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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE – CCBS


DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA – DEFAR
CURSO DE FARMÁCIA
DISCIPLINA: TECNOLOGIA FARMACÊUTICA
DOCENTE: Dra. MARIA LUIZA CRUZ

Resenha crítica: Long-acting implantable devices for the prevention and


personalised treatment of infectious, inflammatory and chronic diseases.

São Luís – MA

2022
ANTONIA SOLANGE LOBO DE OLIVEIRA

SANDRA MARA PEREIRA ARAÚJO

Resenha crítica: Long-acting implantable devices for the prevention and


personalised treatment of infectious, inflammatory and chronic diseases.

Trabalho apresentado á disciplina de


Tecnologia Farmacêutica ministrada pela
professora Dra. Maria Luiza Cruz no curso
de Farmácia para obtenção de nota.

São Luís – MA

2022
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RESENHA CRÍTICA

CORDUAS, Francesca; MANCUSO, Elena; LAMPROU, Dimitrios A. Long-acting


implantable devices for the prevention and personalised treatment of infectious,
inflammatory and chronic diseases. Journal of Drug Delivery Science and
Technology
Volume 60 , dezembro de 2020 , 101952.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1773224720312417

Antonia Solange Lobo De Oliveira

Sandra Mara Pereira Araújo

A análise crítica a seguir é baseada no artigo “Effect of medication


reconciliation interventions on outcomes: a systematic overview of systematic reviews”
cuja autoria é de Francesca Corduas, Elena Mancuso, Dimitrios Lamprou. O artigo
trata-se de uma de revisão de estudos com o objetivo fornecer uma visão geral das
tecnologias recentemente desenvolvidas para a previsão, prevenção e tratamento
personalizado (3Ps) do vírus da imunodeficiência humana (HIV), doenças
cardiovasculares (DCVs), diabetes e feridas crônicas, com foco em implantes
biomédicos de ação prolongada e sua promessa para aplicação futura.
O estudo buscou realizar uma visão geral das tecnologias sobre a disponibilidade
de novos métodos de fabricação e materiais biocompatíveis permitir projetar sistemas
inovadores de entrega de medicamentos personalizados e direcionados (DDSs). Os
dispositivos investigados poderiam ser personalizados de forma lucrativa de acordo com
o histórico médico e as necessidades do paciente, visando administrar os medicamentos
de forma ainda mais amigável e confortável.

Em relação ao HIV, conforme mostra o artigo existem algumas estratégias com


o objetivo de reduzir os casos globais de infecção pelo HIV e para colocar o máximo
esforço nos progressos substanciais foram feitos para o tratamento desta condição, tais
como Abordagens terapêuticas, como Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e Terapia
Antirretroviral (ART), foram aprovadas, permitindo que as pessoas infectadas vivam
uma vida “normal”. Para o caso dos medicamentos de ação prolongada do HIV uma das
principais estratégias que podem ser empregadas para manejar a baixa adesão à terapia
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com PrEP por parte dos pacientes é o uso de medicamentos de ação prolongada com a
inclusão de medicamentos como o Tenofovir (TVF) e Cabotegravir (CAB) são alguns
exemplos muito usados em combinação com implantes, sendo o TVF é um Inibidor
Nucleosídeo da Transcriptase Reversa (NRTI) com meia-vida de 60-100 h, e é utilizado
devido à sua segurança e tolerabilidade. O CAB, por sua vez, é um inibidor da integrase
do HIV com forte atividade antiviral e atualmente está em fase III de ensaios clínicos. É
adequado tanto para administração oral quanto injetável de ação prolongada com meia-
vida de 31,5 h, sendo considerado, portanto, o CAB capaz de atingir uma concentração
plasmática ideal tanto em homens quanto em mulheres. Enquanto que o ART são
comumente administrados na forma de cristais através de injeções, mas também têm
sido empregados no processo de design de novos tipos de DDSs implantáveis, como
anéis intravaginais (IVR), tendo meia-vidas com duração de 2 a 3 semanas.

Os implantes para a entrega de moléculas de drogas de HIV são divididos em


polímeros (por exemplo, implantes intravaginais e subcutâneos) e baseados em
nanofluidos (por exemplo, dispositivos recarregáveis). Uma das principais vantagens
desse tipo de biodispositivos dentre eles os anéis intravaginais (IVR) estão incluídos na
classe de implantes de liberação tópica de drogas e são projetados para serem fáceis de
usar e monitorar continuamente a doença/ terapia. Um dado muito relevante a respeito
desse tipo de terapia descrito no artigo de acordo com autor Ugaonkar et al. mostra uma
grande importância do uso do anel intravaginal de matriz central pela combinação de
quatro compostos farmacêuticos com o objetivo era obter um dispositivo implantável
capaz de proteger a paciente contra dois tipos de vírus HIV (HIV-1 e HIV-2), HPV e
gravidez (UGAONKAR, et al,2018). Já as URAs são o padrão ouro no tratamento da
infecção pelo HIV na população feminina, mas a adesão do paciente à sua
administração ainda é uma preocupação; além disso, a fabricação de IVRs geralmente é
realizada em altas temperaturas, dificultando a incorporação de terapêuticas. Outra
pesquisa com muita relevância para o tratamento de pacientes está descrito no artigo,
mostrando como um implante nanofluídico recarregável foi desenvolvido por Chua et
al. com experimentos realizados em dois dispositivos de titânio constituídos por dois
reservatórios recarregáveis contendo TAF e emtricitabina (FTC), que podem liberar
drogas através de membranas de silício (formas circulares e retangulares).
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No caso das Doenças Cardiovasculares também é observado biodispositivos


cruciais para implementação de uma terapia efetiva. Sendo assim, conforme é destacado
no artigo o uso de stents são oss mais utilizados para tratamento de DCV, tendo em
vista que o uso destes stents cardiovasculares envolve a prática de um procedimento
cirúrgico invasivo denominado intervenção coronária percutânea (ICP), onde diferentes
tipos de stents incluem metálicos, farmacológicos, biodegradáveis e eletrônicos. Os
Stents bare metal (BMSs) foram introduzidos logo após os balões de angioplastia (BAs)
para evitar a retração elástica do vaso e mesmo que tenham mostrado algumas
melhorias notáveis em relação às tecnologias mais antigas, muitas desvantagens,
incluindo trombose de stent e reestenose, ainda estão associadas ao seu uso. Para
superar esses problemas, foram produzidos BMSs com hastes mais finas, alta
radiopacidade e feitos de novos materiais (ligas de cromo-cobalto e ligas de cromo-
platina em vez de aço inoxidável), infelizmente essas mudanças não trouxeram
nenhuma melhoria, apesar de diversas tentativas por fim nos SFs, moléculas de drogas
(por exemplo, Paclitaxel, Sirolimus e derivados de Sirolimus) tem-se o estudo
satisfatório de encapsuladas na espinha dorsal metálica do stent, ligando-as à superfície
do implante, usando carreador, ou embutindo o dispositivo em materiais poliméricos
duráveis, que atuaram como reservatório, sendo um dos principais estudos relevantes.

Em relação às novas tecnologias para o CVD a biocompatibilidade, as


propriedades mecânicas e o desempenho do stent também podem ser melhorados
através da funcionalização do suporte e do revestimento de sua superfície com
biomolécula ativa. Para citar um exemplo, Zhou et al., criaram um novo stent
bioabsorvível feito de Zinco (Zn) e Cobre (Cu) (C.ZHOU, 2019). Foi notado que o Zn
influencia positivamente o crescimento e a proliferação de células endoteliais e
desempenha um papel importante na prevenção de doenças cardíacas. Para melhorar as
propriedades mecânicas do stent, foi adicionado Cu à formulação, que induz a expressão
do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), além de outros tipos de stents
criados, como os MEMS que são sistemas miniaturizados que consistem em
componentes microeletrônicos, microatuadores e microssensores, sendo muito úteis no
controle preciso do processo de entrega de medicamentos graças à interação de
microtecnologia e componentes eletrônicos. As DCVs, especialmente as DAC, estão
intimamente ligadas ao diabetes mellitus. Essas patologias compartilham alguns pontos
significativos, como piora com a idade e obesidade, além disso, ambas são
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caracterizadas por um perfil lipídico anômalo também necessitam de biodispositivos


que auxiliem positivamente no tratamento dos pacientes.

Ademais, de acordo o artigo “Infecções de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos


Implantáveis – Uma Realidade Crescente e Preocupante” as taxas de infecção de
dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI) têm crescido, determinando a
necessidade de um amplo debate sobre o assunto. Algumas das razões para isso são o
maior número de dispositivos implantados nos últimos anos, maior envelhecimento da
população, novas técnicas e equipamentos, com procedimentos mais complexos e
prolongados (ROCHA, EDUARDO ARRAIS,2021).

De acordo com o artigo “A promessa de terapias antirretrovirais de ação


prolongada: da necessidade à fabricação”, um passo para melhorar os resultados do
tratamento está nos antirretrovirais de ação prolongada. Embora os resultados iniciais
continuem animadores, ainda há oportunidades de melhoria. Estes baseiam-se, em parte,
nos grandes volumes de dosagem do fármaco necessários, nas reações locais no local da
injeção e na frequência das injeções. Assim, surgiram dispositivos implantáveis e pró-
drogas parenterais de longa duração que podem proporcionar resultados clínicos mais
eficazes (GENDELMAN, HE, 2019).

A eficácia terapêutica dos medicamentos de liberação transdérmica tem


chamado a atenção da sociedade pelas vantagens que esta via de administração oferece.
Segundo Silva et al (2010) o desenvolvimento de formulações transdérmicas é uma
estratégia interessante para o transporte de diversas classes de fármacos, tanto
hidrofílicos quanto lipofílicos. O metabolismo de primeira passagem hepática, comum
para fármacos administrados pela via oral, é o responsável por diminuir a
biodisponibilidade e degradar diversos fármacos. Essa via impede que esse efeito de
primeira passagem hepática ocorra. Além disso, alguns efeitos indesejáveis no
estômago, como ocorrem com antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) administrados
pela via oral, podem gerar efeitos secundários, como náuseas, dispepsia, diarreia,
constipação, ulceração e sangramento na mucosa, o que não ocorre pela via
transdérmica. Ademais, a via transdérmica oferece vantagem sobre a via intravenosa e
intramuscular por ser indolor e não invasiva, aumentando a adesão do paciente à
terapia. 
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A utilização da via transdérmica oferece vantagens em diversas circunstâncias


quando comparada às outras vias de administração. As microagulhas (MNs) têm sido
extensivamente estudadas como DDSs transdérmicos, devido ao seu baixo custo, fácil
manuseio, administração indolor e sem necessidade de qualquer fonte de alimentação.
Diante disso, destaca-se o trabalho de Kim et al. que corresponde a um sistema de
microagulhas de transporte de pó (PCM) sem adesivo e à base de dissolução para
administração de insulina e tratamento de diabetes mellitus. Através de estudos
farmacocinéticos avaliou-se a concentração máxima do fármaco (C max ), tempo para
atingir a C max (T max), biodisponibilidade (BA) e a área sob a curva de concentração
sérica do fármaco versus tempo (AUC). Os resultados obtidos mostraram uma liberação
prolongada para PCMs e Cmax mais alta em relação às microagulhas de dissolução comum
(DMNs). Além disso, os PCMs mostraram boa biocompatibilidade e estabilidade da
insulina, juntamente com algumas melhorias em comparação com os DMNs. E a
aplicação de microagulhas permite a administração de moléculas de elevado peso
molecular de maneira minimamente invasiva e muito segura (REIS et al.2014).

No entanto, a utilização de microagulhas, apresenta desvantagens, como a


relativa imprecisão da dose, quando comparadas com as agulhas hipodérmicas, e a
necessidade de manuseio cuidadoso, devendo a aplicação das microagulhas sobre a pele
ser feita respeitando-se a angulação correta. Além disso, fatores biológicos também
podem interferir no sucesso de uso dessa tecnologia, como a variação da espessura do
estrato córneo entre indivíduos, que altera a profundidade de penetração das
microagulhas, e a influência do meio externo, como hidratação da pele ou produção de
suor, na permeação de fármacos (REIS et al, 2014).

Ainda sobre o tratamento para diabetes, destacam-se os sistemas de liberação de


fármacos em circuito fechado (ou pâncreas artificial) são sistemas baseados em
feedback capazes de monitorar continuamente os níveis de glicose no sangue e fornecer
a quantidade certa de insulina de acordo com as variações de Cg do paciente , permitindo
assim um tratamento personalizado. O pâncreas artificial pode ser agrupado em três
categorias principais: a primeira é baseada em algoritmos, que inclui o uso de
componentes eletrônicos, a segunda é baseada em polímeros, em que são utilizados
transportadores de insulina, e a terceira explora as propriedades da insulina modificada.
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O diabetes está relacionado a neuropatia periférica, a doença arterial, ao estado


inflamatório crônico e o comprometimento das funções celulares, que estão entre as
principais causas de pé diabético e úlceras de membros inferiores. Devido as
consequências do diabetes, o artigo informou que 50% das amputações não traumáticas
dos membros inferiores em todo o mundo são causadas por diabetes.

A cicatrização de feridas,  corresponde ao processo biológico através do qual a


pele pode se reparar de danos e envolve a interação de vários tipos de células, fatores de
crescimento, citocinas e quimiocinas. Os tratamentos clínicos dependem principalmente
de desbridamento (por exemplo, cirúrgico, mecânico, biológico, enzimático, autolítico),
estratégias de prevenção de infecção (por exemplo, administração de antibióticos
e agentes antimicrobianos, oxigenoterapia hiperbárica) e terapia biológica, como
administração de fatores de crescimento. É importante proteger o local lesionado de
agentes externos e traumas mecânicos, assim, a ferida é coberta com curativos em
composição seca, líquida ou semi-sólida. Ressaltar-se que antes de iniciar qualquer tipo
de tratamento, a avaliação do paciente é etapa crucial para inspecionar o local da ferida
e identificar dados significativos da história clínica do paciente.

Sendo assim, os dispositivos implantáveis ainda estão sujeitos a algumas


limitações e desvantagens. Pois, requerem cirurgias invasivas para serem inseridos no
corpo e pessoal especializado para realizar a implantação e explicação. Esses
procedimentos, assim como a presença constante de um objeto estranho no corpo,
podem causar dor e desconforto ao paciente. No entanto, os dispositivos implantáveis de
longa ação são uma ferramenta muito promissora para permitir uma administração de
medicamentos inteligente e eficaz. 

Portanto, o tratamento de doenças pode seguir os métodos evolucionários como


os implantes ou métodos comuns de administração de medicamentos, como por
exemplo via oral, via nasal e via intramuscular, contudo para serem eficazes os
medicamentos devem ser administrados todos os dias por períodos determinado pelo
tratamento e não apenas um dia, que pode ser extremamente prejudicial.
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REFERÊNCIAS

CYX Chua, et al., Implante nanofluídico recarregável transcutaneamente atinge nível


sustentado de difosfato de tenofovir para profilaxia pré-exposição ao HIV, J. Contr.
Versão 286 (setembro de 2018) 315–325, https://doi.org/10.1016/j. jconrel.2018.08.010.

C. Zhou, et al., Long-term in vivo study of biodegradable Zn-Cu stent: a 2-year


implantation assessment in suína coronária, Acta Biomater. 97 (outubro de 2019) 657–
670, https://doi.org/ 10.1016/j.actbio.2019.08.012.

Gendelman HE, McMillan J, Bade NA, Edagwa B, Kevadiya BD. The Promise of
Long-Acting Antiretroviral Therapies: From Need to Manufacture. Trends Microbiol.
2019 Jul;27(7):593-606. Doi: 10.1016/j.tim.2019.02.009. Epub 2019 Apr 10. PMID:
30981593; PMCID: PMC6571075.

Rocha, Eduardo Arrais, Araújo, João Lins de e Silva, Ricardo Pereira Infecções de
Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis – Uma Realidade Crescente e
Preocupante. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [online]. 2021, v. 116, n. 6
[Acessado 25 Maio 2022] , pp. 1089-1090. Disponível em:
<https://doi.org/10.36660/abc.20210151>. Epub 14 Jun 2021. ISSN 1678-4170.
https://doi.org/10.36660/abc.20210151.

REIS, Taiene Avila. et al. Microagulhas: estado da arte e aplicações médicas. Brasília
med. P:159-168. Ano 2014. Disponível em:<
https://cdn.publisher.gn1.link/rbm.org.br/pdf/v51n2a12.pdf >. Acesso em: 24.05.2022.

Silva, J.A.; Apolinário, A.C. ; Souza, M.S.R.; Damasceno, B.P.G.L.; Medeiros, A.C.D.
Administração cutânea de fármacos: desafios e estratégias para o desenvolvimento de
formulações transdérmicas. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada.
P:125-131. ano 2010. Disponível em: < file:///C:/Users/USER/Downloads/357-Article
%20Text-1081-1-10-20190919.pdf>. Acesso em: 24.05.2022.
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Ugaonkar, et al., Um novo anel intravaginal para prevenir HIV-1, HSV-2, HPV e
gravidez indesejada, J. Contr. Versão 213 (setembro de 2015) 57–68, https://doi.
Org/10.1016/ j.jconrel.2018.06.018

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