadro 16: Ensaios de pureza e relevância

Ensaio Tipo Relevância


Teor de umidade Q Dosagem e estabilidade
Substâncias voláteis I Não volátei s Q Parâmetro qualitativo
Cinzas Q Parâmetro qualitativo
Cinzas sulfatadas Q Parâmetro qua litativo
Cinzas insolúvei s em HCI Q Parâmetro qualitativo
Su bstâncias solúveis I insolúveis Q Parâmetro qualitat ivo
Metais pesados s Toxicidade e estabilidade
Ferro s Estabil idade
Cloretos s Estabilidade
Sulfatos s Estabilidade
A rsênio s Toxicidade
Amônia s Toxicidade e estabilidade

Q = quantitativo; S = semiquantitativo

1 0.1.1 Ensaios quantitativos

Os métodos quantitativos oficiais para determ inação de


impurez a são, essencialmente, ensaios gravimétricos. Sendo as
únicas exceções, entre os métodos gerais de pureza da Farm acopéia
Brasileira 4i! ed., os métodos aquamétricos Karl Fischer e destilação
azeotrópica.

10.1.1.1 Teor de umidade (aquametria)

I) Método gravimétrico

A. Subdividir as partículas da amostra.

B. Transferir 1 a 2 g para pesa-filtro de fund o chato previamente


dessecado e tarado (Pa).

-·186,.
IMPUREZAS INORGÁNICAS

•••
C. Secar a amostra em estufa conforme monografia do produto
(usual 1 05°( por 2 horas).

D. Resfriar em dessecador (Figura 20).

E. Pesar rapidamente com pesa-f iltro tampado (Ps).

% umidade (e/ou voláteis) = Pa- Ps I Pa


Ps = Peso amostra seca
Pa = Pesa-filtro com amostra

Observações

1. Quando amostra decompõe à r· < 1 0.5°( secar a T menores.

2. Quando amostra funde a T < 1 0.5°( manter pesa-filtro com


amostra 1-2 h à T 5 a 1 ooc abaixo do PF, antes de secá-la.

3. Em ambos os casos pode-se utilizar pressão reduzida (20 mmHg)

*T= Temperatura

Figura 20: Dessecador

li) Método volumétrico (Karl Fischer)

Baseia-se na reação quantitativa entre água e reagente de


Karl Fischer (solução anidra de iodo e dióxido de enxofre dissolvidos
em piridina e metano!).
3 C5 H5 N + 12 + so2 + H20 H 2 C5 H5 NH+I· + C5 H5 N+-S02 ·0·
C5 H5 N--So2 -o · + CH 30H H C5 H5 NHOS020CH3

O método pode ser Direto (titul ação direta) ou Indireto

• 1187-·
• PARTE IV- ENSAIOS DE PUREZA

• (titulação por retorno) . Já a detecção do ponto fina l da reação


pode ser determinada visualmente (configuração direta: amarelo
para ãmbar; configuração indireta: ãmbar para amarelo), q uando a
amostra for transparente e incolor ou por instrumentação fotométrica
ou eletroquímica (ex. potenciométrica e amperometricamente)
quando colorido.
A grande vantagem do método volu métrico é que pode ser
empregado a amostras de natureza diversa, incluindo líquidos mais
voláteis que a água. Já a desvantagem está no custo e toxicidade
dos reagentes e solventes.

Método Direto

A. Transferir cerca de 35 a 40 ml de metano! para frasco de


titulação;

B. Adicionar reagente padronizado at é viragem vis ua l ou


eletrométrica;

C. Adicionar quantidade exata e especificada de amostra (TE);

D. Titular até viragem e anotar volume de titulante (V);

E. Calcular teor.

Teor umidade = V . TI TE
Método Indireto

A. Transferir ce rca 35 a 40 ml de metano! para frasco de


titulação;

B. Adicionar reagente padronizado até viragem visual ou


eletrométrica;

C. Transferir amostra em quantidade exata e especificada (TE);

D. Adicionar excesso de volume exatamente medido de Reagente (V' );

E. Deixar em repouso para completar reação;

F. Titular até vi ragem com solução-padrão de água e anotar volume


de titulante (V);

G. Cal cular teor por mg de amostra.

Teor um idade = T [V'- (V. R) I TE

- - lssl •
IMPUREZAS INORGÂNICAS

T = Titulo do reagente Karl Fisher;

V ' = Volume de reagente Karl Fischer adicionado em excesso;

V = Volume consumido de so lução padrão de água;

R = Volume de reagente Karl Fischer utilizado na padronização da


Solução Padrão de água.

Preparo do Reagente Karl Fischer

A. 125 g de iodo, 840 ml mistura metano!: piridina (67: 1 7);

B. Dissolução de 50 2 por insuflação do gás em 100 ml de piridina


(0°C} até volum e 200 ml.;

C. Dissolução de A + B e repouso de um dia.

Obs.: 1: Recém-preparado, reagente neutraliza cerca de 5 mg de


água/ml.

2: Deve ser protegido da luz e umidade.

Padronização do Reagente Karl Fischer

A. Adicionar metano! ao frasco de titulação (suficiente para cobrir


eletrodos);

B. Adicionar reagente até tarar solvente (vi ragem de cor);

C. Ad icionar quantidades exatas de padrão de referência;

O. Para amostra com menos de utilizar 1% tartarato de sódio


diidratado, para a mostra com teor superior a 1% água.

T = PM água I PM tartarato • (PN) ou T = PN

Solução-padrão de água (Método Indireto)

A. Di lui r 2 ml de água em 1000 ml de metano!;

B. Tomar alíquota de 2.5 ml e padronizar com reagente Karl


Fischer.

T = V. T / 25

• lls9 1!11im
• PARTE IV • ENSAIOS DE PUREZA

• 111) Destilação azeotrópica

A água é destilada com tolueno, so lvente no qual é


praticamente imiscível, e o vol ume da água condensada é medido
em tubo coletor com escala em ml (Figura 21).

Procedimento
A. Limpar o aparelho com
mistura sulfocrôm ica;

B. Destilar mistura água-tolueno


(2:200);

C. Após 2 horas de destilação,


anota r volume;

D. Adicionar ao balão,
quantidade específica de
amostra (TE);

E. Iniciar destilação da amostra e


tolueno à velocidade de 2 gJS/s;
.....- - - 0
E ___.,..,. In~
F. Destilada toda a água,
aumentar a velocidade para
~
4 gts/s;

G. Pelo condensador adicionar -


A---+t 1 O ml de to lueno;

H. Resfriar e medir volume;

I. Efetuar cálculo.

T = (Volume/TE) . 100
Figura 21: Aparelho para distilaçào azeotrópica

Observações
• Se necessário, utilizar arame com ponta de latéx para
remover eventuais gotas de água retidas nas paredes.
• Amostras pastosas são introduzidas no balão embrulhadas
em papel-alumínio.
• Se a amostra induzir borbulhamento, adicionar cacos
de cerâmica , capilares de vid ro ou areia lavada e seca para cobrir
fundo do balão.

- · 1901 •
IMPUREZAS INORGÂNICAS

••
10. 1.1.2 Teor de substâncias voláteis e não-voláteis

Visa determinar a quantidade de substâ ncia volátil de


qualquer natureza eliminada nas condições especificad as na
monografia. Pode ser determinado segundo método gravimétrico
de aquametria.

1 O. 1. 1.3 Teor de substâncias solúveis e insolúveis


totais

A. Pesar quantitativamente a amostra e diluir volumetri camente em


solvente conform e monografia;

B. Filtrar em funil de vidro sinterizado previamente tarado;

C. Levar o funil à estufa e secar até peso constante.

% solúveis= Pa - Pp I Pa x 100

% insolúveis = Pp I Pa x 100
Pp = Peso precipitado seco; Pa = Peso amostra

1O. 1. 1.4 Teor de cinzas

Visa a determinar resíduo de sólidos ino rgânicos metálicos.


A. Pesar exatamente ce rca de 3 g de amostra pu lverizada;

B. Incinerar a 450°C até peso constante.

10.1.1.5 Teor de cinzas sulfatadas

Visa determinar o resíduo de sólidos inorgânicos metálicos,


e a ad ição de ácido sulfúrico confere maior pode r oxidante.
A . Pesar quantitativamente cerca de 1 g de amostra pulverizada;

B. Transferir para cadinho calcinado (preferencialmente de


platina);

C. Adicionar 2 ml de H 250 4 SR (solução reagente) (1.760 g/L);

D. Aquecer até a carbonização e desprendimento de vapores (Fifjira 22).

• 1191 -·
• PARTE IV - ENSAIOS DE PUREZA

Posição Posição Posição correta


incorreta correta para a chama
de Méker ou de
Fisher

Figura 22: Carbonização da amostra

E. Incinerar a 800°C até desaparecer o carvão;

F. Resfr iar, adicionar 1 ml de H 250 4 SR, carbonizar e rein cinerar;

G. Resfriar, adicion ar carbonato de amônia e incinerar até peso


constante.

10.1.1.6 Teor de cinzas insolúveis e ácido clorídrico

Visa determinar o resíduo de sólidos inorgânicos metálicos,


sendo que a adição de ácido sulfúrico confere maior poder oxidante
e a adição de ácido clorídrico elimina interferência de metais como
sódio e potássio, cujos sais de cloreto são solúveis.

A. Aquecer à ebulição cinza obtida no ensaio anterior por 5 minutos


em 25 ml de HCI SR (70 g/L);

B. Recolher a substância insolúvel em crisol sinterizado ou papel


isento de cinza;

C. Lavar com água quente;

D. Incinerar a 500°C até peso co nstante.

%= (Pr I Pa) x 100

Pa = Peso amostra; Pr = Peso resíduo

- · 1921 •
IMPUREZAS INORGÁNICAS

••
1 0 .1.2 Ensaios semiquantitativos

Os ensaios semiquantitativos são baseados em reações


químicas, as quais produzem turbidez ou mudança de cor visualmente
detectável.

10.1.2. 1 Ensaio limite para cloretos

Visa determinar se a amostra ultrapassa um valor máximo


permitido de íons cloretos; sua determinação baseia-se na reação
com nit rato de prata em meio nítrico.

Procedimento

O ensaio se baseia na comparação da turbidez observada


entre tubos de Nessler (Fig. 23) com concentração padrão de cloreto
e tubo contendo amostra. Seguem as seguintes etapas.

Tubo padrão

A. Adicionar :

a. 1 ml de HCI 0,01 N SV; (solução volumétrica)

b. 35 ml de água;

c. 1 ml de H'i0 3 PA;

d. 1 ml Ag 0 3
(-4 ,25%);

B. Completar volume com água para 50 ml;

C. Deixar em repouso em local escuro por 5 minutos.

Tubo amostra

A. Dissolver quantidade especificada da amostra em 40 ml de


água.

B. Adicionar:

• 1193-·
• PARTE IV • ENSAIOS DE PU REZA

•• a. 1 ml de HN0 3 PA;

Obs. Caso não fique límpida filtra-se

b. 1 ml AgN0 3 (-4, 25%);

C. Completar volume com água para 50 ml;

D. Deixar em repouso em local escuro por 5 minutos;

E. Comparar a turvação com Tubo Padrão (Figura 23), observando


os tubos longitudinalmente.

Padrão Amostra
Figura 23: Tubos de Nessler

10.1.2.2 Ensaio limite para sulfatos

Visa determinar se a amostra ult rapassa um valor máximo


permitido de sulfatos; sua determinação baseia-se na reação com
cloreto de bári o em meio clorídrico.

Procedimento

O ensaio baseia-se na comparação da turbidez obse rvada


entre tubos de Nessler (Fig. 23) com concentração padrão de cloreto
e tubo contendo amostra . Seguem as seguintes etapas.

Tubo padrão

A. Adicionar:

••• 1941 •
IMPUREZAS INORGÂNICAS

••
a. 2,5 ml de H 2 50, 0,01 N SV (Solução Volumétrica);

b. 35 ml de água;

c. 1 ml de HCI PA;

d. 1 ml BaCI 2 (-12,2%);

B. Completar volume com água para 50 ml.

C. Agitar e deixar em repouso por 5 minutos.

Tubo amostra

A. Dissolver quantidade especificada da amostra em 40 ml de


água.

Neutralizar pH com HCI O, 1 N, filtrando, se necessário.

8. Adicionar:

a. 1 ml de HCI PA;

b. 1 ml BaCI 2 (- 12,2o/o);

C. Completar o volume com água para 50 ml;

D. Agitar e deixar em repouso por 5 minutos;

E. Comparar a turvação com Tubo Padrão, observando verticalmente


os tubos.

10.1.2.3 Ensaio limite para amônia

Visa determinar se a amostra ultrapassa um valor máximo


permitido de amônia.

Procedimento

O ensaio baseia-se na comparação da cor observada entre


tubos de essler com concentração padrão de cloreto e tubo
contendo amostra. Seguem as seguintes etapas.

• 1195-
• PARTE IV - ENSAIOS DE PUREZA

• Tubo amostra

A. Dissolver quantidade especificada da amostra em 15 ml de água


(Aicalinizar, se necessári o, com NaOH 2M);

B. Adicionar 0,3 ml de reagente de Nessler (KI 5%, HgCI 2,.,, KOH


15%);

C. Agitar e deixar em repouso por 5 minutos;

D. Comparar cor com tubo padrão.

Tubo padrão

A. A 15 ml de solução de N H 4 0 H (1 ppm ) proceder conforme


amostra.

1O. 1.2.4 Ensaio limite para ferro

Visa determinar se a amostra ultrapassa um valor máxi mo


permitido de íons ferro; sua determinação baseia-se em reações de
complexação, tais como com ácido glicólico.

2 Fe++ + 2 HSCH 2COOH -? 2 fe+ + + HOOCCH 2S-SCH 2COOH + 2 H+


o \

SH ,,, -o- C
H2c' ~:~ Fe·:' CH
C- o-,, ~ HS, 2

2 Fe-+ + 2 HSCH.COOH ~
b
Outro complexante utilizado é tiocianato de potássio

Procedimento

Preparo das soluções padrão de ferro (1, 2, 1 O, 20 e 100 ppm)

A. Solução mãe (1 00 ppm): D issolver 0 ,8634 g de su lfato férrico


amoniacal dodecaidratado em balão v ol umétrico de 1 L com
500 ml de água, adicionar 5 ml de H 2 S04 SR e co mpletar para
1. 000 ml com água destilada.

- · 1961 •
IMPUREZAS INORGÂNICAS


••
B. As demais soluções são preparadas a partir desta por di luição
em água:

20 ppm (20 I 100); 1O ppm (1OI 100); 2 ppm (2 I 100); 1 ppm (1 I 100)

Tubos padrão de ferro

A. Adicionar:

a. 1 ml de solução padrão ferro;

b. 35 ml de água;

c. 2 ml de ácido cítrico diluído;

d. 2 gotas de ácido tioglicólico (-4,25%);

B. Agitar e alcalinizar com hidróxido de amônia;

C. Completar volume com água para 50 ml;

D. Deixar em repouso por 5 minutos.

Tubo amostra

A . Dissolver quantidade especi ficada da amostra em 40 ml de


água;

B. Adicionar:

a. 2 ml de ácido cítrico dilui do;

b. 2 gotas de ácido tioglicólico PA (para análise);


C. Agitar e alcalinizar com hidróxido de amônia;

D. Completar volume com água para 50 ml;

E. Deixar em repouso por 5 minutos;

F. A cor rósea obtida pela amostra não deve ser mais intensa que
padrão.

• 1197-
• PARTE IV - ENSAIOS DE PUREZA

•• 10.1.2.5 Ensaio limite para metais pesados

Baseia-se na reação colori métrica entre impurezas metálicas


e sulfeto, e se esta não ultrapassa os limites especificados em termos
de f...lg de Pb- - .

Pb++ + Na2 S -7 PbS (colo idaiJ + 2 Na+

a) Preparo de amostras

Amostras límpidas e incolores (Método I - FB4)

A. Tomar a quan tidad e especificada na monografia;

B. Transferir para tubo de Nessler e dissolver em 25 ml de água;

C. Aj ustar pH entre 3 e 4 com ácido acético e hidróxido de amônio;

D. Completar volume para 40 ml e homogeneizar.

Amostras coloridas ou turvas (Método 11 - FB4)

A. Tomar quantidade de amostra especificada na monografia;

B. Transferir para cadinho de porcelana e incinerar;

C. Resfriar e adicionar 2 ml de H N0 3 PA e 5 gotas de H 2 SO 4 SR;

D. Aquecer com cuidado e levar à mufla;

E. Incinerar à temperatura entre 500°C e 600°C;

F. Resfriar e adicionar HCI 6 M ;

G. Adicionar 1 O ml de água quente e d igeri r por 2 minutos;

H. A lcalinizar com NH, OH 6 M;

I. Ajustar pH entre 3 e 4 com ácido acético e hidróxido de amônio;

). Filtrar, se necessário, e transferir para tubo de Nessler;

K. Completar volume para 40 ml e homogeneizar.


IMPUREZAS INORGÂNICAS

••
Amostras Especiais (Método 111 - FB4)

A. Tomar quantidade de amostra especificada na monografia;

B. Transferir para balão de Kjeldahl;

C. Adicionar lentamente 18 ml à mistura (1 0:8) de HN03 PA e


H 2504 PA;

O. Digerir, com cu idad o, esfriar e adicionar 2 ml de HN0 3 ;

E. Aquecer até que a solução não mais escureça ;

F. Esfriar e adicionar 5 ml de água, verificando cor da solução;

G. Adicionar 1 ml H 20 2, caso se observe cor amarela;

H. Tran sferir para tubo Nessler e seguir conforme método I;

b) Tubos Padrão de Pb

A. Adicionar:

B. Solução Padrão Pb (1, 2, 1 O e 20 ppm );

C. 25 ml de água e ajustar pH conforme feito para amostra;

O. Compl etar volume co m água para 40 ml;

E. Deixar em repouso por 5 minutos e comparar os tubos padrão


com amostra.

10.1.2.6 Ensaio limite para arsênio

Baseia-se na co nversão de arsêni o em arsina (As H 3) por


red ução com zinco e HCI , que dá co r amarela quando reage
com papel de cloreto de mercúrio, ou vermelha em solução de
dietilcarbamato de prata.

• 1199 -
••
PARTE IV • ENSAIOS DE PU REZA

a) Procedimentos

Solução estoque padrão de arsênio


A. Pesar 132 mg de As 2 0 3
PA, tra nsferir para balão de 1 L;

B. Adicionar 5 ml de NaOH 5 M, disso lve r e neutralizar com


H250 4 1 M;
C. Adicionar mais 1 O ml de H2 504 1 M e completar pa ra 1.000 ml
com água recém-fervida e resfriada;

D. Utilizar dentro de três dias;


E. Cada ml corresponde a 1 pg de arsênio.

• 2001 •
IMPUREZAS JNORGÁNJCAS

•••
Preparo da amostra

A. Tran sferir tomad a de ensaio


(TE)* para f rasco gerador de arsi na
(Figura 24a);
e
B. Dissolver amostra (TE ) em 35 ml
de água; d

C. Ad iciona r:

a. 20 mL de H 2SO. 2M;
b. 2 ml Kl SR (16, 5 %) ; c

c. 0,5 ml SnCI2 ácido (1 O% em HCI);

d. 1 ml de 2-propanol;
b
D. Hom oge n ei zar e deixar em
repouso 30 minu tos;

Obs. Quando se fizer necessário


de ve- s e submeter amost ra à
digest ão.

Padrão

A. Transfe re- se 3,0 ml da


Figura 24: Aparelho gerador de arsina
solução estoque padrão .

Pr oce de- s e tal qual para


amostra

Preparo da aparelhagem

A. Na unidade (c) do frasco, adicionar duas mechas de algodão


embebidas com acetato de chumbo espaçadas por 2 mm;

B. Lubrificar conexões (b) e (d) com vaselina;

C. Adicionar a unidade de absorção (e) 3,0 ml de dietilditiocarbamato


de prata (0,5%);

• 1201 -·
PARTE IV- ENSAIOS DE PUREZA

D. Adicionar 3 g de zinco (malha 1 mm) à unidade contendo amostra


ou padrão;

E. Unir imediatamente unidades (a), (c) e (e).

b) Reação e Leitura

A. Deixar em banho termostatizado à temperatura 25°C por 45


minutos, agitando em intervalos de 1 O minutos;

B. Transferir o conteúdo da unidade de absorção (e) à cela de 1 em;

C. Comparar visulamente a cor obtida pela amostra com padrão ou


ler em espectrofotômetro ou colorímetro entre 535 e 540 nm,
empregando dietilcarbamato como bran co.

1 0.2 MÉTODOS ALTERNATIVOS

Além dos métodos farmacopéicos, outros podem ser


empregados, desde que validados, no controle de qualidade em
ensaios de pureza. A pureza da água é faci lmente estimada pela
sua condutividade iônica.
A absorção atômica é empregada para análise de metais pesados
e apresenta a vantagem de ser mais sensível e precisa, assegurando
determinações quantitativas de diferentes íons metálicos.
Outros métodos quantitativos aplicados a impurezas inorgânicas
incluem o HPLC de troca iônica com detector eletroquímico e métodos
potenciométricos baseados em sensores íons seletivos.

-·2021 •
IMPUREZAS ORGÂNICAS

•••
11 IMPUREZAS ORGÂNICAS

GIL, E.S.

As impurezas orgânicas em insumos farmacêuticos decorrem


de variadas formas de contaminação. Basicamente, podem ser
divid idas em intrfnsecas ou extrfnsecas. As impurezas intrfnsecas
são decorrentes de processos de decomposição (ex. ácido salicflico-
AS em ácido acetil salicflico -AAS). As extrfnsecas decorrem de
contaminação ambiental ou falhas em processos de purificação e
estão associadas aos processos de obtenção do produto.
Considerando que para cada produto ou matéria-prima tanto as
caracterfsticas qufmicas e de estabilidade, quanto processos de produção
são bastante d istintos, as impurezas orgânicas serão relativamente
particulares para cada insumo farmacêutico, de modo que se torna
inviável a elaboração e disposição dos métodos de forma ge ral.
Assim , para cada monografia (exe mplos no A nexo B)
descreve-se, quando pe rtinente, a metodologia a ser apli cada na
determinação das im purezas orgânicas potenciais.
Em algumas farmacopéias, tais impurezas são adequadamente
denominadas como substâncias aparentadas o u substânci as
correlatas.
O Quadro 17 apresenta alguns exemp los de in su mos
e respectivas i mpu rezas orgânicas, cu ja determinação é
precon izada.

• 1203-·
• PARTE IV - ENSAIOS DE PUREZA

•• Quad ro 17: Exemplos de insumos con tendo i mpurezas orgâni cas típicas

Insumo Impu rezas Orgân icas I Método Fonte

AAS Ácido salicílico I Volumetria IP3


Acetaminofeno FB4
Betametasona Esteróides correlatados I CCO IP3
Cimetidina Substâncias correlatas I HPLC USP 24

1-(2,6-diclorofenil)-1 ,3-di-hidro-2H-2-indolona;
2-[(2,6-diclorofenil)-fenil]-metanol; (2-(2,6-
Oiclofenaco K- FP7
diclorofenil)-amino]benzaldeído; ácido 2-[2-((2-
bromo-6-clorofenil)amino]fenil]acético I HPLC

Gelatina Conservantes fenó licos I eco FP7

11.1 MÉTODOS INSTRUMENTAIS

Com relação às metodologias empregadas na determinação


de impurezas orgânicas, as técnicas de separação representadas
pelo HPLC e CCD são de longe as mais apli cadas. Outros métodos
instrumentais incluem os eletroanalíticos, calorimétricos e alguns
ensaios clássicos.

11.1.1 Métodos de separação

A grande vantagem das técnicas de separação sobre as demais


técnicas está a inerente seletiv idade, a qual, dependendo do sistema
de detecção, pode apresentar também boa sensibilidade.
Entre os métodos de separação destacam-se a cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE), a cromatografia gasosa (CC) e a
cromatografia de camada delgada (CCD). Outra técnica que
vem ganhando espaço no campo das análises fa rmacêuticas é a
eletroforese capilar.

HPLC

A grande vantagem da cromatografia líqu ida de alta eficiência


(CLAE), mais comumente denominada por HPLC (High Performance
Liquid Chromatography) sobre as demais técnicas, além da inerente
seletividade e boa sensibilidade dos sistemas de detecção usuais,
está na sua ampla aplicabilidade.

- · 2041 •
••
IMPUREZAS ORGÂNICAS

A pureza da amostra será determinada em função do perfil


do cromatograma, e, usualmente, se observam tanto a quantidade
de picos como também a intensidade deles.
Quando as impurezas são freqüe ntes e bem estabelecidas
podem-se utilizar padrões específicos e quantificá-las.
Outra maneira de se aplicar a técnica pode ser ilustrada pela
determinação de impurezas correlatas para cimetidina (Quadro 17).
Para esse insumo, a Farmacopéia A mericana 24• ed. estabelece
como critério para análise do cromatograma, que a somatória dos picos
das substâncias correlatas não ultrapasse em cinco vezes a intensidade
do pico padrão, e nenhum dos picos, além do pico de tempo de
retenção do padrão, deve ser mais intenso que este.
Quando comparada a outras técni cas cromatográficas, o
HPLC apresenta maior aplicabilidade que a cromatografia gasosa,
e maior sensibilidade que a cromatografia de camada delgada. As
bases e os fundamentos teóricos dessa técnica são descritos na parte
IX do liv ro.

eco
A cromatografia de camada delgada, comumente denominada
e
pela sigla (CCD), uma técnica simples e de baixo custo, que pode
ser utilizada na aval iação da pureza de uma determinada amostra.
Nas placas de CCD pode-se estimar o grau de pureza em f unção
do número de manchas e intensidad e delas.

11.1.2 Métodos eletroanalíticos

Entre os métodos el etroana líticos que se apresentam


prom issores em ensaios de pureza destacam-se a potenciometria
e a condutometria. A primeira técnica apresenta, além de boa
sensibilidade, a possibilidade de com uso de diferentes eletrodos
íon seletivo viabi lizar determinação seletiva de diversos íons, em
especia l de metais pesados. Já a condutometria vem sendo utilizada
como parâmetro qualitativo de pureza da água e apresenta como
principais vantagens o baixo custo e a fácil operação.

• 1205-·
• PARTE IV· ENSAIOS DE PUREZA

• 11 .1.3 Outros métodos empregados na detecção de


impurezas

Outros métodos instrumentais que poderiam ser empregados


na análise da impu rezas orgânicas inc luem a determinação da faixa
de fusão por técnicas calo ri métricas (DTA, DTG, DSC), bem como
a rotação óptica e a determinação do pH já descritos em ensaios
de identificação.

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- 2081 •
ENSAIOS
DE POTÊNCIA

1::::. :J

"Quem conhece a sua ignorância revela a


mais profunda sapiência. Quem ignora a
sua ignorância vive na mais profunda ilusão."
(Lao-7Sé)
M~TODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO

•••
12 MÉTODOS CLÁSSICOS DE
DOSEAMENTO

GIL, E. S. & MA TIAS, R.

Os ensaios de potência ou doseamento são aqueles que


visam quantificar o teor de substância ativa em medicamentos. Nessa
perspectiva, a crescente demanda por matérias-primas de composição
química definida, com elevado grau de pureza e qualidade tem
levado as indústrias de transformação a implantar e/ ou implementar
as análises qualitativas e quantitativas com o intuito de garantir que
as matérias-primas atinjam certas especificações e que o produto final
tenha qualidade adequada para fins de comercialização.
No que se refere às análises quantitativas, estas são utilizadas
com o objetivo de estabelecer a concentração dos componentes
essenciais presentes em uma determinada amostra. Esse processo é
chamado de doseamento.
No que diz respeito à determinação do teor, dependendo
do fármaco e forma farmacêutica , podem existir diferentes métodos
válidos oficiais ou não. úmero este que se diversifica com o
desenvolv imento da química analítica e do arsenal terapêutico.
Com relação aos métodos oficiais, existem diferenças quanto às
metodologias, as quais estão atreladas à realidade econômica de
cada país. Entretanto, sem exceção, as multi nacionais farmacêuticas
adotam os métodos cromatográficos como oficiais de doseamento,
especialmente de produtos acabados. Destacando-se a Farmacopéia
Americana que indica métodos HPLC- UV para o doseamento da
grande maioria de suas monografias.
Outras farmacopéias são mais diversificadas, apresentando
métodos de doseamento alternativos, tais com o volumetria em
meio não aq uoso, t itu lações potenciométricas, espectrometria no
UV-visível entre outros.
A escolha do método analítico deve ser criteriosa, já que
ele não pode comportar falhas, pois a segurança e eficácia do
medicamento dependem da fidedignidade do resultado fornecido.
Entre os aspectos a serem considerados na seleção de um dentre os
vários métodos disponíveis destacam-se o tempo de análise, custo,
exatidão e precisão. Outros fatores incluem:
• PARTE V· ENSAIOS DE POTÊNCIA

• a) a natureza de informações que se procura;


b) a quantidade de amostra disponível e a porcentagem do
constituinte a ser determinado, e;

c) a utilização dos resultados da análise.

Nesse contexto, as análises químicas podem ser classificadas


em quatro tipos, de acordo com os dados gerados:
a) análise aproximada: determina a quantidade de cada elemento
em uma amostra;

b) análise parcial: determina alguns constituintes da amostra;

c) análise de traços: é caracterizada como um tipo de análise parcial,


porém a análise consiste em determinar os constituintes de uma
amostra na escala de traços, microtraços e nanotraços;

d) análise completa: em que se determina a proporção de cada


componente da amostra.

No que diz respeito ao tamanho da amostra, os métodos


analíticos podem ser classificados, em:
a) macro: para análises de quantidades iguais ou superiores a O, 1 g;

b) meso (semi micro): para análise de quantidades entre 1 o·2 e 10· g;


1

c) micro: para análise de quantidades entre 1 o· 3 e 1 o·2g;

d) submicro: para análise de quantidades entre 1 o·• e 1 0·3g;

e) ultramicro: para análise de quantidades inferiores a 1 o·•g;

f) traços: para análise de quantidades entre 102 e 1 0 4p g/g (1 00 a


10.000 partes por milhão);

g) mi crotraços: para análise de quantidades entre 1 0"1 e 1 0 2 pg/g


(1 o·
7
a 1 o·• partes por milhão);

h) nanotraços: para análise de quantidades entre 1 0· 1 e 1 0 2 fg/g


(1 0·10 a 1 0· 7 partes por milhão) .**

** m il igrama (mg)= 1 o·'g; microgram a (J.Ig) = 1 o·•g; nan ograma (ng) = 1 o·•g;
p icograma (pg) = 1 O·''g; fen tograma (fg)= 1 0·15 g; atomo gram a (a tg) = 1 o·' 8 g

-·212 ,.
M ÉTO DOS CLÁSSICOS DE DO SEAMENTO

•••
Para o doseamento ou ident ificação de fármacos, as principais
técnicas empregadas em anál ise quantitativa baseiam-se:
a) na reprodutibilidade de reações químicas adequadas, utilizadas
pa ra medir as quantidades de reagentes necessários para
completar a reação ou na determinação da quantidade de
produto obtido na reação;

b) nas medidas elétricas (por exemplo, a potenciometria e


condutometria);

c) na medida de certas propriedades espectroscópicas (por exemplo,


os espectros de absorção);

d) no deslocamento característico, sob condições controladas,


de uma substância em um meio definido (por exemplo, em
cromatografia).

Nesse cont exto, assim como ocorreu para as demais categorias


de ensaios, os métodos de dosea mento podem ser subd iv ididos em
dois grandes gru pos:
a) métodos clássicos: baseiam-se em reações químicas, cujo equilíbrio
deve ser bem definido e constante nas condições do ensaio. A
detecção do ponto de viragem é visualizada pela mudança de cor,
turbidez, formação de precipitado ou outro fenômeno visualizável a
olho nu. O uso de indicadores químicos para melhorar a visualização
é freqüente. Na falta de indicador específico e para reações cujo
ponto final não pode ser determ inado visualmente com precisão, a
reação pode ser ainda monitorada por instrumentação específica;

b) métodos instrumentais: são baseados no uso de um instrumento


apropriado, seja para a detecção do ponto de equilíbrio de uma
reação, seja para detecção de determinado analito. As vantagens
d os m étodos instrumentais que podem se r ressaltadas em
detrimento aos métodos clássicos podem ser relacionadas com a
rapidez da análise e a aplicação em amostras com concentrações
muito pequenas do constituinte a ser determinado.

Porém, é importante sa lientar que, apesar das vantagens


q ue os mét od os instrumenta is oferecem, os métodos clássicos até
hoje são apontados como os oficiais em um número significativo
de dosea mentos d escritos em compênd ios farmacopéicos.

• 1213-·
• PARTE V. ENSAIOS DE POT~NCIA

• Ressalta que tanto o método ana lítico clássico quanto


instrumental devem atender os parâmetros de va lidação exigidos
para o ensaio, tais como precisão, exatidão, linearidade, seletividade
e sensibilidade (limite de quantificação).
Os métodos clássicos de doseamento podem ser realizados
por meio das análises gravimétrica e volumétrica, em ambos casos
utilizam as reações químicas bem definidas, nas quais reagente e
analito reagem estequiometricamente.

12.1 MÉTODOS VOLUMÉTRICOS

A volumetria, também chamada de análise titrim étrica ou


titulometria, é uma técnica ainda muito útil no doseamento de
diversos fármacos. Entre as principais vantagens desse método estão
a simplicidade, a relativa precisão e o baixo custo.
Na titrimetri a trata-se a substância a ser determinada com um
reagente adequado, o qual é adicionado na forma de uma sol ução
previamente padro nizada, e determina-se o volume de solução
necessária para completar a reação.
Para uma análise titrimétrica são necessários a escolha de
vidrarias adequadas, bem co mo invariavelmen te a escolha de uma
solu ção titulante padronizada (precisão volumétrica) e padrões
primários, os quais serão utilizados principalmente nas padronizações
de padrões secundários, e balança analíti ca (na escala de ± 0,0001 g)
e freqüentemente uma solução indicadora.

12.1.1 Aparelhos volumétricos

Para as análises químicas, a escolha dos aparelhos volumétricos


é fundamental, sendo um dos parâmetros que corroboram para
va lidação dos resultados de uma análise.
Nessa óptica, os aparelhos volumétricos são instrumentos de
medidas exatas, mas, como qualquer instrumento, pode apresentar
problemas, como o de aderência do fluido nas paredes internas do
recipiente, mesmo estando limpo e seco. Por essa razão, um frasco
construído para conter um determinado volume de líquido (TC) sempre
escoará um volume menor, se for usado em uma transferência.
Por sua vez, os equipamentos TO t êm seus volumes corrigidos,
com respeito à aderência do fluido, e por isso, escoarão o volume
indicado, se usados em uma tran sferência; mas a quantidade do

- ·2141 •
M~TOOOS CLÁSSICOS DE OOSEAMENTO

••
líquido escoado por esses instrumentos dependerá, principalmente,
da sua forma, da limpeza da sua superfície interna, do tempo de
drenagem, da viscosidade e da tensão superficial do líquido e do
ângulo do aparelho em relação ao solo do laboratório.
Em resumo, pode-se dizer que em um laboratório de
controle de qualidade deve haver basicamente dois tipos de frascos
volumétricos:
a) TC: aparelhos calibrados para conter um certo volume, o qual,
transferido, não o será totalmente;

b) TD: aparelhos calibrados para transferir um determinado volume,


dentro de certos volumes de precisão.

Provetas e Cilindros Graduados

São equipamentos utilizados em medidas aproximadas


de volu me. São encontradas no comércio TC e TO, desde cinco
mililitros até litros.
Em geral, o desvio-pad rão da medida de vol ume feita com
estes aparelhos é de 1%.

Proveta Cilindro Graduado


• PARTE V • ENSAIOS DE POT~NCIA

•• Pipetas

São instrumentos volumétricos utilizados para transferência de


certos volumes, de modo preciso, a determinadas temperaturas.

Graduadas: Apresentam Volumétricas:


graduação até a Apresentam
extremidade, medindo graduação única.
vários volumes. Medem só o
Em contrapartida, volume
possuem menor exatidão indicado,
que as volumétricas. apresentando
maior exatidão.

BURETAS

As buretas são frascos


volumétricos TO, usadas
para escoar volumes
variáveis de líquido e
empregadas geralmente
n
em titulações.

- ·2161 •
MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO

•••
B ALÕES
VOLUMÉTRICOS

São frascos
co nstruídos para
conter exatamente
um certo volume de
líquido em uma
determi nada
temperatura
(frasco TC).

12.1.2 Solução padrão

Para o doseamento de qualquer tipo de matéria ou


produto manufaturado é necessária a preparação de soluções com
concentrações conhecidas e confiáveis. Desta fo rma, a preparação
de uma so lução padrão requer o uso de um reagente quimicamente
puro e com composição definida. Esse reagente com semelhante
característica é chamado padrão primário, que para isso são
requeridas algumas exigências entre elas:

a) deve ser de fáci l obtenção, purificação, secagem e preservação


em estado puro;

b) não deve ser higroscópico e se oxidar no ar ou ser sensível ao


dióxido de carbono; durante o uso e estocagem, a composição
deve permanecer invariável;

c) o total de impurezas não deve exceder 0,01-0,02%, para isto;

d) deve possuir uma massa molecular relativamente elevada, a fim


de que os erros de pesagem possam ser desprezíveis;

e) deve ser facilmente solúvel nas condições em que será usado;

• 1217-·
• PARTE V • ENSAIOS DE POT@NCIA

•• f) a reação com a solução padrão deve ser estequiométrica


e praticamente i nstan tânea. O erro de titulação deve ser
desprezível ou fácil de determinar exatamente pelo método
experimental com precisão.

Entre as principais reações ou equilíbrios envolvidos no


doseamento de fármacos estã o as rea çõ es de neutraliza ção,
complexação, oxirredução e precipitação.
As substâncias ma is comuns empregadas como padrões
primários nas diferentes reações são:

a) reações de neutralização: carbonato de sódio (Na 2 C0 3 ),


tetraborato de sódio (Na 2B4 0 7 ), hidrogenoftalato de potássio
(KH (C8 H 40 ), ácido benzóico(C6 H 5COOH).

b) reações de complexação e precipitação: nitrato de prata


(AgN0 3), clo reto de sódio (NaCI) e alguns outros sais utilizados
em reações específicas.

c) reações de oxirredução: dicromato de potássio (K2 Cr 20 7),


bromato de potássio (KBr0 3) , iodato de potássio (KI0 3), oxalato
de sódio (Na2C20 4 ), óxido de arsênio (111 ) (Asp 3l .

Sais hidratados, via de regra, não constituem bons padrões


por causa da dificuldade em secá-l os efici entemente.
Um pad rão secu ndário é uma substância que também pode
ser usada para padronização e cujo conteúdo d a substância ativa foi
estabelecida para comparação com um padrão primário.
A determinação do ponto f i na l de uma t itu lação é fe ita
visualmente ou com auxílio de instrumentos. Em se tratando de
métodos clássicos, princi palmente na t it ul omet ria de neutra lização,
é necessário o uso de ind icadores específicos para a detecção do
ponto f inal da reação .
Um indicador ácido- base é p o r si só um ácido ou uma base
cujas espécies protonadas e não protonadas têm cores diferentes.
O azul de t imol, por exemplo, apresenta em pH abaixo de
1,7 cor vermelha , em pH acima de 8,9 cor azul e cor amarela em
pH ent re 1,7 e 8,9 (Figura 25) .

- ·2181 •
MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO

••
HO

vermelho amarelo azul


Figura 25: Eq uilíbrio químico para espécies protonadas e não p rotonadas do azul de timol
em função do p H; vermelho (pH = 0,7), laranja (pH = 1 ,7), amarelo (p H = 2, 7)
e azul (pH > 8,9) .

A escolha do melhor ind icador ácido-base deve consi derar


primeiramente o pH do ponto de equivalência (pKa do fármaco).
Assim, em uma titulação cuj o pH de equivalência seja 6, 1, o
indicador deve apresenta r mudança de cor o mais próximo possível
desse valor de pH. A diferença observada entre o ponto final
observado (mudança de cor) e o verdad eiro ponto de equivalência
é chamada de erro de indicador ou erro de titulação. Entretanto,
esse erro é amenizado pelo fato de que próximo ao ponto d e
viragem um pequeno volume de t itulante causa uma mudança de
pH proporcionalmente muito maior. O utro aspecto que deve ser
considerado refere-se à quantidade de indicador adicionada ao meio
de reação, a qual deve ser desprezível (gotas). Q uantid ades grandes
podem causar erro considerável, já q ue o indicador é , em geral, um
ácido ou base e pode reagir com a amostra ou titulante.
A Tabela 14 apresenta os indicadores ác idos-base mais
comu ns e respectivas faixas de atuação.
••
PARTE V- ENSAIOS DE POTÊNCIA

Tabe la 14: Indi cadores mais comuns e respectivas características

Cor Cor
Indicador Faixa de pH Preparo
ácida b ási ca
Violeta de meti la 0,0-1,6 amarela violeta Solução aq uosa 0,05o/o
Diluir O, 1 g em 22 ml
de NaOH 0,01 M e
Vermelho de cresol 0,2-1,8 vermelha amarela
completa para 250 ml
com água
Azul de ti moi 1,2-2,8 vermelha amarela Idem verme lho cresol
Púrpura de cresol 1,2-2,8 vermelha amarela Idem vermelho de cresol
Eritrosina 2,2-3,6 laranja vermel ha Solução aquosa O, 1o/o
Alaranjado de meti la 3,1-4,4 vermelha amarela Solução aquosa O, 1o/o
Vermelho do congo 3,0-5,0 violeta vermelha Solução aquosa O, 1%
Alaranjado de etila 3,4-4,8 vermelha amarela Solução aq uosa O, 1%
Verde de bromocresol 3,8-5,4 amarela azul Idem vermelho de cresol

Diluir 0,02 g em 60 ml
Vermelho de meti la 4,8-6,0 vermelha amarela de etano! e completar
com 40 ml de água

Vermelho de clorofenol 4,8-6,4 amarela vermelha Idem vermelho de cresol


Púrpura de bromocresol 5,2-6,8 amarela púrpura Idem vermelho de cresol
p-nitrofenol 5,6 -7,6 incolor amarela Solução aquosa 0,1o/o
Azul de bromotimol 6,0-7,6 a marela azul Id em vermelho de cresol
Vermelho de feno! 6,4 -8,0 amarela vermelha Idem vermelho de cresol

Diluir 0,01 g em 50 ml
Vermelho neutro 6,8-8,0 vermelha amarela de etano! e completar
para 100 ml com água

Vermelho de cresol 7,2-8,8 amarela ve rmel ha

Diluir O, 1 g em 50 ml de
cx-nafolftaleína 7,3-8,7 rosa verde etanol e completar para
100 ml com água

Púrpu ra de cresol 7,6-9,2 amarela púrpura


Azul de ti moi 8,0-9,6 amarela azul

Diluir 0,05 g em 50 ml
Fenolftaleína 8,0 -9,6 incolor vermel ha de etano! e comp le tar
para 100 m L com água

Diluir 0,04 g em 50 ml
Timolftaleína 8,3-10, 5 incolor azul de etano! e completar
para 100 ml com água

Amarelo de alizarina 1O, 1-12,0 a marela vermelhão Solução aquosa 0,01%

Diluir 0,1 g e m 70 ml de
'\Jitramina 10,8-13,0 incolor marrom etanol e completa r para
100 ml com água

Tropaeoli na 11,1 -12,7 amarela laranja Solução aquosa 0,01 o/o

- · 2201 •
MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO

•••
12.1.3 Volumetria de neutralização

Este método compreende todos os doseamentos volumétricos


baseados em uma reação de neutralização. Por meio dele pode-se
utilizar uma solução titulada de um ácido qualquer, fazer a determinação
quantitativa das bases (acidimetria) ou, usando uma solução titulada de
uma base, dosear quantitativamente os ácidos (alcalimetria).
Étambém por esse método que se fazem outros doseamentos
v olumétricos baseados em uma reação de neutralização, por
exemplo, ce rtos sais (Na 2 C0 3 e Na 2 B_p
7
) que tenham uma reação

forteme nte básica, por causa da hidrólise por meio de ácid os.
Também são feitos o doseamento dos sais de amônio, o doseamento
do azoto nos compostos orgânicos, e outros.
No caso de ácidos orgânicos hidrossolúveis, como sal icílico,
cítrico, láctico, nicotínico, tartárico e tricloroacético, são doseados
por titulação direta com NaOH , ta is como os inorgânicos, na
presença de fenolftaleína como indicador. Os poucos solúveis em
água, como benzóico, desidrocólico e salicílico, são dissolvidos em
etanol ou outro solvente miscível com água, como solventes, por
conterem, não raro, impurezas.
Logo, em análise volumétrica, a quantidade de um constituinte
de interesse presente em uma amostra é determinada a partir de sua
reação com um determinado volume de solução padrão, chamada
titulante. Na volumetria de neutralização, quando o titulante for um
ácido forte ou uma base forte, a reação envolvida é a seguinte:

Hp + +OH-~Hp

neqácido = neqbase
As reações ácidos-base são as mais comuns entre as
empregadas em titulometria, dado que um número considerável de
fármacos tem caráter ácido ou básico.
O ponto de v iragem se dá na condição de equilíbrio o u
neutralidade, e os indicadores mais utilizados são fenolftaleína e
vermelho de metila.
Por convenção, a titrimetria de neutralização pode se dividir
em acidimetria ou alcalimetria, dependendo do fármaco se r um
ácido ou uma base.
São exemplos de fármacos doseáveis por acidimetri a: o ácido
acetilsalicílico, ácido benzóico, ácido mefenâmico, ácido nicotínico,

• 1221 -·
• PARTE V - ENSAIOS DE POTÊNCIA

• benzoato de benz ila, calamina, ciclofosfamida, clorpropamida,


dienestrol, etclorvinol, etinilestrad iol, fenilbutazona, fe noba rbital,
furosemida, glibenclamida, ibuprofeno, in dometacina, naproxeno,
probenicida, teofilina.
Quando os fármacos são suficientemente ácidos e hidrossolúveis,
a t itulação é feita diretamente com hidróxido de sódio.
Fármacos insolúveis devem ser previamente solubilizados em
um solvente hidromiscível previamente neutralizado.
Entre os fármacos de caráter básico estão a anfetamina,
bicarbonato de sódio (fosfato de cloroqui na), dissulfiram, efedrina,
glutetimida, lidocaína, meglumina, nafazolina, óxido de zinco,
penici lina, procaína, primidona, t iopental sádico, uréia.
Tanto a acidimetria quanto a alcalimetria podem ser feitas
de modo direto ou indireto.
A titulação pode ser direta ou indireta, sendo di reta quando
o analito é titulado diretamente com uma solução padrão específica.
Já a t itu lação indireta é adotada quando o caráter ácido ou básico do
fármaco não é suficientemente fo rte para que a cin ética de reação
seja adequada ao método analítico. Nesse caso, adiciona-se um
excesso volumetricamente, medid o de base a fármacos ácidos ou de
ácido a fármacos básicos, titulando-se o excesso, respectivamente,
com solução vol umétrica básica ou ácid a.
Outro recurso utilizado na tit ulomet ria de neutralização para
fá rmacos ácidos ou básicos muito fracos é a titu lação em meio não
aquoso.
Para esses fármacos demasiadamente fracos quanto ao caráter
ácido ou básico, a água representa um interferente em potencial.

Métodos Farmacopéicos: Volumetria de neutralização indireta

Doseamento de MS/FP7: em um balão volumétrico, dissolva


1,000 g da amostra em 1 O ml de álcool R, junte 50,0 ml de
NaOH 0,5 moi L·', ralhe o balão e deixe em repouso por 1 hora. Junte 0,2 ml
de solução de fenolftaleína R e titule com ácido clorídrico 0,5 moiL-1 . Efetue
ensaio em branco. 1 ml de hidróxido de sódio 0,5 moiL-1 corresponde a
45,04 mg de C9 H 80 4 •
Doseamento de AAS/ FB3: Em um balão vo lu métrico,
dissolva 1 g da amostra em 10 ml de álcool R, junte 50,0 ml de
NaO H 0,5 moiL- 1 , rolhe o balão e ferva por 10 minutos. Junte
0,2 ml de so lução de fenolftaleína R e titule com ácido sulfú rico
0,5 moiL-1 . Efetue ensaio em branco. 1 ml de hidróxido de sódio
0,5 moiL-1 corresponde a 45,04 mg de C 9 H 8 0 4 •

Rll 2221 •
••
MÉTODOS ClÁSSICOS DE DOSEAMENTO

Doseamento de benzoato de benzila/FP7: A 2 g da amostra


junte 50 ml de hidróxido de potássio alcoólico 0,5 moiL·1 . Ferva
lentamente com refluxo durante 1 hora. Titule a solução quente
com ácido clorídrico 0,5 moiL·1 em presença de 1 ml de solução de
fenolftaleína R. Efetue um ensaio em branco. 1 ml de hidróxido de
potássio alcoólico 0,5 mo1L·1 correspo nde a 106,1 mg de C1 4 H, 20 2 .

12.1.4 Volumetria em meio não-aquoso

Quando fármacos de caráter básico demasiadamente fraco


são titulados em meio aquoso (neutro), a característica aceptora
de próton da água é suficientemente grande para competir com
o fármaco pelo titulante ácido. Assim, nesses casos recomenda-se
proceder a titulação em meio acético, titulando-se a base com ácido
perclórico ou outro ácido igualmente forte.
No caso de fámacos de caráter ácido fraco, utilizam solventes
apróticos como dimetilformamida .
Métodos Farmacopéicos: Volumetria de neutralização em
meio não-aquoso
Doseamento da probenicida/FB3: pesar exatamente 1 g de
probenicida, transferir para um béquer e d issolver em 50 ml de
álcool neutralizado. junte fenolftaleína como indicador e titule com
hidróxido de sódio O, 1 moi L·1 . Efetue ensaio em branco. 1 ml de
hidróxido de sódio 0,1 moiL·1 equivale a 28,54 mg de C, 3 H 19 N0 4 S

12.1.5 Volumetria de complexação

A titulometria com formação de complexos ou complexometria


baseia-se em reações que envolvem um íon metálico e um agente
ligante com formação de um complexo suficientemente estável.
Apesar de existir um grande núme ro de compostos
usados na complexometria, os complexos formados com o ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA) são um dos mais comuns, onde
vários íons metálicos reagem estequiometricamente com o EDTA.
Este é um ácido tetracarboxílico, possuindo quatro hidrogênios
ionizáveis, sendo simplificadamente representado por H 4 Y. A reação
com íon metálico pode ser genericamente da por:

• 1223-
• PARTE V • ENSAIOS DE POTENCIA

• O EDTA na forma de ácido ou sal dissódico pode ser obtido em


alto grau de pureza, podendo ser usado como padrão primário, porém,
se necessário, ser padronizado contra solução padrão de zinco.
A solução aquosa de EDTA apresenta as espécies H 4 Y, H 3Y,
H 2Y2·, HY3· e y•·, e a forma predominante depende do pH. O EDTA
é um ácido fraco para o qual pK, = 2,0; pK2 = 2,7; pK 3 = 6,2; pK 4 =
1 0,3. Esses valores demonstram claramente que os dois primeiros
prótons são mais facilmente io nizáve is do que os outros dois
restantes. Este reagente possui uma grande versatilidade que provém
da sua potência como agente complexante e da d isponibilidade de
numerosos indicadores íon-meta l, cada um efetivo em um intervalo
limitado de pH.
A espécie complexante é y •·,- portanto, é necessário um ajuste
d e pH, a fim de obter uma constante de formação condicional (K')
favorável para o íon metálico em questão.

onde a, é a fração da espécie Y4• em dado pH, e K•bs é a constante de


formação absoluta do complexo formado por EDTA e o íon metálico.
o
0 ( 'oH
"o--<.__,~~0
oy _ca++-- ----~0

12.1.6 VOLUM ET RIA D E OXIRRED UÇÃO

Dent re as análises volumétricas que utilizam reações de


oxirredução no campo das análises farmacêuticas, destaca-se a
iodometria.
a iodometria, freqüentemente, se procede a adição de um
excesso conhecido de solução volumétrica de iodo, com posterior
titulação com solução padronizada de tiossulfato de sódio, utilizando
solução indicadora de amido. A viragem se dá de azul escuro a incolor.
A titulometria de oxidorredução envolve reações em que
ocorre transferência de elétrons.

-·2241 •
MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO

••
A análise de ácido ascórbico normalmente é realizada por
meio de reação com um agente oxidante, a qual deve ser realizada
o mais rapidamente possível, visto que o ácido é facilmente oxidado
pelo próprio oxigênio do ar, formando ácido diidroascórbico.
A sem i -reação de ox i dação do ácido ascórbico é a
seguinte:

OH

HO~O'-...,-:;::;.O
H - -----.
HO OH

HO

O OH
- o + 2H+ +
OH
2e -

OH
Ácido ascórbico Ácido deidroascórbico

Existem vários agentes oxidantes que podem ser empregados


na deter minação de vi tamina C, e um dos ma i s simples é o
iodo. O iodo é um agente oxidante moderado capaz de oxidar
quantitativamente apenas substância fortemente redutora.
A análise volumétrica na q ual o iodo é empregado como
titulante chama-se iodimetria ou titulação iodométrica direta.
A semi-reação de redução do iodo é a seguinte:

E0 = 0,5345 V
No entanto, a titu lação empregando solução de iodo
como titulante apresenta algumas dificuldades: perda de iodo por
volatil ização, necessidade de padronização da solução e realização
da análise o mais rapidamente possível.
Uma alternativa é adicionar excesso de íons iodeto à solução
de iodo. Forma-se o triideto, que também é um agente oxidante
semelhante ao iodo :

K = 7,68.10
2

31' E0 = 0,5355 V

Portanto, usando-se como titulante uma solução padrão de


iodo contendo excesso de iodeto, a perda de iodo por volati lização

• 1225 - ·
• PARTE V - ENSAIOS DE POTÊNCIA

• decresce apreciavelmente, principalmente se a análise for real izada


sob refrigeração, e o erro por causa da alteração do título da solução
padrão é tolerável.
Uma alternativa é gerar o iodo durante a titulação. Isto
é possível empregando-se como titulante uma solução padrão
de iodato de potássio (pad rão primário) em presença de excesso
de iodeto (iodatometria). Essa solução é estável e libera iodo em
presença de ácido forte:

O iodo formado reage com a espécie redutora da amostra


formando iodeto. o processo global, o número de oxidação do iodo
varia de + 5 (103·) para -1 (1·), ou seja, são envolvidos seis elétrons.
Como a titulação ocorre em meio ácido, o equilíbrio da
reação de oxidação do ácido ascórbico, a deidroascórbica, é
deslocado no sentido da formação da v itamina C, o que diminui a
oxidação dela pelo oxigênio do ar durante a titulação.
O ponto final na iod imetria é detectado utilizando amido
como indicador. A amilose do amido reage com o iodo, em presença
de iodeto, formando um co mplexo azul-escuro, observáve l em
concentrações mínimas de iodo.

amilose + 13· .::::;;;::===~ complexo azul escuro

Métodos Farmacopéicos: Volumetria de Óxido Redução

Doseamento do ácido ascórbico I P3: pesar exatamente


0 ,2 000 g de ácido ascórbico, em mistura de água descarbonatada e
25 ml de ácido sulfúrico 1 Oo/o. Titule a solução com iodo O, 1 moiL-1
usando am ido como indicador, até cor azul persistente. Cada ml de
so lução de iodo 0,1 mo1L·1 equivale a 8,806 mg de C6 H 80 6 .

12.1. 7 VOLUMETRIA DE PRECIPITAÇÃO

É a menos precisa dentre as técnicas titulométricas. Um


exemplo clássico é a titulação de cloreto com solução volumétrica
de nitrato de prata e dicromato de potássio como indicador.
Normalmente, mesmo em análises farmacêuticas, quando a
reação produz precipitado recorre -se à gravimetria.
Esse método analítico fundamenta-se em reações químicas

- ·2261 •
MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAM ENTO

•••
em que, no ponto de equivalência, se formam quantitativamente
produtos pouco solúveis. A argemetria ou argentimetria é o pri ncipal
método titulométrico de precipitação que tem por objetivo dosear
substânci as precipitáveis pelo nitrato de prata, uti lizando como
titulante solução padrão desse composto.

A argemetria distingue-se em dois métodos:

a) direto: a substância dosável é titulada com solução padrão de


nitrato de prata até o ponto de equivalência que se identifica
ou pelo uso de indicadores ou pela adição de ni trato de prata
até não mais observar formação de precipitado;

b) indireto: co nheci do como método de Volhard, é aplicável a


cloretos e brometos. Consiste em precipitar o haleto com excesso
de nitrato e titular esse excesso em meio ácido com solução
titulante auxiliar de tiocionato de amônio, usando FeT 3 como
indicador.

Métodos Farmacopéicos: Volumetria de precipitação ind ireta

Doseamento da aminofilina/ FB3: pese exatamente 250 mg


de aminofilina, transfira para um béquer de 250 ml e acrescente
50 ml de água e 8 ml de hidróxido de amônio 6 moi.L-1, aqueça a
mistura suavemente em banho-maria até a dissolução completa. Junte
20 ml de nitrato de prata 0,1 N, misture, aqueça até ebulição e em
seguida fe rva durante 1 5 minutos. Deixe resfriar até 5-1 ooc por 20
minutos; em seguida, filtre, de preferência sobre pressão reduzida, e
lave o precipitado com três porções de 1O ml de água. Acidifique o
filtrato com 3 ml de ácido nítrico e adicione 2 ml de sulfato férrico
amoniacal como indi cador e titule com ferrocianato de amônia.
1 ml de nitrato de prata equivale a 21 ,02 mg de C 16 H 24 N 10Ü-I.

12.2 MÉTODOS G RAVIMÉTRICOS

A análise gravimétrica está baseada na medida indireta da


massa de um (ou mais) constituinte de uma amostra. Por medida
indireta deve-se entender converter determinada espécie química em
uma forma separável do meio em que esta se encontra, para então
ser recolhida e, por meio de cálculos estequiométricos, determinada
a quantidade real de determ inado elemento ou composto químico,
constitu inte da amostra inicia l.

• 1227-
• PARTE V • ENSAIOS DE POT~NCIA

•• Pode ser dividida em: precipitação e volatilização.


Em linhas gerais, o método da precipitação segue a seguinte
ordem:
precipitação~ filtra ção ~ lavagem~ aquecimento~ pesagem
Para ser realizada a separação, é adicionado um agente
precipitante, então o íon interessado é convertido em uma forma
insolúvel nesse meio, de modo que ocorre o surgimento de fases e
não há perda apreciável por redissolução, permiti ndo o recolhimento
por meios filtrantes em análise, sendo este reconvertido ou não em
sua forma de pesagem.
A fi ltração pode se r efetuada com simples aparatos de vidro
(funil de v idro sinterizado) ou porcelana (funil de Büchner), com
papéis de filtro apropriados e membranas (cujos poros podem
alcançar 0,1 Om).
O aquecimento pode ser realizado, conforme o caso, em
bancada por meio de um si mples aparato ou em muflas, onde
temperaturas de 1.400°C pode m ser alcançadas.
Existem sa is que, por causa da grande capacidade de
absorção da água atmosféri ca, não permitem a medida correta de
suas massas, bem como precipitados ge lat inosos arrastam muita água
que, ao evaporar, leva imprecisão à le itura da massa do precipitado.
Eis o motivo pelo qual alguns precipitados são convertidos em outras
espécies químicas. Como regras para efetuar a pesagem de um
precipitado, considera-se:
a) composição química perfeitamente co nhecida;

b) a forma de pesagem seja gerada a temperatura relativamente


baixa e estável, mesmo a altas temperatu ras;

c) não ser apreciavelmente higroscópica;

d) uma pequena quantidade do constitui nte a determinar origine


quantidade relativamente grande da forma de pesagem, pois
tanto mais sensível será o método quanto menor a razão entre
a massa do constituinte e a massa da forma de pesagem;

e) deve possuir partículas de dimensões que não passem pelo meio


de filtração e que não sejam diminuídas nesse processo.

As vantagens desse método esta nas operações unitárias


que são de fácil execução e de boa r~produ tibil i dade e o uso de
eq uipamentos simples e de baixo custo. As desvantagens baseiam-se

- 2281 •
MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO

•••
no tempo necessano para sua execução; no grande número d e
operações necessárias à sua execução; nos erros que podem ser
acumulativos e estão sujeitos a ocorrerem quando há elementos
interferentes da amostra original e, por fim, não é possível determin ar
micronutrientes existentes na amostra, principalmente na escala de
parte por mil hão.

• 1229-
MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO

•••
13 MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE
DOSEAMENTO

GIL, E.S., MAT/AS, R.; ORLANDO, R.M.

Os métodos instrumentais se destacam pela maior sensibilidade.


Enquanto nas análises clássicas trabalha-se, em geral, com alíquotas de
ensaio da ordem de dezenas ou centenas de miligramas, os métodos
instrumentais operam na casa de microgramas.
Entre os principais métodos instrumentais utilizados na rotina
de análises de doseamento, tem-se a espectroscopia de absorção
U V-visível e infravermelho, a espectroscopia de fluorescência
(fluorimetria), a polarimetria (rotação óptica), a refratometria (índice
de refração), técnicas eletroanalíticas (ex. voltametria, polarografia,
potenciometria direta e indireta, condutometria indireta e titulações
amperométricas), absorção atômica (condutimetria indireta), HPLC-
UV, CG, bem como diversas técnicas cromatográficas, acopladas a
outros sistemas de detecção.
Os fundamentos teóricos básicos serão tratados na parte IX do
livro (capítulos 22, 23 e 24). No presente capítulo, são listados apenas
os aspectos práticos pertinentes à rotina de controle de qualidade.

13.1 MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS

Os métodos espectroscópicos são caracterizados pelo produto


da interação matéria e energia eletromagnética. A sensibi lid ade e
seletividad e desses métodos dependem tanto da concentração da
amostra como da estrut ura química e intensidade ou freqüênc ia de
energia utilizada.
No que diz respeito à concentração, invariavelmente, tem-se
uma relação direta e proporcional. j á a estrutura molecu lar da
substância analisada define a freqüência de maior absorção e, além de
se relacionar à sensibilidade, pode conferir ao método seletividade.
Com relação à freqüência eletromagnética irradiada sobre a
amostra, têm-se as bases nas quais são divididos os diversos métodos
espectrométricos (Parte IX, capítulo 20).

• 1231 -·
• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

• 13.1.1 Espectrometria de absorção no UV-visível

Na região de absorção do v isível, a fotometria clássica é,


sem dúvida, um dos maiores trunfos de que dispõe o laboratório na
atualidade. Essa técnica de medida é continuamente aperfeiçoada, e
ainda permanecerá du rante longo período sendo um dos mais úteis
instru mentos de medida.
Quando se usa a espectrofotometria como processo de
medida, basicamente estão sendo empregadas as propriedades dos
átomos e moléculas de absorver e emiti r energia eletromagnética
em uma das muitas áreas do espectro eletromagnético.
Portanto, essa técnica i nstru menta l é uti l izada para
determinação quantitativa de substâncias, por meio de luz por
soluções coloridas.
Uma solução quando iluminada por luz branca apresenta uma
cor que é resultante da absorção relativa dos vários comprimentos de
onda. Essa absorção, em cada com primento de onda, depende da
natureza da substâ ncia (K), concentração (C) e do caminho óptico
(l- espessura da solução que é atravessada pela luz).
Em contrapartida, várias espécies ditas "sem cor" podem absorver
energia eletromagnética, cuja freqüência é maior ou cujo comprimento
de onda é menor. Tais substãncias absorvem no UV (ultravioleta), que
se divide em UY próximo, de menor energia e UV distante, de maior
energia. Como no UV distante, praticamente, todas as espécies podem
absorver, inclusive moléculas simples, como a do oxigênio, água e gás
carbono. Tais medidas sofrem maior gama de interferência, de modo
que o UV distante é também denominado UV vácuo.
Entretanto, independentemente da f reqüência eletromagnética
ser mais ou menos energética, todas seguem leis comuns.

13.1. 1. 1 Leis da Fotometria

Quando um raio de energia radiante atravessa uma solução


(Figura 26), a energia radiante incidente (lo) será sempre mais intensa
que a energia emergente (1), e a atenuação da intensidade de ene rgia
pode ser atribuída a:
a) reflexões da interfaces entre o ar e a parede da cubeta, entre a
solução e a parede da cu beta;

b) dispersão por partículas p resentes na solução;

c) absorção da energia pe lo meio.

- ·2321 •
MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO

••
lo _ _ __

Figura 26: Absorção da energia radiante que atravessa uma solução

No q ue diz respeito à dispersão ou absorção da luz incidente,


Lambert postulou que quanto mai or o caminho óptico atravessado
pela luz, tanto maiores seriam esses efeitos.
Assim, a p rime ira le i da fotometria , lei de lambert,
estabelece que quando a energia rad iante atravessa uma solução, a
quantidade de energia t ran smitida diminui exponencialmente, em
relação ao aumento da espessura atravessada. Assim :

lo= intensidade da luz incidente;


Log lo I I = a . b
I = intensidade da luz transmitida;
a =constante caracterlstica da soluçao;
b = espessura (em) da camada atravessa pela luz.

Portanto, ao se passar uma luz de intensid ade e com primento


de onda determinados por de uma solução ensaio, a transmitância (T)
da solução será o coeficiente entre a intensidade de luz que atravessa
a solução e a intensidade da luz incidente (LAMBERT, 1 760).
T = I I lo
Segundo a Lei de Lambert, a transmitância independe do
valor absoluto da luz incidente e a fração desta, que é absorvida
por um meio, é proporcional à espessura do meio atravessado e
independe da intensidade da luz incidente.
Se uma determinada solução não absorve energia, I e lo têm
o mesmo va lor e logo l/l o será igual a 1. Conclui-se, que qualquer
solução que absorva energia terá tran smitância menor que 1 (porque
I, neste caso, menor q ue lo). Para evitar operações com decimais
recorreu-se ao artifício da mult ipl icação por 100. Assim, quando I
e lo são iguais, logo T = 1 = 100%.
A correlação entre energia e concentração ve io com a Lei
de Beer, que estabeleceu que quando a energia rad iante atravessa
um a so lu ção , a quantid ad e de ene rgia transmitida diminui
exponencialmente, com o aumento da concentração da solução.

• 1233.
• PARTE V • ENSAIOS DE POT~NCIA

•• Assim:
log lo I I =a . c
ou
A = a. c
Onde:
c = concentração da solução atravessada pela luz.
a = constante característica para solução.
log lo I I =Absorvância (A)
Da combinação das duas leis, surgiu a Lei de Lambert-Beer,
a qual correlaciona a intensidade de energia, tanto com o caminho
óptico percorrido (1), como com a concentração (c) .

log lo I I =a . c. I
ou
A = a. c .I

Na prática, a absoiVância (A), que é a relação logarítmica entre a


energia incidente (lo) e a energia transmitida (I) pela solução é utilizada
para fins de cálculo de concentração, por simples regra de três.
Além da absoiVância, a constante (a) denominada absortividade
é bastante explorada em cálculos de doseamento e pode apresentar
as seguintes variações:

a) absortividade (a): é o quociente entre absorvância (A) e


produto entre concentração (c), expressa em g!L e caminho óptico
(b), expresso em em.

Assim: a= A / bc :. A= a.b.c
b) absortividade molar (E): é o quociente entre absoiVância
(A) e produto entre concentração (c), expressa em moi/L e caminho
óptico (b), expresso em em.

Assim: E = A I bc :. E = a. PM, onde PM = Peso Molecular


c) extinção específica (E,%): é o quociente entre absorvância
(A) e produto entre concentração (c), expressa em g/1 OOmL e
caminho óptico (b), expresso em em.
.
ASSim: E1 cm = A I b c:. E1cm=
1% 1%
a.10

-·2341 •
MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO

13. 1.1.2 Curva de analítica

Como uma dosagem tem a f inal idade primord ial de aval iar
quantidades, é extremame nte importante usar uma r igorosa
calibração v isando à obtenção de resultados exatos. Pa ra tanto, são
imprescindíveis as soluções padrões e uso de brancos.
Soluções padrões: são partes impo rtante s da aná li se
quantitativa no laboratório e usadas nas d osagens de amostras
desconhecidas. Uma solução padrão apresenta uma conce ntração
exata de uma substância que servirá como referênc i a na
determinação fotométrica de uma substância desconhecida, tend o
grande importância no preparo da curva analít ica.
Uso dos brancos: usa-se o branco em espectrofotomet ria
para estabelecer o Zero de Absorvância ou 100% Transmitância;
está-se realmente usando um sistema simp les de computação para
eliminar: absorvância dos reagentes e das cubetas, perdas por
reflexão e refração, compensação do efeito de lente produzido pe las
cubetas redondas.
Usa-se o ponto Zero A ou 100% T porque assim se elimina
a necessidade de cálc ulos, pois, nesse ponto, a energia incidente
(lo) torn a-se igual a 100.
Em algumas dosagens, obtêm-se brancos com elevada
absorvância, o que dificulta o acerto do zero em muitos aparelhos.
Nesse caso efetua-se a leitura do branco e do teste, acertando o zero
com água destilad a e a seguir determ inam -se as dife ren ças entre
branco e teste para os cálculos.
Obtenção da curva analítica: a curva analítica é parte
de grande importância do trabalho fotométrico e deve ser bem
entendida.
O procedimento a seguir pode ser usado como processo de
preparo da curva:
a) preparar uma série de padrões exatos, cobrindo a faixa de
trabalho desejada ou indicada, usando o pad rão recomendado
para o método a ser calibrado;

b) dosar todos os padrões de acordo com a técnica recomendada .


Fazer as lei t uras usando o branco apropriado e também o
comprimento de onda recomendado pe la literatura ou pela
curva de absorção espectral previamente rea lizada;

c) ao fazer as leituras em transmitância recorrer à tabela de conversão

• 12Js C ·
• PARTE V - ENSAIOS DE POTÉNCIA

•• transformando os resultados em absorvância. Plotar os resultados


relacionando absorvância (o rdenada) com as concentrações dos
padrões (abscissa). Examinar os pontos obtidos e decidir se eles
serão cobertos por uma linha reta. Se isso ocorrer, traçar a curva
de modo que mais se aproxime de todos os pontos obtidos. A
curva não deve ser traçada de ponto a ponto, mais interpolada
por meio dos pontos;

d ) a curva analítica deve ter ângulos de 4 5° em relação ao ponto de


origem (Figura 27). Curvas de ângulos muito agudos ou obtusos
não devem ser utilizados porque não têm sensibilidade ideal.

B A- curva muito sensível

B - curva ideal 45°


c
C- cu rva pouco sensível
Figura 27: Tipos de curva analítica.

A equação da reta de calibração y = bx + a, e o coeficiente


de correlação (r) podem ser obtidos pelo método dos mínimos
quadrados (subcapitu lo 8.1, parte 11) .
É interessante observar a relação existente entre a curva
analítica e a Lei de Lambert-Beer. Verif ica-se por essa equação que
a absorvância (A) é diretamente proporcional à concentração (c)
quando se considera-se E e I constantes características da so lução
e da cubeta-padrão respectivamente.

13.1.1.3 ÚUTROS MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

Espectrometria no infravermelho

Enquanto, para fins qual itativos e ensaios de identificação,


o infravermelho se destaca como uma das principais técn icas; em
ensaios de doseamento poucas são suas aplicações do infravermelho.
Como raro exemplo, a (USP 24) preconiza seu uso na identificação
e no doseamento de acetazolamida matéria-prima.
Mais rara ainda, em ensaios de potência, é a aplicação do
RMN, e um dos poucos exemplos de insumos doseáveis por esta
técnica é o nit rito de amilo (USP 24) .
MéTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO

•••
Espectrometria de chama
Para cada metal há um valor mínimo de freq üência n, abaixo
do qual não é possível obter emissão de elétrons por mais intenso
que seja o feixe de radiações, ou seja, a energia capaz de arrancar
um elétron está associada à freqüência e não à intensidade da luz.
Existem dois métodos principais de espectroscopia de emissão
de chama. O método original, conhecido como fotometria de chama,
é usado principa lmente para análise de metais alcalinos.
A espectroscopia de emissão atômica (AES) utiliza a medição
quantitati va da emissão óptica de átomos excitados para determinar
a co ncentração da substância a ser analisada.
O emprego da espectroscopia de emissão por chama (FES),
é de ampla aplicação em análise elementar. Pode ser usada para
análise quantitativa e qualitativa e é um método de elemento simples.
Seus usos mais importantes são a determinação de sódio, potássio,
lítio e cálcio em fluidos biológicos e tecidos.

Espectrometria de absorção atômica


O método de absorção atômica é o mais exato para
determ inar a concentração de íons metálicos em solução, mas os
instrumentos são dispendiosos, sendo baseados em modelos de feixes
simples e duplo. Esse método é espectroanalítico e se baseia na
atomatização do íon ou metal a ser analisado, e se aplica a qualquer
t ipo de metal, podendo ser utilizado na análise de sulfato ferroso,
nitrato de prata, cisplatina, aurotioglicolato e outros fármacos ou
compostos bioinorgânicos.

13.2 MÉTODOS ELETROANALÍTICOS

Com exceção da determinação potenciométrica da


concentração hidrogeniônica (pH), os métodos eletroanalíticos
ainda não ganharam o merecido espaço no rol das aná li ses
farmacêuticas.

Potenciometria direta
Na potenciometria direta, a concen tração de um íon é
determinada por uma única medida da força eletromotriz da célula
constituída pelo eletrodo indicador associado com o eletrodo de
referência. Os eletrodos de prata/ cloreto de prata ou de calomelano
saturado são os eletrodos de referência mais empregados.

• 1237-·
• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

• A determinação do pH de soluções utilizando o eletrodo


indicador com membrana de vidro seletiva aos íons H- são exemplos
com uns de medidas diretas. Eletrodos íon seletivos para ânions e
cát ions diversos podem ser empregados em ensaios limites para
haletos e metais pesados.
Entretanto, no que diz respeito a ensaios de potência, a
potenciometria direta tem pouca aplicação. Embora, os avanços
no desenvolv imento de biossensores e outros sistemas de detecção
potenciométrica para molécu las orgânicas apontam para novas
perspectivas.
Poten ciometria rel ativa

a potenciometria relati va, também conhecida como


titulação potenciométrica, determina-se a concentração do analito
por meio de medidas da fo rça eletromotriz da célu la após a adição
de vo lumes sucessivos e conhecidos da solução titulante.
A titu l ação potenciométrica em tudo se asseme l ha à
titulometria convencional, exceto quanto ao fenômeno indicador do
ponto final da titu lação apresenta ndo, ainda, algumas vantagens:
a) pode se r empregada em sol uções turvas e fort eme nte
coloridas;
b) dispensa o uso de indi cadores , eliminando-se o e rro
correspondente;
c) permite determinar duas espécies químicas em mistura se m
separação preliminar, em uma úni ca titulação;

d) realiza titulações em meio não-aquoso;


e) pode ser adaptada para t itulações automáticas.

O uso da titulação potenciométrica é relativamente comum


em monografias da Farmacopéia Portuguesa (F P7), porém, raro na
Farmacopéia Americana (USP 24) (Quadro 18).
Q uad ro 18: Exemplos de insumos doseáveis por titulação potenciométrica

INSUMOS FP7 USP 24


aciclovir Produtos e matéria-prima Só matéria-prima *
adenina Produto e matéria-prima Só matéria-prima *
benzocaina Produto e matéria-prima Ambos
carboximetilcelulose Só a maté ria-prima** Só a matéria- pri ma
(CMC)
dopam i na Produto e matéria-prima Só matéria- prima *
- doseados por HPLC, ••CMC é um exCipiente
•Prod utos sao

- ·2381•
••
MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO

Condutimetria direta
Baseia-se em medidas de condutância específica. Seu campo
de aplicação na análise quantitativa é limitado em virtude da carência
de especificidade da condutância. Todos os íons presentes em uma
solução contribuem para a condutância.
Titulações condutimétricas

Baseia-se no fato de que íons hidrogênio e hidroxila


apresentam maior condutividade que os demais. Desse modo,
sensores condutimétricos podem ser empregados para monito rar
pontos de vi ragem em titulações ácido-base (Figura 28) .

Ácido Forte c/ Base Forte


G W

c
Figura 28: Perfil de resposta em curvas de titulação e ntre ácido forte com base forte e base
fraca, dado: G = condutância e C = concentração

Voltametria/Polarografia
As curvas tensão corrente apresentam grande util idade na
caracterização de processos de oxirredução. ·Entretanto, com base
na Lei de Faraday, a intensidade de corrente pode ser di retamente
relacionada com a concentração.
Na prática podem-se construir curvas analítica concentração
x corrente, a partir de concentrações conhecid as, tomando-se,
diretamente, valores dos picos de corrente.

Cromatografia
Os métodos cromatográficos são os mais aplicados pelas
indústrias farmacêuticas no doseamento de fármacos. Entre estes, a
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) está presente como
método de escolha para mais de 90% dos produtos constantes nas
monografias da Farmacopéia Americana 24ª ed . (USP 24).
A cromatografia gasosa (CG) ocupa a segunda posição e,
embora apresente ótima resolução e sensibilidade, não se aplica a
produtos de baixa estabilidade térmica e/ ou baixa volatilidade.

• 1239. .
••
• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

Já a cromatografia de camada delgada (CCD), que em ensaios


de identificação possui ampla aplicação, não apresenta precisão e
sensibilidade compatíveis aos ensaios quantitativos.
A razão pelo sucesso do HPLC no controle de qualidade
de medicamentos, em ensaios de doseamento, deve-se à boa
sensibilidade e baixa vulnerabilidade da técnica a interferentes, já
que se trata de uma técnica de separação acoplada a sistema de
detecção. Outrossim, basta que o produto seja solúvel em algum
solvente cromatográfico e detectável por algum dos diversos sistemas
de detecção para que se possa aplicar esse método.
Quando são realizadas análises em HPLC, CG e CE, o
que se obtêm no final da análise são gráficos com picos que
representam a passagem do analito pelo detector em determinado
instante da análise. O pico apresentado pode ser relacionado com
a concentração dele desde que seja construída uma curva analítica
com padrões. Para estabelecer essa correlação pico/concentração é
preciso determinar a altu ra ou a área dos picos cromatografados.
A altura do pico é um método bastante utilizado para análise
de traços (quantidades diminutas) e para picos estreitos e com boa
separação. A utilização da altura do pico sofre menos influência de
interferentes do que a área; entretanto, a altura está mais sujeita a
variações do fluxo e da temperatura e por esse motivo a área é o
métod o mais empregado.
As curvas analíticas, também cha mad as de gráfico de
calibração, estabelecem uma relação entre a resposta do instrumento
e uma certa concentração de analito. A linearidade, por sua vez,
determina até que ponto essa relação se mantém linear.
As curvas analíticas são construídas pela análise de alíquotas
de solução padrão, realizada em replicatas. As alturas ou áreas dos
picos registrados são plotadas no eixo das ordenadas e as respectivas
concentrações no eixo das abscissas. A melhor re lação entre os
pontos encontrados é obtida por meio de regressão linear pelo
método dos mínimos quadrados. A regressão linear é uma maneira
de encontrar a melhor linha reta por pontos experimentais que
possuem alguma dispersão e não caem perfeitamente sobre uma
linha reta. Com o método dos mínimos quadrados obtém-se uma
relação linear (primeira ordem) entre a resposta do detector (y) e a
concentração (x) da substância na amostra, que pode ser expressa
pela equação y = ax + b, onde "a" é o coeficiente angular e "b",
o coeficiente linear. A regressão linear pelo método dos mínimos
quadrados é um recurso disponível na mai oria dos programas

... 2401 •
MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE DOSEAMENTO

••
utilizados em cromatografia e na construção de planilhas eletrônicas,
como o Excel. Dessa forma, as equações matemáticas para realizá-la
não serão descritas aqui.
Por meio regressão linear pode-se encontrar também o
coeficiente de correlação linear (r ) . O r mede o afastamento angular
entre duas retas de regressão o que significa, em outras palavras e
na prática, que o r expressa "o quanto" os pontos avaliados caem
sobre a reta estabelecida. Quando o r = ±1 , as declividades das retas
serão idênticas e, portanto, haverá correlação linear perfeita entre
elas. Já um r = O significa que as retas estão em ângulo reto e não
existe correlação linear entre elas. Coeficientes de correlação acima
de 0,95 são aceitáveis para a maioria dos métodos analfticos.

• 1241 - ·
CÁLCULO DE OOSEAMENTO

••
14 CÁLCULO DE DOSEAMENTO

GIL, E.S. & BARBOSA, W.G.

A determinação do teor de princípios ativos, seja em matérias-


primas, sej a em produtos finais, segue várias etapas que se iniciam
na fase de amostragem, segue pela preparação da amostra, tomada
de ensaio, diluições, aplicação de um método validado, tratamento
estatístico e encerra-se com cálculos de doseamento.
Embora esta última etapa seja a mais fác il por razões
variadas, ela causa, com freqüência, amedrontamento aos alunos
de graduação.
Considerando-se que nesse contexto os aspectos práticos
são mais contundentes que os matemáticos, pretende-se aqui
minmizá-los.
Devem ficar bem claros alguns conceitos práticos relevantes
à interp retação de problemas rela cio nad os com os cálculos de
doseamento de fármacos em medicamentos.
Teor declarado (TD): Também denominado como Teor teórico
(Tt) ou Va lor rotulado (V r)* , diz respeito à quantidade de fármaco, ou
seja, de princfpio ativo (p.a.) t eoricamente, presente em cada dose
posológica. O teor declarado de fármaco deve ser e é apresentado
no rótulo e na embalagem do medicamento. Em doseamento de
medicamentos, o fármaco corresponde ao principal analito.

Exemplos

Cada frasco de 1 5 ml de Tylenol!> gotas contém 200 mg de


p.a. por ml.
Por outro lado cada comprimido de Tylenol«> pode apresentar
500 ou 750 mg.

Peso Médio (PM) : Diz respeito ao mesmo peso médio obtido


em ensaios físicos oficiais, e para comprimidos corresponde à média
obtida de v inte unidades de comprimido.

*A sigla Vr deve ser evitada, pois pode ser interpretada também como
Valor real.

• 1243-·
• PARTE V. ENSAIOS DE POTÊNCIA

•• Teor real (Tr): Corresponde à quantidade real obtida de p.a. pelo


ensaio de potência; pode também ser designado como teor obtido.
Dose Terapêutica (TD): Corresponde a uma dose posológica.
Caso a dose seja administrada em colher de chá (5 ml), esta é
expressa em mg/ 5 ml, se administrada em cálice, mg/30 ml. Já para
soluções gotas é, normalmente, expressa em mg/ml.
Tomada de ensaio: Corresponde à quantidade pesada
ou tomada em volume da forma farmacêutica para se efetuarem
diluições ou proceder diretamente a análise.
Alíquota de ensaio: Correspo nde à quantidade de
amostra, diluída ou não, a ser utilizada diretamente no ensaio de
doseamento.
Concentração de leitura: Após feitas todas as diluições
necessárias na etapa de preparação da amostra, a concentração de
leitura corresponde à concentração de p.a. na solução final.
Fator de diluição (FD): Corresponde a um número que
multiplicado pelo teor obtido de p.a. na alíquota de ensaio ou
concentração de leitura, que permite conhecer o teor de p.a. na
tomada de ensaio.
Diluições (D): São proced imentos empregados no sentido
de adequar a concentração teórica da amostra à concentração de
leitura, ou seja, a faixa de concentração em que o método responde,
linearmente, com exatidão e precisão adequadas.
Fator titulométrico (Ft): É um fator que multiplicado pelo
volume gasto de titulante fornece a quantidade em miligramas de
analito em doseamentos por volumetria.
Fator gravimétrico (Fg): É um fator que multiplicado à
massa pesada de precipitado em análises gravimétricas fornece a
quantidade em mg do analito.
Pa = Pr. Fg
Fator de correção (Fc) : É um fator que deve ser multiplicado
à concentração teórica ou ao resultado final a f im de corrigir desvios
relacionados com a concentração real de soluções volumétricas
de padrões secundários . É obtido pela padronização com padrões
primários.
(C], = [CJ, • Fc
N, = N,. Fc
Mr = Mt. Fc

-·2441 •
CÁLCULO DE DOSEAMENTO

•••
14.1 CÁlcuLO DA ToMADA DE ENSAIO E DILUIÇÃO

Para cada análise não existe uma única tomada de ensaio


(TE) possível, mas uma faixa permitida dentro do bom senso.
A escolha da quantid ade a ser tomada ensaio fundamenta-se,
essencialmente, em aspectos práticos. Entre os práticos que devem
ser considerados estão:

a) tipo de forma farmacêutica (líquida ou sólida);

- sólidos e semi-sólidos são pesados em balanças analíticas;

- líquidos e semi-líquidos são tomados em volumes .

b) peso médio, teor declarado e dose terapêutica.

c) sensibi lidade do método (concentração usual de leitura ou da


alíquota de ensaio);

d) características da amostra como higroscopicidade, consistência,


estabilidade e outras.

Em análises menos sensíveis, como as clássicas em geral, a


tomada de ensaio não sofre diluição e integra a quantidade de p.a.
requerida à alíquota de ensaio. já para métodos mais sensíveis, como
os instrumentais, a tomada de ensaio invariavelmente sofre uma ou
mais dil uições.
No caso de formas sólid as (ex. comprimidos e cápsu las), d iz
respe ito à porção do peso médio utilizada e deve respeitar aspectos
como faixa de segurança da balança analítica, precisão e evitar
desperdício da amostra. Assim, recomenda-se que se trabalhe na
casa de dezenas a centenas de miligramas.
No caso de formas líquidas, em ensaio quantitativo, deve-se
trabalhar com pipetas volu métricas, pelas mesmas razões anterio res,
e usualmente empregam-se pipetas de 5 e 1 O ml.
Em relação aos problemas relacionados com doseamento,
o cálculo da tomada de ensaio é o primeiro a ser determinado,
segu ido pelo cálculo ou planejamento das diluições.
Para a determinação da tomada de ensaio, deve-se partir
do pressuposto de que todos os aspectos práticos estão sendo
respe itados, como viabilizar os cálculos de diluições.
As diluições são, geralmente, imprescindíveis à preparação
de amostra no sentido de se adequar a concentração da amostra ao
método de anál ise . Como exemplo, o método espectrofotométrico

• 1245 ~~
• PARTE V - ENSAIOS DE POTÊNCIA

• no UV-Visível responde bem na faixa de dezenas de microgramas,


enquanto volumetria clássica opera com alíquotas de ensa io
contendo centenas de miligramas.
O número de diluições necessárias depende do tamanho
da tomada de ensaio, e do número de diluições resulta o
fator de diluição.

14.1.1 Exemplos de cálculo de tomada de ensaio

I) Considere as seguintes situações:

a) comprimidos de AAS (Aspirin a®), valor declarado 500 mg,


alíquotas de ensaio contendo 1 g e peso médio de 625 mg;

b) cápsulas de vitamina contendo 100 mg de nicotinamida/ PM;

Dado: PM = 400 mg, alíquota de ensaio equivalente a 50 mg


de nicotinamida;

c) elixi r de betametasona (Celestone®), valor declarado 0,5 mg!dose


terapêutica (DT), concentração de leitura do padrão de 20 ,ug/ml.
Dado: DT = .5 ml;

d) suspensão oral de amoxicilina triidratada (Novocilin ®), teor


declarado de 400 mg/DT, solução padrão 1 mg/ml, alíquota de
ensaio 5 ml, DT = 5 ml ;

e) solução de paracetamol (Tylenol® gotas), val or rotulado de 200


mg/ml, concentração de leitura do padrão 1.5 ,ug/ml.

I A) Análise subjetiva dos aspectos práticos

Na situação "a" e "b", têm-se formas sólidas, cuj os pesos


médios (PM) são, respectivamente, de 625 e 400 mg; logo a tomada
e Ensaio (TE) será obtida por pesagem. Outra informação importante
é que para os respectivos métodos esperam-se alíquotas de ensaio
contendo 1000 e 50 mg de princípio ativo (p.a.).
Nessas situações, os seguintes aspectos práticos devem ser
pensados:
a) na prática a faixa a ser pesada em balan ças analíticas oscila entre
1 O mg e 1 .000 mg. Números maiores representam desperdício
e menores imprecisões;

-·2461 •
CÁLCULO DE DOSEAMENTO

•••
b) assim, restam três opções possíveis e corretas:

- tomar qualquer va lor ao redor de 1 g para o caso do AAS e


q ualquer valo r ent re 50 mg e 1 g para nicotinamida;

- caso opte-se por não fazer diluições, tomar valores mais


próximos possíveis de 1 g de AAS e 50 mg de nicotinamida;

- caso opte- se por fazer di luições, considerando- se q ue os


balões e pipetas v olumétricas são na maioria múltiplos de 5,
tomam-se valores para tomada de ensaio facilmente, divisíveis
que viabilizem, portanto, tais operações matemáticas.

Exemp lo

Para nicotinamida, tomar-seiam, por exemplo, TE contendo


100 mg (FD = 2). 500 mg (FD = 1O) ou 1 .000 mg (FD = 20).
Já no caso do MS, cuja alíquota de ensaio é mu ito alta haveria
obviamente elevado desperdício, caso se optasse por tais diluições.
No caso das amostras " c", "d " e " e", correspondentes às
fo rmas líq uidas, a f lexibi lidade para tomada de ensaio é bastante
limitada, uma vez que, em ensaios quantitativos, deve-se trabalhar
com pipetas volumétricas.
Logo, a questão é q ual pipeta a escolher para ret irar amostra
dos respectivos frascos e proceder a análise ou as d iluições?
Nesse contexto, deve-se pensar que pipetas de 1, 2 e 3 mL
podem acarretar em maior erro operacional que pipetas maiores.
Outrossim, pipetas volumosas, como as de 50 ou 100 mL, são inviáveis
em rotinas de contro le de qualidade, pois, além de acarretarem maior
desperdício, demandam maior tempo para sucção.
De modo geral, as pipetas volumétricas mais empregadas
nest es ensaios são de 5 e 1O m L.
Em contrapartida, as situações " c" e "e" , cujas concentrações
de leitura estão na casa de microgramas demandaram maior número
de diluições que a situação "d" .
Partindo desses pressupostos, pode-se optar por fazer tomada de
ensaio de 5 mL para situações "c" e "e" e de 1O mL para situação "d".
Entretanto, qualquer que seja a opção, quando são necessárias
diluições para preparação da amostra, fato que é bem freqüente, nem
sem pre a opção de tomada de ensaio escolhida facilita tal processo.
Lembre-se que, além das pipetas, os balões devem também
ser volumétri cos, e balões muito pequenos ou muito gra ndes
difi cu ltam o t rabalho.

• 1247-·
• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

• I 8) Resolução objetiva
A) Comprimidos de AAS (Aspirina®)

TO = 500 mg!PM, alíquotas de ensaio= 1 g e PM = 625 mg.


500 mg (TO) -------------- ------ 625 mg (PM)
1 .000 mg (alíquota desejada) -------- X (TE)
TE = 1250 mg (balança analítica)
FO = 1 (quando não há necessidade de diluições)

D=TE
1
TE = alíquota de ensaio
Obs.: Cada 1.250 mg de Aspirina deveria conter 1.000 mg
de ácido acetilsalicílico (AAS), caso o produto apresentasse 100%
do valor rotulado.

B) Cápsulas de nicotinamida

TO = 100 mg/PM, PM = 400 mg, alíquota de ensaio = 50


mg de nicotinamida.
100 mg (TO) -------------- 400 mg (PM)
500 mg (p/ 1 O alíquotas) -------- X (TE)
TE = 2.000 mg (500 mg de nicotinamida ) (balança
analítica)
Para alíquotas contendo 50 mg de nicotinamida
FO = 500 I 50 = 1 O

D = TE X 10 = - 1-
100 1 100
Exemplo: Transfere-se 2 g da amostra (que con tém
teoricamente 500 mg de p.a.) para balão volumétrico de 100 ml e
toma-se 1 O ml para cada ensaio .
C) Elixir de betametasona (Celestone$)

TO = 0,5 mg/OT, OT = 5 ml, [ P]L = 20 f.lg ml.


Opção 1:
TE = 5 ml (pipeta volu métrica)
TO = 0,5 mg I 5 ml :. TE contém 0, 5 mg
FO = 0 ,5 I 0,02 = 25
Exemplo: Transferir para balão de 25 ml e tomar alíquota
para leitura.

-·2481 •
CÁLCULO DE OOSEAMENTO

•••
Obs.: Esta opção co nsome menor quantidade de
amostra e solvente
Opção 2:
TE = 1 O ml (pipeta volumétrica)
TD = 0,5 mg I 5 ml :. TE de 1O ml contém 1,0 mg
FD = 1,0 I 0,02 = 50
Exemplo: Transferir para balão de 50 ml e tomar alíquota
para leitura
Opção 3:
TE = 20 ml (pipeta volumétrica)
TD = 0,5 mg I 5 ml :. TE conté m 2,0 mg
FD = 2,0 1 0,02 = 100
Exemplo: Transferir para balão de 50 ml, t ransferir 25 ml
para outro balão de 50 ml e tomar alíquota para leitura.

D = TE X 25 = _I_
50 50 100

Obs.: Embora consuma maior quantidade de amostra e


solvente, essa opção pode viabilizar separação de substâncias insolúveis
por meio de filtragem e transferência para o segundo balão.

D) Suspensão oral de amoxicilina tri idratada (Novocilin®)

Dados: TD = 400 mg/DT, DT = 5 ml, [ P] = 1 mg/ml,


alíquota de ensaio 5 ml.
Para TE = 5 ml (pipeta volumétrica)
Considerando que TD = 400 mg I 5 ml :. TE conteria 400
mg/ml de p.a.
Logo se FD = [p.a.]TE I [p.a.]AE :. FD = 400 mg/1 mg = 400

D= TE x 25 =-1-
100 100 400

E) Solução de paracetamol (Tylenol ~ gotas).

TO = 200 mg/ml, [P]L = 15 jlg/ml.


Opção 1:
TE = 5 ml (pipeta volumétrica)

• 1249 W&iii
• PARTE V - ENSAIOS DE POTÊNCIA

•• TO = 200 mglml :. TE = 200 . 5 = 1 .000 mg


FO = 1.000 mg I 0 ,015 = 66.666,666

D = TE X _!Q X _!Q X _!Q_ = - 1-


100 50 50 250 62.500

Opção 2:
TE = 1 O ml (pi peta volumétrica)
TO = 200 mglml :. TE = 200. 1 O = 2.000 mg
FO = 2.000 mg I 0 ,015 = 133.3 33,333
TE 5 5 20 1
D=-X-X-X-=---
100 50 50 250 125.000

Obs.: Quando a TE é feita por tomada de volume, dada a


limitação imposta pelos instrumentos, muitas vezes é impossível
obter valores exatos.

14.1.2 Exemplos de cálculo de doseamento

Considerando os casos utilizados como exemplo nos cálculos


de tomada de ensaio e diluição, calcule o que se pede:
a) no doseamento de compri midos de Aspirina®, 500 mg, foi
utilizada a volumetria de retorno da IP3. Sabendo que foram
utilizados alfquotas de ensaio contendo o equivalente a 0,2 g
(200 mg) deAASeadicionados50 ml NaOH 0,1 moiL-1 • Calcule
o volume gasto de ácido H 2S0 4 0,1 N? Dados: PM AAs = 180,2;
PM = 625 mg, TE = 1250 mg, Fc = 1,0001

1°. Passo: Analisar estequiometria da reação.

~COOH
o
V oA___ + 2 NaOH

180,2 g ------ ------- 2 . 40 g


200,0 mg -- -------- ---- x
x = 88,79 mg (ou seja 0,2 g de AAS consumiriam 88,79 mg
de aOH)

-·250,.
••
CÁlCUlO DE DOSEAMENTO

2° Passo: Encontrar o volume de solução equivalente à massa


de NaOH.

o 1= 88,79(...) V= 22,20 ml
' 4Ü.V(ML)

Ou seja, o volume necessário de sol ução de Na OH O, 1 molL-1 para conter 88,79 mg de base
é de 22,20 mL

Logo, se o volume consumido de base pelo AAS foi de


22,20 mL, restam (50-22,2) 27,80 ml para serem consumidos pela
solução de ácido.

3° Passo: Encontrar o volume gasto de H 2 50 4 0,1 N ,


equivalente ao volume excedente de base .
Para NaOH cu j o neq = 1, a mo l aridade equivale
à normalidade.

N= m<,.,J
PM / .V( Ifll.)
/ neq
Normalidade corrigida do H 250 4 0,1 N O, 1 N . Fc
0,1 .1,0001 = 0,10001 N

Logo:
N 7v 1 = N 2 v 2 0,10001v, = 0,1. 27,80
v, = 27 ,80 mL

Conclui-se que na volumetria de retorno utilizando os dados


anteriores, gastaram-se 27,80 mL de solução de H 2 504 0,10001 N.

b) Qual o peso de resíduo (precipitado) obtido no doseamento


gravimétrico da nicotinamida, sabendo que, o teor encontrado foi
equivalente a 95% do valor rotu lado. Dados: PM = 400,0 mg,
TO= 100 mg / PM, Fg= 0,1929, TE= 2,0000 g e FD = 10.

Considerando que o teor encontrado foi de 95 mg/PM

95 ,0 mg ----- --- ---------- 400,0 mg


x ----------------------- 2 .000,0 mg
x = 475,0 mg

• 1251-·
• PARTE V- ENSAIOS DE POTÊNCIA

•• Para FD = 10
Alíquota de ensaio (quantidade analito no ensaio)= 475,0 11O
= 47,5 mg
Se peso analito (Pa)= peso resíduo (Pr) . Fg

Pr = Pa I Fg
Pr = 47,5 1 0,1929
Pr = 246,24 mg

Logo:

Peso encontrado para o resíduo foi de 246,24 mg .


c) Calcule o teor de betametasona em uma amostra de
Celestone®, de elixir cujo teor declarado é de 0,5 mg/5m l . Dado:
[P]L = 20 fJg I ml, Ap = 0,500, Aa = 0,550, TE = 1O ml, FD = 50.
1° Passo: Encontrar concentração de leitura da amostra

[A]L ----------------- 0, 550


[A]L ----------------- Aa
0,02 mg I ml ---- 0,600 :. 0,018 mg/ml
[ P]L ----------------- AP
(18 !-lg/ml)

2° Passo: Encontrar concentração de p.a. na TE ([ p.a.]1 E),


para tanto basta aplicar FD a concentração da solução de leitura ou
alíquota de ensaio ([p.a. ]AE) .

[p.a.]TE = FD • [p.a.]AE
0,018 mg/ml • 50 = 0,9166 mg/TE

3° Passo: Encontrar teor real.

Considerar que dose posológica é de 5 ml (- 1 colher


de sopa)

p.a.rE ------------- TE 0,9166 mg--------- 1 O ml


p.a. --------------- PM x ---------- ------ 5 ml :. 0,46 mg/5 ml

Teor real encontrado é de 0,46 mg l 5 ml, o que corresponde


a 9 1,7% do valor rotulado.
d) Uma amostra de suspensão oral de amoxicil ina triidratada
(Novocilin"') foi analisada pelo método iodo métrico (USP 24). Obteve-se
41 O mg/DT. Qual foi o volume de t iossulfato de sódio consumido

ililm 2s2J •
CÁLCULO DE DOSEAMENTO

•••
pela amostra sabendo-se que: o volume gasto pelo branco da amostra
(vgBA) = 9,5 ml, volu me gasto pelo branco do padrão(vgBP) = 9,0
ml, e volu me gasto pelo padrão (vgP) = 3,0 ml.

Dados: TO = 400 mg/DT, solução padrão 1 mglml, alíquota


de ensaio 5 ml, DT = 5 ml, TE = 5 ml e FD = 400 .

1° Passo: Entender o princípio do método e montar uma


regra de três.
O uso de solução padrão, bem como dos brancos em
um ensaio clássico (volumetria de oxi-redução), nesse caso, visa
m in im izar a baixa sele ti vidade do titulante (iodo). Trata -se de
uma volumetria por retorno em que as soluções "branco" não são
tratadas por completo, logo consomem menos iodo que as soluções
tratadas. Deste modo, o volume gasto de tiossu lfato será maior para
os brancos, pois restam mais mo lécu las de iodo disponíveis. Assi m, a
diferença entre os vol umes gastos para soluções branco pelo volume
gasto das soluções padrão e as amostras completamente tratadas são,
respectivamente, proporcionais às concentrações da amostra e do
padrão na alíquota de ensaio ([A]A E e [P]AE).
VgBA- vgA --------- [A)AE 9,5 ml- vgA -------------- [A)AE

V~P- vgp --------- [P)AE 9,0 ml- 3,0 ml --------- [P)AE

2° Passo: Encontrar valores de concentração do padrão na


alíquota de ensaio com bases nos dados do problema.
Dados: T O = 400 mg/DT, solução padrão 1 mg/ml ( [P) 5,.),
alíquota de ensaio 5 ml, DT = 5 ml.

[P)AE = [P) 5M • Alíq uota de ensaio :. 1 . 5 = 5 mg/ml

3o Passo: Encontrar valores de concentração da amostra


na alíq uota de ensaio, sabendo que o t eor encontrado foi de
41 O mg/DT.
Dados: DT = 5 m l, TE = 5 ml e FD = 400, alíq uota de
ensaio = 5 m l.
[A)AE = 5. 410/400 = 5, 125 mg/ml

• 1253-·
• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

• 4° Passo: Substituir valores encontrados e calcular vgA.

9 5 ml- vg --------------- 5 1 25 mglml


9 5 ml-
9, O ml- 3 ~ ml ---
1 1
[Pt
vg -------- [A]
AE
' " '
6,0 ml ---------------------- 5,0 mglml
9,5 · vgA = 6,1 5 vgA • 9,5-6,15 = 3,35 ffil

e) (Provão Farmácia 200 1) A absorbância de uma amostra,


contendo uma proteína e um fármaco, determinada em cela de 1
em de cam inho óptico, é de 0,525 a 280 nm e 0, 75 a 260 nm. Os
dados do quadro abaixo referem-se aos coeficientes de absortividade
molar (8) da proteína e do fármaco a 260 e 280 nm.

8 2so (M·1.cm-1) 82so (M·1 .cm-1)


Proteína 2,0 x 1o• 3,0 X 104
Fármaco 1 ,5 X 10 4 2,5 X 103

As concentrações da proteína e do fármaco são respect ivamente:

Resolução

1° Passo:
Montar sistema de duas equações segundo a Lei d e Beer
(A=a .b.c), onde A= absorvância, a = absortividade (8 ), b = caminho
óptico (1 em) e c = concentração (moiL-1 ) .

At-26o = aP!'-26o> x c P+ a F!'-260>x c F


{ A,_2so = a P(I2Bo>x c P+ a m.2so>x c F

Onde: C P e C F referem-se à concentração da proteína e


do fármaco e se rão respectivamente substituídos por x e y.

2° Passo:
Escolher método matemático de cálcu lo
e.1 ) Método de Cramer
1° Passo: Substituem-se os valores dados ao sistema de duas
equações:

- ·2541 •
CÁLCULO DE DOSEAMENTO

•••
0,525 = 3,0.1 0 4 X + 2,5.1 0 3y
{ 0,750 = 2,0.104 X+ 1,5.104y

2° Passo:

Aplica-se divisor comum a cada equação

0,525 = 3,0.10 4 X+ 2,5 .10 3y (+10 3 )


{ 0,750 = 2,0.10 4 X+ 1,5 .10 4y (+10 4 )
D
30x + 2, 5y = 525 . 1 o·6
{ 2x + 1 ,5y = 75 . 10·6

3° Passo:
A partir do sistema simplificado, montam-se matrizes D, Dx e Dy.

D = [30 2,5]
2 1,5

det D = 30. 1,5 - 2 . 2,5 = 45 - 5 = 40


4° Passo:

Determina-se a concentração de proteína

Dx ~ ~~5 ~~· ;:~ ;

det Dx = 787,5. 10·6 - 187,5. 10·6 = 600 .10·6


x = Dx 1 D = 600 . 1 o·6 + 40 = 1 5 . 1 o·6

• 1255-·
• PARTE V- ENSAIOS DE POT~NCIA

•• 5° Passo:

Determina-se a concentração do fármaco:

Dy = (s25 . 1 o-6 3oj

~5 . 10-6 ~

det Dy = 2.250 . 10·6 -1050. 10·6 = 1.200 .10·6


y = Dy I D = 1.200 . 1 o-6 7 40 = 30 . 1 o-6
y = 3,0. 10-s moi.L· 1

e.2) Método da Ad ição

1 º Passo:
Co nsidera-se sistema sim pl ifica do (2º Passo d .1 " método
Cramer")

30x + 2,5y = 525 . 1 o-6


{ 2x + 1 ,Sy = 7 5 . 1 o-6

2º Passo:
Multiplica- se uma das eq uações por número z, tal que,
elimine uma das incógnitas. Ou seja, para eli minar x :

0
PI:o: 1: 2~,::
~ + 2x =
~~: . ,~
1,5y 75. 10·6 (-15)

30x + 2,5y = 525 . 1o-6


{ - 30x - 22,5y = -1.1 25 .10·6

3º Passo :
Subtraem-se equações e obtém-se concentração do fármaco (y).

30x + 2,5y = 525 . 1 o-6


-3 Ox - 2 2, 5 y = - 1 .1 2 5 . 1o-6
Ox - 20y = - 600 . 1 o-6

- ·2561•
CÁLCULO DE DOSEAMENTO

••
y == - 600. 10"6 -;- ( - 20) == 30. 10" 6
y == 3 ,o . 1 o-s moi.L·l

4º Passo:
Substit ui-se valor encontrado para y em uma das equações e
obtém-se concentração de protefna, ou seja, o valor de x.

30 x + 2,5y == 525 .10·6


30x + 2,5 (3,0 . 1 o -s) == 525 . 1 o-6
X== 52,5 . 10· 5 - 7,5 .10·5 -i- 30
x = 1,5 . 10-s moi.L- 1

• 1257-
• PARTE V • ENSAIOS DE POTÊNCIA

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CÁLCULO DE DOSEAMENTO

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• 1263-
• PARTE V - ENSAI OS DE POTENCIA

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- 2641 •
,
ENSAIOS FISICOS
DE QUALIDADE

"Um homem nunca sabe aquilo de que é capaz


até que o tenta fazer."
(Charles Dickens)
ENSAIOS DE QUALIDADE

••
15 ENSAIOS DE QUALIDADE

GIL, E. S. & MACHADO, A.A.

O termo ensaio de qualidade é bastante abrangente e vago,


tendo por objetivo avaliar se determinados atributos ou características
do produto estão em conform idade com especificações estabelecidas
pelo próprio fabricante ou determinadas pelo consumidor.
Tai s atributos são, gera lmente, associados a parâmetros
físicos, motivo pelo qual o termo ensaio de qualidade é referido
por ensa io físico.
Por definição, os ensaios de qualidade englobam ensaios
físicos ou físico-químicos que não são aplicados à anál ise de
identidade, pureza à potência.
Os ensa ios físicos, por sua vez, são, geralmente, aplicados a
produtos acabados, e estão associados de modo direto ou indireto,
a um ou mais dos seguintes aspectos:
a) estabilidade ffsica;
b) uniform idad e;

c) biodisponibilidade.

A conformidade com as especificações de qualidade, para


esses ensaios de desempenho físico, é importante para garantir
a eficácia terapêutica e prazo de validade das diversas formas
medica mentosas ou cosméticas.
Assim, valores de tempo de desintegração de um comprimido
ou d e pH de uma so lu ção estarão, direta ou indiretamente,
relacionados com os processos de dissol ução/absorção, e, portanto, a
biodisponibilidade do fármaco, enquanto a friabilidade e dureza de um
comprimido definirão sua estabilidade física. Outrossim, a granulometria
e reologia de matérias-primas sólidas podem garantir a uniformidade
de dosagem e conteúdo de diferentes formas sólidas e plásticas.
A categoria na qual se intitulam os ensaios de qualidade ou
desempenho físico pode ser subdividida segundo os seguintes critérios:

• 1267-
• PARTE VI - ENSAIOS FISICOS DE QUALIDADE

• a) tipo ou princípio do método: Ensaios de Qualidade


Físicos ou Físico-Químicos;
b) tipo de amostra: Ensaios de Qualidade Aplicados
a Produtos (medicamentos ou cosméticos) ou matérias-primas
(ativos ou adjuvantes);
c) forma farmacêutica: Ensaios de Qua lidad e Apl icados a
Formas Sólidas, Semi-Sólidas ou Líquidas;

d) fonte: Oficiais ou Não- Oficiais.

Entre os ensaios de desempenh o físico apli ca dos a


medicamentos, fazem parte o grupo de ensaios oficiais e o grupo de
ensaios não-oficiais, os quais são relacionados com as propriedades
mecânicas e reológicas de formas farmacêuticas sólidas, plást icas e
líquidas, podendo ser aplicáveis também a produtos cosméti cos.
Formas farmacêuticas sólidas, como comprimidos, cápsulas,
pós e granulados, req uerem variados ensaios de qualidade físicos
oficiais, bem como, na maioria dos casos, de ensaios complementares
não-oficia is. Entre os ensaios oficiais destacam-se ensaios de
resi stência mecânica, uniformidade e biodisponibilidade in vitro .
Os ensaios relacionados com a resistência mecânica, t ais co mo
dureza e fri abilidade, visam a avaliar ou esti mar estabi lidade física
de comprimidos; já ensaios como tempo de desintegração e tempo
de dissolução, são ensaios in vitro que servem como parâmetro
de biodisponibilidade para comprimidos, drágeas, cápsulas e
supositó rio s, e, finalmente, ensaios associados à uniform idade,
tais como peso médio e individual de unidades de dose individu al
ou múltipla, servem para assegurar aspectos posológicos. Já entre
os ensa ios de qualidade não-oficiais relacionados com as formas
sólidas, destacam-se dimensões de f ormas obtidas por compressão,
adesiv idade de cápsulas, co r, sujidade, entre outros ensaios
empregados no contro le de processo o u da qualidade física de
produtos acabados.
No caso de formas líquidas como soluções, são requeridos,
oficia lmente, ensaios físico-qu ími cos co mo d_>t en:ni.o.ação de pH e
densidade e ensaios físicos como determinação do vol ume de envase.-
Extra-oficialmente, são recomendadas análises de sed imentação, cor,
viscosidade, entre outros.
Para suspensões e emulsões, as monografias indicam a
determinação de volume e viscosidade, enquanto a determinação do
grau de subdivisão, taxa de sedimentação e comportamento reológico
é, comumente, efetuada de modo voluntário pelo fabricante.

- ·2681•
ENSAIOS DE QUAliDADE

•••
Finalmente, para formas semi-sólidas, os ensaios de qualidade
mais comuns são a determinação de peso médio e uniformidade,
bem como, não oficialmente, a determinação da consistê ncia e/ ou
comportamento reológico.
Os ensaios físicos podem ser divididos em métodos oficiais,
preconizados pelas monografias farmacopéicas e não-oficiais, quando
aplicados voluntariamente, conforme interesse do fabricante. A Tabela 15
lista alguns exemplos de ensaios físicos oficiais e não-oficiais.
Tabela 15: Ensaios físicos aplicados a formas farmacêuticas

Formas
Oficiais Não- Oficiais
Farmacêuticas
Peso Dimensões
Comprimidos Desagregação Aspecto
Dureza I Friabilidade Cor

Peso Aderência
Cápsu las Desagregação Cor
Dissolução Resistência ao choque

Taxa de sedimentação
Suspensões e Volume Grau de subdivisão
emulsões Viscosidade Comportamento
Reológico

Aspecto, cor, odor


Volume
Sedimentação
Soluções pH
Coacervação
Densidade
Viscosidade

Homogeneidade
Peso
Supositórios e óvulos Intervalo de fusão
Desintegração
Capacidade de cessão

Consistência
Equilíbrio de fases
Pomadas Peso
Comportamento
Reológico

Esses ensaios poderiam ser divididos também, segundo suas


aplicações, em: ensaios físicos aplicados a matérias-primas, a formas
farmacêuticas líquidas, a formas farmacêuticas sólidas e a formas
plásticas e semi-sólidas.
Os ensaios físicos aplicados a matérias-primas são raros.
Fazem parte desse grupo aqueles ensaios relacionados com as
• PARTE VI - ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

• propriedades reológicas de sólidos, tais como a granulometria


e determinação de ângulo de repouso, e os aspectos visuais de
materiais de acondicionamento e embalagem.

15.1 ENSA IOS fíSICOS APLICADOS A fORMAS SóLIDAS

Entre os ensaios físicos aplicados a amostras sólidas, destacam-se


a granulometria e determinação do ângulo de repouso, ambos
os ensaios aplicados a matérias-primas, respectivamente ensaios
oficiais e extra-oficiais. Esses ensaios se relacionam a propriedades
reológicas, e são parâmetros tecnológicos fundamentais à produção
farmacêutica, sendo, comumente, realizados nas fases de controle
de processo e/ ou desenvolvimento de produto.
No que diz respeito a produtos acabados, os ensaios físicos
são variados, e a relevância de cada ensaio está mais ou menos
intensamente rel acionad a com a estabilidade, uniformidade
e biodisponibilidade.

15.1.1 Granulometria e ângulo de repouso

A granulometria de partículas sólidas é fundamental à


produção farmacêutica.
O tamanho, a forma e a uniformidade da partícula determinam
suas propriedades de fluxo, e, conseqüentemente, a eficiência de uma
mistura, de enchimento e compactação. Outrossim, a granulometria pode
também influir na solubilidade e tempo de dissolução necessário.
A medida de ângulo de repouso, embora pouco praticada na
rotina do controle de qualidade, pode ser bastante útil para avaliar
as propriedades de fluxo de pós e suas misturas.
Determina-se o ângu lo de repouso pela sua tangente
(tg), a qual é determinada pelo quociente do cateto oposto pelo
adjacente. Onde o cateto oposto seria a altura do monte formado
pelo pó escoado e o cateto adjacente o raio da base do "cone"
desse monte.

Dado: tg a= h I r , sendo que quanto maior o ângulo menor

- ·2701 •
ENSAIOS DE QUALIDADE

•••
o f luxo, de modo q ue considera m para fins práticos que sistem as
com ângulo menor q ue 30° de bo m fluxo, enquanto qua ndo maio r
ou igual a 4 5° de baixo fl uxo. A apresenta alguns valores típi cos de
ângulo de repouso para d iluentes sólidos.
Tabe la 16: Ângulos de repouso característicos de diluentes sólidos
INS UMO ÂNGULO DE REPO USO
Cloreto de sódio 38°
Fosfato dibásico d e cálcio 28,3°
Lactose 35 a 40°
Sulfato de cálcio 37,6°
A granulometria o u tenuidade de matérias-primas constituídas
de partículas sólidas (pó) é obtida por ensaios oficiais farmacopéicos
co m uso de jogos de peneiras de fo rma manual o u montados em
ordem crescente de mesh (Tabela 1 7) em um aparelho denominado
granu lômetro .
Tabela 1 7: Malha de peneiras ou tamises (abertura em Mesh)
ASTM I USS TYLER I MESH ABERTURA (mm)

10 9 2,00 mm

12 10 1, 70 mm
14 12 1,40 mm
16 14 1,18 mm
18 16 1,00 mm
20 20 850 /Jffi
25 24 71 O !Jm
30 28 600/Jm
40 35 425 !Jm
50 48 3 55 !Jm
60 60 300 !Jm
70 65 250 !Jm
80 80 180 !Jm
100 100 150 !Jm
120 115 125 !Jm
140 150 106 !Jm
170 170 90/Jm
200 200 75 !Jm
230 250 63 !Jm
270 270 53 !Jm
325 325 45 !Jm
400 400 38 !Jm
500 500 25 !Jm
635 635 20!Jm

• 1271 -
• PARTE VI - ENSAIOS FfSICOS DE Q UALIDADE

•• ENSAIO DE GRANUlOMETRIA

Amostragem

A Farmacopéia Brasileira 4. ed. recomenda as seguintes


tomadas de ensaio.
a) para pós semifinos a grossos: 25 a 100 g de pó;

b) para pós finos a finíssimos: máximo 25 g.

Procedimento

a) colocar quantidade de amostra especificada na monografia


amostra sobre tam is.

b) agitar em movimentos horizontais rotativos e verticais por 20


minutos ou com uso de granul ômetro por tempo padronizado
de acordo com a intensidade de vibração escolhida.

c) pesar o pó recolhido e a f ração rema nescente sobre o tamis.

)>
Critérios de classificação (Farmacopéia .Brasileira IV)
.,"'
'"
'"
a) Pó grosso: Passa no tamis de malh a de 1,70 mm, mas retém 40%
na malha de 0,355 mm.
.,"'
b) Pó moderadamen te grosso: Passa no tamis de malh a 355 fJ.m,
mas retém 40% no tamis de malha 25 0 fJ.m.

c) Pó semifino: Passa na malha 71OfJ.m , mas retém 40% na malha de


180fJ.m.

d) Pó fino: Passa na malha 180 fJ.m.

e) Pó finíssimo: Passa na malh a de 125 fJ.m.

15.1.2 Peso

A determin ação do peso médio em formas farmacêuticas


é efetuada em balanças com se nsi bi lid ade ad equada, t ant o para
prod utos de dose única quanto de doses múltiplas.

.
1 . . 2721 •
ENSAIOS DE QUALIDADE

••
Em ambos os casos, a determin ação do peso médio é dada
pelo quociente da somatória dos pesos individuais de cada unidade
pelo número de unidades amostradas. Quanto maior for o desvio-
padrão, menor será a uniformidade do envase.

Amostragem

O número de amostras é de dez embalagens para amostras


de dose múltipla, como pós e granulados, e v inte unidades
pa ra med i came ntos de dose indi v i dual , como comprimidos,
cápsu las e drágeas.

Procedimento

Pesar ind ividualmente em balança analítica cada unidade e


anotar valor de cada peso individual (P), obtido em tabela construída
conforme esquema abaixo.

Amostras Peso Individual (P) Desvios (P - PM) (P- PM)2


1

n
PM = L P I n S =[L (P-PM)2/n-1 ]112
Somar valores individuais e dividir pelo número de amostras
(n) e obter Peso Médio (PM).
Obter grau de uniformidade pelo desvio ou diferença de
peso ind ividual de cada amostra ou unidade pelo peso médio e
calcular desvio-pad rão S.

Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)

Os critérios de rejeição variam de acordo com a forma


farmacêutica e farmacopé ia seguida. A nossa legislação define a
farmacopéia brasileira como literatura oficial. A Tabela 18 apresenta
os limites aceitáveis para diferentes formas farmacêuti cas.

• 1273-
• PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

• Tabela 18: Limites x formas farmacêuticas para variação de peso médio

FORMA FARMACÊUTICA FAIXA DE PESO LIMITES


Até 80 mg ± 10,0%
Comprimidos em geral e pastilhas Entre 80 e 250 mg ± 7,5%
Acima de 250 mg ± 5,0%

Drágeas e comprimidos
Até 25 mg =15,0%
Entre 25 e 150 mg ± 10,0%
revestidos Entre 1 50 e 300 mg ± 7,5%
Acima de 300 mg ± 5,0%
Até 300 mg ± 10,0%
Cápsulas duras, moles e vaginais
Acima de 300 mg ± 7,5%
Supositório e óvulos Para todos os pesos ± 5,0%
Cremes, pomadas, pós e Até 60 g =10,0%
granulados Entre 60 e 150 g ± 5,0%
± 10,0%
Acima de 40 mg
Pós estéreis e liofilizados Abaixo de 40 mg ± 15,0% segundo
doseamento
ade uado

• Comprimidos, supositórios e óvulos

O produto é rejeitado se mais de duas unidades esti verem


fora do percentual de desvio permitido ou se uma estiver acima dos
percentuais máximos permitidos (Tabel a 18).

• Drágea

O produto é reprovado se mais de cinco unidades


apresentarem desvios superiores aos percentuais permitidos ou se
um extrapole o valor máximo permitido (Tabela 18).

• Cápsulas

O produto é aprovado caso no máximo duas unidades estejam


fora do percentual de tolerância, desde que nenhuma extrapole os
valores máximos permitidos (Tabela 18). Caso contrário, deve-se
determinar individualmente, o peso do conteúdo pela diferença
entre cápsula vazia e cápsula cheia. Toleram-se, no máximo, seis
cápsulas fora dos limites da tabela desde que a variação esteja entre
limites de tolerância e limites máximos permitidos para desvio.
ENSAIOS DE QUALIDADE

••
• Pós e granulados

O produto é aprovado se nenhuma das dez unidades estiver


fora dos limites máximos permitidos. Caso contrário, repete-se o
ensaio com mais dez unidades, permitindo-se, no máximo, uma
unidade fora dos limites de tolerância.

• Pós estér eis e liofilizados

O lote será rejeitado caso duas unidades estejam acima do


desvio tolerado de 1 O%, desde que nenhum ultrapasse o desvio
máximo de 15%.

15.1.3 Dureza

A determinação da dureza está associada à resistência


do compri mido ao esmagament o . Tal resistência d iz respeito a
estabilidade física de formas sólidas obtidas por compressão e é um
parâmetro essencial e imprescindível no caso de comprimidos que
serão submetidos a processos de revestimento.

Amostragem

São utilizadas dez unidades de comprimidos ou drágeas.

Procedimento

• Submeter cada unidade à força aplicada diamet ralmente


por aparelho tipo bomba ou mola espiral (Figura 29) .
Anotar valores obtidos e calcular média.

Figura 29: Durômetro de mo la espiral

• 127s tmiiiii
• PARTE VI - ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE

•• Critério de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)

Mínimo 30 (3 kgF) para mola espi ral ou 45 N para modelo


tipo bomba.

15.1.4 Friabilidade

A determinação da friabilidade traduz a resistência do


comprimido ao desgaste. Na prática, o teste de friabilidade se
aplica apenas a comprimidos não revestidos, sendo este parâmetro
fundamental também no controle de processo de núcleos
intermediários de drágeas.

Amostragem

Vinte unidades de comprimidos ou núcleos.

Procedimento

a) Pesar 20 unidades de comprimidos e transferir para friabilômetro


(Figu ra 30) .

b) Submeter comprimidos a 100 rotações em um período de 5


minutos (20 rpm ) e repetidas quedas.

Comparar peso inicial com peso após o teste.

Figura 30: Friabilômetro

Critério de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)

Máximo de 1,5% de diferença de peso.

- - 2761 •
ENSAIOS DE QUALIDADE

•••
15.1.5 Tempo de desintegração

Este ensaio é aplicado tanto a formas sólidas como cápsulas,


compri midos e drágeas, como também plásticas (supositórios e
óvulos) e relaciona-se à biodisponibilidade da forma farmacêutica.

Amostragem

São utilizadas seis unidades de cada lote de produto.

Aparelhagem

O aparelho utilizado para determinar o tempo de


desintegração (Figura 31) de comprimi dos, cápsulas e drágeas é
constituído de um banho termostatizado (a), um dispositivo para
imersões intermitentes e contínuas (b) e um cesto (c) composto de
suporte para seis tubos transparentes vazados (d) de 7,75 em de
comprimento por 2 em de d iâmetro. A base do suporte (c) é de tela
de inox de malha com abertura de é 1,8 a 2 mm e diâmetro de fio
de 0,6 mm, e a parte superior fe ita de chapa inox com seis furos
dispostos em um raio convenientemente adequado para acomodar
os seis tubos transparentes. Cada tubo dispõe de um disco acrílico
(9,5 x 20 mm) com cinco furos de 2 mm de diâmetro.

A B

Figura 31: Aparelho para determinação de tempo de desintegração (A) e cesto vazado (8).

• 1277 ...
••
• PA RTE VI • ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE

Procedi mento
a) montar cesta com seis tubos transparentes.

b) colocar cada uma das seis unidades em um diferente tubo, e em


seguida colocar disco acrílico.

c) transferir cesta com amostras para suporte do aparelho.

d) submeter cesta contendo tubos com amostras a movimentos verticais


em meio líquido* a 37•c por tempo especificado na monografia.

1 Água;

2 Meio gástrico ou HCI O, 1 moi L·';

3 Meio entérico ou tampão fosfato pH 8.

e) Observar o material ao final do tempo em cada tubo.


" enhum resíduo sólido poderá ser observado" .

Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasi leira IV)

a) Comprimidos: Não desintegrar em, no máximo, 30 minutos.

b) Cápsulas: Máximo 45 minutos.

c) Drágeas: Máximo 60 minutos.

d) Comprimidos Sublinguais: Máximo 5 mi nutos.

e) Comprimidos Entéricos: Resistir sem desintegrar pelo menos 60


minutos em água ou meio gástrico e não desintegrar em no máximo,
45 minutos em meio tampão fosfato pH 8 ou meio entérico.

15. 1.5.1 Tempo de d esinteg r ação p ar a fo r mas


plásticas

Este ensaio é aplicad o a formas plásticas como supositórios,


óvu los e ve las, relacionando-se também a biodisponibi lidade. As
difere nças desse teste em relação ao ante rior são associadas às
diferenças inerentes à aparelhagem e ao menor número de amostras.
Enq uanto no aparelho de desi ntegração para só lidos se dispõe de
dispositivo que submete a amostra a movimentos verticais de
i mersão de modo i ntermitente em tempos da ordem de segu ndos,
na aparelhagem aqui uti l izada, uma vez ime rsas, as amostras são
submetidas à i nversão de dez em dez minutos.

-·2781•
ENSAIOS DE QUALIDADE

••
Amostragem

São utilizados t rês unidades de supositórios, óvulos, velas


ou comprimidos vagina is.

Procedimento

a) Colocar unidades nos tubos.

b) Imergir tubos contendo amostras em béquer de - 4 L contendo


meio líquido à 37°C.

c) Manter sob agitação constante, in verter tubos de dez em


dez minutos.

d) No caso de comprimidos vaginais, as amostras são colocadas


na superfície do líquido e a cuba é lampada para a aumentar a
pressão de vapor.

Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)

Quando ultrapassar o tempo especificado na monografia


para que haja desintegração completa.
Consideram-se como desintegração incompleta os seguintes
casos se :
a) não houver dissolução completa da unidade;

b) houver aglomeração de componentes;

c) observar presença de resíduos consistentes.

15.1.6 Ensaio de dissolução

São ensaios oficiais de equivalência, aplicados a estudos de


cinéti ca de dissolução e/ou determinação do perfil de dissolução de
formas farmacêuticas sólidas.

• 1279-
• PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

• Amostragem

São utilizadas seis unidades de comp rimidos, cápsu las


e drágeas.

Aparelhagem

O aparelho utilizado na determinação do tempo de dissolução


é composto das seguintes partes: banho-maria termostatizado,
seis cubas cilínd ricas transparentes com fundo arre dondado, cuja
capacidade em volume pode ser de 1, 2 e 4 L, uma pá para agitação
(19 x 74 mm) e um cesto para acondicionar amostras (25 x 35 mm)
de malha 40 x 40 mesh (0,25 mm de fio e 0,4 mm de abertura) ou
de malha 20 x 20 mesh (0,4 mm de fio x 0,9 mm de abertura).
As dimensões das cu bas apresentam diversas configurações:
para cuba de 1 L, o com primento varia de 1 60 a 21 O mm e o
diâmetro de 98 a 106 mm.

Procedimento

a) Acondicionar cubas nos suportes do banho e montar pás e cestos.

b) Colocar unidades das amostras nos cestos.

c) Imergir cestos com amostras nas cubas contendo meio


líquido a 3rC.

d) Manter sob agitação constante, coletando amostras nos tempos


especificados na monografia ou no protocolo de ensaio.

*Analisar material por método validado.

Critérios de rejeição (Farmacopéia Brasileira IV)

Os resultados são expressos em função da quantidade de


fárma co dissolvido das unidades conforme Tabela 19.

-·280,.
ENSAIOS DE QUALIDADE


11
Tabela 19: Critérios de aceitação para o ensaio de dissolução

Estágio (E) Amostras (n) Critério de aceitação


El 6 qga l!,nidade ~ Q + 5% .
Média das 12 unidades (E1 + E2 ), é ~ Q
E2 6
e nenh~m~. é < q - 15%
Média das 24 unidades (E1 + E2 + 0},
E3 12 e não mais que duas são < Q- 15% e
nenhuma < Q - 23%

Cada estágio corresponde a diferentes fases do teste,


observando-se que tanto o estágio E2 quanto E3 correspondem a
eventuais retestes, os quais só são executados em caso de reprovação
no teste inicial E1, em que nenhuma amostra apresenta, índ ice de
dissolução inferior a Q- 25%.
Os valores Q variam de acordo com a monografia do produto
e correspondem aos índices percentuais de liberação (dissolução)
desejados para cada medicamento em função de um determinado
tempo. Exemplos de valores Q são apresentados na Tabela 20.
Tabela 20: Valores Q para diferentes produtos (USP 24)

Medicamento Forma Valor de Q Tempo Rotações


(Fármaco) Farmacêutica (%) (minutos) (rpm)
MS Cápsu~a 80 30 100
MS Comprimido 80 30 50
MS Comprimido 80 30 75
(tampo nado)
Máximo 10
(ácido 280 nm) 2 horas 100
AAS FFLC* Mínimo 75
(tampão 265 90 100
nm)
75 (MS)
MS+ comprimidos 75 45 5!)
paracetamol (Acetaminofeno)

paracetamol comprimidos 80 30 50

mebendazol comprimidos · 75 120 75

propranolol. HCI comprim idos 75 30 100

*FFLC = forma farmacêutica de liberação controlada.

Em relação ao meio de dissolução, estes devem ao menos


em parte mimetizar as condições fisiológicas. Logo, invariavelmente,
consistem em soluções aquosas. Abaixo listamos como exemplos os
meios utilizados para medicamentos citad os na Tabela 21.
PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

Tabela 21: Exemplos de meios de dissolução para diferentes formas farmacêuticas

Medicamento Mei o de Dissolução (USP 24)


AAS (cápsulas) Tampão acetato pH 4,5; 500 ml.

AAS (comprimidos) Tampão acetato pH 4,5; 500 ml.


AAS (comprim ido
Tampão acetato pH 4,5; 500 ml.
tamponado)
HCI O, 1 N (estágio gástrico) e tampão acetato
AAS (FFLC)
pH 6,8 (estágio entérico); 500 ml.
acetaminofeno - AAS Água; 900 ml.

mebendazol HCI 0,1 N + 1% LSS; 900 ml.


propranoloi.HCI HCI1 %; 1.000 ml.

15.1 . 7 Aspectos visuais

Embora a análise dos aspectos organolépticos seja, em


geral, empregada como parâ metro auxil iar de identificação ou
mesmo como ensaio de pureza quando se avalia sujidades em
matérias-primas vegetais. A anál i se visual é um ensaio de
qualidade, quando se aplica a produtos acabados ou materiais de
acondicionamento e embalagem.
No caso de comprim idos são avaliados a uniformidade
da coloração e revestimento (se revestidos), presença de trincas e
legibilidade (se impressos).
Na verificação visual das cápsulas são avaliados fatores como
limpeza, deformações das cápsulas, enchimento e se a trava dela
está de acordo.
Entre os atributos avaliados na inspeção de embalagens, est ão
dimensões, formatos, cor, flexibilidade, riscos, aspectos gráficos e
de diagramação, e outros.
Na inspeção de embalagens, o número de defeitos é contado
e classificado, a fim de que se aceite ou não o lote. Os defeitos em
embalagens classificam-se em:

a) graves ou cr íticos: são os defeitos que impedem a utilização da


embalagem ou prejudicam sua função essencial;

b) maiores: são os defeitos que, embora não impedindo a utilização


da peça, prejudicam sensivelmente a apresentação e o trabalho
de acondicionamento;

-·2821•
ENSAIOS D E QUALIDADE

••
c) menores e irregularidades: são as pequenas imperfeições de
acabamento que podem ser t oleradas.

15.1.7. 1 Descrição dos defeitos em embalagens

É consi derada como defe ito q ualquer discordâ nci a da


unidade do material com os req uisitos especificados.

A) DEFEITOS EM FRASCOS DE VIDRO

Defe itos Críticos

• Quebras, t rincas ou lascas: presença de região quebrada;

• Rebarbas cortantes: saliência cortante que sobressai do corpo.

• Bolha: inclusão gasosa de grande dimensão.

• Deformações ou estrangulamento n o corpo : perda de seu


formato origi nal ou variação na espessura da parede desde
que p rovoque a inutilização da embalagem quando de sua
utilização.

• Mau fecham ento: por a deformações na boca do frasco.

Defeito s Não-Críticos

• Do bra: irregulari dade na superfície com aspecto de vi nco.

• Rugas: aglomerado de pequenas dobras horizontais.

• Marcas d e molde: saliências não cortantes oriundas do


equipamento de moldagem quebrado.

• Partículas de vidro aderidas internamente: saliências de vid ro


cortante no lado interno da embalagem.

• Pedras: inclusão de material refratário não fundido.

• Enfumaçado: embaçamento de superffcie provocado por


irregularidades de combustão no ato do recozimento.

• Pi ntas pretas : pequenos pontos de material carbonizado.

• Sujid ad es: manchas externas de várias origens.

•1283-
• PARTE VI - ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE

• 8) DEFEITOS EM FRASCOS DE PLÁSTICOS

• Críticos: medidas diferentes do padrão; defeitos de fabricação


(bolhas, rebarbas, estrangulamentos, mau fechamento, trincas e
vidros quebrados, impressão borrada, cor totalmente diferente do
padrão).

• Defeitos maiores: sujeira; várias tonalidades de cor; falhas na


impressão; manchas acentuadas.

• Defeitos menores: pequenas manchas e arranhões.

C) DEFEITOS EM TAMPAS DE PLÁSTICO


• Defeitos críticos : medidas diferentes do padrão; tampas
quebradas, rachadas e que se quebram no fechamento ou não
fecham direito; batoque mal embutido; defeitos de fabricação
(bolhas, rebarbas, estrangulamentos, mau fechamento, trincas e
vidro s quebrados, im pressão borrad a, cor totalmente diferente
do padrão).

• Defeitos maiores: sujei ra; estrangulamento; presença de lascas e


rebarbas; vári as tonalidades de cor; falhas na impressão; manchas
acentuadas.

• Defeitos menores: pequenas manchas e arranhões.

D) DEFEITOS EM BATOQUES DE PLÁSTICOS

• Defeitos críticos: medidas diferentes do padrão;

• Defeitos maiores: sujeira; tonalidade amarelada; rebarbas que


dificultam o fechamento; manchas acentuadas.

15.2 ENSAIOS FÍSICOS APLICADOS A fORMAS SEMI-SÓLIDAS

A lém do peso médio são, comumente, rea lizados no


controle de qua lidade de formas semi-sólidas, ensaios de qualidade
envolvendo medidas de consistê ncia ou comporta mento reológico e
análise de aspectos visuais e sensoriais, bem como quando aplicáveis
medidas de pH e ponto de fusão.

--2841 •
ENSAIOS DE QUALIDADE

•••
15.2.1 Aspectos visuais e sensoriais

a) Supositórios e óvulos

Entre os aspectos observados estão presença de bolhas,


sedimentos e homogeneidade de co r.

b) Pomadas, Cremes e Géis

Além dos aspectos visuais supra-citados, requerem análise


de aspectos sensoriais, como: grau de pegajosidade e espalhamento,
tipo de toque (seco, molhado, rubefaciente) e brilho.

15.2.2 Aspectos reológicos

a) Pomadas, Géis, Cremes

O comportamento reológico de formas semi-sólidas é avaliado


por meio de medidas de viscosidade, utilizando o viscosímetro de
Brookfield ou (Figura 32) ou de ensaios de consistência, como
penetrabilidade, espalmabilidade e plasticidade.

a
Figura 32: Viscosímetro de Brookfield (a e copo Ford (b)

• 1285- ·
• PARTE VI - ENSAIOS FÍSICO S DE QUA LIDA DE

•• 15.2.2.1 Viscosím etro de Brookfield

Entre os reômetros, o viscosímetro de Brookfield é um


aparelho clássico para controle de qualidade, de baixo custo e fáci l
operação . Aplica-se tanto a formas semi-sólidas quanto a líquidas
v iscosas.
O viscosímetro de Brookfield co nsist e em um agitado r
rotativo que mede a viscosidade do fluido com base na resistência
por ele oferecida à agitação (Figura 32a) . Sua unidade usual é o centi
2
Poise (cP), que é a força em dinas para deslocar camada de 1 cm
a velocidade 1 cm/s.

Proced imento

a) Transferir líquido para Béquer.

b) Imergir haste até referência.

c) Ajustar velocidade desejada e ligar aparelho (0,5 a 100 rpm).

d) Anotar valor estabilizado e multip licar por fator*.

Obs.:1: *Fator tabelado conforme rpm e disco emp regado


2: Para obter Reograma, deve-se iniciar da menor
velocidade para maior velocidade, repetindo sentido inverso com
1 m in uto de espera entre med idas.

15.2.2 .2 Determinação da consistência

Entre os ensaios alternativos utilizados para determinação


da consistência destacam-se:
a) penetrometria: utiliza cones de peso e dimensões conhecidas
para avaliar a consistência por meio da penetrabilidade;

b) espalm abilidade: consiste em avaliar a resistência de uma


pomada à fluidez, por meio da coesividade que esta confere a
duas lâminas de vidro. Nesse ensaio se verifica a força necessária
para provocar movimento entre as lâminas, e a força pode ser
associada indiretamente a pesos;

c ) extensibili dade: neste en saio se correlaciona a consistência com


espalhabilidade. Tal parâmetro é dado pela medida do aumento

- -2861•
ENSAIOS DE QUALIDADE

•••
da superfície de determinada q uantidade de pomada aplicada
em uma área definida, quando esta é submetida a diferentes
pressões (50, 100, 200 e 500 g) a intervalos de 1 minuto;

d) método da extrusão: baseia-se na plasticidade ou facilidade que


uma pomada tem de ser expulsa de tubos. É realizado em geral nos
próprios frascos de acondicionamento, utilizando pesos, os quais são
aplicados de forma crescente sobre esses frascos;

e) copo de Ford: consiste em um copo metálico com um orifício na


parte inferior por onde escoa o fluido (Fig. 32b). Cronometra-se
o tempo que o fluido leva para escoar totalmente e compara-se
com a água.

15.3 ENSAIOS FÍSICOS APLICADOS A fORMAS líQUIDAS

Entre os ensaios físicos mais realizados no controle de qualidade


de formas líquidas destacam -se aqueles envolvidos com aspectos
reológicos e aspectos visuais, bem como medida de volume fina l.
Outrossim, medidas de pH, tensoatividade e densidade de produtos
acabados são também classificadas como ensaios de qualidade.

15.3.1 Aspectos visuais e sensoriais

Os aspectos organolépticos aval iados variam de acordo


com o tipo de forma líquida, sendo comum aspectos v isuais, como
uniformidade, e sensoriais, como espalhabilidade, arenosidade:
a) suspensões: sedimentação e estado de divisão.

b ) emulsões: equilíbrio entre fases.

c) soluções: coacervação , t r ansparênci a, sedimentação


e coloração.

15.3.2 Aspectos reológicos

Os aspectos reológicos estão relacionados, principalmente,


com a estabilidade físi ca e aceitabil idade pelo paciente no momento
da administração:
a) suspensões e emulsões: a viscosidade, consistência ou mesmo o
comportamento reológico podem se r avaliados para suspensões
e emulsões líquidas utilizando o viscosímetro de Brookfield

• l2s7 F HiM
• PARTE VI - ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

• ou copo de ford.

b) soluções: no caso de sol uções, em geral, se determina a viscosidade


aparente utilizando viscosím et ro de Ostwald e dados de
densidade.

15.3.2.1 Viscosímetro de Ostwald

É o aparelho mais simples e popular para determinação da


viscosidade de óleos e outras matérias-primas líqu id as. Consiste
em um sistema de mangueiras onde é cronometrado o tempo de
escoamento do fluido do traço de referência superior até o menisco
inferior, sendo esse resultado comparado com o da água feito nas
mesmas condições.
A unidade usual é também o centi Poise (cP) e é expresso,
freqüentemente, em função da viscosidade aparente, a qual é
determinada em função da viscosidade da água , cujo va lor a 25°C
é de 0,895 cP.

-•2ssl•
ENSAIOS DE QUALIDADE

•••
Procedimento (Farmacopéia
Brasileira IV):

• Transferir para viscosímetro (Fig . 33)


lavado e seco, quantidade suficiente
para atingir nível da ordem de 5 mm 75
abaixo do traço de referên cia.

• Fixar apare lho em termostato


(20°C T usual) e deixar estabilizar a
tem pera tu ra.

Asp i ra- s e líquid o

até traço de referência superior e


pelo
capilar/ ampola por meio d e borracha
26ml

T- 125 300
aciona cronômetro de precisão,
travando-o quando o líquido passa
pelo traço inferior.

• Registra-se o tempo e repete processo


(aceita-se 1 de + /- 0,5 s). 120
26ml
• Determina-se a densidade do líquido
relativa à água 20°C.

• Determina-se a densidade cinemática


pela fórmula :

T)=T]td
I 2 1 1
/ td
2 2
Figura 33: Viscosímetro de Ostwald

15.3 .3 VOLUME

A determinação do volume é importante para monitorar


eficiência de envase e condições de acondicionamento e estocagem.
Os limites permitidos de variação variam entre 1% e 3% conforme
volume total do frasco (Tabela 22 ).

• 1289-·
• PARTE VI - ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE

•• Tabel a 22: Relação entre volume total, números de amostras e desvios pe rmitidos segundo
Farmacopéia Brasileira 4. ed.

Volume declarado (ml ) Tamanho amostra (n) Desvio máximo


tolerado
até 10 ml 12 3,0%
entre 10 e 30 ml 10 2,5%
entre 30 e 100 m l 6 2,0%
e ntre 100 e 250 m l 3 1,5%
Acima de 250 ml 2 1,0%

15.4 ENSAIOS DE QUALIDADE FfSICO-QUÍMICOS

Os ensaios aplicados à Análise Farmacêutica, tipicamente, físico-


químicos relacionam-se a medidas de constantes, as quais são, em geral,
úteis na determinação da identidade, pureza ou potência do produto.
A medida de pH pode ser uma ferramenta auxiliar útil em
ensaios de identificação de matérias-primas de caráter básico ou ácido.
Entretanto, em se tratando de produtos acabados farmacêuticos ou
cosméticos, o valor de pH é em geral um atributo, cuja determinação
melhor se enquadraria em ensaios de qualidade. Entre as formas
farmacêuticas que requerem medida de pH, entre os ensaios de
qualidade, estão as soluções, suspensões e emulsões 0 /A.
A variação do pH de um fármaco pode modificar a estabilidade
de uma forma farmacêutica, na qual esta se encontra, interferir em
sua solubil idade, conseqüentemente, alterar sua farmacocinética.
A alteração da absorção de um fármaco está relacionada
com seu grau de ionização, o qual depende do pH do meio onde
se encontra e de seu pKa. Assim, a compatibilidade com o pH
fisiológico é fundamental.
Portanto , a importância à medida de pH em formas
farma cêuticas se re laciona à eficácia e segurança, em atributos como
estabilidade, biodisponibil idade e biocompatibilidade.
Outro bom exemplo de ensaio físico-químico é a determinação
do ponto de fusão, que aplicada ao controle de matérias-primas,
pode tanto ser empregada como um ensaio de identificação co mo
de pureza. Porém, se aplicado ao controle de supositórios à base
de veículos lipófilos, o ponto de fusão seria também mais bem
enquadrado como um ensaio de qualidade, cuja importância para
biodisponibilidade destas formas farmacêuticas é indiscutível.
Ensaios de qualidade físico -químicos menos comuns incluem:
ten soatividade, análise de coacervação, determinação de formação
de sistemas micelares e outros.

·-·2901•

••
ENSAIOS DE QUALIDADE

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• PARTE VI • ENSAIOS FfSICOS DE QUALIDADE

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CONTROLE DE
,
FITOTERAPICOS

"Para ser feliz, antes é preciso ser útil."

(João Oscar Ci/J


CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
16 CONTROLE DE QUALIDADE DE
FITOTERÁPICOS

SILVEIRA, D; BARA, M. T.; FISCHER, D.C.H..

Nas últimas décadas, tem sido observado em todo o


mundo o ressurgimento do uso de plantas medicinais e a crescente
utilização de fitoterápicos . Em diversas comunidades, sobretudo nos
países em desenvolvimento, o uso de plantas medicinais constitui o
principal recurso disponível para o tratamento primário de saúde.
Em muitos casos é comum a associação do uso da planta medicinal
ao medicamento convencional, reduzindo, desta forma, o custo
do tratamento. Esse hábito muitas vezes pode causar interações
medicamentosas relevantes, comprometendo a eficácia do tratamento.
De forma geral, plantas medicinais são de fáci l acesso, em função da
possibilidade de cultivo pelo próprio usuário ou da comercialização
em mercados livres. Sua utilização é estimulada pelos meios de
comunicação, que divulgam o "produto de origem natural" como
uma alternativa terapêutica eficaz e sem riscos à saúde.
A globalização tornou possível o acesso a diferentes correntes
da medicina tradicional de várias raízes culturais. E essas práticas
terapêuticas têm sido incorporadas aos sistemas de Saúde Pública.
Esse movimento é mais destacado nos países europeus, mas de
forma gradativa, contudo, rápida, vem sendo percebido no Brasil e
a população brasileira tem incorporado a utilização dessas opções
terapêuticas.
Algumas das práticas terapêuticas tradicionais de origem mais
importantes mundialmente são:
• Medicina Tradicional Chinesa. Também conhecida como
Medicina Chinesa ou Medicina Tradicional Oriental, compreende uma
gama de práticas médicas populares utilizadas na China desenvolvidas
e aprimoradas por pelo menos quatro mil anos. Os medicamentos
dessa corrente médica tradicional empregam vários ingredientes de
origens diferentes, incluindo plantas medicinais. Éuma das abordagens
terapêuticas a serem incorporadas aos serviços de saúde brasileiros,
conforme a Política Nacional de Práticas lntegrativas e Complementares
(PNPIC) no Sistema Único de Saúde [1].

• 1297-·
••
• PARTE VIl • CONTROL E DE FITOTERÁPICOS

Entretanto, na mesma proporção da expansão do mercado


mundial para produtos tradicionais chineses, foram observados
vários casos de falsificação, contaminação (principalmente metais
pesados como arsênio e mercúrio) e adulteração por hormônios, anti-
inflamatórios, anfetaminas etc. [2, 3].
• Ayuverda, Medicina Ayuvérdica ou Medicina Indiana, é um
sistema médico de mais de 7.000 anos baseado em uma abordagem
holística na qual a utilização de plantas medicinais é muito frequente.
Apesa r de não estar inseri da na PNPIC, os medicamentos " indianos"
têm sido utilizados pela população brasileira. Contudo, da mesma
forma que os produtos tradicionais chineses, relatos de intoxicação
por produtos contaminados, falsificados ou adu lterados são comuns
na literatura científica mundial [4].
• Unani, Medicina Greco-árabe: é um sistema cuja origem é
estimada no ano 980 d.C., no qual as plantas medicinais e o mel têm
papel fundamental. Apesar de não ser tão uti lizada mundialmente
quanto a Medicina Chinesa e a Ayuverda, relatos de intoxicação têm
levado à discussão sobre a importância da farmacovigilância no que se
refere ao arsenal terapêuti co unani [5].
O controle da qualidade deve ser cri terioso para que sua
inserção nas práticas terapêu ticas não se torne um problema de Saúde
Pública. E a utilização de plantas medicinais e de fitoterápicos como
alternativa terapêutica segura per se deve ser vista com reservas devido
à complexidade da composição química dos derivados vegetais e
a consequente possibilidade de ocorrência de reações adversas, à
semelhança de qualquer med icamento .
O mercado f itoterápico mundial tem progredido rápida e
expressivamente e movimenta US$21 ,7 bilhões por ano. Nos EUA, a
estimativa é que esse mercado atinja cerca de US$1 O bilhões de dólares
em 201 O [6]. No Brasil, cerca de 200 laboratórios movimentam em
torno de U$5400 milhões de dólares, representando cerca de 6,7% das
vendas de medicamentos no País. Trata-se, portanto, de um mercado
promissor e em franca expansão [7].
Desta forma, a produção de plantas medicinais tem sido
crescente, e a comercialização se dá in natura, extratos ou especialidades
farmacêuticas nas suas variadas formas de apresentação, como pós,
granulados, comprimidos, cápsulas e xaropes, entre outras.
Com o valor comercial deste mercado cada vez maior, a
garantia da segurança, eficácia e qualidade dos produtos tem sido
preocupação constante das autoridades reguladoras [8], mas só é
possível ser assegurada por meio de rígido contro le da qualidade,

-· 2981•
••
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

como acontece com os medicamentos convencionais. Muito se tem


publicado na literatura científica acerca dos diversos aspectos desta
temáti ca. Portanto, este capítulo não tem a intenção de realizar um
tratado, mas de oferecer uma visão geral sobre um assunto que é de
grande complexidade e abrangência.

16.1 DEFINIÇÕES

Para a melhor compreensão deste capítulo, é necessário um


breve comentário sobre a terminologia empregada, com base em
definições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) [9]:
Droga vegetal - a planta medicinal, ou suas partes, depois de
submetida a processos como coleta, estabiliza-
ção e secagem, podendo ser íntegra, rasurada,
triturada ou pulverizada.

Fitoterápico- medicamento obtido emp regando-se exclusiva-


mente matérias-primas vegetais ativas. Deve-se
ressaltar que, na acepção da Anvisa, não se
considera medicamento fitoterápico aquele que
possui, em sua formulação, substâncias ativas
isoladas, de qualquer origem , nem mesmo a
associação destas com extratos vegetais.

Matéria-prima vegetal- planta med icinal fresca, droga vegetal


ou seus derivados.

Derivado de droga vegetal - produto de extração da matéria-


prima vegetal, como extrato, tintura, óleo, cera,
exsudato e suco, entre outros.

Adjuvantes- substâncias de o rigem natural ou sintética


ad icionadas ao medicamento com a finalidade
de prevenir alterações, corrigir e/ou me lhorar as
características organolépticas, biofarmacotécn icas
e tecno lógi cas do medicamento. Podem ser
enquadradas nesta definição as matérias-
primas (insumos) de origem vegetal e sem ação
farmacologica (po r exemplo, o am ido, uti lizado
como excipiente na indústria farmacêutica)
constituind o item farmacopeico e requerendo,
portanto, controle da qualidade à semelhança
dos demais componentes da formulação .
• PARTE Vil - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• 16.2 A REGUlAÇÃO DE fiTOTERÁPICOS NO BRASil

Com o crescimento do uso de produtos obtidos a partir


de plantas medicinais, surgiu também a preocupação com a
regulamentação do setor. A primeira legislação brasileira específica
referente aos fitoterápicos foi estabelecida em 31 de janei ro de 1967, a
Portaria nº. 22, que, embora não apresentasse o detalhamento técn ico
dos instrumentos regulatórios atuais, continha todos os aspectos
essenciais ao registro de fitoterápico - identificação botânica das
espécies vegetais utilizadas, padrão de qualidade e provas de eficácia
e segurança [1 0]. Esse documento foi substituído pela Portaria nº. 06,
de 31 de janeiro de 1995, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS),
que definiu fitoterápicos, estabeleceu prazos para a realização de
estudos de eficácia e toxicidade para os produtos novos e para aqueles
já existentes no mercado, além de exigir provas de reprodutibilidade
e constância da qualidade dos fitoterápicos e definir marcadores
vegetais [11].
Na Resolução de D iretori a Colegiada (RDC) nº. 17 da Anvisa,
de 24 de fevereiro de 2000, foi definida a diferenciação no registro
de medicamento fitoterápico novo e trad icional, apl icando novos
critérios de registro para o medicamento fitote rápico trad icion al
com base em dados de pesqu isas realizadas sobre a planta [12]. Essa
legislação foi posteriormente reformu lada e publicada em 2004 (RDC
nº. 48) [13], complementada com as Resoluções Específicas (RE): RE
88 - Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança e
eficácia de fitoterápicos [14]; RE 89- Lista de registro simplificado de
fitote rápicos [151; RE 90 - Guia para realização dos testes de toxicidade
pré-clínica de fitoterápicos [16]; e RE 91 - Guia para realização de
alte rações, inclusões, notificações e cancelamento pós-registro de
fitoterápicos [1 7].
Atualmente os fitoterápicos igualam-se, nas exigências para o
registro, aos medicamentos convencionais, sintéticos ou não, para os
q uais são exigidas avaliações desde a matéria-prima vegetal, passando
pelos derivados do insumo vegetal, até o produto final.
A RDC n2 . 48 definiu que a produção de fitoterápicos deve
seguir as Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFC) regulamentadas
pela RDC nº. 21 O [18]. Além disso, as empresas devem apresentar
documentação comprobató ria dos testes de autenticidade, pureza
e integridade e das análises qualitativa e quantitativa dos princípios
ativos e/ ou marcadores, quando conhecidos, ou classes de compostos

-• 3ool•
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
químicos característicos da espécie. Também deve apresentar a
documentação pertinente à realização da prospecção fitoquímica ou
do perfil cromatográfico do produto acabado.
A norma que regulamenta a manipulação de fitoterápicos é
a RDC nº. 87 [19], que define as boas práticas de manipulação de
preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias.
A Instrução Normativa (IN) nº. 5 define os fitoterápicos de
registro simplificado, ou seja, aqueles que podem ser registrados sem
a apresentação de dados de eficácia e segurança, e contempla 36
espécies vegetais [20] . A RDC nº. 95 padroniza as bulas de fitoterápicos
obtidos de 13 espécies vegetais da lista de registro simplificado IN
nº.S [21].

16.3 CoNSIDERAÇÕES GERAIS SoBRE CoNTROLE DA QuAliDADE,


BoAs PRÁTICAS E GARANTIA DA QuAliDADE NA PRODUÇÃO
DE MATÉRIAS-PRIMAS VEGETAIS E DE fiTOTERÁPICOS

Plantas medicinais e seus derivados são distribuídos,


basicamente, como matéria- prima para extração de fitofármacos
(pa ra a indústria farmacêutica "convencional") ou para a indústria
de fitoterápicos.
As Boas Práticas de Fabricação (BPF) devem ser implementadas
em toda a cadeia produtiva de fitoterápicos, desde o cultivo da
planta medicinal até a distribuição do produto acabado, devendo ser
incluídas em programas mais abrangentes de Garantia da Qualidade.
Diversos países têm procurado regulamentar a aplicação das BPF para
produtos fitoterápicos, que basicamente seguem as orientações da
Organização Mundial da Saúde (OMS) [22], que têm como objetivo
a garantia da qualidade, eficácia e segurança.
No Brasil, o estabelecimento das BPF na indú stria
farmacêutica segue os parâmetros da Anv isa[18] . As BPF específicas
para a produção de fitoterápicos foram definidas pela OMS [22].
As avaliações devem ser feitas durante todas as etapas do processo,
desde a matéria-prima vegetal, antes do uso na produção (aval iação
da identidade botânica, presença de materiais estranhos e outros),
além das fases intermediárias do processo (aspectos físico-químicos,
avaliação quantitativa do princípio ativo, quando definido, ou de
marcador, nos produtos intermediári os como extratos ou granulados
e outros) e do produto terminado.

• 1301 -
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

•• A qualidade das matérias-primas, adjuvantes de origem


vegetal e de produtos fitoterápicos depende de um grande número
de fatores que envolvem todo o processo produtivo. Assim, a sua
produção deve atender a um conceito muito mais abrangente que
o simples controle da qualidade laboratorial, em que se decide,
no final do processo, se os produtos serão, ou não, liberados e/ ou
aprovados para a utilização. Devem ser considerados também os
parâmetros que interferem em todas as etapas de produção, desde
o plantio até o produto terminado.
Nesse sentido, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) definiu alguns parâmetros para as Boas
Práticas Agrícolas ( BPA) de plantas medicinais, aromáticas e
condimentares [23], como orientação para pequenos agricultores e
produtores à semelhança do Guia para Boas Práticas Agrícolas para
Plantas Medicinais da OMS[24].
Para as espécies que necessariamente devem ser obtidas do
seu habitat natural, o Grupo de Especialistas em Plantas Medicinais
da Comissão de Sobrevivência das Espécies da União Internacional
de Conservação da Natureza definiu padrões para utilização
sustentável de espécies silvestres [25].
As condições do meio ambiente no cultivo atuam sobre
o metabolismo da planta, levando a diferenças qualitativas e
quantitativas dos metabólitos secundários. Tal efeito interfere
diretamente na composição micromolecular da matéria-prima vegetal
e, como consequência, influencia no efeito farmacológico obtido .
Assim, as condições do solo e do clima devem ser consideradas na
seleção das espécies medicinais a serem cultivadas, como a época
do plantio e a necessidade ou não de correção do solo. Igual atenção
deve ser dada à possibilidade de contaminação do solo e da água
para irrigação por metais pesados, agrotóxicos e outras substâncias.
Por isso, o cultivo de espécies para fins medicinais, da mesma forma
que para alimentação, não deve ocorrer próximo a grandes rodovias
ou em solos passíveis de contaminação por resíduos industriais, por
exemplo [24).
As etapas de coleta e secagem também são críticas para a
estabilidade dos princípios ativos e uniformidade da matéria-prima
vegetal. Cada espécie ou variedade apresenta características próprias
das quais depende o teor de princípios ativos apresentado pelo
material coletado. Assim, a observação da fase de desenvolvimento
na qual determinada espécie apresenta maior teor do princípio ativo

- ·3021 •
CONTROLE DE QUALIDADE D E FITOTERÁPI CO S

••
desejado é de suma importância para a qualidade da matéria-prima
vegetal, pois o teor dos princípios ativos pode ser consideravelmente
alterado pelo estágio metabó lico do organismo vegetal.
Durante o beneficiamento, o material vegetal fresco deve ser
separado de qualquer material estranho presente (terra, fragmentos
de outras espécies, insetos etc.), bem como devem ser eliminadas
todas as partes desnecessárias, ou seja, t odos os fragmentos de órgãos
que não fazem parte da droga vegetal. O teor de umidade do material
recém-coletado usualmente é elevado, variando de 60% a 80%,
podendo levar à ocorrê ncia de crescimento microbiano, degradação
dos princípios ativos e decomposição do material vegetal. Dessa
forma , é necessário submeter o material vegetal à secagem, que em
condições adequadas preserva as características organolépticas da
droga vegetal (cor, aroma, sabor). O conteúdo remanescente de água
no material vegetal depende da espécie e da parte da planta que
o compõe. Usualmente, o teor adequado para o armazenamento
encontra-se na faixa de 8% a 12% de água, evitand o a deterioração
do mate rial vegetal [23].
Ass i m como para os demais produtos farmacêuti cos, a
qualidade do material de acondicionamento também deve ser
avali ada e atestada, sendo imprescindíve l para a garanti a da
estabilidade dos componentes. A embalagem vai depender das
características da droga vegetal, da quantidade do materia l a ser
embalado, do t ransporte a ser utilizado e mesmo das exigências do
com prador.
O armazenamento e o transporte devem ser adequados
para manter a eficácia e segurança do medicamento. Quanto ao
armazenamento, as boas práticas devem ser seguidas à semelhança
do armazenamento de qualquer insumo farmacêutico. Geralmente, o
material vegetal deve ser armazenado pelo menor tempo necessário.
Contudo, o tempo de armazenamento também depende da
natureza da droga vegetal. No caso de material vegetal contendo
compostos ant racênicos, por exemplo, Rhamnus purshiana (cáscara
sagrada), antes da utilização deve ser armazenado por um ano ou
ser submetido a envelhecimento artificial, utilizando calor e aeração,
pa ra eliminar antronas livres, que são tóxicas [26].

• 1303 -
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• 16.4 CoNTROLE DA QuAU DADEDE DE MATÉRIAS - PRIMAS VEGETAIS


E PRODUTOS fiTOTERÁPICOS

o controle da qualidade destes produtos diversas metodologias


analíticas são empregadas para obter informações sobre os aspectos
botânico, químico, físico-químico, biológico (não abordado neste capítulo)
e microbiológico, sendo aplicadas à análise de matérias-primas ativas e
inativas (adjuvantes), além dos materiais de acondicionamento, bem como
do produto em processo ou terminado. A validação dos métodos analíticos
empregados na avaliação de qualidade é indispensável e colabora com as
Boas Práticas de Fabricação, integrando os procedimentos relacionados
com a Garantia de Qualidade [27] .
Uma vez selecionados, os parâmetros de análise, em função do
produto e de suas peculiaridades, são adotados e monitorados por meio
de especificações relativas ao nível de qualidade desejável, geralmente
encontradas em compêndios como farmacopeias, livros e periódicos
especializados. Em geral, os requisitos ou parâmetros analíticos visam
avaliar:
a) a pureza das matérias-primas v egetais (drogas vegetais,
extratos e outros) e dos produtos fitoterápicos, incluindo a
determinação de contagem microbiana, resfduos de solventes,
resfduos de pesticidas etc;

b) o teor de princfpios ativos;

c) a uniformidade dos materiais e fo rmulações;

d) a estabilidade de matérias-primas, do produto terminado e dos


pri ncfpios ativos.

Os resultados das avaliações são registrados em protocolos


ou fichas próprios de cada etapa de produção. Posteriormente,
o confronto dos resu ltados da análise com as especificações da
literat ura científica permite um melhor gerenciamento do processo
produtivo, oferecendo a possibilidade de efetuar as adequações e
correções necessárias ainda em processo e assegurar a qualidade
do produto terminado. Os protocolos de análise fazem parte da
documentação que integra as Boas Práticas de Fabricação.

16.4.1 Amostragem

Tanto para insumos farmacêuticos quanto para produtos

-· 3041 •
CONTROLE DE QUALI DAD E DE FITOTERÁPICOS

•••
acabados, a amostragem de matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos é fundamental na obtenção de resultados de análise
fidedignos. Essa operação deve garantir a representativ idade da
tomada de ensaio em relação ao material como um todo, havendo
algumas diretrizes a serem seguidas para que isto seja possível.
O material vegetal usualmente constitui-se de uma mistura de
plantas individuais e/ ou diferentes partes da mesma planta, o que faz
com que seja de natureza heterogênea. Assim, a amostragem deve
ser cond uzida com cuidado especial e por pessoal qualificado.
Todo material vegetal deve ser mantido em quarentena,
estocado em condições apropriadas. Se a amostragem for rea lizada
na área de estocagem, deve ser conduzida de forma a prevenir a
contaminação do material. No momento da amostragem devem
ser observadas a correta rotu lagem, a presença de adulterantes e a
amostra para retenção.
Inicialmente, é feita a inspeção das condições de embalagem
e dos rótulos. Se for constatada qualquer abertura, a conservação
possivelmente estará comprometida, devendo-se realizar a
amostragem das embalagens íntegras em separado. No caso de
drogas vegetais, tendo em vista a falta de homogeneidade, certos
cuidados devem ser tomados no momento da amostragem.
Ao abrir as embalagens se lecionadas o conteúdo deve ser
submetido à inspeção quanto a:

• características organolépticas (cor, textura, odor etc);

• formas de apresentação (i n natura, rasurado, pulverizado,


em fardos etc);

• presença de material estranh o (areia, pedaços de vidro,


terra, partes de outras espéc ies), fu ngos, o u sinais d e
decomposição;
• presença de insetos, inteiros ou fragmentad os.

No dimensionamento da amostra para análise geralmente são


considerados o número de embalagens, o grau de divisão da matéria-
prima e a quantidade total de material. Segundo a Farmacopeia
Brasileira IV, uma vez constatada a uniformidade do material , o ·
número de embalagens amostradas deve seguir o esquema da Tabela
23, com base no número total de embalagens d isponíveis [28]

• JJos liHII
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• Tabela 23: Número de embalagens a serem amestradas em função do número total de


embalagens, segundo a Farmacopeia Brasileira IV [281.

Nú m ero de embalagens a serem


Núm ero total de embalagens amostra<fas
1a10 1a3
10a2.5 3a5
2.5 a 50 4 a 6
50 a 7.5 6a 8
75 a 100 8 a 1O
Mais de 100 5% do total (mfnimo = 1 0)

As recomendações da OMS são muito semelhantes àquelas


descritas na Farmacopeia Brasileira: quando o lote consistir de até
cinco volumes, deve ser tomada amostra de cada um dos volumes;
para lotes contendo de seis a 50 unidades, a amostra deve ser tomada
de cinco dos volumes; e para lotes com mais de 50 volu mes a amostra
deve ser de 1O%, correspondente à dezena su perior. Por exemplo,
um lote contendo 53 unidades (pacotes) deverá ser amostrado como
se fossem 60 un idades, isto é, as amostras devem ser tomadas de
seis pacotes[29] .
Quando o material vegetal for constituído de fragmentos
de dimensões menores que 1 em ou pulverizadas, a Farmacopeia
Brasileira IV [28] recomenda o uso de aparelho próprio para a
amostragem, constituído de um tubo especial. O material é recolhido
na direção vertical, nos dois sentidos e na horizontal, e para cada
1OOkg a amostra obtida deve ser de, no mínimo, 250g. Para lotes
maiores que 1OOkg a quantidade é a mesma, entretanto, deve-se
realizar a seleção posterior pelo método do quarteamento.
Para material vegeta l constituído de fragmentos maiores que
1em a amostragem deve ser manual: amost ras retiradas de diferentes
embalagens são reunidas para a obtenção de tomada de ensaio final
de 500g, quando o lote for menor que 1OOkg. Para quantidade
superior a 1 OOkg, como no caso anterior, a seleção pelo método de
quarteamento deve sucede r a amostragem.
Para quantidades inferiores a 1 Okg, independente das
dimensões dos fragmentos, a amostra para análise poderá ser menor,
porém, não inferior a 125g.
A técnica de quarteamento consiste na d i stribui ção
homogênea do material a ser amostrado sobre uma área quadrada
dividida em quatro partes (Esquema 1 ), retirando-se o material que

- - 3061•
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
se e ncontrar em quadrados opostos. Em seguida, caso haja pouca
homogeneidade no tamanho dos fragmentos, o conteúdo dos dois
quadrados restantes deve ser reunido e a operação repetida.
Esquema 1: Técnica de quarteamento para amostragem de mais de l OOkg de material vegetal,

segundo a Farmacopeia Brasilei ra IV [28).).

fl'lg:T.tntol
EMBALAGENS 1 em ou > tem

• 1307- ·
• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• Outros procedimentos de amostragem encontram-se descritos,


com algumas variações, em compêndios de diversos países. Uma vez
efetuada a amostragem, realiza-se a inspeção da qualidade botânica,
visando a assegurar a identidade das matérias-primas vegetais antes
de iniciar o processamento ou de efetuar as análises químicas e
físico -químicas.

16.4.2 Análise macroscópica e microscópica (análise


farmacobotân ica)

As matérias-primas vegetais são vendidas, frequentemente,


na fo rma rasurada ou pulverizada, o que limita a execução da análise
macroscópica. Entretanto, em materiais mais íntegros, são avaliados
itens como forma, dimensões, superfície, fratura e consistência durante
a minuciosa tarefa de identificação botânica. A comparação entre
as características da amostra e a descrição da literatura permite sua
autenticação. Os caracteres organolépticos igualmente colaboram
nesse sentido. Algumas drogas vegetais apresentam particularidades
importantes para a sua identificação, como o odor das fo lhas de boldo-
do-Chile ou o sabor dos frutos do anis, por exemplo.
A análise macroscópica permite, ainda, verificar indícios de
contaminação e de deterioração, como o desenvolvimento de bolores
ou a ocorrência de perfurações no material, entre outros.
A utilização de caracteres microscópicos na identificação baseia-
se, principalmente, na constatação da existência de determinados tipos
celulares e na sequência de tecidos encontrados em um determinado
órgão e no táxon vegetal a que pertence. Para o controle são utilizadas as
monografias farmacopeicas ou a literatura especializada que apresentam
ilustrações das estruturas anatômicas características. Mesmo quando
a droga vegetal se apresenta na forma rasurada ou pu lverizada a
avaliação microscópica fornece importantes dados para a identificação.
Contudo, no material pulverizado, a análise farmacobotânica poderá
ser comprometida se houver mistura de pós de mesmo órgão vegetal.
A comparação dos caracteres anatômicos do material analisado
com imagens de banco de dados é uma ferramenta útil no controle
farmacobotânico.
Para anál ise da morfologia do material vegetal são utilizadas as
técnicas clássicas para o estudo de anatomia vegetal, para as quais se faz
necessária a obtenção de secções da droga vegetal. Se a d roga vegetal

-·Joal •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
estiver seca, há necessidade de hidratação prévia. Após a obtenção
dos cortes histológicos, estes são submetidos a técnicas usuais de
clareamento e coloração, descritas em compêndios oficiais ou literatura
especializada. A observação das estruturas anatômicas características é
realizada com o auxílio de microscopia.
Para algumas drogas vegetais, as técnicas histoquímicas são
úteis para a detecção de compostos característicos (alcaloides, grãos de
amido, óleo essencial, cristais de oxalato de cálcio etc). A utilização do
reagente adequado permite detectar determinados tecidos. Essa técnica
é particularmente útil quando o material encontra-se pu lverizado.

16.4.3 Controle físico - químico de qualidade de


matérias-primas vegetais e produtos
fitoterápicos

Após a análise botânica da matéria-prima vegetal devem


ser efetuadas análises referentes ao controle de parâmetros físicos,
físico-químicos e químicos. Tais análises são aplicáve is também
no controle em processo e no produto acabado. Exceto quando a
monografia contemple ensaios específicos, compreendem ensaios
de pureza, seguidos por procedimentos analíticos relacionados com
as características peculiares às drogas vegetais.
A seguir, são apresentadas algumas das principais análises,
sua finalidade e, em linhas gerais, como são conduzidas.

16.4.3.1 Ensaios de pureza

Determinação do conteúdo de material estranho

É considerado material estranho qualquer parte da planta


medicinal que não esteja compreendida na descrição da droga
vegetal ou na monografia correspondente, partes de outras espécies
vegetais, resíduos de natureza mineral (terra, areia, pedra etc),
fragmentos de insetos, fungos etc.
Geralmente esse ensaio é aplicado às maté ri as-primas
vegetais, como as drogas vegetais a serem comercializadas in natura
ou a serem processadas para a obtenção de extratos e de ou t ras
formas farmacêuticas. Para essa análise, a Farmacopeia Brasi leira
IV apresenta algumas recomendações quanto à amostra, cuja
quantidade (50, 250 e 500 g) é estabelecida em função do órgão

• 1309 tãi"iiili
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

•• vegetal considerado e do tamanho dos fragmentos ou partículas,


para aqueles materiais fracionados [28].
Basi camente, a técnica consiste em dispor o material
amostrado sobre superfície plana para que seja feito um exame visual
e a separação do material pela técnica de quarteamento (Esquema 1 ),
retirados os fragmentos e resíduos estranhos e calculado o percentual
de elementos estranhos em relação ao total, em massa.
Algumas monografias farmacopeicas estabelecem os limites
de tolerância para a presença de materiais estranhos. Esse limite
depende da natureza da droga vegetal, variando, usualmente entre
2% e 5%. Quando não há especificação em monografia, o material
estranho deve ser ausente.
Na Farmacopeia Brasi leira IV [28], o máximo permitido para
o conteúdo de materia l estranho, em cente la (Centella asiatica (L .)
Urban - folhas), anis-doce (Pimpinella anisum (L.) - frutos), genciana
(Centiana lutea (L .) - rizomas e raízes), ipecacuanha (Cephaelis
ipecacuanha (Brot.) A. Rich. - raiz) e badiana (11/icium veru m H ook.
f. frutos) é de 2%. Na droga vegetal constituída de folhas de malva
(Ma/va sylvestris L.) não deve haver mais do que 5% de talos e de
outras partes do vegetal; para outros materiais estranhos, o lim ite
é 3%. A monografia de folhas da beladona (Atropa belladona L.)
define que não deve haver mais que 3% de fragmentos de caule
com diâmetro superior a Smm, e que não podem estar presentes
fragmentos de Phytolacca americana L. e de Ailanthus altíssima
Swingle.

Determinação de umidade e de substâncias voláteis

A quantificação do teor umidade nas drogas vegetais e demais


matérias- primas vegetais, como extratos e produtos fitoterápicos, é
um fator determinante para a sua conservação. O excesso de água
pode favorecer o desenvolvimento de micro-organismos, insetos,
dete ri orização do material vegetal e hidrólise de princípios ativos.
O teor de umidade aceitável recomendado pela Farmacopeia
Brasileira IV [28] para drogas vegetais situa-se entre de 6% e 16%
de umidade, podendo ser determinado pelos métodos gravimétrico
(perda por dessecação), azeotrópico ou volumétrico (M étod o de Karl
Fischer). A amostra geralmente consiste em 2-Sg do material vegeta l,
exceto quando há outra especificação na monografia.
O t este de perda por dessecação, ou método gravimétrico,
determina tant o o teor de água quanto outros compostos voláteis
••
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

presentes na droga vegetal. Para amostras com baixo teor em voláteis e


estáveis o teste pode ser desenvolvido em estufa calibrada o u balança
de perda por dessecação por aquecimento por raios infravermelhos,
com aquecimento em temperatura entre 100°C e 1 05°C. Para material
vegetal con tendo óleos essenciais ou term olábil a temperaturas
elevadas, é utilizado dessecador contendo pentóxido de sódio o u outra
substância higroscópica, de preferência sob vácuo [29]. Exceto quando
ocorre especificação na monografia, o final do teste é definido quand o
duas pesagens consecutivas não diferem ent re si por mais que Smg.
O método azeo trópico fo rn ece uma med id a d ireta da
um id ade presente no material analisado. Q uando a amostra é
submet ida à desti lação com um solvente imiscível, por exemplo,
tolueno R ou xi leno R, a água é arrastada com o solvente orgânico.
Quando ocorre a condensação da mistura azeotrópica e ao atingir
a superfície fria do frasco receptor, os dois solventes separam-se. É
recomendável que o solvente seja saturado com água antes do teste.
Se for utilizado anidro, a mistura azeotrópica torna-se mais difícil de
ser separada, fornecendo assim um resultado não confiável[29].
O método volumétrico, ou Karl Fischer, baseia-se na reação
estequiométrica da água livre presente na amostra vegetal com o
iodo presente no reagente de Karl Fischer (mistura de dióxido de
enxofre, iodo, pirid ina e metanol).
A Farmacopeia Brasileira IV [28] indi ca, para dive rsas
drogas vegetais, o teor máximo de umidade tolerado. Por exemplo,
rizomas e raízes de hidraste (Hydrastis canadensis L.), 1 O% e 16%,
respectivamente; folhas de malva (M. sylvestris L.), 6%; fo lhas de
centela (C. asiatica (L .) Urban), 12%; cascas de cau le da cáscara-
sagrada (Rhamnus purshiana DC.), 6%.

Determinação do conteúdo de cinzas

Essa avaliação tem como objetivo determ inar a porcentagem


de compostos inorgânicos, oriundos de impurezas o u não, presentes
em uma amostra vegetal. O conteúd o de cinzas pode ser expresso
como teor de cinzas totais; resíd uo não volátil , obti do após a
incineração completa da amostra, é in dicativo da presença de
carbonatos, fosfatos, sulfatos e cloretos. Pode não indicar o conteúdo
em compostos inorgânicos totais presentes na amostra, pois alguns
sais podem sofrer redução e vo latilização no processo; teor de
cinzas sulfatadas, que compreende o resíduo não volátil obtido
após a incineração completa de uma amostra tratad a previamente
com ácido sulfú ri co diluído, indi ca a presença de determin ados sais
• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

rm•
alcalinos que, durante o processo de incineração, podem reter parte
do dióxido de carbono produzido; e o teor de cinzas insolúveis em
ácido clorídrico, obtido após o tratamento do resíduo de cinzas totais
ou cinzas sulfatadas com solução de ácido clorídrico (geralmente,
1O% p/p), indica a presença de silicatos, oriundos, geralmente da
contaminação por terra e pedras.
Outro método útil é a determinação de cinzas solúveis em
água, indicativo da presença de material alcalino. As cinzas obtidas no
ensaio de cinzas totais ou cinzas sulfatadas são adicionadas de água,
filtradas, e a diferença em peso entre a fração insolúvel em água, após
dessecada, e as cinzas obtidas no ensaio anterior é calculada [29].

Determinação do conteúdo de resíduos de pesticidas e


agrotóxicos
Substâncias tóxicas persistentes (STP) podem ser definidas
como substâncias que permanecem na natureza, quer na sua forma
original, quer na forma de substâncias originadas de sua decomposição,
causando efeitos deletérios- por exemplo, compostos halo-o rgânicos,
tais como hidrocarbonetos aromáticos clorados, pouco solúveis em
água e que se mantêm estáveis sob a luz do sol, umidade, ar e calor
[8]. Como exemplo podem ser citados DDT (diclorofeniltricloroetano),
BHC (nomenclatura imprópria para o hexaclorobenzeno, conhecido
como pó-de-broca) e outros, de uso proibido em diversos países, mas
que no Brasi l ainda são utilizados para determinados fins [30].
Embora aind a não haja orientação para a realização
dessa anál ise de pureza na legislação brasileira, outros países já
estabeleceram li mites de tolerância para o teor dessas substâncias em
plantas medicinais. Esses resíduos podem ser originados do processo
de cu ltivo, pelo uso de pesticidas ou agrotóxicos, área de cultivo
contaminada, água contaminada, ou de armazenamento.
Alguns autores consideram que o teor remanescente desses
aditivos na forma extrativa é reduzido em comparação à droga vegetal
de origem. Contudo, a contaminação humana por STP é um grande
problema de Saúde Pública no Brasil. A OMS alerta para a necessidade
de regu lamentação desses li mites, à semelhança do que se prati ca
para os alimentos, tendo em vista a possibilidade de uso continuado
de drogas vegetais e produtos fitoterápicos.
Segundo esta recomendação, caso os limites para resíduos em
material vegetal não sejam estabelecidos pode ser utilizada a fórmula da FAO
e da OMS, adaptada, para determinar o consumo diário aceitável [8].
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
MCDAx Ex 70
N A R = - - - -- -
CDPM x 100

Onde:
NAR: níveis aceitáveis de resíduos (em mg de STP por Kg do material
vegetal pesquisado).
MCDA: máximo de consumo diário aceitável (em mg de STP por
peso corporal).
E: fator de extração (taxa de transferência da STP da planta medicinal
para a forma farmacêutica, que é determinada experimentalmente).
70: peso médio corporal (em Kg).
CDPM: consumo diário médio (em Kg) de plantas medicinais.
100: fator de consume, que reflete a condição de que não mais que
1 % do resíduo total de STP consumido seja oriundo da droga vegetal.

Na avaliação de resíduos de STP diversas técnicas são


empregadas, concentrando-se, principalmente, na determinação de
organoclorados e organofosforados, por causa do seu longo tempo de
ação residual. Utilizam, geralmente, as cromatografias em coluna e a
gás; entretanto, em certos casos, quando há risco de decomposição
durante essas análises, outras técnicas são recomendadas. Caso seja
desconhecido o histórico acerca da produção das plantas medicinais,
e considerando a grande d iversidade de composição desses produtos,
é desejável a realização da pesquisa por grupo de compostos. Desta
forma, por exemplo, as pesquisas genéricas de cloretos e de fósforo
permitirão detectar contaminações por pesticidas organoclorados
e organofosforados, à semelhança da determinação de arsênico e
chumbo, para os pesticidas que os contenham.

Ensaios-li mite para arsênio e metais pesados

A contaminação de material vegetal - consequentemente,


do derivado vegetal - por arsênio e metais pesados origina-se da
contaminação por STP e da poluição ambiental. A literatura científica
mundial mostra que este tipo de contaminação é frequente e pode
alcançar altos índices, representando grave problema de saúde
pública [31, 32].
A determinação de metais pesados e arsênio está prevista na
legislação brasileira [9) e na Farmacopeia Brasileira IV, que também
inclui cádmio, se m a indicação específica para drogas vegetais.
A determinação dos primeiros é fundamentada, exclusivamente,
••
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

no ensaio-limite para chumbo. Além do arsênio, a OMS [22, 29]


preconiza a determinação de chumbo e de cádmio em plantas
medicinais.
Para tal determinação são preconizados testes quantitativos e
testes-limite. Contudo, para melhor garantir a qualidade e segurança
devem ser utilizados os testes mais precisos e atuais, desde que sejam
validados para material vegetal e seus derivados.
Em geral, se a contaminação usualmente encontrada em
determinado material vegetal é desconhecida, é aconselhável que
essa determinação seja realizada qualitativa e quantitativamente em
vários lotes do material de vários fornecedores, de forma que sejam
estabelecidos os limites.
O teste para a presença de traços de arsênio na matéria-
prima vegetal é realizado com base na conversão de arsênio em
arsina (AsH), no ensaio- limite descrito na Farmacopeia Brasilei ra
IV. Posteriormente, a arsina é determinada visua lmente ou por
espectrofotometria.
Para a determinação quantitativa de chumbo e cádmio há
indicação do uso de voltametria inversa ou de espectrofotometria
de absorção atômica.

Presença de micotoxinas

Apesar dessa determinação não ser exigida pela legislação


brasileira (a Resolução nQ 34, de 1976, fixou em 30ppb o limite
máximo de aflatoxinas para alimentos, calculado pela soma dos
conteúdos das aflatoxinas B1 e G1 ) [33], a presença de micotoxinas
no material vegetal pode representar tanto riscos agudos quanto
crônicos à saúde humana e animal. Micotoxinas, geralmente, são
compostos oriundos do metabolismo secundário de fungos, não
voláteis, com peso molecular relativamente baixo. Os quatro grupos
pri ncipais são aflatoxinas, ocratoxinas, fumoni sinas e tricotecenos.
A contaminação pode ocorrer tanto na fase de cultivo quanto
no armazenamento. As micotoxinas mais comumente encontradas
em material vegetal são as produzidas por espécies de Aspergi/Jus,
Fusarium e Penicillium [8, 29] . Essas micotoxinas podem estar
presentes no material vegetal mesmo que o microrganismo que as
produziram não seja detectado.
Para a determinação de micotoxinas emprega-se, usualmente,
a cromatografia.

- ·3141 •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
D etermina ção q ual i tativa e q uanti t ativa d os con stitui ntes
químicos característicos

A verificação da presença e do teor dos princípios ativos


é parte essencial do controle da qualidade de fitoterápicos, uma
vez que deles dependem a atividade fa rmacológica. Quando os
princípios ati vos não são definidos, as análises baseiam-se na
detecção marcadores químicos característicos das espécies. Com o
desenvolvimento dos métodos analíticos fica mais fácil a det ecção
e quantificação dessas substâncias. Contudo, no que se refe re aos
fitoterápicos, devido à complexidade qu ímica ca racterística do
material vegetal, da droga e do produto acabado, muitas vezes o
controle da qualidade mostra-se um trabalho árduo.
A detecção da presença das subst âncias q uím icas no material
vegetal pode ser efetuada por meio de testes químicos qualitativos
e da análise do perfil cromatográfico. In i cialmente serão abordados
alguns ensaios característicos de drogas vegetais e seus derivados.
O perfil cromatográfico é uma ferramenta útil não só para
a detecção dos marcadores químicos, mas também de compostos
oriundos de contaminações; pode ainda tornar evidente o fato de o
material vegetal não ter sido coletado na época adeq uada etc.

Avaliação de parâmetros peculiares

Certas características presentes em algumas drogas vegetais


podem ser expressas por porcentagem ou índices, constituindo
parâmetros complementares à avaliação da qual i dade, e os
ensaios para a sua determinação são preconizados nas monografias
farmacopeicas.
São enumeradas, a seguir, algumas características aval iadas
por esses ensaios.
a) Óleo essencial : óleos esse nciais são caracterizados por
seu odor e por serem voláteis à temperat ura ambiente. Entre as 36
espécies vegetais das quais há monografia até o quinto fascículo da
Farmacopeia Brasileira IV [28], essa análise é recomendada para
dezesseis delas (44,4%), pertencentes a oito famílias: A piaceae (3/4),
Asteraceae (3), Lauraceae (1 ), Magnoliaceae (1 ), Monimiaceae (1 ),
Myrtaceae (4 ), Poaceae (1), Valerianaceae (1) (Quadro 19).
Quimicamente, são misturas extremamente complexas de
monoterpenos, sesquiterpenos, hidrocarbonetos aromáticos e seus
derivados. Para determinar o volu me de óleo essencial presente

• 1315- ·
• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

•• no material vegetal, este é submetido à hidrodestilação, utilizando


um aparato que permita a coleta do destilado em um recipiente
graduado. Quand o a amostra analisada apresenta densidade próxima
ou maior que a água, o que dificulta a análise, um solvente orgânico
de menor densidade pode ser adicionado um volume conhecido do
destilado, de forma a facilitar a separação do óleo da água.
Considerando a complexidade química característica dos
óleos essenciais, a utilização da cromatografia gasosa (CG) ou a
cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) é
recomendada para a determinação qualitativa do óleo essencial, que é
altamente susceptfvel a alterações em sua composição química e pode
apresentar diferenças significativas, dependendo da época da coleta
do material vegetal, período do dia no qual a coleta foi realizada,
forma de secagem do material vegetal, armazename nto etc.
Como exemplo pode ser citado o coentro (Coriandrum
sativum L. - Apiaceae), cuja monografia encontra-se no Fascículo
4 da Farmacopeia Brasileira IV [28]. Além do doseamento do óleo
essencial (os frutos de C. sativum não devem conter menos que 0,6%
de óleo essencial), também deve ser determinado o conteúdo em
linalol (o óleo essencial de coentro deve conter no m ínimo 60% de
linalol). Para essa determinação, a monografia do coentro preconiza
a realização de cromatografia gasosa.
Das espécies de Apiaceae citadas, a centela (C.asiatica (L.)
Urban ) é a única para qual o doseamento de óleo essencial não é
preconizado, tendo em vista a determinação de asiaticosídeo, um
dos componentes ativos.
b) Taninos: são substâncias complexas, usualmente misturas
de compostos polifenólicos, dificil mente passíveis de cristalização e
mesmo de separação. Quando em soluções são facilmente oxidáveis
e sofrem reações de polimerização. Essa classe de substância
apresenta a propriedade de adstringência, ou seja, são compostos
capazes de se ligar a proteínas, formando precipitados insolúveis em
água e resistentes à ação de enzimas proteolíticas. Tal propriedade
é uti lizada na determinação do teor de taninos (complexação com
pó de pele) [29] .
A análise qualitativa é realizada por ensaios químicos
por meio dos quais observa-se a formação de precipitados e/ ou
complexos coloridos. O doseamento, por sua vez, pode ser realizado
por gravimetria, util izando a técnica da complexação com pó de
pele, ou por método colori métrico, utilizando reagentes que formam

-· 3161 •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
complexos corados com taninos.
Entre o total de monografias de drogas vegetais presentes
na Farmacopeia Brasileira IV [28], nove (25%) apresentam esses
componentes em sua composição, conforme o Quadro 19.
c) Substâncias amargas (índice de amargor) : plantas
medicinais que contenham substâncias amargas são geralmente
aperientes, por apresentarem ação estimulante sobre as secreções do
trato gastrintestinal. Substâncias amargas podem ser caracterizadas
quimicamente. Contudo, o sabor amargo do material vegetal é
usua lmente devido à presença de mais de um prin cipio ativo.
Dessa forma, o índice de amargor é determinado em relação a uma
substância de referência por um método sensorial e ca lcu lado em
equivale ntes da substância de referência.
Para a determinação desse índice devem ser preparadas
di luições seriadas a partir de uma solução de cloridrato de quinina
a 0,01 %. Uma série de diluições também é preparada para a amostra
a ser avaliada, conforme preconizado na monografi a. O indivíduo
deverá provar 1Oml de cada sol ução, começando da mais diluída.
O índice de amargor será calculado conforme a equação:
Onde :

2000c
IA=
ab
IA = índice de amargor em unidades/ grama
a = quantidade de material a ser testado em mg!ml
b = volume da solução teste em 1 Oml da maior diluição que
promoveu a sensação de amargor
c = quantidade da substância de referência, em mg! 1 Oml na
maior diluição que promoveu a sensação de amargor equ ivalente àq uela
promovida pela amostra.

Na Farmacopeia Brasileira IV [28) tal quantificação co nsta da


monografia da carq ueja (Baccharis trimera (Less.) DC.) (Q uadro 19).
d) Índice de espuma: muitas espécies medicinais contêm
saponinas e apresentam a propriedade de formar espuma
persistente quando um extrato aquoso é agitado vigorosamente.
Essa propriedade é então uti lizada para a determinação indireta da
presença de saponinas. A Farmacopeia Brasileira IV [28) preconiza
esse teste para duas espécies: Bacharis trimera (Less.) DC.) e Centella
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

•• asiatica (L.) Urban (Quadro 19).


Para esse ensaio, 1g exatamente pesado do material vegetal
pulverizado é adicionado a 1 OOml de água e aquecido à fervura por
30 minutos. Após o arrefecimento e filtração, o volume do decocto
é completad o até 1 OOml. Diluições sucessivas são preparadas a
partir dessa solução e vertidas em tubos de ensaio com tampa. Os
tubos são agitados vigorosamente por 15 segundos, mantidos em
repouso por 15 minutos e observados para medir a altura da espuma
persistente. A maior diluição na qua l a altura da espuma for igual
ou maior que 1 em será utilizada para cálculo.
Assim, o índice de espuma é calculado conforme a
equação:
Onde:
1000
IE =
a
IE = índice de espuma
a = volume, em ml, do decocto utilizado para a preparação das
diluições.

e) Índice de intumescência (índice de intumescimento):


o intumescimento em drogas vegeta is está geralmente relacionado
à presença de gomas, mucilagens, pectina ou hemicelulose. A
avaliação indireta da presença dessas substâncias pode ser realizada
pela medida do aumento do volume em ml do material vegetal
pulverizado quando em co ntato co m água. Para a malva (Ma/va
sylvestris L.L rica em mucilagem constituída de ácido D-galacturônico
e 0-galactose, o teor de intumescimento recomendado, para que
esteja em conformidade com a Farmacopeia Brasileira IV, é de 6%
a 8% [28](Quadro 19).

- - 3181 •
CONTR O LE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICO S

•••
Q uadro 19: Parâmetros utilizados na determinação de índices característicos em drogas vegetais
segundo preconizado na 4a edição da Farmacopeia Brasi liei ra [28 ).
Ieor
Índice lndi- lndice
míni· Teor
de ce de de
Parte moem míni-
Monografia Espécie vegetal am ar- espu- entu- Ano
usada óleo moem
gor ma mesci-
volátil taninos
(IA) (I E) menta
%
Pimpinel/a anisum
Anis-doce
L. (.>,piaceae) fruto 2 2000
1/icium \<erom
Badiana Hook.f. íruto 5 2000
(Magnoliaceae)
S!ryphnodendron
adstringensí.~arL)
casca de
Barbatimâo Coville 8 2002
(Lesuminosae- caule
M1mosoidae
Peumus boldus
Boldo Vlol.l Lyons folha 1 ,5 1996
(Mo nimiaccae)
Canela-do- Qnnamomum casca de
••rum j.S. Presl. 1,2 2000
ceiU.o (lauraceae caule

Matricaria recutita L inflares- 0,4


Camomila 1996
~steraceae) cência
Capim- C~mbopo~n
cirratusi (DC. Stapf. folha 0,5 2003
limão (Poaccae)
Baccharjs trimera caule
Carqueja (less.) DC. 0,3 31,3' ~220' 2002
(Asteraceae) alado
Centel/a asiatica
Centela (l.)Urban i olha :S:1002 2000
(Apiaceae:
Coriandrum sativum fruto 0,4 2002
Coentro
L. (Apiaceae)
Syzyg1um botão
Cravo-da· aromaticum (l. 15,0 2002
lndia
~~r.~:ee;;r floral

E~pinheira- Maytenus Uicifolia


Mart. ex Reinek folha 2,0 2002
santa (Celastraceae\
Eucalipto fl~cb;á:Ot~s~~:~~) folha 0,8 1996
Foeniculum vulgare 1,5
Funcho \1iller {Apiaceae} fruto 2000
~ntiana lut~a L. rizoma e
2000
Genciana (Ge'"ltianaceae) rai z

Goiabeira
Psidwm guajaval. i olha 0,2 5,5 2002
cMymceae)
Paullinia
Guaraná cupana Kunth semente 4,0 2003
Saoindaceae)
Hamamelis
Hamamclis virgmiana L. fol ha 7 1996
(Hamam elidaceael
Ach>·rcxflne sumidade
Vtacela sawreoides1Lam.) 0,4 2001
DC. Asteraceae) norida
Malva sil~scris L.
Malva .'Aa.vaceae 1
iolha 6-8' 2000

~oz-de- Cola nitida


(Vent.) A. Che\. cotilédone 0,5 1,7 2001
cola Sterculiaceae)
Eugenia unir7ora L. 4,0 2003
Pitangueira i olha
Vlyrtaceae)
"'= valor para diluição de 1 O' comparado à brucina (di I: 3,2 x 1o•); (>>·valor, sob as condições
de análise segundo a monografia correspondente; (" = teor de mucilagem recomendado (ácido
0-galacturônico e 0-galactose.

• 1319- ·
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

•• 16.4.3.2 Avaliação qualitativa e quantitativa de princípios


ativos, classe de componentes ou marcadores

Con si derando-se que, os materiais de origem vegetal


apresentam alta complexidade em sua composição, a utilização de
métodos químicos e cromatográficos tanto na análise qualitativa,
quanto no doseamento de princípios ati vos ou metabólitos
secundários, quer seja do insumo vegetal, derivados ou do produto
fitoterápico final é de grande importância. Porém, é praticamente
impossível ga rantir a qualidade no que se refere a t odos os
constituintes de um material vegetal; na maioria dos casos, um
grande espectro de componentes químicos presentes é ainda
desconhecido ou analiticamente indetectável.
A reprodutibilidade e a qualidade são definidas por meio
de uma substância ou grupo de substâncias que, de acordo com o
estágio do conh ecimento científico atual, são relevantes sob o ponto
de vista farmacêutico, farmacológico ou toxi cológico [3 4] . Caso o
princípio ativo não seja definido, é feita a quantificação do grupo
de com postos representativos da droga vegetal, ou de compostos
característicos daquele material vegetal, denominados marcadores,
que não são, necessariamente, as substâncias responsáveis pela
atividade.

Métodos químicos

Os métodos químicos foram os mais utilizados, no passado,


como principal ferramenta de análise em fitoquímica. Muitos
deles baseiam-se em testes clássicos, referentes às reações entre
classes químicas dos compostos presentes no material vegetal
com determinados reativos, levando à formação de coloração ou
precipitados característ icos. Há testes indicativos para a presença de
flavonoides, ó leos essenciais, alcaloides, saponinas, entre outros.
Sendo testes gerais, apresentam sérios problemas que
inviabilizam sua utilização como método analítico para fins de controle
da qualidade. Entre as maiores deficiências dessas reações estão a
grande ocorrência de resultados fa lso-positivos e a baixa sensibilidade
do método, o que torna necessário utilizar grande quantidade de
material para que sejam extraídos níveis detectáveis do grupo químico
em análise.
Quanto ao aspecto quantitativo, são empregadas usualmente
as técnicas titrimétricas e granulométricas. A Farmacopeia Brasileira
IV preconiza o doseamento dos alcaloides tropânicos de beladona

..- 3201 •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
(Atropa belladona L.), utilizando a titrimetria. O resultado é fornecido
em porcentagem de alcaloides totais, expresso em relação à
hiosciamina [28].
O uso de procedimentos que empregam reações químicas
seguidas de determinação espectrofotométrica é, também, uma das
mais difundidas técnicas existentes para a quantificação de princípios
ativos ou classes de substâncias presentes nas matérias-primas
vegetais. A Farmacopeia Brasileira IV apresenta diversas monografias
de drogas vegetais nas quais este procedimento é preconizado [28] :
determinação de alcaloides fenólicos e não-fenólicos em ipecacuanha
(Cep haelis ipecacuanha (Brot.) A. Ri ch); casca rosídeos e outros
heterosídeos antraquinônicos de cáscara -sagrada (Rhamnus purshiana
DC.), entre outros.
Contudo, esses métodos carecem da robustez, sensibilidade
e acurácia necessárias para uma análise que garanta a real detecção
dos princípios ativos e/ou tóxicos do material vegeta l. Assim, esses
métodos vêm sendo substituídos por novas técnicas que permitem,
de forma rápida e sensível, e utilizando uma pequena quantidade
de amostra, a avaliação qualitativa e quantitativa da composição
química de determinado material vegetal, de extrativos e do produto
acabado.

TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS

O perfi l da composição qu1m1 ca do material vegeta l,


seu deriva do ou do produto acabado, principalmente o perfil
cromatográfi co tem sido aceito internacionalmente co mo um meio
v iável para o controle da qualidade desses produtos. E é uma
ferramenta útil para a obtenção de informações concernentes à
presença ou à ausência de determinados metabólitos ou produtos
de degradação [35].
Por definição, o perfil cromatográfico de um fitoterápico
é, na prática, a descrição cromatográfica de um determinado
extrato contendo alguns componentes quimicamente ca racterísticos
responsáveis pela atividade farmacológica [36]. Considerando que um
derivado vegetal, por exemplo, extrato, bem como o produto acabado
(fitoterápico) são misturas complexas com centenas de diferentes
constituintes (o fitoterápico pode ser, ainda, composto por dois ou
mais extratos), é quase impossível desenvolver um único método
analítico que possibi lite a representação de todas as características
químicas dos constituintes em um mesmo cromatograma. Sob essas
circunstâncias torna-se importante o desenvolvimento de um método
baseado em várias técnicas cromatográficas [37].

• 1321 -·

• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

Em geral, o perfil cromatográfico mú ltiplo é constituído


dos perfis cromatográficos adquiridos por meio de várias técnicas
(métodos analíticos, autenticação, val idação dos métodos analíticos)
e comparação entre os perfis [38] .
Para fitoterápicos e extratos vegetais, grande parte das
agências regu ladoras mundiais recomenda o perfil cromatográfico
para a identificação apropriada do produto.
Nesse sentid o, várias técnicas cromatográficas podem se r
aplicadas para a o btenção do perfil de um extrato ou fitoterápico:
Cromatografia em Camada Delgada (CCD), Cromatografia em
Camada Delgada de Alta Eficiência (CCDAE) Cromatografia Liquida
de A lta Eficiência (CLAE), Cromatografia Gasosa (CGL Eletroforese
Capilar (EC) e o utras. No Quadro 20 estão representados alguns
métodos cromatográficos e se u mecanismo de separação.
As técnicas abordadas nesse capítulo serão detalhadas em
capítulos posteri ores. Qualquer que seja a técnica escolh ida, o
método deve contemplar as atribuições fundamentais de robustez,
li nearidade e se nsibilidade.
Q uadro 20: Principais métodos cromatográficos [39] utilizados no desenvolvimento e controle
da qua lidade de fitoterápicos

Técnica Mecanismo de Separação

CromaLOgrafia líquido.sólido Adsorção

Cromatografia em papel Partição, na maioria das vezes

Cromatografia g.ls-Uquido (CCL) Adsorção. partição

Cromatografia camada delgada (CCD) Ad50rção, na maioria das \ ezes

Cromatografia líquida de alta eíici~nda (CLAE) Adsorção, partição

Cromatografia líquida de altíssima eficiência (CLUE) Adsorçlío, partição

Cromatografia em fluido supercrftico fCFS) Adsorção, partição

Cromatografia liquido-liquido (CLL) Partição

Cromatograiia em contra·corrente (CCC) Partição

Cromatografia de troca iOnica (CTI) Troca iônica

Eletroforese capilar (EC) Carga iônica

Cromatografia de exclusão Tamanho do analito

Cromatografia por Afinidade Afinidade biológica

-·3221 •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
Cromatografia planar

Cromatografia em camada delgada (CCD): a cromatografia


em camada delgada é frequentemente utilizada para a análise de
derivados vegetais e fitoterápicos por sua simplicidade, versatilidade,
rapidez, sensibilidade especffica, ba ixo custo e faci li dade de
operação. Por essa técnica é possível avaliar qualitativamente quer
substâncias puras, quer misturas de componentes, bem como realizar
a análise simultânea de diversas amostras. É um dos métodos mais
utilizados no mundo, descrita na maioria das farmacopeias e demais
compênd ios.
Nem sempre os princípios ativos estão determ in ados e
d isponíveis como padrões. Nos casos em que a identidade do
princípio ativo não é conhecida, é possível a utilizar os chamados
" marcadores", constituídos de um com ponente (marcador simples)
ou de um grupo destes (marcadores múltiplos), correspondendo às
substâncias normalmente encontradas na droga vegetal de referência.
Por exemplo, na identificação das inflorescências de mace la
[Achyrocline satureoides (Lam.) OC.], são quatro as substâncias de
referê ncia empregadas, segundo a Farmacopeia Brasileira IV [28):
quercetina, 3- 0 -metilquercetina, luteolina e áci do cafei co; para a
análise qualitativa por eco, dos cotilédones de sementes de noz-
de-cola [Cola nitida (Vent.) A. Chev.) é utilizada, como referência,
a solução etanólica de cafeína [28).
Quando os marcadores não estiverem determinados, a A nvisa
recomenda que seja avaliada a presença de classes de su bstâncias
características da espécie [17).
A técnica de CCO consiste, basicamente, da aplicação de
soluções de extratos em placas de vid ro, plástico ou alumínio,
recobertas por material inerte (sílica gel, poliamida, celulose,
alumina e outros) previamente definido de acordo com a natureza
da amostra a ser analisada . O cromatograma é obtido pela eluição
da amostra uti lizando o sistema de solvente previamente definido.
Após a eluição, o cromatograma pode ser observado a olho nu
ou sob luz ultravioleta (os comprim entos de onda mais utilizados
são 246 e 365nm). O cromatograma pode ainda ser revelado pela
utilização de reagentes químicos que fornecem manchas de cores
características para as diferentes classes de compostos.
o cromatograma por eco permite :
- a obtenção do perfil cromatográfico do extrato;

• 1323-
• PARTE Vil - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

•• - a comparação de diferentes lotes de derivados vegetais para


comprovar a uniformidade;

-a comp aração com o perfil cromatográfico de um extrato de


referência;
- a caracterização da presença de determinados marcadores
qufmicos por meio da utilização de padrões de referência;

- a comparação com perfis cromatográficos d escri tos na


li teratura.

Cromatografia em camada delgada de alta eficiência


(CCDAE): essa técnica é mais conhecida pela sigla em inglês, HPTLC
(High Performance Thin Layer Chromatography). Baseia-se nos
fundamentos da eco, com a vantagem de fornecer cromatogramas
com melhores separação e reprodutibil idade, pois a fase estacionária
é constituída de partículas de tamanho uniforme, usualm ente Spm
(as partículas dos material utilizado em eco usualmente apresentam
tamanho em torno de 12 J.lm ), o que permite uma eluição mais
homogênea [39].
Nessa técnica pode- se em pre ga r um siste ma de
desenvolvimento c r omatog ráfi co automatizado provido de
densi tô metro, o que perm ite a aval iação sem iqu antitativa de
substâncias presentes, conferindo maior reprodutibilidade e ra pidez
à análise. De forma compl ementar, pode ser acoplado a um sistema
de fotodocumentação, o que permite o registro ágil dos resultados
das análises, recurso útil no contro le em processo.
À semelhança da CCD convencional, a CCD AE tem sid o
utilizada no desenvolvimento e no controle da qualidade de
medicamentos em todo o mundo, inclusive no Brasil, podendo ser
apl icada com eficiência às análises qualitativa e semiquantitativa de
matérias-primas vegetais (extratos e outras) e produtos acabados.
Cromatografia em camada sob pressão (CCP): esta técnica,
mais conheci d a por sua sigla em inglês, OPLC (Over Pressure Layer
Chromatography), consiste na migração forçada do eluente através
da fase estacionária. A CCP é considerada, por alguns autores, um
método híbrido entre a CCD convencional e a CCDAE, incorporando
algumas vantagens de cada técn ica [40] . São utilizadas placas para
eco especialmente preparadas, cobertas por uma lãm ina f lexível
e inerte, sujeita à pressão. A fase móvel é bombeada através da
fase estacio nária, o que elimina a fase de vapo r. Isso faz com que
a sepa ra ção dos co mponentes da mistura analisada ocorra sob
cond ições controladas. A utilização da CCP possibi lita otimizar a

- ·3241 •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
velocidade da fase móvel sem perder a reso lução: a eluição sob
pressão resulta em uma análise substancialmente mais rápida e mais
eficiente que as análise por CCD ou CCDAE [ 41 ].
Outras vantagens podem ser listad as, como a possibil idade de
uti lizar técnicas hifenadas [42, 43) e a obtenção de cromatogramas
em múltipas camadas [44) . Uma possível desvantagem seria a
necessidade de um tempo maior na preparação do experimento
e o custo do aparato necessário. Contudo, o fato de me lhorar a
eficiên cia torna esta técn ica competitiva .
Desenvolv i mento múltip lo automatizado (DMA):
esta técnica exige pequenas quantidades de amostra e é muito
útil na separação de alcaloi des, óleos essenciais e compostos
fenólicos, esteroidais e outros [41, 45, 4 6). Consiste em uma
técnica instrumental para preparar cromatografia em fase norma l,
com gradiente de solvente, empregando placas para CCDAE na
utilização de um módulo de desenvolvimento e uma unidade de
controle microprocessada. A cada eluição a placa é secada antes da
utilização do próx imo eluente. Essa técnica permite que a d ifusão
na placa e a evaporação da fase móvel sejam reduzidas. Como as
sucessivas eluições são processadas em atmosfera de nitrogên io,
também evita a oxidação do material analisado Apresenta alta
resolução e pode ser utilizado para aná lises qua li tativas ou
quantitativas [4 7).

Cromatografia líquida de alta eficiência

A cromatografia líquida de alta eficiênci a (CLAE), em


inglês High Performance Liquid Chromatograph y (HPLC), é uma
das técnicas mais empregadas nos laboratórios de pesquisa e d e
controle da qualidade, sendo importante na rea lização de análises
de cunho qualitativo e quantitativo. A técnica perm ite re alizar a
análise de matrizes não voláteis e de alta massa mo lecu lar. Os
cromatogramas, utilizad os como perfil ou "impressão d i gital ",
podem ser comparados tanto com amost ras autênticas quanto com
subst âncias desconhecidas, perm it indo assim a identificação de
marcadores e/ou a detecção de adulterações.
Cromatografia líquida de ultra-alta pressão (C LUAP):
na cromatografia, a utilização de fase estacionária que apresente
partículas menores que 2f.lm aumenta a eficiênc ia d o método, que
também não diminui com a redução do fluxo [48). O desenvolvimento
de fases estacionárias constituídas de partículas menores, mais

B IJ2s iBII
• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• uniformes e esféricas permitiu reduzir o comprimento das colunas


cromatográficas e, inversamente, aumentar a eficiência, resultando
em menor tempo de separação, com redução de análise em um fator
de 4 [49]. Ao mesmo tempo, resulta no aumento da pressão, o que
deu origem ao termo Ultra -High -Pressure Liquid Chromatography
(U HPLC). A tendência são sistemas que trabalhem sob pressão de
cerca de 7.000 bar e colunas recheadas com partículas de 1J.1m. Um
exemplo da utilização dessa técnica é a identificação de triglicerídeos
presentes em óleo de milho (Zea mays) [35 ] .
Cro matografia líquida de ultra-eficiência (CLU E): esse
sistema foi registrado e apresentado ao mercado pela Waters e é
conhecido pela sigla em inglês UPLC (Ultra-Performance Liquid
Chromatography). É composto de colunas com partículas em torno
de 1 ,7J.1m e opera sob pressão de 1.000 bar.
A uti lização desse sistema no controle da qualidade de
insumos vegetais e fitoterápicos vem se tornando mais comum
[48, 50], pois a alta eficiência e o reduzido tempo de análise são
características mais que desejáveis para o setor produtivo.
Contudo, os sistemas de detecção são a chave-mestra
para a caracterização dos co nstituintes presentes na amostra. A
grande d iversidade química das drogas vegetais, seus derivados
e produtos acabados está intimamente ligada à variabilidade de
suas propriedades físico-químicas intrínsecas. Assim, nenhum dos
detectores para CLAE hoje disponíveis é capaz de detectar todos os
com postos presentes em uma determinada amostra. Além disso, os
anal itos podem estar presentes em grande ou pequena quantidade,
e dependendo do tipo da ava liação pretendida (quantificação,
pad ron ização, perfil cromatográfico, análise-traço etc) podem ser
necessários métodos de alta sensibilidade e seletividade para a
detecção [51].
De forma gera l, os detectores podem ser aque les utilizados
para obtenção de perfil cromatográfico ou para quantificação - por
exemp lo, ultravioleta, detector de dispersão de luz por evaporação,
de captura de elétrons; ou detectores pa ra sistemas acoplados
(hifenados), para aquisição de informação multid ime nsional
(cromatográfico e espectroscópico) para identificação em linha -
por exemplo, ultravioleta com arranjo de diodos, espectrometria de
massas, infravermelho e ressonância magnética nuclear.
A esco lha do d etector adequado é fundamenta l,
principalmente quando o analito encontra-se no nível de traços, o
que exige técn icas com baixos limites de detecção.

-· 3261•
CONTROLE DE QUALIDADE D E FITOTERÁPICOS

•••
Cromatografia líq uida de alta eficiência com detector de
ultravioleta (CLAE- UV): é o mais simples e o mais util izado, por ser
de baixo custo. Tem a vantagem de, ent re os detectores disponíve is
até o momento, apresentar a melhor combinação de sensibilidade,
linearidade, versatilidade e robustez. Apresenta limitações quanto
ao controle da qualidade de derivados vegetais e fitoterápicos,
pois não permite a detecção de compostos que não apresentam
cromóforos em sua estrutura. Contudo, como muitos dos princípios
ativos presentes nessa amostra apresent am ao menos duas ligações
duplas e/ ou elétrons desemparelhados, a util ização de um detector
de UV com faixa de comprimento de onda entre 200 e 600nm
perm ite a detecção desses compostos. De fato, há vasta lite ratura
sobre a utilização de CLAE -UV, mesmo com comprimen to de onda
fixo, tanto para a obtenção de perfil quanto para a qua ntificação
e detecção de quase todos os co mpostos naturais que apresente m
um sistema cromóforo em sua est rut ura.
Como é uma técnica simples e de baixo custo, a util ização
de CLAE-UV é preconizada em várias f armacopeias, que r para a
quantificação de princípios ativos, que r para o controle da qualidade
de drogas vegetais e fitoterápicos .
Geralmente, por requerer um grad iente de eluição, a análise
causa deslocamento na linha de base em comprimentos de onda
menores, o que pode ser evitado com a utilização de ta m pão fosfato
ou ácido trifluoroacético.
A Farmacopeia Brasile ira IV preconiza a utilização de
CLAE-UV (362nm) para a quantificação dos marcadores da macela
(Achyrocline satureoides Lam. DC.L quercetina e luteol ina, utilizando
coluna de fase reversa (octadecilsilano) e fase móvel constituída
de mistura de metano! e solução de ácido fosfórico a 1% mN,
na proporção de 53:47 [28] . A utilização de CLAE- UV t am bém é
preconizada para a quantificação de esteviosídeo na estévia [Stevia
rebaudiana (Berton i) Bertoni] .
Os métodos que utilizam CLA E-UV são mu ito úteis no
con trole da qualidade de insumos vegetais:
- na comparação do perfi l cromatográfico da matéria- prima
vegetal de lotes da mesma espécie, oriu ndos de d iferentes
locais e fornecedores [52, 53] .

- na detecção de adulteração ou falsificação de drogas vegetais


e derivados (extratos, por exemplo) por espécies relacionadas,
como a adulteração de Maytenus i/icifo/ia com outras espéc ies
do mesmo gênero (por exemplo, M. robusta) ou não (Solanum
bonplandii, Zollernia i/icifo/ia e outras) [54] .

• 1327f41M
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• Cromatografia líquida de alta eficiência com detector de


índice de refração (CLAE-DIR): esse detector é o mais simples e
de menor custo detector universal disponível, podendo ser uti lizado
para a detecção de qualquer analito. É muito útil para a detecção de
carboidratos e polímeros. Contudo, apresenta baixa sensibilidade,
é muito susceptível a mudanças na temperatura ambiente, pressão
e fluxo de solvente e não pode ser utilizado quando o método de
análise requeira gradiente de eluição.
Esta técnica tem sido pouco utilizada no controle da
q ualidade de fitoterápicos, mas devido ao baixo custo pode ser
útil no controle em processo de fitoterápicos, tais como lactonas
sesqui terpênicas de G. biloba [55].
Cromatografia líquida de alta eficiência com detector
fluorescência (CLAE-DF): o detector de f luorescênci a é considerado
um dos mais sensíveis e seletivos entre os detectores disponíveis,
mas é pouco versátil. Por definição, detecta somente os analitos que
emitem f luorescência [56]. Na fluorescência, a absorção molecu lar de
um fóton aciona a emissão de outro fóto n com um comprimento de
o nda maior. Essa diferença entre os comprimentos de onda (absorção
versus emissão) resulta em maior se letividade. Infe lizmente, poucos
marcadores químicos de fitoterápicos fluorescem natura lmente em
uma faixa de onda útil para a análise. Muitos desses compostos
podem sofrer derivações que resultam em produtos que emitem
f luorescência, permitindo sua detecção [51].
Cromatografia liquida de alta eficiência com detector
de dispersão de luz por evaporação (CLAE-DDLE): o detector de
dispersão de luz por evaporação, mais referido por sua sigla em
inglês ELSD (Evaporative Light-Scattering Oetection ), é considerado
universal. Está substituindo gradativamente os detectores por índice
de refração (D IR). Permite detecta r qualquer analito menos volátil
q ue a fase móvel, independente de suas propriedades ópticas,
eletroq uímicas ou outras. O eluente é nebulisado por meio de um
f luxo de nitrogênio e o aerosol resultante é transportado através
de um canal aquecido no qual os componentes voláteis da mistura
e os so lventes são evaporados. O só lido remanescente segue para
uma célu la de det ecção onde um feixe luminoso é direcionado às
partículas, provocando a dispersão da luz incidente que é detectada
por um fotodiodo ou um fotomultiplicador. Os mais importantes
fatores que afetam a análise são o fluxo do gás (que influencia o
tamanho das gotículas do aerosol) e a temperatura do canal. A
util ização de CLA E-DD LE é possível mesmo em grad ientes contendo
alta proporção de água.
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
Apesar de ainda não ser muito uti lizado no Brasil ou constar
nos Métodos Gerais da Farmacopeia Brasilei ra IV, o interesse po r
CLAE-DDLE tem aumentado como detector un ive rsa l, pois é mais
compatível com gradientes de eluição que DI R, tem menor custo e
é sua manutenção é mais simples que um sistema CLAE-EM, descrito
a seguir.
Na análise de drogas vegetais, seus derivados e produtos
acabados (fitoterápicos), têm sido utilizados, principalmente, para
detectar e quantificar marcadores contendo em sua estrutura
cromóforos fracos, tais como terpenos (ta nto geninas quanto
glicosídeos), saponinas, alguns alcaloides, bem como açúcares. Por
exemplo, nas orientações ao setor regulado, a Anvisa cita a uti lização
de CLAE-DDLE na análise das lactonas terpênicas de Ginkgo biloba.
Esses compostos (por exemplo, ginkgolídeo e bilobalídeo) não são
facilmente detectáveis por CLAE -UV, mas CLAE- DDLE mostrou
ser uma ferramenta útil no controle da qual idade de fitoterápicos
contendo extrato de ginkgo [57] como alternativa à utilização de
CC-EM - o que será discutido posteriormente.
Cromatografia líquida de alta eficiência com detector
de qu imioluminescência (CLAE-DQL): de forma semelhante à
fluorescência, a quimioluninescência pode ser definida como a emissão
de luz de uma molécula ou átomo em um estado eletroni camente
excitado, produzido por uma reação sem qualquer geração de
calor associada [51] . Os detectores de qui mioluminescência (DQ L)
são muito sensíveis e seletivos, considerados por alguns setores
mais sensíveis que o DDLE. É uma ferramenta úti l para a detecção
de moléculas que contenham nitrogênio em sua estrutura. Se o
soluto contiver ao menos um átomo de nitrogênio, este pode ser
detectado. Basicamente, a detecção ocorre após a oxidação, em
alta temperatura, do analito contendo nitrogênio, que é convertido
no processo em óxido nítrico. O óxido nítrico formado reage com
ozônio, produzindo dióxido de nitrogênio em um estado excitado
que emite um fóton na relaxação. O sinal produzido é proporcio na l
ao número de átomos de nitrogênio presentes no ana lito. Para a
análise, a fase móvel utilizada deve ser volát il e livre de com postos
nitrogenados [58].
Mesmo sendo um método mu ito sensíve l, a utilização de
CLAE -DQL tem sido limitada. Um estudo que mostra a detecção de
flavonoides em um fitoterápico com limite de detecção de 3 nglml
[59] é um exemplo da potencialidade dessa técn ica no contro le da
qualidade.
• PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• Cromatografia líquida de alta eficiência com detector


de aerosol de partículas carregadas (CLAE-DAPC): o princfpio
de detecção de aerosol de partículas carregadas (em inglês CAD
- charged aerosol detection) é basicamente o mesmo da detecção por
DLE, técnica da deriva. A diferença reside em que, no DAPC, uma
agulha de metal (carona) aplica uma descarga elétrica nas part ículas
secas e a carga elétrica resultante é medida por um eletrômetro [60].
Esse detector apresenta maior sensibilidade que o DD LE e fornece
uma resposta uniforme a analitos não voláteis, qualquer que seja
sua natureza.
O uso dessa técnica tem certa semelhança com a ionização
química sob pressão atmosférica da espectrometria de massas, que
será d iscutida adiante. O DAPC detecta as partículas carregadas em
uma faixa de mobilidade seletiva, enquanto na espectrometria de
massas os íons na fase gasosa são detectados invidualmente.
Como o DDLE, o DAPC é mais ind icado para a detecção de
marcadores químicos que não absorvem na região do ultravioleta.
Por ter sido desenvolvido muito recentemente, há poucos relatos
de sua utilização no controle da qualidade de drogas vegetai s,
derivados e fitoterápicos. Esse detecto r foi utilizado para ensaios
de estabilidade de rebaudianosídeo e esteviosídeo em refri gerantes
[61] e para detecção de ginsenosídeos e notoginsenosídeos em Panax
notoginseng (SANGI) [62].

Cromatografia Gasosa

No âmbito dos produtos naturais, a cromatografia gasosa (CG)


tem sido referida como método de escolha para a análise de óleos
essenciais. Numerosos relatos da utilização da cromatografia gasosa no
desenvolvimento e controle da qualidade de fitoterápicos e insumos
vegetais são encontrados na literatura científica. Essa técnica permite a
separação de substâncias voláteis e termicamente estáveis, sendo capaz
de detectar substâncias em quant idades mínimas (de até 1 o-12g) . A
análise de óleos essenciais por CC apresenta como vantage ns fornecer
um perfil do óleo essencial que permite sua utilização para identificar
a espécie da qual foi extraído, ou para identificar a região de origem
da amostra; permitir a fácil detecção de impurezas, considerando que
a composição e a concentração re lativa de compostos orgânicos no
óleo essencial são características de cada planta [63 ]
A Farmacopeia Brasileira IV preconiza a aplicação de CG para
a determinação dos componentes majoritários de ó leos essenciais de
drogas vegetais, como !inalo! em sementes de coentro (Coriandrum
sativum L.); P-cariofileno, em folhas de goiabeira (Psidium guajava L.);

-• JJolli
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
eugenol; em botões florais de cravo-da-Índia [Syzygium aromaticum
(L.) Merr. & Perry]; e carquejol e acetato de carquejila, em caules de
carqueja [Baccharis trimera (Less.) DC.L ent re outros [28].
A cromatografia gasosa de alta resolução foi utilizada para a
avaliação da qualidade do óleo-resina de copaíba. A comparação com
o método analítico clássico (determinação do índice de acidez) mostrou
que a análise por CG apresentou resultados mais uniformes e possibilitou
a definição de marcadores para esse derivado vegetal [64].
os últimos anos, com o aumento da utilização de CG, a
área onde houve mais avanços quanto a essa técnica diz respe ito à
preparação da amostra a ser analisada, pois muito poucas matrizes
podem ser injetadas diretamente num cromatógrafo a gás.
Um procedimento muito utilizado é a microextração em fase
sólido-vapor (ME-FSV), Headspace Solid-Phase Microextraction, mais
conhecido pela sigla HS-SPME: em uma primeira etapa os constituintes
voláteis são transferidos para a matriz da fase vapor por aquecimento
térmico ou por microondas, fazendo com que sejam adsorvidos em uma
fase estacionária apropri ada. A dessorção ocorre no equipamento com
o aumento da temperatura. Uma vez que o material da microext ração
da fase sólida (M E-FS) seja definido, a extração e enriquecimento de
certos compostos é possível de forma simples, rápida e livre de solvente,
fazendo que seja uma técnica bastante útil para a análise de matrizes
complexa tais como extratos vegetais e fitoterápicos [65] .
Um exemplo da utilização dessa técnica é na avaliação da
qualidade de flores de Chrysanthemum indicum L. oriundas de diferentes
regiões [66]: foram definidos 4 marcadores (eucalipto I, cânfora, boneol
e acetato de bornila) os para a definição dos parâmetros do método
utilizado para a avaliação de 20 amostras diferentes

ELETROFORESE CAPI LAR (EC)

A eletroforese é uma técnica de separação baseada na


migração diferenciada de compostos iônicos ou ionizáveis em um
campo elétrico [67]. A eletroforese capilar (EC), por sua vez, segue
o mesmo princípio; contudo, a migração do analito carregado
eletricamente ocorre através de um tubo capi lar preenchido com
um eletrólito.
A EC tem sido considerada uma das técnicas analíticas mais
interessantes na área de insumos vegetais e fitoterápicos por permitir,
de forma ágil, a análise qualitativa e quantitativa de moléculas em
uma grande faixa de polaridade e peso molecular, desde pequenas
moléculas até as macromoléculas - tais como ácidos nucléicos e
proteínas [68]. O rápido avanço da EC decorre, ainda, da simplicidade

• 1331
• PARTE Vil • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• instrumental e, principalmente, da variedade dos modos de separação


que podem ser efetuados em uma única coluna capilar [69 ]. Outra
característica importante diz respeito à necessidade de quantidade
reduzida de amostra.
Essa técnica proporciona alto poder de resolução dos
componentes de uma mistura e, devido à sua versatilidade, tem sido
considerada uma alternativa ao uso de CLAE. Para a análise de óleos
essenciais a EC não tem sido recomendada, e a técnica indicada é
ainda a cromatografia gasosa. a EC a separação é conduzida em
tubos med indo 15 a 100mm de diâmetro interno e 50 a 100cm de
comprimento, preenchidos com um eletrólito condutor e submetidos
à ação de um campo elétrico. O uso do capilar oferece muitas
vantagens sobre os outros meios utilizados para eletroforese (placas
de gel, papel etc): devido a fatores geométricos um capilar possibilita
a dissipação eficiente do calor, gerado pela passagem da corrente
elétrica (efeito Joule). Além disto, a alta resi stência elétrica do capilar
permite o estabelecimento de campos elétricos elevados (1 00 a
500 V/cm), resultando em separações de alta eficiência (geralmente
excede 105 pratos teóri cos), resolução inigualável e tempos de análise
apreciavelmente curtos. Outras vantagens da eletroforese capilar são a
pequena demanda de amostra, com volumes tipicamente da ordem de
1 a 1 On l , e a possibilidade de injeção e detecção em fluxo [69] . Outra
vantagem é o baixo custo operacional, pois mesmo em condições em
que se empregam solventes orgânicos, os volumes consumidos de
amostra e eletrólito são desprezíveis comparados à CLAE, ainda que
ut ilizada em escala capilar [70] .
Eletrofo rese capilar de zona (ECZ): a eletroforese capilar
de zona (em inglês, Capillary Zone Electrophoresis - CZE), também
conhecida como eletroforese capilar em solução livre (ECSL), em
inglês Free Solution Capillary Electrophoresis (FSCE), é um dos modos
de separação eletroforética mais usados na avaliação de derivados
vegetais e fitoterápicos, provavelmente devido à facilidade de sua
im plementação e otim ização das condições experimentais. O tubo
capilar é preenchido com um eletrólito, geralmente com características
tamponantes, e a separação ocorre como resultado de duas estratégias:
maxi m izar as diferenças entre as mobilidades efetivas dos solutos e
minimizar as causas de alargamento das zonas [69] .
É uma técnica adequada para a análise de marcadores
químicos permanentemente carregados, tai s como antocianinas,
alcaloides quaternários e flavonoides sulfatados, para os quais o
pH do tampão pode vari ar sem que a mobilidade elet roforética
seja prejudicada - uma vantagem quando a CE é hifenada com a

-·3321 •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
espectrometria de massas. Também permite a análise de metabólitos
que apresentem grupos fenólicos em sua estrut ura (ácidos benzoicos,
cinâmicos e seus derivados, flavono ides etc), mantendo o pH do
tampão entre 7 e 12.
Essa técnica tem sido útil na aná lise de fitoterápicos e
suplementos alimentares da Medicina Tradicional Chinesa [71],
que emprega geralmente compostos de derivados de mais de duas
espécies vegetais.
Cromatografia capilar eletrocinética micelar (CCECM ou
cromatografia eletrocinética micelar, CECM): essa técnica é uma
modificação da EC e é mais conhecida por suas siglas em inglês MECC
ou MEKC (Micellar Electrokinetic Capillary Chromatography ou Micel/ar
Electrokinetic Chromatography). Age ntes te nsoativos são adicionados
ao eletrólito de eluição em condições ap ropriadas para a formação
de micelas, resultando em um sistema bifás ico no qual o eletró lito
constitui a fase primária, transportada eletro-osmoticamente sob a
ação do campo elétrico; as micelas constituem a fase secundária, cujo
movimento deve-se a uma combinação dos fenômenos eletroforese e
eletro-osmose. Os solutos neutros são distribuídos nessas duas fases,
fazendo com que a separação seja seletiva.
Essa técn ica foi utilizada para a quantificação de cafeín a
em extratos de guaraná (Paullinia cupana Mart.) e erva-mate (//ex
paraguariensis St. Hil.), sem a necessidade de tratamento prévio da
amostra (injeção direta do extrato) e mostrou ser rápida eficiente e
livre de interferentes [72].

TÉCNICA HIFENIZADA (MÉTODOS DE DETECÇÃO ON LINE)

A expressão "técnicas hifenadas" pode ser conceit uada como


o emprego de duas ou mais técnicas analít icas acop ladas em lin ha.
A hifenação ocorre, usualmente, entre ao menos uma t écnica de
separação (por exemplo, alguns tipos de técnicas cromatográfi cas)
e uma ou mais t écnicas espectrofotométricas de anál i se . Um
exemplo típico é o acoplamento da cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE) ou da cromatografia gasosa (CC), com técnicas
espectrométricas como espectrofotômetro de UV-Vis (DA D) e/ ou
espectrômetro de massas (EM), que fornecem informações ad icionais
sobre a estrutura química dos componentes da amostra, funcio nando
como detectores.
Tal acoplamento resulta em uma fe rramenta analítica ma is
eficiente e mais rápida que as técnicas convencio nais por gerar
informações adicionais. A hifenação com CLAE perm ite a obtenção

• 1333 [}7:':'!1
• PARTE Vil • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

• de informações relevantes sobre a estrutura química do analito, bem


como a desreplicação, que é o estabelecimento do grau de ineditismo
- no caso do controle da qualidade, da presença de compostos não
esperados para aquela determinada amostra - que é essencial no
que se refere à análise de droga vegetal, seus derivados e produtos
acabados. Algu mas vantagens das técnicas hifenadas em comparação
com as técnicas sem hifenação devem-se à pequena quantidade de
amostra necessária para a análise e à detecção do analito, mesmo
em quantidades diminutas. Como a quantidade das informações
obtidas é muito grande, usualmente essas técnicas requerem
programas (softwares) para a obtenção e tratamento dos dados,
além de, frequentemente, ser necessário o uso da quimiometria
para sua interpretação.
Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a
detector de arranjo de diodo (CLAE-DAD): esse detector fornece
espectros na região do ultravioleta diretamente em linha, e é bastante
útil na detecção de marcadores contendo cromóforos característicos,
como os polifenois. É possível a construção de uma biblioteca útil
no controle da qualidade e na desreplicação, desde que as amostras
sejam analisadas nas mesmas condições nas quais a biblioteca foi
construída. Como é possível a aquisição de vários espectros de UV
através de um determinado pico do cromatograma, a pureza do
pico pode ser determinada. Alé m disso, durante a análise todos os
comprimentos de onda na faixa determinada são estocados e vários
comprimentos de onda podem ser monitorados ao mesmo tempo,
permitindo detectar diferentes classes de compostos.
Nos últimos anos várias referências foram publicadas sobre
o desenvolvimento e a vali dação de métodos de análise de espécies
brasileiras utilizadas como medicinais, aprimorando o conhecimento
sobre as espécies nativas e contribuindo para a construção de
monografias úteis tanto para o setor regulado quanto para o setor
regulad o r. Uma combinação de CLAE-DAD e CG- EM permitiu
definir parâmetros que diferenciam Zollernia ilicifolia de espécies
de Maytenus consideradas " espinheira-santa verdadeiras" [73]; a
partir da utilização de CLAE-DAD foi definido um marcador para a
catuaba (Trichilia catigua) - a cinchonaína. O método foi validado e
mostrou ser eficiente tanto para a análise do insumo vegetal quanto
do fitoterá pico contendo extrato dessa espécie [74] ; um método
simples de análise utilizando CLAE-DAD foi desenvolvido e validado
para a quantificação dos ácidos 0-cumárico, benzoilgrandiflórico,
ci namoi lgrandiflórico e caurenoico em folhas de guaco (Mikania
glomerata eM. laevigata) [75].

-·3341 •
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

•••
Outra va ntagem do sistema CLAE-DAD é que pode se r usado
de forma multi-hifenada com EM e com DDLE.
Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a
espectrômetro de massas (ClAE-EM): a utilização dessa técnica
é extremamente útil no controle da qualidade de fitoterápicos.
O espectrômetro de massas (E M ) é um detecto r com grande
sensibilidade e seletividade, excelente para a análise de mat rizes
complexas. Além disso, permite o acesso em lin ha de informações
estruturais importantes, tais como peso molecula r, f órmu la molecular
e diagnóstico de fragmentos, cruciais pa ra a desrepl icação e a
caracterização ágil de compostos naturais.
Vários tipos de espectrômetros de massas podem ser usados.
Os EM de baixa resolução, como os de um quadripolo, são os mais
utilizados e menos on erosos. Os EM de alt a resolução e capacidade
de fornecerem massas mais exatas, tais como os equipamentos do
tipo tempo-de-vôo, mais conhecidos pela sigla TOF (time-of-flight),
também estão sendo cada vez mais utilizados. Para análi ses que
exigem detecção mais específica, os quadripolos t riplos são os
equipamentos de escolha. Os espectrômet ros de massas do tipo
capturadores de íons (ion trap) fornecem dados de estágios m últiplos
que podem ser essenciais para a elucidação est rutura l.
A grande popularidade de CLAE-EM se deve às interfaces
de ionização à pressão atmosférica, I PA (A PI - atmospheric pressure
ionisation ): ionização por eletrospray IE (ESI- electrospray ionisation)
e ionização química à pressão atmosférica, IQPA (APCI - atmospheric
pressure chemical ionisation) . Na I E, a alta voltagem e o aquecimento
promovem a ionização necessária para a produção de íons: a alta
voltagem promove a nebulização do eluato que resulta em gotículas
carregadas que seguem para o analisador de massa. No IQPA o
aquecimento vaporiza o eluato e a descarga da carona ioniza as
moléculas do solvente, que por sua vez produz íons do analito vi a
mecanismos de ionização química .
As técnicas CLAE- EM e CLAE -EM - EM podem ser utilizadas
para análises qualitativas (em estudos d e desrepl icação e para
obtenção de perfis de extratos brutos) e também quantitativas.
As análises por CLAE-EM-EM são muito úte is nos estud os de
biod isponibilidade.

• 1335 .,..1;,...
, , ...
- ........
PARTE VIl - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

16 .4.3.3 Outras d ete rminações para msumos


vegetais

Os insumos vegetais constituem a droga vegetal e derivados,


como extratos (extrato fluido, tinturas, extrato glicólico, extrato seco),
ó leos, ce ras, exsudatos e outros, que apresentam características
específicas relacionadas com a sua fo rma de apresentação, em geral,
pulverizada ou líquida [13].
Assim, a os parâmetros de qualidade a serem aval iados
dependerão das características do insumo a ser analisado. Na Tabela
24 estão relacionadas as análises que integram o roteiro, geralmente
estabelecido, para a realização do controle da qualidade desse tipo
de amostra.
Tabela 24: Determinações para controle da qualidade de matérias-primas vegetais e
fitoterápicos

Matéria-prima/ Análises
Forma farmacêutica

Droga vegetal determinação do peso médio


uniformidade de doses unitárias
pulverizada granulometria
pH (extrato-fl uido)
densidade relativa (extrato-fl uido)
determinação de teor de etanol (extrato-fluido)
determinação de metanol e 2-propanol (extrato-fluido)
Extrato vegetal resíduo seco (extrato-fluido, extrato mole, extrato seco)
determinação do volume médio
viscosidade (extrato-fluido)
conteúdo de substâncias extraíveis por etanol
granulometria (extrato seco)
determinação do peso médio
uniformidade de doses unitárias
granulometria
Granulado forma
densidade e volume aparentes
superfície especíiica
friabilidade
fluidez
determinação do peso méd'o
Cápsula uniformidade de doses unitárias (cápsula mole)
determinação do tempo de desintegração
determinação do tempo de dissolução

determinação do peso médio


uniformidade de doses unitárias
determinação do tempo de desintegração
Comprimido determinação do tempo de dissolução
dureza
friabilidade
controle macroscópico (exame visual)

- 3361•
CONTRO~E DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

16.5 PRODUTO ACABADO (FITOTERÁPICOS)

O fitoterápico é um medicamento e, como tal, deve atender


a todos os requisitos necessários no que se refere à efi cácia, à
segurança e à qualidade. Assim, todas as análises fisicoquímicas e
farmacêuticas preconizadas para as diversas formas farmacêuticas
(cápsulas, soluções, comprimidos, cre mes etc.) devem ser rea lizadas
no produ to final, de acordo com as suas características.
Quanto às análises qualitativas e quantitativas necessárias
para a determinação do(s) princípio(s) ativo(s), conforme discutido
anteriormente, devem ser realizadas de acordo com a especificidade
de cada um e conforme descrito nos compênd ios ofi ciais.

16.5.1 Padronização de matérias-primas vegetais e


produtos fitoterápicos

Buscando conferir aos fitoterápicos tratamento semelhante


ao dos produtos farmacêuticos surgem problemas inere ntes a sua
própria natureza, principalmente quanto à complexidade de sua
composição, que favorecem a grande variabi lidade na qualidade
das drogas obtidas a partir de uma mesma espécie vegetal. Tal
característica está relacionada com os diversos fatores anteriormente
enumerados referentes às condições do local de plantio, processo de
coleta, manuseio e processamento da matéria-prima. As matérias-
primas apresentam, com frequência, grande variação entre diferentes
fornecedo res, justificando a necessidade de padronização desses
produtos [77] .
U ma das limitações à padronização é o fato de, m uitas vezes,
não se conhecer em parte ou completamente a composição das
espécies vegetais, problema para o qual muito tem cont ribuído a
evolução das técnicas analíticas.
Deve-se destacar que aproximadamente 80o/o dos fitoteráp icos
são comercializados na Alemanha sob a forma de extratos secos [78] .
Frente à necessidade de alcançar homogeneidade entre lotes de
produção de fitoteráp icos, acredita-se que o uso de extratos secos
veget ais pad ronizados tende a ser uma característica importante
no desenvolvimento de formulações fitoterápicas de qualidade e
eficazes.
Dentre os métodos utilizados na obtenção de extratos

• 1337 lilili!ll
• PARTE Vil - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

•• vegetais destacam-se a macera ção e a percolação, que demonstram


adequação tecnológica e viabilidade para a indústria farmacê utica
[79]. Os extratos secos são obtidos pela eliminação de 96,5% a
99% da fase líquida através de operação de secagem em pressão
atmosférica ou reduzida, por liofilização ou por incorporação de
solução extrativa em matriz sólida com posterior secagem [80]. A
nebulização (spray dryer) também é muito útil na secagem de extratos
vegetais. O processo de secagem destes extratos pode influenciar
na qualidade do produto final.
A pad ron ização química dos extratos vegetais é muito
importante para o fornecimento de subsídios que comprovem a
rep roduti bilidade dos efeitos (segurança e eficácia) dos fitoterápicos,
me l horando sua qualidade e atendendo às necessidades
crescentes dos consumidores e órgãos de fiscali zação, vital para
o desenvolv imento de fitoterápicos e crescimento da indústria
farmacêutica nacional. A padronização emprega técnicas analíticas
com o objetivo de garantir que os extratos tenham a mesma
quantidade de substâncias ativas, pois sendo oriundos de um produto
natural, oscilações de concentração de ativos são corriqueiras. Assim,
os extratos são padronizados por meio dos marcadores. Com isto, a
gra nde vantagem da un iformidade da quantidade de princípio ativo
vegetal num produto acabado está assegurada. Diversas empresas
que t rabalham na linha farmacêutica, como Sanrisil, Centroflora e
Herbarium, produzem extratos secos padronizados em marcadores
específicos, como por exemplo, alcachofra: 20%; alcaçuz: 18%;
cáscara sagrada: 0 ,6%; castanha- da-Índia: 20%; chá -verde 40%;
espin heira-santa: 22%; ginkgo: 24%; ginseng: 1 O%; hipérico: 0,3%;
kava kava: 30%; passiflora: 3%. Portanto, a obtenção de fitoterápicos
padron izados depende da qualidade e uniformidade das matérias-
primas vegetais. Em relação às drogas vegetais, a padronização está
sujeita ao adeq uado controle das condições de plantio, de secagem
e de manuseio posterior. Para os extratos, responsáveis por grande
parte do mercado de matérias-primas vegetais no Brasil e no mundo,
a padronização é assegurada pela qualidade das drogas vegetais:
pe las condições de extração, segu idas da determinação de sua
consistência e do teor de um ou mais componentes ou de compostos
mais representativos de sua composição, os quais são ajustados a
valores previamente definidos, resultando em derivados vegetais de
maior uniformidade, importantes na produção de medicamentos
seguros e eficazes

-,.-. 3381•
CONTROLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS

••
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande desafio no controle da qualidade de fitote rápi cos


reside na análise de produtos contendo mais de dois derivados da
droga vegetal- os fitoterápicos associados ou compostos. Contudo,
com o desenvolvimento dos métodos analfticos, os problemas usuais
desse tipo de análise (quantificação dos marcadores de cada um dos
derivados vegetais presentes na formula farmacêutica, identificação
de produtos de degradação etc. ) podem ser reduzidos. A uti lização
do perfil cromatográfico no controle da qualidade de fitoterápicos
e insumos vegetais constitui um grande avanço. Contudo, o analista
deve levar em consideração que o perfil cromatográfico só será
útil se forem observadas não só as semelha nças com a amostra de
referência, mas também as diferenças entre elas [36, 76).

• 1339-·
• PARTE V Il - CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

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- ·3401 •
CONTROLE DE QU ALIDADE DE FITOTERÁPICOS

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18. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


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19. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência acionai de Vigilância Sanitária.


RDC nº 87, de 21 de novembro de 2008. Altera o Regulamento Técnico
sobre Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. DOU, Brasília, 2008.

20. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência acionai de Vigilância Sanitária.


Resolução RDC n2 95, de 11 de dezembro de 2008 .Determina a publicação
da "Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado" DOU,
Brasília, 2008.

21. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência acionai de Vigilância Sanitária.


Resolução RDC n2 95, de 11 de dezembro de 2008.Regulamenta o texto
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• PARTE VIl • CONTROLE DE FITOTERÁPICOS

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.--3481•
ESTUDOS DE
ESTABILIDADE

"Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo;


quando vires um homem mau, examina-te a
ti mesmo."
(Confúcio)

....
ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS

17 ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E
MEDICAMENTOS

GIL, E.S.; MONTALVÃO E. V.; BATISTA FILHO, R.O.P.

A estabilidade dos fármacos e medicamentos consiste na


resistência a reações químicas, principalmente de ocorrência nos
constituintes ativos das formulações.
Tod os os fármacos estão sujeitos a alguma forma de
decomposição química ou física. Algumas classes químicas, no
entanto, são mais vulneráveis e tend em a se decompor, mesmo em
condições amenas.
A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores
extrínsecos e de outros relacio nados ao próprio produto, como
propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes
farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de
fabricação, tipo e propriedades dos materiais de embalagem.
As condições exte rn as env olvidas na deterioração de
fármacos e medicamentos são tid as como fatores extrínsecos ou
ambientais.
Entre os principais fatores extrínsecos estão luz, ar e umidade,
que podem afetar a estabilidade física dos medicamentos e acelerar
o processo de decomposição química do fármaco.
Os principais processos de degradação química são hidrólise,
oxidação, reações fotoquímicas, isomerização e polimerização. A
maior ou menor vulnerabilid ade de uma espécie frente a uma reação
química é definida como fator intrínseco de estabilidade. Outros
fatores intrínsecos são os associados às propriedades físico-químicas,
tais como ponto de fusão e coeficiente de solubilidade.
Os fármacos vulneráveis à quebra hidrolítica são geralmente
derivados de ácido carboxflico, como ésteres, lactonas, carbamatos,
amidas, lactamas e imida (Quadro 21 ).

• 1351 - -
• PARTE VIII - ESTUDOS DE ESTABiliADE

• Quad ro 21: Exemplo de fá rmacos vulnerá,eis à hidrólise

FÁRMACO CLASSE GRUPO


AAS Analgésico Éster
Procaína, tetracaína, cocaína Anestésicos locais Éster
Li docaína, ci nchocaína A nestésicos locais Amida
Clo ran fen icol, benzilpenicilina Antibióticos Amida
Nitrazepam, clordiazepóxido Ansiolíticos Lactama
Cefalosporinas e penicili nas Antibióticos Lactama
Espirolactona Diurético Lactona
M eprobamato, tibamato Ansiolítico Carbamato

A maneira mais eficiente de se evitar a hidrólise é optar por


formas sólidas. Quando se deseja o bter medicamentos nas formas
líquidas aquosas, deve-se utilizar pH de maior estabi lidade.
A hidróli se pode o co rrer po r catálise áci da o u bási ca,
assim o pH neutro propicia, em geral, maior estabilidade. Outros
procedimentos incluem alteração da con stante dielétri ca com
solventes não-aquosos, o uso de suspensões ou emulsões e, em
casos extremos, a modificação molecular.
Enquanto a degradação hidrolítica afeta as soluções, para que
ocorra um processo oxidativo de espécies mais vulneráveis basta o
contato com o ar.
Portanto, a oxidação é a principal causa de instabilidade
para compostos fenólicos, co mo morfina e fenilef rina; catecolamina,
como dopamina e adrenalina; esteroides, como os anticoncepcionais
e antiinflamatórios corticosteroides, bem como vários antibióticos,
como a tetraciclina; vitaminas, como A, E e C; e outros compostos
poli-insaturados, como gorduras e óleos.
A oxidação envolve a remoção de um áto mo eletropositivo,
radical ou elétron, o u a adição de um átomo eletronegativo ou
radical. De forma bem simplista, pode-se dizer que a oxidação ocorre
quando há adição de oxigênio e/ou remoção de hidrogênio.
A oxidação se dá em três etapas: iniciação, pro pagação e
terminação.

- -3521 •
ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS

Iniciação
•••
Clslo Homollti::a
Fármaco:H - Fármaco· + H'

Propagação
Fármaco' + ·o.o· - Fármaco-o-o·

Fármaco-0-0' + Fármaco:H - Fármaco:0-0-H + Fármaco'

Tenninação
Fármaco' + Fármaco' ----. Fármaco-Fármaco

Fármaco-0-0' + Fármaco· - Fármaco-0-0-Fármaco

A estabi li zação de fármacos co ntra a oxidação pode


envolver o acondicionamento em ambie ntes anaeróbios, o uso de
antioxidantes e quelantes, e procedimentos como remoção de metais
e estocagem em ambientes escuros.
Apesar de reações de isomerização não serem tão comuns
como as anteriores, não são menos importantes, pois o processo
envolve a conversão de uma droga em seus isômeros ópti cos ou
geométricos. Considerando-se que a estabilidad e específi ca dos
isômeros de fármacos difere bastante entre cada um, pode ocorrer
apreciáve l perda de potência.
O Quadro 22 apresenta exemplos de fármacos passíveis de
sofrerem reações de isomerização.
Quadro 22: Reações envolvendo isomerização de fármacos.
Fármaco Reacão Conseauência
Racem ização em sol uções d e pH
Adrenalina Queda atividade
baixo
lsomerização reversível em meio
Ceíalosporinas In ativação
básico

Hidrólise básica segu ida de


Pilocarpi na lnativação
epimerizaçâo

Tetraciclina Epimerização condições acídicas Q ueda atividad e

Vitamina A lsomerização cis-trans Q ueda atividad e


'
A luz, por sua vez, pode ser um fator extrmseco nos processos
de decomposição química e física. Em alguns casos especiais provoca
reações fotoquímicas, e para substâncias v ulneráveis a essas reações
tem -se, portanto, um fator intrínseco.
O s mecanismos de fotodecomposição são bastante complexos
e podem manifestar-se por meio de processos oxidativos, hidrolíticos
ou outros t ipos de reações secundárias.

• 1353- ·
• PARTE VIII - ESTUDOS DE ESTABILIADE

•• Entre os compostos passíveis de sofrer fotodecomposição estão


os neurolépticos fenotiaziônicos, a hidrocortisona, a predinisolona, a
riboflavina, o ácido ascórbico, o ácido fólico e a hidroquinona.
Para evitar a fotodecomposição, os fármacos fotossensíveis ou
os medicamentos baseados nesses fármacos devem ser manipulados à
baixa luz, acondicionados em frascos âmbar ou opacos, e estocados
em ambiente escuro.
Finalmente, as reações de polimerização são processos em
que uma ou mais moléculas combinam entre si para formar dímeros,
polímeros ou outras moléculas complexas. Em geral, esses processos
ocorrem em soluções concentradas d urante o período de estocagem.
Espécies passíveis de polimerização incl ue m aquelas contendo grupos
lactamas, como penicilinas e cefalosporinas.
Em contrapartida, os compostos formados por polimerização
são altamente antigênicos, fato que justifica, em parte, as reações
anafiláticas desses compostos.
Entre as conseq uências dos diferentes processos de degradação,
o comprometimento da eficácia e segurança do medicamento merece
destaque.
Os líquidos são, em geral, mais suscetíveis aos processos de
degradação que outras formas farmacêuticas, especialmente em se
tratando de veículo aquoso.
Os aspectos físico-quím icos envolvidos na estabilidade dos
medicamentos dependem das características de cada forma.

1 7.1 fORMAS LÍQUIDAS

Considerando que uma reação envolve a colisão de duas


moléculas, dada a inerente mobilidade de sistemas líquidos, as
formas líquidas são as mais instáveis física e quimicamente.

pH
O pH é de fundamental importância para a estabilidade de
fármacos, principalmente os contidos em soluções farmacêuticas.
Cada fármaco, dependendo de suas propriedades físico-químicas,
possui uma região de pH de máxima estabilidade na qual a
velocidade de decomposição é mínima. Esse é o parâmetro que
mais afeta a hidrólise.
Além da estabilidade, outros fato res dependem do pH, como
a solubilidade e a biodisponibilidade. Outrossim, independen te
desses fatores, o ajuste de pH deve respeitar a biocompatibilidade
com a via de adm inist ração.

-
I -3541 •
ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS

••
O uso de tampões deve respeitar, além dos aspectos
supracitados, questões de compatibilidade. Em contrapartida,
determinados fármacos decompõem -se mai s rapidamente em
soluções tamponadas que não -tamponadas. A ve loc idade de
degradação da codeína, por exemplo, é 12 vezes maior em tampão
fosfato que em soluções não-tamponadas de mesmo pH.
Conhecer os efeitos do pH na velocidade de degradação
permite ao formulador ajustar o pH próximo àquele correspondente
ao máximo de estabilidade.
A formulação de uma solução com p H de est ab ilidade
máxima ou próxi ma disso nem sempre é possíve l, dev ido à
solubi lidade (absorção por tecidos) e eficácia.

Temperatura

As moléculas precisam de uma energia mínima necessária, a


energia de ativação, capaz de promover colisões entre elas e favorecer
reações. Tal fenômeno obedece à lei de ação de massas.
De modo geral, a temperatura acelera todos os tipos de reações
químicas. Pode também causar evaporação e, consequentemente,
concentração ou sedimentação do fármaco no medicamento.
Com o aumento da temperatura (calor) a estabilidade de várias
formas farmacêuticas é afetada, não só química como fisicamente.
Assim, as formas farmacêuticas podem sofrer alterações, a exemplo de
mudanças na viscosidade, no caso de materiais líquidos, e deformação,
no caso de materiais sólidos. Ressaltam-se ainda processos físico-
químicos de desestabilização, tais como os que ocorrem em sistemas
emulsionados ou suspensos, devido a fatores diversos - mudanças no
perfil das interações intermoleculares, evaporação de solventes voláteis
e recristalizações (polimorfismo).

Força iônica

Com frequência adicionam-se eletrólitos para ajustar


a tonicidade das soluções. Estes podem, em contraparti da,
interferir na estabilidade , seja por incompatibilidade física (por
exemplo, flocu lação por interferência no potencial zeta), seja por
incompatibilidade química (po r exemplo, reações de precipitação
ou catálise).

• 1355 -·
• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE

• Solventes

A troca da água por solventes orgânicos, ou mesmo a alteração


da constante dielétrica utilizando parte destes solventes, pode amenizar
ou resolver problemas de hidrólise. Deve-se, entretanto, avaliar a
biocompatibilidade sempre que se recorrer a essas alternativas.
Os solventes podem ser classificados como:
a) apróticos: têm baixa constante dielétrica e são quimicamente
inertes, como acetona, aceton itrila, benzeno, dicloroetileno,
tetracloreto de carbono, dioxano;

b) protofflicos: têm alta constante dielétrica, são de caráter básico


e reagem com ácidos para formar prótons solvatados, como
amônia, piridina, dimetilformamida, etilenodiamina;

c) protogênicos: têm alta constante dielétrica e são substãncias


ácidas, como ácido acético glacial, ácido propiônico, ácido
fórm ico, anidrido acético;

d) anfipróticos: apresentam alta constante dielétrica e têm


propriedades protofílicas e protogênicas, como ácido acético
glacial, metanol, etanol, propanol, água.

Tensoativos

Os tensoativos podem formar sistemas micelares em solução;


por sua vez, havendo compatibilidade química, a velocidade de
degradação de um fá rmaco pode aumentar caso este se dissolva
dentro da micela.
A extensão dessa proteção depende da polaridade do
fármaco, ou seja, quanto mais lipofílico for, maior a probabi lidade
deste se concentrar no centro da micela. Muitas drogas associam-se
para formar micelas em soluções aquosas. Em soluções mice lares
de penicilina G, observou-se que a hidrólise ácida aumentou duas
vezes, mas a hidrólise básica diminuiu de duas a três vezes.

17.2 fORMAS SEMISSÓLIDAS E SÓLIDAS

A estabilidade de formas plásticas depende, praticamente,


da natureza da base empregada na fo r mulação. Porta nto , os
estudos de compatibilidade são primordiais no desenvolvimento
de fo rmul ações semissólidas .

... 3561 •
ESTABILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS

•••
Entre os principais probl e mas envolvidos estão ,
além da decomposição química, a perda da consistência e
endurecimento.
Por sua vez, as formas sóli das são em geral bastante estáveis,
mas merecem cuidados quanto à formu lação e estocagem.
No que diz respeito à formulação, a escolha dos excipientes
pode influenciar a estabil idade física e a biodisponibilidade.
Portanto, deve-se respeitar a compatibilidade entre os excipientes
escolhidos. Qua nto à estocagem, umidade, luz, oxigênio e
temperatura, podem afetar, mesmo em formas sólidas, não só o
tempo de estabil idade, como também a biodisponibilidade. Deste
modo, o ensaio de dissolução é, sem dúvida, um dos ensaios mais
importantes para saber se uma preparação sólida com eficácia
terapêutica sofreu alteração . Entre as principiais alterações que
afetam a biodisponibilidade do produto estão a adsorção do
fármaco aos excipientes, cápsu las gelatinosas ou recipientes, e
a formação de película em volta do comprimid o, que impede a
solubilização do fármaco no meio.
Todo relatório de estudo de estabilidade, independente da
forma farmacêutica, deve apresentar as seguintes informações ou
justificativa técn ica de ausência:
- desc rição do produto com respectiva especifi cação da sua
embalagem primária;

- número do lote para cada lote envolvido no estudo de


estabilidade;

-descrição do fabricante dos princípios ativos utilizados na produção


do lote do produto;

- aparência (descrição);

- plano de estudo: material, métodos e cronograma.

- data do início do estudo;

- teor do princípio ativo e método analítico correspondente;

- análise de quan t ificação de produtos de degradação e método


analítico correspondente;

- limites microbianos (quando apl icável);

- estudos de fotoestabilidade ou justificativa de que este não se


faça necessário;
• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE

•• -Para toda form a farmacêutica sólida o relatório deve conte r, ai nda,


as seguintes informações ou justificativa técnica de ausência:

- teste de dissolução;

- dureza.

- Para as formas farmacêuticas líquídas e semissólidas, deve-se


acrescentar ao re latório as seguintes informações ou justificativa
técnica de ausência:

- p H;

-sedimentação pós-agitação em suspensões;

- claridade das soluções;

- separação de fase em emulsões e cremes;

- perda de peso em produtos com base aquosa.

- 3581 •
,.1
ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA EM FÁRMACOS E MEDICAMENTOS· "TESTE DE ESTRESSE"

•••
18 ESTUDOS DE DJ:GRADAÇÃO
FORÇADA EM FARMACOS E
MEDICAMENTOS - 11TESTE DE
ESTRESSE"

MONTALVÃO, E. V.; GIL, E. S.

O teste de estresse é definido como o ensaio de estabilidade


de medicamentos e/ ou fármacos realizado em condições superiores
às utilizadas nos testes de estabilidade de curto e longo prazo. Embora
seja parte integrante das informações fornecidas às autoridades
reguladoras no· momento do registro, pós-registro, renovação e
novos medicamentos os resultados relativos de tais estudos ainda
não apresentam regulamentação específica.
A Conferência Internacional sobre Harmonização (ICH) exige
que as substâncias farmaco lógicas apresentem bom desempenho
frente ao teste de estresse. Outrossim, estes testes podem ser úteis
na identificação de prováveis produtos de degradação, bem como
no estabelecimento de especificações para os possíveis degradantes.
Indicam, ainda, quais procedimentos analíticos deverão ser adotados,
tanto na realização dos ensaios de validação analítica, quanto nos
ensaios oficiais de estabi lidade.
Deste modo, é imprescindível que as empresas farmacêuticas
realizem durante no processo de desenvolvimento de produto de
todas as formulações os estudos de degradação, além dos testes de
estabilidade. Pode-se, assim, verificar a necessidade de promover
adequações desde a etapa de pré-formulação, ou mesmo permitir
a seleção de excipientes e embalagens mais adequados a produtos
já existentes.
Se bem execu tados estes testes têm, ainda, o mérito de
fo rnecer subsídios químico-farmacêuticos potencialmente úteis
não só para o desenvolvimento de novos fármacos, mais estáveis e
eficazes, como também de padrões de referência de produtos de
degradação ou de interesse toxicológico.

• 1359- ·
• PARTE VIII - ESTUDOS DE ESTABILIADE

• 18. 1 PRODUTOS DE DEGRA DAÇÃO

O teste de estresse fornece informações sobre possíveis


mecanismos de degradação. Para tanto, é necessário que se tenha
conhecimento prévio dos produtos de degradação gerados em cada
etapa, ou que seja possível isolar e caracterizar tais produtos.
Entende-se que produtos de degradação são as impurezas
resultantes de alterações químicas que podem ocorrer durante a
estocagem do medicamento devido aos efeitos da luz, temperatura,
pH, umidade ou pela reação com um excipiente e/ou devido ao
contato com a embalagem primária.
A RE nº 899, guia para validação de métodos analíticos,
determina que o teste de seletividade/ especificidade utilize padrões
de impurezas específicos relacionados aos produtos de degradação
do fármaco ou, que na ausência destes padrões, sejam feitas
comparações com amostras submetidas a cond ições de estresse (luz,
calor, umidade, hidrólise ácida, básica, oxidação e eventualmente
exposição a íons metálicos). Ou seja, o método desenvolvido
deverá, no que diz respeito ao parâmetro especificidade, ser capaz
de medir inequivoca mente o analito (fármaco) e possíveis produtos
de degradação na presença de interferentes potenciais, como por
exemplo, excipientes.

18.2 CONDUÇÃO DO ESTUDO DE D EGRADAÇÃO ACELE RADA

Os estudos de estresse deverão ser executados com o placebo


(todos os excipientes uti lizados na formulação), o fármaco isolado e
a formulação (placebo + fármaco), de modo a forn ecer informações
sobre os possíveis mecanismos e produtos de degradação formados,
bem como avaliar possíveis incompatibilidades.
Ressalta-se que o objetivo do teste não é degradar totalmente
o composto, mas sim atingir entre 10-30% de degradação, gerando
uma impureza ou um produto de degradação e m quantidade
suficiente para que se possa isolar e caracterizar o produto obtido.
Primeiramente, os resultados do teste de estresse são
avaliados em relação à queda do teor da substância ativa, diretamente
relacionada à formação dos produtos de degradação.
Nesta etapa é importante comprovar a não interferência
destas impurezas no doseamento dos ativos.
A segunda etapa determina e caracteriza os produtos

~·- 360 , .
ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA EM FÁRMACOS E MEDICAMENTOS - "TESTE DE ESTRESSE"

•••
de degradação fo rmad os. esta fase faz-se a notificação junto a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a identificação
e classificação quanto à segurança biológica de cada produto de
degradação isolado e ca racterizado.
Entre os métodos mais empregados nestes estudos destacam-
se os métodos cromatográficos, que juntamente com os sistemas de
detecção adequados podem conferir alta especificidade ao método.
Destacam-se, entre os principais sistemas de detecção, o detector de
massas (MS), o detector de fotodiodo (DAD) e o detector UV-visível,
bem como a ressonância magnética nuclear (NMR)_
De modo geral, os estudos de degradação fo rçada são
realizados em condições consideradas extremas, as quais incluem,
entre outros fatores extrínsecos, o efeito do pH, da luz e da
temperatura, bem como de agentes oxidantes. A tabela 25 apresenta
algumas condições de degradação comumente empregadas nestes
estudos.
Tabela 25: Condições de degradação iorçada em testes de estresse de fármacos e
medicamentos

Condição de Preparação da amostra/


degradação fo rçada Tempo de análise
Aquecer a amostra acidificada diluída (1 :1 O com
Ácido
Hei 1 ,o t-.:) a 60° ::t: soe por 6 horas
Aquecer a amostra alcalina diluída (1 :1 O com
Base
Na OH 1 ,O N) a 60° ± soe por 6 horas
Aquecer amostra neutra diluída (1 :10 com Água)
Neutro
a 60° ± soe por 6 horas
Amostra diluída (1 :1 O com H202 3% (v/v))
Oxidação
a 60° = soe por 6 horas
Expor as amostras à irradiação em lâmpada de
Luz xenônio à temperatura menor ou igual a 25°e
por 48 horas
Quando houver associação de fármacos com dose fixa,
deverão ser feitos estudos de estresse com cada fármaco iso lado,
associado e na formulação final para obtenção de informações
referentes a possíveis produtos de degradação provenientes da
interação e/ ou incompatibilidade entre os princípios ativos e a
formulação.
Já no caso de estereoisômeros, é importante ter clara a
sua origem, a qual pode decorrer de instabilidade, ou de m isturas

• 1361 -·

• PA RTE VIII · ESTUDOS DE ESTABILIADE

racê micas norma lmente comercializadas. Caso os estereoisômeros


sejam provenientes da síntese do fármaco e durante o estudo de
estabilidade não seja comprovada sua formação, estes poderão ser
excl uídos da quantificação no produto fina l, desde que respeitados
os limites aceitáveis informados pelo fabricante do prod uto.
A te rceira etapa dos estudos de degradação fo rçada
com preende a comparação dos resultados entre estabilidade e
degradação acelerada. Os resultados do teste de estresse obtidos
para amostra real, padrão e placebo deverão ser analisados frente
aos estudos d e estabi lidade, conforme RE n° 398 de 2004, da
Anvisa

&B~• 3621 •
TESTE DE ESTABI LIDADE E PRAZO DE VALIDADE

••
19 TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO
DE VALIDADE

GIL, E.S.; BATISTA FILHO, R.O.P.

Os estudos de estabilidade são um conjunto de métodos


quali e quantitativos, realizados pelos fabricantes em produtos,
os quais são submetidos a diferentes tempos e condições de
armazenamento, no sentido de se avaliar seu prazo de vali dade e
determinar data de vencimento.
Os estudos de estabi lidade são parte integrante da garantia
de qualidade, tendo por finalidade avaliar o comportamento dos
fármacos ou medicamentos que se alteram com o tempo, por
influência de fatores extrínsecos. Outrossim, esses estudos possibilitam
ainda avaliar possíveis incompatibilidades entre componentes de
formulações ou entre estes e materiais de acondicionamento.
Nas últimas décadas, com o desenvolvimento da indústria
farmacêutica, os problemas de estabilidade passaram ter maior
dimensão . A determinação do prazo de validade tornou-se uma
preocupação f undamental da te cnologia farmacêutica. Tanto pela
necessidade de se conhecer tempo útil para comercialização, quanto
por questões legais.
Nesse contexto, os órgãos regulamentadores têm demonstrado,
cada vez mais, maior rigor na fiscalização da segurança e eficácia
de medicamentos.
Com interesse de se conhecer o comportamento dos
medicamentos em condições normais de armazenagem e ava liar-se
concretamente o tempo de utilização clínica, o planejamento de
estudos de estabilidade sofreu várias modificações ao longo desses
anos. Entre as metodologias analíticas que despontam neste campo
estão as técnicas calorimétricas, as quais serão abordadas com
maiores detalhes no capítulo 22.
No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
publicou recentemente, na RE n° 398, de 12 de novembro de 2004,
o Guia para realizacão de estudos de estabilidade, revogando a RE
no 560, de 2 de abril de 2002 . O objetivo comum a esses gu ias é
• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE

•• fornecer as bases e diretrizes para planejamento correto de protocolos


de estudos de estabilidade e determinação de prazo de validade.
A RE no 398/ 2004 apresenta as seguintes definições para
teste de estabilidade e prazo de validade :
Prazo de validade é a data-limite para utilização de um
produto farmacêutico defin ida pelo fabricante, com base nos
seus respectivos testes de estabilidade, mantidas as cond ições
de armazenamento e transporte estabeleci dos:
Teste de estabilidade é um conjunto de testes projetados
para obter informações sob re a estabilidade de prod utos
farmacêuticos visando definir seu prazo de validade e período
de uti lização em e mbalagem e condições de armazenamento
especificadas:

Os pontos abordados no gu ia de estudos de estabilidade


(REno 398) incluem:
a) plano de amostragem;

b) condições experime ntais (ambientais):


b1 ) estudo de estabilidade acelerado;

b2) estudo de estabilidade de lo nga duração ;

b3 ) estud o de estabilidade de acompanhamento;

b4) estudo de fotoestab il idade.

c) freqüência dos testes;

d) tolerância nas condições de armazenamento;

e) normas para e laboração do relatório de estabilidade.

Em contrapartida, os testes realizados durante os estudos


de estab ili dade podem ser divididos em: físicos , químicos e
microbiológicos.
Os testes fís i cos variam segundo forma farmacêutica e
incluem todos os testes descritos no capítulo 15.
Entre os ensaios químicos, temos o doseamento de princípios
ativos ou coadjuvantes im portantes e ensaios limites para produtos
de decom posição .
Já os ensaios microbiológicos podem incluir ensaios do tipo
teste de efi cácia de conservante ou mesmo ensaios de potência para
antibióticos e fatores de c resci mento.
Os estudos de estabilidade devem ser realizados em câmaras
clim áti cas co ntroladas e qualificadas.

,r--3641•
TESTE DE ESTA BILIDADE E PRAZO DE VALIDADE

•••
De acordo com uma zona geograficamente delimitada (zonas
climáticas), os critérios de temperatura e umidade são estabelecidos
e aplicados para os estudos de estabil idade.
a) Zona I - Clima temperado;

b) Zona li- Clima Mediterrâneo;

c ) Zona 111- Clima quente e seco;

d) Zona IV- Clima quente e úmido;

O Brasil situa-se na zona cl imática IV.

De acordo com as cond ições experimentais, os estudos de


estabilidade podem se r classi ficados em :

a) acelerado: Estudo projetado em condições naturais, porém, mais


agressivas no que diz respe ito aos fatores ambientais;

b ) de acompanhamento: Estudo realizado para verificar se o produto


mantém as suas características físicas, químicas e microbiológicas
conforme estudos de longa duração;

c) de longa duração: Estudo projetado para verificação das


características físicas, químicas e microbiológicas de um produto
farmacêutico durante e, opcionalmente, após o prazo de
validade esperado. Os resultados deste estudo são utilizados
para estabelecer ou confirmar o prazo de validade e recomendar
condições de armazenamento;

d ) de estresse: Estudo projetado para elucidar características intrínsecas


de estabilidade. Não existem normas oficiais para estes estudos e
são recomendados durante a fase de desenvolvimento com ciclos
de aquecimento/resfriamento, por exemplo, 4°C/40°C por 24
h em cada condição. A quantidade de ciclos será determinada
pelo formulador;

e) de fotoestabilidade: Tem por finalidade demonstrar que uma


exposição à luz não resulta em alterações significativas no
produto. São recomendados testes: nas substâncias ativas,
no produto exposto, no produto envasado em sua embalagem
primária e no produto em sua embalagem final.

• 1365-·
• PARTE VIII - ESTUDOS DE ESTABILIADE

•m
19.1 ESTUDO D E ESTABILIDADE ACELERADA

O estudo de estabilidade acelerada é projetado para acelerar


a degradação química ou física de um produto farmacêutico, no qua l
o produto é submetido a condições forçadas de envelhecimento
(Quadro 23) durante armazenamento, as quais são selecionadas
com base no guia de estudo de estabilidade.

Quadro 23: Condições de estocagem em estudos de estabilidade acelerada


Temoo Umidade Temoeratura
3 meses 90% UR ±5o/o 50°C 2°C
6 meses 75% UR ± 5% 40°C ± 2°C

Para produtos que devem ser armazenados em refrigerador,


os estudos de estabilidade acelerada são realizados 25°C ± rC/60%
UR ± 5% .
Para prod utos em embalagens semipermeáveis, como bolsas
de plástico, gotas nasais em frascos de plástico, o estudo deve ser
cond uzido a 40°C ± 2°C e não mais que 25% UR ± 5% de umidade
relativa.
O tempo ou freqüência em que são retiradas as amost ras
em estu do, variam conforme seguem:
a) estudo conduzido por três meses: O, 1, 2 e 3 meses;

b) estu do conduzido por seis meses: O, 1, 2, 3 e 6 meses.


Ou seja, tomando como exemplo estudos conduzidos por
t rês meses de armazenagem em condições forçadas, são retiradas,
amostras para testes f ísicos, químicos ou microbiológicos, no inicio
(tempo zero), fase inte rmediária (após 1 e 2) e fim (após 3 meses).
Quando mudanças significativas ocorrem durante estudo de
estabil idade ace lerado, salvo se concordantes com estudos de longa
du ração, prevalecem estes últimos.
Exemplos de mudanças que podem ocorrer são perda de
5% em relação ao teor inicial, pH fora do limite e dissolução fora
do limite especificado .
Nos casos em que se queira avaliar o efeito da exposição
à luz sob re os produtos são rea lizados, também, os estudos de
fotoestabilidade. As amostras são expostas a não menos que 1,2
milhão de lux.hora, integrado à energia UV próxima de não menos
q ue 200 watt horas/m 2 • Podendo-se utilizar lâmpadas fluorescentes
UV de em issão máxima de energia entre 350 e 370 nm.
TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE

•••
As principais fontes de luz são :
a) opção 1: lâmpada 065/1065, combi nação UV/ visível;

b) opção 2: lâmpada fluoresce nte fria ISO 10977 integrada à


lâmpada f luorescente UV com espectro de 320 a 400 nm.

19.2 ESTUDO DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO

O estudo de estabilidade de longa duração é realizado


nas condições climáticas " naturais". O Brasil é tido como um p aís
class ificado como zona climática de classe IV (quente e úmida).
De modo, as condições de armazenamento em estud os de longa
duração para temperatura e umidade relativa são, respectivamente,
de : 30°C ± rc e 65o/o UR ± 5o/o . Para produtos em balados em
acondicionamentos semipermeáveis, a umidade não deve ultrapassa r
35% UR ±5o/o.
Outrossim, produtos que são, normalmente, armazenad os
em refrigerador têm estudos de longa duração co nduzidos a
2°C ± 3°C, enq uanto para os produtos armazenados em freezer, são
conduzidos -2 0°C ± 5°C.
Os estudos de longa duração visa m a confirmar o prazo de
validad e previsto, e são feitos durante e, opcional mente, após este
prazo esperado.
O novo guia de estudos de estabilidade (RE 398/ 2004)
introduziu ao guia anterior (RE 560/2002) O ESTUDO DE ESTABILIDADE
DE ACOMPANHAMENTO,
Este estudo visa a verificar o tempo pelo qual o produto mantém
suas características físicas, químicas, biológicas e m icrobiológicas e
co mplementa estudos de estabi lidade de longa duração.
O Relató rio de Estabilid ade, segundo RE n° 398/ 2004,
deve incl uir informações sobre: a) descrição comp leta do produto
(nome, número e tamanho, lote, fórmula, entre outras); b) condições
normais de armazenamento; c) resultados dos testes; d) amostragem
(número de amostras testadas e analisadas por período); e) condições
experimentais (incluindo tipo d e acondicioname nto primário),
f) considerações adicionais.
As cond ições de armazenamento recomendadas podem ser
conforme a estabil idade intrínseca dos segui ntes tipos:
al conservar em tem peratu ra ambien te (1 soe a 30°C);

b) conservar abaixo de 25°C;

• 1367-·
••
• PARTE VIII • ESTUDOS OE ESTABILIAOE

c) conservar entre 2•c e a•c, sob refrigeração;


d) conservar congelado (-5 a - 20°C);

e) conservar abaixo de -1a•c.

Os protocolos de estudo de estabilidade incluem ainda


dados adicionais, como data de fabricação do lote e data do início
dos testes.
CINÉTICA DE ESTABILIADE E PRAZO DE VALIDADE

••
20 CINÉTICA DE ESTABILIDADE E
PRAZO DE VALIDADE

GIL, E.S.; MACHADO, A.A.

A avaliação da velocidade de degradação de um


medicamento ou de um de seus componentes possibili ta estimar
o seu prazo de validade e, nesse contexto, dá suporte aos
estudos de estabilidade.
Entende-se por prazo de validade, o tempo durante o qual
o produto poderá ser usado, e para medicamentos é caracterizado
pelo tempo durante o qual o fármaco perd e no máximo 10% de
sua integridade. O prazo de validade é fundamentado em estudos
de estabilidade sob variadas condições.
Estudos de cinética de estabilidade conferem aos estudos de
estabilidade suporte físico-químico e matemático, correlacionando o
prazo de validade com a velocidade de reações.
A velocidade dessas reações dependem d e uma série d e
condições, tais como: concentração dos reagentes, temperatura,
pH, radiação ou presença de catalisadores.
Para que um estudo de estabi lidad e seja eficiente e completo,
é necessário ap licar os princípios da cinética química.
A cinética de uma reação diz respeito à velocidade específica
de reação, a qual é expressa por k, que indica a intensidade de
degradação ou alteração que o medicamento ou um de seus
componentes sofreu em dete rm inado tempo.
Seja uma reação entre compostos A e B formando produtos C e D,
k, corresponde à cinética de formação de C e D e k_, a reação inversa.

[C].[D]
=
[A].[B] k-

A meia-vida C t, 2) de uma reação é um importante termo


derivado de equações de cinética química. É definida como tempo
necessário para que a concentração do reagente caia pela metade
do valor inicial.

• 1369 ~-
• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE

•• A t,1, e o prazo de validade ~o podem ser calcu lados com


base na cinética de rea ção k, pelas equações:

I 0,693
tt / 2 = - - t90 = - -
0,1054
k k

Embora todas as reações obed eçam à lei de ação de


massas, a velocid ade de uma reação pode variar dependendo do
tipo de reação.
As reações químicas são classificadas quanto à cinética em:

a) reações de ordem zero (n = O}

b) reações de 1• ordem (n =1 l
c) reações de 2• ordem (n = 2}
Reações de ordem zero: quando a velocidade de reação não
depende da concentração dos reagentes; neste caso, o fator limitante
é outro qu e não a conce ntração, por exe mplo, a solu bil idade,
presença de catalisador, ou absorção de luz.
Re ações de o rdem zero são caracterizadas por gráficos
lineares da correlação concentração x tempo.
As reações de ordem ze ro podem ser represe ntadas pelas
equações:

~~ =k.[A]
0
fde = fk.dt C= kt+co

Onde: c= concentração do produto no tempo t, c0 =concentração inicial e [AI = concentração


do reagente.

Logo, considerand o-se que o prazo de validade requer a


detecção de no máximo 1 O% de produtos de degradação, ou seja,
no mínimo 90% de integridade. A meia-vida (tv) pode ser calculada
pela equação:
t = 0,5.c.k t =O,l.c.k
1/ 2 90

Reações de pseudo ordem zero: ocorrem quando a velocidade


da reação depende da quantidade de fármaco que entra em contato
com o reagente, e a diminuição da concentração ao longo do tempo
é linear.

~..... 3701 •
CINÉTICA DE ESTABILIADE E PRAZO DE VALIDADE

•••
Reações de primeira ordem zero: nas reações de primeira
ordem, a velocidade de reação depende da concentração de apenas
um dos reagentes.
a representação gráfica, obtêm-se retas para reações de
primeira ordem a partir de correlações entre o logaritmo da concentração
dos produtos formados em função do tempo (/ogC x t).
As reações de primeira ordem podem ser ex pressas
matematicamente, pelas seguintes equações.

de
de ook.[A] -=k.co ln~ =k.t
dt dt Co

logc. -logc
log ~ = k.t I 2,303 t= t = (logc. - logc).2,303/ k
Co k / 2,303

Em reações de primeira ordem, o t y, é ca lcu lado pela


fórmula:

log 50% - log 100%


t., l = --=~---=---- t,. = 2,303 / k.log lOO% -log50%
k / 2,303

Logo, considerando-se que o prazo de validade corresponde


à perda de, no máximo, 1O%, o tempo de estabi lidade pode ser
expresso matematicamente:

t .. = 2,303 / k.loglOO% -log90%

Reações de pseudoprimeira ordem: uma re ação de


pseudoprimeira ordem pode ser definida como uma reação de
segunda ordem em que um dos reagentes se apresenta em excesso
ou cuja concentração se mantém constante .
Reações de segunda ordem: nas reações de segunda ordem,
a velocidade é proporcional ao quadrado da concentração atual do
produto, e nessas reações essa velocidade depende da concentração
de dois reagentes.
Graficamente , uma reação de segunda ordem é caracterizad a
quando a curva (1/ C x tempo) resulta em uma reta.
As reações de primeira ordem podem ser ex pressas,
matematicamente, pelas seguintes equações:

de ook. [A]2
dt
de =kco2
dt ·
Ic= - Co
k.co.t - 1

• 1371 ~li
• PARTE VIII • ESTUDOS DE ESTABILIADE

• O cálculo da t , é dado por:

Co Co 1
t l/ 2= -
2 1+k.colh k.co

No entanto, em se tratando estudos de estabilidade, as


re ações de segunda ordem são de pouco interesse, já que para a
maioria dos casos as reações de degradação envolvem reações de
ordem zero e primeira ordem.
Exemplo:
Calcule a validade de um medicamento, cujo fármaco se
apresenta na respectiva forma farmacêutica a 37°C k = 1.1 o·7 s· 1 •

0,10538
t.,=-'---
k

0,10538
t .. = - - -
-7
1.10

Ígo =1053800 s :. tg0 =12,2 dias

- -3721 •
CINÉTICA DE ESTABILIADE E PRAZO DE VALIDADE

••
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• 1375- -
FUNDAMENTOS
"'
TEORICOS "'
BASICOS
"'
EM ANALISE INSTRUMENTAL

"O gênio consiste em um por cento de


inspiração e noventa e nove por cento
de transpiração."
(Thomas A. Edison)
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

•••
21 M ÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

GIL, E. S.i MA TIAS, R.

Os métodos espectrométricos de análise incluem todas as


técnicas baseadas na interação entre energia eletromagnética (E) e
matéria (M ).
A interação entre energia radiante e uma determinada
substância pode resultar em variados eventos físicos ou químicos,
tais como: absorção, remissão, fotodecomposição, reflexão,
aquecimento.
A magnitude desses eventos depende r á tanto das
características moleculares quanto da energia radiante.
Conforme a conveniência, a energia eletromagnética pode
ser medida em função de seu comprimento de onda (À), freqüência
(v), velocidade (c), potência (P) ou intensidade (1). Dentre essas
grandezas, as mais utilizadas são a freqüência e comprimento de
onda, que se correlacionam com a velocidade da luz (300.000 km/s)
por meio das equações:

Quanto menor o comprimento de onda, maior a f req üência


e intensidade da radiação ionizante (Figura 34).
O Espectro Eletromagnético

>- X !3 ~ "' ...


"'o o

c:;
o·:; ~
..c
~ "'c
-o
10
-o ~ ~
'(§ ·;;:"' E o ~ o
t eu 'õ
~ >
,r; .E ~

.s:
10"11 10.• 1o·•
10"" 10·' À (m) 10"' 10"' 10'

Figura 34: Propagação da energia Rad iante

De certa forma, pode-se inferir que as radiações menos


energéticas têm efeitos suaves, enquanto rad iações mais ene rgéticas,
efeitos ionizantes.

• 1379- ·
• PARTE IX . FU NDAMENTO S TÉO RICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• Assim, a interação da luz v isíve l (380 a 700 nm) com a


reti na resulta na v isão, nosso principal sentido, enquanto raios
e gamas ( < 1 Â) são empregados e m métodos de esterilização e
podem causar mutação ou fissões nucleares.
A Tabela 26 apresenta os tipos de interações esperados para
cada faixa eletromagnética.
Tabela 26: Energia radiante e e'entos moleculares típicos.

Tipo de Radiação Evento Molecular Faixa Espectral (Ã)

Raios y Transições nucleares < 1Â


Transições eletrônicas de
Raios x camada interna
1 a 10 Â (1 nm)

Transições eletrônicas de
UV distante (vácuo) 1 a 200 nm
camada externa
UV próximo Transições eletrônicas 200 a 400 nm
Visível Transições eletrô nicas 400 a 800 nm
IV próximo Vibrações moleculares 800 a 2.500 nm (2,5 Jlm)
IV fundamental Vibrações moleculares 2,5 a :!5 Jlm
IV distante Rotações moleculares 25 a 400J1m
Microondas Rotações moleculares 400 a 250.000 11m (25 em)
Ondas de rádio O rientações de spin > 25 em
Formação de radicais
Feixe de elétrons Massa/carga
iônicos

Como conseqüência d os d iversos tipos de i nterações


possíveis, os métodos espectro métricos pode m ter várias fu nções
analíticas quali ou quantitativas.
Outrossim , os métodos espectroanalíticos podem se r
classificados sob vários aspectos:
a) não d estrutivos: Espectrofotometria UV-visível, Espectrofotometria
IV, Esp ectrometria de RM '- , Flu orimetria, Colorimetria,
efelometria, Turbidimetria;

b ) destruti vos: Espec tro metria de Massas, Espectro m etri a de


Absorção Atômica, Fluorescência Atômi ca, Fotometria de Chama,
Difratometria de Raios X;

c) emissão: Fluorimetria, Fluorescência Atômica, ICP;

d) absorção: UV-visível, Infravermelho, RM , Absorção atômica ...

e) identifi cação: Massas, Infravermelho, RM N, Rx, Polarimetria,


Raman;

f) quantifi c ação: U V- vi sível , Fluori m etri a, Absorção Atôm i ca,


Refratometria;

-• Jsol•
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

••
gl espectrofotométricos: UV-Visível, Infravermelho, Fluorimetria,
Colorimetria;
h) não espectrofotométricos: Massas, RMN, ESR.

21.1 ESPECTROFOTOMETRIA NO UV-VISÍVEL

O UV-visível talvez seja uma das técni cas mais utilizadas em


todo o mundo, em especial em análises quantitativas em laboratóri os
químicos, clíni cos e farmacêuti cos.
Esta técnica, continuament e aperfeiçoada, ainda permanecerá
durante longo período sendo um dos mais úteis instrumentos de
med ida. Entre as principais vantagens dela estão:

a) facilidade de manuseio ou operação;

b ) boa sensibilidade (1 o-4 a 1 o- 7 moiL- 1 );

c) boa exatidão;

d) seletividade moderada;

e) ampla aplicabilidade.

A relação fotometria-luz deve ser enca rad a em termos


de energia e não em termos de luz e cor. A energia, por sua vez,
apresenta relação inversa com o comprimento de onda, simbolizado
por À.. A unidade empregada para medida do com primento de onda
À. é o nanômetro (n m).
a faixa espectral do UV-visível, a interação entre matéria e
energia se dá por transições eletrônicas. Assim, a espectrofotometria
no UV-Visível é também , convenientemente, denominada d e
espectro metria de absorção eletrônica.
O grau com que ocorre absorção da energia luminosa
depende das transições eletrônicas possíve is para a molécula
(matéria) e da intensidade de energia.
Uma solução quando iluminada por luz branca apresenta uma
cor que é resultante da absorção relativa dos vários comprimentos
de onda (Quadro 24).

• 1381 - -
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• Quadro 24: Luz visível e cores complementares.

Comprimento de
Cor absorvida Cor complementar
Onda /..
380- 430 Violeta Amarelo-verde
430- 47.5 Azul Amarelo
47.5- 49.5 Azul-verde Laranja
49.5- 505 Verde-azul Vermelho
50.5 - 55 Verde Púrpura
5.5.5- .575 Amarelo-verde Violeta
57.5- 600 Amarelo Azul
600- 620 Laranja Azul-verde
620- 700 Vermelho Verde-azul

Como já foi visto no capítulo 11 , essa absorção, em cada


comprimento de onda, depende da natureza da substância ( K) , da
concentração (C) e do caminho óptico (L- espessura da solução que
é atravessado pela luz).
A principal aplicação do UV-visível é o doseamento de
fármacos, e pode ser obtido segundo as seguintes configurações
metodológicas:

a) amostra x padrão;

b) amostra x equação da reta (curva analítico);

c) amostra x extinção específica;

d) titulação fotométrica.

este capítulo são apresentados f undamentos teóricos


envolvidos na interação entre matéria e luz, bem como sobre a
instrumentação básica.

21.1.1 Transições eletrônicas

A magnitude da absorção molecular no UV-visível depende


da área de secção transversal da molécula e da estrutura eletrônica
da molécula, que expressa a probabilidade de transição para uma
dada energia.
A estrutura eletrônica de uma molécula diz respeito aos tipos
de elétrons envolvidos. Em contrapartida, os elétrons são classificados
segundo sua órbita, a qual pode ser dividida em orbitais moleculares
e orbitais atômicos.
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

•••
São quatro os tipos de orbitais atômicos conhecidos: s, p, de f.
o caso dos orbitais moleculares, para molécu las orgânicas
exist em três possibilidades: sigma (cr), pi (7t ) e não ligante (n).
Por sua vez, para cada orbital molecular ligante, exite um
orbital antiligante (cr* e 7t*), para o qual os elétrons se deslocam
mediante uma excitação.
Transições e letrônicas envol vendo moléculas formadas,
basicamente, por ligações simples (elétrons cr) requerem excitação
(energia) relativamente grande. Deste modo, a absorção eletrônica
só ocorre mediante c omprimentos de onda da ordem do UV
distante (À < 185 nm).
Com o acréscimo do nível de energia aplicado naturalmente,
perde-se em seleti v idad e, de modo que molécu las típicas da
atmosfera (0 2 , C0 2, N 2 ) se tornam interferentes potenciais. Logo,
medidas de absorção, para soluções contendo mo léculas saturadas,
só são possíveis em vácuo, fato pelo qual, o UV d istante é ta mbém
chamado UV vácuo.
Moléculas contendo grupos insaturados são excitadas mais
facilmente. Ou seja, os elétrons 1t ligantes se deslocam aos respectivos
orbitais antiligantes sob ação de menor nível de energia. A esses grupos
insat urados responsáveis por absorção de luz na faixa do UV próxi mo
ou visível (À 200-700 nm) dá-se a denominação de cromóforos.
Outras transições possíveis na faixa do UV próxi mo ou
v isível envolvem elétrons não ligantes (n) para orbitais ant iligantes
(cr* ou 7t*). As transições n ---7 cr* ocorrem na faixa d e À de 150 a 2 50
nm, enquanto transições n ---7 7t* entre 200 e 700 nm .
A Figura 35 il ustra as relações entre níve l d e ene rgia e
transições eletrônicas envolvendo elétrons n , cr e n .

Antiligante cr·
Antiligante 1t'

E Não-ligante n
Ligante 1t

I Ligante O'

Figura 35: fvel e nergético para transiçõe s n, a e n.

A faixa e intensidade de absorção de grupos crom óforos


podem sofrer influência de grupos contendo elétrons n, tais como
-oH , H 2 e Cl·, grupos estes denominados auxocromos.

• 1383- ·
• PARTE IX . FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁL ISE INSTRUMENTAL

•• Além das transições envolvendo elétro ns n, as envolvendo


elétro ns d e f também são possíveis no UV- próximo. Ent retanto, tais
t ra nsições não são típicas de moléculas orgânicas e fármacos.
Po r fim , t ransições e letrônicas, ou seja, tra nsferê ncias
d e ca rgas, são mais adequ adame nte investiga das por m étodos
eletroa nalít icos, tais como voltamet ria.

21.1.2 Componentes básicos de instrumentação

O s instrumen tos que utilizam a med ida de absorção de energia


eletromagnética radiante por soluções são os espectrofômetros, que são
eq uipamentos q ue utilizam grades de difração ou pri sma na seleção da
porção desejada do espectro, ou seja, ultravioleta visível e infravermelha.
A Figura 36 esquematiza os seis com ponentes da fotometria.
Cela: 4
Fotocélulas e Transdutor: 5 e 6

• Colimadores: 1, 2 e 3
Componentes Eletrônicos

Figura 36: Compo nentes da espedroscopia de ultravioleta.

1- Fonte de energia elétrica: fo rn ecedora de energia regul ad a,


constante e apropriada para a o peração do aparelho.

2- Fonte de energia rad iante: capaz de emitir uma mistu ra de


comprimentos de onda.

3- Monocromador: utilizado para o isolamento da porção desejada


do espectro.

4- Porta cubeta: recipiente onde se coloca a cubeta contendo a


solução a ser medida.

5- Detector: recebe a energia rad iante transmitida pela solução,


transformando-o em energia elétrica.

6- Ci rcuito medidor : recebe a energia elétrica emitida, pelo detector.


apresentando-a ao operador sob a forma úti l de leitu ra, isto é,
transm itância o u absorbância.

- -3841 •
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS


• 11
Como toda instrumentação em controle de qualidade, o
espectrofotômetro deve-se ser calibrado, a fim de que desvios físicos não
comprometam a análise. Além disso, problemas com a instrumentação,
desvios químicos por ·causa das interações intermoleculares, como
associação, dissociação, solvatação, polimerização, podem afetar a
lei de Beer, comprometendo também a análise.

21 .2 EsPECTROMETRIA NO INFRAVERMELHO

A espectroscopia do infrevermelho (IV) compreende a região


do espectro elet ro magnético de com primentos de onda vari ando de
0, 75 a 1 .000 J..lm. A região do infravermelho entre 2 ,5 e 14,9 1-l m (670
a 4000 cm-1 ) concentra o maior interesse dos químicos, embora as
regiões do infravermelho próximo (0,75 a 2,5 J..lm) e do infravermelho
distante (14,9 a 50 J..lm) venham gradativamente, conquistando seu
espaço.
A região espectro magnética correspondente ao infravermelho
causam alterações no estado de energia vibracional da molécula.
As transições vibraciona is são associadas a mudanças na rotação
dos átomos sobre ligações químicas, que por sua vez, podem ser
formadas por diferentes combinações entre átomos ou números
de elétrons compa rtilhados (ex. Ligações simples, dup la ou tripla).
Conseqüentemente, cada pico num espectro de IV corresponde a
um grupo funciona l particular.
De modo geral, grupos formados por ligações simples com
hidrogênio (0-H , N-H, C-H) absorvem na região de maior freqüência
do espectro IV médio (4.000 a 2 .100 cm -1 ) . Este fenômeno se deve
ao pequeno tamanho do hidrogênio que lhe permite vibrar em altas
freqüências. Por outro lado, grupos cont endo ligações triplas (C=N),
absorvem em regiões intermediárias (2 .1 00 a 1 .900 cm- 1 ), enquanto
os formados por ligações duplas (C = O, C = C) absorvem em regiões
de menor freqüência (1 .900 a 1.500 cm-1 ) . Ou seja, a freq üência
de cada ligação corresponde a um nível vibracional e depende da
superfície de energia potencial da molécula, da geometri a molecular,
das massas dos átomos e eventualmente do acoplamento vibrônico. Os
principais modos vibracionais incluem: deformação axial assimétrica
(a) e simétrica (b); deformação angular simétrica no plano (c) e fo ra
do plano (d); deformação angular assimétrica no plano (e) e fora do
plano (f).

• IJss l \1\:S
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• Principais Modos de Vibração

• A ordem de intensidade de absorção para as ligações C-X podem ser descritas como:
C-0 > C-CI > C-'J >C-C-OH> C-C-H
e:
OH> NH > CH

Deste modo, grupos funcionais distintos apresentaram


absorção com intensidade e em regiões distintas do espectro de
infravermelho (Tabela 27).
a região espectral compreendida entre 1 .200 a 700 cm-1 (8
a 14 ~m), pequenas diferenças na estrutura e composição molecular
resultam em mudanças significativas no perfil do espectro de IV.
Em conseqüência, esta região é tida como " impressão digital" da
molécula, evidenciando identidade da molécula.
Estas características fazem da espectrometria de infravermelho
(IV), uma metodologia bastante útil na identificação de compostos
orgânicos e inorgânicos.
Tabela 27: Faixas de absorção e intensidade relativa para diíerentes grupos func ionais

Faixa de A bsorção
Grupo Funcional Intensidade
(cm - 1 )

N-H 3500-3300 Fraca a forte


0 -H 3650-2700 Variável alargada
C-H 3200-2800 Média a forte
C =C 23 00-2100 Fraca
C=N 2300-2200 Forte
C=C 1600-1500 Variável
C=O 1760-1690 Forte
C-X 1100-550 Média a fraca

J
3861 •
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

••
A interpretação de um espectro de IV, o qua l é formado
por número considerável de picos, em geral 20 a 30, possibilita o
emprego desta técn ica em ensaios de identificação de matérias-
primas com grande acurácia. A concordância com a lei de Beer
aliada ao mai or número de picos observados, favorece o emprego
em ensaios de doseamento com mai or se letividade. Outrossim, a
combinação adequada, entre região espectral e técnica uti lizada,
possibilita vários tipos de aplicações do infrave rmelho ao controle
de qualidade (Tabela 28).
Tabel a 28: Princ ipais apl icações da Espectrometria no Infravermelho

Tipo de
Região Técnica Tipo de Amostra
Análise
IV próximo Reflectância Quantitativa Misturas sólidas ou líquidas
difusa
Absorção Quanti tativa Misturas gasosas
IV médio Absorção Qualitativa Compostos pu ros sólidos,
líqu idos ou gasosos
Absorção Quantitativa Misturas comp lexas
Reflectância Q ualitativa Compostos puros só lidos
ou líqu idos
Emissão Quantitativa Amostras atmosféricas
IV distante Absorção Qualitativa Espécies puras inorgânicas
ou organometálicas

Entretanto, no que d iz respeito à sensi bilidade e aos aspect os


operacionais, o infravermelho apresenta desvantagens importantes
para seu emprego em análises quantitativas.
Entre as principais desvantagens destaca-se o fato d e
que solventes orgâni cos com uns como clorofó rmio, etan ol ou
d icloro metano, absorvem no IV interferindo na análise. O utrossim,
dado que a concentração de análise gira em torno de 1 O%, este
problema se torna mais gritante.
Entre os solventes mais adequados ao IV, está o tetracloreto de
carbono, que em células de até 1 mm de espessura é praticamente,
t ransparente de 4000 a 1 700 cm- 1 (2,5-5,9 1-1m). j á o d issulfeto d e
ca rbono pode ser útil em medidas em regiões entre 250 cm- 1 (40
1-1ml e 845 cm-1 . Em faixa superior a 845 cm-1 , o disulfeto de carbono
interfere fortemente nas faixas de 2400 a 2000 cm·1 e 1800 a 1 300
cm- 1 , bem como de modo pouco pronunciado na região entre 875
a 845 cm- 1 •

• 1387 L..;. .;. . . . . . .


••
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

Neste contexto, ressalta-se que, mesmo materiais utilizados


na confecção do instrumental e acessórios absorvem luz IV, e devem
ser preferencialmente, transparentes na região espectral que se
pretende trabalhar. A Tabela 29 traz as faixas de transmissão para
diferentes materiais comumente empregados na confecção de
janelas e células.
Tabela 29: Faixas de transmissão de materiais de ja nelas e células

Faixa de Transmissão
Material
!lm em·'
Fluoreto de lítio 2,5 -5,9 4000-1 695
Fluoreto de cácio 2, 4-7,7 4167-12 99
Cloreto de sódio 2,0-15,4 5000-649
Brometo de potássio 9,0-26,0 1111-385
Brometo de césio 9,0 -26,0 1111-385
KRS - 5 (TIBr +Til) 25 ,0-40,0 400-250
Fonte: Vogel, 2002.

Os instru mentos para medir a absorção infravermelha


requerem uma fonte de radiação infraverme lha contínua e um
t ransdutor ou detector sensível ao i nfravermelho . As fontes
infravermelhas consistem em um sólido inerte, que é eletricamente
aquecido a temperaturas entre 1500 e 2200 K. As principais fontes
d isponíveis são emissor de Nernst, a fonte Globar e o laser de
d ióxido carbono.
Já os detectores podem ser classif icados em três categorias:
detectores térmicos, piroelétricos e fotocondutores.
A evolução desta técnica, a partir dos anos 80, têm sido
grande, destacando-se a substituição gradual de espectrofotômetros
d ispersivos, por espectrofotômetros com transformada de Fourier
(FTIR), o desenvolvimento de aplicações na região do infravermelho
próximo (N IR) e distante (Tabela 28), bem como de vários acessórios
o u consumíveis.
Além da prensa hidráulica, molde evacuável, almofariz e
pistilo de ágata, essenciais confecção de pastilhas (empastilhamento),
o utros acessórios úteis em rotinas de controle de qualidade incluem :
células desmontáveis para líquidos e materiais viscosos, células
seladas para líquidos, células para gases, cartões de amostras, kit
para prod ução de fi lmes de polímeros, entre outros.
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

••
Em análises farmacêuticas no IV médio, as amostras,
dependendo de sua natureza, são preparadas por diferentes
métodos.

Amostras Sólidas

Pós ou sólidos reduzidos a partículas pequenas podem ser


examinados como uma pasta fina ou mullita. A pasta é formada
triturando alguns miligramas da amostra em presença de uma ou
duas gotas de óleo de hidrocarboneto. Ressaltando-se que, este óleo
mineral (Nujol®) empregado como veículo, não tem bom poder
dissolvente e tão pouco não é transparente ao IV médio.
A pasta fina resultante é examinada em seguida entre duas
placas de sal (ex . KBr ou NaCI), a qual é então colocada em uma
jan ela suporte na trajetória do facho.
Outra técnica para sólidos é triturar cerca de um mi ligrama
da amostra com aproximadamente 200 miligramas de brometo de
potássio. A mistura é pressionada em seguida no molde evacuável em
prensa para criar um disco transparente. Colocando-se em seguida
a pastilha de KBr obtida no percurso do feixe correspondente.
Vários aspectos podem prejudicar a resolução do espectro
obtido por este método de preparação. Entre os quais destacam-se
umidade excessiva, falta de pureza do KBr, falta de uniformidade da
partilha e baixa transmitância. Esta última decorre de pastilhas com
espessura excessiva e ocorrem quando na ausência de banda de
absorção a transmitância é superior a 75% a 2000 cm- 1 . A qualid ade
do espectro pode melhorar significativamente quando se faz um
branco ("background") com pastilhas mesma espessura elaboradas
apenas com KBr (sem a amostra).

Am ostras Líquidas

Espectros de amostras líquidas podem ser obtidos com auxílio


de duas placas de aCI ou KBr, onde entre as mesmas, o líquido de
viscosidade apropriada formaria um filme capilar. Pode, ainda, ser
utilizada célula desmontável para líquidos e materiais viscosos.
No caso de amostras mais fluidas ou soluções com solventes
transparentes utilizam-se célu las seladas para líquidos. Estas células
ou celas constam de duas janelas seladas e separadas por duas juntas
delgadas de Teflon, cobre ou chumbo previamente umedecidas com
mercúrio. As janelas comumente são feitas de cloreto de sódio,
cloreto de potássio ou brometo de césio.

• 1389- ·
• PARTE IX . FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• Geralmente, um bom espectro é obtido com células de


baixa espessura (0,1 a 0,5 mm). Da mesma forma, a qualidade do
espectro é melhorada quando se faz o branco em condições similares
a amostra.
Amostras Gasosas
Os gases são obtidos em células feitas de material transparente
ao IV, as quais possuem um camin ho óptico de 100 mm. A cé lula
(cuvette) é evacuada e então preenchida com amostra gasosa à
pressão desejada através de uma válvula . Quando necessário, a
pressão interna pode ser ajustada com um gás transparente ao
IV médio (ex. nitrogênio ou argônio). Para evi tar interferência
decorrentes de bandas de abso rção da água ou gás carbono,
recomenda-se que se faça background com a célula preenchida nas
mesmas condições com gás transparente.
Em todos os casos dependendo do modelo do aparelho e
software disponível, pode-se subtrair digitalmente o espectro da
amostra de um branco adequado.
Finalmente, a identificação pode ser facilmente conclu ída,
comparando-se o espectro obtido para amostra com o espectro obtido
para um padrão (substância de referência). Igualmente aceitável, é
a comparação do espectro obtido para amost ra com o disponível
em uma literatura oficialmente, aceita (ex. fa rmacopéia bri tânica). A
interpretação do espectro com base em parâmetros físico -químicos
não é praticável em rotinas de controle de qualidade.

21.2.1 Espectrometria de infravermelho próximo (NIR)

A espectrometria de in f ravermelho próximo ( I R) é a


med ição de comprime nto de o nda que se estende em uma faixa
de 800 nm - 2,5 !-lm (12,500 - 4000 cm- 1 ) e tem energia suficiente
para excitar sobretons e combinações de vi brações molecu lares a
altos níveis de energia. A espectroscopia NIR é tipicamente usada na
med ição quantitativa de grupos funcionais orgânicos, especialmente
0-H, N-H e C=O. Os limites de detecção são normalmente O, 1% e
as aplicações mais comuns incluem análises farmacêuticas, agrícolas,
poliméricas e clínicas.
Os componentes e o design do instrumental da NIR são
similares aos espectrômetros de absorção UV-vis. A fonte de luz
normalmente é uma lâmpada de tungstênio e o detector é um

... 3901 •
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

•••
detector Pb5 estado sólido. Os recipientes para a amostra podem ser
de vidro ou quartzo e os solventes típicos são tetracloreto de carbono
(CCI) e dissulfeto de carbono (C52) . O instrumental da espectroscopia
NIR comparado com a espectroscopia IV torna-o mais adequado
para o monitoramento "on fine" e o controle de processos.

21.3 fLUORÍMETRIA

A emissão de fluorescência e/ ou fosforescência pode


ocorrer quando espécies químicas de natureza orgâ nica e com
alto grau de insaturação na sua estrutura molecular absorvem
radiação proveniente de uma fonte de excitação. Dependendo do
comprimento de onda da radiação incidente, e da natureza química
da espécie em questão, a interação provoca transições eletrônicas
entre estados de energia característicos. A fluorescência é emitida
quando a molécula retorna do primeiro estado singlete excitado
(51 ) para o estado fundamental (50), possuindo tempo de vida de
1o- 7 s. O fenômeno da fosforescência envolve estado energético
de multiplicidade diferente, possui tempos de vida na faixa de 10-3
- 1 O s. Os fenômenos de fluorescência e fosforescência possuem
grande finalidade analítica. A re lação linear existente entre a
concentração do luminóforo e a intensidade de radiação emitida e
os À característicos de excitação/ emissão permitem a identificação
e determinação quantitativa de compostos de interesse.
Os espectrofluorímetros, requerem fonte luminosa de
alta energia (lâmpada de arco de xenônio), sendo que o detector
é alinhado a 90° para minimizar detecção de luz direta. Estes
instrumentos requerem ainda dois monocromadores, um para
selecionar a luz de excitação e outro para luz emitida pela amostra,
caracterítica esta que confere seletividade à técnica. Vários
fabricantes oferecem instrumentos capazes de fornecer espectros
tanto de excitação quanto de emissão. A emissão fosforescente é
coletada apartir do uso de um fosforoscópio no compartimento de
amostras ou pela discriminacão temporal para eliminar a emissão
fluorescente que acontece 1 o-3 s antes.
Entre as vantagens da fluorimetria fre nte à absorção no
UV-Visível, estão a elevada sensibilidade (100 vezes maior) e maior
seletividade. o caso da fosforescência, estas vantagens são ainda
mais expressivas. Como desvantagem, cita-se a limitação quanto
ao campo de aplicação, já que poucas moléculas apresentam
fluorescência ou fosforescência. Além da fosforescência exigir

• 1391 - ·
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• completa imobilização das moléculas analisadas para permitir


eficiência no processo de transição singlete-triplete.
Enquanto, em moléculas fluorescentes, a fluorescência dura
apenas enquanto houver estímulo, na fosforescência, o produto
excitado é mais estável, de forma a demorar mais tempo (de
um micro-segundo até minutos) até que a energia seja liberada
totalmente.
Outras técnicas de espectrometria de lu m inescência
molecular, inclui a fosforescência molecular e a quimioluminescência
molecu lar. Por sua vez, na quimioluminescência, a produção de
luz ocorre quando a ene rgia de excitação é proveniente de uma
reação química (ao invés da absorção de fótons, em fluorescência).
Deste modo, a molécula excitada pode ser o produto da reação
ent re a substância analisável (analito) e um reativo apropriado, por
exemplo, ozôn io, peróxido de hidrogênio e luminol. Em outros
casos, a substância analisável não está diretamente envolv ida na
reação quimioluminescente, sendo o efeito inibidor da substância
analisável, o parâmetro analítico. Os contaminantes atmosféricos
como o ozônio, óxidos de nitrogênio e compostos de enxofre
podem ser determinados por métodos de quimioluminescência,
sendo que a apl icação mais comum de todos estes métodos é a
determinação de óxido nítrico. A instrumentação das medições de
quimiolum inescência é simples e consiste em uma câmara de reação
adequada e um tubo fotomultiplicador.

21.4 fOTOMETRIA DE CHAMA, ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO


ATôMICA E lcP

A presença de metais em produtos farmacêuticos pode


ter im pacto na estabi lidade (ex. catálise oxidativa de fármacos e
coadjuvantes) ou na inocuidade (ex. efeito carcinogênico do cádmio,
neurotoxicidade do chumbo e mercúrio). Assim, a determinação
de metais em níveis de traço é de suma importância em análises
farmacêuticas. Hoje existem inúmeras técnicas bastante sensíveis e
seletivas para determinação de metais. Entre as principais técnicas
destacam-se a fotometria de chama, a espectrometria de absorção
atômica (AASL a espectrometria de emissão atô mica (AES) e a
espectrometria emissão óptica por plasma indutivamente acoplado
(I CP).
Todos estas técnicas obedecem e lei de Beer, e baseiam-
se na absorção ou emissão de radiação ultravioleta por parte dos
elétrons que, ao sofrerem um salto quântico depois de devidamente
••
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

excitados, devolvem a energia recebida para o meio, voltando assim


para a sua camada orbital de origem (Figura 3 7) .

Evaporação (1)
M>Cjoólido)

oxcltaçio tánnlca (3) dluocloçio {2)


jl -
M(gãsJ + >Cjgãs J ;::===~
hv ~rmlca

j
hv
j
M(gú J
Absorção de
energia radiante hv

Reemlssão (Fluorescência)
Emissão de chama hvouhv'

Figura 37: Aquecimento de um sai na chama


Fonte: -'ldaptação do Vogel '2002 íeito por Matias (2 00~) .

O s espectros atômicos são riscas (espectros de linhas), portanto


uma fonte de radiação intensa e monocromática oferece condições
de aplicabilidade quantitativa, com mecanismos de absorção ou
emissão atômica correspondentes a transições eletrôn icas. Se ndo
que os limites de detecção podem vari ar de 1 a 1 O ,ugL _, _

21.4.1 Fotometria de chama

A Fotometria de Chama ou Espectroscopia de Em issão de


Chama (A ES), embora já suplantada por técnicas mais modernas,
e restrita a análise de metais alcalinos, ainda tem seu emprego
assegurado po r sua simplicidade e baixo custo.
Nesta técnica a intensidade da radiação emitida é f iltrada de
uma chama e medida com detector fotoelétrico. A instrumentação
é re lati vamente simples, sendo que o componente chave para
selet iv idade do método é o filtro, que interposto entre a chama e o
detector, transmite apenas uma raia intensa do elemento desejado.
Em contrapartida, os elementos devem ser facilmente, excitáveis, e
com intensidade suficiente para a detecção. Entre elementos que
apresentam tais características estão o sód io, o potássio, o lítio, e
o cálcio.
Outro componente muito im portante é a câmara de mistura
e combustão, por onde o ar, a uma certa pressão, arrasta a solução

• 1393-·
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• da amostra para nebulizando-a e aspergindo-a para chama de


combustão. O combustível mais utilizado é o gás acetileno, que
atinge até 3.000 °C, gaseificando a solução da amostra. Por fim,
a radiação da chama passa através de uma lente e de um fi ltro
óptico que só da passagem à radiação do elemento investigado;
esta radiação ati nge a fotocélula e a resposta é medida num sistema
apropriado, como um painel digital.

21.4.2 Absorção Atômica

A AAS, também chamada de espectrofotometria de absorção


at ôm ica, é o método de análise aplicado a determinações qualitativas
e quantitativas de cerca de 70 elementos diferentes em amostras
biológicas, metalúrgicas, farmacêuticas e atmosféricas. Permite
a quantificação de metais alcalinos em soluções, bem como a
determinação de impurezas metálicas. Desempenha, também um
importante papel na determinação de sódi o, potássio e lítio.
É uma técnica analítica bem estabelecida, e suficientemente
sensível, seletiva e robusta. Baseia-se no princípio que estabelece
que os átomos livres em estado estável podem absorver a luz a um
certo comprimento de onda.
No que diz respeito ao instrumental, os espectrômetros de
absorção atômica são compostos basicamente, por uma fonte de
rad iação, atomizador (nebulizador-gaseificador), monocromador,
detector e processador de sinais com leitor digital (Figura 38).

Figura 38: Com ponentes básicos d e um espectrômetro de Absorção Atômica

A escolha dos combustíveis (C) e oxidantes (0 ) em pregados


em espectroscopia de chama está relacionada aos compostos
intermed i ári os considerando os mecanismos de dissociação na
formação de át omos neutros. Por exemplo, o molibdên io, cujo
óxido é bastante volátil, pode ser doseado por absorção atômica
numa chama ar-acetilen o, enquanto o alumínio, que forma um
óxido refratário, necessita de uma chama não só redutora, mas

- · 3941 •
••
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

principalmente mais quente, o que pode ser alcançada com chama


óxido-nitroso e acetileno. Para amostras mais refratárias devem ser
empregados oxigênio ou óxido nitroso como oxidante .
Com o desenvolvimento de fornos eletroté rmi cos, su rge a
partir da década de 70 absorção atômica em forno de grafit e (GFMS).
Nestes equipamentos, a atomização ocorre em um fo rno cilíndrico
de grafite aberto de ambos lados e com uma fenda central para
introduzir as amostras (em solução ou sólidas). São uti lizadas duas
correntes de gás inerte (em geral argônio), uma externa, evita que o
ar entre no forno, a outra, interna, assegura que os vapores ge rados
desde a matriz de amostra sejam ret irados rapid amente do forno.
O t ubo de grafite permite atomização co mpleta da amostra e um
maior tempo de permanência dos átomos no caminho ó pt ico, fato
que confere a este sistema ma ior sensibilidade. Outrossim, os fornos
de grafite pode r exerce r também função de reator químico.
Em contrapartida, variações na temperatura e na taxa de
aquecimento do tubo de grafite, no volume injetado de amostra, na
radiação emitida da fonte, nas diluições, na estrutura do atomiza dor,
são alguns exemplos de parâmetros que podem também afetar o
desempenho analítica técnica G FAAS.
Porém, se comparada com a (FMS), a (GFAAS), além de
substancialmente mais sensível, é mais versátil, j á que pode se r
aplicada a amostras em solução ou sól id a.

21.4.3 Espectroscopia de emissão de plasma

A Espectroscopia de Emissão de Plasma (ICP) é uma técn ica


que utiliza como fonte de atomização I excitação, descargas elétri cas
chamadas plasmas.
Estas técnicas incluem o plasma acoplado por indução (ICP)
e o plasma acoplado di retamente.
O plasma gerado por indução é obtido pela apli cação de um
campo elétrico intenso aplicado por ge rador de freqüência de rádio,
o qual provoca a ionização de um gás de elevada pureza, comumente
argônio, hélio ou nitrogênio. Já o plasma acoplado diretamente é
criado por uma descarga elétrica entre do is eletrodos.
As fontes de plasma operam em temperaturas elevadas entre
7000 e 15000K, produzindo um número maio r de átomos excitados
que as fontes de atomização, por chama ou eletrotérmi ca. Além
disso, a fonte de plasma pode reproduzir as condições de atomização
com um maior grau de precisão que MS.

• 1395-
• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUM ENTAL

•• Outras va ntagens da fontes de plasma sobre os métodos de


chama e eletrot érmicos incluem :
• A possibi lidade de se analisar múltiplos elementos;
• A amp la faixa de trabalho;
• O fáci l manuseio para amostras gasosas e líqu idas;
• A possibil idade de se obter espectro para várias elementos
si multaneamente;
A possibilidade de se determinar, além de metais, elementos
como clo ro, bro mo, iodo e enxofre .

21 .5 REFRATOMETRIA

O princípi o do méto do se baseia na diferença que se


pode observar na di reção de propagação de um feixe de luz entre
diferentes meios transparentes. A lei de refração relaciona os ângulos
do feixe incidente 8i e refratado 8r em relação a sua normal.

sen si meio 1

sen 8r =112·1

meio2

A relação entre o seno do ângulo de incidência, (sen 8;) e


seno do ângulo de refração, (sen 8,) é constante e corresponde ao
índice de refração .
Em refratô metros típicos, os meios 1 e 2 referem-se a prismas
de mat erial idêntico, ent re os quais é ap licada uma camada pelicu lar
de amostra. A d ireção de propagação do feixe de luz tende a mudar
em f un ção das características da amostra, bem como condições de
pressão, temperatura e comprimento de onda .
Outross im, é necessária a transparência da amostra, de
modo que tal med ida só se aplica a matérias líquidas, tais como
solventes orgânicos, ceras, ó leos, ou soluções. Além de seu emprego
na identificação de matérias-primas líqu idas, a medida do índice
de refração pode ser utilizada como ensaio qua litativo de pureza
o u semiq uantitativo de teor, de modo que esse parâmetro tem sido
empregado na detecção de diluições fraudulentas. Outras aplicações
do ín dice de refração incluem determinação de momento dipolo e

... 3961 •
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

seu uso como detector em cromatografia de alta eficiênci a.


Entre os refratômetros disponíveis comercialmente, destaca-
se o refratômetro de Abbé. Neste aparelho, os prismas estão d ispostos
de tal maneira que o ângulo formado entre feixe e prismas fo rma
90° (ângulo crítico de refração).
No refratômetro de Abbé, determina-se o índice de refração
pela medida do ângulo limite da reflexão total, a qual é, relativamente,
distinta para cada substância, constituindo condições padrões em
uma constante físico-química. Embora os refratômetros uti lizados em
análise farmacêutica utilizem luz branca, estes dispõem de disposit ivos
que possibilitam seu ajuste, de modo que o comprimento de onda
corresponda ao da raia D de sódio (589,3 nm).
A calibração do aparelho é feita com água dest ilada, cujos
índices a 20°C e 25°( são, respectivamente de 1,3330 e 1,3325 .
Ressalta-se que, em termos absol utos, o índ ice de refração
de uma substância deveria ser obtido pela re lação entre a velocidade
da luz no vácuo e no interior da substância. Outrossim, as diferenças
observadas nas condições usuais não são mu ito significativas
para fins farmacopéicos.
Logo, considerando -se a rapidez, facilidade de operação,
baixo consumo de amostra, seu emprego em ensaios de identificação
e pureza não é descartado.
A principal aplicação desse método está na caracterização de
gorduras, óleos, ceras, açúcares e outras substâncias isotrópicas, incluindo
fármacos, bem como na análise de pureza de óleos vegetais.

2 1.6 PoLARIMETRIA

O princípio da polarimetria pode ser descrito pelas


propriedades da luz, que apresenta componentes elétrico e magnético.
Cada componente é um vetor que apresenta magn itude e direção.
O caráter ondulatório da luz é uma man ifestação oscilatória do vetor
elétrico, que resulta de dois componentes, os quais se propagam
de modo rotatório e circular. A fonte de luz natural consiste de um
vasto número de raios, cujos planos do campo elétrico são orientados
aleatoriamente. O isolamento de cada raio, cujos vetores vibrem em
um mesmo plano, pode ser obtido por determinados prismas (prisma
de Nicol), e resulta na luz linearmente polarizada. Cada prisma de
Nicol (cal cita, forma cristalina de carbonato de cálcio) é colado a outro
por balsámo do Canadá, de forma que raios ord inários (vibrações
perpendiculares) sofrem reflexão total, enquanto apenas os raios
extraordinários (vibrações paralelas ao plano) atravessam o cristal.
• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• A interação entre matéria e luz pode se dar tanto pela absorção


(UV-vis, IV, dicroísmo circular), quanto pela reflexão (refratometria)
de parte da luz. Deste modo, a magn itude, e o sentido do raio de luz
influem na dimensão desta interação .
A base da polarimetria está no fato de que, para algumas
substâncias, a extensão dos processos de absorção e reflexão difere
para luz polarizada de sentidos opostos (esquerda ou direita). Tais
substâncias são chamadas de opticamente ativas e podem ser
identificadas pela determinação do poder rotatório.
Entende-se por poder rotatório (ex) como sendo o ângulo que
a luz polarizada forma com o plano de polarização ao at ravessar
um líquido ou solução. Já o índice de rotação óptica específica ou
poder rotatório específico lcxl 20 0 é determinado pela relação entre
poder rotatório e a densidade relativa da substância líquida, medido
a 20°C em polarímetro com tubo de 1 dm de comprimento cuja
fonte empregue raia D de sódio (À 589,3 nm). Para sólidos, o poder
rotatório específico é determinado em relação à co ncentração
da solução (g/ml).
As substâncias opticamente ativas podem ser dextrógiras,
quando desviam a luz polarizada para direita, ou levógiras, quando
desviam para esquerda.
Além de dois conjuntos de prismas de icol (polarizador e
analisador), o polarímetro é constituído por um tubo e respectivo
suporte, fonte de luz e três escalas. A escala à esquerda mede o desvio
de substâncias levógiras, e a escala a direita mede o desvio observado
para as substâncias dextrógiras, ambas as substâncias têm 45° cada,
já a escala móvel nos dá as frações. Sua operação é relativamente
simples, devendo ser observados os seguintes fatores: temperatura,
concentração e natureza da substância, comprimento de onda e
com primento do tubo.
Além de sua uti lidade em ensaios de identificação, a
polarimetria é útil para avaliar pureza e valor terapêutico de fármacos
quirais, já que estes apresentam , freqüentemente, diferenças
consideráveis no que diz respeito à atividade biológica. De modo
geral, as substâncias levógiras são mais ativas do que o correspondente
dextrógiro (ex. ácido ascórbico, cloranfenicol e epinefrina).

... 3981•
MÉTODOS TERMOAN ALfTICOS

••
22 MÉTODOS TERMOANALÍTICOS

GIL, E. S.; MA TOS, j .R.

Os métodos calorimétricos, usualmente referidos pelo termo


análise térmica, incluem um grupo de técnicas em que uma propriedade
física, seja de uma substância, seja de uma reação, é medida como
função do tempo ou da temperat ura, enquanto o objeto de investigação
é submetido a um programa controlado de temperatura.
A Tabela 30 apresenta algumas das técn icas deste grupo e
respectivas propriedades investigadas.
Tabela 30: Propriedades físicas medidas em análise térmica
Propriedade Técnica
Massa Termogravimetria (TG)
Temperatura Análise Térmica Diferencial (DTA)
Entalpia Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
Dimensões Termodilatemetria (TO)
Reelegia Termomecânica CTMA)
Condutividade Termoeletrometria

Entre as técnicas calorimétricas, a Termogravimetria (TG), Análise


Térmica Diferencial <DTA) e Calori metria Exploratória Dife rencial
<DSC) são as de maior aplicação em análise farmacêutica .
Entre as informações de interesse farmacêutico que podem ser
obtidas por essas técnicas destacam-se: avaliação da pureza, grau de
hidratação, compatibilidades, termoestabilidade e identidade. A Tabela 31
apresenta algumas das informações obtidas dessas diferentes técnicas.
Tabela 31: Informações obtidas por análise térmica
Dados DSC DTA TG
Ponto de Fusão + +
Águas de Hidratação + + +
Águas de Absorção + + +
Pureza +
Temperaturas de Transição +
Transição Vftrea + +
Transição Polimórfica + +
Cinética de Decomposição + + +
Compatibilidade + + ?
Adaptado de Ford, ).L. & Timmins, P.

• 1399-·
PARTE IX - FUNDAMENTOS T~ORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

••
Temperaturas de Transição

Técnicas calorimétri cas como DSC e DTA podem evidenciar


quando um p rocesso é endotérmico ou exoté rm ico, bem como
,dependendo da técnica, quantificar o calor o u energia envolvida
nesses processos.

Ponto de fusão e Ebulição

A faixa de f usão é uma processo endotérmico que pode


ser determinada, facilmente, por DSC ou DTA. já a transição de
estado líquido para o gasoso apresenta difi cu ldades quanto à
reprodutibil idade ine rente ao controle de condições como pressão
atmosférica. Outrossim, o ponto de fusão de substâncias com
100% de pureza seria teoricamente instantâneo, caracterizado po r
processos i sotérmi cos.
A utilização de técnicas como DTA e DSC seriam um modo
sofisticado de se determinar o ponto ou faixa de fusão, porém a utilização
destas, exclusivamente para esse propósito, seri a um exagero.

Águas de Hidratação

A análise térmica tem se mostrado muito út il na determinação


de águas de hidra tação. Na análise térmica, o processo de
desolvatação caract eriza-se como endotérmico, e pod e ocorrer de
forma singular a liberação do solvente em uma dada temperatura ou
mu ltifásica pela li beração gradual em uma série de temperaturas.

Transição Vítrea

Muitos sól idos, quando aquecidos acima de seu ponto de


fusão e rapidamente resfriados, não se recristalizam imed iatamente,
mas formam líq uidos super-resfriados ou sólido amorfo. Essa fase
intermediária é denominada transição vítrea e depende da taxa de
resfriamento imposta . Seu interesse diz respeito à alta energia do
estado vítreo, já que esta pode contribuir para taxas de dissolução.
Outrossim, essa tran sição pode ser avaliada por picos endotérmicos
em experimentos utilizando DSC ou DTA.
MÉTODOS TERMOANALÍTICOS

•••
Estabilidade e Co mpatibi lidade

A análise térmica é, atualmente, uma poderosa fe rramenta para


o desenvolvimento de formulações. De modo geral, a instabilidade
de um produto ou incompatibilidade entre componentes de uma
formulação são caracterizadas por processos exotérm icos.

22 .1 TE RMOGRAVIM ET RIA

A termogravimetria (TC) é uma técnica de análise té rmica


em que se avalia perda ou ganho de massa da amostra em função
da temperatura sob determinadas cond ições atmosféricas e sob
programa controlado de temperatura.
Os experimentos são executados por meio de termobalança,
a qual apresenta elevada sensibi l idade, reproduti bi lidade e
insensibilidade a variações externas, bem como rápida resposta às
varia ções de massa.
Os parâmetros experimentais incluem taxa de aquecime nto,
atmosfera ( 2 ou 0 2 ), vazão de gás, quantidade de amostra,
granulometria, forma cristalina, composição do cadinho e o calor
de reação envolvido.
Por meio da TC podem-se avaliar fenômenos químicos (ex.
quimiossorção, dessolvatação, decomposição, degradação oxidativa,
degradação redutiva e reações de estado sólido) e físicos (ex. desidratação,
vaporização, sublimação, adsorção, dessorção e absorção).
Pelas curvas TC podem-se obter info rmações quanto à
estabilidade e composição da amostra e seus produtos intermediários
de reação. essas curvas, os degraus correspondem a vari ações de
massas, que podem ser utilizados ainda para fins q uantitativos. Nesse
contexto, a derivada das curvas TC (DTC) apresentam, para cada
degrau, picos agudos, tornando a informação, visualmente, mais
acessível e com melhor resolução (Figura 39).

• 1401 m11ili
• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

••
r-------------------------------~
msM~ "''""
••
I
..,
I I
l i
li
li
60 li
I
1~..30C

, ..
Figura 39: Curvas TG/ DTG obtida sob atmosfera d inâmica de ar e razão de aquecimento de
10'C. min_, de uma amostra de CaC1 0,. H2 0.

22.2 ANÁliSE TÉRMICA DIFERE CIAL

Na análise térmica diferencial (DTA), ao invés de se avaliar


a variação de massa, avalia-se a variação da temperatura de uma
amostra perante um padrão de referência inerte. Nesse experimento,
tanto a amostra quanto o padrão são submetidos a uma programa
con trolado de temperatura, sob condições idênticas de atmosfera.
O padrão util izado é um material inerte, por exemplo,
o estanho ou índio metálico. As v aria ções de temperatura
correspondem a processos exotérmicos (reações de decomposição)
ou endotérmicos (transição de estados físicos).
As curvas DTA apresentam os regist ros de llT em função
da temperatura (T) ou do tempo (t) . O s picos endoté rmi cos são
descendentes, enquanto os picos exotérmicos asce ndentes. As
áreas sob os picos são relacionadas com a magnitude das ene rgias
envolvidas nas reações químicas e processos físicos.

22.3 CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA DIFERENCIAL

Na calorimetria exploratória diferencial (DSC) se mede, ao invés


da diferença de temperatura, a diferença de energia que é fornecida à
substância em análise em comparação a um padrão inerte.
Existem duas configurações possíveis para aparelhos de DSC:

a) DSC com com pen sação de potência;

b) DSC com fluxo de ca lor.

- ·4021 •
MÉTODOS TERMOANALITICOS

•••
No DSC com compe nsação de potência, a amostra e
referência termicamente inerte são aquecidas em compartimentos
distintos, porém sob condições isotérmicas. Ambos os compartimentos
são submetidos à igual variação de potê ncia de entrada no forno.
Por convenção, nas curvas de DSC obtidas por instrumentos desta
configuração, os picos ascendentes corres pondem a processos
endotérmico, os descendentes exotérmicos.
Já no DSC com fluxo de calor, amostra e padrão de referência
são colocados em cápsulas idênticas, localizadas so bre disco
termoelétrica feito de liga metálica de cobre e níquel, aquecidas por
uma única fonte de calor. Em contrapartida, as c urvas obtidas nos
aparelhos dessa configuração apresentam picos ascendentes para
processos exotérmicos, enquanto picos desce ndentes a processos
endotérmicos, tal qual para as curvas DTA. A Figura 40 apresenta
curva DSC para terazocina diidratada.
osc Terazosina Cloridrato Diidratada
mW/mg . - - - - - - - - - - - - - - - - . . ,
0,00

1 00,00 200,00 300,00


Temp[q
Figura 40: Curva DSC para matéria· prima de terazocina em atmosfera de nitrogênio 50 ml/ min
com taxa de aquecimento de 10"C/m i n.

Os principais fenômenos químicos observados nas curvas


DSC são: quimiossorção, dessolvatação, desidratação, decomposição,
degradação oxidativa, oxidação em atmosfera gasosa, reações de
oxirredução, reações de estado sólido, polimerização, reações
catalíticas, entres outras.
Entre os fenômemos físicos detaca m-se: transição vítrea,
fusão, ebulição, sub limação, adsorção, dessorção, t ransição cristal
líquida, transição cristalina e capacidade calorífica.
Os parâmetros o u variáveis experimentais incluem aqueles
descritos para TG, bem como o tipo de padrão de referência e a
configuração DSC utilizada.
Dentre os materiais de referência utilizados para calibração em
análise térmica citam-se: nitrato de potássio, perclorato de potássio,
su lfato de prata, carbonato de estrôncio, cro mato de potássio, índio,
estanho, éter fenílico, entre o utros.

• 1403 ~iiii
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

•••
23 MÉTODOS DE ANÁLISE E
SEPARAÇÃO

ORLANDO, R.M.; GIL, E.S.

O controle de qualidade depende, em muito, de técnicas


instrumentais e não-instrumentais de anál ise que sejam seguras,
rápidas, baratas e operacionalmente simples. Essas técnicas visam
identificar e quantificar compostos de interesse, quer sejam eles
substâncias ativas ou mesmo outros elementos presentes no produto
acabado como coadjuvantes e contaminantes.
Para quantificar ou identificar substâ nc ias de qualquer
natureza é necessário, na maioria dos casos, sepa rar o co mposto
de interesse dos demais elementos constituintes da amostra. Quanto
mais pura e homogênea a substância a ser analisada menores serão as
probabilidades de erro na sua identificação e quantificação. Dentre
as principais técnicas de separação uti lizadas, a cromatografia vem
sendo, há mais de meio século, a grande responsável pelo avanço
e aperfeiçoamento das metodologias de análise empregadas em
controle de qualidade. Versatilidade, rapidez, precisão, baixo custo,
robustez, flexibilidade são apenas algu mas das diversas qualidades
dessa técnica analítica que se faz presente em qualquer processo
de análise. Recentemente, as técnicas de separação baseadas na
migração eletrocinética, como a eletroforese em gele a eletroforese
capilar, vieram complementar as técnicas cromatográficas, traze ndo
mais uma opção de instrumentação analítica.

23.1 CROMATOGRAFIA

Como foi possível fazer com que vários compostos presentes


em uma amostra pudessem ser sepa rados si multaneamente deve
ter sido a questão que Mikhail Tswett levantou para que e le
desenvolvesse a primeira técnica cromatográfica. A grande solução
encontrada para essa questão foi fazer com que todos os componentes
da amostra fossem solubilizados em um líquido chamado de fase
móvel. Esse líquido era mantido em movimento constante fazendo
com que todos os componentes nele solubilizados caminhassem
em uma mesma direção e com a mesma velocidade. Durante o seu

• 1405- -
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• percurso, os compostos en t rariam em contato com uma segu nda


fase qu e deveria ser im iscível na fase móvel. A essa fase, que estaria
permanenteme nte estática e banhada pela fase móvel, fo i dado o
nome de fase estacionária (Figura 41 ).
Taii'O

e o ~ a t o~
~A 0 Aa~
'~
[I) ~ ID a o _
e
o ~ A~ o~
a~oe Ae
a ~~~~
~~~
~~~~
~~~
(A1)

ANAUTQs
/ ~A ~ '*

e o '* a to~
'*A 0 AQ~
00I c$ ~'*~~
~~~ Q
~ O . G
a ~ a~.o o
A ~A~
'*'*'*~
~'*~
(A2)

~Aa~ o~e ~a

(A3)

(A) A simple s migração dos analíticos motivadas pela fase móvel não é
capaz de pro move r separação
FASE ESTACIONÁRIA

{B1)

(B2)

{B3)

DISTÂI~IA

(A) A p resença da fase estacioná ria promove um atraso seletivo dos


analitos pe rmitindo a separação

Figu ra 41: Princípio da separação em cromatografia.

- -4061 •
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

•••
Movimentando-se com a mesma velocidade na fase móvel,
os compostos não seriam sepa rados uns dos outros, porém por
possuírem afinidade pela fase estacionária em diferentes intensidades,
esses compostos eram atrasados uns em relação aos outros. Esse foi
o pressuposto da separação nos métodos cromatográficos, portanto:
na separação cromatográfica todos os analitos possuem a mesma
velocidade na fase móvel onde estão solubil izados e a separação
acontece devido a um atraso relativo dos analitos uns em relação aos
outros em função de diferenças nas intensidades das interações dos
mesmos pela fase estacionária. Esse conceito relativamente simples
serviu de base para o desenvolvimento dos diferentes modos de
cromatografia conhecidos atualmente.

A- Sistemas ou Técnicas Cromatográficas


Existem vários sistemas cromatográficos. Esses sistemas foram
desenvolvidos conforme foram sendo descobertos os parâmetros
que governam a separação cromatográfica ou de acordo com a
necessidade de se ampliarem e/ ou aperfeiçoarem as aplicações das
técn icas anteriores. Os dois sistemas mais simples e utilizados de
cromatografia são a cromatografia planar (CPI) e a cromatografia
líquida em coluna (CLC). Essas duas técnicas são normalmente
empregadas de forma manual e ou semi-automatizadas não
constituindo, desta forma, técnicas verdadei ramente instrumentais
de análise. Contudo, a CPI e a CLC são as versões mais simples e
baratas de cromatografia e desta forma ocupam posição de destaque
quanto à aplicação e aceitação. Tanto os dispositivos de CPI como
os de CLC podem ser preparados em laboratório, porém, para se
obterem resultados mais reprodutíveis e confiáveis e até por uma
questão de praticidade, é aconselhável, em controle de qualidade,
adquiri-los comercialmente. Já as técnicas de cromatografia gasosa
(CG ou GC), cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC)
e cromatografia por fluido super-crítico (CFSC ou SFC) são técnicas
verdadeiramente instrumentais, que surgiram com o desenvolvimento
tecnológico da mecânica, eletrônica e informática.

A.1 - Cromatografia Planar

a CPI, a fase estacionária está distribuída sobre uma área


relativamente grande e plana. Na maioria das vezes, a fase estacionária
encontra-se revestindo um outro material laminar delgado chamado
de placa cromatográfica ou cromatoplaca de modo a formar uma
película sobre ela (Figura 42). Existem vários tipos de materiais que
podem ser utilizados como suporte para a fase estacionária. Os mais
comu ns são : vidro, plástico e lâminas metálicas.

• l4o7 1i1Bil
• PARTE IX . FUN DAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• (A) Aplicaçao das amostras em CCD

FASE MÓVEL

{B} Eluição em eco

Figura 42: Esquema da utilização e separação em CCD.

A CPI incl ui a cromatografia em camada delgada (CCD) e a


cromatografia em papel (CP). Em CPI, os fatores mai s importantes
envolvi dos com a separação são: o ti po e a homogeneidade do
fi lme de fase estacionária, o tamanho das partículas e dos poros
(se o material for particulado e porosos) e a espessura da camada
d e fase estacionária.
Nesse tipo de cromatografia, a cromatoplaca é inserida
dentro de um recipiente fechado com tampa chamado de cuba (Fig.
42b). A placa é posicionada na vertical. Um volume adequado de
fase móve l é colocado no interior da cuba com vol ume adequado
para permanecer banhando constantemente a porção inferior da
fase estacionária. O movimento da fase móvel é vertical ascendente
(movimento pa ra cima) decorrente da capilarid ade apresentada
pela fase estacionária particulada. Como o movimento do eluente
é de baixo para cima, as amostras são aplicadas na parte inferior da
cro matop laca e durante a subida são separadas umas das outras.
Para identificar compostos presentes na amostras determina-se

- -4081•
MÉTODOS DE ANÁliSE E SEPARAÇÃO

••
a distância percorrida pela mancha naquela condição (chamada de
distância de retenção, dR) e a compara com a distância de retenção
de um padrão aplicado parale lamente à amost ra descon hecida.
Durante o percurso da amostras é comum que ela se espal he formando
uma calda. esse caso, a medida da dR é feita na posição de maior
intensidade da mancha.
A detecção do composto de interesse em CPI pode se rfeita de
várias maneiras. Caso o composto apresente cor será fácil visualizá-lo
na cromatoplaca. Para substâncias incolores, uma alternat iva é aplicar
um spray com um reativo cromogênico como solução de iodo, ácido
sulfú rico, e outros. Outras técnicas incl uem, ainda, aquecimento da
cromatoplaca e impregnação desta com um agente fluorescente para
posterior visualização com luz ultravioleta.
Outro parâmetro bastant e importante em CPI é o fator de
retenção R1• O R1 estabelece uma relação entre a distância percorrida
pelo composto e a distância percorrida pela fase móvel desde o ponto
de aplicação da amostra (Figura 43 ). O R1 é dado pela expressão:

..a.l dm

Figura 43: Cálculo do Rf em CCD.

Sabe-se que com o R1 do composto naquelas condições


cromatográficas não é necessário fazer a análise com o pad rão. Basta
calcu lar o R1 da substância a ser avaliada e verificar se ele co incide
com os valores descritos na literatura.
Vários são os fatores que podem a lterar a dR e,
conseqüenteme nte, o R1 do analito o que torna a CPI me nos precisa.
Temperatura, composição da fase móvel, espessura do f ilme de
fase estacionária, tamanho e porosidade da partícula, quantidade
aplicada, saturação da cuba, grau de hi dratação da fase estacionári a
são parâmetros que podem modificar os resultados da análise.

• 1409 ~-
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• Apesa r de não ser a grande característica da CPI, ela também


pode fornecer resultados quantitativos. Pode-se comparar a área
da amostra com a área do padrão. Uma outra maneira um pouco
mais trabalhosa é desgastar a área da mancha do composto para
depois extraí-lo e determiná-lo por métodos químicos e/ ou físicos
tradicionais. Esta é uma forma preparativa de cromatografia e possui
o inconveniente da demora, falta de automação e perdas do analito.
Uma outra maneira mais sofisticada e cara, porém com boa precisão,
é medir por escaneamento densimétrico a radiação fluorescente
emitida ou refletida pela mancha.
No tópico de CLC e HPLC nós veremos que a composição da
fase móvel pode ser mudada durante a análise para se obter desta forma
uma melhor separação. Em CPI, esse procedimento não é adequado,
pois gera resultados muito variados, ocasionando, desta forma, erros
de análise. Entretanto, para produzir um efeito semelhante, podem-
se utilizar para a separação de um mesmo grupo de substâncias, dois
sistemas eluentes diferentes (duas fases móveis diferentes). A essa técnica
é dado o nome de CPI bidimensional. A CPI bidimensional funciona
da seguinte maneira: a primeira eluição é feita da forma habitual como
já foi descrita. Na segunda eluição, gira-se a cromatoplaca noventa
graus para algum dos lados e utiliza um eluente diferente (Figura 44).
Dessa forma , as substâncias passarão por dois processos cromatográficos
diferentes e poderão ser mais bem separadas.

- ·4101 •
••
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

(A)
(A) Primeira elulçAo

c: il c::

•o •o
•~ •
\ \ /
MISTURA • +•+ o ELUENTE 1

(B)

c::: :::> iJ j
••

\
GIRO DA PLACA
Q
O' •
Q
••
\
ELUENTE 2
.o

(B) Segunda eluiçAo

Figura 44: Representação da CCD bidimensional.

A.2- Cromatografia líquida em Coluna (CLC)

A CLC foi o primeiro modo de cromatografia que surgiu .


Esse tipo de cromatografia foi desenvo lvido pelo botânico russo
Mikhail Tswett no começo do século XX. Este pesquisador passou
uma mistura líquida de pigmentos de plantas por meio d e um t ubo
de vidro recheado com carbonato de cálcio, obten do desta forma
bandas coloridas durante a separação, batizando o processo de
croma (cor) e grafia (escrita). Esse tipo de cromatografia utiliza, na
maioria das vezes, colunas de vid ro com um sistema de torneira
na sua parte inferior para poder con trolar o fluxo . O material de
recheio fica preso entre duas espécies de rolhas porosas que podem
ser confecionadas de lã de vidro ou teflon. Essas rolhas impedem
que a fase estacionária saia pela parte inferior da coluna e dão uma
certa estabilidade ao recheio. A introdução da amostra é feita na
porção superior da coluna e a sua eluição segue o fluxo descendente
impulsionado pela força de gravidade (Figura 45). A fase móvel que
passa pela coluna pode ser captada na saída por um erlenmeyer ou

• 1411 - ·
• PARTE IX . FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• um becker. já as frações de interesse são normalmente coletadas em


frascos ou em tubos de ensaio.

COLETA DAS E R A C O E S - - - - - '


DE INTERESSE

Figura 45: Esquema da CLC.

A CLC conta hoje com uma grande variedade de materiais


de recheio e pode, da mesma forma que as colunas para HPLC,
trabalhar com todos os modos de separação (partição, adsorção,
exclusão, troca iônica ou par iônico e bioafinidade). Os sistemas de
CLC são operados, quase sempre, de forma completamente manual.
Isso faz com que todo o preparado da coluna, a adição constante
da fase móvel, a introdução da amostra e a coleta das frações sejam
realizadas pelo operador. Entretanto, existem sistemas automatizados
disponíveis comercialmente.
A CLC não possui a mesma eficiência de separação que o
H PLC, e suas maiores vantagens estão principalmente no menor
custo, melhor reaproveitamento das colu nas, maior ca pacidade
preparativa e si m plicidade operacional. Como o objetivo deste
capítu lo não é detalhar procedimentos de preparação de colunas
e a CLC e o HPLC possuem vários parâmetros em comum mais
informações sobre CLC poderão ser extraídas dos itens a seguir.
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

•••
B- MECANISMOS DE SEPARAÇÃO

De acordo com o tipo de fase estacionária empregada, os


analitos apresentarão determinado t ipo de interação por ela e será
exatamente essa interação que promoverá a separação desejada. Por
causa dessa relação íntima analito-fase estacionária, os mecanismos
que governam os processos de retenção cromatográfi ca podem ser
classificados em quatro grupos: partição, adsorção, exclusão e t roca
iônica ou par iônico. Somando-se a esses quatro, podemos citar,
ainda, o mecanismo de bioafi nidade que apresenta basicamente as
mesmas interações que o mecanismo de adsorção.

8.1 - CROMATOGRAFIA POR MECANISMO DE ADSORÇÃO

Neste tipo de cromatografia, os analitos são adsorvid os


temporariamente na superfície da fase estacionária. Forças e pontes
de hid rogên io e até eletrostáticas podem contribuir para a adsorção
do analito e sua retenção (Figura 46). É importante ter em mente
que, nesse tipo de cromatografia, as moléculas do eluente (fase
móvel) também são adsorvidas na fase estacionária e, portanto,
elas competem pelos sítios de interação regula ndo a intensidade
da retenção do anal ito. Os materiais utilizados em cromatografi a
de adsorção são, principalmente, a alumina e a sílica. Am bos os
materiais podem ser encontrados na forma modificada com vários
outros grupos que conferem características diversas aos materiais.

FASE ESTACIONÁRIA INTERACAO POR LIGACÃO DE H


(adsorção)
/ (snlca)

11().00

Figura 46: M ecanismo de adsorção.


• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUME NTAL

•• 8.2- CROMATOGRAFIA POR MECA ISMO DE PARTI ÇÃO

A partição é o fenômeno de distribuição entre duas fases


imiscíveis no estado de equi líbrio. O que promove a partição é uma
diferença de solubi lidade entre fases im iscíveis que perman ecem
em co ntato permanente.
Esse mecanismo de separação acontece com fases estacionárias
que possuem uma película líquida sobre superfícies sólidas (partículas de
sílica principalmente). Essa película líquida é composta, normalmente,
de grupos C8 (octil) e C18 (octadecil) qu imicamente ligados aos grupos
si lanóis da sílica. Por causa do caráter apoiar dos gru pos C8 e C18,
serão retidos somente os compostos ou complexos que possuírem pelo
menos uma porção apoiar capaz de ser parcialmente solubilizada na
fase estacionaria (Figura 47) .
FASE ESTACIO,ÁRIA SOLUBILIZAÇÃO DO A'v\LITO
((18) (partição)

J - --0 o """"

o
Figura 47: Meca nismo de partição.

A fase móvel para esse tipo de material é normalmente um


liquído bastante polar composto de um ou mais dos seguintes solventes:
água, tampão, metanol, etanol, isopropanol, acetonitrila. A variação dos
eluentes altera o coeficiente de partição do analito pela fase estacionária
e, dessa fo rma, modifica o tempo de retenção dele.

8.3 - CROMATOGRAFIA POR MECA ISMO DE TROCA l óNI CA OU PAR


lóN ICO

Neste tipo de cromatografia, as principais forças de interação são


as eletrostáti cas e as de transferência de carga. Portanto, os principais

- ·4141 •
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

••
fatores controladores dessas interações são pH, concentração e tipo dos
eletrólitos em solução, além da temperatura. Qualquer tipo de composto
que possa ser ionizado ou que, pelo menos, forme um complexo
carregado pode ser separado por esse tipo de cromatografia (Fig. 48).
FASE ESTACIONÁRIA
INTERACOES ELEIROSIATICAS
(grupo trocador) DE CARGAS OPOSTAS
(troca iOnica)

Figura 48: Mecanismo de troca iônica.

Portanto, proteínas, aminoácidos, nucleotídeos, nucleosídeos,


aminas e ácidos carboxílicos são amplamente separados por
essa técnica.
As principais fases estacionárias para cromatografia de troca
iônica são compostas de polímeros entrecruzados de poliestiren o-
divinilbenzeno com grupos trocadores de íons. Exi ste m ainda
materiais constituídos de partículas de sílica e esferas de vidro,
ambas revestidas com fi lmes de polímeros trocadores.

8.4 - CROMATOGRAFIA POR EXCLUSÃO

O mecanismo de exclusão, diferentemente dos demais tipos de


cromatografia, não envolve forças de interações moleculares com a fase
estacionária. Ao contrário, na cromatografia por exclusão espera-se que
não haja nenhum tipo de interação do analito com a fase estacionária
ou que pelo menos essa interação seja a menor possível para que não
atrapalhe o processo de exclusão. O elemento que governa a separação
na cromatografia por exclusão é a diferença de massa molecular que
os compostos apresentam. Os materiais utilizados em cromatografia de
exclusão são polímeros porosos. Durante o processo cromatográfico,
as moléculas maiores que os poros do polímero não são capazes de
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÊORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUM ENTAL

• penetrá-los e acabam passando por fora das partículas. Já as moléculas


com tamanho inferior aos poros penetram neles e percorrem um caminho
mais longo e demorado e por esse motivo acabam ficando atrasadas em
relação às demais. Dessa forma, na cromatografia de exclusão, moléculas
de maior peso molecular podem em virtude de percorrerem um caminho
mais curto, apresentarem menor tempo de retenção que aquelas de
menor peso molecular (Figura 49). Entretanto, para um mesmo percurso
percorrido a relação tempo de eluição e volume molecular é direta.
FASE ESTACIONÁRIA
fpolfmero porosol MOLECULAS MENORES QUE OS
POROS SÃO ATRASADAS

\
..E ~~,··

f tJ• f.IJ• f tJ•


~~ ~~ ~ .._,
Q
~.. H
\,~ \wy~ 4t &~ D
Figura 49: Mecanismo de exclusão.
Esse tipo de cromatografia e é aplicado na separação de
composto de alto peso molecular. Os principais materiais utilizados
em cro matografia de exclusão são géis hidrofílicos de divini lbenzeno
su lfonados ou poliacrilam id a, além de materiais baseados em
poliestireno-divinilbenzeno e sílica.
Para a obtenção de uma separação adequada é de vital
importância observar as características dos materiais de exclusão.
Cada tipo de material apresenta um limite mínimo de tamanho
molecular capaz de ser selecionado chamado de limite de exclusão.
Todos os compostos com pesos molecu lares menores que o limite
de exclusão serão capazes de penetrar nos poros com a mesma
facil idade e, portanto, não serão separados. De fo rma semelhante,
os compostos também não podem apresentar massa superior a um
limite máximo de massa chamado de limite de permeação. Caso
esse limite não seja respeitado, os compostos não terão a capacidade
de adentrar nos poros e todos passarão pela porção externa das
partículas inviabilizando a separação (Figura 50). Portanto, existe a
chamada região de permeação seletiva que representa uma faixa de
massa onde a fase estacionária é capaz de separar adeq uadamente os
com postos em fu nção das diferenças de suas massas moleculares.

- -4161 •
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO
11

PERMEACÃO PERMEACÃO EXCLUSÃO



TOTAL SELETIVA TOTAL

u
D ..5
ff,t fO
.....
~~ te
~~'·
~'!E fi
f~~
-~ 46 ..
~~'t
~C.tL -
NÃO OCORRE
A SEPARAÇÃO
~a
iCE -
OCORRE A
SEPARAÇÃO
NÃO OCORRE
A SEPARAÇÃO

10' 10' 10' 108

Peso molecular dos analitos

Figura 50: Rep resentação d o s limites da capacidade de separação da cromatografia de exclusão


em função d a massa molecular do analito.

B .S - CROMATOGRAFIA POR MECANISMO DE BtOAFINIDADE

A cromatografia de bioafinidade é um tipo de cromatografia


que util iza como fase estacionária macromoléculas como anticorpos,
antígenos, proteínas e outros elementos biológicos. Esse t ipo de
cromatografia não tem muita aplicação em controle de qualidade
e é utilizado mais para processos preparativos de purifi cação de
macroelementos. Os mecanismos de retenção são muito semelhantes
à cromatografia de adsorção, porém as interações são muito mais
específicas do tipo "chave-fechad ura" .

C - fASE EsTACIONÁRIA VERsus fASE MóvEL

Como já citado, são as interações entre anal it o e fase


• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• estacionária que promove m a separação cromatográfica.


A maneira mais simples e eficiente de regular as interações
analito-fase estacionária é modificar a composição da fase móvel. A
mudança da composição da fase móvel altera as cargas dos grupos
ionizáveis do analito e da fase estacionária, modifica a solubilidade
do analito e, conseqüentemente, o coeficiente de partição e modifica
também a capacidade de as molécu las da fase móvel competirem
co m os sítios de interação na cromatografia por adsorção. É
importante observar que essa regra não vale para GC, pois nessa
técnica cromatográfica o gás de arraste não modifica nenhum tipo de
interação, servindo somente como força mecânica para movimentar
o analito pela coluna capilar.
Duas características muito importantes na escolha dos solventes
da fase móvel são a polaridade (P') e a força eluente ( E 0) deles.
A polaridade é uma característica do próprio sol vente
e quand o o sistema cromatográfi co está empregando uma fase
móve l mais polar que a fase estacionária d izemos que o sistema
está operando em fase reversa ou modo reverso. Já quando a fase
estacionária é mais polar que a fase móvel, dizemos que o sistema
está operando em fase normal ou modo normal.
A força eluente, por sua vez, é um conceito relati vo
que atribui valores aos solventes de acordo com o tipo de fase
estacionária envolvida (Tabela 32 ). Se, por exemplo, utilizarmos
água como eluente em uma coluna C18, ela terá pouca força para
eluir compostos lipofíli cos ali retid os e, portanto, sua força para esse
tipo de fase estacionária é fraca. Mas se utilizarmos essa mesma
água como eluente de uma coluna de sílica gel, ela terá muita força
eluente, pois pode interagir facilmente por pontes de hidrogênio
com os grupos si lanóis.

- ·4181 •
MÉTO DOS DE ANÁ LISE E SEPARAÇÃO

••
Tabela 32: Propriedades cromatográficas de a lguns solventes.

Força eluente, e 0
Solvente Polaridade (P')
Sílica C1 8
Fluoroalcano < -2 -0,20
Cicloexano 0,04 -0,16
n-hexano o, 1 0,01
1-clorobutano 0,21
Tetracloreto de carbono 1,6 0,14
Étér isoproprílico 2,4 0,22
Tolueno 2,4 0,23
Éter dietílico 2,8 0,30
lsopropanol 3,9 0,60 8,3
Tetraid rofurano 4 0,46 3,7
Clorofórmio 4 ,1 0,32
Etano! 4,3 0,70
Acetato de etila 4,4 0,46
Dioxano 4, 8 0,45 11,7
Acetona 5,1 0,53
Metano! 5, 1 0,76
Acetonitrila 5,8 0,52
Nitrometano 6 0,51
Etilenoglicol 6,9 0,89
Água 10,2 Muito alta

Muitas vezes, as mudanças da polaridade e da fo rça de


eluição das fases móveis não são suficientes para obter a separação
desejada. Isso pode ocorrer por que outras prop ri edades fís ico-
químicas do solvente estão envolvidas no processo cromatográfico.
As capacidades de interação de d ipolo, acidez e basicidade re lativas
são fatores muito importantes q ue controlam a seletividade do
so lvente e, conseqüentemente, seu pode r de separação . Para
controlar me lhor a seletividade do eluente empregado, os solve ntes
fo ram organizados em grupos e dispostos em um t riângulo de acordo
com suas propriedades de dipolo (1r), acidez (a ) e basicidade ([3)
(Figura 51). Dessa forma fica mais fácil m udar estas características
de forma mais seletiva para obter a separação desejada. A t roca,
por exemplo, de metano! por isopropanol certamente trará uma

• 1419-·
• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁliSE INSTRUMENTAL

• mudança de polaridade e força eluente, porém as características de


dipolo, acidez e basicidade praticamente não serão mudadas, pois
estes dois solventes pertencem ao mesmo grupo e possuem posições
semelhantes no triângulo.
O Ácidos carboxílicos • DMSO
BASICIDADE
O Álcoois • Éteres

• Água • Fluorálcoois

.Â. Amldas • Forma mlda

\ ] Aminas O Glicóis
o.l'L
O Cetonas
1::;.


""~'·"
Doclorometano
/; o
o
Q

0
Notrilas

+ Nitro compos tos


THF

ACIDEZ
o
••
DI POLAR

Figura 51: Triângulo de seletividade de solvente.

D - EFICI~NCIA EM CROMATOGRAFIA E PRIN CI PA IS PARÂMET ROS


CROMATOGRÁFICOS ÁVALIADOS

A efi ciência em cromatografia está relacionada, de forma


resumida, com três fatores principais: seletividade, sensibilidade e
rapidez da análise. Estes fatores podem e devem ser avaliados por
meio da determinação dos parâmetros descritos no Quadro 25.

- ·4201 •
MÉTODOS DE ANÁLIS E E SEPARAÇÁO

•••
Q u adro 25: Parâmetros que medem a eficiência cromatográfica.

EF ICIÊN CIA CROMATOGRÁFICA


Sifmificado: Parâmetros relacionados
Representa a capacidade de a
análise não sofrer interferência de Resolução R5:
outros compostos. Rs = 2 (t,2- t.,)/(wb2 * + wbl)
Está relacionada, principalmente Fator de seletividade a :
com o poder de separação e ao a = k2 /k,
detector empregado.
A sensibilidade é uma resposta de
detecção à massa que está sendo Número de pratos teóricos N:
analisada. No caso do método
cromatográfico, quanto maior o sinal
N = 16 (t/wl
de detecção gerado por uma certa
quantidade de massa, mais sensível Limite de detecção:
será o método. Está relacionada,
principalmente, com a dispersão das Sinal do analito proporcional a
bandas cromatográficas e o detector 3 vezes o sinal do ruídon
utilizado.
Tator importante para que a anáf1se
I
seja eficiente uma vez que em
controle de qualidade são realizadas
análises em replicatas de um Tempo de retenção t,
número relativamente grande de
amostras. Esse parâmetro envolve,
principalmente, o tamanho da
coluna ou da cromatoplaca, o tipo
e tamanho das partículas da fase Fator de retenção ou fator de
estacionária e todos os demais capacidade k:
elementos cromatográficos (tipo e
temperatura do eluente, estrutura
do analito, tipo de fase estacionária
o r. ootrr.c'

*wb: representa as respectivas larguras das bases dos picos.


** Ruído: é a variação do sinal da linha de base quando o detector está lendo
somente a fase móvel sem a presença de nenhum analito. Essa variação é
provocada por oscilações elétricas do sistema. Seria como compará-lo ao chiado
apresentado por um rádio quando selecionamos alguma estação.
"'""" tm: representa o tempo que demora a eluir um ,composto que não possui
qualquer tipo de afinidade pela fase estacionária. E representado na maioria
das vezes pelo primeiro distúrbio na leitura da linha de base.

Estes parâmetros, como fo ram descritos no Q uad ro 25, servem


para avaliar todas as técnicas de CLC, CG, HPLC, SFC e CE .
Um exemplo d e como calcula r estes pa râmetros e stá
representado na Figu ra 52.

• 1421 -
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁliSE INSTRUMENTAL

••
Oetermln~:çto da base dos
picos pelo método da tangente.
2
2

I
I

Primeira Oetennlnaçlo da
perturbaçlo da linha de base.
linha de base.

o 5 10 15 o t, 15

Figura 52: Exemplo de determinação dos fatores envo lvidos no cálculo d Rs, "1, a e k'.

23.1.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ou Alta


Performance (ClAE ou HPlC)
O HPLC é a versão instrumental das técni cas cromatográficas.
Esse modo de operação da cromatografia possui muitas vantagens
em relação à CPI e CLC.
O HPLC é um aparelho composto, basicamente, de seis
elementos principais (Figura 53 , Quadro 26).
Processador
de dados

Sistema de
detecção

Coluna
Cromatográfica
Sistema de
bomba

Reservatório
de solvente

Figura 53: Represen tação de um equipamento de H PLC.

- ·4221 •
MÉTODOS DE ANÁLIS E E SEPARAÇÃO

••
Quadro 26: Principais componen tes do HPLC e algumas de suas características

COMPONENTES CARACTERÍSTICAS
Reservatório de solventes: onde se encontra(m) o(s) solvente(s) da fase móvel
sistema mecânico que impulsiona o solvente
para a coluna cromatográfia de forma a
Bomba de alta pressão:
movimentá-lo independente da gravidade ou
capilaridade.
dispositivo posicionado entre a coluna
cromatográfica e a bomba. Serve como sistema
Injetor: de entrada da amostra para a co luna. Permite
a introdução de um volume fixo de amostra
dentro do aparelho de HPLC.

de compri mento (entre 10 e 30 em) e diâmetros


internos (entre ~ - 1O mm) variados. Suporta
Coluna cromatográfica: altas pressões. E o local onde se encontram
empacotadas as partfculas de fase estacionária e
onde ocorre o processo de separação.

dispositivo eletroeletrón ico que responde


à variação da composição do efluente da
Detector: coluna gerando si nais elétricos. Os detectores
mais comumente empregados são: UV-vis,
fluorescência, eletroquímico, massas.

sistema que analisa e processa os dados


provenientes do detector e os transforma em
Processador de dados sinais gráficos chamados de cromatogramas.
(Pc ou integrador): Nestes aparecem os picos cromatográficos de
onde são calcu ladas as medidas de suas áreas
e ou alturas.

O HPLC utiliza relações (fluxo de fase móvel/massa de fase


estacionária) muito maiores que as empregadas em CPI e a CLC.
Além disso, a fase estacionária apresenta uma relação (massa/volume
ocupado) muito menor. Em outras palavras, em HPLC a fase estacionária
está extremamente empacotada (aglomerada) e a quantidade de
solvente que atravessa a coluna é muito grande em re lação à sua
massa. A combinação desses dois elementos com a uniformidade do
material de recheio das colunas altamente empacotadas e a utilização
de um sistema de detecção on fine foram cruciais para que o HPLC
apresentasse uma série de vantage ns (Tabela 33).

• 1423-·
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAl

• Tabela 33: Vantagens do H PLC

Alta eficiência: representada por picos estreitos e 9em definidos.


Análises rápidas: tempo médio em torno de 8-15 min.
Baixo consumo de solventes: fluxos médios de 0,5- 2 ml para separações
em escala analítica.
Baixos limites de detecção: detecção de quantidades de massas na escala de
até fento gramas.
Excelente reprodutibilidade e repetiblidade.
Resultados confiáveis.

Soma-se a isso o fato do HPLC ser um instrumento capaz de


incorporar, ainda, sistemas completamente automatizados de extração
de amostras e injeção, o que aumenta enormemente a capacidade de
análise e diminui muito a geração de erros durante a análise.
No sistema de HPLC, assim como na CLC, a composição da
fase móvel pode permanecer constante durante todo o processo
d e análise . Esse modo de eluição é chamado isocrático. Em alguns
aparelh os de HPLC existe um sistema de bombas que consegue
bombear e misturar diferentes proporções de solventes durante
a análise. Esse sistema é chamado de eluição por gradiente. Essa
e luição também pode ser real izada na CLC só que a mistura e
mudança do solvente são realizadas norma lmente de forma manual.
A eluição por gradiente possui a vantage m de mudar as condições
de separação, permitindo que uma separação que não ocorria em
um úni co sistema eluente agora possa ocorrer (Figura 54).

100% METANOL

8 c
A
D

10 20 30 40 50 min.

tO% METANOL • 20% &50-."ROPANOI.. f\"'11


100'M. METANOL

10 20 30 40 50 min.

Figura 54: Representação de eluição isocrática e por gradiente.

-~-·4241 •
MÉTODOS DE ANÁ LISE E SEPARAÇÃO

•••
23.1.2 Cromatografia Gasosa

A cromatografia gasosa (CG ou GC) é outro modo de


cromatografia verdadeiramente instrumental. Foi d ese nvo lvida
para compostos voláte is, compostos que podem ser vo latili zados
sem degradação sob aquecimento, ou ainda, compostos que após
reações de derivação possam apresentar volatilidade adequada. Os
componentes básicos do cromatógrafo a gás são similares em função
aos utilizados em HPLC (Quadro 27, Figura 55):
Quadro 27: Principais componentes do CG e algumas de suas características
COMPONENTES CARACTERÍSTICAS
Reservatório de g.fs: Onde se encontra(m) o (s) gás(es) de arraste (fasl! móvel).
forno: Sistema que aquece o gás de arraste e a coluna capilar.

Injetor: Dispositi'<> posicionado entre a coluna capilar e o reserval6rio de gás. Serve


como sistema de entrada da amostra para a coluna capilar.
De comprimento (normalmente entre 2 e 50 metros dispostos em rolo)
e diâmetros (0 ,1 - 0 ,53 mm) variados. Suporta altas temperaturas.
É o local onde se encontra a fase estacionária que é composta,
Coluna capilar: normalmente, de um sólido ou líquido que forma uma fina camada
sobre as paredes da coluna capilar ou sobre a s~perfície de um material
particulado que reveste suas paredes internas. E na coluna capilar onde
ocorre o processo de seg_ a ração.
Dispositivo eletrônico que responde à variação da composição do
gás ~fluente da coluna gerando sinais elétricos. Os detectores mais
Detector:
comumente empregados são: condutividade térmica, ionização em
chama, captura de elétrons e detector de massas.
Processador de dados
(Pc ou integrador): Iguais aos usados em HPLC.

SISTEMA DE
Qfill.C6Q

.E.QRhQ

Figura 55: Representação de um equipamento de CG.

• 1425 -
• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• A CC é uma técnica q ue complementao H PLC em função das


diferenças de suas aplicações. Entreta nto, a CC, em muitos aspectos,
é uma técni ca· com melho res resultados que o H PL:c e apresen ta,
normalmente, :análises mais eficientes (Quad ro 28).:
Quadro 28: Comparação da CG com o HPLC

VANTAGENS DA CG SOBRE O HPlC :


Menor volume injetado: a quantidade que as colpnas capilares suportam é muito
pequena(= 1Q-3pll, portanto volumes em tomo de lpl são mais que suficientes para
o injetor.
Análises mais rápidas: em CG as análises demoram em média de 4-10 minutos. Isso
ocorre em função do alto fluxo de gás dentro da coluna capilar e das altas temperaturas
empregadas que aceleram o processo de transferência de massa que é normalmente mais
rápido na fase de gás.

Menores dispersões das bandas (picos mais estreitos): em CG existem alguns


fatores que fazem com que os compostos se dispersem menos d urante a passagem
dentro da coluna capilar. Em CG praticamente não existem caminhos preferenciais e,
portanto, a altura do prato (segundo a equação de Van Deemter) não sofre intluência
desse parâmetro. Na CG, a taxa de transferência de massa dos analitos é muito rápida
por causa do estado gasoso em que se encontram e em função da alta temperatura
empregada. A conseqüência final desses efeitos é que em CG são comuns picos com
2.000-300.000 pratos teóricos enquanto que em HPLC os valores ficam entre 500-
25.000.

Maior sensibilidade: a CG necessita normalmente de quantidades de massa de 1 O-


1.000 vezes menores que HPLC para produzir uma detecção adequada. Isso decorre
principalmente em função da menor dispersão das bandas e dos tipos de detecção
empregados.

Maior seletividade: essa caracterfstica também decorre do maior número de


r
pratos teóricos. Em CG, em uma mesma corrida possível identitlcar e quantificar
seletivamente um número bem maior de compostos que em HPLC.

23.1.3 Cromatografia Supercrítica

A cro matograf ia supercríti ca ou cro matografia po r fl uido


supercrítico (CFS ou SFC) é uma técnica que utiliza como eluen te um
f luido no se u estado supercrítico. O estado supercríti co é ati ngido a
um valor de temperatura e pressão acima do ponto crít ico. essas
condições esse fluido apresenta densidade e viscosidade situadas
entre as do gás e do líq uido. As van tagens desse fluid o supercrítico

.•-·426,.
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

•••
é que, além de ele possuir o poder de solubilização dos líquidos a
temperaturas normalmente bem mais baixas que as dos gases, sua
baixa viscosidade e densidade confe rem altas taxas de transferência
de massa. O resultado é uma separação com eficiência e velocidade
semelhante ao CC. Entretanto, a SFC ainda é pouco utilizada em
laboratórios de qualidade e possu i aplicação limitada quanto às
opções de f luidos supercríticos. Além disso, a SFC é operacionalmente
mais complicada e mais cara que a CC e o HPLC.

23.2 ElETROFORESE

As técnicas eletrofo réticas empregadas em contro le de


qualidade são a eletroforese em gel e a eletroforese capilar. Ambas
as técnicas empregam a aplicação de uma diferença de potencia l
sobre uma solução ou gel onde se encontra solubilizado o analito.
Essa diferença de potencial faz com que os elementos carregados
migrem em direção ao pólo de carga oposta (migração eletrocinética).
Caso o analito apresente carga, ele poderá migrar sozi nho para o
eletrodo. Caso ele seja neutro, precisará formar um complexo com
algum elemento carregado que servi rá, desta fo rma, como uma
espécie de carreador. Um procedimento bastante comu m neste
caso é a utilização de surfactantes, como o dodeci l sulfato de sód io
(SDS) na forma de micelas carregadas.
A eletroforese em gel é uma técnica que em prega géis
dispostos em placas. As placas são mantidas na horizontal e os
eletrodos são posicionados nas extremidades da placa de gel. Por
causa da baixa resistê ncia elétri ca da eletroforese em ge l não é
possível aplicar voltagens muito superiores a 200 volts, pois ocorre
muito aquecimento. Esse é o fator limitante da eletroforese em gel.
Uma saída para esse problema foi o desenvolvimento da eletroforese
capilar (CE). A CE utiliza um capilar oco de sílica fund ida entre os
eletrodos (Figu ra 56). Esse capi lar possui comprimento normalmente
em torno dos 40 em de compri mento e um diâmetro interno de
25 a 75 )..lm. Aa características do capilar permitem que voltage ns
de até 30 kvolts possam ser aplicadas sem o inconveniente do
aquecimento. Com voltagens dessa grandeza, as sepa rações se
tornaram extremamente rápidas e eficientes. São comuns análises de
5 minutos ou menos e picos com 50.000 a 500.000 pratos t eóricos.
Em eletroforese capilar, a amostra é injetada aplicando -se voltagem
ou pressão sobre o frasco contendo a amostra. Por causa do peq ueno

• 1427-
• PARTE IX. FUNDAMENTOS T~ORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• diâmetro interno do capilar, apenas uma pequeníssima fração da


amostra é injetada (ordem de nano-litros).

SOWCOES
QE
ELETPÓU-:'OS

Figura 56: Esquema representando como o ca pilar está conectado aos eletrodos e ao sistema
de detecção em CE.

A CE é uma técnica cuja aplicação no controle de qualidade


v em crescendo muito nos últimos anos. Sua operação consome
pouquíssima quantidade de solventes (menor que 2 ml por dia de
análise) e suas separações são extremamente rápidas e eficientes.
As maiores desvantagens da CE são os limites de detecção, cerca de
1 0-1 00 vezes maiores que o H PLC quando utilizado detectores UV-
vis. Isso ocorre, por causa do curtíssimo caminho óptico da CE que
é representado pelo próprio diâmetro interno do capilar. Entretanto,
várias técnicas para contornar esse problema foram desenvo lvidas. As
mais uti lizadas são o emprego de células de detecção em Z ou em
bulbo. Esses dois tipos de células foram desenvolvidos para aumentar
o caminho óptico percorrido pelo feixe de luz. Outra técnica muito
uti lizada é a de empilhamento das moléculas. Nesse procedimento
a amostra é injetada em um tampão com con centração dez vezes
menor que os tampões de corrida. Essa região de baixa concentração
eletrolítica possui uma condutividade menor e, conseqüentemente,
um campo elétrico nesta região também maior. Essa diferença de
campo faz com que as moléculas se con centrem (empilhem) na
interface entre os campos melhorando a resposta do detector.

-·4281 •
MÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃO

••
Além do detector UV-vis, já se encontram disponíveis para
CE, quase todos os detectores empregados para HPLC, como o
eletroquímico, fluorescência e massas.
Os principais parâmetros envolvidos na separação por CE são
aqueles relacionados com a composição dos eletrólitos empregados.
Estes controlam a condutividade da solução e as cargas apresentadas
pelos analitos e dessa forma regulam tanto o poder de separação
quanto o aquecimento gerado durante a separação.
As características de CE permitem que a maioria dos
aparelhos apresente sistema de injeção, detecção e análise, todos
agrupados em um único aparelho (Figura 57).
SISTEMA O"
O:: TECCÂO

PROCESSADOR DE DADOS

CARROSSEL
RESERVATORIOS DE
ELETRÓUTOS
(amostrador)

Figura 57: Representação de um aparelho de CE.

• 1429-·
MÉTODOS ELETROQUÍMICOS

, ,
••
24 METODOS ELETROQUIMICOS

SERRANO, S.H. P.; MACHADO, S.A.S.; GIL, E.S.

Os métodos eletroanalíticos pertencem a um grupo de


mét odos analíticos quantitativos que se baseiam nas propriedades
elétricas de uma solução contendo a espécie de interesse (analito)
quando esta faz parte de uma célula eletroquím ica . Esta últ ima
compreende dois ou três condutores, denominados de eletrodos,
conectados ao equipamento de medida e imersos em uma mesma
solução eletrolítica, ou imersos em recipient es d iferentes, mas
conectados entre si por uma ponte salina, de modo a permiti r fluxo
iônico de um recipiente para o outro. A ponte salina consiste de um
tubo, normalmente preenchido por uma solução de KCI, ou outro
eletrólito adequadamente escolhido . A função dessa ponte é evitar o
contato direto entre as soluções contidas em cada um dos rec ipientes
distintos e assegurar o con tacto elétrico entre elas.
O fenômeno de condução na célula inclui :
a) a condução eletrônica representada pelo movimento de elétrons
nos condutores (eletrodos);

b) a condução iônica representada pelo movimento de íons


carregados no interior da solução;

c) a condução eletrônica/iônica qu e ocorre na interfase eletrodo/


solução resultante do processo de oxidação ou redução do
anal i to.
Os métodos eletroana líticos apresent am si mpl i cidade,
boa sensibilidade e seletividade e, normalmente, empregam
equipamentos de baixo custo. Deste modo, espera-se que outros
métodos, além da determinação potenciométrica da concentração
hidrogeniônica, ou seja, nas medições rotineiras de pH, ganhem a
mesma popularidade, que o uso de eletrodos de vidro.
Uma característica comum a todos os métodos eletroquímicos
diz respeito ao sistema de detecção, que, ao contrário dos métodos
espectrofotométricos, tem contato direto com a amostra. Assim, os
métodos eletroanalíticos podem ser classificados em dois grandes
grupos: (a) métodos interfaciais, em que os fenômenos de interesse

• 1 431 ~~
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLIS E INSTRUMENTAL

ocorrem na interfase eletrodo/ solução envolvendo uma ca mada


muito peq uena de solução e, b) métodos cujos fenômenos de
interesse ocorrem no interior da solução. Exemplos desse último
são a Condutometria Direta e as Titulações Condutométricas. Os
métodos interfaciais podem, por sua vez, ser divididos em métodos
estáticos em que a corrente que flui pela célula eletroquímica é nu la
(métodos potenciométricos) e métodos dinâmicos, em que a corrente
que f lui pelo sistema é maior que zero. este último caso podem ser
citados os métodos em que se controla o potencial aplicado à célula
eletroquímica (Coulometria a Potencia l Controlado, Voltametria,
Titulações Amperométricas e Eletrogravimetria), ou ainda os métodos
onde se controla a corrente aplicada à célula eletroquímica (Titulações
Coulométricas ou Eletrogravimetria à Corrente Constante).
Nos métodos onde os fe nômenos de interesse ocorrem no
interior da solução, os eletrodos estão em contato direto com a
amostra, entretanto, por causa da alternância rápida e constante de
corrente nos pares de eletrodos, não há fenômeno de eletról ise, pois
não há tempo para a interação efeti va entre as espécies em solução
e a superfície dos eletrodo.
Em contrapartida, nos métodos dinâmicos, se em solução
estão presentes espécies que podem efetivamente ser oxidadas ou
reduzidas na superfície dos eletrodos, norma lmente denominadas de
espécies eletroativas, há fluxo considerável de corrente. No entanto,
apenas em métodos como o Coulométrico ou Eletrogravimétrico,
procede-se a uma eletrólise exaustiva. Nos demais métodos, a
quantidade de espécie eletroativa que é efetivamente eletrolisada
é ínfima. Ressaltar-se que a se letividade dos métodos voltamétricos
é alta e na maior parte das vezes ditada pelo valor de potencial
aplicado, sendo possível discriminar a espécie de interesse na
presença de diversas outras espécies.
Desde que os métodos interfaciais monitoram variações que
ocorrem na interfase eletrodo/solução, deve-se sempre considerar
nas respectivas equações a maneira como o transporte de massas é
realizado do interior da solução para a região da interfase, o qual pode
ser efetuado por difusão, migração ou convecção (mecânica ou térmica),
dependendo das condições experimentais de trabalho escolhidas.
Nos métodos dinâmicos, onde ocorre reação efetiva de
oxidação ou redução, as correntes medidas são denominadas de
correntes faradaicas, porque a quantidade de carga transferida segue
as leis de Faraday, que estabelece que para cada moi de espécie
eletroativa monovalente consumida ou produzida em um processo
de oxirredução, um moi de elétrons é consumido ou produzido.

-·4321 •
MÉTODOS ELETROQU[MICOS

••
A aplicabilidade dos métodos eletroanalíticos no controle de
qualidade de medicamentos é, relativamente, pequena e se resume
à determ inação do pH em ensaios de qualidade, da condutometria
em ensaios de pureza e a raras aplicações da poten ciometria e
polarografia em ensaios de potência. Com o adve nto dos Eletrodos
Íons Seletivos, o campo de aplicação da potenciometria no controle
de qualidade de medicamentos tem aumentado e espera-se que o
mesmo venha a ocorrer com os demais métodos eletroanalíticos,
principalmente à medida que novos materiais para construção de
eletrodos de trabalho sejam desenvolvidos.

24.1 POTENCIOMETRIA

A potenciometria é um método que se baseia na medida da


força eletromotriz de uma pilha ou célu la galvânica constituída pela
associação de dois eletrodos: um de referência e outro indicador. O
eletrodo de referência deve apresentar potencial co nhecido, estável
e reprodutível independente e da solução onde se encontra imerso.
Vários eletrodos são empregados como eletrodos de referência,
embora os mais empregados sejam o eletrodo de ca lomela no
saturado (Hg/Hg2CI 2 , KCI saturado), comumente denominado de
ECS, e o eletrodo de prata/ cloreto de prata (Ag/AgCI, KCI saturado) .
O eletrodo indicador, muitas vezes também denominado de
eletrodo de trabalho, reflete as alterações que ocorrem na interfase
estabelecida com a solução de medida e, deste modo, apresenta
potencial variável, dependendo da composição da solução. O
potencial da célula eletroquímica composta desses dois eletrodos
segue a Equação de Nernst e, portanto, varia com o logaritmo da
atividade da espécie química em solução. U ma vez que o potencial
do eletrodo de referência permanece consta nte ao longo de todas
as medições efetuadas, pode-se atribuir a variação do potencial da
célula às variações de atividade da espécie de interesse em solução,
as quais são monitoradas pelo eletrodo indicador.
o entanto, é necessário aqui se efetuar a diferença entre
concentração (c) e atividade iônica (a) . Esses parâmetros são iguais
somente para soluções muito diluídas, onde a atração elet rostática
entre íons de cargas opostas em solução é muito peq uena. Para
soluções mais concentradas, ocorre um desvio que é normalmente
quantificado pelo coeficiente de atividade, yi' de modo que por
definição, Y; =a/c,. Assim, para soluções muito diluídas onde a

• 1433- ·
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• concentração é igual à atividade, o coeficiente de atividade é 1.


Evidentemente, o valor do coeficiente de atividade depende da
concentração total das espécies iôni cas em solução, e inclui a espécie
de interesse, bem como os íons provenientes de eletrólitos inertes.
Denomina-se de força iônica, I, a contribuição de cada espécie
para as forças intermoleculares totais que existem em uma dada
solução, sendo esta dada por: I = Y2 L c; x z,2 , onde c; co rresponde
à concentração de cada íon, positivo ou negativamente, carregado
e z; à carga de cada um deles. A força iônica e o coeficiente de
atividade iôn ica estão inter-relacionados pela equação estendida
de Debye-Huckel:
(1)

Para a maioria das aplicações corriqueiras de laboratório,


pode-se trabalhar com unidades de concentração iônica sem cometer
nenhum erro grosseiro, porém é adequado que se mantenha, quando
possível, uma concentração constante de eletrólito inerte em solução,
cuja f unção será a de manter a força iônica constante. Deste modo,
de acordo com a equação (1), o coeficiente de atividade, Yv também
será mantido constante ao longo de todo o trabalho experimental.
Com esse procedimento, pode-se garantir que a relação a,tc, varie
proporciona lmente com a variação de cr
Como citado, no método potenciométrico não ocorre
passagem de corrente na célula eletroquímica e as variações de
potencial, medidas pela célula eletroquímica, refletem a diferença
de potencial químico, fJ, da espécie de interesse em solução e na
superfície do eletrodo. Os métodos potenciométricos podem se r
classificados em direto e relativo (titulação potenciométrica)_ Em
ambos os casos, para as medições, é necessária a associação de
duas semicélulas, uma correspondente ao eletrodo indicador sensível
à atividade do analito e outra de potencial constante, o eletrodo
de referência. Exceção a este caso são os eletrodos combinados,
onde em um só dispositivo se encontram acoplados o eletrodo de
referência e o eletrodo indicador.

24.1.1 Eletrodos de Referência

Por causa da impossibilidade da medida do valor absoluto


do potencial de uma semicela constituída por apenas um eletrodo
individual, o potencial de qualquer eletrodo, obrigatoriamente,
deve ser referido a um eletrodo-padrão. Internacionalmente,

- · 4341•
MÉTODOS ELETROQU[MICOS

••
o eletrodo normal ou padrão de hidrogênio, ENH ou EPH, é
adotado como eletrodo de referência universal e o valor de seu
potencial, E0 , é considerado exatamente igual a zero volt em
todas as temperaturas.
Nesse modelo, o gás hidrogênio é borbulhado à pressão de
uma atmosfera em uma solução de ácido clorídrico com atividade
unitária a 25°C, onde se encontra imersa, uma lâmina de platina.
Como o eletrodo-padrão de hidrogênio necessita de gás
puro mantido à pressão constante, sem traços de oxigênio e
outras impurezas, ele não é empregado em trabalhos de rotina e,
praticamente, nunca é usado em titulações potenciométricas.
A reação química que descreve a semi-reação envolvida
quando se utiliza o eletrodo padrão de hidrogênio é:
2 H+ + 2e- ~ H2 (2)

A equação que descreve o processo de eletrodo é a Equação


de Nernst, que neste caso corresponde à:
(3)

Em condições padrão, as atividades do gás e do íon H +


são unitárias e o valor de E é igual ao de EO, que por definição é
considerado O,OOOV.
Os valores de potencial, correspondentes à redução de
vários metais, apresentados nos livros-textos na forma de tabelas
denominadas de Série Eletroquímica de Potenciais, são obtidos
quando o EPH é conectado à outra semicélula na qual se encontra
um eletrodo inerte imerso em solução contendo, simultaneamente,
a forma oxidada e reduzida, em atividade unitária, da espécie para
a qual se deseja medir o potencial de redução. Quando as duas
semicélulas são conectadas, se um valor positivo de potencial
for obtido, considera-se que o processo de redução da espécie é
espontâneo. Também, se o potencial lido for negativo, considera -se
que o processo de redução da espécie em questão não é espontâneo,
tendo como sistema de referência o EPH.
a realidade, dispõe-se de outros eletrodos de referência
mais convenientes do que o EPH e que, na prática, atendem
perfeitamente às necessidades da análise potenciométrica.
Por suas características técnicas, facilidades de manuseio
e manutenção preventiva, os eletrodos de calomelano e prata/
cloreto de prata e são os mais usados. Ambos os eletrodos possuem
potenciais conhecidos, estáveis e reprodutíveis, medidos contra o

• 1435- -
• PARTE IX · FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• eletrodo padrão de hidrogênio. Há, no entanto, de se considerar


que o potencial de cada um deles depende da concentração de seu
eletrólito interno, normalmente KCI.
O eletrodo de prata/ cloreto de prata consiste em um fio de
prata ou de platina, prateada por depósito eletrolítico, recoberto com
uma fina película de cloreto de prata, mergulhado em uma solução
de cloreto de potássio de concentração conhecida.
A semi-reação envolvida neste eletrodo é dada por:

AgCI <,1<=> Ag(s) + Cl- + e- (4)

A equação de Nernst para este processo é dada por:

E= EOAg!AgCI +0,05916/ 1 log [a Ag!AgCI/aCI-] (5)


Como a atividade do sólido AgCI é considerada unitária,
então a equação é representada por:

E = EOAg!AgCI - 0,05916/ 1 log [aCI- ] (6)


Resta agora entender como o valor de EOAg/AgCI - pode ser
cakulado. Isto é muito simples se considerarmos que esse eletrodo
corresponde a um fio de prata recoberto por uma camada de AgCI
e imerso em solução de íons cloreto.
Considerando que o equilíbrio abaixo existe no interior
do metal:

Ag\metaiJ + 1 e-<=> Ago <melai) (7)

Pode-se escrever a equação de ernst como:

E = E0Ag +/ Ag0 + OI 05916/ 1 x log [aAg +] (8)

Evidentemente, o potencial há de variar com a atividade


de íons Ag- na superfície do metal, que, por sua, vez será alterada
pela atividade de íons Ag- na solução na qual o fio estiver imerso.
Deste modo, se o fio estiver recoberto por uma camada de AgCI,
e imerso em solução onde não exista íons prata, ainda assim, esses
íons estarão presentes na solução, como resultado do equilíbrio de
solubilidade do sal pouco solúvel de AgCI:

(9)

- -4361 •
MÉTODOS ELETROQUÍMICOS

••
com o Ks sendo dado por:

Ks AgCI = aAg+ + aCI· (1 O)

Assim, a atividade de Ag+ será dada por:

aAg+ = Ks AgCI I aCI- (11)

Substituindo-se a equação (11 ) na equação (8) tem- se:

E = EOAg+f AgO + 0,05916/1 x log [Ks AgCI / aCI-] (12)

Deste modo:

E= EOAg+f AgO + 0,05916/1 log Ks AgCI- 0,05916/1 log aCI- (13)

EOAg/AgCI a 25°C = 0,223 V (cons iderando Ks = 1,8 x 1Q·10 )

Assim, o potencial do eletrodo de referência va riará, porém


como função da atividade interna de KCI que for utilizada.
O eletrodo de calomelano ta mbém é amplamente utilizado
como eletrodo de referência dada a sua simpli cidade de preparação
a partir de uma pasta composta de mercúrio metálico e Hg2 CI 2, sal
insolúvel de mercúrio (1), também denomi nado de calomelano. A
pasta é, então, imersa em uma solução de cloreto de potássio com
concentração bem definida: 0,1 M, 1 ,O M ou saturada. Assim como
no caso anterior, o potencial desse eletrodo (versus o eletrodo padrão
de hidrogênio) depende funda mentalmente da concentração do
eletrólito e da tempe ratu ra da solução de medida. A semi-reação
envolvida neste eletrodo é dada por:
(14)

O cálculo do potencial E0 HglCI2!Hg pode ser efetuado de maneira


similar àquela usada para o eletrodo de prata/ cloreto de prata. Como
descrito, o potencial do eletrodo depende da atividade de íons Cl-, na
sol ução interna na qual o eletrodo se encontra imerso.
Em dadas circunstânci as, outros eletrodos, além dos q ue
estão descritos, podem ser utilizados como eletrodos de referência
tendo, no entanto, em geral, uma aplicação limitada.
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• 24.1.2 Eletrodos indicadores ou eletrodos de


trabalho

Os eletrodos indicadores ou eletrodos de trabalho podem


ser subdivididos em dois grandes grupos: eletrodos metálicos e
eletrodos íon-seletivos.

I - Eletrodos Metálicos

Existem quatro tipos distintos de eletrodos metálicos:

a) eletrodos de primeira espécie: são utilizados para determinar


a atividade ou concentração de um cátion derivado do
eletrodo. Por exemplo, um fio de cobre pode ser utilizado
para determi nar a atividade ou concentração de íons Cuh
em solução. A sem i-reação envolvida será:

(1 5)
Neste caso, o potencial do eletrodo indicador será dado por:
0
Eindicador = E cuheu0 + 0,05916/21ogacu2+ (16)

Outros eletrodos metálicos que se comportam de maneira


reversível são os de Ag, Hg, Zn e Cd . Metais como ferro, tungstênio,
níquel , cobalto e c rômio não podem ser utilizados por não
apresentarem comportamento reversível, principalmente por causa
da fo rmação de óxidos.

b )E ietrodos de segu nda espécie: um eletrodo de segunda


espécie corresponde a um eletrodo de metal recoberto por
um sal i nsolúvel do próprio metal. A resposta dele varia em
função da atividade, em solução, do ân ion do sal insolúvel.
Exemplos clássicos são os eletrod os de referência, prata/cloreto
de prata e calomelano. já descritos. '. o entanto, pode-se
substituir o sal insolúvel por um íon complexo. Um exemplo
dessa substituição corresp ond e ao eletrodo de mercúrio
metálico imerso em solução do comp lexo formado entre íons
Hg>- e EDTN- (ân ion do ácido eti lenodiaminotetraacético,
EDTA), HgEDTN-.

c) Eletrodos de tercei ra espécie: um eletrodo de segunda espécie,


como descrito, pode também ser utilizado na determinação
de um cátion. Assi m, um eletrodo de mercúrio, imerso em
solução conten do íons Ca 2 - , além de pequena quantidade
do complexo HgEDTN·, responde às variações de atividade
de íons Ca 2 - em solução.

- - 4381 •
MÉTODOS ELETROQU[MICO S

••
d)eletrodos metálicos: indicadores de processos envolvendo duas
formas, oxidada e reduzida do par redox que se encontra em
solução. O eletrodo não tem nenhuma participação no processo,
servindo apenas de condutor eletrônico. Deste modo, para
que um potencial estável seja medido em solução é preciso
a presença das duas formas, oxidada e reduzida, do metal
em solução. Assim, o potencial de um eletrodo metálico em
solução é dado por:

E eletrodo = EO + 0,05916 log aMen+ I a Me(n-1 ) + (17)

Na equação, o par redox pode ser, por exemplo, Fe 3 - / Fe 2 +


ou ainda Ce 4 - / Ce 3 - .

li - Eletrodos ío n-seletivos

Eletrodos íon-seletivos são senso res el etroquímicos que


monitoram variações de atividade da espécie de interesse na interfase
eletrodo/solução. O termo íon-seletivo se justifica, uma vez que é possível
uma espécie na presença de várias outras, que atuam como interferentes.
Estes eletrodos podem ser subdivididos em duas grandes classes:
a) Eletrodos de membrana cristalina;

b) Eletrodos de membrana não cristalina

Os eletrodos de membrana cristalina podem ainda se r


subdivididos em eletrodos de membrana policristali na (Ag 2S;
Ag,_ 5 Cu 0 _45 S; Ag 2S + CdS; Ag 2 S+PbS, dentre outros, em q ue
as espécies monitoradas são: Ag ... e 52 ·; Cu 2 +; Cd 2 - e Pb 2 ... ,
respectivamente, ou eletrodos de cristal único, onde o exemplo
representativo é o eletrodo de LaF 3 , universalmente usado na
determinação de íons F· em diversas matrizes c6>. Os elet rodos de
membrana não cristalina, por sua vez, incluem o eletrodo de vid ro
(para determinação de pH ), eletrodos basead os em trocadores
iôn icos positivamente carregados (para determinação de ânions),
trocadores iônicos negativamente carregados (para, por exemplo, a
determinação de Ca 2 - em fluidos biológicos) ou, ainda, os eletrodos
baseados em suporte neutro para determinação seletiva de metais
alcalinos, principalmente o potássio, também em matrizes biológicas,
eletrodos seletivos a espécies molecu lares (para determ inação de
C0 2 e NH 3 ) e eletrodos constituídos por membranas biocatalíticas,
onde o material ativo é biológico, por exemplo, uma enzima. Embora
esses eletrodos tenham aplicações importantes na área farmacêutica,
para o detalhamento desse tópico seria necessária a edição de um

• 1439- -
• PARTE IX- FUNDAM ENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLIS E INSTRUMENTAL

•• novo livro_ Assim, aconselha-se aos leitores interessados consultarem


bibliografia recom endada <i- 19>_ Optou-se por, neste capítulo,
abordar-se com maiores detalhes, apenas o eletrodo de vidro, o
primeiro eletrodo íon-seletivo a ser desenvolvido, incluindo-se nesse
contexto alguns outros eletrodos destinados à determinação desse
parâmetro, extremamente importante em Química Analítica.

111 - Eletrodos indicadores de pH

Para a determinação di reta do pH (onde se acompanham as


variações de concentração de H- no meio reacional) ou rea lização
de titu lações potenciométricas envolvendo reações de neutralização,
dispõe-se de eletrodos de aço inoxidável (Fatibello e Milton Dufles
Capelato) e de eletrodos padrão de hidrogênio (EPH), porém o
eletrodo universalmente utilizado é o eletrodo de vidro.
O EPH é bastante preciso para leituras da concentração
do íon hidrogênio em soluções muito ácidas ou muito básicas.
Ent reta nto, apresenta algu ns inconve ni entes para a utilização
rotineira em laboratório:
a) exige o fornecimento de hidrogênio puro mantido à pressão
co nstan te, sem traços de oxigênio e outras impurezas;

b) não pode ser ulilizado em soluções contendo agentes oxidantes ou


agentes redutores fortes, capazes de afetar o sistema 2H-IH 1 .

Por sua vez, os eletrodos de pH baseados na utilização de aço


inoxidável podem ser aplicados em titulações potenciométricas, mas
a sensibilidade e reprodutibi1idade das med"1ções tornec"ldas por e\e
são muito inferiores àquelas fornecidas pelo eletrodo de vidro.

IV - Eletro d o de vi dro

Em 1909, Haber e Klemensiewi cz observaram a condução


de corrente elétrica por meio de um bulbo formado por uma fina
camada de vidro e também que , colocando-se duas soluções com
acidez diferentes, uma no interior e outra no exterior do bulbo, se
estabe lecia uma d iferença de potencial elétrico, cujo valor dependia
da vari ação da atividade de H - de uma das sol uções.
Anos mais tarde, em 1930, Dole e Mclnes verificaram que
a fina camada ou membrana de vi dro era extraordinariamente
seletiva aos íons H- do que a qualque r outro íon. Entre as duas
soluções com acidez diferentes estabelecia-se uma diferença de

~.,- 4401•
M~TODOS ELETROQUfMICOS

••
potencial dependente da atividade de H+ de uma delas. Salienta-se,
que o eletrodo de vidro foi o primeiro eletrodo íon-seletivo a ser
desenvolvido e sua resposta seletiva é função da composição do vidro
empregada na fabricação. Assim, membranas contendo 22% de Na20,
72% de Si0 2 e 6% de CaO monitoram variações de pH, enquanto
membranas contendo 11 % de Na2 0, 1 8% de Al 2 0 3 e 71% de Si0 2
monitoram variações na atividade de íons Na- em solução.
O eletrodo indicador de vidro consiste em um tubo de vidro
com membrana eletroativa sensível a íons H- e pode ser classificado em
simples ou combinado. A utilização do eletrodo de vidro simples requer
o emprego concomitante de um eletrodo de referência, ambos ligados
entre si por uma ponte salina para completar a célu la. O bulbo interno da
membrana de vidro é preenchido com solução de HCI de atividade ou
concentração exatamente conhecida e nele é imerso um fio de Pt para
efetuar o contato elétrico entre o eletrodo e o dispositivo de medida, o
peagômetro (Figura 58).
indicador referência

- Es

Figura 58: Esquema da associação entre u m eletrodo de vidro simples e o respectivo eletrodo
de referência

Entretanto, para que os eletrodos de vidro possam ser


utilizados em medidas diretas ou nas medidas relativas é preciso que
as membranas de vidro, inicialmente secas, sejam hidratadas. Para
tal finalidade, é necessário deixar o bulbo do eletrodo imerso por 24
horas em solução de KCI 0,1 M ou água destilada, ambas levemente
aciduladas. Esse procedimento deve ser adotado sempre que o eletrodo
não estiver em uso. De modo algum se deve permitir que a membrana
de vidro se desidrate. Quando a membrana de vidro recém-fabricada e
seca é imersa em solução aquosa contendo íons H~ , o silicato de sódio
da camada superficial se hidrolisa, originando uma camada de vidro

• 1441 - -
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• hidratada. Íons H +, provenientes da solução, penetram na ca mada


hidratada, alojando-se nos sítios disponíveis, e concomitantemente
os íons NaT, inicialmente presentes no vidro, são transferidos para a
solução. No interior do vidro, a camada de silicato de sódio permanece
intacta (vidro seco) e um potencial de troca iônica, denominado
de Potencial Donan, é gerado por um mecanismo de troca iônica
entre íons H + da camada hidratada e aqueles presentes na solução
de medida. Esse potencial, gerado por uma medida de t roca iônica,
reflete a variação da atividade de H- ou concentração de H- (se a força
iô nica for mantida constante) na solução de medida (E1 - Fig. 58). É
necessário não se esquecer que o bulbo de vidro está preenchido com
uma solução interna de HCI de ativid ade ou concentração exatamente
conhecida (solução de referência), de modo que o mesmo processo
de hidratação, anteriormente descrito. também ocorre do lado interno
(E 3 - Fig. 58). o entanto, como a atividade da solução interna não se
altera, o potencial na interfase interna é sempre constante. Assim, é
preciso deixar claro que íons H- presentes na solução de medida não
são capazes de atravessar a membrana e alcançar a solução interna de
referência. O potencial de troca iônica, responsável pela medição do
pH, se dá na camada hidratada extern a da membrana de vidro que
se encontra imersa na solução que se deseja medir o pH (E 2 - Fig. 58).
Já o eletrodo de referência opera com potenciais constantes (E4 e E5
- Fig. 58) .

V - Eletrodo de vidro co mbinado

Embo ra dois eletrodos (eletrodo de vidro e eletrodo de


referência) possam ser utilizados nas medições de pH, a utilização
de um só eletrodo contendo simultaneamente a membrana seletiva
de H + combinada ao eletrodo de referência tornaria o arranjo
experimental bem mais simples. Esse eletrodo foi denominado de
"eletrodo de vid ro combinado " (Figura 59).

- -4421 •
MÉTODOS ELETROQU(MJCOS

•••

I
Eletrodo de referênci~ ~ / E l etrodo indicador dt pH

Eletrodo combinado do pH

Figura 59: Eletro do de vidro combinado

24.1.3 Determinação experimental de pH

Do ponto de vista experimental, a aplicação do eletrodo de


vidro para medidas de p H exige prévia calibração do elet rodo antes
de empregá-lo para efetuar qualquer medida de pH. Isto acontece
porque a composição da membrana de vid ro não é homogênea em
toda a sua extensão. Deste modo, a composição da membrana que
se encont ra em contacto com a solução de medida d ifere daquela
que está em contacto com a solução de referência (solução inte rn a
de HCI), fato que cria uma diferença de potencial, denominada
de potencial de assimetria, tido como indesejável po rque pode
variar com o tempo, principalmente dependendo das cond ições
experimentais às quais o eletrodo é submetido.
O potencial da célula eletroquímica, composta de eletrodo
de vidro e eletrodo de referência, é dado por:

E @)@!rodo de vidro - E @ietrodo de referência + Ej = k - 0,0592 pH (18)

• 1443- ·
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• Como o potencial do eletrodo de referên cia é constante,


procura-se trabalhar em condições em que o potencial de junção
líquida, E., permaneça constante. Deste modo, a equação (18) pode
I
ser simplificada para:

E eletrodo de vidro = k'- 0,059 2 pH (19)

Onde K' engloba o potencial de assimetria, bem como o


potencial do eletrodo de referência e o potencial de junção líquida.
Como pode ser visto pela equação (19), um gráfico de E eletrodode,idro
versus pH d eve fornecer uma reta com intersecção linear igual a k'
e inclinação igual a 0,0592, o coeficiente de ernst.
A calibração do eletrodo de vidro pode ser experimentalmente
efetuada empregando uma solução-tampão ou duas soluções tampão.
Normalmente as soluções para calibração podem ser adquiridas
comercialmente ou preparadas em laboratório, usando-se padrões
primários, como é o caso do H idrogenoftalato Ácido de Potássio
que fornece tampões de pH = 4,000. A calibração empregando
um único tampão não é a mais recomendada, pois assume que a
inclinação do eletrodo é exatamente 0,0592 por década na atividade
(ou concentração) de H +, o que normalmente não é ve rdadeiro, a
não ser para eletrodos recém-fabricados.
Quando a ca libração é efetuada empregando-se duas
sol uções-tam pão, a incl inação da curva E versus pH , ou seja, o
que normalmente se chama de inclinação do eletrodo deixa de
assumir o va lor teórico de 0,0592, pa ra se r o valor determinado
experimentalmente quando da leitura do pH das duas soluções-
tampão usadas como soluções de referê ncia.
Na prática, o procedimento é simples e acompanha a compra
do peagômetro. As medições nos dois tampões são efetuadas e o
equipamento fo rn ece o valor da inclinação da curva E versus pH
considerando os dois valores padrão de pH. A leitura do pH da
amostra é automática, mas pode se entender como o equipamento
que nos fornece os valores lidos. Para tanto, as seguintes equações
devem ser consideradas:
Etampão 1 = K' - s pH tampão 1 (20)
Etampão 2 = K' - s pH tampão 2 (21 )

Subtra ind o a Equação (20) da Equação (21 ) é possível


demonstrar que :

S = inclinação do e letrodo = Etampão 1 - Etampi o ) pHtampão 2 - pHtampão 1 (22)

- -4441 •
MÉTODOS ELETROQUÍMICOS

•••
A Equação (22) pode ser compreendida de forma simples a
partir da (Figura 60).

pH
-0.24 1... wnpio t

-0.28
:::.
'.!:
..;: -0.32
-o
"
11.1

·0.36

-0.40 pH ...,... ,

pH

Figura 60: Curva analítica do eletrodo de vidro empregando dois tampões de referência. Equação
da reta: Ecélula = - 4 67 x 1 Q·' - 0 ,0591 pH

Constata-se fa ci lmente pela Figura 10 que:


_ 1 -Eamostra )/inclinação} + pH
P a mostra = {(Etampao
H .
tampao 1
(23)

Admitindo-se que pHtampão1 = 4,00; pH tampão 2 = 7,00; Etampão 1 =


- 0,237 V e Eamost~• = 0,296 V (calculado pela equação da reta), obtém-se
um valor de pH de 4,998 e, portanto, praticamente 5,00.
Deve-se sempre ter o cuidado de esco lher soluções de
calibração em uma ampla faixa de pH, por exemplo, tampões de
pH 4,00 e 7,00 ou 4,00 e 9,00, ou ainda, outras combinações, de
modo a garantir que o pH da solução a ser medida esteja dentro da
faixa de calibração.
Embora o eletrodo de v idro seja universalmente utilizado,
é preciso aqui destacar que ele pode fornecer valores errôneos de
pH em soluções extremamente ácidas ou soluções extremamente
alcalinas. Os desv ios apresentados pelo sensor são denominados
de Erro Ácido e Erro Alcalino, respectivamente. As causas do erro
ácido não são bem conhecidas, porém, em valores de pH abaixo de
0,5, a concentração hidrogeniônica medida tende a ser mais baixa
do que realmente é e, por conseqüência, os valores de pH medido
tendem a ser mais altos do que o valor verdadeiro. Também, em meio
alcalino, o valor de pH medido tende a se r mais baixo do que o valor
verdadeiro . Isto ocorre , porque em meio alcalino a concentração
de íons Na- no meio é alta e esses íons também contribuem para o
equilíbrio de troca iônica na interfase da membrana hidratada com

• 1445 ~-
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSI COS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• a solução. Tudo funciona como se o sensor estivesse medindo o


somatório de co ncentrações de H - e a- . Esses erros experimentais
estão diretamente ligados à seletiv idade da membrana utilizada
e métodos experimentais, que permitam medir a seletividade do
eletrodo em relação à espécie de interesse perante as espécies
interferentes, encon t ram-se descritos na literatura<8 •.

24.1.4 Equipamentos

O equipamento básico empregado na potenci ometria é o


peagômetro, que, além de efetuar medidas de pH, pode ser utilizado
para efetuar medições de potencial e, portanto, ser utilizado com
qualquer eletrodo íon -seletivo. A escolha do equipamento depende,
além da preferência pessoal, da precisão e exatidão necessária na
obten ção dos dados analíticos . Os eletrodos a serem util izados
seguem padrão similar de escolha, porém dependem, também e
fundamentalmente, do tipo de determinação analítica a ser efetuada.
Mesmo assim, deve ser considerado no processo de aquisição, além
de aspectos como a natureza da amostra, alguns fatores importantes
como a avaliação do custo, características técnicas, disponibilidade
de reposição de peças e manutenção.
Os tituladores automáticos, atualmente, são de qualidade ímpar
para executar as titulações potenciométricas, embora os medidores
digitais, de menor custo e comercializados sob diversos nomes, tais
como analisador de íons, peagômetro e outros, sejam suficientes para
a obtenção de resultados analíticos precisos e confiáveis.

24.2 CoNDUTOMETRIA

As técnicas condutométricas de análise, sejam elas diretas


ou indiretas (titulações condutométricas), são efetuadas em células
co ntend o dois eletrodos firmemente localizados em geometri a
constante, um em relação ao outro . Deste modo, duas lâminas de
Pt alinhadas paralelamente definem uma coluna de solução com
volume constante. Os eletrodos empregados são eletrodos de platina,
muitas vezes platinizados, ou seja, recobertos com uma camada
de negro de platina, para aumentar a área superficial efetiva (com
conseqüente aumento de capacitância) e diminuição de eventuais
cor rentes faradaicas. Em outras pal av ras, utilizam co ndições
experimentais de modo a evitar o fenômeno da eletrólise.

- ·4461 •
MÉTODOS ELETROQU[MICOS

•••
O fluxo de corrente entre dois eletrodos imersos em uma solução
de eletrólito (condutor iônico) envolve a migração de íons por meio da
solução, mas o mecanismo de condução de corrente d ifere em função
da utilização de corrente direta (DC) ou de corrente alternada (AC).
Corrente direta (DC): quando se uti liza corrente direta,
o mecanismo de condução envolve corrente faradaica (eletrólise).
Assim, íons posit ivos migram em direção ao catodo (pólo onde ocorre
red ução) e íons negativos migram em direção ao anodo (pólo onde
ocorre o processo de oxidação). Os elétrons liberados no anodo
por causa do processo de oxidação fluem pelo ci rcuito externo em
direção ao catodo, onde ocorre o processo de redução.
Corrente alternada (AC): O mecanismo de condução
pode não envolver processos faradaicos, como é o caso da Técnica
Condutométrica. Esta técni ca utiliza a corrente alternada, condi ção
experimental necessária para evitar o fenômeno d e eletrólise.
Quando os eletrodos estão imersos em solução, uma passagem
momentânea de corrente produz excesso o u deficiência de carga
sobre a superfície deles e as camadas de solução, imediatamente
adjacentes aos eletrodos, adquirem carga oposta . Como a corrente
é alternada, a cada meio ciclo ocorre a inversão de polaridade das
cargas sobre os eletrodos e com ela ocorre também a inversão de
cargas sobre as camadas adjacentes de solução. Deste modo, cada
superfície de eletrodo fu nciona como um capacitar.
Desde que a velocidade de migração iônica varie linearmente
com a força eletromotriz aplicada, as sol uções eletrolíticas também
obedecem à Lei de Ohm .
A cond utância de uma solução, L, é definida como:

(L) = 1/ R (24)

onde, R corresponde à resistência elétrica da solução em


un idades de o hm·1 , ou seja, siemens (5).
A condutância, L, é diretamente proporcional à área dos
eletrodos, A, e inversamente proporcional à distância entre eles:

L oc Nd :::::> L = k X Nd (25)

onde, k (5 cm· 1 ) corresponde à condutância específica,


definida como a condutância de um segmento de solução contido
entre dois eletrodos inertes de área A, definindo o vo lume de 1 em
de lado.
A condutância específica de um eletró lito forte aume nta com
a concentração, porém a de um eletrólito fraco, com a diluição.

• 1447 ~-
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• Nesse último caso é bom lembrar que o grau de ionização de um


eletrólito fraco aumenta com a diluição. A condutância de uma
solução é resultado da contribuição de todos os íons presentes
em solução, porém a fração de corrente transportada por espécie
depende de sua concentração relativa e mobilidade iônica.
Para comparação da condutância de soluções de diferentes
eletrólitos, que originam soluções contendo íons diferentes e com cargas
diferentes, foi introduzido o conceito de Condutância Equivalente (A).
Por definição, a condutância equivalente é uma solução
contendo 1 equivalente grama de eletrólito contido entre dois
eletrodos afastados entre si de 1 em. Assim,
Volume de eletrólito na célula =A x d (26)

Onde A corresponde à área da cé lula definida pelos eletrodos


utilizados e d, à distância entre eles. Para d = 1 em, Volume de
eletrólito na célula será dado pela área da célula:
Volume de eletrólito na célula = A, para d = 1 em (27)

A concentração em unidades de normalidade é dada por:


N = Número de EquivalentesNolume (28)

e
V(ml) = Número de Equivalentes x 1000/N (29)
Substituindo-se a equação (2 7) na equação (29) tem-se:
A= 1000/N (30)
para 1 equivalente grama de eletrólito.

Substituindo-se a equação (30) na equação (25) chega-se à


equação que permite calcular a condutância equivalente, a partir da
condutividade específica e concentração da solução em unidades
de normalidade:
(A) = k x 1000/N (31)

A condutância equivalente sempre aumenta com a


diluição tendendo a um valor limite, denominado de Condutância
Equivalente à Diluição Infinita, (A0 ) . Para eletrólitos fortes, (A) varia
linearmente com N 112 e o valor de A 0 é determinado por extrapolação
quando a concentração, N--+ O. Para eletrólitos fracos, (A) diminui
acentuadamente para pequenos valores de N 112 , de modo que A 0

--448, .
MÉTODOS ELETROQU fMICOS

•••
não pode ser calculado por extrapolação.
a ausência de aplicação de potencial, cada íon se encontra
rodeado por uma atmosfera iônica de carga oposta distribuída
esfericamente. Sob a ação do campo elétrico, o íon central se
movimenta em uma direção e a atmosfera iônica em direção oposta.
O resultado líqu ido é a diminuição momentânea da velocidade
iônica. Outra fonte de diminuição da velocidade de transporte iônico
é o efeito de solvatação e da existência do movimento iônico de
íons solvatados em direções opostas.
Na condição de diluição infinita, qualquer eletról ito se
encontra na forma iônica, totalmente dissociado em solução, e nessas
cond ições as atrações interiônicas deixam de existir. Os íons atuam
independentemente uns dos outros e:
A
o
= J,_O + + J,_O
. (32)

onde, ')...0 _ + Ã0 _ correspondem às condutâncias equ ivalentes do


cátion e ânion à diluição infinita, respectivamente.

24.2.1 Condutometria direta

a condutometria direta , o parâmetro utili zado é a


condutância específica, e a medida experimental pode ser de
condutância (L) ou resistência (R), dependendo do equipamento
utilizado. A dimensão da célula deve ser tal que as medições de
resistência estejam no intervalo de 500 ~ R~ 100005. Quando a
solução de medida apresenta condutância muito baixa, a área dos
eletrodos deve ser aumentada e a distância entre eles diminuída.
Desde que a condutância específica é dada por k = L x
N d, a constante da célula, N d, deve ser pré-determinada quando
medidas diretas são efetuadas. Para esta determinação são util izadas
soluções de KCI, para as quais a condutividade específica é conhecida
(Tabela 34):

• 1449-·
• PARTE IX- FUNDAMENTOS T~ORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAl

•• Tabela 34: Condutância específica de soluções de KCI a 25°C

Massa de KCI (g)/1 000 g


de solução
71 '135 O, 1113
7,4191 0,01286
0,7453 0,001409

A temperatura deve ser mantida constante, pois k aumenta


por volta de 2% a cada aumento de 1°C.
A aplicação da condutometria direta é bastante limitada
uma vez que todos os íons contri buem para a condutância da
so lu ção diminuind o a seletividade do método, sendo deste
modo utilizada apenas para análise de misturas binárias (água +
eletrólito) e determinação da concentração total de eletrólitos. Sua
maior aplicação encontra-se na determinação da pureza da água,
normalmente encontrada em equipamentos comerciais, tais como
os deionizadores.

24.2.2 Titulações condutométricas

Nas titulações condutométricas acompanha-se a variação


de condutância (L) da solução durante uma titulação. O ponto
estequiométrico experimental é assinalado por uma descontinuidade
na curva L versus V ti<ulan<e · Como as medições são relativas, não é
necessário conhecer a constante da célula condutométrica (d/A),
basta apenas que os eletrodos (duas lâminas de Pt com área de
aproximadamente 1 cm 2) mantenham-se em posição fixa.
Após cada increm ento de volume do titulante, a resistência
ou cond utância da solução é medida. Para evitar erros de diluição
deve-se trabalhar com o titulante de 10-20 vezes mais concentrado
e corrigir os valores medidos, ou seja, multiplicá-los por (V + v I
V 10 ta1) , onde V é o volume inicial de solução, v, o volume adicionado
do titulante e V total' o volume final após a adição do titulante.
A titulação condutométrica é mais vantajosa do que a titulação
potenciométrica no caso da determinação de eletrólitos fracos. Nas
titu lações potenciométricas, as leituras de potencial próximas ao
ponto de equivalência são muito instáveis e o salto de potencial
muito pequeno, o que acarreta erros, enq uanto nas titu lações

,....4501 •
MÉTODOS ELETROQUfMICOS

condutométricas é possível efetuar leituras distantes da região do


ponto estequiométrico, que pode ser determinado por extrapolação
de duas porções lineares. Em contrapartida, não é possível efetua r
uma titulação condutométrica de oxirredução, porque geralmente
o meio deve estar fortemente ácido ou alcalino, e como os íons H +
e/ ou OH possuem os maiores valores de condutância equivalente
é impossível, observar no meio de reacional, qualquer valor de
alteração de condutância causada pela reação em estudo. Nesses
casos, as titulações potenciométricas são satisfatórias nessas mesmas
condições experimentais. Alguns perfis de curvas condutométricas
típicas são apresentados na (Figura 61) .
(a) (b)

LIS LIS

Volume de Tltulanto Volume de Tltulante

(c) (d)

LIS us

Volume de Tltulante Volume de Tltulante

(e) (f)

us

Volume de Trtulante Volume de Tltulante

Figura 61: Perfis das curvas de titulação condu tom étrica de: (a) HCI com Na O H, (b)
i'.aOH com HCI, (c ) ácido o u base mu i to fraca com base ou ácid o forte,
(d) ácido fraco com base fraca o u base fraca com ácido fraco, (e) mistura de ácidos
forte e fraco com base fo rte e (f) sal de ácido fraco com base fo rte ou sal de base
fraca com ácid o forte.

Fonte: htp ://www. iq .usp.br/ d isci pli nas/qíl/qíl02 38/a u la ·cond utometria. pdf

• 1451 -·
• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• 24.3 VoLTAMETRIA

As técnicas eletroquímicas têm sido cada vez mais utilizadas


para caracterizar o comportamento redox de moléculas de interesse
biológico. Isto se deve à constatação experimental de que rea ções
de transferência de carga, promovidas em uma interfase eletrizada
(eletrodo/solução), conduzem a intermediários reativos e/ ou produtos
finais os quais são os mesmos produzidos por sistemas bioativos in
vivo como, por exemplo, nos sistemas enzimáticos.
As técnicas voltamétricas envolvem a aplicação de uma
perturbação de potencial a um eletrodo, denominado de eletrodo
de trabalho, de modo a promover reações de oxidação ou redução
na superfície dele. Assim, o eletrodo de trabalho pode ser visto
como um substituto dos agentes oxidantes e redutores comumente
empregados em solução. A diferença é que a reação de transferência
de carga promovida na superfície de um eletrodo é uma reação
heterogênea por envolver duas fases distintas: eletrodo (sólido)
e solução (líquido).
A resposta do sistema à aplicação da perturbação aplicada
ao eletrodo se dá na forma do fluxo de elétrons da solução para
o eletrodo (processo de oxidação) ou do eletrodo para a solução
(processo de redu ção), resultando na medida de corrente,
denominada de corrente faradaica, a qual pode ser relacionada
com a concentração da espécie de interesse em solução passível
de ser oxidada ou reduzida (espécie eletroativa). O processo não
corresponde a uma eletrólise exaustiva, uma vez que a reação se
processa em filme de solução localizado a alguns angstrons da
superfície do eletrodo.
Três outros componentes contribuem para a corrente total
registrada e correspondem a: a) processos de migração, por ação do
campo elétrico, de espécies com cargas opostas àquela existente na
su perffcie do eletrod o;b) corrente residual por causa da oxidação ou
redução de espécies eletroativas, presentes nos reagentes utilizados
e; c) corrente para carregar a interfase eletrodo/ solução, denominada
de corrente capacitiva.
Na prática, consegue-se elim inar a corrente de migração
utilizando um eletrólito inerte, denominado de eletrólito suporte,
o qual não é eletroativo na faixa de poten ci al aplicado. A corrente
residual, por sua vez, pode ser minimizada utilizando reagentes de
alto grau de pureza e descontando-se a curva volta métrica realizada

-·452,.
MÉTODOS ELETROQU[MICOS

•••
no eletrólito suporte (branco), da curva voltamétrica rea lizada na
presença da espécie eletroativa. Essa correção também minimiza,
em parte, a contribuição da corrente capaci ti va, porém para
eliminação quase que total desse componente, deve-se t rabal har
com microeletrodos (área de 50 nm ou menor).
O importante é garanti r que o transporte da espécie de
interesse para a superfície do eletrodo (transporte de massa) ocorra
por meio de um processo denominado de transporte difusional e não
por processos de convecção forçada. Exatamente por isso, as técn icas
voltamétricas são utilizadas com soluções em repouso (sol uções não
agitadas). Exceção é feita para espécies que são facilmente adsorvidas
na superfície dos eletrodos de trabalho e, posteriormente, oxidadas
ou reduzidas a partir do estado adsorvido. Essa possibilidade tem sido
bastante explorada quando a concentração da espécie eletroativa é
muito baixa na matriz original. Desta forma, adsorvê-la na superfície
do eletrodo de trabalho é uma maneira de efetuar, o que se c hama
de uma etapa de pré-concentração, visando aumentar a sensibilidade
da determinação analítica.
A existência de correlação, na maioria das vezes linear, entre
a corrente medida por causa do processo de oxidação o u redução
na superfície (corrente faradaica) e a concentração da espécie de
interesse em solução, deu origem aos métodos voltamétricos de
análise. Esses métodos evolu íram de maneira surpre endente ao
longo dos anos 1970 e 1980, principalmente em decorrência do
desenvolvimento da eletrôn ica e de novos com ponentes eletrônicos,
com a construção de instrumentos de medida mais se nsíveis, além
do aperfeiçoamento e d eri vação dos métodos originalme nte
descritos. Assim, passou a ser possível associar maior seletividade e
sensibilidade dos métodos a um menor tempo de análise.
Do ponto de v ista experi menta l, o equipamento, bem como
o sistema de eletrodos empregados, é mais complexo do que aquele
uti lizado na potenciometria.
Para a utilização das técnicas voltamétricas necessita-se
de um potenciostato ou galvanostato para técnicas que envolvem,
respectivamente, controle do potencial ou da corrente apl icados ao
eletrodo de trabalho. Ademais, trabalha-se com um sistema de três
eletrodos: eletrodo de trabalho, eletrodo de referência e eletrodo
auxiliar. O eletrodo de referência é coloca do tão próximo quanto
possível do eletrodo de trabalho, sendo conectado ao potenciostato
por meio de um circu ito de alta resistência, que evita a drenagem de
corrente, via eletrodo, para o circuito interno. Um eletrodo auxiliar

• 1453-
• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLI SE INSTRUMENTAL

• (constituído por material inerte, na maioria das vezes, platina) é


imerso na solução e conectado ao equipamento para completar o
fluxo de corrente. Como não flui corrente por meio do eletrodo de
referência e este se encontra muito perto do eletrodo de trabalho,
a queda de potencial (queda 6hmica, iR), causada pela resistência
da cé lula é mini m izada. Se o potencial aplicado ao eletrodo de
traba lho é diferente daquele nominalmente aplicado, um potencial
d e correção é fornecido por me io de um amplificador operacional.
Quando uti lizam técnicas que necessitam de controle de potencial,
o equipamento incl ui também um gerador de "rampa de potencial",
d e modo a produzir, de forma regular e variável com o tempo, a
" perturbação" que se deseja aplicar.
Assim , o potencial aplicado ao eletrodo de trabalho
corresponde a:
Eaplicado = Eeletrodo de trabalho -E eletrodo de referência -iR (33)

24.3.1 Polarografia

A polarografi a é uma subclasse da voltametria na qual o


eletrodo de t rabal ho é o eletrodo gotejante de mercúrio (EGM).
Este e letrodo possui propriedades características, em especial a
capacidade de fo rmar amálgama com diversos metais, deslocar a
redução do H+ a H 2 para valores bem mais negativos de potencial (alta
sobretensão para formação de H) em comparação a outros eletrodos
de trabalho, além da possibi lidade de regeneração reprod utível de
área a cada nova gota de mercúrio. Esse eletrodo é constituído por
um capilar de vidro com diâmetro interno de 0,05 - 0,06 mm e
com primento de aproximadamente 1 O em e alimentado por uma
colu na de mercúrio metálico. A altura da coluna irá definir o tempo
com que o mercúrio é gotejado, geralmente entre 2 e 6 segundos.
Assim, a cada gota tem-se um eletrodo de trabalho com
su perfície totalmente renovável, o que já não acontece com
eletrodos sólidos, onde o polimento superficial jamais regenera uma
superfície idênt ica a anterior. Evidentemente, uma superfície toda
re novável e de forma reprodutível está diretamente relacionada com
a reprodutibilidade das medidas experimentais que se obtêm.
A polarografia foi o primeiro método voltamérico desenvolvido
e baseia-se na interpretação nas curvas corrente e potencial, obtidas
durante a eletrólise de uma solução diluída e não agitada, de uma
espécie eletroativa contendo alta concentração de um eletrólito inerte

- ·4541 •
MÉTODOS ELETROQUÍMICOS
lil

(eletrólito suporte) utilizando um EGM. O método fo i introduzido



por Jaroslav Heyrovisky (Universidade de Charles, Praga), prêmio
Nobel de Química em 1959.

Curvas polarográficas

Se aplicarmos potenciais negativos crescentes a uma cé lula


eletroquímica contendo o EGM, eletrodo auxiliar e eletrodo de
referência e solução de metal (como, Cd 2 +, Cu 2 +, ou P b 2 ~) cont endo
alta concentração de eletrólito suporte, KCI por exemplo, a curva
apresentada na (Figura 62) será obtida.
Região 4

Branco

Potencial
Figura 62 : Polarogramas típicos registrados em solução contendo apenas eletrólito suporte
(branco) e em solução contendo a espécie e letroativa, além do eletrólito suporte

A curva obtida é denominada de onda polarográfica e o


gráfico, de polarograma. Distinguem-se na onda polarográfica quatro
regiões distintas:
a) região 1: o patamar de corrente observado nesta região
deve-se ao fato de os potenciais ap licados sere m m uito baixos para
perm iti r que o metal seja reduzido na superfície do eletrodo. A
pequena corrente registrada é denominada de corrente res idual (i,) ,
que resulta ou pode resultar, de dois tipos de contribuição :
redução de traços de impurezas presentes no eletról ito suporte,
que pode ser oxigênio ou ainda outros metais redutíve is, que
não aqu ele introduzido na célu la;

corrente capacitiva: é originada do ca rregamento da dupla


camada e aumenta com o aumento do potencial aplicado,
estando sempre presente, mesmo que reagentes puros sejam
empregados;

• 1455 -·
• PARTE IX· FU NDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUM ENTAL

•• b) região 2 : uma vez atingido o potencial de decom posição


da espécie eletroativa (Ed), esta começa a sofrer redução na interfase
eletrodo/so lução (processo fa radaico) e a corrente, por causa desse
processo, aumenta com o aumento do potencial negativo aplicado:
Me2+ + 2 e·<=> Me0 (34 )

Me0 + Hg0 <=> MeHg (amálgama no eletrodo) (35)

Na região 2, o transport e d o metal ele troati vo para a


superfíc ie do eletrodo pode ocorre r de três manei ras :

- d ifusão: movi mento espontâneo da espécie eletroativa sob a


in fluê ncia de um gradiente de concen t ração, ou seja, a espécie
eletroativa difunde da regi ão onde está presente em maior
concentração (interior da solução) para a região onde está
presente em menor concentração (superfície do eletrodo);

- convecção: a espécie eletroat iva pode ser transportada para a


superfície do eletrodo por agitação ou fluxo da solução ou ainda
por convecção natural;

- migração: a esp écie eletroativ a positivamen te carregada é


t ransportad a mediante a ação do campo elétrico exercido pelo
eletrodo de trabalho.

O f luxo (J) é a medida comum para aval iar a ve locidade


de tran sporte de massa do interio r da solução até a supe rfície do
eletrodo. O fluxo é defin ido como o número de ío ns ou moléculas
que são introduz idas na unidade de área de um plano imaginári o por
unidade de tem po e possui dimensão de moi cm·2 s·1 . Como já citado,
trabalha-se com soluções em re pouso para evitar transporte de massa
por convecção e em alta concentração de eletrólito suporte (presente
em conce ntrações de 1 00 - 1 .000 vezes superiores à concentração
da espécie eletroativa) para evitar o transporte por migração. Nessas
cond ições, a corre nte medida, i, é então di retamente proporcional
ao fluxo de massa da espécie eletroativa, que ocorre somente por
difusão . Nessas condições tem -se :

i = nxFxA xj (36)
MÉTODOS ELETROQUÍMICOS

••
Onde,
i = corrente medida em Amperes;
n = número de elétrons envolvidos no processo redox;
F = a constante de Faraday, 96500 cou lombs mo l·1 ;
A = área do eletrodo, cm 2;
J = fluxo, moi cm·2 s· 1 ·
Assim, antes do início do processo de decomposição, a
concentração da espécie eletroativa na superfície do eletrodo (C0 )
é igual à concentração dela no interior da so lução (C101 ) . Quando
se inicia a redu ção da espécie eletroativa, a co ncentração na
superfície do eletrodo diminui em relação à concentração no interio r
da solução, cria-se um grad iente de concentração e se inicia o
processo de difusão da espécie eletroativa do interior da solução
para superfície do eletrodo, processo este que pode ser descrito
pela equação 5:
(37)

c) região 3: com o aumento do potencial aplicado ao


eletrodo, C0 torna-se cada vez menor e a corrente aumenta até um
valor limite, denominado de corrente de limite. Nessa condição,
toda espécie que chega até a superfície do eletrodo é imediatamente
reduzida (ou oxidada); o fator limitante do processo deixa de ser
o potencial aplicado ao eletrodo, mas sim à ve locidade com que a
espécie consegue difundir do interior da so lução para a superfície
do eletrodo. O coeficiente de difusão, D, é característico de cada
espécie, da temperatura e do solvente empregado. Em meio aquoso
e a 25°C, o coeficiente de difusão geralmente possui um valor que
varia de 1 o·5 - 1o·&cm 2 s·1 • essa condição tem-se:

co ~ o e 8C/t ~ K X c.ol (38)

Portanto, na região da corrente limite, o eletrodo está


idea lm ente po lari zado e se obtém o patamar observado, que
corresponde à corrente limite, iL. A diferença entre a corrente li mite,
iv e a corrente a corrente residual, iR, é denominada de corrente de
difusão, id, que é diretamente proporcional à concentração do analito
em solução. Esta é a base dos métodos voltamétricos de análise:

(39)

• 1457-·
• PARTE IX - FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• Na Equação (40), K engloba a velocidade de crescimento


da gota de mercúrio (eletrodo esférico), o qual está diretamente
relacionado com o tempo de gotejamento (t), o fluxo de mercúrio
(m) dado em mg s- 1 e o coeficiente de difusão do analito. Assim, a
Equação 40, denominada de Equação de llkovic, que correlaciona
corrente com concentração, é dada por:

(40)

O valor de potencial aplicado onde corrente, i, correspondente


à metade da corrente de difusão, id, é conhecido como potencial
de meia onda, E, 12, uma constante característica do sistema redox
reversível e, portanto, independente da concentração da espécie
eletroativa em solução.

d) região 4: Início da decomposição do eletrólito suporte,


pode ser a oxidação da água, por exemp lo.
Quando se trabalha na região negativa de potencial ,
é necessário lembrar que as so luções de t rabalho não devem
conter oxigênio. Em condições normais de temperatu r a
e pressão, uma solução aquosa satu ra da com 0 2 contém
2,5 x 1 o-4 moi L-1 do gás. O oxigênio também pode ser reduzido
na superfície do eletrodo, produzindo duas ondas de alturas
praticamente idênticas, que podem se estender de O V até - 2 V,
dependendo do pH do meio. É evidente que no desenvolvimento
de qualquer método de dosagem, e isto também vale para o método
polarográfico, desejamos registrar somente o sinal do ana lito que se
deseja med ir, assim, o oxigênio deve ser previamente eliminado da
solução de medida, mediante borbulhamento de um gás inerte, por
exemplo, nitrogênio. Ressaltar-se, que na hora do registro da cu rva
experimental, o fl uxo de nitrogênio deve ser desligado, uma vez que
a medida deve ser efetuada com a sol ução em repouso.

Vantagens e desvantagens da polarografia

VANTAGENS

1 - A redu çã o do íon hidrogênio, H -, sobre o mercuno


ocorre a potenciais bem negativos, de modo que metais alca linos e
alcalinos terrosos podem ser reduz idos em eletrodos mercúrio sem
a interferência da formação de H 2 • Essa determinação não poderia
ser feita em eletrodos de Pt por causa da redução prévia da água
MÉTODOS ELETROQU[MICOS

•••
e de íons H- . Utilizando sais de tetraalquilamônio, como eletrólito
suporte, potenciais da ordem de - 2,6 V podem ser alcançados em
eletrodos de mercúrio.
2 - A gota de mercúrio possui superfície lisa e esférica, o
que possibilita o cálculo exato da área superficial do eletrodo por
meio de pesagem das gotas.
3 -A superfície do eletrodo é renovada a cada gota e isso
significa ter um novo eletrodo de maneira simples e reprodutível.

Desvantagens

1 - Não é possível trabalhar com o mercúrio em potenciais


mais positivos do que , 0,4 V vs EPH. Este potencial é ainda
menos positivo na presença de espécies que formam complexos ou
precipitados com o mercúrio pelo fato de facilitarem a oxidação
dele. Assim processos ox idativos raramente podem ser estudados
empregando eletrodo de mercúrio.
2 - Problemas operacionais decorrentes da oxidação do
mercúrio acarretam, freqüentemente, o entupimento do capi lar.
3 - Cuidados especiais devem ser tomados para evitar
contaminações ambientais.

24.3.2 Voltametria cíclica

Na volta metria cíclica, o potencial aplicado ao eletrodo de


t rabalho é variado linearmente de um valor inici al E;, onde nenhum
processo farada i co é registrado até um valor pré- determinado,
denominado de potencial de inversão de varredura, E~.,. A varredura
pode ser encerrada no valor de E,. (neste caso a técnica é denominada
de Voltametria de Varredura Linear - WL) ou pode ser revertida ao
valor inicial, E;, ou a qualquer outro valor pré-selecionado. Nesse
último caso, a técnica é denominada de Voltametria Cíclica (VC).
Salientar-se que a Polarografia nada mais é do que uma Voltametria
de Varredura Linear, porém efetuada com o eletrodo de mercúrio.
As curvas correntes-potenciais obtidas são denominadas de
voltamogramas (Fig. 63). Evidentemente, a faixa de potencial escolhida
deve conter o potencial onde a substância de interesse se oxide ou
se reduza, lembrando que na região positiva de potencial (oxidação)
não se pode trabalhar com o eletrodo de mercúrio, mas deve-se
se usar um eletrodo sólido e inerte que pode ser carbono vítreo,

• 1459
••
• PARTE IX· FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

pasta de carbono, platina, filmes de diamante dopado com boro


ou, ainda, qualquer um dos eletrodos anteriores cuja superfície foi
previamente modificada física ou quimicamente com alguma espécie
de interesse, originando os assim chamados Eletrodos Quimicamente
Modificados ou ainda Biossensores, quando a espécie modificadora
é um componente biológico, tal como uma enzima, tecido vegetal,
organela, e outros.
Na região onde a espécie de interesse se oxida ou se reduz,
uma corrente faradaica, i,. é então registrada. Há também contribuição
da corrente capacitiva, i0 , que varia com a alteração (varredura) de
potencial, por causa do ca rregamento da dupla camada. A corrente
capacitiva aumenta com o aumento da velocidade de varredura, v .
Deste modo, a corrente total lida é:
(41)

Onde:
Cdcorresponde à carga da dupla camada e 8E/ôt à velocidade
de varredura de potencial, v. Assim, tem-se:
(42)

Evidentemente, dentro de certos limites a contribuição


da corrente capacitiva pode ser m inimizada subtraindo-se, do
voltamogram a de interesse, o voltamograma registrado no branco.
Na voltametria cíclica aplica-se ao eletrodo de trabalho uma
rampa triangu lar de potencial. A varredura é iniciada em um dado
valor de potencial denominado de potencial inicial, E;. Este potencial
é, então, variado no sentido positivo (oxidação) ou negativo (redução)
até um determinado valor, denominado de potencial de inversão de
varredura (E 1) , quando o sentido da varredura é então revertido. O
ciclo pode terminar em E;ou qualquer outro valor de potencial. Se
a varredura inicial se deu no sentido negativo (redução), quando o
potencial é revertido, observar-se-á o fenômeno de oxidação, mesmo
que ainda estejamos na região negativa de potencial. Também,
quando a varredura inicial se dá no sentido positivo de potencial,
ou seja, no sentido de oxidação, quando o potencial é revertido,
observa-se reação contrária, qual seja de redução. Evidentemente,
é necessário que tenhamos algum conhecimento da espécie a ser
estudada e se ela possu i sítios de redução ou oxidação. Do ponto

. .ml 4601 •
MÉTODOS ELETROQU[MICOS


••
de vista experimental, uma varredura em ampla jane la de potencial
mostrará as características "redox" da espécie de interesse e como
estas podem ser exploradas para o desenvolvimento de métodos
analíticos de sua quantificação.
A voltametria cíclica não é a técnica mais recomendável para
determinações anal íticas, sendo facilmente superad a pela Voltametri a
de Pulso D iferencial (VPD) e Voltametria de Onda Quad rada (VOQ).
O ponto forte da voltametria cícl ica é a sua gran de versatilidade para
a elucidação de processos de eletrodos e mecan ismos de reação.
A Figura 63 apresenta um vo ltamograma cíclico típico,
registrado em solução de ferrocia neto de potássio contendo KCI
como eletrólito suporte.

-0 6 -0 3 0.0 0 .3 o6 0.9 12
Potencial
Figura 63: Voltamograma cíclico típico, registrado em solução de ferrocianeto de potássio
contendo KCI como eletrólito suporte.

Considerando-se a varredura d ireta, o aumento de co rrente


registrado corresponde ao processo faradaico de oxidação do
ferrocianeto a ferricianeto em um processo envolvendo 1 elétron .
A corrente aumenta até um valor máximo, denominado de Epa
(potencial de pico anódico). A co rrente de pico nesse ponto,
descontada da corrente de fundo, é denominada de co rrente
de pico anódico, ipa.
Observa-se que após EP• ter sido ultrapassado, a co rrente
faradaica volta a cair. Isto ocorre porque nos encontramos na região
da corrente de difusão e todo material eletroativo que chega à
superfície do eletrodo é imediatamente oxidado. No entanto, se o
potencial é variado a uma velocidade muito maior do que aq uela
com que o material co nsegue difundir at é a superfície do eletrodo

• 1461 -·
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

• (valo r correspondente ao coeficiente de difusão, D), não existe material


suficiente para ser oxidado e manter a corrente correspondente ao
potencial aplicado. Assim, a corrente diminui em relação ao valor
registrado em Epa· Evidentemente, este valor não cai a zero. Ao
inverter-se a varredura de potencial, a corrente vo lta a aumentar,
mas agora em sentido oposto, uma vez que todo ferricianeto formado
na varredura direta será agora reduzido a ferrocianeto na varredura
inversa. Observa-se, então, o aparecimento de uma corrente catódica
correspondente ao processo de redu ção.
Valores de .0!.EP(EP•- Epc) e razão de correntes anódica/catódica
(ip) ip) são parâmetros utilizados para caracterizar a reversibilidade
da reação de eletrodo. Para processos reversíveis tem-se:

.0!.E p =(E pa - Epc)/ n = 59,16 mV/ n

(i pa/ i pc) =1
âE p = independe da velocidade de varredura
Nos sistemas reversíveis, a reação de transferência de carga
é rápida o suficiente para manter em equilíbrio as concentrações
da forma oxidada e reduzida da espécie eletroativa na su perfície do
eletrodo. Se os coeficientes das duas espécies (no exemplo acima,
ferrocianeto e ferricianeto) são iguais, o potencial formal do sistema
redox, E0 ' , corresponde a Epc + Epa/ 2 (mV). É possível calcular o
valor de E1 / 2 do sistema redox por meio da voltametria cíclica, pois
Epc = E1 / 2 - 0,0285/ n (mV). Aqui, como sempre, n corresponde
ao número de elétrons envolvidos na reação de transferência de
carga. A solução da Equação que descreve o processo de difusional
da espécie eletroativa do interior da solução até a superfície do
eletrodo nos conduz à Equação de Randles-Sevicik, a qual pode
ser utilizada para cálculo da área eletroquímica de eletrodos de
trabalho, ou alternativamente para cálculo do número de elétrons
envolvidos na reação de eletrodo:

i~ = -2 69 x 105 x n3 12 x A x 0 1 12 x C
f ~
x v 112 (43)

Onde:
ipc = corrente de pico catódica,
n = número de elétrons envo lv idos na reação eletródica,
MÉTODOS ELETROQUÍMICOS

•••
A = área do eletrodo,
D = coeficiente de difusão da espécie oxidada em solução,
C501 = concentração da espécie oxidada em solução e,
v = velocid ade de va rredura

Assim, gráficos ipc versus v 112, obtidos mantendo-se constante


a concentração da espécie oxidada (ou redu zida), mas variando a
velocidade de varredura (v), permitem o cálculo da área do eletrodo
de trabalho (se os val ores de D e n são conhecidos) ou de n (se os
valores de D e A são conhecidos).
Muitas vezes, um pico anódico de corrente pode ser
registrado sem que seja possível se registrar o correspondente pico
catódico, ou vice-versa. Nesse caso podemos estar diante de um
processo quimicamente irreversível, ou ainda diante de uma reação
química que ocorre muito rapidamente após a reação eletroquímica
consumindo o produto eletroquimicamente formado. A versatilidade
da voltametria cíclica está justamente em permitir a caracterização
dos processos variando apenas as condições experimentais em que
o voltamograma é registrado. Assim, quando uma reação química
ocorre após a reação eletroquímica, apenas o aumento da velocidade
de varredura de potencial, diminuição da faixa de potencial aplicado
ou ainda modificação do solvente utilizado podem ser alterações
suficientes para registrar o processo inverso que antes não era visto,
porque a utilização de uma baixa velocidade de varredura permitia
que a reação química se processasse com consumo tota l do produto
eletroquimicamente formado na varredura direta de pot encial.
Do ponto de vista analítico, a voltametria cíclica não apresenta
a sensibilidade muitas vezes requerida para determinações quantitativas
e, nesse caso, a utilização da VPD e VOQ é mais recomendada.

24.3.3 Voltametria de pulso diferencial

Na Voltametria de Pulso Diferencial (VPD), pulsos de igua l


amplitude são sobrepostos a uma rampa linear de potencial. A
corrente é amostrada antes da aplicação do pulso e alguns instantes
antes do término do pulso. A diferença de corrente após e antes
da aplicação do pulso de potencial é colocada em gráfico como
função da rampa linear de potencial aplicada, resultando em um
voltamograma na forma de pico (Figura 64) .

• 1463 .f .......;: ; .
• PARTE IX. FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLIS E INSTRUMENTAL


Analito

Potencial
Figura 64 : Voltamograma de pu lso diferencial registrado em soluções contendo o eletrólito
suporte {branco) e em soluçõe s contendo a espécie eletroativa além do eletrólito
suporte.

O período que precede a aplicação do pulso pode variar


entre 0,5 e 4 segundos, enquanto a duração do pulso geralmente
é de no máximo 100 milissegundos. o rm almente, os pulsos de
potencial são de 25 , 50 ou 100 mV. O potencial de pico ocorre a
valores mu ito próximos do E, 12 do sistema:

f1Ep = E112 - f1E/ 2 (44)

Para sistemas reversíveis e pequenos va lores de LlE, o


va lor da largura de pico à meia altura de corrente (w1/ 2) pode ser
utilizado para cálculo do número de elétrons envolvidos na reação
de transferência de carga:
W1 / 2 = 3,52 RT/nF (45)

O motivo pelo qual a V PD é muito mais sensível do que a VC


é relativamente simples de ser entendido. Como na VPD a medida
de corrente lida é diferencial, grande parte da corrente capacitiva
(responsável pela corrente de fund o) é eliminada, de modo que
co rrentes faradaicas muito mais baixas podem ser registradas. Assim,
no momento em que a corrente ini cial antes da aplicação do pulso é
lida, a corrente capaciti va é pequena, mas volta a aumentar quando
o pulso de potencial é aplicado, porém como esta diminui mai s
rapidamente do que a corrente faradaica e a leitura, feita alguns
segundos antes do término do pulso, obtém-se uma maior razão entre
if/ ic, o que permite o registro de correntes faradaicas, mesmo em
soluções de concentração mais baixa quand o comparadas àquelas
obtidas utilizando a VC.

- 4641 •
MÉTODOS ELETROQUÍMICOS

••
24.3.4 Voltametria de onda quadrada (VOQ)

Nesta técnica, uma onda quadrada é sobreposta a uma escada


de potencial e um ciclo completo de onda quadrada tem a duração
de um degrau na forma de escada de potencial. A velocidade efetiva
da varredura de potencial corresponde ao produto entre a freqüência
de sobreposição da o nda quadrada e o degrau de potencial:

v = f X LlE (46)

Onde
v = velocidade, V ou mVs·1

f = freqüência, Hz
.t:.E = degrau de potencial, V ou mV

este sistema a corre nte é registrada no sentido direto (idireto)


de varred ura e depois, uma corrente oposta é registrada no sentido
inverso da varredura (iinverso), mas normalmente se registra a diferença
entre valores, de modo que a corrente total acaba por ser o somatório
das duas e, evidentemente, apresenta um maior valor do que as
correntes diretas (idireto) e inversa (i;n,erso), isoladamente (Figura 65).

...·"·· ..,_._:::.~ /~···


_____________

······

Potencial
Figura 65: Voltamograma d e onda quadrada registrado em solução contendo a espécie eletroativa
além do eletrólito suporte.

Para sistemas reversíveis (onde existem os dois componentes,


anódico e catódico), as correntes obtidas utilizando a voltametria
de onda quadrada podem chegar a apresentar valores quatro vezes
superiores àqueles obtidos com a voltametria de pulso diferencial.
Este é o motivo pelo qual a volta metria de onda quadrada apresenta
mai or se nsibi lidad e do que a voltametria de pu lso diferencial.
Para freqüências muito baixas, praticamente não existe diferença
entre as duas técnicas.

• 1465- ·
• PARTE IX- FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

•• REFERÊNCIAS

ABDELAZIZ, S.; ALAA, E.; OMAR, M.M. Atomicabsorption and spectrophotometric


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• PARTE IX • FUNDAMENTOS TÉORICOS BÁSICOS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL

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1•-·474,.
\

ANEXO

EXEMPLOS DE
PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS
PADRÃO (POPs)

"O homem começa a morrer na idade


em que perde o entusiasmo."

(Balzac)
•••
A1. POP - DETERMINAÇÃO DE PF

Empresa: Farmácia de Manipulação

TÍTULO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA


REALIZAÇÃO DE TESTE DE PONTO DE FUSÃO

Código: POP PFUSÃO 001


-
Emissão: d ia/ mês/ ano
Emissão anterior: Novo
N.º de página: 1/ 3

1. OBJETIVO: Procedi mento operaciona l padrão para a


determinação do ponto de fusão de matéri as-primas.
2. RESPONSABILIDAD E: Fa rm acê ut icos e técnicos.
3. ALCA CE: Laboratório de cont role de qualidade e central
de docu mentação.
4. DOCUMENTOS DE REFERÊNC IA: POP CONDUTA BIOS
OOx; POP ENTR SAÍDA MANIPULAÇÃO Ox; PO P LAV CONTROLE
OOx; POP COLETA OOx; Farmacopéia Brasi leira, 4ª ed.; MERCK
IN D EX; Farmacopéia A mericana (US P) 22ª, 23ª e 24ª ed.
5. DISTRIBU IÇÃO DE CÓPIAS: Laborató ri o de contro le de
qualidade e cent ra l de documentação.
6. PROCEDIMENTO :

Observações

a - Para a execução das tarefas no laboratóri o de contro le


de qualidade, os funcionários deverão estar devi damente
paramentados, co nforme a descr ição do POP EN TR SAÍDA
MA IPULAÇÃO OOx segundo as recome ndações de segurança
descritas no POP CONDUTA BIOS OOx, com o uso o brigatório
dos óculos de segurança.

b- Antes da execução dos testes físico-químicos, verificar as cond ições

• 1477- ·
••
de limpeza de vidrarias e utensílios conforme a descrição do POP
LAV CONTROLE OOx, corrigindo as inadequações ou substituindo
o que for necessário para garantir a in tegridade das análises.

c- Caso não haja um controle de resíduos e dejetos químicos, após


a execução de tarefas esgotar os resíduos químicos na p ia sob
água corrente, enxaguando a vidraria três vezes em água potável
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CO TROLE OOx.

d- Fazer os testes em duplicata, ou seja, execu tar o teste da matéria-


prima duas vezes si multaneamente.

6.1 A matéria-prima a ser analisada deverá ser retirada


no almoxarifado, no setor quarentena, e levada para o laboratório
de co ntrole de qualidade para fins de amostragem.
6.2 Deverá ser gerado um formulário para cada
matéria-prima com as especificações dos testes a serem realizados,
recomendad as nas monografias, registrando-se no próprio laudo do
fornecedor (verso) os resu ltados obt idos e a conclusão (aprovado/
aprovado com restri ção/ reprovado) com assinatura do analista.
6.3 Para a execução do teste deve-se empregar tubo
capilar com ce rca de 1 em de compri mento e 0 ,8-1,2 mm de
diâmetro interno com paredes de 0,2-0,3 mm de espessura.
6.4 Reduzi r a amostra a pó fino recorrendo ao auxílio de
gral e pistilo e, a menos que indicado de modo diferente, dessecá-
lo (retirar a água) na temperatura especificada na monografia (ex.:
105°C/1 h). Quando a substância não contiver a água de hidratação,
coloq ue-a no dessecador (contendo sílica gel) por 16h no mínimo;
colocar em uma cápsula de porcelana cerca de 0,5 grama da matéria-
prima.
6.5 Selar uma das extremidades do tubo capilar de
vidro na chama de lamparina. Análise deverá ser executada em
duplicata.
Encher o tubo comprimindo-o repetidamente sobre o pó
dessecado contido em cápsu la de porcelana até formar uma colu na
compacta de 2,5 a 3,5 mm de altura no interior dele. Colocar o
termômetro no local ind icado do aparelho. Aquecer o banho do
apare lho até que a temperatura seja cerca de 1 0°C abaixo do
ponto de fusão esperado e que esteja elevando-se na velocidade
de 1 ±0,5°C por minuto.
6.6 Introduzir o tubo capilar no local indicado no aparelho

- ·4781 •
••
e observar simultaneamente o tubo capilar e a temperatura ind icada
no termômetro; se necessário, elevar a velocidade de aquecimento
para cerca de 1-2°C/ minuto . Continuar aquecendo até a completa
fusão.
6.7 A temperatura na qual a amostra se torna
completamente líquida é definida como o ponto de fusão. Calcular
a média dos resultados obtidos e comparar os valores (laboratório
de controle de qualidade x fornecedor) com a especificação da
monografia.
Registrar no caderno de controle e comparar o resultado
com a indicação do laudo de análise do fornecedor.

Fonte: AMARAL, M.P.H.; VILELA. M.A. Controle de Qualidade na Farmácia de


Manipulação. juiz de Fora: Editora UFJF, 2002 .

• 1479 filiiiiil
•••
A.2 POP - D ETERMINAÇÃO DE PH

Empresa: Farmácia de Manipulação

TÍTULO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA


DETERMINAÇÃO DO pH DE LÍQUIDOS, PÓS, CREMES E
POMADAS

Código: POP pH 002

Emissão: dia/mês/ano
Emissão anterior : Novo
N .º d e página: 1/ 3

1. Objetivo: Procedimento ope racion al pad rão para a


determinação do pH.

2. Responsabilidade: Farmacêu t icos e técnicos.

3. Alcance: Laboratório de contro le de qual idad e.

4. DOCUME TOS DE REFERÊNCIA: PO P CONDUTA BIOS


OOx; POP E TR SAÍDA MANIPU LAÇÃO OOx; POP LAV CONT ROLE
OOx; POP COLETA OOx; Farmacopéia Brasi le ira, 4ª ed .; M ERCK
I DEX; Farmacopéia Americana (USP) 22ª, 23ª e 24ª ed.

S. DISTRIBUIÇÃO DE CÓP IAS : Laboratório de co ntrole de


q ualidade e central de documentação .

6. PROCEDIMENTO:

Observações

a- Para a execução das tarefas no laboratório de controle de qualidade,


os funcionários deverão estar devidamente paramentados, conforme
a descrição do POP ENTR SAfDA MANIPULAÇÃO OOx segundo as
recomendações de segurança descritas no POP CONDUTA BIOS
OOx, com o uso obrigatório dos óculos de segurança.

• 1481 -·
••• b- Antes da execução dos testes físico-químicos verificar as condições
de limpeza de vidrarias e utensílios conforme a descrição do POP
LAV CONTROLE OOx, corrigindo as inadequações ou substituindo
o que for necessário para garantir a integridade das análises.

c- Caso não haja um controle de resíduos e dejetos qufmicos, após


a execução de tarefas esgotar os resíduos químicos na pia sob
água corrente, enxaguando a vidraria três vezes em água potável
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CONTROLE OOx.

d- Fazer os testes em duplicata, ou seja, executar o teste da matéria-


prima duas vezes simultaneamen te.

6.1 Aferição do aparelho:


6.1.1 Period icidade : Diariamente, depois de 30 m inutos
após ligar o apare lho .
6.1.2 Retirar o recipiente contendo solução de cloreto
de potássio (KCI 3M) ou água destilada na qual está mergulhado o
elet rodo .
6.1 .3 Lavar o eletrodo, com o auxílio de uma piseta, com jatos
de água destilada e secá-lo suavemente com papel absorvente fino.
6. 1 .4 Imergir o eletrodo em soluções tampão de referência
( com valores de pH 4,0, pH 7,0 ou pH 9,0). Aguardar um minuto
e ve rificar o va lo r do pH registrado. Caso o valor registrado pelo
aparelho seja d iferente do espe rado para a solução tampão, fazer o
ajuste no aparelho.
6.1.5 Desligar o botão de leitura, retirar a solução tampão
e lavar o eletrodo conforme o item 6.1.3.
6 .1. 6 Imergi r o eletrodo em uma segunda solução tampão
de referência e verificar o valor de pH registrado no aparelho. Este
não deve apresentar variações superiores a 0,07 do valor tabelado.
Observar o prazo de validade das soluções tampão.
6.1.7 Se não houver precisão nas medidas, verificar
possíve is danos nos eletrodos e substituí-los.
6.1 .8 Lavar o eletrodo conforme o item 6.1 .3.
6.1. 9 Mergu lhar o eletrodo no recipiente com KCI 3M ou
água destilada, de acordo com a recomendação do fabricante.
Substitui r essa solução q uando necessário.

- 4821 •
••
6.2 Determinação do pH da solução problema.
6.2.1 Se o produto for líquido, fazer a leitura di retamente.
Se o produto for pó, cristal ou pó cristalino, dilua-o em água destilada
conforme a recomendação da monografia oficial (Ex.: solução 1,0%) .

Para xampus preparar uma so lução a 1 O% p/ v em água


destilada.

Para cremes e pomadas preparar uma solução aquosa a 1 O%


p/ v, aquecer a 70°C. Resfriar e filtrar em algodão.
Fazer a leitura do pH no fi lt rado.
6.2.2 Lavar o eletrodo conforme o item 6.1.3
6.2.3 As temperaturas da água de lavagem e a da solução
problema não devem diferir acima de rc.
6.2.4 Imergir o eletrodo na solução problema.
6.2.5 Aguardar um minuto e efetuar a leitura.
6.2 .6 Lavar o eletrodo conforme item 6.1.3.
6.2.7 Repetir o item 6.1.9.
f

Fonte: AMARAL. M.P.H.; VILELA, M.A. Controle de Qualidade na Far mácia de


Manipulação. j uiz de Fora: Editora U FJF, 2002 .

• 1483-·
•••
A.3 POP - Determin ação de Densidade

Empresa: Farmácia de Manipulação

TÍTULO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA


DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE

Cóo1co: POP DENSIDADE 003

Emissão: d ia/ mês/ an o


Emissão anteri o r: Novo
N .º de página: 1/ 2

1. OBJETIVO: Procedimento operacional pad rão para a


determi nação da d e nsidade de líqu idos.
2. RESPONSABILIDADE : Farmacêuticos e técn icos.
3. ALCANCE: Laboratório de controle d e q ual idade.
4. DOCUM ENTOS DE REFERÊNC IA : POP CONDUTA BI OS
OOx; POP ENTR SAÍ DA MANIPU LA ÇÃO OOx; POP LAV CONT ROLE
OOx; POP COLETA OOx; Farmacopéia Brasileira, 4ª ed .; M ERCK
IND EX; Farmacopéia A mericana (USP) 22ª, 23ª e 24ª ed.
5. DISTRIB U IÇÃO DE C Ó PIAS: Laboratório de contro le de
qualidade.
6. PROCE DIME NTO :

Observações

a - Para a execução das tarefas no labo rató rio de co nt ro le,


de qualidade os funcionár ios deve rão estar devidamen te
paramentados, conforme a d escrição do PO P ENTR SAÍDA
MANIPULAÇÃO OOx segundo as recomendações de segurança
descritas no POP CONDUTA BIOS OOx, com o uso o brigató ri o
dos óculos de segurança.

b - Antes da execução dos testes físico- químicos verificar as condições


de limpeza de vidrarias e utensíl ios conform e a descrição do PO P
LAV CONTROLE OOx, corrigindo as in adequações ou substit uindo
o que for necessário para garantir a integridade das análi ses.

• 14as m:: .•
••• c - Caso não haja um controle de resíduos e dejetos químicos, após
a execução de tarefas esgotar os resíduos químicos na pia sob
água corrente, enxaguando a vidraria três vezes em água potáve l
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CONTROLE OOx.

d- Fazer os testes em duplicata, ou seja, executar o teste da matéria-


prima duas vezes simultaneamente.

6.1 Método do picnômetro:


6.1.1 Utilizar picnômetro limpo e seco com cuidado de
não colocá-lo para secar em estufa com temperatura superior à
máxima do termômetro que faz parte dele.
6.1.2 Calibrar o picnômetro efetuando a determinação
da massa dele vazio em balança de precisão e da massa dele cheio
com água destilada a 20°C.
6.1.3 Determinar o peso da massa da água calculando a
diferença entre o peso do picnômetro vazio e o peso deste com água.
6 .1 .4 Co locar a amostra no picnômetro. A ju star a
temperatura para 20°C, remover o excesso da substância colocando
a tampa superior e a lateral , observando a eliminação de bolhas de
ar. Secá-lo externamente com papel e pesar.
6.1.5 Determinar o peso da amostra pela diferença entre o
peso do picnômetro cheio com ela e do picnômetro vazio.
6.1.6 A divisão entre a massa da amostra líquida e a massa
da água, ambas a 20°C, é a densidade relativa (d rei). Para o cálculo
da densidade específica (d esp) aplica-se a fórmula:

d esp 20 .c
---
= ( 0 ,9 9703 x d rei ) + 0,0012

Fonte: AMARAL. M.P.H.; VILELA, M.A. Controle de Qualidade na Farm ácia de


Manipulação. juiz d e Fora: Editora lJFJF, 2002.
••
A.4 POP - DETERMINAÇÃO DE SoLUBILIDADE

Empresa: Farmácia de Manipulação

TÍTULO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA


REALIZAÇÃO DOS TESTES DE SOLUBILIDADE

CóDIGO: POP SOLUBILIDADE 004

Emissão: dia/ mês/ano


Emissão anterior: Novo
N .º de página: 1/4
7. OBJETIVO : Procedimento operacional padrão para
realização dos testes de sol ubilidade de matérias-primas de acordo
com a realidade da farmácia magistral.
8. RES PO SAB ILI DA DE: Farmacêuticos e técnicos de
laboratório.
9. ALCANCE: Laboratório de co ntrole de qualid ade e
almoxarifado.
1 O. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA: POP CONDUTA BIOS
OOx; PO P ENTR SAÍDA MANIPULAÇÃO Oüx; POP LAV CONTROLE
OOx; POP COLETA Oüx; Farma copéia Brasileira, 4ª ed. ; MERCK
INDEX; Farmacopé ia Americana (US P) 22ª, 23ª e 24ª ed.
11. DISTRIBUIÇÃO DE CÓPIAS: Laboratório de contro le de
qualidade e central de documentação.
12. PROCEDIME TO:

Observações

a - Para a execução das tarefas no laboratór io de controle,


de qualidade os funcio nári os deverão estar d evi damente
paramentados, confo rm e a descrição do POP ENTR SAÍDA
MANIPULAÇÃO OOx segundo as recomendações de seguran ça
descritas no POP CONDUTA BIOS OOx, com o uso obrigatório
dos óculos de segurança.

• 1487-
••
b- Antes da execução dos testes físico-químicos verificar as condições
de limpeza de vidrarias e utensílios conforme a descrição do POP
LAV CONTROLE OOx, corrigindo as inadequações ou substituindo
o que for necessário para garantir a integridade das análises.

c- Caso não haja um controle de resíduos e dejetos químicos, após


a execução de tarefas esgotar os resíduos químicos na pia sob
água corrente, enxaguando a vidraria três vezes em água potável
e mergulhando-a totalmente no banho de detergente conforme
as indicações no POP LAV CONTROLE OOx.

d- Fazer os testes em duplicata, ou seja, executar o teste da matéria-


prima duas vezes simultaneamente.

6.1 Para a execução dos testes de solubil idade de


matéria-prima, o profissional responsável pela tarefa, devidamente
treinado e paramentado, deverá conduzir-se no laboratório de
acord o com o POP CONDUTA BIOS OOx.
6 .2 A matéria-prima a ser analisada deverá ser retirada
no almoxarifado, no setor quarentena, e levada para o laboratório
de controle de qualidade para fins de amostragem.
6.3 Deve rá ser gerado um formulário para cada
matéria-pri ma com as especificações dos testes a serem real izados,
recomendadas nas monografias, registrando-se no próprio laudo do
fornecedor (verso) os resu ltados obtidos e a conclusão) aprovado/
aprovado com restrição/ reprovado) com a assinatura do analista.
6.4 Deverá ser segu ida a metodologia descrita no POP
ou orientar-se pelas bibliografias: Farmacopéia Brasilei ra 4ª ed., USP,
o u MERCK INDEX.
6.5 Caso o laboratório de controle de qualidade não
possua capela de exaustão, recomenda-se o emprego apenas de
solventes de baixa toxici dade para o analista, tais como : água quente,
água fria, álcool etílico absoluto e acetona (com restrição).
6.6 O planejamento para a execução dos testes deverá
ser real izado separando-se os reagentes e vidrarias conforme a
indicação da monografia, dispondo-os de forma segura na bancada
e trabalhando de acordo com o POP CONDUTA BIOS OOx.
6.7 Após a realização dos testes, o material deverá ser
descartado co nforme o POP LAV CONTROLE 005.
6.8 A Farmacopéia Americana apresenta uma tabela
relacionando duas colunas: uma com o termo descritivo da solubilidade

. . . 4ssj •
••
obtida, outra associando a quantidade do solvente utilizado (ml) para
uma parte do soluto (mg), conforme a Tabela 1:

Tabela 1: Termo descritivo e parte do sol\'ente requerido

Parte do solvente requerido (ml)


Termo descritivo
Para uma parte do soluto (mg)
Muito solúvel <do que 1 ml
Livremente solú,el De 1 para 1Oml
Solúvel De 10 para 30 ml
Parcialmente solúvel De 30 para 1OOmL
Levemente solúvel De 100 para 1 .000ml
Muito pouco solúvel De 1000 para 10.000ml
Insolúvel De 10.000 para mais

Observação
As matérias-primas deverão ser colocadas nos tubos de ensaio
previamente identificados com o tipo de solvente a ser utilizado e
a matéria-prima em estudo.
6 .9 A Tabela 2 apresenta as especificações dos testes de
solubilidade de dez matérias-primas regulamente empregadas em
farmácias magistrais.
Tabela 2: Exemplos de especificações dos testes de solubilidade

Reagentes X Solubilidade
Álcool
Produto Água Éter Metano I Cl orofórmio Acetona DMF
etílico
Amitriptilina Livrete Livre te Livre te
Cimetidina Solúvel
Hidroxizina Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel
Metoclopramida Solúvel Solúvel Solúvel
Furozemida Le\ete Leve te Levete Leve te Solúvel
Ácido cítrico Solúvel
( >a
quente)
Gtratode
Solúvel Insolúvel
Potássio
Paracetamol Leve te Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel
Ácido salicflico Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel
( >a
quente)
Alopurinol Solúvel Sol úvel Solúvel Solúvel

Abreviaturas: Livrete= livremente Leve te= levemente DMF= Dimetilformamida

• 1489-
••• 6.1 O Comparar os resultados obtidos com os ind icadores
no laudo de análise do fornecedor e com a monografia.

Fonte: AMARAL, M.P.H.; VILELA, M.A. Controle de Qualidade na Farm ácia de


Manipul ação. ed. juiz de Fora: Editora UF)F. 2002.

~... 4901 •
ANEXO

EXEMPLOS DE
MONOGRAFIAS
,
FARMACOPEICAS
,
(ESTRUTURA GRAFICA)

"A arte de vencer aprende-se nas


derrotas."

(Simon Bolfvar)
•••
Adaptação: Farmacopéia Brasileira, 1 o ed .

~TAOOS VI'!OOS 00 SMSIL

ÃCIDQ ACETILSALICíLICO
Aci.drun i>'"ltyls~;~licy/ic.um.

Addo 2-acctoxi-l.xmxóieo. Aspirhta. ~'

CC'lH

~o~-.
.I
-0 --COCH,
>:,_#
P .M . "=- 18ú,l5.
O ácido acctíls.al1dlim e o ácido ',!..a~etoxi-l;.euzoii."Oí cit'e c<m\cr,
clepo;s de dc~scado s6bJ"<' ~cido snifúnro, duranh:: 5 h(ms. no m!n!mo
99,5 por cento de C,H.O,
CAR•.tgEREs . - Crutais br::mro& o:,_ pó C"!1!J's1!oo. b_r.:m~~~- .-1ux!oro é de .mbt?r
áciao. Estil'rd i30 ;u .;&.o:; 'CID 2!ilbl.l:nb: WmCo, h1droli!l.J. ·SC1 -nouoo a ~ti}>
t.'Ul ácidu !!.i.tk:il c ~ci-<lo :dlitflke. Sua !iGJu~o :r~uQSl é át.:i~.â ao p:~pd de:
tm:MSi<>l.
S..luhiUd..de --- Soli:~-el em ;;ao patb!s de ág1:.1, cn: 6 [l3r!C! <lc ~ko<;,l,
oa 17 F~ do çl<>•<>f<irmio ~ em 20 portei d~ .ita. DiJ>olvc->e llO$
v.>hl~~ de hidró.:c:i~ e c:uhoroto:i alcalinas~ rltton1p0ndr;..~ em :.cct~to
e ~iit--tbtc
Potttõ ti~:- fu.l$~Q - F,u!r::: } i-6" ç f38t1, (:(\~~~ dtx,'Q;ll:rJ.-:t).$J) I eol~md;\h(; ~
subst.indio nllm b;mho • J'O" e d..,.>ndw,. o Wnp<:l"l\!"' <lo -t• o fi' pnr
mm!lto.
l'ROYAA DE lDE:\ffFIC\ÇA.O:
A- ~.bntenha em cbuljçâo dur.ml<: .2. ou~ 3 wínuM 0~) g com lú<-m~ i;l~
ludt<'xidn de rodi<> SR.; rc;ltie e adici<>no l Oem; de lcidc ;u\lohko
diluído SR ~ f~nnít--5(! 1fm ptccipít;J:.C]o l!r-:;lr{;Ç~, ultta!tnQ. de :&~J
..atcllico. Filtre; dts!i(JJ-.·:1 o pt~ci.pitmio na mlrlurã de p41tts ~tt~ d.e
~ua < ikool, adicione d<>retn t&rko SR: produr,sc uma colm,;~"
·.-w~et.J hem pmmmc=.a;.i:a..
P. - Açao;;a á sdução obôd.1 nt' -ctJS.1io >Jnkrior e ~a. clo pteclpitdc
pen.cbé ~o c <.hem> de "osrlo "cilitu.
Utrl"JUJ.IIS:
.l1cu.i c fH.'~~do~ - Dzssol~.al;: em 2~ .er:.lJ cln ;U'<ctnu:?o.,_ ;unte l ~:;:. J~ ~g_tJ;l
" p:OS>oga terno ~u<o oo t"muo-!imil< de ,ç!Jir3 péc'"<<fe<~ · o h:tltle
~ruo<:> prmn;;okcl de,·.: ,...,. 10 VQrtes pt>C mi;hác.
~lordo -- .Mantalha em d!uliçãc durante :; minnf.oo:s: 1 g em S\l ~ d~
"""" tbltlada. rcirie. complete Cllm rnaF. • dffrtí!:!.<h ~ W>!IJftie
irndlll t -f.Jttc: dtrid.:t a solução em. 2 pati:el. Caro umn, prossíg.J corno
dc:scr.ih~ no tnsntt-Jlmi-tc de cibrctu· o i.imitc má:umn penn.iss.tv'é:i de1:-e
,.., 1-4<1 wrm por milh>o.
Sulfato - Com 25 =*
do soluçOO ~cim~ obtida ~~ (:Qtl}O d=ito no
=ío-lirmte de sul.hro: o luwtc mhimo p<:r~oJJs.!i•el deve set 100 porte~
pot m.i<.l:wlo
Ácido ull.Wico - Di:sso)\"ll o,o; g
numa nili!un t!c $ em> de .6lcool n
e 20 em• d~ ~ àe;tilid~ c: ll<f•çu;ne I gót;l de elurctn lJ!niro SR: "*'>
de•;c produzir tm<d!.abmcntc: uma e<~"<m!ç® Yin~-
B.<llidllo pda tndn~çio - No mkimo 0,0) p<.>t cen!<>.
UOSEAl!E..YfO - A OOc; de ;oo
rng. exàtant<mte P''"'dos,. funte 20 trn3 de
hKl.roXJdo de rodiq 0,> N (SV) e IDiillt<tiM cun cb<~h(So btm}d~ du::~nte
IQ nunu!os. 1\tule o <:>Ct:S>O de :ik:.t!i cçru ~dq ~uilúTl<O O,; N (~V) ,
c:mprcgam!o como h1d~do: fenolfta.1ehu SI. Repita a ~m.çoo m:n o
ieouo at.tihahdhm. A clikr= t'tlt:rc :as ®as tituli~ representa a. qu>nti-
da.d~ de •leal< u~ I""" o n--uhal=ç'ío do lkxto at"etiholx:illi."<>. I tm"
de !"dr.:OO® de rodio o,; N (SV) a>riespcnde • O,OHO+g de C,.llsO,_
CONSimVAÇÁO - Em rcdpieuw.< bem fo:el»do;.

• 1493-
••
Adaptação: Farmacopéia Brasileira, 3 ed.

ACIDUM ACETYLSALICVLICUM
ACIDO ACET ILSAUCfLICO

COOH

o-0-COCII,
P.M."' 180,16

Dt.SCRJÇÃO

P6 a-CSt:tlino branco ou atsut1- bnncos reraJ-mente b.min;.;tC'S o;~ aciculuc); inodoro


ou t•m odru leve; esr.ivcl &o ·•• seco; no or Ílmído l'~<l:r<>11""·se graouolmente • jeldo
;tbcilu» c a ie>(!o •ctt1<:C.

SOLUB!UDADL

Ltvemetdt II)Jú•~l em 4Jua; r•<Jmcnte i<>!Úvcl em .lJ.:uot: M>lÚvcl em clo,~fbrmkl ~


em éta. pouco sotúvd em .!tc.r ob>oluto

CATEGORIA

ESPECIFlCAÇÃO GE.R,t,L
Conté:m_ no mír-..._..,, 99,.5 pot UGJO e, a> mix~mo. 100,.5 por ctnto .,:, C:+Hso4•
<>l:<>t..do em rei;.~ 1 ••b>tlr.<a S<e>.

LDENTJFICAÇÃO

A - Aqueça com 4pa pOf YÚJOJ miriJtOL. ttifrk t JUtlll: 1 o-u 1 JOUl df tlou::lo
Coníco SR; prochu..c oor vcrr~ellw YlOlt U.
B - fau cuca <!e SOO me com 10 mt de hidr6:odo d• IMO> S& por I.I&WIS
mmu<ol, zuftle r juote lO ml <!e ó"ldo Mfiull:o d•luld<>; for.,...• pt. .lpOtado
ba""" de Íddo >abcília> e ~ J>OIC<pt:Íwl o®r do '•ido
acétko. Filu~, junte ao
tlt-rado 3 r.1 4• iloool e l m1 d.e ~ suW:wO<J, c aq~eça;;, p«oop< l•i<l 011<>< de
aeett.to de .nUa.

EIISAJOS DE PUREZA

Pezda po1 Dessetllçlo


l><Ucquc so\>!:e •íli<~.-set por S hor.>s: p"de, no mhl.mo, O.S J>(>r etrtlo dt ..~ ptl4l
tM<tod.ot Gcci.D, nO 27}.
Rnidu<> p<'.a tnaneroçio
1'\0 mbl!l>O 0,5 pDI Cento (1&/lodos c....... nO nJ.

• 1495-
••• Cl<>m<l
Fm. l,S a com 7,5 ml de 41.111 por S m!noto" rt>l'r~<, J'o••·• ipa .W.....ru. para
rtstmm: o volurne o:ri&Jnal e rutr<. Uaa po.!Çio de 1$ ml do fllrradc •pr~nu N"o
mais doreto que o CIOntJpOodenlC a O, I ml de 'c!do ek>rfcltlco 0,02 ~: 0,01' por
"'"'"' (lol~todos Ccrab, nO 10).
Sulfato
I.Jmo por~ Oo rutrlldo prqwa4o l*• o tealo de clomo apnktlta aiO ..,._.
Sll.lfjto <\1lt cormpoodente a 0,2 cal de ~o ~ 0,)2 J:t O,!l4 por =to
(Método CaaJo, nO 14).
Yet>.lll'eodo•
DiuolYa 2 c <m 25 ml de aaroaa • JUDU 1 Jnl de iaU e 10 1111 de nlftto de
hidrOJontO SR; a "" produllil!a nlo é maa rn..,.. do q,.. a do conllolt; prepuado
com 25 ml de JIÇ'CIO!I&, l IDl de «>~o ~ dt e~.uml>o o 10 IDl de "'l!eto de
bideopNo SR; 0.001 por «l'W CM<O<!oo G<Bil, rP 13).
Stiboltnelu •'Jcilm<enle Carbon!ú...Js
Diuoll>o SOO 1111 em 5 ml d.e (ddo Jlll!itio:o SR; 1 cor cia aohlçlo nio é 111>U
i.llltrua do ctue 1 do llquldc de COQlJni>Çfo Q (Mltodos Gerais, rP 44).
Substinclutruotúvou em Ca:bonoto 4e Sódio SR.
Umo oo!u~ de SOO '"' em l O ml de 011tbotal0 de tédD SR q~~cnlt i límpido.

:Sa!icihtoo nlo Acchlslliclliwc


Du<Ol•• 2.5 s •m álcool !lllfàttlk ~ P<rfu.er 15,0 ml A ~ •m <le 2 t..boa
<lo co.mporoção de eot J•ou 48 ml de ~· e I rr.l de oclu<;3o de Nl!alo ltrn«>
1m<lllillcal, t<t>enreme~1c preparadl (prepnuds pel.t odlçto de 1 ml de iatlo
<!mídrlro l 1< a l ml <lo SUJíalo l<.rril:o anouuu:al SR • llilulnd<> com~ s 100
m!~ Em um tubo p\pde 1 ml 4c umo "'!Lçio pod1io de ~çído l&llclli<>o ~m ~.
~ni!Q 1.00 llJ do ~ill<> Qllofl>a> por tnl. Num te~•~ tulX> P~t><•• I ml da
solllç3o 1:10 do ">do a<lOUballdlico.. M•ttvn os conteúdo• de~ tulX>; tp6l30
<qUndOO, & Çl)t no <'l\ln4o lubo ll.io é ..... .,..... do q~e & " " tvbo O:>tslendo o
~o ,.II<:IU.:o lO.l por WIIOl.

DOSE.UIENTO

Coloq.u """'' de 1,5 1 da Al!lllitu. <l<Úir><ntc ~de:, ..., &.....,, JUnte SO.O ml
de fúdtóxio.lo de !6díu O.S 1! e !<t"" a f'MUQ bnndiiii<JII< por 10 UUl<IS, lwrtc
fcnolftaltfoa SI e htule o C'(CCS!iQ de tu..b61 ido de o6dic 0,5 ti com iOdo mlr6rio:o
0,5 N {SV). aça 11m br•noo poora uruloçlo pelo rulo. Ca.ll >nl de llldt/;XJJo de
86dl6(),S !:! eq11l..t.: • 45,1l4 mg de c 9 HaC• ()ll~cdos Conns, nO 49).

~-· 4961 •
Fonte: lhe Internacional Pharmacopoeia, 3a ed.
••
DEXAMETHASONI ACET AS 93

DEXAMETHASONI ACETAS
Dexamethasone acetate
Oexamethasone acetate, anhydrous

Dexamethasone acetatc monohydrate

Molecular formula. C,.H,. FO, (anhydrous) ; C,.H 1,FO,,H,O (monohydrate).

Rclative molecular mass. 434.5

Graphic formula.

Chemical oame. 9-Fiuoro- 1 1}3, 17 .21-trihydroxy-16a-methy1prcgna-l ,4-diene-


3,20-dione 21-acetate; 21-(acety!oxy}9-fl uoro- l lj3,17-dihydroxy- I 6a-methyl-
prcgna-1,4-dienc-3,20- dione ; CAS Reg. No. 1177-&7-3 (anhydrous).·
9-Fiuoro-1 1}3,1 7,2 I -trihydroxy- I 6a-methylprcgna-1,4-diene-3,2Q..dione 21-
acetate monohydrate; 21-(acetyloxy)-9-fiuoro-ll../3, 17-dihydroxy-16a-methyl-
pregna-1,4-diene-3.20-dione monohydrate; CAS Reg. No. 55812-90-3 (mono-
hydrate).
Description. A white or a1most white powder, odourless.

Solubility. Practically insoluble in water ; solub1c in 40 parts of ethanol


(-750 gll) TS; slightly soluble in ether R: sparingly soluble in chloroform R.

Category. Adrenoglucocorticoid.
Storage. Dexamethasone acetale should bc kept m a tightly closed container.
protected from light.
labelling. The designation on the containcr o f Dexamethasone acctate should
statc whether the substance is thc monohydrate or is in the anhydrous form.

REQUIR EME!';TS

General requi rcmcnt. D~xamethasone acetatc contai os not less than 96.0% and
not more than 104.0% of C,.H,.FO,, calculated with reference to thc dricd
substance.

• 1497 ~il
••
94 INTER 'IA TIONA!. I'HARMACOPOEIA

ldentity tests
• Either tests A. B. C and E. or tests B. C. D and E may be applied.
A. Carry out the examination as describcd under "Spectrophotomctry in thc
infrared region·• (vol. I. p. 40). For the anhydrous fonn thc infrarcd absorption
spectrum is concordant with thc spectrum obtained from dcxamethasone acetate
RS or with thc rejere11c<' spt-ctrum of dexamethasone acetate. For lhe monohy·
dratc thc infrared absorption spcctrum is concordant with the spectrum obtaim:d
from dexamethasone acctatc monohydrat~ RS or with the refen•nce spec1mm of
dcxamcthasone acetatc monohydrate.
B. Dissolve 22 mg in 20 ml ofethanol (-750 g/1) TS and di lute 2 ml to 20 ml with
thc samc solvenl. To 2 ml of this solution placed in a stoppercd test·tube add
lO ml ofphenylhydrazinelsulfuric acid TS. mix. hcat in a water-bath at 60°C for
20 minutcs and cool immediately. The absorbance of a l-em layer at thc
maximum at about 423 nm i~ notless than 0.42 (preferabl) use 2-cm cells for thc
measurcment and calculatc the absorbancc of a l-em layer).
' .
C. See the test described below under "Related steroids". The principal spots
obtained with solutions A and C correspond in position with that obtained
with solution B. In addition the appeuance and intensíty ofthc principal spot
obtained with solution A corresponds with that obtamed with solution 13.
D. Carry out the combustion as described under .. O~ygen flask method" (vol. I,
p. 125), using 7 mg of the test substance and a mi:J~turc of 0.5 ml of sodium
hydroxide (0.0 I mol/1) VS and 20 ml of water as the absorbing liquid. When thc
process is complete, add O. I ml to a mixture ofO.l ml offresh ly prcpared sodium
alizarinsulfonate (I g/J) TS and 0.1 ml ofzirconyl nitrate TS; the red colour ofthe
solution chaoges to clcar yellow.
E. Heat 0.05 g with 2 ml of potassium hydroxide/ethanol (0.5 mol!l) VS in a
water-bath for 5 minutes. Cool, add 2 ml ofsulfuric acid (-700 gll) TS, and boi!
gently for I minutc; ethyl acctate, perccptible by its odour(proceed Y.rith caution),
is produced.
Specific optical rotation. Use a lO mglml solution tn dioxan R; (aJ&0 'C = +82
to +88°.
Sulfated as h. Wcigh 0.1 g and use a platinum dish; not more than 5.0 mglg.
Loss on drying. Dry to constao! weight at 100 °C under reduced pressure
(not cxceeding 0.6 kPa or about 5 mm of mercury). For the anhydrous form use
about 0 .5 g of thc substance ; it toses not more than 5.0 mglg. For the
monohydrate use about 0.15 g ofthe substancc; 11 loses notless than 35 mg/g and
not more than 45 mg/g.
Related steroids. Carry out thc testas described under "Thin-layer chromato·
graphy" (v oi. I , p. 83), using silica gel R I as the coating substance anda mixture
of 77 volumes of di chloromcthane R. 15 volumes of ether R. 8 volumes of
methanol R. and 1.2 volumes ofwater as the mobile phase. Apply separatcly to
the plate I tt l ofeach of2 solutions in a mixture of9 volumes o f chloroform R and
•••
I volume ofmcthanol R containing (A) 15 mg oflhe lcsl subs1ancc per ml and (8 )
I 5 mg o f dexamct ha~onc acclalc RS per ml: a!so apply lo thc platc 2 J.!l o f a third
solulion (C) composo:d of:• mixturc ofcqual volumes ofsolutions A and B and 1Jll
ofa fo urth solution (D) containing0.15 mg ofthc tcst substance per ml in thc samc
solvcnt m ixlure as useJ for solulions A and B. A !ler rcmo,·ing thc plate from thc
chromalographic chambcr, allow H lo dry in ai r unllllhc solvents havc evaporatcd
and heal at 105°C for lO mmutcs: allow to cool. spray with bluc tctra;:olium/
<;Od ium h ydroxidc TS. and cxamme the chro matogram 10 daylight. Any spot
obtaincd with so lutton A. o1her than the principal spot. is not more intcnsc than
that obtained \'illh solution D.
Assa)
• I he solut10ns must bc protccted from light througho ut the assay.
Dissolve about 20 mg. accurately weighcd, in sufficicn l a ldehyde-frcc ethanol
(- 750 g/1) TS lo producc 100 ml. Dilute 20 ml ofthis solution wit h suflicicnt
aldchyde- frec ethanol (- 750 g/1) TS to producc 100 m l. Transfcr 10.0 ml ofthe
diluted solution to a 25-rnl volumetric flas k. add 2.0 ml of bluc tetrazolium /
cthano l TS and displacc the air with o~ygen -frce nitrogcn R . lmmediately add
2.0 ml oftctr~meth ylammonoum hydroxide/ethanol TS a nd again d isplace thc ai r
witho,ygcn-frce nitrogen R . Stoppertheflask. m1x the contentsby gentleswuling
and allow to stand for I hour in a water-bath a t )0°C. Cool rapidly, add suflicient
~ldehyde-free ethanol ( -750 g/1) TS to prcducc 25 ml, and mi:t. Measure the
absorbancc ofa l-em layer at the maximum at about 525 nm against a solvent ccll
containong a solutoon prcpared by trcating 10 ml of aldehyde- fre~ ethanol
(--750 g/1) TS in a si molar manner. Cakulatc th.: amount of C,.H, FO, in lhe
substance being tested by comparison "'-ith dcxamethasone acctate RS. si m il~rly
and concurrently examincd

• 1499- ·
••
Adaptação: Farmacopé ia Portuguesa, 7 ed.

ÁCIDO ACETILSALICÍLICO
Acidum acetylsa licylicum

DEPlNIÇ..\0

Ácido 2-acetOllíbenzóico.
Teor: 99,5 por cento a 101,0 por cento (substância seca).

C..I.R<\CTERISTICAS

.-Upecto: r6 crist~lino hran(O ou crist:lis 1ncolores.


So!ul>ilidode: pouco solúvel na água, facilmente solúvel no
álcool e solúvel no éter.
I': cera de 143•c.; (fusão ínstantánea).

lDEt\TlFICAÇ.\0

Primeiro série: A e 8.
Segunda scrie: 8, C e D.

A- E;pectrofotometria d~ absorção no infravermelho (2.2.24).


ComparuçiitJ: ác1do acetílsalicilíco ~QR.

B. Ponto de fusão (2.~.Ul: 156"C a IGI"C.


Aqueça il ebulição durante :1 min 0.2 g da <•mostra com
4 ml de solução diluída de hidróxido de sódio R e <>rrefeç~.
Acidifique com 5 ml de ãddo sulfúrico diluído R.
Forma-se um pro.>cipitado cri;1alíno. Filtre. Jaw. >eque
o precipitado a 100-lOS•c e determine o~ ponto de
fusão. Este precipitado~ utüizatlo também ptlra a
identificação D.

C. Num tubo de en~io misture 0,1 g da amostra oom 0,5 g


de hidróxido de c.ildo R e «qucça. Libertam-se vapores
que coram de verde azulado ou de verde amarelado urn
peda(o de papel de filtro impregnado com 0,05 ml de
solução de nitrobenzaldeído R. Humt:deça o papel com
ácido clorídrico dilUJdo R. A coloração da mancha 'ira
para azul.

FARI\'IACOPE:IA PORTUGUESA VI I

• lsol ~ii
••
.D. Oi•5<>h'a. ;1 qU<nlt, ctrca de 20 mg do pre.:rpit.Jo ••N•d<•
ll" ~Nill\> Bem JO ml dto :.gua I{ e arrd<\'• · .4 <->111\ã<l dj
r;:ao;.io (~l dos ~!iCIIatos t2.3.ll.

Et\S..\10

.\spedo m solurlio. Dis~va 1.0 g ~ 3m.lStr.l ~ 9 ml d<


álcool R Asolu.;ã., é hmp1da 122.11 e in(Xllor !2.2.2. ~lét<>OO fll.

Subst3nclas aparentadas. Cromatografia líqmJa {2.2.29}.


Pr,,)<)ro a.s SQ/uçtlll$ imt!diafam.:nle amo!< do!. as utili::m:

Soálf'ÍO prol>ft.?ll<t. D~lva 0,10 g da amostra em a.:etonitrilo


Jlilr.l crom.1t<.grafia R e complete 10.0 ml com o me'mo
sol•~nte.

SIJhtç<io pdJr.io (d/. Di,<ol\-a 51~11 mg de f.c•d<• S~li~l1ic•• R n:s


fa.~e ~-ele complete 50.0 ml com 3 f:l:~e mó~l. Tnm~ 1.n ml
da ><:lluç;io e c•>mplete 100.0 m'.; 1n a ta~ nv.r.-el.
Solução padrtJo (b). Dissolv'd !O. Omg de ácido ~kilíco R na
ía.<e n!ÓI.'CI e complelt 10.0 ml com a fuse mó1~l. Tome 1.0 ml
d., roluç;õo. )Ullte O.:! ml da soluçlio problema e .:omrlere
100.0 ml com;, f:t~e móv~l.

Ch/tm,!:
- di~: I: 0.25 m; 0: -*.6 mm.
- {o:;e o?3ladondria: gel l!e sOi<:~ octadecilsililada para
cromatografia R (5 ~-tml.

F<1se rnon•l; mistura <k ácido losfónro R. aa:toni!TIIo p;1r.1


cromat~aii:l R e água R 12:4110:61'10 Hl'il).
fJ.>flito; 1 mLmm.
lktccçiifl: ~irofotómttro em n; nm.
/njcççtio; I llttl d~ c;,d~ wluç..o.
Ri!gisto: 7 \'tl.<'> o t.:mpo de retenção do ãcl& salictlico.

C.onfonnida.Je do sistmlo: solução padrao (b):


- fl!so/uçrio: no mínimo. 6.0 entre<»- 2 picQs principais.

/inu'/11$;
- q1.1<1fqwr impurua; no mâximo, a ân·a do pie.. prinápal do
cromatogram<l obtido com ~ solut;ão padroo (al
(0, I por Cdltoi.
- tottJI: no mâ:timo. 2.5 vezes a are.1 do pico prin.:ipal do
cromatograma obtido .:om a solu,~o p.ldrão (J)
10,2.5 por ~entol.
- limtl<' d<' ,•-.;c/us.io: 0.25 "<'7.<lS a a r.-a do p!co pr•nctpal do
O'OMittOj!ram.' obtido com a solu.;ão p.tdr;w (a).

~le tais pesados 12..t~l: no maximo. 20 ppm.


Dis$Oiv.l 1.0 g da ;unostra em 12 ml di! acetona R t comrlet~
20 ml .-om agua R. 1:2 ml d~sta solu~ sahstJUJn ao ensdlo
limitt B. f'r•parc (> padr.io com :.olu~o J 1 P>'lll d~ chumbo
tPb). <tbtid,t por d1luiçd.o da ~oluçiw a 1110 vrn• J.- chumtx.
!Pbl R numa mistura de 5gua R e xdooa R 1&9 l'tl"l.

- ·5021 •
••
Pmb por secagem (2.:Z.32): no m;wmo. 0.1 por cento. em
I .000 g da amostra. a pressão rMuzida.

Cinzu 1ulfúrias (2..1.141: no máximo. 0,6 por cento, em


1.00 g da amostra.

DOSEA~!ENTO

~um balão com rolha, dissolva 1,000 g da amostra em JO ml


de álcool R. 1unte 50,0 ml de hidróxido de sódto 0.5 M, rolhe
o balão e deixe em ~pouso durante 1 h. Junte 0,2 ml de
solu<;ão de fenolftaleína R e titule com ácido clorfdrico 0.5 ~i.
Efectue um ensaio em branco.
I ml de hidrôxido de sódio O.5 H wrresponde a 45,04 mg de
C9H 80-~.

CONSERVAÇÃO

l::m recipiente e•tanque.

J)IPUREZAS

A. R = H: Á(tdo 4-hidroxibenzóico.
B. R= C02H: ácido .l-hidroxibenzeno-1,3-dicarbo.,11ico
(:lcido -1-hidroxíisoftálico),
C. ác1do 2-hidroxíbenzóico (ácido salícOico),

crr. CO~H
O R

0 ~l(-J
............
D. R= O-CO-CH3: acido 2-1[2-(acetíloxi)benzoíl]oxijbenzóico
(ácido acetilsalicilsalicílicol,
E. R =OH: ácido 2-((2-hidroxibenzOil)oxí]benzóico (ácido
salicíls.-.licílico).
o
O O O )._ C!fJ

~!...0),(1..
V..o ·~
o~'~

f. anidrido 2-(acetilo.xi)benzóíco (anidrido acetilsalicílico).

• lsoJ-•
•••
Adaptação: United States Pha rmaco poe ia , 24• ed.

Aspirin

C.. HO, 18016


6enz~•c •cod. 2~acetylo"Y)­
Sai•oylc acld Jc.ate 1~0-18-21

• I>,Wll!l contnns notless tnan (19.5 percent and not more than 100.5 percent of C 9H 60~,
calculated on lhe doed basls

Pa<:~agir>g and sto,..ge- Prese<Ve"' b~t con~in =

USP Ref..-ence slandards < 11 > - USP ~<IL""' RS .

ldentfficalion -
A! Hut à wtn water for..,.....,! m~nute-.. eool an<! add 1 or 2 dro~ ot r.rnc chlorlde TS. a vlaloH'Od <Olor is
pra<a~eed

8: lnfrored Absorpl10n ~ 1971( >.

Loss <>n drying < 1~ >- o.y rt .,...,. S<hCi gel for 5 hoors· it lcw:s not more than O S<x. of i'$ ~l~t
Rtadily carbonizilble substances < 271 >-DISsolVe 500 mg 11 5 ml of sultlne ae•d TS: the soMion h~• no
mOP- eolor than Malr:hmg Fkid Q.
Resódue on ognlUon < 281 > ; no\ more lhan o 05%.

Sub<;tances .nsoluble In oodlum carbonatt TS -A soluton of 50() mg In 10 rnl of'n-arm sodum carbooate TS
is ele ar

Chloiide < 221 > - BOil f 5 g '<lith 75 ml ofwater fc< 5minuteo. cool add suffi<ient w:o.ter tore'llorelhe original
volum~. and tner. A 25-ml por!Jon of!he ftltt21e shOW!i no more dllondelllan corresponc!o to0.10 ml of 0.020 N
hyO'ocblone oad tO OI•'!(,)

Sulfrte -D<•soiYt 60g in 37 mL of oeetone. and odd 3mL ofw;:.er Tttme pctenli~tncally..m ()02 Mlead
perehk>rate. p<epa~ by d...olv~ng 9.20 g oi lead pen:!tlorateln \VI!e< to make 1000 ml of •olu~on. using a pH
meti!r caoable of • monrnu'"ll reproooe•b<''IV of :tO 1 mV (oeo pH < 791 >-) equwed with on elecu-ode sy•tem
eonS4stng of a lead-'lP~ ~leettode and a siP,er-•rlver ehloride referenei! ~ss.<leov8d eleetre>de contalníng a 1
on 44 s~Mn oi t!!trat!lll~nunon<urn per.:hlorate on 9aclol aeotie aeld (see Tirlfi'IJI&y ~ 541 >). no! more fuan
1 25 ml ofO ()2 M lead perohlo<atei> conoumed (0.()4~). (NOTe -After U50, rmolh~leo<l·'lPe<:!fic el~trode
w.!h vlilor, IT.Jon the re ferene.o l!lectrode. 1\Jsh "'Ih wator. nnse '"th
methancl. "''d allow to <ty.]

Heavy m~als- OlssoP,e 2 g In 2S tnL olaeelone. and add 1 ml oi water. Add 1.2 ml ollbloaeetafrade..glyee<ln
base TS.nd 2ml otpH:J SAeemeBI,Iiter ;md alawto...,nd lorSminut~: anycolor proooeed ionot darl<.er
u.an lbal ofa eonwl made 'nlt!l ~ ml ofacetone and2 ml of S!ondam Lead Soit.A100 (s.. Heavy l.letols <231
>).troatMr~ !lleume ma,'tl!M. Tho-.Mis10~t9 perg.

umlt oi free saficyflc acl d - Dissotve2 S g11 sufllaen! alecnolto make ZS.OmL To~aell ol twl>match ed
color-«>mpari5011 tubu a<l-:;1 48 ml of w;rter and 1 ml of • freshly PfCPa<ed, diluted femc ammonium •urlate
solubon (ptepared by add,ng 1 ml of 1 Nhyci'odllorie actd 10 2 ml of tenie -ammonlum sullate TS and dlluting
wm wcnt'J to 1uu n'll). lnto one wne p1pet 1 tnl 01 a 'Sl.andara 'iCMUbOn ot ulit:ylc ac:HJ., water contammg u. 1u
mg of saieylie aad per ml trto lhe •e«ond tube I>'J>e\ 1 mL ofthe I '" I Osolubon ;>f &lill:!l- Mix lhe c011tento of
~ach tube afttr 30 second'S the coklr in d'le ~condtubeJ~ not more 1ntens!' than that in lha tubrt conbming th~
••lic)'lit at~d (O I'I{,J

Organie volatole imt><Jrities, Metho<f N ~ 467 ~, mee~ lhe reQUIIM~ntJ

Assay - f'li!.ce •bOOJ11 5 g of ~ aeçufl!telyVffli~ed. in •


: ask, odd 50.0n>l oi O 5 />/ soda~m hydl<>xi de VS,
and botl the mlxtu"' gen!ly for 10 mlnutes Add phonotplrthale~n TS. and !H rale the ••e..s sodlum nymmdo "ilfl
O5 N oulfilric acod VS. Pe<forrn • blonk determnation I••• R~>>idu•l T.!ntficn• •nõer Tilrim.Jf'l "'54 1 ~). Eadl ml
oi 0.5 N •C>doum hydro"do IS equovalen! to 45 04 mg ofC9 H.o,.

s.--..
Auxiiary lnformation
StaffLIII•>an Stephen H . AIWI!l, Sc1enbst
tcti.4)Chemuuy•
USP-NF P•ge No 161
Phiim>acope~Bl Fotum Volum• No
Pl>ontJ/Vo 1·3()1-816-62<LI
22 Poge •lo. 2092

• lsos liiii1
ANEXO

TABELAS
ESTATÍSTICAS

"Se quiser por à prova o caráter


de um homem, dê lhe poder."

(Abrahan Linco/n)
••
Distribuição "t" de Student
li ·l o l
I '

I>Z
1
0,50

1,00000
0,25

2,4142
0,10

6,3138
0 ,05

12,706
0,025

25,542
0,01

63,657
0,005

12 7 ,32
2 0,81650 1,6036 2,9200 4 , 3027 6,2053 9, 9248 14,089
3 0 , 76489 1,4226 2, 3534 3,1825 4, 1765 5, 8409 7,4533
4 0 ,74070 1 ,3444 2, 1318 2,7764 3 ,4954 4,604 1 5,5976
5 0 ,72669 1,3009 2,0150 2,5706 3 , 1634 4,0321 4,7733
6 0 , 71756 1,2733 1,9432 2,4469 2 ,9687 3,7074 4,3 168
7 0,71114 1,2543 1,8946 2,3646 2,8412 3,4995 4,0293
8 0 ,70639 1,2403 1,8595 2,3060 2 ,7515 3,35 54 3,8325

9 0 ,70272 1,2297 1, 8331 2,2622 2 ,6850 3,2498 3,6897


10 0,69981 1,2213 1, 8125 2,2281 2 ,6338 3,1693 3,5814

11 0 ,6974.5 1, 2145 1,7959 2,2010 2 ,5931 3,1058 3,4966

12 0 ,69548 1, 2089 1, 7823 2 ,1788 2,5600 3,0545 3,4284

13 0,69384 1,2041 1,7709 2 ,1604 2,5326 3,0123 3,3725

14 0 ,69242 1, 2001 1, 7613 2, 14 48 2,5096 2,9768 3,3257

15 0,69120 1,1967 1,7530 2, 1315 2,4899 2,9467 3,2860

16 0,69013 1, 1937 1, 7459 2,1199 2,4729 2,9208 3,2520

17 0 ,68919 1,1910 1, 7396 2, 1098 2,4581 2,8982 3,2225

18 0,68837 1, 1887 1, 7341 2, 1009 2,4 450 2,8784 3 ,1966

19 0,68763 1,1866 1,7291 2,0930 2,4334 2,8609 3, 1737

20 0,68696 1,1848 1, 7247 2,0860 2,423 1 2,8453 3,1534

21 0,68635 1, 1831 1, 7207 2 ,0796 2 ,4138 2,8314 3, 1352

22 0,68580 1,1816 1, 7 171 2 ,0739 2,4055 2,8188 3,1188

23 0 ,68531 1,1802 1, 7139 2,0687 2,3979 2,8073 3, 10 40


24 0 ,68485 1,1789 1, 7109 2,0639 2,3910 2,7969 3 ,0905

25 0 ,68443 1, 1 7 77 1, 7081 2,0595 2 ,3846 2,7874 3,0782

26 0,68405 1,1766 1, 7056 2,0555 2,3788 2,7787 3,0669

27 0 ,68370 1,1757 1, 7033 2,0518 2 ,3734 2,7707 3,0565

28 0 ,68335 1, 1 748 1,7011 2,0484 2,3685 2,7633 3,0469

29 0 ,68304 1,1739 1, 6991 2,0452 2,3638 2,7564 3,0380

30 0 ,68276 1,1731 1, 6973 2,0423 2,3596 2,7500 3 ,0298


40 0 ,68066 1, 1673 1, 6839 2,0211 2,3289 2,7045 2,9712

60 0, 67862 1,1616 1, 6707 2,0003 2,2991 2,6603 2 ,91 4 6

120 0,67656 1, 1559 1, 6577 1,9799 2,2699 2,6174 2 ,8599

0 ,67 449 1,1503 1, 6449 1,9600 2,2414 2,5758 2 ,8070


"
Fonte: SPIEGEL, M.R. Estatística. 3° ed. São Paulo, Makron Books do Brasil, 1994.

• I509 ,,._ ii
~
~
Área subtendida pela curva
normal reduzida de O a Z.
o z
z 0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09
0.0 0.0000 0.0040 0.0080 0.0120 0.0160 0.0199 0.0239 0.0279 0.0319 0.0359
0.1 0.0398 0.0438 0.0478 O.C517 0.0557 0.0596 0.0636 0.0675 0.0714 0.0753
0.2 0.0793 0.0832 0.0871 0.0910 0.0948 0 .0987 0.1026 0.1064 0 . 1103 0.1141
0.3 0.1179 0.1 217 0.1255 0.1293 0.1331 0.1368 0. 1406 0.14 4 3 0 . 1480 0.1517
0.4 0.1554 0.1591 0.1628 0.1664 0.1700 0.1736 0.1772 0.1808 0.1844 0 .1879
0.5 0.1915 0.1950 0.1985 0.2019 0.2054 0.2088 0.2123 0.2157 0.2190 0.2224
0.6 0.2257 0.2291 0.2324 0.2357 0 .2389 0.2422 0.2454 0.2 486 0.2517 0.2549
0.7 0.2580 0.2611 0.2642 0.2673 0.2704 0.2734 0.2764 0.2794 0 .2823 0.2852
0.8 0.2881 0.2910 0.2939 0.2967 0.2995 0.3023 0.3051 0.3078 0 .3106 0.3133
0.9 0.3159 0.3186 0.3212 0.3238 0 .3264 0.3289 0.3315 0.3340 0 .3365 0.3389

1.0 0.34 13 0.3438 0.3461 0.3485 0 .3508 0.3531 0.3554 0.3577 0.3599 0.3621

1.1 0.364 3 0.3665 0.3686 0.3708 0.3 729 0.3749 0.3770 0.3790 0.3810 0.3830

1. 2 0.3849 0.3869 0.3888 0.3907 0 .3925 0.394 4 0.3962 0.3980 0 .3997 0.4015

1.3 0.4032 0.4049 0.4066 0.4082 0.4099 0.4115 0.4131 0.41 47 0.4162 0.4177
1.4 0.4192 0.4207 0.4222 0.4236 0.4251 0.4265 0.4279 0.4 292 0.4306 0.4319

1.5 0.433 2 0.4345 0.4357 0.4370 0.4382 0.4394 0.4406 0.4418 0 .4429 0.4441
1.6 0.4~52 0.4463 0.4474 0.4484 0.4495 0.4505 0.4515 0.4525 0.4535 0.4545

1.7 0.4554 0.4564 0.4573 0.4582 0.4591 0.4599 0.4608 0.46 16 0 .4625 0.4633

1.8 0.4641 0.4649 0.4656 0.4664 0.4671 0.4678 0.4686 0 .4693 0 .4699 0.4706

1.9 0.4713 0.47 19 0.4726 0.4732 0.4738 0 .474 4 0.4750 0.4756 0.4761 0.4767

2.0 0.4772 0.4778 0.4783 0.4788 0.4793 0.4798 0.4803 0.4808 0.4812 0.4817

2. 1 0.4821 0.4826 0.4830 0.4534 0.4838 0.4842 0.4846 0.4850 0.4854 0.4857

2. 2 0.4861 0.4864 0.4868 0.4871 0.4875 0.4878 0.4881 0.4884 0.4887 0.4890

2. 3 0.4893 0.4896 0.4898 0.4901 0.4904 0.4906 0.4909 0.4911 0 .4913 0.4916

2.4 0.4918 0.4920 0.4922 0.4925 0.4927 0.4929 0.4931 0.4932 0.4934 0.4936

2. 5 0.4938 0.4940 0.4941 0.494 3 0.4945 0.4946 0.4948 0.4949 0.4951 0.4952
2. 6 0.4953 0.4955 0.4956 0.4957 0 .4959 0.4960 0.4961 0.4962 0.4963 0.4964

2. 7 0.4965 0.4966 0.4967 0.4968 0.4969 0.4970 0.4971 0.4972 0.4973 0.4974

2.8 0.4974 0 ....!975 0.4976 0.4977 0.4977 0.4978 0.4979 0.4979 0 .4980 0.4981

2.9 0.4981 0.4982 0.4982 0.4983 0.4984 0.4984 0.4985 0.4985 0.4986 0.4986

3.0 0.4987 0.4987 0.4987 0.4988 0.4988 0.4989 0.4989 0.4989 0.4990 0.4990

Fonte: CRESPO, A.A. Estatística Fácil.13' ed. São Pau lo, Saraíva, 1995 .

• 1511 -·
Ainiciativa do organizador deste livro ao trazer aspectos regulatórios e de qualidade,
passando por diferentes conceitos de metodologias físico-químicas, vem preencher uma
importante lacuna, considerando-se a ausência de bibliografia nacional nesse segmento.
A facilidade de leitura e a forma de apresentação, agregando aspectos estritamente
práticos, mas trazendo respostas e embasamentos técnico-científicos, constituem
diferenciais preciosos.
Ainda, a gama de assuntos abordados, abrangendo aspectos de amostragem e.
estatística, ensaios de identificação, controle de fitoterápicos, estudo de estabilidade,
chegando à análise instrumental, é de interesse para diferentes setores farmacêuticos, da
farmácia pública à industrial.

Ora. Terezinha de Jesus Andreofi Pinto

,:]]Jil ti)
Pharmabooks

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