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Saúde
O BIOMAGNETISMO NA ATUAÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Resumo
O Biomagnetismo é uma terapia que consiste na aplicação de imãs sobre a pele, usados
para combater microrganismos Patogênicos causadores de diversas doenças mesmo que
assintomática. Dentro das aplicações dos pares biomagneticos, o coração tem sido
importante, em virtude da grande incidência de infecções e doenças cardíacas além das
possibilidades de intervenção. Tendo como objetivo relatar a importância do
biomagentismo nas doenças cardiovasculares, minimizando intervenções invasivas e
tratamentos medicamentosos. Este estudo insere-se em uma revisão bibliográfica,
exploratória, qualitativa e descritiva realizada no ano de 2017 através das bases de
dados saúde artigos Google acadêmico no período de 2007 à 2017, incluindo como
critérios de inclusão: artigos disponíveis integralmente em português que abordassem o
biomagnetismo, interdisciplinaridade na assistência e doenças cardíacas, onde na
amostra de 23 artigos completos, somente 5 foram utilizados. O Biomagnetismo é um
potente e eficaz sistema terapêutico em que são aplicados ímãs em pontos específicos
posicionados por entre 10 a 15 minutos com pares de ímãs, acima de 1000 gauss que
tem como função corrigir distorções de Ph (potencial de hidrogênio) do organismo por
meio de um rastreio para combater microrganismos patogênicos causadores de diversas
doenças, sendo úteis em procedimentos, diagnósticos e condutas terapêuticas Os
registros através de campos magnéticos irão caracterizar suas anormalidades, em geral
ligadas a doenças cardíacas. Por tanto o biomagnetismo é uma terapêutica que pode ser
uma alternativa prática, rápida e segura e em alguns casos, menos custosa para o
tratamento das doenças cardíacas, os sucessos de restabelecimento da saúde por meio
do biomagnético ira impulsionar o campo da assistência ao paciente com problemas
1
Centro Universitário do Rio Grande do Norte, Enfermagem (UNI-RN).
2
Centro Universitário do Rio Grande do Norte, Enfermagem (UNI-RN).
7944
cardiovasculares e será a razão para que cada vez mais médicos e terapeutas
incorporem esta técnica em suas consultas e tratamentos.
Introdução
O Biomagnetismo é uma terapia que consiste na aplicação de imãs sobre a pele,
usados para combater microrganismos Patogênicos causadores de diversas doenças
mesmo que assintomática. Postula-se que o campo magnético cardíaco, devido ao seu
tamanho, é um componente importante na organização interna do corpo humano, bem
como a interação entre dois ou mais seres humanos e com outros organismos vivos. No
entanto, esse campo magnético não está limitado ao órgão, mas se estende para fora do
corpo. Dentro das aplicações dos pares biomagneticos, o coração tem sido o segundo
órgão mais importante, em virtude da grande incidência de infecções e doenças
cardíacas além das possibilidades de intervenção. Este estudo tem como objetivo relatar
a importância do biomagentismo nas doenças cardiovasculares, minimizando
intervenções invasivas e tratamentos medicamentosos.
Metodologia
Este estudo insere-se em uma revisão bibliográfica exploratória, qualitativa e
descritiva realizada entre os meses de janeiro a outubro de 2017 incluindo os seguintes
critérios de inclusão: artigos disponíveis integralmente nas bases de dados da saúde
Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura internacional em ciências da
Saúde (LILACS) em português que abordassem o biomagnetismo, interdisciplinaridade
na assistência e doenças cardíacas. Obtivendo uma amostra inicial de 23 artigos
completos, após análise, somente 5 foram utilizados, pois correspondiam ao objetivo do
estudo. Disponibilizados no período de 2007 à 2017, através da busca usando os
descritores: “Biomagnetismo; Terapias Complementares; Saúde Holística; Campos
Eletromagnéticos” para refinar a coleta de dados e excluir aqueles artigos que não
atendiam ao objetivo da pesquisa.
Resultados e Discussão
Os pares Biomagneticos abrangem os campos magnéticos gerados por
organismos vivos ou por marcadores magnéticos inseridos nesses organismos. É um
7945
potente e eficaz sistema terapêutico em que são aplicados ímãs em pontos específicos
que são posicionados por aproximadamente 10 a 15 minutos por meio de um rastreio
atuando a nível do corpo energético para combater microrganismos patogênicos
causadores de diversas doenças mesmo que assintomática. O tratamento consiste em
aplicar pares de ímãs, acima de 1000 gauss, em determinadas áreas do corpo, de forma
não invasiva. Esses ímãs têm como função corrigir distorções de Ph (potencial de
hidrogênio) do organismo. O Ph alterado, seja ácido ou alcalino, faz com que haja a
proliferação de patógenos. A análise desses campos permite uma melhor compreensão
dos sistemas biológicos, sendo úteis em procedimentos, diagnósticos e condutas
terapêuticas. Dentro dessa explanação o coração tem sido um órgão importante, em
virtude da grande incidência de infecções e doenças cardíacas além das possibilidades
de intervenção os registros através de campos magnéticos irão caracterizar suas
anormalidades, em geral ligadas a doenças cardíacas. As pesquisas nessa área têm
explorado diversos métodos não‑invasivos de medição dos campos biomagnéticos que
podem vir a ser usados para diagnósticos mais precisos, auxílio a tratamentos e
identificação (pré‑ cirúrgica) de áreas afetadas.
Conclusão/Considerações Finais
Por tanto o biomagnetismo é um fenômeno inevitável em todo o mundo e cada
vez mais pessoas se beneficiam com essa terapêutica que pode ser uma alternativa
prática, rápida e segura e em alguns casos, menos custosa para o tratamento das
doenças cardíacas, além de não ter efeitos secundários e não causar qualquer dano, se
mal aplicadas, os sucessos de restabelecimento da saúde por meio do biomagnético ira
impulsionar o campo da assistência ao paciente com problemas cardiovasculares e será
a razão para que cada vez mais médicos e terapeutas incorporem esta técnica em suas
consultas e tratamentos.
Referências
A. A. O. Carneiro, A. Ferreira, E. R. Moraes, D. B. Araujo, M. Sosaz, O. Baa.
7946
instituto de biociências, Rio claro SP, Abril, 2017. Disponível em:
<https://www.repositorio.unesp.br>. Acesso em: 08 out 2017.
FIGURA 1 FIGURA 2
7947
PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA SORRISO DE PLANTÃO: EMPATIA E
FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE
Maria Rosa da Silva1; Josineide Francisco Sampaio2; Ewerton Amorim dos Santos3.
Resumo
1
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Mestranda do Mestrado Ensino na Saúde Faculdade de
Medicina
(MPES/FAMED/UFAL) e Docente da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL);
2
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Docente do Mestrado de Ensino na Saúde Faculdade de
Medicina (MPES/FAMED/UFAL);
3
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), Docente UNCISAL.
7948
desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas à empatia na assistência
à saúde.
Introdução
7949
Entre as competências e habilidades indicadas pelas DCN como necessárias a
serem desenvolvidas na formação dos profissionais na área da saúde, destaca-se: A
comunicação verbal, não verbal, escrita, leitura e tecnológica de informação e Liderança
no trabalho em equipe multiprofissional, relacionada à capacidade de assumir posições
de liderança, tendo em vista o bem estar da comunidade, o que envolve compromisso,
responsabilidade e empatia, além de articular as habilidades e competências,
anteriormente referidas, para atuar profissionalmente de forma efetiva e eficaz (DCN,
2001).
Segundo Falcone (2008), a empatia tem sido compreendida como uma habilidade
social com base em um modelo multidimensional, que corresponde à capacidade que
uma pessoa tem de compreender, compartilhar ou considerar sentimentos, necessidades
e perspectivas de alguém, bem como de expressar esta compreensão de forma que a
outra pessoa se sinta validada e compreendida. Também afirma que a empatia deve ser
compreendida a partir de seus componentes cognitivo, afetivo e comportamental, pois
se observados isoladamente, como por exemplo, o compartilhamento das emoções
(componente afetivo) sem a tomada de perspectiva e dos processos regulatórios
envolvidos (componente cognitivo) que se caracteriza como um contágio emocional ou
simpatia, assim como perceber de forma acurada os sentimentos de alguém, sem
experimentar interesse pelo seu bem estar, não representa manifestação empática.
7950
Projeto de Extensão Universitária Sorriso de Plantão e a sua contribuição na formação
profissional.
Metodologia
Resultados e Discussão
7951
(HUPAA) e Hospital Santa Casa de Misericórdia de Maceió – Unidade Farol (Santa Casa).
Para identificar o perfil sócio profissional dos participantes do Projeto de Extensão
Sorriso de Plantão, foram aplicadas questões relacionadas às variáveis de gênero, sexo,
idade, área e instituição, período do curso, ano de inserção no projeto e hospital que
atuavam.
Tabela 1. Característica sócio-profissional dos participantes do Projeto de
Extensão, 2016.
Número de
7952
Observa-se que dos 93 participantes do projeto, 70 são do gênero feminino,
representando 75,3 % da amostra. Segundo dados disponíveis no Portal Brasil (2015), o
número de mulheres que ingressam no ensino superior é maior do que o de homens. O
percentual médio de ingresso de alunas até 2013 foi de 55% do total, em cursos de
graduação presenciais. Se o recorte for feito por concluintes, o índice sobe para 60%.
Nota-se que 48,4% dos integrantes permanecem no projeto por mais de um ano.
Isso pode estar relacionado ao estabelecimento de vínculos entre os participantes e o
reconhecimento de que as atividades do projeto contribuem para sua formação e
atuação profissional. Segundo Porto, Bittencourt e Sampaio (2015), o respeito ao outro,
o diálogo, o aprender, o escutar e o acolhimento no interior dos projetos de extensão
são aspectos valorizados pelos participantes, além das relações sociais externas. No
estudo de Porto (2017), também se identificou que os acadêmicos sentem-se motivados
em participarem dos projetos de extensão porque os conhecimentos adquiridos são
aplicados dentro e fora da universidade, possuindo alto impacto na qualificação,
formação e atuação profissional.
7953
quantidade de pacientes, de todas as faixas etárias e possui cerca de 160 leitos de
internação. Para atender essa quantidade de pacientes, os palhaços doutores são
distribuídos nos diversos setores, desenvolvendo diferentes atividades, de acordo com
as características e a situação de saúde dos pacientes. Ou seja, enquanto um grupo
permanece no setor de pediatria, outra parte da equipe visita os pacientes adultos e
setor de nefrologia, com uma abordagem diferenciada para cada público, como a
musicoterapia.
Nesse sentido, novas propostas de formação para área de saúde vêm sendo
implementadas com o objetivo de formar profissionais com visão crítica-reflexiva,
utilizando como estratégia de trabalho a integração da equipe multiprofissional, a
delimitação de clientela, a construção de vínculo, a elaboração de projetos terapêuticos
conforme a necessidade de cada caso e ampliação dos recursos de intervenção sobre o
processo saúde doença (BRASIL, 2006).
7954
em relações de solidariedade que permitam a ressignificação da concepção de saúde, o
que requer uma abordagem interdisciplinar e que reconheça a importância da interação
entre os sujeitos. Desse modo, a interdisciplinaridade não se refere a uma categoria de
conhecimento, mas sim a uma categoria de ação (LEIS, 2005).
Quanto ao período do curso, um maior número de participantes encontra-se a
partir do 6º período (57%). Em estudo realizado por Porto (2017) sobre a extensão
universitária, observa-se que nesse momento do curso, o estudante possui maior
conhecimento sobre as atividades ofertadas na sua instituição e procuram se engajar
naquelas que possibilitam adquirir ou potencializar conhecimentos e experiências
relacionados ao que pretendem desenvolver como profissionais.
7955
relato das experiências daqueles que participam ou participaram dessas ações e das
redes sociais.
A tabela 2 mostra a análise dos dados desta pesquisa em que foi utilizado como
referência às informações normativas do Inventário de Empatia (IE) de Falcone et al
(2008) pela confiabilidade das pesquisas realizadas pela autora em sua aplicação com
resultados considerados adequados em diferentes grupos e contextos sociais da
população brasileira, para aferir os níveis de empatia, devido a sua consistência interna.
Além disso, a pesquisadora recomenda que seja calculado o coeficiente Alfa de
Cronbach para cada fator com a finalidade de reforçar a confiabilidade da medida e a
validade dos dados.
7956
Observa-se na tabela acima que os integrantes do Projeto Sorriso de Plantão
apresentaram uma média de 45.1 para o Fator TP, considerada elevada em relação à
média de 40,92 apresentada para o IE. Referente à Flexibilidade Interpessoal (FI)
corresponde a níveis medianos de 31,3 (referência de 31,08 para IE). Quanto aos
componentes afetivos: AL apresenta 31,3; dado superior aos dados normativos do IE: de
22,46. Enquanto no componente SA, foi apresentado 37,9; considerado dado inferior aos
valores de referência 43,92.
Percebe-se que os participantes do Projeto Sorriso de Plantão, de um modo geral,
apresentaram valores dentro da média indicada por Falcone et al (2008), embora
tenham apresentado diferenças nos fatores como TP e AL com médias elevadas e
médias baixas para FI e SA, tendo como referência o IE. Entretanto, segundo a autora, os
participantes poderiam apresentar irregulares níveis nos fatores e, mesmo assim, serem
pessoas empáticas. A média encontrada não pode ser colocada num mesmo patamar de
valor nos fatores cognitivos e afetivos, para indicar equilíbrio e afirmar se o participante
tem ou não algum nível de empatia, pois a empatia implica em algum nível de
sentimento e cognição.
Conclusão/Considerações Finais
7957
Baseado nestes pressupostos e ao considerar as habilidades e competências a ser
desenvolvidas no processo de formação em saúde requeridas na Política Nacional de
Extensão Universitária – que possibilita ao acadêmico escolher participar de projetos
que se identifica permitindo-lhe desenvolver os componentes da empatia, bem como
contribuir para a formação profissional com o perfil preconizado nas DCN. Desse modo,
o Projeto de Extensão Sorriso de Plantão contribui com ensino diferenciado, referente à
empatia, valores, atitudes, relações humanas e formação profissional em saúde.
Referências
AZEVEDO, R. P.; DINI, P. S. Guia para construção de Ligas Acadêmicas. Ribeirão Preto:
Assessoria Científica da Direção Executiva Nacional de Estudantes de Medicina, 2006.
7958
Extensão Universitária na Formação em Saúde. Maceió: Edufal, 2015, p. 87-94. Maceió:
EDUFAL, 2015.
PEREIRA, L.A.; LOPES, M.G. K.; LUGARINHO, R. Diretrizes curriculares nacionais e níveos
de atenção á saúde: Como compartilhar? 2006. Disponível em: <www.fnespas.org.br>.
Acesso em: 27 Ago. 2017.
7959
SILVA, M. R; SANDES, D.V. O sorriso como recurso terapêutico à criança hospitalizada:
lições de palhaços doutores para um cuidado humanizado. Cadernos de Graduação/
Ciências Biológicas e da Saúde, vol. 3. n. 2, 2016, p.43-56.
7960
OFICINA DE AUTOCUIDADO: AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA
ATENÇÃO HUMANIZADA PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO
Bianca Nunes Guedes do Amaral Rocha1; Nathália Priscilla Medeiros Costa Diniz2
Resumo
A utilização das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde¹ como recurso
terapêutico baseado no cuidado integral e humanizado, vem sendo gradativamente
inseridas no Sistema Único de Saúde. Tais práticas envolvem abordagens que buscam
estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por
meio de tecnologias de baixo custo, eficazes e seguras, com ênfase na escuta
acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano
com o meio ambiente e a sociedade. Esta proposta de extensão tem a finalidade de
desenvolver a Oficina de Autocuidado para a promoção da saúde da comunidade da Vila
de Ponta Negra. A referida Oficina se constitui de encontros quinzenais com a
realização de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde que atendem às
necessidades da população com faixa etária a partir de 18 anos, adscrita à Unidade
Básica de Saúde da Vila de Ponta Negra, localizada na cidade de Natal-RN,
possibilitando ao indivíduo a aquisição de autonomia para desenvolver a capacidade de
autocuidado². Para tanto, são realizadas atividades como: exercícios de alongamentos,
automassagem, técnicas de relaxamento, meditação, cantoterapia, musicoterapia,
danças circulares, arteterapia, palestras educativas e vivências lúdicas. Os encontros
envolvem práticas coletivas e individuais com ênfase na promoção da saúde³ que
colaboram na prevenção dos desequilíbrios energéticofuncionais e/ou redução das
limitações existentes, viabilizando um estado de bem-estar integral e melhoria na
qualidade de vida da população.
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Escola de Saúde da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, s/n, CEP 59078-970, Natal, RN, Brasil. 2 Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN).
7961
Palavras-chave: Práticas Integrativas e Complementares em Saúde 1; autocuidado 2;
promoção da saúde 3.
Introdução
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) vêm sendo inseridas
no Sistema Único de Saúde respaldadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares em Saúde (PNPIC) regulamentada pela Portaria Ministerial nº 971
em 03 de maio de 2006, e da Portaria nº849/2017 que amplia a PNPIC; e no âmbito do
Estado do Rio Grande do Norte pela Política Estadual de Práticas Integrativas e
Complementares (PEPIC) de 2011, aprovada pela Portaria nº 274/GS e pela Política
Municipal de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PMPIC) (Portaria nº
137/2016-GS/SMS). Porém, a implementação dessas práticas apresenta-se ainda
incipiente, se analisarmos o número de estados e municípios do País que investem no
desenvolvimento das PICS. Uma vez que o Estado do Rio Grande do Norte já avançou,
comparando-se a outros estados do País, no aspecto referente à regulamentação destas
práticas, torna-se importante considerar que deve haver uma ampliação na
implementação das mesmas na Rede de Atenção à Saúde, sobretudo, na Atenção
Básica, considerado o nível de atenção ideal para o desenvolvimento das PICS.
7962
desejam conhecer e /ou atuar com essas estratégias de cuidado integral e humanizado,
estabelecendo uma parceria entre ensino e serviço.
Metodologia
Trata-se de um a extensão universitária do tipo projeto, estruturado sob a forma
de uma Oficina de autocuidado desenvolvida com base numa programação terapêutica
quinzenal envolvendo as seguintes atividades individuais e coletivas: exercícios de
alongamentos, automassagem, técnicas de relaxamento, meditação, cantoterapia,
musicoterapia, danças circulares, arteterapia, palestras educativas e vivências lúdicas. A
distribuição das práticas realizadas se dá de forma alternada e mediante a necessidade
do grupoparticipante da Oficina.
7963
3) Realização das oficinas de autocuidado quinzenalmente;
Resultados e Discussão
Apresentar os dados obtidos e sua discussão. Poderão ser apresentados imagens,
gráficos, quadros ou tabelas. Destacar a participação da comunidade, se existente, e a
alteração da situação problema.
7964
Nesta ótica de produção de cuidados, essas terapias não se limitam à cura de doenças,
mas viabilizam uma maior consciência corporal, valorização da subjetividade e
autonomia dos sujeitos. Outros pontos compartilhados pelas diversas abordagens
abrangidas nesse campo são a visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção
global do cuidado humano, especialmente do autocuidado (BRASIL, 2011).
7965
PICs estão presentes em quase 30% dos municípios brasileiros, distribuídos pelos 27
estados e Distrito Federal e todas as capitais brasileiras (BRASIL, 2018b). O segundo
ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica
(PMAQ) avaliou mais de 30 mil equipes da Atenção Básica em território nacional e
demonstrou que as PICS estão presentes em todo o país, com o objetivo de induzir a
ampliação do cuidado. O PMAQ trouxe informações individualizadas por equipe,
ampliando as possibilidades de monitoramento da Política. (BRASIL, 2018b).
7966
FIGURA 1 FIGURA 2
FIGURA 3
FIGURA 4
7967
Oficina de Musicoterapia
Conclusão/Considerações Finais
Com base nas ações advindas do projeto de pesquisa na comunidade, cujas
atividades iniciaram em 2017, foi possível ter uma maior adesão e continuidade das
ações, como projeto de extensão em 2018. Dessa forma, vem sendo possível e
plenamente gratificante desenvolver na população participante das oficinas
habilidades e empoderamento para o autocuidado, contribuindo para a prevenção dos
desequilíbrios energético-funcionais e/ou redução das limitações existentes,
viabilizando um estado de bem-estar integral e melhoria na qualidade de vida.
Referente aos discentes e voluntários envolvidos, é nítido o desenvolvimento de seus
conhecimentos e habilidades, possibilitando uma ampla compreensão do processo
saúdedoença a partir da dimensão de um cuidado integral e humanizado, o que
acarreta aprimoramento em sua formação profissional e humana.
Referências
7968
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional
de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores trabalhadores do SUS.3.
ed. reimp. Brasília, 2010. BRASIL.
7969
HUMANIZA ILPI: AÇÃO MULTIPROFISSIONAL PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE DE
RESIDENTES DA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS JUVINO
BARRETO
7970
promover ações multiprofissionais e de promoção da saúde para os idosos
institucionalizados. As atividades serão desenvolvidas em dois cenários distintos: UFRN
e Instituto Juvino Barreto. Na UFRN serão realizadas oficinas e discussões teórico-
científicas sobre a temática com a participação dos discentes, coordenadores do projeto,
pesquisadores convidados e profissionais da ILPI. Além disso, também serão realizadas
reuniões semanais para organização e execução das atividades do projeto. No Instituto
Juvino Barreto serão desenvolvidas, durante o horário de visitas, as ações de extensão
em consonância com as necessidades e as atividades programadas pela ILPI. Resultados
Esperados: Espera-se com esse projeto de extensão melhorar a interação e convívio
entre os residentes da instituição; prevenir danos à saúde e incentivar melhores
cuidados à saúde longeva, muitas vezes agravadas pela depressão, ansiedade e
estresse; diminuir a dependência funcional e declínio cognitivo; diminuir o estresse da
fase idosa, bem como capacitar os acadêmicos quanto à atuação na população idosa,
para entender e suprir suas necessidades, mediante a prática aliada à teoria. Além disso,
anseia-se proporcionar outra forma de enxergar a saúde e o cuidado ao idoso, de uma
maneira mais humanizada e menos tecnicista, vislumbrando que cada pessoa envolvida
passe a ter consigo a noção do quanto a atenção, interação – seja através de um olhar,
de uma conversa, de um toque – e as mais variadas atividades propostas, são capazes
de transformar e levar mais alegria e vivacidade a cada ser humano que o projeto em
questão abrange.
Introdução
No Brasil, o número de idosos passou de três milhões em 1960, para sete milhões
em 1975 e 14 milhões em 2002um aumento de 500% em quarenta No Brasil, o número
de idosos passou de três milhões em 1960, para sete milhões em 1975 e 14 milhões em
2002um aumento de 500% em quarenta anos (LIMACOSTA; VERAS, 2003). Projeções
indicam que em 2020 será o sexto país do mundo em número de idosos, com um
contingente superior a 30 milhões de pessoas, equivalente a aproximadamente 14% da
população nacional (CARVALHO; GARCIA, 2003). Exemplo disso é o que vem
acontecendo no Rio Grande do Norte, que em um intervalo de 10 anos, 20012011,
houve um aumento de 52,7% da população idosa. Ademais, ocorreu uma diminuição de
21,3% da população entre 0 a 4 anos nesse mesmo período, refletindo, também, uma
diminuição na fecundidade local que passou de 2,63 em 2000 para 1,63 em 2010. (IBGE,
2002, 2012, 2013). Concomitantemente ao processo de transição demográfica no Brasil,
há mudanças epidemiológicas, trazendo uma série de questões cruciais, tanto para os
7971
gestores e pesquisadores contemporâneos dos sistemas de saúde, quanto para as
demais esferas sociais.
7972
possibilitará aos docentes envolvidos a aproximação com os serviços de saúde no
âmbito das ILPI’s, criando oportunidades de contribuição da academia para a melhoria
da qualidade da assistência e para uma formação profissional mais humanizada e
comprometida com os problemas da sociedade.
7973
as famílias manterem seus idosos em casa ou a ausência de uma referência familiar
para estes têm impulsionado o crescimento da demanda por ILPIs. Nos países
desenvolvidos, as opções para se manter o idoso na comunidade através de uma rede
de serviços têm mudado o perfil da institucionalização.
Hoje a predominância nas instituições é de idosos com idades mais avançadas, com
perdas funcionais sérias e com demência. Nos países em desenvolvimento como o
Brasil, com extrema desigualdade socioeconômica e diversidade cultural, o cuidado do
idoso assume contornos diferenciados. No Sul, Sudeste e para aqueles com maior poder
aquisitivo, a institucionalização tende a ser similar a dos países desenvolvidos. Porém,
muitos idosos são institucionalizados por doenças crônico-degenerativas e dificuldades
geradas pela falta da família ou impossibilidade desta para mantê-lo. Algumas situações
são também marcadas pelo conflito familiar e resultam na procura da família, ou às
vezes do próprio idoso, pela institucionalização. De outra parte, muitas famílias não
conseguem manter o idoso dependente em casa, porque o cuidado se torna difícil e
desgastante física e emocionalmente. No âmbito do governo federal, o cuidado
institucional tem recebido baixa atenção, praticamente residual (CAMARANO; MELLO
2010). Em geral, cuidados de longa duração são parte dos sistemas de saúde ou dos
sistemas de assistência social dos países, porém os limites entre os serviços ofertados
pelos dois sistemas ainda não são bem definidos (BORN; BOECHAT, 2006). A atuação do
governo junto às instituições que cuidam dos idosos tem se realizado, quase que
exclusivamente, via auxílio financeiro às instituições filantrópicas. Infelizmente, o
modelo asilar brasileiro ainda tem muitas semelhanças com as chamadas instituições
totais, ultrapassadas no que diz respeito à administração de serviços de saúde e/ou
habitação para idosos. Nesse espaço, os indivíduos se tornam cidadãos violados em sua
individualidade, sem controle da própria vida, sem direito a seus pertences sociais e à
privacidade, com relação difícil ou inexistente com funcionários e o mundo exterior.
Apesar do avanço do governo na esfera da fiscalização, ainda se associa às ILPIs,
frequentemente, uma baixa qualidade dos serviços prestados pelas instituições,
reforçando ainda mais, o preconceito social (CHRISTOPHE; CAMARANO, 2010).
7974
papel social das universidades neste cenário, que através das ações de extensão pode
contribuir para a promoção da qualidade de vida e amparo desses idosos e viabilizar aos
discentes a oportunidade de atuarem como profissionais cidadãos e comprometidos
com as distintas realidades sociais, especialmente àquelas relacionadas à exclusão e
abandono da população idosa.
Metodologia
Trata-se de uma extensão universitária da UFRN a ser desenvolvida na ILPI Juvino
Barreto durante os anos de 2017 e 2018 com o objetivo de promover ações
multiprofissionais e de promoção da saúde para os idosos institucionalizados.
A ILPI Juvino Barreto constitui-se como uma instituição filantrópica sem fins
lucrativos destinada a resgatar e amparar idosos carentes sem família cuja necessidade
de acompanhamento é total. Localizada em Natal/RN, esta instituição é considerada a
maior do estado do Rio Grande do Norte com 70 idosos residentes (24 homens e 46
mulheres), mantendo-se a partir de doações da sociedade e de ajuda financeira do
governo do estado. Este projeto, que já foi iniciado como uma ação de extensão no
semestre 2015.2 com a participação de alunos de diversos cursos da UFRN.
7975
Programação do mês de agosto de 2017 – Distribuição das reuniões cientificas,
organizacionais e as datas das intervenções
Resultados e Discussão
7976
Fig1: modelo de ação de intervenção – os alunos participantes confeccionaram
mensagens para cada idoso da instituição.
Fig2. Intervenção lúdica com uso de música e dança para os idosos da instituição
(divulgação permitida pelos integrantes) 10/03/2018
Fig3. Alunos do projeto Humaniza e idosos do Instituto Juvino Barreto: integração além
da academia (divulgação permitida pelos integrantes) 10/03/2018
7977
Fig4. A integração entre os alunos do projeto e os idosos do instituto Juvino Barreto em
mais uma das intervenções realizadas (divulgação permitida pelos integrantes)
10/03/2018.
Conclusão/Considerações finais
O projeto HUMANIZA ILPI: Ação multiprofissional para promoção da saúde de
residentes da Instituição de Longa Permanência para Idosos Juvino Barreto, vem desde
de 2015 auxiliando aos graduandos da UFRN a perceberem o envelhecimento e o ser
idoso de um modo mais humano, tornando o contato entre o aluno e o idoso um
momento de aprendizado que vai além do técnico-cientifico. Desde sua criação, foi
almejado que o projeto tivesse um caráter de ação de extensão ativa, para que o aluno
pudesse ter uma visão criticosocial mais ampla, conseguir compreender e debater sobre
o tema e criar uma visão mais universal sobre o cuidar.
Referências
ARAÚJO, C. L. O; SOUZA, L. A. S; FARO, A. C. M. Trajetória das instituições de longa
permanência para idosos no Brasil. Hist. Enferm. Rev. Eletrônica, v. 1, n. 2, p. 25062,
2010.
7978
BORN, T.; BOECHAT, N. S. A qualidade dos cuidados ao idoso institucionalizado. In:
FREITAS, E. V. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Cuidados de longa duração para a população idosa: Um novo risco social a ser
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7979
PINTO, S. P. L. C; SIMSON, O. R. M. V. Instituições de Longa Permanência para Idosos no
Brasil: Sumário da Legislação. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., v. 15, n. 1, p. 16974, 2012.
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2008. Instituições de longa permanência para idosos ILPIS: desafios e alternativas no
município do Rio de Janeiro.
7980
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, ACOLHIMENTO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE: ESTRATÉGIAS
PARA UMA FORMAÇÃO HUMANIZADA
Claudio José dos Santos Júnior1; Raquel de Lima Chicuta2; John Victor dos Santos Silva3;
Claudio Fernando Rodrigues Soriano4; Maria Rosa da Silva5
Resumo
Este trabalho apresenta um relato de experiência das ações desenvolvidas pelo Projeto
de Extensão Universitária “Acolher”, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de
Alagoas (Uncisal), durante o ano de 2016. As intervenções realizadas foram pautadas no
desenvolvimento de atividades lúdico-educativas na área de saúde pediátrica nas
Enfermarias de cuidados infantis do Hospital Geral do Estado, em Maceió-AL, através do
emprego da ludoterapia e da educação em saúde. A partir da introdução de tais
estratégias, pode-se propor alternativas às privações e restrições impostas pelo
ambiente hospitalar, diminuindo a tensão do processo de internação e colocando em
prática a promoção de saúde através de momentos de descontração, integração e de
compartilhamento de conhecimentos.
Palavras-chave: Extensão Universitária; Educação em Saúde; Ludoterapia.
Introdução
A hospitalização é uma condição de forte impacto na vida da criança e na rotina
de todos que estão envolvidos diretamente com o seu cuidado. Atividades como o
convívio escolar, lazer, relações familiares e sociais são prejudicadas pelo marcante
processo de adaptação a realidade da internação. Ao ser afastada do seu ambiente
domiciliar, atividades básicas, como vestimentas, banho e alimentação, tornam-se
1
Acadêmico. Faculdade de Medicina da UNCISAL (FAMED-UNCISAL).
2
Acadêmico. Faculdade de Nutrição da UFAL (FANUT-UFAL).
3
Acadêmico. Faculdade de Enfermagem da UNCISAL (ENF-UNCISAL).
4
Médico. Professor. Faculdade de Medicina da UNCISAL (FAMED-UNCISAL). 5
Enfermeira. Faculdade de Enfermagem da UNCISAL (ENF-UNCISAL).
7981
totalmente dependentes da rotina institucional e submetidas às restrições do contexto
hospitalar.
7982
Assim, nesse trabalho, parte-se da premissa de que a ludoterapia, aliada a
humanização e a educação em saúde, surgem como estratégias de transmitir conteúdos
educacionais e terapêuticos com a finalidade de estimular os usuários dos serviços a
serem protagonistas do seu próprio cuidado em saúde através do prazer, da brincadeira
e da alegria, tornando o processo de cuidado e de recuperação mais prazeroso e
modificando a rotina triste e inquietante característica do hospital.
Nessa perspectiva, objetiva-se relatar a experiência das ações e vivências
proporcionadas pelo Projeto de Extensão Universitária “Acolher”, da Universidade
Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). Essa ação extensão tem como
principal foco o desenvolvimento de atividades educativas na área de saúde pediátrica
com pacientes internos e seus familiares no Hospital Geral de Maceió-AL, através do
emprego da ludoterapia e da educação em saúde.
Metodologia
Segundo Gil (2008) a pesquisa-ação tem base empírica, apoia-se nas experiências
vividas e na observação dos pesquisadores, e geralmente está relacionada com a
7983
solução de um problema de forma coletiva e participativa, no qual os pesquisadores
estão envolvidos diretamente e de modo cooperativo ou participativo. Já o método
fenomenológico, à luz de Merleau-Ponty (1999), é aplicado para o exame das
experiências vividas e dos significados a elas atribuídos, e tem como etapas a descrição,
a redução e a compreensão dessas experiências, sendo que nessa última etapa ocorre a
fase das interpretações.
Resultados e Discussão
O Projeto Acolher vem desenvolvendo suas atividades desde 2012 e conta com a
participação de estudantes universitários para levar ações de educação em saúde para a
rotina da Unidade Pediátrica do Hospital Geral do Estado Dr. Oswaldo Brandão Vilela -
HGE, localizado em Maceió-AL. A ação é cadastrada na Pró-Reitoria de Extensão da
Uncisal (PROEX) e atualmente conta com 51 (cinquenta e um) voluntários que
desenvolvem suas atividades sempre durante a semana, de segunda a sexta-feira,
seguindo a um cronograma préestabelecido pela coordenação do Projeto.
7984
valorizar a importância do cuidado integral, da relação humanizada e das suas
potencialidades.
Temas
Acidentes domésticos
Afogamento
Bullying
Direitos dos usuários do SUS
Estatuto da criança e do adolescente
Higiene bucal
Higiene dos alimentos
Alimentação saudável
Intoxicação
Lavagem das mãos e higiene pessoal
Prevenção de acidentes de trânsito
Queimaduras
Violência
7985
Como mencionado, o foco do Acolher é o público infantil. Assim, suas
intervenções são pautadas na aplicação de estratégias lúdicas visando à criação de um
ambiente favorável ao enfrentamento da doença, da situação de hospitalização e à
promoção da educação em saúde. Os materiais utilizados nas visitas (manuais
explicativos, álbuns de imagens, folders e jogos temáticos) são elaborados pelos
próprios monitores em oficinas temáticas executadas pela coordenação do Projeto.
Durante a fase de elaboração desses instrumentos prioriza-se o emprego de uma
linguagem apropriada a fim de facilitar a compreensão das informações pelo público
atendido.
7986
De forma complementar, e com a finalidade de cumprir os objetivos das ações,
são aproveitados brinquedos, fantoches, cartilhas e objetos diversos, advindos de
doções ou de aquisições feitas pelos membros do Projeto no comércio local. Além
desses recursos, a incorporação de personagens infantis, a contação de histórias, a
utilização de atividades teatrais, dinâmicas, brincadeiras, apresentações artísticas e o
emprego de músicas e poemas também contribuem para a quebra do paradigma
destacado por Silva e Avelar (2007), que descreve o relacionamento do profissional de
saúde com o paciente, por vezes, muito caracterizado como técnico, impessoal e com
pouco envolvimento afetivo. Tais mecanismos são utilizados ainda com o objetivo de
instigar a criança a interagir com a equipe do projeto e como forma de propor
alternativas à realidade descrita por Chiattone (2003):
7987
Figura 2: Registro fotográfico de Monitores do Acolher em ações regulares do Projeto.
7988
momentos de descontração, fundamentais para sua qualidade de vida e para o processo
de recuperação.
7989
demostrado compromisso, frequência regular às visitas e não tenha recebido
advertência por comportamento inapropriado ou falta injustificada às ações.
Conclusão/Considerações Finais
O Projeto Acolher parte da premissa de que deve haver uma preocupação com a
saúde global do paciente e também de seus familiares, de modo que considera que a
criança e seus acompanhantes devem encontrar no Projeto e em suas ações um espaço
de apoio terapêutico. Compreendemos que o brincar, assim como o educar, são direitos
essenciais na vida da criança, que devem ser assegurados mesmo na condição de
hospitalização, devendo tais ser introduzidos na rotina hospitalar enquanto parte
integrante da assistência.
Referências
7990
CHIATTONE, H. B. C. A criança e a hospitalização. In: ANGERAMI-CAMON, V. A. (org.)
Psicologia hospitalar: a atuação do psicólogo no contexto hospitalar. 2ª ed. São Paulo:
Thomson, 2003. p. 23-100.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
7991
SAGGESE, E. S. R.; MACIEL, M. DE A. Projeto saúde e brincar. Rio de Janeiro: Instituto
Femandez Figueira - Fundação Oswaldo Cruz, 1997.
VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
7992
ESCUTA A USUÁRIOS TABAGISTAS: ENTRE O DESEJO E A DEPENDÊNCIA
Resumo
O tabagismo é apontado pela OMS como um dos principais causadores de morte
evitável no mundo. A partir da década de 70 o cigarro passou a ser considerado
mundialmente uma ameaça para a saúde pública e desde 1989 o Instituto Nacional do
Câncer (INCA) busca estratégias para a prevenção à iniciação e cessação do tabaco no
Brasil. É conhecida a dupla dependência, química e psicológica, decorrente do tabaco;
desta forma, diante da atual proposta do Sistema Único de Saúde (SUS) de uma clínica
ampliada, e no desafiador exercício da interdisciplinaridade, a Psicologia alia-se com
uma proposta de intervenção. A atuação dos estudantes de Psicologia da Universidade
Estadual da Paraíba no Programa Multidisciplinar de Combate ao Tabagismo realizado
no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), em parceria com a UFCG - Campina
Grande/PB - efetiva-se através da ética do referencial psicanalítico em Freud e Lacan,
problematizando a dependência e o desejo, no intuito de provocar o sujeito frente a sua
escolha em consumir o tabaco e implicando-o nas suas possibilidades de cessação
desse consumo. Tem-se por objetivos: Conhecer e problematizar os significados
construídos sobre o tabaco e pelos usuários do referido programa no intuito de elaborar
junto aos mesmos, novas estratégias de atuação com vista à abstinência do fumo. Nessa
perspectiva, abre-se um espaço de escuta à fala dos usuários, no sentido de favorecer a
construção da singularidade de sua história, nesse percurso da dependência psicológica,
marcado pelo desejo de fumar e ao mesmo tempo de se abster. O suporte de escuta e
discussão no ambiente do grupo e/ou individual, quando demandado por eles,
oportuniza ao usuário problematizar as implicações do tabaco em sua vida psíquica,
facilitando a elaboração de seu mal-estar comprometedor de sua adesão à abstinência.
1
Universidade Estadual da Paraíba, Psicologia (UEPB), PROEX
2
Universidade Estadual da Paraíba, Psicologia (UEPB), PROEX
3
Universidade Estadual da Paraíba, Psicologia (UEPB), PROEX
4
Universidade Estadual da Paraíba, Psicologia (UEPB), PROEX
7993
Palavras-chave: dependência tabagista; Psicanálise; Desejo.
Introdução
No Brasil, estima-se que 200 mil mortes ao ano são decorrentes do tabagismo (INCA,
2011), tendo em vista que o tabaco responde por 45% das mortes por infarto do
miocárdio, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema), 25% das
mortes por doença cérebro-vascular (derrames) e 30% das mortes por câncer, onde 90%
dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes. Além disso, aumenta o risco das
pessoas desenvolverem e morrerem por tuberculose (INCA, 2007). Tendo em vista estes
fatos, são desenvolvidas ações governamentais em combate a essa problemática, tais
como a promoção de campanhas, programas de debates, aumento do preço dos cigarros
e proibição de propagandas, bem como a regulamentação, em 2014, da lei antifumo,
que proíbe o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos e outros produtos
fumígenos, em locais de uso coletivo, públicos ou privados.
As drogas e o sexo são elementos intensos da era do consumo que estimulam a busca
pelo ideal de felicidade e bem-estar do sujeito, que, por motivos inconscientes, os
7994
utilizam como uma “compulsão substitutiva”. Freud complementa seu raciocínio ao
retratar a dependência de substâncias psicoativas como um vício primário que se
relaciona ao fenômeno do autoerotismo (FREUD, [1927], 1990).
Freud foi além da ciência de sua época e apresentou a palavra falada como meio de
fazer emergir questões desconhecidas ao próprio sujeito; palavras que, no primeiro
momento, produzem descargas e posteriormente associações. Expôs a escuta como um
instrumento capaz de nortear o velado sentido das palavras ditas ou silenciadas,
produzindo renovadas significações ao sujeito que fala. A fala é o meio pelo qual o
paciente apresenta suas queixas, demandando o desejo de ser compreendido e curado
de sua dor. O analista utiliza-se da escuta, manejando a transferência que lhe foi
dirigida, sem pressa em concluir, mas na busca de que algo possa se produzir a partir do
que é dito. Alonso destaca que:
7995
seus desejos e responsabilize-se, podendo modificar a repetição de sua atuação. As
palavras devolvidas ao sujeito se impõem conduzindo-o para o desvelamento de seus
sintomas. A fala surge no processo analítico com função, ainda, de ressignificar o saber
inconsciente, colocar em decifração o sofrimento e operar na transformação do modo de
gozo.
O que leva o sujeito a fazer uso do tabaco? a que serve esse uso? Pode-se inferir que o
tabagismo aprisiona o usuário a uma relação de desejo direcionada para o uso do fumo
e seus derivados. Nesse sentido, utilizando o referencial psicanalítico como norteador
de nossa prática, o uso tabagista é entendido como um sintoma, que de modo singular
em cada usuário, vislumbra preencher a falta constitucional inerente ao ser; fato
mobilizador de uma relação paradoxal entre gozo e sofrimento. Esse sintoma psíquico,
que escapa ao entendimento daquele que sofre, faz com que o corpo responda com
efeitos colaterais, dentre os quais se destacam: insônia, estresse, ansiedade, hostilidade,
irritabilidade, entre outros, os quais levam os fumantes em processo de desligamento
do vício a recorrência de retorno ao hábito do fumo.
7996
pode-se apontar a necessidade do sujeito ressignificar seu sintoma, para desvelar sua
verdade psíquica, e assim se implicar com a ocupação do tabaco em sua vida.
Metodologia
7997
a coleta de informações por meio de um questionário semiestuturado. São colhidas
informações, sócio demográficas, observado o grau de dependência, a disponibilidade
para participação no grupo de Psicologia e a inserção nas demais equipes do projeto.
Após quinze dias da aplicação dos questionários, dão-se inicio aos retornos (encontro
multidisciplinar) durante o tratamento, é o espaço utilizado pela equipe para obter
informações acerca do processo medicamentoso e de participação nos grupos e ocorrem
quinzenalmente no período de três messes. O grupo de psicologia trabalha na
perspectiva da escuta psicológica que se caracteriza pelo espaço aberto à fala dos
participantes, em que se trabalha, via dinâmicas ou fala livre, os desejos referentes ao
uso do tabaco, relacionando aos fatores que implicam o seu uso. Utiliza-se a
modalidade de grupos de acolhimento, visto como ações que se destinam ao encontro
de indivíduos com problemas semelhantes, dispostos a compartilhar suas experiências
pessoais e a se engajarem no desenvolvimento de um processo contínuo de
enfretamento de uma problemática (SCHOPLER E GALINSKY (1993), apud GUANAES E
JAPUR, 2001). Assim, através desses grupos, o usuário do serviço pode falar sobre sua
história com o cigarro e a angústia que esse objeto lhe causa, tendo assim, a
possibilidade ressignificação deste objeto em sua vida.
Resultados e Discussão
7998
Foram realizados seis encontros de acordo com o cronograma do programa, em que
aconteciam discussões realizadas mediante as questões trazidas pelo grupo, onde os
sujeitos interagiam através das falas dos colegas. No primeiro encontro os alunos
extensionistas e os pacientes se apresentaram, nesse primeiro momento firmou-se com
o grupo um contrato simbólico sobre horários, frequência, importância de respeitar a
fala do colega, os extensionistas expuseram aos membros do grupo que aquele era um
espaço para eles falaram sobre o que desejarem e quem sentisse a necessidade poderia
solicitar atendimento individual. Em seguida foi solicitado que os sujeitos falassem
sobre sua relação com o cigarro e o que motivavam seu desejo de abandonar o tabaco.
Os encontros realizados com o grupo permitiram colher fragmentos das falas dos
pacientes sobre seus sentimentos, angustias, estratégias, dificuldades e a importância
do grupo de psicologia para o processo de abandono do objeto tabaco. No que tange ao
tema vergonha/ constrangimento:
Quadro 1: Vergonha/constrangimento
“existe preconceito com o fumante porque alguém acende cigarro, ele faz sinal
que tá fedendo”;
“Meu filho diz que eu fico fedendo a cigarro, eu fico com vergonha”;
7999
Quadro 2: surgimento da falta e estratégias para lidar com esta.
A ausência do objeto tabaco, causa angustia aos sujeitos que fazem uso deste, portanto
no processo de abando é comum os sujeitos relatarem a tentativa da substituição do
objeto por outras coisas “menos prejudicial”. Como o quadro ilustra, as estratégias que
os pacientes utilizam é sempre na tentativa de preencher o lugar da falta, causado pelo
abandono do cigarro. A equipe de psicologia surge como suporte, para os sujeitos se
sentirem amparados e aprenderem a lidar com essa falta, dentro do que é possível para
cada um, em sua subjetividade. Ao longo das intervenções, são problematizadas essas
colocações, na tentativa dos sujeitos construírem saídas para lidar com a falta desse
objeto, de forma a proporcionar uma responsabilidade frente as suas escolhas e a da
suporte na elaboração do luto, tendo em vista que toda perda, constitui um luto em
torno do objeto perdido
“eu não tenho esposa, não tenho filho, vou deixar de fumar para quem?”
Os pacientes sempre relacionam as dificuldades de abandonar o tabaco as questões do
dia, a dia. É frequente nas intervenções ao se problematizar qual a função do cigarro na
8000
vida dos sujeitos, relatos em que o tabaco ocupa lugar de fuga das adversidades
enfrentadas na rotina diária, também como, objeto para amenizar as angustias. Nesse
sentido é problematizado a partir das falas que circulam no grupo, quais possíveis
meios de lidar com as angustias que emergem das questões subjetivas ao invés do uso
do objeto cigarro.
“Porque a gente não quer fumar aqui e quando sai sente vontade? „é
porque tá com a mente distraída‟.”
Conclusão/Considerações Finais
8001
também psicológica. A contribuição dada pela equipe, no tratamento antitabagista
têmse configurado muito consequente e, são apontadas nas estatísticas de abstinência
ao final de cada ciclo, além de constar nos depoimentos dos próprios usuários.
Os espaços proporcionados são, como já expostos, oferecidos na perspectiva de acolher
conflitos e questões pessoais que envolvem o sujeito que tem o hábito de fumar.
Através do trabalho realizado pela equipe de psicologia, é possível perceber que os
resultados têm sido positivos ao propiciar suporte e acolhimento aos sujeitos frente ao
seu sofrimento psíquico diante do abandono do objeto cigarro.
Referências Bibliográficas
8002
_______. Sobre o início do tratamento, Obras Completas de Sigmund Freud. v. XII. Rio de
Janeiro: Imago, 1996.
_______. Recordar, repetir e elaborar, Obras Completas de Sigmund Freud.v. XII. Rio de
Janeiro: Imago, 1996.
DIAS, Mauro Mendes. AIDS. Impulso Revista de Ciências Sociais e Humanas. v. 13. n.32.
2002. 175p.
8003
ABORDAGEM DO AUTISMO POR MEIO DA PSICANÁLISE
Resumo
Introdução: O autismo é um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por um
déficit do desenvolvimento em um dos três domínios: interações sociais, comunicação,
comportamento. Esse transtorno apresenta ainda outras manifestações, como fobias,
perturbações de sono ou da alimentação ou agressividade. Por meio dos ensinamentos
de Freud e Lacan, questionamo-nos, a partir da clínica do autismo sobre como podemos
aprender com o autista, alargando os conceitos de linguagem, significante e objeto,
para não recuarmos clinicamente diante da particularidade de cada criança. Aprender a
partir da psicanálise implica assumir uma falha no saber e, a partir desta, construir
abordagens específicas a cada paciente. As crianças nos ensinam, primeiramente, que
qualquer saber universitário determinado é, no mínimo, vão. Nesta via, propomos
pensar a base em psicanálise não para reparar os impasses com os quais nos
deparamos, mas para aprender com eles, bem como adequar os conceitos da
psicanálise. O autismo nos faz questionar conceitos sedimentados, adquiridos, já como
um consenso ou com uma inteligibilidade e nos mostra que é possível uma
reestruturação do saber. Métodos: Acompanhou-se crianças autistas, através de visitas
domiciliares semanais. A investida baseou-se na busca de interações por meio de,
principalmente, brincadeiras. Resultados: Essa interação ensinou que uma metodologia
“programada” era convertida em atividades espontâneas conduzidas inconscientemente
pela própria criança, que levavam a um resultado, na maioria das vezes, melhor do que
o esperado. Conclusões: A clínica do autismo exige que se questione a teoria a partir da
abordagem do real, contemplando as bases psicanalistas, não nos prendendo a elas.
Uma abordagem préestabelecida, na maioria das vezes, é quebrada pelo ritmo
intrínseco de cada criança e de cada momento em si. Assim, os avanços e resultados a
1
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), graduação em Medicina; ² Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), coordenador do projeto de extensão Intervenção Precoce: Prevenção do Autismo e professor no
curso de Medicina.
8004
serem alcançados no acompanhamento realizado são imprevisíveis e, ao mesmo tempo,
surpreendentes.
Palavras-chave: autismo; psicanálise; psiquiatria infantil.
Introdução
8005
fraudes. Contudo, atualmente, para essa linha organicista, acredita-se que o principal
fator envolvido seja uma predisposição genética, aliada a possíveis causas no sistema
nervoso. Em relação a esse desconhecimento científico, quando os pais e/ou parentes
recebem o diagnóstico da criança como autista, a angústia aumenta frente ao “não
saber”. Logo, os pais/responsáveis constituem uma importante parte do autismo,
devendo ser, sempre que possível, incluídos no plano de acompanhamento e/ou
tratamento. Para a psicanálise, a causa do autismo estaria relacionada a um
desequilíbrio da função materna (normalmente exercida pela mãe da criança, mas não
necessariamente) e da função paterna (normalmente exercida pelo pai). Após o
nascimento, a criança vira o objeto de desejo da mãe, e vice-versa, onde a mãe passa a
viver para suprir todas as necessidades e desejos do bebê. Dessa forma, este se torna
uma extensão dos próprios desejos da mãe, fazendo-se necessária a presença de uma
figura capaz de quebrar essa ligação, no caso um terceiro (a função paterna),
possibilitando a formação do sujeito na criança. No período entre 6 e 18 meses,
principalmente, de acordo com a teoria dos espelhos proposta por Lacan, é a fase em
que o bebê deixa de ser o objeto de gozo da figura materna e passa a se enxergar no
Outro, sendo esse o início de sua identidade psíquica, construindo-se como sujeito.
Quando esse processo não se consolida, há o surgimento da psicose autista. Quanto ao
tratamento, não há uma abordagem farmacológica bem delimitada, principalmente pelo
desconhecimento de uma causa orgânica em si. Deve ser realizado um
acompanhamento profissional da criança, em busca de reduzir os impactos dos sinais e
sintomas na capacidade de se relacionar e na sua inserção social. Por isso o diagnóstico
precoce é muito importante, bem como a intervenção precoce. O acompanhamento do
psicanalista pode ser integrado ao neurologista, nutricionista, psicólogo, psiquiatra,
fonoaudiólogo, pediatra e/ou terapeuta ocupacional, desde que necessário e que não
seja danoso ao paciente. É importante lembrar que os pais e/ou responsáveis também
recebam acompanhamento profissional, principalmente quando a criança não apresenta
avanços ou os apresenta lentamente. Os avanços observados são individuais e bastante
imprevisíveis, podendo ser extremamente destoantes de um caso para o outro. Sabe-se
que crianças com sinais de autismo podem apresentar dificuldades para organizar as
sensações do mundo exterior, ou seja, para ela, pode ser complicado sentir o toque de
forma repentina, gerando reações inesperadas; podem não gostar de pessoas muito
próximas; sentir aversão ou excesso de vontade de sentir o movimento, caracterizando,
muitas vezes, problemas de modulação sensorial (SMITH et al., 2005). Em algumas
situações podem se sentir incomodadas com luz forte e com diferentes sons, seja de
crianças brincando na escola ao seu redor, ou mesmo de um ventilador. Há casos em
8006
que é importante o planejamento de um tipo de “dieta sensorial” que nada mais é do
que fornecer estimulação sensorial variada ao longo do dia, usando atividades simples
que podem ser incorporadas nas atividades da criança bem como nos momentos de
brincar com os pais. Além desta orientação teórica voltada para a psicanálise, as sessões
de terapia, tanto as realizadas pelos estudantes na própria residência dos pacientes,
quanto as realizadas pelo coordenador em sala de puericultura do Hospital Universitário
Lauro Wanderley, são embasadas nas propostas do modelo DIR/Floortime, proposto por
Greenspam (2007) e pelo SonRise, programa criado por pais de uma criança com
autismo que vêm sendo muito usado na prática clínica de profissionais que lidam com
as crianças e pais de autistas. Busca-se através do seu uso, também fornecer evidências
de sua eficácia, apoiando nossas ações na tríade ensino-pesquisaextensão.
8007
criança. Essas consequências atingem tanto a criança, quanto a sua família e a
sociedade, causando um enorme sofrimento para as pessoas. Nosso trabalho procura
identificar sintomas do autismo precocemente e uma equipe interdisciplinar tenta
intervir, no sentido de evitar que esses sintomas se instalem permanentemente,
prejudicando o desenvolvimento da criança. No que diz respeito aos distúrbios
psíquicos a psicanálise revela que quanto mais grave é o distúrbio, mais arcaica é sua
origem na história do sujeito.
Nosso trabalho se baseia nas teorias sobre a constituição subjetiva, que se elaboraram a
partir das concepções teóricas de Freud e que foram enriquecidas pela contribuição de
numerosos autores. Por meio dos ensinamentos de Freud e Lacan, questionamos-nos, a
partir da clínica do autismo sobre como podemos aprender com o autista, alargando os
conceitos de linguagem, significante e objeto, para não recuarmos clinicamente diante
da particularidade de cada criança. Sobre o saber, Lacan distingue o saber referencial do
textual. O primeiro corresponde àquele sobre o qual se aprende, aquele que é estudado.
O textual concerne ao saber inconsciente, que podemos analisar e promover
transformações na maneira de apreender o saber referencial, de modo a subjetivá-lo.
Aprender a partir da psicanálise implica uma relação com o saber que assume a falha no
saber e, a partir desta, a construção de uma abordagem específica a cada paciente.
Assim, no lugar do não saber, a clínica do autismo acaba por também nos ensinar. As
crianças nos ensinam, primeiramente, que qualquer saber universitário determinado é,
no mínimo, vão. Nesta via, propomos pensar a base em psicanálise não para reparar os
impasses com os quais nos deparamos, mas para aprender com eles, bem como adequar
os conceitos da psicanálise, para que um saber-fazer possa ser construído a partir das
respostas de cada criança. O autismo nos faz questionar conceitos sedimentados,
adquiridos, já como um consenso ou com uma inteligibilidade e nos mostra que é
possível uma reestruturação do saber e um amplo aprendizado.
Metodologia
8008
crianças com sinais precursores de autismo chegam primeiro nos serviços de pediatria e
neurologia. Assim, após a triagem desses casos, cada aluno acompanhou uma criança
autista, através de visitas semanais na residência das mesmas. A investida baseou-se na
inserção do aluno na rotina da criança, buscando interações por meio de,
principalmente, brincadeiras, inspiradas nos métodos Floor Time e no método dos 3I. O
observador (nesse caso o estudante ou o coordenador) não deve se posicionar como
mestre da criança autista, isto é, como detentor do saber. Essa postura de “não saber”
permite que a criança deixe de ser o objeto do Outro e passe a ser o sujeito, podendo
até desenvolver a capacidade de dizer “não”, rejeitar. Assim, cabe a quem promove esse
acompanhamento, a sensibilidade de agir de maneira a não ser muito invasivo, nem tão
distante, a ponto de ser capaz de instigar a interação progressiva com a criança,
permitindo o estabelecimento de uma transferência. Isso pode ser mais facilmente
alcançado através de brincadeiras ou práticas capazes de introduzir o profissional no
próprio “mundo” daquela criança. Entende-se o lugar do brincar na vida da criança
considerando inclusive a relação do brincar com o prazer, a descoberta, o domínio da
realidade, a criatividade e a expressão (FERLAND, 2006). Deve-se sair do tradicional
silêncio em busca da interação do paciente, em busca da construção de uma linguagem.
O objetivo principal é conseguir inserir a criança num contexto psicossocial mais amplo,
a fim de alcançar, posteriormente, sua autonomia na vida adulta, ou o mais próximo
disso. Concomitantemente, semanalmente, aconteciam reuniões de supervisão com o
coordenador do projeto, para troca de experiências, informações e resultados entre o
atendimento realizado na puericultura com o coordenador e as visitas residenciais
realizadas pelos estudantes. A abordagem psicanalítica do autismo infantil reflete,
portanto, a preocupação com a prevenção primária na constituição do sujeito.
Procurando reconhecer o sofrimento psíquico do paciente, essa forma de tratamento
evita medicamentos pesados durante a vida toda, que não curam e causam uma enorme
angústia e muitos transtornos para a criança e sua família. Nessa perspectiva é que esse
trabalho se mostra importante no reconhecimento da identificação e conduta
terapêutica de crianças em sofrimento psíquico, e particularmente com autismo. Outro
ponto de ação direta e indireta do projeto é o desafio de abranger também os pais e
responsáveis dessas crianças. Como já vimos, para a psicanálise, a função materna
configura-se como fator determinante no surgimento e na progressão desse espectro.
Assim, abordarmos a relação familiar estabelecida com os demais membros da
residência é de fundamental importância. Ainda nesse panorama, o desconhecimento de
uma causa orgânica associado à improbabilidade de um prognóstico exato gera não só
um desconforto aos pais, mas uma preocupação e tristeza que evoluem,
8009
majoritariamente, para um sofrimento. Por isso trabalhar uma terapêutica que abrace os
pais ou familiares é indispensável para o sucesso do tratamento.
Resultados e Discussão
8010
evoluções alcançadas naturalmente pelo desenrolar dos encontros, apenas pela relação
construída com o estudante. Foram observados progressos no âmbito da comunicação
verbal, corporal, desenvolvimento da personalidade e identidade, capacidade de opinar,
de propor, conduzir e liderar atividades/brincadeiras e, ainda, na própria relação com os
familiares e responsáveis.
Conclusão/Considerações Finais
Ainda hoje, vemos na prática médica, uma abordagem ao autismo muitas vezes
restritiva, farmacológica e, de fato, pouco terapêutica. Esse fato acontece,
principalmente pelo teor organicista predominante na medicina. O tipo de tratamento
vai depender da concepção teórica na qual se coloca o profissional. Quando mais
adepto à linha organicistamais o profissional direcionará o tratamento para a educação
e medicalização. A psicanálise surge, nesse panorama, para qualificar e melhorar a
abordagem a esses pacientes, adaptando-a ao contexto infantil, ao caráter psicossocial
presente e ao envolvimento dos pais ou responsáveis, sendo a finalidade principal fazer
emergir um sujeito. Nessa perspectiva é que esse trabalho se mostra importante no
reconhecimento da identificação e conduta terapêutica de crianças em sofrimento
psíquico, e particularmente com autismo. O estudo sobre a interação ou ausência de
interação entre a mãe e o filho autista pode fornecer elementos para que uma
intervenção precoce pela psicanálise possa fazer a criança entrar no mundo humano e
até mesmo estabelecer uma convivência harmoniosa com a sociedade. Como é possível
perceber, essas crianças autistas apresentam a demanda de um tratamento mais
humano, individualizado e trabalhado psicologicamente. Se seguíssemos um roteiro ou
padrão na abordagem com todas as crianças, provavelmente teríamos maior dificuldade
em alcançar avanços e melhores respostas nos pacientes. A clínica do autismo exige,
em sua radicalidade, que se questione a teoria a partir da abordagem do real, na
dimensão da escritura, contemplando as bases psicanalistas, entretanto, de forma não
se prender a estas. Uma abordagem pré-estabelecida, na maioria das vezes, é quebrada
pelo ritmo intrínseco de cada criança e de cada momento em si. Dessa forma, uma vez
instituído o tratamento, seus efeitos só são identificados se observados de maneira
paciente, persistente e prolongada. Mas é o acompanhamento prolongado que permite
uma maior consistência no estudo científico, uma vez que proporciona a análise mais
aprofundada do padecimento, além de um exame comparativo mais amplo entre os
casos. Além disso, deve-se considerar que esses pacientes, muitas vezes, não
frequentam as consultas de forma efetiva, o que dificulta ainda mais e prolonga ainda
mais o tratamento, diminuindo inclusive as possibilidades de melhora do quadro. Assim,
os avanços e resultados a serem alcançados no acompanhamento realizado são
8011
imprevisíveis e, ao mesmo tempo, surpreendentes. É o que foi possível observar ao
longo do projeto, uma vez que, a partir da condução espontânea dos encontros
residenciais, a criança conseguia construir melhor um vínculo com o estudante e
ampliar sua capacidade de se relacionar. Essa construção de um vínculo, de uma
transferência, se constitui como nosso principal objetivo, já que a partir dela a criança
desenvolverá sua capacidade de interagir, moldando sua comunicação interpessoal e,
consequentemente, sua linguagem. Logo, podemos dizer que avanços tanto na
linguagem e comunicação, quanto, principalmente, na interação social foram
alcançados partindo de uma metodologia com embasamento psicanalítico, entretanto
sem se deter exclusivamente aos moldes da intervenção psicanalítica em si, e
transformando o autista em personagem ativo nas terapias, não restringindo-o a um
personagem passivo sob o qual fazemos investidas unilaterais.
Referências
LAZNIK-PENOT, M.C. O que a clínica do autismo pode ensinar aos psicanalistas. Coleção
Psicanálise da Criança, Salvador-Bahia, Ágalma-Psicanálise,1994.
LAZNIK-PENOT, M.C. Rumo à palavra três crianças autistas em psicanálise. São Paulo:
Escuta, 1997.
8012
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E GERONTOLOGIA: OFICINAS DE DUCAÇÃO NUTRICIONAL
SOBRE FATORES QUE AFETAM O CONSUMO E O COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE
IDOSOS NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ/RN
Vanessa Teixeira de Lima Oliveira1; Amoysa Araújo Ribeiro2; Alanne Sayonara Silva1
Resumo
O processo de envelhecimento promove diversas alterações anatômicas e fisiológicas,
por isso é necessário que se pense em estratégias que promova um estilo de vida mais
equilibrado, harmonioso e com qualidade nos idosos. Entre elas, a alimentação deve ser
levada em consideração, pois possui papel fundamental na saúde das pessoas, ajudando
no controle e prevenção de doenças, promovendo a saúde e contribuindo para
manutenção do da qualidade de vida. Sendo assim o objetivo deste trabalho é realizar
oficinas de educação nutricional, sobre fatores que afetam o consumo e o
comportamento alimentar, com idosos frequentadores de Unidades Básicas de Saúde no
município de Santa Cruz, no estado do Rio Grande do Norte. Para isso foi realizado um
projeto de extensão, que atingiu aproximadamente de 150 idosos, no total, este
aconteceu em seis Unidades Básicas de Saúde (UBS) situadas na zona urbana do
referido município. Sua execução aconteceu por meio de quatro oficinas de educação
nutricional, abordando os seguintes temas: 1) conhecimento sobre os grupos de
alimentos e alimentação saudável; 2) conservação adequada de alimentos perecíveis e
não perecíveis; 3) segurança alimentar; 4) opções saudáveis para preparar os alimentos.
As oficinas ocorreram de forma dinâmica e interativa, utilizando recursos audiovisuais,
como folders, panfletos, livros seriados, dinâmicas, peças teatrais, entre outros.
Percebeu-se uma boa participação, por meios dos idosos, nos encontros. Os mesmos
1
Universidade Federal do Rio grande do Norte, curso de Nutrição (UFRN)
2
Universidade Federal do Rio grande do Norte, programa de Residência Multiprofissional em Atenção
Básica (UFRN).
8013
interagiram de forma bastante ativa, participando dos momentos de dinâmica, das rodas
de conversa sobre os assuntos expostos, opinando e trazendo questionamentos sobre as
temáticas. Sendo assim, percebeu-se que estas oficinas permitiram um bom
compartilhamento de informações e proporcionaram troca de experiências e saberes,
entre os idosos, o que ajudou na promoção de conhecimento, estimulando que os
mesmos pudessem adquirir hábitos e comportamento mais adequados no âmbito da
alimentação.
Introdução
A população idosa tem aumentado de forma significativa ao decorrer do tempo, este
grupo tem sido uma parte bastante representativa da população brasileira, atingindo
cerca de
Atitudes que podem contribuir para uma qualidade de vida em idosos são aquelas
relacionadas à adoção de hábitos saudáveis em geral tais como: prática de atividade
física, hábitos alimentares adequados, bom convívio social, entre outros. A preocupação
com a alimentação deve ser incentivada uma vez que sabe-se que uma dieta equilibrada
e adequada possui um papel fundamental na saúde de um indivíduo, ajudando no
controle e prevenção de doenças, contribuindo para manutenção do seu bem-estar
(OLIVEIRA, 2009; SILVA, 2011).
A alimentação deve ser observada tanto em relação a sua qualidade nutricional, com
escolhas alimentares saudáveis e equilibradas, de forma a garantir a segurança
alimentar e nutricional do individuo, preservando sua saúde. Como também, no sentido
de sua seguridade higiênica e sanitária, para a qualidade dos alimentos, garantido sua
8014
adequada conservação e prevenindo o crescimento de microorganismos que podem
comprometê-los e afetar o organismo de quem os consome (LEÃO, 2013; SILVA; SILVA;
BESSERA, 2012). Uma vez que a alimentação está inteiramente ligada à vida do
indivíduo, bem como a questões relacionadas à sua saúde, se faz importante levar
informações relevantes sobre a mesma, a população, de forma a promover maior
entendimento a seu respeito, e ajudar para que esta seja utilizada de forma benéfica
para o organismo. Para que haja essa conscientização sobre alimentação, é importante
um incentivo a promoção da saúde por meio da educação nutricional (CUNHA, 2014).
Metodologia
O projeto se destinou a população idosa atendida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS),
situadas na zona urbana do Município de Santa Cruz–RN, que abrange o total de cinco
unidades. A execução do projeto aconteceu por meio de quatro oficinas educativas, e
atingiu um número aproximado de 150 idosos em sua totalidade.
8015
Pensado isto, observou-se que a melhor maneira de atingir um maior número da
população idosa da cidade, seria utilizando locais de serviço de saúde, uma vez que são
bem frequentados por esse grupo, entre eles, as UBS que são porta de entrada e onde
se há possibilidade de realizar ações neste sentido. Um momento de levantamento do
número de idosos cadastrados nas cinco UBS foi realizado, com ajuda das próprias
equipes de saúde dos locais, afim de conhecer melhor o público a ser atingido, bem
como para haver uma preparação adequada das oficinas. Após isto, ocorreu um trabalho
de divulgação do projeto na Secretaria Municipal de Saúde e em cada uma das unidades
A terceira etapa foi convidar a população idosa de abrangência das UBS. Para isto,
foram afixados convites em cada UBS bem como foram entregues, por meio dos agentes
comunitários de saúde, aos idosos em seus lares. Por fim, foram realizados os encontros,
seguindo a ordem das quatro oficinas, por meio de rodízio, onde era realizada uma
oficina em cada uma das UBS, quando todas houvessem passado por esta, iniciava-se a
seguinte. Os encontros aconteceram nas próprias salas de espera das unidades, nas
datas e horários préacordados em cada local.
8016
1ª Conhecimento Questionário inicial; Livro 1. Dinâmica: montando
sobre os grupos seriado sobre grupos o meu prato;
de alimentos e alimentares; Pratos de
2. Explanação do
papel; Figuras de diversos
alimentação assunto:
alimentos;
saudável
conhecendo os
grupos alimentares
3. Roda de conversa
para esclarecimento
de dúvidas;
2ª Conservação Mini geladeira; 1. Dinâmica: como
adequada de organizo a minha
Mini armário; Figura de
geladeira e armário?
alimentos diferentes alimentos;
perecíveis e não Folder; 2. Explanação do
perecíveis assunto: conservando
adequadamente meus
alimentos;
8017
4ª Opções saudáveis 1. Momento culinário:
para preparar os
preparando meu sal de ervas;
alimentos.
2. Explanação do assunto: que opções saudáveis
posso utilizar no meu dia a dia;
receitas;
Resultados e Discussão
As oficinas educativas aconteceram de forma interativa, com participação dos idosos,
gerando uma transmissão de informações e troca de experiências, sobre os temas
abordados. Esta estratégia de Educação em Saúde se destaca como metodologia de
ensino e aprendizagem, que facilita o diálogo, respeita e valoriza o saber e a vida de
cada pessoa, e leva informações que pretendem ajudar no empoderamento do individuo
para que este cuide de sua saúde (LACERDA et al., 2013).
Após isto, o encontro passou para uma segunda etapa, onde o conteúdo temático da
oficina foi explanado, para isto, utilizou-se o recurso de álbum seriado. Neste álbum, os
8018
alimentos estavam separados em seus grupos, são eles: cereais, raízes e tubérculos;
frutas; verduras e legumes; leite e derivados; carnes e ovos; gorduras; açucares. Ainda
foram indicadas as quantidades adequadas para o consumo diário, de cada um destes
grupos, e de que maneira utilizá-los para montar pratos mais equilibrados, estimulando
o consumo de alimentos mais saudáveis, como frutas, verduras e legumes, carnes sem
gordura e cereais e integrais, e reduzindo aqueles mais prejudiciais como os ricos em
gordura, açúcares e industrializados. Por fim, abriu-se um momento para esclarecimento
de dúvidas a cerca do assunto exposto. Os idosos consideraram esse encontro muito
proveitoso, pois apresentavam dificuldade em conhecer os alimentos, e saber as
porções que deveriam consumir. Além disso, possuíam dúvidas de que alimentos
preferir, principalmente durante o desjejum e jantar, para que tivessem uma
alimentação equilibrada.
A terceira oficina trouxe o tema de segurança alimentar, assunto que faz parte do
cotidiano das pessoas. Porém, muitas vezes não lhe é atribuída à relevância correta, por
8019
falta de conhecimento da sua importância para a prevenção de doenças transmitidas
por alimentos. A segurança alimentar trata de boas práticas que promovam a
higienização, manipulação e preparo dos alimentos de forma adequada, que minimizem
os perigos microbiológicos que são as principais causas de contaminação dos alimentos
(VIDAL et al., 2011; BRASIL, 2004).
Neste momento, se abriu um espaço para discussão e onde o grupo podia relatar como
agiam em suas casas, realizando essas tarefas cotidianas que viam sendo representadas
no teatro. Após isto, a condutora explicava a maneira adequada de realizar a ação,
tomando ainda como exemplo a higienização das frutas e verduras, foi ensinado como
realizá-la de maneira adequada, utilizando solução clorada, sendo a cena então refeita,
como realmente deveria acontecer, para que assim os idosos pudessem absorver melhor
as informações. Percebeu-se que a utilização do recurso de peça teatral teve efeito
bastante proveitoso, uma vez que captou bem a atenção do grupo, uma vez que
retratava cenas do cotidiano, o que deixou os participantes mais a vontade para
comentarem sobre o assunto, relatando suas próprias maneiras de realizar as ações
8020
expostas. Além disso, os idosos informaram que realmente não sabiam ao certo como
agir de forma de higienizar e manipular os alimentos de forma adequada. Sendo assim,
o encontro surtiu efeito importante para que estes aprendessem a mudar os hábitos, e
garantissem melhor qualidade higiênica a sua alimentação.
Por fim, a quarta oficina, tratou sobre opções saudáveis para preparar os alimentos.
Nesta foram abordados dos tópicos, sendo a primeiro o preparo de sal de ervas, opção
mais saudável que pode ser utilizada para substituir o sal de cozinha tradicional, no
qual se utiliza diversas ervas secas e sal grasso, estes são triturados, e podem sem
usados para o tempero dos alimentos, diminuindo o acréscimo de sal refinado as
preparações. Esta receita foi pensada, uma vez que sabe-se que boa parte da população
idosa sofre com a hipertensão arterial. O preparo desta foi realizado na própria oficina,
e amostras foram entregues aos participantes, para que utilizassem e casa e
posteriormente incorporassem a sua confecção e uso a rotina de preparação de
alimentos.
O segundo tópico abordado foi à utilização de chás e ervas como forma de ajudar no
tratamento de algumas questões de saúde, como problemas intestinais, de insônia,
entre outros. Foi aberta uma roda de conversa, onde os idosos puderam relatar o que
entendiam sobre esse assunto, bem como os chás que eram utilizados pelos mesmos, e
a finalidade do uso. Então juntamente a fala de tais, foi explicado o efeito de alguns
chás no organismo. Esclarecimentos sobre indicações e contra-indicações foram
colocados, conforme dúvidas foram surgindo. O tema relacionado aos chás e ervas, foi o
que mais chamou atenção dos idosos, provavelmente por fazer parte tradição e
consumo destes para diversas condições de saúde, tradição esta que vem sendo passada
por diversas gerações, e deve ser considerada. Foi perceptível que os idosos possuíam
um conhecimento bem esclarecido sobre esse assunto, o que promoveu uma troca de
saberes muito interessante.
Conclusão/Considerações Finais
Diante o exposto, é possível se afirmar que o projeto, desenvolvido por meio das
oficinas de educação nutricional, conseguiu alcançar seus objetivos, uma vez que,
promoveu momentos de compartilhamento de informações sobre alimentação, entre os
8021
idosos. Além disso, também permitiu a troca de experiências e saberes entre os
participantes, mostrando que não são somente aqueles que possuem o conhecimento
cientifico dentem o saber, mas sim todos podem ensinar e aprender algo.
Visto isto, pode-se afirmar que promoção da saúde através da educação nutricional e
grande relevância, por permite levar informações importantes sobre diversos assuntos
alimentares, que muitas vezes são dúvidas frequentes, e assim permitindo explorá-los e
esclarecê-los favorecendo aprendizado da população.
Referências
BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução – RDC Nº 216, de
15 de Setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para
Serviços de Alimentação. Brasília, 2004.
8022
SILVA, D. T. Construção de projeto de oficinas de alimentação saudável para crianças.
2015. 30p. Monografia (Graduação em Nutrição). Universidade de Brasília. Brasília, 2015.
SILVA, L.W.S. et al. Perfil do estilo de vida e autoestima da pessoa idosa: perspectivas
de um Programa de Treinamento Físico. Revista Kairós Gerontologia. v.14, n.3,
p.145166, 2011.
8023
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE AMBIENTAL NA UFU
Resumo
Devido à importância das ações extensionistas em Saúde Ambiental, é necessária a
construção de uma base de dados que referencie sua qualificação, valorização e
fortalecimento. Levando isto em conta, uma pesquisa de mestrado foi iniciada com o
objetivo de investigar as ações extensionistas em Saúde Ambiental cadastradas no
Sistema de Informação de Extensão (SIEX), da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU), no período de 2010 a 2016, caracterizando-as e analisando as abordagens de
Extensão Universitária e de Saúde e Ambiente utilizadas. Neste artigo, apresentaremos
um recorte desta pesquisa ampla, que ainda está em andamento, visando caracterizar as
ações levantadas. Trata-se de uma pesquisa documental com abordagem qualitativa. A
UFU foi escolhida por ser uma instituição produtora de conhecimentos, pesquisas e
extensão em Saúde Ambiental. Foram realizadas 103 ações no decorrer dos oito anos
investigados, não sendo identificada nenhuma tendência em sua distribuição. Apesar da
maioria das ações terem sido desenvolvidas nas modalidades ‘projeto’ (50%) e ‘evento’
(40%), 40% delas foram vinculadas a algum programa. Foram utilizadas 21 linhas de
extensão e as temáticas mais trabalhadas foram ‘prevenção de doenças crônicas’,
‘plantas medicinais e fitoterápicos’ e ‘saneamento’. Apesar da maioria das ações terem
sido realizadas em Uberlândia e em Ituiutaba, várias cidades foram contempladas,
totalizando mais de 1 milhão de participantes, sendo 42% deles pertencentes à
comunidade acadêmica. O Instituto de Geografia foi a unidade que mais promoveu
ações (45,6%), entretanto, outras 12 unidades _ de quase todas as áreas de
conhecimento _ também foram promotoras. Esperamos que a partir da reflexão sobre o
trabalho realizado seja possível o vislumbre de novos caminhos para a atuação da
extensão em Saúde Ambiental _ e para a Extensão Universitária como um todo _ de
1
Universidade Federal de Uberlândia, discente do Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional em
Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (PPGAT).
2
Universidade Federal de Uberlândia, Professor permanente do Programa de Pós-graduação Mestrado
Profissional em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (PPGAT).
8024
modo a ampliar a contribuição da Instituição no processo de desenvolvimento social,
cultura e econômico do país.
INTRODUÇÃO
8025
socialmente os estudos e pesquisas universitários que visam desenvolver práticas e
contribuir para a construção de políticas públicas para o campo da Saúde Ambiental.
Em relação à formação profissional na área, pesquisas apontam que seu
fortalecimento não pode prescindir da necessária inter-relação entre saúde e ambiente
(CAMPONOGARA et al, 2013; PERES e CAMPONOGARA, 2015) pois, desta maneira,
amplia-se a concepção de saúde da dimensão corpórea do sujeito para a dimensão que
o enxerga na intrínseca relação com o ambiente que habita, dando base para o
desenvolvimento de ações preventivas e de promoção da saúde na congregação de
esforços para minimizar os impactos ambientais e na saúde advindos dos processos de
produção.
Anualmente, são formados, pelas Universidades, profissionais da saúde com uma
visão ainda centrada em procedimentos técnico-curativos descontextualizados das
questões socioambientais, o que leva ao exercício de uma prática clínica
individualizada, mantendo relações autoritárias com os usuários e, consequentemente,
inapropriadas para a efetivação dos princípios de equidade, integralidade e
universalização da saúde, respaldados constitucionalmente e que estão na base do
Sistema Único de Saúde (SUS) (CAMPONOGARA et al, 2013). Nesse contexto, a
abordagem da saúde, sob a perspectiva socioambiental é fundamental para se buscar o
processo reflexivo necessário à solidificação/construção de valores condizentes com
uma postura de responsabilidade socioambiental por parte desses futuros profissionais.
Frente a esta realidade exposta, a Extensão Universitária constitui-se como um
elemento essencial para contribuir no desenvolvimento da pesquisa e ensino da área de
Saúde Ambiental, pois esta se configura como o “processo educativo, cultural e
científico que articula ensino e pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação
transformadora entre a Universidade e a Sociedade” (PNExt, 2000/2001, p. 4).
Por meio da Extensão Universitária, o conhecimento produzido nas pesquisas
pode ser, mais do que aplicado nas comunidades, produzido e referenciado por estas,
com a contribuição substancial de seus saberes e a partir do diagnóstico de suas
demandas, ao mesmo tempo em que esse contato contribui, decisivamente, para a
formação profissional referenciada de sujeitos que atuarão na produção de novos
conhecimentos a partir de tais necessidades, em processo constante que se
retroalimenta (PNExt, 2000/2001).
A Extensão Universitária, indissociável do ensino e da pesquisa, contribui para a
formação de profissionais empoderados para atuarem em sua realidade com vistas a
mobilizar as comunidades, grupos sociais e gestores públicos e privados no sentido de
construção de novas proposições políticas e de saberes equitativos e inclusivos,
8026
referenciados pelos princípios do SUS. De fato, profissionais que participem da
produção de conhecimentos relevantes e novas metodologias, e na instituição de novos
modelos para mudança da dinâmica de organização dos Sistemas de Saúde, definição
de prioridades, contribuição na definição de políticas, planos e projetos referenciados
pela necessária dimensão ambiental destes (SILVA, 2011).
Considerando-se a relevância da Extensão Universitária para a área de Saúde
Ambiental em sua articulação com a pesquisa e o ensino, considerando a escassez de
produção científica sobre a Extensão Universitária em Saúde Ambiental, e ainda, a
necessidade de construção de uma base de dados que referencie a qualificação,
valorização e fortalecimento da atividade extensionista na área, uma pesquisa de
mestrado foi iniciada, no Programa de Pós-graduação em Saúde Ambiental e Saúde do
Trabalhador, com o objetivo de investigar as ações extensionistas em Saúde Ambiental
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no período de 2010 a 2017,
caracterizando-as e analisando as abordagens de Extensão Universitária e de Saúde e
Ambiente utilizadas.
Neste artigo, apresentaremos um recorte desta pesquisa ampla, que ainda está
em andamento, visando caracterizar as ações levantadas em relação à sua evolução
cronológica; modalidades e vinculação a programas; linhas e questões priorizadas;
distribuição geográfica e público-alvo; e unidade proponente.
Optamos em nos limitar à realidade da UFU, pois na área de Saúde Ambiental,
seu corpo acadêmico (docentes, discentes e técnicos) vem desenvolvendo pesquisas,
criando laboratórios e revistas de divulgação científica, organizando eventos científicos,
além de incluindo esta temática em outras áreas de graduação que apresentam
interface com o tema. Também foi criado o curso de graduação Gestão em Saúde
Ambiental em 2009, e o Mestrado Profissional em Saúde Ambiental e Saúde do
Trabalhador, em 2012, o que torna a UFU uma instituição produtora de conhecimentos,
pesquisas e extensão na área, justificando o recorte feito pela pesquisa.
Além disto, também levamos em consideração o fato de a UFU possuir uma
Extensão Universitária institucionalizada por meio da Resolução nº 04/2009 do seu
Conselho Universitário, ser integrante e atuante no FORPROEX e possuir Sistema de
Registro de Extensão (SIEX/UFU) implementado, o que vem tornando bastante viável o
levantamento de dados da pesquisa.
Já para o recorte temporal, consideramos levantar as informações a partir de
2010, por ser o ano do início das atividades tanto da graduação em Saúde Ambiental
quanto do registro das ações de extensão no SIEX/UFU.
8027
METODOLOGIA
8028
pelas ações de extensão’, ‘municípios atendidos pelas ações extensionistas’ (FORPROEX,
2001). Estes indicadores auxiliaram na elaboração da tela crítica de análise.
Os dados tabulados foram analisados tomando-se por base a análise de conteúdo
temático que, segundo Bardin (2009), é uma técnica que consiste em descobrir os
núcleos de sentido que compõem uma comunicação, cuja presença ou frequência
signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado. Operacionalmente, a análise
temática conta com as etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento dos
resultados obtidos e interpretação: interpretam-se os dados obtidos, já categorizados,
correlacionados como o quadro teórico utilizado na pesquisa.
Na etapa de pré-análise e ordenação dos dados, foram utilizados os dados
tabulados dos documentos selecionados no SIEX. Na exploração do material, os dados
foram separados em grupos de análise. O tratamento dos resultados obtidos e a
interpretação basearam-se no referencial teórico da Extensão Universitária Brasileira e
da Saúde Ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados serão apresentados separadamente, de acordo com os tópicos
‘evolução cronológica’, ‘modalidades e vinculação a programas’, ‘linhas e questões
priorizadas’, ‘distribuição geográfica e público-alvo’ e ‘unidade proponente’, para
facilitar a apresentação dos dados e a discussão.
Evolução Cronológica
Por
meio 25
da busca no
SIEX/UFU,
20
foram Área temática encontradas
principal: Saúde
103 15 ações na área
de 10 Área temática
Saúde
principal: Meio Ambiental, de
5 Ambiente
2010 a 2017 (Figura
1). 0
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010
Figura 1: Distribuição das ações de acordo com seu ano base e área temática principal.
8029
O número de ações oscilou ano a ano, não apresentando tendência. Houve um
aumento considerável em 2013 devido ao fato de uma ação, denominada ‘Tenda da
Saúde’, ter sido replicada 13 vezes em diferentes localidades e para diversos públicos.
Estas atividades tiveram por objetivo promover ações de educação para uma vida
saudável por meio da prevenção às doenças crônicas como diabetes, hipertensão e
obesidade. Esta ação também foi realizada em outros anos.
Mesmo não existindo tendência, foram realizadas ações em todos os anos
investigados. Isto demonstra que existe na Instituição a preocupação com o
desenvolvimento extensionista da área Saúde Ambiental.
8030
do Pontal; ‘Programa de ações integrais e integradas em saúde e meio ambiente para
crianças, adolescentes e adultos’, proposto pela Faculdade de Educação Física, em 2012;
e dois realizados pelo Instituto de Geografia, ‘Territórios livres de agrotóxicos’, realizado
em 2012 e ‘Cidade Sustentável’, que aconteceu nos anos de 2012 e 2013.
É necessário que as políticas de institucionalização da extensão estimulem a
sistematização de ações de extensão na modalidade de Programas, pois, como o
FORPROEX preconiza, eles constituem-se em uma das melhores soluções para o
cumprimento das diretrizes de impacto, interação social dialógica, construção de
parcerias interdepartamentais, interdisciplinares e interinstitucionais e integração
ensino/pesquisa/extensão (CORRÊA, 2007).
Apesar da maioria das ações terem sido realizadas nas modalidades ‘projeto’ e
‘evento’, como mostra a ‘Figura 2’, 40 % delas estavam vinculadas a algum programa
(Quadro 1).
8031
Núcleo de Estudos em
Agroecologia e Produção
Orgânica 1 1
Fonte: Elaborado pelos autores.
8032
Das 53 linhas definidas pelo FORPROEX, 21 foram contempladas nas ações de
Saúde ambiental (Quadro 2), sendo que, dos assuntos mais trabalhados nas ações
investigadas (Figura 3), estas foram as linhas mais utilizadas:
- ‘prevenção de doenças crônicas’: ações cadastradas preferencialmente nas linhas
‘Saúde Humana’ e ‘Grupos sociais vulneráveis’;
- ‘plantas medicinais e fitoterápicas’: maioria na linha ‘Fármacos e Medicamentos’, mas
também nas linhas ‘Questões ambientais’; ‘Temas específicos’; ‘Saúde humana’ e ‘Saúde
da família’;
- ‘saneamento’: maioria das ações trabalhadas na linha ‘Resíduo Sólido’, mas também
cadastraram ações em ‘Saúde humana’; ‘Desenvolvimento urbano’ e ‘Recursos hídricos’;
- ‘vetores e as doenças que transmitem’: foco principal na Dengue, a distribuição foi
praticamente de forma igualitária entre as linhas ‘Questões ambientais’; ‘Saúde
humana’; ‘Desenvolvimento urbano’; ‘Endemias e epidemias’; ‘Saúde da família’ e
‘Alfabetização, leitura e escrita’.
8033
Recursos hídricos 1
Segurança alimentar e nutricional 1
Temas específicos/desenvolvimento humano 1
Fonte: Elaborado pelos autores.
8034
essência da extensão de que as escolhas devam levar em conta a realidade social e as
demandas da sociedade, além de sua participação ativa.
Também é importante que as questões escolhidas sejam abordadas de forma
integrada e intersetorial, com foco na promoção da saúde e sustentabilidade
socioambiental, visando à intervenções concretas para a melhoria da qualidade de vida
das comunidades e ao desenvolvimento de conhecimentos e habilidades que ampliem
a capacidade da população de reinvindicação na gestão participativa e no controle
social das políticas públicas da saúde e nas voltadas ao desenvolvimento equânime e
sustentável do local para construção de territórios sustentáveis e saudáveis (GALLO e
SETTI, 2012).
8035
Tapuirama 50
Martinésia 60
Grupiara, Douradoquara, Cascalho Rico, Romaria,
Estrela do Sul 60000
Total 1031289
Fonte: Elaborada pelos autores.
Comunidade acadêmica
3%
Profissionais da área de saúde, ambiente e
5% afins
9%
42% Agentes sociais, técnicos e gestores
13%
Comunidade escolar
13% Bairros periféricos de Uberlândia
15%
Agricultores familiares e comunidades de
assentamentos
Outros
8036
Unidade proponente
Nº de
UNIDADES PROPONENTES
ações
Instituto de Geografia 47
Faculdade de Ciências Integradas
do Pontal 12
Escola Técnica de Saúde 8
Instituto de Química 7
Instituto de Genética e Bioquímica 5
Instituto de Biologia 4
Faculdade de Medicina 4
Faculdade de Medicina Veterinária 4
Instituto de Ciências Agrárias 4
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura 3
Faculdade de Educação Física 2
Instituto de Ciências Biomédicas 2
Faculdade de Matemática 1
Fonte: Elaborado pelos autores.
8037
saúde e o ambiente está sendo assimilada e que a Saúde ambiental, como campo de
conhecimento e intervenção multi/interdisciplinar e multiprofissional, está se
estabelecendo na Instituição.
CONCLUSÃO
8038
contribuição da Instituição no processo de desenvolvimento socioambiental e na
melhoria da qualidade de vida da região e do país.
Conforme já esclarecemos, o presente trabalho não esgota as discussões acerca
da participação da área de Saúde Ambiental nas ações de extensão na UFU. Ao
contrário, o estudo ora apresentado oferece um referencial de dados que nos permitirá
aprofundar o debate em andamento, oportunizando, inclusive, que a discussão se
estenda às outras áreas temáticas.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Maria Beatriz Maury de et al. Saúde Ambiental: uma Análise dos Resultados
das Conferências Nacionais de Meio Ambiente, Saúde e Saúde Ambiental.
SUSTENTABILIDADE EM DEBATE, [S.l.], v. 1, n. 1, p. 93-110, ago. 2010.
8039
GOMIDE, M. e SERRÃO, M. A. A educação ambiental e a promoção da saúde. Cadernos
Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 12, n.1, p. 69-86, 2004.
2000/2001.
8040
FARMÁCIA UNIVERSITÁRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO: 31ANOS
CONTRIBUINDO NA PREVENÇÃO, PROMOÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE
Juliana Patrão de Paiva, Fortune Homsani, Carla Holandino Quaresma, Naira Villas Boas
Vidal de Oliveira, Zaida Maria Faria de Freitas, Márcia Maria Barros dos Passos, Mariana
Sato de S B Monteiro, Ana Lucia Vazquez Villa, Aline Guerra Manssour Fraga, Eduardo
Ricci Júnior, Rita de Cássia Ascensão Barros, Elisabete Pereira dos Santos.
Resumo
O Programa Farmácia Universitária (FU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) foi criado em 1986 fundamentado na necessidade de oferecer estágio curricular
aos alunos do Curso de Graduação da Faculdade de Farmácia. É responsável pelo
atendimento de cerca de 200 pacientes/dia tornando-se referência na manipulação de
muitos medicamentos negligenciados pela indústria farmacêutica. Mais do que preparar
os medicamentos, o aluno do curso de farmácia aprende a acompanhar o seu uso pelo
paciente. Atendendo cerca de 50.000 pacientes/ano, proporcionando o acesso a
medicamentos para os usuários de baixa renda, tornou-se um importante local de
atenção à saúde que objetiva proporcionar ao aluno o espaço acadêmico para o
desenvolvimento do seu perfil profissional, integrando ensino, pesquisa e extensão
visando à prevenção, recuperação e promoção da saúde. A FU atende ao público de
segunda a sexta-feira, das 9:00 às 16:00hs. Ocupa uma área de cerca de 1000 m 2 no
Centro de Ciências da Saúde e conta com 09 docentes, 16 farmacêuticos, 03 técnicos de
farmácia, 03 técnicos administrativos e 30 monitores. Recebe, anualmente, 320 alunos
de graduação, 20 alunos do Curso de Especialização em Manipulação Farmacêutica, 04
alunos de mestrado e 02 alunos de doutorado em Ciências Farmacêuticas. De 2002 a
2017, foi responsável por cerca de: 45 teses de mestrado e doutorado; mais de 100
trabalhos apresentados em congressos; 70 artigos publicados. A partir de 2002,
começaram os projetos de Atenção Farmacêutica na garantia de uma farmacoterapia
racional e segura ao usuário de medicamentos. Conclui-se que a FU que começou
olhando só a tríade ensino-pesquisaextensão hoje, sem dúvida, desempenha um papel
8041
social relevante na garantia de acesso à população, de baixa renda, aos medicamentos e
aos serviços farmacêuticos envolvidos na proteção, recuperação e promoção à saúde
melhorando a qualidade de vida da comunidade que atende.
Introdução
Apesar de todas as novas diretrizes do ensino farmacêutico enfatizando a necessidade
de aproximar o aluno da realidade onde ele vai atuar, continua-se a observar um
distanciamento do mesmo das questões sociais, como se ele fizesse parte de uma elite
que teve acesso ao conhecimento científico e, totalmente desvinculado dos problemas
sociais que o rodeiam. Esse distanciamento é o mesmo que, muitas vezes, ocorre entre
as ciências naturais e humanas e, no entanto, as duas deveriam se interligar dentro de
um contexto cultural e histórico. A ciência deve tomar consciência de seu papel na
sociedade.
Diante destes desafios começou a ser pensado, em 1986, pela Faculdade de Farmácia
(FF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) um modelo de estabelecimento
farmacêutico que seguisse as regulamentações vigentes garantindo o uso racional de
medicamentos à população atendida na tentativa de oferecer ao usuário de
medicamentos uma assistência farmacêutica integral ao mesmo tempo em que
mostrando ao futuro farmacêutico como essa assistência deve ser feita.
8042
distribuição e dispensação de medicamentos na perspectiva da farmácia como
estabelecimento de saúde, assim nada mais correto que as instituições que possam
investir nesta mudança de mentalidade que o façam rapidamente, pois isso só vai
contribuir para uma melhor prestação de serviços ao usuário de medicamentos.
Diante de novos tempos novas iniciativas na área acadêmica precisam subsidiar o aluno
para que ele receba uma formação adequada com as necessidades sociais e a solução
encontrada pela FF da UFRJ foi oferecer ao aluno uma Farmácia Escola (FE). Além
disso, era importante que a formação desses jovens levasse em conta não somente a
produção, mas, também, a promoção do indivíduo (enquanto membro de uma
sociedade) e a melhoria da qualidade de vida do mesmo, inter-relacionando os
conteúdos teóricos e sua aplicação em situações reais, criando um elo entre o pensar e
o fazer.
8043
a FU adequou suas atividades e instalações na perspectiva de proporcionar ao usuário
de medicamentos a interação direta com o farmacêutico criando um atendimento
personalizado onde a história farmacoterapêutica, deste usuário, é analisada.
8044
Metodologia
A FU da UFRJ atende ao público de segunda a sexta-feira, das 9:00 às 16:00 horas mas
funciona, internamente, até às 20:00 horas durante a semana e, eventualmente, aos
sábados para atender aos alunos de pós-graduação. Ocupa, atualmente, uma área de
cerca de 1000 m2 no Centro de Ciências da Saúde e conta com uma equipe de 09
docentes, 16 farmacêuticos, 03 técnicos de farmácia, 03 técnicos administrativos e 30
monitores. Inicialmente começou como um projeto de extensão, mas depois se
transformou em um dos grandes programas de extensão da UFRJ por desenvolver vários
projetos de extensão.
8045
Resultados e Discussão
Tradicionalmente, os modos de viver têm sido abordados numa perspectiva
individualizante e fragmentária, que coloca os sujeitos e as comunidades como os
responsáveis únicos pelas várias mudanças e arranjos ocorridos no processo saúde-
adoecimento ao longo da vida; contudo, na perspectiva ampliada de saúde, como
definida no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Promoção da Saúde, os
modos de viver não se referem apenas ao exercício da vontade e liberdade individual e
comunitária. Ao contrário, os modos como os sujeitos elegem determinadas opções de
viver como desejáveis, organizam suas escolhas e criam novas possibilidades para
satisfazer suas necessidades e interesses pertencem à ordem coletiva, uma vez que seu
processo de construção se dá no contexto da própria vida.
Ao longo de sua existência, várias metas na área de ensino, pesquisa e extensão foram
alcançadas como:
8046
- Aprimoramento das Boas Práticas de Manipulação Farmacêutica com a elaboração de
Procedimentos Operacionais Padrão (POP's) a partir de 1999. A FU já lançou duas
edições do seu “Memento Terapêutico” (conjunto de informações técnico-científicas
orientadoras sobre medicamentos que a FU manipula);
8047
Farmácias Escola em 2006. Também organizou em 2014 o I Workshop da FU cujo tema
foi “Contribuição das Farmácias Magistrais no Tratamento de Erros Inatos de
Metabolismo (EIM)” que contou com a participação de cerca de 90 pessoas entre
palestrantes, farmacêuticos e outros profissionais de saúde e alunos sendo possível:
Conhecer o diagnóstico, a clínica e a terapêutica dos EIM para possibilitar o
desenvolvimento de formulações magistrais personalizadas para este público alvo e
conhecer os principais problemas enfrentados por esse grupo, bem como as alternativas
de resolução, com a apresentação de algumas experiências. Ao completar 30 anos de
criação a FU promoveu, em 2016, seu II Workshop para mostrar o que foi desenvolvido
pela sua equipe nesses anos e discutir o que pode ser implementado no futuro. O II
Workshop da FU cujo tema foi: "Farmácias Magistrais: Inovações e seus Desafios” contou
com a participação de cerca de 200 pessoas entre palestrantes, farmacêuticos e outros
profissionais de saúde além de usuários de medicamentos e alunos para discutir novas
tecnologias na melhoria da qualidade de vida desses usuários;
8048
conteúdos de base de diversas disciplinas, de forma lúdica e interessante, buscando a
construção coletiva de conhecimentos, de forma inter e multidisciplinar, contribuindo
com a formação de professores e estudantes no contexto da saúde e promovendo o
exercício da cidadania. A FU contribui com informações sobre temas como
anabolizantes, pílula do dia seguinte, filtros solares, conservação e uso de
medicamentos, por exemplo, sempre enfocando o URM na ótica de apresentar ações
com base nas solicitações dos professores das escolas públicas e dos próprios alunos.
A partir do I Simpósio Interno da FU foram definidas pela equipe: Visão: Ser reconhecida
como modelo de farmácia escola, atuante na tríade ensino, pesquisa e extensão,
capacitando o aluno à prática farmacêutica adequada à demanda do sistema de saúde
brasileiro; Missão: Capacitar o aluno à prática farmacêutica, desenvolvendo suas
atividades em conformidade com as legislações sanitárias e profissionais vigentes,
dentro de critérios técnico-científicos e inovadores, tendo caráter formador
comprometido com a ética e a qualidade do ensino, oferecendo à sociedade produtos de
qualidade com orientação farmacêutica; Valores: Qualidade do ensino transmitido ao
aluno; Qualidade (eficácia e segurança) do produto fornecido ao usuário; Qualidade na
orientação farmacêutica fornecida ao usuário; Promoção da assistência farmacêutica
que favoreça o acesso a medicamentos negligenciados pela indústria farmacêutica ou
financeiramente inacessíveis aos usuários do sistema de saúde pública.
Conclusão/Considerações Finais
A garantia de que todas as atividades dentro de uma FE sejam orientadas por
professores com experiência, que relacionam os conteúdos dos currículos escolares com
as atividades de cada setor da FE, ou seja, de que as práticas orientadas sejam uma
oportunidade de desenvolvimento econômico-técnico-cultural que forma a base e o
resultado da educação farmacêutica ao transformar o pensamento, o conhecimento e o
produtos e serviços na sustentação e expansão de qualquer profissional é papel dessas
FE (PERELLÓ, 1998).
8049
O ensino universitário tem que acompanhar a realidade de seu tempo gerando
conhecimento e massa crítica para transformar realidades, em benefício da sociedade,
formando profissionais competentes e éticos. Profissionais que encaram a
responsabilidade na promoção do uso racional de medicamentos como, um desafio do
qual não podem abrir mão, é uma realidade no âmbito da FU. Também é importante
considerar a melhora na qualificação do profissional repercute positivamente na
sociedade como um todo.
O ato de educar é uma práxis e, como toda práxis, supõe uma relação recíproca entre
teoria e prática. Mas a prática de educar, durante muitos anos, não foi antecedida por
uma teoria educativa que a orientasse; era isto sim, o conhecimento espontâneo que
orientava a prática educativa. Ainda hoje muitos educam desta forma e é isto que a
equipe FU tenta mudar. Para que essa prática seja mais eficaz, é necessário um maior
rigor conceitual e a sistematização dos conhecimentos para definir os objetivos a serem
alcançados (CARRILLO, 1999).
Muitos desafios surgem a cada dia e para a manutenção desse programa e sua
ampliação com a criação de um laboratório de manipulação de fitoterápicos, bem como
outro para a produção de dermocosméticos. Esta ampliação já foi aprovada em todas as
instancias da universidade e incluída no Plano Diretor da UFRJ. A previsão de uma
estimativa de 50% no crescimento no atendimento da FU, num futuro próximo,
dependerá do esforço de todos os atores envolvidos no Programa Farmácia
Universitária.
8050
A FU representa o que a profissão farmacêutica pode fazer pelo usuário de
medicamentos mesmo que esse usuário nem precise dos medicamentos, que ela
manipula, pois tem a capacidade de acolher esse usuário estando atento aos seus
problemas mostrando aos alunos que, muitas vezes, uma boa entrevista farmacêutica
vale mais que mil medicamentos.
Referências
CARRILLO, M.R.G.G. Ensino Farmacêutico e a necessidade de mudanças na concepção de
estágio na carreira do farmacêutico – bioquímico, 1999. Disponível em
8051
A LUTA CONTRA O CARCINOMA ATRELADO AO EMPODERAMENTO DE ROCHAS
LAPIDADAS
Kadla Jorceli Gomes Rafael; Thais Emanuelle da Silva Matias; Maria Leticia Cardoso da
Silva Barbosa; Matheus Wagner da Fonseca Garcia; Deivid Junior Santos do Nascimento.
Resumo
O presente estudo tem como finalidade a reflexão, trajetória e superação da vivência de
mulheres com câncer, com base em entrevista ao grupo “VIVA” da cidade de Currais
NovosRN, na região do Seridó, o grupo surgiu com origem filantrópica por uma mulher
que vivenciou um carcinoma de mama, o mesmo recebe mulheres de diversas regiões,
que vivenciaram a mesma adversidade, de forma acolhedora. Compreendendo as
necessidades dessas mulheres, nas questões de saúde-doença, quanto no apoio
emocional, abrigando e atendendo de acordo com as conquistas que foram
voluntariamente arrecadadas. Por ser um grupo de apoio, têm como intenção primordial
trabalhar a autoestima e superação das mesmas, por meio de trocas de experiências,
roda de conversas, informações sobre a doença, palestras e lazer. Suprindo as carências
dessas mulheres em situação de insegurança e medo, frente ao diagnostico, que causam
várias reações psicológicas e emocionais, que varia de acordo com a cultura sócio
pessoal. Desempenhando um melhor convívio social, no âmbito familiar, assim como
entre amigos. O trabalho também surge ampliando a importância das práticas exercidas
por grupos amplos, na importância da superação, quanto aos efeitos biológicos,
emocionais, sociais e psíquicos de grupos variantes.
Introdução
O câncer consiste na deficiência de células benignas, ocasionando o crescimento
desordenado delas e sua multiplicação, que tem como função inibir o corpo humano.
Passando a desestabilizar o ser humano, seu ponto mais referencial, é a superação do
mesmo diante táticas e métodos, entre pessoas e convívios, com o apoio da família e
dos que passaram pelo desespero e pela cura. A superação, do Latim SUPERATIO, “ato
8052
de elevar-se, de passar por cima”, derivado de SUPER, “acima”, refere ao conjunto de
processos, que permite que o indivíduo tenha uma vida sã, no qual esses projetos
consistem em variância de apoio, seja por apoio emocional, quanto à motivação por
meio da beleza por práticas de exercícios, equipe de enfermagem, respeito aos efeitos
colaterais e até mesmo grupos de apoio que desmistificam todo o sofrimento, passando
a atuar junto com a família na eficácia do diagnóstico.
Tais grupos, sejam eles físicos ou virtuais, permitem ao individuo uma motivação
perante o tratamento. Muitos deles permitem cultivar a beleza durante o tratamento da
quimioterapia, como fazer unha com cuidados biológicos, táticas de maquiagem para
esconder manchas, cuidados intensivos de como se depilar durante quimioterapias
brancas e remissão, desenhos de sobrancelha, adereços da cabeça. São táticas
estratégicas, que permitem a esses indivíduos a motivação e a autoestima,
proporcionando o amor próprio como fonte de energia diante do tratamento, pois suas
emoções estão descontroladas diante do diagnóstico e isso causa revolta e desfalecia
do corpo físico, porém medidas emocionais incentivadas por tais grupos favorecem
também o controle emocional, tais como meditação, técnicas de respiração,
mindfulness, acupuntura, ajudando a diminuir a dor, sentimento de confusão e cura
interior. Assim como práticas de imunodeficiência que ajudam a regredir os efeitos
colaterais, acelerando a cura e a superação existente.
Logo ao abordar o tema faz se evidente que a superação do câncer está vinculado a
diversos fatores, em especial a grupos de apoios que junto com o corpo clínico
amenizam os efeitos biológicos e psíquicos do ser humano, garantindo a integridade
física e moral. Assim esses pacientes são preparados emocionalmente para garantir a
socialização diante da imagem afetada pela doença, no qual a busca pela esperança,
pelo apoio, por respostas, aceitação, duvidas são atendidas e sentimento
desestimulante amenizados com grupos como estes. Por conseguinte, salientando a
importância dos mesmos afim de expandir as informações na sociedade e no requisito
8053
saúde-doença como alternativas de métodos físicos em conjunto para a busca da cura
do cancerígeno.
Metodologia
Trata-se de um estudo realizado no período de Outubro de 2017 à Março de 2018, com
abordagem qualitativa, já que a pesquisa exploratória tem como objetivo, pesquisar
sobre o grupo de apoio “VIVA”, e a descritiva tem como objetivo, a descrição dos
benefícios de um grupo como esse, para o tratamento do câncer. Sendo uma das
características mais significativas, a utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados, como questionários e entrevistas gravadas, aprovadas e autorizadas pelas
participantes. No entanto, foram preservados os seus nomes, substituindo-os por nomes
de pedras preciosas, tais como Rubi, Esmeralda, Turmalina e Diamante, em uma análoga
comparação de pedra com nódulos e preciosas são essas mulheres, que enfrentam ou
enfrentaram essa dificuldade com garra. Além disso, foram utilizados artigos científicos
e tabelas estatísticas, para a comprovação do que foi relatado. Ademais, para ilustrar,
foram utilizadas imagens disponibilizadas pela representante do grupo, que enfatiza as
colocações que foram descritas.
Resultados e Discussão
Ao tratar do câncer e suas possibilidades de cura foi estigmatizado a relevância de
grupos que permite a autoajuda terapêutica, entre eles o grupo “VIVA” da cidade de
Currais Novos que tem como objetivo ajudar pessoas com câncer por experiências
próprias. O diagnóstico de câncer no Brasil possui índices alarmantes no qual preocupa
o conselho de saúde, suas causas ainda não estão estigmatizadas, mas, o gênero
feminino é o mais acometido pelos carcinomas, o câncer de mama um dos principais
causadores de morte no mundo, tendo essa especificidade de carcinoma bem visível no
grupo viva, os grupos alvo são acometidos desde idosos a jovens. Segundo dados da
tabela de distribuição dos casos de câncer, de acordo com o sexo:
8054
Os efeitos psicossociais ocasionados pela descoberta da doença e pela agressividade
dos tratamentos são impactantes para o indivíduo e sua família, no qual a rotina, as
financias, e a estética são afetadas diante de uma sociedade exigente, a depressão,
solidão, a falta de aceitação da doença e a revolta são sentimentos de angústia diante o
diagnóstico, assim o apoio do corpo clínico ainda é insuficiente, pois o consolo humano
se faz concreto quando tem ajuda de quem passou e venceu o câncer, trazendo a
motivação e a esperança da cura, incentivando pessoas a continuar na luta, a propagar
experiências e desmistificar o tabu do câncer “aquilo” ou “aquela doença feia”.
Conforme Almeida:
Diante do observado, no grupo tem em sua maioria, mulheres com câncer de mama
submetido à mastectomia, um importante processo para sanar os efeitos biológicos,
mas, desestabilizadores da emoção feminina, entre outros efeitos acometidos por
carcinomas de tireóidea, colo de útero, colo retal, linfoma de Hodgkin, câncer de
estômago e pele. Tais como, perca de cabelo, alterações na pele, unhas, entre outros
adventos dos efeitos colaterais. Os seus possíveis danos são acometidos por terapias
fortes, assim como mostra Almeida:
8055
Acredita-se que o tratamento com quimioterápicos seja tão
temido pela maioria das mulheres, devido ao seu poder de
desenvolver efeitos como a toxicidade sistêmica que pode ser
apresentada com a alopecia, causando-lhe significativas
alterações na autoimagem. (ALMEIDA, 2015, p. 436).
Esses efeitos são em sua maioria amenizada por meio do apoio do grupo “VIVA” que
permite mostrar a possibilidade de superação, por meio do contato, da ajuda
psicológica, o incentivo na revalorização do corpo feminino, na prática da fé e na troca
de experiências a falar do assunto. O mesmo tem como objetivo a aplicabilidade de
atendimento, apoio, orientação e escutar a historia de cada uma e de alguma forma
transformar a vida dessas mulheres. Engajar as mesmas no convívio social, fortalecidas,
bem humoradas, evitando a solidão e doenças psicológicas, proporcionando a
superação ao câncer. Participantes do grupo que passaram pelo tratamento oncológico,
quando foram questionadas sobre o que o grupo mudou em suas vidas, relataram:
8056
Fonte: Grupo VIVA (2017) Fonte: Grupo VIVA (2017)
O grupo permite visitas, garantindo apoio emocional, acessória jurídica para mostrar os
direitos de pacientes oncológicos e garantir a integridade humana, eventos que permite
lazer, por meio de patrocínios disponibilizam em seu projeto apoio com práticas de
atividades físicas, tais como, natação e hidroginástica por meio de colaboração
solidária, havendo necessidades, disponibilizam cestas básicas, medicamentos básicos e
auxilia a família na marcação de exames, o grupo busca parcerias com a secretaria do
município, afim da mesma disponibilizar médico oncologista para que não tenha tanta
locomoção para cidades vizinhas de pacientes, pois o cansaço é um grande
desmotivador, mas, encontra dificuldade por não saber a quantidade estática da doença
na cidade, mas existem grandes índices da doença no município, assim a busca por
soluções, pelo interesse das causas acometidas e por dados brutos, levou Esmeralda a ir
à busca de uma geneticista, afim, de ajudar pessoas já adoecidas, no qual considera
uma medida eficaz na busca da superação. O grupo é bem explicito quando expõem
suas limitações e dos seus objetivos:
“A gente não engana ninguém, não diz que é fácil, mas mostra
que é possível.” (Esmeralda).
8057
Também permitiram o empoderamento da beleza realizando um ensaio fotográfico, que
mostrou para essas integrantes a valorização do seu corpo, a valorização do grupo e da
amizade, permitindo a confiança, a alta estima e reflexos de superação para as demais.
Conclusão/Considerações Finais
O presente estudo se propôs a caracterizar a presença da superação e resiliência de
mulheres que enfrentam esse processo de saúde-adoecimento, a árdua batalha contra o
câncer.
8058
O grupo “VIVA” age com um olhar generalista de doença, corpo, emocional, psicológico
e cultural. Torna-se evidente, portanto, que a formação de grupos de apoio como o
citado à cima, permite a sociabilização e proporciona autonomia das mesmas para um
melhor convívio social. Assim como atua ajudando a equilibrar os aspectos biológicos,
junto com o corpo clínico. Além do mais, colabora para o regresso da doença,
possibilitando uma melhor qualidade de vida.
Referências
ALMEIDA, Thayse Gomes de. Et al. Vivência da mulher jovem com câncer de mama e
mastectomizada. Maceió, AL: Esc. Anna Nery revista de enfermagem, 2015.
8059
PROGRAMA MAIS SAÚDE: PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES - PLANTAS
MEDICINAIS E SUAS INTERAÇÕES
Iara Fernandes1; Riani Ferreira Guimarães2, Melissa Maia Bittencourt2 , Arthur Vieira
Piau2 ,
Juliana Cristina Santos Almeida Bastos3 , Rosana Gonçalves Rodrigues das Dores 4
Resumo
O conhecimento sobre plantas medicinais está arraigado no Brasil. As preparações
tradicionais como chás, emplastros, sumo, fazem parte do conhecimento oral,
transmitido entre gerações. Neste contexto, sempre há “uma receita” de uso de plantas
em dada patologia. Com a implementação da Fitoterapia, no SUS, esse estudo visou
fazer o diagnóstico das plantas medicinais utilizadas por pacientes do Centro de Saúde
da UFOP, orientar sobre as interações entre medicamentos/plantas/alimentos,
discutindo aspectos culturais, étnicos, aconselhando sobre as terapias que melhor se
adequam ao tratamento medicamentoso. Por meio de entrevistas semiestruturadas, 400
pacientes maiores de 21 anos foram abordados e convidados a participar do projeto
(CAAE - 0057.0.238.000-10, 0010.0.238.000-11) onde respondiam sobre uso de
medicamentos/plantas medicinais, formas e frequência de uso.
Questionou-se informavam aos prescritores o uso concomitante de
plantas/alimentos/medicamentos. Foram estudados os prontuários clínicos, fez-se a
conduta clínica individual e as informações sobre possíveis interações, identificação e
forma de uso foram repassadas ao entrevistado. Os dados foram sistematizados por
estatística descritiva. A maioria dos entrevistados desconhecia que “um simples chá”
pode interferir na absorção do medicamento, não informando o uso ao prescritor. Dos
1
Universidade Federal de Ouro Preto, Nutrição(UFOP). Bolsista PET/ PIVIC/Universidade Federal de Ouro
Preto
2
Bolsistas Programa Mais Saúde. PRACE/ Universidade Federal de Ouro Preto.
3
Bolsistas de Pós-graduação (Mestrado e Doutorado UFOP) Programa Mais Saúde. PRACE/ Universidade
Federal de Ouro Preto.
4
C oordenadora Programa Mais Saúde. PRACE/ Universidade Federal de Ouro Preto
8060
entrevistados 85,1% fazem o uso de plantas medicinais, valor elevado, devido ao
tratamento medicamentoso. Desses 60,4% são mulheres e 24,7% homens. Foram
citadas 53 espécies. As maiores prevalências estão associadas a Mentha sp. (hortelã,
18,3%), Cymbopogon citratus (DC) Stapf. (erva-cidreira, 14%), Matricaria recutita L.
(camomila, 10,3%), Ilex paraguariensis A. St. Hil.(erva-mate, 9%) e Leonurus sibiricus L.
(macaé, 8%). As interações relevantes foram entre sedativos e plantas calmantes, anti-
hipertensivos e plantas diuréticas. Índice importante está relacionado ao uso de café
(33%) que interfere diretamente com vários medicamentos.
Palavras-chave:plantas medicinais, Fitoterapia, interações medicamentosas, SUS
Introdução
Tradicionalmente, todos nós temos “uma receita” de chás, sumo, cataplasma ou suco
que utilize de plantas, com finalidade terapêutica. Dentre as mais conhecidas e
relatadas no meio universitário está a maceração de folhas de boldo-brasileiro para
curar os excessos alcoólicos. O conhecimento empírico transmitido entre gerações
colaborou no aprendizado de técnicas de cultivo e uso das plantas medicinais. Outro
aspecto importante é a troca de receitas e mudas de “chás”. Relatos espontâneos de uso
de plantas eram passados entre vizinhos, que quando necessário, se tornaram
fornecedores de chá, ou de plantas in natura. Hoje, com a verticalização urbana, a
facilidade de se adquirir produtos comercializados, tais práticas estão cada vez mais em
desuso.
8061
quando se estuda uma dada espécie, propõe-se investigar toda a sua cadeia produtiva
que vai do cultivo ao medicamento fitoterápico.
Outro aspecto relevante está ligado com a forma de produção e processamento dos
produtos a base de plantas. Nesse sentido, salienta-se que o cultivo deve ser orgânico
ou agroecológico e o processamento em droga vegetal (planta seca) sob temperatura
controlada.
Como reflexo do uso indevido, tem-se alterações clínicas e laboratoriais, que norteiam o
prescritor para adequações na conduta clínica.
Podendo acarretar interações e efeitos tóxicos não esperados pelo médico ou provocar
hepatotoxicidade. As interações entre um princípio ativo e os componentes químicos
que estão contidos nas plantas medicinais possuem potencial em causar alterações nas
8062
concentrações plasmáticas dos medicamentos, comprometendo, dessa forma, sua
efetividade e segurança (Souza et al, 2017).
Em função do exposto, esse projeto, do Programa Mais Saúde, teve como objetivo fazer
o diagnóstico das plantas medicinais utilizadas por pacientes do Centro de Saúde da
Universidade Federal de Ouro Preto, orientando sobre possíveis interações entre
medicamentos/plantas, medicamentos/alimentos e plantas/ alimentos, discutindo
aspectos culturais e étnicos, e ainda, resgatando os conhecimentos, aconselhando sobre
as terapias que melhor se adéquam ao tratamento medicamentoso e trabalhando por
meio de atendimentos individuais e oficinas coletivas a promoção da saúde da
população.
Metodologia
8063
plantas/alimentos e medicamentos. Relatos espontâneos foram registrados bem como
receitas de uso de plantas.
Resultados e Discussão
A partir dos dados obtidos foi evidenciado que 85,1% dos entrevistados utilizam plantas
medicinais. Esse valor pode ser considerado valor considerado elevado, uma vez que os
mesmos estão em tratamento medicamentosos ou acompanhamento farmacológico.
Desse universo, 60,4% são mulheres e 24,7% homens. Esse resultado pode estar
correlacionado com a questão da transmissão oral do conhecimento sobre plantas
medicinais, entre gerações de mulheres, relacionando-se ao “tradicional chazinho da
vovó”; entre vizinhas ou amigas, com resgate de receitas caseiras de tratamento.
Observa-se que, culturalmente, a promoção de saúde e de autocuidado está vinculada a
8064
figura maternal, e ainda pelo fato de que a mulher frequenta mais os serviços de saúde
em atenção básica (Pitilin e Lentsck, 2015).
Alguns autores apontam que o uso de plantas medicinais por homens pode estar ligado
a atividade exercida, como ocorreu em levantamentos etnobotânicos feitos na região
norte do país, onde os homens em devido ao maior contato com a floresta, tendem a ter
maior conhecimento de plantas desse ecossistema (Ming & Amaral Jr, 2005; Santos et
al, 2008).
8065
Algumas espécies podem ser chamadas de modais, ou seja, refletem um momento, ou a
moda que é divulgada nas redes sociais, revistas que propagam padrões estéticos, saúde
associada a forma física ou estereótipos. Nesse estudo, as espécies citadas são
relacionadas ao emagrecimento ou ao rejuvenescimento, facilitado como Cordia
salicifolia Cham. (porangaba), Hibiscus sabdariffa L. (hibisco), Camellia sinensis L. (chá-
preto, branco e verde).
A maioria dos entrevistados desconhece que “um simples chá” pode interferir na
absorção do medicamento, não informando o uso ao prescritor, o que pode ser
prejudicial ao acompanhamento farmacológico, explicando muitas vezes, as
interferências laboratoriais, a dificuldade na adesão e sucesso do tratamento. Ao serem
informados das interações, os entrevistados se mostraram perplexos e reflexivos sobre
as interferências e fizeram relatos bem interessantes sobre o que já havia sucedido
quando utilizavam os chás ou fitoterápicos.
“Bem que eu vi, que quando uso, eu ‘durmi’ que nem pedra...
Nem vi minha filha chegar.”
MP, paciente hipertensa, 76 anos
Cato minhas plantinhas e uso mesmo, às vezes, o médico passa lá perto de casa, Dr.
P, é meu vizinho, vc sabe, né, me vê e ainda pergunta pra que serve...
Ele sabe que num fico sem elas”
MFSM, paciente hipertensa, 62 anos.
“Uso direto para emagrecer, quando quero por uma roupa, ir em uma festa...
Sou jovem e estou acima do peso e assim desinchei também.”
GCFS, paciente com hipercolesterolemia, 25 anos.
8066
Como os participantes do projeto são muito presentes nas atividades do Programa Mais
Saúde, não houve constrangimento em relatar o uso indevido, ou o uso concomitante
com medicamentos. A proposta da equipe foi do uso controlado, adequando o uso de
chás ou fitoterápicos à prescrição medicamentosa, usando a informação como aliada
para promoção do autocuidado.
Entre dados coletados um dos índices mais importante está relacionado ao uso de café
(33%), que pode interagir com diversos fármacos, como adenosina, antipsicóticos,
benzodiazepínicos e fármacos relacionados, betabloqueadores, clozapina, compostos
contendo ferro, dipiridamol, hormônios contraceptivos ou terapia de reposição
hormonal, idrocilamida, inibidores da monoaminooxidase, pseudoefredina e fármacos
relacionados, lítio e mentol. Como exemplo das interações relatadas, podemos citar que
o uso de café (duas xícaras de 150 mL) se opõe aos efeitos dos betabloqueadores não
seletivos (por exemplo, propranolol ou metoprolol) no tratamento da angina ou
hipertensão (Medeiros et al, 2017). Isso está associado ao fato que a cafeína causa uma
liberação de catecolaminas, tais como adrenalina, no sangue, que poderá proporcionar o
aumento da freqüência cardíaca e da pressão sanguínea. Pacientes em tratamento
desconheciam tais informações. Os prescritores também.
Das plantas utilizadas apenas a Bauhinia forficata L. (pata-de-vaca) já está inserida nas
plantas medicinais do Sistema único de saúde e no componente verde do Programa
Farmácia de Minas, implantado na rede de atenção básica de Minas Gerais. Sua
utilização é como hipoglicemiante e as principais interações são com medicamentos
que agem de modo a diminuir excessivamente a glicose sanguínea, podendo levar o
indivíduo a um quadro de hipoglicemia.
As três espécies mais citadas são utilizadas como calmantes/ relaxantes ou para induzir
o sono. Destaca-se as interações dessas espécies com anticoagulantes. Como por
exemplo, a varfarina, podendo aumentar o risco de sangramentos. Ou ainda com os
barbitúricos, representado pelo fenobarbital, e outros sedativos, nesse caso, a camomila
intensifica ou aumenta a ação depressora do sistema nervoso central, reduzindo a
absorção de ferro ingerido. A camomila interfere no mecanismo que o corpo processa
8067
determinadas drogas provavelmente através do sistema enzimático hepático citocromo
P450 (Carneiro e Comarella, 2016).
A forma de uso e aquisição das plantas é em chás ou cápsulas. Maior parte dos usuários
adquire “as caixinhas de chás de supermercados” pela facilidade de uso e por acreditar
que tais produtos teriam mais qualidade que as cultivadas em hortos caseiros.
“Chá de capim-limão lá em casa todo mundo sabe que estou fazendo, até os
vizinhos...deixo ferver pra tirar tudinho.”
“E eu tinha isso (planta) lá em casa, passei a comprar porque achei que era melhor...”
“Tou jogando meu dinheiro fora...me dá uma muda dessa planta. Você tem, fulano?
Vou buscar hoje na sua casa!”
O programa Mais Saúde trabalha de forma muito efetiva com a comunidade. As rodas de
conversa, oficinas, atendimento individuais são informativos, sem caráter proibitivo ou
punitivo. Informar se torna leve, fácil de aceitar e de fazer a mudança terapêutica pois
são oferecidas ao paciente um gama de possibilidades e argumentos para que ele
mesmo possa perceber as interferências e promover o autocuidado. A integração
ensino/ pesquisa/ extensão é o pilar que sustenta o programa e que norteia tantas
atividades.
8068
“Ensinar é muito melhor quando a gente também aprende”.
(Equipe do Programa Mais Saúde, 2013).
Conclusão/Considerações Finais
O projeto Plantas medicinais e interações nos permitiu visualizar que é pertinente
continuar realizando ações que atendam as demandas dos pacientes, permeiem a troca
de conhecimentos, valorizem e resgatem a tradicionalidade, respeitando o saber
individualizado, e difundam a ciência por meio de ações que demonstram os benefícios
de chás e fitoterápicos.
Referências
MEDEIROS, FT et al. Café: uma revisão das interações medicamentosas. Disponível em:
www.prac.ufpb.br/anais/XIenexXIIenid/enex/RESUMO.../6CCSDCFPEX01-P.doc. Acesso
em 20 de março de 2018.
8069
PITILIN, EB; LENTSCK, MH. Atenção Primária à Saúde na percepção de mulheres
residentes na zona rural. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 49(5):726-732, 2015.
SANTOS, MRA dos; LIMA, MR; FERREIRA, MGR. 2008. Uso de plantas medicinais pela
população de Ariquemes, em Rondônia. Hortic. Bras.26(2):244-250.
SILVA, T. R., OLIVEIRA F. Q. Levantamento de plantas medicinais utilizadas em
domicílios do bairro Maracanã, Pudente de Morais, MG. Revista Brasileira de Ciências da
Vida. 5(5), 2017.
Agradecimentos:
8070
PROGRAMA MAIS SAÚDE ‘FIOS DE SOLIDARIEDADE’
Riani Ferreira Guimarães1, Melissa Maia Bittencourt2; Viviane Flores Xavier3, Arthur
Vieira Piau3, Iara Fernandes5, Juliana Cristina dos Santos Almeida4, Milla Maia
Bittencourt7 e Rosana Gonçalves Rodrigues Das Dores5.
Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ouro Preto. Minas Gerais. Brasil.
Resumo
1
Universidade Federal de Ouro Preto, Direito (UFOP).
2
Universidade Federal de Ouro Preto, Medicina
(UFOP). 3 Universidade Federal de Ouro Preto,
Farmácia (UFOP).
3
Universidade Federal de Ouro Preto, Medicina
(UFOP). 5 Universidade Federal de Ouro Preto,
Nutrição (UFOP).
4
. Universidade Federal de Ouro Preto, Doutoranda em Ciências Farmacêuticas (UFOP) 7 Universidade
Federal de Ouro Preto, Engenharia Geológica (UFOP).
5
Coordenadora do Programa Mais Saúde. PRACE/Universidade Federal de Ouro Preto
8071
no Outubro Rosa, com canal multimídia onde esclarece dúvidas e responde demandas
sobre prevenção/acompanhamento/agendamento de consultas e doações. A ação
presencial sempre ocorre na terceira semana de outubro, contando com equipe de apoio
multidisciplinar, alunos bolsistas e voluntários, servidores e patrocinadores do setor
privado. Com o crescimento da ação, no quarto ano, os fios se entrelaçaram atendendo
a demandas externas com novas propostas temáticas como palestras, oficinas,
atividades lúdicas e terapias que auxiliassem no dia-a-dia dos pacientes, familiares e na
formação de agentes multiplicadores. 2018 será o quinto ano de campanha e a proposta
renovará a abordagem positiva que integra dinamicamente discentes, servidores e
comunidade nessa temática tão delicada, mas que FIOS contribui de forma suave,
convidando a todos a pensar em educação em saúde com uma visão humanística,
construtiva e realista.
Introdução
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de mama é o que mais causa morte entre as
mulheres (BRASIL, 2003). É o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e
no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos casos
novos a cada ano. Segundo Instituto Nacional de câncer José Alencar Gomes da Silva
(INCA, 2018), a estimativa de novos casos será de 59.700 para este ano.
Tratar do câncer de mama é lidar com medos, angústias, perdas e autoestima. A mulher
com câncer de mama convive com sentimentos de incerteza e insegurança, desde a
descoberta do nódulo à confirmação do diagnóstico. Além disso, o impacto é uma
vivência demasiadamente significativa e influencia todo o processo até a reabilitação
do doente (ARAÚJO, 2008).
8072
Trazer o assunto à tona com acolhimento, empatia, e principalmente, sororidade são
maneiras de atenuar, e ao mesmo tempo reforçar importância da conscientização e
prevenção de forma efetiva, esclarecedora e principalmente acolhedora.
Estudos têm apontado que a primeira preocupação da mulher e sua família após
receberem o diagnóstico do câncer de mama é a sobrevivência. Em seguida surge a
preocupação com o tratamento e condições econômicas para realizá-lo; e quando o
tratamento está em andamento, as inquietações se voltam para a mutilação, a
desfiguração e suas consequências para a vida sexual da mulher (SILVA, 2008).
Nos anos anteriores, o Programa Mais Saúde já realizava campanhas alusivas menores,
pontuais, com apenas distribuição de lacinhos de fita rosa (símbolo do outubro Rosa),
como ocorreu em 2013, na ação denominada “Pegue seu lacinho”.
Metodologia
8073
material de apoio que representasse o desapego da doação e da capacidade de
renascimento feminino.
8074
importância das doações, ainda convidavam a comunidade para participarem da
campanha presencial que ocorreria em outubro, no campus universitário.
A sensibilização para ser efetiva deve ter dinâmicas e opiniões que possa esclarecer a
população, sanando dúvidas técnicas. Neste sentido, professores da Universidade que
também gravaram depoimentos com informações e dicas em clínica ginecológica, em
mastologia e citologia oncótica. Outro fator importante em uma campanha é a
identificação dos profissionais para que a população possa ter, se necessário, onde
sanar dúvidas ou onde ser atendido. Todos os depoimentos foram feitos no Centro de
saúde/ nas clínicas-escola, e, uma vez prontos, foram reproduzidos em todas as salas de
espera do Centro de saúde da Universidade, em mídias sociais, e na rádio e televisão
universitária.
Como o Programa Mais Saúde é andarilho, itinerante, e vive além muros das unidades
de saúde, o local escolhido para a campanha de 2014, foi a “Escola de Direito, Turismo
e Museologia” (EDTM), valorizando a multidisciplinariedade da temática, a necessidade
de fazer redes de apoio, de conhecer outras perspectivas e como forma de apoiar a
comemoração do aniversário da EDTM. A ação aconteceu na terceira semana de
outubro.
Previamente, toda a estrutura do EDTM foi vestida de rosa para acolher o evento. Para
tal, os bolsistas de extensão do Programa Mais Saúde confeccionaram flores, origamis,
cortinas de flores, arcos, laços, material artesanal e promocional que pudesse “trans –
formar” o ambiente, causando impacto visual. Sala multimídia foi implementada para
que os vídeodepoimentos pudessem ser reproduzidos durante todo o evento. Material
impresso (cerca de 3000 laços com frases impactantes, adesivos) e lacinhos rosas (5000)
foram distribuídos no horário de almoço no restaurante universitário nos dias anteriores
da campanha, como forma de sensibilização a causa e convite a doar os cabelos. Toda
Universidade foi sinalizada para a campanha com banners cor- de-rosa do Fios de
solidariedade.
8075
O evento foi transmitido nas televisões, rádios e mídias sociais universitárias e de
outras emissoras locais, a repercussão foi positiva e fios se tornou evento pontual para
ação presencial e permanente para a arrecadação de cortes de cabelos visando a
confecção de próteses capilares durante todo o ano. As doações foram encaminhadas
aos parceiros da campanha Hospital de câncer de Uberlândia e a ONG’s mineiras.
Nos anos seguintes, em função do crescimento da ação, de 2015 a 2017, FIOS ocorreu
no hall principal do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB) do campus
Universitário de Ouro Preto, maior espaço de convivência universitário, que
tradicionalmente se veste e reveste de rosa, e, acolhe toda a comunidade de ouro-
pretana.
Em 2017, a ação veio com uma nova roupagem (figura 2), “Fios de Solidariedade” se
desdobra com novo lema: “Doe Amor. O Universo te devolve gratidão”, campanha que
visava despertar a consciência de que a doar vai muito além do material e que todos
nós temos algo que podemos doar. A metodologia de trabalho foi construtiva embasada
na experiência coletiva, nas vivências do grupo executor das versões anteriores dos fios,
e na reflexão da disponibilidade do outro em acolher o próximo, quebrando paradigmas
e refletindo os méritos de ser solidário.
8076
Figura 2: Logotipo da ação Fios de Solidariedade, 2017. @ ACI, UFOP
Durante toda a programação houve sorteios de brindes que foram doados pelo comércio
local (lenços, faixas, chapéus, kits de maquiagem, perfumaria, bijuterias e adereços,
cesta de frutas/ produtos naturais, cestas de chocolate, dentre tantos outros).
8077
O patrocínio de camisas temáticas do Fios foi da Fundação Gorceix, em todos os anos. A
documentação fotográfica foi da fotografa Ane Souz (ex-aluna da Universidade), em
todos os anos, que disponibiliza gratuitamente o seu trabalho a todos os participantes.
Em 2018, Fios vem com nova roupagem, a proposta de comemoração dos cinco anos
de atividade é revolucionar-se, doar-se, libertar-se. O universo feminino ganhará novas
cores e perspectivas com metodologia construtiva, de sensibilização e integração das
proposições anteriores.
Resultados e Discussão
8078
2015 265 750
2016 270 800
2017 350 1200
O desafio de seguir com a ação, durante todo ano, veio das demandas posteriores de
cortes feitos e nos encaminhados via correios, malote interno universidade ou
presenciais na sala do Programa Mais saúde.
Historia, Filosofia...), bem como patrocinadores que são empresas locais do setor
privado (institutos de beleza, comércio local, fundações de apoio a pesquisa,
restaurantes, hortifrutigranjeiros, dentre outros), setores da universidade (restaurante
universitário, transporte, assessoria de comunicação institucional, editora, secretarias e
chefia de gabinete da Reitoria, pro-reitorias, SIASS...). Sobre a logística da campanha,
para que essa funcione perfeitamente, está registrada devidamente na PRACE/PROEX/
PROAD/ SIASS
Inconfidentes.
8079
O saldo dos “Fios de Solidariedade” é extremamente positivo com grande repercussão
nas comunidades acadêmica e da região de Ouro Preto, para atender as demandas foi
criado um canal multimídia onde dúvidas, demandas sobre prevenção/
acompanhamento/ agendamento de consultas e doações. Por meio desse canal
compartilhamos as fotos dos eventos e depoimentos. Ao longo desses anos recebemos
doações que são marcantes como a de N.C.D, que descobriu um câncer de mama em
2015, e antes de iniciar o tratamento optou por doar todo seu cabelo:
“Oi! Queria muito doar meu cabelo, mas moro em Viçosa. Vocês fazem campanhas
aqui também ou conhecem algum lugar que me indiquem para fazer a
doação?”
C.L, para “Fios de Solidariedade.”
“Oi, tenho uma mecha de cabelo e gostaria de doar para vocês, porém sou de São
Paulo.”
A.F, para “Fios de Solidariedade.”
8080
“Boa Noite! Quero doar meus cabelos. Como faço? Sou da Cidade de João Monlevade. Vou
cortar aqui, para onde mando?
P.A, para “Fios de Solidariedade.”
Em 2017, a arrecadação de Fios foi de 1200 doações por ano, as doações são recebidas
diariamente no “Centro de Saúde” da Universidade.
O que tecer para 2018? Qual serão os novos desafios de “Fios de Solidariedade”? Serão
cinco anos...mais de 4000 cabelos doados, mais de 4000 novos sentimentos, palavra
maior: desapego...
Conclusão/Considerações Finais
A campanha “Fios de Solidariedade” nos permitiu verificar que ações voltadas para o
ambiente Universitário são de suma importância para conscientização dos estudantes,
futuros profissionais, que serão agentes de mudança de consciência.
8081
ações que a priorizem. Fazer as comunidades ufopiana e ouro-pretana caminharem
juntas é o maior desafio do “Fios de Solidariedade”.
Referências
INCA. Instituto Nacional De Câncer José Alencar Gomes Da Silva – CÂNCER DE MAMA.
2018. Disponível em: http://www2.inca.gov.br . Acessado em16 novembro de 2018.
Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141498932003000400006
&lng=pt&nrm=iso . Acessado em 19 março de 2018.
8082
A ENTRADA NA UNIVERSIDADE E O SOFRIMENTO PSÍQUICO: A EXTENSÃO COMO UMA
POSSIBILIDADE.
Vanessa Arruda Pires1; Tiago Gonçalves Corrêa2; Lorrany Coelho De Freitas3; Maurício
Campos4.
de Psicologia.
4
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, Instituto de Biotecnologia, docente do curso de
Psicologia.
8083
a partir dos seus relatos pessoais. Assim, ao final do grupo as integrantes realizaram um
feedback, que mais uma vez comprovou a importância que o espaço terapêutico para
fala e escuta exerce neste período de adaptação na Universidade.
Introdução
Compreendendo a adolescência como um termo e um tempo amplo, em que
ocorrem mudanças biológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais, e sendo está a fase
que delimita a transição entre a infância e a vida adulta, o presente trabalho busca
abordar questões que perpassam este período da vida, especificando as situações
vivenciadas pelos sujeitos ingressantes e ingressos na universidade, através de um
projeto de extensão.
Comumente vemos que a vida dos adolescentes gira em torno da escola, até a
conclusão do ensino médio. O adolescente passa a maior parte de seu tempo nesse
ambiente. É na escola que costuma estar a maioria dos amigos, e também onde é ditado
a eles qual o desempenho que se deseja alcançar e o conhecimento é dado de forma
verticalizada. Há uma rotina e regras que precisam ser cumpridas. O mundo
universitário, porém, é bem menos estruturado que o mundo escolar.
A transição para o mundo universitário se apresenta de maneira complexa, pois
de acordo com Wiles e colaboradores (2010, p.9) “implica sair de um ambiente
controlado e aparentemente seguro da escola, para um mundo de desafios, liberdade e
crescimento, no qual o indivíduo deve apresentar maior autonomia”.
Para Teixeira et. al, (2008 apud Wiles et. al, 2010, p.1) “o ingresso na
universidade é uma tarefa do desenvolvimento emocional do ser humano que faz parte
da transição para a vida adulta”. Com isso, as experiências da Universidade são
importantes no processo de obtenção e desenvolvimento de habilidades para o
enfrentamento do mundo e constituição da identidade.
No que tange ao contexto universitário, muitos são os desafios enfrentados pelo
adolescente nesta fase da vida. Como por exemplo: a escolha profissional, exigências
acadêmicas, aquisição de novos comportamentos, novas formas de estudar, de
aprender, estabelecimento de novas relações, convivências, aquisição de novos papéis,
uma possível mudança de residência e consequentemente responsabilidades
domésticas e financeiras. Em resumo, este período é predominantemente marcado por
vivências que conduzirão ao descobrimento do seu lugar no mundo.
8084
Nesta perspectiva as relações de trabalho que permeiam a sociedade capitalista
influenciam as práticas de ensino escolares, pois a partir de uma concepção marxista, o
trabalho se compreende como a mediação do homem na sua constituição histórica. Com
isso, observa-se o quanto a função da escola se restringe a obtenção de um trabalho,
todos os anos escolares, desde os anos iniciais até a vida universitária, se pautam
basicamente na obtenção de um emprego.
Para Hoirisch (1993 apud Saraiva e Quixadá (2010) é importante a compreensão
de que este momento de transição vivenciado pelos estudantes ao ingressarem na
Universidade, implica
A autora ainda afirma que pesquisas realizadas nessa temática compreendem que a
integração ao universo acadêmico engloba características, regras e condições
idiossincráticas e institucionais.
O processo de inserção na vida acadêmica constitui-se como um período repleto
de expectativas acerca das novas possibilidades tanto no contexto universitário quanto
no pós-universidade. Pois, com a ideia de adentrar na universidade cria-se o ideal de
conquista de um papel adulto e, então há o reconhecimento tanto para os familiares
quanto para a sociedade. Porém, muitas vezes os jovens não têm suas expectativas
correspondentes à realidade vivida. Essas expectativas não sendo satisfeitas, prejudicam
o desempenho acadêmico, deixando os estudantes desmotivados e dificultando,
8085
enquanto sujeitos, as demais áreas da vida, caracterizando-se assim como um momento
de fragilidades e vulnerabilidades.
Santos et. al, (1992, apud Saraiva & Quixadá, 2010, p.2) ressalta o fenômeno do
“Choque do Primeiro Semestre” que se caracteriza como um período extremamente
conturbado e “(...) crítico da vida universitária, em decorrência do momento em que o
aluno troca de ambiente de estudos, mudança de vida e desilusão com a escolha, além
da troca de amigos, de cidade e o afastamento da família”.
Durante o curso de graduação na universidade o estudante enfrenta muitas
mudanças, dificuldades e desafios, que precisam ser superadas. Nesse período é exigido
do “mais recente adulto” algumas habilidades que não eram demandadas a ele
anteriormente, pois era cerceado de cuidados norteadores de suas atitudes.
Para Almeida & Soares (2003):
8086
Para Teixeira et. al, (2008) os relacionamentos interpessoais com os amigos, tanto as
amizades anteriores ao ingresso à universidade, como as desenvolvidas durante a
graduação são importantes no processo. O autor ainda ressalta que os estudantes que
acadêmica e socialmente se integram no período da universidade apresentam maiores
probabilidades de crescimento intelectual e pessoal.
Com isso, entende-se que este período de transição da adolescência para a vida
adulta, representada pela saída da escola e ingresso na universidade pode se
caracterizar como um momento de fragilidades e vulnerabilidades. Para Saraiva &
Quixáda (2010, p.2) isso pode ser verificado através dos “índices de reprovação,
trancamento e evasão escolar (...)”.
Desta forma, o projeto de extensão se justifica em decorrência da grande
quantidade de acadêmicos de ensino superior que sofrem psiquicamente com a entrada
ou permanência na universidade. É necessário atentar-se ao sofrimento que acomete
esses indivíduos e uma forma encontrada foi o desenvolvimento de um projeto de
extensão que atende-se esse público.
Metodologia
Haja vista que o ingresso na universidade pode se caracterizar como um
momento de fragilidade e vulnerabilidades, o presente trabalho traz como o relato de
experiência de um grupo terapêutico, na Universidade Federal de Goiás – Regional
Catalão (UFG/RC). O projeto de extensão: Grupo terapêutico com Jovens universitários
em situação de sofrimento psíquico em decorrência da entrada na universidade, foi
criado a partir da demanda que se apresentava na Universidade Federal de Goiás –
Regional Catalão, onde jovens procuravam a clínica-escola de psicologia apresentando
como queixa principal estarem sob condições de sofrimento psíquico devido as pressões
estabelecidas pelo universo acadêmico.
O grupo terapêutico se constitui como uma forma de terapia em que um grupo
de indivíduos se reúne regularmente, a partir de uma demanda comum entre eles, sob a
orientação de um ou dois terapeutas. Este espaço terapêutico é dedicado a uma escuta
das queixas tanto individuais quanto coletivas, acerca da realidade que os perpassam.
As intervenções se pautam nos conhecimentos da psicologia, de forma a auxiliar no
alívio do sofrimento desses indivíduos.
8087
sofrimento mental, modificar comportamento desajustado e
encorajar o desenvolvimento e amadurecimento da
personalidade. Na psicoterapia de grupo esse processo é realizado
pela interação entre terapeuta e pacientes, assim como entre os
próprios pacientes. Além das intervenções aplicadas pelo
terapeuta, o grupo e sua matriz interativa são instrumentos
empregados para a obtenção da mudança. Ao contrário da
psicoterapia individual, o terapeuta no grupo está situado lado a
lado e no meio dos pacientes. É, também, membro do grupo.
Precisa ter não só a experiência do analista, mas também a
presença de espírito e a coragem de colocar em jogo toda sua
personalidade no momento preciso para preencher o âmbito
terapêutico com calor, empatia e expansão emotiva. (BECHELLI;
SANTOS, 2005, p.250).
8088
planejamentos prévios. Porém nos primeiros encontros não houve o cumprimento dos
mesmos, justificando-se ao passo que as integrantes tinham muito a dizer acerca de
suas vivências na universidade, não havendo prejuízos para o andamento do grupo,
visto que este momento foi importante para a criação do vínculo, bem como para um
melhor mapeamento da demanda apresentada por elas, para que uma intervenção mais
assertiva pudesse ser realizada.
É interessante relatar que nos primeiros grupos não houve o encontro entre as
duas participantes, visto que no primeiro encontro apenas A esteve presente, enquanto
que no segundo apenas M compareceu, o grupo com as duas aconteceu apenas no
terceiro encontro.
Resultados e Discussão
Com isso o grupo se constituiu de duas estagiárias da psicologia e duas
participantes: Ana e Maria (nomes fictícios). Ana tem 23 anos, cursa engenharia civil,
mas já havia cursado três períodos de matemática industrial. É natural de Caldas
Novas/GO, mas reside em Catalão em virtude da universidade. Ela procurou ajuda em
um momento em que cursava dez disciplinas e estava se sentindo estressada com esse
processo. A sua queixa atual é quanto ao término do curso e a vida pós-universidade,
visto que ela está no último período do curso; Maria tem 20 anos, cursa enfermagem. É
natural do entorno de Brasília/DF, e também reside em Catalão em virtude da
universidade. Ela procurou ajuda devido a dificuldade de se adaptar numa cidade nova
longe de sua família, e isso tem a deixado muito nervosa, com crises de ansiedade.
No primeiro encontro foi proposto um momento de confecção de um crachá
pessoal com o objetivo de conhecer as participantes e quebrar a barreira do
desconhecido que muitas vezes pode dificultar o andamento do processo. E desde esse
primeiro momento foi possível notar a abertura das participantes para as conversas e os
momentos propostos ao grupo. Aos poucos elas foram relatando suas vivências e
experiências pessoais, possibilitando assim adentrar os seus cotidianos e histórias de
vida, contribuindo para o desenvolvimento terapêutico.
É importante ressaltar que muitas vezes o que havia sido planejado não foi
possível ser realizado devido ao curto espaço de tempo e as conversas que surgiam, as
participantes relatavam coisas de seu cotidiano que não mantinham estreita relação
com o tema que havia sido preparado, especificamente, entretanto contribuía
igualmente para o processo, haja visto que ali se constituía um espaço de fala e escuta
muito importantes nesse processo de alívio de sofrimento.
8089
Conforme os grupos foram acontecendo ficava visível a forma como as
participantes já se sentiam a vontade com o grupo, demonstrando espontaneidade em
suas falas e gestos, e o que ficava comprovado por meio de seus feedbacks.
Ana chega ao grupo relatando um grande número de atividades a ser realizadas,
entre provas, seminários e trabalhos e o quanto todo esse acúmulo de tarefas interfere
no seu descanso e em como ela vivencia suas relações. Enquanto estudava sentia falta
dos amigos e de se divertir, e se tirava um tempo para isso se sentia culpada por não
estar estudando. No decorrer do processo houve conversas e discussões que
possibilitaram uma reflexão e assim uma reorganização de como ela estabelecia a
ordem de importância de seus afazeres, fazendo com que agora ela consiga um
equilíbrio entre vida familiar, social e acadêmica de forma que nenhuma área interfira e
prejudique a outra.
Maria traz como queixa principal a mudança de cidade e a falta que sente da
família tendo como consequência a dificuldade de se adaptar na nova cidade com as
novas amizades e o excesso de atividades da faculdade. Relata que se estivesse perto
de sua família, as dificuldades recorrentes na vida acadêmica seriam mais fáceis de
serem superadas.
Diante de atividades que trazia como proposta escrever acerca das dificuldades,
saudades e enfrentamentos, Maria sempre ressaltava o quanto se sentia sozinha, pois os
novos amigos não conseguiam compreendê-la e como esse processo foi fazendo com
que ela se fechasse em si mesma, se sentindo triste e humilhada (segundo suas próprias
palavras). Ao longo do processo o grupo serviu como um espaço de fala para ela e de
construção de novas perspectivas, fazendo com que a não compreensão e os
julgamentos feitos pelos amigos não tivesse mais tanto poder sobre ela, trazendo assim
uma melhora dos seus sentimentos.
Em cada encontro, gradativamente, ficava evidente a melhora apresentadas por
elas em relação a queixa inicial, a partir do relato de suas experiências, que antes
tinham um caráter de sofrimento e a partir de um determinado momento passou a
desempenhar um caráter de superação do que anteriormente era muito falado de forma
angustiada e desesperançosa.
Conclusão/Considerações Finais
Podemos perceber que o período vivenciado na universidade pode ser gerador de
vários conflitos podendo até desencadear transtornos, por se constituir como uma fase
de transição, com inúmeras transformações na vida do indivíduo. Com isso, buscamos
ressaltar a partir das vivências aqui relatadas a importância de propiciar um lugar de
8090
fala para os discentes universitários. Esse tipo de espaço pode auxiliar os alunos nesse
processo de adaptação, seja pelas novas responsabilidades, seja pelas dificuldades
deste período, ou até mesmo para uma melhor adaptação na mudança de cidade.
Pensando na questão do bem estar do indivíduo, assegurar este espaço de fala e
escuta tenta garantir uma melhor qualidade nas relações, na vida acadêmica e nas
experiências de vida de modo geral, através dos processos de ressignificações
propiciados por esse espaço terapêutico, seja no contexto individual ou grupal.
Compreendendo que os estudantes universitários se configuram como um grupo
merecedor de atenção especial, devido sua condição de vulnerabilidade e fragilidade,
ressaltamos a necessidade de um olhar atento dirigido para eles e para suas
dificuldades, visando à prevenção e promoção da saúde no contexto universitário.
Percebe-se ao se findar o processo terapêutico que o grupo atingiu suas
expectativas, visto que, como já mencionada, as participantes conseguiram interagir e
usufruir do grupo como um todo, utilizando daquele espaço, que anteriormente não
existia para elas, para falar sobre apreensões e dificuldades e até mesmo sobre coisas
simples do cotidiano, que fazia sentido para elas. Evidencia-se que o grupo exerceu
uma função de empoderamento diante da realidade pelas quais elas atravessam e são
atravessadas.
Nós enquanto futuros profissionais de Psicologia entendemos que o trabalho foi
gratificante e contribuiu para a nossa formação acadêmica, pois permitiu que
vivenciássemos na prática situações que até então só eram conhecidas na teoria.
Portanto, concluímos que experienciar e desenvolver o grupo terapêutico como um
projeto de extensão se constituiu de uma oportunidade de aprendizado, numa troca de
vivências entre nós extensionistas e as participantes do grupo, foi mútua a contribuição
do grupo.
Referências
8091
COSTA. E. S.; LEAL. I. Um olhar sobre a saúde psicológica dos estudantes do ensino superior
- avaliar para intervir. Actas do 7º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde. Porto.
2008.
HOIRISCH, A.; BARROS, D.; SOUZA, I.. Orientação psicopedagógica no ensino superior.
São Paulo: Cortez, 1993.
8092
PROGRAMA MAIS SAÚDE: ACOMPANHAMENTO LONGITUDINAL DE SAÚDE DOS
FUNCIONÁRIOS DA UFOP
Arthur Vieira Piau¹; Melissa Maia Bittencourt1; Riani Ferreira Guimarães1; Iara
Fernandes1; Jordana Fedrigo Menezes1; Juliana Cristina dos Santos Almeida Bastos1,
Viviane Flores Xavier1; Karine Meirelle Marinho de Amorim1; Rosana Gonçalves
Rodrigues das Dôres2.
1
Acadêmicos em graduação de Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais.
Coordenadora da Programa Mais Saúde em Universidade Federal de Ouro Preto, Minas
2
Gerais.
Resumo
O programa de Mais Saúde da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foi fundado
em 2005 e tem como objetivo acompanhar o servidor de forma longitudinal, oferecer
acesso facilitado a saúde, melhorar a qualidade de vida e, portanto, proporcionar
melhores condições de trabalho aos funcionários federais da UFOP. A equipe do
programa é composta voluntários, bolsistas e profissionais de saúde das áreas de
medicina do trabalho, cardiologia, geriatria, ginecologia, endocrinologia, enfermagem,
odontologia, nutrição clínica e esportiva, farmácia clínica, psicologia, assistência social,
fitoterapia e homeopatia. As ações são itinerantes onde os profissionais vão aos setores
de trabalho dos funcionários. A adesão é voluntária e a participação, quando efetivada,
é feita por meio de entrevistas individuais, onde realizam diagnóstico preventivo e
aquisição básica de dados clínicos. Faz-se o estudo da história clínica, familiar e
funcional do paciente. Posteriormente, as informações são usadas no aconselhamento
clínico, seja preventivo ou terapêutico (CAAE-0023.0.238.000-08). Na avaliação dos
dados, faz-se o estudo clínico do paciente – análise do estudo de prontuário. No retorno
ao entrevistado são repassados os dados clínicos, as recomendações acerca de seu
tratamento, incluindo orientação medicamentosa e mudanças no estilo de vida e
atendimento equipe de saúde. A partir da análise retrospectiva, as patologias mais
prevalentes foram HAS, distúrbios psiquiátricos, DM e dislipidemias. Ressalta-se que, ao
8093
entender os desafios impostos pela sua comorbidade, o paciente torna-se gerente de
seu acompanhamento em saúde, tornando-se um agente multiplicador de informações,
o que aumenta a eficácia do programa.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde, Promoção da Saúde, Prevenção Primária,
saúde do trabalhador
Introdução
O Programa de Mais Saúde, que é um dos programas institucionais da Pró-Reitoria de
Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE) da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP). Foi fundado em 2005 e tem como objetivo acompanhar o servidor universitário
de forma longitudinal, oferecer acesso facilitado a saúde, melhorar a qualidade de vida
e, portanto, proporcionar melhores condições de trabalho aos funcionários federais da
UFOP.
Assim, nova proposta foi gerada e novo desafio, implementado, em 2010. Ao invés de
aguardar o servidor no Centro de saúde para acompanhamento clínico, o Mais Saúde sai
dos limites da área de saúde e, audaciosamente, leva atenção diferenciada em saúde e
acompanhamento ao servidor, atendendo um gama maior de funcionários, ofertando
maior número de possibilidades de tratamento medicamentoso e não farmacológico.
8094
Tendo a prevenção como ponto primordial, ciente das dificuldades dos servidores em
aderir os rigores de tratamentos pré-estabelecidos, o programa torna-se atividade de
extensão na Universidade, onde prevenção em saúde passou ser tratada de forma
positiva, integralista, holística e passa atender às necessidades individuais, reservando
um tempo e escutando a história de vida de cada funcionário, que se sentiu mais livre,
por estar no seu ambiente, em fazer o relato espontâneo e trocar experiencias com os
bolsistas e profissionais.
Estabeleceu-se assim, novo elo de confiança na equipe, tal integração traz o ponto de
equilíbrio, cada relato foi analisado sem pré-julgamentos, ou conceitos estabelecidos e
de forma conjunta nova proposta de tratamento foi elaborada.
As primeiras oficinas foram sobre as temáticas que mais eram solicitadas, como por
exemplo, questionamentos voltados a atividade física e alimentos (carboidratos, sal,
temperos, bebidas alcoólicas e refrigerantes).
8095
O desafio de sair do Centro de saúde e ir até os participantes que seria a princípio,
desfavorável, tornou-se leve, agradável e ameno, valorizando cada momento das
relações interpessoais. Conseguiu-se não só uma maior adesão as propostas
desenvolvidas, como também um melhor entendimento da interação do trabalho com o
indivíduo no processo de adoecimento dos funcionários.
O atendimento à saúde não é apenas científico e, sim, arte. Por isso, a busca pelo
entendimento holístico da população se faz muito importante, sobretudo naqueles que
possuem ligação tão intima com a universidade como os servidores. Assim, o
acompanhamento longitudinal se mostra de grande importância no sucesso do cuidado
desses pacientes.
Metodologia
Inicialmente, de 2010 a 2017, foi realizado o levantamento do número de setores de
trabalho na universidade, a estimativa foi por meio de contato com os chefes de
departamento da quantidade (números absolutos) de funcionários e o perfil desses
indivíduos (gênero e idade, sobretudo). Feito isso, propôs-se a cada um desses setores a
visita do Programa Mais Saúde e todos os serviços que potencialmente poderiam
oferecidos aos servidores.
8096
se trabalhar com humanos, com procedimentos invasivos e dados, desde 2008, o projeto
foi submetido ao comitê de ética e pesquisa com seres humanos da Universidade
Federal de Ouro Preto, estando registrado na Plataforma Brasil sob os números (CAAE-
0023.0.238.000-08).
Resultados e discussão
A Universidade Federal de Ouro Preto tem em seu quadro funcional com
aproximadamente de 1700 servidores (técnicos administrativos e professores),
distribuídos em três campi, Ouro Preto, Mariana (situados na região metropolitana) e
João Monlevade (região leste do Estado). O maior número servidores encontra-se no
Campus de Ouro Preto. Acompanhar esses servidores e conhecer a história de cada um é
um desafio enorme.
8097
pelo tipo), hipertensão arterial sistêmica (HAS), distúrbios respiratórios crônicos (asma/
bronquite/ DPOC), distúrbios psiquiátricos, hipotireoidismo, hipertireoidismo, dispepsia
e lúpus eritematoso sistêmico (LES), conforme listados na tabela 1.
Notou-se que a hipertensão arterial sistêmica (HAS) foi a comorbidade mais relatada
pelos servidores, com prevalência de 14,2% (tabela 1). Embora esses índices possam em
primeiro momento serem considerados representativos, não são. Esses dados são
subdiagnosticados, isto é, refletem menor número de servidores, em atividade,
hipertensos que há 10 anos atrás quando se iniciou o Programa. Reflete ainda, que em
setores que exigem com maior carga física, com trabalho braçal, ou com rotina não
sistematizada, com grande carga de estresse emocional, têm maior número de
servidores hipertensos.
8098
Logo depois, 6,57% dos entrevistados relataram algum distúrbio psiquiátrico –
transtorno de ansiedade e depressivo foram os mais comuns listados. Aqui, pode-se
inferir sobre o adoecimento no trabalho e as condições ou grau de satisfação com as
relações de trabalho/ vivências/ realização profissional/ ambiente e vida pessoal.
Na sequência, verificou-se que as doenças mais prevalentes são: Diabetes mellitus não
tipificado (4,93%), dislipidemias (3,56%), dispepsia (1,64%) e doenças pulmonares
crônicas e hipotireoidismo, ambas com 1,36%.
As DCNT caracterizam-se por ter uma etiologia múltipla, muitos fatores de risco, longos
períodos de latência, curso prolongado, origem não infecciosa e também por
associarem-se a deficiências e incapacidades funcionais. Sua ocorrência é muito
influenciada pelas condições de vida, pelas desigualdades sociais, não sendo resultado
apenas dos estilos de vida. As DCNT requerem ainda uma abordagem sistemática para o
tratamento, exigindo novas estratégias dos serviços de saúde (PNS, 2013), se
adequando perfeitamente a proposições de extensão em saúde.
8099
Na sequência, as doenças mais referidas foram: problema crônico de coluna (18,5%),
depressão (7,6%), artrite (6,4%) e diabetes (6,2%). As demais doenças apresentaram
prevalências inferiores a 5% (PNS, 2013)
8100
que é devido a alterações nas vias aéreas e nos alvéolos causadas por exposições
significativas a partículas e gases nocivos. (GOLD, 2017).
Considerações finais
O acompanhamento longitudinal do paciente traz consigo muitos benefícios no
espectro da assistência em saúde para com esse indivíduo. Além de introduzi-lo como o
principal fomentador do seu próprio cuidado, facilita o conhecimento de suas
particularidades, sua forma de adoecer e sua interação sociocultural na comunidade –
características imprescindíveis no tratamento do paciente.
A OMS cita que a prevalência estimada dos transtornos mentais é de 10% na população
mundial, representando cerca de 700 mil pessoas. Ademais, em 2017, a mesma
instituição publicou um novo relatório, especificando que há 322 milhões de pessoas
vivendo com depressão no mundo, sendo a prevalência maior entre as mulheres (OMS,
2017). Esses dados são importantes no contexto de saúde pública, dado que grande
parte destes usuários são tratados na Atenção Primária à Saúde (APS). A prevalência
declarada pelos trabalhadores está discretamente abaixo da média mundial e nacional,
o que não extrapola uma visão de bem-estar psíquico. A avaliação foi feita através da
livre declaração do entrevistado, podendo mascarar facilmente os dados obtidos.
8101
Além disso, o conhecimento do perfil de adoecimento e consumo medicamentoso dos
trabalhadores diz muito a respeito das condições que o trabalhador enfrenta em seu
cotidiano, sejam elas estruturais, relacionais ou psíquicas. Nesse contexto, os dados
gerados podem ser utilizados como um ponto inicial de alerta e, logo em seguinte,
como suporte para novos debates e discussões a respeito da implementação de novas
políticas trabalhistas que atendam os trabalhadores na sua real necessidade.
Referências
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD). Global Strategy for
Diagnosis, Management, and Prevention of COPD (2017). Disponível em:
http://goldcopd.org.
8102
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Vigilância de Tabagismo em
Escolares: VIGESCOLA 2002-2009. Disponível em: http://www.inca.gov.br/vigescola
Acesso em 20/02/2018.
Vigitel Brasil 2013: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por
inquérito telefônico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da
Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
https://www.reumatologia.org.br/pacientes/orientacoes-ao-paciente/lupus-
eritematososistemico-les-cartilha-da-sbr/ Acesso em 20/02/2018.
Agradecimentos:
8103
OS BENEFÍCIOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA PERSPECTIVA DISCENTE
Resumo
Introdução: a oportunidade de participar de um Projeto de Extensão Universitária
docente tem propiciado, há anos, muitos benefícios para os alunos envolvidos, seja
como bolsista ou voluntariado. Assim, o aluno pode colocar em prática o conhecimento
teórico adquirido na universidade, estabelecer um compromisso universitário e social
com a comunidade envolvida e se tornar diferenciado cientificamente em relação à sua
graduação. O conhecimento biopsicossocial do público-alvo envolvido, ao estabelecer
um contato mais estreito com as mesmas, representa o fruto de um domínio maior
sobre o tema do plano de trabalho em comparação com o aprendizado adquirido em
sala de aula, e propicia um crescimento pessoal, acadêmico e futuramente profissional
do aluno que desenvolve o plano de trabalho da extensão de grupo de alunos
voluntários. Objetivos: constatar o aprendizado e as vantagens, pessoais e acadêmicas,
gerados durante a realização de um plano de trabalho de extensão universitária.
Proporcionar visão enriquecedora da realidade social e de grupos comunitários.
Despertar interesse e motivação de outros alunos para futuros projetos com os devidos
professores orientadores. Método: leitura científica sobre a extensão universitária,
conceitos, benefícios e relatos de experiências; reflexões e análise discente acerca do
conhecimento e experiência adquiridos por meio de um plano de trabalho de extensão.
Resultado: formação científica e humanística discente para a vida pessoal, acadêmica e
mundo do trabalho. Conclusão: os benefícios expostos pela vivência e relato discente ao
ter participado de um plano de trabalho da extensão de modo voluntário e em grupo de
alunos proporcionou formação acadêmica generalista e integral, de fato. A confirmação
1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
2
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
8104
dos benefícios foi citada e explanada para a comprovação das vantagens de uma
oportunidade ímpar de realização acadêmico-extensionista.
Palavras-chave: Extensão universitária; Comunidade; Formação integral discente;
Experiência acadêmica.
Introdução
A extensão foi criada na Inglaterra no século XIX, com o objetivo de criar benefícios
para a sociedade e promover uma educação contínua. Atualmente, é um instrumento da
Universidade para a realização do comprometimento social do aluno e docente
envolvidos para com a comunidade escolhida. (RODRIGUES et al., 2013).
Os alunos participantes saem da universidade com uma visão diferente daqueles que
não se predispõem às ações extensionistas. O fato de eles terem contato com a
realidade social e sua adversidade e vulnerabilidade, e não só com conteúdo teórico
previsto formalmente nos currículos dos cursos de graduação, faz com que eles
vivenciem e experimentem o conhecimento na prática. Em entrevista online Maria
8105
Christina de Medeiros Nunes, Pró-Reitora em Extensão e Cultura da Universidade
Federal de Pernambuco-UFPE (2016), sugeriu haver um ganho incomensurável
estudantil pelo fato de realizarem contato aproximado com a realidade social, via
atividades de extensão, pois eles se formam com olhares diferenciados. Trata-se de um
avanço técnico-científico adquirido nas atividades do plano de trabalho através do
estudo reforçado sobre o assunto escolhido, referindo-se a um estudo mais profundo
sobre conhecimentos prévios construídos em disciplinas da grade curricular, reafirmou a
Pró-Reitora.
Reiterando as ideias de Maria Christina, o aluno, bolsista ou voluntário, possui a
oportunidade de exercitar o seu conhecimento adquirido na universidade e exercitar
juntamente com a comunidade. Essa prática é muito positiva e benéfica quando
comparada com a prática realizada intramuros universitários. O aluno aprende muito
mais com o contato direto estabelecido, pois a relação criada é muito gratificante e rica
para praticar a teoria desenvolvida na sala de aula.
Dessa forma, a prestação de serviços como uma das atividades próprias da extensão que
pretende promover a integração universidade e sociedade é incluída como uma função
da universidade, constituindo um espaço em que se agregam diversas e diferentes
ações, criando a ideia de multiversidade, que inclui uma variedade de ações,
desenvolvimento da ciência aplicada e participação nos problemas regionais. (JENIZE,
2004). Além disso, exercitar o trabalho social na comunidade é muito produtivo para
8106
todos os envolvidos. Trata-se de um projeto que necessita de comprometimento e
responsabilidade e, proporciona um progresso na saúde do país, realizando a inclusão
social e a garantia de direitos.
Observa-se que, para Rodrigues et al. (2013), o modelo de extensão consiste em prestar
auxílio à sociedade, levando contribuições que visam a melhoria dos cidadãos. O
entendimento a respeito da relação entre extensão e sociedade, é uma visão
fundamental que possibilita a qualidade da assistência prestada para as pessoas.
A extensão, enquanto responsabilidade social faz parte de uma nova cultura, que está
provocando a maior e mais importante mudança registrada no ambiente acadêmico e
corporativo nos últimos anos. (CARBONARI & PEREIRA, 2007).
8107
Paralelamente ao trabalho dos alunos participantes dos projetos de extensão, o
conhecimento repassado para a sociedade estimula suas habilidades em apreender
novas práticas por meio das ações desenvolvidas e representa um potencial individual
fortalecido. A comunidade conquista maiores possibilidades de serem reconhecidos
como indivíduos capazes de provocar mudanças no contexto local de sua saúde.
(CARDOSO et al., 2013). Para os acadêmicos os benefícios são grandiosos. A extensão
universitária desenvolve a formação completa do aluno por realizar a troca de
conhecimento entre sociedade e os universitários. Esse contato direto com a
comunidade e com a realidade social promove um conhecimento amplo e desenvolve
um domínio maior sobre a profissão que irão exercer no futuro. Sobre isso, há que se
afirmar que ensino-pesquisa-extensão se apresentam hoje no âmbito das universidades
brasileiras com uma de suas maiores virtudes e expressão de compromisso social, uma
vez que o exercício de tais funções é requerido como dado de excelência na Educação
Superior, voltada para a formação acadêmica e profissional de docentes e discentes, à
luz da apropriação e produção do conhecimento científico. (UNIMONTES, 2011 apud
RODRIGUES et al., 2013).
8108
Em relação à inclusão social e à garantia de direitos, o projeto de extensão possibilita o
aprendizado de lidar com as pessoas e a se conscientizarem da realidade vivenciada,
além de conhecerem as possibilidades reais e concretas de encontrar caminhos para a
solução de problemas comuns. (COSTA; BAIOTTO; GARCES, 2013). A partir disso, ao
repassar o conhecimento, o aluno cria uma comunidade multiplicadora de
conhecimento, em que, a partir das orientações e aprendizado, a sociedade é capaz de
ajudar ainda mais o próximo.
Para Jenize (2004), a universidade desenvolve os projetos de extensão como uma forma
assistencial, o que permite atender as necessidades das camadas populares, facilitando
a integração entre ensino e pesquisa, o qual é um dos principais objetivos. Trata-se de
uma prestação de serviços em uma perspectiva assistencialista.
No entanto, a aprendizagem sempre deve ser entendida sob uma linha horizontal de
conhecimento, em que os acadêmicos não devem se sobrepor à comunidade, mas sim
se igualar a ela para que o contato gere mais vantagens. (FREIRE, 1981 apud CALIPO,
2009).
Ademais, enquanto a ciência for entendida de forma linear, a extensão será decorrência
do ensino e da pesquisa, mas se a compreensão estiver associada à vivência, a extensão
universitária torna-se um espaço de construção de conhecimentos significativos e de
práticas sociais relevantes, de maneira que a interação entre a ciência e a vivência,
realizada na universidade e na sociedade, pode revigorar um projeto pedagógico e
social, desencadeando um movimento de conectividade dialógica. (COSTA; BAIOTTO;
GARCES, 2013).
Em contrapartida, esses mesmos autores destacam que à extensão não cabe mais o
papel assistencialista. É preciso repensar posturas acadêmicas com o alto rigor da
ciência instrumental, já que se trabalha nesse processo com o cotidiano das pessoas,
para reconhecer a realidade e atuar pelo viés da humanização.
8109
habilidades como a responsabilidade e a cooperação, ao mesmo tempo que propicia
uma melhor preparação para a formação.
Outro benefício é aquele gerado pela prática da escrita em que o aluno é submetido.
Isso acontece durante todo o plano de trabalho e ao submeter um relatório ao final do
projeto, sendo um aprendizado na escrita científica. Essa prática expõe um
conhecimento diferente daquele da adquirido na universidade porque, muitas vezes, o
aluno não possui essa rica oportunidade. Quando exercitada, a prática só traz benefícios
futuros para a vida acadêmica e profissional.
Em relação aos benefícios gerados para a futura vida profissional do aluno, a extensão
universitária promove um amadurecimento pessoal devido às apresentações em eventos
científicos. O aluno apresenta trabalhos e seus resultados parciais ou totais em
encontros, eventos e congressos da própria extensão universitária em comunicações
orais e/ou pôsteres, o que traz um crescimento profissional precoce durante a vida
acadêmica. A oratória traz um ganho enorme e diferencial para o aluno expor suas
ideias à medida que ele aprende a se comunicar e a se expressar com desenvoltura e
discernimento. Da mesma forma, as vantagens desses encontros se estabelecem à
medida que os alunos entram em contato com avaliadores e professores com a
oportunidade de repassarem mais conhecimento para o aprendizado e, os alunos podem
também fazer novas amizades com alunos da extensão de outros cursos de graduação.
8110
Similarmente, a extensão universitária estabelece uma composição diferenciada do
currículo vitae e na plataforma Lattes do CNPq apresentados nos concursos de pós-
graduação Lato Sensu e residências multiprofissionais em universidades brasileiras bem-
conceituadas, devido a todas as oportunidades nas quais o aluno está inserido. Então, se
o aluno pensa em participar de programas de Residência Multiprofissional para sua
especialização, a extensão universitária lhe proporcionará um número maior de pontos
na seleção.
Finalmente, para que haja a prática da extensão é necessário o respeito entre as ideias
de cada um, aprimorar os conhecimentos e agir com ética. Deve-se respeitar as
diferenças, sejam elas entre educadores e educandos, mulheres e homens,
conhecimentos científicos e populares. (FREIRE, 1981 apud CALIPO, 2009).
8111
Metodologia
Para Almeida et al. (2007), um relato de experiência propõe tornar visível e compartilhar
com outros profissionais e estudantes uma vivência prática. Devido a isso, o presente
estudo se caracteriza como um relato da experiência de uma aluna que integrou o
Grupo de Alunos Voluntários da Extensão/PROEXT/PUC-Campinas, e a demonstração do
aprendizado e benefícios adquiridos durante a referida experiência. Utilizou-se as bases
de dados Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific
Electronic Library Online (SciELO) para a obtenção de conhecimento científico.
Resultados e Discussão
O aluno que participa da Extensão Universitária constrói uma formação mais ampla para
sua vida acadêmica a partir do ponto em que cria um aprendizado mais profundo em
relação ao tema escolhido, coloca em prática toda a teórica aprendida na sala de aula e
afirma uma responsabilidade social para com a comunidade envolvida.
Assim, para ser cidadão é preciso que se aprenda a respeitar o próximo na sua
diferença, com sentimentos de alteridade e coletividade. Deve ter seus direitos
atendidos ao mesmo tempo em que se luta para que esses direitos sejam iguais para
todos. Para isso se efetivar é preciso aprender alguns valores que são a base da postura
cidadã para uma sociedade igualitária.
A aprendizagem se torna mais significativa quando é vivenciada e para isso a extensão
torna-se essencial. Como ensina Almeida (2012), “O estudante passa a mudar sua
postura frente ao outro, mudando atitudes, valores e compreendendo seu papel
enquanto profissional do amanhã”. Portanto, os estudantes que tiveram essa
oportunidade relataram a aprendizagem desses conhecimentos atitudinais formadores
para o exercício da cidadania. (ALMEIDA 2012 apud COSTA; BAIOTTO; GARCES, 2013).
8112
A sociedade atual, em constantes mudanças, apresenta uma realidade de
democratização política com o objetivo de diminuir as injustiças sociais o que se inicia
com a participação coletiva. A partir desse ponto de vista, os projetos de extensão
buscam a aprendizagem de valores políticos, se evidenciando com base em relatos a
respeito da importância de se conhecer a comunidade, seus indivíduos, sua estrutura e a
organização, referentes à construção da cidadania. Destacou-se por estudantes, os
valores políticos possíveis do aprendizado, o comprometimento, a liderança, o pró-
ativismo, o diálogo, a imparcialidade e o voluntariado. (COSTA; BAIOTTO; GARCES,
2013).
Conclusão
8113
A relação extramuros da universidade com a comunidade envolvida comprova que a
participação em projetos de extensão permite que estudantes universitários adquiram a
consciência do papel social, profissional e cidadão, à medida que atua de uma maneira
mais efetiva e significativa frente aos problemas sociais presentes no país.
Referências
8114
COSTA, A. A. C; BAIOTTO, C. R; GARCES, S. B. B. Aprendizagem: o olhar da extensão. In:
SÍVERES, L (Org). A extensão universitária como um princípio de aprendizagem. Brasília,
2013. p. 61-80.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 12. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1999.
8115
CONDIÇÕES HIGIÊNICO SANITÁRIAS NO ÂMBITO DA SAÚDE PÚBLICA NO ABATE DE
BOVINOS E BUBALINOS OBSERVADAS DURANTE O ESTAGIO VIVENCIA
Jordeano Araujo Sousa1; Úrsula Silva Freitas1; Itaan de Jesus Pastor Santos2
Resumo
O abate de animais para atender à necessidade humana por produtos de origem animal
necessita de regras que garantam a segurança alimentar e consequentemente a saúde
pública no consumo destes produtos. Uma experiência vivida durante o Estágio
Vivencia, organizado pelo Núcleo de Extensão e Desenvolvimento – LABEX, da
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, permitiu avaliar as condições higiênico-
sanitárias, no âmbito das boas práticas de fabricação, no abate, preparação e
conservação da carcaça de bovinos e bubalinos em um matadouro no município de
Penalva e relacioná-las com os impactos na saúde pública através da visão de
segurança alimentar. Foi percebido que o abate desses animais neste município
funciona de forma irregular, visto que, o matadouro não possui inspeção veterinária o
que acarreta problemas relacionados à falta de qualidade dos produtos. Dentre os
problemas observados no abate damos ênfase à falta de higiene, a ausência de
atordoamento dos animais antes da sangria, a limpeza das vísceras no chão do
matadouro, a presença de cães no local, forma de armazenamento das carcaças após o
abate que favorece o desenvolvimento de microrganismos patogênicos, principalmente
os agentes advindos da contaminação ambiental e da manipulação pelos colaboradores
que fazem o abate. A ausência do Serviço de Inspeção Municipal torna necessária a ação
do órgão de defesa estadual para combater ou exigir adequações nestes locais de abate
no intuído de garantir a segurança alimentar desses produtos e manter a saúde pública,
se propõe ainda que trabalhos, principalmente de extensão, sejam feitos nesta região
para conscientizar e orientar a população, os produtores, os empresários e
1
Acadêmico de Medicina Veterinária, CCA, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), FAPEAD
2
Professor adjunto do Centro de Ciências Agrárias e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Socioespacial e Regional; gerente do Núcleo de Extensão e Desenvolvimento - LABEX
8116
principalmente os órgãos públicos objetivando o mesmo fim. O Estágio Vivência foi
importante para que alunos do curso de Medicina Veterinária identificasse essa
realidade e, ao mesmo tempo, pudessem informar as populações sobre os impactos que
esses problemas podem causar à saúde das pessoas.
Introdução
O município de Penalva está localizado na Baixada Maranhense a 128 km da cidade de
São Luís do Maranhão. Este município tem uma população total de 34 246 habitantes,
onde 40 % vivem na sede (IBGE, 2010). O município tem como principais atividades
produtivas a criação de animais, a produção vegetal no modelo tradicional da roca no
toco, a piscicultura e a pesca artesanal.
Segundo Lopes, (2014) e Pardi et al. (1994) a carne é um excelente meio para o
crescimento microbiano, em função da alta atividade de água que é em torno de aw =
0,99, o pH de cerca de 6,0 e, principalmente, por causa da composição química rica em
nutrientes: 75% de água; 19% de proteínas; 2,5% de lipídeos; 1,2% de glicídios; 1,6% de
componentes nitrogenados solúveis; 0,6% de componentes inorgânicos; 0,1 % de
vitaminas. Estas características são suficientes para suprir as exigências mínimas para o
desenvolvimento das bactérias.
8117
Salmonella e a Escherichia coli. Doenças como a tuberculose e a brucelose à helmintos
como tênias.
O contato com esta realidade ocorreu por meio do estágio vivência organizado pelo
Metodologia
Durante o estágio vivencia organizado pelo LABEX – UEMA, na etapa 2018.1que
ocorreu no município de Penalva-MA Foi feita uma visita em uma propriedade onde se
encontra um matadouro particular e feita uma entrevista com os colaboradores e o
dono do estabelecimento sobre conhecimentos relacionados à sanidade e higiene de
produtos de origem animal e dentre estas medidas quais são executadas no local.
8118
Também foram feitas observações diretas acerca da linha de abate e registrados na
caderneta de campos os problemas encontrados relacionados à qualidade dos produtos
ali produzidos e que poderiam influenciar na saúde pública.
Foi atentado para detalhes técnicos, que são estabelecidos em lei, relacionados a
estrutura física do matadouro, ao abate propriamente dito já que a vista foi feita em
horário de funcionalmente e tivemos a oportunidade de acompanhar a linha de abate, a
manipulação, a conversação e as condições para a segurança do trabalhador, como
previstos no RIISPOA, 2017 e nas de segurança do trabalho como a Norma
Regulamentadora Nº 36.
Resultados e Discussão
O matadouro abate 180 cabeças de animais por mês entre bovinos e bubalinos que são
oriundos, em sua maioria, dos pequenos produtores do município que levam para o
abate e comercializam e do proprietário que compra dos produtores e comercializa,
sendo que nos dois casos os produtos são distribuídos nas feiras e mercados da cidade
de Penalva.
Na ocasião foi descoberto que Penalva tinha um matadouro público municipal, mas com
o crescimento da cidade o deixou dentro da área urbana, devido a esta urbanização
rápida das áreas adjacentes, este precisou ser desativado por causa do odor ali
produzido que incomodava a população que passaram a viver nas proximidades.
Percebeu-se que no local existe uma fossa séptica para armazenar os dejetos ali
produzidos, porém foi notado que a encanação do matadouro até a fossa estava
rompida e o que desviava os resíduos para o terreno baldio próximo. Dentre os resíduos
ali produzidos têm-se efluentes líquidos (águas residuais contaminadas com sangue e
esterco e etc.) e os resíduos sólidos (sebo, ossos, esterco, couro, vísceras e outros) que
estarão contaminando o solo e pelo processo de lixiviação e infiltração os recursos
hídricos também são contaminados o que segundo Araújo & Costa, (2014) constitui uma
ameaça à saúde pública.
8119
Toda a área do matadouro é aberta nas laterais (figura 1) existindo apenas uma cerca
tipo de curral, existindo assim o livre acesso de animais errantes, cachorros (figura 1) e
insetos como moscas e mosquitos que podem ser vetores de patógenos aos
consumidores da carne produzida neste ambiente assim como a presença constante de
pessoas que vão ao local comprar restos do abate para alimentar cachorros como a
cabeça e vísceras que não são consumidas pelo homem, daí parte outro problema que e
a contaminação dos cães por doenças como neosporose causada pelo protozoário
Neospora caninum segundo Bertocco e Bertocco, (2008) e brucelose causada pela
bactéria Brucella abortus como citou Megid et al. (2007) e esta condição traz estas
doenças para mais próximo do ser humano através de sua relação próxima com os
animais de companhia no dia a dia.
O local da matança fica ao lado do curral de espera separados apenas por uma cerca de
madeira. O curral de espera é desaterrado e cheio de lama, principalmente quando
chove, de modo que os animais ficam muitos sujos quando se deitam e daí vão direto
para o abate levando uma carga microbiana significativa para o outro lado da cerca
onde se prepara e armazena a carcaça. Outro aspecto, não menos importante, que é
implicado pela proximidade entre os dois currais, é a observação da sangria pelos
animais que estão na linha de abate que causa um grande desequilíbrio no animal que
está assistindo e isso ocorre segundo Biscontini, (2015), pela sua qualidade de
senciência de sentir medo, assim tem o desrespeito a, pelo menos, uma das liberdades
dos animais, que é a ausência de medo.
8120
No processo de abate os animais são levados do curral de espera, que fica ao lado da
área da matança, para a linha de abate por meio de uma corda a qual é amarrada em
uma madeira fincada no centro do matadouro, então os animais são sangrados através
de uma perfuração da veia jugular na entrada do tórax sem atordoamento prévio (Figura
2), o que causa ao animal grande dor, com isso os animais sangram no chão até a morte
por choque hipovolêmico, desta forma se reprime mais uma liberdade dos amimais
segundo Biscontini, (2015) que é manter o animal livre de dor. É perceptível que este
método de abate não condiz com o estabelecido pelas leis vigentes, portanto pode se
dizer que é crime este procedimento, visto que o RIISPOA, 2017 estabelece que o abate
de animais de produção deve ser por métodos humanitários, utilizando-se de prévia
insensibilização baseada em princípios científicos, seguida de imediata sangria, esta por
sua vez, deve ser completa e deve ser realizada com o animal suspenso pelos membros
traseiros.
Figura 2 - Animal com alta sujidade na pele sendo sangrado sem atordoamento prévio.
Em relação ao pessoal que trabalha no abate se percebeu que estes não usam qualquer
tipo de Equipamentos de Proteção Individual e isto compromete a saúde dos
trabalhadores e é uma transgressão à lei uma vez que está fora do estabelecido pela
Norma Regulamentadora Nº 36, assim como o piso cerâmico sem antiderrapante que
pode acarretar acidentes, desta forma a RN em questão propõe que os equipamentos de
proteção individual devem proporcionar segurança e ergonomia aos trabalhadores e o
piso deve ser com antiderrapante obedecida as características higiênico-sanitárias
legais.
8121
Uma pratica que deve ser adotada de modo a reduzir a contaminação das carcaças no
abate é a lavagem dos animais no pré-abate, mas no local em questão isso não é
adotado como rotina, com isso o ambiente fica muito sujo e consequentemente a
contaminação da carcaça fica facilitada, sendo esta uma condição que leva as
toxinfecções alimentares.
A esfola dos animais acontece ainda quando o animal está no chão, portanto, em
contado direto com a sujidade do piso como se pode perceber na figura 3, de forma que
o animal suspenso em uma corrente pela pata traseira de cabeça para baixo após a
completa retirada do tegumento.
As vísceras que servem como alimentação humana são preparadas pelos processos de
limpeza em uma parte do matadouro que fica muito sujo e ainda por cima estes
produtos são colocados no chão antes de serem preparados, como se percebe na figura
4. Desta forma se deduz que a qualidade deste produto quando chega ao consumo da
população esteja muito aquém do esperado no que diz respeito à segurança alimentar.
8122
Figura 4 - Tratamento das vísceras no abate de bovinos para o consumo humano.
As bactérias podem se multiplicar nas mais diversas condições ambientais, desta forma
tem-se as que vivem na temperatura fria assim chamadas de pecilotérmicas, as que
vivem em temperatura alta chamadas de termófilas e as que vivem em temperatura
ambiente então chamadas de mesófilas. Dentre estes três grupos as que mais são
patogênicas ao homem são as mesófilas, portanto, segundo Silva et al 2016 há
necessidade deste controle de temperatura para garantir a qualidade dos alimentos que
neste caso visto na figura 5 pode se afirmar com toda segurança que esta carne não
alcança esta qualidade. Outras características inerentes aos alimentos que propiciam a
8123
proliferação bacteriana são o teor de umidade, potencial hidrogeniônico, entre outros e
nestes aspectos a carne in natura em condição ambiente também mantem condições
ideais para ação bacteriana, visto que a umidade das carne bovina fresca, segundo
Ferraz et al. 2015 está em torno de 77% e o pH segundo Braz et al. 2017 em torno de
6,38 e estes valores juntamente com os teores nutricionais da carne facilitam a
deterioração quando não se toma os devidos cuidados higiênicos sanitários.
8124
existir nenhum matadouro público municipal e muito menos matadouros particulares
com selo de inspeção veterinária que possa atender aos anseios da população por
produtos de origem animal.
Conclusão/Considerações Finais
Percebeu-se que as condições higiênico-sanitárias encontradas no abate dos animais
não condizem com as normas estabelecidas pelas leis vigentes e isso infere
negativamente na qualidade do produto, principalmente pela alta sujidade do local e
pela exposição por tempo prolongado das carcaças a temperatura ambiente. Com isso
se vê necessário a ação dos órgãos públicos responsáveis como a AGED/MA para
combater ou exigir adequações no intuído de garantir a segurança alimentar desses
produtos e manter a saúde pública.
Além disso, esta situação é conhecida pela gestão pública municipal que tem sua
parcela de culpa, visto que não tem matadouro público municipal muito menos mantem
serviço de inspeção municipal dos produtos de origem animal comprometendo, desta
forma, a segurança alimentar da população ao consumo destes produtos.
Assim, sugere-se que outros trabalhos sejam feitos nos municípios vizinhos para
levantamento geral da região. Ações de extensão são necessárias para aumentar os
níveis de conscientização dos proprietários e funcionários de matadouros, além de
orientar a população, e representantes dos órgãos públicos sobre as condições higiênico
sanitárias encontradas na região para que estes tenham conhecimento das normas
legais que garantem a sanidade dos alimentos e, por consequência, a saúde pública.
Referências
8125
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8128
PROMOÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA PARA A COMUNIDADE: ATUAÇÃO DO AGENTE
COMUNITÁRIO DE SAÚDE
Eduardo Alves da Silva 11; Ana Paula de Fáveri 22; Aryeli Cunha Gonçalves 33; Gabriel
Viana Carlos 44; Geovana Andrade Fernandes 55
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo refletir sobre as atividades de educação popular
em saúde mediadas pelo Agente Comunitário de Saúde que vão desde a promoção em
saúde à prevenção e controle de doenças na comunidade. Historicamente, este
profissional da saúde representa o elo entre o sistema de saúde e a comunidade onde
vive e trabalha, sendo, por isso, um trabalhador singular no âmbito da saúde. O Agente
Comunitário de Saúde tem como principal atribuição o exercício de atividades de
promoção da saúde, vigilância, prevenção e controle de doenças, desenvolvidas em
conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de seu município. A
metodologia do estudo foi a partir de pesquisa descritiva exploratória, bibliográfica,
com dados fundamentados na literatura e nos relatos de cada agente. Apresenta-se um
breve histórico sobre a Estratégia Saúde da Família, enquanto proposta de
reorganização da Atenção Básica, e questões referentes ao serviço do ACS, suas
competências e o processo de trabalho. Foi possível perceber a importância desse
profissional pelo número crescente de profissionais em atividade, pela demanda e pela
relevância de seu trabalho na vigilância e promoção da saúde e principalmente pelo
vinculo que conseguem criar entre a comunidade e o serviço público de saúde.
Palavras–chave: agente de saúde 1, comunidade 2, educação em saúde 3, saúde da
família 4.
Introdução
1
Secretaria Municipal de Saúde – Palmas/TO. Superintendência de Atenção Básica.
2
Graduanda de Agronegócio pelo Instituto Federal do Tocantins (IFTO) – Campus Palmas.
3
Graduanda de Agronegócio pelo Instituto Federal do Tocantins (IFTO) – Campus Palmas.
4
Graduando de Agronegócio pelo Instituto Federal do Tocantins (IFTO) – Campus Palmas.
5
Graduando de Agronomia pelo Faculdade Católica do Tocantins (FACTO).
8129
O agente comunitário de saúde é um profissional que faz parte da equipe de
saúde família, inserida na comunidade onde mora. É uma pessoa preparada para
orientar famílias sobre cuidados com sua própria saúde e também com a saúde da
comunidade. Esse trabalhador apresenta características especiais, uma vez que atua na
mesma comunidade onde vive, tornando mais forte a relação entre trabalho e vida
social (FERRAZ, 2005).
A cidade de Palmas (TO) é referência em saúde pública na região norte brasileira,
conta com 510 agentes comunitários de saúde inseridos às mais de 83 equipes de
Saúde da Família (ESF) e 65 equipes de Saúde Bucal, um aumento significativo nos
últimos anos em número de equipes e profissionais que contribuiu para que no ano de
2016 a capital do Estado do Tocantins, Palmas, alcançasse 100% de cobertura na
Atenção Básica (O GIRASSOL, 2016).
Segundo Neto (2015), cada Equipe de Saúde da Família (ESF) é composta
minimamente por um médico generalista ou de família, um enfermeiro, um auxiliar de
enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde.
A profissão do Agente Comunitário de Saúde (ACS) é amparada pela Lei nº
11.350, de 5 de outubro de 2006. Segundo o Art. 3º, cabe aos ACS exercer, sob
supervisão, atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, por meio de
ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas de acordo
com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além do Agente Comunitário de
Saúde existe também o Agente de Combate as Endemias (ACE), juntos aos ACS têm
como atribuições os exercícios de atividades de promoção da saúde, vigilância,
prevenção e controle de doenças, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do
SUS e sob supervisão do gestor de cada ente federado (BRASIL, 2006).
O Agente Comunitário de Saúde é um profissional, proveniente de sua
comunidade, tendo que residir na própria área de trabalho, conhecedor da realidade
local, sendo fundamentais os aspectos de solidariedade e liderança e que trabalha com
discrição de famílias em base geográfica definida. É responsável pelo acompanhamento
de, no máximo, 750 pessoas. A complexidade de seu trabalho se deve a diversificação e
amplitude de ações, desempenhando múltiplas tarefas com alto grau de exigências e
responsabilidades (CAMELO; GALON; MARZIALE, 2012). É um profissional conhecedor
da realidade local, pois além de trabalhar na comunidade, é sujeito da mesma, sendo
considerado um importante personagem na organização da assistência (PERES et al.,
2011).
O ACS vivência os mais diversos tipos de situações e problemas, podendo ser
negativamente afetado pelas experiências de saúde-doença originadas pelo trabalho,
8130
resistência da população às informações e dificuldade em atender suas expectativas e
relacioná-las às exigências impostas pelo trabalho. Está também exposto a situações
geradas pela pobreza, condições sociais, deficiência na interação entre os setores dos
serviços de saúde, o que exige flexibilidade e habilidade para desenvolver tecnologias
que visem superar as adversidades de seu cotidiano (THEISEN, 2004).
Assim, este trabalho tem por objetivo fazer uma reflexão sobre a atuação do
Agente Comunitário de Saúde inserido em um contexto de desafios e demandas atuais
pelo modelo de atenção básica à saúde.
Metodologia
O presente trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa exploratória descritiva
e bibliográfica entre os meses de abril e junho de 2017 em um Centro de Saúde
Comunitária da cidade de Palmas, Estado do Tocantins. A pesquisa se concentrou nas
falas de 18 ACS, na leitura de documentos e relatórios disponibilizados no site da
Secretaria da Saúde de Palmas e na relação entre diversos autores que discutem
estratégia saúde da família (ESF) e o programa de agentes comunitários de saúde
(PACS) e cujas ideias sejam consoantes ou em divergentes com o atual modelo. Foram
analisados as práticas e os discursos sobre os ACS, produzidos na realização de seu
trabalho, por parte de usuários e profissionais das equipes de saúde.
Resultados e Discussão
O Agente Comunitário de Saúde (ACS) configura-se como importante ator na
reorientação do modelo assistencial proposto pela ESF, uma vez que representa o elo
entre as equipes e a comunidade e contribui para o acesso da população aos serviços de
saúde. Desenvolve ações de integração entre a equipe e a comunidade, ações
educativas individuais e coletivas, acompanhamento das famílias e atividades de
promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos e de vigilância à saúde. O quadro
1 apresenta de forma resumida as principais atividades dos agentes de saúde.
8131
Fonte: Ministério de Saúde (2006)
8132
cobertura pré-natal, de vacinação, de vigilância à saúde de mães, crianças,
adolescentes, adultos e idosos.
Conclusão
Considerando o número de Agentes Comunitários de Saúde atuando em Palmas
(TO), pode-se salientar que o seu trabalho é de extrema importância para o atual
estágio de cobertura da Atenção Básica em Palmas, pois entram em contato com
diferentes demandas diariamente, sendo, por esta razão, profissionais que merecem
especial atenção. Sem dúvida, o Agente Comunitário de Saúde trabalhando como elo
entre a equipe profissional e a comunidade, desenvolve ações em três dimensões: a
técnica, operando com saberes da epidemiologia e clínica; a política, utilizando saberes
da saúde coletiva, e a de assistência social, possibilitando o acesso com eqüidade aos
serviços de saúde16 – o que lhe confere uma condição especial. No entanto, apesar de
todas essas atribuições, em alguns aspectos incongruentes, trata-se, em geral, do grupo
de menor escolaridade na equipe de saúde da família e, consequentemente, de pior
remuneração. As tensões envolvidas no processo de trabalho e as respectivas ações e
desempenho profissional certamente afetam a qualidade de vida do agente comunitário
de saúde, o que, sem dúvida, merece estudos mais aprofundados, posto serem assuntos
também relevantes para viabilização da Atenção Basica e, por conseguinte, do próprio
SUS.
Destacam a integração entre o ACS e a comunidade, o que torna fundamental o
desenvolvimento de ações pelas equipes da ESF que deem visibilidade à comunidade
sobre o trabalho do ACS, além da criação de novas estratégias que incentivem estes
profissionais a desenvolverem suas atividades na perspectiva de alcançar a
integralidade do cuidado, priorizando a corresponsabilidade para a transformação das
práticas de saúde.
Referências
8133
da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS).
CAMELO, S.H.H, GALON T, MARZIALE M.H.P. Formas de Adoecimento pelo Trabalho dos
Agentes Comunitários de Saúde e Estratégias de Gerenciamento. Revista Enfermagem.
UERJ, Rio de Janeiro, v. 20, p. 661-667, dez. 2012.
NETO, D.F.M., Curso de Direito Administrativo. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
8134
CÃOTERAPIA: AMOR QUE CURA
Resumo
A relação dos homens com os animais vem se intensificando ao longo dos
séculos, o que deu origem aos animais de companhia de diversas espécies, estando
entre os mais comuns o cão e o gato. Desde então são muitos os benefícios encontrados
nessa estreita relação do homem com o mundo animal. Para os humanos sabe-se dos
benefícios na saúde fisiológica e psicológica. Promovendo menor incidência às doenças,
diminuindo reações típicas de estresse, maior bem estar psicológico, e aumento do
cuidado pessoal e auto-estima. Levando em consideração os efeitos benéficos dessa
interação, foi criado o projeto Cãoterapia, onde voluntários acompanhados de animais
visitam instituições como asilos, casas de apoio, centros de saúde mental, orfanatos e
hospitais. A intenção é promover benefícios na saúde física e mental dos visitados,
aumentando a autoestima e a capacidade motora, além de estimular a interação social e
ter um resultado tranquilizante. O projeto é constituído por um grupo de profissionais
da saúde junto a alunos da Universidade Federal de Alfenas, e voluntários da
comunidade alfenense. Os participantes deste projeto recebem treinamento prévio
antes de cada encontro para visita dos locais escolhidos. Os mesmos são responsáveis
pela assepsia dos animais. Cada membro conduz um animal e é responsável pelo
comportamento do mesmo. Atualmente o projeto é registrado na Universidade Federal
de Alfenas como um projeto de extensão. Sendo assim, os graduandos envolvidos no
1
Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), PROBEXT-UNIFAL_MG
2
Clínica Veterinária Mundo Animal
3
Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), PROBEXT-UNIFAL_MG
4
Universidade José do Rosário Vellano, Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)
5
Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciências da Natureza (ICN)
6
Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)
7
Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)
8
Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)
9
Universidade José do Rosário Vellano, Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)
8135
projeto tem a oportunidade de se envolver com a população local, proporcionando a
troca de conhecimento e experiências entre os estudantes da UNIFAL e o público alvo,
além de estimular a empatia e provocar uma postura crítica e não preconceituosa. Com
o desenvolvimento das visitas, o projeto vem sendo reconhecido como uma atividade
que auxilia na recuperação e na promoção do bem estar daqueles que recebem a
terapia. O benefício não se restringe apenas ao público alvo, também se estende a toda
à equipe participante, uma vez que os alunos e voluntários envolvidos no projeto
conseguem desenvolver a cooperação e a prática da cidadania.
Palavras-chave: cãoterapia, animalterapia, cão, idosos, crianças
Introdução
O Homem, desde os seus primórdios, sempre teve uma estreita relação com
mundo animal, ligada sobretudo à sua própria subsistência e sobrevivência. Ao longo
dos séculos estas relações intensificaram-se dando origem ao animal de companhia nas
mais variadas espécies desde anfíbios, repteis até ao comum cão e gato. Existem
indícios de que a associação dos humanos com os cães, os mais populares entre os pets,
tenha começado há aproximadamente 12.000 anos (LANTZMAN, 2004).
Atualmente os cães são considerados como membros da família. Há evidências
convincentes de que as pessoas usualmente vêem sua relação com seus animais de
estimação similares às que têm com seus filhos, pois os cães têm características
benéficas para o ser humano, através de sua pureza e espontaneidade instintiva,
resgatam a criança interior da pessoa e aumentam a capacidade de amar da mesma
(KASSIS, 2002).
Procurando métodos alternativos de tratamento para diversas doenças
pesquisadores apontam que a Terapia Assistida por Animais (TAA) pode ser responsável
pela melhora de diversos casos (MUNOZ, 2014).
A terapia assistida por animais (TAA) é uma prática com critérios específicos onde
o animal é a parte principal do tratamento, objetivando promover a melhora social,
emocional, física e/ou cognitiva de pacientes humanos. Ela parte do princípio de que o
amor e a amizade que podem surgir entre seres humanos e animais geram inúmeros
benefícios (PEREIRA et al., 2007; MACHADO et al., 2008; MOREIRA et al., 2016).
Historicamente a TAA foi utilizada de forma pioneira e intuitiva em 1792 no
tratamento de doentes mentais. A equoterapia, uma modalidade da TAA, teve seus
primeiros relatos como tratamento médico no século XVIII, com o objetivo de melhorar
o controle postural, a coordenação e o equilíbrio de pacientes com distúrbios articulares
(KOBAYASHI et al., 2009). Nos anos 60, o psiquiatra Boris Levinson desenvolveu a
8136
Psicoterapia Facilitada por Animais, utilizando-se frequentemente animais para o
tratamento de pacientes com doença mental com o objetivo de reduzir o uso de
medicações duras e restrições (KOBAYASHI et al., 2009).
A TAA traz consigo um aspecto importante de humanização, pois pode
descontrair o clima tenso do ambiente hospitalar, melhorar as relações interpessoais e
facilitar a comunicação entre pacientes e equipe de saúde. É indicada para auxiliar nas
diversas situações clínicas, pois proporciona benefícios emocionais e espirituais para
pacientes. Destacam-se ainda os benefícios específicos obtidos como aperfeiçoar as
habilidades motoras finas; o equilíbrio de sustentar-se; melhorar adesão ao tratamento;
aumentar a interação verbal entre os membros do grupo; melhorar habilidades de
atenção; desenvolver recreações e lazer; aumentar a auto-estima; reduzir a ansiedade; a
solidão; aperfeiçoar o conhecimento dos conceitos de tamanho e cor; melhorar a
interação com a equipe de saúde e a motivação para o envolvimento em atividades em
grupo (FLORES, 2009; KOBAYASHI et al., 2009; MUNOZ, 2014).
Segundo Flores (2009), a explicação das mudanças físicas e comportamentais
referentes à aplicação da TAA é devida a ativação do sistema límbico situado no sistema
nervoso central, que é responsável pelo emocional, no qual o contato com a natureza
libera endorfinas gerando uma sensação de tranqüilidade, alegria e otimismo,
facilitando assim, a recuperação orgânica de qualquer injúria; auxiliam também na
produção de células de defesa, como os linfócitos T. Esta interação ajuda o doente a
esquecer a dor, se sentir menos solitário e mais otimista, reduzindo a administração de
medicamentos (PEREIRA et al., 2007).
A TAA pode ser aplicada em várias faixas etárias e em diferentes locais, tais
como: hospitais, ambulatórios, casas de repouso, escolas, clínicas de fisioterapia e de
reabilitação. São utilizados todos os tipos de animais que possam entrar em contato
com os humanos sem proporcionar-lhes perigo como: gato, coelho, tartaruga, chinchila,
hamster, peixe, furão, pássaro e até mesmo animais exóticos como a iguana (MACHADO
et al., 2008; KOBAYASHI et al., 2009; MUNOZ, 2014).
O cão é o principal animal, pois apresenta uma natural afeição pelas pessoas, é
adestrado facilmente, cria respostas positivas ao toque e possui uma grande aceitação
por parte das pessoas (KOBAYASHI et al., 2009; MUNOZ, 2014; MOREIRA et al., 2016).
Estudos demonstram que animais que podem ser tocados resulta numa terapia
mais efetiva. Relatos referentes a algumas patologias mostram que esta interação cão-
paciente melhora o padrão cardiovascular, diminuindo a pressão arterial e os níveis de
colesterol. Tal interação também produz o aumento da concentração plasmática de
endorfinas, ocitocinas, prolactina, dopamina e diminui a concentração plasmática de
8137
cortisol, substâncias que atuam positivamente no estado de ansiedade (PEREIRA et al.,
2007; FLORES, 2009; KOBAYASHI et al., 2009).
Do ponto de vista fisiológico, estudos do American Journal of Cardiology
mostram que pessoas, ao interagirem com animais, constantemente tendem a
apresentar níveis controlados de estresse e de pressão arterial, além de estarem menos
propensas a desenvolver problemas cardíacos (VICÁRIA, 2003).
A prática da Terapia Assistida por Animais (TAA) tem se tornado cada vez mais
conhecida e aceita por profissionais da área da saúde e por leigos. O trabalho é
realizado através da utilização de animais de companhia, em hospitais e escolas
especializadas no tratamento de pessoas que apresentam problemas psicológicos e na
reabilitação de portadores de deficiências múltiplas. O vínculo afetivo que o paciente
logo estabelece com esses animais é o primeiro passo para o sucesso da terapia, pois
abre caminho para a comunicação com o terapeuta (FLORES, 2009).
Sabe-se que este tipo de terapia traz inúmeros benefícios tanto a nível físico,
como psicológico e educacional. A base da construção da relação terapêutica está no
relacionamento entre homens e animais. Esta interação se dá de modo informal com
animais de companhia e seus proprietários. O diferencial que caracteriza a relação sob
ponto de vista terapêutico é que esta se constrói intermediada por uma equipe
multidisciplinar formada por profissionais da área da saúde humana, animal e educação,
dentro de um planejamento direcionado para cada situação e objetivos (FLORES, 2009).
Desta forma, foi criado o Projeto Cãoterapia, constituído por um grupo de
voluntários que, junto aos animais visitam instituições como asilos, centros de saúde
mental, orfanatos e casas de apoio, inclusive sendo reconhecida pelo Conselho Federal
de Medicina como modalidade terapêutica (MARTINS, 2006).
Material e Metodologia
O projeto foi desenvolvido por profissionais da área da saúde, alunos da
graduação e voluntários que conduziram os cães nas instituições selecionadas. A equipe
executora do projeto se reuniu em vários momentos para capacitação dos alunos com a
contribuição de convidados.
Houveram visitas periódicas à algumas das instituições de Alfenas contemplando
o público alvo (idosos asilados, crianças e adultos excepcionais) como: o Lar São
Vicente de Paula, APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), CAPS (Centro
de atenção Psicossocial, APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados),
entre outros.
8138
Os voluntários foram responsáveis pela assepsia dos animais, no dia anterior a
visita. Cada estudante conduziu um animal e foi responsável pelo comportamento do
mesmo. As visitas tiveram duração de 2 horas, previamente agendada com a instituição
a ser visitada. Após cada visita, foram organizadas palestras e rodas de discussão, onde
foram abordadas questões a respeito do público alvo.
O projeto contou com a participação de 15 cães de diferentes raças e portes. Os
cães selecionados deveriam preencher alguns pré-requisitos como: ter um
temperamento dócil, não pular, não latir e permitir a manipulação por outras pessoas.
Esses animais estavam com as vacinas anuais em dia (V-10 e anti-rábica), vermifugados
a cada 3 meses, com vermífugo de amplo espectro (para vermes chatos e redondos,
incluindo protozoários como a Giárdia), isentos de ectoparasitas (pulgas e carrapatos) e
isentos de Doença do Carrapato (Erliquiose e Babesiose).
Com relação a higiene, antes de cada visita, após o banho e escovação, esses
cães tiveram a pelagem imunizada com Clorexidine a 20%, Chemitec®.
Além dos cães utilizados, o projeto contou ainda com a participação de um gato,
um porquinho da índia, uma cobra e uma tartaruga, provenientes do laboratório de
Zoologia da Unifal. Os estudantes receberam treinamento prévio a respeito do
comportamento e manipulação desses animais.
Resultados de discussões
O Projeto Cãoterapia conseguiu atingir os objetivos propostos, onde foi
perceptível a melhora do público alvo tanto do ponto de vista fisiológico quanto
mental. Segundo relatos dos responsáveis/familiares e profissionais da equipe
multidisciplinar foram evidenciadas melhorias significativas em relação a habilidades
sociais dos participantes, diminuindo comportamentos de retraimento e promovendo
uma sensação de bem estar. Segundo a literatura, a interação entre o cão e o paciente é
um momento de alegria, e essa felicidade faz que o organismo reduza o nível de
estresse e libere no sistema imunológico substâncias como a endorfina e adrenalina,
minimizando os efeitos da depressão (KOBAYASHI et al., 2009; MOREIRA et., al. 2016).
Sabe-se que a interação do homem com os animais proporcionam inúmeros
benefícios, do ponto de vista fisiológico, por exemplo: reduz a incidência de doenças
cardiovasculares, reduz os níveis de triglicérides, colesterol, pressão arterial, da
freqüência cardíaca, da depressão, da dor, melhor recuperação e maior taxa de
sobrevivência a infartos do miocárdio, aumenta a imunidade, diminuição do estresse,
maior bem estar psicológico, maior taxa de recuperação de doenças psiquiátricas, além
de aumento da auto-estima (KOBAYASHI et al., 2009; MOREIRA et al., 2016). De acordo
8139
com Crippa & Feijó (2014) é mais comum esta interação ocorrer em pacientes
oncológicos, pediátricos, geriátricos, psiquiátricos, cardiopatas e com portadores do
vírus HIV.
O Projeto Cãoterapia inserido no contexto universitário proporcionou aos alunos,
novas vivências por meio da interação com o público alvo, estimulando a empatia entre
os participantes e influenciou uma postura não preconceituosa e mais crítica,
desenvolvendo a cooperação e a prática da cidadania, onde o aluno pôde discutir
questões sociais, como o papel do idoso na sociedade, bem como das crianças
excepcionais e com câncer, despertando para a conscientização e inclusão na sociedade
atual. Houve ainda a interação entre os estudantes e a equipe multidisciplinar,
permitindo a troca de conhecimento e experiências entre diferentes segmentos da
sociedade alfenense, como: médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psicólogos,
pedagogos, promovendo a igualdade, cooperação e socialização entre os participantes.
Pôde-se observar que a Cãoterapia favoreceu a relação entre a equipe multidisciplinar,
na medida em que os profissionais também apresentaram satisfação quando próximos
aos animais, o que influenciou num cuidado diferenciado para o público alvo. Nesse
mesmo contexto MOREIRA e colaboradores (2016) ressaltam que os benefícios da
terapia assistida com animais atingem todos os envolvidos.
Os efeitos sociais positivos da Cãoterapia foram comprovados em crianças com
transtornos sociais e incapacidades, como as da APAE. Foi observado um aumento da
sensibilidade e do foco, e uma redução dos comportamentos negativos em crianças com
incapacidades. Pesquisas sugerem que essa interação é capaz de aumentar a capacidade
de concentração, consciência social e promover habilidades sociais desejáveis entre
crianças com dificuldades (REED et al., 2012). Desde a década de 60, o psiquiatra Boris
Levinson vêm trabalhando com a TAA em crianças para tratar transtornos de
comportamento, déficit de atenção e problemas de comunicação (LEVINSON, 1969;
KOBAYASHI et al., 2009). Corroborando com essa assertiva Munoz (2014) num estudo
realizado com crianças autistas, observou que a interação com o cão proporcionou ao
final do tratamento comportamentos de brincar adequados, utilizando objetos e
situações de faz de conta, demonstrando uma melhora significativa do quadro
anteriormente observado. Cada criança apresentou uma preferencia para a interação.
Algumas preferiram interagir com o cão e outras com o condutor ou terapeuta.
Durante as visitas do projeto os pacientes eram estimulados a chamarem os
animais pelo nome, acariciarem, e brincarem com os mesmos, o que os induzia a
produzirem expressões vocais e a recuperarem a fala, de maneira mais rápida e
agradável. Houveram relatos de pacientes do Lar São Vicente de Paula e do CAPS que
8140
não falavam, e quando entraram em contato com os animais começaram a falar,
surpreendendo toda a equipe que lhes prestava assistência. Segundo MUNOZ (2014) a
TAA pode oferecer certos benefícios que vão além dos tratamentos terapêuticos
tradicionais como: melhoria na comunicação (dar nomes aos filhotes ou chamar o
animal pelo nome estimulam os pacientes a produzirem expressões vocais); melhoria
do desempenho motor (fazer o paciente acariciar o pelo, pentear e jogar a bola para o
cão é um ótimo exercício de coordenação de movimentos), além de ajudar a controlar o
estresse, diminuir a pressão arterial e reduzir os riscos de problemas cardíacos.
Pacientes psiquiátricos demonstraram domínio da ansiedade e permaneceram
calmos durante as visitas dos cães e do porquinho da índia utilizados no projeto. É
neste momento que o profissional conseguiu ter controle dos pacientes e estabelecer
um contato mais próximo e menos estressante para ambos. De acordo com MOREIRA et
al., (2016) a terapia assistida por animais promove a suavização do clima pesado de um
ambiente hospitalar podendo ser usada como um recurso de aproximação entre o
terapeuta e o paciente na medida em que a terapia facilita a comunicação entre ambos.
Pôde-se observar que o comportamento das pessoas contempladas pelo projeto,
independente da idade, era sempre o mesmo, ficavam alegres, bem dispostas e foi
comprovado que realmente os animais facilitam a aproximação entre as pessoas.
Pessoas estranhas entre si, conseguiam iniciar e manter uma conversa sempre com o
animal ao lado. O assunto inicial era sempre o animal, mas que abria caminho para
outros temas. Alguns voluntários disseram possuir dificuldades de abordar outra pessoa
e que, com o animal, essa dificuldade era vencida, pois o bicho lhes passava segurança.
Foi observado que alguns pacientes esperavam pelas visitas, ansiosos, e que a maior
carência emocional existia em idosos, pois a maioria foram abandonados ou não tinham
família.
Apesar dos inúmeros benefícios da Cãoterapia, tanto para o público alvo quando
para os participantes do projeto, a TAA ainda encontra barreiras para chegar aos
hospitais brasileiros que não permitem a entrada de animais. Deste modo, as visitas não
puderam ser direcionadas para os hospitais de Alfenas. Conforme Moreira e
colaboradores (2016), apesar de todos os benefícios evidenciados pela terapia, ainda
existem muitas dúvidas e medos por parte dos profissionais de saúde e familiares,
principalmente entre as crianças com câncer devido ao estado de imunossupressão que
favorece o aparecimento de infecções oportunistas. No entanto, estudo evidencia que os
índices de infecção hospitalar entre unidades que recebem a visita de cães e aquelas
que não recebem são semelhantes. Se seguidos os procedimentos adequados (higiene e
8141
imunização) para a entrada do cão nesse ambiente, é mais comum um visitante humano
transmitir infecções aos pacientes do que os animais.
A realização da terapia exige cuidados com o animal, havendo necessidade de
atestado de saúde do mesmo, banho previamente às visitas e higienização realizada até
24 horas antes para reduzir agentes alergênicos e permitir que o animal tenha tempo
para as eliminações fisiológicas; além disso, o percurso do animal até o hospital deve
ser mínimo para evitar contaminação. Acrescenta-se a isso a necessidade de autorização
da Comissão de Infecção Hospitalar e de que o cão seja visto como uma vida que
contribui para o cuidado humano e seja tratado com respeito. Por isso, identificar os
sinais de estresse do animal é indispensável para uma boa relação entre humanos e
cães (MOREIRA et al., 2016). No presente projeto, todos os animais seguiram normas
estritas de assepsia e higienização, bem como atenderam aos padrões de bom
comportamento, para não causar nenhum transtorno durante as visitas.
No tocante ao condutor do animal, todos receberam um treinamento prévio para
iniciar a interação entre o animal e o público alvo, e evitar qualquer situação de
estresse durante essa interação. Os encontros duravam em torno de uma hora para
evitar a manipulação excessiva do animal e consequentemente estresse do mesmo.
Para o cuidado de crianças e adolescentes com câncer, a introdução do cão, de
forma terapêutica, tem colaborado para aumentar autoestima, compensar déficits
afetivos e estruturais, aumentar a concentração plasmática de endorfinas e diminuir a
concentração plasmática de cortisol, substância que atua diretamente no estado de
ansiedade. Além disso, melhora a interação social, promove o autocuidado e
comunicação entre equipe de saúde, família e entre outras crianças (MOREIRA et al.,
2016).
A convivência com o público alvo do referido projeto, idosos asilados e crianças
excepcionais permitiu associar disciplinas da área de saúde abordando aspectos físicos
e mentais, pois já é conhecido que a TAA promove diversos benefícios físicos como:
melhoria da condição cardiovascular, redução dos níveis de triglicérides e colesterol,
aumento da imunidade, redução da quantidade de fármacos utilizado no tratamento de
doenças, além de melhorias na saúde mental, desta forma disciplinas como fisiologia,
patologia, farmacologia, imunologia entre outras puderam ser discutidas. Trata-se de
um projeto de extensão em que pode se originar várias pesquisas na área da saúde e
também do ponto de vista psicossocial.
Conclusão
8142
O projeto Cãoterapia é uma terapia alternativa de baixo custo que demonstrou
muitos benefícios para o público alvo, sobretudo do ponto de vista psicossocial, e que
possibilitou aos profissionais da equipe multidisciplinar fortalecer a comunicação,
integração e formação de vínculo entre o profissional e paciente, tão importantes para o
cuidado humanizado. Todavia, estudos apontam uma escassez de pesquisas sobre o
assunto no Brasil, principalmente por profissionais da área da saúde, havendo pouca
compreensão do funcionamento e objetivos da TAA, que de certa forma dificulta a sua
implementação de forma rotineira.
8143
Voluntários do Projeto Cãoterapia na Associação de Proteção e Assistência aos
Condenados (APAC)
Referências
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veterinário. Monografia (Aperfeiçoamento/Especialização em Clínica Médica de
Pequenos Animais) - Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Rio Grande do Norte. p.
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Revista Latino Americana de Enfermagem, v.20, n. 3, p. 07, 2012.
8145
PROGRAMA MAIS SAÚDE: DIABETES E COMORBIDADES
Melissa Maia Bittencourt1; Riani Ferreira Guimarães1; Milla Maia Bittencourt1; Arthur
Vieira Piau1; Iara Fernandes1; Viviane Flores Xavier¹; Juliana Cristina Santos Almeida
Bastos¹; Jordana Fedrigo Menezes¹; Rosana Gonçalves Rodrigues das Dores 2
Resumo
Diabetes Mellitus (DM) destaca-se como doença de alta prevalência no Brasil e fator de
risco relevante para comorbidades. O tipo II caracteriza-se pela resistência insulínica,
causando lesões micro e macrovasculares pela exposição crônica a hiperglicemia e
função pancreática gradualmente prejudicada. No “PROGRAMA MAIS SAÚDE”, o projeto
Diabetes e comorbidades atende usuários do Centro de saúde e comunidade
universitária (servidores) orientando sobre possíveis interações do uso concomitante
entre medicações, chás e/ou fitoterápicos e benefícios do tratamento não
medicamentoso como atividade física e alimentação saudável. O projeto foi aprovado
previamente pelo comité de ética (CAAE-0010.0.238.000-11), a adesão é voluntária. A
abordagem é no modelo snowball, (questionário-inquérito), onde os participantes são
questionados sobre medicamentos e realiza-se a aferição da pressão arterial, glicemia e
antropometria. Posteriormente, faz-se o estudo clínico com análise do prontuário e
eventuais interações medicamentosas. No retorno, a conduta clínica foi repassada,
individualmente, bem como as recomendações do tratamento, como orientação
medicamentosa, mudanças no estilo de vida e encaminhamento a consultas, se
necessário. Atualmente, acompanha-se 600 pacientes, dos quais 60,5% são servidores
federais efetivos e os demais terceirizados. Destes 5% são diabéticos, 89%
insulinoindependentes e 11% insulinodependentes. Dentre os insulinoindependentes
prevaleceram os antidiabéticos Metformina (83%), Glibenclamida (11%) e Glimepirida
8146
(6%). 66% dos pacientes com DM têm acompanhamento clínico em hipertensão arterial
sistêmica (HAS). O projeto está em contínuo desenvolvimento, dada a longitudinalidade
do acompanhamento, com renovação dos dados clínicos e inclusão de novos
participantes ao estudo. A colaboração direta dos pacientes contribui na continuidade
do cuidado e orientação à saúde.
Introdução
Diabetes Mellitus (DM) é atualmente considerada uma epidemia em curso. Estima-se que
a população mundial com diabetes esteja em torno de 387 milhões, alcançando 471
milhões em 2035. 80% dos indivíduos acometidos são de países em desenvolvimento,
com crescente proporção de grupos etários mais jovens.
Caracteriza-se por uma síndrome clínica de evolução crônica e degenerativa, dada por
distúrbios na secreção e/ou ação da insulina no organismo, que determina uma gama de
alterações metabólicas, caracterizadas pela exposição a hiperglicemia.
DM tipo 1 é ocasionado por destruição das células beta, que resultam em deficiência de
insulina. É subdivido em tipos 1A e 1B. O tipo 1A, autoimune, ocorre em 5 a 10% dos
casos de DM, enquanto o tipo 1B, idiopático, corresponde a minoria dos casos. Com
início abrupto e sintomas que indicam de maneira contundente a presença da
enfermidade.
8147
DM tipo 2, resultante da interação de fatores genéticos e ambientais corresponde a
cerca de 90 a 95% dos casos. Caracteriza-se por distúrbios na ação e/ou secreção da
insulina e na regulação da produção hepática de glicose. A resistência à insulina e o
defeito na função das células beta caracterizam a fase pré-clínica da doença, com
tendência de destruição total de das células beta se tratamento inadequado ou ausente.
Dentre os fatores ambientais associados estão sedentarismo, dietas ricas em gorduras e
envelhecimento. Desenvolve-se em período de tempo variável, com estágios
intermediários, glicemia de jejum alterada e tolerância à glicose diminuída. Acomete
qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos, enquanto o DM tipo 1
acomete pacientes jovens, menores de 20 anos.
8148
principal terapia não medicamentosa destacam-se as mudanças no estilo de vida,
através da prática de atividade físicas e alimentação balanceada e saudável, ambas sob
acompanhamento de profissionais capacitados. A mudança no estilo de vida é de suma
importância em todos os pacientes, sendo fundamental em pacientes classificados
como pré-diabéticos, visto que essa intervenção pode mudar completamente o
prognóstico da doença.
Já aos paciente portadores de DM tipo 2 são propostos tratamentos iniciais com classes
de antidiabéticos orais, adaptados as necessidades e demandas de cada paciente, com
possibilidade de acrescentar outas medicações como a insulina, em caso de controle
glicêmico pouco efetivo. É valido ressaltar que ambas as medicações empregadas
necessitam de avaliação da eficiência no controle glicêmico, para os devidos ajustes e
verificação da existência de efeitos adversos, principalmente quando há uso
concomitante com medicações para outras comorbidades, como hipertensão e
dislipidemias (MILECHET, 2016, p. 348).
8149
com alto teor de lipídios, tem sido cada vez mais comum a prevalência de SM na
população, inclusive em faixas etárias mais jovens. A prevalência da SM na população
depende dos critérios utilizados e das características da população estudada, variando
as taxas de 12,4% a 28,5% no sexo masculino e de 10,7% a 40,5% no sexo feminino.
Diante destas taxas e das consequências a qualidade de vida, torna-se de extrema
importância o monitoramento de pacientes que apresentam algum destes componentes,
afim de evitar evolução para SM (GARCIA LIRA NETO, 2017; I DIRETRIZ BRASILEIRA DE
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA, 2005, p. 27).
Metodologia
8150
A abordagem foi feita por entrevistas semiestruturadas (tipo snowball), onde os
servidores maiores de 21 anos, de ambos os sexos, foram entrevistados pelos bolsistas
e convidados a participar do projeto. A adesão foi voluntária e, em qualquer momento, a
evasão poderia ocorrer. Foram firmados os termos de esclarecimento e livre
consentimento, onde os colaboradores tem ciência que a qualquer momento podem
procurar a equipe para atendimento e esclarecimentos.
Resultados e Discussão
8151
(DEMUS/DEART), Escola de Minas (EM) e Transporte, com total de 3 pacientes em cada.
Os setores Núcleo de Tecnologia e Informação (NTI), Escola de Nutrição (ENUT), Pró-
reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPP) e Assessoria de Comunicação e Imprensa
(ACI) tinham 1 paciente cada. Dentre os pacientes insulinoindependentes prevaleceram
os antidiabéticos orais, 83% referiram uso de Metformina, 11% de Glibenclamida e 6%
de Glimepirida. Foi observado também que dos 18 pacientes portadores de DM, 12
deles, correspondente a 66%, recebem acompanhamento clínico em hipertensão arterial
sistêmica (HAS), sendo prevalente essa associação nos setores
RU, transporte e DEMUS/DEART, com 3 pacientes em cada, seguido do setor EM, com 3
pacientes, e NTI com apenas 1. Nos setores ACI, ENUT e PROPP não foram observados
pacientes com associação entre DM e HAS. Os medicamentos usados para tratamento
da HAS associada ao DM destacaram-se Hidroclorotiazida, Losartana, Captopril e
Enalapril. Foi verificado a existência de percentual de 5% de portadores de DM
considerando os setores da universidade avaliados. Os locais com maior número de
servidores, RU, transporte, DEMUS/DEART e EM foram os setores com maior prevalência
de portadores da doença. A prevalência de pacientes classificados como
insulinoindependentes mostra resultado favorável quanto a prognóstico e evolução da
doença, visto que não foi demandada a necessidade de incrementar insulina para
controle dos valores glicêmicos. Em outras palavras, a prescrição de antidiabéticos orais
e mudanças no estilo de vida mostraram-se efetivos ao tratamento.
8152
(sistólica menor que 120mmHg e diastólica menor que 80 mmHg). No caso do DM tipo
2, 40% dos pacientes já se encontram hipertensos ao diagnóstico de diabetes.
Preconiza-se que indivíduos diabéticos mantenham a pressão arterial menor que
140/90mmHg, sendo indicados para estes casos medicamentos inibidores da enzima
conversora de angiotensina (iECA), como Captopril e Enalapril, e bloqueadores de
receptores de angiotensina (BRA), como Losartana. O tratamento da HAS em diabéticos
é essencial para prevenção de doença cardiovascular, renal e retiniana, bem como
minimiza a progressão a doença renal e da retinopatia preexistente (7ª DIRETRIZ
BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2016; MILECHET, 2016, p. 348).
É válido ressaltar que todos os medicamentos utilizados pelos pacientes para
tratamento do DM da HAS apresentam-se disponíveis na farmácia popular do Sistema
Único de Saúde (SUS), mostrando assim garantia dos direitos dos usuários e cidadãos à
saúde (VIEIRA, 2008, p. 365-369).
8153
Conclusão/Considerações Finais
O projeto está em contínuo desenvolvimento, dado que são realizadas consultas de
reavaliação de tempos em tempos. Esse fator permite longitudinalidade do
acompanhamento clínico dos pacientes, por meio da renovação dos dados clínicos e
inclusão de novos participantes ao estudo.
Agradecimentos
UFOP e FAPEMIG
Referências
7ª DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, Rio de Janeiro: Arquivos
COSTA, J. A. et al. Health promotion and diabetes: discussing the adherence and
motivation of diabetics that participate in health programs. v. 16, n. 3, p. 2001-2009, Rio
de Janeiro: Ciencia & saude coletiva, 2011.
FOSS, N. T. et al. Skin lesions in diabetic patients. v. 39, n. 4, p. 677-682. São Paulo:
Revista de saude publica. 2005.
8154
GARCIA LIRA NETO, J. C. et al. Prevalência da Síndrome Metabólica em pessoas com
Diabetes Mellitus tipo 2. v. 70, n. 2. Brasília: Revista Brasileira de Enfermagem, 2017.
26.
I
MILECHET, A. et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016);
organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio. São Paulo: A.C. Farmacêutica,
2016.
8155
OFICINA SOBRE O CÂNCER DE MAMA EM UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR DO CEARÁ:
EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM
Diego da Silva Ferreira1; Francisco Mardones dos Santos Bernardo2; Karim Suleimane
Só3; Brena Shellem Bessa de Oliveira4; Francisco Cezanildo Silva Benedito5; Gutemberg
dos Santos Chaves6; Amiy Monteiro Sanca7; Carolina Maria de Lima Carvalho8.
Instituição: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB)
Resumo
Introdução: O câncer de mama é um problema de saúde pública devido ocasionar a
morte de muitas mulheres no mundo. Assim, torna-se imprescindível que os
enfermeiros realizem atividades de educação em saúde a fim de orientar a população
acerca de formas de prevenção, detecção e tratamento precoces. Objetivo: Socializar as
experiências, sensações e percepções de acadêmicos de enfermagem da Universidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira na execução de uma oficina
sobre câncer de mama. Metodologia: Tratou-se de um relato de experiência vivenciado
por acadêmicos de enfermagem durante a realização de uma oficina sobre câncer de
mama. Participaram da oficina 23 estudantes da universidade supracitada. Resultados:
Verificou-se que a maioria dos participantes: sabiam ou escutaram falar sobre câncer de
mama, mas, demonstraram conhecimento deficitário acerca da fisiopatologia do câncer
de mama; explicitaram curiosidade sobre a temática, expressaram suas dúvidas e
buscaram discutir sobre o assunto abordado; não sabiam quais eram suas causas;
apresentaram conhecimento deficitário acerca de formas de detecção do câncer de
mama e desconheciam a existência de uma política nacional de atenção oncológica e
de uma rede de serviços especializada ofertadas pelo Sistema Único de Saúde voltado
para o câncer de mama. Por fim, ressalta-se que os participantes destacaram que o
conhecimento adquirido seria importante para práticas de promoção da saúde,
prevenção de doenças, rastreio de alterações anatômicas e fisiológicas e afirmaram que
o conhecimento adquirido seria compartilhado com outras pessoas. Conclusão: O relato
de experiências exitosas como esta serve para re/pensarmos o nosso papel social na
democratização do acesso a informação sobre o câncer de mama que se configura como
um problema de saúde pública, tornando os indivíduos empoderados, além de
8156
contribuir para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de competências e habilidades
dos acadêmicos de enfermagem.
Palavras-chave: Educação em Saúde; Neoplasias da Mama; Enfermagem.
Introdução
O câncer de mama é uma patologia ocasionada pela multiplicação de células
anormais da mama, que resultam na formação de um tumor que possui potencial para
invadir outros órgãos (INCA, 2014). Estimativas apontam que o número de ocorrência de
novos casos de câncer de mama por ano atinja o quantitativo de 1.050.000, sendo
prevista para 2020, a ocorrência de cerca de 15 milhões de casos novos anuais. Além
disso, estima-se que 60% desta patologia ocorrerá em países em desenvolvimento
(LOURENÇO et al., 2013).
Destaca-se que o câncer de mama é o tipo de afecção que mais acomete os
indivíduos do sexo feminino em todo mundo, com exceção dos casos de câncer de pele
não melanoma, e também se estabelece como uma das principais causas de óbitos por
câncer englobando os países desenvolvidos e em desenvolvimento (CAVALCANTE et al.,
2013; INCA, 2015).
No entanto, a detecção precoce dessa patologia é fator essencial para redução
das mortes causadas pela doença. Estudos evidenciam que nos países desenvolvidos,
embora tenha-se aumentado a incidência do câncer de mama, os índices de mortalidade
pela patologia em questão estão em declínio, resultado da utilização de métodos
eficazes de detecção precoce e disponibilidade de tratamento adequado (MEDEIROS et
al., 2015).
Ademais, percebe-se a existência de disparidades regionais quanto às taxas de
mortalidade pelo câncer de mama, sendo que o maior número de casos ocorre em
países desenvolvidos. Entretanto, ressalta-se que este achado pode estar relacionado à
presença de problemas no rastreio e no diagnóstico da doença, os quais ocorrem com
maior frequência em países em desenvolvimento (INCA, 2015).
Quanto à atenção oncológica, o Ministério da Saúde estabeleceu o
direcionamento dessas ações por meio da Política Nacional de Atenção Oncológica que
versa acerca das intervenções para o controle do câncer abrangendo todos os pontos de
atenção. Além do mais, a política pontua que a assistência seja oferecida por equipe
multidisciplinar, com isso, ressalta-se que o enfermeiro também compõe esse quadro de
profissionais (CAVALCANTE et al., 2013).
Dessa forma, destaca-se que a enfermagem possui um relevante papel no
processo de rastreamento organizado, para isso, é necessário que esses profissionais
8157
tenham qualificação específica para desenvolver ações pautadas no âmbito da
comunicação, coordenação, manutenção dos dados e educação (LOURENÇO et al.,
2013).
Um dos meios do enfermeiro desenvolver suas ações e atribuições consiste na
realização de atividades de extensão. Estas atividades são importantes, pois, suscitam
reflexões sobre o processo e percurso formativo dos acadêmicos estimulando uma
formação diferenciada na perspectiva de contribuir para as práticas de democratização
do acesso a informação, do cuidado e autocuidado de diversas temáticas envolvendo os
diferentes cidadãos (BISCARDE, SANTOS, SILVA, 2014).
Diante disto, o objetivo deste trabalho consiste em socializar as experiências,
sensações e percepções de acadêmicos de enfermagem da Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) na execução de uma oficina sobre
câncer de mama.
Metodologia
Estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado durante a 6ª edição
do Movimenta, evento promovido pela Pró-Reitoria de Extensão, Arte e Cultura da
UNILAB. O Movimenta possui como objetivo reafirmar a Extensão e a Arte e Cultura da
UNILAB oferecendo mecanismos que propiciem a formação e o aprimoramento artístico
e cultural, sensibilização de novos públicos para a produção e o consumo da produção
cultural, bem como oportunizar e estimular o intercâmbio dos participantes como forma
de divulgação da Arte e das Culturas. As oficinas aconteceram no Campus da Liberdade,
localizado em Redenção-CE, nos dias 26 e 27 de janeiro de 2016.
Participaram da oficina 23 estudantes de diferentes cursos e nacionalidades,
a saber: brasileiros, guineenses e cabo-verdianos, dos cursos de enfermagem,
bacharelado em humanidades, letras e engenharia de energias que fazem parte dos
cursos de graduação ofertados pela UNILAB. Para a implementação das atividades,
utilizou-se os seguintes recursos: data show, computador, cartolinas, lápis de cor,
câmera filmadora, folhas de papel ofício, canetas, fita adesiva e tesoura.
O conteúdo programático contemplou os seguintes aspectos: conceito do
câncer, causas e consequências do câncer de mama, formas de detecção, políticas
públicas de saúde sobre câncer de mama e uma devolutiva como avaliação sobre os
conteúdos ministrados que consistiu na confecção de uma árvore de papel na qual cada
estudante colava uma fruta com uma palavra que retratasse o seu pensamento quando
escutavam a palavra “câncer de mama”. Além disso, foi confeccionada uma colcha de
retalhos que abordava o significado dos assuntos abordados na oficina.
8158
As atividades foram implementadas seguindo as seguintes etapas: dinâmica,
com intuito de integrar os participantes; chuva de ideias, como o objetivo de investigar
o conhecimento prévio dos envolvidos a cerca da temática; explanação participativa dos
assuntos abordados, na qual os estudantes interagiam com os facilitadores; e,
recapitulação do conteúdo ministrado por meio de perguntas e respostas e/ou
devolutivas sobre as atividades realizadas, como por exemplo, produção de poesias,
cartazes e colcha de retalhos.
Resultados e Discussão
No início da atividade, os participantes da oficina foram convidados a fazer
uma pré-avaliação sobre o que sabiam a respeito do câncer de mama. Esta pré-
avaliação consistiu na construção de uma “árvore de ideias”. Assim, em um papel em
forma de fruta, cada um retratava em uma frase, palavra ou imagem o que para eles
representava o câncer de mama. Em seguida, cada um levantava e colava o seu papel na
cartolina em formato de árvore. Posteriormente, foi dado início a explanação do
conteúdo sobre a temática.
Durante o processo de conversa, percebeu-se que muitos sabiam ou já
haviam ouvido falar sobre câncer de mama, mas, demonstraram possuir conhecimento
deficitário acerca do processo fisiopatológico da doença. Conclusão essa, obtida por
meio da comparação de algumas frases/palavras que foram fixadas na árvore de papel e
nas perguntas que foram feitas durante a explanação. Por exemplo, a maioria dos
participantes relatava o nódulo como principal sinal do câncer de mama,
desconhecendo outras manifestações clínicas desta patologia, a saber: retração
mamária, descarga papilar sanguinolenta, eritema, abaulamento na mama, edema,
alterações na textura da pele (American Cancer Society - ACS, 2017).
Embora os alunos demonstrassem não conhecer o processo fisiopatológico
do câncer de mama, observou-se que eles eram curiosos, expressavam suas dúvidas e
buscavam discutir sobre o assunto abordado. Dessa forma, foi promovido um ambiente
propício para a discussão e para a construção do conhecimento de forma horizontal.
Na realização destas atividades foi necessário que os facilitadores
estivessem sensíveis ao contexto no qual estavam inseridos, uma vez que o ambiente
precisa ser propício para o debate dialógico promovendo e respeitando a identidade
individual dos participantes, seus conhecimentos e suas limitações, sendo essencial
ainda, a demonstração de empatia. Assim, o momento se torna construtivo e prazeroso
para os participantes e possibilita a participação ativa dos envolvidos (ROECKER;
NUNES; MARCON, 2013).
8159
Os termos técnicos foram decodificados para a linguagem acessível, algo que
permitiu aos participantes compreenderem melhor sobre o comportamento e os riscos
dessa patologia. No tocante às causas, consequências e a população acometida pelo
Câncer de mama percebeu-se, durante a explanação, que a maioria dos participantes
não sabia quais eram suas causas, pois, quando foram indagados acerca deste assunto
eles não sabiam responder de forma consistente os fatores que contribuem para o
desenvolvimento do câncer de mama, as respostas consistiam em fatores de riscos
poucos claros, como por exemplo, tabagismo, uso de bebidas alcoólicas, stress, dentre
outros (ACS, 2017).
Diante disso, os facilitadores esclareceram que o desenvolvimento do câncer
de mama pode estar associado aos seguintes fatores: idade, ser mulher, história de
menarca precoce, nuliparidade, uso de contraceptivos orais e de terapia de reposição
hormonal pós-menopausa, mulheres com histórico de casos de câncer de mama em
familiares consanguíneos. Ademais, ressaltou-se que este tipo de câncer também
acomete a população masculina, entretanto, em menor incidência (ACS, 2017).
Referente às formas de detecção do câncer de mama, os participantes
demonstraram conhecimento deficitário, visto que eles mencionaram, somente, a
mamografia como forma de rastreio e diagnóstico do câncer de mama. Porém, este
exame não se configura como única forma de se detectar o câncer de mama.
À vista disso foi feita uma explanação sobre os principais métodos
empregados no processo de rastreamento e diagnóstico do referido câncer. Assim,
embasando-se nas “Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil”
elaboradas pelo INCA em 2015, os facilitadores abordaram os principais métodos
existentes que possibilitam fazer o rastreamento da doença, bem como a eficácia da
empregabilidade cada método. Destaca-se que os métodos abordados na explanação
foram mamografia, a auto palpação das mamas, o exame clínico das mamas, a
ressonância nuclear magnética, a ultrassonografia mamária, a termografia e a
tomossíntese mamária.
Além disso, destaca-se que ao saberem os métodos de rastreio e diagnóstico
precoce, os usuários dos serviços de saúde se sentem confiantes e corresponsáveis em
buscar os serviços de saúde para adotarem práticas de autocuidado (LIMA; OLIVEIRA;
MACEDO; DIAS; COSTA, 2014). Empoderar as pessoas significa dar autonomia e poder
de decisão sobre a saúde e as práticas que visam promover saúde, prevenir doenças,
escolha de tratamento e implicações sobre negligenciar esta patologia.
Nesse momento, os alunos questionaram quanto à faixa etária preconizada
para fazer os exames, sendo dirimidas a dúvidas pertinentes aos questionamentos.
8160
Ressalta-se que após a explanação, os alunos demonstraram surpresa ao tomarem
conhecimento de que existem diversos métodos que possibilitam o diagnóstico desta
patologia.
Um estudo realizado com 50 acadêmicos dos cursos de enfermagem,
fisioterapia e psicologia evidenciou que alguns alunos tinham conhecimento deficitário
sobre câncer de mama e ressaltou que atividades de educação em saúde são
extremamente importantes, pois servem para pensarmos e repensarmos sobre a
inserção de atividades de educação em saúde de forma inter e pluridisciplinar. Além
disso, por meio dela, é possível empoderar estes atores sociais de forma que eles
também possam disseminar conhecimentos, democratizar o acesso à informação,
promover a saúde e a prevenção de doenças, bem como disseminar suas formas de
rastreio e diagnóstico precoce (FREITAS; TERRA; MERCÊS, 2011).
Outros aspectos abordados na oficina foram às consequências do não
diagnostico precoce e da ausência do tratamento e cura da doença. Acerca destes
temas, observou-se que maioria dos participantes demonstrou conhecer as
consequências do câncer de mama e as mais referidas foram: “medo”, “deficiência
física”, “baixa autoestima”, “risco de morte” e “morte”.
O câncer de mama quando descoberto traz grandes re/significações para a
mulher, pois, ela passa a conviver com uma doença que é muito temida pela sociedade
e que pode causar deformações no corpo. Isso causa uma sensação de mal-estar com o
próprio corpo e acaba afetando as relações interpessoais e a saúde mental devido as
alterações anatômicas e fisiológicas causadas pelo tratamento e mudanças no estilo de
vida (ALMEIDA, et.al.; 2015; DOLINA; BELLATO; ARAÚJO, 2013). Para dar suporte aos
grupos vulneráveis a esta patologia foram pensadas políticas públicas estratégicas para
o rastreio, diagnóstico, tratamento e cura/reabilitação.
Quando foi explanado o assunto das Políticas Públicas de Saúde sobre o
câncer de mama, percebeu-se que a maioria dos participantes desconhecia a existência
de uma politica nacional de atenção oncológica e de uma rede de serviços especializada
ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) voltado para o câncer de mama. Diante
disso, foi abordado que o Ministério da Saúde preconiza a realização de atividades de
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos, a
serem implantadas em todas as unidades federadas com o intuito de assistir de forma
integral e poder intervir de forma satisfatória no processo saúde-doença com a
participação de uma equipe multiprofissional capacitada (BRASIL, 2005).
O cidadão possui diversos direitos garantidos constitucionalmente que
asseguram direitos e deveres que devem ser gozados por todos permitindo a utilização
8161
de serviços garantidos por leis, que não podem ser esquecidos pela desinformação para
que a sociedade exerça o seu papel de protagonista no processo de construção,
utilização e aperfeiçoamento dos serviços de saúde e políticas públicas (ROLIM; CRUZ;
SAMPAIO, 2013).
Dessa forma, é importante que os indivíduos conheçam como esta rede de
serviços está organizada e o seu funcionamento, pois, assim eles poderão agir de
maneira sistemática ao procurarem os serviços de saúde com o intuito de procurarem a
melhor forma de resolver os seus problemas.
Nesta perspectiva, o enfermeiro contribui para consolidação das políticas
públicas e assistência aos indivíduos que convivem ou conviveram com câncer, pois, ele
possui o conhecimento cientifico-técnico necessário para intervir na situação
epidemiológica e no processo saúde-doença com responsabilidade e conhecimento
científico (BRASIL, 2001).
O enfermeiro quando realiza suas atividades anseia melhorar a qualidade de
vida das pessoas e torná-las autônomas para serem protagonistas no seu autocuidado e
terem consciência que precisam buscar soluções.
Após a explanação destes assuntos e como forma de recapitular o conteúdo
ministrado foi realizada a construção da colcha de retalhos. Neste momento foi
perceptível que os participantes conseguiram absorver as informações disseminadas.
Na confecção da colcha de retalhos, foi exposto o significado da presente
oficina. Nesta exposição, os participantes definiram a oficina como um espaço de: “troca
de saberes”, “luta contra câncer de mama”, “experiência nova”, “conhecimento”,
“prevenção”, “aprimoramento do conhecimento”, “troca de experiência e informação”,
“integração”, “valorização da saúde” e “educação em saúde”. O desenvolvimento desta
atividade possibilitou um intercâmbio de conhecimentos entre os envolvidos,
socialização de informações, empoderamento, esclarecimento de dúvidas e
aperfeiçoamento do saber. Ações como estas se revestem de importância, pois, ao
sensibilizarmos os cidadãos de uma doença que é considerada problema de saúde
pública, eles se tornam pessoas conhecedoras do seu contexto podendo adotar um
posicionamento diferenciado para as práticas de promoção, manutenção da saúde,
prevenção de doenças, rastreamento precoce e tratamento.
A realização da oficina também serviu para ressaltar um dos papeis da
enfermagem, que consiste na educação em saúde e sua interface transformadora no
processo saúde-doença e intensificar o papel social da UNILAB na construção de
momentos de conhecimento por meio dos seus estudantes.
8162
Um estudo feito por Carvalho et al. (2015) mostrou que a realização e
implementação de atividades de extensão por acadêmicos de enfermagem serviu para
estimular o senso reflexivo e crítico sobre a teoria e prática estimulando a troca de
saberes e novas descobertas por meio das relações humanas construídas a partir do
processo de ensino e aprendizagem de forma ativa e participativa das pessoas
envolvidas, além de propiciar o ambiente para a prática da multi e interdisciplinaridade.
Os relatos dos participantes após a realização das atividades foram de
agradecimentos e ensejo para que mais momentos como estes sejam realizados, pois, a
maioria não tem a oportunidade de estudar este conteúdo na sua matriz curricular. A
oficina se mostrou relevante e importante para os envolvidos, pois, os participantes
ressaltaram que o conhecimento adquirido seria importante para práticas de promoção
da saúde, prevenção de doenças, rastreio de alterações anatômicas e fisiológicas. Além
disso, afirmaram que o que tinha sido aprendido na oficina seria compartilhado com
outras pessoas dos seus ciclos de amizades.
No quesito de aspectos que necessitavam ser melhorados na oficina foi
apontado a linguagem e termos técnicos da área da saúde que uma boa parte dos
participantes desconheciam e o pouco tempo de duração da atividade.
As considerações dos participantes foram importantes, pois, nas próximas
atividades que serão propostas estes aspectos serão modificados com o intuito de
explorar ao máximo as potencialidades do momento de construção, intercâmbio e
aperfeiçoamento do conhecimento que as atividades de extensão proporcionam.
Conclusão/Considerações Finais
O relato de experiências exitosas como estas servem para re/pensarmos o
nosso papel social na democratização do acesso a informação sobre o câncer de mama
que se configura como um problema de saúde pública, tornando os indivíduos
empoderados, além de contribuir para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de
competências e habilidades dos acadêmicos de enfermagem.
Atividades como estas modificam as vidas dos participantes e nos
proporcionam uma reflexão sobre o nosso papel enquanto acadêmicos, futuros
profissionais e cidadãos inseridos em uma sociedade que necessita de conhecimento. E
uma das formas de aprender consiste na realização das atividades de extensão que
contribuem para refletir sobre a mão dupla que é o conhecimento, além de proporcionar
o ensejo por uma formação de qualidade que vise o desempenho de uma prática
profissional ética e compromissada com o desenvolvimento social.
8163
Referências
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rastreamento e Diagnóstico do Câncer de Mama no Brasil. Revista Brasileira de
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Nery Revista de Enfermagem, v.19, n.3, 2015
8165
MONITORAMENTO DA COMUNICAÇÃO EM LINGUAGEM ACESSÍVEL DOS PROFISSIONAIS
DE SAÚDE AOS PAIS SOBRE O DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR DE SEUS FILHOS, DE
ZERO A 24 MESES DE IDADE
Resumo
Introdução: o programa de follow-up infantil no Centro de Saúde Margarida dos Santos
Silva do Distrito Noroeste de Campinas foi determinante para detecção precoce das
alterações neuromotoras infantis, destacando, portanto, a eficiência do público-alvo
(profissionais de saúde) e a contribuição da Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS)
para acompanhamento do desenvolvimento neuromotor de bebês e crianças de zero a
24 meses. A educação permanente do público-alvo ocorreu com sucesso no ano de
2016, o primeiro do biênio do Projeto de Extensão Docente, e em 2017 os profissionais
conheceram a importância da comunicação em linguagem acessível para promover a
conscientização e educação dos pais ou responsáveis sobre o desenvolvimento
neuromotor das crianças e prevenção de suas alterações, como o atraso. Objetivo:
monitorar a linguagem acessível do público-alvo no contato direto com pais ou
responsáveis das crianças. Metodologia: oficinas socioeducativas para o
desenvolvimento da linguagem acessível entre o bolsista da Extensão, os profissionais
de saúde e pais ou responsáveis das crianças. Atuação do bolsista e público-alvo no
exercício da comunicação de fácil entendimento pelos genitores ou responsáveis.
Aplicação da AIMS nas crianças com fator de risco ou atraso neuromotor. Resultado: o
monitoramento presencial do bolsista junto ao público-alvo, apropriando-se da
linguagem de fácil acesso com pais ou responsáveis pelas crianças, obteve êxito.
Conclusões: A linguagem de fácil entre profissionais da atenção primária e genitores ou
responsáveis foi determinante para compartilhar orientações do desenvolvimento
neuromotor prevenindo, precocemente, seu atraso, e corrigindo fatores de risco para
permitir a evolução adequada das etapas neuromotoras infantis, contribuindo para a
promoção da saúde infantil.
1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
2
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
8166
Palavras-chave: comunicação acessível em saúde; desenvolvimento neuromotor infantil;
profissional de saúde; unidade básica de saúde; atuação na atenção primária.
Introdução
As atividades do Plano de Trabalho discente na Extensão Universitária foram
desenvolvidas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da região metropolitana de
A educação em saúde engloba uma série de fatores: social, religioso, cultural, filosófico,
aspectos práticos e teóricos do indivíduo, grupo, comunidade e sociedade. Ademais, o
conceito educação em saúde destina-se à prevenção/tratamento de doenças e
prevenção/tratamento das complicações causadas pelas patologias, sendo que, o
principal meio de educação, é representado pelas informações acessíveis que buscam
8167
atingir a promoção em saúde por meio da comunicação, opinião pública e participação
social (SALCI et al., 2013).
O conceito citado anteriormente por Salci et al. (2013), tem em seu objetivo a educação
por meio de tecnologias avançadas ou não. A educação em saúde agrega o caráter
participativo e emancipatório para sensibilizar e conscientizar o enfrentamento de
situações individuais e em grupos em prol da qualidade de vida.
Saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como “um estado completo
de bem-estar físico, social e mental”. Entretanto, o completo “bem-estar” é uma meta
difícil de ser atingida, assim, a população busca cada vez mais atendimentos
multiprofissionais em Unidades Básicas de Saúde (UBS) para alcançar sua melhora.
Dessa forma, os profissionais da rede pública procuram desenvolver com competência e
envolvimento tarefas rotineiras e desenvolvidas em parceria com as universidades, por
meio do compartilhamento do conhecimento produzido intramuros, promovendo
autonomia em seus usuários para que se tornem menos dependente do Sistema Único
de Saúde, favorecendo a prevenção e a promoção da saúde (SANTOS & ROS, 2016).
Afinal, o conceito citado anteriormente por Santos & Ros (2016), reforça a ideia de que
os Projetos de Extensão Universitária realizem as atividades extramuros para promover
a educação com participação, compartilhar informações e produzir conhecimento com o
público-alvo envolvido acerca de temas diversificados que atendam as reais demandas
da sociedade. Neste caso, o Plano de Trabalho de Extensão desenvolvido almejou a
prevenção de atraso do desenvolvimento neuromotor infantil por meio de práticas que
utilizaram a linguagem de fácil acesso com os profissionais de saúde, promovendo,
assim, melhor entendimento por parte da população, a qual recebeu dos profissionais
orientações também processadas em linguagem acessível, a fim de assegurar-lhe
melhor compreensão e aprendizado.
8168
aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) ou qualquer outro sistema, contribuindo
para a orientação e divulgação temática, favorecendo a promoção de saúde com a
participação da sociedade (CORIOLANO-MARINUS et al., 2014).
No caso do Plano de Trabalho de Extensão, desenvolvido pelo bolsista, e do Projeto de
Extensão docente, além da comunicação acessível aos pais ou responsáveis das crianças
de zero a 24 meses de idade, os profissionais possuíram aptidão para identificar o
atraso ou fatores de risco para o desenvolvimento infantil, como fora mencionado, e o
seu maior desafio residia no fato de transformar a linguagem técnico-científica em
linguagem acessível aos sujeitos da comunidade que não detinham tais conhecimentos.
A utilização da Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS) com bebês e crianças, cuja
suspeita de atraso neuromotor se confirmava por meio da avaliação fisioterapêutica
tradicional e diálogo com pais, ou responsáveis, foi fundamental para o
acompanhamento do desenvolvimento das etapas neuromotoras dos pequeninos. A
AIMS, muito utilizada na área da neuropediatria por fisioterapeutas, foi desenvolvida
por Piper & Darah (1994), também fisioterapeutas canadenses da Província de Alberta, e
tem por objetivo avaliar o desenvolvimento neuromotor infantil, acompanhando e
confirmando a maturação do sistema nervoso central, especialmente do nascimento até
os dezoito meses de idade, cuja faixa etária é considerada de extrema importância para
as crianças adquirirem diversas habilidades e desenvolverem o controle postural e o
equilíbrio, aquisições essas necessárias para as mudanças de posturas nos diversos
decúbitos até o vencimento da ação da força de gravidade, pela conquista da posição
bípede ou em pé. Assim, a AIMS identifica bebês que estão com atraso neuromotor ou
se o seu desenvolvimento prossegue normalmente (CÂMARA et al., 2016; OLIVEIRA et
al., 2012; HERRERO et al., 2011; MÉLO, 2011; TECKLIN, 2002). É considerada um recurso
observacional de aplicação rápida entre 20 a 25 minutos, de baixo custo, objetiva,
obtendo valores satisfatórios de validade e confiabilidade e podendo ser realizado um
acompanhamento mensal para a detecção precoce de alterações motoras,
acompanhamento da evolução de etapas do desenvolvimento ainda insuficientes para a
idade cronológica do bebê, ou, ainda, a verificação da aquisição de novo repertório
neuromotor.
8169
antigravitacionais e a superfície de contato para sustentação de peso (CÂMARA et al.,
2016; OLIVEIRA et al., 2012; MÉLO, 2011).
A partir do programa de follow-up infantil para vigiar como os bebês avaliados se
desenvolviam, foi possível o público-alvo do Projeto de Extensão encaminhá-los para
tratamentos multiprofissionais e, com isso, prevenir agravos de atraso do
desenvolvimento, caso estivesse presente.
Antes de realizar a avaliação por esta escala motora era de extrema importância que o
examinador verificasse se as crianças não apresentavam as seguintes condições: fome,
agitação, irritação e sono, pois, a presença de tais estados prejudicaria ou alteraria os
resultados obtidos na Escala, invalidando o exame.
Metodologia
Tratou-se de um Plano de Trabalho de Extensão Universitária discente (bolsista) da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), vinculado ao Projeto de
Extensão Universitária docente, intitulado “Vigilância do desenvolvimento neuromotor
infantil em Unidade Básica de Saúde do Distrito Noroeste de Campinas”, que durou um
biênio (2016-2017), cuja entidade parceira foi a Prefeitura Municipal. O projeto se
desenvolveu em um Centro de Saúde (CS) denominado “Margarida dos Santos Silva”,
localizado no bairro Parque Floresta no próprio Distrito Noroeste da cidade. O entorno
do CS é caracterizado por bairros carentes, de classe média baixa e população com
importante vulnerabilidade socioeconômica e cultural, dependente do Sistema Único de
Saúde (SUS).
8170
Outro método utilizado foi a Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS), comentada e
brevemente explicada na Introdução deste trabalho. Na medida em que o público-alvo
detectava fatores de risco para alterações neuromotoras ou o atraso do
desenvolvimento, as crianças eram encaminhadas para o bolsista avaliá-las sob a
supervisão docente da Extensão, na própria UBS ou no domicílio, este último
considerado o local ainda mais indicado, pois representava o ambiente natural onde
elas eram criadas e, portanto, adaptadas e acostumadas. Para esta avaliação não foram
necessárias mais do que algumas placas de E.V.A. (Ethil Vinil Acetat, abreviação do
nome em inglês, ou Etileno Acetato Vinila, denominação na língua vernácula)
encaixadas umas nas outras e dispostas ao chão, e fichas contendo as especificações,
etapas e os escores da AIMS.
8171
Resultados e Discussão
Realização do monitoramento presencial do público-alvo: o bolsista foi semanalmente
ao CS para o acompanhamento desses profissionais, que eram distribuídos em diversos
setores da UBS, como: sala de vacina, puericultura, sala de coletas de exames, sala de
curativos e acompanhamento dos ACS nos domicílios das famílias das crianças.
A permanência junto ao público-alvo para acompanhá-los na interação com os pais,
ministrando-lhes informações e conhecimentos, foi fundamental para conquistar o
sucesso da tarefa. Entretanto, e não menos importante, o envolvimento dos moradores
da comunidade na proposta para o aprendizado e apreensão dos conhecimentos e
orientações representou o alicerce para o contingente atuante. Como acrescentou
Cardoso et al., (2013), tal envolvimento “constitui-se na essência propulsora para a
realização de um trabalho com possibilidades de elevar a saúde da comunidade, sem
eximir a realização das ações clínicas”.
“Bebê com 2 meses de idade apresentava como patologia concomitante diabetes, pois a mãe
informou que apresentou diabetes gestacional. Porém, conforme verificado pelos
8172
profissionais da UBS, a criança possuía desenvolvimento neuromotor adequado para a idade
e foram realizadas orientações quanto ao adequado desenvolvimento motor”.
Segundo Amaral et al. (2012), o diabetes gestacional está relacionado a altos índices de
complicações fetais e neonatais podendo acarretar atraso do desenvolvimento infantil.
Os recém-nascidos de mães diabéticas apresentam hipoglicemia e são muitas vezes
assintomáticos, evidenciando um risco significativo de morbimortalidade. Em longo
prazo as complicações causadas pela hipoglicemia pré-natal aumentam os riscos de
alterações metabólicas no período pós-natal, causando um comprometimento
neurológico por carências vitamínicas, do elemento ferro, asfixia, hipoxemia e
hipoglicemia. Em linguagem de fácil acesso tais orientações foram discutidas com a
mãe, a qual demonstrou interesse em levar o bebê periodicamente às consultas médicas
na UBS, assim como ao programa de follow-up para o acompanhamento infantil pelos
ACS, pediatra, enfermeiro, técnicos e auxiliares de enfermagem. Segundo estes
profissionais, público-alvo do Projeto de Extensão, conforme fora mencionado, antes
das atividades extensionistas os pais dos pequenos não mantinham com eles relação de
proximidade para verificarem juntos como seus bebês estavam se desenvolvendo.
Profissionais e comunidade iniciaram uma fase de transição paradigmática, onde a
aproximação entre estes dois lados da sociedade possibilitou até hoje a construção de
uma relação interpessoal de confiança. Assim, o interesse e a motivação dos pais
asseguraram-lhes mais segurança, apoio e a certeza do acolhimento para lidarem com
as etapas do desenvolvimento neuromotor de seus filhos e com as maneiras lúdicas e
corporais de os estimularem em casa e no meio ambiente.
“Menina 10 meses: nasceu de parto normal e era adequada para a idade gestacional,
apresentava desenvolvimento motor normal. O público-alvo identificou que a criança
realizava os seguintes marcos do desenvolvimento: sentar independente, engatinhar, ficar
em pé com apoio, e foram realizadas orientações acerca do desenvolvimento infantil para
que futuras aquisições motoras ocorram normalmente”.
8173
maior desenvolvimento da qualidade do aprendizado (DORNELAS et al., 2015; OLIVEIRA
et al., 2012). E se o meio no qual vivem as crianças conspirou a favor de seu
desenvolvimento neuromotor e crescimento, levando-se em conta as mudanças de
atitudes paternas que iniciaram suas transformações a partir das ações junto ao público-
alvo, a coletividade certamente colheu resultados benéficos, para além do término do
Projeto. Isto foi possível em razão da emancipação dos profissionais e aquisição de
competências paternas, fortalecendo seus potenciais como integrantes da comunidade
para o controle, amenização e prevenção de enfermidades e seus agravos relacionados
ao desenvolvimento infantil. (CARDOSO et al., 2013).
“Menino 2 anos de idade, nasceu de parto normal e adequado para a idade gestacional, mas
durante o parto criança aspirou mecônio (destaque nosso para lembrar ao leitor que se trata
das primeiras fezes do feto intrauterina ou nas primeiras horas de nascido). Durante o
acompanhamento médico foi informado que a criança poderia ter um atraso do
desenvolvimento. Entretanto, em sua inspeção, o público-alvo pôde perceber o
desenvolvimento neuromotor adequado para idade, mas, mesmo assim, foram realizadas
orientações quanto às etapas normais do desenvolvimento motor em linguagem acessível
aos pais para assegurar o caráter preventivo de quaisquer alterações neuromotoras
acometendo seus filhos”.
Com relação ao mecônio, Osava et al. (2012) alertam para a probabilidade de o neonato
aspirar esta substância pastosa de coloração esverdeada e, assim, significar uma das
importantes complicações em partos a termo, com considerável causa de mortalidade
perinatal. Este fato ocorre constantemente em idades gestacionais mais avançadas, isto
é, em média de 42 semanas. As causas mais comuns são: hipóxia e infecção intrauterina.
A aspiração de mecônio pode causar hipóxia no bebê por obstrução das vias aéreas
acarretando a Lesão Encefálica Crônica não Progressiva da Infância, mais conhecida por
Paralisia Cerebral.
8174
A bronquiolite viral é uma doença respiratória com prevalência em crianças até dois
anos de idade. Crianças acometidas por essa doença apresentam um elevado risco de
internações hospitalares, muitas vezes necessitando de acompanhamento em Unidade
de Terapia Intensiva (UTI), permanecendo por prolongados períodos de internação.
Possui como etiologia: prematuridade, cardiopatias congênitas, doença pulmonar
crônica e imunodeficiência (COUTINHO et al., 2015; FERLINI et al., 2016). O público-
alvo, conhecendo a possibilidade de haver atraso neuromotor devido à internação
prolongada, se antecipou com competência e autonomia para prestar à família as
orientações acerca do adequado desenvolvimento neuromotor infantil.
Para finalizar, de acordo com Lima et al., (2017), a educação em saúde é o meio mais
eficaz para a prevenção de doenças e promoção da saúde. A capacitação do público-
alvo pelas atividades extensionistas promoveu a educação permanente do grupo
envolvido para, de fato, transformar a sociedade de modo mais justa e igualitária
(GIROUX, 1997). Neste aspecto, a universidade e a extensão, apropriando-se do
conhecimento produzido intramuros, atuou em prol de um serviço de saúde que exerce
programas com a população de seu entorno, consolidando, assim, o efetivo papel da
instituição de ensino nas ações extramuros, segundo as demandas da sociedade.
Conclusão
Durante o primeiro ano do biênio 2016-2017 do Plano de Trabalho discente e Projeto
de Extensão docente, ao qual esteve vinculado, pudemos acompanhar e compartilhar a
gradual aquisição de autonomia por parte dos profissionais do Centro de Saúde, ou seja,
público-alvo do Projeto de Extensão, ao promoverem a saúde da população infantil que
frequenta a Unidade e aquela de seu entorno, haja vista que os Agentes Comunitários
8175
de Saúde estabeleceram e ainda estabelecem esta relação com a comunidade regional
em sua rotina de trabalho na atenção primária.
Ao término do segundo ano do biênio, a educação permanente do público-alvo
envolvido, munido da linguagem acessível em sua rotina de trabalho, estimulou os pais
ou responsáveis pelas crianças para conhecerem o desenvolvimento neuromotor de
seus filhos, visto que dos genitores se esperou que configurassem como protagonistas
para realizarem a observação e o estímulo neuromotor dos pequenos sob sua
responsabilidade. Além disto, os profissionais envolvidos adquiriram conhecimento e
autonomia para procederem à vigilância de fatores de riscos potencialmente
ameaçadores para acarretar o atraso neuromotor infantil.
Referências
8176
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8179
O NÚCLEO UNIVERSITÁRIO DE BIOSSEGURANÇA EM SAÚDE/UEPB-CAMPUS I E SUA
ATUAÇÃO ENQUANTO PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Samara Ellen da Silva1; Criseuda Maria Benício Marques2; Mariana de Souza Gomes3;
Janaína Benício Marques4; Denise Nóbrega Diniz5
Resumo
Introdução: Os profissionais de saúde estão constantemente expostos a riscos
ocupacionais, que podem afetar tanto a sua saúde, como também de seus pacientes. E é
nesta conjuntura que a biossegurança deve atuar, como forma de normatização com
vistas na prevenção e conscientização a respeito destes eventuais riscos. Deste modo, o
Núcleo Universitário de Biossegurança em Saúde (NUBS) da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB), Campus I, promove ações de prevenção e assistência aos acidentes
ocupacionais envolvendo risco biológico, além de ser um setor ativo na produção
cientifica nesta área. Objetivo: Relatar e discutir diversas ações do NUBS, voltadas
principalmente para biossegurança. Metodologia: O presente trabalho trata-se de um
relato de experiência. As informações foram coletadas a partir de registros e dados
armazenados no NUBS no departamento de Odontologia da UEPB/Campus I, através da
análise de relatórios e publicações. Estas foram transcritas para o instrumento de coleta
de dados na forma de um protocolo estruturado. Resultados: Após a análise dos dados,
observou-se que o NUBS possui 12 projetos de extensão distribuídos nas categorias de
prevenção, imunização, biossegurança e assistência. Foram realizadas 6 ações de testes
rápidos no ano de 2017, onde 860 testes rápidos foram executados. No aspecto da
prevenção, foram administradas 105 doses de vacinas para Difteria, Tétano e Hepatite
B, no período 2016.2. O NUBS publicou ao longo de 2017, sete trabalhos de diferentes
áreas temáticas em diversos eventos científicos. Conclusões: O NUBS é uma ampla
extensão que tem crescido e contribuído para a conscientização e prevenção da
comunidade acadêmica, bem como da comunidade em geral, a respeito dos acidentes e
1
Graduanda de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
2
Professora Doutora do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
3
Professora Doutuora do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
4
Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
5
Profeessora Mestre da Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).
8180
doenças ocupacionais. E para que esta extensão continue a se desenvolver, é
importante que a mesma mantenha a interdisciplinaridade no âmbito acadêmico e o
comprometimento de todos os integrantes do NUBS para com a comunidade
necessitada.
Palavras-chave: Biossegurança; Imunização; Assistência.
Introdução
O ambiente clínico-hospitalar, como outros cenários de trabalho, oferecem riscos
ocupacionais aos profissionais de saúde e demais trabalhadores, bem como aos
pacientes que estão expostos a uma diversidade de materiais, como os biológicos e os
perfuro-cortantes. Nos EUA, 1.200 pessoas que trabalham na área de saúde são
infectadas por ano, o centro de controle de doenças estimou que a infecção dos
trabalhadores na área de saúde implica 600 internações hospitalares e 250 mortes por
ano (GUIMARÃES JUNIOR, 2001; GRANOVSKI; IOSHIMOTO, 1999). Esta dicotomia mostra
a dificuldade de se promover saúde para os próprios trabalhadores da saúde.
A preocupação com a questão do bem-estar dos trabalhadores no ambiente
hospitalar no Brasil iniciou-se na década de 70, quando pesquisadores da Universidade
de São Paulo enfocaram a saúde ocupacional em trabalhadores hospitalares (BENATTI;
NISHIDE, 2000). A partir da década de 80 houve maior interesse dos profissionais desta
área no estudo das repercussões do processo de trabalho hospitalar como causador de
doenças e acidentes em seus trabalhadores e usuários (NISHIDE; BENATTI, 2004).
Ciente de tais riscos ocupacionais, é nessa conjuntura que a biossegurança deve
atuar na conscientização e prevenção de acidentes. O termo biossegurança surgiu
inicialmente para indicar um conjunto de ações necessárias à contenção de riscos,
tendo como preocupação central a construção de ambientes saudáveis para as pessoas.
Avanços da ciência e da tecnologia trouxeram diferentes inquietudes, ampliando seu
foco e campo de aplicação de modo a abranger a construção de sistemas de prevenção
e controle para diferentes situações de risco (CARDOSO, 2008; NAVARRO; CARDOSO,
2007).
Pensando nisto, criou-se na Universidade Estadual da Paraíba-UEPB/ Campus I, o
Programa de Extensão Núcleo Universitário de Biossegurança em Saúde (NUBS), que
tem como objetivo a prevenção, assistência e controle de doenças infectocontagiosas,
enfatizando sempre a adesão dos profissionais de saúde às normas de Biossegurança.
Neste sentido, o presente trabalho, tem como objetivo relatar e discutir diversas
ações deste programa de extensão (NUBS), que favorecem tanto aos profissionais de
saúde como a comunidade em geral.
8181
Metodologia
O NUBS é composto por doze Projetos de extensão vinculados aos
departamentos de Odontologia, Enfermagem, Farmácia, Psicologia, Biologia e direito. O
setor localiza-se no departamento de Odontologia da UEPB/Campus I e possui parcerias
com a Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria de saúde do Estado da Paraíba e
Universidade Federal da Paraíba.
Para atender as exigências éticas e científicas fundamentais da Resolução
196/96 (Normas de Pesquisa envolvendo Seres Humanos) do Conselho Nacional de
Saúde (BRASIL, 2002), o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual da Paraíba, sob o registro de n° 54320116.7.0000.5187, na data
de 14/04/2016. Os dados de identificação dos sujeitos não fizeram parte do protocolo
de coleta de dados, o que garantiu o anonimato dos participantes.
As informações foram coletadas a partir de registros e dados armazenados no
NUBS no departamento de Odontologia da UEPB/Campus I, pelos próprios
extensionistas do Núcleo, através da análise de relatórios e publicações. Estas foram
transcritas para o instrumento de coleta de dados na forma de um protocolo
estruturado.
As informações de interesse incluídas na análise foram as seguintes: (a)
Quantidade e citação dos projetos de extensão do NUBS; (b) Quantidade das Ações de
Testes Rápidos no ano de 2017; (c) Quantidade das ações de Imunização em 2016.2; (d)
Produções científicas durante o ano de 2017.
Resultados e Discussão
Os doze projetos de extensão do NUBS, foram distribuídos em quatro áreas
temáticas (prevenção, imunização, biossegurança e assistência).
Os projetos de extensão do NUBS sobre prevenção são: Sistema de
Gerenciamento da Prevenção de Doenças Imunopreveníveis na Comunidade
Universitária1; Prevenção contra a perda auditiva induzida pelo risco ocupacional
(PAIRO) na comunidade acadêmica do curso de Odontologia da UEPB/CAMPUS I
(FONODONTO); Doenças Sexualmente Transmissíveis: Prevenção e Conscientização em
Escolas Estaduais do Município de Campina Grande. Estes projetos, têm como objetivos
gerais conscientizar indivíduos a respeito da importância da prevenção da saúde.
Em relação ao projeto de conscientização e prevenção de DST’s, por exemplo, o
Ministério da Saúde adverte que a estratégia básica para o controle da transmissão das
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e do HIV é a prevenção pelos meios que
8182
permitam atividades educativas que focalizem os riscos inerentes a uma relação sexual
desprotegida, a mudança no comportamento e a adoção do preservativo (BRASIL, 2006).
Apecih (1998); Bolyard et al. (1998), corroboram tal afirmação ao falarem que a
adesão a medidas ou programas de controle de infecção, só se concretiza quando há a
compreensão de suas bases, sendo a educação um elemento fundamental neste
processo. Ações educativas de prevenção e promoção à saúde são, portanto de extrema
importância tanto para comunidade acadêmica como para comunidade em geral.
Os projetos de extensão do NUBS sobre Imunização são: Imunização: uma
medida preventiva para os profissionais e acadêmicos da área de saúde; Estudo
imunoepidemiológico dos agravos presentes na comunidade universitária - Avaliação
das doenças: Hepatite B, Hepatite C, Sífilis e AIDS. Tais projetos têm como objetivo
principal realizar estudos imuno-epdemiológicos e promover a imunização de
profissionais e pacientes.
Deste modo, a vacinação é considerada uma das mais importantes medidas de
prevenção de aquisição de infecções. A vacinação contra hepatite B (HBV), rubéola,
caxumba, tétano e influenza tem sido recomendada para todos os profissionais de
saúde (GUIMARÃES, 2001). Sendo assim, os trabalhos de extensão do NUBS
conscientizando acadêmicos e profissionais de saúde a respeito da importância da
imunização tem um papel fundamental na obtenção de uma saúde perfeita. Afinal,
alguns distúrbios comuns e mesmo inofensivos podem provocar danos irreversíveis
(BRASIL, 1995).
O NUBS ainda possui projetos sobre Biossegurança, que são: Manejo e
Segregação do Material Perfurocortante: Estratégias para minimizar o risco ocupacional;
Medidas profiláticas tomadas por discentes dos cursos de saúde do CCBS/UEPB após
acidentes com materiais perfurocortantes; Sistema de Gerenciamento de Resíduos
Químicos do Departamento de Odontologia da UEPB; Questões de Direito e de Saúde:
Informação de Direitos a Ter Direitos; Viagem ao mundo invisível: Monitoramento da
contaminação microbiológica em vários setores das clínicas-escola e laboratórios do
CCBS da UEPB.
Tais projetos tem como meta a conscientização e adesão as normas de
biossegurança, bem como prevenção e assistência em casos de acidentes envolvendo
risco biológico.
8183
O risco biológico, por exemplo, é o mais comum entre os profissionais de saúde
(CORREA; DONATO, 2007). Especialmente nos serviços de urgência e emergência,
grande parte dos acidentes que envolvem profissionais da área da saúde se deve à falta
de observância e adoção das normas de biossegurança (VALLE; FEITOSA; ARAÚJO,
2008).
É nesta perspectiva que atuam os projetos de extensão do NUBS, voltados à
biossegurança, buscando implementar medidas com a participação do profissional, a
partir da sua compreensão acerca do risco existente nas diferentes ações da assistência
aos usuários (PAULINO; LOPES; ROLIM, 2008).
Os projetos de extensão do NUBS que trabalham com assistência são:
Implantação da coleta de amostras para teste rápido molecular da tuberculose (TRM-
TB) na UEPB: possibilidades de novos diagnósticos; Acolhimento psicológico aos
profissionais de saúde em risco ocupacional com material perfurocortante.
A saúde, reconhecida como direito humano, passou a ser objeto da Organização
Mundial de Saúde (OMS) que, no preâmbulo de sua Constituição (1946), assim a
conceitua: "Saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doença" (DEJOURS, 1986). Desse modo, Observa-se, então, o
reconhecimento da essencialidade do equilíbrio interno e do homem com o ambiente
(bem-estar físico, mental e social) para a conceituação da saúde (ENGELS, 1986). Desta
forma, o NUBS promove trabalhos com a comunidade acadêmica de saúde, fornecendo
acompanhamento psicológico, bem como assistência à comunidade em geral.
O NUBS no ano de 2017 realizou seis ações abertas de testes rápidos para toda
comunidade acadêmica e comunidade em geral, totalizando o número de 381 pessoas
atendidas, conforme mostra o quadro 1.
8184
As ações das datas 08/03, 22/03, 26/07 e 04/10, promoveram a realização de
testes rápidos de HIV, sífilis, hepatite B e C. Enquanto a ação do dia 28/07 realizou
testes rápidos de Hepatite B e C e a do dia 13/09 promoveu apenas a realização de
testes rápidos para HIV.
Uma intervenção correta e eficaz tanto para os cuidados agudos como para uma
fase seguinte de doenças emergentes e reemergentes, depende da detecção rápida e
segura do agente patógeno (Cavalcanti; Lorena; Gomes, 2008). Por isso, a utilização dos
testes rápidos, para o diagnóstico de doenças como o HIV e a sífilis, tem se mostrado
uma estratégia eficaz na implementação de novas medidas de abordagem para o
diagnóstico dessas infecções (EUA,1995).
Além disso, métodos de diagnósticos mais rápidos certamente auxiliarão a
vigilância epidemiológica, pois doenças infecciosas que apresentem significantes
consequências para a saúde pública poderão ser eficientemente controladas se
identificadas precocemente (CAVALCANTI; LORENA; GOMES, 2008). Graças ao
desenvolvimento desses métodos que os resultados podem ser obtidos em poucas horas
ou até mesmo em minutos.
A maior parte desses métodos baseia-se na detecção do complexo antígeno-
anticorpo. A imunocromatografia tem sido bastante utilizada para diagnóstico em
campo. Por outro lado, no laboratório outros métodos imunológicos são utilizados
graças à simplicidade da execução, ao baixo custo e à acurácia (PERUSK; PERUSKI,
2003; SANCHEZ, 2011).
Além disso, o Núcleo Universitário de Biossegurança em Saúde atuou no período
de 2016.2 na imunização de 105 pessoas entre docentes, discentes, técnicos e usuários
dos serviços do Centro de Ciências Biológicas e de Saúde (CCBS) da UEPB/Campus I.
Foram então realizadas ações de imunização para Difteria, Tétano e Hepatite B, como
mostra a figura 1.
8185
Figura 1: Doses dT e Hepatite B administradas no período de 2016.2
Sendo assim, percebe-se eu houve uma maior procura pelas vacinas dT’s
(61,90%). Vale salientar que as maiores procuras foram para as doses de reforços das
vacinas dT, que são administradas a cada 10 anos. Portanto, das 65 doses de dT
administradas, 36 foram doses de reforço.
O tétano é doença infecciosa, não contagiosa, usualmente de início agudo,
resultante do binômio solução de continuidade de pele/ mucosa e contaminação pelo
bacilo Clostridium tetani (VERONESI, 1960). Caracteriza-se por espasmos dolorosos,
rigidez muscular e disautonomia, causados pela tetanospasmina, potente neurotoxina
bacilar. A letalidade é bastante elevada, principalmente, nas faixas etárias extremas
(TRIGUEIRO, 1976).
Em alguns países desenvolvidos, o tétano ainda persiste, isto se deve, em grande
parte, à queda linear dos níveis séricos da antitoxina tetânica com o avançar da idade, à
imunossenescência com prejuízo da atividade Thelper (KISHIMOTO et al, 1980) , e à
negligência nas doses de reforço da vacina antitetânica (HEATH et al, 1996).
Portanto, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS)
classifica as doenças transmissíveis preveníveis por vacinação como doenças de
tendência decrescente uma vez que apresentaram uma drástica redução da incidência
nas últimas décadas (BRASIL, 2004). O tétano e a difteria, por exemplo, são
consideradas doenças raras, porém ainda ocorrem em populações que não completaram
a imunização primária (LUZ; SOUZA; CICONELLI, 2007). O que pode explicar o maior
interesse de alguns indivíduos pela tomada das doses de reforço das dT’s.
Entretanto, é preocupante que a procura por imunização contra a Hepatite B,
principalmente pelos profissionais de saúde não tenha sido tão acentuada, uma vez que
8186
esta é uma doença infecciosa grave de ocorrência mundial que constitui importante
problema de saúde pública. De acordo com alguns autores, há entre 250 e 350 milhões
de portadores crônicos do vírus da hepatite B (HBV) em todo mundo, e mais de 50
milhões de pessoas (cerca de 5% da população mundial) são infectadas anualmente
(BALDY, 2003; KEATING, NOBLE, 2003).
Além disto, o vírus da hepatite B é dotado de infectividade 57 vezes maior que o
vírus da imunodeficiência humana- HIV (BRASIL, 2000). E segundo o Centro de Controle
de Doenças (CDC) (2001), cerca de 300 mil infecções com o vírus da Hepatite B ocorrem
todo ano nos Estados Unidos. Entre esses, cerca de 12 mil casos afetam profissionais da
área da saúde (EUA,
Quanto à produção científica em 2017 os extensionistas do NUBS participaram
de diversos eventos. Os resumos, artigos e capítulos de livro publicados abrangem uma
variedade de áreas temáticas, como mostra o quadro 2:
1. Microbiologia 01 II CONAPESC
II CONAPESC
2. Promoção da 05 II COMBRACIS
Saúde XXX MICO
Biossegurança CINASAMA
II COMBRACIS
3. Biossegurança 12 XXX MICO
CINASAMA
XIX SNNPqO
II COMBRACIS
4. Imunização 04 CINASAMA
XIX SNNPqO
5. Assistência 03 XXX MICO
CINASAMA
8187
os eventos científicos constituem-se como fonte essencial na busca e apreensão de
novos conhecimentos (DE LACERDA, 2008).
Para Carmo e Padro (2005) a ciência é uma atividade social, e, portanto, precisa
ser divulgada, debatida e refletida, os eventos científicos, portanto, são meios
altamente eficientes na comunicação oral do conhecimento (OHIRA, 2002). Tais
conceitos são corroborados por Marchiori et al. (2006), que citam como principais
funções destes eventos: criar oportunidades para a troca de experiências entre os
pesquisadores e divulgar novos conhecimentos.
Sendo assim, os extensionistas do NUBS, através da participação e publicações
em eventos científicos, divulgam dados, pesquisas, relatos, bem como todo trabalho que
este setor desenvolve para com a comunidade acadêmica e à comunidade em geral.
Como ressaltado anteriormente, o núcleo promove deste a assistência, realizando testes
rápidos até ações preventivas, as quais tem feito diferença na vida de todos que passam
pelo Núcleo Universitário de Biossegurança em Saúde da UEPB/Campus I.
Considerações Finais
Sabe-se que os profissionais de saúde, bem como seus pacientes enfrentam
diversos riscos no ambiente clínico. Desta forma, pelos resultados e dados obtidos,
conclui-se a importância do trabalho desenvolvido pelos doze projetos de extensão do
NUBS, os quais têm atuado de forma brilhante nas áreas de biossegurança, com vistas a
prevenção e assistência à comunidade acadêmica e à comunidade em geral.
Além disso, foi possível observar a ativa participação do NUBS nos eventos
científicos, através de diversas publicações. O que é de grande valia, uma vez que, os
eventos científicos são fonte de divulgação, reflexão e apreensão de novos
conhecimentos.
Diante dos resultados apresentados e dos objetivos alcançados, pode-se observar
que o NUBS é uma ampla extensão que vem crescendo e proporcionando aos alunos
extensionistas da UEPB/Campus I, oportunidades de trabalhar com ensino, pesquisa e
extensão. Para que seu desenvolvimento seja ainda mais significativo, portanto, vale
salientar, a importância da manutenção da interdisciplinaridade no âmbito acadêmico e
do comprometimento de todos os integrantes do NUBS para com a comunidade
necessitada.
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SORRISO NA MELHOR IDADE: ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE
BUCAL PARA IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS EM GOVERNADOR VALADARES-MG
Lilian Lopes Barbosa1; Ana Maria Lucas Guimarães1; Eliseu Aldrighi Münchow2; Mauricio
Malheiros Badaró2; Rodrigo Furtado de Carvalho3
Resumo
Assim como vários países já passaram por um profundo processo de envelhecimento
decorrente da transição demográfica, o Brasil vivencia um envelhecimento rápido. A
partir da perspectiva de que os conhecimentos gerados na universidade poderiam ser
trocados com a comunidade, através de atividades de extensão com linguagem e
metodologias adequadas, este projeto objetivou promover educação em saúde para
uma parcela populacional desprovida de atendimento especializado e suprir carências
regionais em uma amostra populacional de idosos institucionalizados, no Município de
Governador Valadares, Minas Gerais, Brasil. O público alvo consistiu em idosos
institucionalizados, com faixa etária entre 60 e 95 anos e a equipe de profissionais da
Casa de Recuperação Dona Zulmira da Sociedade São Vicente de Paula. As atividades
realizadas no projeto “Sorriso na melhor idade” abordaram temas como: noções básicas
de saúde, saúde bucal, higiene bucal, alternativas protéticas existentes, cuidados para
manutenção de próteses dentárias, importância de acompanhamento periódico com
profissional Cirurgião-Dentista. Assim, promoveu-se saúde aos idosos e conhecimento à
equipe de cuidadores, além de apresentar fundamental importância no processo de
ensino e aprendizagem dos integrantes do projeto, viabilizando a troca de experiências
1
Acadêmico do Curso de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Governador
Valadares – MG (UFJF-GV).
2
Professor Colaborador, Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Governador Valadares – MG (UFJF-
GV).
3
Professor Orientador, Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Governador Valadares – MG (UFJF-
GV).
8192
e contribuindo para o crescimento pessoal e profissional. Conclui-se que: a prática de
promoção em saúde deve ser orientada sob a constatação da realidade e necessidade
do grupo a ser assistido, possibilitando acesso a informações, promovendo a educação
em saúde bucal e motivando o autocuidado; a extensão é um instrumento estratégico e
eficiente para ofertar informações e saúde para grupos que apresentam demandas em
saúde; a continuidade de ações de promoção e educação em saúde para idosos é um
fator essencial para se obter resultados.
Introdução
O envelhecimento é um fenômeno global. A população idosa, que, segundo a
Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso, tem 60 anos ou mais, vem crescendo
de forma rápida e progressiva, comparado aos outros grupos etários. Estima-se que até
2025 o número de idosos será superior a 30 milhões, sendo que nesse momento o Brasil
representará a sexta população mais idosa do mundo. Esse processo de transição
demográfica se deve aos avanços médicos e tecnológicos que propiciaram a redução
nas taxas de natalidade e mortalidade, e elevaram a expectativa de vida da população.
(LIMA, 2003; FREITAS,2004 CERVATO, et al, 2005; WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2005; LIMA, et al, 2008; BRITO, et al, 2013; KUCHEMANN, 2012)
A longevidade é uma experiência nova na trajetória da humanidade, que é
idealizada com a qualidade de vida. No entanto, o processo de envelhecimento é
associado à uma série de alterações fisiológicas, que variam de um indivíduo para outro,
e que resultam em maior predisposição ao desenvolvimento de agravos crônico-
degenerativos, e tornam os indivíduos dependentes do meio social e familiar. Em
contrapartida, decorrente do estilo de vida da sociedade capitalista contemporânea, tem
se verificado a sistemática procura por institucionalização de idosos por parte de seus
familiares. (MENDONÇA, 2003; ASSIS, 2005; CALDAS,2008; NASCIMENTO, 2013)
A literatura mostra que os idosos institucionalizados apresentam altos índices de
edentulismo, cárie e doença periodontal, assim como os idosos no geral, mas que, a
assistência odontológica é ainda mais negligenciada nestas instituições de longa
permanência, mesmo sendo a saúde bucal essencial para a saúde sistêmica. A maioria
desses idosos possuem capacidade funcional, cognitiva e física debilitada que dificulta a
realização de suas atividades diárias, incluindo a higiene bucal. No entanto, os
cuidadores não são capacitados para essa tarefa. (MELLO, et al, 2006; ROSA, 2008;
FREITAS, 2010; BIANCO, 2010)
8193
Em razão do edentulismo, o uso de próteses entre os idosos é frequente, mas
também esses indivíduos não são instruídos em relação à higiene desses aparelhos e
assim desenvolvem uma série de lesões na cavidade oral, sendo a estomatite protética,
candidíase eritematosa e hiperplasia inflamatória as principais, que interferem na
qualidade de vida desses indivíduos. (FURTADO, et al ,2015; BONFÀ, 2017)
Assim, a partir da perspectiva de que os conhecimentos gerados na universidade
poderiam ser trocados com a comunidade, através de atividades de extensão com
linguagem e metodologias adequadas, este projeto objetivou promover educação em
saúde para uma parcela populacional desprovida de atendimento especializado e suprir
carências regionais em uma amostra populacional de idosos institucionalizados, no
Município de Governador Valadares, Minas Gerais, Brasil.
Metodologia
Este projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UFJF - Número do
Parecer: 1.300.266 (CAAE 43503114.3.0000.5147), sendo desenvolvido por discentes do
curso de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora - Campus Governador
Valadares, sob orientação de Professores e em colaboração com Técnicos
Administrativos em Educação.
O público alvo deste projeto são os idosos institucionalizados da Casa de
Recuperação Dona Zulmira da Sociedade São Vicente de Paula, composto por 19
indivíduos do sexo masculino e 33 do sexo feminino, com faixa etária entre 60 e 95
anos e a equipe de profissionais da instituição.
Este projeto iniciou no ano de 2014, onde foi feita a seleção dos primeiros
graduandos do curso de Odontologia. Nesse primeiro ciclo a equipe reuniu
periodicamente para a discussão de artigos científicos a respeito do assunto, e fizeram a
visita inicial à instituição objetivando reconhecer o espaço, a rotina de trabalho da
equipe local e suas peculiaridades (Figura 1).
Posteriormente, foram realizadas palestras de educação em saúde e rodas de
conversa com internos (Figura 2) e com cuidadores (Figura 3), abordando os temas:
noções básicas de saúde, saúde bucal, higiene bucal, técnicas de higiene bucal,
alternativas protéticas existentes, técnicas de higiene para próteses dentárias, cuidados
para manutenção de próteses dentárias, importância de acompanhamento periódico
com profissional Cirurgião-Dentista, onde utilizou-se como ferramentas auxiliares,
apresentações em multimídia, abordagens em macro-modelo, macro-escova, fio dental,
modelos de próteses parciais e totais (Figura 4). Ampliou-se assim, o nível de
8194
conhecimento dos cuidadores e dos internos sobre saúde bucal, ofertando e trocando
informações.
Também foram entregues kits de escovação com escova dental, dentifrício e fio
dental, e realizada a instrução de higiene bucal de forma assistida e individualizada,
possibilitando uma abordagem mais adequada para as diferentes realidades
constatadas. Para internos que apresentavam dificuldade motora, foi feita a adaptação
de escovas (Figura 5, Figura 6). Também foi desenvolvido e executado, com o auxílio
dos cuidadores, um protocolo de higiene bucal para acamados (Figura 7).
Somado a isso, foram feitas avaliações individuais através de exames clínicos
(extra/intra-oral), e aplicação de questionários, proporcionando um levantamento
epidemiológico significativo (Gênero; Cor; Estado Civil; Estado físico de independência;
Profissões desempenhadas; Escolaridade; Satisfação com sorriso; Satisfação com
eficiência mastigatória; Conhecimento quanto a perda de dentes; Frequência de visitas
ao cirurgião dentista; Razões para visitas ao cirurgião dentista; Necessidades de
tratamento odontológico; Odontograma; Necessidades de utilização de próteses
dentárias; Uso de próteses dentárias; Estados das próteses dentárias existentes;
Conhecimento quanto à utilização e cuidados com próteses dentárias; Conhecimento
quanto ao câncer bucal e medidas de prevenção; Dimensão vertical de oclusão;
Dimensão vertical de repouso; Amplitude de abertura de boca; Queilite angular; Testes
fonéticos).
No segundo ciclo do projeto houve uma nova seleção de graduandos, e a equipe
continua realizando atividades de promoção e educação em saúde bucal, atuado
também nas necessidades protéticas dos internos. A equipe é dividida em dois grupos
que trabalham sobre essas duas vertentes, e a cada três vistas ocorre o revezamento
entre as áreas de atuação. Foram abordados temas como: noções básicas de saúde,
saúde bucal, higiene bucal, alternativas protéticas existentes, cuidados para
manutenção de próteses dentárias, importância de acompanhamento periódico com
profissional Cirurgião-Dentista.
A equipe de promoção e educação em saúde desenvolve a atividade e apresenta
a proposta em uma reunião previamente à visita, objetivando abordar os assuntos de
forma lúdica e dinâmica. Constatou-se que os internos interagiram mais nas atividades
em que participavam ativamente. Assim, foram desenvolvidas atividades recreativas,
constatando grande participação dos internos. Entre estas, podem ser citadas: “Bingo da
Saúde Bucal” (Figura 8) e “Pescaria da Saúde Bucal” (Figura 9). Também foi realizada a
colagem de cartazes sobre a higiene bucal em locais estratégicos, a fim de estimular os
internos a realizarem a higiene bucal de forma independente (Figura 10, Figura 11).
8195
A equipe de cuidados e manutenção das próteses dentárias, inicialmente realiza
a higienização das próteses totais, através da imersão em hipoclorito de sódio 0,5% por
10 minutos e posteriormente realiza a higienização das mesmas. Com a prótese
higienizada, inicia-se a verificação da mesma quanto a presença de falhas (Trincas,
fraturas, regiões cortantes,...) e quanto à adaptação em boca. Constatadas as falhas, os
alunos realizam os ajustes necessários (Figura 12, Figura 13). Constatadas
desadaptações, os alunos realizam o reembasamento da prótese (Figura 14). O processo
de reembasamento consiste em depositar um material na superfície da prótese para
obter melhor adaptação. Por ser um material temporário, os internos também são
encaminhados para o atendimento odontológico nas clínicas da UFJF-GV para confecção
de novas próteses. Tem sido utilizados para o reembasamento o Soft Rebase (TDV
Dental Ltda) e o Soft Confort (VIPI Indústria, Comércio, Exportação e Importação de
Produtos Odontológicos Ltda).
O projeto busca também conciliar sua visita a atividades lúdicas, interativas e
culturais. Estas são desenvolvidas ao final de cada visita, através de apresentações
musicais realizadas por voluntários (Figura 15).
Resultados e Discussão
O aumento da expectativa de vida é uma realidade nas últimas décadas, e
deveria ser acompanhado por qualidade de vida. No entanto, a população idosa tem
sofrido com uma série de doenças crônico-degerativas que os torna indivíduos
dependentes de assistência. Somados a isso, a falta de tempo ou condição financeira da
família, desamparo ao idoso, tem-se contribuído para altos índices de
institucionalização de idosos no Brasil. (BRITO, et al, 2013; NASCIMENTO, 2013)
A saúde bucal é extremamente importante para a qualidade de vida do indivíduo.
Segundo Medeiros (2012), o envelhecimento sem o adequado cuidado com a saúde oral
pode levar a intensas mudanças no aparelho estomatognático, reduzindo sua
capacidade física e funcional. Com isso, o edentulismo se torna um forte indicador de
saúde para adultos e idosos. Em contrapartida, a saúde bucal não tem sido priorizada
para os idosos, e ainda mais negligenciada para aqueles que estão institucionalizados, o
que resulta em altos índices de perda dentária, cárie e doença periodontal, assim como
foi observado na instituição trabalhada através dos exames clínicos. (MELLO, 2005;
BIANCO, 2010)
O uso de próteses dentárias por idosos é muito frequente devido ao edentulismo,
mas quando esses aparelhos não são higienizados, podem ser um local de acúmulo de
resíduos e micro-organismos que levam ao desenvolvimento de diversas patologias na
8196
cavidade bucal. De acordo com Fonseca (2007), tanto a higiene bucal, como a higiene
da prótese são essenciais para manter a saúde dos tecidos, prevenindo o
desenvolvimento das patologias, e consequentemente aumentando a longevidade de
uma reabilitação oral com próteses removíveis. A falta de instrução dos cirurgiões-
dentistas e a idade avançada dos pacientes, que apresentam uma diminuição da
destreza manual são alguns dos fatores que dificultam a higiene. (BASTOS, 2015)
Quando a higiene não é realizada, as lesões mais recorrentes na cavidade bucal,
segundo Caldeiras (2010) são: estomatite protética, candidíase eritematosa, hiperplasia
fibrosa inflamatória, queilite angular, hiperplasia papilar do palato, úlcera traumática,
doença periodontal e, eventualmente, processo alérgico desencadeado pelo material
usado na confecção da prótese.
A equipe constatou que o uso de próteses dentárias entre os idosos era
frequente, mas que a higiene era deficitária. Os cuidadores não apresentavam
capacitação para instruir ou fazer a higiene bucal dos idosos, corroborando com Mello
(2005), que relata que nesses locais não há protocolos de procedimentos, há uma falta
de planejamento para a atenção especializada, e ausência de capacitações por parte dos
cuidadores. Por isso, a equipe deste projeto desenvolve atividades de promoção e
educação em saúde bucal, onde ensinam a forma correta de higienizar as próteses e a
cavidade bucal, ofertando desta forma, informações aos cuidadores, e saúde bucal para
os idosos.
Diante do exposto, Carrard (2011) afirma que nos serviços de Estomatologia no
Brasil, constata-se frequentemente a existência de lesões potencialmente malignas em
locais com relação direta com próteses dentárias mal adaptadas. Assim, esse é um fator
que justifica a atividade prática de ajustes e reembasamento das próteses na unidade. A
adaptação das próteses dentárias é essencial para uma boa função mastigatória,
fonética, estética, e autoestima do indivíduo. (HUGO et al, 2007; CARREIRO et al, 2008)
A continuidade do projeto na instituição também tem sido um ponto importante,
pois, essa sequência de visitas gera uma aceitação dos idosos, além deles fixarem
melhor as informações de saúde bucal que são ressaltadas em todas as atividades de
promoção de saúde, e esse resultado é observado através da participação deles nas
atividades.
Para os graduandos, a atividade de extensão tem se mostrado uma experiência
enriquecedora. Eles colocam em prática o que aprendem na sala de aula, fixando dessa
forma o conteúdo, e ainda fazem seu papel de cidadão para a comunidade (RODRIGUES,
2013)
8197
A institucionalização pode gerar isolamento social, que leva à perda de
identidade, de liberdade, de autoestima, e o estado de solidão nos idosos. Como forma
de entretenimento para os internos, introduziu-se a música, pois a literatura mostra que
na área da geriatria e gerontologia, é a terapia complementar mais utilizada, por
proporcionar ganhos psicoemocionais, físicos e sociais, melhorando a autoestima e
sociabilização. (PIZARRO, 2004; GOMES, 2012)
Conclusão/Considerações Finais
- A prática de promoção em saúde deve ser orientada sob a constatação da realidade e
necessidade do grupo a ser assistido, possibilitando acesso a informações, promovendo
a educação em saúde bucal e motivando o autocuidado.
- A extensão é um instrumento estratégico e eficiente para ofertar informações e saúde
para grupos que apresentam demandas em saúde;
- A continuidade de ações de promoção e educação em saúde para idosos é um fator
essencial para se obter resultados.
Referências
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educativas com idosos. Revista APS, v.8, n.1, p. 15-24, jan./jun. 2005.
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cinquenta ou mais anos de vida. Ciência e Saúde Coletiva. p. 2165-72, 2010.
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CARRARD V., et al. Prevalence and risk indicators of oral mucosal lesions in an urban
population from South Brazil. Oral diseases. 2011; 17 (2):171-9.
8198
CARREIRO, Adriana da Fonte Porto et al. Aspectos Biomecânicos das próteses parciais
removíveis e o periodonto de dentes de suporte. R. Periodontia, v.18, n. 1, pp.105-113,
mar., 2008.
CERVATO, A. M., DERNTL, A. M., LATORRE, M. R. O., & MARUCCI, M. F. N.. Educação
nutricional para adultos e idosos: uma experiência positiva em Universidade Aberta para
Terceira Idade. Revista de Nutrição, v.18, n. 1, pp.41-52, 2005.
FONSECA P., AREIAS C., FIGUEIRAL M.H. Higiene de próteses removíveis. Rev. port.
estomatol. cir. maxilofac. v.48, n. 3, pp.141-46, 2007.
GOMES, L., AMARAL, J.B., Os efeitos da utilização da música para idosos: revisão
sistemática. Revista de Enfermagem, Salvador. v.1, n.1, pp. 103-117, dez. 2012.
HUGO, Fernando Neves et al. Correlates of partial tooth loss and edentulism in the
Brazilian elderly. Community Dentistry and Oral Epidemiology. v. 35, n. 3, p. 224- 232,
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LIMA, A. M. M., Silva, H. S., & Galhardoni, R., Envelhecimento bem-sucedido: trajetórias
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revelando contradições no processo de cuidar e incorporando melhores práticas a partir
d contexto da instituição de longa permanência para idosos. Anais da 58ª Reunião Anual
da SBPC: 2006.
PARANHOS H.de F., PANZERI H., LARA E.H., CANDIDO RC, ITO IY. Capacity of denture
plaque/biofilm removal and antimicrobial action of a new denture paste. Braz Dent J.;
v.11, n. 2, pp. 97-104, 2000.
FIGURAS
8200
Figura 2: Rodas de conversar com internos
8201
Figura 7: Realização de protocolo de higiene oral em idosos acamados com participação
dos cuidadores.
8202
Figura 12: Ajuste das próteses totais
8203
ESCUTA AO SIGNIFICANTE: O BRINCAR COMO POSSIBILIDADE
Hellen Silva; Jailma Souto; Agnes Durães; Pâmela Queiroz; Syzaine Silva
Resumo
Introdução
No século XIX, quando já havia para a infância um lugar diferenciado dentre as etapas
de desenvolvimento humano, Sigmund Freud, de maneira inovadora e polêmica para a
8204
época, trouxe a criança a partir de um viés psicossexual. Assim, Freud, a partir de
relatos das histéricas em sua clínica psicanalítica, os quais revelavam conflitos sexuais
desde a tenra idade, e que posteriormente revelaram seu caráter fantasioso, descobriu a
existência de uma sexualidade infantil. Como explicitado por Coutinho Jorge:
Nesse contexto surgem as casas de acolhimento institucional, estas com a função de,
em casos excepcionais e de caráter urgente, acolher em suas dependências crianças e
adolescentes cujos direitos se encontrem ameaçados ou violados. Desse modo, a tutela
8205
da criança antes pertencente à sua família é transferida ao Estado, o qual tem o dever
de assegurar o cumprimento de tudo aquilo proposto pelo ECA, como postulado no
artigo 98º do Estatuto (ECA, 2016 p. 56).
Este artigo aborda o recorte de uma experiência de extensão, baseado na teoria e ética
da psicanálise, de acordo com Freud e Lacan. No desenvolvimento da prática utiliza-se
de atividades lúdicas escolhidas pelas próprias usuárias envolvidas no processo. Nesse
sentido, foi realizado revisão bibliográfica, considerando um recorte histórico da
evolução do conceito de infância e uma leitura sobre o processo de ressignificação das
crianças durante o ato de brincar. Na sequência, serão apresentados e analisados os
resultados de oficinas lúdicas realizadas com crianças e adolescentes na faixa de idade
entre 7 e 16 anos em situação de acolhimento institucional, usuárias do projeto de
extensão “Lar Possível Lar: Projeto de Extensão Em Psicologia Infanto/juvenil Com
Meninas Em Casa de Acolhimento Institucional”, realizado na Universidade Estadual da
Paraíba, Campina grande /PB. As oficinas têm alcançado resultados consequentes, na
medida em que as crianças têm conseguido fazer uso da palavra, via atividades lúdicas,
contar sua história singular e fazer elaborações frente às novas situações que se
colocam constantemente.
8206
aos corpos das crianças, num sentido que nos parece muito
distante de nosso sentimento e de nossa visão. O tema é a
cena do Evangelho em que Jesus pede que se deixe vir a ele
as criancinhas, sendo o texto latino claro: parvuli. Ora, o
miniaturista agrupou em torno de Jesus oito verdadeiros
homens, sem nenhuma das características da infância: eles
foram simplesmente reproduzidos numa escala menor.
Apenas seu tamanho os distingue dos adultos (ARIÈS, 1986
p.50).
As crianças nas pinturas em sua maioria eram representadas vestidas. É na fase gótica,
porém, que a criança aparece desnuda. Ariès (1 986) argumenta: “Na arte medieval
francesa, a alma era representada por uma criancinha nua e em geral assexuada.” Além
disso, era assemelhada à alma e relacionada à morte, pois acerca desta última, logo
após o falecimento a figura de uma criança era exalada do corpo de alguém
simbolizando a alma deste. Foi em meados dos séculos XV e XVI que as crianças
participaram mais comumente das pinturas, e estas últimas anunciavam em suas telas o
cotidiano das mesmas. Tal retratação não constituía ainda a visão da infância, porém
trazia as crianças como centrais, embora de modo não exclusivo, já que eram pintadas
sempre na companhia dos adultos. Isto pois nos faz indagar qual o lugar e a relevância
atribuída à criança na sociedade e em seu contexto familiar.
Ainda no século XVI a taxa de mortalidade infantil era alarmante, até pelas
8207
As concepções acima citadas facilitam o entendimento da evolução do conceito de
infância e de sua importância progressivamente adquirida ao longo dos séculos. Já na
Modernidade, no âmbito do saber psicanalítico, emerge a ideia do infantil que não
morre no adulto, donde advém a grande relevância da infância na vida do sujeito.
Mediante a isso, tal saber contribui para as representações de quem é a criança, como
esta se sente, o que pensa, o que fala, e até mesmo o que deixa de ser dito por ela. A
noção de que a criança não é inocente e pura, e é corpo pulsante e sexualizado,
contudo, causou grandes descontentamentos e discussões na época de Freud,
porquanto “A criança que Freud descortina sente tristeza, solidão, raiva, desejos
destrutivos, vive conflitos e contradições, é portadora de sexualidade, escapa ao
controle da educação…” (PRISZKULNIK, 2004. p. 72).
A criança para a Psicanálise não é vista do mesmo modo que esta é entendida pela
Biologia, a qual é definida por sua idade cronológica e limitada conforme suas
fronteiras anatômicas e funcionais. A criança para a Psicanálise é entendida como um
sujeito e, como tal, não é imune à sexualidade humana. Nos dizeres de Priszkulnik
(2004), acerca de Freud, o pai da Psicanálise:
Assim, Freud descobre na criança um ser que também goza. E mais: afirma a
sexualidade infantil como perverso-polimorfa, o que não poderia gerar mais polêmica
numa época, final do século XIX e início do século XX, em que predominava um ideal de
pureza, inocência e assexualidade infantil ( PRISZKULNIK, 2004).
8208
Uma vez compreendido o que é a sexualidade humana, pode-se pensar,
psicanaliticamente, o que é a criança. Para o adulto, ela é o equivalente à uma falta
(FLESLER, 2012, p. 16), uma vez que é a partir do desejo dos pais que uma criança é
convocada ao mundo, desejo esse que só existe porque existe uma falta. Um outro
ponto importante acerca da existência de uma criança é que esta precede seu
nascimento biológico. Antes de existir no mundo propriamente dito, essa criança já
existe no imaginário dos seus pais. Assim, nasce a criança à mercê de expectativas dos
outros e já alocada numa determinada cultura, o que confere à sua existência um lugar
simbólico.
8209
Portanto, ainda que o próprio Freud não tenha defendido as crianças enquanto
portadoras das condições ideais para uma submissão à análise, ele lançou as bases para
que um de seus maiores seguidores, Lacan, chegasse à compreensão de que é possível
incluir a criança na clínica, uma vez que o objeto da psicanálise nem é a criança, nem é
o adulto, é o sujeito.
"[...] as crianças nem são analisáveis como um adulto, nem deixam de ser
analisáveis por não serem adultos. Algumas perguntas, como dizia Jacques Lacan,
falham mais pelo que buscam do que pelo que não encontram." (FLESLER, 2012).
Sobre o brincar
8210
Assim sendo, o autor concordará com Klein no que diz respeito à função de
representação do brincar. Todavia, ele propõe que a escuta do analista se dê para além
dos elementos imaginários expressos na brincadeira, atentando, desta forma, para a
dimensão do significante que se repete durante os jogos infantis; é este [o significante]
que apontará para a verdade do sujeito e, por conseguinte, determinará a direção do
tratamento (SIMÕES; PONTES, 2013).
Como apontado anteriormente, a infância é um momento decisivo na estruturação
psíquica dos sujeitos. A relação com o par parental, a resposta dada à criança diante do
mito familiar e aos complexos que marcam o período, assim como a dinâmica do espaço
em que está inserida, deixarão marcas profundas na psiquê do sujeito em constituição.
Ao ouvir a criança em atendimento psicanalítico, portanto, é necessário "ouvir" também
o contexto de onde vem essa criança, os discursos que circulam em seu meio familiar, o
lugar que essa criança ocupa no desejo de seus pais. Há toda uma história e pré-história
fornecedora de significantes os mais diversos que possam representar o sujeito. No caso
da criança, tão ainda aprisionada ao discurso alheio, um certo tempo será demandado
até que disponha de uma função simbólica própria, o que não quer dizer que não é
possível conversar com ela (PRISZKULNIK, 2004). Tanto é possível, que é justamente
esse espaço à fala que lhe propiciará o resgate às concepções adultas que lhes
obstaculizam o emergir subjetivo.
Metodologia
A extensão teve como público alvo meninas entre 7 e 16 anos de idade em contexto de
acolhimento institucional na cidade de Campina Grande - PB. Foram realizadas oficinas
lúdicas apoiadas na leitura psicanalítica, que ocorreram semanalmente nas terças-feiras
na Universidade Estadual da Paraíba, iniciando às 9:00 horas e contando com 1 hora de
8211
duração. Fizeram parte do projeto 4 extensionistas e foram acolhidas em média 6
participantes por oficina. Foram oferecidos durante as oficinas materiais de desenho e
de costura, brinquedos e livros.
Resultados e Discussão
Outro material presente nas oficinas, as almofadas, foi manuseado por parte das
meninas de forma a permitir elaborações, onde as mesmas se puseram a construir
“montanhas” - almofadas sobre almofadas - que se pode inferir representarem
obstáculos da vida, uma vez que utilizaram como palavras de ordem os verbos “pular”,
“derrubar”, “vencer” e “destruir”. Ademais, uma das meninas acentuou que “cada uma
tem sua própria montanha”, ao que ao término da brincadeira as montanhas já se
tornavam maiores que as próprias meninas, o que, entretanto, não as impediam de
seguir superando-as.
A seguir, será apresentado um recorte da última oficina em que uma das crianças do
projeto, Bárbara – nome fictício, estivera presente. Bárbara fora acompanhada pelas
extensionistas durante três anos, a criança que na época da oficina tinha 12 anos,
encontrava-se afastada da família de origem por 6 anos, evitando qualquer menção ao
8212
período em que estivera convivendo com seus familiares. A casa em que estava
abrigada era o lar de Bárbara, e as outras residentes, assim como os funcionários do
local, eram a sua família; falar sobre o passado era doloroso, e qualquer menção ao
assunto era seguido de silêncio ou por um tímido “não sei, tia” ou “não me lembro”, até
que no dia em questão, mobilizada pelo real que mais tarde chegou ao conhecimento
das extensionistas, a criança encontrou no lúdico uma forma de contar a história que
evitava, mas que era sua:
Bárbara
Bárbara dirigiu-se até uma das extensionistas e pediu que esta escrevesse no caderno
que lhe entregara, afirmou que seria secretária da extensionista, que iria lhe ajudar,
assim como esta havia lhe ajudado. Assim, entregou-lhe um caderno e pediu que
desenhasse o que quisesse. A extensionista, por sua vez, sugeriu que a menina
desenhasse o que desejasse. Deste modo, Bárbara conduziu a extensionista até um
canto da sala, desenhando em seguida uma casa e uma árvore. Enquanto coloria o
desenho, Bárbara apontou para o número transcrito abaixo do telhado da casa,
afirmando ser um número que uma mulher (sua professora) pedira que jamais
esquecesse em uma atividade proposta em sala de aula, em que foi demandado que as
crianças falassem sobre o que sentiam, sobre como eram suas famílias.
Assim, sendo questionada acerca de como eram seus familiares, a criança afirmou não
saber, já que há seis anos, desde quando foi levada ao abrigo, não os via. Em seguida,
Bárbara trouxe para a oficina uma sucessão de lembranças, contou sobre maus tratos e
negligência, relatou sobre o sentimento de impotência, tristeza e desamparo
experienciado diante de diversas agressões narradas com riqueza de detalhes. A criança
repetiu a narrativa por duas vezes durante a oficina. Na primeira usou o desenho como
recurso, na segunda, uma série de lápis de cor encarnaram os personagens dessa
história: Ela (que perdera a mãe ainda bebê), um irmão (vítima de castigos injustos),
uma madrasta (agressora), um pai (negligente e alcoólatra), e uma avó (que apesar de
amá-los, não podia fazer nada por ela e o irmão). Eventos e personagens que, assim
como o número escrito abaixo do telhado da casa desenhada nas folhas de um caderno,
não poderiam ser esquecidos; uma história marcada por significantes que se repetem a
cada encenação, significantes que falam de Bárbara e de suas verdades.
8213
Após alguns instantes em silêncio, Bárbara deu continuidade à sua história: falou de
uma família feliz, de irmãos que podem brincar e de pais que conversam e se divertem,
esta, entretanto, não se tratava da sua família: “Não é assim, deveria ser assim, mas não
era [...] Tiraram a gente de lá porque a gente tinha uma família ruim, não deveria ser
assim”.
“Agora eu estou no abrigo, e eu posso ser adotada. Ganhar uma família nova, que me dê
carinho e amor de verdade, que me deixe brincar e que me leve para escola. Que não
faça o que a minha outra família fez”.
Considerações finais
8214
Referências
FLESLER, A. A psicanálise de crianças e o lugar dos pais. Rio de Janeiro: Zahar, 2012
FREUD, S. Além do princípio de prazer, 1920. In: ______. Além do princípio de prazer.
8215
AÇÕES DE CUIDADO DE PESSOAS COM SOBREPESO E OBESIDADE E QUALIDADE DOS
REGISTROS DE INFORMAÇÃO DE DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL EM UNIDADES DE
ATENÇÃO BÁSICA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Nome dos Autores: Jorginete J Damião1; Luciana Maria C. Castro1; Andressa de Luna1;
Brenda Akemi1; Jéssica Pimentel1; Lorena Morais1; Mariana Angeloff1.
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Resumo
Introdução: A obesidade tem crescido de forma alarmante. A reversão desta tendência
demanda ações intersetoriais, cabendo ao setor Saúde ações de monitoramento,
prevenção e cuidado em saúde. Objetivo: Analisar a qualidade das informações de
diagnóstico nutricional de crianças e adolescentes e ações de cuidado em sobrepeso e
obesidade, nas unidades de atenção básica (UAB) da Área Programática (AP) 2.2/RJ.
Metodologia: Foram realizadas duas etapas: 1) Levantamento de ações de cuidado de
pessoas com obesidade e sobrepeso nas UAB da AP 2.2, utilizando questionário
preenchido por gestores; 2) Análise de informações registradas no prontuário eletrônico
(PEP) das UAB da AP 2.2. Foram descritos os percentuais de registro das medidas
antropométricas para cada faixa etária: < 5 anos, 5 a 10 anos e > 10 anos, para o total
de atendimentos nas unidades da AP 2.2 e os percentuais de registros de dados de
estado nutricional com discrepância, de acordo com a faixa etária. Resultados: Quase
metade dos gestores, afirmou que a obesidade não é considerada prioridade (45,4%) e
na maioria das unidades existiam ação de cuidado referente a ela. Embora todas as UAB
realizem diagnóstico nutricional, apenas 2 delas o fazem em todo atendimento. Nove
gestores afirmaram que as UAB realizam ações voltadas à prevenção da obesidade. Na
segunda etapa, dos 18925 registros analisados, entre as crianças < 5 anos, 2,16% não
apresentavam informações de peso e 3,90% de estatura; de 5 a 9 anos, 5,36% dos
atendimentos não havia registro de peso e 7,2%, de estatura, entre aqueles de 10 a 19
anos a falta de registro de peso e estatura correspondeu a 15,05% e 17,42%,
respectivamente. Nestas mesmas faixas etárias 25,82%, 13,8% e 45,87% dos valores
foram discrepantes. Conclusão: É de extrema relevância a capacitação de profissionais
de saúde da rede de atenção básica para o diagnóstico nutricional e a organização das
ações visando o cuidado do sobrepeso e obesidade.
8216
Palavras-chave: Obesidade, atenção básica, vigilância nutricional
Introdução
A Política Nacional de extensão Universitária sinaliza que é necessário
8217
das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009 com estimativas do Estudo
Nacional da Despesa Familiar (ENDEF) realizado em 1974-1975, entre 1974/1975 e
2008/2009, a obesidade teve sua prevalência aumentada em mais de quatro vezes nos
homens (de 2,8% para 12,4%) e em mais de duas vezes nas mulheres (de 8% para
16,9%) (IBGE, 2010; OLIVEIRA, 2013). Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
realizada em 2013 apontam que 57,3% e 17,5% dos homens e 59,8% e 25,2% das
mulheres tem excesso de peso e obesidade, respectivamente (IBGE, 2015). Os
resultados do VIGITEL 2016, inquérito por telefone realizado nas capitais brasileiras e
Distrito Federal, apresentam, para a cidade do Rio de Janeiro, índices de excesso de
peso e de obesidade superiores à média nacional. Nesse ano, enquanto 53,8% dos
adultos estavam com excesso de peso e 18,9% estavam obesos no país. Na cidade do
Rio de Janeiro, as prevalências eram de 55,8% e 20,9%, respectivamente (BRASIL, 2016).
A reversão desta tendência só será possível com ações intersetoriais efetivas,
articuladas e continuadas. Cabe ao setor saúde o desafio de organizar sua rede de
serviços para atender a essa demanda de maneira organizada e qualificada. Para apoiar
esta ação o Ministério da Saúde tem induzido os municípios a implementarem uma
linha de cuidado (LC) para pessoas com sobrepeso e obesidade, visando à melhoria da
atenção à saúde deste grupo (BRASIL, 2014a, BRASIL, 2013a, BRASIL, 2013b, BRASIL,
2014b). No entanto, esta proposta ainda é um desafio para a maioria dos municípios. No
município do Rio de Janeiro, embora tenha havido um investimento para capacitação
dos profissionais da rede de atenção primária no cuidado da obesidade desde 2000, este
cuidado acontece de forma fragmentada, sem definição de protocolos para as ações de
prevenção e tratamento, nem definição dos fluxos assistenciais (LIMA, 2014).
A Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) é ação estratégica para viabilizar o
estabelecimento da linha de cuidado em alimentação e nutrição de crianças e
adolescentes na Atenção Básica (AB), face à necessidade de identificação da população
que demanda intervenções e de classificação da gravidade, para melhor planejamento
das ações (BRASIL, 2015). No cenário atual de avanço da obesidade, o diagnóstico
coletivo auxilia a definir ações e estratégias para enfrentamento deste agravo. No
entanto, tem-se observado desinvestimento desta ação na rede de saúde no município
do Rio de Janeiro, implicando em baixas coberturas desta ação e qualidade desta ação
(NASCIMENTO; SILVA; JAIME, 2017).
Neste sentido, faz-se necessário compreender como estas ações de prevenção e
controle do sobrepeso e da obesidade estão sendo desenvolvidas na atenção básica,
para subsidiar propostas de delineamento de uma linha de Cuidado para este agravo.
8218
Para apoiar a execução destas atividades, universidades em parceria com as SES e
municípios têm desenvolvido estudos e estratégias tanto para mapeamento quanto para
desenho de propostas de atividades que possam colaborar para a qualificação das
atividades e sua proposição delas (ALCÂNTARA et al., 2013, DAMIÃO, 2016).
O objetivo deste artigo é analisar a qualidade de informações de diagnóstico
nutricional, que subsidiam a vigilância alimentar e nutricional e as ações de cuidado de
pessoas com sobrepeso e obesidade existentes na rede de saúde da área de
planejamento 2.2 da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro - SMS-Rio.
Metodologia
CENÁRIO
Pela extensão do seu território e dimensão da sua rede de saúde, a Secretaria
Municipal de Saúde do Rio de Janeiro utiliza-se da divisão setorial em Áreas de
Planejamento (AP), para coordenação e planejamento. São 10 AP, cada uma com
estrutura de coordenação da rede de saúde. A Área de planejamento 2.2 (AP 2.2)
abrange 7 bairros, sendo eles: Praça da Bandeira, Tijuca, Alto da Boa Vista, Maracanã,
Vila Isabel, Andaraí e Grajaú. Totalizavam até o último Censo Demográfico do IBGE
(2010), 371.120 habitantes (sendo 163.603 homens e 207.517 mulheres), 634 setores
censitários, e uma área de 55,2 km². Isto significa uma densidade demográfica de
6.727,33 habitantes/km². (CAP, 2.2). Nesta área existem 11 unidades de saúde. Destas,
uma foi inaugurada após a coleta de dados deste estudo.
A pesquisa foi dividida em 2 etapas:
1) Mapeamento de ações de cuidado da obesidade
Foi realizado levantamento de ações de cuidado de pessoas com obesidade e sobrepeso
junto aos 11 gerentes das 10 unidades de saúde (uma unidade apresenta dois gestores,
por ser uma unidade mista, contemplando no mesmo espaço físico o modelo tradicional
de atenção básica e equipes de Estratégia de Saúde da Família). Para descrição dos
resultados, considerou-se 11 unidades. As informações foram coletadas utilizando
questionário auto aplicável, contendo questões abertas e fechadas sobre o diagnóstico
e intervenções para sobrepeso e obesidade.
O questionário continha 28 questões, sendo 19 questões abertas (para resposta do
próprio gestor) e 9 de múltipla escolha. As perguntas tinham por objetivo abordar
questões referentes a ações diagnóstico nutricional e ações de promoção de saúde para
8219
sobrepeso e obesidade priorizadas na unidade de saúde. Este questionário foi aplicado
em novembro de 2016.
O compilado com as respostas digitadas se deu por meio do programa Excel,
versão 2010. Para as análises, foi realizada descrição simples das variáveis e
consolidados das questões abertas.
2) Coleta e Análise de informações de vigilância nutricional
Foram analisadas informações de nove Unidades Básicas de Saúde (UBS) da A.P. 2.2.
Os dados foram extraídos de banco de dados do Prontuário Eletrônico (PEP) utilizado
nas unidades, que registra as informações de atendimento. Foi analisada a presença do
registro de medidas antropométricas utilizadas para o diagnóstico nutricional de
crianças e adolescentes (zero a 19 anos), sendo descritos os percentuais registros
ausentes das medidas antropométricas para cada faixa etária: < 5 anos, 5 a 10 anos e
entre 10 anos e 19 anos. Também foram descritos os percentuais de dados com valores
discrepantes de diagnóstico de estado nutricional, utilizando o indicador estatura /
idade, para as mesmas faixas etárias, segundo parâmetros propostos pelo Ministério da
Saúde (BRASIL, 2008; BRASIL, 2015). Utilizou-se como ponto de corte para dados
discrepantes o escore Z -3, uma vez que se estima que apenas 0,1 % dos dados
poderiam apresentar valores acima deste e entendendo que na nossa população este
agravo (muito baixa estatura para a idade) é pouco prevalente.
Resultados e discussão
1) Mapeamento de ações de cuidado da obesidade
Em relação à prioridade dada ao enfrentamento da obesidade nas unidades, a
maioria dos gestores, 54,54%, afirmou que ela é considerada prioridade no cuidado à
saúde no território. Cerca de 91% informou o desenvolvimento de alguma ação de
cuidado. Porém, embora todas as unidades realizem diagnóstico nutricional (DN),
apenas duas delas o fazem em todo atendimento (gráfico 1).
8220
Esta ação é feita para Programa Bolsa Família (11), Programa Saúde na Escola (9),
grupos específicos como crianças e hipertensos e diabéticos (8), ou somente nos
atendimentos agendados (5).
Em relação ao diagnóstico nutricional, a maioria das unidades o registra e analisa
(54,5 %), mas 36,4% relataram registrar no prontuário eletrônico, sem analisar os dados.
Quando foi solicitado um consolidado contendo o número e percentual de pessoas com
sobrepeso e obesidade, segundo fase do curso de vida, atendidas na unidade nos meses
anteriores ao preenchimento do questionário, nenhuma unidade gerou o consolidado.
Outro aspecto a ser destacado é de que o prontuário eletrônico não fornecia, até o final
de 2017, o consolidado de pacientes segundo DN, dificultando o diagnóstico coletivo.
Quanto às ações de promoção de saúde desenvolvidas, a maioria dos gerentes (10)
afirmaram haver ações de cuidado para obesidade. No entanto, estas não são específicas
para pessoas com este agravo. Apenas dois gestores relataram grupos específicos de
obesidade (Gráfico 2). Estas informações foram discutidas em encontro com gestores e
profissionais das unidades de saúde.
Gráfico 2: Ações realizadas para a promoção da saúde para pessoas com da obesidade.
Unidades de atenção primária da AP 2.2/ RJ, em 2016.
8221
2) Análise de informações de vigilância nutricional
Analisando-se 18925 registros de medidas para o diagnóstico nutricional das
crianças e adolescentes atendidos nas unidades de saúde da AP 2.2, percebe-se a
fragilidade com que a ação está implementada nestes grupos, que são prioritários para
o enfrentamento da obesidade.
2.1- Presença de registro das medidas antropométricas (peso e estatura)
Verifica-se a ausência de 28,58% do registro de peso e de 22,58% para altura.
Quando se analisam, por faixa etária, os dados de peso e estatura, verifica-se de todas
as crianças < 5 anos com registros de atendimento no PEP, 8,05% não havia informação
de peso e 14,51%, de estatura. Na faixa etária de 5 a 10 anos, 19,87% dos atendimentos
não havia registro de peso e 26,63%, não apresentavam registro de estatura. Já na faixa
etária de > 10 anos a falta de registro de peso e estatura correspondeu a 34,62% e
39,66%, respectivamente (Gráfico 3).
Gráfico 3: Registro de informação das medidas de peso e estatura no prontuário
eletrônico de unidades básicas da área de planejamento 2.2, Rio de Janeiro, 2017.
8222
2.2- Qualidade do registro do índice estatura/ idade
Além de os dados de estatura terem menores percentuais de registro em todas as
faixas etárias, quando analisamos os dados discrepantes, ratifica-se a baixa qualidade
das informações registradas. Encontramos 25,82%, 13,8% e 45,87% de valores
discrepantes deste indicador, entre menores de 5 anos, de 5 a 9 e de 10 a 19 anos
respectivamente (Gráfico 4).
Gráfico 4: Valores discrepantes de diagnóstico nutricional, segundo o índice
estatura/idade, registrado no prontuário eletrônico de unidades básicas da área de
planejamento 2.2, Rio de Janeiro, 2017.
30 , 00
25 , 00
20 , 00
15 , 00
Valores discrepantes
10 , 00
5, 00
0, 00
< 5 anos 5 - 9 anos 10 - 19 anos
Discussão
8223
O que se percebe com os resultados deste trabalho é que, embora os gestores
apontem a obesidade como prioridade, as unidades não parecem ter clareza de que
ações devem ser realizadas. As ações de promoção realizadas, são voltadas ao
enfrentamento das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) em geral, e não
específica para este agravo (BRASIL, 2014c).
Foi observado também que as unidades não analisam os dados registrados no
Protocolo Eletrônico (PEP), instrumento utilizado para registro dos atendimentos
realizados na rede de atenção básica do município do Rio de Janeiro. O fato de
recentemente ter sido implantado um relatório com estas informações no prontuário
eletrônico seria fator positivo para esta ação. No entanto, a implementação deste
relatório ainda não foi trabalhada junto aos gestores e profissionais.
A falta de registro de medidas utilizadas para o diagnóstico nutricional aumenta
conforme a idade, demonstrando fragilidade no diagnóstico nutricional coletivo de
crianças e adolescentes. O que é ratificado pela baixa qualidade das informações
registradas de diagnóstico nutricional.
Assim, percebe-se que a vigilância alimentar e nutricional desta população fica
comprometida, o que pode ser agravado pelo fato dos gestores não terem facilidade de
acesso aos relatórios de diagnóstico coletivo da população atendida.
O município do Rio de Janeiro optou em não implantar a Vigilância Alimentar e
Nutricional (VAN) - sistema do Ministério da Saúde para VN, para não ter um sistema
paralelo ao utilizado pela atenção primária. Contudo, esta ausência da disponibilização
de relatório sobre estes dados desde a implementação dos PEP foi um dos fatores que
levaram a um desinvestimento nesta ação. A VAN é de suma importância para a
implementação da LC da obesidade, pois, é através dela que se tem a identificação das
pessoas e da população que apresenta sobrepeso, obesidade ou que podem futuramente
apresentar estes agravos. A estratificação do risco pode ser realizada com a VAN através
do IMC e sua associação com comorbidades, com isso, os profissionais de saúde da AB
podem definir ações e estratégias para serem ofertadas (BRASIL, 2015).
Considerações finais
Nas duas últimas décadas, o país migrou de um quadro onde a desnutrição era
mais prevalente, para a obesidade, num processo conhecido como transição nutricional.
Ao mesmo tempo em que a desnutrição diminuía na população infantil, houve um
crescimento da obesidade na população adulta (BRASIL, 2006). Nos últimos anos vimos
o excesso de peso crescer também nos grupos mais jovens, com grande repercussão
8224
para o adoecimento e qualidade de vida destes grupos. No entanto, a desnutrição
continua a existir em grupos de maior vulnerabilidade (IBGE, 2015).
O enfrentamento deste problema ainda se apresenta como um desafio. O aumento
do Índice de Massa Corporal (IMC) está associado a doenças cardiovasculares, diabetes,
doenças músculo esqueléticas e alguns tipos de câncer (WHO, 2018). Além de ser um
fator de risco importante para outras doenças, a obesidade é uma doença em si,
associada a maiores taxas de mortalidade geral e com expressão em redução da
qualidade de vida, afetando as famílias e a sociedade tanto em termos psicossociais
como econômicos (Flegal et al., 2013).
A partir da análise da evolução temporal, a constatação de que a obesidade vem
se tornando o principal problema nutricional em todas as idades, reforça a necessidade
de frear esta evolução através da prevenção e do diagnóstico precoce deste agravo.
Diante dos resultados apresentados cabe perguntar: como a Universidade pode
colaborar para a superação das questões apresentadas? Acreditamos que aproximar as
universidades dos territórios da saúde e no caso, da atenção básica, pode favorecer a
compreensão dos diferentes componentes sociais dentro de um território que
colaboram com os agravos de saúde. Ao se aproximarem, serviço de saúde e
Universidade, é possível a troca de saberes o que pode levar à revisão e/ou adoção de
novas estratégias e metodologias que impactem positivamente na saúde da população.
Na análise dos resultados percebe-se a necessidade de qualificação dos profissionais de
saúde da rede para que os dados sejam coletados, registrados e analisados
adequadamente de forma que possam subsidiar estratégias que visem a redução do
sobrepeso e obesidade nas faixas etárias estudadas, além de implementação de ações
de prevenção e cuidado voltadas à obesidade.
Dentro da universidade a possibilidade de se pautar a agenda de pesquisa com a
temática do SUS redireciona a produção acadêmica para a qualificação do cuidado em
nutrição, para inovação em educação alimentar e nutricional, para a reflexão sobre o
processo de trabalho do nutricionista e sobre o trabalho em equipe.
Referências
ALCÂNTARA L. B. C, Afonso F. M. , Castro I. R. R., Castro L. M. C., et a.l. Intervenções
nutricionais para o enfrentamento da obesidade na atenção básica do SUS no estado do Rio
de Janeiro. 2013. (Projeto de pesquisa) – Universidade Federal Fluminense.
8225
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF) 2008-2009: antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos
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8227
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OLIVEIRA, M. L. Estimativa dos custos da obesidade para o sistema único de saúde do brasil.
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8228
COMO IDENTIFICAR E COMBATER O MOSQUITO DA DENGUE: UMA AÇÃO DE EXTENSÃO
COM CRIANÇAS
Juliana Raque Duarte da Silva Camilo; Amanda Nicoli Vital de Oliveira; Sarah Rebeca
Bezerra Silva; Fabiana Emanuela Câmara De Moura; Paulo Wendel Ferreira Fonseca;
Júlia Silva Fonseca dos Anjos; Isabel Pires Barra; Franciely Medeiros dos Santos; Gisele
de Oliveira Mourão Holana; Thomas Matheus da Silva Lopes; Ana Elza Oliveira de
Mendonça.
Resumo
O Brasil passa por um momento turbulento no que se refere à saúde pública; os casos
de dengue registrados no Brasil, representam cerca de 80% dos casos das Américas.
Para que a comunidade possa ajudar no combate ao vetor, é necessário que sejam
informados sobre as medidas preventivas através da educação em saúde. Este trabalho
tem como objetivo trazer ao conhecimento da comunidade acadêmica a ação de
extensão intitulada “Como identificar e combater o mosquito da dengue?”. Justifica-se a
realização do projeto de prevenção e combate a dengue pelas crianças, tendo em vista
que o objeto das campanhas contra a dengue é sempre voltado ao público adulto.
Foram elaborados materiais audiovisuais para a abordagem do tema, por meio de slides
e folder informativo. Após o consentimento e concordância das escolas, foram
explicados os objetivos do projeto às professoras das turmas de 3º e 4º ano do ensino
fundamental e foi entregue um questionário para os alunos realizarem uma busca por
possíveis focos do mosquito da dengue em suas residências, visando estimular a prática
de prevenção e a disseminação de informações. O desenvolvimento de materiais
educativos lúdicos, possibilitou maior interação com o público alvo da extensão,
permitindo despertar o interesse, prender a atenção e possibilitar a retirada de dúvidas.
8229
Palavras-chave: dengue, educação em saúde, saúde escolar, educação infantil, relações
comunidade-instituição.
Introdução
A extensão se apresenta com um grande desafio que é repensar a relação estabelecida
entre o ensino e pesquisa com as necessidades sociais, determinar as contribuições para
o crescimento da cidadania e para a modificação efetiva da sociedade. O modelo de
extensão consiste em proporcionar suporte e auxílio à sociedade, contribuindo para
melhoria dos cidadãos. A compreensão da relação entre extensão e sociedade é
fundamental para possibilitar que haja qualidade na assistência prestada para as
pessoas (PEREIRA, 2007 apud RODRIGUES et al., 2013).
O Brasil passa por um momento turbulento no que se refere à saúde pública. Estamos
com elevadas incidências de diversas arboviroses e uma delas é a dengue. Os casos de
dengue registrados no Brasil, representam cerca de 80% dos casos das Américas. Entre
os anos de 2002 e 2014, a dengue se tornou um problema de saúde pública, não
somente nacional, mas mundial, principalmente pela capacidade de espalhamento, pela
capacidade de acomodação a novos ambientes e hospedeiros (vertebrados e
invertebrados), pela possibilidade de causar epidemias extensas, pela vulnerabilidade
universal, pelo acontecimento de grande número de casos graves, e pelo aumento no
número casos e de hospitalizações em diferentes populações. Sua ocorrência é
especialmente nos países tropicais e subtropicais, onde as condições climáticas e
ambientais favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti
(DONALISIO; FREITAS; VON ZUBEN, 2017).
A dengue é uma doença febril aguda que pode acometer qualquer indivíduo. Ela é
transmitida por vetores pertencentes ao gênero Aedes, sendo o mais importante o Aedes
aegypti. As manifestações clínicas da doença são percebidas de acordo com a fase. Na
fase aguda, o principal indício é a febre (por isso também é chamada fase febril),
juntamente com poliartralgia, fadiga e cefaleia. Essa fase tem uma duração média de 7
dias. Já na fase subaguda, a febre desaparece e há uma aumento nas dores articulares,
mas que tendem a desaparecer conforme o tratamento. Caso os sintomas persistam por
mais de 3 meses, é estabelecida a fase crônica, que acontece mais frequentemente em
pessoas que tenham mais de 45 anos, sexo feminino e que já tenham uma desordem
articular (BRASIL, 2017).
8230
cadeia de transmissão. Esta razão atribui a esforços comunicacionais estratégicos um
lugar fundamental: atribui-se à geração de relações com públicos e à divulgação e à
circulação de informações um caráter central para o extermínio da doença – já que é
necessário que diferentes sujeitos sociais tomem conhecimento de como podem
contribuir para o seu controle, em seus próprios espaços cotidianos de vivência, e se
sintam, nesta lógica, vinculados a uma causa social mais ampla, que os exceda.
Observa-se, nas avaliações de alguns planos governamentais de controle da dengue, a
indicação para execução de ações de caráter educativo voltadas a modificar o
comportamento dos cidadãos no tocante ao controle do vetor (MAFRA; ANTUNES,
2015).
A grande dificuldade de se controlar a dengue é relacionada aos fatores que não estão
correlacionados ao setor saúde, como, por exemplo, aglomerados urbanos, condições
inadequadas de habitação, destino impróprio de resíduos, trânsito de pessoas e
mudanças climáticas. São fatores que favorecem a continuidade e dispersão da doença
e de seu transmissor.
O mosquito da dengue pode ser impedido a partir de medidas de controle. Esse controle
pode ser biológico, com o uso do larvicida Bacillus thuringiensis israelensis (Bti); controle
legal, que consiste em usar medidas que possam ser instituídas pelo município, como
por exemplo, a responsabilização dos proprietários pela manutenção e limpeza de
terrenos baldios; controle químico, com uso de inseticidas; e controle mecânico, que
consiste em práticas que impeçam a procriação do Aedes aegypti. Neste último, o papel
da comunidade é fundamental, pois estudos apontam que cerca de 90% dos criadouros
estão no interior dos domicílios (BRASIL, 2009).
Para que a comunidade possa ajudar no combate ao vetor, é necessário que sejam
informados sobre as medidas preventivas através da educação em saúde. A Educação
em Saúde abrange um campo de conhecimento que tem como objetivo promover saúde
através de uma relação de ensino-aprendizagem dialogada, baseada no respeito e na
valorização das experiências e costumes da comunidade. Investir na educação em saúde
é primordial, pois desencadeia reflexão crítica e contribui para a conscientização
individual e coletiva das pessoas (CANÇADO, 2014).
8231
no conceito de promoção da saúde, que trata de processos que abrangem a participação
de toda a população no contexto de sua vida cotidiana (OLIVEIRA, 2009). Portanto, a
prevenção se mostra eficaz no combate a essa doença.
Metodologia
Durante os meses de março, abril e maio de 2016, foram realizadas diversas reuniões
para elaboração do folder explicativo sobre a prevenção da dengue e formulação das
perguntas que deveriam compor o questionário a ser repassado para os alunos. Nos
meses de junho e julho foi elaborado o material didático (audiovisual) e a capacitação
para a apresentação deste material.
8232
possibilitando que todos os estudantes e demais professores tivessem acesso. O folder
foi identificado com a logomarca da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) e com o nome do projeto de extensão vinculado a Pró-reitoria de Extensão da
universidade (PROEX/UFRN).
No segundo semestre do ano de 2016, foi realizado o projeto e para a sua execução
foram realizadas inicialmente visitas nas escolas da rede pública de ensino para avaliar
junto a direção e coordenação pedagógica a viabilidade da atividade educativa junto a
discentes do ensino fundamental. Por ocasião da visita já se estabelecia um calendário
para o agendamento da extensão.
8233
Resultados e Discussão
Segundo o Caderno de Saúde e Educação Ambiental de 2015, o PSE pode ser definido
como uma estratégia intersetorial da saúde e da educação, voltada ao desenvolvimento
integral do educando e do território de responsabilidade compartilhada por escolas e
unidades de saúde, propondo a promoção da saúde ambiental e o desenvolvimento
sustentável, utilizando como ferramentas a realização de atividades de sensibilização,
responsabilização e intervenção do cuidado consigo e com o ambiente escolar.
8234
residências e em locais públicos, ressaltando a responsabilidade de cada indivíduo no
combate ao mosquito.
Outro ponto que também merece destaque, foi a receptividade por parte dos
profissionais das escolas que nos acolheram e cooperaram com as nossas proposições, e
ao término da nossa atividade se mostraram gratos por terem sido contempladas com
as ações de extensão desenvolvidas pela UFRN.
Conclusão/Considerações Finais
Considerando que o público escolar é o que está mais propenso a diversos problemas
de saúde, tanto pela fragilidade imunológica, quanto pela falta de instrução deste
público ou de seus cuidadores, os trabalhos realizados nas escolas são de fundamental
importância e relevância, no que diz respeito à prevenção e propagação de informações.
Isso devido ao vasto público e ao seu potencial de retenção e divulgação daquilo que
for ensinado.
8235
Esse projeto de extensão oportunizou a aquisição de conhecimentos e habilidades
quanto aos aspectos relacionados à prevenção das doenças transmitidas pelo Aedes
Aegypti, tanto por quem estava participando da ação, quanto pelo público alvo. Cabe
ressaltar que a oportunidade de lidar com público infantil foi extremamente
estimulante e contribuiu para um despertar diferenciado em relação à escola. Ao invés
de ser apenas um ambiente para a educação formal, foi possível identificá-la como um
importante espaço para a equipe de saúde desenvolver ações de promoção e prevenção
de agravos a saúde.
Referências
ARAÚJO, Inesita Soares. Contextos, mediações e produção de sentidos: uma abordagem
conceitual e metodológica em comunicação e saúde. RECIIS Revista Eletrônica de
Comunicação, Informação e Inovação em Saúde. Rio de Janeiro, v. 3, p. 42-50, 2009.
8236
CANÇADO, Myrella Silveira Macedo et al . Percepções de representantes de um comitê
contra dengue nas ações de educação em saúde, Goiás, Brasil. Rev. esc. enferm. USP,
São
CARVALHO, Fabio Fortunato Brasil de. A saúde vai à escola: a promoção da saúde em
práticas pedagógicas. Physis: Revista de Saúde Coletiva, [s.l.], v. 25, n. 4, p.1207-1227,
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DONALISIO, Maria Rita; FREITAS, André Ricardo Ribas; VON ZUBEN, Andrea Paula
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http://dx.doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006889.
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
8237
RODRIGUES, Andréia Lilian Lima et al. Contribuições da extensão universitária na
sociedade. Cadernos de Graduação: Ciências Humanas e Sociais, Aracaju, v. 1, n. 16,
p.141-148, mar. 2013.
8238
VIVÊNCIAS DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM NO PROJETO DE EXTENSÃO
“INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO PARA ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NO ÂMBITO
MATERNO-INFANTIL”
Maria Alzira Rego Pinheiro; Alexandra do Nascimento Cassiano; Amanda Nicoli Vital de
Oliveira; Ana Elza de Oliveira Mendonça; Gabrielle Bezerra dos Santos; Gisele de
Oliveira Mourão Holanda; Isabel Pires Barra; Júlia Silva Fonseca dos Anjos; Juliana
Raquel Duarte da Silva Camilo; Samara Isabela Maia de Oliveira; Sarah Rebeca Bezerra
Silva.
Resumo:
O presente artigo aborda o percurso histórico e de influências pelas quais a
integralidade entre educação e saúde perpassam bem como ela se insere na atualidade,
utilizando-se de mecanismos como a multidisciplinaridade na assistência e construção
do conhecimento do discente de forma ativa, isto é, por meio do desenvolvimento do
seu raciocínio clínico e pensamento crítico diante das especificidades humanas no
âmbito da saúde, além do biopsicossocial, cultural e econômico. Objetiva relatar a
vivência de estudantes de enfermagem durante as atividades do projeto de extensão
integração ensino-serviço para assistência multiprofissional no âmbito materno-infantil.
A metodologia escolhida foi a ativa, especificamente a metodologia de
problematização, a qual embasa o projeto de extensão “Integração ensino-serviço para
assistência multiprofissional no âmbito materno-infantil”, realizado no centro de
referência na assistência aos agravos na área materno-infantil, utilizada como exemplo
na implementação das práticas integrais entre ensino e serviço, no qual as autoras do
artigo fizeram parte. Os resultados obtidos com o projeto consistem na associação da
teoria à prática e ao subjetivo por meio da análise da realidade encontrada em cada
situação, para fins de construção do conhecimento através da experiência prática por
meio das consultas de enfermagem. Conclui-se que o projeto é relevante para a
integralidade no âmbito do ensino e serviço, propiciando um conhecimento além da
universidade e fortalecendo o vínculo docente-discente-comunidade como meio de se
transformar e ampliar o ensinamento para uma assistência de qualidade, com isso,
espera-se a sua permanência e divulgação a fim de alcançar e se obter o máximo de
8239
discentes contribuintes possíveis que objetivam apreender o conhecimento através das
vivências proporcionadas pelas práticas multidisciplinares ofertadas pelo projeto.
Introdução:
Historicamente, a saúde brasileira foi organizada de forma fragmentada, desigual e
com a objetificação do paciente. Essa construção de saúde seguiu os princípios
econômicos do Toyotismo, caracterizado pelos seguintes ideais: trabalho altamente
especificado, redução do tempo de produção, relação entre cliente-fornecedor de forma
direta, sem criação de vínculos, fluxo de processo simples. Percebe-se que essas
definições foram trazidas para o âmbito da assistência. A especialização e
hierarquização, principalmente, do campo médico, com uso excessivo de tecnologias
duras resultaram na minimização do paciente, tornando-o objeto. Essa cultura já está
enraizada em nossa sociedade, mas que, progressivamente, tentase interromper.
Por volta do início dos anos 70, com a atuação da Reforma Sanitária, percebeu-
se a necessidade de obter uma assistência que pudesse atender as necessidades da
população de forma mais justa, efetiva e em prol da promoção da qualidade de vida
(AGUIAR, 2015).
8240
dessa forma, o indivíduo possa elevar sua consciência individual e coletiva, transformar
e compreender a sua realidade, bem como aquela na qual o seu paciente está inserido.
(MITRE; BATISTA et.al., 2008)
É preciso entender também que educação não se faz apenas no espaço escolar e
acadêmico. Ela é reflexo da sociedade, logo, quem cria e organiza esses processos
educacionais são os próprios cidadãos e sua reprodução também advém da observação
dessas significações na própria cultura.
8241
multiprofissionalismo como também na experiência de se aprender em outras
instituições e espaços. (BRANDÃO, 1995).
Sabe-se que a educação e a saúde são dois direitos básicos do cidadão. Com
aplicação de uma educação de qualidade e de políticas públicas eficientes, pode-se
estabelecer também mecanismos para se atingir modelos assistenciais competentes.
Entende-se, portanto, que educação e saúde são conceitos que devem caminhar lado a
lado e de forma interdependente. Sendo assim, deve-se valorizar cada vez mais a
associação do ensino-assistência nos cursos de graduação voltados para saúde, uma
vez que esses profissionais lidam com as áreas diretamente ligadas a educação em
saúde, prevenção, promoção e qualidade de vida. Uma acolhida eficiente e
esclarecimento das informações ao paciente garantem cumprimento de medidas
preventivas, continuidade ao tratamento e melhorias do quadro clínico.
(SOBRAL;CAMPOS, 2012)
Além disso, o centro ao qual este trabalho faz alusão também recebe populações de
regiões quilombolas e indígenas de Macaíba. Devido ao difícil acesso que esses grupos
têm, visto que os serviços de saúde se projetam principalmente na área urbana, e a fim
de permitir saúde integral de qualidade, os profissionais, juntamente com os
estudantes, se deslocam até essas comunidades. Essa atividade permite ao discente
observar outras realidades e, dessa forma, integrar o saber acadêmico com o popular,
permitindo, assim, a reflexão sobre a multidisciplinaridade nos diversos âmbitos e
situações de saúde. (BEHEREGARAY; GERHARDT, 2010).
8242
Mediante ao exposto, o artigo objetiva relatar a vivência dos discentes de Enfermagem
em um projeto de extensão na área materno-infantil, utilizando-se o método de
integração do ensino-serviço.
Metodologia:
A individualidade é hoje uma característica da sociedade capitalista e de toda
uma tecnologia a nosso favor: cada vez mais nos afastamos das pessoas e nos
individualizamos. Perde-se, assim, essa característica de conjunto, equipe e
socialização, construída desde o início da história da humanidade. Sabe-se que a vida
humana só foi possível do jeito que conhecemos a partir do convívio humano que
permitiu o compartilhamento de informações e ideias. Posteriormente, criamos leis,
normas e regras que passaram a reger a sociedade. A pressuposição de viver bem, em
paz e harmonia advêm do seguimento desses valores, que se encontram prontos antes
mesmo de nascermos.
8243
maternoinfantil e saúde da mulher, em seguida, houve uma reunião com esclarecimento
prévio sobre as atividades que seriam realizadas, visita a Instituição para conhecer a
área física, profissionais que faziam parte de outros projetos de extensão e pesquisa.
Com a confirmação de vínculo, tem-se o acompanhamento das ações desenvolvidas e
socialização dos conhecimentos e dúvidas após cada atividade.
8244
A MP apresenta cinco etapas. A primeira consiste na observação da realidade.
Nesse momento, o estudante pode identificar as potencialidades e fragilidades da
realidade social. A segunda etapa chama-se identificação dos pontos-chaves, ou seja, a
partir de conhecimentos prévios sobre determinado assunto, o estudante tenta analisar
e refletir sobre a situação de forma crítica. A terceira etapa caracteriza-se pela
autonomia do aluno. Este deve buscar o conhecimento e informações científicas para
melhor compreender a situação ou problema. A quarta etapa é a formulação de
hipóteses de solução, isto é, nesse momento, o estudante irá traçar soluções mais
coerentes para solucionar a situação/problema. E, por fim, a quinta etapa corresponde à
aplicação à realidade. É o momento de pôr em prática as soluções pensadas
anteriormente. Independente da situação/problema abordado na Instituição, os
discentes buscam percorrer as cinco fases da metodologia de problematização e, após
isso, é socializado com o grupo para que, coletivamente, a situação seja discutida da
melhor forma. (SOBRAL e CAMPOS, 2012).
Resultados e discussões:
Embora existam diferenças quanto à atuação, espera-se com o projeto maiores
socializações e interações ativas entre o docente e o discente, visto que ambos são
essenciais na construção do processo de aprendizagem. Além disso, espera-se que o
campo prático seja de fundamental importância para conciliar os conteúdos teóricos
aprendidos na academia com os saberes populares e a vivência em comunidade.
Diante desse contexto, pode-se citar como experiência prática da união desses
conhecimentos teóricos, práticos e subjetivos a realização de uma palestra, ministrada
pela enfermeira preceptora, numa roda de conversa, coordenada pela fisioterapeuta da
8245
Instituição. Nesse diálogo de caráter formal-informal, foram abordados os aspectos
teóricos da lavagem das mãos e da inserção da sonda intermitente para lesionados
medulares a fim de que reduzissem os riscos de contaminação através das mãos, assim
como a forma de inserção correta da sonda pelo próprio lesionado, procedimento
conhecido como autocateterismo, dando maior autonomia e qualidade de vida para
este paciente. No entanto, além da explanação teórica, alguns estudantes expressaram,
após a reunião com os seus preceptores, a sensibilização e ampliação do entendimento
quanto às dificuldades enfrentadas por essas pessoas no que se refere a acessibilidade,
sexualidade, autoestima e até mesmo a valorização da micção, ato que por ser rotineiro
no cotidiano das pessoas, acaba não sendo notável para alguns como para aqueles que
não conseguem realizá-la de maneira espontânea.
Para que isso seja efetivo, é necessário que atividade de extensão seja
visualizada pela sociedade e academia como um processo de ensino e não apenas uma
contribuição e prestação de serviços para comunidade. Ao considerar a extensão como
mecanismo de aprendizado e conhecimento, a pesquisa entra em jogo como ação
indissociável da extensão. (GOULART, 2014).
Conclusão:
Conclui-se com este projeto a possibilidade de se propiciar uma maior
visibilidade para questões da integralidade do ensino e serviço, desfragmentando os
8246
espaços, ampliandoos além da universidade, abrindo, assim, novos horizontes e
possibilidades de transformações na construção dos conhecimentos entre discente-
docentes como também da comunidade.
Referência:
MITRE, S.M. et al . Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação
profissional em saúde: debates atuais. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 13, supl.
2, p. 2133-2144, dez. 2008. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232008000900018&l
ng=pt&nrm=iso>. Acesso: em 16. mar. 2018.
CECILIO, L.C.O. et al. As necessidades de saúde como conceito estruturante na luta pela
integralidade e equidade na atenção. V. 1, 2001. d. Disponível em
<http://www.uff.br/pgs2/textos/Integralidade_e_Equidade_na_Atencao_a_saide__Prof_Dr
_Luiz_Cecilio.pdf> Acesso em 16 mar. 2018.
MATTOS, R.A. A integralidade na prática (ou sobre a prática da integralidade) Cad. Saúde
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http://www.scielo.br/pdf/csp/v20n5/37.pdf> Acesso em 16 mar. 2018.
AGUIAR, Zenaide Neto. SUS - Sistema Único de Saúde. Martinari, São Paulo, 2ª ed, 2015.
SOUZA, A.M.P.A; MOREIRA B.; SCHMITT R.S.S.; JESUS, S.; SCHROEDER S.S. Educação em
Saúde: Proposta de Atenção Interdisciplinar na Área Materno-Infantil. Anais do 2º
Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte. Disponível em
<https://www.ufmg.br/congrext/Saude/Saude75.pdf> Acesso em 16 mar. 2018.
8247
SOBRAL, F.R.; CAMPOS, C.J.G. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de
enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Revista Esc Enfermagem USP, p.
208 a 218. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n1/v46n1a28.pdf>
Acesso em 16 mar. 2018.
RODRIGUES, L.L.; PRATA, M.S.; BATALHA, T.B.S.; COSTA, C.L.N.A.; NETO, I.F.P.
Contribuições da extensão universitária na sociedade. Cadernos de Graduação - Ciências
Humanas e Sociais, Aracaju, v. 1, n.16, p. 141-148, mar. 2013. Disponível em <
https://periodicos.set.edu.br/index.php/cadernohumanas/article/viewFile/494/254>
Acesso em 19 mar. 2018.
8248
A DANÇA COMO FERRAMENTA DO CUIDADO
Araújo Carvalho3; Eveline Carneiro de Oliveira4; Gleisson Ferreira Lima5, Roberta Magda
Martins Moreira6 Clara de Maria Oliveira Lopes7; Sineonny Vieira dos Santos; Piedade
Machado Albuquerque
Introdução: A dança é uma atividade física que reflete na saúde mental e física do
indivíduo que a pratica, visto que melhora a disposição, equilíbrio, força muscular,
estética corporal e autoestima. Dessa maneira, enfatiza-se a necessidade de executar
projetos de extensões nas universidades com foco na realização de atividade física para
a comunidade em geral, como forma de promover saúde e socialização. Assim, a Pró-
reitora de Extensão e Cultura criou em abril de 2017 o projeto Ritmize com o intuito de
envolver atividades de dança com vários ritmos, bem como propiciar bem-estar para as
pessoas da comunidade. Objetivos: Descrever a percepção dos participantes do Projeto
Ritmize sobre as atividades e caracterizar o perfil dos sujeitos envolvidos nas ações.
Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo exploratório- descritivo com participantes
do Projeto de Extensão Ritmize. Para coleta das informações, utilizou-se 130 fichas de
cadastro do projeto, as quais foram organizadas no Excel 2016 e analisadas com
medidas simples de porcentagem e as subjetivas foram categorizadas conforme
unidades temáticas. Resultados: Os resultados demonstraram que 97% são do sexo
feminino, 26% possuem um filho e 34% não possuem filhos, a faixa etária prevalente
está entre 31 e 50 anos de idade, o que corresponde a 50%. Em relação ao local de
residência, 44% moram no bairro das Pedrinhas. Na perspectiva qualitativa surgiram 5
categorias de análise: Possibilita Saúde Física e Mental, Impacta na Interação Social,
8249
Auxilia no Controle do Peso Corporal, Proporciona Aptidão Física e Gratuidade/Oferta
das atividades em todos os dias uteis. Os achados demonstraram a efetividade do
projeto na vida da comunidade apresentando benefícios proporcionados pela realização
de atividades físicas regulares. Conclusão: As ações desenvolvidas possuem uma boa
aceitação como também oportunizam a integração e lazer para os participantes do
projeto, contribui para o bem-estar individual e coletivo e interação entre os
participantes. Além disso, praticar atividade física colabora para reduzir as chances do
aparecimento de sintomas de depressão e ansiedade e apresenta benefícios sociais
como o aumento no número de amizades, no qual se torna um fator importante para
entender como o exercício reflete na saúde mental.
INTRODUÇÃO
8250
dança em vários ritmos. Conforme Marbá, Silva e Guimarães (2016) a dança é uma
atividade física que melhora a disposição para as atividades do dia-a-dia e proporciona
ao indivíduo prática, equilíbrio, força muscular, estética corporal e autoestima, através
dos movimentos realizados.
Além disso, a dança envolve outros elementos além da atividade física. É uma
forma ancestral de magia, a partir da invenção dos deuses que ensinaram aos homens, a
mitologia hindu. Existe um misterioso envolvimento entre a dança e o dançarino que
promove um prazer (OSTETTO, 2010). Nesta perspectiva, ao fazer uma relação entre o
corpo e a dança, Liberato e Dimenstein (2009) afirmam que o espaço, não só na dança,
mas sempre que há um investimento afetivo no corpo, não é dado, mas construído,
criado. O corpo se torna um operador, por meio de um processo desencadeador de
produção de imagens virtuais na dança que gera diferentes modos de perceber esse
corpo.
Witter et al. (2013) defendem que a dança é uma forma expressiva de
movimentos guiados pela música. Dançar desperta emoções positivas, prazer e
socialização. São esses fatores que motivam o indivíduo a dançar e os mantêm
empenhados na atividade. Sabe-se que qualquer forma de atividade física proporciona
benefícios para saúde física e mental.
A prática de atividade física tem possibilidades reais de otimizar o bem-estar e
favorece uma aproximação com a saúde mental. Dessa maneira, denotam-se, alguns
benefícios da atividade física, tais como: está relacionado positivamente com o bem-
estar físico, emocional e psíquico em todas as idades e ambos os sexos; reduz respostas
emocionais frente ao estresse, estado de ansiedade e abuso de substâncias; reduz níveis
leves e moderados de depressão e ansiedade; a prática regular se relaciona com a
redução de alguns comportamentos neuróticos; a criatividade e memória são
estimuladas; e aumenta a capacidade de concentração. Pelo o exposto, sugere-se que há
relação direta entre atividade física e saúde mental (OLIVEIRA et al., 2011).
Nesse sentido, enfatiza-se a necessidade de elaborar e implementar projetos de
extensões nas universidades com foco na realização de atividade física para a
comunidade acadêmica e os indivíduos em geral, como forma de promover saúde e
socialização. Além disso, torna-se importante evidenciar a partir dos meios científicos, a
importância desse artefato bem como a percepção dos participantes e os efeitos
positivos desse exercício. Diante disso, este trabalho objetiva descrever a percepção dos
participantes do Projeto Ritmize acerca das atividades desenvolvidas e caracterizar o
perfil dos sujeitos envolvidos nas ações.
METODOLOGIA
8251
Trata-se de um estudo exploratório- descritivo com indivíduos participantes do
Projeto de Extensão (PROEX) Ritmize, o qual foi implantado em abril de 2017 pela Pró
Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Este é
facilitado por estudantes do curso de Educação Física e funciona na área externa da
Sede do Memorial da Educação superior de Sobral, de segunda a sexta de 17:30 horas
às 18:00 horas com aulas de dança dos variados ritmos como: forró, dance, axé, música
latina, hip hop, funk, entre outros.
Para a coleta das informações se utilizou a ficha de cadastro que deve ser
preenchida após está frequentando assiduamente a pelo menos um mês o projeto. Para
integrar os dados deste relato utilizou-se 130 fichas/cadastros e foram descartadas 21
por estarem incompletas. As informações objetivas foram organizadas no Excel 2016 e
expostas em quadros, analisadas com medidas simples de porcentagem e as subjetivas
foram categorizadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8252
10 - 20 anos 15 12%
41 - 50 anos 30 23%
Nenhum 43 33%
Nº de Um filho 29 22%
Filhos Dois filhos 27 21%
Pedrinhas 84 65%
Bairros Centro 09 7%
Expectativa 08 6%
Fonte: Própria.
As informações do quadro 1 apresentam de forma sintética o perfil dos
participantes do Projeto. A maioria é representado pelo sexo feminino (98%), a faixa
etária predominante é a de 31 – 50 anos. Quanto aos filhos 43% possuem um a dois,
31% destas mais de três e 43% nenhum filho. Em relação ao local de residência a
maioria reside no próprio bairro onde funciona o projeto, ou seja, nas Pedrinhas, 65%.
No Programa de Extensão Ritmo e Movimento do Centro de Ciências da Saúde e
do Esporte (CEFID) o perfil dos integrantes constituem de mulheres, solteiras (44%),
com média de idade de 33 anos, 44% tem filhos, 23% possuem nível superior e 34%
têm atividade remunerada (GUIMARÃES et al., 2011). Percebe-se algumas semelhanças
entre o projeto em análise, o qual apresenta que a maioria são mulheres com filhos.
As pessoas com mais de cinquenta anos é um público que está crescente no
projeto, em que se ressalta a relevância da dança para favorecer o bem-estar físico,
psicológico e social; visto que é benéfica para a saúde e é uma atividade que traz
8253
satisfação pessoal. Pode-se afirmar que as pessoas quando dançam se esquecem dos
problemas diários, desinibem-se e superam limitações individuais, pois o ato de dançar
é viver feliz sem se preocupar com o mundo ao seu redor. Dançar não exige idade, cor e
raça (MARBÁ; SILVA; GUIMARÃES,2016).
Em pesquisa realizada com participantes de um projeto de dança de salão,
observou-se que os principais motivos que levam à aderência estão voltados para o
lazer, melhoria/manutenção da saúde e a aquisição de habilidades para frequentar
salões. Embora não se possa estabelecer uma relação de causa e efeito, verificou-se que
os domínios da qualidade de vida se associam a algumas características nos quais os
mais relevantes parecem ser a participação em outra atividade, a faixa etária, o tempo
de prática dos praticantes, aspectos da realização da dança e relação significativa entre
os quatro domínios, sendo que alguns aspectos resultantes da prática da dança se
relacionam positivamente com os domínios da qualidade de vida e que estes, por seu
turno, também estão associados (MACHADO et al., 2012).
Para analisar a percepção dos participantes, os relatos foram organizados em
cinco categorias que estão expostas no Quadro 2. Para cada uma, apresentam-se três
exemplos das falas mais potentes e o número total de relatos.
8254
Impacta na Interação “No projeto eu fiz amizade, eu brinco e 43
Social me divirto”. M121
“Tenho me distraído e feitos amizades ”
.M34
“O grupo é animado e alegre, não tem
jeito a gente acaba se animando
também”. M23
Fonte: Própria.
Possibilita Saúde Física e Mental
8255
Esta categoria de análise surge nos depoimentos com potência, visto ser o
primeiro assunto abordado pelos participantes. A otimização do estado de saúde física e
mental parece ser um dos principais benefícios da dança para este grupo de pessoas
que frequentam o projeto de forma sistemática.
“Minha saúde física e mental ficou melhor depois da dança”. M40
O depoimento de um dos participantes, apresentado acima, evidencia os
benefícios das atividades do projeto na saúde, o que possibilita afirmar que a dança é
capaz de se tornar uma atividade física que pode contribuir muito para a melhoria da
saúde, pois são inúmeros os benefícios. Entretanto, para adquirir esses privilégios, o
indivíduo deve adotar outro estilo de vida como modificar seus hábitos,
comportamento, adquirir uma vida mais ativa com ações que proporcionem prazer em
praticar e atividades que melhorem a autoestima. A dança é uma opção que pode
auxiliar muito nessa mudança de estilo de vida. É através dos movimentos corporais que
a dança favorece os seus praticantes com bons resultados para uma melhor qualidade
de vida. Desse modo, o número de pessoas que buscam essa prática está aumentando,
pois, a mesma está com amplo destaque. Além disso, o motivo da aceitação por essa
atividade vem crescendo pelo fato de proporcionar alegria e diversão (MARBÁ; SILVA;
GUIMARÃES., 2016).
8256
Quanto a essa temática, os participantes revelaram em seus depoimentos que a
interação social acontece entre os frequentadores do projeto, gerando vínculos e laços
sociais.
“O grupo é animado e alegre, não tem jeito a gente acaba se animando também”.
M23
Autores confirmam que a dança sempre foi utilizada como uma maneira de se
comunicar através dos movimentos, tornando-se em uma atividade física antiga.
Todavia, essa prática também se destaca como a atividade que mais propicia prazer,
sensação de alegria, bem-estar físico, social, mental e de poder. Além disso, a dança é
de absoluta importância na superação de limites indispensáveis para a vida diária e os
movimentos (MAYWORM; SILVA; NETO, 2015).
8257
níveis de açúcar no sangue, promove uma sensação de bem-estar e melhora a qualidade
de vida. Assim, obtém-se uma imagem corporal positiva e maior autoestima e
motivação intrínseca para as atividades físicas o que irá influenciar de forma
significativa no controlo do peso a longo e médio prazo (VIEIRA et al., 2014),
corroborando com o discurso da participante, citado abaixo.
“Venho mantendo o meu peso, e isso me anima a dançar cada vez mais”. M94
Para Gualano e Tinucci (2011) o indivíduo sedentário não pode ser considerado
saudável; a realização da atividade física na vida do homem moderno é essencial à
manutenção da função normal (fisiológica) do organismo. O exercício físico é barato,
seguro e, se realizado de forma sistemática ajuda na perda ou manutenção do peso.
Ademais, estudo demonstra que nas academias há uma busca em evidente pela prática
da dança com principal objetivo de os indivíduos buscarem meios para conseguir o peso
ideal e consequentemente melhorar a autoestima, visando uma boa aparência na sua
imagem corporal (MARBÁ; SILVA; GUIMARÃES, 2016).
A boa disposição e melhora da aptidão física foi declarada por maioria dos
integrantes do projeto. A aptidão física relacionada à saúde envolve principalmente a
resistência cardiorrespiratória, força, resistência muscular e flexibilidade. Abrange
também habilidades como a velocidade, agilidade, coordenação motora e equilíbrio
(FUHRMANN; PANDA, 2015).
8258
relacionados a aptidão física na saúde proporciona proteção ou menor risco para o
desenvolvimento de distúrbios orgânicos nesses indivíduos. Desse modo, hábitos na
prática de atividade física podem refletir de forma positiva no estado de aptidão física e
saúde durante toda a vida (FUHRMANN; PANDA, 2015).
Os projetos sociais gratuitos são em geral muito bem aceitos pela comunidade,
com o Ritmize não foi diferente em que a adesão de muitos aconteceu principalmente
por ser gratuito. Para Cardoso e Costa (2014) o projeto social traz na sua essência a
proposta de intervenção em dada situação que visa produzir mudanças nas relações
sociais, em geral, descritas como desiguais e assimétricas. Percebe-se que a maioria dos
frequentadores do projeto não poderiam pagar uma academia para fazer a mesma
atividade que desenvolve no Ritmize, nesta perspectiva a iniciativa possui o intuito de
amenizar esta assimetria e desigualdade, promovendo a saúde nessa comunidade, como
observado no relato abaixo.
“Em Sobral não existe uma academia que ofereça dança todos os dias, além disto, aqui as
aulas são de graça”. M33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados denotam que a maioria dos integrantes do grupo Ritmize são
mulheres com idade de 31 a 50 anos e com filhos, que enfatizam o quanto a dança
possibilita saúde física e mental, interação social, auxilia no controle do peso corporal
bem como proporciona aptidão física, além de destacarem a gratuidade e oferta das
atividades durante os dias uteis.
8259
Diante disso, observa-se a efetividade do projeto na vida da comunidade a partir
da inserção da prática de atividade física regular, como a dança, tornando-se uma
potente estratégia de cuidado a comunidade, uma vez que contribui para o bem-estar
individual e coletivo, reflete na qualidade vida e na saúde física e mental, com
melhorias na autoestima e redução no número de ocorrência de sintomas depressivos e
ansiedade, bem como oportuniza lazer e interação social, gerando vínculos e amizades.
Assim, enfatiza-se a necessidade e importância de desenvolver projetos de
extensão com características semelhantes ao Ritmize, uma vez que possibilita a
Universidade a se aproximar da comunidade com ações efetivas no cuidado, intervindo
na realidade social desses indivíduos. Portanto, destaca-se o quanto essas atividades
merecem divulgação e reprodução nas instituições públicas e privadas do país.
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de convivência da melhor idade Maria Salvador FAIS-CCMI no Município de Altamira -PA.
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81232014000100083&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 26 mar. 2018.
8262
ÓLEOS E GORDURAS UTILIZADOS EM PROCESSOS DE FRITURA: AVALIAÇÃO DOS
PROCEDIMENTOS, ORIENTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS E APROVEITAMENTO DO ÓLEO
USADO
Resumo
1
UFSJ, Engenharia de Alimentos e Aluna Bolsista PROEX/UFSJ.
2
UFSJ, Engenharia de Alimentos e Aluna Voluntária.
3
UFSJ, Engenharia de Alimentos e Professor Colaborador.
4
UFSJ, Engenharia de Alimentos e Professora Coordenadora.
8263
Panfletos informativos sobre boas práticas de fritura e descarte correto de óleo usado
foram elaborados e distribuídos para os estabelecimentos comerciais e a comunidade.
Pontos de coleta de óleo foram estabelecidos em supermercados e na UFSJ. Cerca de
80L de óleo de cozinha usado pela comunidade foram coletados e este foi utilizado
para ministrar minicursos de fabricação de sabão e para produção de biodiesel.
Introdução
A fritura se dá pela imersão do alimento em óleo quente, que atua como meio de
transferência de calor. Ao longo desse processo, ocorrem complexas reações químicas
que modificam as características funcionais, sensoriais e nutricionais do alimento. As
temperaturas alcançadas nos processos de fritura são superiores àquelas alcançadas
pela água em ebulição, tornando a cocção do alimento mais eficiente quando
comparada com o cozimento por ar quente em fornos e mais rápido que o cozimento
em água (ANS et al., 1999).
Existem doenças que estão associadas ao consumo de fritura. O uso inadequado dos
óleos de fritura origina um óleo alterado que produz um alimento de baixa qualidade e
prejudicial à saúde. A aterosclerose é uma das doenças provenientes do consumo
constante de alimentos fritos, é um processo inflamatório crônico da parede vascular
que, como consequência, pode aumentar o risco de doenças coronarianas. As
ocorrências mais graves associadas a essas doenças que atacam o coração são muitas
vezes limitantes ou fatais, como infarto ou acidente vascular cerebral (SPOSITO et al.,
2007).
8264
fritura adequadas visando garantir a qualidade do óleo e dos produtos fritos, e a
Resolução RDC n° 216 de 15 de setembro de 2004 que estabelece apenas uma
temperatura máxima a ser atingida pelo óleo de 180°C (CAMILO et al., 2010).
Segundo Freire et al. (2013), estabelecer métodos analíticos e parâmetros que apontem
a qualidade de óleos de fritura na legislação brasileira seria de grande valia, assim
como informar de maneira mais eficiente os comerciantes e as indústrias brasileiras
sobre tais procedimentos. Um indicativo de ponto de descarte do óleo é outro fator
considerado crítico por estes autores, a utilização de testes químicos rápidos aliados à
percepção de alteração de aparência, cor e textura do óleo contribuiria para determinar
o momento correto do descarte do óleo de fritura.
O descarte do óleo usado em processos de fritura também pode produzir dano ao meio
ambiente, os sistemas de saneamento básico infelizmente ainda são o destino de
grandes quantidades de óleos e gorduras residuais utilizados no preparo de alimentos
em residências, restaurantes e lanchonetes. Esse lançamento é inadequado e prejudicial
aos sistemas de tratamento de esgotos e ao meio ambiente. Ambientalistas concordam
que não existe um modelo de descarte ideal do produto, mas sim, alternativas de
reaproveitamento do óleo de fritura para a fabricação de biodiesel, sabão, detergentes,
dentre outros (DUARTE, 2010).
Metodologia
8265
Fonte: Google Maps. Editado pela autora.
Figura 1: Mapa da cidade de Sete Lagoas – MG com bairros contemplados na pesquisa,
sua localização indicada e o número de estabelecimentos visitados.
O questionário utilizado para a realização da pesquisa (Quadro 1) foi aplicado por meio
de entrevista pessoal com os responsáveis pelo procedimento de fritura nos
estabelecimentos no período de 01 a 18/12/2015.
8266
PERGUNTAS RESPOSTAS / OPÇÕES
Experiência:_____________________
2. Qual o tipo de óleo utilizado? A. ( ) Óleo de soja
B. ( ) Óleo de girassol
C. Outros: _________________________
3. O recipiente de fritura é redondo ou A. ( ) Redondo
quadrado?
B. ( ) Quadrado
estabelecimento? Em aberto:______________________
Quais:________________________
8. Há controle da temperatura do óleo? A. ( ) Sim Temp. (°C):___________
Qual o limite?
B. ( ) Não
8267
11. Quando desligada, a fritadeira A. ( ) Tampada
permanece tampada ou destampada?
B. ( ) Destampada
B. ( ) Escurecimento intenso do
óleo
C. ( ) Formação de fumaça e
espuma
B. ( ) Lixo doméstico
C. ( ) Pontos de coleta
Outros:_______________________
17. É feito algum tipo de análise do óleo A. ( ) Sim
para se conhecer o momento correto de
B. ( ) Não
descarte?
18. Em sua opinião, a qualidade do óleo A. ( ) Sim
influencia na qualidade do produto
B. ( ) Não
8268
frito?
Resultados e Discussão
Avaliação dos procedimentos de fritura
8269
Analisando-se o perfil dos manipuladores, observou-se que na maioria dos
estabelecimentos comerciais, os responsáveis pelo processo de fritura eram mulheres
(82%) com faixa etária entre 26 e 35 anos.
6%
Óleo de soja
18%
Gordura vegetal
hidrogenada
Óleo de algodão
75%
Houve grande variação no volume do recipiente em que a fritura era realizada, sendo
que a grande maioria dos entrevistados utilizava fritadeira/panela com volume inferior
a 5 litros (Figura 3).
8270
(3%)
(13%)
Volume ≤ 5 L
(29%) (56%)
6 L ≤ Volume ≤ 20 L
21 ≤ Volume < 50
Volume ≥ 50 L
Ao perguntar se diferentes produtos são fritos no mesmo óleo, 68% dos entrevistados
alegaram não misturar os produtos, um procedimento ideal para evitar que compostos
catalisadores de alguns alimentos não acelerem a degradação dos demais óleos. Porém,
em relação ao controle da temperatura do óleo de fritura, apenas 39% das empresas
adotam temperaturas inferiores a 180 °C e realizam o seu controle. De acordo com a
ANVISA (2004), temperaturas excessivamente altas degradam o óleo mais rapidamente.
Estudos apontam que óleos aquecidos por longos períodos sob temperaturas
extremamente elevadas (acima de 180°C) dão origem a produtos que contém mais de
50% de compostos polares, produtos de degradação dos triglicerídeos (CELLA et al.,
2002). Há limitações de uso de óleos em alguns países baseadas em seu teor, em torno
de 24 a 27% de compostos polares (DEL RÉ; JORGE, 2006). Ans et al. (1999) afirmaram
que muitos trabalhos já demonstraram a influência da alta temperatura sobre a
decomposição de lipídeos, e que a partir de aproximadamente 200°C o efeito é drástico,
por isso, recomenda-se o uso de temperaturas até 180°C no processo de fritura.
Em estudo realizado por Osawa et al. (2010) em Campinas-SP, verificou-se que alguns
estabelecimentos não respeitavam o limite de temperatura do óleo (180ºC) e
dependiam de critério exclusivamente sensorial para descarte de óleo (escurecimento)
ou se baseavam no tempo de uso. O mesmo foi percebido para a cidade de Sete Lagoas-
MG. Outras características semelhantes são a adição de óleo novo para completar o
volume do recipiente de fritura, a não realização de filtragem do óleo ou gordura e a
mistura de diferentes tipos de alimentos na mesma fritadeira.
No trabalho desenvolvido por Souza et al. (2005) em Santos-SP, também foi observado
a utilização de temperaturas excedentes a 180°C. Tavares et al. (2007) concluíram que a
8271
temperatura do óleo de fritura utilizada em estabelecimentos comerciais da Baixada
Santista também era superior ao limite recomendado e apontaram que a fiscalização é
inexistente no Brasil, por isso, este tipo de problema é recorrente.
A ANVISA (2004) informa também que não se deve descontinuar o aquecimento do óleo
em intervalos curtos em que este não será utilizado. Porém, 83% dos entrevistados
realizam essa prática de retirar o óleo/gordura do aquecimento. No Brasil, as frituras
descontínuas são bastante utilizadas tanto no preparo doméstico de alimentos quanto
em estabelecimentos comerciais. Nestes casos, o óleo é utilizado várias vezes com a
mínima reposição, sistematicamente reaquecido, originando um óleo com elevados
níveis de alteração (DAMY; JORGE, 2003).
8272
Deve-se também, com frequência, remover os particulados de alimento e crostas da
fritadeira de modo a mantê-la sem sedimentos. O acúmulo de sedimentos pode levar a
formação de produtos de degradação do óleo e/ou gordura de fritura e ao
escurecimento dos alimentos processados sob estas condições. Portanto, recomenda-se
filtrar o óleo após a sua utilização e arrefecimento (ASAE, 2010). Dentre os 77
questionados, apenas 58% afirmaram filtrar o óleo.
Questionou-se também o local onde o óleo era armazenado quando não utilizado, por
exemplo, de um dia para o outro. A melhor prática é armazená-lo em geladeira para se
aumentar a vida de prateleira do óleo/gordura (ANVISA, 2004). Porém, 99% dos
estabelecimentos afirmaram armazenar o óleo em temperatura ambiente, geralmente,
no mesmo recipiente onde a fritura foi realizada.
8273
Onde o óleo usado é descartado?
Óleos e gorduras descartados de forma incorreta são uma ameaça para o meio
ambiente, como o despejo desses em esgoto doméstico e corpos d’água. Estes óleos
residuais são altamente poluentes e ainda geram problemas como a obstrução de
tubulações. Para desentupi-las, utiliza-se de produtos químicos altamente tóxicos, o
que propaga o ciclo de contaminação. Outros efeitos danosos também causados pelo
descarte incorreto do óleo no meio ambiente são a formação de uma película superficial
que dificulta a troca gasosa entre o ar e a água, impermeabilização de raízes de plantas
e a sua ação tóxica para os seres aquáticos ao diminuir a quantidade de oxigênio
dissolvido no meio (REIS et al., 2007).
8274
Dentre os estabelecimentos visitados, 95% não fazem o uso de análises químicas de
qualidade para indicar o momento correto de desuso do óleo, o descarte é realizado
considerando a avaliação visual e o tempo de uso.
8275
e rancificação. Estas modificações, a dependerem do grau de severidade, podem se
tornar visíveis, como o escurecimento, aumento da viscosidade, formação de espuma e
fumaça (SANIBAL; MANCINI FILHO, 2002; REDA; CARNEIRO, 2007). A aceitabilidade do
produto frito é influenciada por estas modificações sensoriais dos óleos de fritura, além
de trazerem efeitos maléficos à saúde do consumidor a partir da ingestão contínua de
produtos já rancificados, como irritação gastrointestinal, inibição de enzimas, destruição
de vitaminas e carcinogênese (REDA; CARNEIRO, 2007).
Os estabelecimentos também foram questionados quanto a sua opinião sobre a
influência do nível de deterioração do óleo na qualidade do alimento frito e quanto à
ocorrência de problemas ambientais devido ao descarte incorreto do óleo. Com o
decorrer das alterações, as qualidades funcionais, sensoriais e nutricionais dos óleos se
modificam, podendo chegar a níveis em que não se consegue mais obter alimentos de
qualidade (DEL RÉ; JORGE, 2006). A maioria dos entrevistados tem ciência de que o
nível de deterioração do óleo influencia na qualidade do produto frito (89%) e que o
descarte inapropriado do óleo prejudica o meio ambiente (97%).
Conclui-se que a informação pode ser uma forma de aumentar a qualidade dos produtos
ofertados ao consumidor. O procedimento realizado de forma inadequada pode ocorrer
não por falta de interesse ou má intenção, e sim por falta de instrução quanto ao
procedimento correto a ser realizado. Aliado a isso, a maioria dos estabelecimentos
visitados disseram que gostaria de receber mais informações. Portanto, há uma lacuna
que deve ser explorada a fim de beneficiar a saúde do consumidor, o meio ambiente e
dar vantagens competitivas ao comerciante que fornecerá um produto de melhor
qualidade. Recomenda-se, portanto, investimento por parte das empresas para
capacitação de mão de obra e melhoria em infraestrutura, além de uma efetiva
fiscalização dos órgãos competentes.
Camilo et al. (2010) observaram em seu estudo que os resultados encontrados para as
amostras de óleo de fritura coletadas nos estabelecimentos indicaram que todos os
óleos já deveriam ter sido descartados pelos valores encontrados para acidez, peróxido
e compostos polares totais. A fim de disponibilizar maiores informações sobre boas
práticas para procedimento de fritura de alimentos, foram distribuídos mil panfletos
(Figura 6) contendo as principais orientações da ANVISA (2004) em estabelecimentos
8276
comerciais e para transeuntes do centro da cidade de Sete Lagoas – MG em março de
2016.
Figura 6 : Panfleto informativo de boas práticas de fritura e descarte adequado do óleo usado .
8277
Coleta do óleo usado em processos de fritura
O Programa de Extensão que foi denominado Pró-Óleo estabeleceu 4 pontos de coleta
óleo de cozinha usado durante a vigência em 2015: Supermercado Santo Antônio,
Supermercado EPA, Supermercado Mônica e UFSJ Campus Sete Lagoas. Foram fixados
cartazes com a informação de como descartar o óleo em garrafas PET junto ao tambor
coletor (Figura 7).
Figura 7: Painel informativo e tambor coletor de óleo usado para descarte do óleo
usado.
Após a campanha realizada com a distribuição dos panfletos, ao final do Programa Pró-
óleo em 2016, foi coletado cerca de 80L de óleo de cozinha usado descartado pela
comunidade nos coletores.
Minicurso de fabricação de sabão
Uma parte do óleo usado coletado foi utilizada no minicurso de fabricação de sabão
realizado na UFSJ – CSL (Figura 8). Foram elaborados sabão em barra (2 Kg) e
detergente líquido (10 L), sendo estes destinados ao consumo interno dos Laboratórios
do Curso de Engenharia de Alimentos.
8278
Figura 8: Fotos do minicurso realizado para fabricação de sabão utilizando óleo usado.
Conclusão/Considerações Finais
Há a necessidade de disseminar as boas práticas de manipulação em processos de
fritura, pois muitos estabelecimentos comerciais ainda realizam a fritura
inadequadamente. Alguns procedimentos simples não são realizados pela maioria dos
estabelecimentos entrevistados. Além disso, a não realização de alguns procedimentos
parece estar mais associada à falta de acesso à informação e não por negligência. Um
ponto positivo observado com a pesquisa foi a consciência dos entrevistados quanto a
influência do óleo na qualidade final do alimento frito e sobre os prejuízos ao meio
ambiente ocasionados pelo descarte incorreto do óleo. Outro ponto a ser destacado é a
abertura para receber mais orientações sobre os processos de fritura.
Os pontos de coleta de óleo usado foram estabelecidos nos supermercados, porém, uma
maior divulgação sobre a importância do descarte correto para a população é
necessária, pois não houve grande aderência do público ao programa, mesmo após a
divulgação dos panfletos. O maior volume coletado foi proveniente do coletor instalado
na UFSJ. O retorno dos participantes do minicurso de fabricação de sabão foi positivo e
indica que deve ser replicado para um público maior.
8279
Agradecimentos
Agradecimentos a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEX) da UFSJ e
a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Referências
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outubro de 2004: Óleos e gorduras utilizados em fritura, 2004.
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v.19, n. 3, p. 413-419, 1999.
DUARTE, A. Um litro de óleo não contamina 1 milhão de litros de água; 2010. Disponível
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JORGE, N.; SOARES, B. B. P.; LUNARDI, V. M.; MALARICA, C. R. Alterações físicoquímicas
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Baixada Santista, estado de São Paulo. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 66, n. 1, p.
4044, 2007.
8281
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO
TRABALHADOR DA ATENÇÃO PRIMÁRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Sarah Valentina Cruz da Silva; Isabel Pires Barra; Rosemary Araújo Monteiro; Ana Elza
Oliveira de Mendonça; Gleyce Any Freire de Lima Carvalho; Bertha Cruz Enders; Gisele
de Oliveira Mourão Holanda; Amanda Nicoli Vital de Oliveira; Sarah Rebeca Bezerra
Silva; Juliana Raquel Duarte da Silva Camilo; Maria Alzira Rego Pinheiro
Resumo
A qualidade do atendimento em uma Unidade de Saúde da Família envolve aspectos
inerentes ao relacionamento da comunidade com os profissionais e da completa
multidisciplinaridade da equipe. Isso envolve a necessidade da boa convivência entre os
profissionais das diversas áreas da saúde, que favorece o bem estar social. Nesta
perspectiva, surgiu a necessidade de desenvolver o projeto de extensão na disciplina
Saúde e Cidadania aplicada aos cursos de graduação na área da saúde, a fim de diminuir
o estresse entre os profissionais da Unidade de Saúde da Família. Trata-se de um Relato
de Experiência vivenciado pelos discentes do curso de graduação em Enfermagem da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte por meio da realização da intervenção de
extensão intitulada “AS QUATRO ESTAÇÕES DO SER NORDESTE”, desenvolvida na
Unidade de Saúde da Família do bairro Nordeste, em Natal/RN. Para o cumprimento
dessa intervenção, se utilizou a metodologia qualitativa, por meio da oferta das Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde (PCIS). Dessa forma, realizaram-se divisões do
Grupo Tutorial (GT) em quatro setores, responsáveis por oferecer os serviços de
massoterapia, meditação, ginástica laboral e exibição de um vídeo sobre a qualidade do
sono. Os servidores de saúde foram beneficiados com um dia de atenção especial e
foram sensibilizados frente à necessidade de um cuidado da saúde pessoal e de como a
diminuição do estresse pode trazer benefícios à saúde e melhorar sua prática
profissional por meio da oferta de um serviço humanizado e de qualidade para a
comunidade.
8282
Palavras-Chave: Enfermagem, Saúde do Trabalhador; Práticas Integrativas e
Complementares; Profissional de Saúde.
Introdução
O Sistema Único de Saúde (SUS) se relaciona com a população por meio da Atenção
Primária a qual se caracteriza por um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo.
A Atenção Primária envolve um conjunto de ações desenvolvidas nas Unidades Básicas
de Saúde, quais sejam: proteção, promoção da saúde, prevenção de agravos,
diagnósticos, tratamentos, reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde. E
tem como objetivo desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde
e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde e da
coletividade (BRASIL, 2012).
8283
humanos e materiais, e ainda, ausência de autonomia para expressar ideias (TAMBASCO,
2017).
Os profissionais de saúde são afetados pelo estresse ocupacional, visto que são
expostos a grandes cargas de pressão no ambiente de trabalho. O estresse muitas vezes
é causado pela inserção do trabalhador em um contexto adverso, situa em que o
trabalho que deveria ser uma fonte de satisfação, crescimento e realização pessoal,
torna-se uma fonte de insatisfação, desinteresse e frustração (DE JESUS OLIVEIRA;
CUNHA 2014).
8284
As interações profissionais são moldadas pelo presente e acabam sendo influenciadas
pelo estresse, que interferre nas relações entre os próprios profissionais e implicam
negativamente em sua qualidade de vida e favorece uma assistência de menos
qualidade para a coletividade (LEITE, 2014).
8285
Percebeu-se que atualmente o índice de stress no ambiente de trabalho é elevado,
devido a vários fatores como: carga horária excessiva, não ter uma boa relação com os
colegas de trabalho, não ter um ambiente adequado para exercer a função entre outros.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, desenvolvido a
partir de atividades vivenciadas durante o primeiro semestre de 2017, no projeto de
extensão referente à disciplina Saúde e Cidadania II intitulado: “AS QUATRO ESTAÇÕES
DO SER
8286
profissional fez anotações de análise crítica (reclamações); caixa 2 (dois) “Cutucar”, o
profissional fez análise de opinião (sugestões); caixa 3 (três) “Reflexão”, o profissional
recebeu mensagens sobre pensamentos de autoajuda (mensagens motivacionais). A
partir da análise dos resultados obtidos da atividade que visava colher informações
acerca da opinião de cada membro da equipe sobre a unidade, pode-se traçar um plano
de intervenção.
Após a coleta dos resultados, foi realizada uma reunião com toda a equipe de
discentes, docente e o diretor da unidade de saúde, e assim, definiu-se a proposta do
projeto. As atividades desenvolvidas foram voltadas para promoção da saúde dos
profissionais de saúde, por meio da realização de atividades como massoterapia, técnica
de meditação, educação sobre a importância do sono e ginástica laboral.
O Grupo Tutorial (GT) foi dividido em quatro setores, responsáveis por oferecer os
serviços. Os setores foram denominados de acordo com a atividade a ser executada
sendo: sala de massagem “Estação Primavera: Sentir a leveza”; sala para ginástica
laboral; “ Estação
8287
Resultados e Discussão
A ação realizada na Unidade de Saúde da Família do Bairro Nordeste,
proporcionou aos seus funcionários momentos especiais em que, por meio dos quatros
setores terapêuticos, foram sensibilizados do autocuidado da saúde e bem-estar geral,
de como aprimorou sua percepção e atenção nas atividades profissionais e pessoais,
com consequência de gerarem melhor acolhimento e assistência diferenciada com
benefícios à comunidade. Dessa forma foi alcançado o objetivo proposto, num pouco
espaço de tempo, promover a saúde daqueles que fazem o cuidado dos outros
diariamente.
8288
era importante e favorável ao bem-estar físico. Ocorreram comunicações coordenadas e
animadoras onde a atividade física no ambiente de trabalho teve sua resposta positiva.
As mudas escolhidas a serem doadas foram de plantas que pudessem ser usadas
na alimentação e que tivessem propriedades fitoterápicas e pudessem contribuir para a
comunidade. Sal de ervas foi distribuído para os funcionários, como um estimulo para
cuidarem mais da alimentação.
8289
são também denominados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina
tradicional e complementar/alternativa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Atividades como essas são essenciais em qualquer local de trabalho, dado que
ela permite uma integração e melhoria nas relações interpessoais dos profissionais. Ao
se considerar que a interação seja dada de forma harmoniosa e humanizada, é essencial
para o alcance da promoção da saúde. Além disso, poderão proporcionar aos
profissionais de saúde uma melhor visão da importância de cada um dentro da equipe,
melhorando seu desempenho profissional.
Conclusão
A partir da intervenção realizada, pode-se concluir a importância das Práticas
Interativas e Complementares no âmbito do sistema de saúde, o SUS, que visa fortalecer
a terapêutica da atenção primária, tendo uma visão da totalidade do indivíduo. Essas
práticas visam estimular a prevenção e recuperação em saúde, por meio de uma escuta
acolhedora, fortalecendo o vinculo entre os profissionais, como também entre os
profissionais e pacientes e na integração do ser humano com o meio ambiente e a
sociedade. Essas ações integrativas são uteis na promoção da saúde do trabalhador, e
podem ser utilizadas para estabelecer uma prática profissional mais humanizada.
8290
trabalhador e trabalhar para diminuir a carga de estresse gera um impacto direto no
serviço de saúde tornando-o mais humanizado e há melhorias no atendimento. Foi
notável a boa aceitação da proposta de intervenção assim como o engajamento da
maioria dos funcionários, ações como essas devem ser encorajadas e continuadas.
Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html>.
Acesso em:
20 mar. 2018.
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_plan
tas_m edicinais_cab31.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2018.
8291
2018.
III Encontro Nacional para Formadores. Roteiro para orientar o relato de uma
experiência.
<https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade05
/unida de05.pdf.>. Acesso em: 19 mar. 2018.
32832014000200261%26script%3Dsci_abstract%26tlng%3Dpt+&cd=1&hl=ptBR&ct=cl
nk&gl=br>. Acesso em: 19 mar. 2018.
8292
Argumentum, v. 7, n. 2, 2015. Disponível em:
<http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/3361/pdf_1428>
.
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt2510_19_12_2005.html
PIMENTEL, F. C.; ALBUQUERQUE, P. C.; SOUZA, W. V. The Family Health Strategy in the
State of Pernambuco: evaluation of team structure by population size. Saúde em
Debate, v. 39, n. 104, p. 88-101, 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042015000100088>.
2018.
8293
<http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v41nspe2/0103-1104-sdeb-41-spe2-0140.pdf>. Acesso
em: 21 mar. 2018.
8294
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO A SAÚDE DO IDOSO NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Gisele de Oliveira Mourão Holanda1; Isabel Pires Barra2; Amanda Nicoli Vital de
Oliveira3; Sarah Rebeca Bezerra Silva4; Juliana Raquel Duarte da Silva Camilo5; Maria
Alzira Rego Pinheiro6; Sarah Valentina Cruz da Silva7; Franciely Medeiros dos Santos8;
Ana Elza Oliveira de Mendonça9
Resumo
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
7
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
8
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN)
9
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Professora Doutora do curso de graduação em
enfermagem
(UFRN)
8295
aos idosos. As atividades foram realizadas com o intuito de desenvolver ações
educativas e clínicas pertinentes à saúde do idoso, com foco na promoção da saúde.
Trinta idosos foram beneficiados com as oficinas e seis idosas tiveram
acompanhamento domiciliário, com diagnóstico de enfermagem e plano terapêutico
direcionado aos principais problemas identificados. A participação no projeto
proporcionou o desenvolvimento de habilidades e competências de enfermagem na
abordagem ao idoso na atenção primária.
Palavras-chave: Idoso; Metodologias ativas; Promoção à Saúde.
Introdução
8296
necessária a elaboração de ações com foco na educação e promoção em saúde para a
terceira idade.
Para que a população idosa tenha qualidade de vida é necessário a realização de ações
específicas realizadas pelas equipes de saúde na atenção básica, onde o cuidado à
pessoa idosa deve ser integral e envolva a participação das equipes de saúde, do idoso
e da família. Atenção Básica e as Equipes de Saúde da Família são as principais portas
de entrada do Sistema Único de Saúde - SUS. Para que as políticas de saúde possam ser
executadas a contento, elas devem seguir os princípios da universalidade, da
acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da
integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação
social (BRASIL, 2006).
Mas, as demandas são muito altas e as equipes não conseguem atender integralmente
todas as necessidades dos indivíduos mais velhos. Por isso, faz-se necessário a
implementação de programas que tenham o foco no desenvolvimento das aptidões dos
idosos, com o foco na manutenção da vida social, bem-estar e vida digna. Para isso, é
necessário que a tais atitudes sejam realizadas pelos profissionais de Enfermagem,
tendo em vista a abrangência do olhar para melhor compreender o que “representa o
idoso na sociedade e quão importante é, em seu desenvolvimento humano, a
perspectiva de construção e reconstrução da cidadania” (ALVAREZ e GONÇALVES, 2012).
Para que os idosos possam ter uma vida plena faz-se necessário a implementação de
políticas de saúde que visem a melhoria do estado de saúde da população mais velha,
com foco no envelhecimento ativo e hábitos saudáveis. Por isso, é importante a
realização de mudanças que possibilitem a criação de ações que atendam as
8297
necessidades dos idosos. Como uma dessas ações podemos citar a importância dos
grupos de idosos. Composto a partir de interesses em comum, este tipo de encontro
possibilita um espaço de apoio e um ambiente onde é possível o debate de situações
cotidianas vividas. Para os profissionais da saúde que trabalham esses grupos, é
possível identificar as potencialidades, bem como os pontos de vulnerabilidade. Além
disso, por meio dos grupos é possível estabelecer vínculo entre equipe de saúde e
idosos, facilitando a comunicação e educação em saúde (BRASIL, 2006).
Dessa forma, é importante a realização de pesquisas e projetos que tenham como foco o
envelhecimento ativo e a promoção da saúde do idoso. Tais ações proporcionam
qualidade de vida na terceira idade, com uma mudança de paradigma onde o idoso era
sedentário, sem vida social e sem autonomia. Por isso, este estudo tem o objetivo
relatar as experiências vividas pelos acadêmicos de enfermagem, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, participantes do Projeto de Extensão Universitária
intitulado “Promovendo a Saúde Integral da Pessoa Idosa da Atenção Primária”,
realizada em uma Unidade de Saúde da Família, em Natal, Rio Grande do Norte, durante
o primeiro semestre de 2017.
Metodologia
8298
pessoa idosa na atenção primária, o que compreendeu a realização de oficinas com
grupos operativos, capacitação de agentes de saúde, além de visitas domiciliares.
“O Idoso do Século XXI”, onde esses profissionais elaboraram um perfil dos idosos da
comunidade, destacando quais as dificuldades enfrentadas no cotidiano e a realidade de
vida deles.
Os idosos que receberam visitas domiciliar foram selecionados pela direção da USF.
Esta etapa do projeto de extensão seguiu a resolução 358/2009 do Conselho Federal de
Enfermagem – COFEN, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem, seguindo as etapas do Processo de Enfermagem. Os discentes produziram
instrumento para avaliação do idoso composto por: avaliação multidimensional da
pessoa idosa, que compreendia dados pessoais, identificação de risco (diagnósticos e
internações prévias e medicamentos potencialmente inapropriados para o idoso), dados
antropométricos, quedas, escalas que podem ser utilizadas e exame físico específico,
sendo avaliados a cabeça e pescoço, aparelhos cardiovascular, respiratório e digestório,
membros inferiores e avaliação neurológica. A partir da identificação de áreas
vulneráveis na saúde do idoso visitado, foi direcionada a utilização de escalas de
avaliação, como: Escala de Atividades Básicas de Vida Diária (AVD), de Katz; Escala de
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), de Lawton; e Escala de Depressão
Geriátrica, abreviada de Yesavage.
Resultados e Discussão
8299
Visitas domiciliares e intervenções
Dentro deste projeto, seis idosos foram beneficiados pelas visitas domiciliares. Para isto,
os discentes basearam-se no Processo de Enfermagem, que consiste em cinco etapas:
Coleta de dados, onde foi realizada a anamnese e o exame físico; Diagnóstico de
enfermagem, baseados na taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association –
NANDA; planejamento das intervenções; implementação do plano terapêutico; e
avaliação. Os diagnósticos inferidos foram:
8300
Conhecimentos Insuficiência de
ineficientes recursos (p. ex.,
relativos a financeiros, sociais,
práticas básicas de conhecimento);
de saúde; Habilidades motoras
Manutenção
Incapacidade de finas e grossas
Ineficaz da saúde
assumir a diminuídas.
responsabilidade
de atender a
práticas básicas
de saúde.
Desorientação; Extremos de idade;
Imobilidade; Nutrição
Inquietação; inadequada; Agente
Proteção Ineficaz Resposta mal farmacológico.
adaptada ao
estresse; Insônia;
Fraqueza.
Deambulação Alteração na função
prejudicada; cognitiva; Estilo
Déficit no de vida
Síndrome do autocuidado para sedentário;
Idoso Frágil alimentação, História de quedas;
banho e higiene Morar sozinho.
íntima; Memória
prejudicada;
Alteração no Desvantagem
paladar; Ingestão econômica;
de alimentos Ingestão alimentar
Nutrição
menor que a insuficiente;
desequilibrada:
porção diária Fatores biológicos.
2. Nutrição menor que as
recomendada;
necessidades
Interesse
corporais
insuficiente pelos
alimentos;
Informações
8301
insuficientes.
8302
Capacidade Barreira ambiental
prejudicada de (p.ex., escadas,
subir e descer declives, superfícies
escadas; irregulares,
Capacidade obstáculos,
prejudicada para distâncias e falta de
Deambulação percorrer as dispositivos
Prejudicada distâncias ou pessoas
necessárias. auxiliares);
Equilíbrio
prejudicado; Força
muscular
insuficiente;
Visão prejudicada.
Capacidade Alteração na função
prejudicada de cognitiva;
4. Atividade e alimentar-se de Diminuição da
Repouso forma motivação; Prejuízo
aceitável; musculoesquelético.
Déficit no Capacidade
autocuidado para prejudicada para
alimentação mastigar os
alimentos;
Capacidade
prejudicada de
preparar os
alimentos.
Capacidade Alteração na função
prejudicada para cognitiva;
Déficit no acessar o Diminuição da
autocuidado para banheiro; motivação; Prejuízo
o banho Capacidade musculoesquelético.
prejudicada para
lavar o corpo.
8303
Capacidade Alteração da função
prejudicada de cognitiva;
Capacidade de transferir-se da Barreira ambiental
transferência cadeira para a (p.ex., altura da
prejudicada cadeira; cama, espaço
Capacidade de inadequado, tipo de
prejudicada de cadeira de rodas,
transferir-se entre imobilizadores);
superfície de Equilíbrio
níveis diferentes. prejudicado.
Agitação; Alteração no ciclo
Alteração na sono/vigília;
função cognitiva; Demência; Idade
Confusão Aguda Alteração no nível acima de 60 anos.
de consciência;
Alucinações;
Inquietação.
Esquecimento; Distrações no
Incapacidade de ambiente;
recordar eventos; Prejuízo neurológico
Incapacidade de (p.ex.,
5. Percepção e Memória
recordar eletrencefalograma
Cognição Prejudicada
informações reais; positivo, trauma
Incapacidade de encefálico, distúrbios
reter novas convulsivos).
informações.
Comportamentos Alteração da função
inapropriados cognitiva; Alteração
(p.ex., histérico, da memória;
Conhecimento
hostil, agitado e Informação
deficiente
apático); Insuficiente.
Conhecimento
insuficiente.
8304
Afeto triste; Função social
Autoestima prejudicada;
9. Enfrentamento influenciada; Isolamento social;
Regulação do
/ Concentração Solidão;
humor
Tolerância ao prejudicada; Mudança no apetite;
prejudicada
estresse Mudanças no Prejuízo funcional.
comportamento
verbal.
História de quedas;
Idade ≥ 65 anos;
Morar sozinho; Uso
de dispositivos
auxiliares (p.ex.,
andador, bengala,
cadeira de rodas);
Alteração da função
cognitiva;
11. Segurança /
Risco de quedas - Iluminação
Proteção
insuficiente;
Uso de tapetes soltos;
Agentes
farmacológicos;
Deficiência visual;
Déficit
proprioceptivo;
Mobilidade
prejudicada.
Arranhões no Alteração da imagem
corpo; Corte de corporal;
Automutilação
parte do corpo; Comportamento
Esfolar-se; instável;
Golpear-se. Despersonalização;
Distúrbios
emocionais;
Impulsividade;
Transtorno psicótico.
8305
Ações repetitivas; Alteração no bem-
Ações sem estar;
sentido; Alteração do estado
Afeto triste; mental;
Condição Recursos pessoais
12. Conforto Isolamento social incapacitante; insuficientes (p.ex.,
Solidão imposta poucas conquistas,
por outros. insight insatisfatório,
afeto indisponível e
de controle
insatisfatório).
Fonte: NANDA 2015-2017
Diante dos diagnósticos inferidos aos seis idosos, os alunos realizam o planejamento
das intervenções, observando as necessidades e a realidade de vida de cada idoso. As
intervenções tiveram o objetivo de trazer melhorias para as condições de vida,
minimizando os problemas de enfermagem detectados. Uma segunda visita foi
realizada para implementação do plano de cuidados. Neste momento, tentou-se agregar
idoso, família e equipes de saúde.
Quatro dos seis idosos visitados tiveram boa aceitação ao plano de cuidados e houve
envolvimento dos familiares para garantir a execução das intervenções propostas. Tais
intervenções estavam focadas no incentivo à deambulação, a prática de atividade física,
na melhoria da ingestão hídrica, no aumento da ingestão de fibras, sempre enfatizando
os benefícios desses hábitos para a saúde do idoso. Também foi verificado que muitos
idosos que já haviam caído tinham medo de novos acidentes por quedas e, por isso,
tinham medo de andar, inclusive, pequenas distâncias. Nesses casos foi incentivada a
participação da família para melhorar as condições do ambiente, evitando o uso de
tapetes soltos, fios e cabos espalhados pelo ambiente, atentar para piso molhado e,
principalmente, ao tipo do calçado do idoso. Muitos utilizam chinelos que ficam soltos
nos pés, o que pode predispor a perda de equilíbrios, facilitar tropeços, entre outros. Os
idosos e familiares foram orientados a adequar o ambiente das residências com o
intuito de torna-lo mais seguro para que este grupo sinta mais segurança em deambular
dentro da própria casa.
Em um dos casos, encontramos uma idosa que vivia sozinha, em situação de total
abandono e com déficit cognitivo. A casa era pequena, de difícil acesso para os alunos
8306
que praticamente precisavam pular o muro quando a visitavam. A idosa não conseguia
sair da casa. Ela andava com dificuldades, apoiando-se nas paredes. A companhia que
tinha eram três gatos, que ficavam soltos na rua e adentravam a casa da idosa. Além de
andar com dificuldades não conseguia sair da residência porque os degraus para acessar
a rua eram altos. De acordo com a ACS da área, uma vizinha ajudava a idosa em
algumas ocasiões, mas que ela não tinha qualquer suporte familiar. Neste caso, o plano
de cuidados não pode ser implantado, pois a idosa recusou as intervenções. Tais fatos
foram passados a equipe responsável pelo atendimento da área para que os
profissionais da USF pudessem intervir para assegurar os cuidados integrais a esta
senhora.
Outro caso foi mais complexo. Neste não houve possibilidade de realizar plano
terapêutico, tampouco implementá-lo. Ao realizar uma visita domiciliar encontramos
uma senhora que passava o dia com uma cuidadora. Com dificuldades de locomoção,
ela tinha dificuldades de levantar-se da poltrona e se dirigir à cama, devido à altura. No
período da noite ela ficava sozinha. Este caso chamou a atenção e impossibilitou as
ações devido a idosa apresentar episódios de automutilação em decorrência de
distúrbios psiquiátricos. Devido a esta condição, a idosa estava com feridas abertas, com
risco de infecção. Conversamos com a equipe responsável pela área e destacamos todos
os problemas encontrados. Solicitamos que este caso fosse acompanhado por equipe
multidisciplinar e que a USF buscasse o serviço especializado.
Com o intuito de conscientizar sobre os desafios enfrentados pelos idosos no Brasil, foi
realizada uma conversa com Agentes Comunitários de Saúde – ACS. A roda teve a
temática “O Idoso do Século XXI”. Os profissionais foram estimulados a traçar um perfil
do idoso da comunidade. A atividade foi iniciada com uma roda de conversa para que
eles pudessem relatar as principais características dos idosos atendidos pelo Programa
Saúde da Família na comunidade. Os agentes destacaram que são pessoas humildes,
com idade média de 75 anos e que estão em grande quantidade no bairro. Muitos deles
moram sozinhos, em situação de abandono, sem suporte familiar. Também foi relatado
que alguns idosos sofrem violência e abusos por parte de familiares que se apropriam
das aposentadorias e que estes idosos muitas vezes recebem auxílio de vizinhos.
8307
revistas, tinham que traçar o perfil do idoso do século XXI. Ambos os perfis foram
parecidos, destacando a necessidade de vencer obstáculos pela falta de assistência de
saúde de qualidade, pela ausência de políticas públicas de amparo a pessoa idosa e pela
falta do suporte familiar. Um ponto importante destacado foi que, em muitas situações
os próprios ACS têm dificuldades em realizar o auxílio aos idosos por questões
burocráticas. Também foi destacado pelos profissionais que a aposentadoria recebida é
insuficiente para arcar com os custos do envelhecimento, pois as medicações são caras
e nem sempre de acesso gratuito na rede, alimentação de qualidade, seguindo as dietas
propostas pelos profissionais de saúde, lazer, entre outros. Este encontro foi importante
pois antecedeu as reuniões com os grupos de idosos, assim, os discentes puderam
conhecer um pouco da realidade dos idosos que seriam acolhidos na unidade para as
oficias com grupos operativos.
Além das visitas domiciliares e da capacitação dos agentes de saúde, também foram
realizadas oficinas com grupos operativos, com o intuído de estimular e preservar a
memória dos idosos. Cerca de 30 moradores da comunidade, com 60 anos ou mais
participaram desses encontros. No primeiro encontro com o grupo, foi realizada oficina
de estimulação da memória. Nela, os idosos participaram de diversas atividades, como a
construção de relógio, onde, por meio de desenho, eles desenharam um relógio de
ponteiro. Esta dinâmica possibilita avaliar a memória fotográfica dos idosos. Esta ação,
que era para ter sido realizada individualmente, mas os idosos que tinham mais
facilidade com o desenho e com memória, auxiliaram os que apresentavam
dificuldades. Nós não intervimos, pois, além de estimular a memória, a ação possibilitou
a integração dos idosos, e alimentou o sentimento de união, empatia e cuidado para
com os membros do grupo.
Outra dinâmica realizada foi de memória fotográfica, com jogo da memória. Esta foi
uma atividade dinâmica em pares, onde os idosos foram posicionados em duas filas,
uma de frente para a outra. Eles tinham que se observarem por cinco minutos. Em
seguida, uma das filas seguiu para outro ambiente e alterações foram feitas na imagem
dos idosos: foram colocados adornos como chapéus, colares, brincos, laços, maquiagem.
Após esse momento, os idosos ficaram frente a frente novamente, cada um com sua
respectiva dupla inicial. Eles tiveram que dizer o que havia de diferente no parceiro. Foi
um momento de completa descontração, onde os idosos puderam realmente perceber o
outro.
8308
Dentro das atividades em grupo, foi realizada oficina de prevenção de quedas. Para esta,
os alunos convidaram um educador físico, visto que seria necessário o respaldo
profissional para dar segurança para a movimentação de idosos, em sua grande parte,
sedentários. Neste encontro, as atividades foram iniciadas com uma roda de relato de
quedas. Nela, todos contavam histórias das quedas sofridas e as suas consequências. A
maior parte dos acidentes relatados ocorreu com mulheres, em casa, durante os
afazeres domésticos. Em seguida, foi realizada atividade física, onde foram ensinados
alongamentos e exercícios de fácil execução para que os idosos pudessem realiza-los
em casa, com o intuito de melhorar a mobilidade e, consequentemente, reduzir os
acidentes por quedas.
O intuito dessa oficina foi de orientar sobre a importância da atividade física para a
redução dos riscos de acidentes por quedas, que os idosos estão expostos naturalmente,
apenas devido às alterações fisiológicas e uso de medicamentos. Estes acidentes podem
provocar lesões graves, implicando na incapacidade física do individuo. Durante as
atividades, foi incentivada a prática de exercícios físicos, como caminhada e
alongamentos, bem como exercícios para a mente, com o foco na manutenção da
independência funcional, melhoria da memória e raciocínio.
Conclusão
Sem dúvidas, uma experiência muito rica, que nos aproximou da comunidade, nos
fazendo aproximar das questões socioculturais da comunidade, visualizando os fatores
econômicos e sociais que impactam no modo de vida dos idosos. Esta vivencia propicia
8309
um olhar sensível a todos os fatores o que envolve o envelhecimento humano,
determinando como o enfermeiro deve atuar para minimizá-los.
Apesar de concluído, o projeto deixou lacunas, pois não foi possível avaliar as
intervenções propostas e dois casos das visitas domiciliares não houve plano de
cuidados, suscitando a necessidade de renovação do projeto para a continuidade das
ações.
Referências
ALVAREZ, Angela Maria, GONÇALVES, Lucia Hisako Takase. Enfermagem e o cuidado ao
idoso no domicilio. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília, 2012 set-out; 65(5):
7156. Disponível em <http://www.redalyc.org/pdf/2670/267025266001.pdf> Acesso em
07/09/2017.
8310
Conselho Federal de Enfermagem. Brasília. DF; 2009. Disponível em
<http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen3582009_4384.html> Acesso em 11/09/2017.
8311
OFICINAS TERAPÊUTICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
RESUMO
INTRODUÇÃO
8312
O relatório “Depressão e outros distúrbios mentais comuns: estimativas globais
de saúde” aponta que 322 milhões de pessoas atualmente sofrem algum tipo de
transtorno mental em todo o mundo. E grande parte desses transtornos vem atingindo a
população idosa. (OMS, 2017)
Para proteger essa população foi instituído no Brasil o Estatuto do Idoso por meio da
Lei n.º 10.741 de 2003, que trata dos direitos fundamentais das pessoas com 60 anos ou
mais, afirmando a necessidade de oportunizar e facilitar a preservação da saúde física e
mental destas. O referido documento versa sobre a obrigação do Estado de garantir à
pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, por meio da efetivação de políticas sociais
públicas que permitam um envelhecimento saudável, em condições de dignidade.
(BRASIL, 2003)
É importante destacar também o artigo 10° do documento supracitado, onde afirma que
é obrigação do Estado assegurar inclusive a liberdade, o respeito, os direitos civis,
políticos, individuais e sociais ao idoso. Precisa- se destacar que o direito à liberdade
abarca questões relativas ao ir e vir, à opinião, à crença, à diversão, as atividades físicas,
a atuação na vida familiar e comunitária, política entre outros.
8313
Estratégia de Saúde da Família. Destaca-se que as oficinas vêm sendo desenvolvidas em
um Centro Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
O Projeto de Extensão que deu origem a este relato tem como objetivos: desenvolver
ações onde seja possível criar ou aprimorar habilidades no que diz respeito às oficinas
terapêuticas; disponibilizar ambiente favorável à redução de estresse dos idosos,
proporcionando espaço de fala sobre envelhecimento e o enfrentamento de seus
medos; avaliar os resultados das oficinas terapêuticas no contexto biopsicossocial dos
idosos; e promover a reflexão sobre a utilização de técnicas expressivas pelos futuros
profissionais da área de saúde nos vários contextos do cuidado em saúde.
METODOLOGIA
1. As Oficinas Terapêuticas
8314
objetos; "reinventa" o homem e o mundo. Sob essa perspectiva, as
atividades das oficinas em saúde mental passam a ser vistas como
instrumento de enriquecimento dos sujeitos, de valorização da
expressão, de descoberta e ampliação de possibilidades
individuais e de acesso aos bens culturais (MENDONÇA, 2005, p.
628).
2. Métodos e Materiais
8315
As oficinas têm duração de 90 a 120 minutos e o número médio de participantes é de
cinco mulheres. Foram convidados a participar do projeto, inicialmente os idosos
usuário da unidade atendida pela atividade. Mas além dos idosos o publico participante
das oficinas foram também adultos com algum acometimento psíquico, sendo o mais
comum a depressão. A faixa etária oscila entre 26 e 86 anos e destaca-se que todas
foram encaminhadas por profissionais do Núcleo de Atenção à Saúde da Família (NASF).
8316
Imagem 3: Linhas e lãs utilizadas na construção das mandalas. Realizada no Centro
Municipal de Saúde, no mês de julho de 2017. Foto do arquivo pessoal das autoras.
Compete aqui uma questão que diz respeito a quem cabe cuidar da população mais
envelhecida dentre as ações indicadas no Programa Nacional de saúde da população
Idosa e Envelhecimento, infere-se então, que vários setores da sociedade precisam ser
incluídas, dentre eles, a Educação, o Sistema Único de Assistência Social e a Ciência e
Tecnologia.
Falcão e Araújo (2010) chamam atenção para a falta de sintonia entre a maioria das
instituições de ensino superior com o processo de transição demográfica e com a
inexperiência dos docentes no que tange o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos
efetivos com idosos. Neste sentido, o Ministério da Saúde (2010, p. 10) afirma:
8317
A partir deste pensamento, levando em conta o envelhecimento da população brasileira,
se vê a importância da aplicação de ações que levem os acadêmicos da área de saúde a
refletir sobre a necessidade de vivenciar as tecnologias leves de cuidado em sua
formação acadêmica, principalmente no que concerne ao idoso. Neste sentido, pode-se
utilizar tais tecnologias com os futuros profissionais afim de que relacionem as técnicas
expressivas com sua futura prática profissional, principalmente no que diz respeito a
redução e enfrentamento do estresse. No que tange a população idosa, vale destacar
que o enfrentamento da morte e do processo de finitude da vida geram sentimentos de
medo, insegurança e ansiedade.
Para que se pudesse por toda a programação em prática fez-se importante que a equipe
do projeto de extensão discutisse as situações observadas e reavaliassem
continuamente a programação realizada. A partir deste contexto, é importante destacar
que o projeto procurou ouvir atenciosamente o que as participantes tinham a dizer, seus
aspectos culturais e psíquicos. Todo indivíduo possui peculiaridades biopsicossociais e o
envelhecimento é a resposta natural do processo humano, cabendo à equipe observar
tais singularidades.
8318
O projeto foi dividido em fases com o propósito da realização de discussão,
aprendizados teóricos e práticos das vivências em oficinas. A primeira fase, no mês de
março de 2017, consistiu no treinamento e preparação das bolsistas de extensão da
Escola de Enfermagem Alfredo Pinto – Unirio, que seriam as responsáveis pela
organização dos espaços e técnicas das oficinas posteriormente. O processo de preparo
nas diversas possibilidades expressivas a serem desenvolvidas ao longo do projeto,
foram feitos através de leituras de artigos e documentos sobre as oficinas expressivas,
da participação em minicursos, congressos e eventos relacionados à saúde mental e
também estimulação da expressão criativa e testes da aplicação das técnicas que
seriam desenvolvidas ao longo dos encontros. Infere-se que nessa etapa se evidenciou a
importância de que as extensionistas correlacionassem as questões teóricas com a
prática do desenvolvimento de atividades em grupo.
Na segunda fase, que correspondeu aos meses de abril, maio e junho houve a
divulgação do Projeto junto aos funcionários do Centro Municipal de Saúde, objetivando
a captação e o convite aos usuários e possíveis participantes para as oficinas. Nos
primeiros encontros realizou-se o diagnóstico das angústias e incômodos dos
participantes. Nesses meses as oficinas expressivas não aconteciam com temas
especiais, eram oficinas de temáticas livres, com o objetivo de detectar e explorar as
demandas das questões que envolvem o cotidiano dos idosos e geram algum tipo de
sofrimento psíquico.
Na terceira fase, que se iniciou em julho e foi até outubro, ocorreram oficinas com
objetos e técnicas indicadas pelo próprio grupo e com os materiais expressivos que
mais se identificaram, moldando os encontros às peculiaridades do grupo que se
formou, onde foi permitido que o grupo opinasse nas modalidades de trabalho a serem
desenvolvidas, com o intuito de se desenvolver as emoções que mais precisavam
emergir.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
8319
mais relacionados à depressão as perdas pessoais, a perda da autoestima e situações de
humilhação, perdas de entes queridos, a internação do conjugue e as perdas financeiras.
No final dos últimos encontros foram trazidas à baila questões relativas às dinâmicas
empregadas, percepções sobre cada encontro a partir da vivência pessoal e grupal e
foram discutidas sugestões para a otimização de possíveis próximos encontros. Com
isso, pretendeu-se observar a percepção dos participantes no que diz respeito à
metodologia, representação dos participantes em relação à oficina e outras questões
que surgiram a partir do espaço apresentado. A partir dos relatos apresentados por cada
participante poderão ser realizados ajustes no desenvolvimento de próximas atividades.
8320
Com um questionário oral sobre cada uma das técnicas desenvolvidas, que foi aplicado
no último momento juntos, onde acontece a entrega de todo o trabalho confeccionado
ao longo do ano de 2017, se pode tirar os reais valores de qual técnica específica foi
melhor aceita pelo grupo, qual material foi melhor de manusear, como os sentimentos
advindos das reuniões começaram a interferir nos outros espaços de convívio pessoal
deles.
8321
cada vez maior, já que a cada encontro os participantes se relacionavam, evidenciando
a troca entre gerações que aconteceu.
Concluiu-se que as práticas expressivas melhoraram o desenvolvimento desses adultos
e idosos e deram a eles o sentimento de pertencimento, conforto e cuidado que
procuravam, além das atividades terem ajudado no enfrentamento do estresse. Através
dos depoimentos e com os relatórios de atividade feitos semanalmente, e
principalmente os feitos ao final do projeto, foram avaliados os impactos do grupo.
Mesmo com demandas diferentes, foi possível observar que os participantes foram
aumentando suas formas de socialização, expressão e inserção social.
REFERÊNCIAS
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8323
RESGATE DA AUTOESTIMA E MEMÓRIA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
DE IDOSOS: CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DO MÉDICO E DO PSICÓLOGO
Resumo
Com o aumento da expectativa de vida, o cuidado com os idosos vem se mostrando um
desafio para os sistemas de saúde. As políticas atuais focam em um cuidado construído
junto ao paciente, cada vez mais integral e multidisciplinar. Essas políticas enfrentam
diferentes morbidades vividas por esses idosos, como a depressão. Essa doença
apresenta alta prevalência entre eles e pode estar associada a um sentimento de
desvalorização. Nesse sentido, o Projeto de Extensão “Valorização da memória contada
e cantada como estratégia na Atenção Básica à Saúde para resgate da autoestima e
empoderamento de idosos” propôs uma abordagem multiprofissional e integral no
cuidado dos idosos, visando sua inclusão social através do compartilhamento de
histórias e músicas. Em 2017, o projeto envolveu 52 idosos e 23 graduandos de
medicina, psicologia, fisioterapia e enfermagem. Esse estudo visa analisar o impacto
1
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Médicas, Curso de Medicina;
2
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Curso de Psicologia;
3
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Médicas, Curso de Medicina;
4
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Curso de Psicologia;
5
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Médicas, Curso de Medicina;
6
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Curso de Psicologia;
7
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Curso de Psicologia;
8
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Médicas, Curso de Medicina;
9
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Médicas, Curso de Medicina;
10
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Fisiologia e Patologia;
11
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Fisiologia e Patologia;
PROBEX/PRAC/UFPB 2017.
8324
desta vivência na formação dos estudantes de medicina e psicologia. As vivências
ocorreram em Unidades de Saúde da Família, Centro de Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde e na residência de uma idosa. Elas ocorriam semanalmente
com exercícios lúdicos de treinamento da memória e de incentivo ao compartilhamento
de histórias, à dança e ao canto. A extensão permitiu aos estudantes aplicar conceitos
aprendidos em suas formações. Os discentes de Psicologia trabalharam a memória pela
empatia, interação grupal e atividades lúdicas, tendo um novo contato com esses
tópicos e podendo ter uma vivência mais prática, algo deficiente no início de sua
formação. Já os estudantes de medicina vivenciaram conceitos como integralidade do
cuidado, construção de vínculo e escuta qualificada, gerando um novo aprendizado
sobre eles. Assim, a extensão se demonstrou como uma experiência enriquecedora para
os alunos, aplicando conceitos aprendidos com uma nova visão sobre o cuidado
multiprofissional.
Introdução
8325
O projeto de extensão PROBEX 2017 “Valorização da memória contada e cantada como
estratégia na Atenção Básica à Saúde para resgate da autoestima e empoderamento de
idosos” propôs o incentivo da integração social dessa população por meio do
compartilhamento de histórias e habilidades musicais (PAULA; SCHERER, 2011).
O presente estudo teve como objetivo avaliar o impacto da vivência em grupos de
idosos oportunizadas pelo Projeto de Extensão na formação dos estudantes de Medicina
e de Psicologia.
Metodologia
8326
Resultados e Discussão
“flores”, eles citariam “rosas” ou “margaridas”, e assim por diante, até a maioria dos
tipos virem à tona. Além disso, foram separadas e sorteadas palavras aleatórias para
que eles encontrassem músicas que as continham. Outra forma, ainda de trabalhar com
este tipo de memória foi a partir da correlação entre o nome de um estado brasileiro, a
sua capital e a sigla que o representa. Para isto, eram escritas tais palavras em papeis
separados e os misturamos, pedindo-se para que os idosos desembaralhassem e
colocassem os correspondentes um ao lado do outro.
8327
Ainda que a memória explícita necessite de uma maior atenção, também se considera
importante a estimulação da memória de curta duração. Para trabalhar esse tipo de
memória, executaram-se dinâmicas que exploravam a memória visual, como, por
exemplo, fechar os olhos e, em seguida, citar 3 (três) dos elementos presentes na sala.
Em outra ocasião, explorouse a memória de movimento como estratégia de acesso à
memória de curta duração, criando-se um repertório de movimentos e pedindo-se para
reproduzi-lo imediatamente, o que contribuiu não só na evocação de memórias, mas
também na intensificação das funções motoras. Pode-se mencionar também o
desenvolvimento de uma atividade em que se lia um texto e dava-se instruções para
que, ao proferir palavras específicas, fossem realizadas certas ações, como um aperto de
mão ao ouvir a palavra “paz”.
Ao adentrar em suas histórias e recordações, emoções e expressões variadas foram
compartilhadas através de relatos orais e demonstrações emocionais, fazendo os
extensionistas, muitas vezes, sentirem empatia e mostrarem reações emocionais
também, além de terem algumas lembranças evocadas. Através dessa troca de
experiências, foram possíveis a implantação e o fortalecimento do vínculo, que tem uma
enorme importância em qualquer processo envolvendo grupos, não só entre os próprios
participantes, mas também entre os graduandos e os participantes.
8328
Tendo em vista a importância da relação entre familiares e idosos como geradora
de vínculos positivos, bem-estar físico e mental, alta autoestima e maior segurança para
lidar com problemas, a partir de demonstrações de carinho e atenção, a mudança da
sociedade em relação a essa geração — mais valorizada e respeitada antigamente —,
que a encara como um peso ou indigna de afeição, traz consequências.
De acordo com Rego (2007), “No passado, os idosos mantinham o poder, a honra
e o respeito, mas, atualmente, em nossa sociedade consumista, são encarados,
geralmente, como um peso social. Assim, muitas vezes, sofrem com estereótipos sociais
e limitações por parte da sociedade. Esses fatos podem ter influências na depressão em
idosos.” (apud MARCHI; SCHNEIDER; OLIVEIRA, 2010, p.150).
8329
Diante de alguns casos particulares de demência, em variados níveis (iniciante e
avançado), que, com as atividades fornecidas e através das dinâmicas de grupo,
pudemos perceber evolução particular nestes casos. Apesar de não fazermos teste e
reteste para confirmarmos a evolução dos quadros, pudemos notar e tínhamos
devolutiva dos acompanhantes dos idosos. Mesmo que tais evoluções fossem pequenas
e se davam de maneira lenta e gradual, as mesmas eram perceptíveis também aos
demais membros do grupo e à coordenadora da instituição, causando uma sensação
positiva de apoio ao participante acometido pela demência e de satisfação por parte
dos estudantes.
É comum que os estudantes, ao iniciarem sua graduação sejam recebidos por aqueles,
que já estão mais próximos de encerrá-la, com as queixas de que os primeiros períodos
do curso de Psicologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) são exclusivamente
teóricos e que é raro encontrar na Psicologia trabalhos interdisciplinares. Ao estudante
de psicologia foi oportunizado adentrar nesse projeto de extensão no segundo período
do curso, o que proporcionou uma forma de conhecimento sem precedentes dentro dos
muros da UFPB. Aprendizado de forma interdisciplinar e democrática, conforme o
projeto foi conduzido, pela prática de grupos terapêuticos e intervenções cognitivas.
Sendo que algumas dessas práticas seriam proporcionadas apenas em estágios, outras
apenas em cadeiras optativas específicas, e outras nem mesmo estão na grade
curricular.
8330
integralidade, a autonomia do usuário ao participar ativamente dessa relação gerando
democratização do conhecimento e participação popular na promoção da saúde e do
cuidado (Almeida, et al. 2014).
Assim, para formar médicos que tenham a capacidade de promover ações integrais de
saúde são necessários métodos ativos que os insiram em diversos contextos da
realidade, através de uma grade curricular integrada e focada nas necessidades do SUS.
Dessa forma, o estudante e a universidade devem romper com o ensino tradicional,
focado no professor como detentor de todo o ensinamento, e partir para aprender na
prática através de pessoas reais como se tornar um bom médico (ALMEIDA, et al. 2014).
Porém, ainda são poucas as universidades que têm currículos voltados para desenvolver
tal capacidade nos graduandos. No decorrer do curso, os alunos tonam-se cada vez mais
técnicos e a medicina cada mais especializada formando médicos que só tratam
doenças e esquecem do doente (PINHO, et al. 2007).
Dessa forma, a extensão exerceu papel importante ao fazer com os estudantes, ao ouvir
as histórias e músicas dos idosos, pudessem entendê-los em todas as perspectivas de
suas vidas, como no caso do pequeno grupo que frequentou a casa de Dona Flor, em
que foi possível, através das músicas, histórias e conversas, exercer uma diferença
positiva no combate a sua depressão, valorizar sua história de vida, fazer exercícios
físicos e monitorar níveis de pressão arterial e glicose sanguínea. Assim, os estudantes
puderam realizar um cuidado integral ao promover interação social, melhora de funções
cognitivas, maior adesão ao tratamento, criação de vínculo e principalmente,
valorização de suas memórias.
8331
vínculo inicial entre idosos e estudantes de medicina. Para estes, pode-se afirmar isso
em ambos os ambientes vivenciados, o familiar e a USF.
Ao refletir-se sobre a escuta, percebe-se que ela é um ato básico do ser humano,
aprendido desde o nascer. Qualquer indivíduo, em algum momento do seu cotidiano,
ouve as histórias e eventos da vida de outra pessoa e conta as suas. Por ser um processo
tão simples, muitas vezes não é associada sua necessidade para diversos profissionais,
8332
entre eles o médico. Durante a formação médica, muito se aprende sobre sua
importância. Nesse processo, dois aspectos são evidenciados: a escuta como forma de
obter informações para a clínica e como processo de cuidado. O primeiro deles é bem
destacado durante as disciplinas mais hospitalocêntricas, ligadas às especialidades e às
práticas mais tradicionais, nas quais o ato de ouvir o paciente é evidenciado para colher
informações importantes para o diagnóstico. Além disso, a escuta pode ser realizada
como forma de cuidado. Nesse sentido, ela é mais valorizada nos princípios da Medicina
de Família e Comunidade, sendo considerada essencial para a prática desses (DUNCAN,
2013). Esse processo é conhecido como Método Clínico Centrado na Pessoa e evidencia
que muitas vezes o problema que traz o indivíduo ao sistema de saúde nem pode ser
rotulado com algum diagnóstico. Em muitos casos, o paciente apenas quer conversar,
liberar suas angústias do cotidiano, que pode estar prejudicando a realização de
atividades básicas do seu cotidiano. Nesse contexto, o papel do médico é ouvir, permitir
que a pessoa fale o que quiser e ajudar nas situações que pode intervir. Vale salientar
que essas duas formas de escuta devem ser feitas associadas, não isolando um processo
do outro, permitindo a realização de um cuidado mais integral (LOPES; GUSSO, 2013).
Por mais que seja destacado durante a formação que a escuta é um processo com
diferentes aspectos, os discentes costumam associar que apenas o diagnóstico e a
clínica representam a prática médica e a “utilidade” do profissional. Então, o estudante
de medicina traz em si um conflito, ter a visão da escuta apenas clínica e como um
complexo focado no paciente (CURRA; LOPES, 2013). Neste sentido, a extensão
permitiu uma solução nesse conflito. Estar semanalmente com os idosos, ouvindo-os
contar as histórias de suas vidas, as histórias que gostavam de ouvir e as músicas de sua
juventude, permitiu um novo olhar sobre cuidado.
Com as vivências, toda a teoria sobre o complexo processo de escuta pode ser
concretizada e praticada. Além disso, foi possível ver a evolução desses idosos apenas
por falar, cantar e se reunir semanalmente. O papel dos extensionistas foi secundário,
os principais eram os idosos e eles trouxeram toda sua vida para esse papel. Esse
processo foi enriquecedor, para ambos os lados, e trouxe um forte empoderamento
apenas por ser ouvido. Durante a extensão, a escuta trouxe significado e grandiosidade
para aquilo que muitos consideram pequeno, fazendo com que todos os idosos
pudessem se identificar como protagonistas da própria história.
Além disso, nas vivências da casa de dona Flor, ouvir as idosas possibilitou atender
demandas das mesmas em relação ao sistema de saúde. Os extensionistas realizaram o
acompanhamento da pressão arterial e da glicemia. Ademais, articularam com a
8333
universidade para a realização de um exame de fezes que uma das idosas não estava
conseguindo por meio da rede pública. Os estudantes também articularam com a USF
quando uma das idosas apresentou sinais e sintomas de insuficiência cardíaca,
alertando aos profissionais da equipe responsável pela área que essa reside. Todos
esses processos aconteceram somados às práticas de valorização da memória contada e
cantada, em uma demonstração do caráter horizontal da extensão universitária, na qual
as vivências são construídas em união da universidade com a comunidade.
Conclusão/Considerações Finais
8334
que necessita de diversas áreas para que possa ser compreendido e ajudado. E foi
exatamente por esse motivo, auxiliar os idosos, que essas equipes de trabalho os
escutaram de forma a criar vínculos fortes com eles e, finalmente, buscar seu cuidado
de forma integral, física e mentalmente.
Referências
8335
que frequentam centros de convivência. Revista de Saúde Pública., v. 40, n. 4, p. 734-
736. 2006.
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Universidade Federal do Maranhão. Redes de atenção à saúde: a atenção à saúde
organizada em redes. Nerícia Regina de Carvalho Oliveira (Org.). São Luís: UMA-SUS,
UFMA, 2015. Disponível em:
https://ares.unasus.gov.br/acervo/bitstream/handle/ARES/2444/UNIDADE_1.pdf?seque
nce=1 . Acesso em: 13 mar. 2018.
8336
A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO DE ESTUDOS EM ARBOVIROSES DA UFJF-GV NA EXTENSÃO
EM INTERFACE COM A PESQUISA PARA O ENFRENTAMENTO DA DENGUE
Thiago Vinicius Ávila1; Alexandra Araújo Paiva Vieira2; Iara Arruda dos Santos3,4; Ana
Paula Pessotti Clarindo3,4, Luana Ribeiro Silveira3, Abner da Silva Machado3, Carolina
Guimarães Caetano3, Filipe Marçal Pires3, Geovana Kloss3, Giselle Silva Ponciano3, Thaís
Rodrigues Ferreira3, Yan Oliveira Pereira3. Katiuscia Cardoso Rodrigues5, Rômulo Batista
Gusmão6.
Resumo
Introdução:
Objetivo:
1
Professor Adjunto do departamento de ciências básicas da vida da UFJF-GV e fundador do NEA
2
Professora Adjunta do departamento de ciências básicas da vida da UFJF-GV e cofundadora do NEA
3
Acadêmico(a) do curso de Medicina da UFJF-GV e integrante do NEA
4
Bolsista da PROEX/UFJF
5
Médica sanitarista, prefeitura de Governador Valadares-MG
6
Empreendedor Público, prefeitura de Governador Valadares-MG
8337
Metodologia:
Resultados:
Após a infecção pelo Dengue, pacientes idosos apresentaram doença mais grave e
dificuldade de recuperação em relação a pacientes adultos jovens. Através da interface
entre a pesquisa e extensão, foi implementada uma rede de mobilização social,
incluindo os atores locais para o combate às arboviroses com benefícios para toda a
sociedade. Essa estratégia assume que o conhecimento é produzido localmente através
da identificação de problemas e soluções de cada território envolvido.
Conclusão:
Nós concluímos que a extensão quando em interface com a pesquisa é uma ferramenta
poderosa que a academia tem a seu dispor para a promoção de políticas públicas de
saúde. uma vez que o conhecimento levado a comunidade foi produzido pelo próprio
grupo e possibilitou a idealização e execução de ações de enfrentamento da dengue
inovadoras e aplicadas as necessidades locais, criando um círculo de geração de
conhecimento, para o benefício de todos.
Introdução
8338
permeabilidade vascular frequentemente associada à disfunção endotelial (BRASIL,
2013a, DIAS et al., 2010). A dengue grave pode ser fatal ao evoluir com
trombocitopenia, perda de plasma, hemoconcentração e hemorragia que, somadas,
podem levar ao choque, depressão respiratória e insuficiência hepática (ROTHMAN,
2011). Ao todo, mais de 2,6 milhões de casos foram notificados e aproximadamente
3000 mortes foram relatadas no Brasil devido a dengue no período acumulado de 2010-
2015, e os números têm demonstrado crescimento a cada ano (SES/SINAN, 2016).
8339
O controle do vetor é fundamental para a diminuição de infecções e óbitos,
entretanto, políticas de prevenção e controle com foco no combate ao vetor e no
desenvolvimento de ações educativas têm sido adotadas sem sucesso pleno que se
objetivaria na queda do
8340
Para a formação atual do profissional da área da saúde, deve-se considerar a
inclusão da reflexão e da transformação da interface ensino/trabalho/comunidade, ou
seja, das relações entre o ensino e os serviços de saúde, que, historicamente, vem
buscando ligar os espaços de formação – relevância social da universidade – aos
diferentes cenários da vida real e de produção de cuidados à saúde (ALMEIDA et.al.
1999). Os trabalhos de graduação devem produzir ciência, ou dela derivar, ou
acompanhar seu modelo de tratamento (FONTE, 2004). A pesquisa científica tem por
objetivo contribuir com a evolução dos saberes humanos em todos os setores, sendo
sistematicamente planejada e executada através de rigorosos critérios de
processamento das informações. A produção científica atua como promotora de
conhecimento, o aluno que realiza pesquisa desenvolve um olhar crítico e reflexivo.
Utilizando a investigação, vinculada a uma proposta pedagógica, o professor faz com
que o aluno descubra problemáticas na sua realidade, recursos metodológicos que
atendam critérios científicos e acima de tudo que seja um profissional portador de
questionamentos e reflexões sobre sua futura atuação profissional na sociedade,
sabendo que a oportunidade para vivenciar o mercado de trabalho se inicia nas
atividades extensionistas. Sabe-se que a extensão universitária é um instrumento
essencial para o momento atual das universidades brasileiras. Por meio dela, os
acadêmicos aproximam-se da sociedade e têm a oportunidade de vivenciar a aplicação
de conhecimentos de sua futura profissão, podendo, assim, identificar aspectos que
precisam ser aperfeiçoados para ampliar sua competência profissional. Como também,
valorizar sua condição profissional cidadão que interfere e atende alguma demanda
social. A extensão “extrapola o conhecimento adquirido e sua aplicação imediata, e
estimula a atitude investigativa e questionadora” (NASCIMENTO, 2013), permitindo que
as reflexões oriundas dessa prática se transformem em projetos de pesquisa e
problemáticas para serem discutidas em sala de aula.
8341
combate à dengue com foco na pessoa idosa e direcionou a implementação de uma
rede de mobilização social, criando um círculo de geração de conhecimento, com
benefícios para toda a sociedade.
Metodologia
Nosso primeiro passo neste trabalho foi avaliar parâmetros clínicos e inflamatórios
na febre do Dengue em adultos e idosos (acima de 55 anos). Os níveis séricos de
plaquetas, hematócrito, receptor solúvel de TNF-α tipo 1 (sTNFR1) e TGO foram
avaliados em amostras de sangue adquiridas de pacientes (n=183) ambulatoriais com
suspeita de dengue em unidades básicas de saúde em Belo Horizonte durante a
epidemia de 2009. A cidade de Belo Horizonte foi escolhida por tratar-se da capital do
estado de Minas Gerais, que exerce muita influência sobre comportamento da dengue
no leste do estado (região de Governador Valadares), além de acolher indivíduos de
todas as regiões do estado. O diagnóstico da dengue foi confirmado laboratorialmente
(NS1, RTPCR e IgM/IgG) e através de sintomatologia de acordo com Manual de Manejo
Clínico da Dengue, definido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a). Os dados foram
agrupados de acordo com a faixa etária e expressos como média ± erro padrão. As
diferenças entre as médias foram analisadas utilizando-se análise de variância (ANOVA)
com pós-testes de Student-Newman-Keuls. Quando necessário (2 comparações apenas)
foi utilizado o teste t de student através do Software GraphPad PRISM, GraphPad
software Inc. (San Diego, CA, USA). Os resultados foram considerados significativos
quando p<0,05. Após a análise dos dados, foi verificado que a idade influenciou na
manifestação e recuperação da dengue, sendo observado desenvolvimento de doença
mais grave em pacientes idosos. Os dados obtidos foram utilizados pelo NEA, através de
mídias sociais e encontros de capacitação para atualização dos profissionais da saúde
que atuam em Governador Valadares e região sobre os fatores de risco encontrados e
que estão envolvidos na má evolução da dengue. Foram realizados encontros que
possibilitaram a discussão sobre as estratégias de combate à doença e o manejo clínico.
Por consequência, houve a idealização de uma rede mobilização social como
instrumento transformador de comportamento que poderia auxiliar no combate à
dengue e outras arboviroses, em que os benefícios extrapolam os limites de idade e
atenderiam a toda a sociedade.
Resultados e Discussão
8342
Através das análises das amostras de sangue, verificamos que a idade influenciou
na manifestação da febre do dengue. A figura 1(a) demonstra que pacientes com dengue
apesentaram queda no número de plaquetas já nos dias inicias de sintomas da doença.
Após o
8343
disso, a ativação contínua de coagulação acarreta em redução de fatores de coagulação
e plaquetas, podendo gerar sangramentos difusos (PINTÃO & FRANCO, 2001).
A aplicação das oficinas tem sido realizada pelos estudantes em parceria com os
coordenadores das equipes de saúde e professores integrantes de NEA, no formato
ativo, onde os participantes, após leitura do texto base, discutem sobre as etapas de
formação de uma rede de mobilização social, imersos no próprio contexto social, afim
de se tornarem aptos para traçar estratégias de combate à dengue em sua área de
atuação e serviço. A rede ainda está em formação, porém, os resultados desta
intervenção são necessariamente desejáveis e urgentes. A figura 4 demonstra que o
município de Governador Valadares apresentou em janeiro de 2018, um LIRAa de 10.9%;
valor considerado o mais alto de sua história e que sinaliza possibilidade muito alta de
8344
epidemia por arboviroses, conforme parâmetros definidos pela Organização Mundial de
Saúde – OMS, que estabelece os índices de Infestação Predial conforme segue: inferior
a 1% - está em condição satisfatória, de 1% a 3,9% - está em situação de alerta e
superior a 3,9% - há risco para surto. Espera-se até com esse trabalho gerar uma
mudança de paradigmas com a implementação de uma participação social permanente,
ativa e efetiva no combate à dengue de toda a comunidade valadarense, uma vez que a
rede multiplicará conhecimento, concretizando resultados satisfatórios com redução do
LIRAa da incidência e óbitos por dengue no município.
Conclusão/Considerações Finais
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2011.
8349
Quadro 1: Sintomas primários da dengue segundo a evolução cronológica com variável
categórica.
Precoce – Tardio –
* Quase o dobro em relação ao grupo Tardio Adultos Jovens e 3 vezes maior em relação
ao grupo Precoce Idosos. Fonte: NEA UFJF-GV, 2018
8350
Quadro 2: Oficinas realizadas para a implementação de uma rede de mobilização social
em
Governador Valadares/MG
8351
5) Definindo o modelo Subsidiar os participantes na 4h Aproximadamente
lógico para a organização dos elementos
50 pessoas por
essenciais da agenda estratégica
implementação dos encontro
da rede local de mobilização
objetivos estratégicos
social de modo a desenvolver
legitimidade, coerência e foco das
ações desenvolvidas.
8352
sT 2000
NF
#
40
18-54
* *
R1 1500
(p
AS 30
T
55+
*
g/ (U/
1000 20
mL L)
)
500 10
0 0
P T P T
Figura 2. (a) Níveis de sTNFR1 e (b) níveis de TGO no soro de pacientes adultos e idosos
com a doença segundo a evolução cronológica com variável categórica. P (precoce) = 0-
4 dias de sintomas; T (tardio) = 5 ou mais dias de sintomas. *P<0,05 em relação ao grupo
controle (adultos jovens). #P<0,05 em relação ao grupo de indivíduos idosos na fase
precoce da doença.
8353
Figura 3. Aplicação das oficinas para implementação de uma rede de mobilização Social em
8354
Figura 4. Evolução do LIRAa – Governador Valadares 2006 - 2018
8355
A VIVÊNCIA EXTENSIONISTA A PARTIR DO OLHAR DOS ACADEMICOS E PROFESSOR DO
ENSINO INFANTIL PARTICIPANTES DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE AS
VERMINOSES
Augusto José bezerra de Andrade1; Maria Micaely de Souza Freitas2; Marcio Adriano
Fernandes Barreto3; Ellany Gurgel Cosme do Nascimento4; Edvaldo Pereira da Silva
Filho5.
Resumo
Introdução: Parasitoses humanas são grave problema de saúde pública mundialmente,
ocorrem principalmente onde as condições de saneamento básico e higiene são
precárias. Mesmo afetando todas as faixas etárias, as crianças escolares são as mais
acometidas e de forma mais grave. Necessita-se mobilização comunitária utilizando a
educação em saúde no combate dessas patologias. A extensão universitária é a melhor
possibilidade de a articulação entre o ensino e a pesquisa de forma indissociável,
viabilizando a relação transformadora entre Universidade e sociedade. Objetivo: relatar
as ações de educação em saúde sobre as verminoses do Projeto de Extensão Avaliação
Parasitologica em Manipuladores de Alimentos das Escolas Públicas de Pau Dos
Ferros/RN (PROEPA), em uma instituição educacional do interior da região nordeste do
Brasil, a partir da percepção dos membros do projeto e professor da instituição.
Metodologia: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência sobre as ações
extencionistas do PROEPA em uma creche municipal, a partir da ótica dos metros do
projeto e de um professor da creche. Resultados: O professor relatou que a parceria
entre Escola e Universidade promoveu um êxito na relação escola/família, percebendo
que a maioria dos pais acolheu o PROEPA, seguiram as suas recomendações e que
houve impacto na qualidade de vida das crianças, sendo importante para a instituição
educacional. Os membros do projeto relataram que experiências como estas
desenvolvem habilidades essências para a formação de enfermagem, por aproximar da
1
Universidade do Estado do Rio grande do Norte, Curso de Graduação em Enfermagem – UERN.
2
Universidade do Estado do Rio grande do Norte, Curso de Graduação em Enfermagem – UERN.
3
Universidade do Estado do Rio grande do Norte, Curso de Graduação em Enfermagem – UERN.
4
Universidade do Estado do Rio grande do Norte, Curso de Graduação em Medicina – UERN.
5
Universidade do Estado do Rio grande do Norte, Curso de Graduação em Pedagogia – UERN
8356
população, desenvolvendo o pensamento humanizado e voltado para o social.
Conclusão: A extensão é articuladora entre ensino e a pesquisa e entre comunidade e
Universidade, um campo propício para a formação de enfermeiros, e para empoderar a
sociedade. Deve permear a graduação do começo ao fim, e mais projetos e ações devem
ser desenvolvidas visando aproximar ainda mais a Universidade da comunidade.
Introdução
As parasitoses humanas configuram-se como grave problema de saúde pública.
Estima-se que 2 bilhões de pessoas são afetadas por organismos parasitas em todo o
mundo, sua prevalência é maior em países de terceiro mundo, em populações
socioeconômico desfavorecidas, adquiridos através da ingestão de água, alimentos
contaminados ou por meio de vetores biológicos. O quadro clínico de cada verminose
varia de acordo com o parasita, que pode acarretar grave desnutrição, e em casos
extremos pode levar a óbito, caso não seja tratada (SILVA; FONTES, 2017; ARRAIS-
SILVA et al., 2017; SANTOS; FERREIRA; LIMA, 2015).
No Brasil, essas doenças ocorrem nas diversas regiões, graças ao clima tropical
que favorece o desenvolvimento das mesmas, principalmente nas mais pobres, onde as
condições de saneamento básico e higiene são precárias, acometendo diferentes faixas
etárias da população, relacionando-se a níveis socioeconômicos mais baixos e
condições precárias de saneamento (PESSOA; FERNADES; FERRO, 2014; SANTOS;
FERREIRA; LIMA, 2015).
Mesmo essas doenças afetando todas as faixas etárias, as crianças tendem a
apresentar um elevado índice de enteroparasitose, doenças cujos agentes etiológicos
são helmintos e protozoários que se alojam no intestino de seus hospedeiros
provocando patologias. Crianças em idade escolar são as mais acometidas e de forma
mais grave pelas parasitoses intestinais, sendo consideradas creches e escolas, os
ambientes externos ao doméstico que as crianças mais frequentam, tornam-se
potenciais ambientes de risco de contaminação coletiva (SILVA; FONTES, 2017;
PESSOAS; FERNADES; FERRO, 2014; SANTOS; FERREIRA; LIMA, 2015).
Considerando a gravidade do problema, investir em atividades que visem a
diminuir o impacto dessas parasitoses no desenvolvimento humano, é um desafio que
exige mobilização de ações multissetoriais e interdisciplinares que, em conjunto,
reduzam os determinantes culturais, socioeconômicos e ambientais ligados ao
8357
parasitismo. Necessita-se mobilização comunitária utilizando a educação em saúde,
como ferramenta para o combate dessas patologias, cujo objetivo é discutir a saúde
através de práticas de ensino, geradoras de conhecimento sobre a prevenção dessas
doenças (SANTOS; FERREIRA; LIMA, 2015; ARRAIS-SILVA et al., 2017; SILVA; FONTES,
2017).
Para a educação em saúde ser efetiva é necessário que vá além do o
conhecimento do assunto, mas que valores, crenças e meios de como evitar ou controlar
sejam lecionados. Quando estas variáveis são consideradas tornam os alunos aptos a
fazerem escolhas e terem hábitos mais saudáveis. Quando estes itens são agregados ao
ensino, supera-se a ênfase dada a conteúdos desprovidos de significado no contexto do
seu cotidiano. Ao se trabalhar com conteúdo que tenha significado nas suas vidas
possibilita ao aluno aplicar os conhecimentos adquiridos no seu dia a dia. Deve-se
educar de forma que os escolares não sejam meramente receptores, mas sim atores,
fazendo a educação em verminose ser a força motriz por trás do controle desse
problema de saúde pública (SILVA JUNIOR et al., 2015).
Nessa perspectiva o lúdico é uma importante estratégia didática de auxílio aos
processos de ensino e aprendizagem, uma força motivadora para os escolares
construam um conhecimento significativo. Dessa forma, o lúdico pode ser utilizado no
estudo de verminoses humanas. Desenvolver um trabalho educativo com esta
abordagem poderá ampliar o conhecimento das crianças, e seus familiares em torno dos
cuidados com a saúde, já que o processo de aprendizagem nessa perspectiva favorece o
desenvolvimento dos indivíduos para que se tornem cidadãos capazes, emancipados e
coparticipantes do seu processo saúde/doença (LEITE; BRANCALHÃO, 2008; OLIVEIRA;
COSTA; ROCHA, 2017).
Nessa busca por articular esforços no combate a essa problemática a
Universidade assume um papel importante, sendo está um cenário que agrega saberes
heterogêneos. É a base para a formação dos estudantes, para uma carreira profissional e
também para estender os limites do conhecimento, intensificar a criatividade e moldar a
identidade de uma nação. Uma de suas maiores virtudes é o compromisso social
expresso por meio de ações de pesquisa, ensino e extensão, que são a base do ensino
superior. O exercício de tais funções é a excelência na graduação, imprescindível para à
formação de um profissional cidadão relacionado com a apropriação e produção do
conhecimento científico e compromissado com a realidade social (FERNANDES et al.,
2012).
Portanto, como é objetivo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte –
UERN a missão de “promover a formação de profissionais competentes, críticos e
8358
criativos, para o exercício da cidadania, além de produzir e difundir conhecimentos
científicos, técnicos e culturais que contribuam para o desenvolvimento sustentável da
região e do País”. O Curso de Enfermagem, do Campus Avançado Profª Maria Elisa de
Albuquerque Maia – CAMEAM, da UERN, tem como um de seus objetivos elaborar e
executar projetos para desenvolvimento dos componentes curriculares para além da
sala de aula, promovendo a construção do fazer e pensar reflexivo através do tripé
ensino-pesquisa-extensão, partindo disso o seu currículo além dos componentes
curriculares obrigatórios e optativos que somam 4935 horas, integraliza-se com
atividades complementares (pesquisa, ensino e extensão) que totalizam 210 horas
(UERN, 2015).
Dentro desta trindade, a extensão universitária, configurando-se como processo
educativo cultural, científico e educacional, é a melhor possibilidade de a articulação
entre o ensino e a pesquisa de forma indissociável, viabilizando a relação
transformadora entre universidade e sociedade. De modo a configura-se como um
excelente meio de desenvolvimento de metodologias ativas de aprendizado, pois
possibilita formar profissionais capazes de aplicar na prática os conhecimentos
adquiridos em sala de aula, permitindo uma reflexão sobre seu papel nesses cenários e,
por consequência, buscar sempre soluções para mudar a realidade de sujeitos e
coletividades (MOIMAZ et al., 2015; SILVA et al., 2017).
Destarte, o objetivo desse estudo é relatar as ações de educação em saúde sobre
as verminoses do Projeto de Extensão Avaliação Parasitologica em Manipuladores de
Alimentos das Escolas Públicas de Pau Dos Ferros/RN (PROEPA), em uma instituição
educacional do interior da região nordeste do Brasil, a partir da percepção dos membros
do projeto e professor da instituição.
Metodologia
Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, a respeito de ações
desenvolvidas pelo Projeto de Extensão Avaliação Parasitologica em Manipuladores de
Alimentos das Escolas Públicas de Pau Dos Ferros/RN (PROEPA) Creche Municipal Saci
Pererê, escola da rede municipal a qual possuía 64 alunos no Ensino Infantil (segundo
dados do Censo Escolar de 2016).
O município supracitado está situado na mesorregião do Oeste Potiguar, na
microrregião de Pau dos Ferros e distante da capital do Estado, Natal, cerca de 392 Km
(PAU DOS FERROS, 2018).
8359
O PROEPA é um projeto de extensão vinculado ao Curso de Enfermagem do
CAMEAM/UERN que atualmente conta com 2 professores, 1 técnico de nível superior e 9
discentes, objetiva avaliar os manipuladores de alimentos, funcionários, professores e
escolares e implementar estratégias de educação em saúde, encaminhamentos e
acompanhamentos visando interromper o ciclo biológico dos parasitas intestinais. O
projeto vem desenvolvendo habilidades de comunicação, apresentando-se de muita
relevância para a formação saúde/enfermagem no sentido de transpor os muros da
Universidade aproximando-se da comunidade, conhecendo na prática as diversas
realidades e necessidades vivenciadas entre os sujeitos. O projeto atua com suas ações
desde o segundo semestre de 2008 (NETO et al., 2013).
Foi decidido, em uma das reuniões ordinárias do projeto que ocorrem
semanalmente, a realização de uma ação de intervenção na Creche Saci Pererê,
ocorrendo no primeiro semestre de 2016, em reunião foram discutidas e decididas as
estratégias metodológicas utilizadas, seguindo a linha de trabalho do projeto, optou-se
por estratégias lúdicas para se trabalhar a problemática das verminoses afim de alertar
para os riscos que as mesmas trazem para a saúde, como também, as recomendações de
cuidados para prevenção da contaminação por estás.
Dentre as atividades lúdicas utilizadas na intervenção estavam: o teatro de
fantoches; a aplicação de atividades didáticas em forma de brincadeiras; exposição de
vídeo interativo e pôr fim encenação da peça teatral intitulada “Creuzilda” de criação do
próprio PROEPA. Além da realização destas atividades, disponibilizou-se gratuitamente
a realização de exames parasitológico de fezes dos escolares, as amostras foram coletas
e analisados pelos próprios membros do projeto utilizando recursos próprios. Para tanto
foi solicitado que os responsáveis pelas crianças assinassem um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) autorizando a realização do exame,
juntamente com um questionário socioeconômico.
Antes da realização da implementação foi realizada uma visita a creche para
articular com a direção e o corpo docente os dias e horários para a intervenção, as
metodologias usadas e como os profissionais da instituição participariam das atividades,
como também o reconhecimento do ambiente e levantamento de crianças que
participariam das atividades.
Resultados
Para descrever o momento vivenciado serão expostos os relatos dos membros do
PROEPA e de um dos professores da instituição educacional.
8360
RELATO DO PROFESSOR
Na minha pouca experiência na Educação Infantil, senti imensa alegria em poder
participar de um projeto tão bonito como foi esse proposto pela UERN, pelos alunos do
PROEPA no Projeto de Extensão Avaliação Parasitológica em Manipuladores de
Alimentos das Escolas Públicas de Pau dos Ferros/RN.
A nossa Escola recebeu um grupo de alunos que focados na saúde pública,
realizaram um trabalho para esclarecer a comunidade sobre as verminoses (um grupo
de doenças causadas por vermes parasitas que se instalam no organismo, causadas
especialmente pela falta de saneamento básico e hábitos de higiene).
Ao ser inserido em nossa Instituição, esse grupo de graduandos iniciou com uma
pequena pesquisa sobre os nossos alunos de forma individual. Após o primeiro contato
aplicaram uma sequência didática para que as crianças pudessem compreender sobre o
tema que estava sendo pesquisado pelo grupo. Então eles utilizaram Teatrinho de
Fantoches, Vídeos temáticos sobre as verminoses, Tarefas escolares mostrando algumas
situações que apresentavam o tema.
Em outro determinado momento também, eles realizaram uma Palestra para
Pais, Alunos e toda comunidade escolar, esclarecendo a pesquisa, utilizando uma peça
teatral como recurso pedagógico, e debatendo sobre as verminoses e a importância da
proteção de todos.
Por fim colheram com um material especifico as fezes dos alunos, para examinarem se
estes apresentavam algum tipo de verminoses, já que os vermes geralmente se alojam
nos intestinos. Assim, levaram todo o material para análises e retornaram detectando
algumas crianças que precisavam de cuidados e tratamentos para o combate às
verminoses.
Foi sim um projeto belíssimo que chamou a atenção de toda comunidade escolar,
porém seria bem melhor que esse projeto tivesse continuidade, para que o
esclarecimento das famílias fosse de fato validado e que os hábitos fossem realmente
modificados com as suas crianças e com eles próprios. Já que na época do projeto
muitos pais se preocuparam em levar suas crianças a tratarem o que precisavam, sendo
esse um resultado específico desse projeto.
Acredito que nessa parceria entre Escola e Universidade teríamos um êxito bem
maior em nossa relação escola/família, foi muito gratificante perceber que a maioria
dos pais acolheu esse grupo de graduandos do PROEPA, seguiram as suas
recomendações e assim tiveram uma participação efetiva na qualidade de vida dos seus
filhos, bem como na instituição educacional em que estão inseridos.
8361
A nossa escola sempre estará de portas abertas para receber todo auxilio
necessário para o bem estar e educação dos nossos alunos e familiares, e esperamos
sim que outras parcerias com a UERN aconteçam, já que esse Projeto de Extensão
Avaliação Parasitológica em Manipuladores de Alimentos das Escolas Públicas de Pau
dos Ferros/RN obteve um grande êxito em nossa Instituição podendo assim contribuir
significativamente com nossa escola.
8362
processos desde a coleta das amostras, preparo e análise, como a entrega dos
resultados e orientações cabíveis e necessárias.
O que possibilita, além do exercício da pratica assistencial direta, desenvolver
uma maneira de pensar/fazer saúde coerente com as necessidades da população, como
também ser uma maneira de dar um retorno a sociedade sobre o que é produzido pela
Instituição de Ensino Superior UERN, já que a mesma é um órgão público financiado
pelo governo estadual, levando em conta também que essa articulação da Universidade
com a escola é uma forma promissora de interação com comunidade estreitando os
lações entre as partes reafirmando a sua importância social.
Assim, a realização de experiências como estas dentro de um projeto de
extensão como o PROPEPA proporciona, enquanto acadêmicos, o desenvolvimento de
habilidades como o planejamento, comunicação, interdisciplinaridade e
intersetoralidade, trabalho em equipe entre outras que são de suma importância para a
formação de enfermagem, como também a aproximação com a população tornando-nos
futuros profissionais com um pensamento mais humanizado e voltado para o social.
Discussão
As universidades públicas enfrentam dificuldades que levaram à precarização do
ensino superior, sob a influência de diversos fatores sócio-políticos que conduziram à
necessidade de produção de conhecimento imediato e comercializável e mão de obra
qualificada, comprometendo gravemente a qualidade do ensino produzido dentro da
instituição. Uma forma de resgatar a qualidade do ensino universitário é a
implementação de atividades de extensão, permitindo à academia ampliar os seus
horizontes para além das barreiras estruturais, abrindo espaço para que os discentes
tenham a oportunidade de fazer parte de diferentes cenários, tomando conhecimento
da realidade social de cada um deles e atuando ativamente na busca por respostas às
diversas demandas sociais (SANTOS, 2015).
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação Em
Enfermagem aponta que o perfil do formando, egresso/profissional deve ser um
enfermeiro, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Profissional
qualificado para o exercício de Enfermagem, com base no rigor científico e intelectual e
pautado em princípios éticos. Capaz de conhecer e intervir sobre os
problemas/situações de saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico
nacional, com ênfase na sua região de atuação, identificando as dimensões
biopsicosociais dos seus determinantes. Capacitado a atuar, com senso de
8363
responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde
integral do ser humano (BRASI, 2001).
Ainda no texto das DCNs a respeito das atividades complementares, sendo uma
delas a extensão, afirma que deverão ser desenvolvidas durante todo o Curso de
Graduação em Enfermagem e as Instituições de Ensino Superior deverão criar
mecanismos de aproveitamento de conhecimentos adquiridos pelo estudante. De modo
que os cursos se organizem a articular o ensino, pesquisa e extensão/assistência,
garantindo um ensino crítico, reflexivo e criativo, que leve a construção do perfil
almejado, estimulando a realização de experimentos e/ou de projetos; socializando o
conhecimento produzido, levando em conta a evolução epistemológica dos modelos
explicativos do processo saúde/doença (BRASIL, 2001).
Sendo assim, para promover aos acadêmicos o exercício de educação em saúde
deve-se inseri-los em projetos de extensão que articulam os conhecimentos construídos
com vivências práticas na comunidade, apresentando-se como oportunidade para
conhecer as necessidades relacionadas a saúde existentes na realidade. As ações de
extensão universitária integram os conhecimentos adquiridos na graduação e a
assistência prestada à comunidade, e constituem-se em um processo educativo, cultural
e científico que articula: ensino e pesquisa, e comunidade e academia, no qual os
estudantes encontram, na comunidade, oportunidade para construção do conhecimento
que resulta do confronto entre a realidade local, o saber acadêmico e a participação
popular nas ações da Universidade (SILVA et al., 2017; MOIMAZ et al., 2015).
A extensão universitária, entendida como parte indispensável do tripé formativo
acadêmico-profissional, é imprescindível para o pensar político-epistemológico-
metodológico da mesma, aloca-la no centro dos debates, entendendo-a como
possibilidade de inspiração de fazer praticas transformadores do ensino e da pesquisa. A
extensão é entendida como atividade formadora viabilizadora de diálogos com saberes
plurais, alicerçada na experiência e reflexão vivenciadas nos diversos espaços
socioculturais, nos quais as referências e intencionalidades formativas produzem
sentidos também diversos e plurais. Pensar a atividade de extensão como instrumento
consiste em perceber a sua potência formativa acadêmica-profissional, que promove o
feedback da teoria e da prática, ou seja, uma formação como práxis. Nesse movimento,
a teoria ilumina a prática, sendo a primeira resinificada pela prática, e esta,
transformada em função da reflexão na ação e sobre a reflexão na ação (RIBEIRO;
PONTES; SILVA, 2017; SANTOS, 2015).
Assim, os projetos de extensão revelam-se ser um importante instrumento para o
processo individual e coletivo de formação acadêmica, que não se limita ao tradicional,
8364
uma vez que, contribui para uma formação em saúde mais humanista, generalista e
preparado para atuar frente à situação de saúde do país, como preconizam as diretrizes
curriculares. Os acadêmicos extensionistas são estimulados em relação a sua
criatividade e a didática; incentiva a busca por informação científica e maneiras de
traduzi-las para a população, aprimorando as práticas educadoras e assistenciais (DAUN;
GAMBARDELLA, 2016; MOIMAZ et al., 2015).
Dessa forma, o ensino a pesquisa e a extensão devem trabalhados de forma
conjunta nas Universidades, pois o ensino meramente transmissivo quebra o elo da
indissociabilidade, comprometendo a qualidade do processo de aprendizagem.
Trabalhos que envolvam grupos populares da comunidade, como no caso a comunidade
escolar, devem ser presentes, possibilitando a construção de uma cultura acadêmica
com espaços de integração entre a sociedade e a Universidade. De modo que a
Universidade esteja inserida permanentemente na comunidade, trocando experiências,
assimilando, revendo valores e prioridades que permitam que a população se
identifique como sujeito de sua própria história, proporcionando consequentes
mudanças das condições de vidas, superando problemas sociais encontrados na própria
comunidade (FERREIRA et al., 2012; MOREIRA et al., 2015; SANTOS, 2015).
Conclusão/Considerações Finais
Foi possível perceber, através das falas dos alunos extencionistas e do professor
que representou a creche, que a ação foi exitosa e contribui muito para ambas as partes,
como também foi satisfatória para a comunidade escolar de maneira geral. De forma a
expor a relevância da extensão para a Universidade e para a comunidade, estreitando os
laços e reduzindo as barreiras existentes.
Investir em ações como estas do PROEPA são importantíssimas, tanto para a
comunidade que ganha mais um canal para expor suas necessidades e obterem resposta
e retorno as suas demandas, tendo garantida seu direito a uma educação em saúde de
qualidade e condizente com suas necessidades, como para a Universidade que através
dessa inserção na comunidade reafirma seu papel social e a importância para a região
onde está situada, podendo contribuir com a difusão dos conhecimentos construídos em
seu interior, democratizando-os.
Para os alunos que integram o projeto tal articulação entre comunidade e
Universidade, nesse movimento de ultrapassar os “muros” da instituição, promove a
formação verdadeiramente articulada com a realidade onde a práxis está fundamenta
em um pensar fazer que realmente atenda as demandas sócias, de forma a se perceber
quais os reais problemas que as pessoas enfrentam no seu dia a dia, pois esse
8365
movimento possibilita articular os conhecimentos desenvolvidos na graduação com a
realidade, mostrando como realmente devem ser aplicados de modo a ser resolutivos e
eficientes.
Assim a extensão, além de ser uma articuladora entre ensino e a pesquisa e entre
comunidade e Universidade, é um campo propício para a formação de enfermeiros que
atendam ao objetivo das DCNs, como também, para o empoderamento da sociedade
que mesmo estando além dos muros da Universidade não deixa de ser o ator principal
da sua razão de ser.
Desse modo a extensão deve permear a graduação do começo ao fim, e mais
projetos e ações devem ser desenvolvidas visando aproximar ainda mais a Universidade
da comunidade, como aproximar os futuros profissionais do público a qual iram
desenvolver seus trabalhos, visando assim a derrubada total dos “muro” que ainda
afastam o fazer universitário da realidade social.
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em: 10 de março de 2018.
8369
A INTERDISCIPLINARIDADE NAS ÁREAS DA SAÚDE E EDUCAÇÃO OPORTUNIZADA POR
MEIO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Cintia Baião Barros Tavares; Herbene Fernandes Pimenta; Georgia Gonçalves Alexandre;
Marlla Héllen do Nascimento Aráujo; Maria Gerlaine Belchior Amaral; Alana Kelly Maia
Macedo Nobre de Lima; João Pedro Pereira da Silva; Nadaedja Tatjana Roberto Moesia;
Ana Raquel Rolim Passos
Resumo
8370
Palavras-chave: Hospitalização; Humanização; Interdisciplinaridade; Práticas Educativas
INTRODUÇÃO
8371
O Projeto de Extensão Universitária intitulado Integração Ensino-serviço na
humanização do cuidado às crianças e adolescentes hospitalizados, foi desenvolvido no
Vale ressaltar, a importância dos múltiplos aspectos contemplados por meio das
atividades realizadas. Era possível alcançar a dimensão social, cognitiva e emocional
dos usuários desta Unidade Hospitalar por meio da prática da leitura, das brincadeiras,
do lúdico e das muitas formas pelas quais passamos informações relevantes para o
público do HUJB, em especial as crianças e adolescentes internos. De modo intencional
buscou-se transmitir informações, relacionadas à saúde e a educação por meio de
panfletos elaborados e distribuídos, por nós, estudantes vinculados ao projeto. As
informações e os demais assuntos eram socializados por meio de dinâmicas e atividades
as quais eram trabalhadas com todo o público do Hospital. Pode-se dizer que as muitas
ações desenvolvidas alcançavam os 03 grupos a quem se destinava o projeto, a saber:
funcionários, acompanhantes e crianças ou adolescentes hospitalizados.
8372
Seus vínculos com os outros fazem parte de sua própria natureza.
Desse modo, nem o desenvolvimento da criança, nem o
diagnóstico de suas aptidões, nem suas educações podem ser
analisadas se seus vínculos sociais forem ignorados. A noção de
zona de desenvolvimento proximal ilustra, precisamente, esta
concepção. Esta zona é definida como a diferença (expressa em
unidades de tempo) entre os desempenhos da criança por si
própria e os desempenhos da mesma criança trabalhando em
colaboração e com a assistência de um adulto. (VYGOTSKY, 2010,
p. 32)
8373
e vivenciadas por um grupo de pessoas com seus valores culturais
e relações sociais. (BRASIL, 2013, p.23)
8374
tecnologias que necessitam ser implementadas para assegurar as
diretrizes (LIMA; AMARAL; BATISTA, 2017, p. 171).
Por sua vez, a interdisciplinaridade pode ser viabilizada por meio da extensão. A
Política Nacional de Extensão Universitária (2012, p. 31), aponta que uma das diretrizes
8375
das ações extensionistas é promover a interdisciplinaridade a fim de “ buscar superar
essa dicotomia, combinando especialização e consideração da complexidade inerente às
comunidades, setores e grupos sociais, com os quais se desenvolvem as ações de
Extensão
8376
educativas nãoescolares; III - produção e difusão do
conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em
contextos escolares e não-escolares.
A referida Resolução, em seu Art. 5º. Inciso IV, preconiza que o egresso do curso de
8377
indisposto para estudar a fundo determinado conteúdo. Tanto que, Batista (2006)
afirma, ao citar Batista e colaboradores, Fuerwerker e Almeida, que existem dificuldades
no ensino em saúde, como:
Ainda de acordo com Garcia et al (2007) por parte dos alunos, a competição entre
cursos, o desconhecimento do papel de cada área profissional, a prepotência aliada ao
egoísmo e a falta de humildade, bem como a falta de iniciativa, por parte dos
professores, são barreiras que dificultam o trabalho interdisciplinar.
8378
um grupo profissional amplamente distribuído, havendo uma rica diversidade de papéis,
funções e responsabilidades.
Disto isto, pode-se articular esse pensamento aos estigmas existentes entre o
curso de medicina e de licenciatura, por exemplo. Ou ainda, entre enfermagem e
medicina. As relações são vistas como meio de ferir o outro em sua respectiva área de
atuação, mas, ao participar de uma extensão, que dialoga saberes da educação e da
saúde, as percepções são moldadas no decorrer do tempo, pois se torna essencial o bom
convívio para a efetivação dos objetivos do projeto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8379
Concluindo, o projeto possibilitou-nos desenvolver um trabalho interdisciplinar, o
qual, por meio da extensão universitária, estabeleceu uma interlocução entre as áreas
da Saúde e da Educação. Assim como, reduz os estigmas existente em ambas áreas.
Mediante a interlocução dessas duas áreas, foi possível promover às crianças e aos
adolescentes hospitalizados um serviço humanizado por meio das ações pedagógicas.
Nas quais, minimizam o sofrimento, a agonia, o estresse do ambiente hospitalar,
propiciando brincadeiras, atividades lúdicas, a humanização no HUJB.
REFERÊNCIAS
8380
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8381
PERCURSO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DE UM PROJETO DE EXTENSÃO: UM RELATO DAS
EXPERIMENTAÇÕES VIVENCIADAS
Resumo
Neste trabalho são apresentados os dispositivos politico-pedagógicos atrelados à
dinamização do Projeto de Extensão Sala de Espera do Campus Avançado de
Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora, PESE-UFJF/GV. Foi quali
e transversalmente estruturado sob estratégia narrativo-descritiva e moldado à técnica
argumentativa. Deste percurso metodológico, que mensurou as vivências
experimentadas pelo PESE-UFJF/GV na Unidade de Atenção Primária de Saúde (UAPS)
do bairro Esperança, em Governador Valadares-MG, algumas inferências ganharam
destaque: 1) a importância da capacitação e da ambientalização dos discentes
extensionistas antes de inseri-los em campo; 2) o enlaçamento ensino-serviço-
comunidade; 3) a lógica de trabalho interprofissional (Farmácia, Fisioterapia, Medicina,
Nutrição e Odontologia); 4) a estruturação das equipes extensionistas em frentes de
trabalho, ampliando a cobertura populacional assistida; 5) a escuta do serviço na
identificação dos problemas, contextualizando as atividades extensionistas; 6) a
efetividade do instrumento “TPC” (Teorizar-Praticar-Criticar) na concepção de uma
lógica de trabalho extensionista crítica e reflexiva; 7) o reconhecimento do potencial
dos ambientes de espera como território dinâmico e fértil para a implantação de ações
educativas; 8) a disseminação, em espaços científicos, dos aprendizados advindos da
extensão. Por fim, de posse das ponderações elencadas, o trabalho reforça o papel da
extensão universitária na formação acadêmica mais contextualizada e humanizada.
Afinal, extensão é inserir vida no ensino superior, é dinamizar espaços em prol da tão
almejada interface ensino-serviço-comunidade.
1
Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Avançado de Governador Valadares (UFJF-GV). 2
Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Sede de Juiz de Fora (UFJF-JF).
8382
Palavras-chave: Relações Interinstitucionais; Relações Interprofissionais; Relações
Comunidade-Instituição; Educação em Saúde; Sala de espera.
Introdução
Em junho de 2014, direcionado pelas demanadas dos serviços públicos de saúde local,
estruturou-se o “Projeto de Extensão Sala de Espera do Campus Avançado de Governador
Neste movimento, o PESE-UFJF/GV não apenas pluralizou cenários práticos para uma
formação mais direcionada às necessidades do Sistema Único de Saúde, SUS, bem como
atuou no provimento da tão almejada articulação entre “ensino” (UFJF/GV, contexto
teórico),
Uma lógica de trabalho corroborante ao dito por Albuquerque et al. (2008) e Madeira
(2006), que reconhecem na extensão universitária um importante território acadêmico
para a concepção do enlace ensino-serviço-comunidade. Neste engenho, os autores
também destacam o fundamental papel desta articulação junto à reorientação da
formação dos profissionais de saúde, afinal, são nos espaços extensionistas que se dão
a socialização do resultado de um fato (pesquisa) e/ou de um aprendizado (ensino).
Alinhados ao contexto, Almeida, Pereira, Oliveira (2016) e Almeida, Pereira, Bara (2009)
evidenciam que das vivências que promulgam a indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão se dinamiza um círculo virtuoso, onde uma modalidade estimula a
produção da outra, por conseguinte, promovendo a redução do persistente e fragilizante
hiato entre o pensar e o fazer. Corroborando, sob ótica maior, alimentado pelos estudos
de Tinti (2015), pode-se afirmar que a sustentabilidade do processo educacional se
esbarra na dialética relação entre teoria e prática.
8383
elaborados sistemas de avaliação da produção científica e da
qualidade dos cursos; já a extensão universitária, por outro
lado, não recebeu a mesma ênfase, nem sofreu as
transformações necessárias em ritmo e intensidade pertinentes
para acompanhar a evolução do ensino superior”.
Por fim, atravessado pela provocação, o presente estudo não apenas se justifica, como
alicerçou o seu propósito, o de prover um recorte analítico das experimentações
politicopedagógicas vivenciadas pelo “Projeto de Extensão Sala de Espera do Campus
Avançado de Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (PESE-UFJF/GV)”.
Metodologia
Aprovado por Comitê de Ética em pesquisa (2.056.630/10-05-2017), em linhas gerais,
este trabalho, transversal, foi qualitativamente estruturado sob estratégia narrativo-
descritiva e moldado à técnica argumentativa.
8384
Por sua transversalidade, de novembro de 2015 a dezembro de 2016, as apreciações
referendam as vivências extensionistas desenvolvidas na Unidade de Anteção Primária
de Saúde (UAPS) do bairro Esperança, no município de Governador Valadares (GV-MG).
Neste espaço de referência estão adscritas a população de três Estratégias de Saúde da
Família (ESF-Esperança, ESF-Nossa Senhora das Graças e ESF-Distrito Sanitário III).
Resultados e Discussão
Didaticamente, a dinamização do PESE-UFJF/GV foi sistematizada em dois períodos,
“Pré-intervenção” e “Intervenção”.
8385
acadêmicos extensionistas” frente aos seus futuros desafios práticos: a dinamização dos
espaços de espera da UAPS-Esperança/GV-MG.
Refletindo sobre o retratado, pode-se deduzir uma ampliação no olhar dos discentes
junto às complexidades histórico-existenciais nos polissêmicos ambientes de espera,
reconhecendo neles um intrincado cenário de práticas e representações em saúde.
Inferência que se faz presente no dito por Teixeira e Veloso (2006), p.322,
8386
“ensino” (cenários formativos contextualizados e afinados aos princípios e diretrizes do
SUS), “serviço” (sala de espera dinamizada conforme as demandas próprias da
UAPS/Esperança) e “comunidade” (acesso a serviços de promoção e prevenção em saúde
durante o momento de espera).
Lógica de trabalho que vai de encontro aos preceitos de Freire (1983), que define
extensão aos moldes da “via de mão dupla”. Assim, sustentada pela quebra da
verticalidade e do paternalismo, a academia não apenas leva informações para a
comunidade (ensino), como traz para o cenário universitário vivências (extensão) e
dados coletados e interpretados cientificamente (pesquisa).
Por fim, a ambientalização do canário de trabalho, onde cada grupo teve uma visita
agendada (12/01/2016-G1, 13/01-G2 e 15/01-G3, às 7:00 horas) e assistida (designado
um profissional da unidade) na UAPS-Esperança, fazendo reconhecimento do seu
espaço físico, dos serviços ofertados, dos recursos humanos que a compõem, da sua
8387
cobertura populacional, bem como da caracterização de seus usuários em horário de
espera.
8388
Não obstante, perpassadas pela sistematização do “TPC”, em 2016, todas as vivências
experimentadas pelo PESE-UFJF/GV se sequenciaram em três etapas: “Teorizando/O
pensar”; “Praticando/O fazer”; “Criticando/O refletir”.
Permeados pela indagação, a equipe do projeto buscou sua resposta no resgate de sua
prévia pactualização, onde ficara definido o papel ativo dos gestores da UAPS-
Esperança na determinação dos enfoques a serem abarcados.
Contudo, apesar de sua importância, Almeida, Pereira e Oliveira (2016) reiteram que
este período de escuta é burlado com frequência por projetos de extensão,
consequentemente, p. 747, “gerando um modelo de trabalho vertical-paternalista,
assistencialista e, principalmente, descontextualizado do controle social”.
Retomando a continuidade do “TPC”, consciente de seus enfrentamentos temáticos, a
equipe extensionista segue para a “Interiorização acadêmica”. Exercício que se replicou
nas quatro vivências experimentadas pelo PESE-UFJF/GV.
8389
Daqui pode-se reconhecer o papel ativo-indutor do “TPC” na tão almejada
indissociabilidade formativa se realçou. Afinal, se viu o acadêmico, em extensão,
resgatando (ensino) e construindo (pesquisa) saberes.
Uma reflexão que se encorpa com o firmado por Freire (1983), p. 27, “A prática,
por sua vez, ganha uma significação nova ao ser iluminada por uma teoria da qual o sujeito
que atua se apropria lucidamente”.
extensionistas (“O que é?”; “Como percebo no meu corpo/espaço; “Como prevenir/tratar?”).
No tempo, frisou-se também a preocupação com o controle da durabilidade da
atividade, entre dez e quinze minutos.
8390
apetrechos poderiam ser utilizados tanto por usuários em outros momentos de espera,
quanto pela própria equipe de saúde em outras estratégias de atenção, como visita
domiciliar e grupos operativos.
Além do mais, esta pedagogia histórico-crítica encontra suporte nas reflexões de Freire
(1983), que reconhece na prática social os pontos de partida e chegada da educação.
Pode-se afirmar que esta etapa teve papel fundamental na preparação da equipe
extensionista. Afinal, ela marca, de forma gradual, a mundaça nas funções dos
discentes, que se deslocam da condição de observadores para interventores.
8391
Figura 02: Educação em Saúde na Sala de espera da UAPS/Esperança, GV - MG (Autores,
2018)
Contudo, apesar do êxito nas execuções dos planos de ação, ficou evidente o
sobrepujamento da realidade prática sobre as expectativas teóricas. Foi justamente
deste confronto entre “teoria/expectativa” e “prática/realidade” que o PESE-UFJF/GV se
percebeu como agente ativo no processo de aprendizagem dos extensionistas. Afinal, os
acadêmicos puderam perceber que suas funções extrapolavam o “executar”. Deles foram
também exigidas outras habilidades, pautadas na plasticidade do“adaptar”, do “criar”, do
Percepções que se alicerçam no firmado por Almeida, Pereira e Oliveira (2016), p.747
Indo além, engendra-se que a teoria não se torna diminuta diante da realidade, pelo
contrário, ela ganha forma, sentido, em suma, se justifica.
Neste prisma, como dito por Rossetti (1999), p.77, “Não se deve adaptar os
pacientes à ciência, deve-se adaptar a ciência às pessoas”. Complementando, o mesmo
autor, p.27, “Aos doutores, ensiná-los a pensar, não aplicar técnicas ou receitas”.
8392
É óbvio que não se poderia esperar, pelo menos em totalidade, a compreensão dos
graduandos extensionistas das reflexões supradescritas. Por isso a terceira e última
etapa do
8393
saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde, SUS (ALMEIDA, ANDRADE, ZACARON,
2016; VALENTE et al., 2015; ZAMBENEDETTI, 2012; ROSA, BARTH, GERMANI, 2011;
TEIXEIRA, VELOSO, 2006).
Deste processo, até então, das quatro vivências temáticas experimentadas (“Aedes
aegypti”, “Doenças sexualmente transmissíveis”, “Tabagismo” e “Leishmaniose”), algumas
publicações já aconteceram (ALMEIDA et al., 2016-a; ALMEIDA et al., 2016-b; ALMEIDA
et al., 2017-a; ALMEIDA et al., 2017-b), além da aprovação e do andamento avaliativo
de outros trabalhos.
Por fim, na intenção de justificar este momento, Almeida, Pereira e Oliveira (2016),
p.747, argumentam que
Conclusão/Considerações Finais
Após análise detalhada dos dispositivos politico-pedagógicos atrelados à dinamização
do PESE-UFJF/GV, credita-se neste trabalho um reforço do fundamental papel da
extensão universitária junto a uma formação acadêmica de qualidade. Depositou-se nas
vivências experimentadas uma oportunidade de preparação dos futuros profissionais de
saúde a uma prática direcionada às solutividades das verdadeiras aflições que assolam a
população brasileira. Afinal, extensão é isso, inserir vida no ensino superior, é dinamizar
espaços em prol das tão almejadas integralidade e indissociabilidade.
8394
Referências
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8396
“LEISHMANIOSE” EM FOCO: UMA EXPERIÊNCIA
EXTENSIONISTA
Luiz Eduardo de ALMEIDA1; Valéria de OLIVEIRA1; Mabel Miluska Suca SALAS1; Diego
Machado de OLIVEIRA1; Larisse Martins AGUIAR1; Marília Nalon de OLIVEIRA2.
Resumo
Neste estudo são apresentadas as experimentações do “Projeto de Extensão Sala de
Espera do
Campus Avançado de Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora
(PESEUFJF/GV)” na “Unidade de Atenção Primária de Saúde (UAPS) do bairro Esperança
do município de Governador Valadares, Minas Gerais (GV-MG)”. O presente relato, sob
estratégia narrativo-descritiva e moldado à técnica argumentativa, foi quali e
transversalmente estruturado. Em ação, direcionada pelas demandas do serviço local,
abarcando a temática “Leishmaniose”, coube à equipe extensionista o desenvolvimento
de atividades educativopreventivas. Frente à demanda, utilizando-se da sistematização
do instrumento pedagógico “TPC (Teorizando, Praticando e Criticando)”, foram
programadas e desenvolvidas três ações, sendo: 1.Sala de espera, 2.Roda de conversa
com Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e 3.Visitas domiciliares. Das vivências foram
elencados pontos positivos (A escuta do serviço; A aproximação e a adesão dos
usuários, bem como dos profissionais da UAPS, junto às atividades propostas; A
diferenciação no processo formativo, pautada na linguagem da interprofissionalidade; A
presença do corpo docente nos cenários de prática) e negativos (A dificuldade de avaliar
as atividades desenvolvidas sob o olhar do usuário; O não alinhamento dos horários de
aula com as atividades de extensão; A falta de identificação da instituição junto à
comunidade). Por fim, baseando-se na análise dos resultados alcançados, a equipe
extensionista consagrou todas as atividades como exitosas, dedicando esta conclusão
não apenas aos pontos positivos levantados, pelo contrário, reconheceram nos erros o
1
Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Avançado de Governador Valadares (UFJF-GV). Pró-
Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (Proex-UFJF).
2
Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Sede (UFJF-JF). Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade Federal de Juiz de Fora (Proex-UFJF).
8397
papel fundamental para um aprendizado mais coerente com a realidade. Em conclusão,
o trabalho reforça o papel da extensão universitária na formação acadêmica mais
contextualizada e humanizada. Afinal, extensão é inserir vida no ensino superior, é
dinamizar espaços em prol da tão almejada interface ensino-serviço-comunidade.
Introdução
Na intenção de reforçar e direcionar o enlace ensino-serviço-comunidade, em 2014, sob
perspectiva macropolítica, a Prefeitura Municipal de Governador Valadares (PMGV),
representada pelo Departamento de Saúde Bucal (DSB/GV), alocado na Secretaria
Municipal de Saúde do município (SMS/GV), não apenas revelou algumas de suas
demandas reprimidas, bem como balizou a academia no “como” e “onde” ela poderia
colaborar.
Indo além, buscando ampliar sua cobertura, desde sua concepção, o projeto vem se
desenrolando de forma itinerante. Neste arranjo, anualmente (dois semestres letivos),
os cenários extensionistas se diversificaram. Afinal, vínculo em extensão não se
materializa na dependência, pelo contrário, atrela-se ao grau de autonomia alcançado
junto a seus assistidos.
8398
Não obstante, no fim de 2015, sob chancela do DSB/GV, o PESE-UFJF/GV se introduziu
na UAPS do bairro Esperança, onde assistiu três Estratégias de Saúde da Família (ESF-
Esperança, ESF-Nossa Senhora das Graças e ESF-Distrito Sanitário III).
Por fim, atravessado pelo exposto, o presente estudo não apenas se justifica, como
alicerçou o seu propósito, o de prover um recorte analítico das experimentações
politicopedagógicas vivenciadas pelo PESE-UFJF/GV, reconhecendo nesta modalidade
de estudo um importante espaço para dividir vivências - afinal, outros leitores podem se
identificar com determinados aspectos, situações e reflexões, ou seja, uma
oportunidade de autoanálise a partir do outro.
8399
Metodologia
Aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Juiz de Fora (2.056.630 –
10/05/2017), trata-se de um relato de experiência moldado à técnica qualitativo-
descritiva, estruturado sob estratégia narrativa.
Assim, o objeto deste estudo não se centrou no teste de hipóteses, o que se galgou foi a
construção de um espaço dissertativo nutrido pela autopercepção dos extensionistas do
PESEUFJF/GV frente às suas vivências experimentadas, destacando neste processo as
interfaces entre pontos positivos (forças) e negativos (fragilidades).
8400
Resultados e Discussão
Didaticamente, as atividades do PESE-UFJF/GV foram divididas em dois períodos
complementares, um teórico (escuta/diagnóstico de necessidades) e outro prático
(intervenção direcionada).
Deste ciclo teorizante se desprenderam quatro encontros, que totalizaram oito horas
(Dias 01 e 02 – 20/11 e 27/11/2015 – 04 horas – Promoção e prevenção em saúde nos
ambientes de espera: potencialidades e desafios; Dias 03 e 04 – 04/12 e 11/12/2015 –
04 horas - Planejamento estratégico situacional: a dinamização de atividades educativo-
preventivas em salas de espera).
Neste ínterim, merece destaque as técnicas de mediação, que se deram por diferentes
estratégias problematizadoras de ensino, destacando aulas expositivas, leitura crítica de
artigos científicos, grupos de discussão e oficina para construção de materiais didáticos
para educação em saúde.
Sobre o retratado, pode-se deduzir uma ampliação no olhar dos discentes junto às
complexidades histórico-existenciais nos polissêmicos ambientes de espera,
reconhecendo neles um intrincado cenário de práticas e representações em saúde.
8401
expressões psicossociais das pessoas e linguagem técnica e
científica”.
Por fim, a “Ambientalização dos envolvidos”, onde cada grupo teve uma visita agendada
(12/01/2016-G1, 13/01-G2 e 15/01-G3, às 7:00 horas) e assistida (designado um
profissional da unidade) na UAPS-Esperança, fazendo reconhecimento do seu espaço
físico, dos serviços ofertados, dos recursos humanos que a compõem, da sua cobertura
populacional, bem como da caracterização de seus usuários em horário de espera.
8402
Figura 1: Planejamento Estratégico: “Educação em Saúde na Extensão Universitária”
(Almeida, Pereira, Oliveira, p.746, 2016)
Aqui, tornam-se mister as considerações de Almeida, Pereira e Bara (2009). De acordo
com os estudiosos, p. 129, o “TPC”, não se consagra como uma “fórmula mágica para se
fazer extensão”, pelo contrário, a ferramenta apenas retrata a rica lógica do “ensinar a
fazer contextualizado”. Além, conforme os mesmos autores, o verdadeiro intuito do
instrumento se efetiva na redução do persistente hiato entre teoria e prática, que,
consecutivamente, se choca no necessário e desafiante alinhamento dos tempos de
trabalho entre serviço e academia.
A partir de então, interfaceando o instrumento “TPC” com a demanda prática do projeto,
sequenciaram-se três etapas: 1.Teorizando/“O pensar” (de 27/06 a 29/07/2016),
2.Praticando/“O fazer” (de 05/08 a 14/09/2016) e 3.Criticando/”O refletir” (de 23/09 a
16/12/2016).
Neste mesmo dia, ainda orientados pelo serviço, abarcados pela temática, definiram-se
três ações: 1.Sala de espera; 2.Capacitação de ACS; 3.Visitas domiciliares (atividade em
campo).
De acordo com Almeida, Pereira e Oliveira (2016), apesar de sua importância, esta etapa
de escuta é normalmente burlada por projetos de extensão, consequentemente,
8403
gerando um modelo de trabalho vertical-paternalista, assistencialista e, principalmente,
descontextualizado do controle social.
1997; OSBORN, 1987), a equipe do PESE-UFJF/GV bosquejou três ações, sendo elas: 1.
“Quando?”, “Como?”, “Quanto custa?”, “Por quê?” e “Como avaliar?” (ALMEIDA, PEREIRA,
OLIVEIRA, 2016).
Até aqui, pode-se afirmar que a lógica de trabalho se encorpa ao firmado por Freire
(1983), p. 27, “A prática, por sua vez, ganha uma significação nova ao ser iluminada por uma
teoria da qual o sujeito que atua se apropria lucidamente”.
8404
O “Treinamento” aconteceu no 05/08/2016, onde, sob orientação da coordenação
docente, os discentes apresentaram e, desde que necessário, alinharam, todas as
atividades programadas.
Este momento encontra respaldo ao dito por Almeida e Oliveira Júnior (2009), p. 64,
“treinar não é eximir-se do erro, pelo contrário, no treino, através da mimetização de uma
realidade, vislumbra-se capacitar uma equipe em prover estratégias secundárias para se
contornar os tão diversos e frequentes obstáculos da vida real”.
8405
Figura 2: “Leishmaniose” na Sala de espera: empoderamento do usuário (PESE-
UFJF/GV,
2016)
ACS o seu papel ativo na sinalização da presença, bem como dos desdobramentos, da
8406
Da primeira ação (1. “Leishmaniose” na Sala de espera: empoderamento do usuário), a
equipe do PESE-UFJF/GV evidenciou que os mecanismos utilizados para transmitir as
informações planejadas foram bem aceitos pelos pacientes e, até mesmo, pelos
profissionais ali presentes. Da atividade lúdica, percebeu-se seu papel ativo na
intensificação do despertar da atenção e na participação dos espectadores, portanto, se
consagrando como instrumento efetivo no reforço e na mensuração da apreensão dos
conteúdos teóricos abarcados na sala de espera. Para encerrar, quanto ao material
didático produzido pela equipe extensionista, além de afixado no quadro de aviso da
UAPS (“Cantinho da UFJF-GV”), foi direcionado aos ACS da unidade, desta forma, as
informações ali contidas ficam livres para carreamento, sejam para usuários em
diferentes momentos de espera, bem como no decorrer de visitas domiciliares.
8407
que passávamos, tiravam dúvidas e também complementavam
com os conhecimentos que já possuíam acerca do tema”.
“Foi a melhor experiência no Projeto de Extensão, pois nos
trouxe um retorno bastante positivo, tanto no sentido de
enxergar como nosso projeto estava tendo um impacto naquela
região (porque muitos já haviam presenciado nossas ações na
UAPS, e outros já haviam ouvido falar do que estávamos
realizando lá), quanto pela experiência e consciência que
criamos com esta ação (onde pudemos aprender com aquelas
pessoas que nos recebia em suas casas e com a ACS que nos
acompanhava, assim como pudemos nos sensibilizar com a vida
do outro e criar consciência de que o ser humano vai muito
além do que estávamos realizando ali (ele nos acolhe, nos
respeita, nos oferece um café e quer dialogar além do que
havíamos planejado, ele quer saber da nossa vida e quer nos
contar da dele)”.
8408
Nesta lógica, estes espaços podem contribuir significativamente para a promoção da
saúde, prevenção de agravos e encaminhamento para outras atividades, portanto,
encorpando e otimizando ainda mais o papel da atenção primária junto aos serviços de
saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde, SUS (ALMEIDA, ANDRADE, ZACARON,
2016; VALENTE et al., 2015; SILVA et al., 2013; ZAMBENEDETTI, 2012; PIMENTEL,
BARBOSA, CHAGAS, 2011; ROSA, BARTH, GERMANI, 2011; TEIXEIRA, VELOSO, 2006).
Enfim, o desenvolvimento do projeto se encerrou com a construção do “Relato de
Experiência”, período que se estendeu até o dia 16/12/2016. Afinal, corroborando com
Almeida, Pereira e Oliveira (2016), p.747, “é fundamental que as experimentações
extensionistas sejam compartilhadas, reconhecendo-se na publicação científica um dos mais
importantes instrumentos de divulgação. Entre as diversas metodologias, destaca-se o relato
de experiência, ressaltando que sua construção não deve ser direcionada apenas aos acertos,
ou seja, deve-se oferecer espaço também para discutir erros e fragilidades, já que uma
equipe aprende com os acertos e se transforma com os erros”.
Conclusão/Considerações Finais
Baseando-se nas descritas experimentações vivenciadas pelo Projeto de Extensão Sala
de Espera do Campus Avançado de Governador Valadares da Universidade Federal de
Juiz de Fora, UFJF/GV, PESE-UFJF/GV, algumas conquistas merecem destaque,
evidenciando:
Assim, não para concluir e sim para desafiar, acredita-se que este relato reforça o
fundamental papel da extensão universitária para uma formação acadêmica mais
contextualizada, de fato, às práticas profissionais voltadas para a solutividade das
8409
aflições da população brasileira. Afinal, extensão é isso, inserir vida no ensino superior,
é dinamizar espaços em prol da almejada coletividade.
Referências
ALMEIDA, L.E.; ANDRADE, L.M.D.; ZACARON, K.A.M. Sala de espera em extensão:
percursos para a implantação e consolidação de um projeto multiprofissional. Caminho
Aberto - Revista de Extensão do IFSC, 3(4): 124-127, 2016.
ALMEIDA, L.E; PEREIRA, M.N; BARA, E.F. Projeto de Extensão Sabiá: a introdução de uma
prática integralizadora no ensino odontológico. In: Almeida, Luiz Eduardo de
(organizador). Pró-Saúde: Ensino, Pesquisa e Extensão. Juiz de Fora: Editar Editora
Associada Ltda, 2009, pp.: 126-164.
ALMEIDA, L.E.; OLIVEIRA JÚNIOR, G.I. Sistema de Execução do Projeto. In: Pró-
Saúde: Ensino, Pesquisa e Extensão – Almeida, L.E. et al. Juiz de Fora: Editar Juiz de
Fora, 2009. pp.: 63-86.
8410
MAIA-ELKHOURY, A.N.S.; ALVES, W.A.; SOUSA-GOMES, M.L.; SENA, J.M.; LUNA, E.A.
Visceral leishmaniasis in Brazil: trends and challenges. Cad. Saúde Pública, 24(12):
29412947, 2008.
MINAYO, M.C.S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: Pesquisa Social:
teoria, método e criatividade / Deslandes, Suely Ferreira (organizadora). Rio de Janeiro:
Editora Vozes, 1994. pp.: 09-29.
NÓBREGA, M.M.; LOPES NETO, D.; SANTOS, S.R. Uso da técnica de brainstorming para
tomada de decisões na equipe de enfermagem de saúde pública. R. Bras. Enferm.,
Brasília, 50(2): 247-256, 1997.
ROSA, J.; BARTH, P.O.; GERMANI, A.R.M. A sala de espera no agir em saúde: espaço de
educação e promoção à saúde. Perspectiva, 35(129): 121-130, 2011.
SILVA, G.G.S.; PEREIRA, E.R.; OLIVEIRA, J.O.; KODATO, Y.M. Um momento dedicado à
espera e à promoção da saúde. Psicologia: Ciência e Profissão, 33(4): 1000-1013, 2013.
TEIXEIRA, E.R.; VELOSO, R.C. O grupo em sala de espera: território de práticas e
representações em saúde. Texto Contexto Enferm, 15(2): 320-325, 2006.
VALENTE, M.A.S.; ANDRADE, A.G.; ALCÂNTARA, P.G.; SILVA, P.S.A. O que te espera na
Sala de Espera: educação em saúde em Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS)
de Governador Valadares (MG). Caminho Aberto - Revista de Extensão do IFSC, 1(3): 137-
141, 2015.
8411
CONSULTA DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO COLETIVO NA PROMOÇÃO DA
SAÚDE INFANTIL
Júlia Silva Fonseca dos Anjos1; Franciely Medeiros dos Santos1; Paulo Wendel Fonseca1;
Sarah Rebeca Bezerra Silva1; Amanda Nicoli Vital de Oliveira1; Juliana Raquel Duarte da
Silva Camilo1; Isabel Pires Barra1; Gisele de Oliveira Mourão Holanda1; Maria Alzira Rego
Pinheiro1; Ana Elza Oliveira de Mendonça².
RESUMO
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, estudantes de Graduação.
² Universidade Federal do Rio Grande do Norte, professora do curso de graduação em enfermagem
(UFRN).
8412
coletivamente. Foram discutidas temáticas importantes para a saúde do recém-nascido,
relacionadas à introdução alimentar, cuidados de higiene oral e corporal, vacinação,
caderneta da criança e cartão SUS. A participação na aplicação desse projeto contribui
para construção de um modelo de formação voltado a atenção da assistência da saúde
dos recém-nascidos, e não apenas na promoção da saúde, permitindo a continuidade do
cuidado através da educação em saúde dos pais e responsáveis, fazendo da roda de
conversa a produção de uma ciência.
INTRODUÇÃO
Segundo Vasquez, Dumith e Susin (2015), afirmam que atualmente o Brasil tem
apresentado investimentos nos preceitos da Estratégia de Saúde da Família (ESF),
fortalecendo os princípios do sistema único de saúde (SUS). Nesse contexto, o antigo
modelo assistencial baseado nos padrões do modelo biomédico, centrado apenas na
doença do paciente, vem sendo substituído pela ESF na tentativa de construir uma nova
realidade nesse âmbito.
Dentro das ações desenvolvidas pela ESF para promoção da saúde infantil discorre a
atenção voltada ao planejamento e a realização das atividades com foco na saúde da
criança articulado ao contexto familiar, tendo em vista suas necessidades e
vulnerabilidades. De acordo Santos et al. (2018), afirma que as ações e práticas do
cuidado à criança na busca de uma atenção integral realizadas no contexto brasileiro
são voltadas para maioria dos modelos de APS, que inclui unidade de saúde da família
(USF), unidade básicas de saúde (UBS) e as UBS mistas.
8413
Diante desse cenário, há necessidade trabalhar o autocuidado e valorização desses
pacientes por meio da interação dos profissionais e familiares/ cuidadores. Sendo
possível com o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança de
forma coletiva. Uma vez que esse acompanhamento tem como objetivo comum
profissional-paciente, o incentivo da participação familiar no acompanhamento infantil.
Esse estímulo permite um maior envolvimento de informações sobre os cuidados que
devem ser realizados durante o crescimento e os problemas de saúde que a criança
poderá desenvolver, e com isso prevenir o agravo de doenças, caso apresente (GURGEL;
TOURINHO; MONTEIRO, 2014; BRASIL, 2012).
METODOLOGIA
8414
Norte (UFRN), com intuito de orientar os pais e responsáveis de recém-nascidos quanto
aos cuidados de saúde adequados durante seu desenvolvimento. O grupo era composto
por discentes dos cursos de graduação de Enfermagem, Odontologia e Medicina.
De acordo com a ideologia de Paulo Freire (FREIRE, 1987), não se deve através do
diálogo problematizador se apresentar auto-suficiente, mas sim humilde e passivo de
descobrir o novo a partir da experiência do outro. Nesses ideais foram baseadas as
discussões no acompanhamento coletivo, tendo como propósito, por exemplo, a
educação problematizadora através da dialogicidade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
8415
inviável se não fosse pela relação de acolhimento que se propõe nas redes de atenção,
de forma humanizada (SANTOS; MIRANDA, 2016).
Por meio destas discussões, com temáticas pertinentes na vivência dos usuários, a roda
de conversa do projeto de intervenção do CD Coletivo foi voltada principalmente à
escuta dos anseios e dúvidas dos cuidadores com relação ao crescimento e
desenvolvimento das crianças. Para isso, a equipe como um todo se preocupou em
proporcionar um ambiente confortável para profissionais e usuários, climatizado, onde
em forma de círculo as cadeiras foram dispostas, estando um tapete colorido ao centro
para a dinâmica que seria realizada ao final com os recém-nascidos presentes no
encontro.
8416
importantes para viabilizar o cuidado contínuo nas redes de atenção do Sistema Único
de Saúde (SUS).
8417
facilitar a “pegada”, houve a recomendação que à mãe segurasse o mamilo com os
dedos indicador e médio em forma de V e colocando em direção à boca da criança,
tornando à sucção mais fácil para à mesma.
Dentro campo de higiene corporal, temos o próprio banho do recém-nascido que deve
possuir todo cuidado com a região cefálica, evitando lesões por ser uma região ainda
em formação, além da atenção às regiões genitais, sendo higienizadas com cuidado,
muitas vezes pelo auxílio de algodão umedecido. Além disso, trabalhou-se no projeto
de Crescimento e Desenvolvimento Coletivo o cuidado com a higiene do umbigo ou
8418
cordão umbilical, e o popular auxílio de materiais para evitar que ocorra protrusão da
região, quando na verdade é causada por uma hérnia umbilical, não sendo eficaz o uso
de faixas, moedas ou botões. (GOMES et al., 2015).
Por meio da equipe de odontologia, junto aos preceptores e alunos de graduação, foi
trabalhada a importância do estímulo à higiene oral desde a amamentação. Segundo
Gomes et al. (2015), esse estímulo, como exposto em roda de conversa, deve ser
realizado com o uso de gaze e água filtrada, que permite o costume da criança com
objetos de limpeza bucal, bem como a prevenção de doenças bucais, principalmente
cárie dentária, na primeira infância.
Foi notável a satisfação com os temas expostos bem como a participação dos usuários e
profissionais nos diálogos problematizadores. Em alguns, a insatisfação se deu pela
8419
pouca interação dos alunos de graduação na exposição de soluções ou questionamentos
para as temáticas apresentadas. Foi exposto por ambos, usuários e profissionais de
saúde, a satisfação quanto a clareza nas informações e no ambiente de realização da
ação, sendo a prova disso a participação ativa dos mesmos na roda de conversa sobre
suas vivências.
Esse momento de análise é de grande importância, pois através desse olhar, pode-se
obter um delineamento dos pontos positivos e negativos para a remodelação do
projeto, que propicia sua adequação à realidade da comunidade. Além disso, por meio
desse projeto de intervenção pudemos perceber a importância da educação continuada
nas Unidades de Saúde da Família visto a quantidade de tabus que ainda existem nas
vivências cotidianas.
CONCLUSÃO
A atenção à saúde infantil é formada por diversas ações que envolvem desde a
prevenção de doenças, promoção de saúde, avaliação, diagnósticos e terapêuticas, o
que propõe a redução dos índices de morbidades e/ou mortalidade infantil. Entretanto,
é importante ressaltar que o crescimento e desenvolvimento da criança não é apenas
um processo isolado, mas sim, o resultado da relação entre o estado de saúde da mãe e
de seu filho, da assistência médica, da interação profissional-paciente, e da promoção
de condições adequadas de saúde por parte familiar e poder público.
8420
Tendo em vista a realidade do sistema público de saúde, evidencia-se que uma parcela
relevante da população não apresenta subsídios públicos necessários para propor um
cuidado adequado com relação ao crescimento e desenvolvimento infantil. Nessa
perspectiva, cabe aos profissionais formar uma relação confiável e segura, para que haja
troca de conhecimento e, primordialmente, a obtenção de orientação correta e serviços
de cuidado prestados à criança com o intuito de sanar causas evitáveis e agravos.
REFERÊNCIAS
8421
BRASIL, Ministério da saúde. Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html.
Acesso em 28 mar. 2018.
GOMES, Ana Leticia Monteiro et al. Conhecimentos de familiares sobre os cuidados com
recém-nascidos. Family knowledge on newborn care. Rev Rene. 2015 mar-abr;
16(2):258-65.
8422
DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE E A
ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA
Resumo
Conclusão: Para que ocorram mudanças neste cenário é necessário transcorrer mudança
formativos, das práticas pedagógicas e assistenciais e para a organização dos serviços,
empreendendo um trabalho articulado entre o sistema de saúde, em suas várias esferas,
gestões e instituições formadoras.4
8423
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (EPS) propõe que os processos
de educação permanente dos trabalhadores da saúde se façam a partir da
problematização do processo de trabalho, e considera que as necessidades de formação
e desenvolvimento dos trabalhadores sejam pautadas pelas necessidades de saúde das
pessoas e populações.
Diante disso e tendo em vista que a Política de Educação Permanente em Saúde vai de
encontro ao modelo fragmentado e mecanicista do processo de trabalho, visando à
interdisciplinaridade do cuidado, percebe-se que a educação permanente não tem sido
implementada de maneira eficiente aos profissionais de enfermagem. Amestoy et al.
20085 reforçam que é essencial o desencadeamento de processos de capacitação dos
trabalhadores de enfermagem, cujo trabalho é de vital importância para a melhoria da
atenção oferecida pelos serviços de saúde.
8424
Diante do exposto questionou-se “que fatores estariam relacionados às dificuldades de
se implementar a educação permanente na Enfermagem?”. O presente estudo visa
agregar conhecimento científico acerca dessa temática, bem como colaborar com o
avanço das políticas públicas educativas que visem à melhoria na implementação da
educação permanente aos profissionais de enfermagem. Esta pesquisa tem como
objetivo identificar os principais fatores que dificultam a implementação da educação
permanente aos profissionais de enfermagem.
MÉTODOS
Pesquisa de cunho bibliográfico apresentado em forma de revisão integrativa com
abordagem exploratória e qualitativa sobre o tema. Essa metodologia é adequada para
analisar publicações e identificar entre outros aspectos, regularidades, tipos, assuntos
examinados e métodos empregados.8 A fase de análise aconteceu por meio de leituras
exploratórias, seletivas, analíticas e interpretativas.
8425
íntegra, e ainda aqueles que não estivessem em português e que não atendiam ao
objetivo do trabalho. Assim, após a leitura, foram feitos fichamentos dos artigos nos
quais foram destacados os principais tópicos de cada artigo, tais como: Título, autores,
ano, objetivos, metodologia, resultado e conclusão. Desta forma foram identificados os
principais fatores que dificultam a implementação da educação permanente em
enfermagem.
Os aspectos éticos foram respeitados na medida em que os autores das obras eram
devidamente referenciados ao longo do trabalho, de acordo com a Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) e a lei de direitos autorais 9.610/98.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este estudo teve como limitação a baixa quantidade de artigos encontrados nas bases
de dados pesquisadas. Assim percebeu-se que esta temática é pouco discutida e
estudada pelos profissionais e pesquisadores da área, sendo assim sugerimos a
realização de novos estudos sobre o tema.
Os artigos selecionados foram lidos na íntegra, e após leitura mais detalhada foi
realizado a síntese dos dados, conforme tabela 01, a qual possibilitou a identificação
dos principais fatores que dificultam a implementação da educação permanente em
enfermagem. A síntese dos dados foi utilizada como base para apresentar os resultados
e discussão descritos a seguir.
8426
A educação permanente é um aprendizado no trabalho onde o aprender e o ensinar se
incorporam ao cotidiano das organizações das atividades da educação, e a continuada é
desenvolvida por meios de atividades educativas construídas de maneira desarticulada
em relação à gestão, à organização do sistema e ao controle, entre os profissionais nos
serviços de saúde.
Autonomia do enfermeiro
8427
O princípio da autonomia deve nortear a relação que existe entre os profissionais de
saúde e os pacientes e contribuir para uma relação harmoniosa, na qual cada um ocupa
seu espaço em uma interação entre sentir, pensar e agir. O enfermeiro, como gestor de
um serviço de saúde, deve atentar sobre a importância da educação permanente quanto
às necessidades do serviço, o mesmo deve pôr em práticas o aprendizado para e
estabelecer em conjunto atividades educativas que possa evoluir o processo quanto as
dificuldades da educação permanente. Atualmente, os profissionais não estão
priorizando a educação permanente, por muitas vezes perderem autonomia para
executá-la, devido a falta de recursos que deveriam ser disponibilizados pela gestão dos
serviços de saúde. Assim, dificulta ainda mais programar a estratégia da educação
permanente.12
8428
Sendo assim faz-se necessário que os gestores entendam sobre esse processo para que
possam investir mais na sua implantação de forma que a equipe de enfermagem ganhe
mais autonomia e liberdade para fazer as atividades educativas, já que na maioria das
vezes existe um projeto de educação permanente, mas que não foi implantado por falta
de recursos financeiros não enviados pela gestão.5
A valorização desse modelo faz com que o indivíduo tenha um papel passivo no
controle do seu bem-estar, limitando-se a procurar um técnico que imediatamente se
responsabiliza pela “cura” dos aspectos biológicos da sua saúde, através da cirurgia ou
de fármacos. Com essas questões acometidas no processo saúde-doença, evidenciam-se
as dificuldades para propor uma melhor qualidade assistencial para os pacientes. 14
Um estudo mostrou que pode haver resistência dos profissionais a participar das
atividades de educação permanente por considerarem detentores dos conhecimentos
8429
necessários, adquiridos durante a formação acadêmica, pois esse fator permite que o
profissional seja autoritário, impondo seu conhecimento como algo já aprendido e que
dispensa atualizações. Os enfermeiros podem realizar atividades de educação
permanente que atendam concretamente às dificuldades vivenciadas no local de
trabalho ou podem simplesmente considera-las desnecessárias. Sabe-se que a educação
permanente é de sobre importância para o desenvolvimento das atividades educativas
quanto as necessidades dos serviços de saúde e para a evolução do aprendizado dos
profissionais no aprimoramento do conhecimento técnico-científico.5
Muitas vezes as propostas não são colocadas em prática por falta de investimento e
devido as condições do ambiente e conhecimento técnico-cientifico não estarem
apropriadas para a realização das propostas. No entanto, as propostas criadas no âmbito
da EP, devem ser contextualizadas quanto aos serviços de saúde, visando uma
ampliação de acesso na implantação das atividades da educação frente os profissionais
de saúde, permitindo assim uma melhor estratégia de atuação dos mesmos quanto a
melhoria do aprimoramento nos serviços de saúde.2
8430
Segundo alguns estudos a não aplicação da EP trata-se por fatores que apontam de
forma efetiva principalmente no que se refere a integração ensino-serviço, pois não há
uma efetiva integração entre docentes do Departamento de Enfermagem com os
enfermeiros assistenciais, além dos enfermeiros não ter disponibilidade para a
capacitação. Desta forma, com a carência na relação ensino-serviço, evidencia que não
há uma aproximação dos profissionais de saúde na EP, que correspondam às suas
necessidades na organização da assistência em saúde.13
8431
dificuldades que interferem na realização das ações educativas e em grande parte
também na aplicação do que se aprende.
8432
profissionais na serventia dessa educação. Embora haja essas pequenas dificuldades, a
EAD continua sendo um fator potencial na implementação da educação permanente 16.
CONCLUSÃO
Este trabalho buscou trazer uma compreensão mais aprofundada sobre a educação
permanente em saúde, principalmente no que diz respeito a enfermagem,
correlacionando com as orientações da PNEPS.
Disso pode-se concluir que os fatores mais frequentes que dificultam o processo de
implementação da EPS nos serviços de saúde e consequentemente na equipe de
enfermagem, são relacionados com a dificuldade de saber a diferenciação dos tipos
didáticos que estão sendo desenvolvidos na prática, falta de investimento por parte do
poder público/privado e resistência dos profissionais com essas práticas educacionais.
Para que ocorram mudanças neste cenário é necessário transcorrer mudanças e que
essas transformações sejam oriundas das próprias instituições de ensino técnico e
superior, ou seja, no futuro profissional.
REFERÊNCIAS
1 - PASCHOAL, A. S.; MANTOVANI, M. F.; MÉIER, M. J. Percepção da educação
permanente, continuada e em serviço para enfermeiros de um hospital de ensino.
2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v41n3/19.pdf. Acesso em: 13
ago. 2017.
8433
3 - PASCHOAL, A. S.; MANTOVANI, M. F.; LACERDA, M. R. A educação permanente em
enfermagem: subsídios para a prática profissional. 2006. Disponível em:
http://seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4621/2633.
Acesso em: 15 ago. 2017.
8434
http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518194420130004000
15. Acesso em: 10 out. 2017.
8435
TABAGISMO EM FOCO: O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA
Valéria de OLIVEIRA1; Luiz Eduardo de ALMEIDA1; Mabel Miluska Suca SALAS1; Marília
Nalon PEREIRA2.
Resumo
O presente trabalho trata-se de um relato de experiência estruturado sob estratégia
narrativa com tratamento qualitativo-descritivo, tendo como objetivo a descrição de
vivências no Projeto de Extensão Sala de Espera (UFJF/GV) em uma Unidade de Atenção
Primária em Saúde (UAPS) no bairro Esperança, no município de Governador Valadares,
em Minas Gerais. Direcionados pela demanda do serviço local, coube à equipe
extensionista o desenvolvimento de uma atividade, de cunho educativo-preventivo, a
cerca do tema “Tabagismo”. A dinâmica das ações foi sistematizada em três tempos
sequenciados: “O pensar”, “O fazer” e “O refletir”. Da ação desenvolvida foram obtidos os
resultados elencados como pontos positivos: a. o prévio conhecimento do território de
trabalho - ambientalização; b. receptividade e/ou participação da equipe profissional da
UAPS; c. participação do corpo docente sob perspectiva interprofissional; d. interação e
valorização do conhecimento dos usuários. Como pontos negativos: a. dificuldade em
lhe dar com ruídos do ambiente; b. ausência da construção de um instrumento de
avaliação. Pode-se concluir, o reconhecimento do cenário de prática no território
trabalhado para sensibilização dos usuários, dos trabalhadores do serviço, docentes e
discentes envolvidos no projeto. Assim, a Extensão se materializa como produtora de
conhecimento inserida na coletividade.
Palavras-chave: Relações interprofissionais. Educação em Saúde. Promoção da Saúde.
Hábito de fumar. Abandono do uso de tabaco.
1
Universidade Federal de Juiz de Fora - Campus Avançado de Governador Valadares (UFJF-GV). Pró-
Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (Proex-UFJF).
2
Universidade Federal de Juiz de Fora-Campus Sede (UFJF-JF). Pró-Reitoria de Extensão da Universidade
Federal de Juiz de Fora (Proex-UFJF).
8436
Introdução
Como objetivo de implementar o cenário extensionista no Campus Avançado de
Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF/GV surge, em 2014,
o Projeto de Extensão Sala de Espera, PESE. Em seu desenho metodológico, o PESE-
UFJF/GV previa o desenvolvimento de ações interprofissionais, de cunho educativo-
preventivas, em salas de espera de Unidades de Atenção Primária à Saúde, UAPS, no
município de Governador Valadares-MG.
E foi sob esta ótica que o Projeto de Extensão Sala de Espera se definiu, aos moldes da
“via de mão dupla”, isto é, além de levar informações para a comunidade (ensino), trazer
para o cenário universitário informações, dados coletados a serem interpretados no
universo da pesquisa que retratariam as experiências vivenciadas e, principalmente,
contextualizadas na integralidade da vida humana, no cotidiano dos atores envolvidos
através dos cenários extensionistas (ALMEIDA, PEREIRA, OLIVEIRA, 2016; ALMEIDA,
PEREIRA, BARA, 2009a, 2009b; CARVALHO, KRIGER, 2006; FREIRE, 2006a, 2006b, 2007;
MADEIRA, 2006).
8437
Sanitário III), todas alocadas na UAPS do bairro Esperança do município de Governador
Valadares. Nesta sistemática credita-se mais que o reforço do enlace entre ensino,
serviço e usuários, evidenciando-se o desenvolvimento de atividades mais
contextualizadas e direcionadas às reais necessidades da população adstrita.
Metodologia
Aprovado por Comitê de Ética em pesquisa (2.056.630/10-05-2017), trata-se de um
relato de experiência estruturado sob estratégia narrativa com tratamento
qualitativodescritivo. Qualitativo pois compreende um conjunto de diferentes técnicas
interpretativas que visam descrever e a decodificar os componentes de um sistema
complexo de significados. Narrativa por combinar as percepções do pesquisador nos
acontecimentos apreciados no estudo, calcada em princípios críticos e reflexivos que
consideram, ou pelo menos fazem inferência, às subjetividades das vivências
experimentadas (BRASIL, 2016; BELL, 2008; CRESWELL, 2007).
Senhora das Graças e ESF-Distrito Sanitário III), todas alocadas na UAPS do bairro
Esperança do município de Governador Valadares.
8438
Primeiramente, baseado na quantidade e na heterogeneidade dos usuários, bem como
na disponibilidade de horários dos membros integrantes do Projeto de Extensão Sala de
Espera, foram ordenados três grupos, a serem atuantes, respectivamente, nas terças,
quartas e sextas-feiras, às 7:00 horas, na sala de espera da UAPS pactualizada, portanto,
ampliando a cobertura assistencial das ações do PESE.
Tão logo, na ideia de se ambientalizar, prévio às suas atuações, os integrantes do
projeto de extensão tiveram uma visita agendada (12/01, 13/01 e 15/01/2016) e
assistida (designado um profissional da unidade) na UAPS-Esperança, fazendo
reconhecimento do seu espaço físico, dos recursos humanos que a compõem, bem como
da caracterização dos usuários nela atendidos.
Resultados e Discussão
No dia 14/03/2016, a coordenação docente do projeto solicitou-se aos três grupos
discentes, através de correio eletrônico (“e-mail”), que se encontrassem para
desenvolverem uma proposta, a ser apresentada no próximo encontro coletivo do PESE,
que contemplasse a atividade demandada. Na finalidade de facilitar este processo,
neste mesmo momento, foi encaminhado uma leitura de apoio que abarcasse a
temática “Sala de espera”, portanto, adensando os acadêmicos junto a conhecimentos
científicos experimentados neste espaço.
O primeiro tempo se encerrou no dia 21/03/2016, onde foi construído, dentro das
prerrogativas preconizadas pela metodologia “Brainstorming” (BRAIA, CURRAL, GOMES,
2014; NÓBREGA, LOPES NETO, SANTOS, 1997), em interface direta com as ideias
oriundas do período supradescrito, o Planejamento Estratégico da Ação. Daqui extraiu-
se o desenho esquemático da atividade a ser desenvolvida, centrada em uma palestra,
apoiada em materiais didáticos impressos, prevendo-se para seu conteúdo a discussão
acerca do hábito físico e comportamental do fumante, a dificuldade em se desligar de
tal vício, a importância em procurar e aceitar ajuda, as substâncias nocivas presentes no
8439
cigarro, e como ocorre a desintoxicação com o decorrer do tempo naqueles que param
de fumar. Continuando, com a intenção de se evidenciar e, até mesmo, reforçar a
importância de se procurar ajuda e apoio para o abandono do vício, foi delineada uma
dinâmica, denominada como “Vencer o tabagismo junto é mais fácil”. Para tal, a
atividade proposta consistiria na distribuição de balas aos usuários em espera, tão logo,
seria a eles solicitado que tentassem abrir a embalagem usando apenas uma das mãos.
Após algum tempo, e sem entenderem o propósito da dinâmica, muitos sentiriam a
dificuldade e, até mesmo, não conseguiriam executar o desafio a eles direcionado.
Durante as tentativas, levantar-se-ia o questionamento: quem pensou em pedir ajuda a
quem está do lado? A síntese da atividade centra-se na intenção de mostrar que muitos
conseguem atingir o objetivo da brincadeira, entretanto, fica claro que buscar ajuda
junto às pessoas mais próximas facilita muito o processo – mimetizando assim o
abandono do fumo.
No segundo tempo, nos dias 29/03, 30/03 e 01/04/2016, foi desenvolvido o plano de
ação. Neste momento ficou evidenciado que os mecanismos utilizados para transmitir
as informações planejadas foram bem aceitos pelos pacientes, uma média de 35
usuários por dia, e profissionais ali presentes. Apesar de o tema ser amplamente
difundido por diversas mídias, quando feita a abertura para a participação da
comunidade, que, além de dúvidas e comentários, reforçaram a qualidade da equipe do
PESE ao abordarem o tema de forma diferenciada, atuando em conjunto com o público
ali presente e levantando alguns pontos ainda desconhecidos por muitos (quais são e
como atuam as substâncias nocivas presentes no cigarro, e como ocorre a
desintoxicação com o decorrer do tempo naqueles que param de fumar) – imagem 01.
No tocante à atividade lúdica, pôde-se perceber um maior despertar quanto à atenção e
participação dos espectadores, portanto, reforçando a dificuldade de se combater o
tabagismo, o qual está instalado em nossa sociedade por décadas, e principalmente, a
importância em aceitar e oferecer ajuda àqueles que lutam contra tal vício. Quanto ao
material didático, além de afixado na UAPS, foi direcionado aos agentes comunitários
de saúde para instrumentalizar suas visitas domiciliares.
8440
Imagem 1: “Tabagismo” (PESE-UFJF/GV, 2016).
8441
implantação de ações educativas, que podem contribuir significativamente para a
promoção da saúde, prevenção de agravos e encaminhamento para outras atividades,
portanto, encorpando e otimizando ainda mais o papel da atenção primária junto aos
serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde, SUS, corroborando ao
levantado por diversos estudos (ALMEIDA et al., 2017-a; ALMEIDA et al., 2017-b;
BICALHO et al., 2017; ALMEIDA, ANDRADE, ZACARON, 2016; ZACARON et al., 2016;
SATO, AYRES, 2015; VALENTE et al., 2015; REIS, SILVA, UN, 2014; BRONDANI et al.,
2013; ZAMBENEDETTI, 2012; SALIMENA, ANDRADE, MELO, 2011; ROSA, BARTH,
GERMANI, 2011; TÔRRES et al., 2011; NORA, MÂNICA, GERMANI, 2009; RODRIGUES et
al., 2009; TEIXEIRA, VELOSO, 2006; MOREIRA et al., 2002).
Conclusão/Considerações Finais
8442
formação acadêmica mais contextualizada de fato as práticas profissionais voltadas
para a solutividade das aflições da população brasileira. Deste modo, a Extensão se
materializa como produtora de conhecimento inserida na coletividade.
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3%A1ria%20%C3 %A0%20sa%C3%BAde>.
8446
PRODUÇÃO DE REPELENTES NATURAIS COM PLANTAS MEDICINAIS DA COMUNIDADE
DE CAMPO GRANDE EM SANTA TERESINHA – BA
Resumo
1
UFRB, Graduando em Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnológicas (BCET), Proext-Mec-Sesu.
2
UFRB, Professora Dr.ª Adjunta, Proext-Mec-Sesu.
3
UFRB, Graduada em Licenciatura em Química, Proext-Mec-Sesu.
8447
mencionaram que, após a oficina, produziriam repelentes. Essa oficina foi importante,
pois proporcionou troca de conhecimentos com a população de Campo Grande, com
vistas a estimular o uso do conhecimento popular e cultural de forma sustentável na
preservação de doenças provocadas por insetos.
Palavras-chave: mosquito; repelente; plantas medicinais; prevenção.
Introdução
Desde a idade antiga os seres humanos empregam plantas como tratamento para tratar
diversas enfermidades. Na década de 90 a Organização Mundial de Saúde (OMS)
divulgou que 65-80% da população dos países em desenvolvimento faziam uso das
plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde (Akerele
apud Veiga, J., 2005).
8448
mundo através da permanente imigração do homem (Braga, 2007). De acordo com o
Departamento de Análise de Situação de Saúde do Ministério da Saúde o Ae. aegypti já
foi detectado nos 26 Estados e no Distrito Federal.
Além dos vetores urbanos existem os vetores silvestres que se propagam pelo país de
acordo a altitude e são muito encontrados em zonas rurais, principalmente em copas de
árvores; isso explica o motivo dos macacos terem sido seus principais alvos durante
várias décadas, devido compartilharem as mesmas áreas ecológicas (Franco, 1976).
Uma das principais formas de prevenção é o uso de repelentes, que são substâncias
aplicadas sobre a pele para inibir a aproximação de mosquitos. Podem ser encontrados
em diversas formas como gel, óleo, creme, loção, aerossol e spray, com ingredientes
diferenciados, o que influencia na durabilidade da proteção contra os insetos (Pinho,
2011). Os primeiros relatos de repelentes foram feitos na literatura greco-romana, tendo
como pioneiros Plínio (23-75 a.C) e Dioscorides (60 a.C.), que desenvolveram o uso de
suco de madeira quente (Artemisia absinthium) e fruta cítrica, aplicados nas roupas, para
repelir insetos (Brown, 1997).
8449
branqueando-a ou enfraquecendo o tecido, permanecendo na
roupa após lavagens repetidas; ser inerte para plásticos de uso
cotidiano; resistir à água e ao suor e não deixar resíduos oleosos
na pele; não ser tóxico; ter efeito com duração prolongada; ter
custo viável que permita seu uso frequente; e não ser agressivo
ao meio ambiente (Ribas, J.; Carreno, A. M., 2009)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2015) classifica os repelentes de
pele como cosméticos e registrou como seus ingredientes ativos sintéticas eficientes o
N,N-dietil-meta-toluamida (DEET), o Hydroxyethylisobutylpiperidinecarboxylate
(Icaridin ou Picaridin) e o Ethylbutylacetylaminopropionate (EBAAP ou IR3535), além de
substâncias ativas vegetais. Existem também os repelentes de ambientes, classificados
pela Agência como saneantes através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº
34/2010, com diversos princípios ativos distintos, em sua maioria piretroides. Tanto os
cosméticos quanto os saneantes aprovados pela ANVISA foram testados em mosquitos
da espécie Aedes aegypti e tiveram ação eficaz.
Algumas plantas como: eucalipto; gerânio; soja; citronela; andiroba; óleo de aipo e alho;
têm demonstrado propriedades repelentes a baixo custo e baixa toxicidade. No entanto,
8450
nenhum derivado de plantas testado até o momento demonstrou eficácia e duração
semelhante ao DEET (Miot, et al, 2004; Rajan, 2005).
De acordo com Girardi (2011) repelentes preparados com essências naturais geralmente
são menos tóxicos e mais tolerados pelas pessoas, mas ainda não se encontrou algo que
supere o efeito repelente dos compostos químicos. Com o intuito de valorizar o senso
comum e levar o conhecimento cientifico até a comunidade, foi desenvolvida uma
oficina sobre a produção de repelentes a partir de plantas citadas pela comunidade
quilombola de Campo Grande/Santa Terezinha-BA, com vistas a aproveitar o potencial
das espécies de plantas utilizadas pelas comunidades tradicionais.
Metodologia
Como o local está afastado do centro urbano, cujo deslocamento até o mesmo é
dificultado por longas caminhadas ou uso de transportes coletivos, a realização da
oficina “Transformando o conhecimento científico em conhecimento popular a partir da
produção de repelentes com a colaboração da população da comunidade” partiu da
hipótese de encontrar nela um elevado conhecimento sobre as plantas locais.
8451
período a mistura foi armazenada em local escuro, sem a presença de luz solar, e após
esse período acrescentou-se óleo natural.
Resultados e Discussão
A população que respondeu ao questionário foi composta por 21 pessoas com idade que
variou entre 13 e 56 anos, sendo vinte do sexo feminino e um do sexo masculino.
A respeito do conhecimento, por parte dos presentes, sobre substâncias que têm como
função repelir insetos, 48% dos apontaram conhecer substâncias que atuam como
repelentes de insetos transmissores de doenças.
8452
No tocante ao uso de qualquer produto que previne picada de insetos, 57% dos
investigados descreveram que utilizam, demonstrando que a maioria do grupo
participante faz uso de repelentes para prevenir picadas de insetos.
Esse resultado demonstra que, apesar dos conhecimentos sobre plantas com
propriedades medicinais e a utilização das mesmas na prevenção ou tratamento das
enfermidades como uma atividade tradicional, na comunidade a sua maioria (70%)
desconhecem o potencial das ervas para a produção caseira de repelentes.
Seja através do quintal de casa, dos vizinhos e/ou dos conhecidos, no geral, cerca de
70% dos participantes afirmaram ter acesso às plantas com ação de repelir insetos. Um
outro fator contrastante é que 53% dos pesquisados fazem uso de plantas in natura e de
fácil acesso (quintal de casa) para repelir insetos, enquanto que 37% informaram não ter
acesso ou não usam as possíveis plantas com ação repelente.
8453
tradicionais atividades como esta, uma vez que levam maior incentivo à preservação do
conhecimento popular e resgatam conhecimentos por vezes perdidos com o tempo. A
oficina levou uma reflexão aos que não faziam uso de repelente natural, apresentando-
os a importância de seu uso com o intuito de evitar picadas de insetos, e aos que já
faziam, novas informações para o preparo através das ervas medicinais.
Conclusão/Considerações Finais
Considerando que 19% dos entrevistados já tiveram dengue e que o uso de repelentes é
fundamental para prevenção de picadas de mosquitos, além de preservar o meio
ambiente quando estes são produzidos com ervas naturais. A oficina apresentou um
significado importante para comunidade, pois além de estimular a preservação do
conhecimento cultural, trouxe para a comunidade de Campo Grande informações mais
amplas sobre as diversas formas de uso de suas plantas medicinais.
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Campo do Efeito Repelente de Vestuário Tratado com Insecticidas ou Repelentes.
Dissertação de Mestrado, 2011.
8456
MUITO ALÉM DO AUTISMO: UM PROJETO VOLTADO À INTEGRALIDADE
Karolina Saad Rached; Débora Costa Marques; Mattheus de Luna Seixas Soares Lavor;
Marcela Tozzi Carvalho Gomes; Andrielly Cardoso de Andrade; Danielle Tomaz Alves;
Pedro Hugo Vieira da Silva; Iasmyn Florencio de Araujo Silva; Ludmyla Alves da Silva;
Catarina Nóbrega Lopes; Maria Eliziane Guimarães Menino; Marina Mousinho de Pontes
Damaceno; Cinthya Gabrielle Coserva Alves; Fernando Caldeira Filho; Tâmara
Albuquerque Leite Guedes.
8457
um cuidado integral no futuro. Permitiu aos pais e crianças acessibilidade à informação
e cuidado individualizados, superação de dificuldades e a propagação de conhecimento
atualizado.
1. INTRODUÇÃO
A etiologia do TEA ainda não é definida, porém acredita-se que tenha origem
multifatorial, incluindo fatores genéticos e neurobiológicos, isto é, alterações
anatômicas ou fisiológicas do sistema nervoso central, problemas constitucionais inatos
e interações entre múltiplos genes. Devido a influência genética no TEA, têm-se
estudado e pesquisado cada vez mais os fatores da expressão e regulação gênica e a
influência ambiental sobre eles. Há evidências que demonstram que a expressão de um
gene depende 80% do ambiente, ou seja, a água, o ar, os alimentos, as relações afetivas,
dentre outros podem influenciar no desenvolvimento de uma pessoa com TEA. Estudos
epidemiológicos evidenciam que um a cada 88 nascidos vivos apresenta TEA, sendo
mais prevalente no sexo masculino. Estima-se que em 2010, no Brasil, haviam 500 mil
pessoas com autismo (GOMES et al, 2015; SCHMIDT & BOSA, 2003).
8458
No autismo os fatores ambientais, associados à predisposição genética desencadeiam
disfunções nos sistemas imunológico, intestinal e endócrino, com permeabilidade
intestinal, disfunção mitocondrial, estresse oxidativo, metilação inadequada e distúrbios
na sulfação que atingem o cérebro provocando alteração no Sistema Nervoso Central
(RIMLAND, 1981). As áreas cerebrais mais atingidas estão relacionadas ao
comportamento social e de linguagem (CHOUEIRI & ZIMMERMAN, 2017).
Pela DSM-5 os primeiros sintomas devem aparecer antes dos 36 meses de idade
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013), porém diversos estudos demonstram
que na maioria das crianças isso ocorre entre os 12 e 24 meses (ZANON, BACKES &
BOSA, 2014). O diagnóstico precoce ainda é um desafio no Brasil por causa da pouca
difusão de informações atualizadas, da complexidade do transtorno e da grande
variedade de sinais e sintomas em crianças no espectro. O diagnóstico inclui avaliação
clínica e o uso de escalas de avaliação e de acompanhamento.
8459
e vitamínica é benéfica em pessoas autistas e, quando bem aderida, resulta em
melhorias no seu estado metabólico. Com relação às gorduras insaturadas, o ômega-3,
cuja maior fonte está contida em peixes, está diminuído em pessoas com TEA. Observa-
se que sua inclusão na dieta contribui para o alívio dos sintomas gastrointestinais,
comuns em crianças autistas (ADAMS et al., 2018).
8460
muito além da doença, mas atuando de forma integral na atenção à saúde das pessoas
com autismo, reduzindo preconceitos e valorizando as pessoas de forma ética, em todo
potencial de vida.
Esse projeto de extensão tem como objetivo desenvolver ações de prevenção, promoção
à saúde e integração social junto às famílias com crianças e adolescentes autistas por
meio da participação dos extensionistas docentes e discentes e dos membros do
Instituto Revertendo o Autismo, promovendo uma conscientização e ampla divulgação
sobre o tema, além de fortalecer a formação acadêmica para atuar neste contexto.
Assim, o objetivo deste trabalho é discutir as ações do Projeto de Extensão Muito Além
do Autismo (PEMAA) na difusão de informações sobre o TEA e sobre o impacto dessa
condição na vida das crianças e seus familiares.
2. METODOLOGIA
As atividades de surf-terapia são realizadas a cada 15 dias num domingo pela manhã e
envolve o contato com as crianças autistas no mar ou na areia através da utilização de
pranchas, botes, baldinhos e bolas. Busca-se uma interação verbal ou não verbal com as
crianças, uma vez que algumas delas são autistas não verbais. Utilizam-se também
elementos da praia que possam estimular uma possível interação com essas crianças,
como conchas, areia e água do mar. Os alunos são instruídos a interagir em pequenos
números com cada criança, pois muitas têm dificuldade de interação social e a presença
de muitas pessoas pode prejudicar o processo.
Nessa atividade são oferecidos lanches coletivos com frutas como: melancia, melão,
tangerina e banana e bebidas como: água de coco e suco de frutas naturais, sem açúcar,
8461
numa tentativa de estimular o contato das crianças com novas texturas e sabores, uma
vez que muitas apresentam uma seletividade alimentar. Aproveita-se também para
abordar a temática com os pais presentes e instruí-los com o que for necessário dentro
das particularidades do universo de cada criança. Além disso, os estudantes buscam
interagir com os pais para saber informações sobre a progressão do quadro da criança
ou para dar suporte e instrução.
Através dessas reuniões busca-se discutir sobre o TEA na atualidade, abordando pontos
indispensáveis no contexto do autismo, como a epidemiologia, etiologia e diferentes
abordagens de tratamentos; o contexto da Política Nacional de Saúde da Pessoa com
Deficiência; as diretrizes de atenção à habilitação/reabilitação das pessoas com
transtorno do espectro do autismo no SUS; a dinâmica familiar e social das famílias com
pessoas com deficiências; a contribuição das práticas integrativas em saúde no contexto
do cuidado às famílias e pessoas com autismo; a contribuição da alimentação saudável
na alimentação do autista, entre outros.
8462
Além das discussões e elaborações das ações, o projeto busca também desenvolver
pesquisas sobre a problemática do TEA, contribuindo com a formação de profissionais
de saúde e áreas afins sobre o TEA, produzir documentos informativos e técnicos e
quaisquer outros que se destinem à publicação e disseminação de conhecimentos.
Assim como desenvolver ações educativas, com parceiros públicos e do terceiro setor
para sensibilização da sociedade e profissionais de saúde para o diagnóstico precoce do
autismo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
8463
demonstra empolgação para brincar no mar dentro de um bote. Cada pequena
superação da criança é bastante valorizada pelo grupo e pela família.
A atividade na praia é ainda benéfica para os pais, por representar um local de contato
com pessoas que tem informações sobre o autismo, permitindo orientação individual.
Além disso, permite que estes possam dividir suas angústias, tenham um momento de
lazer, muitas vezes impossível por todas as dificuldades diárias de lidar com o impacto
do autismo na vida familiar.
8464
estudantes uma visão mais crítica e atual sobre o assunto ainda na graduação. Outras
estratégias como essa são importantes para ampliar o preparo dos estudantes de saúde
para lidar com o TEA no futuro, pois certamente em algum cenário profissional estes
entrarão em contato com algum autista e precisarão estar sensibilizados para lidar com
suas particularidades e necessidades.
Outra atividade realizada pelo PEEMA foi uma palestra sobre as Novas Abordagens do
Autismo. Nela estiveram presentes cerca de 50 pessoas, dentre acadêmicos: de
medicina, fisioterapia, física, letras, design de interiores e diversos profissionais tais
como: médicos, psicólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, pedagogos,
geógrafo, biólogo, dentre outros. Também estiveram presentes alguns pais e familiares
de autistas em busca de informações sobre essa condição. Essa diversidade de público
8465
surpreendeu o grupo e foi bastante positiva, atingindo um dos objetivos do Projeto que
é a divulgação de conhecimento atualizado sobre o autismo e a conscientização das
pessoas sobre os desafios de inclusão dessa criança nos diversos espaços.
Na ocasião, o diretor do IRA falou sobre as novas abordagens do autismo que não
resume o TEA à um problema psiquiátrico com necessidade de tratamento
medicamentoso e sim como uma condição com diversas implicações clínicas, presença
de uma neuroinflamação e implicações em outros sistemas como o digestivo. Nessa
abordagem, a terapêutica multiprofissional é com tratamentos que envolvem, por
exemplo, uma mudança alimentar e que podem reduzir significativamente os sintomas.
Além disso, nesse evento, a fisioterapeuta coordenadora do Projeto relatou as
dificuldades do seu dia a dia como mãe de autista e o processo de aceitação do
diagnóstico até procura de profissionais para auxílio, permitindo que o público
entendesse a dimensão por detrás do diagnóstico.
4- CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
8466
As ações do Projeto também proporcionaram aos pais, familiares e crianças
acessibilidade à informação e cuidado individualizados, superação de dificuldades e
propagação de conhecimento atualizado. Os pais puderam compartilhar ansiedades,
medos e encontrar auxílio para aprender a lidar com as dificuldades de seus filhos.
Pode-se também promover conscientização e ampla divulgação sobre o tema do
autismo, ainda pouco conhecido de forma realista pelas pessoas.
REFERÊNCIAS
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Spectrum Disorder—A Randomized, Controlled 12-Month Trial. Nutrients, 10(3), 369,
Março, 2018.
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XI, No 2, p.751-777, jun/2011.
8467
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Primeiros Sintomas do Autismo pelos Pais. Psicologia. Teoria e Pesquisa: Vol. 30 n. 1,
pp. 25-33, Jan-Mar 2014.
8468
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA O PROJETO DE EXTENSÃO
MULTIDISCIPLINAR EADASC
RESUMO
O Projeto Ensinar e Aprender Desenvolvendo Ações de Saúde Coletiva (EADASC) é uma
Extensão Comunitária que atua nas adjacências da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL), visando práticas de saúde coletiva e educação em saúde junto as áreas de
Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia e
Psicologia de forma multidisciplinar. Este trabalho se dispõe a apresentar a importância
da Psicologia no âmbito da saúde através da participação do projeto, no qual objetivou
desenvolver atividades voltadas à prevenção e promoção da saúde a partir das
dinâmicas de grupo, rodas de conversa, oficina e “cantinho da escuta” com o intuito de
despertar entre os participantes maior interesse pela qualidade de vida e facilitar a
capacidade de autorreflexão. Trata-se de um estudo qualitativo, com base na análise de
fichas e observação das dinâmicas do projeto. As situações levadas para o projeto, como
as rodas de conversa e a discursão de temas relacionados à saúde mental, promoveram
a reflexão, debate e interação entre os facilitadores e ouvintes. O desenvolvimento do
trabalho permitiu aos acadêmicos articular e aprimorar os conhecimentos de base
teórica, podendo colocar em prática de forma lúdica e com linguagem acessível,
possibilitando, sempre, maneiras práticas de expor as temáticas e fazer com que os
participantes entendam a importância delas.
Palavras-chave: Dinâmica de grupo; psicologia social; atividades.
INTRODUÇÃO
O Projeto Ensinar e Aprender Desenvolvendo Ações de Saúde Coletiva (EADASC) é uma
Extensão Comunitária coordenada pela Professora Doutora Josineide Francisco
8469
Sampaio, da Faculdade de Medicina (FAMED), da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL), que atende atualmente a quarenta e cinco (45) adultos e idosos da Comunidade
Denisson Menezes. O público alvo é constituído por homens e mulheres, adultos com
faixa etária de 30 a 60 anos e idosos de 60 anos em diante. O projeto atua nas
adjacências da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL) e funciona desde o ano de 2007 na Escola Municipal Doutor Denisson
Luiz Cerqueira Menezes, todos os sábados, exceto feriados, no turno da manhã, atuando
no ramo da prevenção e promoção da saúde junto as áreas de Educação Física,
Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia, que trabalham
multidisciplinarmente, isto é, numa relação entre diferentes disciplinas científicas sob a
coordenação de uma delas, como afirma Almeida Filho (2005). Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS, 1976, p. 1), a saúde pode ser definida como "um estado de
completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades", sendo assim, a saúde um estado de disposição física e psíquica, numa
relação dualista entre mente e corpo, buscando sempre o equilíbrio e melhor qualidade
de vida - é a visão do indivíduo no contexto de sua cultura, valores, expectativas,
planos, padrões e preocupações. É um conceito amplo que engloba a saúde física de
uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de dependência, suas relações sócias,
suas crenças e suas relações com o que existe no ambiente. (OMS, 2005 p. 14) O
documento emitido na Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada
em Ottawa, no Canadá, em 1986 afirma que: a promoção da saúde se caracteriza no
“processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de
vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo (...)”, segundo
Cerqueira (1997), a promoção de saúde envolve duas dimensões: a conceitual –
princípios, premissas e conceitos que sustentam o discurso da promoção de saúde - e a
metodológica – que se refere às práticas, planos de ação, estratégias, formas de
intervenção e instrumental metodológico. No Projeto de Extensão EADASC, a psicologia
está envolvida com o planejamento e a execução de atividades com base na atenção
primária à saúde (APS), sendo um conjunto de conhecimentos práticos e procedimentos
que propõem uma intervenção em vários aspectos, com objetivo de um efeito positivo
em prol da promoção de saúde. A psicologia, palavra de origem grega psyche – que
significa “espírito, alma e respiração”, logia – “o estudo de algo”, surgiu como ciência no
final do século XIX com o alemão Wilhelm Wundt considerado o “pai da psicologia” pois
foi Wilhem Wundt que criou o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental na
universidade de Leipizg em 1879, durante a primeira metade do século XX a essência
da psicologia se concentrava na relação da mente, do comportamento e respostas
8470
comportamentais do indivíduo ao meio no qual estava inserido. O laboratório criado por
Wundt marcou o reconhecimento da psicologia como ciência, pois, a piori a psicologia
que já existia a mais de quinhentos anos partindo do pressuposto filosófico, já que “as
interações mente-corpo vêm sendo estudadas por equipes de pesquisa da Filosofia da
Mente” (Teixeira, 2000), desde então a psicologia vem crescendo e ganhando espaço,
ganhando autonomia e se tornando uma ciência cada vez mais diversificada, se
expandindo em vários ramos do conhecimento, dentre elas a psicologia social, também
ligada a Psicologia Social Comunitária utiliza-se do padrão teórico da Psicologia Social,
priorizando o trabalho com os grupos, colaborando para a formação da consciência
crítica e para a construção de uma identidade social e individual, orientada por
preceitos eticamente humanos (Freitas, 1996). Assim, visa desenvolver trabalhos
capazes de contribuir para promover relações de cooperação, e para a construção de
sujeitos mais críticos e reflexivos, problematizadores e transformadores da realidade,
utilizando-se de métodos de inserção e atuação comunitária (Góis, 2005 & Monteiro,
2004). A psicologia social foi desenvolvida por Kurt Lewin em 1930, a partir das
concepções de Kurt sobre a influência do ambiente. Mills (1969) colocou, "psicólogos
sociais querem descobrir relações causais que permitam estabelecer princípios básicos
que explicarão o fenômeno da psicologia social" (p. 412). Os psicólogos passaram a
averiguar como os indivíduos interagiam dentro dos grupos, nesta época os psicólogos
sociais que se interessavam em analisar os comportamentos dos indivíduos dentro dos
grupos, passaram a estuda-los em grupos no qual já estavam acostumados, ou que já
eram inseridos a um certo tempo, e, em grupos diferentes os quais proporcionavam
assim observar qual a influência do grupo na formação da identidade do homem, essa
perspectiva segundo, Nasciutti (1996) coloca que o indivíduo não deve ser visto apenas
como resultado de determinantes de diferentes ordens, mas como ator social, dotado de
liberdade de ação em face de um contexto social que o precede e que lhe designa um
lugar. Esses estudos mais tarde também contribuíram para vários temas de interesse da
psicologia, tais como: a dinâmica, atitudes preconceitos de grupos, conflitos,
conformidade e transformação social (COLLIN, 2016, p.216). A psicologia é o estudo dos
processos mentais e comportamentais (LANE, 2006, p.7)
“[...] a ciência que estuda o comportamento” desta forma, uma ciência que estuda o
indivíduo não apenas de forma única, subjetiva, mas como um ser completo, a partir das
suas relações e da convivência e formação em grupo. O grupo preside a existência do
homem, é nele que o mesmo se encontra e se constitui como ser pensante, sendo
necessariamente um ser de relação – na qual o homem se transforma e se humaniza. A
formação do grupo é constituída a partir da interação entre duas ou mais pessoas, onde
8471
estas estão sempre numa troca mútua, por mais ignorado que seja que seja influencia e
é influenciado pelo ambiente físico, por outro lado, o grupo não é apenas um somatório
que indivíduos que fazem parte dele, ele se constitui como uma nova entidade que
cientes que seus objetivos buscam sua própria identidade, todos que compõe o grupo,
que estão ali face a face estão em busca de um interesse comum, mutuo, mas tendo
sempre em mente que cada indivíduo que compõe o grupo, precisa manter sua própria
identidade . O objetivo geral deste trabalho se caracterizou em desenvolver atividades
voltadas para prevenção e promoção de saúde, tendo como objetivos específicos
promover autorreflexão a partir da dinâmica de grupo, propondo motivação e
autonomia entre os participantes envolvidos no projeto, acadêmicos, coordenadores e
adultos/idosos.
METODOLOGIA
Para a realização do presente trabalho na Comunidade Denisson Menezes, nas
adjacências da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), os instrumentos utilizados
foram: ficha de cadastro do participante, contendo os dados pessoais: nome e endereço,
acompanhada da avaliação psicossocial, que analisa o estado civil, a escolaridade, a
ocupação do participante e se caso ele trabalhe, é perguntada qual a sua situação de
trabalho atual; além disso, são avaliados os seguintes aspectos: relacionamento
interpessoal, qual questiona como se caracteriza a relação do participante com os filhos
(as), companheiro (a) e outros; também são questionadas as situações mais propensas a
causar tristeza, estresse e alegria aos adultos e idosos. Na ficha de cadastro ainda
constam as avaliações das demais áreas atuantes no Projeto de Extensão EADASC. As
outras atividades exercidas constam em: facilitação de rodas de conversa, dinâmicas de
grupo, “cantinho da escuta” e oficina artesanal - que contou com a utilização dos
seguintes materiais: uma caixa de papelão, seis retalhos de emborrachado coloridos,
três tubos de cola de isopor, um tubo de cola branca e dez tesouras. Ao longo do
semestre, foram utilizadas duzentas folhas de A4, um bloco de anotações e uma dúzia
de canetas esferográficas nas cores azul e preta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As ações desenvolvidas no Projeto de Extensão EADASC no segundo semestre de 2017
foram planejadas de forma multidisciplinar entre toda a equipe de acadêmicos e
coordenadores, na qual o grupo estava sempre empenhado para um manter um trabalho
coeso e satisfatório. A roda de conversa é uma metodologia dinâmica, onde há
integração entre os participantes permitindo que expressem suas impressões, opiniões
8472
e concepções sobre tal assunto. O bom desenvolvimento de uma roda de conversa
consiste, sobretudo em organização, planejamento e compromisso com o público alvo,
para que assim haja um bom desempenho do que será abordado e que o grupo consiga
entender a temática em questão, possibilitando uma troca de conhecimentos entre os
acadêmicos que têm como base a teoria, as experiências e vivências dos adultos e
idosos do grupo acerca do assunto, o que propõe ao grupo uma visão mais ampla,
humanizada e pluralizada. O espaço qual será realizada a roda de conversa deve ser
organizado com as cadeiras alinhadas em formato de círculo. O facilitador da roda de
conversa deve dar início a atividade com a exibição de imagens ou vídeos, expressão da
fala, leitura de um texto autoral ou apresentando questionamentos que estejam
encaixados na temática escolhida, e, a partir disso estimular os participantes a
contribuírem com seus pontos de vista, questionamentos e afins. O andamento da roda
de conversa deve ser feito com apoio de mediação, fazendo com que as ideias dos
participantes não se percam e não sejam esquecidas, de forma a complementarem o
sentido da atividade. Com a realização das rodas de conversa, despertou-se
conhecimento básico sobre as situações levadas para o projeto, reflexão, debate e
interação entre os facilitadores e ouvintes, com temas relacionados a saúde mental, tais
como: Envelhecimento e Qualidade de vida - abordando os fatores que podem
contribuir para uma qualidade de vida saudável e positiva, explorando que o conceito
também está relacionado ao bem-estar pessoal e a autoestima, além de outros fatores,
como: nível socioeconômico, estado emocional e interação social.; Depressão -
apresentando como a doença pode ser desencadeada, seus sintomas e tratamento;
Ansiedade – debatendo a diferença entre a ansiedade considerada normal e o
Transtorno de Ansiedade, que é considerado algo patológico. As rodas de conversa
estão sempre explorando e discutindo, de maneira clara e objetiva, com o auxílio da
dinâmica de grupo que tem como objetivo primordial fazê-los refletir sobre o tema
abordado de forma lúdica, na qual pode-se impulsionar e despertar neles o interesse de
buscar alguma forma de tratamento ou melhorias, para assim, ajudá-los na construção
de uma nova visão de vida, a partir da autorreflexão e autoanálise. A dinâmica de grupo
surgiu no período paleolítico com as brincadeiras lúdicas e jogos inocentes das crianças
- que naquela época não haviam pretensão de analisar aspectos comportamentais, não
imaginavam que as suas brincadeiras - como arco e flecha, poderiam mais tarde
contribuir para o desenvolvimento do termo dinâmica de grupo. A partir disso,
Kurt Lewin considerado “pai da dinâmica de grupo” surge com a teoria de campo que
busca explorar as forças e os fatores que influenciam qualquer situação. Para Lewin
(1965,1973), o campo é definido como a totalidade dos fatos coexistentes em processo
8473
de mútua interdependência. Assim o campo refere-se ao meio psicológico no qual o
indivíduo ou o grupo estão inseridos em um dado momento. Segundo a Sociedade
Brasileira de Dinâmica de Grupo (2006, p. 1), “dynamis é uma palavra de origem grega
que significa força, energia, ação”. O intuito da dinâmica de grupo é motivar os
participantes, facilitando e incentivando a comunicação, liderança e entrosamento,
proporcionando assim, um novo pensamento do que é o grupo, auxiliando na
autonomia, no posicionamento, nas emoções e nos aspectos psicossociais dos
envolvidos. As dinâmicas devem sempre ter um objetivo, uma finalidade para a
aplicação, na qual, é sempre aconselhável que o facilitador seja alguém que não faça
parte do grupo, alguém que esteja apto a ouvir e interpretar as questões colocadas,
esteja sempre sensível aos movimentos do grupo, sempre atento, para que caso haja
alguma movimentação incomum entre os participantes o mesmo tente trabalhá-la, de
forma a ajudar o indivíduo e o grupo em questão; procurar manter sempre o foco na
temática abordada na dinâmica, assim, se algum dos participantes fugir do tema em
questão o facilitador deve sempre estar atento e trazê-lo de volta ao foco da dinâmica;
deve sempre manter uma comunicação clara e objetiva, para que não ocorram duvidas e
nem questionamentos durante a aplicação da dinâmica; respeitar e manter o sigilo, ter
postura ética sobre o que foi compartilhado; evitar aplicar a “técnica pela técnica”, ou
seja, aplicar a dinâmica sem intuito algum, de forma vaga, que seja apenas vista como
uma “brincadeira” e não como desenvolvimento de um processo grupal. O coordenador
deve ajudar o grupo a pensar, a refletir, a discutir e a agir; deve estimular a participação
e jamais forçar o indivíduo a participar da atividade proposta. As dinâmicas de grupo
foram aplicadas no projeto como forma de integração entre o público alvo do mesmo e
os acadêmicos e coordenadores participantes, mantendo sempre o objetivo de aumentar
a coesão do grupo, transformar o potencial do mesmo, fazendo-o crescer em igualdade,
harmonia de relacionamento interpessoal, desinibir a capacidade criadoras dos
participantes; proporcionando um aperfeiçoamento do trabalho coletivo, através das
interações da dinâmica. A iniciativa idealizada pela equipe de psicologia e nomeada
"cantinho da escuta" surgiu a partir da sugestão do grupo de acadêmicos e
coordenadores sobre a necessidade dos participantes de serem ouvidos, o cantinho
envolve e promove o acolhimento do participante, onde a equipe está aberta a escuta
não-qualificada; o cantinho se caracteriza como um pequeno espaço, com mesas e
cadeiras posicionadas de forma comparada a um setting terapêutico, de acordo com os
materiais disponibilizados na Escola, local onde a atividade acontece; a iniciativa aos
poucos foi sendo bem acatada e parabenizada pela equipe multidisciplinar e pelo
público alvo, que proporciona de certa forma alivio e conforto aos participantes do
8474
projeto na Comunidade Denisson Meneses, o grupo aos poucos foi ganhando
autonomia, pois os adultos e idosos aos poucos foram espontaneamente procurando a
equipe para falar da sua semana, dos seus problemas ou conversar sobre quaisquer
assuntos que no momento lhe trouxessem algum desconforto. A equipe de psicologia
com o auxílio das outras áreas de conhecimento proporcionou uma oficina para
confecção de “porta treco”, um objeto que pode ser usado para guardar inúmeros itens,
como; lápis, canetas e/ou medicamentos, entre outros, a confecção do mesmo ficou a
critério dos adultos e idosos, que fizeram uso da cor e decoração, de acordo com a
preferência de cada um, isso os possibilitou a criatividade e produtividade do grupo, de
forma integrada, num momento descontraído e bem aconchegante, no qual o grupo
pôde observar o empenho e autonomia - essa que o capacita para poder decidir as
próprias regras de sua conduta, a orientação de seus atos e os riscos que está disposto a
ocorrer, além da possibilidade de realizar suas atividades sem a ajuda de terceiros.
(Vieira, 1996, p. 23). De acordo com Coutinho e Rocha (2007, p. 76)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É válido ressaltar que durante a realização do presente trabalho assumiu-se o
compromisso de buscar o envolvimento e a cooperação das áreas de conhecimento
envolvidas, em busca de um resultado coerente do mesmo, no qual todos os envolvidos,
acadêmicos, coordenadores e principalmente os adultos e idosos da Comunidade
8475
Denisson Menezes se empenharam numa troca mútua de companheirismo e dedicação.
O desenvolvimento do trabalho permitiu aos envolvidos, enquanto alunos, articular e
aprimorar os conhecimentos de base teórica, podendo colocar em prática de forma
lúdica e com linguagem coloquial, possibilitando sempre maneiras práticas de expor as
temáticas e fazer com que os participantes entendam a importância da mesma. Vale
destacar que os resultados obtidos têm se dado justamente pela eficácia do trabalho
multidisciplinar e principalmente pela importância da psicologia no cotidiano e como
forma de tratamento para determinados problemas trazidos pelo grupo, as atividades
desenvolvidas tiveram justamente esse intuito de propor a todos a desmitificação de
que alguns problemas não podem ser tratados, ou ainda, de como o público alvo pode
buscar melhoria para sua atual situação, facilitando o desempenho dos adultos e idosos
que colaboraram para o trabalho. Com as ações desenvolvidas pela equipe de psicologia
juntamente com o grupo e sabendo da importância do indivíduo como integrante de
um, foi possível observar a influência das atividades para incentivar melhor qualidade
de vida e promoção de saúde, assumindo assim, um papel educacional.
REFERÊNCIAS
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Martins. São Paulo: Globo, 2012.
8476
M. F. Q., Guareschi, P. et al.(Org.). Psicologia social comunitária: da solidariedade à
autonomia. Petrópolis: Vozes.
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Saúde, 2005
Zimerman, D. E. (1997). In David E. Zimerman, Luiz Carlos Osório [et al]. Como
trabalhamos com grupos. Porto Alegre. Artes Médicas.
8477
PRÁTICAS EDUCATIVAS EM PARASITOLOGIA HUMANA: UM FOMENTO AO EIXO ENSINO-
EXTENSÃO
Karine Sampaio de Carvalho1; Mithaly de Jesus Teixeira2; Paulo José dos Santos de
Matos3; José Lucas Andrade Santos4; Érica Santos Bomfim5; Bárbara Zibira Passos6;
Alexsandra Santana Pereira7; Caio Matos Santana8; Caroline Silva Santana9; Darcy Mota
Ferreira10; Jeane Santos Souza11; Lais Mara Carneiro Reis12; Luana Brunelly Araujo de
Lima13; Luz Marina Sales dos Santos14; Mayana de Souza Mendes15; Paloma Mota dos
Santos16; Valmir Carlos Mota de Oliveira Júnior17; Ana Lúcia Moreno Amor18.
Resumo
INTRODUÇÃO: Utilizar conhecimentos científicos advindos da sala de aula em
comunidades externas à Universidade, em ações extensionistas, é uma vivência
1
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS),
Monitora do componente curricular Parasitologia Humana , Bolsista PIBEX e PIBITI Voluntário.
2
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED).
3
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS),
PIBEX Voluntário e PIBITI Voluntário.
4
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED).
5
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED), PIBEX Voluntário e PIBITI
Voluntário.
6
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED).
7
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS).
8
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED).
9
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED).
10
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Nutrição(NUTRI).
11
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Nutrição(NUTRI).
12
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Enfermagem(ENF)
13
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS),
PIBIC Voluntário.
14
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED).
15
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Nutrição(NUTRI).
16
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Nutrição(NUTRI).
17
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Discente de Medicina (MED).
18
Orientadora. Docente do componente curricular Parasitologia Humana, UFRB-CCS.
8478
bastante enriquecedora e possibilita aos envolvidos novas experiências que contribuem
na sua formação acadêmica e pessoal. A promoção da Educação em Saúde engloba
estratégias integradoras do saber coletivo e promove a conscientização no indivíduo da
sua autonomia enquanto sujeito ativo na sociedade. OBJETIVO: Realizar atividade de
Educação em Saúde, de forma lúdica, com escolares do Ensino Fundamental, a respeito
de parasitoses de importância na Saúde Pública. METODOLOGIA: Esta atividade foi
realizada em 09/03/2018, na Escola Municipalizada Antônio Fraga (Santo Antônio de
Jesus-Bahia). Elaborou-se uma peça teatral e paródias, abordando o helminto Enterobius
vermiculares, conhecido como “caseira” (sintomatologia, diagnóstico e prevenção),
seguida da aplicação de uma atividade em formato de Quiz. Posteriormente, houve a
visualização microscópica do parasito em questão e macroscópica de outros parasitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A utilização de peças teatrais, paródias, e jogos educativos
entre outros na prática da educação em saúde, viabiliza a comunicação e o aprendizado
de crianças, possibilitando o entendimento de fatores concernentes ao tema abordado.
As dinâmicas trabalhadas proporcionaram aos envolvidos experiências enriquecedoras.
Notou-se o fortalecimento do vínculo entre universidade e comunidade, uma vez que foi
perceptível a devolutiva por parte dos professores que acompanharam as dinâmicas
com as crianças e por parte dos graduandos uma maior sensibilização e anseio em
desenvolver mais atividades desta natureza, possibilitando a execução do papel social
da universidade e a troca de conhecimentos. CONCLUSÃO: Percebe-se na prática que a
Educação em Saúde é uma ferramenta efetiva no que tange a promoção da
conscientização das crianças, podendo, as mesmas, propagarem esses conhecimentos.
Introdução
A experiência advinda da educação em saúde ocasiona o processo de
aprendizagem e reflexão, e a inserção do teatro como metodologia liga tal processo às
situações cotidianas, utilizando não apenas a linguagem verbal, mas também, a
demonstração corporal, o teatro que tem origem no vocábulo grego theatron, “local de
onde se vê”, considera dentro da dramaturgia, as relações pessoais, culturais, os
sonhos, desafios e a imaginação, para construir coletivamente o conhecimento, da
temática abordada, e justamente por esse fator, possibilita a ludicidade. Desse modo,
diante de todas as interfaces que permeiam a arte do teatro como um processo de
educar prazeroso, surgiu a peça da Melissinha, objetivamos através desta, demonstrar
como práticas básicas podem prevenir parasitoses, e como todo e qualquer indivíduo
8479
pode desenvolver a ação transformadora para o despertar do olhar crítico na
construção do saber, agindo em sua própria realidade.
Metodologia
Resultados e Discussão
8480
Conclusão/Considerações Finais
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2012/ Rio de Janeiro / Brasil.
8481
Anexo 1:
Melissinha todos os dias tinha a mesma rotina, ia pra escola, brincava com seus
amiguinhos e fazia suas atividades. Porém, Melissinha não se importava muito com sua
higiene, não lavava as mãos antes de comer, não lavava as mãos após usar o banheiro,
não lavava bem as frutas e legumes que consumia crus.
(A mãe entra em cena e acorda Melissinha para que ela vá para a escola)
- (MÃE) _ Filha, bom dia! Já está na hora de ir pra escola, levanta para se
arrumar.
- (MELISSSINHA) _ Ahhh tenho mesmo que acordar?
- (MÃE) _ Sim filhinha, levante para não se atrasar.
- (MELISSINHA) _Tudo bem mamãe.
Melissinha logo levanta e vai correndo para a cozinha.
(Melissinha acorda e vai até a cozinha e pega uma maçã na fruteira, a maçã cai no chão,
ela pega a maçã do chão e ainda a come sem lavar. Assim que morde…) (Maçã cria vida)
- (TODOS) _O QUE É QUE ISSO MELISSINHA?
- (MAÇÃ) _Melissinha, você sabia que é necessário lavar os alimentos
antes de comer? Não se deve comer alimentos do chão e é importante lavar
bem os alimentos para você não ficar doentinha porque os alimentos, como
frutas, que nós comemos crus, podem estar contaminados com ovinhos de
vermes que causam doenças. Além disso, Melissinha, você precisa lavar bem as
mãozinhas antes de comer.
(Melissinha faz cara de assustada, e em seguida ela vai lavar a fruta e as mãos)
(Enquanto lava a fruta começa a parodia)
8482
Paródia: Mc Loma Envolvimento/ Pega frutinha pra lavar
Para não pegar algumas doenças
Por essa Melissinha não esperava, a fruta ganhar vida e falar com ela.
Melissinha após lavar bem a frutinha e a comer sente vontade de fazer cocô e logo vai
ao banheiro.
(Melissinha vai ao banheiro para defecar e ao se limpar faz o movimento com as mãos
de trás para frente, além disso, vai saindo do banheiro sem lavar as mãos)
- (Vaso sanitário e todos) _O QUE É QUE ISSO MELISSINHA?
- (Vaso sanitário)_ Melissinha, você sabia que após usar o banheiro você tem que
lavar bem as mãos com água e sabão porque no cocô pode ter ovos de verminhos e
bactérias que podem contaminar tudo que você tocar até mesmo passar pra outra
pessoa? Além disso, Melissinha, você deve se limpar da frente para trás que é a
maneira correta.
- (MELISSINHA)_ Eu não sabia. Na verdade mamãe sempre fala mais eu não ligo
muito. Mas vou lavar as mãos sim.
(Melissinha logo vai lavar as mãos adequadamente)
(Enquanto isso o vaso sanitário começa a paródia)
8483
Lavar bem suas mãozinhas
E apare as unhinhas
Ao chegar à escola, Melissinha vai direto para a sua sala senta na cadeira e
continua a se coçar.
Melissinha, an an
Me escute,
8484
Não se esqueça,
- (MELISSINHA)- Nossa parece que tudo hoje está diferente, ganhando vida e falando
comigo.
Melissinha segue para casa pulando e cantando como sempre fazia e já nem mais se
lembrava de tudo que havia acontecido.
Ao chegar em sua casa, ela estava com muita sede e logo foi beber água
diretamente da torneira.
Melissinha fica assustada, pois não estava acostumada a ver todas as coisas ao seu
redor ganhando vida para lhe ensinar bons hábitos de higiene. Hábitos esses que lhe
ajudaria a prevenir (não ter) muitas doenças causadas por alguns bichinhos, vermes e
bactérias. Ela fez suas atividades, brincou com suas bonecas e ao chegar à noite
Melissinha vai dormir.
8485
os alimentos, usava o banheiro e não lavava as mãos, não bebia água filtrada. E logo
Melissinha começou a sentir algo diferente principalmente quando ia dormir e no início
da manhã.
Ela andava irritada, nervosa, não conseguia ter atenção nem mesmo na escola e
quando a noite chegava, ela coçava muito seu bumbum e não conseguia dormir.
No dia seguinte sua mãe vai ao quarto como de costume acordar Melissinha para ir à
escola, mas ela percebe a inquietação da filha e ver que está nervosa e se coçava muito.
Ela logo fica preocupada e pergunta.
A mãe mesmo preocupada manda sua filha se arrumar para ir para escola e
começa a organizar o quarto de sua filha. Ao sacudir a coberta pra limpar a cama algo
inesperado acontece... (A mãe sacode a coberta e o Enterobius aparece) (Enterobius
entra cantando, em seguida inicia a paródia da mãe)
Paródia Mãe
Paródia: Que tiro foi esse? / Que verme é esse?
Que verme é esse Melissa? Que apareceu no se quarto?
Que verme é esse Melissa? Tem que ser eliminado!
8486
ficar nervosa e muito irritada porque não consegue dormir direito de tanto se coçar. A
mãe logo falou...
- (Mãe) _ Filha vou te levar ao médico e logo logo livre da caseira você
ficará. Ele passará um remedinho que esse vermelho vai eliminar. Além disso, filhinha
sempre exame de fezes vamos realizar, pois ele é muito importante pra os vermes
detectar e eliminar.
- (MELISSINHA) _ Mas mamãe como eu peguei esse verminho?
- (Mãe) _Filhinha, lembra que eu sempre falo pra você ter bons hábitos de
higiene? Você deve ter se infectado com a caseira ao comer frutas sem lavar que
estavam contaminadas, cheias de seus ovinhos. Ou então filhinha, pode ser que você
bebeu água contaminada com os ovos, sempre te alerto para beber água filtrada. Por
isso é importante filhinha levar bem os alimentos e as mãos pra se prevenir de ter a
caseira e outros verminhos e bactérias que causam doenças.
- (CASEIRA) _ Exatamente você comeu frutas e legumes contaminados com
meus ovos e ainda bebeu água direto da torneira sem filtrar que também estava
contaminada.
- (Mãe) _ Mas não se preocupe filhinha vou te levar ao médico e este verme
vamos eliminar.
(Enterobius sai gritando e correndo...)
Música de encerramento
8487
Lave também os alimentos
8488
Anexo 2:
Fotos
8489
RELAÇÃO ENTRE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E TRANSTORNOS
MENTAIS COMUNS EM AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIAS DO SEXO FEMININO
NO BRASIL
Danilo Nogueira Maia1; Marcelo José Monteiro Ferreira2; Thalyta Gleyane Silva de
Carvalho3
INTRODUÇÃO
8490
A profissão dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) é considerada como
uma das mais estressantes do mundo (INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION,
2012). Estima-se que aproximadamente 42,1% dos ASP apresentem quadros de estresse
relacionado ao trabalho (SUMMERLIN, 2010). Esse percentual pode ser considerado
elevado, principalmente quando comparado com a população geral, cuja prevalência
varia de 19 a 30% (TSIRIGOTIS, GRUSZCZYNSKI, PECZKOWSKI, 2015).
Os ASP, além de serem submetidos a atividades que necessitam de um constante
e permanente autocontrole emocional, ainda estão sujeitos a situações que envolvem
riscos para a sua vida e/ou integridade física. Características inerentes ao processo de
trabalho dos ASP são consideradas como fatores estressores, responsáveis por
desencadear problemas de saúde. Elementos como o permanente estado de alerta para
o enfrentamento de situações de emergência, bem como a necessidade de intervenções
envolvendo o uso de força física para a separação de conflitos entre os presos foram
considerados como estressores no ambiente de trabalho dos ASP (TSIRIGOTIS,
GRUSZCZYNSKI, PECZKOWSKI, 2015).
Pesquisa realizada por Fernandes et al., (2002) investigou possíveis associações
entre condições de trabalho e saúde de 311 agentes de segurança penitenciária. Os
autores identificaram que estes profissionais estão frequentemente suscetíveis a
situações geradoras de estresse, tais como intimidações, agressões e ameaças, correndo
o risco, inclusive, de serem mortos (LOURENÇO, 2010).
O estresse também é considerado um dos principais fatores de risco para o
desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) (VERAS, 2011). O
grupo das DCNT causou a morte de mais de 800 mil brasileiros no ano de 2012,
correspondendo a 72,7% dos óbitos no país (MALTA et al, 2014).
A exposição crônica a agentes estressores pode contribuir para o surgimento de
Transtornos Mentais Comuns (TMC). Os TMC são caracterizados por um conjunto de
sintomas como fadiga, insônia, irritabilidade, comprometimento da memória e
dificuldades de concentração (ALVES, 2009). Frequentemente, esses transtornos
representam um alto custo social e econômico, pois constituem causa importante de
perda de produtividade, absenteísmo e diminuição da produtividade (SANTOS, 2010).
No âmbito do sistema penitenciário, o estresse relacionado ao trabalho associa-
se a desordens emocionais e comportamentais, além do surgimento de doenças
crônicas não transmissíveis (GHADDAR, 2011; TSCHIEDEL, 2012). Apesar disto, no Brasil
ainda existem lacunas importantes no conhecimento científico em torno das questões
relacionadas à saúde dos ASP. Os estudos tornam-se ainda mais escassos quando
abordam especificamente profissionais do sexo feminino (TSCHIEDEL, 2012). O presente
8491
manuscrito tem como objetivo, analisar a entre as doenças crônicas não transmissíveis
com a prevalência de TMC em ASP do sexo feminino no Brasil.
METODOLOGIA
8492
Os dados foram coletados através de questionário autoaplicado, utilizando
tecnologia de Audio Computer-Assisted Self-Interviewing – ACASI. A opção pelo ACASI
decorre da sua aplicabilidade em pesquisas, onde existe a necessidade de se abordar
informações sensíveis, de cunho pessoal, ou mesmo relacionadas a comportamentos de
risco para a saúde (SIMÕES E BASTOS, 2004).
O Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) foi utilizado para mensurar os níveis
de suspeição para transtornos mentais comuns. O instrumento é composto por 20
questões, sendo as 4 primeiras relacionadas à sintomas físicos e outras 16 sobre
sintomas psicoemocionais (COELHO et al., 2009; SANTOS et al., 2010).
A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de
comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de
aspectos subclínicos. É altamente recomendado para estudos de bases populacionais,
especialmente em grupos de trabalhadores, tendo em vista a associação dos sinais e
sintomas com a diminuição das funções laborais e sociais (COELHO et al., 2009; SANTOS
et al., 2010).
Por se tratar de um instrumento de rastreamento, a determinação do ponto de
corte para a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e
especificidade. Nesse estudo, adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do
SRQ-20 para as ASP, em conformidade com as orientações estabelecidas para mulheres
(ALVES, 2009; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002; TAVARES, 2010).
Aspectos socioeconômicos como idade (categorizadas em menos de 30, 31-35,
36-40, 41-45, 46-49 e 50 anos ou mais), grau de instrução e número de filhos foram
investigados. A raça (parda, negra, branca e amarela) foi autoreferida, obedecendo aos
critérios estabelecidos no Brasil. A renda mensal foi mensurada em salários mínimos e
contabilizada em moeda local (BRASIL, 2016).
O autorrelato acerca do atual estado de saúde foi estratificado em três categorias
(muito bom, bom e regular ou ruim). O tempo de atividades físicas foi categorizado em:
≥150 minutos e ≤150 minutos por semana, de acordo com os critérios estabelecidos no
VIGITEL. O tempo em horas por dia que costuma assistir televisão foi classificado em
dois estratos (<3 horas e >3 horas). A partir desses dois escores, definiu-se a ASP como
sedentária (tempo de atividade física semanal ≤150 minutos + ≥3 horas por dia que
costuma assistir televisão) ou não sedentária (tempo de atividade física semanal ≥150
minutos + ≤3 horas por dia que costuma assistir televisão) (Ministério da Saúde, 2015).
A classificação dos hábitos alimentares em saudáveis ou não, também seguiu os
critérios definidos no VIGITEL (Ministério da Saúde, 2015). Para o autorrelato de
8493
doenças, foram incluídas as cardiopatias (anginas, derrame ou trombose cerebral),
diabetes, hipercolesterolemia, asma ou bronquite asmática.
RESULTADOS
A população total nas unidades prisionais durante a coleta foi de 810 ASP, sendo
estimada uma amostra de 324 pessoas. Destas, ocorreram 4,6 % de perdas na seleção
inicial devido à escolta externa e acompanhamento das detentas aos serviços de saúde.
Ao final, foram abordadas 371 ASP, tendo ocorrido 20,5% de desistência e/ou recusa,
perfazendo uma amostra final de 295 participantes. Foram incluídas ASP de todos os
turnos e equipes de trabalho.
Neste estudo, a média de idade das ASP foi de 38,14 anos e 73,4% encontram-se
na faixa etária de 31 a 50 anos. Aproximadamente 44% se auto declararam como negras
e 37,7% como brancas. Quanto ao nível de escolaridade, 64,3% frequentam a
universidade, já completaram o ensino superior ou pós-graduação. Cerca de 2/3 são
casadas ou vivem em união estável. Metade das ASP moram com mais 2 ou 3 pessoas,
8494
81,6% possuem renda mensal variando de 3 a mais de 5 salários mínimos e 44,9% são a
principal fonte de renda da família (TABELA 1).
Cerca de 64,3% das ASP possuem ensino superior incompleto, completo ou
mesmo cursam alguma pós-graduação. Pouco mais de 60% possuem pelo menos um
filho e 44,9% (95%IC: 39,0 - 51,0) são a principal fonte de renda da família.
8495
Situação conjugal
Solteira ou sem parceiro estável 96/294 32,7 27,2 - 38,7
Casada/União estável 198/294 67,3 61,3 - 72,8
Filhos
Não 116/289 39,9 34,8 - 45,9
Sim 173/289 60,1 54,1 – 66,2
Nº de filhos
1 73/172 44,5% 36,8 - 52,5
2 65/172 36,6% 29,4 - 44,4
≥3 34/172 18,9% 13,5 - 25,9
No de pessoas que residem na casa além da ASP
1 86/294 28,9 23,9 - 34,5
2a3 142/294 50,5 44,5 - 56,4
4 ou mais 66/294 20,6 16,4 - 25,7
É principal fonte de renda da família
Não 165/294 55,1 49,0 – 61,0
Sim 129/294 44,9 39,0 – 51,0
Renda mensal da ASP
Mais de 1 a 3 salários mínimos 62/294 18,4 14,9 - 22,5
Mais de 3 a 5 salários mínimos 132/294 47,1 42,4 - 51,9
Mais de 5 salários mínimos 100/294 34,5 30,6 - 38,7
Renda mensal da família
Mais de 1 a 3 salários mínimos 35/286 10,3 7,6 - 13,9
Mais de 3 a 5 salários mínimos 70/286 24,0 19,6 - 29,1
Mais de 5 a 10 salários mínimos 121/286 43,2 37,5 - 49,1
Mais de 10 salários mínimos 60/286 22,5 18,4 - 27,2
8496
No que tange às doenças crônicas não transmissíveis, cerca de 80,9% das ASP
auto referiram hipertensão e recebem acompanhamento médico. A hipercolesterolemia
e a diabetes estiveram presentes em 11,9% e 5,2% dos autorrelatos, respectivamente
(TABELA 2).
8497
Recebe acompanhamento médico para
34/41 80,9 64,0 – 91,0
hipertensão
Diabetes 17/288 5,2 3,2 - 8,3
Hipercolesterolemia 32/278 11,9 8,3 - 16,7
Asma ou bronquite asmática 21/293 7,7 5,0 - 11,7
Recebe acompanhamento médico para asma ou
10/21 51,5 30,8 - 71,6
bronquite asmática
1
: valores observados ; 2
: valores ponderados
8498
Tabela 3 - Análise dos fatores associados aos Transtornos Mentais Comuns em ASP
1
: valores observados ; 2
: valores ponderado
8500
DISCUSSÃO
8501
em relação à população carcerária. Outros fatores responsáveis por gerar estresse entre
os ASP relacionam-se a insatisfação com o salário e o contato direto com detentos que
possuem comportamentos agressivos. Além disso, a superlotação e o número
insuficiente de profissionais foram considerados como importantes fatores de risco
prejudiciais à saúde mental desses profissionais (AKBARI, 2014).
CONCLUSÃO
A prevalência de TMC entre ASP no Brasil é superior a 30%. O conjunto dos
fatores estressores presentes no ambiente de trabalho prisional repercute em
implicações negativas para a saúde física e mental das ASP.
A exposição constante ao estresse no ambiente prisional pode contribuir para o
surgimento de doenças crônicas. Dentre elas, destacam-se as coronarianas, hipertensão
arterial e diabetes. ASP que consideraram seu estado atual de saúde como regular ou
ruim apresentaram maiores chances de desenvolverem TMC. Além disso, sedentarismo,
maus hábitos alimentares também associam-se ao surgimento de TMC
Nesse contexto, as políticas públicas voltadas para a Saúde do Trabalhador
precisam estar atentas às complexidades e vulnerabilidades inerentes a categoria
profissional dos ASP. O desenvolvimento de ações intersetoriais envolvendo Ministério
da Saúde, da Justiça e entidades representativas de classe tornam-se fundamentais para
a qualificação das intervenções junto a essas profissionais, atuando de forma resolutiva
e sistemática.
REFERÊNCIAS
AKBARI, J. et al. Job stress among Iranian prison employees. The International Journal of
Occupational and Environmental Medicine. 2014; 5(4 October):403-208.
______. Lei No 7.210, de 11 de Julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Casa Civil.
Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1984.
______. Lei 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher. Presidência da República. Brasília. Disponível
8502
em:<<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm >.
Acesso em: 19 Jul. 2016.
GHADDAR, A. et al. Exposure to psychosocial risks at work in prisons: does contact with
inmates matter? A pilot study among prison workers in Spain. Stress and Health. 2011;
27(2):170-6.
MALTA, D.C. et al. Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e
suas regiões, 2000 a 2011. Epidemiol. Rev. Saúde, Brasília, v.23, n.4, p. 599-608,
2014.
Ministério da Saúde. VIGITEL BRASIL: vigilância dos fatores de risco e proteção para
doenças crônicas por inquérito telefônico. Agência Nacional de Saúde Suplementar.
8503
Brasília: Ministério da Saúde; 2015.
8504
VASCONCELOS, A. S. F. A Saúde sob Custódia: um estudo sobre Agentes de Segurança
Penitenciária no Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Centro de
Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana – CESTEH, Fundação Oswaldo
Cruz. Rio de Janeiro: 2000.
World Health Organization. Global strategy on occupational health for all. 1 ed. Geneva:
World Health Organization; 1995.
8505
OFICINAS COM CRIANÇAS EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: O LUGAR DO SUJEITO E
DE DIRETO NA EDUCAÇÃO.
Antonio Marcos Candido da Silva1; Maria Ligia de Aquino Gouveia2; Lucas Miranda3;
Amanda Rayla Melo4
Resumo
O presente trabalho foi realizado com crianças de uma instituição pública de
acolhimento para crianças, do município de Campina Grande-PB, teve como objetivo
oferecer um espaço para elaborações para crianças em acolhimento institucional sobre
o processo educacional ao qual estão submetidas. Participaram das intervenções 05
crianças, com idades entre 10 e 12 anos, foram realizadas oficinas lúdicas em 05
encontros, um encontro por semana, na sala de dinâmica de grupo do departamento de
psicologia da UEPB. Em cada um dos encontros foram propostas dinâmicas através de
desenhos, jogos simbólicos, confecção de objetos e produção de cartazes. Para cada
oficina foi feito um diário de campo com registros dos discursos das crianças. Foram
trabalhadas as seguintes temáticas: importância da escola, representação da escola,
desempenho escolar, acompanhamento das atividades escolares, estratégia de
intervenção frente as dificuldades escolares. Através deste trabalho de extensão abre-se
possibilidades para o manejo do processo educacional de crianças em acolhimento
institucional na cidade de Campina Grande-PB, abrindo caminhos para superação das
condições sociais e econômicas desfavoráveis das famílias e das crianças que estão
sendo atendidas por estas instituições, colabora também no sentido de gerar espaços
para a expressão da singularidade das crianças com suas próprias histórias e recursos
subjetivos.
1
Universidade Estadual da Paraíba, graduando em Psicologia, (UEPB).
2
Universidade Estadual da Paraíba, Professora (UEPB).
3
Universidade Estadual da Paraíba, Graduando em Psciologia (UEPB)
4
Universidade Estadual da Paraíba, Graduando em Psicologia (UEPB).
8506
Palavras-chave: crianças, acolhimento institucional, processo educacional
Introdução
O presente projeto situa-se na temática do direito à educação no contexto das
8507
possibilidades de significações e negociações de posições sociais e simbólicas
(RossettiFerreira, Amorin, Silva, 2004). No contexto da escola brasileira, especialmente
a pública, coloca-se uma importante questão: a idealização do sujeito e a não
consideração de sua história, sua experiência, seu conhecimento, submetendo-o a uma
proposta de educação padronizada, massificada e esvaziada de sentido. Essa realidade
favorece a ocupação do lugar de exclusão de crianças e adolescentes (Suplino, 2005).
através de oficinas lúdicas para que as crianças possam se colocar sobre temáticas
relacionadas a escola.
interacionista (Vygotsky, 1989, 1999; Wallon, 1988). Para Vygotsky (1989, 1999) e para
Wallon (1988) as funções psicológicas tem um suporte biológico, mas não com funções
fixas, essas se desenvolvem nas interações sociais e através de mediações dadas pela
cultura. O funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o
indivíduo e o mundo ao longo de um processo histórico. Desta forma, através das
mediações o ser humano transforma-se de biológico em sócio-histórico.
cultural onde o indivíduo se desenvolve que lhe fornece formas de perceber e organizar
o realidade. Essas formas vão constituir os instrumentos psicológicos que fazem a
mediação entre o indivíduo e o mundo. Mediadores entre o indivíduo e o mundo real
consistem em uma espécie de filtro através do qual o homem será capaz de ver o
mundo e operar sobre ele. É a partir da experiência com o mundo objetivo, das
interações e das formas culturalmente determinadas de organização do realidade que
os indivíduos vão construir seu sistema de signos, o qual consistirá numa espécie de
“código” para a decifração do mundo (Vygotsky 1989, 1999).
8508
desenvolvimento proximal trata-se de um domínio psicológico em constante
transformação. Wallon (1988) propõe o estudo integrado do desenvolvimento, que este
contemple os vários campos funcionais em que ocorre a atividade infantil (afetividade,
motricidade, inteligência) e em estreito dinamismo com as condições concretas em que
ocorre, propõe o estudo da criança contextualizada, isto é, nas suas relações com o
meio. Assim, entre os recursos da criança/adolescente e os de seu meio, instala-se uma
dinâmica de determinações recíprocas.
Objetivo:
Metodologia
Participaram deste estudo 05 crianças, do sexo masculino, com idades entre 10 e
12 anos acolhidas em uma instituição pública para meninos do município de Campina
Grande – PB.
8509
Resultados e discussão
Na primeira oficina foi proposto um trabalho de colagem, a partir de recortes de
figuras tiradas de revistas que tínhamos na sala, e que fossem colocadas numa cartolina
formando assim um grande mural com fotos e mensagens retiradas das revistas.
Enquanto as crianças procuravam imagens ou mensagens para recortar, tentávamos na
maior parte do tempo, abordar questões pertinentes a relação deles com a escola, com
os professores com o processo de aprendizagem, e essas questões também foram
surgindo nas figuras que eles iam escolhendo para cortar e colar na cartolina.
Selecionaram figuras de jogadores que eles descreviam como sendo seus ídolos, e
falaram o nome ao mesmo tempo que diziam que queriam ser igual a eles quando
crescessem, mas que para isso teriam que estudar.
Enquanto era construído o que foi proposto também eram anotadas por um dos
extensionistas as falas dos meninos, para depois serem analisada, também fazia parte
do nosso roteiro propor no fim de cada encontro um momento para arrumar a sala e
perguntar a eles o que queriam fazer no próximo encontro. Dessa forma as crianças
podiam explorar seu lugar de sujeito e escolher o que fazer. Assim, no encontro
seguinte pediram para fazer pulseiras e colares.
Como tinha sido proposto por eles, levamos os matérias para elaboração das pulseiras
e colares, esse encontro foi bem produtivo, mesmo que um dos meninos ficou
impossibilitado de participar até o fim do encontro por conta de efeitos colaterais de
uma medicação que tinha tomado antes de ir para oficina, mas todos fizeram pulseiras e
colares, e um deles chegou a pedir para fazer a pulseira e o colar do amigo que não
conseguiu participar até o fim. Nessa atividade foi percebida a necessidade deles de
fazer algo segundo sua própria escolha. Experimentavam construir algo livremente, sem
receber ordens e sem ter que corresponder a akgum padrão de produção. Cada um foi
criando e fazendo da maneira que conseguia, durante as produções era aproveitado
para conversar sobre o tema, se na escola faziam atividades como essa, como era o
processo de fazer as atividades na escola no abrigo, sentimos muita resistência dos
meninos em dizer em detalhes como se sentiam, apesar de sempre falarem, e vez ou
outra falar coisas importantes, tais como, “a escola serve para saber ler e poder escolher
as matérias corretas”.
8510
desenhos. Então no encontro seguinte levamos TNT, para confeccionar roupas para eles,
feitas por eles mesmos. Nesse encontro um dos meninos foi castigado pelo abrigo e não
pode participar. A oficina ocorreu bem e todos participaram bastante, nesse dia
enquanto um dos meninos queria fazer uma roupa de guerreiro com direito a espada e
tudo, logo outro menino começou a fazer a roupa de GOKU, um personagem de desenho
animado Japonês, Dragon Boll Z, que aparece muito forte em todos os encontros, tanto
nas falas, quanto nas brincadeiras entre eles durante a produção das atividades.
A partir dos diários de campo e das temáticas trabalhadas nas oficinas foi possível
analisar os discursos das crianças sobre a escola. A seguir serão apresentadas algumas
pontuações importantes que circularam nas oficinas sobre a escola.
Professores
Importância da escola
8511
aprender, para arrumar um bom trabalho e para pegar ônibus sem ter que perguntar a
alguém a identificação do mesmo.
Representação da escola
A escola, de forma geral, é vista como tendo uma estrutura muito precária. Acham a
escola feia, descuidada. Mas gostam muito do campo de futebol da escola e de jogar
futebol diariamente.
Desempenho escolar
8512
TNT, decorar bolas e fazer quadrinhos para compor juntos um cartaz) e fazer circular a
imaginação, a criatividade e a fala, mobilizando o sujeito o investimento em algo,
partindo da singularidade de cada um.
que são castigadas, e que a culpa por serem castigadas é delas próprias, pois se
comportam mal, fazem bagunça. Entendem que é justo receberem castigo.
das cinco crianças participarem das quatro oficinas, na última oficina, que seria o
fechamento, duas crianças não compareceram. As crianças que compareceram relataram
que os colegas não vieram porque tinham sido mal avaliadas pelo educador que as
acompanhou na penúltima oficina. As crianças disseram que o educador disse que ao
saírem fizeram bagunça.
medicação e uma delas em uma das oficinas estava sob efeito de medicação que mal
conseguia equilibrar seu corpo e andar. Assim, foi levada para ficar com e educador, e
ao concluirmos a oficina vimos que a mesma se encontrava dormindo.
Resumo da Animação: Son Goku começa a série como uma criança independente da
sociedade. Foi criado, quando bebê, por seu avô adotivo, Son Gohan. Son Goku é uma
criança muito forte e destemida. Devido ao seu sangue Saiyajin, ele era mais poderoso
que a maioria dos inimigos que enfrentava e retornando-se sempre mais forte do que
antes. Mesmo assim, por causa dos seus mestres Son Gohan e Kame, sempre é gentil
com os outros, chegando ao ponto de tentar não matar nenhum inimigo. É mostrado em
Dragon Ball que Son Goku não tem maldade no coração, isto é, o que ele tem de força,
possui também em inocência. Sua maior paixão, sem dúvida, é lutar. Quando adulto
(Dragon Ball Z), seu corpo cresce, e Son Goku torna-se ainda muito mais poderoso do
8513
que antes (Dragon Ball). Ao longo de toda sua vida, Goku demonstra muita satisfação
por lutar contra inimigos mais poderosos do que ele. Son Goku causa admiração por
seus amigos de luta. Ao longo da série é possível concluir que ele é na maior parte das
vezes quem alcança o poder mais elevado da história de Dragon Ball (Z). Contudo, e
apesar da sua significativa dedicação em árduos treinos, existe sempre alguém mais
forte ainda o que o obriga a treinar sempre mais. Durante a saga (Dragon Ball, Z) o seu
poder alcança dimensões descomunais.
Considerações Finais
Referências bibliográficas
8514
AYRES, L. S. M., CARDOSO, A. P., & PEREIRA, L. C. (2009). O abrigamento e as redes de
proteção para a infância e a juventude. Fractal: Revista de Psicologia, 21 (1), 125-136.
www.amperj.org.br/store/legislacao/codigos/eca_L8069.pdf
8515
VEIGA, L. & GONDIM, S. A utilização de métodos qualitativos na ciência política e no
marketing político. Opinião Pública 2(1), 1-15.
8516
HABILIDADES TÉCNICAS NA AFERIÇÃO DE SINAIS VITAIS EADMINISTRAÇÃO DE
INJETÁVEIS: CURSO DE EXTENSÃO PARAFARMACÊUTICOS
Sarah Rebeca Bezerra Silva; Ana Elza Oliveira de Mendonça; Amanda Nicoli Vital de
Oliveira; Franciely Medeiros dos Santos; Gisele de Oliveira Mourão Holanda; Isabel Pires
Barra; Júlia Silva Fonseca dos Anjos; Juliana Raquel Duarte da Silva Camilo; Leandro
Melo de Carvalho; Maria Alzira Rego Pinheiro; Paulo Wendel Ferreira Fonseca; Thomas
Matheus da Silva Lopes.
8517
temática e objetivos é de extrema importância para a solidificação da cultura da
segurança do paciente no ensino superior.
Introdução
No Brasil, foi somente após a lei orgânica do ensino superior, através do decreto n.
8659, de 05 de abril de 1911, que possibilitava maior autonomia administrativa das
instituições, que aconteceu a primeira experiência de cursos de extensão. Aconteceu na
Universidade Livre de São Paulo e ainda hoje representam a prática mais difundida em
âmbito nacional (ALMEIDA, 2015).
8518
Um dos grandes desafios, porém, para o alcance da qualidade no seu mais alto nível são
os riscos potenciais que toda prática assistencial tem de causar danos ao paciente,
considerando a complexidade do ambiente onde é ofertada. Todo aquele que procura
por um serviço de saúde deseja, no mínimo, alcançar uma condição clínica melhor que a
anterior. A ocorrência dos chamados eventos adversos relacionados à assistência
caminham na mão oposta às expectativas do cliente, gerando grande insatisfação
e,consequentemente, queda no nível de qualidade do serviço em questão (GIMENES,
2016).
Essa aplicação de fármacos pode ser feita pelo profissional médico e principalmente
pelos profissionais da enfermagem. O farmacêutico prepara e distribui os medicamentos
prescritos e também colabora com os demais profissionais de saúde na avaliação da
eficácia dos medicamentos (POTTER, 2009). Todavia, com a resolução nº 499 de 17 de
dezembro de 2008, no capítulo I, artigo 1°, o farmacêutico tem respaldo legal quanto a
aplicação de injetáveis em vias parenterais que são via intradérmica, via subcutânea, via
intramuscular e via endovenosa. Porém, os farmacêuticos estão respaldados legalmente
8519
para a administração por vias intradérmica, subcutânea e intramuscular. Apesar disso,
os alunos da graduação de Farmácia não possuem aulas práticas que permitam a
aquisição das habilidades técnicas de administração de medicamentos injetáveis no
curriculo atual. Diante dessa situação, o curso teve início visando o suprimento dessa
necessidade de capacitação.
Metodologia
Esta ação foi realizada na modalidade de curso de extensão, oferecido pelo
Departamento de Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com carga horária de vinte horas. O público-
alvo interno compreende os discentes da graduação em farmácia da UFRN e o público-
alvo externo compreende os servidores atuantes na Farmácia Escola da UFRN e os
profissionais farmacêuticos das instituições conveniadas com a universidade como
campos de atividades práticas.
O curso foi elaborado com a seguinte conformação: uma etapa teórica e uma etapa
prática. Na primeira etapa, os assuntos foram repassados em forma de aula expositiva e
dialogada, visto que há a necessidade de um embasamento teórico-científico prévio
para que a fase da prática consiga suprir a necessidade dos participantes.
8520
Na etapa prática, os participantes foram distribuídos em duplas ou trios e receberam
suporte de uma equipe de monitores qualificados previamente selecionados, para que
qualquer dúvida pudesse ser sanada de forma individual, garantindo assim completa
segurança e compreensão acerca dos procedimentos. Cada grupo teve a oportunidade
de aferir e avaliar cada um dos sinais vitais e na parte dos injetáveis foram instruídos a
respeito das técnicas corretas de administração para cada via, com embasamento da
literatura. Foram utilizados todos os materiais fundamentais para uma simulação
realística, tal como estetoscópios, esfigmomanômetros, agulhas e seringas com seus
tamanhos diversos, água bidestilada como substituto para as medicações, algodão e
álcool para assepsia, bem como os equipamentos de proteção individual (EPIs),
corroborando com a Norma Regulamentadora 6 (NR6).
Resultados e discussão
As conveniências farmacêuticas sofreram grandes transformações, transferindo seu foco
do produto para os cuidados com os clientes. Em função disso, é necessário que os
profissionais destes serviços detenham um conhecimento razoável acerca da aferição de
sinais vitais, dos medicamentos, da farmacoterapia e das boas práticas em farmácia,
agindo sempre pautado nos princípios éticos e contribuindo assim para a qualidade do
atendimento e consequentemente para segurança do paciente (BONADIMAN et al.,
2018).
Os sinais vitais (SSVV) são parâmetros que indicam o estado de saúde e da garantia das
funções circulatórias, respiratória, neural e endócrina do corpo. Podem servir como
ferramentas de comunicação universal sobre a gravidade da doença e o estado geral do
paciente (TEIXEIRA et al., 2015). Para avaliar os sinais gerais do paciente, observam-se
cinco parâmetros: pulso, temperatura, respiração, pressão arterial e dor. Discorreremos
deles detalhadamente a seguir.
A parte periférica do aparelho circulatório e o próprio funcionamento do coração podem
ser avaliados pela análise das pulsações arteriais. A tomada do pulso da artéria radial é
um ato simples porém de grande significação. É necessário contar sempre o número de
pulsações durante um minuto; a frequência do pulso varia com a idade e em diversas
outras condições fisiológicas. Em pessoas adultas, considera-se normal a frequência de
60 a 100 batimentos por minuto.
8521
corpo está sujeita às variações das condições ambientais. Pequenas variações de
temperatura normal são observadas, de pessoa a pessoa, e numa mesma pessoa, em
diferentes locais do corpo. A temperatura axilar normal pode variar entre 35,8ºC e 37ºC.
A pressão arterial é a medida da pressão exercida pelo sangue nas paredes das
artérias. A pressão ou tensão arterial depende da força de contração do coração, da
quantidade de sangue circulante e da resistência dos vasos. Tem por finalidade
promover uma boa perfusão dos tecidos e com isto permitir as trocas metabólicas. É
difícil definir valores normais para medida da pressão arterial pois varia de indivíduo
para indivíduo. Porém, classicamente, adota-se o valor de normotensão de 120 por 80
milímetros de mercúrio (PORTO, 2004).
E por fim, a dor. Antes ela não era considerada um sinal vital, mas em 1996, James
Campbell (Presidente da Sociedade Americana de Dor) mostrou a necessidade da
incorporação da dor nos sinais vitais. Ela é uma experiência sensorial e emocional
desagradável que é associada a lesões reais ou potenciais. É um importante parâmetro
de avaliação e é uma das causas mais frequentes da busca pelo auxílio. Através da sua
avaliação, é possível acompanhar a evolução do paciente e efetuar os ajustes
necessários para que o tratamento fique mais adequado. Ao avaliar, deve-se detectar
sua etiologia, e considerar características como localização, padrão, intensidade e
duração da dor. Ela pode ser mensurada através de escalas numérica visual de 0 a 10,
escalas verbais com 4 termos (dor ausente, leve, moderada e intensa) e escalas de faces
de sofrimento, que podem ser usadas para pacientes com dificuldade de comunicação.
(SBED, 2018).
8522
Para sua execução são necessários competência, conhecimentos, habilidades e
aplicação de princípios científicos no que diz respeito ao preparo, às vias de
administração e aos eventos adversos (PINHEIRO et al., 2016)
Compõem as vias parenterais, a via subcutânea que abrange todo o tecido conjuntivo
frouxo abaixo da derme. Essa via possui uma capacidade de absorção lenta, por ser um
tecido pouco vascularizado. As melhores regiões para aplicação são a face posterior
externa do braço, o abdome e as faces anteriores das coxas. Essa via suporta
administrações de 0,5 ml a 1 ml.
Conjuntamente à via subcutânea, têm-se a via intramuscular, que fornece uma absorção
mais rápida, já que o músculo é um tecido altamente vascularizado. Entretanto, possui
maiores riscos de ocorrência de erros. O tecido muscular suporta até 3ml sendo que
cada região possui uma capacidade de volume diferente. As regiões mais utilizadas
nessa via são o deltóide, ventroglúteo e o vasto lateral da coxa. (POTTER, 2009)
8523
O quadro 1 ilustra as edições realizadas em cada ano, bem como seus respectivos
Quadro 1: realizações do Curso de Administração de Injetáveis
2014 01 5
2015 03 39
2016 03 99
2017 03 53
Fonte: dados da equipe organizadora.
números de participantes.
Pode-se observar no quadro 1 que tanto o número de edições anuais quanto o número
de participantes teve um aumento significativo ao passar dos anos em comparação à
primeira edição, demonstrando interesse por parte do público alvo. O crescimento do
interesse dos estudantes de farmácia, repercutirá em suas atividades práticas, dado que
aqueles que participaram do curso estarão mais preparados para lidar com as diversas
situações e qualificados a prestar uma assistência com menor quantidade de erros. Isso
contribuirá para que seja alcançado um dos objetivos do Programa Nacional de
Segurança do Paciente: fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino
técnico e de graduação e na pósgraduação na área da Saúde (BRASIL, 2014). Esse
objetivo é efetivado com a inserção dos discentes da graduação como parte do público-
alvo dessa ação de extensão.
Conclusão
Desta feita, podemos concluir que a realização de um projeto de extensão com essa
temática e objetivos é de extrema importância para a solidificação da cultura da
8524
segurança do paciente no ensino superior. Haja vista que é dentro da graduação que as
necessidades de apropriação do conhecimento devem ser supridas, destaca-se a
relevância da inserção do tema, não somente na teoria como também na prática.
Ademais, com base no interesse dos participantes, sugerimos a implementação de
disciplinas como componentes da estrutura curricular da graduação em farmácia que
possa abranger tanto questões de habilidades técnicas, quanto os aspectos da
segurança do paciente, já que existe um respaldo no código de ética para essa prática.
Referências
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8525
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CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA_ 2009 Resolucao_499_2008_CFF.pdf>. Acesso em:
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0707201500003970014.
WEGNER, Wiliam et al. Educação para cultura da segurança do paciente: Implicações
para a formação profissional. 2016. Disponível em:
8527
PROJETO AOPNE: ODONTOLOGIA PARA PACIENTES INSTITUCIONALIZADOS COM
NECESSIDADES MÚLTIPLAS
Ana Maria Lucas Guimarães1; Aline Maria de Oliveira1; Daniella Andrade Guimarães1;
Diego Machado de Oliveira1; Paulla Soares Gonçalves1, Marcella Rezende Amorim1;
Fernanda de Oliveira Bello Corrêa2; Sibele Aquino Nascimento2; Cleverton Corrêa
Rabelo3
Resumo
A inclusão social de indivíduos com deficiência em nossa sociedade tem passos débeis.
Pessoas com deficiência podem apresentar alterações físicas, intelectuais, sociais ou
multiplicidade destas alterações podendo levar a restrições de mobilidade,
aprendizagem, sociabilidade e saúde. Visando a Odontologia inclusiva, o projeto AOPNE
(Atendimento Odontológico ao Portador de Necessidades Especiais) é desenvolvido na
Associação Santa Luzia em Governador Valadares/MG, instituição que abriga internos
residentes portadores de necessidades especiais múltiplas. Para reconhecimento do
território de nossas ações, realizamos levantamento epidemiológico odontológico
procurando associar à saúde global dos internos através de consultas aos prontuários
médicos e registros da equipe de enfermagem como a classificação de Braden que
avalia autonomia dos internos. Foram avaliados 107 internos, sendo a maioria do
gênero feminino (58%), com idade média de 59,28 anos, tempo médio de internação de
1
Acadêmico do Curso de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Governador
Valadares – MG (UFJF-GV).
2
Professor Adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Governador Valadares – MG (UFJF-
GV).
3
Coordenador- Professor Adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora Campus Governador Valadares
– MG (UFJF-GV).
8528
10,08 anos que apresentaram alta prevalência de cáries e doenças periodontais. A alta
prevalência de doenças bucais identificada neste território onde a complexidade de
fatores associados a saúde sistêmica invariavelmente está associada a dependência
destas pessoas ou mesmo à recusa em se submeter às intervenções nos fez entender
que o controle diário do biofilme bacteriano presente na placa dentária caracteriza o
principal desafio na promoção de saúde bucal. Os extensionistas do projeto AOPNE
atuam de forma integrada a equipe multidisciplinar como protagonistas da odontologia
inclusiva promovendo a acessibilidade, a promoção de saúde e bem estar das pessoas
que residem na Associação Santa Luzia. Além de procedimentos clínicos odontológicos
os alunos extensionistas realizam higienização oral diária dos internos, utilizando para
tal, escova e afastadores adaptados.
Introdução
8529
Segundo Chávez et al. (2014), as condições sistêmicas aumentam
consideravelmente a predisposição de um paciente ter doença periodontal, que pode se
desenvolver de forma mais rápida e mais agressiva. Huang et al. (2010) relatam que as
condições de saúde bucal das crianças portadoras de necessidades especiais são
afetadas por diversos fatores como idade, severidade da doença, mutações genéticas,
alterações estruturais maxilo-faciais, efeitos colaterais das drogas, graus de limitações
motora e/ou cognitiva, comprometimento dos cuidadores e acessibilidade ao
tratamento odontológico.
A síndrome de Down é considerada uma das causas mais comuns de retardo
mental em crianças, afetando 1 a cada 800 crianças (HARITHA e JAYAKUMAR,
2011). Meyle e Gonzales (2001) relatam conclusões de revisões sistemáticas
concordando com a prevalência de doença periodontal em 100% dos pacientes abaixo
dos 30 anos. O acometimento precoce pode se manifestar já na dentição decídua,
geralmente de forma severa, especialmente nos incisivos inferiores. A severidade da
periodontite foi maior em indivíduos institucionalizados comparado aos que vivem em
casa.
Fatores endógenos também contribuem para a rápida progressão da doença
periodontal nestes indivíduos. Reduzida quantidade de linfócitos T, juntamente as
maiores proporções de leucócitos imaturos aliados à síntese alterada do colágeno
podem explicar a alta susceptibilidade a periodontite (MEYLE e GONZALES, 2001). É
comum também a manifestação de epilepsia nestes indivíduos. Pacientes epiléticos
usualmente tomam medicamentos anticonvulsivantes continuamente por toda a vida e
estes medicamentos podem alterar significamente a anatomia gengival pois induzem
proliferação fibroblastica gengival (SHIBATA, 2018).
Sakellari et al. (2005), compararam as condições periodontais entre indivíduos
portadores de sindrome de Down (SD), indivíduos com paralisia cerebral (PC) e um
grupo controle com indivíduos saudáveis. Os indivíduos com SD apresentaram maior
número de bolsas periodontais de 4-6 mm e maiores de 6mm, comparado aos outros
grupos. Os pacientes PC apresentaram também maior número de bolsas profundas
comparados aos indivíduos saudáveis. Avaliaram também os perfis microbiológicos dos
três grupos e constataram maior frequência de A.actinomycetemcomitans, P.gingivalis,
T.forsythensis, C. rectus, E.corrodens, P.intermedia, P.micros, C.sputigena, A.naeslundii,
P.nigrescens no grupo de SD. Ressaltaram que apesar dos níveis semelhantes de higiene
oral observado entre os grupos de PC e SD, os pacientes SD apresentaram piores
condições periodontais com respeito aos índices de sangramento e níveis de inserção
clínica.
8530
A Paralisia cerebral (PC) é a forma mais prevalente de desordem neuromuscular
manifestada em crianças (DOUGHERTY, 2009). Estima-se que 2-3 crianças a cada 1000
nascidas são portadoras de PC sendo que destas, 87-93% estão agora vivendo a fase
adulta, o que demanda maior atenção no planejamento das terapias, melhor
compreensão das estratégias para promoção de saúde, visando maior qualidade de vida.
As alterações neuromusculares associadas a PC podem afetar a saúde oral
significativamente de várias maneiras, incluindo alterações estruturais na região
orofacial, desenvolvimento de hábitos parafuncionais, problemas alimentares e
dificuldade com manutenção da higiene bucal.
No que diz respeito a pacientes com déficit neuro-motor, a literatura relata que o
índice de cárie e a quantidade de placa bacteriana são maiores nos pacientes especiais
que na média da população (MAKOWIECKY, 1985; RISCART et al.,1989; MATHEUS,
1992; NUNN et al, 1993; GUPTA et al., 1993; WHYMAN et al., 1995; SCHMIDT, 1995).
Segundo Giro et al. (2004) isso se agrava ainda mais em pacientes institucionalizados
que apresentam maior risco de desenvolver a cárie dental.
Segundo Flório et al. (2007) quando o PNE (portador de necessidades especiais)
não é capaz de realizar por si só os cuidados com a higiene bucal, o cuidador torna-se
encarregado pela mesma. No entanto, na maioria das vezes esses indivíduos não são
motivados a ação e/ou não têm capacitação necessária sobre como realizar uma higiene
bucal satisfatória, bem como relatam dificuldades no manejo de alguns pacientes, já
que a maioria apresenta limitações motoras, comportamentos agressivos e falta de
interesse e de cooperação (NASILOSKY et al., 2015). Para sanar a dificuldade é
necessário o desempenho conjunto do cirurgião-dentista para fornecer as informações
necessárias, demonstrar os cuidados bucais, indicar tecnologias auxiliares e, ao mesmo
tempo, estimular os cuidadores a dar continuidade no processo de higienização bucal
para que não percam a motivação.
O projeto AOPNE (Atendimento Odontológico ao Portador de Necessidades
Especiais) é desenvolvido na Associação Santa Luzia em Governador Valadares/MG,
instituição que abriga internos residentes portadores de necessidades especiais
múltiplas. Dessa forma, inicialmente com intuito de planejar estratégias para promoção
de saúde desta população, realizamos levantamento epidemiológico para melhor
conhecer nosso território de atuação.
Metodologia
Através de consulta aos prontuários médicos dos internos, coletamos
informações sobre histórico de saúde, patologias de base e coexistentes e avaliação
8531
pela classificação de Braden (BERGSTROM e BRADEN, 2002), que mensura o risco de
desenvolvimento de úlcera de pressão, com avaliação do estado mental, oxigenação,
sinais vitais, mobilidade, autonomia para deambulação, alimentação, cuidado corporal,
excreção e dependência medicamentosa. Cada critério recebe pontuação de 1 a 4 e
quando a soma excede 31 pontos, os pacientes são caracterizados em cuidados
intensivos, entre 27 e 31 pontos, semi-intensivo, de 21 a 26 pontos, alta-dependência,
intermediário com pontuação entre 15 e 20 pontos e mínimo cuidado entre 9 e 14
pontos.
Foi realizado um levantamento epidemiológico para avaliação da prevalência de
doenças periodontais, cáries, e lesões bucais de todos os pacientes internos. Todos os
pacientes foram examinados clinicamente, a fim de se realizar diagnósticos com relação
a lesões de mucosa oral, manifestações de cáries e doenças periodontais. Os dados
coletados foram descritos em ficha clínica desenvolvida para este levantamento.
Os índices epidemiológicos utilizados foram CPO-d (somas de dentes cariados,
perdidos e obturados) para manifestações de destruição dentária por cáries, seguindo os
critérios da OMS e CPITN (índice periodontal comunitário para necessidades de
tratamento) para os casos onde não foi possível realizar o exame clínico periodontal
completo. CPITN recebe código 0/TN0 quando se encontra saúde gengival; 1/TN1 em
caso de sangramento e necessidade de melhora da higiene bucal; 2/TN2 detecção de
cálculo supra/subgengival e necessidade de raspagem; 3/TN3 presença de bolsas
periodontais de 4-5 mm de profundidade e necessidade de raspagem; 4/TN3 presença
de bolsas periodontais maior ou igual a 6 mm com necessidade de raspagem.
O Exame clínico periodontal completo foi realizado por um único examinador
treinado e previamente calibrado, em todos os indivíduos cooperadores, onde foram
avaliados profundidade de sondagem (PS) e nível clínico de inserção (NI) em 6 sítios por
dente. Profundidade de sondagem afere a distância da margem gengival ao fundo do
sulco gengival ou bolsa periodontal, nos seis sítios por dente, enquanto nível clínico de
inserção corresponde a distância da posição da junção cemento-esmalte ao fundo do
sulco gengival, em 6 sítios de cada elemento dentário.
Resultados e Discussão
Notoriamente a medicina periodontal tem comprovado a inter-relação entre os
desequilíbrios fisiológicos provocados por doenças sistêmicas e a manifestação de
doenças periodontais. Alterações metabólicas, comportamentais e imunológicas podem
alterar os mecanismos de defesa e renovação de colágeno do periodonto, predispondo a
perda óssea e edentulismo precoce. A doença periodontal, por sua vez tem sido
8532
associada à patogênese de doenças sistêmicas como pneumonia, cardiopatias, diabetes
dentre outras (SCANNAPIECO e RETHMAN, 2003). Os indivíduos portadores de
necessidades especiais apresentam particular risco para estas doenças sistêmicas
(MACHUCA et al, 2007; ANDERS e DAVIS, 2010) e, as limitações de ordem cognitiva e
motora que impossibilitam os corretos cuidados de higienização bucal, tornando estas
8533
Com respeito ao gênero, a maioria são mulheres (58%), com idade média de
59,28 anos e tempo médio de internação de 10,08 anos. As lesões bucais mais
prevalentes foram obervadas em pessoas dependentes do uso de próteses dentárias,
tanto pela perda de dimensão vertical não compensada corrretamente pelas próteses
associada ao aparecimento de queilite angular, como a falta de correta manutenção das
mesmas acarretando em candidose pseudomembranosa ou estomatite (tabela 2).
Pudemos constatar também uma correlação positiva entre o tempo de internação
Candidose pseudomembranosa 3
Queilite actínica 1
Herpes palatina 1
Papiloma escamoso 1
Leucoedema 1
Fistula 1
Total 16
e melhores índices CPO-d, assim como entre menor faixa etária e melhores índices
CPO-d, corroborando com o caráter cumulativo de fatores etiológicos relacionados à
cárie dentária e destruição coronária (tabela 3).
8534
Tab. 3 - Manifestações orais de acordo com idade e tempo de internação
T. CPO- CPITN
N/% M/F Internaç. Idad Dentados/% d Cooperativos/% PS NI 4/%
E. Braden
9/14 46/44 23/23 11,5 60,87 28/61 16,67 14/50 2,71 2,63 13/46
15/20 41/38 16/25 9,37 55,73 21/51 8 9/43 3,02 3,05 12/57
21/26 7/6 4/3 12,14 65 6/86 18 1/17 3,68 3,66 4/67
s/c 13/12 6/7 6,27 61,77 7/54 13 1/14 2,79 3,97 5/71
8535
Tab. 5 – Manifestações orais de acordo com gênero
8536
Conclusão/Considerações Finais
Referências.
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8537
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8539
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Organization, 1999.
8540
Figura 1: Realização da higiene oral com auxilio do afastador adaptado
8541
POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS DO CUIDADO EDUCATIVO INDIVIDUAL E EM GRUPO
COM DIABÉTICOS INSULINIZADOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
Eberson Luan dos Santos Cardoso1; Bruna Luana Oliveira Tavares2; Ingrid Nicolle
Monteiro Barros3; Luana Rocha Pereira4; Suelen da Silva Miranda5; Suenne Paes Carreiro
de Aviz6;
Resumo
O objetivo deste estudo é descrever a experiência de acadêmicos de Enfermagem na
promoção do autocuidado e prevenção de agravos de usuários diabéticos
insulinodependentes, através da utilização de estratégias educativas em saúde em
grupo e individual, visando ao controle glicêmico adequado. Dessa maneira, as
estratégias metodológicas utilizadas foram: ações de cuidado educativo em grupo,
através da abordagem de temáticas voltadas para o autocuidado em diabetes, em
especial autoadministração de insulina, realizadas com o auxílio de tecnologias leve-
duras em saúde; e consultas individuais para educação em saúde individual dos
usuários, com o enfoque em enfrentamento das principais dificuldades na aderência ao
terapia insulínica e capacitação para autoadministração da insulina subcutânea. O
desenvolvimento das atividades proporcionou maiores conhecimentos sobre realidade
dos usuários insulinodependentes, a percepção das dificuldades frente à terapêutica,
bem como reafirmou a importância da assistência de enfermagem, com ênfase no
autocuidado, como uma alternativa encontrada para viabilizar a adesão ao tratamento,
melhorar a qualidade de vida e reduzir os elevados encargos à família, à sociedade e ao
1
Universidade Federal do Pará, Curso de graduação em Enfermagem, Pró-Reitoria de Extensão (PROEX);
2
Universidade Federal do Pará, Curso de graduação em Enfermagem, Pró-Reitoria de Extensão (PROEX);
3
Universidade Federal do Pará, Curso de graduação em Enfermagem, Pró-Reitoria de Extensão (PROEX);
4
Universidade Federal do Pará, Curso de graduação em Enfermagem, Pró-Reitoria de Extensão (PROEX);
5
Universidade Federal do Pará, Curso de graduação em Enfermagem, Pró-Reitoria de Extensão
(PROEX); 6 Universidade Federal do Pará, Curso de graduação em Enfermagem, Pró-Reitoria de
Extensão (PROEX); 7 Prefeitura Municipal de Belém (PA);
6
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará;
8542
sistema público de saúde. A vivência destacou ainda a educação terapêutica como
sendo essencial na atenção primária para informar, motivar e fortalecer a pessoa e a
família, cabendo aos profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, a adoção de
atividades educativas em grupo para evidenciarem os programas de atenção integral.
Introdução
Ademais, a educação em saúde em diabetes, por esta ser uma doença de complexo
tratamento, requer que sejam adotadas abordagens inovadoras, fugindo do padrão
8543
tradicional centrado na doença, onde os usuários acabavam se tornando meros
depósitos dos conhecimentos dos profissionais de saúde. É necessário alcançar as reais
necessidades desse grupo, estimular o desenvolvimento da habilidade de estes se
posicionarem como protagonistas da sua própria saúde, de pensar criticamente sobre
sua realidade e de tomar decisões conscientes (CYRINO; SCHRAIBER; TEIXEIRA, 2009).
Nesse sentido, para que as intervenções junto aos usuários com diabetes sejam
verdadeiramente educativas, estas devem olhar o indivíduo como ser social,
problematizando o cotidiano do mesmo e valorizando as experiências que estes trazem,
assim como as diferentes realidades onde estão inseridos. Além do exposto, é essencial
considerar o nível de habilidade do usuário para se ajudar, bem como o contexto
familiar e comunitário, fatores esses que influenciam diretamente nas práticas de
autocuidado requeridas (COSTA, 2014).
8544
espaços de educação em saúde junto à comunidade, em especial os usuários diabéticos
em tratamento insulínico assistidos na atenção primária em saúde, promovendo a saúde
dos mesmos por agir diretamente nas lacunas que perpassam o tratamento, difundindo
conhecimentos relacionados aos procedimentos básicos para a autoadministração de
insulina em domicílio e importância do seguimento terapêutico. As atividades
extensionistas foram planejadas levando em consideração a realidade dos usuários
percebida através de escutas sensíveis, atentando às suas angústias, dúvidas e
questionamentos para a formulação de intervenções através de cuidado educativo.
Desse modo, o objetivo do presente estudo é descrever a experiência de acadêmicos de
Enfermagem na promoção do autocuidado e prevenção de agravos de usuários
diabéticos insulinodependentes, através da utilização de estratégias educativas em
saúde em grupo e individual, visando ao controle glicêmico adequado.
Metodologia
8545
terapia insulínica e capacitação para autoadministração da insulina
subcutânea.
Resultados e Discussão
Os grupos eram formados por 5 usuários, em média, que participavam das atividades
propostas durante duas horas. Em todos os encontros, os acadêmicos de Enfermagem
conduziam os processos, supervisionados por uma enfermeira responsável pelo projeto.
Para iniciar as atividades durante os encontros, optou-se pela utilização de dinâmicas
de acolhimento e apresentação, seguidos de uma conversa informal para o estímulo ao
envolvimento e participação dos usuários durante os encontros.
O método de abordagem escolhido para atuar junto aos usuários participantes foi
baseado na utilização de tecnologias leve-duras em saúde, voltadas para a promoção do
autocuidado e protagonismo dos usuários no que diz respeito à sua própria saúde,
oportunizando um espaço dialógico de compartilhamento de dúvidas e
questionamentos sobre a autoadministração de insulina subcutânea, a troca de
experiências sobre esta modalidade de tratamento e a exposição dos principais
obstáculos encontrados para o tratamento insulínico. As atividades foram baseadas
segundo a metodologia ativa, a qual considera como viáveis novas formas de ensino-
aprendizagem e de organização curricular na perspectiva de integrar teoria-prática,
ensino-serviço, as disciplinas e as diferentes profissões da área da saúde (MITRE et al.,
2008), além de buscar desenvolver a capacidade de reflexão sobre problemas reais e a
formulação de ações originais e criativas capazes de transformar a realidade social.
8546
trabalhada na atenção primária. Durante o contato com os usuários, procurou-se utilizar
de uma linguagem de fácil compreensão, clara e objetiva, com palavras que faziam
parte do cotidiano dos mesmos. Os acadêmicos, nesse momento, assumiram um papel
de direcionadores e facilitadores das temáticas abordadas nas ações, intervindo com
esclarecimentos e orientações, caso fossem necessários. Os principais direcionamentos
voltaram-se para o entendimento facilitado sobre a doença, considerações a respeito da
autoadministração da insulina e monitorização dos níveis glicêmicos.
Os materiais que utilizamos para a realização das ações foram inteiramente de autoria e
confecção dos acadêmicos, sendo estes moldados para contemplar temáticas
indispensáveis do DM e da terapêutica insulínica, dentre as quais podemos citar: O que
é diabetes?; Sinais e sintomas do diabetes; Como prevenir agravos relacionados ao
diabetes; Adesão ao tratamento; Insulinoterapia (técnica de administração subcutânea,
principais áreas de aplicação, importância do rodízio terapêutico e descarte adequado
dos insumos) e monitorização dos níveis glicêmicos. Dentre os materiais produzidos
podemos citar:
8547
Figura 1 - Boneco de pano para demonstração de áreas de aplicação de insulina
subcutânea
8548
Figura 2 – Pla quinhas utilizadas no jogo M itos & Verdades sobre a insulinoterapia
Consultas individuais
As consultas individuais foram realizadas com usuários que iniciaram o tratamento com
insulina durante a vigência do projeto e com indivíduos triados a partir das orientações
feitas em grupo, aqueles em que se percebeu a necessidade de uma atenção
individualizada. Cada consulta tinha duração média de uma hora, durante as quais
foram aferidos sinais vitais, medidas antropométricas e glicemia capilar.
8549
estabelecimento de um suporte contínuo ao usuário, no sentido de fomentar o
abandono de medos, superstições e dúvidas sobre a terapêutica em questão.
Para que fosse possível o alcance de tal abordagem, lançamos mão de uma conversa
informal com os usuários, nos atendo aos conhecimentos prévios a respeito do assunto
que os mesmos possuíam, moldando nossas orientações e fomentando o cuidado a
partir destes. Procuramos, ao transmitir informações sobre o tratamento insulínico, levar
em consideração os determinantes socioeconômicos, culturais e clínicos dos usuários,
visto que estes influenciam diretamente no processo saúde-doença dos mesmos.
Dessa maneira, utilizamos uma linguagem de fácil compreensão, não embasada única e
exclusivamente em termos técnico-científicos, pois sabemos que dessa forma as
informações não seriam compreendidas, considerando que a maioria dos usuários
possuía baixo nível de instrução, mas pelo uso de linguagem clara e objetiva,
priorizando a utilização de palavras que fazem parte do cotidiano dos usuários. Além da
educação em saúde individual, optamos por uma abordagem mais ampla de inserção da
família no processo terapêutico para um alcance de melhores resultados, haja vista que
a maioria dos indivíduos era idosos, o que muitas das vezes torna mais difícil o
seguimento adequado do plano terapêutico, em especial no que diz respeito à
preparação e autoaplicação da insulina, a monitorização da glicemia e a inspeção da
pele e dos pés, interferindo direta ou indiretamente na adesão ao autocuidado.
8550
Avaliação da experiência
Conclusão
Referências
8551
outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a
implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em
que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências.
DIAS, Valesca Pastore; SILVEIRA, Denise Tolfo; WITT, Regina Rigatto. Educação em
saúde: o trabalho de grupos em atenção primária. Revista APS, v. 12, n. 2, p. 221-227,
abr./jun. 2009.
MENEZES, Kênia Kiefer Parreiras de; AVELINO, Patrick Roberto. Grupos operativos na
Atenção Primária à Saúde como prática de discussão e educação: uma revisão. Cadernos
de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 124-130, 2016.
8552
MITRE, Sandra Minardi et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação
profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13,
supl.
2, p. 2133-2144, dez. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/csc/v13s2/v13s2a18.pdf>. Acesso em: 31 de março de 2018.
STACCIARINI, Thaís Santos Guerra; PACE, Ana Emilia; HAAS, Vanderlei José. Técnica de
autoaplicação de insulina com seringas descartáveis entre os usuários com diabetes
mellitus,
acompanhados pela Estratégia Saúde da Família. Revista Latino-americana de
Enfermagem, v. 17, n. 4, jul./ago., 2009. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/4027/0>. Acesso em: 31 de março de
2018.
8553
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO AMBIENTE ACADÊMICO: A
EXPERIÊNCIA DO PROJETO EQUILÍBRIO EMOCIONAL / REDES DO BEM NA UFPB
Elizabeth Barreto Galvão de Sousa1; Thiago Pelúcio Moreira2; Ayla Miranda de Oliveira1,
Fernanda Secco de Sousa3
Resumo
O meio acadêmico é um ambiente no qual pressões da vida moderna estão ainda
mais presentes, acabando por desencadear um fenômeno conhecido como estresse
ocupacional, no qual o sujeito que sofre pressões que se sobrepõem à sua capacidade
de enfrentamento e reage negativamente, levando ao cansaço físico e emocional,
aumentando a incidência de transtornos psíquicos. Diante de tal cenário, o Projeto de
Extensão Equilíbrio emocional, autoconhecimento e práticas de bem-estar teve como
objetivo oferecer uma rede de amparo aos discentes, docentes e funcionários da
comunidade acadêmica da UFPB por meio de práticas integrativas e complementares,
podendo ser citadas como atividades gratuitas oferecidas: Aulas de Yoga e Tai Chi
Chuan, palestras e rodas de conversa mediadas por psicólogos; oficinas e cursos de
autoconhecimento. Tais atividades objetivavam abordar a educação emocional e
autoconhecimento, foram utilizados espaços de vivência e horários estratégicos dentro
da universidade, facilitando o acesso, com intuito de aumentar a adesão às atividades
oferecidas. Mediante a oferta de tais ações, houve interesse de participação
significativo, entretanto, houveram dificuldades no que tange a assiduidade dos
participantes e captação de profissionais para mediar as atividades. Apesar dos
contratempos pôde-se enxergar paulatinamente avanços no que diz respeito à
promoção de bem-estar , havendo visualização dos benefícios de cunho emocional e
corporal, bem como processo de complementação na formação profissional,
direcionando-a para uma perspectiva integralista. Diante do exposto, fica nítida a
importância de ações como as oferecidas pelo projeto de extensão, pois promovem a
transformação da realidade social a partir da disponibilização de um aporte diferenciado
1
Universidade Federal da Paraíba, Discente do curso de Odontologia (UFPB).
2
Universidade Federal da Paraíba, Docente do curso de Odontologia (UFPB).
3
Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Psicóloga e colaboradora do projeto Redes do Bem
8554
ao público, oferecendo condições ideais para promover saúde e introduzir a importância
da formação profissional integral nos currículos acadêmicos.
Introdução
É indubitável que a sociedade atual acompanha um ritmo de vida acelerado pois
o mercado de trabalho e status social exigem. O meio acadêmico é um ambiente no
qual essa realidade está ainda mais arraigada, visto que se insere de maneira intensa
por contar com uma carga horária significativa, demanda de trabalho excessiva, extrema
competitividade e constante necessidade de acompanhamento de avanços do meio
científico1, desencadeando um ciclo conhecido como estressor-resposta, no qual o
sujeito que sofre pressões que se sobrepõem à sua capacidade de enfrentamento e
acaba por reagir negativamente, sendo de tal maneira, compreendido como um
fenômeno chamado estresse ocupacional2.
8555
estresse) em estudantes e residentes do curso de Medicina, no qual 38,3% tiveram o
diagnóstico de síndrome somática e funcional (SSF), sendo mais prevalente nos
residentes (48,1%) e nos alunos do quinto ano (43%), e menor nos alunos do terceiro
ano (30%), sendo índices de comprometimento psicológico bastante significativos 11.
8556
conscientização quanto à importância do autocuidado e gerência emocional 12 ,
objetivando melhorias de âmbito pessoal e profissional, de modo a evitar ou pelo
menos amenizar eventos que levem ao sofrimento emocional.
Metodologia
8557
O interesse do público foi bastante considerável, como exemplo de tal fato tem-
se as turmas de Yoga as quais foram ofertadas 2 turmas de 20 alunos cada, e em menos
de 2 dias todas as vagas foram preenchidas, havendo a necessidade da abertura de uma
lista de espera para os candidatos que demonstraram interesse ficarem à espera da
desistência de algum aluno da turma.
A divulgação foi feita através da veiculação de cartazes nas redes sociais, em
grupos e comunidades compostas por discentes, docentes e funcionários, além da
utilização do próprio espaço da Universidade, havendo a fixação de cartazes em murais.
Deixava-se claro aos interessados que o público alvo das atividades seriam
discentes, docentes e funcionários da Universidade, mas ao longo do acompanhamento
o público externo também pôde ser abrangido.
Em relação às turmas de Yoga e Tai Chi Chuan, pode-se dizer que ambas
constituíram classes de 20 alunos cada, com dois encontros semanais e dispunham de
dois horários para prática, buscando auxiliar a entrada dos interessados, eram turmas
acompanhadas por 4 profissionais capacitados, sendo dois professores para a Yoga e
dois professores para Tai Chi Chuan, totalizando quatro turmas nessas modalidades,
buscando um atendimento quase que individual aos alunos, com duração de uma hora,
dispondo de todo o material necessário para as práticas, não implicando custos,
cabendo salientar que eram realizadas em pelo menos três pontos da universidade
(Centro de Educação, Centro de Ciências da Saúde e Departamento de Educação Física),
objetivando conceder ao máximo de participantes possíveis um momento de
relaxamento e profunda integração física e mental, trazendo como possíveis benefícios
a redução dos níveis de estresse, ansiedade, sintomatologia depressiva, compulsão
alimentar, dentre outros agravos2.
8558
autoconhecimento e espiritualidade é oferecido a cada semestre, tendo duração de três
meses, formando turmas de aproximadamente 35 alunos, que são acompanhadas duas
vezes por semana, oferecendo uma certificação média de 30 horas, compreendendo
uma atividade que objetiva apresentar aporte teórico e vivencial, transmitindo
conhecimentos básicos para autoconhecimento e técnicas para desenvolvimento do
equilíbrio emocional de maneira simples
Podendo citar como algumas das atividades oferecidas, duas das palestras com
temas fundamentais dentro das perspectivas das ações realizadas, intituladas:
“Equilíbrio emocional em tempos difíceis: Experiência somática como ferramenta de
autorregulação”, que abordava um método psicoterapêutico baseado em neurociência,
8559
que visa através da auto-percepção corporal o indivíduo encontrar as ativações
traumáticas em seu próprio corpo e, com o suporte qualificado do terapeuta, criar as
condições ideais para que os mecanismos naturais de descarga energético-instintiva do
corpo sejam restauradas17 e “A família como lugar de benção e maldição”, abrangendo
os impactos relacionados com a influência que os valores, educação e relação familiares
exercem sobre os indivíduos e como superar enredamentos familiares e entender os
mitos que os constituem, objetivando tornar os participantes pessoas mais autônomas e
protagonistas de suas histórias pessoais.
Resultados e Discussão
8560
puderam atingir um público bastante significativo e diverso, sendo composto por
pessoas de idades, cursos, gêneros e experiências completamente diferentes, gerando
ao longo dos encontros algo que havia sido idealizado no momento de planejamento
das ações, o alcance de socialização de experiências, sendo importante aspecto visto
que proporcionava o suporte mútuo14.
Além disso, foi possível obter uma boa taxa de interação dos participantes, visto
que que os alunos que frequentavam cada etapa das ações de maneira assídua sempre
que possível, presencialmente ou através das redes sociais, demonstravam o grau de
satisfação, traziam opiniões e sugestões, parabenizando a iniciativa do projeto, bem
como sua execução, partilhando sobre como as suas vidas puderam ser modificadas
através das alterações de hábitos e o impacto gerado por meio do autoconhecimento,
educação emocional, momentos de relaxamento e integração promovidos pelas
atividades, momentos que acabaram adentrar de maneira efetiva em suas realidades,
trazendo como principais benefícios citados pelos participantes: sensação de
tranquilidade, maior concentração e paciência, melhor compreensão de si, melhoria na
qualidade de sono2,13,16, dentre outros comentários, que expõem o alcance de bem-estar
físico e emocional, garantindo melhoria de vida, de relações interpessoais e melhor
enfrentamento diante de suas frustrações angústias e medos, administração de
relacionamentos, consciência social, além de melhoria no processo de ensino-
aprendizagem, levando ao equilíbrio entre razão e emoção13, sendo possível enxergar
considerável mudança quando comparado ao cenário inicial, sendo importante
comentar que tais benefícios foram perceptíveis num curto espaço de tempo, havendo
também benefícios esperados a longo prazo.
8561
saúde e qualidade de vida da comunidade acadêmica se encontra, visto que
proporcionaram importante amparo, de maneira a impactar não somente os
participantes, mas também todos os que estarão em contato com os mesmos, sejam
familiares, amigos, clientes, pacientes, ou pessoas de qualquer outro nível de interação,
sendo capaz de impactar não somente a autopercepção e promoção de autocuidado,
mas também levando a promoção de saúde para um ambiente que muitas vezes é
escasso de oportunidades como essa, pois há tanta preocupação com o saber e fazer
científico, que os indíviduos inseridos na realidade universitária acabam por anular as
suas necessidades em prol de avanços acadêmicos, repercutindo de maneira nociva para
a saúde1,3,4,5,6.
Trazendo como uma das perspectivas a importância de tais ações para formação
de profissionais, que além da formação técnico-cientifica, tenham subsídios para o
alcance da competência do ponto de vista emocional, de modo a estarem sensíveis a
enxergar durante o processo de trabalho a importância da percepção integralista, sendo
importante para todo o público e não apenas para profissionais da área da saúde 12,16.
Conclusão/Considerações Finais
8562
para promover saúde e introduzir a importância da formação profissional integral nos
currículos acadêmicos, objetivando a mudança dos mesmos, abrindo portas para
realização de pesquisas voltadas para a melhoria de qualidade de vida da comunidade
acadêmica, além da inserção de escuta qualificada e atendimento psicológico aos
estudantes, professores e funcionários como importante ferramenta, para que passe a
ser uma realidade dentro do ambiente universitário.
Referências
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Disponível em:
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the improvement of living and working condition; 09-10 novembro 1993;
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13- REGO, C.C. de A.B.; ROCHA, N.M .F. Avaliando a educação emocional: subsídios
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<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/politica_nacional_pratic
as_int egrativas_complementares_2ed.pdf>. Acesso em: 02 março de 2018.
8566
PROGRAMA DE EXTENSÃO COM FOCO NA SAÚDE DO ESCOLAR: EXPERIÊNCIA DO
PROEXT-FACISA-UFRN SOB O OLHAR DO ALUNO DE NUTRIÇÃO PARTICIPANTE
Laedja Driely Silva de Moura¹; Thâmara Samara Oliveira Pereira²; Fábio Resende de
Araújo³; Ana Paula Trussardi Fayhf³; Ricardo Andrade Bezerra4.
Resumo
Introdução: A extensão universitária é um espaço oportuno que contribui no processo
de construção, troca e partilha de saberes, permitindo ao discente a possibilidade de
agregar ao seu perfil profissional uma experiência que relacione a teoria e prática do
conhecimento além dos muros acadêmicos. Objetivo: Descrever a percepções do aluno
de graduação participantes sob as ações extensionistas desenvolvidas no Programa de
Extensão “Saúde e bem-estar nas escolas” desenvolvido pela Faculdade de Ciências da
Saúde do Trairi (FACISA-UFRN) entre os anos de 2015-2017. Metodologia: O presente
trabalho trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência originado a
partir dos relatos das vivências dos integrantes do programa de extensão citado, as
ações extensionista que ocorriam nas escolas de ensino fundamental do município de
Santa Cruz- RN, com foco para promoção da saúde e alimentação saudável realizadas
por Nutricionistas e acadêmicos de nutrição. Para avaliar as contribuições do projeto de
extensão na vida dos discentes foi proposto uma auto-avaliação sobre os
conhecimentos adquiridos com o Proext sobre sua participação no projeto. Resultados e
Discussão: Observamos que entre as contribuições vista no decorrer do projeto
destacam-se a conciliação, aperfeiçoamento entre a teoria e prática, conhecimento da
realidade local por meio da comunicação e aproximação da sociedade, critérios estes
importantes que condicionam o aluno a um olhar mais crítico sobre sua realidade. Além
de habilidades relacionadas ao trabalho em equipe, postura pessoal, oratória e
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Mestrando do Departamento de Educação Física
da UFRN.
8567
desenvoltura em público. Conclusão: As ações extensionistas oportuniza uma prestação
de serviços que beneficiam não somente as comunidades, mas que permitem uma ótica
ampliada que incide na preparação profissional para o mercado de trabalho.
Palavras-chave: Extensão Universitária - Saúde do escolar - Acadêmicos - Formação
Profissional.
Segundo Oliveira e Junior (2015), a relação entre universidade e comunidade faz com
que o discente tenha a oportunidade de contribuir com a sociedade, por meio da
socialização e propagação de conhecimento, ocasionando no aluno um olhar mais
crítico por meio do entendimento da realidade que o circunda, passando a planejar e
contribuir com ações cuja finalidade consiste em minimizar ou solucionar um ou vários
problemas encontrados.
Mediante a isso, Sousa (2009), relata que no meio do desenvolvimento das ações
extensivas ocorre o processo de construção, troca e partilha de saberes, o que permite
ao estudante a chance de relacionar entre a teoria e prática, fazendo com que o
conhecimento cruze os muros das universidades, e ocorra na prática, junto à
comunidade, contribuindo para formação de um ser humano crítico e tolerante as
constantes interpretações cotidianas.
A saúde dos escolares é um problema presente em nosso país, uma vez que, o
percentual de crianças com excesso de peso e obesidade está se tornando cada vez
maior, como mostra a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE. Esse fato, é
fator contribuinte para a alta prevalência de distúrbios nutricionais decorrente das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis - DCNT, necessitando de intervenções voltadas
para a saúde e bem estar deste grupo e de toda população (IBGE, 2010).
8568
O projeto de extensão, intitulado por Saúde e bem-estar nas escolas: promovendo ações
intersetoriais de Segurança Alimentar e Nutricional, estilo de vida ativo e prevenção de
acidentes no município de Santa Cruz - RN, é executado pela Faculdade de Ciências da
Saúde do TrairiFACISA-UFRN, abrange desde escolares, merendeiros, professores e
familiares, participantes da rede municipal de ensino fundamental do município de
Santa Cruz-RN. Este projeto realiza uma integração com discentes do curso de
enfermagem e nutrição, que participam no desenvolvimento de práticas que visem a
promoção e prevenção da saúde, por meio de ações de diagnóstico do perfil nutricional
dos alunos, composição dos hábitos alimentares de alunos e familiares, capacitação
com manipuladores de alimentos entre outras ações que busquem fortalecer a prática
de hábitos alimentares mais saudáveis e prevenção de acidentes ao público envolvidos.
Metodologia:
8569
quatro projetos junto à comunidade escolar da rede municipal de ensino e eventos de
extensão.
O projeto maior Saúde e bem-estar nas escolas foi desenvolvido e dividido em quatro
projetos no decorrer dos anos 2015 a 2017, idealizados em práticas e ações integrativas
que buscassem promover práticas de saúde e prevenção de agravos para a comunidade
escolar municipal. A divisão aconteceu da seguinte forma:
8570
confiança) e por meio das ações do projeto II, realizamos o I Ciclo de Capacitação em
Boas Práticas de Manipulação e Receitas de Saúde para Alimentação Escolar, no qual
foram aplicadas oficinas com os manipuladores da merenda escolar sobre boas práticas
de alimentação contando como o auxílio de degustação de receitas visando redução de
sal, açúcares e gorduras na merenda escolar. Em relação ao projeto IV, não relatamos as
ações ou eventos desenvolvidos pelos alunos de enfermagem, o que não indica que não
foram feitas. Sendo assim, o nosso trabalho descreve apenas as avaliações que foram
utilizadas pelo alunos de Nutrição, já que todos participaram das demais etapas.
Ao final do projeto, foi proposto como métodos para avaliar o perfil, o desenvolvimento
dos acadêmicos envolvidos na atividade extensionista e a contribuição do projeto na
formação profissional do indivíduo como alunado a Avaliação de Desempenho GEMEN
Proext - 360 graus e a avaliação da equipe do Proext sobre sua participação no projeto,
respectivamente.
A primeira, é uma avaliação que o aluno participante não deve ser avaliado, mas avaliar
os alunos que compõem o seu grupo e os outros GTs. A avaliação mais conhecida por
360 graus, o aluno enumerava de 1 a 10 o desempenho dos componentes considerando
os itens: Qualidade das tarefas desempenhadas; cumprimento dos prazos na entrega de
tarefas e atividades; participação em reuniões; iniciativa e pro-atividade; pontualidade
e assiduidade (ausência de faltas) em coletas de campo; comunicação do participante
com a equipe; disponibilidade para se inserir em escalas ou de se reunir entre os GTS
para elaboração de material; resolutividade nas tarefas delegadas.
8571
atingir os prazos. Esse método, ainda permitia conhecer o esforço do aluno em sua
demanda.
Dessa forma, por ser um grupo compostos muitos estudantes acadêmicos se fez
necessário utilizar esse instrumento de avaliação como forma de aperfeiçoar as
atividades em grupo em que se trabalha e assim, dar continuidade das atividades do
projeto extensionista. O que se percebeu, que foi fundamental também para avaliar o
perfil do ingressante e explorar seu conhecimento além dos muros acadêmicos.
Resultados e Discussão:
8572
“Tive a oportunidade de vivenciar um pouco nas ações do projeto as aulas teóricas
ministradas na faculdade, principalmente quando associamos as disciplinas de
Avaliação Nutricional, com a realização de medidas antropométricas onde
diagnosticamos o estado nutricional dos escolares, na disciplina de Vigilância e
controle sanitário de alimentos com a aplicação de checklist nas cozinhas das
escolas
De acordo com Crisostimo (2017), é por meio de atividades de extensão que os alunos
exercem a sua cidadania socializando o conhecimento com a comunidade, usufruindo
dos benefícios por meio de orientações e apoio prestados, provenientes das mais
diversas áreas do conhecimento, contribuindo para criação de vínculo forte decorrente
do convívio aluno e sociedade por meio das ações extensionista fora dos muros da
universidade.
De acordo com Mendonça e Silva (2002), uma das principais atribuições sociais da
Universidade consiste em colaborar na busca por resoluções dos dificuldades sociais da
população, na construção e formulação de políticas públicas participativas e
emancipadoras. Desse modo, extensão pode ser considerada como uma questão
essencial na formação dos discentes, assim como na qualificação de professores e no
intercâmbio com a sociedade, implicando em relações multi, inter ou transdisciplinares
8573
e interprofissionais. Nesse contexto a qualidade e o sucesso dos futuros profissionais
vindo das universidades, terão forte relação com o desenvolvimento e harmonia entre
essas três áreas da Universidade.
Segundo Serrano (2013), a extensão universitária é vista como uma interface entre o
saber produzido dentro do muros acadêmicos com a cultura local junto com a
universitária. Além disso, ela é capaz de transformar a sociedade, tendo em vista que
transforma a si mesma e os que estão envolvidos. Na prática do projeto, os acadêmicos
conseguem vivenciar essa realidade, juntando o que foi visto dentro dos muros
acadêmicos, e dessa forma isso permite um crescimento destes ao buscar a
resolutividade quando se trabalha em comunidade. A extensão universitária permite ao
outro vê além, e principalmente auxilia na construção de estratégias para trabalhar o
conteúdo aplicado dentro e fora dos muros acadêmicos.
Outro ponto positivo da extensão universitária, neste caso Saúde e bem-estar nas
escolas em particular, foi visto que algumas ações extensionistas desenvolvidas
contribuem aos alunos que estavam inseridos nos estágios obrigatórios curriculares.
Essas atividades permitiam a estes alunos um conhecimento prévio ao chegar nos
campos de estágios e dessa forma compreendiam a grandiosidade que um projeto de
extensão lhe proporciona. E dessa forma, sentiam se mais capacitados ao ser avaliados.
Além disso, esse projeto de extensão rendeu frutos nesse intervalo de tempo, os
Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), estes trabalhos desenvolvidos ao longo desses
anos, o que implica na dedicação dos alunos envolvidos por essa temática e a
responsabilidade em dedicar a ações extensionista como essa.
Título Ano
Qualidade higiênico-sanitária na alimentação escolar: capacitação em boas
2015
práticas de manipulação nas escolas da rede municipal de Santa Cruz-RN.
Perfil de segurança alimentar e nutricional em beneficiários do Programa
Bolsa Família em Santa Cruz – RN: análise dos determinantes 2015
socioeconômicos.
8574
Prevalência de pressão arterial elevada em escolares da rede pública no
2016
município de Santa Cruz, RN
Fatores socioeconômicos de influência no consumo alimentar de escolares da rede
2016 pública do Município de Santa Cruz /Rio Grande do Norte.
Implicação do Estado Nutricional no Desempenho Cognitivo em Escolares da
2016 Cidade de Santa Cruz- RN.
Análise da Repercussão do Consumo de Grupos Alimentares no Estado
Nutricional dos Escolares no Município de Santa Cruz-RN: um Estudo 2016
Longitudinal.
Estado nutricional, consumo alimentar e atividade física de escolares do interior do
2016
Rio Grande do Norte.
Associações entre consumo alimentar e condição sócio-econômica de escolares
2016 residentes na cidade de Santa Cruz, RN
Fonte: Autoria própria, 2018
Nesse sentido, vê uma ligação da extensão com a pesquisa, tendo em vista que por
meio de ações extensionistas permitiu a construção de outros trabalhos a campo, como
os TCCs citados na quandro 1. Dessa forma, segundo Puhl e Dresch (2016), a
indissociabilidade entre ensino-pesquisaextensão permite uma nova metodologia
pedagógica seja na reprodução, produção ou transferência de conhecimentos, o que de
certa forma prevalece a interdisciplinaridade. Além disso, é possível perceber que há
uma superação da dicotomia entre teoria e prática, empírico e razão, sujeito e objeto.
“Esse contato inicial, foi tão rico que facilitou a minha linha de pesquisa, pelo
contato que já vinha sendo treinado. No decorrer do tempo, a idas a campo com o
grupo, este composto por acadêmicos de vários períodos do curso de Nutrição e
docentes, tornouse predominantes e conhecer a população de Santa Cruz, em
especial os escolares tornou se tão familiar [...] Do abraço ao riso, da necessidade
à respostas do questionário respondidas, das medidas antropométricas ao sigilo,
8575
dos dados coletados as dificuldades constantes, feriados a atrasos nas coletas isso
se fez presente, e pesquisa em meu percurso acadêmico”.
As ações extensionistas contribui satisfatoriamente na vida do aluno, que por meio das
atividades de intervenção, passam a ter um olhar mais crítico da população que o rodeia
e assim auxilia na construção do profissional em formação. Segundo Ottaviano e Rovati
(2017), é por meio da extensão que os alunos e professores podem auxiliar de modo a
executar e concretizar processos, tendo em vista as problemáticas presente na
sociedade de modo a colaborar continuamente da universidade para população como
um todo. Tendo em vista a dimensão do grupo de trabalho, a convivência em equipe, ou
melhor o trabalho interpessoal também foi uma dos principais destaques em relação
aos conhecimentos adquirido no decorrer desse projeto extensivo. A necessidade em se
trabalhar em equipe, demonstrou nos alunos a importância da responsabilidade, o saber
ouvir, a ter mais compreensão sobre as limitações do próximo e no desenvolvimento do
espírito de liderança.
“... Saber ouvir e compreender o que o outro tem a dizer é muito importante
quando se trabalha em grupo” (Discente, 08).
“As atividades de intervenção eram bem produtivas [...] nas intervenções sobre
educação Alimentar e nutricional sempre ajudávamos uns aos outros caso
necessitasse
8576
Quanto ao tópico “melhorias sugeridas” foram destacadas opiniões como: necessidade
de maior comprometimento dos participantes, divisões de tarefas igualitárias,
planejamento com antecedência das atividades desenvolvidas, necessidade de melhoria
da comunicação entre os participantes, desenvolvimento de responsabilidade e
reconhecimento. Desse modo, observamos que o trabalho em grupo apresentava
algumas limitações que de modo geral, pode a vir comprometer o desenvolvimento do
grupo, mas que também são um importante para o melhor direcionamento de condutas
e ações dentro do projeto.
Segundo Oliveira (2012), faz-se necessário que o trabalho em grupo haja uma
comunicação clara sobre os problemas que necessitam ser resolvidos, pois quando os
membros da equipe estão apresentando dificuldades em realizar tarefas, colabora para
o comprometimento das ações, prejudicando todo envolvimento do grupo. Este fato é
distinto quando trabalhamos unidos, onde conseguimos ajudar o próximo fazendo com
que todos alcancem as metas traçadas com êxito.
De fato, esta avaliação foi importante para que os docentes e coordenadores do projeto,
por meio dessas informações pudessem ter um olhar crítico sobre a necessidade de
mudança, e assim se posicionar-se por meio de feedbacks aos integrantes, sendo este
conforme Tang e Harrison (2011), um elemento base na avaliação formativa, com a
finalidade de analisar a desenvoltura do aluno para melhorar e potencializar o processo
de aprendizagem, proporcionando ao aluno informações necessárias para auxiliá-los a
atingir o resultado esperado.
Com isso, notou- se que atividades extensionistas tem suas dificuldades e dessa forma,
é preciso criar sempre estratégias para diminuir os entraves que venham se instalar,
treinando assim uma boa convivência de todos os envolvidos e buscando assim
empenhar da melhor forma para a realização de atividades em campo.
8577
Assim, as trocas de experiências entre os acadêmicos e a comunidade propiciam a
melhor compreensão da realidade quando envolvidos em projetos como este, mesmo
com suas dificuldades específicas, tendo em vista que ao fazer extensão, uma das
funções sociais da universidade, se promove o desenvolvimento social, no qual é
considerado os saberes e tradições populares, que garantem valores democráticos de
igualdade de direitos, respeitando o sujeito envolvido, ou seja, se compreende o outro
em seu contexto histórico, cultural. Desse modo, a extensão universitária trata-se de um
valioso incentivo que se faz necessário à formação superior no Brasil.
Referências:
Anais da X Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão; 2010. Out 18-22. Recife, PE. Recife:
UFPE; 2010.
8578
OLIVEIRA, F. L.B.; JUNIOR, J. J. A. Extensão universitária: contribuições na formação de
discentes de Enfermagem. Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, n.17 v.1, p. 19-24, jan-mar,
2015.
http://www.dhnet.org.br/dados/livros/edh/a_pdf/livro_univ_mg_dh.pdf#page=11> Acesso
em 17 Mar. 2018
8579
PRÁTICA DE PRIMEIROS SOCORROS NO AMBIENTE ESCOLAR: CONHECIMENTO ALÉM
DOS MUROS UNIVERSITÁRIOS
Naryllenne Maciel de Araújo1; Ian Rodrigo Nascimento e Silva2; Anne Marília de Aquino
Laurentino3; Matheus de Lima Fernandes4; Daniele Vieira Dantas3; Rodrigo Assis Neves
Dantas4
Resumo
Introdução - O ensino de primeiros socorros consiste em propagar conhecimentos
acerca de condutas de reconhecimentos e boas práticas em situações de urgência e
emergência. Ajudando vítimas no que concerne a diminuir traumas futuras e garantir a
sobrevida até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Seu ensino para
a população leiga é extremamente importante, principalmente, para o público que está
inserido no ambiente escolar. Este é o cenário propício para acidentes e deve contar
com pessoal capacitado. Objetivo - descrever a experiência de graduandos de
enfermagem durante o projeto de extensão universitária, analisando os benefícios para
a comunidade e para a consolidação do conhecimentos dos discentes. Metodologia -
estudo descritivo, do tipo relato de experiência dos estudantes do curso de graduação
em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sobre o
projeto de ensino de primeiros socorros para leigos, no qual o público alvo foram
crianças/adolescentes em idade escolar, professores e responsáveis. Resultados - Foram
alcançados uma capacitação para o público de 35 pessoas, sendo ministradas aulas de
situações de urgência e emergências. O projeto trouxe para os discentes um melhora na
consolidação do conhecimento, uma vez que eles eram os facilitadores entre o assunto
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem (UFRN).
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em Enfermagem
(UFRN). 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação em
Enfermagem (UFRN). 4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Graduação
em Enfermagem (UFRN).
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Enfermeira, Docente do Departamento de Enfermagem
(UFRN).
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Enfermeiro, Docente do Departamento de Enfermagem
(UFRN).
8580
e o público. Utilizando metodologias ativas e simulações práticas, houve troca de
conhecimentos e imersão do conteúdo na realidade social da comunidade. Isso traz
benefícios não só para a comunidade, mas aos discentes, os quais estão consolidando o
conhecimento visto em sala de aula e levando seus resultados para além dos muros da
universidade. Conclusões - é nítido a importância do projeto de extensão universitária
com foco na propagação do ensino de primeiros socorros para a população, adequando-
se a realidade social da comunidade na qual será realizado. Tornou a população apta
para atuar em situações de urgência.
Palavras-chave: Primeiro socorros; Educação em Saúde; Educação baseada em
evidências.
Introdução
Primeiros socorros são definidos como condutas iniciais de assistência prestadas a
pessoas que estão em risco de vida, no qual qualquer pessoa, independente da área de
atuação, pode realizar (NETO et al, 2017). Assim, profissionais de saúde e leigos podem
estar aptos a prestar serviços nesse contexto.
8581
A escola é um local amplo com diversas interações de crianças e adolescentes em
desenvolvimento, sendo propício para ocorrer imprevistos e acidentes. Maia et. al.
(2012) conceitua que acidente é um episódio não intencional que pode causar lesões,
sendo possível ser evitado em qualquer âmbito, seja em ambiente do convívio social,
como também o escolar, configurando agravos à saúde. Alguns acidentes na infância se
tornam problemas educacionais e de saúde pública porque podem deixar sequelas em
crianças e adolescentes, sejam elas físicas ou emocionais, podendo acarretar prejuízos
para a vida adulta. Em vista disso, torna-se evidente a importância de projetos que
visem trabalhar as técnicas de primeiros socorros nos espaços educacionais; e os
educadores devem buscar métodos através dos quais as crianças possam aprender de
forma simples e divertida, saindo da rotina dos conteúdos teóricos, participando de
brincadeiras e simulações que lhes possibilitem conhecer as primeiras noções de
prevenção de acidentes e primeiros socorros, e consequentemente saber o que fazer em
situações emergenciais (COELHO, 2015; SANTOS, 2016).
Dentro desse contexto das escolas como espaço para promoção à saúde, é preocupante
que os profissionais e pessoas inseridas neste local não sejam capacitadas para atuar
frente uma situação de emergência, gerando risco para o estado vital do escolar ou de
qualquer pessoa dentro da instituição (SILVA et al, 2017). Fazendo necessário o ensino
de primeiros socorros para o escolar e para os profissionais que trabalham com este
público.
8582
consequentemente, os professores não sabem como agir em situações que
comprometam a saúde da criança, gerando risco para o estado vital do escolar.
8583
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo de relato de experiência, realizado no
primeiro semestre do ano de 2017. O público-alvo foi composto de crianças,
adolescentes, professores e responsáveis legais vinculados à instituição de ensino
“Vôlei Clube”, na cidade de Natal/RN. No total, foram 35 participantes, dentre crianças,
adolescentes, professores e responsáveis legais. O curso foi ministrado por 12 discentes
do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), sob a supervisão direta de dois docentes doutores e coordenadores do
projeto de extensão em questão.
A seleção dos alunos foi feita pela direção da escola, através da preferência
para os alunos que apresentam melhores avaliações nos itens de assiduidade,
pontualidade, notas nas atividades escolares. Sendo convidados a participar, os
responsáveis e os professores que tinham interesse em aprender sobre o assunto.
8584
A análise do projeto foi feita durante todo o período de aulas, no qual
avaliamos o desenvolvimentos das habilidades dos alunos durante as simulações e nos
questionamentos acerca do assunto.
Este relato baseou-se na experiência vivenciada pelos autores que atuam na área de
urgência e emergência, desenvolvendo seus estudos dentro do Grupo de Pesquisa:
Núcleo de
É importante mencionar que não foram utilizados dados dos participantes deste
projeto, nem realizados entrevistas, além disso, nenhum dado que permita identificar
participantes ou profissionais envolvidos foi incluído neste artigo.
Resultados e Discussão
Ao final do trabalho, foi alcançado um público total de 34 pessoas, entre
crianças, adolescentes, professores e responsáveis, como visto no Quadro 1. Quadro
1. Quantidade de participantes
Responsáveis 12 - 34%
Professores 2 - 5%
Total 35 - 100%
8585
cidadãos. Usando como meio propagador a escola, instituição promotora da saúde
segundo conceito apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reafirmado no
PSE (SANTOS, 2016). Nesse projeto, o envolvimento dos discentes do curso de
Enfermagem foi satisfatório, com a inclusão de 12 alunos na função de facilitadores da
transmissão desse conhecimento. Essas pessoas realizaram tarefas de preparação de
planos de aulas a partir de metodologias ativas, com elaboração das aulas expositivas
através da apresentação por slides, pesquisa de materiais atualizados sobre o assunto,
preparação de material para simulações, coordenação do projeto e confecção do
cronograma.
Conteúdos ministrados
8586
Prevenção de acidentes domésticos.
Queimaduras.
Choques elétricos.
8587
Em relação às práticas, duas aulas tiveram mais elaboração de materiais: Trauma de
extremidades e SBV. A primeira é justificada pelo fato de quedas ser o principal
acidente dentro no ambiente escolar, uma vez que a criança e adolescente passam
quase um terço do dia dentro desse ambiente e o mesmo não oferece estrutura física
que impeça a ocorrência desses acidentes. O segundo assunto é visado por ser uma
situação de emergência que pode ocorrer em qualquer ambiente, seja dentro ou fora da
escola, e é necessário a difusão do conhecimento do protocolo para a população. (SILVA
et al, 2017; BRASIL, 2014).
8588
Conclusão/Considerações Finais
Percebe-se que toda a abordagem metodológica estabelecida na extensão alcançou os
objetivos de capacitação das crianças, professores e responsáveis presentes no curso em
relação aos cuidados de primeiros socorros. Foi percebida a consolidação da
capacitação no público, o qual demonstrou confiança para realizar as práticas com
habilidade e senso crítico.
Referências
CALANDRIM, Lucas Felix et al. First aid at school: teacher and staff training. Revista
Rede de Enfermagem do Nordeste, [s.l.], v. 18, n. 3, p.292-299, 27 jun. 2017.
http://dx.doi.org/10.15253/2175-6783.2017000300002.
8589
COELHO, Jannaina Pereira Santos Lima. Ensino de primeiros socorros nas escolas e sua
eficácia. Revista Científica do ITPAC, [Internet] Araguaína - To, v. 8, n. 1, p.1-4, jan. 2015.
Disponível em: <https://assets.itpac.br/arquivos/Revista/76/Artigo_7.pdf>. Acesso em 20
de mar de 2018.
JOSEPH, N et al. Awareness, attitudes and practices of first aid among school teachers in
Mangalore, south India. Journal Of Primary Health Care, Mangalore, v. 7, n. 4, p.274-281,
dez. 2015.
LI, Feng et al. Effects of pediatric first aid training on preschool teachers: a longitudinal
cohort study in China. Bmc Pediatrics, [s.l.], v. 14, n. 1, p.1-8, 24 ago. 2014. Springer
Nature. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2431-14-209.
8590
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342008000400021&l
ng=en&nrm=iso>. Acesso em 22 Mar. 2018.
SANTOS, Rosane Silveira. Programa Saúde na Escola – uma análise bibliométrica. 2016.
39f. Trabalho de Conclusão de Especialização (Pós-Graduação de Saúde Pública) –
Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2016.
8591
OFICINAS TERAPÊUTICAS PARA CRIANÇAS
COELHO, Y. S.; PIMENTEL, S., G.; PRATES, T. M., SANTOS, L. F.; VASSOLER JUNIOR, M.;
VICENTINI, N. S.
Resumo
As Oficinas Terapêuticas para Crianças são um interprojeto do programa de extensão
Cada Doido com Sua Mania (CDSM), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
que se propõe a oferecer à comunidade um serviço importante no tratamento em saúde
mental infantil, escasso na rede pública. Atualmente, o programa oferece três tipos de
oficinas terapêuticas para crianças: de Expressão, de Contos e de Modelagem, em
horários matutino e vespertino, atendendo crianças na faixa etária de quatro a dez anos.
Levando em conta, que a vida mental é construída e estruturada a partir e nas relações
interpessoais, o espaço coletivo das oficinas terapêuticas é um dispositivo eficiente no
âmbito da saúde mental, dado que pode ser usada para que fenômenos como a
angústia, a loucura e as doenças psicossomáticas se transformem em um dizer mais
estruturado e direcionado à reinserção social. Dessa forma, as oficinas têm como
principal objetivo transformar a angústia das crianças em saúde mental e laço social,
favorecendo uma ação preventiva para acometimentos na adolescência e vida adulta.
No que se refere aos extensionistas, é proporcionado uma prática supervisionada aos
que desejam atuar na área de psicologia clínica, psicanálise, psiquiatria ou saúde
mental, em grupos com crianças, conhecendo a aplicabilidade e a utilidade de
diferentes recursos terapêuticos. Os extensionistas podem ser profissionais voluntários
ou alunos de vários cursos da UFES e de outras instituições, o que colabora para a
diversificação de horários dos atendimentos. O CDSM possui um polo prático, o Centro
de Atenção Continuada a Infância e Adolescência (CACIA), onde são realizados os
atendimentos psicoterapêuticos. Esse serviço presta atendimento à comunidade
universitária da UFES e pacientes provenientes do Hospital Estadual Infantil Nossa
Senhora da Glória (HEINSG). Assim, atua em parceria entre a Universidade e a Secretaria
8592
Estadual de Saúde, como serviço de atenção secundária de referência para as crianças e
suas famílias.
Introdução
As Oficinas Terapêuticas para Crianças tratam-se de um interprojeto vinculado a um
programa de extensão mais amplo, o Cada Doido com Sua Mania (CDSM), que foi
iniciado em 1984, e já conta com 34 anos de história. Este programa, em sua totalidade
busca possibilitar um tratamento em saúde mental humanizado, interdisciplinar e
eficiente, num contínuo aperfeiçoamento de novas práticas inseridas à rede pública de
saúde. Além disso, busca levar a extensão aos cidadãos e desenvolver capacitação
profissional com ações articuladas às demandas das parcerias e à política nacional de
saúde mental. Para que este trabalho se torne possível, o CDSM pauta-se na ideologia
da autogestão e da horizontalidade, dessa forma, todas as ações são discutidas em
equipe interdisciplinar, nas reuniões gerais e clínicas semanais e aprofundadas nas
supervisões, tutoramentos, preceptorias e estudos teórico-clínicos. Os extensionistas
podem ser profissionais voluntários ou alunos de vários cursos da Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES) e de outras instituições, o que colabora para a diversificação de
horários dos atendimentos.
8593
mental do Espírito Santo a crianças, adolescentes e adultos. Além de colaborar com as
ações da extensão universitária em seu compromisso acadêmico e social e desenvolver
ações de educação, formação e transformação em saúde mental estendida a
profissionais e alunos.
8594
e acasos, incidem na trajetória singular da criança. Assim, do campo da cultura e da
linguagem, virão as chaves de significação em torno das quais a criança construirá um
lugar único. Desse processo, surgirá o sujeito psíquico, concebido como um elemento
organizador do desenvolvimento em todas as suas vertentes – física, psicomotora,
cognitiva e psíquica. (KUPFER et al., 2010).
Conclui-se que as oficinas terapêuticas para crianças, buscam unir saúde, convívio social
e cultura, transformando os conceitos de saúde mental, qualidade de vida e inclusão.
Assim, possibilita-se a transformação do sujeito em desejante e produtivo, digno de
respeito e com melhor qualidade de vida.
Metodologia
O CDSM é pautado na realização de diversos serviços terapêuticos, que se utiliza de
vários recursos para o tratamento de fenômenos como a angústia, a loucura, os
transtornos neuróticos e as doenças psicossomáticas, para que essas se transformem em
um dizer direcionado à reinserção social. Para a efetivação da clínica a qual o programa
8595
se propõe alguns passos são essenciais, sendo importante a implicação do paciente e de
sua família nesse processo.
O primeiro passo é o Acolhimento, que se trata de uma entrevista inicial que objetiva
acolher e escutar a demanda do paciente. Esta entrevista ocorre no HEINSEG, através da
solicitação de algum profissional médico que acompanha o paciente e percebeu a
necessidade de um acompanhamento psicológico. Após a primeira escuta, pode ocorrer
um retorno ao hospital, com a finalidade de melhorar a adesão ao tratamento e
acolhimento familiar. Os pacientes geralmente saem do Acolhimento com o
Referenciamento agendado no CACIA com a equipe da Oficina Terapêutica para qual o
paciente foi pré-encaminhado.
8596
Pode-se perceber, na prática clínica, o papel relevante que os pais
desempenham na análise com crianças e a importância da
transferência destes em relação ao terapeuta. Entretanto, é
essencial poder diferenciar entre a “criança sintoma”, que diz
respeito a um mal estar familiar, e o “sintoma da criança”, que
fala dela si própria e que, para além dos desejos parentais,
posiciona-a de maneira singular perante o Outro. (VANOLI &
BERNARDINO, 2008).
O principal serviço oferecido pelo CDSM são as Oficinas Terapêuticas, nelas o paciente
tem a possibilidade de entrar em contato com seu desejo e sua angústia, bem como
tratar seu corpo por meio de produções e expressões livres. Necessita-se, para isto, da
criação de um ambiente próprio, levando em conta a confiança, a transferência e o
sigilo. Atualmente, o CACIA/CDSM oferece três tipos de oficinas terapêuticas para
crianças: de Expressão, Contos, Modelagem, em horários matutino e vespertino,
atendendo crianças na faixa etária de 4 a 13 (quatro a treze) anos.
8597
A Oficina se propõe a atender crianças numa faixa etária de 08 a 12 (oito a doze) anos,
que apresentam dificuldades de aprendizado escolar, inibições, somatizações e conflitos
familiares, cujas demandas visam à busca por seus lugares como sujeitos no âmbito
familiar e social. O objetivo da Oficina é buscar compreender as questões particulares
de cada criança, suas principais fantasias e sofrimentos, através de contos e recursos
didáticos, que possibilitam contar histórias variadas e fazer representações através de
desenhos, jogos, recorte de revistas e colagem, assim as crianças expressam suas
principais questões que por muitas vezes não são verbalizadas. Há a livre escolha das
histórias a serem trabalhadas, por parte dos pacientes, possibilitando que as crianças
apresentem singularidades através de suas escolhas, tal como através de suas
interações com o grupo.
Essa oficina realiza atendimento de crianças com idades entre 04 e 07 (quatro a sete)
anos, encaminhadas para atendimento, geralmente, com questões em torno de baixa
produtividade escolar, dificuldade de atenção, de relacionamento social e angústia
intensa, hiperatividade e dificuldades na fala. Pensando tais questões, os recursos
terapêuticos utilizados para que as crianças produzam outras formas de expressão que
não a verbal, são as brincadeiras e atividades que envolvem materiais que compõem o
dia a dia destas crianças como, massa de modelar, argila, papéis, giz de cera, lápis,
fantoches, revistas, músicas e jogos.
8598
Sabe-se que as reações emocionais que se manifestam no corpo, são produzidas pela
angústia resultante das situações conflituosas que a criança vive e não fala. Os
materiais utilizados na Oficina de Modelagem permitem uma produção tridimensional
que favorece a reprodução do próprio corpo e a sua ressignificação. O público alvo são
crianças com idades entre 7 a 14 (sete e quatorze) anos.
Após o término de cada produção, a criança é estimulada a falar sobre seu trabalho: a
relação deste trabalho com seus pensamentos e quais significados estes têm para ela;
qual é a sua relação com os personagens; e quais sentimentos lhe foram suscitados.
Frequentemente, a experiência atualiza suas vivências e conflitos.
Resultados e Discussão
No ano de 2017, o Programa CDSM no que diz respeito às Oficinas Terapêuticas para
Crianças realizou 160 oficinas, totalizando 322 atendimentos, sendo 74 (setenta e
quatro) do sexo feminino e 248 (duzentos e quarenta e oito) do sexo masculino.
8599
possibilidade de tratamento para crianças a partir dos 8 (oito) anos até a entrada da
puberdade, associada a flexibilidade do recurso lúdico para se trabalhar questões da
infância, permitiu uma análise dos conflitos ligados aos contextos dos pacientes de
maneira profunda e ampliada. Isso proporcionou avanços significativos para todos os
pacientes nos diversos ambitos de sua vida, como social, escolar e familiar.
Esta oficina atendeu crianças que apresentaram doenças congênitas graves que
interferem no bom desempenho escolar, atraso no estabelecimento da linguagem com
repercussão social grave, fenômenos psicossomáticos, hiperatividade e questões que
podem afetar prejudicialmente a criança em sua estruturação psíquica como sujeito
autônomo e social.
Assim percebeu-se ao longo deste período que quando há uma boa adesão ao
tratamento, que significa um comparecimento assíduo, as crianças respondem bem e
rápido ao tratamento. Essas mudanças podem ser percebidas a partir do primeiro mês, a
saber, melhora na segurança, na expressão do seu saber e das suas opiniões ao serem
manifestadas. Portanto, a inibição cede lugar a uma expressão mais autêntica e
saudável do sujeito. Infelizmente, este ano houve um alto índice de falta aos
atendimentos motivados por problemas alegados pelos responsáveis, tais como: más
condições financeiras para arcar com o custo das passagens e muitos casos de
adoecimentos. O retorno dado pelas famílias foi que as crianças apresentaram melhoras
e aquelas que interromperam precocemente o tratamento voltaram a apresentar
manifestação do quadro inicial. Isso se deve, provavelmente, a não continuidade dos
atendimentos. Nos pacientes que tiveram uma participação assídua, verificou-se certa
estabilização da situação em geral, mas pela gravidade, o tempo de tratamento ainda
foi insuficiente para uma melhora significativa.
Por sua vez, na Oficina de Modelagem Matutina, a maioria dos casos de crianças
encaminhadas foi por queixas escolares e psicossomatização. A oficina funcionou no
ano de 2017 com cerca de 10 (dez) pacientes, 9 (nove) do sexo masculino e 1 (um) do
sexo feminino, com assiduidade estável. O reconhecimento do espaço terapêutico
talvez tenha sido o motivo mais relevante quanto aos progressos percebidos no
desenvolvimento psicossocial dos pacientes. Foram realizados 37 (trinta e sete) oficinas,
8600
totalizando 64 (sessenta e quatro) atendimentos, sendo 17 (dezessete) do sexo feminino
e 47 (quarenta e sete) do sexo masculino.
Houve avanços significativos no campo cognitivo de uma paciente de treze anos que
apresentava dificuldades de aprendizagem, terminando o ano com progressos na leitura
e em matemática. Duas crianças portadoras de doença crônica (Fibrose Cística) e uma
portadora de asma passaram todo o ano sem sintomas graves. Não houve necessidade
de internação de nenhum dos pacientes. Observaram-se duas crianças que tiveram
melhora no comportamento, atenção e concentração, comprometimento com as
atividades e postura corporal. Dessa forma, percebeu-se que de uma maneira geral,
houve progressos na sociabilidade e, sobretudo na expressão de sentimentos de todos
os pacientes.
Conclusão/Considerações Finais
Ao longo desses 34 anos de existência do CDSM, foi possível observar a evolução dos
pacientes em relação às demandas trazidas por eles e suas famílias. A prática das
oficinas infantis revelou-se um dispositivo clínico potente no atendimento das crianças,
a partir da contação de histórias, das atividades de criação, de modelar, entre outras em
que ocorrem uma escuta qualificada que possibilita ao paciente se debruçar sobre suas
questões, acalmar sua angústia e analisar suas histórias singulares a fim de buscar
outras saídas mais saudáveis, melhorar a sua saúde mental e (re)construir laços sociais.
Dessa forma, deve-se considerar que o CDSM tem atingido seus objetivos, uma vez que
aos pacientes tem sido disponibilizado um tratamento interdisciplinar humanizado,
8601
diferenciado e qualificado de acordo com a demanda de cada um, incluindo oficinas
terapêuticas, atendimento individual, familiar e psicofarmacológico, o que permitiu uma
melhoria na qualidade de vida de crianças que apresentam diversas demandas no
âmbito da saúde mental, a partir da valorização de seu discurso. O alcance dos objetivos
se deve ao investimento em formação em Saúde Mental realizado pelo programa, que
dá suporte e capacitação aos alunos extensionistas para atuarem na área de Saúde
Mental, em especial com o público infantil. Assim, o Programa reafirma a importância
das ações em saúde mental, pois a qualidade da vida psíquica interfere no social, no
trabalho e na família.
Por fim, visando o bem estar social e a formação acadêmica, é importante, para esta
equipe e para a saúde da comunidade capixaba, continuar realizando seu trabalho em
oficinas terapêuticas e demais atendimentos para crianças portadores de questões
psíquicas diversas. O atendimento à comunidade universitária tem promovido saúde
mental dentro da UFES, produzindo um retorno ao apoio dedicado ao programa.
Referências
8602
Fundam. v. 13, n. 1, p. 31-52. 2010. Disponível em:
http://www.psicopatologiafundamental.org/uploads/files/latin_american/v6_n1/valor_pr
editiv o_de_indicadores_clinicos_de_risco_para_o_desenvolvimento_infantil.pdf. Acesso
em: 1 abr. 2018.
8603
FEIRA DO PESCADO EM ICATU-MA: ASPECTOS HIGIÊNICOS SANITÁRIOS
Área Temática:
Resumo
ABSTRACT
Fish are foods that are highly susceptible to microbial deterioration due to high
humidity, easily oxidizable fats and near pH neutrality (pH 6.6-6.8), thus requiring
essential care at all stages, especially in transport, receiving, storing, preserving and
handling, because if not properly performed they can favor the proliferation of
microorganisms bringing risks to the health of the final consumer. In view of this, the
purpose of this work is to report the analyzes and observations made at the Fish Fair in
the municipality of Icatu- MA during the Life Experience period, as well as to evaluate
the hygienic sanitary aspects by observing the daily practices of the marketers in the
marketing of fish.
1
Universidade Estadual do Maranhão, Acadêmico de Medicina Veterinária (UEMA), FAPEAD 2 Universidade
Estadual do Maranhão (UEMA)
8604
Keywords: fish, manipulation, public health.
INTRODUÇÃO
De acordo com PHILIPPI (2003), pescados podem ser definidos como todos os animais
aquáticos que são utilizados na alimentação humana, os quais podem ser consumidos
diretamente ou utilizados para a industrialização, podendo ser marinhos ou de água
doce. Os peixes são caracterizados como animais aquáticos que possuem esqueleto
cartilaginoso ou ósseo e apresentam guelras. Já o RIISPOA (Regulamento da Inspeção
Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal) no artigo 438 denomina
"PESCADO" como todos os peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e
mamíferos de água doce ou salgada, usados na alimentação humana.
8605
A Feira do Pescado de Icatu- MA, muito popular no município, é o local onde os
moradores compram e vendem o pescado in natura em gelo para consumo. Está
localizada na rua Cel. Brício de Araújo, próximo à Prefeitura, no centro da cidade, ás
margens do rio Munin. Diante das atividades desenvolvidas durante o Estágio Vivência
no município, a visita à feira do Pescado apresentou maior relevância para a Medicina
Veterinária principalmente no que diz respeito à vigilância sanitária e saúde pública. O
presente artigo tem como objetivo relatar as análises e observações realizadas durante
a visita à Feira do Pescado no município de Icatu-MA, sob a perspectiva da Medicina
Veterinária, buscando identificar as problemáticas e discutir as maneiras mais
adequadas para os pescadores e a população geral desempenharem todas as atividades
relacionadas ao pescado, desde a captura até o consumo final.
METODOLOGIA
A visita à Feira do Pescado de Icatu- MA ocorreu durante o Estágio Vivência, o qual teve
início em 22/01/18 e término 03/02/18. A importância do Estágio Vivência, programa do
Núcleo de Extensão e Desenvolvimento – LABEX, da Universidade Estadual do
Maranhão, está relacionada ao diagnóstico das possíveis dificuldades enfrentadas pelos
moradores, vivenciando a realidade das comunidades rurais na busca de adquirir e
repassar conhecimentos, na troca de experiências dos alunos da universidade com a
população local, buscando aproximar o conhecimento científico com o conhecimento
empírico e estimular os estudantes, sob uma perspectiva de questionamento e crítica, a
organizarem-se pela busca da transformação da realidade.
A comercialização dos peixes na feira ocorre todos os dias da semana. Foram realizadas
observações, visando diagnosticar a maneira com a qual estava sendo realizada a
conservação, manipulação, armazenamento e comercialização do pescado, a
infraestrutura do local, buscando apontar as maneiras corretas de realizar cada processo
descrito anteriormente, bem como avaliar os aspectos higiênicos sanitários através da
investigação das práticas cotidianas dos feirantes na comercialização do produto.
8606
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8607
Pescado Icatu- MA.
8608
A manipulação estava sendo realizado sem a utilização de equipamentos de
proteção individual, o que proporciona uma possível contaminação dos peixes,
disseminação de doenças transmitidas por alimentos e aumento dos riscos de acidentes
ocasionados pelo manuseio inadequado. Para a manipulação adequada, o manipulador
deve ter boa higiene e usar vestimentas apropriadas, separar os produtos de acordo com
a espécie e em locais onde os consumidores não fiquem em contato direto com o
produto e caso o consumidor queira trocar o pescado deve ser oferecido luvas
descartáveis ou sacos plásticos limpos. O local deve dispor de água potável para a
higienização das instalações e dos manipuladores, os quais não devem manipular o
produto demasiadamente e não deixar o produto exposto ao ar livre (PEREIRA et al,
2009) .
Foram encontrados alguns peixes que estavam perdendo seu nível de frescor,
com suas características organolépticas alteradas, portanto inadequados para o
consumo. Nesse ponto, pode-se ressaltar a importância de uma conservação adequada,
pois logo após a despesca ou captura do pescado é de extrema importância à utilização
do frio devido ao rápido processo de deterioração. Quando vivos, os peixes apresentam
musculatura livre de micróbios, porém após a morte, ocorre o relaxamento da
musculatura o que o torna mais macio e com textura firme e elástica, nessa fase é
chamada de pré-rigor. Quando ocorre o relaxamento muscular, após algumas horas,
chama-se pós-rigor onde se inicia a decomposição. A conservação em temperatura baixa
é indicada, pois diminui a atividade das bactérias e enzimas que atuam no processo de
decomposição, mantendo assim o produto com qualidade por maior tempo.
Nesse caso, segundo os pescadores, era realizado outro processo com o pescado,
que é a salga. Depois de salgados e secos ao sol, esses serão comercializados, sendo
chamados agora de “salpresos”. Outro ponto a ser enfatizado foi a grande quantidade de
8609
3 . CONCLUSÃO
8611
maneira adequada, segundo os manuais de boas práticas e legislações vigentes, de
desenvolver a comercialização do pescado de maneira a impossibilitar a contaminação
do mesmo e possível agravo à saúde pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Carmo GMI, Oliveira AA, Dimech CP, dos Santos DA, de Almeida MG, Berto LH, et al.
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2004. Bol Eletr Epidemiol.2005;5(6):1-7.
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Cell Biochem.2004; 263(1-2): 217-25. 10.
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Nurs.2005; 20(2): 70-6.
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PEREIRA, S.D. et al. Boas Práticas para Manipuladores de Pescado: O Pescado e o Uso do
Frio. 2009. p.20. Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição-PiracicabaSP,
São Paulo, 2009.
PHILIPPI, S. T. Nutrição e Técnica Dietética. São Paulo: Manole, p. 128 – 131, 2003.
8612
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE MENTAL: CONTRIBUIÇÕES À MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES DO CAPS/ALFENAS - MG
Marielle Maria Pereira Gomes; Geovane Evangelista Moreira; Hellen Caroline Marinho;
Wilian Geraldo de Sousa; Carolina Rieger de Albuquerque; Iago Ramirez; Lucas Uchoa;
Caio Luiz Bitencourt Reis; Jeferson Cardoso Costa; Jonathas Eduardo Virgílio Piassi;
Leandro Araújo Fernandes; Daniela Coelho de Lima.
Resumo
8613
88,0% constataram a metodologia satisfatória. A partir das observações do grupo
percebeu-se que o presente projeto tem proporcionado uma melhoria a qualidade de
vida dos pacientes e o aumento do conhecimento dos acadêmicos no contexto da saúde
mental.
Introdução:
al., 2009).
O CAPS, dessa forma, é responsável pela descentralização do cuidado e da
assistência aos pacientes do sistema público de saúde. O objetivo é que cada um dos
setores envolvidos na construção da saúde seja responsável por uma parcela das
demandas sociais a partir do conceito de Rede de Atenção Básica em Saúde, que foi
instituído no Brasil na década de 1990. Assim, o CAPS tem a função primordial de
reinserir pessoas com limitações associadas à saúde mental no convívio em sociedade,
oferecendo apoio e atenção nos mais diferentes setores da vida de seus usuários,
inclusive no tocante a higiene geral (ROSA E VILHENA, 2012).
8614
devido à falta de motivação e a dificuldade em realizar uma técnica de higienização
adequada (MINIHAN et
al., 2014).
A adoção de hábitos diários que potencializam a saúde por parte desse grupo é,
portanto, um grande desafio para os profissionais da saúde, haja visto que além de
tentar alterar antigos padrões, ainda existem fatores como a história individual, familiar
e social que se tornam barreiras durante as tentativas de realizar a prevenção e o
tratamento em saúde (CARVALHO e ARAÚJO, 2004).
Metodologia
8615
As atividades, inicialmente, foram realizadas no Centro de Apoio Psicossocial de
Alfenas/MG. O primeiro passo foi o agendamento de uma reunião com toda a equipe em
exercício profissional no CAPS/ALFENAS, para expor o projeto e suas possíveis ações,
reforçando a importância da saúde geral e acolhendo sugestões da equipe para
posterior análise de sua aplicabilidade. Dentro da perspectiva de permitir que houvesse
clareza nos objetivos do projeto foi proposta a Educação Continuada com os cuidadores
dos usuários, inseridos nos locais de ação, durante todo o desenvolvimento das
atividades propostas.
8616
Figura 1 – Oficina autocuidado
Na terceira sessão, o tema “cuidados com a higiene das roupas e calçados” foi
abordado por meio de cartazes e macromodelos discutindo-se a importância da troca de
roupas, do uso de desodorantes e da troca de calçados. Através de um varal lúdico,
montado na área externa do prédio da instituição, cada usuário recebeu uma peça de
roupa (fictícia ou real). Uma máquina de lavar, feita com caixa de papelão, recebeu as
roupas desses usuários para uma lavagem lúdica e depois cada usuário se encarregou
de colocar suas “roupas” no varal. Também houve o estímulo dos acadêmicos para que
os usuários posicionassem os calçados no sol (Figura 2).
8617
Figura 2. Oficina vestindo a camisa
8618
Figura 3 – Oficina de beleza
Na quinta sessão, houve uma grande prática dos temas abordados até o
referido momento. Foi agendado com antecedência na instituição o uso dos chuveiros e
das toalhas. Ademais tendo em vista que alguns profissionais em exercício no CAPS
fazem esporadicamente o corte das unhas/cabelos/barbas dos usuários nessa sessão, foi
realizado um mutirão para que esses cuidados fossem concretizados. Também inseriu-
se maquiagens, assim como perfumes, com atuação profissional voluntária, como
cabeleireiros, manicures, etc. No fim da sessão houve um desfile emblemático “Luz,
Câmera, Ação”.
8619
como a escuta de músicas motivacionais, além de dar abertura para os usuários que
quiseram relatar suas vivências com as drogas.
preconceito.
Resultados e Discussões:
8620
A capacitação a toda a equipe executora foi fundamental aos membros
envolvidos no projeto para estimular o desenvolvimento das habilidades criativas nos
participantes e aprender a lidar com as adversidades que eventualmente pudessem
surgir. O projeto propiciou aos alunos participantes um enfoque maior da disciplina de
Saúde Coletiva I e II, a qual faz parte do currículo do curso de Odontologia. Porém,
como ela é lecionada somente em dois períodos do curso, estes alunos, que se
interessaram pelo projeto tiveram uma nova oportunidade de aproveitar
sistematicamente a disciplina de forma dinâmica na Extensão. Isso contribuiu
positivamente para o aprendizado acadêmico. Ademais foi importante para estimular
um envolvimento humanístico entre os membros e na construção de um saber
multiprofissional através da relação dos acadêmicos com os funcionários e demais
profissionais em exercícios de suas atividades.
8621
aproveitável para a maioria dos pacientes que se encontrava no recinto do CAPs.
Apenas 21% registraram a presença de um ambiente agitado com dificuldade de realizar
a oficina proposta, pois no local alguns pacientes se encontravam em surtos psicóticos,
o que alterava o ambiente de trabalho dos acadêmicos. No CAPs, observou-se que 93%
dos profissionais que trabalhavam no local, ajudaram nas atividades e somente 7% não
puderam colaborar com o desenvolvimento de suas atribuições do atendimento local.
Observou-se também que os pacientes ficavam extremamente alegres quando os
profissionais do CAPs participaram das oficinas propostas pelos membros do projeto.
A partir destes resultados coletados observou-se que houve uma visão mais
ampla das condições dos pacientes e de sua saúde geral, vinculado com uma visão
humanista entre os acadêmicos envolvidos com os pós-graduandos e coordenadores do
projeto. Ademais houve uma relação dialógica entre o presente projeto de extensão e a
comunidade, uma vez que a realização do mesmo não seria possível se não houvesse o
público-alvo a ser abordado e o local disponível e propício para as orientações.
8622
impacto social uma vez que os protagonistas foram os pacientes psiquiátricos,
responsáveis e cuidadores. Acredita-se que esse público além de ter papel atuante no
projeto foi também o mais beneficiado pelas ações realizadas, o que o tornou mais
informado e ao mesmo tempo ampliou sua participação como multiplicadores de
informação no contexto social.
Referências Bibliográficas:
8623
4- BERTAUD-GOUNOT, V., et al. Oral health status and treatment needs among
psychiatric inpatients in Rennes, France: a cross-sectional study. BMC Psychiatry, v.13,
n.9, p. 227-232, 2013.
7- MUN, S.J., et al. Reduction in dental plaque in patients with mental disorders through
the dental hygiene care programme. International Journal of Dental Hygiene, v.12,
n.2, p.133– 140, 2014.
10-SOUZA, S.P., et al. Qualidade de vida do cuidador e saúde bucal do indivíduo com
necessidade especial. Pesquisa Brasileira Odontopediatria e Clínica Integrada, v. 11, n.2,
p. 257-262, 2011.
8624
MONITORAMENTO DE CONTATOS DE HANSENÍASE A PARTIR DE EXAMES
COMPLEMENTARES EM MUNICÍPIO HIPERENDÊMICO
Emerson Costa Moura1; Dorlene Maria Cardoso Aquino2; Maria de Fátima Lires Paiva3;
Márcio Darlan Lires Paiva4
Resumo
A hanseníase é uma doença milenar, no entanto, ainda hoje se configura como um
problema de saúde pública no Brasil. Considera-se a vigilância dos contatos como um
dos pilares para o controle da hanseníase, por isso, a ausência de investigação destes
pressupõe a perda de diagnóstico precoce, mantendo a cadeia de transmissão do bacilo.
O município de São Luís- MA, apresentou 52,3 casos/100 mil habitantes em 2015, o que
a coloca no padrão de hiperendemicidade. Trata-se de um estudo exploratório
descritivo de caráter quantitativo que tem por objetivos realizar monitoramento dos
contatos de portadores de hanseníase em município hiperendêmico, verificando se
houve adoecimento desses contatos; caracterizados quanto ao gênero, faixa etária e
tipo de convívio com o caso índice. Participaram da pesquisa trezentos contatos de
hanseníase, dos quais apenas quarenta contatos comparecendo ao estudo, no período
de 01 a 16 de dezembro de 2016. Dos contatos deste estudo, são 57,5% do sexo
feminino e 42,5%, masculino. A faixa etária predominante foi 12 e 20 (32,5%) anos de
idade. No convívio com o caso índice, a maioria (62,5%), conviveu no meio
intradomiciliar. Quanto à Forma Clínica do caso índice dos contatos, (22,5%) não soube
informar. A forma clínica Dimorfa-dimorfa foi a mais frequente (22,5%). No que se refere
à Classificação Operacional do caso índice, 80% forma multibacilar e 20% a forma
1
Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
2
Doutora em Patologia Humana. Enfermeira. Co-autora. Professora do Departamento de Enfermagem da
UFMA.
3
Doutora em Fisiopatologia Clínica e Experimental. Enfermeira. Orientadora. Professora do Departamento
de Saúde Pública da UFMA.
4
Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva. Fisioterapeuta. Bombeiro Militar Mergulhador. Co-
autor.
8625
paucibacilar. A maioria dos contatos apresentou uma cicatriz de BCG (77,5%). O perfil
dos contatos, atendidos no município, é composto por jovens, do sexo feminino,
consanguíneo de 1º grau com o portador e uma dose BCG. Com predomínio da
classificação operacional multibacilar e forma clínica diforma, indicando diagnóstico
tardio. No presente estudo 10% dos contatos foram diagnosticados com hanseníase.
Portanto, sugere-se a realização de mais pesquisas sobre o assunto, que indiquem a real
dimensão e a tendência da hanseníase no município São Luís, contribuindo para um
efetivo controle.
Introdução
8626
2014. Dentre os municípios do Estado do Maranhão, Imperatriz ocupou a segunda
posição com 131 casos registrados, seguida de Timon com 142 (BRASIL, 2015).
transmissão ocorre por meio das vias aéreas superiores das pessoas portadoras da
doença. Assim, os familiares (contatos intradomiciliares) são geneticamente
semelhantes ao caso índice e provavelmente mais susceptíveis que os não contatos.
doença, sendo que este indivíduo possui grande importância na cadeia epidemiológica,
visto queas ações voltadas para o controle dos contatos têm sido pouco valorizadas no
contexto familiar e social, já que os serviços de saúde possuem maior preocupação com
o controle da doença e do indivíduo doente (SOUSA et al., 2013).
Ximenes Neto et al. (2013) relatam que o diagnóstico rápido e efetivo, com o
8627
(intradomiciliar, intra-íntimo, extradomiciliar, extradomiciliar-íntimo, ocupacional),
forma clínica do caso índice e situação vacinal (BCG).
Metodologia
Durante a entrevista com o cliente, foi preenchido um formulário que conta com dados
gerais do contato, informações do caso índice, procedimentos na abordagem,
acompanhamento e situação de comparecimento do contato. Após realizada a
entrevista com o contato juntamente com a análise de seu prontuário foi realizado o
8628
exame dermatoneurológico visando detectar áreas sem sensibilidade e/ou manchas. Os
contatos que apresentaram alterações foram encaminhados para serviços ambulatoriais
de tratamento da hanseníase mais próximos de seus domicílios.
Para efeitos de tratamento dos resultados, toda a amostra foi descrita; porém,
para a análise dos objetivos foram considerados apenas os indivíduos que
compareceram para a avaliação, correspondente a quarenta pessoas (13,33% da amostra
total).
A pesquisa foi realizada em São Luís- Maranhão, capital do Estado, com uma
população estimada, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), de 1.082.935 habitantes, o que equivale a 15,48% da população total do Estado
(6.954.036), e ocupa uma área de 834.785 Km² (IBGE, 2017). Está situada ao norte do
Estado, onde se limita com o Oceano Atlântico; ao Sul com o Estreito dos Mosquitos,
que a separa do continente; a Leste com a Bahia de São José e a Oeste com a Bahia de
São Marcos.
8629
No início do processo da coleta de dados foram obtidas informações por meio
dos protocolos de abordagem e seguimento de contato em hanseníase contidos no
banco de dados, de todos os contatos de portadores de hanseníase já avaliados na
referida pesquisa. Esses protocolos foram enumerados e assim realizou-se um sorteio
aleatório através da tabela de números dos mesmos.
A caracterização da amostra foi feita pela avaliação das variáveis: sexo, idade,
grau de parentesco com o portador, tipo de contato, forma clínica, situação vacinal de
BCG e classificação operacional dos casos índices.
Resultados e Discussão
8630
8631
Tabela 1 – Distribuição dos contados de portadores de hanseníase, segundo sexo, idade
e grau de parentesco com o caso índice. São Luís, 2016.
8632
São Luís, 2016.
70,0% 62,5%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
17,5%
20,0% 12,5%
5,0%
10,0% 2,5%
0,0%
Dos 40 contatos pesquisados, 77,5% possui uma dose vacina BCG-ID (Gráfico 2).
77,5%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
12,5%
20,0% 7,5%
2,5%
10,0%
0,0%
8633
Gráfico 3 - Distribuição dos contados de portadores de hanseníase, segundo o
diagnóstico da patologia. São Luís, 2016.
90,0%
100,0%
80,0%
60,0%
40,0%
10,0%
20,0%
0,0%
Sim Não
8634
80,0%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
20,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Multibacilar Paucibacilar
Com relação à forma clínica do caso índice, verificou-se no gráfico 5, que houve
números semelhantes de casos Diformo-diformo e os que não souberam informar,
22,5% respectivamente.
20,00%
15,00% 15,00%
15,00% 12,50%
10,00% 7,50%
5,00%
5,00%
0,00%
8635
Brasil, no período de 2004 a 2008, descreveram que a maioria era do sexo feminino
(60%), e na pesquisa de Peixoto et al. (2011) realizado em São Luís – MA, verificaram
que a maior frequência de contatos do sexo feminino (50,3%). Lobo et al. (2011)
relatam que os homens, geralmente são mais afetados pela hanseníase, contudo
mulheres, enquanto contatos se mostraram mais propensas a adquirir a doença.
A população infantil tem mais facilidade de ter contato com doentes bacilíferos e
raramente são observados casos em menores de dois anos, principalmente da forma
Virchowiana. Os sinais clínicos da hanseníase muitas vezes não são fáceis de serem
diagnosticados nesta população, sendo a idade um fator limitador e, em algumas
regiões endêmicas, é alto o número de crianças com deformidades provocadas pela
hanseníase (PIRES et al., 2012; LUNA et al., 2014).
8636
pois, pode-se ressaltar que todo portador de hanseníase foi primeiramente um
comunicante (OLIVEIRA et al., 2007; ANDRADE et al., 2008; PEIXOTO et al., 2011; PIRES
et al., 2012 XIMENES NETO et al., 2013; TRINDADE, 2015).
Com relação a situação vacinal, verificou-se que a maioria dos contatos pesquisados
possui uma dose de BCG. No estudo de Trindade (2015) que avaliou a ocorrência de
casos de hanseníase entre os contatos intradomiciliares dos pacientes diagnosticados
com hanseníase em 2012, em João Pessoa/PB, observou que oitenta e oito (46,3%)
contatos referiram ter tomado a BCG nos últimos 5 anos. No exame físico, a maioria
(86,8%) apresentava alguma cicatriz vacinal, sendo que 139 (73,2%) apresentavam
apenas uma. Na pesquisa de Dessuntiet al. (2008), analisaram variáveis relacionadas
aos contatos intradomiciliares de pacientes com hanseníase, atendidos no município de
Londrina-PR, num período de dez anos, verificaram que 46,9% dos contatos não foram
avaliados em relação ao estado vacinal e somente 22,3%apresentaram indicação de
uma dose.
8637
classificação operacional multibacilar, nos casos índices. Pacientes multibacilares são
considerados a principal fonte de infecção e são, também, os mais susceptíveis ao
adoecimento (FERREIRA et al., 2007). Dessa forma, o estudo demonstra que os casos
com maior potencial de transmissibilidade estão sendo detectados pela Unidade Básica
de Saúde, mas também mostra que o diagnóstico desses pacientes está sendo feito
tardiamente.
explicado pelo alto índice das formas graves, isto pode ser esclarecido, de acordo com
Pereira et al (2008), porque a forma Indeterminada evolui para as formas mais graves,
pelo atraso no diagnóstico, falta de informação da sociedade e pela resistência do
paciente em aceitar ser portador da Hanseníase, impedindo o diagnóstico precoce
permitindo a evolução para formas graves.
Conclusão/Considerações Finais
A análise dos 40 contatos, atendidos no município de São Luís - MA, mostra que
a maioria é composta por uma população jovem, do sexo feminino e com pai e mãe
como grau de parentesco. Com relação a situação vacinal, maioria dos contatos
tomaram somente uma dose da vacina. Com a análise das informações, verificou-se um
predomínio da classificação operacional multibacilare um percentual elevado de casos
com forma clínica diforma, indicando diagnóstico tardio da doença e corrobora com isso
o percentual baixo da forma indeterminada ao diagnóstico.
8638
Por fim, os resultados dessa pesquisa estão de acordo com estudos que
consideram que os contatos intradomiciliares de paciente com hanseníase, possuem
maior exposição a cargas bacilares, colocando-os em risco de adquirir a doença.
Referências
8639
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da Hanseníase. 2015. Disponível em:
<http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/hanseniase_2011_final.pdf>Acess
o em: 10 jan. 2017.
8640
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Maranhão, Brazil, from 1993 to 1998: is the endemic expanding? Caderno de Saúde
Publica. v.19, n. 2, p.439-45, 2003.
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8641
TRINDADE, Luciana. Avaliação da ocorrência de hanseníase entre os contatos
intradomiciliares de pacientes diagnosticados em 2012 no município de João
Pessoa/PB.Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Santos, Programa de
Mestrado em Saúde Coletiva, 2015.
8642
MUTIRÃO DE ATENDIMENTO A PACIENTES COM FEBRE REUMÁTICA
Iago Diógenes Azevedo Costa1; João Vicente Souza Santana1; Iana Ciara Santos de
Albuquerque1, Maria Marina Leonardo Alves Costa1, Telma de Fatima Vitaliano da Silva
Veras2, Uelma Pereira de Medeiros Faria3, Antônio Sérgio Macêdo Fonseca3, Jussara Melo
de Cerqueira Maia4, Gisele Correia Pacheco Leite4.
Resumo
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), discentes do curso de Medicina.
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), servidora Técnico-administrativa. 3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN, médica pela Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (EBSERH).
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), docentes do Departamento de Pediatria (DPED).
8643
colaboradores, fomentando-se a melhoria do conhecimento acerca da FR e de suas
complicações. Conclusões: O projeto de extensão em questão ofereceu atenção e
cuidado aos pacientes com FR, além de aprofundar os conhecimentos dos participantes
sobre a doença, fornecendo dados que embasam os futuros estudos do perfil clínico e
epidemiológico desta condição, os quais prometem preencher carências científicas e
populacionais, principalmente no âmbito regional.
Introdução
A febre reumática (FR) é uma doença inflamatória autoimune que se desenvolve como
sequela de infecções por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A (EBHGA),
caracterizada pela inflamação não supurativa das articulações, tecido subcutâneo,
sistema nervoso central e coração. As principais manifestações clínicas observadas são:
poliartrite, eritema marginatum (EM), coreia de Sydenham (CS), nódulos subcutâneos e
cardite reumática (CR), a qual é a principal complicação de episódios recorrentes de
febre reumática aguda (FRA) 1.
8644
destas populações. Em países em desenvolvimento, a incidência de FR é marcante,
sendo significativamente concentrada em segmentos sociais de baixa renda 5. Desta
forma, configura-se como imprescindível a oportunidade de analisar com mais atenção
os casos de FR atendidos na rede pública de atenção à saúde.
8645
Critérios maiores são cardite e valvulite clínica ou subclínica (prevalência de 50 - 70%),
artrite, a qual normalmente se apresenta como poliartrite migratória em grandes
articulações (35 - 66%), CS (10 - 30%), nódulos subcutâneos (0 - 10%) e EM (<6%).
Critérios menores são artralgia, febre, elevação do nível de reagentes de fase aguda -
velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C reativa (PCR) - e prolongamento
do intervalo PR no eletrocardiograma.
8646
tratamento de rotina atual para CR sem acometimento articular, exceto nos casos de
cardite severa. São necessários, assim, novos estudos dedicados à avaliação dos
benefícios da corticoterapia em pacientes com CR.
No controle da FR, a profilaxia primária diz respeito ao tratamento com erradicação do
estreptococo, se fazendo com Penicilina Benzatina em dose única injetável (Penicilna G
Benzatina 600.000 UI IM para peso < 20 Kg ou 1.200.000 UI IM para peso > 20 Kg) ou
VO com Penicilina V, Amoxicilina e Ampicilina durante 10 dias. Nos pacientes alérgicos
à Penicilina, a recomendação é a Eritromicina 40 mg/kg/dia VO (de 8/8h ou 12/12h) –
10 dias ou Clindamicina 15 a 25 mg/kg/dia VO (8/8) – 10 dias11.
A profilaxia secundária tem por objetivo o controle das recorrências da FR por meio de
um esquema antibiótico a longo prazo, tendo como medicação de escolha a Penicilina
Benzatina, administrada em doses suficientes para manter uma concentração sérica de
penicilina de 0,03 unidades/ml. As doses recomendadas são: Penicilina G Benzatina
600.000 UI IM de 21/21 dias (peso < 20 kg) ou 1.200.000 UI IM de 21/21 dias (peso > 20
kg). Podendo ainda ser usada em segunda opção a Penicilina V 250 mg (400.000) VO
12/12h – uso contínuo. Nos alérgicos à Penicilina, recomenda-se a Sulfadiazina 500 mg
VO para peso menor que 30kg e 1g VO para pacientes a partir de 30kg, todos os dias. Já
nos raros casos de pacientes alérgicos à Penicilina e a Sulfas, recomenda-se a
Eritromicina VO 250 mg de 12/12 horas continuamente11.
8647
Houve 5 (56%) falhas terapêuticas no grupo pulsoterapia e nenhuma no grupo com
terapêutica oral (p=0,03)15.
Para tanto, além de atendimento médico com agendamento facilitado, o projeto teve
como objetivo a educação em saúde dos pacientes, por meio da distribuição de folders e
orientaçoes com estudantes de medicina e de enfermagem.
8648
Além disso, enquanto projeto de extensão, o Mutirão teve como objetivo inserir os
acadêmicos de medicina na prática do cuidado médico e da assistência em saúde,
mostrando a importância de o médico desenvolver ações na comunidade em prol da
melhoria da situação de vida dos pacientes. Neste sentido, também considerou-se
importante que houvesse um trabalho conjunto e interativo entre os acadêmicos de
medicina e de outras áreas da saúde, assim como os outros profissionais que compõem
o serviço do hospital universitário, como enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Ademais, os dados provenientes dos atendimentos realizados poderão orientar a
organização e estruturação do sistema frente a esses agravos, aumentando a atenção
dada à FR diante de dados epidemiológicos mais específicos e atualizados - visto que
até então a FR não é uma doença de notificação obrigatória - e possibilitando o cálculo
adequado de verbas e insumos destinados à triagem, diagnóstico e tratamento desta
prevalente doença. Deste modo, vislumbra-se uma repercussão positiva no prognóstico
e na saúde global dos pacientes com CR.
Metodologia
8649
número de atendimentos totais, discriminados em primeira consulta ou retorno, dos
diagnósticos dos pacientes atendidos, da idade do paciente no momento do
diagnóstico, do número de diagnósticos feitos pelo mutirão, dos locais de origem dos
pacientes atendidos e causas de falha terapêutica. Desta forma, foi possível obter a
impressão estatística da importância que o projeto de extensão em questão teve em
melhorar a situação de saúde e cuidado da população alvo.
Resultados e Discussão
Tipo de consulta
Consulta N %
Primeira 18 26,9
Retorno 49 73,1
Total 67 100
Diagnósticos
Diagnóstico N %
FR 21 31,3
FR+CR 38 56,7
Investigação 8 11,9
Total 67 100
Diagnósticos feitos no mutirão
Diagnóstico N %
FR 1 1,5
8650
FR+CR 7 10,4
NÃO 59 88,1
Total 67 100
Dos diagnósticos presentes (Tabela 01), observou-se que 21/67 (31,3%) possuíam
diagnóstico de FR sem CR, 38/67 (56,7%) possuíam diagnóstico de FR com CR, e 8/67
(11,9) estavam em investigação para diagnóstico de FR. Dos pacientes atendidos, 7/67
(10,4%) obtiveram o diagnóstico de FR no atendimento oferecido pelo mutirão, sendo
que destes 1/7 (14,3%) eram apenas FR e 6/7 (85,7%) já possuíam CR como
complicação. Estes dados refletem a magnitude da importância do diagnóstico precoce,
assim como a atual dificuldade do sistema de saúde diante do diagnóstico de manejo da
patologia em questão.
8651
monitoria, visando evitar a falha terapêutica do medicamento: é sugerida
a realização de atividades de capacitação e orientação dos profissionais
de saúde para a aplicação correta das injeções nos pacientes com FR,
evitando a falha terapêutica e o constante reforço da importância da
profilaxia.
8652
discussão de caso a partir da execução do exame físico e coleta de história clínica
atrelados à rotina enriquecem a capacidade de raciocinar clinicamente por parte do
aluno. Assim, foram amplas as oportunidades de atuação para os acadêmicos
participantes do projeto, incluindo atividades como triagem, atendimento clínico,
interpretação de eletrocardiograma (ECG) e aporte teórico para oferecer melhor
direcionamentos ao paciente, gerando adesão às condutas terapêuticas.
Conclusão/Considerações Finais
8653
exercitar o trabalho em equipe, buscando as informações e unindo o esforço necessário
para a submissão do projeto de extensão, a convocação de pacientes, as remarcações e
o acolhimento no esperado dia do atendimento. Também se aprendeu a trabalhar em
equipe com os demais colaboradores do serviço e a entender melhor a rede de atenção
e o sistema de referenciamento de pacientes.
Referências
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failure in South America. Heart, v. 95, n. 3, p. 181-189, 2009.
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severe rheumatic valvar disease in Brazilian children and adolescents. Heart, v.
91, n. 8, p. 1019-1022, 2005.
8654
7. CARAPETIS, Jonathan R. et al. The global burden of group A streptococcal
diseases. The Lancet infectious diseases, v. 5, n. 11, p. 685-694, 2005.
8. BRYANT, P. A. et al. Some of the people, some of the time susceptibility to acute
rheumatic fever. Circulation, v. 119, n. 5, p. 742–753, 2009.
10. GEWITZ, M. H. et al. Revision of the Jones Criteria for the Diagnosis of Acute
Rheumatic Fever in the Era of Doppler Echocardiography: A Scientific Statement
From the American Heart Association. Circulation, [s.l.], v. 131, n. 20, p.1806-
1818, 23 abr. 2015.
12. CARAPETIS, J.R.; BROWN, A.; WALSH, W. National Heart Foundation of Australia
(RF/RHD guideline development working group), Cardiac Society of Australia and
New Zealand. Diagnosis and management of acute rheumatic fever and
rheumatic heart disease in Australia: an evidence-based review. Heart
Foundation; 2006.
13. GERBER, M. A. et al. Prevention of Rheumatic Fever and Diagnosis and Treatment
of Acute Streptococcal Pharyngitis: A Scientific Statement From the American
Heart Association Rheumatic Fever, Endocarditis, and Kawasaki Disease
Committee of the Council on Cardiovascular Disease in the Young, the
Interdisciplinary Council on Functional Genomics and Translational Biology, and
the Interdisciplinary Council on Quality of Care and Outcomes Research:
Endorsed by the American Academy of Pediatrics. Circulation, v. 119, n. 11, p.
1541–1551, 2009.
14. CILLIERS, Antoinette; ADLER, Alma J.; SALOOJEE, Haroon. Anti- inflammatory
treatment for carditis in acute rheumatic fever. The Cochrane Library, 2015.
8655
16. TORRES, Renato PA et al. Pulse therapy combined with oral corticosteroids in the
management of severe rheumatic carditis and rebound. Cardiology in the Young,
p. 1-6, 2017.
8656
DESENVOLVENDO HABILIDADES PARA O EXAME FÍSICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Amanda Nicoli Vital de Oliveira¹; Ana Elza Oliveira de Mendonça²; Franciely Medeiros
dos Santos3; Gisele de Oliveira Mourão Holanda4; Isabel Pires Barra5; Júlia Silva Fonseca
dos Anjos6; Juliana Raquel Duarte da Silva Camilo7; Leandro Melo de Carvalho8; Maria
Alzira Rego Pinheiro9; Paulo Wendel Ferreira Fonseca10; Sarah Rebeca Bezerra Silva11;
Thomas Matheus da Silva Lopes12.
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem.
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem.
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem.
7
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem.
8
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem.
9
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem.
10
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem.
11
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação em Enfermagem. 12
8657
com simulação realística no formato de cursos de extensão universitária, oferecido pelo
Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
em parceria com a Pró-reitoria de Extensão (PROEX/UFRN). Foram realizadas quatro
edições do curso entre os anos de 2015 e 2017, sendo o público-alvo os enfermeiros
dos serviços de saúde que recebem os discentes de enfermagem em período de
atividades práticas curriculares. Assim, foram capacitados um total de 182 profissionais,
para a realização do exame físico geral em adultos, oportunizando o desenvolvimento
de habilidades e consolidando as parcerias entre ensino e serviço.
Introdução
8658
atualmente mais conhecida, compreende cinco fases sequenciais e inter-relacionadas:
levantamento de dados, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Essas
fases compõem as funções intelectuais da solução dos problemas. (BARROS, 2015).
Porém, existem algumas barreiras para conseguir essas informações. É necessário criar
um vínculo para uma melhor aproximação com o paciente e para isso, é essencial que
exista uma comunicação efetiva. Se o paciente for abordado de maneira formal, com um
vocabulário rebuscado, pode inibir a conversação. Se houver uma aproximação muito
informal, pode ser impossibilitada a confiança do paciente para com o profissional que
executa o exame físico. Em vista disso, é fundamental que a intercomunicação seja de
forma simples e de uma maneira que passe segurança, pois em algumas partes do
exame físico será necessária a invasão da privacidade e se este elo não for bem
estabelecido, a avaliação não flui. (SEIDEL et al., 2007)
Para isso, é necessário que haja um treinamento mais específico abordando tópicos
referentes ao exame físico e as abordagens ao examinado. Essa capacitação pode ser
feita a partir da extensão universitária, que foi criada no século XIX, na Inglaterra, com
o desígnio de conduzir novos possibilidades para a sociedade e promover a educação
permanente. Atualmente, é uma ferramenta substancial para desempenhar o
compromisso social da Universidade. (RODRIGUES et al., 2013).
No Brasil, foi somente após a lei orgânica do ensino superior que aconteceu a primeira
experiência de cursos de extensão, na Universidade Livre de São Paulo e ainda hoje
representam a prática mais apresentada em esfera nacional. Essa norma surge através
do decreto n. 8659, de 05 de abril de 1911, que possibilitou maior independência
administrativa das instituições, podendo assim fazer seus planos relacionados às
abordagens sociais. (ALMEIDA, 2015).
8659
O desafio da extensão é refletir sobre a relação estabelecida entre o ensino e pesquisa
com as exiguidades sociais, determinar as colaborações para o crescimento do exercício
da cidadania e para a transformação efetiva da sociedade. O modelo de extensão
consiste em proporcionar sustentação e reforço à sociedade, contribuindo para melhoria
dos cidadãos. O discernimento da importância da relação entre extensão e sociedade é
fundamental para possibilitar que haja melhoria na qualidade na assistência prestada
para as pessoas, que necessita de adequação tendo em vista que a sociedade vive em
constantes mudanças (PEREIRA, 2007 apud RODRIGUES et al., 2013).
Metodologia
O curso foi elaborado com uma configuração de aula teórico-prática. Para dinamizar as
atividades, cada segmento do exame físico foi explanado para um dos cinco
ministrantes do curso, de forma a contemplar: cabeça, pescoço e exame neurológico,
sistema cardiovascular, sistema pulmonar, exame abdominal, mamas, pele e anexos.
8660
Toda a aula pôde ser acompanhada pelos participantes por meio de um roteiro de
exame físico disponibilizado previamente. O roteiro utilizado como modelo foi
desenvolvido em conjunto por professores do Departamento de Enfermagem e é
disponibilizado a todos os discentes do Curso de Enfermagem na disciplina de
Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem.
O roteiro é composto por duas partes, sendo a primeira preenchida durante a anamnese
de enfermagem e as demais durante a ectoscopia, ou seja, o exame físico geral e outras
áreas específicas de cada segmento corporal. Cada área do instrumento possui itens que
o avaliador pode analisar e preencher de acordo com os achados identificados no
paciente. Em todos os seguimentos do exame físico, foi abordada a forma correta de
registrar os achados, respeitando princípios éticos e legais da profissão e da
competência do Enfermeiro, enquanto examinador.
Resultados e discussão
O exame físico pode ser definido como uma revisão céfalo-caudal de cada sistema
corporal, que irá obter informações objetivas a respeito de um indivíduo, permitindo
que o profissional de saúde faça julgamento ou raciocínio clínico (SOUZA NETO et al.,
2015). Um exame realizado corretamente nos permite obter dados basais sobre o
estado do cliente, complementar, confirmar e/ou refutar as informações obtidas durante
a coleta de dados, bem como confirmar e identificar os diagnósticos de enfermagem
selecionados (POTTER, 2013).
Antes de iniciar, o profissional deve ter em mente fatores que podem interferir na
realização do exame, como a iluminação do ambiente e o equipamento necessário e
disponível no serviço. Além disso, refletir sobre qual o melhor modo de abordar o
cliente e deixá-lo de forma mais confortável possível (BICKLEY, 2010).
8661
físico, é necessário utilizar os sentidos (visão, olfato, tato e audição). Os métodos
propedêuticos do exame físico são: inspeção, palpação, percussão e ausculta.
A inspeção é a exploração feita usando-se o sentido da visão; investiga-se a superfície
corporal e as partes mais acessíveis das cavidades em contato com o exterior. A
inspeção inicia quando se entra em contato com o paciente realizando uma “inspeção
geral”.
A “inspeção direcionada” pode ser panorâmica ou localizada; pode ser efetuada a olho
nu ou com auxílio de uma lupa. Raramente se emprega a inspeção panorâmica com
visão do corpo inteiro. Entretanto, para o reconhecimento das dismorfias ou distúrbios
do desenvolvimento físico, é conveniente abranger numa visão de conjunto todo o
corpo.
A técnica de palpação apresenta inúmeras variantes, entre elas: palpação com a mão
espalmada, palpação com uma das mãos superpondo-se à outra, palpação com a ponta
dos dedos, palpação com a borda da mão, palpação em pinça, digitopressão, punti
pressão e fricção com algodão.
Através dos tempos a técnica da percussão sofreu uma série de variações e, hoje, usa-se
basicamente a percussão direta e a percussão dígito-digital, e, em situações especiais, a
punhopercussão, a percussão com a borda da mão e a percussão tipo piparote.
8662
O último método propedêutico é a ausculta. Define-se ausculta como a escuta dos sons
internos do corpo decorrentes da vibração das estruturas entre sua origem e a superfície
corporal, com ou sem o auxílio de um estetoscópio.
Segundo Bickley, 2010, a chave para um exame físico completo e acurado está no
profissional desenvolver uma sequência sistemática para a realização do exame, sempre
mantendo com objetivos a maximização do conforto do paciente e evitar mudanças de
posição desnecessárias. Um exemplo de sequência trazido pelo autor é: inspeção geral,
sinais vitais, cabeça e pescoço, tórax e pulmões, sistema cardiovascular, mamas e axilas,
abdome, partes periféricas.
Os sinais vitais (SSVV) são parâmetros que indicam o estado de saúde e da garantia das
funções circulatórias, respiratória, neural e endócrina do corpo. Podem servir como
ferramentas de comunicação universal sobre a gravidade da doença e o estado geral do
paciente. (TEIXEIRA et al., 2015). Para avaliar os sinais gerais do paciente, observam-se
cinco parâmetros: pulso, temperatura, respiração, pressão arterial e dor. Discorreremos
deles detalhadamente a seguir.
8663
Na respiração, o oxigênio inspirado entra no sangue e o dióxido de carbono (CO 2)
é expelido, com frequência regular. A troca destes gases ocorre quando o ar chega aos
alvéolos pulmonares, que é a parte funcional do pulmão. É nesse processo que o sangue
venoso se transforma em sangue arterial. Para analisar a respiração é necessário
observar durante um certo tempo (um minuto) a sequência das incursões respiratórias.
Em condições normais, o ritmo da respiração é dado pela sucessão regular de
movimentos respiratórios. A frequência respiratória varia entre amplos limites,
principalmente em função da idade, aceitando-se como normais os seguintes valores
para um indivíduo adulto: de 16 a 20 movimentos respiratórios por minuto.
A pressão arterial é a medida da pressão exercida pelo sangue nas paredes das
artérias. A pressão ou tensão arterial depende da força de contração do coração, da
quantidade de sangue circulante e da resistência dos vasos. Tem por finalidade
promover uma boa perfusão dos tecidos e com isto permitir as trocas metabólicas. É
difícil definir valores normais para medida da pressão arterial pois varia de indivíduo
para indivíduo. Porém, classicamente, adota-se o valor de normotensão de 120 por 80
milímetros de mercúrio. (PORTO, 2004).
E por fim, a dor. Antes ela não era considerada um sinal vital, mas em 1996, James
Campbell (Presidente da Sociedade Americana de Dor) mostrou a necessidade da
incorporação da dor nos sinais vitais. Ela é uma experiência sensorial e emocional
desagradável que é associada a lesões reais ou potenciais. É um importante parâmetro
de avaliação e é uma das causas mais frequentes da busca pelo auxílio. Através da sua
avaliação, é possível acompanhar a evolução do paciente e efetuar os ajustes
necessários para que o tratamento fique mais adequado. Ao avaliar, deve-se detectar
sua etiologia, e considerar características como localização, padrão, intensidade e
duração da dor. Ela pode ser mensurada através de escalas numérica visual de 0 a 10,
escalas verbais com 4 termos (dor ausente, leve, moderada e intensa) e escalas de faces
de sofrimento, que podem ser usadas para pacientes com dificuldade de comunicação.
(SBED, 2018).
8664
Segmento Observar/avaliar
Segmento Observar/avaliar
8665
Avaliação respiratória Configuração, formato e expansão do tórax, frêmitos,
ressonância vocal, desvios na coluna vertebral.
Segmento Observar/avaliar
8666
Fonte: dados da equipe organizadora.
Segmento Observar/avaliar
Desta forma, a extensão universitária serve como estratégia para promover a integração
entre essas três esferas; o curso oferecido é um dos exemplos práticos dessa integração.
PARTICIPANTES
2015 01 17
8667
2016 02 49
53
2017 01 63
Conclusão
Referências
BARROS, Alba Lucia Bottura Leite de. Anamnese e exame físico. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2015.
8668
BICKLEY, Lynn S.. BATES: Propedêutica Médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2009.
POTTER, Patrícia A.. Fundamentos de Enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
SOCIEDADE BRASILEIRA PARA ESTUDO DA DOR (SBED). 5º Sinal Vital - Diretrizes para
implantação da dor como 5º sinal vital. Disponível em:
SEIDEL, Henry M. et al. Mosby Guia de EXAME FÍSICO. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2007. Tradução Luciane Faria de Souza Pontes.
SOUZA NETO, Vinicius Lino et al. Clinical reasoning in construction of nursing diagnosis:
integrative review. Journal of Nursing UFPE on line, [S.l.], v. 9, n. 2, p. 936-944, jan.
2015. Available at:
8669
<https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/10419/11204>.
Date accessed: 01 apr. 2018.
VIANA, Suely Aragão Azevêdo et al. A importância do exame físico para o enfermeiro
que atua na estratégia de saúde da família. 2015. Disponível em: <
http://apps.cofen.gov.br/cbcenf/sistemainscricoes/arquivosTrabalhos/I66148.E13.T1192
4.D9 AP.pdf >. Acesso em: 22 mar. 2018.
8670
ALIMENTAÇÃO E SAÚDE DO TRABALHADOR DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NO
RN: SENSIBILIZAÇÃO PARA ESCOLHAS MAIS SAUDÁVEIS
Resumo
A alimentação envolve aspectos econômicos, sociais, científicos, políticos, psicológicos
e culturais. Sabe-se que as escolhas alimentares de um indivíduo traduzem o seu hábito
alimentar e que nas últimas décadas foram marcadas por alterações nos hábitos
alimentares, indicando a substituição de preparações culinárias à base de alimentos in
natura por produtos alimentícios industrializados, o que pode estar repercutindo no
aumento do número de casos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Isto
reforça a necessidade da promoção de práticas alimentares saudáveis como uma
prioridade na agenda das políticas públicas de saúde, alimentação e nutrição no Brasil.
Desse modo, o objetivo deste projeto foi implantar programas educativos em indústrias
beneficiárias e não beneficiárias do Programa de Alimentação do trabalhador
incentivando escolhas alimentares mais saudáveis. Foram realizadas atividades
educativas e informativas em 20 empresas, utilizando estratégias como rodas de
conversa para discussão em grupo; apresentação de imagens projetadas com
multimídia, distribuição de folders e exposição de banners sobre temas diversos. Todos
os momentos traduziram-se numa rica experiência compartilhada entre docentes,
trabalhadores e discentes (graduandos e pós-graduandos). Essa atividade superou as
expectativas do projeto, tendo ocorrido de forma continuada em 42% das empresas e de
forma pontual noutros 35%, ressaltando que 23% da amostra planejada haviam
encerrado ou suspendido suas atividades. O projeto de extensão permitiu realizar uma
conexão com o
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Curso de Nutrição
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Programa de Pós-graduação em Ciências da
Saúde
8671
projeto de pesquisa a ele vinculado possibilitando realizar um retorno enriquecedor dos
resultados aos trabalhadores. Além de permitir uma maior troca de experiência entre
pesquisadores e participantes.
Introdução
A alimentação representa uma das atividades humanas mais importantes do ponto de
vista biológico, além de também “envolver aspectos econômicos, sociais, científicos,
políticos, psicológicos e culturais fundamentais na dinâmica da evolução das
sociedades” (PROENÇA, 2010). No entanto, a relação entre o homem e a alimentação
vem se alterando, principalmente devido às novas características dos processos
produtivos (ritmos e continuidade no fluxo de produção) e a organização do trabalho
(divisão e integração do trabalho) limitam as possibilidades do trabalhador realizar suas
refeições durante a jornada de trabalho no próprio domicílio (ABREU; SPINELLI;
ZANARDI, 2009).
Desta forma, nas últimas décadas vem se observando alterações significativas nos
hábitos alimentares da população, indicando a substituição de preparações culinárias à
base de alimentos in natura por produtos alimentícios industrializados que, em sua
maioria possuem uma alta densidade energética, pois são ricos em gorduras,
carboidratos refinados e sódio (BRASIL, 2014). Tais modificações vêm repercutindo no
aumento do número de casos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis como obesidade,
diabetes mellitus tipo II (DM2) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) (PINHO et al.,
2014).
8672
inserido, a identidade cultural e a percepção individual sobre alimentação (JOMORI;
PROENÇA; CALVO, 2008).
Além disso, os estudos que tinham como objetivo avaliar a alimentação que vem sendo
ofertada a esses trabalhadores verificaram uma oferta excessiva de sódio, gorduras
8673
totais e colesterol (SÁVIO et al., 2005; GERALDO; BANDONI; JAIME, 2008), o que indica
que, da forma como o PAT vem sendo implantado e executado, pode estar favorecendo
a uma má alimentação com consequente ganho de peso e desenvolvimento de agravos
a saúde.
Assim, concorda-se a necessidade que o programa tenha uma visão mais integralizada e
humana do trabalhador e que as orientações técnicas voltadas para a nutrição a serem
desenvolvidas apoiem ações educativas concretas que objetivem a promoção da saúde
(SÁVIO et al., 2005).
Desta forma, o objetivo deste projeto foi implantar programas de atividades educativas
junto a trabalhadores de indústrias vinculadas e não vinculadas ao Programa de
Alimentação do Trabalhador, por meio de ações dinâmicas e didáticas que envolvam
temas como: estado nutricional, risco metabólico, doenças crônicas não transmissíveis e
sua relação com a alimentação e a nutrição. Ainda, com a perspectiva de realizar
orientação nutricional individualizada, nos casos mais específicos e que demandem uma
atenção mais próxima. Esses objetivos visam compreender a origem das escolhas
alimentares dos trabalhadores e incentivar a busca pela qualidade de vida e escolhas
alimentares mais saudáveis.
Metodologia
Ao longo do ano de 2017, foram realizadas atividades educativas/informativas em 20
empresas, das 26 participantes do projeto de pesquisa que deu origem ao presente
projeto. O projeto de extensão ocorreu concomitante ao projeto de pesquisa, que
estabelecia a proposta metodológica de avaliar longitudinalmente os mesmos
trabalhadores avaliados em um primeiro momento, realizado em 2014 e cujos
resultados serviram de base para o desenvolvimento desse trabalho de extensão.
8674
Para tanto, para aferições de peso, estatura e circunferência abdominal foram utilizados:
balança digital da marca Tanita, precisão de ±0,05Kg; estadiômetros portáteis, marca
Sanny e fitas métricas extensíveis da marca Macrolife. Para a tomada da pressão
arterial, foram utilizados tensiômetro, esfingmomanômetro e estetoscópio da marca
Tycos (USA).
Assim, com os resultados em mãos, foi possível fazer o retorno às empresas para a
realização de ações educativas propriamente. Além de abordar temas como alimentação
e estilo de vida saudáveis, também eram apresentados temas relacionados às doenças
crônicas não transmissíveis, bem como a interpretação dos resultados dos indicadores
bioquímicos realizados no momento da pesquisa. Em atendimento às demandas da
empresa, quando solicitado, também foram abordados temas relacionados às boas
práticas de manipulação dos alimentos, com o objetivo de melhorar da qualidade
higiênico-sanitária das refeições produzidas para a alimentação do trabalhador.
8675
metodologia utilizada foi a apresentação de imagens projetadas com o uso de recursos
de multimídia, distribuição de folders e exposição de banners sobre temas diversos.
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos ao longo do desenvolvimento do projeto traduzem-se em
momentos de rica experiência compartilhada entre docentes, trabalhadores e discentes
(graduandos e pós-graduandos). Essa atividade superou as expectativas do projeto,
tendo ocorrido de forma continuada em 42% das empresas e de forma pontual noutros
35%, ressaltando que 23% da amostra planejada haviam encerrado ou suspendido suas
atividades.
8676
A população em geral tem demonstrado um aumento no interesse pelos assuntos que
envolvem a alimentação, nutrição e saúde. E assim, a partir de ações e atividades
educacionais bem direcionadas ao público alvo, o participante se beneficia com a
aquisição de novos conceitos e conhecimentos, principalmente quando se trata de
atividades de dinâmicas e didáticas que prendem a atenção do ouvinte e o faz interagir
com os assuntos divulgados durante a atividade e que muitas vezes são temas e
realidades que envolvem os hábitos do cotidiano e o fazem refletir sobre isso (BENETTI
et al., 2008).
Tanto nas empresas que foram visitadas mais de uma vez quanto nas que tiveram
momentos pontuais, o feedback obtido foi satisfatório, com troca de conhecimentos e
depoimentos de mudanças não apenas relacionadas aos consumo alimentar, mas
também quanto ao comportamento dos mesmos no que se referia ao estilo de vida, com
maiores mobilizações para a prática de atividade física e adesão aos diferentes
tratamentos que alguns trabalhadores precisavam seguir, mas apresentavam resistência.
Alguns depoimentos bem marcantes para toda a equipe diziam respeito à própria busca
dos trabalhadores pelo serviço de saúde dos bairros onde moram, dando sequência a
diagnósticos levantados nas atividades do projeto, quando, por exemplo, era verificada
a pressão arterial do trabalhador e detectada alguma alteração, com consequente
orientação para uma maior atenção à saúde e, a partir dali, a descoberta ou confirmação
de diagnóstico de hipertensão arterial com adesão ao tratamento e retorno à equipe
para obter orientações mais específicas sobra a dieta. Esses depoimentos ocorriam
espontaneamente durante as atividades e pode-se notar o retorno do trabalho
desenvolvido.
8677
Diante destes resultados, ressalta-se a importância da educação nutricional como
ferramenta de promoção da saúde, aliadas a mecanismos de controle, acompanhamento
e avaliação mais efetivos, tendo como objetivo a sensibilização dos trabalhadores
acerca da responsabilidade que têm também sobre a sua saúde.
Conclusão/Considerações Finais
A realização das ações propostas pelo projeto de extensão “Alimentação e saúde do
trabalhador da indústria de transformação no RN: sensibilização para escolhas mais
saudáveis” demonstrou o quanto é possível articular pesquisa, ensino e extensão,
envolvendo docentes e discentes de diferentes níveis de formação para a sua
concretização e propiciando a todos, inclusive trabalhadores, uma intensa troca de
experiências e saberes.
Referências
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nutrição: um modo de fazer. São Paulo: Metha; 2009.
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para pré-escolares em uma escola de ensino fundamental da região norte do Rio Grande
do Sul. Revista Perspectiva, v. 32, n. 117, p. 105-114, 2008.
8678
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
LENG, G.; ADAN, R.A.H.; BELOT, M.; BRUNSTROM, J.M.; GRAAF, K, et al. The determinants
of food choice. Proceedings of the nutrition society, 2015.
8679
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Estratégia Global para a Alimentação
Saudável, Atividade Física e Saúde. 57ª Assembléia Mundial de Saúde: WHO 57.17 8ª
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<http://www.prosaude.org/publicacoes/diversos/Estrategia_Global_portugues.pdf>.
Acesso em: 20 de março de 2018.
PINHO, P. M.; MACHADO, L. M. M.; TORRES, R. S.; CARMIN, S. E. M.; MANDES, W. A. A.;
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cardiovascular em adultos com doenças crônicas não transmissíveis. Revista Sociedade
Brasileira Clínica Médica, v. 12, n. 1, p. 22- 30. 2014.
8680
MULTIPROFISSIONALIDADE EM SAÚDE E IDOSOS COM COMPROMETIMENTO
COGNITIVO LEVE: EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO NA FACISA-UFRN
Gisele Kariny de Souza Davi; Raynara Maritsa Cavalcante Pessoa; Wildja de Lima Gomes;
Dayane Nascimento dos Santos; Fernanda da Fonseca Freitas; Rafaela Carolini de
Oliveira Távora; Enio Walker de Azevedo Cacho; Roberta de Oliveira Cacho; Núbia Maria
Freire Vieira Lima
Resumo
8681
2017 o projeto de extensão revelou grande importância tanto para a comunidade,
cuidadores e pacientes, quanto para o corpo discente e docente da FACISA/UFRN e
Mestrado Acadêmico em Ciências da Reabilitação, justificando, assim, sua continuidade
e êxito institucional. Palavras-chave: Comprometimento Cognitivo leve; idosos;
tratamento.
Introdução
8682
A terapia em grupo tem se evidenciado como uma nova estratégia para melhor
acolher a população idosa, proporcionando qualidade de vida no processo de
envelhecimento. Um grupo é caracterizado por um determinado número de indivíduos,
juntos objetivando um mesmo fim, criando algo novo, um todo que consegue identidade
e vida própria. Neste são determinadas regras e normas, que são aceitas por todos, cujos
os seus papéis e importância são interligados estreitamente (Zimerman, 2000). Deste
modo, o atendimento em grupo apresenta várias vantagens, como por exemplo
propiciar o enfrentamento do isolamento e depressão, empoderar acerca dos
comportamentos saudáveis e dar sentido a eles, atenuar a imagem negativa que é
relacionada ao processo de senescência e propiciar um ambiente de apoio e formação
de vínculos (Osório, 2000).
8683
municípios vizinhos. Na presente apresentação, objetiva-se descrever a experiência
exitosa de docentes e discentes de um projeto de extensão que promove assistência
multiprofissional na FACISA a indivíduos que apresentam déficit da cognição no
município de Santa Cruz, RN.
Metodologia
8684
Os alunos utilizaram instrumentos de medida específicos para avaliação de
indivíduos com Comprometimento Cognitivo Leve e Demências e seus cuidadores. Uma
das ferramentas utilizadas para detectar o CCL é a Prova Cognitiva de Leganés (PCL),
que foi desenvolvida para avaliar a função cognitiva de pessoas com baixo nível de
escolaridade. Nela são vistos os domínios: orientação temporal, orientação espacial,
informações pessoais, teste de nomeação, lembrança imediata, lembrança tardia e
memória lógica, sendo a cada resposta correta adjudicada um ponto. A pontuação varia
de 0 a 32 pontos, maiores pontuações indicam melhor desempenho cognitivo, e 22 é o
ponto de corte utilizado para caracterizar Comprometimento Cognitivo Leve (CALDAS et
al., 2012).
8685
atendimentos, os usuários foram encaminhados para cada atendimento de acordo com
as suas necessidades e os discentes realizaram condutas orientadas por docentes
responsáveis de acordo com os seus respectivos cursos.
8686
Pesquisadora Responsável Raynara Maritsa Cavalcante Pessoa, aluna do Mestrado e
integrante deste projeto de extensão. A vivência no projeto permitiu não somente o
aperfeiçoamento de habilidades com condutas técnicas, mas também o estímulo à
pesquisa, visto que os protocolos que foram usados nas práticas multiprofissionais
primaram pelas evidências científicas. Ademais, foram realizadas discussões de casos
clínicos entre o discente e docentes das diferentes profissões, são ofertadas capacitação
para uso de instrumentos de avaliação, discussão de artigos científicos relacionados a
temática, palestras e rodas de conversas de prevenção e promoção de saúde com os
participantes e cuidadores.
Resultados e Discussão
Tendo em vista que a dupla tarefa é de caráter cognitivo-motor e que esta primeira
requer demanda cognitiva para realizar as atividades de fluência verbal, como por
exemplo, citar nomes de animais. Os idosos com menor escolaridade apresentaram
dificuldade relatando não ser possível lembrar, o que prejudicou a atividade motora que
estava sendo realizada concomitantemente à cognitiva. Alguns idosos estacionavam a
atividade motora para refletir a tarefa cognitiva enquanto outros aumentavam o tempo
em que se praticava a tarefa motora. Isso refletiu em seu desempenho tanto cognitivo,
quanto motor. Em um estudo de Muhaidat & Kerr em 2013, foi avaliada dupla tarefa
motoracognitiva em idosos sem déficit cognitivo realizando atividades motoras
8687
dinâmicas associadas à atividade cognitiva de citar nomes de animais e os autores
verificaram que houve um aumento do tempo para realizar essa atividade de fluência
verbal, reduzindo seu desempenho nas atividades motoras.
A baixa escolaridade formal dos idosos contribuiu como obstáculo para o cumprimento
das tarefas, visto que eles relataram confusão em atividades que exigissem um maior
conhecimento, como por exemplo, citar palavras com letras específicas (‘V’ ou ‘F’) e
atividades de contagem regressiva (100-3), o que pode ter influenciado no exercício
dessas atividades.
8688
perspectiva, o projeto de extensão “ACOLHENDO MEMÓRIAS: Assistência
Multiprofissional em Saúde a indivíduos com Comprometimento Cognitivo Leve e
Demências e aos cuidadores”, tem proporcionado vivência enriquecedora e benéfica
para todos os envolvidos. Sendo assim, é de fundamental importância dar continuidade
as ações desenvolvidas como também ampliar o número de alunos colaboradores e de
cursos envolvidos, devendo ser estimulada a manutenção e aprimoramento da execução
das atividades. O projeto é de grande relevância para discentes, docentes e comunidade
geral, haja vista que ainda há uma grande entraves para práticas multiprofissionais e
este proporciona assistência adequada e de forma mais integral a quem por ele é
assistido.
Considerações Finais
Leve e Demências e aos cuidadores” foram de grande relevância, tendo em vista que as
mesmas proporcionam aprimoramento técnico e cientifico em relação aos
comprometimentos biopsicossociais, além de acomodarem um ambiente de atuação
multiprofissional no qual os discentes tiveram a oportunidade de conhecer a atuação
em equipe e compreender a importância da atuação de profissionais de outras áreas,
respeitando os princípios da ética/bioética, qualidade e humanização nas ações de
saúde. Sendo a universidade um espaço de formação profissional e cidadã, além da
concretização do projeto pedagógico de uma profissão, tornou-se necessário estruturar
caminhos em que os sujeitos envolvidos (docentes, discentes e sociedade)
participassem da análise sobre a necessidade de mudança nos modos de gerir e cuidar.
O projeto de extensão ‘ACOLHENDO MEMÓRIAS” contribuiu para efetivação de uma
política de saúde pública norteada pelas dimensões do acolhimento,
corresponsabilização, desfragmentação do atendimento prestado e a integralidade
como um processo de construção social. Em 2017 o projeto de extensão revelou grande
importância tanto para a comunidade, cuidadores e pacientes, quanto para o corpo
discente e docente da FACISA/UFRN e Mestrado Acadêmico em Ciências da
Reabilitação, justificando, assim, sua continuidade e êxito institucional.
Referências
8689
AGGARWAL, N. T. et al. Motor dysfunction in mild cognitive impairment and the risk of
incident Alzheimer disease. Archives of Neurology, v. 63, n. 12, p. 1763–1769, 2006.
GOMES, G. D. C. et al. Desempenho de idosos na marcha com dupla tarefa : uma revisão
dos instrumentos e parâmetros cinemáticos utilizados para análise. Revista Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, v. 19, n. 1, p. 165–182, 2016.
GORZ, A. O envelhecimento. v. 21, p. 15–34, 1962.
OSÓRIO, L.C. Grupos: teorias e práticas acessando a era da grupalidade. Porto Alegre:
Artmed; 2000
ROGERS, Michael E. et al. Methods to assess and improve the physical parameters
associated with fall risk in older adults. Preventive medicine, v. 36, n. 3, p. 255-264,
2003.
8690
WILLIANS, K.; KEMPER, S. Exploring interventions to reduce cognitive decline in aging.
Journal of Psychosocial Nursing & Mental Health Services, v. 48, n. 913, p. 42– 51,
2010.
ZIMERMAN, D.E. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
8691
CONSULTA DE ENFERMAGEM EM PUERICULTURA: SUAS ORIENTAÇÕES E RELEVÂNCIAS
PARA A ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA
Layze Ingrid Frutuoso da Silva; Mércio Gabriel de Araújo; Amanda Raquel Gomes de
Medeiros; Brendalinda Queiróz dos Santos; Gabriela Karine Souza Costa
Resumo
Objetivo: relatar as experiências vivenciadas durante as consultas de puericultura, com
ênfase nas orientações de enfermagem para a prática clínica. Método: estudo descritivo,
do tipo relato de experiência realizada por acadêmicos de enfermagem e docentes do
Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte em uma
Estratégia de Saúde da Família, localizada num município do interior do Rio Grande do
Norte, nos meses de abril a maio de 2016. Resultados: verificou-se que as orientações
de enfermagem durante a consulta de puericultura contribuíram significativamente para
a garantia de um cuidado eficaz, evidenciadas nas orientações e no ato de sensibilizar
os pais em questões concernentes a saúde da criança, como alimentação, cuidado com
o sono, higienização e imunização. Conclusão: a consulta de enfermagem no cuidado
com as crianças na atenção primária é uma etapa relevante para ofertar esclarecimentos
e orientações aos familiares em como proceder em situações rotineiras que apresentam
duvidas e que são indispensáveis ao cuidar, apesar de haver grandes desafios a serem
enfrentados, no tocante à completa adesão dos cuidados indicados nas orientações
primordiais ao crescimento e desenvolvimento saudável da criança.
Introdução
A história da puericultura no mundo está fortemente relacionada com os
cuidados prestados às crianças, originados na Idade Antiga, especificamente na França,
no final do século XVIII. As primeiras formas de assistência às crianças foram
sistematizadas em relação à disciplina, educação, ao vestuário e a alimentação. A
enfermagem pediátrica surge no século XX advinda da necessidade apresentada pela
sociedade, como noções básicas de higiene. (ASSIS et al., 2010)
8692
A enfermagem exerce grande responsabilidade no que diz respeito à educação e
assistência em saúde e na puericultura, prática que envolve o aporte teórico e técnico
para o cuidado com crianças. Essas ações são oriundas das consultas de crescimento e
desenvolvimento (CD) do pueril, objetivando sistematizar e arquitetar informações
importantes à mãe ou familiar a fim de promover a saúde e o bem estar desses, com
enfoque maior na criança, uma vez que, quando a conduta é realizada corretamente,
reduz a incidência de enfermidades e mortalidade. (VASCONCELOS et al., 2012)
8693
Metodologia
Estudo descritivo, do tipo relato de experiência realizada por acadêmicos e
docentes do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
(UERN), Campus Caicó, em uma Estratégia de Saúde da Família, localizada em um
município do interior do Rio Grande do Norte, entre os meses de abril e maio de 2016,
elaborado no contexto da disciplina Semiologia e semiotécnica da criança, ministrada
no quinto período do presente curso, durante aulas práticas, como requisito avaliativo,
que tem por objetivo principal proporcionar aos alunos a vivência técnica-científica das
competências do profissional enfermeiro, aprendidas teoricamente na disciplina saúde
da criança, a fim de as exercer na prática clínica.
8694
Após a experiência prática da triagem, cada discente perpassava pelo terceiro e
último momento: consulta individual seguindo o padrão demonstrado anteriormente
pela preceptora, cabível da intervenção da mesma quando necessário.
Resultados e Discussão
O acompanhamento da desenvoltura da criança desde o nascimento até os seis
anos de idade é de fundamental importância para promoção da saúde e prevenção de
agravos, a fim de identificar situações de risco e atuar de forma precoce nas
intercorrências (COUTINHO et al., 2011)
8695
visualizar o mamilo da criança, caso houvesse persistência de tal característica, o
pequeno seria encaminhado ao pediatra para avaliação.
A essas mães foi orientado que mesmo seguindo uma dieta com leite de vaca,
era necessário sempre oferecer leite materno ao bebê, pois é rico em proteínas, água e
até mesmo gorduras saudáveis, contrário ao leite de vaca, que contribui para o ganho
de peso, porém, desprovido em nutrientes essenciais.
8696
mesma foi informada de que se tratava de uma situação comum e orientada a ofertar
leite materno mais vezes, porém, se persistisse, o bebê seria encaminhado ao médico.
A higienização, além do aleitamento, constitui uma das maiores dúvidas das
mães, principalmente a higiene do menino no condizente a sua genitália, visto que o
ato de retrair o prepúcio para correta limpeza do pênis era motivo de medo nas mães,
por pensar que causava dor e sofrimento ao bebê.
8697
Verificou-se que as orientações de enfermagem durante a consulta de
puericultura contribuíram significativamente para a garantia de um cuidado eficaz,
evidenciadas nas orientações e no ato de sensibilizar os pais em questões concernentes
a saúde da criança, como alimentação, cuidado com o sono, higienização e imunização.
Conclusão/Considerações Finais
A inserção da universidade aos serviços públicos de saúde é indispensável, visto
que a vivência dos alunos de graduação na atenção básica condiz com um aprendizado
diversificado, e que não está limitado apenas ao conhecimento teórico de consultas e
procedimentos, mas fundamentalmente nas relações interpessoais dos usuários
inseridos em uma realidade, com necessidades e condições especiais.
Referências
1. ASSIS, W.D. et al. Processo de trabalho da enfermeira que atua em puericultura
nas unidades de saúde da família. Rev. Bras. Enferm, Brasília, v.64, n.1 , p. 38- 46.
Jan/Fev. 2011.
8698
2. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de
Atenção Básica. Programa Nacional de Suplementação de Ferro: Manual de
Condutas Gerais / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2013.
10. SILVA, et, al, Fimose e circuncisão, acta urológica, v. 23, n.2, p. 22, 2006.
8699
11. VASCONCELOS, V. M. et al. Puericultura em enfermagem e educação em saúde:
Percepção de mães na estratégia saúde da família. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro,
v. 16, n.2, p. 326- 331 Abr/Jun. 2012.
8700
A RESSIGNIFICAÇÃO DE HISTÓRIAS DE VIDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ATRAVÉS DE ÁLBUNS DE REGISTRO DE MEMÓRIAS
EPROJETOS
Clara Maria Melo dos Santos1; Symone Fernandes de Melo2; Lucas Araujo Soares3;
Thayse Lira Santana4; Daphne Trindade Siqueira5; Bianca Caroline Noronha Sousa
Barbosa6; Amanda Melo Queiroz da Costa7
Resumo
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Departamento de Psicologia.
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Departamento de Psicologia.
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Curso de Graduação em Psicologia.
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Curso de Graduação em Psicologia.
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Curso de Graduação em Psicologia.
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Curso de Graduação em Psicologia.
7
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Curso de Graduação em Psicologia.
8701
atividade era a relação mãe-bebê e se mostrou útil na construção de vínculo entre eles.
A atividade tem sido considerada como um momento de atenção individualizada, que
valoriza a singularidade e a história das crianças/adolescentes acolhidos,
proporcionandolhes a oportunidade de ressignificação de episódios de suas histórias,
bem como vivências de relações de confiança e de escuta raras e necessárias para o seu
desenvolvimento.
Introdução
Originalmente, aideia deste projeto surgiu no âmbito de outra ação de extensão que
visava o atendimento ludoterápico a crianças em situação de acolhimento institucional.
A medida protetiva de Acolhimento Institucional trata-se de medida excepcional,
devendo constituir-se numa proteção temporária à criança enquanto são garantidas as
condições necessárias para o retorno à família de origem ou, na impossibilidade disto,
colocação em família substituta (RIZZINI; RIZZINI, 2004). Durante a experiência com a
ludoterapia dessas crianças, foi constatada a falta de registros que possibilitassem um
maior conhecimento de suashistórias, fato este que, por um lado foi visto como uma
dificuldade para o processo de atendimento psicológico e, por outro, tornou-se
motivador para o desenvolvimento de ações que contribuíssem com a construção de
registros de um período significativo das histórias dessas crianças.
8702
A partir dos resultados positivos advindos da confecção dos álbuns autobiográficos, foi
proposta uma ação de extensão específica que ocorre separadamente, mas também em
colaboração com o projeto de extensão original que oferece atenção psicológica a
crianças em acolhimento institucional sob a forma de ludoterapia.A ação de
extensãoencontra-se em sua sexta edição e no momento está em execução sob o título:
“A ressiginificação de histórias de vida de crianças e adolescentes em acolhimento
institucional através da registro de memórias e projetos”.
8703
relações estabelecidas na infância afetam o estilo de apego do indivíduo ao longo de
sua vida (DALBEM; DELL'AGLIO, 2005).
8704
Voltando o foco para a população acolhida, as crianças e adolescentes que chegam às
instituições encontram-se por motivos diversos (abandono, negligência, violência,
dentre outros) em situação de risco. Segundo Rizzini e Rizzini (2004), seja qual for a
origem destas crianças, todas apresentam traços comuns, relatados em entrevistas:
histórias marcadas pela descontinuidade de vínculos e trajetórias, por muitas mudanças
e constantes rompimentos de seus elos afetivos, além de uma grande demanda por
atenção e cuidados que poucas vezes é correspondida. Com frequência, a urgência de
serem ouvidas e terem suas necessidades atendidas são os mais fortes elementos que
surgem em suas falas (p. 52).
8705
população, através de uma atenção individualizada que valoriza a subjetividade e a
história de cada participante, possibilitando a identificação de habilidades e interesses
pessoais, nos quais seja possível investir para a construção de projetos futuros.
Do ponto de vista dos discentes envolvidos, este projeto tem proporcionado uma
experiência convergente com os princípios constantes no projeto pedagógico do curso
de graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
tornandose, assim, uma oportunidade de aproximação entre teoria e prática. Além disso,
o tipo de atividade a que se dedica o projeto tem aberto a possibilidade de construção
de novos conhecimentos através de pesquisa autobiográfica, sobre temas
extremamente relevantes como acolhimento institucional e diferentes modos de se
vivenciar a infância e a adolescência na sociedade brasileira contemporânea. Podemos
citar como exemplo a dissertação de mestrado entitulada “Produção de sentidos e
caminhos existenciais: Como adolescentes abrigados significam as suas histórias de
vida?” de autoria de Lara Mendes Braga Rigotti (RIGOTTI, 2017).
8706
da criança e do adolescente em acolhimento institucional, na tentativa de mobilização
de fatores de proteção que favoreçam a construção de novos possíveis caminhos.
Metodologia
A indicação das crianças e dos adolescentes participantes do projeto é feita pela equipe
técnica de cada instituição juntamente com as coordenadoras do projeto que avaliam a
situação das crianças e adolescentes acolhidos levando em conta aspectos como: as
necessidades apresentadas, idade, expectativa de tempo de acolhimento, interesses
pessoais e disponibilidade de participação. A partir dessa indicação, cada discente
vinculado ao projeto torna-se responsável por uma criança/adolescente que deverá ficar
sob seus cuidados para a confecção colaborativa do álbum, que é elaborado no formato
de scrapbook.
No primeiro encontro entre o estudante e a criança/adolescente, o projeto é
apresentado e é feito o convite à participação no mesmo. Na ocasião, é enfatizado pelo
colaborador do projeto que todos temos uma história que vale a pena ser contada e que
registrá-la ajuda a nos conhecermos melhor, a guardarmos na memória aquilo que
queremos levar conosco e também nos possibilita pensar no nosso futuro. O
colaborador explica ao participante que serão trazidas algumas ideias de atividades
para compor as páginas do álbum e que eles também poderão utilizar diferentes modos
de registro com temas do seu interesse, através de desenhos e outras formas de
expressão. Além disso, também é informado ao participante que ele terá a oportunidade
de fazer algumas fotos para finalizar a confecção do seu álbum. Uma vez que o convite
tenha sido aceito, o estudante colaborador e a criança/adolescente do projeto passam a
ter encontros semanais de aproximadamente uma hora, na instituição de acolhimento
ou no Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA) para a confecção conjunta do álbum.
8707
Para elaboração do scrapbook, são utilizados diversos materiais de papelaria e
artesanato como lápis de cores, tintas, colas coloridas, adesivos, figuras retiradas de
materiais impressos, folhas de papel coloridas, entre outros. Destacamos especialmente
a utilização das páginas com sugestão de temas propostas pelo Instituto Fazendo
História (IFH), disponibilizadas no site desse instituto e utilizadas com permissão.
Exemplos de páginas elaboradas pelo IFH e utilizadas no projeto podem ser vistas na
figura 1 abaixo.
8708
Figura1: Exemplos de temas de página do álbum confeccionados pelo Instituto Fazendo
História
Resultado e Discussão
No caso específico das mães adolescentes, a temática central do álbum, girava em torno
da relação mãe-bebê. Ao participar da atividade, as adolescentes puderam registrar um
pouco da história de vida de seus bebês, que, evidentemente, constituía-se, também um
marco em suas vidas e desenvolvimento. O produto final, nesses casos, consistiu em
registros referentes às vidas dos bebês e de suas mães, contribuindo não apenas para a
construção de suas subjetividades, mas, também para a facilitação de desenvolvimento
do vínculo mãe-filho/filha. Além disso, aatividade mostrou-se como via privilegiada de
8709
expressão de sentimentos. Conteúdos de profundo teor emocional puderam ser
expressos no decorrer do processo e registrados através das declarações das mães para
seus filhos. Memórias de experiências relacionais passadas das próprias adolescentes
foram em algumas ocasiões evocadas e relatadas por elas durante a feitura do álbum.
Ocorrências como essas parecem contribuir para a reconstrução e ressignificação das
histórias das mães-adolescentes. Por sua vez, uma melhor compreensão de suas
próprias histórias de apegos contribui para que a mãe possa responder de forma mais
adequada e estimulante aos seus bebês e, assim, ajudá-los a formar um apego seguro
em relação a elas, como sugere a literatura sobre transmissão intergeracional dos
padrões de apego (PAPALIA; FELDMAN, 2013). A figura 2 traz a imagem de um dos
registros fotográficos em página de álbum confeccionado por uma dessas mães.
Figura 2: Exemplo de página de scrapbook construído por mãe adolescente com foco na
relação mãe-bebê.
8710
positivamente com uma melhor autoestima. As figuras 3 e 4 abaixo expõem duas
exemplos dessas fotografias.
8711
por diversos fatores. Alguns abraçam o momento da confecção do álbum como um dia
especial da semana e se engajam com prazer e interesse nas atividades propostas.
Alguns levam adiante o processo como mais uma atividade entre várias propostas pela
instituição sem maiores entusiasmos e outros chegam a desistir por motivos diversos.
Como é premissa fundamental do projeto que participação seja voluntária, o andamento
do processo depende sempre da decisão da criança e do adolescente.
De modo geral, a atividade de construção do scrapbook criou para cada uma das crianças
e adolescentes atendidos uma situação na qual lhes era dada atenção individualizada,
respeitando suas preferências e possibilitando expressões estéticas pessoais. Na maioria
dos casos, com o desenrolar do processo, um vínculo de maior confiança foi construído
entre a criança/adolescente e o colaborador do projeto, o que podia ser evidenciado
através de mudanças observadas nos participantes, os quais se mostravam cada vez
mais à vontade, espontâneos e participativos. Podemos mencionar a exemplo disso, o
caso de Aurora (nome fictício), uma menina de dez anos, que estava acolhida por dez
meses quando deu início ao processo de elaboração do álbum. Com sua alegria e
espontaneidade, a menina não demorou a cativar a estudante do curso de psicologia,
voluntária do projeto, Thayse, responsável por acompanhar Aurora na construção do seu
álbum. NO decorrer do processo, Aurora conquistou um espaço de autonomia no falar e
no fazer, ocupando um lugar mais autêntico, em que ela abandona uma postura passiva
e sustenta suas escolhas, como: negar-se a realizar uma das atividades propostas,
encerrar alguns dos encontros antes da hora prevista, colorir em lugares outros além
dos papéis disponibilizados (por exemplo, em seu rosto e até da colaboradora) e, acima
de tudo, respeitar suas decisões e vontades. Observar essas mudanças nas
crianças/adolescentes tem sido um dos aspectos mais gratificantes para a equipe do
projeto.
8712
memórias positivas em suas vidas, bem como na vida dos que deles se aproximam.
Fruto desses encontros afetuosos, temos o poema abaixo, escrito por Thayse para
Aurora:
Nesse projeto, não apenas contribuímos para que crianças e adolescentes em situação
de acolhimento institucional reconstruam e ressignifiquem suas histórias, que,
invariavelmente, são carregadas de alguma forma de sofrimento e de vazios, mas
também somos chamados a ressignificar nossas próprias vidas. Contribuímos com um
pouco, aprendemos muito.
Considerações finais
8713
O cuidado com os discentes participantes do projeto também tem sido levado em
consideração quando avaliamos as possibilidades de atuação do projeto.
O fato de mantermos uma parceria já de longa data (desde a versão embrionária deste
projeto em 2011) com a Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social da cidade
do Natal – SEMTAS- e, mais especificamente com as instituições de acolhimento,
reflete o reconhecimento de nossa parcela de contribuição, que embora limitada, tendo
em conta as carências às quais crianças e adolescentes acolhidos são submetidos, tem
sido considerada positiva e relevante para eles e para a instituição. Nossa tentativa tem
sido a de aproximar a academia da sociedade, reconhecendo que podemos contribuir
um pouco e aprender muito através dessa relação.
Referências:
AINSWORTH, M.; BOWLBY, J. An ethological approach to personality
development.American Psychologist, v. 46 (4), p. 333-341, 1991.
BOWLBY, J. (1973). Perda: tristeza e depressão.3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
8714
gestáltica com crianças: caminhos de crescimento. São Paulo: Summus Editorial,
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Instituto Fazendo História. Fazendo minha história: guia de ação para abrigos e
colaboradores, 2008. 64 p. Disponível em:
8715
(Org.). O acolhimento institucional na perspectiva da criança. São Paulo: Hucitec Editora,
2011. p. 29-59.
3, p. 305-314, 2007.
8716
AÇÕES PARA CONSCIENTIZAÇÃO E MINIMIZAÇÃO DE RISCOS DE INTOXICAÇÃO E
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR SANEANTES DOMISSANITÁRIOS
M; J; D; M, Jannini
M; F; Araújo
Resumo
Introdução
8717
são apenas alguns dos exemplos (SILVA et all, 2013).
8718
porque trouxeram conhecimentos e informações que elas não teriam como buscar e em
muitos casos, compreender. Este perfil acaba por desenvolver um comportamento
passivo diante de situações reais de riscos à saúde quando manuseiam os produtos de
limpeza. Cerca de 60% das trabalhadoras domésticas, quando estão sobre sintomas de
intoxicação, não procuram médicos, esperam os sintomas passarem, não comunicando
seus empregadores sobre o fato e muitas vezes se automedicam (JANNINI et al, 2014).
8719
frutas, embalagens coloridas e atraentes. Porém, o aparecimento de produtos de
limpeza clandestinos, produzidos de maneira precária e comercializados em garrafas de
refrigerantes, gerando confusões perigosas com certa freqü.ncia é sem dúvida outro dos
grandes responsáveis pelo aumento de registrosde intoxicações por saneantes
domissanitários (BOCHNER; SOUZA, 2008)). Uma busca rápida pela INTERNET mostra
que cursos e apostilas sobre “como fabricar produtos de limpeza” estão ao alcance de
todos.
8720
Considerando que a educação acadêmica formal, muitas vezes, é omissa na
abordagem das questões cotidianas e que a transmissão do chamado “conhecimento
útil” é perdida, este trabalho se justifica pela necessidade da diminuição deste
distanciamento visando o acesso à informações que juntas irão constituir um
conhecimento ligado diretamente às necessidades reais da população.
Na verdade, os produtos químicos têm sido úteis na erradicação de doenças e
epidemias,no controle de pragas e outras aplicações, mas o uso intensivo de um grande
número de substâncias potencialmente tóxicas tem provocado sérios riscos à saúde
humana e dos ecossistemas. O estudo das relações entre saúde e ambiente requer um
tratamento interdisciplinar, isto é, trata-se de um processo que pressupõe pensar
estratégias e diretrizes que devem ser construídas a partir de referenciais teóricos
acerca da saúde, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Isso quer dizer
que para solucionar problemas complexos precisamos atuar não apenas nas suas partes
constituintes, mas, ao contrário, investir na compreensão sobre o todo do problema.
Para tal, é requerida a contribuição de diversas áreas e especialidades, pois quando
reconhecemos a complexidade dos problemas coletivos da saúde, do ambiente e da
qualidade de vida, somos levados a construir um modelo de compreensão e de atuação
interdisciplinar (REF).
Metodologia
Como forma de avaliação por parte do público alvo, formulários foram aplicados
após às oficinas e mini oficinas bem como atividades lúdicas de palavras cruzadas e
caça palavras também são utilizadas para avaliação da retenção de conhecimentos.
8721
“verdes" também fizeram parte da metodologia deste trabalho. Nesta atividade,
juntamente com as trabalhadoras domésticas e utilizando materiais de baixo custo e de
baixa toxicidade, produtos de limpeza alternativos foram confeccionados, devidamente
acondicionados em recipientes e distribuídos entre as trabalhadoras que os levaram
consigo. Após alguns dias, via whatsapp, elas eram contactadas para passarem um
retorno de satisfação com os saneantes confeccionados.
Resultados e Discussão
8722
olhos e tão pouco procuram atendimento médico. A atitude delas é de simplesmente
esperar os sintomas passarem, o que impossibilita a detecção de sensibilidade à
determinados produtos químicos que levariam à possíveis substituições. Outro exemplo
seriam as misturas de saneantes domissanitários que elas fazem achando que
potencializam a limpeza e desinfecção de superfícies mas que podem estar frente à
reações químicas indesejáveis e até frente à inatividade bactericida e de limpeza dos
produtos envolvidos. Hábitos como aquecimento de água e mistura com água sanitária
foram também identificados, o que pode ocorrer, como já detectamos, desmaios devido
à liberação de gás cloro, com riscos de traumas principalmente quando há quedas em
banheiros e chocam a cabeça contra vasos sanitários. Uma prática altamente não
recomendável também detectada é a utilização de saneantes domissanitários
clandestinos não regulamentados pela ANVISA e que são comercializados ilegalmente
em bairros da cidade de Campinas e região. São atraentes quanto às suas cores e odores
mas não apresentam atividade anti bactericida e de limpeza comprovadas tão pouco
apresentam data de validade e composição química definidas. Estudos preliminares
realizados pelo grupo de extensão com os produtos clandestinos, mostram que a
atividade anti bactericida destes são praticamente inexistentes quando comparada aos
saneantes comerciais e também aos alternativos por nós confeccionados juntamente
com as trabalhadoras domésticas. Desta forma, tentamos conscientizá-las sobre esta
realidade na esperança de que deixem de lado esta prática que pode trazer riscos além
daqueles já observados com os saneantes comerciais.
Conclusões
Diante da realidade apresentada neste trabalho que foi entendida após a atuação do
grupo de extensão junto ao público alvo, fica evidenciada a situação de vulnerabilidade
de uma classe trabalhadora tão numerosa e importante que são os trabalhadores
domésticos. Principalmente quando se trata do contato deles com os produtos químicos
saneantes utilizados em atividades de limpeza e desinfecção de superfícies. A falta de
informação do público está diretamente ligada aos inúmeros casos de intoxicação
notificados oficialmente e revela a necessidade de ser trabalhada por ações como as
propostas e conduzidas por este trabalho de extensão. É um trabalho que foi recebido
inicialmente com certa desconfiança pela categoria trabalhadora que sempre se viu
desvalorizada e desprotegida por uma legislação digna, mas que aos poucos vai
conquistando seu espaço a partir do momento que o público compreende realmente os
riscos apresentados pelos saneantes domissanitários, tanto comerciais quanto, e bem
8723
mais criticamente, os clandestinos. Neste contexto, os saneantes alternativos aparecem
como uma opção interessante e acredita-se que começarão a ser mais considerados
como possibilidades reais de substituição àqueles que possam gerar reação alérgicas e
contaminação ambiental caracterizando-se como uma ação criativa e inovadora. Com
essa consciência adquirida pretende-se que num futuro próximo, seja possível criar uma
cooperativa onde os trabalhadores domésticos atuem em suas atividades utilizando
produtos de menor toxicidade. Neste sentido, um trabalho junto ao Sindicato dos
Empregadores Domésticos de Campinas deve ser considerado como nova instituição
parceira à este projeto o que seria interessante já que atuaríamos de forma mais
abrangente e com maior potencial de conscientização.
Referências bibliográficas
SILVA NETO, J. L.; MENDES, T. S.; OLIVEIRA, D. F. O perigo dos produtos químicos
domésticos.
8724
AGÊNCIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução – RDC nº 35, de 03 de junho
de 2008: Dispõe sobre conservantes permitidos para produtos saneantes.
8725
saneantes. Brasília: ANVISA, 2003. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/saneantes/cartilha_saneantes.pdf, Acesso em: 30 ago. 2013.
8726
TITULAÇÃO ANTIRRÁBICA EM ACADÊMICOS DE MEDICINA VETERINÁRIA COMO
MONITORAMENTO PREVENTIVO DA RAIVA
Willian Caixeta Gutierres Correia¹, Paula Helena Santa Rita², Rosália Marina Infiesta
Zulim², Débora Cardozo Bonfim Carbone³ e Magyda Dahroug Moussa 4 1: Universidade
Católica Dom Bosco; Discente do curso de Medicina Veterinária.
2
: Universidade Católica Dom Bosco; Docente do curso de Medicina Veterinária.
3
: Universidade Católica Dom Bosco; Docente do Curso de Enfermagem
4
: Universidade Católica Dom Bosco; Orientadora; Docente do curso de Medicina
Veterinária
Resumo:
8727
Palavras Chave: Saúde Pública; Zoonose; Vacina pré-exposição
Introdução:
8728
base em fins estatísticos de todas as notificações feitas mundialmente confirma de40
mil á 70 mil pessoas morrem todos os anos vítimas das mínimas chances de cura da
doença. Desse total, 40% das mortalidades são de crianças, principalmente nos países
mais pobres da Ásia e África que não possuem um programa de prevenção e ou
tratamento adequado contra a raiva devido á falta de recursos públicos destinados á
saúde. Diante dessa situação precária, muitos cidadãos recém mordidos por animais sob
suspeita da enfermidade não possuem acesso a atendimento médico e limitam-se a
tratamentos a base de ervas medicinais populares ou crenças religiosas, não tendo a
menor chance de cura para evitar o agravamento da doença se o animal em questão for
positivo, além das precárias informações sobre saúde preventiva por meio de educação
sanitária (MEGID, 2016).
Desde 1973 foi instituído no Brasil o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR),
que em parceria com o Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura e Organização
Mundial da Saúde atuam em conjunto visando promover em todo o país atividades
constantes e rigorosas no combate á raiva urbana, através de monitoramento frequente
em animais tanto de produção quanto os áreas urbanas, garantindo proteção á saúde da
população, utilizando como principio atividades eficazes contra a doença, como:
tratamento preventivo, vacinação canina e de população em risco (como profissionais e
acadêmicos de Medicina Veterinária), vigilância epidemiológica e captura de animais
com sintomatologia clínica suspeita. Desde o começo do referido programa foi
estabelecido estratégias voltadas primeiramente aos grandes centros urbanos
brasileiros e que aos poucos foram se estendendo para as cidades mais afastadas das
capitais e regiões metropolitanas, atingindo em ultimo alcance a zona rural de todos os
estados do Brasil em 1977, onde em um curto período de tempo de 10 anos
compreendendo entre a década de 1980 á 1990 conseguiu diminuir a nível nacional
78% da incidência em humanos e 90% em cães (SCHENEIDER et al.,1996).
Com isso houve uma queda significante no número de casos de raiva humana
notificados no país inteiro, decorrente da implantação do PNPR, garantindo que as
medidas adotadas pelo serviço público de atenção a saúde estavam sendo eficazes
perante á problemática (ARAÚJO, 2000).
8729
É evidente a importância dos programas oficiais de prevenção e controle eficazes
contra a doença, e sua incidência está intimamente ligada as medidas de profilaxia
adotadas por cada governo voltada para a atenção em saúde pública. Diante dessa
situação existe uma medidade profilaxia de pré- exposição ao vírus que consiste na
vacinação dos indivíduos permanente dispostos a contrair a doença decorrente da sua
atividade ocupacional, sendo eles: veterinários, biólogos, médicos, auxiliares de
zoológico e laboratórios de virologia e manipuladores de animais em pesquisas
cientificas. O protocolo vacinal consiste em 3 doses que devem ser aplicadas na
seguinte posologia: 1° dia se aplica a primeira dose, no 7° dia após a primeira dose se
aplica a 2ª dose da vacina, e por fim no 28° dia após a primeira dose se aplica a 3ª dose,
completando o esquema vacinal dentro dos padrões exigidos pelos órgãos de saúde.
Para saber se o indivíduo possui níveis de anticorpos satisfatórios conta o vírus após ter
completado corretamente suas vacinações antirrábica, deve se submeter a um teste
sorológico , feito após o 14° dia da última dose da vacina do protocolo realizado
anteriormente para ser certificada pela titulação antirrábica. Essa titulação será
interpretada pelo resultado nela descrito, considerando a quantidade de anticorpos
presentes na amostra sorológica avaliada, onde indivíduos que apresentarem níveis
acima de >0,5 UI/mlterá sua titulação satisfatória e aqueles que apresentarem níveis
abaixo de 0,5 UI/ml será considerado insatisfatório, devendo então aplicar uma dose
extra da vacina e repetir o teste sorológico novamente após o 14° dia reforço extra feito
(SC, 2017)
Esse trabalho tem como objetivo relatar o perfil imunológico de acadêmicos do nono
semestre de Medicina Veterinária da UCDB, que por meio do Projeto “Saúde Pública em
Ação e Extensão UCDB” foram sensibilizados sobre a importância da imunização e
monitoramento imunológico como uma medida de proteção individual.
Metodologia
Foram utilizados todos os dados obtidos de laudos dos exames sorológicos realizados
pelo Instituto Pasteur (São Paulo – SP) dos acadêmicos que realizaram a titulação
8730
antirrábica no ano de 2017, na qual tinha-se como objetivo primordial quantificar o
número de alunos que se encontravam imonocompetentes diante de uma possível
exposição ao vírus, devendo então apresentarem uma taxa mínima para tal certificação.
A quantidade de sangue coletada de cada discente foi de 4ml que posteriormente foi
submetido a centrifugação para obtenção de no mínimo 1ml do soro em frascos estéreis
que estavam identificados corretamente com os dados do paciente e posteriormente
armazenas em temperatura de congelamento. Todas as 60 amostras de sangue foram
coletadas por acadêmicos do último ano de enfermagem. As amostras foram enviadas
para o Instituto Pasteur em São Paulo- SP pelo Projeto Saúde Pública em Ação e
Extensão UCDB. Os resultados foram enviados por meio digital após 60 dias da data de
recebimento das amostras.
Considera-se com titulação suficiente conferindo proteção, títulos acima de 0,5 UI/ml e
titulação insuficiente, títulos abaixo de 0,5 UI/ml (SC, 2017).
Resultados e Discussão:
8731
isolamento viral em 2 morcegos não hematófagos encontrados mortos e 1 caso fatal da
doença em humano mordido na rua por um cachorro positivo ao vírus, a principal
característica evidenciada pela equipe local do Centro de Controle de Zoonoses – CCZ
foi que todos os 47 cães positivos eram animais de rua ou que passavam grande parte
soltos em vias publicas além de ausência de vacinação antirrábica. (EMBRAPA, 2015). A
orientação sobre esta zoonose foi realizada para acadêmicos de nono semestre prestes
a realizarem o estágio supervisionado que tem como objetivo proporcionar ao
estudante rotina prática em sua área de escolha que na maioria das vezes envolve
contato direto com animais. Estes acadêmicos residem na cidade de Campo Grande que
fica a 426,7 Km de distância da cidade de Corumbá e 426,8 Km da cidade de Ladário.
Essa proximidade facilita o trânsito de animais entre estas cidades podendo aumentar o
risco de entrada de animais infectados no município de Campo Grande.
Diante dessa situação do surto acima relatado, o CCZ municipal aumentou o número
de doses antirrábica naquele ano de 20 mil para quase 25 mil vacinas em todos os cães
e gatos de área urbana e rural que foram imunizados de porta em porta pela equipe de
saúde local, entre outras medidas a fim de minimizar a circulação do vírus entre os
animais errantes da região (EMBRAPA, 2015). No entanto, medidas envolvendo a
prevenção humana se faz necessária e o projeto de extensão Saúde Pública realiza
orientações para que pessoas consideradas “população de risco” tenham a oportunidade
de se imunizarem e anualmente por meio de testes de titulação verificarem se
continuam protegidos contra a doença.
Considera-se população de risco aquelas pessoas que devem adotar medidas de
profilaxia de pré-exposição ao vírus, que consiste na vacinação dos indivíduos
permanentedispostos a contrair a doença decorrente da sua atividade ocupacional,
sendo eles: veterinários, biólogos, médicos, auxiliares de zoológico e laboratórios de
virologia e manipuladores de animais em pesquisas cientificas (SC, 2017). No presente
estudo, a população de risco participante do projeto foram acadêmicos de Medicina
Veterinária.
Em um trabalho realizado por Nocitiet al. (2003) em Cuiabá MT, foram observados que
70,4% dos acadêmicos de Medicina Veterinária não apresentavam proteção imunológica
8732
contra a raiva, após findar no mínimo um ano da vacinação pré-exposição. No presente
estudo observamos que 57% dos acadêmicos não apresentaram proteção sendo
portanto necessária a realização de um novo esquema de vacinação que ocorre
juntamente com a orientação de formas de prevenção da doença tanto em caráter
individual como social. Com isso, o resultado das 60 amostras encaminhadas para
exame sorológico, os alunos foram classificados em dois grupos conforme descritos no
quadro 1.
Total: 60 Amostras
8733
Além da técnica de soro neutralização utilizada pelo Instituto Pasteur, conforme
observada neste estudo, com adaptação do vírus em cultura de células, outras opções
podem ser utilizadas para detectar anticorpos, como o teste de neutralização em
camundongos “TNC” considerado como referência para se obter um numero de
anticorpos neutralizantes contra a raiva, porém por envolver animais e
acompanhamento da evolução clínica dos sintomas apresentados durante 15 dias acaba
tendo seu custo de solicitação bastante alto (RIZZO,1983). Outa opção utilizada em
cultivo de células é o teste de inibição de focos fluorescentes - FFIT, utilizado para
titulação de anticorpos com auxilio de imunofluorescência para detecção viral, para a
execução desse teste deve-se fazer a diluição do antígeno no soro e levado para
inoculação por 40 horas, sendo a titulação realizada pelos focos de infecções presentes
na análise (KING, et al, 1968; ZALAN et al.,1979). A técnica de rápida inibição de focos
fluorescentes – RIFF, é realizada através de uma modificação da outra técnica descrita
acima, onde deve-se misturar o soro testado com o líquido viral acrescido de células
BHK-21 “Baby HamsterKidney”, onde o resultado será interpretado na
imunofluorescência observando células infectadas em 24 horas, tempo inferior ao teste
FFIT que demora em média 40 horas (ZALAN et al., 1979). Outro meio de se fazer a
titulação é pela técnica de contraimunoeletroforese – CIE, um procedimento molecular
feito in vitro conseguindo detectar anticorpos IgG, imunoglobulina atuante na defesa
imunológica contra a doença, para se aplicar esse recurso utiliza-se lâmina de gel de
agarose submetida á corrida eletroforética entre anticorpos diante do antígeno
adicionado no soro, feito isso será feito análise do material submetido, onde se não for
encontrado vestígios de anticorpos haverá uma linha de precipitação formada pelo
antígeno que se encontra livre no soro analisado, essa técnica possui baixo custo e
grande utilização na rotina clínica além de fornecer resultados nem período de 6 horas
(DIAZ. & MYERS,1980).
Os resultados observados neste trabalho destacam a relevância da realização dos
testes sorológicos nos acadêmicos, pois 57% não teriam resposta imune adequada,
sendo importante o reforço vacinal, pois é sabido que a raiva no Brasil não está
totalmente sob controle (SCIELO, 2003).
8734
Conclusão:
Os riscos desses acadêmicos se infectarem por meio de suas atividades diárias são
relevantes, por manipularem constantemente animais de mais variados lugares de
origem e estado sanitário pouco conhecido. Os resultados mostraram que ações como
esta são importantes para proporcionar ao acadêmico a oportunidade de tomar medidas
preventivas, visando também a sua segurança nas atividades desencadeadas em todas
as ações universitárias.
Referências:
5- Schneider MC, de Almeida GA, Souza LM, de Morares NB, Diaz RC.. Controle da
raiva no Brasil de 1980 a 1990. Revista de Saúde Pública, 30:196-203, 1996.
8735
6- SC, D. (2017). profilaxia de pre exposicao com vacina antirrabica. Fonte:
http://www.dive.sc.gov.br:
http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/agravos/publicacoes/profilaxiade-pre-exposicao-
comvacina-antirrabica.pdf
https://www.bio.fiocruz.br/images/stories/pdfs/mpti/dissertacoes/mpti-2005/wildeberg-
calmoreira.pdf
8- Darci, João, Lisiane, & Aldocírio, S. e. (2003). Anticorpos contra o vírus rábico em
seres humanos com atividades. Fonte: http://www.scielo.br:
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n3/16336.pdf
8736
CONHECENDO A TOXOPLASMOSE: UMA ATIVIDADE DE PREVENÇÃO E FORMAÇÃO
EMANCIPADA
Bruna Maria Mathias da Silva; Carolina Ramos da Silva; Jéssica da Silva Costa; Letícia
Sant’anna Souza, Raphael Monteiro, Pedro Henrique da Silva Mascarenhas; Maria do
Carmo Ferreira.
RESUMO
A Toxoplasmose é uma parasitose na qual ainda permanecem dúvidas sobre a
transmissão e a produção de doença . Apesar do ciclo desse parasito ter sido esclarecido
a mais de 40 anos, pouco se sabe sobre essa enfermidade. Muitas informações errôneas
são espalhadas entre leigos necessitando a intervenção de especialistas. Os objetivos
do trabalho foram proporcionar a realização de divulgação de informações sobre a
Toxoplasmose, buscando desenvolver estratégias de educação em saúde voltadas às
crianças e orientar os acadêmicos de modo a torná-los profissionais emancipados. Esta
oficina foi realizada como tarefa da Disciplina de Parasitologia. Envolveu os graduandos
integrantes em um projeto de extensão chamado Programa ECOS: Educação, Ciência e
Orientação em Saúde. A turma foi mobilizada a desenvolver um trabalho em equipe
sendo orientados nas tarefas de: 1. Levantamento bibliográfico sobre o tema anteposto;
2. Criação e elaboração de diferentes estratégias educativas e lúdicas; 3. Confecção de
materiais didáticos para apresentação em oficina; 4. Elaboração de modelos avaliativos
para o processo educativo; 5. Elaboração de artigo para apresentação em congresso ou
revista científica, divulgando os resultados alcançados com a execução das atividades.
Estiveram envolvidas 153 crianças, com as idades de 3 a 11 anos. Foi investigado o
conhecimento prévio sobre a toxoplasmose alem da idade, o sexo, se gostou das
atividades apresentadas e qual das atividades despertou mais interesse do
entrevistado. Foram realizadas um total de 24 entrevistas. Em 33,3 % (8) das crianças
afirmaram conhecer a Toxoplasmose, enquanto 66,7% (16) responderam que não
conheciam a doença. As crianças que participaram da oficina se tornaram capazes de
reconhecer a importância da toxoplasmose e se apropriaram dos conhecimentos
medidas prevenção. A participação dos graduandos de diferentes cursos permitiu a
formação mais cidadã do profissional.
8737
Palavras-chave: prevenção; gato, parasitoses; atividade lúdica, formação emancipada.
INTRODUÇÃO
8738
A Toxoplasmose tem grande importância para saúde pública, tendo em vista que
o Toxoplasma gondiié um dos mais comuns parasitos encontrados no mundo e sua
prevalência, foi, estimada em 1-2 bilhões de pessoas (CHANG, 1996). No entanto, a
freqüência da doença pode variar de pessoa para pessoa, região geográfica e fatores de
risco.
Segundo o Instituto Adolfo Lutz, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo,
a toxoplasmose atinge 1 a cada 3 pessoas no Brasil. Por ser uma doença silenciosa e
assintomática (DIAS, 2005), muitos indivíduos não chegam ser diagnosticados. Diante
disso, a educação em saúde e a orientação realizada por parasitologistas podem
contribuir para esclarecer as diferentes formas de transmissão apontando de maneira
efetiva caminhos para a prevenção. A utilização estratégias lúdicas, tem se revelado
como uma maneira efetiva de atingir o público infantil para a apresentação e
conhecimento da transmissão e prevenção.
O ensino de Ciências há muito tempo vem sendo motivo de discussões e
reflexões, principalmente por educadores, psicólogos e cientistas. Os mesmos vêm
construindo teorias, baseadas em observações e em experiências que visam buscar
elementos que possam compreender o comportamento dos alunos e, com isso, orientar
as atividades docentes. As investigações têm trazido mudanças nas idéias existentes
sobre quem aprende e quem ensina. Em geral, esses estudos trabalham com a idéia de
que o aluno constrói seu saber no curso de sua história social, através de confrontos,
interações e informações obtidas nos diferentes lugares em que vive, como a família e a
escola. Muitos professores ignoram ou evitam essas representações, enquanto outros
buscam conhecer e valorizar estas concepções prévias vendo-as como fontes de
motivação (FIALHO, 2007; AMORIM, 2013).
As perguntas intercaladas na exposição motivam os alunos, servem para
controlar e ganhar sua atenção auxilia no raciocínio e expõem os alunos a muitas ideias
levando a resultados significativos na aprendizagem e, quando esta aula é também
conduzida com atividades lúdicas a informação é mais facilmente memorizada. O
trabalho que lança mão do lúdico desperta a sensibilidade, a sociabilidade, o senso
crítico e a imaginação do aluno, sendo um modo divertido para motivá-lo (AMORIM,
2013).
Atualmente, devido às inovações tecnológicas há certa dificuldade em manter os
alunos focados no conteúdo disponibilizado pelos educadores. A escola, dessa forma,
tem um papel extremamente importante para o desenvolvimento e contribuição na
construção do conhecimento de cada aluno, utilizando-se de diversas estratégias de
ensino, que sejam capazes de estimular tanto a curiosidade quanto a aprendizagem das
8739
crianças em diferentes faixas etárias. O fundamental na contemporaneidade é garantir a
todos o acesso à escola. Mas, para assegurar a aprendizagem na diversidade e
singularidade dos alunos, que esperam aprender coisas relevantes à sua vida, é
necessária uma prática diferenciada por parte do docente. Logo, além de transmissor de
conhecimentos, ele precisa desempenhar a função de orientador, o que implica
mudanças. Embora seja importante que o educador e a instituição de ensino saibam
diferenciar o que é uma atividade que renderá frutos positivos de uma que não terá
muita significância, tanto na vida acadêmica como no crescimento de um cidadão
pensante.
A formação acadêmica universitária tem muitas vezes como foco a valorização das
especificidades, trabalhando os conteúdos de maneira fragmentada, em detrimento aos
ensinos pluralistas mais interdisciplinares relevantes à construção de uma identidade
multiprofissional. Uma educação emancipatória fundamentada em práticas autônomas,
além de acrescentar-lhe valor social e profissional, permite ao indivíduo aguçamento de
seus olhares crítico e reflexivo, visão mais holística e humanizada dos métodos de
ensino, além de torná-lo um agente transformador de realidades (GUIMARÃES, 2003).
O objetivo do trabalho foi proporcionar a realização de um momento de
divulgação de informações sobre a transmissão, sintomatologia e prevenção da
Toxoplasmose, de modo inovador, buscando criar e desenvolver estratégias de
educação em saúde voltadas às crianças de 3 a 11 anos de idade. Também foi nossa
preocupação orientar os acadêmicos e bolsistas de modo a torná-los profissionais
emancipados.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
Esta oficina foi realizada como tarefa obrigatória da Disciplina de Parasitologia,
oferecida como matéria optativa para o Curso de Ciências Biológicas, na Universidade
Federal do Estado Do Rio de Janeiro - UNIRIO. Envolveu os graduandos integrantes em
um projeto de extensão chamado Programa ECOS: Educação, Ciência e Orientação em
Saúde, fazendo uma ponte entre ensino e extensão universitária. A turma foi mobilizada
a desenvolver um trabalho em equipe sendo orientados nas tarefas de: 1. Levantamento
bibliográfico sobre o tema anteposto; 2. Criação e elaboração de diferentes estratégias
educativas e lúdicas; 3. Confecção de materiais didáticos para apresentação em oficina;
4. Elaboração de modelos avaliativos para o processo educativo; 5. Elaboração de artigo
para apresentação em congresso ou revista científica, divulgando os resultados
alcançados com a execução das atividades. Todo o processo desenvolvido teve como
meta a formação emancipada dos acadêmicos envolvidos com a disciplina.
8740
As atividades foram realizadas com crianças de variadas faixas etárias, entre 3 a
11 anos, durante um evento denominado “Feira de Prevenção de Parasitoses”
(FERREIRA et al, 2014) uma evento realizado semestralmente pelos alunos da disciplina
numa instituição de assistência que atende crianças, na cidade do Rio de Janeiro.
A oficina ocorreu no período manhã, durante um espaço de duas horas, na qual
diferentes grupos de crianças foram levadas pelas professoras do abrigo a uma sala
onde seria feita a oficina sobre a toxoplasmose. Ela se desenrolou em 4 etapas (FIGURA
1). Durante a primeira etapa, as crianças, uma de cada vez foi convidada a responder
uma pergunta: “Você conhece a toxoplasmose?”. Na segunda etapa foi realizada
conversa informação, com as crianças colocadas sentadas em roda buscando debater as
principais informações sobre a transmissão do Toxoplasma gondii, a doença e o seu
hospedeiro principal, o gato doméstico. Foram utilizadas diferentes abordagens de
conversas para melhor compreensão, de acordo com as faixas etárias de cada grupo
trabalhado. Foi ainda utilizado um vídeo de curta duração, criado pelo Departamento de
Veterinária da Universidade Estadual de Londrina – UEL (SILVA, L. et al, 2015) com o
objetivo de auxiliar a fixação da informação passada durante a conversa, assim como
trazer conhecimentos novos a serem testados durante as atividades. Na terceira etapa,
após a execução do vídeo, as crianças foram divididas em dois grupos de acordo com as
brincadeiras de preferência, para a consolidação das informações apreendidas. Foram
elaboradas duas atividades com enfoque na conscientização e prevenção da
toxoplasmose, sendo desenvolvidos dois jogos distintos. O primeiro jogo desenvolvido
foi chamado de "Derrube o Toxo" que consistiu em uma atividade que estimulava a
coordenação motora das crianças e a conversa sobre os modos de transmissão da
Toxoplasmose. Para a realização dessa atividade lúdica, foi necessário uma bola e 9
garrafas pets de 2 litros decoradas com figuras, cada uma contendo uma pequena
quantidade de água para dificultar sua queda. Cada garrafa representou os pinos do
boliche a serem derrubados, sendo 8 delas decoradas como gatos domésticos, e uma
com figura representando a fase de taquizoíto do parasito (para a decoração foram
utilizados papel EVA e TNT de diferentes cores com o intuito de tornar os objetos mais
atrativos para as crianças). O objetivo da brincadeira seria que fosse derrubado apenas o
pino decorado com os taquizoítos do Toxoplasma gondii, evitando os pinos que
representavam os gatos domésticos, para que as crianças entendessem que o gato
doméstico é o principal hospedeiro da doença, mas também uma vítima sua. Para a
iniciação da brincadeira as crianças foram divididos em grupos homogêneos e
organizados em fila indiana. Cada criança teve 3 chances de acertar o pino representado
pelo parasito. A segunda atividade desenvolvida pelos universitários com as crianças do
8741
abrigo, foi baseado no jogo de tabuleiro intitulado "Jogo da Vida", da Estrela, e foi
destinada ao atendimento das crianças mais velhas e já alfabetizadas, buscando um
maior estudo sobre o assunto abordado. Para o início de cada rodada da brincadeira
foram necessárias no mínimo duas e no máximo quatro crianças. Cada participante
escolheu um pino de sua preferência, e todos partiram do ponto inicial do jogo, tendo o
direito a um lançamento de dado por jogada. Em alguns pontos das casas do tabuleiro
do jogo, haviam as chamadas “cartas de ação”, que simulavam situações do cotidiano
das crianças com momentos em que haviam riscos de contágio para o Toxoplasma
gondii. Algumas das casas do tabuleiro (“hospital”) só poderiam ser acessadas com o
lançamento do dado e impediam o jogador de jogar durante uma rodada. Ele só poderia
retornar ao jogo após conseguir responder corretamente uma questão sobre forma de
prevenção ou contágio da toxoplasmose. Houve também a chance do jogador ter que
ficar na casa do hospital pelas cartas de ação. O primeiro jogador que chegasse ao final
seria o vencedor. O objetivo desta atividade foi o aprofundamento das crianças mais
velhas nas diferentes questões sobre formas de contágio e prevenção da doença. Ainda
nesta etapa da oficina, uma das graduandas de biologia se prestou a fazer pinturas que
remetiam ao gato doméstico no rosto das crianças que aceitaram. Após a execução das
atividades, os participantes eram premiados com adesivos e figuras diversas.
Na quarta etapa da oficina foi realizado um fichamento dos participantes pelos
graduandos com o objetivo de avaliar rapidamente os conhecimentos obtidos durante a
8742
oficina feita e quais as atividades foram mais interessante.
Resultados e Discussão
Estiveram envolvidas com a oficina 153 crianças, com as idades de 3 a 11 anos,
no evento chamado: Feira de Prevenção das Parasitoses . A fim de avaliar o conhecimento
prévio juntamente a eficácia e importância das atividades lúdicas aplicadas, os
acadêmicos promotores da oficina, utilizaram um questionário a ser respondido pelas
crianças em forma de entrevista. Neste questionário, foi perguntado a idade, o sexo, se
possuía algum conhecimento prévio da doença, se gostou das atividades apresentadas
e, se sim, qual das atividades despertou mais interesse do entrevistado. Foi também
perguntado na ficha, o que as crianças entrevistadas mais gostaram de aprender sobre o
assunto abordado.
Foram realizadas um total de 24 entrevistas. Sobre a Toxoplasmose, 33,3 % (8)
das crianças afirmaram conhecer, enquanto 66,7% (16) responderam que não conheciam
tal doença previamente. As análises do resultado obtidas demonstraram que não houve
8743
predominância, tanto ao sexo, quanto em relação a conhecer ou não a doença. Foi
observado a partir das informações obtidas com o fichamento das crianças que 100%
dos entrevistados disseram gostar das atividades realizadas pelos graduandos. Quanto à
questão sobre qual atividade despertou mais interesse das crianças, a atividade
“Derrube o Toxo” ficou em primeiro lugar, seguido do vídeo educativo (exibido em um
telão disponibilizado pela instituição) e do jogo de tabuleiro (Figura 2). Notou-se que na
pergunta que tinha como objetivo avaliar o nível de aprendizado após as atividades, as
crianças responderam que além do perigo ao manusear as fezes do gato, a transmissão
da Toxoplasmose também pode ser adquirida de outras maneiras, como por exemplo,
na ingestão de alimentos de origem animal contaminados, cru ou mal cozidos.
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Boliche Vídeo Tabuleiro Pintura Jogos e Boliche e Vídeo e Todas as
pintura Tabuleiro Jogos atividades
Ativiadades desenvolvidas na Oficina de Prevenção da Toxoplasmose
8744
Relação entre sexo e tipo de atividade na Oficina de Prevenção da
Toxoplasmose
Boliche
Vídeo
Tabuleiro
Pintura
Jogos e Pintura
Boliche e Tabuleiro
Vídeo e Jogos
Todas as atividades
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Com base nos dados da Figura 3, é possível identificar que no boliche houve uma
maior aceitação entre crianças do sexo masculino, enquanto no vídeo e no jogo de
tabuleiro prevaleceu o sexo feminino. Nas outras atividades em questão não teve
predominância em relação aos sexos.
Por ser uma atividade mais dinâmica, notou-se uma grande procura e interação
entre as crianças na atividade “Derrube o Toxo”, onde as mesmas conversavam sobre a
brincadeira, discutindo o que tinham aprendido no vídeo educativo e auxiliavam as
outras sobre o porquê de não acertar as garrafas com a figura dos gatos e sim a com a
figura do parasita. Sendo assim, foi observada uma aprendizagem e uma divulgação do
conteúdo entre as próprias crianças.
O desenvolvimento de atividades educacionais, de maneira lúdica, acaba sendo
uma forma de transmitir conhecimento para crianças de maneira natural, sem sair do
meio em que elas estão inseridas. Por meio de atividades didáticas que remetem
brincadeiras é possível observar um verdadeiro aprendizado entre as crianças, e
também no desenvolvimento de aspectos como a imaginação, o raciocínio, a
criatividade e dependendo da atividade aspectos motores e físicos.
CONCLUSÕES
8745
Pode-se afirmar que crianças que participaram da oficina se tornaram capazes de
reconhecer a importância da toxoplasmose e se apropriaram dos conhecimentos
medidas prevenção como: a utilização de luvas para manusear fezes de gatos, em
especial os gatinhos jovens, lavar muito bem as mãos e também a evitar tomar leite
cru, ou comer carne crua e mal passada . A atividade lúdica mostrou-se como uma
estratégia educativa importante para atuação no contra turno.
Foi possível verificar que brincar é processo essencial para aprendizagem da
criança em formação. A utilização de jogos garantiu não só o conteúdo, mas também
estimulação da imaginação e criatividade, integralização e o respeito entre
participantes da oficina.
A participação dos graduandos de diferentes cursos da UNIRIO permitiu a
formação mais cidadã do profissional sendo importante o trabalho conjunto com o
orientador no desenvolvimento desse artigo científico como finalização da ação de
extensão, nessa reflexão sobre a realidade vivida
BIBLIOGRAFIA
8746
Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências
da Saúde, Curso de Ciências Biológicas a Distância, CD-ROM. 51 f. il. ; 4 ¾ pol., 2013.
FERREIRA, M.C.; COELHO, V.M.A. & LESSA, C.S.S. FEIRA DE PREVENÇÃO DAS
PARASITOSES- O impacto das ações de extensão no ensino de parasitologia para os
cursos de graduação. Fio da Ação (UNIRIO), vol.1, 2010.
8747
REIS, D. C. Professor: ser emancipado. Brasil Escola, 2011. Disponível em:
<https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/professor-ser-
emancipado.htm>. Acessado em: 29/03/2018.
TAUIL, P.L. Perspectives of vector borne diseases control in Brazil. Rev. Soc. Bras.
Med. Trop., v. 39, n. 3, p. 275-7, 2006.
8748
ROTUNDA: MEMÓRIA E CIDADANIA PARA A PESSOA IDOSA – INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇAO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO ‘GRANDE DO NORTE (IFRN/CAL)
RESUMO
1.INTRODUÇÃO
8749
mantê-la ativa. Diante disso, o projeto IFRN - Rotunda: memória e cidadania para a pessoa
idosa intencionou realizar atividades voltadas para idosos do bairro das Rocas,
preferencialmente aos que já participaram do projeto de extensão O IFRN no Bairro das
Rocas e a Inclusão Digital da Pessoa Idosa como Ferramenta para o Exercício da Cidadania,
realizado no período de agosto a dezembro de 2016. Desenvolveu palestras, oficinas e
vivências sobre temas relacionados à saúde, psicologia, memória, cidadania, literatura e
fotografia. Ademais, foi aproveitado o fato de a Unidade Rocas funcionar em espaço
histórico restaurado, onde antes existiam oficinas de recuperação de locomotivas e
vagões da REFESA (Rede Ferroviária Federal). Os resultados esperados foram: integração
de pessoas do bairro das Rocas com a nova unidade do IFRN; estabelecimento de
relacionamentos intergeracionais; disseminação sobre os direitos da pessoa idosa e sua
legislação vigente; despertar os idosos para o desejo de continuarem ativos e
aprendendo.
8750
principais queixas percebidas nessa faixa etária se relaciona à memória, por trazer
fortes repercussões na vida do indivíduo, na família e nos grupos sociais. A memória,
assim como os outros processos mentais superiores, como a inteligência e a atenção,
são funções que possibilitam ao homem a formulação de estratégias de adaptação ao
meio em que vive (FLAVELL e MILLER & MILLER, 1999).
O IFRN – Unidade Rocas do Campus Cidade Alta iniciou suas atividades em abril de
2016 e funciona onde antigamente existiam as oficinas de recuperação de locomotivas
e vagões da REFESA - Rede Ferroviária Federal S.A. O imóvel foi cedido em 2012 ao
IFRN que fez a restauração da antiga rotunda a qual estava abandonada e em ruínas,
como também fez a ampliação da estrutura física visando dar condições para o
funcionamento da Unidade Rocas. No mesmo sentido de preservar a história e memória
da rotunda, será implantado dentro do IFRN- Unidade Rocas, o Museu do Trem de Natal,
com peças ofertadas por diversos estados nordestinos (IFRN, 2017 e BRASIL, Ministério
do Planejamento, 2017).
Acredita-se que a implementação das ações propostas contribuiu tanto para a melhoria
8751
da saúde e qualidade de vida dos idosos, como afirma o Sr. Ariosto, um dos
entrevistados pela autora Ecléa Bosi, “[...] hoje a minha voz está mais forte que ontem,
já não me canso a todo instante. Parece que estou rejuvenescendo enquanto recordo”
(BOSI, 1994, p. 161). Também contribuiu para o fortalecimento e preservação da
memória de um patrimônio histórico e cultural, estreitando as relações entre o IFRN e a
população do seu entorno. Como afirma Silva “Lembrar não se refere apenas ao
passado, mas é uma ação que se desenvolve no presente para transformá-lo” (SILVA,
2010, p. 329).
Bosi (1994) fala sobre dois tipos de memória: a memória-sonho, em que seriam
preservadas as imagens do passado em sua inteireza; e a memória-trabalho, em que a
memória não é revivida tal qual era, e sim elaborada coletivamente com os materiais
disponíveis no presente. A autora fala também sobre memória coletiva e memória
individual afirmando que a memória individual e a coletiva atuam uma sobre a outra,
pois, apesar da memória elaborar-se coletivamente num processo de socialização,
“quem recorda é o indivíduo” (BOSI, 1994, p. 411). Interessante ressaltar a afirmativa de
Bosi (1994) quando diz que “na vida adulta, o fazer inibe o lembrar; na vida idosa, o
lembrar é um fazer: a memória faz-se trabalho.”
Percebe-se que existe uma grande preocupação dos estudiosos e dos profissionais da
saúde com relação aos distúrbios advindos da idade avançada, principalmente os
distúrbios de origem crônico-degenerativos, os quais repercutem diretamente no
processo saúde-doença da população idosa. Segundo Souza e Chaves,
8752
Essas autoras alertam para o fato de que a entrega dos idosos a uma vida passiva e
ociosa pode representar um prejuízo incondicional à saúde mental e física do indivíduo,
além de constituir-se fator de risco para o declínio cognitivo e para a demência. Elas
afirmam que inexistem estudos conclusivos constatando que as doenças relacionadas à
memória do idoso se tratam de fenômenos puramente naturais ou se são multifatoriais.
Se multifatoriais seria resultado da falta ou diminuição de estímulos sociais,
psicológicos e biológicos. Em detrimento de qual seja a causa, ou a principal causa, o
importante é que alternativas de intervenção nessa problemática sejam efetivadas, pois
como afirmam:
Por isso, o projeto buscou promover ações voltadas às pessoas idosas, do bairro das
Rocas e seu entorno, que contribuam para a preservação da memória do idoso através
da realização de atividades relacionadas ao resgate de suas experiências relacionadas à
Rotunda, como também atividades relacionadas à saúde - orientação à prevenção dos
distúrbios de memória e à cidadania da pessoa idosa.
8753
2.PERCURSO METODOLÓGICO: O IDOSO E A ENTREGA À MEMÓRIA
8754
formado um grande painel que possa representar algo trazido pelos idosos como
fundamental para sua vida;
8755
vida na comparação com qualquer outra faixa etária (Agência FAPESP –
31/03/2003).
“movimento” como um dos pilares do seu bem estar integral, e adotassem com
alegria e prazer o exercício físico em sua vida. Associada atividade física e lazer,
os idosos desfrutaram de um dia de lazer e recreação nos Chalés da Associação
do IFRN- ASIF em Bonfim.
8756
No início das atividades, sempre foi solicitado aos idosos que falassem sobre as suas
expectativas quanto ao projeto; após dois meses de execução de atividades uma nova
avaliação foi realizada para identificar o nível de satisfação dos idosos com as
atividades andamento; e no encerramento do projeto também realizaram uma
autoavaliação e apresentaram propositivas para melhora do projeto.
Percebeu-se que todo idoso que participa de projetos sociais adquire novos
conhecimentos e desenvolve habilidades de forma agradável, gerando intenso interesse
em aprender. Em todas as atividades pensadas no projeto, primou-se pelo caráter
lúdico, que gerasse animação e os idosos sentissem prazer quando participassem das
palestras, passeios e oficinas. Fato que foi verificado no estado de alegria, animação e
prazer quando davam depoimentos sobre o que estavam vivendo no projeto.
Saber sobre os direitos da pessoa idosa e sua legislação vigente, fez com que eles
entendessem que exigir que os direitos sejam respeitados e atendidos, implica em
qualidade de vida. O próprio projeto de extensão se caracterizou como uma alternativa
de participação do idoso num ambiente diferente de sua casa garantindo-lhes o direito
ao convívio e à integração as demais gerações, como prevê o artigo 4º da Política
Nacional do Idoso. Eles sempre destacavam a questão do convívio e integração
harmoniosa que sentiram durante toda a presença no IFRN/Unidade Rocas.
8757
8758
FOTO 3 – Palestra Direitos do Idoso
8759
FOTO 4 – Visita ao Museu do Brinquedo Popular (IFRN/CAL)
Nas vivências corporais a ideia foi que os idosos pudessem explorar as possibilidades
corporais nas atividades de dança, hidroginástica, atividades manuais e atividades
lúdica, para além de uma imobilidade biológica e social que lhe é imposta. Nessas
atividades os idosos experimentaram possibilidades de movimento, sentimento e
pensamento, imprescindíveis ao seu desenvolvimento harmonioso.
Depois do desenvolvimento do projeto de extensão com idoso por quase sete meses,
acredita-se ter chegado a compreensão de problemas em torno do envelhecimento
humano e ao alcance dos resultados esperados, conforme os objetivos estabelecidos.
No projeto descreveram-se experiências que estimularam a atividade cerebral,
potencializando a memória a partir da recordação de acontecimentos históricos e
culturais vividos como moradores do bairro das Rocas.
8760
Ao pensar em resultados alcançados destaca-se que cada momento de diálogo
sensibilizou os idosos a entenderem o significado da memória e o reconhecimento da
importância de manter a memória ativa, externado no momento em que eles relatavam
a importância e alegria de participarem de atividades do projeto.
Um fator que foi observado foi a desmistificação do “ser idoso”, por parte dos
atendidos pelo projeto (idosos, familiares e estudantes integrantes do projeto),
confrontando estigmas negativos de incapacidade associada à velhice, a partir da
observação de possibilidades que o idoso demonstrou nas diversas atividades que
exigiam comunicação humana, movimentos corporais e integração social. Em destaque,
as experiências corporais com dança, artesanato, visitas aos monumentos históricos,
foram vividas com alegria e prazer pelos idosos, o que caracterizou-se como momentos
de lazer.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim sendo, um dos resultados atingidos foi a integração das pessoas do bairro e
aproximação com a nova unidade do IFRN, pois cuidou-se de criar condições para o
estabelecimento intergeracionais, no sentido de aumentar as possibilidades de uma
convivência mais próxima entre pessoas com idades tão diferentes, já que o IFRN/Rocas
atende um público de faixa etária diversa.
8761
Pode-se concluir que quanto mais o idoso participa de projetos sociais que o envolva
em processos ativos para construir novas ideias baseados em seus conhecimentos de
mundo passados e atuais, mais ele poderá disponibilizar o potencial de sua memória e
aprender significativamente sobre aspectos de história, cultura, direitos humanos, saúde
e lazer. Nesta compreensão, sugerimos que as pessoas que pensam projetos sociais
atentem para diversificar atividades e fazer dos encontros momentos significativos que
despertem os idosos para o desejo de continuarem ativos no processo de
aprimoramento de conhecimentos e no progresso de diferentes habilidades humanas.
REFERÊNCIAS
BOSI, Eclea. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. 3a ed. São Paulo, Companhia
das Letras, 1994.
BRASIL. Lei 8.842/94 – Lei da Política Nacional do Idoso. IN: Legislação Social:
cidadania, políticas públicas e exercício profissional. Conselho Regional de Serviço
Social-CRESS 11a Região, Curitiba-Paraná. Julho/2007.
HOMEM, HOMERO. Cabra das Rocas. 7. ed., São Paulo: Ática, 1980.
8762
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Perfil dos Idosos Responsáveis
pelos Domicílios, Comunicação Social, 25 de julho de 2002.
IFRN. Restauração da antiga Refesa nas Rocas já foi iniciada.17/01/2013. Disponível em
http://portal.ifrn.edu.br/campus/reitoria/noticias/ Acesso em 21/03/17.
NORA, Pierre. Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Tradução de Yara
Aun Khoury. Projeto História. São Paulo, dez 1993. In: ______. Les lieux de mémoire. I La
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RIVERA, Enid J. García; PÉREZ, José G. Rigau. Dengue é mais prejudicial a idosos.
http://agencia.fapesp.br/dengue_e_mais_prejudicial_a_idosos/305/>. Acesso em:
29/03/2018 SOUZA, Juliana Nery de. CHAVES, Eliane Corrêa O efeito do exercício de
estimulação da memória em idosos saudáveis Revista Escola de Enfermagem da USP,
2005.
SILVA, Paulo Renato. Memória, História e Cidadania. Cadernos do CEOM. Ano 23, n.32.
Etnicidades, p. 163-182. Chapecó, 2010.
8763
CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÕES EDUCATIVAS PARA O CONHECIMENTO DE
ADOLESCENTES SOBRE IST
Resumo
As infecções sexualmente transmissíveis (IST) encontram-se entre as causas mais
comuns de doenças do mundo, sendo importante problema de saúde pública. A
adolescência é um dos períodos mais intensos e ricos da vida. É uma fase delicada que
pode deixar o adolescente mais suscetível às IST por conhecimento deficiente sobre o
tema. A enfermagem tem papel fundamental no fomento ao conhecimento sobre IST
entre adolescentes. Questionou-se quais as contribuições de intervenções educativas
para melhorar o conhecimento de adolescentes sobre IST? Objetivou-se avaliar as
contribuições de intervenções educativas para conhecimento de adolescentes sobre IST.
Foi realizado um estudo de intervenção em escola da rede pública estadual de Fortaleza
com 113 alunos entre 15 e 24 anos de idade. Foi utilizado um questionário contendo
perguntas sobre as características sociodemográficas, conhecimentos, atitudes e
práticas sexuais, elaborado a partir do inquérito PCAP 2008. Nesse estudo utilizou-se
dados sociodemográficos e sobre conhecimentos acerca das IST. O programa de
intervenções é composto de quatro encontros, duração de 50 minutos cada um e
frequência quinzenal. O resultado do estudo revelou que o grupo intervenção obteve
em média 30,6% mais acertos (média de 64 pontos) no questionário em relação ao
conhecimento sobre IST do que o grupo controle (média de 49 pontos), indicando que
as intervenções contribuíram para melhoria dos conhecimentos sobre IST. No quesito de
conhecimentos específicos das IST a maioria dos alunos obteve mais conhecimento em
relação a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) que relativos a outras
1
Universidade Estadual do Ceará, Curso de Graduação em Enfermagem.
2
Universidade Estadual do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e
Saúde (PPCCLIES).
3
Universidade Estadual do Ceará, Curso de Graduação em Enfermagem.
4
Universidade Estadual do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e
Saúde (PPCCLIES).
8764
infecções como a sífilis e a hepatite. Concluiu-se que as intervenções foram efetivas,
portanto, deve-se ampliar a divulgação de estratégias para abordagens das IST. É
fundamental que a enfermagem esteja inserida no contexto de educação em saúde
compartilhando seus conhecimentos científicos para a população, visando a promoção
da saúde e a prevenção de IST.
Introdução
As infecções sexualmente transmissíveis (IST) encontram-se entre as causas mais
comuns de doenças do mundo, continuando a ser um importante problema de saúde
pública. No Brasil, as estimativas de IST da Organização Mundial da Saúde (OMS) na
população sexualmente ativa ultrapassam cinco milhões de casos (SPINDOLA et al.,
2015).
As IST são infecções disseminadas pelo contato sexual, causadas por vírus,
fungos, protozoários e bactérias. Na maioria das vezes, apresentam-se assintomáticas e
podem ocasionar diversas complicações como infertilidade, doença inflamatória pélvica
e câncer de colo de útero. Algumas delas ainda não possuem cura, como a Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (aids), mas a maioria apresenta tratamento e cura (COSTA E
SILVA et al., 2016).
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), sem o tratamento adequado, se
multiplica e destrói células específicas do sistema imunológico conhecidas como células
TCD4. Assim, o organismo se torna deficiente no combate a infecções, levando à aids. Ao
contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa
que uma vez contraído o HIV, a pessoa viverá com o vírus para sempre (UNAIDS, 2017).
A juventude é um dos períodos mais intensos e ricos da vida, convidando à
experimentação e ao amadurecimento, é uma fase delicada no que diz respeito à
infecção por doenças, especialmente as sexualmente transmissíveis. A falta de diálogo
entre pais e filhos, alunos e professores sobre a temática da saúde sexual e reprodutiva
e o pouco estímulo ao conhecimento em relação às IST podem contribuir para o
aumento de casos de IST entre esses jovens (FONTES et al., 2017; SPINDOLA et al.,
2015).
A adolescência é caracterizada por uma etapa de aquisição de habilidades sociais,
deveres, responsabilidades e afirmação de identidade, na qual a sexualidade é
representada pela busca de experimentações, curiosidades e descobertas. A falta de
8765
conhecimentos entre os jovens sobre a temática IST e o consumo de drogas os deixam
mais vulneráveis, apresentando maiores riscos de adquirir HIV, hepatites ou outras IST
(DANTAS et al., 2015).
Segundo o PCAP (BRASIL, 2016), 23% dos indivíduos com idade entre 15 e 24
anos afirmaram que uma pessoa pode se infectar com hepatite por não utilizar
preservativos em relações sexuais. Ao analisarem o conhecimento das formas de
transmissão das hepatites segundo a faixa etária, para a maioria dos indicadores, as
menores proporções de acertos foram encontradas entre os jovens de 15 a 24 anos.
A falha em programas para prevenção das IST nas escolas pode contribuir para o
aumento da vulnerabilidade dessa população e o aparecimento de novos casos de
adolescentes infectados por IST. As políticas públicas precisam fomentar programas
preventivos no contexto escolar (AMORAS; CAMPOS; BESERRA, 2015).
Os adolescentes tendem a não usar preservativos ou possuem mais dificuldade
em propor o uso quando iniciam a vida sexual muito cedo, esse fato se dá pela falta de
responsabilidade ou mesmo pela falta de informação ou conscientização. O
conhecimento sobre como se prevenir de IST contribui para reduzir a vulnerabilidade de
adolescentes a essas infecções. A falta de informações sobre tal matéria pode trazer
consequências como a baixa utilização de preservativos e o aumento de IST (SILVA et
al., 2015).
O ambiente escolar constitui-se espaço adequado para interação social e de
grande influência para o comportamento dos adolescentes, interferindo no modo de
agir, pensar e de conduzir os seus problemas. A escola também deve ser espaço para
promover saúde aos alunos com ações educativas que contemplem a saúde sexual e
reprodutiva, dirimindo dúvidas e medos acerca da temática, levando em consideração o
contexto cultural e social do aluno (BESERRA, PINHEIRO E BARROSO, 2008; SILVA et al.,
2011)
A enfermagem, além de seu papel assistencial, tem papel fundamental na
prevenção e promoção da saúde, contribuindo de forma educadora para os adolescentes
no contexto das IST. Diante do exposto, foi feito o seguinte questionamento: quais as
contribuições das intervenções educativas para melhorar o conhecimento de
adolescentes sobre IST?
O objetivo do estudo é avaliar as contribuições de intervenções educativas para o
conhecimento de adolescentes sobre IST.
Metodologia
8766
Foi realizado um estudo de intervenção em uma escola da rede pública estadual
de Fortaleza. A escola foi escolhida por estar situada próxima a Universidade Estadual
do Ceará (UECE) e ter turmas do ensino médio regular. As turmas participantes foram
alocadas aleatoriamente em grupos controle e intervenção. Foram incluídos 113 alunos
entre 15 e 24 anos de idade. Foram excluídos aqueles com frequência inferior a 70%
nas atividades educativas.
A escolha de jovens no contexto escolar é justificada pela possibilidade de se
intervir sobre um maior número de pessoas na faixa etária selecionada e por um
período mais longo. O ambiente também facilitou o contato continuado entre
pesquisador e estudantes, e assim ofereceu a possibilidade de se obter melhores
resultados de pesquisa, já que as possibilidades de evasão dos participantes durante o
período de coleta de dados são reduzidas.
Para coleta de dados foi utilizado um questionário contendo perguntas sobre as
características sociais, econômicas e demográficas e sobre os conhecimentos, atitudes e
práticas sexuais, elaborado a partir do inquérito PCAP 2008 (BRASIL, 2011). Para fins
desse estudo, foram utilizados dados sociodemográficos e sobre conhecimento acerca
das IST. O instrumento foi auto aplicado, para isso foram fornecidas aos participantes as
instruções prévias sobre o preenchimento.
Aqueles que aceitaram participar da pesquisa entregaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado e os menores de 18 anos
entregaram o TCLE direcionado aos pais ou responsáveis e o termo de assentimento.
O programa de intervenções educativas teve duração de quatro encontros, tendo
cada encontro duração de 50 minutos e frequência quinzenal para não prejudicar o
conteúdo letivo, como solicitado pela coordenação da escola. Cada encontro abordou
conhecimento, atitudes e práticas sexual relativas a diversos temas afins, como
sexualidade, IST, métodos contraceptivos, uso do preservativo, estigma, preconceito,
testagem rápida, vida com HIV/aids e hepatites virais, etc.
Os dados foram coletados antes das intervenções com participantes do grupo
controle e após as intervenções entre participantes do grupo intervenção.
Os dados provenientes dos questionários foram analisados através de estatística
descritiva, com o auxílio do software Statistical Package of Social Science(SPSS), versão
22.0. As médias, desvios padrão e percentis das idades e renda familiar foram calculadas
e as frequências simples e relativas dos demais dados foram dispostas e apresentadas
em tabelas.
A existência de associação dos conhecimentos, com as variáveis
sociodemográficas foi testada pelo teste de Qui-Quadrado de Pearson. As respostas ao
8767
questionário dos grupos controle e intervenção foram comparadas para avaliar se a
atividade contribuiu significativamente para a melhoria dos conhecimentos.
O projeto de extensão obedeceu aos critérios estabelecidos na Resolução CNS Nº
466, de 12 de dezembro de 2012, que incorpora os referenciais da bioética, tais como,
autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, e visa a assegurar os
direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade
científica e ao Estado (BRASIL, 2012).
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual do Ceará e aprovado sob protocolo nº 1.050.064 no dia 05/05/2015.
Resultados e Discussão
Participaram do estudo 113 jovens de 15 a 21 anos, sendo a maioria do sexo
masculino (62; 54,9%), com idade média de 17,28 anos. Em relação à renda familiar dos
jovens participantes, a média foi de 1972,36 reais, com média de 1,99 pessoas
trabalhando em sua residência. 106 (93,8%) jovens relataram que possuíam boa relação
com as pessoas em sua casa. 44 (39,16%) jovens do estudo se encontram em um
relacionamento do tipo namoro, 28 (25%) diziam estar “ficando”, 4 (3,6%) em um
relacionamento estável, 34 (30,6%) encontravam-se em nenhum relacionamento afetivo
e apenas 01 (0,9%) estava viúvo. Em relação a sua religião, boa parte (54; 47,8%) eram
evangélicos, 38 (33,6%) eram católicos, 15 (13,3%) tinham nenhuma religião e 01 (0,9%)
era espírita (tabela 1).
8768
Média 2,05
Mediana 2
Desvio Padrão 1,107
Mínimo 1
Máximo 3
Renda Familiar
Média 1972,36
Mediana 1874
Desvio Padrão 1154,56
Mínimo 350
Máximo 7000
Pessoas que trabalham e sua casa
Média 1,99
Mediana 2
Desvio Padrão 1,134
Mínimo 0
Máximo 8
Relacionamento afetivo
Viúvo 1 0,9
Estável 4 3,6
Fica 28 25,2
Nenhum 34 30,6
Namoro 44 39,16
Você possui boa relação com as pessoas em sua casa
Sim 106 93,8
Não 7 6,2
Religião
Espirita 1 0,9
Nenhuma 15 13,3
Católica 38 33,6
Evangélica 54 47,8
8769
aids não era transmitida por essa via e apenas 47 (43,1%) dos alunos do grupo controle
acertaram esse item, já no item “sífilis” 44 (50,6%) dos jovens do grupo intervenção e 43
(49,4%) do grupo controle acertaram, com significância de p = 0,017.
Na pergunta “Quais doenças podem ser transmitidas ao usar banheiros públicos”
47 (64,4%) alunos do grupo intervenção acertaram que o item Sífilis não era transmitido
ao usar banheiro e apenas 26 (35,6%) dos jovens grupo controle acertaram, com
significância nos resultados (p = 0,25), no entanto o grupo controle obteve mais acertos
no item “gonorreia” com significância de p = 0,012.
Na questão “Quais doenças podem ser transmitidas por seringas ou agulhas
compartilhadas”, 50 (56,8%) dos alunos do grupo intervenção acertaram o item “aids”
com diferença de 13,6% de alunos do grupo controle. Na questão “Quais doenças
podem ser transmitidas ao transar sem preservativo” observa-se a maior discrepância de
acertos entre grupo intervenção e controle no item “gonorreia”, 34 (65,4%) dos alunos
do grupo intervenção acertaram esse item e apenas 18 (34,6%) dos jovens do grupo
controle acertaram, com diferença de 30,6% nos valores dos resultados. Contudo, existe
uma prevalência de acertos, de todos os itens, do grupo intervenção sobre o grupo
controle nessa questão. Observa-se também que todos concordam que as infecções dos
questionários podem ser transmitidas “ao transar sem preservativo” ao não
responderem a opção “nenhum”.
Na questão “Para quais destas doenças existe cura” no item “hepatite” 48 (68,6%)
dos alunos do grupo intervenção acertaram esse item e apenas 22 (31,4%) jovens do
grupo controle acertaram a questão com diferença de 37,2% com significância de p =
0,001 (tabela 2).
8770
Sífilis 47 (64,4) 26 (35,6) 28,8 5,039 0,025
Hepatite 42 (51,2) 40 (48,8) 2,4 3,572 0,059
Gonorreia 35 (47,9) 38 (52,1) -4,2 6,344 0,012
Nenhuma 9 (52,9) 8 (47,1) 5,8 0,111 0,739
Quais doenças podem ser transmitidas por seringas ou agulhas compartilhadas
Aids 50 (56,8) 38 (43,2) 13,6 0,005 0,942
Sífilis 48 (56,5) 37 (43,5) 13 0,004 0,950
Hepatite 16 (48,5) 17 (51,5) -3 1,261 0,261
Gonorreia 59 (57,3) 44 (42,7) 14,6 0,197 0,657
Nenhuma 63 (57,3) 47 (42,7) 14,6 0,681 0,409
Quais doenças podem ser transmitidas ao transar sem preservativo
Aids 61 (57,5) 45 (42,5) 15 0,577 0,448
Sífilis 39 (58,2) 28 (41,8) 16,4 0,166 0,684
Hepatite 20 (69,0) 9 (31,0) 38 2,414 0,120
Gonorreia 34 (65,4) 18 (34,6) 30,6 3,001 0,083
Nenhuma 64 (56,6) 49 (43,4) 13,2
Para quais destas doenças existe cura
Aids 59 (59,0) 41 (41,0) 18 1,976 0,160
Sífilis 16 (45,7) 19 (54,3) -8,6 2,463 0,117
Hepatite 48 (68,6) 22 (31,4) 37,2 10,668 0,001
Gonorreia 20 (57,1) 15 (42,9) 14.2 0,005 0,942
Nenhuma 44 (52,4) 40 (47,6) 4,8 2,414 0,120
8771
Na afirmação “Uma pessoa pode ter HIV/aids sem nunca ter tido uma relação
sexual”, 40 (60,6%) dos jovens do grupo intervenção concordaram e apenas 26 (39,4%)
do grupo controle corroboraram com a frase (Tabela 3).
8772
homossexuais ou profissionais
do sexo
Uma pessoa pode ter HIV/aids 40(60,6) 26(39,4) 21,2 1,018 0,313
sem nunca ter tido uma
relação sexual
Hoje em dia, a pessoa que 44(56,4) 34(43,4) 13 0 0,94
vive com o HIV não enfrenta
nenhum problema, pois o
tratamento resolve tudo
O resultado desse estudo revelou que o grupo intervenção obteve mais acertos
no questionário do que o grupo controle. Não tabela 4, observa-se que o grupo
intervenção apresenta pontuação mais alta com 64 pontos e o grupo controle apresenta
apenas 49 pontos, indicando que as intervenções foram bem realizadas e efetivadas.
8773
que a aids foi a única assinalada por mais de 90% dos estudantes como correlacionada
ao contato sexual. O estudo mostra que a aids trouxe grandes privilégios para a
discussões sobre vulnerabilidade e prevenção, por se tratar de uma doença já discutida
em sala de aula e que recebe maior atenção das instituições de saúde, trazendo uma
maior atenção nos cuidados à essa doença negligenciando outras infecções, como no
caso de hepatites, sífilis e gonorreia (SOUZA et al, 2017).
Nesse contexto, os alunos de grupo intervenção obtiveram resultados positivos
tanto em números absolutos quanto relativos no questionário em relação à
conhecimentos de transmissão e vulnerabilidade. Tal estudo assemelha-se a diversos
outros estudos realizados no Brasil. Os autores demonstram entendimento dos
adolescentes sobre as principais formas de transmissão de IST/HIV e importância do uso
do preservativo na prevenção às IST/ HIV, e então, percebem-se que houve uma baixa
adesão ao uso do preservativo na iniciação sexual antes das intervenções e após as
atividades houve uma adesão maior (COSTA et al., 2013).
Em relação aos conhecimentos gerais das IST/HIV, observa-se que o grupo
intervenção obteve mais acertos do que o grupo controle, descontruindo alguns
estigmas em relação ao preconceito e às transmissões das infecções. SILVA et al. (2016)
em seu estudo descreve que 62% dos jovens negaram que as infecções podem ser
transmitidas por talheres, copos, ou refeições compartilhadas e 58% dos jovens
responderam que não podem ser transmitidas por picada de mosquito. Relatam, ainda,
que o nível de conhecimento é diferente conforme o nível socioeconômico e que estas
falhas de conhecimento poderiam contribuir para gerar, nos adolescentes, crenças que
os fizessem pensarem que a aids não os atingiria. O presente estudo se assemelha a
esses resultados, corroborando a importâncias das intervenções para ampliar os
conhecimentos dos jovens.
Porém, o presente estudo mostrou também em seus resultados que os alunos
têm déficit de conhecimento quanto à presença de sintomas das infecções apresentadas
e a diferença de acertos do grupo controle e intervenção é pequena em relação às
demais. Tal achado é corroborado no estudo de Carvalho et al. (2015) que identificou
um conhecimento inadequado ou insatisfatório sobre sinais e sintomas de IST em
grande parte dos jovens, justificando pela dificuldade de diferenciar os sintomas e
sinais das respectivas infecções. Refere ainda que a presença ou ausência dos sinais e
sintomas pode estar relacionada à vulnerabilidade individual.
Conclusão
8774
Pode-se concluir que as intervenções obtiveram resultados positivos em boa
parte da pesquisa. Os estudantes do grupo intervenção mostraram um grau mais
elevado de conhecimento sobre IST, diminuindo a vulnerabilidade individual e
contribuindo, consequentemente, para desconstrução de estigmas relacionas às IST.
Nesse sentido, considerando o domínio de conhecimento do conteúdo sobre
transmissão, sintomas e prevenção de HIV/aids pelos estudantes, deve-se ampliar a
divulgação de estratégias para abordagens das demais IST, pois tal domínio auxilia na
mudança de comportamento que leva o adolescente a aderir práticas sexuais seguras.
Nesse contexto, as escolas devem valorizar esse tipo de intervenção,
disponibilizando acesso para que os profissionais de saúde possam se inserir no
ambiente escolar e em tempo prolongado para uma melhor efetivação das atividades e
para melhor análise de mudança de comportamento dos jovens. É importante também
que os postos de saúde da comunidade criem vínculos com as escolas para uma melhor
acessibilidade e segurança dos jovens ao utilizarem esses serviços.
Conhecimento é o primeiro passo para mudar a atitude entre os jovens e
diminuir a vulnerabilidade a IST, portanto, é fundamental que a enfermagem esteja
inserida no contexto de educação em saúde, sendo agente de facilitador de mudanças,
compartilhando seus conhecimentos científicos com a população, visando à promoção
da saúde e a prevenção de IST.
Referência
8775
CARVALHO, P. M. R. S. et al. Prevalência de sinais e sintomas e conhecimento sobre
doenças sexualmente transmissíveis. Acta Paul Enferm. Goias, v. 28, n.1, p. 95-100,
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médio com perfis socioeconômicos diferenciados. REME – Rev Min Enferm. 2017[citado
em 11 de Janeiro de 2017];21:e-991. DOI: 10.5935/1415-2762.20170001
8776
SPINDOLA, T. et al. Produção de conhecimento acerca das doenças sexualmente
transmissíveis na população jovem: pesquisa bibliométrica. J. res.: fundam. care. Online.
V.7, n.3, p. 3037-3049, jul/set, 2015.
8777
CAMINHADAS NA NATUREZA: A EXPERIÊNCIA DAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
UNIVERSIDADE ABERTA À MELHOR IDADE DA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI –
URCA
Naerton José Xavier Isidoro1; Lazaro Ranieri de Macêdo2; Jéssica Ramos Santana3; Maria
Luselma de Sousa 4
Resumo
A prática de atividades físicas pode ocorrer também no meio natural através de trilhas
ecológicas que se constituem como elemento cultural presente nas sociedades
humanas desde os tempos remotos e serviam como via de comunicação entre diferentes
localidades, tornando-se hoje um meio de contato efetivo com a natureza. Conhecida
também como “trekken”, as caminhadas na natureza atraem muitos adeptos por serem
consideradas de baixo custo e com potencial capacidade de melhorar a aptidão
cardiorrespiratória dos indivíduos nas diferentes faixas etárias, incluindo o público da
terceira idade. O presente estudo busca relatar a experiência das participantes do
programa Universidade Aberta à Melhor Idade da Universidade Regional do Cariri-URCA
em relação à prática de caminhadas na natureza realizadas na Floresta Nacional do
Araripe. O trabalho em questão evidencia-se como um relato de experiência. Classifica-
se como bibliográfico, de campo e descritivo. A população participante da referida
investigação científica pertence ao grupo de alunos matriculados no Programa
Universidade Aberta à Melhor Idade da Pró-Reitoria de ExtensãoPROEX da Universidade
Regional do Cariri – URCA. Foram realizadas caminhadas no
Geossítio Colina do Horto na cidade de Juazeiro do Norte e no Parque Estadual Sítio
Fundão/Geossitio Batateira em Crato-CE. Este trabalho contribuiu para o processo de
1
Universidade Regional do Cariri (URCA), Curso de Educação Física.
2
Universidade Regional do Cariri (URCA), Curso de Educação Física.
3
Universidade Regional do Cariri (URCA), Curso de Educação Física.
4
Universidade Regional do Cariri (URCA), Curso de Educação Física.
8778
inclusão do grupo em questão, superando possíveis limitações físicas através de
cuidados especiais e atenção redobrada, respeitando a individualidade de cada sujeito e
seus respectivos interesses sem, no entanto, perder a noção de coletividade.
Introdução
O grego Aristóteles afirmou que a velhice não deveria ser entendida como doença, pois
não é algo contrário à natureza. Modernamente, o envelhecimento humano é definido
como um processo gradual, universal e irreversível, que acelera na maturidade e
provoca uma perda funcional progressiva no organismo. É gradual porque não se fica
velho de uma semana para outra. Universal, porque afeta todos os indivíduos de uma
espécie numa forma similar. Apesar de toda a propaganda em torno do
rejuvenescimento, as evidências atuais indicam que o processo de envelhecimento pode
ser acelerado e desacelerado por fatores ambientais e comportamentais, mas não pode
ser revertido (NAHAS, 2010).
Na pré-história, a senescência era algo raro. Até o século XVII, apenas 1% da população
vivia mais de sessenta anos, chegando a aproximadamente 4% no século XIX. No século
XX a quantidade de indivíduos considerados idosos era de aproximadamente 590
milhões (TELLES, 2015).
8779
da população, prevendo que em 2025 o país possuirá mais de 30 milhões na faixa etária
acima de sessenta anos ou 15% da população (op.cit.).
A prática de atividades físicas pode ocorrer também no meio natural através de trilhas
ecológicas que se constituem como elemento cultural presente nas sociedades
humanas desde os tempos remotos e serviam como via de comunicação entre diferentes
localidades, tornando-se hoje um meio de contato efetivo com a natureza, servindo
como espaço para a prática de diferentes esportes radicais e de aventura (EISENLOHR,
2013).
8780
A adesão por parte da população em relação à prática de caminhadas na natureza
aumentou consideravelmente nas últimas décadas, com destaque para as atividades
realizadas em áreas de proteção ambiental (BALMFORD et al., 2009).
Para Andrade (2005), através das trilhas o indivíduo adquire contato com a natureza,
paisagens e lugares, favorecendo a criação de um sentimento de preservação pelo
ambiente.
As trilhas podem ser guiadas com o auxílio de uma pessoa especializada ou autoguiadas
por meio de placas identificadoras que sinalizam todo trajeto a ser percorrido.
Classificam-se como de curta, média e longa distância. Podem ser abertas ou fechadas
de acordo com a arborização e variedade das espécies que se entrelinham umas com as
outras.
O público a partir dos sessenta anos também tem se mostrado estimulado a realizar
atividades na natureza, observando-se para sua prática os hábitos e preferências
peculiares deste grupo assim como mudanças físicas decorrentes do processo de
envelhecimento.
Metodologia
8781
Universidade Regional do Cariri – URCA. Participaram das ações acadêmicas em
questão cerca de 30 idosos do sexo feminino.
O geossítio Colina do Horto com a trilha do Santo Sepulcro apresenta-se como um dos
pontos de visitação mais conhecidos do nordeste brasileiro. Neste local, pode ser visto
uma monumental estátua do Padre Cícero de 27 metros de altura, erguida em 1969. No
Horto, encontram-se testemunhos históricos edificados, como restos de um muro de
batalha, casas de beatos e uma capela com edificação anexa que atualmente serve
como Museu Vivo do Padre Cícero. A trilha do Santo Sepulcro é cheia de lugares
considerados encantados, de pedras com atribuições mágicas e religiosas, marcadas
pela outrora presença de beatos e do próprio Padre Cícero. São lembrados os preceitos
ecológicos do religioso, pequenas frases de conselhos e recomendações acerca da
preservação do ecossistema da caatinga e da floresta. O percurso dessa trilha
compreende 2.650 metros com aclives e declives acentuados e locais escorregadios. A
vegetação predominantemente é a caatinga, caracterizada por árvores de pequeno
porte. Durante todo trajeto é possível observar pedras de granito originárias no interior
da terra (Figura 1)
8782
Figura 1: Geossítio Colina do Horto com a trilha do Santo Sepulcro
A área do Parque Estadual Sítio Fundão/Geossitio Batateira é cortada pelo rio Batateira
e próxima à cascata do Lameiro em Crato/CE. Sua nascente guarda histórias e lendas
indígenas. O lugar é rodeado por trilhas ecológicas. Pode-se observar a existência de
uma casa feita de taipa, edificação de barro batido e madeira, comum no Nordeste,
sendo esta a única casa do Brasil registrada neste modelo de construção. O local
também possui ruínas de um engenho de cana-de-açúcar construído por volta de 1880.
Esta trilha pode ser feita de acordo com a preferência ou condicionamento físico do
grupo, sendo ela mais extensa ou de média distância. Da entrada do parque até o centro
de visitantes é caracterizado por aclives e declives acentuados, com pontos
escorregadios, possuindo determinados obstáculos físicos como raízes das árvores
expostas e, também, folhas e gravetos que tornam as descidas escorregadias. Há ainda
uma área com muitas rochas escorregadias que dificultam a travessia, não sendo
recomendado esse percurso para pessoas idosas (Figura 2).
8783
Figura 2: Parque Estadual Sítio Fundão/Geossitio Batateira
Resultados e Discussão
8784
locais delimitados. Foram realizados registros através de fotografias e anotações
necessárias para compor a ficha de diagnóstico a ser usada na elaboração das
atividades junto ao público da terceira idade.
8785
Figura 3 - Atividades de aquecimento orgânico
No tocante às dificuldades encontradas pelas idosas durante a realização das trilhas foi
mencionado por uma das participantes certo comprometimento em relação à
velocidade da marcha, ressaltando sua vontade de caminhar mais rapidamente apesar
das limitações impostas pela idade.
8786
Outro aspecto descrito como barreira pelas idosas foi a ação do sol e calor durante as
trilhas, sendo observado pelo grupo o uso de garrafas de plástico ou alumínio com água
para a reposição de líquidos, evitando assim a desidratação.
Neste contexto, ressalta-se que a educação ambiental, pôde ser trabalhada nas trilhas
selecionadas, buscando incentivar o pensamento reflexivo e crítico (CASCINO, 2007).
Isto significa “[...] pensar no próprio ato de se educar para e com a natureza, refletindo
sobre o real papel desempenhado pelo homem, a partir de suas práticas, na produção
do lugar onde se insere” (SOUSA, p. 03, 2014).
Conclusão/Considerações Finais
8787
A necessidade de incluir os idosos na sociedade pressupõe envolvê-los em atividades
que lhes proporcionem alegria, prazer e diversão. É dar vida aos seus interesses
pessoais e coletivos, conquistar o espaço idealizado, inseri-los no processo de
socialização e comunicação com o mundo.
Referências
BALMFORD, A.; BERESFORD, J., GREEN, J., NAIDOO, R., WALPOLE, M., MANICA, A. (2009).
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8788
CAMPOS, M. A. Musculação: Diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças e obesos. 4. ed.
Rio de Janeiro: Sprint, 2008.
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8789
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TELLES, S. O idoso e atividade física no Brasil: como tudo começou. Curitiba: Editora
Prisma, 2015.
VERDERI, E. O corpo não tem idade: educação física gerontológica. Jundiaí, SP: Editora
Fontoura, 2004.
8790
A IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO NA FORMAÇÃO E NO EMPODERAMENTO DA MULHER
Victor Assis Pereira da Paixão1; Euriane Castro costa1; Carolina Pereira Rodrigues1; Vera
Lúcia de Azevedo lima2; Adria Vanessa da Silva3; Valquiria Rodrigues Gomes 3.
RESUMO
INTRODUÇÃO: A violência contra mulher é toda ação que viole seus direitos humanos,
dentre eles; deslocar-se livremente e com segurança, estar isenta de qualquer tipo de
preconceito e ter garantida sua integridade física, psicológica e social. No entanto
comportamentos que transcendem esses direitos, prevalece na sociedade devido a
consolidação transgeracional de uma cultura androcentria e patriarcal. OBJETIVO:
Relatar à importância das discursões de gênero, violência e políticas públicas de
proteção a mulher, para o empoderamento da mulher e na formação de profissionais
críticos e sensíveis as causas sociais. METODOLOGIA: Tratase de um estudo descritivo
com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, de uma atividade educativa
realizada pelo programa de extensão Empoderamento e fortalecimento da mulher
amazônica frente a violência doméstica e familiar, da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal do Pará. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A atividade foi recebida
com resistência pelo público, devido a cultura do modelo biomédico ainda estar muito
8791
forte, no entanto a atenção e participação contribuíram para uma boa discussão e
reflexão dos conteúdos trabalhados. CONCLUSÃO: Desenvolver atividades para o
empoderamento da mulher, são de fundamental importância para sociedade, pois
estabelece resultados positivos para enfrentamento da mulher vítima de violência,
assim como para assistência, através da prevenção de agravos, além de ser uma
experiência diferenciada para acadêmicos da área da saúde, uma vez que estimula a
formação de profissionais críticos e engajados nas demandas da sociedade, exercendo
uma atuação diferenciada que contribui para sua área, sem estar preso ao modelo
biomédico hegemônico.
INTRODUÇÃO
A violência contra mulher é toda ação que viole seus direitos humanos, dentre eles
deslocarem-se livremente e com segurança, estar isenta de qualquer tipo de
preconceito e ter garantida sua integridade física, psicológica e social. No entanto
comportamentos que transcendem esses direitos prevalecem na sociedade devido à
consolidação transgeracional de uma cultura androcentria e patriarcal, com
predominância da iniquidade entre gêneros.
8792
Por anos, muitas mulheres foram oprimidas e silenciadas, expostas diariamente a
situações violentas, que tem como consequência uma série de transtornos psicológicos
e sociais, a debilidade física e nos casos mais severos o óbito da vítima, tornando-se um
grave problema para saúde pública, contribuindo assim com aumento dos atendimentos
e dos gastos para garantia da integralidade das ações de saúde para a reabilitação das
vítimas.
Esses atos podem ser tipificados ou classificados conforme a natureza das agressões
perpetradas em violência física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. A violência
física e toda ação direcionada, que cause dando a integridade e a saúde corporal. Na
violência psicológica, caracterizam-se atos que comprometem o bem-estar mental e o
poder de autodeterminação. Em casos de violência moral, destacam-se atos que
estabelecem calunia difamação ou injúria. A violência sexual compreende atos que
forçam a vítima a manter relação sem libido. Por último a violência patrimonial na qual
são destruídos, subtraídos ou retidos os bens da parceira dentre eles: valores,
documentos e outros pertences essências para satisfazer suas necessidades (GRIEBLER;
BORGES, 2013).
O perfil das mulheres agredidas que prevalecem são as adultas jovens entre 20 a 59
anos, que apresentam baixa escolaridade, cujo não desenvolve atividades financeiras,
portanto dependentes financeiramente do seu conjugue. Tendo em vista que o local
onde predominam as agressões é a residência do casal (MADUREIRA, et al., 2014).
Ademais não se deve considerar como um fenômeno que atinge apenas famílias de
baixa renda e menos esclarecidas, pois toda mulher está sujeita a sofrer violência
independente cor, credo religioso, formação e posição social.
8793
A ocorrência da violência conjugal é fruto de uma sociedade norteada pela
iniquidade das relações de gênero, além disso, a cultura do patriarcado coopera para
reconhecimento da violência dentro das relações conjugais como um fenômeno comum,
contribuindo para que homens e mulheres não reconheçam a violência como um
problema social e familiar mais sim como um ato de cunho instintivo e corretivo (ROSA,
et al. 2013).
A violência contra a mulher traz consigo uma estreita relação com as categorias
de gênero, como afirma Sanematsu (2011) os homens não são violentos por natureza,
mas desde garotos são incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a
iniciativa, a ação, a dominação, o comando e a satisfazer seus desejos, inclusive os
sexuais. E as meninas? São valorizadas pela delicadeza, sedução, submissão,
obediência, dependência, sentimentalismo, fraqueza, passividade e o cuidado com o
outro.
8794
Segundo Manchur, Suriani e Cunha (2013), diferentes metodologias podem aproximar a
universidade da comunidade, propiciando a construção do conhecimento mutuo,
ofertando um maior amadurecimento profissional.
METODOLOGIA
8795
da Estratégia Saúde da Famíliada Sacramenta, localizada no município de Belém no
estado do Pará, que contou com a participação de 25 mulheres com idades que variam
entre 20 e 55 anos.
A palestra semiestruturada contou com toda uma abordagem voltada para que as
participantes soubessem o que é violência, quais os tipos de violência, o que é lei
11.340 e como proceder em situações de violência.
Na última etapa se usou como estratégia metodológica a roda de conversa que permite
a troca de conhecimento entre aos acadêmicos, enfermeiros e a comunidade,
permitindo uma avaliação dos pontos abordados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As usuárias apresentaram uma certa resistência no início das atividades, por não
estarem acostumadas como esse tipo de abordagem dentro das unidades de estratégia
saúde da família, e por se tratar de um tema que apesar de muito incidente na
sociedade, ainda se encontra uma certa resistência, por considerarem restrito as
relações conjugais.
8796
atividades, principalmente se tratado de temáticas socialmente relevantes, como no
caso da violência contra mulher.
Para realização da palestra semiestrutura, o álbum seriado surge como uma estratégia
do projeto de extensão, frente a falta de recuso das unidades de saúde para a realização
de atividades de educação, por meio desse instrumento, objetivou-se desperta a
atenção do público para a discussão.
Apesar de estarem atentas para o conteúdo, foi observado que as participantes sabiam
diferenciar violência física da psicológica e não consideravam violência somente atos
que comprometessem a integridade física da mulher, no entanto os conceitos de
violência moral e patrimonial não eram claros para estas, nesse sentido procurou-se
discutir mais sobre essas conceituações para esclarecer melhor as diferenças entre os
atos cometidos. Guimarães e Pedroza (2015), consideram fundamental o
reconhecimento das tipificações das diferentes violências perpetradas contra mulher,
para orientar condutas técnicas de enfrentamento e superação da violência.
8797
são assistidas por profissionais que compreendem a violência conjugal como um
assunto de natureza privada, do interior das relações.
Vale salientar que avaliar a efetividade de uma ação, não é uma tarefa fácil, no entanto
o projeto reconhece a importância do sujeito no seu processo de autodeterminação,
então para se enfrentar a violência contra mulher, não queremos levar a solução, mas
construir esse caminho e abrir a discussão dentro da comunidade, para que mulheres e
a família se tornem participantes ativos no processo de combate e enfrentamento a
violência doméstica e familiar.
CONCLUSÃO
Através desses espaços, pode-se ajudar as mulheres a sair dessa realidade e diminuir os
agravos gerados pelo comprometimento de sua integridade física mediante as
agressões e consequentemente reduzir os gastos com saúde pública, uma vez que com
a diminuição dos casos ecom a prevenção das agressões, a tendência para é que a
vítima não desenvolva lesões, logo não precise ser atendida em uma unidade hospitalar.
REFERÊNCIAS
8798
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violência contra a mulher. Acta Paul Enferm. 2013; 26(6): 547-53;
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27(2), 256-266. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v27n2/1807-0310-psoc-
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8799
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21(1)
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TAVARES, M., S. Roda de conversa entre mulheres: denúncias sobre a lei maria da penha
e descrença na justiça. Estudos Feministas, Florianópolis, 23(2): 352, maio-agosto/2015.
8800
RELATO DE EXPERIÊNCIA: ATUAÇÃO DA PALHAÇOTERAPIA NA DIMININUIÇÃO DO
ESTRESSE PRÉ-OPERATÓRIO EM CRIANÇAS
Kananda Silva Campos1; Paloma Mayara Vieira de Macena Lima2; Júlio Cesar Cruz de
Oliveira II³; Iaponira Cortez Costa de Oliveira3
RESUMO
1
Universidade Federal da Paraíba, graduanda em Enfermagem
2
Universidade Federal da Paraíba, graduanda em Enfermagem
3
Universidade Federal da Paraíba, graduando em Odontologia
4
Universidade Federal da Paraíba, Coordenadora do projeto
8801
Consideramos que as ações de palhaçoterapia foram de grande relevância no pré-
operatório pois, beneficiou o binômio família/criança diminuindo o estresse psicológico
que estavam vivenciando, além de contribuir para a melhoria da imagem da instituição
junto à sociedade.
INTRODUÇÃO
8802
subjetividade peculiar, propiciando utilizar diversos recursos passíveis de envolvê-la no
mundo do ser criança.
Um desses recursos é a palhaçoterapia, que são ações lúdicas desenvolvidas por
palhaços permeadas de risos e brincadeiras visando uma ruptura às influências dos
estressores do pré-operatório, valendo-se de instrumentos terapêuticos como a
musicoterapia, contação de histórias, pinturas, bolinhas de sabão e outros. Neste
sentido, o Projeto de Extensão Tiquinho de Alegria, desenvolvido no Hospital
Universitário Lauro Wanderley (HULW), campus I da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB) atua com ações alternativas de palhaçoterapia focadas no acolhimento
humanizado e na educação em saúde. Na percepção de Mendonça (2011), o
acolhimento é a forma de fazer com que os princípios e diretrizes do Sistema Único de
Saúde (SUS) sejam aplicados com resolutividade, colocando em prática a
operacionalização dos processos de trabalho em saúde, facilitando o atendimento e
dando respostas rápidas e adequadas aos que procuram tais serviços.
A escolha da temática surgiu da relevância da ação de extensão desenvolvida
por acadêmicos de graduação de diversos cursos da UFPB, do projeto Tiquinho de
Alegria, como palhaços cuidadores, em um mutirão de cirurgia infantil realizado no
HULW. Foi uma experiência desafiadora para minimizar o estresse pré-operatório e
restituir o bem-estar físico e emocional de crianças e familiares.
Diante das considerações, o presente estudo teve como objetivo apresentar um
relato de experiência da atuação da palhaçoterapia em um mutirão de cirurgia cuja
finalidade era promover a diminuição do estresse pré-operatório em crianças.
METODOLOGIA
8803
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Relato da experiência:
Durante o mutirão de cirurgia, os extensionistas realizaram diversas atividades,
que consistiram em contação de histórias com e sem fantoches, produção de balões em
formatos de animais, brincadeiras com equipamentos para lançar bolhas de sabão,
confecção de desenhos e pinturas, além da utilização de brinquedos disponibilizados
pelo hospital, a fim de propiciar uma interação positiva e relaxante com as crianças, que
as ajudasse a minimizar os medos e criar um ambiente redutor da ansiedade.
O Projeto de Extensão Tiquinho de Alegria tem como proposta principal prestar
assistência humanizada e educativa ao indivíduo hospitalizado conforme preconiza a
Política Nacional de Humanização para o SUS. Propõe estratégias para qualificar as
ações de ação e gestão em saúde no SUS, estando o projeto em consonância com os
princípios do Sistema Único de Saúde ao socializar aprendizagem mútuas, contribuindo
com ações conjuntas para atender as necessidades da população.
De acordo com Linge (2013), o objetivo do palhaço cuidador não é sempre ser
divertido, mas o objetivo principal é fazer com que a criança e todas as suas emoções
possam ser notadas e reconhecidas. Durante a espera da cirurgia, as crianças
externavam seus medos e conseguiam o alívio por meio das atividades lúdicas como
brincadeiras, cantigas de roda, jogos lúdicos e contação de histórias que acalmavam e
traziam estabilidade para o emocional das crianças. Por meio de relatos, tanto de
acompanhantes como de profissionais, observamos o quanto as atividades lúdicas
propiciam o bem-estar de uma criança e tem a capacidade de auxiliar até mesmo o
trabalho dos profissionais envolvidos que não precisam lidar com uma criança
estressada e assustada. Eis alguns dos relatos:
Uma das mães fez o seguinte relato acerca das atividades do projeto:
“Relaxou as crianças tanto quanto a nós [pais] também, pois acho
que ficamos mais nervosos do que elas”.
Um pai declarou:
“nunca pensei que no hospital tivesse algo assim. Minha filha não
quer nem mais ir embora. Parabéns por esse trabalho de vocês. É
muito importante.”
Além do relato de profissionais envolvidos, como:
“conseguiram o que parecia uma missão impossível! Com muita
alegria, criatividade e muitos brinquedos, eles fizeram com que as
crianças esquecessem que estavam prestes a serem cirurgiadas”.
8804
“Estamos todos felizes. Foi um momento muito proveitoso para todos.
Deve ser repetido”
Observamos, assim, que o projeto de extensão tem um imenso valor no que diz
respeito à integração profissional-paciente-instituição, além de minimizar os efeitos
negativos da hospitalização e propiciar qualidade de vida para a população. Dessa
forma, validamos as atividades de palhaçoterapia, mostrando o quanto ela contribui
para o bem estar biopsicossocial.
8805
Figura 3 – criança no pré-opertatorio(feliz) Figura 4 – integração com profissionais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência da ação de extensão vivenciada pelos palhaços cuidadores com
crianças e seus familiares, no cenário hospitalar oportunizou a troca de experiências,
socializou o conhecimento teórico no desenvolvimento da prática, permitindo o
exercício social da cidadania.
O que chamou a atenção foi que a arte de brincar no ambiente hospitalar
possibilitou uma ação terapêutica lúdica junto à criança e familiares capaz de promover
um melhor enfrentamento do processo de estresse no pré-operatório. Os momentos
lúdicos da palhaçoterapia proporcionados pelos extensionistas do projeto de extensão
Tiquinho de Alegria minimizaram o sofrimento psicológico da criança, resultando em
uma estabilidade emocional, diminuição da ansiedade, do medo, inclusive esqueceram-
8806
se do jejum necessário para realizar um procedimento que é de pouco conhecimento
seu. Além disso, os familiares que apresentavam um estresse emocional muitas vezes
mais elevado do que a própria criança, sentiram-se acolhidos, felizes e aliviados frente a
situação vivenciada.
O resultado final demonstrou que a experiência da intervenção da
palhaçoterapia no centro cirúrgico foi de grande valia para todos, oportunizando a
integração entre os integrantes do projeto, as crianças, familiares, os profissionais, os
gestores do hospital. Também, foi uma oportunidade de contribuir para mudar a
realidade de que hospital é um ambiente frio e tenso e do valor do trabalho em equipe.
Assim, os palhaços cuidadores tornaram o ambiente colorido, com diversão, sem
estresse, cheio de alegria e felicidade para todos, assegurando o compromisso social
junto à comunidade.
Concluímos que a ação extensionista da palhaçoterapia no mutirão de cirurgia
infantil foi uma experiência benéfica, pois contribuiu para reduzir o estresse pré-
operatório em crianças favorecendo benefícios aos pacientes e, inclusive modificando a
imagem da instituição junto à sociedade. Além disso, promoveu a ampliação da
concepção de saúde, produção e a democratização do saber de forma coletiva, a
formação de cidadãos conscientes de seus direitos e das responsabilidades do exercício
da cidadania de uma forma lúdica.
Esse relato de experiência vislumbra a necessidade de estimular os
profissionais à reflexão no sentido de promover uma visão diferenciada da forma de
intervenção em saúde, incluindo o lúdico no cotidiano das ações.
REFERÊNCIAS
AMITAY, G. B., et al. Is elective surgery traumatic for children and their parents? Journal
of Paediatrics and Child Health. v. 42, p.618-624, 2006. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1440-1754.2006.00938.x. Acessado
em: 10/03/18;
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política
Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. ; 2. ed. 5.
Reimp. Brasília: Ministério da Saúde, 2010;
8807
CARVALHO J. M. P., PINTO L. A. M. Avaliação pré-operatória pediátrica. Revista do
Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ. Rio de Janeiro, Ano 6, p. 82-89, Julho /
Dezembro de 2007;
FERNANDES J.D., ALMEIDA, F.N., SANTA ROSA D., PONTES M., SANTANA N. Ensinar
saúde/enfermagem numa nova proposta de reestruturação acadêmica. Rev. Esc. Enferm.
v. 41, p. 830-834, São Paulo, 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342007000500016.
Acessado em: 10/03/18;
LINGE, L. Joyful and serious intentions in the work of hospital clowns: A meta-analysis
based on a 7-year research project conducted in three parts. International J. Qualitative
Stud Health Well-being, v. 8. 2013. Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.3402/qhw.v8i0.18907. Acesso em 10/03/18.
8808
O PROJETO DE EXTENSÃO “CORPO, MOVIMENTO E QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA
IDADE”: POSSIBLIDADES PARA A INCLUSÃO SOCIAL DO CORPO ENVELHECIDO
Resumo
O envelhecimento populacional é uma realidade mundial colado ao aumento da
expectativa de vida e produz mudanças relevantes nos aspectos biológicos, econômicos,
sociais e culturais à sociedade de velhos (as). As mudanças biológicas são as que mais
se evidenciam nesse processo, se dá porque transformações corporais são vistas com
maior facilidade. Entretanto, este corpo envelhecido é carregado de simbologias,
particularidades e historicidade, que ultrapassa os aspectos biologicistas do envelhecer.
Desta forma, o objetivo do presente estudo é analisar como o Projeto de extensão
“Corpo,
Movimento e Qualidade de vida na Terceira Idade”, vinculado ao Programa de Extensão
Universidade da Terceira Idade–UNITERCI/UFPA contribui para a inclusão social do
corpo envelhecido de homens e mulheres na sociedade do capital, sociedade esta, que
privilegia o corpo jovem, por meio da concepção de qualidade de vida que vislumbra o
velho como ator histórico e social.
1
Universidade Federal do Pará. Graduanda em Serviço Social. Bolsista de Extensão do Projeto Corpo,
Movimento e Qualidade de Vida na Terceira Idade- UNITERCI. Email: eliane.nunex@hotmail.com.
2
Universidade Federal do Pará. Graduanda em Serviço Social. Bolsista de Extensão do Programa
Universidade da Terceira Idade-UNITERCI. Email: carmocaroline6@gmail.com.
3
Universidade Federal do Pará. Assistente Social e Voluntário do Programa de Extensão Universidade da
Terceira Idade- UNITERCI. Email: renato-s.a@hotmail.com.
4
Universidade Federal do Pará, Mestre em Serviço Social. Coordenadora do Programa de Extensão
Universidade da Terceira Idade- UNITERCI. Email: leonicesil@hotmail.com.
5
Universidade Federal do Pará. Graduando em Serviço Social. Email: eltonbaia59@gmail.com.
8809
Introdução
Ao longo de sua trajetória a sociedade contemporânea vem apresentando profundas
transformações que geram impactos na sua constituição, com grande relevância tem-se
o envelhecimento populacional como um fenômeno mundial, apresentando-se de forma
peculiar de acordo com contexto histórico em que é analisado.
Beauvoir (1990) falando sobre a trajetória da velhice no século XIX, afirma que
cada sociedade tinha uma maneira própria de tratar seu velho. Enquanto que em
algumas sociedades o velho é respeitado por ser símbolo de experiência, em outras
somente o velho que detinha poder econômico e propriedades possuía prestígio,
restando ao velho pobre a marginalidade social. Esta dualidade do envelhecer nas
sociedades passadas ainda é visível na sociedade atual, significa que envelhecer na
sociedade do capital é um desafio para o velho que não detém de condições objetivas
de vida. Quando se vive um envelhecimento empobrecido, os preconceitos e
estereótipos sofridos por esse segmento populacional se duplicam: sofrem por ser
velhos e pobres.
8810
processo produtivo e a consequente perda de papeis sociais, pois, na sociedade do
capital o corpo é um valor e um capital na sociedade que cultua e privilegia o corpo
jovem, como menciona Goldenberg (2010), Para esta autora, o corpo nessa sociedade,
torna-se uma vitrine, que por vezes é desejado e outras vezes é negado. E qual o corpo
que é negado?
8811
necessário para que o sujeito velho goze de mais qualidade de vida, no entanto fatores
psicosociais devem estar juntos.
Para tanto, a OMS (2005), diz que o envelhecer torna-se um desafio que deve ser
respaldado tanto pela sociedade civil quanto pelo estado, e que deve investir em
políticas públicas ao longo da vida, para que se se tenha garantido o direito de
envelhecer com o mínimo de dignidade humana.
8812
vivenciada pela população idosa são as violações e preconceitos por seus corpos
envelhecidos.
Assim, as Universidades Abertas para Terceira Idade aparecem como espaços que
oportunizam discussões sobre o envelhecimento e velhice, bem como as questões que
as cercam. Debert (2012) ressalta que esses espaços proporcionam o conhecimento de
novos papéis sociais, oportunizando assim os velhos reinventarem a velhice. As
primeiras experiências que se tem dessas Universidades são francesas por volta da
década de 70. No Brasil, com o aumento da visibilidade sobre o envelhecimento, as
universidades começam a pensar e criar programas, ações e discussões e estudos sobre
a velhice.
8813
Desmistificar, compreender e conscientizar a visão de corpo
em movimento no processo do envelhecimento Humano,
que favoreçam o seu bem-estar, físico, social e psíquico,
bem como, o engajamento ocupacional do idoso por meio
do trabalho de consciência, expressão e mobilização
corporal, a manutenção da capacidade física e motora,
contribuindo para um envelhecimento ativo e saudável.
(PROJETO CORPO, MOVIMENTO E QUALIDADE DE VIDA NA
TERCEIRA IDADE, 2018)
Segundo Blessmann (2004), cada sujeito tem uma imagem de si mesmo, que vai
mudando de acordo com cada etapa da vida. Entretanto, na velhice, como fase
carregada de estigmas e tabus, as mudanças corporais são vivenciadas com conflitos,
angústia e não aceitação pelos sujeitos, já que é difícil aceitar uma imagem envelhecida
em uma sociedade que privilegia o coro jovem e belo.
8814
Metodologia
Utilizou-se a pesquisa qualitativa que, para Minayo (2009), trata daquilo que não
pode ser quantificado, mas que permite entrar em um universo múltiplo de significados
como a cultura, crença, valores, o que implica mergulhar nas relações sociais e seus
fenômenos;
Os dados foram coletados através do diário de campo das bolsistas do Programa e das
avaliações que ocorrem durante e/o no final dos semestres do ano de 2017, os quais
foram sistematizados e analisados na construção desse estudo. Os velhos e velhas
participantes do Projeto, são residentes da região metropolitana de Belém, com 60 anos
e mais, e na sua maioria tem o ensino fundamental incompleto.
Resultados e Discussão
8815
Como afirma Debert (2012), o envelhecimento enquanto processo natural, está
intrínseco a todo e qualquer ser humano. Como já dito anteriormente, a região
amazônica, passa por esse processo, demonstrando um expressivo aumento. Deste
modo, é importante salientar que o Projeto de extensão “Corpo, Movimento e Qualidade
de Vida na Terceira Idade” atende direta e indiretamente a comunidade, pois cada idoso
participante do Projeto é também multiplicador de conhecimentos. Assim, o Projeto, por
intermédio do UNITERCI vem cumprindo com seu papel extensionista. Neste sentido,
Nascimento (2008) diz que o programa UNITERCI é um espaço de sociabilidade, que
através de ações pedagógicas os idosos ampliam conhecimentos e socializam nos seus
espaços de circulação.
“Esses jovens nos ensinam tantas coisas sobre a saúde e sobre nosso corpo!
Saio daqui animado pra viver mais.” (IDOSO B)
“Nesse espaço eu posso me expressar, questionar, passar um pouco as coisa que eu sei.
idosos tecem os relatos: “Somos discriminados pelo corpo a gente tem, que não é mais
tão bonito, que carrega a marca do tempo. Somos deixados de lado, sem valor algum.”
(IDOSO B).
“Vocês sabem muito bem, que a pessoa depois que fica velha perde eu valor.
Nada que ela fala importa mais, perdemos a voz. O corpo fica frágil, a gente perde
força. Aí nos descartam, pensam que a gente não pode mais nada” (IDOSA A)
8816
Os idosos relataram que o Projeto proporcionou, além do bem-estar físico e
qualidade de vida, a possibilidade de enxergar o corpo envelhecido e suas
potencialidades. A partir das ações sócio pedagógicas o projeto percebeu-se a inclusão
do corpo velho na sociedade. “As atividades do “corpo e movimento” fizeram eu
perceber que ainda posso fazer muitas coisas. Que a velhice não é o fim e que meu
corpo ainda é cheio de vida e que posso ocupar muitos espaços na sociedade. Hoje em
dia eu saio mais de casa, coisa que eu tinha vergonha, depois que cheguei na velhice.”
(IDOSA A).
8817
A existência humana é envolvida pelo corpo e as atividades que este produz nas
relações humanas e sociais. Através do corpo o homem descobre o mundo através das
ações, sensações, vivências, sentimentos. Assim, o corpo, segundo Lê Breton (2007),
insere o homem de forma intensa e ativa na vida em sociedade.
Conclusão/Considerações Finais
Diante de uma sociedade exclusiva que marginaliza quem não se enquadra nos
padrões pré-determinados, envelhecer torna-se algo desafiador. Assim, o Projeto de
Extensão “Corpo, Movimento e Qualidade de Vida na Terceira Idade”, vinculado ao
Programa Universidade da Terceira idade – UNITERCI, por meio das atividades
socioeducativas, vem possibilitando aos velhos participantes descobertas de novos
papeis sociais, o empoderamento e a percepção de que o corpo envelhecido carrega
histórias e simbologias. As atividades alcançam as expectativas dos (as) idosos (as), pois,
reconhecem a importância da saúde e qualidade de vida que por meio delas, aos poucos
vem rompendo com os estigmas e preconceitos e começam a ocupar os espaços de
sociabilidade.
Compreendendo que o Envelhecimento Humano não é somente um processo biológico,
mas, também é um processo sociocultural, as ações desenvolvidas pelos profissionais
colaboradores, dentre eles o Serviço Social, pautam no reconhecimento do sujeito idoso
enquanto detentor de direitos, dentre eles o direito de vivenciar o corpo envelhecido, a
promoção da qualidade de vida, novas formas de enxerga-se e enxergar seu corpo e a
inclusão social.
Referências
BRASIL. Estatuto do Idoso: Lei federal n° 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília, DF:
Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004.
8818
DEBERT, Guita Grin. A Reinvenção da Velhice: Socialização e Processos de
Reprivatização do Envelhecimento / Guita Grin Debert. -1 Ed. 2 reimp.- São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2012.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social / Antonio Carlos Gil. - 6. ed. -
São Paulo : Atlas, 2008.
Minayo, MCS. Deslandes, SF.; Gomes, R. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.
28.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
NASCIMENTO, B.P. Quem é o idoso da UNITERCI/UFPA, 1991 a 2000. In: Evelyn (org),
Velhice Cidadã: um processo de construção. Belém: EDUFPA, 2008.
Neri, A. L. (Org.). (2003). Qualidade de vida na idade madura (5a ed.). Campinas: Papirus.
O corpo como capital: gênero, sexualidade e moda na cultura brasileira / org. Mirian
Goldenberg – 2.ed. – São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
8819
EDUCAÇÃO ALIMENTAR UTILIZANDO HORTA AGROECOLÓGICA COMO LABORATÓRIO
VIVO
Resumo
8820
hábitos saudáveis, além de contribuir para o cumprimento da meta de cuidar e educar
de forma indissociável, na infância.
Introdução
8821
modelo se preocupa em construir alternativas ao uso intensivo de agrotóxicos e
fertilizantes químicos, fortemente e habitualmente utilizados nos cultivos agrícolas,
que, provocam a contaminação de solos e de cursos d'água. O sistema de produção
agroecológico é fundamental para a promoção da saúde e sustentabilidade, pois sem a
utilização de agrotóxicos os alimentos não possuem contaminação química (WEZEL;
BELLON; DOR´E, 2009; BATISTA; ELIAS; CAVALCANTE, 2015) e os trabalhadores ficam
livres dos riscos de intoxicação (HAWKES;RUEL, 2006).
8822
que inclui alunos de graduação e pós-graduação, proporcionando um espaço didático
para reflexões, aulas práticas e estágios curriculares, tanto no que se refere a Educação
Alimentar, quanto a sustentabilidade na produção de alimentos e Segurança Alimentar e
Nutricional.
Metodologia
8823
descritas conforme a divisão em que foram agrupadas: apresentação/integração da
equipe, visitas à horta, plantio, colheita, atividades de sala e degustação.
Resultados e Discussão
8824
Figura 1. Visão geral da horta, em quatro estágios.
Fonte: Banco de imagens do projeto
As plantas que mais se adaptaram, sob cultivo agroecológico, no espaço definido foram:
8825
Figura 2. Horta didática agroecológica da UFGD, antes da implantação e em estágio
produtivo.
Fonte: Banco de imagens do projeto
8826
Figura 1 – Contato dos extensionistas com as crianças
Fonte: Banco de imagens do projeto
8827
Figura 2 – Detalhes de visita á horta
Fonte: Banco de imagens do projeto
8828
Figura 3 – Atividades Relativas a plantio.
Fonte: Banco de imagens do projeto
8829
Fonte: Banco de imagens do projeto
8830
Figura 6 – Detalhes da etapa de atividades de sala
Fonte: Banco de imagens do projeto
8831
Figura 8 - Detalhes da etapa de degustação
Fonte: Banco de imagens do projeto
Conclusão
Com base nos resultados, foi possível concluir que a adoção de critérios
específicos para seleção de plantas a serem cultivadas em hortas didáticas é crucial,
para melhor aproveitamento do espaço físico e maior diversificação de plantas.
8832
intersetorial e interdisciplinar do projeto, integrando a Área da saúde e da Educação,
proporcionou um espaço propício à formação de hábitos saudáveis, além de contribuir
para o cumprimento da meta de cuidar e educar de forma indissociável, na infância.
Referências
BELDEN, J. B.; HANSON, B. R.; MCMURRY, S. T.; SMITH, L. M.; HAUKOS, D. A. Assessment
of the Effects of Farming and Conservation Programs on Pesticide Deposition in High
Plains Wetlands: Environ Science & Technology . v. 46, n. 6, p. 3424-3432, 2012.
8833
alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar –
PNAE. Brasília, 2013.
CARDOSO, M.G. et al.( CASTRO, D.P., AGUIAR, P.M., SILVA, V. F., SALGADO, A.P.S.P.,
MUNIZ, F.R., GAVILANES, M.L., PINTO, J.E.B.P). Plantas aromáticas e condimentares.
Lavras: Editora UFLA, 2005 (Boletim Técnico), v 62. 84 p.
8834
HAWKES, C.; RUEL, M. The links between agriculture and health: an intersectoral
opportunity to improve the health and livelihoods of the poor. Bulletin of the World
Health Organization, v. 84, n.12, p.984-990, 2006.
PEREIRA, L.; SILVEIRA, M. Â.; NETO LOMBARDI, F. L. Agroecologia e aptidão agrícola das
terras: as bases científicas para uma agricultura sustentável. Jaguariúna: Embrapa,
2006.
PESSOA C.C.; SOUZA, M.; SCHUCH, I. Agricultura urbana e Segurança Alimentar: estudo
no município de Santa Maria – RS. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, v.13,
n.1, p.23-27, 2006.
8835
PESSOA, C. C.; SOUZA, M. de; SCHUCH, I. Agricultura urbana e Segurança Alimentar:
estudo no município de Santa Maria – RS. Revista Segurança Alimentar e Nutricional,
Campinas, v. 13, n. 1,p. 23-27. 2006. Disponível em:. Acesso em: 31 mar. 2018
SANTOS, M.J.D; AZEVEDO, T.A.O; FREIRE, J.L; ARNAUD, D.K.L; REIS, F.L.A.M. HORTA
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alimentares no ensino fundamental. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
da Paraíba. Universidade Estadual da Paraíba. Revista HOLOS, a. 30, v. 4. p.278- 290.
WEZEL, S.; BELLON, T.; DOR´E, C. Agroecology as a science, a movement and a practice.
review. Agronomy for Sustainable Development Agron. Sustain. Dev, v. 29, n. 4, out.-
dez., 2009. p. 503-515.
8836
AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM ADOLESCENTES EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
Resumo
Introdução: A constituição brasileira assegura o direito à educação e saúde a todos os
cidadãos, incluindo-se os jovens em privação de liberdade, que também necessitam do
acesso ao conhecimento sobre sua saúde. A comunicação desse grupo com a equipe de
saúde da Unidade Básica de Saúde da Família - UBSF é primordial para mediação destes
jovens ao serviço público de saúde. Objetivo: Relatar a experiência de ações de
educação em saúde com jovens em privação de liberdade. Metodologia: A vivência teve
o aporte metodológico do componente curricular Estágio Supervisionado I, do Curso de
Graduação em Enfermagem, Campus Caicó/UERN, desenvolvida no Centro Educacional
(CEDUC) de Caicó. Para conhecimento da realidade, realizou-se visitação à instituição
para identificação das necessidades dos jovens. Resultados: Foram trabalhados dois
temas, em dois grupos distintos: uso de antiinflamatórios não esteroidais e
benzodiazepínicos, além de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’S), realizados
nos dias 14 e 21 de setembro de 2017. O tema sobre automedicação foi explanado
através do uso de um manequim anatômico para facilitar a compressão do
armazenamento, distribuição, excreção e reações desses medicamentos, apontando as
consequências do uso indiscriminado. No segundo momento foi confeccionado um
painel de chás pelas estagiárias e participação dos jovens na descrição de suas
indicações, seguido de técnicas de relaxamento corporal para alívio de dores e
preservação do sono. A temática sobre IST’s seguiu de forma expositiva e dialogada, na
1
Discentes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/Campus Caicó).
2
Discentes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/Campus Caicó).
3
Discentes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/Campus Caicó).
4
Discentes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/Campus Caicó).
5
Discentes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/Campus Caicó).
6
Docente do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/ Campus Caicó).
7
Discentes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/Campus Caicó).
8
Discentes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Enfermagem (UERN/Campus Caicó).
8837
sequência sífilis, gonorreia, herpes labial e genital, abordadas no primeiro momento e
as IST’S HIV/AIDS e HPV, expostas no segundo momento. Conclusão: A experiência
apontou a relevância da atuação dos acadêmicos de enfermagem junto à universidade
em atender às necessidades e demandas de pessoas em reclusão, principalmente
relacionadas ao processo saúde-doença.
Palavras-chave: Educação em saúde, Automedicação, Infecções Sexualmente
Transmissíveis.
Introdução
A adolescência é um período de transição da infância à vida adulta que
compreende a faixa etária dos 10 aos 20 anos, conforme critérios da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e consiste em um período de diversas transformações, no
humor, hábitos e comportamentos. Fatores externos como vivência conflituosa na
família e no âmbito social interferem ao passo que acentuam a vulnerabilidade desse
grupo, que acabam por buscar atenção em outros meios (BITTENCOURT; FRANÇA;
GOLDIN, 2015), quer seja nas drogas ou na violência, com risco à situação prisional a
depender da infração cometida.
Qualquer adolescente ou jovem que comete ato infracional poderá ingressar num
sistema socioeducativo, representada por ente governamental que aplica medidas
socioeducativas a fim de ocupar o jovem infrator. Tais entidades podem ser privativas
ou não de liberdade, objetivando levar o jovem à preocupação, responsabilização e
reflexão de seus atos, além de prepará-lo para ser reintegração social e busca de novas
oportunidades. (FERNANDES; RIBEIRO; MOREIRA, 2015).
Durante o período de privação de liberdade, o adolescente está sob total
responsabilidade do Estado, cabendo a este garantir-lhe seus direitos à saúde, comum a
qualquer cidadão, independentemente de sua situação jurídico legal.
Neste sentido, considerando a situação de vulnerabilidade própria a esta fase da
vida, torna-se primordial atender às necessidades em saúde de jovens e adolescentes,
em especial, através da educação em saúde, para que adquiram conhecimentos sobre
seu corpo e as mudanças que ocorrem nesse período. Tal processo facilitará a adoção de
medidas de prevenção de doenças, tais como as Infecções Sexualmente Transmissíveis
(IST’s) e outros possíveis agravos de saúde, dentre eles as consequências resultantes do
uso indiscriminado de medicações, prática comum a este grupo, principalmente entre os
envolvidos com drogas; para isso, a comunicação desse grupo com a equipe da Unidade
Básica de Saúde da Família (UBSF) é primordial para o acesso a ações de saúde.
8838
Sabendo que é na adolescência que há maiores impulsos sexuais e, portanto,
uma fase em que o sexo sem segurança é comum, resultando em IST’s, é que se faz
cada vez mais necessária a atuação da equipe da atenção primária em locais onde esses
adolescentes estão inseridos. Assim, apesar da resistência por parte dos profissionais de
saúde em adentrar nos espaços socioeducativos em que há jovens detentos, é essencial
para o tratamento daqueles envolvidos em relacionamentos sexuais, a fim de elaborar
estratégias para captar esses jovens com IST”s e seus parceiros, a fim de manter a
organização dos serviços de saúde e atender às pessoas envolvidas (CAVALCANTE et al,
2016).
Apesar da prática do sexo desprotegido entre os adolescentes, também é comum
o uso indiscriminado de medicações, em especial aqueles que contemplam um histórico
de uso de drogas e buscam nos medicamentos uma solução para alívio de dor e bem
estar. Tal prática representa o ato de usar medicamentos sem prescrição/avaliação
médica, tendo aumentado pela influência na mídia e crença de que os mesmos tudo
resolvem (ARRAIS et al, 2016).
Na prática da automedicação, os jovens costumam utilizar benzodiazepínicos em
doses elevadas para reduzir a ansiedade e preservar o sono, levando- os a um estado de
dependência e busca constante de bem-estar. Segundo Xavier (2010), a maioria das
pessoas usam esses medicamentos de forma abusiva, sem conhecer seus efeitos
adversos, que incluem prejuízo da memória e do desempenho psicomotor, além de
alterações comportamentais e psicológica.
Semelhante aos benzodiazepínicos, os antiinflamatórios não esteridais (AINES),
como o paracetamol, são medicamentos de venda livre e amplamente utilizados pela
população em casos de febre e alívio de dores (analgésicos e antipiréticos). O uso
inconsequente e a falta de conhecimento sobre a toxicidade dos AINES deixam as
pessoas susceptíveis à intoxicação, que podem causar desde sintomas como náuseas e
vômitos e, em casos mais graves, toxicidade hepática e renal (TERRES, 2015).
Visto que os problemas com medicações e IST’s é predominante entre os jovens,
e não diferentemente entre aqueles em situação de privação de liberdade, também
necessitados de conhecimentos, e vulneráveis a estes problemas que provocam sérios
agravos à saúde, é que o presente trabalho objetiva relatar experiência de ações de
educação em saúde com jovens em privação de liberdade em um centro socioeducativo.
Metodologia
Estudo descritivo, do tipo relato de experiência realizado por acadêmicos e
docentes do curso de graduação em enfermagem da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte (UERN), Campus Caicó, desenvolvida com jovens do sexo masculino do
8839
Centro Educacional (CEDUC) no município de Caicó, entre os dias 14 e 21 de setembro
de 2017. As ações foram elaboradas no contexto do componente curricular Estágio
Supervisionado I, ministrada no sexto período do curso, que objetiva tratar questões
referentes à educação em saúde, saber este que constitui o processo de trabalho do
profissional de enfermagem; e promover diálogo entre teoria e prática, garantindo uma
postura ética durante esse processo educacional (UERN, 2016).
O Estágio I abrange uma intervenção com foco em ações de educação em saúde,
representada por três momentos: Captação da realidade, identificação dos temas a
serem abordados pelo público- alvo, planejamento das intervenções e execução das
ações.
A captação da realidade consistiu em observar as principais fragilidades e
necessidades em saúde da área em que a Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF)
está inserida, neste momento, é essencial extrair dos usuários e profissionais de saúde
suas angústias e perspectivas acerca do serviço de saúde ofertado. Durante esta
primeira etapa, o Centro Educacional (CEDUC), que abriga jovens infratores em privação
de liberdade, demostrou ser o local que mais necessitava de atenção e assistência
educacional em saúde, em especial, pela própria situação de reclusão social que, por
vezes, sofre com a resistência por parte das instituições em saúde em intervir neste
cenário.
Identificado o público- alvo, seguiu-se de conversas para que os próprios jovens
apontassem suas principais dúvidas concernentes ao cuidado com a saúde. Neste
momento, foram identificados dois temas distintos a ser trabalhados em dois grupos. No
primeiro grupo, foram apontadas dúvidas sobre automedicação e suas consequências ao
organismo. No segundo grupo surgiram dúvidas sobre Infecções Sexualmente
Transmissíveis, tais como sífilis, gonorreia, herpes labial e genital, HIV/AIDS e HPV.
Uma vez apontados os temas, foi realizado o planejamento das ações a serem
executadas, com a pactuação dos dias de intervenção, definição de materiais utilizados,
formas de avaliação do aprendizado e a busca por profissionais para contribuir nas
ações.
A última etapa compreendeu a execução das ações. No primeiro grupo, para
abordar o tema sobre automedicação e suas consequências, foi utilizado um manequim
anatômico, para facilitar a compressão do armazenamento, distribuição, excreção e
reações desses medicamentos, apontando-se as consequências do uso indiscriminado,
bem como a confecção de um painel de chás e apresentação de técnicas de
relaxamento, como medidas não farmacológicas para alívio de dor e preservação do
sono.
8840
A temática sobre IST’s seguiu de forma expositiva e dialogada, com auxílio de
multimídia.
Resultados e Discussão
O tema sobre automedicação permitiu aos jovens manusear o manequim
anatômico, com respostas de dúvidas e outros esclarecimentos. Realizou-se ainda uma
dinâmica sobre as classes medicamentosas e suas funções, para avaliar o conhecimento
prévio sobre este assunto. A avaliação final foi realizada com perguntas em baixo das
cadeiras.
No segundo momento foram apresentados os chás e suas funções como medidas
não medicamentosas para promoção do bem estar e técnicas de relaxamento corporal.
Realizou-se uma dinâmica de conhecimentos prévios, formando-se dois grupos,
elencando um representante para provar alguns chás e falar sobre sua utilidade. O
conteúdo foi abordado com o auxílio dos jovens e direcionamento dos estagiários para
organização do painel de chás, que indicava o nome e funções destes.
Esses temas trabalhados conforme proposto pelos jovens, que costumeiramente
fazem seu uso sem saber os riscos, são relevantes à discussão, visto que o paracetamol,
por exemplo, contrário aos benzodiazepínicos, não causa dependência, porém, sua
comercialização fácil e uso indiscriminado pode acarretar intoxicação hepática (TERRES,
2015).
A ação foi encerrada com uma técnica de relaxamento facilitada pela
fisioterapeuta residente da UBSF, mostrando que além das medidas farmacológicas
existem outras possibilidades para promoção do bem estar, que inclui atividade física,
alimentação saudável e momentos de concentração para relaxar o corpo e mente,
exercícios que contribuem não somente para o alívio de dor e estresse mas também na
preservação do sono, problema mencionado pela maioria dos jovens, que possuíam
dificuldades em relaxar e dormir.
Quanto à temática sobre IST’s, realizou-se a “Dinâmica do Dado” contendo
perguntas para avaliação dos conhecimentos prévios, seguido do conteúdo. Em seguida,
imagens das IST’S foram expostas e assim identificavam-se de qual IST se tratava,
argumentando quanto à característica desta infecção.
No segundo momento sobre IST’s, foi realizada a dinâmica do concordo ou
discordo para conhecimentos prévios, organizadas em placas, e após, perguntas gerais
sobre a temática. Os jovens se direcionavam à placa que representasse sua opinião,
havendo apenas questionamentos e retirada de dúvidas como avaliação final.
8841
Discutir sobre IST’s com adolescentes em um centro socioeducativo, mesmo que
este seja um ambiente para jovens infratores, é necessário, visto que por sua própria
situação configura-se um grupo vulnerável, numa fase em que há adesão à vida sexual
precocemente e em muitos casos desprotegida, tornando-os propensos a portar e
transmitir doenças, que, quando não identificadas e tratadas, podem inclusive, resultar
em óbito (AMORAS; CAMPOS; BESERRA, 2015).
É fato que a atenção integral à saúde do adolescente representa um tema
desafiante aos profissionais de saúde, principalmente de jovens que desafiam as leis e,
por isso, encontram-se em privação de liberdade. Essa situação prisional provoca forte
resistência por parte dos profissionais de saúde em atuar frente às necessidades deste
grupo, até mesmo na inviabilização de ações que contribuam para melhoria e bem-estar
(MOREIRA, RIBEIRO, FERNANDES, 2015).
Por outro lado, as ações de intervenções permitiram à equipe técnica da
instituição educacional à aquisição de conhecimentos, para que uma vez identificados
os problemas de saúde, levem os jovens à unidade de saúde do bairro (UBSF). A esta,
por sua vez, foi proporcionado um novo olhar e atenção ao grupo de sua adscrição,
destacando-se como coletivo vulnerável, que também necessitam de acompanhamento
e cuidados em saúde.
Considerações Finais
A experiência apontou para relevância da atuação de acadêmicos de
enfermagem num trabalho externo à sala de aula, integrando-se unidade de saúde e
usuários adstritos a este equipamento de saúde (UBSF).
Estes jovens, assim como os demais cidadãos, apresentam dúvidas quanto ao seu
estado de saúde e, como direito comum a todos, também necessitam ter seus
questionamentos sanados, além da oportunidade de adquirir conhecimentos
relacionados a sua condição de saúde.
As temáticas abordadas quanto ao uso de medicamentos comuns entre este
grupo, bem como as IST’s, possibilitou aos jovens atentar aos possíveis riscos que
estavam expostos. A participação destes nas ações foi primordial para que
compartilhassem suas dúvidas, conhecessem os profissionais que integram a equipe de
saúde da atenção básica e como procurar ajuda no serviço público de saúde. Por outro
lado, à unidade de saúde, foi permitido conhecer melhor a realidade desses
adolescentes que por vezes são excluídos da sociedade, alertando-os para a relevância
de continuar a assistência com ações educativas em saúde iniciadas pela universidade.
8842
Referências
AMORAS, B. C; CAMPOS, A. R; BESERRA, E. P. Reflexões sobre vulnerabilidade dos
adolescentes a infecções sexualmente transmissíveis. Revista eletrônica de
humanidades do curso de ciências sociais da UNIFAP, Macapá, v.8, n.1, p. 163- 171,
2015.
8843
EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO INSTRUMENTO DE MELHORIAASSISTENCIAL DA
ENFERMAGEM NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Resumo
8844
relato de experiência, de um projeto de extensão referentes ao ano de 2017. Dois dos
hospitais estão localizados no interior do estado e um na capital. Foram realizados 14
encontros nos três hospitais, abordando temáticas, previamente escolhidas pelos
profissionais do serviço. Foi possível a consolidação e fortalecimento das atividades de
educação permanente nos serviços de urgência e emergência dos hospitais envolvidos,
através da formação e o surgimento de novos conhecimentos e aperfeiçoamento das
práticas dos profissionais do serviço, assim, pôde-se qualificar o serviço trazendo
melhorias.
INTRODUÇÃO
8845
EPS atua como um meio de formação que busca valorizar o saber e o fazer dos
profissionais da saúde e dos usuários que interagem e intervém a partir da reflexão do
serviço de saúde ofertado na perspectiva de transformação das práticas profissionais. As
bases teóricas que constituem a EPS são autonomia, a cidadania, a subjetividade dos
atores e o aprender na, pela e para a prática. (LAVICH et al, 2017) Trata-se de ações
educativas que se orientam pelo cotidiano dos serviços, partindo da reflexão crítica e
situacional sobre os problemas referentes a qualidade da assistência, assegurando a
participação coletiva multiprofissional (RODRIGUES; VIEIRA; TORRES, 2010).
Para Wehbe e Galvão (2003, p. 05), “a capacitação necessária para atuar nas
unidades de emergência é importante para o exercício da enfermagem para essa
especificidade, pois o profissional lida com pacientes/clientes em iminente risco de
vida.” Ao atuar no setor de urgências e emergências, a equipe de enfermagem deve
estar preparada, possuir domínio do conhecimento técnico-científico aplicado no
exercício de sua profissão e ser capaz de desenvolver o raciocínio crítico-clínico diante
das situações assistenciais.
8846
que se perpetuam desde a graduação, onde por sua vez, o enfermeiro recebe uma
formação generalista (MORAIS FILHO et al, 2013). Muitas vezes esse profissional possui
uma formação déficit, onde alguns conteúdos não são abordados durante o seu curso. O
enfermeiro e/ou auxiliar/técnico de enfermagem insere-se então nos serviços de
urgência e emergência, e deparam-se com a falta de conhecimento em alguma
especificidade, o que afeta a qualidade da assistência, pondo em risco a vida dos
pacientes. Por outro lado, temos também na equipe de enfermagem profissionais com
muitos anos de experiência, porém, sem qualificação profissional.
METODOLOGIA
8847
Municipal Dr. Newton Azevedo – Natal/RN, que ofertam os serviços de assistência em
urgências e emergências. As atividades aconteceram durante o semestre 2017.1 e
2017.2. Os encontros aconteciam mensalmente. A escolha das referidas instituições
justificou-se por se tratarem de locais que são campos de estágio para o Curso de
Enfermagem da FACISA/UFRN, com intuito de integrar ainda mais a universidade com o
serviço e melhoria da assistência em saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Quadro 1 - Temas escolhidos pela equipe de enfermagem dos três hospitais para serem
trabalhados nos encontros de educação permanente. Santa Cruz, RN, Brasil, 2017.
(interpretação)
Suporte Avançado de Vida -- Administração de
medicamentos
8848
Infarto Agudo do -- Suporte Básico de Vida
Miocárdio
Segurança do Paciente -- Eletrocardiograma
(interpretação)
Cuidados com os catéteres -- Suporte Avançando de
Vida
Feridas e atualização em -- Segurança do Paciente
coberturas
Administração de --
medicamentos
Ao final de cada encontro era passada uma lista, para que os profissionais
participantes apontassem futuras temáticas de seu interesse, para serem abordadas nas
próximas ações. Além disso os núcleos de Educação Permanente dos dois hospitais
(HRMC e HMNA), realizaram outras atividades com as equipes, após as práticas em
educação permanente coordenadas pelo projeto, trazendo um grande significado a ação
de extensão prestada, pois através da iniciativa proposta pela universidade, o serviço
sentiu-se estimulado e encorajado em ofertar mais capacitações como essas, trazendo
melhorias e assistência por meio da formação dos profissionais.
8849
Não conseguimos realizar encontros de educação permanente em um dos
hospitais, pois a instituição apresentou dificuldades e resistência em relação a essas
ações de extensão e educação permanente em saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8850
A experiência desse projeto de EPS evidencia a importância da integração
ensinoserviço na educação permanente dos profissionais de saúde, promovendo
melhorias na assistência, construção e continuidade dos serviços do sistema único de
saúde. Salienta-se que através dessas ações a universidade oferece uma espécie de
retorno às instituições que servem de campo de estágio para seus alunos, através das
capacitações em educação permanente nos serviços de saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
8851
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8852
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ng=pt>. Acesso em: 2 abr. 2018.
MORAIS FILHO, Luiz Alves et al. Educação permanente em saúde: uma estratégia para
articular ensino e serviço. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste. 2013; 14(5):
601050. Disponível em:< http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/3649/2891>
Acesso em: 1 abr. 2018.
8853
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342010000200041>.
Acesso em: 5 mar. 2018.
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uma visão sobre a interação entre profissionais de enfermagem e pacientes. Revista
Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre v. 28, n. 2, p. 242-249, 2007. Disponível em: <
http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/3169> . Acesso em: 1 abr.
2018.
8854
MOTIVAÇÃO DOS IDOSOS PRATICANTES DE CAMINHADA NO BELMAR FIDALGO
André Da Silva Dias; João Herbert Ramires Wendling; Lucas Viana Pelintra; Raquele
Tiana Kohler
RESUMO
A caminhada é uma atividade física aeróbica, que não exige grande esforço cardíaco e
com intensidade ajustável de acordo com os objetivos e as necessidades de cada
indivíduo que a pratica. O processo de envelhecimento é natural a todos os seres
humanos, mas tal processo varia para cada indivíduo de acordo com os fatores que
envolvem o estilo de vida e as questões genéticas. A procura da caminhada pelos
idosos, como exercício físico, tem o intuito de retardar as alterações consequentes da
velhice. Essa prática, além de trazer muitos benefícios à saúde, oferece um
envelhecimento saudável, o que possibilita o aumento da resistência aeróbica, da força
muscular, do equilíbrio e da capacidade de se movimentar, melhorando assim a
autonomia funcional. Utilizou-se da pesquisa descritiva, quantitativa, com o objetivo de
verificar a motivação dos idosos praticantes de caminhada na Praça Esportiva Belmar
Fidalgo. As informações foram colhidas através da aplicação individual de um
questionário sociodemográfico contendo 5 perguntas fechadas de múltipla escolha e
um questionário validado contendo 22 perguntas. Os resultados mostraram que o
principal motivo, apontado pelos idosos pesquisados, para a prática da caminhada, é a
manutenção da saúde seguido da prevenção de doenças e melhora na qualidade de
vida. Tais dados reforçam os achados da maioria das pesquisas atuais sobre essa
temática, concluindo que com o passar dos anos, a estética deixa de ser o motivador de
um estilo de vida ativo, sendo a saúde e qualidade de vida o principal fator
motivacional.
8855
INTRODUÇÃO
A prática regular de exercícios físicos pelos idosos traz benefícios e ajuda a amenizar
estas mudanças que aparecem com o envelhecimento, consequentemente melhorando
a capacidade aeróbica, reduzindo os riscos da osteoporose, e as dores oriundas de
inflamações nos tendões, músculos e articulações.
A motivação segundo Vernon é uma espécie de força interna que emerge, regula e
sustenta todas as nossas ações mais importantes. A motivação é essencial para a prática
de atividade física, definindo-se como um impulso, um estado interno que induz um
organismo a dedicar-se a atividades, saindo de sua zona de conforto. O incentivo de um
fator externo capaz de motivar o comportamento.
O projeto Caminhando com Saúde, foi iniciado em março de 2003, com o objetivo de
atender a toda população, oferecendo avaliações físicas e juntamente com os cursos de
enfermagem e nutrição, disponibilizar aferição de pressão e orientações nutricionais
respectivamente. Projeto este que no período de abril a novembro de 2017 realizou:
242 avaliações; 637 atendimentos de enfermagem e 22 orientações nutricionais.
REFERENCIAL TEÓRICO
Envelhecimento e Motivação
8856
O envelhecimento pode ser visto por Liberman (2002, p.480) como:
Mendes Et. Al. (2005, p. 423), “envelhecer é um processo natural que caracteriza uma
etapa da vida do homem e dá-se por mudanças físicas, psicológicas e sociais que
acometem de forma particular cada indivíduo com sobrevida prolongada. ”
O processo de envelhecimento pode ocasionar vários tipos de mudanças, se a
vida do indivíduo anteriormente a este período não for bem administrada, podendo
acarretar doenças, graves ou não tão agudas, as mudanças mais frequentes são a
diminuição do ritmo de vida, lentidão dos movimentos simples como andar, correr,
manipular objetos, ou até mesmo se levantar, segundo Meirelles (2000) os idosos
perdem elasticidade, massa óssea, força das funções pulmonares, o músculo cardíaco
enfraquece exigindo assim maior esforço do coração, veias e artérias perdem
elasticidade, deixando os vasos sanguíneos mais rígidos acarretando o aumento da
pressão arterial.
8857
podem variar desde lesões cardiovasculares, cerebrais, até questões oriundas do estilo
de vida do sujeito, como também de mecanismos genéticos.
Com isso as atividades físicas contribuem com diversos fatores dentre eles a
melhora do estado clínico dos idosos para sua longevidade. Com a prescrição médica, o
profissional da educação física pode contribuir na reabilitação de doenças decorrentes e
a manutenção de uma vida saudável, conforme Gallo et al (1995, p. 36), a atividade
física é “um dos processos biológicos mais complexos de que se tem conhecimento”, se
praticada com frequência pode “retardar e até mesmo reverter um processo patológico
em andamento”.
São vários os motivos que nos levam a fazer algo, seja porque queremos ou
necessitamos fazer, no caso de fazermos algo porque queremos, sentimos prazer em
fazer, partindo de dentro de nós, motivação intrínseca, por exemplo, o idoso com
poucos ou que não possui problemas de saúde, e pratica atividades físicas apenas pelo
prazer e bem estar, já no caso do fazer por necessidade outro exemplo é o idoso que só
pratica atividades físicas devido a orientação médica, fazendo uma analogia, seria como
trabalhar em um emprego que não se gosta, uma obrigação, algo necessário pois sem
trabalhar não se tem dinheiro, que é algo necessário para viver em um mundo
capitalista, é a chamada motivação extrínseca conforme a fala de Samulski (2002) ‘’A
motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o
qual depende da interação de fatores pessoais (Intrínseco) e ambientais
8858
se trabalha, preceitos sociais pertencentes ao ambiente em que se está inserido. (OMS,
2006)
A Praça Esportiva Belmar Fidalgo teve sua origem em 1987, anteriormente a esse
período era reconhecida como um estádio de futebol criado em 1938, sendo um terreno
doado por João Tessitore então diretor da primeira escola normal de Campo Grande,
Joaquim Murtinho. Belmar Fidalgo foi um grande incentivador da pratica de esporte no
estado, batalhava em prol do futebol, vôlei, atletismo e basquete, sendo assim um nome
conhecido no meio esportivo sul-mato-grossense. Belmar Fidalgo faleceu me 1953, aos
37 anos, sendo assim homenageado tendo a praça com seu nome.
METODOLOGIA
8859
Em junho realizamos contato com o responsável pela praça desportiva em
questão, pedindo a permissão para a realização da pesquisa. Em julho realizamos a
coleta de dados através da aplicação do instrumento questionário. Em agosto
organizamos e discutimos os dados coletados e realizamos a elaboração das tabelas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8860
Adentrando nas questões norteadoras do estudo, serão apresentados os
resultados dos instrumentos selecionados para a pesquisa.
O primeiro tópico a ser discutido será a questão referente aos principais motivos
para a prática da caminhada. O principal motivo apontado, com (95,5%) foi a saúde.
Sendo que, das 22 pessoas pesquisadas 21 responderam que a pratica da caminhada é
muito importante para melhorar ou manter a saúde.
8861
mudanças no estilo de vida, sendo estas atitudes acertadas para uma melhor qualidade
de vida para a população sobretudo o fortalecimento da relação saúde-doença, com a
prática de atividades físicas.
80
70
60
50
40 Melhorar/manter o
estado de saúde
30
Prevenir doenças
20 13,6
10
0,0 0,0 0,0 0,0
4,5 Melhorar a qualidade de
0 vida
Nenhuma Pouca Importante Muito
Importância Importância Importante
8862
indivíduos a classificando como algo de pouca ou nenhuma importância, sendo assim
apenas 27,3% dos sujeitos tornaram este fator relevante, como motivo para a prática da
caminhada.
18 % 37 %
9% Nenhuma Importância
Pouca Importância
Importante
Muito Importante
36 %
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8863
apenas (36,4%) dos participantes da pesquisa apontaram a indicação médica como fator
motivacional, ou seja, a maioria realiza a atividade por vontade própria. Isso pode estar
atrelado ao fato de que a maioria dos idosos da presente pesquisa possui um grau de
instrução elevado, possibilitando um entendimento da importância da atividade física
para a saúde.
A região em que foi realizada o estudo pode também ter contribuído com os
resultados, uma vez que nela há predominância de uma população com o nível
econômico elevado.
REFERÊNCIAS
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8867
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8868
DESENVOLVIMENTO DE PREPARAÇÕES CULINÁRIAS COM UTILIZAÇÃO DE FRUTOS EM
ESTÁGIO VERDE: PROPOSTA DE ENFRENTAMENTO AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
Resumo:
INTRODUÇÃO
8869
O desperdício de alimentos tem se tornado questão de preocupação, não só para
países desenvolvidos, mas também para os países em desenvolvimento, sendo a
redução do desperdício uma das formas de aumentar a disponibilidade de alimentos à
população, a fim de promover a sustentabilidade e atender as necessidades das futuras
gerações (DUBBELING et al., 2016).
A cadeia produtiva de hortaliças e frutas é uma das mais afetadas pelo fenômeno
de perdas, em virtude do rápido amadurecimento e subsequente apodrecimento
(MARTINS; FURLANETO, 2008).
8870
Nesse contexto, este trabalho teve por objetivo desenvolver preparações
culinárias com utilização de frutos no estágio verde, visando à produção e respectiva
transferência de conhecimentos relativos a padronização e aceitabilidade de alimentos,
aplicáveis em ações de combate ao desperdício.
METODOLOGIA
Além dos frutos, foram utilizados ingredientes básicos de culinária como: arroz,
cebola, tomate, óleo de soja, farinha de trigo, fermento biológico, açúcar, sal e
temperos.
8871
Com vistas à padronização das preparações, dados referentes a tipos de gêneros,
peso bruto, peso líquido, rendimento, forma e tempo de preparo foram registrados na
FTP, conforme orientação da literatura (TEICHMANN, 2011), facilitando assim, os
relativos cálculos necessários para definição de gramaturas per capita, conforme
recomendações da literatura científica (MASCARENHAS; TORRES, 2012; CABRAL et al,
2013; DE SOUZA; DE OLIVEIRA MARSI,2015) e do Índice de Partes Comestíveis - IPC o
qual é um indicador de desperdício que tem como objetivo determinar a quantidade de
alimento que será descartada e que, se estabelece pela relação entre peso bruto, que é
o alimento na forma que foi adquirido, com suas características físicas originais, e o
peso líquido, que é após o alimento ter sido minimamente processado (BOTELHO;
CAMARGO, 2005).
Para verificar a aceitabilidade foi utilizada escala hedônica facial de cinco pontos e
quatro variáveis. Os pontos, representados por figuras com expressões faciais,
associadas às opiniões de “Horrível”, “Ruim” “Bom”, “Muito bom” e “Ótimo”, equivaliam à
aceitabilidade de 0; 25%; 50%; 75% e 100%, respectivamente. As variáveis foram Cor,
Aroma, Sabor e Textura.
8872
IAv=(n1*0)+(n2*25)+(n3*50)+(n4*75)+(n5*100)/N, onde:
IAv significa Índice de aceitabilidade por variável n1
significa número de participantes que respondeu “Horrível” n2
significa número de participantes que respondeu “Ruim” n3
significa número de participantes que respondeu “Bom” n4
significa número de participantes que respondeu “Muito bom”
n5 significa número de participantes que respondeu “Ótimo”
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As preparações validadas neste estudo foram: risoto de jaca verde e pão de trigo
misto com banana verde. Os dados referentes a gramatura per capita bruta e IPC
encontrados para as frutas, conforme a preparação a que se destinaram, estão descritos
na tabela 1.
(g)
Jaca para risoto 363 4,02 285
Banana para pão 46 1,92 50
8873
A elaboração de Fichas Técnicas de Preparo auxilia na integração e treinamento
de funcionários, na execução das preparações e, além disso, padroniza o sistema de
produção garantindo que o produto final tenha sempre semelhante composição, valor
nutritivo e apresentação (VIEIRA, 2011).
Pode-se observar, que o IPC encontrado para a jaca verde foi elevado (4,02),
quando comparado com o de banana verde (1,92).
8874
Figura 2: risoto de jaca verde
Receituário padrão para Risoto de jaca verde
Inicialmente prepare um refogado de jaca verde. Posteriormente prepare o arroz branco.
Refogado de jaca
Ingredientes:
8875
4 colheres de sopa óleo (0,039kg)
Arroz branco
Modo de preparo: Recheio de Jaca: Corte a jaca em partes para que caiba na
panela. Cozinhar a jaca na panela de pressão o por 15 minutos. Enquanto ocorreu
cozimento, pique a cebola, o alho, o tomate, o cheiro verde. Após o cozimento da jaca,
selecione a parte a ser utilizada para o refogado (polpa). Em uma panela, doure o
colorau, o alho e a cebola. Acrescente o tomate, formando um molho. Junte a jaca
cozida, o sal e o tempero verde, mexa bem até que tudo se misture e deixe cozinhar por,
aproximadamente mais 3 minutos. Reserve. Preparo do arroz e montagem: Ferva a água
e em outra panela frite o arroz. Acrescente a água e o sal, deixe cozinhar em fogo
brando até secar toda a água. Misture o recheio com o arroz cozido.
8876
1 colher de sobremesa de sal (0,002 kg)
Foi possível observar que, a preparação de pão de trigo misto com banana verde
resultou em uma massa homogênea e elástica, permitindo a modelagem adequada dos
pães. Após o crescimento, a massa se tornou aerada e manteve esse aspecto após
assada. Esses resultados demonstram a viabilidade da substituição parcial da farinha de
trigo, o que está alinhado aos achados de Magalhães (2010), que, em um estudo com
substituição de parcial de farinha de trigo por farinha de arroz, obteve resultados
semelhantes. O mesmo foi encontrado por Freitas, Stertz e Waszczynskyj (1997), num
estudo realizado com a intenção de verificar a viabilidade de produção de pão misto de
farinha de trigo com farinha de mandioca. A Figura 3 mostra a massa crua e a Figura 4
mostra uma fatia de 50g do pão de trigo misto de banana verde.
8877
Figura 4: Porção de 50g do Pão de trigo misto com banana verde
O clima tropical do Brasil favorece a produção de frutas como a banana Musa spp,
uma fruta de grande aceitação quanto aos aspectos sensoriais, valor nutricional,
versatilidade em diversas preparações, além dos aspectos econômicos (PONTES, 2009).
A banana possui alta perecibilidade muito maior que o de outros frutos comumente
consumidos, gerando um amadurecimento rápido, encurtando a sua vida útil
(NASCIMENTO NETO, 2006). Em virtude disso, são verificadas perdas ao longo de toda a
cadeia produtiva, que ocorrem devido a fatores relacionados à pré e pós-colheita
chegando a 40% em países em desenvolvimento. No Brasil, em certas regiões essas
perdas chegam a 60% da produção, devido aos rápidos estágios de maturação (FOOD
AND AGRICULTURE ORGANIZATION, 2013). Assim, este estudo se mostra como
relevante, ao proporcionar a transferência de conhecimentos aplicáveis na redução do
desperdício desse fruto.
8878
0% de 25% de 50% de 75% de 100% Aceitabilidade
Nº total de
de aceitação aceitação aceitação NR* média por
participantes
aceitação aceitação varável (%)
COR 25 0 0 1 9 14 1 85,00
25
AROMA 25 0 0 4 9 11 1 79,00
25
SABOR 25 0 0 3 6 15 1 84,00
25
TEXTURA 25 0 0 3 9 12 1 81,00
*Não responderam
SABOR 60 1 0 4 25 30 0 84,58
TEXTURA 60 0 1 8 23 28 0 82,50
*Não responderam
8879
Índice Geral de aceitabilidade de, no mínimo, 70% da amostra como um todo e, de cada
variável, quando avaliada individualmente.
CONCLUSÃO
Preparações culinárias com jaca verde e banana verde podem representar uma
alternativa viável, para diminuição do desperdício desses frutos, decorrente do
amadurecimento rápido.
Tanto risoto de jaca verde, quanto pão misto de banana verde podem ser
consideradas preparações culinárias com índice de aceitabilidade muito bom.
REFERÊNCIAS
8880
BOTELHO, R. A.; CAMARGO, E. B. Técnica Dietética: Seleção e Preparo de Alimentos –
Manual de Laboratório. São Paulo: Atheneu; 2005. 167p.
DUBBELING, M. et al. City region food systems and foodwaste management. Germany:
GmbH/RUAF Foundation/FAO, 2016, 186p.
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. The footprint of food
waste. Rome, 2013.
FREITAS, M. C. S.; FONTES, G. A. V.; OLIVEIRA, N., orgs. Escritas narrativas sobre
alimentação e cultura. Salvador: EDUFBA, 2008. 422p.
8881
alimentares e saúde da população: estudo aplicado ao arroz. Porto Alegre, 2010. 152 f.;
il. Tese (Doutorado em Agronegócios) – Programa de Pós-graduação em Agronegócios,
UFRGS, 2010.
OLIVEIRA, S.H ,; KUTCHERA, S.A.; ALLEMAN, L.E. Benefícios da banana verde e de seus
subprodutos para a alimentação humana. In:VI CONCCEPAR: Congresso Científico da
Região Centro-Ocidental do Paraná, 2015. Campo Mourão: Faculdade Integrado de
Campo Mourão, 2015.
ROCHA, S.A. et al. Fibras e lipídios em alimentos vegetais oriundos do cultivo orgânico e
SARAWONG, C. et al. Effect of extrusion coking on the physicochemical properties,
resistant starch, phenolic contente and antioxidante capacities of green banana flour.
Food Chemistry, v.143, p.33-39, 2014
SATURNINO, C.M.M.; MAGALHÃES, A.M. Pão caseiro misto de farinha de trigo com
banana verde: opção para aproveitamento do alimento. In: VIII Seminário Regional de
Extensão Universitária da Região Centro-Oeste. 2017.
8882
VIEIRA, A. S. Fichas técnicas de preparação em Unidade de Alimentação e Nutrição. In:
XX Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pelotas. 2011.
8883
AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE
SANTA CRUZ/RN: RELATO DAS EXPERIÊNCIAS
Luis Henrique Dantas Mendes¹; Ana Luisa dos Santos Medeiros¹; Anna Hionara da Silva
Araújo¹; Kelly Arleziane de Lima¹; Soraya Helena Penha do Nascimento¹; Fabio Resende
de Araújo²; Ricardo Andrade Bezerra²; Ana Paula Trussardi Fayh².
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Faculdade de Ciências da Saúde
do Trairi (FACISA), graduandos em Nutrição.
² Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), docente em Nutrição.
Resumo:
8884
renda inferior a dois salários mínimos (84%), e recebe o benefício do Programa Bolsa
Família (82,6%). Conclusão: As realizações das ações de intervenção tiveram caráter
desafiador, quando a principal dificuldade foi desconstruir paradigmas e preconceitos
alimentares. Orientou-se as famílias dos escolares sobre como montar uma alimentação
saudável, acessível e nutritiva. Garantindo informações sobre uma alimentação
adequada e autonomia alimentar, demonstrando que é possível modificar hábitos
alimentares e ambientais na esfera escolar.
Introdução
8885
realidade, assim como para exigir o cumprimento do direito humano à alimentação
adequada e saudável (BRASIL, 2014).
A EAN direcionada aos escolares pressupõe um olhar amplo sobre os diversos atores
envolvidos na vida da criança, entre estes os familiares. A família naturalmente,
representa o ambiente de origem para a socialização e os alimentos são os principais
símbolos de união do grupo, configurando a cultura alimentar que a criança é iniciada
durante e após o desmame. Além do ambiente microssocial é preciso considerar que a
sociedade do consumo é uma sociedade e obesogênica na média em que estimula
determinados estilos de consumo e ingestão alimentar (RODRIGYES-CIACCHI, CAMPOS,
2011).
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi descrever as atividades de EAN (educação
alimentar e nutricional) executadas pelo projeto de extensão “Programa de Educação
Alimentar e Nutricional para Alunos, Familiares e Professores de Escolas Públicas de
Ensino Fundamental de Santa Cruz-RN” integrante programa de extensão “Saúde e
bem-estar nas escolas: promovendo ações intersetoriais de Segurança Alimentar e
Nutricional, estilo de vida ativo e prevenção de acidentes no município de Santa Cruz,
RN”, financiado pelos recursos do edital PROEXT-MEC, nas escolas de ensino
fundamental da rede municipal de educação de Santa Cruz - Rio Grande do Norte, com
os pais e os responsáveis pelos alunos das instituições, para mostrar a importância da
alimentação saudável, e mostrar aos citados que é possível alimentarse e alimentar
seus filhos de maneira saudável com alimentos gostosos, baratos, naturais, acessíveis e
com o reaproveitamento integral de todas as partes dos alimentos utilizados.
Metodologia
8886
• Escola Municipal José Rodrigues da Rocha
O público alvo do programa foi formado por familiares dos alunos matriculados do
primeiro ao quinto ano do ensino fundamental das escolas escolhidas.
Perfil socioeconômico dos escolares: Foi aplicado com os pais dos escolares um
questionário semiestruturado dividido em duas partes. O questionário possuía: (a) Dados
de identificação: nome do aluno, sexo, idade, data de nascimento, etnia, endereço, série,
turma, nome, idade e escolaridade da mãe, telefone pra contato; (b) Dados
sociodemográficos: presença de irmãos, quantidade (se houvesse), número de pessoas
no domicílio, tipo de moradia, presença de computador no domicílio, acesso à internet
por meio do computador, presença de celular com acesso à internet, método de coleta
de lixo, origem da água utilizada no domicílio, tipo de esgotamento sanitário, presença
da mãe no lar em tempo integral, recebimento do PBF ou outros programas de proteção
social (Programa do Leite).
8887
cinco anos, que objetiva identificar com que frequência o entrevistado consumiu os
alimentos e bebidas dispostos nos últimos 7 dias, sendo estes relacionados tanto a uma
alimentação saudável, como a práticas pouco recomendadas.
O planejamento das ações de EAN foi feito pelos alunos integrantes do programa de
extensão da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi- FACISA/UFRN, os quais
elencaram os temas propostos em acordo com os diagnósticos e aspectos mais
relevantes que surgiram a partir da coleta de dados por meio dos questionários
aplicados com os pais nas escolas municipais, sendo os temas elegidos na abordagem
das ações: pirâmide alimentar, dez passos para uma alimentação saudável, como
organizar a geladeira, riscos do consumo de açúcar, sal e óleo, por meio da exposição e
apresentação de banners.
A convocação dos participantes foi realizada por meio do envio de convites pelas
escolas solicitando a presença dos familiares na data agendada. Os encontros ocorreram
no espaço interno das escolas, em salas determinadas pelos gestores de cada
instituição, onde houveram as apresentações dos temas destacados por meio de rodas
de conversa entre os responsáveis pelas crianças e o grupo de alunos extensionistas,
visando um momento de debate e esclarecimentos de dúvidas sobre alimentação.
8888
Aspectos éticos
Resultados e discussão
Quase metade das famílias tem privações em alguma medida de alimentos, com renda
inferior a dois salários mínimos e a grande maioria é beneficiária do Programa Bolsa
Família conforme diagnóstico realizado com amostra de 377 escolares indicou que
quase metade da população estudada se encontra em algum grau de insegurança
alimentar (49%). A grande maioria das famílias possui renda inferior a dois salários
mínimos (84%), e recebe o benefício do Programa Bolsa Família (PBF) (82,6%) (SANTOS,
2016).
8889
Escola Municipal Palmira Barbosa no dia 29 de novembro de 2017, no período
matutino; e o terceiro dia de intervenções ocorreu na Escola Municipal José Rodrigues
da Rocha e na Escola Municipal Theodorico Bezerra no dia 08 de dezembro de 2017, no
período matutino.
Por fim, cada pessoa que participou das intervenções levou para casa as receitas
impressas. Os mesmos mostraram-se satisfeitos e surpresos com os sabores das
preparações degustadas, as quais apresentaram uma boa aceitação sensorial e cores
variadas, tendo sido mencionado pelos participantes o interesse em elaborar tais
receitas em suas casas para oferecer a toda a família.
8890
Diante do exposto, a realização de atividades de EAN no meio escolar tem sua
relevância por permitir o engajamento de educadores, pais e alunos e a aproximação
entre eles, contribuindo para a construção do vínculo e do senso de responsabilidade
necessários para o esforço coletivo na busca de melhorias para a saúde de todos os
atores da sociedade e para o sucesso e aceitação pelos pais das ações desenvolvidas
nas escolas (MORGADO, SANTOS, 2008). Porém, apesar do crescente entendimento
sobre a importância das práticas em EAN, muitos estudos sobre o tema são publicados
em revistas com baixa relevância, demonstrando a marginalização, ainda existente,
deste tema dentro do campo científico (RAMOS; SANTOS; REIS, 2013).
Tal abordagem fomenta a reflexão sobre alimentação e nutrição a partir das esferas
social e antropológica e não estritamente biologicista, pois compreende a expressão
dos significados atribuídos pelos indivíduos e seus rituais, tabus e percepções sobre os
alimentos relacionando os diferentes usos, preparos e receitas e socializando através da
conversa as experiências e vivências que estruturam o comportamento cotidiano frente
à alimentação (ROTENBERG; VARGAS, 2004).“Quando a EAN aborda estas múltiplas
dimensões ela se aproxima da vida real das pessoas e permite o estabelecimento de
vínculos, entre o processo pedagógico e as diferentes realidades e necessidades locais e
familiares” (BRASIL, 2012, p.26).
No que se refere às temáticas elencadas nas ações de EAN em escolas, constata-se que
a abordagem nutricional ainda é predominante e que as dificuldades apresentadas para
o planejamento de estratégias que promovam mudança de hábitos são remanescentes
de um contexto histórico dos cursos de saúde que por muito tempo abordaram a
nutrição com foco nos nutrientes e fontes alimentares. Entretanto, no contexto atual
com a existência de documentos de referência para as ações educativas de alimentação
e nutrição, estas devem ser conduzidas por diagnósticos educativos que orientem a
estruturação do planejamento com o estabelecimento dos objetos, recursos, atividades,
efeitos e contexto da intervenção, viabilizando maior clareza da ação para o grupo
populacional a qual é destinada (CERVATOMANCUSO; VINCHA; SANTIAGO, 2016).
8891
Dessa maneira, a abertura da oportunidade aos participantes para a verbalização do seu
posicionamento permitiu que demonstrassem e aprimorassem os conhecimentos em
nutrição e saúde já adquiridos, o que colabora para a quebra de um modelo
metodológico construído com base na pedagogia da transmissão vertical presente em
outros trabalhos que partem da premissa de que o simples repasse de informações é
capaz de gerar aprendizado e mudança de comportamento (RAMOS; SANTOS; REIS,
2013).
8892
Considerações finais
Referências bibliográficas
AGUIAR, Odaleia Barbosa; KRAEMER, Fabiana Bom; MENEZES, Maria de Fátima. Gestão
de Pessoas em Unidades de Alimentação e Nutrição. Rio de Janeiro. Editora Rubio, 2013.
BENTO, Isabel Cristina; ESTEVES, Juliana Maria de Melo; FRANCA, Thaís Elias.
Alimentação saudável e dificuldades para torná-la uma realidade: percepções de
pais/responsáveis por pré-escolares de uma creche em Belo Horizonte/MG, Brasil. Ciênc.
saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 8, p. 2389-2400, 2015.
BRASIL. Guia Alimentar Para a População Brasileira. 2nd ed. Ministério da Saúde, editor.
Brasília; 2014. 156 p.
8893
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência
de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68p.
MORGADO, Fernanda da Silva; SANTOS, Mônica Aparecida Aguiar dos. A horta escolar
na educação ambiental e alimentar: experiência do projeto horta vi va nas escolas
municipais de florianópolis. Revista Eletronica de Extensão, v. 6, n. 1, p.1-10. 2008.
PINHEIRO, Anelise Rizzolo de Oliveira; CARVALHO, Maria de Fátima Cruz Correia de.
Transformando o problema da fome em questão alimentar e nutricional: uma crônica
desigualdade social. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 121-130, Jan.
2010.
RAMOS, Flavia Pascoal; SANTOS, Ligia Amparo da Silva; REIS, Amélia Borba Costa.
Educação alimentar e nutricional em escolares: uma revisão de literatura. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 11, p.2147-2161, nov. 2013.
8894
SANTOS, Ligia Amparo da Silva. O fazer educação alimentar e nutricional:
algumas contribuições para reflexão. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 17,
n. 2, p. 455462, Feb. 2012.
8895
PROGRAMA DE EXTENSÃO COMUNITÁRIA FISIOASSISTE ASSISTÊNCIA
FISIOTERAPÊUTICA À SAÚDE DA COMUNIDADE
RODRIGUES, ÉTRIA1; VIANNA, DENISE L2; AMANTO, CIBELLE³; FERREIRA, DANIEL R. M4.;
CAPERUTTO, ERICO C5.; SALERNO, GISELA R.F.6; CANELLAS, LIGIA M. C7.; CALLEGARI,
MARÍLIA. R8.; FERNANDES, MARCELO9; BLASCOVI-ASSIS, SILVANA M10.; FERNANDES,
SUSI M. S.11; GRACIANI, ZODJA12.
Resumo:
Introdução: As vivências práticas na atenção à saúde comunitária otimizam o
desenvolvimento das práxis do discente quanto a profissão pelas interações teórico-
práticas nos diversos campos de atuação. Nesse sentido, as atividades extensionistas se
configuram como uma estratégia pedagógica importante visto a indissociabilidade do
tripé universitário ensino, pesquisa e extensão, que asseguram o desenvolvimento das
habilidades e atitudes profissionais necessárias à atuação, à formação acadêmica e
científica dos estudantes e, na aproximação com a comunidade. Objetivo: Apresentar o
Programa de Extensão realizado pelo Curso de Fisioterapia da Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM). Métodos: Criado em 2010, o Programa FISIOASSISTE
consiste em uma atividade de extensão comunitária focado na assistência à saúde da
comunidade, nos três ciclos da vida em todos os níveis de atenção à saúde humana. Se
articula com todas as disciplinas do curso de graduação de modo longitudinal e
transdisciplinar. Realizado na Clínica Escola, Instituições Parceiras e em locais públicos
e, permite a execução de atividades de ensino, pesquisa e extensão comunitária.
Resultados: Em 8 anos já foram realizados 39.111 atendimentos. Participaram das
atividades 140 alunos. Foram realizadas 140 pesquisas, 83 apresentações científicas,
com apresentações em congressos e simpósios, os projetos repercutiram em mídias
externas e premiações. Além de excelente desempenho observado nos nossos egressos.
Conclusão: A atividade extensionista é fundamental para o desenvolvimento de
habilidades de correlação teórico pratica de argumentação, coerência e síntese
colaborando para formação de um profissional crítico e reflexiva consciente e atuante
nos problemas de saúde da comunidade brasileira.
8896
Palavras Chaves: Fisioterapia, Atenção à Saúde (assistência), Relações Comunidade-
Instituição.
Introdução
O Curso de Fisioterapia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) tem
como meta atender aos critérios estabelecidos no novo Planejamento Estratégico da
Universidade, que prima pela excelência de seus cursos e, atender as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em Fisioterapia que definem os
princípios, os fundamentos, as condições e os procedimentos da formação de
fisioterapeutas, estabelecidas pela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional
de Educação, para aplicação em âmbito nacional (BRASIL, 2002).
8897
2012; MOITA, ANDRADE, 2009).
8898
• Desenvolver habilidades para estabelecer planos de tratamento nos variados
quadros pertinentes aos campos de atuação.
• Oferecer formação e informação que contemplem as bases e diretrizes do
Ministério da Saúde/SUS.
• Desenvolver visão generalista exercitando a inter e multidsicplinaridade
• Incentivar o comprometimento e ética na vivência e resolução de problemas
de saúde da população bem como o respeito, cordialidade, cooperação para com o
outro.
• Desenvolver raciocínio crítico e analítico sobre pesquisas e artigos
científicos pertinentes a cada área.
Metodologia
Desenvolvimento de um Programa de Assistência à Saúde da Comunidade
voltado aos três ciclos da vida que aborde todos os níveis de atenção à saúde humana e,
se articule com todas as disciplinas do Curso de graduação em Fisioterapia. De modo a
evidenciar a caráter indissociável do tripé que sustenta a instituição universitária –
ensino, pesquisa e extensão, designado Programa de Extensão Comunitária FisioAssiste
conforme exposto na figura 1.
FISIOASSISTE
Assistência à saúde comunitária nos três ciclos da vida
EXTENSÃO COMUNITÁRIA
8899
Figura 1: Resumo esquemático das atividades desenvolvidas no Programa
FisioAssiste
O Programa é desenvolvido mediante supervisão docente direta nas diversas
áreas de atuação da Fisioterapia abrangendo todos os semestres da graduação e utiliza
a configuração extensionista para subsidiar o ensino e a pesquisa. As atividades
desenvolvidas no Programa estão baseadas em medidas de Educação Popular em
Saúde, Atendimento Ambulatorial individual e em grupo e, Atendimento Hospitalar e
Domiciliar.
Resultados
Atividades de Ensino:
8900
Familiares e Amigos dos Idosos (AFAI), Associação Cristã de Moços (ACM/Centro);
Associação Paulista de Apoio à Família (APAF) e Qualimack - Programa Mackenzie de
Qualidade de Vida e Saúde.
Nas grandes áreas de atuação da fisioterapia o número de atendimentos está
diretamente relacionado com a quantidade de alunos participantes. Nas práticas
supervisionadas estima-se o máximo de 10 alunos em cada setor, com 05 atendimentos
supervisionados diários realizados num período. Em média, na área ambulatorial e
hospitalar são realizados cerca de 200 atendimentos diários. Na área de Saúde Coletiva
a abordagem está relacionada a grupos populacionais e o número de pessoas atendidas
varia de acordo com a data e o local de atendimento. Além disso, as ações realizadas
em aulas práticas colaboram para ampliar o número de atendimentos. Essa relação está
sumarizada na tabela 1.
8901
local, realizando atividades baseadas em Proteção Específica em acordo com a
Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde Brasileiro. Como por exemplo:
Ações de Combate ao Fumo; Controle da Diabetes; Proteção à Saúde da Mulher e do
Homem; Controle de Quedas em Idosos entre outras.
Nessas ações específicas, os alunos de todos os semestres, comandados pela
disciplina específica ao tema tratado elaboram e desenvolvem intervenções. Estas
poderão acontecer nos parceiros ou em local público, durante o horário de aulas ou no
contra turno. Consistem em confecção de materiais específicos de Educação em Saúde,
realização de dinâmicas de intervenção com Rodas de Conversa e Oficinas de Prevenção
e Proteção à Saúde.
b) Projetos de Extensão:
Na expectativa de atender populações especiais e ampliar a formação dos nossos
alunos, os professores do Curso elaboram Projetos de Extensão Comunitários realizados
na Clínica Escola e/ou em parceiros no contra turno do horário acadêmico.
Atualmente, o Programa tem três projetos em andamento, a saber:
1) Atenção à Saúde da Mulher
2) Atenção à Saúde de pessoas com Fibromialgia
3) Atenção à Saúde de Hepatopatas e Nefropatas
Nesses projetos são oferecidos a população ações e serviços em Fisioterapia
baseados em atendimentos individuais e/ou coletivos realizados por alunos de diversos
semestres de graduação. Além disso, os projetos permitem a elaboração e execução de
Projetos de Pesquisa que resultam em Iniciações Científicas, Trabalhos de Conclusão de
Curso, Participação em Congressos e Seminários.
Tabela 2: Quantidade de alunos envolvidos, número de pessoas atendidas e
produção científica no período de 2013 a 2018 segundo respectivos projetos.
Projeto Alunos Nº pessoas Produção
Envolvidos Atendidas Científica
Proposta de extensão universitária atuação da
40 290 35
fisioterapia na saúde da mulher.
Atenção à saúde da pessoa com fibromialgia. 61 55 14
Proposta de extensão universitária em
portadores de disfunções hepáticas e renais em
30 19 4
situação de estabilidade clínica inserida ou não
em lista de transplante renal e hepático.
8902
As diversas áreas temáticas desenvolvidas nos programa permitem a realização
de atividades acadêmica científica voltada ao estudo e desenvolvimento das
habilidades.
A Reunião Clínica Interdisciplinar (RCI) consiste em um encontro de apresentação
de um Caso Clínico Real, atendido na prática supervisionada por alunos das últimas
etapas do Curso. O encontro visa a integração entre as diretrizes curriculares e as
estratégias de ensino baseadas na problematização na perspectiva da formação
profissional em fisioterapia como um processo contínuo e inter-relacionado.
A atividade conta com a participação de alunos e professores em todas as etapas
do Curso para que possam trabalhar o conteúdo do caso em suas disciplinas. Em dia e
horário marcado os responsáveis pelo caso realizam a apresentação e a plateia,
composta de todos os integrantes do Curso, discute o caso e as relações com as
disciplinas importantes para a formação. Esta estratégia favorece o acompanhamento
da evolução do aluno na aquisição das competências e habilidades fundamentais na
formação em saúde. As RCI realizadas estão sumarizadas na tabela 3.
8903
Outra estratégia importante do Programa e a realização da Semana de Estudos.
Trata-se de um evento acadêmico científico para o público interno e externo. Os alunos
integrados ao Programa organizam um evento no qual convidam profissionais de
referência sobre os diversos temas desenvolvidos na perspectiva de integrar as áreas de
estudo, ampliar e atualizar conhecimentos, criar novas hipóteses e interesses de estudo.
Nesse ano será realizada a XI edição da Semana de Estudos em Fisioterapia.
Por fim, os Simpósios e Reuniões Clínicas são realizados como Produtos dos
Projetos. Nesses encontros os responsáveis pelos projetos em andamento reúnem
pesquisadores das áreas afins aos projetos com objetivo de apresentar o trabalho
desenvolvido e atualizar o grupo sobre temas de relevância para área. A partir desta
iniciativa dois grandes eventos estão sendo realizados no Programa, a saber:
Simpósio Internacional de Tecnologia e Recuperação Funcional: O evento é aberto
ao público externo acontece a cada dois anos, a primeira edição aconteceu em 2015 e a
segunda em 2017. A proposta é reunir os principais pesquisadores da área de
Tecnologia em Saúde do Brasil e do mundo. Em 2015 trouxe ao Brasil o Grigore Burdea
e em 2017, Helen Dawes. O link para acesso as informações do Simpósio estão
www.simptecnologia.com .
Diálogos sobre Fibromialgia: O evento é aberto ao público externo e reúne
pacientes, comunidade científica e personalidades públicas com a finalidade de orientar
e criar mecanismos de solução sobre as principais dificuldades das pessoas com
Fibromialgia. O evento surgiu como iniciativa de pacientes e alunos participantes do
Projeto de Atenção às pessoas com Fibromialgia. A primeira edição aconteceu em 15 de
Maio de 2017, na data em que foi designado o dia comemorativo de Conscientização da
Fibromialgia e, deverá acontecer anualmente.
Atividades de Pesquisa:
8904
Iniciação Científica Trabalho de Conclusão de
Curso
Ano
2010 5 25
2011 7 20
2012 5 13
2013 8 10
2014 16 5
2015 17 26
2016 17 16
2017 08 05
2018 - 20
Considerações Finais
Muitos são os benefícios produzidos pelo Programa FisioAssiste. Esta prática tem se
configurando como importante estratégia para atender aos objetivos traçados no
Projeto Político Pedagógico do Curso (PPC) que concerne ao desenvolvimento de
práticas acadêmicas que assegurem experiências funcionais de aprendizagem, nas quais
o alunado tem oportunidade de participar efetivamente de situações reais (ABREU et al.,
2014; GOMES et al., 2010)
Para os alunos as repercussões têm sido notadas no desenvolvimento precoce de
habilidades como capacidade de argumentação, coerência e síntese. Além disso,
destacam-se a correlação teórica prática e a postura profissional crítica e reflexiva.
Estes discutem ciência na visão do cotidiano, uma vez que o objeto estudado parte do
contexto vivido, e, portanto, pode ser repensado, refletido e teorizado a partir da
relação profissional-paciente, com o intuito de obter hipóteses de solução que atendam
e alterem a realidade da comunidade (FERNANDES et al., 2016; FREIRE, 2005)
Do mesmo modo, os alunos das primeiras etapas experimentam o contato precoce e
amplo com os componentes curriculares inerentes a sua formação, o que permite uma
visão diferenciada das disciplinas básicas, pois oferece sentido ao conteúdo
desenvolvido desde as disciplinas básicas até as mais complexas. Além de propiciar um
olhar diferenciado para o binômio saúde-doença, que abandona a fragmentação do
indivíduo proposta no modelo biomédico curativista para a adoção de um modelo que
estimula o desenvolvimento da cidadania, possibilitando a compreensão do ser humano
socialmente inserido (GOMES et al., 2010, LOPES, 2009)
Com essa experiência observa-se também, uma mudança nos professores que se
apresentam mais motivados e em busca de novas perspectivas. Paulo Freire (2005)
8905
relata que quanto mais o professor possibilitar aos estudantes perceberem-se como
seres inseridos no mundo, tanto mais se sentirão desafiados a responder aos novos
desafios.
Referências
BORGES, M. F.; ARAÚJO, J.B. Ensino, pesquisa e extensão na Educação Superior: processo
histórico e perspectivas futuras. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17,
n°172, setembro de 2012. http://www.efdeportes.com/
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. ed. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GOMES, et al. O uso de metodologias ativas no Ensino de graduação nas ciências sociais
e da saúde – avaliação dos estudantes. Ciência & Educação 2010; 16(1): 181-198.
WERNECK M. A. F. et al. Nem tudo é estágio: contribuições para o debate. Ciência &
8906
Saúde Coletiva, 15(1): 221-231 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n1/a27v15n1.pdf. Acesso em: 20 mar 2018
8907
ESTUDO IMUNO EPIDEMIOLÓGICO DOS AGRAVOS PRESENTES NA COMUNIDADE
UNIVERSITÁRIA - AVALIAÇÃO DAS DOENÇAS: HEPATITE B, HEPATITE C, SÍFILIS E AIDS
1
Graduanda Biologia UEPB; 2 Mestrando em Odontologia UEPB; 3 Professora de
Odontologia/UEPB; 4Graduada Biologia UEPB; 5 Professora/orientadora titular
biologia/UEPB, rochagirllane@gmail.com
RESUMO
8908
podemos observar que 97,4% dos participantes entrevistados já haviam sido imunizados
alguma vez na vida. Doenças como tétano, sarampo, hepatite B, rubéola e gripe
possuem um alto teor de imunização, seguidas de tuberculose, caxumba e varicela. Os
participantes em media mostraram ter conhecimento sobre as doenças supracitadas,
formas de contágios e prevenção. Os sinais e sintomas mostra um dado de não
conhecedores um pouco alto já que estamos lhe dando com profissionais da área de
saúde. E, em virtude do que foi observado, todos os 114 (100%) dos participantes da
pesquisa consideram que as ações educativas e campanhas de imunização são
importantes para a prevenção de doenças infectocontagiosas
Palavras-chave: DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS; IMUNIZAÇÃO; EPIDEMIOLOGIA;
SAÚDE.
INTRODUÇÃO
8909
patogenicidade do agente infeccioso e da existência de profilaxia pós-exposição, como
da prevalência local de doenças e da susceptibilidade do profissional de saúde.
As doenças infectocontagiosas são muitas, neste presente estudo abordaremos a
Hepatite B e C, Sífilis e AIDS.
As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes vírus hepatotrópicos
que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas.
Possuem distribuição universal e observam-se diferenças regionais na ocorrência e
magnitude destas em todo mundo, variando, de acordo com o agente etiológico. Têm
grande importância para a saúde pública em virtude do número de indivíduos
acometidos e das complicações resultantes das formas agudas e crônicas da infecção
(BRASIL, 2009).
A hepatite do tipo B chamada também de soro-homóloga, causada pelo vírus B
(HBV). Como o HBV está presente no sangue, no esperma e no leite materno, hepatite B
é considerada uma doença sexualmente transmissível. (LOPES; SCHINONI, 2011). A
hepatite B pode se desenvolver de duas formas, aguda e crônica. A aguda é quando a
infecção tem curta duração. Os profissionais de saúde consideram a forma crônica
quando a doença dura mais de seis meses. O risco de tornar-se crônica depende da
idade do portador no qual ocorre a infecção, as crianças são as mais afetadas. Nas
pessoas com menos de um ano, esse risco chega a 90%; naquelas entre 1 e 5 anos, varia
entre 20% e 50%. Em adultos, o índice cai para 5% a 10% (BRASIL, 2015). A principal
medida de prevenção da hepatite B é representada pelas vacinas, as quais foram
introduzidas no uso rotineiro no início da década de 80. É a doença infecciosa
ocupacional mais importante para profissionais de saúde. O risco de se infectar
correlaciona-se diretamente com a prevalência da infecção da população assistida e
com a alta frequência da exposição ao sangue e a outros fluidos contaminados pelo
HBV (VIEIRA et al., 2016).
A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV), e assim como o vírus causador da
hepatite B, está presente no sangue. Segundo Brasil (2010), o surgimento de sintomas
em pessoas com hepatite C aguda é muito raro. Entretanto, os que mais aparecem são
cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados,
urina escura e fezes claras. O diagnóstico precoce da hepatite C amplia a eficácia do
tratamento. Para Ciorlia e Zanetta (2007), a hepatite C é um sério problema de saúde
pública mundial, pelo grande número de pessoas infectadas pelo vírus. Entre as causas
de transmissão estão: transfusão de sangue, compartilhamento de material para uso de
drogas, lâminas, escovas de dente, alicates de unha, objetos para confecção de
8910
tatuagem e colocação de piercings, da mãe infectada para o filho durante a gravidez e
sexo sem camisinha com uma pessoa infectada.
A sífilis é uma doença infecciosa bacteriana que tem como agente etiológico a
espiroqueta Treponema Pallidum. A transmissão pode ocorrer de muitas formas dentre
as quais: contato sexual desprotegido com pessoa contaminada via hematogênica e
através do contato direto com a mucosa, sangue ou saliva de pacientes infectados,
sendo esses classificados em sífilis adquirida, e transmitida pela mãe infectada para o
feto, sendo classificada como sífilis congênita (KALININ, 2016). Os maiores sintomas da
sífilis ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O
terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura
da doença (GIACANI; LUKEHART, 2014). Todas as pessoas sexualmente ativas devem
realizar o teste para diagnosticar a sífilis, principalmente as gestantes, pois a sífilis
congênita pode causar aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer (BRASIL,
2015).
A AIDS é uma doença que representa um dos maiores problemas de saúde da
atualidade, em função do seu caráter pandêmico e de sua gravidade (PETRUZI, 2013). A
AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) é uma doença emergente, grave,
causada pelo retrovírus HIV (vírus da imunodeficiência humana), que vem se
disseminando desde 1981, sendo atualmente considerado um dos maiores problemas
de saúde pública no Brasil e no mundo. O HIV é um retrovírus que causa no organismo
disfunção imunológica crônica e progressiva devido ao declínio dos níveis de linfócitos
CD4. O período entre a aquisição do HIV e a manifestação da AIDS pode durar alguns
anos (CANINI et al., 2004). Segundo Silva et al. (2013), diariamente, 14 mil pessoas são
infectadas pelo HIV e, desde o início da epidemia, 20 milhões de pessoas faleceram.
Segundo a projeção da Organização Mundial de Saúde (OMS), 70 milhões de vidas
estarão afetados nos próximos 20 anos, caso não sejam implantadas ações eficazes para
conter a doença.
Diante o exposto esse presente artigo tem como objetivo a caracterização da
cobertura de imunização e o conhecimento quanto às doenças infectocontagiosas
tendo como público alvo a comunidade acadêmica (docentes, discentes e técnicos) dos
cursos de biologia, enfermagem, educação física, farmácia, fisioterapia, odontologia e
psicologia do CCBS, da Universidade Estadual da Paraíba/Campus I, localizada no bairro
Universitário na cidade de Campina Grande.
METODOLOGIA
8911
Os métodos de pesquisa desenvolvidos na área da saúde apresentam uma série
de vantagens que é a investigação direta através de práticas que fornecem resultados
confiáveis e desvantagens, geram problemas relacionados à integração entre as
perspectivas qualitativa e quantitativa. De fato, embora exista uma pluralidade de
convergências e divergências, muitas vezes a literatura reduz esta oposição a um
simples estereótipo: a observação participante em contraposição à sondagem de
opinião (SERAPIONI, 2000). A investigação quantitativa atua em níveis de realidade e
tem como objetivo trazer conhecimento de dados, indicadores e tendências observáveis.
A qualitativa, ao contrário, trabalha com valores, crenças, representações, hábitos,
atitudes e opiniões. As experiências das pesquisas de campo sugerem combinação das
duas abordagens. Com cada uma no seu uso apropriado é possível obter ótimos
resultados. Uma vez que se aceite a complementaridade entre as abordagens, é possível
identificar de que maneira podem ser mais bem incorporadas ao desenho da pesquisa
(SERAPIONI, 2000).
Dentro dessa perspectiva, a presente pesquisa visou realizar um estudo imuno
epidemiológico no Centro de Ciências Biológicas e Saúde da UEPB para avaliar a
imunização e o conhecimento dos entrevistados frente às doenças infectocontagiosas
mais comuns no Brasil, assim como o conhecimento dos mesmos em relação às
estratégias de imunização e prevenção disponíveis na referida Universidade. Dos
agravos avaliados neste trabalho, destacam-se: a hepatite B, hepatite C, sífilis e AIDS.
Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário
semiestruturado, juntamente com o Termo de Consentimento livre e esclarecido aos
entrevistados. O referido questionário foi aplicado a docentes, discentes e técnicos dos
departamentos de biologia, enfermagem, educação física, farmácia, fisioterapia,
odontologia e psicologia da Universidade Estadual da Paraíba/ Campus I, localizada no
bairro Universitário na cidade de Campina Grande.
O estudo caracteriza-se como quali-quantitativo, inicialmente realizou-se a
análise estatística descritiva objetivando caracterizar a amostra. Foram calculadas as
frequências absolutas e percentuais para as variáveis categóricas, bem como as medidas
de tendência central e de variabilidade para as variáveis quantitativas (LARSON;
FARBER, 2016). Todas as análises foram realizadas usando o software IBM SPSS versão
20.0. Foram coletados dados referentes a 114 participantes de ambos os sexos e idades.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8912
A Tabela 1 mostra a distribuição dos participantes de acordo com as características
sociodemográficas, perfil de formação e relato de imunização prévia. A média de idade
foi de 30,56 anos (Desvio padrão = 13,10). A maioria era do sexo feminino (n = 71;
62,3%), pertencente ao departamento de Ciências Biológicas (n = 26; 22,8%) e
estudante de graduação (n = 72; 63,2%).
De acordo com os dados obtidos através das respostas dos 114 participantes ao
questionário estruturado, quando perguntado se já haviam sido imunizados, quase
8913
todos relataram que sim, sendo um dado de 111 (97,4%) pessoas que responderam que
sim e apenas 3 (2,6%) que não foram imunizados ou não se recordam.
14,9%
Sim 97
Não 17
85,1%
Doenças Nº %
Hepatite B 79 69,3
Tétano 92 80,7
Gripe 71 62,3
Rubéola 72 63,2
Tuberculose 62 54,4
Sarampo 91 79,8
8914
Caxumba 50 43,9
Varicela 39 34,2
Nenhuma das citadas 3 2,6
Fonte: pesquisa direta 2016-2017
8915
26,3%
Sim 30
73,7% Não 84
8916
Para concluir, sobre a temática imunização, indagou-se por quais meios
obtiveram esse conhecimento sobre a importância da imunização. Os meios mais
citados foram: profissionais de saúde, televisão e internet como mostra na Tab. (3).
Tabela 3. Respostas dos participantes quanto ao principal meio que eles tiveram acesso
ainformações sobre imunização.
Meios Nº %
Rádio 12 11,4
Televisão 44 41,9
Jornais 25 23,8
Internet 40 38,1
Profissionais de saúde 75 71,4
Outras pessoas 37 35,2
Fonte: pesquisa direta 2016-2017
Com base nos dados observou-se que profissionais de saúde, televisão e internet
que foram os mais citados, podem ser usadas como estratégias de divulgação para
tornar o projeto mais conhecido pela comunidade acadêmica da UEPB já que foram os
que transmitiram maiores informações.
Quando questionados sobre conhecimentos das doenças, dos 114 entrevistados,
102 afirmaram ter bom entendimento sobre hepatite B e C, sífilis e AIDS e apenas 2
falaram que não. E mesmo sem alguns terem conhecimento sobre as doenças, 100% dos
entrevistados afirmam saber a forma de contração e isso é um bom sinal, pois sabem
como se prevenir contra as mesmas.
Alguns participantes afirmam ser portador dessas doenças, uma questão delicada
diz respeito ao diagnóstico positivo como mostra a tabela 4.
Tabela 4. Número de participantes que afirmaram serem portadores de diagnósticos de
doenças infectocontagiosas.
Doenças Nº %
Hepatite B 3 75,0
Hepatite C 2 50,0
Sífilis 1 25,0
AIDS 1 25,0
Fonte: pesquisa direta 2016-2017
8917
Nota-se na tabela acima que a Hepatite B, Hepatite C, Sífilis e AIDS são citadas.
Todos os entrevistados que afirmaram ter as doenças já passaram e/ou passam por
tratamentos. Os que ainda estão contaminados conhecem formas de não propagação a
outras pessoas e, segundo eles, tomam esses devidos cuidados.
Indagados sobre os conhecimentos específicos dos sinais e sintomas das
referidas doenças, os participantes mostram ser conhecedores da Hepatite B 61 (53,5%);
Hepatite C 57 (50,0%); Sífilis 77 (67,5%) e AIDS 103 (90,4%), demostrados na figura 3.
Tornando os dados condizentes sobre os conhecimentos dos métodos de prevenção,
onde apenas 2 (1,8%) dos entrevistado afirma não conhecer as formas de prevenção
dessas doenças.
Figura 3. Respostas dos participantes quando indagados se possuiam conhecimento
sobre os sinais e sintomas da AIDS.
9,6%
Sim 103
Não 11
90,4%
8918
Tabela 5. Respostas dos participantes quando endagados a cerca do tratamento das
doenças infectocontagiosas.
Doenças Nº %
Hepatite B 49 43,0
Hepatite C 48 42,1
Sífilis 64 56,1
AIDS 93 81,6
Nenhuma 18
15,8
Fonte: pesquisa direta 2016-2017
32,5%
67,5% Sim 77
Não 37
8919
48,2%
51,8%
Sim 55
Não 59
Comparando os dados apresentados nas Fig. (4) e Fig. (5), é possível observar que
67,5% dos entrevistados são sexualmente ativos, o que é importante, tendo em vista
que, pesquisas apontam que uma vida sexual ativa e satisfatória pode resultar em
inúmeros benefícios à saúde (GUEDES et al., 2006).
Entretanto, desses 67,5%, 51,8% em maioria não fazem uso de preservativos,
pois alegam que vivem apenas com os seus parceiros (as) e que fazem exames
periodicamente. Contudo, é um dado preocupante já que os entrevistados são da área
da saúde, entendem e sabem todos os riscos que correm fazendo sexo sem proteção,
além da informação disseminada sobre a importância do uso de preservativos.
Sobre a importância das ações de educação e campanhas de imunização para a
prevenção de doenças infectocontagiosas, o resultado foi muito gratificante, pois 100%
dos entrevistados concordam sobre o valor positivo dessas ações.
A presente pesquisa representa apenas uma amostragem da comunidade
acadêmica do CCBS/ UEPB/ Campus I. No decorrer da pesquisa, pretende-se abordar
todos os departamentos e Campus I da UEPB, para que possa ser feita uma avaliação
geral da situação da imunização, determinando um perfil imuno epidemiológico que
ajude a desenvolver novas estratégias de divulgação, prevenção e imunização.
CONCLUSÃO
8920
Com os resultados alcançados neste estudo torna-se cada vez mais perceptível a
importância da vacinação em meio à comunidade acadêmica, com profissionais
qualificados e os estudantes futuros profissionais devidamente orientados sobre a
necessidade de manter completo e atualizado o quadro de vacinação. No entanto, a
questão da vacinação deve ser conduzida pelas instituições de saúde que estas tenham
seus profissionais protegidos das doenças imunopreviníveis. Vale ressaltar que a
comunidade acadêmica precisa ser informada com frequência para que venha obter
conhecimentos concretos sobre as doenças infectocontagiosas. Tendo em vista que,
estamos diante de profissionais que estão em contato permanente com fluidos
humanos, e podem estar infectados, e o manuseio inadequado dos mesmos gera
situações susceptíveis a riscos ocupacionais e a contribuição para cadeias de infecção
cruzada.
Em virtude do que foi exposto o estudo, propõe a realização de estratégias de
ensino-aprendizagem na formação inicial e continuada que venha abordar temas como
imunização, adesão a normas de Biossegurança e doenças infecciosas, para formar
profissionais críticos, éticos e preparados para lidar com os mais variados casos clínicos
e também que essas pessoas possam espalhar seus conhecimentos para que não só a
comunidade acadêmica tenha conhecimento, mais sim toda a população para que
possam se prevenir e não ser um portador de doença.
Referencias
8921
LOPES, T. G. S. L; SCHINONI, M. I. Aspectos gerais da hepatite B. Revista de Ciências
Médicas e Biológicas, Salvador, v.10, n.3, p.337-344, 2011.
VIEIRA, T. B. etal. Soroconversão após a vacinação para hepatite B em acadêmicos da
área da saúde. DisciplinarumScientia| Saúde. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 7,
n. 1, p. 13-21, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. V. 8. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
CIORLIA, L. A. D. S.; ZANETTA, D. M. T. Hepatite C em profissionais da saúde: prevalência
e associação com fatores de risco. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.41, n.2, p.229-
235, 2007.
PETRUZZII, M. N. M. R. Fatores de risco de lesões bucais associadas ao HIV em adultos.
Rev Saúde Pública. Porto Alegre: v. 47, n. 1, p. 52-59, 2013.
CANINI, S. R. M.S. et al. Qualidade de vida de indivíduos com HIV/AIDS: uma revisão de
literatura. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.12, n.6, p. 940-945, 2004.
SILVA, R. A. R.et al. A epidemia da aids no Brasil: análise do perfil atual. Revista
Enfermagem UFPE on line24, 2013.
SERAPIONI, M. Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa social em saúde:
algumas estratégias para a integração. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.5, n.1,
p.187-192, 2000.
LARSON, R.; FARBER, B. Estatística Aplicada. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2016.
8922
PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NÃO PLANEJADA EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA DE
ENSINO MÉDIO
Humberto Bezerra de Lucena Filho1, Sabrina Emylle Torres Fernandes1, Lucas Martins
dos Santos Sales1, Rafael Monteiro de Lima1, Maria Luíza Batista de Luna1, Raimundo
Antônio Batista de Araújo2
8923
Palavras-chave: adolescência, gravidez, prevenção
1. Introdução
A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, e segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), compreende a faixa etária entre 10 a 19 anos, 11
meses e 29 dias. É também considerado um período habitualmente pouco pacífico, no
qual ocorrem profundas mudanças, caracterizadas pelos impulsos do desenvolvimento
físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os
objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive (EISENSTEIN,
2005; RODRIGUES, 2010).
A progressiva maturação fisiológica é normalmente acompanhada pela súbita
descoberta de novas relações e experiências, de ordem afetiva e sexual, muitas vezes
geradoras de intensos conflitos. Estes sentimentos resultam frequentemente em uma
desarmonia entre o desenvolvimento corporal, sexual e intelectual e a aquisição de
maturidade emocional (YAZLLE, 2006; RODRIGUES, 2010). Nesta fase surge uma
importante preocupação com a imagem corporal e as suas relações se projetam cada
vez mais para o exterior da família, com isso o adolescente manifesta importantes
carências informativas relativas à sexualidade, contracepção e o risco de gravidez
(RODRIGUES, 2010).
A incidência da gravidez na adolescência é variável conforme os países as épocas
e não representa um evento novo, assim como, não é pertencente à um só estrato
social, no entanto parece ser mais prevalente nas classes mais desfavorecidas
(RODRIGUES, 2010).
O projeto foi realizado a partir da análise de índices elevados de gravidez na
adolescência dentro da cidade de Campina Grande/PB. De acordo com o Sistema de
Informações sobre Nascidos Vivos divulgado pelo DATASUS (2017) no ano de 2014
foram 582 nascidos vivos advindos de mães na idade de 10 a 14 anos, que
correspondem a 26.75% no município de Campina Grande/PB. Já a faixa etária de
meninas entre 15 a 19 anos tiveram o número de 10.773 bebês nascidos vivos, sendo
33.94% na cidade de Campina Grande/PB. Portanto, tornou-se pertinente a realização
de atividades com desta ação extensionista que desse ênfase nos aspectos de saúde
pública nos quais a situação está inserida.
O ambiente escolar foi escolhido como sendo o local mais adequado para se
trabalhar com a prevenção de gravidez na adolescência, tendo em vista o compromisso
social para incrementar ações de educação sexual para a prevenção da gravidez, a
8924
saúde sexual e reprodutiva e o desenvolvimento biopsicossocial em geral de
adolescentes. (SILVA, 2016). Nesse contexto, a ação extensionista gerou benefícios ao
grupo envolvido, em termos do aprendizado que foi possibilitado pela interação
comunidade–sociedade e pela interação da extensão com o ensino e a pesquisa.
Observou-se um grande desenvolvimento do conhecimento de prevenção de
gravidez na adolescência dos alunos que participaram do projeto, além de um
conhecimento de toda a escola sobre esta situação.
2. Metodologia
O projeto se desenvolveu através de uma pesquisa de campo, descritiva
exploratória, procurando descobrir as atitudes, pontos de vista, preferências e a
percepção das pessoas envolvidas na pesquisa, a respeito da prevenção da gravidez na
adolescência. De abordagem qualitativa que não se preocupa com representatividade
numérica, mas, atua na compreensão de um grupo social, de uma organização, etc
aprofundando as informações acerca da temática (GERHARDT; SILVEIRA, 2009)
O estudo foi realizado na instituição de ensino público a Escola Estadual De
Ensino Médio Dr. Elpídio de Almeida, localizada no bairro da Prata situada na cidade de
Campina Grande na Paraíba. A população alvo foram os estudantes desta instituição, no
total foram 250, com idades entre 12 e 20 anos, estes alunos estão inseridos em duas
realidades diferentes de ensino que se dividem em ensino médio básico, contendo os
componentes curriculares clássicos para a formação e o médio técnico, que além dos
componentes básicos são fornecidos ensinos técnicos específicos neste caso nas áreas
de comercio e administração, obedecendo a nova regulamentação do Ministério da
Educação (MEC) pelo programa PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego ) regulamentado pela Lei 12.513/2011.
O processo do projeto se identifica como uma pesquisa-ação A pesquisa-ação é
caracterizada por uma participação planejada do pesquisador com a problemática a ser
investigada (GIL, 1994). O processo deste tipo de pesquisa recorre a uma metodologia
sistemática, no sentido de transformar as realidades observadas. Nesse sentido para
melhor aproveitamento da coleta foi necessário dividi-la em etapas: Capacitação,
Diagnóstico situacional, Avaliação e intervenção.
2.1 Capacitação
8925
e adolescentes. Todos os integrantes deste Projeto participaram, com o objetivo de
compartilhar saberes, e construir um saber coletivo para que na abordagem com os
pesquisados as dinâmicas e explanações não fossem divergentes.
2.3 Avaliação
8926
prévio em conflito com as dúvidas apresentadas, como uma espécie de auto avaliação,
além da conformidade do modelo metodológico para coleta de informações escolhido
pelos pesquisadores na opinião dos mesmos, dessa forma a pesquisa pode se adequar
as necessidades dos jovens e aprimorando a abordagem gradativamente.
2.4 Intervenção
3. Resultados e Discussões
8927
➢ Quais os riscos para a adolescente que engravida?
➢ Quais os métodos anticonceptivos que vocês conhecem?
➢ Como se utiliza a camisinha?
➢ Quais os cuidados que devemos ter com a camisinha?
➢ Quais os impactos que uma gravidez não planejada causa para a família e comunidade?
4. Considerações Finais
8928
Promover a educação de saúde na faixa etária em que o projeto foi aplicado, a
adolescência, é bastante desafiador. Alguns conceitos como a forma que o adolescente
se ver como sujeito na sociedade, como também a percepção do corpo frente as novas
mudanças hormonais e físicas características da adolescência ainda estão em processo
de formação. Desenvolver a promoção da saúde para os jovens de forma linear, através
de rodas de conversa, por exemplo, sem haver uma hierarquia na forma de se perpetuar
o conhecimento assim como o esclarecimento de dúvidas, apresentou-se como uma
maneira de considerável eficácia. (PAIM,2006)
A sexualidade ainda é um assunto tabu em nossa sociedade. Entretanto, percebe-
se uma maior abertura para o diálogo sobre gravidez, sexo e anticonceptivos na
atualidade, tanto na família como nas escolas e/ou universidades. É dever dos
profissionais de saúde ampliar esse conhecimento e eliminar mitos, principalmente
entre os jovens, pois essa é a faixa etária mais vulnerável a consequências negativas,
como uma doença sexualmente transmissível ou abandono de estudo devido a uma
gravidez na adolescência, foco desse projeto. (YAZLLE,2006)
Projetos como esse, que visa a promoção e prevenção da saúde, mediante
contato comunidade-sociedade, devem ser estimulados, principalmente na vida
acadêmica dos novos profissionais de saúde. Por meio da educação em saúde através
dos acadêmicos e/ou profissionais da área de saúde, a sociedade sofrerá menos com
impasses devido à falta de informações e terá acesso a medidas que objetivam uma
melhoria na qualidade da saúde da sociedade brasileira e, consequentemente, a
qualidade do Sistema Único de Saúde (PAIM,2006)
5. Referências
1. BRANDÃO, E. R.; HEILBORN, M. L. Sexualidade e gravidez na adolescência
entre jovens de camadas médias do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública,
v.22, n.7, p.1421-1430, 2006.
2. COSTA, M. S.; SOUSA, G. S.; BEZERRA, F. E,; IBIAPINA, F. L.; SANTOS, R. C. A. N.;
SILVA, R. M. Saberes e Práticas Sobre Sexualidade de Adolescentes em um
Município do Ceará. In: SILVA, R. M.; CATRIB, A. M. F. (Org.). Promoção de
Saúde na Adolescência e Concepções de Cuidados. Fortaleza: EdUECE, 2014.
P.379-395.
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8930
8931
HORTA NA ESCOLA
Daniele Luiz Albernaz Barbosa1; Edinéia Kreischer Ribeiro1; Yasmin Rodrigues1; Nathalia
Balthazar Martins2
1
Faculdade Arthur de Sá Earp Neto, alunas do Curso de Nutrição.
2
Faculdade Arthur de Sá Earp Neto, professora do Curso de Extensão.
Resumo
8932
Introdução
Além disso, também proporciona a modificação dos hábitos alimentares dos alunos, e a
percepção da necessidade de reaproveitamento de materiais tais como: garrafas pet e
embalagem de amaciante (CRIBB, 2010).
8933
um fator importante para sua aceitação e a partir daí aprende-se a gostar do que está
disponível (JACINTO et al., 2016; CRIBB, 2010).
O Projeto Horta na Escola teve como objetivos ensinar o cultivo de hortaliças aos
alunos de uma escola municipal para que estes passassem a valorizar as atividades de
plantar, cuidar e colher seus alimentos e se interessassem por hábitos alimentares mais
saudáveis. Além disso, o projeto visa oferecer uma fonte complementar para a merenda
escolar e para as casas dos alunos.
Material e Métodos
O Projeto Horta na Escola foi realizado em uma escola municipal do bairro Vale do
Carangola. Os habitantes do local são caracterizados por um público carente, o qual, em
alguns casos, não possuem saneamento básico ou até mesmo água encanada. Muitas
famílias são constituídas por um grande número de filhos, e as casas com um número
pequeno de cômodos.
Para que o projeto pudesse ser colocado em prática foram realizadas reuniões, com a
diretora e a orientadora da escola, visando a montagem de um cronograma que não
interferisse nas atividades e rotina dos alunos. Também foi realizada uma reunião com
os professores, onde foram expostas as ideias de integrar as atividades de sala de aula
com o Projeto Horta na Escola.
A primeira atividade realizada foi com os alunos do terceiro ano do ensino fundamental.
Nesta, o grupo fez uma breve apresentação falando da função do profissional
8934
nutricionista e da pirâmide alimentar. Em seguida, com materiais previamente
separados e levados pelo grupo, executou-se a montagem de um semáforo onde os
alunos deviam colar em uma cartolina figuras de alimentos que oferecem mais riscos à
saúde no sinal vermelho, seguidos de alimentos que devem sem consumidos com
moderação no sinal amarelo e os alimentos que devem ser consumidos sem restrições
no sinal verde.
Com as crianças da educação infantil, foi contada uma história que falava da
importância de se ingerir frutas e a atividade realizada foi a colagem de papel crepom
preenchendo diferentes tipos de frutas. E para os alunos do segundo ano, a atividade
desenvolvida foi desenhar em um prato impresso em papel A4, os alimentos que
compõe uma refeição saudável. Todas estas atividades foram desenvolvidas com o
intuito de abordar o tema alimentação saudável.
8935
Figura 1. Embalagem de amaciante pintada pelos alunos.
8936
Figura 2. Terreno selecionado para a criação da horta, antes da limpeza.
Para a criação dos canteiros foram utilizadas as garrafas pet recolhidas pelos alunos.
Estas foram colocadas por eles próprios em valas, previamente feitas, que delimitavam
o tamanho de 3 canteiros (Figura 3). Os canteiro tinham aproximadamente 20cm de
altura para possibilitar a deposição de bastante terra e adubo.
Para o preenchimento dos canteiros com terra e adubo foi realizado um mutirão com a
participação de alunos da Fase, colaboradores e voluntários. Após estarem prontos
passou-se para etapa do plantio. Nesta etapa o grupo contou com a doação das
8937
hortaliças pelo Departamento de Agricultura, da Prefeitura de Petrópolis, em que foram
doadas cerca de 400 mudas incluindo salsa, cebolinha, acelga e alface. Enquanto que
para as mudas das árvores frutíferas, houve doação pela secretária do Meio Ambiente,
sendo doadas mudas de pitanga, araçá e goiaba. Para a doação das arvores frutíferas foi
entregue um oficio na Prefeitura de Petrópolis, o Secretário de Meio Ambiente analisou
e autorizou a doação das mesmas.
Após a aquisição das mudas, iniciou-se o plantio. As crianças do terceiro ano foram
divididas em grupos de até 6 alunos para plantar algumas mudas. Eles foram
inicialmente orientados sobre o procedimento de plantio das hortaliças, como, por
exemplo, o espaçamento entre as covas, posteriormente, executaram o plantio e ao
final, com os regadores que foram produzidos, cada grupo ficou responsável por regar
um canteiro. Já as árvores foram plantadas por um adulto que estava auxiliando o grupo
no projeto.
Por se tratar de uma escola pública e sabendo que está fica fechada aos finais de
semana nós decidimos instalar um sistema de irrigação para facilitar a manutenção da
horta. O sistema de irrigação foi pelo método de gotejador por aspersão, com o auxílio
do Escritório de Arquitetura, que atuou na implementação.
Alguns materiais utilizados para instalação deste sistema como, por exemplo, registros
de esfera roscáveis com borboleta, “Tê” roscáveis, adaptadores irrigação para
mangueira, luva de pvc e abraçadeiras foram conseguidos através de doações de
parceiros do escritório. Porém, outros materiais como o adubo, aproximadamente 3m³, a
mangueira para a irrigação (200m), e a tinta para pintura dos regadores foram
compradas. Para arrecadar o dinheiro necessário para a compra foi feito uma rifa de
uma cesta de chocolate, contendo 300 números a dois reais cada, onde conseguiu-se
arrecadar 600 reais. Além disso, em uma aula prática da disciplina de Economia com
produção e venda de pizza, da turma do quinto período de Nutrição da Fase, o lucro
obtido foi revertido para compra de 40 das primeiras rifas descritas acima.
Resultados e Discussão
A ideia de se criar uma horta na escola surgiu logo no primeiro contato do grupo de
alunos de nutrição junto a orientadora da escola, que demonstrou um grande interesse
em se ter uma horta no ambiente escolar, para que os alunos pudessem ter o contato
direto com esse tipo de atividade, tendo em vista que seria uma grande oportunidade
de levar o conhecimento de dentro da sala de aula para a prática em meio a natureza.
8938
Através deste projeto, foi possível perceber a importância de se ter uma horta no
ambiente escolar, pois a partir desta é possível trabalhar com vários temas interligados
com a alimentação, já que logo no início das atividades, foi observado e relatado pelos
próprios alunos um hábito alimentar inadequado, sendo que não era nada comum o
consumo de frutas e hortaliças e muito frequente o consumo de produtos
industrializados, como biscoitos recheados e balas, por exemplo. No momento do
recreio, em que era servido a alimentação escolar, observou-se muitos alunos
consumindo alimentos industrializados, ao invés de comer o que era ofertado pela
escola.
De acordo com Pimenta e Rodrigues (2011), os alimentos que passam a fazer parte do
ambiente escolar, possuem um novo significado para as crianças, pois elas conseguem
ver e entender que antes de chegar aos mercados e feiras, os alimentos passam por
todo um processo de crescimento que requer cuidado, processo que elas puderam
vivenciar. Ainda segundo este autor, há uma grande distância entre compreender e
aceitar que alimentação adequada é a melhor opção, mas quando a criança tem a
oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do alimento, está distância é
certamente diminuída (PIMENTA e RODRIGUES, 2011).
Todo o trabalho realizado, com as atividades propostas foram muito produtivas, já que a
criança é um público curioso e está sempre disposta a aprender mais.
O preparo das atividades educativas era simples e de baixo custo, mostrando que é
possível ensinar outras coisas para as crianças nas escolas que vão além da grade
curricular tradicional. Essas atividades além de estimularem a criatividade das crianças
8939
mostram também o significado da responsabilidade. Uma vez que são os alunos os
responsáveis por plantar, regar e colher as hortaliças.
Até o momento o projeto conseguiu construir, com a participação dos alunos, 3
canteiros com hortaliças (Figura 4). O grupo conseguiu acompanhar o desenvolvimento
das hortaliças até um pouco antes da data da colheita (Figura 5 e 6). A primeira colheita
foi realizada em fevereiro de 2018, porém, como coincidiu com a primeira semana de
aula dos alunos e com as férias da Fase, não houve tempo hábil para organizar a
colheita com os alunos da escola. Porém, apesar deste contratempo, tanto os alunos
como os professores e profissionais que trabalham na escola receberam as hortaliças
colhidas por um funcionário e puderam levar as mesmas para suas casas, contribuindo
para uma alimentação mais saudável e saborosa com toda família.
8940
Figura 5. Foto do primeiro canteiro com as hortaliças plantadas e em processo de
desenvolvimento.
Alguns alunos, cerca de cinco entre o total de vinte sete alunos da turma, relataram já
terem um contato com horta em casa, mencionando ajudar os avós em tal tarefa. Com
as aulas e discussões administradas sobre tal assunto, e com a prática na escola, essas
crianças poderiam passar o conhecimento obtido para os seus familiares, contribuindo
para um cultivo domiciliar mais efetivo.
Por se tratar de uma comunidade muito carente e com problemas no processo de coleta
de lixo, os alunos da escola municipal do Vale do Carangola convivem diariamente com
grandes quantidades de lixo na rua. Tal exposição diária influencia negativamente no
processo de formação e conscientização dessas crianças. Como o projeto Horta na
Escola o grupo conseguiu fortalecer e “plantar uma semente” na mente dos alunos de
8941
como é importante cuidar do nosso meio ambiente e de que forma cada um pode
contribuir com isso de forma simples.
Além de todo esse aprendizado em relação ao meio ambiente e à alimentação saudável,
foi importante o trabalho em grupo realizado, já que havia reclamações por parte da
orientadora e da professora sobre a dificuldade de realizar atividades em grupo com a
turma, pois se caracterizavam por serem muito agitados e dispersos. Todas as atividades
realizadas foram em equipe, no início houve dificuldade, mas com o tempo,
principalmente nas etapas finais da montagem da horta, percebeu-se uma maior
facilidade de se trabalhar em grupo.
Conclusão
Na fase escolar a criança aprende e desenvolve habilidades que serão levadas por toda
a vida. O importante é que a criança seja estimulada a conhecer novas atividades e a
desenvolver os conhecimentos adquiridos. Para isso nada melhor do que levar o
conhecimento dentro de sala aula para as práticas realizadas fora dela.
Durante a realização do projeto foi possível perceber que as crianças estão sempre
motivadas a participar de novas atividades e dispostas a colocar em prática tudo aquilo
que é proposto, até mesmo as mudanças de hábitos alimentares, propostas com
implantação da horta.
O projeto horta na escola foi a forma que acadêmicos de nutrição da FASE encontraram
para contribuírem com a comunidade, passando um pouco do conhecimento adquirido
ao longo do curso de nutrição, para os alunos da escola do Vale do Carangola, que em
8942
contrapartida, também puderam contribuir e muito para o crescimento pessoal e
humanitário dos acadêmicos e despertando assim o interesse pelo trabalho social
voltado a ajudar o próximo e acima de tudo aprender com essa troca de experiência.
Referências
JACINTO, D. T.; MARINHO, A. A. P.; ALVES, A. T. C.; SILVA, L. G. O.; RESENDE, Q. M.;
SOUZA, M. J.; PEREIRA, M. M. L.; RABELO, M. R. G.; NUNES, M. R. Implantação de Hortas
em Escolas Públicas no Bairro Lagoa Grande. Anais do INESC – I Mostra Científica do
curso de Medicina, 2016.
8943
NEUROPSICOLOGIA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL: EXPERIÊNCIA NA ONCOLOGIA
PEDIÁTRICA
Resumo
O aprimoramento das terapêuticas para o tratamento de câncer infantil levou a um
aumento nas taxas de cura de neoplasias no Sistema Nervoso Central (SNC), embora os
efeitos neurotóxicos associados impliquem em comprometimento cognitivos cujos
impactos culminam em prejuízos acadêmicos e socioafetivos. O diálogo com a
Neuropsicologia é relevante para melhor compreender e intervir sobre essas sequelas,
garantindo melhor qualidade de vida para essa população. Assim, criou-se em 2015, o
Serviço de Neuropsicologia em Oncologia Pediátrica pelo Laboratório de Pesquisa e
Extensão em Neuropsicologia, no Hospital Infantil Varela Santiago em Natal/RN, a fim
de ofertar um serviço de avaliação neuropsicológica (AN) para crianças e adolescentes
diagnosticados com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e Tumores de SNC. Este estudo
objetiva descrever a implantação e ampliação do serviço e suas contribuições. Utilizou-
se uma descrição sobre a estruturação e rotina, de modo a apresentar o funcionamento
e demanda sobre o serviço. No total, foram atendidos 47 pacientes com LLA e 32 com
Tumores de SNC, cujos dados oriundos da avaliação neuropsicológica estão a serviço da
equipe multidisciplinar, para que em articulação com profissionais, família e escola,
fundamente intervenções sobre o desenvolvimento e aprendizagem. Percebe-se assim a
necessidade de avanços na oferta de um serviço de atenção integral que transcenda
iniciativas pontuais e se materialize permanentemente à disposição das crianças com
câncer no RN.
2
UFRN, graduanda de psicologia (DEPSI/UFRN).
3
UFRN, graduanda de psicologia (DEPSI/UFRN).
4
UFRN, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPgPsi/UFRN).
5
UFRN, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPgPsi/UFRN).
6
UFRN, graduando de psicologia (DEPSI/UFRN).
7
UFRN, professora titular do Departamento de Psicologia (DEPSI/UFRN), orientadora acadêmica.
8944
Palavras-chave: Neuropsicologia, oncologia pediátrica, consolidação de serviço.
Introdução
Dentre as patologias que acometem a infância, o câncer vem se destacando nas
últimas décadas como importante foco de atenção para a neuropsicologia. Segundo o
Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer infantil é
um grupo de doenças caracterizado pela proliferação descontrolada de células no
organismo. Dentre as mais frequentes na infância estão as leucemias, tumores do
sistema nervoso central e linfomas. Estimou-se para o biênio 2016-2017 a ocorrência de
12.600 casos que acometem a faixa etária de 0 a 19 anos. Em destaque, avalia-se que as
Regiões Sudeste e Nordeste apresentaram os maiores números de casos, 6.050 e 2.750
respectivamente (INCA, 2015).
8945
Rio Grande do Norte. Desde 2015, com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PROEX-UFRN), foi possível desenvolver,
implantar e consolidar serviços dessa natureza nas Unidades de Oncologia Pediátrica
que são referência em nosso estado.
Objetivo geral:
8946
Objetivos específicos:
Metodologia
Para cumprir com o objetivo central proposto, utilizou-se uma descrição sobre a
estruturação,protocolo e rotina, de modo a apresentar o funcionamento e demanda
sobre o serviço. Dessa forma, foi possível fazer uma avaliação qualitativa das atividades
realizadas, caracterizando mais amplamente o serviço prestado a comunidade.
Instituição participante:
8947
saber: Clínica Cirúrgica, Neonatologia, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e o
Centro de Onco-hematologia Infantil (COHI).
Participantes:
Sistematização do Serviço:
Para a construção da proposta do serviço, assim como de seu protocolo avaliativo, foi
realizado um levantamento de literatura para o embasamento e apropriação dos
conteúdos pertinentes ao mesmo, envolvendo a interface neuropsicologia-oncologia.
8948
turnos matutino e vespertino, de acordo com a rotina de acompanhamento clínico das
crianças assistidas nas instituições participantes.
Avaliação:
8949
4) Um ano após a radioterapia de crânio e neuro-eixo: É aplicada bateria
neuropsicológica completa, abarcando amplo espectro de domínios
cognitivos, afetivos e comportamentais;
Para as crianças com tumores benignos, as quais em geral não são submetidas à
quimioterapia e radioterapia, as avaliações ocorrem segundo as seguintes etapas do
tratamento:
8950
investigar a presença de alterações cognitivas possivelmente relacionadas aos efeitos
tardios do tratamento cirúrgico e/ou antineoplásico.
Instrumentos:
Considerando os dados da literatura quanto às possíveis alterações cognitivas
decorrentes de danos cerebrais na infância e adolescência (GARCIA, 2011; MELLO et. al.,
2006) e o Modelo Luriano de avaliação neuropsicológica, no que se refere à proposição
de modelo de diagnóstico e intervenção idiográficos, compreensivos e flexíveis
(GLOZMAN, 1999), foi desenvolvido o protocolo avaliativo a ser utilizado nas avaliações
neuropsicológicas das crianças com Tumores de Fossa Posterior (TFP) e LLA. Este
protocolo abrange o exame de diversos domínios cognitivos e aspectos socioafetivos,
acadêmicos e comportamentais, com o objetivo de proporcionar uma visão abrangente e
sistêmica do funcionamento da criança. Além de subsidiar a proposição de estratégias
de intervenção que promovam qualidade de vida e a garantia do desenvolvimento da
criança diante de sua nova condição.
8951
1. Avaliação da Capacidade Intelectual: Escalas Wechsler de Inteligência para
Crianças – 4ª versão – WISC-IV (WECHSLER, 2013); SON-R 2 1/2 - 7 [a]
(TELLEGEN et al., 2015)
2011);
11. Tarefas qualitativas que, para além dos dados obtidos através dos instrumentos
normatizados, possibilitem maior compreensão do funcionamento cognitivo do
sujeito, abarcando a análise sindrômica e a identificação das alterações primárias
e secundárias, à lesão cerebral;
Resultados e Discussão
8952
A execução do projeto iniciou em 2015 com a implementação e desenvolvimento
de Serviços de Neuropsicologia nos setores de oncologia pediátrica do HIVS e da Liga
Norte Riograndense contra o Câncer, ambos situados na cidade de Natal (RN), inserindo
a avaliação neuropsicológica na rotina procedimental dos pacientes pediátricos com
LLA e TSNC. Atualmente o serviço funciona apenas no HIVS.
8953
Além disso, está em processo de elaboração uma cartilha voltada para as escolas
e familiares sobre as possíveis dificuldades que crianças e adolescentes sobreviventes
podem enfrentar em seu cotidiano escolar e social e possíveis estratégias para
minimização dessas, contemplando as demandas apresentadas por esse público.
Conclusão/Considerações Finais
8954
investigação, compreensão e minimização dos impactos decorrentes dos tumores de
SNC e de seu tratamento.
8955
ao discente em atividade curricular a possibilidade de aprendizagem e de
desenvolvimento de competências e habilidades necessárias à atuação em
neuropsicologia e em sua interface com a oncologia pediátrica, obtendo experiência em
uma área pioneira e em franca expansão em todo o país.
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problem. Seminars in Oncology Nursing, 29(4), 232–7. 2013.
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8956
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WECHLER, D. Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – Quarta Edição (WISC IV).
8957
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013.
8958
BEBÊS DE RISCO E SUAS FAMÍLIAS: ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA EM UMA UTI NEONATAL
Resumo
Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é marcada pela utilização
de alta tecnologia. Nesse contexto, pais experimentam sentimentos de culpa, medo,
angústia e incapacidade. Metodologia: Este trabalho é um relato de experiência da
atuação da psicologia na UTIN da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), no período
de janeiro de 2015 a dezembro de 2017. Resultados/discussão: A assistência
psicológica é embasada em uma prática humanizada de atendimento. O trabalho
desenvolvido na UTIN envolve atendimentos individuais, visitas de irmãos e atividades
grupais. O atendimento individual visa prestar apoio emocional aos familiares, favorecer
a aproximação e o fortalecimento do vínculo entre os pais e o bebê de risco, bem como
estimular o aleitamento materno. Na visita de irmão, os profissionais da psicologia
preparam e acompanham a criança e/ou adolescente na visita ao bebê internado. Nas
atividades grupais ocorrem orientações e compartilhamento de experiências entre as
participantes. Conclusão: Percebeu-se que o trabalho desenvolvido pela psicologia na
UTI Neonatal possibilitou a expressão e a ressignificação dos sentimentos por parte dos
familiares, minimizando assim a angústia, culpa, medo, tristeza, dúvida, revolta e
ansiedade, favorecendo o vínculo afetivo saudável entre a família e o bebê em situação
de risco.
Introdução
De acordo com a Portaria Nº 930 do Ministério da Saúde, a UTI Neonatal é um serviço
de internação responsável pelo cuidado integral ao recém-nascido grave ou
1
Thatiane Guedes de Oliveira Machado; Psicóloga da Instituição Maternidade Escola Januário
Cicco; E-mail thatig@bol.com.br.
2
Janine Conceição de Araújo e Silva; Psicóloga residente da Instituição Maternidade Escola Januário
Cicco; E-mail: janinearaujo02@gmail.com.
3
Robson Mechel Berto da Silva; Psicólogo residente da Instituição Maternidade Escola Januário Cicco; E-
mail: robsonmichelpsi@hotmail.com.
8959
potencialmente grave, dotado de condições técnicas adequadas à prestação de
assistência especializada, incluindo instalações físicas, equipamentos e recursos
humanos (BRASIL, 2012). Do mesmo modo, esta portaria tem por objetivo definir as
diretrizes para a organização da atenção integral e humanizada do referido público no
âmbito do Sistema Único de Saúde. Assim, determina que podem ser internados na UTI
Neonatal recém-nascidos graves ou potencialmente graves, com risco de morte, de
qualquer idade gestacional e que necessitem de cuidados especializados, entre esses,
recém-nascidos com idade gestacional inferior a 30 semanas e ou peso menor que
1.000 gramas.
A UTI Neonatal, que por vezes configura-se como um ambiente tecnológico, no qual a
equipe está voltada para a manipulação da tecnologia e cuidados especializados, é,
ainda, um cenário de fortes emoções, conflitos e sentimentos e, para os pais,
principalmente, pode parecer um ambiente hostil (BRASIL, 2011). Isto porque, para a
maioria destes, é um ambiente estranho, dominado pela alta tecnologia e linguagem
técnica dos profissionais (MOLINA et al. 2009). Desse modo, faz-se necessário pensar
estratégias de cuidado que proporcionem a inserção dos pais e familiares no contexto
da UTI neonatal, de forma a tornalos participantes no processo. Ainda de acordo com a
Portaria Nº 930 do Ministério da Saúde, aos pais é garantido o livre acesso à UTI
neonatal, bem como a permanência na unidade, se assim desejarem. Para os demais
familiares, poderão ser realizadas visitas programadas. Outro apontamento importante é
o que diz respeito à garantia de informações, assegurada na mesma portaria e que
determina sua realização, no mínimo, uma vez por dia. Tais determinações indicam um
caminho a ser seguido no cuidado em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, caminho
este que aponta para um processo de cuidado aos recém-nascidos no qual pais e
familiares possam ser parte integrante e atores participativos.
De acordo com Silva, Silva & Christoffel (2009), no ambiente da UTI neonatal, uma
diversidade de necessidades do bebê ganham destaque, a exemplo, a inserção de sua
família. Tendo em vista que os cuidados não devem ser focados apenas nos aspectos
biológicos, deve ser valorizado o seu desenvolvimento psicoafetivo, de modo que a
presença dos pais e demais membros da família faz-se necessária. Assim sendo, é
necessário atentar para tais aspectos, objetivando ofertar uma prática que considere o
bebê em sua complexidade: mais que um objeto de intervenções, o bebê deve ser
considerado e respeitado como ser-sujeito, que apresenta uma história. Ainda de acordo
com os autores supracitados: “quando valorizamos o cuidado meramente técnico,
dicotomizamos o corpo biológico do social, deixamos de ver, sentir e adentrar pelo
campo da subjetividade” (SILVA, SILVA & CHRISTOFFEL, 2009). Nesse sentido, há muito
8960
o que se considerar no atendimento na UTI Neonatal: histórias de vida, contexto sócio
cultural e experiências compartilhadas pelo bebê e sua família.
Tendo em vista tal cenário, é importante intervir para acolher e cuidar das famílias dos
bebês internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, considerando as
repercussões do nascimento prematuro. Nesse ínterim, destaca-se a atuação do
psicólogo no contexto da UTI neonatal, configurando uma estratégia de humanização
desse serviço, uma vez que qualifica o atendimento ofertado às famílias dos recém-
nascidos, resgatando princípios éticos; fortalecendo vínculo entre a família, bebê
hospitalizado e equipe de saúde; bem como ajudando os pais a vencer a barreira inicial,
fundamentada na quebra de expectativas e no ambiente de alta tecnologia no qual o
bebê está inserido, a fim de que possam olhar para um bebê humanizado (BALTAZAR;
GOMES, 2010). Assim, temos que o psicólogo, a partir de suas intervenções nesse
8961
contexto, poderá ser um facilitador da interação pais-bebê, e paisequipe, de modo a
diminuir a angústia frente à situação de crise em que a família se encontra. Nesse
sentido, é de grande relevância conhecer a prática psicológica no contexto apresentado,
a fim de apresentar e compreender a atuação da psicologia, bem como as contribuições
que podem ser dadas por tal profissional, no cenário da UTI neonatal, sendo este o
proposito desse trabalho.
Metodologia
O presente trabalho é um relato de experiência sobre a atuação da psicologia na UTI
neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco, no período de janeiro de 2015 a
dezembro de 2017. A Maternidade Escola Januário Cicco é referência em gestação de
alto risco para o Rio Grande do Norte. Atualmente, situa-se nesta instituição a maior UTI
neonatal do estado, recebendo demandas de todas as regiões do Rio Grande do Norte. A
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da referida instituição é composta por 23 leitos,
sendo dividida entre UTI 1 e UTI 2. Os recém-nascidos internados na UTI neonatal
podem ser nascidos na própria instituição ou encaminhados de outras.
8962
Ademais, na prática da psicologia nesta unidade busca-se estimular a presença e
participação dos pais nos cuidados com o bebê na UTIN; acolher as perdas reais e
simbólicas em relação à maternidade; bem como fortalecer o sentimento de apoio e
cuidado mútuo entre as pacientes, os acompanhantes e os familiares, o que contribui
para melhor adesão ao tratamento. É importante destacar que a atuação da psicologia
também inclui a realização de interconsultas com outros profissionais e setores da
maternidade e, se necessário, com outras instituições da rede de saúde.
Resultados e Discussão
Considerando o cenário descrito nos tópicos anteriores, é necessário que a atuação da
psicologia seja voltada para a inserção dos pais e demais familiares no ambiente e
rotina da UTI neonatal, sensibilizando-os acerca da importância da interação com o
recém-nascido. A assistência psicológica é, portanto, embasada numa prática
humanizada de atendimento, que oferece um espaço de escuta no qual os pais podem
expor suas dúvidas, medos e expectativas frente à internação de seu filho, ajudando-os
a falar sobre essa experiência, facilitando a comunicação com o bebê, e atendendo à
diversidade de demandas que por vezes surgem no ambiente da UTI neonatal.
8963
nascimento, os pais demandam tempo e aprendizado para formação de vínculo e
compreensão de que são capazes de cuidar de seus filhos, mesmo diante das
fragilidades escancaradas no contexto da UTI Neonatal (MELO, SOUZA; PAULA, 2013).
No tocante às atividades em grupo, são realizados grupos com a participação das mães,
pais e acompanhantes. Estas atividades grupais ocorrem semanalmente, visando
oferecer informações, esclarecer dúvidas e acolher os sentimentos decorrentes da
hospitalização. Busca-se estimular a participação de outras categorias da equipe
multiprofissional, como o serviço social, a medicina, a enfermagem e a fonoaudiologia.
Tais atividades promovem, ainda, a interação entre as mães, sendo também um espaço
de escuta e fala que facilita o compartilhamento de experiências.
8964
ter profissionais de referência no setor favorece a relação de confiança entre os pais e a
equipe, deixando-os mais seguros. Faz-se necessário destacar a importância do
fortalecimento da comunicação entre os pais e bebês. Por vezes, a insegurança
consequente do nascimento diferente interfere na comunicação entre pais e bebês, e
por isso é necessário estimular essa comunicação, ajudando os pais a estabelecerem um
diálogo com o bebê, o que pode ser feito através do toque, da conversa, leitura de
expressões e outras estratégias. Além disso, é relevante reforçar que a comunicação
entre os pais e bebê fortalece o vínculo e recuperação.
Outro ponto de convergência com a literatura citada e que é relevante destacar trata
das perdas reais e simbólicas no cenário da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Considerando este caráter da UTI, é fundamental trabalhar as perdas vivenciadas pelas
famílias de bebês internados. Acolher e proporcionar um espaço de expressão da dor faz
parte da abordagem utilizada em tais situações. Além disso, quando se sabe que um
bebê está em estado grave de saúde, existe o cuidado de facilitar que a família faça
visitas, mesmo fora do horário determinado, ou, ainda, que realize rituais de despedida
e/ou religiosos, de acordo com suas crenças, como orações e batizados. Em casos de
óbito, é ofertada aos pais uma latinha decorada de acordo com o sexo do recém-
nascido, na qual são colocados objetos que possam servir de recordação, como a
pulseira hospitalar de identificação, o papel de identificação do leito na UTIN, a
impressão plantar ou palmar e/ou uma mecha de cabelo. Também foi confeccionado um
folder informativo sobre luto, para ser entregue para a família do bebê falecido. Cabe
destacar que toda intervenção é realizada para colaborar com o processo de elaboração
do luto da família.
Além disso, pontuamos que a atuação da psicologia na Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco é, relativamente, recente, tendo sido
8965
iniciada em 2015. Entretanto, desde então, muito tem sido construído. Observa-se que
os profissionais da psicologia atuantes no setor conseguem articular-se com a equipe de
saúde da unidade, de modo a promover intervenções conjuntas e com apoio dos demais
membros da equipe. É relevante destacar que a instituição possui um programa de
residência multiprofissional com área de concentração em UTI neonatal, e que
contempla profissionais da psicologia. Assim, a partir da proposta da residência, que
abrange a prática e o ensino, a atuação da psicologia está em constante processo de
problematização e construção, o que contribui para a formação de residentes e
preceptores.
Conclusão/Considerações Finais
De acordo com fatores já mencionados neste trabalho, a internação de um bebê em
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal configura um período de crise para pais e bebê.
Assim sendo, a atuação da psicologia torna-se fundamental para a oferta de um cuidado
que envolve o grupo familiar e considera o bebê como um ser que possui história e
pertence a uma família. Além disso, observa-se que as famílias, em especial, os pais,
demandam intervenções qualificadas, uma vez que experimentam sentimentos
conflituosos diante do adoecimento do bebê. Observamos, portanto, que o trabalho da
psicologia na UTI Neonatal possibilita a expressão e elaboração dos sentimentos por
parte dos familiares, minimizando os sentimentos de angústia, culpa, medo, dúvida,
revolta e ansiedade, provocados pela internação prolongada, bem como favorece o
estabelecimento e o fortalecimento de um vínculo afetivo saudável entre a família e o
bebê em situação de risco.
Referências
8966
BALTAZAR, Danielle Vargas Silva; GOMES, Rafaela Ferreira de Souza e CARDOSO, Talita
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8967
A LIGA DE EXTENSÃO COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE DE
ADOLESCENTES
Maria Girlane Sousa Albuquerque Brandão1; Jamilly Coelho Teixeira Braga1; Ana Célia
Oliveira Silva1; Sibele Pontes Rocha2.
Resumo
Introdução: Os crescentes indicadores da morbimortalidade entre adolescentes
enfatizam a importância de maior atenção das políticas de saúde direcionadas à
adolescência, além da exposição dessa faixa etária as IST/HIV/AIDS. Objetivo: Descrever
as atividades de uma liga de extensão do Curso de Enfermagem da Universidade
Estadual Vale do Acaraú (UVA), na cidade de Sobral, Ceará, empregando o Círculo de
Cultura de Paulo Freire com adolescentes. Metodologia: Trata-se de um estudo
descritivo do tipo relato de experiência, qualitativo, que envolveu o desenvolvimento de
oficinas de educação em saúde, realizadas período de março de 2016 a março de 2018,
por acadêmicos de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú,
extensionistas da Liga de Promoção à Saúde do adolescente. As ações de extensão
foram desenvolvidas em acordo com a demanda do município, o que viabilizou a
abordagem de cerca de 2.000 adolescentes do município de Sobral, Ceará. Os espaços
articulados para o desenvolvimento das atividades compreenderam equipamentos
sociais representados por escolas municipais e estaduais, quadras, praças, Centros de
Saúde da Família (CSF), os Centros de Referências e Assistência Psicossocial e diversos
espaços de encontros da comunidade. Resultados: A partir da realização de atividades,
foi possível estabelecer um contato que promoveu o compartilhamento de informações
por meio de oficinas lúdicas com adolescentes de 12 a 19 anos sobre temáticas
diversas, compreendendo a dinamicidade do público adolescente. As atividades
1
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Curso de Bacharelado em Enfermagem.
2
Universidade Federal do Ceará (UFC). Enfermeira. Mestranda em Saúde da Família pela UFC.
8968
desenvolvidas tiveram como base metodologias ativas, o que possibilitou a inserção dos
adolescentes como protagonistas, instigando e provocando estes a lidarem de forma
crítica com as temáticas abordadas. Conclusão: É importante que haja o
desenvolvimento de tecnologias educativas também na prática profissional, de forma a
incorporar a assistência integral aos adolescentes em conjunto, objetivando o
estabelecimento da qualidade desta assistência.
Introdução
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/902, a
adolescência é circunscrita como o período de vida que vai dos 12 aos 18 anos de idade.
Já o Ministério da Saúde toma por base o conceito da Organização Mundial da Saúde
(OMS), que delimita a adolescência como a segunda década de vida, dos 10 aos 19 anos
de idade. (SANTOS, et al., 2014).
No Brasil, os temas sobre sexualidade, IST e AIDS são delicados, pois vêm
cercados de tabus, preconceitos e repressão familiar. Apesar disso, a facilidade de
acesso às fontes de informações e redes sociais contribui para a iniciação sexual
precoce dos adolescentes. Embora haja esforços do setor da Educação e do Setor de
Saúde em conscientizar esse público sobre a prevenção, a maioria não se considera
vulnerável a esse problema. Frequentemente, alguns pais transferem para a escola a
responsabilidade de educação e orientação dos seus filhos (FÉ, et al., 2014).
8969
Assim, buscar a participação dos jovens no processo de promoção da saúde,
incentivando o autocuidado, deve ser um desafio permanente para os profissionais de
saúde, que ao promoverem qualquer assistência ao adolescente, devem levar em
consideração as mudanças das relações, as diversidades sociais, bem como o modo
como os adolescentes enxergam a própria vida. Portanto, mobilizar a população jovem
requer a adoção de metodologias participativas e inovadoras, que incite o protagonismo
juvenil (BRASIL, 2008).
Uma das estratégias de educação em saúde que pode ser utilizada é o Círculo de
Cultura, um método de Paulo Freire, que é capaz de estabelecer o diálogo e a discussão,
troca de experiências e vivências, ensino e aprendizado mútuo sobre diversos temas,
capacitando as pessoas a refletirem sobre sua realidade (BESERRA, 2011).
Metodologia
8970
As ações de extensão foram desenvolvidas em acordo com a demanda do município, o
que viabilizou a abordagem de cerca de 2.000 adolescentes das comunidades do
município de Sobral, Ceará. Os espaços articulados para o desenvolvimento das
atividades compreenderam equipamentos sociais representados por escolas municipais
e estaduais, quadras, praças, Centros de Saúde da Família (CSF), Centros de Referências
e Assistência Psicossocial , dentre outros espaços de encontros da comunidade.
O Círculo de Cultura de Paulo Freire é coordenado por um animador que não dirige, e
sim busca, em cada ocasião, animar um trabalho de orientação à equipe, cuja
participação ativa em todos os momentos do diálogo é caracterizada como uma
qualidade, produzindo modos próprios novos, solidários e coletivos de pensar, evitando
o monólogo de palestras, quando se busca apenas transferir conhecimentos. É um
8971
processo de produção participativa do saber e da cultura, no qual todos aprendem e
ensinam (SIMÕES, et al., 2007).
Resultados e Discussão
A partir da realização das atividades da LIPSA, foi possível estabelecer um
contato que promoveu o compartilhamento de informações por meio de oficinas lúdicas
com adolescentes de 12 a 19 anos sobre temáticas diversas, compreendendo a
dinamicidade do público adolescente. As atividades desenvolvidas tiveram como base
metodologias ativas, o que possibilitou a inserção dos adolescentes como protagonistas,
instigando e provocando estes a lidarem de forma crítica com as temáticas abordadas.
Dentre os jogos mais utilizados destacam-se: o Tabuleiro Alimentar, o qual tem por
objetivo a promoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercícios; o Jogo
da velha sobre diretos sexuais e reprodutivos; Jogo mitos ou verdades sobre IST; o
Tabuleiro da Educação sexual e o Jogo das situações-problemas sobre álcool e drogas.
8972
Figura 1. Ação de extensão na Figura 2. Ação de extensão no VII Ocupacional
Semana Municipal do Adolescente Encontro de Extensão da
na Rua do Bolevard do Arco, Intradomiciliar Universidade Estadual Vale do
Sobral, Ceará, dezembro/2016. Acaraú, Sobral, Ceará, Icatu
FONTE: Arquivo pessoal I outubro/2016.-
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Escola Pública, Sobral, Ceará, a Ceará, março/2017.
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Ost alunos mostraram grande minteresse e participação durante as uoficinas, o que foi
evidenciado
u na postura adotada o pelos participantes, além dos comentários
bdo núcleo
gestor das escolas e dos organizadores de eventos nas praças, que assistiram às oficinas
e
Assim, é necessário pensar na educação em saúde não como uma simples transmissão
de informações, mas a construção de um espaço de trocas, onde os participantes
tenham liberdade de expressão, compartilhem experiências de vida, em uma relação
horizontal (FÉ, et al., 2014).
8974
disso, sugere-se que assistir à televisão pode contribuir para o excesso de peso por
aumentar a demanda do consumo de alimentos anunciados nas propagandas, que, na
sua maioria, são ricos em açúcares, gorduras e sódio (GRANICH, et al., 2010).
Vale ainda ressaltar que o álcool é um assunto que deve ser constantemente discutido
com o público adolescente, uma vez que esta é a substância psicotrópica mais
consumida pelos jovens em todo o mundo. As consequências do consumo do álcool por
adolescentes são variáveis e incluem além de alterações à saúde, uma série de
comportamentos sexuais de risco, violência, acidentes automobilísticos, suicídio, entre
outros. O uso precoce do álcool, como vem ocorrendo entre adolescentes, traz como
consequência a antecipação dos efeitos deletérios causados à saúde, como alterações
neuropsiquiátricas, hepatite alcoólica, gastrite, síndrome de má absorção, hipertensão
arterial, acidentes vasculares cerebrais, cardiopatias e aumento do risco de
desenvolvimento de tumores do trato gastrintestinal (SOUZA, et al., 2013).
Outro dado importante reflete os acidentes e as violências com adolescentes, uma vez
que as mortes por estas causas representam em média 20% do total de óbitos anuais
por causas externas em Fortaleza, Ceará, Brasil, sendo a primeira causa de morte em
crianças a partir dos cinco anos de idade e nas duas fases da adolescência (ROMERO,
2013).
8975
enfermeiros que implementam tecnologias educacionais nas ações de educação em
saúde devem se comprometer com a transformação social da pessoa envolvida no
processo educativo. Enfatiza-se a relevância das tecnologias educacionais, visto que
essas metodologias dinamizam as atividades de educação em saúde, ação peculiar da
Enfermagem (ÁFIO, et al., 2014).
Considerações Finais
Diante das experiências obtidas nas ações da LIPSA, foi possível perceber o
engajamento dos adolescentes e o interesse dos mesmos. Os encontros foram de fato
espaços de promoção da saúde em sua forma ampliada, por meio do estabelecimento de
vínculos, solução de dúvidas, e favorecimento de momentos de diversão, cultura, lazer e
troca de conhecimentos.
Um fator muito importante em todas as ações promovidas pela LIPSA foi à avaliação
dos adolescentes, a qual sempre era realizada ao final das atividades, como forma de
mensurar a efetividade das tecnologias utilizadas na transmissão de conhecimentos. Os
jovens tinham a oportunidade de se expressar livremente e suas opiniões repercutiam
nos encontros seguintes e no roteiro de atividades propostas. O feedback era bastante
positivo, principalmente em relação a metodologia utilizada, o que pode ser percebido
8976
por meio das solicitações de retorno da LIPSA, pelos gestores dos espaços trabalhados e
pelos próprios adolescentes.
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8979
A EFICACIA DA ATIVIDADE FISICA NA PROMOÇÃO À SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS
NO GRUPO DE DANÇA
Resumo
A dança é uma atividade física que melhora a qualidade de vida, diminuindo os riscos
dos distúrbios metabólico e na profilaxia de doenças crônicas, essa atividade já é um
método antigo mais poucos se preocupam com essa pratica, hoje a obesidade vem
crescendo a cada dia, devido ao aumento do sedentarismo que vem criando uma
barreira para atividade física. Objetivo desse estudo foi Identificar a eficácia da
atividade física no grupo de dança. A metodologia usada foi o relato de experiência na
Estratégia saúde da família (ESF), vivenciado por acadêmicos no período de 03 /07/2017
a 22/09/2017, que no final do dia a cada promoção a saúde era criada um relatório.
Foram encontrados que, a dança enquanto atividade física trouxe vários resultados
positivos, melhorando a qualidade de vida dos integrantes. Concluímos que a dança
com atividade física é uma maneira de prevenção de doenças crônicas é um fator que
contribui para promoção à saúde.
1. Introdução
8980
crônicas e à diminuição do risco de morte prematura por doenças, essa atividade é
identificada como qualquer movimento que envolva o corpo, produzido um movimento
mecânico capaz de mover o musculoesquelético que resultara em gasto energéticos,
essas atividades é aquela como: caminhada dança, esportes e outras praticam que
estejam na política (POLISSENI; RIBEIRO, 2014).
O estilo de vida é o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e
as oportunidades na vida das pessoas, em que devem ser valorizados elementos
concorrentes ao bem–estar pessoal, como controle do estresse, a nutrição equilibrada, a
atividade física regular, os cuidados preventivos com a saúde e o cultivo de
relacionamentos sociais (Nahas 2001 apud VILARTA e GONÇALVES, 2004, p.46)
A dança é uma atividade física alegre que traz sensações de bem- estar e dá
estímulos para a pessoa que a pratica e resulta uma melhor condição do bem estar
8981
desses praticadores. Essa prática de atividade leva o indivíduo a ter mais motivação,
autoestima e autodeterminação. Desse modo pode-se nos sentir mais tranquilos e
mais felizes conosco e com outras pessoas ao nosso redor, fazendo com que liberte
seu corpo e conduza à uma melhor disposição no decorrer dos seus dias
(SEBASTIÃO, et al 2008). A autora ainda afirma que como qualquer outra atividade
física, a dança pode beneficiar o indivíduo e retardar alguns problemas que podem
ser diminuídos com o passar dos anos.
2. Metodologia
8982
resultados positivos, no vivenciamento e na participação da educação, o grupo é
composto por pessoas com sobrepeso, hipertenção, dores fisicas, sendentárismo e
pessoas depressivas.
As discussões a seguir foram resultadas dos relatos vivenciados por nós acadêmicos.
Esses relatos foram feitos no decorre do estágio vivenciando o grupo de dança. Esta é
mais uma forma de compartilhar as experiências, além de comprovar a participação e
obter a declaração no final do programa.
3. Resultados e Discursões
Através dos movimentos corporais que a dança favorece aos praticantes bons
resultados para uma melhor qualidade de vida. Desse modo o número de pessoas
que busca essa prática está aumentando, pois a mesma vem destacando-se cada vez
mais. A dança ajuda na prevenção e redução do peso, o movimento dos membros
vem desencadeando benéficos quanto a saúde das pessoas, a mesma favorece aos
praticantes com bons resultados, dando-lhes melhor qualidade de vida.
8983
região. Portanto, isso mostra a importância da dança como um fator positivo para
prevenir e reduzir a massa corporal. Foi observado também, que a força de vontade
dos participantes também tem um fator de contribuição diante dessa
contextualização, a qual busca uma melhor qualidade de vida quanto a massa
corporal.
8984
integrantes DM, a prática tem suma importância no controle da diabete, ela melhora
a capacidade da insulina de transportar a glicose para as células, e praticando
atividade física seu corpo necessita de glicose para gerar energia, assim a taxa de
glicose no sangue tende-se a diminuir.
A Dança pode ser um bom caminho para melhorar o humor, se divertir, mas
especialmente ajudar a amenizar o impacto de algumas doenças da vida moderna. A
depressão é uma delas, na dança há troca de energia, onde você estar em contato
com outras pessoas, quando você movimenta o corpo, naturalmente você muda o
estado interno. Muitas participantes do grupo de dança, estavam com o nível de
estresse muito alto, e 2 delas estava com início de depressão, com a prática da
dança, as mesmas passaram a ter uma vida mais tranquila, onde conseguiram
libertar a mente e viver mais sorridentes. Visto que elas aos poucos foram
conseguindo deixar a angústia e o estresse de lado, e foram desfrutando dos
benefícios que a dança trouxe, a qual venho implantar um conjunto de reações
positivos quanto há uma melhor qualidade de vida dos praticantes.
8985
MOURÃO E SILVA (2011) ainda assegura que a dança é um tipo de atividade física que
permite ao indivíduo melhorar sua função física, sua saúde e seu bem-estar. A prática de
exercícios físicos não só favorece na parte estética do indivíduo, mas proporciona
também aos praticantes o benefício do sentir-se bem. E, é através da dança, que é uma
atividade física bem divertida de ser praticada, que muitos podem viver e alcançar uma
determinada idade com boa saúde e muita disposição. Além disso, com a dança, pode-
se nos proporcionar momentos de prazer e felicidade, socializando-nos e elevando a
autoestima. Pode-se dizer que a dança é o meio que pode proporcionar melhorias na
qualidade de vida, pois qualidade de vida é viver bem, é viver feliz consigo e com o
próximo, é desfrutar de tudo que nos faça feliz.
4 Considerações finais
Por fim, não podemos deixar de assumir que a tarefa de promoção da saúde é
bem mais complexa do que o simples repasse de informações à população, tendo
8986
importância no conhecimento para população frente ao desenvolvimento do seu
bem estar. A problematização e a criação de espaços de diálogos neste fazer diário,
visando o enfrentamento das dificuldades de forma coletiva, são essenciais, seja está
uma enfermidade, incapacidade e/ou limitação socioambiental. O desenvolvimento
da capacidade de negociação, o fortalecimento da identidade, da solidariedade,
empoderamento e entendimento de sua própria vida e saúde auxiliam resoluções
criativas e incorporação de saberes saudáveis individuais e coletivos, visando na
educação em saúde, onde todos possam ser estimulados a aprender e conhecer os
principais benefícios da atividade física quanto a melhoria a saúde.
Referências
8987
214, 2008. Disponivel em:
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8988
LUTA, EMPATIA E DIÁLOGO: A CONSTRUÇÃO DE SABERES ENTRE EXTENSIONISTAS E
INDÍGENAS POTIGUARA NO PROJETO DE EXTENSÃO IANDÉ GUATÁ
Alice Ribeiro Viana de Carvalho; Karolina Saad Rached; Willian Fernandes Luna.
8989
Palavras-chave: Extensão Comunitária; Saúde Indígena; Educação Popular em Saúde;
Introdução:
8990
Umas das possibilidades para desenvolvimento da Extensão Universitária é a
utilização de princípios da Educação Popular em Saúde, em um processo dialógico da
educação em saúde, por exemplo, sendo necessário que o profissional tenha a
humildade de reconhecer que seu saber não é único nem absoluto e que ele tem
muito a aprender com as pessoas, mesmo aquelas que não tiveram acesso à educação
formal (FREIRE, 1977). Há profundas diferenças entre a Educação Popular e Saúde
(EPS) e a proposta tradicional de educação em saúde. Na perspectiva popular, essa
prática não é entendida como simplesmente fazer as pessoas mudarem seus hábitos e
comportamentos considerados prejudiciais, mas ajudar na busca da compreensão das
raízes dos problemas de saúde da população e em procurar soluções para estes
problemas. Nessa óptica se reconhece que o saber popular é bastante elaborado, com
suas estratégias de sobrevivência e grande capacidade de explicar parte da realidade,
de modo que só é concebível uma educação baseada no diálogo, numa constante
troca entre o saber científico e o saber popular, onde ambos ensinam e aprendem
(VASCONCELOS, 1997).
8991
especificidades e para se atingir essa atenção diferenciada foi criada a Política
Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas compatibilizando as determinações
das Leis Orgânicas da Saúde com as da Constituição Federal, que reconhecem aos
povos indígenas suas características étnicas e culturais e seus direitos territoriais.
Nesse contexto, é fundamental a adoção de um modelo complementar e diferenciado
de organização dos serviços, voltados para a proteção, promoção e recuperação da
saúde e que garanta aos índios o exercício de sua cidadania nesse campo (BRASIL,
2002). Hoje, a atenção à saúde indígena se dá pela Secretaria Especial de Saúde
Indígena (SESAI), vinculada diretamente ao Ministério da Saúde. Na Paraíba, onde os
povos indígenas são os potiguaras em sua maioria, a gestão da saúde indígena se dá
pelo Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI) Potiguara.
Os Potiguara fazem parte dos povos da família linguística Tupi. Hoje, falam o
português e estão revitalizando o tupi na educação escolar indígena. E como todos os
povos que vivem no Nordeste, possuem uma longa história de contato com a
sociedade não indígena. Povo guerreiro da terra de Acajutibiró, os Potiguara
constituem um grande exemplo de luta entre os povos indígenas brasileiros procuram
manter o vigor de sua identidade étnica por meio do de tradições e costumes
(CARDOSO, 2012). Com uma população de aproximadamente 19 mil indígenas entre
habitantes das aldeias e das cidades de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto, os
Potiguara se concentram principalmente numa área do litoral norte paraibano situada
entre os rios Camaratuba e Mamanguape (VIEIRA, 2006).
8992
Metodologia:
O Projeto Iandé Guatá desenvolveu um conjunto de atividades diversificadas,
algumas previstas desde o planejamento inicial e outras que aconteceram a partir das
necessidades identificadas tanto pelos extensionistas, como pela comunidade. De
forma geral, as atividades consistiram em: 1) 52 Reuniões semanais – com o objetivo
de serem compartilhadas as experiências vivenciadas pelo grupo de extensionistas
após cada viagem para contato com a população indígena, realizar aprofundamento
teórico a partir de textos e outros dispositivos, e planejamento das atividades; 2) 19
visitas mensais à comunidade indígena Potiguara – realizadas aos sábados, com saída
de João Pessoa às 7h e retorno as 17h e com três frentes principais: a) visitas
domiciliares a determinadas famílias por duplas ou trio de estudantes, as quais
incluíam encontros, dinâmicas e oficinas, que eram mediados pelo contato prévio e
negociações com as lideranças e equipes de saúde locais; b) atividades coletivas junto
às comunidades indígenas, com foco nas necessidades de saúde identificadas durante
as atividades junto às famílias e no contato com as lideranças; c) reconhecimento da
área e identificação de espaços de sociabilidade, com participação em assembleias e
festas indígenas. 3) Produção de pesquisas e trabalhos científicos a partir das
vivências – com produção de relatos de experiência para eventos locais, nacionais e
internacionais; 4) Participação em eventos e espaços de interesse da saúde indígena;
5) Atividades Extras – que buscaram a sensibilização a população a respeito das
necessidades e especificidades indígenas, bem como a divulgação da cultura
potiguara. Exemplos dessas atividades foram a Exposição de Fotografias das vivências
do Projeto Iandé Guatá, a Mostra de Curtas sobre Cultura Indígena e a Oficina sobre a
temática indígena na semana de recepção dos calouros, na FCM-PB; a Roda de
Conversa com participantes do Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de
Saúde (VER-SUS) e a Oficina sobre Cultura Indígena, na UFPB. 6) Gestão administrativa
das atividades do Projeto de Extensão; 7) Estudo teórico individual – a partir das
demandas surgidas nas reuniões e visitas (LUNA; NORDI, 2018)
8993
compartilhada. Na problematização, os problemas a serem estudados precisam valer-
se de um cenário real e da interação com a realidade e todas as suas contradições,
com o caráter fortemente político do trabalho pedagógico. O conteúdo deve estar
sempre se renovando e ampliando, inserido criticamente na realidade. Criam-se,
assim, desafios cognitivos permanentes para estudantes e professores. Volta-se à
transformação social, à conscientização de direitos e deveres do cidadão, mediante
uma educação libertadora, emancipatória (CYRINO; TORALLES-PEREIRA, 2004).
Resultados e Discussões:
8994
No Iandé Guatá, cada dupla ou trio de extensionistas pôde trabalhar de forma
permanente com a mesma família, a partir da indicação realizada pelas Agente
Indígena de Saúde da equipe. Tomou-se conhecimento dos principais problemas e
necessidades da população existentes, tais como: diabetes descompensada, paralisia
cerebral, síndrome da imobilização, obesidade infantil, osteoporose, entre outros; os
extensionistas puderam orientar os membros das famílias acompanhadas sobre os
problemas encontrados e para isso, foi necessário não apenas resgatar os
conhecimentos abordados no curso, como também aperfeiçoá-los quando necessário.
A cada mês, a dupla ou trio de estudantes realizava uma visita à mesma família,
buscando construir vínculo, aprender sobre o cotidiano da aldeia potiguara, bem como
colaborar nas questões em que se sentissem capacitados, tanto em assuntos da saúde,
como em outros aspectos, identificando com a família suas potencialidades e
fragilidades, bem como apontamentos e sugestões para a equipe de saúde. Foi
elaborado um Projeto Terapêutico Singular (BRASIL, 2007) de forma compartilhada
com cada uma das famílias, a fim de apresentá-lo à equipe multidisciplinar de saúde
da Aldeia, podendo contribuir para a melhoria das condições de saúde da população
acompanhada ao favorecer o olhar mais amplo da equipe sobre àquela família. No
contato com a saúde e a doença nos diversos momentos com os indígenas, o grupo
percebeu o quanto o entendimento de saúde local é diferente da medicina
convencional, sendo profundamente embasada nas ervas medicinais e conhecimentos
adquiridos pelos ancestrais e anciãos, apontando para a grande importância do
compartilhamento de saberes e da valorização da cultura popular.
8995
Com essas habilidades assertivas, os estudantes de Medicina utilizaram um
olhar dialógico com os Indígenas Potiguara, atento às necessidades, o que permitiu a
construção de um Diagnóstico Sócio Sanitário (BARCELLOS; MONKEN, 2007) de uma
aldeia, após a solicitação de lideranças indígenas para a caracterização de uma
comunidade em território não demarcado. O planejamento da atividade foi realizado
nas reuniões semanais do Projeto, quando os extensionistas estudaram a respeito dos
instrumentos necessários para a coleta e análise de dados, visando ao fornecimento
de informações úteis para a tomada de decisões. O grupo foi organizado em equipes,
que ficaram responsáveis por coletar dados, estabelecer diálogo com lideranças locais
e a população, mapeamento, registro fotográfico, além de alguns integrantes que se
prepararam para a possibilidade de necessidade de assistência médica. O Projeto
então buscou realizar parceria com a equipe da SESAI (Secretaria Especial de Saúde
Indígena), que comprometeu-se em participar da ação de forma integrada. A atividade
em área aconteceu, conforme planejado, em um sábado, com participação dos
extensionistas, de um cacique e um pajé potiguaras e de profissionais da SESAI. Os
estudantes, junto dos profissionais da SESAI, foram apresentados à esta aldeia, por
meio da liderança local, quando foram discutidas as intenções da atividade. Cabe
ressaltar que essa aldeia está em processo de demarcação territorial, por isso, até o
momento, não recebe atenção à saúde da SESAI. Através da conversa com as
lideranças pode-se obter informações históricas e geográficas da comunidade,
aproximando o grupo da discussão sobre o conflito de terra, pois a aldeia está cercada
de grandes propriedades que produzem cana-de-açúcar e estão sob o poder de
latifundiários. Para a realização da coleta de dados utilizou-se a "Ficha A" da
Estratégia Saúde da Família, registrando nome, idade, sexo, nível de escolaridade,
ocupação, doença referida, situação de moradia, saneamento e destino do lixo. Foi
confeccionado um mapeamento, com o desenho espacial da aldeia, baseado na
observação do local pelos estudantes, analisando imagens e limites relatados pela
população. Neste mapa constam o número e tipo de casas, limites, rios, poço e
detalhes importantes para o diagnóstico. O registro fotográfico, importante para uma
melhor representação da realidade, foi realizado por dois estudantes, sempre
respeitando as questões éticas e solicitando autorização dos moradores. Após a
obtenção de dados pelas duas equipes o diagnóstico sócio sanitário foi concretizado e
encaminhado para as lideranças potiguaras como forma de retorno às atividades
desenvolvidas na área indígena. Os estudantes puderam desenvolver um trabalho
interdisciplinar, considerando as singularidades desta comunidade. No diálogo entre
estudantes, SESAI e população, foi assumido o compromisso com uma das lutas
8996
potiguara, pois esse diagnóstico colaborou na exigência de seus direitos como
indígenas e cidadãos.
8997
Figura 5: Atividade na faculdade para aprofundamento teórico.
8998
Figura 10: Falando sobre os Indígenas para os calouros.
8999
Figura 12: Extensionistas com uma Liderança Potiguara.
9000
No tocante à gestão compartilhada, afetamo-nos mutuamente, estudantes e
professores, nos desafios da proposta que de início era desconhecida. Trabalhar de
forma coletiva na busca por consensos não é algo simples e teve que ser moldado a
cada encontro, em processo, sendo necessário revisitar rumos e decisões. Esse
movimento possibilitou a superação de uma postura inicial de passividade dos
estudantes na proposição de ideias, atividades, avaliação e planejamento na direção
de um maior protagonismo. Ter um regimento interno construído pelos próprios
participantes também favoreceu o cumprimento de pactos, normas e regras.
Referências:
Brasília: 2000.
9001
Nacional de Humanização – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 60 p
Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. Revista de Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, 14(1); 41-65, 2004.
FREIRE, P. Extensão ou comunicação? - 10a edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
LUNA, W. F.; NORDI, A. B. A. Nossa Caminhada no Projeto de Extensão Iandé Guatá. In:
CRUZ, P. J. S. C.; RODRIGUES, A.P.M. E.; PEREIRA E. A. A. L. (Org.). Vivências de extensão
9002
em educação popular no Brasil, v.1: extensão e formação universitária: caminhos,
desafios e aprendizagens. João Pessoa: Editora do CCTA, 2018.
MELO NETO, José Francisco de. Extensão Universitária – uma análise crítica. João
Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2001. 240 p. Disponível em
http://www.prac.ufpb.br/copac/extelar/producao_academica/livros/pa_l_2001_extensa
o_unive rsitaria_-_uma_analise_critica.pdf
VASCONCELOS, E.M. Educação Popular nos Serviços de Saúde. 3a edição. São Paulo:
HUCITEC, 1997.
9003
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: AÇÕES DE PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DAS
DOENÇAS DO GRUPO TORCHS EM GESTANTES ATENDIDAS NA ATENÇÃO BÁSICA NO
MUNICÍPIO DE CAXIAS-MA
Helayne Cristina Rodrigues1; Ananda Santos Freitas2; Leticia de Almeida da Silva3; Hayla
Nunes da Conceição4; Diellison Layson dos Santos Lima5; Francielle Borba dos Santos6;
Beatriz Mourão Pereira7; Wyllma Rodrigues dos Santos8; Beatriz Alves de Albuquerque9;
Resumo
Introdução: A transmissão de uma infecção da mãe para o filho pode dar-se no útero
(congênita); durante o parto, um pouco antes (perinatal) ou após o nascimento como,
por exemplo, a transmissão de micro-organismos pelo leite materno. Objetivo:
Desenvolver as intervenções de educação em saúde na prevenção da transmissão
vertical das doenças do grupo TORCHS em gestantes atendidas na Atenção Básica no
município de Caxias. Metodologia: Realizada aplicação dos questionários, em seguida a
execução de atividades de educação em saúde sobre a prevenção de doenças do grupo
TORCHS (Toxoplasmose, Rubéola,
Citomegalovirose, Herpes, HIV, Hepatite B, Sífilis), por meio de, palestra, dinâmicas em
grupo, e rodas de conversas, desenvolvidas nos intervalos entre as consultas de pré-
natal, e finalizando com distribuição de panfletos informativos e preservativos
masculinos e femininos. Resultados e Discursão: Desde do início do desenvolvimento
deste projeto, até o presente momento, o mesmo tem influenciado mudanças na
comunidade atendida por ele, de forma positiva e significativa através da demonstração
de interesse dos profissionais de saúde das Unidades Básicas e das gestantes que
participaram das palestras, rodas de conversas e conversas individuais. Durante as
atividades, percebemos o interesse sobre as novas descobertas em relação às patologias
2
Universidade Federal do Piauí, Discente de Farmácia Bacharelado;
3
Universidade Estadual do Maranhão, Docente do Curso de Enfermagem;
9004
em questão e sobre os comportamentos de risco que elas possivelmente estavam se
submetendo, sem saber das consequências para elas e para o bebê. Considerações
Finais: A realização das atividades permitiu o levantamento acerca das principais
dúvidas das estantes, bem como a carência de informações ou ausência que essas
apresentam. A comunidade, como local de relação e desenvolvimento de vínculos entre
indivíduos apresenta peculiaridades com relação a aspectos pertinentes aos temas
abordados nas atividades do projeto, assim como as condições de saúde, que
necessitam ser identificados e trabalhados pelos profissionais de saúde.
Introdução
A transmissão de uma infecção da mãe para o filho pode dar-se no útero
(congênita); durante o parto, um pouco antes (perinatal) ou após o nascimento como,
por exemplo, a transmissão de microrganismos pelo leite materno. As infecções
maternas se transmite ao embrião e ao feto por: infecção ascendente da parte superior
da vagina através do colo do útero ao líquido amniótico ou por via hematogênica como
consequência de uma viremia, bacteremia ou parasitemia materna (OPAS/OMS, 2010).
9005
realização do Venereal Disease Research Laboratory Test – VDRL (primeira consulta e
repetir no 3º. trimestre), antiHIV (primeira consulta e, sempre que possível, repetir no
3º. trimestre), HBsAg, se disponível (na primeira consulta, repetir no 3º. trimestre), e
pesquisa de IgM para toxoplasmose, se disponível (na primeira consulta, com
recomendação de repetição no 3º. Trimestre se necessário). Refere que pode ser
acrescida a sorologia para rubéola para identificar mulheres em risco de contrair
infecção (BRASIL, 2012).
9006
Logo em seguida no ano de 2011 o Ministério da Saúde lançou a Portaria
1.459 de 24 de junho de 2011 e Portaria 2.351 de 05 de outubro de 2011 que
regulamenta a Rede Cegonha. Tendo em mente a preocupação em reduzir os
coeficientes de mortalidade materna buscando potencializar as estratégias já
desenvolvidas durante anos anteriores (BRASIL, 2011).
A estratégia da RC, instituída no âmbito do SUS, visa organizar uma rede de cuidados
que assegure, a partir da noção de integralidade da atenção às mulheres, o direito ao
planejamento sexual e reprodutivo e à atenção humanizada ao pré-natal, parto,
puerpério e atenção humanizada ao abortamento, bem como à criança o direito ao
nascimento seguro e humanizado e ao acompanhamento até os dois anos de idade
assegurando acesso para um crescimento e desenvolvimento saudáveis (GIOVANNI,
2013).
9007
Desse modo a prática educativa se insere no cuidado em todos os contextos de
atuação, entretanto não se faz possível sem a utilização de um importante instrumento,
denominado educação e comunicação (RODRIGUES et al., 2006). Assim a abordagem
educativa deve estar presente em todas as ações para promover a saúde, facilitando a
incorporação de ideias e práticas ao cotidiano das pessoas de forma a atender as suas
reais necessidades.
Metodologia
Para a realização de qualquer pesquisa, a escolha da abordagem a ser utilizada no
estudo deve ser adequada, de modo que supra as exigências das questões
convencionalmente utilizadas (FIGUEIREDO, 2007).
9008
atividades propostas e possam juntamente com a equipe auxiliar na efetivação das
mesmas, além disso a equipe poderá contribuir na busca informações sobre as gestantes
inseridas nessa unidade de saúde com o intuito de fortalecer a confiança das mesmas
com a equipe.
A aplicação dos questionários, assim como as palestras foram realizadas nos dias
estabelecidos pela equipe do posto de saúde, os mesmos foram desenvolvidos no
intervalo entre as consultas de pré-natal realizadas mensalmente.
Resultados e Discussão
Um estudo piloto denominado “PREVALÊNCIA DE INFECÇÕES DE
TRANSMISSÃO VERTICAL: Toxoplasma gondii, Citomegalovirus, Rubéola, Hepatite B,
Treponema pallidum e Vírus da Imunodeficiência Humana em gestantes atendidas em
Caxias, Maranhão” foi realizado entre 2011 e 2012, através de triagens sorológicas para
esses microorganismos em 561 gestantes que realizaram a assistência pré-natal em dois
ambulatórios de referência para pré-natal de alto risco, no ambulatório da Maternidade
Carmosina Coutinho (MCC) e o Centro Especializado de Assistência Materno-Infantil
(CEAMI).
Durante o estudo notou-se uma falta de informação das gestantes sobre as infecções
maternas que podem ser transmitidas de mãe para feto, principalmente, relacionado
profilaxia, diagnóstico, tratamento durante a gravidez e que tipo de serviço de saúde
poderia buscar durante o pré-natal. Por meio deste pode-se idealizar e viabilizar a
execução deste trabalho de extensão afim de emponderar estas mulheres quanto sua
condição gestacional.
9009
os demais integrantes das Estratégias de Saúde da Família, e toda equipe executora do
projeto, para planejamento dos ciclos de atividades.
9010
Segundo Miranda (2006), as dinâmicas de grupo geram aprendizagem de várias formas
aos seus integrantes, tanto na vivência pessoal como na interpessoal. Isso corrobora
com a situação encontrada no projeto, em que percebemos que as dinâmicas
promoveram maior aproximação entre as gestantes, possibilitando o vínculo de
confiança, diminuindo a timidez e favorecendo o esclarecimento de dúvidas das
participantes.
Foi abordado nos encontros aspectos relevantes a patologia como: agente etiológico,
modo de transmissão, complicações e seu tratamento. As atividade abrangeu as
Unidades Básicas de Saúde dos bairros: Ponte, Pequizeiro, Trizidela, Mutirão,
Cangalheiro e posteriormente o Centro de Referência da Assistência Social e na
Maternidade do Município. Como forma de incentivo, realizamos, em algumas Unidades
Básica e no CRAS a distribuição de brindes (por meio de parcerias firmadas com alguns
comerciantes do município), para que as gestantes que não queriam participar do
projeto, que na oportunidade seguinte, as mesmas chegassem a participar das
palestras, o que facilitou o retorno das gestantes nas atividades subsequentes e até
mesmo uma maior adesão ao pré-natal.
Conclusão/Considerações Finais
9011
O projeto de extensão atingiu o quantitativo de 125 gestantes participantes, entre o
período de agosto de 2016 à agosto de 2017. A realização das atividades permitiu o
levantamento acerca das principais dúvidas das gestantes, bem como a carência de
informações ou ausência que essas apresentam. A comunidade, como local de relação e
desenvolvimento de vínculos entre indivíduos apresenta peculiaridades com relação a
aspectos pertinentes aos temas abordados nas atividades do projeto, assim como as
condições de saúde, que necessitam ser identificados e trabalhados pelos profissionais
de saúde.
Diante disso verifica-se que o projeto desenvolvido foi de grande relevância tanto
acadêmica quanto comunitária contribuindo significativamente para melhoria da
qualidade de vida da população alvo, uma vez que propiciou a aquisição de novos
conhecimentos sobre cada tema abordado.
Referências
ACIOLI, S. A prática educativa como expressão do cuidado em saúde publica. Rev Bras
Enferm. v.61, n.1:117-21, 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S003471672008000100019&script=sci_arttext
Acesso em: 04 de Abr. 2016.
9012
DEUCHER, C.V; BUZZELLO, C.S; ZAMPIERE, M.F.M; Grupo de gestantes e/ou casais
grávidos: a universidade interagindo com a comunidade. Extensio: R. Eletr. de Extensão
[Internet]. 2004;1(1):1-10. Disponível em:
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/extensio/article/view/1449/4511.
GILBERT, R.; GRAS, L. Effect of timing and type of treatment on the risk of mother to
child transmission of Toxoplasma gondii. BJOG, v. 110, n. 2, p. 112–20, fev 2003.
Inner City Public Sexually Transmitted Diseases Clinics.” Sexually Transmitted Diseases.
N, 38 v, 3. 2011, p.167–171.
9013
PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA PROMOÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA
PACIENTES DIABÉTICOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY
Resumo
A diabetes mellitus é uma patologia crônica caracterizada por elevado nível de glicose
na corrente sanguínea, provocando inúmeras complicações e causando taxas crescentes
de prevalência e mortalidade nesta população. O tratamento desta doença é
desenvolvido no intuito de promover redução da glicemia e controle dos fatores
agravantes. O exercício físico é uma importante ferramenta não-farmacológica de
promoção do controle glicêmico, de melhoras hemodinâmicas e de redução da gordura
corporal, que são variáveis ligadas diretamente a diabetes. Nesta perspectiva, foi
ofertado um projeto de extensão que desenvolveu um programa de treinamento físico
combinado (aeróbio e funcional), para voluntários diabéticos tipo II no setor de
educação física do Hospital Universitário Lauro Wanderley. Foram recrutados 12
diabéticos (54±7 anos de idade e 31±5 kg/m2), de ambos os sexos, com sobrepeso ou
obesidade. Foi realizada uma divulgação do trabalho na clínica de nutrição, setor de
endocrinologia e cardiologia para que os médicos encaminhassem seus pacientes
diabéticos para o projeto. Foram realizadas duas avaliações (uma no início e outra ao
término do projeto). As sessões duravam 60 minutos e aconteciam duas vezes por
semana. Os voluntários realizavam cinco minutos de aquecimento, 25 minutos de
1
Universidade Federal da Paraíba, Educação Física, Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários
(PRAC).
2
Universidade Federal da Paraíba, Programa associado de pós-graduação em Educação Física (PAPGEF-
UFPB/UPE), Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PRAC).
3
Universidade Federal da Paraíba, Educação Física, Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários
(PRAC).
4
Universidade Federal da Paraíba, Educação Física, Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários
(PRAC).
5
Universidade Federal da Paraíba, Educação Física, Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários
(PRAC).
9014
exercícios funcionais com enfoque nos grandes grupos musculares e 30 minutos de
exercício aeróbio em esteira rolante. O exercício promoveu melhora descritiva no
controle glicêmico, composição corporal, pressão arterial, e capacidades físicas. O
projeto proporcionou experiência profissional e científica aos alunos extensionistas,
estimulando o desenvolvimento de ações sociais ao ofertar um serviço gratuito e de
qualidade à comunidade, contribuindo efetivamente na melhoria da saúde do público
diabético. O programa proporcionou melhorias nas variáveis investigadas, evidenciando
a eficácia do treinamento físico como estratégia efetiva na promoção da saúde e
controle do diabetes mellitus.
Introdução
9015
Desta forma, considerando os benefícios e as recomendações para pratica de
exercício, o objetivo deste projeto foi ofertar um programa de exercício físico
combinado (aeróbio e funcional) como alternativa não farmacológica, visando a
melhoria da saúde e qualidade de vida de indivíduos diabéticos.
Métodos
Os pacientes atendidos foram diabéticos tipo II, de ambos os sexos, com idade entre
40 e 65 anos, diagnóstico de diabetes há no mínimo um ano e usuário de
hipoglicemiante oral e/ou insulina, além de residir na região metropolitana de João
Pessoa (PB). A intervenção teve início com um processo de divulgação das ações dentro
do ambiente hospitalar por meio de panfletos e cartazes informativos a população, e
através do contato direto com os profissionais de saúde dos setores de endocrinologia,
cardiologia, nutrição e laboratório de análises para direcionar diabéticos ao setor de
educação física.
Após a obtenção dos dados iniciais, o treinamento foi prescrito pelos alunos
juntamente com os coordenadores, considerando sempre as capacidades e limitações de
cada voluntário. Os participantes do programa participaram de duas sessões semanais
de treinamento combinado (funcional e aeróbico) com duração de 60 minutos, sendo
cinco para aquecimento, 25 minutos para exercícios funcionais e 30 minutos para
9016
exercício aeróbico em esteira rolante com intensidade progressiva (leve a moderada),
nesta sequência. Durante o exercício aeróbico, a frequência cardíaca e a percepção
subjetiva de esforço (Borg GAV, 1982) foram verificadas a cada 10 minutos para garantir
que o exercício estivesse sendo feito dentro da zona de intensidade programada. Ao
final, foi perguntada qual a percepção subjetiva de esforço da sessão completa do
treino.
Resultados e Discussão
14
12
10
0
Avaliação inicial Desistiram Reavaliação
9017
A tabela 1 mostra os resultados das avaliações que foram feitas com todos os
voluntários que iniciaram o programa, e a comparação entre o pré-exercício e pós-
exercício dos voluntários que realizaram as duas avaliações. Houve uma redução
descritiva nas variáveis de medidas clínicas e no teste Levantar do solo, o restante se
manteve similar, ou pouca redução, como no caso da CC e CQ.
Conclusão
O programa foi desenvolvido atendendo aos objetivos propostos. Apesar das
desistências, os voluntários permanecentes se mostraram bastante satisfeitos com o
treinamento oferecido. Mesmo com uma amostra pequena, houve melhorias descritivas
9018
nos parâmetros preditores de saúde e de capacidades físicas, o que demonstra a eficácia
do protocolo de treinamento adotado. Desta forma, fica evidente a necessidade da
continuação do projeto para que mais voluntários dessa população sejam
contemplados.
Referências
Borg GAV. Psychophysical bases of perceived exertion. Med Sci Sports Exercise 1982; 14
(5): 377-381.
Casey D, De Civita M. Dasgupta K. Entendendo facilitadores de atividade física e
barreiras durante e após um programa de exercícios supervisionados em diabetes tipo 2:
um estudo qualitativo. Diabet Med 2010; 27: 79-84.
Hayashino Y, Jackson JL. Effects of supervised exercise on lipid profiles and blood
pressure control in people with type 2 diabetes mellitus: a meta-analysis of randomized
controlled trials. Diabetes Res Clin Pract 2012; 98, 349-360.
Jhingan A, Jhingan RM. Efeito do ciclismo na glicemia, pressão arterial e peso em jovens
individuais com diabetes tipo 2. J Clin Diagn Res Res 2017; 11, OC09-OC11.
9019
Matsudo S, Araujo T, Matsudo V, Andrade D, Andrade E, Oliveira LC. Questionário
internacional de atividade física (ipaq): estudo de validade e reprodutibilidade no
Brasil. Ver Bras Ativ Fis Saúde 2001; 6.
Organização Mundial de Saúde. OMS pede aos países para reduzir ingestão de açúcar
entre adultos e crianças. Geneva, 2015. Disponível em: <
http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2015/sugar-guideline/en/>. Acesso
em: 27/03/2018.
Wang P, Fiachi-Taesch NM, Vasavada RC, Scott DK, García-Ocaña A, Stewart AF.
Diabetes mellitus—advances and challenges in human β-cell proliferation. Nat Rev
Endocrinol 2015, v. 11, n. 4, p. 201–212.
9020
O ENSINO DE PRIMEIROS SOCORROS PARA ESCOLARES E PROFESSORES: ESSENCIAL
PARA A CIDADANIA
Anne Marília de Aquino Laurentino¹; Ian Rodrigo Nascimento e Silva²; Matheus de Lima
Fernandes³; Naryllenne Maciel de Araújo6; Thomas Matheus da Silva Lopes7; Daniele
Vieira Dantas8; Rodrigo Assis Neves Dantas 9.
Resumo:
Introdução: O estudo de primeiros socorros para a população leiga é assunto de
extrema importância, no que concerne a promoção e prevenção da saúde. Uma vez que
uma comunidade capacitada está apta para intervir diante de situações de urgência e
ajudar o serviço de saúde com a diminuição dos agravos e dos danos que com acidente
pode causar a uma vítima. Para isso, é necessário que essa difusão de saber se faça
dentro do ambiente escolar. Objetivo: Relatar a experiência dos discentes durante o
Projeto de Extensão Universitária de ensino de Primeiros Socorros para escolares e
professores, e fazer uma análise do que o projeto gerou para a escola no que se refere
ao aprendizado adquirido pelos professores e alunos. Metodologia: Trata-se de um
estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado no segundo semestre do ano
de 2017, com o público-alvo composto por crianças, adolescentes e professores
vinculados à instituição de ensino “Escola Municipal Senador Jessé Pinto Freire”, no
município de Ielmo Marinho/RN. Resultados: O projeto de extensão contou com três
encontros e foram realizadas atividades nas modalidades teórico-práticas, simulações, e
aprendizado baseado em problematizações sobre o projeto de ensino de primeiros
socorros para crianças/adolescentes e professores. Foram 50 participantes dentre
alunos e professores. A abordagem feita aos temas foi de cunho lúdico e ao mesmo
tempo utilizando de metodologias que tornassem possível a problematização dos
conteúdos abordados. Conclusão: Conclui-se que o viés metodológico alcançou o
6
U niversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Graduação em Enfermagem.
7
U niversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Graduação em Enfermagem.
8
U niversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Graduação em Enfermagem.
9
U niversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Graduação em Enfermagem.
9021
objetivo esperado após a intervenção realizada. A partir da evolução do saber do
público alvo (primeiro e último dia), podemos constatar que agora estão mais
capacitados a intervir em situações que necessite de primeiros cuidados, do que antes
das aulas. Desse modo levanta a importância da abordagem para capacitar alunos e
professores.
Palavras-chave: Primeiros socorros; Educação em Saúde; Enfermagem.
1
Introdução
Primeiros socorros podem ser definidos como os cuidados imediatos a serem prestados
rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico
alterado põe em perigo a sua vida, podendo ser realizado por qualquer pessoa (LEITE et
al 2013; NETO et al, 2017). Dessa forma, leigos no assunto podem e devem realizar a
prestação de primeiros socorros a qualquer vítima.
9022
Os meios de comunicação apontam um crescimento na ocorrência de acidentes e
violência na infância, gerando discussões acerca das responsabilidades dos pais e dos
responsáveis das instituições de ensino e lazer. A ocorrência repetida destes acidentes
na infância reflete em dados epidemiológicos, que apontam as causas externas como a
3ª principal causa de morte em crianças de zero a nove anos e a 1ª causa de morte
entre crianças de 10 a 15 anos (CABRAL; OLIVEIRA, 2017).
Um dos locais onde situações de urgência e emergência ocorre é a escola. Esta constitui
um cenário no qual agravos podem acometer os alunos e onde o professor possui
grande chance de testemunhar a situação e necessitar agir. Entretanto, devido à
formação voltada para a educação, os professores possuem insegurança e despreparo
para prestar os primeiros socorros (NETO et al., 2017).
9023
mostrando um importante mediador na comunicação entre a universidade e sociedade.
(OLIVEIRA; ALMEIDA JÚNIOR, 2015).
O grande desafio da extensão é ponderar o vínculo estabelecido entre o ensino e
pesquisa com as necessidades sociais, determinar as contribuições para o crescimento
da cidadania e para a modificação efetiva da sociedade. O modelo de extensão tem
como objetivo proporcionar suporte e auxílio à sociedade, contribuindo para melhoria
dos cidadãos. O entendimento da relação entre extensão e sociedade é fundamental
para possibilitar que haja qualidade na assistência prestada para as pessoas.
(RODRIGUES et al., 2013).
Metodologia
O processo seletivo dos alunos foi realizada pela direção da escola, por meio de uma
análise dos alunos que apresentavam melhores desempenhos nas atividades escolares,
9024
interesse e disciplina. Os professores que possuíam interesse em aprender sobre o
assunto foram convidados à participarem do projeto.
Os encontros foram realizados em três sextas-feiras, no horário das 8h30 às 11 horas,
sendo o primeiro encontro no dia 29 de setembro, o segundo no dia 17 de novembro e
o terceiro no dia 1 de dezembro, tendo este uma duração mais longa em relação aos
demais.
Com isso, foi atingida a carga horária total de 8 horas para cada participante.
Este estudo foi realizado com base na experiência vivida pelos autores por meio de
suas atividades que são desenvolvidas dentro do grupo de pesquisa: Núcleo de Estudos
e Pesquisas em Urgência, Emergência e Terapia Intensiva (NEPET), que está vinculado
ao Departamento de Enfermagem da UFRN e legitimado pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
É importante tornar explícito que os dados expostos neste artigo diz respeito apenas
aos autores e colaboradores do projeto de extensão, não sendo divulgado nenhum dado
referente aos participantes.
Resultados e Discussão
O ato de colocar em prática aquilo que se foi aprendido e desenvolver fora do ambiente
cotidiano acadêmico, traz benefícios ao discente e a sociedade beneficiada pela
extensão. O discente que antes estava somente na condição do aprendiz, desenvolve
essa absorção de conhecimento ao praticar, pois é mais gratificante aprender assim do
que teoria na sala de aula; e além disso, torna-se por espaço de tempo o docente para a
sociedade. Essa é a premissa básica de extensão (RODRIGUES et al, 2017).
9025
A intervenção foi possível devido o envolvimento de quatorze discentes de
enfermagem, se corresponsabilizando junto com os coordenadores do projeto em
produzir todas as ferramentas necessárias para alcançar o objetivo de capacitação,
sendo selecionados apenas seis dentre esses para serem os monitores durante as
intervenções. Os discentes prepararam as aulas a serem lecionadas a partir de
metodologias ativas, com a pesquisa através de embasamento teórico atualizado,
elaboração da apresentação por slides, a preparação dos materiais necessários para as
simulações (modelos de acrílico e estofado para suporte básico, e papelão para
imobilização em traumas), a coordenação das aulas, da organização intraclasse e a
arquitetação do cronograma.
29/09/2017 - Sexta-feira
emergência Fernandes
17/11/2017 - Sexta-feira
9026
01/12/2017 - Sexta-feira
(aos professores)
FONTE: Elaborada pelos autores, 2018.
Um dos anseios da equipe era de se adequar a uma linguagem -visto que os
participantes do projeto são leigos no assunto- que possibilitasse o entendimento
completo acerca das condutas realizadas em situações de urgência e emergência: a
existência e quando se deve acionar um serviço móvel de urgência, os indicativos de
que a vítima pode estar correndo riscos e como agir diante das situações abordadas no
decorrer do curso.
O quadro 2 abaixo mostra os módulos e assuntos que foram divididos de forma objetiva.
Quadro 2. Módulos de conteúdos
9027
FONTE: Elaborada pelos autores, 2018.
No primeiro módulo, escolheu-se começar a abordar a diferenciação de urgência e
emergência como ponto de partida para os assuntos conseguintemente. A prestação de
socorro está atrelado a resposta de ação de quem irá socorrer, e para isso é necessário
que se conheça a gravidade da situação. Segundo Silva et. al. 2014 urgência é
caracterizado por uma situação não prevista que pode ou não ter potencial de risco de
vida, contudo é necessário uma assistência imediata. A emergência por sua vez consiste
em um risco iminente de vida ou um sofrimento intenso. Após esse ponto de partida
sobre a introdução de urgência e emergência, outros pontos foram abordados, como
emergências clínicas, choque elétrico e queimaduras.
9028
necessária para se reverter com sucesso uma parada cardíaca. As manobras de
reanimação cardiorrespiratória permitem um fluxo de sangue pequeno, mas essencial,
para o coração e cérebro e aumentam a probabilidade de reverter a fibrilação
ventricular (FV). A maioria das situações que provocam Parada Cardiorrespiratória (PCR)
ocorrem fora dos hospitais e longe do alcance dos profissionais de saúde. Quer seja em
casa, no trabalho, na estrada, ou no decorrer de atividades desportivas e de lazer, o
cidadão comum é o primeiro interveniente. O seu papel é limitado e temporário, mas
primordial. A sua capacidade de avaliar rapidamente a urgência da situação e a
aplicação imediata dos conhecimentos são determinantes.
O terceiro dia de extensão, aconteceu de forma atípica aos outros dois dias de
intervenções, de modo que houve duas aulas sendo lecionadas ao mesmo tempo,
dividindo o contingente de monitores para realização das duas aulas. Em uma sala
permaneceu um grupo de alunos assistindo e participando do assunto de traumas e
ferimentos, e na outra sala um grupo de professores e funcionários da escola teve aula
de prevenção de acidentes. Durante a abordagem de traumas com os alunos, realizou-se
uma aula expositiva dialogada e posteriormente uma prática de imobilização de
membros, no qual papelões previamente moldados foram utilizados para ensinar as
crianças e adolescentes, qual é a maneira eficaz de imobilizar uma vítima de trauma.
Pode-se afirmar que o trauma é toda lesão que causa alterações físicas ou funcionais ao
organismo, ocorrendo de forma física, química ou acidental, também com a
possibilidade de ser aberto ou fechado (CARVALHO; SARAIVA, 2015). Em Coelho (2015),
o assunto de traumas abordado para escolares é relevante devido ao fato estatístico de
que o trauma é considerado a principal causa de óbitos em uma faixa etária de 10 à 29
anos, representando 40% de mortes as crianças entre 05 e 09 anos, e 18% entre 01 e 04
9029
anos. Além disso, houve aumento de mortes por essa causa em menores de 10 anos e
alcança quase metade dos óbitos entre 10 e 14 anos de idade, demonstrando ser uma
temática importante para o sistema educacional e para a saúde pública.
A abordagem aos professores sobre prevenção de acidentes na escola teve como base e
estrutura as aulas do primeiro módulo para os alunos, havendo edição das aulas em
alguns pontos para que o assunto fosse passado mais objetivamente devido ao menor
espaço de tempo. Visamos neste momento de aprendizado, trocar as informações de
experiências vividas pelos docentes e funcionários, promovendo o saber mútuo
mencionado por Rodrigues et al (2017).
O assunto que mais enfatizamos foi sobre o Suporte Básico de Vida, um dos temas mais
negligenciados quando se fala de primeiros socorros (GALINDO NETO et al 2017).
Optamos por dar ênfase e demonstrar o protocolo correto para a prestação de socorro a
vítima com parada cardiorrespiratória, devido aos docentes e funcionários estarem em
uma condição de responsáveis de todo aquele quadro de alunos e assim serem o
referencial de apoio a qualquer situação de urgência e emergência. Demonstrou-se nos
questionamentos que conceitos básicos de como proceder, como a ínfima necessidade
de realizar respiração boca-a-boca, não eram comuns aos adultos presentes, diferente
de quando se abordou emergências clínicas e a forma de socorrer eram mais familiares.
9030
Considerações Finais
Apesar do objetivo ter sido alcançado ao final dos encontros, ficou nítido que a temática
não é abordada no âmbito escolar, distanciando o conhecimentos básicos da população,
tendo em vista que no cerne da educação tal assunto não é exposto. Desse modo,
levanta a importância da abordagem para capacitar alunos e professores.
Ademais, diante de tudo que foi exposto percebe-se a necessidade de que mais
instituições de ensino implementem a educação em saúde em suas grades curriculares,
fornecendo o saber desde a infância para que cresçam cidadãos mais instruídos quanto
aos primeiros socorros. O apoio de gestores e do governo é essencial para que se tenha
força na implementação.
Referências
9031
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9032
PEREIRA, Karine Chaves et al. A construção de conhecimentos sobre prevenção de
acidentes e primeiros socorros junto ao público leigo. Revista de Enfermagem do
Centro-oeste Mineiro [Internet], Viçosa, v. 5, n. 1, p.1478-1485, jan. 2015. Disponível em:
<http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/456/837>. Acesso em 22 de
mar de 2018.
9033
ATIVIDADES EXTENSIONISTAS NO MUSEU DE ANATOMIA ANIMAL DO CURSO DE
MEDICINA VETERINÁRIA
Resumo:
Introdução
1
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Medicina Veterinária (SIGLA)
2
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Medicina Veterinária (SIGLA)
9034
Segundo Pereira et al. (s.d), a Extensão Universitária é um processo educativo, cultural e
científico que articula ensino e pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação
transformadora entre universidade e sociedade.
Metodologia
9035
somente em 2017 foram contabilizadas 07 instituições contempladas que visitaram o
museu, totalizando 259 pessoas atendidas, de acordo com os registros do Museu.
Como parte destas atividades, nos dias 31 de agosto e 01 de setembro de 2017, foram
apresentados aos 50 alunos da rede particular de ensino, advindos do Colégio Sorriso,
com faixa etária entre 10 a 15 anos. A clientela foi dividida em dois grupos, por se tratar
de um número considerado grande de alunos a serem atendidos. Para esta experiência
contou-se com a presença e apoio da coordenadora discente, do coordenador docente e
oito alunos voluntários de Medicina Veterinária
Resultados e Discussão
A visita possibilitou contato inicial com as ciências anatômicas, trazendo aos jovens
presentes no local algo inusitado, bem como a desmitificação das práticas e atividades
da área de anatomia veterinária. GOMES ET AL., (s.d, p. 1) afirmam que: “A divulgação
científica tem sido estratégia de aproximação da universidade e de centros de pesquisa
com a população em geral. Um dos mecanismos usados tem sido a destinação de
espaços específicos para a visitação pública, tais como os museus abertos. ”.
No entanto, para isso, é preciso que a comunidade acadêmica, que abre suas portas para
o contato com o público externo, tenha facilidade em comunicação, linguagem
acessível e disponibilidade para apresentar as exposições.
Durante os dois dias, os alunos beneficiados tiveram contato com diferentes estruturas
e técnicas anatômicas, acrescentando conhecimento, que serviram como veículo de
incentivo ao ingresso na universidade e, em especial no curso em Medicina Veterinária.
Nos estudos de Silva e Sílvia (2015, p. 272):
9036
porque os grupos organizados que vêm ao museu, em sua grande
maioria, estão interessados na apreensão intelectual dos
conteúdos científicos disponibilizados em sua exposição.
Conclusão
O Museu de Anatomia (MIAA) nasceu com o objetivo de não somente proporcionar aos
estudantes da medicina veterinária a aproximação com o objeto de estudo como
também a prática de repassar tais saberes às comunidades da educação básica, que
podem acrescentar valor aos estudos de biologia dos seus programas e currículos
escolares. Observou-se tal relevância não somente através do acompanhamento e
relato da visita de uma escola ao museu, como também do número elevado de pessoas
beneficiadas à proposta extensiva a partir do ano de 2017 até a presente data. O museu
tem papel fundamental na promoção e divulgação dos saberes científicos, uma vez que,
desde sua fundação, tem beneficiado a comunidade em várias localidades, fornecendo
conhecimento, despertando a curiosidade e interesse pela ciência anatômica. Percebe-
se que os resultados são extremamente positivos não somente porque a cada ano mais
grupos de alunos e escolas visitam o museu e colocam tais experiências como
importantes para os seus processos de aprendizagem, principalmente na compreensão
dos conteúdos de Ciências Naturais e Biologia, que servem também como veículo de
incentivo ao ingresso na universidade e, em especial ao curso em Medicina Veterinária.
Referências Bibliográficas:
9037
em: http://www.prac.ufpb.br/anais/ Icbeu_anais/anais/trabalho/
extencaorural.pdf Acessado em: 20 de março de 2018.
9038
CONTRIBUIÇÕES DE UMA LIGA ACADÊMICA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PARA A
FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM
Maria Girlane Sousa Albuquerque Brandão1; Débora Maria Bezerra Martins1; Milenna de
Mesquita Braga1, Francisca Drenalina de Sousa Araújo1, Lívia Moreira Barros2.
Resumo
1
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Curso de Bacharelado em Enfermagem.
2
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Docente do Curso de Bacharelado em Enfermagem - UVA.
9039
conhecimentos teóricos e práticos de urgência e emergência. Conclusões: A Liga de
Extensão em Urgência e Emergência (LENUE) tem atingindo o seu potencial de
contribuição para a formação em Enfermagem, ampliando o conhecimento e as
experiências acadêmicas no âmbito da urgência e emergência.
Introdução
A partir da instituição da Rede de Atenção às Urgências, amplia-se o conceito de
saúde, necessitando da participação multiprofissional no atendimento. A urgência é
caracterizada por uma ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco
potencial de vida, cujo portador necessita de assistência imediata. Já a emergência é a
confirmação de risco iminente de vida ou sofrimento intenso, embasada por meio de
práticas clínicas cuidadoras
(BRASIL, 2011).
Os serviços de emergência são, portanto, locais que necessitam dar respostas rápidas,
devendo ter uma equipe qualificada, que tenha facilidade de comunicação e capacidade
de tomar decisões assertivas, uma vez que irá prestar cuidados de enfermagem de maior
complexidade técnica a pacientes graves. Por ser uma área muito específica e crucial, as
urgências demandam cuidados especiais e profissionais qualificados, pois muitas vidas
dependem do tipo de atendimento recebido. Assim, faz-se necessário o ensino, a
pesquisa e a extensão na formação de acadêmicos das áreas da saúde tanto para a
assistência como para a promoção da saúde na comunidade, evitando agravos (Sousa, et
al., 2014).
9040
Santa Casa de Misericórdia de Sobral (SCMS), além de colaborar com as demandas do
serviço.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório com abordagem qualitativa, no qual visa
compreender experiências, comportamentos, emoções e sentimentos vividos, ou, ainda,
compreender sobre o funcionamento organizacional, os movimentos sociais, os
fenômenos culturais e as interações entre as pessoas, seus grupos sociais e as
instituições (AUGUSTO, et al., 2013).
O estudo foi realizado no mês de março de 2018, na cidade Sobral, Ceará, com
enfermeiros que participaram enquanto graduandos da Liga de Extensão em Urgência e
Emergência, que possibilita a inserção prática de acadêmicos de enfermagem em um
setor de emergência de um hospital de ensino da Zona Norte do Estado de Ceará,
classificado e habilitado para assistência terciária que desenvolve procedimentos de
9041
alta complexidade, como tratamentos ortopédicos, oncológicos, neurocirurgias,
urgências e emergências, referência em emergência traumatológica.
A coleta com os sujeitos foi realizada após aprovação por escrito e atendeu aos
preceitos ético-legais (autonomia, não maleficência, beneficência e justiça)
recomendados na Resolução nº 466/2012 sobre pesquisas envolvendo seres humanos
do Conselho Nacional de Saúde, sendo o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú (CAAE: 80882417.3.0000.5053).
Resultados e Discussão
Foram incluídos no estudo 14 enfermeiros, sendo predominante o sexo feminino
(57,1%). A média de idade dos participantes foi de 24,8 anos (±1,2), com variação entre
23 a 27 anos. Em relação ao tempo de conclusão da graduação em enfermagem, a
média foi de 12,7 meses, variando de oito meses a dois anos de conclusão.
9042
27 anos 02 14,3
Sexo n %
Masculino 06 42,9
Feminino 08 57,1
Conclusão da Graduação n %
8 meses 04 28,5
9 meses 02 14,2
12 meses 03 21,4
14 meses 02 14,2
18 meses 01 7,1
24 meses 02 14,2
9043
11%
6 meses
25 % 1 ano
Mais de 1 ano
64 %
9044
em campo, essencial para a articulação dos conhecimentos teóricos e práticos de
urgência e
emergência.
Assim, as atividades de uma liga são de grande valia para os membros, pois essas
atividades práticas ganham uma importância maior, uma vez que as instituições de
ensino não oferecem um campo prático por longo prazo durante os estágios
curriculares, onde o aprendizado prático pode ficar restrito. Diante disso, é de grande
magnitude a participação neste cenário, diminuindo assim um dos maiores anseios dos
acadêmicos, que é a participação em práticas de urgência e emergência e o contato com
o paciente em estado crítico (VIEIRA, et al., 2014).
Saúde (SUS).
9045
Dentre as atividades exercidas nas ligas, se destacam as aulas teóricas, aulas práticas, a
organização de simpósios e cursos, o desenvolvimento de projetos de pesquisas e
eventos de promoção à saúde. As ligas sendo uma atividade extracurricular, não
representam apenas mais uma maneira de preencher e aumentar o currículo, mas
também uma forma de interação entre os membros e uma forma de responder as
dúvidas que se deparam no seu dia a dia (FILHO,
2011).
Dentre estas contribuições, 85,7% dos enfermeiros afirmaram que a LENUE possibilita a
vivência e discussão de situações que contribuirão para a vida profissional, coadjuvando
na minimização da tensão dos primeiros atendimentos realizados pelos estudantes.
9046
aprendidas em sala de aula sejam utilizadas de maneira prática antes mesmo do estágio
obrigatório. Tal ação faz com que haja a interação precoce destes conhecimentos com a
rotina hospitalar. A presença do estudante, juntamente com os profissionais de saúde,
permite a criação de um ambiente de intercâmbio de saberes e práticas entre os
profissionais da equipe. O acadêmico, que interage precocemente com os pacientes e
com os profissionais, adquire reconhecimento do ambiente de trabalho, da divisão de
funções e auxilia no elo profissionais/paciente (JUNIOR, et al.,
2014).
Quando interrogados sobre a nota de relevância da LENUE, 92,9% proferiram nota 10,0
e 78,6% dos enfermeiros avaliaram o seu desempenho durante a participação na LENUE
como ótimo.
Em face do domínio da prática, é fundamental ter uma base teórica apropriada para
atuar com qualidade nos serviços de saúde. Uma das competências a serem
desenvolvidas pelos acadêmicos de enfermagem é a tomada de decisão frente a
situações de urgência e emergência em que são necessários conhecimentos, atitude e
prática, uma vez que o enfermeiro como membro da equipe de saúde e líder da equipe
de enfermagem, possui papel substancial no atendimento as situações de urgência, em
que a sintonia da equipe é primordial para que a rapidez no atendimento seja
preservada (PEREIRA, et al., 2015).
(UBS), e em locais muito bem equipados e preparados para este tipo de emergência,
como unidades de terapia intensiva (UTI) e unidades coronarianas (PAULINO, et al.,
9047
2016). Determinadas emergências, além de graves, são decisivas, pois necessitam de
ação imediata da equipe de enfermagem (SILVA, et al., 2013).
Considerações Finais
Desta forma, observa-se que a Liga de Extensão em Urgência e Emergência
(LENUE), tem atingindo o seu potencial de contribuição para a formação em
Enfermagem em seu lócus de atuação, ampliando o conhecimento e as experiências
acadêmicas no âmbito da urgência e
Assim, a extensão universitária deve ser amplamente impulsionada por ser um dos
pilares da tríade que firma a constituição de uma universidade. A composição dessa
tríade se completa pelo ensino e pesquisa, logo a extensão em especial para os cursos
de bacharelado se configura como um contato com a prática de modo potencializado.
9048
Referências
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9049
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36.
9050
9051
CARACTERIZAÇÃO DE CONDIÇOES SOCIODEMOGRAFICAS E NUTRICIONAIS DA
COMUNIDADE ACADEMICA ATENDIDA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO DE EXERCÍCIOS
NA UFG: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE HOMENS E MULHERES
Augusto Cézar Rodrigues Rocha1; João Vitor da Silva Calvão1; Mariana Pereira Maia1;
Kátia Vanessa Machado Carrijo de Paula1; Juracy da Silva Guimarães1; Maria Sebastiana
Silva1; Ana Gabriela Pereira Alves1.
Resumo
Este estudo objetivou caracterizar as condições socioeconômicas, de saúde, consumo de
álcool, tabaco e avaliar o consumo alimentar dos frequentadores do espaço fitness um
projeto de extensão que ocorre no Centro de Esporte do Campus Samambaia (CECAS) da
Universidade Federal de Goiás (UFG). Realizou-se um estudo transversal descritivo e
analítico com uma amostra de 37 indivíduos (homens N=23, mulheres N=14) a amostra
foi selecionada de maneira não probabilística intencional, conformando-se como uma
amostra por conveniência. Utilizou-se um questionário autoaplicável para analisar as
variáveis sócio demográficas e econômicas. A avaliação do consumo alimentar foi feita
por meio do Questionário de Frequência Alimentar (QFA) e detectou-se diferença
significativa para o consumo de proteínas entre homens e mulheres. Os achados
sugerem a necessidade de uma equipe multidisciplinar nas atividades físico e esportivas
na UFG.
Introdução
O estilo de vida pode ser definido como o conjunto de orientações e hábitos
comportamentais de uma pessoa e por aqueles padrões que demonstram certa
1
Universidade Federal de Goiás (UFG)
9052
consistência no tempo, que consequentemente podem ser bons ou ruins podendo
constituir-se com situações de risco para a saúde. Existe uma série de comportamentos
que são caracterizados como fatores de risco para a saúde, dentre eles destaca-se o
consumo de álcool, tabaco, alimentação inadequada, sedentarismo entre outros
(ARRIVILLAGA, SALAZAR, CORREA, 2003).
Nas últimas décadas observa-se diversas mudanças nas condições de vida e de
saúde da população brasileira, que está com uma maior expectativa de vida, com um
padrão de trabalho e lazer modificados e com acentuadas transformações na qualidade
e quantidade dos alimentos ingeridos. Isso ocasiona uma mudança nos perfis
epidemiológico e demográfico das populações e tem como consequência uma maior
exposição dos indivíduos aos fatores de risco relacionados às doenças crônicas não
transmissíveis, especialmente às doenças cardiovasculares (ALWAN et al., 2010).
A dieta habitual dos brasileiros é composta por diversas influências e
caracterizada pela combinação de uma dieta “tradicional” (baseada no arroz com feijão)
com alimentos classificados como ultra processados, com altos teores de gorduras,
sódio e açúcar e baixo de micronutrientes e alto conteúdo calórico. O consumo médio
de frutas e hortaliças ainda é metade do valor recomendado pelo Guia Alimentar para a
população brasileira e manteve-se estável na última década, enquanto os alimentos
ultra processados, como doces e refrigerantes, têm o seu consumo aumentado a cada
ano (BRASIL, 2013).
Outro aspecto que merece atenção é que as diferenças de renda refletem no
padrão alimentar dos diferentes grupos sociais. Verifica-se que a dieta dos brasileiros de
mais baixa renda apresenta melhor qualidade, com predominância do arroz, feijão
aliados a alimentos básicos como peixes e milho. A frequência de alimentos de baixa
qualidade nutricional como doces, refrigerantes, pizzas e salgados fritos e assados,
tende a crescer com o aumento da renda das famílias (BRASIL, 2013). O padrão de
consumo também varia de acordo com os grupos etários. Entre os mais novos, é maior o
consumo de alimentos ultra processados, que tendem a diminuir com o aumento da
idade, enquanto o inverso é observado entre as frutas e hortaliças. Os adolescentes são
o grupo com pior perfil da dieta, com as menores frequências de consumo de feijão,
saladas e verduras em geral, apontando para um prognóstico de aumento do excesso de
peso e doenças crônicas (BRASIL, 2013).
Os diferenciais de morbimortalidade constatados entre homens e mulheres
(BARROS et al., 2011; LAURENTI et al. 2005), resultam, em grande parte, de diferenças
do estilo de vida e dos comportamentos relacionados à saúde (ISER et al., 2012; MALTA
et al., 2015).
9053
Pesquisas nacionais que utilizam marcadores de consumo alimentar saudável e
não saudável apontam que, comparados às mulheres, os homens apresentam
prevalências mais elevadas de ingestão de sal, de refrigerantes e de carnes com excesso
de gordura, bem como menor ingestão de frutas, verduras e legumes (ISER et al., 2012;
MALTA et al., 2015; SOUZA et al., 2013).
O consumo de substâncias psicoativas vem aumentando (TAVARES et al., 2004).
O seu consumo exagerado e a dependência de drogas ameaçam os valores políticos,
econômicos e sociais. Sendo que ainda contribui para o aumento dos gastos com
tratamento médico e internação hospitalar, subindo os índices de acidente de trânsito,
de violência urbana e de mortes prematuras (CARLINI-COTRIM et al., 2000).
Segundo Kandel e Yamaguchi (1993), mostra que o envolvimento com drogas
ilícitas ocorre principalmente dentro da população de adolescentes e adultos jovens. De
acordo com o IBGE (2004), o Brasil possui 35 milhões abaixo dos 30 anos, com isso o
consumo de substancias psicoativas pode ser preocupante.
No que se refere a prática regular de exercícios físicos, há evidências que ela
desempenha papel importante na prevenção de doenças crônico degenerativas (COSTA,
2004; WOODS, VIEIRA, KEYLOCK, 2006). Além disso, sabe-se que uma dieta balanceada
supre as necessidades individuais e fornece energia e nutrientes adequados para os
processos metabólicos e recuperação de tecidos decorrentes da prática de exercícios
físicos (DURAN et al., 2004; PEREIRA, CABRAL, 2007; THEODORO, RICALDE, AMARO,
2009).
Estudos com pré-diabéticos que associaram exercício e uma dieta balanceada,
demonstram que esse comportamento tem a capacidade de reduzir em até 58% o risco
de diabetes mellitus tipo 2, enquanto somente o uso de medicamentos reduz em apenas
30% (SKYLER, 2004).
Desse modo, o estimulo à prática de exercício físico e adoção de uma
alimentação saudável pode auxiliar a diminuir a incidência de obesidade bem como os
riscos associados ao excesso de gordura corporal além de modificar o estilo de vida que
apresente comportamentos sedentários e alimentação desbalanceada. Em pesquisa
realizada por Duran et al. (2004) foi encontrado que 37,5% dos avaliados fazem parte
desse grupo de indivíduos com excesso de peso, resultado que preocupa tendo em vista
que o elevado consumo desse nutriente está diretamente relacionado ao surgimento de
doenças crônicas na população em geral (MAHAN, ESCOTT-STUMP, KRAUSE, 2011).
Desta forma, este estudo, objetivou caracterizar as condições socioeconômicas,
de saúde, consumo de álcool e tabaco, e avaliar o consumo alimentar de alunos e
servidores de uma comunidade universitária que praticam exercícios físicos resistidos
9054
no projeto de extensão do Centro de Esportes da instituição, mais precisamente no
Espaço Fitness do mesmo. Visando em conhecer melhor o público atendido, para que o
trabalho realizado seja mais eficiente paras os frequentadores do CECAS a fim de
prevenir e promover saúde aos frequentadores desse projeto.
Metodologia
9055
atualizada em 2016, considerando-se a quantidade de bens dos domicílios, o grau de
instrução do chefe da família e o acesso a serviço públicos. A partir da pontuação obtida
dessas informações a amostra foi classificada de acordo com o acesso a bens e nível de
conforto das famílias A (45-100 Pontos), B1 (38-44 Pontos), B2 (29-37 Pontos), C1 (23-
28 Pontos) C2 (17-22 Pontos) D-E (0-16 Pontos) (BRASIL, 2015).
Também foram coletados dados de peso corporal (kg) e estatura (m), sendo que
os mesmos foram referidos no ato da matrícula. e ainda calculado o Índice de Massa
Corporal (IMC) (kg/m2). 8A classificação do IMC foi feita com base nos critérios da World
Health Organization (1998). IMC <18,5 baixo peso; entre 18,5 e 24,9 eutrofia; entre 25,0
e 29,9 sobrepeso, e > 30 obesos.
A avaliação do consumo alimentar foi feita por meio do Questionário de
Frequência Alimentar (QFA), validado para população adulta, semelhante a população
deste estudo. O QFA é constituído por 14 grupos alimentos: 1) Leite/derivados
integrais; 2) Leite/derivados desnatados; 3) Ovos; 4) Carnes; 5) Peixes; 6) Embutidos e
enlatados; 7) Óleos vegetais; 8) Gordura animal; 9) Petiscos (pizzas, salgadinhos de
pacote, lanches); 10) Cereais integrais (fibras e cereais); 11) Cereais não integrais (pão
branco, cereais refinados, tubérculos e raízes); 12) Vegetais e leguminosas; 13) Frutas e
sucos naturais e 14) Doces em geral (bolos, sorvetes, chocolates). Em cada grupo de
alimento foi anotado a frequência de consumo em número de vezes por dia, semana e
meses, adaptado para as medidas caseiras e depois convertido em gramas para explicar
o consumo energético. Os dados coletados foram inseridos em programa específico,
gerado no Excel, para estimar o consumo de energia, carboidratos, proteínas, lipídios,
fibras, cálcio, sódio e ferro de cada participante.
Para análise estatística o grupo foi dividido de acordo com o sexo e os dados
apresentados como análise descritiva e testes comparativos entre homens e mulheres.
Os dados numéricos foram submetidos ao teste de normalidade de ShapiroWilk, as
variáveis que apresentavam distribuição normal foram comparadas por meio do teste t
Student e as variáveis não paramétricas pelo teste U de ManWitney. Para os dados
categóricos foi avaliada a distribuição de frequência e as comparações realizadas pelo
teste Qui-quadrado de Pearson. O nível de significância adotado foi o de 5% (p< 0,05).
Todos os dados foram analisados no programa estatístico SPSS 2.0.
Resultados e Discussão
9056
Conforme disposto na tabela 1, as características dos participantes, não
apresentaram diferença (p>0,05). Também não foram observadas diferenças
significativas dessas características entre homens e mulheres, exceto em relação ao tipo
de frequentadores (p=0,024), visto que a maioria das mulheres eram servidoras e dos
homens eram alunos da instituição de ensino.
Ao analisarmos a tabela 1 pode-se verificar que os frequentadores do CECAS são
em sua maioria alunos (82,6% entre os homens e 64,3% entre as mulheres), isso ocorre,
pois, a população universitária é constituída por maior número de alunos quando
comparados aos servidores da UFG, de acordo com os dados da Pró-Reitoria de
Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos (PRODIRH, 2013). Em relação ao
consumo de álcool e tabaco os frequentadores do CECAS têm a predominância em ser
abstêmio, esses dados são diferentes dos encontrados por Ramis et al. (2012) em seus
estudos, no qual mostra uma porcentagem alta entre universitários que consomem esse
tipo de substâncias.
Os frequentadores apresentam elevada escolaridade, sendo que a grande maioria
já estão no ensino superior, esse dado colabora com os estudos realizados por Frade et
al., (2016); Albuquerque (2012); Brito e Liberali (2012), no qual os frequentadores de
academia possui Nível Superior de escolaridade. Ao analisarmos os resultados,
observamos que uso de suplementos nutricionais mostrou-se pouco comum entre os
investigados, apenas 13% dos homens e não houve relato de uso entre as mulheres, o
uso de suplementos dentro do grupo analisado é baixo, e isso pode estar relacionado a
fatores como o nível de escolaridade do sujeito e fatores socioeconômicos visto que
grande parte dos praticantes de musculação do CECAS são estudantes universitários, e
isso pode leva-los a ter um maior senso crítico quanto ao uso de tais substancias. Nos
estudos de Linhares e Lima (2006) relataram que a utilização de suplementos se
apresenta cada vez mais frequente entre os praticantes de musculação, isso mostra
evidencia uma questão preocupante, pois a utilização não recomendada desses
complementos alimentares pode trazer danos ao organismo.
Tabela 1. Caracterização dos frequentadores do Centro de Esportes Campus Samambaia,
segundo o sexo
9057
Raça 0,974
Branca 6(26,1%) 4(28,6%)
Parda 7(30,4%) 5(35,7%)
Negro 4(17,4%) 2(14,3%)
Não respondeu 6(26,1%) 3(21,4%)
Escolaridade 0,372
Ensino fundamental
1(4,3%) 0
incompleto
Ensino médio incompleto 4(17,4%) 5(35,7%)
Ensino médio completo 0 1(7,1%)
Ensino superior
7(30,4%) 4(28,6%)
incompleto
Ensino superior completo 11(47,8%) 4(28,6%)
Uso de medicamentos
0,173
controlados
Sim 5(21,7%) 6(42,9%)
Não 18(78,3%) 8(57,1%)
9058
Bebedor não frequente 1(4,3%) 1(7,1%)
Bebedor menos frequente 1(4,3%) 0
Bebedor frequente 7(30,4%) 5(35,7%)
Bebedor frequente
1(4,3%) 0
pesado
Tabagismo -
Nunca fumou 23(100%) 14(100%)
Tabagista atual 0 0
9059
casos (SILVA et al., 2014). Esta diferença pode ser atribuída aos motivos que levam as
pessoas procurem algum serviço relacionado à saúde. No caso do atendimento
nutricional, geralmente ocorre quando o indivíduo apresenta uma doença prévia.
9060
Entre o grupo de participantes percebemos que dentre os homens o objetivo do
treinamento mais buscado foi o convívio social cerca de 73,9%, o que se mostrou
diferente do estudo de Beppu et. al, (2011) no qual a busca por convívio social mostrou-
se como sendo a escolha de apenas 2,5% dos 40 investigados no estudo. Outro estudo
de Wankel (1993), apresenta que a interação social representa um dos principais
determinantes para que se tenha adesão e manutenção da prática.
Já entre as mulheres o objetivo mais relevante foi a perda de peso, talvez isso se
dê pela busca constante por uma imagem corporal melhor. É notável que as mulheres
estejam cada vez mais preocupadas com a sua imagem e isso se dá devido a diversos
fatores, sendo o principal deles a influência da mídia (CONTI; FRUTUOSO;
GAMBARDELLA, 2005). Em um estudo conduzido por Tessmer et al., 2006 dentre as
mulheres investigadas 55,3% encontrava-se insatisfeita com a imagem corporal.
Parisotto (2011) encontrou 34,5% das 58 mulheres participantes, com insatisfação
moderada ou grave.
Masculino Feminino
(n=23) (n=14) Valor de P 1
Perda de peso 0,037*
Sim 10(43,5%) 11(78,6%)
Não 13(56,55%) 3(21,4%)
Alívio das tensões 0,954
Sim 8 (34,8%) 5(35,7%)
Não 15(65,3%) 9(64,3%)
Melhorar
0,154
Performance
Sim 6(26,1%) 1(7,1%)
Não 17(73,9%) 13(92,6%)
Hipertrofia 0,219
Sim 13(56,5%) 5(35,7%)
Não 10(43,5%) 9(64,3%)
Estética 0,006*
Sim 14(60,9%) 2(14,3%)
Não 9(39,1%) 12(85,7%)
Condicionamento 0,904
9061
Físico
Sim 16(69,6%) 10(71,4%)
Não 7(30,4%) 4(28,6%)
Prazer 0,835
Sim 14(60,9%) 9(64,3%)
Não 9(39,1%) 5(35,7%)
Fortalecimento
0,915
Muscular
Sim 3(13%) 2(14,3%)
Não 20(87%) 12(85,7%)
Convívio social 0,869
Sim 17(73,9%) 10(71,4%)
Não 6(26,1%) 4(28,6%)
1
Qui-quadrado de Pearson.
* p < 0,05
9062
cardiovasculares, nefrotoxicidade e câncer (ANTONIO et al., 2014; CLIFTON, 2011;
LARSSON, WOLK, 2006; LAGIOU et al., 2012).
Estudos relacionado sobre a ingestão de proteína para praticantes de exercício
físico demonstram que a quantidade coerente pode variar de 1,2g a 1,8g de
proteína/kg/dia e ainda que o consumo maior que 2,0g de proteína/kg/dia não promove
alterações positivas para o rendimento nos treinos e para a condição física (CAMPBELL
ET AL., 2007; PHILLIPS, 2004; RODRIGUEZ, DI MARCO, LANGLEY, 2009; TARNOPOLSKY,
et al., 1992).
9063
Quanto à adequação dos macronutrientes (AMDR), apresentado na tabela 5,
houve predominância dos participantes apresentam percentual normal, em relação ao
valor energético total da dieta (VET), de acordo com a recomendação geral para a
população, que varia de 45 a 65% para carboidratos e 20 a 35% para lipídios e não
houve diferenças na distribuição dos percentuais entre homens e mulheres.
A distribuição adequada de macronutrientes (AMDR), para a maioria dos
avaliados está dentro dos valores recomendados de acordo com a IOM (2005). Sabe-se
que uma distribuição adequada de macronutrientes favorece um melhor
aproveitamento destes nutrientes pelo corpo e fornece um aporte adequado de
vitaminas e minerais (IOM, 2005; MAHAN; SCOTT-STUMP, 2011).
Tabela 5. Distribuição adequada de macronutrientes (AMDR) carboidratos e
lipídios
Masculino Feminino Valor de P1
Variáveis
(n=23) (n=14)
Carboidratos 0,423
Lípidios 0,423
<20% 0 0
20 a 35% 16(69,56%) 11(78,57%)
>35% 7(30,43%) 3(21,42%)
1 Qui-quadrado de Pearson.
Considerações Finais
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a caracterização de um grupo
de servidores e alunos praticantes de treinamento de força no CECAS, quanto às
condições socioeconômica, saúde e alimentação. Percebeu-se que, a os frequentadores
deste projeto de extensão é composta predominantemente por alunos o ensino superior
incompleto, no qual procuram a academia com os diversos objetivos, os homens em
com maior prevalência para a estética e as mulheres para a perda de peso e a classe
intermediaria é a que mais utiliza dos serviços prestados pelos CECAS.
A importância da caracterização desse grupo se dá pelo fato de que esse
conhecimento auxilia e melhora o atendimento com os mesmos, no qual as ações
extensionista adeque a realidade dos frequentadores que carecem de políticas públicas
9064
relacionadas a saúde, existindo a necessidade de ampliar, incentivar e divulgar a
importância desse serviço para a promoção de saúde para ambos os sexos para que
tenha uma maior adesão dos mesmos.
Já com relação ao consumo de alimentos observamos que a maioria não
apresentou diferença de acordo com as referências, apenas quanto ao consumo
excessivo de proteínas e essa prática inadequada é prejudicial à saúde dos indivíduos.
Mas é preciso saber a qualidade dessa dieta por isso percebemos a necessidade de
agregar ao corpo de profissionais desse projeto de extensão que é desenvolvido no
Centro de Esporte do Campus Samambaia um profissional de nutrição para contribuir,
ou mesmo criar uma parceria entre outros projetos de extensão como o programa de
atendimento a comunidade universitária que já existente na instituição que tenha
propostas que melhorem a quantidades de nutrientes consumidas pelos investigados, a
fim de evitar condições de risco a suas saúdes. Porém mais estudos com esse público
devem ser desenvolvidos para reforçar os resultados apresentados.
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epidemic. Genebra. 1998.
9070
USO DE UM APLICATIVO MÓVEL SOBRE TRANSTORNOS ALIMENTARES COM
ADOLESCENTES: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Nathanael de Souza Maciel1; Naara Ingrid da Silva Sales2; Francisca Gabriela Martins
Ramos3; Diego da Silva Ferreira4; Gutemberg dos Santos Chaves4; Carolina Maria de
Lima Carvalho6.
RESUMO
1
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Bacharelado em Enfermagem.
2
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Bacharelado em Enfermagem.
3
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Bacharelado em Enfermagem.
4
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Mestrando em Enfermagem e
Bolsista Demanda Social da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
4
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Mestrando em
Enfermagem. 6 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Professora
Efetiva.
9071
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os escolares relacionaram os distúrbios com a baixa
autoestima, excessivo perfeccionismo, medo de mudanças, preocupações excessivas,
hipersensibilidade, dificuldade em expressar emoções, necessidade de ser aceita e
agradar a todos e chamar a atenção. Destacaram que mídia contemporânea influencia
na insatisfação corporal e é o fator que mais predispõe aos transtornos alimentares. Os
adolescentes expressavam entusiasmo e curiosidade, o que possibilitou o
compartilhamento de conhecimentos e dirimição de dúvidas. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A atividade de extensão realizada teve importantes significados sobre a formação dos
acadêmicos de enfermagem, onde possibilitou o desenvolvimento de habilidades e
competências importantes para a interação humana, como empatia, assertividade,
comunicação e valorização do trabalho em equipe. Ademais, a atividade serviu como um
modelo de atenção à saúde de forma humanizada, crítica e reflexiva.
INTRODUÇÃO
A adolescência é um intervalo incisivo que principia com as transformações corporais na
puberdade e finaliza quando o indivíduo consolida seu crescimento e sua personalidade.
É um período de distintas mudanças, sejam cognitivas, físicas e sociais, seja pela
iniciação à vida sexual. Contudo, manifestações não se restringem fisiologicamente, mas
também a profundas modificações que se processam psicologicamente (PADILHA et al.,
2015).
Na busca por identidade, os valores e significados que norteavam seu lugar no mundo
são questionados e os adolescentes buscam novos ideais. Nessa fase, ocorrem inúmeros
conflitos, pois ao mesmo tempo em que não são mais vistos como crianças
dependentes, eles também não são considerados adultos o suficientemente aptos para
tomarem as próprias decisões e serem donos de suas próprias vidas; assim, uma fase de
turbulências, descobertas e amadurecimento para a vida adulta (SANTOS et al, 2015)
9072
Os transtornos alimentares costumam relacionar-se com o aumento das demandas
sociais sobre a aparência do corpo, que nas últimas décadas tem como modelo de
sucesso a extrema magreza, dando um sentido de sucesso e triunfo a esse tipo de
imagem. Não estar satisfeito com o corpo predispõe os jovens ao uso de estratégias
extremas, como dietas restritivas, jejum, uso de laxantes e diuréticos, para alcançar a
perda de peso com a ideia de obter benefícios físicos e psicossociais. A pressão social e
a dos amigos para serem magras, contribuem para o desenvolvimento de uma imagem
corporal negativa e, portanto, comportamentos alimentares inadequados que colocam a
saúde em risco (FAJARDO; MENDEZ; JAUREGUI, 2017)
9073
como seus contínuos avanços para prevenção, diagnóstico e tratamento de
enfermidades, amparam a promoção da saúde individual, proporcionando bem-estar em
todos os aspectos de sua vida, seja pela evolução de técnicas e fármacos, seja pelo uso
e desenvolvimento de aplicativos (SOUZA, 2016).
9074
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo e transversal do tipo relato de experiência realizado
durante o uso de um software sobre transtornos alimentares voltados para adolescentes
em uma escola de ensino médio, localizada na cidade Redenção – CE, no Maciço de
Baturité – CE, em março de 2018.
A atividade foi realizada em duas etapas: dinâmica para apresentação e interação entre
os participantes e utilização do software para discussão da temática abordada.
Inicialmente, os
estudantes e os facilitadores participaram de uma dinâmica denominada “Presente de
alegria”. Em um círculo, cada integrante apresentava o colega que estava à sua direita,
destacando uma qualidade dessa pessoa. Esse método de apresentação foi proposto
com a finalidade de provocar a valorização pessoal e sentimentos positivos nos
integrantes, visto que, muitas vezes se negligencia a experiência de realizar pequenas
ações, como um elogio, mas que podem representar um grande significado.
9075
caso Android, a fim de permitir a execução de outros softwares sobre ele, pois, não era
permitido a utilização dos celulares pelos alunos durante sua estadia na escola.
O software Tralis é dividido em tópicos, onde, para cada transtorno alimentar abordado,
há uma galeria de imagens sobre sinais e sintomas de cada transtorno, bem como
algumas definições. Os tópicos relacionavam-se aos transtornos alimentares como
Anorexia Nervosa e bulimia, Transtorno Alimentares Compulsivos, hiperfagia e
Transtorno Dismórfico Muscular, bem como os sinais, sintomas e comportamentos
relacionados a esses transtornos. O aplicativo incluía ainda orientações acerca de
profissionais de saúde recomendados e possíveis tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na implementação da primeira etapa da atividade que consistiam na dinâmica, os
facilitadores buscaram relacionar a depressão e os conflitos que permeavam o cotidiano
dos adolescentes no ensino médio como fatores preditores dos transtornos alimentares.
Os adolescentes expressavam entusiasmo e curiosidade, o que possibilitou o
compartilhamento de conhecimentos e dirimição de dúvidas.
9076
corporal, em decorrência, sobretudo, da influência da mídia contemporânea, é o fator
que mais predispõe aos transtornos alimentares.
9077
engordar, característicos desse transtorno. A influência dos aspectos socioculturais é
marcante, pois o impacto deste padrão no comportamento revela o desejo generalizado,
especialmente entre as mulheres, por um corpo mais magro. A dessemelhança entre o
peso real e o ideal leva a um estado de constante insatisfação com o próprio corpo e as
dietas para perder peso tornam-se extremamente frequentes. Surge assim um campo
fértil para o desenvolvimento dos transtornos alimentares (DINIZ; LIMA, 2017).
Tendo em vista que o enfermeiro é o profissional que visa cuidado ao ser humano,
individualmente e coletivamente, pode-se desenvolver de forma individual ou em
equipe multiprofissional, atividades de promoção, proteção, prevenção de distúrbios
psicológicos que podem estar relacionados aos transtornos alimentares.
Segundo Eufrásio e Nóbrega (2017), a imagem da beleza ideal masculina veiculada pela
mídia apresenta o modelo atlético, um ideal no combate à obesidade. O corpo
musculoso é ostentado como uma demonstração de masculinidade. A identidade é
modelada nos músculos como um artefato pessoal e dominável. É buscada a força
muscular por meio dos exercícios e que, diante dos espelhos, ela construirá
significações acerca de sua imagem. O homem é convidado a modelar sua aparência,
conservar a forma, ocultar o envelhecimento, preservar a saúde e construir um corpo
"sob medida", para torná-lo seu belo representante.
Além de definirem o que seria um corpo belo e os investimentos que são feitos para se
ter esse corpo, foi possível perceber ainda, a partir dos relatos dos adolescentes que há
9078
uma diferenciação entre as noções de beleza, direcionadas aos corpos femininos e
masculinos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta experiência, promoveu-se um debate sobre a problematização de
questões referentes aos transtornos alimentares na adolescência e os conhecimentos
trazidos pelos jovens, destacando-se o debate relativo à influência da mídia nos
distúrbios alimentares e manutenção de padrões corporais de beleza. Nessa perspectiva,
contribui-se para o processo de adesão de conhecimentos dos transtornos alimentares,
favorecendo, em última análise, a emancipação dos sujeitos no campo da sua saúde
mental.
9079
em saúde de adolescentes. Tal atividade propiciou a construção compartilhada de
conhecimentos por meio de diálogo e uso de ferramentas tecnológicas, desenvolvendo,
desse modo, o pensar crítico dos participantes.
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9080
organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível
em:
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FORTES, L. S.; CIPRIANI, F. M.; FERREIRA, M. E. C. Comportamentos de risco para
transtorno alimentar: fatores associados em adolescentes escolares. Psicoterapia
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Acesso em: 30 Mar. 2018.
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SANTOS, G. et al. Rede social e virtual de apoio ao adolescente que convive com
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Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/741/74137151007/ >. Acesso em: 30 mar.
2018.
9083
PRÁTICAS DE EXTENSÃO BASEADAS NA VALORIZAÇÃO DE AÇÕES INTERDISCIPLINARES
NO CUIDADO DE TRABALHADORES ADOECIDOS COM DISTÚRBIOS
OSTEOMIOARTICULARES RELACIONADOS AO TRABALHO - DORT
Gustavo Cordeiro Bezerra; Leonildo Santos do Nascimento Júnior; Cleane Toscano Souto
Bezerra; Keyth Sulamita de Lima Guimarães; Rafael Gerbasi Nóbrega; Caio César Vaz
Lacet Gondim; Lucas Lima Muniz de Albuquerque; Mariana Moroni; Maria Aline Simões
Bento; Wellington Freire de Sousa; Rayane Maria Pessoa de Souza.
Resumo
Introdução: O processo de trabalho com suas características operacionais,
organizacionais e ambientais somadas às cargas físicas e cognitivas, possui uma forte
relação com a saúde do trabalhador. Nesse contexto, é importante realizar avaliações
multiprofissionais e interdisciplinares, como foram executadas pelos participantes do
projeto de extensão RESAT: Repensando as ações em saúde do trabalho, para prevenir e
tratar as doenças relacionadas ao trabalho. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo
demonstrar as experiências e resultados das ações multidisciplinares desenvolvidas
com os pacientes acometidos por doenças relacionadas ao trabalho atendidos no
Projeto RESAT. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo
acerca do projeto de extensão RESAT, o qual é desenvolvido na Clínica Escola de
Fisioterapia do UNIPÊ desde o primeiro semestre de 2017. Resultados: Foram acolhidos
98 trabalhadores, de março/17 até março/18, dos quais 53 foram assistidos de acordo
com o plano de cuidados. Queixas e sintomas mais frequentes foram: dores em punho,
ombro e coluna, parestesia, sensação de peso e fadiga. Em 238 atendimentos foram
utilizados exercícios terapêuticos, eletrotermofototerapia, massoterapia, prescrição de
medicamentos, além de práticas integrativas. Verificou-se um impacto positivo no que
diz respeito ao cuidado e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores assistidos,
promovido através das propostas terapêuticas, do mapeamento dos riscos ergonômicos
e biomecânicos, das ações educativas em saúde do trabalho e das modificações
implementadas. Conclusão: Foram obtidos benefícios na saúde dos pacientes com ações
multidisciplinares desenvolvidas numa perspectiva de cuidado integral, centrada em
9084
queixas e expectativas de cada paciente. A construção do programa terapêutico
permitiu um olhar interdisciplinar, complementando a compreensão dos processos de
adoecimento, recuperação e reabilitação dos trabalhadores com DORT.
Introdução
O campo da Saúde do Trabalhador, conforme Lacaz (2016), pretende determinar o papel
do trabalho na determinação do processo saúde e da doença, considerando vários
aspectos, desde os condicionantes técnicos, econômicos e sociais, por modo a criar uma
assistência integral e ampla na qualidade de vida dos trabalhadores. Esse mesmo autor
destaca a importância de que o trabalhador seja tratado como “sujeito coletivo ativo nos
processos”.
9085
autores, desafios como estes somente poderão ser enfrentados quando diferentes
profissionais com especialidades diversificadas compartilhem visões sobre os problemas
analisados, assim como busquem “estratégias operacionais de intervenção”.
Metodologia
O projeto de extensão RESAT: (re)pensando as ações em saúde do trabalho como
estratégia de valorização dos fatores humanos iniciou-se no primeiro semestre de 2017,
no Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. O objetivo principal é desenvolver
ações multidisciplinares e interdisciplinares, numa perspectiva da integralidade, em
saúde do trabalhador. Nesse sentido, o projeto oferece serviços tanto no âmbito
preventivo, como melhorias e intervenções em processos de trabalho das instituições
parceiras, quanto no restabelecimento da funcionalidade dos trabalhadores, através da
assistência ambulatorial a trabalhadores adoecidos sob a perspectiva de uma atenção
integral e em articulação com a Rede Nacional de Assistência em Saúde do Trabalhador
– RENAST (BRASIL, 2009).
9086
Na acolhida, que acontecem para suprir demanda espontânea e as de encaminhamentos
do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST (Brasil, 2009), o
trabalhador é recebido por uma equipe composta por acadêmicos dos cursos que
participam do projeto para que sejam apresentadas queixas e também seja colhido o
histórico dessa queixa, assim como a anamnese ocupacional, onde são questionados
aspectos relacionados ao estado atual e pregresso de trabalho. Esse tipo de
procedimento se justifica, porque segundo Brasil (2012), a etiologia dos Distúrbios
Osteomioarticulares Relacionados ao Trabalho - DORT é multifatorial, sendo necessário
associar seu surgimento à “aspectos biomecânicos, cognitivos, sensoriais, afetivos e de
organização do trabalho”.
9087
acometidos, é importante que seja definido um programa de tratamento, com metas a
curto e a longo prazo.
Resultados e Discussão
Conforme análise quantitativa das ações desenvolvidas pelo projeto de extensão, foram
acolhidos 98 trabalhadores, desde Março de 2017 até Março de 2018. Deste total, 53
pacientes foram assistidos de acordo com o plano de cuidados traçados para que metas
individuais fossem alcançadas a curto e longo prazo. Todos passaram pelo processo de
avaliação antes do atendimento e passam por novas avaliações ao término do
tratamento proposto.
As queixas mais frequentes referem-se dor no punho, dor no ombro, dor na coluna, além
dos trabalhadores com diagnóstico concluído de tendinites, espondilose lombar,
sindrome do manguito rotador. A sintomatologia apresentada através das avaliações,
não diferem da literatura, onde apresentam-se como sinais e sintomas, a dor, as
9088
parestesias (frio, calor, formigamento ou pressão), a sensação de peso e a fadiga,
principalmente nos membros superiores (ALVES E KRUG, 2017).
Ao todo foram 238 atendimentos pós avaliação, onde foram utilizados recursos como
exercícios terapêuticos, eletrotermofototerapia e massoterapia, além da prescrição de
medicamentos – analgésicos, anti-inflamatórios e ansiolíticos - e orientações quanto ao
seu uso de forma adequada, assim como foram oferecidas terapias complementares
como acupuntura e a formação de grupos de controle de sintomas em pacientes
crônicos. Conforme Brasil (2012), as condutas terapêuticas utilizadas devem ter como
objetivos principais “o alívio da dor, o relaxamento muscular e a prevenção de
deformidades, proporcionando uma melhoria da capacidade funcional”.
9089
de trabalho sejam classificados como causas potenciais de agravos à saúde do
trabalhador.
Por fim, vê-se que as ações realizadas pelo projeto de extensão universitária,
proporcionaram intervenções que objetivaram uma assistência integral em Saúde do
Trabalhador, partindo dos pressupostos de efetivação da Rede Nacional de Assistência
Integral em Saúde do Trabalhador – RENAST, garantindo assistência e tratamento a
9090
trabalhadores acometidos por Distúrbios Osteomioarticulares Relacionados ao Trabalho
na Clínica Escola do Unipê e em seus ambientes laborais.
Conclusão/Considerações Finais
Com as ações desenvolvidas pelo projeto de extensão percebe-se os benefícios
promovidos aos trabalhadores que foram assistidos pelo projeto numa perspectiva de
cuidado integral, centrada nas queixas e nas expectativas de cada trabalhador, por
forma a compor uma programação terapêutica individual ou em grupo.
9091
Referências
ALVES, Luciane Maria Schmidt; KRUG, Suzane Beatriz Frantz (org.) Saúde do
trabalhador: realidades, intervenções e possibilidades no Sistema Único de Saúde
[recurso eletrônico] 1. ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2017.
CARDIA, Maria Claudia Gatto; DUARTE, Myrna Deirdre Bezerra; ALMEIDA, Rogério
Moreira. Manual de Escola de Posturas da UFPB. Editora Universitária, 3ª ed, João
Pessoa, 2006.
COUTINHO, Gilvania Barreto Feitosa et al. Avaliação das condições de trabalho em uma
empresa atacadista de alimentos perecíveis: uma abordagem centrada na ergonomia
física e organizacional. Revista Ação Ergonômica, v. 11, n. 1, 2017.
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visão dos profissionais sobre a presença e as demandas dos homens nos serviços de
saúde: perspectivas para a análise da implantação da Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 10, 2012.
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MERLO, Álvaro Roberto Crespo; JACQUES, Maria da Graça Corrêa; HOEFEL, Maria da
Graça Luderitz. Trabalho de grupo com portadores de LER/DORT: relato de experiência.
Psicologia: reflexão e crítica. Porto Alegre. Vol. 14, n. 1, p. 253-258, 2001.
PORTO, Marcelo Firpo de S.; DE ALMEIDA, Gláucia ES. Significados e limites das
estratégias de integração disciplinar: uma reflexão sobre as contribuições da saúde do
trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva, v. 7, p. 335-347, 2002.
9093
VIVÊNCIAS DE GERAÇÃO DE RENDA NO CAPS AD III NO MUNICÍPIO DE CAXIAS-MA
Fernanda Maria Melo Pereira1; Letícia Marcela Silva Santos2; Irisdalva França Soares3,
Maria Edileuza Soares Moura4
Resumo
Após o movimento de Reforma Psiquiátrica no Brasil, novos modelos de cuidado ao
portador de transtorno mental foram sendo estabelecidos de maneira a promover uma
melhoria na qualidade das relações interpessoais e a reabilitação psicossocial. Nesta
perspectiva, estão incluídas as oficinas terapêuticas que há alguns anos vêm sendo
utilizadas como método de tratamento para pessoas portadoras de transtornos mentais.
Objetivou-se desenvolver ações de produção artesanal para os usuários do CAPS Ad III
interessados na geração de novas fontes de renda. Trata-se de um projeto de extensão
da Universidade Estadual do Maranhão (Campus Caxias) desenvolvido por acadêmicas
do curso de Enfermagem que com o auxílio de uma artesã e supervisionadas pela
equipe de profissionais do serviço de saúde mental realizaram oficinas terapêuticas
voltadas para a produção artesanal de produtos com potencial para comercialização
local e potencial fonte de renda para usuários do CAPS Ad III no município de
CaxiasMaranhão/Brasil. As oficinas já desenvolvidas, foram para confecção de brincos,
colares, pulseiras, chaveiros e porta-chaves. Inicialmente, a execução da atividade
necessitou de uma descrição e demonstração de como é o processo de produção das
peças, desde a apresentação de moldes, dos materiais com os quais se trabalhará e o
passo a passo para concluir a confecção da peça. Os participantes das oficinas têm
1
Graduanda de Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (Campus Caxias).
2
Graduanda de Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (Campus
Caxias). 3 Graduanda de Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão
(Campus Caxias). 4 Doutora em Medicina Tropical e Saúde Pública, docente da UEMA
(Campus Caxias).
9094
mostrado interesse e boa adesão à proposta, autoestima elevada ao alcançar o objetivo
de cada oficina, contando ainda sentimento de utilidade e bem-estar. Identificou-se que
as oficinas terapêuticas se mostraram como estratégia de cuidado que possibilitou a
melhoria das habilidades dos usuários e ainda uma renovação nas relações
interpessoais entre os próprios participantes e destes com a equipe.
Introdução
A reforma psiquiátrica surgiu no Brasil no final da década de 1970, a partir do
Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), inspirada nas denúncias da
precariedade da assistência centrada no modelo hospitalocêntrico e em sua lógica de
exclusão, abandono e violência e na insatisfação dos trabalhadores da área com as
condições de trabalho (PEDROZA et al., 2012)
9095
Na assistência leiga das instituições filantrópicas, o trabalho teve a função de auxiliar
na manutenção da ordem social e econômica; no nascimento da Psiquiatria, com o
tratamento moral e excludente, teve uma função disciplinadora na busca pela cura da
loucura (FOUCAULT, 2003). Cidadania e loucura foram termos que, histórica e
socialmente, se intitulava separadamente, o que foi assumido como natural pelo saber
construído na área da saúde mental (BRASIL, 2005).
É válido destacar que o público com o qual trabalha-se nesse projeto tem uma
singularidade em relação aos portadores de transtornos mentais que é a dependência
química. Nesse grupo há uma necessidade de (re)estabelecimento de uma rede social,
que em geral foi desgastada pelos reflexos sociais do uso abusivo de substâncias
psicoativas. Assim, é preciso redescobrir um sentido para a vida. Nessa direção, o
trabalho se destaca como alternativa privilegiada de resgate da autonomia e como
instrumento de inclusão social para esta clientela (BARRETO; LOPES; PAULA, 2013).
9096
Ressalta-se a importância de que a formação de futuros profissionais busque estimular
o desenvolvimento de práticas que possam implantar ou consolidar ações inovadoras na
área de saúde mental (LUSSI et al 2010). Dessa perspectiva decorre o interesse em
executar esse projeto de extensão que vislumbra no trabalho um vértice essencial da
cadeia de reabilitação e ao promover ações na comunidade com apoio da Universidade
Estadual do Maranhão, possibilita um maior contato entre os estudantes da graduação
com diferentes demandas da comunidade.
Assim, esse projeto tem como objetivo geral desenvolver ações de produção artesanal
para os usuários do CAPS Ad III interessados na geração de novas fontes de renda; e
como objetivos específicos estimular a vivência e o trabalho em grupo, possibilitando a
troca de saberes e experiências entre os participantes, sobretudo, valorizando as
produções da própria comunidade; colaborar com a construção de uma rede substitutiva
diversificada que garanta os direitos de cidadania das pessoas com transtorno mental; e
capacitar os usuários interessados na geração de renda através da confecção de peças
artesanais.
Metodologia
Trata-se de um projeto de extensão vinculado ao PIBEX (Programa Institucional de
Bolsas de Extensão) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) em
desenvolvimento no CAPS Ad III de Caxias, Maranhão. Os CAPS Ad III são serviços de
atenção psicossocial voltados para o atendimento de pessoas com transtornos
decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas que devem oferecer
atenção contínua, durante 24 horas, diariamente, incluindo feriados e finais de semana
(BRASIL, 2002).
9097
No primeiro momento, foi apresentado o projeto de extensão, divulgando os objetivos e
atividades desenvolvidas ao coordenador do CAPS Ad III que prontamente aceitou a
proposta, foi realizada uma reunião com os acadêmicos e professor orientador
envolvidos a fim de planejar o início das atividades a serem executadas, e logo depois
apresentamos aos profissionais da instituição para conhecerem as atividades propostas
e possíveis cooperações a efetivação das mesmas, e por fim a proposta foi apresentada
aos usuários para só então e iniciar, de fato, as oficinas.
9098
Resultados e Discussão
As oficinas realizam-se uma vez por semana (terça-feira) e duram em média 4 horas no
turno da manhã, de acordo com a disponibilidade dos profissionais do CAPS Ad III e
acadêmicos. Em cada semana a oficina terapêutica de geração de renda é elaborada e
desenvolvida pela equipe de extensão, com auxílio da artesã, sob supervisão demais
profissionais do serviço.
9099
que motiva ainda mais a continuar a produzir sempre e terminam com o sentimento
satisfação, possibilitando uma melhora na sua habilidade, aumentando sua autoestima e
autonomia. Durante o processo de trabalho, observase também uma melhora no
relacionamento interpessoal entre os próprios participantes e destes com a equipe,
onde uns ajudam os outros que tem mais dificuldades.
9100
usuários a possibilidade de aprender a gerar renda através do artesanato. Buscou-se
exercer uma prática de cuidado horizontalizada, estimulando os usuários a
compartilharem e serem parceiros dos projetos e decisões, bem como a se
conscientizarem de seus direitos de cidadãos.
9101
Figura 2- Peças produzidas – colar, chaveiro, porta-chaves, pulseira
9102
Conclusão/Considerações Finais
A realização de oficinas de geração de renda com usuários com transtornos decorrentes
do uso de substâncias psicoativas no CAPS Ad III tem possibilitado a interação grupal,
estímulos das competências pessoais, o que tem se mostrado uma maneira eficaz na
ativação e reconstrução do bem-estar / autonomia dos usuários. Assim, a prática na
realização de oficinas promoveu melhora nos relacionamentos interpessoais dos
usuários, tanto com os usuários, quanto com a equipe de extensão.
Percebeu-se, portanto, que estas ações foram muito gratificantes para o grupo, sendo
demonstrada através dos rostos, o sentimento de trabalho cumprido, de meta alcançada
e realização quando os trabalhos ficavam prontos. Deste modo, as oficinas se tornaram
instrumentos de reabilitação e ressignificação social dos usuários na comunidade.
Referências
AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007.
AZEVEDO, Dulcian Medeiros de; MIRANDA, Francisco Arnoldo Nunes de. Oficinas
Terapêuticas como instrumento de Reabilitação Psicossocial: Percepção de Familiares.
Esc.
BARRETO, Raquel de Oliveira; LOPES, Fernanda Tarabal; DE PAULA, Ana Paula Paes. A
economia solidária na inclusão social de usuários de álcool e outras drogas: reflexões a
partir da análise de experiências em Minas Gerais e São Paulo. Cadernos de Psicologia
Social do Trabalho, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 41-56, 2013.
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GIGANTE, Marisa Petrucci; TOMASI, Elaine. Perfil das oficinas de geração de trabalho e
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Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Católica de Pelotas.
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Oliveira; RUIZ, Erasmo Miessa Ruiz. Reabilitação Psicossocial: visão da equipe de Saúde
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de projeto de inclusão social. Rev Rene., Fortaleza, v.13, n.2, p.454-62, 2012.
9105
AS PRÁTICAS DO SERVIÇO SOCIAL DENTRO DO PROJETO BIBLIOTERAPIA PARA
PACIENTES INTERNADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO
Kelly Holanda do Carmo; Tamiris Serra Alves de Lima; Victória de Fátima Moraes Garcia
Resumo
Ao momento que um paciente é hospitalizado este passa por ciclos de tensão
emocional que prejudicam sua recuperação. O espaço que este paciente se insere ao
longo dos anos não se traduz como uma estrutura para o acolhimento humanizado
devido a culturalização do entendimento do ambiente hospitalar, é caracterizado
primordialmente para a cura de doenças, o que potencializa o desempenho dos
profissionais de saúde na busca de um tratamento clínico específico a se articular com o
bem-estar emocional e psicológico do paciente, que por sua vez vê como um ambiente
de solidão e isolamento, mesmo que cercado de profissionais de saúde e outros
pacientes. Ao se confrontar com esta situação de fragilidade, pode desenvolver
sentimentos de ansiedade, agressividade, angústia, tristeza e outras reações devido à
doença e/ou o afastamento do lar. Buscando minimizar o sofrimento em detrimento a
doença e a hospitalização, expomos como proposta, atividades de biblioterapia com o
intuito de oportunizar o bem-estar além do físico, o psicológico e emocional através da
leitura de textos, visualizações de imagens impressas e/ou em movimento além de
outros instrumentos, assim como, o desenvolvimento de ações de educação em saúde
que sinaliza orientação sobre direitos do Cidadão através de palestras e /ou oficinas de
Seguridade Social e Previdência Social a fim de atender além dos pacientes, assim como
os acompanhantes dependendo de cada caso, disseminando a informação de forma
geral e seletiva atendendo o público-alvo. As ações são desenvolvidas através de
abordagem individual e em grupo como: contação de histórias, leitura de mensagens,
exibição de filmes, espetáculos, audição de músicas, disponibilização de leituras
diversas (livros, revistas e jornais) de acordo com a temática definida pela equipe do
projeto em conjunto com o paciente. Após cada sessão realiza-se avaliação com os
9106
participantes, analisando desta forma, o impacto da ação quanto ao número de
participantes e os pontos positivos.
Introdução
Ao momento que o paciente é hospitalizado passa por ciclos de tensão emocional que
dificultam a sua recuperação. A hospitalização é um processo que o usuário não
considera em seu cotidiano, potencializando assim o desempenho dos profissionais de
saúde a buscarem melhores alternativas de tratamento do ponto de vista clínico, no
entanto, embora com os novos moldes do SUS a partir da reforma sanitária, a
humanização é ponto estratégico considerado em um modelo atualizado de tratamento
abrangente, devido a cultura de hospital ser espaço de cura de doenças, habitualmente
não se articula a vinculação do bem-estar emocional e psicológico destes no tratamento
sugerido. Desta forma, o paciente visualiza o espaço hospitalar como uma estrutura de
isolamento, solidão o que possibilita o desdobramento da doença nos campos
psicológicos e emocionais se caracterizando pela ansiedade, agressividade, angústia,
tristeza, medo e outras reações. Dentre essas prenuncias, o Assistente Social por ser um
profissional liberal está embasado pelo seu Código de Ética Profissional – CEP, de 1993
o qual dentro da área da saúde, educação, defesa social e outros, norteia-se por
competências e atribuições em seu espaço sócio-ocupacional validando com excelência
a concepção do projetoético-político e profissional preponderante no Serviço Social
brasileiro desde 1970. Como contribuição neste projeto, vem buscando minimizar o
sofrimento causado pela doença e suas múltiplas facetas, expomos como proposta,
atividades de biblioterapia com a finalidade de proporcionar além do bem-estar físico,
psicológico e emocional através de leituras de textos, visualização de imagens
impressas e/ou em movimento além de outros instrumentos, assim como, o
desenvolvimento de ações educativas em saúde e de orientação de Seguridade Social e
Previdência, buscando atender tanto ao paciente quanto ao acompanhante, uma vez
que estes estão neste processo para dar o suporte necessário para quem permanece
internado, e de uma certa forma se encontra internado igual, disseminando assim a
informação de uma forma geral e seletiva dependendo de cada caso, enfocando umas
das atribuições do profissional de Serviço Social na área da saúde que é a prestação de
serviços direto a população aqui direcionado na orientação do usuário, através de
palestras e/ou oficinas trabalhando para a defesa e garantia dos direitos destes.
9107
A biblioterapia é um tratamento que objetiva o bem-estar clínico, emocional e social do
indivíduo por meio das práticas da leitura dirigida podendo ser empregada ou em grupo
ou individual, ainda que seja uma prática que se depare na atualidade, na verdade a
Biblioterapia é um tratamento que é revisado desde a antiguidade, pois desde o período
egípcio se encontra registros em tal como “remédios para alma”
Desta forma, a Biblioterapia é caracterizada como terapia por meio de leitura dirigida a
qual proporciona interação entre as pessoas possibilitando através de inúmeros
recursos as resoluções de seus conflitos tanto clínicos, quanto emocional e/ou psíquico.
Esta prática surge desde a antiguidade, os gregos afirmavam que suas bibliotecas eram
repositórios de remédios para o espírito, sendo que os romanos afirmavam que as
leituras de orações aos pacientes ajudariam na saúde mental. Mas foi em 1916 que a
prática da Biblioterapia se dá de forma mais incisiva, ações dos bibliotecários da Cruz
Vermelha, os quais construíam bibliotecas em hospitais do exército, na Primeira Guerra
Mundial, dando início a sua trajetória diretamente relacionada com a saúde pública.
Entende-se que a leitura tem sua função terapêutica desde a antiguidade, a terapia por
meio dos livros se traduz como terapia a partir do pressuposto que se entende que toda
leitura cabe uma interpretação própria, a qual busca a ideia de liberdade, pois permite a
atribuição de vários sentidos ao texto.
9108
produtos e serviços prestados, pois estas instituições não se tratam de organismos
únicos, são órgãos da sociedade que possuem a finalidade social específica e atender as
necessidades da sociedade.
“Remédios para Alma”, “Tesouros dos Remédios da Alma”, caracterizando assim o valor
terapêutico da leitura. Segundo ROCHA e de acordo com GALT (apud VICENTE) “(...) a
leitura afasta os pensamentos menos saudáveis, informa, cria divertimento, melhora a
atitude dos pacientes perante a terapia e mostra interesse que o hospital tem pelo
9109
doente (...)”. Segundo CALDIN “(...) a função terapêutica da leitura admite a possibilidade
de a leitura proporcionar a pacificação das emoções”. A leitura de um texto produz no
leitor e no ouvinte um estado de calma, podendo-se afirmar que a literatura tem
prioridades sedativas e curativas.
Metodologia
O projeto é desenvolvido na Biblioteca Drº Alexandre Barros dos Santos no Hospital
Universitário João de Barros Barreto, tal hospital a princípio foi construído para ser um
sanatório de Belém, o qual fazia parte de um programa de construção de hospitalização
de pacientes portadores de tuberculose, elaborado pelo Ministério de Educação e saúde,
por meio do Departamento Nacional de Saúde que tinha a frente o ilustre sanitarista
João de Barros Barreto.
9110
hospital é referência em HIV, o Projeto Biblioterapia para pacientes Internados no
HUJBB, considera a participação de uma equipe multiprofissional formada por
Bibliotecário, Assistente Social, Psicólogo, Nutricionista, e bolsistas e Residentes de
Serviço Social e outras categorias profissionais, que passam inicialmente por um
processo de estudo e planejamento para a sistematização das ações. A primeira fase se
dá através da divulgação ampla da proposta em âmbito interno (pacientes, funcionários,
estagiários e equipe da assistência) e externo (voluntários e comunidade em geral).
Como veículo de divulgação utilizamos o sistema de intranet, a Home Page da UFPA;
reuniões com acompanhantes, além de cartazes e folders afixados nos murais existentes
nas dependências do Hospital e entregue em leito aos pacientes e acompanhantes. A
segunda fase se traduz na Biblioteca Itinerante, o qual as publicações recebidas por
doação serão selecionadas pela Biblioteca e pelos bolsistas semanalmente e
distribuídas nas enfermarias entre os pacientes e acompanhantes. Essas publicações
objetivam o entretenimento e a informação no leito com a temática recomendada como:
histórias de amor; religião e espiritualidade; agricultura; coleção sobre a Amazônia;
lendas e histórias; mensagens de otimismo; ilustrações com paisagens; livros com tema
infantil; livretos de recreação (passatempo); revistas de informação geral; revistas em
quadrinhos; jornais. Ressalta-se que tais publicações não retornarão ao acervo para
evitar a contaminação cruzada de germes hospitalares. Na terceira fase, serão
desenvolvidas ações individual e grupal para pacientes e acompanhantes com ações
específicas aos casos. Essas atividades serão realizadas periodicamente em clínicas
diferentes, destacando que durante as atividades grupais, o paciente que não apresenta
possibilidade de locomoção receberá atenção individualizada no leito. Para as
atividades em grupo é feito uma pesquisa prévia do tema de interesse da maioria dos
pacientes, para a preparação das sessões. Algumas datas comemorativas serão
trabalhadas, bem como momentos com significado especial como o Dia da Páscoa, Dias
das Mães, Dia da Mulher, Dia dos Pais. Também serão desenvolvidas atividades de
interesse do cidadão como a promoção de palestras sobre educação em saúde e
cidadania visando a garantia dos direitos do usuário, abordando temas de Seguridade e
Previdência Social, (Tratamento Fora de Domicílio – TFD; Benefício Prestação
Continuada - BPC, Auxílio-doença; Seguro-Desemprego; Direitos Trabalhistas). E várias
dinâmicas de grupo nas Clínicas como: sessão de piada, sorteio de brindes, brincadeiras
e música. A quarta fase acontecerá após cada sessão, com a realização de uma avaliação
de atividades desenvolvidas quase sempre pelos pacientes e acompanhantes, bem como
dos profissionais envolvidas nas atividades. A importância desse projeto está na
contribuição para deixá-los mais à vontade com o ambiente hospitalar, considerando-o
9111
como um espaço de acolhimento, possibilitando externar os seus anseios e inquietações
e melhorar o seu estado geral.
Resultados e Discussão
A palavra biblioterapia está associada a terapia através das leituras, levando em
consideração que a população usuária dos serviços de saúde oferecidos pelo Hospital
não tem o hábito da leitura, em função do acesso à escola e a informação, a equipe
utiliza a transmissão dos conteúdos em variadas formas como teatro, filme, leitura,
música, entre outros no período anual com a participação de aproximadamente 240
pessoas entre pacientes e acompanhantes, adultos e crianças, tanto do sexo masculino
como do sexo feminino. Essas atividades possibilitam mostrar que, mesmo em ambiente
hospitalar enquanto espaço de dor e sofrimento, a atenção pode ser redirecionada da
doença para a reflexão e/ou troca de experiências entre pacientes, lazer através e/ou
quando em contato com o conteúdo das leituras e até como espaço de alegria em datas
comemorativas e outras ocasiões como, por exemplo, em sessões de cinema. Mostra
ainda que além de melhorar o estado físico o hospital pode contribuir para elevação da
autoestima, qualidade de vida e compreensão de seus direitos e a forma de efetivar
esses direitos sociais no cotidiano e até mudanças de comportamento através de
diferentes formas de ação.
Conclusão/Considerações Finais
O projeto se encontra em plena vigência tendo suas atividades desenvolvidas até o
momento, devido ser um projeto qualitativo já pode-se concluir que os objetivos
propostos foram alcançados, permitiu que se diminuísse o nível de stress, ansiedade,
9112
agressividade e a pouca interação dos pacientes junto a equipe multiprofissional, assim
como fortaleceu saberes articulado com o conhecimento de seus direitos de cidadão
atuante na sociedade, possibilitando que o tratamento fluísse de forma mais plena com
chances maiores de recuperação compreendendo o sujeito com todas suas implicações
respeitando sua dignidade e valorizando a vida seus aspectos mais abrangentes
considerando suas particularidades .
Referências
CALDIN, C. F. Biblioterapia para crianças internadas no Hospital Universitário da UFSC:
uma experiência. Enc. Bibli: R. Eletr. Biblioteconom. Ci. Inf., Florianópolis, n. 14, p. 1-18,
out. 2002.
MATTOS, C. R. de e QUEIRÓZ, M. P. C. P. Uma experiência de biblioterapia com os idosos
em 24 nov. 2006.
do Abrigo do Salvador. Disponível em: <http//biblioteca.estacion.br/artigos/009.htm>.
Acesso
9113
CONSOLIDANDO O ENSINO-SERVIÇO NO CUIDADO INTEGRAL A MULHERES COM PERDA
GESTACIONAL OU NEONATAL: EXPERIÊNCIA DA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO
CICCO
Gildeci Batista Alves Pinheiro1; Caroline Araújo Lemos Ferreira2; Jessyca Lorena de
Oliveira Teixeira Lima3; Maria de Lourdes Costa da Silva1; Manuela Mayara de Medeiros
Nunes1; Adriane Denise Fonseca Lopes4; Ana Paula Ferreira da Silva4; Janine Conceicao
de Araujo e Silva4; Robson Mechel Berto da Silva4; Anna Luiza Lopes Liberato5.
Resumo
Introdução: A perda de uma gravidez desejada envolve diversas perdas, simbólicas e
reais. Observa-se a necessidade da criação de um espaço de diálogo entre usuárias
profissionais, discentes de graduação e pós-graduação e comunidade sobre a assistência
diante do processo de enlutamento. Objetivos: Busca-se promover cuidado integral à
mulher diante da perda gestacional e neonatal, com vista à ressignificação e adaptação
à nova realidade. Métodos: Utiliza-se a estratégia de grupo aberto, uma vez que tem a
possibilidade de agregar novos membros. Desde outubro de 2016, foram realizados 18
encontros quinzenais com a participação de 12 mulheres atendidas pela MEJC e 6
familiares que vivenciaram perda gestacional ou neonatal. Os encontros contaram com
a participação de 9 profissionais de saúde, 3 discentes da graduação e 9 de pós-
graduação. Foram realizadas ainda 4 reuniões de estudo científicos com troca de
saberes de modo a contribuir para a consolidação de um trabalho em equipe ante as
1
MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO (MEJC)/ EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
(EBSERH).
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN), PROGRAMA DE MESTRADO
PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE (MPES).
3
ASSISTENTE SOCIAL, PARTICIPANTE EXTERNO.
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN), RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM
SAÚDE, ÊNFASE DE INTESIVISMO NEONATAL.
5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN), DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL.
9114
demandas e necessidades apresentadas pelas participantes. Resultados: A perda
gestacional e perinatal é um episódio indescritível para os pais, na qual surge o
processo de elaboração do luto, que é uma experiência profunda e sofrida. Todos os
membros da família são afetados de alguma forma, podendo haver afastamento,
mudanças de papeis, entre outras dificuldades que precisam ser trabalhadas e
reposicionadas de acordo com o bem-estar dos envolvidos. Observa-se que os encontros
proporcionam um espaço de troca no processo de elaboração do luto, favorecendo o
estabelecimento do estado de aceitação e confiança; promovendo assistência capaz de
favorecer a adaptação à perda, contribuindo ainda para a reorientação da formação de
profissionais de saúde para o SUS. Conclusões: A partir da complexidade da temática,
observa-se a necessidade do cuidado interprofissional como um canal capaz de acolher,
escutar e pactuar respostas adequadas aos envolvidos.
Introdução
O presente trabalho visa relatar a experiência de um projeto de extensão desenvolvido
na Maternidade Escola Januário Cicco com o objetivo de oferecer um cuidado integral às
mulheres que vivenciaram a perda gestacional ou neonatal, por meio da integração
ensinoserviço.
Óbitos perinatais são aquelas que ocorrem no período que começa na 22ª semana de
gestação e termina sete dias completos após o nascimento, englobando mortes fetais
(in útero) e mortes neonatais (WHO, 2006). De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), morte fetal refere-se a morte de um concepto, antes da expulsão
completa do corpo da mãe, independente da duração da gravidez. Já o óbito neonatal,
diz respeito a morte do nascimento ao 27° dia de vida, sendo considerado precoce do
nascimento até ao 6° dia de vida e tardio do 7° ao 27° dia de vida. Geralmente, são
considerados potencialmente evitáveis e estão associados em sua maioria às condições
de saúde reprodutiva, acesso e qualidade da assistência pré-natal e ao parto.
9115
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2006), anualmente, ocorrem cerca de
7,6 milhões de mortes perinatais, das quais 98% nos países em desenvolvimento. Cabe
registrar que na Maternidade Escola Januário Cicco - Natal/RN, considerada a maior
maternidade pública do Estado, entre Janeiro de 2015 e Setembro de 2016, ocorreram
205 casos de óbitos fetais intrauterinos (aqueles que acontecem a partir de 22 semanas
de gestação) e 138 óbitos neonatais. Observa-se, portanto, que a perda gestacional e
neonatal faz parte da rotina de uma Maternidade, sendo necessário refletir sobre o
cuidado prestado às famílias que vivenciam essa difícil experiência.
Duarte e Turato (2009, p.486) afirmam que “a morte de um filho antes do seu
nascimento costuma representar certa impossibilidade de transcendência de
expectativas naturais humanas”. Pode-se afirmar que, no contexto da assistência
materno-infantil, ocorrem vários tipos de perdas relacionadas à vivência da
maternidade, sejam simbólicas (gravidez de risco, cirurgias ginecológicas, cesárea de
urgência, nascimento prematuro), ou concretas (óbito fetal intrauterino, aborto,
perinatal ou de recém-nascido, morte materna). Percebe-se que, diante de tal fato, há
dificuldade dos profissionais no acolhimento e suporte aos pais e familiares que sofrem
a perda, evidenciando, muitas vezes, a lacuna existente na formação dos profissionais
de saúde.
9116
Em relação aos efeitos em longo prazo observam-se fatores associados a depressão,
ansiedade, comportamentos obsessivos compulsivos, ideação suicida, culpa, vergonha,
uso de substâncias, conflito conjugal e transtorno do estresse pós-traumático e pode
durar anos e, às vezes, décadas; mesmo após 3 anos de perda, as mães relatam duas
vezes mais sintomas de ansiedade comparada a mães com bebês vivos; relatos também
de sentimentos de “luto não reconhecido”, com "pressão social para esquecer", "seguir
em frente" e "ter outro bebê", muitas vezes, de amigos e familiares bem intencionados;
experiência de sintomas somáticos nos meses e anos após a morte de um bebê tanto
por pais como pelas mães; ser um pai enlutado tem uma influência marcante do luto na
mortalidade prematura dos pais que persiste por até 25 anos após a morte da criança
(BARR, CACCIATORE, 2007; RADESTAD, STEINECK, NORDIN, SJÖGREN, 1996;
CACCIATORE 2010; CONDON, 1986;
Dessa forma, a motivação para o presente projeto remete à reflexão das perdas e dores
de famílias que, muitas vezes, não dispõem de serviços que auxiliem nesse processo,
ficando expostas e vulneráveis num cenário totalmente estranho e novo. Assim, há
necessidade premente da construção de uma assistência integral que oportunize as
famílias um novo olhar e uma nova compreensão de suas dores, com vistas a amenizar
as dificuldades vivenciadas e uma convivência cada vez mais salutar.
9117
saúde integral, favorecendo os aspectos sociais, psicológicos, sexuais, biológicos,
culturais e ambientais. Dessa forma, o projeto visa desenvolver práticas que
compartilhem saberes, reconhecem direitos e valorizem as experiências das usuárias.
Sendo assim, o luto gestacional e neonatal demanda uma assistência especial, com
vistas ao estabelecimento do estado de aceitação, encorajamento e confiança; uma
assistência capaz de favorecer a adaptação à perda com a restituição do equilíbrio da
saúde integral. A partir da complexidade da temática, observa-se a necessidade do
cuidado interprofissional como um canal capaz de acolher, escutar e pactuar respostas
adequadas aos envolvidos.
9118
A inserção do aluno de graduação e pós-graduação nesse projeto possibilitará a
integração ensino-serviço-comunidade, por meio da identificação e realização de ações
coletivas frente aos problemas da comunidade, desenvolvendo atividades práticas
extracurriculares que complementam os componentes curriculares nos projetos
pedagógicos dos seus respectivos cursos. Além disso, objetiva responder a necessidade
de maior aproximação da aprendizagem em sala de aula com a prática nos serviços de
saúde, preenchendo a lacuna que possa existir na formação desses profissionais,
sobretudo no que diz respeito ao tema da morte e do luto no contexto hospitalar,
contribuindo assim para a
Metodologia
O projeto vem desenvolvendo um grupo de apoio à perda gestacional e neonatal com
acolhimento às mulheres assistidas pela MEJC em ocasião de óbito de seus bebês. A
Maternidade é um hospital escola especializado no atendimento às gestantes e recém-
nascidos de alto risco, tido como serviço de referência pelo SUS no Rio Grande do Norte.
São realizados dois encontros mensais nas dependências da MEJC, com duração de uma
hora e trinta minutos e conta também com a participação dos profissionais de saúde da
instituição, bem como de discentes da graduação e pós-graduação da UFRN. Trata-se de
um grupo aberto, uma vez que tem a possibilidade de agregar novos membros,
atendendo a rotatividade de usuários (ZIMERMAN, 1997).
Cada encontro inicia-se com a breve exposição dos objetivos do Projeto, bem como suas
expectativas. Busca-se estimular um espaço de conversação, no qual os participantes se
sintam confortáveis para falar sobre o assunto, com vistas a amenizar as possíveis
dificuldades. Neste momento, expressa-se o respeito e atenção aos convidados, ser um
momento oportuno para a criação e fortalecimento de um diálogo próspero e produtivo,
capaz de servir como um referencial de reflexão e construção de novas possibilidades.
9119
profissionais envolvidos, como forma de melhor se aproximar da vivência dos
participantes. Tal técnica pode facilitar a criação de uma atmosfera confiável necessária
para a obtenção de dados sobre os diversos aspectos da vida social e interação social
utilizada não apenas para coleta de dados, mas também com objetivos voltados para
diagnóstico e orientação (GIL, 2008, p.109).
No que diz respeito ao estudo científico da temática, são viabilizadas reuniões mensais
com os profissionais e discentes envolvidos, visando a leitura coletiva e discussão de
textos acadêmicos que orientem a condução das atividades do projeto.
A análise dos dados foi realizada a partir da perspectiva hermenêutica-dialética uma vez
que busca a interpretação dos sentidos da experiência nos envolvidos no
desenvolvimento do projeto. Nessa abordagem, destaca-se a relevância histórica e
dialética na compreensão do objeto de estudo, visto que consideram as múltiplas
relações presentes entre as representações da realidade e na construção das teorias
utilizadas (MINAYO, 2006).
9120
Resultados e Discussão
O projeto teve início em março de 2017 e está sendo desenvolvido até o momento
atual. Foram realizados 18 encontros estando presentes 16 mães, 04 companheiros, 03
familiares que se dispuseram a estar junto a mãe e a dialogarem sobre o seu processo
de luto. Além das mães e familiares, o projeto, também, contou com 09 profissionais de
diferentes áreas, 03 estudantes da graduação e 09 da pós-graduação totalizando 39
participantes. Houve ainda cinco reuniões de estudo e discussão de artigos científicos
sobre o tema do luto e a maternidade, estando presentes nesses momentos cinco
profissionais, quatro residentes e três estudantes da graduação.
Observou-se que a vivência do luto não é uma dificuldade apenas das mães, pois
companheiros e familiares também são afetados e vivenciam esse processo de maneira
diferente. Os companheiros costumam ser mais reservados e resistentes a
demonstrarem suas dores, porém os encontros, possibilitaram a livre expressão sobre
questões relacionadas ao luto e as dificuldades surgidas na vida conjugal. De uma
maneira geral, os familiares passaram a compreender melhor esse momento, ao serem
orientados que o luto é uma reação normal diante de uma perda significativa e é um
processo doloroso, visto ser um momento em que a mulher passará a viver sem a
pessoa amada. Essa nova realidade é um processo contínuo de despedida, e de
recomeço na vida das mães e do seu ciclo familiar e social.
O grupo se constitui como espaço de expressão de falas, gestos, ações ditas ou não
ditas que constituem elementos relevantes para um trabalho que garanta um
acolhimento humanizado com ações integradas e de empoderamento social. As mães
relatam sentimentos de “luto não reconhecido”, com "pressão social para esquecer",
"seguir em frente" e "ter outro bebê", muitas vezes, de amigos e familiares bem
intencionados. Nesse sentido, Duarte e Turato (2009) advogam sobre a importância da
existência de espaços adequados para expressão dos sentimentos dolorosos da mulher
que propiciarão a elaboração do luto pela perda do bebê.
9121
Quanto às contribuições do projeto para o ensino são bastantes significativas para a
formação dos futuros profissionais, uma vez que fortalece o aprendizado na perspectiva
da integralidade do cuidado. O espaço do grupo se delineia como momento pedagógico
onde há reflexão sobre a prática do cuidado e suas repercussões, favorecendo um
aprendizado muitas vezes não contemplado em sala de aula (ALBUQUERQUE et al.,
2008).
Conclusão/Considerações Finais
Observa-se que os encontros proporcionam um espaço de troca no processo de
elaboração do luto, favorecendo o estabelecimento do estado de aceitação,
encorajamento e
A abordagem do tema é um desafio, uma vez que a instituição - MEJC - deixa de ser
vista como simbologia de vida, alegria e passa a ser compreendida como um lugar de
sofrimento, há desconforto em expressar a vivência da dor e da perda. Tendo em vista
que esse momento é peculiar e implica em expor suas fragilidades.
9122
É notório a importância desse trabalho na vida das mães, pois não fazia parte da rotina
institucional da MEJC trabalhar a elaboração do luto materno após alta médica, como
atendimento da rede pública. Mas foi a partir da iniciativa do projeto de extensão que
um novo olhar e um novo passo foi dado em direção a humanização do luto materno,
com atendimentos mensais que pudesse dar um suporte profissional de forma
continuada a cada mãe e familiar, ouvindo e respeitando cada história de vida.
Referências
ALBUQUERQUE, V. S. et al. A integração Ensino-serviço no Contexto dos Processos de
Mudança na Formação Superior dos Profissionais da Saúde. Revista brasileira de
Educação Médica, v. 32, n. 3, p. 356-362, 2008.
CACCIATORE J. The unique experiences of women and their families after the death of a
baby. Soc Work Healthc, v. 49, p. 134-48, 2010.
CACCIATORE J. The unique experiences of women and their families after the death of a
baby. Soc Work Healthc, v. 49, p. 134-48, 2010.
FROEN JF, CACCIATORE J, MCCLURE E, et al. Stillbirths: why they matter. Lancet, v.
9123
377, p. 1353-1366, 2011.
GESTEIRA, S. M. A., BARBOSA, V. L., ENDO, P. C. (). O luto no processo de aborto
provocado. Acta Paulista de Enfermagem, v.19, n.4, p. 462-467, 2006.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HARPER M, O’CONNOR R, O’CARROLL R. Increased mortality in parents bereaved in the
first year of their child’s life. BMJ Support Palliat Care, v.1, p. 306-309, 2011.
MATAMALA, M. I. et al. Calidad de la atencion, gênero: salud reprodutiva de las mujeres.
Santiago: Ed. do autor; COMUSAMS; ACHNU, 1995.
MUZA, J. C.; SOUSA, E. N.; ARRAIS, A. R.; IACONELLI, V. Quando a morte visita a
maternidade: atenção psicológica durante a perda perinatal. Psicol. teor. prat. [online].
2013, vol.15, n.3, p. 34-48.
TRULSSON O, RADESTAD I. The silent child e mothers’ experiences before, during and
after stillbirth. Birth, v. 31, p. 189-195, 2004.
ZIMERMAN D. E. Como trabalhamos com grupos. 1 ed. Porto Alegre: Artmed 1997.
9124
O PROJETO DE EXTENSÃO “SAÚDE DO TRABALHADOR: FORTALECENDO O
PROTAGONISMO DA CLASSE TRABALHADORA”
Resumo
Esse trabalho possui o objetivo de relatar a experiência do projeto de extensão “Saúde
do Trabalhador: fortalecendo o protagonismo da classe trabalhadora”, o qual almejou o
fortalecimento das ações de saúde no trabalho, considerando uma perspectiva de
protagonismo dos trabalhadores de Arapiraca, no âmbito das ações de saúde no
trabalho. Faz parte do Programa Círculos Comunitários de Ações Extensionistas
(ProCCAExt), promovido pela PROEX/UFAL. A partir de uma concepção de “comunidade”
ampliada, foi realizado durante seu primeiro ano de ação uma aproximação com os
trabalhadores dos três principais setores econômicos do município, através de seus
respectivos sindicatos: Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde, Administração e
Serviços do Município de Arapiraca, Sindicato dos Empregados no Comércio de
Arapiraca e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arapiraca. A princípio, foi realizada a
capacitação da equipe discente do projeto para atuar junto aos trabalhadores,
posteriormente foi planejado e estruturado um curso intersindical de Saúde do
Trabalhador para os trabalhadores, com carga horária de 80 horas, ofertado para 55
trabalhadores dos referidos sindicatos. Consecutivamente desencadeando uma
organização política sistemática em Saúde do Trabalhador com a criação de um Fórum
que permite a contínua discussão de suas demandas e interação com a sociedade e
Universidade. Por fim, como produtos, além da formação da turma e da criação do
1
Universidade Federal de Alagoas, Graduanda do Curso de Enfermagem, bolsista no PROSAT, vinculado
do PROCCAEXT.
2
Universidade Federal de Alagoas, Graduanda do Curso de Enfermagem, bolsista no PROSAT, vinculado
do PROCCAEXT.
3
Universidade Federal de Alagoas, Docente do Curso de Enfermagem, coordenador do PROSAT, vinculado
do PROCCAEXT.
4
Universidade Federal de Alagoas, Graduando do Curso de Enfermagem, bolsista no PROSAT, vinculado
do PROCCAEXT.
9125
Fórum, ainda pretende-se publicar um livro sobre a Saúde do Trabalhador em Arapiraca,
com participação autoral dos discentes e dos trabalhadores envolvidos.
Introdução
A questão da saúde dos trabalhadores, na contemporaneidade, mais especificamente a
partir da década de 1970, chega ao seu ápice no que diz respeito à complexidade e
gravidade dos problemas de saúde (SOUZA, 2016). No contexto das respostas do capital
a sua crise estrutural, surgem formas de intensificação da exploração da classe
trabalhadora e degradação da saúde, agravadas pelo “desmantelamento” das políticas
sociais (MÉSZÁROS, 2009). Para
Alves (2010), os elementos do “novo mundo do trabalho” trazem repercussões negativas
ao corpo e à subjetividade do trabalhador, especialmente visível pelos altos patamares
de adoecimento, sobretudo mental.
Esse crescimento econômico precisa ser visto para além dos seus resultados imediatos,
questionando-se a quem ele, primordialmente, beneficia e a qualidade dos postos de
trabalho gerados. Exemplar disso é o fato dos problemas de saúde entre os
trabalhadores arapiraquense tenham assumido os contornos da questão da saúde dos
trabalhadores contemporânea. Identifica-se, nos relatórios estaduais que a 7ª Região de
saúde apresenta, proporcionalmente, os piores indicadores de saúde no trabalho no
estado (ALAGOAS, 2014).
9126
Diante disso, o “Projeto de Extensão Saúde do Trabalhador: Fortalecendo o
Protagonismo da Classe Trabalhadora” (PROSAT), que faz parte do “Programa Círculos
Comunitários de Ações Extensionistas” (ProCCAExt), possui o objetivo de contribuir para
fortalecimento do protagonismo dos trabalhadores de Arapiraca nas ações de saúde no
trabalho. Tal questão é central para a consubstanciação do campo da Saúde do
Trabalhador, em oposição à passividade da classe trabalhadora predominante no campo
da Saúde Ocupacional. Apesar da centralidade dessa questão, observamos a sua não
concretização prática, sobretudo em face das atuais imposições do capitalismo
contemporâneo. Diante disso, neste trabalho, temos o objetivo de realizar uma análise
preliminar da experiência vivenciada no referido projeto.
Vale ressaltar que, a iniciativa tem parceria com o Fórum Intersindical SaúdeTrabalho-
Direito do Rio de Janeiro e o Curso Intersindical realizado no Departamento de Direitos
Humanos e Diversidade Cultural (DIHS) da ENSP/Fiocruz; Também contou com a
parceria do Cerest/Arapiraca.
9127
As atividades do curso estiveram sob uma abordagem metodológica baseada na
interação social dos envolvidos, mescladas com aulas dialogadas, rodas de conversa e
dinâmicas de grupo. Como exemplo, podemos citar a elaboração de Matriz de
Planejamento por Sindicato, trabalhando suas Forças, Oportunidades, Fraquezas e
Ameaças (matriz FOFA) no que tange às ações de saúde. Também vale mencionar a
oficina de construção de Mapa de Risco Ambientais, assim como a dinâmica para
apreensão da legislação no campo de
A seguir, detalhamos como se deu a experiência das ações do PROSAT, em cada uma de
suas etapas.
9128
Assim, ao concluir-se as duas primeiras etapas do PROSAT, deu-se início ao
propriamente dito curso intersindical. O Curso Intersindical de Introdução à Saúde do
Trabalhador para os trabalhadores conteve carga horária de 80 horas, diluídas em dez
encontros distribuídos, como fora desencadeado em consenso durante o planejamento
do curso, em cada dois sábados no período de fevereiro a julho de 2017. A partir da
metodologia socializada de ensino esperou-se desencadear a construção de uma pauta
comum de discussão, mobilização e organização política sistemática, sobretudo no
campo de ações de saúde no trabalho.
Seguindo a sequência planejada, tratou-se das Lutas dos trabalhadores pela saúde,
estabelecendo elo introdutório entre as lutas gerais dos trabalhadores e as lutas
específicas pela saúde. Em debate sobre a Luta dos Trabalhadores pela Saúde,
ressaltou-se uma das maiores conquistas no âmbito da Saúde no Brasil: o Sistema Único
de Saúde (SUS). Partindo das premissas sobre Saúde do Trabalhador, considerando suas
bases vinculadas às lutas sociais, alguns aspectos históricos do Modo de Produção
Capitalista foram problematizados, colocando os fundamentos da organização da classe
trabalhadora no bojo da luta de classes. Isso porque, conforme Marx (1988) esclarece, as
sociedades de classe (sobremaneira, o capitalismo) se consubstanciam mediante o
antagonismo de suas classes fundamentais, expressão da exploração engendrada no
mundo do trabalho. Assim, considerando que a questão da saúde dos trabalhadores está
plasmada nessa exploração, o reflexo político disto (sob a forma de luta de classes)
comparece como decisivo para o campo da Saúde do Trabalhador.
9129
desenvolveu-se a oficina de construção de mapa de risco, a qual proporcionou a
contribuição coletiva das realidades de cada sindicato, mesclando com a teorização
científica do conteúdo e, posteriormente, em coletividade, desenvolveu-se a construção
dinâmico didática de um mapa de risco fictício. Vale lembrar que tal prática possui suas
origens no Movimento Operário Italiano, tão emblemático no que diz respeito à
articulação das lutas gerais contra o capitalismo com as lutas específicas pela saúde
(BERLINGUER, 1983).
Ademais, com o olhar crítico sócio histórico, desenvolveu-se junto aos sindicatos a
discussão utilizando-se de um modelo didaticamente adaptado da Matriz FOFA (Forças,
Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), que serviu de base para a apresentação de relato
de experiência de cada sindicato. Complementando esses relatos, colocou-se alguns
questionamentos para os trabalhadores, adentrando em temáticas como: a história do
sindicato, número de trabalhadores de cada ramo produtivo e categoria ali
representada, média de trabalhadores sindicalizados, informações da esfera do sindicato
pertinentes para o planejamento de ações de saúde, as principais formas de
adoecimento e quais as ações desenvolvidas pelo sindicato em prol do enfrentamento
dos trabalhadores à esses agravos a saúde. Os relatos foram apresentados em três
encontros, disparando discussões extremamente enriquecedoras no que toca a
construção de uma pauta coletiva de lutas, sem ignorar aquilo que é específico de cada
categoria (Figura 2).
9130
Figura 2: Discussão Coletiva sobre o uso didático da Matriz FOFA para construção e
fortalecimento das lutas de cada sindicato.
Por fim, realizamos a dinâmica sobre legislação em Trabalho e Saúde no Brasil, quando
foi possível abordar esse conteúdo de forma não convencional. A partir de um jogo de
tabuleiro e dados, os sindicatos disputaram uma corrida movida por questões e
respostas a respeito da temática. Foi possível perceber os conflitos existentes entre as
perspectivas da Saúde Ocupacional e da Saúde do Trabalhador, expressos nas
contradições e incrogruências legais.
A quarta etapa do PROSAT, a criação do Fórum, teve como objetivo a continuação das
atividades aqui iniciadas, bem como a contínua discussão de suas demandas e interação
com a sociedade civil, incluindo a Universidade. O primeiro fórum em Saúde do
Trabalhador no município de Arapiraca/AL foi inaugurado (Figura 3) e aprofundado
mediante a participação de convidados com experiência na formação de outros fóruns
sociais, expressando a concretização dessa rede de interação, com protagonismo dos
trabalhadores, mas com participação ativa dos discentes, estabelecendo os nexos entre
seu conhecimento acadêmico e sua atividade política e profissional.
9131
Figura 3: Inauguração do primeiro fórum em Saúde do Trabalhador no Munícipio de
Arapiraca/AL.
E, por fim, há a elaboração e submissão do livro à EDUFAL, baseado nos relatos trazidos
pelos trabalhadores sindicalizados, transversal ao transcorrer do curso, contendo
fundamentação teórica que dialoga com o saber/experiência dos trabalhadores. O livro
será composto por um capítulo para cada setor envolvido no projeto (agricultura,
comércio e serviços), além de capítulos introdutórios elaborados pelos professores e
pesquisadores integrantes do projeto, com possível participação de outros convidados.
Conclusão
É de importância esclarecer que a Saúde do Trabalhador surge como um campo técnico-
científico distinto do tradicional campo da Saúde Ocupacional (com origens na Medicina
do Trabalho). Enquanto este último campo surgiu das demandas da classe capitalista
(uma vez que o adoecimento dos trabalhadores compromete a produtividade), a Saúde
do Trabalhador tem sua origem consignada às lutas da classe trabalhadora pela sua
saúde, tendo, portanto, caráter contra-hegemônico. Assim, o trabalhador deve assumir
seu papel de protagonista no processo de intervenção nas relações trabalho-saúde,
como sujeito ativo.
Com isso, abre-se um novo caminho de compreensão da saúde para além dos seus
aspectos biológicos (conhecimento até então nas mãos dos profissionais de saúde), mas
como processo social (premissa aprofundada pela Medicina Social Latino-Americana e a
Saúde Coletiva Crítica, em especial a partir da década de 1970), o que implica outras
9132
formas de conhecimento que não apenas aquele de caráter pragmático da Saúde
Ocupacional.
Referências
ALAGOAS. Saúde Alagoas. Análise da situação de saúde. 7ª Região. Maceió: Secretaria de
Estado da Saúde/Superintendência de Vigilância em Saúde/Diretoria de Análise da
Situação de Saúde, 2014.
9133
BERLINGUER, Giovanni. A saúde nas fábricas. Trad. Hanna Augusta Rothschild; José
Rubem de A. Bonfim. São Paulo: Cebes-Hucitec, 1983.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro primeiro, Tomo I. 3ª ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1988
MELLO, João Manoel Cardoso. Capitalismo tardio. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982.
MÉSZÁROS, István. Para além do Capital: rumo a uma teoria da transição. 1ª ed. 3ª
reimp. São Paulo: Boitempo Editorial, 2009.
9134
Helena Barros de Oliveira (org.). Saúde, trabalho, direito: uma trajetória crítica e a crítica
de uma trajetória. Rio de Janeiro: Educam, 2011.
______. Duas políticas, duas vigilâncias, duas caras. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional. São Paulo, v. 38, n. 128, p. 179-198, 2013.
9135
MEDITAR COM CRIANÇAS DE QUATRO E CINCO ANOS DE IDADE É POSSÍVEL?
RESULTADOS DE UM PROJETO DE EXTENSÃO
Resumo
Serão apresentados os resultados do Projeto de Extensão Meditando na Infância nos
anos de 2016 e 2017. Este projeto ocorre em um Centro de Educação Infantil (CEI), em
Curitiba, desde 2013, ensinando exercícios respiratórios, de concentração e meditação,
para crianças pré-escolares, de quatro a cinco anos de idade. A metodologia utilizada
para as atividades, baseia-se na técnica de meditação desenvolvida pela Organização
não Governamental Mãos Sem Fronteiras, adaptada pela equipe do projeto para a
realidade infantil. Participaram do projeto todas as crianças matriculadas no Pré II –
recebendo aulas semanais de meditação; e a equipe pedagógica do CEI – que participa
de um curso ministrado pela equipe do projeto. Durante o ano letivo, todas as aulas de
meditação são anotadas num Diário de Bordo, e, ao final de cada ano, a equipe
pedagógica do CEI é entrevistada para compartilhar suas impressões. Esse material
coletado é compilado e analisado, a partir de uma Análise de Conteúdo, e o resultado é
materializado num Relatório Descritivo Anual. Observou-se, que o objetivo principal do
projeto, que é ensinar crianças pequenas a terem mais calma e concentração utilizando-
se de exercícios respiratórios e meditativos, foi alcançado – todas as crianças do Pré II
participantes do projeto em 2016 e 2017 conseguiram atingir momentos de
concentração e relaxamento. Adicionalmente, as professoras e a direção do CEI
relataram aspectos positivos no comportamento dos participantes. Decorrente deste
resultado, o Projeto Meditando na Infância acabou por inspirar outro projeto na
Universidade Tecnológica Federal do Paraná e ampliou suas parcerias. De forma geral,
considerou-se que o projeto tem sido bem sucedido, atingindo diretamente as crianças
com as aulas de um Programa de Meditação e ampliando significativamente seu alcance
1
Professora Doutora, Câmpus Curitiba, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
stadnik@utfpr.edu.br
2
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Educação Física – Câmpus Curitiba – (UTFPR),
milenanichel@yahoo.com.br
9136
com a adesão de novas instituições.
Introdução
9137
significativo da meditação seja a paz interior.
Sendo assim, a prática da meditação no contexto educacional, afirma Cosenza
(2016), pode trazer efeitos positivos, pois melhora o foco e a atenção, reduz o estresse e
diminui o comportamento agressivo. Em conjunto, docentes que meditam e utilizam
esta prática complementando com a respiração em sala de aula, observam mudanças
significativas no comportamento das crianças.
A partir dessas constatações, o objetivo do projeto de extensão Meditando na
Infância é ensinar crianças de quatro a cinco anos de idade a terem mais calma e
concentração por meio de exercícios respiratórios e meditativos.
Aditivamente, o objetivo deste relato é demonstrar a exequibilidade de um
projeto de extensão com crianças tão pequenas, aquelas de quatro e cinco anos de
idade.
Metodologia
9138
Fonte: Stadnik (2017)
Adicionalmente, conta-se com o apoio: a) de um livro infantil (MIRANDA, 2009);
b) um clipe musical (ONG MÃOS SEM FRONTEIRAS, 2009a) e; c) um vídeo (ONG MÃOS
SEM FRONTEIRAS, 2009b). O personagem central do livro infantil, do clipe musical e do
vídeo é também o Manolindo. Todo esse material fica à disposição das instituições em
que o projeto de extensão é aplicado para ser acessado quando a direção ou professoras
julgarem necessário. A equipe do projeto de extensão tem cópia do material e o utiliza
quando necessário.
Relativamente ao exercício de meditação utilizado com as crianças, o mesmo
consiste em: início do exercício na posição sentada e com a coluna ereta, cinco
respirações conscientes e com os olhos abertos (inspiração e expiração), dois minutos
em meditação (concentração) com os olhos fechados e mais cinco respirações
conscientes no final (NICHEL e STADNIK, 2016). Esse exercício foi realizado em todas as
aulas do projeto desde o seu início em 2013.
Essas respirações conscientes e completas são acompanhadas do comando de
voz de algum dos integrantes da equipe do projeto de extensão (a pessoa que estiver
ministrando a atividade naquele determinado dia) que costuma associar o movimento
de inspiração e expiração a frases motivadoras e esclarecedoras, como por exemplo:
cheira a florzinha (para a inspiração) e assopra a velinha (para a expiração) ou cheira a
pipoca (para a inspiração e assopra o catavento (para a expiração).
Antes e depois dessa atividade de meditação/concentração, as crianças realizam
atividades lúdicas, como brincadeiras cantadas, jogos cooperativos, roda de conversa,
pintura, buscando motivá-las para a atividade.
Essas aulas acontecem semanalmente. Entre os anos de 2013 e 2016 foram
ministradas aulas uma vez por semana e em 2017 passaram a ser duas aulas semanais,
a pedido da equipe pedagógica do CEI Menino Jesus de Nazaré. As aulas têm a duração
de 30 minutos e são anotadas integralmente num Diário de Bordo. Adicionalmente, a
equipe pedagógica do CEI Menino Jesus de Nazaré recebe, desde 2014, o segundo ano
do projeto, um curso de formação pedagógica (capacitação) na área da meditação,
9139
visando sensibilizar e auxiliar as professoras e a direção da instituição na
potencialização do projeto.
Ao final de cada ano letivo, a equipe pedagógica do CEI Menino Jesus de Nazaré
é entrevistada, esclarecendo suas impressões sobre o projeto e sobre a sua repercussão
junto às crianças e o ambiente escolar.
Resultados e Discussão
9140
Tabela 1 - Projeto Meditando na Infância – 2016 – CEI Menino Jesus de Nazaré
Dia Atividades Desenvolvidas
1 Capacitação (14 professoras, a pedagoga e a diretora da
Instituição).
2 Apresentação das duas novas turmas de crianças Pré II.
3 Reunião com os pais e responsáveis para apresentação do
projeto.
4 Intervenção 1 – 33 crianças participaram.
5 Intervenção 2 – 31 crianças participaram.
6 Intervenção 3 – 33 crianças participaram.
7 Intervenção 4 – 27 crianças participaram.
8 Intervenção 5 – 34 crianças participaram.
9 Intervenção 6 – 34 crianças participaram.
10 Intervenção 7 – 34 crianças participaram.
11 Intervenção 8 – 32 crianças participaram.
12 Intervenção 9 – 33 crianças participaram.
13 Intervenção 10 – 34 crianças participaram.
14 Entrevista com a equipe pedagógica.
15 Confraternização e Encerramento do projeto na instituição
no ano de 2016.
Fonte: Adaptado de Nichel e Stadnik (2016).
9141
b) Como resposta para a questão feita às professoras sobre os benefícios que a
meditação proporcionou para aquelas que praticaram a meditação em outros momentos
para além da prática com as crianças, foram citados: equilíbrio emocional, controle de
emoções negativas, melhorias no sono, relaxamento, calma, tranquilidade e clareza em
tomadas de decisões. Portanto, observou-se que a meditação trouxe aspectos positivos
também para as professoras que a praticaram.
c) Relativamente aos benefícios proporcionados pela meditação às crianças,
todas as professoras afirmaram que notaram benefícios no comportamento das crianças,
tais como: calma, tranquilidade, atenção, concentração, compreensão, foco mental,
aprendizagem da fala em grupo (aprender a hora de falar e a hora de ouvir o colega),
respeito.
d) A diretora do da instituição vem demonstrando ao longo desses anos de
aplicação do projeto muita satisfação e considerou benefícios inclusive no que tange a
relação entre os profissionais do CEI. Desde 2013, o CEI conta com a mesma diretora,
então observou-se que a opinião dela tem sido sempre a mesma e não foi diferente em
2016.
e) No encerramento das atividades do projeto do ano de 2016, as docentes do
CEI sugeriram que para o próximo ano, os encontros pudessem ter maior frequência,
pelos bons resultados encontrados.
Diante do sucesso obtido com o Projeto de Extensão Meditando na Infância,
muitos mais estabelecimentos de ensino passaram a integrar a parceria. Já em 2016,
para além dos tradicionais parceiros da UTFPR desde 2013, a ONG MSF e a UFPR,
entrou para o grupo, compondo a parceria, a Rede Municipal de Educação de Curitiba
(RME). Houve também a criação do projeto Meditando na Adolescência, pela UTFPR, que
deu início às suas atividades realizando atividades de extensão e pesquisa com as
atletas da Equipe da Nado Sincronizado da UTFPR. Todos esses parceiros concordaram
em também apoiar este novo projeto de extensão criado.
Quanto ao ano de 2017, com base na sugestão das professoras do ano de 2016,
de aumentar o número de aulas semanais do Programa de Meditação, em 2017 foram
organizados dois encontros semanais com as crianças para que a aprendizagem do
método fosse mais efetiva e oportunizasse maiores benefícios. Conforme Tabela 2,
participam do projeto naquele ano, 25 crianças – o CEI teve um número menor de
crianças matriculadas no Pré II em 2017.
Tabela 2 - Projeto Meditando na Infância – 2017– CEI Menino Jesus de Nazaré
1o Capacitação realizada pela equipe do projeto de extensão com 9
semestre professoras
9142
de 2017
Semanas 1º Encontro semanal e total de 2º Encontro semanal e total de crianças
crianças
Semana 1 1º Encontro - 20 crianças. 2º Encontro - 21 crianças.
Semana 2 3º Encontro - 23 crianças. 4º Encontro - 22 crianças.
Semana 3 5º Encontro 5 - 24 crianças. 6º Encontro 6 - 21 crianças.
Semana 4 7º Encontro - 22 crianças. 8º Encontro 8 - 23 crianças.
Semana 5 9º Encontro - 21 crianças. 10º Encontro - 20 crianças.
Semana 6 11º Encontro - 24 crianças. 12º Encontro - 23 crianças.
Semana 7 13º Encontro - 23 crianças. 14º Encontro - 24 crianças.
Semana 8 15º Encontro - 24 crianças. 16º Encontro - 22 crianças.
Semana 9 17º Encontro - 22 crianças. 18º Encontro - 21 crianças.
Semana 19º Encontro - 24 crianças. 20º Encontro - 24 crianças.
10
Semana 21º Encontro - 23 crianças. 22º Encontro - 22 crianças.
11
Semana Confraternização e Encerramento do projeto na instituição no ano de 2017.
12
Fonte: As autoras.
9143
todas as aulas ministrada pela equipe do projeto, o restante das atividades era bem
mais variado.
b) Ainda, segundo a mesma estagiária “O maior problema enfrentado era o
tempo em que as crianças se mantinham nesta atitude meditativa de concentração: em
torno de dois a três minutos, este foi o tempo máximo de meditação que as crianças
alcançaram.” Portanto, esse fato, de “(...) as crianças conseguirem meditar efetivamente
por tão pouco tempo acabou por refletir-se na forma como as aulas foram planejadas,
com uma enorme valorização das conversas, o uso do diálogo e também a utilização de
atividades que conduzem naturalmente à calma.” (ALMEIDA e STADNIK, 2017, p. 4-5).
c) Mais uma vez, como ocorrido em todos os outros anos desde a criação do
projeto em 2013, as professoras, a pedagoga e a direção da instituição fizeram inúmeros
elogios ao projeto, comentaram da sua ação calmante sobre as crianças e da alegria da
instituição em receber o projeto. Entretanto, a equipe do projeto observou que com o
aumento do número de aulas aplicadas pela equipe, diminuiu a participação efetiva das
professoras do CEI, diminuiu, por exemplo, a motivação delas em trabalhar a meditação
com as crianças durante a semana, nos momentos em que a equipe não estava
presente. A equipe do projeto refletiu sobre a possibilidade de as professoras
considerarem que já era o suficiente e pensa em trabalhar esse ponto como uma
melhoria para 2018 – especialmente porque considera-se que o ideal é que a prática do
exercício de meditação seja realizada todos os dias.
Conclusão/Considerações Finais
9144
as aulas do Programa de Meditação em 2018, duas vezes por semana, com as 30
crianças matriculas no Pré II do CEI Menino Jesus de Nazaré, contudo, conversando e
incentivando as professoras de sala de aula a darem continuidade às atividades nos dias
em que a equipe do projeto de extensão não estiver presente, visando que as crianças
possam meditar todos os dias na escola.
Referências
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 1a ed. revisada e ampliada. Edições 70: Brasil, 2011.
9145
ONG MÃOS SEM FRONTEIRAS. Meditação Manolindo. Projeto Meditando na Escola.
Organização MSF Mãos sem Fronteiras: dez/2009b.
9146
ARTESANATO, CULTURA E REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
Leticia Marcela Silva Santos3; Fernanda Maria Melo Pereira 4; Irisdalva França Soares5;
Laiane Silva Mororó6; Wyllma Rodrigues dos Santos7; Maria Edileuza Soares Moura8.
Resumo
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são considerados locais de atendimento em
níveis de alta complexidade em saúde mental e objetivam reduzir a gravidade do
impacto do transtorno mental no cotidiano do sujeito, visando estabelecer um
programa de reabilitação psicossocial. Dentre as estratégias de tratamento oferecidas
nos CAPS, estão as oficinas terapêuticas que representam uma importante ferramenta
de socialização e inserção individual e coletiva. Objetivou-se com esse projeto de
extensão universitária resgatar através do artesanato o interesse pela cultura local
utilizando-se oficinas terapêuticas relacionadas às habilidades de pessoas com
transtornos mentais. Trata-se de um projeto desenvolvido pelas acadêmicas do curso
de Enfermagem da Universidade Estadual do Maranhão (Campus Caxias) utilizando-se
de oficinas terapêuticas direcionadas aos usuários do CAPS Ad III no município de
CaxiasMaranhão/Brasil. As oficinas já realizadas foram de bijuterias, chaveiro e porta-
chaves. O método de trabalho compreendeu exposições dialogadas sobre a origem das
plantas, o método de cultivo, sua colheita, o processo de criação, confecção dos
produtos e sua importância na cultura maranhense. Os materiais utilizados foram juta,
pau de buriti, sementes, coco babaçu desidratado, cabaça, folhas desidratadas,
barbante, pedaços de madeiras recicladas e colas em geral. Através do manuseio de
uma diversidade de materiais nas atividades de artesanato vislumbram aos usuários
3
Graduanda em Enfermagem da Universidade Estadual Maranhão-UEMA.
4
Graduanda em Enfermagem da Universidade Estadual Maranhão-UEMA.
5
Graduanda em Enfermagem da Universidade Estadual Maranhão-UEMA.
6
Graduanda em Enfermagem da Universidade Estadual Maranhão-UEMA.
7
Graduanda em Enfermagem da Universidade Estadual Maranhão-UEMA.
8
Doutora em Medicina Tropical e Saúde Pública, Docente da Universidade Estadual Maranhão-UEMA.
9147
desse serviço de saúde mental as possibilidades e limites, de acordo com cada
particularidade existente nesse espaço de socialização, visando proporcionar maior
criatividade e desenvolvimento cognitivo, podendo os mesmos se expressarem por
meio dessa atividade, desenvolver suas potencialidades e ultrapassar barreiras.
Introdução
A atual política de saúde mental brasileira é resultado da mobilização de usuários,
familiares e trabalhadores de saúde que foi iniciada na década de 1978, com o
principal objetivo de modificar a realidade das mais de 100 mil pessoas portadoras de
transtornos mentais que viviam em hospitais psiquiátricos na época (BRASIL, 2013).
9148
psicossocial, com a possibilidade de acolhimento, cuidado, construção de vínculos,
bem como proporcionar maior grau de sociabilidade ao sujeito portador de transtorno
mental (RABELO, 2006).
Os CAPS nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da rede
de atenção psicossocial (RAPS): serviços de saúde de caráter aberto e comunitário
constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e
realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental,
incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em
sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação
psicossocial e são substitutivos ao modelo centrado no hospital psiquiátrico (BRASIL,
2017).
9149
Dentre as estratégias de tratamento oferecidas nos CAPS, estão as oficinas
terapêuticas oportunizando o trabalho, o agir e o pensar coletivo, a partir de uma
lógica de respeito à capacidade e habilidades de cada pessoa. As oficinas terapêuticas
representam uma importante ferramenta de ressocialização e inserção individual e
coletiva. Através do manuseio de uma diversidade de materiais nas atividades de
artesanato permitem aos usuários as possibilidades e limites, de acordo com cada
particularidade existente nesse espaço de socialização, visando proporcionar maior
criatividade e desenvolvimento cognitivo, podendo os mesmos se expressarem por
meio da atividade desenvolvendo suas potencialidades e ultrapassando barreiras.
Assim, esse projeto de extensão universitária tem por objetivo geral resgatar
através do artesanato o interesse pela cultura local utilizando-se oficinas terapêuticas
relacionadas às habilidades de pessoas com transtornos mentais acompanhadas em
um Centro de Atenção Psicossocial. Tem como objetivos específicos realizar oficinas
de artesanato com produtos oriundos da vegetação local; possibilitar o aprendizado e
a criatividade dos usuários e garantir a expressão de suas ideias e produções.
Metodologia
As atividades estão sendo desenvolvidas por uma equipe executora formada por
bolsista, voluntárias e a artesã, sob supervisão dos profissionais do Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS Ad III), no munícipio de Caxias-Maranhão.
9150
Precedeu o início das atividades no CAPS alguns encontros entre as discentes
do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Maranhão e a artesã para
apresentação dos materiais a serem utilizados nas oficinas e planejamento das ações a
serem desenvolvidas com os usuários.
A segunda oficina teve início em janeiro de 2018 foi voltada para a produção de
portas chaves, o método de trabalho compreendeu exposições descritivas sobre a
origem, o método de cultivo, sua colheita, o processo de criação, confecção dos
produtos e sua importância na cultura maranhense. Os materiais utilizados foram juta,
pau de buriti, sementes, coco babaçu desidratado, cabaça, folhas desidratadas,
barbante, pedaços de madeiras recicladas e colas em geral.
Resultados e Discussão
Foram realizados cinco encontros na oficina de bijuterias nas quais foram utilizados
materiais como: coco babaçu desidratado, sementes, corda, bolinhas de madeira,
argolinhas, argolas para chaveiros, alicates, pinos, tesoura, linhas de silicone e fios
9151
variados. Foram confeccionados 12 pares de brincos, 25 colares, 35 pulseiras e 19
chaveiros.
9152
interface com o Ministério da Cultura, com destaque para os pontos de Cultura, alguns
dos quais localizados em CAPS e Centros de Convivência (BRASIL, 2007).
No Brasil, considera que os direitos culturais estão estreitamente ligados aos Direitos
Humanos e são pontos de referência para as políticas de desenvolvimento, inclusive
no SUS. E desta forma, visa que a diversidade cultural seja não só reconhecida e
valorizada, como também possa vicejar em condições de equidade, liberdade e
dignidade. Direitos culturais, igualdade de oportunidades e políticas de inclusão estão
inevitavelmente vinculados para que a diversidade cultural possa se fortalecer
(ALVAREZ, 2005), bem como fomentar a cidadania e autonomia das pessoas com
transtorno mental por meio dos projetos culturais.
Desta forma, esse novo olhar configura uma nova proposta que converge para
mudanças estruturais na sociedade, sendo importante que haja mudanças ligadas às
práticas clínicas e de saúde pública e particularmente, à saúde mental, ampliando
inclusive o conceito de saúde para outras áreas de políticas públicas, na cultura
coletiva e individual e da própria vida cotidiana dos indivíduos em questão.
9153
Secretaria de Indústria e Comércio, Secretaria de Agricultura e Pesca, além do apoio do
SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) que exibe uma diversidade
de produtos locais para comercialização como comidas típicas maranhenses,
artesanato e produtos hortifrútis, se constituindo uma etapa importante pois, além das
vendas, tivemos a oportunidade de divulgar o projeto para a comunidade e na internet
através da publicação em site local. O recurso financeiro arrecadado com a
comercialização das peças é destinado a aquisição de material de higiene pessoal
doado pela equipe executora aos usuários do CAPS Ad III de Caxias, Maranhão.
9154
Figura 2 – Porta-chaves prontos.
9155
Figura 4 – Comercialização das peças produzidas na “Feirinha da Gente”
Considerações Finais
As oficinas terapêuticas mostraram-se como valiosos instrumentos de (re)
socialização e reabilitação psicossocial, acolhendo a relevância da interação de forma
efetiva de toda equipe de saúde, a comunidade universitária que puderam cooperar no
tratamento desse serviço de saúde mental.
Referências
9156
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141481452011000200017&l
ng=en&nrm=iso. Acesso em: 02 Mar. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-
81452011000200017.
http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/viewFile/3706/4791
CARDOSO, Márcia Roberta de Oliveira; OLIVEIRA, Paulo de Tarso Ribeiro, PIANI, Pedro
Paulo Freire. Práticas de cuidado em saúde mental na voz dos usuários de um Centro
de Atenção Psicossocial do estado do Pará. Saúde Debate., Rio de Janeiro, v. 40, n. 109,
p. 8699, abr-jun, 2016.
9157
MONTREZOR, Janaina Bussola. A Terapia Ocupacional na pratica de grupos e oficinas
terapêuticas com pacientes de saúde mental. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v.
21, n.
http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/9
13
PACHECO, Maria Eniana Araújo Gomes, et al. Saúde mental e inclusão social: um
estudo de revisão sistemática da literatura. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental,
Florianópolis, v.8, n.18, p.43-54, 2016. Disponível em:
http://www.incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/4033/4705.pdf
SANTOS, Irma Maria de Moraes; BARROS, Sônia; SANTOS Jussara Carvalho dos.
Projetos culturais nos Centros de Atenção Psicossocial: um desafio em direção à
cidadania.
9158
GRUPO OPERATIVO: PRÁTICA EDUCATIVA PARA O AUTOCUIDADO EM IDOSOS
Francisca Manuele Oliveira Silva1; Gláucia Maria Cavalcante Maia2; Carolina Maria de
Lima Carvalho3.
Resumo
No Brasil e no mundo, é crescente o número de idosos, pessoas com 60 anos ou mais.
Por esse motivo, faz-se necessário difundir a ideia de que envelhecer pode ser sinônimo
de saúde. Dessa forma, o presente estudo se justifica pela necessidade de manter o
bem-estar e ou de lidar com o adoecimento durante o envelhecer, refletir sobre os
determinantes do envelhecimento, estimular comportamentos para a manutenção da
saúde, autonomia e participação na vida para um envelhecimento bem-sucedido. Este
projeto objetivou promover o autocuidado em idosos através de ações de educação em
saúde, com base no manual do autocuidado do idoso (Nicarágua, 2006). As ações de
extensão foram realizadas segundo a metodologia participativa e a estratégia de grupo
operativo, a técnica consiste em um trabalho com grupos, elaborado com a finalidade
de se tornar um espaço de interação com dinâmicas, diálogo e troca de conhecimentos
entre os participantes, em encontros quinzenais, com idosos homens e mulheres,
cadastrados no programa do centro de referência em assistência social (CRAS) dos
municípios de Acarape e redenção - ceará. As atividades tiveram início no mês de
setembro de 2015 e se estenderam até abril de 2016. Como resultados, decorrentes da
realização das ações educativas, destaca-se a formação de vínculos com a comunidade,
aquisição de conhecimentos relativos à promoção do autocuidado em idosos, bem como
atitudes e práticas voltadas para uma vida mais saudável e melhor qualidade de vida.
Além disso, a pessoa idosa é rica em conhecimentos o que proporcionou uma troca de
1
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
2
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB). 3 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira (UNILAB).
9159
conhecimentos que levou discussões e reflexões sobre temas relacionados è saúde do
idoso.
Introdução
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define idoso como pessoa com 60 anos
ou mais para os países em desenvolvimento. O Brasil já pode ser considerado um país
estruturalmente envelhecido. Os principais determinantes do processo de
envelhecimento da população brasileira são a diminuição da taxa de fecundidade e
mortalidade infantil, a melhoria nas condições de saneamento e infraestrutura básica,
além dos avanços da medicina (SCARIOTT; FERREIRA; MIGNONI, 2007).
Encontros de grupos vêm sendo bem aceito e solicitado, uma vez que vem
desempenhando um papel social e educativo de grande valia na área da saúde, da
psicologia, da educação, dentre outras áreas.
9160
guiando as ações com base no Manual do autocuidado do idoso (Instituto Nicaragüense
de Seguridad Social, 2006).
Metodologia
As ações de extensão iniciaram no período de setembro de 2015 e concluíram
em abril de 2016. Seguiu-se a metodologia participativa e a estratégia de grupo
operativo, em encontros quinzenais, ou seja, dois encontros mensais, com um grupo
com cerca 30 idosos homens e mulheres cadastrados nos programas dos Centros de
Referência em Assistência Social (CRAS) dos municípios de Acarape e Redenção, Ceará.
Os encontros aconteceram em dias diferentes em cada CRAS, e cada bolsista foi
responsável pelo desenvolvimento das atividades do grupo operativo em um CRAS. No
CRAS do Município de Acarape os encontros aconteceram normalmente às segundas-
feiras (quinzenais) no período da tarde e no CRAS de Redenção, os grupos são
realizados às quintas-feiras (quinzenais) no período da manhã, com duração média de
duas horas. Abordam-se temas relativos à saúde do idoso de acordo com as
necessidades e interesses do grupo. As estratégias educativas utilizadas incluem-se roda
de conversa, folders educativos, dinâmicas, dança circular, automassagem, dentre
outros. Os grupos operativos são ferramentas de incorporação do saber caracterizados
pela didática horizontal que torna o indivíduo um agente ativo e responsável da
mudança de hábitos. Além de serem instrumentos de acolhimento, vínculo,
integralidade, corresponsabilidade e trabalho em equipe (DIAS; CASTRO, 2006). A
técnica do grupo operativo pressupõe uma tarefa explícita, no caso, a aprendizagem
para o autocuidado; uma tarefa implícita, ou seja, o modo como cada integrante
vivencia o grupo; e um enquadre que são os elementos fixos como: o tempo, a duração,
a frequência, a função do coordenador e do observador. Foram abordados temas
importantes para a saúde do idoso, baseados no Manual de Autocuidado do Idoso
(Manual de Autocuidado del Adulto Mayor - Instituto Nicaragüense de Seguridad Social,
2006), como: As alterações físicas na terceira idade; cuidados com os olhos, a pele,
ouvido, cavidade oral e nariz; o sistema digestivo; o sistema musculoesquelético; a
diabetes; a hipertensão arterial; a próstata; câncer de mama; câncer cervicouterino;
osteoporose; prevenção de quedas; sexualidade no idoso; exercício e saúde; o cuidado
da autoestima e dicas de envelhecimento saudáveis e ainda temas de interesse e
necessidade da população da pesquisa. Um tema por encontro, durante 16 encontros
quinzenais.
9161
Resultados e Discussão
No período de um ano foram trabalhados diversos temas importantes para a
saúde do idoso. No primeiro encontro foi realizada a apresentação da proposta do
projeto de extensão com a explanação dos objetivos e a apresentação da bolsista e da
coordenadora, e nos demais encontros foram abordados os temas: As alterações físicas
na terceira idade, Câncer de Mama, Valorização do Idoso, Prevenção do câncer de colo
uterino, Câncer de próstata, o diabetes, o envelhecimento e a mente, cuidados dom os
olhos, a pele, ouvido, cavidade oral e nariz, sistema musculoesquelético, osteoporose e
prevenção de quedas e hipertensão. As atividades finalizaram no mês abril de 2016 e no
mês de maio foi realizada a confraternização com o grupo.
9162
Conclusão/Considerações Finais
As atividades desenvolvidas no projeto promoveram a troca de experiência
entre os profissionais docentes, profissionais dos CRAS, discentes e idosos homens e
mulheres, usuários do serviço de ação social, resgatando a importância do autocuidado
e investimentos na qualidade de vida dos indivíduos e sociedades, bem como
fortalecendo o acolhimento e a humanização da assistência em saúde. Proporcionou
também aquisição de conhecimentos, atitudes e práticas adequados a promoção do
autocuidado por todos os sujeitos envolvidos no projeto (idosos, docentes, discentes e
profissionais do serviço) e despertando o interesse dos alunos envolvidos no projeto
pela temática de promoção da saúde do idoso.
9163
Ambos os grupos de idosos solicitaram a continuação do projeto e sugeriram
maior participação dos familiares que lidam diariamente com eles, a fim de
conscientizá-los da importância dos temas abordados e dos conhecimentos adquiridos
na mudança de hábitos e de percepção de si, de sua saúde, assim como do próprio
envelhecimento por parte dos idosos.
Referências
DIAS, RB; CASTRO, FM. Grupos Operativos. Grupo de Estudos em Saúde da Família.
AMMFC: Belo Horizonte, 2006. Disponível em
http://www.smmfc.org.br/gesf/goperativo.htm [acesso em 08/03/2018].
Adulto Mayor/ Instituto Nicaragüense de Seguridad Social. -1a. ed. -Managua: INSS,
2006.
9164
PENA, F. B.; SANTO, F. H. E. O movimento das emoções na vida dos idosos: um estudo
com um grupo da terceira idade. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia/GO, v. 8, n.
1, p. 17-24, 2006.
9165
AÇÕES DE VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE
ALDEIAS ALTAS - MA
Beatriz Aguiar da Silva1; E´lide Karine Pereira da Silva2; Francielle Borba dos Santos3;
Francisco Henrique Machado4; Gleciane Costa de Sousa5; Hellem Pamerra Nunes de
Morais6; José de Ribamar Ross7; Maria Edileuza Soares Moura8.
Resumo
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, granulomatosa, de evolução lenta que
afeta a pele e os nervos periféricos. Apresenta importante potencial para provocar
incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades. As incapacidades
e deformidades podem acarretar consequências, como diminuição da capacidade de
trabalho e limitação da vida social. Objetivou-se conhecer a situação dos casos de
hanseníase no município de Aldeias Altas – MA e traçar intervenções específicas e
eficazes, a partir dos dados obtidos, para melhorar a qualidade da prevenção, controle,
tratamento e da assistência aos pacientes com hanseníase neste cenário. Trata-se de um
projeto de extensão ligado ao Edital Mais Extensão da PróReitoria de Assuntos
Estudantis que fomentou projetos com ações voltadas para os municípios de menor
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado do Maranhão (também menores
IDH do Brasil). Para a concretização do projeto foram feitas 04 imersões com duração de
quinze dias, no período das férias acadêmicas. Nas imersões houve um levantamento do
número de casos registrados de hanseníase no município de Aldeias Altas, tipo de
1
Graduanda em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (Campus Caxias).
2
Graduanda em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (Campus Caxias).
3
Graduanda em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (Campus Caxias).
4
Graduando em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (Campus Caxias).
5
Graduada em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (Campus
Caxias).
6
Graduanda em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (Campus Caxias).
7
Mestre em Enfermagem. Docente da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
8
Doutora em Medicina Tropical e Saúde Pública. Docente da Universidade Estadual do Maranhão –
UEMA.
9166
entrada, a classificação e demais dados pertinentes para o levantamento
epidemiológico do referido agravo, bem como o tipo de acompanhamento realizado por
cada UBS, para ser feito uma comparação com os dados registrados no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação. Realizou-se encontros com as equipes de saúde
da família; aproximação com os agentes comunitários de saúde; visitas domiciliares;
avaliação de incapacidades em pacientes em tratamento para hanseníase e avaliação de
contatos intradomiciliares de casos de hanseníase e identificação de contato suspeito.
Foi feito a avaliação dermatoneurológica com avaliação de incapacidades de 44
pacientes; destes, 67,5% (27) eram do sexo masculino; pardos; variando a idade de 11 a
86 anos, sendo 7 eram menores de 18 anos; baixa escolaridade; apresentando uma
média de 3 contatos para cada caso; predominou a classificação multibacilar (80%) de
casos em tratamento e todos residiam na zona urbana. Foram avaliados 105 contatos
domiciliares e identificação de um contato suspeito. Portanto, a prevalência da
hanseníase neste município é no sexo masculino, classificação multibacilar, apontando
para diagnóstico tardio. Identificou-se a necessidade de intensificação de ações que
incentivem a busca ativa e avaliação dos contatos (parâmetro de avaliação da qualidade
do programa de hanseníase). Palavras-chave: Hanseníase; Epidemiologia; Infecção.
Introdução
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, granulomatosa, de evolução lenta
que afeta a pele e os nervos periféricos. Apesar de ser tratável, muitas vezes resulta em
deficiências e deformidades graves ao longo da vida devido a atrasos ou erros de
diagnóstico, ainda constituindo-se um problema de saúde pública para alguns países em
desenvolvimento, dentre eles o Brasil (BOBOSHA, 2014).
9167
percentual adoece e passa a manifestar as diferentes formas clínicas (PINHEIRO, et al.,
2011).
RANGEL, 2014). Tanto a característica clínica quanto epidemiológica dessa doença tem
sido objeto de inúmeros estudos, no entanto, trabalhos científicos e ações eficazes que
revelem a magnitude da hanseníase nas cidades do Maranhão são oportunos.
9168
A Vigilância em Saúde é um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
a detecção e/ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos faz-se necessário a
aplicabilidade mais eficaz dessa estratégia.
9169
O projeto teve como objetivo conhecer a situação dos casos de hanseníase no
município de Aldeias Altas – MA e traçar intervenções específicas e eficazes, a partir dos
dados obtidos, para melhorar a qualidade da prevenção, controle, tratamento e da
assistência aos pacientes com hanseníase neste cenário. Portanto, vislumbra-se com
este projeto de extensão promover e incentivar a mobilização da sociedade e dos
profissionais quanto à importância da prevenção, controle e tratamento dos casos de
hanseníase, considerando todos os atores envolvidos como ativos e responsáveis pelo
cuidado com a saúde coletiva.
Metodologia
9170
viabilizaram-se as visitas domiciliares. Houve uma experiência diferenciada nessa
imersão dada uma transição na formação das equipes de saúde família que ocorreu
secundariamente a mudança da gestão local (decorrente das eleições municipais).
Resultados e Discussão
9171
Na segunda imersão foram realizados encontros com as equipes de saúde da
família do Centro de Saúde, juntamente com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
onde se alcançou com êxito 15 ACS e pode-se identificar a importância dos mesmos
para a vigilância em saúde na comunidade (Figura 2).
9172
2012; LIMA et al, 2010). Essa predominância da cor parda pode está diretamente
relacionada com a miscigenação que existe no Brasil, onde reúne povos de diferentes
origens, dentre eles, índios, africanos, europeus.
9173
Ao analisar o perfil epidemiológico dos portadores de hanseníase no período
de 2008 à 2014 no município de São Luís de Montes Belos-GO, Zanardo e colaboradores
(2016) obtiveram resultados semelhantes ao deste estudo quanto ao número de lesões,
74% (n=39) dos pacientes apresentaram mais que 5 lesões e apenas 26% (n=39)
possuíam 1 a 2 lesões.
Conclusão
9174
perto os motivos que levam a hanseníase ser uma doença negligenciada, tão comum no
meio que vivemos.
Referências
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WHO. Leprosy, global situation. Wkly Epid Rec; v.33, e:293300. 2008
9177
PROJETO AMAR: ACOLHIMENTO, MEDITAÇÃO, AUTOCUIDADO E RELAXAMENTO PARA
A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Gláucia Maria Cavalcante Maia1; Francisca Manuele Oliveira Silva2; Wanderson Souza
Marques3; Lucas Silva de Sousa4; Carolina Maria de Lima Carvalho5.
Resumo
A meditação é descrita como treinamento da atenção plena à consciência, tem sido
associada a um maior bem-estar físico, mental e emocional e considerada uma fonte de
redução da ansiedade e do estresse. Pesquisas sugerem a influência da prática da
meditação de maneira positiva na vida dos praticantes. Além da meditação, a Terapia
Comunitária (TC) emerge no contexto da promoção da saúde. Estudos evidenciam sua
importância como prática de apoio ao estudante universitário na valorização de sua vida
e suas potencialidades. O objetivo do presente estudo é discutir ações de extensão
desenvolvidas que proporcionam aos estudantes e servidores universitários a
experiência da prática da meditação, bem como da TC, em diálogo com outras práticas
integrativas e complementares da saúde, a fim de colaborar para uma melhor qualidade
de vida. O projeto se configura no planejamento e realização de encontros regulares
envolvendo a comunidade acadêmica da Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) na prática semanal da meditação e mensal da TC. Os
encontros semanais com um público médio de 20 a 25 pessoas, no horário de treze
horas às treze horas e cinquenta minutos, em unidade acadêmica da referida IES.
Evidencia-se que os encontros são de grande importância na promoção do
autoconhecimento dos participantes e de sua saúde integral, colaborando com sua
1
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
2
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
3
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
4
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
5
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
9178
motivação para o estudo/trabalho e consequentes melhorias na qualidade e eficiência
dos serviços prestados à sociedade.
Introdução
Os estudantes universitários, quando recém-admitidos nas universidades, para
desempenhar as atividades acadêmicas, são expostos a altas demandas e a horários
irregulares de aulas que, consequentemente, alteram seu padrão do ciclo sono vigília
(CARVALHO, 2013).
Estudos apontam que a fase universitária pode ser marcada por algumas dificuldades,
dentre elas acadêmicas, interpessoais e pessoais (MENEZES, 2012). Tais mudanças no
estilo e na qualidade de vida dos estudantes tendem a intensificar a ansiedade, o
estresse e o cansaço mental, que podem culminar em adoecimento físico e mental,
como a depressão e a hipertensão arterial.
9179
baixa taxa de perdas, e que os alunos, pais, professores e instituições se interessam e
apoiam este tipo de atividade (MENEZES, 2012).
9180
Metodologia
O projeto se configura no planejamento e realização de encontros regulares envolvendo
a comunidade acadêmica da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
AfroBrasileira (UNILAB), com a finalidade de praticar a meditação, de forma grupal,
mediada por colaboradores, alternando-se mensalmente com reuniões da Terapia
Comunitária (TC), conforme metodologia criada pelo psiquiatra e antropólogo cearense
Adalberto Barreto.
Em alguns encontros tem sido possível aliar à meditação outras práticas integrativas e
complementares, como: água solarizada, do-in, fitoterapia, yoga, aromaterapia,
cromoterapia, reiki, massoterapia, arteterapia e dança circular.
9181
As sessões mensais de TC são dirigidas por uma terapeuta, que é uma enfermeira
mestranda da IES e um co-terapeuta, graduando colaborador do grupo. Cada sessão se
organiza em seis etapas: Acolhimento; Escolha do Tema; Contextualização;
Problematização; Rituais de agregação e conotação positiva; Avaliação. (Barreto, 2008)
A escolha do tema inicia com um estímulo à fala dos participantes e a partilha de suas
preocupações cotidianas, evitando expor segredos. Depois que todos os que se sintam à
vontade se expressam, o grupo vota no tema a ser escolhido para a discussão do dia.
Resultados e Discussão
Evidencia-se que os participantes do grupo têm buscado optar por hábitos
saudáveis a partir das vivencias, culminando com o impacto positivo na saúde dos
sujeitos. A partir dos relatos, percebe-se que os resultados alcançados na promoção da
saúde incluem melhora no rendimento acadêmico e na qualidade de vida.
9182
resultadas das práticas integrativas e complementares e do autoconhecimento, os
participantes têm se afirmado como autores da própria trajetória.
9183
Ainda se destaca o fato de que a ampliação do bem-estar de acadêmicos e servidores
influencia beneficamente a qualidade dos serviços prestados pelos futuros e atuais
profissionais praticantes frequentes da meditação, terapia comunitária, e demais
integrativas e complementares.
Conclusão/Considerações Finais
Referências
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Básica. Guia prático do programa Saúde da Família. Brasília. 2001.
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9185
9186
A CONTRIBUIÇÃO DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA A REDUÇÃO DA
HIPERTENSÃO ARTERIAL EM IDOSOS
Resumo
A hipertensão arterial está sendo uma das grandes causas da mortalidade em idosos.
Diante disso, um programa de extensão do departamento de Educação Física da
Universidade Estadual da Paraíba oferece atividade física sistematizada e tais ações têm
se mostrado bastante eficazes no controle da pressão arterial, pois o exercício físico é
uma das melhores opções não medicamentosa que ajuda tanto a prevenir quando a
redução das taxas pressóricas. Este estudo teve como objetivo analisar a contribuição
que um programa de extensão de atividade física pode ajudar na redução da pressão
arterial de idosos. A presente pesquisa se caracteriza como de campo e de cunho
descritivo, cuja amostra teve como participantes 15 idosos do programa de extensão
Universidade Aberta no tempo Livre do Departamento de Educação Física - UEPB, do
sexo masculino e feminino escolhidos de modo aleatório que participassem há mais de
seis meses do Programa, que já tinham sidos diagnosticados hipertensos por médicos e
que participam das atividades de Ginástica Geral e da Musculação, oferecido pelo
mesmo. Foi assinado pelos participantes um termo de consentimento livre e esclarecido
e logo em seguida foi aplicado uma anamnese pelo pesquisador. Em três dias
diferentes, referente aos dias do Programa (segunda, quarta e sextas feiras), foram
verificadas as pressões arteriais antes e depois do treino. De acordo com os resultados
1
Universidade Estadual da Paraíba, graduando do último período do curso de licenciatura em Educação
Física. 2Universidade Estadual da Paraíba, Professora Drª do curso de licenciatura em Educação Física
3
Universidade Estadual da Paraíba, formado em licenciatura em Educação Física.
2
Universidade Estadual da Paraíba, Professora Drª do curso de licenciatura em Educação
Física. 5 Universidade Estadual da Paraíba, graduando do curso de licenciatura em Educação
Física.
9187
obtidos, os participantes encontraram-se com a hipertensão controlada, sendo
necessária nova avaliação médica para possíveis reajustes de medicamentos. Conclui-
se,portanto, que vários fatores podem influenciar na hipertensão, entretanto, a prática
de atividade física, quando bem orientada pode beneficiar no controle e na redução dos
níveis pressóricos.
Introdução
A hipertensão arterial é um expressivo problema de saúde pública principalmente para
os idosos, podendo acarretar em acidentes vasculares, levando a morte e está associado
a degradação de diversas doenças. A sociedade Brasileira de Hipertensão (2016), fala
que hipertensão arterial é condição clínica multifatorial caracterizada por elevação
sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg, segundo a mesma instituição no
Brasil a Hipertensão Arterial atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de
60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença
cardiovascular, dados epidemiológicos nacionais e internacionais demonstram que a
elevação da pressão arterial (PA) está intimamente relacionada ao processo de
envelhecimento, principalmente os valores da pressão sistólica.
Nesse sentido, nota-se que a população idosa no país aumenta, e o índice de pessoas
idosas com hipertensão estão tendo um grande acréscimo. O percentual de pessoas com
mais de 60 anos aumentou de 8,6% em 2000, para 10,8% em 2010, e a previsão é de
que, entre 2035 e 2040, a população idosa poderá alcançar um patamar de 18%
superior ao das crianças (ESTORCK; ERBA e CORREA, 2014).
9188
De acordo com Dias (2007) envelhecer é um processo multifatorial e subjetivo, ou seja,
cada indivíduo tem uma forma individual para envelhecer. Sendo assim, o processo de
envelhecimento é um conjunto de fatores que vai além do fato de ter mais de 60 anos,
deve-se levar em consideração também as condições biológicas, que está intimamente
relacionada com a idade cronológica.
9189
da atividade física na pressão arterial de idosos que frequentam o projeto de extensão 3
vezes na semana.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, em que Gil (1999), retrata que o principal objetivo é
descrever características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento
de relações entre variáveis. Uma de suas características mais significativas está na
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.
As informações que foram obtidas foram tratadas por meio de um programa estatístico
SPSS 22.0, sendo realizada estatística descritiva por meio da média.
Resultados e Discussão
9190
de uma forma geral para a qualidade de vida dos praticantes, ajudando na melhoria da
saúde quanto nas relações sociais.
Quando se pratica uma atividade física os níveis pressóricos baixam depois de alguns
minutos, visto que através dos exercícios, ocorre a liberação de um gás chamado oxido
nítrico (NO), que quando liberado passa pelo os vasos sanguíneos causando a dilatação
das artérias e ocasionando o aumento do fluxo sanguíneo e diminuindo a pressão
interna existente dentro dos vasos, esse efeito é denominado de hipotensão.
Segundo Brum et al.,(2004) o efeito hipotensor encontrado pode ser justificado pela
redução do DC decorrente da diminuição da FC associada à melhora da resposta
vasodilatadora. Para esses autores, os efeitos são ocasionados por uma maior
disponibilidade de óxido nítrico, associados a uma diminuição da atividade nervosa
simpática
Outro benefício dos exercícios é por causa da aterosclerose, que nada mais é que um
acumulo de gordura, que dificulta a passagem do sangue e aumenta a pressão dentro
dos vasos, de modo que, os exercícios junto com uma alimentação balanceada irão
auxiliar na redução dessa gordura e consequentemente diminui a pressão dentro dos
vasos sanguíneos.
3
Produção do próprio pesquisador.
9191
Escolaridade 60% estudou até o fundamental I
Uso de medicamentos 93,33% usa
Diagnóstico de hipertensão 100% acima de 10 anos
Um estudo realizado no Ceará com 85 pacientes, (69,4%) que tem hipertensão arterial,
dos quais 59 dos pacientes têm acima de 60 anos aonde o percentual chega em 91,5%,
o que corrobora com a ideia de que a hipertensão arterial é mais comum em pessoas
idosas (S.B.H 2016).
Para Shephard (2003), a categorização funcional do idoso não depende apenas da idade,
mas também de sexo, estilo de vida, saúde, fatores socioeconômicos e influências
constitucionais, estando provado, assim, que não há homogeneidade na população
idosa. As alterações que vão ocorrendo durante o processo de envelhecimento, embora
variem de indivíduo para indivíduo são bastante frequentes entre os idosos.
Quando a hipertensão não é detectada e tratada ela pode acarretar aumento do coração,
podendo levar à insuficiência cardíaca; produzir a formação de aneurismas nos vasos
cerebrais, podendo causar um acidente vascular cerebral; ocasionar estreitamento dos
vasos sanguíneos dos rins, podendo levar à insuficiência renal; causar um
"endurecimento" das artérias do organismo, especialmente no coração, cérebro e rins,
podendo levar ao ataque cardíaco, ao acidente vascular cerebral ou à insuficiência renal
(NIEMAN, 1999).
Quanto à renda familiar, 66,67% dos pesquisados, recebem no máximo 1,5 salários
mínimos, sendo 100% aqueles que recebem no máximo dois. Pode-se afirmarque este
dado pode caracterizar assim uma população de baixa renda.
Esta renda limitada pode dificultar a aquisição de hábitos adequados à sua nova
condição de vida, como a compra de alimentos apropriados, os quais de forma geral são
mais caros que os comumente adotados em sua dieta; além de alguns medicamentos,
que por vezes não são adquiridos na rede pública de saúde. Nesses casos, o tratamento
9192
é ameaçado pela dificuldade de adotar hábitos e condutas que possam contribuir para o
controle da pressão arterial, além de desestimular a continuidade do mesmo.
No que diz respeito à escolaridade, percebe-se que 82,3% da amostra pesquisada têm
uma baixa escolaridade, refletindo um grande número de pessoas com, no máximo, o 1º
grau incompleto. Considerando um Intervalo de Confiança de 95%, o percentual de
clientes analfabetos pode chegar a 36,5%, e os que têm somente o 1º grau incompleto
podem atingir até 48,8% da população. Isso pode se configurar como um fator que
contribui para dificultar o entendimento por parte destes, acerca das orientações
recebidas, sobretudo das medidas de tratamento correto (S.B.H. 2016).
Além dos exercícios realizados durante os três dias na semana, são oferecidos aos
idosos praticantes do programa, palestras educacionais mensais sobre o que se pode
fazer fora a prática de atividades física para manter a pressão arterial, onde eles irão ter
o conhecimento tanto sobre a hipertensão arterial, como outras doenças, nutrição, entre
outras possibilidades de palestras que pode fazer total diferença no cotidiano deles.
Uma das grandes preocupações que foram observadas refere-se ao grande consumo de
medicamentos farmacológicos, visto que todos os pesquisados receberam o diagnóstico
de hipertensão há mais de 10 anos atrás, de forma que, 93,33% dos praticantes usam
medicamentos que foi recomendado a tomar anos atrás, sem ter acompanhamento
médico de forma regular.
9193
um ou mais medicamentos para se conseguir o efeito satisfatório (DIAS e FERNANDO,
1999).
O Quadro 2 mostra os resultados das médias sobre a aferição da Pressão Arterial nos 3
dias consecutivos, segunda, quarta e sexta-feira.
De acordo com as médias das pressões arteriais, foram considerados que os idosos
mantiveram uma pressão controlada, durante os três dias de verificação. Assim
sugerindo que a prática de atividade física pode beneficiar na manutenção das taxas
pressóricas.
Com os achados neste estudo, foi solicitado que os participantes retornassem ao médico
para um novo diagnóstico e assim, verificar a possibilidade da redução e ajuste de
medicamentos.
Segundo Fagard e Tipton(1994), pode-se observar mudanças nas pressões após alguns
meses da prática de atividade física, onde é necessário para ter obtenção de respostas
na redução da PA, somente após um prazo de três semanas a três meses pode-se
observar uma redução na PA como resultado de treinamento físico. Na maior parte dos
casos, os efeitos dos treinamentos dar-se-iam após 10 semanas e, após 9 meses de
treinamento, o exercício não seria capaz de induzir reduções adicionais na pressão.
Já no estudo de Fisher et al., (2001) no qual se demonstrou que uma única sessão de
exercícios resistidos foi capaz de provocar leve resposta hipotensiva sistólica durante o
período de recuperação.
4
Produção do próprio pesquisador.
9194
60-80% da frequência cardíaca máxima, realizada no mínimo três vezes por semana,
teriam potencial de influenciar positivamente o perfil tensional de hipertensos.
Wallace (2003) relata que a prescrição de exercício físico para reduzir a PA mais
recomendada são os exercícios aeróbios, realizados de 3 a 5 sessões por semana, com
duração de 20 a 60 minutos e com frequência de 40 a 70% da FC máxima.
Simão et al., (2007), verificaram que um programa de treinamento com exercícios
aeróbios, de força e flexibilidade com hipertensos que não fazem uso de medicamentos,
mostrou-se eficaz para a redução da PA em repouso. A PA foi verificada 48 horas após a
sessão, e os sujeitos exibiram reduções significativa na PA, após 4 meses de
treinamento.
Através dessa pesquisa pode-se observa a importância da atividade física, de modo que,
os idosos pesquisados possam ter uma nova avaliação médica, pois dependendo do
estágio de cada indivíduo, possa haver uma redução medicamentosa.
Considerações Finais
9195
acordo com os resultados obtidos, os participantes da pesquisa encontram-se com a
hipertensão controlada. Portanto, esta nova avaliação médica servirá para possíveis
reajustes na dose medicamentosa administrada ou até mesmo a suspensão de
medicamentos.
9196
Referências
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9198
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9199
PERCEPÇÕES DE MÃES E CUIDADORES ACERCA DA ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS
MENORES DE DOIS ANOS ATENDIDAS NA ATENÇÃO BÁSICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO
Nome dos autores: BARROSO, I.S.1; GUERREIRO, M.R2; COUTO, A.S3; SILVA, C.V.C4;
DAMIÃO, J,J5.
Resumo
Introdução: O Internato de Nutrição em Saúde Coletiva (INSC) é um projeto de extensão
universitária realizado em parceria academia-serviço-comunidade e visa desenvolver
ações para fortalecer o processo de construção coletiva das políticas de alimentação e
nutrição. Em parceria com o município do Rio de Janeiro (RJ), foi desenvolvido o
presente estudo para conhecer melhor a alimentação infantil. A nutrição adequada nos
dois primeiros anos de vida é fundamental para a promoção da saúde da criança. No
entanto, vem sendo observada a introdução precoce e crescente de alimentos
ultraprocessados na infância. Objetivo: Trata-se de um estudo qualitativo visando
identificar as percepções e motivações das mães e cuidadores sobre os alimentos
oferecidos na alimentação de crianças menores de dois anos. Metodologia: O estudo foi
realizado com mães e cuidadores de crianças com a faixa etária entre zero a 24 meses
de idade, de áreas socioeconômicas distintas, usuárias do serviço de pediatria do Centro
Municipal de Saúde (CMS) da AP 2.2 no município do Rio de Janeiro (n=31). A coleta de
dados foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, foi realizada aplicação de um
questionário contendo perguntas fechadas e abertas e na segunda etapa, foi aplicada a
técnica do grupo focal e uma entrevista semiestruturada. Resultados: Foi observado que
a percepção das mães sobre a alimentação das crianças sofre influência de fatores como
a
9200
estimular os profissionais de saúde a elaborarem estratégias eficazes para fortalecer a
promoção da alimentação saudável na infância, com intuito de prevenir o aparecimento
de doenças de forma precoce.
Introdução
O Internato de Nutrição em Saúde Coletiva (INSC) é um projeto de extensão
universitária realizado em parceria academia-serviço-comunidade e visa desenvolver
ações para fortalecer o processo de construção coletiva das políticas de alimentação e
nutrição.
Desde março de 2016, o INSC vem sendo desenvolvido no município do Rio de Janeiro,
na Área Programática 2.2. Nesse ano, suas ações foram realizadas em um Centro
Municipal de Saúde, da área. Esta inserção tem acontecido junto às ações do Programa
de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde/GraduaSUS, projeto
implementado com financiamento dos Ministérios da Saúde e educação, que tem como
pressupostos a consolidação da integração ensino-serviço-comunidade e a educação
pelo trabalho.
Em parceria com o município do Rio de Janeiro (RJ), foi desenvolvido o presente estudo
para compreender as práticas alimentares infantis e subsidiar abordagens dos
profissionais sobre o tema.
9201
ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS NOS DOIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA
A nutrição nos primeiros anos de vida da criança, em especial os dois primeiros anos,
desempenha um papel crucial, pois é um período caracterizado por um ritmo de
crescimento acelerado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério
da Saúde (MS), o aleitamento materno deve ser exclusivo até o sexto mês e a
introdução da alimentação complementar deve ser iniciada após esta idade (WHO,
2001; BRASIL, 2002; BRASIL, 2013), no entanto, observa-se que esta etapa nem sempre
é realizada no tempo oportuno e da forma adequada. No Brasil, estudos apontam para a
alta prevalência na introdução precoce de alimentos antes do sexto mês de vida
(SCHINCAGLIA et al., 2015; BRASIL et al., 2012).
Nos últimos anos houve uma mudança no padrão alimentar com maior participação de
alimentos ultraprocessados na dieta familiar brasileira, que é um marco significativo na
transição nutricional (FERREIRA et al, 2014). Estes alimentos são definidos como
formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias
extraídas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos, ou sintetizadas em
laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão. A grande presença
destes alimentos ultraprocessados no início da vida assim como os impactos causados à
saúde tem sido observada em diversos estudos.
Portanto, analisar as práticas alimentares como uma prática social se faz importante
para compreender não somente os alimentos consumidos, mas também às condições
que os favorecem, pois são determinados pela disponibilidade, por influências culturais,
pelo modo de vida, pela introdução de novos alimentos através da mídia, entre outros
(ROTENBERG et al, 2004). Além disso, conhecer a percepção de mães quanto à
alimentação complementar dos seus filhos propicia ao profissional de saúde o
direcionamento para ações de promoções de práticas corretas e nutritivas da
alimentação complementar. (BARROS et al, 2014).
9202
Metodologia
O estudo foi realizado com mães de crianças com a faixa etária entre zero a 24 meses
de idade, usuárias do serviço de Pediatria do Centro Municipal de Saúde na Ap 2.2
(CMS), localizado no bairro de Vila Isabel, do município do Rio de Janeiro. O CMS é
classificado como uma unidade de saúde tipo B, isto é, uma unidade de saúde
tradicional com a inserção de seis equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, foi realizada aplicação de
um questionário contendo perguntas fechadas e abertas e na segunda etapa, foi
aplicada a técnica do grupo focal e uma entrevista semiestruturada.
Resultados e Discussão
Do total de crianças avaliadas (31), observou-se uma prevalência de crianças do sexo
masculino (64,5%) e maiores de seis meses (71,0%) participantes do estudo. Com
relação à faixa etária, foi verificada uma variação de crianças entre um mês de vida e
um ano e onze meses, com idade média de onze meses.
No que diz respeito à faixa etária das mães e cuidadores que participaram da pesquisa,
variou entre 16 a 41 anos. A partir da Tabela 1, é possível comparar o perfil das mães de
cada equipe.
9203
9204
Fonte: Elaborada pelas autoras.
A partir do R24h, foi possível analisar o tipo de alimentação oferecida para as crianças.
Dentre as sete crianças menores de seis meses da equipe 1, quatro se encontravam em
AME, porém, uma mãe relatou ter oferecido água e outra mãe relatou ter tentado
oferecer purê de batata para o bebê, ambas apenas uma vez. As outras três estavam em
aleitamento misto, sendo uma com leite materno (LM) e leite de vaca (LV) e as outras
duas com LM junto com a fórmula infantil. Na equipe 2, duas crianças eram menores de
seis meses, sendo que uma estava em AME e a outra estava recebendo LM e AC.
9205
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Toloni et al. (2011), observou uma associação estatisticamente significante entre o nível
de escolaridade materna e a introdução precoce de alimentos ultraprocessados. Neste
estudo, o autor observou que a baixa escolaridade materna está associada com um
menor poder aquisitivo, falta de acesso a informações em saúde e como consequência
maior, a chance de escolhas incorretas dos alimentos para as crianças, além dessas
mães também estarem mais suscetíveis à influência da publicidade. Estes dados são
consonantes com o presente estudo, pois analisando os resultados, foi notado que na
área caracterizada como a menos favorecida, da equipe 2, as mães das crianças além de
possuírem menor nível de escolaridade, também foram as mães que ofertaram um
número de vezes e uma variedade maior de alimentos ultraprocessados.
Quando o assunto foi qual alimento era mais presente na infância das mães, observouse
a presença de frutas como maçã e goiaba, porém, a maior lembrança é dos alimentos
considerados por elas como “besteiras", como biscoitos, achocolatados, queijo do tipo
9206
petit suisse e geleias, produtos ultraprocessados, como pode ser observado nas
seguintes falas das mães:
“Mãe 4: Papa, só que é tipo farinha comum, é o leite, a papa, o açúcar, a manteiga.
“Mãe 5: Eu aprendi com a minha avó. Com 10. Começei com um arrozinho, depois um feijão.
Ajudava a temperar, fazer uma galinha. ”
“Mãe 1: Eu não sabia... (?) ou se eu ia lavar o arroz e o feijão. A minha mãe colocou a panela
de pressão no fogo e falou, você vai colocar...”
Esses achados corroboram com a afirmação de Giard (1998), que diz que no passado, as
formas de preparação dos alimentos e as receitas eram aprendidas em conversas de
mulheres com as experiências e vivências que eram passadas de mãe para filha e de avó
para neta.
9207
ao relembrar os alimentos mais consumidos na infância, principalmente com relação
aos ultraprocessados, como pode ser observado a seguir:
“Mãe 5: O que eu gosto muito, faço até de vez em quando é leite com biscoito
maisena misturado. Geleia de mocotó. Amo! Adoro!”
“Mãe 3: Geléia de mocotó! É verdade! Risos... Engraçado que vai trazendo, você vai
começando a lembrar né? É muito bom!”
Segundo Bogado e Freitas (2016), a alimentação imprime marcas na memória, na
identidade e na história de cada um. A infância representa um momento marcante na
experiência alimentar, sendo guardados na lembrança saberes, sabores, aromas, afetos
e também valores vinculados às práticas alimentares vivenciadas.
Outro fator que influencia estas práticas é o acesso aos alimentos. Uma mãe relatou que
possuía dificuldade financeira e que conseguia comprar apenas o básico para
alimentação de todos os integrantes da família ou pegava doações, sendo assim, não
havia a possibilidade de diversificar muito a alimentação. Neste contexto, não se pode
desconsiderar das análises que ainda há famílias que vivem em situação de insegurança
9208
alimentar e nutricional, tendo seu direito à Alimentação Adequada e Saudável é violado
(BURITY et al., 2010).
Em relação ao preparo, a maior parte das mães relatou que costumava preparar a
alimentação das crianças separadas do restante da família e também utilizavam
diferentes ingredientes nas preparações. Apenas uma relatou que a comida da criança
era a mesma preparada para a família. Nos documentos oficiais de orientação para
famílias e profissionais sobre alimentação deste grupo, não é dada ênfase para
estratégias que simplifiquem a preparação dos alimentos para as crianças pequenas, o
que facilitaria este momento tão delicado para a prática alimentar deste grupo (BRASIL,
2013).
Além disso, a hora da oferta da alimentação foi vista como uma etapa difícil para a
mãe que estava iniciando a AC e tranquilo para as mães das crianças maiores. Mesmo
assim, todas as mães consideraram este um momento que exige paciência, pelo fato das
crianças se dispersarem facilmente querendo brincar na hora de comer. Há evidências
de que o estilo mais ativo de alimentar a criança melhora a ingestão de alimentos e o
seu estado nutricional, bem como seu crescimento (ENGLE, BENTLEY e PELTO, 2000;
PELTO, LEVITT e THAIRU, 2003; PAHO/WHO, 2003; RUEL et al, 1999; STERNIN,
STERNIN e MARSH, 1997; CREED DE KANASHIRO et al, 2001)
Com relação ao ato de cozinhar, identificou-se nas falas de todas as mães, que
cozinham porque gostam e também preferem, para que seja garantida a qualidade na
alimentação de seus filhos. Este fato pode ser observado nas seguintes falas em
destaque:
“Mãe 5: Sim, eu que faço a comida da minha família, faço questão disso. Eu sei o que
eu boto, o que eu não boto. Sou meio chatinha pra essas coisas.”
“Mãe 4: Ah eu gosto...Eu acho que é melhor, porque eu acho que não tem nada melhor do
que a mãe cozinhar pro próprio filho, porque a mãe é que sabe o que é melhor.... me sinto
mais segura.”
No estudo de Assunção (2008), observou-se achados semelhantes à do presente estudo,
uma vez que foi mostrado com relação às práticas alimentares que as mulheres,
especificamente as mães, ocupam um lugar central tanto na escolha quanto no preparo
das refeições familiares, além de conhecerem as preferências alimentares dos membros
da família. Alencar et al (2016), afirma que um aspecto essencial normalmente
atribuído às mulheres é o papel de cuidar da família e das refeições.
9209
Nem relação à presença de ultraprocessados foi observada uma variedade de alimentos
consumidos pelas crianças, desde alimentos que fazem parte do grupo dos alimentos in
natura até os produtos ultraprocessados, como pode ser visto a seguir:
“Mãe 4: Adora banana, melancia e uva.”
“Mãe 5: banana, maçã, pêra, é.. banana. Que.. são as principais que eu dou pra ela. Ela
come de tudo! Tanto os legumes também, chuchu, cenoura, batata, beterraba, feijão ela
adora, macarrão, arroz.”
Alimentos ultraprocessados como: salsicha, sardinha em lata, biscoitos, geleias, queijo
do tipo pettit suisse, refrigerantes, salgadinhos e outros, se mostraram comuns na
alimentação das crianças do presente estudo. A oferta desses alimentos vem na maioria
das vezes, acompanhada com uma justificativa, o que pode ser observado nas seguintes
falas:
“Mãe 5: Biscoitinho de maisena... rs. E é isso... Mas as vezes eu ofereço a banana com a
geleia de mocotó.”
“Mãe 4: Fandangos é culpa do pai. Esqueci de uma coisa, refrigerante.” “Pega dois
danoninho por dia.”
Essas falas corroboram com a afirmação de Ferreira et al (2014), que diz que existe uma
maior participação de alimentos ultraprocessados na dieta familiar brasileira o que
caracteriza a mudança no padrão alimentar. Este padrão contribui para a formação de
hábitos alimentares não saudáveis que poderão estar presentes na fase adulta (DUTRA,
2015 e BRASIL, 2009ª).
Segundo Dutra (2015), Birtch (1999), Jomori, Proença e Calvo (2008) e Ramos e Stein
(2000), esta realidade tem sido vivenciada pelos pais de forma conflituosa, primeiro
porque a necessidade de uma educação alimentar envolve toda a família, e o exemplo
dos pais e cuidadores influencia ; e segundo, porque as crianças e os adolescentes
vivem atualmente, a maior parte do tempo, distantes dos pais, em creches ou escolas, .
As falas são consonantes com o estudo de Dutra (2015), pois refletem que os pais
ofertam esses tipos de alimentos para as crianças, mas observa-se que existe um nível
de percepção para algumas mães, de que esses alimentos não deveriam estar presentes
na rotina alimentar de sua família, porém no cotidiano existe uma certa permissividade
para o consumo regular desses produtos. Porém, a hiperpalatabilidade dos alimentos
ultraprocessados e as sofisticadas e agressivas estratégias de marketing que estimulam
sua aquisição fazem com que o seu consumo baixo ou moderado sejam improváveis,
9210
provocando a gradativa substituição das dietas tradicionais por dietas compostas por
esses alimentos (MONTEIRO et al., 2013 e BRASIL, 2014).
As falas das mães mostraram mais uma vez a percepção que elas possuem do que é
“Mãe 2: Essa lembrança que a gente tem de danoninho né, e geleia de mocotó, de biscoito
de maisena, pelo menos na primeira infância, na primeira fase alimentar dela, eu pretendo
que ela não tenha essa lembrança. Eu falo, eu quero que a minha filha chegue pra mim já
com quatro anos, fale “mãe, me dá uma maçã?” no meio da tarde do que ela falar “mãe, me
dá biscoito?”, sabe? Eu não quero incentivar isso antes, porque vai comer”
“Mãe 3: Ah.. o meu tá entre o que eu tenho de expectativa e realidade. Eu também
assim como todas aqui, eu tenho a intenção de dar uma alimentação mais saudável
possível.”
O maior acesso à informação e através das mídias sociais, a orientação profissional e a
praticidade, mostraram ser elementos motivadores da oferta de alguns alimentos.
“Mãe 2: Depois de ter engravidado ou talvez um pouco antes quando eu comecei a pensar
em gravidez e ver páginas de facebook, pessoas compartilhando textos, então passei já a
acompanhar várias páginas de mães, de estilo de maternidade, e você começa a ter acesso a
certas coisas, então você começa a quebrar alguns tabus, né?”
“Mãe 1: Na, na última consulta que ela liberou alimentação. Falou das frutas, três legumes
pra fazer a papinha “Mãe, nada de danoninho, tá?” Falei “não, pode deixar, eu
sei”. O.. a informação que nesse quesito, pelo menos pra mim ainda é pouca.”
“Mãe 5: Eu dou porque é prático e pra variar também... a geleia de mocotó, as vezes você ta
na rua e não da tempo de planejar e levar uma fruta picadinha, eu dou a geleia.“
Rotenberg e De Vargas (2004), identificaram que as práticas alimentares na infância
provêm de conhecimentos, vivências e experiências que são construídas por diversos
fatores, como pelas condições de vida, cultura, redes sociais e saber científico de cada
época histórica e cultural e mostrou que a visão das mães sobre os alimentos
ultraprocessados é ambígua, pois apesar de oferecerem aos filhos, consideram esses
alimentos como besteira e que fazem mal à saúde da criança. Toloni et al (2011),
também afirma que a substituição dos alimentos tradicionais, caseiros e naturais por
alimentos ultraprocessados, pode ser atribuída por vários fatores, dentre eles a
globalização, a influência do mercado publicitário, o ritmo acelerado de vida nas
9211
grandes cidades e o trabalho da mulher fora do lar. Filhos de mães com baixa
escolaridade, mais jovens e com menor renda, são mais suscetíveis à introdução
alimentar precoce de alimentos ultraprocessados e a razão pela qual são introduzidos
precocemente são a praticidade e o sabor (TOLONI et al., 2011).
Conclusão
O presente estudo permitiu compreender as práticas referidas pelas mães em relação à
alimentação dos seus filhos. Os achados do presente estudo mostram que as mães
gostam de cuidar da alimentação e se preocupam com o que as crianças consomem,
apesar dos desafios encontrados no dia a dia, como a questão financeira que possui
grande impacto na diversidade de alimentos oferecidos, tendo muitas vezes condições
de comprar apenas o básico. A violação de direitos experimentada pelas famílias que
vivem em situação de pobreza impede o acesso aos alimentos de qualidade suficientes
para atender as necessidades nutricionais, e é uma causa significativa, dentre os
motivos pelos quais as crianças são alimentadas de forma inadequada (IBFAN, 2009).
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Acesso em 16 de outubro de 2016.
9215
AMBULATÓRIO INTERPROFISSIONAL DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: GARANTINDO A
QUALIDADE DO CUIDADO ATRAVÉS DE INTEGRAÇÃO ENTRE ENSINO, PESQUISA E
EXTENSÃO
SIMAS, B. C. C.1; SILVA, R. C.1; RÜGER, M. C.1; LIRA, N. R. D.2; VIANA, M. F. O. C.3;
Resumo:
Introdução: Insuficiência Cardíaca (IC) é um agravo cardiovascular que causa importante
limitação física ao paciente. A mortalidade relacionada à IC é elevada sobremaneira em
países em desenvolvimento. No Brasil, a mortalidade chega a 12,6% em pacientes
internados, valor superior ao de países desenvolvidos. A Qualidade de Vida (QV) dos
pacientes com IC é frequentemente deteriorada, e piores níveis associam-se à
readmissão hospitalar. Objetivo: Descrever o projeto e resultados do Ambulatório
Interprofissional de Insuficiência Cardíaca (AMIIC) do Hospital Universitário Onofre
Lopes (HUOL), que integra atividades de ensino, pesquisa e extensão. Metodologia: O
AMIIC funciona semanalmente possuindo como públicoalvo pacientes com IC que foram
9216
internados no HUOL ou referenciados dos níveis primário e secundário de atenção. O
objetivo do Serviço é promover uma elevação na expectativa e qualidade de vida dos
pacientes através da assistência interprofissional. As atividades de ensino são
vinculadas aos programas de residência médica e multiprofissional do HUOL, e
consistem no atendimento interprofissional ao paciente com IC. As atividades de
extensão vinculam alunos de graduação que avaliam periodicamente a QV dos
pacientes utilizando o Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire. Resultados:
São realizados aproximadamente 500 atendimentos anuais. Até março de 2018, foram
feitos 686 registros de QV. A evolução dos escores médios de QV indica sua melhora nos
pacientes que mantiveram acompanhamento no AMIIC. A inclusão de alunos de
extensão ampliou as interações entre profissionais e entre membros da equipe em
diferentes níveis de formação. Aspectos importantes da terapêutica que não eram
detectados em outras etapas surgiam durante a avaliação da QV. Conclusões: A inclusão
de atividades de extensão no AMIIC elevou a qualidade do cuidado e favoreceu uma
assistência centrada no paciente. O AMIIC consiste num cenário de prática importante
para a educação interprofissional.
Introdução
A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome cardiovascular caracterizada pelo
coração que falha em sua função de ejetar sangue sob pressões cardíacas normais e
numa frequência que garanta suprimento de oxigênio aos tecidos (BLOOM et al., 2017).
A nível celular, a IC está descrita como um processo desencadeado pela depleção
energética a nível cardíaco, tendo o coração em falência sido comparado a um motor
sem combustível (NEUBAUER, 2007).
9217
acúmulo de líquido em membros inferiores, que eleva o desconforto e a limitação física
do paciente (BLOOM et al., 2017; WANG, C. S., 2005).
9218
reinternações provocadas por má adesão, tornam-se necessárias modelos de
seguimento que ampliem o perfil de estratégias terapêuticas, tendo em vista uma
melhora nos desfechos clínicos dos pacientes com IC (ALBUQUERQUE et al., 2015).
Nesse sentido, um crescente corpo de evidências tem demonstrado que estratégias de
assistência multidisciplinar estão associadas a uma redução de mortalidade e novas
hospitalizações, bem como a uma melhora na qualidade de vida dos pacientes vivendo
com IC (JENSEN et al., 2017; MCALISTER et al., 2004; MOHAMMED; MOLES; CHEN, 2016;
RICH et al., 1995). O trabalho interprofissional possibilita a abordagem coordenada de
vários pilares essenciais para o tratamento da IC, se configurando como uma prática
baseada em evidências para o cuidado desses pacientes (JAARSMA, 2005).
Metodologia
O Ambulatório Interprofissional de Insuficiência Cardíaca (AMIIC) desenvolve
atividades desde 2008, ocorre semanalmente no HUOL, hospital de ensino da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte localizado no município de Natal, que está
integrado à Rede de Hospitais Universitários Federais da Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares. O AMIIC tem seu funcionamento vinculado ao Departamento de
Cardiologia e Transplante Cardíaco, inserido no nível de atenção terciária à saúde do
estado do Rio Grande do Norte.
9219
Os programas de ensino estão inseridos no nível de pós-graduação lato e stricto sensu e
incluem os programas de residência médica em clínica médica e cardiologia, o
programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do HUOL. O programa de
extensão envolve alunos de graduação em medicina orientados pela coordenação do
ambulatório e que são treinados para avaliar a QV dos pacientes através do MLHFQ.
Resultados e discussão
O ambulatório realiza anualmente uma média de 500 atendimentos
interprofissionais. Desde o início das suas atividades até o final de março de 2018 foram
feitos 686 registros de QV. Atualmente, são acompanhados 160 pacientes com IC, todos
com importante agravo cardíaco.
9220
modelo assistencial interprofissional em que as decisões são tomadas de forma
compartilhada. Em um estudo prospectivo conduzido em 2013 a partir da coleta de
sucessivos escores de QV, foi possível observar uma redução no escore médio de QV nos
pacientes que mantiveram seguimento no AMIIC, indicando a importância da dinâmica
ambulatorial adotada para garantir uma melhor assistência prestada e elevar a
aderência dos pacientes às recomendações (PAULA, V. T. et al., 2013).
9221
Ainda nesse sentido, a integração de alunos de graduação com profissionais em
outros níveis de formação permitiu o estabelecimento de contribuições mútuas
importantes para o manejo do paciente. A aplicação do MLHFQ identificou aspectos que
por vezes não são detectados em outras etapas do acompanhamento, o que reitera a
importância dessa atividade para o treinamento de futuros profissionais da saúde e
como uma estratégia para aprimorar a qualidade do cuidado (COSTA et al., 2013).
9222
Conclusão/Considerações finais
O AMIIC tem prestado assistência ambulatorial no nível terciário de atenção do
Sistema Único de Saúde. Os pacientes são acompanhados por uma equipe
interprofissional, preparada para atender o amplo espectro de necessidades que o perfil
clínico desses pacientes demanda.
9223
interferência social e qualidade de vida de forma específica para pacientes portadores
da síndrome de Insuficiência Cardíaca. Esse instrumento foi validado em 2000 para a
língua inglesa, porém, ainda não apresenta uma versão traduzida e validada para o
português, de modo a poder ser utilizado rotineiramente nos serviços especializados no
acompanhamento de pacientes portadores de IC em nosso país.
Referências
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<http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?doi=10.1001/jama.294.15.1944>.
YANCY, C. W. et al. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of heart failure:
Executive summary: A report of the American college of cardiology foundation/american
heart association task force on practice guidelines. Journal of the American College of
Cardiology, 2013. v. 62, n. 16, p. 1495–1539. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1016/j.jacc.2013.05.020>.
9227
INTEGRANDO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE PARA A PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO
MATERNO, NA PERSPECTIVA INTERPROFISSIONAL
Elaine Cristina Alves 1; Caroline Araújo Lemos Ferreira2; Lucas Dantas Lima3; Andreia
Alves Praxedes de Aquino4; Adriane Denise Fonseca Lopes5; Alessandra Pinheiro da
Silva5; Amanda de Melo Cândido5; Ana Paula Ferreira da Silva5; Debora Gabriela
Fernandes Assunção5; Geisa Andréa de Menezes Chaves4; Janice França de Queiroz4;
Janine Conceição de Araújo e Silva5; Kerolaynne Fonseca de Lima5; Lahelya Carla de
Andrade Oliveira5; Manuela Mayara de Medeiros Nunes4; Mariana Carvalho da Costa4;
Monyka Ferreira Borges5; Robson Mechel Berto da Silva5; Rômulo Helton de Araújo5;
Ruth Batista Bezerra5; Salomé Ribeiro da Silva5; Thatiane Monick de Souza Costa5
Resumo
Introdução: A prática do aleitamento materno (AM) é importante para o vínculo mãe-
filho, além disso, também é a mais sábia estratégia de vínculo, afeto, proteção e
nutrição para a criança e constitui uma sensível, econômica e eficaz intervenção para
redução da morbimortalidade infantil, como se não bastasse, é de grande relevância
para os profissionais de saúde em exercício e em formação em uma maternidade escola
do Rio Grande do Norte. Objetivo: Promover o empoderamento das gestantes,
puérperas e seus acompanhantes no cuidado integral aos recém-nascidos, assistidos
pela Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), pela equipe da Residência
Multiprofissional, docentes e discentes da graduação, proporcionando atividades
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Centro de Ciências da Saúde (CCSA). Mestrado
Profissional em Ensino na Saúde (MPES).
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Graduação em Psicologia.
4
Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC). Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Programa de Residência Multiprofissional em
Saúde: Intensivismo Neonatal
9228
práticas interprofissionais no processo de formação e de trabalho. Método: É realizada a
capacitação com os colaboradores sobre AM e Método Canguru, reuniões de
planejamento e oficinas para construção de materiais. São realizadas ainda ações de
educação em saúde utilizando a metodologia de “Rodas de Conversa” e recursos
lúdicos, produzidos nas oficinas. Os encontros ocorrem duas vezes por semana em
algumas unidades e enfermarias do hospital. Resultados: De março a dezembro/2017
foram realizados 63 rodas, com 664 participações de usuários, sendo 92% de pessoas
do sexo feminino e 8% do sexo masculino; de setembro a dezembro 36% das
participações foram de moradores de Natal, e 55% de interioranos. A faixa etária
predominante foi dos 27 aos 36 anos, porém abrangendo um público de 12 a 63 anos.
Conclusões: Percebeu-se que os encontros propiciaram a disseminação de informações
indispensáveis ao manejo do AM, a desmistificação de alguns mitos relacionados ao AM
e orientações sob adoção de hábitos saudáveis, levando a conscientização do público-
alvo quanto ao seu papel ativo para o fortalecimento dessas práticas. Também
configurou-se por atividades educacionais colaborativas e integrativas, com a
perspectiva interprofissional do trabalho em equipe.
Introdução
A prática do aleitamento materno configura uma temática de grande relevância para os
profissionais dos mais diversos campos do saber, sobretudo, no que se refere à saúde.
Dados da literatura apontam que o aleitamento materno é a mais sábia estratégia de
vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui uma sensível, econômica e
eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil (BRASIL, 2009). Estima-
se, portanto, que ações de promoção do aleitamento materno sejam capazes de
diminuir em até 13% a ocorrência de mortes em crianças menores de 5 anos em todo o
mundo (JONES, 2003 apud BRASIL, 2015). Assim, envolver a mãe nos cuidados com o
seu filho e a promoção do vínculo mãe/filho desde o nascimento, são condições
indispensáveis para a qualidade de vida e a sobrevivência do recém-nascido.
9229
aleitamento materno devem fazer parte do repertório de intervenções da equipe de
saúde (ALMEIDA, LUZ, UED, 2015).
Desse modo, para que seja possível um trabalho efetivo na promoção do aleitamento
materno, é imprescindível considerar um trabalho interdisciplinar, levando em conta
que esta temática está atravessada por diversas perspectivas e olhares, de modo que o
diálogo interprofissional faz-se necessário. Assim, os discentes de Enfermagem,
Farmácia, Psicologia, Serviço Social, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Nutrição da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) envolvidos neste projeto, têm a
oportunidade de atividades práticas extracurriculares, que complementam os
componentes curriculares, previstos nos Projetos Políticos Pedagógicos dos seus
cursos.
9230
academia e o serviço de saúde, e muito importante para a formação dos discentes da
graduação e da pós-graduação, que participam da ação.
Outro ponto importante a se destacar, é que a Maternidade Escola Januário Cicco é uma
Hospital Amigo da Criança, a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), criada em
1990 pela Organização Mundial da Saúde e pelo Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), tem como objetivo promover, proteger e apoiar o aleitamento
materno. A base da iniciativa são os “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento
Materno” (OMS, 2001) usados para capacitar toda a equipe hospitalar que trabalha com
mães e bebês e para informar sobre o correto manejo do aleitamento materno bem
como seus benefícios, sinalizando as desvantagens do uso dos substitutos do leite
materno, e das mamadeiras e chupetas (BRASIL, 2011).
Portanto, este projeto de extensão busca qualificar tanto os profissionais que prestam
assistência às estas gestantes, puérperas e acompanhantes, como também empoderar
essas mães para o cuidado a seus recém-nascidos, numa perspectiva interprofissional
do cuidado integral à saúde. E evidenciar a importância desta iniciativa, pois é a única
existente na maternidade em questão, enfatizando-se assim sua importância, pois esta
instituição tem o compromisso de ser um Hospital Amigo da Criança.
Metodologia
9231
conversa” e materiais lúdicos. As atividades tiveram uma frequência de duas vezes por
semana, voltadas para o público atendido nas Unidade de Obstetrícia, Unidade de
Gestação de Alto Risco, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade do Método
Canguru. Esta distribuição de locais se fez necessária em virtude da acessibilidade para
estas pacientes.
9232
métodos científicos de forma crítica por meio da análise da literatura com a
participação de preceptores e residentes (VALENTINI; DANIELS, 1997 apud VIEIRA et.
al., 2014).
É importante frisar que entre os meses de março a agosto o projeto não contou com a
presença de um bolsista, somente de setembro a dezembro. Com a entrada do bolsista
houve mudança da lista de frequência, ela passou a coletar mais informações sobre os
participantes. Nesse sentido, alguns dados só puderam ser coletados entre o período de
setembro a dezembro, tais como: local de moradia, grau de parentesco, situação (se
gestante, puérpera, visitante ou acompanhante). Dessa forma, os dados a seguir serão
apresentados em duas seções.
Resultados e Discussão
De março a dezembro/2017 foram realizadas 63 rodas, com 664 participações de
usuários. O projeto foi caracterizado por um número expressivo de participações de
usuárias do SUS, 609 (92%), que compreende as mães (gestantes e puérperas),
familiares (avós da criança, filhas mais velhas, sogra, cunhada, prima, irmãs, tias).
Observou-se ainda um total de 55 participações de usuários do sexo masculino (pai,
companheiro, avô, filho, primo), representando 8%.
Nesse sentido, o projeto de extensão referido contribui ainda mais dando voz ao
parceiro ou homem que esteja no momento da roda, facilitando seu auxílio uma vez
que o possibilita expressar dúvidas e conflitos.
9233
ocorreram várias atividades simultâneas e diárias com envolvimento dos colaboradores
do projeto.
A Semana Mundial de Aleitamento Materno teve sua criação em 1992 pela Aliança
Mundial de Ação pró-amamentação visando promover as metas da Declaração de
Innocenti. Esse documento foi elaborado em 1990 após um encontro organizado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) e apresenta objetivos para promover e proteger o aleitamento materno para
reduzir a mortalidade infantil (REDE BRASILEIRA DE BANCOS DE LEITE HUMANO,
2016). Nesse sentido, as rodas de conversas desenvolvidas na MEJC pelo projeto de
extensão auxiliaram na participação do evento com mobilização simultânea em 120
países com objetivo de contribuir na redução da morbimortalidade infantil.
Além disso, os meses com menor quantidade de rodas (março e dezembro) coincidem
com a entrada e preparo de novos residentes para o trabalho, e apresentação parcial do
trabalho de conclusão de curso dos residentes (R1), respectivamente, o que demandou
investimento da equipe em outras atividades em detrimento das rodas de conversa.
9234
Figura 2 – Participação dos graduandos e profissionais de saúde (residentes e
preceptores).
Ademais, o projeto contou com poucas participações de alunos da graduação, esse fator
pode estar relacionado há uma falta de aproximação/inserção de docentes de alguns
cursos de graduação dentro deste ambiente hospitalar.
A maior participação do público nas rodas foi de puérperas, seguido pelo de gestantes,
conforme figura 3.
9235
Figura 3 – Caracterização do público participante (setembro a dezembro).
Esse dado se relaciona com a maior rotatividade no serviço das puérperas em relação
às gestantes, pois estas acabam ficando um período de internação maior, devido aos
tratamentos clínicos. Destaca-se a maior frequência das rodas em setores de assistência
pós-parto em função dessa grande rotatividade, no intuito de atingir o maior público
possível.
Percebe-se também, a partir da figura 3, que a rede de apoio das mães assistidas pelo
hospital compõe-se por um número expressivo de homens em relação às mulheres,
destacandose o pai da criança. No entanto, no somatório geral de todos os graus de
parentesco, a rede de apoio é composta maioritariamente por mulheres da família, uma
realidade muito presente no sistema de saúde e apontado pela literatura (PRIMO et al.,
2015).
Esse dado demonstra que as mães assistidas pelo hospital recebem ajuda
principalmente de outras mulheres da família, em especial suas mães, porém a figura
masculina também adentra ao hospital. A participação masculina nos sistemas de
saúde sofre pelas várias interferências culturais e institucionais (BRASIL, 2009; FONTES
et al., 2011). No entanto, desde 2005, a lei 11.108, conhecida como a Lei do
Acompanhante favorece a entrada do homem dentro do SUS. Além disso, visando
promover maior participação do homem dentro do ambiente da maternidade a MEJC,
9236
em 2017, elaborou um programa chamado “Maternidade Amiga do Pai” onde diversas
atividades são desenvolvidas diariamente (BRASIL, 2017).
Dos meses de setembro a dezembro, das 209 participações 76 delas (36%) foram de
usuários residentes em Natal, e 115 (55%) residentes nos diversos interiores do estado,
conforme figura 4.
9237
35
30
25 Total de participações: 209
Qu 20
15
ant 10
ida 5 Fal
de 0 tar
27 36 26 29 20 38 23 30 32 34 16 41 50 37 43 45 18 12 39 52 60 63
am
da
do
s
Idade do público participante
Conclusão/Considerações Finais
Percebeu-se que os encontros propiciaram a disseminação de informações
indispensáveis ao manejo do AM, a desmistificação de alguns mitos relacionados ao
tema, fornecendo orientações sobre adoção de hábitos saudáveis, levando a
9238
conscientização do público-alvo quanto ao seu papel ativo para o fortalecimento
dessas práticas. Também configurou-se em cenários práticos para as atividades
educacionais colaborativas e integrativas, com um forte apelo ao trabalho em equipe,
tão essenciais para o processo de formação destes profissionais/discentes para
melhoria da qualidade da assistência à saúde prestada pelo nosso SUS.
Além disso, este projeto trouxe muitos benefícios, tais como: incentivo ao
empoderamento e autonomia dos clientes, favoreceu o desenvolvimento de habilidades
comunicativas dos profissionais; disseminação da cultura do aleitamento materno no
interior da maternidade e multiplicação em suas cidades de origem; e incentivo à
capacitação/atualização profissional em Aleitamento Materno e Método Canguru.
Considera-se que o objetivo proposto por esse projeto de extensão foi alcançado
durante o ano de 2017. No entanto, nosso trabalho apresentou algumas limitações
como: parte dos dados não puderam ser coletadas antes de setembro e sobrecarga dos
profissionais envolvidos na assistência e consequente redução, em meses específicos,
do número de atividades.
Referências
ALMEIDA, Jordana Moreira de; LUZ, Sylvana de Araújo Barros; UED, Fábio da Veiga.
9239
BRASIL. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Ministério da Educação. Unidade
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lancaprograma-maternidade-amigo-do-pai->. Acesso em: 31 mar. 2018.
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2011. 19 p. Disponível em:
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Acesso em: 02 abr. 2018.
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_promocao_aleitamento
_mate rno.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2018.
9240
FONTES, Wilma Dias de et al. Atenção à saúde do homem: interlocução entre ensino e
serviço. Acta Paul Enferm, S.l., v. 20, n. 3, p.430-433, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ape/v24n3/20>. Acesso em: 02 abr. 2018.
LAMOUNIER, J.A. Experiência iniciativa Hospital Amigo da Criança. Rev. Assoc. Med.
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Sucesso do Aleitamento Materno. Brasília (DF): A Organização; 2001.
PRATES, Lisie Alende; SCHMALFUSS, Joice Moreira; LIPINSKI, Jussara Mendes. Rede de
apoio social de puérperas na prática da amamentação. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro ,
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141481452015000200310&l
ng=en&nrm=iso>. Acesso em 02 abr. 2018.
PRIMO, Cândida Caniçali et al. Redes sociais que apoiam a mulher durante a
amamentação.
VIEIRA, Joaquim Edson et al. Avaliação do clube de revista de anestesiologia por meio
de mudanças semânticas. Revista Brasileira de Anestesiologia, S. L., v. 64, n. 4, p.258-
262, 2014.
9241
ARTICULAÇÃO ENTRE A INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR, SERVIÇO DE SAÚDE E
COMUNIDADE NO COMBATE AO AEDES AEGYPTI: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jordana de Oliveira Freire1; Soraya Maria de Medeiros2; Marília Souto de Araújo3; Nayara
Cristina da Silva Bento4; Fillipi André Santos da Silva5; Bianca Calheiros Cardoso6;
Wanesca Caroline Pereira7; Leandro Melo de Carvalho8; Naryllenne Maciel de Araújo9;
Márcia Laélia de Oliveira Silva 10; Raissa Lima Coura Vasconcelos 11; Anderson Felipe de
Souza 12; Marília Flávia Brito de Lima 13.
Resumo
9242
preocupados quanto a essa importância mundial. Dito isso, conclui-se que este projeto
contribuiu no que se refere à ampliação do conhecimento acerca destas doenças, devido
ao envolvimento da instituição de ensino superior na pré-escola e nas escolas de ensino
fundamental. O trabalho educativo desenvolvido pelos discentes da graduação,
favoreceu ao aprendizado de medidas preventivas, que serão replicadas pelas crianças e
adolescentes, ultrapassando os muros da escola, envolvendo a comunidade e
disseminando informações sobre o combate ao Aedes aegypti e as arboviroses.
INTRODUÇÃO
9243
estudante se coloca no lugar do outro, exercício que é facilitado nos programas de
extensões universitárias.
É nesse sentido que surge o Programa Saúde na Escola (PSE), criado em 2007
pelo Ministério da Saúde, visa a intersetorialidade entre o ambiente escolar e a
Estratégia Saúde da Família. Faz com que os profissionais de saúde estejam próximos à
realidade da criança e do adolescente em idade escolar, além de relação com os
profissionais na educação, focando em suma síntese na promoção e prevenção da saúde
(CAVALCANTI; LUCENA; LUCENA, 2015).
Em suma, vê-se a escola como local para prática social. Na qual as propostas de
ensino voltadas para a saúde devem acompanhar o raciocínio crítico, deixando o aluno
livre para ter discernimento sobre como alcançar a melhoria na qualidade de vida. E os
profissionais devem estar capacitados para alcançarem uma comunicação efetiva com a
comunidade (SANTOS, 2016; CAVALCANTI; LUCENA; LUCENA, 2015).
9244
Um dos principais temas a serem abordados em projetos de extensão
universitárias são as arboviroses, pois acredita-se que anualmente 50 milhões de
pessoas são infectadas por um desses vírus, dentro desses casos estima-se que ocorra
500 mil casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e aproximadamente 21 mil
óbitos, sendo esta evolução mais comum em crianças (BRASIL, 2008).
9245
outras, a de fomentar ações educativas para a construção de uma cidadania que
objetive a transformação social e o exercício dos direitos individuais e coletivos
(SANTOS JÚNIOR, 2013).
9246
METODOLOGIA
Em seguida, na terceira etapa, foi realizada a visita às escolas para sondar como
acontecia a dinâmica escolar, além de observar a faixa etária do público alvo e a
quantidade de alunos existentes, visando adequar as atividades ao perfil encontrado,
além de agendar um dia para a sua execução.
A quarta etapa aconteceu até o fim da execução do projeto e foi marcada pela
realização das oficinas, sendo estas ministradas para alunos de séries iniciais (1º ao 5º
ano do ensino fundamental), no qual foram abordados conteúdos que envolvem a
promoção, prevenção, aspectos clínicos, epidemiológicos e ações de promoção e
prevenção de combate ao mosquito Aedes aegypti.
9247
Os resultados deste processo estão descritos a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sobral e Campos (2012), diz que a metodologia ativa (MA) é um método educativo
que estimula o processo de ensino-aprendizagem crítico-reflexivos, onde o educando se
torna o ator principal e o professor se torna um facilitador da aprendizagem, no qual
consiste na elaboração de situações de ensino que promovam uma aproximação crítica
do aluno com a realidade; a reflexão sobre problemas; pesquisar sobre os problemas e
soluções; a identificação e organização das soluções hipotéticas mais adequadas à
situação e a aplicação dessas soluções.
9248
Além disso, questões de importância ambiental foram abordadas, em relação ao
descarte de lixo inadequado e o processo de reciclagem. Ao final, os alunos se mostraram
conscientes e preocupados quanto a essa importância mundial.
A escolha das escolas proporcionou trabalhar com uma ampla faixa etária, que
variou de crianças do pré-escolar até adolescente do ensino médio. As oficinas foram
realizadas em dias diferentes, com uma equipe de nove pessoas, que foram divididas em
dois dias. Em um dia foi realizado pela manhã a oficina no Centro Municipal de Educação
Infantil (CMEI) e a tarde na escola de ensino médio, no outro dia realizamos na escola de
ensino fundamental.
Após o cenário, seguiu-se para uma sala e lá foi posto em prática a teia do
conhecimento. Esta técnica, é uma roda de conversa, onde todos participaram (os alunos
da graduação e do ensino médio), e uma pessoa inicia com um barbante (no caso simula
a teia), falando sobre uma experiência pessoal que tem ligação com o tema, por exemplo,
“minha irmã pegou Zika”, ou “na minha rua tem um lixão” e a teia vai passando para
quem deseja falar. Quando pegamos na teia, enrolamos ela na cadeira para não se soltar
e ao final podemos perceber quem falou mais ou quem menos participou. Foi uma
experiência muito válida, pois todos da turma falaram sobre suas vivências e percebemos
o quanto essas doenças estão próximas na vida de todos nós.
9249
trouxemos uma atividade bem criativa, onde adaptamos o famoso show do milhão, para o
“show da prevenção”, com perguntas sobre a temática e realizamos novamente o cenário
real (simulação).
O estímulo para essa livre conscientização acerca dos problemas mundiais deve
ser estimulado dentro da escola, visto que é nesse momento que os alunos iniciam a
busca por conhecimento e pelo pensamento crítico reflexivo, muitas vezes movido pelo
desejo de mudança. Segundo Nascimento et al (2009), a tomada de consciência de
cidadania é uma forma de conhecimento acerca da realidade, mas que implica em tanto
estabelecer conceitos que lhe são inerentes, quanto transformar e ampliar esses
conceitos por meio da aprendizagem coletiva, no qual o contexto de cidadania aparece
como uma necessidade de humanização. Nesse sentido, os recursos lúdicos utilizados na
extensão geraram momentos de conversa e troca de saberes da vida cotidiana que
perpassam a educação popular e transformam o projeto de extensão um veículo para a
formação dessas crianças e adolescentes.
CONCLUSÃO
Com base em todo este processo, foi possível notar efetividade no que diz respeito
a sensibilização dos estudantes e profissionais acerca do combate as arboviroses,
sobretudo, o Aedes aegypti.
9250
divulgação de informações sobre o combate ao Aedes aegypti e as arboviroses.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI, Patrícia Barreto; LUCENA, Carla Mousinho Ferreira; LUCENA, Pablo Leonid
Carneiro. Programa Saúde na Escola: interpelações sobre ações de educação e saúde no
Brasil. Textos & Contextos [online]. Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 387 - 402, dez. 2015.
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Acesso em: 01 abr. 2018.
9251
DONALISIO, Maria Rita; FREITAS, André Ricardo Ribas. Chikungunya no Brasil: um desafio
emergente. Rev. bras. Epidemiol [online]. São Paulo, v. 18, n. 1, p. 283-285, mar. 2015.
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SOUZA, Luiz José de. Dengue – Diagnóstico, Tratamento e Prevenção. 2. ed. Rio de
Janeiro: Editora Rubio, 2008.
SILVA, Roseane Silveira dos. Programa Saúde na Escola: uma análise bibliométrica
de 2008 a 2015. Trabalho de Conclusão (Especialização em Saúde Pública). 2016
Faculdade de Medicina – da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
9253
A EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE AO USO DA CONTENÇÃO MECÂNICA EM UM
HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ana Karoline Santos Batista Pinheiro; Elza Lima Da Silva; Emerson Costa Moura;
Kardene Pereira Rodrigues.
Resumo
INTRODUÇÃO
9254
só do paciente mas também de quem o cerca, sendo assim é, apesar de polemico, um
ato do cuidar. Mesmo assim, tal prática não seria controvérsia aos movimentos da
Humanização Assistencial e Reforma Psiquiátrica? Foi o questionamento embasador
para discussão do tema, após a vivência da prática da de urgência e emergência
psiquiátrica.
Entende-se por restrição como qualquer ação ou dispositivo que tenha finalidade
de interferir na capacidade de tomar decisões ou restrição da capacidade de
movimentação. É procedimento que interfere na capacidade cognitiva, na mobilidade e
no acesso ao próprio corpo (BARROS, 2015).
Esse relato de experiência tem por objetivo principal averiguar as condições sob as
quais são feitas as contenções mecânicas dentro da unidade de urgência e emergencial
a qual foi realizado a prática; Reconhecer quem faz o procedimento e entender os
motivos pelos quais é solicitado; Além de verificar a presença ou ausência de protocolos
de contenção mecânica, se presente, se realmente utilizado e refletir a respeito do uso
da contenção não só nesta unidade, mas seu uso na saúde mental como um todo.
METODOLOGIA
9255
transtorno de saúde mental, no setor de urgência e emergência na capital do Estado do
Maranhão, São Luís, no período de 04/12/2017 à 08/12/2017, totalizando 35 horas,
realizada por alunos do 5º período do curso de Enfermagem da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), elaborado a partir da vivência e baseando em observações e análise
crítica á luz de referencial bibliográfico específico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
9256
sobretudo, a segurança da ordem e da moral pública. Embora presente na realidade
nacional este modelo é atualmente considerado falido e sua base ideológica é
desmistificada.
9257
uso da contenção mecânica (quando o paciente tem o seu corpo amarrado, atado, preso)
ou física (quando o paciente é imobilizado pelos membros da equipe sem o uso de
dispositivos). Alguns autores entendem que contenção física e contenção mecânica são
sinônimas. A restrição de pacientes refere-se a qualquer dispositivo ou ação que
interfere na habilidade do paciente em tomar decisões ou que restringe sua capacidade
de movimentar-se, alterando sua capacidade de raciocínio, a liberdade de movimentos,
a atividade física ou o acesso normal ao seu corpo. O principal objetivo visa preservar a
integridade física e psíquica dos pacientes e dos profissionais de saúde que prestam
assistência a esse paciente. (COREN – SP, 2009; PAES et all, 2009).
Desde meados do século XVII, diversos tipos de contenções vêm sendo usadas
em pacientes que se mostram agressivos ou inquietos, a exemplo temos: Barras
metálicas (de ferro) fixadas às paredes, “crucificação” de indivíduos, ou a chamada
cadeira de Rush, onde uma caixa de madeira imobilizava a cabeça do paciente,
isolando-o do contato com outros seres humanos, e de qualquer tipo de ruído. Essas
práticas foram substituídas ao longo do tempo e hoje são totalmente proibidas, pois o
processo de humanização das práticas de cuidar em saúde e a legislação voltada à
segurança do paciente, afirmam que o processo de contenção mecânica é feito como
forma de procedimento terapêutico, de forma alguma como repressão e violência.
O conceito primordial de contenção mecânica é dito como “É uma medida
terapêutica que deve ser usada de forma adequada e específica para que surta o efeito
desejado, de maneira segura e eficaz, evitando danos aos pacientes e aos profissionais
envolvidos na técnica. Contudo ela deve ser o último recurso a ser utilizado para
controlar condutas violentas’’ (MARCOLAN, 2004; STUART e LARAIA, 2001; KAPLAN,
SADOCK, GREBB, 1997). E deve ser utilizada após o esgotamento de todas as
alternativas que podem afetar negativamente o modo de agir do paciente, destacam-se:
comunicação verbal, mudança de ambiente e mudança de psicofármacos (PAES, et al.,
2009). Pacientes agitados, confusos, inquietos agressivos e violentos são os indicados
para contenção mecânica, incluem-se ainda os que correm risco de queda após sedação
por fármacos.
ASPECTOS ÉTICOS
9258
“ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”, no
artigo 1º declara:
9259
REFLETIDO SOBRE ESSA PRÁTICA
9260
espécie de segurança da instituição. Esse profissional, que não aparece na literatura,
ficava responsável pelas formas de contenção do paciente, tanto física como mecânica.
Percebemos que o termo assinado (no momento da classificação) que liberava o realizar
da contenção mecânica, era válido por todo o período de estadia do paciente na
instituição, e o profissional Apoio tinha autonomia para realiza-lo no momento em que
julgasse necessário.
9261
e profissionais agiam por contra própria dentro da certeza que não havia fiscalização
correta e baseando-se num comportamento dito como “normal e necessário.”.
CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um longo caminho foi percorrido no que diz respeito aos tratamentos prestados
a pacientes psiquiátricos. Porém, a realização deste trabalho nos mostrou uma realidade
crua e que, em alguns aspectos, a forma ideal de cuidado ainda não foi alcançada. A
prática de contenção ainda é necessária, e se desenvolvida da maneira correta tem sua
eficácia terapêutica observada com sucesso, sendo um instrumento importante de
trabalho para a equipe multiprofissional realizar o cuidado ao paciente. No entanto,
práticas abusivas e truculentas neste momento fazem com que o sofrimento do paciente
seja intensificado de forma imprescindível, e junto com o paciente sofre a família. A
ausência da técnica correta no momento da contenção, pode, além de intensificar
sofrimento psicológico, causar problemas físicos ao paciente. Assim, é necessário que
toda a equipe que atua junto ao paciente receba treinamentos adequados e uma
supervisão mais rigorosa, buscando a prestação de serviço eficaz e humana e reduzindo
o risco de dano ao mínimo possível.
REFERÊNCIAS
9262
BARROS, Suiany de Melo. A utilização da restrição de movimento como recurso
terapêutico: Uma revisão integrativa da literatura. 2015.
CORDEIRO, Quirino; MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Cremesp publica parecer sobre
contenções física e mecânica no atendimento psiquiátric. Psiquiatria Forense, v. 20, n. 6,
2015.
9263
PAES, MR, Borba LO, Brusamarello T, Guimarães AN, Maftum MA. Contenção física em
hospital psiquiátrico e a prática da enfermagem. Rev. Enferm, 17(4):479-84. UERJ, Rio de
Janeiro, 2009 .
HIRDES, Alice. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão. Ciênc. saúde coletiva,
Rio de Janeiro , v. 14, n. 1, p. 297-305, Feb. 2009 .
9264
OFICINAS PARTO HUMANIZADO: EMPODERANDO A MULHER NO DIREITO AO
CONHECIMENTO E ESCOLHA
Karla Juliana Araújo Teles1; Meyrenice cruz da Silva2; Francisca Joseane Farias Guerra3;
Marks Passos Santos4; Idalina Santiago dos Santos5; Monaliza Ribeiro Mariano6;Saiwori
de Jesus Silva Bezerra dos Anjos7
Resumo: O parto saudável e humanizado ocorre quando a mulher participa como agente
ativo, estando consciente de seus direitos. No entanto, no atual cenário de saúde, as
más práticas se refletem na construção de um conceito de que o parto vaginal é uma
experiência dolorosa. O presente trabalho objetivou apresentar um relato de
experiência vivenciada na realização de oficinas educativas com gestantes,
esclarecendo sobre os períodos clínicos do parto. Ocorreu entre julho de 2017 e
dezembro de 2017 em Redenção, Ceará. Inicialmente, foram realizadas visitas no
município, conhecendo a demanda do mesmo para então formação dos grupos de
gestantes. Depois foram realizados estudos e planejamento das oficinas. Em seguida,
ocorreu à aplicação das oficinas para as gestantes inscritas que antes da atividade
responderam a um questionário (pré-teste), a fim de sondar os conhecimentos prévios
do grupo. As oficinas foram desenvolvidas semanalmente com temas distintos acerca do
parto ativo. Foram aplicadas com métodos lúdicos, dinâmicas, tornando assim o grupo
mais integrado, exposição dialogada de temas, rodas de conversas com tira dúvidas e
com dramatização. No último dia foram aplicados questionários (pós-teste) a fim de
avaliar a participação das mulheres no grupo e a atividade em geral. Durante a
realização das oficinas foi percebida a deficiência de informações consistentes por parte
das gestantes, o que confirmou este fato foram os relatos de multíparas, que afirmaram
não terem realizado atividades educativas nos pré-natais, terem experiências anteriores
traumáticas por não conhecerem os seus direitos; o que levava as gestantes a ter um
12346
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), enfermagem.
7
Universidade Estadual do Ceara, Enfermagem.
9265
interesse significativo pelos temas que a elas foram apresentados. Portanto, a
experiência desta ação se apresentou enriquecedora tanto para as mulheres quanto
para as acadêmicas que desfrutaram de uma interação com seu mundo de trabalho ao
tratar com gestantes, grupo prioritário de ações nos serviços de saúde.
Palavras-chave: enfermagem; enfermagem obstétrica; parto humanizado.
Introdução
Devido ao caráter inesgotável da história do parto, é necessário vislumbrar suas
três principais perspectivas históricas: primeiramente o tempo em que a mulher paria
instintivamente sozinha; em segundo, quando a mulher paria com o auxílio de outras
mulheres, comadres, amigas, parteiras e, contemporaneamente, quando a mulher passa
pelo processo de parto e nascimento com a assistência de um obstetra (MAIA, 2010).
O tipo de parto realizado quase que exclusivamente até o século XIX, era o parto
natural, conhecido também como parto normal ou vaginal, no qual, entre os povos
primitivos, a mulher rapidamente se recuperava e voltava a sua rotina normal;
entretanto, na sociedade atual, o parto normal é incorrido pelo sentimento de dor, o
que gera temor e ansiedade (PEREIRA, 2014).
O parto cesáreo, por sua vez, surgiu com a finalidade de salvar a vida do feto
e/ou da mãe, com a evolução tecnológica e científica passou a ser considerado como
forma mais segura de nascimento (MADI et al, 2013), mas ao longo do tempo assumiu
outras possibilidades, como: poder escolher a data do nascimento, evitar as dores
intrínsecas ao parir e a partir disto diminuir por um lado à ansiedade e o temor (VELHO
et al, 2012), por estas e outras razões, em alguns países como o Brasil o percentual de
cesarianas supera o de partos normais.
Ambos tipos de parto têm suas vantagens e desvantagens e é de suma
importância que a parturiente esteja ciente delas para que empoderada do
conhecimento possa praticar, escolhendo o que é melhor para si e para o seu bebê. Por
exemplo, dentre as vantagens do parto normal destacam-se: o protagonismo, a maior
satisfação emocional, a recuperação mais rápida, a utilização de métodos não-
farmacológicos; por outro lado, são vantagens do parto cesárea: a ausência das dores, a
diminuição do medo; a rapidez, (VELHO et al, 2012).
Nos últimos anos, o Brasil vem tentando superar os altos índices de cesarianas,
para tanto, o governo federal criou políticas baseadas nas evidencias científicas. A Rede
Cegonha é uma dessas políticas e tem como objetivo programar uma série de cuidados
para garantir às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e atenção à gravidez,
ao parto e ao puerpério, para garantir o nascimento seguro, desenvolvimento
satisfatório e qualidade de vida a crianças de até dois anos de idade; e a redução da
9266
mortalidade materna e infantil. Assim como, o Programa de Humanização do Pré-natal e
Nascimento (PHPN), que tem como foco a redução das altas taxas de morbimortalidade
maternal e perinatal, formulando critérios de qualificação do atendimento em consultas
de pré-natais e indicando os procedimentos mínimos que devem ser efetuados durante
as consultas promovendo também a vinculação da assistência ambulatorial e o parto
(BRASIL, 2014).
Nesse sentido, o Ministério da Saúde do Brasil (MS) também vem incorporando
em seus manuais técnicos algumas recomendações da Organização Mundial da Saúde
(OMS), nas quais são essenciais para a atenção perinatal. As orientações asseguram que
o cuidado na gestação e no parto normal deve contemplar: não ser medicalizado; ser
baseado no uso de tecnologia apropriada; ser baseado em evidências; ser regionalizado
e baseado em sistema eficiente de referência; ser multidisciplinar; ser integral; estar
centrado nas famílias; ser apropriado, enfatizando as diferentes culturas; compartilhar a
tomada de decisão com as mulheres; respeitar a privacidade, a dignidade e a
confidencialidade das mulheres (BRASIL, 2005).
Segundo o MS, o pré-natal é essencial na fase gestacional, para a garantia de um
parto e nascimento saudáveis, sendo necessário o uso de instrumentos para um
controle e desenvolvimento da fase gestacional (Brasil, 2013). No entanto, apesar da
cobertura ao pré-natal ter aumentado nas últimas décadas (Brasil, 2013), ainda existem
diversos desafios, o maior deles é garantir a qualidade do atendimento, que se dá com a
mudança sensível nas atitudes dos profissionais, na eficiência e prestação de cuidados
(São Paulo, 2010). Apesar do serviço ser de 99% (Leal, 2013), o conhecimento das
gestantes a respeito da importância e dos benefícios do pré-natal e das boas práticas na
saúde para o parto e nascimento, são limitados (Brasil, 2016).
Dentro desse contexto, é importante ressaltar que o momento da gestação é a
fase ideal para lidar com as questões que envolvem o parto e nascimento, visto que
nesse momento a mulher se encontra mais receptiva às mudanças e ao processamento
de informações que possam garantir a promoção integral da saúde materno-infantil,
tornando-se também agente multiplicadora de conhecimento revestidos em melhoria
da qualidade de vida de sua família e comunidade (REIS et al, 2010).
Diante da realidade intervencionista que rege a assistência ao pré-natal, parto e
nascimento no Brasil, é imprescindível que ações educativas sejam desenvolvidas entre
gestantes a fim de que adquiram conhecimentos, atitudes e práticas favoráveis ao
processo de parto e nascimento ativo, que elas sejam executadas e incentivadas junto a
esta população, a fim de transformar em realidade a tão sonhada humanização do parto
e nascimento para o cotidiano destas mulheres.
9267
Faz-se necessário a criação e avaliação de grupos de gestantes e que tenham
oportunidade de participarem para esclarecerem dúvidas, compartilharem experiências,
sentirem-se mais empoderadas para esse período. Pois, de acordo com as tendências
atuais do cuidado em saúde, é essencial que o cliente seja preparado para assumir a
responsabilidade do autocuidado por meio de estratégias educativas, assim como é
imperativo ao enfermeiro ofertar tais atividades com qualidade. Para tanto, deve-se
compreender o processo de ensino e aprendizagem com vistas a assumir as
responsabilidades de sua prática em diferentes circunstâncias e grupos populacionais.
Assim como, o propósito da educação de clientes é aumentar sua competência e
confiança para a autogestão. Pessoas informadas aderem com mais facilidade aos
tratamentos preconizados, encontram formas inovadoras de enfrentamento e são
susceptíveis a menos complicações (BASTABLE, 2010).
Além de proporcionar acesso às informações sobre os tipos de parto, as ações
educativas direcionadas para gestantes devem atentar-se para suas necessidades, seus
valores culturais e sociais. Compreender o contexto que engloba o parir é de
imprescindível à saúde materna infantil. O cuidado voltado para a mulher e a escolha
informada devem ser o foco para irmos além dos aspectos fisiológicos da gravidez e
parto e objetivando melhores desfechos e experiências. O bem-estar psicossocial das
mulheres é atualmente visto como tão importante quanto o seu bem-estar físico
(HAINES et al, 2012).
Deste modo, o objetivo do presente estudo foi realizar atividades de extensão
por meio oficinas educativas com gestantes de modo a promover empoderamento
nestas, com vistas a promoção de um parto ativo e humanizado, conforme preconizado
em evidências científicas, pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de
Saúde.
Metodologia
Estudo do tipo quantitativo, descritivo, tipo relato de experiência cujo foco foi a
realização de ação de extensão, a qual consistiu em realizar oficinas educativas acerca
do parto e nascimento humanizado, direcionada para as gestantes residentes na região
do Maciço do Baturité, no período de julho de 2016 a dezembro de 2017.
As oficinas foram realizadas no Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS), situado no município de Redenção/CE. O qual é cenário de encontros de um
grupo de gestantes contempladas com programas sociais, devido sua condição social.
Participaram 24 gestantes, moradoras da zona rural e urbana da cidade supracitada. O
9268
convite para participar das oficinas se estendia a um acompanhante de escolha da
gestante.
A ação em geral foi dividida em três fases, a primeira a aplicação de um pré-teste
o qual utilizou-se de um questionário, após a aplicação do pré-teste deu-se início as
oficinas com os temas: “parto ativo, empoderamento feminino, períodos clínicos do
parto, mecanismos do parto, principais intercorrências no parto normal, boas práticas no
parto, direitos da mulher durante a gestação e parto e MNFs para alivio da dor no
parto”. A cada encontro era apresentado um tema, esses encontros tinham periodicidade
semanal, e a última etapa compreendeu com a aplicação do pós-teste, contendo as
mesmas questões do pré-teste.
Essas oficinas foram realizadas por integrantes do grupo de pesquisa Promoção
da Saúde Sexual e Reprodutiva (PROSSER), inscrito no Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As oficinas tinham como objetivo
principal promover o empoderamento das mulheres quanto os direitos relacionados ao
pré-natal, nascimento e puerpério humanizado.
Meios lúdicos foram utilizados para garantir a participação das gestantes, as
oficinas mantinham um padrão, inicialmente o(s) facilitador(es) apresentava(ão) uma
dinâmica quebra-gelo, com o intuito de conhecer e despertar o interesse de
participação de todas as gestantes; após o quebra-gelo, o tema proposto era
apresentado por meio de PowerPoint, utilizando imagens ilustrativas; depois da
apresentação do tema, abria-se um momento para uma roda de conversas, onde os
facilitadores instigavam a participação das gestantes por meio de perguntas, as quais
tiravam duvidas, apresentavam seus anseios e contavam suas experiências; e a última
etapa da oficina era uma dinâmica de fixação de conteúdo, no qual foi realizado uma
dramatização mimetizando os passos do dia do parto a partir dos conhecimentos
adquiridos durante os encontros.
Os dados foram coletados a partir de diário de campo, onde foram registradas as
impressões das gestantes, assim como também por meio dos dados dos questionários
que foram tabulados em tabelas no programa Excel®, os quais foram compilados e
analisados por meio de porcentagem simples.
Resultados e Discussão
Durante a realização das oficinas totalizaram-se 31 participantes, porém, apenas
24 responderam o questionário no pré e pós-teste. A participação de um acompanhante
de escolha da gestante não foi tão evidenciada, isso decorreu por diversos fatores,
dentre eles, a incompatibilidade do horário das oficinas com o trabalho dos parceiros
9269
das gestantes, algumas das gestantes não tinham parceiros, vergonha das gestantes do
companheiro participar, dentre outras, apenas duas mães de gestantes acompanharam
os encontros no papel de acompanhante.
Quadro 1: Conhecimento das gestantes do pré-teste e pós-teste sobre
parto ativo. Redenção - CE, Brasil, 2017.
PRÉ-TESTE PÓS-TESTE
VARIÁVEIS SIM NÃO SIM NÃO
9270
acompanhamento pré-natal, 20 conheciam sobre as intercorrências do parto natural, 22
relataram que sabiam a hora certa de ir para a maternidade, 24 informaram saber o que
fazer no momento que a bolsa estourar. Apenas 4 sabem quando inicia e quando
finaliza o trabalho de parto. 14 conhecem os direitos da mulher durante o pré-natal e
parto, somente 8 gestantes conhecem a lei do acompanhante, apenas 3 participantes
informaram que já tinha ouvido falar sobre os métodos não farmacológicos para alivio
da dor no parto, mas não sabiam como funcionava esses métodos, assim como,
nenhuma participante informou conhecer o significado da palavra empoderamento. 4
relataram se sentir preparada para o momento do parto.
Relacionado ao pós-teste realizado posterior as atividades, verificou-se que 21
gestantes conheciam o termo parto ativo, 22 conheciam sobre a PHPN, 24 relataram
estar informadas quanto os benefícios do parto natural, 20 mulheres afirmaram
conhecer as vantagens e desvantagens do parto natural e parto Cesário. No que
concerne a se sentir estimulada a realizar um parto natural, 22 participantes
expressaram esse desejo, todas as mulheres se encontravam em acompanhamento pré-
natal, 24conheciam sobre as intercorrências do parto natural, 24 relataram que sabiam
a hora certa de ir para a maternidade, 22 informaram saber o que fazer no momento
que a bolsa estourar. Apenas 22 sabem quando inicia e quando finaliza o trabalho de
parto. 22 conhecem os direitos da mulher durante o pré-natal e parto, 24 gestantes
conhecem a lei do acompanhante, 24 participantes informaram que já tinha ouvido falar
sobre os métodos não farmacológicos para alivio da dor no parto, 21 sabiam como
funcionava esses métodos, 23 informaram conhecer o significado da palavra
empoderamento. 22 relataram se sentir preparada para o momento do parto.
O objetivo do presente estudo é descrever uma atividade de extensão realizada
com gestantes afim de promover empoderamento nestas, com vistas a promoção de um
parto ativo e humanizado, conforme preconizado em evidências científicas, pelo
Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde.
Desmistificar a ideia que se enraizou ao longo de décadas e que muitas vezes foi
passada por gerações, que o parto vaginal é algo negativo, para a mulher, é uma tarefa
árdua, uma vez que esses conceitos se inserem em um aspecto cultural de uma
sociedade. (NASCIMENTO et al, 2015). A realização das práticas educativas mostrou que,
as gestantes estavam dispostas a assimilarem as informações relativas à sua gestação,
foi possível através da realização dessas oficinas a troca de conhecimento tanto entre
próprias mulheres do grupo como e entre os facilitadores com as gestantes.
Durante as oficinas algumas gestantes, estavam acompanhadas de suas mães, o
que foi extremamente positivo, para a assiduidade semanal das participantes, uma vez
9271
que dentro do contexto social em que foi realizada as práticas educativas, as avós
possuem grande influência nas decisões durante a gestação das filhas (SILVA, 2012),
nesse o público especifico isso ficou mais evidenciado pelo fato das mulheres
gestantes, ainda dependerem economicamente das mães.
No que concerne as atividades de extensão, ficou evidenciado que as oficinas
educativas ampliaram o conhecimento das participantes quanto aos assuntos
abordados. Relacionado ao conhecimento das participantes sobre os benefícios do parto
natural, ao final das atividades, todas relataram que sim, inicialmente, tinham esse
conhecimento de forma superficial, mas que ao longo das atividades realizadas nas
oficinas, aprofundaram mais seu entendimento sobre tais benefícios. Foi enfatizado em
todo encontro sobre o que é o parto humanizado e que ele se fundamenta quando a
mulher durante o momento pré parto e parto, recebe um tratamento que preconiza
respeito e dignidade a mulher, inserindo sua participação neste processo como agente
ativo. (COPELLI 1et al,2015)
De acordo com KONDO, et al no de trabalho de parto e durante o parto, é direito
irrefutável da mulher escolher a melhor forma de posicionar-se e se deslocar caso
julgue que isso lhe trará alivio e bem-estar. Muitas participantes, relataram que em
gestações anteriores, a hora do parto foi traumática, porque no período de trabalho de
parto e parto, foi negado a mudança de posição e que em alguns momentos receberam
ordens para que ficassem na posição de preferência da equipe que realizava o
procedimento. Assim, elas relataram que na gestação atual, relataram, sentiam
insegurança quanto ao momento do parto, causada pela angustia de passar pela mesma
situação.
Muitas gestantes, afirmaram não ter conhecimento acerca da lei que garante a
presença de um acompanhante no momento do parto, e as que afirmaram já ter ouvido
algo acerca desta lei, destacaram que tanto em partos anteriores como alguns relatos
de pessoas próximas, lhes foi negado o direito de um acompanhante. Quando foi
exposto que esse era um direito que não podia ser negado, muitas ficaram surpresas,
porem afirmaram que a partir daquele momento iriam exigir que seu direito com
relação a esta lei fosse respeitado, na hora do parto.
Segundo a OMS, no atual cenário mundial de saúde, diversas gestantes são
desrespeitadas e sofrem um tratamento desrespeitoso que violam seus direitos
fundamentais como mulher, as más práticas muitas vezes, se refletem na construção de
um conceito associando o parto vaginal é uma experiência dolorosa e desnecessária
que facilmente pode ser evitada, omitindo os seus benefícios para a mãe e o bebe. Essa
ideia acaba sendo estigmatizada no senso comum, principalmente entre mulheres de
9272
baixa escolaridade. A dor, então, passa a ser motivo de grande temor e a principal razão,
para a preferência por uma cesariana, na qual a mulher se submete a questões
institucionais, sem ser considerada sua subjetividade ou senso crítico (SASS et al, 2009).
Fundamentado em Silva, et al (2017), a promoção de atividades de extensão
universitárias que promovam a educação em saúde de gestantes, principalmente na
atenção básica, mostram-se ser ferramentas de grande utilidade para a inserção do
conhecimento sobre o parto humanizado, que muitas vezes é desconhecido por uma
grande parte das mulheres e prevenção da violência obstétrica, visto que, ao receberem
orientações adequadas essas mulheres mostram-se capazes de distinguir se estão
recebendo tratamento adequado ou não e desta forma, exigir o cumprimento de seus
direitos.
Atualmente a realização de cesarianas sem necessidade ainda é presente em na
maioria das instituições de saúde. Deve-se considerar que para a maior parte das
gestantes, optar pelo parto vaginal, é o modo seguro e fisiologicamente saudável,
exceto quando existe alguma intercorrência que ocasione em risco para a mãe e o bebe
(UNICEF).
Nas realizações das oficinas percebeu-se a importância de reforçar a educação
em saúde, primeiramente extraindo das gestantes o que elas entendiam por
intercorrência durante o parto, foi necessário que os facilitadores usassem sinônimos
adequando a linguagem cotidiana das participantes para que o entendimento sobre o
significado de intercorrência e o que ela se relaciona fosse entendido por todas, visto
que a maioria das participantes tiveram dificuldades em entender o assunto.
De acordo com o caderno de atenção básica, publicado pelo Ministério da Saúde,
as intercorrências gestacionais mais recorrentes estão relacionadas a hipertensão,
diabetes gestacional e infecções. Explicar essas intercorrências para as participantes e
quais seus sinais e sintomas, trouxe para o grupo mais confiança para o momento do
parto, e por consequência mais tranquilidade.
Segundo Viellas, et al (2015), a realização do pré-natal é um elemento
indispensável na assistência em saúde a mulheres gestantes, uma vez que tal
acompanhamento está associado a um resultado positivo durante o período gestacional
e perinatal. Dado isso, foi importante tratar deste tema para ressaltar a importância do
pré-natal. E suprir a carência de informação que algumas gestantes tinhas relacionado a
este tema.
9273
afirmaram que por sentirem muitas dores e desconforto, optavam rapidamente por
fármacos. Quando os facilitadores as questionaram sobre métodos não farmacológicos
para o alivio de dor durante o trabalho de parto, foi quase unânime o desconhecimento
acerca deste tema. A maioria se mostrou cética a respeito de outros métodos que não
envolvesse o uso de nenhum fármaco. Após a orientação dada pelos os facilitadores, as
participantes entenderam e acharam interessante o assunto, porém ainda estava,
relutante quanto a sua eficácia.
Assim se insere a importância de propor, principalmente a esse grupo de
mulheres em situação vulnerável, um método de ensino fundamentado nas ideias de
Paulo Freire. Em que ferramentas educacionais são proporcionadas através do diálogo
mútuo e consequentemente o compartilhamento do conhecimento, trazendo consigo a
conscientização de suas demandas individuais dentro da sociedade. (LIMA, BRAGA,
2016). As possibilidades das ações educativas como meio de fomentar nessas mulheres
a sua capacidade crítica e reflexiva, terá um poder transformado, uma vez que suas
decisões com relação execução de seus direitos no momento do parto, serão realizadas
de forma presente e consciente, sem imposições de terceiros. (REIS et al,2017)
Conclusão
O presente estudo, portanto, revelou resultados significantes para as
participantes. Percebeu-se ótimo aproveitamento e satisfação quanto aos assuntos
abordados, quanto a troca de experiências entre as participantes e facilitadores, quanto
as informações repassadas e que as mesmas ajudaram no momento do parto. As
mulheres afirmaram que as oficinas tinham atingindo as expectativas e que
recomendariam a atividade educativa para outras gestantes. Foi possível perceber que
as gestantes adquiriram conhecimento sobre o assunto parto ativo, métodos não-
farmacológico para alívio da do no parto e apresentaram-se, ao final, empoderadas.
Com base nos resultados da atividade educativa com gestantes, ficou
evidenciado que os profissionais de saúde devem reforçar seus atendimentos com esse
público, pois para muitas das gestantes esse período é algo novo, é um processo de
transformações e que com isso surgem muitas dúvidas sobre diversos assuntos. A
criação de grupos é uma alternativa para que vínculos possam ser fortalecidos, que as
gestantes cada vez mais se sintam preparadas e passem por esse processo mais segura
de seus atos e responsabilidades.
Referências
9274
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Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e puerpério:
atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Brasília, DF, 2005.
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9276
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9277
A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS DE ENFERMAGEM PARA IDOSOS COM
COMUNICAÇÃO VERBAL PREJUDICADA
Resumo
O processo de envelhecimento caracteriza-se por uma série de mudanças no organismo
que causam várias alterações no trato aéreo-digestivo superior, sendo responsáveis por
distúrbios de voz e deglutição, fazendo com que o indivíduo idoso não desenvolva de
forma precisa as funções do sistema estomatognático. A função do sistema
estomatognático que sofre mais mudanças é a fonação, levando a distúrbios na
comunicação do idoso. Este projeto tem por objetivo promover o conhecimento sobre
doenças fonoaudiológicas, associadas a fala, na terceira idade, acarretadas pela
dificuldade de atuação do sistema estomatognático, para os idosos da Universidade
Aberta a Melhor Idade da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. O projeto
desenvolveu-se por meio de atividades educativas e interativas, a partir de diagnóstico
precoce do conhecimento dos idosos e a aplicação do Questionário de Qualidade de
Vida em Voz. O desenvolvimento do tema foi por meio do canto e exercícios como
formas de trabalho da voz. Nos resultados percebeu-se que os alunos foram
participativos e pelas avaliações mostraram que o aprendizado foi efetivo, além das
atividades vocais, que todos aderiram e acharam importante. Destaca-se que poucos
idosos possuem dificuldades relacionados a fala, apresentando maior prevalência nas
questões de funcionamento físico. Considera-se ao final que há a necessidade e
importância do ensino sobre a comunicação verbal prejudicada nos idosos, sendo que
estes se mostram como multiplicadores de informações e importante figuras de
aprendizado nos assuntos que os envolvem.
Introdução
1
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Enfermagem e Divisão de Extensão (DEX).
2
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Enfermagem e Divisão de Extensão (DEX).
9278
O processo de envelhecimento caracteriza-se por uma série de eventos biológicos que
podem desenvolver o declínio das funções orgânicas propiciando assim o aparecimento
de doenças crônicas (CARDOSO, 2010).
Entre tantas definições, a fragilidade pode ser entendida como uma síndrome clínica,
mostrando sinais e sintomas que predizem diversas complicações futuras na saúde do
idoso (LANA, SCHNEIDER, 2014). Esta é vista como uma síndrome multidimensional que
envolve uma relação dos aspectos biológicos, psicológicos e sociais, que culmina com a
maior vulnerabilidade, levando a desfechos clínicos adversos (BRASIL, 2006).
9279
temporomandibular, pelos ossos do crânio e hióide. As dinâmicas compõem-se pelas
unidades neuromusculares que mobilizam as estruturas estáticas (CARDOSO, 2010).
Afirma-se que uma das principais questões que levam a uma boa qualidade de vida do
idoso é o relacionamento e a comunicação social com outras pessoas, sendo que este
processo está intimamente ligado a sua voz. Com o passar dos anos a voz sofre
modificações, levando a distúrbios, por conta do envelhecimento da laringe, a
diminuição da elasticidade dos tecidos, diminuição da capacidade vital, sendo que estão
relacionados ao mal funcionamento do sistema estomatognático (CARVALHO, 2002).
Dentro disto, a voz da mulher irá sofrer mudanças mais rapidamente, pois há a redução
do estrógeno na menopausa (CARVALHO, 2002).
9280
ou no ritmo; alterações que dificultam o uso e a compreensão da fala, da escrita, dentre
outros; e alterações na forma e conteúdo. Tais distúrbios são conhecidos como: disfonia,
dislalia, disartria, afasia, apraxia, dislexia, dentre outros.
Dentro de todas as questões abordadas e das evidências de que o idoso pode apresentar
distúrbios vocais, o principal objetivo do estudo foi promover o conhecimento sobre os
distúrbios de fala nos idosos. A partir desta questão principal abordada, buscou-se,
incialmente, descrever o conhecimento prévio que os alunos da Universidade Aberta à
9281
Melhor Idade da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UNAMI-UEMS) possuem
sobre o sistema estomatognático, objetivando construir atividades educativas de acordo
com a necessidade de entendimento deles e as abordagens que estes solicitam;
constatar os parâmetros do nível de qualidade de voz por meio do Questionário de
Qualidade de vida relacionada à voz (QVV) ou Voice related quality of life (VR-QOL). Tal
instrumento objetiva a análise dos aspectos de qualidade de vida relacionado a voz e
influência da disfonia no dia a dia do indivíduo (JARDIM, BARRETO, ASSUNÇÃO, 2007).
O QVV é um instrumento utilizado para medir a relação da voz com a qualidade de vida
do sujeito, tentando compreender qual a percepção que o indivíduo tem em relação a
sua voz e as reações frente a um problema vocal (RIBAS, PENTEADO, ZAPATA; 2014),
mostrando-se esta atividade importante para busca por questões envoltas do assunto.
Método
Dentro dos métodos utilizados neste projeto de extensão, buscou-se a melhor forma
para abordar o conhecimento, destacar a importância e a relevância do assunto aos
idosos. O Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV) foi aplicado por ser um
instrumento estruturado com questões claras e objetivas que visa avaliar a frequência e
a intensidade do comportamento.
Este projeto de extensão (vinculado ao Programa de Institucional de Bolsa de Extensão)
está sendo desenvolvido com os idosos que participam da Universidade Aberta a Melhor
Idade da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UNAMI-UEMS), que é um
programa de extensão consolidado e em atividade desde 2014. As ações estão
ocorrendo desde agosto de 2017 e terminam em julho de 2018, uma vez por semana e
no período vespertino.
A população alvo conta com cerca de 40 alunos frequentadores, porém, estas atividades
foram realizadas com 25 idosos.
Para identificar o impacto da voz no dia a dia do idoso foi utilizado o Questionário de
Vida em Voz (QVV), composto por 10 itens. O indivíduo responde assinalando a
pontuação de um a cinco. O primeiro significa “nunca acontece e não é um problema” e
o quinto significa “sempre acontece e é um problema”. Ao final ocorre a soma dos
valores obtidos formando o escore bruto. Por fim, o escore mínimo pode variar de 0 a
9282
100, e quanto maior o valor encontrado, maior a qualidade e vida relacionada a voz. O
questionário possui 10 questões, sendo que as questões 4, 5, 8 e 10 são relacionadas ao
domínio sócio emocional e as questões 1, 2, 3, 6, 7 e 9 são relacionadas ao domínio de
funcionamento físico (ZENARI, 2006).
Os escores variam de acordo com a qualidade de vida em voz do idoso, sendo que vão
de 0 a 100, levando em conta que escores de 0 a 60 significam alto impacto da voz na
qualidade de vida; de 61 a 80 referem médio impacto ou voz disfônica; e por fim, de 81
a 100 indicam baixo impacto da voz na qualidade de vida ou voz saudável (ROCHA;
2014).
9283
Os idosos participaram voluntariamente e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). O programa de extensão “Universidade Aberta à Melhor Idade”
passou pelo Comitê de Ética com Seres Humanos da UEMS sendo aprovado de acordo
com o parecer nº 2.045.573.
Resultados e Discussão
Participaram das atividades, ao todo, 25 idosos participantes da Universidade Aberta a
Melhor Idade (UNAMI-UEMS), sendo 22 mulheres e 3 homens. Todos entre 61 e 81 anos
de idade.
A aplicação do Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV) identificou que: 12%
dos entrevistados apresentaram resultados com escore de 0 a 60, se enquadrando em
alto impacto vocal; 12% apresentam escores entre 61 e 80, se enquadrando em médio
impacto vocal ou voz disfônica; e por fim, 76% dos idosos possuem escores entre 81 e
100, se enquadrando em indivíduos com baixo impacto da voz na qualidade de vida.
Dentro da análise dos questionários, observou-se que 82% dos entrevistados não
possuem nenhuma dificuldade em falar forte ou alto ou ser ouvido em lugares
barulhentos, 28% possuem um problema pequeno; 12% possuem um problema
moderado; e 8% possuem um grande problema. Identificou-se que 72% dos
entrevistados dizem que não possuem nenhum problema em respirar muitas vezes
enquanto fala por conta do ar acabar rápido; 12% possuem um pequeno problema; 12%
possuem um problema médio; e 4% possuem um grande problema. Sequencialmente,
64% dos entrevistados não possuem nenhum problema em começar a falar e não saber
como a voz vai sair; 2% possuem um pequeno problema; 20% possuem um problema
mediano; 4% possuem um grande problema; e 4% possuem um problema extremo.
Ainda, 80 % dos entrevistados dizem não possuir problema em ficar ansioso ou
frustrado por conta da voz; 8% possuem um pequeno problema; 8% possuem um
problema moderado; e 4% possuem um grande problema. Sequencialmente 76% dos
entrevistados afirmam não ter problemas em ficar deprimido por conta da voz; 16%
possuem pequeno problema; e 8% possuem extremo problema. Após isto, 76% dos
entrevistados dizem não possuem problemas e dificuldades em falar ao telefone; 4%
possuem um pequeno problema; 8% possuem um médio problema; e 12% possuem
problemas extremos. Na questão de ter problemas no trabalho ou para desenvolver a
profissão, 84% não possuem nenhum problema; 12% possuem problemas moderados; e
4% possuem problemas extremos. Em evitar sair socialmente por conta da voz, 88% não
tem problema algum; 8% possui problema moderado; e 4% possuem problemas
extremos. Em ter que repetir o que fala para ser compreendido 68% não possuem
9284
nenhum problema; 20% possuem pequenos problemas; 4% possuem grandes
problemas; e 8% possuem extremos problemas. Por fim, em questões de ter se tornado
menos expansivo por conta da voz, 76% não possuem o problema, 12% possuem um
leve problema; 4% possuem problemas moderados; 4% possuem problemas grandes; e
4% possuem problemas extremos.
Portanto, pode-se perceber que poucos idosos possuem extremos problemas vocais, a
partir de suas autoavaliações, sendo isto um bom sinal. Os problemas vocais estão
muito relacionados a qualidade de vida, não afetando, desta forma, a vivência destes.
Como resultado, a ação proporcionou mais conhecimentos sobre a Comunicação Verbal
Prejudicada aos idosos da UNAMI-UEMS, fazendo com que estes se interessassem pelo
assunto, realizando perguntas sobre alguns problemas que estes apresentavam, dentre
outros fatores. Houve grandes benefícios em relação a resolução de dúvidas que os
idosos possuíam em sobre o tema ministrado. Foi realizada a identificação do
conhecimento prévio e das dúvidas em relação ao tema ministrado na aula, sendo que
esta parte se mostrou muito importante para que fosse feito o direcionamento da aula,
sempre focando nas questões que rodeavam os alunos.
Dentro das avaliações feitas pelos alunos, concluiu-se que foram atividades muito
proveitosas, evidenciada por escritas como: “achei muito interessante falar sobre a
vulnerabilidade e achei muito interessante as demais palestras, gostei porque alguma
coisa ou outra a gente acaba esquecendo e é bom relembrar”, “não tenho problemas
com a voz mas pude aprender coisas que jamais saberia”, “aprendemos muito, pois
explica muito bem”, “gostei muito dos exercícios para melhorar a voz” e “achei a aula
bastante instrutiva e esclarecedora, mostrou-me bem a realidade de como envelhecer,
pois estou vivendo estes momentos com muita naturalidade”, dentre outras. A partir
disso, percebe-se que houve proveito e absorção de conhecimentos durante as
atividades educativas, sendo isto muito importante tanto para o aprendizado em relação
aos distúrbios vocais, como também uma forma de trabalhar a mente constantemente,
pois o ser humano é um ser aprendiz, desde o momento do nascimento até o seu
momento final, a vida lhe cobra uma constante aprendizagem, seja para que possa
sobreviver, seja para viver com qualidade (ROLDÃO; 2009).
Conclusão/Considerações Finais
O uso de protocolos de qualidade de vida se torna uma atividade muito importante em
pacientes com problemas vocais, pois a força da disfonia na qualidade de vida do
sujeito pode não apresentar relação direta com o grau de distúrbio vocal.
9285
Na amostra de 25 idosos que participaram da pesquisa e das atividades de extensão,
predominaram as mulheres. Com a média dos escores em 86.2, observa-se que a
maioria dos idosos não possuem problemas vocais. Destaca-se também, que as maiores
dificuldades do idosos estão apresentadas nas questões de domínio de funcionamento
físico, predominando questões fisiológicas, relacionadas a respiração, dentre outras,
pois se trata de indivíduos que já possuem algumas funções fisiológicas em declínio,
podendo afetar a questão abordada. Percebeu-se ainda que a maioria respondeu que
“não é um problema” a questão de “não tenho problemas no meu trabalho ou para
desenvolver minha profissão”, podendo levar em conta que a maioria destes são
aposentados e desenvolvem trabalhos residenciais no momento, assim, o contato com o
público pode ser menor. Por fim, a questão que mais idosos responderam que possuem
“extremo problema” é a questão de “tenho dificuldades em falar ao telefone (por conta
da minha voz)”, havendo muitos relatos de que precisam ficar repetindo as palavras, não
ouvem corretamente o que a outra pessoa diz, dentre outros.
Conclui-se, assim, que a Comunicação Verbal Prejudicada se mostrou um assunto muito
interessante a ser abordado, pois é perceptível que um tema no qual está presente na
realidade de muitos idosos da UNAMI-UEMS.
Referências
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características clínicas miofuncionais orofaciais aos hábitos alimentares. 2010. 182 f.
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2010.
9286
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associadas ao envelhecimento do sistema estomatognático. Revista Brasileira de
Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 1, n. 2, p. 41-51, jul./dez, 2004.
9287
RODRIGUES, N. O; NERI, A. L. Vulnerabilidade social, individual e programática em
idosos da comunidade: dados do estudo FIBRA, Campinas, SP, Brasil. Revista Ciências &
Saúde Coletiva, Campinas, v. 17, n. 8, p. 2129-2139, 2012.
9288
TRÊS MAPAS DOS “IS” DA SAÚDE MENTAL
Anamere Remígio da Silva; Gabriel da Silva; Leandro Mendes Sales; Patrícia Oliveira
Lira; Taciano Valério Alves da Silva.
Resumo
9289
resultado, a subversão como estratégia para transformações no âmbito social e político
da universidade e da sociedade.
Introdução
sentido que este projeto visou provocar, a discussão de temas diversos dentro de
espaços públicos a partir das demandas emergentes nos diferentes contextos. Pretende-
se engrandecer a extensão universitária, lançando as discussões acadêmicas num
processo de desterritorialização, onde o conteúdo teórico sobre Saúde Mental, é levado
para além da sala de aula e das pesquisas. Nessa perspectiva, pretende-se ampliar a
formação, articulando corpo, arte e clínica social, compondo um eixo interventivo de
transformação, crescimento grupal e interinstitucionalidade a partir da atividade
extensionista. A abertura que os mapas trazem, desterritorializam nossas visões
(Deleuze; Guattari, 1995), colocando fluxos e movimentos para fora, fazendo criar novos
acontecimentos e superfícies geradoras de ethos onde existam possibilidades de novos
cuidados e apreensões. Os mapas que vamos atualizar são expressões de sentidos que
assumem posições clínico-políticas. Nessa perspectiva, os alunos extensionistas foram
tomados em sua qualidade de cartógrafos ao mergulharem no plano da experiência com
os encontros dinâmicos que se propagam através do conhecimento relacional.
Metodologia
9290
Buscamos como referência metodológica o conceito de cartografia de Deleuze e
Guattari (1995). A cartografia é tomada como distanciamento dos modelos que
enaltecem a essência das coisas e pensam de maneira apriorística e sem relação com o
dinamismo das subjetividades. Tais autores lançam mão do rizoma como sendo
circunscrito através de fluxos que não seguem uma linearidade. “Não existem pontos ou
posições num rizoma, como se encontra numa estrutura, numa árvore, numa raiz, onde
existem somente linhas” (Guattari, 1995, p.25). Logo, a cartografia se apresenta por um
princípio de mobilidade e de atenção flutuante aos fenômenos que vão se implicando
no caminho das pesquisas e das intervenções. Trata-se, assim, de um sistema aberto.
9291
discussão sobre o suicídio se inseriu com filmes em curta metragem, mas, para além da
imagem, também foram construídos espaços para performances e debates.
E por fim, o terceiro mapa, que se apresentou como o I Encontro do Nucas que
aconteceu fora dos muros da faculdade, no Centro Cultural da cidade de Garanhuns-PE,
onde antigamente funcionava a estação ferroviária, aspecto que nos remete justamente
ao encontro e fluxo de pessoas. O evento apostou no caráter múltiplo do pensamento
quando, na constituição de sua programação, convidou artistas em diversas linguagens,
além de professores e profissionais em diversas áreas, tais como, Cinema, Filosofia,
Psicologia, Literatura, Sociologia e Design a fim de suscitar a mistura e a criação de
possibilidades entre a Universidade e a vida em seus diversos territórios.
Resultados e Discussão
1) INTERVENÇÃO NO MURO
Esta ação foi composta a partir de uma intervenção urbana realizada no muro de
uma escola pública estadual situada na cidade de Garanhuns-PE, através de exibição de
documentário, debates, narrativas e performances cênicas. A inspiração emergiu diante
9292
de uma pichação no referido muro onde se lia: “morte aos gays”. Os disparadores
escolhidos foram a exibição, no muro, de episódios da série-documentário do diretor
Allan Ribeiro intitulada Noturnas, a apresentação de performances cênicas e debates
acerca das afetações destes sobre os participantes. Ações e atos produziram reflexões e
discussões abarcando uma esfera sócio política que envolvesse a cidade, enquanto
lugar público.
ato que repercutiu como resistência pelo pensamento e pela ação, pelo debate
responsável, gerando outras possibilidades não dicotômicas para tratar o problema da
identidade na cena
9293
se tornam binárias quando o suicídio se reveste de questões eivadas de superstições e
julgamento moral. Dessa forma, muitos apreendem o suicídio julgando a pessoa suicida
e seu ato, não procurando discorrer através de outras questões mais aprofundadas.
Diante disso, nos cabe, enquanto profissionais de Saúde Mental, outros direcionamentos
e ferramentas que tornem nossa implicação quanto ao fenômeno do suicídio menos
legalista e filiada a uma moral. A universidade, particularmente nos cursos de Saúde,
muitas vezes, problematiza o suicídio por um apelo moral e higienista, corroborando
com uma forma de atuação que não toca sensivelmente o fenômeno, mas atua
enquanto dispositivo de controle e normatividade. Também, a sociedade interpreta por
essa via, nunca aprofundando o problema, visto que a
9294
Essa terceira intervenção foi traçada a partir da processualidade que se revelou
na organização do I Encontro do Nucas/UPE, realizado em parceria com a Secretaria de
Cultura (Secult) de Garanhuns, tendo como disparador o título “Cozinhando a nós e aos
outros”. Esse evento emergiu das discussões realizadas semanalmente nas reuniões da
extensão, culminando numa proposta que provocasse alunos, professores, universidade,
artistas e atores sociais diversos num movimento de autoria de pensamento e de
criação. O cozinhar, enquanto ato de transformação/criação engendrado sempre pela
mistura dos elementos, remete ao cuidado de si e do outro. A partir desse disparador, o
evento marcou mais um ato em meio às demais ações extensionistas sempre marcadas
pelo trânsito, dessa vez, no Centro Cultural da cidade. O evento engendrou a profunda
conexão entre saberes e sabores, a partir da linha transversal operada entre diversos
atores (conferencistas, alunos extensionistas, participantes diversos, artistas, etc.) que
se propuseram adentrar na composição dos “is” possíveis da vida, subvertendo a dita
Saúde Mental, com letras maiúsculas, da sua qualidade de conceito para sua condição
de mapa e devir no mundo e com o mundo.
Como nos alerta Rolnik (1988, p.01), o contemporâneo nos lança na instabilidade
de “fluxos variáveis sem totalização possível em territórios demarcáveis, sem fronteiras
estáveis, em constantes rearranjos.” Segundo Sales et al (2017), nesse contexto, o ideal
de uma identidade fixa se desfaz pela multiplicidade de modos possíveis de existência,
cuja realidade se recompõe a todo momento no fluxo contínuo dos acontecimentos.
9295
O legado da extensão, nesse sentido, foi contemplado, qual seja, aproximar a
formação acadêmica dos modos de vida e, nesse sentido, o “Cozinhando…” se fez
enquanto acontecimento para além de uma mera formalidade universitária.
Conclusão/Considerações Finais
Diante dos 3 mapas traçados pelo Nucas o que se percebe é uma grande conexão
entre sociedade e universidade, na primeira intervenção vivemos a troca pelas
provocações e reflexões apresentadas nas falas do público, onde se pôde elaborar
pensamentos críticos acerca dos temas suscitados pela escrita reducionista e fascista no
muro, todos ali presentes viveram, na pele, os afetos ganhando velocidade e
reverberando na criação de uma ação cotidiana para além e apesar do muros. O
segundo mapa revelou o espaço universitário em suas possibilidades de trânsito, de
encontros e evidenciou o acesso à clínica como potência estética para invenção de
infinitas possibilidades de intervenção clínica. Operou isso através de uma subversão da
lógica hegemônica do pensamento que coloca temas-tabus como é o caso do suicídio
no limbo, na medida em que não dá nenhuma possibilidade de tratá-lo no fluxo dos
acontecimentos da vida a não ser numa perspectiva de pura negatividade, ou seja,
enquanto patologia, desvio, quando não covardia e infortúnio. E no terceiro mapa,
Acreditando que a criação de conceitos e de modos de existência acontece na
experiência cartográfica, sempre atravessada pela processualidade do encontro e dos
fluxos de afeto operados nos coletivos de forças, o evento cumpriu o seu papel ao
investir nas misturas cujas potências produziram interferência não apenas em nossa
formação acadêmica e profissional, mas na produção de subjetividades singularizadas, o
evento falava sobre vida, não tratava-se apenas da reprodução de teorias, mas sim, da
criação e transformação de novos modos de vida.
Referências
1992.
9296
ROLNIK, S. Subjetividade antropofágica. Disponível
em:http://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/Subjantropof.pdf
(Acesso:15/11/2017)
SALES, L.; SILVA, G.; OLIVEIRA, R., LIRA, P., SILVA, T. Três mapas dos “is” da Saúde
Mental. Revista Brasileira de Iniciação Científica, Itapetininga, v. 4, n. 8, 2017. Edição
Especial Universidade de Pernambuco, Unidade Garanhuns.
9297
SERVIÇO SOCIAL E JUVENTUDE: FATORES SOCIAIS QUE DESENCADEIAM PROBLEMAS
DE SAÚDE MENTAL NOS JOVENS UNIVERSITÁRIOS
Resumo
Este trabalho é resultado de uma pesquisa desenvolvida no curso de Serviço Social, na
disciplina de Sociologia I, no segundo semestre de 2017. Procurou discutir os fatores
sociais que desencadeiam problemas de saúde mental nos jovens universitários
compreendidos entre 17-29 anos, alunos da UFRN. Buscamos provar que aspectos como
a pressão social e familiar aliados a alta expectativa individual estão diretamente
ligados ao desenvolvimento das doenças psicossociais nesses jovens, destacando a
função do assistente social, que deve agir multidisciplinarmente para trabalhar a
questão no meio acadêmico. Ademais, a pesquisa desenvolvida abrangeu as três
grandes áreas da Universidade – exatas, humanas e biológicas - e revelou que o
principal fator causador de problemas dessa ordem é a cobrança, seja familiar ou
referente as expectativas sociais como um todo, ressaltando que decorrente disso,
muitos estudantes passam a fazer uso de efeitos compensatórios para lidar com a
sobrecarga imposta. Os resultados do trabalho ainda revelaram que não existe uma
equipe multidisciplinar atuando na Universidade e o suporte oferecido não atende a
grande demanda, sendo pouco divulgado e revelando assim um quadro preocupante em
relação a forma de lidar com a situação.
1
Aluna do Bacharelado de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2 Aluna do
Bacharelado de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 3 Professor Doutor em
Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
9298
Introdução
A inserção dos jovens na Universidade traz consigo diversas mudanças, dado que, em
sua maioria acabaram de concluir o ensino médio e não sabem administrar as novas
pressões e cobranças. Unindo essas questões a uma sociedade na qual as relações são
frágeis, a realidade é conflituosa e as mudanças são rápidas, é preciso explicitar que o
amor ao próximo se torna imprevisível (BAUMAN, 2004). Em consequência disso, é
indispensável explanar que essas relações se estendem ao ambiente acadêmico, que por
sua vez, reproduz o individualismo e a competição.
9299
na área da saúde mental como um colaborador, que agindo em uma equipe
multidisciplinar irá garantir uma assistência efetiva para tais casos.
Metodologia
Dessa forma, para as entrevistas foram selecionadas oitenta e cinco pessoas. Dentre
esses, oito eram profissionais (uma antropóloga, duas psicólogas, uma assistente social,
um psicoterapeuta, uma engenheira elétrica, um engenheiro elétrico e uma professora
de arquitetura. Os outros setenta e sete, eram universitários (trinta e sete homens e
quarenta mulheres) graduandos das diferentes áreas do conhecimento (exatas, humanas
e biológicas) e nos diferentes períodos.
9300
que interferem na saúde mental, as dificuldades e satisfações com o ambiente
acadêmico e a relação deles com o apoio oferecido pela UFRN.
Diante disso, foram analisados os fatores em comum citados pelos profissionais como
possíveis causas para esse problema nos jovens e também a efetividade do apoio
oferecido pela universidade. Logo após a coleta dessas informações foram também
estudados os questionamentos feitos aos estudantes, conferindo as semelhanças e
destacando os pontos importantes dessa pesquisa de caráter subjetivo.
Resultados e Discussão
Tendo em vista que o termo “juventude” abrange diversas dificuldades e
questionamentos, é necessário assegurar que não existem respostas ou verdades
absolutas a respeito, contudo, é possível clarear o debate (ABRAMO,2005). Objetivando
esse ponto, foram entrevistadas oitenta e cinco pessoas – oito eram profissionais que
de alguma forma possuem relação com o tema da pesquisa e setenta e sete eram
estudantes universitários da UFRN.
Portanto, não se pode falar de saúde mental como um tema isolado ou separado dos
fatores sociais, econômicos e culturais que permeiam nosso cotidiano, pois, o
adoecimento mental se manifesta como sintoma de uma sociedade adoecida e pragada
por conceitos individualistas, objetificando o homem e endeusando os objetos (MARX,
1867).
Em conversa com a antropóloga Lilian Leite – que estuda dentre outros temas a
Antropologia da Saúde, focando assim na saúde mental, no indivíduo, loucura e políticas
públicas – foi possível esclarecer ainda mais a questão, dado que tornou evidente a
viabilidade de estudar a temática através do viés sociológico. Quando questionada a
9301
respeito de quais seriam os fatores responsáveis pelo adoecimento dos jovens
universitários, ela apontou os valores sociais impostos pela sociedade produtivista e
citou Weber (1967) quando disse que o trabalho engrandece o homem. Acrescentou
ainda que a estrutura capitalista torna o indivíduo mais suscetível ao adoecimento
social, dado que o homem não admite o cansaço que o trabalho traz, pois, fazer isso é
visto como fraqueza. Na sociedade em que o trabalho é tido como força e que sua
persistência em relação a isso se torna referencial de um indivíduo saudável, os jovens
se sentem intimidados, seja pela família e suas cobranças ou pela sociedade e os
preceitos que impõe. De acordo com ela, esses fatores, se atrelados a abrupta transição
do ensino médio para a universidade, podem, de fato, se tornar o gatilho para o
surgimento das doenças psicossociais.
9302
consequências. De acordo com a antropóloga Lilian, a universidade para o jovem é um
desafio. A pesquisadora, aponta ainda, que esses fatores causam problemas como a
ansiedade e outras doenças psicossociais, dado que se trata de um ambiente repleto de
conflitos.
Quando questionados sobre os principais fatores sociais que podem causar o início do
processo de adoecimento mental, os mais citados foram: Cobrança, pressão familiar,
pressão social, dificuldades financeiras, competitividade e insatisfação com o curso.
Para melhor explanar esses dados, segue abaixo o "Quadro 1" com o resultado do
questionamento.
A cobrança foi citada como fator para o desencadeamento das doenças psicossociais por
cinquenta e um dos jovens entrevistados, comprovando assim as suposições iniciais.
Além disso, dentre os jovens entrevistados, quarenta e seis afirmaram que conciliam a
universidade com o trabalho, e de forma unânime expuseram que isso prejudica a vida
acadêmica, dado que não possuem tempo suficiente para estudar, consequentemente
afetando a saúde mental.
Alguns se permitiram dizer que utilizam para esquecer dos problemas da vida cotidiana.
9303
respectivamente – se tornou evidente que a Instituição não consegue lidar com a
grande demanda de discentes e até mesmo docentes que solicitam atendimento.
Infelizmente não se trata apenas da quantidade de funcionários, mas sim, da pequena
infraestrutura. Ponto esse, destacado também pela assistente social Brunilla –
funcionária da PROAE –afirmando que com uma melhor estrutura de atendimento, mais
pessoas seriam atendidas e o processo ganharia mais agilidade.
Ao entrevistamos Poliana, foi constatado que apesar de não existir de fato, uma equipe
multidisciplinar – assistente social, psicólogo e pedagogo - existe sim, uma interação
entre a psicologia e o serviço social, tendo em vista que quando um aluno vai para a
terapia e ela percebe que os problemas dele não são apenas de ordem psicológica, mas
sim social - falta de dinheiro para transporte público, dificuldade em se manter no
curso, falta de lugar para residir e outros fatores sociais – entra em contado com a
assistente social para que a questão seja solucionada de forma que o paciente possa
melhorar de suas angustias. Ademais, o diálogo com Brunilla reafirmou esse ponto,
quando nos esclareceu que unindo as funções – assistente social e psicólogo - um
maior número de jovens pode ter seus problemas resolvidos, diminuindo assim o
número de estudantes que estão passando por problemas de ordem psicossocial. Além
disso, ela reforçou o que já havia sido dito pelos outros profissionais: “o problema é
falta de estrutura”.
9304
forma mais séria”. Sônia acrescentou que precisou mudar a maneira de vestir-se para
adaptar-se a profissão. Em suma, ela precisou mudar, deixar sua vida pessoal e sua
saúde em segundo plano para se dedicar a carreira, fato este que ela diz não ter valido a
pena.
Além disso, foi possível observar que os alunos da área de exatas preferem não recorrer
ao auxílio disponibilizado pela UFRN – SEPA e PROAE - por ser muito longe do seu
setor de aulas, ou seja, impossível otimizar o tempo, visto que, tudo para eles precisa
fluir às pressas. A psicóloga do PROAE ainda nos disse que quando os alunos dessa área
recorrem a eles, chegam já “nas últimas”, o que dificulta o processo de sanar o
problema. Para melhor esclarecer esse ponto da entrevista, segue o “Quadro 2”.
9305
“Você tem que ser CDF ou é “Não consigo dormir direito. Tenho crises
desprezado”! de choro com medo de não conseguir
cumprir com todas as obrigações
acadêmicas.”
Quando questionado a respeito dos fatores sociais que podem ser apontados como
causa dos problemas de saúde mental, o psicoterapeuta Jaime Farias, com quem
também conversamos, decidiu se abster da resposta e pediu para que um de seus
pacientes respondesse. O jovem de 26 anos, estudante universitário, diagnosticado com
ansiedade e depressão disse:
Conclusão/Considerações Finais
Retornemos ao título: “Serviço social e juventude: fatores sociais que desencadeiam
problemas de saúde mental nos jovens universitários”. Após todas as informações
inseridas aqui, você ainda vai deixar alguém falar que saúde mental é bobagem? Que
reclamar do acumulo de atividades acadêmicas é drama?
9306
Muitos indivíduos banalizam o problema, dado que categorizam as pessoas e
desenvolvem uma expectativa do que consideram normal. Posto isso, o que está
relacionado a saúde mental é rotulado como loucura (GOFFMAN, 2004). Devido a essa
visão estigmatizada, nos foi perceptível o motivo de muitos jovens terem receio de
pedir ajuda ou apenas conversar com alguém. É preciso saber diferenciar “o comum”, do
“normal”, principalmente quando a OMS aponta o suicídio como segunda causa de
morte entre os jovens.
Ao fim desta pesquisa, após todo o processo de comprovação das hipóteses, torna-se
evidente o quanto é necessária a conscientização o debate a respeito da saúde mental
dos jovens. Tornou-se evidente também, quais são os fatores sociais, econômicos e
culturais que desencadeiam o processo de adoecimento e o porquê de muitos
estudantes estarem insatisfeitos com suas escolhas acadêmicas.
Referências
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9309
PROMOVENDO SAÚDE E EMPODERAMENTO COM USUÁRIOS HOSPITALIZADOS EM ALA
PEDIATRICA – RELATO DE EXPERIENCIA
Maria Edna Bezerra da Silva1, Fernando Iago Fernandes de Farias2; Maria Clara de Araújo
Cavalcante2; Paula Estevam Pedrosa Toledo2; Martha Alves de Mendonça2
Resumo
INTRODUÇÃO: A promoção da saúde está inserida na perspectiva de um modelo
de atenção que busca a qualidade de vida das populações, compreendendo que o
processo saúde-doença é resultado dos determinantes socioeconômicos, políticos e
culturais que cercam os sujeitos, não se limitando apenas ao campo biológico (SILVA,
2011). Dentro da linha de humanização do Ministério da Saúde, e dialogando com a
promoção a saúde, foi idealizado o Projeto Resgatar. OBJETIVOS: desenvolver atividades
de promoção a saúde e discussões acerca de direitos humanos para usuários do SUS
nos setores de Pediatria e Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HGE, visando
promover junto aos acadêmicos dos cursos da saúde e demais cursos uma formação
interdisciplinar, multiprofissional e humanista. ME T O D OL OG IA E R E SUL T A D OS .
As atividades ocorreram a cada quinze dias, discutindo temas variados, como prevenção
do câncer de mama ao papel dos conselhos tutelares e proteção a criança. Os alunos
f o r a m divididos em trios e desenvolveram as atividades dentro das enfermarias e
no corredor da pediatria, setor de queimados e observação pediátrica. Ao longo do
segundo semestre de 2017 e até fevereiro de 2018, já foram envolvidos nas ações 420
usuários entre crianças e seus acompanhantes. CONCLUSÕES: Percebe que as atividades
desenvolvidas proporcionaram uma relação humanizada entre os estudantes e os
usuários e/ou acompanhantes, uma vez que exigiu dos acadêmicos esforços para uma
assistência de qualidade e consoante com os princípios do Sistema Único de Saúde
(SUS) de integralidade, equidade e universalidade. Os estudantes se sentiam
recompensados por aprenderem em um processo mútuo no diálogo com os
9310
acompanhantes e pacientes. E estes, por sua vez, sentiam que as visitas haviam
contribuído para refletirem frente à sua realidade, colaborando que possam para tomar
suas próprias decisões diante dos fatores que interferem no processo saúde-doença.
9311
comunidade são algumas estratégias apontadas para alcançar a transformação (CECCIM,
2004).
A Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão – HumanizaSUS
(PNH) do Sistema Único de Saúde, introduzida no Brasil em 2003, surge como mais uma
das estratégias que podem contribuir nas transformações do perfil do profissional de
saúde com o objetivo de disseminar práticas de saúde humanizadas para usuários,
trabalhadores e gestores (MOREIRA et al, 2015). Visa ainda contrapor o discurso
hegemônico na saúde, potencializando e criando espaços de troca onde pessoas com
valores, saberes, hábitos, desejos, interesses e necessidades diferentes encontrem
conjuntamente saídas para os problemas do cotidiano (MARTINS; LUZIO, 2014).
É preciso incorporar um olhar horizontal profissional/paciente, aproveitando
o período de hospitalização para criar novas relações dos usuários com o sistema de
saúde, reprogramar suas vidas, adquirir novos hábitos de autocuidado e autonomia,
construindo o ambiente como um espaço de promoção da saúde, de defesa da vida e da
cidadania (GUEDES et al, 2009), tornando o ambiente hospitalar um espaço potente de
produção de cuidado em saúde.
Nesse sentido, percebe-se a importância do desenvolvimento de projetos de
extensão universitária que contribua com o currículo acadêmico adotado pelas
instituições, com ações que busquem aproximar os estudantes dos cenários de prática e
as realidades nas quais eles possam desenvolver habilidades, que apesar de essenciais
para uma boa atuação profissional, não são ensinadas em salas da aula, assim como a
capacidade de trabalhar em grupo, a empatia, e a humanização.
Dialogando com a PNH, surge o Projeto Resgatar no ano de 2009 a partir do
protagonismo de um grupo de 13 alunos do curso de Medicina e professores da FAMED e
do Núcleo de Saúde Pública-NUSP/UFAL. O presente projeto contribui ainda para
fortalecer a integração entre os serviços de saúde a comunidade e as Unidades de
ensino fomentando ajustes nos Projetos Político Pedagógico dos cursos para atender às
Diretrizes Curriculares Nacionais, ampliando a atuação na rede SUS.
1. Objetivos
O relato tem como objetivo apresentar a experiência do projeto e sua
capacidade em contribuir com uma formação humanizada para os estudantes
envolvidos dos diversos cursos de forma interdisciplinar, proporcionando habilidades de
saber lidar com os pacientes a partir de uma perspectiva que envolva o cuidado
integral, promoção em saúde e o respeito aos Direitos Humanos.
9312
2. Relato da experiência
O Projeto Resgatar-HGE é um projeto de extensão universitária que
desenvolve ações de Promoção a saúde usando como uma de suas estratégias a
Ludoterapia e educação popular em saúde. O projeto realiza visitas semanais ao HGE
durante um ciclo de atividades que compreende o semestre letivo, promovendo
atividades que atingem uma média de 480 participantes, entre crianças e
acompanhantes durante o período.
A proposta para o desenvolvimento do presente projeto surgiu a partir de
várias discussões sobre ética e relações humanizadas nos serviços hospitalares,
destacando o distanciamento existente entre os profissionais e o paciente no
ambiente hospitalar, percebido por vários artigos científicos e visitas dos alunos de
medicina nos serviços de saúde durante atividades na disciplina Saúde e Sociedade III,
no módulo de Educação e comunicação na prática.
Os estudantes se caracterizam como doutores palhaços, usando narizes
vermelhos e jalecos confeccionados com diversos adereços a partir do personagem
adotado por cada um dos integrantes. Também se caracterizam com figurinos de
personagens diversos do universo infantil.
9313
projeto tem contato vêm do interior do estado, de cidades como Boca da Mata, Anadia,
São Luís do Quitunde e outras. Além disso, por serem de regiões de interior, a maioria
possui uma condição econômica de baixa renda e constituem famílias numerosas.
Durante as ações, os integrantes do projeto já ouviram diversos relatos de mães que
vem a Maceió acompanhando um filho doente e sendo obrigada a deixar os outros
filhos sob os cuidados de um filho mais velho, normalmente adolescente, pois o pai não
vivia mais com a família e ela não tinha condições de trazer todos ou manter alguém
cuidando deles na cidade natal.
Durante as atividades são utilizados instrumentos musicais, fantoches e
outros recursos lúdico-pedagógicos como dinâmicas de grupo, peças teatrais, paródias
musicais, jogos educativos e pinturas com temas relevantes de prevenção e promoção a
saúde, como saúde bucal, alimentação saudável, direito dos usuários do SUS e
prevenção de doenças tais como: dengue, zyca, câncer de mama e outros.
Destacamos que o brincar e o jogar são experiências indispensáveis à saúde
física, emocional e intelectual, principalmente para o público infantil, por conseguinte
os integrantes faziam uso destes recursos.
Destarte, as ações de educação em saúde sempre são precedidas de
planejamentos, que acontecem na sala do projeto na UFAL. Os integrantes elaboram as
estratégias de abordagem do assunto que irão permear cada ação, de forma a incluir as
crianças e os acompanhantes no processo de construção compartilhada do
conhecimento, resultando na apreensão efetiva das informações e na posterior
mudança de hábitos e tomada de consciência.
9314
Na ação de saúde bucal foram usados vários recursos lúdicos como: uso de
Dedoches onde cada integrante explicava o tema proposto de forma lúdica, Kit de
big’s models utilizado para facilitar o aprendizado da correta escovação, contação de
estória (realizada através do rodízio de uma equipe nas enfermarias) e distribuição de
folder autoexplicativo para os acompanhantes e crianças visando ajuda-los a recordar
o conteúdo abordado nas atividades e servir como material para colorir e interagir com
as crianças. Também usamos macro dentes em cartolinas, uns com a doença cárie e
outros sadios, para incentivá-los a falar o que entendiam sobre o tema através da
brincadeira de associação com imagens. Outro recurso foi à utilização de imagens de
alimentos que “fazem bem” e os que “fazem mal” aos dentes.
9315
Figura 04 – Apresentação de peça teatral no segundo semestre de 2017
9316
lúdicas é efetiva para a mudança positiva no estado emocional dos pacientes e também
para o processo de formação humanizada, como mostra o relato a seguir:
“O Projeto proporciona mudanças não apenas no âmbito
profissional, mas também no pessoal. Todos nos tornamos mais
humanos, capazes de ver o indivíduo na sua totalidade, com um
grande sentimento de empatia por todas as crianças que
conhecemos. Pois é dentro do Projeto que participamos ativamente
na vida da sociedade, saindo do ambiente acadêmico e vivendo a
realidade que a maioria da população se encontra. Dentro do
Resgatar criei vínculos que me fizeram pensar que tipo de
profissional que desejo ser futuramente. Como estudante da área
da saúde, puder ver de perto a importância de uma equipe
multidisciplinar.” (Estudante de Terapia Ocupacional, 1º ano.)
Uma ação muito efetiva em relação à promoção de saúde foi a ação de São
João, realizada no ano de 2016, na qual foi abordado o procedimento correto a ser
adotado nos casos de queimaduras, já que, durante essa época do ano, os acidentes com
fogueiras são muito frequentes. Foi perceptível aos membros, quando estes
comparavam as respostas dadas pelas crianças acerca “do que deveria ser feito em
casos de queimaduras” o quanto estas aprenderam sobre o assunto; como pode ser
evidenciado com a análise do depoimento de um dos participantes dessa ação:
“Na minha opinião, em relação a educação em saúde essa foi a
ação mais importante, pois pelo que eu pude perceber a maioria
das mães e crianças agiam de modo errado quando sofriam
queimaduras (acreditavam que era importante passar pasta de
dente, manteiga, pomada, etc.) e uma das crianças me contou
inclusive que já tinha se queimado no São João e que ela tinha
passado manteiga. Fora isso o dia foi bem animado, teve
quadrilha, comida de milho, muita alegria, dança [...]” (Estudante
de medicina, 4º período).
9317
“[...] ainda estava me familiarizando com o ambiente, não sabia
muito bem o que dizer ou como agir com as crianças. Fiquei
observando os outros membros que já faziam parte do projeto
para conseguir ficar mais à vontade para desenvolver a ação. [...]
quando entrei no CTQ encontrei logo duas crianças com as quais
consegui interagir, mas havia uma outra criança que por ter
chegado há pouco tempo ainda estava assustada e chorava
sempre que eu me aproximava e isso me deixava nervosa para
continuar [...]” (Estudante de medicina, 4º período).
9318
para eles dormirem, até o fato de estarem distante do seu trabalho, de sua casa, dos
outros membros de suas famílias e do seu cotidiano. Frente a isso, alguns integrantes
do projeto desenvolviam sua capacidade de empatia, a necessidade de se porem no
lugar dos familiares, como mostra o relato a seguir:
3. Considerações finais
O projeto promoveu maior aproximação dos acompanhantes e pacientes com
os estudantes, evidenciando como o recurso da Ludoterapia auxilia a prática a partir
duma perspectiva mais humanizada no âmbito do crescimento acadêmico dos
estudantes integrantes do projeto, que servirá como base para sua futura atuação
profissional.
Ao final do ciclo foi perceptível o quanto os estudantes se sentiam
recompensados por aprenderem em um processo mútuo no diálogo com os
acompanhantes e pacientes. E estes, por sua vez, sentiam que as visitas haviam
contribuído para torná-los mais críticos frente à sua realidade, capacitando-os para
tomar suas próprias decisões diante dos fatores que interferem no processo saúde-
doença.
Apesar das dificuldades enfrentadas, o projeto é um potencializador para
uma formação mais humanizada para os futuros profissionais da saúde, condizentes
com as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em saúde, marcante
por buscar habilidades e competências como a empatia, a solidariedade, a valorização
9319
da vida, a curiosidade em relação ao desconhecido e a capacidade de indignar-se diante
de uma realidade insatisfatória, desse modo proporcionando oportunidade para reflexão
sobre a própria prática e a troca de saberes entre os profissionais de saúde, objetivando
possibilitar o aprimoramento da qualidade da atenção à saúde.
É inegável também a sua contribuição na formação de estudantes que
tenham uma visão integral da assistência, que possam superar a “divisão” entre a cura e
o cuidado, que visem promover saúde e contribuam com a população em processos de
construção compartilhada de conhecimento. Pois, é a partir dessa perspectiva que o
paciente é visto em sua integralidade, tendo sua subjetividade valorizada, assim como
seu modo de vida, seus aspectos socioeconômicos, políticos, e culturais, tornando-se
sujeito ativo em seu processo de recuperação.
Referências
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9320
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9321
A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
José Thiago Alves de Sousa1; Kallyny Marques Linhares2; Kerolayne Vaneska da Silva3;
Iara Nayara de Barros Matos4; Rafaela Juliane Silva Santos5; Vanille Valério Barbosa
Pessoa Cardoso6
Resumo
1
Discente do curso de bacharelado em Nutrição da UFCG.
2
Discente do curso de bacharelado em Nutrição da UFCG.
3
Discente do curso de bacharelado em Nutrição da UFCG.
4
Discente do curso de bacharelado em Nutrição da UFCG.
5
Discente do curso de bacharelado em Nutrição da UFCG.
6
Docente do curso de bacharelado em Nutrição da UFCG
9322
nesse grupo. O projeto, construiu um conhecimento compartilhado com os diferentes
públicos, ainda, potencializou a extensão popular como estratégia fundamental,
realçando os processos de ensino e fortalecimento da EAN. Logo, pode-se afirmar que
as ações de educação popular constituíram um caminho teórico e metodológico capaz
de formar profissionais de saúde com postura diferenciada e visão crítica, tendo na
nutrição um campo profícuo para a construção da saúde numa perspectiva que
extrapole a prática biologicista da alimentação.
Introdução
A educação popular foi pauta da 12ª Conferência Nacional de Saúde que, em seu
eixo temático Educação Popular em Saúde, apresentou uma série de deliberações
contemplando estratégias e ações a serem implementadas no SUS, com objetivo de
fortalecer a Educação Popular em Saúde no trabalho com o controle social, gestão,
cuidado e formação em saúde. Já na 13ª Conferência Nacional de Saúde, em 2007, essas
propostas foram reafirmadas e foi adensada a proposta de inserção da Educação
Popular em Saúde nos processos de ensino-aprendizagem realizados nas escolas do
ensino fundamental; foi deliberado que Ministério da Saúde - MS e Ministério da
Educação - MEC deveriam se articular para criar uma linha de financiamento
permanente para subsidiar os processos de educação popular em saúde, com objetivo
de formar e qualificar a população para a participação e o controle social no SUS.
Também foi deliberada a instituição do Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde
- Cneps, composto por órgãos do Ministério da Saúde, entidades e organizações não-
governamentais, visando o fortalecimento de experiências de protagonismo popular, a
troca de saberes e a implementação da Política Nacional de Educação Popular em
Saúde no SUS (CONASS, 2013).
A educação popular também foi apontada como prioridade na 14ª Conferência
Nacional de Saúde, que dentre outras ações relativas, expressou a demanda pela
implementação de uma Política Nacional de Educação Popular em Saúde. Em 2009, a
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa - Sgep/MS constituiu o Comitê Nacional
de Educação Popular em Saúde Cneps, composto por 36 membros titulares e seus
respectivos suplentes, com representação de 13 movimentos populares, duas entidades
dos movimentos representativos dos gestores e 9 representações de áreas técnicas do
MS, além de instituições ligadas ao SUS. Foi este comitê o responsável por fomentar o
9323
diálogo entre os coletivos e educadores, profissionais de saúde, trabalhadores, gestores
e estudantes, no | contexto do SUS e da gestão participativa (CONASS, 2013).
Sabe-se que educação e saúde são termos intrinsecamente relacionados. Sem a
existência de um processo educativo, a saúde dificilmente se implicaria como resolutiva
ou, até mesmo, se concretizaria como um meio palpável que possui um caráter social
tão importante quanto o científico. Observar que existem diversas modalidades de se
produzir educação em saúde faz parte da aquisição de um leque de possibilidades para
a compreensão de um processo que se dá em constante edificação (BRASIL et al.,2017).
O projeto Educação Alimentar e Nutricional no Ambiente Escolar, apresenta-se
como um projeto de extensão promovido pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão em
Nutrição e Saúde Coletiva (Núcleo PENSO), O Núcleo Penso busca desenvolver suas
ações tendo como fio condutor os princípios da educação popular, que se preocuparam
com o diálogo, a horizontalidade, a amorosidade, a problematização e a construção de
extensão. A Educação Popular é incentivo de muitas práticas sociais que professores,
estudantes e intelectuais tentam implementar nos espaços livres de seus trabalhos,
proporcionando o protagonismo em acadêmicos e não acadêmicos. Nessa perspectiva, o
Núcleo Penso da Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cuité/PB, constitui-
se como rede de extensão universitária orientada pela Educação Popular que visa
promover articulação e integração entre os programas e projetos de extensão.
A primeira parte do projeto de Educação Alimentar e Nutricional no Ambiente
Escolar aconteceu na Escola Municipal Eudócia Alves dos Santos e atualmente está
sendo desenvolvido na escola Tancredo de Almeida Neves, ambas localizadas no
referido município. A construção do Projeto deu-se em resposta a chamada nutricional
que ocorreu no ano de 2013. Foi pensado e posto em prática no ano seguinte, buscando
desempenhar ações como estratégia para promoção da saúde e garantia da Segurança
Alimentar e Nutricional, promovendo ações de fortalecimento de territórios urbanos em
situação de vulnerabilidade social.
O presente trabalho trata-se da experiência vivenciada por alunos extensionistas
do curso de Nutrição da Universidade Federal de Campina Grande, que tem como
alicerce os princípios da Educação Popular idealizada por Paulo Freire e na Política
Nacional de Humanização (PNH). Formulada e lançada em 2003 pelo Ministério da
Saúde (MS), a PNH é um exemplo de proposta de renovação dos modelos de gestão e
atenção no cotidiano dos serviços de saúde. Pois reafirma os princípios da
universalidade, equidade e integralidade do SUS, assim como, propõe a
transversalidade, a não dissociação entre atenção, gestão e protagonismo,
corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos (MATTOS, 2009).
9324
A educação popular é o processo constante e organizado que implica momentos
de reflexão e estudo sobre a prática do grupo ou da organização. É o confronto da
prática sistematizada com elementos de interpretação e informação que permitam levar
tal prática consciente a novos níveis de compreensão (HURTADO, 1993).
Uma educação que procure o diálogo determina a visão do outro como sujeito, a
compreensão de que o saber popular “... É elaborados sobre experiência concreta, sobre
vivências distintas daquelas do profissional” (VALLA, 1998), configurando saberes
diferentes, mas não inferiores. Trata-se de reconhecer que os saberes são construídos
de formas diferentes e quando da interação entre sujeitos, estes possam ser
compartilhados, e não hierarquizados O Conhecimento é construído no diálogo entre
sujeitos, sabendo que conhecimento significa consciência da realidade e da condição
humana. Diálogo entre sujeitos é educação não alienada e não alienante. (CARVALHO,
ACIOLI e STOTZ, 2001).
As metodologias ativas vão ao encontro dessa proposta, pois os educandos
assumem, desde o início, o papel de sujeitos ativos e os educadores de estimuladores e
facilitadores da aprendizagem, numa relação afetiva de troca e crescimento mútuo.
Fundamenta-se no diálogo entre o educando e o educador e na construção coletiva do
conhecimento.
O Projeto Educação alimentar e Nutricional prioriza os laços fixados entre a
comunidade local e a universidade, com intuito de superar a concepção tradicional de
extensão universitária que, segundo Freire, está baseada em uma visão messiânica, na
qual sujeitos superiores depositavam seus conhecimentos em pessoas recipientes,
desconsiderando suas vivências e desrespeitando seus saberes, valores e crenças para
impor-lhes os valores e os saberes produzidos na academia. Dessa forma, associou-se o
termo “extensão” a uma concepção diretiva, vertical, de transmissão, doação,
messianismo, invasão cultural. Tais práticas reduzem o ser humano a um ouvinte
passivo, alienado ao saber acadêmico, negando lhe o direito de agir, participar
ativamente como ser de transformação do mundo, negando lhes também, o
protagonismo na elaboração de conhecimentos autênticos (FREIRE, 1987).
Considerando a importância da educação popular em saúde, enquanto
instrumento de articulação dos princípios e diretrizes defendidos pelo SUS, este
trabalho objetiva relatar experiências vividas na práticas de ações de educação popular
em saúde, que vem sendo desenvolvidas no âmbito da extensão universitária, e de que
forma estas práticas se relacionam com os princípios e eixos estratégicos propostos
pela Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS-SUS).
9325
Metodologia
9326
merendeiras e escala hedônica com os alunos, com intuito de verificar o grau de
aceitação dos envolvidos em relação ao projeto.
Dentre os meios utilizados para realização das atividades, destacam-se o cinema,
pintura, comensalidade, oficinas culinárias e contação de histórias. Ainda, realiza-se
semestralmente a avaliação nutricional dos escolares, objetivando identificar a situação
do estado nutricional dos mesmos.
Resultados e Discussão
9327
estava previsto no planejamento pedagógico, sendo essa uma das razões pelas quais
houve resistência dos professores em incluí-lo na programação. A resistência acabou
quando os professores compreenderam que o programa proposto vinha de um
diagnóstico amplo, composto por informações relativas às condições socioeconômicas,
à cultura, ao consumo de alimentos e as próprias disciplinas abordadas em sala de aula,
enfim àquilo que em linguagem pedagógica se convencionou chamar de uma “leitura do
mundo”, empregando uma expressão de Paulo Freire. A intervenção focada no contexto
de vida tornou a experiência atraente e significativa para alunos e professores
participantes.
No que diz respeito à análise do estado nutricional dos escolares por meio da
avaliação nutricional, identificou-se que a maioria dos alunos, encontra-se em eutrofia,
com o IMC adequado para a idade, porém houve um percentual considerável de alunos
com sobrepeso/obesidade e reduzido para magreza, o que corrobora com dados da
literatura, que relata aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade entre
estudantes e redução da magreza nesse grupo (PEGOLO; SILVA, 2008; RECH et al.,
2010).
Uma atividade considerada de extrema importância para a efetivação e formação
de vínculo com o projeto são as atividades desenvolvidas com os pais dos escolares.
Desta forma, realizou-se reunião entre os responsáveis pelos alunos e o grupo de
extensionistas, utilizando como base o guia alimentar para a população brasileira de
2014. Além de discutir aspectos importantes abordados no guia alimentar (como
comensalidade, alimentos processados, in natura etc.) foi apresentada a atual situação
do estado nutricional dos escolares. Considerou-se que o apoio dos pais às possíveis
escolhas que essas crianças adotariam, poderia trazer efeito positivo relativo à
alimentação para toda a família.
Este estudo utilizou como meio de desenvolvimento das atividades de educação
alimentar e nutricional o desenvolvimento de oficinas culinárias e contação de histórias.
A atividade culinária faz parte da vida de todos e torna-se interessante, à medida que,
envolve vários saberes, não só se limitando à execução de uma receita, mas, também
desenvolvendo conceitos ligados a vários outros assuntos. Os alunos têm a
possibilidade de verificar que o alimento inicia a preparação com um aspecto visual,
olfativo e tátil e se transforma em outro produto.
Já a contação de histórias é indiscutivelmente prática adequada para ser utilizada
pelos professores das séries iniciais e, quando trabalhada de forma correta, contribui
para que as crianças desenvolvam e ampliem habilidades essenciais para sua vida
pessoal e estudantil, facilitando e proporcionando a elas o desempenho de papéis
9328
sociais de forma autônoma e crítica. A criança, ao escutar histórias, é levada a fazer
associações e relações dessas com fatos e situações do cotidiano, e, assim, percebe-se
que essa criança possui maior e melhor compreensão do mundo. Antes que possam ler
sozinhas, as crianças devem escutar histórias, para desenvolver o interesse pela leitura.
Quando estão aprendendo a ler, a escuta de histórias funciona como influência
modalizadora para a leitura (BARBOSA; SANTOS, 2009).
Além dos supracitados, outro aspecto abordado no projeto é a comensalidade,
que segundo Fischler (2011), é uma das características mais significantes no que se
refere à sociabilidade humana, relacionando-se não apenas à ingestão de alimentos,
mas também aos modos do comer, envolvendo hábitos culturais, atos simbólicos,
organização social, além da Alimentação, comida e cultura: o exercício da
comensalidade é o compartilhamento de experiências e valores.
O público alvo do projeto, de maneira geral, o avaliam positivamente, sobretudo
em relação à forma como as atividades são desenvolvidas, pautadas pela pelos
princípios da Educação popular em saúde, que se caracteriza uma experiência nova para
a grande maioria do público.
Conclusão/Considerações Finais
9329
reflexivo, destacando-se a importância da comunidade e extensionistas nesse
seguimento, na busca pela Segurança Alimentar e Nutricional e promoção da saúde.
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9330
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9331
REINVENTANDO MODOS DE CUIDAR EM SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA: FORMAS DE
ENFRENTAMENTO COLETIVO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Célia Aparecida Araújo Lemos1; Giovanni Sampaio Queiroz2; Juliana de Oliveira Barbosa2;
Letícia Damáris Alves Ferreira Gomes3; Silmara Sonally Silva Moreira e Souza5; Thaylâne
Creusa Rogério Silva4; Betânia Maria de Oliveira Amorim5.
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência vivenciada por meio da
intervenção realizada com mulheres usuárias do Centro de Saúde Francisco Pinto,
situado no centro de Campina Grande/PB, em relação à temática violência contra a
mulher. A ação desenvolvida pelos graduandos de psicologia em parceria com as
profissionais responsáveis pelo tratamento da temática no serviço ocorreu no contexto
da fila de espera para o atendimento médico e envolveu, especialmente, as usuárias
gestantes. A ação alusiva às celebrações do dia da mulher foi desenvolvida na terceira
semana de março de 2018 e contou com a participação direta de 11 usuárias, tendo a
duração de aproximadamente 50 minutos. A experiência demonstrou as dificuldades
encontradas nos serviços de saúde com relação às condições ideais para realizarmos um
trabalho, sobretudo quando se trata de abordar temáticas emergentes e cercadas de
tabus. A viabilidade das intervenções é construída progressivamente a partir do
reconhecimento dos limites e possibilidades oferecidos pelo contexto e a despeito das
dificuldades podemos encontrar alternativas possíveis.
1
Universidade Federal de Campina Grande, Graduanda em Psicologia 2
9332
Palavras-Chave: Violência contra a mulher; Saúde; Gênero; Metodologias Participativas
Introdução
Ao longo das últimas décadas, a compreensão acerca dos processos de saúde e
doença vem sendo ampliada, desafiando o conjunto de profissionais da saúde a
reinventarem as formas de cuidado. O reconhecimento de aspectos sócio-históricos
inerentes ao adoecimento e a qualidade de vida da população faz parte desse desafio.
Destarte, observa-se um maior interesse em pesquisar determinados temas e segmentos
populacionais, de forma a construir subsídios para o enfrentamento das
vulnerabilidades identificadas.
9333
alusivas às celebrações do dia da mulher e foi desenvolvida conforme descrevemos a
seguir.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência de uma intervenção-
ação, realizada pelos graduandos de Psicologia junto a um grupo de aproximadamente
11 gestantes usuárias do Centro de Saúde Francisco Pinto, localizado na cidade de
Campina Grande/PB, no contexto da sala de espera, com duração média de 50 minutos.
Esse tipo de intervenção se caracteriza como um processo que permite aos sujeitos a
construção de saberes e conhecimentos, privilegiando o contexto no qual está inserido.
Durante uma visita ao referido Centro, nos foi lançado o convite pelos
profissionais do serviço, para realizarmos uma intervenção abordando a questão da
violência contra a mulher. A despeito da surpresa inicial, o convite foi acolhido com
entusiasmo, uma vez que, vislumbramos a possibilidade de enriquecer a experiência
formativa propiciada pelo trabalho de pesquisa articulando-a a uma ação extensionista,
ainda que bastante pontual. Assim, considerando as condições relativas ao tempo e ao
público ao qual se destinava a ação, propomos a utilização da arteterapia como
estratégia para incitar o diálogo sobre o tema violência contra à mulher.
9334
artística, em suas mais diversas formas, como instrumento de intervenção profissional
para a promoção de saúde e bem estar, por meio de técnicas expressivas e projetivas
como desenho, pintura, modelagem, música, poesia, dramatização e dança (REIS, 2014).
Nesse sentido, a Arteterapia pode ser utilizada, principalmente no contexto comunitário,
no sentido de promover saúde mental para os que dela participam, sendo a mesma uma
ferramenta pedagógica, no campo da educação em saúde, que fomenta o
desenvolvimento do sujeito em todos os seus eixos (biopsicossocial) por meio da
criatividade e elaboração das experiências vividas, subjetividades em uma concepção
estética do ser humano em contextos de relações grupais
9335
Resultados e Discussões
De acordo com Zapater (2016), gênero é um termo associado às características
físicas, intelectuais, emocionais, esperadas das pessoas de cada um dos sexos. Varia em
cada época, lugar e cultura. Dessa maneira, em confluência com o que fora trazido por
Scott (1995, p.86),
Segundo Saffioti (2004 p. 81), a violência de gênero “não ocorre aleatoriamente, mas
deriva de uma organização social de gênero, que privilegia o masculino” (apud
SENKEVICS, 2012). Portanto, partindo-se, concomitantemente, do pressuposto de
gênero como uma construção social, é através das concepções elaboradas socialmente
que existem diferenciações entre o que é almejado para a mulher (considerando
recortes sociais como raça, classe social, etc) e para o homem, construindo-se, assim,
representações sociais acerca dos papéis desempenhados por esses, e,
consequentemente, dos desdobramentos que tais representações acarretam como a
validação (ou não) de determinadas ações/atitudes/comportamentos. Quer dizer, os
comportamentos e atitudes atribuídos socialmente ao papel da mulher, as colocam em
uma posição de submissão e passividade, que, de certo modo, corroboram com a
perpetuação das práticas violentas contra elas. Por outro lado, o lugar de poder e de
9336
direito ao qual é atribuído ao homem, os caracterizam como donos das mulheres e,
logo, as violências cometidas são, muitas vezes, legitimadas socialmente.
Desse modo, podemos considerar que essa concepção com o passar dos anos
vem sendo bastante desconstruída e problematizada, a exemplo do que traz Scott ao
passo em que cita a relevância dos estudos feministas para a elaboração do gênero
como uma categoria analítica, que
9337
Dessa forma, inicialmente, foram realizadas as apresentações e esclarecimentos
quanto ao objetivo da atividade. Em seguida, solicitamos que as usuárias se
movimentassem pelo espaço observando o varal em exposição. Nesse momento, uma
participante interroga: o que vocês querem que eu diga? Já passei por todas essas situações
aí. A exposição mobilizou a usuária, fazendo-a deslocar-se de um corredor próximo
onde aguardava atendimento com a intenção de participar da intervenção. Conforme
percebemos, a disposição para relatar a própria vivência de situações violentas, um
relacionamento e os recursos mobilizados para superá-la, geraram surpresa e mal-estar,
alterando a dinâmica do grupo, composto em sua maioria por mulheres jovens grávidas
e seus respectivos acompanhantes.
9338
Paralisamos a cena para refletirmos sobre a situação. A personagem-filha encontravase
afetivamente mobilizada com a experiência. O acolhimento foi realizado mediante a
abertura de espaço de fala de acordo com a necessidade das usuárias, assim como,
disponibilizando espaço para a realização de escuta individual após o encerramento da
atividade.
O debate sobre a cena improvisada foi intenso e enriquecedor. O grupo refletiu sobre
as consequências da situação vivenciada, assim como, os recursos e profissionais que
poderiam ser mobilizados para apoiar a mulher em situação de violência.
Reconhecendo-se que a violência doméstica extrapola os limites da vida privada, o
grupo apontou a necessidade de ações de caráter coletivo e a transformação de práticas
culturais que sustentam a opressão. Considerando-se que foi enfatizado pelo grupo que
a união das mulheres é o principal recurso para o enfrentamento das vulnerabilidades
vivenciadas em decorrência da condição de gênero, a atividade foi encerrada com a
celebração do compromisso coletivo no sentido de contribuir cotidianamente com a
efetiva mudança de tais práticas.
Conclusão
Infelizmente, é pouco provável que encontremos nos serviços de saúde as condições
ideais para realizarmos um trabalho, sobretudo quando se trata de abordar temas
emergentes e cercados de tabus. A viabilidade das intervenções é construída
progressivamente a partir do reconhecimento dos limites e possibilidades oferecidos
pelo contexto, como apontam os relatos de trabalhadores da saúde acerca da
construção de espaços de diálogo, nos quais, possam emergir reflexões relacionadas às
relações de gênero e a violência contra a mulher. Entretanto, a despeito das
9339
dificuldades, são perceptíveis os avanços no sentido de ampliar as discussões sobre o
assunto, tendo em vista, a mitigação dos agravos à saúde da mulher decorrentes da
violência e a promoção da saúde. Ações como essa realizada no Centro de Saúde
Francisco Pinto indicam alternativas possíveis no cuidado e enfrentamento das
vulnerabilidades decorrentes das condições sociais de gênero.
Referências
BOAL, Augusto. O arco-íris do desejo: método Boal de teatro e terapia. Rio de Janeiro:
civilização brasileira, 1996.
GALINKIN, Ana Lúcia; ISMAEL, Eliana. Gênero. In: CAMINO, Leôncio; TORRES, Ana
Raquel Rosa; LIMA, Marcus Eugênio Oliveira; PEREIRA, Marcos Emanoel. (ORGs).
Psicologia Social - temas e teorias. Brasília/DF, Technopolitik, 2011, p. 503-557
McCARTHY, Julie; ADRIÃO, Karla Galvão. ARTPAD: um recurso para o teatro, participação e
desenvolvimento. 1ª edição, Brasil/Reino Unido, 2001.
grupais nos serviços de saúde da atenção básica: possibilidades de diálogo com a educação
popular. 2016, 252f, Tese de Doutorado Disponível em:
<http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/bitstream/123456789/22674/1/MariaValquiriaNog
ueira DoNascimento_TESE.pdf>> Acesso em: 01 de abril de 2018.
PEDROSA, José Ivo dos Santos. Educação Popular no Ministério da Saúde: identificando
espaços e referências. In: BRASIL. Caderno de Educação Popular e Saúde. Brasília,
Ministério da Saúde, 2007, p. 13-17.
REIS, Alice Casanova dos. Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo.
Psicol. cienc. prof., 2014, vol.34, no.1, p.142-157. ISSN 1414-9893.
SCOTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil de análise. (Trad. Guacira Lopes). Revista
Educação e Realidade, v. 20, n. 2, 1995.
9340
SENKEVICS, Adriano. Violência contra a mulher, gênero e machismo. Disponível em:
<https://ensaiosdegenero.wordpress.com/2012/09/13/violencia-contra-a-mulher-
genero-emachismo/>. Acesso em 01 de abril de 2018.
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012. Os novos padrões da violência homicida
no Brasil. São Paulo, Instituto Sangari, 2012.
ZAPATER, Maíra. Violência contra mulheres, violência doméstica e violência de gênero: qual
a diferença? Disponível em:
<http://justificando.cartacapital.com.br/2016/03/10/violencia-contra-mulheres-
violenciadomestica-e-violencia-de-genero-qual-a-diferenca/ >. Acesso em 01 de abril de
2018.
9341
AMAMENT(AÇÃO): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Introdução
1
UFRB, Bacharela em Saúde; UFRB, graduanda em Medicina.
2
UFRB, Bacharela em Saúde; UFRB, graduanda em Psicologia.
3
UFRB, Bacharela em Saúde; UFRB, graduanda em Medicina.
4
UNEB, Nutrição; FVC, Especialista em Metodologia de Ensino da Educação Física Escolar; UNEB,
Especialista em Metodologia do Ensino Superior; HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS, Especialista em Preceptoria
no SUS; UFBA, Mestra em Gestão Social.
9342
O Ministério da Saúde (MS), bem como a Organização Mundial da Saúde (OMS),
recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, e
complementado até os dois anos (BRASIL, 2015). Tais aconselhamentos possuem
benefícios comprovados para a saúde da mãe e da criança. Apesar dessas e das medidas
de incentivo ao aleitamento que vem sendo realizadas pelo MS, o desmame precoce,
compreendido como a interrupção do aleitamento materno ao peito antes de o lactente
ter completado seis meses, independentemente do motivo, ainda é uma realidade
frequente e indesejável (WARKETIN, 2013).
9343
composição do leite materno, a importância do aleitamento exclusivo e da convicção de
que até os seis meses, esse é o único alimento necessário para o bebê.
Na promoção dos objetivos do projeto AmamentAÇÃO, tecemos orientações a respeito
da higienização da mama, pega correta, postura correta para amamentar, como
prosseguir frente ao ingurgitamento da mama, como manter a amamentação exclusiva
concomitante ao retorno ao trabalho, com o fim da licença maternidade. Dialogamos,
ainda, sobre mitos e verdades da amamentação e a respeito de acessórios que podem
auxiliar durante esse processo.
Metodologia
O projeto "Saúde no Ar: educação e comunicação no Recôncavo" têm como linha inicial
de atuação extensionista: a) Programas de rádio (Saúde no ar) com temáticas voltadas
para a promoção de saúde e prevenção de doenças frente a emissoras de rádio
conveniadas circunscritas a região do Recôncavo da Bahia; b) Ações em Educação em
Saúde, voltadas para grupos de gestantes e puérperas (Projeto AmamentAÇÃO),
portadores de sobrepeso e obesidade (Projeto EmagreSER), dentre outros grupos, com
ou sem enfermidades, alvo desta temática, abrangendo desde palestras, cursos,
avaliações nutricionais e visitas domiciliares aos indivíduos cadastrados no Projeto de
Extensão; c) Outras ações que tenham como perspectiva a Educação e comunicação em
saúde e a inclusão social (TV Saúde no ar; Evento Sintonize Saúde).
Metodologicamente, uma vez por mês, são realizadas oficinas nas UBS, com o intuito de
sanar dúvidas e agregar puérperas e gestantes ao projeto. Além das oficinas, são
realizados encontros para a capacitação dos discentes extensionistas vinculados ao
9344
projeto AmamentAÇÃO, para que estes estejam aptos para a realização de visitas
domiciliares ao público alvo. Ocorrem ainda reuniões semanais para planejamento das
atividades e compartilhamento de experiências.
Resultados e Discussão
9345
Conclusão/Considerações Finais
Referências
9346
VIEIRA, Ana Claudia; COSTA, Amanda Riboriski; GOMES, Paloma Gomes de. Boas práticas
em aleitamento materno: Aplicação do formulário de observação e avaliação da
mamada. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped., v.15, n.1, p 13-20, Junho 2015.
9347
AMBULATÓRIO DE ASMA E DPOC DA LIGA DE PNEUMOLOGIA DA UFRN: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Ana Carolina Andrade Mota¹, Matheus Felipe Dantas Krause¹; Masiel Garcia Fernandez¹;
Octávio Saboia Dantas¹; Ranny Beatriz de Carvalho Holanda Leite¹; Mariana de Oliveira
Costa¹; Diogo Vinicius Cavalcanti de Lira¹; Brenda Araújo Dias¹; Denilson Carlos Borges
de Melo¹; Ana Caroline Miranda Bernardo¹; Lucas Amadeus Porpino Sales ;Pedro
Henrique Rodrigues de Góes; Natanael Paulo Alves de França; Jeovana Pinheiro
Fernandes De Souza; Tázia Cruz da Silva.
Resumo:
Introdução
As doenças respiratórias crônicas são patologias de crescente prevalência,
principalmente em crianças e idosos, responsáveis por incapacidade e impactos
econômicos e sociais. A asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) são as
mais comuns doenças respiratórias crônicas de vias aéreas inferiores.
Metodologia
Relato de experiência acerca da vivência no ambulatório de Asma e Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC) da Liga de Pneumologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) nos anos de 2017 e 2018.
Resultados e Discussão
No ano de 2017 contamos com a presença de 5 médicos e 13 discentes, divididos de
forma a oferecer 5 consultas médicas por semana, nas sextas-feiras, no turno da tarde.
Atualmente o projeto conta com a participação de 3 médicos e 15 discentes,
permanecendo com a mesma quantidade de consultas semanais oferecidas no mesmo
dia e horário. Sendo a atividade totalmente gerenciada pelos alunos e professores
médicos, temos a liberdade e a capacidade de acompanharmos os pacientes mais de
perto, podendo fornecer assistência personalizada ao tipo de demanda, assim como ter
9348
maior participação na tomada de decisões referentes às condutas médicas e ao
acompanhamento de cada paciente.
Conclusão
A atividade ambulatorial constitui um elemento de fundamental importância na
formação médica, devido à oportunidade de exercitar um dos pilares do conhecimento
médico que é a Clínica Médica. Levando em conta as altas prevalências das doenças em
foco, associadas à carência de acesso da população a serviços especializados e ainda à
importância da escuta clínica como ato fundamental da profissão médica (MARQUES &
MARTINS, 2015), o ambulatório da Liga funciona como uma ferramenta de importância
ímpar no suprimento das demandas tanto acadêmicas quanto sociais no que diz
respeito às patologias respiratórias.
Introdução
As doenças respiratórias crônicas são patologias de crescente prevalência,
principalmente em crianças e idosos, responsáveis por incapacidade e impactos
econômicos e sociais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).
A asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) são as mais comuns
doenças respiratórias crônicas de vias aéreas inferiores, sendo a asma responsável por
cerca de 120 mil internações e 2 mil óbitos por ano apenas no Brasil (CARDOSO et al.,
2017), enquanto que a DPOC responde por aproximadamente 3 milhões de mortes por
ano em todo o mundo, havendo uma prevalência estimada de 7 milhões de pessoas
apenas no nosso país (BBC, 2017).
Metodologia
Relato de experiência acerca da vivência no ambulatório de Asma e Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) da Liga de Pneumologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN) nos anos de 2017 e 2018.
Resultados e Discussão
No ano de 2017 contamos com a presença de 5 médicos e 13 discentes, divididos
de forma a oferecer 5 consultas médicas por semana, nas sextas-feiras, no turno da
tarde. Atualmente o projeto conta com a participação de 3 médicos e 15 discentes,
9349
permanecendo com a mesma quantidade de consultas semanais oferecidas no mesmo
dia e horário.
Sendo a atividade totalmente gerenciada pelos alunos e professores médicos,
temos a liberdade e a capacidade de acompanharmos os pacientes mais de perto,
podendo fornecer assistência personalizada ao tipo de demanda, assim como ter maior
participação na tomada de decisões referentes às condutas médicas e ao
acompanhamento de cada paciente.
Conclusão/Considerações Finais
Referências
BBC. O que é a Dpoc, doença pulmonar silenciosa que mata 3 milhões de pessoas por
ano e não tem cura. Acesso em: 02/08/2018. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42011630>.
9350
PSICOLOGIA DO ESPORTE E FUTEBOL AMERICANO: INTERVENÇÕES LOGOTERÁPICAS
COM JOGADORES DO “TROPA CAMPINA UEPB”
Resumo
Este projeto tem suporte técnico e científico do Núcleo Viktor Frankl de Logoterapia da
Universidade Estadual da Paraíba. O presente projeto anseia desenvolver as habilidades
psicológicas, metas pessoais e coletivas, motivação e atitude/liderança dos atletas e
técnicos do “Tropa Campina UEPB”, para desempenho de performance no futebol
americano. Como contribuição acadêmica, considerando que a extensão é fundamental
para a formação, caracterizada pela realização de atividades teórico/práticas que
favorecem o aprimoramento de competências e habilidades previstas para atuação
profissional, o projeto favorece na qualidade da formação dos estudantes do Curso de
Psicologia desta universidade, além de favorecer reflexões acerca da realização desta
formação e prática a ser exercida. Para tanto, o projeto tem como ação básica a
intervenção dos seus executores atividades extensionistas desenvolvidas junto ao time
de futebol americano como a escuta psicológica, entrevistas, dinâmicas de grupo,
técnicas de relaxamento e de controle mental, dentre outras, como: auto-avaliação de
força mental, auto-feedback, auto-fala, prática encoberta e estabelecimento de metas a
partir do método smart. Nesse primeiro momento, observamos que os objetivos foram
atingidos e que houve realmente uma melhora psicológica nos atletas do “Tropa
Campina UEPB”. Os próprios jogadores relatam tal afirmação, assim como a equipe
técnica do time que usualmente elogiava o trabalho dos extensionistas. No que
compete à experiência dos extensionistas do projeto, primeiramente, puderam ter
contato real com as demandas levantadas pela psicologia do esporte, que é uma área
emergente na psicologia da qual se tem pouco relato no Brasil, e se depararam com os
conflitos entre a área clinica e o que realmente emana dos casos esportivos.
9351
Palavras-chave: Logoterapia; Psicologia do Esporte; Futebol Americano.
Introdução
Este projeto tem suporte técnico e científico do Núcleo Viktor Frankl de
Logoterapia da Universidade Estadual da Paraíba. Criado por uma resolução
CONSUNI/UEPB em março de 1994, o Núcleo representa um marco importante no
desenvolvimento da Logoterapia e Análise Existencial de Viktor Emil Frankl no Nordeste
do Brasil. Desde a sua fundação, tem como objetivo promover atividades de ensino,
pesquisa e extensão. Além de promover eventos em nível regional, nacional e
internacional.
Especificamente no campo da extensão, desenvolveu inúmeros projetos ao
longo dos seus vinte e dois anos, nas áreas de artes, educação e saúde. Sempre
buscando contribuir com atividades extensionistas em áreas emergentes da psicologia e
que tragam contribuições significativas para a sociedade, percebeu-se uma incipiência
de pesquisas e intervenções no campo da Psicologia do Esporte. Atrelada a uma
demanda trazida pelos próprios participantes dessa proposta de intervenção, justifica-se
a relevância do projeto.
Como contribuição, o presente projeto anseia desenvolver as habilidades
psicológicas, metas pessoais e coletivas, motivação e atitude/liderança dos atletas e
técnicos do “Tropa Campina UEPB”, para desempenho de performance no futebol
americano. Como contribuição acadêmica, considerando que a extensão é fundamental
para a formação, caracterizada pela realização de atividades teórico/práticas que
favorecem o aprimoramento de competências e habilidades previstas para atuação
profissional, o projeto favorece na qualidade da formação dos estudantes do Curso de
Psicologia desta universidade, além de favorecer reflexões acerca da realização desta
formação e prática a ser exercida.
9352
De acordo com Alderman (1983), se o esporte reflete a sociedade em que ele
está e reproduz fielmente os principais aspectos dessa sociedade, podemos considerá-lo
como uma instituição dessa sociedade e, nesse sentido, o psicólogo pode atuar desde a
idealização até a realização de um programa esportivo.
9353
A Psicologia do Esporte ainda é pouco conhecida por nossa
sociedade, porém, já é uma área construída e constituída na
Psicologia. Ela está em constante desenvolvimento. É diferente de
alguns anos atrás, quando falamos que a Psicologia do Esporte
“está em ascensão ou está em construção”. A Psicologia do
Esporte está sendo construída, já mostra certo desenvolvimento e
precisa crescer ainda mais no que diz respeito ao campo científico
e na realização de pesquisas e de tantas outras possibilidades de
prática e teoria que temos.
9354
evidentemente que as mesmas não são as únicas áreas temáticas interessantes e
tampouco, necessariamente, as mais importantes (NISBET, 1978 apud BAKKER, 1992).
Metodologia
O presente projeto tem como ação básica a intervenção dos seus executores
(coordenador, colaborador e estudantes do curso de psicologia da Universidade
Estadual da Paraíba), junto à comunidade acadêmica e civil de Campina Grande.
Portanto, são desenvolvidas atividades extensionistas como a escuta psicológica,
entrevistas, dinâmicas de grupo, técnicas de relaxamento e de controle mental, dentre
outras, como especificadas abaixo:
- Auto-avaliação de força mental, baseada no processo de avaliação pessoal a partir da
percepção de habilidades que contribuem para uma boa performance, como
determinação, coragem, autonomia, motivação, confiança de si, concentração e
adaptação;
- Auto-feedback, que consiste em identificar aqueles aspectos que o atleta faz bem e os
que precisa melhorar;
- Auto-fala, técnica em que o atleta dá instruções a si mesmo, a fim de ter um melhor
desempenho e preparo;
- Prática encoberta, baseada em planejar as jogadas e a visualização estratégica dos
jogos;
- Estabelecimento de metas a partir do método SMART, que consiste em pensar e
elaborar metas que sejam específicas, medidas, ajustáveis, realistas e programadas;
- Escutas individual e coletiva, que poderão ser realizadas na Clínica Escola de
Psicologia da UEPB, a partir de agendamento com os atletas ou por encaminhamentos
da Comissão Técnica. Escutas em caráter mais breve e pontual poderão ser realizadas
no próprio espaço dos treinos.
- Utilização do método Tranformationalleadership e CBAS, que se baseia em categorias
de resposta do sistema de comportamento do coaching, a fim de identificar e estimular
a liderança, a partir da motivação inspiradora e influência idealizadora dos líderes e o
estímulo de práticas como resposta aos erros e game-related.
- Utilização do MSPE (Mindful Sport PerformanceEnhancement), prática de controle
corporal (bodyscan) para alcance de boa performance.
9355
Uma vez que o time de futebol americano é subdivido em dois times, a saber:
ataque e defesa, os alunos se subdividem, também, dessa forma. Assim, um aluno
coordena o grupo de ataque e outro o grupo de defesa, todos sob a supervisão dos
professores envolvidos. As intervenções são realizadas durante os treinos do time,
semanalmente aos domingos. O grupo extensionista também acompanha o time nos
jogos realizados na cidade de Campina Grande, durante toda a temporada regular. São
também utilizadas fichas de acompanhamento dos atletas e as próprias anotações dos
alunos durante os treinos e jogos para um melhor registro da evolução do desempenho
dos atletas.
Resultados e Discussão
Serão relatadas a seguir algumas das intervenções realizadas com o time no ano de
2017.
No dia 22 de abril de 2017 foi dado início aos trabalhos no setor de psicologia do
time de futebol americano “Tropa Campina UEPB”. O training camp aconteceu na
Universidade Federal da Paraíba – UFPB Centro de Ciências Agrárias – Campus II (as
equipes se reúnem em um lugar externo, geralmente uma universidade, para conduzir
um treino nas primeiras semanas da temporada com uma forma intensa de avaliação
por parte dos treinadores). Foram feitas duas intervenções, tendo em vista a carga de
treino intenso pelo qual o time iria passar e a demanda psicológica que isso poderia
causar.
No turno da manhã foi aplicada uma técnica de dinâmica de grupo com o tema
da “Interação Grupal”. Foi aplicada a “Dinâmica do Balão” com o objetivo de mostrar que
eles deviam se unir em prol de uma única meta, como um time, aprendendo e
respeitando os objetivos individuais de cada um. Os jogadores deveriam pensar em um
objetivo enquanto atletas do “Tropa Campina UEPB”, e materializá-lo em um balão, que
deveria ser inflado. Após um pequeno tempo foi dado um palito de dente a cada um, e
comunicado que cada um deveria proteger o seu objetivo. Em nenhum momento foi
colocado à ideia de que eles deveriam estourar os balões dos companheiros de time.
A partir desse momento não foi dito mais nada. Como esperado um dos
jogadores estourou o balão do outro, e daí em diante todos ficaram disputando quem
estourava mais balões. Posteriormente, foi colocado questionamentos da equipe de
psicologia do tipo: “Porque vocês estouraram os balões um dos outros?”.
9356
Diante das respostas apresentadas, foi colocada a importância de atuarem
enquanto um time, buscando uma movimentação conjunta em busca de seus objetivos,
mas sem destruírem os objetivos dos seus companheiros. A importância do apoio e da
solidarizarão com os objetivos alheios, assim como uma exaltação do objetivo mútuo,
as vitorias do “Tropa Campina UEPB”.
Logo após, foi solicitado por parte dos extensionistas que tanto os jogadores
como a equipe técnica, um por vez, lesse a frase e entregasse para um membro do time
que o ajudou em sua trajetória dentro do “Tropa Campina UEPB” e comentasse sobre o
porquê desse ato. Os atletas que não tinham obtido um rendimento satisfatório nos
treinos, logo foram abarcados pelo momento, recebendo grande parte das frases e
apoio do time, assim como grande reafirmação por parte dos jogadores dos ideais de
família, time e grupo.
Nesse sentido, o atleta não deve atuar apenas para vencer, mas para se superar,
pois, de acordo com Nobre (2015), a perda, independente de qual seja, permite que o
sujeito a ressignifique, seja num âmbito individual ou em grupo. No esporte esse novo
significado pode ser dado a partir do valor criativo, oportunizando novas formas para
mudar sua postura enquanto atleta e também abrindo novas possibilidades do grupo
criar novas configurações para dar o seu melhor. Seria, portanto, um encontro de
sentido nas derrotas sofridas.
9357
Desse modo, de acordo com Frankl (2005), o esporte como fenômeno humano,
apresenta-se a partir de uma grandeza de possibilidades para a autorrealização do ser
humano, tornando-se possível a partir da autotranscedência. Assim, entende-se que o
esporte é uma abertura do sujeito para o mundo, dando-lhe a oportunidade de dar algo
ao mundo e a partir disso se autotranscender enquanto pessoa.
Outra intervenção foi feita tendo em vista a derrota na BFA no jogo passado para
a equipe do “Vitória” da Bahia, a equipe de psicologia mobilizou o time no final do
treino com a intensão de receber um feedback com relação ao jogo, e aplicar uma
técnica de dinâmica de grupo. Inicialmente foi pedido para que todos, incluindo equipe
técnica e jogadores, se colocassem em dois grandes grupos (um para levantar os
problemas e outro às soluções), e posteriormente cada um escolhesse uma dupla ou
trio.
9358
equipe esportiva.
Assim, destaca-se que o mais válido é a coordenação dos valores que ocorrem
em jogo, sendo o resultado reflexo da soma de valores as relações humanas, aspectos
técnicos e táticos e determinantes biológicos. Rubio (1999) cita a definição de coesão
de Carron (1982) que consiste na inclinação de uma equipe em manter-se unida e
direcionada na busca de seus objetivos, e a compreensão de Russel (1993) que diz que,
para os técnicos das equipes esportivas, a coesão é o principal fator de êxito num grupo.
No dia 17 de junho de 2017 foi aberta uma roda de conversa com a temática
Ansiedade, visto que o adversário do “Tropa Campina UEPB” no dia seguinte seria “Caruaru
Wolves”, pelo evento do São João Bowl (um clássico regional onde duas equipes de tradição
no nordeste se enfrentam com o intuito de receber o titulo de melhor São João do mundo),
um “rival” de renome frente ao “TROPA”, e um jogo que acarreta nos jogadores um grande
teor de nervosismo, comprometendo seus rendimentos. Foi proposto aos jogadores que
relaxassem, e falassem das experiências obtidas anteriormente diante desse adversário.
Pontos fortes, pontos fracos, como trabalhar essa ansiedade durante a partida, e como ela
surgi. Os pontos levantados pelos jogadores foram de que o “Wolves” é um time “catimbeiro”,
provocador, e isso fazia com que a partida valesse bem mais do que ela realmente é.
Posteriormente foi proposto pela equipe de psicologia, que os jogadores se colocassem
frente uns ao outros e se provocassem, de uma forma parecida com a que eles presenciam
enfrentando o “Wolves”.
Abrantes (2007 apud Fabianni 2007) revela que a maioria das derrotas no mundo do
esporte é justificada pela dificuldade em controlar as emoções negativas, como a ansiedade e
o estresse, por exemplo, que são considerados fatores perturbadores do rendimento dos
atletas.
Ao final foi sugerido aos atletas técnicas de controle dessa ansiedade durante o jogo,
como: auto-fala e visualização de jogadas. Essas técnicas fazem parte dos rituais pré-jogos de
grandes atletas que buscam concentração e um controle de estímulos adversos presentes no
ambiente.
9359
a utilização desta técnica há alterações neuromusculares similares à execução física das
atividades mentalizadas, se caracterizando assim como um treinamento mental. Já a autofala
é dada através de ordens mentais, proferidas pelo individuo a si mesmo a fim de melhorar
seu rendimento e/ou seu estado emocional. (Scala, 200; Weinberg e Gould, 2017).
Outra intervenção foi feita no dia 18 de junho de 2017. Iniciou-se um momento antes
do jogo com a equipe de psicologia, solicitado pela equipe técnica, visto a importância do
evento. Foi sugerido que cada um escrevesse numa fita adesiva e colasse em seu
equipamento, algo importante na sua vida, que sempre se fazia presente em momentos
difíceis, como: família, amigos, esposa, filhos. Como uma proposta de desviar a atenção para
as adversidades do jogo, visto que os jogadores em uma partida de futebol americano,
continuamente, tiram seus capacetes, saem de campo (para descansar) e revezam posições,
eles poderiam ter esse momento simbólico motivacional. Ao fim, a equipe de psicologia se
colocou ao lado do campo para observar o jogo e se colocar se necessário.
Conclusão/Considerações Finais
Tal cenário supracitado nos gerava, ao mesmo tempo, insegurança, por não
sabermos de imediato como lidar com tais demandas. O fato de sairmos dos muros
universitários e nos inserirmos em um ambiente que foge aos moldes clínicos
tradicionais, ainda tão presentes na formação em psicologia, nos possibilitou também
ter aproximações com possíveis áreas de atuação como a âmbito desportivo.
9360
Por parte do grupo de atletas, a equipe de psicologia era vista com certo receio
inicialmente. Apresentar uma queixa psicológica era motivo de fraqueza para os
companheiros de time, que não entendiam o contexto de aplicação da psicologia do
esporte, tendo uma visão meramente clinica do trabalho do psicólogo.
Referências
Frankl, V. E, (2005). Um Sentido Para A Vida: Psicoterapia E Humanismo; Ed. 17. São
Paulo: Ideias e Letras.
9361
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM EM PRÁTICAS DE SAÚDE
MENTAL NO CAPS II DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO – BA
Keyla Maria Rogrigues Gomes1; Edvânia Barbosa da Luz Martins2; Hélia dos Santos
Silva3; Sarah Elisheba Mendes do Carmo Santos4; Vanessa Ingrid Alves de Lima3; Patrícia
Shirley Alves de Sousa6;
Resumo
Objetiva-se relatar a experiência de aulas práticas no Módulo de Sáude Mental,
realizado em um Centro de Atendimento Psicossocial II (CAPS II) na cidade de Juazeiro-
BA, no período de agosto a outubro de 2017. Utilizou-se das seguintes técnicas de
coleta de dados: observação estruturada (pesquisadores participantes), consulta ao
prontuário clínico, participação nas atividades lúdicas e análise da estrutura física do
centro. Este relato tem como objetivo relatar a experiência do estudante de
enfermagem frente à prática em saúde mental como primeiro contato com pacientes
acometidos por transtornos mentais. A experiência foi significativa, sinalizando que o
cenário em questão é muito importante como campo de atuação para o alunado de
enfermagem que busca ampliar seus conhecimentos na área de saúde mental.
1
Universidade Federal do Vale do São Francisco, graduação em Enfermagem (UNIVASF).
2
Universidade Federal do Vale do São Francisco, graduação em Enfermagem
(UNIVASF). 3 Universidade Federal do Vale do São Francisco, graduação em
Enfermagem (UNIVASF). 4 Universidade Federal do Vale do São Francisco, graduação
em Enfermagem (UNIVASF).
3
Universidade Federal do Vale do São Francisco, graduação em Enfermagem (UNIVASF). 6 Universidade
Federal do Vale do São Francisco, colegiado de Enfermagem (UNIVASF).
9362
Introdução
Os transtornos mentais são síndromes ou padrões psicológicos de significado clínico,
que geralmente estão associados a um mal-estar ou uma incapacidade, dentre outros
sintomas e sinais, e são, dos mais variados tipos e intensidades. Desta forma, convém-se
que os transtornos mentais são alterações dos processos cognitivos e afetivos do
desenvolvimento, da realidade, da compreensão e das adaptações às condições mínimas
de vida. (SANTANA, 2016)
9363
de entrada da rede de assistência em saúde mental, o suporte à rede básica, dentre
outros. (BRASIL, 2018)
Metodologia
Este relato consistiu uma experiência que descreve aspectos vivenciados pelos autores,
na oportunidade de aulas práticas em um Centro de Atendimento Psicossocial da
modalidade II. Trata-se de um olhar qualitativo, que abordou a experiência vivenciada a
partir de métodos descritivos e observacionais.
Resultados e Discussão
O Centro de Apoio Psicossocial (CAPS II) onde ocorreram as práticas atende a pacientes
adultos acometidos por transtornos mentais graves e persistentes, em suas diversas
variedades, oferece além do atendimento médico/medicamentoso, atividades
relacionadas ao desenvolvimento de atividades artísticas como artesanato, atividades
educativas e momentos de interação entre os usuários.
9364
Para a criação do vínculo aluno-usuário, os momentos de conversas foram de suma
importância. O compartilhamento das histórias de vida relatadas pelos próprios
pacientes, do ponto de vista deles foi imprescindível no entendimento do curso clínico
de alguns transtornos e suas etiologias, vivenciar todo o conteúdo visto em sala de aula
na realidade foi uma experiência rica e muito proveitosa, tanto para o crescimento
profissional quanto para o pessoal.
Conclusão/Considerações Finais
A experiência adquirida no decorrer das práticas realizadas no Centro de Atenção
Psicossocial em Juazeiro/BA, nos proporcionou uma visão melhor sobre o conteúdo
abordado em sala de aula e melhor conhecimento do que significa o trabalho em rede, e
como esta funciona. Além de nos permitir uma interação com clientes de diversas
patologias, podemos observar as estratégias de humanização e esclarecimentos de
dúvidas acerca do sofrimento psíquico dos usuários, favorecendo o fortalecimento de
vínculo e adesão ao tratamento.
Compreendemos também que a escuta, a palavra certa na hora certa pode diminuir a
ansiedade, o medo, melhorar a expectativa de vida e entender que todos passam por
problemas, mais se tiver força de vontade e querer, podem se livrar de tal situação.
Dessa forma, adquirimos um conhecimento que será muito importante para nossa
profissão, a qual levaremos para toda a vida. Na oportunidade, vivenciamos as funções
9365
de um enfermeiro da saúde mental, auxiliando e observado a enfermeira da unidade em
suas atribuições e realizando atividades como: Palestras, dinâmicas, administração de
medicamentos, cuidados com usuários, escuta ativa, oficinas, triagens, anotações e
registro de evoluções.
Referências
Grande do Sul. Anais do salão internacional de ensino, pesquisa e extensão, v. 08, n. 04,
2016
9366
ACOMPANHAMENTO GLICÊMICO DE PACIENTES ATENDIDOS NA FARMÁCIA ESCOLA DA
UNICENTRO-PR
Resumo
Os portadores de síndromes metabólicas constituem um importante grupo de
pacientes com altas taxas de morbimortalidade, sendo de suma importância à
prevenção primária, incluindo-se assim estilos de vida relacionados à manutenção da
saúde, com dieta equilibrada, prática regular de atividade física, bem como, avaliação
clínica e laboratorial para monitoramento de dosagens sanguíneas, sobretudo a
glicemia. Este constituinte sanguíneo é necessários para o organismo, porém o seu
excesso acarreta morbidades, como a Diabetes Mellitus (DM). O objetivo deste estudo
foi avaliar e orientar os pacientes atendidos na farmácia escola da UNICENTRO que
realizaram o acompanhamento de dosagem glicêmica capilar. A amostra foi composta
por 116 pacientes, com 48 anos de mediana de idade, variando entre 2 e 81 anos e que
solicitaram a realização dos exames de glicemia capilar. Do total de pacientes
atendidos, 12,9% (15 pacientes) possuíam diagnóstico de diabetes e o acompanhamento
mostrou 9,5% (11 pacientes) permaneceram com níveis glicêmicos descontrolados,
sendo que desde total 35% dos indivíduos estavam com a glicemia alterada, também se
relacionou as manifestações clínicas com o protocolo de tratamento indicado para cada
caso na Diabetes Mellitus, levando em conta ainda as opções terapêuticas disponíveis
na farmácia escola. Os resultados demonstraram assim, que um importante número de
1
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Curso de Farmácia, Fundação Araucária. 2 Universidade Estadual
do Centro-Oeste, Curso de Farmácia.
9367
pacientes com diabetes, mas principalmente que a grande maioria destes não estão
controlando os níveis glicêmicos e, consequentemente, estão sujeitos as complicações
em decorrência da diabetes.
Introdução
Pacientes portadores de doenças crônicas não transmissíveis geralmente
necessitam de tratamentos medicamentosos pelo resto da vida. Dentre este grupo de
pacientes, os portadores de síndromes metabólicas constituem em importante grupo de
pacientes com altas taxas de morbimortalidade. Sendo de suma importância a
prevenção primária, incluindo-se assim estilos de vida relacionados à manutenção da
saúde, com dieta equilibrada, prática regular de atividade física, bem como, avaliação
clínica e laboratorial para monitoramento de dosagens sanguíneas, sobretudo a
glicemia, (I DIRETRIZ..., 2005).
9368
Metodologia
As ações aconteceram com todos os pacientes que procuraram o atendimento
para a dosagem de glicose capilar na farmácia escola, entre o período de janeiro à
dezembro de 2017. Os procedimentos foram realizados na Farmácia Escola, sobre
orientação e supervisão do professor responsável. E consistiu na dosagem de glicose
para a triagem de indivíduos que desconheciam e ou tinham diagnóstico prévio de
diabetes. A frequência dos acompanhamentos foi definida pelo próprio individuo, sendo
que na identificação de resultado alterado o paciente foi orientado a buscar
atendimento médico para confirmação de diagnóstico e/ou investigação da motivação
da falta de controle nos indivíduos sob terapia.
Resultados e Discussão
A amostra contou com 116 indivíduos que realizaram o exame de glicemia
capilar, distribuídos em ter 43,97% (n=51) homens e 56,03% (n=65) mulheres, sendo 48
anos de idade mediana e variando entre 2 e 81 anos de idade, conforme a tabela 1.
9369
Média 46 47 46
Desvio Padrão 22 21 21
Mediana 48 47 48
Mínimo 81 79 81
Máximo 2 7 2
3%
18 % > 200 mg/dL
65 %
> 126 mg/dL < 200
mg/dL
>100 mg/dL < 126 mg/dL
< 100 mg/dL
9370
desenvolvimento, esse aumento ocorre em virtude da elevação e envelhecimento
populacional, seguido da maior urbanização, tornando o estilo de vida de menor
qualidade, como consequência elevando o número de obesos e sedentários (SBD, 2015).
9371
glibenclamida, 1 (0,86%) faz uso apenas de insulina humana e 1 (0,86%) associa insulina
humana concomitantemente à metformina.
Leve x Metformina
27 %
60 %
Moderada x Metformina e Glibenclamida
Grave x Insulina
9372
represente a concentração sanguínea sem alterações originadas previamente da
alimentação. Outra limitação deve-se ao fato de que trata de que muitos pacientes dos
quais não foram possíveis acompanhar o tratamento e assim orientar o indivíduo,
devido à aquisição de medicamentos em unidades de saúde privadas, pois o serviço
oferecido pelo estabelecimento em estudo dispõe de apenas três medicamentos, dos
quais já citados.
Considerações Finais
Os resultados demonstraram importante número de pacientes com diabetes, mas
principalmente que a grande maioria destes não estão controlando os níveis glicêmicos
e, consequentemente, estão sujeitos as complicações em decorrência da diabetes.
Referências
AMERICAN Diabetes Association. Disponível:
<http://www.diabetes.org/diabetesbasics/type-2/?loc=superfooter>. Acesso em 15 de
março de 2018.
9373
SBD. Diretrizes da sociedade brasileira de diabetes - SBD 2016. Disponível em: <
http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-
2016.pdf>.
SBD. Conduta terapêutica no diabetes tipo 2: algoritmo - SBD 2017. Disponível em:
<http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/POSICIONAMENTO-OFICIAL-
SBD-02-2017-ALGORITMO-SBD-2017.pdf>. Acesso em 20 de março de 2018.
RANG, HP, et al. Rang e Dale’s: Pharmacology, 7th ed. Elsevier, 2012.
9374
PREVALÊNCIA DE LESÕES E SUAS CARACTERÍSTICAS EM ATLETAS ATENDIDOS
DURANTE A LIGA DE FISIOTERAPIA ESPORTIVA DA UFRN NO ANO DE 2017
Ingrid Martins de França1; Tatiana Camila de Lima Alves da Silva1; Ana Cheila Santos1;
Ronan Romeno Varela de Melo2; Vinícius Vieira de Alencar Caldas2; Jean Artur Mendonça
Barboza2; Daniel Germano Maciel3; Mikhail Santos Cerqueira3; Wouber Hérickson de
Brito Vieira4
Resumo
Introdução: Sem dúvidas, a prática de exercícios físicos regulares pode promover
inúmeros benefícios na saúde mental e física, como também na integração social e
cultural. E nos últimos anos, a realização de atividades esportivas tem aumentado
exponencialmente, como uma das consequências de sua realização, observa-se o maior
risco e incidência de lesões. Cada modalidade do esporte apresenta suas peculiaridades
e predisposição a lesões, sendo assim um problema de saúde pública crescente na
atualidade. Objetivo: Avaliar a prevalência de lesões e suas características em atletas
atendidos na Liga de Estudos de Fisioterapia Esportiva da UFRN (LEFERN) – Natal/RN
no ano de 2017. Metodologia: Foi realizado um estudo observacional descritivo sobre
prevalência de lesões dos pacientes da LEFERN, do período de março a novembro de
2017, contendo 40 indivíduos de ambos os sexos, com idade de 15 a 60 anos e
realizado a partir da análise de fichas de avaliação desse projeto universitário.
Resultados: O esporte de maior prevalência foi o futebol (57,5%), sendo a lesão do LCA
a mais frequente (62,5%); e o joelho, a região mais acometida (80%). Conclusão: O
futebol, a ruptura do LCA, e o joelho foram o esporte, a lesão, o mecanismo e a região
mais prevalente, respectivamente.
Introdução
9375
A prática de exercícios físicos regulares pode promover inúmeros benefícios na
saúde mental e física, como também na integração social e cultural, melhorando assim
a qualidade de vida dos indivíduos e reduzindo os riscos de doenças metabólicas,
cardiovasculares e crônicas (Kettunen et al, 2001). Nos últimos anos, a realização de
atividades esportivas tem aumentado exponencialmente e como uma das
consequências de sua realização, observa-se o maior risco e incidência de lesões,
causando prejuízo e preocupações tantos para os praticantes, quanto para treinadores e
profissionais da saúde envolvidos. (Kettunen et al, 2001)
Cada modalidade esportiva apresenta suas peculiaridades quanto a regras,
gestos, dimensões de quadras e pistas, formas de treinamentos e competições e
configurações, além de cada praticante realizar níveis diferentes de intensidade dentro
do esporte, podendo gerar diversos tipos de lesões esportivas (LE). A ausência desses
atletas em suas atividades causa-lhes grandes prejuízos financeiros e para suas
carreiras, além de comprometimento financeiro para seus clubes, patrocinadores e
agentes (Cohen et al, 1997), sendo uma questão importantíssima a prevenção dessas
lesões, como também, a sua recuperação no período mais curto possível.
De acordo com o Sistema de Registro Nacional de Lesões Atléticas (NAIRS) dos
Estados Unidos, lesões esportivas são aquelas que limitam a participação do atleta, por
no mínimo, até um dia após o acontecimento provocador da lesão. (Almeida et al, 2013).
E a cada treino, jogo perdido, é mais um prejuízo para o time, para o jogador e para sua
carreira.
Como as modalidades esportivas têm se tornado cada vez mais praticadas, o
número de lesões aumentou exponencialmente, ultrapassando o âmbito das Ciência dos
Esportes e tornando-se devido a sua atual magnitude e vulnerabilidade, um problema
de saúde pública o qual precisa ser observado e estudado. (Conte et al, 2002).
As LE podem ser causadas por diferentes fatores, como, trauma direto, torção
articular, microtrauma repetitivo, estiramentos, dentre outros mecanismos que podem
levar a diferentes lesões musculoesqueléticas, como: entorses articulares, lesões
musculares, ligamentares, meniscais, etc. (Schenck, 2003, p. 128).
E grande parte dessas lesões musculoesqueléticas ocorre durante o desporto,
correspondendo de 10 a 55% de todas as lesões, atingindo principalmente músculos
biarticulares como quadríceps, isquiotibiais e tríceps sural, já que estão muito
vulneráveis a forças de aceleração e desaceleração durante o exercício. (Barroso e
Thiele, 2011).
E apesar do crescente número de adeptos nas modalidades esportivas, ainda são
poucos os estudos científicos com rigores metodológicos os quais abordam as diversas
9376
modalidades e as características inerentes desses esportes e de suas lesões mais
comuns. (Pedrinelli et al, 2011). E são a partir dos mecanismos de lesões que podem ser
traçados planos preventivos de ações, para dar mais suporte e segurança aos jogadores
no momento da sua prática esportiva.
Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar a prevalência de lesões e suas
características em atletas atendidos na Liga de Estudos de Fisioterapia Esportiva da
UFRN (LEFERN) – Natal/RN no ano de 2017, com o intuito de detectar as características
mais comuns relacionados com essas lesões e assim, obter subsídios para o
desenvolvimento futuro de um programa de prevenção de lesões e de tratamento de
forma mais específica para os atletas participantes do projeto de extensão da Liga de
Estudos de Fisioterapia Esportiva da UFRN.
Metodologia
Estudo observacional descritivo sobre a prevalência de lesões dos pacientes da
LEFERN, do período de março a novembro de 2017. Foram selecionados os 40 atletas
que representavam o total de sujeitos atendidos na LEFERN mediante a demanda
espontânea e registrados no banco de dados desse projeto de extensão. A partir disso,
foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão por meio da análise dos
prontuários: apresentar o diagnóstico clínico de lesão decorrente da prática esportiva e
apresentar os dados (identificação, anamnese e exame físico) preenchidos de forma
completa em suas fichas de avaliação.
Por tratar-se de um projeto associado ao ensino, pesquisa e extensão, todos os
atletas previamente a admissão ao projeto assinaram um termo de consentimento livre
e esclarecido (TCLE) autorizando a utilização de seus dados para fins acadêmicos de
ensino ou pesquisa. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN) parecer n°: 083225/2015,
com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº:
48521115.7.0000.5537.
Todas as etapas do estudo foram realizadas de segunda a quinta-feira no horário
das 17:30 às 19 horas na Unidade de Reabilitação Musculoesquelética do departamento
de fisioterapia da UFRN, onde os atletas eram atendidos pelos discentes do projeto de
forma individualizada, durante o período de 1 hora a 1 hora e 30 minutos, sob a
supervisão de dois professores/coordenadores. O projeto era destinado ao atendimento
fisioterapêutico de atletas vinculados à UFRN, ao Município de Natal/RN ou outras
cidades do estado do Rio Grande do Norte/RN, que eram admitidos por meio de um
contato prévio com os coordenadores e de acordo com a disponibilidade de horário e
9377
vaga dos acadêmicos, podendo ser atletas amadores, semiprofissionais ou profissionais
das mais diversas modalidades do esporte.
No dia da admissão, o atleta foi submetido a uma avaliação inicial a partir de
uma ficha de avaliação desenvolvida pelos coordenadores e alunos que continham
dados de identificação (nome, idade, endereço, telefone, dentre outros), anamnese
(queixa principal do paciente, história da doença e antecedentes pessoais), exames
complementares e exame físico (avaliação física e teste específicos), além do programa
terapêutico (objetivos e condutas propostas), de acordo como quadro clínico
apresentado. Cada ficha de avaliação foi arquivada no banco de dados do projeto para
consultas, reavaliação e/ou fichamento de dados para pesquisa.
Após o recrutamento de todas as fichas, os procedimentos estatísticos foram
realizados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS – 20.0) e
exibidos por meio de estatística descritiva, sendo expressos por medidas de frequência
absoluta e frequência relativa.
Resultados e discussão
Os dados referentes às características da amostra podem ser observados na
Tabela 1. Percebe-se que a prevalência dos participantes era do sexo masculino (85%),
com idade entre 21 a 30 anos (42,5%), sendo seguido pela faixa etária de 31 a 40 anos
(27,5%).
9378
Quanto ao esporte praticado, tipo e região de cada lesão, podem ser visualizados
na Tabela 2. Observa-se que o futebol foi o esporte mais prevalente (57,5%), sendo a
ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) o principal tipo de lesão (62,5%), seguido
outros tipos de lesões (17,5%), lesão musculotendíneas (10%), lesão de menisco (7,5%)
e entorse de tornozelo (2,5%), acometendo principalmente a articulação do joelho,
seguido de outras regiões, depois ombro e com panturrilha/coxa e tornozelo com a
mesma porcentagem.
Frequência Frequência
Absoluta (n= 40) Percentual
Esportes
Futebol 23 57,5%
Voleibol 2 5%
Futsal 2 5%
Outros 13 32,5%
Principais lesões
LCA 25 62,5%
Lesão musculotendínea 4 10%
Entorse articular 1 2,5%
Menisco 3 7,5%
Outras 7 17,5%
Região Corporal
Joelho 32 80%
Panturrilha/coxa 1 2,5%
Tornozelo 1 2,5%
Ombro 2 5%
Outros 4 10%
%, percentual; LCA: ligamento cruzado anterior; Fonte: arquivos dos próprios autores.
9379
lesões e analisar as suas características, com intuito de contribuir para a elaboração de
programas de intervenção preventiva e, assim, minimizar a sua ocorrência.
Inicialmente, como já foi mostrado, a maioria dos participantes foi do sexo
masculino (85%) o que está relacionado diretamente com o esporte mais frequente que
foi o futebol (57,5%). Este é estimulado e amplamente praticado desde a infância entre
os indivíduos do sexo masculino, diferentemente do futebol feminino que,
historicamente, esteve preso a preconceitos e estereótipos sociais apesar do aumento
do número de participantes nos últimos anos (Kakavelakis et al, 2003). Além disso,
alguns estudos epidemiológicos relataram que indivíduos do sexo masculino se
apresentavam mais ativos no tempo de lazer e praticavam mais atividades físicas
vigorosas, quando comparados ao sexo feminino que tendiam a realizar atividades
físicas menos intensar, como também, com uma frequência menor, expondo assim a
maiores riscos de lesões (Arnhein e Prentice, 2002).
A maior prevalência de indivíduos lesionados na faixa etária entre 21 e 30 anos
(42,5%) e 31 a 40 anos (27,5%), evidencia uma faixa mais ativa da população e,
portanto, a maior participação de adultos jovens na prática esportiva, conforme
observado por Kakavelakis et al, 2003. E sabe-se que quanto maior a prática, maior o
risco de sofrer de algum tipo de lesão. As outras faixas etárias encontraram-se em
pouca quantidade para gerar números significativos.
Cohen et al, 2015, contrapõe essa questão da faixa etária apresentava nesse
estudo, determinando que as populações mais velhas estão mais predispostas a
sofrerem mais lesões devido aos fatores fisiológicos ligados ao envelhecimento, logo, as
lesões são proporcionais à idade, contrariando a justificativa do nível de atividade
proposto por Kakavelakis.
Como citado anteriormente, o futebol foi o esporte com maior participação,
seguido de outras modalidades (32,5%) e voleibol e futsal com a mesma porcentagem
(5%). As outras modalidades representaram uma grande quantidade, sendo a segunda
mais presente, demonstrando uma popularidade maior de outros esportes como artes
marciais, corrida e caminhada nos últimos anos.
Mesmo assim, o futebol ainda se mostra como o esporte praticado, sendo o mais
prevalente nesse estudo. Além de ser o esporte mais popular do mundo, estima-se que
o futebol seja praticado por pelo menos 200 mil atletas profissionais e 240 milhões de
atletas amadores, envolvendo grande contato físico, movimentos curtos, rápidos e não
contínuos, como aceleração, desaceleração, mudanças de direção, saltos e pivôs, como
foi discutido por Cohen, 2007, no livro Tratado de Ortopedia. A partir disso, percebe-se
9380
que devido a sua prática numerosa e realizada muitas vezes em locais sem as condições
adequadas, é comum que também haja muitas lesões relacionadas.
Uma das lesões mais comuns e mais graves no futebol é a ruptura do LCA a qual
necessita de intervenção cirúrgica na maioria dos casos, podendo levar afastamento dos
atletas das competições, por um período de quatro a seis meses. Tal lesão ocorre devido
à ação de uma carga excessiva sobre a articulação do joelho que a transmite aos
ligamentos, sendo o principal, o LCA. O movimento anormal da articulação tibiofemoral
leva a falha dos suportes mecânicos que o estabiliza podendo determinar a ruptura do
LCA (Wong e Hong, 2005). Nesse estudo, a lesão desse ligamento foi a mais prevalente
(62,5%), corroborando com os achados de Minghelli et al, 2012, demonstrando que as
lesões ligamentares e as musculares foram as mais frequentes com 65,4%, em atletas
de futebol.
Outra lesão diagnosticada foi a de menisco (7,5%) que, pode estar relacionada
com o trauma rotacional, com a evolução de um processo degenerativo ou a lesão
espontânea. Os meniscos possuem a função de absorção e distribuição da carga no
joelho nos mais variados gestos esportivos, o que pode favorecer ao surgimento de
lesões, destacando-se a lesão do menisco medial devido aos fatores biomecânicos e de
estabilidade dessa estrutura que favorecem problemas em sua estrutura em detrimento
do menisco lateral (Camanho, 2008).
Já outras lesões (17,5%), tendo este número expressivo pela variada ocorrência
de traumas na prática esportiva, estão em alta porcentagem, por estarem vinculadas
com os diversos tipos de esportes dessa amostra e como já foi apontado, cada
modalidade está mais predisposta a diferentes tipos de lesões, logo, quantos mais tipos
de práticas esportivas, mais variados serão os tipos de lesões.
As lesões musculotendíneas (10%) e os entorses (2,5%) podem ter relação não só
com o uso excessivo dessa estrutura durante as atividades, com as intensivas ações de
aceleração e desaceleração, mas também indicar o déficit de flexibilidade,
principalmente, nos membros inferiores, já que amplitudes excessivas são normalmente
recrutadas durante a prática de atividades esportivas. Por exemplo, no futebol há um
esforço repetitivo para correr e chutar a bola, sendo comuns as lesões por trauma direto
(contusão) ou por estiramento de músculos moduladores do movimento (antagonistas)
(Ribeiro et al, 2007; Sheth et al, 1997).
No que se referem as regiões anatômicas mais acometidas, o joelho (80%) foi o
local mais frequente, seguido de outras regiões (10%), ombro (5%) e panturrilha/coxa e
tornozelo com a mesma porcentagem (2,5%). Autores argumentam que este elevado
número de lesões no joelho pode estar relacionado com a fraqueza da musculatura dos
9381
membros inferiores e, a utilização de chuteiras com travas que podem provocar
alteração de aderência ao solo que põem risco a integridade dos atletas. Importante
relatar o papel do fortalecimento muscular, por proporcionar melhorias na qualidade da
resistência das fibras musculares, pela adaptação neural e significativos ganhos de
massa muscular. Estes fatores protegem os tecidos contra lacerações e lesões e, assim,
diminuem as incidências por motivo de fraqueza muscular. (Hreljac et al, 2000; Junge et
al, 2004).
O acometimento da panturrilha/coxa, no presente estudo, foi relacionado a
afecções no tríceps sural e nos grupos musculares flexores e extensores de quadril.
Estas injúrias estão intimamente relacionadas com esportes que, em sua biomecânica,
apresentem movimentos de explosão, arrancadas e de desaceleração brusca,
ocasionando distensões ou rupturas musculares, como o futebol, futsal e voleibol
(Lasmar et al, 2002).
O tornozelo apareceu em pequena quantidade, talvez estar ligado a esportes que
utilizam de saltos, como basquete e voleibol, esportes que não estavam tão presentes
nesse estudo. (Sheth et al, 1997).
Os ombros foram o terceiro local mais acometido e isso pode ser demonstrado
pelo fato da articulação glenoumeral ser a articulação mais móvel e instável do corpo e
necessitar de uma musculatura forte e com boa ativação para conseguir se estabilizar. E
de acordo com Diniz et al, 2015, as lesões de ombro são as causas que mais levam
afastamento dos atletas de seu trabalho e o ombro é muito utilizado em esportes como
voleibol, basquete e nas artes marciais, esportes que apareceram pouco nesse estudo,
mas que ao serem unidos, representam uma parcela significativa.
Outras regiões foram o segundo local mais acometido, pois os mecanismos e as
regiões estão intimamente relacionados com as práticas esportivas e os seus
respectivos gestos esportivos, enfatizando assim a importância de conhecer a
biomecânica dos esportes, necessária para a prevenção de fatores que podem predispor
à lesão.
Conclusão
Os resultados do presente estudo apontam para o futebol, a ruptura do LCA o e o
joelho como o esporte, a lesão e a região mais prevalente de lesões. Dessa forma, o
conhecimento dessas informações demonstra a importância da elaboração de
protocolos preventivos de lesão, enfatizando não só no fortalecimento de grupos
musculares específicos, mas também, o trabalho de flexibilidade muscular associado ao
gesto esportivo, de acordo com cada modalidade, incentivando o controle sensório-
9382
motor. Além disso, tem sido dada importância ao trabalho de estabilização segmentar
da musculatura do centro (core) como mecanismo de minimização de lesões periféricas.
Pelo que consta na literatura, há uma escassez de estudos que relacionam a
prevalência de lesões em mais de uma modalidade esportiva, sendo evidenciado, em
sua maioria, a incidência de lesões para um esporte específico. Como limitação do
presente estudo, destaca-se o pequeno tamanho da amostra por modalidades como, por
exemplo, o futsal, o voleibol e as diversas outras modalidades.
Nesse contexto, é pertinente destacar a relação multiprofissional envolvida no
esporte destacando os profissionais de educação física e fisioterapeutas, no sentido de
contribuir na minimização dessas lesões e de suas recidivas. Mais estudos são
necessários no que se refere a prevalências de lesões e suas características nas
diferentes modalidades esportivas, para que seja possível analisar de forma mais ampla
os esportes, e não estudos que evidenciam apenas uma determinada atividade
esportiva.
Referências
Almeida PSM, Scotta AP, Pimentel BM, Batista S, Sampaio YR. Incidência de lesão
musculoesquelética em jogadores de futebol. Centro Universitário do Pará (CESUPA), 112
Rev Bras Med Esporte – Vol. 19, No2 – Mar/abr, 2013.
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9385
APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE ESCALDA-PÉS NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA EM SAÚDE
MENTAL
Bianka Evelyn Caixeta de Oliveira¹; Alexsandra Girlaine Nazaré Gonçalves²; Daniel Silva
da Costa³; Ericles Lopes de Moura 4; Thuanny Nayara do Nascimento Dantas 5; Soraya
Maria de Medeiros 6
RESUMO
Escalda-Pés é uma técnica de relaxamento que há muito tempo vem sendo empregada
com a finalidade de combater o cansaço dos pés e das pernas, bem como tem sido
utilizado para revigorar o corpo e recompor as energias. Em vista disso, desenvolveu-se
uma ação com a técnica do Escalda-Pés, que teve por objetivo proporcionar, transmitir e
aplicar uma atividade de cunho terapêutico, complementar às oficinas comumente
desenvolvidas no Centro de Convivência, onde foi desenvolvida a ação. O objetivo deste
trabalho é descrever a experiência dos alunos participantes da ação do Escalda-Pés, e o
uso desta prática como uma PICS no âmbito do cuidado de Enfermagem à saúde
mental. Foi desenvolvida dentro do módulo prático da disciplina de Saúde Mental, que
por sua vez, pertence ao componente curricular de Atenção Integral à Saúde do Adulto
II, ofertada aos alunos do 6° período do curso de graduação em Enfermagem da
9386
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em um dos dias de atividades
práticas da disciplina em questão, foi realizada uma visita ao Centro de Convivência
localizado na zona leste de Natal/RN, no bairro Ribeira, na qual os alunos optaram por
participar de algumas das atividades propostas no dia, como a meditação, bem como
levar uma intervenção com a técnica do Escalda-Pés para o público-alvo, que são
pessoas portadoras de transtornos mentais. Ao final da ação, foi possível contemplar
alguns dos benefícios promovidos por essa prática integrativa de saúde, sobretudo no
tocante ao relaxamento dos indivíduos participantes que demonstraram também
profundo interesse em reproduzir tal ferramenta, posteriormente, em seu ambiente
domiciliar. Conclui-se, portanto, que a ação do Escalda-Pés alcançou o objetivo de
proporcionar um maior conforto e uma experiência diferenciada para os participantes,
revelando-se uma ferramenta eficaz no alívio do estresse e também como uma forte
aliada na prática cotidiana de centros de saúde.
1 INTRODUÇÃO
Para a superação dos paradigmas gerados pelo modelo manicomial e para a
consequente transformação dos processos de trabalho em saúde mental e educação, o
ensino “deve ser reorientado para que o estudante desenvolva competências e
habilidades que contemplem os princípios propostos pela Reforma Psiquiátrica,
vislumbrando as necessidades de atenção psicossocial às pessoas com sofrimento
psíquico” (VILLELA; MAFTUM; PAES, 2013). Felizmente, essa transformação tem
ultrapassado, cada vez mais, os limites das universidades e da formação dos estudantes
para atingir os mais variados ambientes assistenciais da saúde mental.
9387
Enfermarias de Saúde Mental em hospitais gerais (BRASIL, 2013). Neste contexto,
destacam-se as práticas terapêuticas não tradicionais e, mais especificamente, as
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no cuidado à saúde mental.
Estas últimas, por sua vez, surgiram como uma forma de romper com a hegemonia do
modelo biomédico de atenção à saúde e serviu de estímulo para o fortalecimento da
chamada Medicina Tradicional ou Medicina Complementar e Alternativa nos Sistemas
de Saúde. No Brasil, tais práticas passam a ser impulsionadas a partir da criação da
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde(PNPIC), em 2005
(SOUZA et al., 2017).
(PICS)
Em meados de 1979, na Rússia, ocorreu a Primeira Conferência Internacional de
Assistência Primária em Saúde. Nessa conferência, discutiu-se as primeiras
recomendações para a implantação das medicinas tradicionais e práticas
complementares (Declaração de AlmaAta), que se difundiu por todo o mundo (JÚNIOR,
2016).
9388
A PNPIC trouxe como objetivos a promoção e a recuperação da saúde - com ênfase na
atenção básica - garantindo a prevenção de agravos, além de propor o cuidado
continuado, humanizado e integral em saúde, de forma a contribuir com o aumento da
resolubilidade do sistema, com qualidade, eficácia, eficiência, segurança,
sustentabilidade, controle e participação social no uso.
Essa política foi elaborada com o intuito de regularizar práticas de cinco grande áreas
reconhecidas como operantes no SUS: a Medicina Tradicional Chinesa/acupuntura, a
homeopatia, plantas medicinais/fitoterapia, medicina antroposófica e o termalismo
social/crenoterapia. Por meio da Portaria nº 849/2017., foram adicionados pelo
Ministério da Saúde as práticas de Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular,
Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, reflexoterapia, Reiki,
Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde(SAÚDE, 2017).
9389
determinadas regiões do corpo por meio da inserção de agulhas filiformes metálicas
para promoção, manutenção e recuperação da saúde, bem como para prevenção de
demais agravos e doenças.
1.3.2 HOMEOPATIA
Como é afirmado pelo Ministério da Saúde [s. d.], trata-se de uma prática que elabora
tratamentos terapêuticos por meio de substâncias extraídos do próprio indivíduo, com
dosagens altamente diluídas, objetivando tão somente desencadear o sistema natural
de cura, promovido pelo organismo.
9390
como sua aplicação para tratamentos de saúde. De forma complementar, a crenoterapia
consiste na indicação e uso dessas águas com finalidade terapêutica.
1.3.6 ARTETERAPIA
Constitui-se em uma prática milenar que utiliza a arte no processo terapêutico. Utilizase
das técnicas como pintura, desenho, sons, música, modelagem, colagem, mímica,
tecelagem, expressão corporal, escultura, dentre outros, como forma de expressão e
conexão dos universos internos e externo do indivíduo. Pode ser realizada tanto na
terapêutica individual quando de grupo. A Arteterapia tem a capacidade de estimular a
expressão criativa, além de auxiliar no desenvolvimento motor, no raciocínio e no
relacionamento afetivo.
1.3.7 AYURVEDA
Ayurveda significa a Ciência ou Conhecimento da Vida. Nesta prática, são utilizadas
técnicas de relaxamento, massagens, plantas medicinais, minerais, posturas corporais
(asanas), pranayamas (técnicas respiratórias), mudras (posições e exercícios) e o cuidado
dietético. Utiliza a teoria dos três doshas (tridosha), o princípio que rege a intervenção
terapêutica no Ayurveda. As características dos doshas podem ser consideradas uma
ponte entre as características emocionais e fisiológicas. Cada dosha está relacionado a
uma essência sutil: Vata, a energia vital; Pitta o fogo essencial; e Kapha está associado
à energia mental. A abordagem terapêutica básica é aquela que pode ser realizada pelo
próprio indivíduo através do autocuidado, sendo o principal tratamento (SAÚDE, 2017).
1.3.8 BIODANÇA
Consiste na prática que busca restabelecer as conexões do indivíduo consigo, com o
outro e com o meio ambiente, a partir do núcleo afetivo e da prática coletiva. A relação
com a natureza, a participação social e a prática em grupo ocupam lugar de destaque
nas ações de saúde. Sua metodologia consiste em induzir vivências coletivas
integradoras, num ambiente enriquecido com estímulos selecionados como músicas,
cantos, exercícios e dinâmicas capazes de gerar experiências que que facilitam a
reunião em nível de relacionamento interpessoal (SAÚDE, 2017).
9391
1.3.9 DANÇA CIRCULAR
De acordo com o Ministério da Saúde (2017), a dança circular também pode ser
chamada de Dança Circular Sagrada ou Dança dos Povos. Trata-se de uma prática de
dança em roda, tradicional e contemporânea, originária de diferentes culturas que
favorece a aprendizagem e a interconexão harmoniosa entre os participantes. Os
participantes dançam juntos, em círculos e aos poucos começam a internalizar os
movimentos, liberar a mente, o coração, o corpo e o espírito. A dança auxilia o indivíduo
a tomar consciência de seu corpo físico, harmonizar o emocional, trabalhar a
concentração e estimular a memória, bem como promover o bem estar, a harmonia
entre corpo-mente-espírito, elevar a autoestima; a consciência corporal, entre outros
benefícios.
1.3.10 MEDITAÇÃO
É uma prática que promove a harmonização dos estados mentais e da consciência. Tem
como finalidade facilitar o processo de autoconhecimento, autocuidado e
autotransformação e aprimorar as interrelações – pessoal, social, ambiental –
incorporando à sua eficiência a promoção da saúde (SAÚDE, [s. d.]). A meditação
constitui um instrumento de fortalecimento físico, emocional, mental, social e
cognitivo. A prática traz benefícios para o sistema cognitivo, promove a concentração,
auxilia na percepção sobre as sensações físicas e emocionais ampliando a
autodisciplina no cuidado à saúde. Estimula o bem-estar, relaxamento, redução do
estresse, da hiperatividade e dos sintomas depressivos (SAÚDE, 2017).
1.3.11 MUSICOTERAPIA:
A Musicoterapia é uma prática que tem como objetivos desenvolver potenciais e
restabelecer funções do indivíduo para que possa alcançar uma melhor integração intra
e interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida. Para isso, a prática
utiliza a música e/ou seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – como
instrumento facilitador e promotor da comunicação, da relação, da aprendizagem, da
mobilização, da expressão, da organização, entre outros objetivos terapêuticos
relevantes, no sentido de atender necessidades físicas, emocionais, mentais, espirituais,
sociais e cognitivas do indivíduo ou do grupo (SAÚDE, [s. d.]).
1.3.12 NATUROPATIA:
9392
A Naturopatia trata-se da abordagem de cuidado que, por meio de métodos e recursos
naturais (plantas medicinais, águas minerais e termais, aromaterapia, trofologia,
massagens, recursos expressivos, terapias corpo-mente e mudanças de hábitos), que
apoiam e estimulam a capacidade intrínseca do corpo de recuperar-se (SAÚDE, 2017).
1.3.13 OSTEOPATIA:
Conforme o Ministério da Saúde (2017), a osteopatia é entendida como um método
diagnóstico e terapêutico que atua no indivíduo de forma integral, partindo do princípio
que as disfunções de mobilidade articular e tecidual, em geral, contribuem para
aparecimento das enfermidades. A prática atua com através de técnicas de
manipulação, stretching, mobilização, tratamentos para a ATM, e mobilidade para
vísceras, aos poucos vai melhorando a mecânica dessas articulações, órgãos e tecidos,
fazendo com que os sintomas venham regredindo a medida do tempo (SAÚDE, [s. d.]).
1.3.14 QUIROPRAXIA:
A Quiropraxia é uma prática que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção das
disfunções mecânicas no sistema neuromusculoesquelético e os efeitos dessas
disfunções na função normal do sistema nervoso e na saúde geral. No tratamento,
utiliza-se da aplicação da força das mãos, pressionando além da amplitude de
movimento habitual (SAÚDE, [s. d.]).
1.3.15 REFLEXOTERAPIA:
Também conhecida como reflexologia, é uma prática que utiliza estímulos em áreas
reflexas com finalidade terapêutica. Parte do princípio de que o corpo é atravessado por
meridianos que o dividem em diferentes regiões e que cada uma destas regiões tem o
seu reflexo, principalmente nos pés ou nas mãos. A técnica consiste em massagear
pontos-chave que permitem a reativação da homeostase e equilíbrio das regiões do
corpo nas quais há algum tipo de bloqueio ou inconveniente (SAÚDE, 2017).
1.3.16 REIKI:
É uma prática que faz o uso das mãos para canalizar a frequência energética do
indivíduo por um terapêuta habilitado. Nessa prática, objetiva-se fortalecer os locais
onde se encontram bloqueios – “nós energéticos” – eliminando as toxinas, equilibrando
9393
o pleno funcionamento celular, de forma a restabelecer o fluxo de energia vital - ki. A
prática promove a harmonização entre as dimensões físicas, mentais e espirituais,
respondendo aos novos paradigmas da atenção em saúde (SAÚDE, 2017).
1.3.17 SHANTALA:
Em concordância com Ministério da Saúde (2017), a shantala é uma prática de
massagem para bebês e crianças composta por movimentos pelo corpo que desperta e
amplia o vínculo entre o cuidador e o bebê. Além disso, promove a saúde integral,
reforçando vínculos afetivos, a cooperação, confiança, criatividade, segurança, equilíbrio
físico e emocional, bem como harmoniza e equilibra os sistemas imunológico,
respiratório, digestivo, circulatório e linfático. A shantala também permite ao bebê e à
criança a estimulação das articulações e da musculatura auxiliando significativamente
no desenvolvimento motor, facilitando movimentos como rolar, sentar, engatinhar e
andar.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
Relatar a experiência dos alunos desenvolvedores da ação de extensão durante o
estágio do módulo prático de saúde mental da disciplina de Atenção Integral à Saúde II,
que teve a finalidade de proporcionar, transmitir e aplicar a técnica de Escalda-Pés,
incluída nas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS)
9394
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Explanar acerca do conceito das (PICS), bem como suas utilidades e benefícios na
atenção à saúde, além de descrever o uso do Escalda-Pés no âmbito do cuidado de
Enfermagem à saúde mental.
3 MÉTODO
O Centro de Convivência da Unidade Integrada de Serviços de Saúde, é localizado no
bairro das Rocas, no prédio do antigo Hospital dos Pescadores, inaugurada pelo prefeito
Carlos Eduardo em 2017. Possui portas abertas e normalmente são cerca de 40 a 50
pessoas atendidas por dia, durante as oficinas. Funcionando das 8 às 17 horas (G1 RN,
2017).
Em vista disso, desenvolveu-se uma ação com a técnica do Escalda-Pés com o objetivo
de proporcionar essa atividade de cunho terapêutico, como alternativa para as
programações comumente desenvolvidas nesse local. A ação foi desenvolvida dentro do
módulo prático da disciplina de Saúde Mental, que por sua vez, pertence ao
componente curricular de Atenção Integral à Saúde do Adulto II, ofertada aos alunos do
9395
6° período do curso de graduação em Enfermagem na Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
Em um dos dias de atividades práticas da disciplina em questão, foi realizada uma visita
ao Centro de Convivência localizado na zona leste de Natal/RN, no bairro Ribeira, na
qual os alunos optaram por participar de algumas das atividades propostas no dia,
como a meditação, bem como levar alguma intervenção para o público-alvo, que são
pessoas portadoras de transtornos mentais.
Para isso, foi cedido o espaço da cozinha do próprio centro, na qual foi realizado o
aquecimento da água, a qual foi posteriormente colocada em bacias. Além da água
aquecida, foram também adicionadas às bacias algumas ervas, cada uma com atuação e
finalidade específica, incluindo gengibre em pó e salsa, colocadas juntamente ao sal
grosso.
Cada sessão durou cerca de 15 minutos, para que todas as pessoas presentes pudessem
participar. Além disso, na ocasião foram distribuídos alguns panfletos elaborados pelos
discentes envolvidos na ação, os quais continham algumas informações a respeito da
técnica de Escalda-Pés, seus benefícios, indicações e contraindicações, de modo a
disseminar informações, bem como facilitar sua reprodução posteriormente no
ambiente doméstico.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O programa de extensão surgiu na Inglaterra do século XIX, com o propósito de orientar
outras alternativas para a sociedade e oportunizar a educação continuada, servindo
atualmente como instrumento comumente utilizado pelas universidades, em forma de
retribuir compromissos sociais (RODRIGUES et al, 2013). Diante desse fato, vale
salientar que é de suma importância o desenvolvimento de ações e projetos de
extensão que tenham por objetivo conscientizar a população sobre o uso adequado das
plantas naturais.
Sabe-se que muitas plantas e ervas podem ser empregadas para fins medicinais desde
os tempos remotos e que trata-se de uma alternativa terapêutica para muitas pessoas,
inclusive brasileiros, principalmente em regiões com infraestrutura deficitária,
repassada de forma empírica entre indivíduos de diferentes civilizações. Contudo, é
evidente a necessidade de validação de seus verdadeiros potenciais terapêuticos
relacionados aos usos com finalidades medicinais bem como os efeitos indesejáveis
causados pelo uso indiscriminado (FEITOSA, 2017)
9396
Pensando nisso, foi desenvolvida essa ação, cuja temática central foi a utilização
Escalda-Pés enquanto técnica de relaxamento, empregada com a finalidade de
combater o cansaço dos pés e das pernas e revigorar o corpo. A técnica consiste em
mergulhar os pés em um recipiente com água pré-aquecida por um período de 15
minutos, seguidos de 5 minutos de massagem com creme hidratante ou óleo, e
acrescentar alguns ingredientes adicionais, a exemplo dos sais de banho ou essências,
sal grosso, ervas, óleos essenciais e aromatizantes.
A opção pela técnica do Escalda-Pés se justifica pelo fato de que a maioria das pessoas
menosprezam alguns cuidados básicos que podem contribuir para revigorar o corpo e
permitir o relaxamento necessário, assim, auxilia a recompor as energias. Pouco é
lembrado, por exemplo, que os pés são a base de sustentação do corpo e que, é
necessário tratá-los de maneira correta, a fim de obter sensação de bem-estar e
benefícios para todo o organismo. Visto que nos pés estão cerca de 70 mil terminações
ou pontos nervosos associados aos diversos órgãos do corpo humano, sendo que o
simples fato de pressioná-los contra os sais e protuberâncias alocadas no recipiente
durante o movimento dos pés e o aquecimento desses pontos causam um reflexo
imediato no equilíbrio energético de todo o corpo. (SPAGNOL et al, 2015).
Deve-se, contudo, atentar-se para as contradições dessa técnica, devendo ser evitada
em pessoas portadoras de Diabetes (devido a perda de sensibilidade tátil, térmica e
dolorosa dessas pessoas, causando queimaduras sem que elas percebam), portadores de
arteriosclerose ou doença de Buerger (doença que afeta os vasos sanguíneos das mãos,
braços, pernas e pés, provocando o seu inchaço e gerando isquemia).
9397
um dos seus principais objetivos. Outrora, um dos resultados importantes da extensão
universitária é associar os diversos saberes, isto é, o contato íntimo com a comunidade
e com a realidade social permeia um conhecimento mais amplo e corrobora um
domínio maior sobre o assunto.
Contudo, para que essa troca seja completa, faz-se necessário que haja uma articulação
entre alunos, professores e comunidade. E que todas as partes expressem suas opiniões
quando houver desejo. Portanto, o referido estudo conclui que a extensão se faz
importante porque aumenta a credibilidade da universidade, porque incita o aluno a
explorar seus métodos de transmitir conhecimentos e que, por sua vez, retém o
conteúdo de forma mais didática, e para a sociedade que adquire benefícios.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, conclui-se que a ação do Escalda-Pés alcançou o objetivo de
proporcionar um maior conforto e uma experiência diferenciada para os participantes.
Também foi possível explicitar a importância do desenvolvimentos das Práticas
Integrativas Complementares em Saúde (PICS) no contexto do cuidado com a saúde,
sendo isto evidenciado através dos resultados alcançados com a ação extensionista
aqui descrita.
Por fim, vale salientar também que o Escalda-Pés demonstrou ser um grande aliado nas
práticas pedagógicas para o curso de graduação em Enfermagem, haja vista que
propicia, aos discentes e docentes, uma experiência de vivência prática em uma área
diferenciada do cuidado à saúde.
9398
6 REFERÊNCIAS
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Norte, 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-
norte/especialpublicitario/prefeitura-do-natal/natal-a-nossa-cidade/noticia/prefeitura-
de-natal-abre-centrointegrado-de-servicos-em-saude.ghtml>. Acesso em 01 abr. 2018.
9399
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142016000100099>.
Acesso em 30 mar. 2018.
VILLELA, Juliane C.; MAFTUM, Mariluci A.; PAES, Márcio R. O Ensino de Saúde
9400
9401
AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA PRECAUÇÕES E CUIDADOS BÁSICOS EM
SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PARA ALUNOS
Resumo
Acidentes e traumas ocorrem com frequência considerável em nosso meio. Quando
olhamos para a faixa etária dos adolescentes existe um aumento da frequência dos
eventos adversos de agravo á saúde. Estes, quando não abordados de forma rápida e
adequada, podem levar ao êxito fatal. O objetivo almejado foi o de capacitar os alunos
das Instituições de Ensino Públicas de Campinas no atendimento em emergências
médicas e ao Suporte Básico de Vida, preparando-os para realizar os primeiros socorros
em situações de emergências médicas, quer sejam, obstrução de vias aéreas (engasgo),
crises convulsivas ou até mesmo parada cardiorrespiratória (suporte básico de vida)
enquanto esperam atendimento específico dos profissionais da saúde. O curso foi
aplicado a 52 alunos de escolas públicas de Campinas durante o ano de 2017. A
duração do curso foi de 6 horas, sendo 3 horas de aula teórica e 3 horas de aula prática.
As aulas teóricas abordaram emergências médicas sobre adultos, adolescentes e
crianças em situações de engasgo, crises convulsivas, desmaios, hipoglicemias e
pequenos acidentes domésticos. Nas aulas práticas, os participantes, em bonecos
adequados para tal fim realizaram as manobras de primeiros socorros específicos para
este fim, enfatizando os ensinamentos passados em aula teórica, ou seja, como realizar
uma ressuscitação cardiorrespiratória em adultos e bebês, além de manobras de
desengasgo em ambos. Após a aplicação de verificação de conhecimentos iniciais e
finais, a média da prova inicial foi 5,47 e da prova final foi de 7,32 desvio padrão de
1,18; Logo, analisando os resultados percebe-se a absorção adequada do conhecimento
ensinado. Ou seja, é possível capacitar de forma simples e eficaz os próprios
adolescentes tornando maior a chance de sucesso em emergências.
9402
Palavras-chave: Palavras-chave: Primeiros Socorros, Emergência, Ensino Básico.
Introdução
Acidentes e traumas ocorrem com frequência considerável em nosso meio. Quando
olhamos para a faixa etária dos adolescentes, entre a 2a e 3a década de vida,
notadamente existe um aumento da frequência dos eventos adversos de agravo à
saúde. Estes, quando não abordados de forma rápida e adequada, podem levar ao êxito
fatal. Sabidamente, o primeiro atendimento realizado de forma adequada, em situações
de risco iminente à vida, aumenta consideravelmente a chance de sobrevida do
indivíduo. Sabe-se, ainda, que não é necessário ser profissional da saúde para realizar o
pronto atendimento e suas manobras iniciais. Portanto, para realizarmos um
atendimento de primeiros socorros adequado, precisa-se estar treinados e confiantes de
nos atos e atitudes.
O poder público tem como uma das estratégias garantir o desenvolvimento de ações
de educação em saúde no intuito de controlar e prevenir doenças, principalmente nos
setores que ficam à margem da sociedade. No entanto, apesar da educação em saúde
ser um instrumento importante, ela tem se mostrado frágil na sua operação, já que os
serviços de saúde não dão importância a estas ações. Sendo assim, tentou-se
reestruturar a prática assistencial substituindo o modelo tradicional baseado em cura de
doenças e hospitais, passando a implementar políticas, dentre elas o Programa de
Saúde da Família, abrangendo diversas áreas: adulto, idoso, mulher, criança e
adolescentes, entre outras.
9403
Isso se deve ao fato de que os índices de acidentes e violências vêm aumento e
tornando-se um grave problema de saúde pública. Em 2005, no Brasil, o total de mortes
da população entre menor de um ano e 19 anos por causas externas foi de 21.040, isto
é, mortes de causas acidentais (trânsito, quedas, afogamentos, entre outros) ou
intencionais (agressões e lesões auto-provocadas).
Neste sentido, a capacitação nas escolas por meio de atividades educativas para
funcionários e pais é muito importante, visto que a maioria das pessoas não sabe como
avaliar e conduzir um acidente que necessita de primeiros socorros. A falta de
conhecimento por parte da população acarreta inúmeros problemas, como o estado de
pânico, a manipulação incorreta da vítima e ainda a solicitação excessiva e às vezes
desnecessária do socorro especializado em emergência.
9404
“a formação integral da pessoa humana e a construção de uma sociedade justa e
solidária.”
Metodologia
Inicialmente houve a criação de material didático na forma de apostila, com
linguagem adequada e coerente para fácil compreensão do público alvo, e também a
utilização de técnicas audiovisuais e folders/pôsteres para fornecer aos participantes as
instruções e atitudes a serem realizadas no atendimento básico às urgências médicas.
9405
número de participantes em cada grupo correspondia a um terço do total, sendo que as
estações eram freqüentadas em forma de rodízio. Na estação com o manequim adulto,
por exemplo, o participante encontrava um adulto desmaiado, e que no decorrer do
atendimento inicial, a vítima apresentava uma parada cardiorrespiratória. O aluno era
estimulado a descrever a situação orientando que uma pessoa ligasse ao serviço de
resgate. A manobra de massagem cardíaca com ventilação deveria ser mantida por pelo
menos dois minutos, de forma adequada, e qualquer erro na realização era corrigido
pelo docente e pela acadêmica. Todos participantes realizaram manobras de massagem
cardíaca e de desengasgo em todos os manequins: adulto, criança maior e criança
menor.
Resultados e Discussão
Os dados compilados foram tabulados e submetidos a uma análise estatística
através do teste T de Student. Os dados foram tabulados, comparados, e como resultado
obteve-se: média inicial de 5,47 (imediatamente antes do início do processo); média
final de 7,32 (após o termino das atividades Teórico Práticas); desvio padrão de 1,11;
obtendo significância estatística de p<0,001.
O atendimento pré-hospitalar iniciou-se no final do século , com o
cirurgiãochefe militar de Napoleão onaparte, arão ominic ean arre . Os aprendizados
da Guerra Civil Americana, 1861-1865, foram posteriormente aplicadas no meio civil
para o atendimento pré-hospitalar. O r. . . arrington, em , ap s quase dois séculos da
invenção de arre , estabeleceu as bases dos serviços médicos de emerg ncia, como lista
de equipamentos essenciais para as ambul ncias proporcionando grande melhora. Ele
também ministrou o primeiro curso de atendimento pré-hospitalar no Departamento de
Corpo de Bombeiros de Chicago, em 1957, iniciando, assim, o atendimento adequado ao
paciente traumatizado.
9406
Logo, ao longo da história, foi notando-se que o primeiro atendimento realizado
adequadamente em situações de risco à vida aumenta consideravelmente a chance de
sobrevida do indivíduo. Além disso, sabe-se que não é necessário ser profissional da
saúde para realizar o pronto atendimento e suas manobras iniciais. Entretanto, para
realizar um atendimento de primeiros socorros adequado, é necessário estar treinado e
confiante nos atos e atitudes. Por isso, a proposta do trabalho visa fornecer
ensinamentos e habilidades, que quando empoderadas adequadamente capacitará
leigos a realização do atendimento inicial às emergências médicas corriqueiras em
nosso meio (SBV), quer sejam, obstrução de vias aéreas (engasgo), crises convulsivas ou
até mesmo parada cardiorrespiratória (suporte básico de vida) enquanto esperam
socorro técnico adequado, atendimento específicos dos profissionais da saúde, e que
esses participantes também foram orientados como solicitá-los adequadamente.
Aquém do resultado expresso por meio de números, houve também por parte dos
participantes do treinando um reconhecimento positivo sobre os ensinamentos
adquiridos, através de depoimentos, elogios e agradecimentos. Além disso, o curso não
necessita de muitos recursos e tem duração de somente um dia, logo é de fácil
aplicação e seria simples implementar nas escolas.
Conclusão/Considerações Finais
Dessa maneira, a evolução observada a partir do aumento das médias de todos
os participantes demonstrou impacto extremamente positivo. Além do resultado
expresso por meio de números, houve também por parte dos participantes do treinando
um reconhecimento positivo sobre os ensinamentos adquiridos, através de
depoimentos, elogios e agradecimentos.
9407
Portanto, percebe-se que é possível capacitar alunos de forma simples, os
tornando aptos a realizar primeiros socorros após chamar atendimento especializado.
Desta forma, é mais provável que a sobrevida de algum acidentado na escola seja
maior, diminuindo a morbimortalidade nas escolas. Além disso, o curso não necessita de
muitos recursos e tem duração de somente um dia, logo é de fácil aplicação e seria
simples implementar nas escolas.
Por fim, este projeto acresce muito tanto na vida acadêmica do extensionista
quanto no mundo acadêmico pois possibilita a participação de congressos de várias
modalidades. Durante 2017, por exmeplo, o projeto foi para o 7º Encontro Anual de
Extensão Universitária da PUC-Campinas”, realizado no dia 8 de setembro realizado no
campus I da Universidade; “ Pré-Congresso Médico Acad mico Samuel Pessoa”
realizado nos dias , , 8 e de outubro; Comemoração do Dia das Crianças no
Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI II) no dia 27 de outubro.
Referências
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desenvolvidas por enfermeiros do Programa Saúde da Família no Rio de Janeiro. Rev
Gaúcha Enferm.
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9408
5. Lourenção LG, Soler ZASG. Implantação do Programa Saúde da Família no
Brasil.
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6. Liberal EF, Aires RT, Aires MT, Osório ACA. Escola Segura. Jornal de
Pediatria.
2005; 81(5 Suppl 0): S155-63.
9409
Rev. Bras Enferm. 2006;59(3):344-8.
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mai 10, cited 2008 mai 14]. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por
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Violências. Available from:
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25. https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/iml-diz-que-bebe-que-
morreuem-creche-de-campinas-foi-sufocada-por-alimento.ghtml
9411
<http://books.scielo.org/id/6pdyn/pdf/sousa-9788578791247-02.pdf>. Acesso em 13
Dez.
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28. SOUSA, RP., MIOTA, FMCSC., and CARVALHO, ABG., orgs. Tecnologias
digitais na educação [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2011. 276 p. Disponível em
SciELO Books <https://static.scielo.org/scielobooks/6pdyn/pdf/sousa-
9788578791247.pdf>.
Acesso em 13 Dez. 2017.
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
11692017000100388&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 13 Dez. 2017. Epub 30-Out-2017.
9412
32. AMERICAN HEART ASSOCIATION. RCP somente com as mãos da
American Heart Association. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=3MDp487I7h4>.
9413
“PROGRAMA SAÚDE NO AR: SUA QUALIDADE DE VIDA EM FOCO” - UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA NUMA EMISSORA DE RÁDIO NO MUNICÍPIO DE NAZARÉ-BA
Daniele de Andrade Santos¹; Valmir Carlos Mota de Oliveira Júnior²; Ionara Magalhães
de Souza³; Carolina Gusmão Magalhães4
Resumo
O rádio é um dos meios de comunicação que atinge todas as camadas sociais e que, por
isso, representa um importante recurso na comunicação e educação em saúde. Nessa
perspectiva, o
Projeto de extensão “Saúde no Ar: Educação e Comunicação no Recôncavo da Bahia” foi
idealizado com o intuito de realizar programas de rádio com foco na educação e
comunicação em saúde. Trata-se de um relato de experiência das ações desenvolvidas
por membros do Projeto no município de Nazaré-BA. As ações contaram com a parceria
da Rádio Alternativa FM, mediante a realização de programas semanais com duração de
40 minutos, nos quais foram abordados temas em saúde de interesse da população
local. Essa experiência contou com a participação ativa da população. Observou-se uma
repercussão muito positiva dos ouvintes, o gradativo fortalecimento de vínculo dos
membros do programa e da emissora com a comunidade, além da necessidade de
atualização constante de conhecimento pelos membros do projeto a fim de atender às
necessidades da população. Com isso, foi possível compreender o alcance dessa
ferramenta para promover comunicação e educação em saúde.
9414
Introdução
O avanço tecnológico tem permitido o surgimento de diversos meios de
comunicação e, ainda assim, o rádio continua sendo considerado um dos melhores
meios de maior
________________________________________________
¹Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Bacharel em Saúde e graduanda em
Medicina (UFRB). ²Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Bacharel em Saúde,
graduando em Medicina (UFRB) e pós graduando em Gestão Hospitalar (UNINTER).
³Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Docente do curso de Graduação em
Bacharelado Interdisciplinar em Saúde e Medicina (UFRB), Doutoranda do Programa de
Pós-Graduação em Saúde Coletiva (UEFS). 4Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, Docente do curso de Graduação em Nutrição e Pós-Graduação em Nutrição
Clínica, Mestra em Desenvolvimento e Gestão Social (UFBA).
Desse modo, o uso das emissoras de rádio além de representar uma estratégia
para educação e comunicação em saúde, proporciona o empoderamento dos ouvintes,
visto que nos programas de rádio eles podem participar e esclarecer dúvidas. Esta
9415
estratégia pode possibilitar mudanças positivas no cotidiano das pessoas (FARIAS &
ROCHA 2013).
Metodologia
Nesse sentido, o Projeto “Saúde no Ar”, tem como foco a ampla divulgação dos
conhecimentos através do recurso da radiodifusão, a partir do formato de programas de
rádio, sob o pretexto de disseminar os conhecimentos na garantia da prevenção de
doenças e agravos e promoção da saúde. A primeira parceria foi garantida com a
emissora de rádio Alternativa FM, situada no município de Nazaré-BA, que está
localizado no Recôncavo da Bahia e possui cerca de 30 mil habitantes.
9416
Após parceria consumada, procedeu-se o levantamento das necessidades em
saúde da população. Nessa direção, contatamos a Secretaria Municipal de Saúde e
profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município.
Resultados e discussão
O “Programa Saúde no Ar: sua qualidade de vida em foco” tem se revelado uma
experiência muito relevante, ampla e satisfatória tanto para a comunidade quanto para
os membros envolvidos. Desde o mês de novembro de 2017 até março de 2018, foram
realizados programas com diversas temáticas (Quadro 1).
Data Temática
18/11/2017 Hipertensão
9417
25/11/2017 Diabetes
09/12/2017 Obesidade e Sobrepeso
16/12/2017 Problemas Cardíacos
13/01/2018 Doença de Chagas
20/01/2018 Depressão
27/01/2018 Febre Amarela
03/02/2018 Automedicação
17/03/2018 Hanseníase
24/03/2018 Verminoses
10/03/2018 Alergias
17/03/2018 Infecções Sexualmente
Transmissíveis
24/03/2018 Infecções Respiratórias
31/03/2018 Conjuntivite
9418
foi mencionada a importância de o usuário compreender a saúde e a informação
enquanto um direito, pesquisar mais sobre os temas, buscar o profissional de saúde
sempre que necessário, e de compartilhar as informações vinculadas no programa com
conhecidos. Desse modo, o Programa tem se destacado no município visto que as
informações veiculadas dificilmente chegam a essa população através de outras ações e
meios de comunicação.
Ademais, essa experiência tem produzido nos membros do Projeto muito aprendizado.
Destacam-se o compromisso social, o vínculo com a comunidade e a necessidade de
atualização de conhecimentos de educação e comunicação em saúde. Tem-se observado
que educação e comunicação em saúde não se resumem ao ato de passar informações.
Para além disso, consiste em refletir sobre o que se informa e para quem se informa e,
dessa maneira, tentar ao máximo praticar uma comunicação afetiva e efetiva (OLIVEIRA,
2009).
Com isso, percebe-se que a resposta da população tem sido muito satisfatória,
animadora e gratificante. Não obstante, durante o desenvolvimento dos programas
algumas limitações e desafios foram encontrados, como a restrição no acesso às
instalações da emissora, uma vez que, na ausência do responsável os programas não
podiam ocorrer, e a falta de sugestão de temáticas pelos ouvintes, apesar das inúmeras
solicitações e disponibilidade de meios para sugestão (contato via rádio e/ou redes
sociais).
Considerações finais
9419
diversos atores sociais incentivam o pensar sobre saúde e a promoção da universalidade
e integralidade do cuidado.
Referências
BARROS, F. A tendência concentradora da produção de conhecimento no mundo
contemporâneo. Brasília: Paralelo 15 – Abipti, 2005.
PEREIRA, C.M.C.; BARCELOS, M.C.V.; RIBEIRO, O.J.; CRUZ, D.M. Educação Em Ondas: O
Rádio Como Instrumento e Como Possibilidade. Campo Gande, MS, 2001.
RAMOS, T.M.; CABRAL, J.R.; MERCÊS, A.R.; LIMA, A.F.; MUNIZ, R.A.A.; Educação Em Saúde
Através Do Rádio Na Formação Acadêmica De Enfermagem. Natal, RN, 2013.
ROGES, A.L.; VASCONCELOS, E.M.R.; ALENCAR, E.N.; MUNIZ, R.A.; Utilização do rádio
pelo enfermeiro como estratégia em educação em saúde: uma revisão integrativa. Rev.
9420
OLIVEIRA, A.M.F. Informação, educação e comunicação em saúde: é suficiente atuar em
rede? Os desafios éticos da formação do profissional de saúde na pós – modernidade.
Tempus - Actas de Saúde Coletiva, vol. 3, n.1, p. 14-27, jan./mar. 2009.
9421
O IMPACTO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Luiza Maria de Palhares Pinheiro1; Mayara França de Lima1; Mayara Vale da Silva1;
Márcia Cunha da Silva Pellense2.
Resumo
1
Centro Universitário Facex (UNIFACEX). Curso de Graduação em Enfermagem.
2
Enfermeira Mestre em Saúde da Família pela UFRN. Docente do Centro Universitário Facex (UNIFACEX)
9422
associados aos avanços em saúde, sejam concomitantes a humanização das práticas
profissionais.
Introdução
9423
Cabe ressaltar ainda que além da falha dos profissionais de saúde em diagnosticar os
casos de depressão precoce, as mulheres acometidas, muitas vezes, não recebem o
tratamento devido. Além disso, há comprovações científicas que o estado depressivo da
mãe causa danos cognitivos e comportamentais aos filhos que podem ser observados,
pelo menos, até o terceiro ano de vida (BRASIL, 2014)
Tendo em vista os danos causados pela assistência indevida, que fragilizam a mulher e
podem deixar sequelas com danos irreparáveis, o presente estudo busca identificar a
relação entre a violência obstétrica sofrida nas instituições de assistência à mulher e o
surgimento da depressão pós-parto. E assim contribuir com a comunidade científica e
profissional em geral, no sentido de dar visibilidade ao tema, provocando uma
sensibilização a respeito da
Metodologia
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura, visto que faz uma busca
analítica e descritiva que visa responder questionamentos sobre a temática específica.
Os dados foram obtidos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e nas seguintes bases
eletrônicas: Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e
Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) no período compreendido entre 2013 a
2017. Além disso, utilizou-se artigos encontrados no SCIELO que não correspondiam aos
critérios de busca, mas que estavam relacionados com a temática abordada, e ainda
alguns manuais produzidos pelo Ministério da Saúde.
9424
Para a busca dos materiais foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS):
Depressão pós-parto; violência contra mulher; humanização de assistência ao parto e
fatores de risco. Para refinamento do material, utilizou-se o operador booleano and
combinado da seguinte forma: depressão pós-parto and fatores de risco, depressão pós-
parto and humanização de assistência ao parto; violência contra a mulher and
humanização de assistência ao parto.
Resultados
As referências selecionadas foram obtidas a partir de bases de dados, porta e bibliotecas
digitais. A seleção por título e resumo resultou em 121 referências, das quais foram
removidas 22 publicações que estavam duplicadas e outras 79 que não correspondiam a
temática. Após a avaliação de 20 referências na íntegra, foram excluídas 12. Assim, no
total foram incluídas 8 referências nesta revisão. No Quadro 1 são apresentadas as
bases consultadas e respectivas estratégias de busca, o total de referências recuperadas
e a quantidade selecionada após analisar o título e o resumo de cada referência.
Quadro 1 - Síntese das principais informações dos artigos e manuais, quanto título,
autores, ano de publicação, periódico e metodologia. Natal, 2018.
9425
O pré-natal psicológico como ARRAIS et al., 2014 Saúde Soc. Pesquisaação
programa de prevenção à
depressão pós-parto.
9426
O discurso da violência OLIVEIRA, V. J. e Texto Contexto Pesquisa
obstétrica na voz das mulheres PENNA, C. M. M., Enferm. qualitativa.
e dos profissionais de saúde. 2017.
Discussões
O parto é um evento único e sublime na vida da mulher e de sua família, porém, é
provedor de benefícios ou danos psicológicos. É um evento permeado por muitas
mudanças e visto como um momento transformador, permeado por incertezas, medo do
desconhecido, e por isso não é uma experiência neutra para a mãe e família.
Dados coletados nos estudos de Hartmann; Mendoza-Sassi e Cesar (2017) afirmam que
cerca de 20% das mulheres demonstram fatores de risco para desenvolver depressão
pós-parto e pode chegar aos 70% se já houver episódios depressivos em outras
gestações.
Alguns autores sabem que no último semestre gestacional a mulher encontra-se mais
propensa às modificações hormonais que podem afetar seus instintos. Mulheres
primíparas, sem apoio conjugal e/ou familiar, com histórico de estresse pós-traumático
(morte de familiares, perda do emprego, abortos, vítimas de violência) e que já possui
algum relato de crises depressivas durante o ciclo gravídico, estão mais vulneráveis ao
surgimento da DPP. É necessária uma atenção redobrada durante os meses iniciais da
gestação, principalmente quando há fatores de risco, para evitar os agravos do
comprometimento psíquico. O acompanhamento deverá ser realizado tanto pelos
profissionais quanto pelos familiares, principalmente do companheiro (ARRAIS et al,
2014; LIMA et al., 2017).
A assistência eficaz durante todo o ciclo puerperal é determinante para que esta
vivência seja satisfatória, uma assistência com informatização evitaria o medo que é
gerado pelo desconhecido, pois, viabiliza o desempenho da autonomia da mulher
mediante o conhecimento. A organização da assistência durante o parto em ambiente
hospitalar, sejam permeados por instituições públicas ou privadas, tem se estabelecido
como uma linha de produção, exacerbando a medicalização do parto, restringindo a
capacidade de escolha exclusivamente ao médico através de práticas rotineiras que
desvanecem do aparato científico excluindo-se o protagonismo da mulher,
9427
desrespeitando a sua privacidade e desconsiderando sua autonomia (OLIVEIRA E PENA,
2017).
Essa fragilidade assistencial faz com que muitas mulheres busquem, frequentemente, o
auxílio das doulas durante e após o trabalho de parto, contanto com sua experiência,
encorajamento e suporte nesse processo, semelhante ao auxílio fornecido pelas
parteiras décadas atrás. O Ministério da Saúde preconiza a vigilância desse agravo -DPP-
antes do nascimento, durante as consultas do pré-natal, no entanto, o que se pode
observar são fragilidades no Sistema de Saúde que rompem com as normas éticas e
legais, através de normas e protocolos questionáveis, seguidos pelas instituições, e
abuso de poder que supõem um dos tipos de violência, a institucional (SOUZA, 2014).
Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) relatou que filhos de mães que
foram acometidas pela DPP possuem dificuldades de realizar atividades competentes ao
desenvolvimento motor. Além disso, identificou-se que a relação mãe-filho é bastante
prejudicada nesses casos, uma vez que é difícil para a mãe manter o vínculo com a
criança desde o nascimento (BRASIL, 2014).
9428
mães com DPP, quando comparados a bebês de mães estáveis emocionalmente,
demonstram mais afetos negativos que positivos, têm menores níveis de
desenvolvimento de atividades e vocalizações, suas expressões são intensas variam de
tristeza ou raiva e protestos, são irritados e tem mais picos de choro, costumam
distanciar o olhar, sendo notáveis com poucos meses de idade (ALMEIDA E ARRAIS,
2014).
No entanto, ainda não há muitas análises que ressaltam a “violência obstétrica” como
um agente causal dos transtornos psiquiátricos no puerpério, mas é possível observar
em alguns estudos que sua prática representa efetivamente um grande fator de risco
para o aparecimento ou potencialização de problemas psíquicos preexistentes.
Buscando reverter a situação e fazer jus às políticas de auxílio à mulher, alguns órgãos,
como a ReHuNa (Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento), atuam no
engajamento de boas práticas aos cuidados perinatais embasadas cientificamente desde
a década de 90, quando se começou a analisar e questionar a assistência à mulher
(SENA E TESSER, 2017). Nesse contexto surge a Rede Cegonha, mediante a publicação
da Portaria 1.459 de 2011, cujos objetivos visavam o aperfeiçoamento das práticas da
assistência materno infantil, inclusive ao que se diz respeito ao auxílio na gestação e
9429
parto, visando o acolhimento e a humanização como agentes determinantes no
processo do cuidado e sobretudo exaltando o protagonismo da mulher (SOUZA, 2014).
Há ainda, segundo Arrais e Almeida (2016), em raros serviços de assistência obstétrica, o
pré-natal psicológico, que oferece um apoio psicoterapêutico e discute questões
relacionadas aos privilégios da mulher, como: direito de acompanhamento no parto,
fatores sociais impactantes e ansiedade, que promovem o acolhimento e a escuta
qualificada a essas mulheres.
Considerações Finais
Os resultados do desenvolvimento do presente estudo demonstram que os agravos à
saúde da gestante vêm se potencializando consideravelmente, principalmente quando
está relacionado ao seu estado psíquico, no que se refere à depressão pós-parto,
diretamente ligados a fatores envolvendo não só a violência sofrida durante o período
gravídico, mas também, condignos às responsabilidades maternas.
A partir do estudo foi possível perceber a relevância do tema, bem como suas
contribuições para a comunidade científica, profissionais da saúde e população em
geral.
9430
Referências
9431
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2017000605012&script=sci_arttext>
Acesso em: 13 fev. 2018.
9432
DJUNTA MED BRASIL-CABO VERDE: ENCONTRANDO TRILHAS ALÉM-MAR PARA
EFETIVAR A COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
T.C. GONÇALVES1; M.B. BAY1; M.M. ALVES1; A.H.J. OLIVEIRA1; A.E.M. NOVAES1; A.H.M.
GODEIRO1; A.G.B. MEDEIROS1; C.S.S. PEREIRA1; D.D.C.Q. TURÍBIO1; J.M.M. OLIVEIRA1; M.G.
FERNANDEZ1; M.A.D. BESSA1; N.B. REIS1; N.C.C. FERREIRA1; R.C.P. PACHECO1; E.T.A.
MONIZ2; K.H. REIS3
Instituições:
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)1
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)2
Universidade Federal de Roraima (UFRR)3
Resumo
Introdução: A infecção pelo HIV, tanto no Brasil como em Cabo Verde, vem tendo um
aumento gradual de sua incidência e prevalência nos últimos anos. Nesse contexto,
acredita-se que possibilitar uma vivência entre estudantes de medicina de tais
contextos, voltando-se à assistência prestada pelos serviços públicos de saúde à
pessoas que vivem com HIV/SIDA (PVHIV), contribuirá fortemente para a compreensão e,
a longo prazo, para o aperfeiçoamento do cuidado fornecido a estes usuários. Objetivos:
Este projeto visou criar um ambiente de união e cooperação entre a Medicina UFRN e a
Medicina Uni-CV, bem como compartilhar, com estudantes de ambos os países,
informações sobre prevenção e adesão ao tratamento do HIV, sobre infecções por
arboviroses e malária, e as diferenças na prática médica das duas nações. Além de tudo,
aponta-se como objetivo norteador a extensão dessa discussão à comunidade.
Metodologia: O projeto ocorreu de 18 a 31 de janeiro de 2018 e foi executado em
quatro fases: (1) Diagnóstico inicial da realidade local; (2) Discussão e
9433
verdiana em conjunto com a comunidade acadêmica. Resultados: O principal resultado
do projeto reside na capacidade dos estudantes de transformar a linguagem rebuscada
da academia em linguagem acessível à população, tornando efetiva a educação em
saúde sobre as infecções abordadas. Outro ponto importante foi que os pacientes com
HIV apontaram tanto o estigma de ter a doença quanto os efeitos colaterais da
medicação como os maiores entraves na manutenção do tratamento. Conclusão: O
Djunta Med foi uma experiência única e inovadora para o processo de ensino-
aprendizagem de estudantes de medicina, profissionais de saúde e a comunidade
envolvida.
Introdução
Em 1981, foram relatados, nos Estados Unidos da América, os primeiros casos de SIDA,
os quais foram diagnosticados em homens jovens homossexuais com pneumonia
causada por Pneumocystis carinii, em Los Angeles. Em seguida, a síndrome foi descrita
em hemofílicos, hemotransfundidos, usuários de drogas, parceiros sexuais de indivíduos
portadores da síndrome supracitada e crianças nascidas de mães também portadoras.
Cabo Verde (CV), localizado na costa da África Ocidental, registrou 2.885 infecções pelo
HIV em 2017, com prevalência na população geral de 0,8%. A mortalidade por Aids
nesse país, em 2015, foi de 12 óbitos para cada 100.000 habitantes (Comitê de Combate
9434
à Aids - CV). Em contrapartida, o Brasil apresentou 16.371 novos diagnósticos de HIV só
entre janeiro e junho/2017, e em 2016, foram 37.884 casos notificados. A prevalência
na população geral é de 0,4%. Em relação à Aids, são notificados, anualmente, cerca de
40.000 novos casos, e o coeficiente de mortalidade dessa síndrome, em 2016, foi de 5,1
óbitos para cada 100.000 habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
Deste modo, a fim de melhor atender ao aumento recente e gradual de casos de pessoas
infectadas com o HIV, nos dois países, o intercâmbio proposto constituiu uma tentativa
de permitir a vivência de alunos oriundos de diferentes contextos nacionais voltada à
assistência prestada pelos serviços públicos de saúde aos pacientes portadores de
HIV/SIDA, contribuindo para o fortalecimento do processo de ensino-aprendizagem dos
alunos de graduação e, a longo prazo, o aperfeiçoamento do cuidado fornecido a estes
usuários.
9435
Em Cabo Verde, a malária é caracterizada como uma enfermidade instável, com
transmissão preferencialmente sazonal, de baixa endemicidade e cuja incidência varia
de ano para ano. Nos últimos anos, foram registrados casos de malária autóctones e
importados, com predominância na época das chuvas e após essa época. Em 2017, os
casos de malária começaram a ser registrados antes da época das chuvas e de janeiro
até novembro de 2017, tendo sido notificados 403 casos que constituíram um aumento
significativo em relação ao ano de 2016, em que foram notificados 47 casos.
Os principais vetores das arboviroses são os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus,
embora, no Brasil, apenas o Aedes aegypti se mostre como o agente transmissor, estando
disseminado por todos os estados do país, apresentando caráter urbano. Da mesma
forma, em Cabo Verde, é o Aedes aegypti o único vetor conhecido da dengue. Já para a
zika, em peculiar, vale ressaltar que é conhecida sua possível transmissão pela via
sexual, por transfusão sanguínea, materno-fetal e o contato com fluídos corporais,
todavia não se sabe o real protagonismo dessas vias de transmissão na propagação da
infecção (GRISCHOTT et al., 2016).
Por sua vez, as taxas de infecção da dengue, segundo a OMS, respondem por mais de
100 milhões de indivíduos infectados anualmente, embora, segundo alguns estudos
(BHATT et al., 2013), esse número pode estender-se para cerca de 390 milhões de casos
por ano, de modo que apenas 25% desse total se manifesta clinicamente. Sua
transmissão envolve mosquitos fêmeas do gênero Aedes que se infectam após picar
indivíduos virêmicos e transferem pela picada, após replicação em seu organismo, os
vírus ao indivíduo suscetível. O primeiro surto de dengue em Cabo Verde ocorreu em
2009 devido ao tipo DENV-3. Resultados de um estudo entomológico em 2014 com a
população de mosquitos Aedes aegypti da ilha de Santiago em Cabo Verde indicam que
tais vetores apresentam alta capacidade vetorial para os sorotipos DENV-2 e DENV-3,
aparentando ser menos suscetível a DENV-1 e DENV-4 (MOURA et al., 2015). Quanto à
zika, o primeiro caso de infecção pelo vírus em Cabo Verde foi oficialmente constatado
em outubro de 2015. Um total de 7.457 casos suspeitos de zika foram notificados desde
o início da epidemia até a primeira semana de março de 2016. A transmissão local
9436
ocorreu em quatro ilhas do país: Santiago, Maio, Fogo e Boavista. Durante a epidemia
foram registradas 165 grávidas com suspeita de infeção pelo vírus zika, de modo que o
primeiro caso de microcefalia foi notificado na cidade da Praia em março de 2016 e, até
junho do mesmo ano, registraram-se 11 casos de microcefalia.
Metodologia
O projeto Djunta Med Brasil-Cabo Verde ocorreu no período de 17 de janeiro de 2018 a
31 de janeiro de 2018, na cidade da Praia, em Cabo Verde. Participaram do projeto vinte
e um (21) estudantes cabo-verdianos - dos quais dezenove (19) são do terceiro ano do
curso de medicina da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), uma é do atual 7º período
de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e outra é do atual 9º
período de medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR) - e treze (13)
acadêmicos do curso de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN).
As atividades do projeto foram divididas em quatro (4) fases principais: (1) Diagnóstico
inicial da realidade local; (2) Discussão e aprofundamento teórico acerca das temáticas
norteadoras do projeto; (3) Contato e atividades de educação em saúde e prevenção de
agravos com profissionais de saúde e com a população local; e (4) Vivência no contexto
histórico-cultural da nação cabo-verdiana em conjunto com a comunidade acadêmica.
9437
projeto Djunta Med foi apresentado às autoridades de saúde da capital do país. Nessa
oportunidade, foram-se discutidas metodologias para a ideal realização do projeto, bem
como a possibilidade de também integrar a comunidade local como público-alvo das
atividades de forma efetiva. Foi também realizada uma visita à sede do Comitê de
Coordenação do Combate à SIDA (CCS-SIDA), cujo presidente e a psicóloga da Rede de
Pessoas que Vivem com o VIH (PVVIH) inteiraram os estudantes intercambistas no que
concerne ao funcionamento da instituição e do imprescindível trabalho que vem sendo
feito, além de também terem transmitido o panorama atual da infecção e da doença no
país.
Na terceira etapa do Djunta Med, os alunos tiveram contato com os serviços de Atenção
Primária à Saúde em Praia, conhecendo os centros de saúde, sua estrutura física, as
equipes, os serviços disponíveis e o seu funcionamento, o que permitiu a comparação
com as Unidades Básicas de Saúde no Brasil, especialmente, de Natal-RN. Cada visita foi
guiada por um profissional de saúde do centro, possibilitando também que as dúvidas
que surgissem fossem sanadas. Também foram realizadas intervenções sobre prevenção
do HIV, outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, Arboviroses e Malária com
pacientes em sala de espera por meio da metodologia ativa popularmente conhecida
como “Mito ou Verdade?”. Nessa dinâmica, os pacientes participantes recebiam placas
com as palavras “mito” e “verdade” escritas, uma em cada lado da placa. Os alunos,
9438
então, explicavam que seriam feitas afirmações sobre os temas acima mencionados, e
que os pacientes deveriam levantar a placa com o lado “mito” se eles achavam que a
afirmativa era falsa ou com o lado “verdade” se eles achavam que a afirmativa era
verdadeira. Após isso, os estudantes interrogavam o porquê de se ter achado mito ou
verdade, no intuito de partir do conhecimento prévio para construir a informação que se
desejava transmitir. Em seguida, era feita a explicação mais detalhada, focando no
aspecto principal que cada questão possuía, sendo, posteriormente, sanadas as dúvidas
que ainda persistissem, sendo sempre utilizada linguagem compreensível à população
geral.
Ainda na terceira fase, foi desenvolvida uma atividade de extensão, em formato de roda
de conversa, com as mulheres do projeto “MULHERES POSHITIVAS”, o qual faz parte da
Rede PVVIH. Tal projeto é constituído por mulheres que vivem com HIV e realizam
encontros periódicos para o debate sobre vários temas. Outros pacientes da rede PVVIH
também participaram dessa atividade, cujos temas abordados foram Boa Adesão ao
Tratamento e Qualidade de Vida. A estrutura da roda de conversa se baseou num rito
cultural tradicional proposto pelos estudantes da Uni-CV, uma vez que, o intuito era
promover um espaço de troca horizontal de conhecimentos entre as pessoas da rede,
profissionais de saúde e os estudantes. O encontro teve início com um "chamado", cuja
essência é atrair a atenção dos participantes utilizando a música. A seguir foi adotada
uma dinâmica, em que cada participante da roda apresentava um(a) outro(a) partícipe ao
grupo. Em seguida, lançou-se mão de perguntas disparadoras para dar início a conversa:
“Para você o que é boa adesão ao tratamento?” e “O que significa ter qualidade de vida
para você?”. A postura não impositiva e escuta atenta permitiu um ambiente de abertura
e confiança. A partir dessa abordagem foi possível uma compreensão aproximada do
que aquelas pessoas entendiam por boa adesão terapêutica e ter qualidade de vida.
Posteriormente, a atividade foi encerrada com uma ciranda e com o Batuque (Batuku ou
Batuk, em Crioulo cabo-verdiano, gênero musical e dança tradicional de Cabo Verde),
envolvendo a integração das culturas brasileira e cabo-verdiana.
9439
as produções literárias e musicais: autores separados pelo Atlântico, sem nunca trocar
palavra, expressavam a mesma dor pela migração compulsória causada pela falta d’água
e pela aridez do clima. Em adição, sendo os dois países de riquíssima culinária, houve
uma celebração cultural em que cada grupo ofereceu à degustação as iguarias de sua
pátria. Outrossim, o grupo intercambista foi convidado a participar de um rito
tradicional da cultura badia: o “Terêru da Amizadi”. Ele é concebido em quatro momentos
- Sambuna, Nobreza, Lenga-lenga e Kombersu Sabi. Sambuna consiste em um chamado,
que é preparado por um emissor e objetiva chamar a atenção dos participantes e
prepará-los para o que virá a seguir. O momento da Nobreza se dá pela narração
previamente pensada de um episódio significativo da história africana, podendo ser
algum evento, guerra ou memória de uma personalidade importante na resistência
africana e soberania do povo negro. O terceiro momento, a Lenga-lenga, é o de maior
descontração, estando permitido todo tipo de expressão: contação de estórias e piadas,
declamação de poesia, interpretação de canções, esquetes por qualquer um da roda que
se sinta à vontade. O momento final é o Kombersu Sabi, no qual alguém com maior
conhecimento sobre determinado assunto é convidado a palestrar para o grupo,
coordenando uma conversa aberta. Nessas circunstâncias, o grupo brasileiro pôde
achegar-se um pouco mais à cultura que permeia seu cotidiano sem ser, muitas vezes,
percebida.
Para mais, houve visitas a sítios históricos, como à "Cidade Velha" (Ribera Grande,
Resultados e Discussão
9440
A partir do discurso destes representantes, depreendeu-se que, devido ao fato de os
estudantes de medicina do terceiro ano da Uni-CV serem a primeira turma a ser formada
em Cabo Verde, a população não está preparada para a presença de acadêmicos de
medicina nos serviços públicos de saúde.
Já em relação às atividades desenvolvidas com pessoas que vivem com HIV, foram
identificados alguns desafios existentes no contexto da atenção à saúde dessa
população: durante conversa com esses indivíduos, foi relatada a dificuldade que ainda
existe quanto ao estigma da doença. Muitos ainda têm de esconder sua condição
soropositiva de parentes e da comunidade, o que resulta em evasão do atendimento
médico por medo de exposição. Curiosamente, vale salientar que as pessoas que
frequentam grupos de apoio, como o chamado "MULHERES POSHITIVAS", beneficiaram-
se fortemente de acompanhamento interdisciplinar na atenção primária, o que aumenta
a conexão humana dos participantes, aceitação pessoal e motivação para a vida. Os
pacientes com HIV apontaram tanto o estigma de ter a doença quanto os efeitos
colaterais da medicação como os maiores entraves na manutenção do tratamento. Aqui,
cabe ressaltar a importância da rede do PVVIH, que ajuda a combater o tabu em torno
do HIV na sociedade e a acompanhar de forma interdisciplinar esses pacientes, além de
promover o empoderamento das PVVIH. Isso, por sua vez, estimula a autoestima e
9441
contribui para a aceitação do diagnóstico, repercutindo, portanto, em uma boa adesão
ao tratamento.
Ao longo do período da vivência, notou-se que o fato da assistência às PVVIH ter lugar
na Atenção Primária facilita o acompanhamento e a qualidade do acesso aos serviços de
saúde. Em contraste, no Brasil a assistência é predominantemente prestada em serviços
especializados, o que pode contribuir para manter o estigma relacionada à infecção,
uma vez que soa de certa forma segregativa.
Por fim, outro ponto importante que deve ser mencionado diz respeito à interação que
houve entre os estudantes de medicina brasileiros e os cabo-verdianos. A troca de
experiências foi bastante positiva e permitiu aprendizados bilateralmente, em especial,
aos anfitriões que, até então, não haviam tido contato direto com a comunidade. Devido
à implementação recente do curso médico, o contato com o paciente apenas se dá
tardiamente em comparação à realidade brasileira, na qual desde os primeiros períodos
do curso existe amplo espaço para essa prática, dentro ou fora da estrutura curricular
obrigatória.
Conclusão/Considerações Finais
O projeto Djunta Med representa uma experiência única e inovadora para o processo de
ensino-aprendizagem de estudantes de medicina, profissionais de saúde e a
comunidade envolvida. Tais agentes participantes puderam compartilhar e refletir sobre
valores imateriais e estigmas culturais, diversidade na prática médica e o
desenvolvimento de habilidades e competências necessárias em diversos contextos
profissionais. Foi, assim, uma oportunidade singular de aprendizado e extensão à
sociedade civil, de permuta de experiências e vivências entre indivíduos de nações
distintas, bem como um contato valioso entre duas escolas médicas e seus princípios
orientadores na formação dos alunos. Foi possível, desse modo, despertar o interesse
dos estudantes em atuar como promotores de atividades práticas em saúde, fazendo
com que eles percebessem que podem intervir e causar impacto social ainda durante o
curso da graduação.
Uma vez que a cooperação no setor da saúde entre Brasil e Cabo Verde existe desde os
primeiros anos do pós-independência deste último país, o Djunta Med também mostrou-
se capaz de impulsionar o já vigente processo de dialética internacional, presente, por
exemplo, no atual cenário em que o Brasil se interpõe como principal parceiro de Cabo
9442
Verde para a prevenção e o tratamento da infecção pelo HIV, isso desde 2005. Por
conseguinte, o projeto em questão acaba por, ainda mais, estreitar os laços entre esses
dois países, abrindo novamente espaço para maneiras inovadoras de cooperação no
futuro.
Referências
9443
Vírus Zika da semana 41 de 2015 a semana 02 de 2016 em Cabo Verde, Cabo
Verde, 2016
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9. LUZ K. G.; Santos G. I. V.; Vieira R. M. Febre pelo vírus Zika. Epidemiol. Serv.
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<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0001706X08001654>.
9444
ANSIOLÍTICOS E ANTIDEPRESSIVOS: UM CLAMOR PELA INDEPENDÊNCIA
Paulo Maurício Oliveira Vieira1; Lydiane Coelho de Macedo Andrade2; Victória Maria
Amorim Romualdo3; Julia Serpa Miranda4
Resumo
1
Universidade Federal de São João del-Rei, Medicina.
2
Universidade Federal de São João del-Rei, Medicina.
3
Universidade Federal de São João del-Rei, Medicina.
4
Universidade Federal de São João del-Rei, Medicina.
9445
transtorno bipolar. A redução do uso de ansiolíticos ou antidepressivos ocorreu com 6
das participantes até o fim do programa. CONCLUSÃO: Este programa foi um exercício
de um novo olhar, valorizando o ser humano em sua integralidade, por meio da MA. A
inserção dos alunos nesse contexto, ampliou a sua visão da medicina e do
conhecimento de outra racionalidade médica.
Introdução
No século XXI, o sofrimento psíquico ocupa um lugar inédito sendo considerado como o
"Mal do Século". A Psiquiatria é a principal responsável por isso, uma vez que, com a
extinção dos manicômicos, a Psiquiatria foi para os consultórios privados, para os
serviços de saúde comunitários, para a cultura cotidiana e para a mídia (PEREIRA, 2011),
sem falar que a prescrição de psicofármacos é feita agora por qualquer médico, seja ele
profissional da atenção primária, da Cardiologia, Geriatria, Dermatologia, Ortopedia,
Oftalmologia, etc. (FREITAS e AMARANTES, 2015).
9446
A Biomedicina ganha força apoiada na teoria do desequilíbrio químico. Moléculas
neurotransmissoras das sinapses nervosas, como a serotonina, noradrenalina e/ou
dopamina, em quantidades alteradas, causam os transtornos mentais e serão corrigidas
com medicações (FREITAS e AMARANTES, 2015; PEREIRA, 2011).
9447
uma forma de compreensão e resgate dessa relação (GREUEL, 1994). A palavra
Antroposofia deriva do grego antrophos (homem) sophia (sabedoria). É uma filosofia
que estuda a relação do ser humano com a natureza, com os planetas, com as
constelações e com os seres espirituais (GREUEL,1994). Seus estudos demonstram como
o ser humano pode ser avaliado através do que chamam de quadrimembração,
trimembração e ritmos da história de vida, a biografia. Para Steiner (1988) o ser
humano é dividido em quatro corpos. Essa divisão mostra a relação do ser humano com
os reinos que o cercam: corpo físico, que tem relação com o reino mineral; corpo vital,
relacionado ao reino vegetal; corpo astral ou emocional, que mantém uma relação com
o reino animal, e um corpo comum somente ao ser humano, que Steiner chama de
Corpo do Eu ou Espírito Humano - eis aqui o esclarecimento do que vem a ser espiritual,
na concepção antroposófica. O espírito humano refere-se à capacidade dos seres
humanos desenvolverem um pensamento consciente, o que os diferencia do reino
animal (Steiner, 1988).
9448
Para a MA a doença pode ser compreendida como um sintoma de uma enfermidade
muito mais essencial: um esquecimento de si. O doente seria o autor de sua doença,
buscando, através dela, o restabelecimento do equilíbrio físico, psíquico e espiritual.
Nessa concepção, é reconhecido que todo ser humano possui em si o poder da cura e
do restabelecimento. A responsabilidade do médico e do terapeuta é estimular este
poder (MORAES, 2007).
9449
município de São João del Rei, através de tratamento complementar fundamentado na
Medicina Antroposófica, como alternativa ao tratamento alopático. Seu caráter
extensionista teve como objetivos específicos estimular o trabalho em equipe de saúde
com ênfase na transdisciplinaridade; introduzir nas ESFs de São João del Rei-MG
Práticas Integrativas e Complementares fundamentadas na MA; garantir a
longitudinalidade e a integralidade da assistência à saúde, baseado nos princípios do
SUS.
Metodologia
O treinamento foi feito no serviço, com discussão teórica dos fundamentos da medicina
antroposófica, trabalho com grupos operativos, fundamentado na educação popular em
saúde. Inicialmente, foram feitas palestras expositivas explicando os princípios da MA.
Foi realizada atividade de sensibilização, com enfoque no cuidado ao cuidador, fazendo
com que os participantes sentissem e compreendessem a importância do cuidado aos
outros e a eles mesmos. Depois, os profissionais participaram de uma vivência
fundamentada na MA como pacientes. Em seguida, observaram uma demonstração de
realização da técnica de compressas feita por uma agente comunitária de saúde (ACS) já
integrante do Centro de Referência em Medicina Antroposófica há muitos anos. As
equipes receberam treinamento para realização das terapias externas, sendo elas o
escalda-pés, o deslizamento de óleos e o pentagrama (este último consistindo no
deslizamento de óleo localizado em cabeça, membros superiores e inferiores).
9450
interessados foram convidados a uma reunião explicativa sobre o programa e o assunto
em questão. Para aqueles que se voluntariaram foram agendadas consultas médicas
individuais, realizadas por alunos treinados na abordagem sistêmica ampliada pela MA.
Além disso, foram prescritos quatro medicamentos antroposóficos, que poderiam ser
usados concomitantes aos medicamentos alopáticos, até que os mesmos fossem
retirados de forma correta.
Resultados e Discussão
9451
trabalho. No bairro 1, a equipe relatou sobrecarga de trabalho e insegurança com a
situação profissional, além da falta de apoio de enfermeira e médicos. No bairro 2, a
demanda surgiu da médica da equipe, o que gerou um maior envolvimento da mesma;
além disso, alguns profissionais demonstraram-se abertos e interessados pela
racionalidade médica diferente da tradicional, sendo ambos esses fatores possíveis
causas do maior envolvimento da segunda equipe. No entanto, sendo somente a médica
a principal interessada, estava visível o pouco interesse da enfermeira e a resistência de
alguns dos agentes comunitários de saúde em fazer uma atividade diferente das suas
atribuições institucionais de praxe. Além disso, ambas as equipes alegaram,
principalmente, a falta de material, o aumento das atribuições no trabalho e a falta de
tempo.
No início, maio 2016, 5 (83%) dos voluntários tiveram diagnóstico de depressão maior a
partir dos critérios do DSM-V. Após 1 ano e 4 meses, em setembro 2017, apenas 2 (29%)
das participantes que permaneceram no programa tinham diagnóstico de depressão. No
entanto, os 2 casos refratários correspondem a voluntárias com quadros compatíveis
com transtorno bipolar, sendo a depressão constituinte dos quadros clássicos da afecção
e de difícil resolução clínica. Outro dado relevante é de que somente essas mesmas
participantes continuaram fazendo uso de medicamentos antroposóficos, retornando ao
serviço de MA, em julho de 2017.
Outros resultados relatados pela maioria das participantes foi uma melhora significativa
de seu estado emocional, da qualidade de vida e da satisfação pessoal. Uma parte das
pessoas relatou maior compreensão dos próprios processos de adoecimento.
9452
médicas e sociais. Por exemplo, uma participante julgou que sua saúde estava pior
naquela data que há um ano. Apesar da melhora dos sintomas mentais, devido ao maior
cuidado com a saúde, foi diagnosticada com cardiopatia e diabetes.
Conclusão/Considerações Finais
9453
Referências
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vol.21, suppl.1, pp. 06-11. ISSN 1809-452X.
9454
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apoiadores, experiências e conceitos./ Escola de Saúde Pública de Minas Gerais. Belo
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MENDONÇA, R.T., CARVALHO, A.C.D. de, VIEIRA, E.M., & ADORNO, R. de C.F.
9455
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PEREIRA, L.. O trabalho em causa na “epidemia depressiva”. Tempo Social, 23(1), 67-95.
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WOLFF, O., HUSEMANN, F.. A imagem do homem como base da arte médica. São Paulo:
Editora Resenha Universitária Ltda(1978).
9456
A ATIVIDADE DE EXTENSÃO E A FORMAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL
Resumo
A extensão universitária exerce papel de extrema importância na comunicação
entre universidade e comunidade. Os projetos de extensão universitária do curso de
terapia ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem sido realizados
desde a fundação do curso em 1978, constituindo-se uma das atribuições docente. O
presente trabalho teve por objetivo investigar a função da atividade de extensão na
formação do profissional terapeuta ocupacional de acordo com o relato de docentes e
discentes do curso de terapia ocupacional da UFSCar. Segundo os relatos dos docentes,
a extensão universitária tem uma função extremamente positiva para a formação do
discente, pois possibilita o exercício do relacionar-se com o outro, em seu contexto e
suas demandas. Com isso, as atividades de extensão favorecem a autorreflexão, o
questionamento do papel do profissional na sociedade e o pensar relativo às estratégias
para a resolução de distintos problemas. Os estudantes confirmam que estar em contato
com a realidade da comunidade é essencial para que haja crescimento profissional,
além disso, destacam ainda a possibilidade de crescimento pessoal. Os docentes
também relataram que as atividades de extensão propiciam o ensino prático e está
atrelada com a pesquisa favorecendo por um lado a prestação de serviço(s) antes
inexistente(s) e por outro a produção e disseminação de conhecimento cientifico.
Conclui-se que a atividade de extensão promovida por docentes do curso de terapia
ocupacional da UFSCar se mostrou uma ferramenta potente na transformação da
formação profissional, uma vez que oferece subsídios teóricos e campo para a prática,
extrapolando o ensino em sala de aula.
Palavras-chave: Extensão universitária; Formação; Terapia ocupacional.
9457
Introdução
O curso de terapia ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
iniciou em 1978 e o corpo docente tem, ao longo dos anos, realizado diversas
atividades de extensão. Têm-se o registro de que apenas nos últimos 17 anos foram
concretizadas 391 atividades de extensão por docentes do Departamento de Terapia
Ocupacional (DTO) da UFSCar (PATERRA; FIGUEIREDO; SILVA, 2015).
Tal fato deve-se por um lado a extensão universitária constituir uma das
atribuições dos docentes na UFSCar havendo uma política para a sua realização de
forma indissociável com o ensino e com a pesquisa (UFSCAR, 2016).
Por outro lado, o ensino em terapia ocupacional requer conhecimentos teóricos e
práticos, envolvendo não apenas o docente e o aluno, como também os sujeitos
considerados alvo da intervenção terapêutica ocupacional (pacientes, usuários, clientes,
indivíduos e/ou outros coletivos). Assim, as atividades de extensão voltadas ao
atendimento da população se tornou uma prática recorrente no curso de terapia
ocupacional, pois favorece o ensino por meio da prática e de suas respectivas teorias
(PATERRA, FIGUEIREDO, SILVA, 2015).
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos da saúde nascem em
2001, a partir do entendimento que os profissionais de saúde precisavam de uma
formação geral, mais humanista e crítico reflexiva, capaz de atuar de acordo com as
necessidades emergentes do campo prático, enfrentando os desafios propostos,
principalmente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (DE ALMEIDA, 2007). As DCNs tem
como um de seus princípios “fortalecer a articulação da teoria com a prática,
valorizando a pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação
em atividades de extensão” (BRASIL, 2001, p. 3).
A definição das DCNs foi um salto para a formação em saúde, uma vez que
estabelecem habilidades e competências gerais e específicas para cada profissional,
assim como horas mínimas de estágio e atividades complementares. Por outro lado, se
torna um desafio para algumas instituições de ensino, uma vez que a prática se torna
um cenário essencial para alcançar a formação proposta.
A transformação da prática profissional se dá a partir da formação, essa deve ser
capaz de aproximar os profissionais da realidade e das necessidades da população e dos
serviços onde estão inseridos. Espera-se que a formação seja voltada para as relações
sociais, onde todos – docentes, trabalhadores, usuários dos serviços de saúde e outros
profissionais da saúde – são integrados na produção desse conhecimento (BISCARDE,
PEREIRA-SANTOS e SILVA, 2014). Neste cenário discutimos a importância das
9458
atividades de extensão para a formação em saúde, mais especificamente em terapia
ocupacional.
Dessa forma, a extensão universitária que por anos – e ainda hoje, em alguns
casos – exerceu papel assistencialista, se torna um espaço para formação crítica muito
potente, uma vez que a relação com a comunidade na prática fazem parte do dia a dia
das ações dos projetos. Na medida em que as atividades de extensão possibilitam a
intervenção terapêutica ocupacional nas demandas da população alvo,
consequentemente são requeridas fundamentações teóricas que embasem tal ação.
Com isso, é possível verificar a eficácia e consequência das ações empregadas,
confirmando, refutando ou modificando estas fundamentações (EMMEL, 2010).
O presente trabalho teve por objetivo investigar a função da atividade de
extensão na formação do profissional terapeuta ocupacional de acordo com o relato de
docentes e discentes do curso de terapia ocupacional da UFSCar.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo descritivo (MINAYO, 2004) sendo que a
amostra foi composta por docentes e discentes do curso de terapia ocupacional da
UFSCar, campus São Carlos.
Os critérios para composição desta amostra consistiram em docentes que
coordenavam ou já coordenaram atividades de extensão, e discentes que participaram
destas atividades.
A pesquisa teve inicio mediante a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa e
aceite e a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido pelos participantes
do estudo.
Com os docentes e discentes foram realizadas entrevistas semi-estruturadas
contendo questões referentes a importância da realização das atividades extensionistas
e de que forma estas influenciam na formação discente. Algumas entrevistas foram
feitas presencialmente sendo áudio-gravadas e outras por meio virtual e/ou impresso.
Os dados foram analisados por meio da técnica de análise temática (BARDIN,
2006). A técnica de análise temática consiste em descobrir os “núcleos de sentido” que
compõem a mensagem e cuja presença, ou frequência de aparição, pode significar
alguma coisa para o objetivo analítico escolhido. Para isto, iniciou-se comum a leitura
cuidadosa dos dados de onde vão se apreendendo as categorias temáticas. De acordo
com Turato (2011), na prática, a organização da análise é feita em torno de três pólos
cronológicos: a pré-análise, a exploração do material, o tratamento dos resultados, a
inferência e a interpretação. Turato (2011) acrescenta que, se a descrição (a enumeração
9459
das características do texto, resumida após tratamento) é a primeira etapa necessária, e
se a interpretação (a significação concedida a estas características) é a última fase, a
inferência (ou dedução lógica) é o procedimento intermediário, que vem permitir a
passagem, explícita e controlada, de uma à outra.
A partir da análise dos dados obteve-se 2 categorias temáticas, a saber: 1.
Impacto na formação discente e 2. Indissociabilidade entre a extensão, o ensino e a
pesquisa.
Resultados e Discussão
9460
“Elas nos auxiliam a pensar em novas formas de resolver problemas
relacionados à profissão” (Relato da Docente 3).
"Acho que a extensão nos prepara para futuras situações como profissionais."
(Relato Estudante 10).
9461
de estágios a partir do oitavo semestre, a extensão se torna essencial para a formação
prática. A participação – e permanência – em projetos é de escolha do estudante,
favorecendo a autonomia para que cada um construa a sua formação de acordo com
seus interesses, podendo se aprofundar em diferentes áreas de futura atuação.
9462
"Os três pilares ensino, pesquisa e extensão não existem se não juntos.
Para mim, são o alicerce da formação acadêmica!" (Relato Estudante 8).
"Não devem existir um sem o outro para que seja efetivo a formação."
(Relato Estudante 11);
"A extensão faz essa função, conecta as experiências dentro de sala, dentro
da cabeça, no contato real e no coração..." (Relato Estudante 1).
"O ensino de uma profissão é importante, porém, ele sozinho não basta.
Temos que nos tornar capazes de refletir a prática, e nesse sentido a
extensão universitária pode contribuir." (Relato Estudante 19).
9463
testados, aprimorados e utilizados mediante uma concepção de saúde multidimensional
e sob as determinantes sociais.
Além disso, os docentes do DTO/UFSCar referiram que as atividades de extensão
atuaram na prestação de serviço(s) antes inexistente(s), ou na ampliação de recursos e
especialistas na rede, ou criação de novas tecnologias de cuidado e atenção as novas
demandas emergentes no campo.
9464
Assim, os relatos demonstraram que os projetos possuem uma potência
transformadora, própria da extensão universitária, concretizando ações dentro do
âmbito da assistência a comunidade, produzindo e divulgando conhecimento científico
com uma aplicabilidade prática e articulando-se as ações de ensino.
Considerações Finais
A formação profissional na área da saúde é complexa e desafiadora, uma vez que
exige domínio da teoria e experiência prática para lidar com o dia a dia do trabalho em
diferentes serviços. O compromisso dos docentes com as atividades de extensão no
curso de terapia ocupacional na UFSCar transformam a formação teórico prática em
uma realidade possível. A experiência através da extensão universitária facilita o
transito entre teoria e prática de forma dinâmica e criativa, possibilitando que o
estudante faça parte do processo de ensino-aprendizagem ativamente, se esquivando
da educação bancária. O profissional dessa área deve ser sensível as realidades,
necessidades e potencias dos territórios e dos serviços onde serão inseridos.
9465
Referências
9466
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tecnologias. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 19, n. 1, 2011.
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OcupUniv São Paulo, v.26, n.1, p.74-82,2015.
SILVA, A. C. M.; ROCHA, N. T.. Para continuar extensionista. In: Silva, A. C. M.; BRÊTAS, A.
C. P; DE SANTANA, C. L.A. Com-Unidade: experiências extensionistas. São Paulo: Páginas
& Letras Editora e Gráfica, 2014.
9467
9468
SAÚDE MENTAL, DROGAS E REDUÇÃO DE DANOS: AMPLIANDO A PARTICIPAÇÃO
POPULAR NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CAMPINA GRANDE
Adriana Reis Bezerra1; Ayrton de Queiroz Alves Barros2; João Gabriel Gomes Pedrosa
Duarte3; Maristela de Melo Moraes4; Natália Vasconcelos3;
Resumo
O presente trabalho objetiva apresentar e refletir sobre as atividades de extensão
desenvolvidas no âmbito da Saúde Mental, voltadas à qualificação das práticas de
cuidado dirigidas às populações vulnerabilizadas pelo consumo de álcool e outras
drogas, que vivem em situação de rua e/ou são usuárias da rede de atenção
psicossocial. As ações buscaram fortalecer a participação popular desses usuários no
município de Campina Grande, atendidas por três dispositivos públicos, a partir da
mobilização para o controle social das políticas de saúde e assistência social dirigidas a
elas. Os extensionistas acompanharam e facilitaram atividades participativas com
profissionais e usuários de serviços que atendiam adultos, crianças e adolescentes em
situação de rua ou não. Também contribuíram na organização de oficinas de educação
continuada voltada para profissionais das redes de cuidado. Identificamos barreiras à
participação popular dos usuários dos referidos dispositivos nos conselhos locais e
municipais de saúde e assistência social e outros espaços formais e informais de
controle de políticas públicas, dentro e fora dos serviços. A não compreensão dessa
população como sujeitos de direitos, por parte deles e das equipes, também parece
dificultar a participação. No caso das crianças e adolescentes, os atravessamentos do
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA geram muitas vezes uma postura de tutela
1
Universidade Federal de Campina Grande, Psicologia
2
Universidade Federal de Campina Grande, Psicologia
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Universidade Federal de Campina Grande, Psicologia.
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Universidade Federal de Campina Grande, Psicologia
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junto a essa população, incoerente com a postura mais ativa necessária à participação
popular. Consideramos que ações de educação continuada junto aos trabalhadores da
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) sobre a importância do controle social nas
políticas públicas seja um caminho a ser construído. Ações diretas junto aos usuários
dos serviços para fomentar a participação popular precisam ser realizadas para que os
direitos dos usuários sejam garantidos, principalmente o direito à participação nas
instâncias formais e informais de controle sobre as políticas públicas.
Introdução
A preocupação relacionada à diminuição do abismo entre teoria e prática,
histórica, em especial, na área de saúde, torna-se cada vez mais presente nos espaços
acadêmicos e sociais. É crescente o número de eventos, no âmbito da saúde mental,
destinados à reflexão sobre a qualidade dos cuidados dirigidos às populações
vulneráveis pelo consumo de álcool e outras drogas, com o intuito de encontrar
alternativas que levem à superação do estigma e dos preconceitos relacionados às
mesmas.
Neste contexto, alinhado aos constantes desafios impostos aos profissionais de saúde
mental, surgiu, através do Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre Drogas – NUD – UFCG,
este projeto de extensão, com o objetivo principal de levar a perspectiva da Redução de
Danos as práticas de cuidados dirigidas às populações vulneráveis pelo consumo de
álcool e outras drogas, assim como, mobilizar os usuários para participarem ativamente
dos espaços destinados a deliberação de políticas das quais são público alvo.
9470
visou demonstrar que, não só é possível, mas também necessário perceber estes
sujeitos como cidadãos que integram a sociedade.
Corroborando com o exposto, Moraes e Barreto (2012) enfatizam que no que tange ao
tema das drogas, e, em especial, a perspectiva de Redução de Danos, os profissionais
que atuam nas Redes de Atenção Psicossocial apresentam limitações, próprias da sua
formação, o que os impede de serem efetivos em suas práticas profissionais, sobretudo
as que preconizam o cuidado em liberdade e outros princípios que norteiam a lógica
antimanicomial.
Autores como Yamamoto e Oliveira (2010) e Spink e Matta (2010), aprofundam essa
discussão e afirmam que as falhas de formação dos profissionais de saúde mental, em
muitos casos, acoplada a resistência a novos saberes, acabam por restringir práticas,
fragilizar autonomias e serviços e, principalmente, buscar soluções simplistas para
problemas complexos. Na contramão dos avanços, pode-se apontar também o
9471
paradigma dos saberes excludentes e patologizantes produzidos pela Psiquiatria
tradicional, que desconsideram as questões levantadas pela Reforma Sanitária e pela
Luta Antimanicomial, o que implica sérios desafios para os que deles sofrem as
influências.
Vale ressaltar, que o trabalho realizado não se limitou apenas a melhorar a atuação dos
profissionais de saúde, e, assim como se propôs, inicialmente, paulatinamente
conseguiu inserir os usuários em espaços decisórios e participativos de forma a
contribuir com a redistribuição e ressignificação do poder, promovendo o estreitamento
da relação entre as pessoas que usam droga e formuladores de políticas destinadas a
esse campo, gerando possibilidades de novos e melhores arranjos decisórios.
Metodologia
Descrever o universo abordado ou a amostra, local, os materiais utilizados, as
etapas, tipo de ação ou pesquisa e métodos de análise.
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foram acolhidas e convidadas a falar/expressar suas inquietações, possibilitando a
expressão de suas próprias representações, sofrimentos, desafios e avanços. Este viés
nos possibilitou dispor de cuidados coletivos voltados para a prevenção e promoção em
saúde mental, tanto no tocante à formação acadêmica quanto à atuação profissional
(Góis, 2012). Nessa perspectiva, destacamos a seguir as técnicas utilizadas, bem como as
etapas em que ocorreram.
Observação participante
9473
se colocando ali como facilitadores na articulação do cuidado oferecido à população em
situação de vulnerabilidade. É importante ressaltar que toda essa articulação deve ser
posta respeitando o espaço do usuário, escutando-o e questionando-o sobre sua
vontade e sua opinião a respeito de cada ação entendendo-os como sujeitos de direitos.
Oficinas temáticas
Círculo de Cultura
9474
Na ocasião desse projeto realizamos o Círculo de Cultura com as equipes do
Consultório na Rua e Programa Ruanda, juntas, a partir de um tema escolhido em
diálogo com os próprios serviços ao longo do projeto a saber, as Redes Vivas de
Cuidado. A atividade foi iniciada com um momento de acolhimento, posteriormente a
discussão da temática de forma coletiva em subgrupos, assim como a confecção de
materiais para serem socializados, em seguida a socialização do que foi construído
através de poesias e prosas, e por fim a avaliação do encontro.
Ainda sobre processos formativos, foram realizados encontros abertos ao público, com
textos previamente sugeridos para leitura ou exibição de vídeos relacionados aos temas
do projeto.
Além das reuniões com a equipe do projeto, foram realizadas reuniões de apresentação
do projeto para os serviços que o receberam, reuniões com o Comitê Gestor de Políticas
sobre Drogas de Campina Grande para planejar as Oficinas Temáticas e reuniões de
avaliação final do projeto com gestores, trabalhadores, alunos e professores envolvidos
no projeto. Ademais, além de promover as reuniões acima citadas, participamos das
reuniões do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (COMAD) de Campina Grande.
Resultados e Discussões
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facilitação em relação a efetivação de um cuidado específico considerando uma
perspectiva em que aqueles sujeitos podem se colocar como atuantes no processo de
atendimento e cuidado oferecido pelos serviços.
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atuam na pauta das políticas sobre drogas ou que possibilitam a organização popular de
pessoas com demandas específicas relacionadas ao uso de drogas neste município.
Considerações Finais
fragilidade das equipes no que diz respeito à gestão dos processos de trabalho,
funcionamento em rede e em relação à herança deixada pela institucionalização das
pessoas que usam drogas e outros processos de exclusão pelos quais essa população
vem passando historicamente.
Avaliamos que muitas das ações que realizamos, sobretudo quando pensamos no foco
da participação popular, ainda precisam ser continuadas e/ou desenvolvidas, uma vez
que falar em participação popular cidadã quando os sujeitos de direitos são pessoas
que usam drogas parece resultar em um conflito enorme, seja entre os gestores e
trabalhadores seja entre os próprios usuários, que muitas vezes não se percebem como
pessoas que tem direito sociais e que podem participar das políticas públicas.
Referências
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Góis, C. W. L. Psicologia Clínico-Comunitária. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil,
2012.
Moraes, M.; Barreto, A. Práticas clínicas e saúde mental pública: contribuições políticas e
epistemológicas para um campo em formação. In: Barreto, Alexandre; Santos, Josenaide
(Org.) Saúde e Drogas: por uma Integralidade do cuidado ao usuário de substâncias
psicoativas. Recife: EdUFPE. 2012.
prática profissional e produção acadêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 25-52. 2010.
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HEMOVIGILÂNCIA NO COMPLEXO HOSPITALAR DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL: O
PAPEL DO ESTUDANTE DENTRO DA ESTRATÉGIA DE RECONHECIMENTO DE INCIDENTES
TRANSFUSIONAIS
Gabriela Vieira da Silva1; Alexandre Henrique Jácome Oliveira1; Felipe Augusto Santos
Chaves11; Maria Marina Leonardo Alves Costa1; Mariana Santos de Souza Silva1; Cecília
Gurgel Lima1; Geraldo Ferreira da Costa1; Renan Leopoldo Pereira Castro1; Rodolfo
Daniel de Almeida Soares2; Leilanne Kelly Borges de Albuquerque Santos3
Resumo
A transfusão de hemocomponentes é uma terapêutica indispensável para a medicina
atual, no que tange o tratamento de diversas patologias e condições clínicas,
apresentando inúmeros benefícios. Contudo, a hemotransfusão não é isenta de riscos.
Nesse contexto, incidentes transfusionais podem ocorrer, resultando, em casos
extremos, no óbito do paciente receptor ou na contaminação por agentes
infectocontagiosos, se não forem previamente identificados e solucionados. Na
tentativa de acompanhar e monitorar o processo transfusional, alguns hospitais contam
com o sistema de hemovigilância hospitalar, cuja responsabilidade é gerar dados
objetivos sobre as variáveis que podem levar aos efeitos indesejáveis da
hemotransfusão, analisá-los e trabalhar em seu controle, permitindo a diminuição dos
eventos adversos e a manutenção da qualidade da assistência à comunidade.
9479
Saúde (SUS). Esses dados levantados são analisados estatisticamente em planilhas
eletrônicas, as quais fornecem informações relevantes sobre as variáveis estudadas e
permitem a identificação do perfil de incidentes transfusionais do complexo hospitalar
da Universidade Federal.
Introdução
A transfusão de componentes do sangue é uma prática rotineira na maioria dos
hospitais. Apesar de ser uma importante medida salvadora de vidas, está associada a
acontecimentos adversos, algumas vezes graves, podendo levar a óbito. Devido a isso, é
fundamental que todo o processo envolvendo a produção e transfusão de
hemocomponentes seja devidamente regulamentado e continuamente rastreado. Nesse
sentido, utilizamos da hemovigilância e da retrovigilância. O primeiro é um sistema de
avaliação e alerta, estruturado para recolher e avaliar informações sobre os efeitos
indesejáveis e/ou inesperados da utilização de hemocomponentes, a fim de gerar
informações que ajudem a prevenir o aparecimento ou recorrência desses efeitos. Já o
segundo, é um sistema que faz parte da hemovigilância e diz respeito a uma
investigação retrospectiva, isto é, relaciona-se à rastreabilidade das bolsas de doações
anteriores de um doador que apresentou viragem de um marcador/soroconversão ou a
um receptor de sangue que apresentou marcador positivo para uma doença
transmissível por transfusão (DTT). A retrovigilância também se aplica a casos de
detecção de positividade em análises microbiológicas de componentes sanguíneos e
investigação de quadros infecciosos bacterianos em receptores, sem manifestação
imediata, mas potencialmente imputados à transfusão, a exemplo da investigação de
casos por Yersinia enterocolitica em talassêmicos. A qualidade do serviço de hemoterapia
deve ser medida pelo monitoramento de seu processo e ações preventivas e corretivas
tomadas para evitar a ocorrência ou reincidência dos eventos adversos. Para que o
sistema tenha sucesso e alcance seu objetivo, é preciso que toda a equipe responsável
pela transfusão participe ativamente do processo de notificação e, logo, esteja
capacitada para isso. Isso inclui o doador, os responsáveis pela coleta do sangue, os
responsáveis pelo armazenamento, processamento, transporte, os responsáveis pela
administração do hemocomponente, o médico responsável pelo paciente, e o próprio
receptor. Nosso projeto atua no âmbito Hospitalar, valendo-se da atuação de
voluntários para garantir a eficácia do serviço. Nossa metodologia foi baseada no
sistema SHOT (Serious Hazard of Transfusion), projeto de Hemovigilância do Reino
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Unido que conta com a atuação de diversos profissionais de saúde, em todos os graus
do processo de hemotransfusão, para registrar a ocorrência de Incidentes Transfusionais
Adversos. Baseado nisso, dispomos dos nossos voluntários e sua determinação em
buscar os incidentes adversos para garantir a qualidade do serviço de transfusão
prestado. O padrão do serviço de Hemoterapia é garantido ainda pela correta
organização das informações, prevenindo erros administrativos. A correta catalogação
informacional previne erros de cunho logístico, que poderiam resultar em efeitos
nocivos ao paciente. Esses erros são percebidos pelos membros da nossa extensão e
corrigidos prontamente. Outro aspecto fundamental para um sistema de hemovigilância
é a garantia da rastreabilidade de um hemocomponente. A rastreabilidade permite que
se realize tanto a investigação ascendente - do receptor ao doador, quanto a
investigação descendente – do doador ao receptor, envolvidos em qualquer processo
com incidente transfusional relacionado. As portarias ministeriais que versam sobre a
Hemoterapia obrigam todos os Serviços de saúde que realizam transfusão a desenvolver
atividade de Hemovigilância, conforme consta no Art. 12 da Portaria nº 158, de 04 de
fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde: “Toda instituição de assistência à saúde que
realiza transfusão de sangue e componentes sanguíneos comporá ou fará parte de um
Comitê Transfusional. É competência do Comitê Transfusional o monitoramento da
prática hemoterápica na instituição de assistência à saúde visando o uso racional do
sangue, a atividade educacional continuada em hemoterapia, a hemovigilância e a
elaboração de protocolos de atendimento da rotina hemoterápica”. Entretanto, por
vários anos seguidos, o estado do Rio Grande do Norte deixou de informar à ANVISA
qualquer Incidente Transfusional ocorrido, sugerindo que a Hemovigilância não é ativa,
e sendo motivo de descrédito no Ministério da Saúde. Entre as causas da falta de
notificação está a necessidade de conscientização dos profissionais de saúde envolvidos
de identificar e relatar os incidentes ao Banco de Sangue. O conhecimento das
limitações da hemoterapia e de seus eventos adversos é fator importante para o uso
racional de hemocomponentes e para o investimento em segurança transfusional. A
publicação dos índices nacionais de incidentes transfusionais gera respaldo para esse
conhecimento. Diante disso, a necessidade de um serviço hospitalar de hemovigilância
adequado, capaz de fornecer dados corretos e significativos para o sistema, permitindo
a notificação de reações transfusionais, a avaliação de suas consequências e o trabalho
em sua prevenção. A implantação e bom funcionamento do serviço de hemovigilância
em hospitais, clínicas e centros de transfusão deve ser uma prioridade da administração
e da direção clínica dos mesmos. O complexo hospitalar da universidade, como
formador de opinião em diversas áreas e escola da maioria dos Médicos e Enfermeiros
9481
do estado, está em posição de destaque. As ações desenvolvidas nos seus Hospitais
costumam se refletir em médio prazo a todos os serviços de saúde do estado.
Esse trabalho tem como objetivos realizar, junto ao paciente que se submeteu à
transfusão sanguínea e a seus familiares e acompanhantes, estímulo diário à doação de
sangue;melhorar a segurança do processo transfusional dos Hospitais da Universidade;
atender às exigências legais do processo de Hemovigilância preconizadas pela ANVISA;
conscientizar a equipe multiprofissional, a partir da apresentação de dados concretos,
quanto à importância do uso racional de hemocomponentes; atender às exigências
legais do processo de Hemovigilância preconizadas pela ANVISA; conscientizar a equipe
multiprofissional, a partir da apresentação de dados concretos, quanto à importância do
uso racional de hemocomponentes;capacitar a equipe assistencial quanto a importância
do preenchimento das fichas de notificações dos eventos adversos relacionados à
transfusão; promover educação continuada aos profissionais de saúde para o
diagnóstico, conduta e investigação adequada de incidentes transfusionais; criar campo
de aprendizado em Hemoterapia aos alunos dos cursos de Ciências da Saúde;
contabilizar, analisar e fornecer dados aos hospitais, demonstrando a importância da
busca ativa dos incidentes transfusionais; orientar, por meio de palestras baseadas nos
dados obtidos, a importância de evitar o descarte de hemocomponentes tendo em vista
os custos para produção; realizar reuniões mensais com os estudantes e os orientadores
para discussão de temas relacionados ao projeto e adoção de medidas para seu
aperfeiçoamento em benefício dos pacientes; promover campanhas educativas junto
aos pacientes, comunidade acadêmica e profissionais da saúde, ressaltando a
importância da doação sanguínea; realizar palestras informando os hospitais sobre os
dados levantados e possibilitar debates para melhoria do serviço terapêutico; analisar
as reservas cirúrgicas e adotar medidas de intervenção; analisar mensalmente os dados
obtidos por meio da busca ativa realizada pelos graduandos; discutir mensalmente as
notificações dos eventos adversos visando ampliar o aprendizado dos discentes quanto
aos casos clínicos e às indicações das transfusões; orientar a importância de o
graduando se inteirar dos assuntos além da terapia, visando olhar o indivíduo como um
todo e não somente a sua doença, permitindo um diálogo com os pacientes e familiares
sobre assuntos que os afligem.
Metodologia:
O projeto de Hemovigilância é um estudo do tipo longitudinal, uma vez que
corresponde a uma pesquisa que analisa as variações dos mesmos elementos no
decorrer de um longo período de tempo. Nessa perspectiva, o levantamento dos dados é
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realizado diariamente por graduandos da área da saúde vinculados ao projeto. Para
tanto, é feito um levantamento prévio das transfusões de hemocomponentes realizadas
nas últimas 24 horas e, a partir do registro desses procedimentos, identifica-se o
paciente submetido à transfusão e o leito hospitalar no qual ele está internado, seja no
Hospital Universitário ou na Maternidade Escola. Feito isso, avalia-se cada paciente
quanto à possibilidade de ocorrência de incidentes transfusionais. Esse trabalho de
busca ativa envolve, além do questionamento direto ao paciente acerca da ocorrência
de algum sinal ou sintoma, a análise do prontuário e do relato dos profissionais de
saúde responsáveis pelo paciente. Essas medidas contribuem para tornar mais sensível
o processo de busca ativa. Os discentes participam, assim, da identificação e análise dos
efeitos indesejados da transfusão sanguínea, realizando o monitoramento de incidentes
transfusionais resultantes do uso terapêutico de sangue e seus componentes, visando
melhoria da qualidade dos produtos e processos em hemoterapia e o consequente
aumento da segurança do paciente. Além da atuação dos alunos voltada
especificamente para a hemovigilância, existe outro braço de ação do projeto: a
retrovigilância. Esta última consiste na investigação de casos e busca de pacientes
transfundidos com hemocomponentes oriundos de doadores que sofreram
soroconversão, ou seja, por meio dela se investigam casos suspeitos de infecção de
receptores por doenças transmitidas por transfusão (DTT). Para tanto, realiza-se a busca
ativa desses receptores, em arquivos alimentados pela hemovigilância, que são
contatados e encaminhados a serviço específico a fim de ser submetido a exames para
descartar ou confirmar a existência de doenças infectocontagiosas associadas à
transfusão do hemocomponente. Para garantir que todos os pacientes transfundidos
sejam avaliados, cada discente integrante do projeto fica responsável por um dia fixo na
semana e é estabelecida uma escala para sábados, domingos e feriados. O responsável
do dia vai até o prédio da Unidade Transfusional e coleta os dados dos pacientes
transfundidos nas últimas 24h e, a partir daí, realiza a busca ativa com foco nos dados
clínicos do paciente e do processo de hemotransfusão. As informações captadas dessa
forma serão compiladas em tabelas que categorizam os seguintes aspectos: dados
gerais dos pacientes; tipo e quantidade de hemocomponente; setor da transfusão; e
ocorrência de incidentes transfusionais e, se presentes, as características dele, como
manifestação clínica, diagnóstico e gravidade. Os incidentes detectados são discutidos
individualmente com os orientadores, em reuniões mensais, e notificados à ANVISA
através do sistema NOTIVISA. Em associação à busca ativa, é feita a sensibilização do
paciente e de seus familiares/acompanhantes quanto à importância da doação de
sangue para a manutenção dos estoques do hemocentro do Estado. Assim, durante as
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visitas diárias, os acadêmicos também são responsáveis por conversar com familiares e
acompanhantes visando sanar as dúvidas e estimulá-los a realizar a doação de sangue,
distribuindo folders explicativos com informações acerca do processo. Os que se
disporem a tal gesto são direcionados e orientados sobre os locais de doação mais
próximos e que eles prefiram, sendo, em geral, encaminhados ao Hemonorte, por
transporte próprio da instituição, uma vez por semana, ficando a cargo dos membros da
Hemovigilância realizar o contato e organizar o transporte. Além disso, também é feita a
distribuição mensal de panfletos informativos nos setores de aula dos hospitais em
análise no intuito de conscientizar os graduandos. É importante frisar que todas as
solicitações de sangue enviadas ao Núcleo de Hematologia e Hemoterapia do HU são
analisadas e cruzadas com os dados de transfusão para identificar possíveis excessos na
requisição de hemocomponentes. Foi visto, nos anos anteriores do projeto, que a
reserva cirúrgica de hemácias é superestimada, com uso efetivo mínimo em relação ao
que é solicitado. Isso leva a uma redução na eficiência do trabalho da equipe de
transfusão dos hospitais e aumenta, consideravelmente, o consumo de reagentes.
Reuniões periódicas com o coordenador e colaboradores são realizados para discutir
assuntos relevantes em Hemoterapia, afinar a qualidade dos dados coletados e para
gerar os boletins dos serviços, juntamente com os responsáveis por cada serviço. Esses
dados são apresentados em formas de tabelas que servem como relatórios mensais
sobre a ação de todo o processo de transfusão sanguínea do hospital. Por fim, os
estudantes de medicina voluntários do projeto se responsabilizam por sensibilizar os
profissionais responsáveis pela assistência direta aos pacientes acerca da importância
da identificação precoce dos incidentes transfusionais, da devolução do
hemocomponente envolvido para análise e da notificação do evento adverso. Dessa
forma, os profissionais contribuem de forma significativa para a busca de melhoria e
mais segurança para o processo. As capacitações são organizadas pelos próprios
estudantes, contando com o auxílio de um médico e enfermeiro habilitados em
hemovigilância. A divulgação do projeto é feita através de pôsteres, artigos, exposição
de informes publicitários nas televisões dos corredores do HU, bem como afixação de
banners nas enfermarias, ambulatórios e corredores, além de reformular o material de
mídia utilizado atualmente.
Resultados e Discussão
Por meio do projeto, os discentes puderam aprofundar seus conhecimentos inerentes às
reações transfusionais, seus sintomas, complicações associadas e formas de prevenção
possibilitaram a sua identificação mais precoce e, consequentemente, uma prática mais
segura no tocante à administração dos componentes sanguíneos, com vistas à
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construção de protocolos que validaram essas práticas e pôde ser incorporados. A
transfusão sanguínea é um processo que, mesmo realizado dentro das normas
preconizadas, bem indicada e corretamente administrada, submete o receptor a uma
série de riscos, dessa forma, foi fundamental o monitoramento de todo o processo,
desde a captação do doador até a transfusão sanguínea no receptor nos HU e na
Maternidade escola, nas quais os alunos puderam atuar durante o ano de 2017 na busca
ativa. Assim, foi possível criar um sistema integrado com multiprofissionais, articulado e
realimentado em todo o seu processo com as atividades diárias, gerando as informações
necessárias para tomada de decisões e desencadeamento de ações que possibilitaram a
melhoria do acompanhamento do paciente transfundido. Portanto, os alunos do projeto
de extensão no ano de 2017 puderam julgar o significado dos eventos em todos os
níveis (local, regional e nacional); coletar dados sistematicamente e analisá-los;
detectar eventos novos; informar de modo ágil e eficaz para que providências possam
ser tomadas oportunamente – formando uma rede de alerta; contribuir para a
segurança transfusional e qualidade dos hemocomponentes; gerando ações corretivas,
elaboração de protocolos operacionais e normas técnicas; e oferecerendo treinamento
para todos os profissionais envolvidos com a transfusão de hemocomponentes. A maior
atuação dos comitês transfusionais fez com que o número de notificações aumentasse,
mas elas ainda são mínimas, com pequena geração de conhecimento sobre o assunto à
nível nacional. O processo de hemovigilância já se comprovou como um importante
fator para garantir a qualidade e segurança dos processos de transfusão, o que confere
melhores serviços de assistência à população envolvida. A análise das notificações dos
incidentes transfusionais, em alguns países, já está contribuindo para a melhoria da
qualidade do processo. No Brasil, pouco se conhece sobre a prevalência/incidência real
dos incidentes transfusionais, sejam eles inerentes à terapêutica, decorrentes de má
indicação e de mal uso dos produtos sanguíneos, ou de falhas no processo durante o
ciclo do sangue. Não obstante, o projeto cria novas oportunidades extracurriculares
para que os discentes tenham oportunidades no que diz respeito ao ensino de práticas
hemoterápicas. Isso acaba por facilitar o aprendizado e manejo da prática transfusional,
melhorando a segurança transfusional e podendo gerar mais segurança no tratamento
do paciente. Dessa forma, a inserção da hemovigilância, por meio de buscas ativas de
incidentes adversos, seguindo orientações do Comitê Transfusional, foi de fundamental
importância para a segurança do processo transfusional. Com a busca ativa, realizada
pelos estudantes, foi possível identificar que a frequência de Incidentes Transfusionais
(5.9/1000 hemocomponentes), no Hospital Universitário, sendo o dobro da frequência
nacional brasileira demonstrada no Relatório de Hemovigilância da ANVISA no ano de
9485
2014. Tal constatação permite afirmar que o sistema de hemovigilância, durante esse
período, mostrou-se bastante efetivo no que diz respeito às notificações junto à ANVISA.
Outra constatação foi o aumento no número de notificações enviadas ao Núcleo de
Hematologia e Hemoterapia (NHH) deste nosocômio, de quatro em 2012 para 107 nos
anos de 2013-2017. Por outro lado, ainda observamos um número considerável de
subnotificações no nosso Estado, visto que existem outros centros hospitalares, assim, o
número de notificações final permanece baixo, quando comparado aos outros estados
do Brasil. Todavia, salienta-se a importância do trabalho constante da equipe de
hemovigilância, através de visitas diárias, no esclarecimento e instrução aos
profissionais responsáveis pela prática hemoterápica, acerca do reconhecimento e
notificação dos eventos adversos, como fatores que contribuíram para redução
considerável da taxa de subnotificações. Desse modo, esse projeto, além de propiciar
benefícios e melhorias da assistência aos pacientes através da hemovigilância, permite
a criação de um campo de aprendizagem bastante amplo, tanto da vivência hospitalar
quanto da prática hemoterápica, ao inserir alunos na prática diária dos hospitais e
possibilitar a interação desses com a equipe multiprofissional, contato com pacientes e
com os familiares - incentivando-os à doação de sangue -, e diálogo com profissionais
médicos e com os demais estudantes da graduação sobre o uso racional dos
hemocomponentes, dentro da perspectiva de melhor assistência aos pacientes e do
desenvolvimento de protocolos para minimizar os descartes de hemocomponentes de
reserva cirúrgica, além de trabalhar no âmbito do maior estímulo à doação de sangue.
Durante a execução do projeto, os alunos entraram em contato frequente com o seu
objeto de estudo (o paciente) e foram orientados por profissionais, técnicos e
professores, já experientes na vivência profissional que o aluno busca aprender durante
seu curso. Sendo assim, promove uma consolidação do conhecimento que vai além do
tema específico do projeto, a hemovigilância, e abrange todo o conjunto de cuidados
que envolvem a assistência ao paciente. Além disso, os acadêmicos tiveram a
possibilidade de vivenciar o dia-a-dia dos pacientes com longa permanência no
hospital. Nessa perspectiva, os membros do projeto avaliaram o paciente além da
patologia que o aflige, vendo o ser humano como um todo, suas necessidades físicas,
psicológicas e sociais. Os voluntários auxiliaram na maior humanização no ambiente
hospitalar, sendo um meio para o pacientes externar suas preocupações e queixas sobre
o tratamento instituído, dialogar sobre os benefícios hemoterápicos, a importância da
doação de sangue, esclarecimentos sobre dúvidas pertinentes à necessidade de
transfundir, sinais e sintomas que podem ocorrer e que eles acreditam que são normais
e na verdade podem ser algum evento adverso, entre outros esclarecimentos
9486
pertinentes a terapia sanguínea. Foi feita, ainda, parceria com o projeto de extensão
Sangue Universitário e com o Hemonorte nas ações de doação sanguínea diárias, bem
como durante campanhas dos dois serviços ou campanhas municipais. Foram trazidos,
com a nossa ação de extensão, benefícios na melhoria da segurança transfusional,
adequando o Hospital Universitário e a Maternidade Escola às prerrogativas legais
impostas pela ANVISA, associado à criação de campo de aprendizado em benefício da
comunidade junto a uma série de profissionais capacitados e estudantes que buscam
uma maior interação com os pacientes. Ao passo do crescimento do projeto, nosso
funcionários foram relocados para auxiliar no funcionamento do projetos, ao passo em
que foram realizadas as notificações, pesquisas na área de hemoterapia podem ser
feitas de forma rápida a partir da análise desse banco de dados e da alimentação dos
bancos de dados do sistema nacional, permitindo o acompanhamento dos eventos de
forma nacional e a adoção de medidas relevantes, visto que esses dados estão dispostos
nos guias do Ministério da Saúde. Isso leva, portanto, ao cumprimento do objetivo
acadêmico de associar Ensino, Pesquisa e Extensão.
Conclusão/Considerações Finais
Diante disso o projeto de hemovigilância tem uma importância significativa no
contexto do controle e busca ativa das reações transfusionais, visando aprimorar o
processo de notificação. Além disso, permite que o estudante de medicina saiba
reconhecer, conduzir e notificar a ocorrência de reações transfusionais. Dessa forma, a
extensão universitária alcança seu objetivo primário: concomitância de evolução no
ensino e mudanças na realidade da população.
Referências
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14. Flausino G de F, Nunes FF, Cioffi JGM, Proietti AB de FC. Teaching transfusion
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16. Meza B, Lohrke B, Wilkinson R, et al. Estimation of the prevalence and rate of acute
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9489
IMPLEMENTANDO O TESTE DO CORAÇÃOZINHO NA TRIAGEM NEONATAL POR MEIO DA
CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Rebecca Paiva de Araújo Silva1; Iana Ciara Santos de Albuquerque1; Ana Karenina
Carvalho de Souza1; André Victor Fernandes Barbalho1; Gisele Correia Pacheco Leite3.
Resumo
Introdução: As Cardiopatias Congênitas (CC) correspondem à 3º causa de óbito no
período neonatal: o diagnóstico precoce das mesmas se faz fundamental. Desse modo, o
Teste do Coraçãozinho (TC) se tornou obrigatório pelo SUS, no Brasil, a partir da portaria
do Ministério da Saúde, 10/06/14. Objetivo: Capacitação dos profissionais da área da
saúde (PAS) para realização do TC, buscando sua implementação no Rio Grande do
Norte (RN). Metodologia: Um grupo de discentes, docentes e PAS em geral atuam no
projeto de extensão intitulado Capacitação dos PAS para realização do TC. Esse grupo
organiza e participa dos treinamentos, como forma de educação permanente e
continuada em saúde. Cada capacitação ocorre em turnos de cinco horas, com atividade
teórica, seguida de abordagem teórico-prática e prática no Serviço Universitário de
Referência (SUR). São aplicados formulários de coleta de dados. Resultados: Foram
realizadas em torno de 20 capacitações em 06 maternidades do estado, no período de
2016 a 2017, sendo 04 públicas e 02 privadas, atingindo um público total de 344
pessoas capacitadas (cerca de 240 eram PAS) e aproximadamente 350 neonatos
submetidos ao TC. Os alunos, ora atuando como ouvintes (sendo capacitados) ora como
instrutores (capacitando e sendo agente multiplicador de informações em suas unidades
de trabalho), demonstraram grande ganho de experiência acadêmica no quesito ensino
e pesquisa. O grupo também participa de ações de educação em saúde para levar o
conhecimento do teste à população em geral. Conclusões: O TC ainda não foi
efetivamente implementado no país na rotina neonatal, conforme preconizado. Ações
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Discentes do curso de Medicina.
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Docente do Departamento de Pediatria.
9490
que permitam a capacitação dos PAS para a realização do teste, bem como divulguem
conhecimento aos PAS e ao público em geral podem permitir que a população também
participe do processo de luta pela garantia do acesso universal a este teste de triagem,
imprescindível para uma assistência neonatal de qualidade.
Introdução
A relação da ciência com a sociedade é fundamentalmente dinâmica e interativa. Deste
modo, a obsolescência da informação torna-se cada vez mais célere, trazendo a
necessidade de aprimoramento constante dos conhecimentos pelos profissionais.
Conceitos de educação permanente (EPS) e de educação continuada em saúde (ECS)
tornam-se essenciais no cenário atual, de modo a permitir a estruturação do
conhecimento para melhoria da assistência em saúde (PEREIRA, 2002).
A proposta da EPS foi lançada pela Organização Pan-Americana da Saúde no início dos
anos 80, com a finalidade de reconceituar e reorientar os processos de capacitação de
trabalhadores dos serviços de saúde. Esta proposta se relaciona com o conceito de ECS,
entendida como toda ação desenvolvida após a profissionalização com propósito de
atualização de conhecimentos e aquisição de novas informações e atividades de
duração, definida por meio de metodologias formais. Assim, caracteriza-se como um
processo educativo permanente, de natureza participativa e multiprofissional, que busca
promover a transformação das práticas de saúde e de educação, com a finalidade de
aprimorar os indivíduos e consequentemente melhorar a assistência prestada aos
usuários (PEDUZZI et al, 2008).
Nesse contexto, este projeto realiza uma abordagem pautada nos conceitos da EPS e
ECS para PAS que atuam nas maternidades públicas e privadas do estado do Rio Grande
do Norte, capacitando-os quanto à realização do TC, com consequente abordagem sobre
a epidemiologia das CC em neonatos.
O destaque relativo aos PAS gira em torno da capacitação em si, a qual permite de
forma prática e concisa a atualização em saúde para diferentes profissionais, a
uniformização das condutas a serem executadas e a oportunidade de um espaço para
esclarecimento de dúvidas em saúde. Toda essa logística faz parte de um processo de
9491
ensino-aprendizagem que reflete a ECS, a qual é um processo de aperfeiçoamento dos
profissionais com a finalidade de atender às necessidades do serviço e de tornar o
trabalho mais qualificado, não somente quanto à teoria e à técnica a ser executada, mas
abrangendo também o refinamento do profissional com bases ética e técnico-científica.
9492
A participação no projeto promove a integração entre estudantes de diferentes períodos
e cursos da área da saúde, com motivação, interação e intercâmbio de experiências,
assim como o incentivo a um ensino transversal, uma vez que os próprios instrutores se
ajudam, a fim de sanar todas as dúvidas conceituais e técnicas sobre o TC. Ainda é
válido atentar para o desenvolvimento de habilidades de autogestão, administrativas e
de resolutividade na organização e execução das capacitações, sendo envolvidos o
planejamento estratégico da data, da aula e do material bem como a execução da
prática; sejam consideradas também as dificuldades na administração dos recursos
materiais ou humanos como fatores inerentes a qualquer projeto de grande porte, tendo
conferido maturidade aos estudantes organizadores e aos instrutores envolvidos.
Ademais, é extremamente significativo mencionar a inserção no mundo acadêmico,
incluindo o aprendizado na leitura de artigos e seleção de ideias e referências para a
elaboração de materiais didáticos e do próprio projeto de pesquisa.
Por fim, este artigo objetiva delinear o processo de capacitação de PAS das
maternidades - públicas e privadas - do estado do RN, enquanto proposta
intervencionista na saúde pública, no período de 2013 a 2017, para realização e
9493
interpretação precisas do TC em neonatos, visando à otimização da assistência a este
público e ao desenvolvimento de aptidões referentes à equipe colaborativa do projeto.
Metodologia
O processo de ensino tomou como base a ECS, em que o conteúdo teórico não se limita
apenas ao dia da capacitação, mas sim abrange uma educação longitudinal,
principalmente a partir da distribuição do material didático complementar para
promover educação continuada. Para tanto, a equipe utilizou-se de recursos
audiovisuais para esquematizar uma aula dinâmica a ser apresentada aos PAS,
oferecendo de maneira didática e objetiva o arcabouço teórico necessário para a
realização do TC.
Sob esse prisma, retoma-se a possibilidade de crescimento que o projeto permite aos
envolvidos. Os alunos ganham não somente quanto à projeção acadêmica com o
desenvolvimento do eixo ensino-pesquisa-extensão, mas também quanto ao
desenvolvimento de habilidades laborativas que resultam em grande resolutividade
organizacional e administrativa com o planejamento e execução das atividades.
Ademais, a elaboração de uma metodologia dinâmica para as capacitações nessa área
específica denota o caráter inovador e promove a eficácia da proposta.
9494
sua competência, para que seja compatível ao desenvolvimento de suas
responsabilidades, caracterizando, assim, a competência como atributo individual, na
perspectiva de transformação de sua prática. Dessa forma, a metodologia aplicada
favorece o aprendizado, pois as considerações teóricas realizadas embasam o
conhecimento e explicam a necessidade de se aplicar a técnica corretamente.
9495
etapa seguinte. Assim, é gerada uma interdependência entre as fases do processo,
refletindo a necessidade de se adotar as novas práticas apresentadas, para impactar
substancialmente a assistência à saúde.
Resultados e Discussão
Embora o país tenha avançado em termos de uma saúde neonatal mais ampla, a
integralidade no atendimento à criança com cardiopatia ainda é um sério entrave diante
do sistema de saúde brasileiro, a começar pelas iniquidades geográficas entre estados e
dentro de um mesmo estado no que tange ao acesso a uma triagem resolutiva e de
qualidade, perpassando grande defasagem no diagnóstico pré e pós-natal, no
atendimento inicial e na transferência para centros de referência (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2017).
Além disso, uma das condições ideais para avaliação da oximetria seria profissionais
capacitados e resolutivos, o que representa outra fragilidade na aplicação do TC, pela
negligência relativa a capacitações bem estruturadas e que reflitam a urgência da
inserção real e da prática iminente do TC na Triagem Neonatal. Destaca-se que deve
haver ciência por parte de enfermeiros e técnicos de enfermagem a respeito de suas
habilidades e competências para praticarem uma assistência que minimize a imperícia
e, principalmente, a negligência, ainda mais ao lidarem com a fase inicial da vida.
9496
Nesse sentido, o projeto teve seu início a partir dessa necessidade de implementação do
exame na triagem. Como já explanado, o TC faz parte de diversos programas de triagem
pelo mundo e vem sendo implementado em diversos países para a investigação de CC.
Em 2011, a Sociedade Brasileira de Pediatria publicou a 1º orientação sobre a
importância da realização do teste como triagem para CC. O TC é a essência, neste
cenário, para o desenvolvimento de ações de extensão dentro da universidade desde o
ano de 2013, quando se iniciou sob o forte empenho da equipe envolvida, apesar de
pouca estrutura e embasamento para desenvolvê-lo. A partir desse momento, a
capacitação de profissionais começou a ocorrer e, no ano de 2014, após grande luta de
diferentes representantes da linha de cuidado da criança cardiopata, o exame se tornou
parte obrigatória do sistema de triagem neonatal do SUS, de acordo com a portaria nº
20/2014. Desde então, o processo de capacitação ganhou mais força como ExU e teve
grande evolução, conseguindo registro oficial na ExU no 1º Dia D da CC em 2015, até
culminar na compra de um oxímetro para o projeto neste mesmo ano; sendo agora
ainda mais importante como instrumento para a implementação do teste no RN, afinal,
apesar da obrigatoriedade, não existiam profissionais suficientemente habilitados para
torná-lo efetivo.
9497
que fundamentam com veemência a importância da realização da oximetria de pulso
nos neonatos, haja vista o grande impacto da morbimortalidade por CC.
Para o ano vigente, os planos são continuar a investir na capacitação dos PAS e
acadêmicos de medicina e enfermagem, levando o conhecimento e a aptidão para que
possam aplicar devidamente - por se tratar de um processo operador-dependente - e
disseminar o conhecimento sobre o TC. Soma-se a isso o desejo de transformar o
projeto de extensão em pesquisa e ampliar o campo de atuação para alcançar um maior
número de profissionais e qualificá-los.
Com isso, pode-se explicitar o caráter de EPS que o projeto adquiriu, ao ser inserido na
graduação dos cursos de PAS, bem como ter sido incorporado, em 2017, à residência
multiprofissional do HUOL/UFRN, na qual os residentes se capacitaram e se tornaram
instrutores. Desse modo, a capacitação passou a ser incorporada como atividade
obrigatória da residência multiprofissional, abrindo portas para a atuação desses
profissionais nos mais variados setores da assistência em saúde no estado.
9498
consideração a ser feita é a necessidade de ampliar os números, a quantidade e a
qualidade de PAS capacitados em diferentes áreas do estado, pois, nessas localidades,
há pouca assistência nas maternidades, o teste não é implementado e os neonatos
perdem a oportunidade de uma triagem adequada, de um diagnóstico precoce e -
consequentemente - de um tratamento mais eficaz. Por esse motivo, percebe-se a
necessidade de discutir, planejar e executar de forma integrada, com as Prefeituras e
Governo do Estado, a inserção das capacitações, do projeto e do TC na realidade dos
profissionais para que a portaria nº 20 seja executada, sem negligência nem prejuízo
aos serviços de saúde.
Este trabalho vem sendo desenvolvido e aperfeiçoado desde 2013 e deve ser
continuado para que o processo de ensino teórico-prático permita, além de realização
correta, a disseminação do conhecimento associado à prática, para promover a
prevenção de sequelas mais graves em consequência da hipoxemia (MAHLE, William T.,
2009). Frente a essa realidade, é primordial refletir quanto à reduzida oxigenação do
tecido nervoso e às consequências da hipoxemia que perduram além do período
neonatal, as quais se apresentam como o atraso do desenvolvimento neurológico
detectado em crianças na fase pré-escolar (WERNOVSKY, 2015).
9499
No tocante a esta proposta, então, o processo de capacitação de PAS das maternidades
públicas e privadas do estado confere um estímulo permanente à formação crítica,
científica e
ética dos estudantes e dos demais atores envolvidos, tendo uma base extensionista
articulada intrinsecamente com o ensino e a pesquisa, para viabilizar relações
transformadoras entre a universidade e a sociedade, a partir de um diálogo que envolva
diferentes conhecimentos. Desta forma, em reciprocidade com a Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), visa à garantia do direito à vida e à saúde
somada à atenção primordial às crianças, sendo, nesta conjuntura, uma proposta
intervencionista na saúde pública.
Conclusão/Considerações Finais
São evidentes as grandes dificuldades enfrentadas, quando não inviabilidades,
para a realização de uma assistência com resolubilidade acerca das CC em muitas
localidades brasileiras. O alcance da atenção integral e a intervenção terapêutica
premente esbarram em entraves sérios, desde a Atenção Primária, passando pela
atenção especializada, até à regulação assistencial.
9500
de transformação de realidades, sendo integrantes dos direitos da pessoa humana
(PEREIRA, 2002).
As concepções de EPS e ECS, então, surgem neste contexto e são essenciais para a
evolução dos PAS, pelo seu caráter complementar: a EPS, caracterizada pela
problematização das práticas de saúde, com o aspecto multiprofissional, pode ser
articulada à ECS, a qual preconiza os fundamentos técnico-científicos para melhor
promover as instituições
9501
diálogo entre as diferentes áreas de profissionais de saúde que lidam diariamente com
essa realidade. Um profissional capacitado para a realização do TC pode replicar, na sua
unidade de trabalho, o conhecimento adquirido, e, assim, mais profissionais capacitados
serão gerados, tanto nas maternidades como nas unidades de saúde básicas. A partir
dessa atividade e da estruturação de baixo custo para a realização do teste, será
possível a melhoria dos diagnósticos das CC com a identificação precoce, impactando
no diagnóstico e na melhoria da assistência à criança em Natal e no estado do RN.
Referências
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04/2017, De 30 De Maio De 2017. Disponível em:
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PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde.
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9503
VIVÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE DIÁLISE
Beta Cleide Pereira Costa1; Andrea Cristina Dantas Borba2; Ingrid Beatriz de Melo
Antunes2; Joyce Carolynne Silva1; Adriana Aparecida de Moura Fernandes2; Francisca Iris
Araújo de Brito2; Viviane Peixoto dos Santos Pennafort2; Gisele Correia Pacheco Leite3;
Ana Elza Oliveira de Mendonça4.
Resumo
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Concluinte de graduação.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Enfermeira.
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Médica.
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Orientadora.
9504
crônicos e agudos, foi uma experiência muito enriquecedora para as enfermeiras em
formação.
INTRODUÇÃO
A hemodiálise é indicada para pessoas que se apresentam com injúria renal aguda grave
ou insuficiência renal crônica. A indicação para o início do tratamento é feita pelo
médico nefrologista, que avalia a função renal através de sinais, sintomas e exames
laboratoriais, como as dosagens de ureia, creatinina, potássio, ácidos, hemograma, etc.
Em alguns casos, apenas o tratamento clínico com medicações se tornam suficientes
para reverter, controlar ou estabilizar a doença renal. Porém há casos mais graves em
que este tratamento conservador não é suficiente e se torna necessário o início da
hemodiálise (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2016).
9505
demanda crescente por profissionais de saúde, em especial de enfermagem,
especializados para cuidar desses clientes em serviços de baixa, média e alta
complexidade, como em clínicas e centros de referência em diálise. Infere-se que esse
cenário de doença renal é reflexo de uma sociedade onde há descontrole da
hipertensão, obesidade e diabetes. Entende-se que os desafios passam por combater
esses fatores para retardar ou diminuir esses casos, além de garantir melhor assistência
(SESSO et al., 2017).
METODOLOGIA
9506
As atividades do projeto foram realizadas em serviços de saúde conveniados a UFRN,
sendo uma clínica privada e em um hospital com serviço de hemodiálise, ambos
vinculados ao SUS para atendimento de pacientes renais na região Nordeste do Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A estrutura física da clínica privada dispõe de três salas de hemodiálise, cada uma com
capacidade para 24 pacientes e três salas de pequeno porte, sendo uma exclusiva para
pacientes com sorologia positiva para hepatite B, uma sala de triagem para a primeira
diálise de pacientes em processo de admissão no serviço e uma sala para pacientes com
necessidades especiais. As salas são identificadas por cores e para facilitar o
dimensionamento de pessoal, os pacientes são distribuídos em dois lados, cada um com
12 pacientes, totalizando 24 pacientes por turno. O serviço dispõe ainda de uma sala de
classificação de risco, sala de emergência e centro cirúrgico exclusivo para confecção de
fistula e implante de cateter. A equipe de enfermagem de cada sala é formada por um
enfermeiro(a) e seis técnicos de enfermagem, cada técnico de enfermagem é
responsável por quatro pacientes.
9507
Os serviços que são oferecidos na clínica: diálise móvel (em uma unidade móvel de
diálise), farmácia, engenharia (manutenção de equipamentos), lavanderia, nutrição,
psicologia, sala de emergência, salas para hemodiálise, classificação de risco, sala de
isolamento (pacientes com hepatite B), administração, auditório, consultórios, centro
cirúrgico e central de controle de material e esterilização.
Na clínica, eles reutilizam o capilar, portanto eles devem fazer o pré-teste e pós-teste
para certificar que não possui resíduos do material esterilizante utilizado para
preenchimento do mesmo. A utilização de sistema automatizado para o processamento
de dialisadores, possibilita a reutilização do filtro capilar em até 20 vezes.
Alguns pacientes são bem conhecidos pela equipe, pois fazem a hemodiálise há mais de
20 anos e os mesmos são muito resistentes a receber assistência dos discentes e de
novos funcionários. O que se tornou um aspecto negativo sob o ponto de vista dos
discentes, pois, nesses casos as atividades práticas foram substituídas por observações.
Porém, para melhorar a relação de confiança com os pacientes, foi possível realizar
algumas atividades assistenciais como verificação de sinais vitais, manuseio das
máquinas de hemodiálise e assistência durante intercorrências.
9508
ambulatorial, entre outros. A unidade de diálise do hospital dispunha de oito máquinas,
mas, por estar em período de reforma só estava atendendo quatro pacientes por turno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
9509
A importância dessa vivência, se deve ao pouco acesso disponibilizado por esses
serviços ao ingresso de discentes de graduação em processo de formação, configurando
o projeto de extensão na área de nefrologia uma oportunidade de ampliar os horizontes
para além da sala de aula, favorecendo a aproximação com a realidade e com as
necessidades do mercado de trabalho formal.
REFERÊNCIAS
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
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FREITAS, Rafaela Lúcia da Silva Freitas; MENDONÇA, Ana Elza Oliveira. Cuidados de
enfermagem ao paciente renal crônico em hemodiálise. Carpe Diem: Revista Cultural e
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KOERICH, Magda Santos. BACKES, Dirce Stein. NASCIMENTO, Keyla Cristiane do, et al.
Sistematização da assistência: aproximando o saber acadêmico, o saber-fazer e o
legislar em saúde. Acta paul. enferm. 2007 dez; 20(4): 446-451. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002007000400010&lng=pt. Acesso em 27 nov. 2017.
SESSO, Ricardo et al. Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica 2016. J Bras Nefrol 2017;
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9510
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Hemodiálise. São Paulo, 2016. Disponível em:
https://sbn.org.br/publico/tratatamentos/hemodialise/ Acesso em 5 nov. 2017.
9511
PROMOÇÃO À ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL COM VISTAS À REDUÇÃO DA OBESIDADE NA
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ATRAVÉS DE AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS QUE VISEM À
CONSCIENTIZAÇÃO A RESPEITO DOS ALIMENTOS SERVIDOS NAS CANTINAS DAS
ESCOLAS PÚBLICAS DE CAMPINAS
Resumo
A Doença Cardiovascular (DCV) é a maior causa de morte no Brasil, levando
anualmente a aproximadamente 400.000 mortes. Seus fatores de risco são bem
estabelecidos e o aumento destes na população brasileira encontra-se entre as
preocupações das autoridades sanitárias do país. Sobrepeso e obesidade na infância são
importantes precursores da DCV no adulto. Fundamentalmente o aprendizado dos
jovens sobre hábitos de vida saudáveis e alimentação adequada ocorre em ambiente
escolar. Contraditoriamente, sabe-se que nas cantinas escolares, gerenciadas pelas
Associações de Pais e Mestres, as quais objetivam arrecadar fundos para atividades
comunitárias, são vendidos alimentos de alto teor calórico, sódio e gorduras
hidrogenadas, nocivas ao organismo, como refrigerantes e salgadinhos. Tais práticas
contrariam as autoridades sanitárias e educacionais, cujas recomendações são de
fornecer apenas alimentos saudáveis e naturais. O presente projeto objetiva atuar nas
cantinas escolares, orientando pais, mestres, gestores e alunos acerca da importância da
alimentação saudável e, assim, modificar os alimentos vendidos nesses
estabelecimentos. Pretende-se utilizar as cantinas como instrumento permanente de
promoção à alimentação saudável e à saúde cardiovascular.
1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
2
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
9512
Introdução
A população brasileira vivenciou nas últimas 6 décadas uma transição
demográfica e nutricional, a qual abrangeu, dentre outras mudanças, o aumento da
longevidade, a urbanização da população, o predomínio da força de trabalho nos setores
secundário e terciário da economia, a diminuição da taxa de fecundidade. Do ponto de
vista dietético e nutricional, houve um significativo declínio da desnutrição com
subsequente aumento do sobrepeso e da obesidade especialmente entre crianças e
adolescentes1. De acordo com relatos da Organização Mundial da Saúde, a prevalência
de obesidade tem crescido em torno de 10 a 40% nos países europeus nos últimos 10
anos2.
Observa-se que esse aumento da prevalência se deva ao fato que a cada dia há
um incremento no consumo de alimentos ricos em gordura, sal, açúcar, carboidratos
simples e ácidos graxos trans, além de pouca oferta de frutas, legumes e verduras,
associado a monotonia de cores nos lanches dos escolares3. Tais mudanças quando
associadas ao sedentarismo desencadeiam o excesso de peso, primeiro passo para o
desenvolvimento de fatores de risco para a doença cardiovascular; propiciam, na
sequência, uma chance maior de aparecimento as doenças crônicas não transmissíveis,
como diabetes, hipertensão arterial e futuramente a doença cardiovascular com suas
complicações (Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral, Doença Renal
Crônica, entre outras). Um estudo realizado no município de Campinas, em 2010,
avaliou o risco cardiovascular de 4699 crianças e adolescentes, relacionando o excesso
de peso com a ingestão de doces, refrigerantes, salgadinhos e fastfood. Os principais
achados apontaram para uma incidência de 32% de sobrepeso e obesidade dos jovens
na faixa etária entre 7 e 12 anos. O consumo diário de doces e refrigerantes foi de 27%
aproximadamente. Refeições de fastfood uma vez por semana foram relatadas por 26%4.
Além disso, sabe-se que as crianças passam grande parte de seu tempo no
ambiente escolar, sendo as refeições oferecidas nas escolas, de grande importância aos
alunos, principalmente àqueles de baixa renda. Um trabalho realizado na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) revela que, para 50% dos alunos da região Noroeste, a
merenda escolar é considerada a principal refeição do dia. Na região Norte, esse índice
sobe para 56%5. O programa de Alimentação Escolar é responsável por 1,7 milhões de
refeições diariamente, nas escolas estaduais de São Paulo 6.
Dessa forma se a qualidade da alimentação nas escolas não for adequada, ela
poderá comprometer a segurança alimentar da população jovem brasileira 5. Em que
9513
pese o atual cenário, que hoje tem contornos dramáticos nos jovens brasileiros com
níveis inaceitáveis de excesso de peso, é preciso lembrar que durante décadas a fome e
a desnutrição e suas graves consequências assombraram a população brasileira. Dentro
das políticas públicas de combate à fome o governo brasileiro buscando garantir a
segurança alimentar de muitas crianças, estabeleceu-se a merenda escolar como
estratégia essencial para o combate à fome e à desnutrição. Em 2004, segundo o IBGE,
97,3% das crianças que frequentavam creches públicas recebiam a merenda ou outra
refeição como parte das políticas de combate à fome e à desnutrição. Com base nisso,
os níveis de insegurança alimentar e consequente risco de desnutrição passou a ser
baixo entre os alunos frequentadores de escolas ou creches em tempo integral 7. Dessa
forma foi possível garantir o desenvolvimento intelectual dos jovens brasileiros
evitando-se que cenários como a falta de acesso aos alimentos pudessem limitar seu
desenvolvimento neuropsicomotor8.
9514
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem como objetivo
contribuir não só para a aprendizagem e o rendimento escolar, como também para a
formação de práticas alimentares saudáveis. Partindo do princípio que muitas crianças
alimentam-se principalmente daquilo que é oferecido nas escolas, é de fundamental
importância a existência de ações de educação alimentar e nutricional, além da oferta
de refeições que atendam às necessidades nutricionais dos escolares durante o período
letivo 11.
9515
acima, autoridades da área da saúde e educação propuseram regulamentações que
foram publicadas. Para evitar tais escolhas, desenvolveram-se regulamentações para
cantinas escolares sobre quais alimentos poderiam ser comercializados. Entretanto e ao
contrario daquilo que poderia se esperar, tais regulamentações ficaram distantes de
serem colocadas em prática. Cite-se a título de exemplo o artigo 2º da Portaria Conjunta
COGSP/CEI/DSE, DE 23-3-2005, que normatiza o funcionamento das cantinas escolares,
onde diz: “A Cantina Escolar não prejudicará o Programa de Alimentação Escolar, nos
turnos em que ele ocorre, nem a ele se sobreporá, devendo ambos integrar esforços
para o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação”14. O Observatório de
Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília realizou um
estudo com crianças de 4ª a 7ª séries em uma escola na qual houve a transformação da
cantina em cantina saudável. Os resultados mostraram que 98% dos entrevistados
gostaram do novo tipo de cantina e 33% dos alunos relataram aumento de consumo de
alimentos saudáveis depois das mudanças implantadas. Um outro estudo, realizado pelo
mesmo Projeto, verificou que 66,7% das lanchonetes escolares que estimularam o
consumo de lanches saudáveis, agregaram valor ao negócio, aumentando seu lucro
numa faixa de 30% a 50% 15.
Porém, sem a devida fiscalização e acima de tudo sem uma clara estratégia
visando à conscientização, essas regulamentações não apenas não serão cumpridas,
mas corre-se o risco das cantinas acabarem por se constituir de instrumento de oposição
àquilo que é ensinado na sala de aula e a alimentação preparada e servida nas escolas.
9516
Espera-se fazer dos alunos agentes multiplicadores de forma ascendente para a
promoção de hábitos alimentares saudáveis junto à comunidade, promovendo a Cantina
Por fim, pretende-se conhecer os hábitos alimentares dos alunos das Escolas
envolvidas no projeto, com o objetivo de propor mudanças adequadas a cada ambiente
e prevenir a obesidade infantil, de modo a incentivar o cumprimento das
regulamentações propostas às cantinas, como a exclusão de refrigerantes e alimentos
nocivos à saúde e a
Metodologia
O presente programa se realizará em escolas da rede pública estadual de
Campinas no entorno do Campus 2 da PUC Campinas, situadas preferencialmente no
Distrito Noroeste da cidade, considerada região periférica e com uma população
convivendo com uma série de situações críticas, como violência, vulnerabilidade social,
entre outras.
9517
instrumental das escolas não se fazendo, portanto, investimento de recursos
complementares.
9518
coletiva da produção das oficinas (folder, cartazes, vídeos, entre outros)
dentro do projeto pedagógico existente. Indicadores para avaliação do
impacto das oficinas: modificações dos alimentos servidos nas cantinas,
incremento nas mudanças de comportamento alimentar e adoção de
estilo de vida e hábitos mais saudáveis. Os resultados obtidos nas ações
realizadas nas escolas serão amplamente divulgados junto às escolas
(educadores, alunos), pais e outros segmentos envolvidos na presente
ação. Elaboração do Relatório Final de Extensão.
Resultados e Discussão
A educação nutricional de pais e alunos das escolas públicas e as consequentes
modificações dos alimentos fornecidos nas cantinas das escolas públicas apontando
para o consumo de alimentos saudáveis é um dos objetivos finais do projeto. Espera-se
que a conscientização e consequente modificação dos alimentos servidos nas cantinas
possam servir de modelo e consequente sensibilização para a importância da adoção de
hábitos nutricionais saudáveis, uma vez que se pretende prevenir a obesidade nessa
população.
Conclusão/Considerações Finais
Espera-se sensibilizar pais, mestres e alunos quanto a importância do
fornecimento de alimentos saudáveis nas cantinas escolares para a redução de fatores
de risco para a doença cardiovascular, utilizando-as como um instrumento propagador
de hábitos alimentares saudáveis.
9519
de alimentos saudáveis nas cantinas das escolas. Pais, mestres e professores
devem incentivar as crianças aos hábitos saudáveis de vida, combatendo o
consumo de refrigerantes e alimentos nocivos a saúde. Ressaltar para a
importância do início dessa conscientização se dar no ambiente escolar, através
das cantinas escolares.
• Fazer dos alunos agentes multiplicadores de forma ascendente para a promoção
de hábitos alimentares saudáveis junto à comunidade.
• Conhecer os hábitos alimentares dos alunos das Escolas envolvidas no projeto,
com o objetivo de propor mudanças adequadas a cada ambiente e prevenir a
obesidade infantil.
• Promover a Cantina Escolar como instrumento de educação permanente sobre
hábitos alimentares saudáveis e a importância destes para a saúde atual e futura
de cada indivíduo, tornando-as vitrines de modelo de alimentação saudável.
• Incentivar o cumprimento das regulamentações propostas às cantinas como a
exclusão de refrigerantes e alimentos nocivos à saúde e implementação de
lanches naturais e frutas como principais produtos oferecidos.
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9522
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO DOS USUÁRIOS DO PROJETO RESAT: (RE)
PENSANDO AÇÕES EM SAÚDE DO TRABALHO COMO ESTRATÉGIA DE VALORIZAÇÃO
DOS FATORES HUMANOS
Cleane Toscano Souto Bezerra¹; João Lucas da Silva Pereira de Melo¹; Karolina Galdino
Neves¹; Keyth Sulamita de Lima Guimarães¹; Leonildo Santos do Nascimento Júnior¹;
Lorenna Marinho Ferreira¹; Márcio Ivan Treml Filho¹; Maria Clara Ferreira Sá¹; Marta
Cavalcante dos Santos¹; Nathalia Layla de Oliveira Silva¹; Rafaela Gerbasi Nobrega 1;
Rubem Ramalho B. Vieira de Almeida
Resumo:
9523
¹ Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)
O objetivo proposto foi alcançado porém, necessita-se de um aprofundamento de
pesquisas na área para uma melhor compreensão dos profissionais de saúde aos
usuários, que possuem suas particularidades e carecem de uma atenção
multiprofissional visando a integralidade do cuidado.
Introdução
De acordo com Silveira (2009), o trabalho é importante não apenas como fonte
de renda, mas também como fonte de reconhecimento e realizações, marcando a
identidade dos indivíduos na sociedade, como era antigamente: reconhecidos pela
função profissional. Entretanto, do mesmo pode surgir problemas que interferem na
saúde, seja por condições de acidentes, riscos químicos, físicos, biológicos ou
ergonômicos. Compreende-se os ergonômicos como aqueles em que o próprio ambiente
ocupacional e a execução da tarefa leva à um processo de adoecimento, seja pela carga
horária excessiva, cobranças dos superiores, equipamentos inadequados, dentre outros.
Apesar dos avanços significativos no campo conceitual que apontam um novo
enfoque e novas práticas para lidar com a relação trabalho e saúde, ainda persiste a
distância entre os interesses antagônicos da sociedade capitalista, sobretudo num
campo potencialmente ameaçador, em que a busca de soluções quase sempre se
confronta com interesses econômicos imediatistas, que não contemplam os
investimentos indispensáveis à garantia de uma política em defesa do trabalho
(MINAYO-GOMEZ; THENDIM-COSTA, 1997).
Todo esse impacto a nível físico-emocional termina a prejudicar a saúde do
trabalhador, onde estes, segundo Tomasi et al. (2008), se revelam insatisfeitos com sua
saúde e se referem aos problemas osteomusculares, do tecido conjuntivo,
cardiovasculares e transtornos mentais comuns. Diante disso, a autora comenta sobre
investigação regular desses transtornos na vida do trabalhador por meio das mais
diversas profissões de saúde, visto que em consonância com Battaus e Monteiro (2013),
esses agravos a saúde oriundos da ocupação são responsáveis por um grande número
de afastamentos do trabalho, tendo influência direta na sua qualidade de vida e
capacidade laborativa.
É nesse contexto, continua Silveira (2009), que se desenvolve a saúde do
trabalhador, atuando não só na reabilitação e práticas curativas, mas recentemente no
promover ações que visem uma qualidade de vida assim como ações que previnam
9524
esses agravos. Para isso acontecer, é necessário conhecer e investigar a relação entre
trabalho e condições de saúde e doença, utilizando assim a anamnese ocupacional.
Adentrando no olhar ampliado em saúde funcional, a anamnese ocupacional é
executada da seguinte forma: avaliação dos pacientes (funções musculoesqueléticas;
avaliação ergonômica; qualidade de vida no trabalho); diagnóstico (coleta dados;
solicita exames complementares; interpreta exames; estabelece prognóstico; prescrição
terapêutica e estabelecimento de nexo de causa cinesiológica funcional ergonômica);
planeja e implementa estratégias de intervenção. (BAÚ; KLEIN, 2009).
Neste cenário, conforme Toldrá et al. (2010), é importante compreender a
organização do trabalho e os seus reflexos na saúde dos trabalhadores para pensar na
intervenção nos ambientes de trabalho, o tratamento clínico, a reabilitação e
readaptação profissional, juntamente com sua inserção no mercado novamente,
tratando-se de um processo dinâmico de atendimento global do trabalhador.
Segundo Gomez et. al (2011), as potencialidades da análise dos processos de
trabalho vêm condicionadas à adoção do tratamento interdisciplinar requerido para
estabelecer e articular planos referentes ao contorno social, econômico político e
cultural e as características dos processos de trabalho com potencial de repercussão na
saúde. Contrapondo os marcos da saúde ocupacional em que o trabalhador é visto como
pacientes, na visão da saúde do trabalhador eles constituem-se em sujeitos políticos
coletivos, depositários de um saber emanado da experiência e agentes fundamentais de
ações transformadoras.
Metodologia
9525
nexo causal e um tratamento eficaz, visando atender o aspecto biopsicossocial do
usuário.
Resultados e Discussão
Existe uma grande resistência que dificulta a procura do homem aos serviços de saúde.
Os condicionantes dessa resistência têm perpassado historicamente por diferentes
aspectos, entre os quais se destaca os socioculturais ligados ao gênero, que deriva do
fato de a doença ser considerada um sinal de fragilidades, que os homens não
reconhecem como intrínseco à sua condição biológica. Dessa forma, refletindo no perfil
de morbidade e mortalidade vinculado aos indivíduos do sexo masculino que poderiam
ser evitadas, caso não existisse a resistência frente à procura pelos serviços de saúde
(FONTES et al., 2011).
9526
ocupam postos de trabalho considerados essenciais para os processos produtivos
(SEGNINI, 2000). Porém, vale ressaltar que essas visões mesclam-se com os problemas
sociais vividos no Brasil como a profunda desigualdade da distribuição de renda, o
analfabetismo e os baixos níveis de escolaridade que atingem grande parte da
população.
Quadro 1 – Variáveis sexo, idade e anos de educação formal do perfil sociodemográfico
e clínico dos usuários do
Projeto RESAT do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ
Variáveis Predominância Porcentagem
9527
trabalho em turno e noturno é muito utilizado atualmente e podem ocorrer alterações
de sono, distúrbios gastrointestinais, cardiovasculares e desordens psíquicas e em
relação à vida social e à família, ressalta-se o prejuízo na participação de atividades
sociais organizadas, dificultando sua integração na vida social da comunidade.
De acordo com a queixa principal dos usuários, dor é a mais referida (89,6%) em
estruturas como coluna (lombar e cervical são as mais citadas), ombro e mãos. Porém
também são destacados dormência, sensação de peso e limitação do movimento.
Oliveira et. al (2008) evidencia que a coluna vertebral deve merecer maior
atenção no que respeita a sua utilização nas atividades laborais, pois os problemas
decorrem de posturas inadequadas, levantamento de cargas excessivas e movimentos
repetitivos, o que pode provocar prejuízos para a saúde, culminando em patologias
irreversíveis que irão influenciar por toda a vida, impedindo-o de executar as atividades
cotidianas, como é o caso de hérnias discais.
9528
saúde pública na sociedade moderna, gerando incapacidade por parte dos acometidos e
de decréscimo permanente ou temporário da capacidade laboral entre pessoas
produtivas (COUTO, 2007).
Gráfico 1 – Diagnóstico médico dos usuários do Projeto RESAT do Centro Universitário
de João Pessoa (UNIPÊ)
Nú
me
ro 14
12
de 10
usu 8
ári 6
os
2
0
Não Hérnia de Tendinite Síndrome do Protusão Tendinopatia Osteófito Lombalgia
apresenta disco manguito discal
rotador
9529
Acidentes 20,7%
Nega 10,3%
Fonte: Dados da pesquisa (2018)
Conclusão:
Diante dos dados analisados do presente estudo, foi possível traçar um perfil
sociodemográfico e clínico dos indivíduos que são atendidos no Projeto RESAT.
Constatou-se que a participação masculina ainda se encontra tímida em relação à busca
de serviços de saúde devido a questões culturais e psicossociais envolvidas nesse
processo além disso, foi percebido que o tempo na função e a idade média desses
usuários é alta ou seja, muitos não procuram o serviço como forma de prevenção e
promoção de saúde e sim, quando a doença ocupacional já se encontra instalada de
forma crítica. Se faz necessário novas formas de abordagem nos trabalhadores,
conscientizando-os do valor da prevenção.
A amostra revelou que a maioria das profissões exigem uma repetitividade dos
movimentos e alta demanda das funções de membros superiores, acarretando
sobrecarga das estruturas e sérias alterações no organismo do trabalhador. Na análise
do regime de trabalho, houve um ponto positivo já que a maioria dos pacientes
atendidos no Projeto trabalham diurno, não ocasionando graves problemas à saúde
quando comparados àqueles em turnos e noturnos. Em consonância com a literatura, foi
9530
observado que na maioria dos relatos dos pacientes, a dor se fazia presente de forma
variável e subjetiva, típico de doenças ocupacionais gerando limitações não somente
durante a atividade laboral mas sim, na sua vida cotidiana.
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9533
A IMPORTÂNCIA DA HIDROTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM
MICROCEFALIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Carla Patrícia Novaes dos Santos Fechine²; Fernanda Alves Dionísio¹; Maria Clara
Ferreira Sá1; Meryeli Santos de Araújo Dantas²; Sheva Castro Dantas de Sousa²
Resumo: Introdução: A microcefalia por ZikaVírus é uma patologia na qual o bebê nasce
com o perímetro cefálico menor que dois desvios-padrão apresentando como
consequência o desenvolvimento inadequado do cérebro, gerando um acometimento a
nível sensório-motor e cognitivo. No seu quadro clínico encontra-se principalmente:
hipertonia (maioria dos casos) ou hipotonia, ausência dos reflexos, atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor e irritabilidade; e para o tratamento além do
conceito Bobath, há a possibilidade de junção com a hidroterapia que somam na
melhoria da qualidade de vida da criança. Objetivo: Expor o grande auxílio que a
hidroterapia traz e soma na terapia com vista na melhora da qualidade de vida das
crianças com microcefalia. Metodologia: O projeto atende 25 crianças diagnosticadas
com microcefalia pelo ZikaVírus, na faixa etária de 0 a 3 anos, atendidas na clínica-
escola de fisioterapia do UNIPÊ, onde 10 crianças são incluídas na hidroterapia
mediante avaliação necessária. Na piscina aquecida são realizados desde alongamentos,
mobilizações, adequação do tônus à ênfase do que a criança consegue e é estimulada a
fazer com o uso lúdico por meio de canções e brinquedos. Resultados: A hidroterapia
permite um maior relaxamento das crianças tanto no contexto socioemocional
(irritabilidade) como no biológico, onde os músculos que se encontram em um elevado
nível de tensão conseguem diminui-lo, ambos por meio da temperatura, silêncio e fluxo
laminar; já no caso de crianças hipotônicas, o fluxo turbulento facilita a adequação
deste; exercícios de alcance, transferência de peso, dissociação de cinturas e
estimulação de posturas na água aquecida se tornam mais fáceis de serem realizados e
mantidos. Conclusão: A hidroterapia é uma aliada importante no tratamento de crianças
com microcefalia por proporcionar diante dos seus princípios físicos, um meio de
1
Discentes do curso de fisioterapia do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ
² Docentes do curso de fisioterapia do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ
9534
facilitação não só na parte sensório-motora, mas em conjunto com o aspecto
socioemocional.
Palavras-chave: Hidroterapia; criança; microcefalia.
Introdução
De acordo com Ribeiro et al. (2016), a microcefalia é uma anomalia congênita a
nível de sistema nervoso central, na qual o cérebro não se desenvolve de maneira
adequada resultando em um perímetro cefálico menor que o esperado: cerca de dois
desvios-padrão inferior em relação à idade gestacional e o sexo do bebê. Entre as suas
causas, encontram-se fatores genéticos e ambientais, como a hipóxia perinatal,
infecções congênitas (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose), exposição
intrauterina à radiação ionizante, abuso de álcool e/ou drogas; e se enquadrando nos
fatores genéticos, há as alterações monogênicas, anomalias cromossômicas ou
distúrbios multifatoriais, apresentando como exemplos algumas outras síndromes
genéticas.
Diante do surto recente de microcefalia foi investigada a sua ocorrência, onde se
constatou uma nova etiologia da mesma, até então sendo responsável apenas pela
dengue e chikungunya: o mosquito aedes aegypti, transmitindo agora o Zika Vírus.
Conforme a importância do acontecimento, Oliveira e Vasconcelos (2016) afirmam que a
rápida disseminação do ZIKV pelo continente americano, as dificuldades no diagnóstico
por ser uma descoberta recente e o risco elevado deste se espalhar pelos outros
continentes, levou a OMS declarar a epidemia causada pelo ZIKV como um evento de
emergência em saúde pública.
Cabral et al.(2017) relata ainda que o diagnóstico por ser feito através do
ultrassom a partir do segundo semestre de gravidez, e após o nascimento com a medida
do perímetro cefálico, exames como ressonância magnética e tomografia
computadorizada. E que os sintomas da infecção incluem febre, erupções cutâneas,
conjuntivite, dores nos músculos e nas articulações, mal-estar ou dor de cabeça.
Em relação aos achados laboratoriais de uma possível infecção intrauterina pelo
Zika Vírus, o objetivo é detectar alterações neurológicas relacionadas a essa causa. Em
estudos realizados com os bebês de mães que tiveram contato com zonas endêmicas e
que nasceram com microcefalia, foram identificadas anormalidades encefálicas que
consistem em calcificações cerebrais, predominantemente periventriculares, porém
também encontradas no parênquima cerebral, nos tálamos e núcleos da base, sendo
observadas também anomalias de migração neuronal, ventriculomegalia secundária,
atrofia cortical/subcortical, dentre outros; havendo evidências, em alguns casos, de
9535
calcificações cerebrais mais grosseiras, anormalidades no vermis cerebelar e disgenesia
do corpo caloso. (NUNES et al., 2016).
Sabe-se que as alterações neurológicas e estruturais repercutem no
desenvolvimento neuropsicomotor da criança, sendo assim requeridas de atenção e
ações específicas, uma vez que problemas de coordenação e controle do movimento
geram atrasos motores e prejuízos à nível psicossocial (FLOR; GUERREIRO; ANJOS,
2017). Por isso, o atendimento multiprofissional é essencial, no qual o fisioterapêutico
deve acontecer de forma precoce, podendo utilizar o método bobath, cinesioterapia
clássica e a hidroterapia.
Segundo Duarte (2001), a água possui propriedades físicas e térmicas que fazem
dela uma opção de tratamento terapêutico, utilizada desde o tempo da Grécia e Roma
antiga. Embora seja um recurso para treinamento físico e reabilitação há poucos
estudos na área, mesmo diante das inúmeras vantagens e benefícios que são atribuídos
à reabilitação aquática desde séculos passados.
Segundo historiadores a hidroterapia foi utilizada pela primeira vez como terapia
cerca de 2400 a.C. pela cultura protoindiana. Logo em seguida os egípcios começaram a
utilizar ela como forma de cura. Os gregos utilizavam para tratamentos específicos,
como imersão em água quente e fria para patologias musculares e articulares. Já no
Império Romano, a hidroterapia foi iniciada de maneira preventiva, indicada apenas
para atletas, evoluindo com uma série de temperaturas, para tratar doenças reumáticas.
A hidroterapia no Brasil só foi vista de forma científica em 1922, quando utilizada por
Artur Silva, na Santa Casa do Rio de Janeiro (JACQUES et al., 2017).
Complementa ainda Orsini et al. (2008) que a hidroterapia é um recurso
fisioterapêutico que utiliza os efeitos físicos e fisiológicos advindos da imersão do corpo
na piscina aquecida, como recurso para a reabilitação ou na prevenção de alterações
funcionais, sendo assim requerida em distúrbios principalmente de ordem neurológica e
musculoesquelética; e seus resultados são observados de forma imediata ou tardia. O
mesmo relata que compreendendo essas propriedades citadas anteriormente, como a
biomecânica é influenciada neste meio e o estudo da fisiopatologia em questão, surge
por este conjunto uma apresentação de dados necessários para a elaboração de
objetivos e do plano de tratamento baseado na utilização da água para facilitação do
movimento e recuperação das disfunções.
Para a realização da hidroterapia é necessário considerar e selecionar as
propriedades da água (densidade relativa e gravidade específica, empuxo, metacentro,
pressão hidrostática, fluxo laminar ou turbulento, tensão superficial e temperatura) da
9536
maneira mais apropriada a fim de obter maior grau de funcionalidade no paciente
(MELO; ALVES; LEITE, 2012).
Dentro do recurso da hidroterapia são abordados alguns métodos como Watsu
que adota técnicas de flutuação e relaxamento; Halliwick, encorajando o paciente à
natação e dando ênfase no que ele é capaz de realizar; Bad Ragaz consiste no uso de
flutuadores na cervical, pelve e tornozelos, que ajudam na reabilitação, alongamento
muscular, manutenção ou ganho de amplitude de movimento e movimentação de
membros superiores e inferiores; Hidrocinesioterapia que permite uma grande
variedade de exercícios com fins terapêuticos (NETA VAZ; ZECHNER; NOCETTI, 2017).
Capelline et al. (2017) confirma que a hidroterapia pode ser utilizada para
diversas patologias, pois a água aquecida é um ótimo meio para exercícios, oferecendo
oportunidades estimulantes para movimentos que seriam feitos com dificuldade no
solo. A diversidade de movimentos na água permite que as crianças explorem seu corpo
e o espaço a sua volta, por isso as atividades aquáticas entre seus diversos benefícios,
favorecem a socialização e prevenção de agravamento de distúrbios osteomioarticulares
e respiratórios.
Em geral, os benefícios da hidroterapia envolvem a propriedade da flutuação,
onde o suporte da água promove alívio do peso, permitindo ao paciente assumir uma
postura ereta e, adquirir movimentos ativos que no solo seriam impossíveis devido à
ação da gravidade. Outras propriedades da água são benéficas, como o relaxamento do
tônus, por meio da temperatura elevada e fluxo laminar, permitindo um alcance maior
da ADM e que os movimentos se tornam mais rápidos na água, já o arrasto turbulento
oferece resistência, que além de fortalecer músculos fracos também pode gerar
estímulos sensitivos (JACQUES et al., 2017).
Além disso, a hidroterapia pode promover alívio de dor e espasmos musculares,
manutenção da amplitude de movimento das articulações, reeducação dos músculos
paralisados, melhora da circulação sanguínea e encoraja atividades funcionais,
melhorando assim a coordenação, equilíbrio e postura (NETA VAZ; ZECHNER; NOCETTI,
2017). Este relato de experiência tem como objetivo retratar as práticas de hidroterapia
em crianças com distúrbios neurológicos, visando somar na literatura, visto que há
poucos trabalhos nessa área e nenhum em relação à microcefalia.
Metodologia
O projeto de extensão “Programa de atenção integrada à crianças com
microcefalia por ZikaV”, atua desde o semestre 2017.1 na Clínica-Escola de Fisioterapia
9537
do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), criado com apoio da Energisa – PB. No
primeiro semestre de atuação a assistência oferecida era apenas por profissionais e
acadêmicos do curso de fisioterapia, com o passar do tempo outros cursos da área de
saúde foram prestando seus serviços, entre eles, odontologia, enfermagem,
fonoaudiologia, e psicologia (para as mães).
Esse projeto de extensão oferece apoio adequado aos responsáveis e
atendimento humanizado as crianças com microcefalia. A seleção para os acadêmicos
interessados no projeto é feita através de uma inscrição, onde precisa anexar uma carta,
contendo informações como: interesse no projeto; o que busca alcançar; e o que
pretende acrescentar. A segunda etapa se dá através de uma entrevista, feita pelas
professoras orientadoras, e por último, é analisado o coeficiente de rendimento escolar
(CRE). Após essas etapas, as vagas solicitadas são preenchidas.
A assistência é realizada por meio de dois encontros semanais (segunda-feira e
quarta-feira) desenvolvendo atividades como avaliação dos pacientes, atendimentos
individuais e atividades educativas para os responsáveis. Inicialmente as crianças
passam por uma avaliação multiprofissional realizada por estudantes dos cursos de
Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia. No atendimento fisioterapêutico são
desenvolvidas atividades no solo com a cinesioterapia convencional em conjunto com o
método Bobath e uma provável associação (intercalada nos dias) com a hidroterapia,
dependente da avaliação necessária.
Segundo Teulier, Lee e Ulrich (2016), a avaliação fisioterapêutica deve focar no
estado cinético funcional da criança, identificando as deficiências e incapacidades
decorrentes da microcefalia, assim como os fatores facilitadores e as barreiras que
interferem direta ou indiretamente na qualidade de vida dos pacientes. Uma avaliação
bem conduzida deve utilizar instrumentos validados, para favorecer um melhor
planejamento terapêutico. Na avaliação do projeto, além dos dados pessoais e
demográficos, é feita aplicação de duas escalas mundialmente validadas: a Escala de
Avaliação Infantil Alberta (AIMS), que avalia o desenvolvimento neurosensóriomotor e a
Escala Modificada de Ashworth que avalia a hipertonia.
Após avaliação inicial, as crianças são submetidas ao atendimento
fisioterapêutico, podendo ser executado de duas maneiras, de acordo com a
necessidade individual do paciente, no solo ou na piscina. Além disso, em dias
comemorativos, são realizadas atividades com os responsáveis, criando um vínculo
maior, e orientando como agir em determinadas situações.
O atendimento no solo é baseado no conceito bobath, já o atendimento na
piscina é feito com base numa junção dos quatro métodos mais utilizados na
9538
hidroterapia (Watsu; Halliwick; BadRagaz; Hidrocinesioterapia) que são mundialmente
conhecidos. O Watsu é uma técnica de flutuação e relaxamento; o Halliwick para
conquistar uma independência gradual na água; o Bad Ragaz consiste no uso de
flutuadores na cervical, pelve e tornozelos, que ajudam na reabilitação, alongamento
muscular, manutenção ou ganho de amplitude de movimento e movimentação de
membros superiores e inferiores; por fim, a Hidrocinesioterapia que permite uma grande
variedade de exercícios com fins terapêuticos.
Após finalizar o tratamento, de seis em seis meses, os pacientes realizam uma
reavaliação, utilizando as mesmas escalas da avaliação inicial (AIMS e Escala Modificada
de Ashworth), onde é observado o ganho no desenvolvimento neurosensóriomotor das
crianças assistidas, diminuição da hipertonia, e melhora na socialização.
O relato de experiência é de caráter descritivo, com abordagem qualitativa. A
população é composta por 25 crianças, tendo como critérios de inclusão: Diagnóstico de
microcefalia por Zika Vírus e faixa etária de 0 a 3 anos de idade. Em relação à
hidroterapia são atendidas cerca de 10 crianças neste ambiente, de acordo com a
necessidade observada na avaliação inicial.
Resultados e Discussão
Observou-se que a maioria das crianças aceitaram o ambiente aquático sem
nenhuma dificuldade, poucas se assustaram e demonstraram desconforto ou
insegurança, visto que os fisioterapeutas as mantêm em contato com o próprio corpo
através de níveis de contato diferentes. Notou-se ainda que as crianças se comportaram
de forma até melhor do que no solo, o que foi mais um ponto positivo considerado na
conduta terapêutica.
Independente de precisarem ou não, todas as crianças inseridas no protocolo da
piscina foram submetidas ao processo de adaptação na piscina, respeitando a
individualidade de cada paciente e observando seus limites. Com o passar do tempo,
nas crianças que inicialmente se sentiram assustadas foi percebido um aumento de
confiança promovendo maior alcance de relaxamento, e facilitando os movimentos
difíceis de serem realizados.
De modo geral, os resultados encontrados nas crianças submetidas ao
tratamento na piscina foram considerados bons e influenciram diretamente na evolução
do quadro clínico, entre eles: Adequação do tônus na água (figura 1), alcance de maior
amplitude de movimento e alongamento muscular (figura 2 e 3), diminuição da
irritabilidade e promoção de sociabilização (figura 4).
9539
Figura 1- Adaptação na piscina
9540
Figura 4- Sociabilização da criança com as terapeutas
Esses resultados estão em consonância com a literatura. Orsini et al. (2008)
explica esses efeitos almejados de acordo com alguns princípios da água:
primeiramente, a pressão hidrostática que exerce pontos de pressão igualmente sobre
todas as áreas de um corpo imerso a uma dada profundidade, onde essa compressão da
superfície corporal aumenta a estimulação proprioceptiva das terminações nervosas
periféricas no tronco e extremidades, conferindo maior apoio, proteção para o
desenvolvimento e manutenção do equilíbrio; logo após o mesmo autor afirma que a
flutuação e a viscosidade sozinhas ou combinadas resultam como facilitador, promotor
de resistência ou de suporte para o movimento corporal e de determinados segmentos,
dependendo também da postura do paciente; e por fim o aquecimento, que determina
um aumento no suprimento de sangue aos músculos, facilitando a contração muscular,
isto é, uma maior controle de movimentos, relaxamento do tônus e diminuição da
sensibilidade nas terminações nervosas. Além de promover benefícios psíquicos e
sociais, que estão relacionados à sensação de independência e bem-estar pela prática
dos exercícios em água aquecida.
Em relação à hipertonia, estudos descritos por Melo, Alves e Leite (2012),
informam que os pacientes a partir da segunda semana de atendimento aquático já
apresentavam uma diminuição do tônus e do tempo de ocorrência entre um episódio de
espasmo e outro, levando à uma facilitação dos movimentos e uma melhora na
qualidade de vida das crianças.
Nos casos de hipotonia, Santos et al. (2011) destaca que variações no ambiente
aquático, como a produção de turbulência (fluxo turbulento), cria um meio interessante
para o trabalho do equilíbrio estático e dinâmico, visando aumentar a ativação do tônus
muscular (adequação) destes tipos de pacientes para enfrentar tal situação. De acordo
com Toble et al. (2017), a hipotonia presente atua como uma grande forma de restrição,
pois apresenta maior dificuldade de produzir tensão muscular suficiente para vencer a
força da gravidade, condição indispensável para realização de movimentos voluntários e
desenvolvimento das reações posturais que são a base para aquisição de habilidades
cada vez mais complexas.
Bonomo et al. (2007) relata ainda que as propriedades físicas da água e o
conforto que esta promove faz com que o corpo se movimente de forma livre de um
modo que seria doloroso e mais difícil em solo, gerando assim condições que facilitam o
controle do tônus permitindo uma postura adequada para o movimento funcional,
ocasionando aprendizado motor e consequentemente maior independência.
9541
Conclusão/Considerações Finais
O projeto de extensão “Programa de atenção integrada à crianças com
microcefalia por Zika vírus” vem conseguindo alcançar todos os seus objetivos: ofertar
um atendimento humanizado, através de atividades lúdicas que fornecem uma maior
compreensão do ensino-aprendizagem, de forma eficaz para essas crianças,
proporcionando melhora na qualidade de vida destas. Além disso, sabendo que o
ambiente e afeto familiar são determinantes neste processo, o projeto promove um
acolhimento aos responsáveis (predomínio das mães) auxiliando nos questionamentos
decorrentes desta patologia, além de apoio psicológico quando necessário.
As crianças com microcefalia que recebem o tratamento fisioterapêutico na
piscina apresentam um melhor desenvolvimento e crescimento, pois os exercícios
possibilitam que a criança treine sua expressão corporal individual acarretando, por
repetitividade, o aprendizado, assim como a superação de suas limitações e
dificuldades. Além disso, propicia auxílio no contexto social e emocional da criança,
disponibilizado pelo ambiente reconfortante e pela interação com as fisioterapeutas e
outras crianças.
É importante referir que toda a fisioterapia é fundamental no processo de
reabilitação neurológica, na medida em que interfere decisivamente nos aspectos
motores, cognitivos e psicossociais que possam vim a ser adquiridos, ressaltando a
necessidade do fisioterapeuta, visto que esse profissional contribui de maneira
inestimável à essas crianças em todos os âmbitos, por meio de um atendimento lúdico,
com terapêutica eficaz e atendendo a perspectiva do modelo biopsicossocial.
Referências
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crianças com Paralisia Cerebral. Revista Neurociências, v. 15, n. 2, p. 125-30, 2007.
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lactente com Síndrome de Down: estudo de caso. Fisioterapia em Movimento, v. 26, n. 1,
2017.
9543
PREVENÇÃO DA OBESIDADE, DIABETES E RISCO CARDIOVASCULAR E EDUCAÇÃO EM
SUPORTE BÁSICO DE VIDA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO
AMPLIADO, POR MEIO DE ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA ALUNOS DE
ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS
Resumo
A criação de cartilhas como materiais pedagógicos de apoio nas escolas do município de
Campinas-SP teve o intuito de agregar o aprendizado sobre os hábitos de vida saudáveis
bem como a importância do reconhecimento da parada cardiorrespiratória e realização
da ressuscitação cardiopulmonar em ambiente pré-hospitalar pela população em geral.
Por meio da utilização de linguagem lúdica, personagens e ambientes adequados ao
contexto das escolas públicas, buscou-se adequar a realidade dos jovens aos problemas
de saúde enfrentados atualmente, de modo a instigá-los sobre a importância de
conhecer os fatores de risco cardiovasculares e as noções básicas de atendimento a uma
vítima de parada cardiorrespiratória, tornando-os agentes multiplicadores desse
conhecimento.
1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
2
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
3
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
4
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
5
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
6
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
9544
Introdução
A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de mortalidade no Brasil, cerca de
32% de todas as mortes em nosso país. Sua consequência mais séria é a parada
cardiorrespiratória, responsável por aproximadamente 200.000 óbitos por ano, um a
cada um minuto e meio. A DCV geralmente manifesta-se na vida adulta, porém estudos
indicam que o processo de aterosclerose se inicia na infância, de forma silenciosa, e se
acentua nos jovens expostos aos fatores de risco - dieta inadequada, sedentarismo,
obesidade, diabetes, hipertensão, tabagismo, etilismo -.
9545
parada cardiorespiratória (PCR), orientando leigos sobre o primeiro atendimento pré-
hospitalar. Espera-se contribuir para a redução da mortalidade por DCV e sensibilizar os
jovens quanto a adoção de hábitos de vida saudáveis.
Metodologia
Foram utilizadas histórias em quadrinhos, atividades de ligar pontos, imagens para
colorir, palavras cruzadas e caça palavras, como ferramentas para elaboração das duas
cartilhas. Para confeccionar o material utilizamos os programas “Pixton”, “Adobe
Photoshop” e “Adobe Acrobat”. O projeto foi realizado no segundo semestre de 2017, de
01 de Agosto até 15 de Dezembro.
Resultados e Discussão
Considerando relevância da prevenção do risco cardiovascular na população brasileira,
o projeto iniciou-se através de uma revisão de literatura, utilizando a plataforma
Visto à necessidade de inserir um conteúdo abrangente, uma vez que não se encontrou
algo semelhante com profundidade no assunto, julgou-se pertinente a divisão da
cartilha em duas partes, para melhores resultados didáticos de aplicabilidade.
9546
desenhos atrativos para envolver os alunos na história narrada, levando em
consideração à idade do público alvo.
9547
étnicas por meio de diferentes tons de pele, tipos de cabelo e estaturas dos
personagens. Nos primeiros quadros é mostrado o caso de um pedestre que tem uma
parada cardiorrespiratória em frente à escola e não consegue ser socorrido a tempo,
pois ninguém realiza a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Os alunos da história
observam, através do muro, a situação de pânico e despreparo dos adultos ao redor, até
que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chega e anuncia ser tarde
demais. Foi colocada essa cena para prender a atenção do leitor e mostrar a importância
de ter uma conduta frente a uma paciente que sofra uma parada cardiorrespiratória
mesmo sendo um leigo. Nos quadros seguintes os alunos que presenciaram a parada
cardíaca do pedestre contam para Mateus o caso, que se mostra indignado por ninguém
ter realizado a RCP. Uma das personagens menciona sobre seu avô que também faleceu
de parada cardíaca e poderia ter sobrevivido se tivesse sido feita a ressuscitação
cardiopulmonar, essa fala favorece o reconhecimento do leitor com a personagem e a
sensibilização do mesmo.
Nos quadros que se seguem Mateus explica aos amigos, resumidamente, durante o
intervalo, o que é a ressuscitação cardiopulmonar, sua importância, e os passos a serem
seguidos. Também menciona o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e
seu número, informação importante para os jovens brasileiros. É explicado um pouco de
fisiologia baseada nos ensinamentos previstos no ensino de Ciências, não havendo a
intenção de colocar ensinamentos médicos técnicos, fazendo com que a linguagem seja
9548
acessível ao público a que se destina a cartilha. Após a explicação o aluno demonstra
com um boneco como são feitas as compressões da RCP para seus amigos, ilustrando
também para os leitores. Mateus cita que pode ser usado garrafas PET para treinar a rcp,
simulando o corpo de uma pessoa.
9549
Quadro 29, presente na página 17 da cartilha “Massagem Cardíaca”.
Neste momento o personagem Pedro diz aos seus colegas que nunca tinha pensando na
importância de saber RCP, mesmo sua avó possuindo problema de coração, esperamos
que com essa frase muitas crianças se reconheçam e também valorizem esses conceitos.
No final do intervalo a professora de ciências ouve a conversa das crianças e convida
Mateus para explicar sobre ressuscitação cardiopulmonar aos colegas de sala mais
detalhadamente. A ideia com essa cena é mostrar a proatividade da personagem
esperando que as crianças se espelhem e salientar a importância de oferecer esse
conteúdo em sala de aula para os alunos.
9550
Quadros 51 e 52, presentes na página 33 da cartilha “Massagem Cardíaca”.
O personagem Mateus é, em sequência indagado, por uma das crianças, que deseja
ensinar a RCP para a comunidade, onde conseguir manequim semelhante.
Nos quadros seguintes, Mateus ensina a fazer um boneco utilizando garrafa PET e
jornal. Nesses quadros mostramos às crianças o conceito de agente multiplicador e que
eles podem levar esse conhecimento aprendido para sua comunidade. Utilizou-se esse
modelo em função do projeto desenvolvido pelo docente extensionista nas escolas
públicas de Campinas, por ser prático e lúdico, além de ser confeccionados com material
de fácil acesso e baixo custo, sendo recomendado pela SOCESP para ensinar crianças a
fazerem a RCP.
9551
Passo a passo da montagem do boneco, presente nas páginas 37 e 38 da cartilha
“Massagem Cardíaca”.
Após o fim da aula, alguns colegas que assistiram à aula de Mateus aparecem
repassando os ensinamentos para os seus familiares e amigos, para enfatizar o conceito
de agente multiplicador.
9552
Quadro 71, presente na página 47 da cartilha “Massagem Cardíaca”.
No quadro seguinte seu filho diz que essa comida não é saudável, e que seria melhor
sua mãe cozinhar arroz, feijão, carne cozida e salada, colocando em oposição os hábitos
não saudáveis costumeiros da casa com os ensinados na escola e repassados pelo
menino. O menino também diz que os hábitos do avô precisam ser mudados, esse, por
sua vez, discorda do garoto, representando metaforicamente uma visão antiga, mas
comum, sobre saúde.
No quadro após a discussão, o avô se exalta e passa mal, desmaiando. Com isso,
procuramos, além de passar o que seria uma alimentação saudável, uma moral de que
9553
Mateus estaria sim certo, e que os hábitos do avô, e de boa parte da população
brasileira estão errados e oferecem riscos.
Na sequência o garoto coloca em prática o RCP que ensinou na escola, para relembrar
os leitores a importância da técnica. Em outra cena, Sr. Brasiliano reaparece bem no
hospital. O médico frisa que isso aconteceu apenas porque o menino soube fazer o RCP,
permitindo que o avô tivesse a chance de receber os cuidados a tempo. Com essa fala,
destaca-se a importância do aprendizado novamente. Após o ocorrido, Brasiliano diz
que mudará seus hábitos de vida levando uma vida mais saudável, mostrando um ponto
de virada na história.
9554
Quadros 79 e 80, presentes na página 51 da cartilha “Massagem Cardíaca”.
9555
público alvo é exposto, foram considerados durante toda a elaboração das cartilhas,
visando sempre propor medidas praticáveis no ambiente em que estão inseridos.
Em outro cenário, a história volta a ser a casa de Mateus. Mostra-se, o Sr. Brasiliano com
roupas de academia, tendo uma conversa sobre a importância do exercício físico para a
prevenção de doenças cardiovasculares com seus familiares. É mostrado a família unida
realizando atividades físicas, realçando a importância que a mudança de um integrante
faz em todo o círculo familiar, levando a todos a se adaptarem a hábitos mais saudáveis.
A personagem mãe do Mateus reflete sobre a importância de também mudar seus
hábitos, sendo que previamente já tinha sido alertada pela equipe de saúde do posto
que ela poderia ser a próxima a ter problemas de saúde. Com este quadro, espera-se
que os leitores reflitam sobre seus familiares que já sofrem problemas de saúde, e como
este será seu futuro também se mudanças nos hábitos de vida não ocorrerem.
9556
Quadro 16, presente na página 9 da cartilha “Vivendo com Saúde”.
Como citado acima, inseriu-se várias atividades de caráter lúdico, para solidificar os
conceitos e ensinamentos que permeiam a história em quadrinhos. Foram elaboradas ao
todo 19 atividades.
9557
Atividades lúdicas da cartilha “Vivendo com Saúde”.
Destas atividades duas são para ligar pontos, duas para correlacionar colunas, duas para
completar palavras, duas imagens para colorir, uma atividade de palavras cruzadas, três
atividades de marcar „X‟, um caça palavras, dois labirintos, uma atividade de escrita e
duas de desenhar. As atividades foram compostas para serem divertidas,
descomplicadas e de fácil compreensão, contemplando o público alvo em sua
totalidade, crianças de 7 a 12 anos.
9558
Capas das Cartilhas “Vivendo com Saúde” e “Massagem Cardíaca”.
Também se inseriu nas cartilhas, entre as atividades, páginas com pequenas explicações
coloridas e ilustradas sobre hábitos de vida saudável e ressuscitação cardiopulmonar
para retomar e complementar o que foi ensinado na história em quadrinhos.
Conclusão/Considerações Finais
Espera-se que esse material didático pedagógico possa contribuir na relação entre
professores e alunos, auxiliando no ensino e no aprendizado dos importantes conceitos
de fatores de risco para as doenças cardiovasculares e também ajude na promoção
hábitos saudáveis como: dieta balanceada, prática de atividade física regular, combate
ao tabagismo e outras drogas. E que as cartilhas possam ser utilizadas como uma
ferramenta para a aprendizagem do método de ressuscitação cardiopulmonar.
Não se pretende apenas educar os alunos com o método usado, mas também se planeja
que esses jovens desempenhem o papel de agentes multiplicadores desse
conhecimento. Através de uma sensibilização ascendente, busca-se transformar esses
jovens em agentes promotores da sua própria saúde e qualidade de vida, além de
catalisadores de boas práticas saudáveis no ambiente familiar e na comunidade onde
vivem, estendendo o conhecimento àqueles que mais necessitam.
9559
O projeto de extensão universitária que originou essa cartilha entende a
vulnerabilidade, principalmente das parcelas mais pobres da sociedade, às complicações
agudas e crônicas das doenças cardiovasculares. Pretendeu-se, por meio dos alunos das
escolas públicas, levar o conhecimento a essas camadas sociais mais desfavorecidas,
despertando o seu interesse por hábitos de vida mais saudáveis.
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cuidados cardiovasculares de emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia:
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9560
A UTILIZAÇÃO DA ESCALA DE RISCO FAMILIAR DE COELHO E SAVASSI NA PRIORIZAÇÃO
DE VISITAS DOMICILIARES EM ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM BELÉM/PA
Resumo
A extensão universitária possibilita uma ação reflexiva e prática, de modo a integrar
todas as dimensões da realidade social, materializando-se como um mecanismo que
promove a relação Universidade-Sociedade. Tratando-se de Estratégia Saúde da Família,
as visitas domiciliares são dos principais meios utilizados pelos Agentes Comunitários
de Saúde para alcançar um contato direto e estreito entre as famílias de sua
competência. Contudo, priorizar quem tem maior necessidade de receber um
acompanhamento com maior frequência se torna difícil. Com isso, o objetivo deste
trabalho foi demonstrar o perfil de vulnerabilidade familiar de uma equipe de uma ESF
de Belém/PA e elucidar os benefícios adquiridos pelos extensionistas durante a
execução do projeto. Foi realizada a estratificação de risco através da Escala de Risco
Familiar de Coelho e Savassi, onde foram avaliadas 259 unidades familiares de uma
Estratégia Saúde da Família de Belém/Pará, bem como foi realizada capacitação com
Agentes Comunitários de Saúde em relação ao uso da escala utilizada para
estratificação. Cerca de 49% das famílias analisadas apresentaram algum grau de risco,
isso se deve ao alto nível de vulnerabilidade vivenciado nesta área de cobertura, como o
consumo de drogas, desemprego, baixos níveis de saneamento básico, dentre outros. A
escala utilizada mostra-se pertinente para priorização de visitas domiciliares, bem como
para materialização de ações dentro dos preceitos da Atenção Básica. Destaca-se que a
extensão universitária é uma importante ferramenta de transversalização de
conhecimento, onde esta vem sendo importante coadjuvante no alcance da justiça
social e do empoderamento comunitário.
7
Universidade Federal do Pará (UFPA), Pró-Reitoria de Extensão (PROEX).
2
Universidade Federal do Pará (UFPA).
8
Universidade Federal do Pará (UFPA), Pró-Reitoria de Extensão (PROEX).
9561
Palavras-chave: Extensão universitária; Estratégia Saúde da Família; Agente
Comunitário de Saúde; Escala de Risco Familiar de Coelho e Savassi; visitas
domiciliares.
Introdução
A extensão universitária não se configura como uma simples ferramenta de
assistencialismo ou prestação de serviços para preenchimento de lacunas conformadas
por negligências do poder público, como geralmente é vista. Para além disso, ela
possibilita uma ação reflexiva e prática, de modo a integrar todas as dimensões da
realidade social, materializando-se como um mecanismo que promove a relação
Universidade-Sociedade. Dessa forma, materializa-se enquanto uma ferramenta que
oportuniza um mergulho em problemáticas sociais, permitindo conhecer, analisar,
produzir e consolidar conhecimentos, configurando-se como uma via de mão dupla,
onde há troca constante de conhecimento entre comunidade e extensionistas (LOBATO
et al., 2015).
9562
cuidado, o Brasil reorganizou seu modelo assistencial através da Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB), que define como prioridade “[...] consolidar e qualificar a
Estratégia Saúde da Família como modelo de Atenção Básica e centro ordenador das
redes de atenção à saúde no SUS [...]” (BRASIL, 2006 s.p.). Assim, as ações na AB devem
ocorrer nos âmbitos individuais e coletivos de forma a incentivar a participação social
como um dos aspectos das práticas democráticas de cuidado e gestão.
9563
devem ser mais visitadas e estão imersas num cenário de maior vulnerabilidade
(MENEZES et al., 2012; SAVASSI; LAGE; COELHO, 2012).
Metodologia
As ações do projeto foram realizadas em um ESF de Belém/PA, localizada em um
bairro periférico e marcado por forte vulnerabilidade, principalmente social. Foram
avaliadas as fichas de 259 domicílios de 1 das equipes desta ESF. Nessas fichas constam
o perfil socioeconômico e demográfico de cada família, onde são demonstradas renda
familiar, características de moradia e saneamento básico, número de moradores, número
de cômodos, dentre outros fatores.
Definição Escore de
Sentinelas de Risco
Risco
9564
Defeito ou condição física de
longa duração ou permanente
que dificulta ou impede a
Deficiência física 3
realização de determinadas
atividades cotidianas, escolares,
de trabalho ou de lazer.
Defeito ou condição mental de
longa duração ou permanente
Deficiência mental que dificulta ou impede a 3
realização de determinadas
atividades cotidianas,
escolares, de trabalho ou de
lazer.
Saneamento implica no
controle dos fatores do meio
Baixas condições de
físico do homem que podem 3
saneamento
exercer efeitos prejudiciais à
sua saúde.
Percentil menor que 0,1 e peso
Desnutrição grave muito baixo para a idade. 3
Utilização compulsiva de
drogas lícitas ou ilícitas que
apresentem potencial para
Drogadição causar dependência química 2
(álcool, tabaco,
benzodiazepínicos, barbitúricos,
e drogas ilícitas).
9565
Situação na qual a pessoa não
esteja exercendo nenhuma
ocupação (não incluir na
avaliação férias, licenças ou
afastamentos temporários). A
Desemprego 2
realização de tarefas
domésticas é considerada
ocupação (trabalho doméstico),
mesmo que não seja
remunerado.
Pessoa que, a partir da idade
escolar, não sabe ler nem
Analfabetismo escrever no mínimo um bilhete, 1
e/ou que sabe apenas assinar o
nome.
9566
Número de cômodos na
residência dividido pelo > 1 3
número de moradores do
domicílio. São considerados
cômodos todos os = 1 2
compartimentos integrantes do
Relação domicílio, inclusive banheiro e
morador/cômodo cozinha, separados por paredes,
e os existentes na parte externa
do prédio, desde que
constituam parte integrante do < 1 0
domicílio, com exceção de
corredores, alpendres, varandas
abertas, garagens, depósitos.
Fonte: Modificada de Savassi et al (2012).
9567
Sociais de Saúde (DSS) para as equipes que realizam visitas domiciliares. Com vistas a
suprir essa necessidade, foi realizada uma atividade de capacitação dos ACS, quanto aos
conceitos de DSS e da Escala de Risco Familiar de Coelho e Savassi, quanto ao seu uso,
estrutura, formas de pontuações, estudo de situação problema e interferência das DSS
na sua análise. Essa capacitação foi realizada por meio de apresentação de slides e roda
de conversa, discutindo as situações problema apresentadas aos profissionais.
Para construção desse trabalho, além das análises a partir da Escala de Coelho e
Savassi, foram realizadas pesquisas bibliográficas, afim de construir um referencial
teórico capaz de embasar as discussões obtidas. Os dados foram tabulados no programa
Microsoft Office Excel 2016 e apresentados de forma quantitativa e descritiva.
Resultados e Discussão
De acordo com os dados obtidos, pode-se evidenciar que há um número
considerável, das famílias analisadas, estratificadas em algum nível de risco, como
observado no Tabela 2.
N %
9568
famílias analisadas apresentavam algum risco. Alguns fatores como número menor de
famílias estratificadas, disparidades envolvendo oscilação de investimentos em ações de
saúde e determinantes sociais, podem refletir a diferença observada.
Belém, através do SUS, vem se apresentando com um baixo desempenho nos últimos
anos (tanto em relação ao acesso quanto aos serviços de saúde oferecidos à população).
Em 2012, a capital paraense foi apontada com o 2º pior desempenho do Brasil, ficando
à frente somente do Rio de Janeiro e na comparação entre os estados o Pará mostrou o
pior IDSUS do país (BRASIL, 2012 s.p.).
Além disso, pode-se observar que cerca de 29 unidades familiares não possuía
todos os seus moradores cadastrados, demonstrando que o controle e atualização das
informações se torne muito difícil. Tal quadro ocorre devido às dificuldades encontradas
pelos ACS durante a coleta de informações, apontada pela ausência do usuário no
momento do cadastro ou falta de explicações precisas dos presentes para
preenchimento dos dados. Essas ausências podem ter influenciado nos resultados,
podendo assim haver um número muito superior de famílias em vulnerabilidade, este
fator também pode dificultar a elaboração dos planos estratégicos de prevenção e
promoção de saúde para esta população (BARALHAS; PEREIRA, 2013).
9569
discentes ao longo dos cursos de graduação, que foram aplicados (e replicados) no
desenvolvimento das atividades do projeto. A experiência extensionista pôde promover
ainda o contato desses discentes não somente com suas áreas de estudos específicas,
mas também com as fronteiras inter e transdisciplinares de vários campos de estudo,
seja com as leituras, seja com a prática extensionista. De forma mútua, as habilidades,
as competências e os conhecimentos (novos e antigos) puderam ser potencializados nas
disciplinas que compõem os Planos Políticos Pedagógicos (PPP) dos cursos desses
estudantes.
Conclusão/Considerações Finais
A Escala de Risco Familiar de Coelho e Savassi mostrou-se pertinente para
identificação de prioridades para as visitas domiciliares, oferecendo dados quantitativos
para planejamento de diversas ações estratégicas na AB. Esta é uma escala de fácil
utilização e que vem sendo utilizada em algumas ESF de outras regiões do país, por isso
mostra-se como uma ferramenta útil para as equipes de Saúde da Família. Entrementes,
vale ressaltar que esta escala necessita ser melhor pensada para aplicação num
contexto amazônico, visto que compreende uma realidade marcada por intrínsecas
especificidades e que, portanto, necessita de diversos olhares para melhor identificar
aspectos de vulnerabilidade familiar.
9570
Em face das noções estereotipadas acerca da extensão universitária – que
frequentemente a observam enquanto um conjunto de ações puramente
assistencialistas –, nesse processo, é conivente destacar tanto os discentes
participantes do projeto quanto os ACS puderam compreender que a Universidade não é
um “castelo intocável de geração de conhecimentos”, mas uma instituição que pode
contribuir com a transformação de realidades, com mudanças que enveredam em
direção à materialização de direitos sociais. Entendendo que ensino, pesquisa e
extensão, de forma indissociável, têm um papel primordial nesse processo e na geração,
produção, reprodução e universalização do conhecimento.
Por fim, avalia-se que este projeto contribuiu com os esforços das diversas
experiências extensionistas brasileiras, que têm demonstrado como suas ações têm
galgado, de maneira muito paulatina é verdade, em direção à justiça social, ao
empoderamento comunitário e outros processos gestados com a depreensão da noção
de direitos e deveres de um cidadão.
Referências
ANDRADE, M. V. et al. A equidade na cobertura da Estratégia Saúde da Família em Minas
Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 31, n. 6, p. 1175–1187, 2015.
358–365, 2013.
BRASIL. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: [s.n.].
BRASIL. Ministério avalia qualidade dos serviços de saúde - IDSUS 2012Ministério da
Saúde. [s.l: s.n.].
COELHO, F. L. G.; SAVASSI, L. C. M. Aplicação de Escala de Risco Familiar como
intrumento de priorização das Visitas Domiciliares. Revista Brasileira de Medicina da
Família e Comunidade, v. 1, p. 19–26, 2004.
LANCMAN, S.; BARROS, J. O. Estratégia de saúde da família (ESF), Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF) e terapia ocupacional: problematizando as interfaces. Rev. Ter.
9571
segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 2, p.
327– 338, 2016.
MENEZES, A. H. R. et al. Classificação do risco familiar segundo Escala de Coelho e
Savassi – um relato de experiência. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 11, n. 1, p. 190–195,
2012.
NAKATA, P. T.; ROSALBA, Ê.; DUARTE, M. Classificação de risco familiar em uma Unidade
de Saúde da Família. Rev Latino-Am. Enfermagem, v. 21, n. 5, 2013.
9572
RELEVÂNCIA DE METODOLOGIAS ATIVAS NA CAPACITAÇÃO DE MANIPULADORES DE
ALIMENTOS
Autores: Sara Castro Marques; Raquel Alves Ferreira; Mariana Holanda Cordeiro;
Derlange Belizário Diniz.
RESUMO
INTRODUÇÃO
9573
A capacitação de manipuladores constitui o meio mais eficaz para a construção do
conhecimento sobre segurança alimentar, realizando mudanças de atitudes, no
intuito de elevar o nível de segurança do alimento. Verifica-se, portanto, a
necessidade de desenvolver programas de capacitações que contemplem a
importância da alimentação saudável na alimentação escolar e as boas práticas de
manipulação, proporcionando aprendizagem efetiva e comprometimento dos
manipuladores envolvidos (SOARES, 2011).
METODOLOGIA
9574
segunda questão, eram solicitados a marcar qual a opção não é uma boa fonte de
gordura saudável, podendo escolher uma das cinco opções “amendoim”, “carne”,
“peixe”, “azeite de oliva” ou “não sei/não tenho certeza”. Na terceira questão,
deveriam selecionar a alternativa que contém uma opção de refeição mais
saudável: “arroz, feijão, carne grelhada, salada de vegetais e frutas”, “feijão, carne
frita, salada de alface com tomates, salada de batata com maionese e frutas”,
“feijão, peixe frito, salada de alface com tomates e doce”, “feijão, bife empanado,
batata frita, salada de alface com tomates e frutas” ou “não sei/não tenho certeza”.
Foram utilizadas duas dinâmicas para trabalhar o conteúdo das três questões,
descritas no quadro 1 e na Figura.
9575
Imagem – Dinâmica Prato Saudável Imagem 2 – Dinâmica Semáforo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
n % N %
Muito 196 39,44 278 55,94
Pouco 232 46,68 173 34,81
Não sei/não tenho certeza 69 13,88 46 9,26
Total 497 100,00 497 100,00
Fonte: Pesquisa
9576
A resposta correta "muito" dos participantes sobre a pergunta "Presunto possui
muito ou pouco sal (sódio)?" foi referida por 73,64% (n = 366) dos participantes
antes da intervenção.
Após a intervenção, essa proporção aumentou para 87,73% (n = 436).
N % N %
Muito 366 73,64 436 87,73
Pouco 84 16,90 35 7,04
Não sei/não tenho certeza 47 9,46 26 5,23
Total 497 100,00 497 100,00
Fonte: Pesquisa
9577
A resposta correta "muito" dos participantes sobre a pergunta "Salsicha
possui muito ou pouco sal (sódio)?" foi referida por 76,66% (n = 381) dos
participantes antes da intervenção.
N % n %
Muito 381 76,66 441 88,73
Pouco 61 12,27 39 7,85
Não sei/não tenho certeza 55 11,07 17 3,42
Total 497 100,00 497 100,00
Fonte: Pesquisa
A resposta correta "muito" dos participantes sobre a pergunta "Macarrão
instantâneo possui muito ou pouco sal (sódio)?" foi referida por 70,82% (n = 352) dos
participantes antes da intervenção. Após a intervenção, essa proporção aumentou
para 78,87% (n = 392).
9578
A resposta correta "muito" dos participantes sobre a pergunta "Tempero
industrializado possui muito ou pouco sal (sódio)?" não houve mudança significativa de
opinião dos participantes após a intervenção, aumento de 5,03%.
Quadro 7. Porcentagem sobre a pergunta “Tempero industrializado possui muito
ou pouco sal (sódio)?” entre os períodos pré-teste e pós-teste
Quadro 8. Porcentagem sobre a pergunta “Cheiro verde possui muito ou pouco sal
9579
Quadro 9. Porcentagem sobre a pergunta “Qual dos alimentos NÃO é uma boa fonte de
gordura saudável?” entre os períodos pré-teste e pós-teste
Qual dos alimentos NÃO é uma boa fonte de Antes Depois
gordura saudável?
N % n %
Certo 176 35,41 237 47,69
Errado 295 59,36 249 50,10
Não sei/não tenho certeza 26 5,23 11 2,21
Total 497 100,00 497 100,00
Fonte: Pesquisa
A opção correta dos participantes sobre uma refeição mais saudável (arroz,
feijão, carne grelhada, salada de vegetais e frutas) foi referida por 89,94% (n = 447)
dos participantes antes da intervenção. Após a intervenção, essa proporção
aumentou para 96,78% (n = 481).
Quadro 10. Porcentagem para a opção mais saudável para uma refeição entre os
períodos pré-teste e pós-teste
Opção para uma refeição mais saudável Antes Depois
n % n %
Certo 447 89,94 481 96,78
Errado 38 7,65 9 1,81
Não sei responder/não tenho certeza da resposta 12 2,41 7 1,41
Total 497 100,00 497 100,00
Fonte: Pesquisa
9580
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
9581
NÚCLEO DE ENSINO E EXTENSÃO EM ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR:
COMPREENDENDO O CONTEXTO DAS REDES DE ATENÇÃO A URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
ATRAVÉS DA EXTENSÃO
Erilandy de Sousa Ávila1; Livia Maria Albano Camelo2; Francisca Drenalina de Sousa
Araujo3; Debora Maria Albano Camelo4; Lívia Moreira Barros5.
1
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA,
extensionista do Núcleo de Ensino e Extensão em Atendimento Pré-Hospitalar.
2
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA,
extensionista do Núcleo de Ensino e Extensão em Atendimento Pré-Hospitalar.
3
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA,
ligante da Liga de Enfermagem em Urgência e Emergência.
4
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA,
ligante da Liga de Enfermagem em Urgência e Emergência.
5
Enfermeira. Docente da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Doutora
pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Resumo
A extensão possibilita a formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais,
junto à sociedade como espaço privilegiado de produção e aprimoramento do
conhecimento adquirido na Universidade. É de suma importância para a sociedade em
virtude da superação das desigualdades sociais existentes por meio da prática
acadêmica que interliga a Universidade nas suas atividades de ensino e de pesquisa,
com as demandas da maioria da população. Dessa forma a Universidade Estadual Vale
do Acaraú, localizada no município de Sobral, na região norte do Ceará, cidade que foi
fundada as margens do Rio Acaraú, prioriza o conceito de Universidade, praticando tripé
que a sustenta, ensino, pesquisa e extensão. Dentre diversas ligas e projetos de
extensão existentes na universidade, surge o Núcleo de Extensão e Ensino em
Atendimento Pré-Hospitalar - NEEAPH, criado por iniciativa de acadêmicos de
enfermagem com apoio de professores e profissionais do Serviço de Atendimento Móvel
9582
de Urgência - SAMU de Sobral. Com base no que foi exposto propõe-se com esse estudo
relatar a experiência de uma acadêmica de enfermagem da UVA no NEEAPH e sua
inserção no SAMU de Sobral, bem como a importância da RUE no contexto de formação
Em relação as Redes de Urgências e Emergência a vivência no SAMU permite a
identificação de dificuldades nos elementos que compõem a sua modelagem, além de
permitir localizar os atuais problemas do nível da atenção secundária em relação à
população/território, sistema operacional e modelo de atenção, que constituem desafios
a serem superados. a inserção do acadêmico no NEEAPH e no SAMU proporciona um
contato com as redes de atenção à saúde e uma compreensão dessas redes capacitando
o acadêmico para atuar e criar senso crítico a fim de trazer inovações aos serviços de
saúde onde futuramente este estudante se enquadrará enquanto profissional,
certamente com um olhar mais amplo e voltado para a necessidades da população.
Introdução
A extensão universitária segundo Carbonari & Pereira (2015) surge como uma
oportunidade de contribuição e cumprimentos das funções sociais, no entanto nem
sempre foi assim, ao longo da história cada instituição praticou a extensão como
entendia, as universidades públicas priorizavam a pesquisa, condicionando a extensão
ao complemento de outras atividades, as instituições privadas viam na extensão a
sustentabilidade financeira, por meio da prática de prestação de serviços remunerados.
No contexto atual a extensão assumi sua real importância e a tendência é pensar como
ela pode contribuir mais diretamente na solução dos problemas sociais expressos no
dialogo da comunidade com o governo.
9583
Portanto há um fortalecimento da relação universidade-sociedade, quando acontece um
desenvolvimento de ações que possibilitem contribuições aos cidadãos.
9584
usuários do sistema. As suas portas de urgência e emergência ainda apresentam
dificuldades evidentes, em maior grau, provocadas pela imensa demanda de condições
clínicas de urgência e emergência. Assim, o Ministério da Saúde, nos últimos anos, vem
realizando esforços permanentes e progressivos no sentido de fortalecer a sua RUE.
Portanto é de extrema importância que os estudantes enfermagem enquanto futuros
profissionais da saúde entendam como funciona o atendimento e percurso do usuário
pela RUE, assim como o seu papel dentro dessa rede enquanto profissional.
Sendo assim, a RUE tem como alvo a articulação e integração de todas as esferas de
saúde com o objetivo de expandir e qualificar o acesso digno, integral e humanizado
aos usuários em condições de urgência/emergência nos serviços de saúde, de maneira
rápida e apropriada. (MURCIA, 2017)
Com base no que foi exposto propõe-se com esse estudo relatar a experiência de uma
acadêmica de enfermagem da UVA no NEEAPH e sua inserção no SAMU de Sobral, bem
como a importância da RUE no contexto de formação e como a extensão universitária é
capaz de contribuir para seu fortalecimento nos diversos cenários de atuação.
9585
envolvidos, destacar essas atividades é significativo para aquilo que chamamos de
humanização na saúde. Além disso, entender o fluxo e importância da RUE, bem como
sua organização através da experiência no NEEAPH, possibilitando ainda compreender a
Rede de Atenção à Saúde local, visto que é importante saber em que Rede de Atenção
estamos inseridos, seus dispositivos, gestores e potenciais de articulação, além da
identificação do perfil epidemiológico da região e como os territórios se dividem para a
demanda em saúde.
Metodologia
9586
(vias públicas), após chamada gratuita, feita através do 192. Ao discar o número, o
usuário é atendido por técnicos da Central de Regulação, que identificam a emergência
e transferem imediatamente a ligação para um médico regulador. Esse profissional,
então, faz o diagnóstico da situação e inicia o atendimento no mesmo instante,
orientando o paciente, ou a pessoa que realizou a chamada, sobre as primeiras ações
que podem ser tomadas, como a prestação dos primeiros socorros, ou a imobilização da
vítima, dependendo da gravidade do caso. Simultaneamente ao atendimento, é feita a
avaliação do melhor procedimento para o paciente, que pode ser o de orientar a procura
de um posto de saúde ou a transferência de uma ambulância de suporte básico de vida
ou de uma UTI móvel. Nesse meio tempo, o médico regulador já comunica a urgência ou
emergência aos hospitais públicos ou as unidades de pronto atendimento e, dessa
maneira, garante que o atendimento de urgência tenha continuidade e,
consequentemente, diminua a chance de sequelas graças ao socorro precoce. Vale
ressaltar que através desse serviço é possível ter acesso aos vários pontos de acesso da
Rede de Atenção à Saúde de Sobral, visto que a RUE está entre as Redes de caráter
transversal, ou seja, ela transpassa todos os pontos de atenção, todos os segmentos da
vida e todas as ações em saúde.
Resultados e Discussão
Durante a atuação no NEEAPH foi possível se integrar a equipe do SAMU através dos
plantões que possibilitaram a convivências com os profissionais, além do
reconhecimento da dinâmica do local e suas peculiaridades. No SAMU de Sobral
funcionam três ambulâncias, sendo duas de suporte avançado (UTI móvel) e uma de
suporte básico. A UTI móvel conta com um profissional médico, um enfermeiro e um
condutor socorrista, a ambulância de suporte básico, conta com um condutor socorrista
e um técnico de enfermagem. Fazer parte de uma equipe de serviço ainda na
universidade proporciona amadurecimento através da associação da teoria com a
prática.
9587
Assim como afirma Biscarde (2014) diante da complexidade do processo saúdedoença,
além do reconhecimento da cidadania como fundamental no enfrentamento da
realidade socioeconômica e sanitária, ressaltamos a necessidade da reflexão
permanente acerca da formação em saúde. Acreditamos que esta deve contemplar
muito mais que as habilidades técnicas, as quais são importantes para a prática
profissional em saúde, porém são insuficientes para promover mudanças consistentes
nos fatores condicionantes e determinantes da saúde, bem como para sustentação dos
preceitos do Sistema Único de Saúde.
9588
preocupando-se com quem cuida uma vez que resolve conflitos, pratica a equidade na
tomada de decisões, norteia-se pela ética e lei do exercício profissional, orienta novas
condutas, busca a participação de seus pares na construção de planos e projetos, enfim
serve de inspiração para que hajam seguidores dispostos a trilhar seus caminhos. Assim,
o enfermeiro será líder e não chefe. Conseguirá trabalhar junto com os membros de sua
equipe com plena satisfação profissional.
Nesse contexto, é importante ressaltar o que afirma Santos (2016), trabalhar em equipe
significa construir consensos quanto aos objetivos e resultados a serem alcançados pelo
conjunto dos profissionais, bem como quanto à maneira mais adequada de atingi-los.
Para isso, é necessário conectar diferentes processos de trabalho, com base na interação
entre os agentes envolvidos, busca do entendimento e reconhecimento recíproco de
autoridades e saberes.
Conclusão/Considerações Finais
Esse período vivenciado fora dos muros da universidade nos trouxe mais sentido ao que
chamamos de cuidado humanizado, consciência social e sanitária, conceito ampliado de
9589
saúde e a necessidade de reafirmar cada vez mais a saúde como direito social. Dias
produtivos, onde tivemos a oportunidade de experimentar o trabalho multidisciplinar e
se inserir em uma equipe, com intuito de aplicar na prática todo o conhecimento
adquirido na universidade.
Referências
9590
BISCARDE, D. G. S.; et al. Formação em saúde, extensão universitária e Sistema Único de
Saúde
(SUS): conexões necessárias entre conhecimento e intervenção centradas na realidade e
repercussões no processo formativo. Espaço Aberto, Interface 18 (48) 2014.
MACHADO, M.; F.; A.; S.; et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e
as propostas do sus - uma revisão conceitual. Scielo, 2006.
9591
PARACANOAGEM: POSSIBILIDADES DE INCLUSÃO E REABILITAÇÃO DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA MOTORA POR MEIO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Resumo
1
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Colegiado de Educação Física (CEFIS-UNIVASF),
PróReitoria de extensão da UNIVASF.
2
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Programa de Pós-Graduação em Educação Física
(PPGEFUNIVASF).
3
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Discente do Curso de Educação Física (UNIVASF),
PróReitoria de extensão da UNIVASF.
4
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Programa de Pós-Graduação em Psicologia
(CPGPSIUNIVASF).
9592
o acesso da comunidade ao conhecimento produzido pela universidade. Considerando o
princípio da inclusão, que não permite que nenhuma pessoa fique marginalizada das
práticas de atividades físicas em suas diversas manifestações (lazer, educacional,
terapêutico e competitivo), o projeto de extensão proporcionou o acesso a prática de
atividade física para pessoas que eram excluídas desse direito, auxiliando o público alvo
a perceber as competências que possuem e a se identificarem como integrantes da
sociedade.
Introdução
9593
posição social, limitam o poder dessas pessoas sobre suas próprias vidas e,
consequentemente, restringe a autonomia do indivíduo (BLINDE e TAUB, 1999).
As autoras afirmam que, com o objetivo de reverter esta situação, torna-se necessário
que o sujeito reconheça suas capacidades e habilidades de forma a melhorar a sua
percepção sobre suas ações. Sendo assim, os benefícios físicos, sociais e psicológicos
oriundos de um programa de atividade física, auxiliam no resgate da autoestima, na
concretização de sonhos, e na realização pessoal, podendo também, proporcionar uma
nova avaliação (positiva) sobre si mesmo.
Quando praticada por pessoas com deficiência, a atividade física oferece oportunidade
de testar limites e potencialidades, estimular a valorização pessoal, prevenir
enfermidades secundárias, melhorar a autoconfiança para realização de atividades
diárias, aprimorar as capacidades físicas gerais e promover a inclusão social do
indivíduo (BRAZUNA e MAUERBERG, 2001). Dentre as atividades físicas, aquelas
realizadas na natureza apresentam-se como um instrumento que auxilia na inclusão de
pessoas com deficiência, ao ser fundamentado basicamente na compreensão do
processo de desenvolvimento do ser humano em questão, na identificação das
necessidades e potencialidades de cada indivíduo, na seleção de objetivos e conteúdos
que levem em consideração os interesses dos praticantes e utilização de estratégias e
recursos adequados para desenvolvê-los (MUNSTER, 2004).
Esse tipo de prática caracteriza-se por favorecer as relações entre homem e ambiente,
dentro de uma abordagem sistêmica que promova a interiorização de valores e atitudes
pessoais e sociais, através de uma relação de composição entre corpo e meio ambiente,
a partir da interação com os elementos naturais, permitindo sensações que variam do
prazer oriundo de características edênicas da natureza, à busca de aventura e emoções
vertiginosas (MUNSTER e ALMEIDA, 2001).
Nesse contexto, a paracanoagem apresenta-se como uma atividade física com amplas
possibilidades para as pessoas com deficiência, possibilitando que tenham acesso a
diversos benefícios, entre eles, melhorias nos aspectos físicos, motor, psicológico e
social, contribuindo para a inclusão dessa população. Entretanto, verifica-se uma
escassez de recursos humanos qualificados para atuar com essa modalidade esportiva e
uma lacuna na literatura a ser preenchida.
9594
realidade social e sobre a sua atuação nesse contexto. A pesquisa contribuindo para o
desenvolvimento da criatividade e da análise crítica para auxiliar na atuação do futuro
profissional e produção de conhecimento. A extensão, ao proporcionar momentos de
diálogo, de reflexão e de intervenção na comunidade.
Metodologia
Resultados e Discussão
Desde março de 2017, o Colegiado de Educação Física oferece a população com
deficiência de Petrolina e região a possibilidade de praticarem paracanoagem por meio
de projeto de extensão “Paracanoagem: reabilitação e inclusão de pessoas com
deficiência na região do Vale do São Francisco”, permitindo que esse público não fique
marginalizado das práticas de atividades físicas em suas diversas manifestações (lazer,
educacional, terapêutico e competitivo) e promovendo vivências necessárias para a
formação da cidadania.
9595
O projeto atendeu 12 pessoas com deficiência motora (lesão medular, amputação,
malformações e paralisia cerebral) durante o ano de 2017 (quadro 01), sendo em sua
maioria do sexo masculino (n=10) e com lesão medular adquirida (n=06).
9596
decisões, assumindo assim o controle de sua vida (SASSAKI, 2004). E participação e
igualdade de oportunidades refere-se tanto da participação de pessoas com deficiência
em processos decisórios quanto a sua participação na sociedade como um todo, afinal, é
preciso que as pessoas com deficiência tenham os mesmos direitos e oportunidades de
todo e qualquer cidadão e cidadã para que possam participar plenamente na sociedade
(CORDEIRO, 2016).
9597
No quadro 2, é apresentado o quantitativo dos profissionais envolvidos no projeto de
extensão analisado. Observa-se que o projeto envolveu uma quantidade satisfatória de
profissionais, estudantes e parceiros externos.
Quantidade 03 03 02 10 02
Esse envolvimento dos profissionais é importante ao considerar que uma das principais
funções sociais da Universidade é a de contribuir na busca de soluções para os graves
problemas sociais da população, formulando políticas públicas participativas e
emancipadoras, e a extensão pode ser considerada indispensável na formação do aluno,
na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade, implicando em relações
multi, inter ou transdisciplinares e interprofissionais (MENDONÇA e SILVA, 2002).
Além disso, essa aderência por parte dos professores, discentes de pós-graduação e
graduação, possibilitou um aumento quantitativo e qualitativo de produção de
conhecimento na área, a partir de monografias, dissertações, resumos em congressos,
entre outras produções (quadro 3).
9598
Efeitos da prática da canoagem na coordenação motora Dissertação de mestrado
global de crianças e adolescentes com Síndrome de
Down
A paracanoagem é considerada como uma modalidade nova, pois estreou nos jogos
paralímpicos na edição Rio 2016. Com isso, nota-se uma lacuna a ser preenchida na
literatura que aborde essa temática. Por meio dos trabalhos desenvolvidos no projeto de
extensão, ampliou-se a quantidade e qualidade dos conhecimentos disponíveis para
auxiliar pesquisadores, profissionais e estudantes, contribuindo para o desenvolvimento
da modalidade e formação de recursos humanos.
9599
Paracanoagem, no dia 24 de setembro de 2017. O evento ocorreu na Orla I do município
de Petrolina e fez parte da programação das comemorações do aniversário da cidade
(122 anos). Foram contabilizadas 12 matrículas, destas, 10 de pessoas com deficiência
motora do sexo masculino e 02 do sexo feminino. Cada participante teve duas
tentativas para realizar o percurso no menor tempo possível. Após a participação de
todos, foi realizado uma classificação por tempo e distribuída a premiação (medalhas).
Conclusão/Considerações Finais
9600
De acordo com o exposto, conclui-se que a prática da paracanoagem por meio de um
projeto de extensão promove diversos benefícios para a comunidade atendida, entre
eles, melhorias nos aspectos físicos, motor, psicológico e social, contribuindo para a
qualidade de vida dessas pessoas. E que, a diversidade e diferenças, quando valorizadas,
transformam-se em valiosas ferramentas para fomentar a inclusão.
Com isso, espera-se que a paracanoagem possa ser reconhecida e praticada por um
número cada vez maior de pessoas com deficiência, qualquer que seja o tipo de
manifestação adotada (educacional, de participação ou de rendimento) e a relação
meio-fim estabelecida (escolarização, formação profissional, condicionamento físico,
estética, aprendizado e aprimoramento de habilidades, reabilitação, convivência, entre
outros).
Entretanto, percebe-se que ainda existem muitos espaços a serem conquistados, pois
pessoas com deficiência ainda encontram muitas barreiras para ingressar e continuar
praticando uma atividade física. Tornam-se necessárias novas posturas governamentais
no que se refere à fiscalização do cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência
relacionada à acessibilidade, principalmente, arquitetônica.
Referências
BLINDE, Elaine M.; TAUB, Diane E. Personal empowerment throught Sport and Physical
Fitness Activity: perspectives from male college students with physical and sensory
disabilities. Journal of Sport Behavior, v.22, n.2, p.181-202, 1999.
9601
CERVANTES, C.M.; PORRETA, D.L. Physical activity measurement among individuals with
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COSTA, Alberto Martins da; WINCKLER, Ciro. A Educação Física e o Esporte Paralímpico.
In: MELLO, Marco Túlio de; OLIVEIRA FILHO, Ciro Winckler (orgs). Esporte
DUARTE, Edison; LIMA, S.T. Atividade Física para Pessoas com Necessidades Especiais.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
GOLD, J.R.; GOLD, M.M. Acess for all: the rise of the Paralympic Games. J R Soc Promot
Health, v.127, n.3, p.133-141, 2007.
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9604
CONTRIBUIÇÃO DA LIGA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA (LENUE) PARA
A FORMAÇÃO ACADÊMICA
Debora Maria Bezerra Martins1; Livia Maria Albano Camelo2; Erilandy de Sousa Ávila3;
Francisca Drenalina de Sousa Araújo4; Maria Girlane Sousa Albuquerque Brandão5; Paulo
Ricardo de Sousa Vasconcelos6; Livia Moreira Barros7; Ana Sulen Pedroza Cavalcante8;
Resumo
As ligas acadêmicas (LA) são atividade de extensão, possuem como objetivo associar a
teoria com a prática através de três vertentes: ensino, pesquisa e extensão-assistência.
Além do que, está ganhando espaço dentro dos cursos de graduação em saúde. A Liga
de Enfermagem em Urgência e Emergência (LENUE), é um projeto de extensão cujo o
propósito é promover aos acadêmicos de enfermagem a oportunidade de aprofundarem
seus conhecimentos no âmbito da assistência ao paciente em estado crítico. O objetivo
desse estudo é relatar as contribuições para a formação acadêmica a partir da inserção
de uma Liga em Urgência e Emergência. Trata-se de um relato de experiência com
abordagem qualitativa. Realizado durante os plantões do ano de
1
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA), Membro da Liga de
Enfermagem em Urgência e Emergência.
2
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA), Membro da Liga de
Enfermagem em Urgência e Emergência.
3
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA), Membro da Liga de
Enfermagem em Urgência e Emergência.
4
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA), Membro da Liga de
Enfermagem em Urgência e Emergência.
5
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA), Membro da Liga de
Enfermagem em Urgência e Emergência.
6
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA), Membro da Liga de
Enfermagem em Urgência e Emergência.
7
Docente do curso de enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Coordenadora da
Liga de Enfermagem em Urgência e Emergência. Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela
Universidade Federal do Ceará (UFC).
8
Enfermeira. Mestranda em Saúde da Família pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
9605
2017 através da LENUE, vinculado a Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, num
hospital de grande porte na cidade de Sobral-CE. A implantação da LENUE contribui na
construção da carreira dos ligantes, propiciando uma desenvoltura profissional,
amenizando medos e anseios desenvolvidos durante as disciplinas da grande curricular,
proporcionando uma visão ampliada sobre o trabalho em equipe diante de situações de
agravos que necessitam de uma assistência rápida e eficaz, como por exemplo: parada
cardiorrespiratória, paciente em estado crítico, avaliação ao politraumatizado, vítimas
por arma de fogo e arma branca, Incidentes com Múltiplas Vítimas. Além disso,
possibilita conhecer o papel do Enfermeiro emergêncista. Além da assistência, essas
atividades são reforçadas por meio de aulas semanais, educações em saúde através de
ações com a comunidade. Com base nessas vivências o ensino é fortalecido por meio
relatos de experiências e futuras pesquisas. Por tanto, a LA gera um enriquecimento
grandioso tanto para o ligante, como para a comunidade. Auxiliando tanto na carência
de conhecimentos durante os semestres anteriores como também possibilita um
crescimento pessoal como profissional, tornando-se perceptível um amadurecimento
em ambos os sentidos.
Introdução
As ligas acadêmicas (LA) são atividade de extensão que utilizam como método a
interação da teoria com a prática através de três vertentes: ensino, pesquisa e
extensãoassistência, atividades estas que são voltadas para a cidadania, conforme
descrito pela Diretrizes Curriculares Nacionais (BASTOS et al., 2012). As mesmas foram
planejadas no Brasil ao longo do período da ditadura miliar, circunstancias essa que
contribuiu para o despertar dos questionamentos correspondes à essência do ensino
desenvolvidos pelas universidades, o seu direcionamento e aplicabilidade da expansão
do conhecimento intelectual teórico-prático (TORRES et al., 2008).
Conforme Costa e Gusmão (2016), a primeira liga acadêmica na área da saúde foi criada
em 1920, chamada Liga de Combate a Sífilis, pertencente ao Centro Acadêmico
Oswaldo Cruz, até hoje ainda se encontra desenvolvendo atividades para a melhoria no
tratamento e prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) na Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo. Além de que, ela contribui de forma
significativamente nas mudanças do tratamento das doenças infectocontagiosas na
cidade de São Paulo.
9606
As ligas são formadas por grupos de alunos da graduação, geralmente, do mesmo curso,
na qual ocorre o aprimoramento de conhecimentos em determinado tema, tendo em
vista o aprofundamento do saber pessoal em favor da sociedade, assim sendo é
importante destacar que os percursos escolhidos pelas ligas são definidos pelos alunos
com orientações realizadas por um ou mais professores, passando a ser uma opção
adotada pelos acadêmicos para constituir um currículo diferenciado. (TORRES et al.,
2008)
De acordo com Costa (2012), as LA estão ganhando espaço dentro dos cursos de
graduação em saúde. No decorrer das últimas décadas detectou-se um acréscimo
considerável de novas ligas, o aprimoramento e o desenvolvimento das já existentes, o
que desencadeou a formação de organizações regionais, estaduais e nacionais
referentes a essas entidades, como por exemplo, a criação do Comitê das Ligas
Acadêmicas da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, o Comitê Brasileiro das
Ligas do Trauma, a Sociedade Brasileira das Ligas Acadêmicas de Clínica Médica,
Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Medicina, entre outras que contribuem
para o incentivo do relacionamento, da integração e mobilidade entre elas.
Desse modo, o surgimento da criação das LA, pode ter sido pela insuficiência da grade
curricular dos cursos de graduação na área da saúde no preparo do acadêmico,
incentivando os universitários a buscarem uma formação diferenciada dos demais,
através do currículo informal, pois assim estarão diferenciados na disputa pelo mercado
de trabalho.
Assim sendo, Queiroz (2014) afirma que as grades curriculares ofertadas nas
universidades já não desenvolvem as mesmas competências em relação ao preparo dos
acadêmicos, dessa forma fica evidente buscar complementos para suprir a oferta desse
déficit, assim o mesmo também afirma que os estudantes que não buscarem a
formação através do currículo informal estarão diferentes daqueles que se baseiam
somente na grade normal estabelecida pelas instituições de ensino superior. Além do
mais, é evidente o progresso dos acadêmicos que participam de LA, tornando
9607
perceptível inúmeros benefícios, tais como: o avanço em relação ao senso crítico e o
raciocínio cientifico, na agregação de valores para a formação acadêmica e pessoal, na
atuação junto à comunidade na promoção de saúde, transformação social, ampliação de
atividades práticas, aspectos psicossociais, culturais, ambientais e biológicos em um
mesmo patamar. (COSTA et al, 2012).
9608
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, com abordagem
qualitativa sobre a contribuição da liga de enfermagem em urgência e emergência para
a formação acadêmica dos graduandos do curso de enfermagem. Segundo Augusto
(2013), a
9609
A LENUE foi fundada no ano de 2015, por um acadêmico de enfermagem do 8° período
da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. O projeto da liga foi idealizado com
base nas experiências vivenciadas durante os períodos anteriores, viu-se uma
deficiência de práticas e inserção mais profunda em cenários e processos mais denso de
ensino no campo da urgência e emergência, contou-se com a ajuda dos professores da
Instituição como tutores do projeto.
A Liga possui seu próprio estatuto e normas internas, mais ao longo dos semestres
foram alteradas de acordo com as necessidades. Atualmente, o processo seletivo está
acontecendo de forma semestral, referente ao período de vigência de seis meses, com
uma carga horaria de 400 horas, o certificado é emitido pela Pró–Reitoria de Extensão
da UVA. Os critérios de participação são: ter a disponibilidade de no mínimo 20 horas
semanais para participar das atividades, exclusividade, ou seja, os ligantes não podem
estar vinculados em outras ligas acadêmicas, projeto de extensão e bolsas
remuneradas, compromisso este que é firmado através da assinatura de um termo de
responsabilidade.
Caso o ligante esteja participando dos outros projetos, o mesmo será convocado em
caráter de emergências e depois de constatado a veracidade do não cumprimento o
mesmo será automaticamente afastado e dispensado. A LENUE também se enquadra
como projeto sentinela para agravos de grandes magnitudes à saúde pública. No caso
de desastres ou catástrofe, a mesma estará à disposição do Hospital como apoio de
caráter técnico-assistencial ao serviço de emergência da instituição.
Resultados e Discussão
A implantação da Liga de Enfermagem em Urgência e Emergência surgiu a partir da
carência do cenário pratico ofertado pela Universidade, pois a vivencia durante o
estágio curricular é muito curto, diante disso, a liga funciona como um apoio tanto para
a formação acadêmica como para a Universidade. Ao longo do tempo a mesma têm
9610
possibilitado aos acadêmicos a oportunidade de estarem inseridos na emergência
exercendo atividades e aprimorando o conhecimento.
Emergência.
9611
os de observação, a Semi-Intensiva e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o ligante
pode acompanhar o enfermeiro por todos esses setores.
Os plantões são momentos únicos, pois os ligantes conviver e conhecer o papel dos
enfermeiros emergencistas dos setores. A Emergência intra-hospitalar é um campo
enriquecedor pois são diversos os casos e as situações que os ligantes acompanham,
além de viabilizar uma visão ampliada sobre o trabalho em equipe diante de situações
de agravos que necessitam de uma assistência rápida e eficaz, como por exemplo,
parada cardiorrespiratória, paciente em estado crítico, avaliação ao politraumatizado,
vítimas por arma de fogo e arma branca, intoxicação exógena, Incidentes com Múltiplas
Vítimas.
Desse modo, Queiroz (2014) diz que é evidente que as LA são entidades importantes
para o crescimento e desenvolvimento do aluno, sendo notário a participar da mesma
como forma de favorecer o processo de aprendizado na qual existe a chance de
absorção de conteúdo específico e aprofundado, além de acompanhar os profissionais
que atuam rotineiramente na área abordada, possibilitando o conhecimento e
experiências importantes para a consolidação profissional.
9612
Assim, Luiz Filho (2016) destaca que o Ministério da saúde afirma que apesar da
Classificação de Risco possa ser executada por qualquer profissional de nível superior,
ressalta o enfermeiro como o profissional adequado a essa atuação, além do mais
dentro da equipe de enfermagem essa função é privada ao enfermeiro.
Os ligantes atuam na assistência dos pacientes em estado grave, tanto na UTI como na
média complexidade, na UTI pode-se perceber os seguintes cuidados: realização das
evoluções de enfermagem, aspirações das vias aéreas de forma estéril na ordem: tubo
ou traqueoste, nariz e por último a boca, efetuação das gasometrias arteriais tanto na
técnica de colher como na interpretação do resultado, a higiene do paciente, o
aprazamento das medicações, assim como a administração através das bombas de
infusão e seus efeitos colaterais, a prevenção de lesões por pressão e a Sistematização
da Assistência de Enfermagem, além de auxiliar junto ao enfermeiro durante a
transferência.
9613
humana, orientar os familiares, explicando a situações para os acompanhantes tratando
os como participantes do processo de recuperação do estado do paciente.
Além do que, é nítido a desenvoltura profissional adquirida por meio das vivências da
liga, a partir do compromisso firmado diante das atividades a serem desempenhadas
como também a postura frente a situações sigilosas, trabalhando a ética, os princípios e
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os valores humanos como respeito,
humildade, dedicação e a responsabilidade tanto pessoal como profissional. De acordo
com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem
(DCENF), é necessário formar profissionais qualificados e habilitados para atuarem com
senso de compromisso social e cidadania, como mobilizador da saúde humana integral,
baseado nos princípios da Reforma Sanitária Brasileira e do SUS. (LIMA, 2013)
Conclusão
Assim sendo, é de extrema importância a implantação das ligas acadêmicas visto que,
favorece a construção do currículo diferenciado e aproximação com as especialidades.
Formando profissionais capazes de intervirem imediatamente para evitar resultados
adversos sérios, reduzindo a morbimortalidade das urgências e emergências.
Referências
9614
RESR, Piracicaba-SP, Vol. 51, Nº 4, p. 745-764, Out/Dez 2013 – Impressa em Fevereiro
de 2014.
2016
9615
A ESPIRITUALIDADE COMO FERRAMENTA DE COMBATE AO ESTRESSE NAS ESCOLAS
PÚBLICAS DE CAMPINAS
Resumo
O trabalho teve como objetivo a busca de intervenções possíveis para os jovens
das escolas públicas de Campinas-SP, Brasil para redução do estresse por meio da
espiritualidade, visto que a última é algo inerente do ser humano e os resultados
obtidos em uma pesquisa por meio de um questionário aplicado, no qual a porcentagem
de estresse e de religiosidade, uma das formas de espiritualidade são elevados. Entre as
soluções encontradas, estão a psicoterapia, oficinas de música, coping e o Tai Chi.
Introdução
Espiritualidade é definida por Puchalski et al.[1] como “uma forma das pessoas
encontrarem significados e propósitos de suas vidas, conectando consigo mesmas, com
1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
2
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-
Campinas). 3 Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(PUC-Campinas).
9616
os outros e com o que lhes é significativo e sagrado”, não necessitando o sagrado ser
uma figura divina, o que torna a religião apenas uma das formas de se manifestar a
espiritualidade, mas não o seu todo. Koenig [2] reitera que fazem parte dela estados
psicológicos positivos como propósito e significado de vida, qualidade no suporte social,
paz, harmonia e bem-estar.
Por ser algo inerente ao ser humano, não importando suas crenças, começou a
despertar a atenção no mundo científico, surgindo até mesmo grupos específicos para
seu estudo, como o Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular
(GEMCA - http://departamentos.cardiol.br/gemca/), da Sociedade Brasileira de
Cardiologia.
Foi feita uma pesquisa em mutirões de saúde nas escolas públicas de Campinas,
no interior do estado de São Paulo, Brasil, e foi observada uma alta taxa de estresse e
religiosidade/espiritualidade entre os jovens. O estresse, definido por Cohen et al [6]
como
“percepção e resposta ao que é prejudicial, ameaçador, ou a eventos e estímulos
desafiadores”, pode levar a problemas cardiovasculares como arritmias, eventos
isquêmicos do miocárdio e aumentar o risco de morte por causas cardíacas [17], além da
exposição a ele ser associada a desvios de comportamento e aumento do uso de
substâncias [8]. Uma vez que a espiritualidade vem sendo demonstrada como efetiva na
área cardiovascular como já citado, e também na superação de vícios [18], este trabalho
pretende demonstrar propostas para se combater o estresse por meio da espiritualidade,
visto todos seus benefícios e por ser algo de fácil aplicação por já estar presente na vida
das crianças e jovens.
Metodologia
O estudo foi baseado em dados coletados por meio de um questionário aplicado
em mutirões de saúde em escolas públicas da cidade de Campinas. Este questionário
contava com perguntas como idade, sexo, etnia, prática de atividades físicas, e como
foco do trabalho, questionamentos sobre o estresse em ambiente domiciliar e escolar,
9617
crença na existência de Deus, se os jovens oram e a importância da religiosidade em
suas vidas.
Resultados e Discussão
O questionário foi aplicado em 4.699 crianças e adolescentes. A mediana das
idades era 11 anos e 2484 jovens (52,86%) eram do sexo feminino. A maioria se declara
como brancos (41,09%), seguidos de pardos (33,84%) e negros (11,73%).
Foi possível observar que a maioria dos participantes possuem algum nível de
estresse tanto em seus domicílios (64,61%), quanto na escola (55,4%), assim como é
possível observar na tabela 02, valor que é considerável, principalmente levando-se em
9618
conta que 239 jovens (5,09% do total) relataram estresse domiciliar e 172 (3,66% do
total), na escola exagerados.
9619
Unindo-se os fatos da população infanto-juvenil das escolas de Campinas
estarem com o estresse elevado e possuírem uma boa religiosidade, é muito válida a
utilização da espiritualidade como ferramenta para melhora da qualidade de vida e
prevenção de doenças cardiovasculares. Entretanto, o ideal é trabalhar a espiritualidade
sem o envolvimento da religiosidade, já que cada indivíduo possui sua crença,
dificultando a implantação de um projeto único que seja efetivo para todas e também
pela possibilidade dela despertar pensamentos de culpa, abandono ou punição em
algumas pessoas. Quando isso ocorre, os resultados tendem ser negativos, com uma
grande prevalência de depressão, ansiedade e mortalidade [4].
9620
Muito 3412 (72,61%)
Fonte: Questionário aplicado em mutirões de saúde em escolas públicas da cidade
de Campinas.
9621
conceitos de Koenig [2] já citados anteriormente e seria algo de fácil aceitação e
aderência dos estudantes das escolas públicas. Um estudo realizado por Janowiak e
Hackman [13] com universitários para observação dos efeitos das três práticas no
estresse verificou que todas são benéficas e possuem resultados parecidos, mas com
reduções significativas do estado estressante, mostrando a importância do relaxamento.
Uma proposta palpável e incomum é o uso do Tai Chi, uma prática originada na
China que trabalha corpo e mente, combinando a arte marcial chinesa e movimentos
meditativos. Vem demonstrando um grande potencial de se tornar uma terapia
preventiva e de reabilitação para inúmeras condições médicas e psicológicas; entre elas,
o estresse e condições cardiovasculares [15]. Poderia ser bem útil na intervenção com
9622
os estudantes por se tratar de uma prática que trata do indivíduo como um todo,
focando em todas as esferas de sua vida, trazendo benefícios que as outras propostas de
intervenção não trazem, por incluir uma atividade física. Talvez no começo, por ser uma
novidade, cause estranheza para as crianças e adolescentes, mas quando começarem a
sentir os benefícios, se tornará uma prática bem aceita.
9623
Fonte: Questionário aplicado em mutirões de saúde em escolas públicas da cidade de
Campinas.
9624
Conclusão/Considerações Finais
O estresse é um fator presente na vida das crianças e adolescentes das escolas
públicas de Campinas e deve ser combatido pelo dano que pode causar, tanto
psicológico como físico, visto que pode desencadear vícios e principalmente doenças
cardiovasculares.
9625
extensão. Somando-se o fato de a literatura científica ser fraca em estudos sobre
estratégias para redução do estresse infanto-juvenil.
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9627
PAIS – PROJETO PARA ACOLHIMENTO, INFORMAÇÃO E SUPORTE A FAMILIARES DE
SURDOS: A EXTENSÃO NO SEU PAPEL SOCIAL
Desirée De Vit Begrow1; Manuela Moreira da Silva Pereira2; Emylle Barbosa Bomfim de
Almeida3
Resumo
O PAIS – Projeto para Acolhimento, Informação e Suporte a familiares de surdos, surgiu
em 2016 vinculado a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Bahia. O
projeto objetiva atender a famílias de surdos pelo advento do diagnóstico ou em
qualquer outro momento que necessitarem de orientação, informação ou apoio
relacionado às questões da surdez. Desenvolvimento: O projeto atua em diferentes
frentes de ação sendo: atenção destinada aos familiares das crianças atendidas na
clínica escola do Curso de Fonoaudiologia da UFBA, a disponibilização de atenção
imediata (pronto atendimento) frente ao diagnóstico de perdas auditivas, visitação à
escolas e serviço de saúde de forma a promover informações relacionadas à surdez.
Discussão: No início as atividades internas, realizadas com as mães das crianças
atendidas no serviço, giravam em torno da perda auditiva e dos aspectos vivenciados
pelos surdos, trazendo informações e prestando esclarecimentos, mas no decorrer das
atividades, percebemos que já não surtia mais efeito junto às mães atendidas pelo
projeto o que nos levou a refletir sobre o papel dado à mulher quando mãe de uma
criança com deficiência. Com o intuito de diminuir a sensação de serem apenas “mães
de crianças surdas”, as ações do PAIS foram repensadas e reformuladas. As atividades
externas, de visitação a serviços de saúde, escolas e instituições, permitem conhecer
como está a realidade em Salvador/BA, em diferentes âmbitos que se relacionam a
pessoa surda de forma a tanto construir um mapa institucional envolvendo a atenção
aos surdos na cidade, como também ser difusor de informações a esse respeito.
1
Universidade Federal da Bahia, Professora no Curso de Fonoaudiologia.
2
Universidade Federal da Bahia, Curso de Fonoaudiologia, Bolsista
PIBIEX/PROEXT. 3 Universidade Federal da Bahia, Curso de Fonoaudiologia,
Bolsista PIBIEX/PROEXT.
9628
Conclusão/Considerações Finais: O projeto está constantemente revendo-se e em
comunicação direta com a comunidade ao qual atende de forma a estar servindo em seu
papel social de forma plena e responsável, contudo sabemos da relevância de sua
existência como ponto de referência na área da Fonoaudiologia Bilíngue na cidade de
Salvador.
Introdução
Podemos promover as reflexões neste texto a partir de dois prismas que são igualmente
objeto no projeto de extensão: de um lado, a assistência necessária a familiares de
pessoas surdas e de outro, a promoção de reflexão paradigmática aos alunos do curso
de fonoaudiologia sobre sua atuação com a população surda com a qual estamos
constantemente em contato. Por acreditarmos na necessidade de estarem mutuamente
relacionados obtendo por produto ações direcionadas à comunidade e sustentadas em
práticas que considerem o sujeito, o lugar social que ocupa e a responsabilidade dos
profissionais de saúde em potencializar as singularidades ao invés de valorizar a
deficiência é que nos esforçamos a apresentar neste trabalho a vinculação entre
formação, prática e seu reflexo na comunidade.
9629
adequar a pessoa surda à realidade da população majoritária ouvinte (MARIANI et al,
2016). Observase que tais procedimentos vêm de encontro às reais possibilidades de
muitas destas pessoas sendo expresso pela "voz" dos próprios a necessidade de respeito
pela sua diferença linguística ao invés da busca incessante pela recuperação de algo
que não será igual aos demais ouvintes, pois nem sempre o alcance à oralidade é
acessível. Isto significa que a Fonoaudiologia teve que refletir sua atuação e como
consequência disso, alcançou-se o que nós temos nomeado como Fonoaudiologia
Bilíngue uma vez que parte do entendimento de que as pessoas surdas (pessoas que
não escutam, independentemente do nível de perda auditiva) não estão incapacitadas
socialmente em nenhum aspecto pelo fato de não ouvirem e não falarem oralmente, ao
contrário, parte-se do entendimento das diferenças individuais, e assim, os surdos estão
no mundo e interagem com este em uma perspectiva visual-espacial e não auditivo-
oral. Tomando tais pressupostos, entende-se que grande parte das questões envolvidas
relacionam-se às informações presentes na sociedade, mantidas pelo senso comum e
que geralmente rechaça o que foge do que é considerado normal. Neste sentido estão
os familiares de crianças surdas que geralmente nunca tiveram contato algum com as
perdas auditivas e muito menos, com os significados construídos dentro das
comunidades surdas. Sendo assim, logo após o diagnóstico da perda auditiva o que se
tem é uma família perdida frente à nova realidade e seu único desejo é reverter a
situação para que possam dar continuidade às suas vidas assim como inicialmente
imaginaram. Este momento é crucial para todo o desenvolvimento da criança surda, pois
a depender da orientação recebida pelos familiares, se dará todo o processo terapêutico
posterior. Além disso, para Negrelli e Marcon (2006), ao receber a notícia de que o filho
é surdo, a família passa por um período de adaptação e mudanças para se adequar a
esse filho, assim, cabe ressaltar a importância do acolhimento e informação nesse
período. Acredita-se, portanto, que a informação empodera e capacita as pessoas na
tomada de decisões em qualquer aspecto de suas vidas. Esta é a principal base deste
projeto de extensão.
Partindo-se destes princípios, o PAIS objetiva atender às famílias ouvintes com filhos
surdos vinculados ou não ao CEDAF – Centro Docente Assistencial de Fonoaudiologia,
clínica escola do curso de Fonoaudiologia da UFBA ou que devido ao diagnóstico de
surdez necessitem de esclarecimentos. Assim, tem como objetivo geral atender às
demandas e
9630
Em linhas gerais, essa é a base para o projeto e por isto, outros aspectos devem ser
objetivados também e compõem nosso escopo de atuação que vai muito além da
assistência clínica. Está entre as ações desenvolvidas pelo projeto a promoção de
espaço de discussão sobre surdez com as famílias mesmo que estas não sejam
atendidas pelo serviço buscando fomentar o lugar de protagonistas no processo de
desenvolvimento integral do filho surdo. Isso tudo se acredita ocorrer pela facilitação do
acesso às informações de surdez do ponto de vista clínico, educacional e social pelas
famílias. Contudo, de forma mais relevante, se busca incentivá-las também ao contato
com outras possibilidades linguísticas para a criança surda levando-os a entender ser
esta uma alternativa adicional para a criança surda e que não a impossibilita à inserção
social se este for o caminho mais natural para o seu desenvolvimento. Enfatizamos que
todos os participantes do projeto, buscam ao máximo a neutralidade das informações
prestadas aos familiares, oferecendo possibilidades de forma imparcial o que resulta na
crença de que cabe a estes, a responsabilidade das escolhas terapêuticas aos filhos,
porém sustentados em conhecimentos amplos e irrestritos, sem direcionamentos ou
tendências teóricas.
Mencionamos também questões quanto aos caminhos mais efetivos a serem abraçados
pela família e que geram decisão sustentada em informações parcializadas às
possibilidades de estímulo do surdo, quer seja através da tecnologia como Implante
Coclear ou Aparelho Auditivo ou ainda, ao uso destes e adicionalmente ao contato com
9631
a língua de sinais que promoverá melhor e mais rápido desenvolvimento linguístico das
crianças.
Assim, vê-se como de grande relevância a implantação deste serviço aos pais de
crianças surdas, a fim de fornecer suporte, servir como ponto de referência e apoio nesta
trajetória permeada de angústias e dúvidas na tomada de decisões sobre o futuro do
filho surdo. Ao mesmo tempo, levar o estudante de Fonoaudiologia a participar de todo
este processo, compartilhando as dúvidas, angústias, frustrações e medos dos familiares
com relação ao filho surdo, os leva de forma mais direta a refletir sobre a relevância do
papel do profissional de saúde que seja neutro ao transmitir as orientações aos
familiares em qualquer etapa de vida da criança.
Desenvolvimento
A proposta metodológica assumida pelo PAIS envolve atividades com as famílias das
crianças surdas atendidas no Serviço de Fonoaudiologia Bilíngue da UFBA, com pessoas
da comunidade que queiram esclarecer dúvidas neste sentido e também, manter
atualização sobre o universo da surdez de forma a estar respaldado para orientar aos
familiares.
Além disso, o Projeto também funciona como uma espécie de "Pronto Atendimento"
para qualquer pessoa que procure, em qualquer momento, o acolhimento, informações e
esclarecimentos relacionados a surdez, estando as integrantes disponíveis em escala de
horários para isso.
9632
O PAIS também faz visitas a escolas e instituições que tenham surdos e serviços de
saúde relacionados a diagnóstico ou terapia em surdez. Nessas visitas é divulgado o
projeto, para que pessoas que tenham interesse e demanda possam vir a procurá-lo,
além disso, buscase informações sobre como é a estrutura para receber o aluno surdo,
assim como tem ocorrido a inserção desse estudante, sempre buscando ter o máximo de
informação para melhor atender e esclarecer as famílias.
Desta forma, a metodologia utilizada no projeto é flexível, pois tem como base atender
à demanda da população alvo forçando-nos, muitas vezes, a adequar as atividades
variando-as semanalmente.
Discussão
O PAIS, como atividade de extensão, tem um amplo campo de ação que se idealizou
para execução em diferentes frentes, podendo ser divididas em: atividades com os
participantes do Serviço de Fonoaudiologia Bilíngue, atividades externas ao Serviço e
atividades objetivando a formação acadêmica.
Pensando nas ações desenvolvidas ressalta-se as atividades com as mães das crianças
surdas atendidas no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico Bilíngue, pois observou-
se que os encontros com as mães se tornaram espaços onde essas podem falar sobre
suas angústias, compartilhar um pouco do que passaram com o diagnóstico da surdez
do filho, mas também relembrarem que não são apenas mães de crianças surdas. Soma-
se a isso que, permitir que os familiares tenham contato com outros que compartilham
de realidades semelhantes, constitui uma espécie de grupo de apoio (BITTENCOURT;
HOEHNE, 2009). Desta forma, as atividades do PAIS dentro do CEDAF ocorrem em grupo
proporcionando trocas entre os participantes.
9633
assumida por elas, que lutam com sentimentos contraditórios - o cuidado do filho e o
cuidado consigo mesmas. Fica a impressão de que deixam de existir como mulheres,
tendo lugar apenas como "a mãe do deficiente". Isso foi uma demanda percebida pelas
integrantes do projeto nas entrelinhas dos discursos das mães, e com o intuito de
diminuir essa sensação, as ações do PAIS foram repensadas e reformuladas
principalmente pela "escuta" das demandas das mesmas. Barbosa, Balieiro e Pettengill
(2012) lembram que o cuidado com as famílias é fundamental para fortalecê-las e
ajudá-las a passar por eventuais adversidades, colaborando para manter interações
familiares saudáveis. Esse cuidado inclui estar atento para as demandas dessas famílias.
Observa-se com este tipo de atividades que as demandas oriundas do grupo começavam
a expandir-se, buscando também entender sobre empreendedorismo e, portanto,
solicitamos ao SEBRAE na Bahia (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) uma
palestra. Neste momento, as mães se confrontaram com outra situação, pois como em
sua grande maioria são beneficiárias do BPC (Benefício de Prestação Continuada/INSS),
não podem ter outra fonte de renda o que demandou diálogo com o INSS (já marcado
para o início do semestre letivo 2018.1). Tais situações demarcam o papel do PAIS no
sentido de fomentar a busca pelos seus direitos, reforçando o lugar cidadão de
familiares de deficientes e dos próprios de forma a terem esclarecimentos necessários
para as tomadas de decisões em todos os campos.
Falando sobre as tomadas de decisão, mesmo que as mães atendidas pelo projeto já
tenham uma longa caminhada, pois as idades das crianças variam entre 8 anos a 13
anos, observa-se que paira sempre a dúvida sobre as escolhas feitas e principalmente
3
Agradecemos à participação voluntária da maquiadora Tércia Fernandes.
4
Promovida pelo Julho das Pretas, ação idealizada pelos profissionais do CEDAF.
5
Agradecemos à Empresa Júnior Alinhavo da Escola de Belas Artes da
UFBA. 7 https://www.facebook.com/Musicando-2026145790951151/
9634
sobre a pertinência ou necessidade de terem feito procedimentos diferentes como por
exemplo, a cirurgia de implante coclear. Essas questões motivaram aos estudantes
participantes do projeto a buscarem os itinerários terapêuticos percorridos pelas
famílias.
Entende-se por itinerários terapêuticos os caminhos que são percorridos por indivíduos
na busca pelo cuidado em saúde, incluindo as escolhas que são feitas e os
acontecimentos que vêm a ser desencadeados mediante estas escolhas (CABRAL et al.
2011). A partir deste conceito, buscou-se conhecer quais os percursos, os locais
acessados pelos familiares e quais encaminhamentos dados até chegarem ao nosso
serviço. Vê-se que mesmo estando os filhos bem assistidos e com desenvolvimento
satisfatório, as mães se questionam constantemente se não deveriam ter feito diferente,
especialmente no que diz respeito ao acesso a oralidade o que reforça as
representações sociais fortemente arraigadas na sociedade quanto aos padrões de
normalidade6.
Desta forma, é possível identificarmos a importância das ações desenvolvidas pelo PAIS
semanalmente com as mães do serviço entendendo que a situação da deficiência
emerge dúvidas, angústias e ansiedades que muitas vezes são repetitivas e ter espaço
disponível para acolher é sempre crucial para todo o processo.
É interessante reforçar que, o que é trabalhado nesse projeto e a forma como isso se
desenvolve não é fixa, mas toma-se como propulsão para as ações o que é trazido pelos
participantes e o que percebe-se como demandas, pois acredita-se que percebendo
quais são as necessidades haverá efetividade em realizar o objetivo do PAIS de acolher,
informar e dar suporte às famílias (LIMA; BEGROW; MOURA, 2016).
6
Quanto aos Itinerários Terapêuticos, estamos elaborando artigo com estudo conclusivo sobre estas
questões suscitadas pelo diálogo com as famílias.
9635
serviço, mas até o momento, não se obteve essa participação mais ativa sendo meta
para o ano de 2018 o reforço a esta atividade.
Assim, verifica-se que dentre as ações externas ao serviço desenvolvidas pelo PAIS está
a visitação a Hospitais e serviços de saúde onde se sabe da realização de diagnóstico,
desde o Teste da Orelinha, aos demais procedimentos investigativos, esclarecendo
sobre o Projeto aos profissionais presentes no local no momento da visita e deixando
material informativo breve, como folder com endereço e contato. Neste sentido, as
ações serão expandidas agora, com visitação às Unidades Básicas de Saúde na tentativa
de refletir nossas atividades também na Atenção Básica.
Além da visitação aos serviços de saúde, busca-se visitar escolas na esfera municipal e
estadual além de instituições que se mantém como ONGs (Organizações Não-
9636
Observamos que as visitas escolares e institucionais estão funcionando também, como
difusoras do projeto como um todo, além de estreitar os laços entre as instituições e a
própria universidade, o que, sem dúvidas acaba sendo objetivo em toda ação de
extensão que tem o intuito de gerar integração entre a Universidade e a sociedade, com
troca de experiências, proporcionando formação com responsabilidade social. Porém, é
perceptível o quanto os interesses das escolas se baseiam no atendimento aos alunos
com deficiência, ou seja, há necessidade das instituições em serem atendidas nas
demandas mais elementares do seu dia a dia pedagógico com crianças deficientes
(independente de qual tipo de deficiência). Por diversas vezes, as extensionistas foram
interrogadas e requisitadas a fazer algum tipo de atendimento dentro da escola,
expressando certo desapontamento ao compreender que os motivos da visita não são
direcionados à assistência educacional. O discurso dos representantes deixava claro o
quão necessitadas de apoio e informações são as escolas no que se refere aos alunos
com deficiência e especialmente, aos surdos. Não se pode esquecer que quando nos
referimos às questões da surdez, devemos considerar a diferença linguística aos quais os
docentes devem atentar-se e que também afeta a organização pedagógica das aulas.
Quanto a formação acadêmica, este projeto traz muitos ganhos aos estudantes bolsistas,
primeiro pela preparação prévia que devem ter a fim de atuar nos diferentes âmbitos
que se relacionam à atividade que conforme já citado, têm amplo escopo. Além disso, e
ainda falando sobre questões mais específicas, os estudantes envolvidos no projeto e
com a professora idealizadora das atividades, passam a refletir sobre a fonoaudiologia a
partir do seu papel de promotora de saúde afastando-se da perspectiva hegemônica que
busca os processos de doença e sua reabilitação. Com esta perspectiva de ação
tradicionalmente vista entre boa parte dos profissionais de saúde, as intervenções feitas
tomam conceitos estandardizados de normalidade e mesmo a promoção de saúde ou as
orientações prestadas no que diz respeito às perdas auditivas, seguem esse caminho
que visa reabilitar, normalizar e minimizar diferenças.
Outro aspecto importante neste sentido é que atuar junto a famílias, requer do
estudante amadurecimento a fim de entender seu papel profissional ao invés de
dispensar-lhes olhar benevolente e apiedado pelas dificuldades enfrentadas no dia a dia
com o filho surdo. Para alcançar este objetivo importantíssimo na formação dos
estudantes, é necessário que se ofereça espaço de escuta e acolhimento para em
conjunto ser possível refletir sobre os aspectos teóricos envolvidos no processo
formativo, assim como, contribuir a partir da prática profissional do docente
respaldando, amparando e auxiliando os estudantes na tarefa de construir-se ou
constituir-se profissionais de saúde em meio a sociedade que se vivencia hoje.
9637
Outro ponto relevante, diz respeito a conformação de atividades em grupo que
requerem bastante conhecimento e flexibilidade do estudante além de criatividade e
presença de espírito para as demandas que emergem no momento em que o grupo está
em ação.
Enfim, apesar dos grandes desafios imbricados numa atividade de extensão que tem
objetivos robustos assim como os aqui apresentados, vê-se de sua necessidade para a
comunidade e sua importância para a formação do estudante de fonoaudiologia.
Ademais, a partir das demandas oriundas de todas as atividades, tem sido aventada a
possibilidade de compartilhamento também com profissionais de outras áreas afim de
que possam agregar apoio, conhecimento e acolhimento à causa dos surdos.
Conclusão/Considerações Finais
Por tratar-se de um projeto bastante amplo, temos consciência de que de tudo o que se
planejou inicialmente, alguns aspectos foram vencidos e outros mais difíceis ainda
precisam ser melhor trabalhados. Contudo, tanto a devolutiva dos familiares quanto dos
estudantes bolsistas no projeto, assim como em todas as experiências de divulgação do
trabalho, tem-se obtido retorno bastante positivo o que se reflete em bem-estar
familiar, progresso terapêutico dos surdos e aprendizagem ao estudante.
Quando se analisa todos os ganhos oriundos da ação, devemos resgatar alguns produtos
relevantes e que demarcam a necessidade de continuidade como atividade permanente
deste projeto, que apesar de não ter nenhum auxílio de órgãos de fomento, vai
desenvolvendo suas ações fundamentalmente sustentadas no elemento humano. O
grupo constituído pela professora coordenadora do projeto e as estudantes bolsistas
agregou também a participação de estudante voluntária em momento formativo
anterior às necessidades do projeto, para que desde cedo possa ir acompanhando as
ações e assim familiarizar-se com as atividades e posteriormente estará mais madura ao
assumir o lugar de bolsista. Sendo assim, as estudantes são incentivadas a busca pela
apropriação teórica e, por consequência de todas as atividades desenvolvidas, incentiva-
se também a participação em eventos científicos de forma a exercitar o espírito
extensionista e científico, assim como, auxiliar na divulgação das ações. Desta forma, as
estudantes envolvidas estão sempre buscando estratégias para comunicação à
comunidade, quer seja acadêmica ou externa, das ações desenvolvidas. Uma das formas
positivas de alcançarmos este objetivo, é no incentivo para a escrita do TCC, trabalho de
conclusão de curso, das alunas envolvidas a partir de questões do projeto, assim se
9638
incentiva maior aprofundamento em aspectos específicos o que já contribui para a
própria atividade.
Referências
CABRAL, Ana Lucia Lobo Vianna et al. Itinerários terapêuticos: o estado da arte da
produção científica no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, p. 4433-4442, 2011.
LIMA, Camila; BEGROW, Desirée; MOURA, Jéssica. PAIS - Projeto para acolhimento,
informação e suporte a familiares de crianças surdas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL
E SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS, p. 238-245, 2016, Salvador.
Anais eletrônicos [do] IV Seminário de Educação Bilíngue para Surdos: perspectivas da
educação bilíngue para o século XXI. Salvador: UNEB, 2016. Disponível em:
https://visebparasurdos.wordpress.com/edicao-atual/. Acesso em: 31/03/2018.
9639
NEGRELLI, Maria Elizabeth Dumont; MARCON, Sonia Silva. Família e criança surda.
Ciência, Cuidado e Saúde, v. 5, n. 1, p. 098-107, 2006. Disponível em: <
http://eduem.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/viewFile/%205146/3332>.
Acesso em 31/03/2018.
9640
ENTRELAÇANDO EXTENSÃO E ENSINO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE
PSICOLOGIA DA PUC-CAMPINAS
equipe assistencial do serviço, composta por cinco psicólogas e uma assistente social. O
objetivo do projeto de extensão foi apoiar o cuidado centrado na pessoa, por meio de
ações socioeducativas destinadas à equipe nos anos de 2016 e 2017.
Concomitantemente, os estagiários que acompanharam as transformações no serviço,
decorrentes das atividades de extensão, se apropriaram do conhecimento produzido e
desenvolveram material informativo sobre o acolhimento psicológico, promovendo a
reflexão junto aos pares sobre a prática de uma clínica ampliada. As ações
desenvolvidas a partir desta interface Ensino-Extensão permitiram a elaboração da
cartilha “Conhecer e aprender antes de atender: sobre acolhimento psicológico e
avaliação contextual”, que se tornou parte integrante do material disponível no Serviço
de Psicologia e foi incorporada à formação dos discentes nas disciplinas voltadas à
preparação para atuação clínica no curso de Graduação em Psicologia na Universidade.
A experiência gerada por esta interface permitiu a construção de um conhecimento
dinâmico que qualificou as ações do serviço, promovendo a autonomia da equipe
assistencial e a formação crítica e participativa dos estagiários.
9641
Palavras-chave: Extensão Universitária; Formação em Psicologia; Promoção da Saúde;
Serviço-Escola de Psicologia; Acolhimento Psicológico
Introdução
A Extensão Universitária é definida como sendo uma atividade acadêmica que articula o
Ensino e a Pesquisa de forma indissociável permitindo que se estabeleça uma relação
transformadora entre Universidade e Sociedade. A Extensão, então, deve ser um
processo bidirecional através do qual a comunidade acadêmica tem a oportunidade de
se aproximar da sociedade e de elaborar uma atuação crítica.
9642
Pensando nisso, um Projeto de Extensão Universitária deve nascer e se desenvolver
como um compromisso entre Universidade e Sociedade. Esse compromisso deve
contemplar a busca por condições para um mundo mais justo e igualitário, por meio de
ações que promovam a emancipação e autonomia de todos os envolvidos, além da
abertura da Ciência ao diálogo com a sociedade, para que a transformação social se dê
como uma relação dialética.
Esse conhecimento vivo e dinâmico, que nasce das múltiplas relações promovidas pelas
ações de extensão, ampara-se no caráter indissociável da tríade ensino-pesquisa-
extensão e deve se multiplicar como uma aprendizagem significativa, afetando de
maneiras diversas todos os envolvidos.
Para tornar possível uma formação amparada também nas questões práticas, as
Diretrizes Curriculares Nacionais preveem que os cursos de graduação em Psicologia
ofereçam estágios supervisionados, com o compromisso de assegurar o envolvimento
do aluno com situações e contextos que permitam a concretização de conhecimentos e
habilidades profissionais. Esses estágios se estruturam em dois níveis: básico e
específico (BRASIL, 2011).
9643
Campinas) prevê em seu Projeto Pedagógico a realização pelo discente do Estágio
Básico II - Projetos de Intervenção, que visa capacitar o aluno a desenvolver uma
observação científica em um determinado campo de atuação do psicólogo, articulando-a
à elaboração de um projeto de intervenção para sanar determinadas necessidades
encontradas no contexto em questão. Uma das possíveis áreas para o desenvolvimento
desta atividade é a Saúde/Clínica, cujas atividades podem ocorrer no Serviço-Escola de
Psicologia Universidade.
9644
Vale ressaltar que muito se fala sobre humanização sem realmente se apropriar de seu
significado. Pode-se afirmar que humanizar é levar em consideração as necessidades
verdadeiras do cliente, não sendo unicamente materiais, mas também psicológicas e da
personalidade subjetiva e singular de cada sujeito.
Metodologia
9645
disciplina Estágio Básico II - Projeto de Intervenção do curso de Psicologia da PUC-
Campinas. Como ponto de partida para o delineamento do projeto de intervenção dos
discentes, considerou-se a necessidade de promover aproximação dos estagiários às
transformações do Serviço-Escola de Psicologia da PUC-Campinas, gerando reflexão
sobre novas ações desenvolvidas a partir do Projeto de Extensão.
Contexto
Ações desenvolvidas
9646
apoiando a realização de reuniões de equipe e o desenvolvimento de ações no contexto,
voltadas ao atendimento da população e à qualificação da formação dos discentes.
Por fim, com o objetivo de qualificar a preparação dos estagiários para atuação no
Serviço-Escola de Psicologia da PUC-Campinas, elaborou-se uma cartilha didática em
formato de e-book para uso dos estagiários, constituída por 27 páginas, abordando
informações gerais sobre o que é um Serviço-Escola de Psicologia e sua caracterização
na PUC-Campinas, e em seguida enfocando os programas oferecidos pelo serviço e as
atitudes esperadas para os estagiários no contexto.
9647
Resultados e Discussão
Esta incorporação se deu ao fim do estágio, quando essa cartilha foi apresentada pela
docente supervisora à equipe do Serviço e à direção do curso de Psicologia, e ambas
demonstraram interesse em que o material produzido pudesse contribuir para a
formação dos discentes, como reflexo de uma aprendizagem significativa e da produção
de um conhecimento vivo e dinâmico.
A cartilha passou, então, por avaliação e revisões feitas pelo Serviço e pela equipe
docente da Faculdade que atua no serviço, se transformando em material disponível
para uso nas duas instâncias (Serviço e Faculdade). Logo no segundo semestre de 2017,
a cartilha já fazia parte da leitura complementar da disciplina de Psicopatologia II,
referente ao 6º período do curso.
9648
Conclusão e Considerações finais
A interface entre Ensino e Extensão pode contribuir para o conhecer e para o atuar dos
discentes no Serviço-escola, integrando teorias e práticas, aproximando graduação e
extensão, e com isso a promoção da saúde foi intensificada e refletida por uma atuação
fundamentada pela realidade da comunidade em que o Serviço está inserido e
qualificada para o cuidado centrado na pessoa.
transformações. Mas a própria sociedade também deve ser transformada pela interação
indissociável entre Ensino-Pesquisa-Extensão. Sendo assim, muito ainda há a ser feito
para o fortalecimento da política de Extensão Universitária. Por isso, é válido considerar
a necessidade do engajamento acadêmico no desenvolvimento de novos trabalhos
dentro deste contexto da interface Ensino-Extensão, para que as demandas da
sociedade, que se criam e se transformam a todo momento, estejam próximas à
comunidade acadêmica.
Espera-se que seja possível resgatar cada vez mais a importância desta interface para
além do discurso, visto a significativa contribuição desta ferramenta para a construção
de uma Psicologia e formação de profissionais que acompanhem o movimento da
realidade e suas especificidades, assim como demonstrado por este relato de
experiência. É preciso disparar um movimento reflexivo que considere a prática
integrada e contextualizada para viabilizar a produção interdisciplinar de novos saberes
e fazeres na área da saúde.
9649
Referências
Disponível em:
<https://psicologia.faccat.br/moodle/pluginfile.php/113/mod_page/content/12/artigo.pd
f> . Acesso em: 12 mar. 2018
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2016000400003> Acesso em: 12 mar. 2018.
9650
PIVETTA, H. M. F. et al. Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária: em busca de uma
integração efetiva. Linhas Críticas, Brasília, v. 16, n. 31. 2010
9651
O SUICÍDIO - INFORMAÇÃO, PREVENÇÃO E CUIDADO: UMA PROPOSTA DE AÇÃO
INTEGRADA NA UNIVERSIDADE
Ana Karina Silva Azevedo1; Ana Cecília Canário Carlos de Andrade2; Maria Vanessa
Morais da Silva3; Amanda Melo Queiroz da Costa4; Jucieli Pollyanna Querino da Silva5 ;
Mariana Maia de Medeiros6; Sofia Lobo Costa Meskó7; Thayse Lira Santana8;
Resumo
A tentativa de suicídio, mais do que uma questão filosófica, religiosa ou social é um
grave problema de saúde pública. Apesar de seus altos índices, ainda é um fenômeno
subnotificado e pouco discutido em nossa sociedade. Pouco tem sido feito para
construir políticas de prevenção a este fenômeno, bem como ainda não foi estruturado
um modelo de assistência entre profissionais de saúde para favorecer uma adequada
acolhida àqueles vitimados pela ocorrência de uma tentativa de suicídio. Diante desse
cenário, nas universidades tem sido cada vez mais recorrentes notícias de tentativas de
alunos que demandam de coordenadores, professores e alunos/colegas ações e
intervenções para acolhimento deste sofrimento ainda cercado de tabus, mitos e
desconhecimento pela maior parte da população. Pensar em ações sistemáticas ao
suicídio, em suporte às Universidades é algo urgente, dada a realidade que se apresenta.
Em especial, por falar em suicídio ser pensar na saúde mental da população, nos
sofrimentos acometidos pela humanidade na contemporaneidade, pelo desalojamento
existencial que tem acompanhado a existência humana nos últimos tempos. Neste
sentido, a ação de extensão sob título “O Suicídio informação, prevenção e cuidado: uma
proposta de ação integrada na Universidade” pretende, em parceria com a PROAE,
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
3
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA)
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
7
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
8
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
9652
propor ações informacionais, educativas sobre o suicídio, bem como, uma ação de
assistência e acolhida àqueles (estudantes) que estejam acometidos por ideação ou
tentativa de suicídio, aliando a isso, ciclos de palestras a coordenadores, professores e
centros acadêmicos sobre o suicídio enquanto fenômeno presente e crescente em nossa
sociedade, a serem realizadas, em conjunto, nos Campus Natal, Santa Cruz e Caicó.
Através de ações como esta pode-se suscitar ações continuadas e permanentes de
assistência ao suicídio, bem como, inspirar a multiplicação de ações, como a aqui
proposta, em outros setores da nossa sociedade.
Introdução
A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 800 mil pessoas morrem devido ao
suicídio todos os anos, sendo a segunda principal causa de morte entre indivíduos com
idade entre 15 e 29 anos. Ademais, estima-se que, a cada 40 segundos, uma pessoa
comete suicídio. Para Sabino (1986, p. 144), “o suicídio é um ato de publicidade:
publicidade do desespero”. Em relação a essa reflexão, Abasse, Oliveira, Silva e Souza
(2009) apontam que o suicídio ou a sua tentativa revelam uma dor emocional que o
sujeito considera ser intolerável e com a qual acredita não ter capacidade de lidar.
9653
junto a 637 estudantes de psicologia, em duas universidades (uma pública e uma
privada) e duas faculdades, na cidade de Natal-RN. Entre os 637 alunos que
responderam ao questionário de pesquisa, no RN, 52,45% disseram que sentiam
vontade de morrer; 48 dos estudantes pesquisados, representando 7,5% do total,
haviam tentado se matar. Tal dado é constatado ainda pelo aumento da procura por
atendimentos decorrentes de ideação suicida nos Serviços escolas das Universidades,
bem como nas pró-reitorias de apoio aos alunos.
Ainda sobre o início dos estudos sobre o fenômeno, Cerchiari, Caetano e Faccenda
(2005) apontam como motivações para tomar como objeto a temática, o
reconhecimento de que os universitários passam por uma fase de vulnerabilidade ao
sofrimento psíquico devido às mudanças que vivenciam, fazendo-se necessário o
amadurecimento da personalidade para prevenir o fracasso de alunos ditos ‘saudáveis’.
Todas essas questões e preocupações resultaram em 1956 na I Conferência
Internacional sobre Saúde Mental Estudantil, por meio da qual foram propostos
programas modelo de serviços de assistências à saúde mental do estudante, utilizados
até hoje como guias (CERCHIARI, CAETANO e FACCENDA, 2005).
metade do século XX, o interesse por este tema tem ganhado adeptos.
9654
Nesse contexto, um ano após a Conferência Internacional de Saúde Mental Estudantil,
cria-se no país o primeiro serviço de assistência psicológica e psiquiátrica ao estudante
universitário, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco
(Cerchiari, Caetano e Faccenda, 2005). Torna-se imprescindível agora compreender o
contexto social e intelectual inaugurado pela modernidade, a fim de situar o contexto
acadêmico e seus desdobramentos na contemporaneidade, lançando um olhar para a
demanda de sofrimento como sintoma de um tempo.
Localizando a universidade nesse contexto que poderemos ter uma compreensão mais
total do fenômeno do sofrimento psíquico em estudantes do ensino superior. “Da forma
como a educação superior está organizada, tendo sua atenção focada principalmente
nos processos cognitivos e nas técnicas de avaliação de desempenho acadêmico, nem
sempre são consideradas as necessidades subjetivas dos estudantes” (Caixeta &
Almeida, 2013, p.27115).
9655
pesquisas como principais sintomas desse sofrimento: cefaleia, dor estomacal, insônia,
tremor, agitação, antecipação de preocupação, isolamento, irritabilidade, sudorese e
compulsão ou abstinência alimentar.
Estudo realizado por Xavier, Nunes e Silva (2008) no Núcleo de Atendimento e Práticas
Psicológicas (NAPP) da Universidade Estadual do Ceará, revelou que as principais
consequências do sofrimento acadêmico são o absenteísmo; o desenvolvimento de
esquemas de inibição e apatia, com o intuito de se vincular impessoalmente com a
atividade e evitar influências subjetivas; o sentimento de desajustamento; o estresse; o
esgotamento; a ansiedade; a depressão; a depreciação do eu; e os comportamentos
autodestrutivos.
Ainda sobre as expressões desse sofrimento, Cerchiari, Caetano & Faccenda (2005)
constataram por meio de pesquisa com os cursos de Ciência da Computação, Direito,
Letras e Enfermagem, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e do curso de
Enfermagem da
9656
ROCKWELL et al., 1981), e que esses fatores poderiam influenciar a prevalência de
depressão entre os estudantes.
Nas universidades, tem sido cada vez mais recorrentes notícias de tentativas de suicídio
de alunos que demandam de coordenadores, professores e alunos/colegas ações e
intervenções para acolhimento deste sofrimento ainda cercado de tabus, mitos e
desconhecimento pela maior parte da população.. O suicídio apesar de seus altos
índices ainda é um fenômeno subnotificado e pouco discutido em nossa sociedade.
Pouco tem sido feito para construir políticas de prevenção a este fenômeno, bem como
ainda não foi estruturado um modelo de assistência entre profissionais de saúde para
favorecer uma adequada acolhida àqueles vitimados pela ocorrência de uma tentativa
de suicídio.
Acrescentamos a estas reflexões o fato de este ser um assunto tabu em nossa sociedade
e carente de discussão nas mais diferentes esferas, como: a escola, a mídia e
fundamentalmente, nos currículos e formação de profissionais. Pensar em ações
sistemáticas ao suicídio, em suporte às Universidades é algo urgente, dada a realidade
aqui apresentada e a ausência de políticas de assistência ao suicídio, tanto dentro das
universidades como no âmbito de políticas públicas. Em especial, pelo fato de que falar
em suicídio é pensar na saúde mental da população, nos sofrimentos acometidos pela
humanidade na contemporaneidade, pelo desalojamento existencial que tem
acompanhado a existência humana nos últimos tempos.
9657
Através de ações como esta pode-se suscitar ações continuadas e permanentes de
assistência ao suicídio, bem como, inspirarem a multiplicação de ações, como a aqui
proposta, em outros setores da nossa sociedade.
De acordo com Rocha, Boris e Moreira (2012), o suicídio, num primeiro momento parece
algo absurdo, sem muitas possibilidades de pensá-lo de maneira compreensiva,
entretanto, este é um fenômeno extremamente presente na vida humana, necessitando
de uma aproximação maior que propicie um olhar mais atento a tudo que este (o
suicídio) representa. Sendo para aquele que tenta, e que em algumas vezes pode ter
êxito, para aqueles que idealizam, ou para as pessoas próximas que são
significativamente afetadas.
Cassorla (2004) nos mostra que os jovens podem cometer suicídio como meio de
encontrar uma vida nova, adrenalina, um pedido de ajuda ou ainda para tornar público
9658
que algumas coisas não estão indo muito bem e Kovács (2013) diz que é de extrema
importância discutir o assunto entre os jovens, levantando os dados e tentando
compreender a realidade do fenômeno, para que eles pensem entre eles que
intervenções possam ser executadas e o que eles consideram importante abordar sobre
a temática.
Metodologia
Tais palestras e ações educativas aconteceriam no Campus Natal, Santa Cruz e Caicó
(com o apoio do grupo de estudos do suicídio, criado pela emergência de tal temática
nesta localidade, que vem enfrentando um alto índice de suicídios nos últimos meses).
9659
Pensamos, através desta ação sistemática, criar uma rede de ação ao suicídio dentro da
UFRN para, através disso, criarmos ações futuras que visem a prevenção do suicídio.
Resultados e Discussões
Manejar um suicídio, a sua tentativa ou até mesmo a sua ideação tem sido realidade
frequente na docência do ensino superior. Muitas foram as indagações: como identificar
um aluno em sofrimento? Como abordar um aluno que venha manifestando padecer de
uma dor para além do suportável? O que fazer com a apatia, as ausências? O que fazer
com os colegas que também são impactados pelo sofrimento? Percebemos que
estabelecer um espaço de fala e escuta para os cursos da UFRN tem sido promover um
momento para falar sobre o interditado, sobre um sofrimento escrito nos silêncios
individuais, pelos muitos cantos da universidade. Uma dor que já não é só do aluno, é
do professor, do servidor.
Estes espaços têm sido sensibilizadores para que esta ação se desdobre em outras:
9660
produzimos intervenção junto a alunos ingressando no exercício da docência assistida.
Espaço esse que suscitou a provocação de que este projeto se amplie aos alunos, e que
este debate e informações possam também estar acessível a eles. Esses encontros
proporcionaram o levantamento de questões como a importância do cuidado não só
com os alunos, mas também com os professores e servidores, uma vez que eles também
sofrem com a demanda acadêmica e por não saberem o que fazer quando um aluno
chega em sofrimento até eles, quais recursos eles dispõem para ajudar ou como
encaminhá-los.
Estamos em curso com um planejamento para cursos que ainda queremos abordar tanto
em Natal, como em Santa Cruz e Caicó. A maior dificuldade tem sido fazer com que os
professores reconheçam a importância de comparecer em um momento como este. Os
próprios docentes que participaram das primeiras intervenções feitas pelo projeto de
extensão ratificaram a importância de expandir nosso alcance, uma vez que a maioria
dos professores que perpetuam comportamentos tomados pelos alunos como geradores
de sofrimento não comparecem ou não se importam em discutir o tema, quando a
possibilidade se apresenta.
Esperamos com tais atividades articuladas permitir que o suicídio seja melhor
compreendido pela comunidade acadêmica, a qual, na maioria dos casos, tem o contato
inicial com os alunos que sofrem seja pela ideação ou pela tentativa de suicídio. Para
além disso, esperamos também contribuir com a assistência, e acolhida àqueles que
vivenciam este sofrimento através da intervenção nomeada como Plantão psicológico.
Intentamos ainda, através desta ação, construirmos uma cartilha que possa ser
partilhada objetivando informar para poder prevenir o suicídio. Por tal motivo a ação se
estende aos demais campus da UFRN, incluindo os de interior.
Considerações Finais
Falar sobre o suicídio e construir espaços de diálogo e debate sobre esta temática é
perceber o quanto ela ainda é tabu em nossa sociedade. A Universidade, em sua
ampliação e democratização de vagas, se mostra como uma representação absoluta da
sociedade, com ela se apresentam também todas as problemáticas nela presentes:
dificuldades econômicas, de acesso à saúde, moradia, suporte familiar, e,
fundamentalmente, os sofrimentos psíquicos, físicos vividos pela população, são
9661
contingências presentes no processo de ensino-aprendizagem. Se é aluno por inteiro,
carregando seu mundo para seu modo de ser aluno.
Referências:
http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2013/7352_4882.pdf
9662
CERCHIARI, E., CAETANO, D. & FACCENDA, O. (2005). Utilização do Serviço de Saúde
Mental em uma universidade pública. Psicologia Ciência e Profissão, 25 (2), 252-265.
DUTRA, E.M. (1999). Epidemiologia das tentativas de suicídio no Rio Grande do Norte.
Relatório não publicado.Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande
do Norte.
DUTRA, E. M (2002) Suicídio de universitários: o vazio existencial de jovens na
contemporaneidade Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. 12, núm. 3, septiembre-
diciembre, 2012, pp. 924-937 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. KOVÁCS, M.
(2013). Revisão crítica sobre conflitos éticos envolvidos na situação de suicídio. Revista
Psicologia: Teoria E Prática, 15(3), 69 - 82.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Prevenção do suicídio: um manual para
RIMMER J, HALIKAS J.A., SHUCKIT M.A. Prevalence and incidence of psychiatric illness in
college students: a four year prospective study. J Amer Coll Health, 30: 207-11, 1982.
ROCHA, M., BORIS, G., MOREIRA, V. (2012). A experiência suicida numa perspectiva
humanista-fenomenológica. Revista Da Abordagem Gestáltica, XVIII(1), 69 - 78.
ROSS, M. Suicide among physicians a psychological study. Dis Nerv Syst, 31: 145-50,
1973.
9663
COMUNICAÇÃO E SAÚDE: ESTRATÉGIAS DE EDUCOMUNICAÇÃO NO COMBATE À
ARBOVIROSES
RESUMO
1
Professora da Faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, com plano de
extensão aprovado para o biênio 2018-2019. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica
de Campinas. E-mail: cicatoledo@puc-campinas.edu.br
9664
humanísticocristã, ética e profissional da aluna bolsista e alunos voluntários da
Faculdade de Jornalismo, envolvidos no projeto.
INTRODUÇÃO
O projeto de extensão propos uma capacitação aos Agentes de Saúde que atuam nos 13
centros de saúde do Distrito Noroeste de Campinas, que atendem 25 bairros periféricos
da cidade. A população atendida pelos serviços de saúde do Distrito Noroeste trabalha
predominantemente nas regiões Leste e Norte de Campinas, pertence à classe
socioeconômica B e C e é estimada em 155.996 mil habitantes, segundo dados do IBGE.
O projeto teve como objetivos específicos oferecer formação técnica e teórica para os
Agentes de Saúde sobre a comunicação jornalística, visando capacitá-los para maior
2
A Organização Mundial da Saúde define saúde como o completo estado de bem-estar físico, mental e
social, e não simplesmente a ausência de enfermidade.
9665
compreensão e entendimento das notícias veiculadas na mídia sobre o combate à
dengue; produzir uma cartilha com orientações para uma comunicação e um
relacionamento mais eficaz; refletir sobre práticas de abordagem e comunicação com a
população e capacitá-los para que sejam multiplicadores das experiências vividas e dos
conhecimentos adquiridos, ao término do projeto de extensão.
O projeto justificou-se pelo momento social vivido pelo Brasil. Diante das drásticas
transformações socioeconômicas, demográficas e epidemiológicas do País, a
administração pública tem um novo desafio à frente: encontrar estratégias para
conscientizar a população da importância da prevenção no combate ao mosquito da
dengue. Quem faz a ponte entre o sistema de saúde e a população é o Agente de Saúde
e por isso é fundamental que esse profissional esteja capacitado não apenas de
informações técnicas sobre o mosquito transmissor e a doença, mas também de
habilidades comunicacionais que possam interferir no seu relacionamento com a
comunidade.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO
A comunicação é uma das principais ferramentas de todas as profissões. Por ser um ato
espontâneo e natural ao ser humano, muitos profissionais acreditam ter uma
comunicação eficiente nas suas relações. Mas a comunicação é um ato complexo, que se
organiza dentro de um sistema altamente influenciável por situações internas e
externas. Um dos principais modelos que explicam o processo de comunicação é o que
tem o foco no fluxo de comunicação. Neste modelo, a comunicação dá-se por etapas
que começa com o emissor da mensagem. Codificada em alguma forma simbólica, a
mensagem é transmitida por algum suporte ou meio e enviada por um canal físico, que
sofre a influência de ruídos (interferências) até ser recebida fisicamente por alguém.
9666
reativo, o receptor recebe as mensagens que lhe chegam e reage
a elas. E no comportamento proativo, o receptor procura ou prova
a emissão da informação que ele deseja. Em certos casos, ele
emite, por sua vez, estímulos para provocar a manifestação da
fonte (SCHULER, 2004, p. 20).
Na relação entre emissor e receptor, quanto mais sinergia existir entre os elementos e
processos envolvidos, mas eficiente será a comunicação. Segundo Schuler, vários fatores
podem interferir na qualidade do processo, como a desadequação entre o canal e a
mensagem, ou entre o emissor e a mensagem. Para ele, é importante que haja
adequação entre o emissor e o canal, entre o canal e o receptor e entre a mensagem e o
receptor. Na comunicação interpessoal, existem fatores que podem interferir na sua
eficácia, como as habilidades de comunicação, as atitudes, o nível de conhecimento e o
sistema sociocultural do emissor. Na opinião de Pinho (2006),
Na mesma linha de raciocínio estão as atitudes do emissor, que tanto podem convencer
o receptor de sua mensagem como fazê-lo duvidar do que está sendo dito ou escrito. O
nível de atitude começa com o próprio emissor, depois avança para o assunto e
finalmente termina no receptor, no público. Há também o nível de conhecimento do
emissor, que pode interferir no processo da comunicação. Para Pinho, pode estender-se
a três níveis: o domínio do assunto propriamente dito, do público com quem vai se
relacionar e o conhecimento sobre o processo da comunicação.
9667
As atitudes do emissor afetam a comunicação em pelo menos três
formas: 1) na atitude para consigo mesmo; 2) na atitude pra com
o assunto e3) na atitude para com o receptor. Ao deparar com o
público que vai assistir a uma palestra que irá proferir, o emissor
pode, para cada forma exposta: 1) ficar nervoso por duvidar da
sua capacidade de enfrentar o auditório; 2) não acreditar na
relevância do assunto que irá expor e 3) perceber a sua audiência
como inferior (PINHO, 2006, p. 49).
Por fim, o sistema sociocultural em que está inserido o emissor também influenciar sua
comunicação com os pares. A função desempenhada, as crenças e valores, tudo
repercutirá nas suas mensagens e relações. “O sistema sociocultural determina, em
parte, a escolha das palavras, os objetivos que pessoas têm na sua comunicação, os
canais que usam para esta ou aquela mensagem”. (PINHO, 2006, p. 50).
A mensagem também está sujeita a ser interpretada pelo receptor com eficácia ou
descaso. Há fatores que influenciam a qualidade da mensagem, como o código, o
conteúdo e o tratamento. Entende-se código como o mesmo grupo de signos entre
emissor e receptor; as mensagens devem ser dispostas de forma ordenada e coerente e
o tratamento é o que adequada a mensagem ao perfil do público. Há também fatores
que afetam a fidelidade do canal utilizado para enviar a mensagem.
Para Pinho,
A seleção do canal do canal é determinante por muitos fatores,
como conteúdo, código e tratamento da mensagem. O receptor
deve ser considerado: ele pode decodificar a mensagem pela
visão, pelo ouvido ou pelo tato? Quanto ao emissor, como ele se
9668
comunica melhor: falando, escrevendo ou demonstrando
fisicamente. (PINHO, 2006, p. 51).
Mas para estudiosos como Morin (2000) e Freire (2014), a comunicação vai além de
processos e habilidades, de tecnologias e sistemas de informação. Para Morin (2000), a
comunicação não garante a compreensão, que é vital para a educação. “A informação, se
for bem transmitida e compreendida, traz inteligibilidade, condição primeira necessária,
mas não suficiente, para a compreensão”. (MORIN, 2000, p. 94).
9669
setting3, que atribui à mídia os temas sobre os quais o público falará ou discutirá, a
abordagem a relevância e a intensidade da cobertura de um fato.
Para Reis4, ainda que a mídia tenha um papel importante na divulgação de informações
à sociedade, fornecendo dados públicos de órgãos da saúde, a comunicação mais
importante com o usuário é a que se faz fora da mídia.
Podemos dizer que a mídia traz para a sociedade temas que lhe
interessam serem „discutidos‟, principalmente nas áreas política,
econômica, social da educação e saúde. Ela é um grande
“emissor” e os leitores, ouvintes, expectadores os inúmeros
“receptores‟ (REIS, 2000, p.18).
A partir dessa análise e dos interesses editoriais, políticos e comerciais dos veículos de
comunicação, é menor a probabilidade de uma mediação entre a imprensa e o usuário
do serviço público do que a promovida pela comunicação interpessoal. Por meio da
comunicação interpessoal - entre pessoas, usualmente interagindo frente a frente, face
a face - os Agentes de Saúde podem trocar informações e experiências com o usuário e,
assim, promover a comunicação. A resposta desse tipo de comunicação é imediata e
realimenta a troca de informações entre o funcionário do serviço público e o usuário,
que tem a oportunidade de expor sua opinião, tirar dúvidas e se manifestar no momento
exato da comunicação. Isso não acontece com a comunicação de massa.
Reis alerta:
As mídias podem proceder à difusão de dados públicos e, no
máximo, encorajar a interatividade dos diálogos com as
instituições públicas, mas, raramente, contribuir para a análise
direta de questões complexas. A comunicação mais importante é
aquela que se faz fora da mídia, na qual o usuário do serviço
3
Teoria da Comunicação formulada por Maxwell McCombs e Donald Shaw nos anos 70. Críticos dessa
teoria dizem que a mídia não apenas seleciona o que deve ser noticiado em função de interesses
ideológicos, políticos e comerciais, como também manipulam o público a como pensar sobre aquele
assunto.
4
Devani Salomão de Moura Reis é pesquisadora é jornalista, especialista em Docência em Ensino
Superior, mestre e doutora em Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo (ECA/USP). É Consultora de Comunicação da Associação Médica do Instituto de Assistência
Médica ao Servidor Público Estadual e editora do jornal da Associação.
9670
público tem a oportunidade de expor sua opinião sobre os
serviços oferecidos. (REIS, 2000, p. 18).
Além da escolha do canal mais eficiente para mediar as relações entre os Agentes de
Saúde o usuário do serviço, é necessário que as mensagens e os canais utilizados sejam
adequados. Para Dimbley & Burton (1990, p. 32), “o sentido do mundo... repousa sobre
quatro pontos importantes: em que acreditamos, o que pensamos de nós mesmos, o que
pensamos a respeito do nosso relacionamento com os outros e o que nós pensamos
sobre a realidade”.
9671
grau de atenção do público será diretamente proporcional ao grau
de envolvimento das pessoas com o assunto veiculado (REIS,
2000, p.19).
A partir das reflexões de Morin (2000), Freire (2014) e Reis (2000), percebe-se a
possibilidade de ampliar o campo das mediações com a educomunicação, que propõe a
criação de novos modelos de relação pedagógica e comunicativa para o convívio, a
produção de conhecimento e a implantação de projetos colaborativos. A
educomunicação compreende aspectos de formação de seus atores para a mídia e pela
mídia. Cientes do processo de produção da mídia, os atores podem atuar como sujeitos
produtores de informações e também podem usar a imprensa para uma reflexão da
realidade social em que estão inseridos. Para Soares5 (2000), “é preciso criar novos
modelos de relação pedagógica e comunicativa para que os adultos ensinem não o que
os jovens devem aprender, mas como devem fazê-lo e não como devem comprometer-
se, mas qual é o valor do compromisso”.
METODOLOGIA
5
O pesquisador é coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) do Departamento de
Comunicações e Artes da ECA-USP. É vice-presidente (regional) do World Council.
9672
condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende
ensina ao aprender”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
9673
oficinas, a importância da entrevista, da escuta e da redação. Os textos eram redigidos
pelos agentes de saúde e encaminhados à docente extensionista, para a correção
gramatical e edição final. As ilustrações e fotos também foram produzidas pelos agentes
de saúde.
9674
Todas as decisões referentes às atividades das oficinas e definição dos produtos
informativos foram discutidas e definidas com os agentes de saúde. Graças à
metodologia selecionada – a educomunicação – foi possível planejar uma série de
atividades envolvendo o público-alvo, a docente extensionista, as alunas bolsistas e os
alunos voluntários. Desse modo, os agentes de saúde puderem receber capacitação na
sua comunicação interpessoal, bem como na produção dos jornais murais,
minidocumentários e a cartilha.
As temáticas das oficinas foram apresentadas aos agentes de saúde nos primeiros
encontros e se adequaram ao longo do período frente às demandas trazidas por estes
profissionais. Durante as oficinas, graças à confiança estabelecida entre os agentes de
saúde e a docente extensionista, foi possível relatar situações críticas vividas por estes
profissionais com alguns moradores e esses relatos serviram para a discussão de
condutas e de práticas comunicativas mais assertivas para combater o problema. A
maior crítica apresentada pelos agentes de saúde durante os dois anos de vigência do
projeto de extensão foi a resistência de uma considerável parcela da população quanto
à mudança de hábitos nocivos à saúde, particularmente no que diz respeito ao combate
e prevenção de arboviroses, como a dengue.
Um dos temas recorrentes nos encontros foi a importância das visitas domiciliares dos
agentes de saúde à comunidade. A atividade exige do profissional sensibilidade e
capacidade de estabelecer uma relação de confiança com a família. Mais uma vez as
oficinas serviram para esse tipo de discussão, reflexão e ação.
A partir dos relatos e discussões dos agentes de saúde, foi possível avaliar as situações-
problema e de risco que dificultam e conturbam as ações rotineiras do trabalho desses
profissionais e as dificuldades encontradas na sua comunicação e relacionamento com a
população.
9675
Por meio da capacitação de comunicação, os Agentes de Saúde tiveram a oportunidade
de ampliar seu repertório quando ao processo da comunicação, particularmente da
comunicação interpessoal. Também puderam avaliar suas práticas e socializar
experiências com seus pares. Foram realizados questionários de avaliação ao término de
cada ano do projeto para a docente mensurar a eficácia do trabalho. Os resultados
apontaram melhoria na qualificação dos atendimentos do público-alvo do projeto.
Cada produto teve um objetivo específico. Os jornais murais foram planejados para
atingir a população dos Centros de Saúde; os minidocumentários, que foram veiculados
nas redes sociais, pretenderam valorizar o trabalho dos agentes de saúde e, a cartilha,
foi idealizada para servir de material de apoio e leitura dos agentes de saúde. Foram
produzidos 35 jornais murais e seis minidocumentários em 2016 e 2017, além da
cartilha de comunicação. Essa produção é satisfatória e revela um impacto positivo
junto ao públicoalvo.
As oficinas também possibilitaram aos agentes perceber seu papel de educador, sempre
visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população. Assim, sem julgar
a cultura, crenças e outras características da população atendida, os agentes levaram às
oficinas situações peculiares do seu dia a dia, dúvidas e dificuldades enfrentadas.
9676
Diretamente envolveram-se no projeto de extensão até o seu término cerca de 40
agentes de saúde. Indiretamente foram beneficiadas aproximadamente 120 mil pessoas
moradoras no Distrito Noroeste, que são atendidas nas UBS e pelas atividades do
público-alvo.
Segundo informações das coordenadoras das UBS, os agentes de saúde tiveram uma
melhora no processo de abordagem e comunicação com o usuário. Eles aprenderam a
elencar conteúdos, realizar vídeos, materiais didáticos com fácil comunicação para
entendimento da população e melhora na forma de abordagem da clientela.
O contato com a realidade dos agentes de saúde – tanto nas oficinas como nas visitas à
comunidade – foi enriquecedor à docente e alunos. Na elaboração dos tutoriais dos
jornais murais, minidocumentários e cartilha, os estudantes exercitaram o conhecimento
específico na produção dos produtos, bem como a comunicação e o relacionamento com
o público-alvo.
REFERÊNCIAS
BORG, James. A arte da persuasão: consiga tudo o que quer sem precisar pedir; (tradução
Gustavo Mesquita). São Paulo: Saraiva, 2011.
DIMBLEBY, Richard. Mais do que palavras: uma introdução à comunicação; (tradução Plínio
Cabral). São Paulo: Summus, 1990.
9677
9678
PROJETO DESABROCHAR: RESSIGNIFICANDO A PAUSA
Fabiana Lima Silva1; Daniella Cristina de Sá Carneiro Costa Linhares2; Andréia Lucynara
dos Santos Lima3; Gabriela Riann Silva Machado4; Naama Souza Maia5; Shênia Maria
Felício Felix6; Cecília Maria Bezerra Freire Campos7; Nadja Vanessa de Almeida Ferraz8;
Edinara Lina de Oliveira9; Ana Paula Ferreira de Souza10; Hanna Lettícia Oliveira Lima11;
Thiago Chagas da Costa12; Aline Nascimento de Assunção13; Maria Luíza da Silva
Santos14; Denise Soares de Almeida15.
1
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH). Psicóloga Hospitalar.
2
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH). Psicóloga Hospitalar.
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana
Bezerra (HUAB). Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil
(HUAB/UFRN).
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana
Bezerra (HUAB). Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil
(HUAB/UFRN).
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana
Bezerra (HUAB). Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil
(HUAB/UFRN).
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana
Bezerra (HUAB).
Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil (HUAB/UFRN).
7
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH). Terapeuta Ocupacional.
9679
8
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH). Fisioterapeuta.
9
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH).
Assistente Social.
10
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH).
Enfermeira.
11
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) / Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) Graduanda de Psicologia e bolsista do projeto. PROEX/FAEX.
12
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) / Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) Graduando de Fisioterapia e bolsista do projeto.
PROEX/FAEX.
13
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) / Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) Graduanda de Enfermagem e voluntária do projeto.
14
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) / Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) Graduanda de Fisioterapia e voluntária do projeto.
15
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH). Psicóloga Hospitalar.
Resumo
Introdução: O climatério é um marco biológico na vida da mulher, caracterizado pela
transição do final do período reprodutivo para o não reprodutivo. Tal estado vem
permeado de mudanças significativas nos mais amplos espectros, sejam eles biológico,
psicológico e/ou social.
Objetivo: Apresentar as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão
“Desabrochar:
9680
possibilitando uma ampliação do conhecimento sobre as fases da vida da mulher,
especialmente sobre o climatério, suscitando ainda a expressão de suas experiências e
Introdução
Diante da perspectiva do envelhecimento da população, e considerando que a
sobrevida das mulheres é, em regra, maior, a questão do envelhecimento da mulher
torna-se indispensável, havendo ainda todo um estigma relacionado ao tema (Leal,
2015). Diante disso, e ponderando que a maior parte da população brasileira é composta
por mulheres, além de serem as principais usuárias do Sistema único de Saúde (SUS), é
relevante pensar a saúde da mulher de uma maneira ampla, abarcando a
multidimensionalidade da vida a ela atrelada, como fatores históricos, sociais,
ambientais, pessoais entre outros (Ministério da Saúde, 2008).
9681
por diversos fatores (Freitas, Silva e Silva, 2004), e que pode ter profunda repercussão
na sua saúde e rotina de vida. Tratar desse tema, no âmbito acadêmico e nos diferentes
contextos de vivência da mulher, em especial nos espaços e práticas de saúde, a partir
de uma perspectiva multi e interdisciplinar advém do reconhecimento e da relevância
da promoção da integralidade no cuidado a essas mulheres.
9682
mulher em sociedade, e de como elas percebem esse evento, quanto aos aspectos
positivos ou negativos das suas experiências.
9683
visão ampliada das experiências nesta fase, entendendo o climatério a partir de uma
nova percepção. Além disso, buscou ofertar uma atenção integral, envolvendo no
processo de cuidado uma equipe multiprofissional, de modo a melhor atender essas
mulheres, através de ações de fortalecimento e humanização das práticas em saúde.
9684
adequadas; desenvolvimento de temas relevantes ao conhecimento das mulheres,
frente à vivência do climatério, promovendo informações, conhecimento, orientações,
apoio e intervenções relevantes ao grupo; realização de uma ação integral,
interdisciplinar; bem como também favorecer a construção de conhecimentos e troca de
experiências entre profissionais e residentes do Hospital Universitário Ana Bezerra,
graduandos da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA/UFRN) e outros
profissionais da rede da região, e comunidade. Ademais, vem oportunizando a produção
e disseminação de conhecimentos, favorecendo à construção de trabalhos científicos e
divulgação das experiências conjuntas.
Metodologia
O projeto foi desenvolvido no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB), na
cidade de Santa Cruz/RN, com mulheres que estão em acompanhamento no ambulatório
de climatério do referido hospital. Foi oferecido o acompanhamento sistemático
interdisciplinar, em grupo, buscando promover uma atenção integral à saúde de
mulheres em vivência de climatério, realizando escuta, desenvolvendo atividades
terapêuticas e educativas, promovendo reflexão, apoio e intervenções, contando com
equipe composta de psicóloga, nutricionista, fisioterapeuta, enfermeira, odontólogo,
farmacêutico e assistente social.
9685
● Cine encontro - curta metragem exibido contendo diversos temas do universo
feminino;
● Alterações do climatério que influenciam na memória;
● Exercitando a memória;
● Sexualidade no climatério;
● Nutrição no período do climatério;
● Tratamentos e utilização de medicamentos;
● Reposição hormonal e seus dilemas;
● Higiene Bucal e reposição de Cálcio;
● Conhecendo o corpo: as práticas de exercício físico no período do climatério;
● Práticas de alongamento e relaxamento;
● Terapia manual;
● Mudanças psíquicas no período do climatério; ● Avaliação e encerramento do
projeto.
Além dessas atividades, foi aplicada a Escala de Satisfação com a Vida, adaptada
para a realidade do grupo, no intuito de verificar a satisfação das participantes com a
experiência vivenciada a partir do grupo.
Resultados e discussões
A proposta em questão propiciou às mulheres participantes uma maior
compreensão sobre o climatério, de maneira integral, sendo disponibilizado um espaço
onde foi possível expressar suas dúvidas, experiências, sentimentos e dificuldades. Foi
possível também proporcionar a aquisição de novos conhecimentos mediante as
orientações, intervenções, palestras e rodas de conversa desenvolvidos pela equipe
multiprofissional. Dessa forma, permitiu auxiliar a vivência desse período sob uma nova
ótica, contribuindo para o esclarecimento de dúvidas individuais e coletivas surgidas no
grupo.
9686
Os aspectos trazidos acima só reforçam o que a literatura sobre o tema já vem
indicando e discutindo, no que se refere à vivência singular desses sintomas. Brasil
(2008) afirma que diversidade desses sintomas, assim como destacado pelas mulheres
do grupo, variam em intensidade e diversidade para cada mulher. Em relação a
necessidade de desmistificar essa fase, ela deve ser compreendida como uma fase
natural, e não um adoecimento, muito embora a mulher possa encontrar dificuldades
diante da sintomatologia, que pode gerar alterações na rotina, com novas limitações e
possibilidades para as mulheres na vivencia desse processo (Brasil, 2008).
9687
realização de uma ação integral, interdisciplinar, além de favorecer a construção de
conhecimentos e troca de experiências entre profissionais, residentes, graduandos e
comunidade.
Considerações finais
O projeto se mostrou como um importante serviço às mulheres climatéricas,
possibilitando uma ampliação do conhecimento delas sobre as fases da vida da mulher
e questões de saúde implicadas, especialmente ao climatério. Com isso, suscitou a
expressão de experiências singulares e coletivas, criando-se um espaço de escuta
qualificada, promoção de saúde e de cuidados preventivos.
9688
políticas públicas voltadas à mulher, assim como um conhecimento a ser ainda mais
trabalhado e articulado em rede.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
FREITAS, K.M.; SILVA, A.R.V.; SILVA, R.M. Mulheres vivenciando o climatério. Acta
Scientiarum – Health Sciences, v.26, n.1, p.121-128, 2004.
9689
LEAL, I. A evolução da intervenção clínica relacionada à mulher. In: Rudnicki, T.; RAMOS,
C.; PATRÃO, I.; PIMENTA, F. (et al) Ciclo de vida da mulher: intervenção
cognitivocomportamental na saúde e na doença. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2015.
PAPALIA, D.E.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 2013.
climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidade. Saude soc., São Paulo,
v.19, n. 2, p. 273-285, Junho, 2010.
ZAMPIERI, M.F.M. (et al). O processo de viver e ser saudável das mulheres no climatério.
Escola Anna Nery Rev. Enfermagem, 13(2): 305-312, 2009.
9690
PROJETO MÃE CIDADÃ: CUIDANDO INTEGRALMENTE DAS GESTANTES DO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO ANA BEZERRA
Autores: Fabiana Lima Silva1; Daniella Cristina de Sá Carneiro Costa Linhares2; Andréia
Lucynara dos Santos Lima3; Elaynne Albino da Silva4; Gabriela Riann Silva Machado5;
Naama Souza Maia6; Shênia Maria Felício Felix7; Cecília Maria Bezerra Freire Campos8;
Nadja Vanessa de Almeida Ferraz910; Marly Santiago de Araújo10; Denise Soares de
Almeida1112; Maria Luíza da Silva Santos12
1
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Psicóloga Hospitalar.
2
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Psicóloga Hospitalar.
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB).
Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil (HUAB/UFRN).
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB).
Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil (HUAB/UFRN).
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB).
Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil (HUAB/UFRN).
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB).
Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil (HUAB/UFRN).
7
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) / Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB).
Residente no Programa de Residência em Assistência Materno-Infantil (HUAB/UFRN).
8
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Terapeuta Ocupacional.
9
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Fisioterapeuta.
10
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Assistente Social.
11
Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Psicóloga Hospitalar.
12
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) / Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) Graduanda de Fisioterapia e bolsista do projeto. PROEX.
9691
Resumo: A gestação caracteriza-se como um processo complexo e significativo na vida
da mulher, de seu/sua cônjuge e familiares; tal período é marcado por intensas
mudanças e adaptações, sejam elas fisiológicas, psicológicas, emocionais, sociais,
econômicas, dentre outras, que permeiam a relação da gestante e do seu entorno com a
gravidez. Novos cuidados tornam-se necessários, acompanhamentos periódicos com a
equipe de saúde presentificam-se na rotina, ainda mais quando se fala em uma gestação
de alto risco, que são aquelas com maior probabilidade de agravos à saúde da mãe-bebê
durante o ciclo gravídico-puerperal. Pretendese aqui discutir as vivências do projeto de
extensão “Mãe Cidadã: Cuidando Integralmente das Gestantes”. O projeto ofertou
atendimento multidisciplinar, em grupo às gestantes de alto risco, em um hospital
universitário (HU) do interior do Rio Grande do Norte. Foram realizados 25 encontros,
entre maio e dezembro de 2017. Os encontros aconteceram semanalmente, com
temáticas pré-definidas. Quanto aos resultados observou-se apropriação pelas
gestantes/puérperas dos direitos sociais concernentes a assistência ao pré parto, parto e
pós parto; vinculação das usuárias aos profissionais da instituição e ao serviço antes da
entrada em trabalho de parto; maior interação da equipe de saúde a partir de uma
proposta de trabalho centralizada no humano e nas suas necessidades de saúde com
vistas a integralidade da atenção; e a aproximação da instituição formadora com a
comunidade envolvida. A atenção integral à saúde da mulher durante o ciclo gravídico-
puerperal é um ponto crucial do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento;
inserindo-se nessa empreitada, o presente projeto mostra a sua relevância ao ofertar
serviço de qualidade, especializado e multiprofissional às gestantes e seus
acompanhantes, favorecendo um ambiente de construção e ampliação de
conhecimentos acerca da gravidez e puerpério.
Introdução
O gestar é um processo, individual e social, que traz consigo mudanças físicas,
emocionais, sociais, culturais e espirituais. A gravidez é um período de transição que
pode fazer parte do processo de desenvolvimento de um casal/família, desta forma, a
maternidade e a paternidade são momentos existenciais de grande importância no ciclo
vital de mulheres e homens. É também durante esse período que se inicia a formação do
vínculo pais-filho e a reestruturação da dinâmica familiar (MALDONADO, 2005).
9692
Nas últimas décadas, os aspectos psicológicos do ciclo grávido-puerperal e, sobretudo,
as pesquisas sobre a percepção e as capacidades sensoriais do feto e do recém-nascido
cresceram enormemente (MALDONADO, 2005). Compreende-se que a vivência da
gestação se caracteriza por um processo extremamente complexo, dinâmico, subjetivo e
diversificado, podendo ser individual e social. Não é apenas um evento biológico, uma
vez que envolve transformações fisiológicas, psicológicas, sociais, econômicas, culturais,
espirituais e alterações de papéis, implicando na aceitação ou não da gravidez. É uma
experiência única, que se estende ao companheiro, família e sociedade (MALDONADO,
2005; MORON e BORTOLETTI et al, 2007).
9693
Partindo dessa perspectiva, na chegada aos serviços de saúde, os sujeitos trazem
demandas que podem se apresentar como buscas específicas por intervenções, cabendo
a equipe, a partir da oferta do cuidado integral, a identificação dessas necessidades
trazidas dentro dessas demandas, como diz Cecílio (2001, p. 4):
Dentro dessa lógica, a atenção integral à saúde, como prerrogativa das práticas de
humanização se entende como fundamental a atuação dentro dessa perspectiva, que
proporcione o acolhimento dessas demandas trazidas pelos sujeitos, no intuito de
promover ações que atendam ou busquem ofertar maior amplitude da integralidade dos
serviços de saúde.
9694
entre estes atores, visando um novo tipo de interação entre eles, fomentando amplo
protagonismo (BRASIL, 2004).
9695
multiprofissional, dentro da rede de saúde, se torna uma possibilidade de assistir de
forma mais integral e articulada a esses sujeitos.
Pensando sobre essa visão que parte somente de uma área de conhecimento, Rebello e
Rebello e Rodrigues Neto (2012) também identificaram uma maior ênfase dada ao
acolhimento, que envolve também, o fornecimento de informações, atenção às
necessidades individuais e melhora da relação profissional-usuário, notando-se ainda, o
reconhecimento do parto como um evento fisiológico que necessita de menor
intervenção e a importância do envolvimento de profissionais não médicos, sendo esse
um olhar que valoriza e reafirma a importância do trabalho e do cuidado compartilhado.
9696
Desta forma, dentro da perspectiva da humanização da assistência à saúde, bem como
do seu papel formador, o Hospital Universitário Ana Bezerra/HUAB possui como missão
institucional “prestar assistência materno-infantil qualificada e humanizada, de
referência regional, servindo a um ensino voltado para uma formação cidadã”. Com o
intento de concretizar tal missão, o referido hospital aderiu ao sistema de alojamento
conjunto, incentivo ao aleitamento materno (Hospital Amigo da Criança desde 1996) e
ao parto humanizado (Prêmio Galba de Araújo no ano 2000). Sendo reconhecido pela
Fundação Banco do Brasil como hospital que realiza tecnologia social. Por isso, a
humanização hospitalar nesta instituição é uma realidade desde 1996 e,
constantemente encara novos desafios para garantir uma assistência de qualidade,
respeitando os princípios do SUS.
9697
município, por entender que a gestação é um período de crise e mudanças para a
maioria das mulheres.
Diante do exposto, o presente projeto se justifica pela importante contribuição que será
dada à atenção pré-natal da região do Trairí; pelo cenário de prática ímpar possibilitado
aos alunos de graduação dos cursos já mencionados e pós-graduação através dos
programas de residência; o fomento a práticas de educação permanente em saúde que
possibilitam maior apropriação e reflexão dos profissionais quanto o exercício
profissional cotidiano; o incentivo a experiência de atuação em equipe interdisciplinar
na perspectiva da integralidade; a promoção de produções científicas; e a aproximação
entre a comunidade e a instituição formadora/assistencial.
Metodologia
O Projeto MÃE CIDADÃ teve como público alvo as gestantes que realizaram pré-natal de
alto risco no ambulatório do HUAB, bem como, as gestantes de risco habitual, que
realizaram pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde do Município, assim como seus
familiares e acompanhantes. Foram realizados encontros semanais, com a realização de
atividades de cunho preventivo, educativo e terapêutico, abordando temas de interesse
à vivência materna, ao parto e ao nascimento, sendo aberta à participação para
gestantes em qualquer idade gestacional.
9698
conversa, palestras educativas, atividades práticas, jogos educativos e oficinas
terapêuticas.
Resultados e discussões
Foram realizadas 25 atividades, entre maio e dezembro de 2017, corroborando com
as propostas sugeridas no campo metodológico, sendo promovidas no Hospital
Universitário Ana Bezerra (HUAB) com colaboração da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte/Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (UFRN/FACISA). Foram
assistidas 130 gestantes nas atividades em grupo, realizadas 20 avaliações
multiprofissionais individuais e cinco encaminhamentos.
Nesta perspectiva, seguindo aquilo que é previsto no SUS como pressupostos para
garantia do atendimento qualificado como a equidade, a integralidade e a participação
da comunidade, este projeto atingiu os objetivos propostos, tendo como principais
9699
resultados: a maior apropriação pelas gestantes/puérperas quanto aos direitos sociais
concernentes a assistência ao pré parto, parto e pós parto; e notou-se que a vinculação
das usuárias aos profissionais da instituição e ao serviço antes da entrada em trabalho
de parto foi extremamente relevante do ponto de vista do construção de confiança e
laços de afeto com a equipe envolvida nos cuidados.
9700
Considerações Finais
A partir da nossa vivência e dos relatos dos participantes, percebe-se que o projeto Mãe
Cidadã possibilitou um novo cuidado à assistência à mulher no período gravídico
puerperal, bem como, sensibilizou os graduandos, residentes e profissionais da
Instituição para a relevância do trabalho em equipe e o cuidado integral. É relevante
destacar também a importância do projeto para a formação dos atores envolvidos
(graduandos e residentes), possibilitando aos acadêmicos atuar nos diversos eixos
temáticos oferecidos pelo projeto político-pedagógico dos cursos e residências, dentre
eles a educação para a saúde e cidadania, levando em consideração o contexto
sociocultural da população, além da promoção da saúde nos vários níveis de
complexidade.
Destarte, esperamos que mais iniciativas como essas sejam possíveis na perspectiva de
fortalecimento do SUS que queremos.
Referências
ALBUQUERQUE, V. S. et al. A Integração Ensino-serviço no Contexto dos Processos de
Mudança na Formação Superior dos Profissionais da Saúde. Revista Brasileira de
Educação Médica, vol. 32, n. 3, p. 356-362, 2008.
9701
BRASIL. Ministério da Saúde, Gestação de alto risco: manual técnico. 5. ed. Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2010. 302 p.
9702
REBELLO, M. T. M. P.; RODRIGUES NETO, J. F. A Humanização da Assistência ao Parto na
Percepção de Estudantes de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, vol. 36, n.
2, p. 188-197, 2012.
9703
A REINSERÇÃO SOCIAL, FAMILIAR E NO TRABALHO DE USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Resumo
Os motivos que levam uma pessoa a adotar as ruas como seu espaço de moradia é algo
instigante e que engendra múltiplos sentidos, pois trata-se de um fenômeno complexo,
que envolve aspectos tanto sociais como emocionais. Apesar da polissemia que cerca
esta questão o interesse pela população em situação de rua no Brasil é bastante
recente, data do início dos anos de 2000, em que mobilizações sociais resultaram na
construção de políticas públicas voltadas a este público, com o intuito de assegurar a
garantia de direitos e a criação de serviços especializados. O presente trabalho de
extensão se dirige a um serviço de acolhimento institucional destinado a este segmento
da população brasileira e tem como objetivo que a equipe universitária auxilie a equipe
técnica do serviço, no que se refere a reinserção social, familiar e no trabalho de seus
acolhidos. Para o cumprimento deste objetivo são oferecidos ao público-alvo oficinas
temáticas que tratam de três grandes eixos, a saber: políticas públicas que cercam a
questão, manejo com os usuários do serviço de acolhimento e fortalecimento da rede de
cuidados. Os encontros acontecem uma vez por semana, na sede do serviço e tem
duração de 90 minutos. Os temas são apresentados como disparadores, pois os
conhecimentos advindos da academia (obedientes ao rigor científico) são alinhados ao
saber do público-alvo resultando em um saber compartilhado. Este conhecimento
9704
produzido instrumentaliza a equipe do serviço de acolhimento institucional a reinserir
os usuários na convivência familiar, social e no trabalho, promovendo saúde.
Introdução
9705
Todos estes fatores levam a vivências de bem-estar e realização, que podem ser
traduzidas como promoção de saúde.
E finalmente, esta proposta é pertinente já que o alcance de seus objetivos além
de produz a promoção de saúde possui um importante impacto social, ao garantir a
proteção integral a pessoa humana, a diminuição do número de pessoas em situação de
rua em Vinhedo e a interrupção de situações de violência decorrente da vida nas ruas.
O fato de existirem pessoas morando nas ruas não pode ser compreendido a
partir de um único fator, porque tal fenômeno é complexo o bastante, já que resulta de
múltiplas razões e só pode ser entendido em sua polissemia.
Apesar das desigualdades sociais serem apontadas por muitos, inclusive pelo
senso comum, como a grande responsável por alguns sujeitos tornarem as ruas seu
espaço de moradia, este aspecto por si só é insuficiente para explicar a existência da
população em situação de rua.
Nem tão pouco podemos circunscrever a existência de moradores de rua a países
com quadros agudos de desigualdades sociais, ou ainda, restringir a existência destes
fenômeno aos tempos atuais.
De acordo com Simões Júnior (Junior,1992), desde a antiguidade, há registros de
pessoas que fizeram das ruas a sua moradia e sobreviveram quase que unicamente
pedindo ajuda a outras pessoas, ou seja, mendigando. Na Grécia e no Império Romano
não foi diferente e ainda na Idade Média há pesquisas que apontam para uma espécie
de “profissionalização” da situação de rua.
Já na Era Industrial, o Estado e alguns setores da sociedade passaram a
criminalizar esta população e ainda promoveram ações higienistas e de segregação
social.
No Brasil, a preocupação com a pessoa em situação de rua é algo recente,
advindo de lutas sociais e acompanha o restabelecimento da democracia no país. Antes
do final da década de 1980, este segmento da população era praticamente invisível ao
Estado, ou ainda, era alvo de repressão policial, de criminalização e de segregação.
Foi com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que este cenário
começou a se transformar, pois com a Carta Magna os direitos sociais passaram a ser
compreendidos como direitos fundamentais de todo cidadão - “sem distinção de
qualquer natureza”.
Já com o Plano Nacional da Assistência Social (PNAS) de 2004 foi assegurado a
cobertura à população de rua e a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), publicada
em 2003, mas modificada em 2015, estabeleceu a obrigatoriedade da criação de
programas dirigidos aos moradores de rua, no âmbito dos serviços de assistência social.
9706
Em 2005 houve o I Encontro Nacional sobre População em Situação de Rua, em
2006, foi instaurado o decreto que estabeleceu um grupo de trabalho interministerial
que tinha como objetivo estudar e propor políticas públicas voltadas à inclusão da
pessoa em situação de rua.
Em 2007 e 2008, foi realizada a Pesquisa Nacional da População em Situação de
Rua que fundamentou o Decreto 7.053, de 23 de Dezembro de 2009, que instituiu a
Política Nacional para a Inclusão Social da População em Situação de Rua. Ainda 2009,
ocorreu o II Encontro Nacional sobre População em Situação de Rua.
Dessa forma, fica claro que a primeira década dos anos 2000 foi marcada por
mobilizações sociais que resultaram na construção de políticas públicas voltadas à
pessoa em situação de rua que asseguraram, ao menos em termos de legislação, a
garantia de direitos e a criação de serviços especializados a este segmento da
população brasileira.
A pesquisa sobre este público (que abrangeu 71 municípios com mais de 300 mil
habitantes), realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) em 2007 e
2008, traçou o perfil deste estrato da população, estimando que no país existam cerca
de 50 mil pessoas morando nas ruas.
Destas 50 mil 82% são do sexo masculino, 53% tem idade entre 25 e 44 anos,
67% são negros, 70% exercem algum tipo de atividade remunerada (a rende é baixa já
que 52,6% recebem entre vinte e oitenta reais por semana), 74% são alfabetizados,
85,5% não recebem qualquer tipo de benefício social, e ainda, 51,9% possuem algum
familiar no município que moram e destes 38,9% romperam totalmente os vínculos
familiares.
As principais causas apontadas pela pesquisa que levaram estas pessoas a irem
morar na rua, são: 35,5% por fazerem uso abusivo de substâncias psicoativas, 29,8% por
terem ficado desempregadas, 29,1% por terem tido problemas familiares, 20,4% por
terem perdido a moradia e 16,1 por terem se separado do companheiro(a).
É importante observar que estes dados da pesquisa vão ao encontro da
compreensão que os fatores que levam um sujeito a adotar a rua como o sua moradia
são diversos e não se restringem, portanto, aos discrepantes índices de desigualdades
sociais do Brasil.
Vale também ressaltar que o presente trabalho de extensão se voltar a este
segmento da população brasileira, com o intuito de desenvolver ações que visem a
reinserção social, familiar e no trabalho de usuários de um serviço de Acolhimento
Institucional para pessoas em situação de rua, no munícipio de Vinhedo.
9707
O serviço de Acolhimento Institucional foi tipificado através Resolução n ̊ 109 do
Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS), em 11 de novembro de 2009, que
aprovou o serviço de acolhimento provisório com uma estrutura que acolhe com
privacidade, segurança e dignidade pessoas do mesmo sexo ou grupo familiar que estão
em situação de rua.
Tal entidade oferta em unidades (abrigo institucional e casa de passagem)
localizadas nos centros urbanos, respeitando o direito de permanência e igualdade de
condições e acesso aos serviços públicos. É nesse contexto e com este público que o
presente Trabalho se desenvolve.
O público-alvo direto desta proposta de trabalho de extensão é a equipe técnica
do serviço de acolhimento institucional da entidade “Reencontro Sociedade e Família”,
qual seja: o coordenador (assistente social), o psicólogo, o assistente social, o terapeuta
ocupacional e os cuidadores sociais
Lembramos que os demais profissionais do serviço de acolhimento, isto é, o
auxiliar de escritório, o cozinheiro, os serviços gerais e o motoristas não participarão
das oficinas, pois o objeto deste trabalho não prevê.
Serão convidados a eventualmente colaborarem com as atividades de extensão
alguns técnicos da Secretaria da Assistência Social do município, mas exatamente
aqueles pertencentes ao Centro de Referência Especializado da Assistência Social
(Creas), assistente social e educador social, que realizam atividades em conjunto com a
equipe técnica da Ong.
A “Reencontro Sociedade e Família é uma Organização não Governamental (Ong)
de direito privado que realiza ações na área da saúde e da assistência social, com
interesse público municipal (Vinhedo), regularmente inscrita, registrada e certificada no
Conselho Municipal da Assistência Social (CMAS), no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES) e possui Certificado de Regularidade Cadastral de
Entidades (CRCE).
Tal entidade nasceu em 2009, na cidade de Valinhos (SP), e as suas ações eram
dirigidas exclusivamente aos usuários de substâncias psicoativas, porém muitos deles já
estavam em situação de rua. Em 2010, a entidade foi transferida para Vinhedo e
ampliou as suas atividades para as pessoas em situação de rua, criando o serviço de
acolhimento institucional.
Assim, Ong oferta um serviço de Acolhimento Institucional, que se caracteriza no
âmbito do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) com um serviço de proteção
social de alta complexibilidade, que proporciona aos seus usuários um ambiente
residencial, aos moldes de um lar, respeitando as condições de dignidade, privacidade e
9708
cidadania dos indivíduos que ali habitam, assim como garante as condições de estadia,
convívio e de um endereço de referência.
Os acolhidos são pessoas em situação de rua, de ambos os sexos, maiores de 18
anos e que possuem os vínculos familiares fragilizados ou ainda rompidos. O ambiente
do serviço garante aos seus usuários a proteção integral, assim como viabiliza a sua
reinserção no âmbito familiar, comunitário e do trabalho.
A Ong funciona de forma ininterrupta, ou seja, todos os dias da semana
(incluindo os feriados) 24 horas por dia e oferta 30 vagas.
A infraestrutura atende às necessidades dos usuários, já que oferece as
condições de habitabilidade, higiene, salubridade, segurança e acessibilidade. A sede do
serviço de acolhimento é uma chácara que dispõem de uma casa com oito quartos,
quatro banheiros, sala de reunião, sala de televisão, cozinha, refeitório, despensa,
lavanderia e varanda. Há também o escritório que conta com uma sala de atendimento
e um banheiro.
As regras de gestão e de convivência são construídas de forma participativa,
coletiva e colaborativa a fim de assegurar a autonomia dos usuários e desenvolver o
protagonismo e o espírito de convivência.
Para auxiliar a Ong em sua tarefa com os acolhidos este trabalho de extensão
visa:
Desenvolver atividades socioeducativas com a equipe técnica do serviço de
acolhimento institucional para pessoas em situação de rua da Associação Reencontro
em relação ao desenvolvimento de estratégias que promovam a reinserção social,
familiar e no trabalho dos usuários deste serviço.
Auxiliar a equipe técnica da entidade quanto ao fortalecimento da rede
socioassistencial, o que inclui parcerias com equipamentos da área da saúde (como UBS
e Caps) e segurança pública.
Auxiliar os técnicos na elaboração de estratégias que permitam um manejo
promotor de vínculo com a pessoa em situação de rua.
Elaboração de uma cartilha informativa, em conjunto com o público- alvo, que
verse sobre os resultados alcançados.
Elaborar um modelo de intervenção, em conjunto com a equipe técnica da
“Reencontro Sociedade e Família”, que auxilie na promoção da saúde e na reinserção
social, familiar e no trabalho dos usuários do serviço de acolhimento.
Metodologia
9709
A execução das atividades teve início, em fevereiro de 2018 com a visita da
docente a entidade “Reencontro Sociedade e Família”, a fim de planejar com a equipe as
ações a serem realizadas durante o primeiro e segundo anos do biênio.
Em seguida, houve a seleção da bolsistas e o início das atividades, isto é, das
oficinas.
O método desta proposta de trabalho privilegia a realização de oficinas
dialógicas com a ativa participação do público-alvo. Ocorrem uma (01) oficina por
semana, isto é, serão (13) treze no primeiro semestre de 2018 (de abril a junho) e mais
(17) dezessete no segundo semestre de 2018 (de agosto a dezembro). Em 2019, o
projeto ofertará o mesmo número de oficinas que no primeiro ano do biênio.
Desse modo, serão 30 oficinas em 2018 acrescidas de mais 30 em 2019, o que
totalizará 60 oficinas com o público-alvo, com o intuito de traçar estratégias para a
promoção da reinserção familiar, social e no trabalho dos usuários do serviço de
acolhimento.
As ações (oficinas) ocorrem na sede da “Reencontro Sociedade e Família” e
duram 90 minutos. O número de participantes envolvidos em cada oficina obedece a
premissa de que o número ideal de integrantes é aquele que preserva a fundamental
possibilidade de comunicação. Comunicação esta entendida como visual, auditiva,
verbal e conceitual.
Desse modo, os participantes em cada oficina são o coordenador do serviço de
acolhimento, o psicólogo, o assistente social, o terapeuta ocupacional, um educador
social mais a docente que coordenará os trabalhos e a discente.
É importante acrescentar que os técnicos do Centro de Referência Especializado
da Assistência Social (Creas) psicólogo e assistência social também participaram das
atividades eventualmente, isto é, por volta de duas oficinas por mês.
Os conteúdos específicos que funcionam como disparadores para as reflexões e
discussões são os seguintes:
1-) Abordagem de rua – a construção de vínculos
2-) Diretrizes para o estudo diagnóstico após o acolhimento
3-) Estratégias para a elaboração (em conjunto com o usuário) do Plano Individual de
Atendimento – Processo de saída da rua.
4-) Modalidades de atendimento no contexto de um serviço de acolhimento
institucional
5-) Resgaste dos vínculos familiares
6-) Visitas domiciliares
7-) Comorbidades
9710
8-) Transtornos mentais: Neurose e psicoses
9-) Uso abusivo de substância psicoativas
10-) Trabalho e renda destinados a pessoa em situação de rua
11-) Cidadania e convivência comunitária e social
12-) Inserção em programas de transferência de renda
13-) Direitos da Pessoa em situação de rua
14-) Legislações que versam sobre a pessoa em situação de rua
15-) SUAS e as pessoas em situação de rua
16-) SUS e as pessoas em situação de rua
17-) Segurança pública e as pessoas em situação de rua
18-) Rede de socioassistencial
19-) Participação na gestão e políticas públicas
20-) Conselhos - local, distrital e municipal
Resultados e Discussão
9711
Espera-se, (pois este trabalho está em andamento e teve início no mês de
fevereiro do presente ano) que a sua execução atinja o objetivo geral proposto, ou seja,
desenvolver atividades socioeducativas com a equipe técnica do serviço de acolhimento
institucional para pessoas em situação de rua da “Reencontro Sociedade e Família” em
relação ao desenvolvimento de estratégias que promovam a reinserção social, familiar e
no trabalho dos usuários deste serviço.
Almeja-se ainda desenvolver e aplicar de forma efetiva um modelo de
intervenção elaborado conjuntamente entre a equipe universitária (professora e
possíveis alunos) e a equipe multiprofissional do serviço que diga respeito a reinserção
da pessoa em situação de rua.
Pretende-se ainda que as oficinas sejam capazes de proporcionar um ambiente
informativo e reflexivo a partir dos temas disparados (que são alicerçados em
conhecimentos sistematizados) e ainda daqueles que por ventura possam surgir ao
longo das atividades extensionistas.
Ambiciona-se também a autonomia do público-alvo, isto é, que ao final do biênio
a equipe da Ong, em conjunto com a equipe universitária, tenham construído
estratégias e um modelo de intervenção que promova a reinserção na família, na
comunidade e no trabalho da pessoa em situação de rua. Tais estratégias e o modelo de
intervenção serão aplicados pela entidade de forma autônoma, prescindido da
participação da Universidade.
A elaboração também coletiva de um material informativo (cartilha) que
traduzirá o que foi produzido ao longo das oficinas, em uma linguagem clara e acessível
é igualmente ambicionado.
A construção da cartilha, mais uma vez, obedecerá a premissa da extensão
universitária como uma atividade dialógica, isto é, o conteúdo do material informativo
será́ produto da elaboração de um saber compartilhado em que o conhecimento
científico (provindo da equipe universitária) se unirá ao saber comunitário (do público-
alvo). Assim, a equipe técnica do serviço de Acolhimento Institucional participará
ativamente de todos os estágios da construção da cartilha, agindo como protagonistas
desta ação.
Estima-se que o material terá́ em torno de 15 páginas e versará sobre o
resultado das oficinas, ou seja, do conhecimento que ela produzirá a partir dos temas
discutidos.
Conclusão/Considerações Finais
9712
Não momento não é possível apontar as conclusões, pois este trabalho se iniciou
em fevereiro deste ano.
Referência
Carneiro NJ, Nogueira EA, Lanferini GM, Ali DA, Martinelli M, editores. População de
rua: necessidades de saúde e o r g a n i z a ç ã o d e s e r v i ç o s . S ã o P a u l o ( S P ) :
C o o r d e n a ç ã o Nacional da Rede de Investigação em Sistemas e Serviços de Saúde do
Cone Sul; 1996.
MAGNI, Claudia Turra. A rua invisível: espaço de habitar. Porto Alegre: Prefeitura de Porto
Alegre, Secretaria Municipal de Cultura, 1994.
MUNÕZ, Jorge Vicente. População adulta de rua: uma proposta de metodologia
socioeducativa: nova pesquisa e assessoria em educação, Rio de Janeiro: 1977.
SIMÕES JUNIOR, José Geraldo. Moradores de rua. São Paulo: Polis, 1992.
SNOW, David; ANDERSON, Leon. Desafortunados: um estudo sobre o povo da rua.
Petrópolis: Vozes, 1998.
SPOSATI, A. Comentário sobre as formas de atuação com a população de rua. In: ROSA,
C. M. M. (Org.). População de rua: Brasil-Canadá. São Paulo: Hucitec, 1995.
9713
QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇA FALCIFORME
Zuleyce Maria Lessa Pacheco 1(¹);Thiago Moreira Madella 2(²); Amanda Antunes Pereira
3(³);Guilherme Sacheto Oliveira 4(4); Camila Messias Ramos 5(5); Maria Vitória Hoffmann 6(6),
Hérica da Silva Dutra 7(7), Rejane Silveira Mendes 88, Natália Cristina Sales de Paula 99
Resumo:
9714
com Doença Falciforme, deve valorizar o indivíduo como um ser bio-psico-social, em
sua totalidade, com suas peculiaridades e influência do meio em que está inserido,
buscando conhecer os fatores que interferem na qualidade de vida, a partir da utilização
de um instrumento que fornece medidas práticas para a avaliação do bem-estar e saúde
subjetiva, a fim de construir juntamente com o paciente e sua família as ações de
enfermagem.
Introdução
9715
tratando de crianças e adolescentes, as informações de QVRS recebem atenção especial
(BRASIL, 2016; GUEDES, 2011).
No ano de 2017 iniciou-se o Projeto de Pesquisa e Extensão Olho Vivo: Testando
A Acuidade Visual E O Emprego Do Lúdico Na Promoção Da Saúde Visual De Escolares
Com Doença Falciforme, inscrito na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal
de Juiz de Fora, sendo que ao entrarmos em contato com as crianças e adolescentes
assistidos percebemos que tanto a doença quanto o tratamento determinavam um
impacto variável na rotina e no desenvolvimento físico e mental destes indivíduos, que
tinham a vida temporariamente ou irreversivelmente alteradas pelos tratamentos e
pelas consequências diretas da doença. Justifica-se este estudo pelo fato da DF ser
considerada um problema de saúde mundial que afeta diretamente a qualidade de vida
de seus portadores, neste sentido esta pesquisa tem como objetivos: Avaliar a
percepção da qualidade de vida de crianças e adolescentes com faixa etária de 8 a 18
anos, portadoras de Doença Falciforme, participantes do Projeto Olho Vivo; Comparar a
qualidade de vida entre crianças e adolescentes portadoras de DF e crianças e
adolescentes saudáveis.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, incluindo 44 crianças e
adolescentes com faixa etária entre 8 e 18 anos.
O local de estudo foi um Hemocentro Regional, pertencente à Fundação
HEMOMINAS. A escolha deste local se deu pelo fato de que segundo Turato (2003) em
uma pesquisa o ambiente natural é o ideal para a coleta de dados, e é neste serviço que
poderemos encontrar crianças e adolescentes com Doença Falciforme e outras
hemoglobinopatias em tratamento.
A Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais - Fundação
Hemominas, iniciou seus trabalhos em 26 de dezembro de 1989, através da Lei nº
10.057. Vinculada a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o HEMOMINAS tem
por finalidade assegurar às políticas estaduais de hematologia e hemoterapia, de forma
a garantir à população a oferta de sangue e hemoderivados de qualidade (FUNDAÇÃO
HEMOMINAS, 2015a).
Ele começou a funcionar em 1987, inicialmente acoplado à Associação dos
Hemofílicos, já no ano de 1989 ganhou uma sede provisória, onde funcionou até 1997,
quando foram inauguradas suas atuais instalações (FUNDAÇÃO HEMOMINAS, 2015b;
FUNDAÇÃO HEMOMINAS, 2015c).
9716
O atendimento assistencial aos pacientes com DF baseia-se em padrões
estipulados pelos protocolos de tratamento dos órgãos federais, através dos quais a
equipe multiprofissional cria protocolos ou manuais de tratamentos para serem
seguidos por todas as unidades da Fundação no estado (FUNDAÇÃO HEMOMINAS,
2015d).
Anteriormente a realização da pesquisa, buscou-se obter a autorização da
Direção do HEMOMINAS, para que ocorresse o desenvolvimento desta pesquisa no
interior do Hemocentro de Juiz de Fora. Este estudo é parte integrante da Pesquisa
intitulada “Programa Olho Vivo: Testando a Acuidade Visual e o Emprego do Lúdico na
Promoção da Saúde Visual de Escolares com Doença Falciforme” submetido ao Comitê
de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Fundação Hemominas, atendendo às
normas de Pesquisa com Seres Humanos, segundo a Resolução Nº 466/12, do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 2012), e aprovado com Parecer Nº 1.484.647 de
08/04/2016.
A inclusão no estudo obedeceu aos seguintes critérios: ser criança ou
adolescente em tratamento da DF e/ou outras hemoglobinopatias, com idade variando
entre 8 e 18 anos, independentemente da cor, religião e sexo, moradoras ou não no
município de Juiz de Fora, que tiverem autorização prévia dos pais ou responsável legal
para participarem da pesquisa, que aceitarem de forma voluntária participar,
apresentando condições cognitivas para a participação, ou seja, com condições de
articular o pensamento e fala, fazendo-se compreender ao pesquisador. Foram
excluídos do estudo aqueles com problemas na articulação da fala ou do pensamento,
e/ou que interromperam o preenchimento do questionário por terem que se ausentar do
recinto.
As crianças e adolescentes participantes da pesquisa foram selecionadas entre os
meses de setembro de 2016 a novembro de 2017. A coleta de dados foi através do
questionário KIDSCREEN-52, realizada por via oral, onde o entrevistador lia as
perguntas e o entrevistado as respondia; ocorreu nos dias de consulta dos participantes
no hemocentro e/ou participação dos mesmos no Projeto Olho Vivo.
O instrumento KIDSCREEN-52 possui 52 questões distribuídas em 10 dimensões:
saúde e atividade física, sentimentos, estado emocional, autopercepção, autonomia e
tempo livre, família/ambiente familiar, aspecto financeiro, amigos e apoio social,
ambiente escolar e provocação/bullying. Esse questionário fornece medidas práticas
para avaliação do bem-estar e a saúde subjetiva de crianças e adolescentes com idade
entre 8 e 18 anos tanto saudáveis quanto portadores de doença crônica. As respostas
9717
das questões fazem referência aos acontecimentos ocorridos na semana anterior à
aplicação do questionário (GUEDES, 2011; FARIAS, 2017).
Atendendo aos princípios éticos de uma pesquisa envolvendo seres humanos, os
nomes verdadeiros dos sujeitos foram mantidos no anonimato, sendo identificados por
meio da letra e seguida do número de ingresso no estudo, acrescentado da letra F para
os sujeitos do sexo feminino ou da letra M para os do sexo masculino, e no final a idade
do sujeito (Exemplo: E1, M, 7).
Os dados foram compilados em planilha eletrônica usando o programa Excel for
Windows 2010. Em seguida, os dados foram importados para o Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS) versão 24, onde foram feitas análises descritivas utilizando
frequência e percentuais para as variáveis categóricas e medidas de tendência central
(médio, mediana e desvio padrão) para as variáveis contínuas.
Resultados e Discussão
A tabela 1 apresenta os resultados encontrados no estudo, acerca do perfil das
crianças e adolescentes em questão, 40,9% eram masculinos e 50,1% eram femininos. A
idade dos participantes apresentou média de 13,295 anos, com desvio padrão de
3,1444, idade mínima de 8 e máxima de 18 anos. Corroboram com esta pesquisa os
estudos de Alencar (2014) e Souza (2011) que, ao avaliarem as complicações clínicas
mais prevalentes em portadores de DF em uma cidade de médio porte do estado de
Minas Gerais, demonstraram que o perfil dos sujeitos foram 52% do sexo feminino e
48% masculino, evidenciando que não há diferenças no acometimento de DF em
homens e mulheres. Em relação às nefropatias, apenas 13,6% dos participantes
apresentaram alguma complicação nefrótica. Estudo realizado por Alencar (2014),
aponta que 86,1% nunca apresentaram este tipo de complicação. No que tange às
reações neurológicas, o mesmo estudo aponta que 83,1% dos pacientes com DF nunca
apresentaram complicações neurológicas, corroborando com o presente estudo onde
79,5 não sofreram AVE.
9718
Não 38 86,4%
AVE
Sim 9 20,5%
Não 35 79,5%
CVO
Sim 25 43,2%
Não 19 56,8%
Fonte: os autores.
Dimensão
Atividade Física e 3,7000 0,74522 2,60 4,80
9719
Saúde 4,1288 0,77665 2,33 5,00
Sentimentos 4,2208 0,79417 2,14 5,00
Estado emocional 4,0636 0,62621 2,00 5,00
Auto-percepção 3,8045 0,94548 1,80 5,00
Autonomia e tempo 4,1970 0,80956 2,67 5,00
livre 3,8333 0,98961 1,67 5,00
Família/Ambiente 3,9773 0,82562 1,33 5,00
Familiar 4,0076 0,74184 1,33 5,00
Aspecto financeiro 4,4470 0,96165 1,67 5,00
Amigos e apoio social 4,0380 0,51043 3,02 4,75
Ambiente escolar
Provocação/bullyng
Geral
Dimensão
Atividade Física e 67,5000 18,63043 40,00 95,00
Saúde 78,2197 19,41621 33,33 100,00
Sentimentos 80,5195 19,85434 28,57 100,00
Estado emocional 76,5909 15,65518 25,00 100,00
Auto-percepção 70,1136 23,63700 20,00 100,00
Autonomia e tempo 79,9242 20,23906 41,67 100,00
livre 70,8333 24,74025 16,67 100,00
Família/Ambiente 74,4318 20,64040 8,33 100,00
Familiar 75,1894 18,54604 8,33 100,00
Aspecto financeiro 86,1742 24,04125 16,67 100,00
Amigos e apoio social 75,9497 12,76076 50,52 93,79
Ambiente escolar
Provocação/bullyng
Geral
Fonte: os autores.
Além disso, podemos justificar a menor pontuação encontrada neste estudo ser
no domínio que se refere à atividade física, por se tratar de crianças e adolescentes com
doença falciforme, existe a questão das CVO que causam crises de dor, além das
reações de produção de energia serem prejudicadas devido ao defeito das hemácias que
são responsáveis pelo transporte de oxigênio (BRASIL, 2015a; BRASIL, 2009).
9720
Corrobora com este estudo, a pesquisa de Guedes (2014), que ao avaliarem a
QVRS de adolescentes na cidade de Londrina, PR, no Brasil, encontraram valores nos
domínios do kidscreen variando entre 70,06 no domínio “Escola” e 83,32 no domínio
“Estado emocional”, onde neste estudo, se encontrou uma variação de valores entre os
domínios de 67, 50 e 86,17.
Podemos perceber que este estudo apresenta o domínio “Estado Emocional”
como um dos domínios com maiores pontuação, o mesmo encontrado nos estudos de
Gaspar (2009) e Guedes (2014).
Ainda em comparação ao estudo de Guedes (2014), que apresenta a QV de
adolescentes estudantes de Londrina, houve diferenças nos valores em todos os
aspectos. A dimensão com escore menor foi em relação à dimensão relacionada ao
tempo livre, 70,11 e 76,32 respectivamente; para portadores de DF e adolescentes
saudáveis, respectivamente. Isto pode ser explicado pelo fato de portadores de DF
terem que lidar em sua rotina diária com tratamentos, consultas médicas, internações e
ida a serviços de emergências devido às crises.
Outro aspecto com escore menor foi à dimensão “Aspecto Financeiro”, com
valores de 70,83 e 83,82, para o grupo deste estudo e adolescentes saudáveis. Em
contrapartida, houve um escore maior para este grupo de estudo, na dimensão que se
refere à provocação e bullyng, 86,17 vs. 80,21; para portadores de DF e adolescentes
saudáveis.
Visto isso, neste estudo, percebemos que apesar do conceito de qualidade de
vida ser algo de caráter subjetivo, que sofre influências de cunho pessoal e cultural,
afetando diretamente a compreensão de qualidade de vida, as dimensões mais afetadas
no tocante de crianças e adolescentes portadoras de DF foram as que se referem à
atividade física, tempo livre, e aspectos financeiros, sendo que nas demais dimensões,
apesar do escore de valor menor quando comparadas a estudos com crianças e
adolescentes saudáveis, não são valores com altas discrepâncias, quando levada em
conta o ambiente de estudo.
Conclusão/Considerações Finais
9721
de uma doença crônica, ainda faz com que os acometidos tenham histórico de
internações frequentes, crises de dor resultantes de vaso-oclusões e prejuízos em
rotinas diárias, e consequentemente causando prejuízos na QVRS.
Com a aplicação do instrumento kidscreen-52 em crianças e adolescentes
portadores de DF, é possível perceber os valores de escores menores em alguns
domínios, quando comparado com os resultados de outros estudos que utilizaram o
mesmo instrumento com crianças e adolescentes saudáveis, sendo mais presente nos
itens referentes à Atividade Física e Saúde, Aspectos Financeiros e Tempo Livre.
O enfermeiro como profissional essencial no papel do cuidar e na promoção da
saúde, deve estar atento sempre ao indivíduo como um ser bio-psico-social, em sua
totalidade, com suas peculiaridades e influência do meio em que está inserido. Neste
sentido, para prestar uma assistência de qualidade, não se pode descartar a avaliação da
QVRS, entendida como uma percepção subjetiva, do paciente, influenciado por sua
cultura e modo de vida. Ao direcionarmos o olhar para as crianças e adolescentes
portadores de DF identificamos a necessidade da avaliação da QVRS a partir da
utilização de um instrumento que fornece medidas práticas para a avaliação do bem-
estar e saúde subjetiva, a fim de construir juntamente com o paciente e sua família as
ações de enfermagem.
Referências
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doença falciforme de uma cidade de médio porte de Minas Gerais, Brasil. Rev. méd.
Minas Gerais, v. 25, n. 2, 2015. Disponível em: www.rmmg.org/exportar-
pdf/1769/v25n2a04.pdf. Acesso em: 10 de Maio.
9722
Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Especializada e
Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016b.
9723
________. Ministério da Saúde; Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos;
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Doença Falciforme. 2016a.
9724
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102311X2017000904001&script=sci_abstract&tl
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________.. Tipos de atendimento. Disponível em:
<http://www.hemominas.mg.gov.br/atendimento-ambulatorial/tipos-de-
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MENEZES, A. S. Quality of life in patients with sickle cell disease. Rev Paul Pediatr, v. 31,
n. 1, p. 24-29, Jan./Mar. 2013. ISSN 0103-0582. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010305822013000100005&script=sci_arttext&tln
g=en. Acesso em: 10 de Setembro.
9726
www.recien.com.br/index.php/Recien/article/download/36/69. Acesso em: 10 de
Setembro.
9727
SUPORTE BÁSICO DE VIDA PARA ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE
SANTO ANTÔNIO DE JESUS-BA
Adrielly dos Santos Mendes, Ana Cláudia Neves, Bruna Souza dos Santos, Gabrielle de
Almeida Ferreira, Jessica Mariana Lima de Oliveira, José Lucas Andrade Santos, Leonardo
Bispo Reis, Mariana Oliveira de Souza, Monneglesia S. Lopes Cardoso, Patrícia Veiga
Nascimento.
Resumo
Introdução: A parada cardiorrespiratória (PCR) consiste em evento grave, que resulta da
cessação dos estímulos elétricos de controle cardíaco e interrupção súbita da circulação
sistêmica e da respiração. Dentre as situações de emergência que ameaçam a vida, a
PCR é considerada a mais temida, na qual a chance de sobreviver está diretamente
relacionada ao atendimento rápido, seguro e eficaz. Dessa forma, o tempo é uma
variável de grande importância e a presença de pelo menos uma pessoa treinada em
primeiros socorros, que tenha compreensão das manobras de ressuscitação
cardiorrespiratória (RCP), pode melhorar consideravelmente o prognóstico imediato e a
longo prazo da vítima. Objetivo: O presente trabalho busca relatar a prática educativa
de Suporte Básico de Vida (SBV) para professores e estudantes do 3º e 4º ano de escola
pública do ensino fundamental. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de
uma atividade de extensão cujo tema foi SBV e teve como público alvo professores e
alunos do 3º e 4º ano de uma escola pública do município de Santo Antônio de Jesus-
Ba. A atividade foi realizada por discentes do curso de Medicina da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia. Resultados e Discussão: Notou-se através da participação das
atividades que a maioria dos professores e estudantes desconheciam o SBV, em
especifico, como agir diante de uma PCR, as manobras de RCP e como acionar o serviço
de atendimento móvel de urgência (SAMU). Após a explanação do conteúdo teórico e a
realização de atividades práticas, os participantes demonstraram uma postura positiva
acerca do assunto, o que possibilitou a compreensão da relevância da ação em saúde
voltada à comunidade. Considerações finais: A atividade de extensão promoveu a
conscientização do público alvo sobre a importância do SBV. Além disso, motivou os
9728
responsáveis pelo desenvolvimento da atividade a pensar em outros momentos teóricos
e práticos utilizando a mesma temática.
Introdução
A maioria das vítimas de PCR extra hospitalar não recebe nenhum tipo de auxilio
préhospitalar, ou seja, não é realizada a manobra de ressuscitação cardiorrespiratória
(RCP), dos indivíduos presentes no local, fato que pode ser justificado, dentre outros
motivos, pelo desconhecimento acerca da PCR e das manobras de RCP. Destarte, a
iminente necessidade da implementação de programas de treinamento de Suporte
9729
Básico de Vida (SBV) para a população em geral, principalmente em espaços públicos
onde ocorre grande circulação de pessoas. SBV é constituído por etapas ou passos que
podem ser inicializados no ambiente extra-hospitalar e executados por leigos,
corretamente habilitados e esclarecidos, tornando maior a sobrevida e reduzindo as
repercussões de sequelas para as vítimas de PCR (PERGOLA e ARAÚJO, 2009).
Fundamentando-se em uma crescente base de evidências científicas sólidas desde a
publicação da Atualização de Diretrizes de 2015, o SBV passou por modificações em
2017 com intuito de melhorar o prognóstico da PCR (AHA, 2017). Nessa conjuntura,
projetos de capacitação para leigos são viáveis e necessários, especialmente em
ambiente escolar em que a capacidade de aprendizagem pode ser mais efetiva (LIMA, et
al., 2014; TOBASE et al., 2017).
O debate nas escolas possibilita a incorporação de tal tema tanto no corpo docente,
quanto discente, sendo capaz de modificar o comportamento, a percepção e a maneira
de agir frente a um evento de PCR (SOARES, 2011). A abordagem desse assunto, sendo
assim, é de considerável importância, uma vez que manobras iniciadas corretamente
9730
após a PCR irão aumentar as chances de sobrevivência da vítima e prevenir
complicações.
Metodologia
Esta ação foi realizada por oito discentes do curso de Medicina da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB), sendo uma das atividades desenvolvidas dentro do
componente curricular: Tópicos Especiais em Enfermagem nas Emergências.
9731
A escolha da escola foi realizada levando-se em consideração a acessibilidade e
segurança do local. Os representantes da escola (diretora, vice-diretora e coordenadora)
foram contatados com antecedência para agendamento prévio da ação em saúde e se
mostraram entusiasmadas e solícitas a nossa proposta. Nesse momento, foi coletado e
traçado, junto à escola, dados e informações sobre qual o melhor público-alvo, o dia e o
espaço adequados para a realização da ação.
O plano de ação idealizado foi elaborado pensando em três eixos principais: o primeiro
enfatizando todo o arcabouço teórico necessário na identificação de uma PCR e um
pouco da sua fisiologia; o segundo uma revisão da teoria com intuito de fixar o
conhecimento; e o terceiro momento sendo prático, aplicando o conhecimento
adquirido. Estes três pontos foram os aspectos essenciais da atividade traduzindo-os em
pontos temáticos, como: “PCR: quando?”; “Identifiquei uma PCR: o que eu irei fazer?”;
“Jogo dos sete erros”; e “Colocando as mãos em prática”. Os materiais utilizados durante
a atividade foram: colchonetes, torsos de RCP (manequins) e o desfibrilador externo
automático (DEA), que foram disponibilizados pela UFRB via protocolo.
9732
manequins do torso para RCP de adulto, colchonetes e o DEA. Os universitários
solicitaram que a turma se dividisse em três grupos de dez para facilitar a realização da
prática. Assim a cada rodada de práticas, 10 alunos se dividiam em duplas e se dirigiam
a cada manequim, cada dupla era acompanhada por um monitor que colaborou para o
treinamento correto da manobra de RCP de forma individualizada, comtemplando o
ponto temático “Colocando as mãos em prática”.
O plano de ação foi traçado com base nas novas atualizações das Diretrizes de 2017 da
American Heart Association (AHA) para Suporte Básico de vida, e para Ressuscitação
Cardiopulmonar (RCP) em pediatria e adultos; preconizando o uso de compressões
torácicas continuas, em vez de interrompidas para leigos (AHA, 2017).
Resultados e Discussão
A atividade de extensão contou com a participação de trinta alunos com bom nível
de compreensão e instrução (cursando 3º e 4º ano do ensino fundamental), cuja faixa
etária variava entre 8 e 10 anos de idade das turmas. O evento ainda contou com a
presença e colaboração do corpo docente e diretor da instituição de ensino, os quais
contribuíram para a realização da atividade em educação em saúde com excelência.
O caminho percorrido para a construção dessa ação foi desafiador e exigiu do grupo
o aperfeiçoamento de suas bases teóricas e práticas, considerando a importância do
trabalho a ser desenvolvido e a necessidade do novo conhecimento, considerando que
para alcançar a compreensão do público alvo foi necessário utilizar uma linguagem
acessível e dinâmica capaz de garantir a qualidade das informações. Portanto, pôr a
ação em prática possibilitou a troca de conhecimentos entre comunidade (alunos e
professores) e os estudantes universitários acerca de mitos e realidades sobre o tema.
Além disso, foi possível sanar as dúvidas dos participantes, compartilhar experiências
9733
vivenciadas e demonstrar a ocorrência de práticas inadequadas na tentativa de
solucionar problemas relacionados ao SBV.
9734
Estes afirmaram ainda que divulgariam tais informações para pais e familiares,
contribuindo para a transmissão do tema abordado para além do ambiente escolar.
Fernandes e colaboradores (2014) estudaram o conhecimento prévio e o grau de
aprendizado imediato e tardio entre alunos do ensino fundamental, após capacitação
em SBV e concluíram que após capacitação teórico-prática os estudantes apresentaram
uma melhora significativa nesse conhecimento, mesmo após seis meses do treinamento.
Considerações Finais
Sabendo-se da grande presença de crianças nas escolas, ressaltamos a relevância e
viabilidade do ensino de RCP na educação fundamental. Estas crianças, além de serem
capacitadas para agir em momentos que exigem a realização do suporte básico de vida,
são peças chave na multiplicação deste conhecimento para seus familiares ou para
vizinhos e amigos na própria comunidade em que estão inseridas.
Apesar da baixa idade, capacitar crianças pode ajudar a diminuir a ocorrência de mortes
por PCR devido à falta de socorro imediato. Mesmo que no momento do estresse inicial,
ao se deparar com situações deste tipo elas não consigam se lembrar de como proceder
na realização das manobras, poderão ajudar ao ligar imediatamente para o SAMU, por
onde serão orientados em como proceder até o serviço de urgência chegar ao local.
Dentre os limites que podem ser descritos para o desenvolvimento deste trabalho de
educação em saúde, podem-se citar o reduzido número de materiais como torso, DEA e
colchonetes, para a realização da prática com os escolares, pois é inquestionável a
importância do momento prático para fixação de todo o conteúdo discutido sobre o
assunto.
9735
Por fim, como perspectivas aponta-se a importância dessa atividade para outras escolas
da região viabilizando não só a sensibilização para o SBV, como também, para outras
atividades além da PCR relacionados com a atuação em primeiros-socorros, como em
obstrução de vias aéreas (OVACE), intoxicação, afogamento e queimaduras, ressaltando-
se a necessidade do ensino e discussão sobre esses temas.
Referências
AHA, Destaques das Atualizações das Diretrizes de 2017 da American Heart Association
(AHA) para Suporte Básico de Vida em pediatria e adultos e Qualidade da Ressuscitação
Cardiopulmonar. Disponível em:
<https://eccguidelines.heart.org/wpcontent/uploads/2017/12/2017-Focused-
Updates_Highlights_PTBR.pdf> . Acesso em: 07 de março de 2018.
9736
LIMA, L. A.; RANGEL, J. F.; LEITE, A. C. S. Simulação de práticas em urgência: um relato de
experiência. In: 11º Congresso Internacional da Rede Unida. 2014.
MARTIN, R. A.. Educación para la salud en primeros auxilios dirigida al personal docente
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PERGOLA, Aline Maino; ARAUJO, Izilda Esmenia Muglia. O leigo e o suporte básico de
vida. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 43, n. 2, p. 335-342, 2009.
SILVA, P.O.; OLIVEIRA, T. G.S.; MARTA, C. B.; FRANCISCO, M. T. R.; MARTINS, E. R .C.;
SAMPAIO, C. E. P.; Os alunos do ensino médio e o conhecimento sobre o suporte básico
de vida. Rev. Enfermagem, UERJ. dez. 2012.
9737
IMAGENS:
9738
FIGURA 4 - Jogo dos 7 Erros
9739
FIGURA 6 – Prática em RCP.
9740
OFICINAS EDUCATIVAS PARA A PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDAVEL ENTRE
ESCOLARES
Gutemberg dos Santos Chaves1; Ana Carolinna Correia Sales2; Dara Cesario Oliveira3;
Suzanne Rodrigues dos Santos4; Vivian Saraiva Veras5
Resumo
A obesidade infantil apresenta uma tendência crescente, devido essencialmente aos
maus hábitos alimentares e ao sedentarismo. Nessa perspectiva, adoção de estratégias
que promovam alimentação saudável no ambiente escolar tem sido cada vez mais
ressaltada nas diretrizes curriculares no Brasil, isto porque o ambiente escolar é tido
como um espaço de aprendizado e veiculação de diversos saberes e na formação de
pessoas cidadãs. A ação de extensão teve por objetivo desenvolver oficinas de
promoção da alimentação saudável no ambiente escolar entre escolares de 6 a 12 anos,
com enfoque na prevenção da obesidade infantil, no município de Redenção-CE. Desse
modo, a extensão apresentou três fases, durante a vigência de 17 de julho de 2015 a 16
de junho de 2016. Na 1ª fase ocorreu reuniões com os diretores, professores e
merendeiras das escolas e diagnóstico do público alvo; na 2ª fase ocorreu a construção
do material lúdico-educativo sobre promoção da alimentação saudável para os
escolares e na 3ª fase foram realizadas as oficinas educativas sobre alimentação
saudável. A atividade de extensão foi dividida em três oficinas, onde cada oficina era
1
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, mestrando acadêmico em
enfermagem. Bolsista pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FUNCAP).
2
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, acadêmica em bacharelado em
enfermagem.
3
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, acadêmica em bacharelado em
enfermagem.
4
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, acadêmica em bacharelado em
enfermagem.
5
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, docente do curso bacharelado.em
enfermagem.
9741
dividida em temáticas. Cada oficina teve duração de aproximadamente um mês em cada
escola, onde cada temática, com duração média de 60 minutos. As oficinas foram
apresentadas às crianças com atividades lúdicas como teatro de fantoches, jogos,
palavras cruzadas, historinhas sobre alimentos, oficinas educativas com frutas e
atividades de colorir alimentos. Portanto, as oficinas educativas sobre alimentação
saudável proposta em ambientes escolares foi de fundamental importância, visto que
uma alimentação adequada contribui decisivamente para o desenvolvimento cognitivo
e psicomotor, a manutenção da saúde da criança na fase escolar, além disso, tem uma
ação positiva na prevenção da obesidade infantil.
Introdução
A capacidade de armazenar energia em forma de gordura foi fundamental para
manutenção da espécie humana. Na pré-história, a busca de alimentos, temperaturas
baixas e a necessidade de encontrar ambientes favoráveis a sobrevivência, exigiu que os
nossos antepassados a destreza metabólica de reservar energia. Essa capacidade de
armazenar gordura foi fundamental para os nossos antepassados, entretanto esse
recurso transformou prejudicial com os padrões da vida contemporânea.
(HALPERN,1999)
9742
Um dos períodos mais críticos para o desenvolvimento da obesidade, é a fase da
infância devido à associação com complicações na saúde que podem ocorrer na vida
adulta. O risco de obesidade na vida adulta aumenta com o avanço da idade e com a
gravidade da obesidade. Um indivíduo que se torna obeso após os 7 anos tem 50 % a
mais de ser um adulto obeso. (OLIVEIRA,2000). A epidemia da obesidade infantil tornou-
se um dado alarmante para a saúde pública mundial, essa doença, tem um grande
potencial de diminuir a expectativa e qualidade de vida dos indivíduos. (SBP,2012).
Dados demonstram, a evolução da prevalência em todo território mundial, entretanto,
há uma elevação principalmente em países de média e baixa renda. Em 2014, 41
milhões crianças menores de 5 anos de idade foram afetadas pelo excesso de peso ou
obesidade. (WHO,2016)
9743
que esses alunos passam também a ser veiculadores destas informações (YOKOTA et al,
2010).
Metodologia
A presente atividade de extensão teve como foco ação e intervenção educativa em
saúde. A extensão foi realizada em três escolas do município de Redenção-CE, cidade
distante 55 km de Fortaleza. Foram selecionadas crianças de 6 a 12 anos, totalizando
704 crianças. Participaram do estudo duas escolas públicas e um particular. A extensão
foi realizada entre julho de 2015 a de junho de 2016.
A extensão foi constituída por três fases: A primeira fase foi constituída por reuniões
com os diretores, professores e merendeiras das escolas para apresentação do projeto e
acordar os melhores dias e horários para a execução das ações educativas nas escolas
selecionadas. Na escola pública solicitamos o cardápio semanal da merenda escolar
oferecido às crianças. No caso da escola particular, conversamos com os responsáveis da
cantina. Desta forma, conhecemos como as crianças alimentavam-se nas escolas, desta
forma, identificar possíveis erros alimentares.
9744
iniciado a construção do material lúdico-educativo e a execução do cronograma com as
atividades educativas que foram realizadas na instituição.
A oficina é uma prática pedagógica interativa, na qual se elabora algo para ser utilizado.
Ensinar e aprender coletivo é o resultado do trabalho individual somado à tarefa
socializada, resultando em uma união entre teoria e prática levando à construção de
conhecimento. É realizada por meio do intercâmbio de ideias, problematização, jogo,
investigação, descoberta e cooperação (VIEIRA, 1996). A atividade de extensão proposta
foi dividida em três oficinas, onde cada oficina era dividida em temáticas, onde cada
temática teve uma duração média de 60 minutos por encontro. Os temas das oficinas
foram adaptados do manual operacional para profissionais de saúde e educação:
promoção da alimentação saudável nas escolas. As três temáticas das oficinas foram:
conhecendo os alimentos, cuidando dos alimentos e preparando os alimentos.
Resultados e Discussão
Os resultados a seguir, baseia-se principalmente na observação-participante feito pelo
os pesquisadores, unido com as discussões dos escolares que ocorreram ao decorrer das
atividades. Além disso, na participação nas atividades de desenho e pintura e
questionários pós atividades.
9745
Não podemos mais refrigerante” ou “temos que comer salada e frutas”. Ao ouvirmos
esses depoimentos percebemos que houve uma compreensão da realização das
atividades, deste modo, os escolares começaram a construir hábitos de alimentação
saudável.
Por meio das atividades do projeto, constatamos que as crianças na fase escolar são
mais susceptíveis para ser sensibilizadas sobre conhecimentos sobre alimentação e
nutrição. Os indivíduos nessa faixa etária apresentam maior facilidade em assimilar
conceitos, reflexões sobre o seu ambiente e na construção do pensamento lógico. Dessa
forma, ficou demonstrado que as atividades realizadas foram importantes, para que as
crianças construíssem novos conhecimentos sobre uma alimentação saudável e
consequentemente compartilhadores de informações sua comunidade.
9746
industrializados, ao sedentarismo, a correria do dia-a-dia dos pais, aos lanches rápidos,
aos hábitos inadequados e a mídia.
Atualmente as famílias não tem mais o tempo suficiente para dar orientação alimentar
aos filhos. Foi comum, as crianças relatarem que o pai ou mãe não tinha tempo para
construir um lanche saudável e por isso escolhiam alimentos mais práticos. Desta forma,
os pais analisavam somente os aspectos práticos dos alimentos, sem analisar,
entretanto, a sua qualidade. Essa decisão gera uma alimentação pobre em nutrientes e
rico em valor energético, os alunos ingerindo-os em excesso ocorre o acumulo da
gordura e o aumento massa corporal.
Portanto, com base nos dados observados, podemos afirmar a importância dessas
atividades como uma ferramenta na educação nutricional com esse público escolar, na
prospectiva de reduzir a incidência dos fatores de risco que possam prejudicar na
qualidade de vida. Os maus hábitos alimentares, especialmente aqueles que acarretam a
obesidade infantil, produzem problemas de saúde imediatos e também a longo prazo,
visto que cerca de 60% de crianças obesas sofrem de hipertensão, hiperlipidemias e/ou
hiperinsulinemia. Na vida adulta, a alimentação obtida desde a infância contribui
fortemente para o aparecimento de doenças crônico-degenerativas. (VALLE E
EUCLYDES,2007)
No que tange o perfil nutricional das crianças, foram observados nas três escolas,
dezenas de crianças com sobrepeso/ obesos, principalmente na instituição privada,
prevalência acima comparada às públicas, provavelmente relacionado pelo o fator
econômico. A renda social dessas crianças poderia favorecer em uma facilidade de se
consumir produtos mais industrializados com alto teor energético. Por exemplo:
produtos fast foods.
9747
Em um estudo realizado por Silva et al (2016), no próprio município do projeto,
constatou- se em 360 crianças menores de dois anos o indicie de massa corporal (IMC),
destas, 52 estava com sobrepeso e 20 com obesidade. A existência do excesso de peso
em crianças em uma região caracterizada por desnutrição há décadas, caracteriza o
processo de transição nutricional, sendo esse, um grande problema de saúde que exige
modelo de atenção à saúde pautado na promoção da saúde.
É de suma importância como estas para a normalização do IMC e assim, diminuir o risco
de doenças crônicas na vida adulta dessas crianças, A obesidade pode afetar uma
criança diretamente em sua saúde clínica e psicossocial. Em conjunto com a obesidade,
podem surgir problemas ósseos/ muscular, cardiovascular, rejeição da imagem corporal
e sofrimento de bullying. Uma criança com obesidade tem uma grande probabilidade de
continuar sendo um adulto obeso, e desta forma, gerar um custeio para os cofres da
saúde
Conclusão/Considerações Finais
9748
vivenciadas tive que fazer a articulação entre a teoria estudada durante o curso e a
prática da extensão a obesidade pode afetar uma criança diretamente em sua saúde
clínica e psicossocial.
Referências
HALPERN, Alfredo. A epidemia de obesidade. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia &
Metabologia, v. 43, n. 3, p. 175-176, 1999.
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WorldHealthOrganization.(WHO)Disponívelhttp://www.paho.org/bra/index.php?option=c
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_content&view=article&id=5439:alimentacao-e-nutricao-folhas.Acesso em: 02 de março
de 2018
9749
OLIVEIRA, R. G. A. Obesidade na infância e adolescência como fator de risco para
doenças cardiovasculares do adulto. In: Simpósio Obesidade e Anemia Carencial na
Adolescência, 2000, Salvador. Anais... Salvador: Instituto Danone, p. 65-75.2000.
YOKOTA RTC, VASCONCELOS TF, PINHEIRO ARO, SCHMITZ BAS, COITINHO DC,
VIEIRA, E.; VOLQUIND, L. Oficinas de ensino: o quê? por quê? como? Porto Alegre:
Edipucrs, 1996.
9750
SILVA, Háquila Andréa Martins et al. Vigilância nutricional de crianças menores de dois
anos do município de Redenção, Ceará: a importância do diagnóstico para planejamento
das políticas públicas nesse grupo etário. RBONE-Revista Brasileira de Obesidade,
Nutrição e Emagrecimento, v. 10, n. 56, p. 62-73, 2016
9751
DE PORTA EM PORTA: CONSCIENTIZAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DE
FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS
Juliana de Oliveira Moraes1; Claudianne Lima Cruz2; Ítalo Pinheiro2; Mariana de Oliveira
Moraes3
Resumo
O consumo de frutas legumes e verduras (FLVs) é de extrema importância
para manutenção e desenvolvimento da saúde humana. Todavia, FLVs são
potenciais veículos de transmissão de doenças transmitidas por alimentos quando
não higienizados de forma correta. O objetivo do presente trabalho foi realizar ações
educativas sobre segurança de alimentos para a população do município de
Piranhas/AL, localizado na Microrregião Alagoana do Sertão do São Francisco. As
ações de educação em saúde foram focadas na importância das etapas de
higienização FLVs, as principais doenças veiculadas por FLVs com higienização
ineficiente e instruções sobre as etapas de higienização destes gêneros alimentícios.
As ações foram realizadas diretamente nas residências do público alvo com
abordagem de 10 minutos contemplando a referência informativa falada, escrita
com a distribuição de panfletos, e visual com apresentação de banners. O público
atendido foram os residentes no município de Piranhas-AL. Foi abordado um total
de 1.265 residências, onde 56% (712) das residências foram alcançadas com as
informações sobre segurança de alimentos dentre as quais 320 (45%) nunca haviam
tido acesso as informações fornecidas durante as ações de educação em saúde.
1
IFAL – Instituto Federal de Alagoas – Campus Piranhas; Docente vinculada a Coordenação de
Agroindústria;
2
IFAL – Instituto Federal de Alagoas - Campus Piranhas, Estudante do curso Técnico Integrado de
Agroindústria;
3
UFAL – Universidade Federal de Alagoas - Escola de Enfermagem e farmácia, Estudante do curso de
Enfermagem.
9752
Dentre os indivíduos abordados, 73% (523/712) eram pertenciam ao sexo feminino,
onde 79% (418/523) pertenciam a faixa etária entre 19 à 59 anos. Um total de 395
indivíduos (65%) já havia tido anteriormente acesso às informações expostas
durante as ações educativas em saúde, sendo os programas de televisão o
instrumento mais citado como primeiro contato com as informações sobre
segurança de alimentos. Neste contexto, os resultados destacam a importância de
ações de extensão voltadas para educação em saúde, principalmente na área de
segurança de alimentos, e ainda, afirmam a aceitação da população frente a ações
de extensão. Corroborando assim, com o sucesso do atrelamento entre instituição de
ensino e qualidade de vida da comunidade local.
Introdução
9753
Veiculadas por Alimentos (DVA) contaminados com microrganismos patogênicos
(GARCIA et al., 2010).
9754
alcançar com algum tipo de informação ou apelação comunicativa, ou mesmo,
comercial. Nessa conjuntura, surgiu o titulo da ação em saúde que rege este trabalho:
“por que não levar educação em saúde “De porta em porta” a comunidade local?
Metodologia
Amostragem
9755
as diluições foram semeadas por semeadura em profundidade, utilizando inoculo de 1
mL de cada diluição em ágar Padrão para contagem (APC), em duplicata, e incubadas a
35 °C durante 24 horas. Os resultados foram expressos em unidade formadora de
colônias por vegetal avaliado (UFC/g ou unidade do vegetal).
9756
além de banner ilustrativo com as imagens das analises microbiológicas para melhor
compreensão dos atendidos.
Resultados e Discussão
9757
hipoclorito de sódio a 2% (200 ppm/10 min) e enxaguados com água corrente
abundante.
9758
4
Figura 3 – Banner ilustrativo confeccionados com fotos de placas de bactérias aeróbias
mesófilas oriundas das análises microbiológicas dos vegetais.
Além dos panfletos citados na Figura1, foi distribuído um terceiro panfleto
que apresentava um quadro com as principais doenças relacionadas ao consumo de
FLVs higienizados inadequadamente (Quadro 1).
Quadro 1 – Quadro utilizado no panfleto “O que pode ocorrer se eu comer vegetais sem
a higienização adequada?” distribuídos durante as ações de educação em saúde.
Microrganismo causador
Doença Sintomas
9759
Teníase ou Taenia solium Cólicas, vômitos e cisticercose.
Solitária Taenia saginata
Febre, dores musculares, náuseas, dor
Listeria monocytogenes de cabeça, perda do equilíbrio e
Listeriose convulses
Dor na parte superior do abdome,
Giardia lamblia azia, diarreia e vômito.
Giardíase
Dor ou queimação no abdome,
Úlcera Helicobacter pylori vômitos, estufamento e perda de peso.
péptica
9760
6 % (74)
38 % (476)
56 % (712)
Dentre o público atendido pela ação, 73% (523/712) eram indivíduos do sexo
feminino, onde 79% (418/523) pertenciam a faixa etária entre 19 à 59 anos. As
mulheres constituem usuárias frequentes nos serviços de saúde em todo o Brasil;
seja em busca de seu atendimento e/ou acompanhando de seus familiares (NUNES
et al., 2014). Durante o período gestacional ocorre uma importante interação entre
mulheres e os serviços de saúde, possibilitando uma atuação dentro da perspectiva
de promoção da saúde, educação em saúde e prevenção, da sua família (CABRAL et
al., 2013). Neste contexto, as mulheres exercem um papel importante na saúde de
sua família. Observou-se durante a execução do trabalho uma maior integração do
publico feminino, é tanto que, quando homens eram abordados em suas residências,
na maioria das vezes solicitavam que suas esposas tomassem seu lugar no momento
da ação de educação em saúde.
9761
44,9%
(320)
350 38,3%
(273)
300
250
200
150 12,4%
(88)
100 2, 1% 2,2%
50 (15) (16)
0
TV médico ESF Outros Não teve
acesso
O consumo de FLVs apresentou um grande salto nos últimos anos, tanto devido ao
crescimento populacional quanto a tendência de mudança nos hábitos alimentares
dos consumidores brasileiros. Esse grupo de alimentos apresenta alto risco de
contaminação por enteropatógenos quando consumido in natura pela população. As
condições sanitárias inadequadas das áreas de cultivo e comércio nas áreas urbanas
favorecem a sua contaminação (SILVA et al., 2017). A grande incidência de casos de
DVAs está intrinsecamente relacionada à higienização e manipulação imprópria nas
residências dos consumidores. Sendo a falta de educação em saúde sobre segurança
de alimentos e técnicas de higienização o principal motivo da ocorrência de doença
de origem alimentar (MACIEL et al., 2017).
9762
Por muito tempo, o assunto saúde foi explorado pela televisão focado no fascínio
do público por protagonistas agonizantes que vivem experiências dramáticas em
hospitais. Nos dias atuais, ainda encontramos muitas reportagens e documentários
que fazem denuncias na área da saúde ou informar a população somente nos
momentos de surtos epidêmicos (MELO et al., 2001). Atualmente, o tema saúde tem
sido bastante discutido por televisões comerciais e na programação de TVs à cabo,
comunitárias, educativas e universitárias. As TVs abertas possibilitam um alcance
maior de audiência, não têm custo para a audiência e alcançam as populações das
periferias (SOARES, 2002). Neste contexto, a mídia tem levado a informação em
saúde a varias camadas da sociedade em especial regiões mais afastadas dos
centros urbanos e exposta a situações de risco de saúde pública.
9763
Figura 6 - Nível de satisfação por parte dos público atendido durante as ações de
educação em saúde.
Ações de educação em segurança de alimentos fazem-se ainda mais
necessárias nas áreas mais afastadas dos centros urbanos, onde majoritariamente o
acesso ao conhecimento relacionado à prevenção de doenças transmitidas por
alimentos é escasso, além da possível ocorrência de fatores agravantes na
transmissão de outros tipos de enfermidades ocasionados por microrganismos, como
a falta de saneamento básico e de tratamento de água adequado.
Conclusão/Considerações Finais
9764
como um instrumento de transformação social necessária para o alcance de uma
sociedade mais saudável.
Referências
9765
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa de
orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil.
Rio de Janeiro: IBGE; 2011.
KIM, S.; CHO, L. Lactobacillus plantarum isolated from molasses produces bacteriocins
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p.318-326, 2010.
NOEL, H. et al. Consumption of Fresh Fruit Juice: How a Healthy Food Practice
Caused a National Outbreak of Salmonella Panama Gastroenteritis. Foodborne
Pathogens and Disease, v. 7, n. 4, p. 375-31, 2010.
9766
PERETTI, A. P. R.; ARAUJO, W. M. C. Abrangência do requisito segurança em
certificados de qualidade da cadeia produtiva de alimentos no Brasil. Gestão e
Produção, São Carlos, v. 17, n. 1, p. 35-49, 2010.
POLITO, R. Gestos e postura para falar melhor. 8ª ed. - São Paulo: Saraiva, 1990.
STRAWN, L.; DANYLUK, M. Fate of Escherichia coli O157:H7 and Salmonella spp. on fresh
and frozen cut mangoes and papayas. The International Journal of Food Microbiology,
v.138, n. 1-2, 2009.
WHO. Fruit and vegetables for health: Report of a Joint FAO/WHO Workshop. Kobe,
Japan, 2004.
9767
PREVALÊNCIA DE AGRESSÕES SOFRIDAS POR AGENTES DE SEGURANÇA
PENITENCIARIAS DO SEXO FEMININO NO BRASIL ANTES DO INGRESSO NO SISTEMA
PRISIONAL.
Danilo Nogueira Maia; Marcelo José Monteiro Ferreira; Thalyta Gleyane Silva de
Carvalho
9768
onde as ASPs reproduzem um padrão de agressividade experimentada anteriormente na
vida.
INTRODUÇÃO
9769
escassos quando se trata de ASP do sexo feminino. Diante da elevada relevância social
dos problemas relacionados à violência familiar, carcerária e urbana, buscou-se como
objetivo para esse trabalho estabelecer a prevalência de agressões sofridas por ASP
antes do ingresso no sistema prisional, assim como a tipificação dos eventos agressivos
e a identificação dos principais suspeitos de realizar tais atos.
MATERIAIS E MÉTODOS
9770
A seleção das participantes foi realizada por meio de gerador de números aleatórios
Intemodino Group. A identificação foi feita através de listagem nominal fornecida em
cada unidade prisional.
9771
A frequência das violências ou agressões sofridas pelas ASP nas unidades prisionais em
que trabalha ou trabalhou foi dividida em duas categorias: autorrelato (sofrida pela
própria ASP) ou conhecida (teve conhecimento de algum caso de violência sofrida por
colega de trabalho). A violência sofrida por ASP antes do ingresso no sistema prisional
foi autoreferida.
Os dados foram analisados utilizando os softwares SPSS® versão 20.0 e Stata® versão 13.
Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de
Confiança foram estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou
mostraram-se como fatores de confundimento.
9772
envolvendo seres humanos, todas as participantes leram e concordaram com o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população total foi de 810 ASP, sendo estimada uma amostra de 324 pessoas. Destas,
ocorreram 4,6 % de perdas na seleção inicial devido à escolta externa e
acompanhamento das detentas aos serviços de saúde. Ao final, foram abordadas 371
ASP, tendo ocorrido 20,5% de desistência e/ou recusa, perfazendo uma amostra final de
295 participantes. Foram incluídas ASP de todos os turnos e equipes de trabalho. A
média de idade das ASP foi de 38,14 anos e 73,4% encontram-se na faixa etária de 31 a
50 anos. Aproximadamente 44% se auto declararam como negras e 37,7% como
brancas. Quanto ao nível de escolaridade, 64,3% frequentam a universidade, já
completaram o ensino superior ou pós-graduação. Cerca de 2/3 são casadas ou vivem
em união estável. Metade das ASP moram com mais 2 ou 3 pessoas, 81,6% possuem
renda mensal variando de 3 a mais de 5 salários mínimos e 44,9% são a principal fonte
de renda da família (TABELA 2).
9773
que a exposição a essas vivências no passado pode influenciar o comportamento de
adultos, sobretudo na forma violenta de resolverem conflitos (MARTINS, 2005; BYRD,
2008).
Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral e de violência sofrida antes do ingresso no
sistema prisional das Agentes de Segurança Penitenciária no Brasil, 2016.
n1 %2
Idade (anos)
38,14
Média (±dp) 295
≤ 30 51/295 15,3%
31 |--| 35 87/295 30,0%
36 |--| 40 72/295 25,6%
41 |--| 45 25/295 8,5%
46 |--| 49 25/295 9,2%
50 ou mais 35/295 11,3%
Raça
Negra 41/293 14,8
Parda 130/293 44,1
Branca 111/293 37,7
Amarela 11/293 3,4
Estuda atualmente
Não 226/292 76,6
Sim 66/292 23,4
Grau de instrução
Ensino Fundamental ou Médio 109/295 35,7
Ensino Superior incompleto/ completo ou Pósgraduação
186/295 64,3
Religião
Não tenho religião ou crença 18/292 5,9
Católica 160/292 54,8
Evangélica 93/292 32,2
Espírita 13/292 4,3
Outro(a) 8/292 2,9
Situação conjugal
Solteira ou sem parceiro estável 96/294 32,7
9774
Casada/União estável 198/294 67,3
Filhos
Não 116/289 39,9
Sim 173/289 60,1
Nº de filhos
73/172 44,5%
65/172 36,6%
34/172 18,9%
N de pessoas que residem na casa além da ASP
o
1 86/294 28,9
2a3 142/294 50,5
4 ou mais 66/294 20,6
É principal fonte de renda da família
Não 165/294 55,1
Sim 129/294 44,9
Renda mensal da ASP
Mais de 1 a 3 salários mínimos 62/294 18,4
Mais de 3 a 5 salários mínimos 132/294 47,1
Mais de 5 salários mínimos 100/294 34,5
Renda mensal da família
Mais de 1 a 3 salários mínimos 35/286 10,3
Mais de 3 a 5 salários mínimos 70/286 24,0
Mais de 5 a 10 salários mínimos 121/286 43,2
Mais de 10 salários mínimos 60/286 22,5
VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA ASP ANTES DE TRABALHAR NO
SISTEMA PRISIONAL
Sofreu violência antes do trabalho no sistema prisional 171/291 59,9%
9775
120/291 40,1
80/291 26,9
51/291 18,2
40/291 14,8
Tipos e responsáveis pela prática de
violências/agressões sofridas antes de trabalhar no sistema
prisional
Rouboa 86/291 31,4
Quem roubou fazia parte da família 15/79 17,3
Dano moralb 48/289 16,9
Quem ofendeu moralmente fazia parte da família 17/44 36,8
Violência psicológicac 60/290 21,9
Quem ofendeu psicologicamente fazia parte da 30/54 55,2
família
9776
Concurso público 101/211 51,7
Contrato 111/211 48,3
Idade que ingressou no sistema prisional
Média (±dp) 294 29,9
≤25 anos 83/294 28,8
26 |--| 35 anos 161/294 53,7
> 35 anos 50/294 17,5
Tempo (anos) que trabalha como agente
Média (±dp) 295 8,11
5 anos ou menos 138/295 45,8
6 a 10 anos 92/295 31,6
Mais de 10 anos 64/295 22,6
Ocupação anterior ao ingresso no sistema prisional
Não 26/289 8,4
Sim 263/289 91,6
Militar, guarda, segurança, vigilante 17/289 6,0
Não relacionada à atividade de segurança 246/289 85,5
Trabalhou em outro estabelecimento prisional
9777
Apenas estressante 50/291 17,9
Risco e estressante 236/291 80,9
As ASP que sofreram algum tipo de agressão ou violência antes do ingresso no sistema
prisional obtiveram maiores chances (OR = 4,1; 95%IC: 2,3 - 7,5) de serem vítimas de
violência no ambiente de trabalho. Dentre os tipos que obtiveram associações
estatisticamente significativas encontram-se o roubo (OR = 2,4; 95%IC: 1,4 - 4,4), a
agressão psicológica (OR = 3 ;95%IC: 1,6 - 5,7) e agressão física leve (OR = 2,6; 95%IC:
1,4 - 4,4). As demais formas de violência como assédio moral, assédio sexual e
agressões físicas graves não obtiveram associações significativas. Os suspeitos de
praticarem os atos violentos ou de agressões também não obtiveram associação com o
desfecho de interesse.
CONCLUSÃO
Nosso estudo aponta para um dado importante. As ASP que sofreram algum tipo de
violência ou agressão antes do ingresso no sistema prisional obtiveram maiores chances
de serem vítimas de violência no trabalho. Sabe-se que o fenômeno da violência é
complexo e multifatorial. Nesse sentido, outros estudos precisam ser realizados no
sentido de reforçar ou desconsiderar essa hipótese.
Por outro lado, ações devem ser levadas a cabo prontamente. As políticas públicas
voltadas para a Saúde do Trabalhador precisam estar atentas às complexidades e
vulnerabilidades inerentes a categoria profissional dos ASP. O desenvolvimento de
ações intersetoriais envolvendo Ministério da Saúde, da Justiça e entidades
representativas de classe tornam-se fundamentais para a qualificação das intervenções
junto a essas profissionais, atuando de forma resolutiva e sistemática.
REFERÊNCIAS
9778
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9780
Ivanise Marina Moretti Rebecchi¹; Maria Juliana Sousa Silva²; Viviane Coriolano de
Freitas²; Icaro Soares Cavalcante Costa²; Maria Fernanda da Silva Souza²; Jucivan da
Silva Rodrigues²; Katiene Macêdo de Oliveira²; Jessica Roberts Fonseca²; Erivanessa
Nara dos Santos²; Christiane Carlos Araújo de Negreiros²; Deyvisson Marques Sales²;
Ana Beatriz Dantas Gomes²; Marcelo Araujo do Nascimento²; Solange Maria Franca da
Cruz²; Zélia Maria Barbosa de Oliviera³; Rodolfo Daniel de Almeida Soares4; Tereza
Maria Dantas de Medeiros¹.
(¹) Docente do Curso de Farmácia - DACT - CCS - UFRN
Resumo
O Tromboembolismo venoso (TEV) resulta da presença de um dos três fatores
desencadeantes da tríade proposta por Virchow. Dentre estes fatores, podem ser
elencados a estase venosa ou anormalidades no fluxo sanguíneo, estados de
hipercoagulabilidade por alterações nos componentes do sangue e lesão vascular
ocasionada por alterações nas células endoteliais associadas ao processo de
envelhecimento. Para o tratamento do TEV, os anticoagulantes orais são muito
utilizados, podendo ser mantidos por um período de três meses ou por tempo
indefinido. Dentre os anticoagulantes orais, os antagonistas da vitamina K, como a
varfarina, têm sido amplamente utilizados. O baixo custo da varfarina facilita o acesso
dos pacientes. O controle da anticoagulação ocasionada pela varfarina ocorre através de
exame laboratorial denominado INR e é de extrema importância para a decisão clínica e
ajuste de dose. Associada à monitorização laboratorial, orientações com relação ao uso
correto do medicamento, interações com outros medicamentos e alimentos foram os
alvos deste projeto com intuito de melhorar a adesão ao tratamento e reduzir os efeitos
indesejados, em especial hemorragias, provocados pelo uso constante da varfarina. Para
esse acompanhamento, foi utilizado o método Dáder. Foram acompanhados 79
pacientes ao longo do projeto e gerou como produto a elaboração de um manual de
orientações ao usuário e a confecção da carteirinha do usuário de varfarina. Esses dois
instrumentos foram elaborados para facilitar a compreensão dos pacientes sobre o
tratamento com a varfarina e sobre as doses e posologias definidas pelo clínico, que
reforçadas pelos estudantes de Farmácia, contribuíram para melhor adesão e
efetividade do tratamento. A carteirinha também contribuiu para a regularidade do
9781
acompanhamento dos pacientes, pois nela eram descritos os resultados do INR, a dose e
a posologia nas diferentes datas de visita ao ambulatório servindo de referência ao
clínico e ao paciente.
Palavras-chave: varfarina; INR; adesão; Dáder; interações medicamentosas; interações
alimentares.
Introdução
A terapia medicamentosa com varfarina é muito aplicada decorrente do seu
baixo custo. A monitorização da terapia anticoagulante oral é realizada através da
Relação Internacional Normalizada (INR). A intensidade do efeito terapêutico da
varfarina é avaliada segundo limites superior e inferior do INR e que têm sido
determinados como consenso em estudos clínicos (Gage, 2006; Poller, 1992; Guyate e
cols, 2012). Esses limites para o alvo do INR refletem diferenças no potencial
trombogênico das diferentes doenças e variam conforme a indicação (Hirsch, 2001).
Embora não tenham sido relatadas diferenças farmacodinâmicas na resposta da
varfarina associadas com a idade, em idosos, a reposta terapêutica parece estar
aumentada, com aumento do TP e do INR, nas mesmas doses utilizadas em pacientes
mais jovens (Jacobs, 2008). Esse efeito parece associado às alterações farmacocinéticas
decorrentes do processo de envelhecimento. Em estudos prévios observamos que entre
os pacientes idosos a dose efetiva da varfarina era mais baixa do que em pacientes mais
jovens. Entretanto, o ajuste de dose da varfarina com base nos resultados do INR não
apresentou a efetividade esperada, uma vez que foram observados pacientes que
experimentaram eventos hemorrágicos ou reincidência de eventos trombóticos,
independentemente da faixa etária. Como a varfarina apresenta estreita janela
terapêutica, interações com outros medicamentos ou com alimentos, assim como a
posologia e a dose, podem interferir na resposta terapêutica (Campanili, 2008). Com a
finalidade de se conseguir um melhor acompanhamento farmacoterapêutico, a
aplicação do método Dáder de Atenção Farmacêutica pareceu bastante promissor,
favorecendo uma maior aproximação com o paciente com avaliação dos possíveis
Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRMs) com sugestões de intervenção e
avaliação dos resultados após intervenção (Fernandez e Fauss, 2003). Assim, o objetivo
desse projeto foi a busca pela melhor adesão ao tratamento com consequente redução
dos efeitos indesejados, em especial hemorragias, provocados pelo uso constante da
varfarina. O controle da anticoagulação oral através do INR foi o parâmetro de
efetividade adotado para a avaliação das orientações do uso correto do medicamento,
das interações com outros medicamentos e alimentos e para avaliar a sensibilização dos
9782
pacientes. A regularidade do acompanhamento dos usuários de varfarina trouxe
benefícios aos pacientes, que melhor orientados aderiram ao tratamento resultando em
redução de eventos hemorrágicos ou novos eventos trombóticos. Aos alunos
participantes do projeto, além da inserção e articulação na atenção farmacêutica,
tiveram acesso à transdiciplinaridade com atuação na tomada de decisões clínicas em
que todos os atores (médicos, farmacêuticos clínicos, farmacêutico laboratorial,
pacientes e alunos) foram ouvidos e que, certamente, culminou com a melhoria da
terapêutica.
Métodos:
Para este projeto foram incluídos 79 pacientes que foram atendidos no
ambulatório de Hematologia do Núcleo de Hematologia e Hemoterapia da UFRN. Os
pacientes eram usuários de varfarina e foram convidados a participar, especialmente
aqueles que acreditavam estar tendo problemas relacionados à varfarina. Após a ciência
do paciente, foi agendada uma data para obtenção de dados antropométricos, hábitos
alimentares, horário de uso da varfarina e uso concomitante de outros medicamentos,
entre outras informações. Para obtenção desses dados, foi utilizado um questionário
baseado no método Dáder para levantamento dos possíveis problemas relacionados a
medicamentos (PRMs). Para o dia da entrevista, o paciente foi orientado a trazer de casa
os medicamentos que estava em uso ou que usou recentemente. Ainda no dia da
primeira entrevista, foi feita uma revisão de todas as informações fornecidas pelo
paciente conhecida no método Dáder como revisão da cabeça aos pés. A finalidade
dessa revisão era a aproximação do entrevistador com o paciente para o
aprofundamento das informações obtidas no início da entrevista. Por exemplo, o uso de
chás em momentos específicos do dia-a-dia do paciente, e que o mesmo não julgava
importante ou que não pudesse interferir em seu tratamento. Posteriormente à
entrevista, foi feito o acompanhamento da evolução clínico-laboratorial do uso de
varfarina em visitas subsequentes dos pacientes ao ambulatório e levantamento
retrospectivo nos prontuários (eventos trombóticos ou hemorrágicos anteriores e
resultados do INR prévios associados às doses de varfarina), assim como a busca de
informações junto aos prescritores. Esta fase caracterizada como a avaliação do estado
da terapia ocorreu simultaneamente com a fase de estudo. Na fase de estudo, foram
avaliados os possíveis problemas relacionados à varfarina. Durante a fase de estudo,
foram feitas propostas de intervenção apresentadas aos pacientes. Em visitas
posteriores, foram avaliados os possíveis resultados das intervenções, utilizando como
parâmetro os resultados de INR. Os relatos dos pacientes com relação a mudanças de
9783
hábitos alimentares ou de vida e a introdução de algum medicamento que poderia ter
ocorrido durante a fase de intervenção também foram registrados.
Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva, comparando
os resultados de INR prévios aos resultados obtidos após a intervenção
farmacoterapêutica.
Resultados
Foram incluídos no estudo 79 pacientes, sendo 54 mulheres com idades variando
entre 28 a 77 anos (46,512anos) e 25 homens com idades entre 8 e 77 anos (52,3
17,7anos). As indicações para o uso da varfarina foram variadas, entre as mulheres 26
tiveram indicação por problemas cardíacos, sendo 24 (41%) pacientes decorrentes do
uso de válvulas protéticas cardíacas após febre reumática. Entre as pacientes do sexo
feminino incluídas, 6 (11,1%) apresentaram complicações tromboembólicas decorrentes
do Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), 2 (3,7%) complicações gestacionais, 3 (5,5%)
decorrentes de acidente vascular cerebral (AVC), 2 (3,7%) pacientes por complicações do
câncer, 5 (8,4%) pacientes apresentaram TEP (trombo embolia pulmonar), sendo uma
após transplante renal e uma associada ao LES, e 14 pacientes (25,9%) com TVP
(trombose venosa profunda) em membros inferiores sem causa associada, sendo que 3
pacientes tiveram TEP associada. Pudemos observar elevada frequência de
tromboembolismo associado a doenças que afetam mulheres mais jovens, como doença
reumática, gestação e LES, justificando a idade média entre as mulheres ser de 46 anos.
Entre os homens, 11 pacientes tiveram tromboembolismo decorrente de
complicações cardíacas (45%), sendo 3 pacientes com prótese valvares. Ainda entre os
pacientes do sexo masculino, 6 (24%) sofreram AVC, 4 pacientes (16%) sofreram TVP em
membros inferiores, 2 pacientes (8%) por tromboembolismo por hemoglobinúria
paroxística noturna (HPN) e 2 pacientes (8%) por problemas hepáticos.
A média do IMC (índice de massa corpórea) entre os pacientes incluídos no
estudo foi de 26,9. Sendo que entre as pacientes do sexo feminino, 27 pacientes (50%)
apresentaram obesidade ou sobrepeso e entre os pacientes do sexo masculino, 15
pacientes (60%) apresentaram essa mesma condição.
Com relação à escolaridade, 18 homens (72%) e 24 mulheres (43,6%)
completaram o ensino fundamental, 4 homens (16%) e 23 mulheres (42%) completaram
o ensino médio e 2 homens (8%) e 6 mulheres (11%) estavam no ensino superior ou já o
haviam completado. Apenas um homem não foi alfabetizado.
Pudemos observar que, inicialmente, dos 79 pacientes incluídos no estudo,
apenas 43 (57%) estavam dentro do alvo terapêutico do INR (Tabela 1), sendo que 31%
9784
estavam em risco de trombose (23 pacientes com INR abaixo de 2,0) e 13 pacientes
(17%) em risco de hemorragias, pois apresentavam o INR acima de 4,0
9785
INR<2,0 2≤ INR<4,0 INR≥4,0
14 (27%) 28 (55%) 8 (18%)
INR2 (n=50) INR<2,0 6 (12%) 4 (8%) 2 (4%)
2≤ INR<4,0 8 (16%) 18 (35%) 6 (12%)
INR≥4,0 0 (0%) 6 (12%) 0 (0%)
INR3 (n=50) INR<2,0 3 (6%) 5 (10%) 2 (4%)
2≤ INR<4,0 7 (14%) 17 (34%) 5 (10%)
INR≥4,0 4 (8%) 2 (4%) 1 (2%)
Perda seguimento 0 4 (8%) 0
INR4 (n=46) INR<2,0 4 (9%) 3 (6%) 1 (2%)
2≤ INR<4,0 4 (9%) 11 (20%) 4 (9%)
INR≥4,0 3 (6%) 1 (2%) 0
Perda seguimento 3 (6%) 9 (18%) 3 (6%)
INR5 (n=31) INR<2,0 2 (6%) 2 (6%) 0
2≤ INR<4,0 8 (26%) 12(39%) 3 (10%)
INR≥4,0 1 (3%) 2 (6%) 2 (6%)
Perda seguimento 0 0
9786
Com relação à dose média de varfarina, na entrevista inicial, a dose média diária
entre os 79 pacientes foi de 5,19mg. Os 50 pacientes acompanhados apresentaram dose
média nas visitas subsequentes ao redor de 5mg. Observamos muitas variações de dose
individuais, pois o clínico, baseado no INR, fazia os ajustes necessários com intuito de
manter a dose efetiva para cada paciente. No anexo 1 a representação da carteirinha do
usuário de varfarina e no anexo 2 parte do manual do usuário de varfarina.
Discussão
Um dos objetivos deste projeto era a melhoria da efetividade da varfarina entre
os pacientes em uso desse medicamento de difícil controle e de alta vigilância.
Observamos que muitos pacientes não aderiam adequadamente ao tratamento por falta
de conhecimento dos riscos associados a uma dose inferior à necessária, por outro lado,
a maioria dos pacientes sabia do risco de hemorragia. Muitos sabiam que era necessária
uma restrição no consumo de folhas verdes, sendo que muitos pacientes relataram que
não mais consumiam esses alimentos. Entretanto, a maioria dos pacientes não sabia
exatamente o motivo dessa restrição. A atuação dos alunos junto aos pacientes foi
muito importante, pois várias informações sobre alimentos, mecanismo de ação da
varfarina, sensibilização dos pacientes com relação a sua condição clínica foram
rotineiramente passadas. Embora a atuação dos alunos tenha sido marcante, não
observamos uma melhoria na efetividade avaliada pela melhora da porcentagem de
pacientes que atingiram o alvo terapêutico monitorado pelo INR. Mas não podemos
esquecer das prováveis interações medicamentosas que poderiam ocorrer, decorrente
da frequente condição de polifarmácia entre os pacientes (91% dos pacientes incluídos
utilizavam pelo menos 4 medicamentos associados à varfarina) e, que por vezes, nos
acompanhamentos observávamos a inclusão de um anti-inflamatório, ou antipirético ou
antibiótico, ou de contraste radiológico em condições isoladas e que invariavelmente
levavam a alterações nos resultados de INR. A sazonalidade dos alimentos de origem
vegetal, ricos em vitamina K, podem também ter influenciado nas alterações de INR,
apesar da forte atuação dos alunos nesse contexto. Assim, acreditamos que a baixa
efetividade do tratamento com varfarina, de em média 55%, tenha sido observada pela
interação dos fatores dietéticos e medicamentosos, comorbidades associadas, e fatores
genéticos específicos em genes de enzimas metabolizadoras e genes envolvidos com a
farmacodinâmica da varfarina, variações genéticas essas já extensivamente estudadas
na literatura.
Conclusão
O acompanhamento dos pacientes, a inclusão da carteirinha de
acompanhamento da varfarina, a elaboração de orientações dietéticas para pacientes
9787
em uso de varfarina, foram os pontos fortes no projeto. E nosso único indicador era
aumento na porcentagem de pacientes com resultados de INR dentro do alvo
terapêutico. Mas percebemos que muitos outros fatores associados à realidade dos
pacientes também são muito importantes e assim, o INR acabou não se constituindo em
um importante indicador de adesão.
Apesar de não termos encontrado o resultado esperado, acreditamos que a
aproximação do paciente com o profissional de saúde, tornou o usuário de varfarina
mais consciente de sua condição e mais responsável pelo seu tratamento. Outra
conquista do projeto foi a aproximação dos estudantes de Farmácia, curso considerado
tecnicista, à realidade de pacientes atendidos no SUS, com diferenças sociais, culturais
entre outras, trazendo humanização na formação dos graduandos, tornando-os mais
preparados para atuarem como profissionais da saúde. É importante também relatar que
os estudantes tiveram a oportunidade de atuar e vivenciar as atividades de outros
profissionais da saúde, experimentando assim a multidisciplinaridade.
Referências Bibliográficas
9788
Anexos
ANEXO 1:CARTERINHA DO USUÁRIO DE VARFARINA
ALIMENTOS QUE DEVEM SER CONSUMIDOS COM CAUTELA:
• FOLHAS VERDES ESCURAS: Hortaliças: Aspargos; Alface; Hortelã; Brócolis;
Mostarda; Couve; Espinafre; Repolho; Cebolinha; Salsinha; Folhas e Talos de Couve Flor;
Folha de nabo; Almeirão; Agrião; Rúcula;
• LEGUMES: Pepino com casca;
• Gema de ovo;
• FOLHAS DE CHÁ in natura e industrializadas (cidreira, erva doce, mate, hortelã,
boldo, chá verde, puejo, alecrim, arruda e outros chás a base de folhas verdes);
• GRÃOS: de bico, de lentilha, soja e ervilha verde;
• Algas marinhas;
• ÓLEO de soja, de semente algodão, de canola, de oliva. Poderá ser consumido
quando o mesmo for exposto à luz do dia ou luz fluorescente por 2 dias, dar preferências para
embalagens plásticas. Podem ser substituídos por óleo de milho.
• FRUTAS: Kiwi, abacate e uva (ricas em vitamina K devem ser evitadas)
Dê preferência às frutas sem casca (pois na casca tem maior teor de vitamina K)
CONTROLE DO INR
Nome: ___________________________
Idade: _______ Data de nascimento: ___/____/_____
MAREVAN
DATA
INR DOSE segunda terça quarta quinta sexta sábado domingo
Indicação: ___________________________________
USO MAREVAN
9789
E na parte interna da carteirinha os resultados laboratoriais de INR com sua respectiva
data e definição da dose diária da varfarina pelo médico hematologista eram escritas na
carteirinha
ANEXO 2 MANUAL DO USUÁRIO DA VARFARINA
2018
Se você está em tratamento com esse anticoagulante oral, saiba que a substância
responsável pela ação é a varfarina e ela é muito eficaz para prevenir a ocorrência de
tromboses e embolias, que são complicações sérias resultantes da formação anormal de
massas de sangue coagulado dentro de vasos ou cavidades do coração.
Os pacientes que utilizam anticoagulante oral podem ter sofrido um acidente
trombótico ou embólico ou apresentam um risco excessivo de desenvolver uma dessas
complicações, como no caso das trombofilias.
Entretanto, o uso de anticoagulante oral requer do paciente disciplina e controle nas tomadas,
ou seja o paciente precisa ter consciência do seu tratamento e aderir as orientações do médico
e da equipe que o acompanha .
Para auxiliar seu tratamento, elaboramos este manual, com informações importantes sobre seu
tratamento. Conheça esse manual e o consulte-nos em caso de dúvida sobre seu tratamento.
9790
Você está tomando ANTICOAGULANTE ORAL por que seu corpo pode fazer coágulos ou
por que você já sofreu as consequências da formação desses coágulos . Estes coágulos podem
causar problemas sérios, pois eles podem se mover para outras partes do seu corpo. Por
exemplo, se um coágulo se deslocar para seu cérebro, pode causar um acidente vascular
cerebral (derrame).
O ANTICOAGULANTE ORAL é utilizado para evitar a formação de coágulos em diferentes
condições:
- nas pernas onde causam inchaço e vermelhidão e dor, chamado trombose venosa profunda
ou TVP
- nos pulmões podem causar insuficiência respiratória, também chamado tromboembolismo
pulmonar ou TEP
- associada com um batimento cardíaco rápido irregular, chamado fibrilação atrial ou FA
- associada com a substituição de válvula cardíaca por válvula metálica, esporadicamente em
pacientes com válvula biológica. Normalmente esses pacientes já tiveram febre reumática que
foi responsável pelas complicações cardíacas que culminaram com a substituição da válvula
- associada aos diferentes tipos de câncer e também associado a alguns medicamentos usados
na quimioterapia
- associada ao risco de formação de coágulos após ataque cardíaco
Se você se enquadra em um desses exemplos, o ANTICOAGULANTE ORAL é usado para:
- diminuir o risco de morte
- diminuir o risco de formação de novos trombos
- diminuir o risco de ataques cardíaco ou enfarte, pela primeira ou segunda vez
- diminuir o risco de coágulos se deslocarem para outras partes do corpo
Se você ainda tiver qualquer outra dúvida sobre ANTICOAGULANTE ORAL o motivo pelo
qual você usa o anticoagulante, ou se você não entender algo em seu manual de orientação ao
paciente, nos contate e peça maiores orientações e leve suas dúvidas ao seu médico.
9791
QUANTO EU TOMO?
Durante a consulta seu médico vai te dizer o quanto (dosagem) e como você vai tomar do seu
ANTICOAGULANTE ORAL. Ele decide isso a partir do resultado do exame de sangue do
INR/TP que você faz regularmente. Este exame de sangue é chamado de tempo protrombina
(TP) e é a partir dele que sai o resultado relatado como relação normalizada internacional
(INR).
Dependendo dos resultados obtidos, sua dosagem pode mudar, então certifique-se de tomar a
dose certa de ANTICOAGULANTE ORAL diariamente e para te ajudar a não se esquecer
das alterações de dose a ser tomada o seu médico vai anotar na sua carteirinha essa mudanças.
Na sua carteirinha vai ter anotado o dia de sua visita ao médico, o resultado do TP/INR e a
dose do ANTICOAULANTE ORAL em cada dia da semana.
QUANDO EU TOMO?
Tente tomar seu ANTICOAGULANTE ORAL na mesma hora todos os dias. Tome-o
exatamente da maneira que seu médico escrever na sua carteirinha.
Se você esquecer de tomar um comprimido, tome a dose esquecida tão logo seja possível no
mesmo dia. NÃO tome uma dose dupla de ANTICOAGULANTE ORAL no dia seguinte para
compensar a dose perdida. E se você tiver tomado a dose esquecida em um horário diferente
dentro do mesmo dia, no dia seguinte volte a tomar no horário de sempre. É importante você
estabelecer uma rotina, assim fica mais difícil esquecer de tomar seu medicamento de uso
diário.
Muitas situações podem alterar seu TP/INR. Dentre elas doenças novas ou que já existiam,
por exemplo, gripe, dor de garanta, vômitos ou diarreias e doenças crônicas como diabetes e
hipertensão.
Outra condição que pode alterar seus resultados é a dieta, alterações nos hábitos alimentares
incluindo vegetais verdes, que antes não eram consumidos, inclusão de gorduras nos
alimentos ou na forma de preparar os alimentos.
Outros medicamentos podem interferir, principalmente aqueles que foram prescritos depois
de você já estar em uso do marevan. Por isso é muito importante que ao consultar um outro
médico, você o informe sobre o uso do marevam, pois muitos medicamentos interferem na
terapia com o anticoagulante oral. Também fique atento aos medicamentos suspensos, pois
muitas vezes o ajuste de dose do anticoagulante oral sofreu interferência daquele
medicamento e quando ele foi suspenso, a dose do anticoagulante pode ter ficado muito alta.
9792
O ANTICOAGULANTE ORAL interage com muitas medicações. Segue uma lista de alguns
dos medicamentos que podem interagir com ANTICOAGULANTE ORAL:
paracetamol; ácido acetilsalicílico; ibuprofeno, naproxeno, receptor antagonistas H2, tais
como cimetidina ou ranitidina e suplementos vitamínicos contendo vitamina K. Outros
medicamentos também podem afetar sua resposta ao ANTICOAGULANTE ORAL, como
medicamentos a base de ervas (fitoterápicos). Esteja ciente que a maioria das preparações
com ervas não são padronizadas e a potência pode variar de um lote para outro.
Informe seu médico se você pretender tomar ervas e/ou produtos naturais, talvez você tenha
que antecipar a realização do seu exame, pois o uso de plantas medicinais, como chás,
infusões, beberagens, lambedores podem interferir nos resultados do TP/INR
Outra condição importante é a atividade física, pois pode afetar seu TP/INR.
Portanto, informe seu médico que acompanha o marevan sobre mudanças em sua saúde,
nos seus medicamentos ou na sua dieta e não se esqueça de falar sobre o USO DE
plantas medicinais.
9793
● Faça os seus testes de sangue sempre nas datas programadas.
● Avise seu medico sobre qualquer medicamento que você estiver tomando, assim
como suplementos de ervas/nutricionais.
● Também, pergunte ao seu médico antes de mudar, começar, ou parar de tomar
qualquer outro medicamento.
● Diga ao seu médico quando você ficar doente, se machucar, ou tiver um ferimento que
não para de sangrar.
● Fique atento aos sinais de hemorragia (vide efeitos colaterais ou indesejáveis)
● lnforme qualquer pessoa que esteja Ihe dando cuidados médicos ou dentários que você
esta tomando ANTICOAGULANTE ORAL
● Carregar um cartão de identificação de paciente com os seguintes dizeres:
9794
COMUNICAÇÃO VISUAL DO DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR INFANTIL PARA
COMPLEMENTO DA POTENCIALIDADE DO PÚBLICO-ALVO DE UM PROJETO DE
EXTENSÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE
Resumo
9795
Palavras-chave: Educação permanente; Desenvolvimento neuromotor normal; Produção
técnico-cultural.
Introdução
Atualmente, a tecnologia é o maior meio de comunicação entre culturas de
diversos países, envolvendo pessoas de todas as faixas etárias em todas as partes do
Planeta. Toda a humanidade participa de um processo de transformações sociais e
culturais devido ao veloz avanço tecnológico. Encontram-se uma série de meios de
comunicação que podem funcionar como colaboradores eficientes em situações de
intercomunicação. A utilização eficiente desses meios pode ser um elemento importante
nas mudanças culturais para promover soluções de problemas específicos de sala de
aula ou em outras situações de aprendizado. Os recursos audiovisuais podem promover
uma aprendizagem hábil, introduzir novos assuntos, despertar a curiosidade e a
motivação para novos temas. Devido a isso, a ampliação do conhecimento é gerada.
(CINELLI, 2003). Ainda como sugere Cinelli (2003), para a produção de uma
comunicação audiovisual são necessários alguns componentes e o resultado da
expressão audiovisual é um conjunto da mixagem de dois elementos fundamentais, a
imagem e o som (palavras, músicas e ruídos). Algumas vantagens do recurso
mencionado é a possibilidade do seu manejo, onde é possível utilizar as opções de
pausas, avanços, recuos, repetições e todas as interferências possíveis no ritmo.
Portanto, assim como ocorre mundialmente, todos os meios de comunicação
exercem vigorosa influência na cultura brasileira, desempenhando importante papel
educativo, além do convencional. Através dessas transformações o aprendizado se
processa de forma mais agradável e conduz o sujeito da aprendizagem a um grau
elevado de motivação e atenção. O recurso audiovisual deve ser utilizado como um
diferencial no processamento de informações ministradas ou veiculadas entre os
indivíduos. E apenas com uma adequada produção do vídeo e com a utilização de
critérios coerentes pode-se usufruir de todo o seu potencial criativo, inovador e
educativo presentes neste recurso. (CINELLI, 2003).
O vídeo é potencialmente um grande contribuidor do ensino, mas deve ser
corretamente adaptado ao tema e público-alvo escolhido, fazendo com que sua
utilização promova um desenvolvimento efetivo da conduta e experiência daquele que
está adquirindo o aprendizado. (CINELLI, 2003).
A criação de um vídeo sobre o tema relacionado com as etapas do
desenvolvimento neuromotor normal para o ensino de profissionais da saúde acerca de
tal desenvolvimento resulta um aprendizado mais eficiente, didático e possui todos os
9796
privilégios da utilização desse recurso. Por esta razão e pelas ideias expostas
anteriormente a opção pelo recurso visual foi imprescindível para dar suporte à
educação permanente do público-alvo do Projeto de Extensão docente, cujo término se
deu em dezembro de 2017. Vislumbrando a possibilidade das etapas neuromotoras do
desenvolvimento ocorrerem de modo dinâmico, expressando as atividades das crianças
tal como são realizadas na vida real, os profissionais de saúde envolvidos completaram
um importante ciclo de aprendizagem, capacitação e autonomia por meio das atividades
da Extensão Universitária. Portanto, o impacto positivo que o produto técnico-cultural
no formato de vídeo proporcionou entre os profissionais mencionados nos momentos
onde observavam as crianças de zero a 24 meses de idade, ou mesmo dialogavam com
pais ou responsáveis pelos pequeninos, se tornou um grande diferencial para que
detectassem fatores de risco ou atraso neuromotor na população infantil atendida na
Unidade Básica de Saúde, na qual o Projeto se desenvolveu. Este diferencial contribuiu
sobremaneira para a promoção da saúde de bebês e crianças, atuando precocemente no
encaminhamento das mesmas para a equipe multiprofissional, quando era o caso,
prevenindo-se, com essa prática, a continuidade da influência dos fatores de risco para
o atraso e/ou piora das alterações detectadas.
O desenvolvimento motor é considerado um processo sequencial, contínuo,
ordenado e relacionado à idade cronológica, em que o ser humano adquire uma grande
quantidade de habilidades motoras, as quais avançam de movimentos simples e
desorganizados para a execução de habilidades motoras potencialmente complexas e
organizadas (WILLRICH, 2008), tornando o ser humano apto a se integrar desde seu
nascimento nas mais variadas atividades e funções para o resto de sua vida, ou seja,
desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas, convívio familiar e social, inserção
laboral, e assim por diante. E foi pelo conhecimento e estudo do desenvolvimento em
questão que a Extensão pôde exercer e determinar sua atuação transformadora do
público-alvo e da sociedade visando, conforme já mencionado, a promoção da saúde
das crianças brasileiras, as quais refletem desde idade tão tenra a vulnerabilidade
socioeconômica e cultural do meio em que vivem e se desenvolvem.
Vale retroceder ao primeiro ano de vida do bebê e lembrar como ocorrem as
diversas transformações, que caracterizam esta fase como o apogeu do
desenvolvimento, ocorrendo as evoluções e transformações mais importantes e
determinantes do que se pode chamar desenvolvimento normal. Sabe-se que o processo
de desenvolvimento ocorre de maneira dinâmica e é vulnerável para ser moldado a
partir de inúmeros estímulos externos. Desse modo, a interação entre aspectos do
indivíduo, suas características físicas e estruturais com o ambiente no qual está inserido
9797
e com a tarefa a ser aprendida são determinantes na conquista e refinamento das
diferentes habilidades motoras necessárias para o desenvolvimento. (ARAUJO et al.,
2009). Ao longo de cada fase de maturação encefálica de bebês padrões motores são
adquiridos, estes são descritos como um conjunto de características básicas, a sequência
e a organização de movimentos dentro de uma relação espaço-tempo, acrescenta o
autor. Estes movimentos são observados logo após o nascimento e ao longo do ciclo
vital do ser humano, os filogenéticos como sendo naturais e comuns a todos e, os
ontogenéticos, ou seja, aqueles decorrentes da maturação e experiência adquirida ao
longo da vida.
Os notáveis marcos do desenvolvimento infantil são a evolução do controle
postural, o que aumenta a possibilidade de exploração e interação de lactentes, o
progresso para a posição sentada, a conquista do engatinhar e, então, a aquisição da
postura ortostática seguida da marcha independente. O estudo e entendimento desse
processo de maturação estabelece o reconhecimento do modo como vão ocorrendo as
aquisições dos padrões e habilidades motoras, a fim de compreender melhor as
diferenças no desenvolvimento e poder definir quando as alterações estão presentes.
Sobre isso, diversos fatores podem colocar em risco o desenvolvimento normal
de uma criança. São definidos como fatores de risco e se trata de uma série de
condições biológicas e/ou ambientais que aumentam as chances de déficits no
desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Para Willrich (2008), as principais causas
de atraso motor são baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e
neurológicos, infecções neonatais, desnutrição, baixas condições socioeconômicas, nível
educacional precário dos pais e prematuridade. Quanto maior o número de fatores de
risco atuantes, maior será a probabilidade de haver comprometimento do
desenvolvimento normal. Destacam-se também, para Araujo et al. (2009), fatores como
obesidade infantil, desnutrição das crianças e a importância da presença e estímulo
materno para o desenvolvimento motor das crianças. Dessa forma, os profissionais da
saúde devem estar sempre atentos a quaisquer alterações presentes.
Juntamente ao aprendizado adquirido devido à relação com o Projeto de
Extensão docente Vigilância do desenvolvimento neuromotor infantil em Unidade Básica de
Saúde do Distrito Noroeste de Campinas da Prof.ª Me Maria Valéria Corrêa e Castro
Campomori, desenvolvido no biênio 2016-2017, o presente estudo teve como objetivos
propiciar maior compreensão das etapas do desenvolvimento neuromotor de bebês e
crianças normais, por meio da captura de imagens em movimento, para dar suporte ao
trabalho docente; favorecer o aprofundamento do conhecimento dos profissionais em
9798
relação à detecção precoce de alterações neuromotoras infantis e; aprimorar o
repertório do público-alvo para orientar os pais, ou responsáveis.
Visou-se a promoção da saúde na medida em que houve integralidade da
assistência à comunidade, a vinculação dos profissionais da saúde para com a sociedade
e a perspectiva de promoção de ações intersetoriais. A promoção de saúde é
reconhecida como uma das estratégias de produção da saúde, em que é articulada a
outras políticas e tecnologias desenvolvidas no SUS. Associada às ideias anteriores a
prática da educação em saúde está vinculada a um comportamento verticalizado e tem
a proposta de compartilhar com o indivíduo ou responsável saberes e práticas dos
profissionais da saúde para que haja mudanças de ambas as partes, através do diálogo e
problematização. (ALENCAR et al., 2012). Observa-se a ação educativa em momentos
formais e/ou planejados, ou informais, como em conversas com moradores ou visitas
domiciliares. A atividade de orientação e intervenção social enfatizam as atividades de
promoção da saúde juntamente à criação de relações recíprocas e acolhedoras entre os
sujeitos.
Ademais, a atenção à saúde compõe políticas públicas e destaca o compromisso
com a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil, o que delineia as
diretrizes políticas e técnicas para a ação integral à saúde da criança, comprovando,
novamente, ações de promoção da saúde infantil. A partir de um trabalho
multidisciplinar o desenvolvimento infantil envolve questões físicas ou do movimento,
cognitivas, emocionais e sociais, adquirindo um conhecimento acerca do
desenvolvimento global da criança. (SÁ, 2014).
Segundo Sá et al. (2014), esse processo de educação continuada multiprofissional
percorre todos os níveis de atenção, a fim de fortalecer a atuação profissional na saúde
e se apresenta como uma proposta para ampliar discussões, estudos e ações no meio da
prática assistencial.
Para Falbo et al. (2011), no Brasil a saúde da criança tem o foco no
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, incentivo ao aleitamento
materno, orientação da alimentação da criança, imunização, prevenção de acidentes e
atenção às doenças prevalentes na infância. Estas constituem, portanto, práticas
essenciais para proporcionar boas condições de saúde na infância. A supervisão do
crescimento e do desenvolvimento infantil deve der realizada de forma regular sendo
possível a detecção precoce de alterações, criando a oportunidade de realizar as devidas
condutas em tempo hábil, com o objetivo de proporcionar oportunidades ao
desenvolvimento adequado durante a infância. Contribui-se, então, para que as
9799
potencialidades individuais, desde o nascimento, sejam desenvolvidas adequadamente
e reflitam beneficamente durante a vida do indivíduo, até seu envelhecimento.
As ações dos profissionais da saúde, sendo educados e qualificados, são
importantes para que os bebês e crianças recebam a devida atenção à saúde adequada
às suas necessidades, visando o desenvolvimento saudável. Deve-se adotar estratégias
de prevenção de doenças ou alterações e promoção da saúde para intervir
precocemente na presença de quaisquer problemas que venham ameaçar a integridade
infantil, suas oportunidades e qualidade de vida, sobressaindo a responsabilidade de se
criar uma assistência à saúde que seja qualificada e humanizada, a fim de melhorar o
desenvolvimento e progresso dos envolvidos.
Metodologia
A metodologia escolhida para o plano de trabalho do Grupo de Alunos
Voluntários da Extensão (GAVE), intitulado Estruturação de comunicação visual em vídeo
das etapas do desenvolvimento normal, em crianças de zero a 24 meses de idade, foi a
construção de um Roteiro para subsídio das filmagens de bebês e crianças de zero a 24
meses, pelos marcos do desenvolvimento neuromotor normal’ para auxiliar a captura das
atividades dinâmicas que representassem fielmente as reações, reflexos e habilidades
neuromotoras de cada etapa de vida das crianças; seleção de crianças com
desenvolvimento neuromotor normal, de zero a 24 meses de idade; assinaturas no
Termo de Cessão de Direitos pelos pais ou responsáveis da população infantil para a
realização das filmagens; filmagem das etapas motoras correspondentes no setor de
Pediatria da Clínica de Fisioterapia da PUC-Campinas; edição da filmagem e gravação
em pen drive personalizado.
As atividades tiveram início dia 01/08/2017 e término em 15/12/2017. Foram
realizadas reuniões semanais e leituras técnico-culturais e científicas, revisão geral e
específica do conhecimento acadêmico prévio com a docente responsável para
elaboração do roteiro mencionado no parágrafo anterior.
A seleção de crianças com desenvolvimento neuromotor normal de zero a 24
meses dispôs da ajuda profissional do Ambulatório de Puericultura e Pediatria do
Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da PUC-Campinas, com os devidos trâmites
administrativos e éticos, e da colaboração de amigos e familiares próximos de cada
aluna do GAVE. A partir disso, as crianças foram agendadas conforme disponibilidade
dos pais, alunas voluntárias e do profissional responsável pela filmagem.
Para realização de capturas de imagens em movimento no Setor de Pediatria da
Clínica de Fisioterapia da PUC-Campinas, utilizando-se sua área física e infraestrutura,
9800
foi necessário proceder à solicitação e aprovação das Responsáveis Técnicas (RT) da
referida clínica. Os recursos que motivaram as brincadeiras e atividades dos bebês e
crianças foram utilizados, segundo a faixa etária filmada. Foram tomados os devidos
cuidados com o estado geral e emocional das crianças, assim como estados de fome,
sono, irritação, entre outros.
As filmagens foram feitas com bebês e crianças de 0 a 24 meses, consideradas as
idades iniciais (recém-nascido e primeiro mês) e os trimestres: terceiro, sexto, nono,
décimo segundo, décimo oitavo e vinte e quatro meses. Melhor explicando, as faixas
etárias foram: recém-nascido e o bebê do primeiro mês, o primeiro trimestre (bebês com
dois ou três meses), o segundo trimestre (bebês com quatro, cinco ou seis meses), o
terceiro trimestre (bebês com sete, oito ou nove meses), o quarto trimestre (dez, onze
ou doze meses), dezoito meses e, finalmente, vinte e quatro meses. Alguns reflexos e
reações do desenvolvimento neuromotor devem desaparecer conforme o bebê cresce e
evolui, pois, caso contrário, poderá indicar atraso do desenvolvimento.
O “Roteiro para subsidiar as filmagens de bebês e crianças de zero a 24 meses, pelos
marcos do desenvolvimento neuromotor normal”, já mencionado, constou de informações
imprescindíveis para auxiliar as filmagens dos representantes infantis de cada faixa
etária.
Para dar uma ideia ao leitor de como foi constituído o roteiro, citado no
parágrafo anterior, alguns componentes neuromotores, próprios de cada trimestre do
desenvolvimento infantil, serão brevemente descritos a seguir.
O recém-nascido até o final do primeiro mês de vida apresenta um conjunto de
reflexos primitivos, que desaparecerão na medida em que ocorrer a maturação do
sistema nervoso central com o avanço cronológico dos meses até completar um ano de
vida, o que caracteriza o apogeu infantil, ou seja, o período de doze meses onde
ocorrem os mais variados ganhos e tipos de atividades motoras. O conhecimento e
domínio desse arsenal motor infantil foi imprescindível para que as cenas capturadas
nas filmagens pudessem representar, fielmente, a realidade de cada fase do
desenvolvimento, o mesmo se dando em relação ao primeiro, segundo, terceiro e quarto
trimestres de vida do bebê, assim como com os dezoito e vinte e quatro meses.
O material filmado passou por análise e revisão das alunas do GAVE e do
profissional responsável pela filmagem e edição do mesmo. No final houve avaliação e
aprovação da docente responsável pelo Plano de Trabalho do GAVE. A gravação foi
realizada em pen-drive para ser disponibilizado aos profissionais da saúde da Unidade
Básica de Saúde (UBS) Margarida dos Santos Silva (Parque Floresta, como é mais
conhecida), situada no Distrito Noroeste de Campinas-SP. Assim, em dezembro de 2017
9801
foi efetuada a demonstração, discussão e aprovação do registro de imagens das etapas
do desenvolvimento neuromotor normal em conjunto com o público-alvo envolvido. Em
seguida, realizou-se o compartilhamento e entrega definitiva do material filmado para a
coordenadora da referida UBS.
Resultados e Discussão
Ao final do projeto as alunas participantes do plano de trabalho de extensão do
GAVE obtiveram o resultado esperado, isto é, a estruturação de um produto de
comunicação visual em vídeo, gravado em pen-drive personalizado, contendo as etapas
neuromotoras normais de bebês e crianças de zero a 24 meses de idade. O produto foi
disponibilizado para o público-alvo escolhido para o aprendizado, capacitação,
complemento e multiplicação de conhecimento. Ademais, as alunas envolvidas
estabeleceram experiências positivas e enriquecedoras na realização de atividades
relacionadas a projetos e planos sociais, visto que os alunos possuem a oportunidade de
exercitar o trabalho social na comunidade, por meio de um resultado produtivo e
positivo para todos os envolvidos. Tratou-se de um projeto que necessitou de
comprometimento e responsabilidade, o qual proporcionou colaboração para o
progresso da saúde infantil de Campinas com repercussões positivas na Região
Metropolitana de Campinas.
Portanto, o modelo de Extensão Universitária consiste em prestar auxílio à
sociedade, levando contribuições que visam a melhoria dos cidadãos. O entendimento a
respeito da relação entre extensão e sociedade é uma visão fundamental que possibilita
a qualidade da assistência prestada para as pessoas. (RODRIGUES et al., 2013).
A prática da redação científica e da oratória foram aprimoradas durante o Plano
de Trabalho e na submissão de um relatório ao final do projeto. O exercício da redação
produz um conhecimento diferenciado daquele adquirido nas atividades da graduação
e, quando praticada, traz benefícios para a vida acadêmica e futuramente profissional.
Desenvolveu-se autoconfiança e conhecimento específico para identificar o
desenvolvimento neuromotor de crianças normais, de zero a 24 meses de idade. Este
conhecimento ajudou substancialmente para o reconhecimento de crianças com
alterações neuromotoras em disciplinas da graduação, assim como preparou melhor os
alunos envolvidos para a atuação na graduação, visando à vida profissional futura.
A extensão estabeleceu uma relação teoria/prática (práxis) simulando o mercado
de trabalho e se constituiu em campo de aplicação prática, possibilitando a vivência de
conteúdos e qualificando a aprendizagem curricular. Destacou-se, ainda, nos espaços
vivenciais de saberes, tornando possível a interlocução da teoria trabalhada em sala de
9802
aula com os desafios da realidade social, além de outras aprendizagens, tão importantes
quanto às relacionadas ao saber técnico necessário ao exercício de determinada
profissão, como a iniciativa e vivência de grupo. (COSTA; BAIOTTO; GARCES, 2013).
Ao criar contatos com mães, pais ou responsáveis dos bebês e crianças
selecionadas para as filmagens, a postura ética das alunas foi desenvolvida, assim como
no contato com a equipe multiprofissional do ambulatório de Pediatria do Hospital
Maternidade Celso Pierro (HMCP/PUC-Campinas). A partir isso, a prática da Extensão
Universitária demanda respeito entre as ideias de cada um, aprimora os conhecimentos
prévios e ensina a agir com ética. Deve-se respeitar as diferenças, sejam elas entre
educadores e educandos, mulheres e homens, conhecimentos científicos e populares.
(FREIRE, 1981 apud CALIPO, 2009).
Por consequência, os objetivos foram alcançados devido a utilização de imagens
dinâmicas presentes no vídeo, ao invés de imagens estáticas, como normalmente
ocorre. O público-alvo escolhido se tornou multiplicador do conhecimento ao aprimorá-
lo por intermédio da produção técnica e pôde usufruir de todos os benefícios sobre o
acesso e uso do recurso audiovisual. A educação se tornou mais didática e próxima da
realidade, quando comparada com aquela vivenciada pelos profissionais da saúde em
sua rotina profissional. Devido a isso, colocou-se em prática a promoção da saúde
infantil esperada por meio de um trabalho multidisciplinar totalmente voltado para os
Agentes Comunitários de Saúde, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem envolvidos como
público-alvo do Projeto de Extensão docente, os quais lidam cotidianamente com
bebês, crianças e seus pais, ou responsáveis. Portanto, ao contribuírem para a promoção
da saúde infantil, haverá minimização de fatores de risco para o atraso neuromotor pela
atuação preventiva na atenção primária. (ARAUJO et al., 2009).
Conclusão
Ao final do Projeto de Extensão docente Vigilância do desenvolvimento neuromotor
infantil em Unidade Básica de Saúde do Distrito Noroeste de Campinas, ao qual o Plano de
Trabalho de Extensão do GAVE foi vinculado, o conhecimento dos profissionais de
saúde se tornou pleno e eficiente para a detecção dos fatores de risco ao
desenvolvimento neuromotor infantil de zero a 24 meses, ou seu atraso. Apesar do
término do Projeto docente e Plano de Trabalho do GAVE, os profissionais continuam
orientando os pais, ou responsáveis, acerca do comportamento neuromotor de seus
filhos e encaminhando as crianças com atraso para avaliação específica pelas áreas
médica e fisioterapêutica. Estas ideias representam um importante resultado da ação
9803
extensionista na comunidade e sociedade, por meio da educação permanente do
público-alvo envolvido.
Finalmente, na concretização das ações de promoção da saúde faz-se necessário
fortalecer as ligações entre os diversos setores da saúde: social, político, cultural e
econômico em conjunto com o beneficiário e familiares para que se efetive a promoção
da saúde, de fato, permitindo inovações nos serviços. (ALENCAR et al., 2012).
Referências
9804
FALBO, B. C. P; ANDRADE, R. D; FURTADO, M. C. C; MELLO, D. F. Estímulo ao
desenvolvimento infantil: produção do conhecimento em Enfermagem. Rev Bras Enferm,
Brasília 2012 jan-fev; 65(1): 148-54. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672012000100022>.
Acesso em: 16 mar. 2018.
9805
CONTRIBUIÇÕES DE UMA FARMÁCIA UNIVERSITÁRIA NA SEMANA NACIONAL DE
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Juliana Patrão de Paiva, Fortune Homsani, Carla Holandino Quaresma, Naira Villas Boas
Vidal de Oliveira, Zaida Maria Faria de Freitas, Márcia Maria Barros dos Passos, Mariana
Sato de S B Monteiro, Ana Lucia Vazquez Villa, Aline Guerra Manssour Fraga, Eduardo
Ricci Júnior, Rita de Cássia Ascensão Barros, Elisabete Pereira dos Santos.
Resumo
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), criada em 2004, visa aproximar a
Ciência e Tecnologia (CT) da população, promovendo eventos que congregam centenas
de instituições na divulgação científica em todo o País. A Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) participa da SNCT com várias oficinas oferecidas pelos seus diferentes
cursos. Desde 2012, a Farmácia Universitária (FU) participa da SNCT com o objetivo de
integrar os alunos de graduação na disseminação de conhecimento sobre medicamentos
e cuidados com a saúde junto aos frequentadores da SNCT (estudantes do ensino
fundamental e médio). Utilizando temas como: Contribuições das farmácias na
sustentabilidade; Porque a bomba pode nocautear você: a FU e os anabolizantes; A FU
garantindo o acesso a medicamentos órfãos e as formas farmacêuticos para uso em
pediatria; Luz solar como ferramenta auxiliar no tratamento medicamentoso; A Ciência
da FU vitaminando a saúde; A Matemática somando saúde e diminuindo risco; a FU
transmite o conhecimento em experimentos, jogos, brincadeiras, folhetos e banners. Em
2017, a FU disponibilizou aos alunos um questionário para avaliar as atividades
oferecidas buscando melhorar sua contribuição. A organização da atividade, a novidade
e a clareza do tema e a atenção recebida receberam pontuação máxima, ou seja, 100%
dos alunos consideraram excelentes. Sobre a escolha do tema, 97% consideraram
excelente e 3% regular. Sobre a relevância do tema, 94% acharam excelente e 6%
regular. 88% consideraram as atividades recreativas excelentes, 6% regulares e 6% não
responderam. 82% achou excelente a iniciativa de levar a atividade até a sua escola, 3%
regular e 15% não responderam. Conclui-se que as atividades de extensão
desenvolvidas na SNCT representam uma forma de retribuir a comunidade à
contribuição de cada indivíduo no custeio das universidades públicas e refletem o
compromisso da UFRJ em sensibilizar esse público para a CT estimulando a entrada
desses jovens nesse universo.
Palavras-chave: Farmácia Universitária; Semana Nacional de Ciência e Tecnologia;
estudantes.
9806
Introdução
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), evento criado em 2004
por decreto presidencial, tem como principal objetivo aproximar a Ciência e Tecnologia
da população, promovendo eventos que congregam centenas de instituições a fim de
realizarem atividades de divulgação científica em todo o País. A ideia foi criar uma
linguagem acessível à população, por meios inovadores que estimulem a curiosidade e
motivem a população a discutir as implicações sociais da Ciência, além de
aprofundarem seus conhecimentos sobre o tema. Esse evento anual é coordenado e
financiado com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC) e conta com a colaboração de secretarias estaduais e municipais,
agências de fomento, espaços científico-culturais, instituições de ensino e pesquisa,
sociedades científicas, escolas, órgãos governamentais, empresas de base tecnológica e
entidades da sociedade civil. A SNCT ocorre simultaneamente em quase todos os
estados brasileiros e todas as pessoas interessadas podem participar das atividades.
Atualmente, colaboram com a realização deste evento as universidades e instituições de
pesquisa; escolas públicas e privadas; institutos de ensino tecnológico, centros e
museus de Ciência e Tecnologia (CT); entidades científicas e tecnológicas; fundações de
apoio à pesquisa; parques ambientais, unidades de conservação, jardins botânicos e
zoológicos; secretarias estaduais e municipais de CT e de educação; empresas públicas
e privadas; meios de comunicação; órgãos governamentais; organizações não
governamentais (ONGs) e outras entidades da sociedade civil. Além disso, o MCTIC
propõe um tema diferente a cada ano, levando as instituições participantes do evento a
desenvolverem atividades educacionais e lúdicas (palestras, filmes, vídeos,
experimentos, jogos, brincadeiras, entre outros) mostrando os avanços científicos e
tecnológicos relativos à temática predefinida. As atividades criam ambiente propício
para a troca de ideias, promovendo debates e estimulando o despertar de vocações
científicas.
A SNCT na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) possui os seguintes
objetivos: Contribuir para a popularização dos conhecimentos e da produção científica,
tecnológica, artística e cultural da UFRJ, utilizando-se de linguagens que privilegiem a
interação dialógica e a participação dos estudantes da UFRJ como mediadores deste
processo; Promover a aproximação entre os saberes produzidos no âmbito da
universidade e os saberes produzidos na educação básica e no ensino técnico do Estado
do Rio de Janeiro, especialmente na rede pública de ensino; Possibilitar a aproximação
entre os saberes produzidos no âmbito da universidade e os saberes produzidos pelos
coletivos de profissionais, representações sindicais, associações e comunidade em geral;
Viabilizar o princípio da extensão universitária, como processo interdisciplinar,
educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre
universidade e outros setores da sociedade, como definido pelo Fórum de Pró-Reitores
de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras - FORPROEX;
Contribuir para a formação técnico-acadêmica e cidadã do estudante da UFRJ, pautada
9807
na função social da universidade, por meio da sua participação na construção e
mediação das atividades e potencializar recursos e ampliar as atividades com vistas a
facilitar o processo de implementação da acreditação da extensão.
A Farmácia Universitária (FU), da Faculdade de Farmácia (FF), da UFRJ,
existente desde 1986, funciona como um campo de formação de muitos farmacêuticos,
pois o curso de Farmácia encaminha todos os alunos de graduação para o estágio
obrigatório curricular na FU. Durante este estágio, o aluno tem a oportunidade de
consolidar o conhecimento adquirido, reconhecendo na prática a interdisciplinaridade
vivenciada ao longo de sua formação. Esse programa tem rendido resultados excelentes
em relação à inserção profissional dos nossos alunos egressos, mostrando que a
associação entre ensino, pesquisa e extensão, especialmente na FF da UFRJ, é realidade
concreta. Contudo, a FU tornou-se importante não só pelo ensino e pesquisa ali
desenvolvidos, mas pelo enorme comprometimento com o caráter de extensão
universitária, uma vez que, o programa além de proporcionar aos usuários
medicamentos magistrais de qualidade e baixo preço, fornece orientação acerca do uso
racional de medicamentos e informações inerentes à assistência farmacêutica a cerca
de 300 pacientes por dia. Portanto, é muito importante o papel que as Farmácias Escola
(FE) representam como um estabelecimento de saúde pertencente a uma Instituição de
Ensino Superior (IES), abrindo oportunidades para o intercâmbio entre os problemas
sociais e a educação, com as pesquisas, campanhas sanitárias, buscando uma melhoria
da qualidade de vida da população. Em resumo; tem-se por um lado à formação de
profissionais altamente qualificados para ingressar no mercado de trabalho e, por outro,
estímulo do desenvolvimento social a partir da forte preocupação em oferecer serviços
e produtos de maneira responsável e qualificada. A FU motivada a contribuir para a
popularização do conhecimento, transformação social e promover a aproximação entre
os saberes produzidos na Universidade e a comunidade que frequenta a SNCT, participa
desde 2012 da SNCT, na UFRJ, oferecendo ao público alvo oficinas educacionais e
lúdicas, ampliando a oportunidade de acesso à saúde e educação. MENDONÇA e SILVA
(2002) afirmam que poucos são os que têm acesso direto aos conhecimentos gerados na
universidade pública e que a extensão universitária é imprescindível para a
democratização do acesso a esses conhecimentos, assim como para o
redimensionamento da função social da própria universidade, principalmente se for
pública. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi difundir e popularizar
conhecimentos sobre medicamentos e cuidados a saúde a partir das atividades das
oficinas desenvolvidas pela FU, na SCNT, nos últimos 6 anos.
Metodologia
Com base nos temas gerais definidos pelo MCTIC, a FU procura adequar suas
atividades na SNCT, desde 2012, para atender a demanda dos estudantes do ensino
fundamental e médio, sob a coordenação da Professora Elisabete Pereira dos Santos,
tendo como foco principal o uso racional de medicamentos (Quadro 1).
9808
Quadro 1: Tema da Tema da Participante Período Local
Temas SNCT FU/UFRJ s da
gerais das FU/UFRJ
SNCT e
atividades
da FU/UFRJ
Ano
2012 Economia Contribuiçõ 3 docentes, De 15 a 21 Prédio da
verde, es das 4 técnicos- de outubro, Reitoria, da
sustentabili farmácias administrati das 9 hs as UFRJ,
dade e magistrais vos e 6 17 hs campus
erradicação para a alunos de Fundão, na
da pobreza sustentabili graduação Cidade
dade Universitári
a
2013 Ciência, Porque a 4 docentes, De 21 a 27 Prédio da
saúde e bomba pode 4 técnicos- de outubro, Reitoria, da
esporte nocautear administrati das 9 hs as UFRJ,
você: a vos e 5 17 hs campus
farmácia alunos de Fundão, na
universitária graduação Cidade
e os Universitári
anabolizant a
es
2014 Ciência e A FU da 4 docentes, De 13 a 19 Prédio da
tecnologia UFRJ 6 técnicos- de outubro, Reitoria, da
para o garantindo administrati das 9 hs as UFRJ,
desenvolvim o acesso de vos e 5 17 hs campus
ento social medicament alunos de Fundão, na
os órfãos e graduação Cidade
as formas
farmacêutic
os para
Em todas as edições a FU desenvolveu oficinas educacionais e lúdicas,
utilizando experimentos, jogos, brincadeiras, folhetos explicativos, banners, e
exposição, com o intuito de sensibilizar os jovens para os temas apresentados. As
oficinas duraram o dia todo e, as atividades apresentadas duraram em média 30
minutos. Os acadêmicos de farmácia que trabalharam nas oficinas foram recrutados por
divulgação prévia e selecionados de acordo com sua disponibilidade de horário e sua
periodização. Os materiais utilizados nas oficinas foram custeados pelo programa FU.
Na edição de 2017 da SNCT, a FU disponibilizou aos alunos um instrumento com a
finalidade de avaliar a participação da atividade oferecida buscando aprimorar às
9809
futuras contribuições. Esse instrumento consistiu em um questionário estruturado
contendo 8 perguntas fechadas cujas respostas deveriam ser respondidas como
excelente, regular ou ruim não sendo solicitada a identificação de quem preencheu. As
questões abordadas pelo questionário foram relativas aos temas apresentados, às
informações disponibilizadas, ao acolhimento recebido e se gostariam de uma
apresentação da atividade no seu local de aprendizado.
Resultados e Discussão
- O tema escolhido para a edição da SNCT de 2012 foi “Economia Verde,
Sustentabilidade e Erradicação da Pobreza”, que estava em sintonia com as discussões
da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, promovida
pela Organização das Nações Unidas (ONU), em junho de 2012, no Rio de Janeiro. Esse
foi o primeiro ano da participação da FU na SNCT, onde a FU mostrou que um
estabelecimento magistral pode manipular no contexto do uso racional de
medicamentos exemplificando como essas farmácias contribuem para a
sustentabilidade ensinando como se prepara um sabonete a partir do reaproveitamento
de óleo de soja. Também foi mostrado que os medicamentos homeopáticos de origem
vegetal utilizam matérias primas isentas de agrotóxicos, as quais são cultivadas em
sítios orgânicos, preservando tanto a espécie vegetal quanto o solo de cultivo, aspectos
importantes dentro da sustentabilidade do planeta. Foi destacado, ainda, que as várias
etapas de produção de medicamentos homeopáticos não geram resíduos tóxicos, sendo,
portanto a homeopatia uma terapêutica que visa preservar a integridade do indivíduo
em equilíbrio com o meio ambiente. Com o objetivo de apresentar ao público visitante
algumas formas farmacêuticas homeopáticas (glóbulos, tabletes e gotas), foi feita uma
exposição com esclarecimentos sobre o emprego de cada uma destas. Com um enfoque
magistral e visando demonstrar a farmacotécnica peculiar envolvida com a preparação
dos medicamentos alopáticos e homeopáticos (dinamização), foram feitas
demonstrações sobre a moldagem de tabletes de lactose e as dinamizações envolvidas
no preparo dos medicamentos homeopáticos, além de técnicas da farmacotécnica
alopática, dando oportunidade ao público alvo de realizar estes procedimentos,
utilizando utensílios farmacêuticos específicos.
- A edição de 2013 abordou o tema “Ciência, saúde e esporte”, que estava em
sintonia com os grandes eventos esportivos realizados no Brasil, como a Copa do
Mundo e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. No ano de 2013, a FU alertou os jovens
que querem adquirir massa muscular, com rapidez, sobre os problemas causados pelo
uso de anabolizantes esteróides e suplementos alimentares sem supervisão adequada.
Neste contexto foram divulgados os riscos inerentes ao uso de anabolizantes esteróides
e suplementos alimentares sem prescrição e/ou acompanhamento de um profissional de
saúde, uma vez que essa prática é muito utilizada pelo segmento jovem da população.
Os anabolizantes esteróides são substâncias derivadas do hormônio testosterona e são
conhecidos, principalmente, pelos efeitos que causam nos músculos (hipertrofia
muscular). No entanto, essas substâncias também têm outros efeitos, como crescimento
9810
do pelo facial, acnes, engrossamento da voz, alterações na genitália, distúrbios do
comportamento, retenção de líquido no organismo, aumento da pressão arterial e
podem colocar em risco a vida do usuário. Da mesma forma o uso de suplementos
alimentares sem controle pode provocar acne, inchaço, aumento da produção de gases
e outros resultados negativos. Diversos estudos demonstram que o culto ao corpo tem
provocado eventos adversos importantes levando a desfechos graves aos usuários
dessas práticas. Utilizando folhetos explicativos e brincadeiras a FU tentou sensibilizar
os jovens sobre esta questão.
- A edição da SNCT de 2014 abordou o tema “Ciência e Tecnologia para o
Desenvolvimento Social”, que teve como objetivo mobilizar a população, em especial
crianças e jovens, em torno de atividades de ciência e tecnologia. Em 2014, a FU
mostrou como se desenvolve tecnologia, em uma farmácia magistral, para se garantir o
acesso da população a medicamentos que a indústria não produz bem, como formas
farmacêuticas não encontradas no mercado farmacêutico. Desde 1986 a FU é
responsável pela manipulação de vários medicamentos que não fazem parte do elenco
de medicamentos disponibilizados pela indústria farmacêutica. Esses medicamentos por
não terem uma demanda satisfatória, para gerar lucro, não são produzidos
comercialmente. Dentro desse grupo encontram-se também os medicamentos cujas
formas farmacêuticas, para uso pediátrico não são encontradas em farmácias e
drogarias. A pediatria é um grande desafio quando se fala em tratamento
medicamentoso, pois as crianças não são "adultos pequenos", pois possuem composição
corporal e órgãos em diferentes estágios de desenvolvimento comparados com outras
faixas etárias. Em casos onde a única forma farmacêutica existente é sólida (cápsulas ou
comprimidos), acontece a adaptação para forma líquida, sendo geralmente em soluções
extemporâneas (para uso imediato). Adaptar formas farmacêuticas e manipular
medicamentos “órfãos”, que a indústria não fabrica, são atividades que a FU/UFRJ
desenvolve, diariamente, para permitir o acesso da população aos medicamentos e, em
consequência, à saúde. Utilizando folhetos explicativos, vídeos e brincadeiras a FU
procurou sensibilizar os jovens para esta questão.
- A edição de 2015, da SNCT, abordou o tema “Luz, ciência e vida”, e essa
temática estava em sintonia com a decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que
proclamou 2015 como o Ano Internacional da Luz, com objetivo de celebrar a luz como
matéria da ciência e do desenvolvimento tecnológico. A FU explicou a importância do
uso racional e seguro da luz solar em alguns tratamentos medicamentosos objetivando
resultados positivos na saúde do doente. O sol, por emitir radiações infravermelhas e
ultravioletas (UVA e UVB), torna-se um inimigo quando utilizado de forma errada. Porém
não podemos nos esquecer de que o organismo precisa das radiações solares para ativar
algumas reações e, em alguns tratamentos medicamentosos, a luz, quando utilizada
corretamente, potencializa a ação de alguns medicamentos. Como exemplos tem-se a
Vitamina D que é uma vitamina lipossolúvel e é a única vitamina que pode ser
produzida em nosso organismo por meio dos raios ultravioleta do sol. A pró-vitamina D
ingerida e sob a ação da radiação ultravioleta da luz solar se transforma em vitamina D,
9811
que se concentra na pele, promove a absorção de cálcio, essencial para o
desenvolvimento normal dos ossos e dentes, e também ajuda a manter os níveis
sanguíneos de fósforo. A falta de vitamina D pode levar a uma condição chamada
raquitismo, especialmente em crianças, nas quais os ossos e os dentes ficam fracos. Em
adultos, pode causar uma condição chamada osteomalacia, na qual o cálcio é perdido a
partir dos ossos (descalcificação óssea) e eles se tornam fracos. Outro exemplo é o
metoxisaleno, importante medicamento utilizado no tratamento do vitiligo, doença
cutânea que causa a perda gradativa da pigmentação da pele, geralmente com o
surgimento de manchas em todo o corpo, e precisa dos raios UVA do sol ou das câmaras
de luz da fototerapia (PUVA) para ser mais eficaz. Também os alcatrões como o coaltar,
ictiol e óleo de cade utilizados no tratamento da psoríase em placa, que é uma
dermatose inflamatória crônica, não contagiosa, sem cura, com principais manifestações
na pele e articulações, quando associado aos raios UVB, potencializa a ação destes, de
tal sorte que podem ser utilizados na metade da dose eritematosa mínima. Utilizando
folhetos explicativos e brincadeiras a FU, que manipula todos os medicamentos citados
acima, mostrou aos jovens a importância do uso consciente da luz em alguns
tratamentos medicamentosos.
- A edição de 2016, da SNCT, abordou o tema “Ciência alimentando o Brasil”, e
essa temática estava alinhada com o redesenho do Programa de Segurança Alimentar
para o País, com foco no desenvolvimento de pesquisa e novas tecnologias, na inclusão
de populações vulneráveis – a exemplo de quilombolas e índios – e na busca em elevar
o padrão de renda dessas pessoas por meio da verticalização da produção e da
agregação de valor dos seus produtos. A FU desenvolveu o tema “A Ciência da Farmácia
Universitária vitaminando a saúde”, que mostrou que a FU manipula e desenvolve
medicamentos que auxiliam a promoção da saúde, como as vitaminas D, B8, B6, B1 e
B12, e substâncias provenientes da natureza, como mel de abelha, agrião, própolis,
papaína. Além de óleos vegetais, como óleo de semente de uva, óleo de amêndoas e
óleo de rosa mosqueta, os quais apresentam ação hidratante, emoliente e umectante, e
são incorporados em cremes para aplicação na pele. Em 2016, foi realizado uma oficina
com caça palavras, jogo da memória, 2 folhetos informativos, panfletos e 2 pôsteres
mostrando as fonte de cada vitamina, as formulações manipuladas pela FU, sua funções
e o que ocasiona a sua carência no organismo.
- A edição de 2017, da SNCT, abordou o tema “A Matemática está em tudo”, e
essa temática se baseou no Biênio da Matemática Gomes de Souza (2017-2018). A FU
desenvolveu o tema “A Matemática da Farmácia Universitária somando saúde e
diminuindo risco” e o objetivo dessa ação foi oferecer aos alunos do ensino médio
conhecimentos sobre unidades de concentração, posologia, dosagem, correlação
massa/volume dos medicamentos mostrando como a matemática é fundamental nas
ciências farmacêuticas. A Matemática é uma ciência exata que estuda a quantidade e
formas e possui uma linguagem própria para representação, auxiliando na resolução de
problemas relacionados com o cotidiano. É utilizada como ferramenta essencial em
muitas aéreas do conhecimento, como por exemplo, engenharia, medicina, química,
9812
física, biologia e farmácia. Na área farmacêutica, a matemática é empregada para
calcular a concentração do fármaco e excipientes que serão utilizados no
desenvolvimento de todas as formulações farmacêuticas, como por exemplo, cápsulas,
soluções e cremes. Além disso, esta ciência também é utilizada para a administração
correta da dose de um medicamento, como no caso das soluções farmacêuticas que
podem ser administradas em gotas ou mililitros. Já as cápsulas e comprimidos devem
ser contados. A administração da concentração correta do fármaco é responsável pelo
seu efeito terapêutico, assim como seu excesso é responsável pelos possíveis efeitos
tóxicos. A oficina ofereceu aos alunos do ensino médio conhecimentos sobre unidades
de concentração, posologia, dosagem, correlação massa/volume dos medicamentos que
diretamente impactam na ação destes, por meio de práticas demonstrativas, jogos e
banners. Nas práticas demonstrativas foram expostas cápsulas de diferentes tamanhos,
correlacionado com o volume e massa de ativos e excipientes necessários para o seu
preenchimento, assim como foram expostos medicamentos que são administrados por
volume, como xaropes e soluções, e medicamentos que são administrados na forma
unitária, como cápsulas, glóbulos, entre outros, facilitando a sua utilização. As
atividades lúdicas desenvolvidas foram os jogos da memória, caça palavras, além da
distribuição de folhetos informativos. Dessa forma, foi possível mostrar para os alunos
que a matemática não deve ser tratada como disciplina isolada, mas interligada com as
teorias e práticas existentes no nosso cotidiano e na área farmacêutica, contribuindo
com a promoção da saúde. Na avaliação realizada em 2017 por meio da aplicação de
um questionário estruturado receberam pontuação máxima, por parte do público alvo, a
organização da atividade, a novidade e a clareza do tema abordado e a atenção
recebida pelos monitores, ou seja 100% dos alunos consideraram excelentes. Sobre a
escolha do tema, 97% consideraram excelente e 3% regular. Sobre a relevância do
tema, 94% acharam excelente e 6% regular. 88% consideraram as atividades recreativas
excelentes, 6% consideraram regulares e 6% não responderam. 82% achou boa a
iniciativa de levar a atividade até a sua escola, 3% considerou a proposta regular e 15%
não responderam.
Conclusão/Considerações Finais
As atividades de extensão desenvolvidas na SNCT representam uma forma de
retribuir a comunidade à contribuição de cada indivíduo no custeio dessas universidades
públicas e refletem o compromisso da UFRJ em sensibilizar esse público na temática CT
estimulando a entrada desses jovens nesse universo. SOUSA (2000) afirma que a
extensão é o instrumento necessário para que o produto Universidade – a pesquisa e o
ensino – esteja articulado entre si e possa ser levado o mais próximo possível das
aplicações úteis na sociedade e, ainda, que a Universidade deve estar presente na
formação do cidadão, dentro e fora de seus muros. Na realização do trabalho prestado
aos cidadãos, cuja finalidade é a melhoria na qualidade de vida dessas pessoas, “a
extensão, enquanto responsabilidade social faz parte de uma nova cultura, que está
provocando a maior e mais importante mudança registrada no ambiente acadêmico e
9813
corporativo nos últimos anos.” (CARBONARI; PEREIRA, 2007). A extensão possui papel
essencial, tanto na vida dos acadêmicos, que colocam em prática tudo o que
aprenderam em sala de aula, quanto na vida das pessoas que usufruem deste
aprendizado. Torna-se muito mais gratificante para os que estão na condição do
aprender, já que contribuem para um mundo melhor. A população recebe o aprendizado
e é beneficiada no que se diz respeito ao desenvolvimento na vida de cada ser,
provocando assim, mudanças sociais (RODRIGUES ET AL, 2013). Embora tendo sido
avaliado, pelo público alvo, apenas o ano 2017 nota-se um interesse grande pelas
atividades identificando a importância dessa interação universidade-escolas. Num país
onde o acesso à educação ainda se encontra muito aquém do esperado, sensibilizar o
estudante de ensino fundamental e médio sobre o valor do conhecimento torna-se um
desafio. Analisando-se o percurso de participação da FU na SNCT sabemos que, apesar
dos esforços implementados durante todo o processo de estruturação da SNCT na UFRJ,
poucos alunos conseguem sair do evento com informações sedimentadas a partir das
atividades vivenciadas, mas a cada ano, esse número aumenta. Assim, é preciso persistir
e buscar sempre oferecer atividades atrativas que estimulem o gosto pela ciência,
tecnologia e inovação para que, no futuro, esses jovens modifiquem, para melhor, a
realidade do local onde vivem.
Referências
MENDONÇA, S. G. L.; SILVA, P.S. Extensão Universitária: Uma nova relação com a
administração pública. In CALDERÓN, A.I. e SAMPAIO, H. (orgs). Extensão Universitária:
ação comunitária em universidades brasileiras. São Paulo, v. 3, p. 29-44, 2002.
SOUSA, Ana Luiza Lima. A história da extensão universitária. 1. ed. Campinas: Ed. Alínea,
2000.
9814
PROJETO ACOLHER: ATENÇÃO PSICOLÓGICA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
Symone Fernandes de Melo1; Clara Maria Melo dos Santos2; Patrícia Karla de Souza e Silva3
Thalita Trajano da Fonseca Santos4; Manuella Bila de Melo5; Ingrid de Carvalho Lavor6;
Bruna Cardoso Wanderley7; Laís Esterfânia de França Maia8; Juliana de Oliveira Silveira9;
Marinna Rezende de Lucena Marinho10; Karina Silva de Paiva11; Marianna Louise Camarão
de Medeiros Nóbrega12
Resumo
A medida protetiva de Acolhimento Institucional revela-se extremamente importante na
rede de proteção à infância e adolescência. No município de Natal, ocorre nas Unidades de
Acolhimento Institucional e em instituições do tipo Casa Lar. Tais espaços abrigam crianças
e adolescentes em situação de vulnerabilidade, cujos pais, também vítimas de um contexto
social adverso, não conseguiram prover a necessária proteção em seu processo de
desenvolvimento. Os acolhidos permanecem institucionalizados no decurso de processos
judiciais, os quais podem culminar no retorno à família de origem ou na perda do poder
familiar e, neste último caso, continuam na instituição enquanto aguardam uma possível
adoção. Na vivência do acolhimento são inúmeros os desafios enfrentados: a separação
abrupta da família, a inserção em ambiente institucional, a incerteza quanto ao futuro. Nos
casos de destituição do poder familiar, o rompimento definitivo dos vínculos familiares e a
oportunidade, ou não, de integração em um novo grupo familiar. Diante do exposto, desde
2010, vem sendo desenvolvido no Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA), da UFRN, um
projeto de extensão que objetiva proporcionar atenção psicológica a crianças e
adolescentes em acolhimento institucional, sob a forma de psicoterapia. Tal intervenção
pauta-se no método fenomenológico e na Filosofia da Existência. Contempla-se, ainda, o
acompanhamento das famílias e a articulação com a rede de proteção. Tal projeto acontece
em parceria com a 2ª Vara da Infância e Juventude e as instituições de Acolhimento. Até o
momento, foram atendidos aproximadamente cento e trinta crianças e adolescentes,
registrando-se mais de mil e quinhentos atendimentos, envolvendo alunos da graduação e
pós-graduação em Psicologia, profissionais voluntários e técnicos do SEPA. Desta forma, o
projeto tem contribuído com a formação discente e provocado um impacto social
9815
importante, ao dedicar-se ao cuidado a uma população em situação de intensa
vulnerabilidade.
Introdução
O Projeto Acolher, de extensão universitária, em curso desde o ano de 2010, visa
prover atenção psicológica a crianças e adolescentes que estão sob medida protetiva de
Acolhimento Institucional. Tal medida pode ser aplicada sempre que houver ameaça ou
violação aos direitos da criança e do adolescente, conforme previsto nas normativas que
tratam do tema.
A Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, a Lei
12.010 de 2009 (Nova Lei da Adoção), a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), nº 8.742
de 1993 e o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (2006) são instrumentos legais que
contemplam a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Neste cenário, o Estatuto da
Criança e do Adolescente - ECA (1990) destaca-se como símbolo de uma mudança de
paradigma configurada na Doutrina da Proteção Integral, que tem como fundamento a
trilogia liberdade-respeito-dignidade. Tal Doutrina conduziu a uma nova proposta de
atenção às crianças e aos adolescentes, com desdobramentos no tocante ao acolhimento
institucional. Indiscutivelmente, a família, quando cumpre o papel de preservar e promover
a integridade e o desenvolvimento físico, psíquico e social da criança, é o melhor lugar para
sua permanência. A qualidade dos cuidados parentais que uma pessoa recebe na infância é
vital para a sua sobrevivência e saúde mental. No entanto, nem sempre os pais conseguem
responsabilizar-se pelo cuidado dos filhos. Trata-se de um cenário complexo. A falta de
condições econômicas, sociais e culturais, assim como de políticas públicas eficazes
dirigidas à família em situação de vulnerabilidade, aponta que os fracassos familiares são
também fracassos sociais. As famílias que vitimizam, que “abandonam” suas crianças são
também famílias abandonadas (ALBORNOZ, 2009).
Para assegurar os direitos deste público que se encontra em situação de vitimização
no contexto familiar, o poder judiciário pode recorrer à medida protetiva de Acolhimento
Institucional. Trata-se de medida excepcional, devendo constituir-se numa proteção
temporária à criança e ao adolescente enquanto são garantidas as condições necessárias
para o retorno à família de origem ou, na impossibilidade disto, colocação em família
substituta. As crianças e adolescentes são encaminhados às instituições de acolhimento a
partir de iniciativas diversas, de sua própria família, do Conselho Tutelar, das Delegacias
responsáveis pelas crianças e adolescentes, das Varas da Infância e Juventude, dentre
outros (RIZZINI; RIZZINI, 2004).
9816
As crianças e adolescentes que chegam às instituições de acolhimento encontram-
se, por motivos diversos (abandono, negligência, outros tipos de violência), em situação de
risco. Segundo Rizzini e Rizzini (2004), seja qual for a origem destas crianças, todas
apresentam alguns traços em comum, relatados em entrevistas:
Histórias marcadas pela descontinuidade de vínculos e trajetórias, constantes
mudanças e rompimentos de seus elos afetivos, além de uma grande demanda por atenção
e cuidados que poucas vezes é correspondida. Com frequência, a urgência de serem ouvidas
e terem suas necessidades atendidas são os mais fortes elementos que surgem em suas
falas. (p. 52).
Alguns estudos, partindo de diferentes referenciais, apontam características
observadas nas crianças em acolhimento institucional, relacionando-as às suas histórias de
vida e ao contexto de institucionalização.
Zem-Mascarenhas e Dupas (2001) realizaram pesquisa a fim de conhecer a
experiência da criança institucionalizada. Tomando por referencial o Interacionismo
Simbólico, coletaram dados por meio de atividades em grupo e entrevistas individuais. Os
resultados apontam que as crianças em acolhimento revelam uma relação conflituosa com
a institucionalização, valorizando a provisão de recursos materiais, mas expressando a falta
do seu passado com a família.
Alexandre e Vieira (2004) estudaram a relação de apego entre crianças em
acolhimento institucional. Participaram da pesquisa crianças entre três e nove anos de
idade e foi utilizada a técnica de observação do sujeito focal e a técnica de registro de
comportamento por amostragem de tempo. Nos resultados, os autores destacam a
importância da relação fraterna e entre pares. Na amostra estudada, os irmãos mais velhos
demonstraram preocupação com os mais novos, sendo as meninas mais sensíveis e
responsivas às demandas das crianças menores. Observou-se que a imagem da família era
representada pela figura materna e que, na falta de um adulto significativo, as crianças em
situação de acolhimento formavam relações umas com as outras. Por fim, os autores
evidenciam o potencial da brincadeira social no estabelecimento das interações afetivas e o
importante papel que a rede de apoio social pode ter no desenvolvimento da resiliência
destas crianças.
Wathier e Dell´Aglio (2007) estudaram a manifestação de sintomas depressivos e o
impacto de eventos estressores em crianças e adolescentes institucionalizados. Foram
aplicados o Children’s Depression Inventory e o Inventário de Eventos Estressores na Infância
e Adolescência numa amostra composta por 257 jovens com idade entre 7 e 16 anos.
Destes, 130 residiam em abrigos e 127 moravam com suas famílias. Os jovens
institucionalizados apresentaram maior exposição a situações potenciais de risco e maior
manifestação de sintomas depressivos. Tal dado também é evidenciado no trabalho de
Álvares e Lobato (2013), que alertam para a alta incidência de sintomas depressivos entre
9817
crianças em acolhimento institucional e, em estudo com 23 crianças/adolescentes sob tal
medida protetiva, utilizando o Inventário de Depressão Infantil – Children’s Depression
Inventory – CDI, mostraram que 35% das crianças/adolescentes participantes obtiveram
percentil considerado clinicamente significativo, e outras 35% apresentaram percentil
aproximado ao que acusa sintomatologia depressiva.
Vectore e Carvalho (2008), por sua vez, realizaram entrevistas semiestruturadas com
a equipe técnica de uma instituição acolhimento, representada pelo gestor, assistente
social, secretário, cinco profissionais denominadas “mães sociais” e duas “mães folguistas”.
Buscaram compreender o universo da criança na vivência do acolhimento institucional.
Concepções de infância, concepções acerca da família de origem e aspectos relativos à
formação de vínculos em contexto institucional foram problematizados na pesquisa. O
estudo aponta diversidade nos pontos de vista entre os participantes envolvidos, bem como
no cuidado no tocante ao trato diário da criança. A carência afetiva, as dificuldades com
limites, os problemas escolares e a adultificação da sexualidade em algumas crianças são
aspectos evidenciados. O espaço restrito para a criança manifestar seus desejos e
necessidades é também ressaltado pelas autoras.
Brito e Anthony (2010), em estudo sobre a dinâmica psicológica de crianças em
situação de acolhimento, destacam que tais crianças tentam se ajustar criativamente ao
ambiente institucional, recorrendo a mecanismos defensivos que visam protegê-las dos
sentimentos de desamparo, insegurança e rejeição. As autoras referem que crianças
abrigadas precocemente podem apresentar falta de autodomínio emocional, o que as leva a
comportar-se de forma agressiva. Elas podem demonstrar falta de confiança própria e nos
outros seres humanos, como também dificuldade em formar vínculos afetivos. Por vezes,
mostram-se socialmente retraídas, podendo, ainda, buscar agradar sempre aos outros.
Parece ser comum encontrar crianças com "hiperatividade", como também muito apáticas,
por terem sido pouco estimuladas (BRITO; ANTHONY, 2010).
Cabral, Francischini e Cid (2012), em estudo sobre acolhimento institucional e
desenvolvimento moral, no qual empreendem análise documental, observações
sistemáticas e procedimentos expressivos com crianças de quatro a seis anos, discutem que
o abrigo, intencionalmente ou não, com suas rotinas preestabelecidas e dissolução de
singularidades, acaba por habituar as crianças a rupturas e imposições advindas do exterior,
de modo que as mudanças passam a ser usuais e incorporadas sem questionamento.
O trabalho com crianças em acolhimento, segundo Melo et. al. (2013) confronta o
psicólogo com a experiência da inospitalidade do mundo em etapas precoces da vida, o que
mobiliza as disposições afetivas, sendo tal mobilização também apontada por Moreira
(2014). Tais crianças precisam de um cuidado autêntico, consistente e coerente para seguir
com confiança o curso de sua história. Cagnani (2016) ressalta o papel da escuta e do
cuidado no contexto do acolhimento institucional e alerta que as dificuldades e
9818
adversidades típicas da adolescência podem ser duplicadas pela singularidade da vida em
instituições de acolhimento (p. 107). Carvalho et al. (2016), em estudo sobre a percepção de
crianças e adolescentes em acolhimento institucional acerca de seu cuidado subjetivo,
ressaltam o sentimento de solidão, a necessidade de proteção, a falta de referências e a
sensação de vazio como aspectos que remetem à importância de uma maior ênfase ao
cuidado que contempla as experiências pessoais, sentimentos, valores e vivências
singulares no enfrentamento da medida protetiva. Os autores evidenciam a diferença entre
a experiência de crianças e adolescentes em acolhimento, identificando nas crianças
experiências mais positivas e problematizam esse dado.
Essa breve revisão de alguns estudos, que não pretende ser exaustiva, evidencia, de
diferentes formas, o sofrimento decorrente do processo de acolhimento institucional, o que
aponta a necessidade de pesquisas e projetos de intervenção que possam subsidiar
mudanças no tocante ao desenvolvimento desta medida de proteção dirigida à criança e ao
adolescente em situação de vulnerabilidade social.
No âmbito deste Projeto, ao dirigir o olhar à infância, partimos da Fenomenologia
Existencial, mais especificamente, das ideias do fenomenólogo francês Maurice Merleau-
Ponty (1908-1961). A Fenomenologia é aqui tomada como um caminho “de entrar em
contato com os fatos, de compreendê-los em si mesmos, de os ler e decifrar de uma
maneira que lhes dê sentido”, (MERLEAU-PONTY, 2006, p. 5). Merleau-Ponty, em seus
cursos sobre a pedagogia e psicologia da infância, ministrados na Sorbonne, (1949-1952)
destaca as manifestações expressivas da criança, que ocorrem desde etapas muito precoces,
quando já demonstra uma capacidade de relação com o exterior. Este enfatiza que a criança
não é um adulto em miniatura, nem um ser inacabado e imperfeito, mas que esta tem um
modo próprio de ser e exprimir o mundo. “A percepção, as relações de causalidade captadas
pela criança não são reflexo dos fenômenos externos, nem simples triagem de dados
oferecidos pelo meio, mas uma ‘configuração’ de sua experiência”. (MERLEAU-PONTY, 2006,
p. 299). Acrescenta, ainda, que na forma como a criança percebe o mundo e constrói
conhecimento subjaz uma função mais profunda, que envolve a afetividade. No trabalho
terapêutico com a criança, pois, o primeiro desafio está em abandonar o olhar
adultocêntrico com o qual comumente vemos a infância e positivar a experiência infantil.
Adultos e crianças habitam o mesmo mundo, diferem apenas no modo de viver nele,
de apreendê-lo; a criança pequena é mais vivencial do que reflexiva. O seu modo de ser e
estar encontra-se numa dimensão de vida pré-reflexiva, que revela um tipo de pensamento
que difere do pensamento usual do adulto. Por ser pré-lógica e pré-objetiva, a criança
pequena está mergulhada, entregue, imersa na experiência de conhecer e viver o mundo –
mundocentrada. Ela transita por outra lógica, outros modos de pensar, sentir e agir.
(MACHADO, 2007; 2013). O caminho para conhecer a criança é, portanto, relacional e
observacional.
9819
O mundo da criança é afetado por instabilidades e incoerências; desvelando-se
como promessa, mas também como ameaça; a infância traz limites e conflitos às crianças,
pois o mundo oferece restrições à sua ação e liberdade. Nesta dialética se formará a sua
conduta e o seu ser. Se refletirmos sobre as crianças contempladas por esse projeto, cujas
histórias são marcadas por rupturas e violências, podemos pensar que o mundo traz a estas
mais ameaças que promessas. O mote da fenomenologia da infância é deixar a criança ser o
que ela é, sem nunca a deixar à deriva (MACHADO, 2007). A mediação cuidadosa do adulto
revela-se, pois, fundamental para que a criança possa mergulhar em seu mundo.
O espaço psicoterápico pode possibilitar à criança a oportunidade de “ser” criança e
presentificar o vivido, em seus modos peculiares de expressão. Positivar os fenômenos
infantis, depurando-os, sem idealizações, nem julgamentos é o papel do adulto (MACHADO,
2013), neste caso, do psicoterapeuta. A psicoterapia deverá constituir-se em um lugar no
qual a criança pode mergulhar na “zona de ambiguidade do onirismo”, própria da
experiência infantil, com segurança. Para tal, o terapeuta deve, nas palavras de Machado
(2013),
Buscar a compreensão da criança em seus modos de ser e estar, em seu aqui-agora,
na sua presença possível, pela observação adulta atenta e cuidadosa, necessariamente
simples e pueril, para comunicar-se de forma direta e concreta com a criança, na
presentificação de estados e atmosferas relacionais, conjuntas: gesto e palavra de co-
pertença. (p. 251).
Considerando o exposto, o projeto Acolher justifica-se, portanto, a partir de quatro
argumentos prioritários. 1. A possibilidade de acompanhamento psicológico a crianças e
adolescentes em acolhimento institucional, cujas trajetórias de vida são marcadas por
inúmeros fatores de risco à saúde psíquica. A experiência já acumulada no trabalho com
este público, assim como os dados da literatura apontam para um intenso sofrimento
psíquico por parte desta população e o registro recente de suicídios por parte de
adolescentes em acolhimento em nosso município requer alerta e cuidadosa atenção. O
atendimento às crianças e aos adolescentes durante o período de acolhimento proporciona
um espaço para uma apropriação reflexiva do vivido, incrementando a resiliência a partir da
expressão dos sentimentos e compreensão da experiência; 2. A oportunidade que vem
sendo dada a alunos da graduação e pós-graduação em Psicologia de uma capacitação para
o trabalho terapêutico com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. 3. A
responsabilidade social da Universidade, cabendo à instituição contribuir no processo de
proteção à criança e ao adolescente em situação de vulnerabilidade social. O projeto de
extensão, no formato proposto, implica em um papel mobilizador, por parte desta
instituição, no tocante ao trabalho em rede no contexto em foco, possibilitando uma
articulação entre ensino, pesquisa e extensão e provocando um impacto social. 4. O
9820
potencial do projeto para fomentar a produção acadêmica, dando origem, ao longo do
tempo, a publicações científicas.
Considerando o exposto, o presente projeto tem por objetivos prover atenção
psicológica a crianças e adolescentes em acolhimento institucional, sob a forma de
ludoterapia/psicoterapia, de modo a possibilitar uma apropriação reflexiva da experiência
vivida e favorecer o incremento da resiliência; Capacitar alunos de graduação e pós-
graduação em Psicologia e profissionais voluntários para a intervenção psicológica com
crianças em acolhimento institucional; Contribuir com o processo de reintegração familiar
das crianças em atendimento e, quando for o caso, da colocação em família substituta
(guarda e adoção); Fomentar a articulação entre as instâncias que atuam na medida
protetiva de acolhimento e contribuir para o avanço do conhecimento neste campo.
Metodologia
O projeto de extensão é desenvolvido no Serviço de Psicologia Aplicada, em
articulação com a 2ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Natal, as Unidades de
Acolhimento I, II e III e a ONG Aldeias Infantis SOS. A atenção psicológica abrange:
● Atendimento ludoterápico/psicoterápico individual, fundamentado na perspectiva
Fenomenológico-Existencial, a crianças e adolescentes em acolhimento
institucional. Os atendimentos são realizados em duas salas especialmente
organizadas para tal prática clínica, no Serviço de Psicologia Aplicada – SEPA, com
periodicidade semanal;
● Acompanhamento/orientação às famílias envolvidas, seja no caso de retorno à
família de origem (constituindo-se num suporte importante na prevenção da
recorrência do acolhimento), seja no caso de adoção. Neste último caso, a inserção
da atenção psicológica no estágio de convivência constitui-se em recurso importante
frente às dificuldades inerentes ao período de adaptação, especialmente nos casos
de adoção tardia;
● Realização de reuniões periódicas com a equipe técnica da 2ª Vara da Infância e
Juventude da Comarca de Natal e profissionais das instituições de acolhimento para
acompanhamento integrado das crianças e avaliação do desenvolvimento da
proposta, assim como reuniões com profissionais da rede de atenção à infância e
adolescência (Conselho Tutelar, NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família,
Unidades de Saúde, CRAS - Centro de Referência de Assistência Social e CREAS –
Centro de Referência Especializado de Assistência Social) para discussão de casos
específicos;
● Capacitação dos participantes e supervisão semanal de todas as atividades
desenvolvidas pelos discentes e profissionais voluntários, realizada pela equipe de
docentes deste projeto.
9821
● Registro de todas as atividades desenvolvidas para realização de pesquisa, e
compartilhamento da experiência em eventos científicos.
Resultados e Discussão
A partir de 2010, ano de início do Projeto, até o presente momento, foram atendidos
em psicoterapia (ou ludoterapia), aproximadamente, 130 (cento e trinta) crianças e
adolescentes, registrando-se, nos sete últimos anos, mais de 1.500 atendimentos realizados.
Em tal trabalho, estiveram envolvidos em torno de 85 alunos da graduação e pós-graduação
em Psicologia, além de profissionais voluntários (há lacunas nos dados estatísticos dos dois
primeiros anos do Projeto).
No decurso dos anos de sua execução, o Projeto tem provocado um impacto social
importante, ao voltar-se, numa perspectiva interdisciplinar e interprofissional, a uma
parcela da população - crianças e adolescentes em acolhimento institucional, em situação
de intensa vulnerabilidade. Tal impacto foi reconhecido, por ocasião da comemoração dos
25 anos do ECA, em 2015, a partir do registro documental, por parte do Conselho Regional
de Psicologia (CRP-17), da relevância deste trabalho na proteção à criança e ao adolescente
em nosso município.
Considerando-se a presença de tantos fatores de risco na história destas crianças e
adolescentes e as possíveis repercussões de tal cenário no processo de subjetivação dos
mesmos, ressalta-se a relevância da atenção psicológica durante o período de vigência da
medida protetiva de acolhimento. Inseridas, ainda que temporariamente, em um ambiente
institucional, e tendo histórias convergentes de violação de direitos, verifica-se não haver,
muitas vezes, no período de acolhimento, o necessário espaço para a expressão das
singularidades, circunstância esta que tem sido oportunizada pelo atendimento
psicoterápico individual. O feedback das crianças e adolescentes tem evidenciado tratar-se
de um importante espaço de acolhimento e reflexão. A avaliação das equipes técnicas das
Unidades de Acolhimento corrobora a importância dos atendimentos e intervenções junto à
rede de proteção.
A experiência na consecução do projeto tem desvelado dados convergentes com a
literatura sobre o tema. A diferença entre a experiência de crianças e adolescentes sob
medida protetiva, com uma avaliação mais positiva por parte das crianças, conforme
apontado no estudo de Carvalho et al. (2016) é também evidenciada em nosso trabalho e
suscita questões, apontando caminhos de pesquisa. A relação conflituosa com a
institucionalização (ZEM-MASCARENHAS & DUPAS, 2001) e a relevância da relação fraterna
e entre pares (ALEXANDRE & VIEIRA, 2004) são aspectos observados nos atendimentos. A
presença de sintomas depressivos, sentimentos de solidão e desamparo e a falta da família,
a busca de ajustamentos criativos, a passividade em algumas crianças e o uso da
agressividade como um movimento de defesa por parte de outras, são também aspectos
9822
que se fazem presentes na prática clínica (ZEM-MASCARENHAS & DUPAS, 2001; WARTHIER
& DELL´AGLIO, 2007; BRITO & ANTHONY, 2010; CABRAL, FRANCISCHINI & CID, 2012;
ALVARES & LOBATO, 2013; CARVALHO ET AL., 2016), apontando a relevância de uma
escuta especializada.
O envolvimento dos discentes no projeto vem, ao longo dos anos, contribuindo com
o processo formativo dos mesmos. A participação destes contempla um estudo abrangente
sobre a temática em foco, a prática supervisionada em ludoterapia/psicoterapia e a
possibilidade de participação em um trabalho realizado em rede, com a articulação entre
profissionais não somente da Psicologia, mas do Serviço Social, Pedagogia e Direito,
colaborando, assim, para uma formação acadêmica crítica e reflexiva, que busca o
desenvolvimento de habilidades e competências necessárias a uma intervenção
interprofissional, que articula teoria e prática e voltada às necessidades da sociedade em
que vivem, conforme preconizado no projeto pedagógico do curso de formação em
Psicologia.
As reuniões periódicas com profissionais da rede têm sido profícuas, facilitando um
movimento de apoio mútuo entre os atores da rede, em um contexto de trabalho que
envolve um intenso sofrimento psíquico também por parte das equipes e auxiliando na
reflexão em relação aos melhores caminhos de cuidado para cada criança e adolescente em
medida protetiva.
Nos últimos oito anos, o Projeto Acolher tem proporcionado a docentes, discentes e
profissionais envolvidos um intenso e profundo aprendizado sobre a problematicidade da
existência. O contexto do Acolhimento Institucional desvela uma fratura ética importante
em nossa sociedade, que aparece como resultante de um contexto de extrema desigualdade
social, violação de direitos e restrição de oportunidades e perspectivas. Por vezes, em nosso
trabalho, sentimo-nos impotentes frente à complexidade das questões que se colocam.
Como psicoterapeutas, acompanhamos as crianças e adolescentes em situação de
acolhimento em seus esforços para dar sentido ao vivido, ainda no início de suas trajetórias
existenciais. Há em suas histórias rupturas recorrentes, que compõem biografias
fragmentadas, às quais torna-se difícil compreender. Faltam-lhe referências. O mundo é
apresentado a estas crianças de forma descontínua, confusa e ameaçadora. Por um lado,
preservam a ludicidade e criatividade da infância, por outro, trazem questões cujo alcance,
por vezes, desconhecem. Tendo um modo de ser mais vivencial que reflexivo, muitas
“mergulham” na experiência de um mundo inóspito, defendendo-se do sofrimento como
podem e buscando caminhos para seguir. Algumas não conseguem dar sentido a suas
histórias por meio de recursos expressivos e simbólicos e desistem. Trabalhar em tal
contexto exige, certamente, uma certa artesania.
A partir da experiência acumulada no Projeto, fomos percebendo que trabalhar com
estas crianças implicava em trabalhar com as famílias, com a rede de proteção, com a
9823
sociedade em que vivem, o que exigiu ampliar a compreensão da clínica, de modo a
abranger uma ação política. Temos, pois, ampliado o nosso escopo de intervenção. Para
cuidar de cada criança que chega ao projeto precisamos compor uma rede de cuidado.
Família, equipe técnica das Unidades, educadores sociais, profissionais do sistema de Saúde
e Assistência Social, sistema de Justiça. Precisamos, ainda, fazer um movimento no sentido
das estratégias de luta política para a garantia dos direitos dessas crianças. Por fim, cabe-
nos dar-lhes esperança, o que somente é possível se tivermos convicção de que a mudança
é possível e lutarmos por ela. Como lembra Paulo Freire, e estando no âmbito acadêmico,
há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a
impossibilidade de estudar por estudar. Afinal, precisamos, sempre, questionar: “Em favor
de que estudo? Em favor de quem? Contra que estudo? Contra quem estudo? (...). O mundo
não é, mas está sendo. A mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da
situação desumanizante e o anúncio de sua superação, no fundo, o nosso sonho”. (FREIRE,
1996, p. 76-79).
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9825
ESCUTA EMERGENCIAL NO ACOLHIMENTO PSICOLÓGICO AOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE EM RISCO OCUPACIONAL COM MATERIAL PERFUROCORTANTE
Victor Camargo Rossini¹; Lígia Gouveia²; Rafaela Elias³; Thaynne Nayara Félix
Gonçalves4; Luiza Tomé do Nascimento5; Robert Sérgio de Almeida Costa6.
Resumo
Este trabalho apresenta um projeto de acolhimento e escuta emergencial de pacientes
envolvidos em acidentes com materiais perfurocortantes, com riscos de contaminação
de AIDS, hepatite C, hepatite B e sífilis. O grande número de acidentes chama atenção,
uma vez que, pessoas com instrução de normas de segurança no ambiente de trabalho
muitas vezes se perfuram, podendo ser contaminadas. Em meio a tantas ações de
prevenção do Ministério da Saúde contra a doença, a infecção pelos vírus continua
ainda recorrente nos dias de hoje. Neste sentido, mesmo sabendo dos riscos de contrair
a doença e dos métodos preventivos, os sujeitos continuam adquirindo o vírus. O
projeto é realizado na Universidade Estadual da Paraíba, no Núcleo de Biossegurança de
odontologia e fundamentado teoricamente em Freud e Lacan. A escuta emergencial visa
o atendimento com o objetivo de acolher a demanda do paciente naquele momento de
possível angústia. A escuta, para a psicanálise, encontra-se vinculada ao conceito de
inconsciente, que através da associação livre abre possibilidades de se implicar com
suas questões de formações inconscientes. Frente ao desamparo do profissional que
não sabe como lidar com essa complexidade, o acolhimento e/ou escuta psicanalítica
funcionará como suporte, no que concerne a elaboração do luto frente o resultado dos
testes que podem ser negativos ou positivos, e ainda, quando o resultado for
soropositivo, ao enfretamento das questões impostas por essa nova realidade.
Introdução
A propagação da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), doença
infectocontagiosa causada pelo vírus HIV (Human Immunodeficiency Virus), desde os
primeiros casos, sempre foi demarcada por muitos estigmas e preconceitos, criados e
fortalecidos por grande parte da população. Atualmente, muitas pessoas, apesar das
campanhas educativas estabelecidas pelo governo, continuam a contrai-la, e muitas
dessas contrações têm decorrido de acidentes de trabalho, com sangue ou outros
fluidos potencialmente contaminados, o que vem a ser bastante preocupante. Segundo
9826
Ciorlia et al (2007) a manipulação de materiais contaminados com sangue ou secreção é
inerente à própria atividade dos profissionais da saúde. Contudo, muitas vezes a
manipulação dos materiais de maneira incorreta, aumenta o risco de acidentes dessa
ordem. Os acidentes podem ter como consequência o contágio de doenças, tais como as
hepatites B e C, sífilis e AIDS.
Os autores supracitados asseguram que a hepatite C é um sério problema de
saúde pública mundial, não somente pelo grande número de pessoas infectadas pelo
vírus (HCV), mas por se tratar de uma doença que pode ser contraída a partir de
contaminação sanguínea. Mais de 180 milhões de pessoas no mundo são portadores
crônicos do HCV, sendo 2 milhões no Brasil.
A transmissão do HCV por via parenteral inaparente direta pode estar
possivelmente localizada no ambiente familiar. Em contrapartida, a transmissão por via
parenteral inaparente indireta poderia estar relacionada com o contato com utensílios
de uso pessoal ou por meio da contaminação de instrumental e utensílios contaminados
com sangue infectado (CIORLIA et al, 2007).
A hepatite do tipo B é uma doença infecciosa conhecida também como soro-
homólogo. É considerada uma doença sexualmente transmissível, mas entre as causas
de transmissão podem-se destacar a contaminação pela mãe gestante para o filho, no
parto ou na amamentação, o compartilhamento de material para uso de drogas, quais
sejam seringas, agulhas e cachimbos, de instrumentos que furam ou cortam e por
transfusão de sangue contaminado.
O primeiro caso reconhecido da AIDS ocorreu nos Estados Unidos, em 1981.
Esta ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo das doenças.
O vírus da AIDS pode ser transmitido por relações sexuais desprotegidas, pelo
compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e
a amamentação.
Atualmente, existem os medicamentos antirretrovirais – coquetéis antiaids que
aumentam a sobrevida dos soropositivos. Os remédios buscam manter o vírus sob
controle o maior tempo possível. A medicação diminui a multiplicação do AIDS no
corpo, recupera as defesas do organismo e, como consequência, aumenta a qualidade
de vida do soropositivo.
Segundo Fauci et al (2008), a sífilis, uma infecção sistêmica crônica, em geral é
sexualmente transmitida e caracteriza-se por episódios de doença ativa, interrompidos
por períodos de latência. A doença é caracterizada como um problema de saúde de
âmbito mundial, com estimativa de 12 milhões de novas infecções por ano.
A sífilis pode ser transmitida de uma pessoa para outra através do sexo sem
preservativo com alguém infectado, a partir da transfusão de sangue contaminado ou da
mãe infectada para o bebê durante a gestação ou o parto. Faz-se necessário que todas
as pessoas que possuem vida sexual ativa realizem o teste para diagnosticar a sífilis,
principalmente as gestantes, tendo em vista que a sífilis congênita pode causar aborto,
má formação do feto e/ou morte ao nascimento.
9827
Em vista disso, tem chamado atenção o crescente número de profissionais e
estudantes da área de saúde que se colocam em risco com materiais perfurocortante.
No espaço em que esse projeto é desenvolvido busca-se viabilizar o
acolhimento psicológico aos estudantes e profissionais da Cidade de Campina
Grande/PB, que estão dentro deste quadro de risco ocupacional, advindo do manejo de
materiais perfurocortantes, assim como ao paciente fonte do acidente. O acolhimento
ofertado às demandas trazidas pelos acidentados pauta-se no processo de Escuta
Psicanalítica, em grupo ou individual, pois “a escuta adquire um lugar central na
psicanálise” (ALONSO, 2005). Esta escuta caracterizada como emergencial, nos
momentos que os pacientes e estudantes vêm cheios de angústia e demanda por algo
que pode potencialmente mudar a vida deles para sempre e terem que reelaborar toda
uma rotina por culpa de um breve acidente. De acordo com Neves e Rollo (2006), o
acolhimento deve oferecer condições para que exista uma relação de confiança e
compromisso dos usuários em relação à equipe, expressando uma atitude inclusiva,
porém não pressupondo que isso aconteça por parte de um profissional específico, mas
sim de saberes compartilhados.
Para Matumoto (1998), o acolhimento não é uma ferramenta assistencial
realizada somente nos consultórios, mas deve ser um processo a ser desenvolvido desde
a chegada do usuário no serviço, sendo também considerado como um processo de
relações humanas. Olhar para esse acolhimento é olhar para esse encontro que se
estabelece entre trabalhador e usuário.
Ainda segundo Zenoni (2000) o trabalho de acolhimento da instituição diz
respeito a uma necessidade social, em que as demandas existentes vão para além das
dos consultórios, mas seguidas de “fenômenos clínicos, a certos estados da psicose, a
certas passagens ao ato, a alguns estados de depauperamento físico, que podem levar o
sujeito à exclusão social absoluta e até a morte” (p.14-15). Para Sérgio de Mattos
(2003), este é um lugar próprio da psicanálise, ou seja, o lugar de acolher aquilo que é
impossível de suportar. O sujeito segue no caminho da repetição, gozando com seu
sofrimento. O que se busca numa intervenção é descobrir ou elaborar um significante
que faça corte, produzindo para este sujeito um sentido outro, que o coloque num lugar
seguro frente ao gozo que o atormenta.
É preciso estabelecer também uma diferença essencial existente entre o que é
ouvir e escutar. Ouvir pode ser remetido ao sentido da audição, ao próprio ouvido,
enquanto escutar significa dar ouvido a algo, prestar atenção do que está sendo dito,
sendo esta atenção uma função específica da escuta. Ao nos orientarmos por Freud
(1912), dizemos que a atenção é flutuante, ou seja, não se detém em nenhum ponto
específico da fala.
Freud inaugura o tempo da escuta ressaltando a singularidade de sentidos
daquilo que está sendo enunciado e estabelecendo a comunicação entre paciente e
analista, em que um chega com palavras demandando o desejo de ter sua dor
compreendida, enquanto o outro escuta as palavras vendo nestas as vias de acesso ao
9828
desconhecido, buscando nestas mais do que padrões de adaptação aos costumes de sua
época.
A escuta, para a Psicanálise, encontra-se vinculada ao conceito de inconsciente,
onde a partir da associação livre de palavras há uma possibilidade para se investigar as
próprias formações inconscientes, como por exemplo, os sonhos, que podem ser
trabalhados por meio de relatos, na intenção de encontrar um sentido oculto para estes.
Segundo Alonso (1988), é na associação livre que se vai produzindo um
deslocamento da imagem, do fato como fixo, incluindo-se em múltiplas imagens, cujas
combinações se possíveis vão se multiplicando, a excitação explícita no gaguejar de
uma palavra, o sentido duvidoso de uma frase mal construída, onde não passam
despercebidas à escuta sutil da atenção flutuante. Ao mesmo tempo em que o paciente
fala, ele também se escuta.
A escuta, portanto, não é passiva, mas ativa. Não se prende ao que está sendo
dito, mas é provocativa no sentido de colocar o sujeito em movimento, fazendo-o falar e
se deparar com seu não saber, colocando-se diante de si mesmo e do mundo e levando-
o a se examinar. A psicanálise enfatiza a importância do resgate da singularidade desse
sujeito por meio de sua fala e de estar atento ao desejo inconsciente que está sendo
dito, onde para Lacan (1979), é preciso estar atento ao que ouve.
A situação analítica é, portanto, uma situação de comunicação, onde nem
sempre aquilo que é falado é lógico ou de fácil decifrar, necessitando assim de outro
tipo de escuta, para que aquilo que habita o paciente possa ser apreendido por ele
mesmo.
Sobre a elaboração do luto, a AIDS é uma síndrome, que leva o sujeito a
vivenciar diversos lutos pelos limites impostos, pelas perdas emocionais, sociais e da
própria condição física. Diante da confirmação de um diagnóstico positivo de AIDS, o
paciente se encontra em meio a perdas que podem ser sentidas das mais variadas
maneiras, atingindo o seu comportamento, sua saúde e também as suas relações com o
outro. Para Veras (2007), a emergência da questão da morte é quase evidente em um
diagnóstico positivo para o vírus da AIDS, evocando esses pensamentos e fantasias, pois
além de ser uma epidemia mundial que já dizimou muita gente, a AIDS tem um
significado que passa também pela morte psíquica.
Nesse sentido, a angústia dos pacientes soropositivos também tem relação com
a confrontação com o desconhecido, que se mostra de forma antecipada no diagnóstico
de AIDS positivo. Por esse motivo, Freud ([1913] 1980) coloca que nunca estaremos
suficientemente prontos para a aceitação da morte, considerando que no inconsciente
estamos convencidos de nossa imortalidade, vivendo na impossibilidade de pensar e
falar sobre uma experiência pela qual nunca passamos, deparando-nos com as nossas
limitações, num desafio à nossa onipotência.
Nessa perspectiva, segundo Kübler-Ross (1996), o paciente que toma
conhecimento de uma doença terminal passa por etapas típicas de reações ao
diagnóstico, quais sejam: negação e isolamento; raiva; revolta, irritação, inveja e
9829
ressentimento; barganha; depressão; e por último a aceitação, que corresponde ao
processo de elaboração do luto.
Para Freud (1914/1996), o luto “é a reação à perda de uma pessoa querida ou
de uma abstração que esteja no lugar dela, como pátria, liberdade, ideal etc” (p. 47).
Segundo o referido autor, não é comum considerar o luto como estado patológico,
tampouco realizar encaminhamento para tratamento médico, visto que é habitual
confiar que será superado depois de algum tempo, muitas vezes considerado
inadequado ou até mesmo prejudicial perturbá-lo. Em contrapartida, Freud (1914)
afirma que o luto acarreta graves desvios da conduta normal da vida. Nesse sentido, é
necessário que o sujeito diagnosticado como portador do vírus AIDS elabore os diversos
lutos que o processo de adoecimento lhe implica, deixando o ego novamente livre e
desinibido para novos investimentos, uma vez que, ainda segundo Freud (1914), o luto
absorve o ego a ponto de inibi-lo e estreitá-lo, emergindo no sujeito a falta de interesse
pelo mundo, que se torna pobre e vazio, e um estado de ânimo doloroso.
Depois de passado o impacto inicial, algumas questões subjacentes ao
diagnóstico vêm à tona: angústias sobre a morte, preconceitos sofridos, a forma de
relacionar-se afetiva e sexualmente, culpas relacionadas à sua contaminação, às
relações com o cônjuge, ao futuro dos seus dependentes, entre outras.
Nesse momento difícil, deve-se buscar com o sujeito a possibilidade de
continuar sua existência por meio do resgate do desejo pela vida, para que ele possa
sentir-se um ser humano, antes de se sentir um indivíduo soropositivo. O momento da
comunicação do diagnóstico é de suma importância e necessita ser compreendido como
um momento de acolhimento dos sentimentos que surgirem e de elaboração do luto,
onde o novo mundo é apresentado ao sujeito, adiando até que isso lhe seja suportável,
no qual o sujeito recria seu mundo a partir de suas ressignificações diante do
diagnostico e da vida.
A linguagem faz parte do processo singular de construção de cada sujeito, uma
vez que de acordo com a fala dos sintomas por parte do analisando, estes mesmos
sintomas vão se modificando a partir da implicação do sujeito naquilo em que ele se
queixa. A linguagem tem efeito de transformação da realidade do sujeito, a realidade do
gozo, que vai além do prazer e que traz sofrimento.
Segundo Valas (2001), o desejo do sujeito não deve ser confundido com a
necessidade, visto que apesar de o ser humano saber o que lhe é necessário para suprir
as suas necessidades (fome, sede etc), em relação às necessidades sexuais (não
racionalizáveis) pode ser levado a situações extremas. Freud (1973) nomeia essa
tendência enigmática como desejo sexual.
Para Dias (2006), já numa perspectiva lacaniana, o desejo circula na demanda
endereçada ao Outro, disfarçado na enunciação da fala do sujeito, na qual cabe avalizar
a sua presença e a verdade que o desejo oculta, sendo, portanto, nas entrelinhas que se
situa a verdade do inconsciente. Para Lacan apud Dias (2006), a fala, ao ser libertada,
“deixa escapar, para além do vazio de seu dizer, o apelo do sujeito à verdade, que já
está inscrita em alguma parte no inconsciente”.
9830
Aliada a essa verdade, o sujeito deseja encontrar também um objeto essencial,
mas que foi perdido desde sempre, pois há apenas uma sensação de que esse objeto foi
encontrado na primeira experiência de satisfação ocasionada na relação mãe-bebê,
visto que o leite materno vem carregado de sentimentos e sensações, que o faz sentir
uma sensação de prazer única, para além da função de nutrição e satisfação da
necessidade.
Nesse contexto, encontra-se o conceito de pulsão, como aquilo que está entre o
psíquico e o somático e para além da necessidade, nunca satisfeita. Há, portanto, uma
incessante busca pela satisfação semelhante ao prazer sentido quando bebê, mas que
nunca será encontrada, pois está perdida, sendo a falta desse objeto o que move o
desejo (o objeto causa de desejo / o objeto de angústia por excelência).
Para Dias (2006), “o que o sujeito busca é o que há para ser encontrado; e mais,
se ele procura, é porque existe algo a ser encontrado. A única coisa a ser encontrada é,
em última instância, o seu destino, marcado pela autonomia e prevalência da pulsão de
morte” (p.404).
Nesse contexto da pulsão de morte, do sentimento de desligamento da vida,
problematiza-se aqui uma possível causa da contínua propagação da AIDS. Em meio a
tantas ações do Ministério da Saúde de prevenção contra a doença, a infecção pelo vírus
AIDS continua ainda recorrente nos dias de hoje. Mesmo sabendo dos riscos de contrair
a doença e dos métodos preventivos, os sujeitos continuam adquirindo o vírus,
encontrando-se assim uma esfera da doença como desejo.
No campo do gozo, segundo Freud (1920/1996), se manifestam, como prazer na
dor, fenômenos repetitivos que podem ser remetidos à pulsão de morte. Para Lacan
(1979), a pulsão de morte é “uma pulsação de gozo que insiste na repetição da cadeia
significante inconsciente. O prazer e o gozo não pertencem ao mesmo registro. O prazer
é uma barreira contra o gozo, que se manifesta sempre como excesso em relação ao
prazer, confinando com a dor”.
Nesse sentido, pode-se considerar que existe um gozo não identificado pelos
sujeitos, que mesmo sabendo dos riscos e da prevenção, acabam adquirindo a doença, o
que se situa como um fenômeno que se manifesta como prazer na dor de receber o
diagnóstico, por exemplo, na medida em que o sujeito busca o que há para ser
encontrado, com a prevalência da pulsão de morte.
Desse modo, segundo Veras (2007), o impacto da AIDS na subjetividade é um
dos desafios da clínica contemporânea, visto que há uma angústia presente nos
pacientes soropositivos, os quais trazem reflexões acerca de questões como a morte, a
vulnerabilidade, a onipotência, podendo ser ressignificada através da escuta
psicanalítica e da transferência, seja em tratamentos prolongados ou em modalidades
de atendimento emergenciais, como os ocorridos em plantão de escuta.
No caso de “prognóstico fechado”, como a AIDS, por exemplo, em que os
tratamentos e as chances de cura são menores, pode-se, a partir da clínica ampliada,
optar pelo Projeto Terapêutico Singular, no qual o sofrimento é tratado a partir da
9831
diferença e da singularidade de cada paciente, fazendo com que ele perceba que possui
um grande poder de mudar a sua relação com a vida e com a própria doença.
Por sua vez, a palavra acolhimento como ato ou efeito de acolher, expressa
uma ação de aproximação; uma atitude de inclusão do sujeito que sofre, frente ao
desamparo em relação à vida. Dito isto, busca-se afirmar o acolhimento, sobre os
meandros da ética no que se refere ao compromisso no acompanhamento do processo
diagnóstico, e assim, oferecer subsídios para o enfrentamento da questão a esses
sujeitos, sob a ótica da psicanálise aplicada.
Metodologia
Participantes:
Os participantes dessa atuação são os pacientes “fonte”, os estudantes e os
profissionais de saúde em risco ocupacional com material perfuro cortante, na cidade de
Campina Grande/PB.
Instrumentos:
Acolhimento à demanda do paciente no intuito de favorecer suporte diante da
necessidade emergencial de submeter-se ao teste de HIV e seu possível resultado.
Segundo Alonso (2005), ao ser escutado, o próprio sujeito que fala se escuta, no
movimento de palavra ditas e/ou silenciadas sobre alguma coisa; coisa essa que é o
inconsciente, que no seio da repetição insiste para ser escutado. Esse instrumento se
constitui como facilitador para elaborações frente à gravidade da situação.
Procedimentos:
O projeto conta com encontros semanais com os extensionistas para o
desenvolvimento de atividades de supervisão e discussão de textos. Para o ingresso de
um novo membro, é necessária a participação prévia nos Seminários para posterior
seleção.
No Projeto são ainda promovidas palestras para os profissionais de saúde em
risco ocupacional com material perfuro cortante. São prestados Plantões de Escuta e
Acolhimento.
Resultados e Discussão
Este projeto vem sendo realizado desde 2013 e durante esse período foram
feitos 26 acolhimentos e escutas individuais; 06 oficinas grupais com estudantes de
odontologia; 12 ações em instituições públicas (ofertas de exames e acolhimento no
9832
momento de recebimento de resultados dos testes) e 5 palestras para profissionais da
área de saúde do município de Campina Grande.
A partir das ações do projeto é possível constatar que são muitos os que se
deparam com exposição ao risco com materiais perfurocortante, que alguns sujeitos se
encontram mais de uma vez em risco ocupacional, que mesmo estudantes que
participam do programa de Biosegurança do departamento de odontologia se
envolveram com riscos de contaminação em decorrência de serem perfurados no
estágio como odontólogos. Além disso, alguns professores da área de saúde também se
expuseram a riscos ocupacionais.
Nas escutas e acolhimentos emergenciais foi possível analisar um discurso para
além daquela situação imediata de exposição ao risco, com associações livres de
eventos de histórias de vida e repetições. Assim, os pacientes trouxeram muitas vezes
demandas a muito tempo guardadas e que frente a algo desconhecido que os
impulsionou à exposição ao risco, colocaram em palavras suas angústias, abrindo a
possibilidade de se colocarem diante de suas próprias questões subjetivas e, se assim
desejassem, oferecia-se a possibilidade de serem encaminhados e atendidos de forma
sistemática e contínua (uma vez por semana) na clínica escola de psicologia.
A escuta emergencial engloba a questão da escuta analítica, inserida em um
contexto específico aplicado no trabalho desenvolvido. Pois os pacientes surgem com
demandas que procuram uma resposta imediatamente frente à situação presente do
analisando. Segundo Rennó (2010), demandas nunca serão respondidas, e que o
acontecimento traz junto o discurso inconsciente que, na verdade, só quer mesmo se
manifestar. O objetivo é levar o paciente ao enfrentamento de sua demanda no campo
da emergência momentânea e se depare com a finitude da vida pela mudança que
ocasionará caso o diagnóstico seja positivo, ou seja, segunda a psicanálise, o sujeito se
depare e se coloque naquele momento diante da falta mesma da castração. Essa
castração do falo que se encaixa na mudança de vida, junto ao tratamento e luta contra
a enfermidade.
Frente ao desamparo do profissional que não sabe como lidar com essa
complexidade, o acolhimento e/ou escuta psicanalítica funcionará como suporte, no que
concerne a elaboração do luto frente o resultado dos testes que podem ser negativos ou
positivos, e ainda, quando o resultado for soropositivo, ao enfretamento das questões
impostas por essa nova realidade.
Conclusão/Considerações Finais
Se deparar com um diagnóstico de prognóstico incerto lança o sujeito numa
situação de desamparo e consequentemente de luto por uma perda ainda não
dimensionada, apontando uma devastação do eu pelo não saber como será a vida
posterior ao diagnóstico. A elaboração do luto de forma exitosa permite ao paciente a
possibilidade de investir em novas relações ou mesmo naquelas que se mantêm, bem
como dar continuidade a vida, mesmo com os limites impostos pela doença.
9833
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