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Aluna: Stephane Roseno Trajano da Silva Período: 4

CPF: 105.224.794-64
Professor: Diego De Sousa Dantas
Departamento de Fisioterapia da UFPE

Força de preensão manual e desfechos clínicos em pacientes com


Câncer.

1. Câncer: Tratamento, Hospitalização e Qualidade de Vida.

Câncer é qualquer doença originada a partir de um distúrbio de


crescimento celular desordenado que se caracteriza por invadir tecidos
adjacentes. A prevalência de câncer em todo mundo é de um á cada três
mortes isso a deixa em segundo lugar entre as doenças que mais levam a
óbito, segundo a OMS (dados de 2018). Segundo ela, são os países de baixa e
media renda quem mais está sofrendo com os impactos dessa realidade.

Seja qual for o seu tratamento (radioterapia, quimioterapia ou


hormonioterapia), o desfecho clínico estará relacionado com alguma desordem
patológica do tipo edema, inflamação, necrose tecidual e comprometimento de
órgãos e sistemas ainda saudáveis (MIYAMOTO et al., 2015). E estão
correlacionados á sarcopenia e a Caquexia (BORGES et. al, 2020). A
sarcopenia cancerosa é caracterizada pela perda do tecido muscular
esquelético utilizando-se de mecanismos que impede a regeneração do tecido,
enquanto a Caquexia é caracterizada pela perda da gordura corporal
consumindo as reservar energéticas corporais e sem apetite o paciente chega
a um quadro de anorexia e profunda fraqueza. Por isso sua aferição precoce se
revela muito importante para medidas preventivas (MONTEIRO et al., 2016).

Suas complicações clínicas no organismo humano corroboram para um


desfecho clínico que precede ao óbito. As complicações do câncer e de seus
tratamentos na qualidade de vida, não é algo positivo porque afeta
profundamente as condições físicas e fisiológicas desses pacientes.
Um dos motivos desses agravos está na própria hospitalização desses
pacientes. De acordo com a European Action on Secondary and Primary
Prevention by Intervention to Reduce Events III (EUROASPIRE III), índices de
qualidade de vida em pessoas hospitalizadas durante 6 meses foi baixo
(TOKGÖZOĞLU et al, 2016) . Além disso, é de fácil constatação a péssima
condição de internação de vários hospitais de nosso país.

Em um estudo a maioria dos pacientes entrevistados respondeu que ter


qualidade de vida pode ser definido como se “movimentar”, “ter uma atividade”
para realizar. Além de se enfatizar uma “boa alimentação” (SÁNCHEZ et al.;
2015).

Todas essas carências se dão principalmente pelas patologias


seguintes: sarcopenia cancerosa e a caquexia cancerosa. A sarcopenia
cancerosa é caracterizada pela perda do tecido muscular esquelético
utilizando-se de mecanismos que impede a regeneração do tecido, enquanto a
Caquexia é caracterizada pela perda da gordura corporal consumindo as
reservar energéticas corporais e sem apetite; o paciente chega a um quadro de
anorexia e profunda fraqueza, doenças que acometem a funcionalidade dos
músculos e a reserva energética em forma de tecido adiposo (MIYAMOTO et
al., 2015).

A relação entre a sarcopenia e o câncer é exemplificada em estudo local


em hospital chinês (ZHANG et al; 2016) onde se observou que: dos 113
pacientes com algum tipo de câncer apenas 15% não apresentaram
sarcopenia; que pessoas do sexo masculino eram as mais afetadas; a
incidência de pacientes que passaram por algum dos tratamentos e adquiriram
sarcopenia era maior do que as que não adquiriram durante o tratamento.

Para ainda clarificar no que consistem os desfechos clínicos em


pacientes neoplásicos iremos observar a figura abaixo:
(Adaptado de MONTEIRO et al., 2016)

Aqui vemos que tanto sarcopenia e a caquexia elevam a toxidade da


quimioterapia, levando a interrupções do tratamento o tornando ineficiente e
aumentando o custo para mantê-lo. Consequentemente maior tempo de
hospitalização também não resulta em um bom prognóstico.

Embora essas patologias prejudiquem a nutrição do organismo o melhor


método para análise não é do ponto de vista nutricional e sim parâmetros
antropométricos da musculatura.

2. A Força de Preensão Palmar

O European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP)


no ano de 2018 realiza uma atualização nos parâmetros de identificação da
sarcopenia e conclui que FPP serve para identificá-la e iniciar as intervenções
necessárias. Dispensa, em sua metodologia, a prévia realização de
Densitometria por Emissão de Raios X (DXA), Bioimpedância (BIA),
Tomografia Computadorizada (CT), Imagem por Ressonância Magnética (RMI),
exames dispendiosos e de difícil acesso; podem ser usados para uma
confirmação final.

Para avaliação inicial, após um questionário SARC-F positivo para a


sarcopenia, procede-se à mensura com da FPP com um Dinamômetro, além
de um exame de marcha, aqui não contemplado. Como valores de referência
da FPP, valores menores que 27 kgf em homens e que 16 kgf em mulheres
revelam um forte indício de sarcopenia, demandando intervenção.

Esse método consiste em usar as mãos para exercer pressão sobre


algum objeto e com isso aferir a potência e força muscular dos tecidos dos
músculos envolvidos na ação. Para tanto, se pode utilizar um dinamômetro.
Devido às diversas variáveis envolvidas no desenvolvimento da sarcopenia é
de extrema importância seu diagnóstico precoce, principalmente em pacientes
oncológicos (EICHINGER et al. 2015).

(Retirado de COSTA REIS, 2019)

Contudo, este importante método de aferição contém interferências que


devem ser mais bem analisadas junto a sua aplicabilidade, como por exemplo,
dimensões da mão, perímetro do punho, a largura da palma da mão, o
tamanho da palma da mão, a massa corporal e a estatura perímetro do
antebraço, massa gorda e óssea, dentre outras.
3. Discussão

Mas pode-se concluir que a FPP é possui uma grande vantagem tanto
operacionalmente como financeiramente, além de fisiologicamente. Pois possui
um nível de precisão cientificamente e mundialmente comprovada além de ser
um método que não apresenta nenhum risco á estrutura corporal e ser indolor.
É de baixo custo, podendo ser empregado em larga escala em países de baixa
ou media renda, possibilitando um diagnóstico rápido, e o necessário
acompanhamento e intervenção.

Sendo uma importante ferramenta para acompanhar os desfechos


clínicos durante a internação de pacientes oncológicos, contribui para a
aplicação da mobilidade precoce, controle e tratamento glicêmico, estratégia
nutricional, controle de eletrólitos e hormônios, dentre outros protocolos de
manejo de pacientes hospitalizados; importante para a diminuição de sequelas
graves após sair do hospital. Tendo em vista ser imprescindível a não piora do
quadro de sarcopenia ou de qualquer outra disfunção relacionada à perda da
massa muscular, direcionar esforços para uma melhora no desfecho clínico, e
com isso reduzir o tempo de internação e hospitalização, evitando mais óbitos
relacionados a doenças neoplásicas.
Referências Bibliográficas

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