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Capítulo 4
Traços da personalidade, situações e comportamento
Abordagem de Traços
“Todos os homens são como todos os outros; são como alguns; são como
nenhum” (Kluckhohn & Murray, 1961 - citado por Funder, 2016) - A abordagem
de traços foca-se na segunda parte (Todos os homens são como alguns) -- Pois
todos temos necessidades básicas em comum (comer, dormir, etc), porém
somos diferentes em personalidade, o que possibilita a nossa categorização em
grupos. (Funder, 2016 p. 114)
Por exemplo: Uma pessoa pode aparentar ser muito tímida ou rude em frente a
desconhecidos, mas calorosa e amigável para amigos e família; ser organizada
em público mas desmazelada em privado. Podemos afirmar então que os traços
não são os únicos que definem o nosso comportamento, o contexto também é
de extrema importância. Isto porque as situações variam e a atitude das pessoas
muda conforme os envolvidos e as regras que cada um aplica (se nos
comportamos de forma mais relaxada ou profissional). (Funder, 2016, p. 115)
Debate pessoa-situação
que o coeficiente de correlação máximo é 0.4 e que este valor máximo é muito
baixo para o que seria pretendido.Chegou-se à conclusão que os traços da
personalidade eram irrelevantes na condição do comportamento (Funder,
2016).
1º refutado - Uma correlação de 0.4 afinal não é pequena. Para avaliar a sua
magnitude pode-se fazer uma comparação estandardizada absoluta ou relativa.
Na absoluta aplica-se o coeficiente de correlação em caso hipotético e testa-se
se as predições são positivas ou não, enquanto que na relativa é comparar a
previsibilidade do modelo em crítica com a dos outros métodos que se
assemelham na finalidade, como por exemplo a perspetiva situacionista. Para
avaliar de forma absoluta com r=0.4, usando o BESD-Binomial Effect Size
Display- (Rosenthal e Rubins, 1982, citado por Funder, 2016) concluíram que
70% das vezes pode ser correto a predição do comportamento pelos traços.
(2) há pessoas mais consistentes (nos seus traços) que outras, quanto
mais consistência mais fácil é predizer corretamente o comportamento (Bem e
Allen, 1974, citado por Funder, 2016).
Estas três sugestões de melhorias têm uma natureza instável: ”they represent
potential more than reality” (Funder, 2016,p.123)
Personalidade e vida
A personalidade é algo que nos acompanha desde sempre e que tem um papel
preponderante uma vez que afeta muitos dos nossos comportamentos. (Funder,
2016, p.137)
Aos seus olhos somos todos iguais e as nossas formas de vida apenas diferem
por causa das circunstâncias em que nos encontramos. (Funder, 2016, p.142)
Pessoas e situações
Todos somos e temos traços de personalidade diferentes uns dos outros e essa
diferença influencia o modo como agimos no quotidiano, no entanto os nossos
comportamentos também podem ser sofrer a influência das situações em que
nos encontramos. (Funder, 2016, p.140-142)
Num outro estudo foi feita uma comparação entre os empréstimos de diretores
de grandes empresas e os empréstimos que realizam na sua vida privada.
Chegaram à conclusão que quem arrisca mais enquanto está responsável por
uma empresa também arrisca mais na sua vida. (Gronqvist, Makhija, Yonker,
2011 citado por Funder, 2016, p.141)
A forma como a vida das pessoas se desenrola depende das habilidades que
cada um tem e que vai desenvolvendo como também da maneira como se
relaciona com os outros. (Funder, 2016, p.141)
Capítulo 5
Avaliação pessoal: importância e precisão dos julgamentos
Introdução
A avaliação da personalidade não se restringe só aos psicólogos, todos nós a
praticamos diariamente (Funder, 2016 p. 151).
Mayer, Lin e Korogodsky (2011, citados por Funder, 2016) afirmaram que os
traços de personalidade são uma parte fundamental na maneira como pensamos
acerca dos outros e sobre nós mesmos. Com base nas nossas avaliações de
personalidade, somos nós que escolhemos as nossas amizades - essa pessoa
será confiável, útil ou honesta? E os outros fazem os mesmos julgamentos sobre
nós (Funder, 2016 p. 151).
Segundo Funder (1987, 1995, 1999, citados por Funder 2016) o termo precisão
é recorrentemente utilizado nas avaliações do julgamento (p. 151). O presente
capítulo está dividido em duas partes (Funder, 2016, p. 151). A primeira parte
incide sobre a importância das avaliações que os outros fazem acerca da sua
personalidade, as que nós fazemos dos outros, e ainda, as avaliações que
fazemos de nós mesmos (Funder, 2016, p. 151). A segunda parte foca na
precisão dessas avaliações (Funder, 2016, p. 151).
a sua reputação entre aqueles que o conhecem é importante, pois isso afetará
muito as oportunidades e as expectativas (Funder, 2016, p. 152).
Oportunidades
A reputação afeta as oportunidades de várias maneiras (Funder, 2016, p. 152).
Funder (2016) considera a situação da timidez (p. 152).
Zimbardo (1977, citado por Funder, 2016) afirmou que, na América, uma em
quatro pessoas considera-se cronicamente tímida. Estas têm muitas dificuldades
no processo de socialização, são muito solitárias e podem ter um profundo
desejo de ter amizades, bem como, uma interação social normal (Funder, 2016,
p. 152). Porém, o medo de socialização é tanto que acabam por ficar isoladas
(Funder, 2016, p. 152).
De Paul, Dull, Greenberg e Swan (1989, citados por Funder, 2016) observaram
que, em alguns casos, as pessoas tímidas não pedem ajuda, isto porque,
passam tanto tempo sozinhas que acabam por perder a capacidade de interagir
com os outros.
Num estudo, sujeitos tímidos e não tímidos tinham de ligar a pessoas do sexo
oposto para pedir que lhes devolvessem um simples questionário (Funder, 2016,
p. 152). De Paul (1989, citado por Funder, 2016) concluiu que a probabilidade
de os indivíduos, que tinham sido chamados pelos tímidos, não realizarem a
tarefa era maior, em comparação com o não tímido, devido ao discurso de um
indivíduo tímido ser hesitante. Um problema recorrente das pessoas com este
tipo de personalidade é que as outras, normalmente, não reconhecem que são
tímidas (Funder, 2016, p. 152). Em vez disso, acabam por considerá-las como
pessoas frias e indiferentes (Funder, 2016, p. 152).
As pessoas tímidas tentam iniciar uma conversa ou até mesmo criar uma
amizade, mas têm medo da rejeição ou de não saber o que dizer (Funder, 2016,
p. 152). Este medo advém da falta de habilidade de socializar, o que faz com
que a pessoa muitas vezes evite o contacto com pessoas conhecidas na rua
(Funder, 2016, p. 152). Um aspeto negativo desta característica é que muitas
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vezes as pessoas não tímidas ao lidar com este tipo de comportamento sentem-
se insultadas (Funder, 2016, p. 152). A verdade é que os tímidos não são
pessoas frias, nem indiferentes, simplesmente a sua maneira de agir faz com
que os outros achem o contrário (Funder, 2016, p. 152). Este julgamento acaba
por afetar negativamente as pessoas, contudo é um ciclo que se criou à volta da
timidez (Funder, 2016, p. 152). Este exemplo representa o impacto que os
julgamentos dos outros têm na vida social e como pode afetar significativamente
a personalidade e a vida dos indivíduos (Funder, 2016, p. 153).
Expectativas
Os julgamentos dos outros também podem ser afetados através das profecias
de auto- realização, mais conhecidas como efeito de expectativas (Funder, 2016,
p. 153). Estas podem afetar o desempenho e o comportamento social (Funder,
2016, p. 153).
professores nos alunos (Funder, 2016, p. 153). Isto demonstra que existe da
parte do professor uma emoção mais calorosa relativamente àqueles que
esperam que tenham um melhor desempenho (Funder, 2016, p. 153). De
seguida, este autor apresenta o feedback, aqui também existe uma divergência
mediante a correção ou incorreção das respostas de um aluno (Funder, 2016, p.
153). Em terceiro lugar temos o input, este refere-se à maneira como os
professores tentam ensinar mais matéria e mais difícil, aos que esperam
melhores resultados (Funder, 2016, p. 153). Por último, a quarta maneira pela
qual os alunos com alta expectativa são tratados de maneira diferenciada,
chama-se produção.
Esta reflete as oportunidades extras dadas pelos professores para mostrar o que
os alunos aprenderam (Funder, 2016, p. 153).
Esta pesquisa é muito importante não apenas para ajudar a explicar os efeitos
da expectativa, mas também porque demonstra alguns dos elementos básicos
de um bom ensino (Funder, 2016, p. 153).
Conclui-se, que o ideal era que todos os alunos tivessem um tratamento idêntico
ao dado aos alunos com alta expectativa (Funder, 2016, p. 153).~
A fotografia real da rapariga foi deitada fora e ao rapaz foram-lhe atribuídas duas
fotografias de outras raparigas consideradas muito atraentes ou menos
atraentes (Funder, 2016, p. 154). Ao rapaz foi-lhe dito que a rapariga da foto era
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com quem iria falar ao telemóvel (Funder, 2016, p. 154). A conexão telefónica foi
estabelecida, tendo os dois estudantes conversado por vários minutos, enquanto
um aparelho gravava a conversa (Funder, 2016, p.154).
Snyder (citado por Funder, 2016) interpretou este efeito como outra forma de
profecia auto-realizável, isto é, espera-se que mulheres atraentes sejam
calorosas e amigáveis, uma vez que os tratamentos que elas têm fá-las reagir
dessa forma.
Este estudo acaba por ser mais preocupante do que o estudo de Rosenthal,
relativamente ao QI, pois este sugere que o nosso comportamento é influenciado
pelo que os outros esperam de nós, muitas vezes com base em aspetos
superficiais como a nossa aparência (Funder,2016, p. 154). O estudo de Snyder
chega à conclusão que até um certo ponto, nós acabamos por nos tornar aquilo
que os outros querem ou percebem que somos (Funder, 2016, p. 155).
Contudo, é difícil ter certezas, pois até há pouco tempo a maioria das pesquisas
estavam mais preocupadas em descobrir se existiam efeitos, do que
propriamente em avaliar a importância dos seus efeitos em relação a outros
fatores que influenciam o comportamento (Funder, 2016, p. 155).
Dois estudos sugerem que essas expectativas são mais fortes quanto mais
pessoas próximas do indivíduo têm essa expectativa por um longo período de
tempo (Funder, 2016, p. 155).
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A compreensão dos efeitos das expectativas faz-nos refletir sobre a forma como
as pessoas afetam o desempenho e o comportamento umas das outras (Funder,
2016, p. 156). A pesquisa de Rosenthal revelou quatro fatores básicos que
provavelmente deveriam fazer parte do ensino (Funder, 2016, p. 156). A
pesquisa de Snyder sugere que se desejamos ser tratados de maneira calorosa
e amigável, o melhor é também agirmos dessa forma (Funder,2016, p. 156). Por
último, se os pais não querem que os seus filhos se tornem viciados no álcool
não devem supor o pior (Funder, 2016, p. 156).
Quem decide qual é a definição certa? Esse ponto de vista foi sustentado pela
filosofia do construtivismo (Funder, 2016, p. 156).
Esta filosofia sustenta que tudo o que existe são ideias humanas ou construções
da realidade (Funder, 2016, p. 156).
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Critérios de precisão
Avaliar a precisão de um julgamento de personalidade torna-se exatamente
equivalente a avaliar de um teste de personalidade e existe um método bastante
desenvolvido e aceite para o fazer (Funder, 2016, p. 157).
provável, mas ainda não de forma absolutamente positiva de ser um pato” (Block,
1989, citado por Funder, 2016).
Primeiras Impressões
Assim que conhecemos uma pessoa, normalmente, começamos logo a fazer
julgamentos sobre a personalidade e vice-versa (Funder, 2016, p. 158). Os
julgamentos de personalidade são feitos de forma rápida e quase automática
sem pensar (Hassin & Trope, 2000, citados por Funder, 2016). Mas serão estas
impressões precisas (Funder, 2016, p. 158)?
A cara
De acordo com uma pesquisa, cerca de 75% dos universitários acreditam que a
personalidade podia ser julgada pela aparência facial (Hassin & Trope, 2000,
citados por Funder, 2016). Estudos mais recentes começaram a enfocar o que é
chamado de propriedades configuracionais de caras, em vez do corpo isolado
(Tanaka & Farah, 1993, citados por Funder, 2016). Quando é estudada desta
forma, a validade das primeiras impressões parece mais promissora (Funder,
2016, p. 158).
Berry e Wero (1993, citados por Funder, 2016) afirmaram que basta um olhar
rápido para o rosto da pessoa para se conseguir decifrar o grau em que a pessoa
é submissa ou dominante. Rule e Ambady (2008, citados por Funder, 2016)
acrescentam ainda que é possível se o indivíduo é heterossexual ou
homossexual ou ainda, no caso de negócios executivos, quanto de lucro a
empresa obtém.
Como é que podemos afirmar que esse grau de precisão é possível (Funder,
2016, p. 158)?
Aparentemente, existem aspetos de configuração do rosto que permitem que
vários aspetos psicológicos das pessoas sejam julgados com certo grau de
veracidade (Funder, 2016, p.160).
Pentovoak, Pound, Little e Perrett (2006, citados por Funder, 2016) obtiveram
pontuações de personalidade de uma grande amostra de participantes. De
seguida, selecionaram aqueles que se posicionaram entre os 10% superiores e
inferiores, em cinco características diferentes, 15 homens e 15 mulheres
(Funder, 2016, p. 160). Ambas as 15 imagens de cada grupo, foram misturadas
num num rosto generalizado não real, considerado como a média de todos os
rostos, onde foram obtidas pontuações altas e baixas para várias características
(Funder, 2016, p. 160). Estas foram a agradabilidade, conscienciosidade,
extroversão, neuroticismo e abertura para a experiência (Funder, 2016, p. 160).
Moderadores de precisão
Funder (2016) afirma que, em psicologia, uma variável moderadora afeta a
relação entre duas outras variáveis (p. 163). Um moderador de precisão, por sua
vez, afeta a correlação entre um julgamento e o seu critério (Funder, 2016, p.
163). A investigação sobre precisão focou-se, então, em quatro potenciais
moderadores: juiz, alvo – isto é, a pessoa que é julgada -, traço e informações
em que se baseia o julgamento (Funder, 2016, p. 163).
O bom juízo
Para os psicólogos clínicos, há pessoas que são melhores a julgar a
personalidade do que outras (Funder, 2016, p. 163). Até 1955, vários estudos
abordaram esta questão (Taft, 1955, citado por Funder, 2016), embora se tenha
revelado difícil obter uma resposta satisfatória. Estudos iniciais pareciam mostrar
que um bom juiz de uma característica ou num contexto pode não ser um bom
juiz com outros traços ou em contextos diferentes (Funder, 2016, p. 163). Porém,
a única descoberta consistente foi que indivíduos altamente inteligentes
apresentavam melhores julgamentos - mas esses indivíduos são bons seja qual
for a tarefa que lhes seja atribuída, pelo que não era certo que este traço se
relacionasse com a capacidade para julgar as pessoas (Funder, 2016, p. 163).
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Fazer um esforço extra pode levar a uma maior precisão (Funder, 2016, p. 165)?
Letzring, Wells, e Funder (2006, citados por Funder, 2016) perceberam que
indivíduos instruídos para conhecerem o melhor possível foram apenas um
pouco mais precisos nos seus julgamentos do que participantes do estudo que
simplesmente conversaram. Biesanz e Humano (2010, citados por Funder,
2016), mais recentemente, descobriram que pessoas encorajadas a fazer
julgamentos corretos são mais precisas sobre traços invulgares, mas menos
sobre traços comuns. McLarney-Vesotski, Bernieri e Rempala (2011, citados por
Funder, 2016) adotaram a abordagem oposta, dizendo a alguns participantes do
estudo que não importava a exatidão na tarefa de julgamento, o que fez com que
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estes fossem menos precisos do que indivíduos que não foram desmotivados.
Assim, são necessárias várias tentativas para um julgamento exato (Funder,
2016, p. 166).
O bom objetivo
Num julgamento exato, quem está a ser julgado pode ser mais importante do
que quem faz o julgamento, como mostram Human e Biesanz (2013, citados por
Funder, 2016). A experiência quotidiana parece confirmar que há pessoas que
são mais facilmente julgadas com precisão do que outras (Funder, 2016, p. 166).
Mas, quem são estas pessoas (Allport, 1937; Colvin, 1993, citados por Funder,
2016)? Pessoas julgáveis são pessoas com comportamentos mais previsíveis, o
que faz com que outros cheguem mais facilmente a acordo sobre o julgamento
das suas personalidades (Human et al., 2014, citado por Funder, 2016). O
comportamento destas pessoas é coerentemente organizado e consistente,
sendo descrito por diferentes pessoas da mesma forma (Funder, 2016, p. 167).
O bom traço
Há características, relacionadas com a extroversão, como a sociabilidade, mais
fáceis de julgar com precisão do que outras menos visíveis, tais como estilos e
hábitos cognitivos (Funder & Dobroth, 1987, citados por Funder, 2016). Isto
acontece mesmo quando o juiz é um estranho que observa alguém durante
apenas minutos (Fundador & Colvin, 1988; Watson, 1989, citados por Funder,
2016), ou ainda menos (Carney, Colvin, & Hall, 2007, citados por Funder, 2016).
Traços mais visíveis serem mais fáceis de ver parece uma conclusão óbvia, mas
tem algumas implicações no que diz respeito, por exemplo, aos julgamentos de
personalidade por conhecidos (Funder, 2016, p. 168). Alguns psicólogos
concluem que estes juízos se baseiam na reputação dos indivíduos já
construída, e não nas suas personalidades, tendo uma precisão duvidosa.
(Kenny, 1991; McClelland, 1972, citados por Funder, 2016). Na perspetiva de
(Clark & Paivio, 1989, citados por Funder, 2016) esta teoria é plausível, mas não
verdadeira, pois se o julgamento de personalidade dos pares se baseasse na
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Boas informações
A exatidão do julgamento da personalidade é moderada pela quantidade e tipo
de informação em que o mesmo se baseia (Funder, 2016, p. 169).
Quantidade de Informação
Carney et al. (2007, citados por Funder, 2016) afirmaram que há traços, como a
extroversão, que podem ser julgados com precisão após segundos de
observação, e traços que necessitam de mais tempo, como a instabilidade
emocional. Assim, parece que quanto mais informação, melhor. Num estudo de
(Funder & Colvin, 1988, citados por Funder, 2016), no qual os participantes foram
julgados por juízes que os conheciam há, pelo menos, um ano, e por estranhos
que viram um vídeo de 5 minutos dos alvos, percebeu-se que os julgamentos de
personalidade de conhecidos iam mais de encontro aos autojulgamentos do que
os de desconhecidos (Funder, 2016, p. 169).
Colvin e Funder (1991, citados por Funder, 2016) encontraram, então, a única
circunstância em que estranhos e conhecidos próximos poderiam fazer juízes de
personalidade com a mesma validade preditiva. Noutra perspetiva, percebeu-se
que um conhecido próximo é capaz de generalizar as suas observações noutras
situações e experiências específicas de modo a obter um juízo preciso acerca
da situação particular a que nunca tinham assistido (Funder, 2016, p. 170).
Qualidade da Informação
É possível, pela experiência comum, aprender muito sobre alguém em pouco
tempo, tal como aprender pouco sobre alguém que se conhece há muito tempo
(Funder, 2016, p. 172).
As pessoas são restringidas por normas sociais, pelo que agem similarmente em
situações normais, mas numa situação de fraqueza pessoas diferentes tendem
a agir de forma diferente, facilitando uma observação mais informativa (Snyder
& Ickes, 1985, citados por Funder, 2016). Por exemplo, numa festa, extrovertidos
e introvertidos agem de maneira diferente, enquanto num autocarro quase todas
as pessoas agem da mesma forma, limitando-se a estarem sentadas (Funder,
2016, p. 172). Por esta razão, crê-se que uma entrevista de emprego na qual a
conversa flui de forma não estruturada é mais válida para o julgamento do
entrevistado do que uma entrevista rígida (Funder, 2016, p. 172).
Hirschmüller, Egloff, Schmukle, Nestler, e Back (2014, citados por Funder, 2016)
mostraram que observar pessoas numa situação de stress ou excitação leva a
uma maior precisão no julgamento da sua personalidade do que situações em
que as mesmas estejam relaxadas.
Assim, é possível conviver com alguém há muito tempo e ainda assim não o
conhecer, pelo facto de nunca se ter observado o mesmo numa situação de
emergência, por exemplo (Funder, 2016, p. 172). Os juízos de personalidade são
mais fáceis se ocorrer uma situação que revele o traço que se quer julgar, por
exemplo, para avaliar o trabalho de alguém é necessário observá-lo a trabalhar,
enquanto para avaliar o traço de sociabilidade é preferível observar a pessoa em
contexto de festa (Freeberg, 1969; Landy & Guion, 1970, citados por Funder,
2016).
Assim, ser-se um bom juiz de personalidade envolve mais do que pensar melhor
(Funder, 2016, p. 175). É necessário que se crie um ambiente interpessoal onde
as pessoas possam ser fiéis às suas personalidades e sentir-se à vontade
(Funder, 2016, p. 175). É, ainda, importante perceber que há situações em que
o julgamento pode não ser inteiramente fiável, bem como ter em mente a
relevância de ser mantida a calma e atentar, não só aos outros, como aos
próprios pensamentos, sentimentos e objetivos (Funder, 2016, p.175).
Capítulos PP (2020/2021)
A precisão é importante
É impossível escapar à avaliação da personalidade, quer seja em testes, por
psicólogos, ou por conhecidos, colegas de trabalho, amigos e por si próprio
(Funder, 2016, p. 175).
Capítulo 8
Anatomia e fisiologia da personalidade: o papel do cérebro
Capítulo 11
A psicanálise depois de Freud: aproximações à personalidade
Interpretando Freud
Neofreudianos
2.2 Alfred Adler foi um dos que acreditava que Freud focava demasiadamente
no “sexo como grande motivador do comportamento” (Funder, 2015, p 396). Ao
escrever sua teoria partiu de uma linha de raciocínio embasada no interesse
social ou desejo de se relacionar positivamente com outras pessoas (Adler,1939,
citado por Funder, 2015), ou seja, ele acreditava que, enquanto crianças, se
sofrermos por nos considerarmos inferiores aos outros em algum aspecto, ao
tornarmo-nos adultos fazemos de tudo para compensar essa fraqueza, mesmo
que ela fosse apenas imaginária.
2.3 Funder (2015) descreve Carl Jung como o maior rebelde dentre os
neofreudianos e aborda como este assistiu suas ideias se distanciarem cada vez
mais daquelas de seu companheiro Freud, levando a psicanálise para uma
vertente mais espiritual, defendendo a existência de um inconsciente coletivo
que teria sido construído ao longo da evolução da raça humana(p. 397).
“Conceitos como “mãe natureza”, “heroi”, “diabo” e “ser supremo” (...) as vezes
disfarçados de símbolos aparecem repetidas vezes em sonhos, fantasias, mitos
locais e até mesmo na literatura moderna” (Funder, 2015, p. 397). Para além de
inconsciente coletivo, Jung também desenvolveu diversas teorias sobre o que
ele chamou de “persona”, adicionando ao conceito já existente de máscara social
Capítulos PP (2020/2021)
2.4 Diferentemente de diversos autores, Karen Horney nunca brigou com Freud
e só começou a escrever quando ele já estava no fim de sua carreira. Entretanto,
ela discordava da maneira a qual Freud enxergava as mulheres: como
obcecadas pela “inveja do pênis” (Funder, 2015). Horney tinha isto por
inconcebível e teorizou contra Freud, argumentando “que se algumas mulheres
desejam ser homens, é provavelmente porque elas veem os homens sendo mais
livres para perseguir seus próprios interesses e ambições” (Funder, 2015, p.
399). Além disso, Funder (2015) afirma que Horney escreveu livros de auto-
análise para tentar ajudar pessoas que estivessem passando por dificuldades
psicológicas, tendo desenvolvido, também, uma teoria de que as pessoas
adquirem ansiedade básica quando crianças: “o medo de se sentir sozinho e
indefeso num mundo hostil”(Funder, 2015, p. 399).
2.6 Por fim, cabe destacar a teoria da relação objetal, que sempre atraiu muitos
autores, incluindo neofreudianos supracitados, e que tem como expoente a dupla
de Melanie Klein e Donald Winnicott (Funder, 2015). Como outros teoristas, eles
estudaram as relações entre as pessoas e objetos, que em termos psicanalíticos,
Capítulos PP (2020/2021)
entender como a pessoa foi tratada em sua infância e conclui falando sobre quão
densos e extensos conceitos básicos freudianos podem ser.
Conclusão
Capítulo 12
Experiência, existência e sentido da vida
Psicologia Positiva e Humanística
“De acordo com estudos recentes, situation construals estão relacionados com
personalidade e gênero (Sherman, Nave, Funder, 2013)” (Funder,2016, p.426).
No entanto estas não serão as únicas influências. Fatores como a livre escolha
podem também ter um papel importante, sendo que é através dela que
alcançamos o livre arbítrio, caso contrário estaremos a permitir que fatores
externos escolham por nós, levando à perda da autonomia tão característica do
ser humano. Neste sentido é importante que a psicologia estude como os
indivíduos percebem e experienciam a realidade.
Existencialismo
O existencialismo é uma corrente filosófica que surgiu como uma reação oposta
ao racionalismo europeu. Surgiu porque se acreditava que a ciência, a tecnologia
e a filosofia racional tinham perdido o contacto com a essência do ser humano.
Esta corrente começou a ganhar popularidade depois da Segunda Guerra
Mundial, uma vez que apresentava uma melhor justificação acerca dos
comportamentos e decisões tomados durante este período grotesco da história
da humanidade.
Capítulos PP (2020/2021)
“Thrown-ness” e angústia
De acordo com filósofos existenciais, não existem respostas para estas duas
perguntas para além das que cada indivíduo “inventa” para si mesmo. Uma falha
na resposta a estas perguntas leva a um estado de ansiedade sobre o significado
da vida e se o indivíduo estará a viver a mesma da forma certa.
Má fé
Que atitude deve ser tomada quando confrontado sobre a angústia existencial e
todas as experiências que a rodeiam? Segundo alguns existencialistas, esta
angústia deve ser enfrentada com coragem, aquilo que Sartre chama de
“optimistic toughness” (1965, p.49, citado por Funder, 2016).
Existência autêntica
A alternativa oriental
A ideia de que o momento que estamos a viver é a única coisa da qual temos a
certeza, ideia fulcral para o existencialismo, é vista como errada uma vez que o
tempo se move de forma linear. Não existe passado ou futuro, apenas presente.
Carl Rogers e Abraham Maslow foram dois psicólogos americanos que vieram
fundir a filosofia existencial europeia, a perspetiva de leste sobre o self, e a típica
confiança americana, de forma a apresentar uma filosofia de vida mais positiva.
Autorrealização: Rogers
Para Rogers “O organismo [pelo qual se refere a qualquer pessoa] tem uma
tendência básica e esforça-se para atualizar, manter, e melhorar a experiência
do organismo [ele próprio]” (Rogers, 1951, p. 487, citado por Funder, 2016).
Segundo Carl Rogers, uma pessoa pode ser compreendida apenas pela sua
perspetiva do fenomenal fiel, isto é, da sua visão do campo fenomenológico. Este
campo representa um panorama total da experiência consciente e é nele que os
conflitos inconscientes, as influências ambientais, as esperanças, as crenças e
as memórias se misturam. Estas componentes da mente vão sendo combinadas
de diferentes formas e em diferentes momentos, permitindo a experiência
consciente (Funder, 2016).
Capítulos PP (2020/2021)
Se as pessoas têm uma propensão para a sua autorrealização para que possam
manter e melhorar as suas vidas, o objetivo de vida e o motivo da nossa
existência seria satisfazer essa necessidade do ser humano se ir atualizando ao
longo do tempo.
Esta teoria tem várias aplicações práticas no nosso quotidiano, como por
exemplo, na escolha de carreiras e na motivação de colaboradores e até mesmo
na motivação dos alunos no contexto educacional (Funder, 2016).
Capítulos PP (2020/2021)
Tanto Rogers como Maslow, acreditavam que a melhor forma de viver é tendo
uma noção clara e objetiva da realidade e de nós próprios.
Rogers afirma que uma pessoa é feliz se for totalmente funcional, isto é, se for
capaz de responder pelas suas próprias escolhas e se conseguir manter uma
perceção da realidade sem influências neuróticas (Funder, 2016). Uma pessoa
totalmente funcional, enfrentaria o mundo sem medos, sem dúvidas relacionadas
consigo próprio e sem mecanismos de defesas neuróticas. Contudo, tal apenas
seria alcançado se a pessoa tivesse tido uma experiência positiva incondicional
por parte das pessoas que lhe são mais próximas, em especial no decorrer da
infância. Caso as pessoas só valorizassem uma outra devido ao seu sucesso, à
sua inteligência e à sua beleza física, esta poderá vir a desenvolver conditions
of worth (Funder, 2016).
a crença de que o ser humano tem de observar o mundo que o rodeia com
objetividade e realismo, que todos somos livres de tomar escolhas pois todos
temos livre arbítrio, e de que o ser humano tem de ser capaz de ser totalmente
responsabilizado pelas suas ações (Funder, 2016).
Psicoterapia
Fonte de Construtos
Funder (2016) afirma que os construtos eram vistos por Kelly como dimensões
bipolares, isto é, escalas que variam entre um conceito e o seu oposto, como por
exemplo “bom-mau” ou “forte-fraco”. Se forte versus fraco for um dos nossos
construtos, podemos tender a ver tudo e todos em termos de força individual.
De maneira a que cada pessoa pudesse ter acesso ao seu construto pessoal foi
criado um teste denominado por Role Construct Repertory Test, ou, mais
conhecido, como Rep test. Este é caracterizado por um conjunto de perguntas:
em primeiro lugar é pedido à pessoa que identifique três pessoas que são ou
que foram importantes na sua vida; de seguida é solicitado que descreva como
duas delas são parecidas entre si e diferentes da terceira; por fim, segue-se o
mesmo processo com três ideias importantes, três traços que o indivíduo admira,
e assim por diante. Um exemplo do tipo de conclusão que é possível inferir deste
teste é se for declarado frequentemente que dois dos objetos são fortes
enquanto o terceiro é fraco, então forte versus fraco é provavelmente um dos
construtos que fazem parte da pessoa (Funder, 2016).
Algumas pesquisas feitas depois de Kelly (Bargh, Lombardi, & Higgins, 1988,
citado por Funder, 2016) mostram que construtos particulares são mais
facilmente trazidos à mente em certos indivíduos, os quais são denominados de
construtos cronicamente acessíveis. Um exemplo destes construtos é a ideia de
fracasso, este pode ser cronicamente acessível para uma pessoa, de modo que,
tudo o que o indivíduo realiza ou até considera realizar, tem sempre presente o
pensamento de que se vai tornar numa catástrofe.
Kelly acreditava que estes dados que são utilizados para desenvolver uma
interpretação, ou teoria, de como o mundo é, provém da soma das próprias
Capítulos PP (2020/2021)
Construtos e a Realidade
Flow: Csikszentmihalyi
Este estado ocorre quando a atividade e os desafios que ela apresenta estão em
equilíbrio com a capacidade de quem a pratica. Quando esse equilíbrio não
existe experienciamos estados de ansiedade, preocupação e frustração (em
atividades difíceis) ou aborrecimento e ansiedade (quando as atividades são
demasiado fáceis).
A filosofia observou que a felicidade pode ser procurada por duas vias. A
primeira, Hedonia, que consiste em maximizar o prazer e minimizar a dor. A
segunda, Eudaimonia, é mais complexa e consiste na procura de um sentido
profundo da vida (seguir objetivos importantes, criar relações, estar consciente
e tomar responsabilidade pelas próprias escolhas).
Psicologia Positiva
Uma investigação realizada por E. Diener, Lucas, & Oishi (2002) procurou
perceber quais os fatores que afetam a felicidade e o bem-estar. Percebeu-se
que, tal como sugere a teoria de Maslow, formar relações e alcançar os objetivos
são os aspetos mais importante na vida das pessoas.
É de reforçar que cada pessoa tem as suas características e como tal, nem todos
possuímos as mesmas virtudes. Assim sendo, ao longo da nossa vida
realizamos uma procura pelas seis virtudes, contudo, é pouco provável que
alguém seja capaz de alcançar na perfeição todo o conjunto de virtudes.
As implicações da fenomenologia
Mistério da experiência
Tanto a ciência como a psicologia concordam que o ato consciente não é assim
tão importante ou até mesmo que este é inexistente. Há psicólogos, em especial
Rychlak (1988, citado por Funder, 2016) retrata que: “Psicologia trata a
experiência consciente como simplesmente uma forma interessante de
processamento de informação, não diferente da mesma feita por um
computador”
Perceber os outros
O que a fenomenologia nos explica é que para que nós consigamos entender o
outro temos de entender a perceção que o indivíduo tem do mundo, e os seus
valores morais.
Este princípio desde o início impossibilita que julguemos o outro, pois não há
forma de provar que os meus valores ou princípios culturais estão mais corretor
ou errados que os valores e crenças de uma outra pessoa, por exemplo, o que
nos diz que a monogamia é a única forma de relações amorosas quando existem
culturas onde essa não é a norma mas sim a poligamia, por exemplo?
Isto levamos à questão dos contextos culturais e sociais. O que nos diz que a
cultura portuguesa é melhor que a indiana, por exemplo. Provavelmente, ao
consumirmos carne de vaca podemos ser vistos como bárbaros nesta cultura
onde esta é sagrada, e ninguém neste
Não podemos julgar outros costumes e valores de outra cultura na nossa própria
perspetiva, temos de a alterar para a perspetiva da cultura que queremos
entender e tirar as nossas conclusões, voltando ao exemplo do consumo de
carne de vaca, se nós virmos este ato, mas numa perspetiva hindu
entenderíamos o porquê de não consumirem esse tipo de alimento.
Capítulo 13
Variações culturais na experiência, comportamento e personalidade
Capítulos PP (2020/2021)
A pesquisa intercultural é uma área desafiadora por envolver conceitos que para
além de difíceis são desconhecidos. Por exemplo, o termo amae da cultura
Japonesa, que significa algo “doce”, na dependência entre pais e filhos (Doi;
Tseng, citado por Funder, 2016).
Cultura e Psicologia
A psicologia da personalidade trata as diferenças psicológicas entre os
indivíduos. A cultura tem importância nesta área, pois os indivíduos diferem uns
dos outros até certo ponto por pertencerem a grupos culturais diferentes. Na
China as pessoas são, em média, mais reservadas emocionalmente e mais
atenciosas que os americanos. (Cheung e Song, citados por Funder, 2016).
Acontece também, que os membros de alguns grupos podem diferir uns dos
outros de maneiras diferentes, uma mãe japonesa que reclamou que o filho não
era tão dependente quanto deveria, uma reclamação que um pai americano
provavelmente não faria (Doi, citado por Funder, 2016).
O que é Cultura?
Este termo refere se a atributos psicológicos de grupos, incluindo segundo um
escritor “costumes, hábitos, crenças e valores que moldam emoções,
comportamento e padrões de vida” (Tseng, citado por Funder, 2016). A cultura
pode também incluir linguagem, modos de pensar e talvez até mesmo visões
fundamentais da realidade (Funder, 2016. p. 459).
Observa-se que as diferenças entre grupos culturais são aprendidas, não inatas.
Temos dois processos, a inculturação, quando uma criança adquire a cultura em
que nasceu e a aculturação, se uma pessoa que se muda de um país para outro
adquire gradualmente a cultura de seu novo lar.
Para alem disso, os grupos culturais não são apenas étnicos, mas também se
podem definir com base histórica, religiosa ou até política. O psicólogo fala certa
língua e vive numa área geográfica que inevitavelmente influência a sua visão,
tornando o num membro de uma certa cultura (Funder, 2016. p. 459).
ausentes muitos dados relevantes a que a cultura pode dar resposta. (Funder,
2016. p. 459).
Compreensão Intercultural
fora dos restaurantes mesmo com um clima gelado (Dyssegaard, citado por
Funder, 2016).
Segundo Triandis (1994, citado por Funder, 2016) “A cultura impõe um conjunto
de lentes para ver o mundo”. Apesar disso nunca se pode conhecer a 100% a
experiência de outro individuo na nossa cultura, muito menos entrar plenamente
na experiência de um membro de uma cultura diferente.
Ética e Émica
Quanto à comparação cultural, existem conceitos com aspetos iguais entre
culturas e alguns aspetos mais particulares a culturas especificas. (J. W. Berry,
citado por Funder, 2016).
Duro e Fácil
Há mais de meio século conclui-se que existiam culturais “duras” e culturas
“fáceis” (Arsenian e Arsenian, citados por Funder, 2016). Nas fáceis, por muitos
objetivos diferentes que sigam, são relativamente simples de atingir. Nas mais
Capítulos PP (2020/2021)
duras, apenas alguns objetivos são vistos como valiosos e são difíceis de atingir
(Funder, 2016. p. 465).
Realização e Afiliação
Para David McClelland (1961, citado por Funder, 2016) o aspeto central da
cultura era o grau de necessidade em alcançar o que examinava nas histórias
tradicionalmente contadas as crianças.
Complexidade
Segundo Triandis (1997, citado por Funder, 2016) a diferença de complexidade
entra "as culturas modernas, industriais e afluentes e as culturas mais simples,
tais como os caçadores e coletores, ou os residentes de um mosteiro"(p. 444).
Rigidez e Frouxidão
O psicólogo referido acima, diz ainda que esta dimensão contrasta as culturas
que toleram pouco o desvio do comportamento adequado, com as que permitem
um alargado desvio das normas culturais. Segundo o mesmo, as sociedades
etnicamente homogéneas e mais densamente povoadas são culturalmente mais
rigorosas, devido as pessoas viverem mais próximas são necessárias normas
mais rígidas de comportamento e quanto mais semelhantes mais concordam
com as normas (Triandis, citado por Funder, 2016).
Coletivismo e Individualismo
A forma da relação entre o individuo e a sociedade é uma forma das culturas
diferirem. Ao estudar esta relação são enumeradas culturas ao longo da
dimensão do coletivismo-individualismo (Funder, 2016. p. 469).
Capítulos PP (2020/2021)
O Auto e os outros
Em certas culturas coletivistas como no Japão as necessidades do grupo são
mais importantes do que necessidades individuais (Markus e Kitayama, citados
por Funder, 2016). O “eu” individual em japonês refere-se à “parte do espaço de
vida partilhada”, para eles é importante ninguém se destacar (Markus e
Kitayama, citados por Funder, 2016).
Personalidade e Coletivismo
Self- Regard
Consistência comportamental:
Verticalidade e Compaixão
Capítulos PP (2020/2021)
Nas sociedades verticais as pessoas individuais são diferentes umas das outras
podendo a sociedade coletivista vertical impor uma autoridade forte nos seus
membros (por exemplo, a China), nas sociedades horizontais tendem a
considerar todas as pessoas como essencialmente iguais, podendo ter uma
autoridade mais fraca, mas uma ética forte que impõe igualdade e partilha, (por
exemplo, Israel).
Estados Unidos (Funder et al., 2012, citado por Funder, 2016), levando Takano
e Osaka a achar a visão de o Japão ser tão diferente dos Estados Unidos, um
mito cultural.
Takano (2012, citado por Funder, 2016) destacou a forma como um aspeto
central da teoria do coletivismo-individualismo pode levar a que os membros das
culturas coletivistas sejam vistos basicamente como "todos iguais" e mesmo
como carentes de personalidades no seu conjunto, levando ao esquecimento da
variedade de indivíduos distintos que habitam todas as culturas da Terra.
Com uma nova teoria, os psicólogos Angela Leung e Dov Cohen (2011, citados
por Funder, 2016) sugerem que as culturas diferem em três dimensões a que
chamam honra, rosto e dignidade. Tendo por base, que os indivíduos são
valiosos por direito próprio, não importando aquilo que pensam deles. O objetivo
é ser se fiel a si próprio, com força e robustez interna vivendo apenas e
consoante os seus próprios valores.
Leung e Cohen (2011, citados por Funder, 2016) fazem uma experiência com as
três culturas, retribuem favores tendo um comportamento de dignidade,
retribuem insultos em espécie, ou seja, um comportamento de honra, e por fim
abstêm-se de fazer batota, um comportamento facial. Aos aceitarem mais
fortemente a norma cultural os indivíduos tinham mais probabilidade de se
comportar da forma culturalmente típica.
Triandis (citado por Funder, 2016) usa três dimensões para descrever culturas,
estas podem também descrever pessoas, já que conceitos que avaliam
diferenças entre culturas são também uma forma de avaliar a diferença entre
indivíduos.
Uns estudos comparativos entre chineses que vivem no Canadá e chineses que
vivem em Hong Kong, aqueles que moram no Canadá descrevem-se como
sendo mais abertos, alegres e agradáveis; essas diferenças surgem devido ao
Capítulos PP (2020/2021)
ambiente cultural (McCrae, Yik , Trapnell, Bond e Paulhus, 1998, citados por
Funder, 2016).
Essas diferenças podem ocorrer por vários motivos, incluindo a tendência das
pessoas em migrar para áreas do país onde sentem que "se encaixam". Há a
possibilidade de que as pessoas sejam influenciadas no seu desenvolvimento
de personalidade pelas pessoas com quem interagem com o dia todo na área
onde moram e até os efeitos do clima no humor (Rentfrow, citado por Funder,
2016).
Numa escala utilizada para medir a satisfação com a vida, quatro dos cinco itens
geraram diferentes padrões de resposta entre participantes chineses e
americanos (Oishi, citado por Funder, 2016).
Pensando
Pensamento independente
Outro escritor observou que os asiáticos são respeitosos não porque tenham
medo dos seus professores ou porque não tenham perguntas, mas porque foram
criados com a ideia de que a humildade garante uma aprendizagem melhor. Eles
são ensinados a ouvir com atenção e questionar somente depois de
compreenderem os outros. (J. Li, citado por Funder, 2016).
Valores
Outra maneira de olhar para esses valores é vê-los como objetivos que todos,
em qualquer lugar, desejam alcançar. Outra maneira de olhar para esses valores
é vê-los como objetivos que todos, em qualquer lugar, desejam alcançar.
Schwartz e Sagiv teorizam que esses valores podem ser organizados em termos
de duas dimensões. Um é a abertura para mudar a dimensão do
conservadorismo, e o outro eles chamam de dimensão autotranscendência-auto-
aprimoramento.
individual e livre. Aqueles que endossam o direito ao aborto legal e seguro não
gostam de ser chamados de “pró-aborto”; eles preferem o termo "pró-escolha".
O ponto de vista coletivista muito diferente, fortemente defendido pela Igreja
Católica e algumas das denominações protestantes mais conservadoras, é que
o aborto é moralmente errado, ponto final. A questão não se resume a uma
escolha pessoal. Tudo se resume a uma questão coletivamente determinada de
certo e errado. No debate sobre o aborto, vemos uma colisão frontal entre duas
maneiras fundamentalmente diferentes de abordar questões morais (Funder,
2016. p. 485 a 487).
Evitando o problema
A abordagem ecológica
Neste modelo, tudo afeta todo o resto. A ecologia muda a cultura, mas a cultura
também muda a ecologia. A ecologia muda a mente, mas a mente muda a
ecologia também. Talvez o mais importante, a cultura e as mentes das pessoas
que vivem em uma cultura também mudam umas às outras com o tempo (Oishi
e Graham, citados por Funder, 2016).
3. As pessoas dentro das culturas são muito diferentes umas das outras.
Capítulos PP (2020/2021)
Como podemos evitar que a nossa visão de outras culturas seja influenciada
pela nossa própria formação cultural? Focar exclusivamente nas diferenças
culturais leva-nos a exagerá-las? Como é que os valores de diferentes culturas
podem ser reconciliados? Qual é a maneira certa de pensar sobre as áreas do
mundo - ou mesmo indivíduos - com mais de uma cultura? (Funder, 2016. p.
489).
Etnocentrismo
Culturas e valores
Cada cultura provavelmente tem os seus próprios valores, mas talvez possamos
todos concordar sobre alguns (Funder, 2016. p. 493).
Subculturas e multiculturalismo
Capítulo 14
Aprendendo a ser: comportamentalismo e as teorias da aprendizagem social
Logo no início deste décimo quarto capítulo são consideradas duas ideias: em
primeiro lugar, afirma-se que dois estímulos repetidamente vividos em conjunto
acabarão por obter a mesma resposta. Por exemplo, se alguém nos soprar nos
olhos ao mesmo tempo que toca uma campainha, em pouco tempo o som da
campainha será suficiente para nos fazer pestanejar. Em seguida, os
comportamentos seguidos de resultados agradáveis tendem a ser repetidos, e
comportamentos seguidos de resultados desagradáveis abandonados.
Comportamentalismo
Os investigadores de personalidade, os psicanalistas, humanistas, e mesmo
muitos psicólogos esforçam-se para compreender os processos invisíveis da
mente (“psique”). O comportamentalismo foi criado, como forma de resposta aos
processos não observáveis da nossa mente, defendida por muitos, como
Wilhelm Wundt. O desejo de obter dados objetivos, concretos, consistentes,
levou os behavioristas a concentrarem-se nos eventos e acontecimentos
observados. Como se sucedeu com John Watson e B. F. Skinner que se
preocuparam em estudar a forma como o comportamento de uma pessoa é o
resultado direto com o meio ambiente (pessoa-meio).
Walter Mischel, escreveu: "Se aprendi alguma lição da minha vida como cientista
em psicologia, é que qualquer que seja a forma que se escolha para definir
personalidade, certamente não é uma entidade descontextualizada dentro da
mente" (2009, p. 289). Pelo que, descartam por completo a ideia de muitos
psicólogos, nomeadamente Freud, onde os processos inconscientes eram o seu
objeto de estudo. percebemos assim que esta teria defende que a única forma
válida de estudar o comportamento de uma pessoa é a partir da observação
desse mesmo comportamento. Os processos que se desenvolvem na nossa
mente são considerados inválidos uma vez que ninguém os pode verificar. Toda
a ideia de teorizar algo que não podemos ver – qualquer entidade dentro da
mente - é duvidoso. Esta ideia de que os mesmos defendem, afirma que a
personalidade das pessoas é simplesmente a soma de tudo o que se faz.
Segundo os seus investigadores, a personalidade não inclui traços, conflitos
inconscientes, processos psicodinâmicos, ou qualquer outra coisa que não
possa ser diretamente observada.
Capítulos PP (2020/2021)
Assim, surge então outro princípio de que os behavioristas defendem que diz
que as causas do comportamento são observadas no ambiente tão diretamente
quanto o próprio comportamento. Neste contexto, o ambiente refere-se às
recompensas e punições no mundo físico e social.
Empiricismo
É a ideia de que todo o conhecimento provém da experiência. A experiência é o
produto direto da realidade. O conteúdo das nossas mentes é criado pelo
conteúdo do mundo e pela forma como ele nos afeta, produzindo tudo o que
vimos, ouvimos, sentimos. Desta forma, a estrutura da realidade determina a
personalidade, a estrutura da mente, e o nosso comportamento. Mas temos uma
visão oposta a esta: o racionalismo. O racionalismo sustenta que a estrutura da
mente determina a nossa experiência da realidade.
Associativismo
O associativismo é a afirmação de que duas coisas, ideias se tornam
mentalmente associadas como um só, se forem experimentados repetidamente
próximos um do outro no tempo. Muitas vezes (nem sempre), esta proximidade
ocorre como resultado de uma relação de causa-e-efeito. Em noite de trovoada,
aparecem os relâmpagos e, depois, trovões, pelo que estes dois ficam
associados na nossa mente, pela sua repetição frequente.
Hedonismo
No contexto do behaviorismo, o hedonismo afirma que as pessoas e os animais
aprendem por duas razões: para procurar prazer e evitar a dor. Assim, fornece
uma resposta pelo motivo a partir do qual as pessoas realizam uma ação. Esta
filosofia hedonista, defende então que, as ações que produzirem o maior prazer
para a maioria das pessoas a longo prazo é considerada uma boa ação. O que
quer que faça o contrário, é mau. Assim, cai sobre esta teoria muitas críticas.
(exemplos)
Capítulos PP (2020/2021)
Utilitarianismo
Tudo isto leva ao utilitarismo, teoria que afirma que a melhor sociedade é aquela
que cria a maior felicidade para o maior número de pessoas. A verdadeira crítica
desta teoria é que o seu objetivo passa pela maior felicidade para a maioria das
pessoas acima de todas as outras coisas, incluindo a verdade, a liberdade, a
dignidade.
Habituação
A habituação é o processo segundo o qual existe uma diminuição da força de
resposta a um estímulo que é repetido. Os estímulos na habituação são rítmicos,
de pouca intensidade (baixa a moderada) e são específicos a um determinado
estímulo. Com o tempo, leva a um enfraquecimento da resposta. Por exemplo,
nos relógios de parede ouve-se claramente o tic-tac, mas chega a uma
determinada altura que já os ignoramos, como se não os ouvíssemos habituamo-
nos ao som.
Uma investigação experimental mostrou que uma outra resposta quase tão forte
como a original pode ser mantida, mas apenas se o estímulo mudar ou aumentar
a cada repetição. Esta é uma das formas de evitar a habituação. Mesmo o
impacto que eventos importantes têm na nossa vida podem diminuir com o
tempo (Brickman, Coates, & Janoff-Bulman, 1978). Um cantor famoso que, por
exemplo, ganhe vários prémios importantes na sua carreira, tem um momento,
Capítulos PP (2020/2021)
um ano feliz pelas suas conquistas, mas, a longo prazo, acaba por não ser muito
mais feliz do que era antes. A pessoa habitua-se ao seu estatuto de famoso,
tornando-se o "novo normal".
Condicionamento clássico
O condicionamento clássico é um processo de aumento de probabilidade de
resposta a um estímulo neutro após o seu emparelhamento com um estímulo
incondicional. Ivan Pavlov verificou que, assim que era apresentada comida a
cães, estes automaticamente salivavam.
Recorreu aos cães e colocou o som de um sino a tocar até que estes se
habituaram. De seguida, associou o som do sino ao aparecimento da comida e,
fez-se o procedimento, repetidamente.
Percebeu-se, assim, que os cães salivavam quando ouviam o sino, mesmo não
sendo apresentada a comida, uma vez que foram sucessivamente treinados,
estando já, habituados.
Punição
A punição é uma consequência aversiva de forma a impedir ou evitar que uma
determinada ação se repita. A punição funciona bem quando é bem executada,
o único problema é que quase nunca o é. Normalmente é utilizada pelos pais,
professores e chefes, isto porque, têm em comum os mesmos objetivos: iniciar,
manter e prevenir certos comportamentos.
Formas de punição
Para aplicar corretamente uma punição é necessário analisar e executar as
regras que lhe dizem respeito. A análise comportamentalista destaca cinco
princípios (Azrin & Holz, 1966).
Os perigos de punição
Capítulos PP (2020/2021)
Uma pessoa ao punir tem que ser extremamente cuidadosa. Isto porque a
punição desperta emoção e sentimentos, pelo que podemos sentir excitação,
satisfação ou até impulsos agressivos na pessoa que está a aplicar a punição,
podendo ainda deixar-se levar. A pessoa que está a ser punida também pode
sentir dor, desconforto, humilhação ou desejo de fuga, entre outros. É também,
difícil ser-se consistente, ou seja, a punição tende a variar de acordo com o
humor da pessoa que a está ou vai aplicar, acabando muitas vezes por ser
aplicada de forma pouco cuidada. Para além disso, é difícil avaliar-se a gravidade
da punição, por exemplo, uma repreensão de um professor pode ser uma
humilhação e causar muito sofrimento psicológico. Destaca-se também, neste
capítulo, que a punição pode levar ao uso indevido do poder. Isto pretende
explicar que algumas pessoas exercem o seu poder aplicando a punição às
pessoas que consideram inferiores e menos poderosas. Isto pode levar a que as
pessoas que estão a ser punidas façam o mesmo com outras.
Por fim, vemos que a punição pode motivar a sua ocultação, pois a pessoa
punida pode ter razões para ocultar comportamentos que, vendo de outra
perspetiva, podem ser alvos de punição.
Tendo por base os estudos realizados por Bandura, foram aprofundados estudos
no âmbito da aprendizagem social cognitiva, com destaque para Walter Mischel.
Capítulo 16
O self: o que sabemos sobre nós próprios?
O “eu” e o “me”
O Self pode ter dois significados diferentes, o “eu” e o ``me'', apesar de estes
serem facilmente confundidos na prática (William James, 1890; citado por
Funder, 2016, p. 585). O “me” é considerado uma espécie de objeto, que pode
ser observado e descrito, como uma coleção de declarações que cada pessoa
pode fazer de si própria. Exemplificando, quando alguém se descreve como
“amigável” ou diz que tem “1.70m de altura”. Por outro lado, o “eu” é a entidade
que faz a observação e a descrição, sendo considerado como a pequena pessoa
na cabeça, podendo ser chamado de homúnculo ou mesmo alma, que
experimenta a vida e faz as decisões (Klein, 2012; citado por Funder, 2016, p.
586), sendo também relevante para a personalidade porque as pessoas diferem
no seu grau de autoconsciência (Robins, Tracy & Trzesniewski, 2008; citados
por Funder, 2016, p. 587).
Para além do referido, psicólogos não conseguem dizer muito mais acerca do I,
sendo que a investigação recente tem muito mais a dizer sobre o Me (Funder,
2016, p. 587).
William James acreditava que o nosso “me” não incluía apenas as nossas
características de personalidade, mas também o nosso corpo, a nossa casa, os
nossos bens e até mesmo os membros da nossa família (James, 2008; citado
por Funder, 2016, p. 586).
O Self Declarativo
Auto-estima
De facto, países cujas pessoas têm uma autoestima mais baixa, em média,
também têm taxas de suicídio mais elevadas (Chatard et al.,2009; citado por
Funder, 2016, p. 588). Contrariamente, a elevada autoestima pode indicar
sucesso e aceitação (Funder, 2016, p. 588). Apesar disto, tentativas de reforçar
a autoestima podem ter um efeito contrário. A psicóloga Joanne Wood e colegas
argumentam que declarações como “todos os dias, em todos os momentos em
todas as maneiras, estou me a tornar melhor e melhor”, são potencialmente
perigosas, porque se a pessoa que as diz achar que são demasiado extremas
para serem plausíveis, o que era suposto melhorar a autoestima da pessoa em
questão, pode ainda fazer pior (Funder, 2016, p. 590).
Capítulos PP (2020/2021)
O Auto-esquema
Assim sendo, uma implicação deste estudo é que a autovisão pode ter
consequências importantes na forma como se processa informação. Como
salientado pela psicóloga de personalidade cognitiva Nancy Cantor (1990), ter
um auto-esquema para um traço de personalidade como a sociabilidade, a
responsabilidade ou timidez equivale a ser um “perito” nessa área. Pesquisas
relacionadas em outras áreas da psicologia cognitiva demonstraram ainda que
peritos em qualquer domínio do xadrez ou da engenharia mecânica teriam
facilidade em se lembrar rapidamente de informações relevantes para o seu
domínio de especialização, porém que também tem a consequência de poder
limitar a visão do mundo dessa pessoa. Da mesma forma, os conhecimentos que
cada pessoa tem sobre si mesma podem ajudar a lembrar-se de muita
informação útil sobre si e a processar essa informação rapidamente, mas
também podem impedir a pessoa em questão a ver para além dos limites da sua
própria auto-imagem (Chase & Simon, 1973; Larkin, McDermott, Simon & Simon,
1980; citados por Funder, 2016, p. 591).
Autorreferência e Memória
Uma velha teoria sugeria que se se repetisse algo muitas vezes na mente, tal
ensaio era suficiente para mover a informação para a memória a longo prazo
(LTM), porém, pesquisas posteriores, mostraram que a melhor maneira de obter
este tipo de memória é pensar realmente sobre aquilo de que se quer lembrar,
como pensar numa forma de o relacionar especificamente connosco próprios
(Craik & Tulving, 1975; Craik & Watkins, 1973; citados por Funder, 2016, p. 593).
Ou seja, a melhor forma de obter uma memória a longo prazo é relacionar a
informação com o self, sendo isto chamado de efeito de auto-referência, e tendo
uma área particular do córtex frontal do cérebro que pode ser especializada para
processar este tipo de informação (Heatherton, Macrae & Kelley, 2004; citados
por Funder, 2016, p. 593).
Importante notar, no entanto, que como o conceito do Self pode ter implicações
diferentes em culturas diferentes, é possível que o efeito de auto-referência
também possa funcionar de forma diferente (Funder, 2016, p. 594).
Auto-eficácia
A auto-eficácia diz respeito à confiança que uma pessoa tem na sua própria
capacidade de concretizar algo (Bandura), é influenciada pela visão que cada
pessoa tem de si e está associada às normas e padrões da sociedade que, por
sua vez, são extremamente importantes podendo ser devastadores no sentido
em que podem limitar as escolhas de determinadas pessoas (Markus & Nurius,
1986; citados por Funder, 2016, p. 594). Por exemplo, as mulheres tendem a ter
Capítulos PP (2020/2021)
Selves Possíveis
Será que a pessoa que somos é a única pessoa que podemos ser? Segundo
Funder (2016), a resposta é que provavelmente não. E por isso mesmo, alguns
psicólogos estudaram “possíveis eus”, as imagens que temos ou podemos
construir das formas que poderíamos ser. Sendo um facto que o possível “eu”
que se imagina para o próprio futuro pode afetar os objetivos de vida de cada
um, como as preferências de emprego ou mesmo do companheiro de vida que
pode derivar, até certo ponto, do que os próprios esperam para o futuro (Funder,
2016, p. 595).
Para além disto, é importante refletir que as pessoas, em geral, reconhecem ter
mudado no passado, mas não esperam que a sua personalidade venha a mudar
muito no futuro (Funder, 2016, p. 595).
Teoria da Auto-discrepância
De acordo com a teoria da Auto-discrepância, cada pessoa tem não um, mas
dois “eus” desejados e a diferença entre estes e o “eu” real determina como a
pessoa se sente (Higgins, Bond, Klein & Strauman, 1986; Higgins, Roney, Crowe
& Hymes, 1994; citados por Funder, 2016, p. 596). Um dos “eus” desejados é o
Self ideal,que consiste na visão do que poderia ser no seu melhor (por exemplo,
uma imagem como sendo tão bonito como um determinado modelo) e o outro é
o Self normativo, que se trata da visão do que deve ser, ao contrário do que
gostaria de ser (como a imagem de ser alguém que nunca, em situação alguma,
diz uma mentira). Porém, tanto o self ideal como o Self normativo são,
normalmente, bastante irrealistas, mas a discrepância entre o “eu real” e cada
Capítulos PP (2020/2021)
Assim sendo, na medida em que não se consegue atingir o Self ideal fica-se
deprimido e na medida em que não se consegue atingir o Self normativo fica-se
ansioso.
Segundo o teórico Tory Higgins (1997), estas reações diferem porque os dois
“eus” não reais representam focos diferentes da vida: o Self ideal é baseado na
recompensa reestimula a hipótese do sistema Gode Jeffrey Gray, onde a
concentração da vida é na busca de prazeres e recompensas; enquanto que o
Self normativo é baseado na punição e se assemelha ao sistema Gray ś Stop,
enfatizando o evitar de castigos e maus resultados (Tory Higgins, 1997; citado
por Funder, 2016, p. 596).
Autoconhecimento exato
Conhecermo-nos a nós próprios pode ser mais difícil do que conhecer outra
pessoa qualquer. Porém, a investigação indica que temos melhor perceção da
nossa experiência emocional pessoal do que qualquer outra pessoa (Spain et al,
2000; citado por Funder, 2016, p. 598). No entanto, quando se trata do
comportamento evidente, o cenário é bastante diferente. E isto verifica-se por
ser mais fácil de analisar o comportamento de outra pessoa, comparando o que
a pessoa faz com o que outras fazem na mesma situação (Funder, 2016, p. 598).
Capítulos PP (2020/2021)
O objetivo da psicoterapia é, muitas vezes, tentar também obter uma visão ampla
do seu próprio comportamento para se descobrir onde se encontram os pontos
fortes e fracos (Funder, 2016, p. 601).
Melhorar o Autoconhecimento
Por outro lado, o autoconhecimento também pode ser limitado pela família e pela
cultura (Funder, 2016, p. 602).
O Self Processual
A personalidade não é apenas algo que se tem, é também algo que se faz. Os
aspetos únicos do que se faz compreendem o eu processual e o conhecimento
deste eu tem tipicamente a forma de conhecimento processual (Funder, 2016, p.
602).
Selves Relacionais
Mais tarde, através de transferência, podemos dar por nós a responder a novas
pessoas muito semelhantes a outras do nosso passado, sendo que é possível
que alguém que fosse intimidado pelo seu pai, fosse agir de forma semelhante
com o seu chefe masculino (Funder, 2016, p. 604).
Selves Implícitos
Estas conclusões mostram que podemos ter atitudes e sentimentos sobre muitas
coisas, incluindo sobre nós próprios, das quais não estamos inteiramente
conscientes, mas que, no entanto, podem influenciar as nossas emoções e
comportamentos. Na medida em que isto é, de facto, verdade, alguns dos nossos
padrões cognitivos que guiam o nosso comportamento estão de facto
profundamente enraizados (Funder, 2016, p. 606).
Quantos Selves?
Apesar deste ponto de vista parecer razoável, também tem os seus problemas
como o de que um sentido unitário e coerente de nós mesmos é geralmente visto
como uma marca da saúde nas pessoas, sendo que aquelas que sentem que
Capítulos PP (2020/2021)
Pessoas que passam por grandes transições sofrem em parte porque começam
a perder a sensação de que existe apenas um “eu”. Em geral, demasiada
diferenciação de autoconceito, definida como ver-se a si próprio como tendo
personalidades diferentes em contextos diferentes, está associada a um
ajustamento psicológico deficiente. Enquanto que, por oposição, as pessoas que
são consistentes e fáceis de julgar não só tendem a apresentar o mesmo Self
em diferentes situações, como são avaliadas pelas pessoas que as rodeiam
como estáveis e psicologicamente saudáveis (Colvin, 1993; citado por Funder,
2016, p. 608).
Esta ideia, da existência de múltiplos “eus” tem sido também criticada por razões
filosóficas. Um dos teóricos mais importantes na área da aprendizagem social,
Albert Bandura (1999), argumenta ainda que os psicólogos deveriam rejeitar “o
fracionamento da agência humana em múltiplos eus”, uma vez que este
fracionamento parece exigir um eu que decide qual o “eu” apropriado em cada
situação e porque esta situação também levanta a questão de que “assim que
se começa a fracionar o eu, onde se pára?”. O ponto de vista de Bandura é que
não há forma de decidir. Embora possamos parecer pessoas diferentes ou
empresas diferentes, cada um de nós é, no final, apenas uma pessoa que
interpreta a experiência e decide o que fazer a seguir (Bandura, 1999; citado por
Funder, 2016, p. 609).
Tal como Bandura observou, por baixo de todos os “eus” reais, ideais e
relacionais ainda parece que, no fundo, exista apenas um “eu” a dirigir toda a
vida. Desta forma, aparências externas, atitudes e comportamentos mudam
através das situações e com o evoluir do tempo, mas aquela que passa pelas
experiências e que faz as decisões continua sempre o mesmo, observando tudo
(Klein, 2012; citado por Funder, 2016, p. 609). Assim, a perceção de se ser a
Capítulos PP (2020/2021)
mesma pessoa persiste durante toda a vida, podendo permanecer intacta apesar
de danos cerebrais, perda de memória e mesmo esquizofrenia (Klein, Altinyazar
& Metz, 2013; citados por Funder, 2016, p. 609).
Será então o I um simples espectador passivo, que parece existir mas que não
pode realmente influenciar muita coisa, ou será este observador interior, o eu
realmente real, a “alma” e a base do livre arbítrio? (Funder, 2016, p. 609).
Capítulo 17
Personalidade, saúde mental e física
Todos nós somos diferentes, é assim que começa o 17o capítulo do livro “The
Personality Puzzle” escrito por Funder (2015). Este capítulo retrata as sérias
implicações
que a personalidade tem sobre a saúde física.
Quando determinados aspetos da personalidade se tornam extremos são
denominados como Perturbações da Personalidade – traços considerados
“socialmente indesejáveis”. Indivíduos com perturbações da personalidade são,
ainda hoje, frequentemente, olhados de lado e postos de parte pela sociedade.
Apesar de ser difícil especificar o ponto exato em que uma variação normal da
personalidade passa a ser considerada patológica é importante termos a noção
de que estas perturbações são reais e por detrás delas existem pessoas a sofrer
(Funder, 2015). Uma pesquisa estimou que cerca de 15% dos adultos
americanos têm pelo menos uma perturbação da personalidade (B. F. Grant et
al., 2004).
No início do séc. XIX, Philippe Pinel identificou aquilo a que chamou mania sem
delírio (manie sans delire) (Funder, 2015).
A primeira edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações
Mentais foi elaborada pela APA (American Psychiatric Association), em 1952.
Este incluía a lista e a descrição da maioria das perturbações da personalidade
conhecidas até à data, bem como outras doenças psicológicas (Funder, 2015).
Capítulos PP (2020/2021)
O DSM tem dois grandes objetivos, fazer com que os diagnósticos psicológicos
sejam mais objetivos, através do estabelecimento de uma lista precisa de
critérios e
permitir a identificação exata de uma perturbação, para garantir ao paciente a
responsabilidade de diagnóstico assegurada pelos seguros de saúde (Funder,
2015).
O indivíduo que sofre desta perturbação acredita ser superior aos outros, ele não
só espera a admiração por parte dos outros como precisa dela, espera ser
tratado de forma especial. Este pode mentir, trair ou simplesmente deixar o
trabalho difícil para os outros. Ele tem falta de empatia porque acha ser a única
pessoa na Terra que importa, é rude e arrogante desprezando as conquistas dos
outros (Funder, 2015). Hitler é considerado um exemplo clássico da perturbação
narcísica da personalidade (Murray, 1943).
Esta perturbação é muito difícil se não mesmo impossível de tratar porque, mais
do que qualquer outra perturbação da personalidade, é ego-sintônica (Funder,
Capítulos PP (2020/2021)
A previsibilidade faz com que seja possível lidarmos com os outros e dá-nos
senso de identidade individual. No entanto, algumas pessoas são menos
consistentes do que outras e têm pensamentos, emoções e comportamentos
imprevisíveis até para elas próprias. Quando este padrão se torna extremo a
pessoa pode ser diagnosticada com perturbação estado-limite (borderline) da
personalidade. Esta perturbação é a mais severa desta lista, sendo
caracterizada por comportamentos instáveis e confusos, baixo senso de
identidade e comportamentos autodestrutivos que vão desde comportamentos
de automutilação até ao suicídio (Funder, 2015).
O humor das pessoas que sofrem desta perturbação pode mudar rapidamente
(Gunderson, 1984). De acordo com alguns escritores, a base desta perturbação
é uma
espécie de "hemofilia emocional", em que uma reação, uma vez estimulada, não
pode
ser estancada (Kreisman & Straus, 1989).
De acordo com o DSM-5, as tentativas de suicídio são comuns nas pessoas com
esta perturbação, cerca de 8% a 10% suicida-se (American Psychiatric
Association, 2013, p.664). Vários estudos defendem que a razão principal para
estas pessoas se auto- mutilarem é como forma de alívio das emoções negativas
(Klonsky, 2011; Kloonsky & Muehlenkamp, 2007).
Muitas pessoas com esta perturbação nem sequer sabem quem são, têm
dificuldade em perceber como é que os outros as veem e podem apresentar
alguma confusão sobre os seus valores, objetivos profissionais e identidade
sexual (Funder, 2015).
Novas teorias sobre uma possível origem desta perturbação têm sido propostas.
Uma propõe que esta perturbação surge quando um fator genético de risco se
combina com um ambiente familiar inicial que não ensina as crianças a
compreender e a regular as suas emoções (Crowell, Beauchaine, & Linehan,
2009). Outra teoria sugere que esta perturbação decorre de problemas com o
sistema opioide endógeno, que regula os analgésicos naturais do corpo
(Bandelow, Schmahl, Falkai, & Wedekind, 2010, p. 623). O desenvolvimento
mais promissor assenta nas teorias que podem realmente ajudar estas pessoas.
Uma técnica chamada “terapia comportamental dialética (Linehan, 1993) ensina
formas de autocontrolo emocional.
conseguem juntar-se a um grupo para fazer uma atividade ou ter uma relação
sem o constante medo de não serem aceites. Como resultado, os outros também
não se conseguem aproximar destas pessoas (Funder, 2015).
Diagnóstico
ou não presente.
3- Avaliar o grau em que a pessoa é caracterizada para cada um dos cinco traços
mal adaptativos da personalidade.
Este tipo de avaliação tem como objetivo fornecer uma descrição específica da
dificuldade psicológica da pessoa em questão e do grau dos seus problemas
(Funder,
2015).
Personalidade e Perturbações
Saúde Mental
Não importa o quão longa e detalhada possa ser uma lista de perturbações, visto
que não nos informa sobre a natureza da saúde mental. Esta omissão é
precisamente o que motiva o movimento da psicologia positiva, focada nas
forças e virtudes humanas.
A psicologia positiva visa promover uma vida feliz e significativa. De modo mais
geral, melhorar a compreensão da personalidade normal e adaptativa, e não
apenas das doenças mentais e das perturbações da personalidade (Funder,
2015).
Rótulos
Por outro lado, os rótulos também podem ser úteis. Por exemplo, se
observarmos que uma pessoa apresenta uma ou mais características de uma
perturbação da personalidade, devemos ficar atentos para perceber se
apresenta mais algum dos outros sintomas (Funder, 2015). Não importa o quão
desconfortáveis nos possamos sentir ao rotular as pessoas, vale a pena
aprender as características básicas das principais perturbações da
personalidade (Yudofsky, 2005).
Deste modo, os rótulos presentes no DSM-5 e nas suas futuras edições irão
persistir até que algo melhor apareça (Funder, 2015).
Normal e Anormal
Todos nós podemos reconhecer em nós mesmos ou nos outros certos traços ou
partes das descrições associadas às perturbações da personalidade. Contudo,
ter um leve grau de algumas características não significa que tenhamos uma
perturbação da personalidade (Funder, 2015). Devemos pensar nas
perturbações da personalidade como uma versão exagerada de um traço que na
faixa normal pode ter algumas vantagens (Oldham & Morris, 1995). Apenas
Capítulos PP (2020/2021)
Personalidade Tipo A
A personalidade do Tipo A tratasse de um conceito da autoria dos cardiologistas
Meyer Friedman e Ray Rosenman que, tendo como exemplo alguns dos seus
pacientes, associaram a alguém que se mostrasse hipercompetitivo, ansioso ou
nervoso uma maior probabilidade de vir a desenvolver um ataque cardíaco. Mais
precisamente, teria
personalidade do Tipo A quem apresentasse um comportamento nervoso
equivalente
ao de uma pessoa viciada em trabalhar e que por vezes também se demonstra
hostil (Friedman & Rosenman, 1959). Aqueles que não possuíam estas
características seriam
do Tipo B.
Ao longo dos anos, este conceito foi sendo cada vez menos investigado e menos
aceite por falta de evidência (Funder, 2015).
Uma pequena curiosidade é que inicialmente a pesquisa sobre este tópico era
maioritariamente subsidiada pela indústria do tabaco, que se aproveitava desta
descoberta para alguma propaganda. Estes afirmavam que os fumadores eram
provavelmente pessoas de personalidade Tipo A e consequentemente era a sua
personalidade que estava relacionada com as doenças cardíacas e com a menor
esperança de vida e não o ato de fumar (Funder, 2015).
Emoção
saúde física, por exemplo pessoas com depressão têm tendência a desenvolver
mais facilmente doenças cardíacas (Booth-Kewley & Friedman, 1987). Por outro
lado, as emoções positivas, relacionadas com pensamentos agradáveis podem
ajudar no tratamento de algumas doenças, como é o caso do cancro (Cousins,
1979).
No entanto, apesar de muitos terem a ideia de que existe uma relação direta
entre as emoções e a saúde, isso não é verdade. Temos como exemplo 2
estudos:
1- O primeiro estudo demonstra que o neuroticismo (faz parte das emoções
negativas) se relaciona com défices na saúde. Os neuróticos são indivíduos com
uma maior tendência para o tabagismo, logo têm também uma maior
probabilidade de contrair cancro dos pulmões (Wilson, Mendes de Leon, Bienias,
Evans, & Bennett, 2004).
Em 2013, foi realizada uma investigação (Gana et al., 2013) onde se analisaram
as duas variáveis, emoções e saúde, ao longo do tempo. Os resultados obtidos
demonstraram que quem é mais saudável tem pensamentos e emoções mais
positivas, relativamente a quem tem défices na saúde que tem uma experiência
emocional mais negativa. Em suma, este estudo mostrou que défices na saúde
podem levar os sujeitos a experienciar emoções negativas, sendo que o oposto
não se verificou (a depressão está, muitas vezes, associada a doenças
cardíacas).
O otimismo tem também duas facetas, pode ser algo mau ou algo bom. Ser
otimista em excesso pode ser mau, pois pode fazer com que o sujeito ignore
alguns sinais/sintomas de que não está bem, trazendo graves riscos a si mesmo
e à sua saúde (Carver, Scheier, & Segestrom, 2010); o otimismo na dose certa
é bastante positivo, pois uma pessoa com esta característica e que possua um
problema de saúde vai ter tendência a procurar mais informações, vai tentar ter
comportamentos saudáveis, que auxiliem no tratamento dessa doença (Carver
et al., 2010, p. 883).
Conscienciosidade
Personalidade Saudável