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MÓDULO I
A psicopatologia é a ciência que estuda os estados psíquicos anormais ou da doença mental e dos
seus sintomas. Quando falamos de estado normal ou não normal em psicopatologia não nos
estamos a referir a uma distinção entre bom e mau, mas sim àquilo que faz parte de uma “norma
média”, que estará ou não dentro de uma norma para a maioria das pessoas de um determinado
sexo, numa determinada esfera sociocultural, sendo ou não, portanto, esperado.
É esperado que uma criança de 4 anos, ou nesta na faixa etária, possa urinar
Por exemplo:
na cama. Contudo, se este comportamento se verificar numa criança de 12 anos, este
não é esperado e, como tal, considerado não normal. Um dos primeiros passos é
perceber se este problema está relacionada com alguma causa orgânica; no caso de não
estar, é onde nós psicólogos entramos.
Etimologia: O termo psicopatologia é de origem grega e traduzido num sentido literal significa “o
estudo da patologia da alma/mente”.
Psyché + pathos + logos
Alma + doença + estudo
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Psicopatologia I Sebenta de Psicopatologia I FPCEUC: MIP 2018/2023
Setembro – Dezembro de 2019 Inês Pinhel
Tudo o que é diferente não tem de ser patológico! Somente deve ser alvo de intervenção aquilo
que é patológico.
1ª Condição
Em algumas situações a separação entre o funcionamento normal e a perturbação/distúrbio é
menos clara. Por exemplo, a timidez vs a ansiedade social ou a tristeza vs a depressão clínica.
A perturbação psicopatológica é um fenómeno dimensional, mais do que um conceito ou
categoria que está ausente ou presente.
A dimensão da disfunção será qualificada através dos outros critérios de sofrimento e de
limitação. Por exemplo, é a intensidade do medo e os outros critérios, como o sofrimento e as
limitações associadas, que nos indicarão o grau de disfuncionalidade.
*1 Exemplo de uma anorética que deixa de ir comer com os amigos, comer em casa é um frete, deixa de ir à praia por
passar a ter mais pelos (devido à má nutrição), entre outros.
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Psicopatologia I Sebenta de Psicopatologia I FPCEUC: MIP 2018/2023
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2ª Condição
A existência de sofrimento associado a determinado padrão emocional, cognitivo e/ou
comportamental é considerado como condição necessária para a definição de uma perturbação
psicopatológica. No entanto não é um critério suficiente uma vez que:
▪ O sofrimento é inevitável e inerente à experiência humana
▪ Alguns distúrbios e comportamentos anormais não provocam a perceção de sofrimento
associado para o próprio
3ª Condição
É necessário definir o que é uma limitação. Por exemplo, a timidez não é uma limitação, mas se
esta for acentuada que se traduza no evitamento de várias situações, tais como ir à faculdade,
estar com um grupo de amigos, conhecer pessoas novas, o qual tem repercussões na
concretização de diferentes objetivos, então diremos que esta característica está associada a
limitações significativas para o funcionamento pessoal.
4ª Condição
Um resposta atípica = será algo que se desvia da média ou do que é frequentemente/
culturalmente esperado. A ideia de que é normal tudo o que viola as normas sociais duma cultura
é útil porque aponta a importância das diferenças culturais quando analisamos um
comportamento em termos das normalidade ou da sua anormalidade. Contudo alguns
comportamentos violam normas sociais (ex.: crimes) e não são necessariamente perturbações
psicológicas.
Concluímos que:
→ Nenhum dos critérios isoladamente nos permite falar de perturbação, só o seu conjunto
ou a combinação das diferentes condições
→ Todos os critérios assentam no critério quantitativo, no conceito de dimensão
Os Psis (psicólogos, psiquiatras, psicoterapeutas) têm uma tendência enorme para patologizar tudo. Em
psicopatologia não existe “branco ou preto”. Falamos em graus; um grau de medo, um grau de
ansiedade, um grau de stress, sempre enquadrados num contexto.
O sofrimento é uma condição inevitável na nossa história, sendo que a psicopatologia implica a
existência de sofrimento. O sofrimento é uma condição necessária para a psicopatologia, mas
não suficiente, isto é, não estamos perante uma patologia sempre que existe sofrimento, mas
para haver uma patologia, é necessário haver sofrimento. Muitas vezes a forma como lidamos
com determinadas situações só aumenta o nível de sofrimento – importância dos mecanismos
de regulação emocional.
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Uma perturbação bipolar é uma variação entre um estado maníaco e um estado depressivo.
Um depressivo é a típica pessoa que tem uma visão negativa sobre si e sobre a sua
relação com o mundo. No oposto do estado depressivo temos o estado maníaco, a
mania. No polo maníaco as pessoas estão numa grande euforia (derivado de
desequilíbrios bioquímicos), existindo um sentimento de grandiosidade, muitos
comportamentos de risco e picos de desinibições.
→ Avaliação
→ Elaboração de hipóteses diagnósticas
→ Construção de intervenções terapêuticas congruentes
Em psicopatologia o objetivo é ajudar o doente e isto pressupõe que o clínico deva ser capaz de
captar, o mais objetivamente possível as vivências e os comportamentos do indivíduo no seu
contexto biográfico, psicológico e sociocultural.
Para a orientar a intervenção, começa-se por fazer uma avaliação. Contudo, posteriormente, à
medida que se vai fazendo a intervenção vai-se continuando a avaliar.
Por norma, numa consulta, trata-se as crianças e os adolescentes pela 2ª pessoa do
singular. A partir daí é importante a envolvência com o paciente, mas com alguma
distanciação, sendo que, por isso, se deve passar a intervir com o paciente na 2ª pessoa
do plural.
ESPAÇO TERAPÊUTICO : duas cadeiras iguais, colocadas ligeiramente inclinadas uma para a outra,
não frente a frente para diminuir o desconforto que possa surgir para o paciente; ligeiramente
afastadas para não sufocar o paciente e, no caso de se tirar alguns apontamentos à medida que
se faz a avaliação, colocar o caderno de modo a que o paciente o possa ver.
MindFullness tem-se mostrado altamente eficaz, de acordo com vários estudos. MindFullness
não é relaxamento, não é reiki.
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Para entender o doente não importa tanto a realidade objetiva, as coisas em si que ele vive ou
percebe, mas o modo como ele as vivencia, a sua vivência das coisas. Para psicopatologia a
vivência e o comportamento de um ser humano enquadra-se e só tem significado dentro do seu
contexto biopsicossocial.
Este modelo
permitiu
desenvolver e testar
técnicas específicas
destinadas à
promoção da
motivação para a
mudança.
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As recaídas são consideradas como lapsos em que o processo volta ao início, mas não significa
que o processo anterior não tenha tido efeitos, pode ter resultado numa aprendizagem, apesar
de ter terminado numa recaída. As recaídas são frequentes de acontecer. Alguns doentes têm
um processo muito bom de mudança, mas tendo uma recaída, desistem facilmente (“drop-out”).
Por exemplo: No comportamento bulímico, temos uma doente com episódios de
descontrolo frequentes. Pode acontecer a doente passar a ter uma dieta saudável e
equilibrada, sem estes episódios de descontrolo e num dado momento ter uma recaída
e voltar à situação anterior.
Estádio de Pré-Contemplação
Estádio em que os doentes aparecem e dizem “Eu não sei o que estou aqui a fazer, é um exagero,
não tenho nenhum problema”. O doente não assume o seu problema, acreditando ter tudo sob
controlo. É frequente em doentes com problemas aditivos e distúrbios alimentares.
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Estádio de Contemplação
Representado por uma balança é um estado de ambivalência, no qual os prós e os contras oscilam
constantemente entre si.
➢ O indivíduo tem alguma consciência do problema, já considera a possibilidade de
mudança, avaliando os prós e os contras do comportamento problema e a mudança
➢ No discurso surgem razões de preocupação e motivações para a mudança e justificações
para o comportamento atual e racionalizações que minimizam a preocupação
O contemplador é aquele que considera a mudança e que ao mesmo tempo a rejeita
Muitas vezes esta fase de ambivalência é confundida com manipulação – fase em que os pais
dizem que os filhos são muito mentirosos.
Por exemplo: Fumador.
“Sei que devia deixar de fumar, faz mal à saúde, o meu amigo ficou
com sérios problemas no pulmão, mas eu fumo muito menos do que ele e também faço
algum exercício.”.
Todo o processo de mudança tem um custo significativo e causa-nos stress – “uma janela de
oportunidade para a mudança”.
o existe um compromisso com a mudança
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Estádio de ação
Estádio de manutenção
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Recaída
O modelo de Prochaska e DiClemente considera a recaída como uma ocorrência normal e que é
inerente ao processo de mudança.
No caso da ocorrência da recaída o terapeuta deverá evitar o desencorajamento e a
desmoralização e promover o reinício do processo: voltar a contemplar a mudança, prepara-se
para a ação e ativar recursos sem ficar “preso” perante a recaída.
Em termos terapêuticos, o racional é que alguns avanços e retrocessos no ciclo de mudança são
comuns antes de se solidificarem os novos padrões de comportamento.
Compreender Explicar
Compreender: atualizar as vivências do outro em mim; tenho de me colocar no lugar do outro =
transcendência, e só assim pode haver a atribuição de SIGNIFICAÇÃO.
Explicar: estabelecer relação entre fenómenos constantes. A ciência explica.
Compreensibilidade Genética
Relação temporal com os factos; leitura longitudinal dos acontecimentos e das vivências do
paciente. Importância dos conceitos de:
→ Conceito de Reação
→ Conceito de Desenvolvimento
→ Conceito de Processo
Conceito de Reação:
Existe um funcionamento prévio.
Funcionamento de base → Reação a determinado acontecimento de vida
(major life event) com alteração do comportamento (situacional) → Após um
determinado espaço temporal, o comportamento retorna à linha base.
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Conceito de Desenvolvimento:
Um estilo de funcionamento ou uma personalidade de base que se desenvolve após um
acontecimento de vida.
Episódio após o qual o sujeito não retoma à linha de base do
comportamento anterior a este acontecimento.
Caso de anorexia. Uma paciente que decide fazer uma
Exemplo:
pequena dieta num dado momento da sua vida, e passado este momento, ao invés da dieta se
ter desvanecido (ou mantido saudavelmente) agravou-se. Em vez de o comportamento
desaparecer, torna-se mais rígido e acaba por dominar a vida de uma pessoa.
Conceito de Processo:
No processo existe uma rutura brusca com o desenvolvimento ou o funcionamento prévio. É um
fenómeno não compreensível, mas explicável, sendo um processo característico das psicoses.
Existência de dois acontecimentos sem relação nenhuma, a partir de determinado momento uma
pessoa deixa-se de se comportar de uma dada forma e passa a agir
de outra forma diferente, sem relação com a anterior.
Processo característico em quadros psicóticos. É um processo que não tem uma lógica, é
Exemplo:
explicável sobretudo a nível de processos biológicos e genéticos, mas não compreensível.
Compreensibilidade Estática
Relação causal entre fenómenos simultâneos. Resulta a psicopatologia descritiva, na qual se
procura utilizar técnicas de observação e descrição que sejam razoavelmente padronizadas.
A avaliação neste caso deve ir ao encontro da diminuição do julgamento crítico e da subjetividade.
Tornar a linguagem o mais padronizada possível para ser compreensível por qualquer proffisional
que pegue no processo.
A utilização destas técnicas, levou a que os psicopatologistas visem que áreas de fenómenos
mentais eram razoavelmente independentes entre si, resultam assim áreas a explorar que no seu
conjunto se denomina por Exame Mental.
AVALIAÇÃO DO PROBLEMA
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Limitações? Do 1, 3 e 4
ENTREVISTA CLÍNICA
1. Dados Biográficos (nome, idade, agregado familiar, estado civil, profissão, nível de
popularidades, …)
2. Motivo da consulta (apresentação do doente, factos que o doente acompanha ou
documentos escritos apresentam como justificação para a consulta, objetivos da terapia
verbalizados pelo doente) – (apresentação: doente que chega até nós em agosto com
uma casaco comprido de penas; doente com as unhas sujas e cheiro desagradável; se o
doente vai sozinho ou acompanhado; se vai por indicação do tribunal, dos professores,…)
3. Dificuldades atuais (uma descrição dos comportamentos problema nas suas
componentes motora, cognitiva, fisiológica e emocional)
Compreensão do problema (compreensão da forma como o problema afeta as
várias áreas da vida do indivíduo; compreensão do impacto do problema nos
outros significativos para o doente)
4. Início e Desenvolvimento das dificuldades (dados relativos ao início e desenvolvimento
das dificuldades)
5. Desenvolvimento e História Prévia (Parâmetros – gravidez e parto, desenvolvimento
psicomotor, padrões de intervenção familiar, escolaridade, relações interpessoais,
religião, sexualidade, breve história de saúde)
6. Formulação do caso (modelo de compreensão “Porque é que aquela pessoa com aquela
história desenvolveu aquele problema?”; interpretação dos dados da história clínica e
hipótese de diagnóstico;
Predisponentes → história do desenvolvimento
Precipitantes → início e desenvolvimento
Manutenção → dificuldades atuais (IMPORTANTE: estas relações não são lineares, o caso resulta da
conjunção de todas elas, estando uma coisa associada maioritariamente a outra, mas não de forma isolada).
Diagnóstico Diferencial, ou seja, é este diagnóstico e não aquele porque qualquer coisa
EXAME MENTAL
Por vezes, uma determinada sintomatologia é explicada por causas orgânicas, como por exemplo
a existência de tumores no cérebro ou problemas na tiroide, não tendo sempre um teor
psicológico.
Nenhum sintoma isolado pode ter uma leitura, ou seja, no exame mental veremos onze grandes
áreas e, ao realizar uma leitura deveremos trabalhar com todas elas.
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São estas:
Apresentação do doente
Motricidade e linguagem
Contacto
Consciência e atenção (avaliar o estado da consciência é essencial para dar um rumo distinto a um conjunto de sintomas.
Mudam não os sintomas, mas os significados a eles atribuídos.)
Humor, afetividade e ansiedade
Pensamento
Perceção
Alterações da estrutura do Eu
Memória
Inteligência
Funções Biológicas Vitais (da fome, da sede, do desejo sexual, do sono, …)
O diagnóstico é o ato final do exame mental, o que significa que nenhumas destas áreas deste
exame é suficiente para elaborar o diagnóstico – temos de conjugar a avaliação das várias áreas.
APRESENTAÇÃO DO DOENTE
“Observar a pragmática”. A observação da pragmática inicia-se no primeiro momento de
contacto com o doente;
▪ Como vem?
▪ Com quem vem o doente?
▪ Como se apresenta?
▪ Qual a sua postura?
Patologia Psicótica
•Neste caso o doente não tem crítica adequada e, habitualmente, vem à consulta forçado por outros.
Patologia Neurótica
•O doente tem crítica razoável de situação e procura ajuda de livre vontade ou aconselhado por outros.
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A psicopatologia é a interação de vários fatores. Por exemplo, se o meu pai for alcoólico, não quer
dizer que eu o venha a ser também, depende da exposição de um outro conjunto de fatores a
que estarei exposta. A psicopatologia é, portanto, multideterminada.
A nossa curiosidade deve ser mediada pela ética profissional, isto é, ao aprofundar determinados
assuntos, aquando de uma intervenção, devo procurar-se saber se certos pormenores serão
exclusivamente importantes para ajudar o paciente a refletir sobre a situação ou se apenas vão
colmatar a minha curiosidade.
Aparência em relação a:
Idade
O doente parece muito mais jovem ou velho que a sua idade real?
Higiene
O doente tem uma aparência limpa e cuidada ou mostra sinais de ausência de cuidados de higiene pessoal?
O doente apresenta um odor marcadamente forte (por exemplo: álcool, fezes, perfumes, água de colónia)?
Vestuário
O doente apresenta-se vestido de forma adequado em relação ao género, idade, contexto, nível socioeconómico ou estação do ano?
Constituição corporal
O doente tem uma estatura (altura e peso) “normativa” (ou é excessivamente baixo ou alto para a imagem, magro ou obeso)?
Postura
MOTRICIDADE E LINGUAGEM
A motricidade é a atitude e movimento do humor ativo. Os movimentos físicos dos doentes
podem revelar indicações acerca do humor, nível de energia, força muscular, coordenação e
atitude.
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Agitação inquietação
se e dá pequenos passeios pelo gabinete, volta
mais duradoura
nenhuma
1. Tremor estático – é um tremor que aparece quando o indivíduo está em repouso e tende
a desparecer quando faz um movimento, não interfere muito com os movimentos com
intenção. Pode surgir no parkinsonismo, na tireotoxicose, no alcoolismo, no abuso de
drogas e em síndromes de privação. Pode aparecer também em pessoas idosas e em
personalidades ansiosas.
Reações Magnéticas: Quando se toca na palma da mão do doente, com um dado objeto ou um
dedo, afastando lentamente, verifica-se que a mão do doente segue o
dedo ou o objeto como se fosse um íman. Pode aparecer em doenças
neurológicas e na catatonia.
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Compulsões: É uma tendência, incoercível a executar uma ação contra a própria vontade. São
ações que acompanham as obsessões e são produto motórico de um
pensamento obsessivo. É um ato voluntário, sendo essa a grande diferença entre
a compulsão e o tique. É típica dos indivíduos com Perturbação Obsessiva-
Compulsiva, tendo geralmente um carácter ritualístico e é feita com o objetivo
de diminuir a ansiedade.
As obsessões surgem como comportamentos de ritual que têm o objetivo de evitar que algo de
mal aconteça.
Uma vez que as compulsões são realizadas de uma forma ritualística, elas acabam por
comprometer a vida do indivíduo. Para ser compulsão tem de ter impacto na vida da pessoa
(costuma estar associado a um número de horas que se leva a realizar determinada tarefa).
▪ Irracional
▪ Não desejada nos voluntários
▪ Egodistónica
▪ Estereotipado (sempre o mesmo ato)
▪ Ritualístico (é executado sempre da mesma maneira)
Manuseamento: O doente manipula tudo o que estiver ao seu alcance (por exemplo:
pequenos objetos, o vestuário, os cabelos). Traduzem normalmente
estados de ansiedade severa.
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Disfasia: O doente não é capaz de nomear os objetos embora possa reconhecê-los. Fica
ansioso e utiliza perifasias, ou sejam em vez do nome tenta dizer para que servem
os objetos. É característico de psicossíndrome cerebral orgânico.
Afasia: É uma alteração da fala que resulta da interrupção das conexões transcorticais
das áreas da fala, sensitivas e/ou motoras.
Afasia Sensorial (afasia de Wernicke): O doente é incapaz de compreender o que se lhe diz
apresentando muitas vezes uma logorreia sem sentido.
Há, pois dificuldade na receção da informação. A lesão
localiza-se na 1ª circunvalação temporal.
Afasia Motora (afasia de Broca): O doente compreende o que se lhe diz, mas não é capaz
de responder. Pode apresentar estereotipias verbais. A
lesão localiza-se na 3ª circunvalação frontal ascendente
do hemisfério cerebral dominante, geralmente o
esquerdo.
Ecopraxia: É a imitação de ações motoras simples como, por exemplo, bater palmas, estalar
os dedos. Os doentes em ecopraxia copiam as ações do entrevistador e também
de outras pessoas do seu ambiente, de forma involuntária e inapropriada.
Ecolalia: O doente ecoa uma parte ou tudo o que se lhe diz, repetidas vezes, quer perceba
ou não o que lhe foi dito. Por exemplo, se se falar numa língua totalmente sua
desconhecida, ele ecoa da mesma forma como se tivesse percebida.
Logoclonia: Nesta caso, é a última sílaba da palavra que o doente repete. Por exemplo:
quando se lhe pergunta “Já comeu hoje?” o doente responde “já comi hoje-je-je-
je…”
Palilália: É repetida uma palavra completa com velocidade cada vez maior e audibilidade
cada vez menor.
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Neologismos: São palavras inventadas pelo doente, ou palavras vulgares utilizadas por ele com
sentido diferente. São frequentes nos esquizofrénicos.
CONTACTO
Que tipo de contacto estabelece o doente com o clínico?
Nota: Posso interferir com o meu estado de humor, alterando a minha postura. Por norma a nossa
postura é reflexo do nosso humor. O estado de humor interfere com os músculos, assim como o
contrário, é uma relação bidirecional.
CONSCIÊNCIA E ATENÇÃO
AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA:
Este é um dos aspetos mais importantes no exame mental, uma vez que a valorização de toda a
psicologia pode depender do estado de consciência do doente.
Um estado de consciência claro exige que a pessoa tenha nitidamente diante de si aquilo que vê,
o que pensa, que saiba o que quer e o que faz.
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Tóxicos
Lesões cerebrais
Doenças metabólicas
Reações psíquicas anormais
Contudo, há alterações do estado de consciência que são consideradas normais e que qualquer
pessoa pode experimentar, o sono e o sonho.
Lipotímia – ou desmaio
Hipnose – implica também uma alteração do estado de consciência
Estados crepusculares – acontece em certas situações de epilepsia
Estado de estupor – é o estado que antecede ao estado de coma, pois o indivíduo só
reage a estímulos fortes
Coma
ATENÇÃO
A atenção representa a síntese que um determinado indivíduo faz num determinado momento
de todos processos cognitivos. Quando os mecanismos de atenção estão perturbados isso
significa que há sofrimento. As alterações dos processos de atenção traduzem habitualmente
alterações cerebrais.
Atenção Ativa: quando o indivíduo foca a sua atenção em algum acontecimento interno
ou externo.
As duas formas estão intimamente relacionadas pois quanto maior for a atenção ativa, tanto
menor será a passiva; ou seja, para que esta entre em ação a intensidade dos estímulos tem de
ser maior.
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Por exemplo, nos doentes deprimidos e ansiosos a atenção ativa está prejudicada ou diminuída;
porque os doentes se focam demasiado nas suas preocupações e problemas, não prestando a
atenção habitual ao que o rodeia. Daí ser frequente estes doentes apresentarem queixas de
dificuldade de concentração e de memória que são de carácter subjetivo, não traduzindo lesões
orgânicas.
Os sinais primários de esquizofrenia são alucinações e delírios. Contudo existem doentes que
possam ter alucinações e delírios e não sejam diagnosticados como esquizofrénicos – a diferença
é que os esquizofrénicos têm um estado de consciência claro, e daí o ponto da consciência e da
avaliação ser tão importante.
Pólo tristeza – humor depressivo em que tudo é visto pelo lado negro, nada na vida tem graça,
perda de força e de energia.
A depressão pode ser classificado pela TRÍADE DEPRESSIVA – má visão do eu, dos outros e
do futuro. Vê os outros como não apoiantes e críticos, e o futuro como só trazendo coisas
piores.
Muitos dos sintomas dos depressivos são resultado de processos adaptativos, à exceção
da sua perceção das coisas. A perda de energia, por exemplo, é um fator de manutenção
para o estado depressivo. “Porque é que vai estar a desperdiçar energia se a luta está
perdida?” é o pensamento deste tipo de pacientes.
Pólo de euforia – elação de humor em que se denota uma felicidade intensa, euforia, excesso de
confiança e fuga de ideias. Típico dos quadros maníacos, em que há a libertação de um excesso
de energia.
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Nas perturbações bipolares o que existem não são estes dois polos em simultâneo, mas sim uma
transição de estados maníacos a estados depressivos e vice-versa.
Avaliação do estado do Humor:
Existem reações ou respostas mal adaptativas em que há uma variação da quantidade, e não da
qualidade, de carga emocional, isto é, são estados emocionais exacerbados:
1. Reações depressivas
2. Euforia
3. Estados ansiosos
REAÇÕES DEPRESSIVAS
É a reação emocional à frustração crónica e ao desapontamento; emoção típica é a tristeza, que
pode ser considerada “normal” quando se segue a uma perda significativa, pode ser considerada
como “anormal” ou patológico, constituindo a depressão neurótica se se prolongar no tempo ou
pode ser gravemente patológica (depressão endógena), quando existe um humor triste mórbido,
associado a sentimentos de desespero, infelicidade e preocupações excessivas podendo atingir
uma intensidade delirante.
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EUFORIA
Pode ocorrer como forma reativa, mas geralmente é patológico, por exemplo podem aparecer
associados a lesões do lobo frontal, esclerose e esquizofrenia hebefrénica.
A perceção de ameaça é um antecedente cognitivo da ansiedade. A ansiedade é um padrão de
respostas complexo que envolve alterações cognitivas, afetivas, fisiológicas, comportamentais e
motivacionais.
A ansiedade é uma reação ou resposta emocional global que apresenta sintomas a três níveis
diferentes (embora interligados):
Nível vegetativo
Manifestação orgânica da ansiedade.
Nível motor
Corresponde às manifestações de ansiedade visíveis a nível do comportamento.
Nível cognitivo
Refere-se aos pensamentos do doente, isto é, uma preocupação constituída por uma
sucessão de pensamentos dolorosos, desagradáveis que se traduzem, geralmente, num
medo difuso perante perigos reais ou imaginários.
A ANSIEDADE ENQUANTO RESPOSTA EVOLUCIONÁRIA ADAPTATIVA.
Muitos dos doentes que chegam até nós, a primeira coisa que nos pedem é que os ajudemos a
deixar de sentir a ansiedade.
Em estados de perigo apresentamos respostas automáticas, sobre as quais não temos influência.
Quando há perceção de ameaça, quer seja um perigo físico ou psicológico, há uma ativação, uma
tensão muscular que nos prepara para responder em termos comportamentais.
Luta, fuga ou congelamento são os três tipos de resposta do nível motor à sensação de
ansiedade/perigo iminente.
A ansiedade tem um papel adaptativo na nossa vida, não é agradável sentirmo-nos ansiosos, mas
tem uma função adaptativa. Só em casos de ansiedade extrema é que o dia a dia do indivíduo
começa a ser afetado pela negativa.
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PENSAMENTO
Podemos definir como pensamento normal aquele que atinge diretamente o objetivo a que se
propõe, através de uma ideia diretriz idealizada. As alterações do pensamento podem ser:
▪ Do curso
▪ Da forma
▪ Da posse
▪ Do conteúdo
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O número de ideias e imagens mentais está diminuído sendo o curso lento. O doente
expressa este sintoma, usualmente, dizendo ter dificuldade em tomar decisões e em se
concentrar ou prestar atenção.
Bloqueio do Pensamento (bradipsiquia)
O curso do pensamento é interrompido, subitamente, não voltando ao ponto de
paragem, podendo surgir depois de um outro pensamento totalmente novo. Bloqueios
sucessivos podem dar origem ao “descarrilamento” de ideias, isto é, pensamento
saltitante (típica dos doentes com esquizofrenia).
Pseudo-bloqueios
Alterações do curso do pensamento que ocorrem em pessoas exaustas e ansiosas
quando perdem o “fio da conversa”, parecendo bloquear, mas apercebem-se disso
dizendo muitas vezes “esqueci-me do que ia dizer”. Nestes casos, geralmente, retomam
algum tempo depois a sua linha de pensamento. Estes fenómenos não são verdadeiros
bloqueios, podendo designar-se de “pseudo-bloqueios”.
O pensamento, sem alteração de forma, atinge diretamente os seus objetivos através de uma
diretriz adequada.
→ Circunstancial
Caracteriza-se pelo excesso de detalhes e informações pouco importantes, prejudicando
o processo de comunicação dos aspetos essenciais. O pensamento atinge o seu objetivo,
mas até lá vai-se processando, lentamente, com muitos detalhes triviais e
desnecessários. Parece traduzir egocentrismo. Frequente em indivíduos com
esquizofrenia e perturbação obsessivo-compulsivo. Graus moderados também podem
encontrar-se em personalidades obsessivas e em pessoas sem
psicopatologia. O discurso traduz uma incapacidade de distinguir o
essencial do supérfluo, sendo incluídos inúmeros detalhes inúteis ou
outros elementos como rimas, provérbios, trocadilhos.
→ Tangencial
O pensamento foge sistematicamente do objetivo, mas pelas respostas que o doente dá
posteriormente infere-se que o indivíduo compreendeu o que lhe foi questionado.
Alguns doentes com esquizofrenia apresentam esta alteração na forma do pensamento
utilizado, por vezes, para-respostas (respostas “ao lado”). Alteração
do pensamento semelhante ao circunstancial, mas em que o
raciocínio não atinge o objetivo.
→ Sobrinclusivo
O doente não é capaz de estabelecer os limites dos conceitos, trazendo material
irrelevante que prejudica as operações mentais. É uma alteração muito característica dos
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→ Incoerente ou desagregado
Não existe qualquer articulação lógica do pensamento. Encontra-se em doentes com
síndrome cerebral orgânico e em doentes com esquizofrenia que apresentam
deterioração das competências cognitivas.
→ Pressão do Pensamento
É caracterizado pela sensação de que ocorrem à mente um grande número de
pensamentos ou ideias. Os pensamentos são rápidos, abundantes e variados. É frequente
na esquizofrenia.
❖ Fobia
É um medo irracional, de um objeto, atividade ou situação que origina um desejo
irresistível para evitar o objeto, atividade de situações temidos (estímulos fóbicos).
O indivíduo reconhece que o seu medo é excessivo ou desproporcionado em relação ao
perigo real que representam os estímulos temidos.
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1. Os delírios primários
Aquele que não está associado a qualquer acontecimento psicopatológico prévio
(que não podem ser compreendidos a partir de qualquer outro fenómeno
psicológico mórbido). São característicos dos quadros da Esquizofrenia, podem
também surgir em estados orgânicos, principalmente na psicose epilética
2. Os delírios secundários
Surgem como resultado de uma elaboração psicológica prévia ou eventualmente
em função do humor. Isto é, estes delírios surgem no seguimento de uma
alucinação, humor alterado ou outro delírio, sendo frequente nas psicoses e
algumas depressões graves.
Por exemplo, é a partir de experiências de roubo e divulgação do pensamento
que depois o doente estrutura os delírios na tentativa de explicar a origem. Pode
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✓ Grandeza
Ideia de ser possuidor de poderes e qualidades superiores. É mais
frequente em doenças do espectro da esquizofrenia, na mania, na
paralisia geral.
✓ Ciúme
Podem levar a comportamentos agressivos perigosos para a pessoa que
o doente crê ser infiel. É mais frequente no alcoolismo e na paranoia.
✓ Culpa
Doente sente que cometeu um erro irreparável, vergonhoso e merce
todos os castigos, embora para as outras pessoas seja um erro sem
importância. É mais frequente nas depressões graves.
✓ Ruína
Inclui crenças de que tudo está a chegar ao fim, em relação à profissão,
ao mundo ou à situação económica. É mais frequente nas depressões
graves. Alguns doentes deprimidos podem dizer que já nada existe, que
perderam tudo, que parte do seu corpo está apodrecido ou que eles
próprios já estão mortos – DELÍRIO DE COTARD
✓ Místicos
O indivíduo crê que foi escolhido para cumprir uma determinada missão
encomendada pela divindade
✓ Eróticos / Erotomaníacos
O indivíduo crê que é amado por alguém com quem nunca falou ou que
é inacessível
✓ Persecutórios
Ideia de que pessoas ou organizações estão a tentar fazer mal ao doente,
difamá-lo ou a tentar enlouquecê-lo *
✓ Autorreferenciais
O indivíduo crê que tudo o que acontece no mundo é especialmente
dirigido a si
✓ Outros
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PERCEÇÃO
A perceção é o conhecimento do mundo, do meio ambiente e do próprio meio somático a partir
dos dados sensórias, ou seja, dos órgãos dos sentidos. A perceção tem um carácter objetivo e é
independente da vontade.
Enganos Sensoriais:
Ilusões
Alucinações
Ilusões
Estímulos de um objeto são percecionados e combinados com uma imagem mental de modo a
produzir uma perceção falsa, diz-se que é uma perceção incorreta de um estímulo externo. Existe
por isso uma perceção normal, mas o estado emocional ou outras circunstâncias vão transformar
esta perceção. Em si mesmas não são patológicas podendo ser corrigidas pelo indivíduo.
Exemplo: Uma pessoa que anda à noite numa rua escura, como não distingue
corretamente o que a rodeia e vai algo receosa pode interpretar sombras
inofensivas como pessoas ameaçadoras. As ilusões também são
frequentes em doentes delirantes.
Alucinações
A alucinação vem de “dentro” do indivíduo embora ele lhe reaja como se fosse uma verdadeira
perceção vinda de fora. Perceção sem objeto que ocorre na mente, ou de um outro modo, é um
aperceção experienciada na ausência de um estímulo externo no órgão sensorial
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→ Elementares
Correspondendo a ruídos
→ Parcialmente Organizadas
Formando padrões de música ou melodias
→ Completamente Organizadas
Correspondendo a vozes. Estas vozes podem ser imperativas, comentarem ou falarem
entre si, a aina, corresponderem a sonorização do pensamento
Os deprimidos, com delírio de culpa, podem ouvir vozes reprovadoras, que não são contínuas
como na esquizofrenia, constituídas por uma ou duas palavras ou frases muito curtas e ditas,
geralmente, na 2ª pessoa, como, por exemplo “Patife”, “Não prestas”, “Mata-te”, etc. Se um
doente, que parece deprimido, ouve vozes contínuas e persistentes deve suspeitar-se de
esquizofrenia ou doença orgânica.
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Alucinações Extra-Campicas - surgem fora do campo visual; Por exemplo, o dente que
olha ao longe e diz ver alguém atrás de si;
Alucinações Autoscópicas - ou seja, a pessoa visualiza-se a si própria, mas não como na
imagem em espelho.
As principais causas de alucinações são alterações dos órgãos sensoriais, privação de sentidos,
afeções do Sistema Nervoso Central, substâncias tóxicas alucinogénicas, emoções intensas,
sugestão e também a privação de sono.
Estas alterações podem ser devidas a perturbações da perceção, da memória, da consciência, a
atividade delirante, a perturbações do afeto e lesões orgânicas. Envolvem toda a personalidade
do indivíduo predominando na esquizofrenia. A maior parte dos sintomas esquizofrénicos são
aspetos da perda dos limites entre o EU e a realidade. Muitas destas alterações já foram descritas
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MEMÓRIA
Memória consiste na capacidade de adquirir, reter e utilizar uma experiência vivenciada. A
memória compreende três fases:
1. Fase de fixação e conservação: a experiência vivenciada é armazenada e
conservada;
2. Fase de evocação: a vivência é recordada;
3. Fase de reconhecimento: a memória é identificada e atualizada na vivencia
presente;
Avaliação:
Para avaliar a memória de fixação pode-se indicar 2 ou 3 objetos, palavras ou cores e pedir ao
doente para repetir imediatamente depois.
A memória de evocação pode avaliar-se ao longo da entrevista através do questionamento acerca
de dados da história pessoal do doente (ex.: datas pessoais importantes, tratamentos prévios) ou
de outros acontecimentos importantes, como datas ou nome de figuras históricas).
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AMNÉSIAS:
Há amnésias orgânicas e psicogénicas podendo as últimas ser catatímicas, histéricas e ansiosas.
Relacionam-se com situações com grande carga emocional. Nas catatímicas o indivíduo reprime
memórias para tentar evitar o sentimento desagradável que elas produziriam.
São mais frequentes em indivíduos que sofrem patologia neurótica, mas também podem ocorrer
em pessoas saudáveis, correspondendo geralmente a uma amnésia parcial.
Amnésias orgânicas - devem-se a alterações da perceção e atenção e também à incapacidade de
um registo permanente. Por exemplo, no traumatismo craniano a amnésia quando abrange
acontecimentos anteriores designa-se retrógrada; A amnésia antrógrada resulta da incapacidade
de fazer registos permanentes o que acontece em muitos estados orgânicos agudos. O doente
parece estar em plena consciência, mas não recorda os factos que vão ocorrendo.
PARAMNÉSIAS:
Distorções patológicas da memória, caracterizadas pelo facto de o sujeito confundir simples
representações com recordações autênticas. Falsas recordações subsistem aos factos reais que
não são recordados. As distorções da memória são alterações qualitativas.
Saliente-se as confabulações que são falsas recordações são falsas memórias com que o doente
preenche as suas lacunas amnésicas. Na paramnésia do reconhecimento, existem falsos
reconhecimentos, como fenómenos de déjá-vu e dejá-vecu.
AVALIAÇÃO:
Memória Recente: “Pode dizer-me o seu nome?” “Que tipo de medicação fez hoje?” “Para que
horário estava agendada a nossa consulta hoje?”
Memória Remota: “Onde estava no dia 25 de Abril?” (Para doentes com idade > 45 anos) “Onde
e em que ano casou/licenciou?”
Memória Imediata ou de novas aprendizagens: “Vou dizer-lhe 3 cores e daqui a 5 minutos vou
pedir-lhe para repetir essas cores”.
INTELIGÊNCIA
A inteligência refere-se basicamente à totalidade das habilidades cognitivas (de pensar e agir) do
indivíduo e representa a eficiência global das capacidades cognitivas.
Alterações da inteligência existem, fundamentalmente, em dois grupos de patologias: nas
demências (nas quais o déficit intelectual é alcançado um determinado nível de inteligência) e
nas oligofrenias (onde ocorre pela interrupção do processo de desenvolvimento).
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Avaliação:
Na prática, a inteligência mede-se testando a capacidade do indivíduo para resolver verbal ou
não-verbalmente problemas e formar conceitos, usando palavras, números, símbolos ou ações.
ALTERAÇÃO DO APETITE/FOME
→ Diminuição;
→ Aumento;
→ Alterações do padrão alimentar (não culturalmente esperadas)
Alteração da sede
Alterações da sede são, com mais frequência, de origem orgânica, mas também pode existir
polidipsia isolada em alterações psiquiátricas.
Polidipsia consiste em apresentar sede em demasia e, como consequência, uma tendência
incontrolável de ingerir líquidos, geralmente água; Os pacientes com essa condição podem
chegar a beber dez litros de líquido por dia e podem desenvolver hiponatremia (deficiência
orgânica de sódio), em que a concentração de sódio no sangue fica muito baixa.
Existe uma polidipsia psicogénica (potomania), na qual os pacientes têm um desejo compulsivo
de beber quantidades excessivas de água. A potomania resulta sempre de alguma desordem
mental, tais como esquizofrenia, anorexia nervosa, perturbação bipolar ou depressão. A razão
pela qual esses pacientes desenvolvem uma sede insaciável ainda não é bem conhecida, mas
parece resultar de desequilíbrios neuro químicos associados a essas doenças.
Alteração do sono
A insónia é a dificuldade em conciliar o sono ou permanecer adormecido, ou uma alteração no
padrão do sono que, ao despertar, leva à perceção de que o sono foi insuficiente O sono está
prejudicado em quase toda a patologia psiquiátrica.
A insónia inicial (dificuldade em iniciar o sono) é frequente em doentes com preocupações
ansiosas (e.g., doentes com perturbações ansiosas e doentes com perturbações obsessivas; A
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insónia terminal (acordar de madrugada) é mais típica da depressão endógena também se pode
denominar de insónia intermédia quando o doente acorda a meio da noite; Na depressão atípica
pode existir hipersónia queixando-se o doente de dormir mais do que o seu habitual.
Existem outras variantes de perturbações do sono: sono leve, interrompido por sonhos
desagradáveis e pesadelos, sono demasiado profundo, insónia quase total, sonambulismo,
soníloquos (falar de noite), bricomania (ranger os dentes), enurese noturna, ritmo de sono
invertido, etc., sendo este último frequente no síndrome cerebral orgânico -os doentes dormem
de dia e agitam-se a noite.
Alteração da líbido
A líbido pode estar aumentada nos doentes maníacos e diminuída ou ausente nos doentes
deprimidos. Para além destes quadros clinicamente mais frequentes a libido encontra-se
alterada, em grau variável, em muitas outras situações, como, por exemplo, em certos síndromes
cerebrais orgânicos e neuroses.
Podem existir também alterações da pragmática sexual ejaculação precoce, disfunção erétil e
orgástica, entre outras - o que ocorre com mais frequência em indivíduos com problemas de
natureza ansiosa, devendo sempre pesquisar-se patologia orgânica, principalmente em casos de
impotência primária.
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MÓDULO II
PERTURBAÇÕES DA PERSONALIDADE
Conceito de traços de personalidade: Os traços de personalidade são características amplas e
duráveis que tornam o comportamento humano relativamente consistente em diferentes
circunstâncias, possibilitando uma compreensão mais concreta e singular da sua personalidade.
Perturbações da Personalidade:
Uma Perturbação da Personalidade carateriza-se por um padrão persistente de experiência
interna e de comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do
indivíduo. É um padrão:
→ Difuso e inflexível
→ Com início na adolescência ou fase adulta jovem
→ É estável ao longo do tempo
→ Provoca sofrimento ou prejuízo significativo
Grupos ou Clusters
As Perturbações da Personalidade (PPs), de acordo com a classificação do DSM 5 estão
organizadas em três grupos/clusters, com base nas suas caraterísticas semelhantes.
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D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da
adolescência ou do início da fase adulta.
F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (por
exemplo: droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (por exemplo:
traumatismo).
Diagnóstico
O diagnóstico das Perturbações de Personalidade é um processo complexo e pode ser dificultada
pelo facto de o indivíduo não reconhecer estas características, que definem uma Perturbação de
Personalidade, como problemáticas. Para ajudar a superar esta dificuldade, o recurso a
informações suplementares oferecidas por outros informadores (pessoas significativas) podem
ser muito úteis.
Desenvolvimento e curso
As características de uma Perturbação da Personalidade costumam tornar-se reconhecíveis
durante a adolescência ou no início da vida adulta.
As Perturbações da Personalidade podem ser aplicadas em crianças ou adolescentes nos casos
(relativamente raros) em que os traços mal adaptativos da personalidade são difusos,
persistentes e não estão associados a um determinado estágio do desenvolvimento ou
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Características Clínicas:
A característica essencial da Perturbação de Personalidade Paranoide é um padrão de
desconfiança e suspeição em relação aos outros, traduzindo-se por uma constante interpretação
das motivações ou ações dos outros como malévolas e perigosas. Esse padrão começa no início
da vida adulta e está presente em contextos variados.
Estes indivíduos suspeitam e questionam a lealdade ou confiança de amigos ou sócios, mesmo
na ausência de evidências que suportem tal desconfiança. Examinam minuciosamente as ações
destes (amigos e/ou colegas) em busca de evidências de intenções hostis.
Qualquer desvio percebido da confiança ou lealdade serve de apoio a seus pressupostos
subjacentes.
Tendem a interpretar significados ocultos e ameaçadores em comentários ou eventos benignos.
Por exemplo, um indivíduo com esta PP Paranoide pode interpretar como desonesto um erro
honesto e sem intenção de um funcionário de uma loja como uma tentativa deliberada de dar
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Diagnóstico Diferencial:
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Características Clínicas:
A característica essencial da Perturbação de Personalidade Esquizoide é um padrão difuso de
distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos
interpessoais. Estes indivíduos tendem a parecer ser socialmente isolados ou "solitários “,
preferindo ficar sozinhos e demonstrando pouco desejo de intimidade ou em fazer parte de uma
família ou de outro grupo social Frequentemente estes indivíduos não têm amigos próximos ou
confidentes, exceto um possível parente de primeiro grau.
Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma gama restrita de expressão de
emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em
vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família;
2. Quase sempre opta por atividades solitárias;
3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa;
4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma;
5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau;
6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros;
7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo;
Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, perturbação bipolar ou depressiva
com sintomas psicóticos, outra perturbação psicótico ou perturbação do espectro autista e não
é atribuível aos efeitos psicológicos de outra condição médica.
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Diagnóstico:
Indivíduos com Perturbação de Personalidade Esquizoide podem, às vezes, desenvolver
Perturbação Depressiva. A Perturbação de Personalidade Esquizoide ocorre com frequência
concomitantemente com as Perturbações de Personalidade Paranoide, Esquizotípica e Evitante.
Diagnóstico Diferencial:
A Perturbação de Personalidade Esquizoide não deve ser diagnosticado se o padrão de
comportamento ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, perturbação bipolar
ou depressiva com sintomas psicóticos, outra perturbação psicótico ou perturbação do espectro
autista ou se é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma condição médica neurológica (p. ex.,
epilepsia do lobo temporal) ou a outra condição médica.
Prevalência:
A Perturbação da Personalidade Esquizoide é incomum em contextos clínicos.
Características Clínicas:
A característica essencial da Perturbação de Personalidade Esquizotípica é um padrão difuso de
déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para
relacionamentos íntimos, bem como por distorções cognitivas ou precetivas e comportamento
excêntrico. Esse padrão surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos.
Indivíduos com Perturbação da Personalidade Esquizotípica apresentam com frequência ideias
autorreferenciais (i.e., interpretações incorretas de incidentes casuais e eventos externos como
tendo um sentido particular e incomum especificamente para a pessoa). Estas devem ser
distinguidas de delírios de referência, nos quais as crenças são mantidas com convicção delirante.
Esses indivíduos podem ser supersticiosos ou preocupados com fenômenos paranormais que
fogem das normas de sua cultura. Estes doentes são frequentemente desconfiados e podem
apresentar ideias paranoides (p. ex., acreditar que os colegas de estão a planear esquemas de
diminuição do seu estatuto/reputação).
Em geral, são incapazes de compreender sinais interpessoais e de lidar com os afetos que são
necessários para relacionamentos sociais; parecendo interagir com os outros de forma formal e
desadequada. Estes indivíduos são normalmente considerados esquisitos ou excêntricos devido,
por exemplo, à sua apresentação, ao seu comportamento que não atende às convenções sociais
(p. ex., o indivíduo pode evitar contato visual, usar roupas manchadas ou que não lhe servem e
ser incapaz de participar em brincadeiras).
Um padrão difuso de deficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade
reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou percetivas e
comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários
contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência).
2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são
inconsistentes com as normas subculturais (p. ex., superstições, crença em clarividência,
telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações
bizarras).
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Prevalência:
A prevalência da Perturbação da Personalidade Esquizotípica em populações clínicas é baixa (0 a
1,9%), com uma prevalência estimada mais alta na população em geral (3,9%; National
Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions).
Perturbações da Perturbações da
Personalidade Antissocial Personalidade Histriónica
Perturbações da Perturbações da
Personalidade Borderline Personalidade Narcísica
Características Clínicas:
A característica principal da Perturbação de Personalidade Antissocial é um padrão difuso de
indiferença e violação dos direitos dos outros, o qual surge na infância ou no início da
adolescência e continua na vida adulta. Esse padrão também já foi referido como psicopatia ou
sociopatia; A mentira, falsidade e manipulação são caraterísticas centrais desta PP.
Para que este diagnóstico seja estabelecido é necessário o indivíduo tenha no mínimo 18 anos de
idade, mas devem ser identificados sinais de perturbação de conduta antes dos 15 anos; A
perturbação da conduta envolve um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual
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os direitos básicos dos outros ou as principais normas ou regras sociais apropriadas à idade são
violados (tais como: agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, fraude ou roubo
ou grave violação a regras).
Pessoas com Perturbação de Personalidade Antissocial com frequência desrespeitam os desejos,
direitos, enganam e/ou manipulam os outros para obter ganho ou prazer pessoal (p. ex.,
conseguir dinheiro, sexo ou poder).
Manifestam um padrão de impulsividade que pode ser manifestado por fracasso em fazer planos
para o futuro. As decisões são tomadas no calor do momento, sem análise e sem consideração
em relação às consequências a si ou aos outros; isso pode levar a mudanças repentinas de
emprego, residência e/ou relacionamentos. Indivíduos com Perturbação de Personalidade
Antissocial tendem a ser irritáveis e agressivos e podem envolver-se repetidamente em lutas
corporais ou cometer atos de agressão física.
Os indivíduos com Perturbação de Personalidade Antissocial podem envolver-se em
comportamento sexual ou uso de substância com alto risco e com consequências nocivas. Podem,
ainda, apresentar comportamentos consistentes que caraterizam uma conduta de abuso e
negligenciar em relação a uma criança.
Estes indivíduos podem, ainda, demonstrar indiferença perante atos seus que provocaram
sofrimento ou prejuízos graves a outros (e.g., depois de terem ferido, maltratado ou roubado).
Podem minimizar ou negar a gravidade do seu comportamento, ou demonstrar total indiferença.
Tendem a demonstrar incapacidade de justificar o seu comportamento, dando razões superficiais
e fúteis ou culpam mesmo as vítimas (“a vida é assim”, “um perdedor merece perder”, “teve o
que devia/merecia ter”).
Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre
desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes:
1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme
indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção.
2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos
ou de fraude para ganho ou prazer pessoal.
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou
agressões físicas.
5. Descuido ou desprezo pela segurança do próprio ou de outros.
6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma
conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.
7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação
a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas.
O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. Há evidências de perturbação da conduta com
surgimento anterior aos 15 anos de idade. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá
exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou perturbação bipolar.
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Características Clínicas:
A característica principal da Perturbação de Personalidade Borderline é um padrão difuso de
instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e de afetos e de impulsividade
acentuada que surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos.
Indivíduos com Perturbação de Personalidade Borderline experienciam um medo intenso de
abandono e vivenciam uma raiva inadequada perante qualquer separação, mesmo de curto
prazo, ou quando ocorrem alterações inevitáveis de planos (e.g., pânico, raiva ou fúria quando
alguém importante para eles se atrasa alguns minutos ou precisa cancelar um compromisso). O
medo do abandono associa-se à intolerância a ficar só e à necessidade de ter outras pessoas ao
redor. Os esforços desesperados para evitar o abandono podem incluir ações impulsivas como
automutilação ou comportamentos suicidas.
Indivíduos com Perturbação de Personalidade Borderline apresentam um padrão de
relacionamentos instável e intenso. Assim, estes indivíduos tendem a num primeiro momento (1ª
ou 2ª encontro) a idealizar cuidadores ou companheiros potenciais, a exigir ficar muito tempo
juntos e partilhar os detalhes pessoais mais íntimos logo no início de um relacionamento. No
entanto, este padrão tende a mudar rapidamente da idealização à desvalorização, sentindo que
a outra pessoa não se importa ou não gosta o suficiente, não dá o suficiente à relação ou não está
"presente" o suficiente.
Esses indivíduos podem demonstrar comportamentos de cuidado para os outros, mas somente
com a expectativa de que o outro estará presente quando chamado, como uma espécie de troca
para “assegurar” que terá o mesmo tipo de tratamento sempre que o necessitar. Estes doentes
apresentam, com frequência, mudanças dramáticas e repentinas na forma como percebem ou
avaliam os outros, passando rapidamente e alternadamente de apoiantes, generosos a cruéis e
egoístas. Estas mudanças traduzem, em geral, a desilusão com um cuidador cujas qualidades de
dedicação haviam sido irrealisticamente idealizadas ou cuja rejeição ou abandono era esperado.
Há mudanças súbitas e dramáticas na autoimagem, caracterizadas por metas, valores e
aspirações vocacionais inconstantes. Podem ocorrer mudanças súbitas de opiniões e planos
sobre carreira profissional, identidade sexual, valores e amigos.
Indivíduos com Perturbação de Personalidade Borderline mostram impulsividade em áreas
potencialmente autodestrutivas. Por exemplo, apostar, gastar dinheiro de forma irresponsável,
comer compulsivamente, abusar de substâncias, envolver-se em sexo desprotegido ou dirigir de
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Prevalência:
A prevalência média estimada da Perturbação de Personalidade Borderline na população geral é
de 1,6%, embora possa chegar a 5,9%.
Desenvolvimento e Curso:
Existe uma variação considerável no curso da Perturbação de Personalidade Borderline. O padrão
mais comum é o de instabilidade crónica, com episódios graves de descontrolo afetivo e
impulsivo e recursos sistemático a serviços de saúde mental. No entanto, o impacto negativo
associado à Perturbação de Personalidade Borderline e o risco de suicídio associado tende a
diminuir com a idade.
Embora a tendência para emoções intensas, impulsividade e intensidade nos relacionamentos
normalmente perdura a vida toda, indivíduos em intervenções terapêuticas tendem a
demonstram uma melhoria significativa no seu padrão de funcionamento.
Questões Diagnósticos Relativas ao Género:
A Perturbação de Personalidade Borderline é diagnosticado predominantemente (cerca de 75%)
em indivíduos do sexo feminino.
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Diagnóstico Diferencial:
A Perturbação de Personalidade Borderline ocorre frequentemente de forma concomitante com
perturbações depressivos ou bipolares, e, quando atendidos critérios para ambos, as duas
condições podem ser diagnosticados. No entanto, e visto que a apresentação momentânea da
Perturbação de Personalidade Borderline pode ser mimetizada por um episódio depressivo ou
bipolar, o clínico deve evitar realizar um diagnóstico adicional de Perturbação Borderline com
base apenas na apresentação momentânea, sem ter documentado que o padrão teve começo
precoce e curso prolongado.
Se um indivíduo apresenta características de personalidade que atendem aos critérios para um
ou mais de uma Perturbação de Personalidade, para além da Perturbação Borderline, todos
podem ser diagnosticados. Ainda que a Perturbação de Personalidade Histriónica possa ser
também caracterizado por busca de atenção, comportamento manipulativo e por mudanças
rápidas nas emoções, a Perturbação de Personalidade Borderline distingue-se por ser
autodestrutiva, ataques de raiva nos relacionamentos íntimos e sentimentos crónicos de vazio
profundo e solidão.
Características Clínicas:
As características principais da Perturbação de Personalidade Histriónica são:
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Diagnóstico:
Um padrão difuso de emocionalidade e procura de atenção em excesso que surge no início da
vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos
seguintes:
1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções.
2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento
sexualmente sedutor inadequado ou provocativo.
3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções.
4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si.
5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes.
6. Mostra auto dramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções.
7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias).
8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade
Outras características clínicas:
Estes indivíduos podem manifestar dificuldades significativas nos seus relacionamentos
interpessoais, por exemplo:
→ tendem a provocar o afastamento dos amigos devido às suas exigências de atenção
constante
→ não costumam tolerar ou situações que envolvem atraso de gratificação, sendo suas
ações costumeiramente voltadas à obtenção de satisfação imediata.
Com frequência, a Perturbação de Personalidade Borderline, Narcisista, Antissocial e Dependente
ocorrem de forma concomitante ao diagnóstico de Perturbação de Personalidade Histriónica.
Muitos indivíduos podem exibir traços da personalidade histriónica. Estes traços apenas
constituem uma perturbação de personalidade quando são inflexíveis, mal adaptativos e
persistentes e causam prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo significativos.
Prevalência:
Dados de 2001-2002 estimam uma prevalência de perturbação de personalidade histriónica de
1,84%.
Características Clínicas:
A característica essencial da Perturbação de Personalidade Narcísica é um padrão difuso de
grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta
e está presente em vários contextos.
Indivíduos com Perturbação de Personalidade Narcísica tendem a sobrevalorizar as suas
capacidades e a exagerar a importância das suas conquistas, com frequência parecem
pretensiosos e arrogantes. Comumente implicitamente aos julgamentos ou avaliações
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sobrestimadas das suas realizações e conquistas está uma atitude de desvalorização das
contribuições dos outros.
Podem sentir que só são compreendidas por outras pessoas especiais ou de condição elevada, e
apenas com elas se devem associar, podendo atribuir qualidades como "únicas", "perfeitas" e
"dotadas" àquelas com quem se associam. Indivíduos com PP Narcísica acreditam que suas
necessidades são especiais e superiores em relação às pessoas comuns. Tendem a insistir em ser
atendidos apenas por pessoas "top" (médico, advogado, cabeleireiro, instrutor) mas podem
desvalorizar essas mesmas pessoas ou instituições caso não os atendam com as referências
diferenciais (a que consideram ter direito) ou se os desapontam.
Indivíduos com esta PP Narcísica geralmente exigem admiração excessiva e tendem a ter uma
sensação de possuir direito a tratamento especial favorável. Por exemplo, podem supor que não
precisam aguardar em filas e que suas prioridades são mais importantes do que as dos outros.
Esta sensação de possuir direitos especiais, combinada com falta de interesse e de sensibilidade
aos desejos e necessidades dos outros, pode resultar na exploração consciente ou involuntária
de outras pessoas.
Perante a crítica de outros tendem a reagir com desdém, fúria ou contra-ataque desafiador.
Embora ambição e confiança desmedidas possam levar a grandes conquistas, mas o desempenho
pode ser comprometido pela intolerância a críticas ou derrotas.
Diagnóstico:
Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração
e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos,
conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e
talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas
correspondentes).
2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal.
3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado
a outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada.
4. Exige admiração excessiva.
5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (i.e., expectativas irracionais de tratamento
especialmente favorável).
6. É explorador em relações interpessoais (i.e., tira vantagem de outros para atingir os
próprios fins).
7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as
necessidades dos outros.
8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam.
Prevalência:
As estimativas de prevalência da Perturbação de Personalidade Narcísica, com base nas
definições do DSM-IV, variam de 0 a 6,2% em distintas amostras de comunidades.
Desenvolvimento e Curso:
Traços de personalidade narcisistas podem ser particularmente comuns em adolescentes e não
indicam necessariamente que a pessoa vai desenvolver uma Perturbação de Personalidade
Narcísica. Muitos indivíduos altamente bem-sucedidos exibem traços de personalidade que
podem ser considerados narcisistas. Esses traços somente constituem uma Perturbação de
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Personalidade Narcísica quando são inflexíveis, mal adaptativos e persistentes e causam prejuízo
funcional ou sofrimento subjetivo significativos.
Características Clínicas:
A característica principal da Perturbação de Personalidade Evitante é um padrão difuso de
inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge
no início da vida adulta e está presente em vários contextos.
Esta perturbação de personalidade tem habitualmente um impacto negativo mais significativo
nas áreas de funcionamento social e profissional Indivíduos com Perturbação de Personalidade
Evitante tendem a evitar atividades no trabalho que envolvam contacto interpessoal significativo
devido a medo de crítica, desaprovação ou rejeição. Ofertas de promoções na vida profissional
podem não ser aceites pelo fato de novas responsabilidades poderem resultar em críticas de
colegas.
Apesar de seu forte desejo de participação na vida social, estes indivíduos tendem a evitar novas
relações interpessoais. Este comportamento de evitamento social deve-se à perceção das outras
pessoas como extremamente críticas e desaprovadoras. Indivíduos com Perturbação Evitante
não participam de atividades em grupo, a não ser que tenham sinais e provas repetidas de apoio,
atenção e aceitação.
A intimidade interpessoal costuma ser difícil, embora consigam estabelecer relacionamentos
íntimos quando há certeza de aceitação sem críticas. Podem agir de forma reservada, ter
dificuldades de conversar sobre si mesmos e conter os sentimentos íntimos por medo de
exposição, do ridículo ou de sentirem vergonha.
O foco principal de preocupação na Perturbação de Personalidade Evitante é a avaliação externa
negativa, a humilhação e rejeição. Ao menor sinal de desaprovação ou crítica, habitualmente
sentem-se extremamente magoados. Tendem a ser tímidos, quietos, inibidos e "invisíveis" pelo
medo de que toda a atenção seja crítica, degradante ou rejeitante. O comportamento destes
indivíduos carateriza-se por uma monitorização constante (i.e., vigiam e avaliam) dos
movimentos e das expressões das pessoas com quem têm contacto.
Estes indivíduos avaliam-se como socialmente incapazes ou inferiores, sem atributos,
características ou competências capazes de atrair uma atenção positiva por parte dos outros.
Estes indivíduos tendem a evitar de forma incomum em assumir riscos pessoais ou de se envolver
em quaisquer novas atividades, pois consideram que não estão “à altura” ou que terão um
comportamento desadequado. A preferência por um estilo de vida restrito pode resultar da sua
necessidade de certeza e segurança.
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São descritos pelas outras pessoas como "envergonhados", "tímidos", "solitários" e "isolados".
Outras perturbações comumente diagnosticadas com a Perturbação de Personalidade Evitante
incluem as perturbações depressivas, bipolar e de ansiedade. A Perturbação de Personalidade
Evitante é muitas vezes diagnosticada concomitantemente com a Perturbação de Personalidade
Dependente.
A Perturbação de Personalidade Evitante também tende a ser diagnosticada concomitantemente
com a Perturbação de Personalidade Borderline e outras perturbações do Grupo A (i.e.,
paranoide, esquizoide ou esquizotípica).
Prevalência:
Dados do National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions de 2001-2002
sugerem uma prevalência de 2,4% para a Perturbação de Personalidade Evitante.
Desenvolvimento e Curso:
O comportamento evitante habitualmente inicia-se na infância pré-verbal ou verbal por meio de
timidez, isolamento e medo de estranhos e de novas situações. Embora a timidez em crianças
seja um precursor comum da Perturbação de Personalidade Evitante, na maior parte dos
indivíduos ela tende a desaparecer lentamente com o passar dos anos. Em contraste, indivíduos
que desenvolvem uma Perturbação de Personalidade Evitante podem ficar cada vez mais tímidos
e evitantes na adolescência e no início da vida adulta, quando os relacionamentos sociais com
novas pessoas se tornam especialmente importantes.
Esse diagnóstico deve ser usado com muita cautela em crianças e adolescentes, para os quais a
timidez e o evitamento podem ser adequadas do ponto de vista do desenvolvimento.
Características Clínicas:
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Prevalência:
Dados de 2001-2002 estimam uma prevalência de Perturbação de Personalidade Dependente de
0,49%.
Desenvolvimento e Curso:
Este diagnóstico deve ser usado com cuidado, ou até não ser usado, em crianças e adolescentes,
para os quais um comportamento dependente pode ser apropriado do ponto de vista do
desenvolvimento.
Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e
apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado
por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de
conselhos e opiniões de tranquilização de outros.
2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de
sua vida.
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3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio
ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação.)
4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais
a falta de autoconfiança no seu julgamento ou nas suas capacidades do que a falta de
motivação ou energia).
5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer
coisas desagradáveis.
6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a medos exagerados
de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
7. Procura com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após
o término de um relacionamento íntimo.
8. Tem preocupações irreais com medo de ser abandonado à própria sorte.
Características Clínicas:
A característica essencial da Perturbação de Personalidade Obsessivo-compulsiva é uma
preocupação com ordem, perfeccionismo e controlo mental e interpessoal à custa de
flexibilidade, abertura e eficiência. Este padrão surge no início da vida adulta e está presente em
vários contextos.
Indivíduos com Perturbação de Personalidade Obsessivo-compulsiva tentam manter uma
sensação de controlo por meio de atenção cuidadosa a regras, pequenos detalhes,
procedimentos, listas, cronogramas ou forma, a ponto de o objetivo principal da atividade ser
perdido.
São excessivamente cuidadosos e propensos à repetição, prestando extraordinária atenção aos
detalhes e conferindo repetidas vezes na procura de possíveis erros. Este tipo de funcionamento
tende a associar-se ao descuido do ponto de vista e interesse dos outros (que se podem
incomodar ou prejudicar muito com os atrasos) e com as inconveniências que resultam desse
comportamento. Por exemplo, quando esses indivíduos esquecem onde colocaram uma lista de
coisas a fazer, gastam tempo demais procurando a lista em vez de gastar alguns instantes fazer
de novo a lista ou de passarem à execução das tarefas.
O perfeccionismo e os padrões elevados de desempenho autoimpostos causam disfunção e
sofrimento significativo a estes indivíduos. Podem ficar de tal forma envolvidos em tomar cada
detalhe de um projeto absolutamente perfeito que este jamais é concluído.
Indivíduos com esta Perturbação de Personalidade demonstram dedicação excessiva ao trabalho
e à produtividade, a ponto de excluir atividades de lazer e amizades Podem procrastinar
atividades agradáveis, como as férias, de modo que elas podem jamais ocorrer. Quando
realmente dedicam algum tempo para lazer ou férias, sentem-se bastante desconfortáveis, a não
ser que tenham consigo algum tipo de trabalho de modo a terem a perceção de não estarem a
"desperdiçar o seu tempo".
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Diagnóstico diferencial:
Apesar dos nomes semelhantes, a Perturbação Obsessivo-compulsivo (POC) pode ser distinguida
da Perturbação de Personalidade Obsessivo-compulsiva pela presença, no primeiro, de obsessões
e compulsões verdadeiras. Quando atendidos os critérios para Perturbação Obsessivo-
compulsivo e Perturbação da Personalidade Obsessivo-compulsiva, ambos devem ser
registadas/diagnosticadas.
Indivíduos com Perturbação de Personalidade Narcisista podem também professar compromisso
com o perfeccionismo e acreditar que os outros não fazem bem as coisas, mas estão mais
propensos a achar que atingiram a perfeição, ao passo que os indivíduos com Perturbação de
Personalidade Obsessivo-compulsiva costumam ser acentuadamente autocríticos.
Quando moderados, traços da personalidade obsessivo-compulsiva podem ser especialmente
adaptativos, sobretudo em contextos de alto desempenho. Esses traços somente constituem
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Características Clínicas:
Os indivíduos com Perturbação Bipolar podem apresentar um aumento da atividade/energia,
aumento da impulsividade e empobrecimento da concentração, ocorrendo estes fenómenos de
forma episódica (e.g., durante um período de dias). O aumento da impulsividade e a diminuição
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Perturbações afetivas:
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→ Perturbação Bipolar I
Bipolaridade I é considerado o
“tipo clássico”, caracterizado por
episódios completos e profundos
de mania e por episódios
depressivos graves e invalidantes.
→ Perturbação Bipolar II
Bipolaridade II é caracterizado
por estados mais leves de euforia
e excitação. Consiste em
episódios de hipomania
caracterizados por um humor
persistente e interruptamente
mais elevado que o normal.
→ Perturbação Ciclotímica
Ciclotimia é o quadro mais leve da
perturbação bipolar, marcado por
osculações crónicas de humor. É
caracterizada por períodos
frequentes e curtos de sintomas
depressivos e hipomania,
separados por períodos de humor
eutímico.
O diagnóstico de Perturbação
Ciclotímica é realizado em adultos que têm pelo menos dois anos (um ano em crianças) de
períodos hipomaníacos e depressivos, sem jamais atender aos critérios para um episódio de
mania, hipomania ou depressão maior.
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Perturbações Bipolares:
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Episódio Hipomaníaco:
A. Período distinto de humor anormal ou persistentemente
elevado, expansivo ou irritável e uma atividade ou energia
dirigida a objetivos anormal, com uma duração de pelo menos
de 4 dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase
todos os dias;
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Etiologia:
Fatores genéticos: Quando um dos pais apresenta perturbação bipolar, a probabilidade de o filho
ter a doença é de 25% a 50%. Quanto maior for a distância no grau de parentesco, menor a
possibilidade de manifestação da doença.
Hormonais: a atividade do sistema imunológico está diminuída tanto na mania como na
depressão. Costuma ocorrer uma grande atividade da TSH (hormona que estimula a tiroide) e
uma redução nos níveis das seguintes hormonas:
GH (hormona do crescimento)
FSH (folículo-estimulina)
LH (hormona luteinizante)
Testosterona
Tratamento:
Estabilizadores do humor – fármacos que atuam tanto nos sintomas maníacos como nos
depressivos.
Lítio
Valproato
Carbomazepina
Lamotrigina
Outros dados:
o 60% das pessoas com doença bipolar manifestam também problemas com álcool e
drogas;
o A doença atinge cerca de 10% da população, sendo 1% a 2% a do tipo I (mais forte) e até
8% dos tipos mais leves (II, III, IV e ciclotimia);
o Mais de 70% dos doentes apresentam outras perturbações psiquiátricas associadas
(ansiedade, perturbações alimentares);
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ESQUIZOFRENIA
Sintomas Nucleares:
1. Alucinações Auditivas
2. Experiências de Controlo
3. Delírios
4. Alterações do Pensamento (Discurso)
5. Comportamento Motor Desorganizado ou Anormal
6. Sintomas negativos
1. Alucinações Auditivas
Perceções falsas na maior parte das vezes sob a forma de sons ou vozes dialogadas,
comentadoras das ações do indivíduo ou vozes de comando
2. Experiências de Controlo
O indivíduo sente-se sob controlo de forças externas e poderosas. Experiência a sensação de que
uma força externa penetrou a sua mente e corpo (espíritos, raio-X, implantação de transmissores
de rádio, ultra-sons, etc.)
3. Delírios
Crenças falsas pessoais acerca do mundo que resistem ao confronto com a lógica, e que podem
ter várias formas. Os delírios de referência são crenças de que o comportamento e as observações
dos outros estão de alguma forma relacionadas connosco (na rua, na TV, na rádio, etc.)
4. Alterações do Pensamento
Sensação de que certos pensamentos foram inseridos ou tirados da mente, ou que são divulgados
(os outros podem ouvi-los, mesmo a longas distâncias)
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6. Sintomas Negativos
Embotamento Afetivo; Alogia (pobreza do discurso); Apatia; Avolição; Anedonia e
Associabilidade. Dois dos sintomas negativos mais proeminentes na esquizofrenia são a
expressão emocional diminuída (que inclui reduções na expressão facial de emoções, no contato
visual, na entonação da fala e nos movimentos das mãos, da cabeça e da face, os quais
normalmente conferem ênfase emocional ao discurso) e a avolia (uma redução em atividades
motivadas, ou incapacidade de iniciar e persistir em atividades com uma finalidade.)
Embotamento Afetivo:
▪ Expressão facial invariável (aparência imóvel e sem resposta da face do
sujeito, monotonia)
▪ Reduzido contacto ocular e reduzida expressão corporal
▪ Diminuição dos movimentos espontâneos
▪ Ausência de gestos expressivos
▪ Ausência de inflexões vocais
Apatia (abulia):
▪ Descuido no arranjo pessoal e na higiene
▪ Pouco empenho a nível do trabalho
▪ Falta de energia
Avolia:
▪ Incapacidade de iniciar e persistir em atividades com objetivo
Anedonia e Associabilidade:
▪ Perda do interesse ou capacidade de ter prazer
▪ Perda de interesse pelo sexo
▪ Perda de interesse pela diversão Incapacidade para sentir intimidade
Incapacidade para criar amigos
Critérios DSM 5: A esquizofrenia dura pelo menos seis meses, incluindo ao menos um mês de
sintomas da fase ativa (critério A).
A. Presença de dois (ou mais) dos seguintes sintomas, cada um por uma porção de tempo
significativa durante um período de 1 mês (ou menos se tratados com sucesso):
1. delírios;
2. alucinações;
3. discurso desorganizado (por exemplo, descarrilamento ou incoerência frequente);
4. comportamento marcadamente desorganizado ou catatónico;
5. Sintomas negativos (isto é, embotamento afetivo, alogia ou avolição);
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Diagnóstico Diferencial:
Indivíduos com perturbação bipolar ou depressão unipolar crónica (psicótica) podem também
manifestar características psicóticas, tais como alucinações e delírios (Goodwin & Jamison, 1992; Sands & Harrow,
1994).
Avaliação diagnóstica:
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Existem vários estudos que mostram que a maioria dos indivíduos com doença mental crónica e
persistente apresentam uma mistura de sintomas afetivos (maníacos e depressivos) e sintomas
psicóticos (Kendell & Gourlay, 1970; Brockington et al, 1991; Kendell & Brockington, 1980).
Epidemiologia:
Prevalência entre os adultos – 0.5 a 1.5 % Início – Agudo ou Insidioso, na maioria dos casos com
sintomas prodrómicos.
Fatores de Bom Prognóstico – Boa adaptação pré-mórbida, início agudo, idade de início mais
tardio, ausência de anosognosia, sexo feminino, acontecimentos precipitantes, perturbação de
humor associada, tratamento logo após o início da doença, duração breve da fase ativa, ausência
de alterações estruturais cerebrais, história familiar de perturbação de humor e ausência de
história familiar de esquizofrenia.
Idade de início:
→ A esquizofrenia surge frequentemente entre o fim da adolescência e meados dos 30
anos;
→ O início antes da adolescência é raro;
→ A idade de pico do início do primeiro episódio psicótico é no início da idade adulta; entre
o início e a metade da faixa dos 20 anos para o sexo masculino e fim dos 20 anos para o
feminino.
→ Casos com início na infância tendem a apresentar uma evolução menos positiva. Crianças
que mais tarde recebem o diagnóstico de esquizofrenia são mais propensas a ter sofrido
perturbações e psicopatologia emocionais e/ou comportamentais não especificadas,
alterações intelectuais e na linguagem e atrasos motores sutis.
→ Casos com início tardio (i.e., após os 40 anos de idade) são mais comuns nas mulheres.
Frequentemente, o curso caracteriza-se por predominância de sintomas psicóticos com
preservação do afeto e do funcionamento social.
Curso e Evolução:
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