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Atendimento em Auriculoterapia

Caros leitores:

» A AURICULOTERAPIA é uma técnica maravilhosa que apresenta excelentes resultados cientificamente


comprovados, beneficiando milhares de pacientes diariamente.
» Nesse ebook você encontrará as informações essenciais para dar início da prática da auriculoterapia.
»Nosso propósito é direcionar seu atendimento na técnica de Auriculoterapia, com sugestões
complementares para seu paciente.
» Vantagens da auriculoterapia: Fácil de aprender, pode ser feito em qualquer lugar, trata o corpo como um
todo, diagnostico fácil, permite auto tratamento do terapeuta.
» A localização de pontos está de acordo com o conteúdo contido no Aplicativo Auriponto, disponível no Play
Store.
» Auriponto é um aplicativo destinado aos profissionais capacitados em Auriculoterapia como ferramenta
para facilitar a realização do tratamento.
»É imprescindível que o leitor faça um curso de formação em Auriculoterapia.
» Com esse aplicativo você pode cadastrar seus clientes, cadastrar tratamentos para cada cliente e visualizar
na orelha onde aplicar cada queixa do paciente.
2. História

Existem relatos históricos da utilização terapêutica do estímulo auricular por diversos povos da
antiguidade, tanto na China quanto na Europa. Contudo, a sistematização dos mapas de pontos auriculares, bem
como o uso do termo “auriculoterapia”, só ocorreu a partir do século XX. Por volta da década de 1940, o
médico francês Paul Nogier iniciou seus estudos em relação ao uso terapêutico do pavilhão auricular. Nogier,
que também tinha formação em acupuntura, notou a existência de cicatrizes ocasionadas por procedimentos de
cauterização da orelha em diversos pacientes que chegavam ao seu consultório. Essa prática de cauterização
auricular era tradicionalmente utilizada por curandeiros de povoados europeus e tinha como objetivo tratar casos
de lombociatalgia. O fato do estímulo de uma região da orelha tratar dores da região lombar fez com que Nogier
buscasse a correlação de outras regiões do pavilhão auricular com problemas localizados em diferentes partes do
corpo. Através de sua casuística clínica, Nogier mapeou, inicialmente, cerca de 30 pontos auriculares que
apresentavam correlação reflexa com diferentes regiões do corpo (Brasil, 2015).
No que se refere à influência da medicina chinesa no desenvolvimento da auriculoterapia, através de
descrições de livros clássicos sobre o trajeto dos meridianos de acupuntura na região da orelha,
correlacionou-se estímulos do pavilhão auricular com princípios da MTC (Brasil, 2015).
Em 1951 o Médico francês Paul Nogier a partir do curioso tratamento de citalgia por cauterização de
um ponto do pavilhão auricular em alguns pacientes que chegavam ao seu consultório, iniciou seus estudos
clínicos: produziu o primeiro mapa auricular, comparando-o com a figura de um feto na posição invertida e
batizou a técnica de Auriculoterapia (Neves 2016).
Os estudos de Nogier serviram de impulso para a sistematização do uso da auriculoterapia na China,
sendo que em 1958 a proposta da Auriculoterapia e o mapa auricular de Nogier foram publicados na
Revista de Medicina Tradicional de Shangai. A partir disso, houve um crescente interesse do estudo e
prática da auriculoterapia em universidades e hospitais da China. Nas décadas de 1970 e 1980 intensificou-
se a quantidade de estudos e observações empíricas na área da auriculoterapia e, como consequência, o
pavilhão auricular foi detalhadamente mapeado e utilizado como fonte de tratamento para diversas
disfunções (Brasil, 2015).
Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a auriculoterapia como terapia de
microssistema para promoção e manutenção da saúde no tratamento de diversas enfermidades (Neves 2016).

3. Auriculoterapia segundo a reflexologia

Pode-se acreditar que a grande quantidade de ramificações nervosas oriundas dos nervos espinhais e
cranianos ligam os pontos auriculares a regiões cerebrais que estão ligadas através da rede nervosa aos órgãos e
partes do corpo. Assim, através do pavilhão auricular pode-se detectar e tratar alteração em um determinado
órgão ou parte do corpo (Neves, 2016). Os estudos realizados por Nogier sugeriram que o pavilhão auricular
representava um homúnculo muito semelhante ao apresentado por Penfield, representado no córtex cerebral. A
teoria do reflexo homuncular, proposta por Nogier, é baseada na existência de uma correlação entre as áreas
cerebrais e auriculares (Brasil, 2015).
Os pontos reflexos da orelha (somatotropia da orelha), inicialmente descritos por Nogier, serviram como
referência para o desenvolvimento dos mapas da auriculoterapia francesa e auriculoterapia chinesa (Brasil,
2015).
Posteriormente, Nogier fez uma série de modificações no seu mapa original (criando uma classificação de
etapas de aparecimento dos pontos reflexos auriculares de acordo com o grau de cronificação da doença), as
quais não foram bem aceitas pela comunidade internacional de praticantes de auriculoterapia. Desta maneira, o
mapa auricular chinês passou a ter maior popularidade e foi o modelo adotado por diversos países. Nesse
sentido, optou-se por utilizar os pontos reflexos do mapa chinês como o modelo de referência para esta
formação em auriculoterapia (Brasil, 2015).
A auriculoterapia chinesa, além de utilizar os princípios da reflexologia, também relaciona o uso dos
pontos auriculares aos fundamentos da MTC. Segundo a teoria da MTC, os doze meridianos (usados na
acupuntura) chegam até as orelhas, de forma direta ou indireta. Assim, quando algum meridiano tem seu fluxo
obstruído no corpo, aparecem pontos dolorosos na orelha, como uma reação reflexa do local obstruído. Além
disso, as funções dos órgãos e vísceras (Zang Fu) descritas na MTC podem ser estimuladas através dos pontos
auriculares.
Esta visão da auriculoterapia segundo a lógica da medicina tradicional chinesa será apresentada em no
curso Auriculoterapia Chinesa (Brasil, 2015).
Em uma visão mais estritamente biomédica e científica da auriculoterapia, diversos estudos
experimentais evidenciaram o efeito neurobiológico do estímulo do pavilhão auricular no controle de
diferentes funções fisiológicas. A abundante inervação da orelha é composta por nervos espinhais e
cranianos. Os nervos espinhais que chegam até a região da orelha são: nervo auricular maior e nervo
occipital menor. Os principais pares cranianos que inervam o pavilhão auricular são: o trigêmeo (nervo
auriculotemporal) e nervo vago. Embora não se tenha total esclarecimento sobre os mecanismos envolvidos,
diversas pesquisas demonstram mecanismos de controle da dor e inflamação que são potencializados através
da auriculoterapia (Brasil, 2015).
As chamadas zonas reflexas ou áreas se baseiam no conceito do pavilhão auricular como um
microssistema em que é encontrada a representação de todos os órgãos e estruturas do corpo humano (Brasil,
2015).
Figura 1: Mapa Auricular
Figura 2: Representação do um feto invertido no pavilhão auricular.

 De acordo com a representação


embriológica e a inervação do Face anterior da
pavilhão auricular, a distribuição dos orelha

pontos e zonas reflexas corresponde à


posição de um feto invertido no
pavilhão auricular como mostra a
figura 2 (Brasil, 2015).

Face Posterior
da Orelha

Fonte: Brasil, 2015


Assim temos:
▪ Os pontos na área do lóbulo da orelha estão relacionados à cabeça e a face;
▪ Os pontos na área da escafa estão relacionados aos membros superiores;
▪ Os pontos na área da antélice representam o sistema musculoesquelético e no ramo superior da antélice os
membros inferiores e no ramo inferior a região glútea e ciático;
▪ Os pontos na região da concha representam os órgãos internos sendo que na área da cimba da concha
estão os órgãos da região abdominal e na cavidade da concha (cava) os órgãos da região torácica;
▪ Os pontos da região da fossa triangular estão relacionados aos órgãos da pelve e genitais internos.
▪ É importante lembrar e relacionar a representação embriológica e a inervação do pavilhão auricular para
melhor compreensão das zonas e dos pontos reflexos e sua ação no organismo.
▪ Os pontos auriculares da região posterior do pavilhão auricular seguem a distribuição de pontos e zonas
reflexas do feto invertido, portanto, os pontos na face anterior têm um ponto correspondente na face
posterior. Na face anterior os pontos possuem ação sensorial e na face posterior possuem efeitos motores.
A figura 3 traz a representação do reflexo homuncular, proposta por Nogier, baseada na existência de
uma correlação entre as áreas cerebrais e auriculares.
Figura 3: Reflexo
Homuncular

Fonte: Brasil, 2015


Vamos praticar:
Observe em familiares e colegas de trabalho as diferentes
formas (morfologia) do pavilhão auricular e identifique as
estruturas anatômicas / áreas (zonas)
e pontos reflexos. Vamos lá?
Identificamos e conhecemos as ações dos pontos e áreas reflexas.
Agora vamos aprender na próxima etapa os métodos mais
utilizados na avaliação e diagnóstico do pavilhão auricular.
4. Mecanismo de Ação da Auriculoterapia (Brasil, 2015)

 O pavilhão auricular pode ser descrito como um órgão isolado que mantém relações com os demais órgãos
e regiões do corpo através de "reflexos cerebrais”;
 Dessa forma, cada ponto da aurícula tem relação direta com um ponto cerebral, o qual, por sua vez, está
ligado pela rede do sistema nervoso a determinado órgão ou região da soma, comandando suas funções.
 A relação tripla ponto auricular cérebro órgão é que torna a Auriculoterapia utilizável como
tratamento para as diversas enfermidades.
 O pavilhão auricular pode ser descrito como um órgão isolado que mantém relações com os demais órgãos
e regiões do corpo através de "reflexos cerebrais”;
 Dessa forma, cada ponto da aurícula tem relação direta com um ponto cerebral, o qual, por sua vez, está
ligado pela rede do sistema nervoso a determinado órgão ou região do soma, comandando suas funções.
 A relação tripla ponto auricular cérebro órgão é que torna a Auriculoterapia utilizável como
tratamento para as diversas enfermidades.
Figura 4: Mecanismo de ação da Auriculoterapia

Fonte: Brasil, 2015


5. Estruturas Anatômicas da orelha

A orelha é dividida em três partes, sendo elas: externa, média e interna. O pavilhão auricular é a
parte externa da orelha em forma de concha, constituído de cartilagem elástica única, inervada e
vascularizada. O lóbulo da orelha é a única região do pavilhão que não apresenta cartilagem, pois é
constituída de tecido adiposo. A morfologia da orelha é diferente em cada indivíduo, tem cerca de seis
centímetros de comprimento no adulto e está localizada, em parte, no osso temporal, a sua conexão com o
crânio se dá através dos ligamentos e dos músculos auriculares. O pavilhão auricular está dividido em duas
faces: a anterior e a posterior (Brasil, 2015).
Figura 5: Morfologia do Pavilhão Auricular: face anterior e face posterior

Fonte: Brasil, 2015


Figura 6: Estrutura Anatômica do Pavilhão Auricular

Fonte: Próprio autor


1. Hélice: margem superior, curva e proeminente da orelha, que começa na cavidade da concha do
pavilhão da orelha e segue circundando o pavilhão até encontrar o lóbulo. Observe a região interna da hélice.
1.1 Ramo da Hélice: é o início da formação hélice, situa-se na concha da orelha.
1.2 Tubérculo da Hélice (Darwin): É uma proeminência localizada na face póstero-superior da hélice,
junto a transição do ramo transverso da hélice com o ramo descendente. Nem todas as orelhas possuem esse
acidente anatômico, outras possuem o tubérculo deslocado e alguns dois tubérculos.
1.3 Cauda da Hélice: situa-se na parte terminal da Hélice, que se conecta com o lóbulo da orelha.
2. Antélice: Situa-se na saliência longitudinal ascendente mais interna e central da orelha que se bifurca
na parte superior dando origem a 2 ramos: superior e inferior.
2.1 Ramo Superior da Antélice: ramo superior da bifurcação da antélice.
2.2 Ramo Inferior da Antélice: ramo inferior da bifurcação da antélice.
2.3 Fossa Triangular: Depressão triangular entre o ramo superior e inferior da antélice.
3. Escafa: depressão curvilínea entre a Hélice e a Antélice.
4. Trago: proeminência localizada sobre o meato acústico externo, em geral é triangular ou arredonda.
Sua parte interna é chamada de subtrago.
5. Incisura anterior (superior do trago): uma depressão formada pela região anterior e externa da hélice
e a margem superior do trago pouco visível, mas facilmente identificável por palpação.
6. Antitrago: pequena proeminência triangular de pontas abauladas localizada abaixo da antélice, oposta
ao trago e superior ao lóbulo da orelha.
7. Incisura intertrágica: sulco formado entre o trago e o antitrago.
8. Incisura antitrágica: depressão formada entre o antitrago e a antélice.
9. Lóbulo da orelha: região não cartilaginosa, de tecido adiposo, localizada na parte inferior do pavilhão
auricular.
10. Concha da orelha: sulco (escavação) mais profundo e interno localizado entre os limites da antélice,
trago e antitrago. O ramo da hélice (ver item 1.1) divide a concha em duas partes: uma superior e mais estreita
denominada Cimba da Concha (Cimba) e uma parte inferior denominada Cavidade da Concha (Cava).
Figura 7: Estruturas anatômicas da face posterior do pavilhão auricular.

Fonte: Brasil, 2015


6. Vascularização do pavilhão auricular
 As artérias que irrigam o pavilhão auricular procedem da artéria temporal superficial e da artéria auricular posterior,
ambos ramos da artéria carótida externa (uma artéria importante que se localiza na região do pescoço) (Brasil, 2015).

Figura 8: vascularização arterial do pavilhão auricular Figura 9: vascularização venosa do pavilhão auricular.

Fonte: Brasil, 2015


Os vasos linfáticos da face anterior desembocam nos gânglios linfáticos da parótida, enquanto que
muitos dos linfáticos da posterior desembocam em linfonodos retroauriculares (dorso auricular) (Brasil,
2015).

7. Inervação da Orelha
 A inervação sensorial do pavilhão auricular é complexa e abundante. A orelha é inervada por 3
nervos principais:
• Nervo auricular magno (maior) do plexo cervical.
• Ramo auricular do nervo vago (10º par de nervos cranianos)
• Ramo auriculotemporal do nervo trigêmeo (5º par de nervos cranianos).
• Compõem ainda a inervação da orelha: nervo occipital menor, nervo facial e nervo glossofaríngeo.
Figura10: Inervação da Orelha

Fonte: Brasil, 2015


 Há uma predominância conforme ilustração abaixo:
Figura 11: Inervação da Orelha

Fonte: Brasil, 2015


8.EQUILIBRIO ENERGÉTICO
8.1 Conceito de energia
A energia ou Qi (como é conhecida no Oriente) segundo a acupuntura consiste no início de tudo, a
manifestação inicial da criação do universo.
Tudo é energia. O corpo humano, físico, material, difere do que chamamos de energia apenas pela
diferença de intensidade de vibração. Assim, a diferenciação de tudo o que existe no universo é
resultado do tipo de vibração, sendo esta dependente do sol, da lua, dos planetas e do globo
terráqueo, que, em perpétuo movimento cíclico, apresentam variações energéticas que afetam o
homem e toda a vida na Terra. (CORDEIRO & CORDEIRO, 2014, p.65).
Segundo Sussmann (2007), a MTC acredita que a energia no corpo humano é proveniente de três
fontes:
1º Uma primeira partícula de origem ancestral nos é transmitida pelos nossos progenitores, estão
contidas nos gametas masculinos e femininos, que nos dão origem.
2º A segunda fonte, vêm da respiração, é a energia que recebemos a partir do momento do
nascimento, essa energia vem do alto, dos céus.
3º A terceira fonte é proveniente dos alimentos que comemos que vêm da terra, para que está seja
boa e de qualidade há necessidade de manter uma alimentação saudável.
“Para o homem, microcosmo no macrocosmo, só existe um Qi que é a raiz dele”.
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p.33)

De acordo com Borsarello (2008), segundo o Imperador Amarelo, os homens são dotados de
Jing (essência), Qi (energia), Jin-Ye (humores), de xué (sangue) e de mai (vasos), os dois Shen
(espíritos) do homem e da mulher unem-se e formam um novo ser (corpo).
8.2 Classificação das energias

As energias estão divididas em dois, a energia Yin e a energia Yang. A energia Yin é a energia do
repouso, da introspecção, do frio, elemento feminino, repouso; já a energia Yang consiste no movimento,
na agitação, do calor, elemento masculino.

Para medicina chinesa acredita-se que para que exista o estado de saúde é necessário o equilíbrio
entre as energias Yin e Yang, quando há o excesso ou a deficiência de qualquer destas energias ocorrem as
doenças e as síndromes, iniciando assim o aparecimento dos sintomas.
O símbolo usado para representar este equilíbrio pleno é o símbolo do Tai-Chi. Segundo
Sussmann (2007, p. 49)
Energia, no sentido em que se aplica a acupuntura, é a primeira manifestação da criação do universo
sensível, a primeira manifestação do TAO. A unidade se dicotomiza, se divide em dois, no que se
chama a Culminação Suprema ou Tai-Chi. Nasceu a dualidade, nasceu o universo, começou o
processo da criação e da destruição, da vida e da morte. Os representantes dessa dualidade são Yin e
Yang, as duas formas idênticas e opostas da Energia. Esse processo contínuo de oposição entre Yin
e Yang ficará sempre sob a dependência harmonizadora do Tao.

Esses dois aspectos da energia têm entre si relações recíprocas, sendo o Yang representado
pela essência, pela energia da respiração ou através do Yin, pela substância, a energia da alimentação.
Segundo Auteroche & Navailh (1992, p.33).

O Qi, o sangue e os líquidos orgânicos são os materiais básicos do organismo. Sua origem,
desenvolvimento, circulação e sua distribuição, só podem efetuar-se graças à atividade funcional das
vísceras. Mas, inversamente, a atividade funcional das vísceras não se pode manifestar sem que o Qi, o
sangue e os líquidos orgânicos lhes sirvam de base material.
Na MTC observa-se que a estrutura básica do ser humano é a mesma do universo. E tudo o que
existe no universo apresentam dois tipos de energia opostas, o Yin e o Yang. Desta forma, esta
classificação é utilizada também para classificar o corpo humano, onde a energia Yin está relacionada aos
órgãos internos, duros, que concentram a energia, purificam e fazem circular o sangue, são protegidos
pelas vértebras e costelas e são representados por cinco órgãos, coração, pulmões, rins, fígado e baço-
pâncreas. A energia Yang, são as funções relativas às vísceras ocas, produzem e fazem circular a energia
no corpo e é representada pelo estômago, bexiga, vesícula biliar, intestino grosso e intestino delgado.
Existe ainda a sexta função que não apresenta órgão representativo e é denominado circulação-
sexualidade na função Yin, e ao triplo-reaquecedor onde comanda as funções respiratória, digestiva e
gênito-urinária na função Yang. (CORDEIRO & CORDEIRO, 2014).
De acordo com Wen (2006) e Cordeiro & Cordeiro (2014), o Yin é a energia que está relacionada com
os fenômenos mais terrestres, vindos do solo, de materiais, pesados, inertes ou em repouso, a morte, o
corpo, o profundo, o escuro, o interno, o frio, a doenças crônicas. O Yang em contrapartida está relacionado
ao céu, ao alto, a leveza, ao movimento, a vida, ao psiquismo, ao superficial, a luz, ao externo, ao calor, a
doenças agudas. Um indivíduo que apresenta tranquilidade, o Yin e o Yang estarão em harmonia, porém em
casos de agitação, o Yin e o Yang estarão em desequilíbrio. A doença sempre será uma manifestação de
desequilíbrio energético entre esses dois tipos de energia. Sendo assim, quando houver excesso de Yang
haverá insuficiência de Yin e assim vice-versa.
Para Dulcetti Junior (2001) a Terra representa o Espaço e o Céu o tempo. A ação das energias Yang
(céu) promove condensação e no plano biológico vaso constrição em três maneiras: respiratória, digestiva e
cutânea. A energia do céu penetra pelas narinas, vai para os pulmões, e a seguir vai para a grande
circulação ou pela pele através dos meridianos. Sendo assim o Céu (energia celeste – ar) e a Terra (energia
terrestre – alimento) influenciam a ação terapêutica.
O símbolo do Yin é representado pela terra e o do Yang pelo céu, e o homem encontra-se entre a
terra e o céu, provindo dos dois. A força natural atuando sobre o Yin e o Yang dá início a segunda
manifestação do Tao, que é a teoria dos cinco elementos.

Figura 12 – Os cinco elementos

Fonte: DULCETTI JUNIOR, 2001 p.56


Auteroche e Navailh (1992) afirmam que somente há uma energia que é a matéria fundamental
que constitui o universo, e tudo no mundo é o resultado de seus movimentos e transformações. Para o
homem, só existe um Qi que é a raiz dele e ele se representa de dois modos: o Qi que participa na
formação dos elementos constitutivos do corpo, permitindo a vida se manifestar (Qi da respiração, de
natureza Yang e o Qi da alimentação de natureza); e o Qi constituído pela atividade fisiológica dos
tecidos orgânicos, o Qi dos órgãos e dos vasos.

Segundo Dulcetti Junior (2001), a ação das energias celestes Yang (Céu) é descendente ou
centrípeta, resultando no movimento de reunir as energias, esta energia pode penetrar pelas narinas, ir
para os pulmões e seguir a grande circulação, ou penetrar através da alimentação e ser assimilada
pelo estômago ou ainda pela pele através do sistema de Meridianos. As energias da Terra (Yin)
tendem a uma ação centrífuga que se caracteriza a fase inspiratória da respiração.
9. Canais (Meridianos)

A visão holística da MTC parte do princípio de que o homem é um microcosmo gerado entre o céu e
a terra, esses representando o macrocosmo. Sendo assim, ele está submetido às influências de seu meio.
Podemos dizer que a MTC divide o corpo humano em três estruturas fundamentais: Zang-Fu, tecidos
e emoções. Essas estruturas, que são interdependentes, estão interligadas por canais (meridianos), onde
circulam Qi, sangue (Xue) e Jin Ye (fluídos corpóreos ou substâncias fundamentais), substâncias vitais
responsáveis por manter a integridade de todo o sistema (Brasil, 2015).
Figura 13: As três estruturas fundamentais segundo a MTC

Fonte: Brasil, 2015


Os meridianos são linhas longitudinais distribuídas por todo o corpo, ligando os órgãos internos (Zang-
Fu) aos vários tecidos e à superfície do corpo; chamados de Jing Luo, encontram-se divididos em canais e
colaterais, onde os canais representam o tronco principal (meridianos reguladores) e se apresentam em
dupla, ligados ao seu respectivo Zang-Fu, e os colaterais representam ramificações menores, distribuídas ao
longo do corpo. No total, existem doze meridianos reguladores e oito meridianos extraordinários. Dois dos
extraordinários possuem pontos próprios, sendo que os seis restantes se utilizam de alguns pontos dos doze
reguladores, para fazer seu trajeto (Brasil, 2015).
Zang Fu: Descreve os órgãos internos e a sua relação com os outros tecidos do corpo, com os órgãos
sensoriais e com o sistema de canais ou meridianos.
Os Zang, além de suas funções fisiológicas, armazenam o Qi e transformam-no. São considerados
órgãos “sólidos” com característica Yin. Já os Fu, digerem os alimentos, transportam e eliminam os seus
detritos. Precisam ser “ocos” para receber os alimentos e dar passagem e, por isso, possuem característica
Yang.
Os cinco órgãos (Zang) principais na MTC são: Coração, Baço, Pulmão, Rim e Fígado; as seis
vísceras (Fu) são: Intestino Delgado, Triplo Aquecedor, Estômago, Intestino Grosso, Bexiga e Vesícula
Biliar.

Funções do Zang – Fu (Brasil, 2015):


• Coração: governa o sangue, pois transforma o Qi dos alimentos em sangue e é o responsável pela
circulação de sangue. Controla os vasos sanguíneos. Manifesta-se principalmente na compleição.
Abre-se na língua. A língua é considerada uma ramificação do coração por isso ela é expressão da
condição do coração, distúrbios da fala também se relacionam ao órgão. Controla a sudorese, pois
existe uma relação íntima entre o sangue e os fluidos corpóreos. O coração está relacionado ao sono,
se estiver debilitado a mente não terá residência e flutuará à noite causando inabilidade para o sono,
sonhos excessivos ou distúrbios do sono.
• Intestino Delgado: controla a recepção e a transformação, recebe alimento e líquidos do estômago
para realizar sua função de separar as partes puras das impuras. Separa os fluidos corpóreos em puros
e impuros, os puros seguem para o intestino grosso para a absorção e a parte impura segue para a
bexiga para ser eliminada através da urina.

• Fígado: armazena o sangue, regula o volume de sangue no organismo inteiro. Quando o sangue volta
para o fígado, com o organismo em repouso, contribui para restaurar a energia da pessoa; quando o
fluxo vai para o musculo durante a atividade física, nutre e umedece os músculos para capacitá-los a
desempenhar as atividades. Regula a menstruação; umedece os olhos e os tendões; assegura o fluxo
suave do Qi; controla os tendões, pois para o funcionamento dos movimentos de contração e
relaxamento dependem da nutrição e umedecimento pelo sangue.
• Pulmão: governa o Qi e a respiração. O pulmão retira do ar o Qi para o organismo, que se junta ao Qi
dos alimentos produzidos pelo baço para formar o Qi torácico (auxilia a função do coração e do pulmão,
promove boa circulação entre os membros); controla os meridianos e os vasos sanguíneos. O Qi do
pulmão auxilia a função do coração em controlar os vasos sanguíneos e controla o Qi nos meridianos.
Controla a dispersão e a descendência. Sobre estas funções (dispersão e descendência) asseguram a
entrada e a saída do Qi, assim como seu movimento livre; e regula a respiração e a troca de Qi entre o
organismo e o meio ambiente, que asseguram a todos os órgãos, a nutrição necessária do Qi, do sangue e
dos fluidos corpóreos; e previne o acúmulo bem como a estagnação dos fluidos corpóreos, que previnem
a dispersão e a exaustão do Qi do pulmão. Regula a passagem das águas por meio das funções dispersora
e descendente, o pulmão é responsável pela excreção dos fluidos corpóreos por meio da sudorese ou da
urina. Controla a pele e os pelos corpóreos que os nutre e os umedece; governa a voz; abre-se no nariz;
relaciona-se ao olfato.
.
• Estômago: controla o amadurecimento e a decomposição dos alimentos possibilitando que o baço
extraia a essência refinada dos alimentos; controla o transporte das essências dos alimentos em conjunto
com o baço para todo o organismo; controla a descendência do Qi, envia os alimentos transformados em
descendência para o intestino delgado; é a origem dos fluidos corpóreos

• Vesícula Biliar: estoca e excreta a bílis que auxilia o estomago e o baço na digestão. Controla o
julgamento, controla a capacidade de uma pessoa tomar decisões. Controla os tendões enquanto o
fígado nutre os tendões com seu sangue, a vesícula biliar proporciona o Qi necessário.
• Intestino Grosso: recebe os alimentos e líquidos do Intestino delgado, absorve a parte pura e impura
que é transformada em fezes.
• Baço: governa a transformação e transporte, através de sua função de transformação, extrai o Qi dos
alimentos e os transporta para vários sistemas. Controla o sangue, o Qi do Baço mantém o sangue dentro
dos vasos sanguíneos. Controla os músculos e os quatro membros. O Qi extraído dos alimentos é
direcionado para os músculos e membros. Se o Qi do baço estiver debilitado, o Qi refinado não poderá
ser transportado para os músculos e a pessoa se sentirá cansada, os músculos ficarão fracos e nos casos
mais severos, poderão atrofiar. Abra-se na boca e manifesta-se nos lábios. Controla a ascendência do Qi.
O Qi do baço é quem mantem os órgãos nos seus lugares. Se o Qi do Baço é deficiente e sua função de
elevar o Qi estiver deficiente, poderá ocorrer prolapso de vários órgãos, tais como o útero, estomago, rim,
bexiga ou ânus.

• Bexiga: remove a água por meio da transformação do Qi, recebe os fluidos corpóreos impuros do
intestino delgado e transforma em urina.
• Rim: armazena a essência e governa o nascimento, crescimento, reprodução e desenvolvimento.
Armazena a essência pré celestial, esta essência é herdada dos pais. Produz a medula, abastece o cérebro
e controla os ossos. Governa a água pois controla a transformação e o transporte dos fluídos corpóreos.
Controla a recepção do Qi. O Qi é enviado pelo pulmão em descendência para o Rim que ali o mantém.
Abra-se nos ouvidos, que é relacionado ao rim. Se o rim estiver debilitado, a audição poderá ser afetada,
com a ocorrência de zumbido. Manifesta-se no cabelo. Controla os orifícios inferiores, uretra e ânus.
Contém o Portão da vitalidade (Ming Men). Nos rins encontra-se o Ming Men, ele corresponde ao fogo
e a água de todo o corpo, ao Yin Yang, onde localiza-se a essência original (herdada) que determina a
vida e a morte.
10. Métodos de avaliação em auriculoterapia

Método de avaliação ou de diagnóstico em auriculoterapia constitui-se em avaliar alterações no


pavilhão que podem denunciar distúrbios ou problemas em áreas correspondentes e que auxiliarão na
definição dos pontos a serem utilizados bem como monitorar a evolução do tratamento. O processo de
análise do pavilhão auricular complementa dados de uma anamnese ou exame físico em relação ao
paciente. É objetivo e não invasivo (Brasil, 2015).
Porque isso acontece? Vamos relembrar: Porque o pavilhão auricular está conectado ao
organismo. Há várias reações espontâneas que se refletem no pavilhão auricular quando existem
disfunções de órgãos internos ou outras partes do corpo (Brasil, 2015).
Quando ocorre uma disfunção orgânica o ponto ou área auricular correspondente ao órgão apresentará
alterações de coloração da pele ou sensibilidade, ou seja, tornando-se doloroso ao toque leve. Também
ocorrem alterações na condutibilidade elétrica, tornando-se possível detectar o ponto ou região em distúrbio
com o uso de aparelhos eletrônicos apropriados (Brasil, 2015).

Os métodos de avaliação auxiliam na detecção de um distúrbio. Oferecem um meio rápido de


avaliação e monitoram a evolução clínica do tratamento.

Os métodos se dividem em 2 categorias:

1. Inspeção/observação

2. Palpação
O pavilhão auricular normal deve ser semelhante em tamanho, cor e umidade, indolor à palpação. É
firme e flexível, tem a coloração da mesma cor que a pele do restante do corpo, a hélice deve ter uma
cor avermelhada, livres de processos inflamatórios e hiperemia. Orelhas proeminentes e pendentes em
idosos são um sinal de atrofia e envelhecimento, é normal para essa faixa etária (Brasil, 2015).
Então,

• Antes de iniciar a avaliação devemos conhecer as características do pavilhão auricular sem alterações;

• Boa iluminação: de preferência uma luz natural ou uma luz branca (pode ser usada lupa ou lanterna);

• Não tocar ou manipular o pavilhão auricular antes da avaliação;

• Não realizar higienização com água ou álcool no pavilhão auricular antes da avaliação;

• Orientar o paciente sobre a avaliação e possíveis alterações encontradas;


• Em caso de uso de foto para registro da avaliação de preferência sem flash ou uso de flash próprio
(equipamento próprio) para não interferir no registro. Você pode utilizar um desenho do pavilhão
auricular e ir identificando as alterações observadas;

• Sempre examinar e avaliar os dois pavilhões auriculares (direito e esquerdo);

• Na avaliação deve-se levar em conta a idade e o sexo do paciente (Brasil, 2015).


11. Método de inspeção ou observação do pavilhão auricular

Este método requer uma análise visual do pavilhão auricular. Observa-se as alterações de pele na superfície
da orelha (como cor, descamação, etc.) e as informações coletadas são referentes a reações reflexas de possíveis
problemas.

A inspeção geralmente é iniciada na face anterior e parte superior do pavilhão auricular, prossegue
descendo e segue da parte medial para a lateral. Depois de inspecionadas as regiões visíveis, investigar as
regiões mais escondidas como a cimba da concha e a cavidade da concha, trago, antítrago e região interna da
hélice, entre outras. Após a inspeção ser realizada na face anterior do pavilhão auricular, deve-se iniciar a
inspeção da face posterior do pavilhão auricular seguindo a mesma dinâmica.
As manifestações de alterações no pavilhão auricular incluem as seguintes características:

• Alterações de cor: eritema, rubor, palidez, manchas, excesso de oleosidade;

• Crescimento anormal de pêlos ;

• Marcas de nascença;

• Vasos sanguíneos ingurgitados e cor de sangue anormal (azul, vermelho ou roxo);


• Capilares dilatados, varizes, hiperpigmentação;
• Furúnculos, bolhas, verrugas, lesões, pápulas, espinhas;
• Petéquias, depressões, sulcos, rugas;
• Edema; Descamação;
• Assimetrias.
Se você observar uma alteração no pavilhão em determinado ponto ou região, provavelmente é um sinal de
distúrbio na área correspondente. É importante avaliar e comparar com outros dados da anamnese.
12. Materiais necessários para execução da Auriculoterapia

1. Placa de Auriculoterapia (plástica - para serem preparadas com as sementes facilitando na aplicação dos
pontos auriculares);
2. Estilete (usado na preparação das placas de auriculoterapia);
3. Álcool 70º;
4. Algodão;
5. Sementes de mostarda (comestível);
6. Fita microporosa (preferência bege);
7. Pinça anatômica pequena serrilhada;
8. Apalpador de auriculoterapia;
9. Mapa dos pontos auriculares.
Figura 14: Materiais necessários para execução da auriculoterapia.

Fonte: Brasil, 2015.


13. Quadro de alterações gerais

Manifestação Alteração Condição


Mudança de coloração
Vermelha, roxa Processos inflamatórios agudos

Vermelho claro e brilhante Condição aguda


Processos dolorosos

Vermelho escuro Condição Crônica


Branca Condição Crônica
Cinza Possível enfermidade oncológica

Castanha escura Condição Crônica


Mudanças Morfológicas Cordões/ proeminências (nódulos ou elevações) Processos crônicos.
Obstruções dolorosas e algias.

Descamação Afecções dermatológicas e condição aguda.

Depressões Lesões ulcerativas/ cirurgias

Mudanças vasculares Angiectasias (dilatação dos vasos sanguíneos) e Processos inflamatórios. Algias. Disfunções
telangiectasias (vasos dilatados – “aranhas circulatórias.
vasculares”) vermelho brilhante

Angiectasias e telangiectasias vasos azulados Processos crônicos

Fonte: Brasil, 2015.


Lembramos que as pessoas podem apresentar alterações no pavilhão auricular e não apresentar queixa
em relação ao ponto ou área com alteração. Neste caso, associe o método de palpação para investigar melhor.
Se o ponto ou região apresentar sensibilidade alterada considere como um indicativo para ser melhor
investigado na estrutura relacionada.

14. Método da palpação


O método da palpação consiste em aplicar pressão com instrumento próprio (indireta) ou com a ponta do
dedo (direta) nas regiões do pavilhão auricular. Este movimento de pressão auxilia a identificar pontos mais
sensíveis e doloridos à palpação indicando possível enfermidade na área correspondente.
Este método pode ser aplicado após a inspeção do pavilhão auricular corroborando com as alterações
visualizadas. Pode ser realizada com o paciente deitado, para um relaxamento máximo; na posição sentada ou
de pé. A intensidade da pressão vai de acordo com a sensibilidade do paciente. Alguns reagem à pressão mínima
ou forte.
Muitos fatores interferem e devem ser considerados na avaliação, principalmente no que se refere à
condição crônica e aguda ou se são problemas recorrentes.
Lembre-se: na avaliação diagnóstica do pavilhão auricular deve ser levado em consideração
1. Os dados coletados na anamnese;
2. As alterações encontradas na inspeção e
3. Os dados obtidos na palpação
A sensibilidade persistente do pavilhão auricular pode indicar um distúrbio funcional, é importante
verificar possíveis sensibilidades das zonas auriculares como a concha, incisura intertrágica, lóbulo da orelha
entre outros que são mais frequentemente relacionadas com distúrbios viscerais, endócrinos e psicossomáticos.
Verifique amplas regiões do pavilhão auricular usando movimentos longos com os dedos e aplicando
pressão constante. Determinadas áreas apresentam um aumento da sensibilidade à palpação. O ideal é
consolidar o exame em ambos os lados e simultaneamente.
Monitorar as expressões faciais em resposta à pressão realizada. Pode-se solicitar ao paciente para que ele
avalie o grau de sensibilidade que é sentida em cada ponto da orelha quando é aplicada pressão com um
sistema de graduação com valores ou notas de 1 a 10, sendo 1 a mais leve e 10 a mais forte; ou com expressões
como: leve, moderado ou forte; ou apenas observar as expressões faciais do paciente.
Figura 15: escala de dor.

Sentindo-se perfeitamente normal Dor leve e chata que não A dor interfere A dor incapacita o paciente,
chega a interferir nas significativamente na rotina impossibilitando-o de realizar suas
atividades diárias de atividades. Requer atividades de forma independente.
mudanças no modo de vida
do paciente, porém ele
permanece independente.
O paciente não consegue
se adaptar a dor.

Fonte: Brasil, 2015


Durante a manobra realizada pela palpação digital direta deve-se investigar, além do ponto mais
doloroso do pavilhão auricular, a textura, a temperatura, as protuberâncias, os nódulos, as lesões, entre
outras alterações. A palpação indireta é realizada com instrumento próprio ou com o auxílio de materiais
pontiagudos como: tampa de caneta, entre outros. O ideal é a utilização de material de metal e de ponta
esférica (apalpador) para auxiliar na identificação dos pontos dolorosos.
Como realizar a palpação com o apalpador de metal?
Segurar e esticar o pavilhão auricular firmemente com uma mão, enquanto segura o apalpador com a
outra mão. Deslizar sobre a superfície lentamente, parando em pequenas regiões sensíveis a pressão levemente
aplicada. Apalpe áreas auriculares que você suspeita serem reativas por sua correspondência com as partes do
corpo em que o paciente tem dor ou queixas relatadas.

Figura 16: Apalpador

Fonte: próprio autor

LEMBRE-SE: Os métodos de diagnóstico auricular auxiliam para a seleção dos pontos a serem
utilizados como recurso terapêutico. Não devem ser utilizados como base para diagnósticos.
15. Princípios de seleção dos pontos para auriculoterapia

A seleção dos pontos de auriculoterapia deverá ser criteriosa de acordo com os problemas de saúde
apresentados pelo paciente e os objetivos terapêuticos do profissional. No caso de um tratamento para
apenas uma queixa, poderá ser escolhido um ou dois pontos reflexos, mas se o paciente apresentar diversas
queixas, pode-se selecionar em média de 8 até 10 pontos auriculares, sempre priorizando a queixa
principal. No caso da auriculoterapia reflexa a seleção dos pontos será de acordo com a localização
anatômica da respectiva parte do corpo (órgão interno, músculo, articulação, entre outras estruturas).
Fonte: Brasil, 2015
Antes de selecionar os pontos é importante observar as áreas mais sensíveis e doloridas à palpação,
considerando ainda a expressão facial e verbal do paciente.
Os pontos ou áreas auriculares de maior efeito sobre os distúrbios serão os pontos que apresentam
alterações (sensibilidade à palpação ou alterações na coloração, na morfologia ou vascular), sendo então
selecionados para um início de tratamento.
Cabe ressaltar que no conjunto ‘avaliação + anamnese’ associam-se pontos com ações reflexas de
forma combinada a outros pontos que irão auxiliar e potencializar o tratamento. Por exemplo, o ponto
articulação do quadril para dor (ponto reflexo) e o ponto Shen Men que acalma e alivia a dor.

Outro aspecto importante se refere à lateralidade. Não há uma regra específica e fechada em relação
à seleção dos pontos. De forma geral, na utilização da auriculoterapia reflexa se aplicam pontos no
pavilhão auricular do lado afetado em tratamentos relacionados às enfermidades osteomusculares. Como
por exemplo, dor no ombro direito aplica-se o ponto ombro no pavilhão auricular direito. Outros pontos a
serem utilizados como de ação específica ou de um determinado sistema, como regra geral tornam-se
ativos em ambos os lados ou no lado dominante, aplicam-se pontos no pavilhão auricular direito para
uma pessoa destra e aplicam-se pontos no pavilhão auricular esquerdo para uma pessoa canhota.
Ao utilizar pontos principalmente na região da cimba da concha e cavidade da concha e fossa
triangular, segue-se a regra da utilização dos pontos no lado dominante da pessoa.
A auriculoterapia como terapêutica gera e propicia um equilíbrio, um efeito homeostático. Portanto, o
mesmo ponto pode ser utilizado em diversos casos. Por exemplo, o ponto Intestino Grosso pode ser usado
para tratar tanto constipação como a diarreia.
A auriculoterapia consiste em uma técnica terapêutica que complementa no tratamento de diversos
distúrbios auxiliando o profissional de saúde. Você pode aprofundar os pontos subdividindo por sistemas
(respiratório, urogenital, musculoesquelético, entre outros). É uma forma de aprofundar e auxiliar na seleção
dos pontos para iniciar um tratamento.
Na utilização da técnica de auriculoterapia a seleção de pontos consiste num processo simples:

Figura 17: Anamnese

Fonte: Brasil, 2015


16. Técnica de Aplicação – Passo-a-Passo:
• Preparar a placa de auriculoterapia com as sementes e fita microporosa;
• Explicar sobre o procedimento e cuidados;
• Realizar uma entrevista e anamnese;
• Realizar a inspeção do pavilhão auricular do paciente;
• Realizar a palpação do pavilhão auricular utilizando o apalpador, identificando os pontos sensíveis no
paciente;
• Seleção dos pontos para aplicação;
• Higienizar os pavilhões auriculares com algodão embebido em álcool 70°;
• Aplicar as sementes nos pontos selecionados;
• Aplicar em ambas orelhas ou utilizando o critério da lateralidade;
• Tratamento semanal; com ciclo de 5 a 10 sessões;
• Agendar retorno em 7 dias para avaliação e próxima aplicação.
Considerações Gerais:
O profissional deve estimular os pontos logo após a colocação dos adesivos. O tempo de estímulo varia
em torno de dez segundos, tempo necessário para que o paciente perceba a diminuição da pressão sobre os
pontos. Isso porque inicialmente o profissional pressiona os pontos até o limite da dor do paciente e mantem
essa pressão até que ela comece a diminuir. O paciente é orientado a pressionar os pontos durante a semana
pelo menos 3 vezes ao dia.
A auriculoterapia consiste em uma técnica terapêutica que complementa no tratamento de diversos
distúrbios. Você pode aprofundar os pontos subdividindo por sistemas (respiratório, urogenital,
musculoesquelético, entre outros). É uma forma de aprofundar e auxiliar na seleção dos pontos para iniciar um
tratamento.
-Se o paciente retornar à consulta, mesmo após as 24 horas de descanso, com a orelha marcada pelas
sementes, é necessário usar alguma das alternativas abaixo:
- Recomendar o paciente diminuir a pressão de estímulo sobre os pontos;
- Recomendar o paciente não pressionar mais os pontos;
- Reduzir o tempo da permanência dos adesivos durante a semana e aumentar o tempo de descanso.
Um ciclo de tratamento compreende 10 sessões. Após recomenda-se um período para descanso de pelo
menos 20 dias, para o início de um novo ciclo.
Pacientes que após as primeiras sessões demonstrem sinais de sensibilidade na orelha, como marcas
dos pontos estimulados ou formação de lesões, devem ter o ciclo de tratamento reduzido para 5 sessões, com
período de descanso de 7 dias entre os ciclos.
17. Exemplos de Protocolos

Insônia
Pontos: Shen Men, Coração, ansiedade, Neurastenia, Fígado.
Pontos complementares: Subcórtex, Ponto zero, Simpático.
Outros pontos: Frontal, Occipital, Cérebro, Rim.

Mentais e Emocionais: Irritabilidade e Agressividade


Pontos: Fígado, Vício/Mania, Ansiedade.
Pontos complementares: Neurastenia, Ponto Zero, Shen Men, Tálamo.
17. Exemplos de Protocolos

Dores no corpo: Joelho


Pontos: Joelho, Rim, Fígado, baço, subcórtex
Pontos complementares: Tornozelo, Ponto Zero, Shen Men, Tálamo.

Dores no Corpo: Fibromialgia


Pontos: Área Torácica, Área Lombar, Área Sacral.
Pontos complementares: Tálamo, Subcórtex, Ponto Zero, Simpático. Shen Men.
Outros pontos: Fígado, Rim, Nervo Occipital Menor.
17. Exemplos de Protocolos

Estresse
Pontos: Supra Renal, Occipital, Coração.
Pontos complementares: Subcórtex, Ponto Zero, Shen Men, Neurastenia.
Outros pontos: Relaxamento Muscular, Tronco Encefálico.

Alergias
Pontos principais: Nariz Interno, Asma 1, Asma 2, Alergia, ápice da Orelha.
Pontos Complementares: Nervo Occipital Menor, Ponto Zero, Shen Men, Simpático, Endócrino.
Outros: Baço, San Jiao.
18.Localização dos pontos e indicações de uso

Ponto Indicação
Alergia Alergia, asma brônquica, prurido, processos alérgicos em geral.

Ansiedade Ansiedade, agitação, insônia, estresse emocional e irritabilidade.

Ápice da orelha Hipertensão, alergias, analgesia e harmonização emocional.

Área Lombar Ciatalgia, hérnia de disco, lombalgia, paralisia dos membros inferiores e artrose.

Área Sacral Hérnia de disco, Ciatalgia, síndrome do piriforme e cisto pilonidal.

Área Torácica Dorsalgia, Hérnia de disco, artrose e neuralgia intercostal.

Articulação do Quadril Algia local, doenças osteomusculares, desgaste ósseo, bursite trocantérica e
artrose do quadril.

Fonte: Brasil, 2015


18.Localização dos pontos e indicações de uso

Asma 1 (Ping Chuan Superior) Bronquite, asma, tosse, dispneia e enfisema pulmonar.

Asma 2 (Ping Chuan) Bronquite, asma, tosse, dispneia e enfisema pulmonar.


Baço Dispepsia, indigestão, gastrite, constipação e transtornos hematológicos.

Bexiga Infecção do trato urinário, transtorno do trato urogenital, disúria, poliúria, prostatite,
incontinência.
Cérebro Excitação mental, Alzheimer, Mal de Parkinson, agitação, enxaqueca, cefaleia e
deficiência cognitiva.

Coração Palpitações, taquicardia, hipertensão, ansiedade, depressão, insônia e dispneia.

Endócrino Todos os transtornos endócrinos, hipo e hipertireoidismo, diabetes, transtornos


ginecológicos e reumatoides. Antialérgico, antirreumático e efeitos anti-inflamatórios.

Fonte: Brasil, 2015


18.Localização dos pontos e indicações de uso

Fígado Transtornos gastrointestinais, hematológicos, cutâneos e oculares como: vômito, constipação,


gastrite, distensão abdominal, doenças hemorrágicas, dermatites, eczemas, depressão,
irritabilidade e estresse.

Frontal Transtorno na região frontal, sonolência, tensão nervosa, hipertensão arterial, falta de memória e
falta de concentração

Glúteo Disfunção e dores na região do quadril e da região glútea e sacral.

Joelho Lesão dos ligamentos, citalgia dos membros inferiores, luxação local, dores articulares,
meniscopatia e lesão dos músculos poplíteos.

Nariz Interno Alivia nariz escorrendo, espirro, resfriado, gripe, sinusite, rinite, epistaxe, obstrução nasal, alergia e
vento patológico.

Nervo Ciático Lombalgia, hérnia de disco, analgesia local, ciatalgia e polineurite.

Nervo occipital Menor Cervicalgia, cefaléia occipital. Alivia alergias, asma, rinite alérgica, tosse, dermatite, urticária, anti-
histamínico, anti-inflamatório e antialérgicos.

Fonte: Brasil, 2015


18.Localização dos pontos e indicações de uso

Neurastenia Ansiedade, medo, preocupação, déficit de memória, problemas


psicossomáticos, depressão, insônia, pessimismo e neurastenia.
Occipital: Psicose, pânico, trismo, cervicalgia, paralisia facial, esquizofrenia, cefaleia
occipital, convulsão.
Ponto Zero Ação espasmolítica e analgésica.
Relaxamento Muscular Miorrelaxante e também utilizado para insônia.
Rim Transtorno do trato urogenital, problemas articulares, queixas menstruais,
amenorreia, tensão pré-menstrual (TPM), enxaqueca e para o tratamento de
dependência química.
San Jiao (metabolismo) Utilizado para doenças dos órgãos internos, sistema circulatório, respiratório e
termorregulação. Constipação, indigestão, anemia, obesidade, enxaqueca,
vertigens e dores intercostais.
Shen Men: Ansiedade, distúrbios mentais, estabilidade emocional, em condições de dor e
possui atividade anti-inflamatória.

Fonte: Brasil, 2015


18.Localização dos pontos e indicações de uso

Simpático Algias em geral, náuseas, vômitos, hiperidose das mãos e pés. Estabilização vegetativa
das vísceras.

Sub Córtex Algias, ansiedade e depressão.


.

Supra Renal Transtornos articulares, processos circulatórios, inflamatórios, reumatismo, metrorragia,


processos alérgicos.

Tálamo Lombalgias e Cervicalgias.

Tornozelo Fraqueza, dor no tornozelo, luxação, entorse e artrite.

Tronco Encefálico Neuroses, esquizofrenia, epilepsia, pânico e compulsão.

Vícios e Mania Dependência química, comportamento maníaco, hiperativo.

Fonte: Brasil, 2015


Bibliografia

AUTEROCHE, B., NAVAILH, P. Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992.

BORSARELLO, J.F. Tratado de Acupuntura. 1ª ed. São Paulo: Andrei. 2008.

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2015.

CORDEIRO, Ari e CORDEIRO, Rui. Acupuntura: elementos básicos. 5.ed. São Paulo: Polis, 2014.

CORDEIRO, Ari e CORDEIRO, Rui. Acupuntura: elementos básicos. São Paulo: Polis, 2009.

DULCETTI JUNIOR, O. Pequeno Tratado de Acupuntura Tradicional Chinesa. São Paulo: Andrei, 2001.

FONSECA, V.P. Mapa Auricular. São Paulo, 2004

NEVES, M.L. Manual prático de auriculoterapia. Porto Alegre: Merithus, 2014.

WEN, T. S. Miriam Akemi Kumatsu trad. Manual Terapêutico da Acupuntura. Barueri: Manole, 2006.

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